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¹ Cadete Bombeiro Militar, Corpo de Bombeiros Militar da Paraíba. Email: [email protected] ² Tenente-Coronel Bombeiro Militar, Corpo de Bombeiro Militar da Paraíba. Bacharel em Segurança Pública, Graduado em psicologia, Chefe do Departamento de Operações de Mergulho autônomo de Resgate (DOMAR). Email: [email protected] AVALIAÇÃO DAS ESCALAS DE ANSIEDADE, DEPRESSÃO E ESTRESSE (EADS): UM ESTUDO COM CADETES BOMBEIROS MILITARES DA PARAÍBA Lis Bruna Teles Araújo Nunes¹ Erik Francisco Silva de Oliveira² RESUMO O descobrimento do fogo, foi de suma importância para o desenvolvimento da humanidade, porém trouxe riscos a vida. Com isso surge a profissão responsável por enfrentar e minimizar esses riscos, o Bombeiro, que desenvolveu-se durante o tempo e hoje oferta um serviço de suma importância para a sociedade. Na Paraíba, uma das formas de ingresso dentro do Corpo de Bombeiros Militar é através do Curso de Formação de Oficiais. O curso é feito de maneira integral e presencial e tem como finalidade formar gestores da Administração Pública para atuar dentro da Instituição. A rotina intensa da formação pode afetar psicologicamente os cadetes, o que os tornam suscetíveis a psicopatologias como a ansiedade, estresse e depressão. Por isso, esse estudo objetivou a investigação da incidência desses fenômenos nos alunos à oficial. Para isso foi aplicado as Escalas de Ansiedade, Estresse e Depressão adaptada para o português por Ribeiro (2004). Os resultados foram sugestivos de que os cadetes da Academia de Bombeiros Militar Aristarcho Pessoa apresentaram índices elevados de estresse, o que ressalta a importância do acompanhamento psicológico para os mesmos. Palavras-chave: Ansiedade; Estresse; Depressão; Bombeiros; Cadetes.

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¹ Cadete Bombeiro Militar, Corpo de Bombeiros Militar da Paraíba. Email: [email protected] ² Tenente-Coronel Bombeiro Militar, Corpo de Bombeiro Militar da Paraíba. Bacharel em Segurança Pública, Graduado em psicologia, Chefe do Departamento de Operações de Mergulho autônomo de Resgate (DOMAR). Email: [email protected]

AVALIAÇÃO DAS ESCALAS DE ANSIEDADE, DEPRESSÃO E

ESTRESSE (EADS): UM ESTUDO COM CADETES BOMBEIROS

MILITARES DA PARAÍBA

Lis Bruna Teles Araújo Nunes¹ Erik Francisco Silva de Oliveira²

RESUMO O descobrimento do fogo, foi de suma importância para o desenvolvimento da humanidade, porém trouxe riscos a vida. Com isso surge a profissão responsável por enfrentar e minimizar esses riscos, o Bombeiro, que desenvolveu-se durante o tempo e hoje oferta um serviço de suma importância para a sociedade. Na Paraíba, uma das formas de ingresso dentro do Corpo de Bombeiros Militar é através do Curso de Formação de Oficiais. O curso é feito de maneira integral e presencial e tem como finalidade formar gestores da Administração Pública para atuar dentro da Instituição. A rotina intensa da formação pode afetar psicologicamente os cadetes, o que os tornam suscetíveis a psicopatologias como a ansiedade, estresse e depressão. Por isso, esse estudo objetivou a investigação da incidência desses fenômenos nos alunos à oficial. Para isso foi aplicado as Escalas de Ansiedade, Estresse e Depressão adaptada para o português por Ribeiro (2004). Os resultados foram sugestivos de que os cadetes da Academia de Bombeiros Militar Aristarcho Pessoa apresentaram índices elevados de estresse, o que ressalta a importância do acompanhamento psicológico para os mesmos. Palavras-chave: Ansiedade; Estresse; Depressão; Bombeiros; Cadetes.

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EVALUATION OF ANXIETY, DEPRESSION, AND STRESS (EADS)

SCALES: A STUDY WITH PARABLE MILITARY FIRE DEBATES

ABSTRACT The discovery of fire was extremely important for the development of mankind, but it brought risks to life. Due to this, arose the need of a profession responsible for facing and minimizing this risk, the Fireman, who developed overtime and today offers a service of utmost importance for the society. In Paraíba, one of the forms of entry into the Military Fire Brigade is through the Officers Training Course. The course is done in a full-time and face-to-face manner and aims to train Public Administration managers to work within the Institution. The intense training routine can psychologically affect the cadets, which makes them susceptible to psychopathologies such as anxiety, stress and depression. Therefore, this study aimed to investigate the incidence of these phenomena in students. To achieve this, the Anxiety, Stress and Depression Scales adapted to Portuguese by Ribeiro (2004) were applied. The results suggest that the cadets of the Aristarcho Pessoa Military Firefighters Academy had high levels of stress, which highlights the importance of psychological support for them. Keywords: Anxiety; Stress; Depression; Firefighters; Cadets.

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INTRODUÇÃO

A intensa rotina dos profissionais de segurança pública abre espaço para o

desgaste tanto físico quanto emocional. Para os alunos do Curso de Formação de

Oficiais Bombeiro Militar não é diferente, os mesmos possuem uma rotina que

envolve tanto o aprendizado em sala de aula como também estágios trabalhando

junto a sociedade. O curso funciona na Academia de Bombeiros Militar Aristarcho

Pessoa (ABMAP) e tem o objetivo de formar os futuros Oficiais do Corpo de

Bombeiros Militar da Paraíba.

A rotina intensa e exaustiva pode gerar nos cadetes consequências como o

aparecimento de doenças a exemplo o estresse, a ansiedade e a depressão. Esses

fenômenos podem afetar diretamente a saúde mental dos alunos à oficial e precisam

ser verificados para que sejam realizadas atividades para a manutenção do

equilíbrio psicológico no ambiente acadêmico.

Partindo do interesse por ampliar a atenção voltada aos militares em

formação e se valendo da psicologia como ciência, esse estudo tem a finalidade de

verificar a existência de psicopatologias vinculadas a formação do oficial bombeiro

militar da Paraíba e suscitar a necessidade de um atendimento psicológico para o

mesmo. Para isso será realizado o estudo do percurso histórico da Instituição, a

apresentação do cotidiano no Curso de Formação de Oficiais, e verificar se há

incidência das psicopatologias ansiedade, depressão e estresse em cadetes

bombeiro Militar da Paraíba.

1.1 O CORPO DE BOMBEIROS MILITAR

1.1.1 No Mundo

A descoberta do fogo pelo homem foi de grande valia para o desenvolvimento

da humanidade, porém o mesmo trouxe riscos para a vida. Por isso, o homem se viu

diante da necessidade de combatê-lo. A primeira ideia de um corpo para combate a

incêndios surgiu na Roma Antiga, após a mesma sofrer com um incêndio que

devastou a cidade. Após isso o Imperador Otávio Augusto criou um grupo chamado

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de “Vigiles” que tinha a finalidade de vigiar a cidade contra sinistros. A defesa contra

o fogo porém era difícil devido aos métodos escassos da época (CBMGO, 2016).

Em Boston - EUA, houve a criação do primeiro Departamento Profissional

Municipal Contra Incêndios na América do Norte, para isso foi necessária a

importação de uma bomba de incêndio da Inglaterra. Após 36 anos, a cidade já

contava com 6 companhias de Bombeiros. Em 1715, na cidade de Massachusetts,

foi criado um sistema organizado de combate aos incêndios, aonde as casas

dispunham de baldes de água, e quando o alarme era dado, a partir do sino da

igreja, todos se reuniam com a missão de extinguir as chamas. Quem não ajudasse

na luta contra as chamas deveria ser multado pelo chefe dos bombeiros (CBMGO,

2016; SOUZA, 2013).

1.1.2 No Brasil

No Brasil no tempo Imperial, existia uma grande dificuldade de combate aos

incêndios, devido a irregularidades das ruas da Capital, Rio de Janeiro, formada por

becos estreitos e vilas, assim como pelas construções de madeiras que facilitavam a

propagação do fogo e também das técnicas obsoletas para o combate às chamas.

Era necessário ainda a contribuição da população que cedia materiais necessários

para o combate (SOUZA, 2013).

Foi em 2 de julho de 1856 que o Imperador Dom Pedro II assinou o Decreto

nº 1.775 que reunia em apenas uma organização todas as seções que trabalhavam

na extinção de incêndios, ele foi chamado de Corpo Provisório de Bombeiros da

Corte. O primeiro comandante foi o Major João Batista de Castro Moraes Antas. O

mesmo confirmou em 1857 a organização da Corporação que continha um efetivo

de 130 homens e 15 bombas manuais, 240 palmos de mangueira, 23 mangotes, 190

baldes, 13 escadas e 02 sacos de salvação (CBMGO, 2016; SOUZA, 2013).

1.1.3 Na Paraíba

Na Capital Paraibana, no ano de 1916, havia uma problemática em virtude da

falta de prevenção, métodos de combate aos incêndios e ausência de um Corpo de

Bombeiros. Ocorrendo assim incêndios que não eram combatidos prontamente,

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como os da Camisaria Universal, Casa Vergara e da Delegacia Fiscal. No ano

seguinte, o então Governador Doutor Francisco Camilo de Holanda criou a Seção de

Bombeiros, que era constituída de 30 homens retirados da Força Pública, atual

Polícia Militar (CBMPB, 2017).

Em 1971 chegou à Paraíba o Sargento Alexandre Loureiro Junior, que logo foi

promovido à 2º Tenente e ficou responsável pelo Corpo de Bombeiros. O mesmo

ficou responsável por treinar os bombeiros Paraibanos e instrui-los acerca da bomba

a vapor, recém-chegada, e materiais. O aperfeiçoamento da tropa foi de suma

importância para o ganho de credibilidade frente a sociedade, pois antes o serviço

era realizado de forma empírica (CBMPB, 2017).

No dia 28 de dezembro de 2007, a partir da Lei nº 8.443, o Corpo de

Bombeiros Militar do Estado da Paraíba emancipou-se da Polícia Militar do Estado

da Paraíba, o que o tornou ligado diretamente a Secretária de Segurança e da

Defesa Social.

1.1.3.1 O Curso de formação de oficiais Bombeiro Militar na Paraíba

O Curso de Formação de Oficiais Bombeiro Militar (CFO - BM) funciona na

Academia de Bombeiros Militar Aristarcho Pessoa (ABMAP) que está situada no

Centro de Ensino da Polícia Militar da Paraíba. A justificativa do curso se dá devido

a necessidade de gestores capacitados para a execução, gerência e administração

das ações referentes a Administração Pública, papel realizados pelos Oficiais dentro

do Corpo de Bombeiros Militar.

O curso tem formação de nível superior de natureza militar, onde ao término do

curso o Aspirante sairá graduado em Engenharia de Segurança contra Incêndio e

Pânico. O curso é realizado de forma integral e presencial e conta com 3815 horas

de aulas distribuídas nos três anos de curso.

As disciplinas ministradas tem o objetivo de formar um profissional integro e

pronto para lidar com a atividade de Gestor Bombeiro Militar. Elas tem o objetivo de

proporcionar noções gerais de conhecimento da administração de pessoal,

financeira e de material, assim como noções de conhecimentos jurídicos e

conhecimento aplicado a prestação de serviço inerentes a missão de prevenir, servir

e salvar a sociedade. Também são estudadas disciplinas dentro da área das

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ciências exatas, voltadas a engenharia como Mecânica, Hidráulica e

Termodinâmica. Além das instruções ministradas, os cadetes realizam estágios nas

unidades operacionais a partir do início do segundo ano.

1.2 DOENÇAS PSICOLÓGICAS

Segundo Fonseca (2008) as doenças psicológicas podem ser entendidas como

“um modo de apreender uma determinada manifestação de sofrimento”. As mesmas

podem ter diversas características, que irá variar de acordo com o transtorno

apresentado, pode-se citar como sintomas em comum a irritabilidade, insônia,

nervosismo, fadiga, falta de concentração e outras queixas inespecíficas. Os

transtornos mentais mais comuns na sociedade atual são a ansiedade e a

depressão.

No artigo de Baptista (2005) sobre a interferência da depressão e Síndrome

de Burnout na qualidade de vida de bombeiros militares, é exposto as

psicopatologias que tendem a afetar os militares, tais como o estresse, a depressão,

a Síndrome de Burnout, o Transtorno de Estresse Pós-traumático. Essas patologias

podem ser iniciadas no trabalho a partir de desgastes físicos e psicossociais. A

insatisfação e o estresse elevado advindo desses desgastes durante a rotina diária

leva a consequências ainda maiores, podendo até incapacitar o militar para sua

função.

O preparo do militar, que deve estar sempre pronto para qualquer situação,

interfere diretamente no estresse do mesmo, pois pressiona o profissional a sempre

buscar um maior aperfeiçoamento, influenciando negativamente o seu psicológico e

afetando a sua saúde. O militar se sente sempre pressionado pela sensação do

perigo iminente, onde ele deve sempre ir em direção a ameaça, sendo contrário ao

seu instinto natural, o que aumenta ainda mais seu estresse diante da realidade

vivida (CREMASCO, 2008).

1.2.1 Transtorno de Ansiedade

Para Denis Zamignani (2005) “A ansiedade tem sido definida como um estado

emocional desagradável acompanhado de desconforto somático, que guarda

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relação com outra emoção - o medo”.

A ansiedade é considerada uma resposta adaptativa do organismo as

alterações do ambiente, podendo ser considerada normal, de modo moderado.

Porém, ela pode tornar-se patológica quando a influência de um estado emocional

frente a um acontecimento futuro, é considerado exacerbado e desproporcional em

relação a real iminência, que pode ser inexistente (ZAMIGNANI,2005; PINTO, 2015).

A identificação da ansiedade patológica em um indivíduo pode ser realizada a

partir das excitações biológicas que são provocadas no mesmo, como taquicardia,

hiperventilação, sensações de sufocamento, sudorese, dores, tremores, dificuldade

de concentração, respostas de esquiva e/ou fuga e relatos verbais de estados

internos desagradáveis (angústia, insegurança, mal-estar indefinido) (ZAMIGNANI,

2005).

A Classificação Internacional de Doenças (CID-10) classifica a ansiedade

como F41, tendo a mesma diversas subcategorias:

CID 10 - F41 - Outros transtornos ansiosos

CID 10 - F41.0 - Transtorno de pânico (ansiedade paroxística episódica)

CID 10 - F41.1 - Ansiedade generalizada

CID 10 - F41.2 - Transtorno misto ansioso e depressivo

CID 10 - F41.3 - Outros transtornos ansiosos mistos

CID 10 - F41.8 - Outros transtornos ansiosos especificados

CID 10 - F41.9 - Transtorno ansioso não especificado

1.2.2 Depressão

Segundo estudiosos a depressão é considerada a “doença da atualidade”,

afetando cerca de 3% a 4% da população mundial. A explicação para este número é

devido qualidade de vida individualista nos dias atuais, o que diminui as relações

sociais fazendo com que as pessoais vivam de maneiras isoladas e iludidas de

serem autossuficientes (DE SOUZA, 2002).

A Organização Mundial de Saúde (OMS) descreve a depressão como sendo

“Uma perturbação caraterizada pela tristeza, perda de interesse e prazer, sentimento

de culpa e baixa autoestima, perturbações do sono e/ou de apetite, cansaço

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excessivo e baixa concentração” (PINTO, 2015).

A mesma pode ser dividida em três estágios: afetivo, sintoma e síndrome. A

afetiva pode ser identificada com o primeiro estágio, onde o indivíduo apresenta uma

tristeza normal, que quando em níveis elevados é um alerta para o desenvolvimento

depressivo. No estado de sintoma, a depressão é caracterizada como uma

manifestação secundária de uma patologia mental ou física já existente. Em seu

último estado, a síndrome, o indivíduo apresenta características de alteração do

humor, tendo sentimento de tristeza, apatia, irritabilidade e incapacidade de sentir

prazer (PINTO, 2015).

Uma pessoa considerada deprimida pode ter diversos sinais e sintomas, sendo

alguns o sentimento de vazio, a redução do interesse pelo ambiente externo,

sensação de fadiga e perda de energia, baixa autoestima, insônia, sentimento de

inutilidade e diminuição da capacidade de concentrar-se. O tratamento para a

doença pode ser feito através de medicamentos, psicoterapia ou até mesmo com a

hospitalização do paciente (DE SOUZA, 2002; PINTO, 2015).

Buscando uma melhor forma de distinguir os sintomas associados a

ansiedade dos relacionados a depressão, Clark e Watson (1991) desenvolveram o

Modelo Tripartido, no qual existem três dimensões: o afeto negativo, afeto positivo e

excitação somática. O afeto negativo é relativo a sintomas semelhantes as duas

patologias como a insônia, inquietação, irritabilidade e falta de concentração. O afeto

positivo diz respeito aos sintomas específicos da depressão tais como a falta de

entusiasmo, excitação e energia. E a excitação somática refere-se aos sintomas

característicos da ansiedade como a tensão e hiperexcitação (PINTO, 2015).

1.2.3 Estresse

O estresse é uma preocupação crescente na sociedade atual. Segundo a

Organização Mundial de Saúde (OMS) o estresse pode ser considerado uma

epidemia global, pois cerca de 90% da população sofre com o mesmo (DE MELO

BATISTA, 2006).

Segundo Marilda Lipp (2015) o estresse é "uma reação psicológica, com

componentes emocionais, físicos, mentais e químicos a determinados estímulos que

irritam, amedrontam, excitam e/ou confundem a pessoa.”

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O estresse, de modo moderado, pode ser considerado favorável pois pode

capacitar o indivíduo a trabalhar melhor diante adversidade, permitindo um raciocínio

mais rápido e com maior percepção acerca dos problemas e suas prováveis

consequências. Porém o estresse permanente pode gerar problemas físicos e

psicológicos como, por exemplo, a sensação de desgaste contínuo, a falha de

memória, falta de concentração, tensão muscular e até mesmo propiciar doenças

como a gastrite, hipertensão e infarto (LIPP, 2015; PINTO, 2015).

O estresse pode ser adquirido a partir de duas fontes: as externas ou

internas. As fontes externas são aquelas relacionadas a tudo aquilo pelo qual somos

rodeados. Como, por exemplo, a profissão, vida financeira, perdas, acontecimentos

traumáticos, ou qualquer fato que traga uma grande adaptação. Já as fontes

internas são mais difíceis de serem identificados, pois parte do pessoal do paciente,

por exemplo os seus valores, modo de agir, etc (LIPP, 2015).

O estresse ocupacional é um assunto que vem ganhando destaque em

pesquisas, devido a relação do trabalho à doenças adquiridas pelos profissionais.

Pode ter aparecimento a partir de condições insalubres de trabalho, como a alta

carga horária de trabalho, salário inadequado, perigo da profissão e também o

acúmulo da quantidade de cargos (STACCIARINI, 2001).

No ano de 2016, o site CareerCast publicou uma escala sobre as 11

profissões mais estressantes. A profissão mais estressante segundo eles é a de

Militar, seguindo da profissão do Bombeiro (EXAME, 2016). Isso enfatiza como o

estresse ocupacional tende afetar os Bombeiros Militares, pois as exigências da

profissão geram fatores negativos e permanentes levando ao desgaste físico e

emocional dos profissionais.

2 METODOLOGIA

O estudo aqui exposto é de caráter investigativo pois buscou a incidência das

patologias de Ansiedade, Depressão e Estresse em Cadetes da Academia de

Bombeiros Militar Aristarcho Pessoa, exploratório ao estudar o percurso histórico da

instituição Corpo de Bombeiros Militar e descritivo, quando mostra relação da

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atividade laboral do cadete bombeiro militar com esses fenômenos. A abordagem é

quantitativa, partindo do levantamento das respostas coletadas dos entrevistados.

A pesquisa foi realizada na Academia de Bombeiro Militar Aristarcho Pessoa

(ABMAP) situado na R. Coronel Francisco de Assis Veloso, s/n - Mangabeira, João

Pessoa - PB, onde se encontra em funcionamento os Cursos de Formação de

Oficiais Bombeiros Militares.

A população para o desenvolvimento do estudo foi dos cadetes em curso no

ano de 2017, totalizando 35 elementos de estudo. Os critérios de inclusão foram

todos os cadetes que estavam em curso de formação do corrente ano e de exclusão

apenas a autora da pesquisa. A amostra foi de 100% da população. Todos foram

informados sobre a pesquisa e que tinham a liberdade de recusarem a participar,

retirar o seu consentimento ou interromper a participação em qualquer momento.

O instrumento utilizado para coleta de dados foi as Escalas de Ansiedade,

Depressão e Estresse (EADS-21), que é uma adaptação portuguesa realizada por

Ribeiro (2004) da Depression, Anxietyand Stress Scale (DASS-21) criada por

Lovibond&Lovibond (1995). O mesmo é composto por 21 afirmações (a versão

original é composta por 42 itens) que serão analisadas pelos participantes, que

responderão de acordo com a aplicabilidade da frase em seu cotidiano. Os

participantes foram convidados também a responder a um breve questionário Sócio

Demográfico.

A EADS-21 é uma escala tipo Likert que pretende avaliar os sintomas

associados à ansiedade, depressão e estresse. Os 21 itens são divididos em 3 sub-

escalas cada uma com 7 afirmativas. Para Lovibond e Lovibond (1995, cit por

Ribeiro, 2004) as escalas são caracterizadas da seguinte forma: a depressão pela

perda de autoestima e de motivação, e está conexa com a percepção de baixa

probabilidade de alcançar objetivos significativos para o indivíduo enquanto pessoa.

A ansiedade refere-se às ligações entre os estados constantes de ansiedade e

respostas intensas de medo. O stress indica estados de excitação e tensão

persistentes.

Os 21 itens que compõem a pesquisa estruturam-se em afirmativas que

remete a sintomas emocionais negativos, onde o sujeito deve associar ao seu

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estado emocional e escolher por uma das seguintes respostas: 0 - “não se aplicou

nada a mim”, 1 - “aplicou-se a mim algumas vezes”, 2 - “aplicou-se a mim muitas

vezes”, e 3 - “aplicou-se a mim a maior parte das vezes”.

Para resultado a EADS-21 irá fornecer três notas diferentes, cada uma

referente a uma sub-escala que é determinado pela soma das respostas dada nos

sete itens. O mínimo de cada é “0” e o máximo “21”. Quanto maior a pontuação

atingida significa que mais negativo está o estado emocional do sujeito para o

determinado fenômeno. (RIBEIRO, 2004)

Segundo Ribeiro (2004) os itens das sub-escalas são identificados e

agrupados de acordo com vários conceitos clínicos, onde temos que:

A escala Depressão é constituída por Disforia (item 13), Desânimo (item 10),

Desvalorização da Vida (item 21), Auto depreciação (item 17), Falta de

interesse ou de envolvimento (item 16), Anedonia (item 3), e Inércia (item 5).

A escala Ansiedade é constituída por Excitação do Sistema Autónomo (itens

2, 4, 19), Efeitos Músculos Esqueléticos (item 7), Ansiedade Situacional (item

9) e Experiências Subjetivas de Ansiedade (itens 15, 20).

A escala Estresse é constituída por Dificuldade em Relaxar (itens 1 e 12),

Excitação Nervosa (item 8), Facilmente Agitado/Chateado (item 18),

Irritação/Reação Exagerada (itens 6, 11) e Impaciência (item 14).

A análise dos dados foi realizada através do programa Microsoft Excel a partir

da estatística descritiva e inferencial, que resumiu as principais características em

um conjunto de dados, que foram elencados após a coleta e apresentados sob a

forma de tabelas e gráficos.

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

A amostra tinha idades compreendidas entre 19 e 35 anos, com uma média

de 25 anos de idade. Relativamente à distribuição por sexo, responderam 24 sujeitos

do sexo masculinos e 11 do sexo feminino. No que concerne ao estado civil dos

sujeitos, a maioria apresentaram-se sujeitos solteiros (68,57%), cadetes casados

correspondem a 14,29%, em união estável 11,43% e divorciados 5,71%.

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A seguir são apresentados em Tabelas e gráficos os dados coletados pelo

presente estudo, confirmando que todos os sujeitos pesquisados são cadetes da

ABMAP. Na Tabela a seguir são apresentados dados socioprofissionais dos

participantes do estudo.

Tabela1 – Características socioprofissionais dos participantes. João Pessoa-PB.

VARIÁVEIS N (35) %

Idade

Até 20 anos 3 8,57

21-25 anos 14 40

26-30 anos 14 40

> 30 anos 4 11,43

Sexo Feminino 11 31,43 Masculino 24 68,57

Tempo de Curso

1º ano 8 22,86

2º ano 8 22,86

3º ano 15 57,14

Fonte: NUNES (2017) Dados da pesquisa.

Na Tabela 1, observa-se que a variável referente à idade dos entrevistados,

apresenta maior frequência nas faixas entre 21 e 25 anos, assim como 26 e 30 anos

(40% em cada), seguida por participantes com idade maior que 30 anos com

11,43%, e por fim indivíduos com menos de 20 anos, totalizando 8,57. A média da

idade para o público em geral é 25 anos. Para a segunda variável, sexo dos

participantes, temos que, 68,57% são do sexo masculino e 31,43% do sexo

feminino. A terceira variável, que tange ao tempo de curso, a amostra apresenta

maior concentração no 3º ano (57,14%), seguido pelo 2º ano (22,86%), que é

semelhante ao 1º ano de curso (22,86%).

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Tabela 2 – Distribuição do nível de satisfação com o CFO entre os alunos em

formação.

Resposta N(35) %

Muito satisfeito 3 8,57

Satisfeito 12 34,29

Regular 13 37,14

Insatisfeito 5 14,29

Muito insatisfeito 2 5,71

Fonte: NUNES (2017).

Dados da pesquisa.

A tabela 2 refere-se ao nível de satisfação dos cadetes com o Curso de

Formação de Oficiais. A maioria dos alunos responderam regular, totalizando 13

respostas (37,14%), seguindo de satisfeito com 12 retornos (34,29%), insatisfeito

com 5 (14,29%), muito satisfeito com 3 (8,57) e muito insatisfeito no qual 2

responderam (5,71%).

Tabela 3 – Distribuição dos cadetes que já necessitaram de apoio psicológico

durante o CFO.

Resposta N(35) %

Sim 11 31,43

Não 24 68,57

Fonte: NUNES (2017). Dados da pesquisa.

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Gráfico 1 – Distribuição dos cadetes que consideram importante a presença de um

psicólogo destinado ao CFO.

100%

Importância do psicólogo no CFO

sim

Fonte: NUNES (2017) Dados da pesquisa.

A tabela 3 traz as informações prestadas pelos cadetes quando perguntados

se já haviam necessitado de apoio psicológico durante o período do curso. A partir

da análise, percebeu-se que 11 cadetes (31,43%) necessitaram da ajuda

profissional em seu período no CFO. Enquanto isso, 24 alunos à oficial (68,57%)

não necessitaram deste apoio. Quando questionados a respeito da importância de

um profissional voltado para os cadetes em curso, a resposta obtida foi unânime e

positiva, ou seja, todos os alunos acreditam que é importante a existência de um

psicólogo dentro da ABMAP, como demonstra o Gráfico 1.

A confiabilidade das Escalas EADS-21 junto à amostra em estudo (método

Alpha de Cronbach) foi de 0,880 para a sub-escala que avalia o estresse, 0,880 para

a sub-escala que mede o fenômeno da ansiedade e de 0,662 para a sub-escala que

diagnostica a depressão. Os indicadores de consistência interna verificados são

considerados positivos para os padrões da investigação nas ciências humanas. De

acordo com Pais-Ribeiro (2007), coeficientes de alpha acima de 0,60 são aceitáveis

na avaliação de atitudes e fenômenos psicossociais e afetivos complexos, e acima

de 0,80 conferem elevada confiabilidade às escalas utilizadas.

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Tabela 4 – Análise descritiva das variáveis através das médias gerais.

Item Característica do item Ansiedade Depressão Estresse DP

1. Tive dificuldade em me acalmar 1,057 0,893

2. Senti a minha boca seca 0,714 0,881

3. Não consegui sentir nenhum sentimento positivo 0,657 0,674

4. Senti dificuldades em respirar 0,429 0,767

5. Tive dificuldades em tomar iniciativa para fazer coisas 0,914 0,806

6. Tive tendência a reagir em demasia em determinadas situações

1,114 0,785

7. Senti tremores (por exemplo nas mãos) 0,571 0,838

8. Senti que estava a utilizar muita energia nervosa 1,086 0,841

9. Preocupei-me com situações em que podia entrar em pânico e fazer figura ridícula

0,571 0,767

10. Senti que não tinha nada a esperar do futuro 0,143 0,424

11. Dei por mim a ficar agitado 0,800 0,668

12. Senti dificuldades em me relaxar 1,371 0,897

13. Senti-me desanimado e melancólico 0,914 0,841

14. Estive intolerante em relação a qualquer coisa que me impedisse de terminar aquilo que estava a fazer

1,029 0,910

15. Senti-me quase a entrar em pânico 0,257 0,690

16. Não fui capaz de ter entusiasmo por nada 0,629 0,796

17. Senti que não tinha muito valor como pessoa 0,257 0,498

18. Senti que por vezes estava sensível 0,914 0,692

19. Senti alterações no meu coração sem fazer exercício físico

0,429 0,688

20. Senti-me assustado sem ter tido boa razão para isso 0,371 0,590

21. Senti que a vida não tinha sentido 0,057 0,232 Fonte: NUNES (2017)

Dados da pesquisa.

Atendendo à EADS-21, na tabela 4 apresentam-se as médias gerais de cada

item nos respectivos fenômenos do qual a afirmativa faz parte, os desvios-padrão

(DP) e característica de cada item. A pontuação de cada item é dada dentro do limite

de “0” a no máximo “3”. Quanto mais elevada for a pontuação atingida significa que

aquele item afeta de maneira mais negativa os alunos. A maior pontuação atingida

foi no item número 12 “Senti dificuldades em me relaxar” que obteve 1,371, ou seja,

45,71% da pontuação máxima. Já a menor pontuação foi no item 21 “Senti que a

vida não tinha sentido” que alcançou 0,057 (1,90%).

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Tabela 5 – Análise descritiva das variáveis por fenômeno.

Patologia Média DP % α

Depressão 3,571 0,353 17,01 0,662

Ansiedade 3,343 0,141 15,92 0,880

Estresse 7,371 0,165 35,10 0,880

Fonte: NUNES (2017) Dados da pesquisa.

Na tabela 5 é retratado a média, desvio padrão, porcentagem e Alfa de

Crombach de cada fenômeno. A média é feita com base na pontuação total de cada

sub-escala onde temos um mínimo de “0” e o máximo “21”. Percebe-se que o índice

mais negativo refere-se ao estresse com 7,371, o que significa 35,10% do total de

21 pontos. A menor pontuação está relacionada a ansiedade, e é de 3,343 (15,92%).

Os dados informam que a Depressão e a Ansiedade aparecem de maneira menos

significativa nos cadetes, diferentemente do estresse que apresenta níveis

consideráveis dentro da amostra estudada.

Tabela 6 – Análise descritiva das variáveis por turma.

Patologia 1º ano 2º ano 3º ano

Média DP Média DP Média DP

Depressão 2,875 1,452 4,125 1,763 3,632 3,149

Ansiedade 2,375 1,798 3,5 3,536 3,684 4,736

Estresse 6,875 1,691 7,875 3,370 7,368 4,782

Fonte: NUNES (2017) Dados da pesquisa.

Na tabela 6 foi realizada uma comparação entre as três turmas em

funcionamento na ABMAP. Observar-se que em todos os anos a pontuação relativa

ao estresse foi sempre maior do que as outras psicopatologias, onde a maior

pontuação foi indicada pelo 2º ano com 7,875, o que significa 37,50% do total de 21

pontos, seguido do 3º ano com 7,368 (35,09%) e o 1º ano com 6,875 (32,74%).

Referente a depressão observa-se que o índice foi maior na turma do 2º ano com

uma média de 4,125 (19,64%), em seguida está o 3º ano com 3,632 (17,29%) e por

último o 1º ano com 2,875 (13,69%). Para o fenômeno da ansiedade a maior

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pontuação foi obtida no 3º ano com 3,684 (17,54%), seguido do 2º ano com 3,5

(16,67%) e o 1º ano com 2,375 (11,31%).

Tabela 7 – Análise descritiva das variáveis por sexo.

Patologia Feminino Masculino

Média DP % Média DP %

Depressão 3,091 0,314 14,72 3,792 0,378 18,06

Ansiedade 4,273 0,237 20,35 2,917 0,114 13,89

Estresse 9,364 0,269 44,59 6,534 0,168 31,11

Fonte: NUNES (2017)

Dados da pesquisa.

Na tabela 7 é realizada a comparação entre os sexos masculinos e femininos.

Relativo a depressão a pontuação masculina é de 3,798 (18,06%), maior que a

feminina de 3,091(14,72%). Porém nos fenômenos ansiedade e estresse, o índice

feminino apresentou-se consideravelmente maior que as pontuações masculinas.

Sendo a pontuação feminina da ansiedade de 4,273 (20,35%), e a masculina 2,917

(13,89%), já no estresse o sexo feminino apresentou 9,364 (44,59%) e o masculino

6,534 (31,11%). Diante disso, podemos confirmar que a rotina do curso tem afetado

de forma mais negativa o público feminino, que se encontra em menor quantidade

em todas as turmas e com índices mais acentuados de ansiedade e estresse.

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Esperou-se com este estudo ampliar as pesquisas realizadas na área e servir

de base para estudos posteriores realizados de maneira mais aprofundada neste

campo; dar conhecimento a sociedade, a população estudada e a instituição dos

resultados alcançados; e auxiliar na melhoria da eficiência metodológica do Curso

de Formação de Oficiais.

Tomando em consideração a totalidade dos dados analisados neste estudo, é

possível afirmar que os objetivos foram atingidos para esta investigação. As

propriedades psicométricas da EADS-21 registrou resultados confiáveis o que

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demostra que esta escala se constitui como um instrumento rápido e seguro na

detecção de estados emocionais negativos nos cuidados de saúde primários.

Os resultados descritivos referentes às patologias foram sugestivos de que os

cadetes da Academia de Bombeiros Militar Aristarcho Pessoa possuem índices

relativamente reduzidos ao que concerne a ansiedade e a depressão. Porém, a

mesma amostra apresentou resultados consideráveis em relação ao estresse o que

indica que os alunos à oficiais possuem sintomas como dificuldade em relaxar,

excitação nervosa, irritação exagerada, impaciência, cansaço mental, dificuldade de

concentração, e estão sujeitos a algumas doenças físicas decorrentes de um estado

de ativação constante.

Isto confirma que a convivência diária dos alunos à oficiais com a exigência de

hierarquia e disciplina, além de diversos treinamentos rigorosos exigidos pela

profissão escolhida, são desafios constantes vivenciados pelos cadetes e podem ter

efeitos adversos e traumáticos, o que afeta diretamente ao estado psicológico dos

mesmos.

Em uma pesquisa sobre a incidência da Síndrome de Burnout nos Cadetes

Bombeiros Militares da ABMAP, Tomaz e Lira (2016), apresentaram sinais

indicativos da Síndrome nos investigados, sendo 51% na fase inicial e 15% em fase

de instalação da patologia. Vale ressaltar que a Síndrome de Burnout pode

desencadear sintomatologia depressiva, sendo o inverso também verdadeiro.

(BAPTISTA, 2005). Esses dados confirmam que os alunos à oficial já possuem

fatores estressores dentro do seu cotidiano que podem gerar efeitos negativos a

curto e longo prazo, aos indivíduos e a sua formação como Bombeiros Militares

A partir dos resultados obtidos neste trabalho torna-se importante ressaltar a

necessidade de um acompanhamento psicológico que trabalhe dentro da Academia

de Bombeiro Militar Aristarcho Pessoa com uma atenção voltada aos cadetes. Visto

que, 100% da amostra afirmou sentir a necessidade deste profissional em seu

ambiente escolar, assim como para ajudar na redução dos níveis de estresse,

ansiedade e depressão e ainda a manutenção de uma vida psicossocial positiva

para os cadetes. Brito (2013), ressalta a importância da ligação entre os cadetes e a

psicologia, apresentando parâmetros que determinam a necessidade dessa área

para a formação do aluno e sua vida profissional depois de formado.

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Vale ressaltar que os resultados deste estudo foram realizados com uma

amostra reduzida de Cadetes e dizem respeito a um contexto específico de

pesquisa, a Academia de Bombeiro Militar Aristarcho Pessoa. Como também que o

resultado deste estudo não substitui o diagnóstico realizado por profissional

competente.

Por fim, os dados denotam a importância do desenvolvimento desta pesquisa

acerca da formação do oficial bombeiro militar, sobretudo, pautada no olhar da

ciência psicológica. Ainda desperta a preocupação para um acompanhamento

psicológico a esse grupo. Cientes de que uma boa condição de saúde mental

propiciará melhores analises e decisões por partes dos gestores de amanhã da

corporação, que são os cadetes de hoje.

5 REFERÊNCIAS

BAPTISTA, Makilim Nunes et al. Avaliação de depressão, síndrome de burnout e

qualidade de vida em bombeiros. Psicologia Argumento, v. 23, n. 42, p. 47-54,

2005.

BRITO, Carlane Calixto de. A importância da inclusão da psicologia das

emergências no Curso de Formação de Oficiais. 2013. 21 f. Monografia

(Especialização) - Curso de Curso de Formação de Oficiais, Academia Bombeiro

Militar, Goiânia, 2013.

CBMGO – Corpo de Bombeiros Militar de Goiás. Disponível

em:<http://www.bombeiros.go.gov.br/wp-content/uploads/2016/08/d.pdf> Acesso em:

10/08/2017.

CBMPB – Corpo de Bombeiros Militar da Paraíba. Disponível

em:<http://www.bombeiros.pb.gov.br/corporacao/a-historia/> Acesso em:

12/08/2017.

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em:<http://www.cid10.com.br/> Acesso em: 29/08/2017.

CREMASCO, Luiza; CONSTANTINIDIS, Teresinha Cid; DA SILVA, Viviane

Angelina. A farda que é um fardo: o estresse profissional na visão de militares do

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20

corpo de bombeiros. Cadernos de Terapia Ocupacional da UFSCar, v. 16, n. 2,

2010.

DE MELO BATISTA, Karla; BIANCHI, Estela Regina Ferraz. Estresse do enfermeiro

em unidade de emergência. Revista Latino-Americana de Enfermagem, v. 14, n.

4, p. 534-539, 2006.

DE SOUZA, Eliene Lima. DEPRESSÃO EM POLICIAIS MASCULINOS: Avaliação do

perfil de usuários crônicos de bebida alcoólica na PMMG. PsΨcologia Saúde

Mental & Segurança Pública, v. 2, n. 2, 2017.

FONSECA, Maria Liana Gesteira; GUIMARÃES, Maria Beatriz Lisboa;

VASCONCELOS, Eduardo Mourão. Sofrimento difuso e transtornos mentais

comuns: uma revisão bibliográfica. Revista de APS, v. 11, n. 3, 2008.

LIPP, Marilda Novaes. O stress está dentro de você. Editora Contexto, 2015.

PINTO, Joana Carneiro et al. Ansiedade, depressão e stresse: um estudo com

jovens adultos e adultos portugueses. Psicologia, Saúde e Doenças, v. 16, n. 2, p.

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Revista Exame. Disponível em:<http://exame.abril.com.br/carreira/as-10-profissoes-

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RIBEIRO, José Luís Pais; HONRADO, Ana Alexandra Jorge Duarte; LEAL, Isabel

Pereira. Contribuição para o estudo da adaptação portuguesa das escalas de

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Psicologia, saúde & doenças, p. 2229-239, 2004.

SOUZA, K. M. A análise da relação trabalho e saúde na atividade dos

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STACCIARINI, Jeanne Marie R.; TRÓCCOLI, Bartholomeu T. O estresse na atividade ocupacional do enfermeiro. Revista Latino-Americana de Enfermagem, v. 9, n. 2, p. 17-25, 2001.

ZAMIGNANI, Denis Roberto; BANACO, Roberto Alves. Um panorama analítico-comportamental sobre os transtornos de ansiedade. Revista Brasileira de Terapia Comportamental e Cognitiva, v. 7, n. 1, p. 77-92, 2005.

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APÊNDICES

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APÊNDICE “A”

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APÊNDICE “B”

DIRETORIA DE ENSINO, INSTRUÇÃO E PESQUISA ACADEMIA DE BOMBEIRO MILITAR ARISTARCHO PESSOA

CURSO DE FORMAÇÃO DE OFICIAIS BOMBEIROS MILITARES DA PARAÍBA

QUESTIONÁRIO SÓCIO-DEMOGRÁFICO

DATA DA APLICAÇÃO: ____/_____/2017

1. Idade: ________ anos

2. Sexo: Masculino ( ) Feminino ( )

3. Estado civil:

( ) Solteiro ( ) Casado ( ) Viúvo

( ) Divorciado ( ) União estável

4. Ano no curso:

( ) 1º Ano ( ) 2º ( )3º Ano

5. Nível de satisfação com o curso:

( ) MUITO SATISFEITO ( ) SATISFEITO ( ) REGULAR

( ) INSATISFEITO ( ) MUITO INSATISFEITO

6. Já necessitou de apoio psicológico durante o Curso de Formação de Oficiais?

( ) Sim ( ) Não

7. Você acha importante a existência de um psicólogo com a atenção voltada aos

cadetes?

( ) Sim ( ) Não

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APÊNDICE “C”

CORPO DE BOMBEIROS MILITAR DA PARAÍBA

DIRETORIA DE ENSINO, INSTRUÇÃO E PESQUISA ACADEMIA DE BOMBEIRO MILITAR ARISTARCHO PESSOA

TERMO DE COMPROMISSO

Eu, Erik Francisco Silva de Oliveira, pertencente ao Corpo de Bombeiros Militar da Paraíba,

pesquisador responsável pelo projeto de pesquisa: “Avaliação das Escalas de ansiedade,

depressão e estresse (EADS): um estudo com cadetes bombeiros militares da Paraíba.”,

comprometo-me a observar e cumprir as normas da Resolução 466/2012 do CNS em todas as

fases da pesquisa.

João Pessoa, 06 de setembro de 2017

____________________________________

Erik Francisco Silva de Oliveira

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ANEXOS

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ANEXO “A”

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ANEXO “B”