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AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO DO ISOLAMENTO DE BARRAMENTOS ESTATÓRICOS DE HIDROGERADORES ELÉTRICOS SOB ESFORÇOS ELETROMECÂNICOS Camilla Gonçalves Teixeira dos Santos Projeto de Graduação apresentado ao Curso de Engenharia Elétrica da Escola Politécnica, Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Engenheiro Eletricista. Orientador: Sebastião Ércules Melo de Oliveira. RIO DE JANEIRO Março de 2018

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AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO DO ISOLAMENTO DE

BARRAMENTOS ESTATÓRICOS DE HIDROGERADORES

ELÉTRICOS SOB ESFORÇOS ELETROMECÂNICOS

Camilla Gonçalves Teixeira dos Santos

Projeto de Graduação apresentado ao

Curso de Engenharia Elétrica da Escola

Politécnica, Universidade Federal do Rio

de Janeiro, como parte dos requisitos

necessários à obtenção do título de

Engenheiro Eletricista.

Orientador: Sebastião Ércules Melo de

Oliveira.

RIO DE JANEIRO

Março de 2018

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AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO DO ISOLAMENTO DE

BARRAMENTOS ESTATÓRICOS DE HIDROGERADORES

ELÉTRICOS SOB ESFORÇOS ELETROMECÂNICOS

Camilla Gonçalves Teixeira dos Santos

PROJETO DE GRADUAÇÃO SUBMETIDO AO CORPO DOCENTE DO CURSO DE

ENGENHARIA ELÉTRICA DA ESCOLA POLITÉCNICA DA UNIVERSIDADE

FEDERAL DO RIO DE JANEIRO COMO PARTE DOS REQUISITOS NECESSÁRIOS

PARA A OBTENÇÃO DO GRAU DE ENGENHAIRO ELETRICISTA.

Examinado por:

_____________________________________

Prof. Sebastião Ércules Melo de Oliveira.

Dr. Eng. (Orientador)

_____________________________________

Prof. Sergio Sami Hazan, Ph. D.

_____________________________________

Eng. André Felipe Arpon Marandino

Guimarães.

RIO DE JANEIRO, RJ, BRASIL

Março de 2018

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Dos Santos, Camilla Gonçalves Teixeira.

Avaliação de Desempenho do isolamento de Barramentos

Estatóricos de Hidrogeradores Elétricos sob Esforços Eletromecânicos/

Camilla Gonçalves Teixeira dos Santos– Rio de Janeiro: UFRJ/Escola

Politécnica, 2018.

XIII, 45p.; il.:29,7cm.

Orientador: Sebastião Ércules Melo de Oliveira D.Eng.

Projeto de Graduação – UFRJ/Escola Politécnica/

Curso de Engenharia Elétrica, 2018.

Referências Bibliográficas: p. 44-45.

1. Introdução. 2. Fundamentos Teóricos. 3. Testes. 4. Procedimento

Experimental 5. Resultados. 6. Conclusão 7. Referência bibliográfica. I.de

Oliveira, Sebastião Ércules Melo. II. Universidade Federal do Rio de

Janeiro, Escola Politécnica, Curso de Engenharia Elétrica. III. Avaliação

de desempenho do isolamento de barramentos estatóricos de

hidrogeradores elétricos sob esforços eletromecânicos.

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“O êxito da vida não se mede pelo caminho que você conquistou, mas sim pelas dificuldades que

superou no caminho. ”

― Abraham Lincoln

À minha avó (in memoriam) eu dedico esse trabalho...

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v

AGRADECIMENTOS

Gostaria de agradecer, antes de tudo, a Deus - meu verdadeiro mestre. Todos os

sonhos realizados, as portas abertas e a força para superar os obstáculos vieram dele.

Agradecer à minha família, por ter acreditado e me dado o suporte ao longo de

todos esses anos e pela admiração, amor e carinho. Especialmente à minha mãe Maria

Angélica por sempre me incentivar, acreditar e cuidar de mim, ao meu pai Nilson por me

acompanhar, ser solicito e nunca hesitar no que precisei e ao meu irmão Caio por suprir

as minhas tarefas quando eu não tinha tempo.

Avó Aida, Tio, Tias e Primos vocês foram essências na minha formação e exemplo

de vida para mim.

Hoje Recapitulando os anos vividos na UFRJ sei que não conseguiria vencer todos

os obstáculos sem a amizade, apoio e parceria dos amigos que fiz ao longo da faculdade.

Foram tantos momentos difíceis, tantas conversas, provas, choros, risos que

compartilhamos e assim cada um foi deixando sua marca na minha história.

Principalmente o Bruno Chamma, pelos esporros, incentivos e caronas dadas. Você me

deu muita força para terminar e me jogar no mundo. Domingo Junior, que me

acompanhou desde o início, sempre prestativo a qualquer momento que eu precisasse. A

vida vai lhe dar todos os frutos que merece. André Arpon, que me ajudou bastante nas

matérias, em todas as minhas dúvidas e dificuldades. Você foi uma inspiração. Raphael

Napoli, que tornou meus dias mais leves e engraçados. Você compartilhou seus dias,

projetos e sonhos. E ao Guilherme Guimarães, meu melhor amigo e meu amor, em todos

os momentos vividos você esteve presente. Você foi meu ombro amigo, meu conselheiro,

você acreditou em mim, me incentivou, teve paciência e muito amor. Você foi o melhor

presente que a faculdade poderia me dar. Que sorte a nossa caminhar juntos.

Agradeço ao meu orientador Sebastião por todo o apoio dado á este trabalho e ao

longo da faculdade e todo o corpo docente da UFRJ.

E finalmente agradeço ao Cepel e seus funcionários, por me ajudar e disponibilizar

todo o material utilizado neste projeto de graduação. E com grande admiração, o Márcio

Sens que foi um verdadeiro professor.

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vi

Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica/UFRJ como parte

dos requisitos necessários para a obtenção do grau de Engenheiro Eletricista.

AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO DO ISOLAMENTO DE BARRAMENTOS

ESTATÓRICOS DE HIDROGERADORES ELÉTRICOS SOB ESFORÇOS

ELETROMECÂNICOS

Camilla Gonçalves Teixeira dos Santos

Março de 2018

Orientador: Sebastião Ércules Melo de Oliveira

Curso: Engenharia Elétrica

Este Projeto de Graduação tem o objetivo de analisar os barramentos

estatóricos de hidrogeradores para esforços elétricos e mecânicos.

A ideia de combinar vários esforços para representar os esforços reais de

uso, mas de modo mais intenso para acelerar os efeitos, sempre constituiu o anseio

dos técnicos em isolamento elétrico. Costuma-se acelerar o envelhecimento pela

elevação da tensão aplicada e da temperatura, outras vezes aplicam-se ciclos

térmicos sobre as barras ou bobinas estatóricas. O ideal seria combinar esforços

elétricos, térmicos e dinâmicos sobre os sistemas de isolamento elétrico, porém se

constitui uma dificuldade de quantificar o fator de aceleração para os esforços

múltiplos. Este trabalho enfoca apenas dois destes esforços: o elétrico e o

mecânico.

Foi realizado um teste experimental para medir os efeitos que o

envelhecimento acelerado causa nas propriedades elétricas. Após uma sequência

de ensaios realizados nas barras estatóricas foi avaliada a integridade dos seus

componentes elétricos e comparada com suas condições originais.

Palavras-chave: Isolamento; hidrogeradores; diagnóstico;

envelhecimento; vibrações; esforços conjugados.

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Abstract of the Undergraduate Project, presented to POLI/UFRJ as a partial

fulfillment of the necessary requirements to obtain the degree of Electrical Engineer.

EVALUATION OF HYDROGENERATOR STATOR BARS FOR ELECTRICAL

AND MECHANICAL STRESSES

Camilla Gonçalves Teixeira dos Santos

Março de 2018

Tutor: Sebastião Ércules Melo de Oliveira

Course: Electrical Engineering

This Graduation Project has the goal of analyzing hydrogenerator stator bars for

electrical and mechanical stresses.

The idea of combining various efforts to represent real use efforts but more

intensively so the effects can be accelerated has always been the desire of the Electrical

Insulation Technicians. Normally, the aging is accelerated by rising the tension of the

applied voltage and temperature, while other times thermal cycles are applied on the bars

or stator coils. Ideally, it should be combined electrical, thermal and dynamic efforts on

the electrical insulation systems, but it is difficult to quantify the acceleration factor of

the multiple efforts. This work focuses only on two of these efforts: the electrical and the

mechanical.

An experimental test was performed to measure the effects of accelerated aging

on electrical properties. After a sequence of tests performed on the stator bars, the

integrity of its electrical components was evaluated and compared to its original

conditions.

Keywords: Isolation; hydrogenerators; diagnosis; aging; vibrations; efforts

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viii

SUMÁRIO

AGRADECIMENTOS ......................................................................................................................... v

SUMÁRIO ........................................................................................................................................ viii

LISTA DE FIGURAS........................................................................................................................... x

LISTA DE TABELAS ......................................................................................................................... xii

LISTA DE SIGLAS ........................................................................................................................... xiii

CAPÍTULO 1 - INTRODUÇÃO ............................................................................................................... 1

1.1. MOTIVAÇÃO ............................................................................................................................... 1

1.2. JUSTIFICAVIVA .................................................................... ERRO! INDICADOR NÃO DEFINIDO.

1.3. OBJETIVO ................................................................................................................................... 2

1.4 METODOLOGIA ........................................................................................................................... 3

1.5 ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO ................................................................................................... 4

CAPÍTULO 2 – FUNDAMENTOS TEÓRICOS ..................................................................................... 5

2.1. HIDROGERADORES E SEUS COMPONENTES ................................................................................. 5

2.2. O BARRAMENTO ESTATÓRICO DE HIDROGERADOR ..................................................................... 5

2.3. MECANISMO DE ENVELHECIMENTO DA BARRA ESTATÓRICA .................................................... 9

2.4. DEGRADAÇÃO DO ISOLAMENTO PRINCIPAL ............................................................................ 10

2.5. PROCESSOS DE ENVELHECIMENTO ACELERADO ....................................................................... 11

2.6. DESCARGAS PARCIAIS: TEORIA INICIAL ......................................................................................... 12

2.7. DESCARGAS PARCIAIS NO BARRAMENTO ESTATÓRICO .................................................................. 13

CAPÍTULO 3 – TESTES EXPERIMENTAIS ...................................................................................... 15

3.1. ENSAIOS E CONDICIONAMENTO DAS AMOSTRAS ...................................................................... 15

3.2. ENSAIOS REALIZADOS ANTES E APÓS O ENVELHECIMENTO ACELERADO ................................ 16

3.2.1 Limpeza das amostras ........................................................................................................ 16

3.2.2 Divisão da parte reta em 6 segmentos ................................................................................ 16

3.2.3 Resistência de blindagem ................................................................................................... 17

3.2.4 Percussão acústica ............................................................................................................. 19

3.2.5 Blindagem de Cobre ........................................................................................................... 20

3.2.6 Resistência Elétrica de isolamento ..................................................................................... 20

3.2.7 Índice de Polarização .............................................................................................................. 22

3.2.8 Capacitância e fator de dissipação em alta frequência ........................................................... 23

3.2.9 Descarga Parcial ..................................................................................................................... 25

CAPÍTULO 4 - PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL ...................................................................... 27

4.1 MATERIAL UTILIZADO ...................................................................................................................... 27

4.2 CIRCUITO DE ENSAIO ........................................................................................................................ 27

4.2.1 Parte Mecânica .................................................................................................................. 29

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4.2.2 Parte Elétrica ..................................................................................................................... 30

4.3 MONTAGEM DA BARRA ESTATÓRICA NO SHAKER ............................................................................ 31

4.4 SINCRONISMO DA FREQUÊNCIA DA REDE COM A FREQUÊNCIA MECÂNICA. ..................................... 33

4.5 AJUSTES DOS PARÂMETROS .............................................................................................................. 34

CAPÍTULO 5 - RESULTADOS EXPERIMENTAIS ........................................................................... 36

5.1. RESISTÊNCIA DA BLINDAGEM .................................................................................................. 36

5.2 PERCUSSÃO ACÚSTICA .................................................................................................................. 36

5.3 RESISTÊNCIA ELÉTRICA DE ISOLAMENTO E ÍNDICE DE POLARIZAÇÃO ..................................... 37

5.4 CAPACITÂNCIA E FATOR DE DISSIPAÇÃO EM ALTA FREQUÊNCIA ................................................... 39

5.4.1 Relação Umidade x Capacitância ...................................................................................... 40

5.5 DESCARGA PARCIAL ..................................................................................................................... 42

CAPÍTULO 6 – CONCLUSÕES............................................................................................................. 43

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .......................................................................................... 44

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x

LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1 - DESENHO ESQUEMÁTICO DE UM BARRAMENTO ESTATÓRICO TÍPICO PARA HIDROGERADOR DA

CLASSE 15 KV – MODELO A ................................................................................................................ 6

FIGURA 2 - DESENHO ESQUEMÁTICO DE OUTRO BARRAMENTO ESTATÓRICO TÍPICO PARA HIDROGERADOR –

MODELO B........................................................................................................................................... 6

FIGURA 3 - DESENHO ESQUEMÁTICO DE UMA BOBINA TÍPICA DE MOTOR SÍNCRONO. .................................... 7

FIGURA 4 - SEÇÕES TRANSVERSAIS DE ALGUMAS BARRAS E BOBINAS PARA HIDROGERADORES.................... 7

FIGURA 5 - DETALHES DO ISOLAMENTO E DOS MÚLTIPLOS CONDUTORES DO BARRAMENTO ESTATÓRICO. ... 8

FIGURA 6 - INSERÇÃO DAS BARRAS ESTATÓRICAS NO NÚCLEO MAGNÉTICO DO HIDROGERADOR. ................. 8

FIGURA 7 - DETERIORAÇÃO, ÁREAS DE DESCARGAS INTERNAS ................................................................... 14

FIGURA 8 - REGIÃO DE SALIÊNCIA DA BOBINA ............................................................................................ 14

FIGURA 9 - SECÇÃO CRUZADA ESQUEMÁTICA DA BARRA DO GERADOR E LOCAIS DE DESCARGA ................. 15

FIGURA 10 - LIMPEZA DA AMOSTRA ............................................................................................................ 16

FIGURA 11 – DIVISÃO EM 6 SEGMENTOS CONGRUENTES ............................................................................. 17

FIGURA 12 - MEDIÇÃO DO PERÍMETRO DA CAMADA PRETA ......................................................................... 17

FIGURA 13 – APARELHO DE COMPRIMENTO AJUSTÁVEL ............................................................................. 18

FIGURA 14 - CIRCUITO DE MEDIÇÃO ........................................................................................................... 18

FIGURA 15 -VOLTÍMETRO MULTIPROCESSADOR ......................................................................................... 19

FIGURA 16 - APLICAÇÃO DO BASTÃO DE IMPACTO NA AMOSTRA ................................................................ 19

FIGURA 17 - MALHA DE COBRE ESTANHADO . ............................................................................................. 20

FIGURA 18 - APARATO EXPERIMENTAL ....................................................................................................... 21

FIGURA 19 - APARELHO TERAOHMÍMETRO – 5 KV – VANGUARD INSTRUMENTS. ...................................... 22

FIGURA 20 - APARATO EXPERIMENTAL ....................................................................................................... 23

FIGURA 21 - CAPACITOR DE 1000 PF ........................................................................................................... 24

FIGURA 22 - PRECISION INDUCTANCE ANALYZER 3245 – WAYNE KERR ..................................................... 24

FIGURA 23 - CIRCUITO PARA DETECÇÃO DAS DESCARGAS PARCIAIS, MEDIÇÃO DE CAPACITÂNCIA E FATOR

DE DISSIPAÇÃO................................................................................................................................... 25

FIGURA 24 - CIRCUITO DAS BARRAS DENTRO DA GAIOLA DE FARADAY ...................................................... 26

FIGURA 25 - DETECÇÃO DE DESCARGAS PARCIAIS AO LONGO DA AMOSTRA ............................................... 26

FIGURA 26 - CIRCUITO DE ENSAIOS PARA COMPRESSÃO CÍCLICA E TENSÃO APLICADA ............................. 28

FIGURA 27 - SISTEMA DE VIBRAÇÕES MECÂNICAS DE BARRAS SOB ALTA TENSÃO E CORRENTE DE

AQUECIMENTO. ................................................................................................................................. 29

FIGURA 28 - SISTEMA DE CONEXÃO DO AMPLIFICADOR COM O SHAKER E AS BARRAS ESTATÓRICAS. ...... 30

FIGURA 29 - VISTA SUPERIOR DA MONTAGEM DAS BARRAS NO SHAKER .................................................... 31

FIGURA 30 - BOBINA ESTATÓRICAS ACOPLADA AO SHAKER ........................................................................ 32

FIGURA 31 - MODO DE FIXAÇÃO DAS BARRAS NO CABEÇOTE DE VIBRAÇÃO MECÂNICA .......................... 32

FIGURA 32 - DETALHE DO APOIO DORSAL DAS BARRAS – MOLAS E CUNHAS ............................................ 33

FIGURA 33 - VISTA LATERA DO APOIO DORSAL DAS BARRAS – MOLAS E CUNHAS .................................... 33

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FIGURA 34 - SINAL ELÉTRICO E MECÂNICO SINCRONIZADO NO OSCILOSCÓPIO ........................................... 34

FIGURA 35 - TENSÃO NOMINAL DE 13,8 KV. .............................................................................................. 35

FIGURA 36 - PROGRAMA COMPUTACIONAL COM OS VALORES DO GERADOR DE FUNÇÕES. ......................... 35

FIGURA 37 - RESULTADOS DA CAPACITÂNCIA E FATOR DE DISSIPAÇÃO NA AMOSTRA ÚMIDA. ................... 40

FIGURA 38 - RESULTADOS DA CAPACITÂNCIA E FATOR DE DISSIPAÇÃO NA AMOSTRA SECA. ...................... 41

FIGURA 39 - RESULTADOS DA CAPACITÂNCIA E FATOR DE DISSIPAÇÃO NA AMOSTRA MAIS SECA. ............. 41

FIGURA 40 - DISPLAY DO DETECTOR DE DESCARGA PARCIAL. .................................................................. 42

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xii

LISTA DE TABELAS

TABELA 1 - LISTA DE ENSAIOS REALIZADOS NAS BARRAS ESTATÓRICAS ................................................... 15

TABELA 2 - CUSTO DOS COMPONENTES ....................................................................................................... 36

TABELA 3 - MEDIÇÕES NA BARRA 022 ORIGINAL ........................................................................................ 36

TABELA 4 - MEDIÇÕES NA BARRA 022 APÓS 50 HORAS DE VIBRAÇÃO ......................................................... 37

TABELA 5 - REGISTRO MÉDIO NA BARRA 022 ANTES E APÓS A VIBRAÇÃO .................................................. 37

TABELA 6 - MEDIÇÕES NA BARRA 022 ORIGINAL ........................................................................................ 37

TABELA 7 - MEDIÇÕES NA BARRA 022 ORIGINAL ........................................................................................ 38

TABELA 8 - ÍNDICE DE POLARIZAÇÃO. ......................................................................................................... 38

TABELA 9 - RESISTÊNCIA, ÍNDICE DE POLARIZAÇÃO E ESTADO DAS AMOSTRAS. ........................................ 39

TABELA 10 - REGISTROS DO FATOR DE DISSIPAÇÃO EM 1000 HZ E 5 V. ...................................................... 39

TABELA 11 - REGISTROS DA CAPACITÂNCIA EM 1000 HZ. ........................................................................... 39

TABELA 12 - VALORES DE DESCARGAS PARCIAIS ANTES E APÓS OS ENSAIOS DE VIBRAÇÃO ....................... 42

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xiii

LISTA DE SIGLAS

ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas

CEPEL Centro de Pesquisa de Energia Elétrica

CIGRÉ Comitê Internacional de Produção e Transmissão de Energia

Elétrica

IP Índice de Polarização

UFRJ Universidade Federal do Rio de Janeiro

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1

CAPÍTULO 1 - INTRODUÇÃO

1.1. Motivação

A evolução e crescimento dos sistemas elétricos têm sido acompanhados pelo

aumento do grau de complexidade e interdependência entre seus diversos elementos

constitutivos. Isso caracteriza um novo desafio, tanto ao nível de operação dos sistemas,

quanto para o setor de equipamentos e materiais. As exigências de confiabilidade e

eficiência ganham, a cada dia, novas dimensões.

Nesse âmbito, ao mesmo tempo em que aumentou-se a facilidade de licitações

para a compra e montagem de hidrogeradores e turbogeradores, aumentou-se também a

preocupação dos compradores e responsáveis pelo empreendimento com a garantia e

qualidade de cada componente.

A fabricação de barras estatóricas para hidrogeradores podem apresentar falhas

devido ao material utilizado na sua construção ou mesmo na operação destas máquinas.

A cada dia torna-se mais frequente a solicitação, por compradores, de ensaios para

verificar as propriedades do material e assegurar a qualidade das barras quando em

operação.

Para a quase totalidade dos grandes equipamentos elétricos, o envelhecimento de

materiais isolantes constitui frequentemente o ponto mais crítico para a sua vida útil [3].

O mesmo ocorre nos hidrogeradores, que tem como um dos seus elos mais fracos o

isolamento das barras estatóricas.

O isolamento de uma barra estatórica sofre em diversas e severas solicitações, cuja

atuação de maneira individual ou combinada, resulta em uma vasta gama de processos de

degradação.

Justifica-se o interesse pelos ensaios de integração dos componentes elétricos por

serem de altíssimo custo e de difícil substituição. Além disso, como há um grande número

de concorrentes no mercado, na hora de avaliar os tradicionais e novos fabricantes, é

imprescindível atestar a qualidade do equipamento. Apenas com ensaios bem elaborados

é possível atestar, de maneira relativa, a qualidade do material.

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2

1.2. Justificativa

Quanto aos aspectos de manutenção de hidrogeradores, considera-se de suma

importância o bom armazenamento de diversos componentes de alta fragilidade, como de

barramentos estatóricos isolados em produtos micáceos. Armazenamentos em condições

de alta umidade constituem negligência operativa. Em qualquer caso, antes de substituir

um barramento falhado por outro do estoque de reserva, recomenda-se avaliações

criteriosas do estado do isolamento, através de sistema de diagnóstico e avaliação da vida

remanescente dos equipamentos, como os tratados neste trabalho.

Não foi encontrada literatura sobre ensaios de envelhecimento acelerado em

barramentos isolados para hidrogeradores por esforços elétricos combinados com

vibrações mecânicas, simultâneos, em condições de sincronismo, como de fato ocorrem

nas máquinas em operação.

Por ser um trabalho experimental ainda não realizado, apresentou algumas

restrições no seu desenvolvimento. No entanto, os ensaios simularam os desgastes que a

barra estatórica, em operação, sofre ao longo do tempo de maneira similar aos reais de

uso.

1.3. Objetivo

O presente trabalho trata do desenvolvimento de um procedimento para

envelhecimento de barras estatóricas de hidrogeradores e análise de descargas parciais e

das propriedades elétricas destas barras, antes e após o envelhecimento. Neste âmbito

podem-se enunciar os seguintes objetivos:

Desenvolver aparato experimental para envelhecimento eletromecânico

acelerado, em condição de simulação realista das condições de trabalho, do

material isolante em barras estatóricas de hidrogeradores.

Realizar sequência de ensaios e análises para o levantamento das características

elétricas e dielétricas do sistema e comparar os resultados antes e após a vibração

ao longo do tempo.

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3

Focalizar descargas parciais como indicativo do envelhecimento e degradação do

material isolante e gerar um diagnóstico pontual, bem como uma avaliação

histórica, o que permite classificar, bem como antever falhas prematuras ou

inesperadas, provenientes de descargas parciais.

1.4 Metodologia

A estrutura do trabalho pode ser dividida em duas partes, sendo uma experimental

– envelhecimento acelerado por teste eletromecânico de duas barras estatóricas, e outra

analítica – fazendo ensaios, medições e comparações das propriedades elétricas e

descargas parciais ao longo do tempo.

O envelhecimento acelerado das barras foi obtido com um ensaio eletromecânico.

Aplicou-se uma tensão de 13,8 KV na frequência de 60 HZ na extremidade de duas barras

estatóricas isoladas em mica e fibra de vidro resinada, fixas uma com a outra, e ao mesmo

tempo o conjunto foi submetido às vibrações através de uma máquina vibratória-

denominado por shaker.

O sincronismo foi obtido com o uso de um gerador de funções através do seu

trigger, com isso acelerou o envelhecimento e foi possível obter resultados mais

satisfatórios da influência que o envelhecimento causa na deterioração do equipamento

por simular uma condição real de uso. Na prática, as vibrações são sempre sincronizadas

com a rotação da máquina e esta com a frequência da corrente gerada.

Os efeitos que o envelhecimento causa nas propriedades elétricas são medidos

através dos ensaios e análises de investigação experimental. A sequência de ensaios

realizados nas barras permitiu fazer uma avaliação da integridade dos componentes

elétricos após um determinado número de ciclos de vibração, comparando-se com as

condições originais.

Para a detecção de tais falhas foram realizados ensaios como de capacitância e

fator de dissipação, resistência elétrica de isolamento, descargas parciais, entre outros,

que são eficazes de maneira genérica, não permitindo a localização da ocorrência onde a

falha pode se manifestar nas barras ou bobinas, e ensaios como percussão acústica e

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4

detecção do ruído acústico, proveniente de descargas parciais, em que é possível a

localização da ocorrência de falha das amostras.

Medições sistemáticas de descargas parciais foram realizadas para a monitoração

do envelhecimento. Essas medições foram feitas com um sistema tradicional utilizado no

setor elétrico.

1.5 Organização do Trabalho

O Capítulo 1 é a introdução do projeto, apresentando a motivação, justificativa,

metodologia, objetivos e estrutura do trabalho.

No Capítulo 2 são apresentados os fundamentos teóricos, contendo as definições

das barras estatóricas, bem como o processo de envelhecimento e as descargas parciais.

No Capítulo 3 são apresentadas características dos testes aplicados antes e após a

vibração.

No Capítulo 4 é composto todo o procedimento experimental realizado no Cepel.

No Capítulo 5 são apresentado os resultados dos testes mencionados no capítulo

3

E por último as conclusões serão apresentadas no Capitulo 6.

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5

CAPÍTULO 2 – FUNDAMENTOS TEÓRICOS

2.1. Hidrogeradores e seus componentes

Os hidrogeradores são máquinas rotativas síncronas de correntes alternadas que

convertem em energia elétrica a energia mecânica disponibilizada no eixo pela turbina

hidráulica. Eles são formados por 2 enrolamentos elétricos distintos denominados

enrolamento de campo e enrolamento da armadura.

O enrolamento de campo está localizado na parte móvel da máquina, conhecida

como rotor. O enrolamento de armadura está localizado nas ranhuras distribuídas pela

circunferência do núcleo estatórico, a parte fixa do gerador. O enrolamento do estator é

composto por condutores interligados através de conexões externas à ranhuras,

denominados de barras estatóricas.

2.2. O barramento estatórico de hidrogerador

O barramento estatórico de um hidrogerador se constitui no condutor de cobre

isolado em mica, tecido de vidro e resina epóxi, que se aloja nas canaletas do núcleo

magnético do gerador elétrico. Esses três materiais são utilizados devidos as suas

características, apresentadas abaixo, que justificam seu emprego:

A mica, apesar de ser um material frágil, apresenta notáveis características

de suportabilidade térmica e dielétrica, inércia química e inflamabilidade

que a destacam dentre todos os dielétricos. Além disto, é extremamente

resistente aos efeitos da descarga parcial e possui boa condutividade

térmica.

O tecido de vidro possui grande flexibilidade, além de resistência a ação

de descargas parciais.

A resina epóxi se destaca com superioridade dentre as demais resinas

termorrígidas, pois ela apresenta um eficiente material aglutinador sendo

responsável pela coesão do conjunto. Destacando ainda suas excelentes

características dielétricas, propriedades químicas e térmicas.

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Os geradores podem conter bobinas estatóricas, completas, com três ou mais

espiras, ou conter barras simples, que em duplas formam as espiras. As barras, ou

barramentos, possuem modelos inferiores e superiores, sendo que o par forma uma espira

completa do bobinado magnético do gerador elétrico. Estas barras têm uma parte reta,

isolada e blindada, que se alojam propriamente nas ranhuras magnéticas lineares, e pelo

menos duas partes curvas, ou de terminações. As terminações possuem isolamento

diferenciado da parte reta, pois incorporam sistema de alívio de campo elétrico. Cada

fabricante usa suas próprias formulações para configurar o sistema de isolamento

terminal. Nas extremidades das barras estatóricas os condutores, múltiplos, são

conectados por soldagem em paralelo. Mas ao longo da barra ou da bobina, os múltiplos

condutores são isolados entre si. Sua forma física básica constituída de acordo com a

figura 1 e 2.

Figura 1 - Desenho esquemático de um barramento estatórico típico para gerador da classe 15 KV –

Modelo A

Figura 2 - Desenho esquemático de outro barramento estatórico típico para gerador – Modelo B

A Figura 3 mostra a configuração de uma bobina, típica, de um gerador síncrono.

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Figura 3 - Desenho esquemático de uma bobina típica de gerador síncrono.

As seções transversais de algumas barras estatóricas e de uma bobina são

mostradas na Figura 4.

Figura 4 - Seções transversais de algumas barras e bobinas para hidrogeradores.

A montagem completa de uma barra estatórica inclui não só o complexo arranjo

de condutores transpassados, para reduzir a circulação de correntes parasitas internas às

barras, como também um complexo sistema de isolamento e blindagem, como mostrado

na Figura 5.

A figura também mostra a ranhura de aço magnético, onde se alojam as barras

estatóricas, os calços, as cunhas e as molas de aperto das barras na ranhura.

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A localização destes barramentos estatóricos no núcleo magnético dos

hidrogeradores pode ser visualizada na Figura 6, onde se observam as barras inseridas em

ranhuras e que existem duas barras por ranhura, uma inferior, que entra primeiro e outra

superior, que entra por cima da primeira se interligando em uma das extremidades.

Figura 5 - Detalhes do isolamento e dos múltiplos condutores do barramento estatórico.

Figura 6 - Inserção das barras estatóricas no núcleo magnético do hidrogerador.

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2.3. Mecanismo de Envelhecimento da Barra Estatórica

O isolamento de uma barra estatóricas sofre em serviço diverso e severas

solicitações mencionadas a seguir e cuja atuação, de maneira individual ou combinada,

resulta em uma vasta gama de processos de degradação:

Solicitações térmicas, devido ao efeito Joule nos condutores de cobre, ao

aquecimento proveniente das perdas no núcleo, e aspectos tecnológicos

referentes aos sistemas de ventilação empregados.

Solicitações mecânicas, devido às forças eletromagnéticas entre as barras,

á vibração de outros componentes (rotor, turbina), à magnetostrição do

núcleo de aço, e aos diferentes coeficientes de dilatação do cobre e do

isolamento.

Solicitações elétricas em função do campo elétrico entre os condutores e o

núcleo.

Solicitações ambientais decorrentes da presença de poluentes químicos,

óleos lubrificantes, poeira, umidade, entre outros.

Embora todos os processos de degradação afetem a vida útil do barramento como

um todo, as peculiaridades de cada processo definem uma localização ou uma parte do

barramento onde cada uma ocorre, bem como sintomas por vezes determinados. Assim,

por exemplo, podemos citar as descargas de ranhuras, descritas por [13]:

O sistema de fixação das barras estatóricas ao núcleo é composto por estecas ou

cunhas (em função da geometria) e calços confeccionados em material isolante – Celeron,

os mais antigos e poliéster ou epóxi os mais atuais. Os sistemas mais novos utilizam-se

também de molas (Ripple Springs) para pressionar as barras e fixa-las às ranhuras. A

degradação de um ou mais componentes de fixação, decorrente da interação

eletromecânica entre barras adjacentes, ou ainda pela ação da temperatura, implica na

redução da pressão que comprime as barras à parede da ranhura. A barra, ou parte dela,

perde o contato com o núcleo, criando-se bolsas de ar sujeitas a descargas elétricas. Estas

descargas, além de gerarem quantidades consideráveis de ozônio, podem degradar de

maneira relativamente rápida o isolamento principal da barra.

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A degradação da tinta semicondutora que recobre a barra no interior da ranhura

também pode causar a ocorrência de descargas de ranhura, mesmo que o sistema de

fixação da barra se encontre íntegro. Neste caso, o processo de degradação do isolamento

principal ocorrerá de maneira bem mais lenta, se comparada ao processo anterior.

A intenção deste trabalho não é esgotar todos os mecanismos de degradação que

a barra estatóricas é sujeita, mas sim concentrar o foco na degradação do seu isolamento

principal.

O isolamento principal, cuja degradação, pesar de normalmente lenta, é

irreversível e irrecuperável, apresenta ainda hoje um vasto campo de possibilidades e

necessidades, especialmente no que tange à avaliação de sua condição e determinação do

grau de avanço de sua deterioração. O isolamento principal é, em última análise, o

determinante da vida útil da barra estatóricas.

2.4. Degradação do Isolamento Principal

O processo de degradação do isolamento principal das barras estatóricas é um

fenômeno extremamente complexo. Fatores como a ação individual de cada solicitação,

as interações entre as diversas solicitações, a dualidade de causa e efeito, a complexidade

do próprio isolamento e de seu processo de produção, prolongam a discussão a respeito

da modelagem física do envelhecimento deste componente. Não restam dúvidas quanto à

ocorrência do processo de delaminação e a sua importância nas falhas do isolamento

principal do barramento estatórico.

Através do seu relatório, a Cigré [1] sugere que o processo de falha do isolamento

em máquinas de construção recente não possui normalmente origem elétrica, mas deriva

de outros mecanismos. Vibração excessiva nas terminações das barras, afrouxamento das

barras no interior das ranhuras, afrouxamento nas terminações das barras, falhas na

pintura semicondutora, baixa qualidade de fabricação (barras inferiores a 1970) podem

originar a falha do isolamento. Outros autores como Mc Dermid [6] não são tão

categóricos. Ele pondera que em certos casos as descargas parciais no interior do

isolamento principal apresentam sérios riscos à integridade da barra. Verifica-se, todavia,

um consenso de que o isolamento tem evoluído para um nível de qualidade bastante

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elevado e que, salvo problemas eventuais de processo, a origem das falhas advém de

fatores externos ao mesmo.

Não obstante, é também consenso a fundamental importância do

acompanhamento das condições do isolamento principal da barras estatóricas pois o

mesmo constitui-se, conforme já mencionado, no fator crítico da vida útil da mesma.

Além disso, ressalta-se que o alto nível de qualidade atingido pelo isolamento é recente,

ao passo que as máquinas hoje em operação apresentam uma média em torno de vinte

anos de instalação.

2.5. Processos de envelhecimento Acelerado

Embora o processo de envelhecimento do isolamento das barras possua suas

peculiaridades, alguns conceitos básicos comuns podem ser apresentados de forma

genérica. A caracterização do envelhecimento implica, obviamente, no levantamento de

dados ao longo de toda a vida do equipamento. Por outro lado, a longa vida útil do

isolamento dos equipamentos elétricos torna difícil tal levantamento em tempos realistas.

Torna-se evidente a necessidade de acelerar em laboratório o envelhecimento dos

mesmos.

A maioria dos trabalhos publicados sobre envelhecimento acelerado são

extremamente restritos pelo fato de abordarem solicitações únicas. A extrapolação destes

modelos para outros que se aproximem das condições de serviço, em que o isolamento

está sujeito a múltiplas solicitações, não é trivial. Isto se deve, em grande parte, ao

sinergismo resultante das interações das solicitações.

A busca de soluções para a necessidade de avaliação das condições de um

isolamento ao longo de sua vida em serviço tem trilhado nos equipamentos de potências

em geral e nos hidrogeradores de modo especialmente marcante, o caminho da análise

das descargas parciais.

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2.6. Descargas Parciais: Teoria Inicial

Descargas Parciais podem ser definidas como micro-descargas elétricas não

visíveis que estão no interior de equipamentos (material isolante entre 2 condutores), que

quando submetidos a grandes valores de tensão, essas descargas são causadas por uma

avalanche de elétrons ionizados.

As descargas parciais recebem esse nome, pois são descargas localizadas, elas não

percorrem todo o caminho entre os condutores.

Em casos de dielétricos líquidos as descargas ocorrem pela ionização de gases em

seu interior, no caso de dielétricos sólidos as descargas são produzidas pela ionização de

pequenas cavidades de ar no interior do dielétrico, e no caso dos gases, pela ionização das

moléculas de gás que se encontram nos pontos de maior potencial elétrico.

A unidade mais utilizada para medir descargas parciais é o picocoulomb (pC),

pois a carga é proporcional à energia destrutiva liberada no local da descarga.

De acordo com a norma ABNT NBR 6940 / 81, a medição das descargas parciais

é feita por três motivos:

Para verificar se o material isolante, numa tensão especificada, não

apresenta descargas parciais acima dos valores especificados.

Para determinar os valores de tensão nos quais descargas de uma

intensidade baixa especificada se iniciam com tensão crescente e cessam

com tensão decrescente.

Para verificar a magnitude das descargas parciais numa tensão

especificada.

A detecção das descargas parciais (DP) tem se mostrado uma eficiente ferramenta

para diagnosticar a integridade do isolamento de altas tensões.

Uma das motivações de se medir as descargas parciais é determinar a relação entre

as descargas e a expectativa útil do dielétrico e tentar estipular a duração do equipamento

antes que seja necessária alguma intervenção, pois a intensidade das descargas parciais

pode reduzir drasticamente a vida útil do material.

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2.7. Descargas Parciais no Barramento Estatórico

A atividade das descargas parciais é, ao mesmo tempo, um sintoma dos defeitos

(degradações) presentes nos sistemas de isolação e um mecanismo que acelera a própria

degradação [4].

A maioria dos defeitos causadores das DPs nos enrolamentos do estator é

resultado da deterioração da sua isolação. Dentre os fatores que contribuem para essa

degradação, destacam-se: o sobre-aquecimento, o ataque químico do ambiente e a abrasão

devido ao movimento excessivo da bobina nos terminais dos enrolamentos.

Sob a ação dessas agressões, a resina de mica-epóxi perde suas propriedades

colantes e algumas bolsas de ar podem ser criadas no sistema de isolamento, permitindo

que os condutores vibrem uns contra os outros. Isso leva ao desgaste da camada isolante

e, consequentemente, ao surgimento das correntes de defeito. Outro problema ocorre

quando a poluição, parcialmente condutiva de umidade ou óleo, em combinação com a

sujeira, deposita-se nas superfícies das bobinas, criando um caminho elétrico que,

eventualmente, perfura o isolamento e gera as DPs.

Como aceleradoras do processo de envelhecimento, as descargas parciais no

enrolamento do estator podem causar um dano consideravelmente grande no sistema de

isolamento. Elas causam a erosão do material isolante no momento da faísca,

carbonização, formação de ozônio e, até mesmo, ácidos nitrogênio-base através de

reações químicas. Essa isolação, embora constituída de mica, quando submetida às

descargas parciais intensas e frequentes, pode sofrer avarias ao longo do tempo.

O fenômeno de descargas parciais pode ocorrer:

1. Dentro da isolação principal (chamadas de descargas internas), como

resultado do surgimento de vazios causados pela perda ou incompleta cura

do material de união (vide Figura 7).

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Figura 7 - Deterioração, áreas de descargas internas

2. Na região onde a bobina sai da ranhura, devido à mudança de potencial ao

longo da superfície da bobina entre a porção aterrada ao núcleo e a porção

não aterrada (vide Figura 8)

Figura 8 - Região de saliência da bobina

3. Na barra do estator, sendo que o mais comum é a ocorrência de descargas

na junção entre o material isolante e a barra e no interior do dielétrico

(Figura 9).

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Figura 9 - Secção cruzada esquemática da barra do gerador e locais de descarga

CAPÍTULO 3 – TESTES EXPERIMENTAIS

3.1. Ensaios e Condicionamento das Amostras

Os testes aplicados em barras estatóricas dependem muito das finalidades

específicas, mas de maneira geral não se distingue dos testes que foi realizado nas barras

antes e após o envelhecimento acelerado deste experimento. A tabela 1 mostra a

sequência de ensaios realizados

Tabela 1 - Lista de Ensaios Realizados nas Barras Estatóricas

ORDEM ENSAIOS

1 Limpeza das amostras

2 Divisão da parte reta em 6 segmentos

3 Resistência de blindagem

4 Percussão Acústica

5 Resistência de blindagem

6 Capacitância em alta frequência

7 Descarga Parcial

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Estes ensaios são feitos na barra de forma como ela é recebida, sem qualquer

preparação ou condicionamento prévio. Entretanto, quando os ensaios preliminares

indicam elevada umidade, as amostras podem ser submetidas ao tratamento prévio de

secagem por corrente elétrica ou por placas térmicas antes da aplicação de alta tensão.

Os ensaios devem ser todos conduzidos em ambiente de laboratório, blindado contra

interferências eletromagnéticas, sob temperatura de 23 ± 2°C e umidade relativa de 40 a

60% para que se aproxime ao máximo com as condições em que a barra funciona.

3.2. Ensaios Realizados Antes e Após o Envelhecimento Acelerado

3.2.1 Limpeza das amostras

Inicialmente é feito a limpeza por toda a extensão da barra com pincel, aspirador

de pó e flanela de algodão para a retirada de poeira e resíduos.

Figura 10 - Limpeza da amostra

3.2.2 Divisão da parte reta em 6 segmentos

Para permitir identificar comportamentos diferenciados entre as partes das

amostras, a parte reta da barra é marcada em 6 segmentos equidistantes com tinta branca

solúvel em água.

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Figura 11 – Divisão em 6 segmentos congruentes

3.2.3 Resistência de blindagem

A medição da resistência da blindagem é feita através de um aparelho de

comprimento ajustável. Os eletrodos de medição devem ser metálicos e flexíveis, sendo

distanciados de um perímetro da seção transversal das amostras. Conforme mostram as

figuras 12 e 13.

Figura 12 - Medição do Perímetro da camada preta

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Figura 13 – Aparelho de comprimento Ajustável

A resistência elétrica é determinada em corrente contínua de 1,0 miliampère,

através da medição da queda de tensão por multímetro digital de precisão. A corrente

deve ser aplicada entre as extremidades da camada semicondutiva da blindagem, na parte

reta das amostras. Para isto, podem ser utilizados os condutores de cobre das amostras

para o retorno da corrente, minimizando os cabos e as interferências externas.

Figura 14 - Circuito de Medição

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Figura 15 -Voltímetro Multiprocessador

3.2.4 Percussão acústica

O teste de percussão acústica tem como objetivo aplicar impactos na barra à

procura de vazios. O ensaio consisti na detecção do sinal acústico através de sensor

piezelétrico, ao impacto da esfera de aço com energia de 16 mJ. Os resultados são tratados

para que o maior sinal resulte em 100% para uma análise relativa de solidez das amostras.

Desta análise resulta a detecção de possíveis pontos de delaminação inicial.

Figura 16 - Aplicação do bastão de impacto na amostra

A barra possui 2 lados e foi inicialmente dividida em 6 segmentos com tamanhos

equivalentes de acordo com o teste 2, em cada um dos segmentos da barra são feitos 10

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impactos com o bastão de impacto. A medição da percussão acústica é feita pelo

voltímetro que apresenta os valores máximos e médios de cada segmento

3.2.5 Blindagem de Cobre

A parte reta das amostras é blindada com malhas condutoras e metálicas para

permitir a aplicação de alta tensão nas amostras e efetuar análise dos dielétricos. A figura

17 ilustra o modo como são blindadas as barras e bobinas para o aterramento, com malha

de cobre estanhado.

Figura 17 - Malha de cobre estanhado.

3.2.6 Resistência Elétrica de isolamento

O teste de Resistência Elétrica tem como objetivo identificar as possíveis

irregularidades pela resistência elétrica das barras ou a coerência entre si, uniformidade

das partes condutoras e das soldagens entre condutores elétricos elementares nos

terminais das barras.

Estas barras são ensaiadas quanto à resistência elétrica dos condutores de cobre.

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A corrente circulante na barra estatórica divide-se em duas: Corrente superficial e

Corrente volumétrica. Para se obter a resistência de isolamento, ignora-se a corrente

superficial e usa-se somente a corrente volumétrica.

O ensaio é feito aterrando-se as duas extremidades da barra e aplicando-se uma

tensão de 1000 Volts de corrente contínua em uma das extremidades. O aterramento é

feito para desconsiderar a corrente superficial da barra e permitir a circulação apenas da

corrente volumétrica.

A medição é feita através do Aparelho TeraOhmímetro – 5 KV – Vanguard

instruments. É conectada a ponteira positiva em uma das extremidades da barra, a ponteira

negativa no fio de cobre que fica no centro da barra e a terceira ponteira, que representa

o cabo guarda, é colocado entre o gap e a extremidade da barra.

Figura 18 - Aparato Experimental

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Figura 19 - Aparelho TeraOhmímetro – 5 KV – Vanguard instruments.

3.2.7 Índice de Polarização

Um método para determinar a qualidade de isolação é usar o teste de índice de

polarização (IP). Ele é particularmente valioso no descobrimento de umidade e entrada

de óleo que possuem um efeito de achatamento na curva do IP, gerando corrente de fuga

e eventualmente circuitos em curto. O índice de polarização é a proporção de duas leituras

de tempo-resistência: uma é tomada depois de 1 minuto e a outra depois de 10 minutos.

Com boa isolação, a resistência de isolação começa baixa e cresce à medida que a corrente

de fuga capacitiva diminui. Resultados são obtidos dividindo-se o valor de teste de 10

minutos pelo valor de teste de 1 minuto. Um índice de polarização baixo indica problemas

com a isolação.

Este teste quando realizados periodicamente, servem, também, para comparar a

gradual deterioração do material isolante, comparando-se os resultados das diversas

medições realizadas ao longo do tempo.

Ip =Ri10

Ri1

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Onde Ri10 indica o tempo de resistência em 10 minutos e Ri1 indica o tempo de

resistência em 1 minuto.

3.2.8 Capacitância e fator de dissipação em alta frequência

Esses ensaios preliminares são realizados para verificar alguma anomalia

grosseira nas amostras e possibilitar o dimensionamento do sistema de ensaios sob altas

tensões, permitindo identificar níveis de corrente e capacitores de referência a serem

realizados. Estas medições de capacitância e de fator de dissipação são efetuadas com

tensão alternada de 5 volts e frequência de 1000 Hz.

A medição é feita com precision inductance analyzer 3245 – Wayne Kerr

conforme mostrado na Figura 22.

Figura 20 - Aparato Experimental

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Figura 21 - Capacitor de 1000 pF

E

Figura 22 - Precision inductance analyzer 3245 – Wayne Kerr

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3.2.9 Descarga Parcial

As descargas parciais, utilizando técnicas convencionais, são detectadas para as

tensões de até 1,2. Vn, através do circuito mostrado na Figura 23. Para estes ensaios são

requeridas medições sob alta tensão, com a utilização de fontes de baixo nível de

descargas parciais e capacitores com isolamento a gás de reduzidas perdas dielétricas.

Figura 23 - Circuito para detecção das descargas parciais, medição de capacitância e fator de dissipação.

Devem ser registradas as máximas descargas parciais detectadas em cada nível de

tensão e as tensões de início e extinção das descargas parciais. A montagem das barras

para medição de descargas na gaiola de Faraday é vista na Figura 24

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Figura 24 - Circuito das barras dentro da gaiola de Faraday

As descargas parciais ao longo da amostra podem ser analisadas por meios

acústicos, com sensores piezelétricos ultrassônicos, na banda de 36 kHz a 44 kHz.

Figura 25 - Detecção de Descargas parciais ao longo da amostra

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CAPÍTULO 4 - PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL

4.1 Material Utilizado

Os fabricantes de hidrogeradores, Voight Siemens e Alstom, forneceram amostras

e acessórios para as montagens experimentais, assim como o Cepel, onde foi realizado o

experimento.

Abaixo segue a listagem do material utilizado neste experimento:

4 barras estatóricas de hidrogeradores com 2,1 m. de comprimento

4 placas de alumínio de 30 x 15 cm e 1 placa de alumínio de 60x30 cm

Parafusos ¾ com rosca.

4 Placas de madeira

Máquina vibratória - Shaker

Amplificador

Pulse

Condicionador

Acelerômetro

Osciloscópio

Transformador

Capacitor

Filtro de Alta tensão

Impedância de Medição

Computador

4.2 Circuito de Ensaio

Nesta primeira etapa dos trabalhos, dois barramentos estatóricos para

hidrogeradores, novos, de boa qualidade, isolados para 13,8 kV, foram selecionados para

os ensaios.

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O envelhecimento acelerado das barras foi obtido com um ensaio eletromecânico.

Aplicou-se uma tensão de 13,8 KV na frequência de 60 HZ na extremidade de duas barras

estatóricas isoladas em mica e fibra de vidro resinada, fixas uma com a outra, e ao mesmo

tempo o conjunto foi submetido às vibrações através de uma máquina vibratória

denominada por shaker.

A montagem para aplicação de esforços de compressão dorsal nas amostras de

barras, simultaneamente com tensão aplicada, é mostrada na Figura 26. Na Figura 27 o

mesmo sistema para aplicação ainda de corrente e flexão.

Figura 26 - Circuito de Ensaios para Compressão Cíclica e Tensão Aplicada

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Figura 27 - Sistema de Vibrações Mecânicas de Barras sob Alta Tensão e Corrente de Aquecimento.

O teste utilizou os esforços mecânicos e elétricos para representar os esforços reais

de uso, porém de modo mais intenso, para acelerar os efeitos. Abaixo segue a descrição

dos equipamentos utilizados em cada esforço.

4.2.1 Parte Mecânica

O amplificador tem a função de acionar o Shaker.

O shaker é responsável pela vibração do conjunto que prende as barras. Na sua

base existe uma válvula que deve ser aberta o suficiente para que o gás

comprimido suspenda as barras e as sustente de modo a acionar o equipamento.

Amplificado

r

Shaker Pulse Condicionador

or

Acelerômetro Programa

Computacional

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O acelerômetro sai do centro do conjunto que prende as barras e conecta no

pulse que conecta no condicionador e vai para o gerador de sinais.

O programa computacional faz a leitura do sinal através do pulse. O sinal

enviado pelo gerador de funções é observado pelo osciloscópio e pelo programa

computacional.

O sistema de Conexão do amplificador com o shaker e as barras Estatóricas é vista

na Figura 28.

Figura 28 - Sistema de Conexão do Amplificador com o Shaker e as Barras Estatóricas.

4.2.2 Parte Elétrica

O transformador eleva a tensão até 13,8 KV (tensão nominal da barra)

O osciloscópio recebe em 1 canal o sinal do acelerômetro e no outro canal é

ligado por 1 T, o sinal do trigger do gerador de sinais com o sinal do

transformador, para fazer o sincronismo da rede. Com isso temos a leitura do

sinal da rede e do sinal mecânico.

Shaker

rk

Amplificador

Capacitor de

acoplamento

Filtro de

Alta Tensão

Transformador Impedancia de

Medição

Osciloscópio Gerador de Função

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31

O capacitor de acoplamento serve para capturar os sinais de alta frequência

gerados pelas descargas parciais e levá-los para o detector.

A Impedância de medição está abaixo do capacitor de acoplamento e filtra os

sinais de capturados pelo capacitor, retirando a onda de 60 Hz e deixando passar

alta frequência para o detector.

4.3 Montagem da Barra Estatórica no Shaker

As barras estatóricas são colocadas em paralelo, com suas extremidades fixas uma

com a outra formando uma bobina. Cada barra é fixada por 2 placas de alumínio, que é

presa em uma base formada por uma placa retangular também de alumínio, e esta

colocada no tambor do shaker. De acordo com a Figura 29 e 30, que mostra a vista

superior da montagem da barra no shaker e a montagem da bobina no shaker,

respectivamente, é possível observar que as barras estão centralizadas no shaker, de modo

que o sistema fique equilibrado durante as vibrações.

Figura 29 - Vista Superior da montagem das Barras no shaker

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32

Figura 30 - Bobina estatóricas acoplada ao shaker

A Figura 31 mostra os detalhes sobre a fixação das amostras de barramentos

estatóricos no cabeçote de vibrações.

Figura 31 - Modo de Fixação das Barras no Cabeçote de Vibração Mecânica

Com mais detalhes ainda, a Figura 32 mostra o apoio dorsal da barra, por cunhas

e molas reais, utilizadas em hidrogeradores, obtidas com os fabricantes. A figura 33

mostra a vista lateral desta montagem.

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33

Figura 32 - Detalhe do Apoio Dorsal das Barras – Molas e Cunhas

Figura 33 - Vista latera do Apoio Dorsal das Barras – Molas e Cunhas

4.4 Sincronismo da Frequência da Rede com a Frequência Mecânica.

O circuito de ensaio também conta com sistema de sincronismo das vibrações

mecânicas com a tensão aplicada, incidindo os esforços de compressão sempre no mesmo

instante das amplitudes senoidais dos esforços elétricos.

Com o sincronismo dos sinais é obtido à máxima vibração e com isso se consegue

um envelhecimento da amostra mais acelerada. Este sincronismo é obtido através do

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34

triger do gerador de funções. Na figura 34 é observado o sinal elétrico e mecânico

sincronizado, como também os valores de frequência e tensão.

Figura 34 - Sinal elétrico e mecânico sincronizado no osciloscópio

4.5 Ajustes dos Parâmetros

Como o teste é experimental, foram realizados vários ajustes nos parâmetros ao

longo das vibrações para que obtivesse uma maior vibração, e com isso acelerando o

envelhecimento, mas respeitando a capacidade de cada equipamento.

O amplificador é mantido em torno de 3 a 4 V e 3 a 4 A, pois seu limite de tensão

é 5V quando o mesmo desarma.

Segundo a referência [2] as vibrações mecânicas devem ser de duas vezes a

frequência da rede, 100 Hz para as máquinas europeias e de 120 Hz para máquinas norte-

americanas. Logo a frequência da rede é de 60 Hz e para as vibrações mecânicas é de 120

Hz.

A vibração mecânica acaba implicando pressão sobre a barra da ordem de 50 kPa,

com deslocamento vertical de 70 μm.

A tensão Aplicada é de 13,8 Kv conforme mostrado na figura 35

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35

Figura 35 - Tensão Nominal de 13,8 Kv.

Deve ser colocado uma aceleração no gerador de funções de 17 m/s² = 1,73 G.

para que o amplificador não tenha uma sobrecorrente. Na figura 36 temos o programa

computacional que monitora a aceleração aplicada no sistema, e a frequência da vibração

mecânica.

Figura 36 - Programa computacional com os valores do gerador de funções.

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CAPÍTULO 5 - RESULTADOS EXPERIMENTAIS

Os testes citados e explicados no Capítulo 3 foram aplicados na amostra da barra

022 original e após 50 horas submetidas ao teste eletromecânico. Os resultados antes e

após o envelhecimento acelerado em cada teste são vistos abaixo.

5.1. Resistência da Blindagem

A partir das medições com o voltímetro digital de precisão, obtemos os seguintes

valores médios para resistência da blindagem antes e após o envelhecimento, mostrados

na tabela 2

Tabela 2 – Resistência de blindagem antes e após as vibrações

Amostra Original Após 50 h. de

vibração

1,35 ± 0,14 KΩ 1,79 ± 0,59 KΩ

5.2 Percussão acústica

As medições são feitas nos 2 lados da barra, denominados lado A e lado B e nos

6 segmentos que ela foi dividida, registrando o máximo e a média dos 10 impactos em

cada segmento. Os valores encontrados na barra original e na barra após as 50 horas de

vibração estão na tabela 3 e 4 respectivamente. A tabela 5 consta o registro médio dos 2

lados da barra.

Tabela 3 - Medições na barra 022 original

Lado A Lado B

Segmento Máximo

(mV)

Média

(mV)

Máximo

(mV)

Média

(mV)

1 13,88 0,71 27,7 1,42

2 7,45 0,41 99,6 1,13

3 2,49 0,34 12,55 0,97

4 26,56 1,18 86,21 0,91

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37

5 38,39 1,21 1,21 0,55

6 77,07 1,73 1,77 0,38

Tabela 4 - Medições na barra 022 após 50 horas de vibração

Lado A Lado B

Segmento Máximo

(mV)

Média

(mV)

Máximo

(mV)

Média

(mV)

1 99,36 0,69 88,68 1,31

2 32,36 0,43 70,98 1,27

3 3,5 0,31 84,69 1,15

4 9,38 1,22 57,38 0,92

5 9,23 1,48 14,17 0,85

6 47,05 1,56 23,41 0,8

Tabela 5 - Registro Médio na Barra 022 antes e após a vibração

Amostra Original

Após 50 h. de vibração

0,91 mV 0,99 mV

5.3 Resistência Elétrica de Isolamento e Índice de Polarização

A medição da resistência de Isolamento é feita com o mesmo procedimento

realizado com a barra na figura 18, o índice de polarização foi calculado de acordo com

a fórmula do subitem 3.3.6 no capítulo 3. Nas tabelas 6 e 7 estão as medições da

resistência elétrica e o índice de polarização antes e após as 50 horas de vibração.

Tabela 6 - Medições na barra 022 original

I (t) R

(Teraomhs) Ip

i(1min) 3,26 5,128

i (10 min) 16,72

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Tabela 7 - Medições na barra 022 original após 50 horas de vibração

I (t) R

(Teraomhs) Ip

i(1min) 2,22 4,65

i (10 min) 10,34

A partir da tabela indicativa do índice de polarização (Tabela 8), pode-se

determinar o Estado da barra:

Tabela 8 - Índice de polarização.

Para demonstrar a relação do índice de polarização com o estado da barra, foram

feitos 3 testes com uma amostra da barra de 340x70 mm

Teste 1 – Estado Original

Primeiramente a amostra é lixada nas suas pontas e pesada com uma balança

digital.

É medido a Resistência de Isolação e calculado o Índice de polarização.

Teste 2 – Seca por 24 horas

A amostra é colocada na estufa Hatco com temperatura de 47º C por 24 horas.

Após esse tempo é realizado o mesmo procedimento de teste: Pesagem, medição

de resistência de isolamento e cálculo de Ip.

Teste 3 – Úmida por 72 horas

A amostra é imersa em um recipiente com água na temperatura 19,6ºC e

condutividade elétrica de 72,5 µS/cm por 72 horas.

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Tabela 9 - Resistência, Índice de polarização e Estado das amostras.

Original Seca Úmida

R1min (G) 71,18 767,4 0,825

R10min G) 78,72 2223,5 0,967

Ip 1,105 2,89 1,17

Estado Pobre Confiável Pobre

De acordo com os resultados obtidos nos testes é possível observar que o índice

de polarização está relacionado com o estado em que a amostra se encontra. Quanto maior

a umidade da barra menor será seu Ip, o que significa que estas possuem uma menor

qualidade. Uma das alternativas de melhorar o Ip das barras é coloca-las em uma estufa

para diminuir sua umidade, e consequentemente melhorar sua qualidade.

5.4 Capacitância e fator de dissipação em alta frequência

A tabela 10 e a tabela 11 mostram os valores dos registros antes e após as 50 horas

de vibração do fator de dissipação em 1000 Hz e 5 V e da capacitância em 1000 Hz,

respectivamente.

Tabela 10 - Registros do fator de dissipação em 1000 Hz e 5 V.

Amostra Original

Após 50 h. de vibração

0,56 (%) 0,55 (%)

Tabela 11 - Registros da capacitância em 1000 Hz.

Amostra Original

Após 50 h. de vibração

2870 pF 2881 pF

É observado pelos resultados das tabelas 10 e 11 que a capacitância aumenta após

as vibrações e o fator de dissipação diminui.

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5.4.1 Relação Umidade x Capacitância

Para verificar a influência da umidade com a capacitância e o fator de dissipação,

utilizou-se como amostra uma folha em branco de papel A4 em 3 condições:

Condição 1 – Estado Úmido

A amostra é imersa em um recipiente com água à temperatura ambiente. Após isso

é feito o teste de capacitância. A figura 37 mostra os resultados deste teste.

Figura 37 - Resultados da capacitância e fator de dissipação na amostra úmida.

Condição 2 – Estado Seco

A amostra foi exposta à temperatura ambiente (23º C) por 24 horas. Com ela

completamente seca, realizou-se o teste e obteve o seguinte resultado mostrado na figura

38:

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41

Figura 38 - Resultados da capacitância e fator de dissipação na amostra seca.

Condição 3 – Estado Mais Seco

A amostra foi colocada em uma estufa na temperatura de 120º por 40 minutos.

Após esse processo foi realizado novamente as medições, mostradas na Figura 39:

Figura 39 - Resultados da capacitância e fator de dissipação na amostra mais seca.

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42

É observado através dos gráficos que a capacitância e o fator de dissipação por

frequência são maiores quanto maior a umidade do material.

5.5 Descarga Parcial

A leitura dos valores de descargas parciais foi obtida através do detector de

descargas parciais. Como as amostras originalmente estavam com níveis de descargas

parciais abaixo de 50 pC, não foi possível a detecção. As descargas são medidas na

frequência de 60 Hz e tensão de 8 KV. Os Valores de Descargas parciais antes e após os

ensaios de vibração é visto na tabela 12 e o Display do Detector de Descarga Parcial é

mostrado na figura 40.

Tabela 12 - Valores de Descargas parciais antes e após os ensaios de vibração

Amostra Original Após 50 h. de

vibração

10 pC 32 pC

Figura 40 - Display do Detector de Descarga Parcial.

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CAPÍTULO 6 – CONCLUSÕES

Este trabalho teve o objetivo de avaliar as propriedades elétricas de uma barra

estatórica de hidrogerador após 50 horas de vibrações, demonstrando a degradação do

material com o envelhecimento acelerado.

Foi utilizada uma barra estatórica para hidrogeradores, com a tensão nominal de

13,8 kV. As medições foram feitas com a barra Nova (não envelhecida) e com a barra

depois de ser envelhecida por 50 horas sob vibrações mecânicas simultâneas com tensão

aplicada de 60 Hz, na temperatura ambiente de (23 ± 2) º C. Inicialmente concluiu-se,

pelo reduzido nível das descargas parciais na tensão de operação nominal =13,8/√3 = 8

kV, que a qualidade do sistema de isolamento estava em boas condições, com níveis

aproximadamente 20 pC. As barras, após envelhecidas por 50 horas sob vibrações, não

se mostraram sensíveis aos esforços aplicados, pois as descargas parciais somente

subiram para valores entre 30 e 40 pC. Com o tempo de energização, provavelmente as

barras aqueceram levemente, pelo campo elétrico aplicado, e a resina aglutinante curou-

se, já que o fator de dissipação melhorou.

Houve tentativas de se detectar as descargas parciais durante o processo de

vibração dos barramentos, sem êxito. O sistema de vibrações incorpora alguns circuitos

eletrônicos que provocam ruídos elétricos muito elevados, que mascaram a medição, pois

geravam ruídos da ordem de 500 pC. Como as amostras originalmente estavam com

níveis de descargas parciais abaixo de 50 pC, não foi possível a detecção.

As tentativas de medição das descargas parciais através de um programa

computacional, também não logrou êxito, devido ao baixo nível das mesmas.

Percebeu-se leve indício de laminação pelas respostas ao impacto, martelinho,

mas sem muita significância. A resposta a impacto das barras envelhecidas foi de 4 a 7 %

superior ao da barra nova, como mostrado na Tabela 1.

De um modo geral, concluiu-se que o sistema de ensaio foi pouco agressivo em 50 horas

de vibrações, como primeiro ponto avaliado. Espera-se que após 500 horas os efeitos dos

esforços conjugados de vibrações e campo elétrico, sincronizados, possam ser percebidos

com maior significância.

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7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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[4] IEEE Std. 1043 “Recommended Practice for Voltage Endurance Testing of Form

Wound Bars and Coils

[5] IEEE Std. 1310 “Recommended Practice for Thermal Cycle Testing of Form-Wound

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[6] MCDERMID, W., BROMLEY, JC, “Relationship Between Partial dischange Pulse –

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DF, novembro de 2008.

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Transmissão de Energia Elétrica - Grupo de Estudo de Geração Hidráulica – (GGH), Foz

do Iguaçu – Paraná – Brasil, 17 a 22 de outubro de 1999.

[10] STONE, Greg C. and SEDDING, Howard G. “In-Service Evaluation of Motor

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[11] THE INSTITUTE OF ELECTRICAL AND ELECTRONIC ENGINEERS, “IEEE

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2300 V and Above”, publicada como IEEE Std-434,1991 (revisada em 2006)

[12] UETI, Edson, Márcio A. Sens, Luiz R. de A. Rodrigues e Sérgio M. G. Damasceno”

Método de ensaio para detecção de falhas incipientes em barramentos estatóricos de

hidrogeradores”. Encontro Nacional de Máquinas Rotativas – ENAM, Angra dos Reis –

Rio de Janeiro, outubro de 2012.

[13] WILSON, A. M. “Slote damage in air- cooled stator windings”, IEEE Proceedings

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