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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE BIOCIÊNCIAS DEPARTAMENTO DE OCEANOGRAFIA E LIMNOLOGIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ECOLOGIA Avaliação da cobertura e monitoramento do branqueamento de corais nos recifes de Maracajaú/RN IZABEL MARIA MATOS DE SOUZA NATAL (RN) DEZEMBRO - 2012

Avaliação da cobertura e monitoramento do …...iii Avaliação da cobertura e monitoramento do branqueamento de corais nos recifes de Maracajaú/RN. por Izabel Maria Matos de Souza

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE BIOCIÊNCIAS

DEPARTAMENTO DE OCEANOGRAFIA E LIMNOLOGIA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ECOLOGIA

Avaliação da cobertura e monitoramento do branqueamento de corais nos recifes de

Maracajaú/RN

IZABEL MARIA MATOS DE SOUZA

NATAL (RN)

DEZEMBRO - 2012

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IZABEL MARIA MATOS DE SOUZA

Avaliação da cobertura e monitoramento do branqueamento de corais nos recifes de

Maracajaú/RN

Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Ecologia do Departamento de Oceanografia e Limnologia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte como requisito parcial do grau de Mestre em Ecologia.

Orientadora: Dra. Liana de Figueiredo Mendes

NATAL (RN)

DEZEMBRO - 2012

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UFRN / Biblioteca Central Zila Mamede

Catalogação da Publicação na Fonte

Souza, Izabel Maria Matos de.

Avaliação da cobertura e monitoramento do branqueamento de corais

nos recifes de Maracajaú/RN. / Izabel Maria Matos de Souza. – Natal,

RN, 2013.

61 f.; il.

Orientador: Prof. Liana de Figueiredo Mendes.

Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal do Rio Grande do

Norte. Centro de Biociências. Departamento de Oceanografia e

Limnologia. Programa de Pós-Graduação em Ecologia.

1. Cobertura de corais - Dissertação. 2. Dinâmica de branqueamento -

Dissertação. 3. Parâmetros abióticos - Dissertação. 4. Recifes de

Maracajaú - Dissertação. I. Mendes, Liana de Figueiredo. II.

Universidade Federal do Rio Grande do Norte. III. Título.

RN/UF/BCZM CDU 593.6 (813.6)

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Para Pessoas Especiais:

Aos meus pais Manoel e Emília...

Meu eterno agradecimento pelas faíscas constantes que enchem a chama de poder.

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i

Agradecimentos

Na sequência dos meus agradecimentos não existe hierarquia. Existe, no

entanto, um sentimento único por cada pessoa.

Obrigada à Professora Liana pela coragem de aceitar alguém de fora como

parte do seu time de orientados mesmo diante das adversidades. Obrigada pela

atenção, amizade, compreensão, conselhos e, especialmente, pelos momentos de

incentivo, motivação e encorajamento (É difícil conversar meia hora com você e

não sair pensando que o nosso trabalho é o mais importante do mundo).

Obrigada ao Professor Coca (J. L. Attayde) pelo apoio ao me aceitar como

orientada temporária.

Obrigada ao Programa de Pós-graduação em Ecologia pela oportunidade de

formação com um time de professores sem igual.

Obrigada ao Professor André Megali pela atenção especial nos momentos

cruciais.

Obrigada a CAPES pela concessão da bolsa.

Obrigada ao Instituto de Desenvolvimento Econômico e Meio Ambiente

(IDEMA) pelo licenciamento de coleta de dados APARC;

Obrigada ao Programa de Monitoramento Ambiental do Parracho de

Maracajaú (PROMAR) que viabilizou parte da logística de campo.

Obrigada à ONG Oceânica e ao Laboratório do Oceano pelo apoio com

material de coleta de dados, referências e espaço de estudo.

Obrigada à operadora de mergulho Maracajaú diver pelo apoio

imprescindível em grande parte do período de estudo. César, Ziggy e Fernando,

vocês foram muito importantes na realização deste trabalho. Rapazes e moças da

operação de mergulho, vocês foram extraordinários e não menos importantes!

Obrigada aos monitores do PROMAR que mergulharam comigo na marcação

e busca de colônias, especialmente ao Edson. Sem você Edson, definitivamente essa

pesquisa não teria acontecido. Muitíssimo obrigada!

Obrigada aos nativos de Maracajaú que operam no turismo, especialmente

aos comandantes das jangalanchas Sol e Mar, Rosa de Saron e Pai & Filho. Obrigada

ao Rizadinha e ao Zé Maria pelas caronas divertidíssimas!

Obrigada ao pessoal do Manoa pelo auxílio efêmero, mas de muita

qualidade e atenção no fim do projeto. Vocês foram incríveis!

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ii

Ainda dentre os nativos de Maracajaú expresso os meus mais sinceros e

carinhosos agradecimentos a Zé Maria, Cristina, Felipe e Açucena por terem aberto

a porta de sua casa com amizade, apoio e confiança sem par.

Obrigada à minha amiga Luisa (Luli) pela companhia e incentivo em campo,

além da amizade que nasceu entre os dentes batendo em águas de 24◦C.

Obrigada aos meus colegas do LOC Roberto e Aline por terem participado

do campo, ao Tiego e a Thais pelo apoio incial, e também ao Cadu pela ajuda nas

análises estatísticas (Você é demais, Cadu!!!).

Obrigada a minha banca de qualificação (Liana, Tatiana, Fulvio e Gislene)

pelo incremento de ideias, bem como aos Professores Carlos Fonseca e Gilberto

Corso, e especialmente à Professora Gislene pelos auxílios extras e extras e extras.

Obrigada aos meus colegas de pós pelas horas de discussões científicas,

especialmente aquelas que improdutivamente se tornaram produtivas. Sei que

vocês entendem!

Obrigada aos Professores de outros departamentos e instituições que me

ajudaram na compreensão dos ambientes recifais através de informações e

bibliografias (Clóvis Castro, Débora Pires, Alvaro Migotto, Claude Santos, Beatrice

P. Ferreira e, em especial, Tatiana Leite e Bárbara Segal por participar da banca

examinadora).

Não poderia esquecer também da querida Professora Maísa Mendonça

(UERN), através de quem uma nova fase da minha vida teve início (e isso significa

roupa cheirando a peixe e gônada, além de ossos da mão doloridos, mas acima de

tudo, muito aprendizado e amizade. “No fim, tudo é crescimento”, foi o que mais

ouvi). Meu muito obrigada, primeira chefinha!!!

Por fim e com a chave de ouro, agradeço aos meus queridos irmãos Hidalyn

e Nyladih pelo exemplo, apoio insubstituível em todos os momentos, e...neste

ponto as palavras se perdem. Mas, incluo aqui também a minha nova irmã

(cunhada) Eliângela por ter sido minha melhor amiga em todos os sentidos nos

últimos três anos. É por vocês que, antes de todos, sou muito grata a meu amado

Pai Celestial por tudo isto. Vocês são a maior prova de que Ele existe.

A todos vocês, mais uma vez, meu MUITO OBRIGADA!!!

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“A mente que se abre a uma nova ideia jamais volta ao seu tamanho original.”

Albert Einstein

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iii

Avaliação da cobertura e monitoramento do

branqueamento de corais nos recifes de Maracajaú/RN.

por

Izabel Maria Matos de Souza

Submetido ao Departamento de Oceanografia e Limnologia em 18 de Julho de

2012, como requisito parcial à obtenção do grau de Mestra em Ecologia.

RESUMO

O branqueamento de corais tem sido o foco de um número crescente de estudos desde a década de 1980 quando foi verificado o aumento na frequência, intensidade e número de áreas atingidas. No Brasil o fenômeno tem sido registrado desde 1993, associado à elevação da temperatura das águas superficiais do mar decorrente de eventos de El-Niños e anomalias térmicas, conforme a maioria dos relatos em todo o mundo. No litoral do Rio Grande do Norte registrou-se branqueamento em massa de corais nos recifes da Área de Proteção Ambiental dos Recifes de Corais (APARC) em Março e Abril de 2010, quando a temperatura da água atingiu valor de 34◦C durante vários dias. Cerca de 80% dos corais do complexo recifal de Maracajaú exibiram branqueamento parcial ou total. Os objetivos deste trabalho foram verificar qual a representatividade do recobrimento de corais no Parracho de Maracajaú e como a dinâmica de branqueamento se desenvolve entre as espécies. A cobertura de corais foi estimada de acordo com o protocolo Reef Check Brasil associado ao método de quadrado, e o branqueamento foi avaliado a partir de censos visuais quinzenais em 80 colônias de Favia gravida, Porites astreoides, Siderastrea stellata e Millepora alcicornis. Ao mesmo tempo foram monitorados a temperatura da água, pH, salinidade e transparência horizontal, e a ocorrência de mortalidade e sintomas de doenças. Foram utilizadas a Análise de Variância e a Regressão Múltipla sob a perspectiva do conceito do time lag para avaliar a dinâmica de branqueamento entre as espécies e a relação da variação das médias com a variação dos fatores abióticos, respectivamente. As espécies apresentaram diferença significativa entre si quanto à variação das médias de branqueamento ao longo do tempo, mas a dinâmica de variação exibiu padrões semelhantes.

Palavras-chave: Dinâmica de branqueamento; parâmetros abióticos;

cobertura de corais; recifes de Maracajaú.

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iv

Evaluation of coverage and monitoring of coral bleaching

in Maracajaú/RN reefs.

by

Izabel Maria Matos de Souza

Submitted to the Department of Oceanography and Limnology on June 18, 2012,

in partial fulfillment of the requirements for the degree of Master in Ecology

ABSTRACT

Coral bleaching has been increasingly the focus of research around the world since the early 1980s, when it was verified to be increasing in frequency, intensity and amount of areas affected. The phenomenon has been recorded since 1993, associated with elevation of the sea surface temperature due to El Niños and water thermal anomalies, according to most reports around the world. On the coast of Rio Grande do Norte, Brazil, a mass coral bleaching event was recorded in the Environmental Protection Area of Coral Reefs (APARC) during March and April 2010, when the water temperature reached 34°C for several days. About 80% of the corals in Maracajaú reef-complex exhibited partial or total bleaching. The aims of this study were to verify representativeness of coral coverage and how the bleaching dynamic has developed among different species. Coral coverage was estimated according to Reef Check Brazil protocol associated with quadrant method, and bleaching was evaluated from biweekly visual surveys in 80 colonies of Favia gravida, Porites astreoides, Siderastrea stellata and Millepora alcicornis. At the same time temperature, pH, salinity and horizontal transparency, as well as mortality and disease occurrence were monitored. Analysis of variance and Multiple Regression from the perspective of ‘time lag’ concept were used to evaluate the bleaching dynamics among species and the relationship between variation of means of bleaching and variations of abiotic parameters, respectively. Species showed significant differences among themselves as to variation of means of bleaching over time, but the dynamic of variation exhibited similar patterns.

Key words: Bleaching dynamic; abiotic parameters; coral coverage; Maracajaú reefs.

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v

Figura 2. 1: Localização geográfica da área de estudo. ................................................................. 8

Figura 2. 2: Estrutura do complexo recifal de Maracajaú/RN. ...................................................... 9

Figura 2. 3: Ilustração esquemática do método de transectos de pontos associado ao registro

de cobertura por quadrantes. ..................................................................................................... 10

Figura 2. 4: Espécies de corais monitoradas. .............................................................................. 11

Figura 2. 5: Metodologia de marcação de colônias. ................................................................... 12

Figura 2. 6: Estágios de branqueamento em colônias de Siderastrea stellata. .......................... 13

Figura 2. 7: Paleta de cores da CoralWath e padrões de cores utilizados na avaliação dos

estágios de branqueamento. ...................................................................................................... 14

Figura 2. 8: Técnica de avaliação da porcentagem de branqueamento das colônias. ............... 14

Figura 3. 1: Porcentagem de ocorrência das categorias de substrato na AUTI nos recifes de

Maracajaú.................................................................................................................................... 17

Figura 3. 2: Variação quinzenal dos fatores ambientais entre Novembro de 2010 e Dezembro

de 2011 nos recifes de Maracajaú. ............................................................................................. 19

Figura 3. 3: Dinâmica de branqueamento das quatro espécies de corais pétreos mais

representativas nos recifes de Maracajaú. ................................................................................. 20

Figura 3. 4: Média geral de branqueamento para as espécies de corais pétreos nos recifes de

Maracajaú.................................................................................................................................... 21

Figura 3. 5: Diferenças entre as médias quinzenais de branqueamento de Favia gravida nos

recifes de Maracajaú. .................................................................................................................. 22

Figura 3. 6: Dinâmica de branqueamento de Favia gravida nos recifes de Maracajaú entre

Dezembro de 2010 e Dezembro de 2011. .................................................................................. 22

LISTA DE FIGURAS

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vi

Figura 3. 7: : Diferenças entre as médias quinzenais de branqueamento de Porites astreoides

nos recifes de Maracajaú. ........................................................................................................... 23

Figura 3. 8: : Dinâmica de branqueamento de Porites astreoides nos recifes de Maracajaú entre

Dezembro de 2010 e Dezembro de 2011. .................................................................................. 24

Figura 3. 9: Diferenças entre as médias quinzenais de branqueamento de Siderastrea stellata

nos recifes de Maracajaú. ........................................................................................................... 25

Figura 3. 10: Dinâmica de branqueamento de Siderastrea stellata nos recifes de Maracajaú

entre Dezembro de 2010 e Dezembro de 2011. ......................................................................... 25

Figura 3. 11: Diferenças entre as médias quinzenais de branqueamento de Millepora alcicornis

nos recifes de Maracajaú. ........................................................................................................... 26

Figura 3. 12: : Dinâmica de branqueamento de Millepora alcicornis nos recifes de Maracajaú

entre Dezembro de 2010 e Dezembro de 2011. ......................................................................... 26

Figura 3. 13: Frequência de ocorrência de mortalidade parcial das colônias de Favia gravida. 27

Figura 3. 14: Colônias de Favia gravida monitoradas. ................................................................ 28

Figura 3. 15: Frequência de ocorrência de mortalidade de colônias de Porites astreoides

monitoradas.. .............................................................................................................................. 28

Figura 3. 16: Colônias de Porites astreoides monitoradas. ......................................................... 29

Figura 3. 17: Frequência de ocorrência de mortalidade de colônias de Siderastrea stellata

monitoradas. ............................................................................................................................... 29

Figura 3. 18: Colônias de Siderastrea stellata monitoradas. ...................................................... 30

Figura 3. 19: Frequência de ocorrência de infecções nas colônias de Siderastrea stellata

monitoradas. ............................................................................................................................... 30

Figura 3. 20: Colônias de Siderastrea stellata infectadas. .......................................................... 31

Figura 3. 21: Frequência de ocorrência de mortalidade de colônias de Millepora alcicornis

monitoradas. ............................................................................................................................... 32

Figura 3. 22: Colônias de Millepora alcicornis monitoradas. ...................................................... 32

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Tabela 3. 1: Porcentagem de ocorrência das subcategorias de substrato na região da AUTI nos recifes de Maracajaú através dos métodos de pontos e quadrantes. .................................... 18

Tabela 3. 2: Comparação entre os resultados da avaliação do recobrimento do substrato para o método de pontos de transecção e quadrante (teste T). ......................................................... 18

Tabela 3. 3: Dinâmica de branqueamento para corais nos recifes de Maracajaú. ....................... 20

LISTA DE TABELAS

vii

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viii

1. Introdução ........................................................................................................................................................ 1

1.1 Objetivos .......................................................................................................................................................... 6

2. Material e Métodos ....................................................................................................................................... 8

2.1 Área de estudo ................................................................................................................................................ 8

2.2 Coleta de dados .............................................................................................................................................. 9

2.3 Variáveis ambientais .................................................................................................................................. 15

2.4 Análise dos dados ........................................................................................................................................ 16

3. Resultados ....................................................................................................................................................... 17

3.1 Avaliação da representatividade de corais na AUTI do Parracho de Maracajaú .............. 17

3.2 Variação dos fatores ambientais ........................................................................................................... 19

3.3 Dinâmica de branqueamento e recuperação ................................................................................... 20

3.4 Ocorrência de doenças e mortalidade ............................................................................................... 27

4. Discussão ......................................................................................................................................................... 33

4.1 Branqueamento de corais no Parracho de Maracajaú ................................................................. 35

Considerações finais .......................................................................................................................................... 41

Referências .......................................................................................................................................................... 42

CONTEÚDO

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1

Ambientes recifais são caracterizados por sua alta diversidade (Paulay,

1997) e complexidade (Birkeland, 1997). Destes, os recifes de corais são

apontados como os ecossistemas marinhos biologicamente mais diversos e

produtivos do planeta, comparados somente às florestas tropicais (Connel, 1978).

A comunidade bentônica desses ecossistemas inclui animais incrustantes,

sésseis e vágeis com representantes de filos diversos que constroem e modificam a

superfície recifal criando uma alta variedade de habitats (Glynn, 1997). Isso

favorece o desenvolvimento de uma grande diversidade de organismos associados

desempenhando funções múltiplas e interligadas (Paulay, 1997). Dentre os

organismos do Filo Cnidaria, os corais escleractíneos juntamente com as algas

calcárias desempenham funções imprescindíveis na construção da estrutura recifal

influenciando na dinâmica da composição bentônica e, consequentemente, na

estrutura de toda a comunidade (Diaz-Pulido et al. 2012).

As formações recifais coralíneas estão presentes em aproximadamente 100

países e ocorrem em uma faixa estrita de condições abióticas (Birkeland, 1997;

Hoegh-Guldberg, 1999). Os recursos oriundos desses complexos biogeológicos

conferem bens e serviços de importância múltipla tanto de ordem ecológica como

econômica (Moberg & Folke, 1999), tornando-os alvo de grande pressão

antropogênica e, em contrapartida, de políticas de gestão ambiental e pesquisas

científicas. Por centenas de anos as atividades humanas têm impactado esses

ecossistemas e muitos fatores decorrentes do desenvolvimento urbano costeiro e

das mudanças climáticas são apontados como ameaças à integridade desses

ambientes em todo o mundo limitando cada vez mais a distribuição dos corais

(Segal & Castro, 2011; Birkeland, 1997; Brown, 1997; Glynn, 1997; Lough & van

Oppen, 2009).

Parte 1

INTRODUÇÃO

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PARTE 1. Introdução

2

Dentre as respostas às ameaças mencionadas acima se destaca o fenômeno

mundialmente conhecido como branqueamento de corais, caracterizado pela

interrupção da simbiose entre corais e algas dinoflageladas do gênero

Simbiodinium mediante perturbações ambientais (Douglas, 2003). Essa associação

mutualística é crucial para o desenvolvimento e sobrevivência de corais

escleractíneos (Muller-Parker & D’Elia, 1997), pois as zooxantelas fornecem

produtos fotossintetizados que suprem as necessidades nutricionais do

hospedeiro, bem como aminoácidos essenciais para o incremento da calcificação e

à proteção contra a radiação ultravioleta (Trapido-Rosenthal, 2005). Além disso,

essas algas possuem pigmentos extras que conferem a cor marrom característica

exibida pelos corais (Douglas, 2003).

De acordo com Birkeland (1997) e Lough & van Oppen & (2009) o coral

vivo é uma camada de tecido translúcido com diâmetro milimétrico. Caso o tecido

do hospedeiro não apresente alta densidade de zooxantelas, sua coloração varia do

pálido ao translúcido e nestas condições é possível visualizar o esqueleto de

carbonato de cálcio que é branco (Douglas, 2003). O termo branqueamento de

coral, portanto, denota a perda parcial ou total de algas simbiontes ou dos

pigmentos fotossintéticos destas (Lough & van Oppen, 2009) implicando prejuízos

diversos no desenvolvimento do animal (McClanaham et al. 2009; McClanaham et

al. 2008 a, b e c). Além disso, muitos eventos de doenças são identificados durante

ou após episódios de branqueamento (Bruno et al, 2007), uma vez que colônias

branqueadas são mais susceptíveis a infecções por terem as propriedades

antibióticas do muco reduzidas (Ritchie, 2006).

A morte da colônia disponibiliza espaço para colonização de outros

organismos bentônicos em pouco tempo, e em meses novas larvas ou propágulos

de corais poderão assentar (McManus & Polsenberg, 2005). No entanto,

macroalgas frondosas podem inibir o estabelecimento de novos recrutas

promovendo o fenômeno conhecido como phase-shift, nesse caso caracterizado

pela substituição gradativa da cobertura de corais por algas, e consequentemente,

mudanças significativas na comunidade bentônica.

Eventos de branqueamento severo podem reduzir o aporte ou a qualidade

de larvas de corais, uma vez que o déficit nutricional ocasionado pela ausência das

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PARTE 1. Introdução

3

zooxantelas compromete a função reprodutiva do animal (MacClhanaham et al.

2009). Nesse sentido, a magnitude do branqueamento pode instabilizar o

ecossistema conduzindo-o a uma mudança de fase que pode causar modificações

consistentes na dinâmica populacional e estrutura da comunidade bentônica (Loya

et al. 2001; Glynn et al. 2001), promovendo transformações profundas e deletérias

(McClanaham et al. 2009).

De fato, o branqueamento fragiliza o ambiente e, a menos que este esteja

íntegro em seus diversos níveis, a recuperação fica comprometida conduzindo à

mudança de dominância por coral à dominância por algas (Done, 1992). A

substituição de corais por algas e o desaparecimento gradativo de níveis

importantes de biodiversidade, fragiliza o recife ao longo do tempo o tornando

cada vez mais susceptível às consequências dos eventos de branqueamento

(Hughes et al. 1994), culminando muitas vezes com o colapso do ecossistema. A

literatura científica tem apontado várias circunstâncias que provocam a

interrupção dessa delicada simbiose (Brown, 1997). Dentre estas o aumento da

temperatura das águas superficiais é citada como um dos principais fatores

responsáveis pelo branqueamento em massa de corais em diversos recifes do

mundo (Stone et al. 1999). Os eventos de anomalias térmicas que culminaram em

alta mortalidade caracterizaram-se pela longa duração do fenômeno, como

durante os períodos de El Niños mais severos (Eakin et al. 2010; Baker et al. 2008;

Fitt et al. 2001).

De acordo com Hoegh-Guldberg (1999), evidências provenientes de

pesquisas a partir de 1979 indicam que a frequência, a intensidade e o número de

áreas atingidas aumentaram e continuarão aumentando à medida que as

mudanças climáticas progridam, com efeitos negativos e agudos sobre a saúde dos

corais no mundo todo até o fim deste século. Neste contexto existem previsões

para ecossistemas como os recifes costeiros da Barreira de Corais australiana

perderem o “status” de Recife de Coral nas próximas décadas caso não haja a

redução da emissão dos gases associados ao efeito estufa (Pittock,1999). Por outro

lado, estresses locais relacionados à urbanização costeira desordenada exercem

impactos consideráveis e mais imediatos que qualquer outro de escala global, tais

como a aumento de sedimento e nutrientes em ambientes marinhos via aporte de

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PARTE 1. Introdução

4

água doce decorrente do desmatamento de florestas e do desenvolvimento da

agricultura em áreas de alta precipitação (Muller & D’Elia, 1997).

De acordo com Oliver et al. (2009) os registros mais antigos de mortalidade

em massa de corais antecedem 1876 (Goreau & Hayes, 1994). Segundo os autores,

o primeiro relato associado a estresse térmico reporta o branqueamento em massa

e grande mortalidade de corais na Grande Barreira de Corais australiana no verão

de 1929, que foi marcado por altas medidas de temperatura (Younge & Nicholls,

1931 apud Oliver et al. 2009). No entanto, a primeira publicação específica

provavelmente corresponde ao evento reportado na Jamaica após a ocorrência do

Furacão Flora (1963), quando fortes chuvas de inundação promoveram a

diminuição na salinidade do ambiente marinho, causando branqueamento dos

corais (Goreau, 1964).

Os trabalhos de Glynn (1983, 1984) surgem como o primeiro registro bem

documentado reconhecendo o branqueamento como evento de grande impacto

para a saúde dos corais em escalas regional e global. Brown (1997) também

menciona a ocorrência de branqueamento em 1986-87 em vários locais no Caribe

e Mar Vermelho, e em 1991, quando o evento culminou na alta mortalidade dos

corais em recifes da Tailândia e Polinésia Francesa. Fitt et al. (2001) citam que o

evento mais amplo aconteceu em 1997-1998, um período de forte El Niño quando

foi relatada ocorrência de branqueamento em de 48 países. Desde então tem

aumentado o número de relatos em todo o mundo, especialmente relacionados a

episódios de anomalias térmicas (Bruno et al. 2007; Jones, 2008; Hoegh-Guldberg

et al. 2007; Aronson & Precht, 2006; Hughes et al. 2003; Hoegh-Guldberg, 1999 e

outros).

O branqueamento do coral não implica necessariamente na morte do

animal. Corais branqueados podem sobreviver e adquirir novas populações de

simbiontes à medida que as condições ambientais tornam-se favoráveis (Douglas,

2003). Por outro lado, o branqueamento pode gerar morte por insuficiência

nutricional (Glynn, 1993) ou infecções (Lesser et al. 2007).

As microalgas do gênero Simbiodinium exibem ampla variedade genética

com clados mais resistentes que outros (Douglas, 2003). A hipótese do

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PARTE 1. Introdução

5

branqueamento adaptativo prevê que em ambientes submetidos a estresses

constantes o branqueamento fornece ao hospedeiro a oportunidade de adquirir

novas populações de simbiontes com possibilidade de formar uma associação mais

resistente a eventos futuros (Buddemeier & Fautin, 1993). De modo geral é

sugerido que um regime constante de estresses promove a condição ideal para a

formação de populações cada vez mais resilientes. De fato, estudos indicam que

existe diferença entre as espécies quando à susceptibilidade ao branqueamento e

que a dinâmica de branqueamento pode ser diferente para uma mesma espécie em

ambientes distintos (Leão et al. 2008). Existem também evidências de que essa

susceptibilidade ao branqueamento é proporcional ao grau de deterioração do

ambiente (Wilkinson, 2004). Este quadro reflete a realidade dos recifes brasileiros

que tem sofrido considerável declínio em decorrência do desenvolvimento das

zonas costeiras (Kikuchi et al. 2008; Ferreira & Maida, 2006).

No Brasil a literatura acerca de branqueamento corresponde aos relatos de

eventos ocorridos na costa de São Paulo no verão de 1993/94 (Migotto, 1997); no

litoral norte da Bahia no verão de 1997/98 (Dutra, 2000; Dutra et al. 2000); duas

ocorrências em Abrolhos - uma no verão de 1993/94 (Castro & Pires, 1999) e

outra no verão de 1997/1998 (Leão et al. 2003; Oliveira et al. 2004); duas

ocorrências na costa Nordeste – uma em 1996 (Costa et al. 2001; Costa & Amaral,

2002; Costa et al. 2004) e outra em 2003, no Atol das Rocas, Fernando de

Noronha e em recifes costeiros de Pernambuco (Ferreira & Maida, 2006); e em

vários recifes da Bahia de 1998 a 2005 (Leão et al. 2008). Todos os eventos

mencionados foram relacionados ao aumento da temperatura das águas

superficiais em decorrência de anomalias térmicas ou eventos de El Niño.

Os recifes do Brasil são os únicos encontrados no Atlântico Sul (Paulay,

1997) e se estendem por aproximadamente 3.000 Km ao longo da costa do país,

embora nem todos sejam compostos por estruturas biogênicas verdadeiras (Castro

& Pires, 2001). Dentre os sistemas recifais, o complexo recifal de Abrolhos (Bahia)

é o mais rico e diverso (Castro, 1994), além de mais extenso (Leão, 1999), e é

considerado o único recife de corais verdadeiro do país. A fauna brasileira de

corais exibe baixa diversidade, com cerca de 20 espécies, dentre as quais oito são

Page 19: Avaliação da cobertura e monitoramento do …...iii Avaliação da cobertura e monitoramento do branqueamento de corais nos recifes de Maracajaú/RN. por Izabel Maria Matos de Souza

PARTE 1. Introdução

6

endêmicas (Nunes et al. 2011; Amaral et al. 2008; Ferreira & Maida, 2006; Castro &

Pires, 2001; Maida & Padovani, 1996).

Na costa do estado do Rio Grande do Norte, extremo nordeste brasileiro, foi

criada em 2001 a Unidade de Conservação da Área de Proteção Ambiental dos

Recifes de Corais (APARC), que exibe verificar essas informações novamente

construções inorgânicas (bancos areníticos) e recifais, dentre os quais o maior

complexo recifal é o local conhecido regionalmente como Parracho de Maracajaú

(Santos, 2007), área onde foi conduzida a presente pesquisa. Bárbara falou muito

sobre o conceito de recife.

No início do ano de 2010 (Março e Abril) foi registrado severo

branqueamento de corais concomitantemente à grande mortalidade de peixes em

praias da APARC. A temperatura da água no Parracho de Maracajaú atingiu 34°C

durante todo o mês de Março, representando um aumento de 5ºC sobre a média

usual registrada para este período (29°C), de acordo com dados do INPE (Instituto

Nacional de Pesquisas espaciais). Nesta ocasião foi elaborado um relatório técnico

que avaliou a saúde dos corais e mostrou que cerca de 80% desses organismos

apresentaram-se parcial ou totalmente branqueados cerca de 20 dias após o

registro inicial da elevação da temperatura (ONG Oceânica, 2010).

O presente estudo foi elaborado e iniciado a partir de Dezembro de 2010

com a finalidade de monitorar o branqueamento de corais nos recifes de

Maracajaú, verificando a taxa de mortalidade e também descrevendo a dinâmica

entre branqueamento e recuperação destes organismos frente às variações dos

parâmetros abióticos.colocar mais sobre este evento.

1.1 Objetivos

Gerais

Avaliar a cobertura de corais nos recifes de Maracajaú e monitorar a

dinâmica de branqueamento das espécies mais representativas após o evento de

2010.

Page 20: Avaliação da cobertura e monitoramento do …...iii Avaliação da cobertura e monitoramento do branqueamento de corais nos recifes de Maracajaú/RN. por Izabel Maria Matos de Souza

PARTE 1. Introdução

7

Específicos

Avaliar a percentagem da cobertura e distribuição de corais no

Parracho de Maracajaú;

Comparar a frequência e abundância dos componentes

bentônicos entre os métodos de amostragem utilizados.

Verificar qual a dinâmica de branqueamento para as espécies: Favia

gravida Porites astreoides, Siderastrea stellata e Millepora alcicornis.

Relacionar as variações das médias de branqueamento com as variações

dos parâmetros ambientais (temperatura, salinidade, pH, transparência

horizontal da água e profundidade).

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8

2.1 Área de estudo

O estudo foi realizado no complexo recifal de Maracajaú localizado no

litoral norte-oriental do Estado do Rio Grande do Norte, entre as coordenadas

5°21’12’’ e 5°25’30’’S e 35°14’30’’e 35°17’12’’O (Santos et al. 2007). Estes recifes

estão localizados na Área de Proteção Ambiental dos Recifes de Corais (APARC)

que corresponde à faixa costeira dos municípios de Maxaranguape, Rio do Fogo e

Touros (Amaral et al. 2005) (Figura 2.1).

Figura 2.1: (A) Mapa da costa norte-oriental do Rio Grande do Norte com destaque para a APARC.

(B) Complexo recifal de Maracajaú com diferentes tipos de fundo e Área de Uso Turístico Intensivo

(AUTI) (Fonte: Amaral et al. 2005).

Os recifes de Maracajaú constituem o maior complexo da APARC com 9 Km

de extensão e 3 Km de largura com forma de elipse e orientação NO/SE, estando

Parte 2

MATERIAL E MÉTODOS

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PARTE 2. Material e Métodos

9

paralelo a linha costeira (Santos et al. 2007). Dista cerca de 7 Km da Praia de

Maracajaú, no município de Maxaranguape, que está localizado a cerca de 60 km

da capital do estado do Rio Grande do Norte, Natal. De acordo com Amaral et al.

(2005), os corpos recifais neste local são compostos por manchas de corais e algas

calcárias que se desenvolvem a partir de uma base arenítica sobre o fundo arenoso

e atingem até 3 metros de altura. Entre os corpos recifais existem corredores de

dimensões variadas conferindo o aspecto de labirinto com a formação de piscinas

naturais em alguns locais (Santos et al. 2007) (Figura 2.2).

Figura 2.2: (A) Corpos recifais espaçados por corredores arenosos com aspecto labiríntico. (B)

Corpo recifal com até 3 metros de altura.

O clima característico na região é seco (Setembro a Março) e chuvoso (Abril

a Agosto) com temperatura média de 28 °C e turbidez da água associada à ação dos

ventos entre Agosto a Setembro. A salinidade média é de 36 ppm sem muita

variação ao longo do ano (Marcelino & Amaral, 2003), entretanto, de acordo com

Mayal et al (2009) pode ocorrer grande aporte de água doce proveniente do Rio

Maxaranguape durante a estação chuvosa.

2.2 Coleta de dados

A coleta de dados foi realizada através de mergulho livre “snorkelling”

durante as marés baixas entre 0.0 e 0.4, quando a água exibe as melhores

condições de visibilidade. Os dados foram registrados em pranchetas de PVC com

grafite.

B A

Fo

to: L

ian

a M

end

es

Fo

to: S

and

ra S

á

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PARTE 2. Material e Métodos

10

A cobertura percentual dos diferentes tipos de substratos, incluindo os

corais, foi estimada através do método transecção de pontos de 20 metros de

extensão, de acordo com o protocolo do Reef Check Brasil

(http://www.recifescosteiros.org.br/), associado ao método de avaliação em

quadrantes de 0,5 m2 dispostos a cada dois metros em lados alternados da

trena(Bianchi et al. 2004), conforme mostra a Figura 2.3:

Figura 2.3: Ilustração esquemática do método de transectos de pontos associado ao registro de cobertura por quadrantes de 0,5m2 área.

Foram efetuadas 27 transecções na área da AUTI (Área de Uso Turístico

Intensivo), sendo 41 pontos e 11 quadrantes por fita. A amostragem foi realizada

apenas nessa área devido à logística de transporte proporcionada pela atividade

turística.

O substrato recifal foi avaliado a partir da adaptação das categorias

propostas pelo protocolo definido pelo programa Reef Check Brasil e são

apresentadas a seguir:

Coral duro (CD) – Todas as espécies de coral duro, incluindo o coral de fogo

(Millepora alcicornis). Adaptação: os organismos foram identificados em

nível de espécie (F. gravida, P. astreoides, etc.).

Coral mole (CM) – Somente zooantídeos. Adaptação: os organismos foram

identificados em nível de espécie;

Coral recentemente morto (CRM) – Esqueleto exposto com tecidos mortos e

com reconhecíveis estruturas de coralitos;

Alga folhosa (AF) – Algas com cobertura acima de 5 cm de altura.

Adaptação: Os organismos foram identificados no nível de gênero de

acordo com Wynne (2005) e Marinho-Soriano et al. (2009);

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PARTE 2. Material e Métodos

11

Rocha dura (RD) - Qualquer substrato duro, como rocha nua ou coberto

esparsamente por algas filamentosas, cracas, ostras, etc. Adaptação: essa

categoria foi desmembrada em duas sub-categorias:

Tapete de algas (TA) - algas formadoras de tapetes.

Rocha nua – rocha exposta sem nenhum tipo de recobrimento.

Esponja (SP) – todas as espécies de esponjas;

Cascalho (CC) – rochas com diâmetro entre 0,5 e 15 cm;

Areia (AR) - Sedimento com diâmetro menor que 0,5 cm. Na água o

sedimento afunda rapidamente até o substrato.

Alga calcária (AC) - Algas incrustantes.

Para avaliar a dinâmica de branqueamento e recuperação dos corais em

Maracajaú foram selecionadas as quatro espécies mais comuns na área da AUTI:

Favia gravida, Porites astreoides, Siderastrea stellata e Millepora alcicornis (Figura

2.4).

Figura 2.4: Espécies de corais monitoradas. (A) F. gravida, (B) P. astroides, (C) S. stellata e (D) M.

alcicornis.

Foram marcadas aleatoriamente na área da AUTI 20 colônias de cada

espécie, 10 destas situadas próximas à superfície (profundidade máxima de 1m na

baixa-mar) e as outras 10 próximas ao fundo (profundidade entre 1,5m e 3m na

A B

C D

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PARTE 2. Material e Métodos

12

baixa-mar). A marcação foi feita com boias de isopor enumeradas com etiquetas de

PVC e ancoradas ao recife com cordas de polipropileno (Figura 2.5). As colônias

selecionadas apresentaram o mínimo de lesão (sintoma de doença ou mortalidade)

possível.

Figura 2. 5: (A) Colônias marcadas com boias de isopor (a) enumeradas com etiquetas de PVC (b) e

(B) ancoradas ao recife por cordas de polipropileno (C).

Os registros de branqueamentos foram efetuados através de censos visuais

das colônias marcadas a cada quinze dias de Dezembro de 2010 a Dezembro de

2011. Cada registro consistiu da atribuição do nível de branqueamento (em

percentagem) exibido por cada colônia. Para tanto foi considerado que os corais

em processo de branqueamento exibem dois tipos de sintomas (Figura 2.6), não

mutuamente exclusivos: (1) Manchas branqueadas, representadas por áreas

visivelmente mais empalidecidas que o restante da colônia, e (2) perda da

vivacidade da coloração, caracterizada por empalidecimento da colônia de acordo

com um gradiente de tonalidades. A palidez da colônia baseada na vivacidade da

coloração da colônia foi quantificada a partir da paleta de cores proposta pela

CoralWatch (http://www.coralwatch.org), que exibe um gradiente de seis

tonalidades abrangendo do totalmente saudável ao totalmente branco. Para cada

tom de cor foi atribuído previamente um valor percentual para o nível de

branqueamento que ela representaria que, a partir do totalmente saudável, seriam:

0%, 25%, 50%, 75%, 90% e 100% para o totalmente branco (Figura 2.7). Para

captar variações de coloração em uma mesma colônia, o protocolo utilizado

consistiu dos seguintes passos:

a

b

c

A B

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PARTE 2. Material e Métodos

13

a) Com o auxílio de um quadrante de 25 cm2, subdividido em 25 unidades de 5

cm2, foi registrado a percentagem de branqueamento para cada sub-quadrante

(Figura 2.8), conforme a paleta de cores.

b) A percentagem total de branqueamento foi calculada como a média do

branqueamento exibido pelos sub-quadrantes conforme a fórmula a seguir,

onde Bc é o branqueamento total da colônia em percentagem, bq é a

percentagem de branqueamento no sub-quadrante correspondente, e n é o

número total de sub-quadrantes amostrados:

Bc = 𝑏𝑞1+𝑏𝑞2+⋯+𝑏𝑞𝑛

𝑛

Figura 2.6: Colônias de Siderastrea stellata em diferentes estágios de branqueamento no Rio

Grande do Norte: (A) Colônia totalmente saudável (Parracho de Maracajaú). (B) Colônia

empalidecida em mais de 50% (Parracho de Maracajaú). (C) Colônia parcialmente branqueada com

mancha em mais de 50% da superfície (Parracho de Pirangi). (D) Colônia totalmente branqueada

(Parracho e Pirangi).

Foto:Izabel M

atos

Foto:Andre Bastos

Foto:Izabel M

atos

Foto: Iacira Shier

A B

C D

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PARTE 2. Material e Métodos

14

Figura 2.7: Paleta de cores da CoralWath e padrões de cores utilizados na avaliação dos estágios de

branqueamento. Os valores de porcentagem são atribuídos a cada quadro de avaliação quantitativa

do fenômeno. Os quadros numerados com 1, 2, 3, 4, 5 e 6 correspondem a 100%, 90%, 75%, 25% e

0% de branqueamento, respectivamente, cada faixa de cor.

Figura 2.8: Técnica de avaliação da porcentagem de branqueamento das colônias. (A) A mancha

representa 100% de branqueamento pontual em contraste com o restante saudável da superfície

da colônia, e em (B) a mancha representa 75% de branqueamento pontual contraste com o restante

saudável da superfície da colônia. O branqueamento total (Bc) consistiu da média de

branqueamento em todas as subunidades do quadrante.

Simultaneamente às medidas tomadas de branqueamento foi registrada a

ocorrência de possíveis sintomas de doenças e mortalidade em cada colônia.

C1 C4 C3 C2 C5 C6

0 % 25 % 50% 75% 90 % 100%

A B

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PARTE 2. Material e Métodos

15

O registro de doenças foi feito de acordo com o protocolo do Global Coral

Disease Database (http://coraldisease.org) que dispõe de um banco mundial de

dados sobre a saúde de corais, segundo o qual a medida do grau de

branqueamento ou doença é feita através da atribuição de níveis ou categorias que

reflitam a percentagem de área afetada. Neste trabalho foram determinadas as

seguintes categorias para descrever a saúde e a mortalidade dos corais

independente do estágio de branqueamento:

S (saudável) – para 100% do diâmetro saudável.

P. D (parcialmente doente) – doença em menos de 50% da colônia.

D (Doente) – doença em mais de 50% da colônia está doente;

PM 1(parcialmente morta nível 1) – morte em até 25% do diâmetro da colônia);

PM 2 (parcialmente morta nível 2) - morte entre 25% a 50% do diâmetro da colônia.

PM 3 (parcialmente morta nível 3) – morte em mais de 50% do diâmetro da colônia;

M (morta) – 100% da colônia.

Para o registro de doenças foram consideradas manchas sintomáticas ou

lesões de acordo com Rosenberg et al. (2007) e Francine-Filho et al. (2008).

2.3 Variáveis ambientais

As medidas das variáveis ambientais foram registradas a cada quinze dias

entre os meses de Novembro de 2010 e Dezembro de 2011 sendo utilizados

termômetro de 0.5° C de precisão para medir a temperatura da água, densímetro

Warm Tone WT – 11 para salinidade, e kit para teste em aquário Labcon Test pH

Ciclídeos & Marinhos para medir pH. A transparência horizontal superficial da

água foi medida pela distância horizontal, em metros, de uma prancheta branca

afastada até o ponto máximo de visualização da mesma por um observador.

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PARTE 2. Material e Métodos

16

2.4 Análise dos dados

Para avaliar a representatividade da cobertura de substrato foi feita análise

percentual dos dados amostrados sob a perspectiva dos métodos de pontos e

quadrante. Posteriormente os resultados obtidos a partir das duas metodologias

foram comparados através do teste-T para amostras independentes.

Para avaliar se o diâmetro e a profundidade das colônias interferem na

dinâmica de branqueamento os dados foram submetidos à análise multivariada

com performance de medidas repetidas (Análise de variância multivariada-

MANOVA). A diferença entre as espécies quanto média geral de branqueamento

exibido no período foi feita através de teste-T.

A relação entre o branqueamento e os parâmetros físicos mensurados foi

verificada através da análise de regressão múltipla, considerando o modelo mais

apropriado aquele de maior coeficiente de correlação (r2) e menores valores de

AIC (Critério de Informação de Akaike).

Considerando que o branqueamento clássico perceptível visualmente

ocorre dias depois da incidência do estresse que desencadeou o fenômeno, neste

estudo foi utilizado o conceito de time lag que prevê as interações que possam ser

associadas a intervalos de tempo (Depradine & Lovell, 2004). Esse procedimento

foi adotado para investigar correlações que fossem enfraquecidas pela

simultaneidade da análise. Desta forma, quatro time lags foram pré-determinados:

Time lag 0 (zero) – correlação simultânea;

Time lag de 15,30 e 45 dias – correlação com dados abióticos de 15,30 e 45 dias de defasagem.

A incidência de doenças e mortalidade foi avaliada pela regressão múltipla

dos seguintes fatores: temperatura, salinidade, transparência horizontal e média

branqueamento, sendo considerados os melhores modelos aqueles com maiores

coeficientes de correlação (r2) e menores AICs.

O Software statístico utilizado para as análises foi o Systat – 12.

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3.1 Avaliação da representatividade de corais na AUTI do

Parracho de Maracajaú

A categoria de substrato mais representativa obtida através do método de

transecção de pontos foi a de algas formadoras de tapetes com 34% (Figura 3.1A),

seguida de corais pétreos e macroalgas. Dentre as espécies de corais pétreos, S.

stellata foi a mais representativa, com 14%, e dentre as macroalgas Dyctiopteris sp.

com 16% Observou-se ainda uma pequena expressividade de zoantídeos e algas

incrustantes, e pequena representatividade de esponjas e corais recentemente

mortos (Tabela 3.1).

De acordo com a amostragem em quadrantes observou-se que 49% do

recobrimento do substrato referem-se à cobertura de algas formadoras de tapetes,

com corais pétreos representando 15% e as macroalgas contribuindo com 20%

(Figura 3.1B). Dentre as espécies de corais S. stellata foi a mais representativa com

7%, e dentre as macroalgas Dictypteris sp. com 20% (Tabela 3.1).

Figura 3.1: Porcentagem de ocorrência das categorias de substrato na AUTI do Parracho de Maracajaú

segundo os métodos de transecção de pontos (A) e quadrantes (B). CRM – Coral recentemente morto; AC - Alga

calcária; AR - Areia.

CORAL DURO 25%

CORAL MOLE 8%

CRM 1%

AC 7%

SP 0%

AR 8%

MACROALGA 17%

TAPETE DE ALGAS

34%

CORAL DURO 15% CORAL MOLE

6% CRM 1%

AC 2%

SP 1%

AR 6%

MACROALGA 20%

TAPETE DE ALGAS 49%

A B

Parte 3

RESULTADOS

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PARTE 3. Resultados

18

A comparação dos resultados de cobertura obtidos entre os métodos de

pontos e de quadrantes indicou diferença em todas as categorias de substrato na

avaliação do recobrimento de acordo com os resultados do teste T (Tabela 3.2).

Dentro das subcategorias houve diferença significativa ou marginalmente

significativa para as espécies de corais F. gravida, S. stellata e M. alcicornis, para o

zoantídeo Palythoa caribaeorum e para as macroalgas Caulerpa racemosa e

Dictyopteris sp.

Tabela 3.1: Porcentagem de ocorrência das subcategorias de substrato na região da AUTI nos recifes de Maracajaú através dos métodos de pontos e quadrantes. CRM – Coral recentemente morto; AC – Alga calcária; SP – Esponja; AR – Areia.

Tabela 3.2: Comparação entre os resultados da avaliação do recobrimento do substrato para o método de pontos de transecção e quadrante (teste T). dp – Desvio padrão.

CATEGORIA Subcategoria Transecção Quadrante

CORAL DURO

A. humilis 0% 0%

F.gravida 4% 1%

M.decactis 0% 0%

P.astreoides 3% 2%

S.stellata 14% 7%

M.alcicornis 3% 5%

CORAL MOLE Palythoa caribaeorum 7% 6%

Zoanthus sociatus 1% 0%

CRM CRM 1% 1%

AC AC 7% 2%

SP SP 1% 1%

AR AR 8% 6%

MACROALGA

Caulerpa racemosa 1% 1%

Dyctiopteris sp. 16% 19%

Sargassum sp. 0% 0%

TAPETE DE ALGAS Algas formadoras de

tapetes 34% 49%

Categoria de Substrato Média da Transecção

Média do Quadrante

t dp p-valor

Alga calcária 3,185 5,574 -2,354 5,272 0,026

Areia 3,481 15,593 -1,909 32,962 0,067

Coral duro 10,370 45,278 -6,424 28,237 0,000

Coral mole 2,444 15,444 -2,790 24,214 0,010

Coral recentemente morto 0,667 1,926 -1,910 3,426 0,067

Macroalga 7,296 53,352 -7,710 31,040 0,000

Tapete de algas 0,815 2,778 -2,064 4,942 0,049

Esponja 0,185 2,370 -2,947 38,53 0,007

Subcategorias Média da Transecção

Média do Quadrante

t dp p-valor

Agaricia humilis 0,000 0,019 -1,000 0,096 0,327

Favia gravida 1,185 2,870 -1,957 2,802 0,061

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PARTE 3. Resultados

19

F.gravida, M. alcicornis e P. astreoides foram as espécies de corais mais

representativas após S. stellata, embora com baixo percentual de cobertura. Já as

espécies A. humilis e M. decactis, embora registradas ao longo da avaliação em

Maracajaú, não foram expressivas em termos de porcentagem.

3.2 Variação dos Fatores Ambientais

O valor médio de temperatura da água entre Dezembro de 2010 e

Dezembro de 2011 foi de 28°C, com valor máximo de 32° C em Março de 2011 e

mínimo de 25°C em Junho de 2011 (Figura 3.2):

Figura 3.2: Variação quinzenal dos fatores ambientais entre Novembro de 2010 e Dezembro de 2011 nos recifes de Maracajaú.

A salinidade apresentou valor máximo de 38 ppm em Dezembro de 2010 e

mínimo de 32 ppm em Abril, Julho e Agosto de 2011 e com valor médio anual de 34

ppm. A transparência horizontal superficial da água variou entre 5 e 10 metros

durante a maior parte do estudo, com valores máximo de 12 metros em Julho de

13579

111315171921232527293133353739

No

v.1

No

v.2

De

z.1

De

z.2

Jan

.1

Jan

.2

Fev.

1

Fev.

2

Mar

.1

Mar

.2

Ab

r.1

Ab

r.2

Mai

.1

Mai

.2

Jun

.1

Jun

.2

Jul.1

Jul.2

Ago

.1

Ago

.2

Set.

1

Set.

2

Ou

t.1

Ou

t.2

No

v.1

No

v.2

De

z.1

Temperatura (°C)

Salinidade (ppm)

Transparênciahorizontal (metro)

Madracis decactis 0,074 0,370 -1,093 1,409 0,285

Porites astreoides 7,333 5,667 1,398 6,196 0,174

Siderastrea stellata 5,667 20,500 -5,367 6,899 0,000

Millepora alcicornis 1,519 14,296 -3,467 19,150 0,002

Palythoa caribaeorum 2,778 15,259 -3,247 19, 976 0,003

Zoanthus sociatus 0,296 0,481 -0,817 1,778 0,421

Caulerpa racemosa 0,519 3,222 -3,034 4,631 0,005

Dictyopteris sp. 6,444 44,611 -7,848 25,269 0,000

Sargassum sp. 0,000 5,889 -1,107 27,630 0,278

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PARTE 3. Resultados

20

2011 e mínimo de 1 metro em Setembro de 2011. O valor do pH manteve-se

constante ao longo do período de estudo (8,4).

3.3 Dinâmica de branqueamento e recuperação

As médias mensais de branqueamento para as 20 colônias de cada uma das

quatro espécies monitoradas variaram ao longo do tempo (Figura 3.3). A dinâmica

do fenômeno diferiu significativamente entre as espécies, e a variação das médias

de branqueamento não expressou relação com o diâmetro e a profundidade das

colônias (Tabelas 3.3).

Figura 3.3: Dinâmica de branqueamento das quatro espécies de corais pétreos mais representativas nos recifes de Maracajaú. Tabela 3.3: Dinâmica de branqueamento para corais nos recifes de Maracajaú (MANOVA de medidas repetidas).

Fonte SS gl Média dos quadrados

F-razão

p-valor

Tempo 5,307 23 0,231 14,361 0,000 Tempo*espécie 17,109 66 0,248 15,431 0,000 Tempo*diâmetro 0,124 23 0,005 0,335 0,999 Tempo*Profundidade 0,381 23 0,017 1,032 0,419 Erro 27,348 1.702 0,016

A média geral de branqueamento para o período de estudo indicou que P.

astreoides foi a espécie que exibiu as menores médias de branqueamento (cerca de

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Meses/Quinzena

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S. stellata

M.alcicornis

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PARTE 3. Resultados

21

15%), enquanto S. stellata exibiu as maiores médias (cerca de 35%), seguida de M.

alcicornis e F.gravida (cerca de 25% ambas) (Figura 3.4).

F. gravida P. astreoides S. stellata M. alcicornis0

10

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(%

)

Figura 3.4: Média geral de branqueamento para as espécies de corais pétreos nos recifes de Maracajaú entre Dezembro de 2010 e dezembro de 2011. Barra vertical: desvio padrão; retângulo: média erro; quadro: média.

A seguir é apresentado o resultado referente à dinâmica de branqueamento

e recuperação para cada uma das quatro espécies de coral avaliadas e a relação

com os fatores ambientais mensurados ao longo do período da pesquisa.

Favia gravida

F. gravida exibiu dois momentos de branqueamento ao longo do ano

(Figura 3.5): O primeiro entre Dezembro de 2010 e Abril de 2011, quando a média

se elevou de 10% para 60% seguido por período de recuperação até Agosto, ou

seja, quatro meses de branqueamento e quatro meses de recuperação (Figura 3.6).

O segundo momento ocorreu entre Setembro e Novembro com elevação da média

de 10% para 30% seguido por recuperação.

Page 35: Avaliação da cobertura e monitoramento do …...iii Avaliação da cobertura e monitoramento do branqueamento de corais nos recifes de Maracajaú/RN. por Izabel Maria Matos de Souza

PARTE 3. Resultados

22

Figura 3.5: Diferenças entre as médias quinzenais de branqueamento de F. gravida nos recifes de Maracajaú. Cada ponto indica a diferença entre a média de branqueamento da quinzena correspondente e a média de branqueamento da quinzena anterior. Diferenças positivas indicam aumento da média de branqueamento (branqueamento) em relação à quinzena anterior. Diferenças negativas indicam diminuição da média de branqueamento (recuperação) em relação à quinzena anterior. Os valores do eixo vertical indicam a porcentagem de branqueamento ou recuperação da quinzena em relação à quinzena anterior.

Figura 3.6: Dinâmica de branqueamento de F. gravida nos recifes de Maracajaú entre Dezembro de 2010 e Dezembro de 2011 (Barras verticais representam o desvio padrão).

O time lag 0 apresentou o modelo que melhor explica o branqueamento

observado para F. gravida, indicando que esta espécie exibiu resposta rápida ao

estímulo abiótico. Cerca de 40% (r2=0,395) do branqueamento foi relacionado à

variação de temperatura, salinidade e transparência horizontal, com correlação

positiva para temperatura e transparência horizontal e negativa para salinidade,

ou seja, o aumento na média de branqueamento foi influenciado pelo aumento dos

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PARTE 3. Resultados

23

valores de temperatura e transparência horizontal e diminuição dos valores de

salinidade, de acordo com o modelo de regressão: -0,893 + 0,062*temperatura + (-

0,022)*salinidade + 0,020*transparência. A temperatura foi o parâmetro que mais

contribuiu para a elevação da média de branqueamento desta espécie explicando

cerca de 30% da variação (r2 = 0,315). Em seguida, a transparência horizontal

explicou 17% dessa variação (r2 = 0,167).

Porites astreoides

P. astreoides exibiu dois períodos bem definidos de branqueamento ao

longo do ano (Figura 3.7). O primeiro ocorreu entre Fevereiro e Abril de 2011,

quando a média elevou-se de 10% para aproximadamente 50% seguido por um

período de recuperação que se estendeu até o fim de Julho, ou seja, cerca de três

meses de branqueamento e três meses de recuperação (Figura 3.8). Verificou-se

também, uma discreta elevação da média de 10% para 20% entre Julho e

Novembro, ou seja, em quatro meses a média aumentou em 10% seguida de

recuperação.

Figura 3.7: Diferenças entre as médias quinzenais de branqueamento de P. astreoides nos recifes de Maracajaú. Cada ponto indica a diferença entre a média de branqueamento da quinzena correspondente e a média de branqueamento da quinzena anterior. Diferenças positivas indicam aumento da média de branqueamento (branqueamento) em relação à quinzena anterior. Diferenças negativas indicam diminuição da média de branqueamento (recuperação) em relação à quinzena anterior. Os valores do eixo vertical indicam a porcentagem de branqueamento ou recuperação da quinzena em relação à quinzena anterior.

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PARTE 3. Resultados

24

Figura 3.8: Dinâmica de branqueamento de P. astreoides nos recifes de Maracajaú entre Dezembro de 2010 e Dezembro de 2011(Barras verticais representam o desvio padrão).

O time lag de 30 dias apresentou o modelo mais apropriado para explicar o

branqueamento observado para P. astreoides (valores de AIC). Este resultado

indica que esta espécie exibiu retardo na resposta ao estímulo abiótico.

Aproximadamente 32% (r2 =0,324) do branqueamento foi relacionado à variação

de temperatura, salinidade e transparência horizontal, com correlação positiva

para temperatura e transparência horizontal e negativa para salinidade, de acordo

com o modelo de regressão: 0,520 + 0,025 * temperatura + (-0,033)*salinidade +0,

009*visibilidade. A temperatura foi o parâmetro de maior influência na elevação

da média de branqueamento explicando 22% da variação (r2=0,220), e a interação

entre temperatura e salinidade explica 32% dessa variação (r2=0,316), com valor

de AIC muito semelhante aquele do modelo que inclui os três parâmetros.

Salinidade e transparência horizontal exibiram baixo coeficiente de correlação

quando avaliados individualmente.

Siderastrea stellata

S. stellata exibiu dois eventos de branqueamento durante o ano (Figura 3.9).

O primeiro entre Janeiro e Março de 2011, com elevação da média de 20% para

70% seguida por período de recuperação até Agosto, ou seja, cerca de três meses

de branqueamento e cinco meses de recuperação (Figura 3.10). O segundo

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PARTE 3. Resultados

25

ocorreu entre Setembro e Outubro com elevação da média de 15% para cerca de

30%).

Figura 3.9: Diferenças entre as médias quinzenais de branqueamento de S.stellata nos recifes de Maracajaú. Cada ponto indica a diferença entre a média de branqueamento da quinzena correspondente e a média de branqueamento da quinzena anterior. Diferenças positivas indicam aumento da média de branqueamento (branqueamento) em relação à quinzena anterior. Diferenças negativas indicam diminuição da média de branqueamento (recuperação) em relação à quinzena anterior. Os valores do eixo vertical indicam a porcentagem de branqueamento ou recuperação da quinzena em relação à quinzena anterior.

Figura 3.10: Dinâmica de branqueamento de S. stellata nos recifes de Maracajaú entre Dezembro de 2010 e Dezembro de 2011(Barras verticais representam o desvio padrão).

O time lag 0 apresentou o modelo que melhor explicou o branqueamento

observado para S. stellata, indicando que esta espécie exibiu resposta rápida ao

estímulo abiótico. Cerca de 40% (r2=0,390) do branqueamento foi correlacionado

positivamente à temperatura, ou seja, o aumento da média de branqueamento

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PARTE 3. Resultados

26

ocorreu em função do aumento de temperatura, de acordo com o modelo de

regressão: -196,316 + 8,168*temperatura.

Millepora alcicornis

M. alcicornis exibiu dois momentos de branqueamento durante o período

(Figura 3.11). O primeiro ocorreu entre Janeiro e Março de 2011, quando a média

se elevou de 15% para cerca de 70% no início de Março recuperando até Junho, ou

seja, dois meses de branqueamento e três meses de recuperação (Figura 3.12). O

segundo momento consistiu de oscilações a partir de Julho com elevação da média

de cerca de 10%, atingindo 50% em Dezembro.

Figura 3.11: Diferenças entre as médias quinzenais de branqueamento de M. alcicornis nos recifes de Maracajaú. Cada ponto indica a diferença entre a média de branqueamento da quinzena correspondente e a média de branqueamento da quinzena anterior. Diferenças positivas indicam aumento da média de branqueamento (branqueamento) em relação à quinzena anterior. Diferenças negativas indicam diminuição da média de branqueamento (recuperação) em relação à quinzena anterior. Os valores do eixo vertical indicam a porcentagem de branqueamento ou recuperação da quinzena em relação à quinzena anterior.

Figura 3.12: Dinâmica de branqueamento de M. alcicornis nos recifes de Maracajaú entre Dezembro de 2010 e Dezembro de 2011 (Barras verticais representam o desvio padrão).

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PARTE 3. Resultados

27

O time lag 0 apresentou o modelo que melhor explicou o branqueamento

observado por M. alcicornis, indicando que esta espécie exibiu resposta rápida ao

estímulo abiótico. Aproximadamente 36% (r2 =0,363) do branqueamento

observado foram relacionados à variação de temperatura, salinidade e

transparência horizontal, com correlação positiva para temperatura e

transparência horizontal e negativa para a salinidade, de acordo com o modelo de

regressão: -1, 256 + (0,068 * temperatura) + (- 0,015 * salinidade] + (0,016 *

transparência horizontal. A temperatura foi o parâmetro de maior influência na

elevação da média de branqueamento explicando 32% da variação (r2=0,325).

3.4 Ocorrência de Doenças e Mortalidade

Registrou-se mortalidade parcial de menos de 25% do diâmetro em 10 das

20 colônias de F. gravida monitoradas, o que foi relacionado com a diminuição da

temperatura e da salinidade (r2= 0,614; F= 16,710; p=0,000) em time lag 0 (Figura

3.13).

Figura 3.13: Frequência de ocorrência de mortalidade parcial das colônias de F. gravida. S (Saudável) - Colônias 100% saudáveis; PM1 (Parcialmente morta nível 1) – mortalidade em menos de 25% do diâmetro da colônia.

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PARTE 3. Resultados

28

As porções da colônia caracterizadas como mortas exibiram uma tênue

cobertura de areia com diminutos filamentos de algas (Figura 3.14).

Figura 3.14: Colônias de F. gravida monitoradas. (A-D) Mortalidade nível 1 (menos de 25% do diâmetro).

Cinco colônias de P. astreoides exibiram morte parcial em seu diâmetro até

o final do estudo: uma delas em mais de 50% do diâmetro (Figuras 3.14 e 3.15).

Não houve correlação entre a ocorrência entre mortalidade ou entre os fatores

abióticos mensurados e nem entre mortalidade e branqueamento em nenhum time

lag.

Figura 3.15: Frequência de ocorrência de mortalidade de colônias de P. astreoides monitoradas. S (Saudável) - Colônias 100% saudáveis; PM1 (Parcialmente morta nível 1); PM2 (Parcialmente morta nível 2); PM3 (Parcialmente morta nível 3).

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PARTE 3. Resultados

29

Figura 3.16: Colônias de P. astreoides monitoradas. (A) Colônia com mortalidade parcial nível 1 (menos de 25% da colônia afetada). (B) Colônia com mortalidade parcial nível 2 (de 25% a 50% afetada).

A incidência de infecções foi observada somente para S. stellata. Registrou-

se mortalidade nível 1 em cerca de 10 colônias (Figuras 3.17 e 3.18).

Figura 3.17: Frequência de ocorrência de mortalidade de colônias de S. stellata monitoradas. S (Saudável) - Colônias 100% saudáveis; PD (Parcialmente doente); D (Doente); PM1 (Parcialmente morta nível 1); PM3 (Parcialmente morta nível 3).

Uma colônia exibiu mortalidade nível 3 (mais de 50% do diâmetro), a qual

exibiu doença durante cerca de seis meses. A área doente foi gradativamente

substitída por cobertura de areia e filamentos de algas (Figura 3.18 B).

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PARTE 3. Resultados

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Figura 3.18: Colônias de S. stellata monitoradas. (A) Colônia com mortalidade parcial nível 1 (menos de

25% da colônia afetada). (B) Colônia com mortalidade parcial nível 3 ( mais de 50% afetada).

A incidência de doenças aumentou a partir de Junho (Figura 3.19). Dois

tipos de possíveis infecções foram registrados: o primeiro caracterizado por

manchas com coloração entre o roxo e o rosa, e o segundo caracterizado por

pontos pretos (Figura 3.20 A e B, respectivamente). A doença rósea ocorreu em

praticamente todo o perído de estudo apresentando maior incidência entre Março

e Maio (Figura 3.19). A ocorrênia de pontos pretos foi observada a partir de Junho.

Figura 3.19: Frequência de ocorrência de infecções nas colônias de S. stellata monitoradas. DR – Doença das manchas rosas; PP – Doença dos pontos pretos.

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PARTE 3. Resultados

31

Figura 3.20: Colônias de S. stellata com dois tipos de infecção: (A) Doença rósea e (B) Doença dos pontos pretos.

O aumento da incidência de infecções foi correlacionado negativamente à

temperatura (r2=0,675; F=44,760; p=0,0000) em time lag 0, ou seja, a medida que

o valor da temperatura diminuiu a incidência de doenças aumentou. A análise

individual de doença indicou o aumento da ocorrência de ambas com a diminuição

dos valores de temperatura e salinidade (doença rósea: r2= 0,447; doença dos

pontos pretos: r2 = 0,575). O aumento da mortalidade parcial das colônias foi

relacionado ao aumento da incidência de doenças (r2= 0,720; F= 56, 934; p=0,000)

em time lag 0.

Registrou-se mortalidade parcial em 6 colônias de M. alcicornis. Uma delas

sofreu mortalidade nível 3 (mais de 50% do diâmetro) (Figuras 3.21 e 3.22). A

porcentagem de mortalidade registrada foi correlacionada negativamente com a

temperatura e a salinidade (r2 =0, 685; F= 22,785; P=0,000) em time lag 0.

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PARTE 3. Resultados

32

Figura 3.21: Frequência de ocorrência de mortalidade de colônias de M. alcicornis monitoradas. S (Saudável) - Colônias 100% saudáveis; PM1 (Parcialmente morta nível 1); PM2 (Parcialmente morta nível 2.

Figura 3.22: Colônias de M. alcicornis monitoradas. (A) Mortalidade nível 1 (até 25 % do diâmetro) e (B) mortalidade nível 3 (mais de 50% do diâmetro).

De modo geral, P. astreoides foi a espécie com menor número de colônias

exibindo algum nível de mortalidade, seguida de M. alcicornis e S. stellata. No

entanto, observou-se que, em termos de percentagem da colônia afetada, F. gravida

exibiu mortalidade menor que as demais espécies uma vez que as colônias

apresentaram mortalidade em menos de 25%.

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A abundância de corais pétreos relatada neste estudo para os recifes de

Maracajaú confere com o descrito por Ferreira & Maida (2006) a partir de

amostragens realizadas em 2002 e 2003 pelo programa de monitoramento Reef

Check Brasil. Rodríguez-Ramírez et al. (2008) mencionam que a cobertura de corais

em recifes do nordeste brasileiro é de 1 a 29%, faixa que inclui a avaliação de

cobertura de corais efetuada neste estudo. A principal espécie de coral construtor é

Sideastra stellata que representou a maior parte da cobertura de corais duros na

área, cenário descrito por Laborel (1970). Conclui-se que nos últimos dez anos a

representatividade de corais no Parracho de Maracajaú não sofreu alterações

significativas.

Entretanto, a representatividade de macroalgas e algas formadoras de

tapetes alerta para as implicações ecológicas sugerindo a necessidade de

monitoramento, uma vez que a proliferação desses organismos é apontada como

uma tendência impactante para recifes de todo o mundo (Hughes, 1994). Algas da

família Dictyotacea, por exemplo, competem com os corais pelo espaço (Beach et al.

2006) frequentemente crescendo como epífitas, além de dificultar o assentamento

das larvas e o desenvolvimento dos recrutas (McCooket et al. 2001; Maypa et al.

2000).

Duas situações são apontadas como eventos chave no aumento da densidade

de algas em recifes costeiros, a diminuição da herbivoria em decorrência da pressão

de pesca (McCooket et al. 2001) e o aumento do input de nutrientes no ambiente

marinho (Bouiadjra et al. 2010). Mesmo não havendo pesquisas recentes que

mostrem declínio na ictiofauna de Maracajaú nas últimas décadas, os impactos

identificados na área são relacionados à pesca e à atividade turística (Ferreira &

Parte 4

DISCUSSÃO

Page 47: Avaliação da cobertura e monitoramento do …...iii Avaliação da cobertura e monitoramento do branqueamento de corais nos recifes de Maracajaú/RN. por Izabel Maria Matos de Souza

PARTE 4. Discussão Maida, 2006). Sobre isto, o recente plano de manejo elaborado aponta a crescente

pressão de pesca sobre peixes escarídeos na área da APARC ressaltando a urgência

de manejo e monitoramento da pesca, uma vez que os escarídeos são a chave do

controle sobre o crescimento das algas (ONG Oceânica, 2012). O aumento do input

de nutrientes em épocas chuvosas, nesse caso pela proximidade com o rio

Maxanguape (Marcelino & Amaral, 2003), também é um parâmetro carente de

monitoramento na área.

A alta representatividade de cobertura de algas formadoras de tapetes é

desfavorável ao crescimento dos corais, entre outras razões, por esse agrupamento

aprisionar quantidades significativas de sedimento (Purcell, 2000), constituindo

uma capa sufocante que recobre os corais (Fabricius, 2005), além de ser

inapropriada para o assentamento de larvas e o desenvolvimento de recrutas (Birrel

et al, 2008). Apesar disso, a percentagem da cobertura de corais apresentada neste

estudo (entre 15% e 25%, conforme os métodos) é consideravelmente alta dentro

da faixa mencionada por Rodríguez-Ramirez et al. (2008). Leujak & Ormond (2007)

também mostraram que o método de quadrante (1m2) registrou uma percentagem

de corais cerca de 10% menor quando comparado ao método de transecção linear

de pontos para amostragens realizadas em recifes do Mar Vermelho.

Embora ambos os métodos forneçam dados precisos (Hill & Wilkinson,

2004), a diferença de resultados pode consistir no fato de o método do quadrante

englobar maiores detalhes tais como o tamanho e a densidade das colônias,

enquanto o método de pontos fornece uma descrição percentual da frequência de

ocorrência da categoria considerada ao longo da transecção. Os resultados do

presente estudo comparados aos resultados de dez anos atrás (Ferreira & Maida,

2006) indicaram que a percentagem da cobertura de corais tem permanecido

constante, embora seja imprescindível considerar a precisão das metodologias

empregadas quanto à detecção de mudanças ao longo do tempo (Nadon & Stirling,

2006). Nesse sentido, Segal & Castro (2001) mostraram que para comparar

comunidades bentônicas com baixa cobertura de corais, como as do Atlântico Sul, a

transecção linear de pontos é eficaz, embora recomendem a transecção linear de

interceptos.

34

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PARTE 4. Discussão 4.1 Branqueamento de Corais no Parracho de Maracajaú

De forma geral, os eventos de branqueamento registrados neste trabalho

ocorreram em resposta às variações dos parâmetros ambientais. Oscilações

positivas de temperatura e transparência horizontal e oscilações negativas de

salinidade em conjunto, foram respondidas pelas quatro espécies monitoradas com

aumento da média de branqueamento.

A despeito das variações ambientais, sabe-se que a densidade de simbiontes

exibe flutuações sazonais diminuindo durante o verão e aumentando nas estações

seguintes (Fitt et al. 2000) e que, em circunstâncias comuns, o coral saudável não

perde zooxantelas ao ponto de ficar totalmente branco (Fenner & Heron, 2008).

Desta forma, a dinâmica de branqueamento e recuperação exibida pelas quatro

espécies neste estudo esteve dentro de uma faixa de variação que não resultou em

desdobramentos deletérios e irreversíveis neste complexo recifal, mesmo que o pico

de temperatura tenha sido superior ao valor máximo apontado para a APARC

(segundo dados do INPE). Essas variações devem ser interpretadas como

evidências consistentes de que vários fatores agem em sinergia promovendo o

branqueamento (Rowan et al. 1997; Fitt el al. 2001), ou seja, mesmo que a densidade

de zooxantelas seja variável no tempo, a troca significativa de células parece ocorrer

em resposta a pelo menos um parâmetro abiótico (Dunne & Brown, 2001).

Os resultados deste trabalho apontaram a temperatura como o parâmetro

mais influente na dinâmica do fenômeno, mas de acordo com Jones et al. (1998) e

Fitt et al. (2001) os eventos de branqueamento natural são o resultado da

combinação entre a elevação da temperatura da água e a radiação solar. Essa

interação deve ser considerada, pois o efeito do aumento da temperatura na água

sobre o processo de branqueamento é frequentemente mais lento, enquanto a

radiação solar subaquática pode variar rapidamente, por exemplo, de acordo com

as condições da cobertura de nuvens, da qualidade da água e do eixo de incidência

dos raios solares (Dunne & Brown 2001). Além disso, a exibição repetitiva a altas

doses de radiação fotossintética anterior a um pico de temperatura pode conferir

tolerância aos corais frente a estresses térmicos definindo assim os padrões do

35

Page 49: Avaliação da cobertura e monitoramento do …...iii Avaliação da cobertura e monitoramento do branqueamento de corais nos recifes de Maracajaú/RN. por Izabel Maria Matos de Souza

PARTE 4. Discussão branqueamento natural (Fitt et al. 2001; Brown et al. 2000; Jones et al. 1998), além

de adaptá-los às adversidades posteriores (Fautin & Buddeimeir, 2004).

O presente trabalho verificou que as maiores variações das médias de

branqueamento ocorreram nos períodos mais quentes e de maiores valores da

transparência horizontal da água. Neste caso, a visibilidade pode ser interpretada

como uma medida indireta da influência da radiação solar, uma vez que a

transparência da água é uma das condições que potencializa o efeito deste

parâmetro (Dunne & Brown, 2001). Adicionalmente, a diminuição da salinidade

pode reduzir a tolerância do coral a estresse térmico (Berkelmans & Oliver, 1999).

Durante este estudo, oscilações da média de branqueamento foram atribuídas

também aos baixos valores da salinidade durante boa parte do período como

consequência do regime de chuvas prolongado que, segundo notificações do NOAA,

decorreu do fenômeno La Niña. Embora não existam registros pretéritos da variação

dos parâmetros abióticos e branqueamento para a área, observou-se, de maneira

geral, que os padrões de branqueamento exibidos foram resultantes da associação

entre as variáveis mencionadas.

A variação das médias de branqueamento entre espécies foi

significativamente diferente, mas o padrão da dinâmica foi notavelmente

semelhante. S. stellata exibiu média máxima de branqueamento concomitante ao

pico de temperatura, enquanto M. alcicornis, F. gravida e P.astreoides exibiram

atraso entre o pico de temperatura e suas respectivas médias máximas. De fato,

táxons distintos exibem tolerâncias distintas e reconhecida variação de

susceptibilidade aos fatores dirigentes de branqueamento (Marshall & Bair, 2000).

O aumento da temperatura em 1°C durante um mês (entre Dezembro de

2010 e Janeiro de 2011) promoveu discreta elevação na taxa de branqueamento de

S. stellata, M. alcicornis e F. gravida respectivamente. Destas, M. alcicornis foi a

espécie que exibiu a resposta de branqueamento mais rápida enquanto S. stellata e

F. gravida exibiram elevação gradativa na média de branqueamento. Por outro lado,

a recuperação de M. alcicornis e F. gravida foi consideravelmente rápida na primeira

quinzena após o pico de branqueamento.

36

Page 50: Avaliação da cobertura e monitoramento do …...iii Avaliação da cobertura e monitoramento do branqueamento de corais nos recifes de Maracajaú/RN. por Izabel Maria Matos de Souza

PARTE 4. Discussão

Estudos indicam que espécies do gênero Millepora exibem susceptibilidade

severa a branqueamento, diferente do que ocorre com muitos corais massivos

(Marshal & Bair, 2000), havendo registros de grande mortalidade desses

organismos após eventos de El-Niños (Stafford - Smith, 1993). No entanto, em casos

de anomalias climáticas não severas pode ocorrer branqueamento reversível sem

danos acumulativos, entre outras razões, pela aclimatação dos simbiontes em

períodos pré-pico de temperatura, como sugerido anteriormente (Banaszak et al,

2003), ou seja, a diferença quanto ao período e intensidade de resposta pode ser um

reflexo da diversidade de interações entre o hospedeiro e as zooxantelas, com

consequente variedade de reações diante do fator estressante (Fautin &

Buddeimeir, 2004).

Por outro lado, Goreau & Hayes (1994) indicaram que o branqueamento

típico perceptível visualmente surge algumas semanas após início da anomalia

térmica. Nesse sentido, era esperado que S. stellata exibisse aumento adicional da

média de branqueamento após o pico de temperatura, mas não foi o que aconteceu,

o que sugere uma possível aclimatação no período pré-pico (32°C) de temperatura

concordando com Jones et al. (1998) e Fitt et al. (2001). Além disso, estudos

experimentais conferem ao gênero Siderastrea um importante papel como indicador

ambiental por este apresentar considerável sensibilidade (não no sentido de

fragilidade) às oscilações de fatores abióticos tais como temperatura (Wenner et

al.1996). Ou seja, o presente estudo mostra que possivelmente a radiação solar

exerceu um papel importante no processo de branqueamento, adaptando o coral a

uma condição de maior resistência para suportar o maior pico de temperatura sem

que as taxas de branqueamento aumentassem ainda mais.

S. stellata tem se mostrado resistente às condições adversas, sobrevivendo

em ambientes com variações diárias de temperatura que atingem até 5°C de

amplitude (Poggio, 2007). Uma das condições que possivelmente proporcionam

essa adaptabilidade ao hospedeiro diante de perturbações ambientais é a menor

densidade de zooxantelas quando comparada a outras espécies brasileiras (Costa et

al. 2001). Do ponto de vista do branqueamento, Costa et al. (2001) mencionam que

o fenômeno pode ser menos impactante para as colônias uma vez que a baixa

densidade de simbiontes parece conferir resistência a branqueamento.

37

Page 51: Avaliação da cobertura e monitoramento do …...iii Avaliação da cobertura e monitoramento do branqueamento de corais nos recifes de Maracajaú/RN. por Izabel Maria Matos de Souza

PARTE 4. Discussão

Um padrão notável foi exibido por P. astreoides que apresentou o pico de

branqueamento decorrente dos efeitos do aumento da temperatura e da

transparência horizontal da água e diminuição da salinidade 30 dias após o pico de

temperatura, com um atraso de resposta concordante com o previsto em literatura

para corais em geral (Goreau & Hayes, 1994). Marshall & Bair (2001) e D’Croz et al.

(2001) mencionam as espécies do gênero Porites com baixa susceptibilidade ao

branqueamento, havendo variações regionais que refletem a variabilidade genética

do hospedeiro ou dos clados de simbiontes. D’ Croz et al. (2001) também sugerem

para uma espécie de Porites do Panamá que o parâmetro indutor de branqueamento

desse animal é a temperatura, pois sua estrutura esquelética confere condições para

que os pólipos retraiam profundamente, mantendo-se protegidos contra radiação

nociva. Desta forma, a média máxima de branqueamento exibida por P. astreoides

neste estudo, provavelmente foi induzida pelo pico de temperatura (32°C), uma vez

que a primeira oscilação que correspondeu a um aumento da média de 10% para

cerca de 45%, ocorreu 15 dias após este pico.

F. gravida é reconhecida por exibir susceptibilidade moderada ao

branqueamento (Marchall & Baird, 2001). De fato, nesse estudo observou-se que

essa espécie foi a mais lenta quanto à elevação da taxa máxima de branqueamento e

quase tão rápida quanto M. alcicornis para recuperar.

A recuperação gradativa exibida por todas as espécies à medida que os

valores de temperatura diminuíram num período de três a quatro meses, contrasta

com Dutra (2000) que apontou um período necessário de cerca de oito meses para

a recuperação de corais nos recifes da Bahia após os El Niños de 1997/1998.

Entretanto, o evento de 1997/1998 foi reportando como um dos mais severos das

últimas décadas o que reforça a ideia de que branqueamentos severos exigem mais

tempo para a recuperação.

A dinâmica de branqueamento e recuperação exibida ao longo do ano incluiu

discretas oscilações. Neste estudo, houve aumentos das taxas de branqueamento

para as diferentes espécies após Julho de 2011, e tais discretas oscilações, segundo

Baghdasarian & Muscatine (2000), podem ser relacionadas a variações da

densidade de zooxantelas. Os nossos resultados indicam o aumento da média de

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Page 52: Avaliação da cobertura e monitoramento do …...iii Avaliação da cobertura e monitoramento do branqueamento de corais nos recifes de Maracajaú/RN. por Izabel Maria Matos de Souza

PARTE 4. Discussão branqueamento esteve positivamente relacionado com a transparência horizontal

da água. Entretanto, eventos discretos podem ter sido ocasionados pela diminuição

nos valores deste parâmetro decorrente do aumento da intensidade dos ventos

(Agosto e Setembro), uma vez que o aumento de chuvas e a diminuição da

visibilidade da água parecem ser fatores que definem padrões de branqueamento

em recifes do Brasil (Leão et al. 2010). De fato, a turbidez da água pode promover

condições adversas à fotossíntese e, considerando que o sinal que mantem a

simbiose seja o fluxo contínuo de nutrientes das zooxantelas para o coral (Lesser,

2011), essas condições podem ter levado à expulsão de células de simbiontes em

pequena proporção, com possível troca de clados.

Uma das grandes ameaças decorrentes de episódios severos se

branqueamento é a ocorrência de doenças que já culminaram com altos índices de

mortalidade (Raymundo et al. 2005; Kaczmarsky, 2006), sendo a causa do declínio

de diversos recifes ao redor mundo. Os registros de doença mencionados neste

trabalho devem ser confirmados através de análise microbiológica. No entanto,

pode-se afirmar que o aumento da incidência dos registros mencionados foi

relacionado à diminuição de temperatura e salinidade. Sabe-se que o aumento da

incidência de doenças tem ampla associação com eventos de anomalias térmicas

(Selig et al. 2012). Entretanto, a diminuição da salinidade é um indicativo indireto

de aporte de água doce no ambiente marinho e possível entrada de matéria orgânica

poluente oriunda da costa, promovendo condições para o desenvolvimento de

patógenos causadores de doenças, inclusive branqueamento (Aeby et al. 2011). Por

outro lado, pode ter ocorrido como um efeito tardio do branqueamento (Bruno et al.

2007), embora nenhuma relação tenha sido observada pelas análises em time lags.

De maneira geral os resultados apresentados e discutidos no presente

trabalho indicam que os corais dessa área exibem padrões bem determinados de

adaptação ao regime local de variação dos parâmetros ambientais, com elevação das

taxas de branqueamento e recuperação ao longo do ano, respondendo a fatores de

estresse de forma resistente exibindo uma adaptação eficiente. Leão et al. (2010)

citam que, mesmo estando submetidos a condições ambientais extremas, os recifes

brasileiros não tem apresentado mortalidade em massa de corais decorrente de

39

Page 53: Avaliação da cobertura e monitoramento do …...iii Avaliação da cobertura e monitoramento do branqueamento de corais nos recifes de Maracajaú/RN. por Izabel Maria Matos de Souza

PARTE 4. Discussão eventos de branqueamento, sugerindo que os esses ecossistemas são bastante

resilientes.

No Parracho de Maracajau, mesmo após o forte evento de branqueamento

registrado em 2010 (ONG Oceânica, 2010), a mortalidade de corais não foi

registrada como um fenômeno alarmante. Comparando as médias de

branqueamento iniciais (de 50% a 100%) com as médias finais (de 10 a 15%), aliado

aos dados de cobertura de corais dos últimos dez anos (Ferreira & Maida, 2006; e

resultados deste trabalho), observa-se que os corais mostram boa recuperação.

Outro registro de branqueamento em 2010, relatou o branqueamento de 70% a

80% dos corais em recifes da Índia submetidos a 34°C durante cerca de dois meses,

sem registro de grande mortalidade (Vinoth et al. 2012), semelhante ao ocorrido em

Maracajaú. Isso indica que a aclimatação dos recifes de corais e a adaptação dos

mesmos frente às mudanças climáticas talvez sejas maiores do que supunham as

hipóteses mais impactantes.

É importante considerar que a mortalidade de corais é associada à

intensidade e duração do fator de estresse, no caso mais frequente, a temperatura

das águas superficiais do mar (Spillman, 2012). De acordo com as notificações da

NOAA, o El-Niño 2009-2012 responsável pelo branqueamento de 80% dos corais

em Maracajaú (ONG Oceânica, 2010) foi de intensidade moderada, seguido por forte

La Niña.

Estudos realizados em recifes do Caribe mostraram que as consequências

dos eventos de branqueamento, especialmente os mais severos, dependem não só

das anomalias térmicas, mas dos impactos que comprometem a resiliência do

ecossistema, e que quanto mais fragilizado o ecossistema estiver maior será a

intensidade e a escala das consequências (Eakin at al. 2010). A fragilidade desses

ambientes tem sido atribuída à sobre-exploração de recursos pesqueiros que

comprometeu a funcionalidade do ecossistema que foi então induzido para a

mudança de fase de dominância de coral para dominância de algas a cada distúrbio

ambiental, culminando no colapso de muitas áreas (Jackson et al. 2001; Bellwood et

al. 2004). Esses relatos soam o alerta para a necessidade de monitoramento e

manejo adequados a longo prazo na área de estudo do presente trabalho.

40

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PARTE 4. Discussão CONSIDERAÇÕES FINAIS

Mesmo diante de cenários catastróficos previstos e uma vasta literatura

tradicional pessimista é importante ressaltar que a resiliência da interação entre

corais e simbiontes é o fator chave na determinação da tolerância do organismo

frente a estresses ambientais mais fortes (Wicks et al. 2012).

Apesar da ausência de pesquisas específicas no Parracho de Maracajaú, os

resultados do presente estudo podem ser um indicativo de que a resiliência da

comunidade de corais neste ecossistema tem se mantido a despeito dos impactos

antropogênicos oriundos do desenvolvimento das comunidades costeiras

adjacentes.

De fato, as áreas marinhas protegidas têm o propósito de assegurar a

manutenção da biodiversidade que, por sua vez, mantêm as funções do ecossistema

potencializando sua habilidade de recuperação após eventos de distúrbios (Hughes

et al. 2003). Nesse sentido, este trabalho pode trazer uma visão otimista para as

práticas de manejo na área.

Os resultados de cobertura, padrões de dinâmica de branqueamento e baixa

incidência de doenças e mortalidade aqui apresentados e discutidos apontaram

claramente que nos recifes de Maracajaú as espécies de corais têm desenvolvido

tolerância ao regime local de variações dos parâmetros abióticos, permitindo a

expectativa de que, após situações de estresses ambientais severos, esses recifes

tenham possibilidades de se recuperarem caso os impactos antropogênicos locais

não promovam mudanças significativas sobre os atributos de resiliência do

ecossistema. E é sobre a manutenção dessas condições que as pesquisas científicas

e estratégias de manejo devem atuar (Selig et al. 2012).

41

Page 55: Avaliação da cobertura e monitoramento do …...iii Avaliação da cobertura e monitoramento do branqueamento de corais nos recifes de Maracajaú/RN. por Izabel Maria Matos de Souza

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