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JAN/JUN 2008 49 Resumo: Este trabalho tem como objetivo analisar as práticas de avaliação de políti- cas e programas governamentais, particu- larmente aquelas que se constituem em ob- jeto de estudo de alguns mestrandos no âmbito do Curso de Mestrado em Políticas Públicas, Gestão do Conhecimento e Desen- volvimento Regional (PGDR) da Universidade do Estado da Bahia (UNEB), que podem au- xiliar no processo de tomada de decisões sobre a implementação e acompanhamento de políticas e programas governamentais. Para alcançar este objetivo, primeiramente expomos as principais razões para a adoção da prática da avaliação. Em segundo, apre- sentamos os conceitos comumente utiliza- dos neste campo. Em terceiro, discutimos propostas metodológicas adotadas. E, por fim, apresentamos as considerações finais. Palavras-chave: práticas de avaliação; po- líticas públicas; propostas metodológicas. Avaliação de políticas e programas governamentais: experiências no Mestrado Profissional Politics and government programs evaluation: experiences in the Professional Master´s Degree Evaluación de políticas publicas y programas gubernamentales: experiencias del Mestrado Profissional Évaluation de politiques et programmes du gouvernement expériences dans le degdu Maître Professionnel Maria de Fátima Hanaque Campos* Ana Maria Ferreira Menezes** José Francisco Barreto Neto*** Maria Auxiliadora Ornellas Farias**** Abstract: The objective of this work as the review of the practices of evaluations of po- licies and government programs, particularly those are the object of study by some masters under the Mestrado de Políticas Pú- blicas, Gestão do Conhecimento e Desen- volvimento Regional (PGDR) da Universidade do Estado da Bahia (UNEB), which can assist in decision-making on the implementation and monitoring of policies and government programs. To achieve this goal, first expose the main reasons for the adoption of the practice of evaluation. Secondly, we present the concepts commonly used in the field of evaluation. Thirdly, we discuss methodo- logical proposals adopted. And, finally, we present the final considerations. Keywords: practice of valuation; public po- licies; methodological proposals. * Doutora em história da arte pela Universidade do Porto, Portugal, professora titular do Departamento de Ciências Humanas e Filosofia da Universidade Estadual de Feira de Santana e professora colaboradora do Programa de Mestrado Profissional em Políticas Públicas, Gestão do Conhecimento e Desenvolvimento Regional da Univer- sidade Federal da Bahia (UFBA). E-mail: [email protected] ** Doutora em administração pela Escola de Administração da Universidade Federal da Bahia, com estágio de pesquisa no Instituto Superior de Economia e Gestão da Universidade Técnica de Lisboa, professora titular do departamento de Ciências Humanas da Universidade do estado da Bahia, UEBA, coordenadora do Pro- grama de Mestrado Profissional em Políticas Públicas, Gestão do Conhecimento e Desenvolvimento Regio- nal da Universidade Federal da Bahia (UFBA). E-mail: [email protected] *** Mestrando do Programa de Mestrado Profissional em Políticas Públicas, Gestão do Conhecimento e Desen- volvimento Regional da Universidade Federal da Bahia (UFBA, graduado em Licenciatura em Filosofia e assessor especial/ouvidor da Secretaria de Educação do Estado da Bahia. E-mail: [email protected] **** Mestranda do Políticas Públicas, Gestão do Conhecimento e Desenvolvimento Regional da Universidade Federal da Bahia (UFBA), graduada em pedagogia e coordenadora I da Coordenação de Ensino Superior da Secretaria de Educação do Estado da Bahia. E-mail:[email protected], [email protected] ARTIGOS INÉDITOS

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Resumo: Este trabalho tem como objetivoanalisar as práticas de avaliação de políti-cas e programas governamentais, particu-larmente aquelas que se constituem em ob-jeto de estudo de alguns mestrandos noâmbito do Curso de Mestrado em PolíticasPúblicas, Gestão do Conhecimento e Desen-volvimento Regional (PGDR) da Universidadedo Estado da Bahia (UNEB), que podem au-xiliar no processo de tomada de decisõessobre a implementação e acompanhamentode políticas e programas governamentais.Para alcançar este objetivo, primeiramenteexpomos as principais razões para a adoçãoda prática da avaliação. Em segundo, apre-sentamos os conceitos comumente utiliza-dos neste campo. Em terceiro, discutimospropostas metodológicas adotadas. E, porfim, apresentamos as considerações finais.

Palavras-chave: práticas de avaliação; po-líticas públicas; propostas metodológicas.

Avaliação de políticas e programas governamentais:experiências no Mestrado Profissional

Politics and government programs evaluation: experiences inthe Professional Master´s Degree

Evaluación de políticas publicas y programasgubernamentales: experiencias del Mestrado Profissional

Évaluation de politiques et programmes du gouvernementexpériences dans le degré du Maître Professionnel

Maria de Fátima Hanaque Campos* Ana Maria Ferreira Menezes**José Francisco Barreto Neto***

Maria Auxiliadora Ornellas Farias****

Abstract: The objective of this work as thereview of the practices of evaluations of po-licies and government programs, particularlythose are the object of study by somemasters under the Mestrado de Políticas Pú-blicas, Gestão do Conhecimento e Desen-volvimento Regional (PGDR) da Universidadedo Estado da Bahia (UNEB), which can assistin decision-making on the implementation andmonitoring of policies and governmentprograms. To achieve this goal, first exposethe main reasons for the adoption of thepractice of evaluation. Secondly, we presentthe concepts commonly used in the field ofevaluation. Thirdly, we discuss methodo-logical proposals adopted. And, finally, wepresent the final considerations.

Keywords: practice of valuation; public po-licies; methodological proposals.

* Doutora em história da arte pela Universidade do Porto, Portugal, professora titular do Departamento de CiênciasHumanas e Filosofia da Universidade Estadual de Feira de Santana e professora colaboradora do Programa deMestrado Profissional em Políticas Públicas, Gestão do Conhecimento e Desenvolvimento Regional da Univer-sidade Federal da Bahia (UFBA). E-mail: [email protected]

** Doutora em administração pela Escola de Administração da Universidade Federal da Bahia, com estágio depesquisa no Instituto Superior de Economia e Gestão da Universidade Técnica de Lisboa, professora titulardo departamento de Ciências Humanas da Universidade do estado da Bahia, UEBA, coordenadora do Pro-grama de Mestrado Profissional em Políticas Públicas, Gestão do Conhecimento e Desenvolvimento Regio-nal da Universidade Federal da Bahia (UFBA). E-mail: [email protected]

*** Mestrando do Programa de Mestrado Profissional em Políticas Públicas, Gestão do Conhecimento e Desen-volvimento Regional da Universidade Federal da Bahia (UFBA, graduado em Licenciatura em Filosofia eassessor especial/ouvidor da Secretaria de Educação do Estado da Bahia. E-mail: [email protected]

**** Mestranda do Políticas Públicas, Gestão do Conhecimento e Desenvolvimento Regional da UniversidadeFederal da Bahia (UFBA), graduada em pedagogia e coordenadora I da Coordenação de Ensino Superior daSecretaria de Educação do Estado da Bahia. E-mail:[email protected], [email protected]

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A Universida-de do Estado daBahia (UNEB) temrefletido sobre

suas condições atuais no que pese à amplia-ção de cursos de pós-graduação, assim comono que se refere a criar oportunidades emque os mecanismos decisórios do Estado, ex-plícita e formalmente, abrem-se a sua parti-cipação na elaboração de uma política públi-ca de impacto fundamental na conformaçãosocioeconômica do estado da Bahia.

A busca de medidas concretas e opera-cionais, tendo por referência a acumulaçãode conhecimentos e experiências existentesno âmbito da comunidade universitária, tempossibilitado à universidade reconhecer-secomo um instrumento democrático de dis-cussão e de crescente interesse para a ci-dadania.

Para tal, faz-se necessário investir empessoal qualificado. Entretanto, isto não ésuficiente, pois a universidade não pode man-ter níveis de reprodução dos quadros liga-dos a um ensino cada vez mais voltado àmera operação de tecnologias convencio-nais ou desconectadas de demandas sociaislocais. As mudanças devem refletir tambémno método de trabalho através de enfoquemultidisciplinar, definição de objetos de pes-quisa relacionados ao contexto socioeco-nômico local, e não em função dos limitesdisciplinares. Assim, o compromisso social dauniversidade assume importância para a pro-dução do conhecimento, escolha dos diri-gentes, estratégias políticas e pedagógicas.

Dessa forma, a UNEB dá lugar a um pro-cesso de democratização do saber que ten-de a contribuir para aumentar a capacidadede setores da sociedade de intervir nas es-colhas e satisfação de suas necessidadessociais não atendidas, entre estas o ingres-so ao ensino superior nos cursos de gradua-ção e pós-graduação.

A defesa dos interesses da universidadepública pressupõe parcerias com instituiçõesgovernamentais e não governamentais comcapacidade de pressão crescente e queapontem para a construção de uma socie-dade democrática e viável econômica, so-cial e ambientalmente. Neste sentido, a co-munidade universitária poderá contribuir, jun-tamente com grupos sociais interessados na

formulação, implementação, divulgação econtrole de políticas públicas, com objetivode transformação social.

Neste contexto, o objetivo apresenta-secomo o de analisar as práticas de avalia-ções de políticas e programas governamen-tais, particularmente aquelas que se consti-tuem objeto de estudo de alguns mestrandosno âmbito do Curso de Mestrado de PolíticasPúblicas, Gestão do Conhecimento e Desen-volvimento Regional (PGDR) da Universidadedo Estado da Bahia (UNEB), as quais podemauxiliar no processo de tomada de decisõessobre a implementação e acompanhamentode políticas e programas governamentais.Para alcançar este objetivo, primeiramenteexpomos as principais razões para a adoçãoda prática da avaliação. Em segundo, apre-sentamos os conceitos comumente utiliza-dos no campo da avaliação. Em terceiro, dis-cutimos propostas metodológicas adotadas.E, por fim, apresentamos as consideraçõesfinais.

Razões para a prática da

avaliação de políticas públicas

A avaliação das políticas públicas tornou-se um requisito de fundamental importânciaa partir, principalmente, dos anos 1970 e1980, quando o capitalismo vivenciou suasegunda grande crise. Esta pode ser carac-terizada pela elevação do nível dos preços(inflação); baixo crescimento econômico; es-tagflação; desemprego; desequilíbrio na con-ta corrente da balança de pagamentos –decorrente, principalmente da alta dos pre-ços do petróleo; e, crise fiscal norte-ameri-cana/elevação das taxas de juros internacio-nais.

Ao contrário do que ocorreu nos anos1930, o processo não desencadeou uma re-volução científica, mas uma contrarrevoluçãomonetarista, com a imposição do “retorno àortodoxia” liberal, que passou a recomendaruma retomada do Estado clássico e do equi-líbrio natural, bem como redução dos impos-tos – com a eliminação do Estado arrecada-dor, redução dos gastos sociais, pela elimi-nação do estado do bem-estar social, e eli-

Introdução

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minação do Estado regulador (Villarreal,1984).

A visão neoliberal atribuiu como causa dacrise a forte intervenção do Estado. Assim,o Estado provedor (Estado do Bem-Estar So-cial), o Estado arrecadador (carga tributáriaelevada), o Estado gastador (gastos maioresdo que as receitas), o Estado burocrático e oEstado regulador (protecionismos) passarama ser sinônimos do “leviatã” que induziria auma economia ineficiente e ineficaz.

Assim, no bojo das transformações pelasquais o Estado passou, decorrentes da im-possibilidade de ser substituído pelo Merca-do, foi-lhe requerida uma atuação mais efi-ciente, eficaz e efetiva. Desta forma, o Es-tado assumiria uma função gerencialista, naqual o cidadão passaria a ser um cliente e,tal como todo cliente que paga por um pro-duto, requer um serviço de qualidade. Paraatingir esses atributos, necessariamente,tem-se que atuar com um processo de ava-liação.

Esta surge, então, como uma ferramentagerencial útil, fornecendo aos formuladoresde políticas públicas e aos gestores de pro-gramas condições para aumentar a eficiên-cia e a eficácia dos programas governamen-tais.

Segundo Cunha (2006),

O crescente interesse dos governos

nos estudos de avaliação está relacio-

nado às questões de efetividade, efi-

ciência, accountability e desempenho

da gestão pública, já que estes estu-

dos constituem-se em ferramenta para

gestores, formuladores e implementa-

dores de programas e políticas públi-

cas. As avaliações de políticas e pro-

gramas permitem que formuladores e

implementadores tomem suas decisões

com maior conhecimento, maximizando

o resultado do gasto público, identifi-

cando êxitos e superando pontos de

estrangulamento (p. 3).

No caso brasileiro, podem-se identificar,ainda, outras razões para a utilização de pro-cessos avaliativos. Uma primeira razão rela-ciona-se à crise fiscal do Estado, que dimi-nuiu a capacidade dos governos de efetuargastos e aumentou a pressão por maior efi-

ciência. Segundo, a partir dos anos 1980,houve crescente processo de luta dos mo-vimentos sociais e de reivindicação pelos di-reitos humanos e políticos junto aos gover-nos, que culminou com o processo de rede-mocratização do país.

Armani (2004) ressalta que a crescentedemocratização política não foi acompanha-da da redução da pobreza e das desigualda-des sociais e o aumento das necessidadesde ações sociais proporcionou a transferên-cia de responsabilidades do governo federalpara as organizações da sociedade civil –cuja maioria não estava preparada para aatuação que delas se espera.

Segundo Costa e Castanhar (2003), àmedida que o poder público delega às agên-cias autônomas e empresas privadas a exe-cução de serviços, cresce a necessidade deavaliação. A administração pública deve de-senvolver instrumentos e metodologias deavaliação ágeis e de baixo custo, para a to-mada de decisão e para que a sociedade emgeral possa apreciar o desempenho dessasagências.

Neste sentido, cabem questionamentossobre o caráter econômico e técnico da ava-liação restrita ao âmbito das instituiçõespúblicas ou privadas cuja preocupação estána efetividade, ou seja, na aferição dos re-sultados esperados e não esperados. Devetambém ser percebida como geradora de me-canismos de informação para instrumentalizaros movimentos sociais na luta pela amplia-ção de direitos sociais. Assim, a avaliaçãopermite maior envolvimento dos interessa-dos no ciclo das políticas públicas, isto é, naformulação, implementação e divulgação dosresultados de programas e projetos sociais.

Segundo Silva (2001), na perspectiva daavaliação, as políticas são geradas, sobretu-do, a partir de decisões governamentaise,desde sua formação, envolvem alocação derecursos, interesses diversos, divisão de tra-balho, riscos e incertezas sobre processos eresultados, noção de sucesso e fracasso, fa-zendo do desenvolvimento das políticas pú-blicas um processo contraditório e não linear.

Na perspectiva do estado da Bahia, aspolíticas centradas no setor educacional queforam desenvolvidas na década de 1990, comfoco na tese da universalização e democra-tização do ensino, implicaram uma tendên-

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cia de aumento no atendimento e, conse-quentemente, no número de matrículas; con-cretizaram-se na forma de disponibilizaçãode vagas e permanência de alunos na esco-la, o que correspondeu às diversas formasde acesso ao ensino básico.

Com a descentralização governamental,surge a oportunidade de novos programas emnível estadual e municipal. A descentralizaçãode recursos e novas competências na admi-nistração escolar buscaram avaliar o desem-penho dos sistemas escolares: eficiência daadministração escolar, novos processos deaprendizagem relacionados ao domínio detecnologias da informação, repetência e eva-são, domínio de competências e habilidadesno processo de aprendizagem etc. (memória,2001).

O programa PGDR, iniciado em 2006, tevegrande demanda da área de educação emvirtude do estabelecimento de parcerias coma Secretaria de Educação do Estado daBahia. Desta forma, as pesquisas concen-traram-se em estudos sistemáticos e avalia-ção de programas e projetos educacionais,com interesse na formulação e implemen-tação das políticas educacionais baianas,medindo sua eficiência e eficácia, seus im-pactos e benefícios.

Avaliação de políticas

públicas: principais definições

A atividade de avaliação não é uma açãoisolada, mas uma das etapas do processode planejamento das políticas e programasgovernamentais; gera informações que pos-sibilitam novas escolhas e analisa resultadosque podem sugerir a necessidade de reorien-tação das ações para o alcance dos objeti-vos traçados. Assim, segundo Worthen;Sanders; Fitzpatrick (2004), “avaliação éidentificação, esclarecimento e aplicação decritérios defensáveis para determinar o va-lor (valor ou mérito), a qualidade, a utilida-de, a eficácia ou a importância do objetoavaliado em relação a esses critérios” (p.35).Salienta-se, assim, que o objetivo daavaliação é determinar o valor de algumaação, projeto ou programa que neste caso

tenha o foco nas ciências sociais. Desta for-ma, inicialmente, faz-se necessário definiralguns conceitos como programa e projeto.Worthen; Sanders e Fitzpatrick (op. cit.) de-finem programa como uma intervenção pla-nejada e constante que objetiva resultadosespecíficos em resposta a um dado proble-ma educacional, social ou comercial detecta-do previamente e que envolve equipe, cliente,organização, gestão e recursos na tentati-va de atingir um objetivo.

Ou seja, a ação planejada através de pro-gramas deve apresentar solução para um de-terminado problema. Todavia, a noção do queseja problema não é óbvia, apesar de povoarnosso cotidiano. Assim, faz-se necessáriodefinir o que vem a ser problema. SegundoGarcia (2000), pode-se definir problema comouma desarmonia reconhecida como superá-vel ou evitável e determinados atores so-ciais declaram-se dispostos a enfrentá-la.

Esta situação está relacionada à argu-mentação de Mitroff (apud Garcia, 2000: 25-26):

[...] muitas pessoas pensam que o ca-

minho pelo qual solucionamos os que-

bra-cabeças (problemas estruturados)

deveria ser o padrão para medir o êxi-

to na resolução dos problemas sociais

(quase estruturados). Diferentemente

dos quebra-cabeças, os problemas so-

ciais não têm uma solução correta e

única, que é reconhecida e aceita como

tal por todas as partes afetadas pelo

problema [...]. As pessoas têm valores

(e interesses) tão diferentes e partem

de ideias tão diferentes sobre a socie-

dade desejada que o que é um proble-

ma e uma boa solução para uma pes-

soa, em geral é irrelevante, estúpido,

tolice e mesmo perverso para outra.

Quanto a projeto social, Armani (2004)define-o como uma ação social planejada,estruturada em objetivos, resultados e ati-vidades baseados em uma quantidade limi-tada de recursos (humanos, materiais e fi-nanceiros) e de tempo. E acrescenta que osprojetos integram-se nos três níveis de for-mulação da ação social: no nível dos gran-des objetivos e eixos estratégicos de ação– a política; no nível intermediário em que as

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políticas são desenhadas em linhas mestrasde ações temáticas – programas; no nívelda ação concreta delimitada por critérios pre-viamente determinados que possam realizaras políticas e programas, isto é, os projetos.

Diante da diversidade de conceitos abor-dados em avaliação de políticas públicas,Draibe (2001) coloca que é necessário o ava-liador declarar, de início, suas preferências eescolhas sobre objetivos e natureza e tipode avaliação para a realização da pesquisa,assim como definir o terreno comum sobre oqual trabalhará a equipe. E mais, uma dasdecisões prévias do avaliador é identificar orecorte programático do seu objeto, poden-do haver avaliações mais complexas eabrangentes ou mais restritas (programas,projetos, ações).

Michel Scriven (apud Cano, 2006) esta-beleceu a primeira distinção clássica entreelas, sendo a somativa a que visa analisarse o programa ou projeto “surte ou não oefeito desejado”, e, para tanto, é necessá-rio que o programa ou projeto social estejaimplementado. Produz informações sobre eta-pas posteriores a sua implementação, verifi-ca sua efetividade e faz o julgamento deseu valor geral. E a avaliação formativaacompanha o programa ou projeto em de-senvolvimento, visando melhorá-lo. Produzinformações para os que estão diretamenteenvolvidos com o objetivo de fornecer ele-mentos para a realização de correções deprocedimentos, a fim de aperfeiçoar o pro-grama.

Faria (2001) busca um lugar próprio paraa avaliação educacional no que concerne ametodologias adequadas e a fins específi-cos. A partir de estudiosos do tema, citamodelo desenvolvido que enfatiza a neces-sidade de análise dos objetivos e metas doprograma avaliado, comparando o desempe-nho com estes parâmetros, desenvolvendouma pesquisa orientada para a decisão dosformuladores e implementadores. Outro mo-delo citado trata de determinar o mérito doprograma ou projeto educacional, enfatizandoa consistência cientifica do fenômeno estu-dado, levando a avaliação comparativa comoutros programas. Assim, o avaliador deveentender a lógica do programa, utilizando-se de teorias sociais mais ampliadas. Estesmodelos visam análises detalhadas ou buro-

cráticas, voltadas para o solicitador da ava-liação.

Cano (2006) avança nos estudos sobreavaliação de programas educacionais consi-derando um novo foco em sua utilização, ouseja, nos resultados práticos, que incluemos interesses dos usuários. Ademais, a ava-liação pode não se limitar aos objetivos ini-ciais que a intervenção pretende melhorar eampliar.

A diversidade de abordagens e concep-ções sobre avaliação traz variados tipos demétodos de coleta de dados e análise e téc-nicas interpretativas baseados em métodosquantitativos e/ou qualitativos, como com-patíveis e complementares da avaliação deprogramas educacionais.

Propostas metodológicas de

avaliação de políticas

públicas: análise de

experiências no PGDR

Visando atender a demanda dos diversossetores sociais e as necessidades do mundodo trabalho do estado da Bahia, foi implan-tado em 2006 o PGDR, que privilegia o ensinoem nível profissional com forte relacionamen-to entre a teoria e a prática. O PGDR propõepreparar profissionais conscientes para atua-rem como gestores públicos e profissõescorrelatas, de modo a preencher as neces-sidades existentes nos diversos setoressocioeconômicos regionais, vinculados às po-líticas públicas e à gestão do conhecimento,voltados para o desenvolvimento regional.

As atividades desenvolvidas pelo PGDR têmfortalecido o compromisso social da UNEB pormeio do incremento da produção científicaem âmbito local, com uma rede de investi-gadores de natureza multidisciplinar, umacomunidade virtual de aprendizagem, bemcomo o desenvolvimento de ações que pro-piciam o diálogo e a troca de conhecimentosentre a comunidade acadêmica, poder pú-blico e sociedade civil; na gestão pública,tem propiciado a formação de servidores téc-nico-administrativos de instituições de ensi-no superior e órgãos públicos que atuam em

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áreas de planejamento e finanças e na aca-dêmica.

No mestrado profissional, espera-se queocorra uma imersão na pesquisa, pela incor-poração de valores e práticas que agreguemesse processo à área profissional - com baseem uma visão estratégica segundo a qual auniversidade possa transferir seus conheci-mentos, por meio de um corpo docente qua-lificado. Que possa fomentar práticas, valo-res e saberes sociais e culturais na constru-ção de propostas comunitárias para políti-cas públicas no propósito do desenvolvimentolocal e regional. Também foi pensado na in-serção da universidade no campo da gestãodo conhecimento.

Desta forma, colocou-se como priorida-de, quer no processo de seleção quer noprocesso de implementação do curso, o de-senvolvimento de estratégias que visem àarticulação entre teoria e prática e permi-tam a análise e a reflexão constantes sobreas práticas profissionais dos alunos e a inte-gração das competências dos professorespara resultados mais eficazes do programa.

Alguns alunos escolheram como objeto deestudo avaliar programas governamentais naárea de educação, na qual estavam envol-vidos, no sentido de contribuírem com ummaior conhecimento da realidade e da expe-riência na busca de reorientação dos objeti-vos a ser alcançados. A seguir, apresentam-se duas pesquisas em andamento, as quaispassamos a descrever e cujo desenho metodo-lógico analisamos.

Assim, uma primeira pesquisa, intitulada“Políticas públicas de desenvolvimento edu-cacional: uma análise dos resultados do Ín-dice de Desenvolvimento da Educação Bási-ca (IDEB) em Barra da Estiva e Maiquinique –Bahia”, tem como objetivo analisar os fato-res que interferem na efetivação de políti-cas públicas educacionais e geram resulta-dos de desempenho diferenciados nos siste-mas municipais de ensino da Bahia, impactan-do no desenvolvimento local e regional.

Como estratégia de acompanhamento eavaliação das políticas implementadas, o Mi-nistério da Educação (MEC) lançou, em 2005,o Índice de Desenvolvimento da EducaçãoBásica (IDEB). O novo indicador tem o méritode considerar direta e conjuntamente doisfatores que interferem na qualidade da edu-

cação: rendimento escolar (taxas de apro-vação, reprovação e abandono) e médias dedesempenho. As taxas de rendimento sãoaferidas pelo censo escolar da EducaçãoBásica e as médias de desempenho, pelo Sis-tema de Avaliação da Educação Básica(SAEB) e pela Prova Brasil, realizada pelo Ins-tituto Nacional de Estudos e Pesquisas Edu-cacionais (INEP) para diagnosticar a quali-dade dos sistemas educacionais.

Os dados produzidos pelo IDEB reiteram aconstatação de que transformar a realidadebrasileira implica um sistemático e bem orien-tado investimento na qualidade do ensino,considerando-se diversas dimensões, taiscomo: condições de funcionamento das es-colas; capacitação e a valorização dos pro-fissionais; desenvolvimento de sistemas paramelhor gerenciamento das políticas educa-cionais; elaboração coletiva do projeto polí-tico-pedagógico; efetivação de práticas edu-cacionais eficientes na promoção do desen-volvimento do conhecimento em sala de aula;e fortalecimento da cultura escolar das fa-mílias brasileiras.

Mais da metade dos municípios brasileirostem avaliação menor do que 4, numa escalade 0 a 10, no ensino público de 1ª a 4ª séries.A média nacional no IDEB/2005 fica em tornode 3,8 pontos. O Índice de Desenvolvimentoda Educação Básica mostra que, dentre as4.349 cidades avaliadas em 2005, 2.814(64,57%) estão abaixo de 4. Entre as cida-des com as piores notas, boa parte encon-tra-se no Norte e Nordeste do país.

Aqui se inserem os dois municípios baianos,objeto empírico desta análise, Barra da Estivae Maiquinique, localizados na mesorregião docentro-sul da Bahia, que participaram desseprocesso de avaliação e vivenciaram a im-plantação de políticas públicas educacionaisdelineadas pelo Ministério da Educação. Con-tudo, destacam-se nesses municípios resul-tados distintos quanto ao Índice de Desen-volvimento da Educação Básica: em Barrada Estiva, a média foi de 4,3 e em Maiqui-nique, 0,3.

Assim, o problema tem o seguinte enun-ciado: Que fatores influenciaram as políticaspúblicas educacionais implementadas nosmunicípios de Barra da Estiva e Maiquinique,os quais favoreceram resultados tão distin-tos no desempenho educacional e, conse-

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quentemente, no desenvolvimento local sus-tentável dos municípios?

Para o desenvolvimento da pesquisa, op-tou-se pelo estudo exploratório-explicativo,dada a especificidade e a necessidade deum maior aprofundamento acerca dos fato-res que influenciaram na efetivação de polí-ticas educacionais e que geraram resulta-dos de desempenho distintos nos sistemasmunicipais de ensino de Maiquinique e Barrada Estiva. Sendo assim, o estudo de casomostrou-se ser o mais adequado.

Optou-se também pela adoção de proce-dimentos comparativos, visto que a escolhade dois casos proporciona, segundo Gil(1996), evidências inseridas em diferentescontextos, concorrendo para uma pesquisade melhor qualidade.

A pesquisa de campo está utilizando ins-trumentos de coleta de dados, como ques-tionários e entrevistas semiestruturadas, se-guindo as etapas:

a) mapeamento do perfil sociopolítico,

econômico e educacional dos muni-

cípios envolvidos;

b) levantamento das políticas públicas

educacionais implementadas nos

municípios, bem como da legislação

pertinente, no período entre 1996 e

2005;

c) entrevistas com atores e unidades

de ensino avaliadas pelo IDEB nos

municípios pesquisados.

Para traçar o perfil sociopolítico, econô-mico e educacional dos municípios, utilizam-se, além das informações coletadas com osatores locais, os indicadores disponíveiscomo: Índice de Desenvolvimento Humano(IDH), Índice de Desenvolvimento Social (IDS),Índice de Desenvolvimento Econômico (IDE)Produto Interno Bruto (PIB), PIB per capita eÍndice de Desenvolvimento da Educação Bá-sica (IDEB), os quais balizarão a análiserelacional entre o desempenho educacional eo desenvolvimento local dos municípiospesquisados.

No que se refere ao universo da pesquisade campo, definiram-se as escolas da segun-da fase do ensino fundamental da rede muni-cipal, avaliadas pelo IDEB/2005 em Barra daEstiva e Maiquinique, por serem esses muni-

cípios, respectivamente, o primeiro e o últimodo ranking baiano na referida avaliação, fa-zendo-se um recorte temporal de 1996 a 2005para análise dos fatores que levaram a estesresultados.

Estão sendo entrevistados os gestores mu-nicipais (prefeitos, secretários municipais deeducação e assessores educacionais), coor-denadores, diretores, professores e, se ne-cessário para o estudo, outros atores envol-vidos com as escolas avaliadas no período dainvestigação.

Assim, pretende-se analisar e interpretaras informações coletadas à luz do referencialteórico proposto, numa perspectiva de abor-dagem qualitativa, esperando-se que, ao fimda investigação, os objetivos sejam contem-plados.

A pesquisa mostra-se relevante diante danecessidade de uma melhor compreensão dosresultados para a formulação de políticas pú-blicas no âmbito educacional que tenhamefetividade social e busquem a superaçãodeste quadro desolador em que se encontraa educação brasileira, em especial aquela daBahia, bem como para as discussões sobre ademocratização dos processos de elabora-ção e implementação de políticas públicas parao desenvolvimento regional sustentável.

Espera-se também, com este estudo, combase nas reflexões e inferências sobre o temaem tela, proporcionar aos municípios analisa-dos um referencial para o aprimoramento desuas práticas e o fortalecimento de suas po-líticas públicas no âmbito da educação e dodesenvolvimento local.

Uma segunda pesquisa, intitulada “O Pro-jeto Universidade para Todos: uma políticapública baiana para a democratização doacesso ao ensino superior”, objetiva

avaliar este projeto e salientar os fatoresque, ao longo da implementação, facilitam ouimpedem que o projeto atinja seus resultadosda melhor maneira possível.

Na Síntese dos indicadores sociais 2006divulgada pelo IBGE, os dados apontam umíndice no Nordeste bastante reduzido, de17,7% dos estudantes, na faixa etária de 18a 24 anos, que freqüentam o ensino superior;43,4% o ensino médio; e 27,0% o ensino fun-damental. Neste contexto, entende-se que auniversalização e gratuidade do ensino emsuas três instâncias, fundamental, médio e

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superior, são meios importantes para atingiros objetivos da equidade social e da geraçãode oportunidades, melhorando as condiçõesde competitividade desses jovens.

O Plano Estadual de Educação da Bahia(PEE), que define diretrizes da educação su-perior (2006) e salienta o destacado papelreservado às instituições que a ministram, emespecial às universidades e aos centros depesquisa, de propulsoras por excelência daprodução científica, tecnológica e cultural,essenciais ao desenvolvimento do país.

Considerando a relevância do papel da uni-versidade, o Plano Estadual de Educaçãoaponta que a conclusão do ensino médio éuma situação que traz pressão por mais va-gas, principalmente nas universidades públi-cas (PEE, 2006). Essa realidade fez com queo governo do Estado implementasse políticasde ações afirmativas, com foco na inclusãosocial e pautadas na diretriz governamentalde acesso e permanência dos estudantes darede pública no ensino superior.

Numa ação conjunta entre Secretaria daEducação (SEC) e Secretaria da Fazenda(SEFAZ) foi lançado, em 2001, o Programa FazUniversitário, em parceria com instituições deensino superior (IES) privadas, oportunizandobolsas de estudo aos alunos da rede públicade ensino, por meio de processo seletivo. Em2003, dando continuidade à política de de-mocratização do acesso ao ensino superior,foi implantado o curso pré-vestibular, projetodenominado Universidade para Todos, em par-ceria com as quatro universidades estaduais:Universidade do Estado da Bahia (UNEB), Uni-versidade Estadual de Feira de Santana (UEFS),Universidade do Sudoeste do Estado da Bahia(UESB) e Universidade Estadual de Santa Cruz(UESC).

O Projeto Universidade para Todos nas-ceu com o propósito de melhorar as condi-ções de competição dos estudantes da redepública no enfrentamento do processo sele-tivo dos vestibulares das universidades pú-blicas e privadas, fazendo com que possamparticipar da seleção de forma menos desi-gual. O curso pré-vestibular tem modalidadepresencial, com a carga horária de 800 ho-ras, distribuídas em 11 disciplinas, lecionadaspelos graduandos das universidades, na con-dição de professores-monitores, supervisio-nados na prática pedagógica pelos professo-

res-especialistas das licenciaturas das uni-versidades e pela complementação da for-mação continuada, programada pelas ativi-dades de capacitação.

A parceria da Secretaria de Educação comas universidades estaduais (UNEB, UEFS, UESB,UESC) permitiu a interiorização das ações doprojeto em 32 municípios sede/campi das uni-versidades, além de estendê-las aos municí-pios vizinhos às sedes dessas universidades.No ano de 2007, foi atendido um total de25.280 estudantes, distribuídos em 73 muni-cípios do estado, e isso significa a presençado projeto nas 15 regiões econômicas daBahia.

Essa realidade social e institucional vemsendo tema de uma pesquisa de avaliação deprocesso na qual se possam analisar os fato-res que, ao longo da implementação, facili-tam ou impedem que o programa atinja seusresultados da melhor maneira possível.

Draibe (2001:31-33) propõe um esboçode metodologia chamada anatomia do pro-cesso geral de implementação, identificandoseus principais subprocessos ou sistemas:

a) sistema gerencial e decisório;

b) processos de divulgação e informa-

ção;

c) processos de seleção (de agentes

implementadores e ou beneficiários);

d) processos de capacitação (de agen-

tes ou beneficiários);

e) sistemas logísticos e operacionais;

f) processos de monitoramento e ava-

liação internos.

A partir dessa proposta metodológica, foifeito um levantamento documental sobre aformulação e implementação do projeto. Éfato que a articulação da SEC com as uni-versidades estaduais determina um modelode gestão descentralizada e corresponsa-bilizada para o cumprimento das metas e ob-jetivos. Para isto, a equipe da UEFS elaborouuma memória técnica e traçou o perfil dosbeneficiários; a avaliação de caráter formalfoi realizada pela equipe da UNEB. Ambos ostrabalhos datam de 2006 e buscam obtermelhores resultados a cada ano. A partir dosindicadores: inserção dos estudantes no en-sino superior; resgate do estágio curriculardos monitores-graduandos; material didáti-

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co específico; envolvimento de diversosagentes e profissionais na causa educacio-nal; articulações internas e externas; recur-sos públicos provisionados; e envolvimentoda comunidade, têm sido desenvolvidas aná-lises sobre uma das características funda-mentais – a dimensão social, o que tem ga-rantido ao projeto manter-se como meta go-vernamental até 2011.

Espera-se que o resultado dessa pesqui-sa também possa contribuir para promover oredimensionamento do projeto e a melhoriado ensino médio.

Considerações finais

Segundo Draibe (2001), entre as decisõesprévias do avaliador está a de identificar o re-corte programático do seu objeto. Teoricamen-te, pode-se avaliar tudo, desde a mais restritaaté a mais abrangente das políticas, contantoque se disponha dos recursos intelectuais, ma-teriais e metodológicos para fazê-lo.

Desta forma, acredita-se que haja umacompetência necessária a quase todas asavaliações educacionais, no sentido de ana-

ARMANI, Domingos. Como elaborar projetos? Guia prático para elaboração e gestão de projetossociais. Porto Alegre: Tomo Editorial, 2004, coleção Amencar.

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CUNHA, Carla Giane Soares da. Avaliação de políticas e programas governamentais: tendênciasrecentes e experiências no Brasil. Trabalho elaborado durante o curso “The theory andoperation of a modern national economy”, ministrado na George Washington University, noâmbito do Programa Minerva, 2006, mimeo.

lisar os limites e características importantesdo objeto avaliado, e, no caso, os resulta-dos da maioria das avaliações educacionaissão específicas para determinado ambiente,momento e conjunto de sujeitos envolvidos.E mais, as informações geradas podem afe-tar o bem-estar do grupo envolvido, obser-vando-se os cuidados necessários ao apre-sentar os resultados.

Segundo Minayo (2005), todas as inter-venções sociais visam a modificar o curso dedeterminadas visões, ações ou problemas eprovocam um fenômeno simultaneamente his-tórico, coletivo, estrutural e relacional. As-sim, as mudanças sociais constituem-se emuma nova concepção de engajamento, flexi-bilidade e responsabilidade pessoal.

Observa-se, assim, que, apesar dos es-forços, a produção de informações úteis eutilizáveis para fins de revisão e correção derumos dos programas governamentais con-tinua um desafio aberto, em que pesem osesforços sucessivos de aprimoramento dossistemas de controle, acompanhamento eavaliação. Espera-se que os pesquisadoresdo PGDR alcancem novos caminhos, a ser tri-lhados com as experiências de avaliação daspolíticas públicas educacionais.

Referências bibliográficas

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Résumé: Ce travail a pour but d’analyzer lespratiques d’évaluations de politiques et lesprogrammes gouvernementaux, particulière-ment ceux qui se constituent objet d’étude dequelques mestrandos dans le contexte du Cursode Mestrado em Políticas Públicas, Gestão doConhecimento e Desenvolvimento Regional(PGDR) da Universidade do Estado da Bahia(UNEB), ils que peuvent assister dans laprocédure de prise de décisions sur la mise enoeuvre et le suivi de politiques et les pro-grammes gouvernementaux. Pour atteindre cetobjectif, premièrement nous exposons lesprincipales raisons pour l’adoption de la prati-que de l’évaluation. Dans en second, nousprésentons les concepts comumente utilisésdans le champ de l’évaluation. Dans troisième,nous discutons des propositions méthodolo-giques adoptées. Et, finalement, nousprésentons les considérations finales.

Mots clés: pratiques d’évaluation ; politiquespubliques ; propositions méthodologiques.

Resumen: Este documento objetiva examinarlas prácticas de las evaluaciones de las políti-cas y programas gubernamentales, en parti-cular las que son objeto de estudio, algunasen el marco del Curso de Mestrado em Políti-cas Públicas, Gestão do Conhecimento e De-senvolvimento Regional (PGDR) de la Universi-dade do Estado da Bahia (UNEB), que puedeayudar en la toma de decisiones sobre laaplicación y el seguimiento de las políticas yprogramas gubernamentales. Para lograr esteobjetivo, en primer lugar exponemos lasrazones principales para la adopción de lapráctica de la evaluación. En segundo lugar,presentamos los conceptos de uso común enel ámbito de la evaluación. En tercer lugar, sediscuten las propuestas metodológicasadoptadas. Y, por último, presentamos lasconsideraciones finales.

Palabras-clave: práctica de la evaluación;políticas públicas, propuestas metodológicas.

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