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AVIAÇÃO COMERCIAL EM TEMPOS DE SARS-COV-2: FATOS, TECNOLOGIAS E ALGUNS DOS PRINCIPAIS DESDOBRAMENTOS. Ítalo Bonaldi Del Frari Projeto de Graduação apresentado ao Curso de Engenharia Civil da Escola Politécnica, Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Engenheiro. Orientador: Prof. Respício Antônio do Espírito Santo Junior Rio de Janeiro Maio de 2021

AVIAÇÃO COMERCIAL EM TEMPOS DE SARS-COV-2: FATOS

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Page 1: AVIAÇÃO COMERCIAL EM TEMPOS DE SARS-COV-2: FATOS

AVIAÇÃO COMERCIAL EM TEMPOS DE SARS-COV-2: FATOS, TECNOLOGIAS E

ALGUNS DOS PRINCIPAIS DESDOBRAMENTOS.

Ítalo Bonaldi Del Frari

Projeto de Graduação apresentado ao Curso

de Engenharia Civil da Escola Politécnica,

Universidade Federal do Rio de Janeiro, como

parte dos requisitos necessários à obtenção do

título de Engenheiro.

Orientador: Prof. Respício Antônio do Espírito

Santo Junior

Rio de Janeiro

Maio de 2021

Page 2: AVIAÇÃO COMERCIAL EM TEMPOS DE SARS-COV-2: FATOS

AVIAÇÃO COMERCIAL EM TEMPOS DE SARS-COV-2: FATOS, TECNOLOGIAS E

ALGUNS DOS PRINCIPAIS DESDOBRAMENTOS.

Ítalo Bonaldi Del Frari

PROJETO DE GRADUAÇÃO SUBMETIDO AO CORPO DOCENTE DO CURSO DE

ENGENHARIA CIVIL DA ESCOLA POLITÉCNICA DA UNIVERSIDADE FEDERAL

DO RIO DE JANEIRO COMO PARTE DOS REQUISITOS NECESSÁRIOS PARA A

OBTENÇÃO DO GRAU DE ENGENHEIRO CIVIL.

Examinada por:

_______________________________________________

Prof. Respício Antônio do Espírito Santo Junior, D.Sc.

_______________________________________________

Prof. Giovani Manso Ávila, D.Sc.

_______________________________________________

Erivelton Pires Guedes, D.Sc.

RIO DE JANEIRO, RJ – BRASIL

Maio de 2021

Page 3: AVIAÇÃO COMERCIAL EM TEMPOS DE SARS-COV-2: FATOS

Del Frari, Ítalo Bonaldi

Aviação comercial em tempos de SARS-CoV-2: fatos,

tecnologias e alguns dos principais desdobramentos/Ítalo

Bonaldi Del Frare – Rio de Janeiro: UFRJ/ Escola Politécnica,

2021.

Ix, 55 p.: il, 29,7cm.

Orientador: Respício Antônio do Espírito Santo Junior.

Projeto de Graduação – UFRJ/ Escola Politécnica/

Curso de Engenharia Civil, 2021.

Referências: p. 48-56.

1. COVID-19, 2. Aviação comercial, 3. Segurança em

Saúde.

I. Santo Junior, Respício Antônio do Espírito. II.

Universidade Federal do Rio de Janeiro, Escola Politécnica,

Curso de Engenharia Civil. III. Engenheiro Civil.

Page 4: AVIAÇÃO COMERCIAL EM TEMPOS DE SARS-COV-2: FATOS

AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente aos meus pais, Elaine Bonaldi e Marcelo Ruiz Del

Frari, pelo amor incondicional, educação e alicerce da minha juventude. As minhas

primas Fernanda Del Frari Machado e Karla Akemy Bonaldi Otsu por serem irmãs que

nunca tive. Ao meu padrinho Carlos Francisco Dornelles, amizade e parceria

insubstituível. As minhas tias Márcia Beatriz Ruiz Del Frari, Neida Ruiz Del Frari, Vera

Ruiz Del Frari (in memoriam) e Elaíde Bonaldi por me assistirem diante de qualquer

dificuldade e mostrarem amor, muito amor a seu sobrinho. A minha estimada avó

Doraci Ruiz Del Frari por manter a história da família viva. A minha namorada Marina

Wetzel Silveira, companheira há 5 anos, com apoio integral a nossa a vida dois. A

Adão Rogério Silveira, Clarice Wetzel Silveira e Rodrigo Wetzel Silveira por

representarem de forma magnânima e exemplar a máxima de “família de outro

sangue”.

Agradeço aos meus chefes e amigos do magistério, parte importante do meu

desenvolvimento profissional e como ser humano, Alexandre Andrade da Silva, pelo

exemplo de professor e ser humano. A Denise Bahiense, pela primeira oportunidade

e confiança depositada e Marineida (in memoriam), por me ensinar que educação se

faz com amor. Ao Arthur Lapa (in memoriam), por ser o melhor professor de história

que conheci e amigo que teve seu caminho radiante interrompido. Ao amigo Bruno

Gimenez, companheiro de profissão e matéria.

Agradeço aos meus professores da Universidade Federal do Rio de Janeiro,

universidade pública, gratuita e de qualidade, Flávia Moll de Souza Judice, pela

clareza das explicações fazendo o difícil parecer fácil e coração enorme. Ao meu

estimado orientador e professor Respício Antonio do Espírito Santo Junior, mestre em

dar aulas construtivas e de sorriso fácil. A minha coordenadora Sandra Oda, pela

competência, simpatia e resiliência.

Agradeço a meus amigos de mais de 20 anos, da Universidade Federal do Rio de

Janeiro e colegas do Bahiense, Supermed, Miguel Couto, Site-tec engenharia por

tornar o trabalho árduo mais leve e feliz.

A Deus, sobretudo. Acreditar e exercitar a fé é de grande valia a qualquer ser

humano.

Page 5: AVIAÇÃO COMERCIAL EM TEMPOS DE SARS-COV-2: FATOS

Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica/UFRJ como parte

dos requisitos necessários para a obtenção do grau de Engenheiro Civil.

AVIAÇÃO COMERCIAL EM TEMPOS DE SARS-COV-2: FATOS, TECNOLOGIAS E

ALGUNS DOS PRINCIPAIS DESDOBRAMENTOS.

Ítalo Bonaldi Del Frari

Maio de 2021

Orientador: Respício Antônio do Espírito Santo Júnior

SARS-CoV-2 é o vírus responsável pela “coronavirus disease 2019” cuja abreviação

é COVID-19. O tema ganhou notoriedade devido a doença se espalhar de maneira

rápida e mortal pelo mundo. É provável que sua origem seja de Wuhan, China, onde

houve a primeira confirmação do caso. O vírus conseguiu tal feito por ser um antígeno

“novo”, para o qual a população mundial não tinha anticorpos; ser muito contagioso e

não haver tratamento médico comprovadamente eficaz. A taxa de propagação de uma

doença pode ser ilustrada a partir de seu número básico de reprodução (R0). O R0

mostra em números a quantidade de novas pessoas a serem infectadas a partir de

um novo contágio. As estimativas iniciais de R0 para o SARS-CoV-2 variaram de 1,6

a 4,1. Para efeito de comparação, outro vírus que afetou significantemente a aviação

civil, a Influenza A H1N1 2009 (conhecida como gripe suína) apresentou o fator R0

entre 1,3 e 1,8, alcançando uma taxa de 643 casos por 100 mil habitantes no Estado

do Paraná (maior número de contágios no Brasil), e alcançou um padrão de 50 a 70

casos por 100 mil habitantes nos estados do Sudeste. (MARTINS et al.,2020) A

aviação comercial teve papel relevante na disseminação da pandemia de COVID-19

e certamente foi um dos setores mais prejudicados. Para se ter uma dimensão da

magnitude da atividade, segundo a IATA, em 2018, teve-se um número de 4,3 bilhões

de passageiros transportados no mundo. No Brasil, esse número chega a 95,4

milhões (IATA, 2019). Para a retomada da economia mundial o mercado da aviação

precisa de cuidados sanitários específicos e conviver com um dilema paradoxal em

retomar a normalidade contemporânea de tráfego de pessoas e frear a pandemia. O

presente trabalho mostra as complicações decorridas da COVID-19, assim como as

soluções até agora adotadas por companhias aéreas e aeroportos do mundo inteiro

visando retomar as atividades com padrões de segurança aceitáveis.

Palavras-chave: COVID-19. Aviação comercial. Segurança em saúde.

Page 6: AVIAÇÃO COMERCIAL EM TEMPOS DE SARS-COV-2: FATOS

Abstract of Undergraduate Project presented to POLI/UFRJ as a partial fulfillment of

the requirements for the degree of Civil Engineer.

COMERCIAL AVIATION WITH SARS-COV-2: FACTS, TECHNOLOGIES AND

SOME OF THE MAIN DEVELOPMENTS

Ítalo Bonaldi Del Frari

May/2021

Advisor: Prof. Respício Antônio do Espírito Santo Júnior

SARS-CoV-2 is the virus responsible for “coronavirus disease 2019” whose acronym

is COVID-19. The disease has gained notoriety because it had spread quickly and

deadly around the globe. It is probably that its origin was from Wuhan, China, where

the first case was confirmed. The virus was a new antigen and therefore most of the

global population did not have the necessary antibodies. In addition to this, there were

not any effective medical treatment and the virus was very contagious. Statistically, the

propagation rate of a virus can be measured by the basic number of reproduction (R0),

which means the amount of new infected people by one new infection. The initial R0

for SARS-CoV-2 was among 1.6 to 4.1. As a comparison to Influenza A H1N1 (known

as Swine flu), another virus that had impacted the aviation sector in 2009, the A H1N1

R0 was among 1.3 to 1.8, reaching a ratio of 643 cases by 100,000 inhabitants in

Paraná, Brazil (State that occurred more cases of H1N1), and hit a standard of 50 to

70 cases by 100,000 inhabitants in Brazil’s Southeast region. (MARTINS et al., 2020)

The Commercial aviation was a relevant actor for the disease propagation (it would

become one of the most affected sectors by the pandemic of COVID-19 in few months)

with 4.3 billion transported passengers in 2018. In Brazil, this number got close to 95.4

million. (IATA, 2019) For the retake of global economy, the aviation market needs to

implement specific sanitary measures and coexist with a paradoxical dilemma:

Retaking our usual lives and stopping pandemic’s growth. This work shows operational

complications regarding COVID-19, as well as the measures and solutions taken by

Airlines and airports to operate again with acceptable security standards.

Key-words: COVID-19. Commercial aviation. Health security.

Page 7: AVIAÇÃO COMERCIAL EM TEMPOS DE SARS-COV-2: FATOS

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 11

1.1 TRANSMISSÃO DO SARS-COV-2 E COMPLICAÇÕES NOS AEROPORTOS

E AERONAVES ........................................................................................................ 11

1.2 JUSTIFICATIVA ............................................................................................ 12

1.3 OBJETIVO .................................................................................................... 12

1.3.1 Objetivo principal ................................................................................ 12

1.3.2 Objetivos secundários ........................................................................ 12

1.4 METODOLOGIA ........................................................................................... 13

2 EPIDEMIAS, PANDEMIAS E O PRÓPRIO COVID-19 ........................................... 14

3 A AVIAÇÃO COMERCIAL MUNDIAL E O COVID-19 ........................................... 18

3.1 O COVID-19: OS AEROPORTOS, AS AERONAVES, A CRISE ECONÔMICA

E A NECESSIDADE DE UMA REVOLUÇÃO TECNOLÓGICA ................................. 21

3.2 DAS VACINAS DESENVOLVIDAS, DOS DESAFIOS LOGÍSTICOS PARA

AVIAÇÃO NA CORRIDA PARA IMUNIZAÇÃO E BUSCA POR PADRÕES

OPERACIONAIS ....................................................................................................... 39

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................... 47

5 REFERÊNCIAS ..................................................................................................... 49

Page 8: AVIAÇÃO COMERCIAL EM TEMPOS DE SARS-COV-2: FATOS

LISTA DE FIGURAS

Figura1.1 – Cartilha informativa do Ministério da Saúde (INCA, 2020) .....................11

Figura 2.1 – Máscara tipo N95 devem ser oferecidas, quando disponível. (Submarino,

2020) ..........................................................................................................................17

Figura 3.1 – Tamanho da indústria da aviação em países selecionados da OECD.

(OECD, 2020) ........................................................................................................... 19

Figura 3.2 – Comparativo do tráfego aéreo mundial entre anos de 2019 e 2020 (OECD,

2020) ........................................................................................................................ 20

Figura 3.3 – Suporte governamental às companhias aéreas até agosto de 2020.

(OECD,2020) ............................................................................................................ 21

Figura 3.4 – Gráfico informativo do número de passageiros no setor de aviação civil

mundial (ICAO, 2020) ................................................................................................ 22

Figura 3.5 – Gráfico informativo da perda de receitas em bilhões de dólares por

continente. (ICAO, 2020) ........................................................................................... 22

Figura 3.6 – Gráfico informativo de empregos na aviação por ano. (The Washington

Post, 2020) ................................................................................................................ 24

Figura 3.7 – Objetivos e processos do ONE ID (IATA, 2020) .................................... 28

Figura 3.8 - “self-service kiosk” no aeroporto de Bangalore (BIAL, 2020) ................. 29

Figura 3.9 – aparelho “touch-free handsanitizer dispenser” (Amazon, 2020) ............ 30

Figura 3.10 - Método de pagamento contactless (HARBISON, 2020) ....................... 31

Figura 3.11 – filtro tipo HEPA. (AIRTÈCNICS, 2021) ................................................. 33

Figura 3.12 – Tapete “Azul”. Rapidez do embarque otimizada em 25%. (CASSOL,

2020) ......................................................................................................................... 34

Figura 3.13 – Propaganda do check-in por WhatsApp da GOL (Coluna de Turismo,

2020) ......................................................................................................................... 35

Figura 3.14 – Tabela informativa da FAPESP sobre vacinas sendo desenvolvidas e

seus estados (FAPESP, 2020) .................................................................................. 39

Figura 3.15 – Operador logístico colocando gelo seco em caixa de imunizante. A

quantidade de gelo seco foi revista pela FAA. (CNBC via Youtube, 2021) ............... 41

Figura 3.16 – “ultralow-temperature freezer farms”. (FINANCIAL TIMES, 2020) ...... 42

Figura 3.17 – Avião da British Airways carregado com máscaras. (CNBC via Youtube,

2021) ......................................................................................................................... 43

Page 9: AVIAÇÃO COMERCIAL EM TEMPOS DE SARS-COV-2: FATOS

Figura 3.18 – Avião da Air Canada com assentos da classe econômica removidas.

Espaço foi destinado a cargas. (BENEVIDES, 2020) ................................................ 43

Figura 3.19 – Carregamento de vacinas entrando no porão do avião. (SÃO PAULO,

2021) ......................................................................................................................... 44

Figura 3.20 – Quadro informativo estatístico da OMS. Quase 463 milhões de pessoas

vacinadas até 29 de março de 2021, 16:32 (Horário Central Europeu). (OMS, 2021)

................................................................................................................................... 45

Figura 3.21 – Cobertura estatística de 31 de dezembro de 2019 a 29 de março de

2021 em Israel. (REUTERS, 2021) .......................................................................... 46

Page 10: AVIAÇÃO COMERCIAL EM TEMPOS DE SARS-COV-2: FATOS

LISTA DE ABREVIAÇÕES E SIGLAS

ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas

ACI World – Airports Council International (Conselho Internacional de Aeroportos, trad.

livre)

ANAC – Agência Nacional de Aviação Civil

CDC – Centers for Disease Control and Prevention (Centros de Controle e Prevenção

de Doenças dos Estados Unidos)

DSV – Declaração de Saúde do Viajante

EPI – Equipamento de Proteção Individual

FAA – Federal Aviation Administration (Administração Federal de Aviação dos

Estados Unidos)

FAPESP – Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo.

HEPA – High Efficiency Particulate Air Filter

IATA – International Air Transport Association

ICAO – International Civil Aviation Organization

INCA – Instituto Nacional de Câncer

OECD - Organization for Economic Co-operation and Development

OMS – Organização Mundial da Saúde

PCR - Polimerase Chain Reaction

PNI – Programa Nacional de Imunização

P2F - passenger-to-freighter

UPK – Universal Protection Kit (Kit de Proteção Universal, trad. livre)

UNWTO – United Nations World Tourism Organization (Organização de Turismo

Global das Nações Unidas, trad. livre)

WEFORUM – World Economic Forum

Page 11: AVIAÇÃO COMERCIAL EM TEMPOS DE SARS-COV-2: FATOS

11

1 INTRODUÇÃO

1.1 TRANSMISSÃO DO SARS-COV-2 E COMPLICAÇÕES NOS AEROPORTOS E

AERONAVES.

Conforme publicado no site da Universidade de Campina Grande, o contágio

do SARS-CoV-2 ocorre por inalação ou por toque de parte do corpo contaminada a

boca, nariz e olhos. (SIASS, 2020)

Fora do corpo humano, o vírus tem tempo de vida limitado tal como mostra o

informativo do ministério da Saúde do Brasil.

Figura 1.1 – Cartilha informativa do Ministério da Saúde. (INCA, 2020)

Em aeronaves e aeroportos todos os materiais da cartilha da figura 1.1 estão

presentes. Alia-se a isso alguns outros fatores potenciais como aglomeração de

pessoas, o ar-condicionado, banheiros compartilhados e partes internas comuns de

Page 12: AVIAÇÃO COMERCIAL EM TEMPOS DE SARS-COV-2: FATOS

12

apoio para transeuntes na aeronave tal como bagageiros e apoios de braço e

corrimãos de escadas rolantes nos aeroportos.

Conforme explicado pelo virologista Fernando Spilki, presidente da Sociedade

Brasileira de Virologia e pesquisador do Laboratório de Microbiologia Molecular da

Universidade Feevale, em Novo Hamburgo (RS), até mesmo gotículas expelidas por

um passageiro contaminado podem contaminar um objeto e contaminar outras

pessoas, mesmo essa possibilidade sendo menos provável. (ZAPAROLLI, 2020)

1.2 JUSTIFICATIVA

A aviação civil desempenha papel fundamental na economia de todos os

países, contribuindo para o primeiro, segundo e terceiro setores das atividades

econômicas. Além disso, é uma rede de transporte importante para relações

humanas, porque encurtaram as distâncias fazendo ser possível o contato pessoal

em pouco tempo de viagem. A pandemia de 2020 (embora a doença tenha sido

primeiramente identificada em 2019, tornou-se pandemia apenas em 2020) trouxe

desdobramentos e impactos no setor da aviação.

Para o presente trabalho, serão utilizados artigos, notícias e informações do

setor de aviação civil, ademais as informações dos estudos sobre o vírus SARS-CoV-

2, responsável pela enfermidade COVID-19.

1.3 OBJETIVO

1.3.1 Objetivo Principal

Identificar e mapear alguns dos principais impactos da pandemia COVID-19

sobre o transporte aéreo comercial mundial. Explicitando gráficos, artigos, notícias e

informações de empresas do setor.

1.3.2 Objetivos Secundários

Os objetivos secundários são:

a) Apresentar algumas das principais modificações operacionais do setor para

atender as exigências sanitárias.

Page 13: AVIAÇÃO COMERCIAL EM TEMPOS DE SARS-COV-2: FATOS

13

b) Apresentar os principais tipos de tecnologias que estão sendo utilizados por

aeroportos e empresas aéreas no enfrentamento da pandemia do COVID-

19.

1.4 METODOLOGIA

Esta é uma pesquisa de natureza exploratória, descritiva e de abordagem

qualitativa. Essa pesquisa se inicia com uma revisão bibliográfica sobre algumas das

principais epidemias e pandemias além de outras interferências ocorridas nos últimos

20 anos sobre o transporte aéreo comercial mundial. Por ser um assunto focado em

aeroportos e empresas aéreas, as principais fontes consultadas serão do próprio

setor, entre as quais: International Civil Aviation Organiziation (ICAO), Federal Aviation

Administration (FAA), Agência nacional de Aviação Civil (ANAC), International Air

Transport Association (IATA), a pesquisa de artigos, notícias e boletins online oficiais

de instituições confiáveis e referências nacionais e mundiais do tema proposto.

Page 14: AVIAÇÃO COMERCIAL EM TEMPOS DE SARS-COV-2: FATOS

14

2 EPIDEMIAS, PANDEMIAS E O PRÓPRIO COVID-19

Um dos acontecimentos mais marcantes da história da aviação e talvez da

história do ocidente foi o 11 de Setembro. Episódio em que um grupo terrorista

coordenado por Osama Bin Laden, sequestrou 4 aviões e direcionou dois contra o

World Trade Center na cidade de Nova York, um contra o Pentágono, em Washington

DC, e finalmente uma aeronave, a qual caiu na Pensilvânia, mas que, segundo alguns

especialistas, teria como alvo a residência oficial do presidente americano, a Casa

Branca. (HISTORY, 2020)

Como possível imaginar, o ataque às torres gêmeas deixou o mundo em

choque e o transporte aéreo da maneira que operava em cheque. Como consequência

do ataque, o espaço aéreo americano ficou fechado com restrições até 18 de

setembro do mesmo ano e um conselho foi formado para criação de medidas. O

relatório do subcomitê de segurança de fevereiro de 2002 adotou 6 pontos principais

a serem atendidos a curto prazo, enumerados a seguir: (FAA, 2002)

1) Procedimento de triagem por detector de metais e imagens (scanner) nos

passageiros e nos pertences.

2) Procedimento mais detalhado em passageiros selecionados por espaço

amostral.

3) Reforçar e blindar a porta do cockpit (lugar onde ficam piloto e co-piloto) das

aeronaves, visando a impossibilidade de invasão da cabine.

4) Melhoramento da tecnologia para selecionar pessoas a procedimentos de

fiscalização e segurança mais detalhados.

5) Iniciar um vasto e integrado banco de dados de segurança aeroportuária.

6) Contínuo melhoramento com treinamentos do staff de segurança.

Após os atentados de 2001 e o relatório de fevereiro de 2002, a segurança na

aviação tomou outros patamares de relevância, não somente nos EUA, mas nos

outros países os quais os EUA mantinham relações diplomáticas. No Brasil, por

exemplo, a Lei nº 11.182, de 27 de setembro de 2005, nomeou e responsabilizou a

Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC) pela segurança, regularidade e eficiência

em todos os aspectos da aviação civil. (ANAC, 2018)

Destacam-se as medidas X e XI do Artigo 8° da lei supracitada:

X – regular e fiscalizar os serviços aéreos, os produtos e processos aeronáuticos, a formação e o treinamento de pessoal especializado, os serviços auxiliares, a segurança da aviação civil, a facilitação do transporte aéreo, a habilitação de tripulantes, as emissões de poluentes e o ruído

Page 15: AVIAÇÃO COMERCIAL EM TEMPOS DE SARS-COV-2: FATOS

15

aeronáutico, os sistemas de reservas, a movimentação de passageiros e carga e as demais atividades de aviação civil;

XI – expedir regras sobre segurança em área aeroportuária e a bordo de aeronaves civis, porte e transporte de cargas perigosas, inclusive o porte ou transporte de armamento, explosivos, material bélico ou de quaisquer outros produtos, substâncias ou objetos que possam pôr em risco os tripulantes ou passageiros, ou a própria aeronave ou, ainda, que sejam nocivos à saúde. (ANAC, 2018)

Os resultados das mudanças operacionais do ponto de vista do usuário em

relação à segurança foram positivos, apesar da corriqueira insatisfação em cumprir

procedimentos as vezes demorados. Nenhum atentado daquela magnitude

envolvendo aviões fora registrado e o combate a outros tipos de crimes como o tráfico

de drogas, animais e de armas ganharam novas ferramentas, as mesmas

implementadas contra o terrorismo, para repressão nos aeroportos. No entanto, os

moldes do desafio em relação à segurança eram diferentes do que no final do ano de

2019 com o SARS-CoV-2.

Para o melhor entendimento, a OMS classifica como epidemia um aumento

expressivo de casos em um curto espaço de tempo, mas restrito a um local. Por

exemplo: a epidemia de Dengue no estado do Rio de Janeiro em 2008. Apesar do

aumento do número de casos, o local ficou restrito ao estado, com isolados casos nas

regiões vizinhas. A COVID-19 ganhou o status de pandemia em 11 de março de 2020,

devido não só ao aumento de casos de forma expressiva, mas por circular nos cinco

continentes. (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2020)

Outro modelo de problema, com contornos mais parecidos com o SARS-CoV-

2 foi o vírus Influenza A H1N1. Também considerado como pandemia em 2009, o

trabalho conjunto de órgãos internacionais com padronização em medidas a serem

tomadas no transporte aéreo foi fundamental para o controle da situação.

Popularmente conhecido como “gripe suína”, a doença atingira com maior frequência

pessoas mais jovens, 80% dos casos fatais ocorreram em pessoas com menos de 65

anos; deve-se ao fato do contato com outros tipos de vírus H1N1 o qual existem na

natureza e a criação de anticorpos adquiridos durante a vida pelos idosos (CDC,

2021). Uma relação diferente com os casos da pandemia de 2020, a qual no Brasil a

porcentagem de mortes entre as pessoas acima de 60 anos é de 85% (RODRIGUES,

2020) e nos Estados Unidos é de 80% nos indivíduos acima de 65 anos. (CDC, 2021)

Em 2015, a IATA junto com a OMS (IATA in IEMINI, 2015) publicara um

protocolo para precaver contaminações por casos de doenças contagiosas em voos.

As medidas prescritas foram:

Page 16: AVIAÇÃO COMERCIAL EM TEMPOS DE SARS-COV-2: FATOS

16

A) Identificação de passageiro ou tripulante com presença de febre acima de 38° Celsius ou 100° Fahrenheit, atrelado a um ou mais sintomas como tosse, mal-estar, tosse, alterações respiratórias, diarreia, vomito, hiperemia cutânea, equimoses, hemorragias sem trauma aparente, confusão mental ou desmaio. O presente autor deste projeto lembra-se de ter viajado durante a pandemia do Influenza H1N1 em 2010 e escutar frequentemente alertas sobre os sintomas tanto no Brasil como na Argentina. Em ambos os países, havia presença de barreiras sanitárias para aferição de temperatura.

B) Obter informações de viagens dos últimos 21 dias de pessoas doentes e identificar se houve contato com outras pessoas na mesma residência com presença da doença infecciosa.

C) Encaminhamento de passageiro ou tripulante suspeito da doença para assistência médica, seja no solo ou a bordo.

D) Isolamento do passageiro em um raio de 2 metros dos demais passageiros e dependendo da situação, isolá-lo em classe executiva ou primeira classe no caso de ausência de assistência médica.

E) Designação de assistência exclusiva de um único tripulante para o passageiro doente. Utilizar como preferência o tripulante que já teve contato com o doente.

F) Designação de lavatório exclusivo para o passageiro e tripulante da letra E.

G) Limitação do trânsito de passageiros nas proximidades do passageiro suspeito da doença e da proibição de circulação do passageiro afim de combater a circulação da doença.

H) Em caso de tosse, deverá ser providenciado lenços descartáveis e orientar ao passageiro que cubra boca e nariz (os lenços deverão ser descartados em sacos para vômitos). Intensificação de cuidados de higiene pessoal, como lavar as mãos com água e sabão e utilização frequente com álcool gel.

I) Oferecer máscara N95, quando disponível. Ao se tornar úmida, deverá ser realizada a troca por uma nova e o descarte da outra máscara deverá ser apropriado. Após a troca da máscara, o tripulante que a tocar deverá higienizar rigorosamente as mãos evitando o tipo de contaminação mão face.

J) No caso de o passageiro doente não tolerar a máscara, dever-se-á oferecer máscaras aos demais passageiros

K) O uso dos EPI pode ser encontrado no UPK (Universal Protection kit. Trad. livre: kit de precaução universal) e a tripulação deve estar apta a utilizá-la de maneira correta, além da possível instrução aos demais presentes.

L) O uso de álcool gel é recomendável para higienização das mãos sempre que houver aparecimento de secreções sólidas visíveis. Na ausência de álcool gel deverá ser lavado as mãos com água e sabão.

M) Perguntar sobre o estado de saúde dos acompanhantes do doente frequentemente com o intuito de detectar se estão com algum sintoma.

N) A manipulação da bagagem de mão do passageiro deverá ocorrer conforme orientações da autoridade de saúde pública. (IATA in IEMINI, 2015)

Page 17: AVIAÇÃO COMERCIAL EM TEMPOS DE SARS-COV-2: FATOS

17

Figura 2.1 – Máscara tipo N95 devem ser oferecidas, quando disponível.

(SUBMARINO, 2020)

Além das medidas citadas em 2015, já havia orientação paralela e anterior a

qual consistia no aviso imediato da situação a bordo ao comandante da aeronave.

Assim, por exigência da regulamentação da ICAO e da OMS, deve-se reportar um

caso suspeito de doença infecciosa ao controle de tráfego aéreo. Dever-se-á também

comunicar a situação ao destino de viagem para que sejam tomados os cuidados

específicos pelas autoridades sanitárias locais. Passageiros de duas fileiras a frente

e anteriores, além da mesma fileira do passageiro doente deverão preencher

formulários, além de serem monitorados pelo controle sanitário. Ademais, a aeronave

deverá passar por um total e cuidadoso processo de desinfecção. (IEMINI, 2017)

Page 18: AVIAÇÃO COMERCIAL EM TEMPOS DE SARS-COV-2: FATOS

18

3 A AVIAÇÃO COMERCIAL MUNDIAL E O COVID-19

As doenças contagiosas têm repercussões diretas nas atividades da aviação

civil. A atividade final do transporte aéreo, em sua maioria, é o transporte exclusivo de

pessoas e carga. Define-se, portanto, transporte aéreo como: mobilizar cargas ou

passageiros por meio de rota aérea. O transporte foi afetado por razões óbvias de

contaminação e da insegurança do usuário mesmo com as medidas tomadas por

membros do setor (que serão descritas futuramente). No entanto, o transporte por

modo aéreo é uma atividade meio para outros negócios que também foram

parcialmente ou totalmente paralisados. De acordo com o relatório da OECD: “o

transporte aéreo é um setor chave para alguns tipos de negócios pela simples troca

de bens e em serviços pelo natural movimento de pessoas, mas que corresponde em

média apenas 0,3% da riqueza de cada país membro.” (OECD, 2020, trad. livre) Com

um inimigo invisível a olho nu e extremamente contagioso em relação ao conceito do

índice R0, as atividades empresariais, além do turismo foram impactadas; levando em

efeito cascata não só o transporte aéreo, mas fabricantes de aeronaves, aeroportos,

instituições financeiras (o leasing é a principal forma mundialmente de adquirir

aeronaves para frota de companhias), empresas de manutenção etc. O gráfico a

seguir foi retirado do artigo “COVID-19 and the aviation industry: Impact and policy

responses” e mostra a participação estratificada do setor aéreo nas principais

economias que compõe a OECD referente ao total de riqueza com que cada país

participa. (OECD, 2020)

Page 19: AVIAÇÃO COMERCIAL EM TEMPOS DE SARS-COV-2: FATOS

19

Figura 3.1 – Tamanho da indústria da aviação em países selecionados da OECD.

(OECD, 2020)

Note que o tamanho das receitas, em alguns países da OECD, as operações em

aeroportos e fabricantes de aeronaves superam o valor do transporte aéreo. Pode-se

inferir que o COVID-19 atingiu também de maneira relevante as operações em

aeroportos e as fabricantes com a restrição de voos e queda abrupta do fluxo de

mercadorias entre empresas.

Ainda segundo o relatório, é possível comparar mensalmente entre os anos de

2019 e 2020 a queda dos números de voos detectador pela empresa Flightradar

(flightradar24.com).

Page 20: AVIAÇÃO COMERCIAL EM TEMPOS DE SARS-COV-2: FATOS

20

Figura 3.2 – Comparativo do tráfego aéreo mundial entre anos de 2019 e 2020

(OECD, 2020)

Até agosto de 2020, os governos proveram pacotes que somados dão 160

bilhões de dólares norte-americanos para empresas aéreas, onde 2/3 do montante

foram colocados na forma de ajudas diretas como, subsídios, empréstimos e injeção

de dinheiro e 1/4 do montante foi para salário de funcionários. Destaque especial para

os EUA, onde o total gasto pelo governo foi de aproximadamente 83 bilhões de dólares

(OECD, 2020). Alexandre de Juniac, ex-presidente da IATA, parafraseou:

Os livros de história vão relembrar 2020 como o pior ano financeiro da

indústria (da aviação). Empresas aéreas cortaram custos a uma taxa de um

bilhão de dólares ao dia em 2020. Se não fosse o suporte de 173 bilhões de

dólares dos governos, nós teríamos vistos falências em uma escala massiva.

(IATA, 2020, trad. livre)

O gráfico a seguir estratifica o valor cedido pelo governo de cada país a(s) sua(s)

companhia(s) aérea(s).

Page 21: AVIAÇÃO COMERCIAL EM TEMPOS DE SARS-COV-2: FATOS

21

Figura 3.3 – Suporte governamental às companhias aéreas até agosto de 2020.

(OECD,2020)

3.1 O COVID-19: OS AEROPORTOS, AS AERONAVES, A CRISE ECONÔMICA E A

NECESSIDADE DE UMA REVOLUÇÃO TECNOLÓGICA.

Em 8 de Outubro de 2020, A ICAO publicou um boletim, Effects of Novel

Coronavirus (COVID-19) on Civil Aviation: Economic Impact Analysis, com uma

estimativa de uma perda significativa de 388 a 400 bilhões de dólares de receita de

passageiros para o ano de 2020. Isso equivaleria a uma redução de 2,894 a 2,981

bilhões de passageiros e uma média de redução de 50 a 51% de assentos ofertados

por todas as companhias aéreas. (ICAO, 2020)

Trata-se em percentual da pior crise da história. O gráfico comparativo mostra a

pandemia sendo mais prejudicial que eventos marcantes na humanidade como: crise

do petróleo, guerra do Iraque e principalmente o atentado de 11 de setembro. (ICAO,

2020)

Page 22: AVIAÇÃO COMERCIAL EM TEMPOS DE SARS-COV-2: FATOS

22

Figura 3.4 – Gráfico informativo do número de passageiros no setor de aviação civil

mundial (ICAO, 2020)

É relevante dizer que as perdas de receitas não foram igualmente distribuídas

por todos os continentes. Percentualmente, a região mais prejudicada foi a Ásia por

ser o epicentro da pandemia; foram perdidas em receitas no continente por volta de

97 bilhões de dólares. Seguido de Europa com 77 bi e América do Norte com perdas

de 71 bilhões de dólares. (ICAO,2020)

Figura 3.5 – Gráfico informativo da perda de receitas em bilhões de dólares por

continente. (ICAO, 2020)

Page 23: AVIAÇÃO COMERCIAL EM TEMPOS DE SARS-COV-2: FATOS

23

É necessário comentar sobre os desdobramentos ao transporte aéreo: os

aeroportos, o turismo, os empregos e toda a cadeia de suprimentos na qual o setor

aéreo está inserido. Ainda de acordo com o boletim da ICAO, temos alguns outros

pontos negativos relevantes a serem explicitados:

1. AEROPORTOS: Uma perda de 60% no tráfego de passageiros e de 61%

nas receitas aeroportuárias (cerca de 104,5 bilhões de dólares americanos)

comparados a 2019.

2. TURISMO: Uma queda na receita estimada entre 910 bilhões de dólares

americanos a 1,170 trilhão de dólares americanos no turismo internacional

comparada a receitas de 1,5 trilhão de dólares no ano de 2019

3. FLUXO DE MERCADORIAS: Queda do volume do fluxo de mercadorias

entre 13% e 32% comparado a 2019.

Em relatório divulgado UNWTO ao público no dia 20 de abril de 2020, 100% de

todos os países, impuseram algum tipo de restrição de viagem em resposta a

pandemia. A saber:

1. 97 países (45%) fecharam parcialmente ou totalmente suas fronteiras

para turistas.

2. 65 países (30%) suspenderam parcialmente ou totalmente voos

internacionais.

3. 39 países (18%) restringiram acesso as suas fronteiras de maneira

singular, tal como impedindo acesso de cidadãos de determinados

países (UNWTO,2020).

O desemprego apenas nos EUA, onde mais de um terço de suas aeronaves se

encontravam paradas nos pátios do país, somou mais de 100.000 demitidos no dia 26

de setembro de 2020. Os dados são tão preocupantes que para efeito de comparação

as demissões conseguiram ser maiores na área depois do atentado do 11 de

Setembro.

Page 24: AVIAÇÃO COMERCIAL EM TEMPOS DE SARS-COV-2: FATOS

24

Figura 3.6 – Gráfico informativo de empregos na aviação por ano. (The Washington

Post, 2020)

Aos dias 24 de julho de 2020, a Bloomberg anunciara a triste notícia de que

400 mil funcionários poderiam ser demitidos, afastados ou foram informados de que

poderiam perder o emprego devido ao coronavírus em companhias aéreas globais.

Ademais, segundo cálculos da própria Bloomberg o número poderia atingir 25 milhões

considerando outros setores relacionados:

As demissões em setores relacionados, que incluem fabricantes de aeronaves, de motores, aeroportos e agências de viagens, podem atingir 25 milhões, de acordo com a IATA. O setor hoteleiro nos EUA calcula 7,5 empregos perdidos para cada demissão no segmento de aviação. Airbus e Boeing planejam cortar mais de 30 mil posições. (BLOOMBERG, 2020)

Na Inglaterra, em matéria publicada aos dias 4 de dezembro de 2020 por Ben

Glaze no portal de notícias “Mirror”, devido à queda de 84,9% de voos, três famosas

companhias operantes no país decretaram a demissão de 21.800 posições a saber:

Companhia aérea Número de demissões

British Airways 13.000

EasyJet 4.500

Virgin Atlantic 4.300

Tabela 1 – número de demissões de companhias aéreas operadas no Reino Unido

em 2020. (Adaptado de GLAZE, 2020)

Page 25: AVIAÇÃO COMERCIAL EM TEMPOS DE SARS-COV-2: FATOS

25

Em análise da US NEWS, publicado aos dias 30 de junho de 2020, sobre os

demonstrativos contábeis publicados pela FedEx, a maior transportadora de carga

aérea do mundo e dona da maior frota de aeronaves cargueiras. A empresa diz ter

perdido 334 milhões de dólares americanos no seu quarto trimestre fiscal, já que

muitos negócios estavam fechados durante a pandemia ou faliram. No entanto, a

empresa conseguiu de certa forma minimizar perdas devido ao crescimento do

mercado online durante a pandemia. Vale destacar que o frete de mercadorias de

empresa para empresa apresenta maiores taxas de lucro comparado ao delivery de

mercadorias para casa de consumidores da internet. Acrescenta-se ao problema não

só o retorno financeiro, mas a complexidade logística. (USNEWS, 2020)

As receitas do transporte de carga aumentaram consideravelmente para 117,7

bilhões de dólares, comparados a 2019 com número de 102,4 bilhões de dólares, o

aumento foi de aproximadamente 15%. Alexandre de Juniac, atribui esse aumento a

salvação das companhias aéreas. Juntamente com os subsídios do governo, as

empresas conseguiram manter a estrutura do negócio, linhas aéreas e a network

internacional. (SAM CHUI, 2020)

A American Airlines, empresa que responde pela maior fatia do market share

dos EUA e maior companhia em número de passageiros do mundo divulgou em seu

demonstrativo financeiro do terceiro quarto de 2020 aos acionistas uma queda de 73%

da sua receita em comparação com o mesmo período do ano de 2019, totalizando 3,2

bilhões de dólares americanos. Adiciona-se ao boletim um prejuízo considerável de

2,8 bilhões, ou mais precisamente, redução de U$5,54 no preço unitário de sua ação

no mercado. O CEO da companhia citou no boletim “O time da American Airlines está

fazendo um notável trabalho cuidando de nossos clientes e de seus membros durante

o mais desafiador período da história desta indústria (setor aéreo).” (AMERICAN

AIRLINES, 2020)

Em 8 de dezembro de 2020, a ACI World publicou a quinta análise sobre a

situação nos aeroportos do mundo: “sinais de otimismo, mas a ajuda governamental

é necessária por longo prazo”. De acordo com o boletim, as informações é que o setor

aeroportuário terá uma redução global de 6 bilhões de passageiros até o final de 2020,

o que em termos de porcentagem equivale a uma redução de 64,2% no fluxo usual.

Ademais, era esperado que a indústria aeroportuária no ano de 2020 gerasse U$D172

bilhões, mas devido à pandemia, a perda estimada em relação a previsão inicial

Page 26: AVIAÇÃO COMERCIAL EM TEMPOS DE SARS-COV-2: FATOS

26

chegou ao montante de U$D 111,8 bilhões, acarretando uma perda de 65% e

resultando em apenas U$D 60,2 bilhões. (ACI World, 2020)

As regiões as quais os aeroportos sofrerão mais impactos, ainda segundo

relatório da ACI World serão Europa e Oriente médio com declínios maiores de 70%

sobre as previsões iniciais. Por outro lado, a região Ásia-pacífico será a região a se

recuperar mais rápido e ter queda até o final de 2020 de 59,2% (única região com

queda menor de 60%). A justificativa para esse fato é o gigante mercado interno de

alguns países e o grande fluxo de passageiros via aéreo tal como o mercado chinês.

(ACI World, 2020)

Os aeroportos brasileiros também sofreram com a ausência do transporte de

passageiros. Não à toa, a ANAC autorizou mudanças no contrato de concessão no

dia 10 de novembro de 2020 de 4 aeroportos. São eles: Florianópolis (SC), Fortaleza

(CE), Galeão (RJ) e Porto Alegre (RS). Para ordem de grandeza de prejuízos, uma

única decisão (n° 207 de 12 de novembro de 2020 do Diário Oficial da União) ilustrou

um desequilíbrio financeiro do consórcio do aeroporto Galeão (RJ) de R$ 365,6

milhões e de Porto Alegre (RS) de 119,4 milhões.

Se por um lado, as notícias não foram tão boas para o segmento na parte

financeira, por outro lado teremos uma aviação mais segura do ponto de vista

sanitário. O setor precisará com muito esforço e estudo retomar a confiança do

viajante, outrora extremamente preocupado com os desdobramentos e fatalidades da

pandemia.

Em um artigo internacional pulicado 20 de setembro de 2020, Alex Starostin,

colunista da internationalairportreview.com e CEO da Basel aero, joint venture

responsável pelos aeroportos russos Krasnodar, Sochi, Anapa, Gelendzhik e Eysk,

explica ao ser perguntado dos desafios e o layout dos novos aeroportos que estão por

vir: “O aeroporto do futuro vai ser high-tech.” Segundo os dados do próprio executivo,

a Basel aero perdeu com seus aeroportos, em um cenário otimista, 2 bilhões de rublos

(aproximadamente 30 milhões de dólares). Por esse motivo e visando novas

imposições sanitárias das autoridades que temem a disseminação de novas doenças,

as tecnologias dos aeroportos estarão inclinadas a desencorajar o uso do papel e da

interação humana. Ademais, a fiscalização de temperatura dos usuários, e ar-

condicionado com novas tecnologias como filtros biológicos e purificadores de ar

deverá ser uma nova realidade. (STAROSTIN, 2020)

Page 27: AVIAÇÃO COMERCIAL EM TEMPOS DE SARS-COV-2: FATOS

27

Amandine Thomas, gerente de projetos da IATA está responsável pelo projeto

ONE ID, uma identidade, em português. Ela complementa a teoria de Starostin.

Conforme avaliado, a ameaça sanitária de 2020 deixou claro que as experiências

aeroportuárias e viagens aéreas devem possuir o menor contato humano possível. A

autora ilustra as duas prioridades do momento: o uso da tecnologia sem contato e a

eficiência nas trocas de informações por parte da comunidade. Ela cita: “A prioridade

é garantir a troca de informações entre passageiros, companhias aéreas e governos

na conjuntura de crescentes solicitações de informações.” O usuário relatando seus

motivos de viagem e identidade de maneira eficiente garante um menor tempo de

permanência e consequentemente a redução de aglomeração. Por isso, o projeto

ONE ID busca integrar em um único centro de data-base todas as informações

necessárias para os passageiros viajarem. No entanto, a ideia pode parecer muito

simples, mas não é. No mundo digital a privacidade das informações do usuário

ganhou destaque e requer cuidados específicos. A especialista explica que o projeto

visa a liberação parcial dos dados para o interessado. Aduanas, polícias, governos e

companhias aéreas por exemplo receberão diferentes informações e apenas as de

competência do requisitante sobre o viajante, o que garante assim a privacidade dos

usuários. (THOMAS, 2020)

Em paralelo a isso, A IATA junto com a ICAO busca uma forma da criação de

um passaporte digital, o e-passport. (Passaportes ainda não possuem uma versão

paperless e passam na mão de muitos colaboradores e agentes governamentais em

aeroportos aumentando o risco biológico). Ademais, a versão eletrônica deverá

colaborar muito para o ONE ID. (IATA,2020)

Page 28: AVIAÇÃO COMERCIAL EM TEMPOS DE SARS-COV-2: FATOS

28

Figura 3.7 – Objetivos e processos do ONE ID (IATA, 2020)

As operações aeroportuárias, no atual cenário da pandemia, visam mitigar o

alastramento dos vírus. Os parágrafos a seguir foram baseados no artigo da

International Airport Review, Contactless has become the new airport buzzword; No

aeroporto gerenciado pela BIAL (Bangalore International Airported Limited) em

Bangalore, uma metrópole da Índia com mais de oito milhões de habitantes. Todos os

passageiros são obrigados a usar máscara e portar uma versão digital de sua

passagem. Para adentrar os limites do aeroporto, um “pre check-in” é necessário. Os

clientes do aeroporto passam por detectores de temperatura e todas as bagagens são

desinfetadas com solução de hipoclorito de sódio, além de, claro, carpetes

encharcados pela mesma solução visando desinfecção dos calçados. O check-in está

sendo feito de maneira touch screen por um terminal eletrônico denominado “self-

service kiosk”.

Page 29: AVIAÇÃO COMERCIAL EM TEMPOS DE SARS-COV-2: FATOS

29

Figura 3.8 - “self-service kiosk” no aeroporto de Bangalore (BIAL, 2020)

Os passageiros utilizam-se de seus smartphones para imprimir os bilhetes,

além das etiquetas de bagagem na qual o usuário coloca em seus pertences;

respeitando sempre as marcações no chão. Após tudo realizado, os despachantes de

bagagem da companhia aérea recebem a carga por trás de uma barreira transparente

de acrílico.

Um detalhe importante é a distribuição em pontos estratégicos de álcool gel em

aparelho tipo “touch-free hand”. Na tradução literal de sem toques de mão e que

funciona com sensor de aproximação. Um sinônimo muito utilizado na literatura para

tal foi o dispenser.

Page 30: AVIAÇÃO COMERCIAL EM TEMPOS DE SARS-COV-2: FATOS

30

Figura 3.9 – aparelho “touch-free handsanitizer dispenser” (Amazon, 2020)

O processo de segurança ao adentrar a área de embarque (“pre-embarkation

security check”) foi o que menos mudou no chamado popularmente de “novo normal”.

Suas mudanças foram operacionais no sentido de limpezas manuais normalmente

feitas com solução de hipoclorito de sódio para esteiras de pertences e totens de

álcool gel no embarque e no desembarque para passageiros.

Para a etapa de “security check process”, a qual os passageiros são

submetidos a procedimentos específicos (detectores de metais e scanners para o

passageiro e esteira com scanners para bagagem de mão) para garantir a não entrada

de elementos perigosos no terminal de embarque, os procedimentos serão mantidos

sem contato físico, exceto se algum indício de objeto ou material proibido for

detectado. A CISF (Central Industrial Security Force) é a responsável pela segurança

do transporte aéreo na Índia e é a responsável por fazer o exame com os cuidados

devidos.

Nas lojas de alimentação, as pre-orders são incentivadas visando a diminuição

do tempo dos clientes do aeroporto na fila, além de métodos de pagamento sem

contato, contactless em inglês.

Page 31: AVIAÇÃO COMERCIAL EM TEMPOS DE SARS-COV-2: FATOS

31

Todas as pre-orders de todos os restaurantes podem ser solicitadas por uma

aba no website do aeroporto “FSTR by BLR tab”, em quioques e escaneando QR

codes.

Figura 3.10 - Método de pagamento contactless (HARBISON, 2020)

O processo de embarque será feito sob supervisão dos funcionários da

companhia aérea. Nesse contexto, os funcionários entregarão um kit com máscaras

novas e álcool gel aos passageiros para serem utilizados antes de ingressar na

aeronave. Ademais, os próprios passageiros passam o seu ticket eletrônico no leitor,

eliminando o contato de objetos pessoais de terceiros com funcionários da companhia

aérea.

Na chegada de voos ao aeroporto, todas as bagagens são desinfetadas antes

de serem levados a esteira para recolhimentos dos usuários. (BIAL, 2020).

Segundo a Rio-Galeão, consórcio responsável pelo maior aeroporto do Rio de

Janeiro e um dos maiores do Brasil, os cuidados são em sua maioria semelhantes ao

de Bangalore, mas distintos ao grau de tecnologia implementado. Conforme publicado

em site oficial, algumas das principais medidas foram:

Desinfecção e limpeza constante dos Terminais;

Rondas periódicas de limpeza nos principais pontos de passageiros;

Reposição constantes de sabonete e álcool em gel nos banheiros;

Sinalização visual e sonora lembrando dos cuidados com a higiene;

Page 32: AVIAÇÃO COMERCIAL EM TEMPOS DE SARS-COV-2: FATOS

32

Instalação de acrílico nos check-ins e lojas do aeroporto. (RIO-GALEÃO,

2020)

A concessionária também recomenda cuidados aos passageiros seguindo

orientações da ANAC, ministério da Saúde e Organização mundial da saúde. A

saber:

Uso de máscara durante toda a viagem - No aeroporto e durante o voo;

Check-in pela internet - Para reduzir a exposição ao risco de infecção pelo

Coronavírus;

Caso precise fazer o check-in no aeroporto, respeite o distanciamento de

2 metros nas filas;

Despacho de bagagem - Respeite o distanciamento de 2 metros nas filas;

Embarque automatizado - Os portões automáticos agilizam o embarque e

evitam o contato com superfícies;

Raio-X - Nosso Raio-X é um dos mais rápidos do Brasil; respeite o

distanciamento de 2 metros nas filas;

Álcool em gel - Na bagagem de mão: em voos nacionais, limite de até 500

ml; em voos; internacionais, limite de até 100 ml. Não é permitido o

transporte de álcool líquido nos voos;

Sala de Embarque - Enquanto você aguarda o embarque no voo, respeite

o distanciamento de 2 metros entre os passageiros;

Higienização das mãos- Além do álcool em gel, que você encontra

também em pequenos reservatórios (dispensers) pelo aeroporto, lave as

mãos com água e sabão sempre que possível;

Evite aglomerações - Tanto no embarque quanto no desembarque,

respeite o distanciamento de 2 metros entre os passageiros. (RIO-

GALEÃO, 2020).

Em relação as aeronaves, a utilização dos HEPAs, em tradução livre, filtros de

alta eficiência de partículas no ar, está sendo a maneira mais utilizada contra o SARS-

CoV-2. Sua eficiência é elevada como o nome pode sugerir, portanto em termos

numéricos e de acordo com o boletim informativo da IATA, sua eficiência é maior que

99% em extinguir micróbios aerotransportados, além de outras impurezas. Existe um

breve engano geral que o filtro foi adicionado e instalado nas aeronaves apenas para

o combate a COVID-19, quando na verdade as aeronaves mais modernas já

utilizavam esse acessório (alguns aviões mais antigos, realmente, ganharam filtros

novos tipo HEPA durante a pandemia). O boletim reforça que o risco de contaminação

Page 33: AVIAÇÃO COMERCIAL EM TEMPOS DE SARS-COV-2: FATOS

33

é provavelmente menor que em muitos lugares confinados porque os aviões

modernos possuem seus sistemas de filtragem de ar com filtros HEPA e completa

com a informação de que o sistema de ar da cabine captura 50% do ar de fora da

aeronave e mistura com 50% de ar circulante da cabine, havendo renovação. E

completa “Em uma hora de viagem, o ar dentro da cabine é renovado de 20 a 30

vezes”. (IATA, 2018)

Figura 3.11 – filtro tipo HEPA. (AIRTÈCNICS, 2021)

Algumas mudanças operacionais dentro e fora das aeronaves foram realizadas,

apesar de não haver uma padronização entre companhias. Listaremos a seguir

Page 34: AVIAÇÃO COMERCIAL EM TEMPOS DE SARS-COV-2: FATOS

34

algumas das principais medidas tomadas pelas maiores companhias aéreas

brasileiras.

AZUL: Aferição de temperatura dos tripulantes tanto a bordo quanto em

solo; uso obrigatório de máscaras; recomendações de check-in via

smartphone iOs e Android e despache de bagagens via totens de

autoatendimento com etiquetagem pelo próprio passageiro; “Tapete

azul” com marcações por projeção virtual da fileira dos passageiros a

serem embarcados( medida responsável por embarque 25% mais

rápido); Serviço de bordo foi realocado apenas para o desembarque;

Desembarque por fileiras evitando aglomerações no(s) corredor(es) das

aeronaves; sanitização das aeronaves regularmente em concordância

com recomendações da IATA e ANVISA. (AEROFLAP, 2020)

Figura 3.12 – Tapete “Azul”. Rapidez do embarque otimizada em 25%. (CASSOL,

2020)

GOL: incentivo ao uso dos canais digitais; Check-in via whatsapp

orientado pela assistente virtual da GOL, a Gal; proteção acrílica nas

filas de check-in; distanciamento nas filas de embarque; fechamento das

salas VIPs de aeroporto; primeira companhia aérea a solicitar a todos a

bordo o uso da máscara, com exceção de crianças de 2 anos ou menos;

medidas adicionais de sanitização e limpeza; sanitização noturna de

aeronaves com desinfetantes de grau hospitalar; Serviço de bordo foi

realocado apenas para o desembarque; Desembarque por fileiras

Page 35: AVIAÇÃO COMERCIAL EM TEMPOS DE SARS-COV-2: FATOS

35

evitando aglomerações no(s) corredor(es) das aeronaves. (AEROFLAP,

2020)

Figura 3.13 – Propaganda do check-in por WhatsApp da GOL (Coluna de Turismo,

2020)

LATAM: Filas transversais com espaçamento entre passageiros; Álcool

gel no check-in e em todas as aeronaves em dispensers e sachês;

Atendimento por vídeos conferência nos aeroportos de Congonhas,

Santos Dumont, Vitória e Florianópolis; Embarque favorecendo o

distanciamento social; possibilidade de escolha por parte do passageiro

onde se acomodar visando maior distanciamento; bloqueio do banheiro

dianteiro para tripulantes da companhia; vídeos informativos para tirar

dúvidas de seus clientes. (AEROFLAP, 2020)

Aos 4 de Janeiro de 2021, as companhias aéreas americanas apoiaram uma

recomendação da CDC, agência do Departamento de Saúde e Serviços Humanos

dos EUA, de exigir testes negativos de COVID-19 para todos os passageiros de

destinos internacionais tais como Brasil, Europa e Grã-Bretanha. A citada indústria

acredita que testes em massa facilitarão a reabertura das fronteiras internacional via

aérea e eliminarão a necessidade de quarentena forçada (essa prática chegou a ser

Page 36: AVIAÇÃO COMERCIAL EM TEMPOS DE SARS-COV-2: FATOS

36

utilizada por alguns países durante a pandemia). Com o restabelecimento da

confiança de passageiros, tem-se como raciocínio que os voos irão aumentar; O

estado americano Havaí, por exemplo, trocou uma quarentena de dez dias nos

desembarques pelos testes obrigatórios de 24 a 72 horas antes do voo. O resultado

foi o expressivo aumento de 100% de voos em um dia, chegando a 50 voos oriundos

dos EUA continental ao arquipélago do Oceano Pacífico. O CEO da IATA parafraseou

sobre a questão dizendo “Nós precisamos que governos pensem em gerenciamento

de riscos aceitáveis, atualmente muitos estão mirando por eliminação do risco”.

(RUSSELL, 2021)

No Canadá, aos dias 7 de janeiro de 2021, A companhia Air Canada atualizou

em seu site os procedimentos para entrar no Canadá segundo próprias decisões

governamentais sobre o tema. Testes negativos tipo PCR devem ser apresentados

para qualquer viajante acima de 5 anos com tempo de até 72 horas antes do

embarque. Ademais, todos os viajantes, sem exceção, devem cumprir uma

quarentena de 14 dias. (AIR CANADA, 2021)

Na Europa, ainda que haja condições específicas para embarques e

desembarques em quase todos os países, as normas variam e possuem em sua

grande maioria restrições quanto a viagens oriundas da Inglaterra e Escócia, onde

uma nova cepa do COVID-19 foi detectada. Inglaterra, França, Alemanha, Espanha e

Itália exigem testes negativos tipo PCR para desembarque em seus territórios, quanto

ao último citado, proibiu até o dia 15 de janeiro de 2021 qualquer indivíduo que tenha

passado na Grã-Bretanha no mês de dezembro de 2020. A Inglaterra permite viagens

apenas comerciais, estando voos a lazer estritamente proibidos. (ITV, 2021)

Quanto a Austrália e Nova Zelândia, países que impuseram restrições severas

de chegadas e partidas durante toda pandemia, as decisões até o início de janeiro de

2021 não mudaram. As fronteiras permanecem fechadas para todos com exceção de

cidadãos, residentes e alguns poucos outros casos que devem comunicar o setor de

imigração do país para ser aceito. (ITV, 2021)

No Brasil, desde o início de janeiro o governo adotou orientações da ANVISA

de requerer exames tipo PCR com resultado negativo 72 horas antes do embarque

com adição do documento DSV (Declaração de Saúde do Viajante). Também há

restrições para Reino Unido e África do Sul devido as cepas oriundas desses países;

estão suspensos voos desses lugares.

Page 37: AVIAÇÃO COMERCIAL EM TEMPOS DE SARS-COV-2: FATOS

37

Durante fevereiro de 2021, a China submeteu a passageiros internacionais um

exame polêmico. O exame “anal swab test” consiste na introdução de cotonete no reto

do passageiro a fim de verificar presença do vírus pandêmico. A medida tomou um

impasse diplomático quase imediatamente e Estados Unidos e Japão pediram a China

para rever a medida sanitária tomada. (TIMES UK, 2021)

Países relevantes politicamente e economicamente também adotaram medidas

mais duras. A quarentena é uma medida de isolamento forçado, a qual ingressantes

no país precisam passar para mitigar o risco de contágio a nação. Uma medida, que

apesar de bem-sucedida, gerou bastantes insatisfações ao redor do mundo. Com

quarentenas aprovadas, até o dia 24 de fevereiro de 2021, tem-se a tabela indicativa

abaixo baseada em notícia escrita por David Walsh da Euronews (2021)

País Data do início da

medida Descrição

Reino

Unido

15 de fevereiro de

2021

Passageiros com origem de uma lista seleta de 33 países

precisam ficar 12 dias instalados em hotéis que são selecionados

pelo governo. O custo é de aproximadamente £1.750,00 e é pago

pelo indivíduo.

Austrália Março de 2020

Passageiros chegando à Austrália deverão ficar 2 semanas em

hotéis especificados pelas autoridades competentes. O custo

para hospedagem começa nos 3000 dólares australianos.

Nova

Zelândia

3 de fevereiro de

2020

Deverá ser reservado hotel para estadia de 14 dias seguidos

antes de qualquer repatriado ou visitas inadiáveis ao país. O valor

por pessoa gira em torno de 3100 dólares Neozelandeses.

Israel 4 de fevereiro de

2021

As pessoas que chegarem a Israel deverão passar 14 dias em

quarentena ou 10 dias se apresentados dois testes negativos

para COVID-19. Os vacinados em seus países natais deverão

apresentar comprovação e teste negativo para COVID-19.

China 3 de março de

2020

Apesar de voos de determinados países como Inglaterra estarem

suspensos, outros viajantes com destino à China necessitam de

aprovação prévia de consulado ou embaixada chinesa e 2

semanas de quarentena. Com instalações muitas vezes

relatadas como não aconchegantes e sem internet, o custo varia

de 536 a 894 Euros.

Continua

Page 38: AVIAÇÃO COMERCIAL EM TEMPOS DE SARS-COV-2: FATOS

38

Continuação

Singapura 20 de março de

2020

Apesar de viajantes que estiveram no Reino Unido ou África do

Sul com até 14 dias antes de chegarem a Singapura estarem

proibidos de entrar no país, os demais passageiros precisam ser

testados 3 vezes contra COVID-19 antes de entrarem no país.

Uma no destino anterior com até 72h de antecedência do voo, ao

desembarcar no país e outra 14 dias depois, já no fim da

quarentena obrigatória em hotel designado pelo governo. O

pedido de entrada no país deve ser autorizado previamente por

órgão competente.

Índia 22 de fevereiro de

2021

Viajantes chegando à Índia dos seguintes destinos: Reino Unido,

Oriente médio, África do Sul e Europa devem entrar em

quarentena compulsória. É necessário preencher formulário 72

horas da viagem submetendo-se a checagem de temperatura e

teste. A quarentena em hotel dura pelo menos 7 dias e é

custeado pelo passageiro

Qatar Março de 2020

Passageiros oriundos de países contidos na lista “red zone”

(nome declarado pelo governo local) deverão ter um

agendamento de hotel prévio para 7 dias, com obrigação de fazer

o teste contra o COVID-19 no sexto dia.

Coreia do

Sul

29 de março de

2020

Todos os viajantes são demandados a permanecer 14 dias em

hotel designados ao combate do Corona vírus. Os padrões de

qualidade surpreenderam o mundo positivamente. É possível

contar com kit completo de higiene e boas refeições.

Tabela 2 – medidas restritivas a serem adotadas por viajantes ingressando nos

países correspondentes. (Adaptado de WALSH in Euronews, 2021)

Após colecionar inúmero prejuízos, perdas de vida, uma desorganização

mundial das medidas tomadas para operação do setor como proibição de entrada de

determinados países, testes e tipos de testes com validades diferentes, quarentenas

a serem cumpridas, total isolamento do país em relação ao globo e a indefinição

quanto as padronizações por parte dos órgãos competentes como IATA, OMS, ICAO,

a saída parece mesmo convergir para vacinação em massa da população mundial.

Page 39: AVIAÇÃO COMERCIAL EM TEMPOS DE SARS-COV-2: FATOS

39

3.2 DAS VACINAS DESENVOLVIDAS, DOS DESAFIOS LOGÍSTICOS PARA

AVIAÇÃO NA CORRIDA PARA IMUNIZAÇÃO E BUSCA POR PADRÕES

OPERACIONAIS

A corrida para vacinas contra a COVID-19 não demorou para começar. Aos 27

de maio de 2020, a FAPESP divulgara a informação que até a presente data havia

125 vacinas contra a enfermidade em desenvolvimento e as quais apenas oito

estariam e fases de teste e duas eram desenvolvidas no Brasil. Uma tabela

informativa fora disponibilizada no website da FAPESP, a saber: (FAPESP, 2020)

Figura 3.14 – Tabela informativa da FAPESP sobre vacinas sendo desenvolvidas e

seus estados (FAPESP, 2020)

Somente no dia 31 de dezembro de 2020, a Organização Mundial da Saúde

liberou a primeira vacina produzida por Pfizer/BioNTech em caráter emergencial –

quando o órgão regulador abrevia pontos de avaliação ou concede aprovação

mediante dados preliminares de estudos finais sem abrir mão da segurança. A OMS

estabeleceu que os países e seus órgãos de saúde competentes deveriam administrar

a importação e aplicação da melhor maneira que convir. A Dra. Mariângela Simão,

diretora assistente de acesso a medicamentos e produtos de saúde da OMS, destacou

a importância de esforços globais para que o método preventivo atingisse

principalmente as pessoas prioritárias em qualquer lugar. (OMS, 2020)

Page 40: AVIAÇÃO COMERCIAL EM TEMPOS DE SARS-COV-2: FATOS

40

A IATA liberou um boletim especial “Guidance for Vaccine and Pharmaceutical

Logistics and Distribution”, na qual sumariza 4 pontos principais visando a boa

distribuição de vacinas. Resume-se os 4 pontos listados:

1) Capacidade e conectividade: Retomada da malha aérea global,

devidamente afetada pela pandemia, para adequar a demanda de vacinas

a logística dos voos.

2) Instalações e infraestrutura: Necessidade de infraestrutura e instalações

com capacidade tecnológica para o estoque e manuseio das vacinas.

Adiciona-se também o treinamento de staff para a logística cuidadosa

visando o controle tempo-temperatura, já que muitas vacinas devem ser

mantidas a temperaturas negativas e a exposição ao calor do ambiente

pode ser nocivo ao desempenho.

3) Gerenciamento de fronteira: Materiais imunizantes do COVID-19 deverão

receber prioridade de aceitação nas fronteiras, visto que o protocolo de

armazenamento e logístico das vacinas para sua eficácia deve ser levado

em consideração. É sugerido uma ação fast-track, uma fila exclusiva nas

alfândegas para materiais imunizantes, além do tariff relief, isso é, a isenção

dos impostos.

4) Segurança: Como as vacinas são de alto valor agregado e sobre elevada

demanda, a segurança para o transporte deve ser considerada. Além de um

planejamento extensivo de vigilância e bloqueios. (IATA, 2020)

No Brasil, a FGV expos um artigo chamado Logística Para A Futura Vacina

Anti-COVID-19: Necessidade de Planejamento Imediato. Além de explicitar o dever

do SUS para a imunização da população e exaltar o PNI (Programa Nacional de

Imunização), o qual abrange distribuição de mais de 300 milhões de vacinas e em 37

mil postos de vacinação no Brasil, o artigo coloca em pauta o chamado 7 Rs para o

melhor planejamento das autoridades competentes: (FGV, 2021)

1) o produto certo (Right product);

2) no lugar certo (Right place);

3) com a qualidade certa (Right quality);

4) na hora certa (Right time);

5) na quantidade certa (Right quantity);

6) para o cliente certo (Right customer);

Page 41: AVIAÇÃO COMERCIAL EM TEMPOS DE SARS-COV-2: FATOS

41

7) com o preço certo (Right price).

Em reportagem especial do New York Times (2020), é mostrado a principal

dificuldade para o transporte de vacinas: a temperatura. Duas das principais vacinas

Pfizer e BioNTech devem ser mantidas em temperaturas congelantes; -70 graus

Celsius e -20 graus Celsius respectivamente. Para a vacina da Pfizer, o próprio

laboratório criou uma espécie de container contendo gelo seco a fim de manejar os

requisitos da temperatura extremamente baixa. No entanto, é sabido que a

transformação do gelo seco para o estado gasoso (dióxido de carbono) é tóxica a

determinados níveis e seus limites operacionais tiveram que ser revistos pela FAA.

Após o pedido da Delta e alguns testes pela própria agência americana, a FAA

concedeu um aumento de carga de gelo seco de 3.000 libras para 15.000 libras (nota:

1 libra é aproximadamente igual a 0,45kg), por exemplo, para um modelo de Boeing

777-200. Para efeito de ordem de grandeza, um simples 777 é capaz de transportar 1

milhão de doses.

Figura 3.15 – Operador logístico colocando gelo seco em caixa de imunizante. A

quantidade de gelo seco foi revista pela FAA. (CNBC via Youtube, 2021)

Outras gigantes do setor de logística estão tomando providências: UPS e

FedEX anunciaram a instalação de “ultralow-temperature freezer farms”, uma espécie

de galpão com inúmeros refrigeradores capazes de chegar a temperaturas

Page 42: AVIAÇÃO COMERCIAL EM TEMPOS DE SARS-COV-2: FATOS

42

baixíssimas em torno de -80 graus Celsius. Tudo para auxiliar na logística complicada

das vacinas e servir como um centro de distribuição. (NEW YORK TIMES, 2020)

Figura 3.16 – “ultralow-temperature freezer farms”. (FINANCIAL TIMES, 2020)

Em documentário especial da TV americana CNBC “How U.S. Airlines

Transport COVID-19 Vaccines” (via Youtube) explicita que a aviação civil está mais

do que habituada em transporte de medicamentos, vacinas e outros tipos de

fármacos. O maior problema, do combate ao COVID-19, segundo, Leslie Josephs,

repórter do setor aéreo da CNBC, é a escala de transporte. Para vacinar a população

mundial com apenas uma dose (algumas vacinas são necessárias a segunda dose)

seriam necessários em torno de 8000 Boeings 747 cargo aircraft totalmente

carregados. Sabe-se ainda que dificilmente um único avião levará apenas vacinas

devido as demandas regionais diferentes e as condições complexas de

armazenamento. A logística e distribuição em solo são pontos os quais deverão estar

bem alinhados visando complementar o produto a população. Outro ponto do

documentário são os produtos ligados a vacinação. Em 8 de Dezembro de 2020, o

presidente do departamento de Life Sciences and Healthcare da DHL, Larry Onge,

cita que para cada pallet de vacinas, 25 a 30 outros pallets são necessários para

promover a vacinação tais como seringas e agulhas.

Ainda segundo o documentário do parágrafo acima, durante a pandemia,

alguns materiais foram considerados urgentes ao redor do globo tais como EPI’s,

seringas, agulhas, tubos de oxigênio. Neste raciocínio, o setor da aviação, capaz de

Page 43: AVIAÇÃO COMERCIAL EM TEMPOS DE SARS-COV-2: FATOS

43

vencer grandes distâncias em pouco tempo, foi estratégica na logística desses bens.

A foto a seguir mostra um avião de passageiros da British Airways com caixas de

máscaras em assentos. Anteriormente destinados a passageiros em pontes aéreas,

o setor passou a utilizar aviões comerciais como cargueiros na pandemia. Outras

companhias, como a Air Canada, chegaram a remover assentos.

Figura 3.17 – Avião da British Airways carregado com máscaras. (CNBC via

Youtube, 2021)

Figura 3.18 – Avião da Air Canada com assentos da classe econômica removidas.

Espaço foi destinado a cargas. (BENEVIDES, 2020)

As vacinas são transportadas no porão de carga do avião. Em recipientes

especiais conforme especificações técnicas, as vacinas levam esperança para a

Page 44: AVIAÇÃO COMERCIAL EM TEMPOS DE SARS-COV-2: FATOS

44

retomada da normalidade da vida humana no planeta e para o setor em questão no

presente trabalho, o qual sofreu com demissões, falências, tomada de empréstimos

bilionários e colocado em cheque durante algum tempo quanto a sua segurança.

Figura 3.19 – Carregamento de vacinas entrando no porão do avião. (SÃO PAULO,

2021)

Um dos setores que mais sofreu e de maneira rápida com a pandemia, agora

retoma suas atividades, com o intuito de extingui-la. Os esforços para uma imunização

global da população estão atrelados ao processamento e capacidade logística da

aviação. Aos dias 29 de março, na página da OMS, o mundo chegara a

aproximadamente 463 milhões de pessoas imunizadas.

Page 45: AVIAÇÃO COMERCIAL EM TEMPOS DE SARS-COV-2: FATOS

45

Figura 3.20 – Quadro informativo estatístico da OMS. Quase 463 milhões de

pessoas vacinadas até 29 de março de 2021, 16:32 (Horário Central Europeu).

(OMS, 2021)

Ainda sobre boas notícias, atentamos a um país em especial que até o dia 29

de março de 2021, tivera pouco mais de 50% de sua população vacinada e impôs

forte políticas com chegadas de voos internacionais já citadas anteriormente no

trabalho (ver tabela de restrições a chegados no país). Israel teve queda significativa

em número de infectados e mortes, conforme mostra gráfico da Reuters, elevando

ainda mais a expectativa de retomada a normalidade com a imunização total do país.

Observe também para efeitos de curiosidade o comportamento pandêmico no país,

duas grandes ondas.

Page 46: AVIAÇÃO COMERCIAL EM TEMPOS DE SARS-COV-2: FATOS

46

Figura 3.21 – Cobertura estatística de 31 de dezembro de 2019 a 29 de março de

2021 em Israel. (REUTERS, 2021)

Algumas previsões foram feitas pelo Fórum Econômico Mundial e Reuters

sobre o que esperar do mercado da aviação civil. A conversão do avião de

passageiros em cargueiros, sigla P2F, a qual em inglês, significa “passenger-to-

freighter” será um marco. Segundo a Reuters, o número de conversões P2F

aumentará em 36% à medida que especialistas apostam na volta do tráfego normal

de passageiros apenas em 2024 e que o “boom” do e-commerce se preserve. Durante

a pandemia, os números de compras online se elevaram e com a queda no fluxo de

passageiros é realista pensar no ganho de receitas em atividades de carga. Ademais,

Robert Convey, Vice-Presidente de Sales & Marketing da Aeronautical

Engineers.com, enfatiza que cada vez mais é possível ver aviões mais novos sendo

convertidos, já que muitos passageiros não estão voando e provavelmente não voarão

tão cedo. (WEFORUM; REUTERS, 2020)

Page 47: AVIAÇÃO COMERCIAL EM TEMPOS DE SARS-COV-2: FATOS

47

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O presente estudo fez acompanhamento sobre os impactos da COVID-19 no

setor da aviação civil. Nos dias até 29 de março de 2021, data em que esta conclusão

está sendo escrita, pode-se observar de forma clara os estragos da pandemia nos

negócios da aviação. Após mapearmos alguns dos principais impactos do COVID-19

sobre o setor da aviação, temos com um pouco mais de um ano de pandemia,

perdemos vidas (aproximadamente 2,8 milhões de pessoas segundo a OMS até a

data presente neste parágrafo. Para efeitos de comparação, é como se todos as

pessoas do município Belo Horizonte em Minas Gerais tivessem morrido), vimos

empresas aéreas demitirem, endividarem-se e falirem; bancos, fabricantes de aviões,

aeroportos e serviços terceirizados com prejuízos relevantes e novamente, mais

desempregos e falências.

Sem dúvidas, a falta de uma padronização a ser seguida por empresas aéreas,

aeroportos e países dificultou o setor em se reorganizar. Durante o trabalho, viram-se

várias decisões sendo tomadas por empresas, aeroportos e governos federais, nas

quais certamente deixaram viajantes e, principalmente, possíveis viajantes confusos.

As medidas de segurança tomadas contra os atendados do 11 de setembro e contra

a pandemia da gripe suína (H1N1) foram efetivas por partirem de estudos

competentes e regras claras, padronização de operação e transformações efetivas.

Após subsídios bilionários por parte dos governos, pode-se ver a magnitude da

importância do setor aéreo como estratégico dentro dos países. Afinal, ele é um setor

que emprega por si só e por uma cadeia instaurada de produção e serviços, tem

desempenho logístico para cargas importantes e perecíveis, auxilia o

desenvolvimento do turismo e encurta as distâncias entre pessoas e negócios e agora,

e por que não, é estratégico para o combate a pandemias na rápida distribuição de

fármacos e imunizantes.

Muito chama atenção as possíveis “boas” heranças, se assim pudermos

chamá-las, as quais a pandemia nos deixou. A necessidade de olhar para um modo

de transporte e cadeias tão complexas que abrangem o planeta inteiro e tomar

cuidado meticuloso para o não espalhamento de novos antígenos e por que não, uma

nova pandemia, fizeram órgãos importantes como IATA, ICAO, FAA e ANAC, por

exemplo, elaborarem novos modelos de medidas e leis para adequarem operações

as novas requisições de biossegurança. Fala-se agora em Aeroportos sem contato

Page 48: AVIAÇÃO COMERCIAL EM TEMPOS DE SARS-COV-2: FATOS

48

humano, passaportes digitais, filtros mais potentes, robôs de limpeza, carteiras de

vacinação digitais e outras medidas que certamente irão contribuir para aumentar

ainda mais a segurança modal, até então considerado ainda o mais seguro.

Com o final deste trabalho, tem-se que a vacinação em massa para a volta da

normalidade é a principal ferramenta. Adiciona-se ainda uma sugestão de uma

padronização mundial operacional do transporte aéreo de forma considerada segura

(diferente de risco zero) para o COVID-19, podendo aos poucos reestabelecer a

confiança da população mundial, as conexões de pessoas aos seus relacionados, a

volta dos empregos na aviação, turismos e nas empresas relacionadas a aviação civil.

E finalizo, que a ciência seja sempre arma fundamental nas decisões de combate ao

COVID-19 e de qualquer outra pandemia.

É importante ressaltar que a velocidade das informações, atualizações e

correções de textos nos mencionados durante a pesquisa foi mais rápida do que o

comum. Por esse motivo, o autor sugere trabalhos futuros a serem realizados a fim

de comprovar as previsões dos estudiosos em impactos financeiros e operacionais do

setor aéreo; os ganhos ou perdas devidas às implementações de biossegurança

durante a pandemia nas atividades operacionais; a confecção e aplicação das

inovações tecnológicas, além de seus resultados; e avaliar criteriosamente os

balanços gerais dos órgãos competentes assim como empresas do ramo.

Page 49: AVIAÇÃO COMERCIAL EM TEMPOS DE SARS-COV-2: FATOS

49

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