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MATERIAL DIDÁTICO INTRODUÇÃO À CIÊNCIA JURÍDICA UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES CREDENCIADA JUNTO AO MEC PELA PORTARIA Nº 1.282 DO DIA 26/10/2010 Impressão e Editoração 0800 283 8380 www.ucamprominas.com.br

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Introdução à Ciência Jurídica

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MATERIAL DIDTICO INTRODUO CINCIA JURDICA

UNI VERS I DADECANDIDO MENDES CREDENCIADA JUNTO AO MEC PELA PORTARIA N 1.282 DO DIA 26/10/2010 Impresso e Editorao 0800 283 8380 www.ucamprominas.com.br Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: [email protected] ou [email protected] Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horrios de Atendimento: manh - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 2 SUMRIO UNIDADE 1 INTRODUO .......................................................................... 03 UNIDADE 2 A CINCIA DO DIREITO .......................................................... 06 UNIDADE 3 HISTRIA DO DIREITO ........................................................... 10 UNIDADE 4 NORMAS, LEIS E FONTES DO DIREITO................................ 29 UNIDADE 5 DIVISES E APLICAES DO DIREITO................................ 50 UNIDADE 6 CDIGO DE TICA COMENTADO ......................................... 58 REFERNCIAS ................................................................................................ 72 ANEXOS .......................................................................................................... 75 Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: [email protected] ou [email protected] Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horrios de Atendimento: manh - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 3 UNIDADE 1 INTRODUO A cincia do Direito, como sistemtica jurdica, tem carter dogmtico, o que justificaumadassuasdenominaes(dogmticajurdica)econsisteemque, quando o jurista realiza atividade estritamente cientfica, aceita a regra jurdica como um dogma semelhana do telogo que, diante do preceito cannico, deve apenas aceit-loeinterpret-lo(SOUZA,1988).CaracterizatambmacinciadoDireitoo serreprodutiva,nosentidodeque,tendoporobjetonormas,noascria,mas reproduz. EnquantoaCinciadoDireitotememmiraoestudodosistemadeDireito positivodeumdeterminadoEstado,numdadomomentohistrico-cultural,comoo Direito romano, o Direito brasileiro, o Direito francs, etc., a Teoria Geral do Direito dedica-seaoestudodosDireitospositivosexistentes,atuaisoupassados,com vistasaidentificarassuassemelhanase,pelomtododeinduo,generalizar princpiosfundamentais,decarterlgico,vlidosparatodoseles(SOUZA,1988; REALE, 1990).Oportuno registrar o que nos diz EROS ROBERTO GRAU (2003): no existe apenas uma Cincia do Direito, mas, sim, uma gama de Cincias do Direito, dentro decujocontextoencontram-seaFilosofiadoDireito,aTeoriaGeraldoDireito,a Histria do Direito, a Sociologia do Direito, a Dogmtica Jurdica, entre outras, todas elas dotadas de linguagens prprias que se denominam metalinguagens. ACinciadoDireitoouJurisprudnciapossuicartercientfico,sobrigorosa perspectivaepistemolgica,notadamenteporserumconhecimentosistemtico, metodicamenteobtidoedemonstrado,dirigidoaumobjetodeterminado,que separadoporabstraodosdemaisfenmenos.Emais,nelaavultaa sistematicidadecomoargumentoeloquenteparaafirmaracientificidadedo conhecimento jurdico (DINIZ, 1991). Aolongodestaapostila,procuraremosfazerumabreveexplanaosobrea cincia do direito, passaremos por sua histria, bem como apresentaremos as fontes e normas que a regem e suas divises clssicas. No esquecemos, evidentemente, de focar e apresentar comentrios sobre o Cdigo de tica do Advogado. Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: [email protected] ou [email protected] Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horrios de Atendimento: manh - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 4 Os diversos cdigos de tica regulam as mais diversas profisses e no caso da Cincia Jurdica, ele regula os deveres do advogado para com a comunidade, o cliente e o outro profissional, alm de regular a publicidade, a recusa do patrocnio, o dever de assistncia jurdica, o dever de urbanidade e os respectivos procedimentos disciplinares. Ressalta-se, porm, que a conduta do advogado deve sempre pautar-sealmdoCdigo,doEstatutooudoRegulamentoGeral,ouseja,devetambm atender aos princpios da tica e da moral individual, social e profissional. Comoemtodaprofisso,oadvogadodeveseguiralgunspressupostos, dentreelesaindependncia,queumdosmaisexpressivosperante aadvocacia, sendocondionecessriaparaoregularfuncionamentodoEstadodeDireito,j que a independncia foi instituda no interesse de todos os cidados da sociedade e doprprioEstado.Semindependncianohrigorosamenteadvocacia,jquea OrdemnosevinculanemsesubordinaaqualquerpoderEstatal,Econmicoou Poltico. Estudar a independncia do Advogado e sua tica profissional exige distino dealgunsconceitos,osquaisnoslevamaoutroscaminhosdeverdadesj conhecidas,comoadoAdvogadoqueatuacomoparteindispensvelna Administrao da Justia, trazido no artigo 133 da nossa Constituio Federal. OAdvogadonasuaatividadecotidianatem aseu favornos osdireitose prerrogativas,mastambmosdeveresparaquesualiberdadeprofissionalseja preservada.Nogeral,aliberdadedoprofissionalestligadatotalmentesua determinao,porm quepodeserlimitado aalgumasnormasecondutadefinidas na tica profissional (KAZMIERCZAK, 2006). Emparaleloindependnciaestaresponsabilidadedisciplinarjqueeste profissionalrespondecivilmentepelosdanosquecausaraocliente,emvirtudede doloouculpa.Naverdade,aresponsabilidadeacontrapartidadaliberdadeeda sua independncia. Ser responsabilizado solidariamente com o seu cliente, aquele profissionaldodireitoqueagircomoobjetivodecausardanosoulesaraparte contrria na relao jurdica. Poder ser tambm responsabilizado por danos, aquele profissionalqueagirsemoconsentimentodoseucliente,inclusivenoscasosem Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: [email protected] ou [email protected] Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horrios de Atendimento: manh - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 5 quehouveracordocomoadvogadodaoutrapartenarelaojurdica,semasua anuncia. Estas responsabilidades, bem como atitudes de respeito, de condutas ticas, valemtambmparaosdemaisprofissionaisqueatuamemdefesadooutro, portanto,discorrersobreticaemoralperfeitamentecoerentecomosobjetivos deste curso. Ressaltamos em primeiro lugar que embora a escrita acadmica tenha como premissa ser cientfica, baseada em normas e padres da academia, fugiremos um poucosregras para nosaproximarmosde vocseparaque ostemasabordados cheguem de maneira clara e objetiva, mas no menos cientficos. Em segundo lugar, deixamosclaroqueestemduloumacompilaodasideiasdevriosautores, incluindoaquelesqueconsideramosclssicos,nosetratando,portanto,deuma redao original. Ao final do mdulo, alm da lista de referncias bsicas, encontram-se muitas outrasqueforamorautilizadas,orasomenteconsultadasequepodemservirpara sanar lacunas que por ventura surgirem ao longo dos estudos. Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: [email protected] ou [email protected] Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horrios de Atendimento: manh - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 6 UNIDADE 2 A CINCIA DO DIREITO Em linhas gerais Cincia do Direito cabe a exposio sistemtica do Direito Positivo e o exame dos problemas ligados sua apreciao, portanto, seu objeto sempre o Direito Positivo. PAULODOURADODEGUSMO(2011,p.3)defineaCinciadoDireito como: osconhecimentos,metodicamentecoordenados,resultantesdoestudo ordenadodas normas jurdicas com o propsito de apreender o significado objetivodasmesmasedeconstruirosistemajurdico,bemcomode descobrir as suas razes sociais e histricas1. Istosignifica,segundoSouza(2007),queelaestudaanormapositivade maneiraesgotadaesistemtica,mas,comoaregrajurdicanosomenteobjeto de saber terico, porque seu fim essencialmente prtico, ao seu aspecto expositivo outroseacrescente,otcnicoouprtico,peloqualseconsideramosproblemas ligadossuaaplicao.Cabe-lhe,principalmente,construirosistemajurdico, tambmdenominadoordenamentojurdico,ouseja,aordenaodasnormasdo direitode umpas(brasileiro, francs, etc.),bemcomo formularconceitoseteorias jurdicas. As ideias dos juristas que a construram, isto , dos jurisperitos, ou, como so conhecidosentreseuspares,jurisconsultos,como,porexemplo,asdeClvis Bevilcqua ou de Pontes de Miranda, muitas vezes tornaram-se fontes de decises judiciais. Nesse sentido, os juristas desde Roma so autoridades jurdicas. 1Otermocinciadodireitocorrespondejurisprudentiadosromanos,maisrestritodoque jurisprudencedos anglo-americanos, mais prximo de Teoria Geral doDireitoacrescida de Filosofia doDireito.Denomina-seemalemoRechtswissenschaft.Devidoaosentidorestritoemque usualmenteempregadootermojurisprudncianaEuropacontinentalenaAmricaLatina,como conjuntouniformeereiteradodedecisesjudiciais,deve-seevit-loparaafastarconfuses, preferindo-se"cinciadodireito"quandosetratardeconhecimentocientficododireito,e "jurisprudncia" quando se tratar de julgados uniformes dos tribunais. Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: [email protected] ou [email protected] Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horrios de Atendimento: manh - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 7 Outropontodediscussoanaturezadacinciajurdica,bemcomoasua prpria possibilidade. Compreensvel essa dvida por se tratar de problema cultural que no comporta resposta definitiva. Divergnciahtambmquantoaoseuobjeto,porm,emumpontoh acordo: so as normas jurdicas, dado concreto que faz parte da realidade histrico-social, ou, se quisermos, da realidade cultural, em que se acham tambm as obras dearte,aliteratura,afilosofia,acincia,etc.Porisso,acinciajurdicacincia quetrataderealidades,desdequesefaaadistinodarealidadefsico-natural (natureza),independentedaaohumana,darealidadecriadaoumodificadapelo homem,contidaemsuasobras(cultura).Porisso,nacinciajurdicano empregvelomtododascinciasdosfenmenosnaturais,pois,sendo conhecimentodenormas,dependedeinterpretao,enodedescrio,salvo quando versar sobre o direito como fenmeno social ou fato histrico-social. A cincia jurdica serve-se de vrios mtodos, inclusive da intuio. Utiliza-se domtodosociolgicoquandoindagaasrazessociaisdodireitoouquandoo estudacomofenmenosocial;domtodohistrico,aotratardesuasorigens histricas;domtodocomparativosempre,almdosmtodoslgicos,dentreos quaisoanalgico,edacompreenso(interpretao),paradescobrirosentido objetivo da norma jurdica. Sentido no alcanado com mtodos das cincias fsico-naturaisenemcomosociolgicoouohistricoque,noentanto,podemfacilitar apreend-lo. Dito isto, concordamos com Gusmo (2011): preciso perguntar pela sua natureza. Anaturezadodireitoestarianocampodacinciacultural,casofosse constitudaporobrashumanas,materializadasempapel,fitagravadaCDouem textos,necessitandodeinterpretao.Mas,sefocalizarmosodireitoporoutro ngulo, como fenmeno social (poltico: como revolues, guerra, golpe de Estado e suasconsequncias;social:criminalidade,misria;econmico:inflao,deflao; moral:famlia,divrcio,adultrio,etc.)que,acabaremosdefinindo-acomouma das cincias sociais. Tanto uma como a outra no esto erradas e no se excluem pornoseconflitarem,porque,depoisdeMaxWeberedeSorokin,oestudodo socialcomocoisa,naformapreconizadaporDurkheim,nomaisaceito.A Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: [email protected] ou [email protected] Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horrios de Atendimento: manh - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 8 Sociologia,hoje,partededadosfornecidospelarealidadesocialparaosentido objetivo das aes e dos fatos sociais que lhes do origem. Finalmente,quantonaturezacientficadoestudododireito,reconhecida pelamaioriadosestudiosos,halgunsopositores.Desde1848,foi-lhenegadoo cartercientfico,quandoKirchmann(Ocartera-cientficodachamadacinciado direito)emconfernciaclebre,disse:Acinciadodireito,tendoporobjetoo contingente, tambmcontingente:trspalavrasretificadoras dolegisladortornam inteisumainteirabibliotecajurdica.Assim,segundoKirchmann,umasimpleslei derrogadora de um sistema jurdico inutilizaria a cincia jurdica. Mastalcontingncia,comumaohistrico,stornariaanacrnicaumaforma desaberjurdico,queseriasubstitudaporoutratendoporobjetoonovodireito. Anacrnico, mas no sem validade, porter valor histrico. Capograssi (O problema da cincia do direito), em 1937, respondendo a essa objeo clssica, admitiu poder sersustentadaanaturezacientficadoestudododireito,apesardesua mutabilidade, desde que no se considere a norma jurdica, que mutvel, como o objeto da cincia do direito, mas a experincia jurdica dotada de certa estabilidade, semelhantedosdemaisfatoshistricos,pois,pelomenos,aosemodificar,no apaga a experincia passada, que, como tradio, se mantm viva. Diga-sedepassagem:noanormaquemutvel,masoseucontedo. Gny(CinciaeTecnologiadoDireitoPrivadoPositivo,1914-24),antesde Capograssi,semseimpressionarcomKirchmann,reduziuoestudocientficodo direitotransformaodamatriano-jurdicaemmatriajurdica,deixando tcnica a tarefa de torn-la precisa e eficaz. Enfim,essadiscussopoderiaseestender,massepensarmosqueofsico na maioria das vezes faz Fsica sem se interessar em saber se ela ou no cincia. Igualmente,ojuristadeveseinteressaremconhecerodireito,torn-loeficaz,sem se preocupar com essa questo acadmica oriunda da poca em que o conceito de cincia se confundia com o das cincias fsico-naturais, hoje abandonado. Para finalizarmos falta esclarecer que o direito pode ser estudado como uma cinciajurdicaterica,queformulaconceitoseprincpiosgeraisdodireito, denominadaTeoriaGeraldoDireito,sntesedoconhecimentojurdicodeuma Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: [email protected] ou [email protected] Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horrios de Atendimento: manh - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 9 poca, e cincia jurdica particularizada, ou cincia do direito positivo (leis, cdigos, jurisprudncia,costumes,etc.),tambmdenominadadogmtica2jurdica,que, versando sobre o contedo das normas jurdicas, interpretando-as e sistematizando-as,sesubdivideemtantascinciasquantosforemosramosdodireito(cinciado direito penal, cincia do direito constitucional, etc.) (GUSMO, 2011). Veremos na Unidade seguinte Histria do Direito que se o jurista usar os resultadosdoestudohistrico(pelaviadomtodocomparativo)paracompar-lo comodireitoatualouconfrontardireitosdepasesdiferentes,temposdiferentes buscandoporsemelhanas,paraproporunificaesdelegislaesouparaabriro horizonte jurdico graas doutrina e experincia jurdica de outros povos, estar fazendoDireitoComparado.Seencararodireitocomofatosocial,farSociologia Jurdica. Mas, se, com os resultados e auxlio do Direito Comparado, da Histria do DireitoedaSociologiaJurdica,entregar-secrticaconstrutivadodireitovigente, comoobjetivodeproporreformasjurdicas,dedicar-se-PolticaJurdicaou Crtica do Direito. Nesse caso, o jurista toma posio em relao ao direito vigente, fundadoemvaloresounarealidadesocial,comoobjetivodeindicarreformada legislao. Enfim, so inmeras as possibilidades de vias que o jurista pode vir a tomar, em todas estar fazendo cincia e somando conhecimentos para o futuro. 2 Dogmtica, por ser o seu objeto (lei, precedente judicial) de antemo estabelecido, e no por ser dogmaparaojurista,comonossculosXVIIIeXIXfoicompreendidopelaEscoladaExegese( 137, 196 e 199).Poroutro lado, quando o jurista indaga as origens histricas dessasnormas ou de todoosistemajurdico,verificandoosseusefeitoshistricos,ouseja,considerando-oscomofato histrico, fato que no mais atual, mas que j produziu os seus efeitos, faz Histria do Direito. Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: [email protected] ou [email protected] Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horrios de Atendimento: manh - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 10 UNIDADE 3 HISTRIA DO DIREITO No possvel pensarmos no direito sem conhecer sua histria porque ele umprodutohistrico,portanto,ahistriadodireitopartedahistriageralque estuda o direito como fenmeno histrico e cultural ao longo dos tempos. Terumavisocrticadasnormas,cdigos,leis,sentenas,obrasjurdicas, bemcomodasinstituiesjurdicasparaestabelecermosconexescomodireito atualoutrajustificativaparaestudarmosaevoluododireitoaolongodos tempos. Odireito,nosprimeirostempos,manteve-sevigentegraasmemriados sacerdotesqueforamosprimeirosjuzes,equeguardavamemsegredoasregras jurdicas. Depois, vigorou nas decises do conselho dos mais velhos. Transmitiu-se oralmente a princpio. Era ento uma tradio sagrada. Cada caso a rememorava e deviaserdecidido fielmentecomo oantecedente.Nessetempo,inexistiamcdigos ouleis.Secretoeraoconhecimentododireito,guardadocommuitozelopelos sacerdotes ou pelos mais velhos, que assim mantinham as suas posies sociais e privilgios. Com o tempo, o direito tornou-se o conjunto de decises judiciais, casustico, mantidoaindaemsegredo.Muitodepois,taisdecises,sendoininterruptamente repetidas, tornaram-se costumeiras. Surge assim da sentena o costume jurdico. Mas, em algumas comunidades a indiscrio de um escriba revela o segredo guardadopelosjuzes(sacerdotes),tornando-opblico,comoocorreuemRoma com o Jus Flavianum, direito dos pontfices revelado em 304 a.C. pelo escriba Gneo Flavio. Ento, das sentenas surgiu a lei, ou melhor, o cdigo e o direito passa ento a resultar de um ato de vontade (GUSMO, 2011). Finalmente,emoutrascomunidades,reis-legisladores-sacerdotesreduziram aescritoasprincipaissentenasimemoriais,comofizeramHamurabieosreis sumerianosanteriores.Nessescdigosnota-seperfeitamenteaorigemcasustica de seus preceitos. A tambm da sentena provm a lei. Assim, no entendimento de PAULO DOURADO DE GUSMO (2011, p. 292) que o direito inicialmente foi casuisticamente estabelecido, formulado em decises Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: [email protected] ou [email protected] Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horrios de Atendimento: manh - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 11 judiciais,proferidaspelosiniciadosemumacinciajurdicasecreta.Aparece primeirocomosentena,que,repetida,dorigemaocostume,amaisantigafonte do direito. Odireitomaisantigofoiexclusivamenteconsuetudinrio,tendopororigem, geralmente, a deciso tomada um dia por um chefe ou uma sentena, conhecida ou no como tal (DECLAREUIL s.d apud GUSMO, 2011). Nocomeo,ascontendasqueeramresolvidascomasarmasnamo,no casodospovosnmades,passaaserdecididaspelochefedatribo,pelopaide famlia ou pela pessoa mais velha e mais respeitada. A primeira fonte do direito , pois, a sentena do juiz.Como se v, antes de existiremoscostumeseasleis,existiamassentenasdoschefes.Arepetiode decises,legitimadapelaautoridadedochefequeasprolataram,tornaram-nas precedentes,obrigatrias,surgindoassimocostume.medidaqueasrelaes jurdicasmultiplicaram-se,tornando-secomplexas,equeassociedades pluralizaram-se,tornaram-seincertososcostumes,sendoentocompiladospor sacerdotes ou por determinao real. Tal a origem dos antigos cdigos, como, por exemplo, o de Hamurabi. Odireitoprimitivoerarespeitadoreligiosamente,nospelotemorssuas sanes draconianas e desumanas, como, tambm, por medo da ira de divindades que poderia se manifestar por epidemias, secas, chuvas, etc., como acreditavam os povos das primitivas culturas. Por isso, o direito primitivo tinha carter religioso, era sagrado.Eisarazode,comodisseGusmo,seremossacerdotesosprimeiros juristas. Amaioriadoslegisladoresantigosdeclarava,diga-sedepassagem, oque muito condizente maioria e maneira dos povos antigos, ter recebido as suas leis de umadivindade.Oscdigossumerianos,dentreosquaisodeHamurabi,eram apresentadoscomotransmitidospeladivindadedacidadequalpertenciaorei-legislador.Daoilcitoseconfundircomopecado,isto,comodesrespeito divindadequeasditou.Nelesnohdistinoentredireitociviledireitocriminal, podendo-se dizer que do direito penal surgiu o direito civil. Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: [email protected] ou [email protected] Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horrios de Atendimento: manh - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 12 A noo de culpabilidade lhe estranha, respondendo o criminoso pelos seus atos, independente de culpa, juntamente com sua famlia, sendo destrudos os seus pertences e tudo o que ele houver tocado com suas mos. Da mesma forma, dbito no pago significava pecado, sendo o devedor faltoso sacrificado pela prestao no executada.Ojuramentodavaseguranaaosnegcios.Predominavaacrenade quenohonr-loofendiaaosdeuses.Setalocorresse,ogrupopoderiasofreras consequncias da ira divina, salvo se o faltoso fosse exemplarmente punido. Os sacerdotes-juzes ou os reis-juzes invocavam divindades para saber com quemestavaaverdade,afimdeque,comsuainterveno,fosseapontadoo criminosoparaserexemplarmentepunido,protegido,assim,oinocente. Procedendo-seassim,acreditavamessespovosantigos,apazsocialestava restabelecida. Os julgamentos de Deus (ordlio), sob a forma de prova do fogo, deveneno oudeduelo,eramempregadosparadescobriroresponsvelpelafalta.Quando essesistemadejulgamentofoiimplantado,odireitojhaviaevoludomuito,tendo ultrapassadoafasedajustiaprivada,isto,daLeideTalio(dentepordente, olho por olho), impondo represlia igual ofensa (pena privada). Avingana,tornando-sefontedeinseguranaedeintranquilidade,acabou substituda pela composio pecuniria, a princpio maior que o prejuzo, em regra, o dobro,inicialmentecomcarterfacultativo(penaprivada),comoprescrevia,por exemplo,oCdigodeUr-Namu,descobertodepoisdaltimaguerra,contidona tabuinha de Istambul, muito anterior ao de Hamurabi (GUSMO, 2011). Oformalismo,ocerimonial,caracterizaodireitoarcaico,prevalecendoa forma,osatossimblicos,osgestos,aspalavrassagradaseosrituaissobreo contedo de atos ou de aes. O formalismo era sua marca registrada. As pessoas notinhamdireitos,quepraticamentepertenciamaogrupo.Pertenceraogrupo importavaterdeveres,enodireitos.Ocontratoeracelebradoentregrupos.Os direitos individuais e os contratos individuais s tardiamente apareceram no Egito e na Mesopotmia. DaaprocednciadaleideMaine:aevoluojurdicaseprocessoupela passagem do regime de status para o regime de contrato. Em Roma, a princpio, s Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: [email protected] ou [email protected] Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horrios de Atendimento: manh - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 13 os chefes de famlia tinham direitos. No seio da famlia, a vontade dopater famlias era a lei, ou seja, a vontade do chefe de famlia tinha autoridade absoluta sobre os seusmembros,sobreosescravosetambmsobretodasascoisasaela pertencentes. Cabia-lhe, igualmente, julgar e punir os membros faltosos. Foiessedireitoquepermitiuacoesoesobrevivnciadogruposocial. Tivemosdeesperarosromanosparatermosaautonomiadodireitoemrelao Moral e Religio. 3.1 Formalismo do direito arcaico Comovimosbrevemente,umadascaractersticasdavidasocialdas sociedadesantigasfoioformalismo,basedodireitoarcaicoqueprevaleceuato perodoromano.Nessemodelopredominaaformasobreofundo,ouseja, independentedaintenodoautordoato,oqueseobservaparaaproduodos efeitos jurdicos so as formalidades preestabelecidas. Em outras palavras, a prevalncia de um certo automatismo, o uso de uma frmula de natureza normativa, de um rito, sem contestao. O resultado geralmente era previamente conhecido. No havia investigao do sentido. Como diz Gusmo (2011), as palavras eram sagradas, devendo ser repetidas corretamenteparaquefossemproduzidososefeitosjurdicosdesejados.Devidoa isso,odireitoarcaicoconstitudodeformasefrmulassagradas,religiosamente conservadas, pelo receio de serem perdidas. Oformalismojurdico,prelecionaCogliolo(s.dapudGUSMO,2011), compe-sededuaspartesdistintas:atosepalavras.Aprincpio,oatodestaca-se; depois so mais importantes as palavras fielmente pronunciadas. Da palavra surgiu o direito; da frmula, a ao judicial. Com o tempo, a palavra e as frmulas perderam o significado arcaico,sendo mantidaspelouso.Tardiamente,ohomemdelasselibertou,nototalmente,pois athoje,semcartersagrado,algumasfrmulaseformassousadasematos legislativoseemcertosatosenegciosjurdicos,como,porexemplo,o Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: [email protected] ou [email protected] Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horrios de Atendimento: manh - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 14 compromissonocasamentoouaforma(escriturapblica)nacompra-e-vendade imvel (GUSMO, 2011). 3.2 Direito egpcio Ainflunciadoelementoreligiosodatnicanodiretoegpciocomonas demaisteocraciasdaAntiguidade,masaindaumestudodifcildevido precariedade de fontes primrias, afinal so poucos os papiros que sobreviveram ao tempo. OmaisantigoqueseconheceoPapirodeBerlim,daVIDinastia(2420-2294).Luta-seassimnoestudodessedireitocomadeficinciadefontes.Sabe-se queasterraseramdepropriedadedorei,podendoascastasprivilegiadasusufru-Ias,pagandotributosaltssimosCoroa.Compra-e-vendadeterrasnoera conhecida,reduzindo-seodireitodepropriedadeedoscontratosalocaesde servio e a transaes com bens mveis, objetos de propriedade privada. Asobrigaesaseremcumpridasnofuturoeramassumidasmediante juramento,cominvocaodonome(nodedeuses)doFara,comogarantiade sua observncia. Em virtude da crena na continuidade da vida depois da morte, era comumhavercontratosemqueapartequesobrevivesseobrigava-sealevar oferendasperidicasaotmulodaquemorresseprimeiro.Taiscontratosso equiparadossdonationes proanimamedievais,ouseja, aocompromisso de uma pessoa mandar celebrar missa pela alma de outra. No casamento, uma das formas de contrato, a mulher mantinha a propriedade de seus bens. O divrcio s o marido podiaobt-la.Maistarde,aotempodosPtolomeus,amulherconquistouesse direito.Aautoridadedomaridoeoptriopodereramabsolutos.Otestamento, desconhecido. Entretanto, permitia o direito egpcio que, por ato inter vivos, pudesse serfeitaadoaodebensmveisaoutrem,produzindoefeitosapsamortedo doador.Odoador,parasegarantir,retinhaemseupoderodocumentoquea comprovava,quecomsuamorteeraentregueaodonatrio.Apossedesse documento transferia a propriedade dos bens doados. Era comum o ato jurdico ser celebradoemdocumentoduplosendoumdeles,ooriginal,selado,fechado, lacrado e arquivado; a cpia circulava; o original era aberto em Juzo quando fosse Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: [email protected] ou [email protected] Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horrios de Atendimento: manh - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 15 posta em dvida a autenticidade da mesma. Os atos jurdicos eram celebrados com observnciadeformulriospreestabelecidos.Haviaatossolenes,celebradospor escribas (funcionrios), na presena de testemunhas, autenticados com o selo real. Ostribunais,cujosjuzeseramosdignitrioslocais,julgavamemnomedoFara, orientados por um funcionrio da corte, que dirigia o julgamento (GUSMO, 2011). O tribunal s podia iniciar o julgamento com a presena desse funcionrio. A torturaerameiodeprovausualmenteempregadonosaosacusados,como, tambm,stestemunhas.Aspenaseramcruisedraconianas.Paraohomicdio, pena de morte; para o parricdio, a morte na fogueira; para o adultrio, mutilaes e vergastadas (GUSMO, 2011). 3.3 Direito Babilnio (Cdigo de Hamurabi)OCdigodeHamurabiumcdigogravadoemenormeblococilndricode pedranegra,de2,25mdealtura,com2mdecircunferncia,encontrado,em1902, nacidadepersadeSusa,paraondeforalevado,porvoltade1175a.C.,como despojo de guerra. a estela de Hamurabi que se encontra no Museu de Londres. DizahistriaqueosbabilniosacreditavamqueodeusSoloteriaconfiadoa Hamurabi,tornando-oreidodireito,comamissodedecidircomequidadee disciplinar os maus e os mal-intencionados e impedir que o forte oprima o fraco. O cdigo no o mais antigo do mundo, como se supunha at 1948, pois na tabuinhadeIstambul,descobertaem1952,comoditoanteriormente,encontra-se umcdigomaisantigo,oCdigodeUr-Namu,tambmmesopotmico.Mas,no sendo o mais antigo, o mais famoso. precedido de um prlogo de grande beleza literria. No um cdigo especializado, pois contm todo o ordenamento jurdico da cidade:organizaojudiciria,direitopenal,processual,contratos,casamento, famlia,sucesses,direitodepropriedade.,assim,cdigocivil,cdigopenal, cdigo de processo, cdigo comercial e de organizao judiciria, com 282 artigos. Notemordemsistemtica,poisumacoletneadejulgadosoudehipteses acompanhadasdedecises.Ocasusmocaracteriza-o,sendomuitominuciosono Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: [email protected] ou [email protected] Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horrios de Atendimento: manh - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 16 que concerne s punies. Os artigos apresentam um caso concreto acompanhado de sua soluo jurdica. Osseuspreceitosestoformuladosembrevessentenas,como,por exemplo,esta:Aesposaquemandarassassinaromaridoporgostardeoutro homemserempalada.Talvezsejaacompilaodedecisesjudiciais consuetudinariamente consolidadas. As proposies iniciam-se assim: admitindo-se que....Enunciamcasoshipotticos,como,porexemplo,oseguinte:Quandoum filho disser a seu pai: - Vs no sois meu pai, dever ser marcado a ferro em brasa com o sinal dos escravos, acorrentado e vendido. Noterrenodoscontratos,exigeaformaescrita,reveladoradapreocupao pelaseguranadasrelaesjurdicas.Deveriamsercelebradosnapresenade testemunhas. Nocampododireitodepropriedade,asnormassoprecisas,protegendoa propriedade,nosaimobiliria,como,tambm,adosbensmveiseados escravosequiparadosscoisas.Prevcastigoscruisparaquemderajudaao escravofugitivo.Poderiaseroescravodadoempenhorouemdepsito.O proprietrioeraresponsvelpelaconservaodoscanaisdeirrigaoque passassememsuasterras.Noqueconcernereparaodedanos,apenade talio, dente por dente, olho por olho, era aplicada no caso de a vtima ser homem livre, mas, se escravo, a pena era pecuniria. Nodireitodefamlia,aprocriaoeraafinalidadeprecpua.Porisso,a esterilidade da mulher era caso de divrcio, ou, ento, de o marido ter uma escrava, comoconcubina,paraterdescendentes,ou,ainda,esposasecundriaparao mesmo fim, colocada em segundo plano no lar.No que concerne sucesso, os filhos herdam todos os bens pertencentes esposa, pois o marido, pela morte da mulher, a eles no tem direito. Igualmente, no caso de morte do marido, so seus herdeiros os descendentes, por no ser meeira a esposa. Enfim,como dito o cdigo no era especializado, mas previa ordenamento minucioso. Comparadocomodireitobabilnico,odireitoassrio,apesardemuito posterior ao Cdigo de Hamurabi, era involudo. Previa penas cruis para pequenos Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: [email protected] ou [email protected] Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horrios de Atendimento: manh - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 17 delitos, desproporo entre o delito e a sano, sendo esta muito superior quela. J odireitohititaeramaisevoludo,amultaeaindenizaoerampreferidasLeide Talio(dentepordente,olhoporolho).Igualmente,odireitopersaeramais humanizado, devendo ter sofrido a influncia do babilnico. Ciro, o Grande, baniu a vinganaprivada,entregandoapuniodosculpadosaostribunais(GUSMO, 2011). 3.4 Direito Hebraico O forte na lei israelita so preceitos morais e religiosos (principalmente rituais escritosemvrioslivrossobformadesentenas,salmos,provrbios),semfocar matria jurdica, propriamente dita. ODeuteronmio,atribudopelaBbliaaoreideJud,Josias(621),eratido comooLivroda Lei encontradonacasa deYahv(Jeov),pelosumo-sacerdote. Yahveraodeusuniversal.AleimosaicafoicondensadanaTor;sofreua influnciadodireitobabilnico.Tinhaobjetivocerto:protegeropovoeleito.Por isso,proibiaocasamentocomestrangeiros. Vedava oemprstimoajurosentreos compatriotas,permitindo-o,entretanto,aoestrangeiro.Foiformuladacomesprito tico: Quando teu inimigo tomba no te alegres ou se teu inimigo tem fome d-lhe decomer;setemsede,d-lheguaparabeber.Oshumildeseosfracoseram protegidos contra a explorao dos poderosos.Nota-senasprescriesdasleishebraicasapreocupaocomajustia, como,porexemplo,nestasentena:temmaisvalorfazerjustiadoqueobservar todosomandamentos,porquejustiaepazestojuntas.Paraqueojuizassim julgasse deveria ser sbio, equitativo, piedoso, modesto (GUSMO, 2011). Aleihebraicapreviaoscontratosdecompra-e-venda,emprstimo,locao decoisaseservioseodedepsito.Disciplinouodireitodevizinhana, estabelecendo distncias que deveriam ser guardadas entre os prdios. A vingana privadanoerapermitida.Masquemmatavadeveriamorrer.Osfilhosno respondiampeloscrimesdospais,enemestespelosdaqueles.Admitiaalei hebraica a reparao do dano. Mas a Lei de Talio, olho por olho, dente por dente, estava prevista no Levtico. Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: [email protected] ou [email protected] Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horrios de Atendimento: manh - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 18 Aofalsotestemunhocorrespondiaamesmapenaquedeveriasofrero culpadoinocentadoouasofridapeloinocentesentenciado.Noquedizrespeitos sanes, no havia distino entre ricos e pobres: todos poderiam sofr-las. 3.5 Direito Indiano (Cdigo de Manu) Odireitodandiaantigatambmeradefundoreligioso,destinando-sea protegereaconsolidaroregimedecastas,entodominante.Onascimento marcava a posio social do homem at a morte; era, pois, inaltervel. O Cdigo de Manu, escrito em versos, , apesar de ter fundamento religioso, mais jurdico do que os anteriores. Nessecdigooscontratos,principalmenteodecompra-e-venda,decorridos trsdias,tornavam-seirrevogveis.Ocredorpoderiaescolherentresenhorear-se dodevedorrelapso,transformando-oemescravotemporrio,obrigando-oa trabalharatpagaradvida,oucham-loaJuzo.Senocomparecesseparase defender, estaria sujeito a penas draconianas. Podia, tambm, coagir (coao moral ou fsica) o devedor faltoso a pagar a dvida. A usura no era proibida. Como meio de prova admitia o ordlio, que consistia em queimar o acusado com ferro em brasa, ou a faz-lo ingerir veneno; resistindo, era considerado inocente. Permitia a prova testemunhal. A mulher era venerada:No se bate em uma mulhernemmesmocomumaflor,qualquerquesejaafaltaporelacometida, prescreviaoCdigodeManu.Mesmoassim,ohomemdesfrutavadeposio privilegiada. A mulher, se solteira, estava sob a autoridade do pai; se casada, sob a domarido,eseviva,sobadofilhomaisvelho.Notinhaeladireitoadivrcio, reservado s aos homens. No que concerne herana, s o filho mais velho herdava os bens. No campo criminal, as penas eram draconianas, alm da de morte, a de mutilao. No campo polticooreireinavaassessoradoporumconselhodosmaissbios(GUSMO, 2011). Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: [email protected] ou [email protected] Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horrios de Atendimento: manh - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 19 3.6 Direito grego clssico SegundoGusmo(2011),odireitodaGrciaAntiga,particularmenteode Atenas, era bem diferente do direito do Egito e do direito da Mesopotmia; apesar de conterelementosreligiososemorais,noeraconsideradocomoexpressoda vontade da divindade da cidade-Estado. Em suas origens, no era escrito, do conhecimento exclusivo de aristocratas- juzes,emregra,proprietrios.Depois, foicodificado.Apartirdo sculoVIa.C.,as leis de Atenas diferenavam-se das demais leis dos povos da Antiguidade por serem democraticamenteestabelecidas.Noeramdecretadaspelosgovernantes,mas estabelecidas livremente pelo povo naAssembleia depois de debates. Resultavam, pois, da vontade popular. Entretanto,oenriquecimentodosquenoeramaristocratas,criouconflitos comaclassedirigente,beneficiadapelodireitoporelescriado.Parasolucion-los dois legisladores, lendrios, foram chamados a estabelecer um novo direito: Drcon, maisoumenosem600a.C.,eSlon,maisoumenosem500a.C.Acodificao criada pelo segundo, mais moderada e mais justa, atendeu a todas as duas classes. A partir da evoluiu o direito grego. Devemos aos gregos parte de nossa terminologia jurdica, que passou para o direitoromano,empregadaatnossosdias,como,porexemplo,sinalagmtico (vnculocontratualqueobrigareciprocamenteaspartes)ouquirografrio(ato escritododevedor).Outrostermospoderiamserlembrados,comoenfiteuse, anticrese ou hipoteca. Os gregos so considerados os pais dos contratos, aperfeioando o contrato depermutadosegpciosedosbabilnicos.Disciplinaramapropriedadeprivada, bemcomoconstruram,principalmentecomPlato,umateoriadapena.Emregra draconianaeramaspenalidades,tendolargoempregoapenademorteoude desterro.Apropriedade,aprincpio,erafamiliar;stardiamenteindividualizou-se (GUSMO, 2011). Ocasamento,monogmico;oconcubinato,tolerado.Amulherinfielera severamentepunida;masoadultriodomarido,tolerado.Naausnciadefilhos,o pai podia apelar para a adoo. O direito de vida e morte em relao aos filhos era Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: [email protected] ou [email protected] Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horrios de Atendimento: manh - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 20 em Espartaexercido nocasoderecm-nascidodeformado,doenteou aleijado.Na famlia,amulhertinhacondioinferior,submetidaautoridadedopai,depoisde casada, do marido, e, quando viva, do filho mais velho; enviuvando, ficava sob a de um tutor. Era, pois, incapaz. No tinha direito escolha de marido, pois ao pai competiaescolh-lo.Entretanto,norecessodolardesempenhavarelevantepapel: administrava a casa, cuidava dos filhos e participava do culto familiar. O divrcio era admitido, mas s os homens dele se beneficiavam. No que concerne sucesso, os ascendenteseramexcludos,noherdavamdosdescendentes.Esteseramos nicosherdeiros,primeiroosfilhos,poisasfilhassherdavamsenohouvesse vares (GUSMO, 2011). Ofortedosateniensesnofoiodireitoprivado,masodireitopblico. Lanaram as bases da democracia ( 178). Devemos a eles o princpio do primado dalei,incorporadoCulturaOcidental.Paraeles,asleis,sejamastradicionais (Thesmoi) sejam as histricas (Nomoi), eram sagradas. Promulgada a lei, impunha-seatodos,igualeuniformemente,sejamgovernantesougovernados.Ajustia, pode-se dizer, era a meta do direito grego, confundida sempre com o bem da polis (GUSMO, 2011). 3.7 Direito romano SabemosqueavocaojurdicareinouemRoma,principalmentepor distinguir o direito da Moral e da Religio.Enquantoosdemaispovostiveraminmerasleis,Romaqueconseguiu organiz-las,masentendemosquesuasorigensvmdoscostumes,decisese direito de outros povos. ALeidasXIITbuas(Lexduodecimtabularum)codificouodireitoromano primitivo, exclusivo do cidado romano (jus quiritum), e, no seu crepsculo, o Corpus IurisCivilis,deJustiniano.AleidasXIITbuasafastaodireitodareligio,contm direitopblico,direitoprocessual,direitopenaledelitosprivados.Noindicavaa aoparaproteo dosdireitos.Draconiana,impunhaaLei de Talio(dente por dente,olhoporolho)epenasseverssimasparalevesculpas(retaliao,exlio, pena de morte, etc.), bem como estava dominada por formalismo obscuro, em que o Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: [email protected] ou [email protected] Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horrios de Atendimento: manh - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 21 gesto e as palavras eram sagrados. Dessa lei, at o fim da Repblica, o direito foi se aprimorandomaisporobradejuristasdoquedolegislador.Asobscuridadese lacunas dessa lei e o desenvolvimento dos negcios levaram criao, em 367 a.C., do praetor (pretor), que em seus ditos indicava a ao cabvel, a ser instruda pelas partes, com produo de provas, julgada por um rbitro (iudex privatus). O dito que tomavamenosdraconiana,menossevera,alei,epreenchialacunas,aprincpio estabelecidoparaocasosubmetidoaopretor,adquiriu,depois,foradelei,no podendosermodificadonemmesmopeloqueobaixoue,muitomenos,porseus sucessores(Edictumperpetuum).Forma-se,assim,oiuspraetoriumouius honorarium, que, a pretexto de interpretar a Lei das XlI Tbuas, a corrigiu, a ampliou e a simplificou, tomando-a menos formalista e menos obscura. Dos ditos do praetor urbanus (pretor da cidade), competente para apreciar litgios entre cidado romanos, resultouoiuscivile(direitodocidadoromano),enquantodosditosdopraetor peregrinus(pretorparaestrangeiros),criadoem242a.C.,competenteparalitgios entreestrangeiroseentreesteseosromanos,nasceuumdireitonovo,frutoda equidade, desprovido de formalismo, ojus gentium. Romacresceu,evoluiueconomicamente,criandosituaeserelaes jurdicasnovas,paraasquaisaLeidasXIITbuasnocontinhasoluo,nem tampoucoosditosdospretores.Tornou-se,ento,necessriooconcursode tcnicosdodireitopararesolv-las.Surgiu,ento,nossculosIIeIII,apraxede solicitaraumjuristaasoluoparaocasonoprevistonaleiouquando obscuramenteprescrito.Ospareceresdessesjuristas(responsaprudentium), principalmente os de Papiniano (Papinianus), Ulpiano (Ulpianus) e de Gaio (Gaius), tinham,nosculoXIId.C.,foradelei;remodelaramodireitoromano,criandoa cincia jurdica. Augusto deu forade leiopinio dos eminentesjurisconsultoscitados,(ius publicerespondendiexauctoritateprudentium).Noperodobizantino,noBaixo-Imprio,essespareceresforamportrsvezescompilados,culminandocoma Codificao de Justiniano (530 d.C.). o Corpus Juris Civilis Romanorum. Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: [email protected] ou [email protected] Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horrios de Atendimento: manh - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 22 PrevaleceuemRomaoprincpiodaterritorialidadedodireito,submetendo todos,romanoseestrangeiros,aodireitoromano;osromanos,aoiuscivile,os estrangeiros, ao jus gentium. SegundoGusmo(2011),odireitoromano,legisladodesdeaLeidasXII Tbuas, aperfeioado pelos pretores e pelos juristas romanos, codificado no Corpus Iuris de Justiniano, constitui o marco inicial do direito europeu, consequentemente do latino-americano. Os romanos deram sentido jurdico ao vocbulo pessoa (persona); deram ao chefedefamliaeaomaridoplenospoderes.Amulhereraincapaz,estandona dependnciajurdicadopai,domaridooudeumtutor.Ocasamentodependiado pai, mas, entre os plebeus o concubinato vinculava os concubinrios. O escravo era equiparado coisa; a propriedade (dominium) era entendida como o direito de usar e dispor da coisa sem limites. Reconheceram os romanos o direito de ser mantida e usada a coisa por quem no tem domnio, ou seja, a posse (possessio), bem como admitiram que a posse mansa e pacfica da coisa pudesse gerar domnio (usucapio). Contrato,delito(danocausadointencionalmente),quase-contrato(celebraode negcioslucrativosembenefciodeoutremsemsuaprviaautorizao)equase-delito (dano causado por culpa) eram fontes de obrigaes. Aculpa,pormaislevequefosse,conduziareparaododano.A escravizaopordvidafoiaprincpiosubstitudaportrabalhoforadoafavordo credoratomontantedodbito;depois,notempodeCsar,desapareceu, passando ento a responder os bens do devedor por suas dvidas. A Lei de Talio foi aos poucos posta de lado, dando lugar composio (preo do dano), e, depois, reparao do dano, sempre na dependncia de culpa (GUSMO, 2011). Essedireito,consideradoserarazoescrita,resultantededitosdos pretores e da opinio de juristas, codificado por Justiniano, manteve-se vivo, mesmo depois do colapso de Roma, como direito comum na Alemanha at 1900, e no sul da Franaat1804.AsOrdenaesFilipinas(176e177),quenosregeram, sofreramasuainfluncia,eaLeidaBoaRazo,de18.08.1769,mandavaojuiz recorreraodireitoromanonocasodelacuna.Assim,asecularrvoredodireito Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: [email protected] ou [email protected] Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horrios de Atendimento: manh - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 23 romano cresceu em vrias direes, com vrios ramos, introduzindo suas razes at em terras desconhecidas dos romanos (GUSMO, 2011). 3.8 Direito na Idade Mdia OpluralismodeordensjurdicascaracterizaaIdadeMdia.Temosodireito romano vulgar3 no sul da Frana e Itlia, direito consuetudinrio na Inglaterra, direito brbaro, direito dos senhorios, direito das corporaes de mercadores ou de ofcios, direito das cidades e direito cannico, vigentes muitas vezes no mesmo territrio. PAULO DOURADO DE GUSMO (2011, p. 304) explica que esse pluralismo resultadodapolticajurdicaadotadapelosgermanosimpondooprincpioda personalidade das leis, segundo o qual a nacionalidade da pessoa determina o seu estatutojurdico:germanos,direitogermnico;latinos,direitoromanovulgar,e clrigos,direitodaIgreja.Pluralismoesseagravadopelofatodenoterunidadeo direitogermnico:haviatantosdireitosquantoonmerodetribosgermnicas, portanto,parapreserv-losforamcodificadossemqualquersistema.Essas compilaes, que datam do sculo V, a princpio tratavam do direito penal, depois do direito privado, sob a influncia do direito romano vulgar. Eisasprincipaiscompilaesdodireitogermnico:LexWisigothorum,dos gados;LexBorgundionum,dosburgundos;LexAlamannorum,dosalemes,eLex Salica,dosfrancos.Pluralismotambmnoterrenojudicirio,poishaviaotribunal dossenhoriosemseuscastelos,odascidades,odaIgreja,odascorporaesde mercadores, e os do prprio Rei, como ltima instncia. O direito germnico admitia, no caso de delito, a vingana por parte da famlia da vtima, renuncivel em troca de uma boa compensao (Whergeld); reconhecia a propriedade coletiva do solo e a familiar dos demais bens. O direito penal germnico tinhacarterprivado,visandodesfazeroprejuzo,preocupadocomopreodo delito, pago pelo agressor de acordo com uma tabela, enquanto o direito processual 3Direitoromanomodificadopeloscostumes,adaptadopelosjuristassociedademedieval,erao direito, sem unidade, aplicvel aos latinos, variando de lugar para lugar. Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: [email protected] ou [email protected] Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horrios de Atendimento: manh - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 24 admitia os juzos de Deus, reveladores do culpado atravs do duelo, do veneno, do mergulhoemumatinacomguafervente,dainternaoemgaiola,etc.Vencedor nodueloouescapadodamortequandosubmetidoaessasprovasbrbaras,era considerado inocente (GUSMO, 2011). Sobreodireitoromanovulgartemosquecasamentosentrelatinose germnicos,bemcomonegciosjurdicosporelescelebrados,criaramproblemas jurdicosarespeitodalegislaoaplicvel:romanaougermnica.Pararesolv-las foramestabelecidasalgumasregras:emmatriadefamlia,aleidomarido; contratos, a lei do devedor; propriedade, a lei do proprietrio, e no campo penal, a lei do acusado. Ocomrcioflorescente,exigindoflexibilidadejurdica,noatendidapelo formalismododireitoromanoepelotradicionalismododireitoconsuetudinrio, necessitava de direito especializado. As corporaes de mercadores criaram-no em parteporconveno,emparteconsuetudinariamente.Eraflexvel,desprovidode formalismos. Esse direito, no oficializado, criado na feira de mercadores, compilado em1056,emGnovae,posteriormente,emPisaeemMilo,noera,porisso, reconhecidopelostribunaisdascidades,quenooaplicavam.Emrazodisso, tornou-senecessriaacriaodecortesnascorporaesnasquaiseraaplicado parasolucionarlitgiosentremercadores,eentreelesesuaclientela.Asdecises dessas cortes eram respeitadas pelos mercadores. Transformaram-se, com o tempo, emcostumes,vigorandonasfeiras,nomercado,etc.Depoisforamcompilados. Essascorteseramconhecidascomocourtsofpiepowders(tribunaisdosps poeirentos) (GUSMO, 2011). Dasdecisesdessascortes,doscostumesrespeitadospelosmercadorese das convenes celebradas pelas corporaes, surgiu, no mundo medieval, o direito mercantil, direito da classe de mercadores, bem diferente do direito romano. As cidades-livres (no submetidas ao poder dos senhores feudais), a partir do sculoX,desenvolvendo-seporforadocomrcio, disciplinadopelascorporaes, tiveram de valer-se desse direito, conciliando-o ento com o direito consuetudinrio nelasdominante,ecomfragmentosdodireitoromano,originando,gradualmente, graas s decises de juzes, um direito mais adequado vida urbana. E foi assim Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: [email protected] ou [email protected] Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horrios de Atendimento: manh - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 25 quecadacidade,constituindo-seemsociedadepoltica,teveoseudireito(direito das cidades).O direito criado nas cidades medievais impunha, muitas vezes, aos citadinos arennciadeseusdireitosdeorigem(germanoouromano),submetendo-osao impriodedireitosnelasvigente.DosculoXaoXlfoiessedireitocompilado.A primeira compilao o Liber iurium republicae Januensis de Gnova. Foradacidadedominavaoutrodireito,comjurisdioprpria,odos senhorios,aplicvelaservosevassalos.Ajurisdiosenhorialnoseencontrava submetida soberania do rei, que por convenincia a reconhecia. Das decises das cortesconstitudasdenobres(possuidoresdeterras)nasceramosdireitos consuetudinriosterritoriaisousenhoriais.Direitodesigualitrio,comprivilgios, fundadonoprincpiodehierarquiaedesubordinao,emqueocontratotinha importncia fundamental. Nessaordemjurdica,ofeudo(propriedade)dossenhorios,militarmente centralizado no castelo-fortaleza (smbolo da dominao), garantia a subordinao e a servido; dava, porm, proteo a vassalos e servos, que em troca o cultivavam, pagavamimpostoseprestavamserviosaossenhorios.Admitiaessedireito tcnicascruisparaobtenodaconfissodosacusadosepenasseverssimas. Esseeraodireitofeudaldominantenosdomniosdossenhorios,emregra, consuetudinrio, salvo na Frana meridional que era escrito e romanizado. O pluralismo jurdico resultante dos direitos das cidades, dos direitos feudais e dosdireitosconsuetudinriosconstituagraveameaaparaaunidadepolticado querestavadereinos,artificialmentedivididos,edenaesemgestao. Casualmente,foiencontradaasoluoparaesseproblemacomadescoberta,no sculoXI,emAmalfi, nosuldaItlia,deumtextocompleto do Digesto(Pandecta) de Justiniano. Eraodireitoque faltavaEuropa medieval,paraorganizaravidasocialem basesmaisestveis.Irnrio,gramticoeruditodaUniversidadedeBolonha,que viveunasegundametadedosculoXI,entregou-seaoestudodessetexto, formulandointerpretaes(glosas)domesmo.Glosasque,nosculoXII,eram numerosas,formuladasnasentrelinhasdotexto(glosainterlinear),edepois, Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: [email protected] ou [email protected] Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horrios de Atendimento: manh - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 26 margemdosmesmos(glosamarginal)adaptando-oaomundomedieval.Inicia-se, ento,comosGlosadoresdeBolonha,orenascimentododireito romanonaIdade Mdia.Dotrabalhodosglosadoresresultounovodireitoromanoadaptado sociedade medieval cristianizada que, na Idade Moderna, se transformou em direito comum por ser vigente em toda a Europa. Foi vigente at o fim do sculo XIX, como ratio scripta (razo escrita), ou seja, direito por excelncia (GUSMO, 2011). NopodemosesquecerdoDireitoCannico,direitodaIgrejaCatlica, influenciado pelo direito romano, estabelecido por vrios decretos. Foi compilado, no sculoXII,porGraciano(DecretodeGraciano),comottuloConcordia discordantiumcanonum(1140),queapresentaemordemsistemticaosanteriores decretos,comcomentriosdoprpriocompilador,resolvendodificuldadese contradies.Gracianoadotoucomomtodoaformulaodecasos,isto, problemas hipotticos, solucionados com base em suas ideias e nas de autoridades daIgreja,bemcomonodireitoromano.Versasobretodoodireito:daspessoas (principalmentedireitodefamliaesucesses),sacramentos,direitoeclesisticoe direitoemgeral.Depois,aessalegislaosomou-seadeGregrioIX(Decretali), aparecida entre 1230 e 1234, tendo por objeto processo, casamento, delitos e clero (GUSMO, 2011). Todos,direitoromano,direitocannico,costumesmercantismediterrneos, doutrina do direito natural contriburam para o posicionamento jurdico moderno. 3.9 Do direito moderno ao direito contemporneo AsdescobertasmartimasdosEuropeusparaoAtlntico(sculoXVI),o declnioculturalecomercialdoMediterrneosomarcosquelevaramaum aumentodocomrciomartimoe,claro,necessidadedeumdireitocodificadoque desse segurana s relaes jurdicas, que no podiam ficar merc de um direito fragmentrio, fundado em costumes, romanizado. Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: [email protected] ou [email protected] Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horrios de Atendimento: manh - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 27 Surgiu,ento,porforadenecessidadesdocomrcio,avocaoeuropeia paraacodificao,manifestada,primeiro,pelosmotivosquecitamosaotratardo direito comercial.No campo do direito civil, na Frana, na regio romanizada, ocorreu o declnio dodireitoromano,fortalecido,entretanto,naAlemanha.Istonosignificouo princpio do fim do direito romano porque o direito comum (ius comune), de natureza consuetudinria,tinhaporbaseocorpusiuriscivilisnaformainterpretadapelos juristas medievais. Foi esse direito que, a partir do sculo XIII, dominou e vigorou na FranaatosculoXIX,enquantonaAlemanhaatocomeodosculoXX.No campododireitoconstitucional,nosculoXVIII,odocumentojurdicomais importantequemarcaaEradasRevoluesaConstituionorte-americana (1787), a primeira Constituio moderna que instituiu o presidencialismo como forma degovernoeofederalismocomoformadeEstado,equeexerceuprofunda influncia no Brasil (GUSMO, 2011). ARevoluoFrancesa,acabandocomoAntigoRegime,necessitoudeleis rgidaseintocveis,estatudasparaofuturo,quemantivessemeimpusessemos princpiosrevolucionriosdeigualdadeedefraternidade,formuladosna DeclaraodosDireitosdoHomemedoCidado(1789).Comacodificao napolenicainicia-seafasedodireitosistematicamenteordenado,unificadoe uniforme, estabelecido em uma nica lei. Pode-sedizerqueapartirdaaseguranajurdicaeacertezadodireito tornou-semaior,masosculoXXIaindanosreservasurpresasenovidadesna ordemeconmica,comaglobalizaodaeconomia,desconhecendoasfronteiras polticas,internacionalizandoocapital,trazendodevoltaasleisdomercado financeiro (sem regulamentao jurdica), fragilizando o Estado; novidades de ordem tecnolgica, com a robotizao da indstria e a revoluo eletrnica (Internet, etc.); deordembiolgicagraasengenhariagentica,revolucionando,todaselas,o direitocivil,principalmenteodireitodefamlia,eodireitocomercial;novidades geopoltico-econmicas:regionalismos,sejameconmicos,sejampolticos,dos quais a Unio Europeia a nica que est consolidada e tem moeda prpria (Euro). Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: [email protected] ou [email protected] Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horrios de Atendimento: manh - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 28 Considerando a Unio Europeia, pode-se dizer (exclusivamente em relao a ela),havertrssistemasjurdicos:odireitonacional,odireitocomunitrio (supranacional)oueuropeu,estabelecidoporconvenes,eodireitointernacional, hierarquicamente integrados. Em p de igualdade, os direitos nacionais dos pases que a integram; acima deles, os da Comunidade; independente e acima de ambos, o Internacional. Fora da UnioEuropeia,temos,nomomento,osistemadedireitosnacionais(brasileiro, norte-americano, argentino, turco, etc.) e o do direito internacional. Ainterdependnciaeconmica,adesnacionalizaodocapitalfinanceiro, comaglobalizaodaeconomia,amultiplicaodemultinacionais,de transnacionaiseacriseeconmicaparecemconduziromundoasedividirem regiespoltico-econmicasorganizadas,umasmaispobres,outrasmaisricas. Organizaes criadas para competir com o poderio econmico dos Estados Unidos, comoocasodaUnioEuropeia.Seessatrajetriahistricacontinuar, forosamenteosdireitosnacionaisterodeseintegraredeseadaptaraodireito comunitrio(supranacional)dessasorganizaes.Almdisso,aglobalizao continuaraexigirmodificaesnaordemeconmico-financeirae,como consequncia,naordemjurdica,comodizGusmo(2011,p.313),problemas jurdicos surgiro. Surpresas nos aguardam. Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: [email protected] ou [email protected] Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horrios de Atendimento: manh - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 29 UNIDADE 4 NORMAS, LEIS E FONTES DO DIREITO Apalavradireitoprovmdolatimdirectu,quesuplantouaexpressojus,do latim clssico, por ser mais expressiva. Em Roma havia o jus e o faz: Ojusoconjuntodenormasformuladaspeloshomens,destinadasadar ordem vida em sociedade; Ofazoconjuntodenormasdeorigemdivina,religiosa,queregeriamas relaes entre os homens e as divindades. Nomundomoderno,direitoemseusentidoobjetivo,seriaumconjuntode regrasdotadasdesanesqueregemasrelaesdoshomensquevivemem sociedade,ouseja,ojusromano.Jnosentidodidtico,poderamosentendero direito como sendo a cincia das regras obrigatrias que presidem s relaes dos homens em sociedade. ParaLIMONGIFRANA(1994),odireitopodeserentendidosobrequatro aspectos: 1. como o justo Os jurisconsultos romanos j ensinavam que - jus est a justitia appellatum,isto,queodireitoprovmdajustia.Acriaododireitono tem e no pode ter outro objetivo seno a realizao da justia. 2. como regra de direito a ordem social obrigatria estabelecida para regular a questo do meu e do seu. (Direito Objetivo) 3. comopoderdedireitooconjuntodefaculdadesqueaspessoastm, conferido pela regra de direito. (Direito Subjetivo). Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: [email protected] ou [email protected] Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horrios de Atendimento: manh - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 30 4. comosanodedireitoondesediscuteofatodeexistirounodireito sem sano, isto , sem a fora do poder pblico ou dos grupos sociais que o torna obrigatrio. Entretanto,paraMIGUELREALE(s.d.apudMARIADEFTIMA ALCNTARADEOLIVEIRA,1998),apenasastrsprimeirasperspectivasparaa compreensodapalavradireito,exprimemmaisarealidade,umavezqueao entendermosestestrsconceitos,teramosaaverdadeiraconcepo tridimensionaldaexperinciajurdica.Maisumavezodireitonumplano tridimensional,ouseja,oelementovalorcomointuioprimordial;oelemento normacomomedidadeconcreodacondutasocial;e,finalmente,oelemento fato, como condio da conduta. Definimos direito, agora tomemos rapidamente a definio de cincias: como a busca permanente e constante pela verdade, e que pelo fato dela no ser unvoca, nohcomosedesignarumtipoespecficodeconhecimento,noexistindoum critrio nico que determine sua extenso, natureza ou caracteres, devido ao fato de que vrios critrios tm fundamentos filosficos que extravasam a prtica cientfica. Essaumaconstataodapluridimensionalidadedesteobjetoquechamamos cincia. Aquestoaquino aconceituaoouainterpretaoliteraldaspalavras, mais sim, como diz Oliveira (1998)a nossa viso do direito como cincia, que para nsnadamaisqueavaloraodeumfato(decunhonaturalousocial)quepor fora de sua interpretao, gera uma norma jurdica aplicvel. Odireitocomocincia,valoriza,qualifica,atribuiconsequnciasaum comportamento. No em funo de critrios filosficos, religiosos ou subjetivos, mas em funo da utilidade social. Para o direito, a conduta o momento de uma relao entrepessoas,enoomomentodarelaoentrepessoasedivindadeeentre pessoaesuaconscincia,ouseja,odireitonoselimitaapenasnaverificao simplesdosatosoudosacontecimentos,muitopelocontrrio,elessoanalisados pelas consequncias que produzem. Portanto,odireitocomocinciasepreocupaanteseprincipalmentecoma ordemeaseguranadasociedade.Soasnecessidadessociaiseavontadedo Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: [email protected] ou [email protected] Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horrios de Atendimento: manh - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 31 homemqueatuamnainterpretaodessas necessidades etransformamasregras queessasnecessidadesimpemnaquiloquesedenominadireitopositivo (OLIVEIRA, 1998). 4.1 Norma Jurdica (proceptum juris) o preceito de direito transformado em lei, que por sua vez uma norma de direito tornada obrigatria pela fora coercitiva do Estado. Pelaprpriaacepodapalavra,normaquerdizerregra,regradedireito,e como toda regra, imperativa, impondo dever e fixando a conduta dos homens em sociedade. SegundoMARAHELENADINIZ(1985),todanormajurdicaautorizante, porqueselaautorizaolesadopelasuaviolaoaexigirseucumprimentooua reparao do mal sofrido, de modo que a autorizaoa sua diferena especfica, e,porfim,anormaadvmnoconfrontodosfatoscomosvalores,feitospeloseu elaborador. No entendimento de PAULO DOURADO GUSMO (2011), a norma jurdica : aproposio4normativainseridaemumafrmulajurdica(lei,regulamento, tratado internacional, etc.); garantidapelopoderpblico(direitointerno)oupelasorganizaes internacionais (direito internacional).; Tem por objetivo principal a ordem e a paz social e internacional. As normas do direito das sociedades letradas e evoludas caracterizam-se por seremdotadasdegeneralidade(vide50),notendoporobjetosituaes concretas(casos),enquantoasdodireitoarcaicosodominadaspelocasusmo, disciplinando casos. Asnormasjurdicasdisciplinadorasdecondutasobilaterais,sendo, portanto, a bilateralidade (vide 49) sua nota especfica. 4 Proposio que pode disciplinar aes ou atos (regras de conduta), como pode prescrever tipos de organizaes, impostos, de forma coercitiva, provida de sano. Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: [email protected] ou [email protected] Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horrios de Atendimento: manh - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 32 Geralmente, a sua forma tpica imperativa, geral e abstrata. Compe-se, em suamaioria,depreceitoesano.Exemplo:Aqueleque,poraoouomisso voluntria,neglignciaouimprudncia,violardireito,oucausarprejuzoaoutrem, ficaobrigadoarepararodano(art.159donossoCdigoCivil).Nesseexemploo preceito estabelece as condies da responsabilidade civil, ou seja, da sano, que consiste em reparar odano. Na norma penal, evidente essa estrutura, pois conta de preceito que define o crime, e de sano, que estabelece a pena. Diversosautores,estudiososdodireito,abordamotemasobrevrios aspectos e/ou segmentos, h aqueles que entendem a norma jurdica como a nica constituidora da prpria expresso formal da norma do direito; outros, de que ela bilateral,imperativaecoercitiva,ouseja,emseumecanismo,algumdispe,os demaisobedecem,cujainobservnciaacarretaraaplicaodasanopelos rgosdopoderpblico.imperativaporqueprescreveascondutasdevidaseos comportamentos proibidos. A relao entre norma e conduta de subordinao, no de causalidade. A essncia da norma jurdica se constitui simplesmente imperativo, autorizante. De uma certa forma, estamos diante da teoria tridimensional, ou seja, a norma prev,deformageraleabstrato,hiptesesdefato,devidamenteclassificadaspor tipo, a que imprime valorao jurdica. Sobre essa valorao, o Prof.REIS FRIEDE (1995), assim se manifesta: (...) a valorao implcita da norma jurdica repousa sempre na prpria ideia queainspira,indiretamentemanifesta,porseuturno,naverdadeira estrutura orgnica que a mesma obrigatoriamente apresenta - sem qualquer exceo -, dentro do contexto especfico de sua inerente complexidade. Diantedessacomplexidade,encontramosanormainseridadentrodetrs diferentesplanos.Oprimeiro,onormativo,ondeanormaelaboradapelopoder competente; o segundo, o ontolgico, que corresponde a realidade social; e por fim, o poltico, que corresponde s tendncias polticas dominantes. Deumacertaforma,anormajurdicanoumaarbitrariedade,apenas corresponde a necessidades de ordem, de equilbrio, de harmonia, de justia, cujas Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: [email protected] ou [email protected] Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horrios de Atendimento: manh - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 33 razesseafundamnumadeterminadarealidadesocial,logonopodesercriao arbitrria da imaginao humana ou da fantasia do Poder de que emana. Em sntese, a norma jurdica um produto humano que tende realizar certos valores,taiscomo:ordem,segurana,justia.tambm,normadecondutaposta pelo governo, com o intuito de regular seu comportamento social, com o objetivo de se chegar justia. 4.2 Interpretao da Norma Jurdica Interpretar,emseuconceitofundamental,explicar,esclarecer;daro significadodevocbulo,atitudeougesto;reproduzirporoutraspalavrasum pensamentoexteriorizado;mostrarosentidoverdadeirodeumaexpresso;extrair, de frase, sentena ou norma, tudo o que na mesma se contm. Cabeaointrprete,extrairorealcontedodanormajurdicaexpressano textodaleiqueavincula.Examinarotextoemsi,oseusentido,osignificadode cada vocbulo, fazendo depois, uma comparao com outros dispositivos da mesma lei, e com os de leis diversas. Existemvriosmtodosdeinterpretao,quantoaosrgodequeemana, pode ser: autntica, judicial e doutrinal.Autntica aquela que emana do prprio poder que fez o ato cujo sentido e alcance eladeclara,ouseja,aqueprocededoprpriolegislador,sob forma de outra lei e, portanto, com carter obrigatrio.Judicialaquederivadosrgojudicirios(juzesetribunais).Notem carter obrigatrio seno para o caso em concreto, mas serve de diretriz para a soluo dos casos similares (as chamadas jurisprudncias).Doutrinal a que feita pelos escritores do direito, nos seus comentrios s leis escritas. No jamais obrigatria, mas dispe tambm ela, de relevante prestgio. Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: [email protected] ou [email protected] Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horrios de Atendimento: manh - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 34 Para o mestre CARLOS MAXIMILIANO (1981), s a doutrinal merece o nome de interpretao, no sentido tcnico do vocbulo, porque esta deve ser, na essncia, um ato livre do intelecto humano. Quanto maneira de realizar-se, a interpretao pode ser: gramatical, lgica, histrica, cientfica e sistemtica.Gramatical, literal ouad litterem aquela que atende ao texto da lei, sua redao, significao exata das palavras.Lgicaaque,pela anlise meticulosado textodalei,procurapenetrarem seuespritoeidentificar-secomopensamentodolegisladornaocasioem queaelaborou.SegundoIhering(apudOLIVEIRA,1998),ainterpretao lgica,consisteemprocuraropensamentodaleinaalmadoseuautor, passando por cima das palavras.Histricaaqueseapoianoestudadaevoluododireitoatravsdos tempos, para se chegar a uma justa aplicabilidade da norma legal.Cientficaqueseconfundecomalgica,aquenodizerdePaulaBatista (s.d apud OLIVEIRA, 1998), presta as premissas e dados para, por meio de legtimas consequncias no s atingir o sentido moral e sem defeitos, como tambm, adotar entre os sentidos possveis, aquele que exprimir com a maior sequncia possvel a vontade do legislador.Sistemtica,consisteemcompararodispositivosujeitoaexegese,com outrosdomesmorepositrioouleisdiversas,masreferentesaomesmo objeto,ouseja,consiste,ainda,emresolvereventuaisconflitosdenormas jurdicas,examinando-assobaticadesualocalizaojuntoaodireitoque tutela (OLIVEIRA, 1998). Quantoaoresultado,umacorrentedoutrinria(adeptosaescola tradicionalistaouclssica),classificaainterpretaocomosendodeclarativa, extensiva e restritiva. Entretanto, outra corrente, no mais admite essa diviso, pois conceitofirmadoquetodainterpretaodeclarativadocontedodaleieno pode ampliar nem restringir esta. Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: [email protected] ou [email protected] Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horrios de Atendimento: manh - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 35 Diante dessas diversas formas de se chegar a uma interpretao de um texto legal,cabeaointrprete,nostraduziremlinguagemclaraoqueoautordisse, mais esforar-se para entender mais e melhor do que aquilo que se acha expresso, buscar o que inconscientemente o autor quis na realidade dizer (OLIVEIRA, 1998). Oquesebuscadefinir,demodopreciso, ocarterespecialda normaea matriadequeobjeto,porque,comonsvimos,existemdiversomodosde interpretao, bem como, existem diversos ramos do direito, variando desta forma o critrio de interpretao, conforme a espcie jurdica de que se trata.Verbacumeffectu,suntaccipienda:Nosepresumem,nalei,palavras inteis.Literalmente:Devem-secompreenderaspalavrascomotendoalguma eficcia (OLIVEIRA, 1998). 4.3 As fontes do Direito As fontes podem ser materiais e formais e embora seja comum confundi-las, elas so bem diferentes. SegundoPAULODOURADODEGUSMO(2011),nosentidoprpriode fontes, as nicas fontes do direito so as materiais (fatos econmicos, fatos sociais, problemasdemogrficos,clima,etc.),poisfonte,comometfora,significaaorigem do direito, ou seja, de onde ela provm. Asfontesmateriaisquedoocontedodasnormasjurdicasenoas fontes formais que do as formas de que se revestem as primeiras (leis, costumes, etc.). As fontes materiaisAsfontesmateriaissoasconstitudasporfenmenossociaisepordados extrados da realidade social, das tradies e dos ideais dominantes, com as quais o legislador,resolvendoquestesquedeleexigemsoluo,dcontedooumatria s regras jurdicas, isto , s fontes formais do direito (lei, regulamento etc.). Tais fontes se confundem com os fatores sociais do direito e, portanto, com a realidadehistrico-social.Estesfatoressociaissodevriasespcies,dentreos Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: [email protected] ou [email protected] Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horrios de Atendimento: manh - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 36 quaisdestacamosoeconmico,ogeogrfico,omoral,oreligioso,otcnico,o histrico e at o ideal predominante em uma poca (valores). Noqueconcerneaofatoreconmico,asuainflunciaenormenodireito privado, principalmente no direito comercial, no direito dos contratos e no direito de propriedade.Ripert(s.d.apudGUSMO,2011)demonstrouainflunciadaregra moralnoscontratosenoexercciododireitodepropriedade,emquemaioro impactodoeconmico.Paraevidenciarainflunciadofatoreconmico, lembraremos dois exemplos: em 1929, deu-se, em Nova Iorque, o crack da Bolsa de Valores,iniciando-seofenmenoconhecidoporGrandeDepresso,causando pnicoemtodoomundo,falnciasdebancos,deindstriasedefazendeiros. Resultado:intervenodoEstadonocampoeconmico,leislimitandopreos, limitandoaliberdadecontratualeoexercciododireitodepropriedade.Outro exemplo,aRevoluoIndustrial,criandonovasriquezaseodeclniodasquese fundavamnapropriedadeimobiliria, fezcomque fossemsuprimidososprivilgios dos proprietrios rurais. Seofatoreconmicopreponderantenodireitodepropriedade,node crdito, no contratual, no mercantil, no financeiro e no industrial, bem como no direito fiscal, os fatores religiosos e morais so marcantes no direito de famlia. Quem pode negarainflunciadamoralcristnodireitodefamlia?Bastalembrara indissolubilidadedovnculoconjugal,queimpedeodivrcio,provenientedo catolicismo,queprevaleceuentrensat1977.NovamenteRipertquemnos lembra a origem moral de certas normas do direito moderno, como, por exemplo, o deverdenofazermalinjustamenteaoutros,fundamentodoprincpiode responsabilidade civil; o dever de no enriquecer custa dos outros, origem da ao de enriquecimento sem causa,entre outros. O fator moral est, de certa forma, ligado religio. Difcil seria, pode-se dizer mesmo impossvel, separar-se a moral dominante no Ocidente do cristianismo. Nodireitoarcaico,oumelhor,atRoma,difcilnoscdigosenosdireitos antigos distinguir o direito da religio e da moral. Vimos que o antigo direito judaico direitoreligioso.Oprpriodireitoromano,sistemajurdicolaico,secular,aoser acolhidopelaCivilizaoEuropeia,naIdadeMdia,sofreuainflunciado Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: [email protected] ou [email protected] Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horrios de Atendimento: manh - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 37 cristianismo,sendomodificadonaspartesquesereferemacasamento,divrcio, filiao, etc. Pode-sedizer,paraconcluir,quenodireitoarcaicoareligiodesempenha papelrelevantenacriaododireito.Nessa fasehistrica,areligio foisubstituda pelamoral,que,naspocasdecrise,influinaelaborao,nainterpretaoena aplicao do direito. Seodireitosofreainflunciadamoral,dareligioedaeconomia,almda pressodefatorespolticos,nohcomonegarainflunciadasideologiasno direito.Nodireitopblico,principalmentenodireitoconstitucional,sodecisivas.A ideologiado absolutismoe ado feudalismomodelaramoAncien Rgime,quecaiu com a Revoluo Francesa; a do socialismo estruturou todo o direito sovitico, no sodireitopblicocomotambmoCdigoCivilsovitico,derrogadodepoisde dezembrode1991.Oliberalismodeixouasuamarcanosdireitoscontratualede propriedade do Code de Napolon (Cdigo Civil francs at hoje em vigor). Por outro lado, no direito pblico, a Revoluo Francesa foi que, pela primeira vez,impslegislativamenteaigualdadecivil,aleicomovontadegeral,isto,da maioria, bem como revogou os privilgios da aristocracia. Entre ns, at os anosde 1990,onacionalismoexerceuinfluncianalegislaoquedisciplinaocapital estrangeiro aqui aplicado. Finalmente, a democracia no Ocidente tem sido a meta do direitoconstitucional,apesarde,transitoriamente,delasedesviaremalgumas Constituies. Poroutrolado,nosepodenegarqueasrevolues,movimentospolticos porexcelncia,sejamfontesdedireito,istoporquesodotadasdepoder constituinte,como,porexemplo,aAmericana,aFrancesaeaRussa.Omesmo pode-se dizer das contrarrevolues (GUSMO, 2011). Temosaindaosideiasouvaloresjurdicoscomoajustia,apazea segurana,como,porexemplo,oprincpiodelegalidade,queemdireitopenal impede a aplicao da lei nova mais prejudicial ao ru e no direito pblico, impem emgeralaanterioridadedaleiaoatogovernamental;oprincpiodoprimadodo direito, isto , o do direito acima das convenincias do governo, de suas ideias, de sua poltica e de sua vontade, bem como dos interesses individuais; a regra da boa- Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: [email protected] ou [email protected] Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horrios de Atendimento: manh - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 38 f; o princpio da prescrio; o princpio da coisa julgada; as declaraes de direito; o controle pelo Judicirio da legalidade de atos de direito pblico e de direito privado, bemcomoocontroledaconstitucionalidadedeleisedeatosdaAdministrao Pblica,etc.Esteseoutrosprincpiossoinspiradospelovalorsegurana.No s, a justia est na raiz do princpiosummum jus et summa injuria, do qual resulta nosacondenaodoabusododireito,como,tambm,aresponsabilidadecivil pelos riscos criados, a reviso judicial de contratos leoninos (GUSMO, 2011). As fontes formais Segundo PAULO DOURADO DE GUSMO (2011), as fontes formaisso os meiosouasformaspelasquaisodireitopositivoseapresentanaHistria,ouos meiospelosquaisodireitopositivopodeserconhecido.So,assim,osmeiosde conhecimento e de expresso do direito, isto , de formulao do direito, nos quais com certeza o identificamos. So os meios ou as formas (lei, costume, decreto etc.) pelos quais a matria (econmica, moral, tcnica, etc.), que no jurdica, mas que necessita de disciplina jurdica, transforma-se em jurdica. Tais fontes, ditas secundrias, supem as fontes materiaisoureaisdodireito,conhecidasporfontesprimrias,aquenosreferimos no pargrafo anterior. De modo geral, pode-se dizer que as fontes formais do direito so estatais (ou dedireitoescrito),enoestatais.Dentreasfontesestatais,temosalei,enquanto entre as no estatais, isto , entre as que no dependem da atividade legislativa do Estado:ocostume,ocontratocoletivodetrabalho,adoutrina,otratado internacional, etc. As fontes formais do direito podem ser classificadas em trs categorias: 1.As fontes estatais do direito (lei, regulamento, decreto-lei, medida provisria); 2.As fontes infraestatais (costume, contrato coletivo do trabalho, jurisprudncia, doutrina); 3.Asfontessupraestatais(tratadosinternacionais,costumesinternacionais, princpios gerais do direito dos povos civilizados). Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: [email protected] ou [email protected] Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horrios de Atendimento: manh - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 39 Noutra classificao de Gusmo temos como fontes formais:1)dedireitointerno,isto,dedireitonacional(lei,regulamento,decreto-lei, jurisprudncia dos tribunais estatais, direito interno consuetudinrio, contrato coletivo de trabalho, doutrina); 2) de direito comunitrio, as do direito da Unio Europeia; 3)dedireitointernacional(tratado,princpiosgeraisdodireitodospovos civilizados,jurisprudncia,CorteInternacionaldeJustiaeacinciadodireito internacional). De modo muito amplo: 1) legislativas (lei, regulamento, decreto-lei); 2) consuetudinrias (costumes);3) jurisprudenciais (formadas pela jurisprudncia dos tribunais estatais - Corte Internacional); 4) convencionais (tratados internacionais, contrato coletivos de trabalho); 5)doutrinrias(opiniodosjuristasnocampododireitointernoedodireito internacional). Hierarquia das fontes formais Hhierarquia(escalonamento)dasfontesformaisdodireitodecorrenteda superioridade ou supremacia de umas e da subordinao de outras, enquanto entre fontes de igual valor h igualdade e coordenao. Aesserespeito,devemosdistinguirosistemadaCommonLaw(Estados Unidos, Inglaterra) do sistema continental ( 166), dominante na Europa continental enaAmricaLatina.Noprimeiro,ocostumeeoprecedentejudicialsofontes principais do direito. J no sistema continental, a lei. Temoshierarquiaentreasnormaslegislativas.Assim,aleiconstitucional (Constituio e emendas constitucionais) est acima de todas as normas legislativas edetodasasdemaisnormasjurdicas.NoEstadomoderno,aConstituioeas emendas constitucionais presidem a disposio orgnica das demais fontes formais do direito. Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: [email protected] ou [email protected] Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horrios de Atendimento: manh - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 40 DaKelsen(s.dapudGUSMO)organiza-asempirmidejurdica,emcujo vrtice est a Constituio. Depois da lei constitucional vem a lei complementar, que nochegaasernormaconstitucional,masqueacompleta,e,abaixodela,alei ordinria(ex.:leidodivrcio,CdigoPenal,etc.),queestsubordinada constitucionaleleicomplementar(quandohouver),nopodendo,nas Constituies rgidas, viol-las, sob pena de ser inconstitucional. Emvirtudedadistinodasfuneslegislativaeexecutiva,cabendo primeiralegislaresegundaexecutarleis,servios,administrar,temosaseguinte hierarquia(hierarquiaorgnica):aleiprevalecesobreoregulamento.Estedeve submeter-se lei, no podendo ser contra legem. Nossistemasfederativos,aleifederalprevalecesobreaestadualea municipal,desdequenoinvadaodomniodacompetncialegislativaestadual estabelecido na Constituio Federal. No sistema continental, temos subordinao do costume lei, que no pode sercontralegemequenoadmiteodesusodalei.Ofatodeumaleinoser observadaedenoseraplicadapeloJudicirionoacarretasuainexistncia jurdica,isto,suavigncia,pois,aqualquermomento,desdequenorevogada, pode ser aplicada. Otratadointernacional(83)queVerdross(DerechoInternacionalPblico, trad.)consideraafontefundamentaldodireito,paraseraplicadonoterritriodo Estado que o celebrar ou a ele aderir, deve ser aprovado por lei, estando, entretanto, subordinado Constituio. S quando incorporado ao direito interno ( 90), ou seja, ao direito nacional, tem valor de lei ordinria, na hierarquia das leis. Ocontratocoletivodetrabalho(79),desdequenotransgridanormade ordempblica,fontededireitoequiparvelleiordinria.Adoutrina(81)ea jurisprudncia(80),quemuitasvezesnaprticasofontesdodireito,estono sistema continental subordinadas lei e s demais fontes. Finalmente,osprincpiosgeraisdodireito(139),isto,osprincpios informadores do direito positivo, que devem ser aplicados quando no h outra fonte formalaplicvelaocasoaserjulgado(lacuna139),soaltimafontedodireito positivo. Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: [email protected] ou [email protected] Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horrios de Atendimento: manh - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 41 Concluindo,ahierarquiadasfontesformaisnosistemacontinentalou legislado a seguinte: 1, Constituio e leis constitucionais (emendas constitucionais); 2, leis complementares ( 63); 3,leisordinriasetratadosinternacionaisincorporadosaodireitointerno. Dentreasleis,asfederaispredominamsobreasestaduaiseestassobreas municipais, enquanto a complementar prevalece sobre a lei ordinria; 4, costume; 5, contratos coletivos de trabalho, que, desde que no transgridam norma de ordem pblica, tm valor de lei ordinria; 6,regulamentos.Princpiosgeraisdodireito,quandoinexistirnormaaser aplicada ao caso concreto, isto , no caso de lacuna ( 139). Essahierarquiadasfontesformais,ouseja,dasnormasdodireitopositivo significa que o juiz, ao ter de decidir um caso, s deve aplicar uma fonte quando no existiroutraimediatamentesuperior.Assim,porexemplo,nodireitocontinental (europeucontinentalelatino-americano)saplicarocostumesenohouverlei expressa para o caso ou aplicvel por analogia. Alm disso, por fora do princpio de hierarquia,podeocorreraineficciajurdica,porinconstitucionalidadeoupor ilegalidade,denormahierarquicamentesubordinada,quandoincompatvelcom norma hierarquicamente superior. Assim, por exemplo, a lei federal (norma ordinria) quedispuserdeformacontrriaConstituioFederal(normahierarquicamente superior)inconstitucional.Logo,anormasuperiordeterminaavalidade,a legalidade, a eficcia e a aplicabilidade das normas a ela subordinadas, bem como delimita o alcance e os efeitos jurdicos das mesmas. Em razo da hierarquia das leis, temos o controle da constitucionalidade das leis, da legalidade dos decretos (regulamentos) e dos atos administrativos. Controle que pode ser exercido por jurisdies especiais (constitucionais), ou pelos tribunais emgeral,comonoBrasil.Assim,asleiscomplementareseordinriasnopodem estaremconflitocomasconstitucionais;osdecretos(regulamentos)nopodem dispordeformacontrriaaoprescritopelasleis,enquantoassentenaseosatos Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: [email protected] ou [email protected] Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horrios de Atendimento: manh - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 42 quesefundamemleisouemdecretos,nopodemiralmdosmesmos.Se contrrios, podem ser anulados pelo Judicirio, quando provocado por meio de ao judicial,exercendooqueseconvencionoudenominardecontroleda constitucionalidade e da legalidade da legislao (GUSMO, 2011, p. 107). Aprpriaemendaconstitucionalnopodealterarsubstancialmentea Constituio, desfigurando-a, desestruturando-a, substituindo a filosofia poltica que aorientou,transgredindoprincpiofundamentalnelaexpressamenteformulado, porquanto,seofizer,deixadeseremenda,paraserreformaousubstituioda prpria Constituio (vide a esse respeito, o nosso Manual de Direito Constitucional, 1957,p.54).Nessecaso,comoGusmoassinalouem1957,aemenda inconstitucional. 4.4 As fontes estatais do Direito As fontes estatais do direito so constitudas de normas escritas, vigentes no territriodoEstado,porelepromulgadas,noqualtmvalidadeenoqualso aplicadaspelasautoridadesadministrativasoupelasjudicirias.Sotextosque possibilitam o conhecimento do direito do Estado. Em seu conjunto, formam o direito doEstado,ouseja,odireitointerno(88)ounacional,legislado,isto,o ordenamentojurdicodoEstado.Soformadasdenormasjurdicasescritas, promulgadas e garantidas pelo poder pblico, vlidas no territrio do Estado. Assim, nessas fontes predominaoprincpio daterritorialidadedodireito,que delimitaavalidadedasmesmasaoterritriodoEstadoqueasprescrever,sendo aplicveisatodos, nacionaisouestrangeiros,quenelese encontrarem.princpio absoluto nos ramos bsicos do direito pblico e relativo em outros, como no direito privado,poisnessecampododireitopossvelaaplicaododireitoestrangeiro ( 135 e 143). Garantidas pelo poder pblico, as fontes estatais desfrutam de fora vinculantemaior,aplicveisindependentedegrandesindagaes,porserem precisasecertas.Assim,porexemplo,ocorrendoumfurto,jsesabelogoqueo ladro,sepreso,sercondenadocombasenoartigodoCdigoPenalque prescreve esse delito. Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: [email protected] ou [email protected] Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horrios de Atendimento: manh - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 43 Astransformaessociaisrpidas,iniciadasapartirdosculoXIXe, principalmente, depois da Primeira Guerra Mundial, lanaram por terra essa mstica: aformafoimantida,masocontedodessasfontesfoi-seadaptandoaosnovos tempos. A Constituio AConstituioapedraangulardetodaaordemjurdicaestatal,fontede validadedetodoodireitodoEstado,estabelecedoradoprocessodecriaodo direito estatal. Est acima de qualquer lei, sendo, por isso, a lei suprema. a fonte principal do direito do Estado, a lei fundamental, qual devem adaptar-se todas as demais leis, pois se com ela conflitarem so inconstitucionais. AConstituioexpressodopoderconstituintequedetmasociedade poltica (Estado). Como lei fundamental, organiza e estrutura Estado e governo, bem comoprescreveosdireitosindividuais,quedevemserrespeitadospelopoder pblico,prevendoparatalfimprocedimentoseficazes,aptosagaranti-los,comoo habeascorpus,paraadefesadaliberdade,ouomandadodesegurana,paraa proteo de direito lquido e certo. A Constituio, por isso, lei de organizao do Estado e lei de garantias. , repetindo, a lei das leis que estrutura e organiza o Estado e o governo, dando-lhes formajurdica,estabelecendoassuasfuneseosseuslimites,bemcomo prescreve os direitos individuais e os procedimentos aptos a defend-los. Enuncia os princpiosfundamentaisaseremobservadospelalegislao.TransformaoEstado emEstadoconstitucional;podesofrermodificaesatravsdeemendas constitucionais, que no podem alter-la substancialmente, por decorrerem do poder de reforma, que limitado, derivado do poder constituinte. A Constituio pode ser substituda por outra, em havendo ruptura da ordem jurdica seja por revoluo seja por golpe de Estado (golpe militar). Se a Constituio, para a sua reforma, exigir procedimento legislativo especial (quorum),diversodoobservadoparaalegislaoordinria(leiordinria), Constituio rgida, mas se no o prev, , ento, Constituio flexvel. Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: [email protected] ou [email protected] Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horrios de Atendimento: manh - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 44 Seis so os tipos de Constituio: 1-Promulgadaformulada,aprovadaepromulgadaporrgorepresentativo (AssembleiaNacional,CongressoNacional,AssembleiaConstituinte,etc.), resultante de consenso dos constituintes; 2 - Outorgada depende de deciso unilateral de quem exerce discricionariamente o governo, autolimitando-se. Decretada, nesse caso, pelo chefe de governo; 3-RatificadaelaboradapelogovernoeaprovadapeloParlamento(Congresso) ou aprovada por referendum; 4-Rgidaseexigeprocedimentolegislativoespecial(qurum)paraser reformada; 5- Flexvel se puder ser modificada (emendada) pelo mesmo processo legislativo das leis ordinrias, no exigindo, assim, procedimento especial (quorum) para a sua reforma; 6-Revolucionriaseresultaderevoluovitoriosa,constitucionalmentese autodisciplinando,estabelecendonovaordemjurdica(exemplo:aConstituio norte-americana, a brasileira de 1891, a francesa de 1793 e a sovitica). Ostrsprimeirostipos(promulgada,outorgadaeratificada)decorremda natureza poltica do rgo que a promulgar (Executivo ou Legislativo), enquanto as rgidas e flexveis, do procedimento adotado para a sua modificao. A lei Aleiaprincipalfontedodireitomoderno.Historicamente,(promovendo breveretrospectiva)aprimeiralegislaoquesetemnotciaoCdigode Hamurabi, que depois se apurou no ser o mais antigo, mas o mais completo que se conhece. Depois, entre os romanos, a Lei das XII Tbuas, e o corpusiuris civilis ( 164).Anteriormenteaelapredominouocostume.Eentrenseempasesque optarampelacodificao,como,porexemplo,aFrana,aItlia,aAlemanha, Portugal,aEspanhaetc.,etodaaAmricaLatina,nohoutraacimadela.a principalfontedodireitoestatal,comvalidade,eficciaeaplicabilidadenoterritrio do Estado (princpio da territorialidade do direito). Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: [email protected] ou [email protected] Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horrios de Atendimento: manh - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 45 SegundoRoubier(s.d.apudGUSMO,2011)aleitemumavantagem indiscutvel:estabelecidaautoritariamentesobreoconjuntodeumaquesto,que pode, assim, encontrar uma regulamentao coerente e imediata. Entretanto,comoobradosoberano,isto,deumchefeoudeuma Assembleia,cujacompetnciatcnicapodesermedocre,ecujaimparcialidadee esprito de justia podem ser discutidos, no merece o fetichismo e a idolatria de que tem sido cercada. Deformamuitoampla,Gusmo(2011,p.113)defineleicomoanorma escrita,geraleabstrata,garantidapelopoderpblico,aplicvelporrgosdo Estado, enquanto no revogada. Desde quando pela diviso do trabalho social, a um rgo da sociedade poltica foi atribuda a funo de elabor-la (assembleia), deve-sedefini-lacomoanormajurdicaescrita,emanadadeumrgoestatal especializado em legislar, sancionada pelo poder pblico, ou, ento, a norma escrita e geral, enunciada em um texto pelo legislador. Do sistema poltico depende a competncia para formul-la, que pode ser da assembleiaoudochefedegoverno.PodeserformuladapeloLegislativoe promulgada pelo chefe de governo, como ocorre no Brasil, como pode ser formulada epromulgadapelaprpriaAssembleiaouprescritaexclusivamentepelochefede governo.Nesteltimocaso,denomina-sedecreto-lei,medidaprovisria,enquanto nos anteriores, lei. Dopontodevistadeseucontedooumatria,aleicaracteriza-seporser normageraleabstrata,ouseja,pornodisciplinarumcasoparticular,mas indeterminado nmero de casos que se enquadram no modelo por ela estabelecido epornopreverconcretamenteumasituao,isto,emseusmnimosdetalhes, mas s em suas notas tpicas, bem como por no se destinar a um nmero reduzido de pessoas por ela determinado, mas a um nmero indeterminado de pessoas que estejam na situao jurdica por ela prevista. Por exemplo:matar algum. Pena ... (art.121doCdigoPenalde1940);essanormaaplica-seaquem,dequalquer maneira,matarumapessoa.Dopontodevistaformal,aleivariaemfunodo rgo que a formula: lei formal se formulada pelo Legislativo; decreto-lei ou medida provisria formulada pelo chefe de governo. Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: [email protected] ou [email protected] Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horrios de Atendimento: manh - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 46 Aleinoprodutoespontneocomoocostume,masfrutodeelaborao discursiva,deestudos,discusses,debates,votaes,sano,publicao,que permite,comfacilidade,determinaromomentoemquesetornaelaobrigatria,o que no ocorre com o direito consuetudinrio, isto , o direito resultante de costume. Nodireitomoderno,caracteriza-seporseranormadotadadegeneralidade que permite aplic-la com facilidade a casos concretos. NaAntiguidade, nada mais eradoquearedaooficial,solene,decostumestradicionais.AssimfoiaLeidas XIITbuasdosrom