Bacia Rio Doce

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Plano Integrado de Recursos Hdricos da Bacia do Rio Doce e dos Planos de Aes de Recursos Hdricos para as Unidades de Planejamento e Gesto de Recursos Hdricos no mbito da Bacia do Rio Doce

2.4 GEOLOGIA E GEOMORFOLOGIA 2.4.1 GEOLOGIA 2.4.1.1 Introduo Para a identificao e representao cartogrfica das unidades litoestratigrficas presentes na rea de abrangncia da bacia hidrogrfica do rio Doce, foram analisados mapeamentos e estudos geolgicos realizados na regio, em diversas escalas, notadamente aqueles elaborados pela CPRM Servio Geolgico do Brasil. Dentre os principais levantamentos de abrangncia regional avaliados, destacam-se: Carta Geolgica do Brasil ao Milionsimo Folhas Vitria, SE, 23 Belo Horizonte, SE. 24 Rio Doce, SF 23 Rio de Janeiro e SF 24 Vitria, escala 1:1.000.000, CPRM (2004); Mapa Geolgico do Estado de Minas Gerais, escala 1:1.000.000, COMIG/CPRM (2003); Projeto Espinhao, escala 1:500.000, CODEMIG/UFMG (2007, reedio); Projeto Leste Provncia Pegmattica Oriental, escala 1:500.000 CODEMIG/CPRM (2001); e Projeto Radambrasil, escala 1:1.000.000, folhas Rio Doce SE-24 (1984).

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Na caracterizao da bacia do rio Doce, foram priorizados os dados do levantamento geolgico na escala 1:1.000.000, complementados com os dados dos Projeto Leste desenvolvido no mbito do Programa de Levantamentos Geolgicos Bsicos da CPRM e Projeto Espinhao realizado por meio de um convnio entre a CODEMIG/UFMG, promovendo uma compatibilizao das informaes constantes nos respectivos projetos. Esses levantamentos tambm forneceram informaes sobre os recursos minerais associados s unidades litoestratigrficas ocorrentes na regio. Dados complementares sobre o arcabouo geotectnico e aspectos litoestruturais foram obtidos a partir de estudos realizados por pesquisadores das Universidades Federais de Minas Gerais e Ouro Preto. A caracterizao geolgica, descrita a seguir, aborda os domnios tectonoestruturais da bacia do rio Doce, as unidades litoestratigrficas associadas e os seus recursos minerais. 2.4.1.2 Aspectos Geotectnicos Regionais De acordo com a evoluo do conhecimento geolgico atual, os terrenos PrCambrianos da Plataforma Sul Americana apresentam-se subdivididos em quatro provncias estruturais: So Francisco, Borborema, Tocantins e Mantiqueira. Neste contexto, a bacia do rio Doce est inserida no domnio da provncia estrutural Mantiqueira (CPRM 2001). A provncia Mantiqueira, instalada ao final do Neoproterozico (1.000 Ma 570/540 Ma), encontra-se a leste do Crton do So Francisco e guarda registro da evoluo geotectnica do Neoproterozico na Amrica do Sul, preservando, tambm,

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estruturas paleotectnicas do Arqueano (3.800 Ma a 2.500 Ma), Paleoproterozico (2.500 Ma a 1.600 Ma) e Mesoproterozico (1.600 Ma a 1.000 Ma). Um expressivo nmero de trabalhos de mapeamento geolgico sistemtico vem redefinindo a geologia da regio. Na evoluo desse conhecimento, principalmente na dcada de noventa, o contexto geotectnico passou por novas interpretaes com a definio do Orgeno Araua-Congo Ocidental. Um grande marco na redefinio do arcabouo geolgico, onde se insere a bacia hidrogrfica do rio Doce, baseia-se no trabalho do Professor Fernando Flvio de Almeida (1977), que teve por objetivo rever os limites do Crton do So Francisco. Neste trabalho, o autor definiu a Faixa de Dobramentos Araua, caracterizando essa vasta rea como uma faixa orognica a qual, at ento, era vista como pertencente ao Crton do So Francisco. Em geral, os trabalhos atuais tratam a evoluo geotectnica deste segmento crustal da seguinte forma: No Arqueano e Paleoproterozico ocorre uma estruturao de primeira ordem que, na regio, est marcada pela consolidao da rea cratnica, pelo denominado Crton do So Francisco-Congo, provavelmente fazendo parte de um extenso continente Paleoproterozico (NOCE, 2007). Esta unidade constitui o embasamento do Orgeno Araua e, na rea em estudo, est representada pelos Complexos Guanhes, Mantiqueira e Juiz de Fora. Tambm se relacionam ao paleoproterozico os metasedimentos ferruginosos das seqencias ferrferas dos Supergrupo Minas e Espinhao; e No Neoproterozico, surgem na crosta terrestre extensos cintures orognicos que, nos limites da rea em estudo, so representados pelo Orgeno Araua. Esses cintures orognicos envolveram a maior parte das seqncias depositadas no Mesoproterozico, nas bacias do Espinhao e Uruau, retrabalhando toda a regio nesta poca, ocorrendo sedimentao e gerao de crosta continental. Basicamente, este Orgeno representa o segmento setentrional da provncia Mantiqueira (HEILBRON et al., 2004, apud PEDROSA-SOARES et al., 2006).

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Na posio centro norte da bacia hidrogrfica do rio Doce, o Neoproterozico representado por ampla sedimentao, formando uma seqncia de xistos e gnaisses peraluminosos pertencentes ao Grupo Rio Doce. Esta Era tambm marcada por uma intensa granitizao, com gerao de corpos granticos sin a tardi e ps-tectnicos (PEDROSA-SOARES 2006). A Figura 2.4.1 mostra o mapa geolgico da regio abrangida pelo Orgeno Araua, conforme apresentado por PEDROSA-SOARES (2007). 2.4.1.2.1 Unidades Geotectnicas do Arqueano e Paleoproterozico O perodo Arqueano/Paleoproterozico marcado por extensas descontinuidades ou suturas, definidas por zonas de coliso de massas continentais

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profundamente erodidas na atualidade (HARALYI & HASUI, 1982; 1985; apud PEDROSA-SOARES et al., 1994).

Figura 2.4.1 - Mapa geolgico do Orgeno Araua. (Fonte: PEDROSA-SOARES, 2007) Tais descontinuidades entre os blocos crustais, representativos da mega estruturao Arqueana/Paleoproterozica, devem ter ocorrido durante a convergncia e coliso das massas continentais. Os deslocamentos tectnicos ocorridos durante a convergncia das massas foram, em um primeiro momento, de cavalgamento, envolvendo deslocamento de direo E-W. Num segundo momento, os deslocamentos passaram a ocorrer por transcorrncia, com o desenvolvimento de um cinturo transcorrente no sul e sudoeste do Estado de Minas Gerais, com a orientao geral E-W passando, no sentido oeste, a NW-SE (HARALYI & HASUI, 1982; HARALYI et al, 1985; apud PEDROSA-SOARES et alii, 1994).

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Neste ambiente ocorrem litotipos pertencentes aos Complexos Guanhes, Mantiqueira e Juiz de Fora. O Complexo Guanhes representado por gnaisses e migmatitos do tipo TTG (tonalito-trondhjemito-granodiorito), datados entre 2867 e 2711 Ma. Ainda importante ressaltar que este complexo tambm aloja alguns corpos granticos da Sute Borrachudos, com dataes variando de 17408 a 167032 Ma (SILVA et al, 2002; CHEMALE Jr. et al, 1997), que, luz do conhecimento atual, esto relacionados abertura do rifte Espinhao. O Complexo Guanhes guarda sinais de deformaes tectnicas transamaznicas que se refletem nos gnaisses, e mostram um bandamento EW (WNW) com indicao de movimento de massa de norte para sul NNE-SSW (CPRM, 2001). medida que se caminha para leste, em direo ao Estado do Esprito Santo, o bandamento tende para NNE representando influncia de uma deformao posterior. O Complexo Mantiqueira, presente na poro sul do Quadriltero Ferrfero, na borda do crton do So Francisco, representado por rochas mficas e granitides de composio tonaltica a grantica com idade determinada de 2220 e 2050 Ma (NOCE, 2007). Segundo HEILBRON et al (2003; apud NOCE, 2007), o litotipo predominante neste complexo um biotita-anfiblio ortognaisse de composio tonaltica a grantica, com o bandamento muito provavelmente originado de migmatizao. A deformao destas rochas responsvel pelo estiramento de corpos magmticos distintos e sua disposio em camadas paralelas. A foliao gnissica encontrada de baixo ngulo, orientada entre N-S e NNE-SSW e so freqentes as estruturas migmatticas do tipo schieliren. Esta foliao atribuvel tectnica brasiliana (PERES et al., 2004) e, em algumas exposies, possvel constatar que a estrutura gnissica resultou do intenso dobramento e transposio de uma estrutura bandada mais antiga. Essas rochas preservam registros de tectnica compressiva muito comuns nas rochas que margeiam o Crton do So Francisco. O Complexo Juiz de Fora constitudo por ortognaisses e metabasitos com paragneses da fcies granulito, que localmente mostram efeitos de evento metamrfico retrgrado, com formao de hornblenda e biotita a partir de piroxnios. As intercalaes metassedimentares, includas no complexo por outros autores, foram interpretadas como escamas tectnicas da cobertura neoproterozica (NOCE et al., 2007). A tectnica que atuou sobre estas rochas gerou descontinuidades estruturais, penetrativas, em duas direes: a primeira paralela foliao NNE-SSW, mergulhando para SE, e a segunda perpendicular a esta direo. importante ressaltar que as rochas do Complexo Juiz de Fora foram submetidas a processo tectnico em regime rptil (BRANDALISE, 1991). A Sute Capara e o Complexo Pocrane representam as duas unidades de embasamento localizadas na poro mais oriental do Orgeno Araua. A Sute Capara representada por uma seqencia de granulitos de composio enderbtica, charnocktica, quartzo diortica, diortica e gabrica. CAMPOS NETO & FIGUEIREDO (apud NOCE, 2007) consideram esta sute como rochas ortoderivadas, e os granulitos como parte do Complexo Juiz de Fora. Segundo NOCE (2007), a origem gnea de parte dos litotipos da Serra do Capara reforada pelo estudo das caractersticas dos zirces de um gnaisse charnocktico, cuja idade de cristalizao magmtica 219515 Ma (SILVA et al., 2002; 2004; apud NOCE, 2007). Esta idade

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mais antiga que aquelas disponveis para o Complexo Juiz de Fora (2134-2084 Ma), de forma que a correlao entre as duas unidades ainda uma questo sem definio. O Complexo Pocrane est descrito como uma unidade constituda por biotitahornblenda gnaisse, com ou sem granada. Nesta sute comum a ocorrncia de lentes de anfibolito, rochas metassedimentares e rochas metaultramficas (TULLER, 2000). Associadas aos complexos gnaissicos-granitides encontram-se uma srie de seqncias vulcanossedimentares, metamorfizadas, do tipo greenstones belts, como o Supergrupo Rio das Velhas e metassedimentos ferruginosos do Supergrupo Minas. As seqncias de rochas metavulcnicas sedimentares encravadas em gnaisses do Complexo Guanhes podem representar restos de greenstones belts (CPRM, 2001). Na regio do Quadriltero Ferrfero, as seqncias metamrficas de natureza vulcanossedimentar, constituintes dos Supergrupo Rio das Velhas, Supergrupo Minas e do Grupo Itacolomi, apresentam uma ntida discordncia estrutural, como o Crton do So Francisco, sendo estruturadas em anticlinais e sinclinais, com falhamentos de empurro que sugerem esforos no sentido E-W. 2.4.1.2.2 Unidades Geotectnicas do Neoproterozico O Neoproterozico evidencia, em toda a regio da bacia hidrogrfica do rio Doce, um perodo de sedimentao e gerao da crosta continental, definido como coberturas plataformais. A rea em estudo constituda de uma seqncia de xistos, quartzitos, mrmores, gnaisses parcialmente migmatizados e metamorfisados na fcies anfibolito, chegando a granulitos, que so mapeados como pertencentes ao Grupo Rio Doce. Outro ponto marcante do Neoproterozico na regio uma intensa granitizao que gerou uma srie de corpos granticos sin-tardi e ps-tectnicos, como o Granito Palmital e o Tonalito Galila, entre outros. Na regio de Governador Valadares, CPRM (2001) mostra um conjunto de falhas de empurro com direo Leste-Oeste, que representa uma grande zona de cisalhamento. Estas falhas de empurro apresentam o movimento de massas indicando um cavalgamento no sentido do litoral para a rea do Crton do So Francisco. Estes movimentos compressionais deixaram registros de imbricaes tectnicas, onde as litologias de embasamento e de cobertura envolvem nveis crustais mdio e inferior da bacia Meso a Neoproterozica. O pico deformacional nesta seqncia de idade Brasiliana (650 450 Ma.) segundo CUNNINGHM et al (1996; apud CPRM, 2001). Outra importante estrutura mapeada na rea do mdio rio Doce refere-se ao vale do rio Itambacuri, onde se observa movimentos horizontais e oblquos ao longo de toda sua extenso. Finalmente, importante ressaltar os sinais de tectnica rptil que afetou indiscriminadamente todas as unidades geolgicas proterozicas e que influenciam o comportamento do sistema aqfero fraturado regional.

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2.4.1.2.3 Unidades Geotectnicas do Cenozico Uma discusso importante diz respeito reativao recente de falhas geolgicas da regio do mdio vale do rio Doce. BARBOSA & KOHLER (1981), SAADI (1991) e SUGUIO & KOHLER (1992) observaram indicadores de controle neotectnico na evoluo do sistema de lagos nessa regio da bacia do rio Doce. Dentre esses indicadores, destacam-se: os alinhamentos dos lagos; formatos retilneos de suas margens; existncia de paleovales preenchidos; e presena de direes de lagos associadas a migraes fluviais abruptas. Os registros sedimentares da rea evidenciam duas fases tectnicas distintas. Uma fase de transcorrncia dextral E-W, atuante a partir do final do Pleistoceno, que, est relacionada s estruturaes NW-SE da rede de drenagem e ao entulhamento de vales, associado ao desenvolvimento de rampas de alvio-colvio e terraos de acumulao. A segunda fase neotectnica corresponde ao regime extensional NW-SE, implantado no Holoceno mdio, que exerceu um forte condicionamento estrutural nos canais fluviais, imprimindo rearranjos na rede de drenagem. (SARGES, 2002). A partir dessas observaes, evidencia-se que a movimentao tectnica extensional NW-SE foi responsvel pela gerao de falhamentos normais que promoveram desnivelamentos e basculamentos nos leitos dos canais tributrios, funcionando como barragens e gerando, desta forma, os lagos. SUGUIO & KOHLER (1992), identificaram para complexo lacustre do rio Doce a existncia de aproximadamente 50 lagos e paleolagos, dos quais 21 seriam preenchidos por sedimentos, 25 em processo colmatao e apenas 8 livres de sedimentao. Para esses autores, a evoluo dos lagos quaternrios do Parque Estadual do Rio Doce teria estreita relao com as mudanas paleoclimticas e/ou neotectnicas, havendo a possibilidade de ocorrncia de um rifte nessa regio. 2.4.1.3 Unidades Litoestratigrficas Regionais e Aspectos Estruturais Associados A seguir, tem-se a descrio das unidades litoestratigrficas ocorrentes na abrangncia da bacia do rio Doce, de acordo com a cronoestratigrafia. A representao cartogrfica dessas unidades consta no Mapa Geolgico da Bacia do Rio Doce apresentado no mapa em escala 1:500.000 (Anexo 2.4.A). 2.4.1.3.1 Unidades Arqueanas Complexo Mantiqueira Amt

Corresponde ao Complexo Basal (BRANDALISE, 1991), ocorrendo as Formaes Guanhes, Marilac e Santa Maria do Suau. Constitui-se essencialmente de ortognaisses do tipo tonalito-granidiorito-granito, migmatizados ou no, com bandamento composicional marcado pela alternncia de bandas flsicas milimtricas a centimtricas, quartzo-feldspticas e bandas mficas ricas em biotita. Ocorrem intercalaes de rochas metabsicas (anfibolito, norito e metagabro), metapiroxenito e pegmatitos, normalmente concordantes com o bandamento gnissico. Os gnaisses migmatticos so constitudos por mobilizados leucossomticos grossos a pegmatides,

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bordejados por uma estreita faixa de melanossoma biottico. O paleossoma tem composio tonaltica a granodiortica, enquanto o leucossoma apresenta composio grantica. Quando milonitizados, os gnaisses mostram ndulos elipsoidais de quartzo e silimanita que conferem rocha um aspecto de conglomerado. Complexo Crrego Taioba Act

Granitides pr a sintectnicos, tonalitos a granitos calcialcalinos e ortognaisses granulticos ocorrentes a norte de Itabira e nordeste de Guanhes. Complexo Acaiaca Aac

Ocorre na poro leste do Quadriltero Ferrfero, no sudoeste da bacia do Rio Doce. constitudo essencialmente por ortognaisses granulticos, gnaisses kinzigticos e quartzitos com silimanita e granada enderbito, opdalito e norito, sendo que a representatividade destas litologias no pode ser determinada. Est intercalado em gnaisses e migmatitos retrometamorfisados na fcies anfibolito. Complexo Santa Brbara Asb

Ocorre no limite leste do Quadriltero Ferrfero, incluindo os Gnaisses Monlevade composto essencialmente de gnaisses-migmatticos, de composio tonaltica e trondhjemtica a granodiortica, e por granitos, tonalitos, anfibolitos, e intruses mficas e utramficas. Complexo Belo Horizonte Abh

Essa unidade, definida por HERTZ (1970) e detalhada por NOCE et al.(1997), composta por gnaisses biotticos ortoderivados, geralmente de bandamento grosseiro, com faixas milonticas e migmatticas freqentes. Suas ocorrncias se distribuem na poro oeste da bacia, nos municpios mineiros de Bom Jesus do Amparo e So Gonalo do Rio Abaixo. Complexo Guanhes Agu

As litologias mais caractersticas desse complexo so os gnaisses migmatizados em graus diversos, que variam de grossos a finamente bandados. Seqncias vulcanossedimentares, metamorfizadas na fcies anfibolito, ocorrem como faixas estreitas e descontnuas intercaladas no complexo gnissico. So constitudas por xistos mficos e ultramficos, formaes ferrferas, rochas calcissilicticas, metapelitos e quartzitos (GROSSI SAD et al., 1989). As litologias do Complexo Guanhes ocorrem na poro noroeste da bacia, no entorno do municpio homnimo. Complexo Gouveia Ago

Correspondente ao "Supergrupo Pr-Rio das Velhas", de SCHLL & FOGAA (1979), e "Sequncia Infracrustal", de FOGAA & SCHLL (1984), esse complexo caracterizado pelo amplo predomnio de rochas granodiorticas at granticas sobre

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quantidades acessrias de gnaisses, migmatitos e restritos anfibolitos, definidos por HOFFMANN (1981) como Grupo Congonhas. Supergrupo Rio das Velhas Arv

Originalmente definido como Srie Rio das Velhas e subdividido nos Grupos Nova Lima e Maquin (DORR et al., 1969), foi posteriormente renomeado como Supergrupo Rio das Velhas (LOCKZY & LADEIRA, 1976). SCHORSCHER (1979) incluiu o Grupo Quebra Osso na base do Supergrupo Rio das Velhas. Grupo Nova Lima Consiste principalmente de xisto verde metassedimentar. Engloba sedimentos pelticos e psamticos, metavulcanitos e filitos bsicos e cidos com intercalaes de quartzito, grauvaca, dolomito, talco xisto e formao ferrfera. Grupo Quebra Osso Ocorre na poro nordeste do Quadriltero Ferrfero. Corresponde associao de litofcies plutnica-vulcnica mfica-ultramfica, constituindo metakomatiito peridottico, metakomatiito, serpentinito, formao ferrfera, metachert, turmalinito e filito carbonoso. Grupo Maquin Constitudo de quartzitos, lentes de metaconglomerados e quartzo-clorita xistos. Possui as seguintes associaes: Aluvionar, correspondendo associao de litofcies no-marinha, composta por rochas metassedimentares interpretadas como depsitos aluvial-fluviais de um sistema de rios entrelaados; e Costeira, composta por cloritaquartzo-sericita xistos e sericita quartzitos. Supergrupo Rio Parana Arp

Conforme foi proposto por FOGAA & SCHLL (1984), os Grupos Costa Sena e Pedro Pereira foram reunidos no Supergrupo Parana. As ocorrncias deste supergrupo so observadas na poro oeste da bacia, nas proximidades da Serra do Espinhao. Grupo Pedro Pereira Representa restos de um greenstone belt com vulcanismo inicial komatitico que, em seus termos cidos finais, mostra tendncias calcoalcalinas (KNAUER, 2007). A composio litolgica inclui rochas metabsicas, metaultrabsicas, sericita-quartzo xistos, metavulcnicas cidas e formao ferrfera itabiritos (CARVALHO, 1982). Grupo Costa Sena O Grupo Costa Sena, definido por HOFFMANN (1983b), uma seqncia marinha com vulcanismo cido calcoalcalino (Formao Baro do Guaicu) que evolui,

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segundo KNAUER (2007), para ambientes continentais at marinhos rasos (Formao Bandeirinha). composto essencialmente de micaxistos, filitos e xistos que gradam para quatzitos micceos e, algumas vezes, para quartzitos. Unidades Metaultramficas Amu

Incluem rochas metaultramficas, metamficas e metassedimentares qumicas (formao ferrfera bandada), alm de quartzitos e micaxistos de posicionamento no comprovado. Essas rochas foram estudadas com detalhe por, dentre outros, CHAPADEIRO et al. (1987) e UHLEIN (1984). As ocorrncias dessas rochas distribuem-se por uma estreita faixa, bastante tectonizada, nas adjacncias da Serra do Espinhao, no municpio de Serro. 2.4.1.3.2 Unidades Proterozicas a) Unidades paleoproterozicas Grupo Serra da Serpentina PPss

As rochas deste grupo afloram exclusivamente na borda leste da Serra do Espinhao Meridional, sendo correlacionveis chamada Seqncia Serra do Sapo. dividido em quatro unidades, descritas por VILELA & SANTOS (1983) do topo para a base como: Unidade Filtica - constituda por quartzo moscovita/sericita filitos at xistos, com intercalaes quartzticas finas (localmente mdias) micceas e/ou ferruginosas; Unidade Itabirtica - constituda por itabiritos caracterizados pela alternncia de bandas quartzosas a hematticas (apenas localmente enriquecidas em magnetita/martita) regularmente dispostas, de espessuras milimtricas a centimtricas; Unidade Quartzitica - constituda por quartzitos finos a mdios, micceos e, caracteristicamente ferruginosos; Unidade Xistosa - constituda por sericita-muscovita xisto e quartzitos, que muitas vezes podem ser confundidos com a Unidade quartztica. Supergrupo Minas PPsm

De acordo com REIS et al. (2002) o Supergrupo Minas uma seqncia metassedimentar de idade paleoproterozica (BABINSKI et al., 1991), interpretada como uma bacia intracratnica (CHEMALE et al., 1994) ou como uma seqncia supracrustal de plataforma com substrato silico (MARSHAK & ALKMIM, 1989). As rochas do Supergrupo Minas foram submetidas ao metamorfismo da fcies xisto verde, atingindo a fcies anfibolito nas pores leste, sudeste e nordeste do Quadriltero Ferrfero (HERZ, 1970). Esta unidade est em contato tectnico com o Supergrupo Rio das Velhas e com complexos granito-gnissicos (MACHADO et al., 1996). O Supergrupo Minas ocorre na poro oeste da bacia, na regio do Quadriltero Ferrfero, sendo constitudo, predominantemente, por sedimentos plataformais (DORR II, 1969), empilhados em quatro grandes unidades que totalizam mais de 4.000 metros de espessura. Engloba os sedimentos clsticos do Grupo Caraa, sedimentos qumicos do Grupo Itabira, unidades clsticas e qumicas do Grupo Piracicaba e sedimentos do tipo flysh do Grupo Sabar (ALMEIDA et al., 2005).

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Grupo Caraa Subdivide-se nas Formaes Moeda e Batatal. A Formao Batatal, no topo do grupo, constitui-se de filito, e a Formao Moeda constituda por uma seqncia quartzito/filito/quartzito. Grupo Itabira Esta unidade ocorre nas reas dos sinclinais Ouro Fino e Alegria, borda leste da serra do Caraa, na regio de Mariana, e na regio de Itabira. Possui um contato discordante de caracterstica erosiva com o Grupo Caraa. Encontra-se subdividido como Formaes Gandarela e Cau. A primeira formao representada por dolomitos e subordinadamente por itabiritos, filitos dolomticos e filitos. J a segunda definida por formaes ferrferas do tipo lago superior e, subordinadamente, por itabiritos dolomticos e anfibolticos com pequenas lentes de filitos e margas e alguns horizontes manganesferos. Grupo Piracicaba Apresenta-se diferenciado nas regies de Itabira, sul da serra do Caraa e extremo sudoeste do Quadriltero Ferrfero. Inicialmente foi definido como Formao Piracicaba por HARDER & CHAMBERLIN (1915) e redefinido por DORR et al. (1957) como Grupo Piracicaba. constitudo por rochas clsticas e qumicas, divididas em quatro formaes, dispostas da base para o topo como: Formao Cercadinho (POMERENE, 1958a) - constituda de quartzito ferruginoso, quartzito, filito, filito ferruginoso, conglomerado e dolomito. Atinge espessura mxima de 300 m, sendo seu contato basal definido por discordncia erosional com a Formao Gandarela, e gradacional, no topo, com a Formao Fecho do Funil; Formao Fecho do Funil (SIMMONS, 1958) - composta por filito quartzoso, filito dolomtico, dolomito argiloso e, em menor quantidade, filito silicoso e quartzito ferruginoso. Sua espessura mdia de cerca de 300 m, passando gradativamente, em uma zona de trs metros, para o quartzito superior; Formao Taboes (POMERENE, 1958b) - constituda por um ortoquartzito que, quando fresco, de granulao muito fina e de cor verde plida, apresentando espessura de at 300 m; Formao Barreiro (POMERENE, 1958c) - composta por um filito grafitoso intercalado com filito carbonoso. Sua espessura mdia de 125 metros. Grupo Sabar Inicialmente definido como Formao Sabar, no topo do Grupo Piracicaba (GAIR, 1958), foi redefinido por LADEIRA (1980) como Grupo Sabar, acima do Supergrupo Minas. Posteriormente, RENGER et al. (1994) posicionaram o Grupo Sabar no topo do Supergrupo Minas. Esta unidade compe-se de rochas metassedimentares clsticas, localmente intercaladas com rochas metassedimentares qumicas, interpretadas como uma seqncia turbidtica do tipo flysch (BARBOSA, 1968; DORR, 1969; MACHADO et al., 1992). So principalmente filitos, metagrauvacas, metaconglomerados, quartzitos, filito grafitoso, formaes ferrferas, metatufitos e metavulcnicas mficas e cidas

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(COSTA, 1961; BARBOSA, 1968; DORR, 1969; FERRARI, 1981; RENGER et al., 1994; ALKMIM & MARSHAK, 1998). O contato desta unidade com o Grupo Piracicaba uma discordncia erosiva, enquanto que a unidade superior (Grupo Itacolomi) uma discordncia angular e erosional (DORR, 1969). Grupo Itacolomi PPit

representado por quartzitos, quartzitos conglomerticos e lentes de conglomerado com seixos de itabirito, filito, quartzito e quartzo de veio, depositados em ambiente litorneo ou deltico (DORR 1969). Complexo Juiz de Fora PPjf

Estende-se por toda a regio leste de Minas Gerais, ao longo do Cinturo de Alto Grau Atlntico, constituindo os principais conjuntos litolgicos desta unidade geotectnica (LEONARDOS & FYFE, 1974; OLIVEIRA, 1980; HASUI & OLIVEIRA, 1984). Foi dividido em vrias unidades de acordo com sua litologia predominante, destacando, como as principais aflorantes: a Unidade Charnocktica PPjf(c), composta por granada-biotita opdalito com clinopiroxnio, charnocktico, charno-opdalito e enderbito; a Unidade Enderbtica, associada a Gnaisses Archers e, localmente, exibindo restos de gnaisses granulticos; a Unidade Tonaltica, que possui freqentes intercalaes de granulito mfico, remanescentes locais de ortognaisses do embasamento mesoarqueano. Complexo Piedade PPpi

Este complexo integra o orgeno mineiro formado por ortognaisses TTG e granticos-granodiorticos com freqentes intercalaes de rochas supracrustais (SILVA et al., 2002). Constitui uma extensa faixa de direo nordeste, que se estende desde a regio de Ponte Nova at, aproximadamente, a foz do rio Corrente Grande no rio Doce. Complexo Pocrane PPpo

composto por ortognaisses associados a metassedimentos e rochas metamfica-ultramficas de ocorrncia localizada. Nveis de anfibolito so caractersticos dessa unidade (SLLNER et al., 1991). Os ortognaisses so metaluminosos, bandados, migmatticos, com pores mficas e termos quartzofeldspticos. Tem composio tonaltica a grantica, com os termos granodiorticos e monzodiorticos subordinados. Sutes Alcalinas PPsa

Sutes granticas do tipo A, compostas de sienito e granito alcalino, com idade Pb-Pb de 2,0 Ga e de granitides calcialcalinos de alto K (granito, granodiorito, monzonito, monzodiorito) com idade em torno de 1,9 Ga. O batlito monzossientico Guanambi, intrusivo em ortognaisses TTG granulticos mesoarqueanos, consiste de mltiplas intruses de monzonito, quartzo monzonito, quartzo sienito e sienito alcalinos (ROSA et al., 1996). Exibe texturas

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equigranular e porfirtica. Localmente apresenta foliao de fluxo magmtico e s est deformado no estado slido (foliao milontica) ao longo de bandas de cisalhamento. Alternativamente, TEIXEIRA (2000) interpreta essas rochas como resultantes de um magma hbrido (componente mantlica de natureza alcalina, mais fuso parcial de uma crosta continental de composio possivelmente TTG). Sute Borrachudos PPbo

O nome Borrachudos devido a DORR & BARBOSA (1963), que descrevem ampla ocorrncia de granito-quartzo monzonito na rea de Itabira, considerada de idade ps-Minas. Segundo estes autores, a gnese dos granitos estaria ligada a estgios orogenticos tardios. GROSSI SAD et al. (1990b) adotam a denominao de Sute Borrachudos para caracterizar o conjunto de corpos granticos identificados na regio leste do Estado de Minas Gerais, entre Itabira e Guanhes, individualizando-os da seguinte forma: Aucena Augen-gnaisse grantico e biotita granito PPa; Borrachudos PPbo; Cansano PPcn; Garcia PPga; Goiaba PPgo; Bicas PPbi; Itabira PPib; Lambari PPla; So Flix PPsf; Senhora do Porto PPsp; Morro do Urubu PPmr; e Jenipapo PPje; Peti PPpe. Segundo esses autores, o que individualiza esses corpos a presena de uniformidade composicional e a ausncia de xenlitos no interior dos corpos granticos. Os corpos do tipo Borrachudos incluem monzogranitos a sienogranitos, em geral porfirticos e com encraves mficos (GROSSI SAD et al.,1990). b) Unidades mesoproterozicas Supergrupo Espinhao MPse

O nome Supergrupo Espinhao adotado para as seqncias predominantemente quartziticas que constituem a cordilheira homnima. O cinturo orogentico que contm a Serra do Espinhao Meridional delimita o sudeste do crton do So Francisco e fundese, para nordeste, com a Faixa Araua. uma faixa orognica que se destaca em relao s suas margens, devido ao seu conjunto de rochas soerguidas a 1,85 Ga (MACHADO et al., 1989), e a seu alinhamento estrutural na direo norte-sul. A Serra do Espinhao Meridional estende-se por cerca de 300 km, desde o Quadriltero Ferrfero at a regio de Olhos Dgua, e constitui trs conjuntos tectono-estratigrficos maiores compreendendo o Complexo Basal e os Supergrupos Rio Parana e Espinhao (ALMEIDA ABREU, 1995). PFLUG (1968) subdividiu o Supergrupo Espinhao em oito formaes, as quais foram reunidas nos Grupos Diamantina e Conselheiro Mata (DOSSIN et al., 1984). O Grupo Diamantino, nico com ocorrncia na rea em estudo, descrito a seguir, da base para o topo. Formao So Joo da Chapada Este conjunto litolgico engloba uma seqncia quartzosa separada por um nvel pouco espesso de rochas magmticas, a qual foi dividida por SCHOLL (1979) em nveis (A, B e C). O nvel A constitudo por metabrechas de quartzito ou metaconglomerado polimtico em forma de lentes, que foram instaladas margem da bacia marinha. O nvel B possui espessura em torno de 20 metros e composto por filitos hematticos. A

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mineralogia principal a muscovita, a hematita e, subordinadamente, a turmalina. Localmente podem ocorrer tambm cloritide-quartzo xistos. O nvel C composto de quartzitos de granulao mdia a grossa, em bancos contnuos com dezenas de metros. Tambm possvel observar camadas delgadas de filitos intercalados na poro mediana do pacote. Formao Sopa-Brumadinho As rochas conglomerticas que ocorrem em toda poro central da Serra do Espinhao foram descritas primeiramente por MORES & GUIMARES (1930) como Formao Sopa. Da mesma forma que a Formao So Joo da Chapada, a Formao Sopa Brumadinho tambm foi dividida por SCHLL (1979) em trs nveis (D, E e F). O nvel D composto por filitos, filitos quartzosos e quartzitos micceos com estratificaes cruzadas de pequeno porte. No nvel E, so diferenciadas duas fcies de espessura variada, atingindo no mximo 50-60 metros. A primeira representada pelo predomnio de quartzitos de granulao grosseira, localmente com seixos com elevado teor de xido de ferro. A segunda caracterizada por metaconglomerados polimticos, intercalados com quartzitos. Os metaconglomerados de matriz mais serictica so mais propcios ocorrncia de diamantes. O nvel F constitudo de filitos e metassiltitos, com intercalaes de metabrechas quartzitcas, que gradam verticalmente para quartzitos micceos e quartzito de granulao fina. Estes seis nveis basais do Supergrupo Espinhao, exceo dos filitos hematticos, representam, em termos sedimentolgicos e paleogeogrficos, um conjunto depositado em guas rasas bastante enrgicas. Formao Galho do Miguel Os quartzitos Galhos do Miguel, descritos por PFLUG (1968), ocorrem geralmente em bancos espessos e com megaestratificaes cruzadas. Trata-se de uma seqncia montona composta exclusivamente de quartzitos que atingem de 500 a 2000 metros de espessura. Descrita como uma seqncia tpica de ambiente elico, compese essencialmente de quartzitos de cor branca, que adquirem tonalidade rosada quando meteorizados e, eventualmente, apresentam tonalidade esverdeada. Os quartzitos so puros, de granulao fina a mdia, contendo, s vezes, filmes sericticos. Nesse caso, possuem aspecto laminado. Os nveis sericticos podem apresentar espaamento regular de aproximadamente 5 cm. Os quartzitos so localmente bimodais, apresentando grnulos arredondados de aproximadamente 2 mm de dimetro, envolvidos por matriz fina. Estratificao cruzada tabular de mdio e grande porte ocasionalmente observada, caracterizando um ambiente deposicional elico. Petrograficamente trata-se de quartzitos de granulao fina, com alto teor de maturidade. c) Unidades neoproterozicas Grupo Macabas NPgm

O Grupo Macabas representa essencialmente um conjunto de pacotes de rochas de origem glacial (metadiamictitos). Possui espessura varivel, desde algumas centenas de metros at alguns quilmetros de espessura. Suas reas de afloramento so pouco

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expressivas, ocorrendo na maior parte em reas de afloramento do Supergrupo Espinhao. Na rea da bacia representado apenas pela Formao Ribeiro da Folha, descrita a seguir. Formao Ribeiro da Folha Constitui a unidade distal do Grupo Macabas, sedimentada no estgio de margem passiva da Bacia Macabas. Os trabalhos sobre essa unidade so recentes, sendo PEDROSA-SOARES et al.(1990, 1992 e 2005) e LIMA et al.(2002) as principais referncias sobre os estudos desta formao. Esta formao constituda por pelitos, sedimentos vulcano-exalativos (metachert, formaes ferrferas, diopsidito e sulfeto macio), raros calcrios e provveis lavas mficas, metamorfisados desde a fcies xisto verde (zona da granada) at a fcies anfibolito (zonas da estaurolita, cianita e silimanita). Complexo Nova Vencia NPnv

essencialmente constitudo por biotita gnaisses paraderivados, localmente migmatizados com intercalaes de gnaisses kinzigticos, anfibolitos, mrmores, quartzitos impuros e rochas calcissilicticas com estruturas gnissicas ou no (GROSSI SAD et al, 1980). Possui, ainda, uma unidade terrgena (Unidade Paraba do Sul NPps) com intercalaes carbonticas, metacalcrio, anfibolito, e mrmore. Ocorrncias deste complexo so verificadas na poro nordeste da bacia, nas proximidades do municpio de So Gabriel da Palha. Complexo Jequitinhonha NPje

Representa espessa associao de gnaisses aluminosos e peraluminosos (kinzigticos), com intensidades diversas de migmatizao. Este complexo engloba espessas camadas de grafita gnaisse e intercalaes menores de quartzito, granulito calcissilictico. Estes gnaisses so constitudos por quartzo, feldspato potssico, plagioclsio sdico e biotita, com contedo varivel de granada, cordierita, silimanita e grafita (FARIA, 1997; DACONTI, 2004). Granitides Pr-Colisionais - NPg1

Os Granitides Pr-Colisionais so descritos como granitides foliados a gnissicos, dominantemente metaluminosos, calcialcalinos. Englobam os processos relacionados edificao do arco magmtico calcialcalino. So constitudos, predominantemente, por tonalitos e granodioritos com diorito subordinado e freqentes enclaves mficos. A foliao est impressa nas rochas desta sute bem como nos seus enclaves (PEDROSA-SOARES et al., 2007). A seguir, tem-se a relao dos granitides foliados a gnissicos, dominantemente meta-aluminosos, calcialcalinos, tipo I: Tonalito Chapada Bueno NPcb, Tonalito Brasilndia NPbr, Tonalito de Alto Guandu NPag, Tonalito Jequitib NPjt, Sute Galilia NPga (Derribadinha NPga(d), Granodiorito-Tonalito Galilia NPga (g), So Vitor NPga(v), Tonalito

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Bom Jesus do Galho NPbj, Sute Muniz Freire NPmf, Tonalito Cuit Velho NPcv, Tonalito de Boa Esperana NPbe, Ortognaisse Alto Capim NPac, Granito Pau-de-leo NPpo, Granulito Mascarenhas PPmc, Ortognaisses Rio Gandu NPrg, Granito-Granodiorito Santa Maria do Baixio NPsb, Tonalito Entre Folhas NPef, Tonalito Vermelho Novo NPnv, Granito Baixa do Bugre NPbb, Granito Jos Rodrigues NPjr, e Sute Muria NPsm. Grupo Rio Doce NPrd

Situado no domnio oriental da Faixa Araua, foi originalmente descrito por BARBOSA (1966) na regio do mdio rio Doce. Corresponde a uma mega-sequncia dominantemente psamo-peltica, sem termos conglomerticos, e vulcnicos de idade proterozica que se estendem da regio de Governador Valadares at as imediaes de Tefilo Otoni (PEDROSA-SOARES et al.; 1994). O Grupo encontra-se complexamente deformado e metamorfizado na fcies anfibolito. Segundo . VIEIRA et al. (2006) suas formaes descritas da base para o topo, so as seguintes: Formao Capelinha Constituda por grauvaca, arenito grauvaquiano, pelito e conglomerado clastosuportado, metamorfisados na fcies xisto verde, que representam depsitos sedimentares de plataforma e talude superior (LIMA et al.; 2002). As rochas apresentam mineralogia composta de mica e quartzo-muscovita xisto, alm de mica quartzo branco a ferruginoso e quartzo-sericita xisto. Formao Tumiritinga Estende-se, principalmente, do sul da cidade de Tumiritinga at o norte da Vila So Vitor. Mostra-se injetada pelo Tonalito Galilia, evidenciado pelas estruturas migmticas, formando agmatitos e migmatitos de injeo. Atravs das intercalaes de micaxisto e quartzito, possvel reconhecer a estratificao original dos gnaisses. Tais gnaisses, na regio de Tumiritinga, contm intercalaes de metacalcrio cristalino muito puro de espessura variada,. Formao So Tom Esta formao constituda de biotita muscovita xisto (transicionando para gnaisses xistosos), formando um importante pacote. Contem grandes files de quartzo e notveis corpos pegmatticos de importncia econmica. Distribui-se a leste de uma linha que passa por Galilia, Conselheiro Pena, e alcana a divisa com o Estado do Esprito Santo. Formao Palmital do Sul Caracteriza-se por uma sucesso de nveis, normalmente mtricos a decamtricos, de quartzito e biotita xisto/gnaisse, que ocorrem intercalados por nveis centimtricos a mtricos de rocha calcissilictica e de raros anfibolitos. Os quartzitos de cor branca, subordinadamente cinza clara, tm granulao mdia a fina, gros

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subangulosos ou, por vezes, tendendo a subarredondados. A seleo de boa a regular, variando entre puros a impuros. Formao Joo Pinto Sua espessura atinge algumas centenas de metros e compe-se quase exclusivamente de quartzitos puros, com raras intercalaes de quartzito micceo e micaxisto. Possui bandamento marcado por alternncia de leitos de granulometria varivel e, localmente, estratificao cruzada. Granitides Sincolisionais - NPg2

So descritos como granitides pouco foliados a gnissicos, peraluminosos, calcialcalinos de alto K. Compreendem todos os granitos do tipo S formados durante o estgio sin-colisional. Incluem corpos granticos tabulares autctones e intruses, deformados em concordncia com a foliao regional. As composies predominantes so cordierita-granada-biotita granito, granada-biotita granito e granito a duas micas (PEDROSA-SOARES et al, 2007). So diferenciados na bacia do rio Doce os seguintes seguintes corpos de granitides: - Granitides pouco foliados a gnissicos tipo S: Granito Nanuque NPna; Ortognaisse Colatina NPco; Granito Guarataia NPgu; Ortognaisse Crrego Grande NPcg; Granito Palmital NPpl. - Granitides pouco foliados a gnissicos, peraluminosos, calcialcalinos de alto K: Granito Urucum NPur, Granito Santa Rosa NPsr, Leucogranito CarlosChagas NPcc bsica. 2.4.1.3.3 Unidades Fanerozicas a) Unidades paleozicas Granitides Ps-Colisionais - FPg 5 Intruses mficas NPd Diques, sills e outros corpos de rochas de composio mfica e natureza qumica

Constitudos de intruses granticas do tipo I, tambm do estgio ps-colisional, livres da foliao regional, cuja ocorrncia se limita ao ncleo do Orgeno Araua. Estas intruses podem conter fcies charnockticas e enderbticas. Na poro sul do orgeno, em decorrncia da exposio de nvel crustal mais profundo, so comuns os pltons zonados que mostram ncleos (razes) de composio bsica (PEDROSA-

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SOARES et al., 2007). Os seguintes granitides ps-colisionais so diferenciados na bacia do rio Doce: - Norito So Gabriel da Baunilha (Psg): Compe-se de norito mdio a grosso, isotrpico, metaluminoso, toletico. - Granitides metaluminosos, calcialcalinos a alcalinos, Tipo I: Sute Ibituba (charnockito porfirtico, diorito fino, granito mdio a fino ou porfirtico) Sute Aimors, Sute Itapina, Sute Medina, Macio de Venda Nova, Macio Garrafo. - Granitides metaluminosos, calcialcalinos de alto K, tipo I: Granito Rapa, Macio Afonso Cludio, Sienito-Sienogranito Ibituruna, Granito Calado, Tonalito Alvarenga, Granito Limeira. - Charnockito-enderbitos porfirticos, metaluminosos, calcialcalinos de alto K: Unidade no diferenciada Padre Paraso, Enderbito Santa Teresa. - Granitides metaluminosos, calcialcalinos de alto K, Tipo I e mficos associados: - Sute Vrzea Alegre: charnockito porfirtico, diorito fino, granito fino a porfirtico, norito, tonalito mdio. - Sute Lagoa Preta: anortosito metaluminosos toletico, charnokito metaluminoso, diorito fino a mdio. b) Unidades cenozicas Grupo Barreiras Cgb

Ocupa uma expressiva rea na regio norte do Estado do Esprito Santo, constituindo-se na unidade litoestratigrfica sedimentar com maior distribuio areal na parte continental da Bacia Sedimentar do Esprito Santo. Definido primeiramente por BARROSO & ROBERTSON (1959), trata-se de depsitos detrticos pobremente selecionados, com granulometria cascalho, areia e argila, geralmente contendo horizontes laterticos (SUGUIO & NOGUEIRA, 1999). constitudo por arenitos esbranquiados, amarelados e avermelhados, argilosos, finos a grosseiros, mal selecionados, com intercalaes de argilitos vermelhos com espessuras decimtricas, podendo ainda ocorrer, em alguns locais, lentes de aproximadamente 2 metros de espessura de conglomerado intraformacional, constitudo de seixos arredondados de quartzo e quartzito de at 13 centmetros de dimetro, envolvidos em matriz areno-argilosa vermelha.

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Coberturas Tercirias CT

As coberturas detrticas cenozicas de idade indiscriminada, encontradas sobre superfcies de aplainamento correspondentes superfcie Sul-Americana, so eluvies e coluvies eventualmente associados a sedimentos aluvionares de canais suspensos, que se apresentam em graus variados de laterizao. Trata-se de uma sucesso de arenitos argilosos e lamitos arenosos, intercalados com camadas de argilito, folhelho orgnico e linhito de grau de pureza muito varivel. Localmente ocorrem camadas pouco espessas de arenito ferruginoso e brechas intraformais argilosas. As coberturas detrticas cenozicas podem ser observadas a leste da bacia, nas adjacncias da zona costeira, no municpio de Linhares. Dois tipos de coberturas esto cartografadas nas pores nordeste e noroeste do Quadriltero Ferrfero, relacionadas s alteraes supergnicas sobre xistos do Grupo Nova Lima. So descritas concrees ferruginosas, preenchendo fraturas e cobertura detrito-latertica, na forma de solo latertico residual. Material areno-argiloso, concrees ferruginosas e fragmentos de quartzo revestem estas coberturas como concentraes supergnicas de xidos de ferro. Quaternrio Costeiro CQc

Esta sedimentao representa o Quaternrio costeiro (Cqc) da regio norte do Esprito Santo, tendo sido definida por PIAZZA, ARAJO & BANDEIRA JNIOR (PETROBRAS, 1972) como depsitos de plancie de inundao, depsitos de brejos e pntanos. Os depsitos de mangue e depsitos arenosos de cordes litorneos, estes ltimos definidos pelos autores, esto distribudos nas unidades a seguir: - Depsitos de Cordes Litorneos Antigos (Qcl): sedimentos arenosos e arenoargilosos costeiros; - Depsitos Marinhos e Continentais Antigos (Qmc): sedimentos arenosos marinhos e/ou lagunares; - Depsitos Litorneos Indiferenciados Recentes (Qli): depsitos de praia marinhos e/ou lagunares, sedimentos arenosos; - Depsitos Fluvio-Lagunares Recente (Qfl): areia e lama sobrejacentes a camadas de areia biodetritica e/ou sedimentos lamosos de fundo lagunar, e ocorrncia de turfa, areia e cascalho; e - Alinhamentos de Cordes Litorneos Recentes (Q2cl): sedimentos arenosos e arenoargilosos costeiros. Depsitos Aluvionares CQa

Os depsitos aluvionares so compostos por areias, cascalhos, siltes argilas e termos mistos, com ou sem contribuio orgnica, depositados em ambiente fluvial ao longo de calhas, plancies de inundao e terraos. Localmente ocorrem depsitos de turfa.

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Nos depsitos de paleocanais recentes predominam areia com intercalaes de argila e cascalho e restos de matria orgnica. Nos depsitos residuais, associados a paleocanais fluviais, predominam areia e cascalho. Como depsitos colvio-aluvionares recentes, recobrindo encostas resultantes da gnese da morfologia atual, esto s coberturas coluvionares. So compostas por areias silto-argilosas, com grnulos e seixos, geralmente de quartzo, quartzito e canga limontica, com linhas de seixos (stone line) na base.

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