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BAIRRO SÁ VIANA, SÃO LUIS-MA: UMA ANÁLISE DA RELAÇÃO ENTRE CRESCIMENTO POPULACIONAL E IMPACTO AMBIENTAL.
Charles Augusto da Silva Barbosa
Instituição: UFMA [email protected]
Leonel Ramos Rocha Instituição: UFMA
[email protected] André Luis Soares Rodrigues
Instituição: UFMA [email protected]
Shirley Cristina dos Santos Instituição: UFMA/DEGEO/NEPA.
RESUMO O crescimento populacional do município de São Luis está relacionado com o êxodo rural, evidenciado em meados da década de 1970, com a implantação do Projeto Grande Carajás, pois a área recebeu a instalação de empreendimentos como a CVRD (Companhia Vale do Rio Doce, hoje VALE) e da ALUMAR (Alumínio do Maranhão S.A). O aumento demográfico acabara por contribuir para os grandes problemas sócio-ambientais mediante a falta de moradia e, sobretudo, infra-estrutura nas localidades fixadas nas periferias da cidade. Nesse contexto, torna-se relevante abordar os problemas gerados no bairro Sá Viana (zona oeste) que vem sendo catalisado pela ocupação desordenada colocando em risco não só a população local como também os recursos naturais. A dinâmica populacional e as alterações antrópicas ali observadas estão contribuindo para a reconfiguração do meio físico da área de estudo. Para a realização do estudo buscou-se compreender as características sócio-ambientais e fisiográficas do bairro Sá Viana, bem como os fatos que contribuem para a degradação do ecossistema local. Para isso, utilizou-se alguns procedimentos como: levantamento de material bibliográfico, documentação cartográfica, trabalhos em campo com registros fotográficos, entrevistas informais com líderes comunitários da área de estudo. De acordo com pesquisas realizadas anteriormente no referido bairro e com o diagnóstico apresentado, constatou-se as seguintes alterações em sua paisagem: aumento do desmatamento do manguezal, aumento populacional, impermeabilização do solo e os impactos ambientais. Através disso pode-se perceber que o crescimento populacional desordenado do referido bairro trouxe impactos significativos nas condições sociais de seus habitantes e mais ainda, ao ecossistema de mangue predominante e outros recursos naturais existentes. Com isso, o presente estudo, além da compreensão dos processos que ocorrem no bairro Sá Viana busca alternativas viáveis a prática da minimização deste processo de degradação ambiental. Palavras-chave: Sá Viana, degradação, crescimento populacional. ABSTRACT The population growth of the municipality of San Luis is related to the rural exodus, as evidenced in the mid-1970s, with the implementation of the Grande Carajás project, because the area was the establishment of enterprises such as CVRD (Companhia Vale do Rio Doce, now Vale) and ALUMAR (Aluminio do Maranhao SA). The population growth ultimately contribute to the major socio-environmental problems through lack of housing and especially infrastructure in fixed locations in the outskirts of the city. In this context, it becomes relevant to address the problems generated in the neighborhood Sá Viana (west) which is catalysed by the disorderly occupation jeopardizing not only the local population as well as natural resources. The population dynamics and the changes observed human food are contributing to the reconfiguration of the physical environment of the study area. For the study sought to understand the socio-environmental and physiographic of Sá Viana district, and the facts that
contribute to the degradation of the local ecosystem. For that, it was used some procedures such as removal of bibliographic material, cartographic documents, work in field with photographic records, informal interviews with community leaders of the study area. According to surveys conducted earlier in the quarter and the diagnosis made, it was the following changes in its landscape: the rise of mangrove deforestation, population growth, soil sealing and environmental impacts. Through it you can see that the population growth of the disordered neighborhood has significant impacts on social conditions of its inhabitants and more, the predominant ecosystem of mangroves and other natural resources. Therefore, the present study, in addition to understanding the processes that occur in the neighborhood Sá Viana seeking alternatives to the practice of this process to minimize environmental degradation. Keywords: Sá Viana, degradation, population growth.
1. INTRODUÇÃO
O crescimento populacional do município de São Luis está direcionado com o êxodo rural,
evidenciado em meados da década de 1970, onde esta dinâmica se tornou expressiva devido à
implantação do Projeto Grande Carajás, onde esta área recebeu as instalações de empreendimentos como
a CVRD (Companhia Vale do Rio Doce) e da ALUMAR (Alumínio do Maranhão S.A.).
O “fascínio urbano” gerado por estes empreendimentos trouxe como conseqüências o inchaço
populacional, marginalização social, o surgimento das ocupações desordenadas e os impactos ambientais.
Através deste projeto foi construída a Ferrovia Carajás e, por conseguinte houve uma grande
valorização nas regiões maranhenses cortadas por esta estrada que foi ocupada por grandes projetos
agropecuários, acarretando com isso, um grande fluxo de pessoas da zona rural para a capital do
maranhão, atraídos pela possibilidade de emprego e, sobretudo expulsos de seus locais de origem devido
à concentração de terras, fruto de grandes conflitos entre os pequenos produtores e os latifundiários.
O aumento demográfico causado basicamente por estes fatores, acabara por contribuir para os
grandes problemas sócio-ambientais mediante a falta de moradia, planejamento urbano e, principalmente,
a ausência de infra-estrutura nas localidades fixadas nas periferias da cidade. Nesse contexto, serão
abordados os problemas gerados no bairro do Sá Viana que vem sendo catalisado pela ocupação
desordenada colocando em risco não só a integridade da população local como também a conservação
dos recursos naturais in-loco.
Portanto torna-se relevante o estudo sobre a referida área, visto que, a mesma apresenta
características ambientais de fundamental importância, sobretudo quando nos referimos ao rio das Bicas
e o Ecossistema de mangues que é um berçário natural, no entanto, estes ambientes vêm sendo
ameaçados pelo uso e ocupação desordenada.
2. METODOLOGIA
2.1 Método
A dinâmica populacional e as alterações antrópicas observadas no Sá Viana estão contribuindo
para a reconfiguração do seu meio físico. Para a realização do estudo buscou-se compreender as
características sócio-ambientais e fisiográficas do bairro supracitado, bem como os fatos que contribuem
para a degradação do ecossistema local.
2.2 Procedimentos metodológicos
Para o desenvolvimento da pesquisa, algumas ações foram adotadas no sentido de obter a
abrangência desejada:
Levantamento de material bibliográfico, obtendo-se a base conceitual para o desenvolvimento da
pesquisa;
Documentação cartográfica, no qual foram pesquisados mapas e imagens de satélite;
Trabalhos em campo com registro fotográfico;
Entrevistas informais com líderes comunitários e habitantes da área de estudo, a fim de conhecer o
histórico de ocupação da área, bem como os principais problemas do bairro;
Elaboração do trabalho, com a análise dos dados e informações obtidas durante o levantamento de
toda a pesquisa.
3. LOCALIZAÇÃO E CARACTERIZAÇÃO FISIOGRAFICA
3.1 Localização
A ilha do Maranhão esta situada ao norte do estado do Maranhão, região nordeste do Brasil. No
município de São Luis está inserido o bairro Sá Viana que faz parte da área denominada eixo itaqui-
bacanga. O bairro do Sá Viana encontra-se localizado a oeste do município de São Luis tendo como
referência o centro da cidade. Segundo Lobo (2006), “As coordenadas geográficas que cortam a área em
estudo são: 2º33’14”S e 44º18’21” W. O Bairro limita-se ao norte e leste com o Rio Bacanga; a sul e
oeste com a Vila Embratel e Campus – UFMA (Universidade Federal do Maranhão)” respectivamente
(FIGURA 01 e FOTO 01).
FOTO 01: Imagem parcial de satélite do Bairro do Sá Viana. FONTE: Programa Google Earth.
3. CARACTERISTICAS GEOFISICAS DA ÁREA DE ESTUDO
3.1 Clima
A cidade de São Luis esta inserida em uma área de transição climatizado semi-árido nordestino e
tropical úmido da Amazônia, e desta forma acaba por ser considerada uma área com clima tropical
úmido. O clima tropical úmido apresenta temperaturas que possuem uma variação em torno de 17,9°C a
34,4°C que sofre influencia da massa equatorial atlântica.
Na cidade tem - se dois períodos: um chuvoso e o outro de estiagem, o primeiro é caracterizado
entre os meses de dezembro a junho. No que diz respeito ao regime de chuvas, a cidade possui índices
pluviométricos regulares, porém mal distribuídas, atrelada a deficiências de infraestruturas, ocasionam
serio problemas sócio-ambientais como inundações em alguns pontos da cidade inclusive na área
estudada. No bairro do Sá Viana, área estudada, também possui alguns pontos de alagamento em virtude
deste bairro ser marcado por um relevo bem diversificado destacando-se varias colinas o que contribui
para condução de águas para áreas relativamente mais baixas.
3.2 Hidrografia
As características hidrográficas da área analisada são ressaltadas por um acelerado processo de
degradação de suas bacias ao longo dos anos devido ao desordenado processo de ocupação do solo e
industrialização, na área de estudo este processo marcam-se apenas pela desordem do uso e ocupação do
solo nas margens do Rio Bicas que drena a área.
Ao longo dos anos, o Rio das Bicas, tem sofrido grandes alterações em sua dinâmica, uma
dessas mudanças mais visível é a construção da barragem do Bacanga. E ainda a construção da Avenida
dos africanos, na margem direita do rio, que foi instalada mediante ao aterramento do mangue existente,
a área pertencente ao mangue, hoje corresponde aos bairros por onde a avenida se estende.
FIGURA 01: localização bairro Sá Viana. FONTE: ROCHA, 2009.
A ocupação das margens esquerda do rio acontece especialmente por habitantes correspondentes
ao Sá Viana. Em períodos de chuvas intensas, a natural elevação do nível das águas do rio faz com que
este ocupe o seu leito maior, atingindo os moradores lá fixados. Contudo quando este fenômeno coincide
com a não abertura das comportas da barragem, resulta no alagamento proporcionalmente maior,
inundando diversas casas localizadas nas áreas mais baixas do referido bairro. Outro fato relevante para
degradação do ecossistema de mangue da área de estudo, é o despejo de esgoto in-natura no rio, a
exemplo disso, tem-se galerias de bairros vizinhos que capta parte dos dejetos e os lança no rio.
3.3 Geologia
A ilha do maranhão ocupa a parte setentrional do Golfão maranhense, parte integrante da bacia
costeira de São Luis, formada por riftiamento durante o cretáceo. Limitado ao norte pela plataforma
continental, sul pelos altos estruturais Arco Ferrer-Urbano Santos, disposto de forma aproximada E-W, a
leste pelo Horst de Rosário e a oeste pelo Arco de Tocantins (PEREIRA, 2006).
Segundo autor supracitado, a sedimentação na bacia de São Luis iniciou-se com sedimentos do
cretáceo da Formação Itapecuru, Formação do Terciário Paleogeno, Formação Barreiras e finalmente
pelos sedimentos recentes da Formação Açuí. A área objeto de estudo, o bairro do Sá Viana, apresenta
uma caracterização geológica constituída de rochas sedimentares basicamente representadas por arenitos
e argilítos inconsolidados, de idade Terciária e bastante alterada por aluviões. Os depósitos de argila
adensada com areia existente no bairro correspondem, a uma área extensa chegando até o parque estadual
do bacanga (até onde se tem conhecimento de ligação entre essas áreas). (FOTO 02).
FOTO 02: Argelitos, o que mostra inconsolidação no solo da área. FONTE: BARBOSA, 2008.
Pertence a Formação do grupo Barreiras embora grandes extensões já tenham sido distribuídas
por agentes modeladores. Dando origem aos vales, “depressões”, caracterizando varias colinas. A idade
desta formação (BARREIRAS) estende-se desde o fim do período mesozóico até o inicio do quaternário.
Em analise feita no campo, a área formou-se no Terciário Paleogeno.
3.4 Geomorfologia
A Ilha do Maranhão encontra-se totalmente inserida no Golfão Maranhense que é um importante
acidente geográfico no litoral, apresentando modestas altitudes. Tem como característica principal a
presença de tabuleiros, mas que são pouco resistentes aos processos erosivos. De acordo com Feitosa
(1996 apud FREIRE, 2002), as feições que se destacam na ilha são: Tabuleiros, Dunas, Praias e Planície
Costeira.
O bairro apresenta uma morfologia com colinas suaves ao longo de toda área, conhecidas pela
população como ladeira (FOTO 03). As colinas na área de estudo têm alturas em torno de 20 e 30 metros.
Observam-se ainda habitações em toda extensão da topografia do bairro, em encostas, nas partes baixas e
altas, e nas margens do rio. Ainda é possível notar uma planície flúvio-marinha e uma área relativa de
manguezal que, porém vem perdendo espaço para as ocupações irregulares (FOTO 04).
FOTO 03: Rua do Bairro Sá Viana onde é possível observar a variação de altura. FONTE: ROCHA, 2009.
3.5 Vegetação
Considerando o contexto da Ilha do Maranhão, é possível analisar características que remontam
sua fundação onde em decorrência do processo de avanço populacional e também industrial, acabou por
modificar de maneira drástica a vegetação original da ilha.
Segundo Feitosa (1997) apresentava as formações vegetais como floresta, cerrado, babaçuais,
campos, manguezais, dunas e restingas. As formações vegetais como mangue, cerrado, são o que restam
deste avanço catastrófico, e do que um dia foi à cobertura primitiva, tem-se a floresta secundária e uma
porção de mangue.
Na área de estudo parte do mangue foi aterrado, ocorrendo também à destruição da mata ciliar ao
longo da extensão do rio das Bicas e a vegetação secundária recentemente apoiada por projetos e
instituições que cuidam da preservação da área verde no complexo de moradia do Bacanga. Nesta área, a
vegetação secundaria caracterizada pelas capoeiras e babaçuais estão prestes a desaparecer por causa da
FOTO 04: casas construídas em planície flúvio-marinha (mangue). FONTE: ROCHA, 2009.
ocupação humana, ainda segundo FEITOSA in loco não existe área de manguezal totalmente preservada
isso em decorrência deste avanço.
4. ANÁLISE DA RELAÇÃO ENTRE CRESCIMENTO POPULACIONAL E IMPACTO
AMBIENTAL NO BAIRRO SÁ VIANA.
As transformações espaciais intensificaram os problemas ambientais em algumas áreas, onde a
dinâmica populacional acentuou-se. Esses impactos têm proporcionado prejuízos ao espaço urbano e aos
habitantes (CUNHA e GUERRA, 2006, p. 231).
Neste contexto, se destacam as transformações na área do bairro Sá Viana, onde problemas
como degradação ambiental, exploração de recursos naturais e resíduos sólidos se mesclam entre
residências e moradores.
No caso do bairro Sá Viana que tem se expandido por sobre a área do mangue, é um típico
exemplo do crescimento desordenado. Alheio a qualquer problema às condições ambientais da área ou
dos moradores, assim como os órgãos municipais se abstêm dos seus deveres.
Do ponto de vista legal, o município tem o direito e o dever de atuar no controle do uso e da ocupação do solo, [...]. No entanto, como o crescimento tem–se por movimento espontâneo, orientados [...] pela apropriação indevida de domínios morfoestruturais que possuem dinâmicas e propriedades especificas freqüentemente ignoradas, os chamados impactos ambientais tendem a se multiplicar e a se repetir ao longo do tempo [...]. (GUERRA E CUNHA, 2005. p. 171).
O bairro Sá Viana contém características fisiográfica peculiares, em relação aos demais bairros
do município. Situado a oeste do centro de São Luis, o bairro é marcado pelo seu relevo bastante
acidentado, contendo áreas baixas e outras em sua maioria dominada por colinas, algumas com
declividades acentuadas até (encostas), porém com a presença de moradores.
Dentre as áreas baixas que dispõem o bairro, sua maior parte é passiva de alagamentos, pois
estas se encontram na planície de inundação do Rio das Bicas. Devido às características físicas do bairro,
os seus habitantes sofrem pela insegurança de terem suas casas fixadas em encostas, ou pelo risco
iminente delas serem inundadas, quando se refere as que se encontram nos pontos mais baixos.
Contudo, todos os problemas vividos neste bairro são potencializados pela falta de políticas
publicas direcionada, e sobre tudo pela forte degradação ambiental. Em diversas ruas pode-se encontrar o
escoamento de esgoto in natura a céu aberto junto com resíduos sólidos (FOTO 05).
FIGURA 05: Esgoto sanitário e doméstico e nas ruas do Sá Viana. FONTE: ROCHA, 2009.
Porém o lixo não atinge apenas estes pontos, ele se espalha por uma vasta área de mangue, que
antes ocupava toda a parte mais baixa do bairro, mais que aos poucos vem sendo desmatado para dar
lugar às novas habitações. Daí advém os maiores problemas sofridos com inundações nesta área. Muitas
pessoas constroem suas casas nesta área com o alicerce bastante alto buscando prevenir que as mesmas
sejam inundadas ou ainda constroem com madeira, dispondo de resto de matérias de construções para
aterrar e/ou ajudar a fixar a madeira no chão úmido do mangue (FOTO 06).
FIGURA 06: Casa sendo construída na área de mangue. FONTE: ROCHA, 2009.
Muitos moradores utilizam da madeira retirada do mangue para construção dessa casas, no
cercado dos “seus” terrenos e ou ainda na produção artesanal de carvão. O espaço deixado pela retirada
do mangue é utilizado para além das construções das casas, á criação de animais como caprinos e
eqüinos, ou como deposito de lixo (FIGURA 07).
De acordo com Vannuci, 2002, o ecossistema de mangue uma vez degradado, ele não voltara à
mesma vitalidade espontaneamente. Ainda segundo o autor supracitado, no Brasil o uso do mangue de
forma artesanal e predatória (destruição do mangue), se da principalmente nos estados do Maranhão e
Pará. Este fato evidencia a inexistência de política de cunho social, situação essa que refletira tanto nas
questões sociais quanto ambientais.
A falta de uma política habitacional, aliada a uma série de fatores de ordem econômico-social (a exemplo de perda do poder aquisitivo da população, aumento da pobreza, desemprego e marginalização) e física (a fisiográfica da cidade [...]), gera condições favoráveis ao avanço da população sobre as unidades de conservação. (SILVA e ZAIDAN, 2004, p. 368).
Devido ao difícil acesso dos caminhões de coleta a diversas ruas do bairro é bastante comum
encontrar-se lixões em vários terrenos. Esta situação se torna ainda mais preocupante, quando se sabe que
ela representa um grande risco de contaminação dos lençóis freáticos, uma vez que boa parte da
população deste bairro se utiliza da água de poços para suas necessidades diárias (beber, cozinhar, tomar
banho, etc.).
A gravidade do problema dos resíduos sólidos no Brasil esta associado à geração crescente [...] sem destinação sanitária, dispostos em lixões, e a todos os seus inconvenientes de ordem sanitária, ambiental, ecológica, de segurança, de saúde pública, social, econômica, pedagógica e política. O lixão continua sendo a pratica de deposição de resíduos mais adotados no país, conforme-se consta nos registros estatísticos oficiais da fundação IBGE, censo de 1991, em que 76% dos resíduos gerados são dispostos a céu aberto. (BOGES, 2001, p. 25).
FIGURA 07: Resíduos em área do ecossistema manguezal. FONTE: ROCHA, 2009.
No período chuvoso, os problemas são agravados, resíduos e efluentes urbanos contaminam as
águas que alagam ruas e casas, configurando riscos à saúde dessa população. Quando esse acontecimento
coincide com o fechamento da barragem, as águas se elevam ainda mais atingindo um numero maior de
residências, varias delas construídas a pau-a-pique, não resistem e deixam varias famílias desabrigadas.
Essas [...] contribuem para a degradação dos recursos hídricos, especialmente nas áreas densamente povoadas, onde, além dos impactos resultantes da inadequada dos resíduos ocorre o lançamento dos efluentes de esgotos sanitários in natura, alterando suas características físico-químicas e bacteriológicas.
A degradação dos recursos naturais, além de se constituir em dano ambiental, põe em risco a saúde de diversas comunidades, criando situação criticas e, muitas vezes irreversíveis, exigindo medidas técnicas especificas e onerosas. No âmbito dessas questões, a incapacidade do poder municipal em resolver os problemas apresentados, acaba gerando conflitos [...] pelo uso desses recursos. (RUSSO e BRESCANSIN, 1997 p. 87).
O processo de ocupação desordenada do Sá Viana resultou em problemas de diversa ordem:
economia, estrutural, social, ambiental, etc. Porém todas elas resultam no mesmo fim, a marginalização
da sociedade e depredação ambiental. Através da imparcialidade dos gestores públicos a problemas dessa
ordem, pessoas são submetidas às condições precárias de sobrevivência. Ao mesmo passo em que a
natureza vem sendo deteriorada, os homens também vêm sendo martirizados com ela, pois não há
promoção da qualidade de vida em detrimento acentuado da natureza de sistemas de mangue e ou
contaminação do solo e da água.
Mediante a tudo isso, levando o mérito da discursão, as moradias localizadas as margens do rio
das Bicas que, com o período chuvoso tendem a inundar deixando varias famílias desabrigadas. Este sem
duvida torna-se um dos maiores obstáculos que a comunidade encontra no meio físico onde a mesma
habita. Por se tratar de uma área de colinas, áreas altas e baixas o homem sempre procura meios para
instalar-se em um ambiente mesmo que este não lhe seja favorável, como é o caso desta área.
Devido à composição e inconsolidação do solo da área de estudo, sua dinâmica é intensa e
encontra-se em constante modificação. Em virtude do exposto quanto ao solo, observa-se uma
instabilidade que demanda preocupação em uma área tão agredida pela ação antrópica. Pois a
combinação de desmatamento, resíduos sólidos e efluentes urbano, mais o constituído de argilito e
caulinita uma vez que apresenta um baixo CTC (capacidade de troca catiônica), favorece a poluição do
lençol freático, um dos recursos naturais tão importante e mais difícil de descontaminar.
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
O crescimento desordenado, sobretudo em bairros periféricos onde há uma carência muito
grande de políticas públicas, acaba por gerar muitos problemas sócio-ambientais. Problemas estes
facilmente observados na área de estudo como o avanço desenfreado para áreas que possuem uma
importância fundamental para sobrevivência de diversas espécies como é o caso do ecossistema de
mangues que na ocasião vem sendo devastado, principalmente através da retirada da sua vegetação para
construção de moradias e complemento da renda familiar.
Portanto, a degradação analisada tende a ganhar proporções ainda maiores caso não se tenha a
implantação de políticas públicas, bem como a elaboração de projetos que visem à proteção do meio
natural e a contenção não só da retirada desta vegetação, mas também para evitar o processo de lixiviação
que ocorre freqüentemente com o período chuvoso principalmente nas áreas mais baixas aonde em
algumas ocasiões a população local chega a utilizar canoas como meio de locomoção.
Outro aspecto que possui bastante relevância na área de estudo diz respeito aos inúmeros
problemas que vêm sendo gerado pelo acúmulo de lixo favorecido pela ineficiência de sua coleta, bem
como a falta de uma rede de esgoto, pois, tais problemas somam ameaças para os recursos naturais no
bairro do Sá Viana.
Portanto, o presente estudo visa à compreensão dos processos que decorrem no referido bairro a
fim de que surjam alternativas viáveis que sejam postas em prática e desta forma seja contido este
processo de degradação ambiental.
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