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Comitê do Plebiscito Popular Baixar a conta de luz! Um verdadeiro desafio para Minas Gerais

Baixar a conta de luz! Um verdadeiro desafio para Minas Gerais · mostra que os gastos com energia elétrica aparecem em 3º lugar como os que mais pesam no orçamento doméstico,

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Plebiscito Popular 20131

Pela redução das tarifas de energia elétrica e do ICMS na conta de luz -

Comitê do Plebiscito Popular

Baixar a conta de luz!Um verdadeiro desafio para Minas Gerais

Plebiscito Popular 20132 - Pela redução das tarifas de energia elétrica e do ICMS na conta de luz

Expediente

Esta é uma produção dos movimentos sociais e sindicais de Minas Gerais.

Secretaria do PlebiscitoRua Mucuri, 271, Floresta, Belo Horizonte/MG.Telefones: (31) 3238-5000 | 8845-9024 | 9321-4251

InternetBlog: www.plebiscitopopularmg.wordpress.comFacebook: www.facebook.com/plebiscitopopularenergiaE-mail: [email protected]

Plebiscito Popular 20133

Pela redução das tarifas de energia elétrica e do ICMS na conta de luz -

Módulo I Energia não é mercadoria

Um bom “negócio” chamado “Cemig”

Redução de postos de trabalho X aumento de lucro

Desafios

Energia elétrica em Minas: Quem usa muito, paga pouco. E vice-versa...

E para onde vai tanto dinheiro arrecadado?

Módulo II ICMS: o vilão da energia em Minas

Minas: campeão do ICMS abusivo

ICMS mineiro: perverso e desigual

Quem paga a conta é o povo

Uma mão lava a outra

Para onde vai o ICMS mineiro?

Queremos redução das alíquotas do ICMS

Módulo III

Plebiscito Popular

• Introdução

• O que é um Plebiscito?

• Hoje em dia, o que significa?

• Plebiscitos Populares

• Porque realizar um Plebiscito Popular?

• Etapas do Plebiscito Popular

• O que faz um Comitê Popular?

• Demandas por qualificações e/ou afinidades

• O processo de votação

• Orientação para o trabalho de grupo

Sumário

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Plebiscito Popular 20134 - Pela redução das tarifas de energia elétrica e do ICMS na conta de luz

Energia não é mercadoriaAqui no Brasil, o processo de lucratividade sobre a luz começou com a privatização do setor elétrico nos anos 1990, com o con-trole do setor por empresas privadas. A luz passou então a ser tratada como mercadoria. E, como em todo sistema capitalista, as mercadorias precisam gerar lucro para quem a produz.

E, para produzir energia elétrica no Brasil, sabe qual é a principal matéria-prima utilizada pelas usinas? A água.

Mais de 80% da energia elétrica brasileira vem de fonte hídrica, considerada a matriz com o menor custo de produção.

Então vem a pergunta: porque pagamos uma conta de luz tão cara?

Apesar da questão ser complexa, a resposta é simples: pela ganância dos grandes empresários brasileiros e das multinacionais. Sabe-se que as companhias energéticas são administradas pela lógica das empresas privadas, que só objetivam o lucro em detrimento do ser humano e da qualidade do serviço, e pela alta taxa de impostos (como, por exemplo, o ICMS). Tudo isso faz com que o preço da tarifa praticada no Brasil pela Cemig seja mais caro que as tarifas praticadas na Europa e nos Estados Unidos.

Você sabia?Nos últimos 15 anos, a variação acu-mulada dos reajustes nas tarifas de energia elétrica nas residências foi maior do que a inflação. É o que apon-tam os dados do  Instituto de Pesqui-sas Econômicas Administrativas e Contábeis de Minas Gerais (Ipead). En-quanto o índice inflacionário acumu-lou o percentual de 158,23% entre 1997 e 2012, a conta de luz encareceu nada menos que 270,56%.

Módulo I

Balanço Energético Nacional - EPE (2012)

Fonte: (Ipead)

Plebiscito Popular 20135

Pela redução das tarifas de energia elétrica e do ICMS na conta de luz -

Um bom ‘negócio’ chamado ‘Cemig’A Cemig é uma megacorporação controlada por acionistas privados nacionais e internacionais e mais de 80% de seu lucro são remetidos ao exterior e em empresas privadas brasileiras e não reinvestidas em melhorias no setor elétrico e nem nas condições de trabalho dos eletricitários.

Embora o governo do estado seja o sócio controlador da Cemig, a maioria de seus sócios são privados, nacionais e estrangeiros. E essa privatização só trouxe prejuízos ao setor elétrico brasileiro, assim como também a terceirização imposta pela empresa.

A terceirização desenfreada na Cemig, que hoje possui maior número de terceirizados que do quadro próprio, traz, como consequência, falta de qualidade dos serviços prestados e prejuízo à saúde e à segurança dos trabalhadores do setor. Segundo relatório de 2011 da Fundação Coge, a Cemig Distribuidora possuía 6.702 trabalhadores no quadro próprio, contra 15.100 em-pregados de empresas terceirizadas.

Face a isso, milhares de acidentes graves são registrados, com um total de 110 mortes entre 1999 e 2013. A incidência de mor-tes com trabalhadores de empreiteiras é 8,45 vezes maior do que com empregados do quadro próprio. A taxa de mortalidade também é maior: 56,43 óbitos de terceirizados contra 6,68 óbitos de eletricitários de quadro próprio, por grupo de 100 mil trabalhadores. Há 12 anos, morre um trabalhador na Cemig a cada 45 dias.

Redução de postos de trabalho X aumento de lucroEstudo feito pelo engenheiro e mestrando do Instituto de Eletrotécnica e Energia (IEE) da Universidade de São Paulo (USP), José Paulo Vieira, revela que os brasileiros pagam R$15 bilhões a mais, por ano, com tarifas de energia, do que quando as empresas concessionárias eram estatais.

Em quase 20 anos, a política da Cemig tem sido reduzir postos de trabalho e aumentar o lucro, em detrimento dos serviços prestados. Um estudo feito pelo Sindicato dos Eletricitários de Minas Gerais (Sindieletro-MG), chamado Desbalanço, faz uma análise dos últimos anos da gestão da Cemig, numa perspectiva que vai além dos aspectos financeiros. Os dados mostram que a Cemig, idealizada por JK, está, ano a ano, sendo expropriada da população mineira em nome do lucro. A terceirização desenfreada, a redução de investimentos em pessoal próprio e da fiscalização e manutenção da rede elétrica, deixam os consumidores mais tempo sem luz. A população sofre com a queda na qualidade dos serviços.

A Duração Equivalente de Interrupção por Consumidor (DEC), indicador que registra o tempo médio que o consumidor ficou sem energia da Cemig, aumentou 33%, de 2003 até 2011.

14,32 horas é o tempo médio que a Cemig leva para religar a energia. O tempo aumentou 33% nos últimos oito anos e está duas horas acima da recomendação da Aneel.

A Cemig também não cumpre as diretrizes da Organização Internacional do Trabalho (OIT). As 110 mortes de eletricitários nos últimos anos e as operações a favor de grandes empresários, entre eles, por a empreiteira Andrade Gutierrez , deixam saldos vergonhosos.

Plebiscito Popular 20136 - Pela redução das tarifas de energia elétrica e do ICMS na conta de luz

Resultado de tudo isso: dos 7,3 milhões de consumidores da Cemig em Minas Gerais (dados de 2011 – Desbalanço Sindieletro-MG), 4,3 milhões recebem um serviço com qualidade abaixo da meta mínima estabelecida pela Agência Reguladora Nacional (Aneel), apesar de também pagarem uma das contas de luz mais caras do país.

Desde 1994, com o governo Eduardo Azeredo, até 2012, com os governos Aécio/Anastasia, houve uma extinção de mais de 8.000 postos de trabalho na Cemig, enquanto isso, só em 2012, o lucro da empresa foi de R$ 4,2 bilhões.

Já em 2004, o então governador Aécio Neves alterou o estatuto da Cemig. Para aumentar ainda mais os ganhos dos acionistas, Aécio passou, de 25% para 50%, a quota mínima de distribuição do lucro. No entanto, na prática, essa distribuição de lucro é ainda maior. Em 2005, por exemplo, a distribuição de dividendos foi maior do que o lucro da empresa.

Para se ter ideia, na gestão do PSDB (de 2003 a 2012), já foram repassados aos acionistas R$ 14,7 bilhões.

*Duração Equivalente de Interrupção por Consumidor (DEC): indicador que mede o tempo médio que o consumidor ficou sem energia.

Desafios

A luta da classe trabalhadora em Minas Gerais tem enfrentado grandes desafios. O governo do Estado tem, cada vez mais, usurpado direitos dos trabalhadores por meio da terceirização, parcerias público-privadas, entre outras alternativas imple-mentadas pela política neoliberal. Com este modelo, toda sociedade que necessita dos serviços públicos fica prejudicada. Além disso, as riquezas naturais de Minas estão sendo retiradas de maneira devastadora e irresponsável. O Estado tem também uma das cargas tributárias mais altas do Brasil (exemplo o ICMS), paga pelo povo, sem que isso se reverta em políticas públicas sociais efetivas. Ao contrário, as grandes corporações, sempre têm do governo benefícios fiscais, como por exemplo isenção de impostos. A mais recente prova de que os governos neoliberais não se preocupam com os interesses da população é a questão das concessões de energia.

O governo federal antecipou a renovação das concessões das empresas públicas de energia que venceriam até 2015, garan-tindo a redução da tarifa de energia em 2013. Os estados de Minas Gerais, Paraná e São Paulo - governados pelo PSDB - não pactuaram com a proposta, lei 12.783, de 11/01/13, originária da Medida Provisória 579. Esta medida reduz a tarifa de energia em torno de 18% para os consumidores residenciais e, em 40%, para as indústrias. Por isso, as usinas agora correm o risco de serem privatizadas.

Plebiscito Popular 20137

Pela redução das tarifas de energia elétrica e do ICMS na conta de luz -

Energia elétrica em Minas: quem usa muito, paga pouco. E vice-versa...

CURIOSIDADE: Quem dita as regras na Cemig é uma conhecida empreiteira chamada Andrade Gutierrez (AG), que comprou ações da Cemig, em 2010, após um processo de negociação envolvendo o consórcio AES e a concessionária carioca Light. Hoje, a AG detém 14,4% das ações da Cemig.

Em 2011, um mês após a morte do ex-governador Itamar Franco (que apoiou nossa luta contra a privatização da Cemig), o governo Antonio Anastasia fez um novo acordo de acionistas, garantindo à Andrade Gutierrez amplos poderes na empresa. Hoje, nenhuma decisão se toma na Cemig sem o aval da empreiteira.

Mesmo a Cemig anunciando um lucro de R$ 4,2 bilhões referentes a 2012, ela, ainda assim, aprovou um aumento de 4,99% na conta de luz das residências para 2013 e continua reivindicação à Aneel novos aumentos.

Ao analisar a conta de luz da Cemig junto ao consumidor residencial é possível notar uma grande contradição: a necessidade de consumo de energia elétrica não é proporcional ao valor cobrado por ela.

Os consumidores de residências, na hora de dividir a conta, são prejudicados. Enquanto a necessidade de consumo nas residências fica em torno de 15% da energia vendida pela Cemig; no setor industrial, a utilização da energia elétrica é 37% (Gráfico 01).

No entanto, quando se analisa a receita através da energia vendida pela Cemig, dividindo-se os setores que contribuíram, nota-se que 32% da receita vêm do consumo residencial, contra 26% do industrial (Gráfico 02).

Isso pode ser explicado por uma simples questão: a tarifa média do MWh (MegaWatt / hora), cobrada dos consumidores residen-ciais representa o triplo do que é cobrado da indústria e 10 vezes mais do que é cobrada a energia vendida na (CCEE) Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (Consumidores livres), conforme aponta o Balanço Financeiro da própria Cemig (2011).

Residencial 32%

Transações com

energia na CCEE 2%

Quem são os donos da CEMIG

Outros 6%

Residencial 15%

Industrial 37%

Comércio, Serviço e outros

10%

Rural 4%

Suprimento a outras concessionárias

21% (grandes empresas)

Transações com energia na CCEE

7% (grandes empresas)

Quem usa a energia

Fonte: Balanço Financeiro Cemig (2011)

Outros 8%

Industrial 26%

Comércio, Serviço e outros

18%

Rural 4%

Suprimento a outras

concessionárias 9%

Quem gera a receita

Fonte: Balanço Financeiro Cemig (2011)

Gráfico 01 Gráfico 02

Quem usa a energia da Cemig e quanto paga por ela

/

Plebiscito Popular 20138 - Pela redução das tarifas de energia elétrica e do ICMS na conta de luz

Comparação

Consumidor kW/mês Tarifa média (kW/h) Preço Total

Família Residencial 200 0,50 R$ 100,00Consumidor Livre

(grandes empresas) 200 0,05 R$ 10,00

Indústria 200 0,16 R$ 32,00

Outro dado importante

Pesquisa realizada pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de Minas Gerais (Fecomércio Minas), mostra que os gastos com energia elétrica aparecem em 3º lugar como os que mais pesam no orçamento doméstico, atrás apenas de água e alimentação.

0,00

0,00

52,34

109,08

167,74

260,13

267,51

294,89

298,08

436,00

446,16

507,50

0,00 100,00 200,00 300,00 400,00 500,00 600,00

Consumo Próprio

Fornecimento não faturado

Transações com energia na CCEE(Grandes consumidores)

Suprimento a outras concessionárias(Grandes consumidores)

Industrial

Iluminação Pública

Rural

Serviço Público

Vendas na Proinfra

Comércio, serviços e outros

Poder Público

Residencial

Preço médio da tarifa de energia por classe de consumidores em MWh (2011)

Pesquisa de Opinião do Consumidor: Orçamento Doméstico Belo Horizonte – MG • Janeiro de 2013

Plebiscito Popular 20139

Pela redução das tarifas de energia elétrica e do ICMS na conta de luz -

E para onde vai tanto dinheiro arrecadado?É de conhecimento amplo que a Cemig tem crescido nos últimos anos e lucrado cada vez mais. Mas esse cenário positivo tem se transformado em privilégios para poucos.

A população e o quadro próprio da Cemig têm sido sacrificados em detrimento de benefícios para as grandes empreiteiras e os sócios-acionistas que, na gestão do PSDB (de 2003 a 2012), receberam R$ 14,7 bilhões. Veja no gráfico ‘Para os acionistas: bilhões’.

Com isso, pode-se concluir que, na Cemig, só há um lado que ganha o jogo. O lucro da empresa serve apenas para encher o bolso dos especuladores internacionais e dos grandes grupos empresariais brasileiros.

As ações preferenciais repartem o lucro da empresa. Conforme evidencia o gráfico abaixo, referente a estrutura acionária da Cemig/2011, 79% dos dividendos (lucro) foram entregues acionistas internacionais.

0,000,1

199519961997199819992000200120022003200420052006200720082009201020112012

0,10,3

0,6

0,2 0,2 0,2 0,2 0,3

0,7

2,1

1,4

0,9 0,9

1,82,0

1,3

0,50

1,00

1,50

2,00

2,50

3,00

3,50

Bilh

ões

AZEREDO ITAMAR

DISTRIBUIÇÃO DE DIVIDENDOS

3,3

Para os acionistas: bilhões

Estrutura Acionária - Dez/2011Em 31 de dezembro de 2011, o capital social da Cemig totalizou R$ 3.412 milhões. A estru-tura acionária está demonstrada ao lado.

Fonte: Relatório anual Cemig

AÉCIO / ANASTASIA

Plebiscito Popular 201310 - Pela redução das tarifas de energia elétrica e do ICMS na conta de luz

Minas: campeão do ICMS abusivo Atualmente, o valor da alíquota cobrada pela energia elétrica residencial em Minas Gerais é de 30%, e a alíquota efetiva, ou seja, quanto os consumidores pagam em relação ao serviço é de, no mínimo, 42,86% do valor da tarifa.

Por exemplo: uma conta de luz no valor de R$100, já está embutido o valor de R$30 de ICMS, o que significa que o consumidor está pagando R$70 pela tarifa de energia livre de ICMS. Dessa forma, o imposto pago (R$30) representa 42,86% do valor da tarifa:

R$30 representa 42,86% de R$70

Ou seja, um verdadeiro confisco! A forma como o cálculo é apresentado esconde o que realmente é cobrado. Nos cálculos invertidos, sempre a favor do Estado e contra o consumidor, o ICMS sobre a energia - que corresponderia a 30% da conta – na realidade equivale mesmo a 42,86% da conta de luz (a tributação ocorre sobre o valor da conta total, e não APENAS sobre o valor do que foi consumido.)

Mesmo sabendo que a energia elétrica é um produto essencial para qualquer família, o Governo de Minas cobra o ICMS mais caro do Brasil. Conforme a tabela abaixo, é possível notar o quanto os outros estados cobram de ICMS para o consumo residen-cial de até 170 kWh.

Estado Alíquota Valor Real*

MG 30% 42,86%

ES 25% 33,33%

RJ 19% 23,46%

DF 12% 13,64%

SP 12% 13,64%Fonte: ABRADEE(*) Devido à forma de aplicação, que toma por base o valor total da conta

Quanto os Estados cobram de ICMS parao consumo residencial de 170 kWh

ICMS mineiro: perverso e desigualQuanto mais essencial é um produto ou serviço para a população, menor deve ser a alíquota ou carga de impostos sobre ele. Quanto mais supérfluo o produto ou serviço, maior deve ser a taxa de impostos sobre o mesmo. Deveria ser assim, mas, em Minas Gerais, o que se vê é o contrário.

O Governo de Minas fixa as alíquotas dos impostos da seguinte forma: bens e serviços essenciais (30% na conta de energia elé-trica, 27% na gasolina e 25% na conta de telefone), e supérfluos (como joias, a 5%, e querosene para aviação, a 4%).

Além disso, deveria ser assim: quem tem mais, deve pagar mais; quem tem menos, pagar menos; e quem nada tem, nada deve pagar. Mas, a realidade é muito diferente e contrária ao que se espera.

Em 2009, segundo dados da Empresa de Pesquisa Energética, do Ministério de Minas e Energia, o consumo residencial em Minas Gerais representou 21,9% do total da energia consumida no ano de 2004. Todavia, o mesmo consumidor residencial pagou 41,56% do ICMS do setor elétrico. Já as indústrias, que consumiram 50,9% da energia, recolheram naquele ano apenas 13,29% do ICMS total do setor.

ICMS: o vilão da energia residencial em MinasO artigo 155, inciso II, da Constituição Federal de 1988, determina, que a competência para instituir o ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercado-rias e Serviços) cabe ao Estado. Trata-se, portanto, de um imposto estadual, isto é, somente os governos dos estados do Brasil e do Distrito Federal po-dem cobrá-lo.

Salvo algumas exceções, os estados têm autonomia para tributar os pro-dutos e serviços previstos na Lei do ICMS e a definição das alíquotas é feita através de Leis Estaduais promulgadas pelos legislativos de cada Estado.

Módulo II

Campanha “O preço da luz é um roubo” – 2007

Plebiscito Popular 201311

Pela redução das tarifas de energia elétrica e do ICMS na conta de luz -

Quem paga a conta é o povoCom esse modelo de cobrança de impostos e consumo da energia, é possível per-ceber que há um total favorecimento tributário e fiscal para as indústrias em Minas Gerais.

Embora os governos aleguem que os incentivos servem para atrair empresas e ge-rar empregos, na maioria dos casos, isso não se concretiza. Trata-se de chantagem das empresas para com os governos estaduais ou moeda de troca de financiamen-to de campanha que, no final, resultam na transferência de recurso público para engrossar o lucro das empresas, sem nenhum retorno social.

Isentando ou baixando os impostos, o Estado tem que arrecadar de alguma outra fonte. Sobra quem? O trabalhador. O ICMS de alguns setores é reduzido para ser compensado em outras áreas, as essenciais.

Vale destacar, ainda, que o setor de comércio, serviços e a indústria não pagam, efetivamente, o ICMS, pois, esse tributo é embutido no valor do produto ou servi-ços. Ou seja, mais uma vez, quem banca esse custo é o consumidor/trabalhador na ponta.

O valor final do produto e serviço já vem tributado, e, assim, o consumidor, que já paga uma alta carga tributária, paga novamente esses impostos nos produtos que adquire, desonerando as empresas, que apenas recolhem o imposto.

De acordo com o relatório do Tribunal de Contas do Estado (TCE/MG), a indústria de transformações recebeu, aproximadamente, 50% dos benefícios fiscais concedidos pelo Governo de Minas em 2008, e 47%, em 2009.

Em Minas, as práticas, dos Protocolos de Intenções e benefícios fiscais (isenções e outros) são absurdas, favorecem a instalação de grandes corporações internacionais que exploram, sobretudo, as riquezas naturais do nosso Estado e não são devidamente taxadas.

 Só para se ter uma ideia da dimensão do quanto o governo mineiro deixa de arrecadar ao promover a desenfreada concessão de benefícios fiscais (sendo a isenção uma das modalidades de benefícios), tomamos por base, o ICMS, no ano de 2010. Nesse ano, a arrecadação de ICMS foi de R$ 26 bilhões; o governo abriu mão de R $ 9 bilhões (35% da receita de ICMS), valor que, na maior parte, serviu para engrossar os lucros das grandes empresas. No mesmo período, o gasto total do Estado com setores essenciais foi de R$ 5 bilhões para a educação e R$ 4,5 bilhões para a saúde.

Quem perde com isso? A população, pois, R$ 2,25 bilhões deveria ser verba destinada à educação (25%), mesmo valor que deveria ser destinado aos municípios (25%), ou seja, R$ 2,25 bilhões e R$ 1,00 bilhão deveria ser verba destinada à saúde (12%).

Consumo de energia por setor em 2009 X Arrecadação de ICMS em Minas Gerais

Setor Consumo (GWh) Consumo Percentual

Percentual da Arrecadação de ICMS

(ref 2004)

Residencial 8.374 21,9% 41,56%

Industrial 19.463 50,9% 13,29%

Comercial 5.315 13,9% 34,84%Rural 1.912 5%

10,31%Outros 3.174 8,3%

Total 38.237 100% 100%

Fonte: Cemig e Balanço Energético Nacional 2010 (Empresa de Pesquisa Energética – Ministério de Minas e Energia)

Ainda para efeitos de comparação, se os R$9 bilhões de ICMS que ficaram com as grandes empresas, em 2010, fossem investidos no social, poderíamos dobrar o valor investido na educação e na saúde.

Sindifisco/MG

Plebiscito Popular 201312 - Pela redução das tarifas de energia elétrica e do ICMS na conta de luz

Uma mão lava a outraNa prática, conceder benefícios e incentivos fiscais vira moeda de troca entre alguns governantes e empresários. Sobre-tudo, os donos das chamadas empresas eletrointensivas, que são aquelas que consomem muita energia e não pagam proporcionalmente por isso (por exemplo, as exploradoras de ferro, alumínio e celulose). Além disso, essas são as em-presas que menos geram empregos.

Em contrapartida, essas empresas são as grandes financiadoras das campanhas eleitorais.

Sabe quem financiou as campanhas para o Governo de Minas do então candidato Aécio Neves, em 2002 e 2006, e de Antonio Anastasia, em 2010? Entre os financiadores, estão principalmente as empresas eletrointensivas e as mineradoras.

De acordo com dados da Fundação João Pinheiro, o minério representa 45% da pauta das exportações do Estado e não sofre tributação de ICMS, conforme estabelecido pela Lei 87/1996 (Lei Kandir – de autoria de um deputado do PSDB) e nem pela Emenda Constitucional 42/2003 (artigo 155, parágrafo 2º, inciso X, da Constituição Federal).

Além de serem recursos naturais não renováveis, cuja exploração degrada o meio ambiente, os minerais explorados são pro-dutos primários que serão transformados em outros países. Portanto, grande parte do retorno social decorrente da exploração, como a geração de empregos, ocorre em países para os quais esses recursos são exportados, e não para a população de Minas Gerais.

Para onde vai o ICMS mineiro?Deveria ser investido em serviços de qualidade para a população, mas, o que vemos é o caos na saúde, na educação, trabalhadores mal remunerados, vítimas de assédio moral, sem car-reira, e serviços essenciais de péssima qualidade.

De acordo com dados do Sindicato dos Auditores Fiscais da Receita Estadual de Minas Gerais (Sindifisco-MG), o Estado ocupou, em 2009, a penúltima (26ª) posição nacional (despesa em relação à Receita Corrente Líquida), que avalia os gastos dos estados em educação, além de não investir na área 25% do orçamento, conforme determina a Constituição Federal. Já na saúde, Minas está na 22ª colocação. Em 2011, saúde e educação ocuparam a 24ª posição no ranking.

Além de pagarmos altas alíquotas de ICMS sobre a conta de luz, a tarifação da energia em Minas (com os impostos), é uma das mais altas do país (vide gráfico ICMS Estados – página 11). Um paradoxo se pensarmos que 42.819 domicílios não tinham energia elétrica em Minas Gerais, segundo o Censo 2010 do IBGE.

‘Choque de marketing’

Em 2009, a despesa com publicidade do Governo de Minas foi 451% maior em relação ao que foi gasto em 2002. Isso é ‘Choque de marketing’.

O tão alardeado ‘Choque de Gestão’ é um engodo que serve como propaganda política. De ‘Déficit Zero’, Minas Gerais não tem nada.

Além disso, segundo dados do Sindifisco-MG, em 2011, a dívida contratual do Estado de Minas Gerais era de R$ 69 bilhões. O Estado gastou, em 2012, R$ 6,4 bilhões com o pagamento de juros e encargos da dívida e, no final do ano (12/2012), a dívida do Estado saltou para R$ 75 bilhões.

Queremos redução das alíquotas do ICMSO Comitê do Plebiscito Popular vem a público convocar a população a protestar e a se manifestar contrariamente a essa prática abusiva de tarifação do ICMS para bens e serviços essenciais, como é o caso da energia elétrica.

Lutamos pela redução das alíquotas praticadas em Minas Gerais, bem como, a redução do preço para os consumidores, na mesma proporção.

Assim, garantiremos os direitos da população, sobretudo, a mais carente, de ter uma conta de energia justa, digna e sem roubo.

Não queremos pagar os impostos daqueles que têm condição para isso e são isentados por políticas de beneficiamento tributário e fiscal.

Dessa forma, com imposto justo e concessões fiscais obedecendo à lei e que atendam aos benefícios sociais, o trabalhador e a população mais carentes não serão onerados. Haverá aumento na arre-cadação e investimento nas áreas primordiais (saúde, educação, segurança), otimização da Receita Estadual e melhoria da distribuição da carga tributária, tornando-a mais justa em Minas Gerais.

Plebiscito Popular 201313

Pela redução das tarifas de energia elétrica e do ICMS na conta de luz -

Plebiscito Popular

IntroduçãoAgora você já sabe que a energia não é mercadoria e que, quem usa muito, paga pouco. E mais, que o trabalhador é o grande prejudicado com o sistema adotado em Minas Gerais pelo governo Aécio/Anastasia - que manipula a Cemig a favor dos gran-des empresários e das multinacionais - junte-se a nós neste Plebiscito Popular pela redução das tarifas de energia e do ICMS na conta de luz.

O que é um plebiscito?Originária do Latim plebiscitu (decreto dos plebeus), a palavra ‘plebiscito’ encontra suas primeiras definições práticas na Roma Antiga, através dos votos passados em comício, que eram obrigatórios para a classe dos plebeus.

Hoje em dia, o que significa?Atualmente, plebiscito significa a convocação dos cidadãos que, por meio do voto, aprovam ou rejeitam uma determinada questão de muita importância para o país. Ou seja, o plebiscito é um mecanismo democrático de consulta popular.

Plebiscitos PopularesOs plebiscitos populares são instrumentos de reinvenção da democracia. Alguns exemplos de plebiscitos populares realizados no Brasil e que tiveram grande repercussão

• 2000 - Dívida Externa e FMI - 6.030.329 de votantes (5,7% do eleitorado brasileiro); • 2002 - ALCA e Base de Alcântara - 10.149.542 de votantes (3.894 municípios); • 2007 - Anulação do Leilão da Vale - 3.729.538 de votantes.

Existem ainda plebiscitos oficiais, a exemplo do plebiscito ocorrido em 21 de abril de 1993. Na ocasião, o povo foi consultado sobre a forma e o sistema de governo em nosso país: (Monarquia, República, Presidencialismo). Através da consulta popular decidiu-se manter a República Presidencialista.

Porque realizar um Plebiscito Popular?

Conscientizar, politizar e organizar o povo são os pilares da nossa força. Para isso, precisamos desenvolver todas as formas de luta, mobilização e de trabalho de base. O principal desafio é o de conseguir que cada movimento social e de organização co-loquem essa luta como sua prioridade política número um.

Ao realizarmos um Plebiscito Popular, visamos:

• Barrar as políticas neoliberais, melhorar a vida do povo mineiro e defender a soberania popular. • Provocar um grande debate e mobilização sobre a redução das tarifas de energia da CEMIG e a injusta incidência

do ICMS.• Pressionar o poder público para que defenda os interesses dos trabalhadores.• Fortalecer o exercício da democracia direta e participativa. • Avançar na unidade de ação das organizações populares. • Realizar um amplo processo de debate com a sociedade sobre nossas bandeiras.• Constituir articulações das forças populares em todas as regiões do Estado de Minas Gerais.

Resumindo

O PLEBISCITO é uma construção da democracia, da justiça, da solidariedade e vida no Brasil.

Este plebiscito é legal, pois, os cidadãos são livres para organizar este tipo de consulta; é legítimo, pois, é uma defesa contra o roubo da nossa soberania, liberdade, identidade e vida; e é moral, pois, defende a vida da maioria contra a concentração do poder e da riqueza nas mãos de poucos capitalistas.

Módulo III

Plebiscito Popular 201314 - Pela redução das tarifas de energia elétrica e do ICMS na conta de luz

Etapas do Plebiscito Popular

De março a novembro de 2013, diversas ações estão previstas visando à organização e consolidação do Plebiscito Popular pela redução das tarifas de energia e do ICMS na conta de luz. Acompanhe:

A Organização de Comitês Populares Municipais e Locais são fundamentais no início do nosso processo de mobilização.

• Nas cidades maiores, os comitês podem ser organizados por bairro ou regiões. Os comitês locais podem organizar o trabalho da Campanha a partir de comitês específicos dentro de uma categoria ou setor social, por exemplo, com os ban-cários, estudantes, movimentos de moradia. Pode haver um comitê em uma fábrica, associação de moradores, paróquia, universidade, colégios, etc.

De maio a outubro, acontecerá a Fase 02 do Plebiscito, com as seguintes ações:

• Constituição de comitês populares locais, de bairro, escolas, campus, fábricas, etc.• Trabalho de Base.• Nos meses de Agosto e Setembro realizaremos o Encontro de Formação Operacional com orientações para coleta de

votos, apuração, distribuição de materiais, entre outros.

De 19 a 27 de Outubro, acontecerá a Fase 03, que consolidará o processo de votação no sábado e domingo, dias 26 e 27.

A Fase 04, que acontecerá em Novembro, envolve o período de apuração, que deve acontecer entre 28 de outubro a 03 de novembro. Logo após, faremos a divulgação, mobilização e entrega do resultado nas ruas.

O que faz um Comitê Popular?

• Realiza, por exemplo, o Júri Popular sobre o caso Felisburgo. • Panfletagem.• Distribuição de materiais.• Produção de materiais próprios para sua área de atuação e público.• Colagem de cartazes. Decoração da cidade.• Organiza debates públicos e palestras.• Organiza audiências nas câmaras municipais. • Mobiliza salas de aula, comunidades, associações, organizações, trabalhadores em geral.• Realiza assembleias populares nas periferias e categorias.• Organiza equipes de trabalho (finanças, pedagógica, agitação, propaganda e comunicação...) • Mapeia locais para colocação de urnas.

Demandas por qualificações e/ou afinidades

Dentro de cada coordenação e/ou comitê local, as tarefas podem ser distribuídas entre os seus membros, de acordo com suas qualificações e afinidades:

• Equipe de comunicação para propaganda: (panfletos, programas de rádio e TV, jornais...)• Equipe pedagógica: para organizar debates, distribuir cartilhas, trabalhar pela conscientização em geral, elaborar sub-

sídios.• Equipe para organizar a votação: urnas, cédulas, locais de votação, mesários, escrutinadores, etc. • Equipe de articulação de entidades e movimentos: para realizar a campanha prévia nas bases, e garantir que o Plebis-

cito chegue ao maior número possível de pessoas.• Equipe Cultural: para promover eventos e manifestações culturais, tais como teatro, música, poesia, desenhos, festivais...• Equipe de finanças: para levantar recursos e viabilizar a execução da campanha.• É fundamental que existam articulação e comunicação permanentes entre estes diferentes níveis, através da troca de

informações, de representação nas reuniões, de envio de material informativo e da realização de atividades conjuntas, sempre que for possível. Para isto, todos os eventos devem ser registrados e documentados.

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Pela redução das tarifas de energia elétrica e do ICMS na conta de luz -

O processo de votação

O processo de votação deve ser organizado de tal forma que contribua para o alcance do objetivo geral. O Plebiscito deve ser visto como um exercício de cidadania, previsto, inclusive, na Constituição. Para isso é necessário alcançar:

• Um processo de votação transparente, sério e com credibilidade pública.• Um sistema de votação que garanta unidade nos métodos e na simbologia.• Um processo de votação ágil, desburocratizado e que motive as pessoas a participarem.• Condições para que toda a população possa votar, buscando atingir o maior número possível de eleitores.• O processo de conscientização e a campanha devem ser separados do processo da votação. Ou seja, a campanha

é centrada na propaganda, na conscientização dos problemas, e o Plebiscito é um momento distinto, em que qualquer pessoa deve exercer o direito de decidir. 

Orientação para o trabalho de grupo

Nessa etapa, é preciso fazer uma avaliação do processo como um todo, de maneira a observar o seguinte:

• Quem devemos envolver na construção do plebiscito? (Tirar os responsáveis)• Quais cidades são prioritárias? Quantas conseguimos constituir comitês populares do plebiscito?• Local, dia e horário da primeira reunião da articulação na Região.• Comissão para preparar essa primeira reunião (pauta, materiais, proposta de plano de ação).• Quais as primeiras ações a realizar?• Indicação para Coletivo Estadual.

Em síntese

Colocamos a pauta da energia em debate para que toda sociedade mineira possa exercer o direito democrático de participar e manifestar sobre a questão da energia, através do Plebiscito.

Será um momento único de envolvimento com a população, na discussão de um modelo energético popular. Para isso, precisa-mos de organizações comprometidas, lideranças engajadas e de militantes motivados com as causas sociais, na construção de um Brasil com menos desigualdades, onde a população seja protagonista de seu destino.

Propomos organizar um plebiscito, dos dias 19 a 27 de outubro de 2013. Mais importante ainda, que os votos, serão a possibi-lidade de diálogo, a organização coletiva e elevação do nível de consciência da população.

Contamos com o apoio de todos e todas!

Comitê do Plebiscito Popular

Plebiscito Popular 201316 - Pela redução das tarifas de energia elétrica e do ICMS na conta de luz

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