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Revista Idéia Social Edição nº 5 Julho/Agosto/Setembro 2006 http://www.ideiasustentavel.com.br/2006/09/edicao5/ Ferramenta – Balanço Social: instrumento de diálogo, transparência e gestão de responsabilidade social Por Paula Craveiro POR QUE FAZER UM? Uma das ferramentas mais recomendadas para a divulgação de atividades de responsabilidade social corporativa é o balanço social. Demonstrativo nãoobrigatório, publicado anualmente, ele apresenta informações sobre as ações de natureza social das empresas, incluindo benefícios gerados para seus funcionários, dependentes, colaboradores, comunidade e meio ambiente. “O balanço social é a resposta viva da ética de uma organização, pois reflete em números, valores e dados quantitativas a sua preocupação social. Por meio dele, a empresa mostra o que faz por todos aqueles que sofrem a influência direta de suas atividades”, afirma João Sucupira, economista e coordenador de transparência e responsabilidade social do Ibase. Um dos principais defensores desse instrumento foi o sociólogo Herbert de Souza, o Betinho, que, em junho de 1997, deflagrou uma campanha nacional por sua publicação voluntária. Ele acreditava que o balanço social contribuiria para “consolidar uma sociedade verdadeiramente

Balanço Social: instrumento de diálogo, transparência e gestão de responsabilidade social

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2006 | por Paula Craveiro | Revista Idéia Social nº 5

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Page 1: Balanço Social: instrumento de diálogo, transparência e gestão de responsabilidade social

Revista Idéia Social  Edição nº 5 Julho/Agosto/Setembro 2006  http://www.ideiasustentavel.com.br/2006/09/edicao‐5/    

  

  

Ferramenta – Balanço Social: instrumento de diálogo, transparência e gestão de responsabilidade social Por Paula Craveiro 

 

 

POR QUE FAZER UM? Uma das ferramentas mais recomendadas para a divulgação de atividades de  responsabilidade social corporativa é o balanço social. Demonstrativo não‐obrigatório, publicado anualmente, ele apresenta  informações sobre 

as  ações  de  natureza  social  das  empresas,  incluindo  benefícios  gerados para seus funcionários, dependentes, colaboradores, comunidade e meio ambiente.  “O  balanço  social  é  a  resposta  viva  da  ética  de  uma 

organização, pois reflete em números, valores e dados quantitativas a sua preocupação social. Por meio dele, a empresa mostra o que faz por todos aqueles  que  sofrem  a  influência direta  de  suas  atividades”,  afirma  João 

Sucupira, economista e coordenador de transparência e responsabilidade social do Ibase. 

Um dos principais defensores desse  instrumento  foi o  sociólogo Herbert 

de  Souza, o Betinho, que, em  junho de 1997, deflagrou uma  campanha nacional por sua publicação voluntária. Ele acreditava que o balanço social contribuiria  para  “consolidar  uma  sociedade  verdadeiramente 

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democrática”  ao  propor  uma  verificação  pública  do  investimento  de empresas  em  questões  como  educação,  saúde,  preservação  de  meio 

ambiente,  apoio  a  comunidades  e melhoria  das  condições  de  vida  dos trabalhadores. 

Muito  comum  entre  companhias  européias  há  30  anos,  começou  a  ser 

utilizado  no  Brasil  em  meados  dos  anos  80.  E  desde  então,  vem  se transformando  em  ferramenta  importante  para  demonstração  de transparência,  de  diálogo  e  de  gestão  de  responsabilidade  social  em 

empresas dos mais diferentes portes. A despeito de algumas tentativas de torná‐lo  compulsório  (como  é  na  França),  sua  publicação  continua facultativa no Brasil. Em 1995, apenas 50 empresas publicavam balanço 

social. Hoje, mais de 500 o  fazem. “Se o Congresso aprovar uma  lei que obrigue as empresas a publicá‐lo, a campanha de responsabilidade social passará a não  ter muito  sentido, porque não  será mais uma questão de 

consciência ou de motivação, mas de cumprimento de lei”, crê Sicupira. 

 O QUE PRECISA TER UM BALANÇO SOCIAL? Um  bom  balanço  social  deve  ter  informações  precisas,  escritas  em 

linguagem  clara, não  técnica, e  fundamentadas em diferentes  relatórios gerenciais que mostrem coerência nas ações de responsabilidade social, o compromisso firme da empresa em relação a elas e os impactos sociais e 

ambientais  provocados  por  sua  atuação.  Além  de  imagens  bonitas  e sugestivas  do  relacionamento  da  empresa  com  a  comunidade,  um  bom relatório de balanço  social precisa  ter dados muito  relevantes,  incluindo 

tabelas, números e índices que informem o real desempenho da empresa em relação ao meio ambiente, aos  funcionários,  fornecedores, clientes e comunidade. Melhora  a  credibilidade  do  balanço  social,  a  honestidade 

com  que  a  empresa  destaca  não  apenas  os  “pontos  fortes”  de  sua preocupação social, mas também os que precisa melhorar. Uma empresa pode  fazer  um  balanço  social  à  parte  do  seu  balanço  econômico‐

financeiro.  Mas  o  mais  adequado  é  reunir  os  dois  em  uma  mesma publicação. 

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Os modelos  de  balanço  social  do  Ibase  e  do  Instituto  Ethos  são  mais utilizados  no  Brasil.  O  do  Ibase  consiste  de  um  questionário  com  seis 

campos  de  informação  quantitativas  e  qualitativas.  O  primeiro  dispõe informações sobre a receita líquida da empresa, seu resultado operacional e folha de pagamento. Os outros campos abrem espaço para  indicadores 

sociais  internos e externos, ambientais e de corpo  funcional  (número de mulheres  empregadas,  quantas  ocupam  cargos  de  chefia,  número  de funcionários  negros,  portadores  de  deficiências  ou  com  necessidades 

especiais); e  também para dados  relacionados ao exercício da  cidadania na  empresa,  como,  por  exemplo,  número  de  acidentes  no  trabalho, padrões de segurança no ambiente de trabalho, liberdade sindical e ações 

sociais realizadas. Além deles, há ainda o Global Reporting Initiative, mais conhecido  como  GRI,  que  representa  um  grande  esforço  internacional, envolvendo  empresas  e  organizações  da  sociedade  civil,  dirigido  ao 

estabelecimento  consensual  de  normas  e  padrões  para  orientar  a elaboração de relatórios de sustentabilidade empresarial. 

INSTRUMENTO É COMO “FOLHA CORRIDA” DA EMPRESA NO CAMPO 

DAS RELAÇÕES SOCIAIS E COM O MEIO AMBIENTE De  acordo  com  Sicupira, o balanço  social não deve  ser  confundido  com uma  peça  publicitária,  embora  se  ajuste  às  estratégias  de  comunicação 

institucional da empresa  com os  seus diferentes públicos de  interesse e com  a  sociedade.  Trata‐se  de  uma  peça  que  deve  ser  incorporada  ao planejamento  estratégico  de  uma  empresa,  servindo  como  instrumento 

para  monitorar  e  avaliar  a  gestão  da  responsabilidade  social.  A  sua importância  decorre  do  fato  de  que  o  consumidor,  o  mercado  e  a sociedade  exigem  cada  vez mais  informações  das  empresas  e  desejam 

saber o que elas têm a oferecer, além de pagar impostos, gerar empregos e produzir  lucro. Para o coordenador do  Ibase, o balanço social faz parte de um processo de “pôr as cartas na mesa”. “É um instrumento facilitador 

e multiplicador  do  processo  de  consolidação  da  responsabilidade  social corporativa das empresas”, ensina. 

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A julgar pelo que já ocorre em países europeus e nos EUA, espera‐se que, também  no  Brasil,  o  consumidor  passe  crescentemente  a  valorizar 

produtos e serviços de empresas socialmente responsáveis, preferindo‐os na hora da  compra. O balanço  social, neste  caso,  funcionará  como uma espécie de “folha corrida” da empresa em relação aos seus compromissos 

sociais  e  ambientais.  “Essa  mudança  tem  levado,  inclusive,  alguns investidores a prestarem mais atenção em  indicadores do balanço, como os  ligados  ao meio  ambiente,  para mensurar  possíveis  riscos”,  comenta 

Sicupira. 

Na opinião do  economista, o balanço  social  favorece  a  todos os  grupos que interagem com a empresa. “Aos dirigentes, fornece informações úteis 

para  tomadas  de  decisão  referentes  aos  programas  sociais  que  a companhia  desenvolve.  Seu  processo  de  realização  incentiva  a participação  dos  funcionários  na  escolha  das  ações  e  projetos  sociais, 

gerando um grau mais elevado de comunicação  interna e  integração nas relações  entre  os  dirigentes  e  o  corpo  funcional.  Aos  investidores  e fornecedores, informa como a empresa encara suas responsabilidades em 

relação aos recursos humanos e à natureza, indicando a forma como esta é administrada. Para os consumidores, dá uma  idéia sobre a postura dos dirigentes e a qualidade do produto ou serviço oferecido, demonstrando o 

caminho que a empresa escolheu para construir sua marca. E ao Estado, ajuda na identificação e na formulação de políticas públicas”, completa. 

 OS MODELOS Instituto Ethos Modelo  de  balanço  social  mais  completo,  possível  de  ser  aplicado  a empresas de qualquer porte e área de atuação. www.ethos.org.br 

Ibase Modelo de balanço social único, simplificado e objetivo, desenvolvido com a colaboração de empresas públicas e privadas. Compreende a sociedade 

e o mercado como seus principais auditores. www.balancosocial.org.br 

GRI 

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Modelo  de  relatório  de  atividades  sociais,  bastante  completo,  mais adotado  em  países  como  Estados  Unidos  e  Europa. 

www.globalreporting.org 

 COMO ELABORAR UM BALANÇO SOCIAL A produção de um relatório de atividades sociais ou de um balanço social 

deve levar em consideração os seguintes itens básicos, conforme modelo do Instituto Ethos. 

Apresentação 

‐Mensagem do presidente da empresa ‐Perfil do empreendimento ‐Setor da economia em que atua 

Parte I – A Empresa 

‐História da companhia ‐Princípios e valores 

‐Estrutura e funcionamento ‐Governança corporativa 

Parte II – O Negócio 

‐Visão ‐Diálogo com partes interessadas ‐Indicadores de desempenho 

‐Indicadores de desempenho econômico ‐Indicadores de desempenho social ‐Indicadores de desempenho ambiental 

Anexos 

‐Demonstrativo do balanço social ‐Iniciativas do interesse da sociedade (projetos sociais) 

‐Notas gerais 

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 USO DE BALANÇO SOCIAL NÃO TEM CRESCIMENTO COMPATÍVEL COM 

O DO MOVIMENTO DE RESPONSABILIDADE SOCIAL CORPORATIVA A  elaboração de balanços  sociais  cresceu menos  do que  seria  esperado entre  2003  e  2004  em  relação  ao  biênio  anterior.  Essa  foi  uma  das principais  conclusões  de  estudo  realizado  pelo  professor  José  Antonio 

Puppim de Oliveira, da Fundação Getúlio Vargas (RJ), com as 500 maiores empresas não financeiras do Brasil. Entre 2001 e 2002, foram produzidos 105 relatórios socioambientais. Nos dois anos seguintes, o número subiu 

para 124. 

A  pesquisa  mostra  haver  uma  relação  entre  o  porte  da  empresa  e  a publicação  de  balanços  sociais.  Entre  as  100 maiores  ranqueadas  pela 

FGV, 58% utilizaram a ferramenta. Já entre as 250 menores, apenas 14,5% fizeram o mesmo. 

O  crescimento  pouco  expressivo  do  número  de  balanços  sociais  foi 

compensado, no entanto, por uma melhoria da qualidade dos conteúdos. Petrobras  e Natura passaram  a utilizar o modelo GRI,  considerado mais abrangente e completo. De 2003 para 2005, aumentou de 32% para 69% o 

número de empresas que passou a adotar o modelo do Ibase. 

 Link: http://www.ideiasustentavel.com.br/2006/09/ferramenta‐balanco‐social‐instrumento‐de‐dialogo‐transparencia‐e‐gestao‐de‐responsabilidade‐social/