BalancoPreliminar das Economias da América Latina 2013

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  • Balano Preliminar das Economias da Amrica Latina e do Caribe

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  • Balano Preliminar das Economias da Amrica Latina e do Caribe

  • Alicia BrcenaSecretria-Executiva

    Antonio PradoSecretrio-Executivo Adjunto

    Juan Alberto FuentesDiretor da Diviso de Desenvolvimento Econmico

    Ricardo PrezDiretor da Diviso de Publicaes e Servios Web

    As notas sobre os pases se encontram no seguinte enlace:www.cepal.org.

    A data limite de atualizao da informao apresentada nesta publicao foi 29 de novembro de 2013.

    O Balano Preliminar das Economias da Amrica Latina e do Caribe um documento anual da Diviso de Desenvolvimento Econmico da Comisso Econmica para a Amrica Latina e o Caribe (CEPAL). A elaborao desta edio 2013 esteve chefiada porJuan Alberto Fuentes, Diretor da Diviso, e a coordenao geral esteve a cargo de Jrgen Weller.

    Para a realizao deste documento, a Diviso de Desenvolvimento Econmico contou com a colaborao da Diviso deEstatsticas, das sedes sub-regionais da CEPAL no Mxico e em Port of Spain e dos escritrios nacionais da Comisso emBogot, Braslia, Buenos Aires, Montevidu e Washington, D.C.

    O informe regional foi elaborado por Juan Alberto Fuentes com insumos dos seguintes expertos: Luis Felipe Jimnez,Alexander Loschky, Cameron Daneshvar e Guillermo Fuentes (setor externo), Ricardo Martner, Michael Hanni e IvonneGonzlez (poltica fiscal), Ramn Pineda, Rodrigo Crcamo, Yusuke Tateno e Alejandra Acevedo (poltica monetria, cambial emacroprudencial), Sandra Manuelito e Seung-jin Baek (atividade e preos) e Jrgen Weller (emprego e salrios). Sandra Manuelito,Alexander Loschky e Claudio Aravena realizaram as projees econmicas, com a colaborao das sedes sub-regionaise dos escritrios nacionais. Jazmn Chiu, Giannina Lpez e Carolina Serpell colaboraram com a preparao da informaoestatstica e a apresentao grfica.

    As notas sobre os pases se baseiam nos estudos realizados pelos seguintes expertos: Olga Luca Acosta, Dillon Alleyne,Rodrigo Crcamo, Cameron Daneshvar, Maria Kristina Eisele, Guillermo Fuentes, Stefanie Garry, Randolph Gilbert, Michael Hanni,Michael Hendrickson, Juan Pablo Jimnez, Luis Felipe Jimnez, Osvaldo Kacef, Alexander Loschky, Sandra Manuelito,RodolfoMinzer, Carlos Mussi, Mara Odriozola, Ramn Padilla, Machel Pantin, Renata Pardo, Willard Phillips, Juan Carlos Ramrez, IndiraRomero, Sebastian Valdecantos, Daniel Vega, Francisco Villarreal, Kohei Yoshida e Willy Zapata.

    Notas explicativas

    Nos quadros da presente publicao se empregaram os seguintes smbolos:

    - Trs pontos () indicam que os dados faltam, no constam por separado ou no esto disponveis.- Um trao (-) indica que a quantidade e nula ou desprezvel.- A vrgula (,) se usa para separar as casas decimais.- A palavra dlares se refere a dlares dos Estados Unidos, salvo indicao contrria.

    Publicao das Naes Unidas

    LC/G.2581-P En copyright Naes Unidas, fevereiro de 2014. Todos os direitos reservados

    Impresso em Santiago do Chile 2013-1029

    A autorizao para a reproduo total ou parcial desta obra deve ser solicitada ao Secretrio da Junta de Publicaes, Sede das Naes Unidas, Nueva

    York, N.Y. 10017, Estados Unidos. Os Estados membros e suas instituies governamentais podem reproduzir esta obra sem prvia autorizao. Solicita-se

    apenas a meno da fonte e que informem s Naes Unidas de tal reproduo.

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    ndice

    Resumo executivo ..................................................................................................................................................7

    Captulo IO contexto internacional .....................................................................................................................................13

    Captulo IIA atividade econmica .........................................................................................................................................15

    Em 2013, a Amrica Latina e o Caribe mantiveram um crescimento baixo ......................................................15Como em anos anteriores, a demanda interna impulsionou o crescimento ......................................................16O comrcio, a construo e os servios financeiros e empresariais foram os setores que mostraram maior dinamismo .....................................................................................................................17

    Captulo IIIEmprego e salrios ...............................................................................................................................................19

    Desacelerou-se a gerao de emprego .............................................................................................................19Aumentou o desemprego dos jovens ................................................................................................................21A desacelerao do emprego ocasionou um menor crescimento da massa salarial, que contribuiu ao menor dinamismo do consumo privado ..............................................................................23

    Captulo IVO setor externo ....................................................................................................................................................25

    Deteriorou-se a conta corrente do balano de pagamentos ..............................................................................25Houve uma moderada deteriorao dos termos de troca .................................................................................26A conta corrente se deteriorou devido a um menor supervit da balana de bens e a um leve aumento do dficit da balana de servios .......................................................................................................27O saldo negativo da balana de rendas cresceu e o saldo positivo em transferncias correntes diminuiu levemente .........................................................................................................................................29A volatilidade financeira internacional favoreceu a mudana na composio da conta financeira da Amrica Latina e do Caribe em 2013 ..........................................................................................30A deteriorao do setor externo se traduziu em um menor crescimento da renda nacional bruta disponvel, fazendo com que o financiamento do investimento se tornasse mais dependente da poupana externa ....................................................................................................................34

    Captulo VAs polticas ...........................................................................................................................................................37

    Frente desacelerao das economias, as metas fiscais se modificaram para dar espao a polticas moderadamente anticclicas ............................................................................................................37O gasto manteve sua tendncia de alta na maioria dos pases da regio ..........................................................41Recentes reformas tributrias e crescentes receitas de hidrocarbonetos impulsionaram um aumento nas receitas fiscais da regio ........................................................................................................43Os esforos da poltica monetria estiveram orientados a sustentar a demanda interna e a enfrentar a volatilidade financeira internacional .........................................................................................44As diferenas de poltica monetria se refletem em diferentes trajetrias inflacionrias ....................................47Aumentou a volatilidade cambial ....................................................................................................................49Deixou-se de acumular reservas internacionais ................................................................................................50A regio adotou diversas polticas macroprudenciais .......................................................................................51

    Captulo VIPerspectivas ..........................................................................................................................................................53

    Publicaes da CEPAL ..........................................................................................................................................57

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    QuadrosQuadro 1 Produto interno bruto, taxas de variao ....................................................................................8Quadro III.1 Amrica Latina e Caribe (pases selecionados): elasticidade simples emprego-produto

    e emprego assalariado-produto, 2012 e 2013 ..........................................................................20Quadro III.2 Amrica Latina e Caribe (pases selecionados): variao das taxas de participao,

    ocupao e desemprego, jovens e adultos, mdia do primeiro ao terceiro trimestre de 2013 em relao a mesmo perodo do ano anterior ..............................................22

    Quadro III.3 Novas polticas trabalhistas, 2013 ............................................................................................23Quadro IV.1 Amrica Latina (17 pases): componentes do balano de pagamentos ......................................31Quadro IV.2 Amrica Latina (17 pases): componentes da conta financeira ..................................................32Quadro IV.3 Amrica Latina e Caribe (15 pases): indicadores de risco pas, representado pelo

    ndice de bnus de mercados emergentes (EMBIG) ..................................................................33Quadro V.1 Amrica Latina e Caribe: indicadores fiscais do governo central, resultado fiscal 2012

    e variaes estimadas dos gastos e receitas, 2012-2013 ...........................................................38Quadro V.2 Amrica Latina e Caribe: medidas e reformas das finanas pblicas, 2013 ...............................40Quadro V.3 Amrica Latina e Caribe: taxas de variao em 12 meses do IPC e do ndice de preos

    dos alimentos, mdia simples, dezembro de 2012 e outubro de 2013 .....................................47Quadro V.4 Amrica Latina e Caribe: medidas de poltica monetria, cambial e macroprudencial

    adotadas em 2013 ....................................................................................................................52

    GrficosGrfico I.1 Crescimento real do PIB por regies e pases selecionados, 2010-2014 ...................................13Grfico II.1 Amrica Latina e Caribe: projees do crescimento do PIB, 2013 ............................................15Grfico II.2 Amrica Latina e Caribe: produto interno bruto trimestral, taxa de variao em relao

    ao mesmo trimestre do ano anterior, 2010 a terceiro trimestre de 2013 ...................................16Grfico II.3 Amrica Latina: taxa de variao do PIB e contribuio ao crescimento dos componentes

    da demanda interna e das exportaes lquidas, 2002-2013 ....................................................17Grfico III.1 Amrica Latina e Caribe: crescimento econmico e variao da taxa de ocupao,

    2000-2013 ...............................................................................................................................20Grfico III.2 Amrica Latina (10 pases): variao interanual das taxas de ocupao e desemprego,

    primeiro trimestre de 2008 a terceiro trimestre de 2013 ...........................................................21Grfico III.3 Amrica Latina e Caribe (15 pases): variao interanual das taxas de participao,

    ocupao e desemprego por sexo, mdia do primeiro ao terceiro trimestre de 2013 em relao ao mesmo perodo do ano anterior ..........................................................21

    Grfico III.4 Amrica Latina (pases selecionados): variao interanual do emprego formal, primeiro semestre de 2012 a terceiro trimestre de 2013 ...........................................................22

    Grfico IV.1 Amrica Latina: estrutura da conta corrente, 2006-2013 ..........................................................25Grfico IV.2 Amrica Latina: ndices de preos de produtos bsicos de exportao e manufaturas,

    2009-2013 ...............................................................................................................................26Grfico IV.3 Amrica Latina: taxa de variao estimada dos termos de troca, 2009-2013 ............................27Grfico IV.4 Variao interanual das importaes da Unio Europeia, Estados Unidos, China

    e dos pases do grupo BRICS (sem China), primeiro trimestre de 2011 a terceiro trimestre de 2012 .....................................................................................................28

    Grfico IV.5 Amrica Latina: variao estimada do valor das exportaes, segundo a contribuio do volume e do preo, 2013 ....................................................................................................28

    Grfico IV.6 Amrica Latina: variao estimada do valor das importaes, segundo a contribuio do volume e do preo, 2013 ....................................................................................................29

    Grfico IV.7 Amrica Latina e Caribe: variao interanual da chegada de turistas internacionais, 2009 a janeiro-agosto de 2013 .................................................................................................29

    Grfico IV.8 Amrica Latina e Caribe (pases selecionados): taxa de variao das receitas de remessas de emigrados, 2011 a 2013 ..................................................................................30

    Grfico IV.9 Amrica Latina: emisses de bnus externos e risco pas, 2010-2013 ......................................33Grfico IV.10 Amrica Latina: taxa de variao da renda nacional bruta disponvel e do PIB, 2003-2013 ........34Grfico IV.11 Amrica Latina: contribuio dos ganhos derivados da variao dos termos de troca,

    do pagamento lquido de rendas ao exterior e das transferncias correntes lquidas ao diferencial das taxas de variao do PIB e da renda nacional bruta disponvel, 2004-2013 .............................................................................................................35

    Grfico IV.12 Amrica Latina: financiamento do investimento, 1990-2013 ....................................................35

    Comisso Econmica para a Amrica Latina e o Caribe (CEPAL)

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    Grfico V.1 Amrica Latina (19 pases): indicadores fiscais do governo central, 2012-2013 ........................38Grfico V.2 Amrica Latina e Caribe: resultado fiscal global e dvida pblica, 2013 ...................................39Grfico V.3 Amrica Latina e Caribe: gasto do governo central, 2012-2013 ...............................................42Grfico V.4 Amrica Latina e Caribe: gasto de capital do governo central, 2012-2013 ...............................42Grfico V.5 Amrica Latina e Caribe: receitas fiscais totais e receitas tributrias

    do governo central, por sub-regies e grupos de pases, 2012-2013 .........................................43Grfico V.6 Taxas de referncia da poltica monetria em pases com esquema de meta de inflao .............45Grfico V.7 Amrica Latina e Caribe: crescimento anualizado do agregado monetrio M1, 2011-2013 ........45Grfico V.8 Amrica Latina e Caribe: crescimento anualizado do crdito interno para o setor privado,

    outubro de 2010 a setembro de 2013 ......................................................................................46Grfico V.9 Amrica Latina (pases selecionados): evoluo do mercado de valores, janeiro de 2007

    a setembro de 2013 .................................................................................................................46Grfico V.10 Amrica Latina e Caribe: taxas de inflao em 12 meses, mdia simples,

    janeiro de 2007 a outubro de 2013 ..........................................................................................48Grfico V.11 Amrica Latina: taxa de variao em 12 meses do IPC, do ndice preos dos alimentos

    e da inflao subjacente, mdia simples, janeiro de 2007 a outubro de 2013 ..........................49Grfico V.12 Mxico, Peru e Uruguai: taxa de cmbio nominal em relao ao dlar dos Estados Unidos,

    janeiro de 2011 a novembro de 2013 ......................................................................................49Grfico V.13 Pases selecionados: taxa de cmbio nominal em relao ao dlar dos Estados Unidos ...........50Grfico V.14 Amrica Latina e Caribe (27 pases): reservas internacionais brutas como proporo

    do PIB, 2012 e 2013 ................................................................................................................51Grfico VI.1 Amrica Latina e Caribe: projees do crescimento do PIB, 2014 ............................................53

    Balano Preliminar das Economias da Amrica Latina e do Caribe 2013

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    Resumo executivoO escasso dinamismo da economia internacional e a volatilidade financeira caracterizaram a economia mundial em 2013

    O crescimento econmico mundial se reduziu de 2,4% em 2012 a 2,1% em 2013, com indcios de alguma recuperao durante o segundo semestre, que coincidiu com um alto grau de volatilidade financeira. Em termos anuais, em 2013 a zona do euro em seu conjunto apresentou uma nova contrao, de 0,6%, devido continuidade da crise financeira e aos esforos para cont-la, expressados principalmente em programas de austeridade fiscal que reduziram a demanda interna e as importaes oriundas do resto do mundo. Os Estados Unidos registraram em 2013 um crescimento moderado, em parte pela dificuldade de chegar a um acordo no plano fiscal, que desencadeou medidas automticas de reduo do gasto.

    A falta de acordos oramentrios duradouros e os anncios de alteraes na poltica monetria dos Estados Unidos tambm atuaram fatores de turbulncia. Especificamente, em maio e em junho do presente ano a volatilidade dos mercados financeiros internacionais aumentou, depois que a Reserva Federal dos Estados Unidos anunciara uma possvel moderao do programa de compra de ativos, dependendo da evoluo econmica do pas e, em particular, do desemprego. Em consequncia, os agentes financeiros tentaram antecipar-se a essa mudana readequando suas carteiras, o que provocou uma alta dos rendimentos dos ativos financeiros dos Estados Unidos e uma tendncia apreciao do dlar. Desde maio tambm se elevaram significativamente os prmios de risco dos pases emergentes, em particular da Amrica Latina. Em setembro, dado que o desemprego ainda no alcanava a meta de 6,5% nos Estados Unidos, a Reserva Federal especificou em um novo anncio que as mudanas em sua poltica monetria no eram iminentes, o que fez subir os ndices dos mercados de aes, baixar o rendimento dos ttulos dos Estados Unidos e apreciar as moedas de vrios pases da Amrica Latina, revertendo parte dos efeitos causados pelo anncio inicial.

    Em 2013 a regio apresentou um crescimento modesto, impulsionado pela demanda interna

    Em 2013 o PIB da Amrica Latina e do Caribe cresceu 2,6%, cifra inferior aos 3,1% registrados em 2012. Este resultado ilustra a continuidade da desacelerao econmica regional que vem se manifestando desde 2011. No obstante, houve diferenas importantes nos ritmos de crescimento dos pases. O baixo crescimento regional em 2013 responde, em parte, ao escasso dinamismo das duas maiores economias da Amrica Latina e do Caribe: Brasil (2,4%) e Mxico (1,3%)1. Cresceram mais de 5% o Paraguai, Panam, Estado Plurinacional da Bolvia e Peru, enquanto a Argentina, Chile, Colmbia, Guiana, Nicargua e Uruguai tiveram um crescimento entre 4% e 5%. Por sub-regies, a Amrica do Sul anotou um crescimento de 3,3%, taxa um pouco menor que os 3,7% registrados pelo Istmo Centro-Americano mais Haiti e Repblica Dominicana, enquanto persistia o baixo crescimento (1,3%) do Caribe de lngua inglesa e holandesa (veja o quadro 1).

    1 Estas duas economias representam cerca de 63% do PIB total da Amrica Latina e do Caribe.

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    oComisso Econmica para a Amrica Latina e o Caribe (CEPAL)

    Quadro 1 Produto interno bruto, taxas de variao

    (Com base em dlares a preos constantes de 2005)

    Pas 2011 2012 2013 a 2014 b

    Argentina 8,9 1,9 4,5 2,6Bolvia (Estado Plurinacional da) 5,2 5,2 6,4 5,5Brasil 2,7 1,0 2,4 2,6Chile 5,9 5,6 4,2 4,0Colmbia 6,6 4,2 4,0 4,5Costa Rica 4,4 5,1 3,2 4,0Cuba 2,8 3,0 3,0 3,0Equador 7,8 5,1 3,8 4,5El Salvador 2,2 1,9 1,7 2,6Guatemala 4,2 3,0 3,4 3,5Haiti 5,6 2,8 4,0 4,5Honduras 3,8 3,9 2,6 3,0Mxico 3,8 3,9 1,3 3,5Nicargua 5,4 5,2 4,6 5,0Panam 10,9 10,8 7,5 7,0Paraguai 4,3 -1,2 13,0 4,5Peru 6,9 6,3 5,2 5,5Repblica Dominicana 4,5 3,9 3,0 5,0Uruguai 6,5 3,9 4,5 3,5Venezuela (Repblica Bolivariana da) 4,2 5,6 1,2 1,0Subtotal Istmo Centro-Americano, Haiti, e Repblica Dominicana 5,1 4,7 3,7 4,5Subtotal Amrica Latina 4,4 3,1 2,6 3,2Antgua e Barbuda -2,0 3,3 1,5 1,5Bahamas 1,7 1,8 1,6 2,5Barbados 0,8 0,0 -0,7 1,0Belize 2,1 4,0 1,6 2,8Dominica 0,2 -1,1 -0,5 1,2Granada 0,8 -1,8 1,5 1,3Guiana 5,4 4,8 4,8 4,6Jamaica 1,4 -0,5 0,1 1,2So Cristvo e Nvis 1,7 -1,2 1,6 2,9So Vicente e Granadinas -0,4 1,6 2,1 1,4Santa Lcia 1,4 1,3 1,1 2,3Suriname 4,7 4,4 3,9 4,7Trinidad e Tobago -1,6 1,5 1,6 2,1Subtotal Caribe 0,5 1,2 1,3 2,1Amrica Latina e Caribe 4,3 3,1 2,6 3,2

    Fonte: Comisso Econmica para a Amrica Latina e o Caribe (CEPAL), com base em cifras oficiais.a Estimativas.b Projees.

    O crescimento regional esteve impulsionado principalmente pela continuidade do dinamismo da demanda interna, sobretudo do consumo, que aportou 2,8 pontos percentuais do crescimento do PIB, enquanto o investimento aportava 0,9 pontos percentuais e se reduzia levemente o aporte negativo das exportaes lquidas (-0,8 pontos percentuais).

    Em 2013 a regio mostrou uma nova, mas pequena, reduo da taxa de desemprego, que passou de 6,4% em 2012 a 6,3%, porm o que causou este descenso no foi a gerao de emprego, e sim a desacelerao da oferta de trabalho, que se expressa em uma reduo da taxa global de participao. Na prtica se combinou uma menor gerao de emprego, como parte de um processo de menor dinamismo dos setores no transveis (comrcio, construo, servios bsicos, sociais e pessoais) que dependem mais do consumo e que so intensivos no uso de mo de obra; e uma menor busca de trabalho por parte dos membros de muitas famlias, em vista de oportunidades de emprego restringidas e ante a persistncia de condies favorveis para aqueles que, depois de vrios anos de expanso do emprego, j tinham trabalho. A falta de dinamismo observada na gerao de emprego em 2013 na regio se refletiu num aumento do desemprego dos mais jovens, o que pode ser atribudo a que um esfriamento da gerao de emprego costuma afetar primeiro aqueles que esto chegando ao mercado de trabalho, onde geralmente os jovens aparecem em maior proporo.

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    Balano Preliminar das Economias da Amrica Latina e do Caribe 2013

    Deteriorou-se o setor externo

    Em 2013 houve uma clara deteriorao do setor externo, refletida num aumento do dficit da conta corrente do balano de pagamentos, que passou de 1,8% em 2012 para 2,5% do PIB em 2013, principalmente como resultado de um aumento das importaes superior ao das exportaes de bens. Nisso incidiu uma generalizada deteriorao dos termos de troca, compensada parcialmente pelo aumento em volume das exportaes da regio.

    conseguinte reduo do supervit da balana de bens da regio se agregou um leve aumento do dficit da conta de servios, devido, sobretudo, a um menor dinamismo do turismo e maiores custos de transporte; a um leve aumento do dficit da balana de rendas, como resultado de um incremento dos pagamentos de lucros e dividendos originados principalmente no Brasil e no Mxico, e a uma modesta reduo do supervit da balana de transferncias correntes, influenciada pela reduo das remessas de trabalhadores para o Mxico, que no obstante, aumentaram em vrios pases centro-americanos.

    A deteriorao do setor externo da regio teve vrias consequncias. Primeiro, como j constatado, se manteve o aporte negativo das exportaes lquidas reais ao crescimento do PIB. Segundo, houve uma menor expanso do consumo ante um crescimento menor da renda nacional bruta disponvel em comparao com o crescimento do PIB, devido, em parte, deteriorao dos termos de troca que afetou principalmente os pases da Amrica do Sul e em parte reduo das remessas recebidas pelo Mxico.

    Terceiro, a deteriorao do setor externo, refletido em um maior dficit da conta corrente e em uma menor renda disponvel, tambm significou que o investimento da regio em seu conjunto fosse financiado por uma proporo de poupana externa maior que em 2012, reforando a tendncia que em 2010 j havia comeado a se manifestar, depois de vrios anos (2003-2007) em que havia sido financiado pela poupana nacional. O fato de que o coeficiente de investimento bruto como proporo do PIB (medido em dlares correntes) se mantivesse constante e baixo (21,4%), com taxas especialmente reduzidas em alguns pases centro-americanos, e com uma proporo crescente de financiamento correspondente a poupana externa (cujo custo financeiro estaria aumentando na medida em que os estmulos monetrios sejam retirados) suscita desafios de sustentabilidade do crescimento no futuro.

    A volatilidade financeira internacional favoreceu mudanas na composio da conta financeira do balano de pagamentos da Amrica Latina e do Caribe em 2013, que apresentou trs caractersticas. Primeira, o investimento estrangeiro direto lquido se manteve em nveis altos. Segunda, a continuidade das baixas taxas de juros externas, embora com expectativas de possveis aumentos no futuro, propiciou o afluxo regio de investimento lquido de carteira, em especial daquele sob a forma de emisso de bnus externos por parte de agentes corporativos privados, soberanos e quase-soberanos, incluindo um crescente nmero de pases centro-americanos e do Caribe, alm do Mxico e outros pases da Amrica do Sul.

    Terceira, e em contraste com o sucedido com o investimento de carteira, os anncios de um iminente giro da poltica monetria dos Estados Unidos ocasionaram uma alta dos rendimentos globais dos ativos financeiros, induzindo um aumento das sadas lquidas dos componentes mais volteis do financiamento externo. O resultado lquido destes trs efeitos foi que a sada de capitais de curto prazo foi compensada pela emisso de bnus e a chegada de investimento estrangeiro direto, mantendo virtualmente constante o balano da conta financeira para a regio em seu conjunto. A combinao de um saldo positivo na conta financeira com um aumento do dficit da conta corrente se refletiu em que se deixara de acumular reservas internacionais em 2013, interrompendo a tendncia observada nos ltimos 10 anos para a regio em seu conjunto, embora com presena de divergncias entre pases.

    As polticas macroeconmicas se orientaram a sustentar a demanda interna e a enfrentar a volatilidade financeira internacional

    Frente ao menor dinamismo do crescimento e deteriorao do setor externo, as metas da poltica fiscal na regio se flexibilizaram, o que na maioria dos pases foi possvel, graas s condies favorveis de acesso a financiamento, com taxas de juros historicamente baixas. O gasto pblico (como proporo do PIB) aumentou moderadamente na maioria dos pases, incluindo um maior gasto em capital, com exceo do Brasil e do Mxico. Houve alguma deteriorao das contas fiscais em vrios pases exportadores de hidrocarbonetos, principalmente por um maior aumento de seu gasto pblico e, no caso dos exportadores de minerais e metais, devido a uma reduo das receitas fiscais associadas a preos menos favorveis de seus produtos de exportao.

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    oComisso Econmica para a Amrica Latina e o Caribe (CEPAL)

    Alguns pases centro-americanos e da Amrica do Sul continuaram enfrentando srios desequilbrios fiscais, enquanto em vrios do Caribe estes desequilbrios se somaram a margens precrias para um endividamento adicional, o que veio a constituir uma base para iniciar profundos processos de ajuste fiscal em alguns deles. Para a Amrica Latina o dficit global alcanou 2,4 pontos do PIB e o saldo primrio, corrigido pelo servio da dvida, ascendeu a -0.6 pontos percentuais do PIB, o desempenho menos favorvel desde 2009. Em conjunto, os pases do Caribe apresentaram uma reduo do dficit, com um resultado global de -3.0 pontos percentuais do PIB.

    No segundo semestre de 2013 a mdia das taxas de inflao dos pases da Amrica Latina e do Caribe mostrou um ligeiro incremento em relao aos meses anteriores, com o que a taxa mdia de inflao dos pases da regio se manteve em alta durante o ano. A Repblica Bolivariana da Venezuela e a Argentina foram as duas economias da regio que mostraram as taxas de inflao mais elevadas, seguidas da Jamaica, Estado Plurinacional da Bolvia e Uruguai, porm na maior parte dos pases da regio predominaram taxas de inflao inferiores a 5%.

    Ante um panorama de menor inflao, de alguma desacelerao do crescimento econmico e de instabilidade financeira, muitos pases orientaram sua poltica monetria a sustentar a demanda interna e a enfrentar a volatilidade financeira internacional, mediante a reduo de suas taxas de juros de referncia com exceo do Brasil no caso dos bancos centrais com regime de metas de inflao ou favorecendo um crescimento estvel dos agregados monetrios. A instabilidade financeira e as menores presses de apreciao cambial contriburam a uma menor acumulao de reservas internacionais, como j mencionado, e alguns pases intervieram diretamente nos mercados cambiais ou implementaram medidas macroprudenciais para evitar maiores flutuaes do cmbio.

    Perspectivas para 2014

    A maior demanda externa e um crescimento modesto do consumo contribuiro para a recuperao do crescimento da Amrica Latina e do Caribe em 2014

    A recente evoluo das economias dos Estados Unidos, Japo e Europa, junto com o desempenho da economia da China levemente melhor que o esperado, deu origem a um moderado otimismo nas expectativas para 2014. Assim, projeta-se que a economia mundial se expandir a um ritmo de 2,9%, e que o crescimento se recuperar tanto nos pases desenvolvidos como nos em desenvolvimento. Nesse contexto, se prev alguma acelerao do crescimento do PIB da Amrica Latina e do Caribe, que alcanaria uma taxa de expanso prxima a 3,2%, associada a um entorno externo mais favorvel, que contribuiria a um aumento das exportaes. Este maior crescimento regional depender, em parte, de que prossiga a recuperao no Mxico e melhorem as cifras do Brasil, dado que em 2013 ambos os pases cresceram a taxas inferiores mdia regional.

    Ao crescimento da regio em 2014 seguir contribuindo a expanso do consumo privado, embora com aportes menores que os observados em anos anteriores. Isto se deve a que a renda disponvel crescer menos que o PIB, dado que no ocorrero melhoras significativas dos termos de troca nem fortes aumentos das remessas, que continuar a desacelerao do crdito, j observada em 2013, e que a expanso da massa salarial ser menor, uma vez que o crescimento da regio provavelmente no retomar a intensidade em termos de trabalho que o caracterizou no perodo recente e que os incrementos dos salrios reais continuaro moderando-se. Ademais, pelas razes que se explicam mais adiante, para a regio em seu conjunto pouco provvel que a poltica fiscal contribua a um aumento significativo do consumo. Neste contexto, alcanar taxas mais altas de crescimento depender, em maior medida, das possibilidades de aumentar as exportaes e o investimento na regio.

    As exportaes aumentariam, mas persistiria alguma vulnerabilidade do setor externo

    A recuperao parcial da economia mundial poderia abrir algum espao para que aumente o volume exportado pela regio, bem como as exportaes de servios (especialmente turismo) e o recebimento de remessas, mas o crescimento da demanda interna na regio, associado a algum dinamismo do consumo e a um eventual aumento do investimento, poderia dar lugar a um incremento das importaes superior ao das exportaes de bens e servios. O anterior suscita o risco de que na Amrica Latina e no Caribe continue deteriorando-se a conta corrente do balano

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    Res

    umo

    exec

    utiv

    o

    Balano Preliminar das Economias da Amrica Latina e do Caribe 2013

    de pagamentos, como vem ocorrendo desde 2010, mas agora com perspectivas de que o custo de financiar este dficit seja maior, como consequncia de uma eventual reduo e reverso dos estmulos monetrios adotados nos Estados Unidos e em outros pases.

    Devido s expectativas de uma moderao da demanda mundial de produtos bsicos, se poderia registrar uma leve desacelerao dos fluxos de investimento estrangeiro direto lquido, e uma menor disponibilidade de liquidez em nvel internacional a partir da reduo prevista da aquisio de ativos por parte da Reserva Federal dos Estados Unidos em 2014 que poderia incidir numa entrada menor de investimento de carteira e em novas sadas de fluxos financeiros externos, em particular daqueles mais volteis, como os depsitos de curto prazo. Em suma, para a regio em seu conjunto provvel que a entrada de fluxos lquidos de recursos financeiros externos em 2014 seja mais baixa. Isso poderia afetar os pases da regio de maneira diferenciada, j que as restries ou riscos que surgem deste cenrio sero menores para aqueles com altos nveis de reservas, um nvel baixo de endividamento externo e amplo acesso aos mercados internacionais de capital, e maiores para outros que no apresentam esta situao.

    A poltica fiscal enfrentar maiores desafios e a monetria, cambial e macroprudencial, na maioria dos pases, poderiam manter as mesmas tendncias

    Para 2014 se prev que a reduo da liquidez internacional se traduza num endurecimento das condies de financiamento, o que provavelmente obrigar a limitar o ritmo de crescimento do gasto pblico, com o que se iniciar, dependendo do dinamismo de cada economia, um perodo um pouco mais difcil de ajuste da posio fiscal. Esta situao, junto com um ambiente de crescentes demandas dos cidados e bases tributrias declinantes induzir as autoridades a considerar reformas tributrias para aumentar a arrecadao, especialmente em um marco de mudanas de governos de vrios pases.

    Para os primeiros meses de 2014, para a regio em geral, se espera tambm que se mantenha a tendncia a relaxar a poltica monetria e macroprudencial, com o fim de estimular o crescimento econmico em um contexto de taxas de inflao baixas na maioria dos pases. Em ouras palavras, ante a desacelerao do crescimento do crdito observada em 2013, se espera que em 2014 a maioria dos pases continue adotando medidas para expandir o volume de crdito e abater seu custo, tanto por meio de redues de depsitos compulsrios em alguns casos, como mediante diminuies das taxas de juros em outros.

    O cenrio da economia mundial em 2014 suscita oportunidades e ameaas para a Amrica Latina e o Caribe

    A desvalorizao das moedas de vrios pases da regio nos ltimos meses, eventualmente reforada por um possvel redirecionamento dos fluxos financeiros aos pases desenvolvidos, em caso de sustentar-se, poderia fortalecer os incentivos para um maior investimento em setores transveis diferentes daqueles em que se originam as exportaes tradicionais da regio (produtos bsicos), com uma reorientao do gasto destinada a reduzir as presses sobre a conta corrente. O anterior teria que complementar-se com a aplicao de outras polticas que apoiem o crescimento, como polticas industriais, comerciais, ambientais, sociais e trabalhistas, atendendo pequena e mdia empresa com vistas a reduzir a heterogeneidade estrutural existente na regio. Assim, se poderia reforar a sustentabilidade econmica e social daquilo que deveria ser uma trajetria de crescimento com progressiva igualdade, com maiores aportes do investimento e das exportaes que os do passado recente. Como destacado em outros documentos da CEPAL, este objetivo poderia ser alcanado mediante a subscrio de pactos sociais para o investimento.

    Persistem fatores de incerteza que tm marcado o entorno externo da regio nos ltimos anos. Entre eles se incluem a contrao fiscal e o menor crescimento dos Estados Unidos que a falta de acordo nesse pas ocasionaria, bem como as perspectivas incertas de alguns pases da zona do euro que ainda no superam o difcil quadro de suas finanas pblicas em um contexto de uma crescente fadiga social que eleva a resistncia aos ajustes. Ademais, os anncios de uma reduo gradual dos estmulos monetrios nos Estados Unidos e seus efeitos so apenas a fase inicial de um processo de normalizao da liquidez global e das polticas monetrias dos pases desenvolvidos aps a crise financeira mundial. Encontra-se pendente ainda a normalizao dos balanos dos bancos centrais das economias desenvolvidas, que se expandiram consideravelmente para enfrentar a crise, um processo que, para recuperar sua sustentabilidade, demandar tempo e ajustes significativos nas finanas pblicas e privadas.

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    Cap

    tulo

    I

    Captulo I

    O contexto internacional

    Em 2013 a economia internacional esteve caracterizada por um baixo dinamismo, com indcios de alguma recuperao no segundo semestre, e por um alto grau de volatilidade financeira. Em 2013 o crescimento econmico mundial reduziu-se de 2,4% a 2,1%, dinmica replicada pela queda do crescimento tanto em pases desenvolvidos como em desenvolvimento. (veja o grfico I.1). Assim, segundo informao de julho de 2013 do Fundo Monetrio Internacional, em termos anuais, a zona do euro, em seu conjunto, mostrou uma nova contrao, de 0,6%, devido persistncia da crise financeira e aos esforos para cont-la, expressados principalmente em programas de austeridade fiscal que contraram a demanda interna e as importaes oriundas dos demais pases do mundo.

    Grfico I.1 Crescimento real do PIB por regies e pases selecionados, 2010-2014

    (Em porcentagens)

    Mundo Zona do euro Estados Unidos Amrica Latina e Caribe

    Pases em desenvolvimento China Japo

    4

    2,82,4 2,1

    2,9

    21,6

    -0,7 -0,5

    1,1

    2,51,8

    2,8

    1,5

    2,5

    5,8

    4,3

    3,12,6

    3,3

    7,6

    5,8

    4,7 4,55,1

    10,3

    9,2

    7,7 7,67,5

    4,7

    -0,6

    2 1,91,3

    -2

    0

    2

    4

    6

    8

    10

    12

    2010 2011 2012a 2013b 2014b

    Fonte: Comisso Econmica para a Amrica Latina e o Caribe (CEPAL), com base em cifras oficiais e Naes Unidas, World Economic Situation and Prospects. Monthly Briefing, Nova York, outubro de 2013.

    a Estimativas.b Projees.

    Durante o ano se observaram sinais de uma deteno da deteriorao e de uma incipiente recuperao na zona do euro, manifestados em uma moderao da contrao da atividade em alguns pases, melhora nas expectativas dos consumidores e das gerncias de compra, e menores taxas de desemprego, embora tenham permanecido altas. Ainda que os prmios de risco pas tenham se reduzido notavelmente, e diminudo o risco poltico na Grcia, Itlia e Portugal, persiste alguma incerteza quanto superao da crise em alguns casos (esgotamento ante as polticas de austeridade em Portugal e advertncias de um novo resgate financeiro para a Grcia em 2014).

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    Cap

    tulo

    I

    O Banco Central Europeu (BCE) assinalou que continuaria com as polticas de estmulo monetrio por um tempo prolongado, mantendo taxas de juros baixas, sem descartar futuros recortes. Em concordncia com o anterior, no comeo de novembro de 2013, o BCE reduziu a taxa de juros de referncia a um novo mnimo histrico, de0,5% a 0,25%.

    Os Estados Unidos registraram em 2013 um crescimento moderado, devido s dificuldades para chegar a um acordo no plano fiscal que desencadearam medidas automticas de reduo de gasto, alm dos efeitos da crise financeira, que no se superam inteiramente. Estima-se que, em relao ao ano anterior, o gasto fiscal de 2013 tenha baixado cerca de 5%. O dficit oramentrio passou de 8,3% do PIB em 2012 a 5,8% em 2013; dessa cifra, 2 pontos percentuais provieram de maiores receitas e 0,5 pontos percentuais de recortes no gasto, o que representa um considervel esforo de consolidao2. Estes fatores de contrao foram parcialmente compensados por um aumento da demanda privada, apoiada em um incipiente aumento do crdito e do emprego. No ltimo trimestre deste ano, a falta de um acordo oramentrio traduziu-se no fechamento temporrio de vrias instituies do governo e, no caso da negociao de um novo teto para a dvida pblica conseguiu-se apenas uma postergao de curtssima durao (at fevereiro de 2014).

    Por sua vez, os anncios de mudanas na poltica monetria dos Estados Unidos tambm foram fatores de turbulncia. Em maio e junho do presente ano, a volatilidade dos mercados financeiros internacionais aumentou, depois que a FED anunciara uma possvel moderao do programa de compra de ativos, dependendo da evoluo econmica do pas e, em particular, do desemprego. Em consequncia, os agentes financeiros tentaram antecipar-se s mudanas readequando suas carteiras, o que provocou uma alta nos rendimentos dos ativos financeiros dos Estados Unidos e uma tendncia apreciao do dlar. De a surgiram presses para a depreciao cambial nas economias emergentes, especialmente naquelas mais integradas aos mercados financeiros internacionais. Tambm, desde maio, os prmios de risco dos pases emergentes, e em particular para a Amrica Latina, se elevaram significativamente. Em setembro, dado que o ndice de desemprego ainda no baixava para a meta de 6,5%, a Reserva Federal formulou um novo anncio de adiar as mudanas da sua poltica monetria, que fez subir os ndices do mercado de aes, baixar o rendimento dos ttulos do tesouro dos Estados Unidos e apreciar as moedas de vrios pases da Amrica Latina, revertendo parte das mudanas ocasionadas pelo anncio inicial.

    O menor crescimento nos pases desenvolvidos traduziu-se em uma menor demanda das exportaes provenientes de pases em desenvolvimento. Em particular, a taxa de crescimento da China se reduziu em relao aos anos anteriores, ao registrar um menor ritmo de expanso de suas exportaes. Isto motivou uma reorientao da estratgia de desenvolvimento neste pas, com o fim de outorgar um maior peso ao consumo em detrimento das exportaes e do investimento, como se havia observado at o momento.

    Durante o segundo semestre do ano comearam a serem observados os primeiros indcios de uma inflexo no dinamismo da economia mundial. Assim, vrias economias desenvolvidas, em particular a dos Estados Unidos, mostraram sinais de recuperao incipiente, expressos em aumentos dos nveis de produo e emprego e em melhoras nos principais indicadores. Por sua vez, vrios pases da zona do euro cujos nveis de atividade haviam experimentado redues em 2012 e no primeiro semestre de 2013, no segundo semestre tiveram desempenhos indicativos de que a deteriorao se teria detido. A evoluo recente da economia dos Estados Unidos, Japo e Europa, junto com o desempenho levemente melhor que o previsto inicialmente da economia da China, determinaram um aumento moderado das expectativas para 2014, projetando-se que a economia mundial se expandir a um ritmo de 2,9%, com uma recuperao do crescimento tanto nos pases desenvolvidos como nos em desenvolvimento.

    2 Naes Unidas, World Economic Situation and Prospects. Monthly Briefing, Nova York, outubro de 2013.

    Comisso Econmica para a Amrica Latina e o Caribe (CEPAL)

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    Cap

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    II

    Captulo II

    A atividade econmica

    Em 2013, a Amrica Latina e o Caribe mantiveram um crescimento baixo

    Em 2013 o PIB da regio da Amrica Latina e do Caribe cresceu 2,6%, abaixo dos 3,1% registrados em 2012. Oaumento do PIB regional em 2013 se traduziu num incremento do PIB por habitante regional de 1,6% (2,0% em2012), inferior metade da taxa de crescimento mdio que este indicador experimentou no perodo 2004-2008 (3,7%). Estes resultados ilustram a continuidade da desacelerao econmica regional que vem se manifestando desde 2011. No obstante, houve diferenas importantes nos ritmos de crescimento dos pases. O baixo crescimento regional em2013 responde em parte ao baixo dinamismo das duas maiores economias da Amrica Latina e do Caribe: Brasil (2,4%) e Mxico (1,3%)3. Excludos estes dois pases, a alta do PIB regional alcanou 4,1%. Paraguai foi o pas cuja economia anotou a maior taxa de expanso (13%), seguido do Panam (7,5%), Bolvia (Estado Plurinacional da) (6,4%) e Peru (5,2%). As economias da Argentina, Chile, Colmbia, Guiana, Haiti, Nicargua e Uruguai cresceram entre 4% e 5% (veja o grfico II.1).

    Grfico II.1 Amrica Latina e Caribe: projees do crescimento do PIB, 2013

    (Em porcentagens, com base em dlares constantes de 2005)

    -0,7-0,5

    0,11,11,21,31,3

    1,51,51,61,61,61,61,7

    2,12,4

    2,62,63,03,03,23,23,4

    3,73,83,94,04,04,2

    4,54,54,64,8

    5,26,4

    7,513,0

    -2 -1 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14BarbadosDominicaJamaica

    Santa LciaVenezuela (Rep. Bol. da)

    El CaribeMxico

    GranadaAntgua e BarbudaTrinidad e Tobago

    So Cristvo e NvisBelize

    BahamasEl Salvador

    So Vicente e GranadinasBrasil

    HondurasAmrica Latina e Caribe

    Rep. DominicanaCuba

    Costa RicaAmrica do Sul (10 pases)

    GuatemalaIstmo Centro-Americano (+3)

    EquadorSuriname

    HaitiColmbia

    ChileUruguai

    ArgentinaNicargua

    GuianaPeru

    Bolvia (Est. Plur. da)Panam

    Paraguai

    Fonte: Comisso Econmica para a Amrica Latina e o Caribe (CEPAL), com base em cifras oficiais.

    3 Estas duas economias representam cerca de 63% do PIB total da Amrica Latina e do Caribe.

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    Cap

    tulo

    II

    Por sub-regies, a Amrica do Sul anotou um crescimento de 3,1% (frente aos 2,5% registrados em 2012), taxa algo menor que os 3,7% anotados pelo Istmo Centro-Americano mais Cuba, Haiti e Repblica Dominicana (4,7% em 2012). Por seu lado, persistiu o baixo crescimento do Caribe de lngua inglesa e holandesa (1,3%), com cifras negativas no caso de Barbados (-0,7%) e Dominica (-0,5%), enquanto a economia da Jamaica experimentava uma virtual estagnao (0,1%).

    A desacelerao do crescimento regional verificado at o primeiro trimestre de 2013 se reverteu parcialmente nos trimestres subsequentes. No obstante, para o trimestre, as taxas de crescimento trimestral do PIB regional observa-das so ainda consideravelmente inferiores s registradas em 2010 e 2011 (veja o grfico II.2).

    Grfico II.2 Amrica Latina e Caribe: produto interno bruto trimestral, taxa de variao em relao

    ao mesmo trimestre do ano anterior, 2010 a terceiro trimestre de 2013(Em porcentagens, com base em dlares constantes de 2005)

    0

    1

    2

    3

    4

    5

    6

    7

    8

    I II III IV I II III IV I II III IV I II III

    2010 2011 2012 2013

    Fonte: Comisso Econmica para a Amrica Latina e o Caribe (CEPAL), com base em cifras oficiais.

    Como em anos anteriores, a demanda interna impulsionou o crescimento

    O crescimento regional esteve impulsionado principalmente pelo dinamismo da demanda interna (veja o grficoII.3), tanto do consumo, que aportou 2,8 pontos percentuais ao crescimento do PIB, como do investimento, que contribuiu com 0,9 pontos percentuais, enquanto se mantinha o aporte negativo das exportaes lquidas (-0.7 pontos percentuais), embora fosse menor que o de anos anteriores. A alta do consumo se sustentou principalmente no aumento do consumo privado (que cresceu 3,4%) que, embora tenha mantido um crescimento superior ao do PIB, mostrou uma desacelerao em seu dinamismo, que responde principalmente ao comportamento do emprego e da massa salarial que, como visto mais adiante, embora continuassem evoluindo de maneira favorvel na regio, experimentaram uma desacelerao. Por seu lado, se moderou a expanso do consumo pblico, com uma alta de 2,5%, que a mais baixa taxa de expanso desde 2003.

    Em termos regionais, a formao bruta de capital fixo se expandiu 4,7%, impulsionada pelo investimento em maquinaria e equipamento, um modesto crescimento da atividade de construo e um comportamento diferenciado entre pases. A Repblica Dominicana e a Repblica Bolivariana da Venezuela anotaram contraes, enquanto no Panam, Paraguai e Peru se registravam expanses superiores a 10%. Medida como porcentagem do PIB em dlares constantes de 2005, esta alcanou 23,2%, isto , 0,5 pontos percentuais acima do registro de 2012.

    No obstante, o investimento interno bruto cresceu a uma taxa menor, o que indica um ajuste na acumulao de estoques na regio. Medido em dlares correntes, o investimento interno bruto como porcentagem do PIB se manteve em 21,4%, equivalente ao coeficiente de 2012 e significativamente inferior ao coeficiente existente em outros pases de rpido crescimento, como China e ndia, onde esta cifra, em algumas ocasies, chega a superar30% do PIB.

    A evoluo das importaes de bens e servios, em termos constantes, refletiu o desempenho da demanda interna, ao aumentar 4,9% (taxa similar observada em 2012). As exportaes reais de bens e servios, por sua vez, anotaram uma alta de 2,3% (frente aos 3,1% anotados em 2012), havendo mantido a tendncia desacelerao de

    Comisso Econmica para a Amrica Latina e o Caribe (CEPAL)

  • 17

    Cap

    tulo

    II

    seu crescimento, verificada desde 2010. A despeito do resultado regional, Bolvia (Estado Plurinacional da), Chile, Guatemala, Nicargua, Panam, Paraguai e Repblica Dominicana registraram, nas exportaes reais de bens e servios, taxas de expanso superiores a 5%.

    Grfico II.3 Amrica Latina: taxa de variao do PIB e contribuio ao crescimento dos componentes

    da demanda interna e das exportaes lquidas, 2002-2013 a (Em porcentagens, com base em dlares constantes de 2005)

    -2

    -4

    0

    2

    4

    6

    8

    1020

    02

    2003

    2004

    2005

    2006

    2007

    2008

    2009

    2010

    2011

    2012

    2013

    a

    Exportaes lquidas Investimento Consumo total PIB

    Fonte: Comisso Econmica para a Amrica Latina e o Caribe (CEPAL), com base em cifras oficiais. a As cifras de 2013 correspondem a projees.

    O comrcio, a construo e os servios financeiros e empresariais foram os setores que mostraram maior dinamismo

    A expanso do consumo privado, que foi a principal fonte de crescimento do PIB em 2013, se refletiu na maior atividade do setor comrcio, enquanto a normalizao das condies climticas permitiu que na Argentina, Brasil e Paraguai a atividade do setor agrcola crescesse a taxas mais elevadas que a economia agregada. O dinamismo da atividade de comrcio, restaurantes e hotis foi tambm beneficiado pelo aumento do turismo em 2013, embora a chegada de turistas internacionais tenha crescido a taxas significativamente menores que em 2012. De acordo com os dados da Organizao Mundial do Turismo, nos primeiros oito meses de 2013, e em comparao com igual perodo do ano anterior, as chegadas de turistas internacionais aumentaram 3,0% na Amrica Central (7,3% em 2012), 1,6% na Amrica do Sul (5,0% em 2012) e 0,1% no Caribe (3,7% em 2012).

    A atividade do setor de minerao se manteve estvel em termos regionais em comparao com o resultado de2012, embora na Bolvia (Estado Plurinacional da), Nicargua, Panam, Uruguai e em algumas economias da Unio Monetria do Caribe Oriental (UMCO) este setor registrara taxas de crescimento de dois dgitos. O desempenho da atividade industrial foi tambm modesto, com um baixo crescimento generalizado em nvel de pases. A despeito de que em termos regionais o setor da construo tenha apresentado uma expanso inferior a 2% no ano, o desempenho em nvel de pases foi bem heterogneo. Em Antgua e Barbuda, Colmbia, Granada e So Vicente e Granadinas a atividade deste setor cresceu a taxas superiores a 10%, enquanto na Nicargua e no Panam anotava expanses superiores a 20%. Por sua vez, Mxico, Venezuela (Repblica Bolivariana da) e algumas economias da Amrica Central e do Caribe registraram quedas.

    Balano Preliminar das Economias da Amrica Latina e do Caribe 2013

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    Cap

    tulo

    III

    Captulo III

    Emprego e salrios

    Desacelerou-se a gerao de emprego

    Segundo a informao preliminar disponvel, em 2013 a regio logrou una nova, ainda que minscula reduo da taxa de desemprego, que passou de 6,4% em 2012 a 6,3%. Contudo, em contraste com o dinmico desempenho do mercado de trabalho no ano anterior, em 2013 no foi a gerao de emprego o que causou esta queda, mas a desacelerao da oferta de trabalho, expressa numa reduo da taxa global de participao.

    A gerao de emprego veio perdendo dinamismo no transcurso de 2013. A taxa de ocupao havia registrado um forte e contnuo aumento entre 2002 (com uma taxa de 51,8%) e 2012 (55,9%), interrompido apenas em 2009 por causa da crise econmico-financeira. Em 2013 esta taxa experimentou uma nova queda, embora de apenas 0,1pontos percentuais. Esta leve queda contrasta com o incremento de 0,4 pontos percentuais registrado em 2012, ano em que o crescimento econmico foi similar ao de 2013.

    Como se observa no quadro III.1, em 2012 alguns pases registraram uma elasticidade emprego-produto e sobretudo emprego assalariado-produto superior a um, o que no costuma ser sustentvel. Entre estes pases se destacam Brasil, Colmbia e Mxico, que por seu tamanho incidem muito nas mdias ponderadas da regio4.

    Em 2013, em vrios pases grandes da regio, como Argentina, Brasil, Colmbia e Mxico, a elasticidade emprego-produto caiu acentuadamente. Ainda que na mediana estas quedas tenham sido compensadas por aumentos em outros pases (Chile, Honduras, Jamaica, Peru, Venezuela (Repblica Bolivariana da)), em nvel regional a queda da relao entre o crescimento do PIB e o crescimento do emprego nas citadas economias de maior tamanho fez com que a variao da taxa de ocupao em 2013 ficasse abaixo da linha de tendncia dos ltimos anos (veja o grfico III.1). Na mediana se observa uma queda, especificamente, da elasticidade emprego assalariado-produto.

    4 A informao sobre a conjuntura laboral no Brasil provm dos resultados da pesquisa mensal de emprego que se aplica em seis reas metropolitanas onde em 2012 o emprego aumentou, em mdia, 2,2%. A pesquisa nacional de domiclios indicou um incremento do nvel de emprego algo menor, de 1,6%. Isto no implica, no entanto, que o desempenho das reas metropolitanas tenha sido completamente atpico no sentido de uma expanso desproporcionalmente maior do emprego que no restante do pas. O emprego assalariado se expandiu inclusive mais em nvel nacional (2,9%) do que nestas reas (2,6%).

  • 20

    Cap

    tulo

    III

    Quadro III.1 Amrica Latina e Caribe (pases selecionados): elasticidade simples emprego-produto

    e emprego assalariado-produto, 2012 e 2013

    Elasticidades 2012 Elasticidades 2013 a

    Emprego Emprego assalariado Emprego Emprego assalariado

    Argentina b 31 aglomerados urbanos 0,38 0,35 0,24 0,09

    Brasil Seis reas metropolitanas 2,15 2,62 0,46 0,42

    Chile Total nacional 0,33 0,75 0,45 0,52

    Colmbia Total nacional 0,85 1,25 0,34 1,05

    Costa Rica Total nacional 0,22 0,42 0,16 -0,09

    Equador Total nacional 0,41 0,78 0,33c

    El Salvador Total nacional 2,29 1,86

    Honduras Total nacional 0,17 -2,18 2,88 3,27

    Jamaica Total nacional 0,77 4,30

    Mxico Total nacional 0,83 1,11 0,46 1,46

    Panam Total nacional 0,51 0,53 0,45 0,40

    Peru Lima Metropolitana 0,26 0,76 0,50 0,29

    Repblica Dominicana Total nacional 0,52 0,91 -0,10 0,33

    Uruguai Total nacional 0,04 -0,04 Venezuela (Repblica Bolivariana da) Total nacional 0,28 0,64 2,42 3,17

    Amrica Latina e Caribe Mediana 0,40 0,75 0,45 0,40

    Fonte: Comisso Econmica para a Amrica Latina e o Caribe (CEPAL) com base em cifras oficiais.a Calculado a partir do crescimento econmico do ano e do crescimento interanual do emprego no perodo entre o primeiro e o terceiro trimestre.b A gerao de emprego se refere ao primeiro semestre.c Refere-se ao total urbano.

    Grfico III.1 Amrica Latina e Caribe: crescimento econmico e variao da taxa de ocupao, 2000-2013

    (Em porcentagens e pontos percentuais)

    -0,6

    -0,4

    -0,2

    0

    0,2

    0,4

    0,6

    0,8

    1

    - 3

    - 2

    - 1

    0

    1

    2

    3

    4

    5

    6

    7

    2000

    2001

    2002

    2003

    2004

    2005

    2006

    2007

    2008

    2009

    2010

    2011

    2012

    2013

    a

    Varia

    o

    da ta

    xa d

    e oc

    upa

    o ( p

    onto

    s pe

    rcen

    tuai

    s)

    Cre

    scim

    ento

    eco

    nm

    ico

    (por

    cent

    agen

    s)

    Crescimento do PIB Variao da taxa de ocupao (eixo direita)

    Fonte: Comisso Econmica para a Amrica Latina e o Caribe (CEPAL) com base em cifras oficiais.a Projees.

    Na maioria dos pases o emprego assalariado cresceu mais que o emprego total. Para o conjunto de 12 pases com informao disponvel e comparvel, o emprego assalariado aumentou 1,6% frente a um incremento de 1,2% do emprego total. No entanto, a gerao de emprego assalariado se desacelerou marcadamente em relao ao ano anterior, quando este tipo de emprego aumentou 3,1%, e em vrios pases cresceu menos que o emprego total.

    Como se observa no grfico III.2, a desacelerao da gerao de emprego se intensificou ao longo dos primeiros trs trimestres do ano. Enquanto no primeiro trimestre de 2013 ainda se observava um leve aumento interanual da taxa de ocupao, no segundo e no terceiro esta taxa caiu levemente em relao aos mesmos trimestres de 2012. O grfico tambm mostra como, comparado com os anos anteriores, em 2013 se moderou a reduo da taxa de desemprego; no entanto, em todos os trimestres se observam melhoras interanuais.

    Comisso Econmica para a Amrica Latina e o Caribe (CEPAL)

  • 21

    Cap

    tulo

    III

    Grfico III.2 Amrica Latina (10 pases): variao interanual das taxas de ocupao e desemprego,

    primeiro trimestre de 2008 a terceiro trimestre de 2013(Em pontos percentuais)

    -1,5

    -1,0

    -0,5

    0,0

    0,5

    1,0

    1,5

    2008

    Trim

    1

    Trim

    2

    Trim

    3

    Trim

    4

    2009

    Trim

    1

    Trim

    2

    Trim

    3

    Trim

    42010

    Trim

    1

    Trim

    2

    Trim

    3

    Trim

    4

    2011

    Trim

    1

    Trim

    2

    Trim

    3

    Trim

    4

    2012

    Trim

    1

    Trim

    2

    Trim

    3

    Trim

    4

    2013

    Trim

    1

    Trim

    2

    T3/p

    rel

    Taxa de ocupao Taxa de desemprego

    Fonte: Comisso Econmica para a Amrica Latina e o Caribe (CEPAL) com base em cifras oficiais.

    Um fator que contribuiu evoluo positiva da taxa de desemprego foi a moderao do incremento da populao economicamente ativa, causada por uma reduo da taxa de participao. Mesmo assim, em nvel regional se observa que foi mantido o processo de longo prazo de incremento da taxa de participao das mulheres, diferena da dos homens, que caiu. Como se indica no grfico III.3, tambm se reduziram levemente as brechas entre os homens e as mulheres em termos de taxa de ocupao e de taxa de desemprego.

    Grfico III.3 Amrica Latina e Caribe (15 pases): variao interanual das taxas de participao, ocupao e desemprego por sexo,

    mdia do primeiro ao terceiro trimestre de 2013 em relao ao mesmo perodo do ano anterior(Em pontos percentuais)

    -0,4

    -0,2

    0,0

    0,2

    0,4

    0,6

    0,8

    Homens Mulheres Homens Mulheres Homens Mulheres

    Taxa de participao Taxa de ocupao Taxa de desemprego

    Mdia ponderada Mdia simples

    Fonte: Comisso Econmica para a Amrica Latina e o Caribe (CEPAL), com base em cifras oficiais.

    Aumentou o desemprego dos jovens

    Por outro lado, o menor dinamismo observado na gerao de emprego parece haver afetado especialmente os jovens, cuja taxa de ocupao caiu em forma bem generalizada na regio, enquanto subia sua taxa de desemprego (veja o quadro III.2). Em contraste, na maior parte da regio, entre os adultos a taxa de ocupao aumentou levemente e a taxa de desemprego caiu. Em alguns pases, como Brasil, Chile e Peru, a queda da taxa de ocupao se expressou, ademais, numa queda da participao laboral juvenil, que, nestes pases, contrasta com a estagnao da participao dos adultos. Embora isto possa, em parte, refletir a tendncia de longo prazo de uma permanncia mais prolongada

    Balano Preliminar das Economias da Amrica Latina e do Caribe 2013

  • 22

    Cap

    tulo

    III

    dos jovens no sistema educacional, em 2013 parece haver contribudo o fato de que um esfriamento na gerao de emprego costuma afetar mais aqueles que esto chegando ao mercado de trabalho, entre os quais os jovens encontram-se sobrerrepresentados.

    Quadro III.2 Amrica Latina e Caribe (pases selecionados): variao das taxas de participao, ocupao e desemprego, jovens

    e adultos, mdia do primeiro ao terceiro trimestre de 2013 em relao a mesmo perodo do ano anterior (Em pontos percentuais)

    Taxa de participao Taxa de ocupao Taxa de desempregoJovens Adultos Jovens Adultos Jovens Adultos

    Argentina 0,7 -0,1 -0,1 -0,1 1,7 0,0

    Brasil -0,9 -0,1 -1,1 0,0 0,5 -0,1

    Chile -1,1 0,0 -0,8 0,3 -0,4 -0,5

    Colmbia -1,1 -0,5 -0,3 -0,1 -1,0 -0,6

    Honduras 3,5 2,7 2,9 2,4 0,8 0,4

    Jamaica 1,1 1,2 -0,9 0,5 4,7 0,8

    Panam 0,5 0,7 0,2 0,7 0,5 -0,1

    Peru -1,3 0,1 -0,7 1,0 -0,8 -1,2

    Repblica Dominicana -1,2 -0,7 -0,6 -1,2 -0,6 0,9

    Uruguai 0,0 -0,4 -0,4 -0,4 0,9 0,0

    Venezuela (Repblica Bolivariana da) 0,2 0,1 0,5 0,3 -0,9 -0,3

    Amrica Latina e Caribe, mediana 0,0 0,0 -0,4 0,3 0,5 -0,1

    Fonte: Comisso Econmica para a Amrica Latina e o Caribe (CEPAL) com base em cifras oficiais.Nota: O grupo etrio dos jovens se refere a pessoas com idades entre 15 e 24 anos, salvo na Argentina (14 a 29), Colmbia (14 a 28), Peru (14 a 24) e Repblica

    Dominicana (10 a 19). Na Argentina os dados se referem mdia dos homens e mulheres dos respectivos grupos de idade.

    A desacelerao da gerao de emprego se reflete tambm na evoluo do emprego formal. Como indica o grfico III.4, em quase todos os pases as taxas de crescimento em 2013 deste tipo de emprego que representa o emprego de melhor qualidade foram bem inferiores s do ano anterior. Ademais, ao longo do ano, em muitos pases se registrou uma clara desacelerao da gerao de emprego formal.

    Grfico III.4 Amrica Latina (pases selecionados): variao interanual do emprego formal,

    primeiro semestre de 2012 a terceiro trimestre de 2013(Em porcentagens)

    0

    1

    2

    3

    4

    5

    6

    7

    8

    9

    10

    BrasilArgentina Chile Costa Rica Mxico Nicargua Peru Uruguai

    I-2012 II-2012 III-2012 IV-2012 I-2013 II-2013 III-2013

    Fonte: Comisso Econmica para a Amrica Latina e o Caribe (CEPAL) com base em cifras oficiais.

    A outra face da mencionada menor elasticidade emprego-produto o incremento da produtividade do trabalho. Estima-se que em 2012 a produtividade do trabalho aumentou apenas 0,8% na regio em seu conjunto (mdia ponderada), principalmente pelos parcos resultados do Brasil e do Mxico, embora na mdia simples de 14 pases a produtividade do trabalho tenha crescido 1,5%. Para 2013 os dados preliminares sugerem, no entanto, um aumento da produtividade laboral mdia da regio de 1,6%, com uma mdia simples de 2,5%.

    Comisso Econmica para a Amrica Latina e o Caribe (CEPAL)

  • 23

    Cap

    tulo

    III

    A desacelerao do emprego ocasionou um menor crescimento da massa salarial, que contribuiu ao menor dinamismo do consumo privado

    Na maioria dos pases com informao disponvel, o crescimento dos salrios reais se reduziu moderadamente (veja o quadro A.21 do anexo estatstico, nas verses do documento em espanhol e ingls), devido a menores aumentos dos salrios nominais, provavelmente como reflexo da perda de dinamismo da demanda laboral e, em alguns casos, aos moderados aumentos da inflao. Nos pases que registraram aumentos dos salrios reais que ultrapassaram os incrementos do ano anterior (Chile, Colmbia e Paraguai) se caracterizam por um nvel de inflao que, na mdia acumulada dos primeiros trs trimestres, se atenuou em relao ao mesmo perodo do ano anterior.

    A desacelerao da gerao de emprego e os menores incrementos dos rendimentos do trabalho em termos reais incidiram em uma expanso menor da massa salarial. Enquanto em 2012 houve um aumento da massa salarial de 5,4%, em 2013 (mdia ponderada de 9 pases), este teria se desacelerado a 2,7%, o que debilitou o aumento do consumo das famlias como fator dinmico da demanda e, assim, motor do crescimento econmico.

    Em 2013 vrios pases tomaram medidas para fortalecer a insero laboral, proteger os desempregados, melhorar as condies de trabalho de grupos especficos ou aumentar a eficincia de algumas instituies (veja o quadro III.3).

    Quadro III.3 Novas polticas trabalhistas, 2013

    Argentina Outorga-se s empregadas domsticas os mesmos direitos que aos demais trabalhadores.

    Bolvia (Estado Plurinacional da) Introduo de uma segunda gratificao (em dinheiro) anual, condicionada a um crescimento do PIB de ao menos 4,5%. Decreto que facilita o controle por parte dos trabalhadores de empresas em bancarrota.

    Brasil Emenda constitucional para dar aos trabalhadores domsticos direitos iguais aos de outros trabalhadores assalariados.

    Chile Criao da Intendncia de Seguridade e Sade no Trabalho.

    Colmbia Lei No 1636, por meio da qual se cria o mecanismo de proteo ao desempregado e que ordena o servio pblico de emprego. Estabelecem-se acordos de formalizao entre empresas e autoridades da fiscalizao do trabalho. Filiao obrigatria ao Sistema Geral de Riscos Laborais de todas as pessoas com contrato formal de trabalho.

    Cuba Definio e ampliao da lista de atividades com autorizao de trabalho por conta prpria.

    Nicargua Introduo de julgamentos orais nas causas trabalhistas.

    Paraguai Lei de insero ao emprego juvenil, para fomentar a capacitao e insero de jovens com idade entre 18 e 29 anos, por meio de novas modalidades contratuais, de estmulo de prticas laborais e de subsdios contratao.

    Peru Estabelecimento de diretrizes para facilitar a insero econmica e social dos migrantes que esto retornando pela difcil situao econmica em outros pases.

    Uruguai Extenso de licenas de maternidade e paternidade; Lei de emprego juvenil que estabelece quatro modalidades para fomentar a insero laboral de jovens: primeira experincia laboral, prticas laborais, prtica formativa em empresas, trabalho protegido e promovido (por meio de subsdios).

    Fonte: Comisso Econmica para a Amrica Latina e o Caribe (CEPAL) com base em informao oficial dos pases.

    Em forma resumida, o moderado crescimento econmico se expressou numa desacelerao da gerao de emprego. Especificamente, uma menor demanda laboral incidiu em uma gerao menos dinmica de emprego assalariado e em um menor incremento do emprego formal. Embora no em forma generalizada, tambm os salrios reais cresceram menos que o ano anterior, de maneira que o incremento da massa dos rendimentos do trabalho contribuiu menos para o crescimento da demanda interna. Ainda que o esfriamento na gerao de emprego tenha afetado negativamente os indicadores do trabalho (emprego, desemprego) dos jovens, no agregado em nvel regional (com diferenas entre os pases) houve moderadas melhoras, sobretudo em uma pequena queda da taxa de desemprego e um incremento maior do emprego assalariado geralmente de melhor qualidade que do emprego no assalariado. Para isso parece haver contribudo a dinmica gerao de emprego durante o ltimo decnio, que ao haver dado lugar a uma situao laboral relativamente favorvel (maior taxa de ocupao mdia por domiclio), significou que o menor dinamismo da demanda laboral em 2013 no forou muitas famlias a lanar mo do trabalho por conta prpria para reduzir a deteriorao de sua renda. Esta situao tambm teria se expressado na reduo da taxa de participao que, por seu lado, facilitou a reduo da taxa de desemprego.

    Balano Preliminar das Economias da Amrica Latina e do Caribe 2013

  • 25

    Cap

    tulo

    IV

    Captulo IVO setor externo

    Deteriorou-se a conta corrente do balano de pagamentos

    O crescimento das importaes e a estagnao das exportaes em 2013, refletidos na reduo do supervit comercial, foram a principais, mas no as nicas explicaes para o aumento do dficit da conta corrente para o conjunto da regio, que foi maior que o do ano anterior (veja o grfico IV.1). Em relao ao PIB, o dficit aumentou de 1,8% em 2012 a 2,5% em 2013. Pela primeira vez em vrios anos, as economias exportadoras de hidrocarbonetos teriam, em seu conjunto, um dficit (-0,7%) em suas contas correntes. O grupo de pases que integram o Istmo Centro-Americano (Costa Rica, El Salvador, Guatemala, Honduras, Nicargua e Panam), Haiti e Repblica Dominicana, com diferenas que variam de-16,2% no Panam a -3,0% no Haiti, terminaria com o maior dficit mdio observado na regio (-6,4%), seguido pelos pases exportadores de minerais e metais, Chile e Peru, com um dficit de 3,9% (Chile com -2,7% e Peru com -5,4%).

    Grfico IV.1 Amrica Latina: estrutura da conta corrente, 2006-2013 a

    (Em porcentagens do PIB)

    Balana de servios Balana de rendaBalano de transferncias correntes

    Balana de bens Saldo em conta corrente

    -4

    -3

    -2

    -1

    0

    1

    2

    3

    4

    5

    6

    2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013

    Fonte: Comisso Econmica para a Amrica Latina e o Caribe (CEPAL), com base em cifras oficiais.a As cifras de 2013 correspondem a projees.

    Nos ltimos anos se aprecia um retrocesso contnuo dos fluxos que compem as balanas da conta corrente regional, e que constitui um indicador de vulnerabilidade externa, que se refora na medida em que, por um aumento das taxas de juros em nvel mundial, eleva o custo financeiro de cobrir esta brecha. A desacelerao do valor das exportaes, combinada com a resistncia da demanda interna da maioria dos pases da regio, provocou um maior crescimento das importaes em relao s exportaes durante os ltimos anos e em 2013. Em consequncia, produziu-se uma sria deteriorao da balana de bens no conjunto da regio, cujo supervit caiu de 0,9% do PIB em 2012 para 0,3% do PIB em 2013.

  • 26

    Cap

    tulo

    IV

    Por sua vez, o menor dinamismo dos fluxos tursticos na maioria dos pases contribuiu a um dficit invarivel da balana de servios. De igual forma, a estagnao da afluncia de remessas, atribuvel contrao no caso do Mxico (principal receptor de remessas da regio), traduziu-se numa diminuio do supervit do balano de transferncias. O dficit da balana de renda, medido em termos do PIB, aumentou levemente em comparao com o nvel do ano anterior.

    Houve uma moderada deteriorao dos termos de troca

    Desde meados de 2011 os preos de vrios produtos bsicos de exportao da regio mostram uma tendncia baixa, o que corresponderia a um processo de estagnao ou de diminuio gradual dos preos destes bens no mdio prazo, resultante entre outras coisas da moderao do crescimento da China, principal destino de vrios produtos primrios da regio, do baixo dinamismo das economias desenvolvidas e de um aumento da oferta destes produtos em nvel mundial.

    Nos primeiros dez meses de 2013 (veja o grfico IV.2) se registrou uma queda dos preos de alimentos (-7,8% interanual, em mdia) e das bebidas tropicais (-27,8%). A principal causa para a baixa dos preos dos alimentos foi a queda do preo do acar, de 19,0% interanual (por superproduo e retirada de fundos especulativos), e em menor medida da banana (-6,6%) e do milho (-7,5%). O retrocesso do preo das bebidas tropicais obedece queda do preo do caf, de 30%. Alguns pases centro-americanos e a Colmbia foram mais afetados por estas redues de preos.

    Grfico IV.2 Amrica Latina: ndices de preos de produtos bsicos de exportao a e manufaturas, 2009-2013

    (2005=100, mdia mvel de trs meses)

    Jan

    Abr Ju

    l

    Out

    Jan

    Abr Ju

    l

    Out

    Jan

    Abr Ju

    l

    Out

    Jan

    Abr Ju

    l

    Out

    Jan

    Abr Ju

    l

    Out

    2009 2010 2011 2012 2013

    80

    100

    120

    140

    160

    180

    200

    220

    240

    260

    280

    300

    Bebidas tropicaisMinerais e metais

    leos e sementes oleaginosasEnergia

    AlimentosMatrias-Primas silvoagropecuriasManufacturas

    Fonte: Comisso Econmica para a Amrica Latina e o Caribe (CEPAL), com base em cifras da Conferncia das Naes Unidas sobre Comrcio e Desenvolvimento (UNCTAD) e do Netherlands Bureau of Economic Policy Analysis (CPB).

    a A ponderao dos grupos de produtos bsicos de exportao se calcula segundo a participao na cesta de exportaes da Amrica Latina.

    Os preos dos minerais e metais, aps a queda ocorrida em 2012, apresentaram em 2013 uma recuperao inicial que, posteriormente, se reverteu. O preo do cobre, importante produto de exportao para o Chile e o Peru, caiu 7,6% em relao ao ano anterior. O preo do ouro diminuiu 13,1% e o do minrio de ferro, produto importante para o Brasil, registrou um leve aumento de 1,1%.

    O preo dos leos e sementes oleaginosas tambm comeou o ano em baixa devido boa safra de 2012/2013, mostrando posteriormente uma recuperao, enquanto os preos das matrias-primas silvoagropecurias e da energia tiveram um comportamento estvel em 2013. O preo do petrleo se manteve relativamente estvel em 2013 (com pequenas flutuaes), apesar de algumas tenses geopolticas e do crescente uso de gs nos Estados Unidos.

    Estima-se que em 2013 os termos de troca da regio em seu conjunto teriam sofrido uma deteriorao de2,5% (veja o grfico IV.3). No caso da Amrica do Sul a deteriorao (-2,8%) superaria a mdia, principalmente pela tendncia de queda nos preos dos produtos minerais e metlicos, que implica uma deteriorao de 4,6% dos termos de troca do Chile e do Peru. Tambm haveria ocorrido um retrocesso de 2,3% nos termos de troca dos pases exportadores de produtos agroindustriais (Argentina, Paraguai e Uruguai). Os termos de troca dos exportadores de

    Comisso Econmica para a Amrica Latina e o Caribe (CEPAL)

  • 27

    Cap

    tulo

    IV

    hidrocarbonetos (Bolvia (Estado Plurinacional da), Colmbia, Equador, Trinidad e Tobago e Venezuela (Repblica Bolivariana da)) retrocederam 2,8% devido a menores preos de exportao. Por seu lado, os termos de troca do Brasil pioraram levemente (-0,7%), sobretudo por um aumento do preo do minrio de ferro (principal produto de exportao do Brasil), o que compensou parcialmente o moderado incremento dos preos das importaes deste pas.

    Grfico IV.3 Amrica Latina: taxa de variao estimada dos termos de troca, 2009-2013 a

    (Em porcentagens)

    -25

    -20

    -15

    -10

    -5

    0

    5

    10

    15

    20

    25

    Amrica Latina e Caribe

    Exportadores de minerais

    e metais (CL, PE)

    Exportadores de produtos

    agroindustriais(AR, PY, UY)

    Amrica Central e

    Rep. Dominicana

    Exportadores de hidrocarbonetos

    (BO, CO, EC,VE, TT)

    Caribe(exceto Trinidad

    e Tobago)

    Brasil Mxico

    2009 2010 2011 2012 2013

    Fonte: Comisso Econmica para a Amrica Latina e o Caribe (CEPAL), com base em cifras oficiais.a As cifras de 2013 correspondem a projees.

    Apesar da queda dos preos dos alimentos e combustveis, dos quais os pases caribenhos e centro-americanos so importadores lquidos, a forte queda de preos de importantes produtos de exportao, sobretudo do acar e do caf, provocar uma leve deteriorao dos termos de troca destas sub-regies. O Mxico se destaca como um caso aparte, por sua distinta estrutura exportadora, centrada em grande medida em produtos manufaturados, o que fez com que a queda dos preos de seus principais produtos bsicos de exportao (ouro, cobre, prata, produtos do ao e petrleo) no causasse mudanas mais significativa em seus termos de troca.

    A conta corrente se deteriorou devido a um menor supervit da balana de bens e a um leve aumento do dficit da balana de servios

    Devido prolongada crise na Europa, ao baixo crescimento nos Estados Unidos e desacelerao da economia chinesa, a variao nas importaes destas grandes reas econmicas mostra-se escassa ou negativa (veja o grfico IV.4). Em consequncia da modesta expanso da demanda nas grandes economias, se espera que em 2013 as exportaes da regio cresam a um ritmo muito baixo (+0,4%) e inclusive inferior ao do ano passado (+1,6%), depois de dois anos (2010 e 2011) em que se registraram aumentos da ordem de 25%. Em 2013 o crescimento das exportaes de bens foi negativo para os grupos de pases exportadores de metais (Chile e Peru: -2,7%) e de hidrocarbonetos (Bolvia (Estado Purinacional da), Colmbia, Equador e Venezuela (Repblica Bolivariana da): -4,4%).

    Como em 2012 e em contraste com os anos de auge dos preos dos produtos bsicos, a contnua queda dos preos (-2,1%) teve um impacto negativo no valor exportado (+0,3%) e o incremento do volume (+2,6%) em alguns pases foi o fator que evitou uma queda ainda mais forte. Especialmente para a Amrica do Sul (sem o Brasil) o crescimento do volume (+2,4%) evitou um retrocesso maior. No caso do Brasil, o volume das exportaes aumentou 1,5%, devido baixa demanda de seus principais scios comerciais (Europa e China), mas terminou com um pequeno aumento de valor (0,2%), por uma queda dos preos (-1,2%) de seus produtos exportados (veja o grfico IV.5).

    Assim como ocorreu em 2012, a variao dos preos no caso das importaes foi menor que no das exportaes. Estima-se que 89% do crescimento das importaes da regio se deveram ao aumento de volume e que apenas 11% do aumento corresponderam ao incremento de preos. Na Amrica do Sul (sem o Brasil), os preos das importaes se estagnaram e no caso do Brasil, na Amrica Central, na Repblica Dominicana e no Haiti, estes registraram inclusive uma diminuio. (veja o grfico IV.6). Devido ao baixo crescimento das exportaes e ao aumento moderado das importaes, o supervit da balana de bens em 2013 teria se contrado fortemente, de 0,9% do PIB em 2012 a 0,3% em 2013.

    Balano Preliminar das Economias da Amrica Latina e do Caribe 2013

  • 28

    Cap

    tulo

    IV

    Grfico IV.4 Variao interanual das importaes da Unio Europeia a, Estados Unidos, China e dos pases do grupo BRICS b

    (sem China), primeiro trimestre de 2011 a terceiro trimestre de 2012(Em porcentagens)

    2011 2012 2013

    China BRICS sin ChinaUE27Estados Unidos

    -10

    0

    10

    20

    30

    40

    Trim 1 Trim 2 Trim 3 Trim 4 Trim 1 Trim 2 Trim 3 Trim 4 Trim 1 Trim 2 Trim 3

    Fonte: Comisso Econmica para a Amrica Latina e o Caribe (CEPAL), com base em cifras da Organizao Mundial do Comrcio (OMC).a UE27: 27 pases, comrcio extrarregional.b Brasil, Federao Russa, ndia, China e frica do Sul.

    Grfico IV.5 Amrica Latina: variao estimada do valor das exportaes, segundo a contribuio

    do volume e do preo, 2013(Em porcentagens)

    -5 -4 -3 -2 -1 0 1 2 3 4

    Amrica Latina

    Amrica do Sul(exceto Brasil)

    Amrica Central

    Brasil

    Mxico

    VolumePreo

    Fonte: Comisso Econmica para a Amrica Latina e o Caribe (CEPAL), com base em cifras oficiais.

    A balana de servios se manteve no nvel (-1,4%) de 2012. O resultado mais negativo se registrou no grupo de pases exportadores de hidrocarbonetos, integrado por Bolvia (Estado Plurinacional da), Colmbia, Equador e Venezuela (Repblica Bolivariana da). Aqueles pases que mais dependem do turismo experimentaram tendncias divergentes. Os pases da Amrica Central, o Haiti e a Repblica Dominicana tiveram um saldo positivo na balana de servios em termos do PIB, e enquanto para estes pases e o Mxico o nmero de turistas continuava em alta, moderada, no caso dos pases caribenhos, a chegada de visitantes se estagnou (veja o grfico IV.7). O ainda dbil crescimento nos Estados Unidos e a recesso na Unio Europeia, principais regies de onde provm os turistas que se dirigem s duas sub-regies, restringiram em grande medida o crescimento da indstria do turismo. No caso da Amrica do Sul, o baixo crescimento econmico da regio afetou negativamente as viagens de negcios e o turismo intrarregional.

    Comisso Econmica para a Amrica Latina e o Caribe (CEPAL)

  • 29

    Cap

    tulo

    IV

    Grfico IV.6 Amrica Latina: variao estimada do valor das importaes, segundo a contribuio

    do volume e do preo, 2013(Em porcentagens)

    -2 0 2 4 6 8

    Amrica Latina

    Amrica do Sul(exceto Brasil)

    Amrica Central

    Brasil

    Mxico

    VolumePreo

    Fonte: Comisso Econmica para a Amrica Latina e o Caribe (CEPAL), com base em cifras oficiais.

    Grfico IV.7 Amrica Latina e Caribe: variao interanual da chegada de turistas internacionais,

    2009 a janeiro-agosto de 2013(Em porcentagens)

    -8 -6 -4 -2 0 2 4 6 8 10 12

    Mxico

    Caribe

    Amrica Central

    Amrica do Sul

    2009 2010 2011 2012 2013 (jan-ago)

    Fonte: Comisso Econmica para a Amrica Latina e o Caribe (CEPAL), com base em cifras oficiais.

    O saldo negativo da balana de rendas cresceu e o saldo positivo em transferncias correntes diminuiu levemente

    A balana de rendas mostrou uma leve deteriorao, registrando -2,5% do PIB para a regio, devido principalmente a aumentos da sada de recursos do Mxico (+8,8%) e do Brasil (+6,9%). Estas sadas so, em sua maioria, remessas de lucros de empresas estrangeiras que operam na regio. Em consequncia disso, a balana destes dois pases mostrou uma piora de 16,0% e 9,6% respectivamente. Colmbia, outro pas com um montante importante de remessas de lucros, registrou uma diminuio de 5,2% nas sadas e uma melhora 4,9% em sua balana5.

    Por seu lado, as transferncias correntes que, na Amrica Latina e no Caribe, consistem principalmente de remessas enviadas por trabalhadores da regio que se encontram ocupados no exterior, caram levemente e terminaram em 1,0% do PIB. O comportamento das remessas, no entanto, foi bem heterogneo (veja o grfico IV.8). No transcorrido do ano, a Costa Rica registra o maior aumento (+10,5% interanual, primeiro semestre do ano), partindo de uma base pequena, seguida por Honduras e Nicargua (+8,9 e +6,3%, nos primeiros nove meses do

    5 No entanto, conveniente recordar que, dado que o registro do Balano de Pagamentos se realiza com base no regime de competncia e no nos saques, parte importante destas remessas de lucros reinvestida e lanada como investimento na conta capital e financeira.

    Balano Preliminar das Economias da Amrica Latina e do Caribe 2013

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    IV

    ano). Os dois primeiros pases recebem quase todas suas remessas dos Estados Unidos e o ltimo principalmente da Costa Rica. Os pases com as maiores quedas nas remessas recebidas foram Equador, com -5,1% (no primeiro semestre), e Mxico, com -5,9% (nos primeiros nove meses). A queda das remessas ao Equador reflete a difcil conjuntura laboral nos principais pases de destino de seus trabalhadores: Espanha e Itlia. A evoluo recente das remessas para o Mxico se explica por razes estruturais e conjunturais que incluem a concentrao dos trabalhadores mexicanos nos Estados Unidos em setores econmicos que foram mais atingidos pela crise econmica e financeira mundial (construo, manufaturas e comrcio), regulaes migratrias que aparentemente afetaram mais os mexicanos6 e o fato de a emigrao mexicana aos Estados Unidos mostrar uma estagnao e, atualmente, at mesmo uma leve queda7.

    Grfico IV.8 Amrica Latina e Caribe (pases selecionados): taxa de variao das receitas

    de remessas de emigrados, 2011 a 2013(Em porcentagens)

    -10 -8 -6 -4 -2 0 2 4 6 8 10 12

    Mxico

    Equador

    Jamaica

    El Salvador

    Rep. Dominicana

    Colmbia

    Guatemala

    Nicargua

    Honduras

    Costa Rica

    2011 2012 2013

    Fonte: Comisso Econmica para a Amrica Latina e o Caribe (CEPAL), com base em cifras oficiais.

    A volatilidade financeira internacional favoreceu a mudana na composio da conta financeira da Amrica Latina e do Caribe em 2013

    O fluxo de financiamento externo lquido rumo regio se manteve estvel, com poucas mudanas de nvel em2013. Dado que o dficit em conta corrente experimentou uma importante alta, o nvel dos fluxos financeiros lquidos determinou que a acumulao de reservas internacionais durante o ano fosse significativamente menor que a de anos anteriores. S no comeo da dcada de 2000 se havia apreciado uma acumulao de reservas assim to pequena.

    A evoluo da conta financeira respondeu tanto s tenses que caracterizaram os mercados financeiros internacionais ao longo de 2013, em especial devido incerteza quanto poltica monetria dos Estados Unidos, como deciso das autoridades monetrias da regio de moderar a depreciao de suas moedas, mediante o uso de suas reservas internacionais (veja o quadro IV.1), ao contrrio do feito em anos precedentes, quando muitos pases buscaram evitar a apreciao de suas moedas mediante a acumulao de reservas.

    6 Veja BBVA Research (2013), Situacin Migracin Mxico, julho, [on-line] http://www.bbvaresearch.com/KETD/fbin/mult/1307_SitMigracionMexico_Jul13_tcm346-394011.pdf?ts=592013> [data da consulta: 5 de setembro de 2013].

    7 Veja Jeffrey Passel, DVera Cohn e Ana Gonzalez-Barrera, Net Migration from Mexico Falls to Zeroand Perhaps Less, Pew Hispanic Center, [on-line]

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    Cap

    tulo

    IV

    Quadro IV.1 Amrica Latina (17 pases): componentes do balano de pagamentos

    (Em milhes de dlares)

    Saldo em conta corrente Conta capital e financeira, erros e omisses Reservas e partidas conexas a

    2010 2011 2012 2013 b 2010 2011 2012 2013 b 2010 2011 2012 2013 b

    Argentina 1 360 -2 173 -57 -2 971 2 798 -3 935 -3 248 -7 087 -4 157 6 108 3 305 10 058

    Bolvia (Estado Plurinacional da) 766 77 2 127 1 321 157 2 083 -416 -998 -923 -2 160 -1 712 -323

    Brasil -47 272 -52 474 -54 230 -77 624 96 373 111 111 73 130 73 024 -49 101 -58 637 -18 900 4 600

    Chile 3 224 -3 283 -9 497 -7 725 -200 17 473 9 130 7 234 -3 024 -14 190 367 491

    Colmbia -8 919 -9 839 -12 173 -12 453 12 055 13 583 17 596 18 278 -3 136 -3 744 -5 423 -5 824

    Costa Rica -1 281 -2 195 -2 374 -2 284 1 842 2 328 4 484 2 825 -561 -132 -2 110 -541

    Equador -1 608 -225 -177 -1 770 395 497 -405 3 339 1 212 -272 582 -1 569

    El Salvador -576 -1 070 -1 258 -1 712 281 656 1 907 1 387 295 414 -649 326

    Guatemala -563 -1 599 -1 447 -1 673 1 240 1 805 1 946 1 937 -677 -206 -499 -264

    Honduras -682 -1 408 -1 587 -1 038 1 251 1 477 1 304 1 027 -569 -69 283 11

    Mxico -3 285 -12 262 -14 642 -17 568 23 900 40 442 32 166 29 368 -20 615 -28 180 -17 524 -11 800

    Nicargua -875 -1 284 -1 381 -1 411 1 093 1 371 1 366 1 443 -219 -87 15 -32

    Panam -2 765 -3 826 -3 267 -6 521 3 072 3 597 3 249 6 531 -307 228 18 -10

    Paraguai -654 294 44 1 197 973 490 -69 -400 -319 -784 24 -797

    Peru -3 782 -3 341 -6 842 -11 690 14 955 8 032 21 650 14 094 -11 173 -4 691 -14 808 -2 404

    Uruguai -731 -1 371 -2 690 -4 175 370 3 936 5 977 6 691 361 -2 564 -3 287 -2 516

    Venezuela (Repblica Bolivariana da)

    8 812 24 387 11 016 6 644 -16 872 -28 419 -12 012 -15 236 8 060 4 032 996 8 592

    Amrica Latina -58 831 -71 593 -98 433 -141 452 143 684 176 528 157 754 143 456 -84 853 -104 935 -59 322 -2 003

    Fonte: Comisso Econmica para a Amrica Latina e o Caribe (CEPAL), com base em cifras oficiais.a Um sinal negativo corresponde a um aumento de reservas.b Projees.

    Por outro lado, as alteraes na composio da conta financeira refletiram o comportamento bem diferenciado dos componentes do financiamento externo em 2013, que se relaciona com sua distinta reao ante as mudanas de conjuntura e de tendncia nos mercados financeiros internacionais.

    Trs aspectos caracterizaram as alteraes na composio da conta financeira. Primeiro, o investimento estrangeiro direto lquido se manteve em nveis altos e em 2013 teria se expandido 22,4%, no qual incidiu a concretizao de algumas transaes que haviam sido adiadas de 20128. A continuidade desta dinmica em 2013 pode ser atribuda a que fora