163
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO CARLOS CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E DE TECNOLOGIA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL "PROJETO DE SUPERESTRUTURAS DE PONTES EM CONCRETO PROTENDIDO APLICANDO A TÉCNICA DE BALANÇOS PROGRESSIVOS" VANESSA DOS SANTOS LIMA SÃO CARLOS 2011

Balançoprogressivo Vanessa

Embed Size (px)

DESCRIPTION

Dissertação de mestrado.

Citation preview

  • UNIVERSIDADE FEDERAL DE SO CARLOS

    CENTRO DE CINCIAS EXATAS E DE TECNOLOGIA

    DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL

    "PROJETO DE SUPERESTRUTURAS DE PONTES EM CONCRETO

    PROTENDIDO APLICANDO A TCNICA DE BALANOS

    PROGRESSIVOS"

    VANESSA DOS SANTOS LIMA

    SO CARLOS

    2011

  • UNIVERSIDADE FEDERAL DE SO CARLOS

    CENTRO DE CINCIAS EXATAS E DE TECNOLOGIA

    DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL

    "PROJETO DE SUPERESTRUTURAS DE PONTES EM CONCRETO

    PROTENDIDO APLICANDO A TCNICA DE BALANOS

    PROGRESSIVOS"

    Vanessa dos Santos Lima

    Dissertao apresentada ao Programa de Ps-

    Graduao em Construo Civil na

    Universidade Federal de So Carlos como

    parte dos requisitos para a obteno do ttulo

    de Mestre em Construo Civil.

    rea de concentrao: Contruo Civil

    Orientador: Prof. Dr. Roberto Chust

    Carvalho.

    SO CARLOS

    2011

  • Ficha catalogrfica elaborada pelo DePT da Biblioteca Comunitria da UFSCar

    L732ps

    Lima, Vanessa dos Santos. Projeto de superestruturas de pontes de concreto protendido aplicando a tcnica de balanos progressivos / Vanessa dos Santos Lima. -- So Carlos : UFSCar, 2011. 135 p. Dissertao (Mestrado) -- Universidade Federal de So Carlos, 2011. 1. Pontes - projetos e construo. 2. Balano progressivo. 3. Aduela. 4. Protenso. I. Ttulo. CDD: 624.2 (20a)

  • Onde houver trao que eu leve a protenso.

    Roberto Chust Carvalho

  • AGRADECIMENTOS

    A Deus, por ter me dado a vida e inteligncia para que eu pudesse estudar e me

    encontrar na etapa em que estou.

    Aos meus pais, Wilson e Givanilde, que me apoiaram e forneceram suporte

    para que eu pudesse chegar at aqui.

    Aos meus irmos, Igor e Jssyca, por me incentivarem nos momentos difceis e

    serem meus exemplos nos quais me espelho para continuar a caminhada.

    Ao meu orientador e amigo, Roberto Chust Carvalho, pelo incansvel esforo

    de me ensinar sempre, me apoiar e me tornar a profissional que sou hoje.

    Ao Ivan por ter estado ao meu lado, me incentivando e no permitindo que eu

    desistisse nos momentos difceis.

    Aos professores Marcelo de Arajo Ferreira e Fernando de Almeida pelas

    preciosas sugestes no meu exame de qualificao.

    Aos professores Marcelo de Arajo Ferreira e Rodrigo Gustavo Delalibera por

    terem participado do exame final, contribuindo com o aperfeioamento do trabalho.

    A Universidade Federal de So Carlos pelos slidos ensinamentos transmitidos

    a mim, pela acolhida nos cinco anos de graduao e depois em trs anos de ps-graduao.

    A Leonardi Construo Industrializada Ltda. por ter me apoiado na deciso de

    fazer o mestrado, em especial ao Eng. Marcelo Cuadrado Marin pelas preciosas conversas

    tcnicas que tivemos ao longo deste trabalho e pela amizade oferecida.

    A Enescil Engenharia de Projetos Ltda. por ter me apoiado no fim da escrita da

    dissertao, em especial ao Eng. Cato Francisco Ribeiro.

    A todos os meus amigos que me acompanharam nesta caminhada, em especial

    Camila Rodrigues pela companhia nas viagens So Carlos e na escrita da dissertao.

  • i

    RESUMO

    LIMA, V. S. Projeto de superestruturas de pontes em concreto protendido

    aplicando a tcnica de balanos progressivos. 135p. Dissertao (Mestrado em Construo

    Civil) Universidade Federal de So Carlos. So Carlos, 2011.

    Esta dissertao trata das principais consideraes num projeto de

    superestruturas de pontes aplicando a tcnica em balanos progressivos, fornecendo um

    procedimento para pr-dimensionamento deste tipo de ponte. Apresenta-se a reviso

    bibliogrfica utilizada como base para dissertao, com as teorias j estudadas sobre o

    assunto. Com base nestas pesquisas elaborou-se um procedimento, envolvendo a etapa de

    escolha da geometria, definio do esquema estrutural, clculo dos esforos solicitantes,

    clculo das perdas de protenso, pr-dimensionamento da armadura de protenso levando em

    considerao o estado limite ltimo e o estado limite de servio, avaliao do momento de

    fechamento e alguns itens importantes para o detalhamento da seo com armadura. Um

    exemplo numrico resolvido de forma a ilustrar a utilizao dos conceitos apresentados ao

    longo da dissertao. Finaliza-se com as consideraes sobre os resultados obtidos no

    exemplo e no trabalho e apresenta-se sugestes para trabalhos futuros.

    Palavras chaves: Pontes, Balanos Progressivos, Aduelas, Protenso.

  • ii

    ABSTRACT

    LIMA, V. S. Design of prestressed concrete bridges superstructure

    applying the technique of cantilever balanced. 135p. Dissertao (Mestrado em Construo

    Civil) Universidade Federal de So Carlos. So Carlos, 2011.

    This dissertation deals with main considerations on design of bridge

    superstructures, applying the cantilever balanced technique, bringing a procedure to be

    followed during pre-dimensioning this type of bridge. Presents the literature review used as

    the basis to dissertation, with the theories already studied on the subject. Based on these

    studies is drawn up the roadmap, involving the step of choosing the geometry, defining the

    structural scheme, the calculation of structural strain, calculating the losses of prestress, pre-

    dimensioning of the prestressing steel considering the ultimate limit state and the service limit

    state, evaluation of the moment of closure and some important items for the detail section

    with steel. A numerical example is solved to illustrate the use of the concepts presented

    throughout the dissertation. Ends with considerations on the results obtained in the example

    and work and presents suggestions for future work.

    Key words: Bridges, Balanced Cantilever, Segments, Pre-tensioning.

  • iii

    SUMRIO

    1 INTRODUO __________________________________________________________ 1

    1.1 OBJETIVOS _______________________________________________________________ 7

    1.2 JUSTIFICATIVAS __________________________________________________________ 8

    1.3 MTODO DO TRABALHO __________________________________________________ 8

    1.4 APRESENTAO DA DISSERTAO _______________________________________ 9

    2 REVISO BIBLIOGRFICA _____________________________________________ 11

    2.1 AO MVEL A CONSIDERAR____________________________________________ 11

    2.2 DESCRIO DE OBRAS E CARACTERSTICAS _____________________________ 21

    3 DISCUSSO SOBRE A GEOMETRIA DA SEO E PROCESSOS DE

    EXECUO DAS ADUELAS ___________________________________________________ 31

    3.1 ESPECIFICAO DO ESQUEMA ESTRUTURAL _____________________________ 32

    3.2 DETERMINAO DA ALTURA PARA A CONDIO DE DURABILIDADE _____ 32

    3.3 DETERMINAO DA ALTURA PARA A CONDIO DE ESTADO LIMITE

    LTIMO NA FLEXO ________________________________________________________________ 35

    3.4 PROCESSO EXECUTIVO PARA AS ADUELAS: MOLDADAS IN-LOCO OU

    ADUELAS PR-FABRICADAS ________________________________________________________ 38

    4 ESFOROS SOLICITANTES DAS VIGAS PRINCIPAIS ______________________ 44

    4.1 ANLISE SEGUNDO A SEO TRANSVERSAL _____________________________ 51

    4.2 ANLISE SEGUNDO A DIREO LONGITUDINAL __________________________ 53

    5 PERDAS DE PROTENSO _______________________________________________ 56

    5.1 IMEDIATAS ______________________________________________________________ 56

    5.1.1 PERDA POR ATRITO CABO-BAINHA _______________________________________ 56

    5.1.2 PERDA POR ACOMODAO DA ANCORAGEM ______________________________ 59

    5.1.3 PERDA POR DEFORMAO IMEDIATA DO CONCRETO ______________________ 60

    5.2 AO LONGO DO TEMPO ___________________________________________________ 63

    5.2.1 PERDA POR RETRAO DO CONCRETO ____________________________________ 63

  • iv

    5.2.2 PERDA POR EFEITO DA FLUNCIA DO CONCRETO __________________________ 64

    5.2.3 PERDA POR RELAXAO DA ARMADURA DE PROTENSO __________________ 69

    6 PR-DIMENSIONAMENTO DA ARMADURA LONGITUDINAL DE

    PROTENSO _________________________________________________________________ 71

    6.1 PROCEDIMENTO SUGERIDO PARA PR-DIMENSIONAMENTO, CLCULO

    E DETALHAMENTO DA ARMADURA LONGITUDINAL _________________________________ 73

    6.2 DETERMINAO DE Ap NO ELU __________________________________________ 74

    6.3 DETERMINAO DE Ap NO ELS ___________________________________________ 78

    7 DESLOCAMENTOS E AVALIAO DO MOMENTO DE FECHAMENTO

    DA ESTRUTURA ______________________________________________________________ 81

    7.1 CLCULO DOS DESLOCAMENTOS NAS EXTREMIDADES DOS BALANOS __ 81

    7.2 AVALIAO DO MOMENTO DE FECHAMENTO DA ESTRUTURA ____________ 84

    8 ESPECIFICAES PARA O DETALHAMENTO DA ARMADURA

    LONGITUDINAL _____________________________________________________________ 87

    9 EXEMPLO NUMRICO _________________________________________________ 91

    9.1 CLCULO DOS ESFOROS SOLICITANTES ________________________________ 94

    9.1.1 CARGA PERMANENTE (g1) ________________________________________________ 94

    9.1.2 CARGAS ACIDENTAIS E SOBRECARGAS (g2 e q) _____________________________ 99

    9.2 TRAADO DOS CABOS __________________________________________________ 104

    9.3 CLCULO DAS PERDAS IMEDIATAS _____________________________________ 108

    9.3.1 PERDA DE PROTENSO POR ATRITO CABO-BAINHA _______________________ 108

    9.3.2 PERDA DE PROTENSO POR ACOMODAO DA ANCORAGEM ______________ 110

    9.4 CLCULO DAS PERDAS AO LONGO DO TEMPO ___________________________ 113

    9.4.1 PERDA DE PROTENSO POR RETRAO __________________________________ 114

    9.4.2 PERDA DE PROTENSO POR FLUNCIA ___________________________________ 114

    9.4.3 PERDA DE PROTENSO POR RELAXAO DO AO ________________________ 115

    9.5 DETERMINAO DE Ap _________________________________________________ 117

    9.6 AVALIAO DO MOMENTO DE FECHAMENTO ___________________________ 123

  • v

    10 CONSIDERAES FINAIS E SUGESTES PARA TRABALHOS FUTUROS __ 126

    10.1 CONSIDERAES OBSERVADAS NO EXEMPLO NUMRICO _______________ 127

    10.2 SUGESTES PARA TRABALHOS FUTUROS _______________________________ 130

    REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS ____________________________________________ 131

    ANEXO A CLCULO DA PERDA DE PROTENSO POR RETRAO______________ I

    ANEXO B CLCULO DA PERDA DE PROTENSO POR FLUNCIA ______________ IV

    ANEXO C CLCULO DE ARMADURA LONGITUDINAL DE SEES

    RETANGULARES ___________________________________________________________ VIII

    ANEXO D PLANILHA DE CLCULO DO MOMENTO DE FECHAMENTO ________ IX

  • vi

    LISTA DE FIGURAS

    Figura 1.1. Vista lateral esquemtica de etapas construtivas de ponte em balanos

    progressivos (Fonte: CARVALHO - 2007) ___________________________________ 2

    Figura 1.2. Trelia lanadora e aduelas pr-moldadas (Fonte: PFEIL, 1975) _____________ 2

    Figura 1.3. Balano progressivo moldado no local (Fonte: MATTOS, 2001) _____________ 3

    Figura 1.4. Ponte sobre o Rio do Peixe Santa Catarina (Fonte: THOMAZ, 2010) ________ 3

    Figura 1.5. Perfil Longitudinal e Seo Transversal da Ponte sobre o Rio do Peixe entre

    Joaaba e Herve (Fonte: THOMAZ, 2010) ___________________________________ 4

    Figura 1.6. Fase Construtiva da Ponte sobre o Rio do Peixe (Fonte: THOMAZ, 2010) _____ 4

    Figura 1.7. Arranjo da Armadura da Ponte sobre o Rio do Peixe (Fonte: THOMAZ, 2010) _ 5

    Figura 1.8. Deformao das estruturas com articulao e viga Gerber (Fonte: CARVALHO,

    1987) _________________________________________________________________ 5

    Figura 1.9. Ponte em Balanos Progressivos sobre a Represa de Guarapiranga no Rodoanel de

    So Paulo (Fonte: DERSA, 2010) __________________________________________ 6

    Figura 1.10. Ponte em balano progressivo na Represa Billings, Rodoanel Mario Covas

    (Fonte: DERSA, 2010) ___________________________________________________ 7

    Figura 1.11. Ponte em balano progressivo na Represa Billings, Rodoanel Mario Covas

    (Fonte: DERSA, 2010) ___________________________________________________ 7

    Figura 1.12. Fechamento do vo central. Ponte em balano progressivo na Represa Billings,

    construo do Rodoanel Mario Covas (Fonte: DERSA, 2010) ____________________ 7

    Figura 2.1. Trem tipo normativo (Fonte: NBR 7188: 1984 ABNT) __________________ 12

    Figura 2.2. Exemplo de numerao da pista no caso mais geral (Fonte: BS EN 1991-2: 2003)

    ____________________________________________________________________ 13

    Figura 2.3. Aplicao do Load Model 1 (Fonte: BS EN 1991-2: 2003) ________________ 15

    Figura 2.4. Aplicao dos Sistemas Tandem para verificaes locais (Fonte: BS EN 1991-2:

    2003) ________________________________________________________________ 16

    Figura 2.5. Load Model 2 (Fonte: BS EN 1991-2: 2003)____________________________ 16

  • vii

    Figura 2.6. Combinaes de veculos de carga (Fonte: CONTRAN) __________________ 17

    Figura 2.7. Probabilidade de falha e margem de segurana (Fonte: FERREIRA, 2006) ____ 19

    Figura 2.8. Sistemas Estruturais (Fonte: ISHII - 2006) _____________________________ 22

    Figura 2.9. Odawara Blue Way Bridge (Fonte: ISHII 2006) _______________________ 23

    Figura 2.10. Shikari Ohashi Bridge (Fonte: ISHII 2006) __________________________ 23

    Figura 2.11. Aspecto dos cabos pendentes e mergulhados no lago depois da forte ventania de

    julho de 1970 (Fonte: VASCONCELOS, 2009) ______________________________ 24

    Figura 2.12. Vista lateral de 1991 da ponte terminada (Fonte: VASCONCELOS, 2009) ___ 25

    Figura 2.13. Esquema estrutural do sistema em balanos sucessivos (Fonte: REZENDE, 2007)

    ____________________________________________________________________ 27

    Figura 2.14. Ciclo de execuo de aduelas concretadas in-loco (Fonte: REZENDE, 2007) _ 28

    Figura 2.15. Esquema geral e fases de execuo (Fonte: REZENDE, 2007) _____________ 29

    Figura 3.1. Determinao de h1 _______________________________________________ 33

    Figura 3.2. Domnios de Deformao no Estado Limite ltimo em uma seo transversal

    (Fonte: NBR 6118/ 2003) ________________________________________________ 35

    Figura 3.3. Tipos de impermeabilizao de juntas (Fonte: RIBEIRO, 2004) ____________ 39

    Figura 3.4. Cabos provisrios em salincias no interior da seo (Fonte: BENAIM, 2008) _ 39

    Figura 3.5. Chaves de cisalhamento: protuberncias (Fonte: BENAIM, 2008) ___________ 40

    Figura 3.6. Chave de cisalhamento: superfcie rugosa (Fonte: BENAIM, 2008) _________ 40

    Figura 3.7. Chaves de cisalhamento em aduelas pr-fabricadas (Fonte: STRA, 2007) ____ 41

    Figura 3.8. Esquema da concretagem de uma aduela usando uma plataforma de trabalho __ 42

    Figura 3.9. Fases de concretagem de cada aduela _________________________________ 43

    Figura 4.1. Fase Construtiva __________________________________________________ 44

    Figura 4.2. Estrutura Concluda _______________________________________________ 44

    Figura 4.3. Diagrama de Momento Fletor de Acordo com Montagem de Cada Aduela ____ 45

    Figura 4.4. Apresentao dos resultados utilizando a ferramenta FTOOL ______________ 46

  • viii

    Figura 4.5. Estrutura em Balano - FTOOL ______________________________________ 47

    Figura 4.6. Peso Prprio (g1) - FTOOL _________________________________________ 48

    Figura 4.7. Momentos Fletores devido a g1 - Ftool ________________________________ 48

    Figura 4.8. Deslocamentos devido a g1 - Ftool ___________________________________ 48

    Figura 4.9. Carregamentos (g1) no momento em que o avano chega a aduela 4 - Ftool ___ 49

    Figura 4.10. Momentos fletores (g1) no momento em que o avano chega a aduela 4 - Ftool 49

    Figura 4.11. Deslocamentos (g1) no momento em que o avano chega a aduela 4 - Ftool __ 49

    Figura 4.12. Carregamentos (g1) no momento em que o avano chega a aduela 8 - Ftool __ 50

    Figura 4.13. Momentos fletores (g1) no momento em que o avano chega a aduela 8 - Ftool 50

    Figura 4.14. Deslocamentos (g1) no momento em que o avano chega a aduela 8 Ftool __ 50

    Figura 4.15. Janela de determinao dos carregamentos mveis gerados STRAP _______ 51

    Figura 4.16. Funcionamento da seo celular ____________________________________ 52

    Figura 4.17. Esquema para o clculo do Trem Tipo Longitudinal (TTL) _______________ 52

    Figura 4.18. Estrutura em Balano - FTOOL _____________________________________ 53

    Figura 4.19. Linha de Influncia de Momento Fletor S10 _________________________ 54

    Figura 4.20. Linha de Influncia de Momento Fletor S15 _________________________ 55

    Figura 5.1. Protenso aplicada em um extremo do cabo (Fonte: SCHMID, 1998) ________ 57

    Figura 5.2. Protenso aplicada nos dois extremos do cabo (Fonte: SCHMID, 1998) ______ 58

    Figura 5.3. Cabos com diferentes raios de curvatura (Fonte: SCHMID, 1998) ___________ 58

    Figura 5.4. Determinao do ponto k, de imobilidade por atrito (Fonte: CARVALHO, 1987)

    ____________________________________________________________________ 59

    Figura 5.5. Determinao do ponto de imobilidade por ancoragem (Fonte: CARVALHO,

    1987) ________________________________________________________________ 60

    Figura 5.6. Diagrama de deformaes (Fonte: OYAMADA, R. N., 2004) ______________ 67

    Figura 6.1. Domnios de Estado Limite ltimo de uma seo transversal (Fonte: NBR 6118:

    2007) ________________________________________________________________ 76

  • ix

    Figura 6.2. Deformao da seo transversal aps a atuao da protenso e peso prprio

    (Fonte: CARVALHO, 2007) _____________________________________________ 77

    Figura 6.3. Seo transversal nos estados limites de descompresso e ltimo (Fonte:

    CARVALHO, 2007) ____________________________________________________ 77

    Figura 7.1. Diagrama de momento devido esforo unitrio para o clculo de deformao

    vertical (Fonte: CARVALHO, 1987) _______________________________________ 82

    Figura 7.2. Diagrama de momento devido esforo unitrio para o clculo da rotao no

    extremo do balano (Fonte: CARVALHO, 1987) _____________________________ 83

    Figura 7.3. Diagramas de momentos fletores devido esforos unitrios para o clculo de

    deformao vertical e rotao de estrutura com um trecho bi-apoiado (Fonte:

    CARVALHO, 1987) ____________________________________________________ 84

    Figura 7.4. Diagrama de momento que ocorre devido ao impedimento de rotao das

    extremidades do balano (Fonte: CARVALHO, 1987) _________________________ 85

    Figura 8.1. Espaamentos mnimos casos de ps-trao (Fonte: NBR 6118: 2007)______ 88

    Figura 8.2. Blocos de ancoragem (Fonte: STRA, 2007) ___________________________ 89

    Figura 8.3. Distncias entre centros e bordas de ancoragens MTAI (Fonte: PROTENDE,

    2008) ________________________________________________________________ 89

    Figura 8.4. Ancoragem tipo MTAI (Fonte: PROTENDE, 2008) ______________________ 90

    Figura 9.1. Seo longitudinal trecho em escoramento direto ______________________ 91

    Figura 9.2. Seo longitudinal trecho em balano progressivo ______________________ 91

    Figura 9.3. Perfil longitudinal da estrutura aps o fechamento do vo _________________ 92

    Figura 9.4. Seo transversal _________________________________________________ 92

    Figura 9.5. Carregamento g1 em kN aps a execuo da aduela de disparo _____________ 95

    Figura 9.6. Diagrama de momento fletor em kN.m de carga permanente aps a execuo da

    aduela de disparo ______________________________________________________ 95

    Figura 9.7. Deformada da estrutura aps a execuo da aduela de disparo ______________ 95

    Figura 9.8. Carregamento g1 em kN aps a execuo da aduela 4 ____________________ 96

  • x

    Figura 9.9. Diagrama de momento fletor em kN.m de carga permanente aps a execuo da

    aduela 4 ______________________________________________________________ 96

    Figura 9.10. Deformada da estrutura aps o lanamento da aduela 4 __________________ 96

    Figura 9.11. Carregamento g1 em kN aps a execuo da aduela 8 ___________________ 97

    Figura 9.12. Diagrama de momento fletor em kN.m de carga permanente g1 aps a execuo

    da aduela 8 ___________________________________________________________ 97

    Figura 9.13. Deformada da estrutura aps o lanamento da aduela 8 __________________ 97

    Figura 9.14. Diagrama de momento fletor em kN.m para carga permanente g2 _________ 100

    Figura 9.15. Linha de influncia (L.I.) de momento fletor em S10 ___________________ 100

    Figura 9.16. Linha de influncia (L.I.) de momento fletor em S15 ___________________ 102

    Figura 9.17. Trem Tipo Longitudinal (TTL) ____________________________________ 103

    Figura 9.18. Geometria do arco de circunferncia (Fonte: CARVALHO, 2009) ________ 104

    Figura 9.19. Trajetria do cabo representante aps o lanamento da aduela 4 (Fonte: PAN,

    2009) _______________________________________________________________ 105

    Figura 9.20. Representao grfica dos clculos efetuados para o trecho de cabo curvo (Fonte:

    PAN, 2009) __________________________________________________________ 107

    Figura 9.21. Representao grfica dos clculos efetuados para o trecho do cabo em deflexo

    (Fonte: PAN, 2009) ___________________________________________________ 108

    Figura 9.22. Tenses ao longo do cabo representante aps perdas por atrito ___________ 110

    Figura 9.23. Tenses ao longo do cabo representante _____________________________ 112

    Figura 9.24. Seo transversal S10 ____________________________________________ 118

    Figura 9.25. Disposio dos cabos na seo S10 _________________________________ 122

    Figura 9.26. Detalhe da disposio dos cabos na seo S10 ________________________ 122

    Figura 9.27. Traado dos cabos de protenso (Fonte: CARVALHO, 1987) ____________ 124

    Figura 10.1. Diagrama de barras de momentos fletores em S10 para cada tipo de carga __ 128

    Figura A.1. Variao de s(t) (Fonte: NBR 6118: 2007) _____________________________ II

  • xi

    Figura B.1. Variao de ccf(t) (Fonte: NBR 6118: 2007) ____________________________ V

    Figura B.2. Variao de f (t) (Fonte: NBR 6118: 2007) ____________________________ VI

  • xii

    LISTA DE TABELAS

    Tabela 2.1. Cargas dos veculos (Fonte: NBR 7188: 1984 ABNT) __________________ 12

    Tabela 2.2. Nmero e largura das pistas fictcias (Fonte: BS EN 1991-2: 2003) _________ 13

    Tabela 2.3. Load Model 1: valores caractersticos (Fonte: BS EN 1991-2: 2003)_________ 14

    Tabela 5.1. Raio de curvatura e comprimento mnimos para cordoalhas de 7 fios RB

    (Fonte: SCHMID, 1998) _________________________________________________ 58

    Tabela 5.2. Raio de curvatura e comprimento mnimos para cordoalhas de 7 fios 5/8 RB

    (Fonte: SCHMID, 1998) _________________________________________________ 59

    Tabela 5.3. Perda de protenso por deformao imediata do concreto sofrida em cada cabo

    quando h protenso seqenciada (Fonte: CARVALHO, 2007) __________________ 61

    Tabela 5.4. Valores de 1000 (em %) (para 1000 horas em 20 C) (Fonte: SCHMID, 1998) _ 70

    Tabela 6.1. Exigncias de durabilidade relacionadas fissurao e proteo da armadura,

    em funo das classes de agressividade ambiental (Fonte: NBR 6118: 2007) _______ 72

    Tabela 6.2. Combinaes de Servio (Fonte: NBR 6118: 2007) ______________________ 79

    Tabela 8.1. Tipos de cabos (Fonte: PROTENDE, 2008) ____________________________ 87

    Tabela 8.2. Raios mnimos para o cabo com cordoalha de 7 fios (Fonte: SCHMID,

    1998) ________________________________________________________________ 88

    Tabela 8.3. Raios mnimos para o cabo com cordoalha de 7 fios 5/8 (Fonte: SCHMID,

    1998) ________________________________________________________________ 88

    Tabela 9.1. Dimenses das aduelas ____________________________________________ 92

    Tabela 9.2. Caractersticas geomtricas ________________________________________ 93

    Tabela 9.3. Momento fletor e tenses devido ao peso prprio (g1) em S10 ______________ 98

    Tabela 9.4. Momento fletor e tenses devido ao peso prprio (g1) em S15 ______________ 98

    Tabela 9.5. Deslocamentos devido ao carregamento g1 _____________________________ 99

    Tabela 9.6. Ordenadas da Linha de Influncia de Momento Fletor para a seo S10 _____ 101

    Tabela 9.7. Ordenadas da Linha de Influncia de Momento Fletor para a seo S15 _____ 102

  • xiii

    Tabela 9.8. Momentos fletores de carga permanente (g2) e carga acidental (q) _________ 103

    Tabela 9.9. Tenso ao longo do cabo aps perdas por atrito (lado esquerdo) ___________ 109

    Tabela 9.10. Tenso ao longo do cabo aps perdas por atrito (lado direito) ____________ 109

    Tabela 9.11. Tenses ao longo do cabo representante aps perdas iniciais _____________ 113

    Tabela 9.12. Coeficientes de fluncia e retrao _________________________________ 114

    Tabela 9.13. Perdas de protenso por relaxao __________________________________ 116

    Tabela 9.14. Tenses de protenso finais e % de perdas totais ______________________ 117

    Tabela 9.15. Tenso no ao (MPa) com Ep = 195000 MPa (Fonte: CARVALHO, 2007) __ 120

    Tabela A.1. Valores numricos usuais para determinao da fluncia e da retrao (Fonte:

    NBR 6118: 2007) _______________________________________________________ II

    Tabela A.2. Valores da fluncia e da retrao em funo da velocidade de endurecimento do

    concreto (Fonte: NBR 6118: 2007) ________________________________________ III

    Tabela C.1. Valores para clculo da armadura longitudinal de sees retangulares (Fonte:

    CARVALHO E FIGUEIREDO FILHO, 2007) ______________________________ VIII

    Tabela D.1. Planilha Excel para Determinao do Momento de Fechamento ____________ IX

  • Captulo 1 - Introduo

    Vanessa dos Santos Lima (2011)

    1

    1 INTRODUO

    As pontes em seo caixo com balanos progressivos so muito vantajosas

    quando se tem uma estrutura contnua, quando se deseja a menor altura da seo transversal

    de estrutura ou quando no possvel realizar escoramento.

    Nas vigas com seo celular as partes inferiores das vigas principais so

    ligadas por uma laje. Esta laje cria uma seo celular simples, dupla ou mltipla. Estas sees

    tm grande resistncia toro, permitindo distribuio transversal uniforme, dos

    carregamentos excntricos, entre as vigas principais.

    Os vigamentos celulares de pontes so constitudos de transversinas que

    impedem deformaes angulares relativas entre as paredes da clula.

    O processo de execuo de balanos progressivos consiste em lanar trechos de

    pequena extenso do tabuleiro, com comprimento variando de 3 a 5 m, denominados aduelas.

    Essas aduelas so lanadas a partir de dois pilares na direo do meio do vo ou de um pilar

    em direo a outro contguo. Cada aduela fixada anterior atravs da protenso de cabos

    longitudinais caracterizando, pelo menos nas fases construtivas intermedirias, uma estrutura

    em balano. A

    Figura 1.1 ilustra a vista lateral esquemtica das etapas construtivas de ponte

    em balano progressivo. Na etapa 1 pode-se observar o incio da execuo, na etapa 2 a

    primeira aduela j foi lanada. Na etapa N 1 falta apenas a parte central ser fechada, e

    finalmente na etapa N a ponte est concluda.

  • Captulo 1 - Introduo

    Vanessa dos Santos Lima (2011)

    2

    1

    2

    3

    5

    N

    N-1

    Figura 1.1. Vista lateral esquemtica de etapas construtivas de ponte em balanos progressivos

    (Fonte: CARVALHO - 2007)

    O lanamento das aduelas pr-moldadas pode ser realizado por trelias,

    conforme Figura 1.2. Neste caso as aduelas so pr-moldadas em um canteiro prximo a obra.

    Figura 1.2. Trelia lanadora e aduelas pr-moldadas (Fonte: PFEIL, 1975)

    As aduelas podem ser concretadas in-loco, utilizando um equipamento mais

    simples que permite a execuo de uma plataforma de trabalho usada para montagem das

    frmas como pode ser visto na Figura 1.3.

  • Captulo 1 - Introduo

    Vanessa dos Santos Lima (2011)

    3

    Figura 1.3. Balano progressivo moldado no local (Fonte: MATTOS, 2001)

    O conceito de balanos progressivos foi idealizado e realizado por Emlio

    Baumgart em 1930 a partir do projeto da ponte sobre o Rio Peixe em Santa Catarina (Figura

    1.4). Esta ponte possua 68 m, foi a mais longa em viga reta do mundo na poca.

    VASCONCELOS (2005) trata em seu trabalho desta tcnica desenvolvida por Emlio

    Baumgart. O mesmo decidiu utilizar o processo de construo de trelias metlicas

    acrescentando trechos em balano suportados pelas partes previamente instaladas. A ponte

    deveria transpor um rio cujo regime ocasionaria uma elevao de 11 m em apenas uma noite,

    assim o escoramento poderia ser carregado pelas correntezas, da a idealizao desta tcnica.

    A Figura 1.5 mostra o perfil longitudinal e a seo transversal.

    Figura 1.4. Ponte sobre o Rio do Peixe Santa Catarina (Fonte: THOMAZ, 2010)

  • Captulo 1 - Introduo

    Vanessa dos Santos Lima (2011)

    4

    Figura 1.5. Perfil Longitudinal e Seo Transversal da Ponte sobre o Rio do Peixe entre Joaaba

    e Herve (Fonte: THOMAZ, 2010)

    A Figura 1.6 mostra uma fase intermediria da construo da ponte.

    Figura 1.6. Fase Construtiva da Ponte sobre o Rio do Peixe (Fonte: THOMAZ, 2010)

    Os balanos progressivos possuam altura de 1,7 m. As transversinas foram

    posicionadas a cada 3 m. Foi feita uma rtula temporria para a fase de execuo, aps a

    concluso da viga contnua com trs vos esta rtula foi preenchida com concreto, criando

    uma continuidade entre a viga e o pilar. Assim formou-se um quadro hiperesttico, com trs

    vos e quatro apoios. A Figura 1.7 ilustra o arranjo da armadura da ponte.

  • Captulo 1 - Introduo

    Vanessa dos Santos Lima (2011)

    5

    Figura 1.7. Arranjo da Armadura da Ponte sobre o Rio do Peixe (Fonte: THOMAZ, 2010)

    Segundo THOMAZ, a ponte sobre o Rio do Peixe reconhecida mundialmente

    como a primeira ponte de concreto construda em balanos sucessivos, sem escoramentos

    apoiados no terreno. Esse mtodo construtivo no foi patenteado pelo Engenheiro Emlio

    Baumgart, porm sendo esta obra a pioneira no foram aceitos outros pedidos de patente deste

    mtodo.

    CARVALHO (1987) apresenta os possveis esquemas estruturais de pontes em

    balanos progressivos. Podem ser em prticos com ligaes articuladas, prticos isostticos

    com viga Gerber, prticos ou vigas com estabelecimento da continuidade e prticos mistos.

    As articulaes neste tipo de pontes tm como funo permitir as deformaes

    decorrentes da variao de temperatura, retrao e deformao lenta. Nos prticos com

    articulao central, a deformao ao longo do tempo provocar um ponto anguloso no perfil

    longitudinal da estrutura. A Figura 1.8 ilustra esta situao.

    Figura 1.8. Deformao das estruturas com articulao e viga Gerber (Fonte: CARVALHO,

    1987)

    Quando se utiliza a viga Gerber h uma reduo do momento fletor oriundo do

    peso prprio nas sees extremas do tramo, porm h necessidade de uma maior quantidade

  • Captulo 1 - Introduo

    Vanessa dos Santos Lima (2011)

    6

    de aparelhos de apoio. Geralmente quando as aduelas so moldadas in-loco no se utiliza o

    trecho Gerber, pois seria necessrio um equipamento de lanamento especfico.

    O problema quando se estabelece a continuidade na estrutura est na insero

    de esforos oriundos da variao de temperatura e na incerteza dos valores dos esforos

    introduzidos devido ao impedimento das deformaes diferidas.

    Quando o vo livre a ser vencido pela obra de arte grande, torna-se

    antieconmico adotar uma estrutura de altura constante. Assim, nestes casos, podem-se

    utilizar sees com altura varivel, espessura da laje inferior varivel e espessura das almas

    das vigas tambm varivel.

    A represa Guarapiranga em So Paulo recentemente precisou ser transposta por

    obras do Rodoanel de So Paulo. Neste caso a soluo indicada foi a de usar pontes em

    balanos progressivos como a mostrada na Figura 1.9.

    Figura 1.9. Ponte em Balanos Progressivos sobre a Represa de Guarapiranga no Rodoanel de

    So Paulo (Fonte: DERSA, 2010)

    A Figura 1.10 ilustra a construo da ponte com o avano das aduelas. A

    Figura 1.11 destaca o encaixe de uma aduela pr-moldada estrutura, indo de encontro ao

    prximo trecho, para posterior fechamento do vo.

  • Fig

    Repr

    Cova

    Fi

    1.1

    super

    progr

    conc

    infor

    ura 1.10. Po

    resa Billings

    A

    as sobre a re

    gura 1.12. F

    OBJETI

    O

    restruturas

    ressivos de

    reto).

    T

    rmaes atu

    onte em bala

    s, Rodoanel

    DERSA, 20

    A Figura 1.1

    epresa Billin

    Fechamento

    constru

    IVOS

    O objetivo

    de pontes

    e acordo c

    Tambm com

    ualizadas sob

    Ca

    Vanessa

    ano progre

    Mario Cova

    010)

    12 mostra o

    ngs.

    do vo cent

    o do Rodoa

    deste traba

    s em concr

    com a nov

    mo objetivo

    bre este sist

    aptulo 1 - In

    a dos Santo

    essivo na

    as (Fonte:

    fechamento

    tral. Ponte e

    nel Mario C

    alho apr

    reto proten

    va norma N

    o deseja-se

    tema estrutu

    ntroduo

    s Lima (201

    Figura 1.

    Represa B

    o do vo cen

    em balano p

    Covas (Fonte

    resentar um

    ndido aplic

    NBR 6118:

    fornecer um

    ural.

    11)

    .11. Ponte em

    Billings, Rod

    DER

    ntral da pon

    progressivo

    e: DERSA, 2

    m procedim

    cando-se a

    :2007 (Proj

    m texto did

    m balano p

    oanel Mario

    RSA, 2010)

    nte do Rodo

    na Represa

    2010)

    mento para

    tcnica d

    jeto de est

    dtico que p

    7

    progressivo

    o Covas (Fo

    oanel Mario

    a Billings,

    projeto de

    e balanos

    truturas de

    proporcione

    7

    na

    nte:

    o

    e

    s

    e

    e

  • Captulo 1 - Introduo

    Vanessa dos Santos Lima (2011)

    8

    1.2 JUSTIFICATIVAS

    O Brasil constitudo de uma grande malha fluvial, com rios caudalosos de

    grande extenso. Alm disto, comum o uso de barragens para regularizao da vazo de

    gua dos rios, assim como suprimento de gua e gerao de energia eltrica. Nestas barragens

    h necessidade de formao de grandes espelhos dgua, verdadeiros lagos artificiais.

    Devido a estes fatos prev-se a necessidade de construo de pontes com vos

    mdios e grandes para a transposio dos cursos dgua. No entanto esta necessidade no

    representa uma tarefa simples. O escoramento das pontes deve considerar a correnteza dos

    rios, alm da dificuldade de fix-lo ao leito dos mesmos. A fim de se evitar esta etapa de

    escoramento, possvel se utilizar a pr-moldagem com vigas mltiplas, porm nesta soluo

    a ponte pode no atingir grandes vos, pois acarretaria a necessidade de equipamentos

    especiais, tornando a ponte mais cara.

    Assim este estudo deve buscar como pode ser projetada a geometria de pontes,

    avaliando os esforos solicitantes oriundos de carga permanente, acidental e se possvel com o

    uso de programas computacionais. Procura tambm fornecer novas e eficientes diretrizes de

    clculo de pontes de concreto protendido em balanos progressivos levando em conta tambm

    que a maioria das novas obras de arte pr-moldada, variando bastante a forma de clculo e

    execuo destas.

    Como a literatura tcnica brasileira neste assunto escassa, o trabalho pretende

    propor procedimentos de projetos atualizados em relao s novas normas existentes,

    especialmente a NBR 6118:2007 (Projeto de estruturas de concreto). Para atingir o objetivo

    proposto fornecido um procedimento para o projeto de pontes deste tipo, detalhando cada

    etapa de clculo de esforos, verificaes em cada seo transversal e detalhamento do

    projeto executivo da mesma.

    O procedimento de clculo deve envolver as diversas etapas de projeto e depois

    a estrutura funcionando na sua configurao final. Esta tcnica amplamente utilizada,

    mesmo assim a literatura escassa, assim justifica-se o desenvolvimento deste trabalho.

    1.3 MTODO DO TRABALHO

    Para atingir o objetivo deste trabalho foram feitas revises bibliogrficas,

    reunindo informaes relevantes sobre o tema, estudando as teorias, programas

    computacionais e modelos de clculo existentes de pontes em balanos sucessivos.

  • Captulo 1 - Introduo

    Vanessa dos Santos Lima (2011)

    9

    Com base nas revises bibliogrficas foi elaborado um procedimento de pr-

    dimensionamento da superestrutura de pontes em balanos progressivos, finalizando com um

    exemplo numrico abrangendo os pontos mais importantes a serem considerados no projeto.

    1.4 APRESENTAO DA DISSERTAO

    Esta dissertao est dividida em onze captulos, conforme so ilustrados a

    seguir:

    Captulo 1 Introduo: Trata das vantagens de utilizao de pontes em

    balano progressivo, esquema estrutural, processo de execuo, justificativas para escolha do

    tema, objetivos da dissertao e metodologia aplicada no trabalho.

    Captulo 2 Reviso Bibliogrfica: Apresenta explanaes e teorias de

    dimensionamento j estudadas por outros autores, assim como as normas vigentes sobre o

    assunto.

    Captulo 3 Discusses sobre a Geometria da Seo e Processo de Execuo

    das Aduelas: Relata as principais consideraes a serem feitas na definio da geometria da

    superestrutura de ponte em balano progressivo, determinao da altura til mnima,

    definio do esquema estrutural e processo de execuo deste tipo de ponte, diferenciando

    entre aduelas moldadas in-loco e aduelas pr-moldadas.

    Captulo 4 Esforos Solicitantes das Vigas Principais: Mostra a

    determinao dos esforos solicitantes na superestrutura neste tipo de ponte devido a cargas

    permanentes e acidentais, na seo transversal e longitudinal, assim como o esquema

    estrutural a ser considerado durante a fase executiva e fase de funcionamento.

    Captulo 5 Perdas de Protenso: Apresenta as principais perdas de protenso

    iniciais e ao longo do tempo de acordo com a NBR 6118/ 2007 e estudo de fluncia para este

    tipo de ponte que apresenta vrias idades do concreto.

    Captulo 6 Pr-Dimensionamento da Armadura Longitudinal de Protenso:

    Trata das principais etapas de pr-dimensionamento da armadura longitudinal de protenso

    tanto pelo estado limite ltimo quanto pelo estado limite de servio.

    Captulo 7 Deformaes e Avaliao do Momento de Fechamento da

    Estrutura: Traz as formulaes para determinao de flechas, rotaes e momento de

    fechamento em pontes de balanos progressivos.

  • Captulo 1 - Introduo

    Vanessa dos Santos Lima (2011)

    10

    Captulo 8 Detalhamento da Armadura Longitudinal: Apresenta alguns

    aspectos a serem considerados no detalhamento da armaura longitudinal de potenso, tais

    como raios mnimos, disposio das bainhas, dentre outros.

    Captulo 9 Exemplo Numrico: Apresenta um exemplo numrico da

    superestrutura de uma ponte executada e calculada na dissertao de CARVALHO (1987),

    exemplificando algumas teorias apresentadas ao longo da dissertao.

    Captulo 10 Consideraes Finais e Sugestes para Trabalhos Futuros:

    Mostra algumas consideraes importantes num projeto de superestrutura de pontes em

    balano progressivo e sugestes interessantes a serem desenvolvidas em trabalhos futuros.

  • Captulo 2 Reviso Bibliogrfica

    Vanessa dos Santos Lima (2011)

    11

    2 REVISO BIBLIOGRFICA

    Nesta reviso bibliogrfica foram pesquisados vrios autores estudiosos em

    pontes, absorvendo seus principais conceitos necessrios para o desenvolvimento deste

    trabalho. Primeiramente iniciou-se verificando o que as normas brasileiras de pontes trazem

    sobre o assunto.

    2.1 AO MVEL A CONSIDERAR

    A NBR 7187: 2003, norma referente a projeto e execuo de pontes de

    concreto armado e protendido, define as aes a serem consideradas para o dimensionamento

    de pontes. Estas aes so divididas em trs grupos: permanentes, variveis e excepcionais.

    As aes permanentes envolvem as cargas provenientes do peso prprio dos elementos

    estruturais, pavimentao, trilhos, dormentes, lastros, revestimentos, defensas, guarda-rodas e

    guarda-corpos, empuxos de terra e de gua, foras de protenso, variao de temperatura,

    deformaes devido fluncia e retrao e deslocamentos de apoio. As aes variveis

    envolvem as cargas mveis, fora centrfuga, choque lateral, frenagem e acelerao, ao do

    vento, presso dgua em movimento, empuxo de terra provocado por cargas mveis e cargas

    de construo. As aes excepcionais envolvem choques de veculos e outras que se julgarem

    necessrias.

    A NBR 7188: 1984, norma referente carga mvel em ponte rodoviria e

    passarela de pedestre prescreve os veculos a serem utilizados para o dimensionamento de

    pontes rodovirias. As pontes so divididas em trs classes: Classe 12, Classe 30 e Classe 45,

    porm a classe amplamente utilizada a classe 45, o veculo desta classe encontra-se na

    Figura 2.1, e recebe este nome pelo fato do mesmo pesar 45 tf ou 450 kN. Este veculo, com

    as demais aes (no caso a distribuda) compem o que se chama de trem tipo. O mesmo ser

    considerado sempre na direo do trfego, e apenas um de cada vez sobre a ponte. Alm da

    carga do trem tipo considerada uma carga de 5 kN/m em toda a pista.

  • Captulo 2 Reviso Bibliogrfica

    Vanessa dos Santos Lima (2011)

    12

    Figura 2.1. Trem tipo normativo (Fonte: NBR 7188: 1984 ABNT)

    A Tabela 2.1 ilustra as cargas das diversas classes.

    Tabela 2.1. Cargas dos veculos (Fonte: NBR 7188: 1984 ABNT)

    O BS EN 1991-2: 2003 apresenta combinaes de cargas diferentes das normas

    brasileiras. As cargas atuais de pontes rodovirias resultam de vrias categorias de veculos e

    pedestres. O trfego de veculos pode diferir entre as pontes dependendo da sua composio

    (porcentagem de caminhes), sua densidade (mdia do nmero de veculos por ano), suas

    condies e cargas por eixo de veculos. A largura da via (w) deve ser mensurada entre freios

    ou entre interior dos limites dos sistemas de reteno dos veculos e no devem incluir a

    distncia fixada entre os sistemas de reteno de veculos ou freios de uma central de reserva

    Classe

    das

    Pontes

    Veculo Carga uniformemente distribuda

    Tipo Peso Total Q q' Disposio

    da carga kN tf kN/m2 kgf/m2 kN/m2 kgf/m2

    45 45 450 45 5 500 3 300 Carga q em

    toda a

    pista.

    Carga q'

    nos

    passeios.

    30 30 300 30 5 500 3 300

    12 12 120 12 4 400 3 300

  • Captulo 2 Reviso Bibliogrfica

    Vanessa dos Santos Lima (2011)

    13

    nem as larguras destes sistemas de reteno dos veculos. A largura w1 das pistas fictcias de

    uma via e o maior conjunto possvel de nmero n1 dessas pistas so definidos na Tabela 2.2.

    Tabela 2.2. Nmero e largura das pistas fictcias (Fonte: BS EN 1991-2: 2003)

    Largura da faixa

    de rolagem w

    Nmero de

    pistas fictcias

    Largura de uma

    pista fictcia w1

    Largura da rea

    remanescente

    w< 5,4 m

    5,4 m w < 6 m

    6 m w

    n1 = 1

    n1 = 2

    n1 = Int(w/3)

    3 m

    w/ 2

    3 m

    w 3m

    0

    w 3 x n1

    NOTA: Por exemplo, para uma largura de faixa de rolagem igual a 11 m, n1 =

    Int(w/3) = 3, e a largura da rea remanescente 11 3x3 = 2m.

    Para larguras variveis da via, o nmero de pistas fictcias deve ser definido de

    acordo com os princpios usados na Tabela 2.2.

    A Figura 2.2 mostra um exemplo de numerao de pista.

    Onde: w Largura da faixa de rolamento;

    w1 Largura da pista fictcia;

    1 Pista fictcia Nr. 1

    2 Pista fictcia Nr. 2

    3 Pista fictcia Nr. 3

    4 rea remanescente

    Figura 2.2. Exemplo de numerao da pista no caso mais geral (Fonte: BS EN 1991-2: 2003)

  • Captulo 2 Reviso Bibliogrfica

    Vanessa dos Santos Lima (2011)

    14

    Os modelos de carregamentos descritos no BS EN 1991-2: 2003 apresenta

    quatro modelos de carregamentos, com amplificao dinmica j includa, descritos a seguir:

    Load Model 1 (LM1): carregamentos concentrados e distribudos que cobrem a maior parte dos efeitos do trfego de caminhes e carros. Este modelo deve ser

    usado para verificaes locais e globais e consiste em dois sistemas parciais.

    Um sistema composto de cargas concentradas em eixo duplo (sistema tandem

    TS), onde cada eixo tem o seguinte peso:

    q Qk, onde q corresponde aos fatores de ajuste.

    S pode ser considerado um sistema tandem por pista fictcia.

    O segundo sistema composto de cargas uniformemente distribudas (UDL

    System), com peso de:

    q qk, onde q corresponde aos fatores de ajuste.

    O carregamento distribudo s pode ser aplicado nas partes desfavorveis da

    superfcie de influncia, longitudinalmente e transversalmente.

    O Load Model 1 deve ser aplicado em cada faixa fictcia e reas remanescentes

    de acordo com Tabela 2.3.

    Tabela 2.3. Load Model 1: valores caractersticos (Fonte: BS EN 1991-2: 2003)

    Posio Sistema Tandem TS Sistema UDL

    Cargas por eixo Qik (kN) q1k (ou qik) (kN/m)

    Pista nmero 1 300 9

    Pista nmero 2 200 2,5

    Pista nmero 3 100 2,5

    Outras pistas 0 2,5

    rea remanescente (qrk) 0 2,5

    A Figura 2.3 mostra a aplicao do carregamento Load Model 1.

  • Captulo 2 Reviso Bibliogrfica

    Vanessa dos Santos Lima (2011)

    15

    Onde: (1) Pista Nr. 1: Q1k = 300 kN; q1k = 9 kN/m;

    (2) Pista Nr. 2: Q2k = 200 kN; q2k = 2,5 kN/m;

    (3) Pista Nr. 3: Q3k = 100 kN; q3k = 2,5 kN/m;

    *Para w1 = 3,00 m.

    Figura 2.3. Aplicao do Load Model 1 (Fonte: BS EN 1991-2: 2003)

    Para verificaes locais o Sistema Tandem deve ser considerado na posio

    mais desfavorvel. Quando dois Sistemas Tandem forem posicionados em faixas fictcias

    adjacentes devem ser locados o mais prximo possvel, porm mantendo uma distncia

    mnima de 0,50 m. A Figura 2.4 ilustra a disposio do modelo.

  • Captulo 2 Reviso Bibliogrfica

    Vanessa dos Santos Lima (2011)

    16

    Figura 2.4. Aplicao dos Sistemas Tandem para verificaes locais (Fonte: BS EN 1991-2:

    2003)

    Load Model 2 (LM2): consiste em um eixo com peso de q Qak, com Qak = 400 kN, deve ser aplicado em qualquer local da via. No entanto, quando relevante,

    apenas uma roda de 200 q (kN) pode ser considerado. A Figura 2.5 ilustra o

    Load Model 2.

    Figura 2.5. Load Model 2 (Fonte: BS EN 1991-2: 2003)

    Load Model 3 (LM3): Quando relevante modelos especiais de veculos devem ser definidos e considerados.

  • Captulo 2 Reviso Bibliogrfica

    Vanessa dos Santos Lima (2011)

    17

    Load Model 4 (LM4): consiste no carregamento correspondente a multido, uniformemente distribudo com valor de 5 kN/ m (j incluindo amplificao

    dinmica). Este tipo de carregamento s pode ser associado com situaes

    transitrias de projeto.

    Para combinaes ltimas a norma europia estabelece coeficiente de

    majorao f = 1,5.

    A resoluo do CONTRAN (Conselho Nacional de Trnsito) mostra inmeras

    possibilidades de variao das combinaes de veculos de carga (CVCs), algumas delas so

    mostradas na Figura 2.6.

    Figura 2.6. Combinaes de veculos de carga (Fonte: CONTRAN)

  • Captulo 2 Reviso Bibliogrfica

    Vanessa dos Santos Lima (2011)

    18

    Apesar de as cargas nos eixos serem menores que as do veculo normativo o

    estudo das CVCs nas pontes rodovirias de extrema importncia, pois visa verificao da

    estrutura principal.

    Estas CVCs usuais, mesmo sendo permitidas por lei, podem ser crticas, pois

    alm de possurem peso bruto total superior ao veculo normativo, possvel circular mais de

    uma CVC sobre o tabuleiro da ponte, o que no ocorre com o trem tipo, sendo que passa

    apenas um por vez na ponte.

    LUCHI (2006) avaliou em seu trabalho a adequao do trem tipo da classe 45

    da norma brasileira NBR 7188 considerando o trfego de veculos reais com base em dados

    obtidos da concessionria CENTROVIAS SISTEMAS RODOVIRIOS S. A., no interior de

    So Paulo. A comparao realizada entre o trem tipo da norma brasileira e da europia quanto

    ao Estado Limite ltimo forneceu resultados semelhantes, j a comparao realizada entre o

    trem tipo da norma brasileira e o da americana forneceu resultados diferentes, sendo os

    esforos da norma brasileira maiores que o da AASHTO.

    Os resultados obtidos por LUCHI (2006) a partir das anlises de rodovias em

    pista dupla com 200 congestionamentos por ano e probabilidade de caminhes na segunda

    faixa reduzida em 80% mostraram que o trem tipo normativo brasileiro adequado s cargas

    ocorridas no perodo estudado. O autor tambm conclui que o estudo da fora cortante

    importante nas verificaes de cargas mveis, pois algumas vezes as relaes obtidas entre

    esforo caracterstico e esforo mximo devido ao trem tipo 45 foram maiores para o esforo

    cortante na seo do apoio que para momento fletor no meio do vo.

    LUCHI (2006) realizou tambm um estudo comparativo para momento fletor

    no meio do vo para pontes bi-apoiadas e sees celulares, onde os valores encontrados para

    as relaes de esforos caractersticos e esforos mximos devido ao trem tipo 45 para pontes

    bi-apoiadas so sempre menores que nas sees celulares. Os veculos foram considerados em

    sua posio de trfego normal, ou seja, de forma centrada nas faixas. Porm, em projeto

    sempre se considera a posio mais desfavorvel das cargas. Assim, o aparente excesso de

    segurana decorre principalmente do zelo no posicionamento transversal das cargas do

    veculo, correto do ponto de vista terico, mas no devendo ser considerado nas condies

    normais de trfego. importante observar que isso no ocorre nas pontes celulares.

    FERREIRA (2006) verifica o desempenho das obras de arte sob jurisdio do

    DER-SP atravs de um ndice de confiabilidade.

  • Captulo 2 Reviso Bibliogrfica

    Vanessa dos Santos Lima (2011)

    19

    O projeto e a construo de qualquer estrutura envolvem inmeras incertezas,

    tais como incerteza fsica (carregamentos, materiais, dimenses), incerteza estatstica

    (distribuio de probabilidade e parmetros) e incerteza do modelo (simplificaes, condies

    de contorno desconhecidas e variveis desconsideradas), enumeradas por THOFT

    CHRISTENSEN e BAKER (apud FERREIRA, 2006).

    O autor traz uma definio de confiabilidade dada por NOWAK E COLLINS

    como sendo a habilidade em atender requisitos de projeto durante a vida til da estrutura ou a

    probabilidade que a estrutura no ir falhar em desempenhar suas funes.

    A teoria da confiabilidade considera trs estados limites: ELU (Estado limite

    ltimo), ELS (Estado Limite de Servio) e ELF (Estado Limite de Fadiga). Os estados limites

    so representados por uma funo, dada a seguir:

    (funo de estado limite)

    Onde: Z margem de segurana;

    R capacidade ou resistncia;

    S solicitao, demanda ou efeito total do carregamento.

    Quando Z = 0 tem-se a fronteira entre o comportamento desejvel e

    indesejvel, quando Z 0 a estrutura est segura, quando Z < 0 no h segurana.

    A Figura 2.7 ilustra as duas medidas de segurana. A probabilidade de falha

    dada pela rea hachurada. O ndice de confiabilidade fornece o nmero de desvios padro

    que a mdia da margem de segurana est distante do estado limite. Assim pode-se aumentar

    a segurana da estrutura utilizando-se altos coeficientes de segurana ou reduzindo as

    incertezas.

    Figura 2.7. Probabilidade de falha e margem de segurana (Fonte: FERREIRA, 2006)

    Assim FERREIRA (2006) teve como objetivo neste trabalho propor limites

    para o peso de caminhes em pontes de concreto armado ou protendido, classes 36 e 45,

  • Captulo 2 Reviso Bibliogrfica

    Vanessa dos Santos Lima (2011)

    20

    usando a teoria da confiabilidade. Para atingir o objetivo proposto o autor analisou parmetros

    estatsticos da resistncia compresso do concreto para vrias classes de fck, com base em

    resultados de ensaios de corpos de prova cilndricos; determinou parmetros estatsticos da

    resistncia flexo de sees transversais mais solicitadas por momento fletor positivo e

    negativo. Desenvolveu um modelo de carregamento mvel a partir de pesagens de veculos de

    carga em rodovias concedidas iniciativa privada, de modo a prever a mxima solicitao a

    que as pontes esto sujeitas ao longo de sua vida til. Comparou ainda o modelo proposto e o

    carregamento normativo brasileiro, de modo a verificar como os critrios atuais de projeto

    refletem as condies reais de trfego e quantificou a segurana em sees transversais

    submetidas representao do trfego real por intermdio do ndice de confiabilidade .

    Algumas hipteses foram adotadas:

    Considerou-se o momento fletor na superestrutura das pontes classes 36 e 45; As pontes foram admitidas retas, no esconsas e com apoios nivelados; Verificou-se a carga permanente e o efeito vertical da carga mvel; O estudo no abrangeu a questo da fadiga em pontes de concreto; As equaes comprimento-peso limite no contemplaram balanos inferiores a

    5 m;

    Os mximos pesos brutos permitidos pelas ECPLs foram reduzidos em 5%, prevendo tolerncia permitida pela legislao brasileira;

    Admitiu-se que as pontes tenham sido adequadamente dimensionadas e executadas, alm de no apresentar patologias que comprometessem sua

    capacidade portante;

    Devido a questes relacionadas ao desgaste dos pavimentos, os limites de pesos por eixo estabelecidos pelo CONTRAN devem ser sempre obedecidos.

    A comparao entre o carregamento normativo e o trfego real indica que no

    h grande uniformidade em relao ao tipo de ponte, vo e seo transversal. Estruturas

    projetadas de acordo com os mesmos critrios possuem ndices de confiabilidade variveis.

    As equaes a seguir foram propostas para regular o trfego de veculos de

    carga (ECPLs), considerando-se o Estado Limite ltimo:

    Classe 36: 23,9 195,1

    Classe 45: 26,2 233,9

  • Captulo 2 Reviso Bibliogrfica

    Vanessa dos Santos Lima (2011)

    21

    Onde: W mximo peso bruto em kN para qualquer grupo de eixos

    consecutivos;

    B Comprimento do grupo de eixos (m).

    Assim concluiu-se que as equaes propostas para as estruturas protendidas

    resultam em baixos pesos brutos para as pontes classe 45, indicando que os atuais coeficientes

    de ponderao das aes em servio reduzem a segurana quanto ao Estado Limite de

    Formao de Fissuras em relao a perodos anteriores.

    2.2 DESCRIO DE OBRAS E CARACTERSTICAS

    Existe nos Estados Unidos um instituto de pontes segmentadas, denominado

    The American Segmental Bridge Institute ASBI. Este instituto foi criado em 1989, uma

    organizao sem fins lucrativos que tem o intuito de fornecer um frum onde proprietrios,

    projetistas, construtores e fornecedores podem encontrar mais informaes refinadas de

    projeto, construo e procedimentos de gesto da construo, e envolver novas tcnicas que

    avancem a qualidade e o uso do concreto em pontes em balanos progressivos. O Instituto tem

    dois dias de seminrio que ocorre anualmente, a cada primavera, cujo tema Projeto e

    Construo de Pontes Segmentadas. Normalmente estes seminrios so patrocinados pelo

    Departamento de Estado de Transportes. Em 2001, ASBI iniciou um programa de certificao

    para supervisores e inspetores de operaes que fornece o treinamento necessrio para

    entender e implementar com sucesso as especificaes de estruturas com ps trao.

    No STRA (2007) apresentam-se algumas vantagens e desvantagens do

    mtodo construtivo de pontes em balanos progressivos. Como vantagem cita-se a execuo

    da superestrutura da ponte sem praticamente nenhum contato com o terreno, possibilitando a

    construo dessa ponte atravessando rios, vales, estradas, dentre outros obstculos. Esse

    mtodo pode ser utilizado para estruturas com diferentes geometrias, sendo possvel projetar a

    ponte com alturas de aduelas constantes ao longo de todo o vo ou variveis, podendo ser

    parablicas, cbicas ou mesmo lineares. Tambm h possibilidade de fazer qualquer tipo de

    alinhamento horizontal ou vertical sem dificuldade. O adequado utilizar aduelas com

    comprimento de 3 a 4 m, pois mais econmico quanto utilizao das frmas e no caso de

    aduelas pr-fabricadas limita-se o peso prprio das mesmas, no havendo necessidade de

    equipamentos especiais para iamento, reduzindo o custo.

  • Captulo 2 Reviso Bibliogrfica

    Vanessa dos Santos Lima (2011)

    22

    Por outro lado existem algumas desvantagens. Para vos idnticos as pontes

    construdas com este mtodo so mais pesadas que as estruturas compostas, tornando a ponte

    em balano progressivo menos atrativa. Outra desvantagem est no grande nmero de tarefas

    realizadas fora do local final da obra, porm quando as aduelas so pr-fabricadas o nmero

    de tarefas reduzido comparativamente a aduelas moldadas in-loco. Quando a estrutura est

    sobre estradas em trfego, a frequncia destas tarefas pode comprometer a segurana dos

    viajantes e trabalhadores do local. Estas rotas devem ser fechadas de modo a minimizar a

    ocorrncia de problemas. Outra desvantagem est na esttica; pontes construdas em balanos

    progressivos so compostas de vrias fases de execuo, com diversos segmentos (aduelas),

    isto causa maior diferena de cor no concreto na estrutura final que em pontes convencionais.

    ISHII (2006) estuda em sua dissertao pontes extradorsos e a compara com

    pontes em vigas retas de concreto protendido e pontes estaiadas, assim define a ponte

    extradorso como uma ponte intermediria. A Figura 2.8 ilustra os trs tipos de pontes

    mencionadas.

    Figura 2.8. Sistemas Estruturais (Fonte: ISHII - 2006)

    A concepo estrutural de pontes extradorsos foi proposta por Jacques

    Mathivat, no ano de 1988. O princpio deste mtodo consiste em uma protenso externa sobre

    os apoios internos com grande excentricidade, pois devido inclinao dos cabos tem-se as

    componentes horizontais das foras de protenso muito maiores que as componentes verticais.

    De acordo com ISHII (2006), as pontes extradorso geralmente possuem seus

    cabos arranjados em leque ou em harpa. Quando seu arranjo em leque seus cabos so

    ancorados ao longo do tabuleiro e fixos na parte superior da torre, este o tipo mais utilizado,

    pois maximiza a excentricidade de protenso. J com arranjo em harpa os cabos possuem

    paralelismo. A Figura 2.9 mostra uma ponte extradorso com arranjo dos cabos em leque e a

    Figura 2.10 mostra uma ponte extradorso com arranjo dos cabos em harpa, ambas construdas

    no Japo.

  • Captulo 2 Reviso Bibliogrfica

    Vanessa dos Santos Lima (2011)

    23

    Figura 2.9. Odawara Blue Way Bridge (Fonte:

    ISHII 2006)

    Figura 2.10. Shikari Ohashi Bridge (Fonte:

    ISHII 2006)

    ISHII (2006) mostra os critrios de projeto mais relevantes, como altura das

    torres, altura da seo transversal do tabuleiro, distribuio de vos, cabo extradorso e

    vinculao entre tabuleiro e pilares. A altura das torres inversamente proporcional ao

    momento fletor e quantidade de ao nos cabos, assim quanto maior a altura da torre mais

    vantajosa se torna a ponte. O recomendado que a altura tenha 0,10 do vo principal, desta

    forma as variaes de tenso no ultrapassam 80 MPa. A seo transversal mais utilizada a

    seo celular, j que a maior parte das pontes feita com balanos sucessivos, assim sua

    altura varivel, reduzindo o peso prprio da estrutura e mantendo altura elevada na regio

    dos apoios, onde existem maiores valores de momentos. A distribuio de vos nem sempre

    definida pelo engenheiro projetista, mas sim por questes topogrficas, geolgicas e outros,

    portanto as indicaes encontradas neste trabalho referem-se a vo lateral, pois quanto menor

    este valor menor sero os momentos fletores no tabuleiro e a flecha no vo central. Para a

    determinao do cabo extradorso deve-se levar em conta sua geometria, tenso limite e a

    fadiga. A vinculao mais indicada entre o tabuleiro e pilares a soluo engastada, pois seu

    comportamento estrutural sob carga acidental mais satisfatrio.

    ISHII (2006) conclui que as pontes extradorso so economicamente

    competitivas com as pontes em viga reta de concreto protendido na faixa de vos entre 100 e

    200 metros.

    LUCHI (2001) apresenta diretrizes sobre pontes celulares curvas. O mesmo

    escolhe como foco as vigas com seo celular pelo fato deste tipo de seo apresentar uma

    boa distribuio transversal de cargas excntricas, grande rigidez e principalmente alta

  • Captulo 2 Reviso Bibliogrfica

    Vanessa dos Santos Lima (2011)

    24

    resistncia a toro. A mesa superior e a mesa inferior de compresso tambm proporcionam

    alta resistncia a momentos fletores positivos e negativos.

    O trabalho desenvolvido nesta dissertao trata das pontes retas.

    VASCONCELOS (2009) descreve em seu artigo a histria da ponte Costa e

    Silva. Oscar Nienmeyer elaborou o projeto arquitetnico desta ponte, localizada em Braslia,

    sobre o Lago Parano, ligando a Avenida das Naes ao Setor Habitacional Individual Sul

    SHIS. Nenhum bloco de fundao deveria ser visto e o perfil da ponte apenas tocava a gua.

    Eram 200 m a ser vencido. A obra teve incio em 1970 e o projeto foi desenvolvido pela

    SOBRENCO para um vo recorde de 220 m.

    Durante a obra ocorreram fortes ventanias que causaram um verdadeiro

    maremoto no lago que emaranhou todos os cabos de protenso pendentes e apoiados num

    flutuador (Figura 2.11). Com as ondas produzidas pelo vento, os cabos, envolvidos em

    bainhas, foram jogados na gua e se enrolaram. A paralisao das obras foi longa.

    Figura 2.11. Aspecto dos cabos pendentes e mergulhados no lago depois da forte ventania de

    julho de 1970 (Fonte: VASCONCELOS, 2009)

    Segundo VASCONCELOS (2009) em seu artigo, o aluguel dos macacos de

    protenso poderia ocasionar uma tragdia, pois o objetivo de economizar no aluguel de

    macacos levou a consequncias graves na execuo da ponte. A firma vencedora da

    concorrncia sabia que a obra exigia emprego de cabos de grande potncia, com tais cabos

    seriam reduzidos o nmero de cabos, gastos com bainhas metlicas, nmero de ancoragens e

    operaes de protenso, reduzindo, portanto, o custo total da obra. Porm, naquela poca,

    eram raros cabos de 120 tf, os cabos de 40 tf eram mais comuns. A empreiteira entrou em

    contato com a empresa STUP (empresa ligada aplicao do sistema Freyssinet de protenso)

  • Captulo 2 Reviso Bibliogrfica

    Vanessa dos Santos Lima (2011)

    25

    para verificar a possibilidade de trocar os equipamentos para cabos de 120 tf por

    equipamentos para cabos de 40 tf em quantidade equivalente. A proposta no foi aceita pela

    STUP. Assim a SOBRENCO preferiu projetar a protenso de maneira a aplicar os

    equipamentos que possua, resultando em 760 cabos de 12 fios de 7 mm quando poderiam ter

    usado apenas 253 cabos de 12 cordoalhas de 12,7 mm.

    Os 760 cabos foram distribudos em vrias camadas, um ao lado do outro,

    ocupando a largura total do tabuleiro. Os espaos reservados para a entrada do concreto foram

    os mnimos exigidos pelas normas. A dificuldade de concretagem foi grande e os vibradores

    precisaram ser demoradamente enfiados entre os cabos, gerando um excesso no tempo de

    vibrao. Assim, muitas bainhas foram perfuradas e a nata de cimento deve ter penetrado em

    diversos pontos. Diversos cabos no puderam ser adequadamente alongados e a protenso no

    atingiu os resultados esperados. A cada aduela acrescentada o efeito da protenso era cada vez

    menor que o valor desejado. No final as perdas de protenso eram superiores a 50%.

    VASCONCELOS analisou os possveis pontos de imobilizao dos cabos e

    qual seria a protenso efetiva. Em 28 de fevereiro de 1972 apresentou seu relatrio afirmando

    que a obra poderia ser retomada sem modificao do projeto.

    O escritrio do Prof. Figueiredo Ferraz tambm foi consultado, apresentou uma

    proposta para reprojetar a ponte. Assim, surgiu a ponte batizada de Ponte Costa e Silva. A

    Figura 2.12 mostra uma foto da obra concluda.

    Figura 2.12. Vista lateral de 1991 da ponte terminada (Fonte: VASCONCELOS, 2009)

    VASCONCELOS (2009) tambm relata em seu artigo a construo inicial,

    ponte executada e o recorde da mesma. A ponte projetada possua uma articulao no meio do

  • Captulo 2 Reviso Bibliogrfica

    Vanessa dos Santos Lima (2011)

    26

    vo com a funo de permitir a movimentao longitudinal do tabuleiro. A folga entre as duas

    partes da articulao era tal que no existia possibilidade alguma de transferncia de

    momentos fletores atravs da seo central. Foras cortantes na seo central, causadas por

    cargas concentradas passando de um lado para outro da articulao, deveriam ser resistidas

    pela parte metlica.

    Com o intuito de reduzir o peso nas fundaes o trecho central de 58 m foi

    substitudo por uma viga metlica simplesmente apoiada nas extremidades dos consolos. As

    armaduras pendentes foram cortadas e abandonadas. Os 728 cabos de 40 tf foram substitudos

    por 99 cabos com cordoalhas de 12,7 mm com potncias de 110, 220 e 300 tf. O aspecto final

    da obra no sofreu alteraes.

    REZENDE (2007) traz uma explanao sobre o processo de balanos

    sucessivos em aduelas pr-fabricadas de concreto na construo de pontes e viadutos,

    apresentando um estudo de caso.

    Segundo o autor, este tipo de ponte indicado para grandes vos, onde o

    processo de execuo se d por concretagem de aduelas que, normalmente, variam de 2 a 5

    metros de comprimento. O avano feito simultaneamente em sentidos contrrios, garantindo

    o equilbrio da superestrutura sobre o pilar at que as extremidades dos balanos sejam

    apoiadas ou continuadas ligando-se outra extremidade do balano. Geralmente as aduelas

    so protendidas aos pares, de modo que os cabos de uma aduela sejam protendidos entre esta

    e a outra simetricamente oposta. A Figura 2.13 ilustra o esquema de execuo da

    superestrutura em balanos progressivos.

  • Captulo 2 Reviso Bibliogrfica

    Vanessa dos Santos Lima (2011)

    27

    Figura 2.13. Esquema estrutural do sistema em balanos sucessivos (Fonte: REZENDE, 2007)

    A fim de manter o equilbrio da ponte durante a fase de construo pode-se

    considerar a superestrutura engastada no pilar ou rotulada sendo que, neste ltimo caso,

    devem-se prever dispositivos provisrios ancorados nas fundaes para compensar o peso dos

    balanos.

    Segundo LEONHARDT (1979), as contraflechas nos sistemas de balanos

    progressivos devem ser executadas cuidadosamente, compensando efeitos de deformaes

    devido s cargas e deformao lenta do concreto, garantindo o traado longitudinal do

    projeto.

    Os pilares destes tipos de pontes so geralmente engastados, assim devem

    possuir grande rigidez, com capacidade de suportar os esforos tanto na fase de construo

    quanto depois de concluda a obra. Os pilares que melhor apresentam estas caractersticas so

    constitudos por duas lminas ou paredes paralelas e transversais ao eixo longitudinal.

    Em seguida realizada a concretagem do topo do pilar, por onde passaro

    todos os cabos de protenso das aduelas. Ento feita a montagem do equipamento de

    lanamento das aduelas. Na fase posterior as aduelas so concretadas, quando so in-loco ou

    montadas quando pr-fabricadas. Depois tem-se a concretagem da junta do fechamento

    central e/ou do fechamento lateral. Os cabos positivos so enfim protendidos.

    Quando as aduelas so concretadas in-loco so necessrios equipamentos

    especiais para escoramento montados sobre o topo dos pilares, deslocando-se medida que as

    aduelas so concretadas e protendidas. Neste caso o concreto utilizado deve possuir

  • Captulo 2 Reviso Bibliogrfica

    Vanessa dos Santos Lima (2011)

    28

    resistncias maiores, devido protenso ser dada com pouca idade. A Figura 2.14 mostra o

    ciclo de execuo das aduelas concretadas in-loco.

    Figura 2.14. Ciclo de execuo de aduelas concretadas in-loco (Fonte: REZENDE, 2007)

    Quando as aduelas so pr-fabricadas tem-se a vantagem da reduo do tempo

    de execuo da obra, pois a concretagem das aduelas pode ser feita concomitantemente com

    fundaes e pilares. Porm na maior parte dos casos, para proporcionar a otimizao, utiliza-

    se seo constante, sendo assim no possvel atingir grandes vos. Na utilizao destas

    aduelas tambm se torna invivel a colocao de ao doce na regio das juntas, que possuem

    o intuito de melhorar a fissurao e tornar as juntas menos perceptveis.

    REZENDE (2007) apresenta um estudo de caso de um viaduto com 175 metros

    de comprimento em aduelas de concreto pr-moldado, cuja obra, inserida num trecho de

    melhoria de uma rodovia federal, foi contratada pelo DNIT (Departamento Nacional de

    Infraestrutura de transportes). A Figura 2.15 mostra um esquema do trecho onde a ponte foi

    realizada e algumas fotos da execuo.

  • Captulo 2 Reviso Bibliogrfica

    Vanessa dos Santos Lima (2011)

    29

    Figura 2.15. Esquema geral e fases de execuo (Fonte: REZENDE, 2007)

    O projeto da ponte foi alterado durante a execuo. O tempo foi um fator

    determinante para tal mudana, a superestrutura deveria estar concluda em 120 dias corridos,

    assim as aduelas passaram a ser pr-fabricadas.

    As concretagens das aduelas pr-moldadas foram feitas pelo sistema long

    line, ou seja, foi feito um bero de concretagem, reproduzindo todo o trecho. De modo a

    garantir o encaixe perfeito, as concretagens das aduelas foram alternadas entre pares e

    mpares. Na face de contato das vigas e lajes entre aduelas foram construdas salincias do

    tipo macho e fmea garantindo o encaixe entre as mesmas no momento da montagem.

    Como nestas aduelas no existe ao doce, foi necessrio realizar uma protenso

    provisria, ancorando-a na aduela anterior at que os cabos de protenso definitivos sejam

    estendidos at a aduela simetricamente oposta. As reas de contato entre as aduelas foram

    vedadas por uma camada de adesivo epxi, alm da prpria protenso.

    Inicialmente o projeto deste viaduto foi proposto em vigas pr-fabricadas, mas

    no foi viabilizada devido interferncia com as redes eltricas durante a montagem. Assim

    os fatores descritos a seguir levaram a adoo da soluo de balanos sucessivos:

    Prazo de execuo para a superestrutura: 120 dias corridos;

  • Captulo 2 Reviso Bibliogrfica

    Vanessa dos Santos Lima (2011)

    30

    Transposio da linha frrea sem que houvesse interferncia com os limites de operao do trfego;

    Espao reduzido para canteiro de obras;

    Dependncia de realocao de redes eltricas de alta tenso;

    No aumento dos custos previstos do projeto inicial. Segundo REZENDE (2007), o estudo de caso mostra como o estudo e

    implementao de solues alternativas podem melhorar os resultados. Os itens a seguir

    mostram alguns destes resultados:

    Rapidez na execuo devido possibilidade de fabricao de aduelas simultaneamente com a construo das fundaes e dos pilares;

    Produtividade e segurana, j que se reduz a quantidade de atividades em altura;

    Racionalizao dos canteiros;

    Flexibilidade do cronograma executivo;

    Reduo de custos considerando todas as etapas e interferncias envolvidas na construo;

    Qualidade do projeto. Assim o autor conclui que o mtodo de balanos sucessivos atendeu de forma

    satisfatria todos os fatores envolvidos no estudo de caso.

  • Captulo 3 Discusso Sobre a Geometria da Seo e Processos de Execuo das Aduelas

    Vanessa dos Santos Lima (2011)

    31

    3 DISCUSSO SOBRE A GEOMETRIA DA SEO E PROCESSOS DE EXECUO DAS ADUELAS

    Quando os vos principais da estrutura tm no mximo de 65 a 70 metros

    pode-se utilizar altura constante ao longo da ponte, neste caso geralmente so mais

    econmicas, pois simplificam o processo de frmas e viagens de unidades de pr-fabricao

    no caso de aduelas pr-moldadas. Segundo STRA (2007), nestas situaes a altura das

    aduelas varia entre 1/20 e 1/25 do vo. No entanto devem possuir no mnimo 2,20 metros para

    garantir movimentos satisfatrios no interior da aduela.

    Como na determinao da armadura longitudinal a determinao da altura nas

    diversas sees deve ser feita para duas situaes. A primeira deve determinar valor mnimo a

    se adotar para a altura de uma aduela e a segunda decorre do princpio que as aduelas tm

    altura varivel e neste caso qual seria a melhor forma de variao de altura (linear, parablica

    etc).

    Em relao altura mnima h em princpio duas condies que podem ser

    determinantes o Estado Limite de Servio (ELS) para a durabilidade e o Estado Limite ltimo

    (ELU) (no tempo infinito) para a flexo.

    Estes dois Estados Limites so definidos pela NBR 6118: 2007. O Estado

    Limite ltimo definido como o estado limite relacionado ao colapso ou a qualquer forma de

    runa, que determina a paralisao do uso da estrutura, neste estado, as resistncias do

    concreto e ao so minoradas e as cargas ltimas so majoradas. O Estado Limite de Servio

    definido como o estado limite relacionado durabilidade das estruturas, aparncia, conforto

    do usurio e boa utilizao funcional das estruturas, sejam em relao aos usurios, s

    mquinas ou aos equipamentos utilizados. Dentre os estados limites de servio tem-se:

    Estado Limite de Formao de Fissuras (ELS-F) estado de incio a formao de fissuras;

    Estado Limite de Abertura de Fissuras (ELS-W) estado em que as fissuras apresentam aberturas iguais aos valores mximos especificados no item 13.4.2 da

    NBR 6118: 2007;

  • Captulo 3 Discusso Sobre a Geometria da Seo e Processos de Execuo das Aduelas

    Vanessa dos Santos Lima (2011)

    32

    Estado Limite de Deformaes Excessivas (ELS-DEF) estado em que as deformaes atingem os limites estabelecidos para a utilizao normal dados em 13.3

    da NBR 6118: 2007;

    Estado Limite de Descompresso (ELS-D) estado no qual em um ou mais pontos da seo transversal a tenso normal nula, no havendo trao no restante da

    seo. Verificao usual no caso do concreto protendido;

    Estado Limite de Descompresso Parcial (ELS-DP) estado no qual garante-se a compresso na seo transversal, na regio onde existem armaduras ativas;

    Estado Limite de Compresso Excessiva (ELS-CE) estado em que as tenses de compresso atingem o limite convencional estabelecido. Usual no caso de

    concreto protendido na ocasio da aplicao da protenso;

    Estado Limite de Vibraes Excessivas (ELS-VE) estado em que as vibraes atingem os limites utilizados para a utilizao normal de construo;

    E casos especiais.

    3.1 ESPECIFICAO DO ESQUEMA ESTRUTURAL

    O primeiro passo para o clculo a especificao do esquema estrutural, onde

    se caracteriza a estrutura, geometria e componentes.

    Geralmente nas pontes em balanos progressivos a estrutura isosttica

    durante sua fase construtiva e hiperesttica aps o fechamento da estrutura, fase em que

    ocorre a aplicao do carregamento permanente (g2) e das cargas acidentais (q).

    3.2 DETERMINAO DA ALTURA PARA A CONDIO DE

    DURABILIDADE

    GUYON apud CARVALHO (1987) apresenta um modelo de clculo para

    determinar a geometria mais adequada da seo, baseado no mtodo das tenses admissveis.

    Esta determinao leva em considerao a seo do engaste do balano com bordo inferior

    curvo.

  • Captulo 3 Discusso Sobre a Geometria da Seo e Processos de Execuo das Aduelas

    Vanessa dos Santos Lima (2011)

    33

    l/2 l/2P

    h1

    N

    Figura 3.1. Determinao de h1

    Supondo o balano da Figura 3.1, onde P a resultante da carga permanente

    (g) e acidental (q) uniformemente distribuda, a l/2 do engaste e N a resultante do esforo de

    protenso, pode-se obter a altura mnima necessria na seo do engaste do balano igualando

    os momentos de protenso e os de carga de peso prprio mais acidental. Assim chega-se a

    equao (3.1).

    (3.1)

    Considerando Ai o valor da rea da mesa inferior e a tenso de compresso

    de concreto limite do concreto, tem-se:

    (3.2)

    Sendo Ac a rea total da seo, 1/ a relao Ai/ Ac e sabendo que g = (peso

    especfico do concreto) x Ac, tem-se:

    (3.3)

    Isolando o termo Ac tem-se:

    (3.4)

    Denominando Au como a rea til necessria para resistir a carga acidental,

    pode-se desconsiderar a segunda parcela da equao acima, pois o peso prprio da estrutura

    no considerado carga acidental, mas sim permanente, portanto possvel reduzir para:

    (3.5)

    Substituindo a equao (3.5) em (3.4) obtm-se a equao a seguir:

  • Captulo 3 Discusso Sobre a Geometria da Seo e Processos de Execuo das Aduelas

    Vanessa dos Santos Lima (2011)

    34

    (3.6)

    Considerando o bordo inferior definido por uma parbola do 2 grau, com

    altura nula na extremidade livre do balano, o raio de curvatura dado por:

    (3.7)

    Analisando as equaes acima pode-se perceber que quando h1 diminui, a rea

    de concreto aumenta. Quando

    ser necessria uma rea Ac infinita, chamar-se-

    ento este valor de crit. Assim a rea de concreto necessria pode ser obtida da seguinte

    forma:

    (3.8)

    A partir da equao (3.8) nota-se que quando for igual a crit a seo ser

    capaz de apenas resistir ao peso prprio e, quando for menor que crit a seo no poder

    nem mesmo resistir ao peso prprio.

    Nas dedues das expresses apresentadas foram feitas algumas simplificaes

    destacando-se:

    As almas no podem ser desprezadas na contribuio da zona de compresso do concreto;

    O brao de alavanca entre a fora de compresso no concreto e o esforo de protenso no igual a altura da seo, mas apenas de uma parcela;

    A relao 1/ varivel, dependendo da largura da laje inferior e da espessura da mesma;

    A resultante do peso prprio e da carga acidental no passa a l/2 do balano e depende do tipo de curva escolhida para o bordo inferior;

    A variao da espessura da laje inferior influi na posio da resultante e na relao 1/;

    A anlise realizada s leva em considerao a flexo, devendo ser necessrio verificar posteriormente o efeito do cisalhamento.

    De modo a considerar a influncia dessas simplificaes a expresso de

    obteno da rea de concreto pode ser escrita da seguinte forma:

  • Captulo 3 Discusso Sobre a Geometria da Seo e Processos de Execuo das Aduelas

    Vanessa dos Santos Lima (2011)

    35

    (3.9)

    Onde: coeficiente de correo do ponto de aplicao da resultante da carga

    acidental;

    coeficiente de correo do ponto de aplicao da carga acidental;

    k coeficiente de correo do valor da resultante de peso prprio;

    coeficiente que, multiplicado pela altura, fornece o valor do brao de

    alavanca.

    3.3 DETERMINAO DA ALTURA PARA A CONDIO DE ESTADO LIMITE LTIMO NA FLEXO

    Outro mtodo de encontrar um valor para a altura da seo de acordo com o Estado

    Limite ltimo (ELU) descrito na NBR 6118: 2007. CARVALHO (2009) mostra como se

    obter uma altura mnima em sees de concreto protendido. A Figura 3.2 mostra os domnios

    de deformaes especficas no Estado Limite ltimo em uma seo transversal de concreto

    armado de acordo com a NBR 6118: 2007.

    Figura 3.2. Domnios de Deformao no Estado Limite ltimo em uma seo transversal (Fonte:

    NBR 6118/ 2003)

    Considerando uma seo transversal em concreto armado com as dimenses bw

    e d, o tipo de ao fyd e yd e a resistncia do concreto (fck), verifica-se qual o maior momento que a seo pode resistir.

  • Captulo 3 Discusso Sobre a Geometria da Seo e Processos de Execuo das Aduelas

    Vanessa dos Santos Lima (2011)

    36

    Para isso deriva-se a expresso (3.10) abaixo em relao altura da linha

    neutra (x) e igualando-a a zero, obtendo-se assim o ponto extremo da funo:

    ( ) cdwd fbxdxM = 2272,068,0 (3.10) ( ) 054,068,0)( == cdwd fbxddx

    Md dx = 25,1 (3.11)

    O resultado x = 1,25 d (linha neutra fora da seo) no soluo, pois para

    haver flexo simples necessria que as normais de compresso (concreto) e trao (ao) se

    anulem (equilbrio); para que isso ocorra necessrio que a seo trabalhe nos domnios 2, 3

    e 4, onde a linha neutra corta a seo (0 x d). Portanto o valor mximo admissvel deve estar em um dos limites (extremos) de seu campo de validade: x = 0 (incio domnio 2) ou

    x = d (final domnio 4):

    1o limite: x = 0 Md = 0 (3.12) ponto de mnimo da funo; 2o limite: x = d

    ( ) cdwcdwd fbdfbddM == 222 408,0272,068,0 (3.13) Para que o momento resistente seja mximo a seo deve trabalhar no domnio

    4 (x = d), nesse ponto s = 0 e, portanto, fs = 0, assim:

    === 0zfbd408,0

    fzM

    A cdw2

    s

    ds (3.14) impossvel.

    Portanto para conseguir o mximo momento deve-se utilizar algum ponto do

    domnio 4, porm o ao no ser solicitado com toda a sua resistncia (s < yd; fs < fyd), gerando um consumo excessivo de ao e perigo de ruptura abrupta.

    O correto utilizar o limite entre os domnios 3 e 4 como o que conduz ao

    maior momento resistente da seo, com melhor aproveitamento dos materiais, tanto do ao

    quanto do concreto.

    Considerando agora uma seo transversal em concreto protendido e

    aproveitando o raciocnio anterior obtm-se:

    === p

    cdw

    p

    dp

    fbdfz

    MAfz

    408,0 2k (3.15)

    Neste caso existe fp, pois apesar de s=0, o valor de p 0 e, portanto fp 0 .

  • Captulo 3 Discusso Sobre a Geometria da Seo e Processos de Execuo das Aduelas

    Vanessa dos Santos Lima (2011)

    37

    Assim conclui-se que para um determinado momento, a altura mnima exigida

    em uma seo protendida menor que a exigida para uma similar em concreto armado.

    Seguindo o raciocnio apresentado possvel obter uma altura mnima para a

    seo em concreto protendido considerando para isto o Estado Limite ltimo.

    Das demonstraes realizadas percebe-se que para um dado momento a menor altura

    obtida com a maior linha neutra possvel, que neste caso x = d. Portanto tem-se:

    1 (3.16)

    Substituindo-se (3.16) na equao de equilbrio (3.17) a seguir obtm-se KMD.

    068,0272,0 2 =+ KMDKXKX (3.17)

    408,00168,01272,0 2 ==+ KMDKMD (3.18) Como:

    0,408 (3.19)

    0,408 1,566

    (3.20)

    A norma NBR 6118/ 2007 estabelece limites para a linha neutra de acordo com o fck

    do concreto. Esta limitao tem por intuito melhorar a ductilidade das estruturas nas regies

    de apoio das vigas ou de ligaes com outros elementos estruturais, mesmo quando no forem

    feitas redistribuies de esforos solicitantes, a posio da linha neutra no ELU deve obedecer

    aos seguintes limites:

    x/d 0,50 para concretos com fck 35 MPa; x/d 0,40 para concretos com fck > 35 MPa.

    Assim o valor da altura til (d) obtida a partir da expresso (3.20) pode ser

    utilizado apenas para o meio do vo da ponte, portanto deve-se obter outro valor para a altura

    til (d) na regio de apoio das vigas de acordo com o tipo de concreto e os limites acima

    estabelecidos:

    Para concretos com fck 35 MPa:

    0,5 (3.21)

    Substituindo-se (3.21) na equao de equilbrio (3.17) a seguir obtm-se KMD.

  • Captulo 3 Discusso Sobre a Geometria da Seo e Processos de Execuo das Aduelas

    Vanessa dos Santos Lima (2011)

    38

    272,00)5,0(68,0)5,0(272,0 2 ==+ KMDKMD (3.22) Como:

    0,272 (3.23)

    0,272 1,917

    (3.24)

    Para concretos com fck > 35 MPa:

    0,4 (3.25)

    Substituindo-se (3.26) na equao de equilbrio (3.17) a seguir obtm-se KMD.

    228,00)4,0(68,0)4,0(272,0 2 ==+ KMDKMD (3.27) Como:

    0,228 (3.28)

    0,228 2,094

    (3.29)

    3.4 PROCESSO EXECUTIVO PARA AS ADUELAS: MOLDADAS IN-LOCO OU ADUELAS PR-FABRICADAS

    Quando as aduelas so concretadas in-loco a estrutura pode ser considerada

    monoltica, pois o tempo decorrido entre a concretagem de uma aduela e outra relativamente

    pequeno e pode-se fazer um tratamento adequado de superfcie para que o concreto mais novo

    se torne aderente ao mais antigo. Com as aduelas pr-fabricadas, qualquer que seja o processo

    de montagem, sempre existir uma junta, que tende a ser um elemento enfraquecedor na

    transmisso de esforo. Assim, quando se imagina a soluo de pr-fabricao normalmente

    deve ser realizado um estudo de transmisso de esforo de cisalhamento.

    As juntas nas aduelas pr-fabricadas podem ser secas ou com cola base de

    resina epxi. RIBEIRO (2004) traz algumas consideraes sobre as juntas secas. Quando

    estas juntas so secas no h interferncia das condies climticas na execuo das mesmas.

    As aduelas so ligadas atravs da protenso externa. Assim, neste caso no h cola a base de

    epxi, no h necessidade de protenso temporria at que a cola seja curada, o que acarreta

  • Captulo 3 Discusso Sobre a Geometria da Seo e Processos de Execuo das Aduelas

    Vanessa dos Santos Lima (2011)

    39

    na reduo do tempo de execuo da construo. Estas juntas devem ser impermeabilizadas.

    A Figura 3.3 ilustra dois tipos de impermeabilizao encontrados em RIBEIRO (2004).

    Figura 3.3. Tipos de impermeabilizao de juntas (Fonte: RIBEIRO, 2004)

    PFEIL (1975) explica que na Ponte Rio - Niteri a superfcie de contato entre

    as aduelas foi untada com uma mistura de sabo e talco, para impedir a aderncia, a qual foi

    removida posteriormente com jato de ar e gua. Antes da montagem, esta superfcie coberta

    por uma camada fina de epxi. O aperto das aduelas se d pela protenso provisria de cabos

    ancorados em salincias no interior das mesmas (Figura 3.4), uniformizando a cola.

    Figura 3.4. Cabos provisrios em salincias no interior da seo (Fonte: BENAIM, 2008)

    Quando se adotam juntas com cola, no possvel permitir a passagem d