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ILUSTRÍSSIMO SENHOR PREGOEIRO OFICIAL DO PREGÃO ELETRÔNICO DEMAP Nº. 39/2018 I MPU G NAÇÃO AO E D IT AL DO P R E G ÃO ELET R Ô N I CO D E MAP . 39/2018 [...], vem, mui respeitosamente, perante V.Exa., IMPUGNAR O EDITAL referente ao PREGÃO ELETRÔNICO DEMAP Nº. 39/2018, conforme segue o relato fático e jurídico a seguir: 1. F A TOS E F U ND AM E N TO J UR Í D I CO É cediço que o BANCO CENTRAL DO BRASIL publicou Pregão Eletrônico nº. 39/2018, cujo objeto é a implantação dos sistemas de monitoramento por câmeras digitais IP e alarmes de intrusão, nos prédios do Banco Central do Brasil, além da integração entre tais sistemas por meio do fornecimento de software de gerenciamento de vídeo, bem como a infraestrutura quando necessária. . Durante a análise do instrumento convocatório, foi observado que o edital contém irregularidades, conforme será demonstrado a seguir. 1.1. DA N E C ESSI DADE DE P ARC EL AM E N TO D O OBJ E TO Conforme item 2.1 do Edital, o objeto do certame é a implantação de sistema de monitoramento por câmeras e alarmes de intrusão. Além dos serviços típicos de implantação de videomonitoramento, o Instrumento Convocatório aglutina no mesmo objeto os serviços instalação dos alarmes de intrusão. A solução de videomonitoramento é executada por empresas que atuam exclusivamente com esse segmento como atividade-fim. Da mesma forma, a solução relativa ao alarme de instrução também é realizada por empresa com know-how específico e exclusivo. Ocorre que a unificação desses serviços em um único objeto excluirá indevidamente do certame as empresas prestadoras exclusivamente de um

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ILUSTRÍSSIMO SENHOR PREGOEIRO OFICIAL DO

PREGÃO ELETRÔNICO DEMAP Nº. 39/2018

I MPU G NAÇÃO AO E D IT AL DO P R E G ÃO ELET R Ô N I CO D E MAP Nº . 39/2018

[...], vem, mui respeitosamente, perante V.Exa., IMPUGNAR O EDITAL referente ao PREGÃO ELETRÔNICO DEMAP Nº. 39/2018, conforme segue o relato fático e jurídico a seguir:

1. F A TOS E F U ND AM E N TO J UR Í D I CO

É cediço que o BANCO CENTRAL DO BRASIL publicou Pregão Eletrônico nº. 39/2018, cujo objeto é a implantação dos sistemas de monitoramento por câmeras digitais IP e alarmes de intrusão, nos prédios do Banco Central do Brasil, além da integração entre tais sistemas por meio do fornecimento de software de gerenciamento de vídeo, bem como a infraestrutura quando necessária. .

Durante a análise do instrumento convocatório, foi observado que o edital contém irregularidades, conforme será demonstrado a seguir.

1.1. DA N E C ESSI DADE DE P ARC EL AM E N TO D O OBJ E TO

Conforme item 2.1 do Edital, o objeto do certame é a implantação de sistema de monitoramento por câmeras e alarmes de intrusão.

Além dos serviços típicos de implantação de videomonitoramento, o Instrumento Convocatório aglutina no mesmo objeto os serviços instalação dos alarmes de intrusão.

A solução de videomonitoramento é executada por empresas que atuam exclusivamente com esse segmento como atividade-fim. Da mesma forma, a solução relativa ao alarme de instrução também é realizada por empresa com know-how específico e exclusivo. Ocorre que a unificação desses serviços em um único objeto excluirá indevidamente do certame as empresas prestadoras exclusivamente de um dos serviços, razão pela qual impera que seja determinado o fracionamento do objeto.

A Lei nº. 8.666/93, ao regulamentar o art. 37, XXI, da CF/88, institui, nos §§ 1º e 2º do art. 23, a obrigatoriedade de parcelamento do objeto licitado com finalidade de garantir a ampliação da competitividade, devendo ocorrer a divisão dos serviços em tantas parcelas quantas se comprovarem técnica e economicamente viáveis, procedendo-se à licitação com vistas ao melhor aproveitamento dos recursos disponíveis no mercado e à ampliação da competitividade sem perda da economia

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de escala, sendo que cada etapa do serviço há de corresponder a uma licitação distinta, preservada a modalidade pertinente para a execução do objeto em licitação.

Com base no art. 23, §1º, do Tribunal de Contas da União - TCU sumulou o entendimento abaixo:

SÚMULA Nº 247É obrigatória a admissão da adjudicação por item e não por preço global, nos editais das licitações para a contratação de obras, serviços, compras e alienações, cujo objeto seja divisível, desde que não haja prejuízo para o conjunto ou complexo ou perda de economia de escala, tendo em vista o objetivo de propiciar a ampla participação de licitantes que, embora não dispondo de capacidade para a execução, fornecimento ou aquisição da totalidade do objeto, possam fazê-lo com relação a itens ou unidades autônomas, devendo as exigências de habilitação adequar-se a essa divisibilidade.

Em decisões recentes1, o TCU julgou irregulares licitações cujo objeto foi elaborado sem o devido parcelamento, de natureza obrigatória, ou seja, que apresentavam escopo de serviços bastante amplo, como no caso do Acórdão 1.895/2010 – Plenário, pelo qual determinou à Fundação Universidade do Amazonas que, doravante, em futuros procedimentos licitatórios, efetue o parcelamento do certame quando os serviços forem distintos, a exemplo de “serviços de conservação e limpeza” e “serviços de transporte de resíduos sólidos inertes”, o que se assemelha ao caso em apreço.

A decisão mais atual dessa Corte de Contas aduz:

“há que se lembrar, que os serviços técnicos, a exemplo de manutenção predial, ar condicionado, telefonia, serviços de engenharia em geral, áudio e vídeo, informática, devem ser divididos por área, visto que o mercado atua de forma segmentada por especialização e, desse modo, é esperada competitividade mais acirrada, com reflexos diretos nos preços ofertados e na qualidade dos serviços prestados.[...]9.1.16 deve ser evitado o parcelamento de serviços não especializados, a exemplo de limpeza, copeiragem, garçom, sendo objeto de parcelamento os serviços em que reste comprovado que as empresas atuam no mercado de forma segmentada por especialização, a exemplo de manutenção predial, ar condicionado, telefonia, serviços de engenharia em geral, áudio e vídeo, informática;” (Acórdão nº. 1214/2013 – Plenário)2

1 Acórdão nº. 1.830/2010 - TCU – Plenário. Data do Julgamento: 28/07/2010. Relator: Augusto Sherman Cavalcanti; TCU. Acórdão n.º 1644/2010-Plenário, TC-009.804/2009-8, rel. Min-Subst. Augusto Sherman Cavalcanti, 14.07.2010; TCU. Acórdão 1.895/2010-Plenário. DJ: 04/08/20102 https://contas.tcu.gov.br/juris/SvlHighLight?key=ACORDAO-LEGADO- 114467&texto=2b434f4c45474941444f253341253232504c454e4152494f2532322b414e442b2b2532384

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Ora, quanto maior a especialização do objeto maior a necessidade de parcelamento, tendo em vista a necessidade de ampliação da competitividade e contratação da proposta mais vantajosa. Assim decidiu o TCU no Acórdão nº. 1.403/2016 – Plenário, ao definir que “o parcelamento do objeto deve ser adotado na contratação de serviços de maior especialização técnica, sendo desnecessário nos serviços de menor especialização”.

Em outra oportunidade, o TCU julgou procedente denúncia que impugnava a ausência de parcelamento do objeto em pregão realizado com recursos federais:

Ausência de parcelamento do objeto: fornecimento de sistema informatizado com código aberto, transferência de tecnologia, implantação do produto e sustentação do sistema.Denúncia formulada ao TCU apontou supostas irregularidades no Pregão Presencial n.º 118/2009, deflagrado no âmbito da Secretaria Executiva do Ministério da Saúde, cujo objeto era a aquisição de “Solução de Informação Hospitalar Integrada ao Sistema de Registro Eletrônico de Saúde para Atenção Integral”, a ser implantada em seis hospitais federais no Rio de Janeiro. Entre as questões levantadas na denúncia, destacava-se o cerceamento à competição, “em virtude da ausência de divisão do objeto do certame em lotes, o que permitiria a participação de um número maior de licitantes”, isso porque a licitação abrangia dois itens bem distintos: 1) “fornecimento de um sistema que atenda previamente aos requisitos técnicos funcionais”, com transferência de propriedade para o Ministério da Saúde; e 2) prestação de serviços especializados, quais sejam: transferência de tecnologia, implantação do produto e sustentação do sistema nos hospitais. De acordo com a unidade técnica, ao se abranger na mesma adjudicação tanto o item 1 quanto o item 2, “cria-se uma situação de dependência tecnológica com a empresa que vencer a licitação”, fugindo-se “ao propósito da aquisição do sistema com código aberto e transferência de tecnologia, que permitiria que outros, que não o criador do código, pudessem construir e modificar em cima do código adquirido, conforme a necessidade do Ministério”. No entender da unidade instrutiva, a transferência de tecnologia seria o único serviço que não poderia tecnicamente ser desvinculado do fornecimento do sistema, entendimento que contou com a anuência do relator. A corroborar a afirmativa da unidade técnica de que o primeiro item, aquisição do sistema, sendo por sua natureza muito específico, atraiu poucos licitantes, estendendo-se tal restrição ao segundo item, porquanto englobado com o primeiro, o relator ressaltou que, não obstante mais de vinte empresas terem retirado o edital, somente dois consórcios apresentaram propostas. Ao final, o relator propôs e o Plenário decidiu: a) fixar prazo à Secretaria-Executiva do Ministério da Saúde para adotar as providências necessárias à anulação do

e554d41434f5244414f253341313231342b4f522b4e554d52454c4143414f25334131323134253239&sort= DTRELEVANCIA&ordem=DESC&bases=ACORDAO-LEGADO;DECISAO-LEGADO;RELACAO-LEGADO;ACORDAO-RELACAO-LEGADO;&highlight=&posicaoDocumento=0%20%20%20%20

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Pregão Presencial n.º 118/2009 e de todos os atos dele decorrentes; b) determinar a audiência do Diretor de Departamento de Informática do SUS (Datasus), responsável pela elaboração e apresentação do projeto básico (termo de referência) com irregularidades, entre elas a “ausência de divisão do objeto de modo a aproveitar os recursos disponíveis no mercado e ampliar a competitividade”. Acórdão n.º 1617/2010-Plenário, TC-027.963/2009-2, rel. Min. José Jorge, 07.07.2010.

Não se pode olvidar que a concentração desses dois serviços em um único objeto mitiga a competitividade do certame, desrespeitando o que preconiza o dispositivo do art. 3º, §1º, I, da Lei nº. 8.666/93, o qual preconiza ser inadmissível a inclusão de cláusulas que mitiguem o caráter competitivo do torneio.

E nem se alegue que o Edital autorizou a participação de consórcio (item 24.1) no caso em apreço, ampliando a competitividade do torneio. Não obstante a inexistência de impeditivo legal, o consórcio de empresas é incompatível com a modalidade pregão, pois o curto prazo concedido aos particulares para elaboração das proposta (oito dias úteis – art. 4º, V, da Lei nº. 10.520/2002) não permite que o interessado busque por parceiros em tempo hábil.

Ademais, ao preconizar a possibilidade de participação de consórcios, o Edital restou incoerente. É que no item 24.1.3 o Edital admite para efeito de qualificação técnica o somatório dos quantitativos de cada consorciado. No entanto, o Anexo 2 – Condições para habilitação, no item 5.2.1.4.3, aduz que “Não será admitido o somatório de atestados para comprovar o número mínimo de câmeras, sistemas, sensores e licenças exigidos em cada um dos itens 5.2.1.1 a 5.2.1.4, conforme o caso”. Ora, significa autorizar o somatório de atestados somente para consórcios? As empresas que participarem isoladamente do certame não poderão somar os quantitativos de atestados distintos? Não há dúvidas que o Edital está completamente incoerente, pois a permissão do item 24.1.3 e a vedação do item 5.2.1.4.3 (Anexo 2) representam tratamento contrário ao princípio da isonomia, o qual exige tratamento igualitário para todo e qualquer interessado, seja consórcio se empresas ou licitante atuando isoladamente.

Na situação em exame, as cláusulas impugnadas comprometem a competitividade do certame licitatório. Portanto, evidencia-se que no caso em apreço há flagrante afronta à Constituição Federal de 1988, à Lei nº. 8.666/93 e Acórdãos do Tribunal de Contas da União, mitigando-se a competitividade do torneio.

Com o objetivo de contratar a proposta mais vantajosa, cumpre ao Administrador incrementar a competitividade do torneio, possibilitando, assim, a participação do maior número de licitantes, pois a redução da disputa certamente afeta a economicidade da contratação, prejudicando a escolha da melhor proposta, conforme já se manifestou o Tribunal de Justiça de Santa Catarina, o qual decidiu que “o rigorismo excessivo, sem conteúdo substancial, pode restringir o número de concorrentes e prejudicar, por via de conseqüência, a escolha da melhor proposta”. (TJPR - Ac. 31525 - Ag Instr 0453879-0 - 4ª CCv - Rel. Adalberto Jorge Xisto Pereira - DJPR 7664 de 25/07/2008)

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Assim, resta evidenciado que a ausência do parcelamento do objeto do edital ocasionará prejuízos à vantajosidade do certame, porquanto será indevidamente vedado o acesso de licitantes com amplas condições de ofertar a proposta mais vantajosa para cada licitado. Nesse sentido ensina Carlos Pinto Coelho Motta:

Como é sabido e exaustivamente reiterado na legislação, o princípio constitucional da economicidade é a própria razão de ser do instituto da licitação, figurando com destaque no art. 3º da Lei nº 8.666/93 e exigindo que o procedimento represente vantagem concreta da Administração na contratação do bem ou serviço. [...] Quando, por qualquer motivo, deixa de ser vantajoso para o órgão ou entidade licitadora, perde seu núcleo instrumental e torna-se ineficaz. Cumpre, então, eliminar todo elemento que não favoreça o epílogo necessário do certame – ou seja, a contratação do objeto exato pelo melhor preço. (In. Apontamentos ao regulamento licitatório das microempresas e empresas de pequeno porte – Decreto nº. 6.204/2007. Revista Zênite de Licitações e Contratos – ILC. ed. 166. Brasília. Zênite. Dez/2007, pág 1179)

Não se afigura razoável excluir pessoas jurídicas capazes, técnica e economicamente, de ofertar a proposta mais vantajosa para o BACEN em relação a serviços isolados. Óbvio que o parcelamento do objeto, com o lançamento de duas licitações distintas ou de um certame devidamente dividido em itens, possibilitaria à participar das licitações ou lotes referentes aos serviços que reúne a aptidão necessária.

Por fim, vale ressaltar que não há no Edital e seus Anexos da licitação justificativa razoável e proporcional para indivisibilidade do objeto. O próprio edital identifica que os serviços podem ser executados por pessoas jurídicas distintas ao admitir o consórcio de empresas.

Não há motivo técnico que justifique a aglutinação do objeto. A necessidade de comunicação entre os sistema de câmeras e os alarmes de intrusão não é motivo plausível para mitigar o parcelamento o objeto, pois, mesmo com dois prestadores, essa comunicação de sistemas é possível.

Ademais, cumpre que a Administração do BACEN torne público os Estudos Preliminares que justificam a ausência de parcelamento do objeto. Houve pesquisa no mercado para saber da existência de uma pluralidade de interessados com acervo técnico para os dois objetos? Se sim, quantos intessados foram identificados? Quais empresas participaram da pesquisa de preços? Essas empresas possuem a capacidade técnica exigida no Edital?

Dessa forma, evidencia-se que instrumento convocatório é ilegal, porquanto não executou o devido parcelamento do objeto, prejudicando a participação de um maior número de empresas ao juntar serviços com especialização distintas.

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1.2. DA Q UA LI F I CA Ç ÃO TÉ CN I CA R EST R ITI VA

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Além da ilegalidade na ausência de parcelamento do objeto, o Edital traz irregularidades nas exigências de qualificação técnica.

Sobre a habilitação técnica e compatibilidade dos atestados, o Anexo 02 disciplina:

5.2. Comprovação de capacidade técnica, mediante apresentação de atestado(s) que comprovem a aptidão para desempenho de atividade pertinente e compatível em características e quantidades com o objeto da presente licitação.5.2.1. Para efeito do disposto no item 5.1, consideram-se compatíveis em características e quantidades com o objeto desta licitação os serviços de fornecimento e instalação de:5.2.1.1. Sistema de monitoramento de imagens com, no mínimo, 80 (duzentos e oitenta) câmeras digitais IP em um mesmo site; e5.2.1.2. Sistema de monitoramento de imagens em 02 ou mais sites com, no mínimo, 50 (cinquenta) câmeras digitais IP em cada site, integradas por meio do mesmo software VMS; e5.2.1.3. Sistema de alarmes de intrusão com, no mínimo 200 (duzentos) sensores de intrusão em um mesmo site; e

5.2.1.4. Software VMS com, no mínimo, 280 (duzentos e oitenta) licenças em um mesmo site.5.2.1.4.1. Entende-se site como edifício ou complexo de edifícios em um mesmo terreno.

5.2.1.4.2. Os serviços elencados nos itens 5.2.1.1 a 5.2.1.4 poderão constar de atestados distintos.

5.2.1.4.3. Não será admitido o somatório de atestados para comprovar o número mínimo de câmeras, sistemas, sensores e licenças exigidos em cada um dos itens 5.2.1.1 a 5.2.1.4, conforme o caso.

O item 5.2.1.1 determina que os licitantes demonstrem experiência na implantação de sistema de monitoramento de imagens com, no mínimo, 280 (duzentos e oitenta) câmeras digitais IP em um mesmo site ( edifício ou complexo de edifícios em um mesmo terreno). Da mesma forma, o item 5.2.1.4 preconiza a necessidade de ser comprovada a experiência no fornecimento de Software VMS com, no mínimo, 280 (duzentos e oitenta) licenças em um mesmo site.

Em complemento, o item 5.2.1.4.3 disciplina que não será admitido o somatório de atestados para comprovar o exigido nos itens 5.2.1.1 a 5.2.1.4. Ao verificar a quantidade de câmeras dos 11 sites somados, evidencia-se o valor de 2378 câmeras, que divididas pelos 11 sites, obtem-se um valor médio de 217 câmeras, abaixo dos 280 solicitados. Abaixo as quantidades de câmeras por site (cidade/sede):

Belém: 171Belo Horizonte: 257Brasília: 587Curitiba: 200Fortaleza: 198Porto Alegre: 63

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Recife: 148Rio de Janeiro ADM: 147 Rio de Janeiro MECIR: 187 Salvador: 42São Paulo: 378Total: 2378 (216,18 por site)

Ora, sequer o BACEN possui sites com o número de câmeras e softwares exigidos, demonstrando incompatibilidade entre o objeto licitado e a exigência de qualificação técnica. Nobre Pregoeiro, a exigência citada acima é completamente excessiva e inadequada, servindo tão somente para restringir a competitividade e possivelmente direcionar o resultado para determinado licitante.

O Edital em epígrafe claramente institui exigências superiores às necessárias, indispensáveis à escorreita execução das atividades do órgão licitante. Vale transcrever o comando normativo disposto no Art. 37, XXI, da Constituição Federal, o qual assevera que somente as características indispensáveis à garantia do cumprimente da obrigação devem ser exigidas no instrumento convocatório:

Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte:[...]XXI - ressalvados os casos especificados na legislação, as obras, serviços, compras e alienações serão contratados mediante processo de licitação pública que assegure igualdade de condições a todos os concorrentes, com cláusulas que estabeleçam obrigações de pagamento, mantidas as condições efetivas da proposta, nos termos da lei, o qual somente permitirá as exigências de qualificação técnica e econômica indisp e nsáv e is à ga r an t ia do c u m p r i m e n t o das ob r iga ç õ e s .

Sobre o assunto, cumpre ainda citar o teor da Súmula 263 do TCU:

SÚMULA Nº 263/2011Para a comprovação da capacidade técnico-operacional das licitantes, e desde que limitada, simultaneamente, às parcelas de maior relevância e valor significativo do objeto a ser contratado, é legal a exigência de comprovação da execução de quantitativos mínimos em obras ou serviços com características semelhantes, devendo essa exigência guardar proporção com a dimensão e a complexidade do objeto a ser executado.

Percebe-se que há de se respeitar, com o intuito de garantir eficácia ao princípio da vantajosidade e competitividade, quando da produção do Edital, apenas as exigências essenciais, indispensáveis à real demanda do órgão. Qualquer cláusula que estabeleça medida ou exigência desproporcional à prática do dia-a-dia no órgão demonstrar-se-á viciada de ilegalidade, posto que diretamente conflitante com o rol de princípios das

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licitações públicas. Cite-se, mais uma vez, o entendimento de Marçal Justen Filho3

sobre o tema:

Não se admite, porém, a discriminação arbitrária, produto de preferências pessoais e subjetivas do ocupante do cargo público.A licitação consiste em um instrumento jurídico para afastar a arbitrariedade na seleção do contratante.[...]Assim, o ato convocatório viola o princípio da isonomia quando: a) estabelece discriminação desvinculada do objeto da licitação; b) prevê exigência desnecessária e que não envolve vantagem para a Administração; c) impõe requisitos desproporcionados com necessidades de futura contratação; d) adota discriminação ofensiva de valores constitucionais ou ilegais.[...]Veda-se cláusula desnecessária ou inadequada, cuja previsão seja orientada não a selecionar a proposta mais vantajosa, mas a beneficiar particulares. [...] A incompatibilidade poderá derivar de a restrição ser excessiva ou desproporcionada às necessidades da Administração. Poderá, também, decorrer da inadequação entre a exigência e as necessidades da Administração. (grifo nosso)

O entendimento acima esposado é pacífico nos tribunais pátrios, asseverando-se a impossibilidade de a autoridade administrativa estabelecer exigências impertinentes, desproporcionais, desligadas da real necessidade do órgão, seja por subjetivismo ou gosto próprio do administrador, ou mesmo por direcionamento da licitação, mitigando os princípios da impessoalidade, competitividade, vantajosidade, moralidade e julgamento objetivo. Veja-se abaixo:

REEXAME NECESSÁRIO. LICITAÇÃO. EDITAL. EXIGÊNCIA QUE INJUSTIFICADAMENTE RESTRINGE O NÚMERO DE PARTICIPANTES. ILICITUDE. CONCESSÃO DA ORDEM. SENTENÇA MANTIDA EM SEDE DE REEXAME NECESSÁRIO1.Nos termos do art. 3º, § 1º, inc. I, da Lei de Licitações é vedado aos agentes públicos incluir no edital de licitação cláusulas ou condições que restrinjam ou frustrem o caráter competitivo da concorrência.2. Restando demonstrado que quem já realizou serviços com asfalto convencional está apto a também realizar serviços no qual se faça uso de asfalto com borracha ou com polímeros, mostra-se ilegal a exigência de que os interessados a participar da concorrência apresentem comprovante de já terem realizado serviços de asfalto com borracha ou com polímeros, bastando a apresentação de comprovante de já terem realizado serviços com asfalto convencional3º§ 1ºILei de Licitações(4646057 TJ-PR 0464605-7, Relator: Eduardo Sarrão, Data de Julgamento: 09/12/2008, 5ª Câmara Cível, Data de Publicação: DJ:

3 JUSTEN FILHO, Marçal. Comentários à Lei de Licitações e Contratos Administrativos. 8. ed. São Paulo: Dialética, 2001. ps.60, 61 e 78.

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60)

APELAÇÃO CÍVEL. DIREITO ADMINISTRATIVO. LICITAÇÃO. ARTIGO 3º, § 1º, I, DA LEI N. 8.666/93. VEDAÇÃO DE EXIGÊNCIA QUE RESTRINJA O CARÁTER COMPETITIVO.1. Não cabe exigir dos licitantes que sejam estabelecidos no Estado do Acre, eis que não se coaduna como condição indispensável ao cumprimento do objeto do contrato, não havendo justificativas que legitimem tal previsão.2. Apelação Cível desprovida e improcedente o Reexame Necessário. (20090037080 TJ-AC 2009.003708-0, Relator: Desª. Izaura Maia, Data de Julgamento: 27/07/2010, Câmara Cível)

MANDADO DE SEGURANÇA. LICITAÇÃO. EXIGÊNCIA EDITALÍCIA. INVIABILIDADE DE COMPETIÇÃO.É vedado ao administrador público inserir no ato convocatório condições que restrinjam ou frustrem a competitividade do certame, sob pena de violação ao princípio fundamental da isonomia entre os proponentes.(337995 TJ-SC 2005.033799-5, Relator: Sônia Maria Schmitz, Data de Julgamento: 28/01/2008, Terceira Câmara de Direito Público, Data de Publicação: Apelação Cível em Mandado de Segurança n. , de Palmitos)

Ora, por qual motivo o quantitativo de 280 câmeras e softwares está restrito a um mesmo site? Quer dizer, então, que empresas com experiência na implantação de solução de videomonitoramente conectando vários sites a uma central, realizando um sistema maior e mais complexo do que o exigido na qualificação, estariam excluídas o certame. Conectar uma pluralidade de sites a uma central é atividade superior ao serviço de instalar 280 câmeras e licenças de software em um mesmo site. Daí evidencia-se que a exigência descumpre o §3º, art. 30, da Lei nº. 8.666/93: “Será sempre admitida a comprovação de aptidão através de certidões ou atestados de obras ou serviços similares de complexidade tecnológica e operacional equivalente ou superior”.

Veja-se o que o TCU fala sobre o assunto:

É possível a comprovação de aptidão técnica por atestados de obras ou serviços similares, com complexidade tecnológica e operacional equivalente ou superior. Acórdão 2898/2012-Plenário | Relator: JOSÉ JORGE

A comprovação de habilitação técnica para execução de dada obra pode ser efetuada por meio da apresentação de atestados que demonstrem a execução de objeto do mesmo gênero e complexidade superior ao que se pretende contratar, consoante autoriza o comando contido no §3º do art. 30 da Lei 8.666/1993. Acórdão 1847/2012- Plenário | Relator: AROLDO CEDRAZ

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Ademais, o item 5.2.1.4.3, ao impedir o somatório de atestados, descumpre a jurisprudência do TCU (Acórdão nº. 1.095/2018 – Plenário), a qual disciplina que é vedada a imposição de limites ou de quantidade certa de atestados ou certidões para fins de comprovação da qualificação técnica. Isso somente seria possível caso a natureza e a complexidade técnica do serviço mostrem indispensáveis tais restrições, devendo a Administração demonstrar a pertinência e a necessidade de não permitir o somatório de atestados no exame da qualificação técnica do licitante, o que não ocorre no caso em apreço. Prova maior de que a vedação do item 5.2.1.4.3 é duvidosa é o fato dela se restringir apenas aos itens 5.2.1.1 a 5.2.1.4, justamente os dois com pontencial para definir o resultado do certame.

Vislumbra-se deste modo que, tal exigência não se coaduna com a doutrina pátria e está disposta de maneira exagerada, limitando inclusive a participação das empresas, numa modalidade de pregão do tipo menor preço, razão pela qual o critério de avaliação da qualificação técnica deve ser modificado.

1.3. DA D ES CR I ÇÃO DE P R O DU TO D I R E C IO NADA P A R A MARCA ES P E C Í F I C A

Nas especificações técnicas do software de monitoramento item 1 pagina 97, esse edital direciona completamente para um software importado da fabricante Milestone, onde, o conjunto de requisitos comprometem esse certame, pois somente esse fabricante poderá atende-lo em sua plenitude.

Abaixo destacamos itens que restringem a competitividade e privilegiam apenas os dois softwares referenciados no item 1.22.

Item 1.1.3. Permitir atualizações por meio de agendamento realizado no próprio software

Vejamos nesse item que o órgão solicita atualizações, mas não especifica que tipo de atualização, os componentes e os módulos, deixando muito vazio as informações. Ainda assim que sejam por meio de agendamento no próprio software, o que somente o Genetec consegue fazer, tirando o direito de todos os outros VMS de mercado participarem.

Item 1.4.5.2. Feedback automático em tempo real a todos os operadores dos clientes uma vez que um operador em outra estação reconheceu o alarme, e também dos comentários deixados para este evento;

Este item é completamente direcionado para a Genetec, visto que garantimos que essa funcionalidade não existe no Milestone e nem em outros VMS de mercado. Somente a Genetec terá a possibilidade de atendimento neste item.

1.5.2. Deve ser fornecido com o suporte a permissões de usuários com, no mínimo, as seguintes funcionalidades:

1.5.2.1. Prioridade de usuário para acesso por câmera;

Não há sentido em ter prioridade para acesso do vídeo da câmera, pois todos os

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usuários operadores do sistema devem poder acessá-la. O que tem sentido é a priorização de PTZ para movimentação de uma câmera dome PTZ, evitando-se assim que dois ou mais movimentem as imagens ao mesmo tempo, atrapalhando a operação, mais nos parece itens irrelevantes com a finalidade de evitar concorrência.

1.5.2.2. Controle de prioridades por grupos de usuários customizados;

O mesmo ocorre com este item que também não faz sentido e que não fica bem esclarecido o seu objetivo, mesmo porque desconhecemos qualquer instalação que utilize esse processo. Também este item não é atendido pelo Milestone.

1.5.2.4. Verificar os clientes que estão conectados, quais usuários estão visualizando uma câmera em particular, e quais usuários não estão conectados;

Questionamos aqui a opção de exigir a funcionalidade de usuários que não estão conectados. Se já temos o principal que são os clientes conectados e as câmeras que estão sendo visualizadas, nos parece um exagero a solicitação de ver os usuários não conectados, até porque em uma grande instalação como o Banco Central, teremos dezenas e até centenas de usuários possivelmente cadastrados, até porque nesse edital em seu item 1.3.2 é solicitado um número ilimitado de licenças clientes , e nem todos estarão conectados ao mesmo tempo, até porque existirão turnos de trabalho, acesso a pessoas autorizadas e outros, portanto não faz sentido saber quem não está conectado.

1.5.4.1. Deve ser fornecido com a possibilidade de bloqueio de exclusão destes vídeos com evidência pelo sistema e por usuários não autorizados.

Esta funcionalidade também é restritiva, pois existem outras maneiras de garantir que o vídeo que contenha alguma evidencia não seja apagado, porém, neste caso, ele pede bloqueio pelo sistema, e os sistemas de VMS são programados para após um determinado tempo apagar automaticamente os vídeos mais antigos.

1.8.4. A linha de tempo deve apresentar cores diferentes para indicar gravação contínua, por evento (alarme, detecção de movimento), gravação no dispositivo de borda (cartão de memória da câmera IP), perda de vídeo, etc.

O órgão pode até pedir a facilidade, mas não exigir como ela deva ser desenvolvida. Neste caso exigir linhas com cores diferenciadas para gravação contínua e por evento, nos parece um exagero, pois no sistema elas já vem identificadas. Outro erro que se comete é que, se há uma perda de vídeo, ou seja, se não existe o vídeo, não existe a gravação, então, como irá existir a linha do tempo para isso?

1.9.1.2. Copiar a configuração de outros dispositivos já implementados no sistema para os novos dispositivos utilizados, por meio da criação de templates de configurações de câmeras, de forma a realizar configurações rápidas e fáceis para um grupo ou todos os dispositivos. O template deve permitir agregar pelo menos as seguintes configurações: taxa de frames por segundo, resolução, compressão, tipo de gravação, local de gravação, ativar áudio, agendamento.

Existem maneiras mais eficientes e mais rápidas para o atendimento deste item, como por exemplo simplesmente clicar na configuração de um conjunto de câmeras e aplicar nos novos dispositivos, portanto entendemos aqui que o item deva ser modificado para que exista a facilidade, mas não exigir de apenas uma forma como a

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criação de templates.

1.13.1.6. Os relatórios podem ser agendados para serem gerados automaticamente e entregues a uma lista de e-mails;

Esta funcionalidade também é restritiva pois normalmente os relatórios são executados pelos operadores autorizados e não agendado para execução automática e entregue em listas de e-mails. Isso restringe a participação de outros VMS e prejudica a competitividade.

1.15.6. Deve ser fornecido com a permissão de realizar backup remoto dos vídeos e metadados de servidores e câmeras específicas de forma automática por meio de agendamento, com resolução, taxa de frames e de transmissão de dados configuráveis.

Essa facilidade existente no VMS da Genetec e da Milestone foi desenvolvida ainda quando as câmeras transmitiam em JPEG e em MPEG e MPEG-4 , que na época consumiam muito disco para armazenamento das imagens. Hoje com H.264 e H.265 essa funcionalidade perde totalmente a eficiência, pois o consumo de disco já é baixíssimo. Além do que se aplicando essa facilidade existe a grande possibilidade de perda de informações devido a eliminação de frames do sistema.

1.16.2.3. OPC

Não entendemos porquê da solicitação do protocolo OPC, uma vez que esse protocolo é para automação industrial e nada consta nesse edital que qualquer configuração ou equipamento estarão se utilizando desse protocolo.

1.17.1. Deve utilizar banco de dados relacional Microsoft SQL Server (versão 2016 ou superior) ou DB2 (versão 11 para Linux Red Hat 7.3), onde serão armazenados os cadastros de todos os dispositivos integrantes do sistema de monitoramento IP;

Porque o órgão está exigindo do fabricante de VMS que o sistema deva ser desenvolvido utilizando esses bancos para armazenamento das configurações? Entendemos que isso é prerrogativa apenas do fabricante de VMS entendendo qual a melhor maneira de armazenar configurações. Alguns VMS armazenam no Registro do Windows, que é um banco de dados hierárquico desenvolvido especialmente para esse fim, portanto, muito mais confiável que qualquer banco de dados do mercado sujeitos a corrompimentos.

1.19.1. Toda comunicação entre servidores, entre servidores e os clientes e entre os servidores e as câmeras devem ser criptografadas, utilizando padrões de mercado.

Esta funcionalidade só teria sentido se todo o processo fosse em internet e não em rede local como é o caso do Banco Central. Isso consome demasiadamente CPU, tornando o sistema mais lento e ainda exige a descriptografia para a leitura das imagens. Em caso de acesso remoto o processo é feito via VPN que já se torna muito seguro. Além disso as câmeras precisam oferecer esse recurso, e são menos de 5% do mercado que oferecem esse recurso, restringindo ainda mais o processo de competitividade. O uso dessa facilidade é totalmente desconhecido no nosso mercado, e praticamente não

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utilizada em nenhuma instalação. Mais uma facilidade, colocada para excluir concorrentes.

1.19.2. As imagens armazenadas no storage devem ser criptografadas pelo próprio software, utilizando padrões de mercado.

O projeto do Banco Central é todo local, nada de gravação por internet ou em nuvem. As gravações locais já são muito seguras pela própria rede do cliente, não fazendo sentido criptografar imagens em ambientes com essa característica. Isso só prejudicaria o processo com aumento considerável de CPU para criptografar e descriptografar, sendo necessário uma revisão completa dos servidores solicitados nesse edital. Não existem no mercado de CFTV com processos em redes locais, clientes que se utilizam dessa facilidade. As imagens gravadas em storages já são protegidas pelas regras de segurança do órgão, e se forem acessadas externamente sem autorização (invasão) configura falta de regras de segurança do Banco Central. As palavras “devem ser criptografadas “mencionadas no item sugere que o cliente não terá a opção de não criptografia, o que não é uma verdade, pois isso é uma possibilidade.

1.21.1. Deve ser fornecido com funções que limitem a largura da banda a ser utilizada, podendo-se configurar alguns parâmetros para esta limitação. Por exemplo, ao se limitar a largura de banda em alguns megabits, o software deverá alterar as configurações de resolução e quadros por segundo para que se mantenha a conexão.

Outro item que direciona para a Genetec, onde a utilização é praticamente zero, mesmo porque, como já é conhecido, limitar uma banda com diversas câmeras transmitindo imagens em alta resolução e quantidade de frames, fará com que a qualidade dessas imagens seja distorcida e transmissões lentas. Além disso, como já dissemos anteriormente, essa funcionalidade não é para rede local e sim transmissões de imagens via internet, o que não é objeto desse edital.

1.21.6. Deve ser fornecido com a permissão para arquivamento das imagens das câmeras por meio da sua cópia para outro servidor de armazenamento. Esta cópia poderá́ diminuir a taxa de compressão das imagens, bem como o número de quadros.

Como dissemos anteriormente, era uma funcionalidade utilizada quando as câmeras transmitiam apenas em JPEG ou MPEG, MPEG-4, pois consumiam muito storage. Hoje, isto já não existe mais e não é utilizado pois só trazem malefícios ao invés de benefícios, visto que as câmeras já trazem as imagens bem comprimidas em H.264, H.264+ e H.265, Zipstream, etc...

Como vimos acima, apesar de o edital indicar dois fabricantes de software e não pelo menos três, como sugere a lei 8666, apenas um poderá atender diretamente esse edital no conjunto de suas especificações, o que invalida completamente esse certame.

Além disso, devemos salientar que temos no mercado brasileiro softwares de fabricação nacional, com capacidade de atendimento do órgão, visto já estar instalado e em pleno funcionamento no Banco Central da Bahia, atendendo completamente as exigências do Banco, inclusive com relação a centrais de alarmes solicitadas e este foi totalmente excluído dessa licitação pela inclusão de cláusulas novas que são restritivas. Ora, se o software lá instalado, adquirido a menos de um ano e meio pelo Banco Central, está em pleno funcionamento com mais de 160

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câmeras e diversos alarmes e

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com grande estabilidade, atendendo completamente os requisitos, porque agora deseja- se jogar fora o dinheiro que já foi gasto e colocar um novo sistema que não fará muito a mais do que já está sendo feito? Lembrando ainda que o VMS nacional lá instalado tem seu custo de licença em torno de R$ 600,00 cada, enquanto o valor de cada licença para este novo edital com esse novo VMS é de mais de R$ 2.000,00 por licença, ou seja, quase quatro vezes mais para se fazer o que se é feito hoje, mesmo porque sabemos que muitas facilidades não serão aplicadas no dia a dia. O VMS nacional também tem outras centenas de funcionalidades que não são utilizadas no dia a dia, assim como o Genetec e o Milestone.

Por outro lado, um item nos chamou a atenção por estar mal escrito ou dúbio conforme abaixo:

1.3.2. Deve ser fornecido com a permissão de que o software de cliente seja instalado em um número ilimitado de equipamentos sem a necessidade de licença adicional.

Se o objetivo aqui é poder instalar as licenças clientes a qualquer tempo e de forma ilimitada, o Milestone atende completamente pois essas licenças são gratuitas, porém o Genetec não atenderia pois existem custos para aquisição dessas licenças.

Portanto, entendemos que deixar de fora um software nacional, líder absoluto do mercado brasileiro, exportado para mais de 130 países em 17 idiomas, com mais de 30 mil clientes ao redor do mundo, instalado em diversos órgãos públicos , inclusive em grandes agências bancárias públicas e privadas e Banco Central de alguns países é no mínimo imoral, pois se serve para o mundo todo porque não serviria para o Banco Central do Brasil.

A representante é séria e compromissada com o escopo de garantir o melhor para os seus clientes, sempre utilizando produtos com a mais alta qualidade. Ocorre que, a partir do momento em que o Edital faz exigências que apenas só um SOFTWARE pode proporcionar, o conceito de competitividade desaparece, ocasionando a impossibilidade da representante de galgar a vitória e realizar o serviço com eficiência.

Nesse sentido, é de extrema importância demonstrar as decisãos do Tribunal de Contas da União, proferidos pelos Ilustres Ministros Weder de Oliveira e José Múcio Monteiro:

“A reprodução de especificações técnicas mínimas idênticas às de equipamento de informática de determinada marca, em edital de licitação visando à aquisição desse item, restringe o caráter competitivo do certame, viola o princípio da isonomia e compromete a obtenção da proposta mais vantajosa.”(Acórdão n.º 2005/2012-Plenário, TC-036.977/2011-0, rel. Min. Weder de Oliveira, 1º.8.2012.)

“O estabelecimento de especificações técnicas idênticas às ofertadas por determinado fabricante, da que resultou a exclusão de todas as outras marcas do bem pretendido, sem justificativa consistente, configura afronta ao disposto no art. 15, § 7°, inciso I, da Lei nº 8.666/1993.”

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(Acórdão n.º 1.861/2012-Primeira Câmara, TC 029.022/2009-0, rel. Min. José Múcio Monteiro, 10.4.2012. )

Dessa forma, o certame licitatório, instrumento de direito administrativo cuja obrigatoriedade para obras, compras e serviços públicos resta consagrada no art. 37, XXI, da Constituição Federal, tem como principal intuito garantir a idoneidade da relação entre a Administração Pública e o setor privado, proporcionando proteção aos interesses públicos e recursos governamentais e eficácia aos princípios da isonomia, competitividade e impessoalidade.

Celso Antônio Bandeira de Mello nos ensina que:

“A licitação visa a alcançar duplo objetivo: proporcionar às entidades governamentais possibilidades de realizarem o negócio mais vantajoso (pois a instauração de competição entre ofertantes preordena-se a isto) e assegurar aos administrados ensejo de disputarem a participação nos negócios que as pessoas governamentais pretendam realizar com os particulares.”(MELLO, Celso Antônio Bandeira. Curso de Direito Administrativo.26. ed. São Paulo: Malheiros, 2009. p. 519.)

Com isso, a partir do momento em que o Edital traz cláusulas que restringem a competitividade dos participantes, fazendo exigências técnicas que apenas uma única empresa pode realizar a própria Administração Pública estaria sendo prejudicada, tendo em vista que a diminuição do número de participantes impossibilitaria que o valor das propostas caia e que a contratante consiga um valor mais baixo, visando o interesse público.

É imperioso demonstrar o entendimento do Tribunal de Contas da União que coaduna com a tese esposada pela representante, de acordo com o que segue abaixo:

“O estabelecimento, em edital de pregão que tem por objeto a aquisição de aparelhos de raio-x, de especificações que conduzem à aceitação de uma única marca, com a consequente exclusão de outras conceituadas, e que, provavelmente, imporão gastos evitáveis com adaptações de prédios para recebê-los faz presumir a ocorrência de ilicitude e justifica a suspensão cautelar do certame.”(Comunicação ao Plenário-TC-003.933/2012-1, rel. Min. Walton Alencar Rodrigues, 29.2.2012.)

De todo modo, não sendo caso de dispensa ou inexigibilidade de licitação, há que se estabelecer exigências mínimas compatíveis com o mercado brasileiro, de modo a permitir, na prática, a participação do maior número possível de fornecedores, rendendo eficácia aos princípios da competitividade, vantajosidade e julgamento objetivo. Vejamos o comando normativo disposto no art. 7º, §5º, da Lei nº 8.666/93:

“Art. 7º As licitações para a execução de obras e para a prestação de serviços obedecerão ao disposto neste artigo e, em particular, à seguinte sequência:(...)§5º É vedada a realização de licitação cujo objeto inclua bens

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e

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serviços sem similaridade ou de marcas, características e especificações exclusivas, salvo nos casos em que for tecnicamente justificável, ou ainda quando o fornecimento de tais materiais e serviços for feito sob o regime de administração contratada, previsto e discriminado no ato convocatório.”

O art. 7º, §5º, traz limitação ao conteúdo do instrumento convocatório. Depreende-se de tal norma que, com o intuito de manter a competitividade, a isonomia e a moralidade, não cabe, no momento de produção do Edital, estabelecer como objeto do certame a aquisição de produtos sem similaridade, ou seja, produtos que, por suas características extremamente específicas, apenas possam ser fornecidos por um único licitante, o qual, flagrantemente, restaria beneficiado.

É certo que as estipulações editalícias relativas ao produto a ser adquirido são mínimas, podendo os licitantes concorrer com produtos que ultrapassem tal rol de requisitos. É, no entanto, vedado que tais requisitos mínimos sejam excessivamente específicos, de modo que apenas uma marca ou produtor possa fornecer produto. Daí a exigência legal a qual estabelece a necessidade de similaridade entre o produto licitado e outros disponíveis no mercado. O objetivo da licitação é selecionar a proposta mais vantajosa para administração, e não a proposta mais vantajosa para os fornecedores.

Percebe-se que há de se respeitar, com o intuito de garantir eficácia ao princípio da vantajosidade e competitividade, quando da produção do Edital, apenas as exigências essenciais, indispensáveis à real demanda do órgão. Qualquer cláusula que estabeleça medida ou exigência desproporcional à prática do dia-a-dia no órgão demonstrar-se-á viciada de ilegalidade, posto que diretamente conflitante com o rol de princípios das licitações públicas. Cite-se, mais uma vez, o entendimento de Marçal Justen Filho sobre o tema:

“Não se admite, porém, a discriminação arbitrária, produto de preferências pessoais e subjetivas do ocupante do cargo público. A licitação consiste em um instrumento jurídico para afastar a arbitrariedade na seleção do contratante.(...)Assim, o ato convocatório viola o princípio da isonomia quando: a) estabelece discriminação desvinculada do objeto da licitação; b) prevê exigência desnecessária e que não envolve vantagem para a Administração; c) impõe requisitos desproporcionados com necessidades de futura contratação; d) adota discriminação ofensiva de valores constitucionais ou ilegais.(...)Veda-se cláusula desnecessária ou inadequada, cuja previsão seja orientada não a selecionar a proposta mais vantajosa, mas a beneficiar particulares. [...] A incompatibilidade poderá derivar de a restrição ser excessiva ou desproporcionada às necessidades da Administração. Poderá, também, decorrer da inadequação entre a exigência e as necessidades da Administração.”(JUSTEN FILHO, Marçal. Comentários à Lei de Licitações e Contratos Administrativos. 8. ed. São Paulo: Dialética, 2001. ps.60, 61 e 78; grifo nosso)

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Assim, deve ainda ser corrigida tal exigência do edital em apreço, vez que manifestamente ilegal e em descompasso com a doutrina e a jurisprudência pátrias.

2. P E D I DO

Diante do exposto, o requerente roga à V.Sa., que proceda com a modificação do PREGÃO ELETRÔNICO DEMAP Nº. 39/2018, em face das irregularidades e ilegalidades apontadas nesta peça, e reabra o prazo estabelecido para o início do procedimento licitatório.

Em caso de julgamento pela improcedência desta impugnação, o que se diz apenas a título de argumentação, a impugnante conduzirá a matéria ao escrutíneo o controle externo, submetendo as irregularidades ora apontadas à avaliação do Tribunal de Contas da União e do Ministério Público Federal.

Nestes termos,

Pede deferimento.