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BARBOSA, Jacqueline. P. Do professor suposto pelos PCNs ao professor real de língua portuguesa: são os PCNs praticáveis? In: ROJO, Roxane H. R. A prática de linguagem em sala de aula: praticando os PCNs. Sao Paulo: EDUC, 2001 O artigo “[...] tem a intenção de discutir algumas das opções teóricas assumidas pelos PCNs de Língua Portuguesa, sobretudo a adoção bakhtiniana de gêneros do discurso como objeto de ensino”, além de “apontar caminhos relativos a como trabalhar com os gêneros do discurso em sala de aula” (p. 150) “Nenhum dos documentos oficiais colocados como referências curriculares (PCNs e demais propostas curriculares de estados e municípior) pode ser transposto diretamente para a sala de aula, o que feriria a natureza desses próprios documentos e seria contraditório com alguns princípios orientadores da prática pedagógica nestes assumidos, por exemplo, o princípio de respeito à pluralidade de realidades culturais. Dessa forma, são necessário outros níveis de concretização, conforme apontado pelo próprio documento introdutório aos PCNs, tais como a rel-elaboração de propostas curriculares no âmbito dos municípios e estados; a elaboração do projeto educativo de cada escola e a elaboração da programação de cada professor a ser desenvolvida em sala de aula, que deve estar respaldada por e integrada com os níveis anteriores” (p. 150) “A eleição dos gêneros do discurso, tal como definido por Bakhtin – como sendo a cristalização de formas de dizer sócio-historicamente constituídas -, como objetos de ensino, pelo fato de esse conceito incluir aspectos da ordem da enunciação e do discurso, pode contemplar, de maneira mais satisfatória [em comparação com a seleção de textos por critérios estruturais formas (narração, descrição, etc.) ou funcionais (textos informativos, textos literários, etc.)], o complexo processo de produção e compreensão de textos. A noção de gênero permite incorporar

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BARBOSA, Jacqueline. P. Do professor suposto pelos PCNs ao professor real de língua portuguesa: são os PCNs praticáveis? In: ROJO, Roxane H. R. A prática de linguagem em sala de aula: praticando os PCNs. Sao Paulo: EDUC, 2001

O artigo “[...] tem a intenção de discutir algumas das opções teóricas assumidas pelos PCNs de Língua Portuguesa, sobretudo a adoção bakhtiniana de gêneros do discurso como objeto de ensino”, além de “apontar caminhos relativos a como trabalhar com os gêneros do discurso em sala de aula” (p. 150)

“Nenhum dos documentos oficiais colocados como referências curriculares (PCNs e demais propostas curriculares de estados e municípior) pode ser transposto diretamente para a sala de aula, o que feriria a natureza desses próprios documentos e seria contraditório com alguns princípios orientadores da prática pedagógica nestes assumidos, por exemplo, o princípio de respeito à pluralidade de realidades culturais. Dessa forma, são necessário outros níveis de concretização, conforme apontado pelo próprio documento introdutório aos PCNs, tais como a rel-elaboração de propostas curriculares no âmbito dos municípios e estados; a elaboração do projeto educativo de cada escola e a elaboração da programação de cada professor a ser desenvolvida em sala de aula, que deve estar respaldada por e integrada com os níveis anteriores” (p. 150)

“A eleição dos gêneros do discurso, tal como definido por Bakhtin – como sendo a cristalização de formas de dizer sócio-historicamente constituídas -, como objetos de ensino, pelo fato de esse conceito incluir aspectos da ordem da enunciação e do discurso, pode contemplar, de maneira mais satisfatória [em comparação com a seleção de textos por critérios estruturais formas (narração, descrição, etc.) ou funcionais (textos informativos, textos literários, etc.)], o complexo processo de produção e compreensão de textos. A noção de gênero permite incorporar elementos da ordem do social e do histórico (que aparecem na própria definição da noção); permite considerar a situação de produção de um dado discurso (quem fala, para quem, lugares sociais dos interlocutores, posicionamentos ideológicos, em que situação, em que momento histórico, em que veículo, com que objetivo, finalidade ou intenção, em que registro, etc.); abrange o conteúdo temático – o que pode ser dizível em um dado gênero, a construção composicional – sua forma de dizer, sua organização textual que não é inventada a cada vez que nos comunicamos, mas que está disponível em circulação social – e seu estilo verbal – seleção de recursos disponibilizados pela língua, orientada pela posição enunciativa do produtor do texto. Neste sentido, a apropriação de um determinado gênero passa, necessariamente, pela vinculação deste com seu contexto sócio-histórico-cultural de circulação.” (p. 152-153)

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