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Hermenêutica 1. O que é hermenêutica? "Hermenêutica é a área de estudo teológico que fornece as regras para a Interpretação correta dos textos bíblicos." Outra definição: "É a arte de interpretar a Bíblia". Ou ainda: "É a ciência da interpretação Bíblica". 2. Objetivos da Hermenêutica Ensinar ao aluno a interpretar textos bíblicos. Ser a base de todo sistema teológico. Analisar as diversas interpretações existentes 3. Divisões da hermenêutica Hermenêutica Geral. Hermenêutica específica. 4. A relação da hermenêutica com outros campos Estudo do Cânon(E.c) A Crítica Textual (C.T) A alta Crítica ou crítica histórica Teologia Bíblica e sistemática 5. PRESSUPOSIÇÕES GERAIS DA HERMENÊUTICA 5.1 O que é uma pressuposição? O filósofo Hilton Japiassu define o termo da seguinte forma: "Algo que se toma como previamente estabelecido, como base ou ponto de partida para um raciocínio ou argumento". Uma pressuposição não e demonstrada por meios de argumentos, é apenas aceita. Outra definição é: Pressuposição é uma afirmação ou ponto de vista que tomamos como base para um conjunto de argumentos ou teoria que nos propomos a desenvolver. 6. Toda Ciência tem pressuposições. Quais as principais pressuposições da hermenêutica? 6.1 Pressuposição I: A BÍBLIA TEM AUTORIDADE ESPIRITUAL E NORMATIVA Fontes autoridade existentes: A fonte das Instituições e Tradições. A fonte da Razão. A fonte das Experiências As fontes paralelas A fonte Bíblica Como analisar a autoridade bíblica em alguns casos:

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Hermenêutica1. O que é hermenêutica?"Hermenêutica é a área de estudo teológico que fornece as regras para aInterpretação correta dos textos bíblicos."Outra definição: "É a arte de interpretar a Bíblia". Ou ainda: "É a ciência dainterpretação Bíblica".

2. Objetivos da HermenêuticaEnsinar ao aluno a interpretar textos bíblicos.Ser a base de todo sistema teológico.Analisar as diversas interpretações existentes

3. Divisões da hermenêuticaHermenêutica Geral.Hermenêutica específica.

4. A relação da hermenêutica com outros camposEstudo do Cânon(E.c)A Crítica Textual (C.T)A alta Crítica ou crítica históricaTeologia Bíblica e sistemática

5. PRESSUPOSIÇÕES GERAIS DA HERMENÊUTICA5.1 O que é uma pressuposição?O filósofo Hilton Japiassu define o termo da seguinte forma: "Algo que se toma comopreviamente estabelecido, como base ou ponto de partida para um raciocínio ouargumento". Uma pressuposição não e demonstrada por meios de argumentos, éapenas aceita.Outra definição é: Pressuposição é uma afirmação ou ponto de vista que tomamoscomo base para um conjunto de argumentos ou teoria que nos propomos adesenvolver.

6. Toda Ciência tem pressuposições.Quais as principais pressuposições da hermenêutica?6.1 Pressuposição I: A BÍBLIA TEM AUTORIDADEESPIRITUAL E NORMATIVAFontes autoridade existentes:A fonte das Instituições e Tradições.A fonte da Razão.A fonte das ExperiênciasAs fontes paralelasA fonte BíblicaComo analisar a autoridade bíblica em alguns casos:1º Caso: Uma pessoa age como quem tem autoridade e a própria passagem explicase o ato e aprovado ou não. Ex. Gn 3:4 A serpente fala com autoridade. II Samuel 7:3.Natã manda David construir um templo para Deus. Veja o contexto (vs 4-17).2º Caso: Uma pessoa age com atitude de autoridade, e a passagem não mostraaprovação nem reprovação. Neste caso, a atitude precisa ser julgada com basenaquilo que o restante da Bíblia ensina sobre o assunto. Ex. Ló tem relação sexualcom suas filhas. Gn. 19:30-38. O voto de Jefte – Juízes 11:30. A mentira de Raabe –Josué 2:2

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6.2 Pressuposição II: A Bíblia é inspiradaQual o método da inspiração?Inspiração mecânica ou teoria do ditado verbalInspiração de conceitos6.3 Pressuposição III: Há muitas questões tratadas naBíblia, que são explicadas e provadas pela fé, e nãopor via racional.Exemplo: A existência de Deus, a dual natureza de Cristo, a Trindade, os milagres, ométodo da criação, previsões proféticas..., etc...6.4 Pressuposição IV: É necessário influência espiritualpara uma correta compreensão das escriturasCremos há uma influência do Espírito Santo no ato da interpretação dos textos bíblicosPorque precisamos da hermenêutica?Por causa do bloqueio histórico. Há um abismo histórico que nos separa dosescritores bíblicos e das culturas primitivas. Precisamos transpor este bloqueio,se quisermos compreender o significado da revelação. A antipatia de Jonaspelos ninivitas, por exemplo assume maior significado, quandocompreendermos os motivos históricos, que fizeram Jonas desprezar osninivitas. Ex. de bloqueio histórico: Daniel 9: 24-27Por causa do bloqueio cultural. O bloqueio Cultural. Cada um de nós vê arealidade, através de olhos condicionados pela cultura. O conjunto de valoresculturais, científicos e ideológicos de uma cultura é o que chamamos decosmovisão.A cosmovisão da cultura bíblica é diferente em muitos pontos da cultura atual.Para entendermos algumas passagens da Bíblia precisamos compreender, acosmovisão das culturas bíblicas. Como entender, por exemplo, I Coríntios14:34? Será que está recomendação se aplica nos mesmos termos aos dias dehoje? Como, era a visão primitiva do universo? Como eram os relacionamentossociais? A forma de se vestir? De Comercializar? De se educar?Ex. Mateus 24:17, Mateus 10:27Princípio de interpretação 4: Considere o pano-de-fundo histórico e culturalda Bíblia.O Bloqueio lingüístico. A Bíblia foi escrita em hebraico, aramaico e grego —três línguas que possuem estruturas e expressões idiomáticas muito diferentesda nossa própria língua. Estamos habituados a escrever e pensar com frases emnossa língua na seqüência sujeito, verbo, predicado. Esta forma de raciocínio eescrita não existe nas línguas primitivas. No grego, não existe a seqüênciasujeito, verbo, predicado. Existem ainda diferenças nas estruturas verbais, naforma de se organizar as frases, etc... A língua é um grande obstáculo para ainterpretação bíblica.Precisamos considerar também que, as línguas evoluem. O português de hoje,possui expressões irreconhecíveis para o português do século XV. E vice versa.A língua é dinâmica e constitue-se como um obstáculo a ser vencido nainterpretação das escrituras.O bloqueio filosófico. Cada cultura tem uma forma específica de teorizar arealidade, o sagrado, o divino, etc... É importante nós compreendermos afilosofia de cada cultura para que possamos entender parte de seuscomportamentos sociais e religiosos. A filosofia de uma cultura influencia

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profundamente seus comportamentos, sociais, políticos, econômicos ereligiosos.

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7. Teorias que influenciam o processo deinterpretação bíblica7.1 A TEORIA LIBERALOs liberais não creêm na doutrina da inspiração sobrenatural. Transformaminspiração em um processo natural retirando dela o caráter sobrenatural.Acreditam que os autores relataram idéias culturais primitivas sobre Deus.7.2 O modernismo teológicoOs teólogos modernistas acreditam que a Bíblia contêm a palavra de Deus.Algumas partes são inspiradas e outras não.É um ponto de vista perigoso, pois é arriscado julgar determinadas partes comoinspiradas e outras não.7.3 A posição neo ortodoxaOs neo ortodoxos creêm que a Bíblia torna-se palavra de Deus.A Bíblia torna-se a palavra de Deus quando os indivíduos a lêem e as palavrasadquirem para eles significado pessoal, existencial, ou quando há um encontropessoal entre Deus e o Homem.Portanto, Deus se revela na Bíblia nos encontros pessoais; não porém, demaneira preposicional, isto é, nas frases e citações bíblicas.7.4 A posição OrtodoxaA bíblia é a palavra de DeusA posição ortodoxa é que Deus operou por meio das personalidades dosescritores bíblicos de tal modo que, sem suspender seus estilos pessoais deinterpretação ou liberdade, o que eles produziram foi literalmente, "sopradopor Deus“, ou palavra de DeusII Tm. 3:16 afirma: "Toda escritura é divinamente inspirada por Deus...". Apalavra grega para o termo "inspirada" é theopneustos. Estamos falando aquide uma inspiração de caráter sobrenatural, em que Deus guia os autoresbíblicos de tal modo que seus escritos trazem o selo da inspiração divina.Outro fato a destacar é que "toda escritura é divinamente inspirada...", e nãoapenas partes, como alguns defendem. Se admitimos tal possibilidade entãoabrimos uma lacuna perigosa: Como julgar se uma determinada passagembíblica é inspirada ou não? Ou como saber se estamos diante de uma passageminspirada?Portanto, a inspiração Bíblica, segundo o ponto de vista ortodoxo, abrange todaa revelação bíblica.

8. Alguns problemas centrais da hermenêutica8.1 Problema I – A validez de uma interpretação (qualsignificado é valido?)A preocupação central é com o significado do texto (Semântica)Vejamos o exemplo abaixo:Apocalipse 20:6: Bem-aventurado e santo é aquele que tem parte na primeiraressurreição; sobre esses a segunda morte não tem autoridade; pelo contrário, serãosacerdotes de Deus e de Cristo e reinarão com ele os mil anos.Outro exemplo:

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Gn 1 – A criaçãoO que significa a expressão: “dia”?O que significa a expressão “princípio”?O que significa “...sem forma e vazia...”?

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Há um significado ou vários para um mesmo texto?Em tese, há um único significado. Nossa compreensão é que varia, gerando amultiplicidade de interpretações.Quando escrevemos uma carta, desejamos que ela seja entendida de que maneira?Regra hermenêutica:Para todo texto há uma única interpretação e sentido, porém várias aplicações.O que é aplicação?A aplicação está relacionada a necessidade do leitor. Ela produz a relação entre anecessidade e o texto que esta sendo analisado.8.2 PROBLEMA II – INTERPRETAÇÕES LITERAL,FIGURATIVA, SIMBÓLICA.Que é interpretação literal? Por meio dos exemplos abaixo entenderemos o que umainterpretação literal.As três sentenças seguintes trazem a palavra coroa, sendo usada em três dimensõesdiferentes:Literal: Foi colocada uma coroa na cabeça do Rei.Figurado: (Um Pai exaltado com o filho diz) “Na próxima vez que você mechamar de coroa, você será castigado!”.Simbólico: (Ver apocalipse 12:1)Interpretação literal é aquela em que adotamos o significado normal de uma palavraou de um texto.Exemplos desta questão:II Reis 2:23,24 – O caso dos jovens que zombavam de Elizeu.A parábola do rico e lázaro – Lucas 16O milênio – Apoc. 20: 1-3,7Lucas 15:8Em todos os textos acima, devemos adotar o sentido normal do texto. Não podemosalterar, ou modificar as afirmações do texto. Fazer isso, é desrespeitar o sentido literalque o texto requer no processo de interpretação.Nova regra hermenêuticaProcure sempre adotar o significado literal do texto. Em caso de ser impossíveladotar o significado literal, verifique se o texto comporta significado figurado. Senem o sentido literal e figurado se adequarem a interpretação adote o significadosimbólico.8.3 PROBLEMA III - A INERRÂNCIA BÍBLICATrata-se aqui, de provar que a Bíblia não tem falhas em seu conteúdo.Existem duas posições importantes com relação a questão da inerrância bíblica:Os evangélicos ortodoxos, que acreditam que a Bíblia é totalmente sem erros.Os evangélicos liberais, que crêem que a Bíblia é sem erro toda vez que ela falasobre questões de salvação e da fé cristã, mas pode possuir erros fatais nosfatos históricos e outros pormenores.Se admitirmos que a Bíblia tem erros, tal posição compromete todos osdogmas existentes.Exercício: As negações de PedroAnalise as três negações de Pedro e explique as diferenças encontradas nos

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pormenores de uma mesma história contada pelos evangelistas.Essas diferenças caracterizam erros encontrados nos detalhes ou há outra explicação?

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9. Regras da interpretação BíblicaRegras gerais. São aquelas que se aplicam a todos os textos, são de caráteruniversal.Regras específicas. São aquelas que servem apenas para um determinado tipode texto. Trataremos de regras específicas para textos narrativos, parábolas,alegorias, profecias, poesias etc...9.1 Princípio 1 -Entenda a intenção do significado do autorTodo autor escreve com uma determinada intenção.A intenção é doutrinar? Tratar de um problema? Orientar uma liderança?Exemplos:Qual a intenção das bem Aventuranças. Mateus 5Qual a intenção de Paulo em I coríntios 14: 33-34Qual a intenção do autor em I Coríntios 11: 5,69.2 Principio 2: Leia a passagem dentro de seu contextoExemplo com palavra “manga”A manga deste pé é boaA manga da camisa está amassadaEle “manga” de todas as pessoas.Exemplo bíblico: A palavra “espírito” em Jo. 4:24 aparece duas vezes.A parábola do Joio. Mateus 13:24. As palavras são determinadas pelo contexto. (Ex.homem, boa semente, campo, inimigo, joio, trigo, ceifa, ceifeiros, etc....)Explicando o que é um contextoTexto. É a parte escolhida para ser interpretada.Contexto imediato: São as partes que antecedem ou seguem ao trechoescolhido para interpretação.Contexto mais amplo. O contexto mais amplo é formado por todas aspassagens bíblicas que estão relacionadas com as idéias do trecho selecionado.Contexto histórico, teológico e filosófico. E o conjunto de dados que estãorelacionados com as idéias da passagem selecionada para a interpretação.Vamos a um exemplo, que ilustra este princípio:Texto: Rm. 9:13 “Amei a Jacó e aborreci a Esaú”.Contexto imediato : vs. 1-13 e vs. 14-33Contexto amplo: A história de Jacó e Esaú, o que a Bíblia diz sobre o amor deDeus?, o que significa “aborrecer”, na visão de Deus?,Contexto histórico, teológico e filosófico: Pesquisa sobre o amor de Deus, ira deDeus, soberania de Deus, decretos de Deus, etc...Exemplos do uso do contextoPorta. Todas as referências verbais abaixo mencionam “porta” mas o sentido difere emcada caso.Gn 22.17 “ Porta de Seus inimigos ” = Poder.Mt 7.13 “ A porta estreita ” = A salvação.Mt 16.18 “ Portas do inferno ” = Poder do mal.Jo 10.9 “ Eu sou a Porta ” = Jesus.

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At 3-10 “ Porta Formosa ” = Porta de metal.At 14.19 “ Porta da cidade ” = Cidade de Listra.1 Co 16.9 “ Uma grande porta se me abriu ” = Oportunidade.Fp 2.30 ARA “ Portas da mortes ” = Poder da morte.Ec 12.4 “ Portas da rua ” = Os lábios (ver Sl 141.3).

05ExercícioQual o significado da palavra “Salvação” nas seguintes passagens?Hebreus 2:3Romanos 13:11Filipenses 2:129.3 Princípio 3: Identifique o gênero da passagemProcure saber que tipo de texto você esta interpretandoUma narrativa?Uma profecia?Uma parábola?Uma poesia?Mais tarde você estudará princípios específicos para cada tipo de gênero literário.9.4 Princípio 4 - A Bíblia é seu melhor interprete: Aescritura explica melhor a escritura.Este é um princípio que vem da reforma. Compare escritura com escritura.A melhor forma de iluminarmos alguns textos bíblicos e comparando textosentre si.Assim, por exemplo, quando lemos, “Da graça decaístes” (Gl. 5:4), poderíamosconcluir precipitadamente que é possível perder a salvação. Mas o quepoderíamos concluir quando comparamos escritura com escritura? O queconcluímos desta passagem quando a comparamos com João 10:27-29?Há um erro muito comum: Algumas doutrinas baseadas em versículos isolados. Estecomportamento é perigoso. Uma doutrina é fruto de uma análise completa em toda arevelação, acerca do que dizem as escrituras sobre determinado assunto.Um modo de compararmos escritura com escritura é através das referências cruzadasexistentes em nossas Bíblias.Concluindo, sugerimos as seguintes regras para você utilizar:Textos difíceis de se entender devem ser interpretados à luz das passagensmais claras.Textos fáceis e claros de se entender interpretam textos que usam linguagemsimbólica e figurativa.O Novo Testamento interpreta o Antigo Testamento.As epístolas interpretam o Evangelho.Aplicação da regra HermenêuticaVamos aplicar princípio da “Escritura interpreta melhor a Escritura”.Com relação divórcio a passagem do Velho Testamento de Dt. 24:1 éesclarecida no NT, em Mt. 5:31 e Mt. 19. Aqui vemos que o NT ilumina o AT.Em Hb. 7:1-4, temos um personagem denominado Melquisedeque. Precisamoscomparar escritura com escritura para que esclareçamos a identidade deMelquisedeque.9.5 Princípio 5: Atente à gramática e à estrutura dapassagem – Este passo é o da analise gramatical.

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Algumas sugestões para iniciantes de um estudo gramatical:Tenha um dicionário. Defina todas as palavrasTenha uma boa gramática. Entenda a relação entre as palavras.Tenha um bom dicionário em grego e hebraico. Futuramente você precisarádestes recursos.Procure encontrar as conexões entre as partes do texto.Procure achar as idéias principais e secundárias do texto, e elabore umesquema da estrutura do texto.

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Vejamos os passos principais para uma correta analise gramatical:Passo 1 – Analise o significado que as palavras adquirem no contexto. Ex. RomanosCap. 5Palavras analisadas:v.1 Justificados.V.2 fé, esperança, glória de Deus.V.3 tribulações, paciência.V.4 experiência, esperança.V.5 Amor V.7 Justo, V.9 Ira V.10 ReconciliadosPasso 2 da analise – Estabeleça a relação entre as palavras.Ex. “Justificados (meio) pela f锓...Temos paz com Deus (meio) por nosso Senhor Jesus Cristo”. V.1“...nos gloriamos na esperança (tipo de esperança) da glória de Deus. V.2“...e a esperança não traz confusão(justificativa) porquanto o amor de Deus estaderramado em nosso coração.” V. 5Passo 3 – Encontre os conectivos textuaisO que são conectivos? São elementos que encontramos no texto que servem paraligar as partes do texto entre si.V.2 “...por intermédio de quem...”= Jesus stituição.Pag. 13 Curso de hermenêutica - Site: www.josiasmoura.wordpress.comV.3 “E não somente isto,...” - Conexão de acréscimo.V. 5 “...Ora, a esperança...” = Conexão de argumentação. Aqui, o apostolo desenvolveum argumento sobre a esperança.V. 8 “Mas Deus prova o seu próprio amor..” = conexão de oposição.Passo 4 da análise – Estabeleça a estrutura mecânica do texto.1 Justificados, pois, mediante a fé,temos paz com Deuspor meio de nosso Senhor Jesus Cristo;2 por intermédio de quem obtivemos igualmente acesso, pela fé, a estagraçana qual estamos firmes;e gloriamo-nos na esperança da glória de Deus.3 E não somente isto,mas também nos gloriamos nas próprias tribulações, sabendo que a tribulaçãoproduz perseverança; 4 e a perseverança, experiência; e a experiência,esperança.5 Ora, a esperança não confunde, porque o amor de Deus éderramado em nosso coração pelo Espírito Santo, que nos foioutorgado.6 Porque Cristo, quando nós ainda éramos fracos, morreua seu tempo pelos ímpios.7 Dificilmente, alguém morreria por um justo*; pois

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poderá ser que pelo bom alguém se anime a morrer. 8Mas Deus prova o seu próprio amor para conosco pelofato de ter Cristo morrido por nós, sendo nós aindapecadores.9 Logo, muito mais agora, sendo justificados pelo seu sangue, seremos por ele salvosda ira.10 Porque, se nós, quando inimigos, fomos reconciliados com Deus mediantea morte do seu Filho, muito mais, estando já reconciliados, seremos salvos pelasua vida;11 e não apenas isto, mas também nos gloriamos em Deus por nosso SenhorJesus Cristo, por intermédio de quem recebemos, agora, a reconciliação.

07Exemplo 2 - Regra 5 de hermenêuticaTexto: Efésios 2:1-10Passo 1 – Defina as palavras que aparecem no textov.1 “mortos”, “pecados”,v.2 “príncipe das potestades do ar”,v.3 “carne”,v.5 “graça”Passo 2 – Estabeleça a relação entre as palavras do textov.1 Ele vos deu vida, (Condição, estado) estando vós mortos nos vossos delitos epecados,v.2 ...nos quais andastes outrora, segundo o curso deste mundo, segundo o príncipe dapotestade do arObs. A Expressão “nos quais”= “nos vossos delitos e pecados”.V.8 “Porque pela graça sois salvos, (meio)mediante a fé...”.v. 4 “Mas Deus, sendo rico em misericórdia, (Causa, motivo) por causa do grande amor...”v.6 “....e nos fez assentar nos lugares celestiais em Cristo Jesus; v.7 (finalidade,propósito) para mostrar, nos séculos vindourosv.8 Porque pela graça sois salvos, mediante a fé; e isto não vem de vós; é dom deDeus;“isto” se refere a que? A graça? a fé? Ou as duas coisas?Passo 3 – Encontre os conectivos textuais“v.2 nos quais andastes outrora,...”v.3 entre os quais também todos nós andamos outrora...v.4 Mas Deus, sendo rico em misericórdia,...V.5 e estando nós mortos...v. 7 para mostrar, nos séculos vindouros...v. 8 Porque pela graça sois salvos...Passo 4 – Estabeleça a estrutura mecânica do texto.“ 1 Ele vos deu vida, estando vós mortos nos vossos delitos e pecados,2 nos quais andastes outrora,segundo o curso deste mundo, segundo o príncipe da potestade do ar,do espírito que agora atua nos filhos da desobediência;3 entre os quais também todos nós andamos outrora, segundo as inclinaçõesda nossa carne, fazendo a vontade da carne e dos pensamentos; e éramos, pornatureza, filhos da ira, como também os demais.4 Mas Deus, sendo rico em misericórdia,por causa do grande amor com que nos amou,5 e estando nós mortos em nossos delitos,nos deu vida juntamente com Cristo,—pela graça sois salvos, 6e, juntamente com ele, nos ressuscitou,e nos fez assentar nos lugares celestiais em Cristo Jesus;

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7 para mostrar, nos séculos vindouros, a suprema riqueza da sua graça,em bondade para conosco, em Cristo Jesus.8 Porque pela graça sois salvos, mediante a fé;e isto não vem de vós; é dom de Deus;9 não de obras, para que ninguém se glorie.10 Pois somos feitura dele, criados em Cristo Jesus para boas obras, as quaisDeus de antemão preparou para que andássemos nelas.” (Efésios 2:1-10 RA)

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9.6 Princípio 6 – Uma doutrina não pode ser consideradabíblica, a não ser que resuma e inclua tudo o que aescritura diz sobre ela.É importante aplicar um estudo indutivo para verificar tudo o que é Bíblia diz sobre umdeterminado assunto.Será que poderemos formar uma doutrina a partir de I João 5:16?

9.7 Princípio 7- Aceite as aparentes contradiçõesdoutrinárias, considerando-as escriturísticas e crendoque elas se explicarão num plano mais elevado.Não há contradição nas escrituras. Nossa mente é que não consegue absorver arevelação em sua totalidade.Alguns assuntos nas escrituras extrapolam os limites do entendimento humano.Exemplos:A trindade, a dualidade da natureza de Cristo, a origem do mal, a soberania e o livrearbítrio humano.

9.8 Princípio 8 – Atente para determinadas metáforasquando relacionam-se a pessoa de Deus.Antropopatismo: Atribuem-se a Deus emoções, paixões e desejos humanos. Ex.Gn.6:6, Efésios 4:30, Rm. 1:18.Antropomorfismo: Consiste na atribuição de membros corpóreos e atividades físicas adivindade. Ex. Is. 59:1, Is. 66:1, Sl. 34:16, IICr. 16:9Obs. Convêm aqui lembrar que Deus é espírito, e um espírito não tem forma física,portanto quando os autores atribuem a Deus forma física, estão tentando se fazerentendidos para nós.Deus usou a linguagem dos homens, valendo-se da cultura, seu vocabulário, padrõesde pensamento para se fazer entendido a nós.

9.9 Princípio 9: Atente para a presença dos tipos existentesO que é tipo? Vem da palavra grega “typto”’. Pode significar sinal, forma, figuraprefiguração, padrão, modelo e exemplo.Vejamos um exemplo em II Coríntios 10:11: “...estas coisas lhes sobrevieram comoexemplos...”.Outros textos: Rm. 5:14, Hebreus 10:1; hebreus 7 (Melquisedeque)

9.10 Princípio 10 – Atente para a maneira como ossistemas teológicos influenciam o processo dainterpretação.Precisamos entender que o sistema teológico nos influencia na forma deinterpretarmos o texto bíblico.

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Portanto, vamos ver resumidamente os principais sistemas teológicos existentes.Teoria Dispensacional• O que é uma Dispensação: Período em que o homem é provado com respeito àalguma revelação de Deus• Processo:1. Deus dá ao homem um conjunto específico de responsabilidades ou padrãode obediência;2. O homem não consegue viver à altura desse conjunto de responsabilidades;3. Deus reage com misericórdia concedendo um novo conjunto deresponsabilidades – uma novadispensação.

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As principais dispensações identificadas pelos dispensacionalistas (variam de 4 a 9):1. Da Inocência ou Liberdade: Adão e Eva antes da queda; (Gn.1:28 a Gn.3:6)2. Da Consciência: Cada homem seguia a sua consciência. Até o dilúvio; (Gn.4:1a Gn.8:14)Pag. 18 Curso de hermenêutica - Site: www.josiasmoura.wordpress.com3. Do Governo Civil: Havia governo humano com direito à pena de morte. Atétorre de Babelaproximadamente; (Gn.8:15 a Gn.11:19) – ver Gn.9:64. Da Promessa: Cobre o período dos patriarcas, até a escravidão no Egito;(Gn.11:10 a Ex.18:27)5. Da Lei Mosaica: Desde Moisés até a morte e ressurreição de Cristo. (atéAt.1:26)6. Da Graça: De At.2 (pentecostes), passando pelo tempo presente, atéAp.19:21 (Volta de Jesus e o Armagedom)7. Do Milênio: Governo pessoal de Cristo. Acabará com uma rebelião (Ap.20:7)e o juízo final.Teoria Luterana• Duas verdades presentes em toda Bíblia: a lei e o evangelho.• A Lei: Deus em seu ódio ao pecado, seu juízo e sua ira.• O Evangelho: Deus em sua graça, amor e salvação.• Segundo esse critério, passagens do V.T. como Gn.7:1 são consideradas“evangelho” enquanto Mt.22:37“Lei”.• A posição luterana acentua a “continuidade” no sentido de que a Lei e aGraça (Evangelho) continuam presentes desde o início da história humana.• Assim, Lei e Graça não são duas épocas, mas partes integrantes do seurelacionamento com o homem.O SISTEMA CALVINISTAO termo Calvinismo é dado ao sistema teológico da Reforma protestante, exposto edefendido por João Calvino (1509-1564). Seu sistema de interpretação bíblica pode serresumido em cinco pontos, conhecidos como "os 5 pontos do Calvinismo" (TULIP eminglês):1 - Total Depravity (Depravação total) - Todos os homens nascem totalmentedepravados, incapazes de se salvar ou de escolher o bem em questõesespirituais;2 - Unconditional Election (Eleição incondicional) - Deus escolheu dentre todosos seres humanos decaídos um grande número de pecadores por graça pura,sem levar em conta qualquer mérito, obra ou fé prevista neles;3 - Limited Atonement (Expiação limitada) - Jesus Cristo morreu na cruz parapagar o preço do resgate somente dos eleitos;

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4 - Irresistible Grace - (Graça Irresistível) - A Graça de Deus é irresistível para oseleitos, isto é, o Espírito Santo acaba convencendo e infundindo a fé salvadoraneles;5 - Perseverance of Saints (Perseverança dos Santos) - Todos os eleitos vãoperseverar na fé até o fim e chegar ao céu. Nenhum perderá a salvação.O SISTEMA ARMINIANISMOO Arminianismo é o sistema de Teologia formulado por Jacobus Arminius (1560-1609),teólogo da Igreja holandesa, que resolveu refutar o sistema de Calvino. Armínioapresentou seu sistema em 5 pontos:1 - Capacidade humana, Livre-arbítrio - Todos os homens embora sejampecadores, ainda são livres para aceitar ou recusar a salvação que Deusoferece;

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2 - Eleição condicional - Deus elegeu os homens que ele previu que teriam féem Cristo;3 - Expiação ilimitada - Cristo morreu por todos os homens e não somente peloseleitos;4 - Graça resistível - Os homens podem resistir à Graça de Deus para não seremsalvos;5 - Decair da Graça - Homens salvos podem perder a salvação caso nãoperseverem na fé até o fim.O sistema teológico de Armínio foi derrotado no Sínodo de Dort em 1619 naHolanda, por ser considerado anti-bíblico. Por incrível que possa parecer, hoje oArminianismo é o sistema teológico adotado pela maior parte das igrejasevangélicas. As seitas e o Catolicismo Romano também rejeitam o Calvinismo.

Tabela comparativa entre os dois sistemas:

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Modelo Epigenético• Compara a revelação divina ao crescimento de uma planta: Uma árvorepequenininha é uma árvore perfeita, mas ainda pequena, imatura e frágil.

• Assim, os conceitos de Deus, de Cristo, da salvação e da natureza do homemcrescem à medida que a revelação de Deus progride.

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HOMILÉTICA PARTE I

PRINCÍPIOS PRÁTICOS PARA A ELABORAÇÃO DESERMÕES

1. Uma recomendação"Conjuro-te, pois, diante de Deus e de Cristo Jesus, que

há de julgar os vivos e os mortos, na sua vinda e noseu reino; prega a palavra, insta a tempo e fora detempo, admoesta, repreende, exorta, com toda a

longanimidade e ensino. Porque virá tempo em quenão suportarão a sã doutrina; mas tendo coceira nos

ouvidos, cercar-se-ão de mestres, segundo as suaspróprias cobiças; e se recusarão a dar ouvidos à verdade,

voltando às fábulas. Tu, porém, sê sóbrio em tudo,sofre as aflições, faze a obra de um evangelista,cumpre bem o teu ministério" (2 Timóteo 4.1-5).

2. Definindo o que é Homilética• Homilética é o ramo do conhecimento cristão que ensina osprocessos da construção e da comunicação de sermões bíblicos.• Homilética também pode ser vista como a arte da elaboração etransmissão da mensagem de Deus para seu povo.3. A vida íntima do pregador e a eficiência da sua mensagemExistem algumas características muito importantes que devempredominar na vida íntima do pregador. Elas são indispensáveis.Vejamos:3.1 Verdadeira Aceitação de Cristo como Salvador.

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Todo pregador deve examinar-se com a ajuda de Deus, para estar segurode que realmente aceitou Cristo como seu Salvador pessoal, e nãosomente aceitou como verdade o fato de que ele é o único Salvador.3.2 ConsagraçãoA conservação da consagração se consegue à custa de vigilância, oração erelacionamento pessoal com Deus.“Um pregador sem consagração soa como uma lata vazia”3.3 HumildadeEle tem que lutar também contra a tendência de sentir-se superior aosoutros. João 3:30: “Convém que ele cresça e que eu diminua.”3.4 SabedoriaO pregador precisa buscar de Deus sabedoria para falar e agir.Lembre-se que “conhecimento informa, a sabedoria transforma”.3.5 Domínio próprioÉ necessário para vencer o temor, que é mais ou menos natural quando setem que falar em público. Também é necessário para corrigir alguma falhaespecial que se tenha, como o gaguejar. Ainda é necessário dominar a voz

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e falar de tal maneira que todos compreendam cada palavra e que aspalavras expressem seus sentimentos.

“Lembre-se que o domínio próprio é um fruto do Espírito que nos ajuda avencer nossos medos”.3.6 Vontade aprenderUm pregador precisa desenvolver o gosto pela leitura da palavra, e debons livros cristãos.Josué 1:8: Não cesses de falar deste Livro da Lei; antes, medita nele dia enoite, para que tenhas cuidado de fazer segundo tudo quanto nele estáescrito; então, farás prosperar o teu caminho e serás bem-sucedido.4. Ferramentas úteis para o pregador• Uma boa Bíblia: Com boa tradução, e recursos como chave Bíblica ereferências cruzadas. Uma sugestão é que o pregador tenha váriastraduções da Bíblia.• Um bom dicionário Bíblico e teológico.• Livros doutrinários e devocionais. É importante que você procure lerpara adquirir5. Antes de começar a preparação de um sermão• Comece orando.• Procure pedir a Deus orientação para descobrir qual a necessidadeespiritual das pessoas a quem você levará a pregação.• Ao escolher o texto, leia-o várias vezes para adquirir familiaridade

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com o texto.• Estude este texto. Procure compreender as palavras que estãoneste texto, usando dicionários.6. Tipos de SermõesHá muitos tipos de sermões e vários meios de classificá-los.Provavelmente a forma menos complicada seja a classificação emTEMÁTICOS, TEXTUAIS e EXPOSITIVOS. Estudaremos a preparação demensagens bíblicas examinando estes três tipos principais, priorizando osermão EXPOSITIVO.Assim veremos:• O Sermão Temático• O Sermão Textual• O Sermão Expositivo7. O que é sermão temático?• Sermão Temático é aquele cujas divisões principais derivam dotema, independente do texto.7.1 Um exemplo de sermão temáticoA fim de compreendermos com maior clareza a definição trabalharemosjuntos num esboço simples. Escolheremos como tema, “Razões Para A

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Oração Não Respondida”. Note que não estamos usando um texto, masum tema bíblico.Meditando em várias partes das Escrituras referentes ao nosso tema etrazendo-as à mente, encontramos textos como os seguintes, os quaisindicam por que, com frequência, a oração fica sem resposta: Tg 4:3, Sl

66:18, Tg 1:6-7, Mt 6:7, Pv 28:9 e I Pd 3:7. É neste ponto que uma boaBíblia de referência e uma concordância bíblica completa, ou uma Bíbliadividida em tópicos, são de valor inestimável.Com a ajuda destas referências bíblicas descobrimos as seguintes causaspara a oração não respondida.Titulo: Orações não respondidas.Tema: Causas para a oração não respondidaI- Pedir Mal, Tiago 4:3II- Pecado no coração, Salmo 66:18III- Duvidar da Palavra de Deus, Tiago, 1:6-7IV- Vãs repetições, Mateus 6:7V- Desobediência a Palavra, Provérbios 28:9VI- Procedimento irrefletido nas relações conjugais, I Pedro 3:77.2 Unidade De PensamentoÉ preciso observar que, segundo o exemplo acima, o sermão temáticocontém uma ideia central, a saber, “Razões Para a Oração NãoRespondida”.

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Podemos pensar muito em outros fatores importantes referentes àoração, tais como o seu significado, sua importância, seu poder, seusmétodos e os seus resultados obtidos.Contudo, a fim de nos mantermos fiéis à definição do sermão temático,devemos basear no tema as partes principais do esboço, isto é, devemoslimitá-lo à ideia contida no tema.7.3 Características do Sermão Temático• O sermão temático contém uma ideia central.• As divisões do sermão temático podem vir de várias partesdiferentes da Bíblia.• As divisões do sermão temático devem ser limitadas ao tema.Assim, se o tema é “Qualidades do autêntico cristão”, cada divisãodeve corresponder a uma qualidade do cristão.7.4 Exemplo 2 de sermão temáticoTema: “VERDADES ABSOLUTAS REFERENTES A CRISTO”Quais são estas verdades:1. Ele é Deus manifesto na carne - Mt 1:232. Ele é o Salvador dos homens - I Tm 1:153. Ele é o Rei vindouro - Ap 11:15Observe que este esboço está em ordem cronológica. Jesus Cristo, Filhode Deus, primeiramente se encarnou, depois foi à cruz e deu a vida para

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tornar-se nosso Salvador, e algum dia virá para reinar como Rei dos reis eSenhor dos senhores.8. O Sermão textual• Definição: É aquele em que as divisões principais são derivadas deum texto constituído de uma pequena porção da Bíblia.• Da definição acima, notamos que as divisões principais do sermãotextual são tiradas do próprio texto. Desta maneira, o esboço

principal mantêm-se estritamente dentro dos limites do texto.8.1 Exemplo I de sermão textualComo primeiro exemplo, tomemos Esdras 7:10, que diz: “Porque Esdrastinha disposto o coração para buscar a lei do Senhor e para a cumprir epara ensinar em Israel os seus estatutos e os seus juízos”. Muitas vezes éútil consultar uma tradução moderna a fim de se obter um significadomais claro da passagem.Examinando com cuidado o texto, observamos que o versículo todo temcomo centro “O Propósito Do Coração De Esdras”, e assim traçamos asseguintes divisões do versículo:TITULO: OS PROPÓSITOS NO CORAÇÃO DE ESDRAS

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Texto Base: Esdras 7:10I- Estava disposto a conhecer a Palavra de Deus, “Esdras tinhadisposto o coração para buscar a lei do Senhor”.II- Estava disposto a obedecer a Palavra de Deus, “...Para acumprir”.III- Estava disposto a ensinar a Palavra de Deus, “...e para ensinarem Israel os seus estatutos e os seus juízos”.8.2 Exemplo II de Sermão TextualTITULO: UMA GRANDE ATO DE AMORTexto: João 3:16Tema: O amor de Deus é marcado:I- Por um intenso sentimento, “amou o mundo de tal maneira”II- Por um ato sacrificial, “..Deu seu filho unigênito”III- Por uma dádiva eterna, “não pereça, mas tenha a vida eterna”IV- Por um desejo universal de salvação, “todo o ..”V- Por uma condição, “que crê”9. O sermão expositivoÉ aquele em que uma porção mais ou menos extensa das escrituras éinterpretada em relação a um tema ou assunto. A maior parte do materialdeste tipo de sermão provém diretamente da passagem, e o esboçoconsiste em uma série de idéias progressivas que giram em torno de umaidéia principal.9.1 Diferenças entre Textual e o Expositivo

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TEXTUAL1. É retirado de uma pequena porção das escrituras: Um versículo,no máximo dois.2. É um sermão mais simples, por não exigir do pregador grandesconhecimentos bíblicos e teológicos.EXPOSITIVO1. É retirado de uma porção mais extensa das escrituras.2. É um sermão mais difícil e exige do pregador maiorconhecimento bíblico, teológico e hermenêutico.9.2 Princípios básicos para elaboração de sermões expositivos:Escolha o texto

Leia cuidadosamente o texto (no mínimo 50 vezes)Encontre um objetivoFaça uma introdução resumidaEncontre um temaEncontre uma Palavra-chaveFaça as divisões necessárias

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__m€______Faça uma lista das ilustrações que lhe chamaram a atençãoFixe-se na maneira de aplicar os ensinamentos do sermãoObserve a natureza do desenvolvimento e faça a conclusão9.3 Exemplo de sermão ExpositivoTITULO: O BECO SEM SAÍDATexto: Êxodo 14:1-14Tema: Qual o significado do Beco sem saída?1- Beco sem saída é o lugar a que às vezes, Deus no leva, v.1-4a.2- Beco sem saída é o lugar em que Deu nos prova, v.4b-9.3- Beco sem saída é o lugar em que as vezes falhamos com o Senhor,v.10-12.4- Beco sem saída é o lugar em que Deus nos ajuda, v.13,14.

PARTE II

A ESTRUTURA OU ESBOÇO DE UM SERMÃO1. O esboço ou estrutura de um sermão• O sermão precisa ser elaborado de tal forma que os ouvintesentendam qual é a idéia principal, e a forma como as idéiasapresentadas estão sendo desenvolvidas.• Para isso, é importante que haja uma estrutura ou esboçoO que é uma estrutura ou esboço?• É a forma que organizamos as idéias que serão apresentadas paraos ouvintes, de forma que através de uma estrutura ou esboço,estas sejam comunicadas de forma clara.

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• Portanto, o esboço é uma ferramenta que ajuda o pregador a teruma comunicação clara e organizada.2. Partes da Estrutura de um Sermão– Titulo– Texto Base– Introdução– Desenvolvimento = (Proposição+Sentença de transição)• Subdivisão I• Subdivisão II• Subdivisão III– Conclusão

2.1 Exemplo de um sermão com esta estruturaTitulo: A vida TriunfanteTexto Base: Filipenses 1:12-21

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Introdução. (sugestão: Defina o que é uma vida triunfante, de umtestemunho acerca de seus triunfos obtidos em Cristo)DesenvolvimentoProposição: Os crentes podem ser gloriosamente triunfantesSentença de transição: Em que circunstancias podemos triunfar?I- Em meio a adversidade v. 12-14II- Em meio a oposição v. 15-19III- Em face a morte v. 20-21ConclusãoEm Cristo podemos superar todos os momentos de nossas vidas.3. O título de um sermãoÉ uma expressão que anuncia de forma especifica o que será pregado nosermão ao auditório.O título deve ser bem especifico, não é uma frase, não pode ser longo,precisa chamar atenção do auditório.3.1 Exemplo de títuloSuponha que você irá pregar sobre a graça. Bem, este assunto é muitoamplo. Você poderia falar muitas coisas acerca da graça, como porexemplo:• O que é a graça• Benefícios da graça• A fonte da graça etc...• Temos acima vários exemplos de vários de títulos que poderiam serutilizados.3.2 Exemplo II de TítuloSuponha que sua pregação seja sobre o assunto vitória. Você poderia teros seguintes títulos:

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• Segredos de uma vida vitoriosa• Pré requisitos para a vitória• A vida crista vitoriosa• Passos para ter vitória3.3 Características de um títuloO título deve ter relação com a passagem bíblica em que se baseia• Ele deve ser interessante• Deve ser breve• Pode vir em forma de interrogação, exclamação, ou ainda,afirmação.• Pode conter uma citação de um texto bíblico3.4 Exercícios relacionados a Títulos• Prepare um título para as seguintes passagens:• Romanos 15:1 Hebreus 11:1

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• I Reis 22:43 Provérbios 18:21

• Salmo 84:11 Gênesis 6:8• Lucas 6:10 Gênesis 18:24• Jeremias 15:16a• João 4:14• João 3:16

4. A introdução de um sermãoA introdução do sermão é o processo pelo qual o pregador procurapreparar os ouvintes e prender-lhes o interesse para a pregação que serárealizada.4.1 Objetivos de uma introdução• Conquistar a boa vontade dos ouvintes.• Despertar interesse pela pregação.• Romper com toda resistência do auditório.• Características de uma boa introdução• Sempre comece a introdução fazendo um vocativo. Ex. Senhoras esenhores, Amados irmãos Graça e paz....• Deve ser breve, interessante e objetiva.• Deve durar, no máximo 10% de uma apresentação. Portanto, se osermão dura 20 minutos, a introdução deve ser feita em 2 minutos.• O que é dito na introdução precisa ter relação com o assunto dapregação.5. Vamos relembrar as partes de um sermão– Titulo– Texto base– Introdução– Desenvolvimento = (Proposição+Sentença de transição)• Subdivisão I

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• Subdivisão II• Subdivisão III– Conclusão6. A Proposição de um sermãoÉ uma declaração simples do assunto que o pregador se propõe aapresentar, desenvolver, provar ou explicar.Em outras palavras, é uma afirmativa da principal lição espiritual ou daverdade eterna do sermão, reduzida a uma sentença declarativa.6.1 Exemplos de proposição“A meditação diária das escrituras é vital para o crente”.“Quem tem Deus tem tudo o que vale a pena ter”.“Os que dão a Deus o primeiro lugar jamais terão falta de nada”.

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“O Senhor deseja a adoração que procede do íntimo”.Veja a proposição no esboço do sermão abaixo:• Titulo: Aproveitando as oportunidades• Texto: Romanos 8:28• Introdução

• Proposição: O cristão alerta descobre que todas as circunstanciascooperam para o seu bem.• Sentença de transição: Quais são estas situações?1-Quando a dor atinge seu lar2-Em épocas de crise3-Em tempos de enfermidade.

7. O que é uma sentença de transição?• É um elemento que serve para ligar a proposição as subdivisões dosermão. A sentença de transição une a proposição às subdivisõesatravés de uma palavra chave.7.1 Exemplo de sermão com proposição e sentença de transição• Titulo: Um ministério exemplar• Texto: 1 Tessalonissences 2:1-12• Introdução (Sugestão: Fale sobre exemplo de Cristo)• Proposição: O servo de Deus tem um padrão exemplar para o seuministério.• Sentença de transição: Quais as características de um ministérioexemplar?• Audácia Santa v. 1-2• Fidelidade a Deus v.3-6• Consideração graciosa v.7-9• Integridade de conduta v10-12A PALAVRA CHAVE.Um dos recursos homiléticos mais úteis é a “palavra-chave”. Ela é o

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coração da sentença de transição.Se houver unidade num sermão, haverá uma “palavra-chave”, nãonecessariamente expressa ou reconhecida, que caracteriza um dosprincipais pontos, e mantém unida a estrutura.Uma “palavra-chave” é sempre um substantivo, um substantivo verbal ouum adjetivo.Exemplos:Substantivo: Atributos, obstáculos, causas, meios.Substantivo Verbal: Princípios, inferências, compromissos,expectativas, descobrimentos.

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Adjetivo Substantivo: Atualidades, fraquezas.Obs.: Uma “palavra-chave” é sempre no plural.Acontecimentos Evidências RegrasAbordagens Exemplos ReivindicaçõesAções Exigências RespostasAdvertências Fardos RotasAfirmações Fatos SegredosAlegrias Fontes SugestõesAlvos Funções TendênciasAplicações Grupos TiposArgumentos Garantias NomesArtigos Ilustrações DiferençasAspectos Itens ElementosAtitudes Leis EnsinosAtributos Lições ErrosBenções Listas EsperançasBenefícios Usos EmpecilhosCausas Valores ObjetivosChaves Verdades ObjeçõesCrenças Virtudes OcasiõesCritérios Meios ProvasDesejos Reações PontosExpressões Razões8. Vamos relembrar as partes de um sermão– Titulo– Texto Base– Introdução– Desenvolvimento = (Proposição+Sentença de transição)• Subdivisão I• Subdivisão II• Subdivisão III– Conclusão9. Vejamos agora as divisões de um sermão• As divisões são as seções principais de um sermão ordenado. Umsermão corretamente planejado contribui para a unidade do

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pensamento que está sendo anunciado ao auditório.Divisões• Um sermão sem divisões torna-se uma mensagem confusa, semorganização, e dificilmente as pessoas se lembrarão do seuconteúdo.9.1 Características das divisões• As divisões não devem ser iguais.• O número de divisões deve ser o menor possível.

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• As divisões ampliam a idéia da proposição.9.2 Exemplo de sermão com divisões• Titulo: Quando Deus justifica o pecador• Texto: Romanos 5:1-11• Introdução• Proposição: A justificação produz resultados benditos nos quecrêem.• Sentença de transição: Quais resultados?– Paz com Deus v. 1– Acesso a Deus v.2– Alegria em Deus v.2– Triunfo em Cristo v.3-4– O testemunho do Espírito Santo v.5– Segurança perfeita v.6-119.3 Exercício• Elabore um esboço com divisões nos seguintes textos:– Mateus 5:3-10– Mateus 4– Romanos 5:3-5– Como desenvolver as divisões?9.4 Como desenvolver o conteúdo das divisões?• Feito as divisões, precisamos pensar em seus conteúdos. Afinal, oesboço de um sermão é como se fosse um esqueleto sem a carne.• O conteúdo do sermão corresponde a carne, que preenche aestrutura do sermão.• Mas, como desenvolver estes as divisões. Onde encontrar oconteúdo das divisões? Onde encontrar o material para as paradesenvolver as divisões?– A Bíblia– Comentários bíblicos, devocionais, letras de hinos.– Experiência.– Observação do mundo que nos cerca.– Imaginação– Referencias cruzadas na Bíblia– Citações– Ilustrações

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10. Revendo a estrutura do sermão– Titulo– Texto Base– Introdução– Desenvolvimento = (Proposição+Sentença de transição)• Subdivisão I

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• Subdivisão II• Subdivisão III– Conclusão11. Vamos agora estudar a conclusão de um sermão.• É o clímax do sermão, no qual o pregador atinge o seu objetivo final,deixando uma impressão vigorosa.• Se a conclusão não for bem executada, ela pode enfraquecer oefeito do sermão, comprometendo a sua eficácia.11.1Formas de realizar uma conclusão• Recapitulação, onde reve-se os pontos da pregação.• Ilustração, que esteja vinculada a idéia central do sermão.• Um apelo.• Uma oração final por pessoas do auditório.• Mensagem de incentivo

12. Palavra finalEsta apostila é resultado de várias obras pesquisadas que foramsintetizadas com clareza no intuito de auxiliar e preparar aqueles que umdia entenderam que podem contribuir mais com a obra do Senhor atravésdo conhecimento bíblico e o ensino da Palavra.Aos que querem percorrer o caminho da pregação sugiro que orem ebusquem diariamente a Deus, pois a mensagem que toca o coração não éapenas aquela que é preparada de forma técnica, mas sim aquela que vemde uma incessante comunhão com Deus. Portanto, busquem de Deus,mensagens que sejam capazes de tocar o coração do homem.13. Bibliografia consultada e sugeridaW. KOLLER, CHARLES. “Pregação Expositiva Sem Anotações”, SãoPaulo, Ed. Mundo Cristão, 2a Edição, abril de 1987.BRAGA, JAMES. “Como Preparar Mensagens Bíblicas”, Deerfield,Flórida, Ed. Vida, 6a impressão, 1991.ROBINSON, HADDON. “A Arte e o ofício da pregação Bíblica”.Shedd Publicações.HAWKINS, THOMAS. “Homilética Prática”, Rio de Janeiro, Ed.Juerp, 5a Edição, 1988.DR. RICK WARREN- Uma Igreja com Propósitos .

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