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Bauman & a Educação ALMEIDA, FELIPE QUINTÃO DE, BAUMAN & A EDUCAÇÃO, FELIPE QUINTÃO DE ALMEIDA, IVAN MARCELO GOMES, VALTER BRACHT – BELO HORIZONTE, MG. AUTENTICA – 2009.

Bauman & a educação

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Bauman & a EducaçãoALMEIDA, FELIPE QUINTÃO DE, BAUMAN & A EDUCAÇÃO, FELIPE QUINTÃO DE ALMEIDA, IVAN MARCELO GOMES, VALTER BRACHT – BELO HORIZONTE, MG. AUTENTICA – 2009.

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INTRODUÇÃO

Sociólogo polonês – 1925;

Judeu, sai da Polônia aos 14 anos;

Aos 18 anos se alista no exército;

Inicia os seus estudos na Faculdade de Filosofia e Ciências Sociais de Varsóvia - 1946;

Aos 28 anos é expulso do exercito – Judeu;

Inicia a carreira universitária em 1950;

Exilado em 1968 – luta contra o uni-partidarismo polonês;

Ensina, no exilio, nas universidades de Tel Aviv, Cánada, Praga, Viena, Austrália e Inglaterra. Hoje é professor emérito das universidades de Leeds e Varsóvia.

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PRODUÇÃO

Grande produção intelectual desde 1950;

Ganha notoriedade mundial nos anos 1980;

No Brasil um pouco mais tarde – anos 1990;

Característico pelo ecletismo;

Combinando filósofos, sociólogos, antropólogos de várias perspectivas teóricas;

Fase marxista – 1960 a 1970;

Fase mosaica – 1980 a atualidade;

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PRINCIPAIS OBRAS Citadas no livro base

Legisladores e intérpretes: sobre la modernidad, la posmodernidad y los intelectuais – 1987; sem versão em português.

Modernidade e ambivalência – 1991; versão brasileira 1999;

Liquid modernity, traduzido em 2001 como Modernidade líquida;

Por uma sociologia crítica: um ensaio sobre senso comum e emancipação – 1977; único livro da fase marxista disponível em versão brasileira.

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Dialética da Modernidade: entre a ordem como tarefa e ambivalência como refugo

Retomando a obra de Bauman, afirma-se que o conceito de ordem foi eleito como chave de leitura para a compreensão da civilização moderna.

Considerando que, por um lado, ordem é o elo da trilogia responsável por conferir notoriedade a Bauman na sociologia no século XX; por outro lado, é sua presença que, fornece a direção de seus escritores posteriores.

Para entender no que consiste a ordem como conceito crucial de leitura da época moderna é necessário descrever algumas ideias centrais de Bauman nos livros:

Legisladores e intérpretes: sobre la modernidad, posmodernidade y los intelectuais (1997)

Modernidade e holocausto (1998) Modernidade e ambivalência (1999.

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CARLA

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CLEDSON

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Mito etiológico sobre sociedade moderna que diz:

“ A sociedade, aquela a qual chegamos porque guiados pela orientação exercida pelos detentores da verdade e por um estado jardineiro disposto a realizar a ordem previamente projetada garantindo a construção dos bons costumes e impedindo a propagação do caos e da violência desmedida.”.

Civilização Moderna: Da modernidade sólida à modernidade líquida;

A solidez é considerada por Bauman como marca característica da modernidade nas primeiras décadas do século XX;

E na transição do século XXI ele destacará um novo aspecto da condição moderna dessa vez baseado na metáfora da liquidez.

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O discurso neoliberal se legitima como uma certeza, um verdadeiro guia, na escolha das ações individuais. “Não existe essa coisa de sociedade” – Margareth Thatcher;

O Estado silencia na área social e investe na criminalização, no seu poder de excluir os indesejáveis. Ou seja, minimizar determinadas ações características, por exemplo, dos Estados sociais e maximizar a sua força na construção de uma espécie de depósito de lixo humano dentro dos próprios limites nacionais.

Na forma com que as residências são construídas como fortificações, ou como vem se alastrando na opção por condomínios fechados. A própria segurança cada vez mais é uma tarefa privada.

Assim, os novos anormais – os vagabundos, para utilizarmos uma das metáforas por Bauman referente aos refugos dos novos tempos – não são os improdutivos de uma sociedade de produtores, mas sobretudo, os não consumidores, os consumidores falhos.

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Entre a legislação e a Interpretação: implicações para o discurso escolar formativo

Modernidade sólida

“Educar o povo”, Bauman vai demonstrar como a escola foi uma instituição (ao lado da fábrica, do hospital, dos manicômios, tinham a função da modernidade como império das ordens.

A educação escolarizada representou um projeto capaz de fazer da formação dos indivíduos exclusivamente responsabilidade da sociedade, em especial dos governantes, pois é direito e dever do estado formar seus cidadãos e garantir sua conduta correta.

Modernidade Líquida

A escola poderia se constituir num tempo e espaço receptivo à pluralidade e à multiplicidade de significados das muitas culturas e dos valores plurais no seio de uma mesma sociedade.

Os diferentes, os estranhos e as minorias(sejam elas étnicas, religiosas, raciais de gênero, etc.).

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E a educação, por sua vez, uma declaração da incompetência social das massas e uma aposta na ditadura do “professorado” (déspotas ilustradores), guardiões da ração, das maneiras de do bom gosto.

Bauman conceba a educação escolarizada como o conceito e a prática de uma sociedade amplamente administrada.

Formação de sujeitos (racionais, centrados, uniformes).

Um pavor de tudo aquilo que era diferente.

A educação escolarizada como fábrica da ordem, destinada à produção de corpos dóceis, disciplinados e eficientes.

Outrora presenças indesejáveis, têm uma nova chance nesse tipo de escola, não mais indiferente a indiferença.

O lema não é mais (liberdade, da igualdade e da fraternidade).Mais sim( liberdade, da diferença e da solidariedade, com os estranhos).

Nessas condições, somente uma escola plural tem algo de valor a oferecer a um mundo de significados múltiplos, repletos de necessidades descoordenadas.

Hoje, estão conciliados com a incurável desordem do mundo globalizado e os indivíduos parecem estar bastante ocupados perseguindo as sedutoras tentações de consumo.

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A sociologia de Bauman aposta que o diálogo é potente o suficiente para envolver os participantes e contribuir com algum grau de compreensão e colaboração entre as diversas perspectivas que representam.

“ A disposição para entrar na conversa e não torná-la um solilóquio disfarçado é a única garantia que podemos ter para lidar com o inevitável contextualismo e relativismo de todas as tradições, sendo a conversação civilizada concebida com aquele espaço/momento em que as diferenças são “postas na mesa” e discutidas.”

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Dilemas e desafios educacionais na modernidade líquida

A forma escolar moderna-sólida tinha em seu horizonte perspectivas de longa duração, baseadas em um processo educativo que, indiferente à novidade, ao acaso e à desordem.

Um mundo assim concebido e fabricado era facilmente manipulável, atendendo com perfeição às situações educativas.

Na modernidade sólida a educação que era feita sob medida, para a reinvenção de uma organização social( interessada na rotina e na ordem) que não é mais a que vivemos.

Se a modernidade sólida era obcecada pela durabilidade e pela ordem, em tempos modernos líquidos, apropriações duráveis, produtos apropriados de uma vez e jamais substituídos, perderam a passada atração.

Os indivíduos não devem se sentir apegados ao conhecimento que adquirem e, em hipótese alguma, precisam se acostumar a comportar-se conforme o sentido proposto por ele, pois todo conhecimento, transformado agora em informação, presenta-se ultrapassado muito rapidamente.

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A educação e a formação do individuo tentava sobreviver ao declínio da durabilidade, da perpetuidade e da infinitude, onde as primeiras vítimas colaterais do mercado consumidor foram à relação da educação com o trabalho.

As habilidades estavam relacionados com o mercado de trabalho.

Os hábitos adquiridos pelo o individuo eram vistos como uma experiência e uma vantagem no decorrente do sistema produtivo, sobretudo na sua formação como profissional.

Os conhecimentos eram obtidos durante a estadia na escola, esses conhecimentos se dividiam em dois tipos o de “logo prazo” e “curto prazo”.

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Para Bauman os intelectuais com o Estado Jardineiro, eram capazes de legitimar universalizar o discurso sobre a verdade, juízo e o gosto, foram substituídos pela união, dos intelectuais com o mercado e o seu mecanismo.

Os desafios que decorem o processo educacional não visar um conhecimento imutável para todo o meio e o mundo em constante modificação, considerando fundamental desenvolvimento para um tipo de aprendizado.

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BAUMAN E A TEORIA EDUCACIONAL NO BRASIL

Na elaboração de sua análise crítica das sociedades moderna e contemporânea, Bauman vale-se de um conjunto diferenciado de autores e mesmo investigações sociológicas alheias de caráter empírico.

Bauman fala que sobre as práticas culturais como fenômenos ambivalentes, não presas à lógica binária do “isto ou aquilo”, mas analisadas como a simultaneidade do “isto e também aquilo”.

Para Bauman a cultura não é uma gaiola nem a chave que a abre. Ou, antes ela é tanto a gaiola quanto a chave simultaneamente. 

O reconhecimento dessa ambigüidade é o primeiro passo, do longo caminho, na direção de aprender a lidar com as incertezas e dúvidas que hoje assolam a prática educacional.

Com Bauman, contudo, foi aprendido a levar a sério a ambigüidade das práticas culturais, porque se a ciência está por um lado, mais humilde, mais consciente de seus limites, por outro, alguns de seus segmentos estão ainda mais ambiciosos e confiantes no seu poder de ordenação da vida.

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DESVALORIZAÇÃO DO PROCESSO EDUCACIONAL FORMAL

A desvalorização da educação para toda a vida não é tanto decorrente de descoberta de seu caráter inacabado, mas muito mais da precarização e da privatização dos processos de formação em curso, de sua submissão as regras procedimentais do mercado (de trabalho), da transformação do conhecimento em informação destituída de valor, da dispersão da autoridade... Ainda é bom mencionar que os autores do referido livro nos advertem que as informações trazidas por Bauman não devem ser como lições ou receitas, são reflexões que apenas nos ajudam a pensar sobre o papel da escola de da educação na nossa contemporaneidade.

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A desvalorização da escola é conseqüência de um desencontro da sua finalidade primeira (com objetivos que atendiam as pretensões de um Estado jardineiro) com os objetivos capitalista da sociedade liquida, dentro desse contexto estudiosos como Veiga-Neto tem o “intuito de compreender essa transição e situá-la em relação a liquidez pós-moderna”.

Segundo Veiga-Neto este deslocamento estaria produzindo modificações no propósito da educação, mas a organização escolar moderno-líquida visa a formação de sujeitos (e corpos) líquidos, flexíveis, dinâmicos, fragmentados e múltiplos, mas aptos a lidar com as incertezas , a velocidade e a mobilidade da vida contemporânea. O autor ainda faz observações sobre a transformações do espaço escolar em não lugares, onde as pessoas poderiam se sentir em casa, mas não teriam nesses lugares os mesmos hábitos de casa, ainda no contexto de compreender as transformações vividas pela escola na modernidade liquida o autor (Veiga-Neto) apresenta “quanto as condições daquela forma escolar mudaram e continuam se alterando, junto com o próprio espaço-tempo que estamos inseridos”.

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“Longe de lamentar essa situação, e as conseqüências que ela instaura, ela aposta que isso exige investimentos na busca de um novo modo de ser e de se fazer a escola, no ser contemporânea (mais aberta a eles) oportunidade para experimentar inéditas novas formas de se viver e de educar seus alunos e alunas”. (Marisa Vorraber Costa)