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INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DE SÃO PAULO CAMPUS SÃO ROQUE Beatriz Lourenço Manzato Caroline Lourenço Manzato ESTUDO DO IMPACTO DA VINHAÇA NO SOLO MONITORADO POR MICRO-ORGANISMOS São Roque 2014

Beatriz Lourenço Manzato ,Caroline Lourenço Manzato

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ESTUDO DO IMPACTO DA VINHAÇA NO SOLO MONITORADO POR MICRO-ORGANISMOS

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INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E

TECNOLOGIA DE SÃO PAULO –

CAMPUS SÃO ROQUE

Beatriz Lourenço Manzato

Caroline Lourenço Manzato

ESTUDO DO IMPACTO DA VINHAÇA NO SOLO

MONITORADO POR MICRO-ORGANISMOS

São Roque

2014

Page 2: Beatriz Lourenço Manzato ,Caroline Lourenço Manzato

INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E

TECNOLOGIA DE SÃO PAULO –

CAMPUS SÃO ROQUE

Beatriz Lourenço Manzato

Caroline Lourenço Manzato

ESTUDO DO IMPACTO DA VINHAÇA NO SOLO

MONITORADO POR MICRO-ORGANISMOS

Trabalho de conclusão de curso apresentado como

requisito para obtenção do título de Tecnólogo em

Gestão Ambiental sob orientação do professor MSc.

André Kimura Okamoto.

São Roque

2014

Page 3: Beatriz Lourenço Manzato ,Caroline Lourenço Manzato

FOLHA DE APROVAÇÃO

Nome: Beatriz Lourenço Manzato

Nome: Caroline Lourenço Manzato

Título: Estudo do Impacto da Vinhaça no Solo Monitorado por Micro-organismos

Trabalho de conclusão de curso apresentado ao Instituto

Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de São Paulo –

Campus São Roque, para obtenção do título de Tecnólogo

em Gestão ambiental.

Aprovado em: ____/____/____

Banca Examinadora

Prof. Dr. ________________________________ Instituição: __________________

Julgamento: _____________________________ Assinatura: __________________

Prof. Dr. ________________________________ Instituição: __________________

Julgamento: _____________________________ Assinatura: __________________

Prof. Dr. ________________________________ Instituição: __________________

Julgamento: _____________________________ Assinatura: __________________

Prof. Dr. ________________________________ Instituição: __________________

Julgamento: _____________________________ Assinatura: __________________

Page 4: Beatriz Lourenço Manzato ,Caroline Lourenço Manzato

A Deus, que sempre esteve presente em

cada etapa deste trabalho e em toda nossa

vida nos dando forças.

Aos nossos pais pela dedicação e apoio em

todos os momentos.

Page 5: Beatriz Lourenço Manzato ,Caroline Lourenço Manzato

AGRADECIMENTOS

Agradecemos primeiramente a Deus, pois sem Ele, jamais teríamos chegado

até aqui.

Aos nossos pais que nos ajudaram em todos os momentos.

Aos nossos familiares e amigos que sempre nos apoiaram.

Ao nosso orientador André Kimura Okamoto pela paciência e atenção que

teve conosco.

A todos que colaboraram para que este trabalho pudesse ser realizado.

A todos os técnicos dos laboratórios do IFSP – São Roque.

Aos professores, que nos ajudaram nas inúmeras dúvidas que foram surgindo

ao longo do caminho.

Page 6: Beatriz Lourenço Manzato ,Caroline Lourenço Manzato

“Na natureza nada se cria, nada se perde,

tudo se transforma”.

Antoine Lavoisier

Page 7: Beatriz Lourenço Manzato ,Caroline Lourenço Manzato

RESUMO

Este trabalho tem por objetivo analisar os impactos causados pela vinhaça no solo, resíduo este proveniente de indústrias sucroalcooleiras, para que assim possa se obter uma ideal quantidade deste efluente a ser irrigado na cultura da cana-de-açúcar. Através de análises laboratoriais foi possível encontrar proporções que menos prejudicam a comunidade microbiológica do solo. A metodologia utilizada neste trabalho foi a partir de uma pesquisa experimental, cujo esta teve por enfoque encontrar quais os micro-organismos existentes no solo, com e sem adição de vinhaça, o que possibilitou em uma análise dos resultados encontrados, verificando assim qual a melhor quantidade deste para ser irrigado em indústrias produtoras de açúcar e álcool. Analisando os resultados encontrados, foi possível observar que os micro-organismos que menos foram afetados pela vinhaça nas diferentes proporções utilizadas, são os fungos. Vários fatores podem ter contribuído para o não crescimento das bactérias, mas para isso faz-se necessário um estudo posterior a este. Palavras-chave: Cana-de-açúcar; Efluente de indústrias sucroalcooleiras; Resíduo;

Organismos Microscópicos.

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ABSTRACT

This work aims to analyze the impacts caused by vinasse in the soil, this residue from sugarcane industries, so that it can obtain an optimal amount of this effluent to be irrigated in the culture of cane sugar. By laboratory tests were found proportions that do less damage microbiological community soil. The methodology used was from an experimental research, which this approach was to find which of the micro-organisms in the soil, with and without addition of vinasse, which allowed for an analysis of the results, thereby determining how best this amount to be irrigated in industries producing sugar and alcohol. Analyzing the results, it was observed that the micro-organisms that were less affected by vinasse in different proportions used are fungi. Several factors may have contributed to the growth of bacteria not, but for this it is necessary to further study this. Keywords: Sugar cane; Effluent sugarcane industries; waste; Microscopic organisms.

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1: Solos e proporções de vinhaça ........................................................................................ 20

Figura 2: Procedimento de contagem de microrganismos do solo ..................................... 22

Figura 3: Representação gráfica da escala de pH ...................................................................... 24

Figura 4: Representação da morfologia das Colônias .............................................................. 28

Figura 5: Colônias desenvolvidas no meio Martin (Fungos). ................................................. 30

Figura 6: Colônias desenvolvidas no meio de Thornton (Bactérias). ................................. 30

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 11

2 OBJETIVOS ........................................................................................................... 13

2.1 Objetivo Geral .................................................................................................... 13

2.2 Objetivos Específicos ....................................................................................... 13

3 JUSTIFICATIVA ..................................................................................................... 14

4 REFERENCIAL TEÓRICO ..................................................................................... 15

4.1 Principais Componentes Químicos da Vinhaça ............................................. 15

4.2 Características de Solos com Adição de Vinhaça .......................................... 15

4.3 Características de Solos Sem Adição de Vinhaça ......................................... 16

4.4 Impactos Positivos no Solo Provenientes da Vinhaça .................................. 17

4.5 Impactos Negativos no Solo Provenientes da Vinhaça ................................. 17

4.6 Microbiologia do Solo ....................................................................................... 18

5 METODOLOGIA .................................................................................................... 19

5.1 Materiais Utilizados ........................................................................................... 21

6 RESULTADOS E DISCUSSÕES ........................................................................... 23

7 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................... 31

REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 32

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1 INTRODUÇÃO

De acordo com a norma técnica P4 231 da CETESB (2006), a vinhaça é um

líquido derivado da destilação do vinho, que é resultante da fermentação do caldo da

cana-de- açúcar ou melaço. O presente trabalho tem como foco de estudo a vinhaça

proveniente da fermentação do caldo da cana-de-açúcar, derivada da produção de

etanol.

No interior do estado de São Paulo, há muitas usinas de açúcar e álcool

movimentando a economia da região.

De acordo com dados fornecidos pela Unidade Produtora (UP), localizada na

região de Bauru – SP, a cada 1 litro de etanol produzido, são gerados

aproximadamente 12 litros de vinhaça.

Segundo o Ministério de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA,

2014), até 2019, o Brasil produzirá 58,8 bilhões de litros de etanol, sendo este 50

bilhões de litros para consumo interno e os outros 8,8 bilhões de litros serão para

exportação.

Analisando as informações obtidas pelo MAPA e pela UP (Unidade

Produtora), pode-se estimar que até 2019, o Brasil produzirá 705,6 bilhões de litros

de vinhaça, correspondendo a uma área de 705,6 bilhões de metros cúbicos.

Como já visto, com a produção de etanol é gerada uma grande quantidade

deste resíduo, portanto há a necessidade de um estudo na área, devido ao impacto

negativo causado pelo descarte incorreto e até mesmo quando fertirrigado em

proporções inadequadas, afetando assim a economia do país, pois o Brasil é

referência mundial na produção de etanol, e por consequência grande gerador de

vinhaça.

De acordo com o Ministério de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA,

2014), o setor sucroalcooleiro nacional é referência para os demais países

produtores. A cana-de-açúcar é cultivada em quase todo o país, sendo 60% no

estado de São Paulo.

Segundo MAGALHÃES (2010), há muitas vantagens na aplicação da vinhaça

como fonte orgânica de adubação, como por exemplo: requerimento de baixo

investimento inicial, baixo custo de manutenção, rápida disposição para sua

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aplicação e não envolvimento de uso de tecnologia complexa, por isso essa prática

ganhou espaço significativo.

Segundo Martins e Campos (2011):

A qualidade do solo é avaliada pelo uso de indicadores físicos, químicos e biológicos. O critério para o uso de um parâmetro como indicador do solo é a sua capacidade de interferir nos processos ecológicos, integrar as propriedades físicas, químicas e biológicas, além de ser facilmente utilizável por especialistas, técnicos e agricultores. Neste sentido, os microrganismos se enquadram nesses critérios, podendo ser utilizados como sensíveis indicadores da qualidade do solo. Os micro-organismos, juntamente com a fauna (micro, meso e macro) e as raízes das plantas, formam a fração viva da matéria orgânica do solo e podem ser utilizados como indicadores biológicos ou bio-indicadores, uma vez que estão intimamente relacionados ao funcionamento do solo, apresentando uma estreita inter-relação com os componentes físicos e químicos. (EMBRAPA, 2009)

Na literatura não se encontram proporções de vinhaça e água adequadas

para fertirrigação de solos que não causem impactos negativos no desenvolvimento

dos micro-organismos, desse modo, estudos que determinem uma proporção ideal a

fim de obter um aproveitamento consciente do resíduo são necessárias.

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2 OBJETIVOS

2.1 Objetivo Geral

Estudar o impacto causado pela vinhaça proveniente da fermentação do caldo

da cana-de-açúcar, derivada da produção de etanol, utilizada na irrigação de solos,

por meio do monitoramento dos micro-organismos naturais do solo.

2.2 Objetivos Específicos

Identificar os microrganismos presentes no solo, para que estes indiquem os

impactos causados pela fertirrigação da vinhaça em culturas de cana-de-

açúcar.

Propor uma ideal quantidade de vinhaça a ser irrigada pelas indústrias

sucroalcooleira, para que assim se obtenha o máximo de aproveitamento

deste resíduo, sem que este cause danos no solo e afete a cultura.

Medir o pH da vinhaça e das amostras de solo, para averiguar se este exerce

influência nos micro-organismos.

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3 JUSTIFICATIVA

Segundo MAGALHÃES (2010), a utilização de resíduos na indústria

sucroalcooleira é uma necessidade não só do ponto de vista ambiental, mas

também uma forma de evitar desperdício de um material que pode vir a gerar lucros.

Quando estudados os valores da geração de vinhaça, verifica-se que a

quantidade produzida no Brasil é alarmante, por isso há a necessidade de um estudo

que vise quantificar as proporções ideais ou mais adequadas para o reaproveitamento

deste resíduo por fertirrigação nos canaviais, tornando o processo de irrigação mais

eficaz para os produtores da cultura.

Com este trabalho, será possível auxiliar o reaproveitamento deste resíduo da

melhor maneira, para que se obtenha uma melhor produtividade sem causar danos

ambientais, além de servir como um parâmetro para os produtores de cana-de-

açúcar.

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4 REFERENCIAL TEÓRICO

Para a realização deste estudo fez-se necessário a utilização de alguns temas

pertinentes ao mesmo.

4.1 Principais Componentes Químicos da Vinhaça

A vinhaça é caracterizada por ser um líquido de odor forte, coloração marrom-

escuro, baixo pH, alto teor de potássio e com alta demanda química de oxigênio

(DBO), ou seja, com alta carga de matéria orgânica contida no efluente, torna-se um

material altamente poluidor. (SILVA et al, 2013)

Segundo SILVA; GRIEBELER e BORGES (2006), em geral, a vinhaça

apresenta elevadas concentrações de nitrato, potássio e matéria orgânica; sendo

que suas características podem promover no solo modificações em suas

propriedades químicas, o que favorece um aumento da disponibilidade de alguns

elementos para as plantas.

Segundo FUESS (2013), a vinhaça apresenta significativo potencial

fertilizante devido à presença de concentrações apreciáveis de macro e

micronutrientes em sua composição.

4.2 Características de Solos com Adição de Vinhaça

Foram pesquisados na literatura existente, trabalhos relatando informações

sobre solos com adição de vinhaça.

De acordo com a pesquisa realizada por BIANCHI (2008), solos tratados com

vinhaça apresentaram elevação nos teores de potássio, cálcio e magnésio, na CTC

(Capacidade de Troca de Cátions), na saturação por bases e no pH.

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Segundo o experimento realizado por BARROS, et al (2010), a adição de

vinhaça em área agrícola proporciona elevação do conteúdo de matéria orgânica,

Ca+ Mg trocáveis, CTC (Capacidade da Troca de Cátions), V(%), Soma de bases,

macro e micronutrientes, não havendo efeito sobre o pH, quando comparada com

uma área sem fertirrigação de vinhaça.

4.3 Características de Solos Sem Adição de Vinhaça

De acordo com EMBRAPA (2002), o solo é composto de partículas sólidas de

formas e dimensões distintas. O espaço poroso pode ser preenchido por água

(soluções) e ar (gases).

Segundo JACOMINE (2009), o solo é uma coleção de corpos naturais,

tridimensionais, dinâmicos, constituídos por partes sólidas, líquidas e gasosas,

composto por partículas minerais e orgânicas que ocupam a maior parte do manto

superficial de nosso planeta.

O IBGE (2007), define o solo como sendo um material mineral e ∕ou orgânico

inconsolidado na superfície da terra que serve como meio natural para o

crescimento e desenvolvimento de plantas.

Um dos solos estudados é um composto preparado que possui as

características apresentadas na Tabela 1, sendo seu peso total 25 Kg.

Tabela 1: Características do solo composto preparado

Fonte: Composição descrita de acordo com o fabricante do solo – Genesolo.

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4.4 Impactos Positivos no Solo Provenientes da Vinhaça

Segundo BARBOSA (2012), a vinhaça favorece ao solo os nutrientes:

potássio, nitrogênio e matéria orgânica e a própria água que é adicionada para a

fertirrigação contribui para brotação da cana-de-açúcar, além de estar diretamente

relacionada com a disponibilidade de macronutrientes e grande quantidade de

matéria orgânica trazendo benefícios, dentre eles: maior retenção de água pelo solo,

aumento das atividades microbianas, melhora a agregação do solo ajudando na

prevenção contra erosões, devido à capacidade de reter água a matéria orgânica é

condutora de calor atuando no controle das temperaturas no solo durante o dia,

contribui para elevação do pH.

Segundo FUESS (2013), a aplicação da vinhaça na lavoura em doses

adequadas resulta em inúmeros benefícios para o solo, tais como o aumento da

disponibilidade de alguns nutrientes, a elevação do pH, a melhora da estrutura física,

o aumento da atividade microbiana, dentre outros fatores.

4.5 Impactos Negativos no Solo Provenientes da Vinhaça

Segundo BARBOSA (2012), se a vinhaça for utilizada em excesso prejudica a

maturação da cana-de-açúcar no sentido de concentração de açúcar além de causar

salinização do solo podendo contaminar o lençol freático.

Segundo FUESS (2013), a superdosagem de vinhaça nas lavouras tende a

comprometer a capacidade produtiva dos solos. Tais impactos negativos são

resultados das elevadas concentrações de matéria orgânica e de compostos que

conferem à vinhaça, características ácidas e corrosivas.

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4.6 Microbiologia do Solo

De acordo com FILHO e OLIVEIRA (2007), dentre as importantes funções dos

micro-organismos no solo estão: a contribuição para formação de húmus; agregação

e estruturação do solo; fixação de nitrogênio; solubilização de nutrientes;

decomposição de matéria orgânica, sendo esta a principal, dentre outras, sendo

essenciais à produtividade do solo e à sustentabilidade dos ecossistemas.

De acordo com os autores mencionados acima, a quantificação da

comunidade microbiana e de suas atividades são importantes indicadores da

fertilidade do solo e são parâmetros básicos para estudos ecológicos, como o

monitoramento do solo, efeito de pesticidas, etc.

Para CARDOSO (2004), a biomassa microbiana do solo é o principal

componente do subsistema de compositores, regulando a ciclagem de nutrientes, o

fluxo de energia, a produtividade das plantas e dos ecossistemas.

Conforme o Instituto Agronômico de Campinas (IAC, 2007), os

microrganismos do solo ou também chamados de microbiota, são representados por

cinco grandes grupos:

Bactérias, Actinomicetos, Fungos, Algas e Protozoários.

Afirma ainda que sua diversidade e quantidade é bastante elevada. As

bactérias e fungos respondem por cerca de 90% da atividade microbiana do solo.

Dentre suas funções no solo destacam-se, a decomposição e ressíntese da

matéria orgânica, ciclagem de nutrientes, transformações bioquímicas específicas

(nitrificação, desnitrificação, oxidação e redução do enxofre), fixação biológica do

nitrogênio, ação antagônica aos patógenos, produção de substâncias promotoras ou

inibidoras de crescimento.

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5 METODOLOGIA

A realização deste trabalho foi possível através de pesquisas em campo para

coleta de vinhaça e solo em uma Unidade Produtora (UP) de açúcar e álcool no

interior do estado de São Paulo, na região de Bauru; análises laboratoriais

realizadas nos laboratórios do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia

de São Paulo – Campus São Roque e levantamento de pesquisas da literatura

existentes na área.

O procedimento adotado como referência para esta pesquisa foi:

Primeiramente foi pesado um quilo de solo para cada recipiente utilizado para

a análise. Foram usados cinco recipientes, onde cada um possuia uma quantidade

de vinhaça. Para cada 1 kg de solo, se utilizou a proporção de água diluída em

vinhaça, totalizando 100 mL.

Proporções realizadas em cada recipiente:

1º Recipiente: 50 mL de vinhaça para 50 ml de água

2º Recipiente: 40 mL de vinhaça para 60 ml de água

3º Recipiente: 30 mL de vinhaça para 70 ml de água

4º Recipiente: 20 mL de vinhaça para 80 ml de água

5º Recipiente: 10 mL de vinhaça para 90 ml de água

A Figura 1 representa os solos que receberam as diluições de vinhaça

descritas acima.

Figura 1: Solos e proporções de vinhaça

Fonte: Arquivo Pessoal

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Para as análises foram utilizados dois tipos de solo, um já diluído em vinhaça

coletado na UP (Unidade Produtora) e outro com fertilizante orgânico classe B

comprado que serviram de indicadores para assim se chegar a conclusões

pertinentes aos resultados encontrados.

A coleta do solo da UP (Unidade Produtora) foi realizada com o auxílio de

uma cavadeira articulada a uma profundidade de 50 cm. Já a vinhaça, a coleta foi

feita em canais onde a mesma fica armazenada na UP (Unidade Produtora). O

resíduo foi colocado em recipientes de vidro esterilizados com capacidade total para

3 litros.

O objetivo da metodologia utilizada foi determinar qual melhor proporção de

vinhaça que cause menor impacto no crescimento dos micro-organismos em

diferentes amostras de solo por meio do método Unidade Formadora de Colônia

(UFC).

A metodologia utilizada neste trabalho foi a proposta por FILHO e OLIVEIRA

(2007), para contagem de bactérias pela técnica pour plate e fungos pela técnica em

superfície, sendo estas realizadas em triplicata, como ilustra a Figura 2.

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Figura 2: Procedimento de contagem de microrganismos do solo

Fonte: FILHO e OLIVEIRA

Foi também adotada a metodologia proposta por COSCIONE et al (2001) para

determinação do pH em Cloreto de Cálcio.

Esse procedimento visa monitorar os micro-organismos presentes no solo

através da análise do pH (Potencial de Hidrogênio), analisando o pH do solo sem e

com adição de vinhaça.

5.1 Materias Utilizados

Cabine de Fluxo Laminar Vertical

Alça de Drigalsk;

Autoclave;

Balança analítica;

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Balança Semi-Análitica

Balão volumétrico;

Bastão de vidro;

Bécker;

Chapa aquecedora;

Erlenmeyer;

Estufa;

Pêra;

Pipeta graduada;

Pipetadores de 0 à 200 чm e 0 à 1000 чm

Pipeta de Pasteur;

Pisseta;

Placas de petri;

Proveta;

Tubos de ensaio

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6 RESULTADOS E DISCUSSÕES

Na análise para determinação do pH em Cloreto de Cálcio e da Acidez total

da vinhaça e das amostras de solo com e sem adição de vinhaça, conforme

COSCIONE et al (2001), foram encontrados os seguintes resultados:

pH da Vinhaça: 4,45

pH do solo da Unidade Produtora (UP) já adicionado vinhaça: 6,43

pH do solo sem adição de vinhaça: 7,06

pH do solo com a proporção 10:90: 7,13

pH do solo com a proporção 20:80: 7,17

pH do solo com a proporção 30:70: 6,94

pH do solo com a proporção 40:60: 7,07

pH do solo com a proporção 50:50: 7,00

De acordo com COSCIONE et al (2001), soluções onde o pH encontra-se

menor que 7,00 são consideradas ácidas e pH maior ou igual a 7,00 são básicas ou

alcalinas, conforme demonstra a Figura 3.

Figura 3: Representação gráfica da escala de pH

Fonte: COSCIONE et al (2001)

Dessa forma é possível concluir que o pH da vinhaça não interferiu no pH das

amostras de solo analisadas.

Page 24: Beatriz Lourenço Manzato ,Caroline Lourenço Manzato

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As Tabelas 2 e 3 mostram os resultados obtidos através da metodologia

proposta por FILHO e OLIVEIRA (2007). Os valores foram encontrados pelo cálculo

de UFC (Unidades Formadoras de Colônias), onde:

UFC = nº de Colônias x Diluição x 10

Tabela 2: Resultado das análises de fungos do solo

Fungos

Proporção Vinhaça Água

UFC* (colônias)

10 90

3.883.333

20 80

23.056.667

30 70

8.886.667

40 60

6.233.333

50 50

6.260.000

Solo sem Vinhaça

24.060.000

Solo UP (Unidade Produtora)

44.286.667

Fonte: Autoria Própria

*UFC = Unidade Formadora de Colônias

Page 25: Beatriz Lourenço Manzato ,Caroline Lourenço Manzato

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Tabela 3: Resultado das análises de bactérias do solo

Bactérias

Proporção Vinhaça Água

UFC* (colônias)

10 90

5.633.333

20 80

15.000.000

30 70

0

40 60

0

50 50

0

Solo sem Vinhaça

0

Solo UP (Unidade Produtora)

0

Fonte: Autoria Própria

*UFC = Unidade Formadora de Colônias

Os valores encontrados nas Tabelas 2 e 3, se deram através da média das

triplicatas das amostras, os citados como zero, foram as amostras que não

desenvolveram de 30 a 300 colônias.

Dois meios de cultura foram utilizados para a obtenção dos resultados, sendo

um específico para fungos (Meio de Martin) e outro para bactérias (Meio de

Thornton).

Page 26: Beatriz Lourenço Manzato ,Caroline Lourenço Manzato

26

Segundo BARBOSA e TORRES (2010), o desenvolvimento microbiano está

condicionado à presença de água e nutrientes e a determinadas condições de pH,

temperatura, luminosidade e tensão de oxigênio.

De acordo com BARBOSA e TORRES (2010), o oxigênio exerce um papel

decisivo no crescimento bacteriano e para alguns tipos, o oxigênio é imprescindível.

A não obtenção de resultados de colônias de bactérias em algumas diluições,

pode ter sido pelo fato de que algumas espécies de bactérias dependem de

luminosidade e oxigênio, sendo estes determinantes para o crescimento das

mesmas, como já citado pelos autores acima. Portanto é necessário que sejam

realizados estudos mais específicos para determinação da causa do não

desenvolvimento de bactérias em algumas das diluições realizadas.

Como propõem os autores FILHO e OLIVEIRA (2007), foram desprezadas as

placas com amostras contaminadas ou com evidência de antagonismo.

Para identificação da morfologia das colônias, foi necessário a utilização da

representação gráfica, como está evidenciada na Figura 4.

Page 27: Beatriz Lourenço Manzato ,Caroline Lourenço Manzato

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Figura 4: Representação da morfologia das Colônias

Fonte: FILHO e OLIVEIRA (2007)

Seguindo a representação da morfologia das colônias, descrita por FILHO e

OLIVEIRA (2007), foi possível identificar que houve predominância das seguintes

características das colônias

Formas Predominantes dos Fungos:

Puntiforme

Circular

Estrelada

Fusiforme

Bordos Predominantes dos Fungos:

Page 28: Beatriz Lourenço Manzato ,Caroline Lourenço Manzato

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Liso

Ondulado

Lobado

Filamentoso

Elevação Predominante dos Fungos:

Ondulada

Formas Predominantes das Bactérias:

Puntiforme

Circular

Bordos Predominantes das Bactérias:

Liso

Elevação Predominante das Bactérias:

Plana

As figuras 5 e 6, mostram as colônias que se desenvolveram nas placas de

Petri contendo meios específicos para fungos (Thornton) e Bactérias (Martin).

Page 29: Beatriz Lourenço Manzato ,Caroline Lourenço Manzato

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Figura 5: Colônias desenvolvidas no meio Martin (Fungos).

Fonte: Autoria Própria.

Figura 6: Colônias desenvolvidas no meio de Thornton (Bactérias).

Fonte: Autoria Própria.

Os resultados encontrados, permitiram concluir que a diluição mais adequada

a ser utilizada na irrigação dos canaviais é a da fração 20:80. Pode-se chegar a esta

conclusão pelo fato de que nas amostras onde estavam essa diluição, houve

predominância do desenvolvimento de colônias de fungos e bactérias. Das diluições

realizadas, foi preciso encontrar uma que se adequasse para fungos e bactérias,

portanto chegou-se ao valor da diluição descrita 20:80.

Para que os dados fiquem mais acessíveis para a aplicação no campo, foi

necessário converter o valor da diluição, assim tem-se os valores de 80.000 L de

Page 30: Beatriz Lourenço Manzato ,Caroline Lourenço Manzato

30

vinhaça para 320.000 L de água para 1 ha. Se a propriedade for maior que 1 ha é só

calcular pelo valor da área da mesma.

Page 31: Beatriz Lourenço Manzato ,Caroline Lourenço Manzato

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7 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A vinhaça é um resíduo que sempre esteve presente no cotidiano das

indústrias sucroalcooleiras, mas só vem sendo utilizada como insumo para a

irrigação dos canaviais a partir do surgimento das legislações ambientais que

proibiram o descarte incorreto deste efluente em corpos d´água.

A aplicação exagerada de vinhaça, pode prejudicar a qualidade do solo, tendo

perdas na produtividade e consequentemente econômicas. Mas havendo uma

quantidade ideal, esses problemas podem ser minimizados.

Pode-se notar que a quantidade de água na diluição é superior, se

comparada com a da vinhaça. Uma alternativa para que haja uma diminuição de

água é utilizar a água de reuso e a água utilizada como resfriamento das caldeiras.

Já para a questão da possível sobra da vinhaça, já existem tecnologias que

mostram que este resíduo pode ser empregado de diversas maneiras, como por

exemplo, ser transformada em um asfalto alternativo, ser utilizada na geração de

energia pelo processo de digestão anaeróbia, entre várias outras.

A transformação da vinhaça em subprodutos é um ganho econômico para as

indústrias do setor, pois transformará um problema ambiental em uma solução

economicamente viável, pela geração de produtos de valor agregado.

Este trabalho pode ser considerado como um ponta pé inicial para pesquisas

com foco nos impactos causados na prática realizada diariamente nos canaviais,

pois ainda há muito a ser descoberto.

Trabalhos posteriores a este, são essenciais para o enriquecimento do

mesmo e para que o setor sucroalcooleiro torne seus processos mais eficientes nas

questões econômicas, ambientais, sanitárias e sociais.

Pode-se notar que a quantidade de água na diluição é superior, se

comparada com a da vinhaça. Uma alternativa para que haja uma diminuição de

água é utilizar a água de reuso e a água utilizada como resfriamento das caldeiras.

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REFERÊNCIAS

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