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http://www.bhauditores.com.br/ NOTÍCIAS FISCAIS Nº 2.776 BELO HORIZONTE, 27 DE FEVEREIRO DE 2014. "O povo toma pileques de ilusão com futebol e carnaval. São estas as suas duas fontes de sonho.” Carlos Drummond de Andrade STJ AFASTA INCIDÊNCIA DE CONTRIBUIÇÃO AO INSS SOBRE VERBAS TRABALHISTAS ............................................................................................................................. 2 HORAS EXTRAS E ADICIONAIS ESTÃO NA PAUTA DA CORTE ........................................ 3 JUSTIÇA LIBERA IMPORTAÇÃO DE TAXA ............................................................................. 4 RELATOR DESCARTA AMPLIAR BENEFICIÁRIOS DE MP QUE ALTERA REGRAS CONTÁBEIS...................................................................................................................................... 5 TURMA DISCUTE INCIDÊNCIA DE IRPF SOBRE LUCRO PATRIMONIAL NA VENDA DE IMÓVEIS ..................................................................................................................................... 6 DIVULGADA A DENÚNCIA DO PROTOCOLO ICMS Nº 21/2011 PELO ESTADO DE PERNAMBUCO ................................................................................................................................ 8 UNIÃO DEVE INDENIZAR EMPRESA SEM CNPJ POR DANOS MORAIS .......................... 8 SUPERMERCADO DEVE INDENIZAR POR ROUBO DE CARRO COM CÃO DE ESTIMAÇÃO ..................................................................................................................................... 8 PREFERÊNCIA DE IDOSO PARA RECEBER PRECATÓRIO NÃO SE ESTENDE A SUCESSORES ................................................................................................................................... 9 TJMG DECLARA LEGALIDADE DE ATO DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA ................... 10 É VÁLIDA FIANÇA PRESTADA DURANTE UNIÃO ESTÁVEL SEM ANUÊNCIA DO COMPANHEIRO ........................................................................................................................... 10 ADICIONAL DE INSALUBRIDADE É DEVIDO MESMO COM FORNECIMENTO DE JAPONA TÉRMICA ...................................................................................................................... 12 INICIATIVAS DA UNIÃO EM CASOS TRIBUTÁRIOS TÊM DESGASTADO STJ E STF 13 CLÁUSULA COMPROMISSÓRIA E JUNTA COMERCIAL .................................................... 14

BELO HORIZONTE, 27 DE FEVEREIRO DE 2014. 2777.pdf · BELO HORIZONTE, 27 DE FEVEREIRO DE 2014. ... por determinação do Tribunal Regional Federal da 3ª Região ... Nordeste. Procurada

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http://www.bhauditores.com.br/

NOTÍCIAS FISCAIS Nº 2.776 BELO HORIZONTE, 27 DE FEVEREIRO DE 2014.

"O povo toma pileques de ilusão com futebol e carnaval. São estas as suas duas fontes de sonho.”

Carlos Drummond de Andrade

STJ AFASTA INCIDÊNCIA DE CONTRIBUIÇÃO AO INSS SOBRE VERBAS TRABALHISTAS ............................................................................................................................. 2

HORAS EXTRAS E ADICIONAIS ESTÃO NA PAUTA DA CORTE ........................................ 3

JUSTIÇA LIBERA IMPORTAÇÃO DE TAXA ............................................................................. 4

RELATOR DESCARTA AMPLIAR BENEFICIÁRIOS DE MP QUE ALTERA REGRAS CONTÁBEIS...................................................................................................................................... 5

TURMA DISCUTE INCIDÊNCIA DE IRPF SOBRE LUCRO PATRIMONIAL NA VENDA DE IMÓVEIS ..................................................................................................................................... 6

DIVULGADA A DENÚNCIA DO PROTOCOLO ICMS Nº 21/2011 PELO ESTADO DE PERNAMBUCO ................................................................................................................................ 8

UNIÃO DEVE INDENIZAR EMPRESA SEM CNPJ POR DANOS MORAIS .......................... 8

SUPERMERCADO DEVE INDENIZAR POR ROUBO DE CARRO COM CÃO DE ESTIMAÇÃO ..................................................................................................................................... 8

PREFERÊNCIA DE IDOSO PARA RECEBER PRECATÓRIO NÃO SE ESTENDE A SUCESSORES ................................................................................................................................... 9

TJMG DECLARA LEGALIDADE DE ATO DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA ................... 10

É VÁLIDA FIANÇA PRESTADA DURANTE UNIÃO ESTÁVEL SEM ANUÊNCIA DO COMPANHEIRO ........................................................................................................................... 10

ADICIONAL DE INSALUBRIDADE É DEVIDO MESMO COM FORNECIMENTO DE JAPONA TÉRMICA ...................................................................................................................... 12

INICIATIVAS DA UNIÃO EM CASOS TRIBUTÁRIOS TÊM DESGASTADO STJ E STF 13

CLÁUSULA COMPROMISSÓRIA E JUNTA COMERCIAL .................................................... 14

STJ afasta incidência de contribuição ao INSS sobre verbas trabalhistas

Fonte: Valor Econômico. Após mais de um ano de discussões, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) finalizou o julgamento que discutia a incidência de contribuição previdenciária sobre cinco verbas trabalhistas. Por cinco votos a um, os ministros da 1ª Seção decidiram na quarta-feira que não devem ser tributados o auxílio-doença, o aviso prévio indenizado e o terço constitucional de férias. Entram no cálculo, entretanto, os salários maternidade e paternidade. O caso analisado, que envolve a Hidrojet Equipamentos Hidráulicos, foi julgado sob o rito dos recursos repetitivos, o que significa que as instâncias inferiores deverão aplicar o entendimento do STJ. De acordo com o relatório "Riscos Fiscais", incluído na Lei de Diretrizes Orçamentárias de 2014, a decisão relacionada ao terço constitucional de férias trará um impacto de R$ 5,57 bilhões. Já a perda em relação ao salário maternidade, segundo o documento, seria de R$ 630,36 milhões. O relatório informa que não foi possível mensurar o valor relacionado às demais verbas "com suficiente segurança". Os ministros finalizaram a análise do processo após negarem pedido da Fazenda Nacional para o reinício do julgamento, sob a alegação de que três dos ministros que compõem atualmente a 1ª Seção não votaram anteriormente. Caso o pedido fosse atendido, deveriam se posicionar os ministros Og Fernandes, Sérgio Kukina e Assusete Magalhães. Segundo o procurador da Fazenda Nacional José Péricles Pereira de Sousa, coordenador da Divisão de Acompanhamento Especial, a União pedia ainda que fosse retirado do caso o status de recurso repetitivo. "O pedido foi feito não só porque alguns ministros se aposentaram. Alegamos também que só seis ministros puderam votar", disse. A 1ª Seção é composta por 11 ministros. Para o relator do caso, ministro Mauro Campbell Marques, seria "perigoso" refazer o julgamento. "Estaríamos permitindo que as partes escolhessem os ministros", afirmou durante o julgamento. O magistrado defendeu ainda que a possibilidade não está presente no regimento interno do STJ. Marques foi seguido pelos demais integrantes da 1ª Seção. Apenas o ministro Ari Pargendler, que não votava nesse caso, defendeu o requerimento da Fazenda. Para o advogado Leandro Daroit Feil, do escritório Nelson e Wilians e Advogados Associados, o pedido de renovação beira a litigância de má-fé, e tinha como objetivo "retardar ainda mais o julgamento". Feil defende a Associação Nacional de Bancos (Asbace) e a Associação Brasileira de Mantenedoras de Ensino Superior (Abmes), que atuam como amicus curiae no caso. De acordo com Marcelo Verdun Viegas, auditor da Viegas Auditores, que atuou no caso pela Hidrojet, a empresa discute cerca de R$ 1 milhão no processo. Viegas, que foi contratado juntamente com o escritório Eichenberg e Lobato

Advogados para defender a companhia, afirmou que a Hidrojet pagou a contribuição previdenciária sobre as verbas discutidas na ação nos últimos anos, e agora poderá compensar o valor recolhido indevidamente. Viegas disse ainda que atua em outros casos semelhantes ao da Hidrojet, com valores que beiram os R$ 10 milhões. Ele afirma que o entendimento do STJ poderá beneficiar outras companhias. "A decisão sobre o terço de férias vai repercutir em todos os pagamentos que uma empresa fizer no ano. Quanto maior o número de empregados, maior o impacto", afirmou. A decisão proferida quarta-feira, segundo advogados, poderá impactar ainda em uma outra ação que tramita na 1ª Seção. Desde abril do ano passado, um processo que envolve a Globex está suspenso à espera do julgamento do caso Hidrojet. No processo da Globex, discute-se a incidência de contribuição previdenciária sobre salário-maternidade e férias. Para a advogada Valdirene Lopes Franhani, do Braga & Moreno Consultores e Advogados, é possível que os ministros alterem a decisão da Globex, já que o caso da Hidrojet foi discutido como recurso repetitivo. "O STJ vai ter que voltar no caso da Globex e dizer se mudou de ideia. Com isso, o caso poderá ser levado ao Supremo", afirmou.

Horas extras e adicionais estão na pauta da Corte

Fonte: Valor Econômico. A 1ª Seção do Superior Tribunal de Justiça (STJ) ainda terá que definir, por meio de recurso repetitivo, se as empresas devem recolher a contribuição previdenciária sobre horas extras e os adicionais noturno e de periculosidade. O relator do caso é o ministro Herman Benjamin. Ainda não há data para o julgamento. O recurso é da Raça Transportes, de São Paulo, que foi obrigada a incluir as verbas no cálculo da contribuição paga ao Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) por determinação do Tribunal Regional Federal da 3ª Região (São Paulo e Mato Grosso do Sul). Recentemente, o ministro Herman Benjamin deferiu o pedido de ingresso no processo, como amicus curiae, da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis (ABIH). A atual jurisprudência do STJ é favorável à Fazenda Nacional, segundo advogados, especialmente quando as verbas são pagas habitualmente. Os ministros, em algumas decisões, entenderam que horas extras, adicional de periculosidade e adicional noturno fazem parte do salário, ou seja, são remuneração e, por isso, tributáveis. Muitos contribuintes, porém, questionam a cobrança na Justiça. A tese é de que horas extras e adicionais noturno e de insalubridade são indenizações. Dessa forma, não seriam tributados.

Uma decisão da 1ª Seção, porém, não acabará com a disputa entre União e contribuintes. Está na pauta do Supremo Tribunal Federal (STF) um recurso que discute a incidência da contribuição previdenciária sobre 13º salário, adicional de férias, horas extras e os adicionais noturno e de insalubridade.

Justiça libera importação de taxa

Fonte: Valor Econômico. Uma importadora conseguiu uma liminar no Judiciário para ser liberada de pagar os direitos antidumping na compra de pneus para motocicleta provenientes da Tailândia. A decisão é da juíza substituta Elise Avesque Frota, da 2ª Vara da Justiça Federal do Ceará. A magistrada considerou que a importação foi anterior à edição da resolução da Câmara de Comércio Exterior (Camex) que impôs a sanção. Desde 19 de dezembro, as importações brasileiras de pneus novos de borracha vindos da Coreia do Sul, Tailândia, Taiwan e Ucrânia devem ser sobretaxadas, segundo a resolução n º106 do Conselho de Ministros da Camex. A empresa que importar o produto dos países listados arcará com multa que varia de US$ 0,24 a US$ 2,56 por quilo do produto. O motivo da Camex para editar a resolução foi o de que os produtos importados fazem concorrência desleal à indústria nacional, sendo os pneus comercializados com preços inferiores ao do mercado interno. Quando foi editada a resolução, a operação para importação já havia ocorrido. A companhia decidiu ir ao Judiciário para evitar o pagamento da sobretaxa e que os produtos fossem apreendidos no Porto de Pecém (CE). O advogado da companhia, Cezar Augusto Cordeiro Machado, da Sociedade de Advogados Alceu Machado, Sperb & Bonat Cordeiro, entrou com um mandado de segurança preventivo sob o argumento de que as licenças de importação foram concedidas antes da resolução ser emitida. Na Justiça, Machado defendeu que houve violação aos princípios constitucionais da segurança jurídica, do ato jurídico perfeito e do direito adquirido. Segundo o advogado, a mercadoria poderia chegar a ser sobretaxada em 180%. Na decisão, a juíza Elise Avesque Frota entendeu que aplicar a Resolução nº 106 às mercadorias que já tinham sido importadas e expedidas as licenças de importação, com todos os tributos já recolhidos, violaria a segurança jurídica. Para a magistrada, como a operação aconteceu antes da vigência da resolução não poderiam ser aplicados os direitos antidumping. Segundo a juíza, a aplicação imediata da resolução ofenderia o direito adquirido das empresas e de seus clientes. A 8 ª Turma do Tribunal Regional Federal (TRF) da 1ª Região decidiu de forma semelhante ao entender que a legislação antidumping não pode ser aplicada de

forma retroativa e determinou a liberação das canetas importadas da China. A mercadoria também ficou retida na alfândega até ser liberada por liminar. A importadora de pneus vai questionar judicialmente por outra ação, a própria resolução da Camex que determinou os direitos antidumping ao setor. Segundo o advogado Cezar Machado, os pneus vindos da Tailândia já chegam ao Brasil com preços maiores do que o do produto nacional e sua cliente optou pela importação porque o mercado brasileiro não consegue suprir a demanda de pneus de motocicletas para determinadas regiões do país, como o Norte e o Nordeste. Procurada pelo Valor, a Receita Federal do Ceará não deu retorno até o fechamento da edição.

Relator descarta ampliar beneficiários de MP que altera regras contábeis

Fonte: Portal de Notícias da Câmara dos Deputados. O relator da Medida Provisória 627/13, deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), descarta ampliar beneficiários de MP que altera regras contábeis e tributárias. O parecer do relator ainda está em análise na comissão mista de deputados e senadores. A MP recebeu 513 emendas desde que chegou ao Parlamento e muitas delas buscam estender os benefícios a outros setores. O texto do relator foi apresentado aos parlamentares na quarta-feira (19). Eduardo Cunha está fazendo ajustes no relatório, e pretende colocá-lo em votação na comissão em março. A MP é complexa e tenta resolver impasses judiciais provocados pela tributação dos lucros das empresas controladas ou coligadas no exterior. O texto fixa novos prazos para o pagamento de tributos, como Imposto de Renda e a Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL), por exemplo. Eduardo Cunha afirmou que não há muita margem para mudanças no texto. "A gente quer consenso, que tenha o equilíbrio da comissão e a concordância do governo. O que está negociado até agora é que a gente vai reabrir prazos, até porque, no caso do lucro líquido - como a MP foi feita em novembro - não foi apurado o lucro do ano de 2013; no caso do PIS/Cofins, havia muitas dúvidas para a adesão. E já que vai reabrir para esses dois, reabre-se também os prazos dos parcelamentos anteriores, sem alterar a condição.” Cunha acrescentou que há desequilíbrio entre aproveitamento ou não de prejuízo fiscal entre uma e outra. “A gente quer buscar uma isonomia entre esses aproveitamentos, dar uma abertura de prazo única e, a partir daí, encerrar." O relator lembrou que a MP altera leis (11.941/09 e 12.865/13) com abordagens distintas: uma resolvia problemas econômicos de empresas que não tiveram condições de arcar com pagamentos tributários, enquanto a outra disciplinava

acordos para demandas judiciais encerradas a partir dos parcelamentos das dívidas. Isenção para atividades culturais Um dos setores que busca se beneficiar das novas regras tributárias e contábeis previstas na MP é o das cooperativas culturais, que querem o fim da cobrança do PIS/Cofins sobre as atividades culturais oferecidas por grupos e artistas cooperados. O deputado Vicente Cândido (PT-SP) é o autor da emenda que beneficia o setor e ainda aposta em uma negociação com governo. "Estamos procurando dialogar com a Fazenda, a Receita e a Casa Civil para ver se há entendimento para que ele [relator] possa acatar essa emenda das cooperativas de cultura do Brasil, que hoje são tributadas injustamente. Não existe produção cultural sem fomento público e elas são injustamente tributadas.” Cândido lembrou que várias outras cooperativas, como de táxi e alimentos, são isentas. “Por um erro e uma esquizofrenia do sistema tributário brasileiro, acabamos tributando a cultura e, com isso, eles estão perdendo vários sócios, já que esses sócios acabam caindo na clandestinidade e o Estado perde receita". Na última audiência pública da comissão mista, representantes da Receita Federal voltaram a defender o texto original da Medida Provisória, reforçando a intenção de desestimular a migração de renda do Brasil para países que adotam tributação menos rigorosa. Efeitos e validade A MP promove mudanças na tributação sobre os lucros auferidos por pessoa física residente no Brasil em países estrangeiros; uniformiza parte da legislação contábil e fiscal com normas internacionais e altera a tributação de empresas brasileiras com filiais no exterior. O prazo de validade da medida provisória já foi prorrogado por 60 dias, a partir de 12 de fevereiro. Segundo a Constituição, desde a publicação, a medida provisória tem força de lei, mas perde a eficácia se não for convertida no prazo de 60 dias, prorrogável uma vez por igual período.

Turma discute incidência de IRPF sobre lucro patrimonial na venda de imóveis

Fonte: TRF da 1.ª Região. A 8.ª Turma do TRF da 1.ª Região confirmou sentença que concedeu segurança para declarar isenção de Imposto de Renda sobre o lucro patrimonial referente a valores recebidos pelo impetrante na venda de imóvel de sua propriedade e utilizados no pagamento de outro, na mesma cidade.

A magistrada de primeiro grau considerou que a Instrução Normativa (IN) 599/2005 – ao impedir a aplicação de isenção quando o produto da venda de imóvel residencial é utilizado para quitar total ou parcialmente débito relativo à aquisição de imóvel residencial a prazo já pertencente ao alienante – extrapola regra da Lei 11.196/2005, que concede isenção do imposto de renda sobre ganho auferido por pessoa física na venda de imóvel residencial quando o produto da venda for aplicado na aquisição de outro imóvel residencial. A juíza acentuou que, nos casos de compra de imóvel na planta, a titularidade do bem só se dá com a averbação da construção no registro imobiliário. A União apelou da sentença ao Tribunal Regional Federal da 1.ª Região alegando que “(...) o destinatário da isenção prevista no art. 39 da Lei 11.196/2005 é a pessoa física que vende seu imóvel residencial com o objetivo de adquirir um novo”. Além disso, que, para obter o benefício, a lei exige que o segundo imóvel seja comprado até 180 dias após a venda do primeiro. Em seu voto, a desembargadora federal Maria do Carmo Cardoso, relatora do processo, consignou que o imóvel residencial do impetrante foi vendido em 16/9/2011, para pagamento das chaves de imóvel com previsão de entrega em 30/9/2011. No entanto, a obra somente foi concluída em novembro de 2011, quando, então, o comprador seria obrigado ao pagamento das chaves. A magistrada salientou que o art. 1.245 do Código Civil dispõe que a transferência de propriedade imobiliária só acontece com o registro do título aquisitivo no Registro de Imóveis. Considerou, também, que ”o impetrante cumpriu os requisitos do art. 39 da Lei 11.196/2005, de aplicação integral do valor auferido na venda de imóvel residencial na aquisição de outro imóvel também residencial, no prazo de 180 dias, e faz jus, portanto, à isenção”. De acordo com a relatora, o art. 2.º, § 11, da Instrução Normativa SRF 599/2005 da Receita Federal extrapola as exigências legais (art. 39 da Lei 11.196/2005), pois “(...) acrescenta obstáculos não previstos em lei, ferindo o princípio da legalidade”. Argumenta a magistrada que “(...) o impetrante não adquiriu outro imóvel residencial antes da venda do seu imóvel, apenas assumiu o direito real à sua aquisição até o término da obra, uma vez que, na aquisição de imóvel na planta, ele não é titular ou possuidor do bem até a averbação da construção no registro imobiliário, porque o bem ainda não foi individualizado, e lhe cabe apenas fração ideal do terreno”. A decisão foi unânime. Processo n.º 0061107-79.2011.4.01.3400

Divulgada a denúncia do Protocolo ICMS nº 21/2011 pelo Estado de Pernambuco

Fonte: NETIOB. O Secretário Executivo do Conselho Nacional de Política Fazendária (Confaz) tornou público, em atendimento à solicitação da Secretaria da Fazenda do Estado de Pernambuco, a sua denúncia, desde 11.02.2014, do Protocolo ICMS nº 21/2011, que disciplina a exigência do ICMS nas operações interestaduais que destinem mercadoria ou bem a consumidor final, cuja aquisição ocorra de forma não presencial no estabelecimento remetente. (Despacho SE/Confaz nº 34/2014 - DOU 1 de 27.02.2014)

União deve indenizar empresa sem CNPJ por danos morais

Fonte: Valor Econômico. A União deverá pagar indenização por danos morais e regularizar o Cadastro Nacional de Pessoas Jurídicas (CNPJ) de uma microempresa, de Mangaratiba (RJ), que teve o registro cancelado indevidamente pela Receita Federal. A decisão é da 5ª Turma Especializada do Tribunal Regional Federal (TRF) da 2ª Região (Rio de Janeiro e Espírito Santo). A indenização por danos morais será de R$ 5 mil. A microempresa sustentou que, em razão da falha teria ficado impedida, inclusive, de formalizar a dispensa de uma funcionária. Não seria possível fazer a baixa na carteira de trabalho e nem pedir o pagamento de FGTS e de seguro-desemprego. Segundo informações do processo, apesar de o seu CNPJ constar como inexistente no Ministério da Fazenda, a empresa continuou a receber cobrança do Simples, que é o sistema simplificado de tributação. O relator desembargador federal Marcelo Pereira da Silva entendeu que a indenização por dano moral é cabível porque causou problemas graves para a empresa, que não pode, por exemplo, contratar serviços. Isso teria afetado sua reputação no mercado.

Supermercado deve indenizar por roubo de carro com cão de estimação

Fonte: Valor Econômico. O Hipermercado Baronesa, de Pouso Alegre (MG), foi condenado a indenizar por danos materiais e morais um cliente que teve o veículo furtado no estacionamento do estabelecimento com um cão de estimação dentro do automóvel. O cliente vai receber R$ 9.200 por danos materiais e R$ 5 mil por danos morais. A decisão é da 9ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJ-MG).

Segundo o processo, o cliente foi ao hipermercado fazer compras e deixou seu Monza no estacionamento fechado oferecido aos clientes. Ao retornar, vinte minutos depois, foi surpreendido com a ausência do automóvel, sendo que nele se encontrava seu cão, que estava com a família há mais de dez anos. Ele lavrou um boletim de ocorrência, que originou um inquérito policial. Ao ajuizar a ação na Justiça, D.S. pediu o ressarcimento do prejuízo material e também indenização por danos morais em razão do afeto ao animal. O juiz Paulo Duarte Lopes Angélico, da 3ª Vara Cível de Pouso Alegre, condenou o hipermercado a indenizar D.S. em R$ 9,2 mil, valor do veículo apurado por perito criminal, e em R$ 8 mil por danos morais. O hipermercado recorreu ao Tribunal de Justiça. O relator do recurso, desembargador Moacyr Lobato, manteve a indenização apenas por danos materiais, mas negou o pedido relativo aos danos morais. No entanto, a indenização foi reduzida para R$ 5 mil. Segundo o desembargador Pedro Bernardes, “em muitos lares, o animal de estimação é como se fosse um ente da família, o que denota existência de dor e sofrimento com sua perda tão abrupta.”

Preferência de idoso para receber precatório não se estende a sucessores

Fonte: STJ. O direito de preferência no pagamento de precatório, outorgado pela lei aos maiores de 60 anos de idade, não se estende aos seus herdeiros, mesmo que também idosos. A decisão é da Segunda Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ), ao julgar recurso em mandado de segurança interposto contra decisão do Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG). Os autores do mandado de segurança alegavam que, assim como o falecido, tinham direito ao benefício previsto pelo artigo 100, parágrafo 2º, da Constituição. Esse dispositivo estabelece que seja dada preferência aos titulares que tenham 60 anos ou mais na data de expedição do precatório, no caso de débitos de natureza alimentícia. O benefício está previsto também no artigo 97, parágrafo 18, do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias, com redação dada pela Emenda Constitucional 62/09. Isonomia O TJMG decidiu que, embora a Constituição adote critérios razoáveis de diferenciação, o direito de preferência no pagamento de precatório aos maiores de 60 anos implica flexibilização do princípio da isonomia em relação aos demais credores. O órgão entendeu que o benefício previsto pela norma não poderia sofrer interpretação extensiva, a ponto de favorecer sucessores.

O relator do recurso no STJ, ministro Humberto Martins, esclareceu que o texto constitucional é claro ao atribuir o benefício de preferência aos credores originais. “Nada se pode inferir de direito aos herdeiros e sucessores”, disse ele. Segundo o ministro, o direito de preferência no pagamento de precatórios não pode ser estendido, uma vez que possui caráter personalíssimo. Tal interpretação encontra amparo, ainda, no artigo 10º, parágrafo 2º, da Resolução 115/10 do Conselho Nacional de Justiça (CNJ).

TJMG declara legalidade de ato da Administração Pública

Fonte: AGE/MG. O Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG) declarou a legalidade de ato da Administração Pública que efetuou baixa cadastral de sociedade limitada. A decisão deu provimento ao recurso de apelação nº 1.0637.11.010222-4/001, interposto pela Advocacia-Geral do Estado contra sentença proferida em Mandado de Segurança. Em defesa do Estado, o Procurador Juarez Raposo Oliveira expôs que a dissolução da sociedade empresarial dera-se por imperativo legal e não por ato ilegal da Administração Fazendária. Argumentou que o quadro societário da empresa, reduzido a um sócio, não foi recomposto no prazo legal, tampouco foi providenciada a transformação da mesma em empresa individual. Assim, sustentou que a falta da reconstituição da pluralidade de sócios da sociedade limitada no prazo de 180 dias implica a sua dissolução de pleno direito. Acolhendo os argumentos apresentados pelo Procurador, o relator, Desembargador Alyrio Ramos ressaltou que a sociedade dissolveu-se independentemente de qualquer formalidade, nos termos da lei, sendo de rigor não apenas a suspensão, mas o próprio cancelamento da sua inscrição estadual. Assim, declarou: “Decorrido o prazo legal, estando a sociedade extinta automaticamente, é lícito ao Fisco promover a sua baixa cadastral, de ofício,” ao denegar a segurança por falta de direito líquido e certo.

É válida fiança prestada durante união estável sem anuência do companheiro

Fonte: STJ. Não é nula a fiança prestada por fiador convivente em união estável sem a autorização do companheiro – a chamada outorga uxória, exigida no casamento. O entendimento é da Quarta Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) ao julgar recurso interposto por uma empresa do Distrito Federal. “É por intermédio do ato jurídico cartorário e solene do casamento que se presume a publicidade do estado civil dos contratantes, de modo que, em sendo eles conviventes em união estável, hão de ser dispensadas as vênias conjugais

para a concessão de fiança”, afirmou o relator do caso, ministro Luis Felipe Salomão. Outorga uxória A empresa ajuizou execução contra a fiadora devido ao inadimplemento das parcelas mensais, de dezembro de 2006 a novembro de 2007, relativas a aluguel de imóvel comercial. Com a execução, o imóvel residencial da fiadora foi penhorado como garantia do juízo. Inconformada, a fiadora opôs embargos do devedor contra a empresa, alegando nulidade da fiança em razão da falta de outorga uxória de seu companheiro, pois convivia em união estável desde 1975. O companheiro também entrou com embargos de terceiro. O juízo da 11ª Vara Cível da Circunscrição Especial Judiciária de Brasília rejeitou os embargos da fiadora, mas o Tribunal de Justiça do Distrito Federal (TJDF) reformou a sentença. “Em que pese o Superior Tribunal de Justiça entender não ser cabível à fiadora alegar a nulidade da fiança a que deu causa, ao companheiro é admitida a oposição de embargos de terceiro quando não prestou outorga uxória na fiança prestada por seu par”, afirmou o TJDF. Como foram acolhidos os embargos do companheiro, para declarar nula a fiança prestada pela fiadora sem a outorga uxória, o TJDF entendeu que deveria julgar procedentes os embargos apresentados pela própria fiadora, a fim de excluí-la da execução. Regime de bens No STJ, a empresa sustentou a validade da fiança recebida sem a outorga uxória, uma vez que seria impossível ao credor saber que a fiadora vivia em união estável com o seu companheiro. O ministro Salomão, em seu voto, registrou que o STJ, ao editar e aplicar a Súmula 332 – a qual diz que a fiança prestada sem autorização de um dos cônjuges implica a ineficácia total da garantia –, sempre o fez no âmbito do casamento. Se alguém pretende negociar com pessoas casadas, é necessário que saiba o regime de bens e, eventualmente, a projeção da negociação no patrimônio do consorte. A outorga uxória para a prestação de fiança, por exemplo, é hipótese que demanda “absoluta certeza, por parte dos interessados, quanto à disciplina dos bens vigentes, segurança que só se obtém pelo ato solene do casamento”, segundo o relator. Diferença justificável Ao analisar os institutos do casamento e da união estável à luz da jurisprudência, Salomão disse que não há superioridade familiar do primeiro em relação ao segundo, mas isso não significa que exista uma “completa a inexorável coincidência” entre eles.

“Toda e qualquer diferença entre casamento e união estável deve ser analisada a partir da dupla concepção do que seja casamento – por um lado, ato jurídico solene do qual decorre uma relação jurídica com efeitos tipificados pelo ordenamento jurídico, e, por outro lado, uma entidade familiar, das várias outras protegidas pela Constituição”, afirmou o ministro. “O casamento, tido por entidade familiar, não se difere em nenhum aspecto da união estável – também uma entidade familiar –, porquanto não há famílias timbradas como de segunda classe pela Constituição de 1988”, comentou. Salomão concluiu que só quando se analisa o casamento como ato jurídico formal e solene é que se tornam visíveis suas diferenças em relação à união estável, “e apenas em razão dessas diferenças que o tratamento legal ou jurisprudencial diferenciado se justifica”. Para o relator, a questão da anuência do cônjuge a determinados negócios jurídicos se situa exatamente neste campo em que se justifica o tratamento diferenciado entre casamento e união estável. Escritura pública Luis Felipe Salomão não considerou nula nem anulável a fiança prestada por fiador convivente em união estável, sem a outorga uxória, mesmo que tenha havido a celebração de escritura pública entre os consortes. Ele explicou que a escritura pública não é o ato constitutivo da união estável, “mas se presta apenas como prova relativa de uma união fática, que não se sabe ao certo quando começa nem quando termina”. Como a escritura da união estável não altera o estado civil dos conviventes, acrescentou Salomão, para tomar conhecimento dela o contratante teria de percorrer todos os cartórios de notas do Brasil, “o que se mostra inviável e inexigível”.

Adicional de insalubridade é devido mesmo com fornecimento de japona térmica

Fonte: TST. Mesmo usando japona térmica para vistoriar os frigoríficos, um gerente de supermercado ganhou na justiça o direito ao adicional de insalubridade. A japona térmica protege apenas a região torácica, enquanto as demais regiões corpóreas e vias respiratórias permanecem desprotegidas. “Ressalta-se, também, que o choque térmico causado pelo ingresso e saída da câmara fria é incontestável”, determinou o Tribunal Regional da 4º Região (RS), decisão que foi mantida pela 2ª Turma do Tribunal Superior do Trabalho (TST). De acordo com o processo, uma perícia técnica foi feita para avaliar o grau de insalubridade do trabalho exercido pelo gerente. O funcionário era responsável, entre outras atividades, por quatro câmaras frias do setor de bebidas e PAS (frios

e congelados), sendo duas para produtos congelados (-20ºC) e duas para produtos resfriados (temperatura de 0 a 5ºC). “O ingresso era para organizar produtos, vistoriar condições dos mesmos, forma de armazenagem, ordenar para efetuar inventários mensais, bem como para acompanhar e auxiliar na armazenagem de produtos recebidos”, descreveu o laudo da perícia técnica. Em recurso ao TST, a empresa alegou que o próprio funcionário que deveria comprovar a referida atividade em câmaras frias, o que não cuidou de fazê-lo. No entanto, o TST considerou que as informações prestadas no laudo pericial eram suficientes para demonstrar a insalubridade da atividade do gerente. Processo: RR-114800-85.2008.5.04.0402

Iniciativas da União em casos tributários têm desgastado STJ e STF

Fonte: Valor Econômico. A ideia de um Brasil sem segurança jurídica não precisa ser ilustrada por grandes cálculos ou projeções. Basta falar do comportamento da União em disputas tributárias. Esta semana, a 1ª Seção do STJ definia, num recurso repetitivo, um caso que se desenrolava há um ano: a incidência, ou não, de 20% de contribuição previdenciária sobre: (i) 15 dias pagos a título de auxílio doença; (ii) aviso-prévio; (iii) terço constitucional de férias; (iv) salário-maternidade; e (v) salário-paternidade. O ministro Herman Benjamin trouxe uma petição da Procuradoria da Fazenda Nacional pleiteando a anulação do julgamento: “A Fazenda Nacional pugna pela renovação do julgamento, possibilitando novas sustentações orais e que todos os ministros componentes da 1ª Seção possam se sentir habilitados a votar” – constava. Era um caso quase encerrado no qual a Fazenda perdia. Todavia, o ministro Herman Benjamin, mesmo tendo votado, havia pedido vista. Após isso, veio a referida petição. O ministro citou o tempo transcorrido e a variação da composição da 1ª Seção para considerar a renovação do julgamento. Ele destacou que a Corte tem apreciado recursos repetitivos com quóruns cheios, o que não ocorria no caso: “A renovação é medida salutar, que traz uma melhor qualidade na prestação jurisdicional” – afirmou. Com isso, poderiam votar os ministros Sérgio Kukina, Og Fernandes e Assusete Magalhães, que não integravam o órgão quando o julgamento se iniciou. Antes de o ministro Herman terminar a leitura do voto, o advogado da contribuinte tomou a tribuna e começou a falar. “Credito à inexperiência do advogado o fato de interromper um ministro no meio da leitura do voto” – observou o ministro Ari Pargendler, que presidia a sessão. “É que...” – insistiu o

advogado. Pargendler retomou a palavra: “Vossa Excelência não vai mais falar...”. Não adiantou. “Mas...” – continuou. “Vossa Excelência não vai mais falar, sob pena de eu pedir para desligar o microfone” – apelou o Ministro. Um clima horroroso tomou conta do plenário da 1ª Seção do STJ. Tudo girando em torno do pedido da Fazenda de anulação de um julgamento idôneo. Foi quando o ministro Mauro Campbell chamou os colegas à razão: “Se os pedidos de vista não tivessem se antecipado, os ministros teriam votado” – estocou, prosseguindo com seus argumentos: “Eu não concordo com o fato de as partes elegerem os juízes que irão julgar seus casos”. Em seguida indagou, perplexo: “Anular um julgamento porque a parte perdeu? Na expectativa que com o novo quorum ela poderia ganhar?”. O apelo surtiu efeito. O pedido de anulação do julgamento foi rejeitado. As tentativas de virada de mesa pela União são traumáticas e humilham a instituição para a qual se dirigem. O Supremo Tribunal Federal (STF) também sofreu desgastes. Basta recordar da discussão sobre a inclusão do ICMS na base de cálculo da Cofins. Tramitava no STF o Recurso Extraordinário nº 240.785/MG, com maioria em favor dos contribuintes. O caso foi atropelado pela Advocacia-Geral da União que ajuizou a Ação Declaratória de Constitucionalidade nº 18, sobre o mesmo assunto. A AGU conseguiu do STF uma medida cautelar que perdurou durante dois anos paralisando a análise de casos semelhantes no Judiciário. O recurso extraordinário com maioria formada em favor dos contribuintes simplesmente desapareceu da discussão. A ADC 18 se transformou num elefante branco. Tramitando há 5 anos, com mais de 8 volumes, conta com 25 Amici Curiae. A cautelar deferida teve o seu prazo expirado e o Judiciário voltou a decidir a questão. Ela está no seu quarto relator, o ministro Celso de Mello. Estratégias processuais dessa natureza são iniciativas que contribuem para uma atmosfera de insegurança jurídica que reina no Brasil. É tempo de encerrar esse tipo de postura e abrir um novo capítulo na prática jurisdicional. Decisões judiciais precisam ser cumpridas.

Cláusula compromissória e Junta Comercial

Fonte: Valor Econômico. Um minucioso estudo acerca dos países que possuem mais facilidades para empreenderem demonstrou que o Brasil está na 116ª posição mundial, num rol de 189 países. Na América Latina, o país que mais se destacou foi o Chile, classificado em 34º lugar.

É visível, diante do quadro retardatário que o Brasil apresenta no quesito empreendedorismo, a necessidade de aprimorar os mecanismos de recepção de investimentos, a fim de se tornar mais atraente para novas oportunidades empresariais. Não há mais espaço para burocracia ou entremeios desnecessários e ilícitos para agilização de serviços. Na prática, enquanto no Brasil se demora até 180 dias para abrir uma empresa, em países desenvolvidos, o mesmo trâmite ocorre em poucas horas. Novos negócios são desperdiçados, bem como empregos deixam de ser criados. Evidente, pois, as dificuldades encontradas para se investir no Brasil. De outro lado, na contramão dos reais acontecimentos, assiste-se o Poder Público alardear perante a mídia que a desburocratização ocorrerá num futuro próximo, sempre por atitudes pontuais e sem nenhum efetivo ou resultado prático - essa é a triste, nua e crua verdade. Bem, mas não é esta a tônica que se pretende dar a este artigo. O que se quer abordar é outra questão que também merece destaque, trata-se da insegurança jurídica dos atos societários que contêm cláusula compromissória vinculatória para todos os acionistas e que são levados a registro perante a junta comercial. Ocorre que, no momento de registrar uma ata de assembleia-geral que entre outras matérias estabeleceu a solução alternativa de conflitos - por cláusula compromissória vinculatória para todos os acionistas -, não há certeza do seu deferimento e posterior arquivamento societário por parte do registro mercantil. Um exemplo que pode ser citado para ilustrar esta afirmação é do expediente que deu origem ao Parecer CJ/JUCESP 488/08 - Protocolados: 0678159/08-7, 0678160/08-9 e 1240125/08-2 - da Junta Comercial do Estado de São Paulo. A junta, equivocadamente e extrapolando suas funções, entrou no mérito de uma discussão que não lhe cabia - apoiada por sua consultoria. Neste caso, como em tantos outros, faltou ao órgão responsável pela execução do registro societário uma melhor orientação - o que a rigor essa função deveria cumprir ao DREI (antigo DNRC). Aliás, consigne-se que não há orientação para uniformidade no registro societário no Brasil inteiro, considerando que cada unidade federativa possui a sua respectiva junta comercial com procedimentos e decisões próprias. Os posicionamentos administrativos e societários das juntas são conflitantes e antagônicos, não raro em expedientes colidentes. Convive-se assim, com um fator lotérico, em evidente descaso à segurança jurídica. Vale esclarecer, no que toca ao impedimento para arquivar as referidas atas de assembleias, contendo cláusula compromissória, que o fundamento jurídico suscitado pela junta de São Paulo jamais deveria ter sido objeto de discussão pelo órgão de registro, tendo em vista que tal matéria se atrela exclusivamente ao controle material dos atos societários, algo que não é de sua competência legal, nem tampouco se depreende entre suas finalidades.

Cumpre asseverar que mesmo se as juntas pudessem entrar no mérito dessa discussão societária - reitere-se, o que não é possível -, o órgão responsável pela execução do registro mercantil continuaria errando, uma vez que no caso de discordância da cláusula compromissória na deliberação societária, a minoria vencida dissidente deveria vincular-se à deliberação tomada. Da mesma forma, o raciocínio se aplica ao acionista que não compareceu à assembleia que deliberou pela inclusão da mesma cláusula no estatuto. Percebe-se, pois, que é premente a necessidade de se eliminar os entraves burocráticos da vida empresarial, fiscalizando os limites de atuação dos órgãos registrais e inscricionais, com a estipulação e definição de suas atribuições (talvez até eliminando-os). Isso trará maior segurança jurídica para o sistema negocial, que permitirá uma melhor qualidade no empreendedorismo e, enfim, reduzindo o "custo Brasil". O boletim jurídico da BornHallmann Auditores Associados é enviado gratuitamente para clientes e usuários cadastrados. Para cancelar o recebimento, favor remeter e-mail informando “CANCELAMENTO” no campo assunto para: <[email protected]>.