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uma publicação mensal da FEA-USP p.03 p.08 p.12 FEA CCInt FEA X FEA FEA FUNCIONÁRIOS FEA PROFESSORES PAINEL E AINDA... p.02 p.04 p.10 Uma síntese da Aula Magna de Guilherme Peirão Leal Idéias para uma década de desenvolvimento Os muitos talentos da professora Diva Benevides Pinho Bem-vindos calouros, bem-vindos formandos ano 05_edição 41_abril_2008 (CONTINUA NA PÁGINA 6) Encontro de gerações FEA na Aula Magna: Jacinto Bebiano Simões Ferreira, aluno da turma de Economia de 1957, professor Azzoni e alunos do Centro Acadêmico À primeira vista, o título desta reportagem do jornal Gente da FEA pode parecer errado. Bem-vindos calouros, tudo bem. Mas bem-vindos formandos? É isso mesmo. Em um começo de ano intenso, com inúmeras atividades, a FEA recebeu os calouros de 2008, realizou a Colação de Grau dos alunos de 2007, premiou o trabalho de alunos e professores, recebeu ex-alunos e ainda premiou, com o Econo- teen, “possíveis futuros alunos” do curso Colegial. Atividades à parte – e elas foram muitas e muito bem organizadas –, a movimentação tem um ponto comum importante, expresso no fato de que a FEA é uma instituição que tem história, que se destaca no presente e que tem futuro. “Na FEA não há ex-alunos, há alunos de diferentes gerações”, des- tacou o professor Carlos Azzoni, diretor da FEA, na abertura da noite de cerimônia da Aula Magna, afirmando aos calouros ter a confiança de que “car- regarão o orgulho de ser Feano para as gerações que os sucederão”.

Bem-vindos calouros, bem-vindos formandos - FEA - USP · alunos do Centro Acadêmico À primeira vista, o título desta reportagem do jornal Gente da FEA pode parecer errado. Bem-vindos

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uma publicação mensal da FEA-USP

p.03

p.08

p.12

FEA CCInt

FEA X FEA

FEA FUNCIONÁRIOS

FEA PROFESSORESPAINEL E AINDA...

p.02 p.04 p.10

Uma síntese da Aula Magna de Guilherme Peirão Leal

Idéias para uma década de desenvolvimento

Os muitos talentos da professora Diva Benevides Pinho

Bem

-vin

dos

ca

lou

ros,

b

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orm

an

dos

ano 05_edição 41_abril_2008

(CONTINUA NA PÁGINA 6)

Encontro de gerações FEA na Aula Magna:

Jacinto Bebiano Simões Ferreira,

aluno da turma de Economia de 1957,

professor Azzoni e alunos do Centro

Acadêmico

À primeira vista, o título desta reportagem do jornal

Gente da FEA pode parecer errado. Bem-vindos

calouros, tudo bem. Mas bem-vindos formandos?

É isso mesmo. Em um começo de ano intenso, com

inúmeras atividades, a FEA recebeu os calouros de

2008, realizou a Colação de Grau dos alunos de

2007, premiou o trabalho de alunos e professores,

recebeu ex-alunos e ainda premiou, com o Econo-

teen, “possíveis futuros alunos” do curso Colegial.

Atividades à parte – e elas foram muitas e muito

bem organizadas –, a movimentação tem um ponto

comum importante, expresso no fato de que a FEA

é uma instituição que tem história, que se destaca

no presente e que tem futuro. “Na FEA não há

ex-alunos, há alunos de diferentes gerações”, des-

tacou o professor Carlos Azzoni, diretor da FEA,

na abertura da noite de cerimônia da Aula Magna,

afirmando aos calouros ter a confiança de que “car-

regarão o orgulho de ser Feano para as gerações que

os sucederão”.

#02

ANÁLISE E OPINIÃO

“Modelos de produção têm que ser alterados em prol da sustentabilidade. Acreditem na possibilidade de transformação que vocês têm. O ambiente da FEA é propício para isso.”

“O

son

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N

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m d

e so

nh

ar”

CONVIDADO A PROFERIR A AULA MAGNA

DESTE ANO, GUILHERME PEIRÃO LEAL, 59

ANOS, EX-ALUNO DE ADMINISTRAÇÃO DA

FEA E HOJE CO-PRESIDENTE E ACIONISTA

DA NATURA, FEZ UM RELATO DE SUA

TRAJETÓRIA E TRANSMITIU À ATENTA

PLATÉIA DE CALOUROS UMA MENSAGEM

PROVOCATIVA, COM FORTE APELO À

CIDADANIA. O empresário começou por

relatar sua chegada à FEA. Filho de pais

de classe média, recebeu uma educação

de qualidade mas, como muitos jovens,

não sabia bem o que fazer ao terminar

o colegial. Pensava em Engenharia,

Psicologia. “Já tinha começado a

trabalhar, porque a coisa em casa estava

apertada. Então procurei uma faculdade

não paga, à noite. Tive a sorte de fazer

o exame e ser aceito nesta casa. Muito

me orgulho de ter estado aqui de 1969 a

1973, 1974”, disse ele.

Jovem, com 19 anos, ele chegou para

a primeira aula de Administração após

um dia de trabalho. Namorar era depois

da aula na FEA, contou. “Acelerando, a

vida me levou… Nos meus dez primeiros

anos trabalhei em banco, depois na

Fepasa, e tive a sorte de ser mandado

embora da Fepasa por questões políticas.

Aos 29 anos a vida me colocou diante

da possibilidade de embarcar em uma

fascinante aventura, que foi a Natura.”

Guilherme Leal tinha apenas um pequeno

capital, a indenização

recebida da Fepasa

e meio terreno na

Granja Viana. “Entrei

de cabeça nessa aventura, me apaixonei… Não se sabe o

que constrói o que. Você constrói a empresa mas a empresa

te constrói... Era uma empresa pequena ainda, em 1979, e aí

cresceu 30 e tantas vezes na década de 80. No início da década

de 90, a Natura renasceu também. Se funde e vai para o divã

(eram várias pequenas empresas antes), vai se perguntar o que

quer do mundo”, relembrou.

A razão de ser da empresa surgiu de modo mais claro com a

promoção Bem-Estar – Estar Bem. “Bem-estar, relação de você

com você mesmo, e Estar Bem, a sua relação com o mundo – e

essas coisas interagindo e se relacionando. Nessas crenças, a mais

básica de todas é a de que a vida é uma cadeia de relações. A

vida não se define sozinha. Não é só o ser humano, é a bactéria,

o ar, se você quer estar bem você tem que pensar no todo, se

pensar no todo tem que pensar na parte”, afirmou.

A sociedade, lembrou ele, vivia um momento de

reorganização, as ONGs começavam a surgir e a empresa

participou de uma série de episódios na década de 90, o Instituto

Ethos, por exemplo. Assim foi sendo construído “um sucesso

econômico relevante, uma marca de valor, um patrimônio que

passou a ser mais do que econômico, simbólico de um Brasil

que é possível dar certo dentro da ética”. Para Guilherme Leal,

a mudança necessária hoje “é mais profunda, de valores, tem

modos de produção e modelos de consumo que têm de ser

alterados se quisermos encontrar patamares sustentáveis. Vocês

estão entrando em uma instituição de excelência. Ousem

ser honestos, acreditem na sua capacidade de transformar

o mundo. Tenham humildade para ouvir e aprender. Não se

constrói conhecimento sem a humildade de ouvir. Mas não

sejam humildes a ponto de não acreditar na possibilidade de

transformação que vocês têm. Tem uma frase do Fernando

Pessoa que diz que a única coisa que é imutável é o sonho.

Nunca deixem de sonhar. É isso que eu desejo para vocês.

Sejam felizes!”

GUILHERME PEIRÃO LEAL

CO-PRESIDENTE E ACIONISTA DA NATURA

(TRECHOS DA AULA MAGNA DE 2008)

importância fundamental no processo

de ajudar os estrangeiros a se adaptarem.

A começar pelo site que fornece

informações sobre o país, a cidade de

São Paulo, a USP e a FEA (http://www.

clubeinternacional.org/index.html). No

dia 23 de fevereiro, o Clube organizou

um passeio ao centro histórico de São

Paulo. “Eles gostaram especialmente do

mercadão”, conta Roberta Alves, membro

do Clube Internacional. “Eles gostaram

muito das frutas expostas, do pastel de

bacalhau e do sanduíche de mortadela”,

complementa Maysa Hathner, também

do Clube. À noite foi a vez do clube de

salsa e casas de samba e de forró. Mas o

grande sucesso deste ano foi a viagem a

Maresias, no dia 7 de março.

A maior preocupação de Leandro

Ramos, membro idealizador do Clube

Internacional é que a consciência da

importância do relacionamento com

os estudantes estrangeiros se amplie

para outras pessoas e que o Clube

Internacional continue a desempenhar

o seu papel. A participação no Clube é

um trabalho voluntário, feito com muita

responsabilidade e comprometimento.

#03

CCInt e Clube Internacional organizaram vários eventos especiais para receber 40 estudantes de diversos países.

FEA CCInt

Muita informação e cultura Primeira na USP e no Brasil a promover o intercâmbio de

estudantes com faculdades de outros países, há 22 anos, a FEA

é também a que mais recebe estudantes do exterior. Neste

semestre, 40 intercambistas de diversos países estão aqui. Para

recebê-los, a FEA preparou muita informação, eventos e um

pouco da história e da cultura brasileira.

Para começar o ano, foi realizada a Semana de Recepção

aos Intercambistas, que segue os preceitos das universidades

participantes dos convênios, mas que no Brasil, segundo

o professor Edson Luiz Riccio, presidente da Comissão de

Cooperação Internacional (CCInt-FEA), “mostra um pouco da

habitual cordialidade brasileira”. Para Maria de Lourdes Silva, a

Malú, Chefe de Serviços Internacionais da CCInt, a recepção é

de extrema importância pois fornece informações básicas para

a segurança e bem-estar dos alunos. Entre elas, como funciona

a faculdade, direitos e deveres, meios de transporte, notas,

freqüência, acesso à biblioteca etc.

Para que um estudante estrangeiro queira vir estudar na

FEA, além de investir nos convênios, é preciso priorizar o

relacionamento. Por isso, a CCInt-FEA realiza uma série de

eventos, com o apoio do Clube Internacional. Os resultados

são fáceis de comprovar: de acordo com Marcio Fernandez

Cuzziol, Assistente de Relações Internacionais, em 2001 havia

seis intercambistas e neste semestre já são 40.

Para o professor Riccio, os intercambistas apreciam, entre

outros aspectos, a enorme diversidade cultural do país e, ao

voltarem, relatam as boas experiências vivenciadas. O interesse

crescente, segundo ele, também se deve ao fato de que alguns

países “acreditam que o Brasil representa um sonho de esperança

para o mundo”. Já os brasileiros que vão ao exterior são o espelho

não só da FEA mas do Brasil, lá fora. Além de vivenciarem

outras culturas e formas de aprendizado, os brasileiros divulgam

o alto nível de ensino e pesquisa

desenvolvidos aqui.

Do centro histórico a Maresias

O Clube Internacional,

parceiro da CCInt, tem

Intercambistas 2008: além da qualidade do ensino, os estudantes estrangeiros apreciam a diversidade cultural do país

Prof. Riccio: “Alguns países

acreditam que o Brasil representa

um sonho de esperança

para o mundo”

quadro de maior acesso a novas tecnologias e uma redução

no custo de acesso ao capital; de outro, importantes mu-

danças demográficas.

Quando se ajusta as projeções do PIB pelo poder de com-

pra, verifica-se que em 2030 os países em desenvolvimento

responderão por mais de 61% do PIB global. Hoje respon-

dem por menos de 48%. Em 2015, o PIB chinês será maior

que o da Europa. Entre 2015 e 2020, o PIB dos EUA deverá

ser ultrapassado pelo da China, que representará 22% do PIB

mundial (atualmente representa 13%).

Nesse mesmo período, a segunda força em curso é a tran-

sição demográfica. Com base nas taxas de natalidade e mor-

talidade, é possível projetar uma população mundial crescen-

do de 6,2 bilhões, em 2001, para 7,2 bilhões em 2015 e 8,1

bilhões em 2030 (um bilhão de pessoas a cada 15 anos). A

expansão populacional será bem maior nos países em desen-

volvimento. Além disso, o mundo terá uma janela de oportu-

nidades fantástica, em virtude da redução da população em

idade não produtiva (menos de 15 anos). Haverá ainda um

aumento da população com mais de 65 anos.

À medida que o mundo cresce mais, a pressão em termos

de uso de recursos naturais aumenta muito. Isso se revela no

aumento do preço desses recursos (petróleo, metais e, mais

recentemente, dos alimentos). A expansão dos investimen-

tos na China e na Índia gera uma grande demanda por aço,

estanho e outros metais. Outra mudança causada pelo au-

mento do PIB nos países mais pobres é a tendência para uma

alimentação mais rica em proteínas de origem animal.

A mensagem que fica é que nos próximos 15 a 25 anos

haverá enorme leito de oportunidades que, se soubermos

aproveitar, poderá nos levar em 2020 a um Brasil muito mais

saudável, com melhor distribuição renda.

Carlos Roberto Azzoni

Os riscos de não fazer nada

O diretor da FEA, Carlos Roberto Azzoni, mostrou os

resultados de um modelo que permite prever o comporta-

#04

PAINEL

“À medida que o mundo cresce mais, a pressão em termos de uso de recursos naturais aumenta muito. Isso se revela no aumento do preço desses recursos.”

Idéi

as

pa

ra u

ma

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ad

a d

e d

esen

volv

imen

to e

bem

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ar “O QUE DEVE SER FEITO NOS PRÓXIMOS

20 MESES PARA A QUE A DÉCADA QUE SE

INICIA EM JANEIRO DE 2010 TRAGA PARA

TODOS OS BRASILEIROS A SEGURANÇA,

A QUALIDADE DE VIDA E O BEM-ESTAR

CORRESPONDENTES ÀS POTENCIALIDADES

DO PAÍS?” Essa foi a pergunta colocada

pelo ex-reitor da USP Jacques Mar-

covitch aos expositores do seminário

Brasil 2020, que reuniu na FEA em

março os professores Otaviano Canu-

to dos Santos Filho, Carlos Roberto

Azzoni e James Terence Coulter Wri-

ght. O evento foi organizado com o

objetivo de preparar o Colóquio Bra-

sil 2020, Uma década promissora para

o Brasil?, que a USP programou para

junho em homenagem aos 60 anos de

atividades acadêmicas de seu ex-reitor

José Goldemberg.

Cada um dos expositores procurou

dar uma contribuição para responder à

pergunta colocada por Marcovitch. Leia

abaixo o resumo das apresentações.

Otaviano Canuto

Novo padrão de crescimento

Otaviano Canuto apresentou ten-

dências de caráter mais global a partir

de cenários de crescimento econômi-

co e evolução demográfica elaborados

pelo Banco Mundial em 2005. Nos

próximos 15 a 25 anos, haverá o con-

fronto de duas grandes forças. De um

lado, uma nova configuração da eco-

nomia mundial, um novo padrão de

crescimento que tem na sua raiz um

as empresas incorporam novos conhe-

cimentos, novas formas de atuar e no-

vas políticas de gestão de pessoas que

as tornam mais fortes e mais capazes de

competir. São processos longos, de 10,

15 anos à frente.

No Brasil, o grande objetivo é me-

lhorar a qualidade de vida da popula-

ção. Como isso pode acontecer? As

empresas podem explorar as oportuni-

dades no mercado de massa no Brasil

e no exterior. Se o país fornecer pro-

dutos para esses mercados e atender a

enorme demanda existente no mundo

por mais alimentos e energia, terá con-

dições de distribuir o crescimento para

outras regiões.

Essa meta depende de um tripé: edu-

cação de qualidade, acesso universal

para o nivel médio e técnico, para que

a força de trabalho possa lidar com a

informática e novas tecnologias; sanea-

mento básico e aumento da vida útil das

pessoas; e fortalecimento das institui-

ções e da base do conhecimento, siste-

mas institucionais que dêem segurança

ao investimento. Nada disso se faz sem

investimentos em ciência e tecnologia.

A inclusão digital de toda a população

é indispensável. Além disso, é necessá-

ria uma base insumos sustentáveis. Sis-

temas de transporte aprimorados para

pessoas e cargas, matriz energética re-

novável, padrões de desenvolvimento

ambientalmente sustentáveis. Os líderes

têm de dar resposta. A inação não é uma

opção viável.

#05

“Se não houver mudanças até 2023, o crescimento continuará concentrado na região Sudeste, a mais rica, onde ele já é grande.”

mento da economia brasileira até 2023. Levando em conta o

cenário mundial, o modelo chega a cenários para a economia

nacional e a cenários regionais compatíveis com os cenários

mundiais. Faz também cenários compatíveis com mudanças

de tecnologia, de hábitos, demográficas etc.

Esse modelo indica que o PIB brasileiro poderia crescer

5,3% até 2023, desde que a carga tributária pudesse cair ao

longo do tempo. Se não cair e até aumentar, o PIB crescerá

só 2,5%. Um grande problema é que a taxa de investimento

fica em torno de 20%. É muito pouco. Isso tem a ver com o

baixo investimento público.

Se não houver mudanças até 2023, o crescimento conti-

nuará concentrado na região Sudeste, a mais rica, onde ele

já é grande. O Brasil tem problemas nacionais e regionais:

concentração da produção e da riqueza no Sul-Sudeste, de-

sigualdes de renda per capita, na saúde, educação etc. A re-

gião mais pobre é o Nordeste. Mesmo com Sudam e Sudene

conseguiu-se muito pouco. Os estudos realizados na FEA

mostram que o maior programa de desenvolvimento regional

já feito é o Bolsa Família.

Os atuais gargalos têm a ver com a educação e com as

distorções impostas pelo setor público sobre a sociedade e

a economia. O tamanho dos desafios é grande. Portanto, o

esforço deve ser maior.

James Wright

Pensar o futuro é essencial

O professor James Wright fez diversas reflexões sobre o

efeito da globalização e sobre alguns cenários para o Brasil

até 2020. As empresas, hoje, têm de atuar efetivamente com

visão global. Isso significa usar conhecimento, pessoas, co-

nhecer mercados e necessidades de clientes de todos os lu-

gares do mundo.

Isso é um enorme desafio. Embraer, Vale do Rio Doce,

Natura, Gerdau, Sadia, Ambev são empresas brasileiras que

têm saído mundo afora conquistando mercado com o saber

fazer brasileiro. As pesquisas mostram que, ao ir para fora,

Carlos Roberto Azzoni

James T. Coulter Wright

Otaviano Canuto dos Santos Filho

transmitir, especial-

mente aos calou-

ros, que não estão

entrando em uma

faculdade qualquer.

E que a qualidade

de uma instituição

como a FEA não

cai do céu. Ela tem

um esforço e a casa

faz esse esforço. Ela tem um preço, a sociedade paga e a FEA

devolve também muito à sociedade.

Formado há 50 anos

Para homenagear as primeiras gerações que lançaram as

bases para a construção da FEA, a organização convidou para

a noite da Aula Magna Jacinto Bebiano Simões Ferreira, alu-

no da turma de Economia de 1957, que recebeu um diploma

comemorativo de cinquenta anos de formatura. Foi a conexão

do passado com o futuro, demonstrando o ciclo virtuoso que

acompanha a evolução da faculdade. “O brilho nos olhos do

nosso aluno Jacinto por si só traduziu a emoção do momento”,

diz o professor Azzoni.

Para os formandos, uma homenagem especial: o reconheci-

mento do mérito dos melhores trabalhos de conclusão de curso

e os melhores desempenhos. Um a um, foram homenageados os

melhores de 2007. Para completar, o aluno Leandro Henrique

Ramos recebeu placa de reconhecimento da faculdade pelo seu

trabalho de criação do Clube Internacional e apoio aos alunos

intercambistas estrangeiros. Os professores que receberam a

melhor avaliação didática dos alunos de graduação da FEA em

2007 também receberam uma placa de reconhecimento.

Turma de 2020?

Foi assim, em tom de brincadeira, que o professor Azzoni

se referiu aos alunos do colegial que receberam o Prêmio Eco-

noteen de Ensaios, concurso realizado pelo Departamento de

#06

FEA ALUNOS

“Na FEA não há ex-alunos, há alunos de diferentes gerações. Tanto quanto brilhou no passado e brilha no presente, o destino da FEA é brilhar no futuro.”

Bem

-vin

dos

ca

lou

ros,

b

em-v

ind

os f

orm

an

dos

Orquestra, bateria, palestras dos líderes

das entidades estudantis, teatro e

muita informação na recepção aos calouros

A ORGANIZAÇÃO DAS ATIVIDADES PREVIS-

TAS PARA A NOITE DA AULA MAGNA AOS

CALOUROS SINTETIZA BEM O “JEITO FEA

DE RECEBER” E A PREOCUPAÇÃO DA INSTI-

TUIÇÃO DE RESSALTAR OS SEUS VALORES E

A SUA CULTURA. Logo na abertura, o pro-

fessor Azzoni destacou que “a FEA tem

uma história marcante de excelência e

de comprometimento, de participação na

vida social, empresarial e econômica bra-

sileira”. Segundo ele, “uma história como

essa não é herdada ou recebida de presen-

te. É conquistada, construída pelas várias

gerações de professores, de funcionários e

de alunos. Uma construção permanente,

que requereu muito esforço, inteligência,

coragem e ousadia. Tanto quanto brilhou

no passado e brilha no presente, o destino

da FEA é brilhar no futuro. O que vamos

celebrar hoje nesse auditório é uma ga-

rantia de que esse vaticínio prevalecerá”.

O professor Azzoni explica que a fa-

culdade tem procurado cultivar “a expli-

citação” do orgulho de ser da FEA. Esse

orgulho sempre esteve presente, mas nem

sempre é verbalizado de forma clara. “A

FEA é uma instituição de excelência, ran-

queada como a melhor na área no Brasil,

com os seus valores, as suas conquistas, a

sua qualidade. E todos nós, alunos, pro-

fessores e funcionários, precisamos lem-

brar disso a cada manhã e trabalhar para

que isso continue”, afirma ele. Ao deixar

claro esse conjunto e trazer à tona os va-

lores da FEA, o professor Azzoni procura

Aula Magna: uma síntese do ciclo virtuoso da FEA

ministração) ao entregar o certificado

ao filho Marcelo, formando de Con-

tabilidade. E o orgulho do também

formando de Contabilidade, Eder de

Souza Diógenes, funcionário do Insti-

tuto de Biociências da USP e ex-alu-

no do cursinho da FEA, ao posar para

a foto ao lado de sua esposa Cleusa

Soares Diógenes, funcionária da UPD

FEA. Na mensagem final, o professor

Azzoni recorreu a um verso do poeta

Gilberto Gil: “A FEA já lhes deu ré-

gua e compasso. Brilhem e iluminem

o futuro como vocês iluminaram os

corredores dessa faculdade”, concluiu.

Igor Cadete Fonseca

“O que eu mais gostei foi a chance de fazer amigos

logo na primeira semana. A apresentação da FEA

pelo Prof. Azzoni me surpreendeu, não esperava que

fosse feita pelo próprio diretor. O passeio ao centro da cidade, BM&F

e às outras unidades da USP foi uma experiência diferente. Sou de

São Paulo, mas mesmo assim fui a lugares que ainda não conhecia.

O mais divertido foi participar do teatro, pois além de engraçado,

toda a FEA parou para nos assistir. Nunca pensei que a semana de

recepção fosse ser tão boa – acima de qualquer expectativa”.

Ailin Bastos Nakanishi

“O modo com que nos receberam ajudou a traçar

laços de amizade. A palestra, a visita ao centro e a

exposição foram muito interessantes para conhecer

o que foi a USP para a história de São Paulo. Conhecer as entidades

da FEA foi importante, para escolhermos aquela com que nos iden-

tificamos mais. Os valores da FEA foram observados no momento

que nos demonstrou a relevância de passar o que a faculdade está

disposta a oferecer.Também recebemos atenção, carinho e preocu-

pação por parte dos funcionários, professores e alunos.”

#07

“A FEA é uma instituição de excelência, com os seus valores e qualidades. Alunos, professores e funcionários precisam lembrar disso a cada manhã e trabalhar para que continue.”

Economia entre os concluintes do ensino médio de escolas pú-

blicas do estado de São Paulo. Para participar, cada concor-

rente escreveu um ensaio sobre o tema Problemas Econômicos

brasileiros – Desafios ao Desenvolvimento. O primeiro lugar

ficou com Júlio Cesar de Carvalho Monta, da Escola Estadual

Cruz Isabel.

Aula Magna

A Aula Magna foi ministrada por Guilherme Peirão Leal,

ex-aluno de Administração da FEA, co-presidente e acionista

da Natura, que contou a sua trajetória e a expansão da Natura

mas destacou que queria principalmente ser provocativo. “Gos-

taria que vocês que estão começando percebam a beleza de se

perceber como parte de um todo. Se perceber de fato com um

potencial transformador que é único. Mas primeiro é preciso

se encantar com a magia da vida. E se deixar ser um agente de

transformação para cuidar desse todo. A mudança que temos

que provocar é profunda, é cultural, é de valores. Há modos de

produção e modelos de consumo que têm que ser alterados se

quisermos encontrar patamares sustentáveis de desenvolvimen-

to, se quisermos produzir um novo modelo civilizatório que seja

equilibrado e sustentável ao longo do tempo” (ver página 2).

Não faltou emoção, nem fotos com

a logomarca da FEA. Nada de despe-

didas, porém, porque as cerimônias de

colação de grau dos formandos de 2007

têm um significado diferente para a FEA. Reunidos no mesmo

auditório onde foram recepcionados como bixos, os formandos

foram “intimados” pelo professor Azzoni a não se afastarem por

muito tempo porque “aluno da FEA é sempre aluno da FEA”.

“Não nos deixem, voltem para fazer pós ou especialização,

ou só para nos visitar. Tragam seus filhos para mostrar a eles

a experiência que vocês tiveram aqui”, enfatizou o professor.

Outros convites foram registrados: participar do portal de re-

lacionamento de ex-alunos FEA+ e não se esquecer da foto

para o painel de alunos. Alguns momentos foram marcantes

como a satisfação do professor Marcos Cortez Campomar (Ad-

Certificado, régua e compasso

O professor Campomar entregou o certificado ao filho Marcelo

O formando Eder de Souza Diógenes, ex-aluno do cursinho da FEA, posa ao lado da esposa Cleusa

#08

FEA X FEA

Com a participação de 20 alunos da FEA, a organização foi o ponto alto e recebeu inúmeros elogios da comunidade acadêmica internacional, que apresentou trabalhos de alto nível.

Org

an

iza

ção

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RSA

I COM MAIS DE DUZENTOS ESPECIALISTAS

DO BRASIL E DO EXTERIOR, A 8ª RSAI

WORLD CONFERENCE, CONGRESSO MUN-

DIAL DE 2008 DA REGIONAL SCIENCE AS-

SOCIATION INTERNATIONAL, REALIZADO

NA FEA ENTRE 17 E 19 DE MARÇO, FOI

MUITO ELOGIADO PELO ALTO NÍVEL DOS

PARTICIPANTES E PELA SUA QUALIDADE

ACADÊMICA. O destaque maior, contudo,

do ponto de vista dos participantes, foi a

organização impecável do evento, con-

duzida por professores e alunos da FEA.

O evento teve também o apoio da

Associação Brasileira de Estudos Re-

gionais (ABER), entidade que reúne

os pesquisadores brasileiros na área.

Fundada em 1954, a RSAI é uma co-

munidade internacional de acadêmicos

interessados nos impactos regionais dos

processos nacionais ou globais de mu-

dança econômica e social. A entidade

estimula uma abordagem mul-

tidisciplinar que a ajuda pro-

duzir novos insights para lidar

com os problemas regionais,

tanto do ponto de vista teó-

rico como em matéria de pla-

nejamento e de formulação de

políticas públicas.

Segundo o professor Car-

los Azzoni, diretor da FEA, o

Congresso da RSAI foi muito

bom do ponto de vista acadê-

mico, em razão da qualidade

dos participantes. Mas o que

foi mesmo um sucesso, segundo ele, foi a organização. “O

Congresso foi organizado por gente da casa, professores e

alunos e o maior sucesso coube à participação dos alunos.

Entre os muitos e-mails de elogios e impressões recebidos dos

participantes, a pergunta era sempre a mesma: onde é que vo-

cês acham alunos tão bons? Um dos e-mails inclusive dizia: se

os seus alunos são tão bons para estudar como eles são para

trabalhar, eu quero eles no meu laboratório”, conta o professor

Azzoni. O trabalho foi realizado por 20 alunos, selecionados

por um grupo de cinco colegas, a pedido dos organizadores.

A beleza do campus e o nível das instalações da FEA tam-

bém causaram um choque visível nos participantes, que já

conheciam os trabalhos da casa e seus professores, mas ain-

da não haviam visitado a USP. A impressão foi tão positiva

que o Congresso motivou vários convites à FEA, entre eles

quatro convites para associação a universidades estrangeiras,

entre elas a McMaster, de Toronto, Canadá. Um consórcio

de universidades, quatro européias e quatro americanas, que

trocam alunos de doutorado, também convidou oficialmente

a FEA a participar.

Temas em debate

Durante o Congresso foram apresentados cerca de duas

centenas de trabalhos. Entre outros temas, foram apresentados

trabalhos sobre clusters, demografia, energia e crescimento re-

gional, ambiente e crescimento, mapeamento e aplicações de

computador (GIS), habitação, locação intraurbana, inovação

e crescimento, mercado de trabalho, migração, desenvolvi-

mento regional, desigualdade regional, economias rurais, setor

de serviços, pequenas e médias empresas e crescimento re-

gional, capital social, política social, análise espacial, política

tributária e crescimento regional, turismo e desenvolvimento

regional, comércio e desenvolvimento regional, transporte e

crescimento, crescimento urbano e redes urbanas.

Além do professor Azzoni, participaram da organização

do evento os professores da FEA Joaquim José Guilhoto,

chefe do Departamento de Economia, Eduardo Haddad e

Danilo Igliori.A impressão dos participantes foi tão positiva que o Congresso motivou vários convites à FEA

#09

Cartazes com ilustrações bem-humoradas compõem a campanha que motiva os alunos a desligar o celular durante as aulas.

Por uma aula melhor SEMPRE FOCADA NA QUALIDADE E EXCELÊNCIA DO ENSINO

COMO BASE PARA A FORMAÇÃO DE PROFISSIONAIS DE ALTO NÍVEL,

A FEA LANÇOU A CAMPANHA INTERNA DESLIGUE O CELULAR

POR UMA AULA MELHOR. A nova campanha traz de volta à

ação o Programa Boa Aula (ver quadro), criado na gestão ante-

rior e que também faz parte da proposta da atual diretoria.

Segundo a professora Vera Lúcia Fava, Coordenadora

da Comissão de Graduação, a iniciativa baseou-se no gran-

de número de solicitações de professores que vivenciam o

problema. Para ela, o ideal seria que a campanha nem fosse

necessária, já que essa mentalidade deveria estar embutida

na educação e no bom senso de cada um. “Para que a aula

flua bem, não deve haver interferência externa e o celular

dispersa a atenção. Nós, professores, além de dar o exemplo,

temos o papel de não só educar os alunos para serem bons

profissionais, mas para serem bons cidadãos, ajudando a em-

butir nessa geração o espírito de civilidade que tanto falta

neste país,” destaca a professora Vera Fava.

Apontada a necessidade de conscientização pela Co-

missão de Graduação, a equipe de comunicação (ATCeD),

juntamente com a Assistência Acadêmica (ATAC) e a di-

retoria da FEA, elaborou a campanha e definiu a estratégia

de divulgação. A idéia era surpreender – por isso, móbiles

com os cartazes foram distribuídos por toda a faculdade.

Além disso, e-mails foram enviados aos alunos e, posterior-

mente, os mesmos cartazes foram afixados nas salas de aula.

Aos poucos, outras ações serão concebidas, com o objetivo

de dar continuidade à campanha.

“O objetivo é conscientizar os alunos sobre a importância

de mudar hábitos para satisfazer o bem geral e não somente

o individual. A aula deve ser uma experiência prazerosa para

os alunos e para os professores e quando estamos concentra-

dos, ela se torna muito mais gostosa”, ressalta Lu Medeiros,

Assistente Técnica de Direção para a Área de Comunicação

e Desenvolvimento.

Para a professora Maria Sylvia Saes, coordenadora do Pro-

grama de Iniciação Científica da FEA, “a iniciativa tem o papel

de não só ensinar, mas de educar para no-

vos hábitos dentro e fora da sala de aula”.

Segundo ela, não é tarefa fácil despertar o

interesse e a atenção de jovens acostuma-

dos à agilidade da informação e a novas

tecnologias. “Para atrair os alunos, não

basta ter autoridade, tem que ter criati-

vidade para que o conteúdo desperte a

atenção. Por isso é uma campanha que

traz benefícios aos professores, aos alunos

e à credibilidade da FEA”, afirma a pro-

fessora Sylvia Saes.

Para investir na melhoria contínua

do ambiente da FEA, a intenção dos

gestores da faculdade é sempre incor-

porar opiniões e sugestões. Por isso,

novas necessidades podem ser trazidas

à diretoria para análise. Essa postu-

ra faz parte do comprometimento da

FEA de oferecer aos seus alunos a me-

lhor experiência de ensino.

A campanha Desligue o celular por uma

aula melhor é a terceira realizada no escopo do Programa

Boa Aula e a primeira na gestão do Prof. Carlos Azzoni. O

principal objetivo do Programa é a melhoria contínua das

condições operacionais que possibilitam uma boa aula.

Veja a seguir os objetivos gerais do Programa Boa Aula:

1. Diminuir o tempo perdido em sala de aula com pro-

blemas operacionais;

2. Garantir a qualidade das apresentações dos professo-

res, no que se refere a recursos audiovisuais;

3. Proporcionar o bem-estar aos participantes das aulas;

4. Envolver as pessoas nas ações de melhoria para obter

o seu comprometimento;

5. Garantir a segurança física das pessoas e do patrimônio.

Programa Boa Aula

#10

FEA PROFESSORES

“A Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras era um centro de efervescência, uma gigante de idéias, um coração pensante que atemorizava um pouco os políticos.”

Os

mu

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Div

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enev

ides

Pin

ho ECONOMISTA, ADVOGADA, CIENTISTA

SOCIAL, ESPECIALISTA EM COOPERATI-

VISMO – COM CERCA DE 30 LIVROS PU-

BLICADOS SOBRE ESSE TEMA – PINTORA E

PESQUISADORA DE ECONOMIA DA ARTE.

Todos esses títulos mostram apenas

alguns dos muitos talentos de Diva

Benevides Pinho, renomada professo-

ra titular da FEA-USP. No início de

sua carreira acadêmica, ela lecionou

na então Faculdade de Filosofia, Ci-

ências e Letras da USP, na rua Maria

Antônia, que tinha uma convivência

muito estreita com a então Faculdade

de Ciências Econômicas e Adminis-

trativas, com a qual dividia o pátio

interno, professores e, naturalmente,

idéias. Autora do livro comemorati-

vo A FEA-USP no Tempo, Contribui-

ção à Memória dos seus 60 anos, Diva

Pinho conta nesta entrevista alguns

momentos marcantes de sua

trajetória.

Como foi o seu início na USP?

Quando eu vim estudar na

USP foi uma integração total.

Vim do interior, querendo

aprender, e o meu primeiro

contato com a universidade

se deu no curso de Ciências

Sociais. Vim de São João da

Boa Vista (SP), mas passei por

Cajuru (SP) e Mococa (SP).

Prestei vestibular na Faculdade

de Filosofia. Era um momento

em que o curso de Ciências So-

ciais estava vibrante de idéias,

de contribuições de professores de destaque e eu me entu-

siasmei. Uma vez formada, passei no concurso de professor

assistente da cadeira de Economia Política e História das

Doutrinas Econômicas.

Como era o ambiente da Ciências Sociais na época?

O curso de Ciências Sociais estava no auge. Havia ainda

professores da Missão Francesa no Brasil. Eu tive o prazer

de ser aluna dos professores Paul Hugon, Roger Bastide.

Tive aulas de metodologia com Gilles-Gaston Granger. A

Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras era um centro de

efervescência, uma gigante de idéias, porque tinha Biolo-

gia, Física, Química, Matemática, Ciências Sociais, Ge-

ografia, História. Aquele coração pensante na rua Maria

Antônia atemorizava um pouco os políticos. Nós tínhamos

ali o José Goldemberg, o Mário Schenberg e outros profes-

sores de outras áreas, mas todos se encontravam na Con-

gregação, que era muito criativa, muito colaborativa e to-

dos eles desejosos de contribuir para o desenvolvimento do

país. Depois veio a revolução e essa Faculdade foi dividida

em muitas outras e perdeu o seu prestígio, a sua força. As

pessoas foram disseminadas pelo campus e logo em seguida

houve uma reforma universitária que criou os institutos das

diversas especialidades.

Professora Diva: “Estou preparando a segunda

edição do meu livro sobre Economia da Arte,

que vai ter um capítulo sobre leilões

virtuais e arte digital.”

Contrastes Urbanos II, pintura em acrílico

Como surgiu o seu interesse pela economia?

Em Ciências Sociais nós tínhamos a possibilidade de

estudar sociologia, economia, antropologia, política. Mi-

nha opção foi a economia. Naquele tempo, por influência

da Missão Francesa, era uma economia política, da pólis,

cidade-estado, uma economia institucional com grande

embasamento humanista. É esse tipo de economia que eu,

depois, levo para a FEA, onde já havia vários professores

de Ciências Sociais, porque quando a FEA foi criada ela

não recebeu uma missão estrangeira. Ela recebeu professo-

res brasileiros que criaram um modelo paulista de curso de

economia. Um deles foi o professor José Francisco de Ca-

margo, que tinha sido assistente do professor Paul Hugon.

Outro foi o professor Dorival Teixeira Vieira.

Como foi a evolução de sua carreira como professora

na FEA?

Eu já vim como livre-docente. Aí fiz os concursos de

professor adjunto e, depois, professor titular. Meu doutora-

do foi em Ciências Sociais. Naquele tempo ainda não havia

o curso de pós-graduação seriado, a gente fazia o doutorado

e disciplinas de especialização. Fui aluna do professor Flo-

restan Fernandes em sociologia econômica, fiz a parte de

solidarismo com os professores de Filosofia.

A defesa de tese do doutorado foi um momento especial?

Quando eu fiz o doutoramento foi um acontecimento

na Maria Antônia. Vieram repórteres e muitas pessoas para

assistir. Há muito tempo ninguém defendia tese em eco-

nomia, área em que quase não havia muitas mulheres. Isso

acontece até hoje.

Como era a FEA nessa época?

A FEA, que era Faculdade de Ciências Econômicas e

Administrativas, também passa por reformas estruturais e

se torna FEA. Há igualmente um grande desenvolvimen-

to de estudos econométricos e quantitativos, surge o IPE e

depois a Fipe. Aí os estudos de economia se desenvolvem

muito. Começo a trabalhar em outras áreas, entre elas a

economia da arte, que procurei desenvolver. Escrevi um

livro, A Arte como Investimento,

e fui chefe do Departamento de

Economia por oito anos.

E o Direito?

Foi uma opção pessoal.

Como eu fiz primeiro Ciên-

cias Sociais, um curso com

muita coisa de vanguarda,

quis estudar Direito para ver como

ele administra uma sociedade em

ebulição. O Direito caminha sempre

atrás da reforma social. Ele tem de

regulamentar comportamentos apro-

vados pela sociedade. Foi muito útil

para compreender os problemas que

estão ocorrendo no Brasil.

Onde entra a pintura nessa trajetória?

A pintura foi medo da aposentado-

ria. Eu tinha muito medo da aposenta-

doria, porque no Brasil nós não esta-

mos acostumados a nos preparar para

ela. Geralmente o aposentado acaba

sendo um cidadão meio frustrado,

marginalizado até. Eu não queria ser

essa pessoa marginalizada. Então eu

criei essa área de arte. Passei a estudar

economia da arte e a fazer uns quadros.

Acabei me integrando de tal forma em

uma série de atividades que me apo-

sentei de direito, mas não de fato. Eu

participo, por exemplo, da AMEFEA

– Associação dos Amigos do Depar-

tamento de Economia da FEA-USP e

estou preparando a segunda edição do

meu livro sobre economia da arte, que

vai ter um capítulo sobre leilões virtu-

ais e arte digital.

#11

“A FEA não recebeu uma missão estrangeira. Ela recebeu professores brasileiros que criaram um modelo paulista de curso de economia.”

A obra mais recentesobre cooperativismo

Alunos de terno e gravata no pátio comum da FCEA e FFCL

Para os funcionários da FEA que tra-

balham na organização dos concursos, a

missão é trabalhosa, a começar pela equipe

da Assistência Acadêmica, integrada por

Miriam Keiko Matsuda (coordenadora),

Cláudia Aparecida Garcia, Sônia Cecília

Damázio e Janete Miranda de Araújo. A

equipe cuida de editais, publicações, con-

tatos com os membros da banca, titulares

e suplentes, e organiza o calendário. To-

dos os cuidados são tomados para seguir

à risca o Regimento Geral da USP. O

Programa Jovens Doutores, apoiado pela

Fipe, também ajuda a renovação do cor-

po docente. “Estamos trazendo ex-alunos

que se doutoraram no exterior para o De-

partamento de Economia por um perío-

do de dois a três anos, fazendo pesquisa,

aguardando concursos”, explica o diretor

da FEA. Ex-alunos ou empresas estão

igualmente dando apoio a esse Programa,

visto como um “reservatório de talentos”.

A FEA abriu ainda outros 14 concursos,

11 dos quais para professor doutor, dois

de livre-docência e um para professor ti-

tular. As inscrições terminaram dia 28 de

março e os concursos serão realizados em

maio, junho e julho. Além disso, foram

abertas inscrições, com prazo até setem-

bro, para um cargo de professor titular do

Departamento de Economia.

FEA FUNCIONÁRIOS

A possibilidade de realizar uma série de concursos foi conquistada a partir dos bons resultados obtidos pela FEA e permite renovar o quadro de professores.

#12

GENTE DA FEAUma publicação mensal da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo Assistência de Comunicação e DesenvolvimentoABRIL 2008_TIRAGEM 2.000 EXEMPLARES

Av. Prof. Luciano Gualberto, 908Cidade Universitária - CEP 05508-900

Diretor da FEA CARLOS ROBERTO AZZONI

Coordenação GeralLU MEDEIROS

ASSISTÊNCIA DE COMUNICAÇÃO E DESENVOLVIMENTO DA FEA-USP

Edição: PRINTEC COMUNICAÇÃO LTDA.

VANESSA GIACOMETTI DE GODOY – MTB 20.841ANTONIO CARLOS DE GODOY – MTB 7.773

Reportagem:DINAURA LANDINI E CAMILA BROGLIATO RIBEIRO

Projeto Gráfico: ELOS COMUNICAÇÃO E EDEMILSON MORAIS

Layout e Editoração Eletrônica: CAROL ISSA

Fotos:VLADIMIR HUENUMAN, ISMAEL BELMIRO ROSÁRIO,

MILENA NEVES, WAGNER T. CASSIMIRO, ROBERTA DE PAULA

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curs

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PARA MANTER A QUALIDADE DO TALENTO HUMANO QUE SEMPRE

MARCOU O AMBIENTE DE ENSINO NA FEA, A FACULDADE

REALIZA UMA SÉRIE DE CONCURSOS QUE ABREM ESPAÇO A NOVAS

CONTRATAÇÕES. Essa possibilidade, conquistada a partir dos bons

resultados da faculdade – como a nota máxima nas avaliações da

Capes – permite renovar o quadro de professores diante da saída

natural de alguns, além de ampliar o número de profissionais

que fazem o ensino de excelência da FEA.

O resultado é muita efervescência na área de concursos. Só

no primeiro trimestre do ano, a FEA realizou nove concursos

públicos para o cargo de professor doutor – três no Departa-

mento de Economia, dois no Departamento de Administração

e quatro no Departamento de Contabilidade e Atuária. Entre

os participantes havia professores contratados da FEA e outros

interessados que, em alguns casos, foram indicados para os car-

gos. Todos os indicados pelas respectivas Comissões Julgadoras

tornaram-se servidores públicos autárquicos.

Conquista importante

Houve ainda um concurso de livre-docência no Departa-

mento de Administração e outro de professor titular no De-

partamento de Economia. Segundo o professor Carlos Roberto

Azzoni, diretor da FEA, “os concursos podem ser considerados

uma conquista a partir resultados obtidos pela FEA na pós-gra-

duação (nota máxima nos três departamentos nas avaliações

da Capes), que abriram espaço para novas contratações”.

Outro dado importante foi o fato de a FEA ter feito um

Plano de Metas consistente e submetido à Reitoria. “Isso

tudo resultou na possibilidade de ampliarmos o qua-

dro, o que é fundamental, em razão

de aposentadorias, saída de alguns

professores etc.”, afirma Azzoni.