Vunesp, sempre ao lado da Universidade B E N E D I T O A N T U N E S '

Em linhas gerais, as fundações

de apoio surgiram ao longo do

processo de fortalecimento da

autonomia das universidades, que no

caso da UNESP, como ocorreu com a USP

e a Unicamp, culminou com a autono-

mia financeira concedida pelo estado

de São Paulo em 1989. Suas principais

fundações, porém, foram instituidas

logo depois da criação da Universidade,

em 1976. Assim, a Vunesp - Fundação

para o Vestibular da UNESP-foi criada

em 1979, com a finalidade de realizar

o próprio vestibular, que estava sob a

responsabilidade da Fuvest.

O desconhecimento da natureza e

da história das Fundações de apoio às

vezes gera críticas às suas atividades.

Como essas instituições acabam estabe-

lecendo maior interação com a socieda-

de, por meio de ações que envolvem as-

pectos econômicos e politicos, passam

a ser acusadas de desviar-se dos princí-

pios que orientaram sua criação. Nesse

Professor de Literatura Brasileira da Faculdade

de Ciências e Letras, cawpus de Assis, e diretor-

presidente da Vunesp.

contexto, aparecem como parceiras que

correm o risco de expor a Universidade

ao mercado, comprometendo seu inte-

resse público. O breve histórico que se

segue pretende contribuir para situar

uma Fundação como a Vunesp no con-

texto da Universidade, sublinhando

seu papel estratégico para ações que se

tornaram hoje fundamentais do ponto

de vista acadêmico e social.

A Vunesp foi instituida pelo Conse-

lho Universitário, em reunião de 26 de

outubro de 1979, presidida pelo vice-

reitor Armando Octávio Ramos, com o

fim específico de realizar o Vestibular

da Unesp. Constituída formalmente em

11 de dezembro de 1979, teve sua ins-

talação uma semana depois, em 19 de

dezembro. Participaram desse evento,

além do vice-reitor e de outros repre-

sentantes da Reitoria, os professores

que integraram o primeiro Conselho de

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Curadores da Fundação: Darwin Bassi

(presidente), Fernando Manuel de Men-

donça (vice-presidente), Manoel Leio

Bellotto, Cirano Rocha Leite, Homero

Moraes Barros, Carminda da Cruz Lan-

dim, Celso Volpe, Domingos Alves Meira

e José Ruy Ribeiro. Como suplentes, fo-

ram designados Benedito Eufrásio Mar-

condes Vieira, Álvaro Lorencini, Lauro

Frederico Barbosa, Paulo Sérgio Noguei-

ra Salles, Carlos Amadeu Leite de Olivei-

ra, Luiz Dino Vizotto,Therezinha Gomes

Parravicini, Sylvio Simões e Alvanir de Fi-

gueiredo. A primeira Diretoria Executiva

foi constituída pelos professores Jubert

Sanches Cibantos (diretor-presidente)

e José Fausto Baptista Domingues (di-

retor-superintendente), ficando vago o

cargo de diretor financeiro.

Na ocasião, Manoel Leio Bellotto fez

uso da palavra para saudar a criação

da Vunesp como "momento decisivo"

da consolidação da Universidade. Em

seguida, passou-se à primeira reunião

do Conselho de Curadores, que aprovou,

entre outros itens, a realização do pri-

meiro vestibular da Fundação, o do en-

tão Instituto de Artes do Planalto. Com

efeito, em fevereiro de 1980, a Vunesp

realizou seu primeiro exame para o lAP,

no qual se inscreveram 123 candidatos.

Nesta mesma época, foi responsável

também pelo vestibular para licencia-

tura em Humaitá, Amazonas, a fim de

selecionar alunos para os cursos de

Matemática, Português e Pedagogia. No

final de 1980, realizou o primeiro vesti-

bular para a Unesp, o Vestibular Unesp

1981, com provas de Conhecimentos

Gerais, Específicos e de Comunicação e

Expressão. Estava, assim, consolidada a

Vunesp.

Dado esse importante passo inicial,

a Fundação Vunesp passou a ampliar

sua área de atuação. Embora tenha sido

criada fundamentalmente para cuidar

de todas as questões relacionadas ao

vestibular da UNESP, seu Estatuto pre-

via "outras atividades relacionadas a

seu campo de trabalho". Foi assim que

realizou seu primeiro concurso, em 1981,

para o cargo de supervisor de ensino

da Secretaria de Estado da Educação de

São Paulo, aplicado a 4.420 candidatos.

Nessa linha, em 1988 foi responsável

pela aplicação do concurso da Caixa

Econômica Estadual, para o cargo de

auxiliar de escrita, que atingiu a marca

de 118.312 inscritos. Desde sua criação,

a Fundação Vunesp realizou 289 ves-

tibulares e 755 concursos, totalizando

mais de 11 milhões de pessoas avaliadas.

Somente no ano de 2005 foram execu-

tados 70 concursos, 29 vestibulares e 25

avaliações, os quais totalizaram mais de

750 mil candidatos.

Em seus 27 anos de existência, a Vu-

nesp passou por diversas mudanças,

sem desviar-se, porém, de seus objeti-

vos. Contribuíram para isso as pessoas

que atuaram em sua administração.

Destacamos, a título de homenagem.

o trabalho de alguns de seus diretores:

Jubert Sanches Cibantos (11.12.1979 a

3.10.1985), João Francisco Ti dei Lima

(14.10.1985 a 8.9.1986), Carlos Felício Van-

ni (6.10.1986 a i°.9.i997), Euripedes Alves

da Silva (5.9.1997 a 12.5.1998), José Ribei-

ro Júnior (12.5.1998 a i°.5.200i) e Alvanir

de Figueiredo (2.5.2001 a 16.1.2005).

Desde sua criação, a Vunesp tem sido

reconhecida pela qualidade e impor-

tância do trabalho que realiza. Neste

sentido, cabe recordar aqui seu papel

estratégico para a UNESP Ao instituir

u m a Fundação como a Vunesp, a Uni-

versidade procurou criar, além de um

instrumento adequado para realizar

seus exames vestibulares, um ponto de

apoio às suas atividades acadêmicas.

A agilidade e a relativa autonomia de

uma Fundação proporcionam á Univer-

sidade novas e modernas oportunida-

des para ampliar sua atuação, tanto no

âmbito interno quanto no externo.

A esse propósito, destaca-se o Con-

vênio Unesp-Vunesp, firmado em 1981 e

renovado em 1992,1997 e 2002, que tem

como finalidade proporcionar melhores

condições para o desenvolvimento do

ensino, da pesquisa e da extensão. Por

meio desse convênio e de seus termos

aditivos, a Vunesp repassa à U N ESP

no mínimo 5% de sua receita bruta

anual. Esses recursos têm permitido

ã Universidade desenvolver diversos

projetos específicos, dos quais o mais

expressivo, em termos tanto financeiros

quanto acadêmicos, é o Programa de

Laboratórios Didáticos de Graduação.

Os recursos têm auxiliado também na

realização do Congresso de iniciação

Científica, no Programa de Capacitação

de Professores para as Redes Públicas e

Municipais, no Programa Permanente

de Desenvolvimento Profissional do

Corpo Técnico Administrativo da UNESP,

entre outros.

Em conformidade com seus Esta-

tutos, a Vunesp tem realizado tam-

bém outros vestibulares e concursos

públicos, como forma não apenas de

financiar suas finalidades específicas,

mas de intervir academicamente nesses

processos seletivos, pois sua agilidade

deve favorecer a abertura de novos

caminhos na pesquisa, nas reflexões

sobre o ensino e na difusão de resul-

tados acadêmicos. Como se sabe, o

meio educacional enfrenta atualmente

importantes discussões sobre o futu-

ro do ensino superior no país, sobre a

inclusão social por parte das universi-

dades, sobre a oportunidade a talentos

que não têm tido acesso aos cursos

superiores. A Vunesp, cuja finalidade

primeira é selecionar alunos para os

cursos da UNESP, não tem ficado alheia

a essa discussão. Agindo em parceria

com a Universidade, apóia pesquisas e

seminários, concede bolsas de estudos,

além de outras iniciativas similares.

Destaque-se, nesse sentido, o Protocolo

firmado em 1995 entre a UNESP e a Se-

cretaria da Educação de São Paulo, por

intermédio da Vunesp, que deu origem

inicialmente ao Programa formação

de professores, destinado a estimular a

procura por cursos de licenciatura, de

modo a contribuir para a formação de

bons professores para o Ensino Funda-

mental e Médio.

O Programa consistia na oferta

de isenção do pagamento da taxa de

inscrição ao vestibular da UNESP para

cada classe da última série do Ensino

Médio. Além de não pagar a inscrição,

os alunos ainda concorriam a duas

bolsas de estudos em cada grande área

do conhecimento, em um total de seis

bolsas anuais. Esse Protocolo foi renova-

do em 2000, com os mesmos objetivos.

Em 2005, em sintonia com a política de

inclusão social da Universidade, passou

por uma reformulação, e o programa

anterior tornou-se Programa para inclu-

são dos melhores alunos da escola públi-

ca na universidade. Manteve a oferta de

isenções e de bolsas para os candidatos

aos cursos de licenciatura e passou a

oferecer a mesma quantidade de isen-

ções e de bolsas para os candidatos aos

demais cursos da Universidade. Segun-

do os termos do Protocolo, nessa nova

edição, o principal objetivo é atrair para

a universidade pública alunos talento-

sos da escola pública.

Assim, o Programa em vigência ofe-

rece, além da inscrição gratuita, doze

bolsas de estudos anuais para assegu-

rar a permanência de bons alunos na

Universidade. Essas bolsas permitem

que os alunos desenvolvam projetos

de estudo, de pesquisa ou de extensão

acompanhados pela Pró-Reitoria de

Graduação da UNESP. A iniciativa não se

confunde, portanto, com outras formas

de isenção do pagamento da taxa de

inscrição ao vestibular oferecidas pela

Vunesp em parceria com a UNESR Nela,

o que conta, em primeiro lugar, é o per-

fil do aluno para freqüentar um deter-

minado curso universitário. Acredita-se

que essa iniciativa contribuirá para o

estabelecimento de novos vínculos en-

tre o Ensino Médio e o Ensino Superior

do sistema público de ensino do Estado

e para aumentar a inclusão de alunos

da escola pública na UNESP

Ao longo de sua história, a Vunesp

tornou-se uma referência na realização

de vestibulares e concursos. Mesmo

considerando que sua principal finali-

dade é selecionar alunos para os cursos

da UNESP, acredita que os próprios con-

cursos que realiza devem ser influen-

ciados positivamente pelos exames

vestibulares, pois, em última instância,

a seleção de alunos para a Universidade

tem muitos pontos em comum com a

seleção de profissionais para o mercado

de trabalho. Devido ao compromisso

gerado por esse vinculo com a Universi-

dade, a Vunesp mantém e procura aper-

feiçoar o padrão de qualidade que im-

prime em suas atividades. Assim, cada

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exame é organizado da forma mais

criteriosa possível, valorizando, ao lado

dos aspectos específicos que devem ser

considerados em um processo seletivo,

a formação e o potencial de cada candi-

dato que vá além de eventuais saberes

assimilados circunstancialmente.

Somente o bom desempenho da

Vunesp poderá dar lastro a seus pro-

jetos para o futuro, preparando-a para

as mudanças que se fazem necessárias

S nos atuais processos seletivos, sejam

3 eles vestibulares ou concursos públicos.

Como Fundação associada aos objetivos

da Universidade, deve estudar novas

perspectivas de atuação em termos de

pesquisa e, principalmente, de extensão

universitária. São essas condições que

manterão a Fundação Vunesp sempre

ao lado da Universidade, contribuindo

para que sua necessária aproximação

das questões sociais, econômicas e po-

líticas não a submeta a interesses que

comprometam sua base acadêmica.

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