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Benefícios da Caminhada na Qualidade de Vida dos Adultos Arnaldina do Céu Lopes Sampaio Porto, 2007

Beneficios Da Caminhada Na Qualidade de Vida Dos Adultos

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Como caminhar de uma forma saudavel e com qualidade. Uma boa leitura para quem gosta de caminhar.

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  • Benefcios da Caminhada na

    Qualidade de Vida dos Adultos

    Arnaldina do Cu Lopes Sampaio

    Porto, 2007

  • Benefcios da Caminhada na Qualidade de Visa dos Adultos Arnaldina Sampaio

  • Benefcios da Caminhada na Qualidade

    de Vida dos Adultos

    Orientadora: Prof. Doutora Joana Carvalho

    Arnaldina do Cu Lopes Sampaio

    Porto, 2007

    Monografia realizada no mbito da disciplina de

    Seminrio do 5 ano da licenciatura em Desporto e

    Educao Fsica, na rea de Recreao e Tempos

    Livres, da Faculdade de Desporto da Universidade do

    Porto

  • Provas de Licenciatura

    Sampaio,A. (2007). Os Benefcios da Caminhada na Qualidade de Vida dos

    Adultos. Porto: A. Sampaio. Dissertao de Licenciatura apresentada

    Faculdade de Desporto da Universidade do Porto.

    Palavras-chave: QUALIDADE DE VIDA; ACTIVIDADE FISICA;

    SAUDE; ADULTOS; CAMINHADA.

  • iii

    Agradecimentos

    Professora Doutora Maria Joana Carvalho, pela orientao, pelas sugestes

    e pela pacincia.

    Professora Doutora Paula Santos, pela prontido para ajudar.

    Aos meus pais, irmo pela dedicao e pelos incentivos constantes ao longo

    da minha formao.

    Ao Vince, pela pacincia e apoio, em todos os momentos.

    Paula, por estar sempre disposta ajudar e pelo apoio logstico.

    Carla e ao Daniel, pela amizade e pelo auxilio sempre que necessitei.

    Ndia, pela motivao mtua.

    E queles que directa ou indirectamente, apoiaram me durante todo este

    processo.

  • iv

    ndice Geral

    Agradecimentos iii

    ndice Geral iv

    ndice de Figuras v

    ndice de Quadros v

    Resumo vi

    Abstract vii

    Lista de Abreviaturas viii

    1. Introduo 1

    2. Reviso da Literatura 4

    2.1 Qualidade de Vida

    2.1.1. Definio e Evoluo do Conceito

    2.1.2. Sade

    2.1.3. Qualidade de Vida relacionada com a Sade

    2.2 . Estilo de vida dos Adultos

    2.2.1. Estilo de Vida Activo e Actividade Fsica

    2.3. Caminhada

    2.3.1. Os benefcios da Caminhada na Qualidade de Vida

    4

    4

    8

    9

    11

    15

    20

    21

    3. Objectivos

    3.1. Objectivos Gerais

    3.2. Objectivos Especficos

    28

    28

    28

    4. Material e Mtodos

    4.1. Amostra

    4.2. Instrumentos

    4.3. Procedimentos Estatsticos

    29

    29

    32

    35

    5. Apresentao dos Resultados 37

    6. Discusso dos Resultados 44

    7. Concluso 49

    8. Referencias Bibliogrficas 50

    9. Anexos

    9.1. Anexo 1 Carta de Consentimento

    9.2. Anexo 2 Questionrio Mos SF-36

    ix

    x

    xii

  • v

    ndice Figuras

    Figura 1 Distribuies das idades dos sujeitos caminhantes e no

    caminhantes por sexo

    30

    Figura 2 Distribuies dos sujeitos caminhantes e no caminhantes

    por sexo

    31

    Figura 3 - Distribuio das horas semanais dos praticantes de

    caminhada

    31

    Figura 4- Modelo Factorial SF-36 com duas componentes 33

    Figura 5 Distribuio da amostra nas diferentes dimenses do

    questionrio MOS-SF-36, por grupo

    38

    Figura 6 Distribuio da amostra por grupo e sexo em relao s

    diferentes dimenses do questionrio MOS-SF-36

    40

    Figura 7 Mdias da amostra por grupo e sexo em relao s

    diferentes dimenses do questionrio MOS-SF-36

    41

    Figura 8 Distribuio da amostra na dimenso Mudana na Sade

    por grupo e sexo

    42

    Figura 9 Distribuio da amostra na dimenso Mudana na Sade

    por grupo

    43

    ndice Quadros

    Quadro 1 Taxonomia das definies de qualidade de vida, segundo

    Farquhar (1995).

    5

    Quadro 2 Informao para o sistema de pontuao do MOS SF-36 34

  • vi

    RESUMO

    Na contra-corrente do sedentarismo que assola as populaes

    urbanas, constatam-se fortes apelos incorporao de hbitos e

    atitudes positivas visando a promoo de estilos saudveis e

    activos, perspectivando patamares elevados na qualidade de vida.

    Nesta linha, em vrias cidades do nosso pas assiste-se ao

    aumento de praticantes de caminhada, que procuram melhorar a

    sua sade e qualidade de vida, atravs desta actividade.

    O objectivo deste estudo conhecer os benefcios da prtica

    regular de caminhada, numa faixa etria particularmente susceptvel

    a um estilo de vida sedentrio, e a percepo dos praticantes, na

    influncia que a caminhada exerce sobre a sua qualidade de vida.

    Neste estudo foi utilizada pesquisa exploratria na cidade de Viseu.

    A amostra foi constituda por 50 sujeitos (38,6811,5) de ambos os

    sexos (25 caminhantes e 25 no caminhantes) que realizaram o

    questionrio de qualidade de vida associado sade - MOS SF-36.

    Os principais resultados deste estudo demonstram que os

    caminhantes apresentam uma melhor percepo subjectiva de

    sade. Outro facto que est de acordo com os estudos

    encontrados, que os elementos caminhantes do sexo masculino

    tem uma percepo subjectiva de sade mais positiva do que os

    adultos caminhantes do sexo feminino. O mesmo acontece no

    grupo de sujeitos no caminhantes.

    Palavras-chave: QUALIDADE DE VIDA; ACTIVIDADE FISICA;

    SAUDE; ADULTOS; CAMINHADA.

  • vii

    ABSTRACT

    In the upstream of the sedentariness that characterises the

    urban populations, strong appeals were establish to the

    incorporation of habits and positive attitudes aiming at the promotion

    of active and healthy life styles, targeting higher standards in the

    quality of life.

    In this line of thought, we can observe, in several cities of our

    country, the increase of walkers that look forward to improve their

    health and quality of life, through this activity.

    The objective of this study is to know the benefits of the

    regular practical of walking in an age group susceptible to have a

    sedentary lifestyle, and the walkers perception about the influence

    that walking has in the quality of life.

    In this we study an exploratory research was used in the city

    of Viseu. The sample was constituted by 50 subjects (38,6811,5)

    of both sexes (25 walkers and 25 non walkers) that carried out a life

    quality, health associated questionnaire MOS SF-36.

    The main results of this study show that the male walkers have

    a more positive subjective perception of health than the adult female

    walkers. This fact also occurs on the non walkers group.

    Key Words: QUALITY OF LIFE; PHYSICAL ACTIVITY; HEALTH;

    ADULTS; WALKING.

  • viii

    Lista de Abreviaturas

    ACS American Cancer Society

    ACSM - American College of Sports Medicine

    AF Actividade Fsica

    AHA - American Heart Association

    CDC - Center for Disease Control and Prevention

    CFF Capacidade Fsica Funcional

    DCV Doenas Cardiovasculares

    IMC ndice de Massa Corporal

    MOS SF36 Medical Outcome Study Form - 36

    NYHA - New York Heart Association

    OMS Organizao Mundial de Sade

    QV Qualidade e Vida

    QVRS Qualidade de Vida Relacionada Sade

    WHO - World Health Organization

    WHOQOL - World Health Organization Quality of Life

  • 1

    1.Introduo

    A Qualidade de Vida (QV) uma preocupao actual da sociedade

    contempornea, onde existe um interesse crescente sobre o bem-estar das

    pessoas.

    Este termo utilizado por pessoas dos mais diferentes quadrantes, fazendo

    com que este, esteja sujeito a varias interpretaes (Ribeiro, 1994).

    As distintas definies, consequncia das diferentes perspectivas, faz com

    que a QV se torne num conceito de difcil definio. Assim, a noo de QV

    subjectiva, multifactorial e individual (Simon, 1993).

    Para a Organizao Mundial de Sade (OMS), a QV ser a percepo do

    indivduo, na sua posio na vida, no contexto da cultura e sistemas de valores,

    nos quais ele vive e, em relao aos seus objectivos, expectativas, padres e

    preocupaes (OMS, 1997). Na mesma linha de pensamento, Calmeiro & Matos

    (2004) consideram a QV como o grau de coincidncia entre a vida real e as

    expectativas do indivduo, reflectindo a satisfao de objectivos e sonhos prprios

    de cada indivduo. Esta abordagem centrada na percepo dos indivduos, e

    est inerente a noo de sade percebida (Bucquet, 1993). Assim entre os

    mltiplos e distintos factores que podem influenciar a QV das populaes, existe

    um nfase particular sobre aspectos relacionados com a sade (Paschoal, 2000).

    A qualidade de vida relacionada com a sade (QVRS) um subconjunto

    dos aspectos de QV relacionados, na existncia individual, com o domnio da

    sade (Ferreira, 2000). De acordo com a OMS a sade uma dimenso da nossa

    qualidade de vida.

    Esta organizao, em 1948, definiu sade como um estado de bem-estar

    fsico, mental e social, total, e no apenas a ausncia de doena ou incapacidade,

    enfatizando a sua importncia para a felicidade, a paz e a segurana. Mais

    recentemente, a OMS acrescenta uma perspectiva ecolgica sade, referindo

    que a extenso em que individuo ou grupo capaz, por um lado de realizar as

  • 2

    suas aspiraes e satisfazer as suas necessidades e, por outro, de modificar ou

    lidar com o meio envolvente (Ribeiro, 2005).

    Apesar de todas essas evidncias cientficas, a maioria da humanidade

    leva vida sedentria. A OMS estima que 60% da populao mundial no pratica

    actividade fsica suficiente (WHO, 2006).

    As evidncias mostram que a AF regular protege o organismo, contrariando

    os hbitos sedentrios. Actualmente consensual que a prtica de actividade

    fsica (AF) regular contribui para a sade dos indivduos e consequentemente,

    para a nossa Qualidade de Vida.

    Os estilos de vida sedentrios constituem assim um dos maiores problemas

    de sade pblica com o qual as sociedades ocidentais se debatem. O

    sedentarismo, contribui para a ocorrncia de doenas crnicas, mortes prematuras

    e invalidez, o que leva a graves custos econmicos e sociais. Desta forma, a

    promoo de estilos de vida saudveis revela-se como uma necessidade urgente

    e um dos maiores desafios para as sociedades ocidentais. A promoo de hbitos

    saudveis, incluindo a pratica de AF regular, cada vez mais importante, pois

    tem-se assistido a uma diminuio significativa da AF com o aumento da idade

    (Rowland, 2002).

    O caminhar ou andar a p tem merecido especial ateno, uma vez que

    pode ser uma forma importante das pessoas fazer AF como parte do seu

    quotidiano. Torna-se assim pertinente conhecer os benefcios da prtica regular de

    caminhada, nomeadamente nos adultos, faixa etria activa da sociedade que

    particularmente susceptvel a um estilo de vida sedentrio. tambm importante

    conhecer a percepo que os praticantes tm, da influncia que a caminhada

    exerce sobre a sua qualidade de vida.

    Assim a caminhada pode corresponder a uma interveno promotora de

    sade isenta de custos. Caminhar o exerccio mais popular, no requer local

    especfico de prtica, e a maioria da populao pode praticar, sendo a forma de

    actividade fsica aerbia de mais fcil acesso. Muitas pessoas praticam

    caminhada, nomeadamente em adultos e idosos (Rafferty, Reeves et al. 2002).

  • 3

    Devido a esta conjuntura de factores, a existncia de poucos estudos e

    acrescentando o facto da prtica da caminhada estar actualmente em voga,

    parece-nos importante abordar este tema.

    O presente estudo tem como principal objectivo conhecer e avaliar a

    influncia da caminhada na qualidade de vida dos adultos. Foi comparado um

    grupo de caminhantes e no caminhantes, de forma a conhecermos a sua

    percepo de qualidade de vida relacionada sade.

    Este estudo est estruturado da seguinte forma:

    Capitulo I Introduo apresenta de forma sucinta a problemtica do estudo,

    pertinncia e objectivos.

    Capitulo II Reviso da literatura encontra-se dividida em 3 partes: 1) Qualidade

    de vida (definio, evoluo do conceito e relao com a sade), 2) Estilos de vida

    dos Adultos (Sedentarismo, estilo de vida activo e actividade fsica), 3) Caminhada

    (benefcios e sua relao com a qualidade de vida).

    Capitulo IV Materiais e mtodos Descreve a metodologia utilizada neste

    estudo, nomeadamente a caracterizao da amostra, instrumentos e

    procedimentos estatsticos.

    Capitulo V Resultados Apresentao e anlise dos resultados.

    Capitulo VI Discusso dos Resultados analisa e discute os resultados obtidos

    (face literatura nacional e internacional).

    Capitulo VII Concluses apresenta as principais concluses

    Capitulo VIII Bibliografia Apresenta a bibliografia consultada na elaborao

    desta pesquisa.

    Capitulo IX- Contem os anexos utilizados no decurso do estudo.

  • 4

    2. Reviso da Literatura

    2.1. - Qualidade de Vida

    2.1.1. - Definio e Evoluo do Conceito

    O conceito de Qualidade de Vida (QV) tem sofrido alteraes ao longo do

    tempo, sendo muito usado na actualidade. Encontrar uma definio para termos

    como a QV continua a ser um grande desafio. Ao longo dos anos, este conceito

    tem sido definido com base em distintas vertentes.

    O termo QV foi inicialmente associado economia. Em 1920, Pigou fez

    referncias no seu livro sobre economia e bem-estar, no qual ele discutiu o

    suporte governamental para as classes menos favorecidas, bem como o impacto

    na vida das pessoas e nas finanas nacionais (Wood-Dauphiness, 1999).

    Aps a 2 Guerra Mundial, a utilizao do termo e do conceito de QV,

    especialmente nos Estados Unidos da Amrica, foi utilizado para caracterizar a

    poro de bens materiais (tecnologia) adquiridos pelas pessoas (Carr e

    Thompson, 1996). Nos anos 50, com a evoluo tecnolgica, a ateno dos

    pesquisadores focou-se nos campos da sade, educao e economia.

    As diferentes perspectivas do termo QV, levou Awad e Voruganti (2000),

    em meados da dcada de 70, a tentar explicitar as dificuldades que cercavam a

    conceitualizao do termo QV: qualidade de vida uma vaga e etrea entidade,

    algo sobre a qual todos falam, mas que ningum sabe claramente o que .

    A partir dos anos 80, a noo de QV acompanhada de estudos empricos

    para melhor compreenso do fenmeno, envolve diferentes dimenses.

    Na inicio da dcada de 90, Farquhar (1995) props uma taxonomia das

    definies sobre a QV at ento existente, dividida em 4 tempos e que esto

    apresentados na Quadro 1.

  • 5

    Quadro 1 Taxonomia das definies de qualidade de vida, segundo Farquhar (1995).

    Ta x o n o m i a Caractersticas e implicaes das definies

    I Definio global Primeiras definies que aparecem na literatura. Predominam at meados da dcada de 80. Muito generalistas, no abordam possveis dimenses do construto. No h operacionalizao do conceito. Tendem a centrar-se apenas em avaliao de satisfao/insatisfao com a vida.

    II Definio com base

    em componentes

    Definies baseadas em componentes surgem nos anos 80. Inicia-se a fragmentao do conceito global em vrios componentes ou dimenses. Iniciam-se a proliferao de estudos empricos e a operacionalizao do conceito.

    III Definio focalizada Definies valorizam componentes especficos, em geral voltados para habilidades funcionais ou de sade. Aparecem em trabalhos que usam a expresso qualidade de vida relacionada sade. nfase em aspectos empricos e operacionais. Desenvolvem-se instrumentos diversos de avaliao da qualidade de vida para pessoas em situaes especiais.

    IV Definio combinada Definies incorporam aspectos dos Tipos II e III: favorecem aspectos do conceito em termos globais e abrangem diversas dimenses que compem o construto. nfase em aspectos empricos e operacionais. Desenvolvem-se instrumentos de avaliao global e factorial.

    Apesar da taxonomia das definies, a dificuldade em limitar o termo QV

    persiste, pois todos tem a sua prpria ideia do que a QV, e nisso que reside o

    problema (Ribeiro, 1994). O crescente interesse que vem acompanhando este

  • 6

    termo, na sociedade actual, torna a QV num termo popular. Este muito usado

    por pessoas dos mais diferentes quadrantes. A sua utilizao por especialistas,

    leigos, gente culta e inculta faz com que este termo esteja sujeito a vrias

    interpretaes (Ribeiro, 1994).

    As distintas definies, consequncia das diferentes perspectivas, conduz

    dificuldade de operacionalizar o conceito.

    Dantas (1997) defende que a QV esta relacionada com as carncias que

    cada pessoa aparenta, devendo a sua avaliao ter em ateno o grau de

    atendimento das necessidades existentes. A QV dever ser uma opo pessoal

    definida de acordo com as esperanas e possibilidades de cada um, estando

    assim sujeita a constantes reformulaes (Arago et al, 2002).

    Nesta perspectiva, a QV resulta de um conjunto de parmetros individuais,

    scio-culturais e ambientais que caracterizam as condies em que o ser humano

    vive, uma comunidade ou uma nao. Por isso, torna-se num conceito complexo e

    multideterminado, devendo a sua interpretao ser feita de um modo contnuo

    (Dantas, 1997 cit. Arago et al, 2002).

    Para a Organizao Mundial de Sade (OMS), a QV ser a percepo do

    indivduo, na sua posio na vida, no contexto da cultura e sistemas de valores,

    nos quais ele vive e, em relao aos seus objectivos, expectativas, padres e

    preocupaes (OMS, 1997). Este grupo de especialistas, afirma que apesar de

    no haver um significado consensual do conceito, existe consenso entre os

    investigadores acerca de algumas caractersticas do mesmo, as quais passamos a

    designar:

    Subjectividade trata-se de considerar a percepo da pessoa sobre aspectos da

    sua vida, ou seja, a avaliao de cada indivduo sobre a sua situao pessoal em

    cada uma das dimenses relacionadas com a QV. Devido a este carcter

    subjectivo necessrio ter ateno ao seu limite. Estudiosos enfatizam ento que

    a QV s pode ser avaliada pela prpria pessoa, ao contrrio das tendncias

    iniciais de uso do conceito, quando a QV era avaliada por um observador. Neste

    sentido, h uma preocupao quanto ao desenvolvimento de mtodos de

  • 7

    avaliao e de instrumentos que devem considerar a perspectiva da populao e

    no da viso de cientistas (Leplge, 1995).

    Multidimencionalidade que se refere ao reconhecimento de que o conceito

    composto por diferentes dimenses. A identificao dessas dimenses tem sido

    objecto de pesquisa cientfica (World Health Organization Quality of Life -

    WHOQOL, 1998). De acordo com a OMS (1995), h pelo menos 4 dimenses

    bsicas que se deve dar especial ateno, so elas: (1) a dimenso fsica como a

    percepo do individuo sobre a sua condio fsica; (2) a dimenso psicolgica

    que representa a percepo do individuo sobre a sua condio afectiva e

    cognitiva; (3) a dimenso social que reflecte a percepo do individuo sobre os

    relacionamentos sociais e os papis sociais adoptados na vida e a (4) dimenso

    ambiental que traduz a percepo do indivduo sobre aspectos diversos

    relacionados com o ambiente onde vive.

    Qualquer avaliao de QV deve incluir dimenses positivas e negativas,

    dando assim nfase s percepes dos indivduos acerca dessas dimenses.

    Como exemplo de dimenses positivas pode-se abordar a mobilidade e a

    autonomia. Das dimenses negativas fazem parte, por exemplo, a dor, a fadiga e

    a dependncia.

    A compreenso destas caractersticas da QV foi fulcral para o

    desenvolvimento dos instrumentos de avaliao. A utilizao de instrumentos para

    avaliar a QV tem aumentado e tm sido aperfeioados. Desde a dcada de 80,

    tm crescido o interesse pela medio da QV. Actualmente existe uma grande

    variedade de mtodos nesta medio, dependendo dos interesses dos

    investigadores, dos recursos disponveis e ainda, dos objectivos dos estudos

    (Paschoal, 2001).

    A maioria da informao recolhida feita atravs de questionrios, que

    podem ser gerais ou especficos. De entre os mais utilizados, destacam-se o

    WHOQOL-bref e o Medical Outcome Study Short Form-36 (MOS SF-36), SF-36

    (Ware et al., 1998). O primeiro instrumento referido, foi desenvolvido pelo Grupo

    de Qualidade de Vida da Organizao Mundial da Sade, sendo a verso

  • 8

    abreviada do WHOQOL-100. Este instrumento consta de 26 questes divididas

    em quatro domnios: fsico, psicolgico, relaes sociais e meio ambiente. O

    WHOQOL-bref pretende avaliar a QV dentro de uma perspectiva transcultural

    (Orley et al, 1998). O MOS SF-36 permite medir o nvel global de sade

    (importante componente da QV) (Miguel, 2001), avaliado em oito dimenses.

    Estas dimenses podem ser agrupadas em duas componentes: a fsica, que inclui

    a funo fsica, o desempenho fsico, a dor e a sade geral, e a componente

    mental, que inclui a sade mental, o desempenho emocional, a funo social e a

    vitalidade.

    Em suma, a multiplicidade de factores que contribuem para uma vida

    satisfatria, a parcela de contribuio de cada um deles e a sua interaco ainda

    matria de estudo e de teorizaes. Segundo Bowling (1998), quando definida

    esta percepo deve-se ter em ateno o vasto leque de componentes, desde a

    capacidade ou habilidade funcional, incluindo o desenvolvimento das funes ou

    papis habituais (tanto a nvel domestico como profissionais) passando pelo bem-

    estar psicolgico, s sensaes somticas e de satisfao de vida (Bowling,

    1998). Mais recentemente Calmeiro e Matos (2004) referem que a QV um

    conceito de difcil definio, pela sua abrangncia e variao inter-cultural, de uma

    forma geral pode definir-se como o grau de coincidncia entre a vida real e as

    expectativas do indivduo, reflectindo a satisfao de objectivos e sonhos prprios

    de cada indivduo.

    2.1.2. Sade

    Este conceito considerado controverso por vrios autores, tem seguido uma

    tendncia evolutiva. A Sade foi inicialmente definida em termos de sobrevivncia,

    mais tarde foi vista como a negao de doena e depois como algo de positivo e

    resultante de uma fora interior existente em cada um de ns (McDowell e Newell,

    1987).

  • 9

    De acordo com a OMS, em 1948, sade um estado de bem-estar fsico,

    mental e social, total, e no apenas a ausncia de doena ou incapacidade,

    enfatizando a sua importncia para a felicidade, a paz e a segurana (Preamble to

    the Consitutuion of the World Health Organization, 1948). Bowling (1998) salienta

    a componente positiva deste conceito, considerando que a sade mais do que a

    ausncia de efemeridades ou incapacidade, e implica, bem estar fsico e mental,

    suporte social, capacidade para enfrentar dificuldades, integridade, total

    funcionalidade ou eficincia da mente e do corpo e adaptao social.

    Mais recentemente, a OMS, acrescentou uma perspectiva ecolgica

    sade, referindo que a extenso em que individuo ou grupo capaz, por um

    lado de realizar as suas aspiraes e satisfazer as suas necessidades e, por

    outro, de modificar ou lidar com o meio envolvente (Ribeiro, 2005). Esta mesma

    entidade refere que a sade uma importante dimenso da QV.

    Assim, podemos considerar, sade como um conceito multidimensional,

    que abrange aspectos fsicos e mentais aliados ao funcionamento social,

    centrando-se na percepo de bem-estar e na capacidade de realizao de

    actividades dirias, traduzindo a habilidade de cada um responder com autonomia

    a sucessivas solicitaes (Ware, 1987; Wilson e Cleary, 1995). Esta capacidade

    posta em causa principalmente, nas situaes de doena (Testa e Simonson

    1996).

    Os determinantes e condicionantes do processo sade/doena so

    multifactoriais e complexos, assumindo sade e doena como processos

    compreendidos como um contnuo, relacionados aos aspectos econmicos, scio-

    culturais, experincia pessoal e estilos de vida (Seidl e Zannon, 2004).

    2.1.3. - Qualidade de Vida relacionada com a Sade

    De entre as vrias reas cientficas, a medicina uma das reas que tem

    aumentado gradualmente o seu interesse pela QV.

  • 10

    Uma das explicaes para este crescente interesse deve-se ao aumento de

    doenas crnico-degenerativas. Torna-se ento pertinente que os profissionais

    dos cuidados de sade promovam uma vida com mais qualidade aos indivduos

    ensinando-os a viver com as suas limitaes.

    Assim entre os mltiplos e distintos factores que podem influenciar a QV

    das populaes, existe um nfase particular sobre aspectos relacionados com a

    sade (Paschoal, 2000). Isto significa que cada vez mais importante

    compreender o significado de qualidade de vida relacionada com a sade

    (QVRS).

    De acordo com Ferreira (1998), a QVRS, um subconjunto dos aspectos

    de qualidade de vida relacionados, na essncia individual, com o domnio da

    sade.

    Para Ribeiro (1994), a sade um dos domnios fundamentais, seno o

    mais importante, para a QV. Apesar do carcter global que o conceito de sade

    adquire actualmente, de acordo com Bowling (1995), este muito menos

    abrangente do que o conceito QV.

    Segundo Coimbra e Brito (1999), a componente ou domnio sade

    aquela que apresenta maior correlao com o resultado total na QV, ou seja, a

    sade talvez a componente ou domnio mais importante que a influencia.

    No entanto a QVRS um conceito multidimensional que contempla as

    singularidades das pessoas, segundo variveis de interesse (Sneew et al, l2002).

    Minayo (2000), afirma que muitos dos determinantes da QV se situam noutros

    sectores, onde o sistema de sade no intervm sobre eles. Assim, actualmente

    no existe unanimidade entre os pesquisadores sobre a relevncia da sade na

    QV.

    Existe uma multiplicidade de factores apontados como sendo responsveis

    por uma vida satisfatria no indivduo, mas estudos e teorizaes sobre a QV

    ainda no conseguiram estabelecer com clareza e consenso a parcela de

    contribuio de cada um deles, nem como eles interagem. O que se pode afirmar

    apenas que, a QV corresponde a uma percepo nica e pessoal, marcada pela

  • 11

    inter-relao dos diversos factores, desde os mais pessoais como o bem-estar

    fsico, funcional, e mental, at aos mais circunstanciais como a habitao, o

    trabalho, a famlia, os amigos e outras circunstancias da vida (Bowling,1995).

    Quando definida esta percepo deve-se ter em ateno o vasto leque de

    componentes, desde a capacidade ou habilidade funcional, incluindo o

    desenvolvimento das funes ou papis habituais (tanto a nvel domstico como

    profissional) passando pelo bem-estar psicolgico, s sensaes somticas e

    satisfao de vida (Bowling, 1998).

    2.2- Estilos de Vida dos Adultos

    Actualmente, muitos trabalhos cientficos centram-se em problemticas que

    atingem as crianas, jovens e idosos, sendo mais escassos os trabalhos que

    abordam as problemticas dos adultos. No entanto, torna-se extremamente

    pertinente o desenvolvimento de pesquisas relativamente faixa activa da

    sociedade, nomeadamente no que se refere adopo de um estilo de vida cada

    vez mais sedentrio que tem repercusses evidentes ao nvel da sade e da QV.

    Por estilo de vida, entende-se o conjunto de aces quotidianas que

    reflectem as atitudes, valores e oportunidades na vida das pessoas (Nahas, 2003).

    Os avanos da tecnologia proporcionam um estilo de vida mais confortvel

    para a sociedade, que a cada dia fica mais automatizada. Todavia, este aspecto

    contribui para que a populao, principalmente aquela que reside em grandes

    centros urbanos, mantenha uma existncia cada vez mais sedentria (Roberts e

    Robergs, 2002).

    De igual modo, os hbitos modernos, tais como a alimentao inadequada

    (rica em massas, gorduras e acares, alimentos industrializados), a elevada

    exposio a situaes de stress e o tabagismo (Roberts e Robergs, 2002), no

    so considerados saudveis.

  • 12

    Pesquisas tm demonstrado que a alimentao inadequada um dos

    principais factores de risco para doenas cardiovasculares, obesidade,

    hipertenso, diabetes e cancro (Gordon, 1998).

    Trudeau et al. (1998) investigaram a associao entre variveis

    demogrficas e psicossociais e o consumo de frutas e verduras. Observaram nos

    adultos, que praticavam exerccios fsicos, o aumento do consumo de pores

    dirias de frutas e verduras em relao aos que no praticavam exerccios fsicos.

    Segundo a OMS (2004) as doenas cardacas, diabetes e cancros

    poderiam ser prevenidas com mudanas nos hbitos alimentares, em conjunto

    com actividade fsica e com a ausncia de hbitos de tabagismo.

    Apesar das informaes sobre uma alimentao saudvel, estudos indicam

    o aumento da obesidade. Nos Estados Unidos, os inquritos sobre sade e

    nutrio realizados em 1960 e 1994 documentaram um aumento progressivo na

    prevalncia de adultos obesos, de 12,3% para 19,9% entre homens, e 16,9% para

    24,9% entre mulheres (Flegal et al., 1998). Em Portugal as estimativas apontam

    para prevalncias de excesso de peso de 30,8% e de obesidade de 15,4% para as

    mulheres, e de 41,1% de excesso de peso e de 12,9% de obesidade para os

    homens (Carmo, 2001). O aumento da inactividade fsica, na nossa sociedade,

    contribui determinantemente para o incremento destes valores. A rpida

    propagao da obesidade uma preocupao crescente, na actualidade. (Short &

    Joyner, 2002).

    Relativamente ao stress do trabalho, este pode ser definido como reaces

    fsicas e emocionais que ocorrem quando as exigncias do trabalho no so

    iguais s capacidades, aos recursos ou s necessidades do trabalhador. Essas

    reaces esto presentes em todos os momentos das nossas vidas. Assim, o

    trabalho pode ser fonte de satisfao, realizao e subsistncia, mas que pode se

    tornar uma verdadeira priso e sofrimento (Instituto Nacional de Salud y

    Seguridade Ocupacional Niosh, 2004).

    O stress, durante a jornada de trabalho, tem vindo a ganhar importncia nas

    ltimas dcadas, devido exposio crnica dos indivduos susceptveis a

  • 13

    condies de trabalhos exigentes e consequentemente mais stressantes. a esse

    nvel, os efeitos provocados pela AF regular atenuam dos nveis de ansiedade e

    stress, proprocionando a melhoria do estado emocional, do auto-conceito, da auto-

    estima Duarte (1999).

    No que diz respeito ao tabagismo, a OMS (2004) estima que

    aproximadamente um bilho e 200 milhes de pessoas no mundo so fumadoras,

    o que corresponde a quase um tero da populao adulta.

    Em todo mundo, governos e empresas tm realizado campanhas

    educativas em relao ao tabagismo, esto adoptar por programas cada vez mais

    agressivos, como a proibio do fumo em certos locais e a aplicao de coimas no

    sentido de prevenir e diminuir o tabagismo. No entanto, a American Cancer

    Society ACS (2004) calcula que 156 mil norte-americanos morrem por ano em

    consequncia de cancro relacionado com o hbito de fumar, embora, o tabagismo

    seja uma das principais causas evitveis de doenas que levem a incapacidades

    prematuras ou morte.

    A face sombria da modernidade e urbanizao tem-se traduzido numa

    alimentao cada vez mais industrializada, em trabalhos com ritmo alucinante, no

    crescimento de hbitos tabgicos e em inmeros confortos no quotidiano, que leva

    a adultos mais gordos, inactivos e stressados (Buchalla e Pastore, 2000).

    Esta conjuntura, propicia uma vida sedentria, o que leva deteriorao da

    sade, do bem-estar e da qualidade de vida Center for Disease Prevention -CDC,

    2002).

    O sedentarismo, segundo Sallis e Owen (1999), pode ser considerado uma

    consequncia do estilo de vida actual. A industrializao e o modo de vida urbano

    diminuem ou impedem a realizao de AF habituais.

    Para alm disso, mesmo durante o tempo laboral, notrio o aumento da

    inactividade. Actualmente, grande parte dos empregos propicia a falta de

    movimento, e nos tempos livres, os adultos, normalmente optam por actividades

    de baixo gasto calrico. Esta reduo do gasto energtico no quotidiano do

  • 14

    homem moderno, nomeadamente nos adultos, de tal ordem que o esforo fsico

    dirio perfaz uma mdia de gasto energtico inferior a 500 kcal por dia.

    Esta reduo do gasto calrico tem sido indicada como um factor

    determinante para o aumento das ditas doenas de civilizao. De facto, as

    doenas crnico-degenerativas tm uma forte relao com o estilo de vida

    sedentrio, das quais destacamos as doenas cardiovasculares, a diabetes

    mellitus, a obesidade, a hipertenso arterial, a osteoporose e alguns tipos de

    cancro. Acredita-se que as principais causas de morbilidade e mortalidade esto

    associados em grande parte s doenas crnico degenerativas especialmente de

    foro cardiovascular (Mota e Sallis, 2003) e que o risco de contrair doenas

    cardiovasculares (DCV) duplica em indivduos que no praticam AF (Sallis e

    Owen, 1998).

    Em muitos pases, desenvolvidos e em desenvolvimento, as doenas

    crnicas tm ocorrido de forma desproporcional entre populaes.

    O CDC de Atlanta (2000) e a OMS (2006) estimam que a inactividade fsica

    contribui para cerca de 2 milhes de mortes anuais no mundo. Simultaneamente

    calculam tambm que 60% da populao mundial no pratica actividade fsica

    suficiente.

    A inactividade fsica foi reconhecida como um dos maiores problemas de

    sade pblica nos Estados Unidos. Estimou-se que mais de 60% das pessoas

    adultas no fazem exerccios, cerca de 33% da populao est acima do peso

    ideal e que dois em cada cinco americanos morrem de doena cardiovascular

    (Roberts e Robergs, 2002).

    Um dos primeiros estudos sobre a associao entre o exerccio fsico e as

    DCV foi realizado na Inglaterra, nos anos 50 (Morris et al. 1953). Os resultados

    mostraram que os cobradores de autocarros estavam em melhor forma fsica do

    que os motoristas e tambm apresentavam uma menor incidncia de doena

    coronria, com menos bitos e menor mortalidade precoce em consequncia de

    problemas do corao (Morris et al. 1953).

  • 15

    Na Alemanha, um estudo apontou que pessoas com baixo estatuto socio-

    econmico tinham maior probabilidade de serem inactivas fisicamente nas

    actividades de lazer, quando comparadas com pessoas de melhores condies

    scio-economicas (Mensink et al, 1997).

    Na Finlndia, 71% da populao sedentria, esta proporo encontra-se

    muito acima do ndice de prevalncia de fumantes (35%), de hipertenso arterial

    (15%) e do excesso de peso corporal (37%). Em pases como a Sucia e Irlanda,

    a prevalncia de sedentarismo varia de 32% a 35% e na Blgica chega atingir o

    valor de 67% (Vuori, 2001).

    Na cidade de Genebra, Sua, Bernstein et al (2001) num estudo de base

    populacional, envolvendo indivduos entre 35 e 74 anos, verificaram que a

    prevalncia de sedentarismo era de 70% entre as mulheres e de 57% entre os

    homens. Considerando o estatuto socio-econmico, os autores verificaram que os

    indivduos de nveis mais baixos apresentaram uma prevalncia mais alta de

    sedentarismo.

    Dados apresentados pelo CDC (2000) apontam que nos Estados Unidos,

    em 2000, o gasto em tratamentos mdicos foi de 76 bilhes de dlares, sendo o

    principal responsvel a inactividade fsica, mostrando que seu combate merece

    prioridade na sade pblica.

    2.2.1.Estilo de Vida Activo e Actividade Fsica

    Na contra-corrente do sedentarismo que assola as populaes urbanas

    durante todas as etapas do ciclo vital, nomeadamente nos adultos, constatam-se

    fortes apelos incorporao de hbitos e atitudes positivas visando a promoo

    de estilos saudveis e activos, perspectivando patamares elevados na QV,

    prevenindo de igual forma as doenas crnico degenerativas associadas a um

    estilo de vida sedentrio.

  • 16

    Estudos apontam que indivduos fisicamente activos tm um aumento da

    expectativa de vida, produtiva e independente, diminuindo sensivelmente os

    custos com a sade pblica (Nahas, 2003).

    Este impacto na sade pblica, proporcionado por um estilo de vida mais

    activo, tem levado ao aumento de campanhas de combate ao sedentarismo a

    nvel mundial.

    As intervenes comunitrias podero ter um maior impacto na promoo

    da sade pblica, uma vez que envolvem uma maior percentagem da populao

    do que as intervenes individuais ou grupais. Estas intervenes podem incluir a

    consciencializao e envolvimento dos membros da comunidade e modificao do

    ambiente fsico. Os programas de interveno comunitria implementados tm

    vindo a aumentar, quer ao nvel internacional, quer ao nvel nacional ou local.

    A OMS elegeu o ano de 2002 como o ano mundial de combate ao

    sedentarismo e criou a Iniciativa Move for Health, que procura a promoo da

    prtica de actividade fsica e estilos de vida saudveis em todo o mundo. Um dos

    eventos o Move for Health Day, que recomendado a todos os Estados

    Membros, e realizado anualmente. A OMS estabelece a reduo do

    sedentarismo mundial para uma prevalncia menor que 15% at ao ano 2010

    (Matsudo, 2002).

    Em Portugal, destaca-se o programa Mexa-se que envolve recursos

    nacionais, regionais e locais, na promoo da prtica de actividade fsica, de como

    exemplo o Mexa-se na Marginal, realizado anualmente e consistindo no

    encerramento do trnsito na mesma, no Concelho de Oeiras, para a realizao de

    exerccio.

    Existe assim um bom entendimento, tanto do ponto de vista da reabilitao

    como da preveno, que a participao regular em AF ou exerccios resultam em

    efeitos positivos relacionados a sade (Howley, 2001; Malmberg et al., 2005).

    A AF considerada como qualquer movimento produzido pelos msculos

    esquelticos que resulte num aumento do dispndio energtico relativamente

    taxa metablica de repouso (Caspersen et al., 1985). Uma das formas de AF

  • 17

    planeada, estruturada e repetitiva, que tem por objectivo a melhoria da aptido

    fsica ou a reabilitao orgnico-funcional, definida como exerccio fsico

    (Caspersen et al., 1985).

    A prtica regular de AF com intensidade moderada ganha relevo especial

    no mbito da sade e do bem-estar dos adultos, assim como na promoo da QV

    (Seefeldt et al, 2002). Haskell et al (1985, in Mota e Duarte, 1999) referem que os

    estilos de vida activos, em conjugao com outros comportamentos positivos,

    podem beneficiar a sade. Para Balaguer e Castillo (2002) a actividade fsica

    uma das condutas clssicas de estilo de vida que tanto nos adolescentes como

    nos adultos favorece o desenvolvimento de estilos de vida saudveis.

    H evidncia convincente de que a AF regular protege o organismo,

    contrariando os hbitos sedentrios, especialmente as ocupaes e recreaes

    sedentrias. A literatura demonstra que pessoas que exercem actividade fsica

    regular em quantidades moderadas apresentam ganhos, tanto em termos de

    sade, como em termos de qualidade de vida.

    A prtica regular de AF manifesta uma importncia decisiva, mais que no

    seja, pela aco que poder ter na diminuio do risco de diversas doenas

    crnicas: DCV, hipertenso arterial, a obesidade, diabetes tipo 2, osteoporose,

    osteoartrose, alguns tipos de cancro e algumas desordens emocionais (Sardinha e

    Teixeira, 1995; Fletcher, Balady et al., 1996) e ao nvel de controlo e de alguns

    factores de risco de DCV, entre os quais, a glicemia, hipertenso arterial, a

    obesidade, dislipidemia, resistncia insulina, tabagismo e stress (Sardinha et al.,

    1999).

    Como maiores nveis de AF tambm foram fortemente associados a uma

    percepo positiva de sade (Leinonen et al., 2001) podemos apreender que a AF

    regular pode ser considerada um forte indicador de sade.

    Para Balaguer (2004), importante a prtica de AF regular, pois para alm

    dos benefcios fsicos e psicolgicos, ajuda a melhorar a sade e a diminuir a

    mortalidade. Esta conjuntura contribui consequentemente para uma melhor QV.

  • 18

    Surge assim a AF regular como um elemento potenciador de QV, com

    repercusses a nvel biolgico, psicolgico e social, contribuindo decisivamente

    para a promoo e manuteno da sade e aquisies de nveis de estilos de vida

    saudveis. A actividade fsica hoje entendida como um meio importante de

    promoo de sade (Carvalho, 1999).

    No entanto, a AF, como veculo da sade, s pode ter importncia se ela se

    constituir um referencial no modo de vida dos indivduos (Mota e Duarte, 1999).

    Neste sentido, interessa perceber de que forma e medida a AF pode ou no

    ser promotora de sade.

    O contexto da vida nas grandes cidades, propicia pouca ou nenhuma

    oportunidade para o desenvolvimento de AF, sobretudo durante o perodo de

    lazer. No trabalho, exige-se menor actividade muscular e cada vez mais

    actividades intelectuais com solicitao de equipamentos informticos e

    automticos. Assim, devido aos hbitos da vida contempornea, a AF habitual

    pode no ser suficiente para prevenir determinadas incapacidades, nem to

    pouco, parece ser capaz de prolongar a vida, sendo por vezes, necessrio a

    participao num programa de exerccios fsicos.

    Como vimos anteriormente a AF pode ser definida como qualquer

    movimento realizado pelo sistema esqueltico com gasto de energia. J o

    exerccio fsico uma categoria da AF definida como um conjunto de movimentos

    fsicos repetitivos, planeados e estruturados para melhorar o desempenho fsico. E

    a aptido fsica definida pela presena de atributos relacionados habilidade no

    desempenho de AF.

    Assim, os programas de exerccios fsicos compreendem a repetio de

    exerccios, durante perodos de semanas ou meses, com o objectivo de melhorar

    a aptido fsica.

    Um programa regular de exerccios fsicos deve possuir pelo menos trs

    componentes: aerbio, fora e flexibilidade, variando a nfase em cada um de

    acordo com a condio fsica e os objectivos de cada indivduo (ACSM, 2002).

  • 19

    A fora muscular a capacidade resultante da contraco muscular, que

    permite mover o corpo, levantar objectos, empurrar, puxar, resistir a presses ou

    sustentar cargas, promovendo maior capacidade para realizar as actividades da

    vida diria, com mais eficincia e menos fadiga (Nahas, 2003).

    Segundo Nieman (1999), os benefcios do desenvolvimento da fora e da

    resistncia muscular para a sade, incluem o aumento da densidade ssea, do

    volume muscular e da auto-estima. Destaca-se que entre os 30 e 70 anos de

    idade, o volume e a fora muscular diminuem em grande parte devido

    inactividade.

    A flexibilidade a capacidade de amplitude de uma articulao isolada ou

    de um grupo de articulaes, solicitadas na realizao de movimentos (Corbin &

    Lindsey, 1997; Nieman, 1999). A flexibilidade fundamental para facilitar os

    movimentos nas diversas actividades profissionais e nas tarefas dirias. Uma boa

    flexibilidade permite a realizao de determinados gestos e movimentos com

    maior eficincia mecnica (Achour Junior, 1999; Dantas, 1998).

    A anlise de estudos epidemiolgicos prospectivos demonstram que a

    exercitao da resistncia aerbia esta associada, de forma independente,

    diminuio do risco de incidncia de doenas crnicas no transmissveis, da

    mortalidade geral e por DCV (Blair, 1993)

    A prescrio adequada de exerccio fsico contempla as variveis tipo,

    durao, intensidade e frequncia semanal.

    Existem evidncias na literatura que tem demonstrado que os hbitos e

    comportamentos relacionados sade adoptados durante a infncia e

    adolescncia tendem a estabilizar-se na vida adulta (Kimm, 1995). Na fase adulta

    as intervenes sofrem mais resistncia e os comportamentos so menos

    passveis de alterao.

    Tem sido observado um declnio bastante acentuado na prtica de AF

    durante a adolescncia, especialmente em raparigas a partir dos 15 anos

    (Mechelen et al, 2000).

  • 20

    Um estudo realizado por Amstrong (1998) revelou que os adultos mais

    activos tinham tambm sido os adolescentes mais activos o que indica uma

    relao no padro de AF do adulto com o comportamento estabelecido na infncia

    e adolescncia; um dos locais com maior influencia na aquisio de hbitos

    relacionados com a AF a escola. Assim, e uma vez que a maior parte dos

    problemas crnicos de sade apenas surgem na idade adulta, tem sido difcil

    determinar os benefcios da AF durante a infncia para a sade na vida adulta.

    Contudo, embora a causalidade no esteja resolvida, a AF pode influenciar a

    sade ao encorajar a adopo de comportamentos tidos como positivos (Mota &

    Sallis, 2002)

    O aumento no nmero de estudos sobre os efeitos da AF praticada

    regularmente pelos indivduos, justifica-se no s pelos benefcios cientificamente

    comprovados de um estilo de vida saudvel, mas tambm por interferir

    decisivamente na QV dos praticantes.

    2.3. Caminhada

    Tal como temos vindo a referir, os benefcios associados ao exerccio fsico

    e AF contribuem para um estilo de vida independente, melhorando bastante a

    capacidade funcional, a sade e a QV das populaes.

    Assim, para um indivduo ter um estilo de vida activo no requer

    necessariamente um regime vigoroso de programas de exerccio. Em vez disso,

    pequenas mudanas bsicas nas actividades dirias tornam os indivduos

    capazes de reduzir o risco de doenas crnicas e poder contribuir para o

    aumento da QV (Pate et al., 1995).

    A caminhada um exerccio de natureza particularmente aerbia. Este tipo

    de exerccio caracterizado pelo envolvimento de grandes grupos musculares em

  • 21

    actividades dinmicas que resultam num aumento substancial do gasto energtico

    (Howley, 2001).

    A caminhada o exerccio mais popular, no implica custos, no requer

    local especfico de prtica, e a maioria da populao pode praticar, sendo a forma

    de AF aerbia de mais fcil acesso. Muitas pessoas praticam caminhada,

    nomeadamente adultos e idosos, e est actualmente em voga (Rafferty, Reeves et

    al. 2002).

    De acordo com alguns autores (Rippe e Hess, 1998), caminhar o mais

    conveniente e a via mais lgica para promover a AF regular nos indivduos e

    representa hoje em dia um dos mais valiosos meios de AF utilizados no mbito de

    tempos livre/lazer (Mota, 1997).

    Deste modo torna-se pertinente analisar as relaes que se estabelecem

    entre a caminhada, a sade e a QV.

    Na caminhada o movimento bsico a marcha, que se diferencia da

    corrida, pois na marcha no existe a fase de voo, momento que os ps deixam de

    ter contacto com o solo (Lima, 1998). Neste sentido, os riscos de leses

    ortopdicas e DCV so mnimos em comparao com outras AF que envolvem um

    maior impacto sobre o sistema locomotor passivo.

    2.3.1. Os Benefcios da Caminhada

    Os exerccios aerbios aumentam a capacidade de fornecer e utilizar o

    oxignio nos msculos, o que lhes garante um bom funcionamento. Permite que

    haja um aumento do fluxo sanguneo, que ajuda a preservar a integridade das

    veias e artrias, dificultando igualmente o depsito de gordura na parede dos

    vasos, reduzindo assim os riscos de mortalidade por DCV Por outro lado,

    influencia positivamente quer a nvel central, quer a nvel perifrico (Howley,

    2001). Os exerccios aerbios parecem tambm ser capazes de melhorar a

    aptido cardiorrespiratria, devendo ser ento, recomendado para todas as idades

  • 22

    (Hawkins e Wiswell, 2003). A prtica de exerccios aerbios apresenta uma

    relao inversa com a presso arterial sistlica e diastlica, tanto em indivduos

    normotensos como hipertensos. A principal manifestao clnica de insuficincia

    cardaca a intolerncia ao exerccio, inclusive utilizada para sua classificao

    pela New York Heart Association (NYHA) (Gielen, 2001). Ensaios clnicos

    prospectivos randomizados demonstram que 15 a 20% de aumento na tolerncia

    ao exerccio, aps trs semanas de programa de exerccio, com manuteno

    desse benefcio por pelo menos dois anos (Gardener, 1995).

    Estudos longitudinais mostram que o exerccio regular reduz o risco de

    desenvolver diabetes tipo 2, independentemente do grau de adiposidade

    (Helmrich, 1991 e Madson, 1992). O exerccio aerbio de leve a moderada

    intensidade, em conjunto com leve perda de peso e dieta saudvel, diminui em

    50% o risco de indivduos com intolerncia glicose evolurem para diabetes.

    Associados a mudanas alimentares, ensaios clnicos randomizados

    documentam redues relativas de risco na progresso para um risco de 58% em

    menos de trs anos (Tuomilehto, 2001; Knowler, 2002). Uma reviso sistemtica

    sobre os efeitos do exerccio fsico na diabetes tipo 2, envolvendo 14 ensaios

    clnicos (11 randomizados), mostrou reduo da glicohemoglobina, mas no do

    ndice de Massa Corporal (IMC) (Boule, 2001).

    Na preveno da obesidade importante manter um balano energtico. As

    mudanas nos depsitos energticos equilibram-se com a diferena entre ingesto

    energtica e o gasto energtico. Se a ingesto excede o gasto, ocorre um

    desequilbrio positivo, com deposio energtica e tendncia para ganhar peso;

    quando a ingesto inferior ao gasto, ocorre um desequilbrio negativo, com

    depleo dos depsitos energticos e tendncia perda de peso. Assim, o

    exerccio contribui para o aumento do gasto energtico, contribuindo para o

    equilbrio energtico (Andersen, 1999).

    A definio de um peso saudvel ainda tema controverso, mas a

    tendncia defini-lo a partir do ndice de massa corporal, uma funo do peso

    pela altura ao quadrado. A OMS recomenda para a populao uma mediana de

  • 23

    IMC entre 21 e 23kg/m2. No entanto os indivduos que se situam numa faixa entre

    18,5 e 24,9kg/m2 encontram-se com peso saudvel., devendo evitar ganhos de

    peso maiores do que 5kg na vida adulta. A prtica de caminhada regular no

    implica uma relao directa com a diminuio do IMC, j que o exerccio aerbio

    regular proporciona uma reduo da massa gorda, aumentando a massa magra.

    O exerccio aerbio de moderada intensidade pode elevar o HDL-colesterol,

    reduzir o colesterol total e os triglicerdeos (Stein, 2004).

    Aps a menopausa, as mulheres tm um perfil lipdico menos favorvel,

    com aumento do colesterol total, LDL-colesterol e triglicerdeos, alm de reduo

    do HDL-colesterol (Stein e Ribeiro, 2004.). Estudos transversais e longitudinais

    sugerem que exerccios aerbios regulares no perodo ps-menopausa aumentam

    os nveis de HDL-colesterol, diminuem os nveis de LDL-colesterol, do colesterol

    total e da gordura corporal (Stein e Ribeiro ,2004), esses mesmos estudos

    mostraram reduo da gordura corporal total e reduo da gordura abdominal

    (Dowling, 2001).

    De acordo com a World Health Organization (WHO) (2006) e Berger et al

    (2006), o exerccio aerbio tem um papel importante na preveno de alguns tipos

    de cancro, nomeadamente do clon e da mama.

    Por outro lado, caminhar com passos rpidos previne a osteoporose, pois

    contribui para o aumento da densidade ssea em todo o esqueleto, estejam os

    ossos envolvidos com sustentao do peso ou no (Stein, 2004).

    Os benefcios da caminhada apresentam ainda benefcios de ordem

    psicolgica que se prendem com a melhoria dos estados de humor: reduo da

    tenso, depresso, raiva e confuso, acrscimo da vitalidade, vigor e clareza

    (Ramos, 1997). Esto igualmente associados benefcios psicoteraputicos,

    nomeadamente no tratamento da depresso e ansiedade (WHO, 2006 e Berger et

    al, 2006).

    Assim, a caminhada apresenta inmeros benefcios individuais em termos

    de sade, bem-estar e QV. Para alm disso, os benefcios da caminhada

    traduzem-se igualmente em benefcios sociais particularmente aqueles que se

  • 24

    referem com os menores custo com cuidados de sade mediante uma actividade

    de baixo custo. Em termos econmicos, os custos para os governos dos pases

    ocidentais, com as doenas crnicas, morte prematura e baixa QV, assumem

    grandes propores. O aumento dos nveis de prtica de exerccio fsico das

    populaes pode conduzir a uma reduo destes custos, devido ao papel

    fundamental que esta prtica tem na diminuio da ocorrncia das doenas fsicas

    e psicolgicas j anteriormente referidas (WHO, 2006 e Berger et al, 2006). A

    prtica regular da AF aerbia, nomeadamente atravs da caminhada a terapia

    de menor custo para promoo da sade e preveno de doenas.

    A dimenso social da QV beneficiada atravs do estabelecimento de

    relaes de cooperao e at mesmo a reduo de comportamentos anti-sociais e

    do isolamento, com alguma incidncia em diversos grupos, nomeadamente jovens

    e idosos. Assim a caminhada, pode potencializar o contacto entre indivduos e

    fomentar novas amizades (WHO, 2006 e Berger et al, 2006).

    Em termos ambientais a caminhada pode proporcionar uma maior utilizao

    dos espaos exteriores, potencializando a utilizao de certas reas e reabilitao

    de outras (passeios martimos, construo de espaos verdes), fomentado a

    proteco do ambiente (zonas estritamente pedestres) e o contacto com a

    natureza.

    Todavia, ainda no est totalmente esclarecido qual a dose-resposta mais

    indicada para se alcanar estes benefcios. Por exemplo, embora vrios autores

    se refiram a um perodo mnimo de 30 minutos dirios, um estudo multidisciplinar

    concluiu que o acto de caminhar repartido por 3 perodos do dia e com durao de

    10 minutos por perodo, tem o mesmo incremento ao nvel da capacidade

    aerbia, na melhoria do perfil dos lipidos plasmticos, e na reduo risco de

    contrair DCV e no desenvolvimento do bem-estar psicolgico em adultos de meia-

    idade e sedentrios (Murphy et al., 2002).

    Para o CDC e o para American College of Sports Medicine (ACSM) os

    indivduos devem realizar AF de intensidade moderada, pelo menos 30 minutos

    por dia, de preferncia todos os dias da semana, de forma contnua ou

  • 25

    acumulada. Estas tambm so as recomendaes da American Heart Association

    (AHA) como uma das estratgias para a preveno das DCV.

    Sallis e Patrick (1994 in Balaguer e Castillo, 2002) defenderam que deve realizar-

    se exerccio fsico, trs ou mais vezes por semana com uma intensidade

    moderada a vigorosa e com uma durao mnima de 20 minutos.

    Numa pesquisa a 16936 ex- alunos, com idades dos 35 aos 74 anos,

    durante 12 a 16 anos (de 1962 a 1978), concluiu-se que a realizao de AF (como

    a marcha, subir escadas e prtica desportiva) est inversamente relacionada com

    a mortalidade, e principalmente com a mortalidade correspondente a DCV e as

    doenas respiratrias (Paffenbarger et al., 1986).

    Outro estudo mostrou que uma AF realizada no caminho para o emprego

    com durao entre 31 e 60 minutos, a p ou de bicicleta, ou esta combinada com

    AF de lazer, podem estar associados com os baixos nveis de IMC, baixa

    prevalncia de sobrepeso nos homens e uma baixa prevalncia de hbitos

    tabgicos em sujeitos de ambos os sexos (Hu, et al., 2001).

    Promover a caminhada nos jovens, e encoraj-los a adoptar outras formas

    de AF regular ou exerccios para complementar o acto de caminhar pode ajudar a

    melhorar os ndices de AF na vida adulta (Leslie, Fotheringham et al., 2001). Por

    sua vez, a prtica de AF regular na idade adulta, contribui para a manuteno da

    Capacidade Fsica Funcional (CFF) at a uma idade mais avanada.

    A capacidade fsica funcional definida como a habilidade de realizar AF da

    vida diria e tambm est relacionada com a facilidade com que estas tarefas so

    desenvolvidas (Tanaka e Seals, 2003).

    A CFF declina com o avano da idade, mesmo em adultos saudveis,

    resultando na capacidade reduzida para realizar certas tarefas. A diminuio da

    fora muscular, a reduo da resistncia aerbia e flexibilidade articular so

    caractersticas do processo natural de envelhecimento,que se traduzem na

    diminuio da CFF. Algumas evidncias sugerem que o exerccio de natureza

    aerbia praticado regularmente pode reduzir a idade biolgica de indivduos

  • 26

    activos 10 a 20 anos, reduzindo tambm a sua dependncia e a sua QV

    (Shephard, 1994).

    Outro aspecto que contribui para o declnio da CFF, nomeadamente nos

    adultos, a inactividade fsica. Actualmente, devido a predominncia de um estilo

    de vida sedentrio, os sujeitos tendem a experimentar doenas degenerativas e

    crnicas que persistem durante longos perodos de tempo, o que leva, muitas

    vezes a incapacidade e dependncia, com consequncias evidentes sobre a QV.

    O declnio da CFF tem reflexos na diminuio progressiva sobre a AF

    habitual e da QV, favorecendo o desenvolvimento de patologias especficas tais

    como as DCV e as doenas osteoarticulares. O decrscimo de rendimento

    corporal conduz tambm falta de vivncias de sucesso com manifestas

    consequncias de ordem social e psquica (Bento, 2000),

    Neste sentido a implementao de hbitos de AF, tais como a caminhada no

    quotidiano essencial na preveno da deteriorao da sade, atenua o declnio

    da funo fsica, melhora o estado emocional, o auto-conceito, a auto-estima e a

    diminuio dos nveis de ansiedade e depresso possibilitando uma melhor QV

    (Bauman e Smith, 2000; Bouchard e tal., 1993; Tanaka e Seals, 2003).

    Como maiores nveis de AF tambm foram fortemente associados a uma

    percepo positiva de sade (Leinonen e tal., 2001) podemos apreender que a AF

    pode ser considerada um forte indicador de sade.

    A sade percebida ou subjectiva pode ser definida como a experincia de

    um indivduo em relao forma como os sucessos mentais, fsicos e sociais

    influem sobre os sentimentos de bem-estar (Hunt, 1988).

    A percepo subjectiva de sade parece ser capaz de predizer a

    sobrevivncia, onde uma avaliao pessimista pode estar relacionada com o

    aumento de condies crnicas (Leinonen, et al., 2001), de incapacidade funcional

    (Rosa e tal, 2003) estando altamente associada mortalidade. Sujeitos cuja auto-

    percepo indicaram um baixo nvel de sade apresentaram mortalidade 8 vezes

    maior do que aqueles que reportaram ter uma excelente sade, num estudo de 4

    anos de observao (Wannamethee &Shaper, 1991).

  • 27

    A funo fsica um factor que parece afectar de forma significativa a

    percepo do estado de sade (Leionen e tal.,2001; Rosa e tal.,2003; Seidl e

    Zannon, 2004).

    A preservao da capacidade aerbia fundamental para a manuteno da

    independncia, funcionalidade e QV do sujeito (Zargosa, 1996), sendo

    consequentemente, um factor de grande influncia sobre a funo fsica, assim

    como sobre as outras dimenses da QV.

    Parece claro que a caminhada pode ser uma forma importante de

    exercitao aerbia, e deve ser estimulada em todos os ciclos da vida, para que

    todos possam usufruir dos seus benefcios.

  • 28

    3. Objectivos

    3.1 Objectivos Gerais

    Conhecer os benefcios da prtica regular de caminhada na qualidade de

    vida dos adultos.

    Conhecer a percepo subjectiva de sade associada qualidade de vida

    dos adultos praticantes de caminhada.

    3.2. Objectivos Especficos

    Verificar as diferenas e /ou semelhanas entre o grupo de caminhantes e o

    grupo de no caminhantes

    Verificar as diferenas e /ou semelhanas por grupo e por sexo.

  • 29

    4. Material e Mtodos

    4.1. Caracterizao da Amostra

    A amostra deste estudo foi constituda por 50 sujeitos, 26 do sexo

    masculino e 24 do sexo feminino. Os indivduos esto divididos em 2 grupos:

    caminhantes (n=25) e no caminhantes (n=25). A idade dos indivduos da amostra

    esta compreendida entre os 19 e os 58 anos de idades (38,6811,5).

    Os sujeitos do primeiro grupo, caminham h pelo menos 1 ano, em 3 sesses ou

    mais sesses por semana, de durao mnima de 30minutos. O grupo de

    caminhantes andam entre 2 a 9 horas semanais, sendo a mdia de 5,57 horas

    semanais. Nenhum sujeito da amostra caminha semanalmente de 7 a 8 horas.

    Os sujeitos do grupo de no caminhantes so indivduos que no tem

    hbitos de actividades fsica regular.

    Os questionrios foram aplicados ao grupo de caminhantes no parque do Fontelo

    em Viseu de manh, tarde e ao final da tarde, de forma a diversificar amostra.

    As entrevistas aos no caminhantes foi feita na via pblica, de manh, tarde e

    ao final da tarde com o mesmo objectivo.

    Esta amostra foi recolhida na cidade de Viseu no ms de Abril de 2007.

  • 30

    Figura 1 Distribuies das idades dos sujeitos caminhantes e no caminhantes por sexo

    Grupo No Caminhante Caminhante

    Idade

    60

    50

    40

    30

    20

    10

    Feminino Masculino

    Sexo

  • 31

    Figura 2 Distribuies dos sujeitos caminhantes e no caminhantes por sexo

    Figura 3 Distribuio das horas semanais dos praticantes de caminhada

    Horas Semanais 8 6 4 2

    Frequncia

    6

    5

    4

    3

    2

    0

    Grupo

    No Caminhante Caminhante

    N de sujeitos

    14

    12

    8

    4

    2

    0

    Feminino Masculino

    Sexo

    6

    10

  • 32

    4.2. Instrumentos

    4.2.1.Carta de Consentimento

    4.2.2. Questionrio MOS SF-36

    Este instrumento, validado para a populao portuguesa (Ferreira, 98), permite

    medir o nvel global da qualidade de vida relacionada sade, contem 36 itens e

    cobre oito dimenses de estado de sade e detecta tanto os aspectos positivos

    como os negativos da sade. As dimenses que constituem este questionrio so:

    Funo Fsica (FF), permite medir desde as limitaes para executar AF

    menores at s actividades mais extenuantes.

    Desempenho Fsico e Emocional (DF e DE), permitem medir a limitao em

    sade em termos do tipo e quantidade de trabalho executado.

    Dor Corporal (DC), permite medir a intensidade e o desconforto causados

    pela dor, mas tambm a forma como interfere nas actividades normais.

    Sade Geral (SG), permite medir o conceito de percepo holistica da

    sade, incluindo no s a sade actual mas tambm a resistncia doena

    e aparncia saudvel.

    Vitalidade (VT), inclui nveis de energia e fadiga permitindo captar melhor

    as diferenas de bem-estar.

    Funo Social (FS), permite captar a quantidade e a qualidade das

    actividades sociais, assim como o impacto dos problemas fsicos e

    emocionais nas actividades sociais.

    Sade Mental (SM), inclui questes referentes a quatro dimenses de

    sade mental, ansiedade, depresso, perda de controlo em termos

    comportamentais ou emocionais e bem-estar psicolgico.

  • 33

    Estas dimenses podem ser agrupadas em duas componentes: a fsica, que

    inclui a funo fsica, o desempenho fsico, a dor corporal e a sade geral, e a

    componente mental, que inclui a sade mental, o desempenho emocional, a

    funo social e a vitalidade.

    Figura 4 - Modelo Factorial SF-36 com duas componentes

    Fonte: Adaptado de Ferreira, P. L. e Marques, F.B. (1998)

    Os dados em bruto provenientes da codificao das respostas ao

    questionrio no esto, partida e de imediato, em condies de serem usados.

    Os dados passam pelo procedimento a seguir esquematizado de forma a tornarem

    se coerentes e interpretveis: 1 Introduo dos Dados; 2 Transformao dos

    Valores; 3 Tratamento dos Dados; 4 Clculo das Escalas; 5 Verificao.

    O procedimento utilizado para o MOS SF-36 o descrito no diagrama do

    O quadro 2 apresenta, para cada dimenso, quais as questes que as compem,

    assim como a correspondente amplitude aceitvel para respostas, a

    transformao resultante da aplicao do sistema de codificao e os limites

    mnimo e mximo das escalas obtidas. A pontuao, em alguns itens sofrem,

    transformaes so de dois tipos: (1) inverso de valores nos itens das dimenses

    DC, SG, VT, FS e SM; (2) recalibrao nos itens das dimenses DC e SG.Os

    dados so transformados segundo a codificao existente no quadro seguinte:

  • 34

    Quadro 2 Informao para o sistema de pontuao do MOS SF-36 (1) (2) (3) (4) (5) (6) DIMENSO PRG.S VAL.S TRANSFORMAO MIN MAX

    FF Funo Social

    3-3j 1-3 - 10 30

    DF Desempenho

    Fsico 4-4d 1-2 - 4 8

    DC Dor Corporal 7 1-6

    16.0 25.4 34.2

    43.1 52.2 61.0

    8 1-5

    7 falta 16.0 24.75 33.5 42.25 51.0

    7=1 16.0 14.0 13.0 12.0 11.0

    7=2,..,6 6-x

    2 12

    SG Sade Geral 1 1-5

    15.0 24.4 33.4

    42.0 51.0

    11,11c 1-5 - 11b,11d 1-5 X6-X

    5 25

    VT Vitalidade 9,9e 1-6 X7-X 9g,9i 1-6 -

    4 24

    FS Funo Social

    6 1-5 X6-X 2 10

    10 1-5 -

    DE Desempenho Emocional

    5-5c 1-2 - 3 6

    SM Sade Mental

    9b,9c,9f 1-6 -

    9d,9h 1-6 X7-X 5 30

    MS Mudana de

    Sade 2 1-5 - - -

    Fonte: Adaptado de Ferreira (1998, pag.28)

    Aps a soma dos itens de cada escala (dimenso), os valores obtidos em

    cada escala so transformados numa escala de 0 a 100, atravs da formula

    seguinte:

    Escala Transformada = SOMA ( MIN / MAX MIN) * 100

  • 35

    a SOMA indica o valor da soma dos itens dessa escala depois de

    recodificados (se necessrio) e MIN e MAX, respectivamente, os valores

    mnimo e mximo correspondentes a essa SOMA e apresentados nas

    colunas (5) e (6) do quadro O valor obtido corresponde percentagem da

    total pontuao possvel. Quanto mais baixa a pontuao, pior ser o

    estado de sade do indivduo, em relao escala analisada.

    Uma das vantagens mais importantes de uma escala com vrios itens que

    podemos estimar a sua pontuao mesmo quando esta contenha informao em

    falta. Isto s possvel se estiverem, pelo menos, respondidos metade dos itens

    que compem essa escala. A soluo dada pela mdia das respostas

    transformadas do mesmo indivduo aos restantes itens da escala (Ware et al.,

    1980).

    aconselhvel que se faa uma verificao dos valores obtidos e das

    respectivas distribuies. Assim, deve ser analisada:

    a correlao ente cada escala e os itens que a compem devem ser

    positivas e altas (0,30, pelo menos);

    as correlaes entre a escala SG e as outras sete devem ser positivas e,

    com raras excepes, ser altas;

    as correlaes entre as 8 escalas e o primeiro factor no rodado obtido pela

    anlise factorial devem ser positivas e altas.

    4.3 Procedimentos Estatsticos

    Na anlise estatstica descreve-se e caracteriza-se a amostra comparando dois

    grupos (caminhantes e no-caminhantes), tendo sido tambm feita a comparao

    por gnero.

    Na descrio e caracterizao da amostra foi utilizada estatstica descritiva:

    medidas de tendncia central e de disperso

  • 36

    O programa estatstico utilizado foi o Statistical Package for Social Science

    (SPSS), verso 15.0 para o Windows.

  • 37

    5. RESULTADOS

    De acordo com a figura 5 possvel constatar que o grupo de caminhantes

    apresenta resultados mais positivos e uma distribuio mais consistente em todas

    as dimenses do questionrio. O grupo de no caminhantes apresenta uma

    grande amplitude de resultados, em todas as dimenses.

    A funo fsica, o desempenho fsico, a sade geral e o desempenho

    emocional so as dimenses onde a diferenciao de resultados maior entre os

    grupos.

    O desempenho fsico a dimenso em que o grupo dos caminhantes

    apresenta melhores resultados. Todos os sujeitos deste grupo atingem os 100%,

    com excepo para 3 outliers, que se encontram nos 75%. Nesta dimenso, o

    grupo de no-caminhantes (6430,7) apresenta uma amplitude 100%. Este grupo

    volta a obter 100 de amplitude na dimenso do desempenho emocional.

    A dimenso da sade mental a que apresenta uma maior proximidade de

    resultados entre os caminhantes (73,111,9) e os no caminhantes (62,418,5).

  • 38

    Figura 5 Distribuio da amostra nas diferentes dimenses do questionrio MOS-SF-36 por

    grupo

    Na figura seguinte possvel observar os resultados das diferentes

    dimenses do questionrio MOS-SF-36, por tipo e sexo.

    Na Funo Fsica, o grupo feminino de caminhantes (94,26,4) e o grupo

    masculino de no caminhantes (93,5 6,6) apresentam a maior consistncia de

    resultados. Ambos os grupos apresentam 80% como mnimo e 100% como

    mximo. Os caminhantes do sexo masculino (88,317,2,4) tem como mnimo 60%

    e o sexo feminino no caminhante (69,123,7) cai at ao 30%, ambos apresentam

    100% como mximo. Nesta dimenso, o grupo de no-caminhantes do sexo

    feminino apresentam a maior amplitude de resultados.

    No Desempenho Fsico, todos os sujeitos caminhantes do sexo feminino

    (94,211), exceptuando 2 oultiers que se situam nos 75 %, encontram-se a 100%.

    Nos caminhantes do sexo masculino (93,711,3) todos os indivduos situam-se

    nos 100%, excepto 1 outlier que se situa nos 75%. O grupo de no caminhantes,

    Grupo No Caminhante Caminhante

    100

    80

    60

    40

    20

    0

    3

    36

    3

    27 41 36

    2

    26 40

    10

    2

    13

    15

    23

    8

    16 24

    SG DC DF FF

    Dimenses

  • 39

    de ambos os sexos apresenta uma grande amplitude de resultados (entre 75 e

    100%).

    Em relao Dor corporal, nos caminhantes do sexo masculino (967,23)

    os resultados encontram-se entre os 80 e 100%. Os caminhantes de sexo

    feminino (81,118,8) e os no caminhantes de sexo masculino (86,615,9)

    apresentam um mnimo de 52% e o mximo de 100%, enquanto que o grupo de

    sujeitos no caminhantes do sexo feminino (62,912,6) encontra-se entre os 42%

    e os 80%.

    Na Sade Geral, caminhantes de ambos os sexos situam-se entre os 80%

    e 90% (excepo feita para um elemento caminhante do sexo feminino que se

    situa nos 45%), enquanto que os no caminhantes do sexo masculino encontram-

    se entre os 50 e 65% e os no-caminhantes do sexo feminino situam-se entre os

    5% e os 75%, sendo o grupo que apresenta mais disperso.

    Na Vitalidade, a diferena entre sexos mais pronunciada do que a

    diferena entre grupos. Os caminhantes do sexo masculino (81,710) variam entre

    os 65% e os 90%, os caminhantes do sexo oposto (64,212,7) apresentam uma

    maior amplitude, variando entre os 40% e os 80%. Os no-caminhantes do sexo

    masculino (71,16,8) tem um mnimo de 55% e o mximo de 80%, enquanto que

    os nao-caminhantes (4519,2) do sexo feminino apresentam uma maior

    amplitude, tendo como mnimo 20% e como mximo 75%.

    Na Funo social, os caminhantes do sexo masculino (87,513,1) oscilam

    entre os 75% e os 100%, enquanto que os caminhantes do sexo feminino

    (82,213,1), e os no caminhantes do sexo masculino (82,512,6) tm como

    mximo 100% e como mnimo 63%. Os no caminhantes do sexo feminino

    (76,517,1) oscilam entre os 50% e os 100%.

    No Desempenho Emocional a grande diferena verifica-se no sexo

    feminino. As caminhantes (excepo feita para 2 outliers de 66%.), tal como os

    no caminhantes do sexo masculino encontram-se unanimemente nos 100%. As

    no caminhantes (51,340,5) oscilam entre 0% e 100%. Os caminhantes do sexo

    masculino (8317,8) tm como mnimo 66% e mximo 100%.

  • 40

    Em termos de Sade Mental, os caminhantes do sexo masculino

    (76,712,2) situam-se entre os 52% e os 96% e as caminhantes (69,811,3) entre

    44% e 84%. Os no caminhantes do sexo masculino (69,410,3) oscilam entre os

    52% e os 80%, enquanto que os no caminhantes do sexo feminino (53,423)

    oscilam entre os 40% e os 88%, contando com um outlier situado em 4%.

    Figura 6 Distribuio da amostra por grupo e sexo em relao s diferentes dimenses do

    questionrio MOS-SF-36

    Na figura seguinte possvel constatar que as mdias das diferentes

    dimenses do questionrio, nos caminhantes do sexo masculino encontram-se

    igual ou acima dos 80%. As mdias dos caminhantes do sexo feminino tambm se

    encontram acima dos 80% com excepo feita para a Vitalidade e Sade Mental.

    100

    80

    60

    40

    20

    0

    Grupo

    No Caminhante Caminhante

    100

    80

    60

    40

    20

    0

    Sexo

    Masculin

    oFeminino 36

    2

    3

    3 2

    28

    42

    29

    43

    3

    13

    25

    30

    44

    38

    34

    48

    Sade Mental Desempenho Emocional Funo Social Vitalidade Sade Geral Dor CorporalDesempenho Fisico Funo Fsica

    Dimenses

  • 41

    Os no caminhantes do sexo masculino encontram-se acima dos 65%, e os no

    caminhantes do sexo feminino, tem as mdias das dimenses mais baixas,

    oscilando entre os 40% da Sade Geral e os 76% da Funo Social.

    Figura 7 Mdias da amostra por grupo e sexo em relao s diferentes dimenses do

    questionrio MOS-SF-36

    Os caminhantes do sexo masculino consideram que a sua sade se

    manteve ou melhorou no ltimo ano, j os caminhantes do sexo feminino (com

    excepo feita para o outlier que pensa que a sua sade melhorou), pensam que

    a sua sade est aproximadamente igual.

    Os no caminhantes do sexo masculino so o grupo com maior diversidade

    de resposta, enquanto que as respostas dos no caminhantes do sexo feminino

    compreendem o aproximadamente igual a muito pior.

    Med

    ias

    100

    80

    60

    40

    20

    0

    Grupo

    No Caminhante Caminhante

    100

    80

    60

    40

    20

    0

    Sexo

    Mascu

    lino

    Feminino

    Sade Mental Desempenho Emocional Funo Social Vitalidade Sade Geral Dor CorporalDF Funo Fsica Desempenho Fisico

    Dimenses

  • 42

    Figura 8 Distribuio da amostra na dimenso Mudana na Sade por grupo e sexo

    O grupo dos caminhantes tem a percepo que a sua sade se manteve ou

    melhorou enquanto que o grupo de no caminhante oscila de algumas melhorias a

    muito pior.

    Sexo

    FemininoMasculino

    Mudan

    a na Sade

    5

    4

    3

    2

    129 43

    12

    No Caminhante

    Caminhante

    Grupo

  • 43

    Figura 9 Distribuio da amostra na dimenso Mudana na Sade por grupo.

    Grupo No Caminhante Caminhante

    5

    4

    3

    2

    1 29 38 43

    Mudana na Sade

  • 44

    6. Discusso dos Resultados

    Medir o estado de sade corresponde a uma descrio e quantificao da

    sade do indivduo, num determinado momento. Neste estudo, a medio do

    estado de sade reflecte um ponto no tempo, em que se pretende observar as

    semelhanas e/ou diferenas entre dois grupos. As medidas gerais do estado de

    sade focalizam-se geralmente nas percepes subjectivas de sade.

    A percepo subjectiva ou auto-avaliao da sade descreve como uma

    pessoa percebe a sua prpria sade (Kanagae e tal., 2006) e tem sido

    amplamente utilizada em estudos epidemiolgicos de sade tornando-se um

    importante indicador de vrias dimenses de funcionalidade e bem-estar

    (Malmberg e tal., 2005; Philipss e tal., 2005).

    No presente estudo, a percepo subjectiva de sade foi realizada atravs

    da aplicao do questionrio MOS SF-36 a dois grupos: um de caminhantes e

    outro de no caminhantes.

    O MOS SF-36 foi idealizado por Ware e colaboradores e um instrumento

    amplamente utilizado para avaliar o estado de sade e o efeito das intervenes

    na QVRS (Ferreira, 1998; Hopman et al., 2000; Paixo, I.; E Reichenheim, 2005).

    O questionrio abrange tanto a sade fsica e mental, sendo relativamente

    simples e de breve preenchimento. O MOS SF-36 foi exaustivamente testado

    quanto as suas qualidades psicomtricas, tendo elevados nveis de fiabilidade

    (Roubenoff e Qilson, 2001). No entanto, Znica et al (1999), refere que estudos

    realizados com o MOS SF-36, comprovam que quando os questionrios so

    administrados por entrevista pessoal, todas as dimenses apresentam melhores

    perfis de sade, considerando-se que o entrevistador influi nos resultados.

    Neste estudo, os questionrios foram preenchidos pelos sujeitos da

    amostra. Os questionrios foram aplicados ao grupo de caminhantes no parque do

    Fontelo, em Viseu, de manh, ao incio da tarde e ao final da tarde, de forma a

    diversificar a amostra. Os questionrios foram aplicados aos no caminhantes na

    via pblica, de manh, ao incio da tarde e ao final da tarde com o mesmo

  • 45

    objectivo. Estes factores podem ter influenciado eventualmente, de forma positiva

    ou negativa a percepo do indivduo no seu estado de sade.

    De acordo com a apresentao dos resultados, podemos constatar que o grupo de

    caminhantes apresentou uma melhor percepo subjectiva de sade. Os

    caminhantes no s auto-avaliam a sua sade de uma forma mais positiva, mas

    tambm de forma mais consistente do que os no caminhantes. Estes resultados

    estendem-se s oito dimenses referidas no questionrio, e vo de encontro com

    os resultados descritos na literatura. Diversos autores (Ferreira, 2003; Mazo, 2003;

    Teixeira, 2005) afirmam que existe uma relao positiva entre a AF e a percepo

    subjectiva de sade. De acordo com estudos realizados por Heikken (2004), a

    performance funcional e a AF regular so factores capazes de influenciar

    positivamente a avaliao subjectiva em comparao com sedentrios. As

    evidncias suportam que a AF regular e o exerccio fsico so capazes de

    melhorar a percepo subjectiva de sade, especialmente no que se refere

    percepo da funo fsica (Kanagae et al, 2006; Stewart et al, 2003; Taylor et al,

    2004). Neste estudo constatamos, que para alm da funo fsica, o desempenho

    fsico, a sade geral e o desempenho emocional foram as dimenses onde a

    diferenciao de resultados foi maior entre os grupos. Tanto o desempenho fsico

    como a funo fsica so as dimenses que esto mais directamente relacionados

    com os benefcios da caminhada. Esta actividade praticada de forma regular, vai

    permitir aos indivduos que usufruam dos benefcios em termos da sade geral. A

    caminhada promove a socializao e o convvio, desenvolvendo a dimenso da

    funo social, que parece contribuir consequentemente para a melhoria do

    desempenho emocional e do estado de sade mental, considerando-se

    eventualmente que pode reduzir o risco de depresso. Mais uma vez, os

    resultados obtidos vo de encontro com os resultados obtidos em outros estudos.

    O grupo de no caminhantes, apresenta resultados menos positivos e

    bastante dispersos. Kruguer et al (2006) verificaram que a prevalncia de uma

    pobre auto-avaliao da QV est inversamente relacionada participao em

    actividades fsicas.

  • 46

    No que diz respeito diferenciao de resultados entre sexos, em todas as

    dimenses, os sujeitos do sexo masculino caminhantes apresentam melhores

    resultados do que os sujeitos do sexo feminino caminhantes. A diferenciao entre

    sexos no grupo de no caminhantes semelhante.

    De acordo com a literatura, o sexo feminino tem percepes mais

    pessimistas que o sexo masculino (Daltroy et al ,1999; Leal et al, 2005; Orfilia et

    al, 2006), as razes que levam a esta avaliao mais negativa permanecem

    incertas. O facto de o sexo feminino apresentar sempre valores inferiores ao do

    sexo masculino, poder indiciar um pior estado de sade, estando de acordo com

    os estudos de Vonkorff (1993) e da Direccin General de Salud Publica Espaol

    (1996). Phillips et al (2005) afirma que as relaes entre AF regular e a percepo

    optimista de sade so mais fortes entre os homens do que entre as mulheres.

    Kanagae et al, (2006) num estudo com 542 mulheres japonesas com idades

    compreendidas entre os 40 e os 91 anos, concluram que de entre os principais

    determinantes para a percepo negativa de sade estavam os baixos nveis de

    AF.

    No que diz respeito diferena entre os sujeitos do sexo masculino, inter-

    grupo, os caminhantes revelam percepes mais positivas, exceptuando a

    dimenso da funo fsica (o que vai contra o que est descrito na literatura), e o

    desempenho emocional. Os no caminhantes apesar de terem melhores

    resultados nestas duas dimenses, em termos globais apresentam maior

    disperso, isto pode significar uma menor conscincia de como avaliar a sua

    sade.

    Apesar dos sujeitos do sexo feminino terem uma percepo mais negativa

    do que os do sexo masculino, a percepo das praticantes de caminhada muito

    mais optimista do que das no praticantes, em todas as dimenses. Podemos

    destacar a funo fsica, o desempenho fsico, e o desempenho emocional, como

    as dimenses onde a diferena dos sujeitos do sexo feminino entre os dois grupos

    mais acentuada.

  • 47

    Relativamente ao parmetro de mudana de sade, importante no

    esquecer que os entrevistados tm idades compreendidas entre os 19 e 58 anos e

    que esta diferena de idade pode influir nos resultados apesar do envelhecimento,

    como processo fisiolgico, no ocorrer em paralelo com a idade cronolgica,

    apresentando uma considervel variao (Matsudo, 1993). Mais uma vez os

    padres de resultados acima descritos, tanto em termos de grupo, como de sexo

    so mantidos.

    O grupo de caminhantes revela maior consistncia e uma percepo

    subjectiva mais alta, enquanto que os sujeitos no caminhantes mais uma vez

    apresentam uma maior disperso de resultados e em termos globais menos

    positivos que o dos caminhantes. Tendo em conta que estamos a falar de

    mudana na sade evidente que os caminhantes como sujeitos que praticam

    regularmente este tipo de exerccio aerbio, usufruem dos seus benefcios tanto

    para a sua sade, como para a sua QV, apresentando melhores resultados.

    Os caminhantes do sexo masculino consideram que a sua sade se

    manteve ou melhorou no ltimo ano, j os caminhantes do sexo feminino

    descrevem a sua sade como aproximadamente igual.

    Os no caminhantes do sexo masculino so o grupo com maior diversidade

    de resposta, enquanto que as respostas dos no caminhantes do sexo feminino

    so mais pessimistas, compreendendo respostas de aproximadamente igual a

    muito pior. Mais uma vez, os sujeitos do sexo feminino, de ambos os grupos,

    apresentam auto-avaliaes mais negativas do que os sujeitos do mesmo grupo,

    mas do sexo oposto. No so conhecidas, em termos cientficos as razes, que

    levam a este fenmeno.

    A realizao deste estudo permitiu-nos verificar que a caminhada, como AF

    regular, um elemento significante para a promoo e a manuteno da sade.

    Permite uma percepo subjectiva de sade mais elevada nos sujeitos que a

    praticam, em todas as suas dimenses, proporcionando melhoria da qualidade

    geral de vida e sendo um factor importante na preveno do desenvolvimento de

    vrias doenas crnico degenerativas. Esta ideia sustentada por vrios outros

  • 48

    estudos que apontam a AF regular e o exerccio fsico como elementos

    preponderantes na preveno das doenas do sculo, contribuindo assim,

    decisivamente para a sade pblica.

    Temos conscincia que o facto da amostra ter um nmero reduzido de

    sujeitos, por ser um estudo de natureza exploratria e por ter sido aplicada apenas

    numa cidade, pode limitar a generalizao dos resultados obtidos neste estudo.

  • 49

    7. Concluso

    De acordo com metodologia utilizada, a anlise da discusso de resultados,

    em confronto com a literatura chegamos as seguintes concluses:

    Os praticantes de caminhada usufruem dos benefcios gerados por esta

    actividade em todas as dimenses da qualidade de vida.

    O grupo de caminhantes apresenta uma percepo subjectiva de sade

    mais elevada e consistente que o grupo de sujeitos no caminhantes.

    A funo fsica, o desempenho fsico e o desempenho emocional so as

    dimenses que evidenciam melhores resultados no grupo de caminhantes.

    O grupo de caminhantes do sexo masculino apresenta uma auto-avaliao

    mais elevada que o grupo de caminhantes feminino.

    O grupo de caminhantes do sexo feminino apresenta maior contraste

    (percepes mais elevadas) do que o grupo de no caminhantes do mesmo

    sexo.

  • 50

    8.Referncias Bibliogrficas

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