Bertolt Brecht - Dansen

Embed Size (px)

Citation preview

  • 7/25/2019 Bertolt Brecht - Dansen

    1/9

    nsen

    nscn

    Escrita em 9 9

    radu

    Marcos Renaux e Chris tine Roehrig

  • 7/25/2019 Bertolt Brecht - Dansen

    2/9

    .\ 0

    palco. trs

    facbadas

    de casas,

    NIIl 7a

    delas

    h

    111/70 taboca ria

    COI

    a i/lscrio Tr

    fi

    co de Tabaco Austriaco

    outra 111/70

    loja de sapa

    tos

    COI

    a

    inscri o

    Loja de Sapatos

    Tcheca ,

    A

    ltima

    n o tem loja.

    II as na ja I/ela

    b

    l ima placa: PreSlll/to Fresco

    Ao lado da lt ima

    h

    111/7

    porto

    Nele est escrito Depsito de Ferro Srensso

    1

    o

    pequeno senhor

    ansen

    est sentado

    [unto

    ao

    porto

    segurando

    7 porco debaixo do brao:

    el te

    dele

    m

    barril.

    DA t S Et para o pblico - Sou um homem pequeno, respeitado , bem

    s ituado e com uma vida independente . Convivo com os meus

    vizinhos na melhor

    das

    harmonias .

    Qualquer

    diferena entre ns

    eliminada de manei ra pacfica por uma associao em que

    quase

    todos

    ns

    participamos. Regulamentamos

    tudo com

    con

    t ra tos. At agora funcionou

    tudo

    muito bem .

    Tenho

    a minha

    l iberdade e meus cantatas comerciais, t enho meus amigos e

    meus clientes, os meus princpios e a minha criao de porcos .

    Comea a escovarseu porco dentro do

    ba 7

    .

    Pronto,

    meu

    pe

    queno

    agora

    vamos

    ficar

    bem

    quiet inhos e lavar as orelhas rosa

    das

    para estarmos limpinhos e bonitos. saudveis, simpticos e

    apetitosos quando os clientes

    chegarem

    . E se a

    gente

    se com

    por tar e comer direitinho, vamos ser algo decente na vida e o

    cliente vai dizer: mas que leitozinho lindo Pois o que que

    voc quer? O que que o seu coraozinho mais quer? Voc

    quer

    ser

    vendido

    . Ah, voc esper to . Basta voc ter a mnima

    impresso de que eu

    no

    esteja

    pensando

    em voc, que

    por

    um

    momento eu tenha esquecido o desejo do seu corao, que

    voc logo solta um grunhido alto e me faz lembrar . s passar

    algum que tenha a mnima aparncia de no ter comido. e voc

    j g runhe. E a eu mesmo posso. tranqilamente.. .

    porco grunhe.

    D At SEt

    alba ao redor. alegre -

    O que foi? O que

    foi?

    Vem vindo

    algum? Um cliente por perto?

    Olhando

    ttmidamente

    ao redor. chapu afundado 1/0 cabea. m

    h

    omem armado

    aproxima-se sorrateiramente da

    tabacaria

    P

    ra

  • 7/25/2019 Bertolt Brecht - Dansen

    3/9

    192

    Be I10lt Brecht

    Dansen

    193

    . , xlas

    qu e

    belo

    leitozinho

    a

    I:STRA \ 1I0 -

    j\ .

    I)

    . .

    -

    a qu

    e

    fo i?a qu e foi?

    A'

    SI.

    \'

    o tohaco r{/ - a qu e .. . aconte

    DA S 'i\

    aponta ndo acusador para

    ceu .. , l.. . de ntro?

    .

    . o a se nho r qu e r s ab e r mesmo .

    a

    :STIlA IIO - .

    \

    1

    a

    > acon tec e

    com o pr

    xim

    o..,

    oo, o_ : cla ro

    qu

    e eu

    qu

    e ro sa )e l.

    qu

    e .

    DA\'SI.\'

    O pu rco g rl l l/he

    pelo

    scpl lm o

    /. CZ,

    Re-

    . . a senhor conhecia

    aque

    le homem?

    a ESTIlA \ 1I0 -

    . E

    10

    sim desculpe , Estou completamente confuso

    D,\\'sl:\' - .u,

    .

    /

    / 10 ramos da mesma

    associa

    ao-

    recl .\ - >. .

    - I o I Ve nd e r porcos.

    . . e O

    qu e voces

    aZlam

    .t .

    a I:STRA'

    1I

    0 - L

    .

    . o a

    se nho r n o que r

    sabe r, nao e.

    a bTRA1I0 - .

    I

    Aponta

    o

    outro lado .

    I)

    o., opara o po rco - Mas o tornem ...

    A'sl.i\

    .

    a . 11 1 de \

    e r

    ia

    segui

    r o

    exemp

    lo do se u b el o p o rq ui-

    f TR\\1I0 - se n ,

    O

    el e cor-de-rosa e continua cor-de-rosa .

    n io . L

    , 10 gente . Estou

    humanamente

    re\ o\tado e o

    D-\\'5 '\' - t-Ias POICO n. r,

    senhor

    tamb

    m s ab e p or q ue .

    DA'SE

    \

    - Svensson Sven sson a qu e se r qu e eu dev o fazer? Esto

    pedindo soc o rro na ta bacaria a da fren te . Um sujeito

    estranho

    arromb

    ou

    a loja be m deb aixo do me u nariz. - a qu ,

    vo c

    est

    o uvin

    do

    os grit

    os

    da? -

    claro q ue e u n o

    posso

    entrar

    ,

    n o

    t e nh o n e nh u m

    direito de invadir a casa d

    os

    out

    ro s

    . Mas o qu e

    qu

    e

    eu

    vo u faz

    er

    quando ele sair? Estou tremendo

    no

    corpo

    todo , de

    tanta

    re vo lta . - Pod e

    t e r c e rt e za

    qu e eu

    vo u dizer

    na

    ca ra

    dele

    o

    qu e

    e u p en so . Voc co n he ce a

    minha

    divisa , n o ,

    n o divisas, divisa , es

    cute

    -

    depois de ter olhado cuidadosa

    mente

    para os

    lados, canta abafado

    110

    telefone :--

    Qualquer

    pa s o u reinado

    Po r onde

    um

    Da n

    se n

    passar

    Lut

    ar

    abertamente

    Pelo qu e acreditar.

    Em resumo. vou es frega r a minha repulsa na cara de le . Co mo

    e u j di

    ss e

    , es to u trem

    en d

    o de revolta.

    Emudecem os gritos de

    socor

    ro

    De repen te 11m grito,

    11m

    tiro de pistola e

    lima

    queda pesada ,

    diant

    e da p011afe

    chada

    da loja e tira

    11m

    molho de g

    az

    uasdo

    b

    lso

    Experi

    me

    nta

    uma por

    lima

    e de vez em

    quand

    o sorri

    para

    Dansen

    cujos cabelos comeam a a rr

    ep

    iar-se. At que

    o

    arrombador perde

    pacincia e entra pela ja

    nela

    lima

    pi

    stola grande lia melo. Imediata_

    men te ourem-se barulh

    os

    terriceis uindos da casa: lima cadeira cain

    do. gritos altos de socorro.

    an

    sen leuanta-se,

    horror

    iz

    ado. Con-e

    ato rdoado de m

    lad

    o

    para

    o

    ou

    tro

    .

    o

    porco debaixo do brao.

    Em

    seguida

    to

    a

    para o

    tele

    fon

    e.

    DA

    \

    SE

    \

    - V

    ou

    desligar. Pre ci so sen ta r. Ach o

    qu e

    fiqu ei

    co

    m

    os

    cabe-

    lo s brancos.

    Sombrio. com o porco debaixo do brao, senta-se diante de sua casa .

    O Estranho

    sai da tabacaria e, com

    11m

    giz, risca

    apressado

    o n

    ome

    A ustriaco e escreve em cima Mercador do Oriente e Cia . . Em

    seguida va i at Dansen .

    a ES

    TRA

    1 \1I0 - Po r qu e qu e o se nho r es t t;IO plido?

    .

    ..

    .

    a

    jogo

    do Io-se-meta

    .

    DA \'s '\'

    irritaclo

    - Jogai Us o

    I

    l

    ix o

    i\luito caro .

    a EST

    IlA

    \ 1I0 -

    No

    p os so m e c ar ao

    1 .

    o

    \ I . Aponta o outro lado .

    :

    .

    uma vez )or se mana , S.l xrcos ,

    DA\'

    51

    \ - L S

    c -

    Ele tam

    b

    m joga .

    I

    I I ]\110 acred ito q ue ele a in da ve nh a ,

    a ESTRA\'IIO

    est o

    1/ I

    .

    DA\SE\ - Isso eu vo u

    lh e

    di zer, b

    om

    h

    omem

    :

    est

    ou plido de excita

    o int erior.

    1

    I

    , I

    se r

    ia o cmulo ,

    I

    / a s en h or q u er proi )i-

    o SSO

    DA's '\' { Igl/O( () - . , I' . . ,

    , a vustr iaco e um hom em ivrc.

    -rancamente .

    c

  • 7/25/2019 Bertolt Brecht - Dansen

    4/9

    194

    Bertolt Brecht Dansen

    195

    o

    - A

    e sse n ingum pro be

    mais nada. Ri sem graa.

    horroriz do -

    O qu e o senhor quer

    dizer com

    isso?

    O - O senhor quer saber mesmo;

    - Eu; Sim. n ~ 1 0 . Eu nem sei mais

    onde

    estou coin a

    cabea.

    O

    senhor fic a a parado na

    minha

    frente falando. como se ... E h

    pouco

    eu vi com os meus p rpr io s o lhos ...

    claro

    qu e

    eu quero

    saher

    De

    qualquer.

    ..

    O porco debaixo do

    brao

    grul be pe la terceira rezo

    E ttio amedronta:

    do que p rece estar sendo terrirelme l/te maltratado.

    t

    ermin

    a

    em 1 Z

    b

    ix

    - ...

    ma nei ra .

    Agora est

    inse

    gu

    ro

    e

    n

    o ousa m is

    e

    nc

    rar

    o

    Estra nho

    qu e agr d

    o

    po rco.

    DA:\

    SE

    :\ - Eu n;10 entendo mais esse m undo . So u u m ho m e m qu e a ma

    a

    pa z

    .

    abomi

    na

    qu a lquer

    vio

    lncia

    e

    cum

    pre

    os contra tos

    . Te

    nho re

    laes

    comerciais e a

    minha l iberdade . a lguns

    cl ientes e

    a l g l ~ n s amigos . minha criac o

    de

    porcos e meu . .. O lOque de

    esptrtto usente- O

    senhor quer

    comprar um porco;

    pelplexo - Como qu e e

    - Um porco? Alguns

    porcos; Fao

    barato

    para

    o

    senhor.

    Eu

    tenho

    tantos

    . Tenho demais . Eles est o saindo pelo

    ladro

    .

    ES

    TR.-\

    :\1I

    0 - D

    um

    aqui.

    D

    \ :\S

    E\

    te entente -

    O senhor

    tem certeza

    qu e

    n ~ 1 0

    quer dois

    O ES

    TRA :\1I

    0 - Um.

    DA :\SE\ - Mas, e o q ue

    qu e

    eu fa< ;o com o resto? Eles d o ma is q ue

    c huch u na serra. Toda

    noite

    e u

    afogo

    u

    ma

    meia

    dzia

    no est ru

    me

    e de man

    h

    j; tem

    uma dz ia

    de

    novo

    .

    Deixa

    o

    st ra

    nho

    olh r

    o

    cbiqueiro

    -

    Est i vendo;

    ;

    tem catorze

    de

    ovo

    O E

    STRA:\II

    O - Um .

    ),\

    ;\SF

    S - Olhe bem para eles. No s ~ 1 0 sa udveis.

    simpticos

    e a

    pe t

    i

    t os os ? O senhor n o fica co m

    gua

    na

    boca?

    O

    E s T R . \

    que est com gu W boca. com esforo - So um

    luxo

    .

    . \ ~ S E -

    Como

    qu e o senhor pode

    dizer

    u ma coisa

    dessas.

    se e les

    s o totalm

    en

    te comestveis? At as orelhas. At os dedes . De-

    des d e porco

    assado.

    O E S T R A ~ I - Um luxo.

    DA

    ;\SE

    ;\ preocup do p r o seu porco - Vo c , um lux o ?

    Desiludido. p r o Estr nho -

    Ent o

    va mos l

    evar

    s d ois,

    n o

    ?

    o ESTRAl\1I0 em voz alta - Um. Eu

    n o

    gas

    to

    dinheiro

    co m lux o .

    D A ~ s E r ; - Mas o se nho r tambm com p ra ferro .

    Co

    m pra f

    er

    ro do meu

    a m igo Sve

    nsso

    n, t

    ant

    o quanto el e puder for necer.

    o EsTRA:\1I0 - Fer ro n o luxo . F

    er r

    o necessidad e vital.

    DA:\SE\ //l as m os trm ulas. entrega lhe o po rco

    -

    Estou

    co

    m os

    n e rvo s e m fran gal hos . Essa

    coisa ho

    rrvel qu e

    ac o

    n

    tece

    u h

    po

    uco ...

    Enxuga o suor da nu ca //l um pa ninho cermelbo.

    o ESTR A:\1I0 - Qu e pa no

    vermel

    ho esse a?

    DA:\SEl\ - Este aq u i?

    O ESTRA;\1I0

    risp ido

    -

    esse

    da . Coloca o porco de

    coita

    1/0

    barril .

    DA;\SEl\ ieemente - Isto n o um pan o ve rme lho. Te m um a cruz

    branca

    aqui

    den t ro , es t ve ndo?

    Ele mostra .

    O ESTRA:\1I0 - Est

    ce rto

    . Joga dinh

    eiro p r

    Dansen .

    DA

    \sEl \

    - Eu vo u e

    mb

    rulh

    ar

    pa ra o se n

    hor.

  • 7/25/2019 Bertolt Brecht - Dansen

    5/9

    196

    ertolt

    r e

    ch t

    Dansen

    197

    o ES

    THA

    I 1I0 - Tome o papel. Sen '10 o 'e h I, .

    , ' S n or

    ,une

    ,I vai me cobrar o

    embrulho. Tira IImaj

    olba g rande de

    papel

    I I ls

    a

    Dansen

    O )0 .\0 e a el1trega

    depsito, e xinga -

    Barb rie

    Desuman

    idade Infmia insuport

    vel E como

    ele

    lida com contratos

    DA\SE\ alisando

    a

    folba

    -

    ist '

    I , .

    st o e

    um contra to

    o

    ESTHA :\1I0 - Qu e

    contrato>

    2

    Danseu

    est

    sentado

    diante de sua casa. 1111 porco

    11

    colo.

    DA

    \S

    E \ -

    sim

    .

    muito bonita

    .

    O ESTHA i\ I0 v a cruz. ahorrecido _ G ' I

    /

    UMee essa CnIZ Dansen g

    ua

    r-

    a o pano 110 bolso.

    D,\:\SE\ -

    Acho

    qu e com ' A '

    , r, .

    o

    seu ustnaco

    .

    Aqui consta contrato

    de

    amizade

    , No

    vai

    precisar

    mais

    dele?

    O ES

    THA

    ,

    \1I

    0 - Vou levar o

    , po rco sem embrulhar. Ta lvez eu ) 1 corte

    um peda o . I '

    I no

    carnmno

    . Coloca-o debaixo do brao, Mas a ntes

    t o ~ : ~ ~ : observa a loja de sapatos. Uma

    be

    la p ropriedade

    essa

    DA :\SE:\ - Sou um homem

    respeitado.

    ma s pequeno. Sinto

    qu e

    nem

    tudo est indo

    muito bem.

    Os terrveis acontecimentos dos lti

    mos tempos me abalaram basta nte . Contratos

    s o t imos,

    mas se

    cump ridos religiosamente .. . Eu e os meus

    do

    is amigos

    1[1

    de

    c ima at j chegamos a br incar

    co

    m a id ia de a rmamen

    to s . No somos tot alm

    en t

    e in

    defesos

    . Fornecedores como o me u

    a

    migo Sve

    nsso

    n ex

    iste m pou cos. Bem a nesse dep sit o

    apo nta o depsito de Suensson -

    tem os

    um

    belo m

    on t

    e de fer ro

    e mpilha

    do

    . Se

    fun

    dss

    em

    os a

    rmas

    co

    m e le . .. Seria

    pu r

    a l

    ou

    cu

    ra .

    e nfiar a ca bea na a reia. Po r o

    utro

    lad o e sses acontecime

    ntos

    terrveis

    no podem

    s e r ep et ir. O

    fulano no

    vai

    pode

    r fazer

    uma coisa

    dessas

    d

    uas vezes

    .

    alba Ilda

    timidamente

    ao redor. chap

    u afundado

    na

    cabea. o E,

    tra

    nbo

    ap

    roxima

    -se.

    sorratei ramente.

    da loja de sapatos. Pra

    diante

    da po rta

    fechada

    da loja e tira 11

    II

    olho de g

    azuas

    do bolso. Expe

    rimeuta lili/a por lili/a e de rez em quando sorri, balanando a

    cabea

    para anseu

    cujos cabelos

    comeam

    a se arrepiar. Fina l-

    mente

    o

    estranho perde

    a

    paci

    ncia e en tra pela janela. lili/a pistola

    grande na / 10.

    tni ed i

    at

    amen te o

    urem-se barulhos terrveis cindes

    da casa: lili/a cadeira

    caindo.

    gritos altos de socorro.

    um contrato

    de

    amizade com

    ESTHA : \lIo - No, Do q ue me

    serve

    um

    homem morto

    TO II/a o papel e rasg a-o

    DA i\ SEi\ pr

    estes a desmaiar -

    Pe

    gu

    e logo o p

    , I I o

    rco

    qu e e u es to u pas-

    sa

    ne o

    ma . .

    O

    Estranha t

    oma

    o porco de s

    uas

    m os.

    seu

    pano

    . J Dansen cobre a cabea com

    O E

    STRA

    \1I0 - Bem espa

    os:

    S

    ' .1. ua casa tambm n o de se jogar fora.

    DA\ SE

    \

    au

    s

    ent

    e -

    No ?

    O ESTHA I 1I0 olha a c \: /

    I

    ttn I - -

    . ( 11 rate Entao a t logo Sa i.

    DM;SEI' en

    xuga

    Ilda a testa, neruoso - At I

    1

    I E .

    aca be i ve nd d . e

    ogo....

    na

    minh

    a re volta

    en o um porco par' e le E , I '

    . , ' . c -

    ,lq ue e Aus t r aco simp -

    tico e pacifi co e le sirnp l ' ,

    , d - . esmente ... Monstro maldito a lba Ilda

    assusta

    o

    a sua volta, v

    ai

    at

    o

    ca nto entre a

    .I'I / a

    , casa e o

    DA :\SE\ - Pela segu

    nd a

    vez f: ho rrvel. E o lha que a mulher

    tinha

    um

    contra to

    de

    garantia. A gannc ia de le

    do e

    ntia mesmo . O qu e '

    el e v. e le quer. E a minha casa a Ele j falo u que ela

    de

    se jogar fora . Eu te nho q

    ue

    tom a r i

    me

    diata

    me

    nte a ma is en rgica

    da s atitude s . No po sso chamar a ate n o dele de man eira ne

    nh um a . Eu p re ci so su mir da frente dele. Mas como fa z

    er

    com

    que e le n o me veja? O bar ril

    O

    po rco deb

    aixo

    do brao. cobre-se CO II o barril onde costuma lauar

    os

    po rcos.

    O

    Estra

    nho sai

    da loja de

    sap

    atos. COII

    11m gi z

    risca.

    ap ressado . o 11 me Tcheca e. sobre ele. escreve Bem m Mab

    rer

    Lida

    .

  • 7/25/2019 Bertolt Brecht - Dansen

    6/9

    198

    Bertolt Brecht

    199

    Dansen

    Nesse

    m

    omento oure-se

    b{II

    I?I .

    o

    porco de

    Dansen grunb

    1 ele d. t

    eu ro do

    VOZDE

    DA

    \;'F\; - O c

    .. .

    . ..

    que

    O que foi' Vem v' I , I - .

    por perto? . me o .1

    guem

    - Um cliente

    Cauteloso,

    olha

    para fora

    r

    o

    E

    strani

    lber-se

    rapidamente 1

    barril

    -- 10

    escrevendo e rolta a en co:

    O Estranho reli/ para a i e l l t .

    rasga- a. O papel picado I bP:,.\a

    I I ~ {

    folha de

    papel

    do bolso e

    _ oa so re

    o

    cb o.

    O Es

    TRA 1\1I

    0 - U cad

    A , .

    , e o SUjeito da

    cria

    o

    de

    . .

    , T

    encher

    a cara de novo

    I porcos. \ ai ver

    que

    foi

    f . . uma

    ooa

    o

    po

    rtunida I I I

    u adi nh a no

    deps

    ito d

    >

    f ee ee e ar uma

    Olh I . _ e erro-gusa do Sve

    nsso

    n

    . a ao rec 01, um ate o po rto. De C .

    ma

    an

    eta .

    Ma a p

    011

    { it _ o. tas para ele,

    e

    xpe

    rimenta a

    . es a trancada

    De repente

    o

    telef one de D

    .

    >

    C

    mZ.

    ;Iz toca

    Dall

    elz .

    011/0 n o pra de tocar _I . ' I

    _ . con tinua im oet.

    . e orar

    o

    a tr a te

    o

    tel

    >1

    1

    o

    m

    xim

    o de

    cu i

    dado e a . I

    .

    , (Jo lle. .euanta-se com

    /I /

    {

    a 0

    o

    barril sob

    O Estranho alba espantado

    pa

    r. I

    . .

    re

    o COlpO

    , uai a t ele.

    X

    II O

    o iar ril a

    mb

    ulante.

    O

    ES

    TRA

    J \1I

    0

    r

    pi

    do

    -

    N o

    d nem um .

    xo do

    barril. n

    o v o Est .

    b pouco

    na vista

    Dansen, deba i-

    _\ I {/Il

    o

    Seeste n o .

    r.:

    I

    dando

    1II1l

    sorrisinbo

    {

    I

    .

    sa tsse

    O

    ca

    minbo

    ,

    . I

    II/

    m e

    o sena

    atropelado .

    DA: \

    sE\

    em

    Z

    OZ b ,t-

    ana , tetejaliaIlda II /a,

    o

    b l

    Svensson,

    v o c -

    AI .-'

    . . ar n ressoa UII/

    pouco

    o

    que

    _ -.. .

    1 .

    voce FI

    sabe

    da ltima desgraa. - No

    e ISSO , n.l minha ainda n o Por

    A ,

    foi na minha? Mas ISO _ I ' ' .

    voce

    sempre

    acha

    que

    c

    s e ee

    Irrepnr

    - E I,

    que

    fazer alguma coisa ju t ' T c c aro

    que

    agora temos

    en rgicas _

    1\1,: I

    os .

    emos que

    tomar

    as medidas mais

    c , j

    .\0, o lar

    nao

    - el lis

    De jeito ne

    nhum

    _ Un0I '. I e tomar. A gen te se armar?

    . icos . sim mas

    nao

    a , I

    qu?

    Que

    no

    v:

    rm.le os. - Unidos no

    \ .l Inos nos armar' Isso

    .

    cl .

    e eu fiz de ti ' , .. s c lamana a

    aten o

    dele

    . ue o para nao chamar a aten . - '

    falando que precisamos ao , - Eu ta

    mb

    m estou

    , c s nos Untr. A uni o d T '

    nao deve se r dirigida contr, ' _ e\ e ate

    ser

    de fer ro e

    c

    1.\

    nmg

    uem l

    l f

    Uito

    > .

    n in

    gu

    m

    A' , .

    u zel g lco -

    Contra

    . I n.\o c lama a ate

    n o -

    Q . .

    seguro, Svensson _ E . ' uant o a num, pode estar

    , u compreendo p rf . >

    A

    se sentiria seguro um minuto '

    e elt.

    ll e

    nte que voce

    n o

    sequer com rela o

    ao seu

    deps

    ito

    se eu des is ti sse s um tiquinhd

    que

    fosse da minha

    independn-

    cia, Vou me manter inflex\'eL fora de tudo . Vou s

    vender

    meus

    por

    cos e basta. _

    Onde

    eu coloquei a chave do seu

    dep

    sito? No

    mesmo lugar de sempre,

    claro. no

    barbante

    em volta do meu

    pescoo,

    embaixo

    da minha camisa. -

    claro

    que

    eu

    tomo

    cui

    dado . _ Aquele assalto outro dia.

    quando

    roubaram a carta

    que

    voc escreveu para mim Est certo, mas aquilo foi um assalto. e

    contra isso

    n o

    se

    pode

    fazer nada. -

    claro

    que

    eu

    n o

    entrego

    a sua chave, jamais - Deixar

    que

    me tirem ela? O

    que

    voc

    pensa que

    eu sou? _ Press ionado ' Nunca fui pressionado, nunca

    dei motivo para isso, - Eu,

    sendo observado

    Ridculo.

    No

    estou

    sendo

    o

    bse

    rvado, seno eu not aria . - Voc faz quest o

    das

    me

    didas

    enrg

    icas? Eu sou totalmente a favor. Sugiro ass i

    nam

    l0S um

    con

    trato. Precisamos de um contrato de qualq

    uer

    maneira, antes

    que o Sol se p

    onh

    a. - Isso, contra todo s q ue

    n o

    cumprem mais

    contratos . Escute , eu tenho uma idia brilhante , ns simplesmente

    decidimos

    no

    vende r mais ferro a um notrio perturbador da paz

    e agitador, e em 'troca

    vamos

    oferec-lo

    aos

    elementos decentes

    _ No brilhante

    por

    qu? - Voc acha que os grandes j est o

    negocia

    ndo

    com

    base

    em medi

    das

    mais eficazes?

    O E,trallbo, que se sentara tmllq iila ll/ellte e escu tam a COllrersa,

    bate 110 ba rril.

    D,\

    ;\SE : \ do barril aflito -

    Um momentinho

    Tenho que

    interromper.

    J

    'o . s

    atenderum

    cliente.

    Continuamos

    as nossas negocia-

    es logo mais .

    O

    Estmllbo

    puxa-o pelo traseiro para fora do barril .

    O ESTRA\1I0 _ Cheguei

    bem

    na hora H.

    Como que

    o se

    nhor

    foi cair

    no barril? Se eu n o

    apare

    cesse o senhor ia acabar sufocando .

    Da nsen ,

    abo

    rrecido, pe r

    ma

    /lece em sil /lcio se/ltado no cb

    o.

    O

    ESTRA

    \1I0 _ Por

    que

    o senhor est

    to

    calado? O se

    nhor tem

    algum

    problem a? Sabe , seu Dansen, eu

    andei

    pens

    and

    o e acho que ns

    dois

    deve

    ra

    mos

    estreitar as nossas

    rel a e s .

    realmente agrae :t

    vel estar aqu i com o

    sen

    hor. A casa pequena, mas

    n o

    de se

    jogar fora. Que tal um pac to de amizade?

    DA: \

    SE\ COII/ os

    cabe

    /os a rrepiados - Pacto de amizade...

  • 7/25/2019 Bertolt Brecht - Dansen

    7/9

    200

    B

    crtolt Br

    e

    ch t

    Dans

    en

    2 \

    o ESTRA:\/I0 - PlCtO d ' , I

    e amlzace . Acaricia o p

    . .

    I

    p

    orquinh

    o b

    onzinho

    V . r.

    an o {te

    nseu

    Que

    _ . . oee e um p

    orquinh

    o bon : I , (.

    voce e um porquinho b

    on

    : I T zm l

    a

    L . sim ,

    . zm 10 . en ho um 'l s o

    assmar um con n to Q , . . ' . ugestao : \amos

    . Ue so

    mo

    s dOIS

    arnig

    7

    lp is do bolso do Ct lS I c os . Ira coloco de

    ,V ICO. teranta se

    e cata I

    papel

    do ch o, Rab isca II , c 11111 { OS pedaos de

    .

    c gumas

    palacras

    I

    I

    senhor

    s

    vai .. .

    o

    10

    cerso

    (

    o

    papel

    .

    O

    , as

    sinar que

    nao vai

    .

    I

    nhuma

    se eu ' me as sa tar em

    hip

    tese ne-

    p eg ,l r um p

    or

    co ou co is . . . ' .

    senhor p

    ode

    me t ,l ef . IS,I assim. I: eu assino que o

    prore o E ent o e e o n'llr a qualquer hora

    para pedir

    minha

    ao , que ta ' '

    DA:\s ':\ - Se o se I o

    ' . . n 10r nao me l ev ar a mal : eu

    o

    coisa dessas precipitadamente. nao quero fazer uma

    O E

    STRA

    r\IIO - No?

    O

    porco

    de Dali h

    . . u grzlll . e pela

    segu

    nda vez.

    DA

    i\sE\

    parte para

    o p

    . , ',

    ano

    -

    FICa

    quieto

    Para 1:: /

    I

    . .

    pnmelro que

    teI -f . . o _\ I { I

    .10 -

    Eu teria

    e

    onar

    sem falta pa ra o meu amigo S

    , vensson .

    O EST

    RA

    :\/I0 - Ah > o

    . enrao o senhor n o

    quer D .

    de

    eu ter o -d . ausen

    se cala.

    E apesar

    ll l oque o senh

    or

    queria .

    maneira antes de o

    S I

    ' _ ' o contrato de qualquer

    oo se por Para o po r I D

    ando

    o.

    _ Vo _ . . co

    Cle

    m/sel/ . acarici-

    o ce e um p

    or

    co

    esperto

    N .

    Ent re ns no haveria di , _ . . I

    os

    nos entendemos.

    o

    \

    ergencn

    s

    de

    . 0

    nao

    para se r E ,o : opimao Mas pelo jeito

    I

    . u n,IO quero me Impor de I l

    c o

    chutam minhas

    0 /' -rt:

    '

    e

    moc

    o a gum . Quan-

    I.

    .

    e

    ,IS

    c e amizade I

    .eranta-se ,

    of el/dido. . eu vou em xira.

    O

    porco

    gru nhe

    pela

    t

    er

    ceira

    rez:

    DA\ SE\ en xuua o .

    o Sl

    t

    Ol:

    COIII o leno uermelbo

    - .

    I

    rolta. Talvez eu

    tenh

    : ,. I .

    Senh

    or: O Estranho se

    , I SICo

    asp

    ero

    demais

    E

    dos ltimos I . ,IS . Jsses

    aconte

    cimentos

    empos me at

    ordoaram

    .

    comprar

    um

    po r

    co?

    multo

    , O

    senhor queria

    O E

    ST

    RAr\/I0 -

    Por

    qi o ,

    ie nao?

    J A

    :\SE\ rol/CO

    -

    E -

    ntao

    me

    de

    o contnto EI

    . .

    pre

    cisa

    de

    cpia? '

    e assina. Mas o senhor n o

    O

    EsTRA\/I0 -

    No

    pre ciso. Pe

    o

    porco

    debaix

    o do brao. Mande a

    co nta no an o-novo . Ao

    p{//1ir

    E faa o favor de no esque

    cer

    que

    o

    senhor

    ag

    ora

    meu amig

    o e

    que tem que

    orientar o

    seu

    com rcio de ac

    ordo.

    At logo '

    DA\ SE\ at nito - E agora eu fiz amizade co m ele Com o cOlltrato lias

    m os.

    diri

    ge-se besitallte

    0 0

    telefolle

    - Al Sv

    en

    ss

    on . aqui

    o

    Dansen Eu quero co m un ica r a voc que , dito e feito. j fechei '

    um

    co ntrato, - Com quem? Com o fulano l , Ele n o cumpre

    co n trato ' _

    Mas eu tenh

    o a ass in atura do pr

    prio punh

    o

    dele

    .

    Espere . como que mesmo... eu

    ainda

    n o li inteiro.... bom:

    ele n o pode me assal ta r e eu n o posso ajudar ningum que ele

    assalte. _ Se ele assaltar voc? Fora de cogita

    o.

    Ele no pode

    fazer isso o tempo todo O seu

    depsito

    agora prova de

    bombas . _ Em

    quem voc

    pode confiar agora? Em mim Em

    mim

    voc pode

    confiar . E eu

    posso confiar nele

    .

    3

    Dansen est

    diante

    de SI/O coso e

    ainda

    telefona ,

    DA

    : \

    sE

    \

    _ Eu n o

    entendo

    como voc

    pode achar que

    a

    nossa

    uni

    o

    c

    or

    re perigo.

    agora q ue p or

    tr s di as e t rs

    noites ininterruptas

    eu garanti par a voc que ela no corre perigo, - B

    om

    . uma

    coisa eu p

    osso

    dizer: se ele no honrasse esse contrato, eu seria

    o primeiro a enfiar todo o

    dinheiro economizado em cinco

    an os

    de

    venda

    de

    porco

    s no seu ferro. par a n os ar ma rmos a t os

    dent

    es. Se isso palavra? - No momento seria loucura, No

    tem

    nem

    motivo . - O

    que

    que

    tem

    com o

    cu

    ?

    Olho em

    rolta. -

    mesmo. est vermelho .

    DI/ra

    te o COIIl ersa

    o

    c u tornou-se 1/m pOI/CO avermelhado. trooo

    distoII/e. abafado.

    DA

    \SE

    i _

    ...

    um

    trov o esquisito, Acho

    que temos que

    interromper

    a conversa . Tenho que

    dar

    uma

    o lh ad a n os meu s

    porcos.

    Claro que no

    seu depsito tambm

    . Especialmente por causa de

    voc. agora estou feliz de verdade em t er um con tr at o com e le .

    _ Agora voc vai ver que j ogada foi e ssa que eu fiz. Quer

    apostar

    que a essa altura o fulano j se

    arrependeu de

    ter se

    comprometido comigo

    dessa maneira? Em todo

    caso

    a

    gente

    tm

  • 7/25/2019 Bertolt Brecht - Dansen

    8/9

    202

    Bertolt

    Brecht

    Dansen

    203

    qu e ficar em ca nt a ta co ns ... Al Sve

    nsso

    n, voc ainda est a?

    Sacode

    o

    telef one. mas a

    liga o

    ca i.

    Droga . justo ago ra tinha

    q ue ca ir a linha

    Vai at

    o

    barril e

    apanha o O

    I/trato. Em

    seguida solta a coleira com que havia

    pr

    endido

    o

    porco ao

    barril.

    E o

    qu e

    e u faria agora .se m

    es

    te pap el ? Esto u ca nsado

    de

    ma is. Os por co s ho je estavam t o irreq

    uietos

    que precisei

    pren

    d-los na

    co

    le ira. Fic a r te lefona

    nd o

    t

    am

    b

    m

    me ca

    nso

    u . E

    ai nda tenho qu e f ic ar de g ua rda ho je noit e na fren te do dep

    s ito ... e u devo isso

    ao

    me u am igo Sve

    nsso

    n.

    Com

    o

    rolo do contra to sobre

    o

    ombro como

    um

    rifle.

    fa

    z

    patntlha

    diant

    e do depsito. li/dando de

    um lad

    o

    para o

    outro e espreitando

    com a

    m o

    a

    cima

    dos olhos.

    Mas

    seu

    pa

    sso logo se t

    om a

    arrastado.

    Se e u relaxar a a te n o por um instante qu e se ja. as conseq n

    cias para mim e pa ra o s m

    eu

    s dois

    amig

    os l de c ima sero

    imprevisv

    ei s . Agora com

    o

    porco

    colo. senta-se de costas

    para

    a

    pared

    e do depsito. Boceja.

    incrvel

    qu e

    ago ra e le

    tambm

    esteja

    se asso

    ciand

    o ao

    Poll ,

    o comer

    ciante

    de

    cavalos.

    Quase cochila.

    mas

    endireita-se de rep

    en t

    e. agarra

    o

    cbateiro

    do depsito qu e traz no pescoo, debaixo da camisa. e puxa-o

    para f ora. Pelo men os e u ten ho a chave. Volta a guard-Ia. Eu

    n o e ntendo por qu e o Poll tambm n o fe z. .. um co ntrato ...

    com e le ... Ad

    ormece.

    Escurece. Somente

    o

    borizonte averm

    elhad

    o

    perman

    ece visvel. Uma

    p laca com a inscri

    o

    Son ho de

    Dans

    en

    desce lentamente.

    Uma luz cor-de-rosa

    pr

    een che

    o

    pa lco e v-se Dansen e

    o

    Estranho,

    parados

    um diant

    e do outro.

    Dan

    sen leva seu porco na colei

    rae

    o

    contrato sobre

    o

    ombro.

    O

    Estranho. a

    inda

    em t ra jes civis. est

    arma-

    do at

    os

    d

    ent

    es . Um cap

    ace

    te na cabea,

    um cintu ro

    com granadas

    de mo e

    uma

    p istola

    au tomti

    ca embaixo do brao.

    O ESTRA;\lIO - Eu fui ass alta

    do.

    meu senhor. E

    sta

    va s fazendo

    uma

    visitinha

    ino

    cente

    casa

    de um tal de Poll , para me enco ntrar

    com um a

    migo

    meu .

    Enquan t

    o e u

    es t

    ava na ' casa , fui ce rcado

    pelo vizinho e assaltado na maior

    tranq

    ilidade . O se nho r tem

    qu

    e me

    ajudar

    .

    DA\ SE

    \

    - Mas ...

    O EST

    {A

    l :lIo - Pare com essa

    falao.

    No posso perder nem

    um

    minuto . o tenho tanto fer ro assim. Pre ciso urg ente da chave

    do depsito do meu amigo Svensson .

    D .-\ :\sF:\ - Mas essa eu n o posso entregar

    O bTRA:\1I0 -

    Para

    mim o senhor pode. O dep:ito

    p ~ e ~ i s a

    ,de

    p r ~ ~ ~

    o

    total. Tem ferro at o teto e o

    senhor nao

    esta

    em

    co nd i .

    , . I

    de

    defend-lo.

    Me d

    a

    chave

    Rpic

    o .

    , . I .

    11

    tC S

    Antes

    pelo

    menos,

    DA\SF:\ - Mas

    confiaram

    a

    chave

    as mll11:ls

    1

    c

    .

    t enho que

    telefonar para o meu arrugo S\ensson .. .

    . C

    fi:

    'U'IS m

    o s

    confiar s

    minhas.

    Chega

    de

    O bTRA:\1I0 - on 1.11' ,I S S , . .

    , ' It '

    imeaca

    com a

    pistola,

    cnrolaco Mos ao a o .

    I

    ' , .

    t I to paro

    o

    tistran tro

    e

    De repeli/e. tiansen apoll to

    o,

    ro

    o

    {O,

    O

    .I{

    pe rm{/lIece imorel nessa posiao ameaadora .

    . > - O co raivoso te mo rdeu .

    O ESTHA : I\O n o acreditando 110 q U 1

    foi ? O qu e is so a?

    DA:\SE

    - O

    co

    ntrato

    I

    eu

    preciso

    Contratos' E quem c isse qu e e

    O ESTIL\

    ;,\I\

    O

    desde

    II OSO -

    cumprir con

    tratos?

    ,

    Mas

    esse comigo

    o senhor

    tem

    DA

    :\SF - Talvez

    normalmente

    nao .

    que cumprir.

    Is so t er r ve l Eu preciso do ferro .

    O ESTR\:\I\O ba ixa a pis tola -

    Est;10 todos cont ra

    mim

    .

    DA

    ; \SF

    ,\

    -

    Sinto

    muito.

    conse,guir. es tou perdido. V;10 fazer

    O ESTHA

    ;,\I\

    O - se eu 11;\0

    picadinho de mim. est ouvindo picadinho

    DA ; \SF : - Devia t

    er

    pensado nisso antes . meu amigo .

    , .

    go

    Eu te n

    ho

    que

    O

    I

    , .uo

    Toda 1

    m

    inh

    a

    exis

    t

    ncia es

    ta em

    JO .

    :

    STHA

    II( - . ..

    .

    entra

    r l. t

    enh

    o

    qu e

    e nt r ar. te nho

    qu e

    entrar:

    I {

    II/tm

    o

    papel

    apcn aclo - In fel izmente impossvel.

    D,\; \s ';,\

  • 7/25/2019 Bertolt Brecht - Dansen

    9/9

    204

    Bertolt Brecht

    205

    Dansen

    o ESTRA

    :\ I

    0 - Eu

    co

    mpro lod os

    os

    se us po rcos se voc

    me

    ajudar

    nisso

    O porco de

    Dansen gru nhe. 1 0

    mesmo

    ins

    t nt

    e um

    sino

    bate.

    d istante.

    DA

    :\SE\ - Cale a

    boca f: pela

    libe rdade.

    Para

    o

    Estranho -

    Sentimos

    muito

    .

    o

    E

    STRA \ I

    0

    c i de

    joelhos. sol

    uando

    -

    A

    chave, por favor N;1o se ja

    [

    ;

    0 inflexvel Minh a famlia . m inha m u

    lher.

    meus filhos. minha

    m e. mi nha av Mi

    nh

    as [ias

    DA\SEi\ - N;10 posso faze r nad a. Com o mai

    or

    do s pesares . mas no

    h nada a fa z er. Co ntrato co ntrato.

    O ESTRA\ I0 alquebrado, lev nt -se com difi

    culd d

    e

    - A mim s

    me

    resta me e nforcar. Esse co n tra to me custa a vida , e u, um dos

    se

    us

    melhores cl ientes.

    Derrotado, f z a volta p r partir. O

    po rco gr

    un

    be pela segunda

    vez

    . Novamente

    um

    sino distante.

    DA

    :\SE\ - Sil

    nc

    io Essa

    co

    isa sua ps s

    ima

    . Sua m

    or

    al n o va le um

    to st o . P

    r

    o Estra nho - E o se nho r n o me

    ve

    n ha mais com

    essas

    exig

    ncias imora is. entendeu'

    Comigo

    n o funciona , um

    dia a in

    da

    acabo perden do a

    paci

    ncia Com o contrato

    IW

    m o,

    e

    nq

    u n to

    o

    Estra

    nho s i

    ca

    mb le

    nte.

    canta a terceira estrofe

    da

    can

    o Kong Kr ist i

    an 1

    alto do mastro:

    Nie ls j ue l

    ac ena ao

    furado

    Chegou

    a

    hora

    Ia hern alto o

    seu

    bal o

    O

    in imigo

    n o

    escapa

    n;10

    E gri ta l do furado

    Chegou a hora

    Fu jam . fu jam

    de

    ma la e cuia

    Eu so u Dan se n e a

    minh

    a f ria

    N;1o demo ra

    Mas no

    ltimo oerso oure.

    horror

    iz

    ado . o porco grunhindo pela ter

    cetra rez:

    O Estra nho rolta-se

    de rep

    ent

    e e as

    sum

    e um postura

    triun f

    nt

    e.

    Escnrece. Um

    noc

    placa desce do alto. T

    r z

    a iuscri o E o des

    pe

    n r

    de Dansen

    .

    . . I

    O arco n o pa rou de g l7

    l1 Ji

    r. Ao l do

    palco nor men te d l l l lW

    (

    o. P - rst - o [< tm

    o ' I pa rede do deposito. es a

    de Dausen, que dorme encost

    i

    o a p o ansen aco rda

    I

    (f i

    le rmado at os dentes. cutuca-o com O ,

    .10,

    III/III

    sobressalto .

    o

    ESTRA\IIO - Passe a chave

    DA\SE\ - Mas eu

    n o

    posso en tregar

    _ -

    voc n'10 cumpre co nt ratos . se u a

    nimal. Ah ,

    O

    ESTRA

    \1I0 - En t O

    . I . e dep oi s

    no quer pres-

    Assi na um co nt rato d e armzac e co migo . . I ' r 'I

    . . b

    t

    Qu er

    en c.

    o nega

    c

    , . , o am stososr Pisa-o

    CO

    Ill a o a ,

    tar serx

    IOS I f

    rr o?

    Voce ago

    ra

    provou

    ,

    iso

    para

    c

    regar

    ao e .

    c

    have

    q

    ue

    eu pI e . c . do s piore s A rra nca o

    A , '. B qu e me u

    I g

    0 , um ..

    po

    r n l

    /s

    _ o 11(

    e

    rasua-o em

    pedacillbos.

    E ag

    or

    a, pel a

    contrato ( e slla.' I . h

    ltima vez: pa sse a chave , r [ ixo 110 Estranho. O

    )' a a chaue e pux -a com

    o o J

    a cb

    re

    de Dausen e destmllca o

    porto.

    . ' E eu dei I cha

    ve

    do Sve

    nsso

    n

    em nome da

    minh

    a

    DAiSE:\ SIIlP/(SO

    - - .

    fideli

    da

    de co ntratual

    . .

    volta-se m is um I'ez p m Dansell.

    O ESTRA \1I0 aebasxo

    do

    p aQ, . I r _ V

    se

    e n trega

    o porco de coleim e

    d iz, m

    eaai o . ,

    toma- Je

    'l o me v

    en h

    a co m co ntas.

    e spo nt 'lI1eame n[e, e n.

    o s ou tros porco s . . o porco deb ixo do brao.

    E

    en tra no depsito de SI'e

    IlSSO Il

    com