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Bibliografia Analítica de Etnografia Portuguesa Benjamim Pereira (1.1).pdf · Sociais e Profissionais, Usos e Costumes, Crença Popular, Literatura Popular, Música e Dança, Teatro

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Ficha Tcnica Bibliografia Analtica de Etnografia Portuguesa Autor:

Benjamim Enes Pereira

Edio:

Instituto dos Museus e da Conservao

Projecto:

Departamento de Patrimnio Imaterial / IMC

Coordenao:

Paulo Ferreira da Costa (DPI / IMC)

Digitalizao e Paginao:

Henrique Nunes (DPI / IMC) Reviso de Texto:

Branca Rolo Moris

Benjamim Enes Pereira e Instituto dos Museus e da Conservao. 2009

ISBN n.: 978-972-776-401-3

Catalogao na Publicao:

PEREIRA, Benjamim Enes, 1928- Bibliografia analtica de Etnografia portuguesa / Benjamim Enes Pereira ; coord. Paulo Ferreira da Costa ; pref. Joo Leal. - [edio em formato electrnico]. - Lisboa : Instituto dos Museus e da Conservao, 2009 . 696 p. [8+XVI+672] - ISBN 978-972-776-401-3 . - Disponvel em: http://www.imc-ip.pt CDU 014.3:39 (469) Antropologia-Portugal / Etnografia-Portugal / Bibliografias-Portugal

Nota:

A presente edio, em formato digital, respeita, com as necessrias adaptaes, a composio grfica e os contedos da 1. edio da obra (1965), tendo sido igualmente mantidas todas as informaes constantes desta. Nos termos do Acordo de Edio estabelecido entre o Autor e o Editor, a presente publicao destina-se exclusivamente a ser disponibilizada em linha nas pginas Web do Instituto dos Museus e da Conservao dedicadas divulgao e valorizao do Patrimnio Cultural Imaterial, encontrando-se vedada a sua disponibilizao por qualquer outro meio.

APRESENTAO

A Bibliografia Analtica de Etnografia Portuguesa constitui o repertrio mais sistemtico, relativo ao todo nacional, de dados etnogrficos publicados entre o final do sculo XIX e 1961. A esta importncia acresce o facto de ter resultado de uma das linhas de trabalho do Centro de Estudos de Etnologia, cujo percurso se encontra directamente na origem do Museu Nacional de Etnologia, sendo neste que se encontram integrados os vrios fundos arquivsticos e documentais constitudos no mbito daquele, desde a sua fundao, por Jorge Dias, em 1947. Tal como o prprio autor refere em testemunho publicado na Revista Museologia.pt (Uma aventura prodigiosa: entrevista a Benjamim Pereira, n. 3, Novembro de 2009, Lisboa, IMC, pp. 106 a 113), a Bibliografia Analtica constituiu uma das vias da sua iniciao aos estudos etnolgicos, bem como a sua primeira contribuio mais expressiva para o trabalho desenvolvido pelo Centro de Estudos de Etnologia. A par das pesquisas realizadas no terreno, as informaes reunidas nesta obra revelaram-se fundamentais para os estudos sistemticos e a numerosa bibliografia de referncia produzida pela equipa do Centro. A Bibliografia Analtica conheceu apenas uma nica edio, concretizada no prprio ano em que foi criado o Museu Nacional de Etnologia, em 1965. Encontrando-se esgotada h muito, mas permanecendo como recurso de referncia para o estudo e documentao do Patrimnio Cultural Imaterial em Portugal, tambm h muito que se impunha a sua reedio. Assim, no quadro da sua misso e atribuies em matria de valorizao do Patrimnio Cultural Imaterial, em particular no que respeita ao estmulo de estudos tcnico-cientficos e ao

desenvolvimento de metodologias de investigao para a sua eficaz salvaguarda, com grato prazer que o Instituto dos Museus e da Conservao concretiza a presente edio da Bibliografia Analtica de Etnografia Portuguesa, em suporte electrnico de acesso livre, com vista sua ampla disponibilizao. Conscientes da sua importncia como fonte documental designadamente dada a sua amplitude temtica, geogrfica e temporal estamos igualmente certos de que se assumir como recurso indispensvel para fins da proteco, valorizao e divulgao do Patrimnio Imaterial no mbito do respectivo Inventrio Nacional, institudo pelo Decreto-Lei n. 139/2009, de 15 de Junho. Especiais palavras so devidas, em primeiro lugar, a Benjamim Pereira, pelo seu imediato acolhimento da proposta de reedio da Bibliografia Analtica, designadamente no sentido de promover o seu livre acesso a todos os seus potenciais interessados, que exprime a sua generosidade intelectual e a sua permanente colaborao na valorizao do patrimnio etnogrfico. Agradecemos tambm a gentil colaborao de Branca Rolo Moris, que assegurou a reviso da presente edio electrnica. Finalmente, o nosso particular agradecimento a Joo Leal, pelo seu Prefcio presente edio e pelo seu contributo para a compreenso da importncia que esta obra tem assumido para as geraes de antroplogos que dela tm beneficiado.

Manuel Bairro Oleiro DIRECTOR DO INSTITUTO DOS MUSEUS E DA CONSERVAO

A BIBLIOGRAFIA ANALTICA DE ETNOGRAFIA PORTUGUESA:

UMA OBRA DE REFERNCIA

Comeo por uma nota mais pessoal. De todos os livros que tenho e que foram escritos por Benjamim Pereira e pelos seus companheiros do Centro de Estudos de Etnologia e do Museu de Etnologia, aquele que se encontra em pior estado de conservao embora nunca o tenha emprestado a ningum a Bibliografia Analtica de Etnografia Portuguesa. Editada originalmente em 1965, em Lisboa, pelo Instituto de Alta Cultura e pelo Centro de Estudos de Etnologia Peninsular, a Bibliografia Analtica de Etnografia Portuguesa (que agora se reedita), comeou por ser utilssima nalguns trabalhos de iniciao investigao que realizei na licenciatura em antropologia: sobre comunitarismo agro-pastoril, primeiro, sobre as Festas dos Rapazes e de Santo Estvo, depois. Recorri tambm a ela na minha pesquisa sobre Festas do Esprito Santo nos Aores. E finalmente ela foi absolutamente indispensvel minha pesquisa sobre a histria da antropologia em Portugal. Em todos estes casos, sem a Bibliografia Analtica a minha pesquisa teria sido muito mais difcil e longa hiptese optimista ou teria sido simplesmente muito mais incompleta e portanto mais frgil hiptese realista. O que digo a meu respeito poderia ser dito da pesquisa de muitos outras colegas que trabalharam sobre temas de uma forma ou de outra cobertos pela Bibliografia Analtica. Serve isto para dizer numa linguagem que embora podendo ser vista como reminiscente do sculo XIX no deixa de ser justa que a Bibliografia Analtica de Etnografia Portuguesa um inigualvel servio prestado cincia em Portugal e em particular a todos aqueles etngrafos, antroplogos, historiadores, muselogos que trabalham e continuam a

trabalhar sobre e a partir do pas rural que Portugal era e que embora de forma diferente ainda continua a ser. Est l tudo o que precisamos de saber sobre esse pas at 1965. O total de referncias listadas impressionante: 3.834. Como se trata de uma Bibliografia Analtica, cada referncia alm de criteriosamente identificada tambm objecto de um comentrio que fornece um sumrio rpido do texto. Esses comentrios, organizados frequentemente sob a forma de uma listagem de tpicos, so de resto um dos aspectos fundamentais da Bibliografia: so eles que fazem dela um to precioso instrumento de pesquisa. Organizada por grandes temas, cada um dos quais se divide em sub-temas, a Bibliografia Analtica tem tambm um ndice final de autores que igualmente de enorme utilidade. Com estas caractersticas, a Bibliografia Analtica de Etnografia Portuguesa para todos os efeitos na falta de dicionrios especializados e outros trabalhos de sntese sistemtica a nica obra de referncia no sentido em que esta expresso utilizada entre os bibliotecrios produzida em cerca de 140 anos de etnografia e de antropologia em Portugal. Servio prestado cincia, a Bibliografia Analtica de Etnografia Portuguesa tambm, de entre a vasta produo bibliogrfica da escola de Jorge Dias um dos livros que melhor ilustra o carcter totalizante do seu projecto. certo que, de entre essa bibliografia, a cultura material e as tecnologias tradicionais acabaram por ter um lugar de particular relevo. Mas como mostram os trabalhos de Jorge Dias sobre o carcter nacional portugus e sobre a diversidade antropolgica do pas, assim como as pesquisas sobretudo de Ernesto Veiga de Oliveira sobre festividades cclicas, instrumentos musicais populares ou a arquitectura tradicional e por fim os trabalhos de Benjamim Pereira sobre as mscaras transmontanas, o objectivo ltimo da pesquisa da escola de Jorge Dias era construir um grande fresco analtico da cultura portuguesa vista a partir dos campos (onde at aos anos 1960 vivia a maioria da populao do pas). Visava-se por um lado cobrir a totalidade do pas, dividido para o efeito no seguimento das lies de Orlando Ribeiro em Mediterrnico, Atlntico e Transmontano. E visava-se por outro lado observar as culturas populares portuguesas na totalidade dos seus aspectos, em particular daqueles sobre os quais a informao era mais escassa ou daqueles que numa perspectiva de salvage ethnography (etnografia de emergncia) eram vistos como estando condenados de forma mais irremedivel a desaparecer e aos quais se deveria dar pois prioridade no registo. Tendo-se desequilibrado a favor da cultura material e das tecnologias tradicionais justamente porque estas foram

definidas como as reas onde era mais necessria uma interveno de emergncia este projecto de conhecimento totalizante do pas foi nico na histria da antropologia portuguesa: no houve antes nem voltou a haver depois nada de semelhante no apenas na sua ambio, mas nos seus resultados concretos. Um dos lugares onde essa ambio se concretizou de formas mais efectiva foi justamente na Bibliografia Analtica de Etnografia Portuguesa. A listagem dos tpicos principais do seu ndice de Matrias reveladora: Etnologia Geral, Bibliografia, Carcter Nacional, Museus e Exposies, Estudos de Comunidades, Ergologia, Tecnologia e Economia, Costumes Sociais e Profissionais, Usos e Costumes, Crena Popular, Literatura Popular, Msica e Dana, Teatro Popular, Diverses, Vesturio e Ornatos, Alimentao, Cincia Popular, Vria (Etnologia, Histria, Geografia). Tudo est sob observao. Em primeiro lugar porque sobre a totalidade de expresses da vida popular desde a infra-estrutura super--estrutura que versa a Bibliografia. E em segundo lugar, porque l est registado tudo ou praticamente quase tudo que sobre esses temas se tinha escrito em Portugal at 1965: desde os escritos dos antroplogos centrais que se tinham debruado antes de Jorge Dias e da sua equipa sobre as culturas populares portuguesas at profusa produo dos etngrafos locais, passando por materiais e informaes avulsas de natureza etnogrfica contidos na obra de eruditos e historiadores locais que se caracterizavam pela sua versatilidade. Neste sentido, a Bibliografia Analtica pode ser vista como uma espcie de exaustivo estado da arte como se diz hoje em dia a partir do qual e em articulao com as pesquisa de terreno entretanto realizadas pelo grupo de Jorge Dias poderia ter sido escrito uma espcie de grande tratado da Etnografia Portuguesa. Este, claro, no s no chegou a ser escrito como tanto quanto possvel saber nem sequer fazia parte dos planos de Jorge Dias e dos seus colaboradores. Mas o estado da arte esse estava pronto. Tendo parado em 1961, a Bibliografia Analtica de Etnografia Portuguesa nunca chegou a ser actualizada, Benjamim Pereira chegou a alimentar esse projecto sem que entretanto o tenha concretizado. No final dos anos 1990, desenrolou-se no quadro do Centro de Estudos de Antropologia Social (CEAS) do ISCTE um projecto com caractersticas idnticas, a cargo de Rita Jernimo, mas que no beneficiou de uma difuso alargada. Talvez seja esta a boa altura de pensar nessa actualizao. Pelo modo como o pas e a antropologia portuguesa entretanto mudaram, seria entretanto uma Bibliografia bem

diferente. Com menos rurais e muito mais urbanos. Sem tantos estudos sobre romanceiro mas com muitas pesquisas sobre inveno da tradio. Com menos alfaias agrcolas e cheia de imigrantes (e emigrantes). Com cultura popular mas tambm com classes mdias. Com mascarados transmontanos mas tambm com cultos neo-pentecostais e religies afro-brasileiras. Comparando essa eventual Bibliografia com a Bibliografia Analtica de Etnografia Portuguesa de Benjamim Pereira, poderamos fazer um bom balano do quanto o pas mudou nas ltimas dcadas e do quanto com ele mudou a antropologia portuguesa. At l, resta-nos saudar a reedio desta Bibliografia Analtica de Etnografia Portuguesa. Ela coincide com uma altura em que, na sequncia da institucionalizao da categoria de patrimnio imaterial, se assiste a uma espcie de segundo flego das culturas populares portuguesas novas e velhas expressa em processos vrios de emblematizao do popular a nvel local, regional e nacional. Os saberes etnogrficos e antropolgicos no tm permanecido indiferentes a esses novos usos da cultura popular, seja estudando-os, seja animando-os. A Bibliografia Analtica de Etnografia Portuguesa permanece por isso, neste novo quadro, aquilo que sempre foi: uma obra de referncia.

Joo Leal Faculdade de Cincias Sociais e Humanas (Universidade Nova de Lisboa) Centro em Rede de Investigao em Antropologia (plo UNL)

Capa original da edio de 1965

BIBLIOGRAFIA ANALTICA DE ETNOGRAFIA PORTUGUESA

Imprensa Portuguesa Rua Formosa, 108-116 Porto

Ao

Dr. ERNESTO VEIGA DE OLIVEIRA

Introduo

As obras existentes at data sobre bibliografia de Etnografia portuguesa devem-se a J. Leite de Vasconcelos nos Ensaios Etnogrficos, Opsculos e Etnografia Portuguesa e Jorge Dias no Bosquejo Histrico de Etnografia portuguesa . Estes trabalhos tm ambos feio crtica e consequentemente registam apenas as obras mais importantes da especialidade; e a ltima delas data j de 1951.

Sendo a Etnografia entre ns uma cincia de elaborao recente, a bibliografia da especialidade escassa, tornando-se por isso necessrio aproveitar todos os possveis elementos informativos que interessam a este ramo de estudo. E assim, impunha-se no s actualizar aquelas obras, mas tambm alargar o prprio critrio de recolha e dar-lhe a maior amplitude. Nessa ordem de ideias, registamos no apenas livros ou artigos de carcter cientfico, mas tambm trabalhos de amadores, artigos de jornais etc., que contm dados informativos pertinentes, e mesmo certos estudos que, sem serem de carcter etnogrfico, podem contudo servir como auxiliares para o esclarecimento de problemas de etnografia.

Na presente Bibliografia seguimos o critrio analtico, procurando traduzir num sumrio muito sinttico o contedo e natureza dos trabalhos referenciados, sem exprimirmos qualquer juzo valorativo a seu respeito. Por essa razo, de cada um dos Autores acima citados, transcrevemos apenas as referncias que no possuam carcter crtico. No foram includos livros ou artigos publicados a partir de 1960-61. Oportunamente publicaremos um suplemento a esta, em que eles sero considerados e no qual procuraremos alm disso incluir obras com datas anteriores, de que temos notcia mas que no nos foi possvel encontrar nas bibliotecas que consultamos, ou que por qualquer razo nos escaparam.

A classificao que adoptamos enferma certamente de imperfeies e inconvenientes. Tal sucede de resto com qualquer classificao, e Leite de Vasconcelos foi o primeiro a reconhec-lo. Mas o volume dos materiais referenciados e a multiplicidade dos aspectos que estes abarcam impunha em qualquer caso uma sistematizao que estabelecesse um pouco de ordem

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de modo a torn-los mais facilmente apreensveis. A classificao estabelecida na Bibliografia Internacional de Etnografia, da antiga Comission Internationale des Arts et Traditions Populaires (ClAP), baseada essencial-mente num critrio folclrico, no pde ser utilizada porque se ajusta mal aos princpios que norteiam a escola etnolgica a que pertencemos. E foi segundo os princpios fundamentais desta escola que elaboramos a classificao aqui adoptada.

Dentro de cada rubrica as obras so dispostas alfabeticamente segundo o ltimo apelido do Autor. Aquelas que versam conjuntamente temas diferentes so geralmente arrumadas na primeira rubrica a que fazem referncia, segundo a ordem da classificao. No final de cada rubrica figura a inscrio das referncias que tambm lhe dizem respeito, mas que se encontram registadas sob outras rubricas.

Queremos ainda expressar os nossos agradecimentos aos companheiros do Centro de Estudos de Etnologia Peninsular, Prof. Jorge Dias e Fernando Galhano, e, em particular, ao Dr. Ernesto Veiga de Oliveira, a quem constantemente levamos as nossas dvidas e problemas, na certeza duma ajuda efectiva e segura de ensinamentos e cooperao.

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ndice das matrias

I ETNOLOGIA GERAL 1. Princpios tericos e mtodos . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1 II BIBLIOGRAFIA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16 III CARCTER NACIONAL 1. Carcter nacional propriamente dito . . . . . . . . . . . . . . . 21 2. Psicologia popular . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26 3. reas culturais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31 IV MUSEUS E EXPOSIES . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34 V ESTUDOS DE COMUNIDADES 1. Estudos comunitrios propriamente ditos . . . . . . . . . . . . 37 2. Grupos tnicos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 41 3. Grupos Profissionais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 50 4. Monografias regionais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 50 VI ERGOLOGIA 1. Edifcios 1.1. Edifcios Particulares 1.1.1. Casas de habitao . . . . . . . . . . . . . . . . 82 1.1.2. Anexos de explorao rural . . . . . . . . . . . 105 1.1.3 Espigueiros . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 106 1.2. Edifcios religiosos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 107 1.3. Edifcios sociais 1.3.1. Cemitrios e tmulos . . . . . . . . . . . . . . . 109

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1.3.2. Pelourinhos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 111 1.4. Sistemas de construo . . . . . . . . . . . . . . . . . . 114 1.5 Diversos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 114 2. Objectos e alfaias 2.1. Mobilirio . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 115 2.2. Utensilagem domstica . . . . . . . . . . . . . . . . . . 117 2.3. Iluminao . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 118 2.4. Diversos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 119 2.5. Alfaia agrcola . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 123 3. Transportes 3.1. Transportes terrestres . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 131 3.2. Transportes aquticos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 134 3.3 Transportes humanos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 139 VII TECNOLOGIA E ECONOMIA 1. Artes plsticas l.1. Pintura e gravura popular . . . . . . . . . . . . . . . . . 140 1.2. Escultura . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 143 l.3. Trabalhos em madeira . . . . . . . . . . . . . . . . . . 145 1.4. Trabalhos em chifre . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 147 1.5. Trabalhos em cortia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 148 1.6. Trabalhos em ferro . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 149 1.7. Trabalhos em papel . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 151 1.8. Trabalhos em ouro . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 152 1.9 Diversos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 154 2. Indstrias populares 2.l. Indstria txtil . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 159 2.2. Olaria . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 171 2.3. Moagem . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 185 2.4. Cestaria . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 192 2.5. Pirotecnia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 195 2.6. Bordados e rendas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 201 2.7. Lacticnios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 201 2.8. Diversos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 202 3. Agricultura 3.1. Milho . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 212 3.2. Trigo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 213 3.3. Linho . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 214 3.4. Vinho . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 217 3.5. Azeite . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 222 3.6. Sistemas de debulha . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 225 3.7. Sistemas de rega . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 228 3.8. Diversos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 230 4. Pesca 4.l. Processos e redes de pesca . . . . . . . . . . . . . . . . . 238

XIII

5. Caa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 246 6. Pastoreio . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 247 7. Comrcio, feiras e mercados . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 249 VIII COSTUMES SOCIAIS E PROFISSIONAIS 1. Comunitarismo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 254 2. Compadrio . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 258 3. Corporaes e Confrarias . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 258 4. Vindicta Popular . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 263 5. Direito Popular . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 267 6. Classes Sociais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 271 7. Diversos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 271 IX USOS E COSTUMES 1. Festas cclicas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 277 1.1. Janeiras e Reis . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 277 1.2. Candelria . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 282 1.3. Carnaval . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 283 1.4. Encomendao das Almas . . . . . . . . . . . . . . . . . 291 1.5. Serrao da Velha . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 294 1.6. Ramos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 297 1.7. Judas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 297 1.8. Pscoa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 298 1.9. S. Jos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 301 1.10. 1. de Abril . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 301 1.11. 1 e 3 de Maio . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 301 1.12. Ascenso . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 304 1.13. Pentecostes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 305 1.14. Santos de Junho . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 311 1.15. Todos-os-Santos e Fiis-Defuntos . . . . . . . . . . . . . 319 1.16. S. Martinho . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 321 1.17. Natal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 322 1.18. Diversos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 323 2. Ritos de Passagem 2.1. Nascimento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 328 2.2. Amor, namoro e casamento . . . . . . . . . . . . . . . . 330 2.3. Morte . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 336 2.4. Diversos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 341 3. Costumes e festas agrrias . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 341 4. Banhos santos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 342 5. Mascarados e mscaras . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 344 6. Diversos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 345 X CRENA POPULAR 1. Catolicismo popular . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 351 1.1. Hagiografia popular . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 357

XIV

1.2. Objectos relacionados com o culto . . . . . . . . . . . . 359 1.2.1. Prespios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 359 1.2.2. Ex-votos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 361 1.2.3. Diversos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 363 1.3. Oraes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 364 1.4 Romarias e festas . . . . . . . . . . . . . . . . . 370 2. Outras religies . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 382 3. Crenas, supersties e prticas mgicas . . . . . . . . . . . . . 386 3.1. Ensalmos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 423 3.2. Amuletos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 424 XI LITERATURA POPULAR 1. Poesia popular . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 429 2. Romanceiro . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 469 3. Contos, mitos e lendas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 480 4. Adivinhas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 499 5. Provrbios e ditos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 502 6. Preges e frmulas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 520 7. Parlengas e rimas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 521 8. Alcunhas e apodos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 524 9. Folhetos de cordel . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 526 10. Vocabulrio . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 528 1l. Toponmia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 536 12. Onomstico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 546 13. Linguagem popular . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 547 XII MSICA E DANA 1. Msica popular . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 556 2. Instrumentos musicais e tocadores populares . . . . . . . . . . 576 3. Danas populares . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 580 XIII TEATRO POPULAR . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 588 XIV DIVERSES 1. Jogos, competies e brinquedos . . . . . . . . . . . . . . . . . 596 2. Touradas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 605 XV VESTURIO E ORNATOS 1. Traje popular . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 608 2. Tatuagem . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 620

XV

XVI ALIMENTAO 1. Culinria e doaria . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 622 2. Manjares cerimoniais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 628 XVII CINCIA POPULAR 1. Medicina popular . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 631 2. Meteorologia popular . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 640 XVII VRIA: ETNOLOGIA, HISTRIA, GEOGRAFIA 1. Etnologia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 643 2. Histria . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 645 3. Geografia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 647

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I Etnologia geral

1. PRINCIPIOS TERICOS E MTODOS

1 ACABADO, Manuel Antnio Janeiro Psicologia, Pedagogia e Etnografia. EBJP, 26-28, Lisboa, 1951, pp. 261-286.

Consideraes sobre o valor destas cincias. O valor dos jogos e rimas infantis, ditados e provrbios, cancioneiros populares e adivinhas. Estudo dum conto popular portugus e das suas verses brasileiras. A importncia que o estudo dos contos populares espanhis tem para os portugueses. A classificao dos contos populares espanhis.

2 BETENCOURT, Gasto de O folclore e a escola primria. MCP, VI, 66, Lisboa, 1951, pp. 12-13.

Conceitos cientficos de folclore. Citao de autores brasileiros. A importncia da integrao dos professores no verdadeiro sentido do folclore.

3 BRAGA, Theophilo O Povo Portugus nos seus costumes, crenas e tradies. I, Lisboa, 1885, 416 p.

INTRODUO Bases da crtica etnolgica. As persistncias, recorrncias e sobrevivncias. CAP. I Persistncia dos tipos antropolgicos, determinada pelos costumes populares. CAP. II Rudimentos da actividade espontnea - Caa: uso do furo, pedir com pele de lobo, armadilhas de pssaros nos brinquedos infantis, montaria do Porco Preto, etc.. Pesca: pesca de arrasto, organizao das companhas, formas tradicionais de redes, o lano da Cruz, etc. Formas naturais de guerra defensiva. Hostilidades nacionais, locais e individuais: sentido pejorativo de certos nomes de povos, apodos tpicos, etc. CAP. III As indstrias locais e tradicionais A casa: persistncia de casas de colmo, casas redondas, relao do lar com a famlia, etc. As comidas: uso de glandes de carvalho, castanhas, milho cozido, beras, boroa, bodos, etc. A actividade agrcola e pastoril: constituio da propriedade segundo diferenciaes tnicas; costumes romanos e rabes na agricultura portuguesa;

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tulhas subterrneas; hortas; sistema de debulha de cereais por meio da unha do boi, trilho, mangual. Persistncia de costumes rabes na actividade pastoril. Introduo do milho; ritos agrrios e prticas mgicas propiciatrias nas sementeiras e colheitas; divinaes; etc. CAP. IV Estados sociais representados nos costumes portugueses Relao entre os ritos funerrios, as cerimnias do casamento e as formas simblicas do direito, derivada da constituio primitiva da famlia: banquetes fnebres, encomendao, carpideiras, clamores, lutos, formas diversas de culto dos. mortos. Casamentos: endogamia e exogamia, sacrifcio comunidade, rapto da noiva, simulacro de combate, etc.; comparaes com costumes gregos e romanos. Costumes e smbolos jurdicos; pelourinhos; sistemas tradicionais de penalidade; etc. CAP. V Automatismo orgnico na Imitao e na Tradio Parlengas e jogos infantis: sua origem e sentido mtico. Modas, trajos e formas cerimoniais: persistncia de trajos ibricos na actualidade (mandil, barrete, mantilha, etc.). Danas e instrumentos musicais: determinao da evoluo das danas por aluses de escritores portugueses; influncias francesas e espanholas; meno de adufes, flautas, castanholas, violas, rabeca, pfaro, gaita de capador e de foles, berimbau, etc.

4 BRAGA, Theophilo - O Povo Portugus nos seus costumes, crenas e tradies, II, Lisboa, 1885, 546 p.

CAP. I Bases crticas da hierologia. CAP. II Supersties populares portuguesas: Definio e meno de vrios agouros; suas relaes com o animismo; penedos de casamentos; fontes e montanhas sagradas; a figa; entidades mgicas e malvolas; esconjuradores de espritos; curandeiros e medicina popular (frmulas mgicas para talhar diversos males); oraes e ensalmos. CAP. III As festas do calendrio popular: Janeiras e Reis, Candelria, Festa do Cuco, 1. de Abril, Carnaval, Serrao da Velha, Judas, Pscoa, Maias, Ascenso, Esprito Santo, Corpo de Deus (boi bento), S. Joo, S. Bartolomeu, Todos os Santos, Fiis Defuntos, S. Martinho, Natal (meno de vrios costumes referidos a estas festividades, que procura relacionar com mitos e velhos cultos). LIVRO III, CAP. I Tradies e saber popular: Bases crticas para o estudo dos anexins; sua relao com concepes mticas, estados psicolgicos rudimentares, com contos tradicionais, etc. Adivinhas: expresso mtica; relao das adivinhas com os contos; comparao das adivinhas portuguesas; objecto das adivinhas; sua universalidade e persistncia nas classes cultas, etc. CAP. II Cantigas, romances e comdias populares: cantos especficos de determinadas celebraes; unidade do lirismo ocidental, e formas mais arcaicas de cantigas portuguesas. Romances: evoluo da forma pica; classificao segundo este tema; formao ou adaptao de romances a novos sucessos; a aco das mulheres na conservao dos romances; etc. Comdias populares: Coros e bailes de terreiro; mscaras e danas religiosas; narrativas hericas; autos hierticos; etc.

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CAP. III Contos, lendas, livros populares e histria de Portugal na voz do povo. Universalidade dos contos; relaes dos nossos contos com contos sicilianos e russos; seu sentido mtico. Lendas: meno de vrias lendas. Livros populares: Gil Vicente e Baltazar Dias; Irmandade dos cegos, vendedores de folhas volantes de literatura de cordel: fases da histria de Portugal na voz do povo; etc.

5 CARDOSO, Carlos Lopes Vlkerkunde, Volkskunde e a Escola Etnogr-fica Portuguesa. DL, Oitava Srie, V-VI, Porto, 1957, pp. 521-526.

Anlise e consideraes acerca da problemtica da Etnografia, que divide em duas categorias: elemento humano e elemento cultural. Enunciado das origens e presente situao da escola portuguesa.

6 CARDOSO, Carlos Lopes Da investigao etnogrfica em Portugal. ACEELV, I, Porto, 1959, pp. 235-243.

Conceitos respeitantes cincia etnogrfica.

7 CHAVES, Lus Nacionalismo etnogrfico A agricultura e a etnografia. BACAP, XXII, Lisboa, 1920, pp. 36-48 e 76-82.

Esquema de um estudo descritivo do povo, segundo o seu ambiente prprio; a terra, a gente, a arte.

8 CHAVES, Lus O Centenrio do Folclore. BRCC, XLIII, Lisboa, 1946, pp. 181-192.

Consideraes acerca do despropsito do emprego do termo Folclore. Seu mbito e significado marcado por Leite de Vasconcelos.

9 CHAVES, Lus Nos domnios da etnografia e do folclore. RO, XXXII, Lisboa, 1947, pp. 150-153.

Exposio das quatro fases em que se pode dividir a evoluo da cincia etnogrfica: 1. fase pr-etnogrfica, incidindo superficialmente no observador receptivo; 2. fase, de cincia crtica, iniciada com o Romanceiro de Garrett, a que se seguiram obras variadas de fundo popular, revistas, estudos, criao de museus, etc.; 3. fase, de sistematizao, em que sobressaiem a Etnografia Portuguesa de Leite de Vasconcelos, e outros trabalhos, como os do Abade de Baal, Firmino Martins e Jaime Lopes Dias; e a fase actual de aproveitamento etnogrfico em exibies, concertos, concursos, etc., para manter as caractersticas nacionais e recuperar o perdido... (A. Jorge Dias B.H.E.P.).

10 COELHO, Adolfo Sobre os conhecimentos tnicos dos gregos e dos romanos. RCNS, I, Porto, 1889, pp. 49-60 e 97-114.

Consideraes acerca do conceito de raa e de povo e das cincias que se ocupam do seu estudo: a etnografia, que descreve a vida social e os costumes dos povos, as suas relaes com o meio, etc.; etnogenia, que estuda as origens e parentescos dos povos, principalmente a lngua; e a etnologia ou estudo geral

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das condies de formao e desenvolvimento dos povos, das variaes de carcter tnico sob a influncia de aces naturais ou sociais, dos diversos tipos de sociedade que os povos nos apresentam, dos diversos elementos da vida social. Crtica a algumas classificaes propostas por investigadores estrangeiros. Anlise e apreciao valorativa das notcias tnicas dos clssicos, relativas Pennsula hispnica. ... se eles muitas vezes acertaram, erraram tambm muitas vezes por falta de mtodo rigoroso de exame, de modo que os textos clssicos, importantes para ns, devem ser aproveitados com a maior precauo e sujeitos sempre que possvel a contra-prova.

11 COELHO, Adolfo Tradies populares portuguesas - A caprificao. RCNS, IV, Porto, 1889, pp. 113-128.

De entrada prope uma classificao para os factos do domnio etnogrfico segundo as principais rubricas: Sentimentos tnicos, estticos, religiosos, e lgicos. Formas de vida prtica, artstica, religiosa, e especulativa. Como exemplo de mtodo de estudo neste campo, apresenta alguns relatos de caprificao prticas que visam o aumento e maturao do figo , no Algarve, comparando-os com casos aparentemente similares de outros pases, e sobretudo com exemplos idnticos da Grcia.

12 CORREA, A. A. Mendes O contributo dos descobrimentos dos Espanhis e portugueses nos sculos XV e XVI para o conhecimento cientfico do Homem e das raas humanas. APPC, IV Congresso, I, Porto, 1943, pp. 22-36.

Pe em relevo a influncia dos descobrimentos hispano-portugueses nas modernas concepes sobre a natureza humana e sobre a sistemtica etnolgica.

13 DACIANO, Bertino A etnografia e o folclore, seu valor moral, artstico e cientfico. DL, Quinta Srie, IX, Porto, 1954, pp. 3-19.

Consideraes acerca da etnografia como disciplina cientifica; dum programa dum curso de etnografia; dos museus etnogrficos; do Museu do Douro Litoral; e do Boletim do Douro Litoral.

14 DIAS, Jaime Lopes Portugal e a etnografia. Lisboa, 1950, 27 pp. O Autor refere-se evoluo dos estudos da cultura popular, aos caminhos seguidos e terminologia variada com que os diferentes autores procuram rotular a nova cincia. Mostra o interesse que a etnografia encontra em todo o mundo e foca em especial o desenvolvimento que o folclore tem tido no Brasil. Termina fazendo um apelo para que se recolham activamente as nossas tradies, indispensvel para os estudos comparativos do Brasil. (A. Jorge Dias B.H.E.P.).

15 DIAS, Jorge Acerca do conceito de etnografia. PN. VI, Lisboa, 1946, 7 p. O Autor, depois de defender o emprego da designao etnografia, procura definir os limites desta cincia, completamente renovada nos ltimos decnios.

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Diz que a etnografia uma cincia da natureza e da cultura; aparentada por um lado, com as cincias naturais e geogrficas, por outro com as cincias histricas e sociais. A etnografia, diz o Autor, estuda precisamente o campo da interferncia do determinismo natural com o livre arbtrio humano, o que obriga o estudioso a usar ora um mtodo descritivo e comparativo de rigorosa objectividade, ora um mtodo interpretativo de subtil anlise psicolgica. (A. Jorge Dias B.H.E.P.).

16 DIAS, Jorge Acerca do Atlas Etnogrfico de Portugal. TAE, XI, 3-4, Porto, 1948, pp. 352-357.

Consideraes cerca da criao do Centro de Estudos de Etnologia Peninsular e das vantagens da aplicao do mtodo cartogrfico etnografia.

17 DIAS, Jorge Orientacones actuales de la etnografia. EG, IX, 30, Madrid, 1948, pp. 53-67.

O Autor mostra a confuso que reina em relao terminologia da cincia etnogrfica, e salienta que, depois da obra Etnografia Portuguesa, de Leite de Vasconcelos, tal problema no existe em Portugal. Faz a comparao entre Etnografia e a Volkskunde alem. Apoiando-se em trs elementos bsicos: terra, homem e tradio, procura dar uma viso dos mtodos de trabalho para o estudo dum povo civilizado. Fala do desenvolvimento da etnografia em certos pases e mostra as perspectivas animadoras que oferece a Pennsula com a criao dos Centros de Estudos de Etnologia Peninsular em Portugal e em Espanha. (A. Jorge Dias B.H.E.P.).

18 DIAS, Jorge Cultura popular e cultura superior. Santiago de Compostela, 1949, 20 p.

Tentativa de relacionar a cultura popular com as manifestaes superiores da cultura. Fala da morfologia da cultura e procura exemplos da literatura espanhola, como Juan Valera e Jos Maria Pereda, para ilustrar dois casos tpicos de cosmopolitismo e regionalismo, respectivamente. Procura determinar a maneira diversa como as influncias locais se exercem sobre as diferentes camadas sociais e os indivduos. O Autor tenta, pela primeira vez, definir etnografia, apoiando-se num elemento diferenciador de natureza psicolgica e no social. No so s estas ou aquelas classes que so estudadas pela etnografia, mas sim o que popular em qualquer delas. O campo da investigao toma propores mais naturais e desaparecem certos preconceitos de escola que o Autor defendia nos escritos anteriores. de crer que se os estudos parciais tiverem em vista a integrao num plano de conjunto da estrutura cultural, se d um grande passo para o conhecimento da personalidade-base do povo portugus. (A. Jorge Dias B.H.E.P.).

19 DIAS, Jorge Congresso Internacional de Folclore (Agosto. So Paulo, 1954). DL, Sexta Srie, IX, Porto, 1955, pp. 60-65.

Caractersticas do facto folclrico. Consideraes sobre o tema.

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20 DIAS, Jorge Etnologia, Etnografia, Volkskunde e Folclore. DL, Oitava Srie, I-II, Porto, 1957, pp. 61-78.

Estudo terico sobre classificao e definio das Cincias da cultura, e suas hierarquias. Atentando na enorme diversidade de critrios usados por diferentes investigadores e escolas internacionais, no significado destas palavras e conceitos que elas envolvem, o Autor apresentou ao Congresso Internacional de Folclore de Arnhem esta tese (que foi aprovada) a qual agrupa as diferentes classificaes em 4 grupos principais: 1) critrio culturolgico; 2) critrio sociolgico; 3) critrio psicossociolgico; 4) e critrio etnolgico. 1) O critrio culturolgico (a que tambm se pode chamar literrio) usado pelas escolas folclricas que consideram o folclore uma cincia autnoma, tendo como objecto o estudo da literatura oral, e cultura espiritual de um povo de facto apenas do povo dos pases europeus. O estudo dos primitivos competia etnologia ou etnografia. 2) Segundo o critrio sociolgico, o folclore tem como objecto de estudo a cultura das classes populares, e estabelece semelhantemente uma diferenciao entre sociedades histricas, ou ditas civilizadas, e sociedades chamadas no civilizadas ou primitivas. 3) O critrio psicossociolgico, deixa de encarar povo como classe social, para se tomar uma forma de comportamento de que os componentes de um grupo mais ou menos partilham. E o que cai no foco da anlise a participao do povo, conjunto de habitantes de uma nao, no saber tradicionalmente transmitido. portanto o estudo do homem como ser cultural., isto , o homem que portador de cultura. 4) O critrio etnolgico adoptado por aqueles que, banindo qualquer conceito etnocentrista, procuram estudar o homem como ser cultural, em qualquer parte do mundo em que ele viva e seja qual for o tipo de economia e cultura em que se encontre, relacionando o presente com o passado. Esse estudo compete Etnologia, cincia de princpios e leis gerais. A etnografia a parte descritiva da Etnologia, referida a pases ou reas culturais definidas.

21 DIAS, Jorge A expanso ultramarina portuguesa luz da moderna Antropologia. BGU, Lisboa, 1957, 28 p.

O etnocentrismo dos povos e as suas causas; valores positivos e negativos que ele alimenta. Anlise das formas de comportamento dos portugueses feio humana e pouco etnocntrica. Esboo breve da evoluo da humanidade. A originalidade do papel dos portugueses na expanso ultramarina e suas determinantes comrcio, ocupao de novas terras, dilatao do Imprio e dilatao da f ; e caractersticas universalizao. A capacidade de adaptao a novas terras e gentes explicada pela unidade da nossa cultura heterognea, tolerncia, assimilao, cordialidade, famlia patriarcal e multifuncional, etc. Os portugueses, levados por um so instinto, misturaram-se com as vrias populaes da terra e contriburam grandemente para a fuso racial. Foi do livre exerccio desse impulso, que o leva a considerar os homens como seus iguais e a amar mulheres de todas as cores, que nasceu a grande nao brasileira, que assombra o mundo pela harmonia nica de convvio humano.

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22 DIAS, Jorge Introduo ao estudo das cincias sociais. CMCS. Lisboa, 1958, pp. 13-27.

Nota a facilidade com que se confunde sociologia com cincias sociais e apresenta um quadro classificatrio, de R. Redfield, que divide estas cincias em: a) Cincias propriamente sociais: a economia, a poltica, a sociologia e a antropologia; b) Cincias perifricas, cujo contedo est fora das cincias sociais, se bem que relacionado a alguns dos seus aspectos ou partes: a psicologia, a geografia, a histria e a jurisprudncia. A anlise recai sobre a sociologia e a antropologia cincias que, entre ns, como nota, tm sido ignoradas nas Universidades dando-nos a conhecer as suas linhas gerais, mtodos usados e objectos de estudo o homem como ser cultural , elementos diferenciais estabelecidos entre elas, etc. Segundo o Autor, a sociologia tende mais para as formulaes quantitativas prprias das cincias da natureza, enquanto que a Antropologia, acentua mais o carcter individual e qualitativo do fenmeno humano, o que a aproxima das cincias histricas.

23 DIAS, Jorge Ambiente Natural e Histria (Dinamismo Cultural). TAE, XVII, 1-4, Porto, 1959, pp. 103-116.

Procura definir as relaes entre ambiente e cultura, atravs dos tempos. A natureza como factor no criador mas limitador e condicionante de cultura. Adaptao do homem passiva e activa. Adaptao passiva nas sociedades de economia simples inteligente ou no (quando a sua tcnica mais rudimentar). Os factores geogrficos devem-se considerar em funo do grau de evoluo das tcnicas de que cada povo dispe, e no de maneira absoluta. Define trs fases fundamentais da humanidade: a fase da expanso de isolamento e diferenciao; a fase da agricultura, que proporcionando excedentes alimentares permitiu a especializao do trabalho, abrindo caminho a permutas e trocas comerciais e de ideias; e a fase actual que, beneficiando de uma agricultura superior e da abundncia de excedentes, permite a formao de sociedades altamente estratificadas. Segundo o Autor, para cada tipo de cultura existe um ambiente ptimo, mas com a evoluo da cultura o ambiente que foi ptimo pode no o ser hoje, e vice-versa.

24 DIAS, Jorge Problemas de mtodo em estudos de comunidades. CMCS, Lisboa, 1959, pp. 73-91.

Definio de comunidade: grupo local integrado por pessoas que compartilham um territrio bem definido, as quais esto ligadas por laos de intimidade e convivio pessoal e participam de uma herana cultural comum. Suas caractersticas fundamentais: 1) distino dos seus limites; 2) homogeneidade cultural; 3) auto-suficincia. Orientao a seguir nos estudos de comunidade no sentido de uma integrao dos diferentes sistemas de que ela se compe, tipificando o mais central. Tcnicas de observao e anlise aconselhadas, e metodologia: 1) sistema ecolgico (encarado como um conjunto dinmico de inter-relaes do homem

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com a natureza); 2) sistema geogrfico; 3) sistema social; 4) sistema histrico. Chama a ateno para a complexidade dos problemas que estes estudos sus-citam, indicando caminhos, de acordo com os diferentes casos e circunstncias. E releva a importncia destes trabalhos para o estudo do carcter nacional.

25 DIAS, Jorge O que se entende por Antropologia Cultural. EU, Lisboa, 1959, pp. 9-29.

Diviso da Antropologia Geral em dois ramos distintos: Antropologia Fsica (que estuda o homem somtico, biolgico), subdividida em Antropometria. Craniometria, Gentica, Grupos sanguneos, e Paleontologia humana; e Antropologia Cultural Etnologia (cincia das formas e dos processos diversos como os povos e os seus indivduos so obrigados a orientar-se no sentido da sua expanso no espao e no tempo, segundo o seu ambiente natural, social e cultural Muhlmann ), subdividida por seu turno em Etnografia, Ergologia, Tecnologia, Psicologia Social, Lingustica, Folclore, Etnossociologia, e Etnomusicologia. Definio de cultura em sentido etnolgico: conjunto das tradies sociais, ou herana social. Tudo aquilo que recebemos do ambiente social em que nos criamos e desenvolvemos. Seu carcter super-orgnico e super-individual. Diferenas e divergncias de critrio na atribuio do conceito exacto desta cincia, e limitaes do seu campo. Crtica dos critrios etnocentristas. A escola portuguesa Leite de Vasconcelos e Jorge Dias . O papel da Etnografia como cincia que observa, analisa e descreve determinados aspectos da cultura; a Antropologia cultural (ou Etnologia), que sistematiza, generaliza e compara esses aspectos, interpretando-os em funo de leis e princpios gerais.

26 FERNANDES, P.e Baptista O Folclore Tema de um discurso de Pio XII. MCP, VIII, 87, Lisboa, 1953, pp. 6-7.

O ponto de vista do Chefe da Igreja: ... a profisso ... no ... o essencial da actividade do homem; h outras misses que envolvem os recursos pessoais de esprito e corao. Numa sociedade que ignora as tradies mais ss e mais fecundas, o folclore esfora-se por manter uma continuidade viva, no imposta de fora, mas vinda da alma profunda das geraes.... Assim, no podemos seno louvar aqueles que com competncia e dedicao, se aplicam a auxili-los, a dirigir os seus esforos... Unidade da f religiosa e vida popular: nas regies em que essa unidade se conserva ainda, o folclore no pois uma sobrevivncia curiosa de uma poca passada, mas uma manifestao da vida actual, que reconhece o que deve ao passado e tenta continu-lo e adapt-lo inteligentemente s situaes novas.

27 LIMA, Jaime de Magalhes Natureza e carcter especulativo do Folclore. Po, III, Porto, 1930, pp. 146-150.

Consideraes acerca da definio do folclore de W. J. Thoms, no Athenaeum, em 1846, que provam uma unidade de esprito e de forma nas numerosas disciplinas que tal definio engloba.

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Sua crtica ao conceito de folclore como cincia, que s poder esclarecer e revelar; ele uma sntese misteriosa, que, para o Autor, participa dos caracteres de uma arte, cuja compreenso um facto de sensibilidade como a msica, com a qual o compara.

28 MACHADO, Falco Etnografia e Escola. MCP, VI, 62, Lisboa, 1951, pp. 10-11.

Consideraes cerca do significado da Etnografia como cincia que investiga, descreve e explica a essncia nacional. Necessidade de alterar os actuais critrios pedaggicos, substituindo-os por outro que considere a etnografia.

29 MATOS, Lygia Maria da Cmara de Almeida Cultura Popular. RI, VI, Ponta Delgada, 1950, 100 p.

Consideraes cerca do significado e importncia da cultura popular. Refere-se facilidade e vigor descritivo da lrica popular, comdia popular, e termina com algumas sugestes para estimular e desenvolver essa cultura.

30 MATTOS, Armando de Projecto de um esquema de etnografia portuguesa. APPC, IV Congresso, t. VII, (7.a Seco, Cincias Histricas e Filosficas), Porto, 1954, pp. 570-578.

O Autor defende a necessidade de dar maior rigor aos estudos etnogrficos, que, por vezes, carecem de disciplina cientifica e se apresentam desarticulados. Atribui este facto falta de classificao prpria. Prope a realizao de um esquema classificador de etnografia. Defende um ponto de vista antropo-geogrfico e d uma definio de etnografia. (A. Jorge Dias B.H.E.P.).

31 MOURINHO, P.e Antnio Essncia do Folclore Algumas opinies sobre o facto folclrico, MCP, X, 119, Lisboa, 1956, pp. 14-15.

Definies de folclore dadas por alguns especialistas.

32 MOURINHO, P.e Antnio O facto folclrico e a tradio. MCP, XI, 121, Lisboa, 1956, pp. 10-11.

Consideraes sobre o folclore.

33 OLIVEIRA, Ernesto Veiga de Indivduo e Sociedade. CMCS, Lisboa, 1958, pp. 31-47.

Estudo da evoluo dos conceitos tericos de Indivduo e Sociedade e suas consequncias metodolgicas. Psicologia, Sociologia, Antropologia Cultural. Psicologia clssica anlise e classificao do facto consciente, fundamento biolgico da vida psquica, etc. Psicologia infantil. Equiparao da criana s

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fases primitivas do homem. A Psicologia Freudiana os pressupostos psquicos de natureza social. O indivduo como ser dotado de mecanismos psico--fisiolgicos inatos; os elementos dados da personalidade, biolgicos ou super--biolgicos, filogenticamente estabelecidos, fixados e transmitidos, universais e uniformes. O Homem Universal, idntico a si mesmo no tempo e no espao por uma lei comum a todas porque biolgica e especfica. A Sociologia clssica concepo total da Sociedade, estabelecida racionalmente; interpretao da realidade histrica; Comte e a teoria geral da ordem espontnea das sociedades; a lei dos trs estados teolgicos (politeistas e monoteistas), e positivo. A diversidade de culturas, expresso dos estados dessa evoluo unilinear. A Sociedade Ideal, concebida como uma hiper-estrutura independente dos indivduos, sistema autnomo de relaes fixas, obedecendo a leis prprias segundo o modelo das sociedades evoludas do mundo ocidental. A escola sociolgica de Durkheim: o elemento social na psicologia. O facto social como realidade efectiva, a conscincia colectiva. Levy Bruhl a mentalidade primitiva e o prelogismo; dualidade em funo da diferena entre a verdadeira sociedade (ocidental), e as sociedades primitivas, que implica ao mesmo tempo a ideia da evoluo unilinear, e da diversidade de mentalidades. Antropologia Cultural princpio fundamental e original desta cincia: afirmao do princpio da relatividade das culturas, que rompe com todo o etnocentrismo cultural anterior. O seu objecto especfico o estudo do homem como um ser cultural... o estudo do comportamento humano, na medida em que ele condicionado pela cultura do grupo, a sua interpretao dentro das coordenadas ou dimenses etnolgicas do tempo, situao geogrfica e status social, e tambm o estudo da cultura como um produto de relaes humanas.

34 OLIVEIRA, Ernesto Veiga de As orientaes funcionalistas nos estudos de Cultura. CMCS, Lisboa, 1958, pp. 155-174.

Anlise dos princpios basilares do conceito funcionalista, enunciado por Franz Boas, Radcliffe-Brown, Malinowski, Thurnwald, etc. Segundo o Autor Numa definio provisria e muito geral, podemos dizer que a atitude funcionalista em etnologia se caracteriza essencialmente pela acentuao decisiva que faz das culturas como todos unitrios vivos e em funcionamento orgnico, que urge apreender e que integram, na sua unidade funcional, as instituies de que se compem, conferindo-lhes o seu matiz prprio e determinando-lhe o seu prprio funcionamento relacionado com o funcionamento unitrio da sociedade integrante. Toda a conceituao funcionalista assenta na noo da unidade da cultura e sua integrao. Crtica aos exageros das primeiras escolas, segundo Merton. O ponto de vista funcional... alm do mrito de ter denunciado o artifcio de que enfermavam os estudos analticos de difuso que tem a sua manifestao mais corrente na investigao folclrica ...chamou a ateno... para uma faceta essencial dos factos culturais, que fugia s arbitrariedades da etnologia histrica, estabelecendo a primazia de um elemento positivo sobre o elemento histrico .

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35 PESSANHA, D. Sebastio A arte popular e a moderna etnografia. TAE, XVII, 1-4, Porto, 1959, pp. 141-146, fig. 2.

Consideraes cerca da arte popular. O Autor defende o ponto de vista de que no estudo de qualquer elemento de cultura material, se deve atender primordialmente sua forma, funo e origem, relegando a decorao para um plano secundrio e considerando-o como elemento episdico.

36 SANTOS JNIOR Conceito ecolgico da etnografia. DL, Sexta Srie, IX, Porto, 1955, pp. 3-8.

Consideraes cerca do conceito ecolgico da etnografia. Segundo o Autor, a etnografia deve ser considerada, essencialmente, um ramo das Cincias Naturais, e servida pelos seus mtodos de estudo.

37 SCHWALBACH, Lus Problemas etnolgicos Classificaes prematuras. RFLUL, X, Lisboa, 1944, pp. 5-17.

Consideraes cerca de antropologia e etnologia.

38 SCHWALBACH, Lus Objectivos da Etnologia e da Etnografia. MCP, VI, 69, Lisboa, 1952, pp. 3-4.

Anlise do conceito de raa. Confronto dos conceitos de Antropologia, Etnologia e Etnografia. O ensino universitrio da Etnologia e a necessidade de criar cadeiras de Etnografia.

39 VALDES, Ildefonso Pereda La Etnografia y el Folklore. ACEELV, II, Porto, 1959, pp. 379-385.

Consideraes cerca do conceito de etnografia e do folclore.

40 VASCONCELOS, J. Leite de Etnologia A propsito de uma exposio etnogrfica em Lisboa. RL, XVI, Lisboa, 1913, pp. 332-337.

Alude ao facto de ser Portugal uma potncia colonial, que se antecipou aos outros pases, e lamenta a falta de um Museu de etnografia ultramarina. Apoia a ideia duma exposio de etnografia ultramarina e indica alguns mtodos de programas a cumprir para esse efeito. Definio de Etnologia, e suas divises. O que etnografia. Aplicao da palavra Etnologia ou Etnografia vida dos selvagens actuais. Inexactido deste exclusivo emprego da palavra. A Etnografia tanto estuda os povos selvagens como aquele em que haja elementos tradicionais; tanto estudo os povos antigos como os modernos. Semelhana do homem prehistrico e do selvagem actual. Estudo daquele por intermdio do estudo deste.

41 VASCONCELOS, J. Leite de Importncia da etnografia, RL, XXII, Lisboa, 1919, pp. 5-18.

a) Importncia terica: exame da psicologia geral de um povo; estudo do vocabulrio (Wrter und Sachen); comentrio da literatura antiga; pontos em

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que pode beber a literatura moderna; conhecimento do viver de outrora, quando deixa reflexos no presente; paralelos universais, que provam a ubiquidade de muitas usanas e crenas consideraes especulativas que permitem estudar a evoluo de umas e outras, e s vezes descortinar-lhes a origem. b) Importncia prtica administrao poltica interna; julgamento de crimes, etiologia de doenas mentais, explicao de fanatismo religioso; educao infantil; adminis-trao colonial, avigorando o amor ptrio. Urgncia de colher as tradies populares. Apreo que l fora se d etnografia: literatura, sociedades, ensino pblico, museus, congressos, exposies. Factos diversos. A Etnografia em Portugal.

42 VASCONCELOS, J. Leite de Etnografia. RL, XXVI, Lisboa, 1927, pp. 260-280.

Definio de Etnografia Povo e etnografia, de modo geral. Destrina de alguns assuntos da Etnografia: supervivncia e convergncia; fenmenos subalternos que acompanham a civilizao propriamente dita; cor local adquirida pelo que vem de fora; arte popular, literatura oral, sabena do vulgo, tradies, criaes espontneas, adaptaes; linguagem; a gente em si; terra da ptria. Nomenclatura. Etnografia Portuguesa. O que o povo portugus. Passado e presente. A Etnografia, ramo da Etnologia. Diviso da Etnografia Portuguesa. (CAP. I e II da Introduo da Etnografia Portuguesa).

43 VASCONCELOS, J. Leite de Etnografia Portuguesa, I. Lisboa, 1933, 388 p.

Definio de etnografia: Povo e Etnografia, de modo geral. Destrina de alguns dos assuntos da Etnografia: supervivncia e convergncia; fenmenos subalternos que acompanham a civilizao propriamente dita; cor local adquirida pelo que vem de fora; arte popular, literatura oral, sabena do vulgo; tradies, criaes espontneas, adaptaes; linguagem; a gente em si; terra da ptria. Passado e presente. A Etnografia ramo da Etnologia. Excursos. Fontes de investigao etnogrfica: Observao directa. Museus, exposies, etc. Fontes literrias ou escritas: A) Literatura geral. B) Literatura especial. Importncia da etnografia: A) Importncia terica: exame da psicologia geral de um povo; estudo do vocabulrio; comentrio da literatura antiga; fonte em que pode beber a literatura moderna; conhecimento do viver de outrora, quando deixa reflexos no presente; paralelos universais, que provam a ubiquidade de muitas usanas e crenas; consideraes especulativas que permitem estudar a evoluo de umas e outras, e s vezes descortinar-lhes a origem. B) Importncia prtica: administrao poltica interna; julgamento de crimes, etiologia de doenas mentais, explicao do fanatismo religioso; educao infantil; administrao colonial; avigoramento do amor ptrio. Urgncia de colher as tradies populares. Apreo que l fora se d Etnografia: literatura, sociedades, ensino pblico, museus, congressos, exposies; Factos diversos. A Etnografia em Portugal. De como se organizou esta obra: Primeiros estudos e publicaes. Plano de uma biblioteca etnogrfica (1882), que tinha como anexo um anurio. O que disso

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se publicou. Alongamento do mesmo plano em 1890. A Revista Lusitana e o Museu Etnolgico. Prospecto de 1919 a que corresponde plus minus esta Etnografia. Dificuldade de se escrever por ora um tratado de Etnologia de Portugal. Relaes da presente obra com anteriores trabalhos do autor. Fontes de que este se serviu, como as aproveitou. Pessoas que o auxiliaram.

44 VASCONCELOS, J. Leite de Opsculos. V Etnologia (Parte I), Lisboa, 1938, 620 p.

Definio do conceito de Etnologia; sua diviso em Etnogenia e Etnografia. Cale e Portucale crtica s teses que a situavam na margem esquerda do Douro; hiptese da sua localizao na margem direita. O povoamento de Portugal nos tempos pr-histricos segundo dados toponmicos. Estudo de alguns grupos etnicos que habitaram o NE Conios, Serrios, Celtas e Grovios. Magia e religiosidade referncias a machados de pedra encontrados em minas romanas, que supe terem sido usados como pedras de raio; comparao com o culto actual a St. Brbara, advogada dos mineiros, e contra as trovoadas. Significao mgico-religiosa de algumas moedas antigas, com um buraco para suspenso. Notcias sumrias cerca da religiosidade da Lusitnia. Crticas obra de M. Toutain Les cultes paens dans l'empire romain. Interpretao e leitura de monumentos e inscries de alguns deuses: Nabia, Tongoenabiagus, Endovlico. Ateismo dos Calaicos Interpretao da passagem de Estrabo, a que d diferente significado, afirmando a existncia de deuses, sem imagens. Costumes sepulcrais da poca romana em Portugal. Medicina dos Lusitanos. Bibliografia sobre tatuagem. Lista de objectos etnogrficos concernentes medicina. Origem, histria e formao do povo portugus resenha dos povos que atravs das diferentes pocas habitaram Portugal. Designao popular dos dedos da mo. Comentrios a cartas de amor. Jogo de atirar a moeda ao ar. Consideraes cerca do carcter agrrio de Portugal - tradies campestres e culto do boi (exemplo). Classificao e geografia dos jugos e cangas. Estudo duma corna alentejana; de apetrechos de meia; da linguagem dos gestos; do emprego da saliva como agente profiltico. Mitologia e supersties assimilao de divindades locais pelas moiras encantadas. As Maias colocao de flores nas portas e figuraes do Maio-Moo. Supersties dos rios - prticas propiciatrias, virtudes das guas; o banho Santo de S. Bartolomeu (Nelas), etc. Frmulas mgicas. Anis com letras mgicas. Amuletos portugueses.

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45 S/A. Preliminar. T, I, Serpa, 1899, pp. 1-2. Consideraes gerais. Definio de etnografia: descrio de cada povo nos seus usos, costumes, religies, lnguas, caracteres fsicos e origens na histria, enquanto que folclore uma parte de etnografia, que estuda as manifestaes da inteligncia, a sabedoria do povo.

46 S/A. O que e para que serve o folk-lore. Espozende (Col1eco Silva Vieira II Srie). Esposende, 1893, 21 p.

Opinies de vrios autores sobre o folclore e a etnografia.

1.1. DIVERSOS

47 CHAVES, Lus A Grei Portuguesa. Notas para um programa de Etno-grafia Portuguesa. RL, XXVIII, Lisboa, 1930, pp. 42-86.

A Terra Diviso popular e tradicional do pas. Paisagem tpica regional. Caracterizao do habitante. Trabalho de cultura agrcola. Instituies locais. A gente Crenas. Supersties. Medicina popular. Famlia. A aldeia. Festas tradicionais. A arte Folclore. Arte religiosa. Arte profana. Industrias tradicionais. Mercados e feiras.

48 CHAVES, Lus Nos domnios da etnografia e do folclore. RO, XXVIII, Lisboa, 1946, pp. 56-59.

Esquema para um estudo etnogrfico de Lisboa.

49 COELHO, F. Adolfo - Toms Pires como folclorista. ATPLH, Elvas, 1913, pp. 3-6.

Refere-se ao papel de Toms Pires como investigador das tradies populares.

50 COELHO, Jos Etnologia Regional Plano de trabalhos. VV, Viseu, 1927, 48 p.

Plano de trabalhos a realizar no Instituto Etnolgico da Beira, apresentado na primeira reunio preparatria para a fundao desse instituto, e parecer da comisso sobre o referido plano.

51 DELGADO, Manuel Joaquim Necessidade da criao de uma cadeira de Folclore nas escolas do Magistrio Primrio, dado o valor cultural e formativo que esse ramo do saber humano pode e deve desempenhar na Escola Primria. MCP, IX, 102, Lisboa, 1954, pp. 3-4 e 7.

Resenha dos estudos folclricos e etnogrficos em Portugal e certos aspectos da cultura popular portuguesa (literatura oral). Contos populares e romanceiro, como tema de leituras escolares.

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52 KRUGER, Fritz Der Beitrag Portugal zur europisches Volkskunde. CMP, t. II, XVIII, Lisboa, 1940, pp. 296-351.

Refere-se elogiosamente obra de Leite de Vasconcelos. Pe em relevo as grandes diferenas existentes na cultura do povo portugus das diversas regies, e a riqueza das suas tradies populares. Faz uma anlise sobre o nvel das pesquisas adentro das cincias da populao. Dispensa especial ateno a traos arcaicos existentes na cultura do nosso povo e enumera alguns exemplos particularidades referentes s construes das casas, aos utenslios de lavoura, ao traje, s crenas e cano popular.

53 LIMA, Augusto Csar Pires de Evoluo da Etnografia em Portugal. RO, LI, Lisboa, 1956, pp. 114-117.

Consideraes e citao dos escritores que mostraram interesse pela literatura tradicional.

54 LIMA, Fernando de Castro Pires de O folclore como mtodo de ensino. MCP, VIII, 86, Lisboa, 1953, pp. 3-4 e 7.

O folclore como meio educativo de alunos da instruo primria. Cantigas de embalar. Oraes. Romances. Contos. Adivinhas. Etc.

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II Bibliografia

55 CHAVES, Lus A arte popular na obra etnogrfica de Leite de Vas-concelos. RO, 55, Lisboa, 1958, pp. 193-198.

Consideraes acerca da obra etnogrfica de Leite de Vasconcelos

56 COELHO, F. Adolfo O estudo das tradies populares nos pases romnicos. RL, XV, Lisboa, 1912, pp. 1-70.

O estudo das tradies populares em Frana, na Itlia, em Espanha, e em Portugal. Estado desta cincia, principais cultores e breve anlise dos trabalhos mais relevantes. Concernente a Portugal, enuncia alguns trabalhos de Consiglieri Pedroso Contribuies para uma mitologia popular portuguesa. Tradies populares portuguesas; Mitografia portuguesa, e Portuguese Folk-tales e Leite de Vasconcelos Tradies populares de Portugal, e Anurio para o estudo das tradies populares portuguesas dos quais faz a crtica. Em Apndice faz algumas consideraes acerca do paralelismo na poesia popular, e apresenta alguns exemplos extrados do Cancioneiro da Ajuda, Cancioneiro de D. Dinis, e Cancioneiro da Vaticana. Exemplos de quadras populares, variantes de outras pelo processo da repetio paralelstica. Outros exemplos de paralelismo em romances portugueses e estrangeiros.

57 CORRA, Antnio Augusto Mendes A alimentao do Povo Portugus Bibliografia prefaciada e coordenada), Lisboa, 1951, 251 p.

Bibliografia de trabalhos especficos sobre a alimentao do povo portugus, na sua maioria de carcter qumico-fisiolgico e econmico (1873-1951). Resumos e concluses das obras analisadas (53).

58 DACIANO, Bertino Primeiro esboo duma Bibliografia Musical Portu-guesa com uma breve notcia histrica da msica no nosso pas, Porto, 1947, 174 p.

Bibliografia sinaltica da msica portuguesa, erudita e popular.

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59 DIAS, A. Jorge Bosquejo histrico de Etnografia Portuguesa (seguido de uma crnica dos trabalhos publicados desde 1939 a 1955). RPF, II. Combra, 1952, 143 p., 14 figs.

Anlise das razes histricas da Etnografia Portuguesa e das diferentes fases da sua evoluo. Definio de quatro perodos: 1) As origens, ou fase pr-etnogrfica; 2) Os precursores (perodo literrio-folclrico, romntico); 3) Os Mestres (perodo filolgico-etnogrfico, positivista); e 4) Perodo actual (perodo etnolgico, antropolgico-cultural e social). Inventrio dos organismos, centros e museus relacionados com estudos etnogrficos. Bibliografia crtica dos trabalhos de etnografia publicados entre 1939-1951.

60 LIMA, Augusto Csar Pires de Cludio Basto como etngrafo. MEMCB, Porto, 1948, pp. 59-64.

Refere-se ao rigor cientfico dos trabalhos de Cludio Basto e comenta alguns dos seus artigos.

61 NEVES, lvaro Francisco Adolfo Coelho. L, III, Viana do Castelo, 1919-20, pp. 132-135.

Esboo bibliogrfico.

62 RIBEIRO, Lus da Silva Os estudos etnogrficos nos Aores. Po, XI, Porto, 1938, pp. 155-160.

Resenha bibliogrfica da etnografia dos Aores.

63 RIBEIRO, Orlando Vida e obra de Jos Leite de Vasconcelos. Po, XV, Porto, 1942, pp. 3-17 e 41-62.

Elogio da vida e obra de Leite de Vasconcelos.

64 SILVA, Armando da Folk-lore e Dialectologia de Esposende. Esposende (col. Silva Vieira), 1890, 32 p.

Notcia bibliogrfica acerca da obra de Jos da Silva Vieira.

65 VASCONCELOS, J. Leite de Ensaios Ethnographicos, I (col. Silva Vieira), Esposende, 1891 (2. ed., Famalico, 1911, 374 p.).

A primeira parte respeita a temas etnogrficos diversos, recolhidos em Vila Cova (Paredes), e contm consideraes sobre poesia popular meno de desafios entre cantadores e cantadeiras e feitiaria extractos de Constituies Sinoidais que proibem certas prticas; crenas populares nas mouras encantadas filiao destas em concepes primitivas da natureza; lobisomens metamorfoses de indivduos nestes seres, causas e comparao com casos

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similares estrangeiros; S. Joo quadras alusivas, sortes e divinaes; obra-doiro referncias a banquetes fnebres desde pocas pr-histricas at aos nossos dias; corridas de touros aluso ao seu uso e voga na Pennsula por ocasio de casamentos reais e outras festas e ainda em festejos populares; primcias antiguidade do seu uso e vestgios actuais na oferta de vinho, azeite, po, etc., aos procos. A segunda parte contm o esboo histrico dos estudos feitos sobre tradies populares, que divide em dois perodos: no primeiro, do sculo XVI a 1824, as tradies so consideradas apenas como mera recreao, ou com o fim de servirem a literatura ou a moral; no segundo, iniciado com Garrett, elas passaram a ser aproveitadas como material cientfico.

66 VASCONCELOS, J. Leite de Ensaios Ethnographicos, II, Esposende, 1903, 389 p.

Frmulas e ensalmos para talhar vrios males. Tradies das guas virtudes mgicas da gua no dia de S. Joo; prticas preventivas contra o esquecimento que certos rios podem provocar; fadas marinhas e mouras encantadas; divindades das fontes e personificao dos rios; imerso dos santos com o fim de provocar a chuva. Mitologia portuguesa divindades pags representadas nos nossos costumes por mouras, fadas, bruxas, santos, Cristo, diabo, etc. A chuva, a neve, e a palavra Velha nas tradies populares. Costumes populares da provncia do Minho prticas mgicas para adivinhar o futuro; amuletos; ervas bentas; frmulas para cativar amores, para quando cai um dente, para quando se amassa o po; culto dos mortos; supersties vrias. Tradies populares da serra da Estrela lendas acerca da lagoa Escura; notas sobre os pastores da serra e sobre o trajo destes. Extractos de documentos antigos relativos a Guimares. Costumes da Beira Alta breves notas sobre a casa, trajo, fogaas da Senhora das Candeias, romarias, vestgios de primcias que se levavam aos deuses pagos, sortes, orvalhadas e mouras do S. Joo, etc. Meno do costume observado em Quintanilha das mulheres trazerem os filhos s costas, metidos numa espcie de saco. Costumes populares hispano-portugueses o casamento de Cid e meno de alguns costumes populares portugueses que relaciona com particularidades mencionadas naquele texto. Ensalmos, cantigas, romances e lendas verses portuguesas e espanholas. Lengalengas e parlengas. Frmulas iniciais e finais dos contos. Carta com instrues para a recolha folclrica. Histria dos estudos feitos acerca das tradies populares (suplemento ao vo1. I).

67 VASCONCELOS, J. Leite de Ensaios Ethnographicos, III, Lisboa, 1906, 408 p.

Enumerao e recenso crtica de obras diversas sobre etnografia Portugal, Espanha, Frana, e Itlia. Cosmogonia popular portuguesa o cu, sol e lua; a chuva e a terra.

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O lume. Linguagem das pedras; lendas de rios, de plantas e de animais. Deus e o Diabo. Origem do homem e da mulher. Tradies dos corpos celestes astros em geral; fogueiras do S. Joo; cepo do Natal; queima de compadres e comadres. Vestgios do culto do fogo. Pedras de raio. O nmero trs nas tradies populares. Frmulas mgicas. Exorcismos, ensalmos e oraes. Amuletos italianos e portugueses. Vestgios de cultos astrolgicos. Supersties vrias extradas dos Aplogos dialogais de D. Francisco Manuel de Melo. Fastos religiosos do povo portugus festas religiosas e calendrias: Janeiras previso do estado de tempo futuro; S. Gonalo (vestgios do culto flico; Entrudo; festa do Cuco; S. Marcos; Ladainhas de Maio; as Maias; Fiis de Deus; S. Martinho; Natal. Histria dos estudos feitos acerca das tradies populares (suplemento aos vols. I e II).

68 VASCONCELOS, J. Leite de Ensaios Ethnographicos, IV, Lisboa, 1910, 515 p.

Adgios; apodos geogrficos comentrios ao trabalho de Gaidoz e Sbillot Comparaes populares comentrios a trabalhos de Rodrigues Marin e Toms Pires. Florilgio de cantigas exemplos e comentrios. Notas e comentrios obra de Pedro Fernandes Toms, Canes populares da Beira, e Agostinho de Campos e Alberto Oliveira, Mil Trovas. O Dinheiro na poesia popular exemplos. A rola viva na poesia popular exemplos e comparao com casos semelhantes doutros pases. Rimas e numerao infantil. Adivinhas. Romances. Contos e lendas. Descrio de alguns instrumentos musicais infantis. Impresses de uma excurso a vora notas sobre a feira de S. Joo, as casas, mveis pintados, ratinhos e ciganos, traje, etc. Locues e lexicografia do Mogadouro, extradas de Os meus amores de Trindade Coelho. Histria dos estudos feitos acerca das tradies populares portuguesas (suplemento aos vols. I, II e III).

69 VASCONCELOS, J. Leite de Adolfo Coelho e a Etnografia Portuguesa. Apontamentos e extractos. L, III, Viana do Castelo, 1919-20, pp. 97-100.

Indicaes bibliogrficas e cartas.

70 VASCONCELOS, J. Leite de Literatura dos contos populares (e adivinhas). L, III, Viana do Castelo, 1919-20, pp. 137-139.

Recenso crtica aos trabalhos de Antti-Aarne.

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71 VASCONCELOS, J. Leite de Consideraes gerais e sumrias acerca das fontes de investigao etnogrfica. Po, III, Porto, 1930, pp. 3-6.

As escassas fontes de investigao etnogrfica dos sculos VIII a XII, e sua meno; sua abundncia arqueolgicas e histricas da em diante. Consulta sistemtica da literatura amena at meados do sculo XIX; observao directa de ento at ao presente. Consulta da literatura especial, no tempo e na matria. Os dois perodos da Etnografia: 1) Etnografia latente ou anunciada; 2) Estudo cientfico da Etnografia iniciado com Garrett. Os etngrafos modernos portugueses; os que se ocuparam de assuntos especiais (medicina popular, adgios, etc.); os etngrafos da provncia. Meno da aco das revistas, exposies, congressos, museus, artistas, jornais. A etnografia nas esferas oficiais. Urgncia da recolha do folclore potico e musical. (Este artigo faz parte do CAP III da Introduo da obra de J. Leite de Vasconcelos Etnografia Portuguesa).

Ver ref. 43.

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III Carcter nacional

1. CARCTER NACIONAL PRPRIAMENTE DITO

72 AZEVEDO, Pedro de Hbitos e costumes dos portugueses segundo os estrangeiros. RL, XXIV, Lisboa, 1921-22, pp. 35-188.

Observaes e consideraes a respeito do povo portugus extradas de obras estrangeiras: 45 francesas, 32 inglesas, 11 alems, 3 italianas e 2 espanholas, (fora os desconhecidos). Uma do sculo XV, algumas do sculo XVII e XX e a grande maioria dos sculos XVIII e XIX. Primeira srie (recolhida pelo Prof. A. Reis Machado, com finalidade filosfica-moral de criar nos portugueses a conscincia da sua falta do esprito da civilizao europeia): 1 Situao religiosa; 2 Situao moral; 3 Situao intelectual; 4 Situao literria e artstica; 5 Grandeza, Decadncia, Ressurgimento; 6 Exrcito, Marinha, Engenharia, Colnias; 7 Finanas, Vias de comunicao; 8 - Agricultura, Comrcio, Indstria; 9 - Poltica, Parlamento, Espionagem; 10 Mendicidade, Criminalidade, Justia, Cadeias, Hospitais, Hospedagem, Preos, Criadagem, Comida, Asseio; 11 - Nobreza, Burguesia, Campons, Povo; 12 Cidades, Madeira, Alentejo; 13 Homens notveis; 14 Mulheres, Homens. Segunda srie (Prof. Pedro de Azevedo apenas com finalidade histrica) 69 documentos, por ordem de datas.

73 BRAGA, Marques Ensaio sobre a psychologia do povo portugus, Coimbra, 1903, pp. 57-78, 201-226 e 475-496.

Tentativa de definio do carcter portugus, revelado atravs da lngua, literatura, ourivesaria, arquitectura, pintura, msica, religio e poltica, com extensas transcries de opinies de autores estrangeiros relativas a esse carcter. Relevncia de influncias clticas no gnio portugus.

74 COELHO, F. Adolfo A Pedagogia do Povo Portugus. P, 1, Porto, 1903, pp. 57-78, 201-226 e 475-496.

Definio de Povo suas qualidades mais caractersticas no aspecto colectivo nacional.

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Diferenas entre povo e homens cultos predomnio do mecanismo psicolgico sobre o logismo, no primeiro, e predomnio do logismo sobre o mecanismo psicolgico no segundo. Crtica a alguns trabalhos que falam do ilogismo das mulheres. A imaginao passiva do povo, ou inspirao popular. As fases da educao e a linguagem. Relaes dos pais para com os filhos; aco educativa social, em povos de condies de vida rudimentar, e em povos de cultura mais complexa. Fins e meios da educao popular Os provrbios em geral. Sua antiguidade e uso no mundo grego e romano. Meno de provrbios nos cancioneiros dos sculos XIII e XIV, nos escritores dos sculos XV, XVI e nos nossos dias. Notas sobre a origem dos nossos provrbios. Meno de provrbios referentes religio, a pases e povoaes, a personagens ou factos histricos determinados, etc.

75 CORRA, A. A. Mendes O estudo do Povo portugus. Da raa e do esprito. Porto, 1940, pp. 157-168.

Mostra que os conhecimentos actuais sobre o povo portugus so insuficientes para se estabelecer uma sntese em bases cientficas. Refere-se a tentativas at hoje feitas e aos juzos precipitados ou superficiais formulados por nacionais e estrangeiros. Diz muito judiciosamente que uma sntese do povo portugus s se pode alcanar mediante um esforo metdico, prudente e progressivo. Acrescenta que: Os processos efectuados nos estudos de histria, antropologia, folclore, demografia, economia, etc. deste povo esto ainda aguardando essa tarefa. O Autor discute conceitos de povo e de raa, dando pareceres de cientistas estrangeiros. Sobre tais problemas, Mendes Corra mostra os perigos e indica os caminhos que deve seguir a investigao para chegar ao conhecimento da personalidade dum povo, objectivo final dos estudos de etnosociologia. (A. Jorge Dias B.H.E.P.).

76 CORRA, A. A. Mendes A cultura portuguesa na frica e no Oriente. ACIELB, Washington, 1950, Nashville, 1953, pp. 33-50.

Caractersticas da expanso portuguesa: tolerncia religiosa, apoio de aces militares, e aproveitamento econmico de recursos. Exemplos: tolerncia religiosa, arquitetura, traje, lngua, alfaias caseiras, etc. Ausncia de atitudes intolerantes e de preconceitos raciais.

77 DIAS, Jorge Acerca do sentimento da natureza entre os povos latinos. EE, IV, 5-6, Berlim, 1942, pp. 1-14.

O Autor procura estabelecer as diferentes atitudes psquicas dos povos latinos perante a natureza, e tem em vista demonstrar como o povo portugus tem um forte sentimento da natureza. Salienta a conscincia desses sentimentos atravs dos sculos, pela anlise dos textos nos diferentes perodos da histria da literatura portuguesa. (A. Jorge Dias B.H.E.P.).

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78 DIAS, Jorge Os elementos fundamentais da cultura portuguesa. ACIELB, Washington, 1950, Nashville, 1953, pp. 51-65.

Estudo do carcter nacional portugus pela anlise de determinadas constantes temperamentais do nosso povo, atravs das suas manifestaes na vida e na arte. O Autor declara que a insuficincia de elementos de consulta, no permite fazer, por enquanto, uma sntese da cultura portuguesa com solidez cientfica. Diz que, apesar da grande heterogeneidade regional, possvel falar duma unidade cultural portuguesa, que, em grande parte, resulta da influncia do mar. Foi o Atlntico que atraiu o povo portugus costa e o libertou da fora centrpeta de Castela. Faz em seguida uma rpida interpretao da histria portuguesa, para salientar as principais caractersticas da aco poltica do nosso povo. A seguir procura definir as constantes culturais do povo, confrontando as caractersticas culturais de nossos dias, com aquelas que a histria fornece, em funo da sua personalidade base. Diz que a cultura portuguesa tem carcter essencialmente expansivo e que a personalidade psico-social do povo portugus complexa e envolve antinomias profundas. Finalmente procura interpretar os principais monumentos da cultura nacional em funo das caractersticas do povo portugus, que tentou definir. (A. Jorge Dias B.H.E.P.).

79 DIAS, Jorge Algumas consideraes acerca da estrutura social do povo portugus. RA, III, 1, So Paulo, 1955, pp. 1-20.

Com o objectivo de definir mais tarde a personalidade-base ou carcter nacional, estuda alguns aspectos sociais do povo portugus Famlia nuclear, Famlia extensiva e aldeia comunitria, Morgadio, e Relaes extra-familiares. A famlia nuclear predomina a sul do Tejo, sobretudo no Alentejo, e, dada a mutao social que o pas atravessa, tende a sobrelevar a famlia multifuncional, de tipo patriarcal. Procura a sua explicao no facto de a grande maioria dos rurais desta provncia no possurem terras e serem meros assalariados, na tendncia capitalista que a se observa, no aumento de proletariado nas regies urbanas e industriais, etc., tendo em conta ainda outras razes de ordem histrica e natural. Faz a anlise do modo como decorrem as relaes entre o agregado familiar, notando certa frouxido nos laos familiares, a pouca ascendncia do pai sobre a famlia, certas formas de matriarcado, etc.; e foca a importncia social do compadrio, que alm do mais considera como o elemento compensador da falta de vnculos de parentesco. Alude falta de emigrao, que considera como consequncia de ordem financeira (opondo-se tese lrica do apego terra, de alguns Autores), diviso sexual do trabalho, etc. Em oposio a este tipo de famlia, predomina, ao norte do Tejo, a famlia extensiva e, em regies mais segregadas, a aldeia comunitria. Relaciona este tipo de famlia com formas sociais de feio comunitria, que ilustra com exemplos tpicos Vilarinho da Furna e Rio de Onor (de cuja estrutura social faz um rpido sumrio), em que sobressaem dois princpios: fraternidade

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viva com sentido de assistncia mtua e cordialidade espontnea; e tendncia a considerar a casa indivisa, como base do agregado familiar. Morgadio persistncia do morgadio, como meio de manter a unidade de casa, no Barroso, Minho, Maia, etc. Diferenas de status social do homem e da mulher. Etc.

80 OLIVEIRA, Ernesto Veiga de Unidade e diversidade da cultura portu-guesa. OCP, Porto, 1959, 9-6-1959.

A definio da unidade de cultura, de personalidade-base e de constantes temperamentais de um povo, como objectivo superior da Antropologia Cultural. O que a observao revela a heterogeneidade sincrnica e diacrnica. O carcter nacional de um povo em confronto com os demais povos. Coincidncia de unidade psico-cultural e histrico-poltica: a rea galaico--minhota. O perigo de snteses e generalizaes apressadas. A cultura nacional, fenmeno de esprito colectivo, integrao e elaborao de elementos simples as culturas locais. Interesse imediato da cincia etnolgica: determinar os Padres de Cultura de um grupo, que ajudam a compreender o seu compor-tamento social, moral, trivial mesmo, e que esto na base de muitas diferenas entre os povos. O erro das apreciaes etnocntricas; a relatividade cultural. A cultura portuguesa. O elemento popular critrio sociolgico, psicolgico e etnolgico, este sem limitaes de povos, classes ou feies. A cultura popular o produto de dois factores homem e terra. O homem, como ser cultural, agindo activa e passivamente sobre a cultura do grupo, deixa de poder encarar-se em puros termos biolgicos, e tambm um produto da tradio do grupo, que modela os seus usos e costumes, tcnicas e instrumentos de trabalho. Os fenmenos culturais dependem em parte das condies geogrficas, mas tambm das correntes histricas e culturais. Os factores geogrficos e histricos na formao e difuso dos elementos culturais. A Lei da Afinidade.

81 PASCOAES, Teixeira de O esprito lusitano e o Saudosismo (Conferncia realizada no Ateneu Comercial do Porto em 23 de Maio de 1912), Porto, 1912, 20 p.

Definio da alma nacional pela saudade, e interpretao das manifestaes genunas da cultura portuguesa em sua funo, como programa de reformas a efectuar pelo novo regime republicano. O Saudosismo, ou religio da Saudade, fuso do Paganismo e Cristianismo, expresses religiosas da fuso tnica ria e semita. Sua frmula mais perfeita: a saudade, sentido espontneo, que desejo e dor desejo da coisa ou criatura amada, tornado dolorido pela ausncia. Os estrangeirismos desnacionalizadores: o constitucionalismo francs e o cato-licismo romano. Comparao do gnio espanhol e italiano com o saudosismo portugus, como expresses da sntese rio-semita e pag-crist. Interpretao das vrias obras de arte saudosista, isto , nacionais. O criacionismo de Leonardo de Coimbra, como teoria do conhecimento saudosista. ...somos o nico Povo que pode dizer que na sua lngua existe uma palavra intraduzvel nos outros idiomas, a qual encerra todo o sentido da sua alma colectiva.

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A Igreja Nacional, Lusitana, independente de Roma. O povo portugus profundamente religioso, mas o esprito portugus, naturalista e mstico, criador da saudade, no foi, nem , nem poderia ser catlico. Separao da Igreja Nacional no do Estado, mas de Roma. Exemplificaes da Igreja Lusitana independente: S. Pedro de Rates e o rito bracarense. O amor da natureza e da terra, saudosistas. O anti-economismo nacional. Portugal, democracia rural e religiosa.

82 RODRIGUES, Daniel A philologia e o carcter popular. OI, 49, Coimbra, 1902, pp. 398-402.

O carcter popular reconhecido atravs da lngua.

83 SRGIO, Antnio Divagaes conjecturais sobre o pastor montanhs do Noroeste da lbria. RG, LXVIII, Guimares, 1958, pp. 139-154.

Breve ensaio sobre a ndole dos povos pastores do noroeste da Ibria.. Contraste entre o parasitismo do pastor lusitano e o agricultor andaluz.

84 VASCONCELOS, J. Leite de O Povo Portugus. Po, I, Porto, 1928, pp. 3-6.

O povo portugus como conjunto de indivduos ligados pela unidade da histria e territrio, por paridade de interesses, de ideal e de sentimentos amor recproco, da ptria, da tradio, orgulho nacional, crenas religiosas e por instituies polticas, definido a partir do sculo XI. No sculo X aparece a meno de territrio portucalense, com referncia ao bispado do Porto ou a um distrito civil. No sculo IX, um Hermenegildo era conde de Tuy e de Portugale o Porto e o seu territrio, que deve estender-se at ao rio Minho. Do sculo V ao VII menciona-se apenas a cidade de PortucaIe mas ento trata-se ainda de Lusitanos. A distino entre lusitanos e portugueses d-se na transio entre o sculo VII e IX, isto , no sculo VIII, que coincide com as alteraes territoriais, etnolgicas e antropolgicas causadas pela invaso rabe; desenvolve-se a solidariedade nacional, que tambm se ope s gentes asturianas galegas, apesar das afinidades tnico-geogrficas; define-se a lngua, afastando-se do antigo galaico-portugus. O Conde D. Henrique e seu filho, quando lanaram as bases da nao portuguesa, acharam outras condies para isso, alm das que provinham do valor guerreiro dos vares. (Este artigo foi includo no vol. I da Etnografia Portuguesa, do seu autor).

85 VASCONCELOS, J. Leite de Origem