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JULIANO TAKASHI WADA
Efeitos do alongamento da musculatura respiratoacuteria com a
teacutecnica de alongamento passivo e contraccedilatildeo-relaxamento na
mecacircnica ventilatoacuteria e capacidade funcional de pacientes com
doenccedila pulmonar obstrutiva crocircnica
Dissertaccedilatildeo apresentada agrave Faculdade de
Medicina da Universidade de Satildeo Paulo
para a obtenccedilatildeo do tiacutetulo de Mestre em
Ciecircncias
Programa de Ciecircncias da Reabilitaccedilatildeo
Orientador Prof Dr Celso Ricardo Fernandes de Carvalho
SAtildeO PAULO
2014
Dados Internacionais de Catalogaccedilatildeo na Publicaccedilatildeo (CIP)
Preparada pela Biblioteca da
Faculdade de Medicina da Universidade de Satildeo Paulo
reproduccedilatildeo autorizada pelo autor
Wada Juliano Takashi
Efeito do alongamento da musculatura respiratoacuteria com a teacutecnica de alongamento
passivo e contraccedilatildeo-relaxamento na mecacircnica ventilatoacuteria e capacidade funcional de
pacientes com doenccedila pulmonar obstrutiva crocircnica Juliano Takashi Wada -- Satildeo
Paulo 2014
Dissertaccedilatildeo(mestrado)--Faculdade de Medicina da Universidade de Satildeo Paulo
Programa de Ciecircncias da Reabilitaccedilatildeo
Orientador Celson Ricardo Fernandes de Carvalho
Descritores 1Doenccedila pulmonar obstrutiva crocircnica 2Muacutesculos respiratoacuterios
3Exerciacutecios de alongamento muscular 4Mecacircnica respiratoacuteria 5Pletismografia
6Dispneia 7Eletromiografia
USPFMDBD-40614
iii
Dentro da noite que me rodeia
Negra como um poccedilo de lado a lado
Eu agradeccedilo aos deuses que existem
Por minha alma indomaacutevel
Sob as garras crueacuteis das circunstacircncias
Eu natildeo tremo e nem me desespero
Sob os duros golpes do acaso
Minha cabeccedila sangra mas natildeo se curva
Natildeo importa o quatildeo estreito seja o portatildeo
Quatildeo repleta de castigos seja a sentenccedila
Eu sou o dono do meu destino
Eu sou o capitatildeo da minha alma
(William Ernest Henley)
iv
DEDICATORIA
Aos meus pais Carlos Hirokata Wada e Marta Hiroko Wada exemplos de
vida admiraccedilatildeo e amor
Agraves minhas irmatildes Telma Miyuki Wada e Malu Wada verdadeiras
companheiras de vida me traz a plenitude
Agrave minha futura esposa Camilla Valeacuteria Lourenccedilo Silva me faz querer ser
um homem melhor todos os dias
Aos amigos colegas e a todas as pessoas que me ajudaram diretamente
ou indiretamente durante todo o processo que faz a vida ter mais sentido
v
AGRADECIMENTOS
Ao meu orientador Prof Dr Celso Ricardo Fernandes de Carvalho pela
oportunidade e confianccedila em mim depositada Apesar de termos passado
muitas intercorrecircncias ao longo destes 6 anos continuamos firmes Em alguns
momentos eu quis abaixar a cabeccedila e o senhor me ajudou a reerguecirc-la
Obrigado por me passar tantos conhecimentos e por me incentivar a ter prazer
pela pesquisa
Ao meu parceiro de pesquisa e grande amigo Me Ericksson Borges Santos
por me acompanhar por todos esses anos sem a sua ajuda jamais seria
possiacutevel concretizar este trabalho Iniciamos com muitas diferenccedilas e
permanecemos com elas mas soubemos conviver harmoniosamente pois a
fraqueza de um foi a qualidade do outro Hoje eu sei que estou terminando
outro ciclo na minha vida e saio deste momento com novos conhecimentos
mas muito mais que o tiacutetulo ganhei um amigo para a vida inteira
Agrave Prof (a) Dra Adriana Lunardi por toda a ajuda profissional e pessoal
durante o trabalho Eu enxergava em seus olhos a sua vontade de querer o
meu bem participando do nosso estudo me aconselhando Foram diversas
vezes que recebi as suas mensagens de preocupaccedilatildeo e incentivo Obrigado
por ser mais que uma amiga vocecirc foi a minha madrinha natildeo conseguiria ter
terminado sem a sua ajuda
vi
Agrave Dra Denise Paisane por toda a colaboraccedilatildeo ao longo do estudo Tenho
grande respeito e admiraccedilatildeo pela sua dedicaccedilatildeo profissional A sua
organizaccedilatildeo e seu empenho foram fundamentais ao longo do meu mestrado
Ao Dr Ronaldo Silva por todo o conhecimento e disponibilizaccedilatildeo para nos
ajudar durante o projeto Estava sempre disposto para realizar qualquer tipo de
tarefa sua humildade eacute inspiradora O seu conhecimento foi essencial para o
teacutermino da dissertaccedilatildeo
Ao Me Desiderio Cano por todo o conhecimento do OEP que nos foi
passado e pela sua disposiccedilatildeo em nos ajudar com a coleta e interpretaccedilatildeo dos
dados
Agrave Me Cibele Cristine Berto Marques da Silva pela disposiccedilatildeo em nos ajudar
durante as avaliaccedilotildees e pelas observaccedilotildees e correccedilotildees das apresentaccedilotildees
orais
Agrave Dra Renata Teixeira Nakata pela disponibilidade em nos ajudar na
avaliaccedilatildeo dos pacientes e nas correccedilotildees das apresentaccedilotildees orais
Ao Grupo LIFFE por todas as reuniotildees semanais foi uma grande troca de
conhecimentos O trabalho em equipe foram fundamentais para a
concretizaccedilatildeo do trabalho
vii
Aos profissionais do Ambulatoacuterio de Fisioterapia do Hospital das Cliacutenicas
pela compreensatildeo e auxiacutelio durante os protocolos de intervenccedilatildeo dos pacientes
do nosso projeto
Aos pacientes que participaram do estudo por todo o esforccedilo em continuar o
tratamento ateacute a sua conclusatildeo Muitos representaram uma liccedilatildeo de vida para
todos noacutes
Ao Ambulatoacuterio de Pneumologia do Hospital das Cliacutenicas pela parceria em
ceder os prontuaacuterios e os pacientes para o projeto Aleacutem compartilhar
harmoniozamente o mesmo espaccedilo para a triagem dos mesmos
Aos meus grandes amigos por todo apoio companheirismo risadas e
momentos que me mostram o verdadeiro sentido da palavra viver Carlos
Eduardo Hanash Rodrigo Petrone Ricardo Almeida Thiago Eduardo
Castanhon Ricardo Maeda Ricardo Domingos Felipe Calmon Thiago
Almeida Andreacute Fogolin Rodrigo Pizzi Caio Teixeira Marcelo Reina Erik
Terrabuio Marcus Sperandio Jonas Rastelli Mario Castro Carlos Eduardo
Sainz Gustavo Souza Gabriel Boal Rodrigo Guerzoni e Rafael Correa
SUMARIO
LISTA DE ABREVIATURASxi
LISTA DE FIGURASxiii
LISTA DE TABELASxviii
RESUMO xix
SUMMARYxxi
1 INTRODUCcedilAtildeO01
11 Definiccedilatildeo e Incidecircncias 02
12 Fisiopatologia 04
13 Sistema muacutesculo-esqueleacutetico 06
14 Diagnoacutestico e Sintomas07
15 Reabilitaccedilatildeo pulmonar09
16 Muacutesculos respiratoacuterios 10
17 Alongamento Muscular13
18 Meacutetodos para a anaacutelise da mecacircnica ventilatoacuteria17
19 Hipoacutetesehelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphellip19
2 OBJETIVOS20
21 Primaacuterio 21
22 Secundaacuterio 21
3 CASUIacuteSTICA E METODOS22
ix
31 Aspectos eacuteticos23
32 Casuiacutestica23
321 Criteacuterios de inclusatildeo23
322 Criteacuterios de exclusatildeo24
33 Delineamento experimental25
34 Intervenccedilatildeo26
341 Protocolo de alongamento do grupo tratado (GT)26
342 Protocolo de exerciacutecios do grupo controle (GC)32
343 Protocolo dos exerciacutecios aeroacutebicos35
35 Avaliaccedilotildees36
351 Caracterizaccedilatildeo Amostral36
352 Prova de funccedilatildeo pulmonar simples36
353 Padratildeo respiratoacuterio mobilidade e sincronia
toracoabdominal37
3531 Avaliaccedilatildeo do POE durante o exerciacutecio41
354 Atividade muscular respiratoacuteria43
355 Capacidade Funcional44
36 Anaacutelise Estatiacutestica45
4 RESULTADOS47
41 Cinemaacutetica toracoabdominal50
42 Atividade muscular54
43 Capacidade funcional e Dispneia56
x
5 DISCUSSAtildeO59
51 Cinemaacutetica toracoabdominal60
52 Atividade muscular63
53 Capacidade funcional e dispneia65
54 Limitaccedilotildees68
6 CONCLUSAtildeO70
7 REFEREcircNCIAS 72
8 ANEXOS90
xi
LISTA DE ABREVIATURAS
ABD Volume abdominal
ALAT Associaccedilatildeo Latino-Americana de Toacuterax
ATS American Thoracic Society
BORG Escala de dispneia
CPT Capacidade Pulmonar Total
CRF Capacidade Residual Funcional
CTABD Razatildeo entre a contribuiccedilatildeo da caixa toraacutecica e abdocircmen
CT Volume da caixa toraacutecica
CVF Capacidade vital forccedilada
DATASUS Departamento de informaacutetica do sistema uacutenico de sauacutede
DPOC Doenccedila pulmonar obstrutiva crocircnica
EMG Eletromiografia
EMGVt Razatildeo entre atividade muscular e o volume corrente total
F Feminino
FCMaacutex Frequecircncia cardiacuteaca maacutexima
FE Fluxo expiratoacuterio
FI Fluxo inspiratoacuterio
GC Grupo controle
GOLD Global initiative for chronic obstructive lung disease
GT Grupo tratado
HCFMUSP Hospital das Cliacutenicas da Faculdade de Medicina da Universidade
de Satildeo Paulo
xii
Hz Hertz
Kgm2 Kilograma por metro quadrado (unidade do IMC)
L Litros
M Masculino
mL Mililitros
mV Milivolt
mVL Milivolt por litro
O2 Oxigecircnio
OTG Oacutergatildeo tendinoso de Golgi
PaCO2 Pressatildeo parcial de gaacutes carbocircnico
POE Pletismoacutegrafo optoeletrocircnica
RP Reabilitaccedilatildeo pulmonar
SpO2 Saturaccedilatildeo Perifeacuterica de Oxigecircnio
TC6 Teste de caminhada dos 6 minutos
TI Volume do toacuterax inferior
TS Volume corrente do toacuterax superior
VE Volume minuto
VEF1 Volume expiratoacuterio forccedilado no primeiro segundo
VEF1CVF Relaccedilatildeo do volume expiratoacuterio forccedilado no primeiro segundo e
capacidade vital forccedilada
VR Volume Residual
Vt Volume corrente
WMaacutex Carga maacutexima em Watts
Δ Variaccedilatildeo
xiii
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 Desenho experimental25
Figura 2 Anatomia e teacutecnica de alongamento do peitoral maior28
Figura 3 Anatomia e teacutecnica de alongamento do escaleno28
Figura 4 Anatomia e a teacutecnica de alongamento do Esternocleidomastoideo29
Figura 5 Anatomia e a teacutecnica de alongamento do Trapeacutezio Superior30
Figura 6 Anatomia e a teacutecnica de alongamento do peitoral menor30
Figura 7 Anatomia e a teacutecnica de alongamento do Serraacutetil Anterior e
Intercostais31
Figura 8 Anatomia e a teacutecnica de alongamento dos muacutesculos
abdominais32
Figura 9 Anatomia e a teacutecnica de alongamento dos flexores do punho33
Figura 10 Anatomia e a teacutecnica de alongamento dos extensores do punho33
xiv
Figura11 Anatomia e a teacutecnica de alongamento dos extensores do
tornozelo34
Figura 12 Anatomia e a teacutecnica de alongamento dos muacutesculos dos flexores do
tornozelo35
Figura13 Imagem tridimensional gerada pelo OEP38
Figura14 Disposiccedilatildeo das 89 esferas reflexivas38
Figura15 Laboratoacuterio do POE com a disposiccedilatildeo das cacircmeras e da bicicleta40
Figura16 Captaccedilatildeo e anaacutelise dos dados do volume toracoabdominal40
Figura17 Paciente realizando a avaliaccedilatildeo com carga no cicloergocircmetro no
POE42
Figura 18 Desenho experimental da avaliaccedilatildeo do OEP42
Figura19 Eletromioacutegrafo da BTS Engeneering44
Figura 20 Fluxograma do estudo49
xv
Figura 21 Efeitos do alongamento muscular respiratoacuterio na mecacircnica
ventilatoacuteria durante o exerciacutecio Os dados foram apresentados em meacutedia e
desvio padratildeo representado pela diferenccedila (Δ) = poacutes- - preacute-intervenccedilatildeo Houve
um aumento estatisticamente significante do volume da CT e do ABD no GT O
exerciacutecio foi realizado com 25 da carga maacutexima predito na equaccedilatildeo de
Jones25 GC= Grupo Controle GT= Grupo Tratado CT= Caixa totaacutecica total
TS= Toacuterax superior TI= Toacuterax inferior ABD= Abdomen = p lt 005 GC vs GT
(teste t natildeo pareado)51
Figura 22 Efeitos do alongamento muscular respiratoacuterio no volume minuto
(VE) durante o exerciacutecio Os dados foram apresentados em meacutedia e desvio
padratildeo representado pela diferenccedila (Δ) = poacutes- - preacute-intervenccedilatildeo Ambas
apresentaram diferenccedilas houve um aumento estatisticamente significante de
4L no volume minuto (VE) no GT em relaccedilatildeo do GC O exerciacutecio foi realizado
com 25 da carga maacutexima predito na equaccedilatildeo de Jones25 GC= Grupo
Controle GT= Grupo Tratado = p lt 005 GC vs GT (teste t natildeo pareado)52
Figura 23 Efeitos do alongamento muscular respiratoacuterio no fluxo expiratoacuterio
(FE) durante o exerciacutecio Os dados foram apresentados em meacutedia e desvio
padratildeo representado pela diferenccedila (Δ) = poacutes- - preacute-intervenccedilatildeo Ambas
apresentaram diferenccedilas houve um aumento estatisticamente significante de
100mL no fluxo expiratoacuterio (FE) no GT em relaccedilatildeo do GC O exerciacutecio foi
realizado com 25 da carga maacutexima predito na equaccedilatildeo de Jones25 GC=
xvi
Grupo Controle GT= Grupo Tratado = p lt 005 GC vs GT (teste t natildeo
pareado)53
Figura 24 Efeitos do alongamento muscular respiratoacuterio na relaccedilatildeo da
contribuiccedilatildeo da caixa toraacutecica e abdocircmen (CTABD) durante o exerciacutecio Os
dados foram apresentados em meacutedia e desvio padratildeo representado pela
diferenccedila (Δ) = poacutes- - preacute-intervenccedilatildeo O exerciacutecio foi realizado com 25 da
carga maacutexima predito na equaccedilatildeo de Jones25 Foi observado a reduccedilatildeo
estatisticamente significante dos valores no GT em relaccedilatildeo do GC da relaccedilatildeo
CTAB que representa o aumento da mobilidade do compartimento abdominal
GC= Grupo Controle GT= Grupo Tratado CT= Participaccedilatildeo da caixa toraacutecica
ABD= Participaccedilatildeo abdominal = p lt 005 GC vs GT (teste t natildeo pareado)54
Figura 25 Efeitos do alongamento muscular respiratoacuterio na atividade
muscular Os dados foram apresentados em meacutedia e desvio padratildeo
representado pela diferenccedila (Δ) = poacutes- - preacute-intervenccedilatildeo Foi constatada uma
diminuiccedilatildeo estatisticamente significante da atividade dos muacutesculos
esternocleidomastoideo e intercostal superior no GT O exerciacutecio foi realizado
com 25 da carga maacutexima predito na equaccedilatildeo de Jones25 GC= Grupo
Controle GT= Grupo Tratado = p lt 005 GC vs GT (teste t natildeo pareado)55
Figura 26 Efeitos do alongamento muscular respiratoacuterio na relaccedilatildeo entre a
atividade muscular e o volume corrente (EMGVt) Os dados foram
apresentados em meacutedia e desvio padratildeo representado pela diferenccedila (Δ) =
xvii
poacutes- - preacute-intervenccedilatildeo Observou-se uma diminuiccedilatildeo estatisticamente
significante da EMGVt no GT O exerciacutecio foi realizado com 25 da carga
maacutexima predito na equaccedilatildeo de Jones25 GC= Grupo Controle GT= Grupo
Tratado = p lt 005 GC vs GT (teste t natildeo pareado) 56
Figura 27 Efeitos do alongamento muscular respiratoacuterio na escala de BORG
Os dados foram apresentados Os dados foram apresentados em meacutedia e
desvio padratildeo representado pela diferenccedila (Δ) = poacutes- - preacute-intervenccedilatildeo Apoacutes
o tratamento ambos apresentaram diminuiccedilatildeo da dispneia mas somente no GT
houve uma diminuiccedilatildeo na comparaccedilatildeo com o GC e com seus dados iniciais no
preacute exerciacutecio O exerciacutecio foi realizado com 25 da carga maacutexima predito na
equaccedilatildeo de Jones25 GC= Grupo Controle GT= Grupo Tratado BORG= Escala
de dispneia TC6= Teste de caminhada dos 6 minutos = p lt 005 preacute vs poacutes
intervenccedilatildeo +=plt005 GC vs GC) (teste t natildeo pareado)57
Figura 28 Os dados apresentados em (Δ) representam (poacutes intervenccedilatildeo ndash preacute
intervenccedilatildeo) No teste de caminhada dos 6 minutos (TC6) foi observada uma
diferenccedila clinicamente significante do TC6 no GT que obteve um aumento
meacutedio de 2514m e o GC de 65m O exerciacutecio foi realizado com 25 da carga
maacutexima predito na equaccedilatildeo de Jones25 GC= Grupo Controle GT= Grupo
Tratado TC6= Teste de caminhada dos 6 minutos ( =diferenccedila clinicamente
significante)58
xviii
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 Caracterizaccedilatildeo amostral basal dos pacientes do estudo50
xix
RESUMO
Efeitos do alongamento da musculatura respiratoacuteria pelas teacutecnicas de
alongamento passivo e contraccedilatildeo-relaxamento na mecacircnica ventilatoacuteria e
na capacidade funcional de pacientes com doenccedila pulmonar obstrutiva
crocircnica
Os pacientes com doenccedila pulmonar obstrutiva crocircnica (DPOC) devido agrave
obstruccedilatildeo brocircnquica e reduccedilatildeo da retraccedilatildeo elaacutestica pulmonar apresentam o
aumento do recrutamento da musculatura respiratoacuteria predispondo agrave
incoordenaccedilatildeo toracoabdominal aumentando o trabalho respiratoacuterio
provocando fadiga e dispneacuteia O alongamento dos muacutesculos respiratoacuterios
(AMR) poderia diminuir a atividade muscular melhorar a sua capacidade
contraacutetil e a mobilidade da caixa toraacutecica otimizando a ventilaccedilatildeo pulmonar
entretanto estes efeitos nos muacutesculos respiratoacuterios permanecem
desconhecidos Objetivo Avaliar os efeitos da adiccedilatildeo do AMR associados agrave
reabilitaccedilatildeo pulmonar na mecacircnica ventilatoacuteria na capacidade funcional e na
atividade muscular em pacientes com DPOC Meacutetodo Estudo randomizado e
controlado incluiu 30 pacientes com DPOC que foram distribuiacutedos
aleatoriamente para os grupos tratado (GT n = 15) e controle (GC n = 15)
Todos os pacientes foram submetidos a 24 sessotildees de treinamento aeroacutebico
duas vezes por semana Aleacutem disso o GT recebeu AMR e o GC recebeu o
alongamento dos membros superiores e inferiores antes dos exerciacutecios
aeroacutebicos Foram avaliados teste da capacidade funcional (teste de caminhada
xx
de 6 minutos TC6) mecacircnica toracoabdominal (pletismografia optoeletrocircnica
POE) e atividade muscular respiratoacuteria (eletromiografia de superfiacutecie EMG)
durante o exerciacutecio Os dados representam a variaccedilatildeo (Δ)=poacutes- - preacute-
avaliaccedilatildeo foi utilizado o teste t para comparar os grupos e o niacutevel de
significacircncia foi fixado em 5 Resultados O GT apresentou o aumento da
capacidade funcional (2514m +) com a reduccedilatildeo da sensaccedilatildeo de dispneia apoacutes
o TC6 (plt001) quando comparado ao GC Provavelmente estaacute relacionado
com a melhora do volume da caixa toraacutecica (plt001) capacidade ventilatoacuteria
(plt001) com o aumento do volume e da contribuiccedilatildeo do compartimento
abdominal (plt001) Observamos tambeacutem no GT a reduccedilatildeo da atividade
muscular (p lt001) com maior eficiecircncia ventilatoacuteria (plt0006) Conclusatildeo
Nossos resultados sugerem que a adiccedilatildeo do AMR no treinamento aeroacutebio
aumenta a capacidade funcional com diminuiccedilatildeo da dispneia melhora a
eficaacutecia da contraccedilatildeo muscular e da capacidade ventilatoacuteria devido agrave maior
participaccedilatildeo do compartimento abdominal em pacientes com DPOC
Descritores DPOC Muacutesculos Respiratoacuterios Alongamento Muscular
Mecacircnica Respiratoacuteria Plestimografia Dispneia Eletromiografia
xxi
SUMMARY
Effects of respiratory muscle stretching with passive and hold-relax
techniques on ventilatory mechanics and functional capacity in patients
with chronic obstructive pulmonary disease
Chronic obstructive pulmonary disease (COPD) patients due to bronchial
obstruction and reduced lung elastic recoil present increased in the recruitment
of respiratory muscles predisposing an thoracoabdominal incoordination major
breathing work causing fatigue and dyspnea The respiratory muscles
stretching (RMS) could decrease the muscle activity and improve their
contractile capacity chest wall mobility and optimize the pulmonary ventilation
however this effect remains unknown Objective To evaluate the effects of
adding the RMS associated with pulmonary rehabilitation in ventilatory
mechanics functional capacity and muscle activity in patients with COPD
Method Randomized and controlled trial enrolled 30 COPD patients who were
randomly allocated into treatment (TG n = 15) and control (CG n = 15) groups
All patients underwent 24 sessions of aerobic training twice a week In Addition
TG received RMS and CG received upper and lower limb stretching before
aerobic exercises Were evaluated functional capacity (6-minute walking
distance test 6MWDT) thoracoabdominal mechanics (optoelectronic
plethysmography OEP) and respiratory muscle activity (surface
electromyography EMG) during exercise The data represents the change (Δ) =
post- - pre-evaluation a t-test was used to compare the groups and the
xxii
significance level was set at 5 Results TG showed improvement in the
functional capacity (2514m +) with decrease of the dyspnea sensation after the
6MWDT (plt001) compared with CG Probably is related with increased of
chest wall volume (plt001) ventilatory capacity (plt001) volume and the
contribution of the abdominal compartment (plt001) We also observed in the
TG a reduction of respiratory muscle activity (plt001) and the ratio between
volume displaced (plt0006) Conclusion Our results suggest that the addition
of RMS to aerobic training increases the functional capacity with dyspnea
reduction improvement of efficacy of respiratory muscle contraction and
ventilatory capacity due to higher participation of the abdominal compartment in
patients with COPD
Descriptors COPD Respiratory Muscles Muscular Stretching Respiratory
Mechanics Plethysmography Dyspnea Electromyography
1 INTRODUCcedilAtildeO
2
11 Definiccedilatildeo e Incidecircncias
A doenccedila pulmonar obstrutiva crocircnica (DPOC) eacute definida como uma
patologia pulmonar previsiacutevel e trataacutevel caracterizada pela limitaccedilatildeo
persistente do fluxo aeacutereo aprisionamento aeacutereo e hiperinsuflaccedilatildeo com caraacuteter
de limitaccedilatildeo progressiva associados ao aumento da resposta inflamatoacuteria das
vias aeacutereas e dos pulmotildees decorrente da exposiccedilatildeo aos gases e partiacuteculas
nocivas (GOLD 2013) Os processos inflamatoacuterios causam alteraccedilotildees
brocircnquicas e destruiccedilatildeo do parecircnquima pulmonar que podem variar de
indiviacuteduo para indiviacuteduo resultando no decreacutescimo da elasticidade tecidual
pulmonar e diminuiccedilatildeo da capacidade ventilatoacuteria (Celli et al 2004 Laizo
2009)
A bronquite crocircnica e o enfisema pulmonar satildeo responsaacuteveis pela
denominaccedilatildeo da DPOC decorrente habitualmente do tabagismo embora
outras formas possam estar envolvidas em sua patogecircnese tal como a
deficiecircncia de micro1-antitripsina (Wood et al 2008) O enfisema pulmonar eacute
definido pelo aumento anormal e permanente dos espaccedilos aeacutereos distais do
bronquiacuteolo terminal acompanhado pela destruiccedilatildeo do parecircnquima pulmonar
Na ausecircncia de uma fibrose evidente o principal distuacuterbio funcional do enfisema
eacute a perda da retraccedilatildeo elaacutestica tecidual associada ao colabamento das vias
aeacutereas (Fabbri et al 2008) A bronquite crocircnica eacute definida clinicamente pela
presenccedila de tosse crocircnica com produccedilatildeo de secreccedilatildeo por vaacuterios dias da
semana por 3 meses em um ano por mais de 2 anos consecutivos Apresentam
3
edema e inflamaccedilatildeo da mucosa brocircnquica associada ao aumento do nuacutemero e
do tamanho das glacircndulas secretoras de muco e remodelaccedilatildeo estrutural
recorrente da parede dos brocircnquios (Figuero et al 2005) Evidenciam-se em
ambas a diminuiccedilatildeo da luz brocircnquica e limitaccedilatildeo da mobilidade da caixa
toraacutecica com diminuiccedilatildeo da capacidade respiratoacuteria caracterizando um
distuacuterbio ventilatoacuterio obstrutivo com aprisionamento aeacutereo geralmente grave e
irreversiacutevel (Colom et al 2006)
No Brasil a DPOC ocupa a 5ordf posiccedilatildeo entre as principais causas de
morte liacuteder em mortalidade entre as doenccedilas respiratoacuterias onde 290 mil
pacientes satildeo internados anualmente gerando um gasto importante ao sistema
de sauacutede do paiacutes Os dados de prevalecircncia obtidos ateacute o momento atraveacutes dos
questionaacuterios sintomatoloacutegicos permitiram estimar a DPOC em adultos maiores
de 40 anos em 12 dessa populaccedilatildeo ou seja 5500000 indiviacuteduos Tatildeo
importante quanto os gastos diretos satildeo os indiretos como os dias de trabalho
perdidos e aposentadoria precoce (II Consenso Brasileiro de DPOC 2004)
Associaccedilatildeo Latino-Americana de Toacuterax (ALAT) constituiacuteda pelo Brasil
Venezuela Meacutexico Uruguai e Chile desenvolveram um estudo chamado
PLATINO em 2006 com colaboraccedilatildeo da Burden of Obstructive Lung Disease
Se considerarmos os dados preliminares a prevalecircncia da DPOC varia de 6 a
158 da populaccedilatildeo brasileira com idade igual ou superior a 40 anos que
equivale a 2800000 a 6900000 indiviacuteduos dados estes que corroboram com
o Consenso Brasileiro de DPOC
4
O nuacutemero de oacutebitos tecircm aumentado nos uacuteltimos 20 anos em ambos os
sexos a taxa de mortalidade passou de 788 por 100000 habitantes na deacutecada
de 80 para 1904 por 100000 habitantes na deacutecada de 90 com um
crescimento de 230 (Laizo 2009) Segundo dados do DATASUS a DPOC
gerou no ano de 2010 no Sistema Nacional de Sauacutede Puacuteblica 141994
hospitalizaccedilotildees que levaram a 778428 dias de internaccedilatildeo O custo total dessas
internaccedilotildees foi de R$ 9243441551 e 7937 mortes diretamente relacionadas
com a DPOC Estima-se que ateacute 2025 75 das mortes prematuras
respiratoacuterias seratildeo provocadas pelo tabagismo (De Godoy et al 2007)
12 Fisiopatologia
A obstruccedilatildeo brocircnquica e a diminuiccedilatildeo do recolhimento elaacutestico
desencadeados pela doenccedila alteram a mecacircnica pulmonar que desloca o
ponto de igual pressatildeo das vias aeacutereas favorecendo o aprisionamento de ar
desencadeando a hiperinsuflaccedilatildeo e a diminuiccedilatildeo da capacidade respiratoacuteria
aos grandes esforccedilos subsequentemente ao repouso (Senol et al 2006
Fabbri et al 2008) A configuraccedilatildeo alterada da caixa toraacutecica deslocam os
muacutesculos respiratoacuterios (De Troyer 1997) inclusive o diafragma para uma
posiccedilatildeo de encurtamento e desvantagem mecacircnica prejudicando
gradativamente a mobilidade toracoabdominal levando ao aumento do trabalho
5
respiratoacuterio limitaccedilatildeo da ventilaccedilatildeo pulmonar e agravamento a sensaccedilatildeo de
dispneia (Yamaguti et al 2012 OacuteKroy et al 2000)
A limitaccedilatildeo do fluxo ventilatoacuterio faz com que a capacidade residual
funcional (CRF) se desloque em direccedilatildeo da capacidade pulmonar total (CPT)
A forccedila dos muacutesculos inspiratoacuterios eacute exigida para o aumento do volume mas a
contraccedilatildeo muscular eacute eficaz somente em esforccedilos leves e moderados A maior
demanda ventilatoacuteria obriga a CRF se deslocar ainda mais em direccedilatildeo agrave CPT e
a forccedila inspiratoacuteria natildeo tem capacidade de gerar o ganho volumeacutetrico
agravando a dispneia o que leva a interrupccedilatildeo do exerciacutecio (Calverley 2006)
A DPOC natildeo eacute somente uma doenccedila respiratoacuteria e sim sistecircmica a
hiperinsuflaccedilatildeo pulmonar afeta o sistema cardiovascular pois a alteraccedilatildeo da
pressatildeo intratoraacutecica reduz o enchimento cardiacuteaco e consequentemente o
deacutebito cardiacuteaco (Stark-leyva et al 2004) As disfunccedilotildees oacutesseas satildeo
decorrentes principalmente da inatividade fiacutesica do uso de corticoacuteesteroacuteides e
pela desnutriccedilatildeo (Ferguson et al 2009) assim como as neuropatias perifeacutericas
incluindo do nervo frecircnico ocasionando a depressatildeo da excitabilidade e da
conduccedilatildeo neural (Jann et al 1998) A hipoxemia possivelmente seja
responsaacutevel pelas alteraccedilotildees cognitivas que compromete a memoacuteria verbal e a
compreensatildeo (Dodd et al 2010) em contrapartida a depressatildeo e a ansiedade
satildeo associados principalmente agrave sensaccedilatildeo de desconforto respiratoacuterio e agrave
limitaccedilatildeo da atividade de vida diaacuteria (Wagena 2005) O refluxo gastroesofaacutegico
eacute outra alteraccedilatildeo que provavelmente seja decorrente da diminuiccedilatildeo da
capacidade contraacutetil muscular diafragmaacutetica pois com a sua horizontalizaccedilatildeo
6
perde-se a eficiecircncia contraacutetil e reduz da pressatildeo do esfiacutencter gastroesofaacutegico
(Hurst et al 2008 Boutou et al 2011) Dentre as alteraccedilotildees sistecircmicas da
DPOC o sistema muacutesculo-esqueleacutetico eacute um dos mais afetados e estaacute
relacionado com o agravamento da patologia e ao aumento do iacutendice de
mortalidade devido ao descondicionamento fiacutesico (Dourado et al 2006
Swallow et al 2007 Dodd et al 2012)
13 Sistema muacutesculo-esqueleacutetico
O sistema muacutesculo-esqueleacutetico eacute afetado pela inflamaccedilatildeo crocircnica
sistecircmica da DPOC processo que induz a liberaccedilatildeo de mediadores quiacutemicos
inflamatoacuterios acelerando a degradaccedilatildeo proteica e aumentando o estresse
oxidativo muscular (Andreassen e Vestbo 2003 Macintyre 2006) O transporte
de oxigecircnio para o citoplasma celular dos muacutesculos fica comprometido esse
oxigecircnio fica inutilizado por natildeo conseguir chegar de forma eficiente nas
mitococircndrias (Shrikrishna 2009 Barreiro 2013) As alteraccedilotildees metaboacutelicas
enzimaacuteticas e hormonais anaboacutelicas quando associadas agrave diminuiccedilatildeo dos
capilares sanguiacuteneos provocam a reduccedilatildeo das fibras musculares do tipo I e II
(Ries et al 2007 Strasser et al 2013) Devido a estes fatores todos os
muacutesculos inclusive os respiratoacuterios trabalham de forma anaeroacutebica ao miacutenimo
esforccedilo acumulando lactato ocasionando a fadiga precoce ao exerciacutecio e ao
descondicionamento sistecircmico (Wagena 2005 Hostettler et al 2011)
7
14 Diagnoacutestico e Sintomas
Para o diagnoacutestico eacute utilizado principalmente a espirometria por que a
obtenccedilatildeo da curva expiratoacuteria volume-tempo eacute obrigatoacuteria na suspeita cliacutenica
de DPOC devendo ser realizada antes e apoacutes administraccedilatildeo de
broncodilatador na fase estaacutevel da doenccedila A espirometria permite a avaliaccedilatildeo
de uma multiplicidade de paracircmetros poreacutem os mais importantes do ponto de
vista de aplicaccedilatildeo cliacutenica satildeo a CVF (capacidade vital forccedilada) o VEF1 (volume
expiratoacuterio forccedilado no primeiro segundo) e a relaccedilatildeo sua relaccedilatildeo (VEF1CVF)
A existecircncia da limitaccedilatildeo do fluxo aeacutereo eacute definida pela presenccedila da relaccedilatildeo
VEF1CVF abaixo de 070 poacutes-broncodilatador e pelos dados de VEF1 ge 80
do predito (leve) ge 50 e lt 80 do predito (moderado) e ge 30 e lt 50 do
predito (grave) (GOLD 2013)
A DPOC apresenta tambeacutem o aumento do volume residual (VR) da
capacidade pulmonar total (CPT) e da capacidade residual funcional (CRF)
(Camargo et al 2008) Deve-se solicitar o exame radioloacutegico de forma rotineira
nas posiccedilotildees poacutestero-anterior e perfil mas dificilmente seraacute utilizado para o
diagnoacutestico da doenccedila e sim para descartar outras patologias como a
neoplasias bolhas e para acompanhar o prognoacutestico da doenccedila (II Consenso
Brasileiro sobre Doenccedila Pulmonar Obstrutiva Crocircnica 2004)
A presenccedila de sintomas respiratoacuterios crocircnicos no paciente com haacutebito
tabaacutegico (cigarro cigarrilha cachimbo charuto) deve levar a suspeita cliacutenica da
8
DPOC O tabagismo eacute considerado um problema de sauacutede puacuteblica e satildeo
atribuiacutedos a esse viacutecio 90 dos casos de cancro no pulmatildeo 86 de bronquite
e enfisema 25 dos processos isquecircmicos do coraccedilatildeo e 30 dos cancros
extrapulmonares (Laizo 2009) A tosse o chiado e a dispneia estatildeo
frequentemente presentes tendo sido relatado em 83 dos casos (Nishimura
et al 2002 Laveneziana et al 2011)
A dispneia eacute o sintoma mais importante dos pacientes com DPOC
Montaldo et al (2000) acreditam que os estiacutemulos aferentes provenientes das
tensotildees do sistema muacutesculo-esqueleacutetico da regiatildeo toracoabdominal apoacutes
serem processados nos centros respiratoacuterios aumentam a percepccedilatildeo da
dispneia (Breslin et al 1998) Outro fator satildeo os estiacutemulos dos quimioceptores
sensiacuteveis agraves variaccedilotildees de PaCO2 e agraves alteraccedilotildees dos mecanoceptores
articulares e musculares da caixa toraacutecica (Burki e Lee 2010) Classicamente
o instrumento mais utilizado para avaliaccedilatildeo da dispneia eacute a escala modificada
de Borg (1982) a sensaccedilatildeo de falta de ar estaacute associada com a incapacidade
fiacutesica piora da qualidade de vida e do prognoacutestico cliacutenico Os pacientes
normalmente referem os sintomas em uma fase mais avanccedilada da doenccedila e
frequentemente relaciona a limitaccedilatildeo das atividades ao descondicionamento
muscular perifeacuterico (Castro et al 2012)
Szczegielniak et al (2011) demonstraram que os exerciacutecios aeroacutebicos
reduzem os niacuteveis inflamatoacuterios caracteriacutesticos da DPOC e melhora o
condicionamento fiacutesico permitindo a melhora das atividades diaacuterias Por esta
9
razatildeo cada vez mais a reabilitaccedilatildeo pulmonar vem adquirindo mais importacircncia
no acircmbito cientiacutefico
15 Reabilitaccedilatildeo pulmonar
A reabilitaccedilatildeo pulmonar (RP) eacute um programa baseado em evidecircncias
constituiacutedo pelo treinamento aeroacutebico e resistido associado aos programas
educacionais intervenccedilotildees nutricionais e suporte psicoloacutegico para os pacientes
com DPOC O objetivo eacute otimizar a performance fiacutesica funcional social
psicoloacutegica e autonocircmica dos pacientes Eacute realizada por uma equipe
multidisciplinar composta por meacutedicos fisioterapeutas enfermeiros
nutricionistas psicoacutelogos terapeutas ocupacionais e assistentes sociais (ATS
2013) Eacute capaz de auxiliar na atenuaccedilatildeo das limitaccedilotildees do sistema
musculoesqueleacutetico por isso melhora a qualidade de vida e garante o maacuteximo
da sua independecircncia e funcionalidade em seu meio (Carrieri-Kohlman et al
2005 Garcia-Aymerich et al 2006 Ries et al 2007)
O treinamento aeroacutebico realizado em bicicleta ou esteira ergomeacutetrica eacute o
principal componente da RP conforme observados em alguns estudos ele
promove o aumento do tamanho das fibras do tipo I e na quantidade de
capilares musculares em DPOC (Montes de Oca et al 2005) A intensidade
pode ser ajustada pela frequecircncia cardiacuteaca ou pelo teste de caminhada
(Figueiredo e Guimaratildees 2009) sendo necessaacuterio no miacutenimo 10 semanas de
10
intervenccedilatildeo com 2 sessotildees semanais (Rossi et al 2005) Mas os indiviacuteduos
apresentam respostas diferentes quando submetidos agrave RP sobretudo nos
fatores que limitam o exerciacutecio fiacutesico Plankell et al (2005) realizaram um
estudo e constataram que pacientes soacute apresentam um bom condicionamento
cardiorrespiratoacuterio quando realizava exerciacutecios aeroacutebicos de alta intensidade
A RP tem sido reconhecida nos uacuteltimos anos como parte fundamental do
tratamento da DPOC pois oferece inuacutemeros estudos com resultados positivos
para os pacientes Dentre eles a melhora da toleracircncia ao exerciacutecio (Yoshimi
et al 2012) reduccedilatildeo da demanda ventilatoacuteria em esforccedilo submaacuteximo melhora
da eficiecircncia do trabalho diminuiccedilatildeo da dispneia e melhora da atividade de
vida diaacuteria (Godoy et al 2009) Apesar dos benefiacutecios nos pacientes com
DPOC ateacute o presente momento nenhum exerciacutecio conseguiu atuar
eficientemente na mecacircnica ventilatoacuteria (Georgiadou et al 2007) Por esta
razatildeo alguns estudos buscaram outras alternativas para interferir diretamente
nos muacutesculos respiratoacuterios com o objetivo de potencializar os efeitos positivos
jaacute demonstrados pela RP
16 Muacutesculos respiratoacuterios
O diafragma eacute o principal muacutesculo respiratoacuterio durante a inspiraccedilatildeo
realiza a contraccedilatildeo das cuacutepulas diafragmaacuteticas que descendem e gera um
aumento da pressatildeo intra-abdominal que serve de sustentaccedilatildeo para a
11
expansatildeo da caixa toraacutecica potencializada pela associaccedilatildeo da contraccedilatildeo dos
muacutesculos respiratoacuterios (Man et al 2012) Tem sido demonstrado na literatura
encurtamento em torno de 28 a 40 do diafragma na DPOC fato este que
compromete a mobilidade e funcionalidade toracoabdominal com repercussatildeo
na capacidade ventilatoacuteria e na tensatildeo dos muacutesculos da caixa toraacutecica de
forma de compensatoacuteria a diminuiccedilatildeo da contraccedilatildeo diafragmaacutetica (Iwasawa et
al 2002 Vilaroacute et al 2010)
Os principais muacutesculos acessoacuterios respiratoacuterios satildeo o peitoral menor
escalenos esternocleidomastoacuteideo intercostais e abdominais avaliados pela
eletromiografia (Gandevia et al 2006 Duiverman et al 2004) eles participam
na fase inspiratoacuteria favorecendo a expansatildeo da caixa toraacutecica pela traccedilatildeo
costal (De Troyer et al 1994 Taylor et al 1990) Durante a inspiraccedilatildeo forccedilada
outros muacutesculos satildeo solicitados como o peitoral maior e o trapeacutezio (Putt et al
2008) Estudos mais recentes tecircm demonstrado que a atividade muscular do
esternocleidomastoacuterideo intercostais peitoral menor latiacutessimo do dorso e dos
escalenos tanto em condiccedilotildees de repouso quanto no exerciacutecio satildeo maiores em
pacientes com DPOC quando comparada aos indiviacuteduos sadios (Donaldson et
al 2012) Os muacutesculos abdominais desempenham um papel importante no
mecanismo expiratoacuterio e a sua contraccedilatildeo estaacute associada a outras musculaturas
expiratoacuterias que potencializam no mecanismo de depressatildeo costal para a saiacuteda
de ar (Georgiadou et al 2007)
Na DPOC os muacutesculos respiratoacuterios sustentam a contraccedilatildeo para
aumentar expansatildeo da caixa toraacutecica com o objetivo de incrementar o fluxo
12
ventilatoacuterio Essa diminuiccedilatildeo do comprimento das fibras musculares prejudica a
eficiecircncia da forccedila contraacutetil maacutexima pois perde a sobreposiccedilatildeo fisioloacutegica ideal
entre os filamentos de actina e miosina (Izumizaki et al 2008 Ito 1999)
aumentando o gasto energeacutetico e a fadiga durante os exerciacutecios fiacutesicos
(Kokkonen et al 2007 Gea et al 2013) Essas alteraccedilotildees de comprimento e
tensatildeo do sistema musculo-esqueleacutetico da regiatildeo toracoabdominal geram a
estimulaccedilatildeo mecanoceptoras locais (fusos musculares e os receptores
articulares) que alteram os estiacutemulos neuroloacutegicos aos centros motores e
respiratoacuterios (Montaldo et al 2000) Estes centros por sua vez desencadeiam
a mudanccedila da taxa de disparo do nervo frecircnico que controla a cadecircncia e a
frequecircncia da contraccedilatildeo diafragmaacutetica (Burki e Lee 2010)
A partir destes conceitos preacutevios da relaccedilatildeo entre a mobilidade e as
alteraccedilotildees sintomatoloacutegicas da patologia pulmonar estudos de intervenccedilatildeo nos
muacutesculos respiratoacuterios ganharam importacircncia cientiacutefica (ATS 2013) A teacutecnica
de alongamento muscular foi escolhida pela maioria pois veio de encontro aos
conceitos do aumento da mobilidade tecidual perdida na DPOC A maioria dos
trabalhos tiveram como objetivo principal aumentar a viscoelasticidade
muscular para gerar acomodaccedilatildeo dos mecanoceptores da caixa toraacutecica
sendo assim regularia os centros respiratoacuterios e consequentemente
melhoraria o trabalho respiratoacuterio com reduccedilatildeo dos sintomas (Manning e
Schwartzstein 1995 Montaldo et al 2000)
13
17 Alongamento Muscular
Bonnar et al (2004) consideram que o alongamento busca aumentar o
espaccedilo entre os filamentos de actina e miosina com o objetivo de devolver a
sobreposiccedilatildeo fisioloacutegica ideal da actina e miosina para potencializar a
capacidade contraacutetil muscular (Shrier 2004 Izumizaki et al 2008) O
alongamento pode regular o mecanismo contraacutetil a partir do equiliacutebrio do caacutelcio
citoplasmaacutetico pela ativaccedilatildeo do retiacuteculo sarcoplasmaacutetico (Nakamura et al
2012) aleacutem de promover a diminuiccedilatildeo da tensatildeo tecidual pela remodelaccedilatildeo
dos fibroblastos (Riley e Van Dyke 2012) Kokonnen (2007) constataram que o
tambeacutem diminui o torque muscular sem alteraccedilatildeo significante da amplitude
articular de forma aguda mas quando realizado de forma regular os muacutesculos
apresentaram uma melhora na velocidade de contraccedilatildeo forccedila e endurance
muscular aleacutem de melhorar a amplitude de movimento
No iniacutecio do seacuteculo 20 Sherrington definiu os primeiros conceitos da
facilitaccedilatildeo e inibiccedilatildeo autogecircnica a partir destes fundamentos foram
desenvolvidas diversas teacutecnicas de alongamento muscular A inibiccedilatildeo
autogecircnica eacute um dos principais mecanismos neurofisioloacutegicos do alongamento
que consiste na reduccedilatildeo da excitabilidade motora a partir de uma contraccedilatildeo ou
alongamento muscular (Bonnar et al 2004) Esse efeito eacute atribuiacutedo
primeiramente pelos fusos neuromusculares que desencadeiam respostas
musculares particulares para cada tipo de estiacutemulo Isto eacute agudamente o
alongamento causa a estimulaccedilatildeo intensa e abrupta dos nervos sensitivos que
14
desencadeia uma resposta medular eferente motora das fibras extra-fusais
gerando a aumento da atividade muscular e contraccedilatildeo intensa com restriccedilatildeo
da mobilidade tecidual (Morse et al 2008 Mukherjee et al 2010 McHugh et
al 2010) Para a intervenccedilatildeo crocircnica onde satildeo realizadas diversas sessotildees
de alongamentos existe uma remodelaccedilatildeo maior das propriedades
viscoelaacutesticas (tixotroacutepicas) do tecido conjuntivo que envolve as fibras
musculares com isso a limiar excitatoacuterio do fuso neuromuscular diminui e o
estiacutemulo contraacutetil tensional eferente tambeacutem (Taylor et al 1990 Izumizaki et
al 2006)
O mecanismo contraacuterio ao fuso neuromuscular satildeo as estimulaccedilotildees dos
receptores musculotendineos chamados de oacutergatildeos tendinosos de Golgi (OTG)
A partir da tensatildeo em estiramento do alongamento na regiatildeo miotendiacutenea
desencadeia um potencial de accedilatildeo sensitivo do OTG que inibe a atividade
muscular via nervos eferentes motores A intensidade desse mecanismo
inibitoacuterio estaacute relacionado com o tamanho da superfiacutecie tendiacutenea e com a
quantidade de tensatildeo exercida sobre ela Acreditava-se que somente em
tensatildeo abruptas ou grande intensidade estimularia o OTG ou seja que
atuaria somente em situaccedilotildees de grande estresse tecidual Mas os uacuteltimos
estudos apontam que o OTG aleacutem de atuar em situaccedilotildees de sobrecarga a sua
accedilatildeo eacute constante com o objetivo de inibir o mecanismo contraacutetil voluntaacuterio e
protetor do fuso neuromuscular (Mukherjee e Chakravarty 2012) Com o ganho
da viscoelasticidade do tecido conjuntivo ele tambeacutem causa acomodaccedilatildeo do
OTG assim como nos fusos e isso pode acarretar na alteraccedilatildeo da accedilatildeo
inibitoacuteria pois o limiar de disparo pela tensatildeo pode diminuir ou aumentar
15
dependendo da anatomia musculotendiacutenea do muacutesculo tratado (Hindle et al
2012)
Para obter uma resposta positiva do alongamento eacute recomendado
realizaacute-lo sustentando por no miacutenimo 30 segundos duas vezes por semana por
6 semanas (Reid e Mcnair 2004 Decicco e Fisher 2005 Magnusson et al
1996) Dentre as diversas teacutecnicas a contraccedilatildeo-relaxamento apresenta a maior
eficaacutecia no ganho da excursatildeo muscular a teacutecnica se baseia na associaccedilatildeo do
alongamento passivo intercaladas com contraccedilatildeo isomeacutetricas (Holcomb 2000)
Alguns estudos tecircm verificado os efeitos do alongamento dos muacutesculos
respiratoacuterios em pacientes com DPOC O primeiro trabalho de maior relevacircncia
foi de Ito et al (1999) eles observaram a melhora da funccedilatildeo pulmonar e da
dispneia em 16 sujeitos com DPOC que receberam o alongamento quando
comparados ao grupo que realizaram exerciacutecios diafragmaacuteticos assim como
Minoguchi et al (2002) com o diferencial que eles realizaram a intervenccedilatildeo
crocircnica (1 mecircs) em 12 pacientes Contrariando estes resultados Izumizaki et al
(2006 e 2008) realizaram o protocolo de intervenccedilatildeo aguda de alongamento
muscular da caixa toraacutecica com 10 e 14 pacientes respectivamente e
constataram uma diminuiccedilatildeo da funccedilatildeo pulmonar e sem alteraccedilatildeo da dispneia
Outros trabalhos com o mesmo conceito de intervenccedilatildeo constataram o
aumento da mobilidade toracoabdominal avaliados pela cirtometria associados
agrave melhora da capacidade funcional (Paulin et al 2005 Luularungrayub et al
2009) Mas os trabalhos de Noll et al (2008 e 2009) de intervenccedilatildeo crocircnica e
aguda respectivamente apoacutes o mesmo protocolo de tratamento muscular
16
demonstraram piora da mobilidade e da capacidade funcional Atualmente soacute
existe um estudo na literatura de Cunha et al (2005) que avaliaram a
atividade muscular respiratoacuteria com eletromiografia de superfiacutecie apoacutes a
intervenccedilatildeo nos pacientes com DPOC e apresentou melhoras nos paracircmetros
avaliados
Devido aos dados contraditoacuterios dos efeitos do alongamento dos
muacutesculos da caixa toraacutecica presente na literatura Heneghan et al (2012)
concluiacuteram em sua revisatildeo sistemaacutetica que atualmente natildeo existem evidecircncias
que suportem os benefiacutecios deste tipo de intervenccedilatildeo em pacientes com DPOC
Apesar da importacircncia que os estudos preacutevios representaram para a
comunidade cientiacutefica eles apresentaram limitaccedilotildees metodoloacutegicas
importantes pois poucos satildeo os estudos controlados e aleatorizados e tambeacutem
a aleatorizaccedilatildeo dos pacientes raramente satildeo descritas Outro ponto importante
a ser destacado eacute o fato de realizarem a intervenccedilatildeo com avaliaccedilatildeo aguda
estudos recentes demonstraram que muacutesculo se comporta diferente quando
comparado com a intervenccedilatildeo crocircnica Aleacutem disso os trabalhos utilizaram
ferramentas de avaliaccedilatildeo da mobilidade toracoabdominal de pouca acuraacutecia
como a cirtometria e atualmente com os avanccedilos tecnoloacutegicos existem
sistemas mais avanccedilados como o pletismoacutegrafo optoeletocircnico (POE) para a
avaliaccedilatildeo da mecacircnica ventilatoacuteria (Aliverti et al 2000)
17
18 Meacutetodos para a anaacutelise da mecacircnica ventilatoacuteria
A avaliaccedilatildeo dos padrotildees respiratoacuterios eacute importante para a melhor
compreensatildeo da mecacircnica respiratoacuteria visando o desenvolvimento e a melhor
compreensatildeo dos tratamentos fisioterapecircuticos aleacutem de contribuir para as
pesquisas cientiacuteficas (Parreira et al 2012) Existem alguns meacutetodos validados
que quantifica a mobilidade toracoabdominal como a pletismografia por
indutacircncia (Respitrace) eacute um aparelho composto por faixas elaacutesticas sensiacuteveis
agrave tensatildeo e compressatildeo posicionadas ao redor da caixa toraacutecia e abdominal
Elas satildeo conectadas a um moacutedulo oscilador e uma unidade de calibraccedilatildeo os
dados do movimento das faixas satildeo coletados e atraveacutes de um software
analisados em tempo real as variaacuteveis da mecacircnica ventilatoacuteria (Gosselink et
al 1995 Costa et al 2011 Fernandes et al 2011)
Para a avaliaccedilatildeo da expansibilidade os estudos ainda utilizam a
cirtometria que atraveacutes de uma fita meacutetrica mensura-se o diacircmetro da regiatildeo
axilar xifoide e abdominal durante a inspiraccedilatildeo e expiraccedilatildeo maacutexima Satildeo
quantificados a excursatildeo em centiacutemetros atualmente natildeo eacute considerado um
exame fidedigno devido agrave analise subjetiva dos paracircmetros avaliados (Rondelli
et al 2009)
Com o avanccedilo tecnoloacutegico foi desenvolvido o Pletismoacutegrafo
Optoeletrocircnico (POE) Seu funcionamento baseia-se na anaacutelise do movimento
detectado a partir de marcadores compostos por esferas reflexivas de 6 a 10
miliacutemetros (Dellacagraversquo et al 2010) posicionados na regiatildeo anterior e posterior da
superfiacutecie toracoabdominal (Romagnoli et al 2008 Bianchi et al 2007) O
18
deslocamento das esferas satildeo captadas atraveacutes de cacircmeras especiais que
possuem diodos axiais que emitem feixes luzes infravermelho que eacute refletido
por cada marcador Apoacutes o sinal ser processado satildeo identificados o
posicionamento das esferas na superfiacutecie a partir do cruzamento das
informaccedilotildees de cada cacircmera bidimensional os dados satildeo transformados em
coordenadas tridimensionais (Boudarham et al 2013)
O POE possui algumas vantagens dentre elas eacute um meacutetodo natildeo
invasivo natildeo necessita de clipe nasal maacutescaras ou qualquer similar de
calibraccedilatildeo simples e as avaliaccedilotildees podem ser realizadas em vaacuterias posturas
(Alliverti et al 2000) diferentes condiccedilotildees e em diversas disfunccedilotildees e
patologias (Vogiatzis et al 2005 Bianchi et al 2004) Este meacutetodo natildeo possui
diferenccedilas significativas nos dados quando comparados com outros meacutetodos
de diagnoacutestico da mecacircnica toracoabdominal (Aliverti 2008 Layton et al
2013) Eacute possiacutevel mensurar a cada ciclo respiratoacuterio variaacuteveis de volume e de
tempo dos trecircs compartimentos da parede toraacutecica e dos dois hemitoacuterax aleacutem
das variaacuteveis de assincronia toracoabdominal (Romagnoli et al 2008 Aliverti
et al 2010 Boudarham et al 2013) Por todas essas razotildees o POE tem
ganhado grande destaque nos uacuteltimos anos nas pesquisas sobre a mecacircnica
toracoabdominal mas por ser uma tecnologia recente ainda carece de mais
estudos
Os trabalhos que relacionaram os efeitos do alongamento dos muacutesculos
respiratoacuterios na DPOC ainda satildeo escassos de baixo rigor metodoloacutegico e ateacute
entatildeo nenhum existe nenhum trabalho foi avaliado pelo POE Os efeitos
19
destas teacutecnicas associadas ao exerciacutecio aeroacutebico e o seu impacto na mecacircnica
ventilatoacuteria permanecem desconhecidos Sendo assim parece relevante
verificar a influecircncia dos alongamentos associados ao exerciacutecio aeroacutebico na
mecacircnica ventilatoacuteria e na capacidade funcional dos pacientes com DPOC
19 Hipoacutetese
O alongamento dos muacutesculos respiratoacuterios potencializaria a capacidade
contraacutetil e a excursatildeo dos muacutesculos respiratoacuterios que resultaria na melhora da
mobilidade toracoabdominal e possivelmente no aumento da capacidade
ventilatoacuteria Com isso os pacientes com DPOC conseguiriam realizar a
atividade fiacutesica desencadeando menos dispneia
2 OBJETIVOS
21
21 Primaacuterio
Avaliar os efeitos do alongamento dos muacutesculos respiratoacuterios
associados ao treinamento aeroacutebico na mecacircnica ventilatoacuteria e na capacidade
funcional em indiviacuteduos portadores de DPOC com graus moderado e grave
durante o exerciacutecio comparado ao grupo controle (sham)
22 Secundaacuterio
Avaliar a atividade muscular eficiecircncia muscular e mobilidade abdominal
e observar se os dados obtidos possuem alguma relaccedilatildeo com as variaacuteveis
principais
3 CASUIacuteSTICA E METODOS
23
31 Aspectos eacuteticos
A pesquisa foi aprovada pelo Comitecirc de Eacutetica (Cappesq) do Hospital das
Cliacutenicas da Faculdade de Medicina da Universidade de Satildeo Paulo (HCFMUSP)
sob o no 129509 e todos os pacientes assinaram o Termo de Consentimento
Livre e Esclarecido concordando em participar da pesquisa O estudo foi
registrado no Clinical Trials (NCT02036762)
32 Casuiacutestica
Foram analisados 28 pacientes portadores de DPOC com grau de
obstruccedilatildeo moderada a grave em seguimento cliacutenico no ambulatoacuterio de
pneumologia do HCFMUSP O diagnoacutestico de DPOC foi estabelecido de
acordo com os criteacuterios recomendados pela American Toracic Society (ATS
2013)
321 Criteacuterios de inclusatildeo
Foram estudados pacientes portadores de DPOC que aceitaram
participar do estudo com autorizaccedilatildeo por escrito com grau de obstruccedilatildeo de
moderado (VEF1 ge 50 e lt 80 previsto) a grave (VEF1 ge 30 e lt 50
24
previsto) e VEF1CVF lt 070 diagnoacutesticado haacute no miacutenimo 6 meses com
estabilidade cliacutenica por pelo menos 1 mecircs em condiccedilatildeo cliacutenico medicamentosa
otimizada de acordo com os criteacuterios do GOLD (GOLD 2013) Os criteacuterios de
inclusatildeo foram (1) idade gt40 anos (2) clinicamente estaacuteveis (sem alteraccedilotildees
medicamentosas ou agravamento dos sintomas haacute pelo menos 4 semanas
antes do iniacutecio do estudo) (3) natildeo O2 dependente (4) ausecircncia de outras
pneumopatias e doenccedilas cardiovasculares associadas (5) ausecircncia de
cirurgias toraacutecicas (6) ausecircncia de deficiecircncias cognitivas fiacutesicas ou
comprometimento funcional que impossibilitasse a participaccedilatildeo no estudo (7)
IMC gt18 e lt30 Kgm2 (8) natildeo ter sido submetido a qualquer tipo de programa
de reabilitaccedilatildeo pulmonar nos uacuteltimos 6 meses
322 Criteacuterios de exclusatildeo
Os criteacuterios de exclusatildeo foram (1) descompensaccedilatildeo do quadro cliacutenico
(internaccedilatildeo com agravamentos dos sintomas e alteraccedilatildeo medicamentosa) e (2)
natildeo assiduidade ao tratamento (faltas superiores a 3 sessotildees) Durante todo o
estudo natildeo houve alteraccedilatildeo do tratamento medicamentoso do paciente
25
Figura 1 Desenho experimental
33 Delineamento experimental
Ensaio cliacutenico prospectivo aleatorizado controlado e de avaliador ldquocegordquo
Os pacientes participantes foram alocados em uma proporccedilatildeo de 11 nos
grupos tratamento (GT) ou controle (GC) (n=15 cada) A aleatorizaccedilatildeo foi feita
por sorteio dos pacientes em envelopes pardos e opacos
Todos os pacientes foram avaliados em 2 momentos distintos preacute (1ordf
avaliaccedilatildeo) e poacutes (2ordf avaliaccedilatildeo) programa de exerciacutecios aeroacutebicos associado ao
26
alongamento muscular A 1ordf avaliaccedilatildeo foi realizada em apenas um dia e foi
anterior agrave aleatorizaccedilatildeo A avaliccedilatildeo incluiu anaacutelise da mecacircnica ventilatoacuteria e
atividade muscular respiratoacuteria (pletismografia optoeletrocircnica e eletromiografia
de superfiacutecie) durante o exerciacutecio com carga capacidade funcional (teste da
caminhada de seis minutos) e da prova de funccedilatildeo pulmonar (espirometria) para
a caracterizaccedilatildeo amostral A 2ordf avaliaccedilatildeo foi realizada pelo avaliador ldquocegordquo em
ateacute 7 dias apoacutes o teacutermino do programa de tratamento e constou das mesmas
avaliaccedilotildees descritas anteriormente
Apoacutes a 1ordf avaliaccedilatildeo os pacientes foram divididos aleatoriamente em 2
grupos O grupo controle (GC) realizou o alongamento ativo da musculatura
perifeacuterica (sham) associado ao programa de treinamento aeroacutebico em esteira
ergomeacutetrica e o grupo tratado (GT) realizou o alongamento da musculatura
acessoacuteria respiratoacuteria associado ao programa de treinamento aeroacutebico em
esteira ergomeacutetrica Os protocolos de intervenccedilatildeo tiveram a duraccedilatildeo de 24
sessotildees (60 minsessatildeo 2x semana por 3 meses) O treinamento aeroacutebico foi
realizado apoacutes os 30 minutos de alongamento da musculatura perifeacuterica (sham)
ou respiratoacuteria (tratamento) e teve a duraccedilatildeo de 30 minutos em cada sessatildeo
34 Intervenccedilatildeo
341 Protocolo de alongamento do grupo tratado (GT)
O protocolo de tratamento foi composto por uma seacuterie de alongamentos
para cada musculatura respiratoacuteria escolhida Foram realizadas 24 sessotildees (2
27
sessotildees semanais num periacuteodo de 3 meses) Cada sessatildeo teve duraccedilatildeo de
aproximadamente 30 minutos
Os alongamentos foram realizados em diferentes decuacutebitos de acordo
com a musculatura alongada Foram selecionadas duas teacutecnicas de
alongamento a contraccedilatildeo-relaxamento para a maioria dos muacutesculos
selecionados e nas musculaturas que apresentavam limitaccedilotildees biomecacircnicas
para a realizaccedilatildeo da teacutecnica de contraccedilatildeo-relaxamento foi substituiacutedo pelo
alongamento passivo
Cada seacuterie da teacutecnica de contraccedilatildeo-relaxamento consistiu
primeiramente na realizaccedilatildeo da amplitude maacutexima articular sustentado por 10
segundos seguida de uma contraccedilatildeo isomeacutetrica maacutexima por 3 segundos com
retomada ao alongamento passivo por mais 3 segundos este processo foi
repetido por 9 seacuteries para cada muacutesculo e a cada 3 seacuteries foi intercalado com
1 minuto de descanso (Bonnar et al 2004) O alongamento passivo foi
sustentado por 60 segundos em cada muacutesculo por trecircs vezes com intervalo
miacutenimo de um minuto (Siatras et al 2008) O posicionamento adequado e a
teacutecnica de alongamento seraacute detalhado a seguir
Peitoral maior Paciente em decuacutebito dorsal o terapeuta posicionou-se
do lado homolateral do muacutesculo alongado primeiramente foi realizado a
abduccedilatildeo de 90o do ombro associado agrave extensatildeo horizontal e rotaccedilatildeo externa
maacutexima do ombro com flexatildeo de 90o do cotovelo O terapeuta apoiou uma matildeo
no cotovelo e a outra no esterno para a estabilizaccedilatildeo com a matildeo distal foi
realizado o alongamento maacuteximo em extensatildeo horizontal que iniciou a teacutecnica
28
de contraccedilatildeo-relaxamento com contraccedilatildeo no sentido da flexatildeo horizontal (Putt
et al 2008) (Figura 2)
Figura 2 Anatomia e teacutecnica de alongamento do peitoral maior
Escaleno Paciente em decuacutebito dorsal terapeuta posicionou-se acima
da cabeccedila do paciente e realizou a lateroflexatildeo cervical contralateral ao
muacutesculo alongado O terapeuta posicionou uma matildeo na regiatildeo occipital outra
estabilizou o ombro homolateral a lateroflexatildeo contralateral foi realizada ateacute
amplitude articular maacutexima do paciente que iniciou o alongamento de
contraccedilatildeo-relaxamento com contraccedilatildeo isomeacutetrica no sentido da lateroflexatildeo
homolateral (Cunha et al 2005) (Figura 3)
Figura 3 Anatomia e teacutecnica de alongamento do escaleno
29
Esternocleidomastoacuteideo Paciente em decuacutebito dorsal terapeuta se
posicionou acima da cabeccedila do paciente iniciou-se com a rotaccedilatildeo homolateral
ao muacutesculo alongado associado a uma extensatildeo da mesma O terapeuta
apoiou uma matildeo na regiatildeo temporal e a outra na regiatildeo esternal onde foi
realizado a depressatildeo e a estabilizaccedilatildeo distal muscular Apoacutes a amplitude
maacutexima articular do paciente que iniciou o alongamento de contraccedilatildeo-
relaxamento a contraccedilatildeo isomeacutetrica foi realizada no sentido da rotaccedilatildeo
contralateral e flexatildeo cervical durante a teacutecnica (Cunha et al 2005) (Figura 4)
Figura 4 Anatomia e a teacutecnica de alongamento do Esternocleidomastoideo
Trapeacutezio superior Paciente em decuacutebito dorsal terapeuta posicionou-se
acima da cabeccedila do paciente para realizar a rotaccedilatildeo e lateroflexatildeo contralateral
da cabeccedila associada a uma flexatildeo da mesma em conjunto com a depressatildeo do
ombro homolateral agrave musculatura alongada Apoacutes a amplitude articular maacutexima
iniciou-se o alongamento de contraccedilatildeo-relaxamento com contraccedilatildeo isomeacutetrica
em extensatildeo da cabeccedila (Heneghan et al 2012) (Figura 5)
30
Figura 5 Anatomia e a teacutecnica de alongamento do Trapeacutezio Superior
Peitoral menor Paciente em decuacutebito dorsal o terapeuta se posicionou
homolateralmente ao muacutesculo tratado uma matildeo no cotovelo onde foi realizada
a elevaccedilatildeo do ombro e outra na regiatildeo o gradil costal anterossuperior Elevou-
se o cotovelo ateacute o limite articular associada agrave depressatildeo das primeiras
costelas (3a 4a e 5a) a manobra foi mantida por 60 segundos e repetida trecircs
vezes intercaladas com um minuto de descanso (Putt et al 2008) (Figura 6)
Figura 6 Anatomia e a teacutecnica de alongamento do peitoral menor
31
Intercostais e serraacutetil anterior Paciente em decuacutebito lateral terapeuta
posicionou-se atraacutes do paciente uma matildeo no cotovelo e a outra no gradil
costal homolateral inferior O alongamento consistiu em realizar a depressatildeo
das costelas associada agrave abduccedilatildeo maacutexima do ombro foi mantido por 60
segundos e repetida trecircs vezes intercaladas com minuto de repouso (Izumizaki
et al 2008) (Figura 7)
Figura 7 Anatomia e a teacutecnica de alongamento do Serraacutetil Anterior e Intercostais
Abdominais Foi a uacutenica musculatura do grupo tratado que o paciente
realizou o alongamento ativo ele se posicionou em decuacutebito ventral o apoio foi
feito com as matildeos na maca extensatildeo bilateral dos cotovelos forccedilando a
extensatildeo do tronco associado agrave extensatildeo da cabeccedila ateacute a maacutexima amplitude
por 60 segundos foi repetida 3 vezes intercaladas com um minuto de descanso
(Rassier 2007) (Figura 8)
32
Figura 8 Anatomia e a teacutecnica de alongamento dos muacutesculos abdominais
342 Protocolo de exerciacutecios do grupo controle (GC)
O grupo controle (GC) realizou o alongamento ativo das musculaturas
das extremidades dos membros superiores e inferiores foram 2 exerciacutecios para
flexores e extensores do punho e 2 exerciacutecios para flexores e extensores do
tornozelo Foram realizadas 24 sessotildees consistidas por 2 sessotildees semanais
em um periacuteodo de 3 meses Cada sessatildeo teve duraccedilatildeo de aproximadamente
30 minutos (Siatras et al 2008)
Flexores do punho Os flexores satildeo compostos por 5 muacutesculos principais
flexores profundos dos dedos flexores superficiais dos dedos palmar longo
flexor radial carpo e flexor ulnar do carpo O paciente realizou a flexatildeo de 900
do ombro com o cotovelo extendido antebraccedilo supinado e extensatildeo do punho
com a matildeo espalmada A matildeo contralateral estabilizou a regiatildeo palmar do
membro superior alongado e foi efetuada a extensatildeo maacutexima do punho
sustentada por 60 segundos foram trecircs repeticcedilotildees intercaladas por um minuto
de descanso (Ylinen 2009) (Figura 9)
33
Figura 9 Teacutecnica de alongamento e anatomia dos flexores do punho
Extensores do punho Os extensores satildeo compostos por 4 muacutesculos
principais extensor dos dedos extensor ulnar do carpo extensor radial curto
do carpo extensor radial longo do carpo Primeiramente foi realizada a flexatildeo
de 900 do ombro com o cotovelo extendido antebraccedilo pronado e flexatildeo do
punho A matildeo contralateral estabilizou a regiatildeo dorsal da matildeo alongada em
flexatildeo maacutexima do punho por 60 segundos realizadas trecircs repeticcedilotildees
intercaladas por um minuto de descanso (Ylinen 2009) (Figura 10)
Figura 10 Teacutecnica de alongamento e anatomia dos extensores do punho
34
Dorsiflexores do tornozelo Os dorsiflexores do tornozelo satildeo compostos
por 3 muacutesculos principais tibial anterior extensor longo dos dedos extensor
longo do haacutelux Sentado com a perna cruzada a matildeo contralateral apoiou na
regiatildeo dorsal do peacute e a matildeo homolateral estabilizou o tornozelo O
alongamento consistiu em forccedilar a flexatildeo plantar maacutexima por 60 segundos
foram trecircs repeticcedilotildees intercaladas por um minuto de descanso (Ylinen 2009)
(Figura 12)
Figura11 Teacutecnica de alongamento e anatomia dos extensores do tornozelo
Flexores plantares do tornozelo Os flexores plantares do tornozelo satildeo
compostos por 7 muacutesculos principais gastrocnecircmio soacuteleo flexor longo dos
dedos flexor longo do haacutelux tibial posterior fibular longo e curto O paciente
em peacute apoiou as matildeos bilateralmente na parede com a perna contralateral agrave
frente e a homolateral em extensatildeo de quadril joelho e dorsiflexatildeo maacutexima do
35
tornozelo mantida por 60 segundos foram realizadas trecircs repeticcedilotildees
intercaladas por um minuto de descanso (Ylinen 2009) (Figura 11)
Figura 12 Muacutesculos dos flexores do tornozelo e o posicionamento do alongamento
343 Protocolo dos exerciacutecios aeroacutebicos
Todos os pacientes realizaram o exerciacutecio aeroacutebico na esteira
ergomeacutetrica por 30 minutos a intensidade inicial da primeira semana foi
ajustada para 60 da velocidade meacutedia obtida no teste de caminhada dos 6
minutos (TC6) Nas semanas subsequentes a velocidade foi gradativamente
aumentada ateacute atingir 85 da velocidade meacutedia no TC6 os pacientes
realizaram durante 5 minutos o aquecimento e o desaquecimento com
intensidade de 40 a 60 da velocidade do teste (Putt et al 2008 Figueiredo e
Guimaratildees et al 2008 Zainuldin et al 2007) O incremento da intensidade foi
baseado nos sinais vitais frequecircncia cardiacuteaca (FC) saturaccedilatildeo perifeacuterica de O2
36
(SpO2 entre 90 a 94) percepccedilatildeo da dispneia pela escala modificada de Borg
(entre 4-7 pontos) todos estes paracircmetros foram analisados a cada 4 minutos
durante o treinamento aeroacutebico ou seja com a estabilidade dos sinais vitais a
velocidade foi progressivamente recalculada e em alguns casos passaram dos
100 da velocidade meacutedia obtida no TC6 A pressatildeo arterial (PA) foi aferida
preacute e poacutes os exerciacutecios (Godoy et al 2005 Figueiredo e Guimaratildees 2009)
35 Avaliaccedilotildees
351 Caracterizaccedilatildeo Amostral
Os dados antropomeacutetricos foram coletados apoacutes a inclusatildeo dos
pacientes ao estudo idade altura peso iacutendice de massa corpoacuterea (IMC)
VEF1 VEF1CVF TC6 e iacutendice de prognoacutestico e mortalidade de Bode
352 Prova de funccedilatildeo pulmonar simples
A espirometria (Spirobank Medical International Research Roma Itaacutelia)
foi feita em todos os pacientes de acordo com os criteacuterios de reprodutibilidade e
aceitabilidade adotados pela American Thoracic Society e European
Respiratory Society (2005) Os valores preditos de normalidade jaacute haviam sido
previamente descritos (Pereira et al 2007) Foram aferidos o volume
expiratoacuterio no primeiro segundo (VEF1) e a sua relaccedilatildeo com a Capacidade vital
forccedilada (VEF1CVF) e aceitos trecircs testes com variaccedilatildeo inferior a 5 e foi
37
considerado o teste com maior valor Com esse teste foi determinado a
gravidade da obstruccedilatildeo pulmonar considerando o VEF1 como paracircmetro para
caracterizaccedilatildeo da amostra
353 Padratildeo respiratoacuterio mobilidade e sincronia toracoabdominal
A pletismografia optoeletrocircnica (POE System Milatildeo Itaacutelia) eacute um sistema
indireto e natildeo invasivo para a avaliaccedilatildeo da mecacircnica ventilatoacuteria mobilidade e
sincronia capaz de dividir em 3 compartimentos toacuterax superior inferior e
abdominal (Alvierti et al 2000) O sistema optoeletrocircnico evoluiu a partir do
desenvolvimento tecnoloacutegico do processamento de imagens que possibilitaram
a anaacutelise de muacuteltiplos pontos posicionados na superfiacutecie corporal Para o
desenvolvimento do POE foi necessaacuterio criar um sistema de anaacutelise
tridimensional do movimento chamado de ELITE (Elaborate di immagini
televisive) Inicialmente utilizaram 32 marcadores a fim de abranger maior
aacuterea da parede toraacutecica e posteriormente 86 marcadores (Cala et al 1996)
Gorini et al (1999) e Ferrigno et al (1994) encontraram uma medida mais
precisa dos paracircmetros ventilatoacuterios utilizando 89 marcadores que delimitaram
a superfiacutecie anatocircmica em trecircs compartimentos superior inferior e abdominal
utilizadas ateacute o presente momento
O funcionamento do POE baseia-se na anaacutelise automaacutetica do movimento
detectado a partir de marcadores compostos por esferas reflexivas de 6 a 10
miliacutemetros (Dellacagraversquo et al 2010) As 89 esferas estatildeo dispostas da seguinte
forma sete linhas horizontais cinco verticais duas meacutedio-axilares e sete
38
marcadores extras dispostas em toda entre a claviacutecula e a espinha iliacuteaca
anterossuperior e posteriormente ateacute a regiatildeo dos flancos laterais totalizando
37 marcadores anteriores 42 posteriores e dez laterais (Romagnoli et al 2008
Bianchi et al 2007) (Figuras 13 e 14)
Figura13 Imagem tridimensional gerada pelo OEP
Figura14 Disposiccedilatildeo das 89 esferas reflexivas
39
As cacircmeras especiais CCD (Charge Coupled Device) possuem diodos
axiais que emitem feixes luzes infravermelho que satildeo refletidas pelos
marcadores e assim pocircde ser captado pelas cacircmeras em tempo real (120Hz)
Este sinal foi processado atraveacutes das 8 cacircmeras presente na sala de avaliaccedilatildeo
e identificam o posicionamento de cada ponto da superfiacutecie toracoabdominal A
reconstruccedilatildeo da cinemaacutetica toracoabdominal foi feita pelo software SMART
que executou algoritmos em tempo real e computou as coordenadas
tridimensionais dos marcadores refletivos durante as coletas com POE (Binazzi
et al 2008 Aliverti 2010)
O sistema aplicou um modelo geomeacutetrico baseado na posiccedilatildeo dos
marcadores para descrever a superfiacutecie toracoabdominal e seus
compartimentos durante a coleta Apoacutes a reconstruccedilatildeo do modelo os dados
foram exportados como arquivos numeacutericos gerando colunas de dados
representando os sinais por amostras tempo posiccedilatildeo dos marcadores e
volume facilitando a avaliaccedilatildeo dos sinais e aplicaccedilatildeo dos meacutetodos de
estimativa (Parreira et al 2012 Aliverti 2010)
40
Figura15 Laboratoacuterio do POE com a disposiccedilatildeo das cacircmeras e da bicicleta
Figura16 Captaccedilatildeo e anaacutelise dos dados do volume toracoabdominal
41
3531 Avaliaccedilatildeo do POE durante o exerciacutecio
Os sujeitos da pesquisa foram previamente orientados sobre os
procedimentos Inicialmente eles foram colocados sobre a bicicleta ergomeacutetrica
(Ergometrics 800 Sensormedics) e os 89 marcadores foram posicionados
sobre a superfiacutecie toracoabdominal (anterior e posterior) A foacutermula para o
caacutelculo da carga maacutexima foi descrita por Jones e colaboradores (1985) Wmax =
204 (altura) ndash 874 (idade) ndash 288 (gecircnero) ndash 1909 [28] foi utilizada 25 da
carga maacutexima o valor de gecircnero na foacutermula corresponde a 1 para mulheres e
0 para homens (Figura 17)
Durante a coleta o paciente foi orientado a manter 60 rotaccedilotildees por minuto
(RPM) (Vogiatzis et al 2005) Apoacutes 30 segundos de descanso foi realizada a
1ordm medida do POE em repouso (6 ciclos respiratoacuterios completos) depois o
paciente realizou o exerciacutecio sem carga por 3 minutos e posteriormente foi
realizada a 2ordm medida do POE (6 ciclos respiratoacuterios completos) Apoacutes este
periacuteodo iniciou-se o exerciacutecio com carga que foi incrementado de forma
proporcional durante 2 minutos ateacute atingir a carga programada e no final foi
realizada novamente a 3ordm medida do POE (6 ciclos respiratoacuterios completos) O
processo finalizou-se com um periacuteodo de recuperaccedilatildeo de 2 minutos com
exerciacutecio sem carga para o retorno dos sinais vitais (Figura 18)
Foram avaliados o volume corrente da caixa toraacutecica pulmonar (CT)
volume corrente do toacuterax superior (TS) volume corrente do toacuterax inferior (TI)
volume corrente abdominal (ABD) de tempo ventilaccedilatildeominuto (VE) fluxo
inspiratoacuterio (FI) e Fluxo expiratoacuterio (FE) participaccedilatildeo em porcentagem () dos
42
compartimentos do toacuterax superior (TS) toacuterax inferior (TI) e abdome
(ABD) (Romagnoli et al 2008 Aliverti et al 2008 Boudarham et al 2013)
A mobilidade do compartimento abdominal foi calculada pela relaccedilatildeo CTABD
no exerciacutecio com carga (Gosselink et al 1995) a reduccedilatildeo dos valores desta
relaccedilatildeo reflete a melhora da mobilidade abdominal (Yamaguti et al 2012)
Figura17 Paciente Realizando a avaliaccedilatildeo com carga no cicloergocircmetro no POE
Figura 18 Desenho experimental da avaliaccedilatildeo do OEP
43
354 Atividade muscular respiratoacuteria
A atividade dos muacutesculos respiratoacuterios foi avaliada atraveacutes da aquisiccedilatildeo
do sinal eletromiograacutefico de superfiacutecie (System BTSreg Milatildeo Itaacutelia)
simultaneamente agrave avaliaccedilatildeo da mecacircnica toracoabdominal pelo POE Foram
utilizados eletrodos circulares descartaacuteveis de AgAgCl com 10mm de diacircmetro
e um adesivo condutivo hidrogel colocados de forma a manter a distacircncia
intereletrodo de 20mm No local da fixaccedilatildeo dos eletrodos foram realizados
tricotomia quando necessaacuterio e fricccedilatildeo de gaze embebida em aacutelcool (70)
para remoccedilatildeo da gordura presente na superfiacutecie de contato com o objetivo de
diminuir a impedacircncia da pele (Dworak et al 2011)
Os eletrodos foram fixados no ventre muscular afastados do ponto
motor de forma paralela agrave da direccedilatildeo das fibras musculares de acordo com o
European concerted action - surface EMG for an non-invasive assesment of
muscles (Hermens et al 2000) O eletrodo para a avaliaccedilatildeo do muacutesculo
esternocleidomastoideo foi posicionado no ventre muscular a 5 cm do processo
mastoideo (Kallenberg et al 2009) do muacutesculo intercostal superior foi
posicionado no 2deg espaccedilo intercostal e para o inferior entre o 7deg e o 8deg espaccedilo
intercostal e no reto abdominal foi inserido a 2 cm da cicatriz umbilical
(Maarsingh et al 2000)
Para o caacutelculo da eficiecircncia ventilatoacuteria os dados da atividade muscular
de todos os muacutesculos avaliados foram somados e divididos pelo volume
corrente (EMGVt) Essa equaccedilatildeo foi descrita primeiramente no trabalho de
44
Lunardi et al (2013) que avaliou a mecacircnica toracoabdominal na populaccedilatildeo
idosa Essa relaccedilatildeo permitiu observar a quantidade de volume deslocado pelo
niacutevel de estiacutemulo da atividade muscular
Figura19 Eletromioacutegrafo da BTS Engeneering
355 Capacidade Funcional
A capacidade funcional foi avaliada pelo teste de caminhada de 6 minutos
(TC6) A avaliaccedilatildeo foi realizada em um corredor de 30 metros com pouco
traacutefego e cada paciente realizou 2 testes respeitando o intervalo de uma hora
entre eles (Dourado et al 2011) Durante os testes o paciente foi orientado a
caminhar o mais raacutepido possiacutevel durante 6 minutos e caso apresentasse
dispneia limitante ou qualquer outro desconforto incapacitante ele podia
interromper o teste ateacute recuperar as condiccedilotildees para continuaacute-lo A cada minuto
45
os pacientes foram encorajados com frases de incentivo padronizadas de modo
que o mesmo percorresse a maior distacircncia possiacutevel durante todo o teste (ATS
2002 Louvaris et al 2013) O desempenho do paciente foi avaliado pela maior
distacircncia percorrida em um dos testes e foi monitorado tanto preacute quanto poacutes
exerciacutecio a frequumlecircncia cardiacuteaca (FC) e respiratoacuteria (FR) a saturaccedilatildeo de
oxigecircnio (SpO2) sensaccedilatildeo de esforccedilo por meio da escala modificada de Borg
(Borg 1982) e pressatildeo arterial (PA)
36 Anaacutelise Estatiacutestica
Para a mecacircnica ventilatoacuteria foi utilizado para o caacutelculo amostral os
resultados observados no estudo de Yamaguti et al (2012) onde a diferenccedila
das meacutedias da CTABD foi de 20 durante a respiraccedilatildeo natural no GT com a
diferenccedila do desvio padratildeo de 4 valor de plt005 e poder de 08 foi
estabelecido uma amostra de 3 pacientes por grupo
O caacutelculo amostral para os paracircmetros da atividade muscular foi
utilizado os resultados observados no estudo de Cunha et al (2005) onde a
diferenccedila das meacutedias no GT foi de 9 10-3mV com a diferenccedila do desvio padratildeo
de 6 10-3mV para o poder de 80 e um valor de alpha de 5 sendo
estabelecido uma amostra de 9 indiviacuteduos por grupo
Para os paracircmetros funcionais o caacutelculo amostral foi baseado no TC6
onde se esperava uma diferenccedila das meacutedias de 263m e a diferenccedila do desvio
padratildeo de 23 m de aumento apoacutes a intervenccedilatildeo (Yamaguti et al 2012) para o
46
poder de 80 e um valor de alpha de 5 sendo encontrado um tamanho de
amostra de 14 indiviacuteduos por grupo
A anaacutelise foi realizada utilizando o programa Sigma Stat versatildeo 32 Foi
utilizado o teste de Kolmogorov-Smirnov para verificar a normalidade dos
dados sendo estes apresentados como meacutedia plusmn desvio padratildeo Para
comparaccedilatildeo dos dados de caracterizaccedilatildeo dos grupos GT e GC foi realizado
utilizando o teste t de Student para dados com distribuiccedilatildeo normal e teste de
Mann-Withney para dados natildeo-parameacutetricos
A anaacutelise do efeito do tratamento nos dois grupos tambeacutem foi realizado
pelo teste t e pelo Mann-Withney para dados natildeo-parameacutetricos no delta das
diferenccedilas (Δ=poacutes-preacute)
A sensaccedilatildeo de dispneia (BORG modificado) foi analisada com o teste de
anaacutelise de variacircncia (ANOVA) seguida do pos hoc de Holm Sidak Para o TC6
foi observado a miacutenima diferenccedila clinicamente significante Proposto por
Holland et al 2013 (251m) O niacutevel de significacircncia foi ajustado para 5
(plt005) para todos os testes
4 RESULTADOS
48
Quinhentos e noventa e quatro pacientes foram avaliados para
elegibilidade 564 natildeo preencheram os criteacuterios de inclusatildeo sendo que os
motivos mais comuns foram oxigecircnio-dependente (n=160) sem
disponibilidade para participar (n=105) cardiopatias (n=80) e doenccedilas
musculoesqueleacuteticas associadas (n=43) (Figura 20) Trinta pacientes foram
incluiacutedos e aleatorizados 2 foram excluiacutedos apoacutes o iniacutecio do protocolo sendo 1
no grupo tratado (crise de caacutelculo renal) e 1 no grupo controle (agudizaccedilatildeo da
doenccedila de Chron) 14 sujeitos terminaram o estudo no GT e 14 no GC (Figura
20) Natildeo foram observadas diferenccedilas entre os grupos com relaccedilatildeo aos dados
antropomeacutetricos de funccedilatildeo pulmonar e capacidade funcional antes da
intervenccedilatildeo (Tabela 1)
49
Figura 20 Fluxograma do estudo
50
Tabela 1 Caracterizaccedilatildeo amostral basal dos pacientes do estudo
Caracterizaccedilatildeo Grupo Controle Grupo Tratado P
Dados Antropomeacutetricos
Genero (MF) 57 86 097
Idade (anos) 64plusmn56 61plusmn54 030
Altura (m) 165plusmn007 165plusmn008 096
IMC (Kgm2) 259plusmn29 257plusmn38 091
Funccedilatildeo Pulmonar
VEF1 ( pred) 426plusmn95 459plusmn155 056
VEF1CVF 049plusmn009 056plusmn013 017
Capacidade Funcional
TC6 (m) 439plusmn103 473plusmn68 032
BODE (IIIIIIIV)(n) 3531 6620 058
Legenda Os dados estatildeo apresentados em meacutedia desvio padratildeo exceto o BODE que estatildeo expressos
pelo nuacutemero de pacientes MF=masculinofeminino Kgm2=quilogramasmetro
2 VEF1=Volume expiratoacuterio
forccedilado no primeiro segundo VEF1CVF=Relaccedilatildeo do Volume expiratoacuterio forccedilado no primeiro segundo e capacidade vital IMC=Iacutendice de massa corpoacuterea TC6=teste de caminhada dos 6 minutos BODE=Iacutendice de prognoacutestico e mortalidade para DPOC
41 Cinemaacutetica toracoabdominal
Durante o exerciacutecio com carga os pacientes do grupo controle (GC) natildeo
apresentaram variaccedilatildeo da mecacircnica toracoabdominal apoacutes a intervenccedilatildeo os
pacientes do grupo tratado (GT) apresentaram um aumento meacutedio de 230 ml
no volume total da caixa toraacutecica total (CT) (equivalente ao volume corrente)
quando comparado ao GC (respectivamente 140plusmn170mL vs-86plusmn240mL
plt001) Este aumento ocorreu principalmente pelo ganho do volume do
compartimento abdominal (ABD) (respectivamente 140120mL vs -
108210ml plt001) (Figura 21) e natildeo foi observada uma diferenccedila significativa
nos compartimentos toraacutecicos superior (TS) e inferior (TI) (Figura 21 pgt005)
51
O GT tambeacutem apresentou um aumento da ventilaccedilatildeo minuto (VE)
(24plusmn36L vs -18plusmn41L plt0001) (Figura 22) e do fluxo expiratoacuterio
(FE)(80plusmn100mL vs -30plusmn100mL plt001) (Figura23) quando comparado com o
GC acreditamos que aleacutem do volume da caixa toraacutecica o aumento do fluxo
expiratoacuterio tambeacutem esteve relacionado com o aumento da mobilidade do
compartimento abdominal Este por sua vez foi calculado pela relaccedilatildeo da
contribuiccedilatildeo CTABD onde apresentou melhora somente no GT quando
comparado ao GC (-019plusmn041 vs 010plusmn028 plt001 respectivamente)
(Figura 24)
Figura 21 Efeitos do alongamento muscular respiratoacuterio na mecacircnica ventilatoacuteria durante o exerciacutecio Os dados foram apresentados em meacutedia e desvio padratildeo representado pela diferenccedila (Δ) = poacutes- - preacute-intervenccedilatildeo Houve um aumento estatisticamente significante do volume da CT e do ABD no GT O exerciacutecio foi realizado com 25 da carga maacutexima predito na equaccedilatildeo de Jones
25 GC= Grupo Controle GT= Grupo Tratado CT= Caixa totaacutecica total TS=
Toacuterax superior TI= Toacuterax inferior ABD= Abdomen = p lt 005 GC vs GT (teste t natildeo pareado)
52
Figura 22 Efeitos do alongamento muscular respiratoacuterio no volume minuto (VE) durante o exerciacutecio Os dados foram apresentados em meacutedia e desvio padratildeo representado pela diferenccedila (Δ) = poacutes- - preacute-intervenccedilatildeo Ambas apresentaram diferenccedilas houve um aumento estatisticamente significante de 4L no volume minuto (VE) no GT em relaccedilatildeo do GC O exerciacutecio foi realizado com 25 da carga maacutexima predito na equaccedilatildeo de Jones
25 GC= Grupo
Controle GT= Grupo Tratado = p lt 005 GC vs GT (teste t natildeo pareado)
53
Figura 23 Efeitos do alongamento muscular respiratoacuterio no fluxo expiratoacuterio (FE) durante o exerciacutecio Os dados foram apresentados em meacutedia e desvio padratildeo representado pela diferenccedila (Δ) = poacutes- - preacute-intervenccedilatildeo Ambas apresentaram diferenccedilas houve um aumento estatisticamente significante de 100mL no fluxo expiratoacuterio (FE) no GT em relaccedilatildeo do GC O exerciacutecio foi realizado com 25 da carga maacutexima predito na equaccedilatildeo de Jones
25 GC= Grupo
Controle GT= Grupo Tratado = p lt 005 GC vs GT (teste t natildeo pareado)
54
Figura 24 Efeitos do alongamento muscular respiratoacuterio na relaccedilatildeo da contribuiccedilatildeo da caixa toraacutecica e abdocircmen (CTABD) durante o exerciacutecio Os dados foram apresentados em meacutedia e desvio padratildeo representado pela diferenccedila (Δ) = poacutes- - preacute-intervenccedilatildeo O exerciacutecio foi realizado com 25 da carga maacutexima predito na equaccedilatildeo de Jones
25 Foi observado a reduccedilatildeo
estatisticamente significante da relaccedilatildeo CTAB no GT que representa o aumento da mobilidade do compartimento abdominal GC= Grupo Controle GT= Grupo Tratado CT= Participaccedilatildeo da caixa toraacutecica ABD= Participaccedilatildeo abdominal = p lt 005 GC vs GT (teste t natildeo pareado)
42 Atividade muscular
Os dados da atividade muscular dos muacutesculos esternocleidomastoideo
intercostal superior intercostal inferior e abdome foram mensurados e foi
possiacutevel observar uma reduccedilatildeo da atividade muscular no exerciacutecio apoacutes o
protocolo de alongamento no GT quando comparado ao GC dos muacutesculos
esternocleidomastoideo (-57plusmn217 vs 185-plusmn443mV plt003 respectivamente)
e intercostais superiores (-1466plusmn441 vs 46plusmn115mV plt001
respectivamente) (Figura 25)
55
Todos os dados da atividade muscular foram somados e divididos pelo
volume corrente total com o intuito de demonstrar a quantidade de atividade
muscular por volume deslocado Foi verificado uma reduccedilatildeo da razatildeo EMGVt
no exerciacutecio com carga no GT quando comparado com o GC (respectivamente
[-138 (-519- -536 mVL) vs 10 (-741- 372 mVL) plt0006] (Figura 26)
Figura 25 Efeitos do alongamento muscular respiratoacuterio na atividade muscular Os dados foram apresentados em meacutedia e desvio padratildeo representado pela diferenccedila (Δ) = poacutes- - preacute-intervenccedilatildeo Foi constatada uma diminuiccedilatildeo estatisticamente significante da atividade dos muacutesculos esternocleidomastoideo e intercostal superior no GT O exerciacutecio foi realizado com 25 da carga maacutexima predito na equaccedilatildeo de Jones
25 GC= Grupo Controle GT= Grupo
Tratado = p lt 005 GC vs GT (teste t natildeo pareado)
56
Figura 26 Efeitos do alongamento muscular respiratoacuterio na relaccedilatildeo entre a atividade muscular e o volume corrente (EMGVt) Os dados foram apresentados em meacutedia e desvio padratildeo representado pela diferenccedila (Δ) = poacutes- - preacute-intervenccedilatildeo Observou-se uma diminuiccedilatildeo estatisticamente significante da EMGVt no GT O exerciacutecio foi realizado com 25 da carga maacutexima predito na equaccedilatildeo de Jones
25 GC= Grupo Controle GT= Grupo Tratado = p lt 005
GC vs GT (teste t natildeo pareado)
43 Capacidade funcional e Dispneia
Para os paracircmetros de Borg (Figura 27) foi aferido em 4 momentos preacute e poacutes
TC6 e preacute e poacutes intervenccedilatildeo Os dados basais natildeo apresentaram diferenccedilas
entre o GT e o GC (respectivamente 175plusmn21 vs 12plusmn17 pgt02) Apoacutes a
intervenccedilatildeo houve uma diminuiccedilatildeo significativa da sensaccedilatildeo de dispneia em
ambos os grupos poacutes-TC6 quando comparado aos seus dados iniciais GT
(43plusmn18 vs 15plusmn09 plt0001) e no GC (42plusmn15 vs 28plusmn17 plt0001) Na
comparaccedilatildeo entre os grupos o GT apresentou uma melhora da sensaccedilatildeo de
dispneia quando comparado com o GC tanto preacute-exerciacutecio (respectivamente
57
02plusmn05 vs 06plusmn08 plt0001) quanto poacutes-exerciacutecio (respectivamente 15plusmn09
vs 28plusmn17 plt0001) Aleacutem disso somente no GT houve uma diminuiccedilatildeo
significativa do Borg na comparaccedilatildeo intragrupo preacute-TC6 antes e depois do
tratamento (18plusmn08 vs 02plusmn06 plt0001) Com a diminuiccedilatildeo da sensaccedilatildeo de
dispneia foi possiacutevel verificar que os pacientes do GT apresentaram melhora
clinicamente significante no TC6 meacutedio quando comparado com o GC
(respectivamente 2514m vs 65m Figura 28) valores propostos por Holland
et al (2013)
Figura 27Efeitos do alongamento muscular respiratoacuterio na escala de BORG Os dados foram apresentados Os dados foram apresentados em meacutedia e desvio padratildeo representado pela diferenccedila (Δ) = poacutes- - preacute-intervenccedilatildeo Apoacutes o tratamento ambos apresentaram diminuiccedilatildeo da dispneia mas somente no GT houve uma diminuiccedilatildeo na comparaccedilatildeo com o GC e com seus dados iniciais no preacute TC6 O exerciacutecio foi realizado com 25 da carga maacutexima predito na equaccedilatildeo de Jones
25 GC= Grupo Controle GT= Grupo Tratado BORG= Escala de dispneia
TC6= Teste de caminhada dos 6 minutos = p lt 005 preacute vs poacutes intervenccedilatildeo +=plt005 GC vs GC) (teste t natildeo pareado)
58
Figura 28 Os dados apresentados em (Δ) representam (poacutes intervenccedilatildeo ndash preacute intervenccedilatildeo) No teste de caminhada dos 6 minutos (TC6) foi observada uma diferenccedila clinicamente significante do TC6 no GT que obteve um aumento meacutedio de 2514m e o GC de 65m O exerciacutecio foi realizado com 25 da carga maacutexima predito na equaccedilatildeo de Jones
25 GC= Grupo
Controle GT= Grupo Tratado TC6= Teste de caminhada dos 6 minutos ( =diferenccedila clinicamente significante)
Holland et al 2013 (25m)
5 DISCUSSAtildeO
60
Neste estudo foi demonstrado pela primeira vez que os alongamentos
dos muacutesculos respiratoacuterios melhoraram a mecacircnica e a capacidade ventilatoacuteria
decorrente principalmente pelo aumento do volume e da mobilidade do
compartimento abdominal (CTABD) A melhora da mobilidade toracoabdominal
possivelmente esteve relacionada com o aumento da sua viscoelasticidade
observada pela diminuiccedilatildeo da atividade muscular apoacutes o tratamento Aleacutem
disso houve um aumento da eficiecircncia contraacutetil dos muacutesculos respiratoacuterios
constatado pela reduccedilatildeo da relaccedilatildeo EMGVt ou seja a musculatura necessitou
de menos atividade para deslocar o mesmo volume respiratoacuterio Acreditamos
que por causa da melhora de todos os fatores descritos anteriormente houve
uma diminuiccedilatildeo da sensaccedilatildeo de dispneia que possibilitou o aumento da
capacidade ao exerciacutecio submaacuteximo
51 Cinemaacutetica toracoabdominal
O trabalho acrescentou novas evidecircncias na literatura cientiacutefica pois foi
o primeiro a demonstrar atraveacutes do pletismoacutegrafo optoeletrocircnico que apoacutes o
tratamento com teacutecnicas de alongamento dos muacutesculos respiratoacuterios houve
aumento significativo do volume da caixa toraacutecica total abdominal e da
capacidade ventilatoacuteria durante o exerciacutecio com carga Vale ressaltar que o
aumento da mobilidade do compartimento abdominal tambeacutem foi constatado
Para reforccedilar ainda mais a importacircncia dos nossos achados no grupo
controle natildeo obtiveram nenhuma alteraccedilatildeo volumeacutetrica da caixa toraacutecica estes
61
dados vatildeo de encontro aos dois estudos preacutevios nos quais foram avaliados os
efeitos da reabilitaccedilatildeo pulmonar na cinemaacutetica toracoabdominal em pacientes
com DPOC avaliados pelo POE (Georgiadou et al 2007 Gagliardi et al
2014) Inclusive Gagliardi et al (2014) mesmo apoacutes a intervenccedilatildeo de 24
semanas encontrou uma diminuiccedilatildeo do volume abdominal apoacutes o tratamento
Apenas dois trabalhos natildeo controlados de Yamada et al (1996) e
Luularungrayub et al (2009) avaliados pelo pletismoacutegrafo por indutacircncia e
cirtometria respectivamente associados agrave espirometria hipotetizaram que a
melhora no fluxo expiratoacuterio e do volume expiratoacuterio respectivamente
poderiam ter uma relaccedilatildeo com a melhora da funccedilatildeo do compartimento
abdominal dados estes que tambeacutem apresentamos no nosso estudo Segundo
Georgiadou et al (2007) e Aliverti et al (2010) o compartimento abdominal eacute o
maior responsaacutevel pelas variaccedilotildees da distacircncia axial xifoacuteidea sugerindo uma
relaccedilatildeo com a mobilidade diafragmaacutetica e o aumento do volume pulmonar total
essa hipoacutetese pocircde ser elucidada em nossos resultados com a diminuiccedilatildeo dos
valores de CTABD Portanto estes achados servem para destacar que o
protocolo de alongamento realizados neste estudo desencadeou a melhora da
mecacircnica contraacutetil dos muacutesculos respiratoacuterios que provavelmente tiveram uma
atuaccedilatildeo na melhora da funccedilatildeo diafragmaacutetica relaccedilatildeo esta jaacute descrita por
Iwasawa et al (2002) e Man et al (2012)
O aumento do volume corrente total apoacutes o alongamento muscular da
caixa toraacutecica jaacute havia sido constatado anteriormente pelos estudos natildeo
controlados de Yamada et al (1996) e Minoguchi et al (2002) que realizaram a
intervenccedilatildeo por 4 semanas em 12 e 13 pacientes respectivamente e avaliados
62
pela espirometria Em contrapartida os estudos de intervenccedilatildeo aguda natildeo
controlada de Izumizaki et al (2006) e controlada de Noll et al (2009) com 10 e
25 pacientes respectivamente obtiveram a piora do volume corrente tambeacutem
avaliados pela espirometria Baseados nos estudos de Mchugh et al (2008)
estes efeitos contraditoacuterios ocorreram principalmente pelo tipo de intervenccedilatildeo
Agudamente o alongamento promove o estiramento abrupto dos fusos
neuromusculares que desencadearam o potencial sensitivo medular e
consequentemente um aumento da atividade eferente neuromuscular gerando
a contraccedilatildeo das fibras extra-fusais por essa razatildeo provavelmente houve a
diminuiccedilatildeo da mobilidade muacutesculo-esqueleacutetica da caixa toraacutecica e diminuiccedilatildeo
dos valores volumeacutetricos (Mukherjee et al 2010) A intervenccedilatildeo crocircnica por
sua vez promove o aumento da viscoelasticidade muscular e causou a
acomodaccedilatildeo do limiar excitatoacuterio do fuso neuromuscular que diminui o
estiacutemulo de contraccedilatildeo das fibras extra-fusais permitindo a melhora da
mobilidade toracoabdominal (Mchugh et al 2010)
No presente estudo foi realizada a intervenccedilatildeo crocircnica portanto
justificaria a razatildeo dos nossos dados apresentarem resultados tatildeo diferentes
quanto a maioria dos estudos anteriores de intervenccedilatildeo aguda Mas
precisamos considerar tambeacutem as limitaccedilotildees metodoloacutegicas comumente
observadas na literatura Fato este observado nos trabalhos de Putt et al
(2008) e Luularungrayub et al (2009) que mesmo sendo de intervenccedilatildeo
aguda apresentaram um aumento do volume corrente avaliados pela
espirometria mas ambos apresentaram grandes restriccedilotildees metodoloacutegicas pois
63
realizaram o tratamento somente em um muacutesculo respiratoacuterio (peitoral maior) e
o outro foi um estudo de caso respectivamente
Hipotetizamos que nos nossos resultados sugeriram que a intervenccedilatildeo
crocircnica muscular respiratoacuteria promoveu a melhora da mobilidade do sistema
musculo-esqueleacutetico toracoabdominal com o aumento principal do volume e da
mobilidade do compartimento abdominal acreditamos que foi o responsaacutevel
pela melhora do volume pulmonar total Com a elevaccedilatildeo dos volumes
sugerimos que foram os responsaacuteveis pela melhora da capacidade ventilatoacuteria
(volume-minuto) dado este ineacutedito na literatura para este tipo de protocolo de
tratamento
52 Atividade muscular
Constatamos uma reduccedilatildeo da atividade muscular durante o exerciacutecio
com carga no grupo que realizou o alongamento dos muacutesculos respiratoacuterios
principalmente do esternocleidomastoideo e do intercostal superior A partir
destes dados foi possiacutevel calcular a relaccedilatildeo com o volume corrente onde a
reduccedilatildeo dos valores significa a melhora da efetividade contraacutetil (EMGVt)
descrito primeiramente no trabalho de Lunardi et al (2013) Este dado
representa a melhora do deslocamento volumeacutetrico pela atividade muscular
sendo assim o muacutesculo necessita do mesmo estiacutemulo motor para deslocar
mais volume de ar
64
Na literatura encontramos somente um estudo natildeo-controlado de Cunha
et al (2005) que realizou a avaliaccedilatildeo em 8 pacientes com DPOC com o
eletromioacutegrafo de superfiacutecie apoacutes um programa de alongamento muscular
respiratoacuterio Nossos dados corroboram parcialmente com os seus achados
pois apesar de terem demonstrado uma diminuiccedilatildeo da atividade muscular
respiratoacuteria dos intercostais eles apresentaram um aumento da atividade
muscular do esternocleidomastoide Acreditamos que os nossos achados
avanccedilam em relaccedilatildeo ao estudo de Cunha et al (2005) pois o presente estudo
foi realizado com criteacuterios metodoloacutegicos mais rigorosos (controlado) com
maior tempo de intervenccedilatildeo e respeitando o caacutelculo amostral
Portanto podemos sugerir que baseado nos estudos de Kokkonen et al
(2007) o aumento da viscoelasticidade tecidual permitiu a melhora da
sobreposiccedilatildeo da actina e miosina sendo capaz de potencializar o mecanismo
contraacutetil muscular com menos esforccedilo Ao mesmo tempo reduziu a tensatildeo
sobre os receptores musculoesqueleacuteticos diminuindo a excitabilidade do
disparo neuroloacutegico sensitivo possibilitando o equiliacutebrio entre o estiacutemulo
inibitoacuterio do oacutergatildeo tendinoso de Golgi e o excitatoacuterio do controle contraacutetil do
fuso neuromuscular reduzindo a atividade motora (Hindle et al 2012
Mukherjee e Chakravarty 2010)
A avaliaccedilatildeo da atividade muscular e o caacutelculo da efetividade contraacutetil foi
realizada para elucidar os mecanismos envolvidos na melhora da mecacircnica
ventilatoacuteria apoacutes o alongamento dos muacutesculos respiratoacuterios Eacute possiacutevel que
com a diminuiccedilatildeo da atividade muscular possibilitou a melhora da capacidade
de contraccedilatildeo muscular com menor esforccedilo este dado eacute reforccedilado pela
65
diminuiccedilatildeo da EMGVt permitindo o incremento da mobilidade toracoabdominal
e da capacidade ventilatoacuteria
53 Capacidade funcional e dispneia
Observamos a melhora da dispneia e da capacidade ao exerciacutecio
submaacuteximo avaliados pelo Borg modificado e pelo teste de caminhada dos 6
minutos respectivamente
Apoacutes o protocolo de alongamento nossos dados mostraram a
diminuiccedilatildeo da sensaccedilatildeo de dispneia em ambos os grupos apoacutes a intervenccedilatildeo
Mas ao comparar entre os grupos os sujeitos que receberam a intervenccedilatildeo na
caixa toraacutecica (GT) apresentaram a diminuiccedilatildeo da dispneia quando comparado
ao GC tanto preacute quanto poacutes exerciacutecio Outro ponto em destaque eacute a diminuiccedilatildeo
da dispneia no GT em seu estado basal
A reduccedilatildeo da dispneia eacute um importante paracircmetro de melhora dos
tratamentos com enfoque pulmonar (ATS 2013) e estudos preacutevios que tambeacutem
avaliaram o efeito de alongamento dos muacutesculos respiratoacuterios na dispneia em
pacientes com DPOC corroboram com os nossos achados mesmo sendo
trabalhos com metodologias distintas como ensaios natildeo controlados (Cunha et
al 2005) controlados (Paulin et al 2003) intervenccedilatildeo aguda (Noll et al 2008
Noll et al 2009) e crocircnica (Minoguchi et al 2002) Eacute importante ressaltar que
em todos os trabalhos que obtiveram a melhora nos paracircmetros de dispneia
66
portanto acreditamos que existe outros mecanismos que podem influenciar
nesta variaacutevel aleacutem da melhora da mobilidade toracoabdominal tanto assim
que os trabalhos de Noll et al (2008 e 2009) houve uma piora de todos os
paracircmetros da funccedilatildeo pulmonar mas apresentaram melhora da dispneia
Na literatura somente os trabalhos de Izumizaki et al (2008) e Putt et al
(2008) natildeo obtiveram melhora na escala de Borg mas eacute importante destacar
que foram trabalhos distintos o primeiro foi de intervenccedilatildeo crocircnica com
resultados negativos agraves funccedilotildees pulmonares enquanto o segundo foi um
trabalho de intervenccedilatildeo aguda com resultados positivos nos volumes
pulmonares Apesar de ambos serem controlados o estudo de Izumizaki et al
(2008) natildeo destaca os muacutesculos que foram tratados nem a caracterizaccedilatildeo e o
caacutelculo amostral enquanto no trabalho de Putt et al (2008) realizou a
intervenccedilatildeo apenas no muacutesculo peitoral maior que natildeo eacute um muacutesculo
acessoacuterio respiratoacuterio primaacuterio e sim atuante somente em grandes esforccedilos
Portanto baseado nas pesquisas anteriores entendemos que a melhora
da dispneia natildeo foi somente pelo aumento da mobilidade musculoesqueleacutetica
da caixa toraacutecica que diminuiu a resistecircncia do fluxo aeacutereo e possibilitou maior
expansatildeo toracoabdominal e melhor capacidade ventilatoacuteria demonstrado
neste estudo anteriormente Possivelmente teve associaccedilatildeo com os
mecanoceptores toracoabdominais quando estimulados durante o tratamento
desencadeou alteraccedilotildees das informaccedilotildees dos centros respiratoacuterios e motores
(Nakamura et al 2012 Montaldo et al 2000) Estes centros por sua vez
mudaram da taxa de disparo do nervo frecircnico que controla a cadecircncia e a
frequecircncia da contraccedilatildeo diafragmaacutetica reduzindo a sensaccedilatildeo de fadiga e de
67
dispneia (Burki e Lee 2010) portanto qualquer teacutecnica de mobilizaccedilatildeo
toracoabdominal poderia diminuir a sensaccedilatildeo de dispneia mas acreditamos
que quanto maior o estiacutemulo musculoesqueleacutetico (intervenccedilatildeo crocircnica) maior
seraacute a ativaccedilatildeo dos mecanoceptores da caixa toraacutecica e consequentemente
aumentaria a estimulaccedilatildeo aos centros respiratoacuterios por essa razatildeo
acreditamos que os nossos resultados foram tatildeo expressivos (Montaldo et al
2000)
Com a melhora dos paracircmetros de dispneia refletiu no aumento da
distacircncia percorrida em ambos os grupos 67m (GC) e 2517m (GT) sendo
que somente o grupo que recebeu o alongamento dos muacutesculos respiratoacuterios
atingiram a miacutenima distacircncia clinicamente significante proposta por Holland et
al (2010) que eacute de 25 m Coincidentemente a maioria trabalhos que
obtiveram melhora da dispneia realizaram o teste de caminhada dos 6 minutos
(Yamada et al 1996 Minoguchi et al 2002 Paulin et al 2003 eCunha et al
2005) somente Noll et al (2008 e 2009) que natildeo Poreacutem ateacute onde eacute do nosso
conhecimento este eacute o primeiro estudo que demonstrou que o aumento da
capacidade funcional foi decorrente da melhora da mecacircnica ventilatoacuteria poacutes-
alongamento avaliados pelo POE
No presente estudo o aspecto relevante estaacute no ineditismo ao avaliar as
repercussotildees deste tipo de intervenccedilatildeo na cinemaacutetica toracoabdominal
analisadas pelo pletismoacutegrafo optoeletrocircnico (Alivertiet al 2000) teacutecnica
considerada de alta tecnologia O programa de alongamento da musculatura
acessoacuteria respiratoacuteria eacute uma teacutecnica de baixo custo e pode ser associada
68
facilmente agrave reabilitaccedilatildeo pulmonar com impacto na atividade funcional e nos
sintomas respiratoacuterios
54 Limitaccedilotildees
Todos os estudos possuem limitaccedilotildees primeiro a rigidez dos criteacuterios
de inclusatildeo conferida a esta pesquisa levou a uma elevada validade interna
com possiacutevel prejuiacutezo da validade externa Optamos por adotar esses criteacuterios
na tentativa de eliminar o maior nuacutemero de variaacuteveis de confusatildeo para garantir
que os resultados fossem interpretados de maneira clara Segundo a carga de
exerciacutecio em esteira foi estabelecida em funccedilatildeo da velocidade do TC6 apesar
de natildeo ser considerado o padratildeo ouro para o treinamento aeroacutebico jaacute foi
descrito como alternativa viaacutevel por Zainuldinet al (2007) e Figueiredo e
Guimaratildees (2009) Terceiro a intensidade de 25 Wmaacutex utilizada na
avaliaccedilatildeo do POE pode natildeo ter sido o suficiente para desencadear a
assincronia mas o objetivo foi reproduzir a carga utilizada diariamente pelo
paciente segundo Bruni et al (2012) eles comprovaram em seu estudo que
nem mesmo a carga de 75 Wmaacutex foi possiacutevel desencadear a assincronia em
pacientes com DPOC concluindo natildeo haver relaccedilatildeo entre assincronia
hiperinsuflaccedilatildeo e dispneia Finalmente o alongamento dos muacutesculos
perifeacutericos dos membros inferiores no grupo controle poderia ter influenciado
na melhora no teste de caminhada dos 6 minutos mas Mchugh et al (2008) e
Shrier (2004) descreveram em seus estudos que ainda existe uma
controveacutersia a respeito do aumento da performance muscular apoacutes a realizaccedilatildeo
69
do alongamento ateacute entatildeo sabe-se somente sobre a melhora da mobilidade
Apesar destas limitaccedilotildees este eacute o primeiro ensaio cliacutenico controlado e
aleatorizado investigando os benefiacutecios do alongamento dos muacutesculos
respiratoacuterios na mecacircnica ventilatoacuteria utilizando o pletismoacutegrafooptoeletrocircnico
em pacientes com DPOC
6 CONCLUSAtildeO
71
Nossos resultados sugerem que a adiccedilatildeo do alongamento da
musculatura respiratoacuteria ao exerciacutecio aeroacutebico claacutessico aumenta a eficiecircncia
contraacutetil muscular melhora a mecacircnica ventilatoacuteria com o incremento
significante dos volumes pulmonares principalmente abdominal e reduz a
dispneia possibilitando a melhora das atividades funcionais em pacientes com
DPOC Estes resultados sugerem que o alongamento dos muacutesculos
respiratoacuterios pode ser considerado uma modalidade de tratamento adjuvante
para os pacientes com DPOC
7 REFEREcircNCIAS
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8 ANEXOS
91
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93
HOSPITAL DAS CLIacuteNICAS DA FACULDADE DE MEDICINA DA
UNIVERSIDADE DE SAtildeO PAULO-HCFMUSP
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
DADOS SOBRE A PESQUISA
1 TIacuteTULO DO PROTOCOLO DE PESQUISA
EFEITOS DO ALONGAMENTO DA MUSCULATURA ACESSOacuteRIA
RESPIRATOacuteRIA COM A TEacuteCNICA DE ALONGAMENTO PASSIVO E
CONTRACcedilAtildeO-RELAXAMENTO NA MECAcircNICA VENTILATOacuteRIA E NA
CAPACIDADE FUNCIONAL DE PACIENTES COM DOENCcedilA PULMONAR
OBSTRUTIVA CROcircNICA
PESQUISADOR 01 Celso Ricardo Fernandes Carvalho
CARGOFUNCcedilAtildeO Orientador INSCRICcedilAtildeO CONSELHO
REGIONAL Nordm 206463-F
UNIDADE DO HCFMUSP Ciecircncias
3 AVALIACcedilAtildeO DO RISCO DA PESQUISA
RISCO MIacuteNIMO x RISCO MEacuteDIO
RISCO BAIXO RISCO MAIOR
4DURACcedilAtildeO DA PESQUISA 12 meses
HOSPITAL DAS CLIacuteNICAS DA FACULDADE DE MEDICINA DA
UNIVERSIDADE DE SAtildeO PAULO-HCFMUSP
1 ndash A doenccedila que o senhor (a) tem se chama doenccedila obstrutiva crocircnica
(DPOC) Esta doenccedila causa a inflamaccedilatildeo das vias aeacutereas e prejudica todo
94
pulmatildeo Por esse motivo o toacuterax fica expandido e os muacutesculos que realizam a
respiraccedilatildeo ficam tensos Essa tensatildeo muscular diminui o movimento do toacuterax e
a quantidade de ar que entra nos pulmotildees levando a uma dificuldade para
respirar e diminuindo a capacidade aos exerciacutecios simples do dia-dia Todo
esse quadro pode aumentar a tendecircncia de desencadear episoacutedios de
depressatildeo e ansiedade
2 ndash O nosso corpo tem muacutesculos que ajudam na respiraccedilatildeo (entrada do ar)
esses muacutesculos ao contrair ajudam a entrada de ar nos pulmotildees No (a)
paciente DPOC o movimento da caixa toraacutecica estaacute diminuiacutedo por isso este
estudo tem como objetivo verificar se o uso dos exerciacutecios de alongamento
relaxariam os muacutesculos respiratoacuterios diminuindo a sensaccedilatildeo de falta de ar
3 ndash Portanto estamos convidando o (a) senhor (a) para participar deste estudo
Caso o senhor (a) aceite participar da pesquisa teraacute que comparecer ao
hospital (HC) 2 vezes por semana durante um mecircs e meio de tratamento com
duraccedilatildeo de 30 a 40 minutos por dia O senhor (a) seraacute incluiacutedo (a) de forma
aleatoacuteria (sorteio) em dois grupos que receberatildeo diferentes tratamentos de
alongamento com supervisatildeo do profissional fisioterapeuta O senhor (a)
receberaacute uma cartilha com alguns exerciacutecios semelhantes aos realizados no
hospital para ser feito em casa no miacutenimo duas vezes por semana
4 ndash Durante os exerciacutecios de alongamento o (a) senhor (a) poderaacute sentir algum
desconforto como um ldquopuxatildeordquo ldquoformigamentordquo e ldquoqueimaccedilatildeordquo na regiatildeo que os
muacutesculos estatildeo sendo trabalhados Apoacutes a realizaccedilatildeo do alongamento eacute
possiacutevel que essas sensaccedilotildees perdurem por no maacuteximo 3 dias Evitaremos
durante o tratamento as dores se caso o senhor (a) sentir alguma dor
comunique ao profissional responsaacutevel que interromperemos imediatamente o
exerciacutecio
5 ndash Seratildeo realizados diversos testes antes e depois do tratamento para
verificar o grau de eficiecircncia da teacutecnica aplicada Mediremos o movimento do
seu toacuterax com um aparelho chamado pletismografia onde seratildeo colocados
marcadores no seu toacuterax e o senhor natildeo sentiraacute nenhum desconforto ou dor
Seratildeo realizados exames para a funccedilatildeo do seu pulmatildeo chamado espirometria
para isso pediremos para o senhor (a) puxar e assoprar forte o ar no aparelho
este teste natildeo traraacute nenhum desconforto ou dor Para testar a forccedila dos
muacutesculos pediremos novamente que o senhor (a) puxe o ar com forccedila em um
95
aparelho chamado manovacuocircmetro este teste natildeo traraacute dor Realizaremos
um teste de esforccedilo ao exerciacutecio onde pediremos para o (a) senhor (a) andar o
maacuteximo possiacutevel durante 6 minutos seraacute repetido duas vezes Nesse teste o
senhor (a) pode sentir cansaccedilo e falta de ar que acabaraacute imediatamente apoacutes o
teacutermino do exerciacutecio Por uacuteltimo o senhor (a) responderaacute o questionaacuterio sobre a
sua vida que conteacutem uma seacuterie de perguntas para avaliar se o (a) senhor (a)
possui episoacutedios de depressatildeo e ansiedade poderaacute sentir algum desconforto
ao responder algumas perguntas que seratildeo realizadas
6 ndash Com esse estudo buscamos a melhora da qualidade de vida com
diminuiccedilatildeo dos quadros tendenciosos de depressatildeo e ansiedade e o aumento
da capacidade para realizar os exerciacutecios diaacuterios decorrentes da melhora da
mobilidade toraacutecica
7 ndash Asseguramos que o senhor (a) teraacute acesso aos profissionais responsaacuteveis
pela pesquisa para esclarecimento de eventuais duacutevidas O principal
investigador eacute o Prof Dr Celso Ricardo Fernandes Carvalho que poderaacute
ser encontrado na Av Eneacuteas de Carvalho Aguiar 255 4o andar bloco 06 no
telefone(s) 11 3069-7961 e o Dr Juliano Takashi Wada que pode ser
encontrado no endereccedilo Rua Albuquerque Lins 537 cj 42 Telefone(s) 11
3624-4524 Se caso o senhor (a) tiver alguma consideraccedilatildeo ou duacutevida sobre a
eacutetica da pesquisa entre em contato com o Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa (CEP)
ndash Rua Oviacutedio Pires de Campos 225 ndash 5ordm andar ndash tel 3069-6442 ramais 16 17
18 ou 20 FAX 3069-6442 ramal 26 ndash E-mail cappesqhcnetuspbr
8 ndash Garantimos a liberdade da retirada do consentimento a qualquer momento
e deixar de participar do estudo sem qualquer prejuiacutezo agrave continuidade de seu
tratamento na Instituiccedilatildeo
9 ndash Garantimos o direito de confidencialidade ndash As informaccedilotildees obtidas
seratildeo analisadas em conjunto com outros pacientes natildeo sendo divulgado a
identificaccedilatildeo e os dados de nenhum paciente
10 ndash Garantimos o direito de ser mantido atualizado sobre os resultados
parciais das pesquisas quando em estudos abertos ou de resultados que
sejam do conhecimento dos pesquisadores
96
11 ndash Despesas e compensaccedilotildees natildeo haacute despesas pessoais para o
participante em qualquer fase do estudo incluindo exames e consultas
Tambeacutem natildeo haacute compensaccedilatildeo financeira relacionada agrave sua participaccedilatildeo Se
existir qualquer despesa adicional ela seraacute absorvida pelo orccedilamento da
pesquisa Natildeo garantimos o pagamento de qualquer dano causado pelo estudo
mas garantimos que se caso o senhor (a) tiver algum problema poderaacute ser
atendido no Ambulatoacuterio da Fisioterapia do Hospital das cliacutenicas gerenciado
pelo Prof Dr Celso Ricardo Fernandes de Carvalho
12 ndash Garantimos o compromisso do pesquisador de utilizar os dados e o
material coletado satildeo confidenciais e seraacute utilizado somente para esta pesquisa
Acredito ter sido suficientemente informado a respeito das informaccedilotildees
que li ou que foram lidas para mim descrevendo o estudo rdquoEfeitos do
alongamento da musculatura acessoacuteria respiratoacuteria com a teacutecnica de
contraccedilatildeo-relaxamento na mobilidade toraacutecica e capacidade psicossocial e
funcional de pacientes com doenccedila pulmonar obstrutiva crocircnicardquo
Eu discuti com o Prof Dr Celso Ricardo Fernandes de Carvalho ou
com o Dr Juliano Takashi Wada sobre a minha decisatildeo em participar nesse
estudo Ficaram claros para mim quais satildeo os propoacutesitos do estudo os
procedimentos a serem realizados seus desconfortos e riscos as garantias de
confidencialidade e de esclarecimentos permanentes Ficou claro tambeacutem que
minha participaccedilatildeo eacute isenta de despesas e que tenho garantia do acesso a
tratamento hospitalar quando necessaacuterio Concordo voluntariamente em
participar deste estudo e poderei retirar o meu consentimento a qualquer
momento antes ou durante o mesmo sem penalidades ou prejuiacutezo ou perda
de qualquer benefiacutecio que eu possa ter adquirido ou no meu atendimento
neste Serviccedilo
-------------------------------------------------
Assinatura do pacienterepresentante legal Data
97
-------------------------------------------------------------------------
Assinatura da testemunha Data
Declaro que obtive de forma apropriada e voluntaacuteria o Consentimento Livre e
Esclarecido deste paciente ou representante legal para a participaccedilatildeo neste estudo
----------------------------------------------------------
Assinatura do responsaacutevel pelo estudo
Data
98
NCT 0236762
99
100
101
20-Nov-2014
CC Wada Juliano Borges-Santos Erickson Paisani
Denise Porras Desiderio Cukier Alberto Lunardi
Adriana Carvalho Celso
Dear Ms Wada
Your manuscript entitled Effect of respiratory muscle
stretching on thoracoabdominal kinematics and functional
capacity of patients with COPD a randomized and controlled
trial has been received online and is presently being
given full consideration for publication in CHEST Please
note that our editorial office will review your manuscript
before sending it to the Editor in Chief If there are
aspects that need to be fixed prior to peer review they
may return your paper to your Corresponding Author Center
and ask you to make some minor changes and resubmit it We
appreciate your understanding
Your manuscript ID is CHEST-14-2914
You may view the status of your manuscript at any time by
checking your Author Center after logging in
to httpsmcmanuscriptcentralcomchest
102
The journal strives to expedite the peer review process
however because we receive over 3400 submissions each year
the process may take up to 8 weeks to complete Please be
patient during this time and feel free to log in to check
your manuscript status
Please mention the above manuscript ID in all future
correspondence or when calling the office for questions If
there are any changes in your street address phonefax or
e-mail address please log in to ScholarOne Manuscripts
at httpsmcmanuscriptcentralcomchest and edit your
user information as appropriate
Thank you for choosing to submit your manuscript to CHEST
Sincerely
CHEST Editorial Office
Dados Internacionais de Catalogaccedilatildeo na Publicaccedilatildeo (CIP)
Preparada pela Biblioteca da
Faculdade de Medicina da Universidade de Satildeo Paulo
reproduccedilatildeo autorizada pelo autor
Wada Juliano Takashi
Efeito do alongamento da musculatura respiratoacuteria com a teacutecnica de alongamento
passivo e contraccedilatildeo-relaxamento na mecacircnica ventilatoacuteria e capacidade funcional de
pacientes com doenccedila pulmonar obstrutiva crocircnica Juliano Takashi Wada -- Satildeo
Paulo 2014
Dissertaccedilatildeo(mestrado)--Faculdade de Medicina da Universidade de Satildeo Paulo
Programa de Ciecircncias da Reabilitaccedilatildeo
Orientador Celson Ricardo Fernandes de Carvalho
Descritores 1Doenccedila pulmonar obstrutiva crocircnica 2Muacutesculos respiratoacuterios
3Exerciacutecios de alongamento muscular 4Mecacircnica respiratoacuteria 5Pletismografia
6Dispneia 7Eletromiografia
USPFMDBD-40614
iii
Dentro da noite que me rodeia
Negra como um poccedilo de lado a lado
Eu agradeccedilo aos deuses que existem
Por minha alma indomaacutevel
Sob as garras crueacuteis das circunstacircncias
Eu natildeo tremo e nem me desespero
Sob os duros golpes do acaso
Minha cabeccedila sangra mas natildeo se curva
Natildeo importa o quatildeo estreito seja o portatildeo
Quatildeo repleta de castigos seja a sentenccedila
Eu sou o dono do meu destino
Eu sou o capitatildeo da minha alma
(William Ernest Henley)
iv
DEDICATORIA
Aos meus pais Carlos Hirokata Wada e Marta Hiroko Wada exemplos de
vida admiraccedilatildeo e amor
Agraves minhas irmatildes Telma Miyuki Wada e Malu Wada verdadeiras
companheiras de vida me traz a plenitude
Agrave minha futura esposa Camilla Valeacuteria Lourenccedilo Silva me faz querer ser
um homem melhor todos os dias
Aos amigos colegas e a todas as pessoas que me ajudaram diretamente
ou indiretamente durante todo o processo que faz a vida ter mais sentido
v
AGRADECIMENTOS
Ao meu orientador Prof Dr Celso Ricardo Fernandes de Carvalho pela
oportunidade e confianccedila em mim depositada Apesar de termos passado
muitas intercorrecircncias ao longo destes 6 anos continuamos firmes Em alguns
momentos eu quis abaixar a cabeccedila e o senhor me ajudou a reerguecirc-la
Obrigado por me passar tantos conhecimentos e por me incentivar a ter prazer
pela pesquisa
Ao meu parceiro de pesquisa e grande amigo Me Ericksson Borges Santos
por me acompanhar por todos esses anos sem a sua ajuda jamais seria
possiacutevel concretizar este trabalho Iniciamos com muitas diferenccedilas e
permanecemos com elas mas soubemos conviver harmoniosamente pois a
fraqueza de um foi a qualidade do outro Hoje eu sei que estou terminando
outro ciclo na minha vida e saio deste momento com novos conhecimentos
mas muito mais que o tiacutetulo ganhei um amigo para a vida inteira
Agrave Prof (a) Dra Adriana Lunardi por toda a ajuda profissional e pessoal
durante o trabalho Eu enxergava em seus olhos a sua vontade de querer o
meu bem participando do nosso estudo me aconselhando Foram diversas
vezes que recebi as suas mensagens de preocupaccedilatildeo e incentivo Obrigado
por ser mais que uma amiga vocecirc foi a minha madrinha natildeo conseguiria ter
terminado sem a sua ajuda
vi
Agrave Dra Denise Paisane por toda a colaboraccedilatildeo ao longo do estudo Tenho
grande respeito e admiraccedilatildeo pela sua dedicaccedilatildeo profissional A sua
organizaccedilatildeo e seu empenho foram fundamentais ao longo do meu mestrado
Ao Dr Ronaldo Silva por todo o conhecimento e disponibilizaccedilatildeo para nos
ajudar durante o projeto Estava sempre disposto para realizar qualquer tipo de
tarefa sua humildade eacute inspiradora O seu conhecimento foi essencial para o
teacutermino da dissertaccedilatildeo
Ao Me Desiderio Cano por todo o conhecimento do OEP que nos foi
passado e pela sua disposiccedilatildeo em nos ajudar com a coleta e interpretaccedilatildeo dos
dados
Agrave Me Cibele Cristine Berto Marques da Silva pela disposiccedilatildeo em nos ajudar
durante as avaliaccedilotildees e pelas observaccedilotildees e correccedilotildees das apresentaccedilotildees
orais
Agrave Dra Renata Teixeira Nakata pela disponibilidade em nos ajudar na
avaliaccedilatildeo dos pacientes e nas correccedilotildees das apresentaccedilotildees orais
Ao Grupo LIFFE por todas as reuniotildees semanais foi uma grande troca de
conhecimentos O trabalho em equipe foram fundamentais para a
concretizaccedilatildeo do trabalho
vii
Aos profissionais do Ambulatoacuterio de Fisioterapia do Hospital das Cliacutenicas
pela compreensatildeo e auxiacutelio durante os protocolos de intervenccedilatildeo dos pacientes
do nosso projeto
Aos pacientes que participaram do estudo por todo o esforccedilo em continuar o
tratamento ateacute a sua conclusatildeo Muitos representaram uma liccedilatildeo de vida para
todos noacutes
Ao Ambulatoacuterio de Pneumologia do Hospital das Cliacutenicas pela parceria em
ceder os prontuaacuterios e os pacientes para o projeto Aleacutem compartilhar
harmoniozamente o mesmo espaccedilo para a triagem dos mesmos
Aos meus grandes amigos por todo apoio companheirismo risadas e
momentos que me mostram o verdadeiro sentido da palavra viver Carlos
Eduardo Hanash Rodrigo Petrone Ricardo Almeida Thiago Eduardo
Castanhon Ricardo Maeda Ricardo Domingos Felipe Calmon Thiago
Almeida Andreacute Fogolin Rodrigo Pizzi Caio Teixeira Marcelo Reina Erik
Terrabuio Marcus Sperandio Jonas Rastelli Mario Castro Carlos Eduardo
Sainz Gustavo Souza Gabriel Boal Rodrigo Guerzoni e Rafael Correa
SUMARIO
LISTA DE ABREVIATURASxi
LISTA DE FIGURASxiii
LISTA DE TABELASxviii
RESUMO xix
SUMMARYxxi
1 INTRODUCcedilAtildeO01
11 Definiccedilatildeo e Incidecircncias 02
12 Fisiopatologia 04
13 Sistema muacutesculo-esqueleacutetico 06
14 Diagnoacutestico e Sintomas07
15 Reabilitaccedilatildeo pulmonar09
16 Muacutesculos respiratoacuterios 10
17 Alongamento Muscular13
18 Meacutetodos para a anaacutelise da mecacircnica ventilatoacuteria17
19 Hipoacutetesehelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphellip19
2 OBJETIVOS20
21 Primaacuterio 21
22 Secundaacuterio 21
3 CASUIacuteSTICA E METODOS22
ix
31 Aspectos eacuteticos23
32 Casuiacutestica23
321 Criteacuterios de inclusatildeo23
322 Criteacuterios de exclusatildeo24
33 Delineamento experimental25
34 Intervenccedilatildeo26
341 Protocolo de alongamento do grupo tratado (GT)26
342 Protocolo de exerciacutecios do grupo controle (GC)32
343 Protocolo dos exerciacutecios aeroacutebicos35
35 Avaliaccedilotildees36
351 Caracterizaccedilatildeo Amostral36
352 Prova de funccedilatildeo pulmonar simples36
353 Padratildeo respiratoacuterio mobilidade e sincronia
toracoabdominal37
3531 Avaliaccedilatildeo do POE durante o exerciacutecio41
354 Atividade muscular respiratoacuteria43
355 Capacidade Funcional44
36 Anaacutelise Estatiacutestica45
4 RESULTADOS47
41 Cinemaacutetica toracoabdominal50
42 Atividade muscular54
43 Capacidade funcional e Dispneia56
x
5 DISCUSSAtildeO59
51 Cinemaacutetica toracoabdominal60
52 Atividade muscular63
53 Capacidade funcional e dispneia65
54 Limitaccedilotildees68
6 CONCLUSAtildeO70
7 REFEREcircNCIAS 72
8 ANEXOS90
xi
LISTA DE ABREVIATURAS
ABD Volume abdominal
ALAT Associaccedilatildeo Latino-Americana de Toacuterax
ATS American Thoracic Society
BORG Escala de dispneia
CPT Capacidade Pulmonar Total
CRF Capacidade Residual Funcional
CTABD Razatildeo entre a contribuiccedilatildeo da caixa toraacutecica e abdocircmen
CT Volume da caixa toraacutecica
CVF Capacidade vital forccedilada
DATASUS Departamento de informaacutetica do sistema uacutenico de sauacutede
DPOC Doenccedila pulmonar obstrutiva crocircnica
EMG Eletromiografia
EMGVt Razatildeo entre atividade muscular e o volume corrente total
F Feminino
FCMaacutex Frequecircncia cardiacuteaca maacutexima
FE Fluxo expiratoacuterio
FI Fluxo inspiratoacuterio
GC Grupo controle
GOLD Global initiative for chronic obstructive lung disease
GT Grupo tratado
HCFMUSP Hospital das Cliacutenicas da Faculdade de Medicina da Universidade
de Satildeo Paulo
xii
Hz Hertz
Kgm2 Kilograma por metro quadrado (unidade do IMC)
L Litros
M Masculino
mL Mililitros
mV Milivolt
mVL Milivolt por litro
O2 Oxigecircnio
OTG Oacutergatildeo tendinoso de Golgi
PaCO2 Pressatildeo parcial de gaacutes carbocircnico
POE Pletismoacutegrafo optoeletrocircnica
RP Reabilitaccedilatildeo pulmonar
SpO2 Saturaccedilatildeo Perifeacuterica de Oxigecircnio
TC6 Teste de caminhada dos 6 minutos
TI Volume do toacuterax inferior
TS Volume corrente do toacuterax superior
VE Volume minuto
VEF1 Volume expiratoacuterio forccedilado no primeiro segundo
VEF1CVF Relaccedilatildeo do volume expiratoacuterio forccedilado no primeiro segundo e
capacidade vital forccedilada
VR Volume Residual
Vt Volume corrente
WMaacutex Carga maacutexima em Watts
Δ Variaccedilatildeo
xiii
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 Desenho experimental25
Figura 2 Anatomia e teacutecnica de alongamento do peitoral maior28
Figura 3 Anatomia e teacutecnica de alongamento do escaleno28
Figura 4 Anatomia e a teacutecnica de alongamento do Esternocleidomastoideo29
Figura 5 Anatomia e a teacutecnica de alongamento do Trapeacutezio Superior30
Figura 6 Anatomia e a teacutecnica de alongamento do peitoral menor30
Figura 7 Anatomia e a teacutecnica de alongamento do Serraacutetil Anterior e
Intercostais31
Figura 8 Anatomia e a teacutecnica de alongamento dos muacutesculos
abdominais32
Figura 9 Anatomia e a teacutecnica de alongamento dos flexores do punho33
Figura 10 Anatomia e a teacutecnica de alongamento dos extensores do punho33
xiv
Figura11 Anatomia e a teacutecnica de alongamento dos extensores do
tornozelo34
Figura 12 Anatomia e a teacutecnica de alongamento dos muacutesculos dos flexores do
tornozelo35
Figura13 Imagem tridimensional gerada pelo OEP38
Figura14 Disposiccedilatildeo das 89 esferas reflexivas38
Figura15 Laboratoacuterio do POE com a disposiccedilatildeo das cacircmeras e da bicicleta40
Figura16 Captaccedilatildeo e anaacutelise dos dados do volume toracoabdominal40
Figura17 Paciente realizando a avaliaccedilatildeo com carga no cicloergocircmetro no
POE42
Figura 18 Desenho experimental da avaliaccedilatildeo do OEP42
Figura19 Eletromioacutegrafo da BTS Engeneering44
Figura 20 Fluxograma do estudo49
xv
Figura 21 Efeitos do alongamento muscular respiratoacuterio na mecacircnica
ventilatoacuteria durante o exerciacutecio Os dados foram apresentados em meacutedia e
desvio padratildeo representado pela diferenccedila (Δ) = poacutes- - preacute-intervenccedilatildeo Houve
um aumento estatisticamente significante do volume da CT e do ABD no GT O
exerciacutecio foi realizado com 25 da carga maacutexima predito na equaccedilatildeo de
Jones25 GC= Grupo Controle GT= Grupo Tratado CT= Caixa totaacutecica total
TS= Toacuterax superior TI= Toacuterax inferior ABD= Abdomen = p lt 005 GC vs GT
(teste t natildeo pareado)51
Figura 22 Efeitos do alongamento muscular respiratoacuterio no volume minuto
(VE) durante o exerciacutecio Os dados foram apresentados em meacutedia e desvio
padratildeo representado pela diferenccedila (Δ) = poacutes- - preacute-intervenccedilatildeo Ambas
apresentaram diferenccedilas houve um aumento estatisticamente significante de
4L no volume minuto (VE) no GT em relaccedilatildeo do GC O exerciacutecio foi realizado
com 25 da carga maacutexima predito na equaccedilatildeo de Jones25 GC= Grupo
Controle GT= Grupo Tratado = p lt 005 GC vs GT (teste t natildeo pareado)52
Figura 23 Efeitos do alongamento muscular respiratoacuterio no fluxo expiratoacuterio
(FE) durante o exerciacutecio Os dados foram apresentados em meacutedia e desvio
padratildeo representado pela diferenccedila (Δ) = poacutes- - preacute-intervenccedilatildeo Ambas
apresentaram diferenccedilas houve um aumento estatisticamente significante de
100mL no fluxo expiratoacuterio (FE) no GT em relaccedilatildeo do GC O exerciacutecio foi
realizado com 25 da carga maacutexima predito na equaccedilatildeo de Jones25 GC=
xvi
Grupo Controle GT= Grupo Tratado = p lt 005 GC vs GT (teste t natildeo
pareado)53
Figura 24 Efeitos do alongamento muscular respiratoacuterio na relaccedilatildeo da
contribuiccedilatildeo da caixa toraacutecica e abdocircmen (CTABD) durante o exerciacutecio Os
dados foram apresentados em meacutedia e desvio padratildeo representado pela
diferenccedila (Δ) = poacutes- - preacute-intervenccedilatildeo O exerciacutecio foi realizado com 25 da
carga maacutexima predito na equaccedilatildeo de Jones25 Foi observado a reduccedilatildeo
estatisticamente significante dos valores no GT em relaccedilatildeo do GC da relaccedilatildeo
CTAB que representa o aumento da mobilidade do compartimento abdominal
GC= Grupo Controle GT= Grupo Tratado CT= Participaccedilatildeo da caixa toraacutecica
ABD= Participaccedilatildeo abdominal = p lt 005 GC vs GT (teste t natildeo pareado)54
Figura 25 Efeitos do alongamento muscular respiratoacuterio na atividade
muscular Os dados foram apresentados em meacutedia e desvio padratildeo
representado pela diferenccedila (Δ) = poacutes- - preacute-intervenccedilatildeo Foi constatada uma
diminuiccedilatildeo estatisticamente significante da atividade dos muacutesculos
esternocleidomastoideo e intercostal superior no GT O exerciacutecio foi realizado
com 25 da carga maacutexima predito na equaccedilatildeo de Jones25 GC= Grupo
Controle GT= Grupo Tratado = p lt 005 GC vs GT (teste t natildeo pareado)55
Figura 26 Efeitos do alongamento muscular respiratoacuterio na relaccedilatildeo entre a
atividade muscular e o volume corrente (EMGVt) Os dados foram
apresentados em meacutedia e desvio padratildeo representado pela diferenccedila (Δ) =
xvii
poacutes- - preacute-intervenccedilatildeo Observou-se uma diminuiccedilatildeo estatisticamente
significante da EMGVt no GT O exerciacutecio foi realizado com 25 da carga
maacutexima predito na equaccedilatildeo de Jones25 GC= Grupo Controle GT= Grupo
Tratado = p lt 005 GC vs GT (teste t natildeo pareado) 56
Figura 27 Efeitos do alongamento muscular respiratoacuterio na escala de BORG
Os dados foram apresentados Os dados foram apresentados em meacutedia e
desvio padratildeo representado pela diferenccedila (Δ) = poacutes- - preacute-intervenccedilatildeo Apoacutes
o tratamento ambos apresentaram diminuiccedilatildeo da dispneia mas somente no GT
houve uma diminuiccedilatildeo na comparaccedilatildeo com o GC e com seus dados iniciais no
preacute exerciacutecio O exerciacutecio foi realizado com 25 da carga maacutexima predito na
equaccedilatildeo de Jones25 GC= Grupo Controle GT= Grupo Tratado BORG= Escala
de dispneia TC6= Teste de caminhada dos 6 minutos = p lt 005 preacute vs poacutes
intervenccedilatildeo +=plt005 GC vs GC) (teste t natildeo pareado)57
Figura 28 Os dados apresentados em (Δ) representam (poacutes intervenccedilatildeo ndash preacute
intervenccedilatildeo) No teste de caminhada dos 6 minutos (TC6) foi observada uma
diferenccedila clinicamente significante do TC6 no GT que obteve um aumento
meacutedio de 2514m e o GC de 65m O exerciacutecio foi realizado com 25 da carga
maacutexima predito na equaccedilatildeo de Jones25 GC= Grupo Controle GT= Grupo
Tratado TC6= Teste de caminhada dos 6 minutos ( =diferenccedila clinicamente
significante)58
xviii
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 Caracterizaccedilatildeo amostral basal dos pacientes do estudo50
xix
RESUMO
Efeitos do alongamento da musculatura respiratoacuteria pelas teacutecnicas de
alongamento passivo e contraccedilatildeo-relaxamento na mecacircnica ventilatoacuteria e
na capacidade funcional de pacientes com doenccedila pulmonar obstrutiva
crocircnica
Os pacientes com doenccedila pulmonar obstrutiva crocircnica (DPOC) devido agrave
obstruccedilatildeo brocircnquica e reduccedilatildeo da retraccedilatildeo elaacutestica pulmonar apresentam o
aumento do recrutamento da musculatura respiratoacuteria predispondo agrave
incoordenaccedilatildeo toracoabdominal aumentando o trabalho respiratoacuterio
provocando fadiga e dispneacuteia O alongamento dos muacutesculos respiratoacuterios
(AMR) poderia diminuir a atividade muscular melhorar a sua capacidade
contraacutetil e a mobilidade da caixa toraacutecica otimizando a ventilaccedilatildeo pulmonar
entretanto estes efeitos nos muacutesculos respiratoacuterios permanecem
desconhecidos Objetivo Avaliar os efeitos da adiccedilatildeo do AMR associados agrave
reabilitaccedilatildeo pulmonar na mecacircnica ventilatoacuteria na capacidade funcional e na
atividade muscular em pacientes com DPOC Meacutetodo Estudo randomizado e
controlado incluiu 30 pacientes com DPOC que foram distribuiacutedos
aleatoriamente para os grupos tratado (GT n = 15) e controle (GC n = 15)
Todos os pacientes foram submetidos a 24 sessotildees de treinamento aeroacutebico
duas vezes por semana Aleacutem disso o GT recebeu AMR e o GC recebeu o
alongamento dos membros superiores e inferiores antes dos exerciacutecios
aeroacutebicos Foram avaliados teste da capacidade funcional (teste de caminhada
xx
de 6 minutos TC6) mecacircnica toracoabdominal (pletismografia optoeletrocircnica
POE) e atividade muscular respiratoacuteria (eletromiografia de superfiacutecie EMG)
durante o exerciacutecio Os dados representam a variaccedilatildeo (Δ)=poacutes- - preacute-
avaliaccedilatildeo foi utilizado o teste t para comparar os grupos e o niacutevel de
significacircncia foi fixado em 5 Resultados O GT apresentou o aumento da
capacidade funcional (2514m +) com a reduccedilatildeo da sensaccedilatildeo de dispneia apoacutes
o TC6 (plt001) quando comparado ao GC Provavelmente estaacute relacionado
com a melhora do volume da caixa toraacutecica (plt001) capacidade ventilatoacuteria
(plt001) com o aumento do volume e da contribuiccedilatildeo do compartimento
abdominal (plt001) Observamos tambeacutem no GT a reduccedilatildeo da atividade
muscular (p lt001) com maior eficiecircncia ventilatoacuteria (plt0006) Conclusatildeo
Nossos resultados sugerem que a adiccedilatildeo do AMR no treinamento aeroacutebio
aumenta a capacidade funcional com diminuiccedilatildeo da dispneia melhora a
eficaacutecia da contraccedilatildeo muscular e da capacidade ventilatoacuteria devido agrave maior
participaccedilatildeo do compartimento abdominal em pacientes com DPOC
Descritores DPOC Muacutesculos Respiratoacuterios Alongamento Muscular
Mecacircnica Respiratoacuteria Plestimografia Dispneia Eletromiografia
xxi
SUMMARY
Effects of respiratory muscle stretching with passive and hold-relax
techniques on ventilatory mechanics and functional capacity in patients
with chronic obstructive pulmonary disease
Chronic obstructive pulmonary disease (COPD) patients due to bronchial
obstruction and reduced lung elastic recoil present increased in the recruitment
of respiratory muscles predisposing an thoracoabdominal incoordination major
breathing work causing fatigue and dyspnea The respiratory muscles
stretching (RMS) could decrease the muscle activity and improve their
contractile capacity chest wall mobility and optimize the pulmonary ventilation
however this effect remains unknown Objective To evaluate the effects of
adding the RMS associated with pulmonary rehabilitation in ventilatory
mechanics functional capacity and muscle activity in patients with COPD
Method Randomized and controlled trial enrolled 30 COPD patients who were
randomly allocated into treatment (TG n = 15) and control (CG n = 15) groups
All patients underwent 24 sessions of aerobic training twice a week In Addition
TG received RMS and CG received upper and lower limb stretching before
aerobic exercises Were evaluated functional capacity (6-minute walking
distance test 6MWDT) thoracoabdominal mechanics (optoelectronic
plethysmography OEP) and respiratory muscle activity (surface
electromyography EMG) during exercise The data represents the change (Δ) =
post- - pre-evaluation a t-test was used to compare the groups and the
xxii
significance level was set at 5 Results TG showed improvement in the
functional capacity (2514m +) with decrease of the dyspnea sensation after the
6MWDT (plt001) compared with CG Probably is related with increased of
chest wall volume (plt001) ventilatory capacity (plt001) volume and the
contribution of the abdominal compartment (plt001) We also observed in the
TG a reduction of respiratory muscle activity (plt001) and the ratio between
volume displaced (plt0006) Conclusion Our results suggest that the addition
of RMS to aerobic training increases the functional capacity with dyspnea
reduction improvement of efficacy of respiratory muscle contraction and
ventilatory capacity due to higher participation of the abdominal compartment in
patients with COPD
Descriptors COPD Respiratory Muscles Muscular Stretching Respiratory
Mechanics Plethysmography Dyspnea Electromyography
1 INTRODUCcedilAtildeO
2
11 Definiccedilatildeo e Incidecircncias
A doenccedila pulmonar obstrutiva crocircnica (DPOC) eacute definida como uma
patologia pulmonar previsiacutevel e trataacutevel caracterizada pela limitaccedilatildeo
persistente do fluxo aeacutereo aprisionamento aeacutereo e hiperinsuflaccedilatildeo com caraacuteter
de limitaccedilatildeo progressiva associados ao aumento da resposta inflamatoacuteria das
vias aeacutereas e dos pulmotildees decorrente da exposiccedilatildeo aos gases e partiacuteculas
nocivas (GOLD 2013) Os processos inflamatoacuterios causam alteraccedilotildees
brocircnquicas e destruiccedilatildeo do parecircnquima pulmonar que podem variar de
indiviacuteduo para indiviacuteduo resultando no decreacutescimo da elasticidade tecidual
pulmonar e diminuiccedilatildeo da capacidade ventilatoacuteria (Celli et al 2004 Laizo
2009)
A bronquite crocircnica e o enfisema pulmonar satildeo responsaacuteveis pela
denominaccedilatildeo da DPOC decorrente habitualmente do tabagismo embora
outras formas possam estar envolvidas em sua patogecircnese tal como a
deficiecircncia de micro1-antitripsina (Wood et al 2008) O enfisema pulmonar eacute
definido pelo aumento anormal e permanente dos espaccedilos aeacutereos distais do
bronquiacuteolo terminal acompanhado pela destruiccedilatildeo do parecircnquima pulmonar
Na ausecircncia de uma fibrose evidente o principal distuacuterbio funcional do enfisema
eacute a perda da retraccedilatildeo elaacutestica tecidual associada ao colabamento das vias
aeacutereas (Fabbri et al 2008) A bronquite crocircnica eacute definida clinicamente pela
presenccedila de tosse crocircnica com produccedilatildeo de secreccedilatildeo por vaacuterios dias da
semana por 3 meses em um ano por mais de 2 anos consecutivos Apresentam
3
edema e inflamaccedilatildeo da mucosa brocircnquica associada ao aumento do nuacutemero e
do tamanho das glacircndulas secretoras de muco e remodelaccedilatildeo estrutural
recorrente da parede dos brocircnquios (Figuero et al 2005) Evidenciam-se em
ambas a diminuiccedilatildeo da luz brocircnquica e limitaccedilatildeo da mobilidade da caixa
toraacutecica com diminuiccedilatildeo da capacidade respiratoacuteria caracterizando um
distuacuterbio ventilatoacuterio obstrutivo com aprisionamento aeacutereo geralmente grave e
irreversiacutevel (Colom et al 2006)
No Brasil a DPOC ocupa a 5ordf posiccedilatildeo entre as principais causas de
morte liacuteder em mortalidade entre as doenccedilas respiratoacuterias onde 290 mil
pacientes satildeo internados anualmente gerando um gasto importante ao sistema
de sauacutede do paiacutes Os dados de prevalecircncia obtidos ateacute o momento atraveacutes dos
questionaacuterios sintomatoloacutegicos permitiram estimar a DPOC em adultos maiores
de 40 anos em 12 dessa populaccedilatildeo ou seja 5500000 indiviacuteduos Tatildeo
importante quanto os gastos diretos satildeo os indiretos como os dias de trabalho
perdidos e aposentadoria precoce (II Consenso Brasileiro de DPOC 2004)
Associaccedilatildeo Latino-Americana de Toacuterax (ALAT) constituiacuteda pelo Brasil
Venezuela Meacutexico Uruguai e Chile desenvolveram um estudo chamado
PLATINO em 2006 com colaboraccedilatildeo da Burden of Obstructive Lung Disease
Se considerarmos os dados preliminares a prevalecircncia da DPOC varia de 6 a
158 da populaccedilatildeo brasileira com idade igual ou superior a 40 anos que
equivale a 2800000 a 6900000 indiviacuteduos dados estes que corroboram com
o Consenso Brasileiro de DPOC
4
O nuacutemero de oacutebitos tecircm aumentado nos uacuteltimos 20 anos em ambos os
sexos a taxa de mortalidade passou de 788 por 100000 habitantes na deacutecada
de 80 para 1904 por 100000 habitantes na deacutecada de 90 com um
crescimento de 230 (Laizo 2009) Segundo dados do DATASUS a DPOC
gerou no ano de 2010 no Sistema Nacional de Sauacutede Puacuteblica 141994
hospitalizaccedilotildees que levaram a 778428 dias de internaccedilatildeo O custo total dessas
internaccedilotildees foi de R$ 9243441551 e 7937 mortes diretamente relacionadas
com a DPOC Estima-se que ateacute 2025 75 das mortes prematuras
respiratoacuterias seratildeo provocadas pelo tabagismo (De Godoy et al 2007)
12 Fisiopatologia
A obstruccedilatildeo brocircnquica e a diminuiccedilatildeo do recolhimento elaacutestico
desencadeados pela doenccedila alteram a mecacircnica pulmonar que desloca o
ponto de igual pressatildeo das vias aeacutereas favorecendo o aprisionamento de ar
desencadeando a hiperinsuflaccedilatildeo e a diminuiccedilatildeo da capacidade respiratoacuteria
aos grandes esforccedilos subsequentemente ao repouso (Senol et al 2006
Fabbri et al 2008) A configuraccedilatildeo alterada da caixa toraacutecica deslocam os
muacutesculos respiratoacuterios (De Troyer 1997) inclusive o diafragma para uma
posiccedilatildeo de encurtamento e desvantagem mecacircnica prejudicando
gradativamente a mobilidade toracoabdominal levando ao aumento do trabalho
5
respiratoacuterio limitaccedilatildeo da ventilaccedilatildeo pulmonar e agravamento a sensaccedilatildeo de
dispneia (Yamaguti et al 2012 OacuteKroy et al 2000)
A limitaccedilatildeo do fluxo ventilatoacuterio faz com que a capacidade residual
funcional (CRF) se desloque em direccedilatildeo da capacidade pulmonar total (CPT)
A forccedila dos muacutesculos inspiratoacuterios eacute exigida para o aumento do volume mas a
contraccedilatildeo muscular eacute eficaz somente em esforccedilos leves e moderados A maior
demanda ventilatoacuteria obriga a CRF se deslocar ainda mais em direccedilatildeo agrave CPT e
a forccedila inspiratoacuteria natildeo tem capacidade de gerar o ganho volumeacutetrico
agravando a dispneia o que leva a interrupccedilatildeo do exerciacutecio (Calverley 2006)
A DPOC natildeo eacute somente uma doenccedila respiratoacuteria e sim sistecircmica a
hiperinsuflaccedilatildeo pulmonar afeta o sistema cardiovascular pois a alteraccedilatildeo da
pressatildeo intratoraacutecica reduz o enchimento cardiacuteaco e consequentemente o
deacutebito cardiacuteaco (Stark-leyva et al 2004) As disfunccedilotildees oacutesseas satildeo
decorrentes principalmente da inatividade fiacutesica do uso de corticoacuteesteroacuteides e
pela desnutriccedilatildeo (Ferguson et al 2009) assim como as neuropatias perifeacutericas
incluindo do nervo frecircnico ocasionando a depressatildeo da excitabilidade e da
conduccedilatildeo neural (Jann et al 1998) A hipoxemia possivelmente seja
responsaacutevel pelas alteraccedilotildees cognitivas que compromete a memoacuteria verbal e a
compreensatildeo (Dodd et al 2010) em contrapartida a depressatildeo e a ansiedade
satildeo associados principalmente agrave sensaccedilatildeo de desconforto respiratoacuterio e agrave
limitaccedilatildeo da atividade de vida diaacuteria (Wagena 2005) O refluxo gastroesofaacutegico
eacute outra alteraccedilatildeo que provavelmente seja decorrente da diminuiccedilatildeo da
capacidade contraacutetil muscular diafragmaacutetica pois com a sua horizontalizaccedilatildeo
6
perde-se a eficiecircncia contraacutetil e reduz da pressatildeo do esfiacutencter gastroesofaacutegico
(Hurst et al 2008 Boutou et al 2011) Dentre as alteraccedilotildees sistecircmicas da
DPOC o sistema muacutesculo-esqueleacutetico eacute um dos mais afetados e estaacute
relacionado com o agravamento da patologia e ao aumento do iacutendice de
mortalidade devido ao descondicionamento fiacutesico (Dourado et al 2006
Swallow et al 2007 Dodd et al 2012)
13 Sistema muacutesculo-esqueleacutetico
O sistema muacutesculo-esqueleacutetico eacute afetado pela inflamaccedilatildeo crocircnica
sistecircmica da DPOC processo que induz a liberaccedilatildeo de mediadores quiacutemicos
inflamatoacuterios acelerando a degradaccedilatildeo proteica e aumentando o estresse
oxidativo muscular (Andreassen e Vestbo 2003 Macintyre 2006) O transporte
de oxigecircnio para o citoplasma celular dos muacutesculos fica comprometido esse
oxigecircnio fica inutilizado por natildeo conseguir chegar de forma eficiente nas
mitococircndrias (Shrikrishna 2009 Barreiro 2013) As alteraccedilotildees metaboacutelicas
enzimaacuteticas e hormonais anaboacutelicas quando associadas agrave diminuiccedilatildeo dos
capilares sanguiacuteneos provocam a reduccedilatildeo das fibras musculares do tipo I e II
(Ries et al 2007 Strasser et al 2013) Devido a estes fatores todos os
muacutesculos inclusive os respiratoacuterios trabalham de forma anaeroacutebica ao miacutenimo
esforccedilo acumulando lactato ocasionando a fadiga precoce ao exerciacutecio e ao
descondicionamento sistecircmico (Wagena 2005 Hostettler et al 2011)
7
14 Diagnoacutestico e Sintomas
Para o diagnoacutestico eacute utilizado principalmente a espirometria por que a
obtenccedilatildeo da curva expiratoacuteria volume-tempo eacute obrigatoacuteria na suspeita cliacutenica
de DPOC devendo ser realizada antes e apoacutes administraccedilatildeo de
broncodilatador na fase estaacutevel da doenccedila A espirometria permite a avaliaccedilatildeo
de uma multiplicidade de paracircmetros poreacutem os mais importantes do ponto de
vista de aplicaccedilatildeo cliacutenica satildeo a CVF (capacidade vital forccedilada) o VEF1 (volume
expiratoacuterio forccedilado no primeiro segundo) e a relaccedilatildeo sua relaccedilatildeo (VEF1CVF)
A existecircncia da limitaccedilatildeo do fluxo aeacutereo eacute definida pela presenccedila da relaccedilatildeo
VEF1CVF abaixo de 070 poacutes-broncodilatador e pelos dados de VEF1 ge 80
do predito (leve) ge 50 e lt 80 do predito (moderado) e ge 30 e lt 50 do
predito (grave) (GOLD 2013)
A DPOC apresenta tambeacutem o aumento do volume residual (VR) da
capacidade pulmonar total (CPT) e da capacidade residual funcional (CRF)
(Camargo et al 2008) Deve-se solicitar o exame radioloacutegico de forma rotineira
nas posiccedilotildees poacutestero-anterior e perfil mas dificilmente seraacute utilizado para o
diagnoacutestico da doenccedila e sim para descartar outras patologias como a
neoplasias bolhas e para acompanhar o prognoacutestico da doenccedila (II Consenso
Brasileiro sobre Doenccedila Pulmonar Obstrutiva Crocircnica 2004)
A presenccedila de sintomas respiratoacuterios crocircnicos no paciente com haacutebito
tabaacutegico (cigarro cigarrilha cachimbo charuto) deve levar a suspeita cliacutenica da
8
DPOC O tabagismo eacute considerado um problema de sauacutede puacuteblica e satildeo
atribuiacutedos a esse viacutecio 90 dos casos de cancro no pulmatildeo 86 de bronquite
e enfisema 25 dos processos isquecircmicos do coraccedilatildeo e 30 dos cancros
extrapulmonares (Laizo 2009) A tosse o chiado e a dispneia estatildeo
frequentemente presentes tendo sido relatado em 83 dos casos (Nishimura
et al 2002 Laveneziana et al 2011)
A dispneia eacute o sintoma mais importante dos pacientes com DPOC
Montaldo et al (2000) acreditam que os estiacutemulos aferentes provenientes das
tensotildees do sistema muacutesculo-esqueleacutetico da regiatildeo toracoabdominal apoacutes
serem processados nos centros respiratoacuterios aumentam a percepccedilatildeo da
dispneia (Breslin et al 1998) Outro fator satildeo os estiacutemulos dos quimioceptores
sensiacuteveis agraves variaccedilotildees de PaCO2 e agraves alteraccedilotildees dos mecanoceptores
articulares e musculares da caixa toraacutecica (Burki e Lee 2010) Classicamente
o instrumento mais utilizado para avaliaccedilatildeo da dispneia eacute a escala modificada
de Borg (1982) a sensaccedilatildeo de falta de ar estaacute associada com a incapacidade
fiacutesica piora da qualidade de vida e do prognoacutestico cliacutenico Os pacientes
normalmente referem os sintomas em uma fase mais avanccedilada da doenccedila e
frequentemente relaciona a limitaccedilatildeo das atividades ao descondicionamento
muscular perifeacuterico (Castro et al 2012)
Szczegielniak et al (2011) demonstraram que os exerciacutecios aeroacutebicos
reduzem os niacuteveis inflamatoacuterios caracteriacutesticos da DPOC e melhora o
condicionamento fiacutesico permitindo a melhora das atividades diaacuterias Por esta
9
razatildeo cada vez mais a reabilitaccedilatildeo pulmonar vem adquirindo mais importacircncia
no acircmbito cientiacutefico
15 Reabilitaccedilatildeo pulmonar
A reabilitaccedilatildeo pulmonar (RP) eacute um programa baseado em evidecircncias
constituiacutedo pelo treinamento aeroacutebico e resistido associado aos programas
educacionais intervenccedilotildees nutricionais e suporte psicoloacutegico para os pacientes
com DPOC O objetivo eacute otimizar a performance fiacutesica funcional social
psicoloacutegica e autonocircmica dos pacientes Eacute realizada por uma equipe
multidisciplinar composta por meacutedicos fisioterapeutas enfermeiros
nutricionistas psicoacutelogos terapeutas ocupacionais e assistentes sociais (ATS
2013) Eacute capaz de auxiliar na atenuaccedilatildeo das limitaccedilotildees do sistema
musculoesqueleacutetico por isso melhora a qualidade de vida e garante o maacuteximo
da sua independecircncia e funcionalidade em seu meio (Carrieri-Kohlman et al
2005 Garcia-Aymerich et al 2006 Ries et al 2007)
O treinamento aeroacutebico realizado em bicicleta ou esteira ergomeacutetrica eacute o
principal componente da RP conforme observados em alguns estudos ele
promove o aumento do tamanho das fibras do tipo I e na quantidade de
capilares musculares em DPOC (Montes de Oca et al 2005) A intensidade
pode ser ajustada pela frequecircncia cardiacuteaca ou pelo teste de caminhada
(Figueiredo e Guimaratildees 2009) sendo necessaacuterio no miacutenimo 10 semanas de
10
intervenccedilatildeo com 2 sessotildees semanais (Rossi et al 2005) Mas os indiviacuteduos
apresentam respostas diferentes quando submetidos agrave RP sobretudo nos
fatores que limitam o exerciacutecio fiacutesico Plankell et al (2005) realizaram um
estudo e constataram que pacientes soacute apresentam um bom condicionamento
cardiorrespiratoacuterio quando realizava exerciacutecios aeroacutebicos de alta intensidade
A RP tem sido reconhecida nos uacuteltimos anos como parte fundamental do
tratamento da DPOC pois oferece inuacutemeros estudos com resultados positivos
para os pacientes Dentre eles a melhora da toleracircncia ao exerciacutecio (Yoshimi
et al 2012) reduccedilatildeo da demanda ventilatoacuteria em esforccedilo submaacuteximo melhora
da eficiecircncia do trabalho diminuiccedilatildeo da dispneia e melhora da atividade de
vida diaacuteria (Godoy et al 2009) Apesar dos benefiacutecios nos pacientes com
DPOC ateacute o presente momento nenhum exerciacutecio conseguiu atuar
eficientemente na mecacircnica ventilatoacuteria (Georgiadou et al 2007) Por esta
razatildeo alguns estudos buscaram outras alternativas para interferir diretamente
nos muacutesculos respiratoacuterios com o objetivo de potencializar os efeitos positivos
jaacute demonstrados pela RP
16 Muacutesculos respiratoacuterios
O diafragma eacute o principal muacutesculo respiratoacuterio durante a inspiraccedilatildeo
realiza a contraccedilatildeo das cuacutepulas diafragmaacuteticas que descendem e gera um
aumento da pressatildeo intra-abdominal que serve de sustentaccedilatildeo para a
11
expansatildeo da caixa toraacutecica potencializada pela associaccedilatildeo da contraccedilatildeo dos
muacutesculos respiratoacuterios (Man et al 2012) Tem sido demonstrado na literatura
encurtamento em torno de 28 a 40 do diafragma na DPOC fato este que
compromete a mobilidade e funcionalidade toracoabdominal com repercussatildeo
na capacidade ventilatoacuteria e na tensatildeo dos muacutesculos da caixa toraacutecica de
forma de compensatoacuteria a diminuiccedilatildeo da contraccedilatildeo diafragmaacutetica (Iwasawa et
al 2002 Vilaroacute et al 2010)
Os principais muacutesculos acessoacuterios respiratoacuterios satildeo o peitoral menor
escalenos esternocleidomastoacuteideo intercostais e abdominais avaliados pela
eletromiografia (Gandevia et al 2006 Duiverman et al 2004) eles participam
na fase inspiratoacuteria favorecendo a expansatildeo da caixa toraacutecica pela traccedilatildeo
costal (De Troyer et al 1994 Taylor et al 1990) Durante a inspiraccedilatildeo forccedilada
outros muacutesculos satildeo solicitados como o peitoral maior e o trapeacutezio (Putt et al
2008) Estudos mais recentes tecircm demonstrado que a atividade muscular do
esternocleidomastoacuterideo intercostais peitoral menor latiacutessimo do dorso e dos
escalenos tanto em condiccedilotildees de repouso quanto no exerciacutecio satildeo maiores em
pacientes com DPOC quando comparada aos indiviacuteduos sadios (Donaldson et
al 2012) Os muacutesculos abdominais desempenham um papel importante no
mecanismo expiratoacuterio e a sua contraccedilatildeo estaacute associada a outras musculaturas
expiratoacuterias que potencializam no mecanismo de depressatildeo costal para a saiacuteda
de ar (Georgiadou et al 2007)
Na DPOC os muacutesculos respiratoacuterios sustentam a contraccedilatildeo para
aumentar expansatildeo da caixa toraacutecica com o objetivo de incrementar o fluxo
12
ventilatoacuterio Essa diminuiccedilatildeo do comprimento das fibras musculares prejudica a
eficiecircncia da forccedila contraacutetil maacutexima pois perde a sobreposiccedilatildeo fisioloacutegica ideal
entre os filamentos de actina e miosina (Izumizaki et al 2008 Ito 1999)
aumentando o gasto energeacutetico e a fadiga durante os exerciacutecios fiacutesicos
(Kokkonen et al 2007 Gea et al 2013) Essas alteraccedilotildees de comprimento e
tensatildeo do sistema musculo-esqueleacutetico da regiatildeo toracoabdominal geram a
estimulaccedilatildeo mecanoceptoras locais (fusos musculares e os receptores
articulares) que alteram os estiacutemulos neuroloacutegicos aos centros motores e
respiratoacuterios (Montaldo et al 2000) Estes centros por sua vez desencadeiam
a mudanccedila da taxa de disparo do nervo frecircnico que controla a cadecircncia e a
frequecircncia da contraccedilatildeo diafragmaacutetica (Burki e Lee 2010)
A partir destes conceitos preacutevios da relaccedilatildeo entre a mobilidade e as
alteraccedilotildees sintomatoloacutegicas da patologia pulmonar estudos de intervenccedilatildeo nos
muacutesculos respiratoacuterios ganharam importacircncia cientiacutefica (ATS 2013) A teacutecnica
de alongamento muscular foi escolhida pela maioria pois veio de encontro aos
conceitos do aumento da mobilidade tecidual perdida na DPOC A maioria dos
trabalhos tiveram como objetivo principal aumentar a viscoelasticidade
muscular para gerar acomodaccedilatildeo dos mecanoceptores da caixa toraacutecica
sendo assim regularia os centros respiratoacuterios e consequentemente
melhoraria o trabalho respiratoacuterio com reduccedilatildeo dos sintomas (Manning e
Schwartzstein 1995 Montaldo et al 2000)
13
17 Alongamento Muscular
Bonnar et al (2004) consideram que o alongamento busca aumentar o
espaccedilo entre os filamentos de actina e miosina com o objetivo de devolver a
sobreposiccedilatildeo fisioloacutegica ideal da actina e miosina para potencializar a
capacidade contraacutetil muscular (Shrier 2004 Izumizaki et al 2008) O
alongamento pode regular o mecanismo contraacutetil a partir do equiliacutebrio do caacutelcio
citoplasmaacutetico pela ativaccedilatildeo do retiacuteculo sarcoplasmaacutetico (Nakamura et al
2012) aleacutem de promover a diminuiccedilatildeo da tensatildeo tecidual pela remodelaccedilatildeo
dos fibroblastos (Riley e Van Dyke 2012) Kokonnen (2007) constataram que o
tambeacutem diminui o torque muscular sem alteraccedilatildeo significante da amplitude
articular de forma aguda mas quando realizado de forma regular os muacutesculos
apresentaram uma melhora na velocidade de contraccedilatildeo forccedila e endurance
muscular aleacutem de melhorar a amplitude de movimento
No iniacutecio do seacuteculo 20 Sherrington definiu os primeiros conceitos da
facilitaccedilatildeo e inibiccedilatildeo autogecircnica a partir destes fundamentos foram
desenvolvidas diversas teacutecnicas de alongamento muscular A inibiccedilatildeo
autogecircnica eacute um dos principais mecanismos neurofisioloacutegicos do alongamento
que consiste na reduccedilatildeo da excitabilidade motora a partir de uma contraccedilatildeo ou
alongamento muscular (Bonnar et al 2004) Esse efeito eacute atribuiacutedo
primeiramente pelos fusos neuromusculares que desencadeiam respostas
musculares particulares para cada tipo de estiacutemulo Isto eacute agudamente o
alongamento causa a estimulaccedilatildeo intensa e abrupta dos nervos sensitivos que
14
desencadeia uma resposta medular eferente motora das fibras extra-fusais
gerando a aumento da atividade muscular e contraccedilatildeo intensa com restriccedilatildeo
da mobilidade tecidual (Morse et al 2008 Mukherjee et al 2010 McHugh et
al 2010) Para a intervenccedilatildeo crocircnica onde satildeo realizadas diversas sessotildees
de alongamentos existe uma remodelaccedilatildeo maior das propriedades
viscoelaacutesticas (tixotroacutepicas) do tecido conjuntivo que envolve as fibras
musculares com isso a limiar excitatoacuterio do fuso neuromuscular diminui e o
estiacutemulo contraacutetil tensional eferente tambeacutem (Taylor et al 1990 Izumizaki et
al 2006)
O mecanismo contraacuterio ao fuso neuromuscular satildeo as estimulaccedilotildees dos
receptores musculotendineos chamados de oacutergatildeos tendinosos de Golgi (OTG)
A partir da tensatildeo em estiramento do alongamento na regiatildeo miotendiacutenea
desencadeia um potencial de accedilatildeo sensitivo do OTG que inibe a atividade
muscular via nervos eferentes motores A intensidade desse mecanismo
inibitoacuterio estaacute relacionado com o tamanho da superfiacutecie tendiacutenea e com a
quantidade de tensatildeo exercida sobre ela Acreditava-se que somente em
tensatildeo abruptas ou grande intensidade estimularia o OTG ou seja que
atuaria somente em situaccedilotildees de grande estresse tecidual Mas os uacuteltimos
estudos apontam que o OTG aleacutem de atuar em situaccedilotildees de sobrecarga a sua
accedilatildeo eacute constante com o objetivo de inibir o mecanismo contraacutetil voluntaacuterio e
protetor do fuso neuromuscular (Mukherjee e Chakravarty 2012) Com o ganho
da viscoelasticidade do tecido conjuntivo ele tambeacutem causa acomodaccedilatildeo do
OTG assim como nos fusos e isso pode acarretar na alteraccedilatildeo da accedilatildeo
inibitoacuteria pois o limiar de disparo pela tensatildeo pode diminuir ou aumentar
15
dependendo da anatomia musculotendiacutenea do muacutesculo tratado (Hindle et al
2012)
Para obter uma resposta positiva do alongamento eacute recomendado
realizaacute-lo sustentando por no miacutenimo 30 segundos duas vezes por semana por
6 semanas (Reid e Mcnair 2004 Decicco e Fisher 2005 Magnusson et al
1996) Dentre as diversas teacutecnicas a contraccedilatildeo-relaxamento apresenta a maior
eficaacutecia no ganho da excursatildeo muscular a teacutecnica se baseia na associaccedilatildeo do
alongamento passivo intercaladas com contraccedilatildeo isomeacutetricas (Holcomb 2000)
Alguns estudos tecircm verificado os efeitos do alongamento dos muacutesculos
respiratoacuterios em pacientes com DPOC O primeiro trabalho de maior relevacircncia
foi de Ito et al (1999) eles observaram a melhora da funccedilatildeo pulmonar e da
dispneia em 16 sujeitos com DPOC que receberam o alongamento quando
comparados ao grupo que realizaram exerciacutecios diafragmaacuteticos assim como
Minoguchi et al (2002) com o diferencial que eles realizaram a intervenccedilatildeo
crocircnica (1 mecircs) em 12 pacientes Contrariando estes resultados Izumizaki et al
(2006 e 2008) realizaram o protocolo de intervenccedilatildeo aguda de alongamento
muscular da caixa toraacutecica com 10 e 14 pacientes respectivamente e
constataram uma diminuiccedilatildeo da funccedilatildeo pulmonar e sem alteraccedilatildeo da dispneia
Outros trabalhos com o mesmo conceito de intervenccedilatildeo constataram o
aumento da mobilidade toracoabdominal avaliados pela cirtometria associados
agrave melhora da capacidade funcional (Paulin et al 2005 Luularungrayub et al
2009) Mas os trabalhos de Noll et al (2008 e 2009) de intervenccedilatildeo crocircnica e
aguda respectivamente apoacutes o mesmo protocolo de tratamento muscular
16
demonstraram piora da mobilidade e da capacidade funcional Atualmente soacute
existe um estudo na literatura de Cunha et al (2005) que avaliaram a
atividade muscular respiratoacuteria com eletromiografia de superfiacutecie apoacutes a
intervenccedilatildeo nos pacientes com DPOC e apresentou melhoras nos paracircmetros
avaliados
Devido aos dados contraditoacuterios dos efeitos do alongamento dos
muacutesculos da caixa toraacutecica presente na literatura Heneghan et al (2012)
concluiacuteram em sua revisatildeo sistemaacutetica que atualmente natildeo existem evidecircncias
que suportem os benefiacutecios deste tipo de intervenccedilatildeo em pacientes com DPOC
Apesar da importacircncia que os estudos preacutevios representaram para a
comunidade cientiacutefica eles apresentaram limitaccedilotildees metodoloacutegicas
importantes pois poucos satildeo os estudos controlados e aleatorizados e tambeacutem
a aleatorizaccedilatildeo dos pacientes raramente satildeo descritas Outro ponto importante
a ser destacado eacute o fato de realizarem a intervenccedilatildeo com avaliaccedilatildeo aguda
estudos recentes demonstraram que muacutesculo se comporta diferente quando
comparado com a intervenccedilatildeo crocircnica Aleacutem disso os trabalhos utilizaram
ferramentas de avaliaccedilatildeo da mobilidade toracoabdominal de pouca acuraacutecia
como a cirtometria e atualmente com os avanccedilos tecnoloacutegicos existem
sistemas mais avanccedilados como o pletismoacutegrafo optoeletocircnico (POE) para a
avaliaccedilatildeo da mecacircnica ventilatoacuteria (Aliverti et al 2000)
17
18 Meacutetodos para a anaacutelise da mecacircnica ventilatoacuteria
A avaliaccedilatildeo dos padrotildees respiratoacuterios eacute importante para a melhor
compreensatildeo da mecacircnica respiratoacuteria visando o desenvolvimento e a melhor
compreensatildeo dos tratamentos fisioterapecircuticos aleacutem de contribuir para as
pesquisas cientiacuteficas (Parreira et al 2012) Existem alguns meacutetodos validados
que quantifica a mobilidade toracoabdominal como a pletismografia por
indutacircncia (Respitrace) eacute um aparelho composto por faixas elaacutesticas sensiacuteveis
agrave tensatildeo e compressatildeo posicionadas ao redor da caixa toraacutecia e abdominal
Elas satildeo conectadas a um moacutedulo oscilador e uma unidade de calibraccedilatildeo os
dados do movimento das faixas satildeo coletados e atraveacutes de um software
analisados em tempo real as variaacuteveis da mecacircnica ventilatoacuteria (Gosselink et
al 1995 Costa et al 2011 Fernandes et al 2011)
Para a avaliaccedilatildeo da expansibilidade os estudos ainda utilizam a
cirtometria que atraveacutes de uma fita meacutetrica mensura-se o diacircmetro da regiatildeo
axilar xifoide e abdominal durante a inspiraccedilatildeo e expiraccedilatildeo maacutexima Satildeo
quantificados a excursatildeo em centiacutemetros atualmente natildeo eacute considerado um
exame fidedigno devido agrave analise subjetiva dos paracircmetros avaliados (Rondelli
et al 2009)
Com o avanccedilo tecnoloacutegico foi desenvolvido o Pletismoacutegrafo
Optoeletrocircnico (POE) Seu funcionamento baseia-se na anaacutelise do movimento
detectado a partir de marcadores compostos por esferas reflexivas de 6 a 10
miliacutemetros (Dellacagraversquo et al 2010) posicionados na regiatildeo anterior e posterior da
superfiacutecie toracoabdominal (Romagnoli et al 2008 Bianchi et al 2007) O
18
deslocamento das esferas satildeo captadas atraveacutes de cacircmeras especiais que
possuem diodos axiais que emitem feixes luzes infravermelho que eacute refletido
por cada marcador Apoacutes o sinal ser processado satildeo identificados o
posicionamento das esferas na superfiacutecie a partir do cruzamento das
informaccedilotildees de cada cacircmera bidimensional os dados satildeo transformados em
coordenadas tridimensionais (Boudarham et al 2013)
O POE possui algumas vantagens dentre elas eacute um meacutetodo natildeo
invasivo natildeo necessita de clipe nasal maacutescaras ou qualquer similar de
calibraccedilatildeo simples e as avaliaccedilotildees podem ser realizadas em vaacuterias posturas
(Alliverti et al 2000) diferentes condiccedilotildees e em diversas disfunccedilotildees e
patologias (Vogiatzis et al 2005 Bianchi et al 2004) Este meacutetodo natildeo possui
diferenccedilas significativas nos dados quando comparados com outros meacutetodos
de diagnoacutestico da mecacircnica toracoabdominal (Aliverti 2008 Layton et al
2013) Eacute possiacutevel mensurar a cada ciclo respiratoacuterio variaacuteveis de volume e de
tempo dos trecircs compartimentos da parede toraacutecica e dos dois hemitoacuterax aleacutem
das variaacuteveis de assincronia toracoabdominal (Romagnoli et al 2008 Aliverti
et al 2010 Boudarham et al 2013) Por todas essas razotildees o POE tem
ganhado grande destaque nos uacuteltimos anos nas pesquisas sobre a mecacircnica
toracoabdominal mas por ser uma tecnologia recente ainda carece de mais
estudos
Os trabalhos que relacionaram os efeitos do alongamento dos muacutesculos
respiratoacuterios na DPOC ainda satildeo escassos de baixo rigor metodoloacutegico e ateacute
entatildeo nenhum existe nenhum trabalho foi avaliado pelo POE Os efeitos
19
destas teacutecnicas associadas ao exerciacutecio aeroacutebico e o seu impacto na mecacircnica
ventilatoacuteria permanecem desconhecidos Sendo assim parece relevante
verificar a influecircncia dos alongamentos associados ao exerciacutecio aeroacutebico na
mecacircnica ventilatoacuteria e na capacidade funcional dos pacientes com DPOC
19 Hipoacutetese
O alongamento dos muacutesculos respiratoacuterios potencializaria a capacidade
contraacutetil e a excursatildeo dos muacutesculos respiratoacuterios que resultaria na melhora da
mobilidade toracoabdominal e possivelmente no aumento da capacidade
ventilatoacuteria Com isso os pacientes com DPOC conseguiriam realizar a
atividade fiacutesica desencadeando menos dispneia
2 OBJETIVOS
21
21 Primaacuterio
Avaliar os efeitos do alongamento dos muacutesculos respiratoacuterios
associados ao treinamento aeroacutebico na mecacircnica ventilatoacuteria e na capacidade
funcional em indiviacuteduos portadores de DPOC com graus moderado e grave
durante o exerciacutecio comparado ao grupo controle (sham)
22 Secundaacuterio
Avaliar a atividade muscular eficiecircncia muscular e mobilidade abdominal
e observar se os dados obtidos possuem alguma relaccedilatildeo com as variaacuteveis
principais
3 CASUIacuteSTICA E METODOS
23
31 Aspectos eacuteticos
A pesquisa foi aprovada pelo Comitecirc de Eacutetica (Cappesq) do Hospital das
Cliacutenicas da Faculdade de Medicina da Universidade de Satildeo Paulo (HCFMUSP)
sob o no 129509 e todos os pacientes assinaram o Termo de Consentimento
Livre e Esclarecido concordando em participar da pesquisa O estudo foi
registrado no Clinical Trials (NCT02036762)
32 Casuiacutestica
Foram analisados 28 pacientes portadores de DPOC com grau de
obstruccedilatildeo moderada a grave em seguimento cliacutenico no ambulatoacuterio de
pneumologia do HCFMUSP O diagnoacutestico de DPOC foi estabelecido de
acordo com os criteacuterios recomendados pela American Toracic Society (ATS
2013)
321 Criteacuterios de inclusatildeo
Foram estudados pacientes portadores de DPOC que aceitaram
participar do estudo com autorizaccedilatildeo por escrito com grau de obstruccedilatildeo de
moderado (VEF1 ge 50 e lt 80 previsto) a grave (VEF1 ge 30 e lt 50
24
previsto) e VEF1CVF lt 070 diagnoacutesticado haacute no miacutenimo 6 meses com
estabilidade cliacutenica por pelo menos 1 mecircs em condiccedilatildeo cliacutenico medicamentosa
otimizada de acordo com os criteacuterios do GOLD (GOLD 2013) Os criteacuterios de
inclusatildeo foram (1) idade gt40 anos (2) clinicamente estaacuteveis (sem alteraccedilotildees
medicamentosas ou agravamento dos sintomas haacute pelo menos 4 semanas
antes do iniacutecio do estudo) (3) natildeo O2 dependente (4) ausecircncia de outras
pneumopatias e doenccedilas cardiovasculares associadas (5) ausecircncia de
cirurgias toraacutecicas (6) ausecircncia de deficiecircncias cognitivas fiacutesicas ou
comprometimento funcional que impossibilitasse a participaccedilatildeo no estudo (7)
IMC gt18 e lt30 Kgm2 (8) natildeo ter sido submetido a qualquer tipo de programa
de reabilitaccedilatildeo pulmonar nos uacuteltimos 6 meses
322 Criteacuterios de exclusatildeo
Os criteacuterios de exclusatildeo foram (1) descompensaccedilatildeo do quadro cliacutenico
(internaccedilatildeo com agravamentos dos sintomas e alteraccedilatildeo medicamentosa) e (2)
natildeo assiduidade ao tratamento (faltas superiores a 3 sessotildees) Durante todo o
estudo natildeo houve alteraccedilatildeo do tratamento medicamentoso do paciente
25
Figura 1 Desenho experimental
33 Delineamento experimental
Ensaio cliacutenico prospectivo aleatorizado controlado e de avaliador ldquocegordquo
Os pacientes participantes foram alocados em uma proporccedilatildeo de 11 nos
grupos tratamento (GT) ou controle (GC) (n=15 cada) A aleatorizaccedilatildeo foi feita
por sorteio dos pacientes em envelopes pardos e opacos
Todos os pacientes foram avaliados em 2 momentos distintos preacute (1ordf
avaliaccedilatildeo) e poacutes (2ordf avaliaccedilatildeo) programa de exerciacutecios aeroacutebicos associado ao
26
alongamento muscular A 1ordf avaliaccedilatildeo foi realizada em apenas um dia e foi
anterior agrave aleatorizaccedilatildeo A avaliccedilatildeo incluiu anaacutelise da mecacircnica ventilatoacuteria e
atividade muscular respiratoacuteria (pletismografia optoeletrocircnica e eletromiografia
de superfiacutecie) durante o exerciacutecio com carga capacidade funcional (teste da
caminhada de seis minutos) e da prova de funccedilatildeo pulmonar (espirometria) para
a caracterizaccedilatildeo amostral A 2ordf avaliaccedilatildeo foi realizada pelo avaliador ldquocegordquo em
ateacute 7 dias apoacutes o teacutermino do programa de tratamento e constou das mesmas
avaliaccedilotildees descritas anteriormente
Apoacutes a 1ordf avaliaccedilatildeo os pacientes foram divididos aleatoriamente em 2
grupos O grupo controle (GC) realizou o alongamento ativo da musculatura
perifeacuterica (sham) associado ao programa de treinamento aeroacutebico em esteira
ergomeacutetrica e o grupo tratado (GT) realizou o alongamento da musculatura
acessoacuteria respiratoacuteria associado ao programa de treinamento aeroacutebico em
esteira ergomeacutetrica Os protocolos de intervenccedilatildeo tiveram a duraccedilatildeo de 24
sessotildees (60 minsessatildeo 2x semana por 3 meses) O treinamento aeroacutebico foi
realizado apoacutes os 30 minutos de alongamento da musculatura perifeacuterica (sham)
ou respiratoacuteria (tratamento) e teve a duraccedilatildeo de 30 minutos em cada sessatildeo
34 Intervenccedilatildeo
341 Protocolo de alongamento do grupo tratado (GT)
O protocolo de tratamento foi composto por uma seacuterie de alongamentos
para cada musculatura respiratoacuteria escolhida Foram realizadas 24 sessotildees (2
27
sessotildees semanais num periacuteodo de 3 meses) Cada sessatildeo teve duraccedilatildeo de
aproximadamente 30 minutos
Os alongamentos foram realizados em diferentes decuacutebitos de acordo
com a musculatura alongada Foram selecionadas duas teacutecnicas de
alongamento a contraccedilatildeo-relaxamento para a maioria dos muacutesculos
selecionados e nas musculaturas que apresentavam limitaccedilotildees biomecacircnicas
para a realizaccedilatildeo da teacutecnica de contraccedilatildeo-relaxamento foi substituiacutedo pelo
alongamento passivo
Cada seacuterie da teacutecnica de contraccedilatildeo-relaxamento consistiu
primeiramente na realizaccedilatildeo da amplitude maacutexima articular sustentado por 10
segundos seguida de uma contraccedilatildeo isomeacutetrica maacutexima por 3 segundos com
retomada ao alongamento passivo por mais 3 segundos este processo foi
repetido por 9 seacuteries para cada muacutesculo e a cada 3 seacuteries foi intercalado com
1 minuto de descanso (Bonnar et al 2004) O alongamento passivo foi
sustentado por 60 segundos em cada muacutesculo por trecircs vezes com intervalo
miacutenimo de um minuto (Siatras et al 2008) O posicionamento adequado e a
teacutecnica de alongamento seraacute detalhado a seguir
Peitoral maior Paciente em decuacutebito dorsal o terapeuta posicionou-se
do lado homolateral do muacutesculo alongado primeiramente foi realizado a
abduccedilatildeo de 90o do ombro associado agrave extensatildeo horizontal e rotaccedilatildeo externa
maacutexima do ombro com flexatildeo de 90o do cotovelo O terapeuta apoiou uma matildeo
no cotovelo e a outra no esterno para a estabilizaccedilatildeo com a matildeo distal foi
realizado o alongamento maacuteximo em extensatildeo horizontal que iniciou a teacutecnica
28
de contraccedilatildeo-relaxamento com contraccedilatildeo no sentido da flexatildeo horizontal (Putt
et al 2008) (Figura 2)
Figura 2 Anatomia e teacutecnica de alongamento do peitoral maior
Escaleno Paciente em decuacutebito dorsal terapeuta posicionou-se acima
da cabeccedila do paciente e realizou a lateroflexatildeo cervical contralateral ao
muacutesculo alongado O terapeuta posicionou uma matildeo na regiatildeo occipital outra
estabilizou o ombro homolateral a lateroflexatildeo contralateral foi realizada ateacute
amplitude articular maacutexima do paciente que iniciou o alongamento de
contraccedilatildeo-relaxamento com contraccedilatildeo isomeacutetrica no sentido da lateroflexatildeo
homolateral (Cunha et al 2005) (Figura 3)
Figura 3 Anatomia e teacutecnica de alongamento do escaleno
29
Esternocleidomastoacuteideo Paciente em decuacutebito dorsal terapeuta se
posicionou acima da cabeccedila do paciente iniciou-se com a rotaccedilatildeo homolateral
ao muacutesculo alongado associado a uma extensatildeo da mesma O terapeuta
apoiou uma matildeo na regiatildeo temporal e a outra na regiatildeo esternal onde foi
realizado a depressatildeo e a estabilizaccedilatildeo distal muscular Apoacutes a amplitude
maacutexima articular do paciente que iniciou o alongamento de contraccedilatildeo-
relaxamento a contraccedilatildeo isomeacutetrica foi realizada no sentido da rotaccedilatildeo
contralateral e flexatildeo cervical durante a teacutecnica (Cunha et al 2005) (Figura 4)
Figura 4 Anatomia e a teacutecnica de alongamento do Esternocleidomastoideo
Trapeacutezio superior Paciente em decuacutebito dorsal terapeuta posicionou-se
acima da cabeccedila do paciente para realizar a rotaccedilatildeo e lateroflexatildeo contralateral
da cabeccedila associada a uma flexatildeo da mesma em conjunto com a depressatildeo do
ombro homolateral agrave musculatura alongada Apoacutes a amplitude articular maacutexima
iniciou-se o alongamento de contraccedilatildeo-relaxamento com contraccedilatildeo isomeacutetrica
em extensatildeo da cabeccedila (Heneghan et al 2012) (Figura 5)
30
Figura 5 Anatomia e a teacutecnica de alongamento do Trapeacutezio Superior
Peitoral menor Paciente em decuacutebito dorsal o terapeuta se posicionou
homolateralmente ao muacutesculo tratado uma matildeo no cotovelo onde foi realizada
a elevaccedilatildeo do ombro e outra na regiatildeo o gradil costal anterossuperior Elevou-
se o cotovelo ateacute o limite articular associada agrave depressatildeo das primeiras
costelas (3a 4a e 5a) a manobra foi mantida por 60 segundos e repetida trecircs
vezes intercaladas com um minuto de descanso (Putt et al 2008) (Figura 6)
Figura 6 Anatomia e a teacutecnica de alongamento do peitoral menor
31
Intercostais e serraacutetil anterior Paciente em decuacutebito lateral terapeuta
posicionou-se atraacutes do paciente uma matildeo no cotovelo e a outra no gradil
costal homolateral inferior O alongamento consistiu em realizar a depressatildeo
das costelas associada agrave abduccedilatildeo maacutexima do ombro foi mantido por 60
segundos e repetida trecircs vezes intercaladas com minuto de repouso (Izumizaki
et al 2008) (Figura 7)
Figura 7 Anatomia e a teacutecnica de alongamento do Serraacutetil Anterior e Intercostais
Abdominais Foi a uacutenica musculatura do grupo tratado que o paciente
realizou o alongamento ativo ele se posicionou em decuacutebito ventral o apoio foi
feito com as matildeos na maca extensatildeo bilateral dos cotovelos forccedilando a
extensatildeo do tronco associado agrave extensatildeo da cabeccedila ateacute a maacutexima amplitude
por 60 segundos foi repetida 3 vezes intercaladas com um minuto de descanso
(Rassier 2007) (Figura 8)
32
Figura 8 Anatomia e a teacutecnica de alongamento dos muacutesculos abdominais
342 Protocolo de exerciacutecios do grupo controle (GC)
O grupo controle (GC) realizou o alongamento ativo das musculaturas
das extremidades dos membros superiores e inferiores foram 2 exerciacutecios para
flexores e extensores do punho e 2 exerciacutecios para flexores e extensores do
tornozelo Foram realizadas 24 sessotildees consistidas por 2 sessotildees semanais
em um periacuteodo de 3 meses Cada sessatildeo teve duraccedilatildeo de aproximadamente
30 minutos (Siatras et al 2008)
Flexores do punho Os flexores satildeo compostos por 5 muacutesculos principais
flexores profundos dos dedos flexores superficiais dos dedos palmar longo
flexor radial carpo e flexor ulnar do carpo O paciente realizou a flexatildeo de 900
do ombro com o cotovelo extendido antebraccedilo supinado e extensatildeo do punho
com a matildeo espalmada A matildeo contralateral estabilizou a regiatildeo palmar do
membro superior alongado e foi efetuada a extensatildeo maacutexima do punho
sustentada por 60 segundos foram trecircs repeticcedilotildees intercaladas por um minuto
de descanso (Ylinen 2009) (Figura 9)
33
Figura 9 Teacutecnica de alongamento e anatomia dos flexores do punho
Extensores do punho Os extensores satildeo compostos por 4 muacutesculos
principais extensor dos dedos extensor ulnar do carpo extensor radial curto
do carpo extensor radial longo do carpo Primeiramente foi realizada a flexatildeo
de 900 do ombro com o cotovelo extendido antebraccedilo pronado e flexatildeo do
punho A matildeo contralateral estabilizou a regiatildeo dorsal da matildeo alongada em
flexatildeo maacutexima do punho por 60 segundos realizadas trecircs repeticcedilotildees
intercaladas por um minuto de descanso (Ylinen 2009) (Figura 10)
Figura 10 Teacutecnica de alongamento e anatomia dos extensores do punho
34
Dorsiflexores do tornozelo Os dorsiflexores do tornozelo satildeo compostos
por 3 muacutesculos principais tibial anterior extensor longo dos dedos extensor
longo do haacutelux Sentado com a perna cruzada a matildeo contralateral apoiou na
regiatildeo dorsal do peacute e a matildeo homolateral estabilizou o tornozelo O
alongamento consistiu em forccedilar a flexatildeo plantar maacutexima por 60 segundos
foram trecircs repeticcedilotildees intercaladas por um minuto de descanso (Ylinen 2009)
(Figura 12)
Figura11 Teacutecnica de alongamento e anatomia dos extensores do tornozelo
Flexores plantares do tornozelo Os flexores plantares do tornozelo satildeo
compostos por 7 muacutesculos principais gastrocnecircmio soacuteleo flexor longo dos
dedos flexor longo do haacutelux tibial posterior fibular longo e curto O paciente
em peacute apoiou as matildeos bilateralmente na parede com a perna contralateral agrave
frente e a homolateral em extensatildeo de quadril joelho e dorsiflexatildeo maacutexima do
35
tornozelo mantida por 60 segundos foram realizadas trecircs repeticcedilotildees
intercaladas por um minuto de descanso (Ylinen 2009) (Figura 11)
Figura 12 Muacutesculos dos flexores do tornozelo e o posicionamento do alongamento
343 Protocolo dos exerciacutecios aeroacutebicos
Todos os pacientes realizaram o exerciacutecio aeroacutebico na esteira
ergomeacutetrica por 30 minutos a intensidade inicial da primeira semana foi
ajustada para 60 da velocidade meacutedia obtida no teste de caminhada dos 6
minutos (TC6) Nas semanas subsequentes a velocidade foi gradativamente
aumentada ateacute atingir 85 da velocidade meacutedia no TC6 os pacientes
realizaram durante 5 minutos o aquecimento e o desaquecimento com
intensidade de 40 a 60 da velocidade do teste (Putt et al 2008 Figueiredo e
Guimaratildees et al 2008 Zainuldin et al 2007) O incremento da intensidade foi
baseado nos sinais vitais frequecircncia cardiacuteaca (FC) saturaccedilatildeo perifeacuterica de O2
36
(SpO2 entre 90 a 94) percepccedilatildeo da dispneia pela escala modificada de Borg
(entre 4-7 pontos) todos estes paracircmetros foram analisados a cada 4 minutos
durante o treinamento aeroacutebico ou seja com a estabilidade dos sinais vitais a
velocidade foi progressivamente recalculada e em alguns casos passaram dos
100 da velocidade meacutedia obtida no TC6 A pressatildeo arterial (PA) foi aferida
preacute e poacutes os exerciacutecios (Godoy et al 2005 Figueiredo e Guimaratildees 2009)
35 Avaliaccedilotildees
351 Caracterizaccedilatildeo Amostral
Os dados antropomeacutetricos foram coletados apoacutes a inclusatildeo dos
pacientes ao estudo idade altura peso iacutendice de massa corpoacuterea (IMC)
VEF1 VEF1CVF TC6 e iacutendice de prognoacutestico e mortalidade de Bode
352 Prova de funccedilatildeo pulmonar simples
A espirometria (Spirobank Medical International Research Roma Itaacutelia)
foi feita em todos os pacientes de acordo com os criteacuterios de reprodutibilidade e
aceitabilidade adotados pela American Thoracic Society e European
Respiratory Society (2005) Os valores preditos de normalidade jaacute haviam sido
previamente descritos (Pereira et al 2007) Foram aferidos o volume
expiratoacuterio no primeiro segundo (VEF1) e a sua relaccedilatildeo com a Capacidade vital
forccedilada (VEF1CVF) e aceitos trecircs testes com variaccedilatildeo inferior a 5 e foi
37
considerado o teste com maior valor Com esse teste foi determinado a
gravidade da obstruccedilatildeo pulmonar considerando o VEF1 como paracircmetro para
caracterizaccedilatildeo da amostra
353 Padratildeo respiratoacuterio mobilidade e sincronia toracoabdominal
A pletismografia optoeletrocircnica (POE System Milatildeo Itaacutelia) eacute um sistema
indireto e natildeo invasivo para a avaliaccedilatildeo da mecacircnica ventilatoacuteria mobilidade e
sincronia capaz de dividir em 3 compartimentos toacuterax superior inferior e
abdominal (Alvierti et al 2000) O sistema optoeletrocircnico evoluiu a partir do
desenvolvimento tecnoloacutegico do processamento de imagens que possibilitaram
a anaacutelise de muacuteltiplos pontos posicionados na superfiacutecie corporal Para o
desenvolvimento do POE foi necessaacuterio criar um sistema de anaacutelise
tridimensional do movimento chamado de ELITE (Elaborate di immagini
televisive) Inicialmente utilizaram 32 marcadores a fim de abranger maior
aacuterea da parede toraacutecica e posteriormente 86 marcadores (Cala et al 1996)
Gorini et al (1999) e Ferrigno et al (1994) encontraram uma medida mais
precisa dos paracircmetros ventilatoacuterios utilizando 89 marcadores que delimitaram
a superfiacutecie anatocircmica em trecircs compartimentos superior inferior e abdominal
utilizadas ateacute o presente momento
O funcionamento do POE baseia-se na anaacutelise automaacutetica do movimento
detectado a partir de marcadores compostos por esferas reflexivas de 6 a 10
miliacutemetros (Dellacagraversquo et al 2010) As 89 esferas estatildeo dispostas da seguinte
forma sete linhas horizontais cinco verticais duas meacutedio-axilares e sete
38
marcadores extras dispostas em toda entre a claviacutecula e a espinha iliacuteaca
anterossuperior e posteriormente ateacute a regiatildeo dos flancos laterais totalizando
37 marcadores anteriores 42 posteriores e dez laterais (Romagnoli et al 2008
Bianchi et al 2007) (Figuras 13 e 14)
Figura13 Imagem tridimensional gerada pelo OEP
Figura14 Disposiccedilatildeo das 89 esferas reflexivas
39
As cacircmeras especiais CCD (Charge Coupled Device) possuem diodos
axiais que emitem feixes luzes infravermelho que satildeo refletidas pelos
marcadores e assim pocircde ser captado pelas cacircmeras em tempo real (120Hz)
Este sinal foi processado atraveacutes das 8 cacircmeras presente na sala de avaliaccedilatildeo
e identificam o posicionamento de cada ponto da superfiacutecie toracoabdominal A
reconstruccedilatildeo da cinemaacutetica toracoabdominal foi feita pelo software SMART
que executou algoritmos em tempo real e computou as coordenadas
tridimensionais dos marcadores refletivos durante as coletas com POE (Binazzi
et al 2008 Aliverti 2010)
O sistema aplicou um modelo geomeacutetrico baseado na posiccedilatildeo dos
marcadores para descrever a superfiacutecie toracoabdominal e seus
compartimentos durante a coleta Apoacutes a reconstruccedilatildeo do modelo os dados
foram exportados como arquivos numeacutericos gerando colunas de dados
representando os sinais por amostras tempo posiccedilatildeo dos marcadores e
volume facilitando a avaliaccedilatildeo dos sinais e aplicaccedilatildeo dos meacutetodos de
estimativa (Parreira et al 2012 Aliverti 2010)
40
Figura15 Laboratoacuterio do POE com a disposiccedilatildeo das cacircmeras e da bicicleta
Figura16 Captaccedilatildeo e anaacutelise dos dados do volume toracoabdominal
41
3531 Avaliaccedilatildeo do POE durante o exerciacutecio
Os sujeitos da pesquisa foram previamente orientados sobre os
procedimentos Inicialmente eles foram colocados sobre a bicicleta ergomeacutetrica
(Ergometrics 800 Sensormedics) e os 89 marcadores foram posicionados
sobre a superfiacutecie toracoabdominal (anterior e posterior) A foacutermula para o
caacutelculo da carga maacutexima foi descrita por Jones e colaboradores (1985) Wmax =
204 (altura) ndash 874 (idade) ndash 288 (gecircnero) ndash 1909 [28] foi utilizada 25 da
carga maacutexima o valor de gecircnero na foacutermula corresponde a 1 para mulheres e
0 para homens (Figura 17)
Durante a coleta o paciente foi orientado a manter 60 rotaccedilotildees por minuto
(RPM) (Vogiatzis et al 2005) Apoacutes 30 segundos de descanso foi realizada a
1ordm medida do POE em repouso (6 ciclos respiratoacuterios completos) depois o
paciente realizou o exerciacutecio sem carga por 3 minutos e posteriormente foi
realizada a 2ordm medida do POE (6 ciclos respiratoacuterios completos) Apoacutes este
periacuteodo iniciou-se o exerciacutecio com carga que foi incrementado de forma
proporcional durante 2 minutos ateacute atingir a carga programada e no final foi
realizada novamente a 3ordm medida do POE (6 ciclos respiratoacuterios completos) O
processo finalizou-se com um periacuteodo de recuperaccedilatildeo de 2 minutos com
exerciacutecio sem carga para o retorno dos sinais vitais (Figura 18)
Foram avaliados o volume corrente da caixa toraacutecica pulmonar (CT)
volume corrente do toacuterax superior (TS) volume corrente do toacuterax inferior (TI)
volume corrente abdominal (ABD) de tempo ventilaccedilatildeominuto (VE) fluxo
inspiratoacuterio (FI) e Fluxo expiratoacuterio (FE) participaccedilatildeo em porcentagem () dos
42
compartimentos do toacuterax superior (TS) toacuterax inferior (TI) e abdome
(ABD) (Romagnoli et al 2008 Aliverti et al 2008 Boudarham et al 2013)
A mobilidade do compartimento abdominal foi calculada pela relaccedilatildeo CTABD
no exerciacutecio com carga (Gosselink et al 1995) a reduccedilatildeo dos valores desta
relaccedilatildeo reflete a melhora da mobilidade abdominal (Yamaguti et al 2012)
Figura17 Paciente Realizando a avaliaccedilatildeo com carga no cicloergocircmetro no POE
Figura 18 Desenho experimental da avaliaccedilatildeo do OEP
43
354 Atividade muscular respiratoacuteria
A atividade dos muacutesculos respiratoacuterios foi avaliada atraveacutes da aquisiccedilatildeo
do sinal eletromiograacutefico de superfiacutecie (System BTSreg Milatildeo Itaacutelia)
simultaneamente agrave avaliaccedilatildeo da mecacircnica toracoabdominal pelo POE Foram
utilizados eletrodos circulares descartaacuteveis de AgAgCl com 10mm de diacircmetro
e um adesivo condutivo hidrogel colocados de forma a manter a distacircncia
intereletrodo de 20mm No local da fixaccedilatildeo dos eletrodos foram realizados
tricotomia quando necessaacuterio e fricccedilatildeo de gaze embebida em aacutelcool (70)
para remoccedilatildeo da gordura presente na superfiacutecie de contato com o objetivo de
diminuir a impedacircncia da pele (Dworak et al 2011)
Os eletrodos foram fixados no ventre muscular afastados do ponto
motor de forma paralela agrave da direccedilatildeo das fibras musculares de acordo com o
European concerted action - surface EMG for an non-invasive assesment of
muscles (Hermens et al 2000) O eletrodo para a avaliaccedilatildeo do muacutesculo
esternocleidomastoideo foi posicionado no ventre muscular a 5 cm do processo
mastoideo (Kallenberg et al 2009) do muacutesculo intercostal superior foi
posicionado no 2deg espaccedilo intercostal e para o inferior entre o 7deg e o 8deg espaccedilo
intercostal e no reto abdominal foi inserido a 2 cm da cicatriz umbilical
(Maarsingh et al 2000)
Para o caacutelculo da eficiecircncia ventilatoacuteria os dados da atividade muscular
de todos os muacutesculos avaliados foram somados e divididos pelo volume
corrente (EMGVt) Essa equaccedilatildeo foi descrita primeiramente no trabalho de
44
Lunardi et al (2013) que avaliou a mecacircnica toracoabdominal na populaccedilatildeo
idosa Essa relaccedilatildeo permitiu observar a quantidade de volume deslocado pelo
niacutevel de estiacutemulo da atividade muscular
Figura19 Eletromioacutegrafo da BTS Engeneering
355 Capacidade Funcional
A capacidade funcional foi avaliada pelo teste de caminhada de 6 minutos
(TC6) A avaliaccedilatildeo foi realizada em um corredor de 30 metros com pouco
traacutefego e cada paciente realizou 2 testes respeitando o intervalo de uma hora
entre eles (Dourado et al 2011) Durante os testes o paciente foi orientado a
caminhar o mais raacutepido possiacutevel durante 6 minutos e caso apresentasse
dispneia limitante ou qualquer outro desconforto incapacitante ele podia
interromper o teste ateacute recuperar as condiccedilotildees para continuaacute-lo A cada minuto
45
os pacientes foram encorajados com frases de incentivo padronizadas de modo
que o mesmo percorresse a maior distacircncia possiacutevel durante todo o teste (ATS
2002 Louvaris et al 2013) O desempenho do paciente foi avaliado pela maior
distacircncia percorrida em um dos testes e foi monitorado tanto preacute quanto poacutes
exerciacutecio a frequumlecircncia cardiacuteaca (FC) e respiratoacuteria (FR) a saturaccedilatildeo de
oxigecircnio (SpO2) sensaccedilatildeo de esforccedilo por meio da escala modificada de Borg
(Borg 1982) e pressatildeo arterial (PA)
36 Anaacutelise Estatiacutestica
Para a mecacircnica ventilatoacuteria foi utilizado para o caacutelculo amostral os
resultados observados no estudo de Yamaguti et al (2012) onde a diferenccedila
das meacutedias da CTABD foi de 20 durante a respiraccedilatildeo natural no GT com a
diferenccedila do desvio padratildeo de 4 valor de plt005 e poder de 08 foi
estabelecido uma amostra de 3 pacientes por grupo
O caacutelculo amostral para os paracircmetros da atividade muscular foi
utilizado os resultados observados no estudo de Cunha et al (2005) onde a
diferenccedila das meacutedias no GT foi de 9 10-3mV com a diferenccedila do desvio padratildeo
de 6 10-3mV para o poder de 80 e um valor de alpha de 5 sendo
estabelecido uma amostra de 9 indiviacuteduos por grupo
Para os paracircmetros funcionais o caacutelculo amostral foi baseado no TC6
onde se esperava uma diferenccedila das meacutedias de 263m e a diferenccedila do desvio
padratildeo de 23 m de aumento apoacutes a intervenccedilatildeo (Yamaguti et al 2012) para o
46
poder de 80 e um valor de alpha de 5 sendo encontrado um tamanho de
amostra de 14 indiviacuteduos por grupo
A anaacutelise foi realizada utilizando o programa Sigma Stat versatildeo 32 Foi
utilizado o teste de Kolmogorov-Smirnov para verificar a normalidade dos
dados sendo estes apresentados como meacutedia plusmn desvio padratildeo Para
comparaccedilatildeo dos dados de caracterizaccedilatildeo dos grupos GT e GC foi realizado
utilizando o teste t de Student para dados com distribuiccedilatildeo normal e teste de
Mann-Withney para dados natildeo-parameacutetricos
A anaacutelise do efeito do tratamento nos dois grupos tambeacutem foi realizado
pelo teste t e pelo Mann-Withney para dados natildeo-parameacutetricos no delta das
diferenccedilas (Δ=poacutes-preacute)
A sensaccedilatildeo de dispneia (BORG modificado) foi analisada com o teste de
anaacutelise de variacircncia (ANOVA) seguida do pos hoc de Holm Sidak Para o TC6
foi observado a miacutenima diferenccedila clinicamente significante Proposto por
Holland et al 2013 (251m) O niacutevel de significacircncia foi ajustado para 5
(plt005) para todos os testes
4 RESULTADOS
48
Quinhentos e noventa e quatro pacientes foram avaliados para
elegibilidade 564 natildeo preencheram os criteacuterios de inclusatildeo sendo que os
motivos mais comuns foram oxigecircnio-dependente (n=160) sem
disponibilidade para participar (n=105) cardiopatias (n=80) e doenccedilas
musculoesqueleacuteticas associadas (n=43) (Figura 20) Trinta pacientes foram
incluiacutedos e aleatorizados 2 foram excluiacutedos apoacutes o iniacutecio do protocolo sendo 1
no grupo tratado (crise de caacutelculo renal) e 1 no grupo controle (agudizaccedilatildeo da
doenccedila de Chron) 14 sujeitos terminaram o estudo no GT e 14 no GC (Figura
20) Natildeo foram observadas diferenccedilas entre os grupos com relaccedilatildeo aos dados
antropomeacutetricos de funccedilatildeo pulmonar e capacidade funcional antes da
intervenccedilatildeo (Tabela 1)
49
Figura 20 Fluxograma do estudo
50
Tabela 1 Caracterizaccedilatildeo amostral basal dos pacientes do estudo
Caracterizaccedilatildeo Grupo Controle Grupo Tratado P
Dados Antropomeacutetricos
Genero (MF) 57 86 097
Idade (anos) 64plusmn56 61plusmn54 030
Altura (m) 165plusmn007 165plusmn008 096
IMC (Kgm2) 259plusmn29 257plusmn38 091
Funccedilatildeo Pulmonar
VEF1 ( pred) 426plusmn95 459plusmn155 056
VEF1CVF 049plusmn009 056plusmn013 017
Capacidade Funcional
TC6 (m) 439plusmn103 473plusmn68 032
BODE (IIIIIIIV)(n) 3531 6620 058
Legenda Os dados estatildeo apresentados em meacutedia desvio padratildeo exceto o BODE que estatildeo expressos
pelo nuacutemero de pacientes MF=masculinofeminino Kgm2=quilogramasmetro
2 VEF1=Volume expiratoacuterio
forccedilado no primeiro segundo VEF1CVF=Relaccedilatildeo do Volume expiratoacuterio forccedilado no primeiro segundo e capacidade vital IMC=Iacutendice de massa corpoacuterea TC6=teste de caminhada dos 6 minutos BODE=Iacutendice de prognoacutestico e mortalidade para DPOC
41 Cinemaacutetica toracoabdominal
Durante o exerciacutecio com carga os pacientes do grupo controle (GC) natildeo
apresentaram variaccedilatildeo da mecacircnica toracoabdominal apoacutes a intervenccedilatildeo os
pacientes do grupo tratado (GT) apresentaram um aumento meacutedio de 230 ml
no volume total da caixa toraacutecica total (CT) (equivalente ao volume corrente)
quando comparado ao GC (respectivamente 140plusmn170mL vs-86plusmn240mL
plt001) Este aumento ocorreu principalmente pelo ganho do volume do
compartimento abdominal (ABD) (respectivamente 140120mL vs -
108210ml plt001) (Figura 21) e natildeo foi observada uma diferenccedila significativa
nos compartimentos toraacutecicos superior (TS) e inferior (TI) (Figura 21 pgt005)
51
O GT tambeacutem apresentou um aumento da ventilaccedilatildeo minuto (VE)
(24plusmn36L vs -18plusmn41L plt0001) (Figura 22) e do fluxo expiratoacuterio
(FE)(80plusmn100mL vs -30plusmn100mL plt001) (Figura23) quando comparado com o
GC acreditamos que aleacutem do volume da caixa toraacutecica o aumento do fluxo
expiratoacuterio tambeacutem esteve relacionado com o aumento da mobilidade do
compartimento abdominal Este por sua vez foi calculado pela relaccedilatildeo da
contribuiccedilatildeo CTABD onde apresentou melhora somente no GT quando
comparado ao GC (-019plusmn041 vs 010plusmn028 plt001 respectivamente)
(Figura 24)
Figura 21 Efeitos do alongamento muscular respiratoacuterio na mecacircnica ventilatoacuteria durante o exerciacutecio Os dados foram apresentados em meacutedia e desvio padratildeo representado pela diferenccedila (Δ) = poacutes- - preacute-intervenccedilatildeo Houve um aumento estatisticamente significante do volume da CT e do ABD no GT O exerciacutecio foi realizado com 25 da carga maacutexima predito na equaccedilatildeo de Jones
25 GC= Grupo Controle GT= Grupo Tratado CT= Caixa totaacutecica total TS=
Toacuterax superior TI= Toacuterax inferior ABD= Abdomen = p lt 005 GC vs GT (teste t natildeo pareado)
52
Figura 22 Efeitos do alongamento muscular respiratoacuterio no volume minuto (VE) durante o exerciacutecio Os dados foram apresentados em meacutedia e desvio padratildeo representado pela diferenccedila (Δ) = poacutes- - preacute-intervenccedilatildeo Ambas apresentaram diferenccedilas houve um aumento estatisticamente significante de 4L no volume minuto (VE) no GT em relaccedilatildeo do GC O exerciacutecio foi realizado com 25 da carga maacutexima predito na equaccedilatildeo de Jones
25 GC= Grupo
Controle GT= Grupo Tratado = p lt 005 GC vs GT (teste t natildeo pareado)
53
Figura 23 Efeitos do alongamento muscular respiratoacuterio no fluxo expiratoacuterio (FE) durante o exerciacutecio Os dados foram apresentados em meacutedia e desvio padratildeo representado pela diferenccedila (Δ) = poacutes- - preacute-intervenccedilatildeo Ambas apresentaram diferenccedilas houve um aumento estatisticamente significante de 100mL no fluxo expiratoacuterio (FE) no GT em relaccedilatildeo do GC O exerciacutecio foi realizado com 25 da carga maacutexima predito na equaccedilatildeo de Jones
25 GC= Grupo
Controle GT= Grupo Tratado = p lt 005 GC vs GT (teste t natildeo pareado)
54
Figura 24 Efeitos do alongamento muscular respiratoacuterio na relaccedilatildeo da contribuiccedilatildeo da caixa toraacutecica e abdocircmen (CTABD) durante o exerciacutecio Os dados foram apresentados em meacutedia e desvio padratildeo representado pela diferenccedila (Δ) = poacutes- - preacute-intervenccedilatildeo O exerciacutecio foi realizado com 25 da carga maacutexima predito na equaccedilatildeo de Jones
25 Foi observado a reduccedilatildeo
estatisticamente significante da relaccedilatildeo CTAB no GT que representa o aumento da mobilidade do compartimento abdominal GC= Grupo Controle GT= Grupo Tratado CT= Participaccedilatildeo da caixa toraacutecica ABD= Participaccedilatildeo abdominal = p lt 005 GC vs GT (teste t natildeo pareado)
42 Atividade muscular
Os dados da atividade muscular dos muacutesculos esternocleidomastoideo
intercostal superior intercostal inferior e abdome foram mensurados e foi
possiacutevel observar uma reduccedilatildeo da atividade muscular no exerciacutecio apoacutes o
protocolo de alongamento no GT quando comparado ao GC dos muacutesculos
esternocleidomastoideo (-57plusmn217 vs 185-plusmn443mV plt003 respectivamente)
e intercostais superiores (-1466plusmn441 vs 46plusmn115mV plt001
respectivamente) (Figura 25)
55
Todos os dados da atividade muscular foram somados e divididos pelo
volume corrente total com o intuito de demonstrar a quantidade de atividade
muscular por volume deslocado Foi verificado uma reduccedilatildeo da razatildeo EMGVt
no exerciacutecio com carga no GT quando comparado com o GC (respectivamente
[-138 (-519- -536 mVL) vs 10 (-741- 372 mVL) plt0006] (Figura 26)
Figura 25 Efeitos do alongamento muscular respiratoacuterio na atividade muscular Os dados foram apresentados em meacutedia e desvio padratildeo representado pela diferenccedila (Δ) = poacutes- - preacute-intervenccedilatildeo Foi constatada uma diminuiccedilatildeo estatisticamente significante da atividade dos muacutesculos esternocleidomastoideo e intercostal superior no GT O exerciacutecio foi realizado com 25 da carga maacutexima predito na equaccedilatildeo de Jones
25 GC= Grupo Controle GT= Grupo
Tratado = p lt 005 GC vs GT (teste t natildeo pareado)
56
Figura 26 Efeitos do alongamento muscular respiratoacuterio na relaccedilatildeo entre a atividade muscular e o volume corrente (EMGVt) Os dados foram apresentados em meacutedia e desvio padratildeo representado pela diferenccedila (Δ) = poacutes- - preacute-intervenccedilatildeo Observou-se uma diminuiccedilatildeo estatisticamente significante da EMGVt no GT O exerciacutecio foi realizado com 25 da carga maacutexima predito na equaccedilatildeo de Jones
25 GC= Grupo Controle GT= Grupo Tratado = p lt 005
GC vs GT (teste t natildeo pareado)
43 Capacidade funcional e Dispneia
Para os paracircmetros de Borg (Figura 27) foi aferido em 4 momentos preacute e poacutes
TC6 e preacute e poacutes intervenccedilatildeo Os dados basais natildeo apresentaram diferenccedilas
entre o GT e o GC (respectivamente 175plusmn21 vs 12plusmn17 pgt02) Apoacutes a
intervenccedilatildeo houve uma diminuiccedilatildeo significativa da sensaccedilatildeo de dispneia em
ambos os grupos poacutes-TC6 quando comparado aos seus dados iniciais GT
(43plusmn18 vs 15plusmn09 plt0001) e no GC (42plusmn15 vs 28plusmn17 plt0001) Na
comparaccedilatildeo entre os grupos o GT apresentou uma melhora da sensaccedilatildeo de
dispneia quando comparado com o GC tanto preacute-exerciacutecio (respectivamente
57
02plusmn05 vs 06plusmn08 plt0001) quanto poacutes-exerciacutecio (respectivamente 15plusmn09
vs 28plusmn17 plt0001) Aleacutem disso somente no GT houve uma diminuiccedilatildeo
significativa do Borg na comparaccedilatildeo intragrupo preacute-TC6 antes e depois do
tratamento (18plusmn08 vs 02plusmn06 plt0001) Com a diminuiccedilatildeo da sensaccedilatildeo de
dispneia foi possiacutevel verificar que os pacientes do GT apresentaram melhora
clinicamente significante no TC6 meacutedio quando comparado com o GC
(respectivamente 2514m vs 65m Figura 28) valores propostos por Holland
et al (2013)
Figura 27Efeitos do alongamento muscular respiratoacuterio na escala de BORG Os dados foram apresentados Os dados foram apresentados em meacutedia e desvio padratildeo representado pela diferenccedila (Δ) = poacutes- - preacute-intervenccedilatildeo Apoacutes o tratamento ambos apresentaram diminuiccedilatildeo da dispneia mas somente no GT houve uma diminuiccedilatildeo na comparaccedilatildeo com o GC e com seus dados iniciais no preacute TC6 O exerciacutecio foi realizado com 25 da carga maacutexima predito na equaccedilatildeo de Jones
25 GC= Grupo Controle GT= Grupo Tratado BORG= Escala de dispneia
TC6= Teste de caminhada dos 6 minutos = p lt 005 preacute vs poacutes intervenccedilatildeo +=plt005 GC vs GC) (teste t natildeo pareado)
58
Figura 28 Os dados apresentados em (Δ) representam (poacutes intervenccedilatildeo ndash preacute intervenccedilatildeo) No teste de caminhada dos 6 minutos (TC6) foi observada uma diferenccedila clinicamente significante do TC6 no GT que obteve um aumento meacutedio de 2514m e o GC de 65m O exerciacutecio foi realizado com 25 da carga maacutexima predito na equaccedilatildeo de Jones
25 GC= Grupo
Controle GT= Grupo Tratado TC6= Teste de caminhada dos 6 minutos ( =diferenccedila clinicamente significante)
Holland et al 2013 (25m)
5 DISCUSSAtildeO
60
Neste estudo foi demonstrado pela primeira vez que os alongamentos
dos muacutesculos respiratoacuterios melhoraram a mecacircnica e a capacidade ventilatoacuteria
decorrente principalmente pelo aumento do volume e da mobilidade do
compartimento abdominal (CTABD) A melhora da mobilidade toracoabdominal
possivelmente esteve relacionada com o aumento da sua viscoelasticidade
observada pela diminuiccedilatildeo da atividade muscular apoacutes o tratamento Aleacutem
disso houve um aumento da eficiecircncia contraacutetil dos muacutesculos respiratoacuterios
constatado pela reduccedilatildeo da relaccedilatildeo EMGVt ou seja a musculatura necessitou
de menos atividade para deslocar o mesmo volume respiratoacuterio Acreditamos
que por causa da melhora de todos os fatores descritos anteriormente houve
uma diminuiccedilatildeo da sensaccedilatildeo de dispneia que possibilitou o aumento da
capacidade ao exerciacutecio submaacuteximo
51 Cinemaacutetica toracoabdominal
O trabalho acrescentou novas evidecircncias na literatura cientiacutefica pois foi
o primeiro a demonstrar atraveacutes do pletismoacutegrafo optoeletrocircnico que apoacutes o
tratamento com teacutecnicas de alongamento dos muacutesculos respiratoacuterios houve
aumento significativo do volume da caixa toraacutecica total abdominal e da
capacidade ventilatoacuteria durante o exerciacutecio com carga Vale ressaltar que o
aumento da mobilidade do compartimento abdominal tambeacutem foi constatado
Para reforccedilar ainda mais a importacircncia dos nossos achados no grupo
controle natildeo obtiveram nenhuma alteraccedilatildeo volumeacutetrica da caixa toraacutecica estes
61
dados vatildeo de encontro aos dois estudos preacutevios nos quais foram avaliados os
efeitos da reabilitaccedilatildeo pulmonar na cinemaacutetica toracoabdominal em pacientes
com DPOC avaliados pelo POE (Georgiadou et al 2007 Gagliardi et al
2014) Inclusive Gagliardi et al (2014) mesmo apoacutes a intervenccedilatildeo de 24
semanas encontrou uma diminuiccedilatildeo do volume abdominal apoacutes o tratamento
Apenas dois trabalhos natildeo controlados de Yamada et al (1996) e
Luularungrayub et al (2009) avaliados pelo pletismoacutegrafo por indutacircncia e
cirtometria respectivamente associados agrave espirometria hipotetizaram que a
melhora no fluxo expiratoacuterio e do volume expiratoacuterio respectivamente
poderiam ter uma relaccedilatildeo com a melhora da funccedilatildeo do compartimento
abdominal dados estes que tambeacutem apresentamos no nosso estudo Segundo
Georgiadou et al (2007) e Aliverti et al (2010) o compartimento abdominal eacute o
maior responsaacutevel pelas variaccedilotildees da distacircncia axial xifoacuteidea sugerindo uma
relaccedilatildeo com a mobilidade diafragmaacutetica e o aumento do volume pulmonar total
essa hipoacutetese pocircde ser elucidada em nossos resultados com a diminuiccedilatildeo dos
valores de CTABD Portanto estes achados servem para destacar que o
protocolo de alongamento realizados neste estudo desencadeou a melhora da
mecacircnica contraacutetil dos muacutesculos respiratoacuterios que provavelmente tiveram uma
atuaccedilatildeo na melhora da funccedilatildeo diafragmaacutetica relaccedilatildeo esta jaacute descrita por
Iwasawa et al (2002) e Man et al (2012)
O aumento do volume corrente total apoacutes o alongamento muscular da
caixa toraacutecica jaacute havia sido constatado anteriormente pelos estudos natildeo
controlados de Yamada et al (1996) e Minoguchi et al (2002) que realizaram a
intervenccedilatildeo por 4 semanas em 12 e 13 pacientes respectivamente e avaliados
62
pela espirometria Em contrapartida os estudos de intervenccedilatildeo aguda natildeo
controlada de Izumizaki et al (2006) e controlada de Noll et al (2009) com 10 e
25 pacientes respectivamente obtiveram a piora do volume corrente tambeacutem
avaliados pela espirometria Baseados nos estudos de Mchugh et al (2008)
estes efeitos contraditoacuterios ocorreram principalmente pelo tipo de intervenccedilatildeo
Agudamente o alongamento promove o estiramento abrupto dos fusos
neuromusculares que desencadearam o potencial sensitivo medular e
consequentemente um aumento da atividade eferente neuromuscular gerando
a contraccedilatildeo das fibras extra-fusais por essa razatildeo provavelmente houve a
diminuiccedilatildeo da mobilidade muacutesculo-esqueleacutetica da caixa toraacutecica e diminuiccedilatildeo
dos valores volumeacutetricos (Mukherjee et al 2010) A intervenccedilatildeo crocircnica por
sua vez promove o aumento da viscoelasticidade muscular e causou a
acomodaccedilatildeo do limiar excitatoacuterio do fuso neuromuscular que diminui o
estiacutemulo de contraccedilatildeo das fibras extra-fusais permitindo a melhora da
mobilidade toracoabdominal (Mchugh et al 2010)
No presente estudo foi realizada a intervenccedilatildeo crocircnica portanto
justificaria a razatildeo dos nossos dados apresentarem resultados tatildeo diferentes
quanto a maioria dos estudos anteriores de intervenccedilatildeo aguda Mas
precisamos considerar tambeacutem as limitaccedilotildees metodoloacutegicas comumente
observadas na literatura Fato este observado nos trabalhos de Putt et al
(2008) e Luularungrayub et al (2009) que mesmo sendo de intervenccedilatildeo
aguda apresentaram um aumento do volume corrente avaliados pela
espirometria mas ambos apresentaram grandes restriccedilotildees metodoloacutegicas pois
63
realizaram o tratamento somente em um muacutesculo respiratoacuterio (peitoral maior) e
o outro foi um estudo de caso respectivamente
Hipotetizamos que nos nossos resultados sugeriram que a intervenccedilatildeo
crocircnica muscular respiratoacuteria promoveu a melhora da mobilidade do sistema
musculo-esqueleacutetico toracoabdominal com o aumento principal do volume e da
mobilidade do compartimento abdominal acreditamos que foi o responsaacutevel
pela melhora do volume pulmonar total Com a elevaccedilatildeo dos volumes
sugerimos que foram os responsaacuteveis pela melhora da capacidade ventilatoacuteria
(volume-minuto) dado este ineacutedito na literatura para este tipo de protocolo de
tratamento
52 Atividade muscular
Constatamos uma reduccedilatildeo da atividade muscular durante o exerciacutecio
com carga no grupo que realizou o alongamento dos muacutesculos respiratoacuterios
principalmente do esternocleidomastoideo e do intercostal superior A partir
destes dados foi possiacutevel calcular a relaccedilatildeo com o volume corrente onde a
reduccedilatildeo dos valores significa a melhora da efetividade contraacutetil (EMGVt)
descrito primeiramente no trabalho de Lunardi et al (2013) Este dado
representa a melhora do deslocamento volumeacutetrico pela atividade muscular
sendo assim o muacutesculo necessita do mesmo estiacutemulo motor para deslocar
mais volume de ar
64
Na literatura encontramos somente um estudo natildeo-controlado de Cunha
et al (2005) que realizou a avaliaccedilatildeo em 8 pacientes com DPOC com o
eletromioacutegrafo de superfiacutecie apoacutes um programa de alongamento muscular
respiratoacuterio Nossos dados corroboram parcialmente com os seus achados
pois apesar de terem demonstrado uma diminuiccedilatildeo da atividade muscular
respiratoacuteria dos intercostais eles apresentaram um aumento da atividade
muscular do esternocleidomastoide Acreditamos que os nossos achados
avanccedilam em relaccedilatildeo ao estudo de Cunha et al (2005) pois o presente estudo
foi realizado com criteacuterios metodoloacutegicos mais rigorosos (controlado) com
maior tempo de intervenccedilatildeo e respeitando o caacutelculo amostral
Portanto podemos sugerir que baseado nos estudos de Kokkonen et al
(2007) o aumento da viscoelasticidade tecidual permitiu a melhora da
sobreposiccedilatildeo da actina e miosina sendo capaz de potencializar o mecanismo
contraacutetil muscular com menos esforccedilo Ao mesmo tempo reduziu a tensatildeo
sobre os receptores musculoesqueleacuteticos diminuindo a excitabilidade do
disparo neuroloacutegico sensitivo possibilitando o equiliacutebrio entre o estiacutemulo
inibitoacuterio do oacutergatildeo tendinoso de Golgi e o excitatoacuterio do controle contraacutetil do
fuso neuromuscular reduzindo a atividade motora (Hindle et al 2012
Mukherjee e Chakravarty 2010)
A avaliaccedilatildeo da atividade muscular e o caacutelculo da efetividade contraacutetil foi
realizada para elucidar os mecanismos envolvidos na melhora da mecacircnica
ventilatoacuteria apoacutes o alongamento dos muacutesculos respiratoacuterios Eacute possiacutevel que
com a diminuiccedilatildeo da atividade muscular possibilitou a melhora da capacidade
de contraccedilatildeo muscular com menor esforccedilo este dado eacute reforccedilado pela
65
diminuiccedilatildeo da EMGVt permitindo o incremento da mobilidade toracoabdominal
e da capacidade ventilatoacuteria
53 Capacidade funcional e dispneia
Observamos a melhora da dispneia e da capacidade ao exerciacutecio
submaacuteximo avaliados pelo Borg modificado e pelo teste de caminhada dos 6
minutos respectivamente
Apoacutes o protocolo de alongamento nossos dados mostraram a
diminuiccedilatildeo da sensaccedilatildeo de dispneia em ambos os grupos apoacutes a intervenccedilatildeo
Mas ao comparar entre os grupos os sujeitos que receberam a intervenccedilatildeo na
caixa toraacutecica (GT) apresentaram a diminuiccedilatildeo da dispneia quando comparado
ao GC tanto preacute quanto poacutes exerciacutecio Outro ponto em destaque eacute a diminuiccedilatildeo
da dispneia no GT em seu estado basal
A reduccedilatildeo da dispneia eacute um importante paracircmetro de melhora dos
tratamentos com enfoque pulmonar (ATS 2013) e estudos preacutevios que tambeacutem
avaliaram o efeito de alongamento dos muacutesculos respiratoacuterios na dispneia em
pacientes com DPOC corroboram com os nossos achados mesmo sendo
trabalhos com metodologias distintas como ensaios natildeo controlados (Cunha et
al 2005) controlados (Paulin et al 2003) intervenccedilatildeo aguda (Noll et al 2008
Noll et al 2009) e crocircnica (Minoguchi et al 2002) Eacute importante ressaltar que
em todos os trabalhos que obtiveram a melhora nos paracircmetros de dispneia
66
portanto acreditamos que existe outros mecanismos que podem influenciar
nesta variaacutevel aleacutem da melhora da mobilidade toracoabdominal tanto assim
que os trabalhos de Noll et al (2008 e 2009) houve uma piora de todos os
paracircmetros da funccedilatildeo pulmonar mas apresentaram melhora da dispneia
Na literatura somente os trabalhos de Izumizaki et al (2008) e Putt et al
(2008) natildeo obtiveram melhora na escala de Borg mas eacute importante destacar
que foram trabalhos distintos o primeiro foi de intervenccedilatildeo crocircnica com
resultados negativos agraves funccedilotildees pulmonares enquanto o segundo foi um
trabalho de intervenccedilatildeo aguda com resultados positivos nos volumes
pulmonares Apesar de ambos serem controlados o estudo de Izumizaki et al
(2008) natildeo destaca os muacutesculos que foram tratados nem a caracterizaccedilatildeo e o
caacutelculo amostral enquanto no trabalho de Putt et al (2008) realizou a
intervenccedilatildeo apenas no muacutesculo peitoral maior que natildeo eacute um muacutesculo
acessoacuterio respiratoacuterio primaacuterio e sim atuante somente em grandes esforccedilos
Portanto baseado nas pesquisas anteriores entendemos que a melhora
da dispneia natildeo foi somente pelo aumento da mobilidade musculoesqueleacutetica
da caixa toraacutecica que diminuiu a resistecircncia do fluxo aeacutereo e possibilitou maior
expansatildeo toracoabdominal e melhor capacidade ventilatoacuteria demonstrado
neste estudo anteriormente Possivelmente teve associaccedilatildeo com os
mecanoceptores toracoabdominais quando estimulados durante o tratamento
desencadeou alteraccedilotildees das informaccedilotildees dos centros respiratoacuterios e motores
(Nakamura et al 2012 Montaldo et al 2000) Estes centros por sua vez
mudaram da taxa de disparo do nervo frecircnico que controla a cadecircncia e a
frequecircncia da contraccedilatildeo diafragmaacutetica reduzindo a sensaccedilatildeo de fadiga e de
67
dispneia (Burki e Lee 2010) portanto qualquer teacutecnica de mobilizaccedilatildeo
toracoabdominal poderia diminuir a sensaccedilatildeo de dispneia mas acreditamos
que quanto maior o estiacutemulo musculoesqueleacutetico (intervenccedilatildeo crocircnica) maior
seraacute a ativaccedilatildeo dos mecanoceptores da caixa toraacutecica e consequentemente
aumentaria a estimulaccedilatildeo aos centros respiratoacuterios por essa razatildeo
acreditamos que os nossos resultados foram tatildeo expressivos (Montaldo et al
2000)
Com a melhora dos paracircmetros de dispneia refletiu no aumento da
distacircncia percorrida em ambos os grupos 67m (GC) e 2517m (GT) sendo
que somente o grupo que recebeu o alongamento dos muacutesculos respiratoacuterios
atingiram a miacutenima distacircncia clinicamente significante proposta por Holland et
al (2010) que eacute de 25 m Coincidentemente a maioria trabalhos que
obtiveram melhora da dispneia realizaram o teste de caminhada dos 6 minutos
(Yamada et al 1996 Minoguchi et al 2002 Paulin et al 2003 eCunha et al
2005) somente Noll et al (2008 e 2009) que natildeo Poreacutem ateacute onde eacute do nosso
conhecimento este eacute o primeiro estudo que demonstrou que o aumento da
capacidade funcional foi decorrente da melhora da mecacircnica ventilatoacuteria poacutes-
alongamento avaliados pelo POE
No presente estudo o aspecto relevante estaacute no ineditismo ao avaliar as
repercussotildees deste tipo de intervenccedilatildeo na cinemaacutetica toracoabdominal
analisadas pelo pletismoacutegrafo optoeletrocircnico (Alivertiet al 2000) teacutecnica
considerada de alta tecnologia O programa de alongamento da musculatura
acessoacuteria respiratoacuteria eacute uma teacutecnica de baixo custo e pode ser associada
68
facilmente agrave reabilitaccedilatildeo pulmonar com impacto na atividade funcional e nos
sintomas respiratoacuterios
54 Limitaccedilotildees
Todos os estudos possuem limitaccedilotildees primeiro a rigidez dos criteacuterios
de inclusatildeo conferida a esta pesquisa levou a uma elevada validade interna
com possiacutevel prejuiacutezo da validade externa Optamos por adotar esses criteacuterios
na tentativa de eliminar o maior nuacutemero de variaacuteveis de confusatildeo para garantir
que os resultados fossem interpretados de maneira clara Segundo a carga de
exerciacutecio em esteira foi estabelecida em funccedilatildeo da velocidade do TC6 apesar
de natildeo ser considerado o padratildeo ouro para o treinamento aeroacutebico jaacute foi
descrito como alternativa viaacutevel por Zainuldinet al (2007) e Figueiredo e
Guimaratildees (2009) Terceiro a intensidade de 25 Wmaacutex utilizada na
avaliaccedilatildeo do POE pode natildeo ter sido o suficiente para desencadear a
assincronia mas o objetivo foi reproduzir a carga utilizada diariamente pelo
paciente segundo Bruni et al (2012) eles comprovaram em seu estudo que
nem mesmo a carga de 75 Wmaacutex foi possiacutevel desencadear a assincronia em
pacientes com DPOC concluindo natildeo haver relaccedilatildeo entre assincronia
hiperinsuflaccedilatildeo e dispneia Finalmente o alongamento dos muacutesculos
perifeacutericos dos membros inferiores no grupo controle poderia ter influenciado
na melhora no teste de caminhada dos 6 minutos mas Mchugh et al (2008) e
Shrier (2004) descreveram em seus estudos que ainda existe uma
controveacutersia a respeito do aumento da performance muscular apoacutes a realizaccedilatildeo
69
do alongamento ateacute entatildeo sabe-se somente sobre a melhora da mobilidade
Apesar destas limitaccedilotildees este eacute o primeiro ensaio cliacutenico controlado e
aleatorizado investigando os benefiacutecios do alongamento dos muacutesculos
respiratoacuterios na mecacircnica ventilatoacuteria utilizando o pletismoacutegrafooptoeletrocircnico
em pacientes com DPOC
6 CONCLUSAtildeO
71
Nossos resultados sugerem que a adiccedilatildeo do alongamento da
musculatura respiratoacuteria ao exerciacutecio aeroacutebico claacutessico aumenta a eficiecircncia
contraacutetil muscular melhora a mecacircnica ventilatoacuteria com o incremento
significante dos volumes pulmonares principalmente abdominal e reduz a
dispneia possibilitando a melhora das atividades funcionais em pacientes com
DPOC Estes resultados sugerem que o alongamento dos muacutesculos
respiratoacuterios pode ser considerado uma modalidade de tratamento adjuvante
para os pacientes com DPOC
7 REFEREcircNCIAS
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8 ANEXOS
91
92
93
HOSPITAL DAS CLIacuteNICAS DA FACULDADE DE MEDICINA DA
UNIVERSIDADE DE SAtildeO PAULO-HCFMUSP
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
DADOS SOBRE A PESQUISA
1 TIacuteTULO DO PROTOCOLO DE PESQUISA
EFEITOS DO ALONGAMENTO DA MUSCULATURA ACESSOacuteRIA
RESPIRATOacuteRIA COM A TEacuteCNICA DE ALONGAMENTO PASSIVO E
CONTRACcedilAtildeO-RELAXAMENTO NA MECAcircNICA VENTILATOacuteRIA E NA
CAPACIDADE FUNCIONAL DE PACIENTES COM DOENCcedilA PULMONAR
OBSTRUTIVA CROcircNICA
PESQUISADOR 01 Celso Ricardo Fernandes Carvalho
CARGOFUNCcedilAtildeO Orientador INSCRICcedilAtildeO CONSELHO
REGIONAL Nordm 206463-F
UNIDADE DO HCFMUSP Ciecircncias
3 AVALIACcedilAtildeO DO RISCO DA PESQUISA
RISCO MIacuteNIMO x RISCO MEacuteDIO
RISCO BAIXO RISCO MAIOR
4DURACcedilAtildeO DA PESQUISA 12 meses
HOSPITAL DAS CLIacuteNICAS DA FACULDADE DE MEDICINA DA
UNIVERSIDADE DE SAtildeO PAULO-HCFMUSP
1 ndash A doenccedila que o senhor (a) tem se chama doenccedila obstrutiva crocircnica
(DPOC) Esta doenccedila causa a inflamaccedilatildeo das vias aeacutereas e prejudica todo
94
pulmatildeo Por esse motivo o toacuterax fica expandido e os muacutesculos que realizam a
respiraccedilatildeo ficam tensos Essa tensatildeo muscular diminui o movimento do toacuterax e
a quantidade de ar que entra nos pulmotildees levando a uma dificuldade para
respirar e diminuindo a capacidade aos exerciacutecios simples do dia-dia Todo
esse quadro pode aumentar a tendecircncia de desencadear episoacutedios de
depressatildeo e ansiedade
2 ndash O nosso corpo tem muacutesculos que ajudam na respiraccedilatildeo (entrada do ar)
esses muacutesculos ao contrair ajudam a entrada de ar nos pulmotildees No (a)
paciente DPOC o movimento da caixa toraacutecica estaacute diminuiacutedo por isso este
estudo tem como objetivo verificar se o uso dos exerciacutecios de alongamento
relaxariam os muacutesculos respiratoacuterios diminuindo a sensaccedilatildeo de falta de ar
3 ndash Portanto estamos convidando o (a) senhor (a) para participar deste estudo
Caso o senhor (a) aceite participar da pesquisa teraacute que comparecer ao
hospital (HC) 2 vezes por semana durante um mecircs e meio de tratamento com
duraccedilatildeo de 30 a 40 minutos por dia O senhor (a) seraacute incluiacutedo (a) de forma
aleatoacuteria (sorteio) em dois grupos que receberatildeo diferentes tratamentos de
alongamento com supervisatildeo do profissional fisioterapeuta O senhor (a)
receberaacute uma cartilha com alguns exerciacutecios semelhantes aos realizados no
hospital para ser feito em casa no miacutenimo duas vezes por semana
4 ndash Durante os exerciacutecios de alongamento o (a) senhor (a) poderaacute sentir algum
desconforto como um ldquopuxatildeordquo ldquoformigamentordquo e ldquoqueimaccedilatildeordquo na regiatildeo que os
muacutesculos estatildeo sendo trabalhados Apoacutes a realizaccedilatildeo do alongamento eacute
possiacutevel que essas sensaccedilotildees perdurem por no maacuteximo 3 dias Evitaremos
durante o tratamento as dores se caso o senhor (a) sentir alguma dor
comunique ao profissional responsaacutevel que interromperemos imediatamente o
exerciacutecio
5 ndash Seratildeo realizados diversos testes antes e depois do tratamento para
verificar o grau de eficiecircncia da teacutecnica aplicada Mediremos o movimento do
seu toacuterax com um aparelho chamado pletismografia onde seratildeo colocados
marcadores no seu toacuterax e o senhor natildeo sentiraacute nenhum desconforto ou dor
Seratildeo realizados exames para a funccedilatildeo do seu pulmatildeo chamado espirometria
para isso pediremos para o senhor (a) puxar e assoprar forte o ar no aparelho
este teste natildeo traraacute nenhum desconforto ou dor Para testar a forccedila dos
muacutesculos pediremos novamente que o senhor (a) puxe o ar com forccedila em um
95
aparelho chamado manovacuocircmetro este teste natildeo traraacute dor Realizaremos
um teste de esforccedilo ao exerciacutecio onde pediremos para o (a) senhor (a) andar o
maacuteximo possiacutevel durante 6 minutos seraacute repetido duas vezes Nesse teste o
senhor (a) pode sentir cansaccedilo e falta de ar que acabaraacute imediatamente apoacutes o
teacutermino do exerciacutecio Por uacuteltimo o senhor (a) responderaacute o questionaacuterio sobre a
sua vida que conteacutem uma seacuterie de perguntas para avaliar se o (a) senhor (a)
possui episoacutedios de depressatildeo e ansiedade poderaacute sentir algum desconforto
ao responder algumas perguntas que seratildeo realizadas
6 ndash Com esse estudo buscamos a melhora da qualidade de vida com
diminuiccedilatildeo dos quadros tendenciosos de depressatildeo e ansiedade e o aumento
da capacidade para realizar os exerciacutecios diaacuterios decorrentes da melhora da
mobilidade toraacutecica
7 ndash Asseguramos que o senhor (a) teraacute acesso aos profissionais responsaacuteveis
pela pesquisa para esclarecimento de eventuais duacutevidas O principal
investigador eacute o Prof Dr Celso Ricardo Fernandes Carvalho que poderaacute
ser encontrado na Av Eneacuteas de Carvalho Aguiar 255 4o andar bloco 06 no
telefone(s) 11 3069-7961 e o Dr Juliano Takashi Wada que pode ser
encontrado no endereccedilo Rua Albuquerque Lins 537 cj 42 Telefone(s) 11
3624-4524 Se caso o senhor (a) tiver alguma consideraccedilatildeo ou duacutevida sobre a
eacutetica da pesquisa entre em contato com o Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa (CEP)
ndash Rua Oviacutedio Pires de Campos 225 ndash 5ordm andar ndash tel 3069-6442 ramais 16 17
18 ou 20 FAX 3069-6442 ramal 26 ndash E-mail cappesqhcnetuspbr
8 ndash Garantimos a liberdade da retirada do consentimento a qualquer momento
e deixar de participar do estudo sem qualquer prejuiacutezo agrave continuidade de seu
tratamento na Instituiccedilatildeo
9 ndash Garantimos o direito de confidencialidade ndash As informaccedilotildees obtidas
seratildeo analisadas em conjunto com outros pacientes natildeo sendo divulgado a
identificaccedilatildeo e os dados de nenhum paciente
10 ndash Garantimos o direito de ser mantido atualizado sobre os resultados
parciais das pesquisas quando em estudos abertos ou de resultados que
sejam do conhecimento dos pesquisadores
96
11 ndash Despesas e compensaccedilotildees natildeo haacute despesas pessoais para o
participante em qualquer fase do estudo incluindo exames e consultas
Tambeacutem natildeo haacute compensaccedilatildeo financeira relacionada agrave sua participaccedilatildeo Se
existir qualquer despesa adicional ela seraacute absorvida pelo orccedilamento da
pesquisa Natildeo garantimos o pagamento de qualquer dano causado pelo estudo
mas garantimos que se caso o senhor (a) tiver algum problema poderaacute ser
atendido no Ambulatoacuterio da Fisioterapia do Hospital das cliacutenicas gerenciado
pelo Prof Dr Celso Ricardo Fernandes de Carvalho
12 ndash Garantimos o compromisso do pesquisador de utilizar os dados e o
material coletado satildeo confidenciais e seraacute utilizado somente para esta pesquisa
Acredito ter sido suficientemente informado a respeito das informaccedilotildees
que li ou que foram lidas para mim descrevendo o estudo rdquoEfeitos do
alongamento da musculatura acessoacuteria respiratoacuteria com a teacutecnica de
contraccedilatildeo-relaxamento na mobilidade toraacutecica e capacidade psicossocial e
funcional de pacientes com doenccedila pulmonar obstrutiva crocircnicardquo
Eu discuti com o Prof Dr Celso Ricardo Fernandes de Carvalho ou
com o Dr Juliano Takashi Wada sobre a minha decisatildeo em participar nesse
estudo Ficaram claros para mim quais satildeo os propoacutesitos do estudo os
procedimentos a serem realizados seus desconfortos e riscos as garantias de
confidencialidade e de esclarecimentos permanentes Ficou claro tambeacutem que
minha participaccedilatildeo eacute isenta de despesas e que tenho garantia do acesso a
tratamento hospitalar quando necessaacuterio Concordo voluntariamente em
participar deste estudo e poderei retirar o meu consentimento a qualquer
momento antes ou durante o mesmo sem penalidades ou prejuiacutezo ou perda
de qualquer benefiacutecio que eu possa ter adquirido ou no meu atendimento
neste Serviccedilo
-------------------------------------------------
Assinatura do pacienterepresentante legal Data
97
-------------------------------------------------------------------------
Assinatura da testemunha Data
Declaro que obtive de forma apropriada e voluntaacuteria o Consentimento Livre e
Esclarecido deste paciente ou representante legal para a participaccedilatildeo neste estudo
----------------------------------------------------------
Assinatura do responsaacutevel pelo estudo
Data
98
NCT 0236762
99
100
101
20-Nov-2014
CC Wada Juliano Borges-Santos Erickson Paisani
Denise Porras Desiderio Cukier Alberto Lunardi
Adriana Carvalho Celso
Dear Ms Wada
Your manuscript entitled Effect of respiratory muscle
stretching on thoracoabdominal kinematics and functional
capacity of patients with COPD a randomized and controlled
trial has been received online and is presently being
given full consideration for publication in CHEST Please
note that our editorial office will review your manuscript
before sending it to the Editor in Chief If there are
aspects that need to be fixed prior to peer review they
may return your paper to your Corresponding Author Center
and ask you to make some minor changes and resubmit it We
appreciate your understanding
Your manuscript ID is CHEST-14-2914
You may view the status of your manuscript at any time by
checking your Author Center after logging in
to httpsmcmanuscriptcentralcomchest
102
The journal strives to expedite the peer review process
however because we receive over 3400 submissions each year
the process may take up to 8 weeks to complete Please be
patient during this time and feel free to log in to check
your manuscript status
Please mention the above manuscript ID in all future
correspondence or when calling the office for questions If
there are any changes in your street address phonefax or
e-mail address please log in to ScholarOne Manuscripts
at httpsmcmanuscriptcentralcomchest and edit your
user information as appropriate
Thank you for choosing to submit your manuscript to CHEST
Sincerely
CHEST Editorial Office
iii
Dentro da noite que me rodeia
Negra como um poccedilo de lado a lado
Eu agradeccedilo aos deuses que existem
Por minha alma indomaacutevel
Sob as garras crueacuteis das circunstacircncias
Eu natildeo tremo e nem me desespero
Sob os duros golpes do acaso
Minha cabeccedila sangra mas natildeo se curva
Natildeo importa o quatildeo estreito seja o portatildeo
Quatildeo repleta de castigos seja a sentenccedila
Eu sou o dono do meu destino
Eu sou o capitatildeo da minha alma
(William Ernest Henley)
iv
DEDICATORIA
Aos meus pais Carlos Hirokata Wada e Marta Hiroko Wada exemplos de
vida admiraccedilatildeo e amor
Agraves minhas irmatildes Telma Miyuki Wada e Malu Wada verdadeiras
companheiras de vida me traz a plenitude
Agrave minha futura esposa Camilla Valeacuteria Lourenccedilo Silva me faz querer ser
um homem melhor todos os dias
Aos amigos colegas e a todas as pessoas que me ajudaram diretamente
ou indiretamente durante todo o processo que faz a vida ter mais sentido
v
AGRADECIMENTOS
Ao meu orientador Prof Dr Celso Ricardo Fernandes de Carvalho pela
oportunidade e confianccedila em mim depositada Apesar de termos passado
muitas intercorrecircncias ao longo destes 6 anos continuamos firmes Em alguns
momentos eu quis abaixar a cabeccedila e o senhor me ajudou a reerguecirc-la
Obrigado por me passar tantos conhecimentos e por me incentivar a ter prazer
pela pesquisa
Ao meu parceiro de pesquisa e grande amigo Me Ericksson Borges Santos
por me acompanhar por todos esses anos sem a sua ajuda jamais seria
possiacutevel concretizar este trabalho Iniciamos com muitas diferenccedilas e
permanecemos com elas mas soubemos conviver harmoniosamente pois a
fraqueza de um foi a qualidade do outro Hoje eu sei que estou terminando
outro ciclo na minha vida e saio deste momento com novos conhecimentos
mas muito mais que o tiacutetulo ganhei um amigo para a vida inteira
Agrave Prof (a) Dra Adriana Lunardi por toda a ajuda profissional e pessoal
durante o trabalho Eu enxergava em seus olhos a sua vontade de querer o
meu bem participando do nosso estudo me aconselhando Foram diversas
vezes que recebi as suas mensagens de preocupaccedilatildeo e incentivo Obrigado
por ser mais que uma amiga vocecirc foi a minha madrinha natildeo conseguiria ter
terminado sem a sua ajuda
vi
Agrave Dra Denise Paisane por toda a colaboraccedilatildeo ao longo do estudo Tenho
grande respeito e admiraccedilatildeo pela sua dedicaccedilatildeo profissional A sua
organizaccedilatildeo e seu empenho foram fundamentais ao longo do meu mestrado
Ao Dr Ronaldo Silva por todo o conhecimento e disponibilizaccedilatildeo para nos
ajudar durante o projeto Estava sempre disposto para realizar qualquer tipo de
tarefa sua humildade eacute inspiradora O seu conhecimento foi essencial para o
teacutermino da dissertaccedilatildeo
Ao Me Desiderio Cano por todo o conhecimento do OEP que nos foi
passado e pela sua disposiccedilatildeo em nos ajudar com a coleta e interpretaccedilatildeo dos
dados
Agrave Me Cibele Cristine Berto Marques da Silva pela disposiccedilatildeo em nos ajudar
durante as avaliaccedilotildees e pelas observaccedilotildees e correccedilotildees das apresentaccedilotildees
orais
Agrave Dra Renata Teixeira Nakata pela disponibilidade em nos ajudar na
avaliaccedilatildeo dos pacientes e nas correccedilotildees das apresentaccedilotildees orais
Ao Grupo LIFFE por todas as reuniotildees semanais foi uma grande troca de
conhecimentos O trabalho em equipe foram fundamentais para a
concretizaccedilatildeo do trabalho
vii
Aos profissionais do Ambulatoacuterio de Fisioterapia do Hospital das Cliacutenicas
pela compreensatildeo e auxiacutelio durante os protocolos de intervenccedilatildeo dos pacientes
do nosso projeto
Aos pacientes que participaram do estudo por todo o esforccedilo em continuar o
tratamento ateacute a sua conclusatildeo Muitos representaram uma liccedilatildeo de vida para
todos noacutes
Ao Ambulatoacuterio de Pneumologia do Hospital das Cliacutenicas pela parceria em
ceder os prontuaacuterios e os pacientes para o projeto Aleacutem compartilhar
harmoniozamente o mesmo espaccedilo para a triagem dos mesmos
Aos meus grandes amigos por todo apoio companheirismo risadas e
momentos que me mostram o verdadeiro sentido da palavra viver Carlos
Eduardo Hanash Rodrigo Petrone Ricardo Almeida Thiago Eduardo
Castanhon Ricardo Maeda Ricardo Domingos Felipe Calmon Thiago
Almeida Andreacute Fogolin Rodrigo Pizzi Caio Teixeira Marcelo Reina Erik
Terrabuio Marcus Sperandio Jonas Rastelli Mario Castro Carlos Eduardo
Sainz Gustavo Souza Gabriel Boal Rodrigo Guerzoni e Rafael Correa
SUMARIO
LISTA DE ABREVIATURASxi
LISTA DE FIGURASxiii
LISTA DE TABELASxviii
RESUMO xix
SUMMARYxxi
1 INTRODUCcedilAtildeO01
11 Definiccedilatildeo e Incidecircncias 02
12 Fisiopatologia 04
13 Sistema muacutesculo-esqueleacutetico 06
14 Diagnoacutestico e Sintomas07
15 Reabilitaccedilatildeo pulmonar09
16 Muacutesculos respiratoacuterios 10
17 Alongamento Muscular13
18 Meacutetodos para a anaacutelise da mecacircnica ventilatoacuteria17
19 Hipoacutetesehelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphellip19
2 OBJETIVOS20
21 Primaacuterio 21
22 Secundaacuterio 21
3 CASUIacuteSTICA E METODOS22
ix
31 Aspectos eacuteticos23
32 Casuiacutestica23
321 Criteacuterios de inclusatildeo23
322 Criteacuterios de exclusatildeo24
33 Delineamento experimental25
34 Intervenccedilatildeo26
341 Protocolo de alongamento do grupo tratado (GT)26
342 Protocolo de exerciacutecios do grupo controle (GC)32
343 Protocolo dos exerciacutecios aeroacutebicos35
35 Avaliaccedilotildees36
351 Caracterizaccedilatildeo Amostral36
352 Prova de funccedilatildeo pulmonar simples36
353 Padratildeo respiratoacuterio mobilidade e sincronia
toracoabdominal37
3531 Avaliaccedilatildeo do POE durante o exerciacutecio41
354 Atividade muscular respiratoacuteria43
355 Capacidade Funcional44
36 Anaacutelise Estatiacutestica45
4 RESULTADOS47
41 Cinemaacutetica toracoabdominal50
42 Atividade muscular54
43 Capacidade funcional e Dispneia56
x
5 DISCUSSAtildeO59
51 Cinemaacutetica toracoabdominal60
52 Atividade muscular63
53 Capacidade funcional e dispneia65
54 Limitaccedilotildees68
6 CONCLUSAtildeO70
7 REFEREcircNCIAS 72
8 ANEXOS90
xi
LISTA DE ABREVIATURAS
ABD Volume abdominal
ALAT Associaccedilatildeo Latino-Americana de Toacuterax
ATS American Thoracic Society
BORG Escala de dispneia
CPT Capacidade Pulmonar Total
CRF Capacidade Residual Funcional
CTABD Razatildeo entre a contribuiccedilatildeo da caixa toraacutecica e abdocircmen
CT Volume da caixa toraacutecica
CVF Capacidade vital forccedilada
DATASUS Departamento de informaacutetica do sistema uacutenico de sauacutede
DPOC Doenccedila pulmonar obstrutiva crocircnica
EMG Eletromiografia
EMGVt Razatildeo entre atividade muscular e o volume corrente total
F Feminino
FCMaacutex Frequecircncia cardiacuteaca maacutexima
FE Fluxo expiratoacuterio
FI Fluxo inspiratoacuterio
GC Grupo controle
GOLD Global initiative for chronic obstructive lung disease
GT Grupo tratado
HCFMUSP Hospital das Cliacutenicas da Faculdade de Medicina da Universidade
de Satildeo Paulo
xii
Hz Hertz
Kgm2 Kilograma por metro quadrado (unidade do IMC)
L Litros
M Masculino
mL Mililitros
mV Milivolt
mVL Milivolt por litro
O2 Oxigecircnio
OTG Oacutergatildeo tendinoso de Golgi
PaCO2 Pressatildeo parcial de gaacutes carbocircnico
POE Pletismoacutegrafo optoeletrocircnica
RP Reabilitaccedilatildeo pulmonar
SpO2 Saturaccedilatildeo Perifeacuterica de Oxigecircnio
TC6 Teste de caminhada dos 6 minutos
TI Volume do toacuterax inferior
TS Volume corrente do toacuterax superior
VE Volume minuto
VEF1 Volume expiratoacuterio forccedilado no primeiro segundo
VEF1CVF Relaccedilatildeo do volume expiratoacuterio forccedilado no primeiro segundo e
capacidade vital forccedilada
VR Volume Residual
Vt Volume corrente
WMaacutex Carga maacutexima em Watts
Δ Variaccedilatildeo
xiii
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 Desenho experimental25
Figura 2 Anatomia e teacutecnica de alongamento do peitoral maior28
Figura 3 Anatomia e teacutecnica de alongamento do escaleno28
Figura 4 Anatomia e a teacutecnica de alongamento do Esternocleidomastoideo29
Figura 5 Anatomia e a teacutecnica de alongamento do Trapeacutezio Superior30
Figura 6 Anatomia e a teacutecnica de alongamento do peitoral menor30
Figura 7 Anatomia e a teacutecnica de alongamento do Serraacutetil Anterior e
Intercostais31
Figura 8 Anatomia e a teacutecnica de alongamento dos muacutesculos
abdominais32
Figura 9 Anatomia e a teacutecnica de alongamento dos flexores do punho33
Figura 10 Anatomia e a teacutecnica de alongamento dos extensores do punho33
xiv
Figura11 Anatomia e a teacutecnica de alongamento dos extensores do
tornozelo34
Figura 12 Anatomia e a teacutecnica de alongamento dos muacutesculos dos flexores do
tornozelo35
Figura13 Imagem tridimensional gerada pelo OEP38
Figura14 Disposiccedilatildeo das 89 esferas reflexivas38
Figura15 Laboratoacuterio do POE com a disposiccedilatildeo das cacircmeras e da bicicleta40
Figura16 Captaccedilatildeo e anaacutelise dos dados do volume toracoabdominal40
Figura17 Paciente realizando a avaliaccedilatildeo com carga no cicloergocircmetro no
POE42
Figura 18 Desenho experimental da avaliaccedilatildeo do OEP42
Figura19 Eletromioacutegrafo da BTS Engeneering44
Figura 20 Fluxograma do estudo49
xv
Figura 21 Efeitos do alongamento muscular respiratoacuterio na mecacircnica
ventilatoacuteria durante o exerciacutecio Os dados foram apresentados em meacutedia e
desvio padratildeo representado pela diferenccedila (Δ) = poacutes- - preacute-intervenccedilatildeo Houve
um aumento estatisticamente significante do volume da CT e do ABD no GT O
exerciacutecio foi realizado com 25 da carga maacutexima predito na equaccedilatildeo de
Jones25 GC= Grupo Controle GT= Grupo Tratado CT= Caixa totaacutecica total
TS= Toacuterax superior TI= Toacuterax inferior ABD= Abdomen = p lt 005 GC vs GT
(teste t natildeo pareado)51
Figura 22 Efeitos do alongamento muscular respiratoacuterio no volume minuto
(VE) durante o exerciacutecio Os dados foram apresentados em meacutedia e desvio
padratildeo representado pela diferenccedila (Δ) = poacutes- - preacute-intervenccedilatildeo Ambas
apresentaram diferenccedilas houve um aumento estatisticamente significante de
4L no volume minuto (VE) no GT em relaccedilatildeo do GC O exerciacutecio foi realizado
com 25 da carga maacutexima predito na equaccedilatildeo de Jones25 GC= Grupo
Controle GT= Grupo Tratado = p lt 005 GC vs GT (teste t natildeo pareado)52
Figura 23 Efeitos do alongamento muscular respiratoacuterio no fluxo expiratoacuterio
(FE) durante o exerciacutecio Os dados foram apresentados em meacutedia e desvio
padratildeo representado pela diferenccedila (Δ) = poacutes- - preacute-intervenccedilatildeo Ambas
apresentaram diferenccedilas houve um aumento estatisticamente significante de
100mL no fluxo expiratoacuterio (FE) no GT em relaccedilatildeo do GC O exerciacutecio foi
realizado com 25 da carga maacutexima predito na equaccedilatildeo de Jones25 GC=
xvi
Grupo Controle GT= Grupo Tratado = p lt 005 GC vs GT (teste t natildeo
pareado)53
Figura 24 Efeitos do alongamento muscular respiratoacuterio na relaccedilatildeo da
contribuiccedilatildeo da caixa toraacutecica e abdocircmen (CTABD) durante o exerciacutecio Os
dados foram apresentados em meacutedia e desvio padratildeo representado pela
diferenccedila (Δ) = poacutes- - preacute-intervenccedilatildeo O exerciacutecio foi realizado com 25 da
carga maacutexima predito na equaccedilatildeo de Jones25 Foi observado a reduccedilatildeo
estatisticamente significante dos valores no GT em relaccedilatildeo do GC da relaccedilatildeo
CTAB que representa o aumento da mobilidade do compartimento abdominal
GC= Grupo Controle GT= Grupo Tratado CT= Participaccedilatildeo da caixa toraacutecica
ABD= Participaccedilatildeo abdominal = p lt 005 GC vs GT (teste t natildeo pareado)54
Figura 25 Efeitos do alongamento muscular respiratoacuterio na atividade
muscular Os dados foram apresentados em meacutedia e desvio padratildeo
representado pela diferenccedila (Δ) = poacutes- - preacute-intervenccedilatildeo Foi constatada uma
diminuiccedilatildeo estatisticamente significante da atividade dos muacutesculos
esternocleidomastoideo e intercostal superior no GT O exerciacutecio foi realizado
com 25 da carga maacutexima predito na equaccedilatildeo de Jones25 GC= Grupo
Controle GT= Grupo Tratado = p lt 005 GC vs GT (teste t natildeo pareado)55
Figura 26 Efeitos do alongamento muscular respiratoacuterio na relaccedilatildeo entre a
atividade muscular e o volume corrente (EMGVt) Os dados foram
apresentados em meacutedia e desvio padratildeo representado pela diferenccedila (Δ) =
xvii
poacutes- - preacute-intervenccedilatildeo Observou-se uma diminuiccedilatildeo estatisticamente
significante da EMGVt no GT O exerciacutecio foi realizado com 25 da carga
maacutexima predito na equaccedilatildeo de Jones25 GC= Grupo Controle GT= Grupo
Tratado = p lt 005 GC vs GT (teste t natildeo pareado) 56
Figura 27 Efeitos do alongamento muscular respiratoacuterio na escala de BORG
Os dados foram apresentados Os dados foram apresentados em meacutedia e
desvio padratildeo representado pela diferenccedila (Δ) = poacutes- - preacute-intervenccedilatildeo Apoacutes
o tratamento ambos apresentaram diminuiccedilatildeo da dispneia mas somente no GT
houve uma diminuiccedilatildeo na comparaccedilatildeo com o GC e com seus dados iniciais no
preacute exerciacutecio O exerciacutecio foi realizado com 25 da carga maacutexima predito na
equaccedilatildeo de Jones25 GC= Grupo Controle GT= Grupo Tratado BORG= Escala
de dispneia TC6= Teste de caminhada dos 6 minutos = p lt 005 preacute vs poacutes
intervenccedilatildeo +=plt005 GC vs GC) (teste t natildeo pareado)57
Figura 28 Os dados apresentados em (Δ) representam (poacutes intervenccedilatildeo ndash preacute
intervenccedilatildeo) No teste de caminhada dos 6 minutos (TC6) foi observada uma
diferenccedila clinicamente significante do TC6 no GT que obteve um aumento
meacutedio de 2514m e o GC de 65m O exerciacutecio foi realizado com 25 da carga
maacutexima predito na equaccedilatildeo de Jones25 GC= Grupo Controle GT= Grupo
Tratado TC6= Teste de caminhada dos 6 minutos ( =diferenccedila clinicamente
significante)58
xviii
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 Caracterizaccedilatildeo amostral basal dos pacientes do estudo50
xix
RESUMO
Efeitos do alongamento da musculatura respiratoacuteria pelas teacutecnicas de
alongamento passivo e contraccedilatildeo-relaxamento na mecacircnica ventilatoacuteria e
na capacidade funcional de pacientes com doenccedila pulmonar obstrutiva
crocircnica
Os pacientes com doenccedila pulmonar obstrutiva crocircnica (DPOC) devido agrave
obstruccedilatildeo brocircnquica e reduccedilatildeo da retraccedilatildeo elaacutestica pulmonar apresentam o
aumento do recrutamento da musculatura respiratoacuteria predispondo agrave
incoordenaccedilatildeo toracoabdominal aumentando o trabalho respiratoacuterio
provocando fadiga e dispneacuteia O alongamento dos muacutesculos respiratoacuterios
(AMR) poderia diminuir a atividade muscular melhorar a sua capacidade
contraacutetil e a mobilidade da caixa toraacutecica otimizando a ventilaccedilatildeo pulmonar
entretanto estes efeitos nos muacutesculos respiratoacuterios permanecem
desconhecidos Objetivo Avaliar os efeitos da adiccedilatildeo do AMR associados agrave
reabilitaccedilatildeo pulmonar na mecacircnica ventilatoacuteria na capacidade funcional e na
atividade muscular em pacientes com DPOC Meacutetodo Estudo randomizado e
controlado incluiu 30 pacientes com DPOC que foram distribuiacutedos
aleatoriamente para os grupos tratado (GT n = 15) e controle (GC n = 15)
Todos os pacientes foram submetidos a 24 sessotildees de treinamento aeroacutebico
duas vezes por semana Aleacutem disso o GT recebeu AMR e o GC recebeu o
alongamento dos membros superiores e inferiores antes dos exerciacutecios
aeroacutebicos Foram avaliados teste da capacidade funcional (teste de caminhada
xx
de 6 minutos TC6) mecacircnica toracoabdominal (pletismografia optoeletrocircnica
POE) e atividade muscular respiratoacuteria (eletromiografia de superfiacutecie EMG)
durante o exerciacutecio Os dados representam a variaccedilatildeo (Δ)=poacutes- - preacute-
avaliaccedilatildeo foi utilizado o teste t para comparar os grupos e o niacutevel de
significacircncia foi fixado em 5 Resultados O GT apresentou o aumento da
capacidade funcional (2514m +) com a reduccedilatildeo da sensaccedilatildeo de dispneia apoacutes
o TC6 (plt001) quando comparado ao GC Provavelmente estaacute relacionado
com a melhora do volume da caixa toraacutecica (plt001) capacidade ventilatoacuteria
(plt001) com o aumento do volume e da contribuiccedilatildeo do compartimento
abdominal (plt001) Observamos tambeacutem no GT a reduccedilatildeo da atividade
muscular (p lt001) com maior eficiecircncia ventilatoacuteria (plt0006) Conclusatildeo
Nossos resultados sugerem que a adiccedilatildeo do AMR no treinamento aeroacutebio
aumenta a capacidade funcional com diminuiccedilatildeo da dispneia melhora a
eficaacutecia da contraccedilatildeo muscular e da capacidade ventilatoacuteria devido agrave maior
participaccedilatildeo do compartimento abdominal em pacientes com DPOC
Descritores DPOC Muacutesculos Respiratoacuterios Alongamento Muscular
Mecacircnica Respiratoacuteria Plestimografia Dispneia Eletromiografia
xxi
SUMMARY
Effects of respiratory muscle stretching with passive and hold-relax
techniques on ventilatory mechanics and functional capacity in patients
with chronic obstructive pulmonary disease
Chronic obstructive pulmonary disease (COPD) patients due to bronchial
obstruction and reduced lung elastic recoil present increased in the recruitment
of respiratory muscles predisposing an thoracoabdominal incoordination major
breathing work causing fatigue and dyspnea The respiratory muscles
stretching (RMS) could decrease the muscle activity and improve their
contractile capacity chest wall mobility and optimize the pulmonary ventilation
however this effect remains unknown Objective To evaluate the effects of
adding the RMS associated with pulmonary rehabilitation in ventilatory
mechanics functional capacity and muscle activity in patients with COPD
Method Randomized and controlled trial enrolled 30 COPD patients who were
randomly allocated into treatment (TG n = 15) and control (CG n = 15) groups
All patients underwent 24 sessions of aerobic training twice a week In Addition
TG received RMS and CG received upper and lower limb stretching before
aerobic exercises Were evaluated functional capacity (6-minute walking
distance test 6MWDT) thoracoabdominal mechanics (optoelectronic
plethysmography OEP) and respiratory muscle activity (surface
electromyography EMG) during exercise The data represents the change (Δ) =
post- - pre-evaluation a t-test was used to compare the groups and the
xxii
significance level was set at 5 Results TG showed improvement in the
functional capacity (2514m +) with decrease of the dyspnea sensation after the
6MWDT (plt001) compared with CG Probably is related with increased of
chest wall volume (plt001) ventilatory capacity (plt001) volume and the
contribution of the abdominal compartment (plt001) We also observed in the
TG a reduction of respiratory muscle activity (plt001) and the ratio between
volume displaced (plt0006) Conclusion Our results suggest that the addition
of RMS to aerobic training increases the functional capacity with dyspnea
reduction improvement of efficacy of respiratory muscle contraction and
ventilatory capacity due to higher participation of the abdominal compartment in
patients with COPD
Descriptors COPD Respiratory Muscles Muscular Stretching Respiratory
Mechanics Plethysmography Dyspnea Electromyography
1 INTRODUCcedilAtildeO
2
11 Definiccedilatildeo e Incidecircncias
A doenccedila pulmonar obstrutiva crocircnica (DPOC) eacute definida como uma
patologia pulmonar previsiacutevel e trataacutevel caracterizada pela limitaccedilatildeo
persistente do fluxo aeacutereo aprisionamento aeacutereo e hiperinsuflaccedilatildeo com caraacuteter
de limitaccedilatildeo progressiva associados ao aumento da resposta inflamatoacuteria das
vias aeacutereas e dos pulmotildees decorrente da exposiccedilatildeo aos gases e partiacuteculas
nocivas (GOLD 2013) Os processos inflamatoacuterios causam alteraccedilotildees
brocircnquicas e destruiccedilatildeo do parecircnquima pulmonar que podem variar de
indiviacuteduo para indiviacuteduo resultando no decreacutescimo da elasticidade tecidual
pulmonar e diminuiccedilatildeo da capacidade ventilatoacuteria (Celli et al 2004 Laizo
2009)
A bronquite crocircnica e o enfisema pulmonar satildeo responsaacuteveis pela
denominaccedilatildeo da DPOC decorrente habitualmente do tabagismo embora
outras formas possam estar envolvidas em sua patogecircnese tal como a
deficiecircncia de micro1-antitripsina (Wood et al 2008) O enfisema pulmonar eacute
definido pelo aumento anormal e permanente dos espaccedilos aeacutereos distais do
bronquiacuteolo terminal acompanhado pela destruiccedilatildeo do parecircnquima pulmonar
Na ausecircncia de uma fibrose evidente o principal distuacuterbio funcional do enfisema
eacute a perda da retraccedilatildeo elaacutestica tecidual associada ao colabamento das vias
aeacutereas (Fabbri et al 2008) A bronquite crocircnica eacute definida clinicamente pela
presenccedila de tosse crocircnica com produccedilatildeo de secreccedilatildeo por vaacuterios dias da
semana por 3 meses em um ano por mais de 2 anos consecutivos Apresentam
3
edema e inflamaccedilatildeo da mucosa brocircnquica associada ao aumento do nuacutemero e
do tamanho das glacircndulas secretoras de muco e remodelaccedilatildeo estrutural
recorrente da parede dos brocircnquios (Figuero et al 2005) Evidenciam-se em
ambas a diminuiccedilatildeo da luz brocircnquica e limitaccedilatildeo da mobilidade da caixa
toraacutecica com diminuiccedilatildeo da capacidade respiratoacuteria caracterizando um
distuacuterbio ventilatoacuterio obstrutivo com aprisionamento aeacutereo geralmente grave e
irreversiacutevel (Colom et al 2006)
No Brasil a DPOC ocupa a 5ordf posiccedilatildeo entre as principais causas de
morte liacuteder em mortalidade entre as doenccedilas respiratoacuterias onde 290 mil
pacientes satildeo internados anualmente gerando um gasto importante ao sistema
de sauacutede do paiacutes Os dados de prevalecircncia obtidos ateacute o momento atraveacutes dos
questionaacuterios sintomatoloacutegicos permitiram estimar a DPOC em adultos maiores
de 40 anos em 12 dessa populaccedilatildeo ou seja 5500000 indiviacuteduos Tatildeo
importante quanto os gastos diretos satildeo os indiretos como os dias de trabalho
perdidos e aposentadoria precoce (II Consenso Brasileiro de DPOC 2004)
Associaccedilatildeo Latino-Americana de Toacuterax (ALAT) constituiacuteda pelo Brasil
Venezuela Meacutexico Uruguai e Chile desenvolveram um estudo chamado
PLATINO em 2006 com colaboraccedilatildeo da Burden of Obstructive Lung Disease
Se considerarmos os dados preliminares a prevalecircncia da DPOC varia de 6 a
158 da populaccedilatildeo brasileira com idade igual ou superior a 40 anos que
equivale a 2800000 a 6900000 indiviacuteduos dados estes que corroboram com
o Consenso Brasileiro de DPOC
4
O nuacutemero de oacutebitos tecircm aumentado nos uacuteltimos 20 anos em ambos os
sexos a taxa de mortalidade passou de 788 por 100000 habitantes na deacutecada
de 80 para 1904 por 100000 habitantes na deacutecada de 90 com um
crescimento de 230 (Laizo 2009) Segundo dados do DATASUS a DPOC
gerou no ano de 2010 no Sistema Nacional de Sauacutede Puacuteblica 141994
hospitalizaccedilotildees que levaram a 778428 dias de internaccedilatildeo O custo total dessas
internaccedilotildees foi de R$ 9243441551 e 7937 mortes diretamente relacionadas
com a DPOC Estima-se que ateacute 2025 75 das mortes prematuras
respiratoacuterias seratildeo provocadas pelo tabagismo (De Godoy et al 2007)
12 Fisiopatologia
A obstruccedilatildeo brocircnquica e a diminuiccedilatildeo do recolhimento elaacutestico
desencadeados pela doenccedila alteram a mecacircnica pulmonar que desloca o
ponto de igual pressatildeo das vias aeacutereas favorecendo o aprisionamento de ar
desencadeando a hiperinsuflaccedilatildeo e a diminuiccedilatildeo da capacidade respiratoacuteria
aos grandes esforccedilos subsequentemente ao repouso (Senol et al 2006
Fabbri et al 2008) A configuraccedilatildeo alterada da caixa toraacutecica deslocam os
muacutesculos respiratoacuterios (De Troyer 1997) inclusive o diafragma para uma
posiccedilatildeo de encurtamento e desvantagem mecacircnica prejudicando
gradativamente a mobilidade toracoabdominal levando ao aumento do trabalho
5
respiratoacuterio limitaccedilatildeo da ventilaccedilatildeo pulmonar e agravamento a sensaccedilatildeo de
dispneia (Yamaguti et al 2012 OacuteKroy et al 2000)
A limitaccedilatildeo do fluxo ventilatoacuterio faz com que a capacidade residual
funcional (CRF) se desloque em direccedilatildeo da capacidade pulmonar total (CPT)
A forccedila dos muacutesculos inspiratoacuterios eacute exigida para o aumento do volume mas a
contraccedilatildeo muscular eacute eficaz somente em esforccedilos leves e moderados A maior
demanda ventilatoacuteria obriga a CRF se deslocar ainda mais em direccedilatildeo agrave CPT e
a forccedila inspiratoacuteria natildeo tem capacidade de gerar o ganho volumeacutetrico
agravando a dispneia o que leva a interrupccedilatildeo do exerciacutecio (Calverley 2006)
A DPOC natildeo eacute somente uma doenccedila respiratoacuteria e sim sistecircmica a
hiperinsuflaccedilatildeo pulmonar afeta o sistema cardiovascular pois a alteraccedilatildeo da
pressatildeo intratoraacutecica reduz o enchimento cardiacuteaco e consequentemente o
deacutebito cardiacuteaco (Stark-leyva et al 2004) As disfunccedilotildees oacutesseas satildeo
decorrentes principalmente da inatividade fiacutesica do uso de corticoacuteesteroacuteides e
pela desnutriccedilatildeo (Ferguson et al 2009) assim como as neuropatias perifeacutericas
incluindo do nervo frecircnico ocasionando a depressatildeo da excitabilidade e da
conduccedilatildeo neural (Jann et al 1998) A hipoxemia possivelmente seja
responsaacutevel pelas alteraccedilotildees cognitivas que compromete a memoacuteria verbal e a
compreensatildeo (Dodd et al 2010) em contrapartida a depressatildeo e a ansiedade
satildeo associados principalmente agrave sensaccedilatildeo de desconforto respiratoacuterio e agrave
limitaccedilatildeo da atividade de vida diaacuteria (Wagena 2005) O refluxo gastroesofaacutegico
eacute outra alteraccedilatildeo que provavelmente seja decorrente da diminuiccedilatildeo da
capacidade contraacutetil muscular diafragmaacutetica pois com a sua horizontalizaccedilatildeo
6
perde-se a eficiecircncia contraacutetil e reduz da pressatildeo do esfiacutencter gastroesofaacutegico
(Hurst et al 2008 Boutou et al 2011) Dentre as alteraccedilotildees sistecircmicas da
DPOC o sistema muacutesculo-esqueleacutetico eacute um dos mais afetados e estaacute
relacionado com o agravamento da patologia e ao aumento do iacutendice de
mortalidade devido ao descondicionamento fiacutesico (Dourado et al 2006
Swallow et al 2007 Dodd et al 2012)
13 Sistema muacutesculo-esqueleacutetico
O sistema muacutesculo-esqueleacutetico eacute afetado pela inflamaccedilatildeo crocircnica
sistecircmica da DPOC processo que induz a liberaccedilatildeo de mediadores quiacutemicos
inflamatoacuterios acelerando a degradaccedilatildeo proteica e aumentando o estresse
oxidativo muscular (Andreassen e Vestbo 2003 Macintyre 2006) O transporte
de oxigecircnio para o citoplasma celular dos muacutesculos fica comprometido esse
oxigecircnio fica inutilizado por natildeo conseguir chegar de forma eficiente nas
mitococircndrias (Shrikrishna 2009 Barreiro 2013) As alteraccedilotildees metaboacutelicas
enzimaacuteticas e hormonais anaboacutelicas quando associadas agrave diminuiccedilatildeo dos
capilares sanguiacuteneos provocam a reduccedilatildeo das fibras musculares do tipo I e II
(Ries et al 2007 Strasser et al 2013) Devido a estes fatores todos os
muacutesculos inclusive os respiratoacuterios trabalham de forma anaeroacutebica ao miacutenimo
esforccedilo acumulando lactato ocasionando a fadiga precoce ao exerciacutecio e ao
descondicionamento sistecircmico (Wagena 2005 Hostettler et al 2011)
7
14 Diagnoacutestico e Sintomas
Para o diagnoacutestico eacute utilizado principalmente a espirometria por que a
obtenccedilatildeo da curva expiratoacuteria volume-tempo eacute obrigatoacuteria na suspeita cliacutenica
de DPOC devendo ser realizada antes e apoacutes administraccedilatildeo de
broncodilatador na fase estaacutevel da doenccedila A espirometria permite a avaliaccedilatildeo
de uma multiplicidade de paracircmetros poreacutem os mais importantes do ponto de
vista de aplicaccedilatildeo cliacutenica satildeo a CVF (capacidade vital forccedilada) o VEF1 (volume
expiratoacuterio forccedilado no primeiro segundo) e a relaccedilatildeo sua relaccedilatildeo (VEF1CVF)
A existecircncia da limitaccedilatildeo do fluxo aeacutereo eacute definida pela presenccedila da relaccedilatildeo
VEF1CVF abaixo de 070 poacutes-broncodilatador e pelos dados de VEF1 ge 80
do predito (leve) ge 50 e lt 80 do predito (moderado) e ge 30 e lt 50 do
predito (grave) (GOLD 2013)
A DPOC apresenta tambeacutem o aumento do volume residual (VR) da
capacidade pulmonar total (CPT) e da capacidade residual funcional (CRF)
(Camargo et al 2008) Deve-se solicitar o exame radioloacutegico de forma rotineira
nas posiccedilotildees poacutestero-anterior e perfil mas dificilmente seraacute utilizado para o
diagnoacutestico da doenccedila e sim para descartar outras patologias como a
neoplasias bolhas e para acompanhar o prognoacutestico da doenccedila (II Consenso
Brasileiro sobre Doenccedila Pulmonar Obstrutiva Crocircnica 2004)
A presenccedila de sintomas respiratoacuterios crocircnicos no paciente com haacutebito
tabaacutegico (cigarro cigarrilha cachimbo charuto) deve levar a suspeita cliacutenica da
8
DPOC O tabagismo eacute considerado um problema de sauacutede puacuteblica e satildeo
atribuiacutedos a esse viacutecio 90 dos casos de cancro no pulmatildeo 86 de bronquite
e enfisema 25 dos processos isquecircmicos do coraccedilatildeo e 30 dos cancros
extrapulmonares (Laizo 2009) A tosse o chiado e a dispneia estatildeo
frequentemente presentes tendo sido relatado em 83 dos casos (Nishimura
et al 2002 Laveneziana et al 2011)
A dispneia eacute o sintoma mais importante dos pacientes com DPOC
Montaldo et al (2000) acreditam que os estiacutemulos aferentes provenientes das
tensotildees do sistema muacutesculo-esqueleacutetico da regiatildeo toracoabdominal apoacutes
serem processados nos centros respiratoacuterios aumentam a percepccedilatildeo da
dispneia (Breslin et al 1998) Outro fator satildeo os estiacutemulos dos quimioceptores
sensiacuteveis agraves variaccedilotildees de PaCO2 e agraves alteraccedilotildees dos mecanoceptores
articulares e musculares da caixa toraacutecica (Burki e Lee 2010) Classicamente
o instrumento mais utilizado para avaliaccedilatildeo da dispneia eacute a escala modificada
de Borg (1982) a sensaccedilatildeo de falta de ar estaacute associada com a incapacidade
fiacutesica piora da qualidade de vida e do prognoacutestico cliacutenico Os pacientes
normalmente referem os sintomas em uma fase mais avanccedilada da doenccedila e
frequentemente relaciona a limitaccedilatildeo das atividades ao descondicionamento
muscular perifeacuterico (Castro et al 2012)
Szczegielniak et al (2011) demonstraram que os exerciacutecios aeroacutebicos
reduzem os niacuteveis inflamatoacuterios caracteriacutesticos da DPOC e melhora o
condicionamento fiacutesico permitindo a melhora das atividades diaacuterias Por esta
9
razatildeo cada vez mais a reabilitaccedilatildeo pulmonar vem adquirindo mais importacircncia
no acircmbito cientiacutefico
15 Reabilitaccedilatildeo pulmonar
A reabilitaccedilatildeo pulmonar (RP) eacute um programa baseado em evidecircncias
constituiacutedo pelo treinamento aeroacutebico e resistido associado aos programas
educacionais intervenccedilotildees nutricionais e suporte psicoloacutegico para os pacientes
com DPOC O objetivo eacute otimizar a performance fiacutesica funcional social
psicoloacutegica e autonocircmica dos pacientes Eacute realizada por uma equipe
multidisciplinar composta por meacutedicos fisioterapeutas enfermeiros
nutricionistas psicoacutelogos terapeutas ocupacionais e assistentes sociais (ATS
2013) Eacute capaz de auxiliar na atenuaccedilatildeo das limitaccedilotildees do sistema
musculoesqueleacutetico por isso melhora a qualidade de vida e garante o maacuteximo
da sua independecircncia e funcionalidade em seu meio (Carrieri-Kohlman et al
2005 Garcia-Aymerich et al 2006 Ries et al 2007)
O treinamento aeroacutebico realizado em bicicleta ou esteira ergomeacutetrica eacute o
principal componente da RP conforme observados em alguns estudos ele
promove o aumento do tamanho das fibras do tipo I e na quantidade de
capilares musculares em DPOC (Montes de Oca et al 2005) A intensidade
pode ser ajustada pela frequecircncia cardiacuteaca ou pelo teste de caminhada
(Figueiredo e Guimaratildees 2009) sendo necessaacuterio no miacutenimo 10 semanas de
10
intervenccedilatildeo com 2 sessotildees semanais (Rossi et al 2005) Mas os indiviacuteduos
apresentam respostas diferentes quando submetidos agrave RP sobretudo nos
fatores que limitam o exerciacutecio fiacutesico Plankell et al (2005) realizaram um
estudo e constataram que pacientes soacute apresentam um bom condicionamento
cardiorrespiratoacuterio quando realizava exerciacutecios aeroacutebicos de alta intensidade
A RP tem sido reconhecida nos uacuteltimos anos como parte fundamental do
tratamento da DPOC pois oferece inuacutemeros estudos com resultados positivos
para os pacientes Dentre eles a melhora da toleracircncia ao exerciacutecio (Yoshimi
et al 2012) reduccedilatildeo da demanda ventilatoacuteria em esforccedilo submaacuteximo melhora
da eficiecircncia do trabalho diminuiccedilatildeo da dispneia e melhora da atividade de
vida diaacuteria (Godoy et al 2009) Apesar dos benefiacutecios nos pacientes com
DPOC ateacute o presente momento nenhum exerciacutecio conseguiu atuar
eficientemente na mecacircnica ventilatoacuteria (Georgiadou et al 2007) Por esta
razatildeo alguns estudos buscaram outras alternativas para interferir diretamente
nos muacutesculos respiratoacuterios com o objetivo de potencializar os efeitos positivos
jaacute demonstrados pela RP
16 Muacutesculos respiratoacuterios
O diafragma eacute o principal muacutesculo respiratoacuterio durante a inspiraccedilatildeo
realiza a contraccedilatildeo das cuacutepulas diafragmaacuteticas que descendem e gera um
aumento da pressatildeo intra-abdominal que serve de sustentaccedilatildeo para a
11
expansatildeo da caixa toraacutecica potencializada pela associaccedilatildeo da contraccedilatildeo dos
muacutesculos respiratoacuterios (Man et al 2012) Tem sido demonstrado na literatura
encurtamento em torno de 28 a 40 do diafragma na DPOC fato este que
compromete a mobilidade e funcionalidade toracoabdominal com repercussatildeo
na capacidade ventilatoacuteria e na tensatildeo dos muacutesculos da caixa toraacutecica de
forma de compensatoacuteria a diminuiccedilatildeo da contraccedilatildeo diafragmaacutetica (Iwasawa et
al 2002 Vilaroacute et al 2010)
Os principais muacutesculos acessoacuterios respiratoacuterios satildeo o peitoral menor
escalenos esternocleidomastoacuteideo intercostais e abdominais avaliados pela
eletromiografia (Gandevia et al 2006 Duiverman et al 2004) eles participam
na fase inspiratoacuteria favorecendo a expansatildeo da caixa toraacutecica pela traccedilatildeo
costal (De Troyer et al 1994 Taylor et al 1990) Durante a inspiraccedilatildeo forccedilada
outros muacutesculos satildeo solicitados como o peitoral maior e o trapeacutezio (Putt et al
2008) Estudos mais recentes tecircm demonstrado que a atividade muscular do
esternocleidomastoacuterideo intercostais peitoral menor latiacutessimo do dorso e dos
escalenos tanto em condiccedilotildees de repouso quanto no exerciacutecio satildeo maiores em
pacientes com DPOC quando comparada aos indiviacuteduos sadios (Donaldson et
al 2012) Os muacutesculos abdominais desempenham um papel importante no
mecanismo expiratoacuterio e a sua contraccedilatildeo estaacute associada a outras musculaturas
expiratoacuterias que potencializam no mecanismo de depressatildeo costal para a saiacuteda
de ar (Georgiadou et al 2007)
Na DPOC os muacutesculos respiratoacuterios sustentam a contraccedilatildeo para
aumentar expansatildeo da caixa toraacutecica com o objetivo de incrementar o fluxo
12
ventilatoacuterio Essa diminuiccedilatildeo do comprimento das fibras musculares prejudica a
eficiecircncia da forccedila contraacutetil maacutexima pois perde a sobreposiccedilatildeo fisioloacutegica ideal
entre os filamentos de actina e miosina (Izumizaki et al 2008 Ito 1999)
aumentando o gasto energeacutetico e a fadiga durante os exerciacutecios fiacutesicos
(Kokkonen et al 2007 Gea et al 2013) Essas alteraccedilotildees de comprimento e
tensatildeo do sistema musculo-esqueleacutetico da regiatildeo toracoabdominal geram a
estimulaccedilatildeo mecanoceptoras locais (fusos musculares e os receptores
articulares) que alteram os estiacutemulos neuroloacutegicos aos centros motores e
respiratoacuterios (Montaldo et al 2000) Estes centros por sua vez desencadeiam
a mudanccedila da taxa de disparo do nervo frecircnico que controla a cadecircncia e a
frequecircncia da contraccedilatildeo diafragmaacutetica (Burki e Lee 2010)
A partir destes conceitos preacutevios da relaccedilatildeo entre a mobilidade e as
alteraccedilotildees sintomatoloacutegicas da patologia pulmonar estudos de intervenccedilatildeo nos
muacutesculos respiratoacuterios ganharam importacircncia cientiacutefica (ATS 2013) A teacutecnica
de alongamento muscular foi escolhida pela maioria pois veio de encontro aos
conceitos do aumento da mobilidade tecidual perdida na DPOC A maioria dos
trabalhos tiveram como objetivo principal aumentar a viscoelasticidade
muscular para gerar acomodaccedilatildeo dos mecanoceptores da caixa toraacutecica
sendo assim regularia os centros respiratoacuterios e consequentemente
melhoraria o trabalho respiratoacuterio com reduccedilatildeo dos sintomas (Manning e
Schwartzstein 1995 Montaldo et al 2000)
13
17 Alongamento Muscular
Bonnar et al (2004) consideram que o alongamento busca aumentar o
espaccedilo entre os filamentos de actina e miosina com o objetivo de devolver a
sobreposiccedilatildeo fisioloacutegica ideal da actina e miosina para potencializar a
capacidade contraacutetil muscular (Shrier 2004 Izumizaki et al 2008) O
alongamento pode regular o mecanismo contraacutetil a partir do equiliacutebrio do caacutelcio
citoplasmaacutetico pela ativaccedilatildeo do retiacuteculo sarcoplasmaacutetico (Nakamura et al
2012) aleacutem de promover a diminuiccedilatildeo da tensatildeo tecidual pela remodelaccedilatildeo
dos fibroblastos (Riley e Van Dyke 2012) Kokonnen (2007) constataram que o
tambeacutem diminui o torque muscular sem alteraccedilatildeo significante da amplitude
articular de forma aguda mas quando realizado de forma regular os muacutesculos
apresentaram uma melhora na velocidade de contraccedilatildeo forccedila e endurance
muscular aleacutem de melhorar a amplitude de movimento
No iniacutecio do seacuteculo 20 Sherrington definiu os primeiros conceitos da
facilitaccedilatildeo e inibiccedilatildeo autogecircnica a partir destes fundamentos foram
desenvolvidas diversas teacutecnicas de alongamento muscular A inibiccedilatildeo
autogecircnica eacute um dos principais mecanismos neurofisioloacutegicos do alongamento
que consiste na reduccedilatildeo da excitabilidade motora a partir de uma contraccedilatildeo ou
alongamento muscular (Bonnar et al 2004) Esse efeito eacute atribuiacutedo
primeiramente pelos fusos neuromusculares que desencadeiam respostas
musculares particulares para cada tipo de estiacutemulo Isto eacute agudamente o
alongamento causa a estimulaccedilatildeo intensa e abrupta dos nervos sensitivos que
14
desencadeia uma resposta medular eferente motora das fibras extra-fusais
gerando a aumento da atividade muscular e contraccedilatildeo intensa com restriccedilatildeo
da mobilidade tecidual (Morse et al 2008 Mukherjee et al 2010 McHugh et
al 2010) Para a intervenccedilatildeo crocircnica onde satildeo realizadas diversas sessotildees
de alongamentos existe uma remodelaccedilatildeo maior das propriedades
viscoelaacutesticas (tixotroacutepicas) do tecido conjuntivo que envolve as fibras
musculares com isso a limiar excitatoacuterio do fuso neuromuscular diminui e o
estiacutemulo contraacutetil tensional eferente tambeacutem (Taylor et al 1990 Izumizaki et
al 2006)
O mecanismo contraacuterio ao fuso neuromuscular satildeo as estimulaccedilotildees dos
receptores musculotendineos chamados de oacutergatildeos tendinosos de Golgi (OTG)
A partir da tensatildeo em estiramento do alongamento na regiatildeo miotendiacutenea
desencadeia um potencial de accedilatildeo sensitivo do OTG que inibe a atividade
muscular via nervos eferentes motores A intensidade desse mecanismo
inibitoacuterio estaacute relacionado com o tamanho da superfiacutecie tendiacutenea e com a
quantidade de tensatildeo exercida sobre ela Acreditava-se que somente em
tensatildeo abruptas ou grande intensidade estimularia o OTG ou seja que
atuaria somente em situaccedilotildees de grande estresse tecidual Mas os uacuteltimos
estudos apontam que o OTG aleacutem de atuar em situaccedilotildees de sobrecarga a sua
accedilatildeo eacute constante com o objetivo de inibir o mecanismo contraacutetil voluntaacuterio e
protetor do fuso neuromuscular (Mukherjee e Chakravarty 2012) Com o ganho
da viscoelasticidade do tecido conjuntivo ele tambeacutem causa acomodaccedilatildeo do
OTG assim como nos fusos e isso pode acarretar na alteraccedilatildeo da accedilatildeo
inibitoacuteria pois o limiar de disparo pela tensatildeo pode diminuir ou aumentar
15
dependendo da anatomia musculotendiacutenea do muacutesculo tratado (Hindle et al
2012)
Para obter uma resposta positiva do alongamento eacute recomendado
realizaacute-lo sustentando por no miacutenimo 30 segundos duas vezes por semana por
6 semanas (Reid e Mcnair 2004 Decicco e Fisher 2005 Magnusson et al
1996) Dentre as diversas teacutecnicas a contraccedilatildeo-relaxamento apresenta a maior
eficaacutecia no ganho da excursatildeo muscular a teacutecnica se baseia na associaccedilatildeo do
alongamento passivo intercaladas com contraccedilatildeo isomeacutetricas (Holcomb 2000)
Alguns estudos tecircm verificado os efeitos do alongamento dos muacutesculos
respiratoacuterios em pacientes com DPOC O primeiro trabalho de maior relevacircncia
foi de Ito et al (1999) eles observaram a melhora da funccedilatildeo pulmonar e da
dispneia em 16 sujeitos com DPOC que receberam o alongamento quando
comparados ao grupo que realizaram exerciacutecios diafragmaacuteticos assim como
Minoguchi et al (2002) com o diferencial que eles realizaram a intervenccedilatildeo
crocircnica (1 mecircs) em 12 pacientes Contrariando estes resultados Izumizaki et al
(2006 e 2008) realizaram o protocolo de intervenccedilatildeo aguda de alongamento
muscular da caixa toraacutecica com 10 e 14 pacientes respectivamente e
constataram uma diminuiccedilatildeo da funccedilatildeo pulmonar e sem alteraccedilatildeo da dispneia
Outros trabalhos com o mesmo conceito de intervenccedilatildeo constataram o
aumento da mobilidade toracoabdominal avaliados pela cirtometria associados
agrave melhora da capacidade funcional (Paulin et al 2005 Luularungrayub et al
2009) Mas os trabalhos de Noll et al (2008 e 2009) de intervenccedilatildeo crocircnica e
aguda respectivamente apoacutes o mesmo protocolo de tratamento muscular
16
demonstraram piora da mobilidade e da capacidade funcional Atualmente soacute
existe um estudo na literatura de Cunha et al (2005) que avaliaram a
atividade muscular respiratoacuteria com eletromiografia de superfiacutecie apoacutes a
intervenccedilatildeo nos pacientes com DPOC e apresentou melhoras nos paracircmetros
avaliados
Devido aos dados contraditoacuterios dos efeitos do alongamento dos
muacutesculos da caixa toraacutecica presente na literatura Heneghan et al (2012)
concluiacuteram em sua revisatildeo sistemaacutetica que atualmente natildeo existem evidecircncias
que suportem os benefiacutecios deste tipo de intervenccedilatildeo em pacientes com DPOC
Apesar da importacircncia que os estudos preacutevios representaram para a
comunidade cientiacutefica eles apresentaram limitaccedilotildees metodoloacutegicas
importantes pois poucos satildeo os estudos controlados e aleatorizados e tambeacutem
a aleatorizaccedilatildeo dos pacientes raramente satildeo descritas Outro ponto importante
a ser destacado eacute o fato de realizarem a intervenccedilatildeo com avaliaccedilatildeo aguda
estudos recentes demonstraram que muacutesculo se comporta diferente quando
comparado com a intervenccedilatildeo crocircnica Aleacutem disso os trabalhos utilizaram
ferramentas de avaliaccedilatildeo da mobilidade toracoabdominal de pouca acuraacutecia
como a cirtometria e atualmente com os avanccedilos tecnoloacutegicos existem
sistemas mais avanccedilados como o pletismoacutegrafo optoeletocircnico (POE) para a
avaliaccedilatildeo da mecacircnica ventilatoacuteria (Aliverti et al 2000)
17
18 Meacutetodos para a anaacutelise da mecacircnica ventilatoacuteria
A avaliaccedilatildeo dos padrotildees respiratoacuterios eacute importante para a melhor
compreensatildeo da mecacircnica respiratoacuteria visando o desenvolvimento e a melhor
compreensatildeo dos tratamentos fisioterapecircuticos aleacutem de contribuir para as
pesquisas cientiacuteficas (Parreira et al 2012) Existem alguns meacutetodos validados
que quantifica a mobilidade toracoabdominal como a pletismografia por
indutacircncia (Respitrace) eacute um aparelho composto por faixas elaacutesticas sensiacuteveis
agrave tensatildeo e compressatildeo posicionadas ao redor da caixa toraacutecia e abdominal
Elas satildeo conectadas a um moacutedulo oscilador e uma unidade de calibraccedilatildeo os
dados do movimento das faixas satildeo coletados e atraveacutes de um software
analisados em tempo real as variaacuteveis da mecacircnica ventilatoacuteria (Gosselink et
al 1995 Costa et al 2011 Fernandes et al 2011)
Para a avaliaccedilatildeo da expansibilidade os estudos ainda utilizam a
cirtometria que atraveacutes de uma fita meacutetrica mensura-se o diacircmetro da regiatildeo
axilar xifoide e abdominal durante a inspiraccedilatildeo e expiraccedilatildeo maacutexima Satildeo
quantificados a excursatildeo em centiacutemetros atualmente natildeo eacute considerado um
exame fidedigno devido agrave analise subjetiva dos paracircmetros avaliados (Rondelli
et al 2009)
Com o avanccedilo tecnoloacutegico foi desenvolvido o Pletismoacutegrafo
Optoeletrocircnico (POE) Seu funcionamento baseia-se na anaacutelise do movimento
detectado a partir de marcadores compostos por esferas reflexivas de 6 a 10
miliacutemetros (Dellacagraversquo et al 2010) posicionados na regiatildeo anterior e posterior da
superfiacutecie toracoabdominal (Romagnoli et al 2008 Bianchi et al 2007) O
18
deslocamento das esferas satildeo captadas atraveacutes de cacircmeras especiais que
possuem diodos axiais que emitem feixes luzes infravermelho que eacute refletido
por cada marcador Apoacutes o sinal ser processado satildeo identificados o
posicionamento das esferas na superfiacutecie a partir do cruzamento das
informaccedilotildees de cada cacircmera bidimensional os dados satildeo transformados em
coordenadas tridimensionais (Boudarham et al 2013)
O POE possui algumas vantagens dentre elas eacute um meacutetodo natildeo
invasivo natildeo necessita de clipe nasal maacutescaras ou qualquer similar de
calibraccedilatildeo simples e as avaliaccedilotildees podem ser realizadas em vaacuterias posturas
(Alliverti et al 2000) diferentes condiccedilotildees e em diversas disfunccedilotildees e
patologias (Vogiatzis et al 2005 Bianchi et al 2004) Este meacutetodo natildeo possui
diferenccedilas significativas nos dados quando comparados com outros meacutetodos
de diagnoacutestico da mecacircnica toracoabdominal (Aliverti 2008 Layton et al
2013) Eacute possiacutevel mensurar a cada ciclo respiratoacuterio variaacuteveis de volume e de
tempo dos trecircs compartimentos da parede toraacutecica e dos dois hemitoacuterax aleacutem
das variaacuteveis de assincronia toracoabdominal (Romagnoli et al 2008 Aliverti
et al 2010 Boudarham et al 2013) Por todas essas razotildees o POE tem
ganhado grande destaque nos uacuteltimos anos nas pesquisas sobre a mecacircnica
toracoabdominal mas por ser uma tecnologia recente ainda carece de mais
estudos
Os trabalhos que relacionaram os efeitos do alongamento dos muacutesculos
respiratoacuterios na DPOC ainda satildeo escassos de baixo rigor metodoloacutegico e ateacute
entatildeo nenhum existe nenhum trabalho foi avaliado pelo POE Os efeitos
19
destas teacutecnicas associadas ao exerciacutecio aeroacutebico e o seu impacto na mecacircnica
ventilatoacuteria permanecem desconhecidos Sendo assim parece relevante
verificar a influecircncia dos alongamentos associados ao exerciacutecio aeroacutebico na
mecacircnica ventilatoacuteria e na capacidade funcional dos pacientes com DPOC
19 Hipoacutetese
O alongamento dos muacutesculos respiratoacuterios potencializaria a capacidade
contraacutetil e a excursatildeo dos muacutesculos respiratoacuterios que resultaria na melhora da
mobilidade toracoabdominal e possivelmente no aumento da capacidade
ventilatoacuteria Com isso os pacientes com DPOC conseguiriam realizar a
atividade fiacutesica desencadeando menos dispneia
2 OBJETIVOS
21
21 Primaacuterio
Avaliar os efeitos do alongamento dos muacutesculos respiratoacuterios
associados ao treinamento aeroacutebico na mecacircnica ventilatoacuteria e na capacidade
funcional em indiviacuteduos portadores de DPOC com graus moderado e grave
durante o exerciacutecio comparado ao grupo controle (sham)
22 Secundaacuterio
Avaliar a atividade muscular eficiecircncia muscular e mobilidade abdominal
e observar se os dados obtidos possuem alguma relaccedilatildeo com as variaacuteveis
principais
3 CASUIacuteSTICA E METODOS
23
31 Aspectos eacuteticos
A pesquisa foi aprovada pelo Comitecirc de Eacutetica (Cappesq) do Hospital das
Cliacutenicas da Faculdade de Medicina da Universidade de Satildeo Paulo (HCFMUSP)
sob o no 129509 e todos os pacientes assinaram o Termo de Consentimento
Livre e Esclarecido concordando em participar da pesquisa O estudo foi
registrado no Clinical Trials (NCT02036762)
32 Casuiacutestica
Foram analisados 28 pacientes portadores de DPOC com grau de
obstruccedilatildeo moderada a grave em seguimento cliacutenico no ambulatoacuterio de
pneumologia do HCFMUSP O diagnoacutestico de DPOC foi estabelecido de
acordo com os criteacuterios recomendados pela American Toracic Society (ATS
2013)
321 Criteacuterios de inclusatildeo
Foram estudados pacientes portadores de DPOC que aceitaram
participar do estudo com autorizaccedilatildeo por escrito com grau de obstruccedilatildeo de
moderado (VEF1 ge 50 e lt 80 previsto) a grave (VEF1 ge 30 e lt 50
24
previsto) e VEF1CVF lt 070 diagnoacutesticado haacute no miacutenimo 6 meses com
estabilidade cliacutenica por pelo menos 1 mecircs em condiccedilatildeo cliacutenico medicamentosa
otimizada de acordo com os criteacuterios do GOLD (GOLD 2013) Os criteacuterios de
inclusatildeo foram (1) idade gt40 anos (2) clinicamente estaacuteveis (sem alteraccedilotildees
medicamentosas ou agravamento dos sintomas haacute pelo menos 4 semanas
antes do iniacutecio do estudo) (3) natildeo O2 dependente (4) ausecircncia de outras
pneumopatias e doenccedilas cardiovasculares associadas (5) ausecircncia de
cirurgias toraacutecicas (6) ausecircncia de deficiecircncias cognitivas fiacutesicas ou
comprometimento funcional que impossibilitasse a participaccedilatildeo no estudo (7)
IMC gt18 e lt30 Kgm2 (8) natildeo ter sido submetido a qualquer tipo de programa
de reabilitaccedilatildeo pulmonar nos uacuteltimos 6 meses
322 Criteacuterios de exclusatildeo
Os criteacuterios de exclusatildeo foram (1) descompensaccedilatildeo do quadro cliacutenico
(internaccedilatildeo com agravamentos dos sintomas e alteraccedilatildeo medicamentosa) e (2)
natildeo assiduidade ao tratamento (faltas superiores a 3 sessotildees) Durante todo o
estudo natildeo houve alteraccedilatildeo do tratamento medicamentoso do paciente
25
Figura 1 Desenho experimental
33 Delineamento experimental
Ensaio cliacutenico prospectivo aleatorizado controlado e de avaliador ldquocegordquo
Os pacientes participantes foram alocados em uma proporccedilatildeo de 11 nos
grupos tratamento (GT) ou controle (GC) (n=15 cada) A aleatorizaccedilatildeo foi feita
por sorteio dos pacientes em envelopes pardos e opacos
Todos os pacientes foram avaliados em 2 momentos distintos preacute (1ordf
avaliaccedilatildeo) e poacutes (2ordf avaliaccedilatildeo) programa de exerciacutecios aeroacutebicos associado ao
26
alongamento muscular A 1ordf avaliaccedilatildeo foi realizada em apenas um dia e foi
anterior agrave aleatorizaccedilatildeo A avaliccedilatildeo incluiu anaacutelise da mecacircnica ventilatoacuteria e
atividade muscular respiratoacuteria (pletismografia optoeletrocircnica e eletromiografia
de superfiacutecie) durante o exerciacutecio com carga capacidade funcional (teste da
caminhada de seis minutos) e da prova de funccedilatildeo pulmonar (espirometria) para
a caracterizaccedilatildeo amostral A 2ordf avaliaccedilatildeo foi realizada pelo avaliador ldquocegordquo em
ateacute 7 dias apoacutes o teacutermino do programa de tratamento e constou das mesmas
avaliaccedilotildees descritas anteriormente
Apoacutes a 1ordf avaliaccedilatildeo os pacientes foram divididos aleatoriamente em 2
grupos O grupo controle (GC) realizou o alongamento ativo da musculatura
perifeacuterica (sham) associado ao programa de treinamento aeroacutebico em esteira
ergomeacutetrica e o grupo tratado (GT) realizou o alongamento da musculatura
acessoacuteria respiratoacuteria associado ao programa de treinamento aeroacutebico em
esteira ergomeacutetrica Os protocolos de intervenccedilatildeo tiveram a duraccedilatildeo de 24
sessotildees (60 minsessatildeo 2x semana por 3 meses) O treinamento aeroacutebico foi
realizado apoacutes os 30 minutos de alongamento da musculatura perifeacuterica (sham)
ou respiratoacuteria (tratamento) e teve a duraccedilatildeo de 30 minutos em cada sessatildeo
34 Intervenccedilatildeo
341 Protocolo de alongamento do grupo tratado (GT)
O protocolo de tratamento foi composto por uma seacuterie de alongamentos
para cada musculatura respiratoacuteria escolhida Foram realizadas 24 sessotildees (2
27
sessotildees semanais num periacuteodo de 3 meses) Cada sessatildeo teve duraccedilatildeo de
aproximadamente 30 minutos
Os alongamentos foram realizados em diferentes decuacutebitos de acordo
com a musculatura alongada Foram selecionadas duas teacutecnicas de
alongamento a contraccedilatildeo-relaxamento para a maioria dos muacutesculos
selecionados e nas musculaturas que apresentavam limitaccedilotildees biomecacircnicas
para a realizaccedilatildeo da teacutecnica de contraccedilatildeo-relaxamento foi substituiacutedo pelo
alongamento passivo
Cada seacuterie da teacutecnica de contraccedilatildeo-relaxamento consistiu
primeiramente na realizaccedilatildeo da amplitude maacutexima articular sustentado por 10
segundos seguida de uma contraccedilatildeo isomeacutetrica maacutexima por 3 segundos com
retomada ao alongamento passivo por mais 3 segundos este processo foi
repetido por 9 seacuteries para cada muacutesculo e a cada 3 seacuteries foi intercalado com
1 minuto de descanso (Bonnar et al 2004) O alongamento passivo foi
sustentado por 60 segundos em cada muacutesculo por trecircs vezes com intervalo
miacutenimo de um minuto (Siatras et al 2008) O posicionamento adequado e a
teacutecnica de alongamento seraacute detalhado a seguir
Peitoral maior Paciente em decuacutebito dorsal o terapeuta posicionou-se
do lado homolateral do muacutesculo alongado primeiramente foi realizado a
abduccedilatildeo de 90o do ombro associado agrave extensatildeo horizontal e rotaccedilatildeo externa
maacutexima do ombro com flexatildeo de 90o do cotovelo O terapeuta apoiou uma matildeo
no cotovelo e a outra no esterno para a estabilizaccedilatildeo com a matildeo distal foi
realizado o alongamento maacuteximo em extensatildeo horizontal que iniciou a teacutecnica
28
de contraccedilatildeo-relaxamento com contraccedilatildeo no sentido da flexatildeo horizontal (Putt
et al 2008) (Figura 2)
Figura 2 Anatomia e teacutecnica de alongamento do peitoral maior
Escaleno Paciente em decuacutebito dorsal terapeuta posicionou-se acima
da cabeccedila do paciente e realizou a lateroflexatildeo cervical contralateral ao
muacutesculo alongado O terapeuta posicionou uma matildeo na regiatildeo occipital outra
estabilizou o ombro homolateral a lateroflexatildeo contralateral foi realizada ateacute
amplitude articular maacutexima do paciente que iniciou o alongamento de
contraccedilatildeo-relaxamento com contraccedilatildeo isomeacutetrica no sentido da lateroflexatildeo
homolateral (Cunha et al 2005) (Figura 3)
Figura 3 Anatomia e teacutecnica de alongamento do escaleno
29
Esternocleidomastoacuteideo Paciente em decuacutebito dorsal terapeuta se
posicionou acima da cabeccedila do paciente iniciou-se com a rotaccedilatildeo homolateral
ao muacutesculo alongado associado a uma extensatildeo da mesma O terapeuta
apoiou uma matildeo na regiatildeo temporal e a outra na regiatildeo esternal onde foi
realizado a depressatildeo e a estabilizaccedilatildeo distal muscular Apoacutes a amplitude
maacutexima articular do paciente que iniciou o alongamento de contraccedilatildeo-
relaxamento a contraccedilatildeo isomeacutetrica foi realizada no sentido da rotaccedilatildeo
contralateral e flexatildeo cervical durante a teacutecnica (Cunha et al 2005) (Figura 4)
Figura 4 Anatomia e a teacutecnica de alongamento do Esternocleidomastoideo
Trapeacutezio superior Paciente em decuacutebito dorsal terapeuta posicionou-se
acima da cabeccedila do paciente para realizar a rotaccedilatildeo e lateroflexatildeo contralateral
da cabeccedila associada a uma flexatildeo da mesma em conjunto com a depressatildeo do
ombro homolateral agrave musculatura alongada Apoacutes a amplitude articular maacutexima
iniciou-se o alongamento de contraccedilatildeo-relaxamento com contraccedilatildeo isomeacutetrica
em extensatildeo da cabeccedila (Heneghan et al 2012) (Figura 5)
30
Figura 5 Anatomia e a teacutecnica de alongamento do Trapeacutezio Superior
Peitoral menor Paciente em decuacutebito dorsal o terapeuta se posicionou
homolateralmente ao muacutesculo tratado uma matildeo no cotovelo onde foi realizada
a elevaccedilatildeo do ombro e outra na regiatildeo o gradil costal anterossuperior Elevou-
se o cotovelo ateacute o limite articular associada agrave depressatildeo das primeiras
costelas (3a 4a e 5a) a manobra foi mantida por 60 segundos e repetida trecircs
vezes intercaladas com um minuto de descanso (Putt et al 2008) (Figura 6)
Figura 6 Anatomia e a teacutecnica de alongamento do peitoral menor
31
Intercostais e serraacutetil anterior Paciente em decuacutebito lateral terapeuta
posicionou-se atraacutes do paciente uma matildeo no cotovelo e a outra no gradil
costal homolateral inferior O alongamento consistiu em realizar a depressatildeo
das costelas associada agrave abduccedilatildeo maacutexima do ombro foi mantido por 60
segundos e repetida trecircs vezes intercaladas com minuto de repouso (Izumizaki
et al 2008) (Figura 7)
Figura 7 Anatomia e a teacutecnica de alongamento do Serraacutetil Anterior e Intercostais
Abdominais Foi a uacutenica musculatura do grupo tratado que o paciente
realizou o alongamento ativo ele se posicionou em decuacutebito ventral o apoio foi
feito com as matildeos na maca extensatildeo bilateral dos cotovelos forccedilando a
extensatildeo do tronco associado agrave extensatildeo da cabeccedila ateacute a maacutexima amplitude
por 60 segundos foi repetida 3 vezes intercaladas com um minuto de descanso
(Rassier 2007) (Figura 8)
32
Figura 8 Anatomia e a teacutecnica de alongamento dos muacutesculos abdominais
342 Protocolo de exerciacutecios do grupo controle (GC)
O grupo controle (GC) realizou o alongamento ativo das musculaturas
das extremidades dos membros superiores e inferiores foram 2 exerciacutecios para
flexores e extensores do punho e 2 exerciacutecios para flexores e extensores do
tornozelo Foram realizadas 24 sessotildees consistidas por 2 sessotildees semanais
em um periacuteodo de 3 meses Cada sessatildeo teve duraccedilatildeo de aproximadamente
30 minutos (Siatras et al 2008)
Flexores do punho Os flexores satildeo compostos por 5 muacutesculos principais
flexores profundos dos dedos flexores superficiais dos dedos palmar longo
flexor radial carpo e flexor ulnar do carpo O paciente realizou a flexatildeo de 900
do ombro com o cotovelo extendido antebraccedilo supinado e extensatildeo do punho
com a matildeo espalmada A matildeo contralateral estabilizou a regiatildeo palmar do
membro superior alongado e foi efetuada a extensatildeo maacutexima do punho
sustentada por 60 segundos foram trecircs repeticcedilotildees intercaladas por um minuto
de descanso (Ylinen 2009) (Figura 9)
33
Figura 9 Teacutecnica de alongamento e anatomia dos flexores do punho
Extensores do punho Os extensores satildeo compostos por 4 muacutesculos
principais extensor dos dedos extensor ulnar do carpo extensor radial curto
do carpo extensor radial longo do carpo Primeiramente foi realizada a flexatildeo
de 900 do ombro com o cotovelo extendido antebraccedilo pronado e flexatildeo do
punho A matildeo contralateral estabilizou a regiatildeo dorsal da matildeo alongada em
flexatildeo maacutexima do punho por 60 segundos realizadas trecircs repeticcedilotildees
intercaladas por um minuto de descanso (Ylinen 2009) (Figura 10)
Figura 10 Teacutecnica de alongamento e anatomia dos extensores do punho
34
Dorsiflexores do tornozelo Os dorsiflexores do tornozelo satildeo compostos
por 3 muacutesculos principais tibial anterior extensor longo dos dedos extensor
longo do haacutelux Sentado com a perna cruzada a matildeo contralateral apoiou na
regiatildeo dorsal do peacute e a matildeo homolateral estabilizou o tornozelo O
alongamento consistiu em forccedilar a flexatildeo plantar maacutexima por 60 segundos
foram trecircs repeticcedilotildees intercaladas por um minuto de descanso (Ylinen 2009)
(Figura 12)
Figura11 Teacutecnica de alongamento e anatomia dos extensores do tornozelo
Flexores plantares do tornozelo Os flexores plantares do tornozelo satildeo
compostos por 7 muacutesculos principais gastrocnecircmio soacuteleo flexor longo dos
dedos flexor longo do haacutelux tibial posterior fibular longo e curto O paciente
em peacute apoiou as matildeos bilateralmente na parede com a perna contralateral agrave
frente e a homolateral em extensatildeo de quadril joelho e dorsiflexatildeo maacutexima do
35
tornozelo mantida por 60 segundos foram realizadas trecircs repeticcedilotildees
intercaladas por um minuto de descanso (Ylinen 2009) (Figura 11)
Figura 12 Muacutesculos dos flexores do tornozelo e o posicionamento do alongamento
343 Protocolo dos exerciacutecios aeroacutebicos
Todos os pacientes realizaram o exerciacutecio aeroacutebico na esteira
ergomeacutetrica por 30 minutos a intensidade inicial da primeira semana foi
ajustada para 60 da velocidade meacutedia obtida no teste de caminhada dos 6
minutos (TC6) Nas semanas subsequentes a velocidade foi gradativamente
aumentada ateacute atingir 85 da velocidade meacutedia no TC6 os pacientes
realizaram durante 5 minutos o aquecimento e o desaquecimento com
intensidade de 40 a 60 da velocidade do teste (Putt et al 2008 Figueiredo e
Guimaratildees et al 2008 Zainuldin et al 2007) O incremento da intensidade foi
baseado nos sinais vitais frequecircncia cardiacuteaca (FC) saturaccedilatildeo perifeacuterica de O2
36
(SpO2 entre 90 a 94) percepccedilatildeo da dispneia pela escala modificada de Borg
(entre 4-7 pontos) todos estes paracircmetros foram analisados a cada 4 minutos
durante o treinamento aeroacutebico ou seja com a estabilidade dos sinais vitais a
velocidade foi progressivamente recalculada e em alguns casos passaram dos
100 da velocidade meacutedia obtida no TC6 A pressatildeo arterial (PA) foi aferida
preacute e poacutes os exerciacutecios (Godoy et al 2005 Figueiredo e Guimaratildees 2009)
35 Avaliaccedilotildees
351 Caracterizaccedilatildeo Amostral
Os dados antropomeacutetricos foram coletados apoacutes a inclusatildeo dos
pacientes ao estudo idade altura peso iacutendice de massa corpoacuterea (IMC)
VEF1 VEF1CVF TC6 e iacutendice de prognoacutestico e mortalidade de Bode
352 Prova de funccedilatildeo pulmonar simples
A espirometria (Spirobank Medical International Research Roma Itaacutelia)
foi feita em todos os pacientes de acordo com os criteacuterios de reprodutibilidade e
aceitabilidade adotados pela American Thoracic Society e European
Respiratory Society (2005) Os valores preditos de normalidade jaacute haviam sido
previamente descritos (Pereira et al 2007) Foram aferidos o volume
expiratoacuterio no primeiro segundo (VEF1) e a sua relaccedilatildeo com a Capacidade vital
forccedilada (VEF1CVF) e aceitos trecircs testes com variaccedilatildeo inferior a 5 e foi
37
considerado o teste com maior valor Com esse teste foi determinado a
gravidade da obstruccedilatildeo pulmonar considerando o VEF1 como paracircmetro para
caracterizaccedilatildeo da amostra
353 Padratildeo respiratoacuterio mobilidade e sincronia toracoabdominal
A pletismografia optoeletrocircnica (POE System Milatildeo Itaacutelia) eacute um sistema
indireto e natildeo invasivo para a avaliaccedilatildeo da mecacircnica ventilatoacuteria mobilidade e
sincronia capaz de dividir em 3 compartimentos toacuterax superior inferior e
abdominal (Alvierti et al 2000) O sistema optoeletrocircnico evoluiu a partir do
desenvolvimento tecnoloacutegico do processamento de imagens que possibilitaram
a anaacutelise de muacuteltiplos pontos posicionados na superfiacutecie corporal Para o
desenvolvimento do POE foi necessaacuterio criar um sistema de anaacutelise
tridimensional do movimento chamado de ELITE (Elaborate di immagini
televisive) Inicialmente utilizaram 32 marcadores a fim de abranger maior
aacuterea da parede toraacutecica e posteriormente 86 marcadores (Cala et al 1996)
Gorini et al (1999) e Ferrigno et al (1994) encontraram uma medida mais
precisa dos paracircmetros ventilatoacuterios utilizando 89 marcadores que delimitaram
a superfiacutecie anatocircmica em trecircs compartimentos superior inferior e abdominal
utilizadas ateacute o presente momento
O funcionamento do POE baseia-se na anaacutelise automaacutetica do movimento
detectado a partir de marcadores compostos por esferas reflexivas de 6 a 10
miliacutemetros (Dellacagraversquo et al 2010) As 89 esferas estatildeo dispostas da seguinte
forma sete linhas horizontais cinco verticais duas meacutedio-axilares e sete
38
marcadores extras dispostas em toda entre a claviacutecula e a espinha iliacuteaca
anterossuperior e posteriormente ateacute a regiatildeo dos flancos laterais totalizando
37 marcadores anteriores 42 posteriores e dez laterais (Romagnoli et al 2008
Bianchi et al 2007) (Figuras 13 e 14)
Figura13 Imagem tridimensional gerada pelo OEP
Figura14 Disposiccedilatildeo das 89 esferas reflexivas
39
As cacircmeras especiais CCD (Charge Coupled Device) possuem diodos
axiais que emitem feixes luzes infravermelho que satildeo refletidas pelos
marcadores e assim pocircde ser captado pelas cacircmeras em tempo real (120Hz)
Este sinal foi processado atraveacutes das 8 cacircmeras presente na sala de avaliaccedilatildeo
e identificam o posicionamento de cada ponto da superfiacutecie toracoabdominal A
reconstruccedilatildeo da cinemaacutetica toracoabdominal foi feita pelo software SMART
que executou algoritmos em tempo real e computou as coordenadas
tridimensionais dos marcadores refletivos durante as coletas com POE (Binazzi
et al 2008 Aliverti 2010)
O sistema aplicou um modelo geomeacutetrico baseado na posiccedilatildeo dos
marcadores para descrever a superfiacutecie toracoabdominal e seus
compartimentos durante a coleta Apoacutes a reconstruccedilatildeo do modelo os dados
foram exportados como arquivos numeacutericos gerando colunas de dados
representando os sinais por amostras tempo posiccedilatildeo dos marcadores e
volume facilitando a avaliaccedilatildeo dos sinais e aplicaccedilatildeo dos meacutetodos de
estimativa (Parreira et al 2012 Aliverti 2010)
40
Figura15 Laboratoacuterio do POE com a disposiccedilatildeo das cacircmeras e da bicicleta
Figura16 Captaccedilatildeo e anaacutelise dos dados do volume toracoabdominal
41
3531 Avaliaccedilatildeo do POE durante o exerciacutecio
Os sujeitos da pesquisa foram previamente orientados sobre os
procedimentos Inicialmente eles foram colocados sobre a bicicleta ergomeacutetrica
(Ergometrics 800 Sensormedics) e os 89 marcadores foram posicionados
sobre a superfiacutecie toracoabdominal (anterior e posterior) A foacutermula para o
caacutelculo da carga maacutexima foi descrita por Jones e colaboradores (1985) Wmax =
204 (altura) ndash 874 (idade) ndash 288 (gecircnero) ndash 1909 [28] foi utilizada 25 da
carga maacutexima o valor de gecircnero na foacutermula corresponde a 1 para mulheres e
0 para homens (Figura 17)
Durante a coleta o paciente foi orientado a manter 60 rotaccedilotildees por minuto
(RPM) (Vogiatzis et al 2005) Apoacutes 30 segundos de descanso foi realizada a
1ordm medida do POE em repouso (6 ciclos respiratoacuterios completos) depois o
paciente realizou o exerciacutecio sem carga por 3 minutos e posteriormente foi
realizada a 2ordm medida do POE (6 ciclos respiratoacuterios completos) Apoacutes este
periacuteodo iniciou-se o exerciacutecio com carga que foi incrementado de forma
proporcional durante 2 minutos ateacute atingir a carga programada e no final foi
realizada novamente a 3ordm medida do POE (6 ciclos respiratoacuterios completos) O
processo finalizou-se com um periacuteodo de recuperaccedilatildeo de 2 minutos com
exerciacutecio sem carga para o retorno dos sinais vitais (Figura 18)
Foram avaliados o volume corrente da caixa toraacutecica pulmonar (CT)
volume corrente do toacuterax superior (TS) volume corrente do toacuterax inferior (TI)
volume corrente abdominal (ABD) de tempo ventilaccedilatildeominuto (VE) fluxo
inspiratoacuterio (FI) e Fluxo expiratoacuterio (FE) participaccedilatildeo em porcentagem () dos
42
compartimentos do toacuterax superior (TS) toacuterax inferior (TI) e abdome
(ABD) (Romagnoli et al 2008 Aliverti et al 2008 Boudarham et al 2013)
A mobilidade do compartimento abdominal foi calculada pela relaccedilatildeo CTABD
no exerciacutecio com carga (Gosselink et al 1995) a reduccedilatildeo dos valores desta
relaccedilatildeo reflete a melhora da mobilidade abdominal (Yamaguti et al 2012)
Figura17 Paciente Realizando a avaliaccedilatildeo com carga no cicloergocircmetro no POE
Figura 18 Desenho experimental da avaliaccedilatildeo do OEP
43
354 Atividade muscular respiratoacuteria
A atividade dos muacutesculos respiratoacuterios foi avaliada atraveacutes da aquisiccedilatildeo
do sinal eletromiograacutefico de superfiacutecie (System BTSreg Milatildeo Itaacutelia)
simultaneamente agrave avaliaccedilatildeo da mecacircnica toracoabdominal pelo POE Foram
utilizados eletrodos circulares descartaacuteveis de AgAgCl com 10mm de diacircmetro
e um adesivo condutivo hidrogel colocados de forma a manter a distacircncia
intereletrodo de 20mm No local da fixaccedilatildeo dos eletrodos foram realizados
tricotomia quando necessaacuterio e fricccedilatildeo de gaze embebida em aacutelcool (70)
para remoccedilatildeo da gordura presente na superfiacutecie de contato com o objetivo de
diminuir a impedacircncia da pele (Dworak et al 2011)
Os eletrodos foram fixados no ventre muscular afastados do ponto
motor de forma paralela agrave da direccedilatildeo das fibras musculares de acordo com o
European concerted action - surface EMG for an non-invasive assesment of
muscles (Hermens et al 2000) O eletrodo para a avaliaccedilatildeo do muacutesculo
esternocleidomastoideo foi posicionado no ventre muscular a 5 cm do processo
mastoideo (Kallenberg et al 2009) do muacutesculo intercostal superior foi
posicionado no 2deg espaccedilo intercostal e para o inferior entre o 7deg e o 8deg espaccedilo
intercostal e no reto abdominal foi inserido a 2 cm da cicatriz umbilical
(Maarsingh et al 2000)
Para o caacutelculo da eficiecircncia ventilatoacuteria os dados da atividade muscular
de todos os muacutesculos avaliados foram somados e divididos pelo volume
corrente (EMGVt) Essa equaccedilatildeo foi descrita primeiramente no trabalho de
44
Lunardi et al (2013) que avaliou a mecacircnica toracoabdominal na populaccedilatildeo
idosa Essa relaccedilatildeo permitiu observar a quantidade de volume deslocado pelo
niacutevel de estiacutemulo da atividade muscular
Figura19 Eletromioacutegrafo da BTS Engeneering
355 Capacidade Funcional
A capacidade funcional foi avaliada pelo teste de caminhada de 6 minutos
(TC6) A avaliaccedilatildeo foi realizada em um corredor de 30 metros com pouco
traacutefego e cada paciente realizou 2 testes respeitando o intervalo de uma hora
entre eles (Dourado et al 2011) Durante os testes o paciente foi orientado a
caminhar o mais raacutepido possiacutevel durante 6 minutos e caso apresentasse
dispneia limitante ou qualquer outro desconforto incapacitante ele podia
interromper o teste ateacute recuperar as condiccedilotildees para continuaacute-lo A cada minuto
45
os pacientes foram encorajados com frases de incentivo padronizadas de modo
que o mesmo percorresse a maior distacircncia possiacutevel durante todo o teste (ATS
2002 Louvaris et al 2013) O desempenho do paciente foi avaliado pela maior
distacircncia percorrida em um dos testes e foi monitorado tanto preacute quanto poacutes
exerciacutecio a frequumlecircncia cardiacuteaca (FC) e respiratoacuteria (FR) a saturaccedilatildeo de
oxigecircnio (SpO2) sensaccedilatildeo de esforccedilo por meio da escala modificada de Borg
(Borg 1982) e pressatildeo arterial (PA)
36 Anaacutelise Estatiacutestica
Para a mecacircnica ventilatoacuteria foi utilizado para o caacutelculo amostral os
resultados observados no estudo de Yamaguti et al (2012) onde a diferenccedila
das meacutedias da CTABD foi de 20 durante a respiraccedilatildeo natural no GT com a
diferenccedila do desvio padratildeo de 4 valor de plt005 e poder de 08 foi
estabelecido uma amostra de 3 pacientes por grupo
O caacutelculo amostral para os paracircmetros da atividade muscular foi
utilizado os resultados observados no estudo de Cunha et al (2005) onde a
diferenccedila das meacutedias no GT foi de 9 10-3mV com a diferenccedila do desvio padratildeo
de 6 10-3mV para o poder de 80 e um valor de alpha de 5 sendo
estabelecido uma amostra de 9 indiviacuteduos por grupo
Para os paracircmetros funcionais o caacutelculo amostral foi baseado no TC6
onde se esperava uma diferenccedila das meacutedias de 263m e a diferenccedila do desvio
padratildeo de 23 m de aumento apoacutes a intervenccedilatildeo (Yamaguti et al 2012) para o
46
poder de 80 e um valor de alpha de 5 sendo encontrado um tamanho de
amostra de 14 indiviacuteduos por grupo
A anaacutelise foi realizada utilizando o programa Sigma Stat versatildeo 32 Foi
utilizado o teste de Kolmogorov-Smirnov para verificar a normalidade dos
dados sendo estes apresentados como meacutedia plusmn desvio padratildeo Para
comparaccedilatildeo dos dados de caracterizaccedilatildeo dos grupos GT e GC foi realizado
utilizando o teste t de Student para dados com distribuiccedilatildeo normal e teste de
Mann-Withney para dados natildeo-parameacutetricos
A anaacutelise do efeito do tratamento nos dois grupos tambeacutem foi realizado
pelo teste t e pelo Mann-Withney para dados natildeo-parameacutetricos no delta das
diferenccedilas (Δ=poacutes-preacute)
A sensaccedilatildeo de dispneia (BORG modificado) foi analisada com o teste de
anaacutelise de variacircncia (ANOVA) seguida do pos hoc de Holm Sidak Para o TC6
foi observado a miacutenima diferenccedila clinicamente significante Proposto por
Holland et al 2013 (251m) O niacutevel de significacircncia foi ajustado para 5
(plt005) para todos os testes
4 RESULTADOS
48
Quinhentos e noventa e quatro pacientes foram avaliados para
elegibilidade 564 natildeo preencheram os criteacuterios de inclusatildeo sendo que os
motivos mais comuns foram oxigecircnio-dependente (n=160) sem
disponibilidade para participar (n=105) cardiopatias (n=80) e doenccedilas
musculoesqueleacuteticas associadas (n=43) (Figura 20) Trinta pacientes foram
incluiacutedos e aleatorizados 2 foram excluiacutedos apoacutes o iniacutecio do protocolo sendo 1
no grupo tratado (crise de caacutelculo renal) e 1 no grupo controle (agudizaccedilatildeo da
doenccedila de Chron) 14 sujeitos terminaram o estudo no GT e 14 no GC (Figura
20) Natildeo foram observadas diferenccedilas entre os grupos com relaccedilatildeo aos dados
antropomeacutetricos de funccedilatildeo pulmonar e capacidade funcional antes da
intervenccedilatildeo (Tabela 1)
49
Figura 20 Fluxograma do estudo
50
Tabela 1 Caracterizaccedilatildeo amostral basal dos pacientes do estudo
Caracterizaccedilatildeo Grupo Controle Grupo Tratado P
Dados Antropomeacutetricos
Genero (MF) 57 86 097
Idade (anos) 64plusmn56 61plusmn54 030
Altura (m) 165plusmn007 165plusmn008 096
IMC (Kgm2) 259plusmn29 257plusmn38 091
Funccedilatildeo Pulmonar
VEF1 ( pred) 426plusmn95 459plusmn155 056
VEF1CVF 049plusmn009 056plusmn013 017
Capacidade Funcional
TC6 (m) 439plusmn103 473plusmn68 032
BODE (IIIIIIIV)(n) 3531 6620 058
Legenda Os dados estatildeo apresentados em meacutedia desvio padratildeo exceto o BODE que estatildeo expressos
pelo nuacutemero de pacientes MF=masculinofeminino Kgm2=quilogramasmetro
2 VEF1=Volume expiratoacuterio
forccedilado no primeiro segundo VEF1CVF=Relaccedilatildeo do Volume expiratoacuterio forccedilado no primeiro segundo e capacidade vital IMC=Iacutendice de massa corpoacuterea TC6=teste de caminhada dos 6 minutos BODE=Iacutendice de prognoacutestico e mortalidade para DPOC
41 Cinemaacutetica toracoabdominal
Durante o exerciacutecio com carga os pacientes do grupo controle (GC) natildeo
apresentaram variaccedilatildeo da mecacircnica toracoabdominal apoacutes a intervenccedilatildeo os
pacientes do grupo tratado (GT) apresentaram um aumento meacutedio de 230 ml
no volume total da caixa toraacutecica total (CT) (equivalente ao volume corrente)
quando comparado ao GC (respectivamente 140plusmn170mL vs-86plusmn240mL
plt001) Este aumento ocorreu principalmente pelo ganho do volume do
compartimento abdominal (ABD) (respectivamente 140120mL vs -
108210ml plt001) (Figura 21) e natildeo foi observada uma diferenccedila significativa
nos compartimentos toraacutecicos superior (TS) e inferior (TI) (Figura 21 pgt005)
51
O GT tambeacutem apresentou um aumento da ventilaccedilatildeo minuto (VE)
(24plusmn36L vs -18plusmn41L plt0001) (Figura 22) e do fluxo expiratoacuterio
(FE)(80plusmn100mL vs -30plusmn100mL plt001) (Figura23) quando comparado com o
GC acreditamos que aleacutem do volume da caixa toraacutecica o aumento do fluxo
expiratoacuterio tambeacutem esteve relacionado com o aumento da mobilidade do
compartimento abdominal Este por sua vez foi calculado pela relaccedilatildeo da
contribuiccedilatildeo CTABD onde apresentou melhora somente no GT quando
comparado ao GC (-019plusmn041 vs 010plusmn028 plt001 respectivamente)
(Figura 24)
Figura 21 Efeitos do alongamento muscular respiratoacuterio na mecacircnica ventilatoacuteria durante o exerciacutecio Os dados foram apresentados em meacutedia e desvio padratildeo representado pela diferenccedila (Δ) = poacutes- - preacute-intervenccedilatildeo Houve um aumento estatisticamente significante do volume da CT e do ABD no GT O exerciacutecio foi realizado com 25 da carga maacutexima predito na equaccedilatildeo de Jones
25 GC= Grupo Controle GT= Grupo Tratado CT= Caixa totaacutecica total TS=
Toacuterax superior TI= Toacuterax inferior ABD= Abdomen = p lt 005 GC vs GT (teste t natildeo pareado)
52
Figura 22 Efeitos do alongamento muscular respiratoacuterio no volume minuto (VE) durante o exerciacutecio Os dados foram apresentados em meacutedia e desvio padratildeo representado pela diferenccedila (Δ) = poacutes- - preacute-intervenccedilatildeo Ambas apresentaram diferenccedilas houve um aumento estatisticamente significante de 4L no volume minuto (VE) no GT em relaccedilatildeo do GC O exerciacutecio foi realizado com 25 da carga maacutexima predito na equaccedilatildeo de Jones
25 GC= Grupo
Controle GT= Grupo Tratado = p lt 005 GC vs GT (teste t natildeo pareado)
53
Figura 23 Efeitos do alongamento muscular respiratoacuterio no fluxo expiratoacuterio (FE) durante o exerciacutecio Os dados foram apresentados em meacutedia e desvio padratildeo representado pela diferenccedila (Δ) = poacutes- - preacute-intervenccedilatildeo Ambas apresentaram diferenccedilas houve um aumento estatisticamente significante de 100mL no fluxo expiratoacuterio (FE) no GT em relaccedilatildeo do GC O exerciacutecio foi realizado com 25 da carga maacutexima predito na equaccedilatildeo de Jones
25 GC= Grupo
Controle GT= Grupo Tratado = p lt 005 GC vs GT (teste t natildeo pareado)
54
Figura 24 Efeitos do alongamento muscular respiratoacuterio na relaccedilatildeo da contribuiccedilatildeo da caixa toraacutecica e abdocircmen (CTABD) durante o exerciacutecio Os dados foram apresentados em meacutedia e desvio padratildeo representado pela diferenccedila (Δ) = poacutes- - preacute-intervenccedilatildeo O exerciacutecio foi realizado com 25 da carga maacutexima predito na equaccedilatildeo de Jones
25 Foi observado a reduccedilatildeo
estatisticamente significante da relaccedilatildeo CTAB no GT que representa o aumento da mobilidade do compartimento abdominal GC= Grupo Controle GT= Grupo Tratado CT= Participaccedilatildeo da caixa toraacutecica ABD= Participaccedilatildeo abdominal = p lt 005 GC vs GT (teste t natildeo pareado)
42 Atividade muscular
Os dados da atividade muscular dos muacutesculos esternocleidomastoideo
intercostal superior intercostal inferior e abdome foram mensurados e foi
possiacutevel observar uma reduccedilatildeo da atividade muscular no exerciacutecio apoacutes o
protocolo de alongamento no GT quando comparado ao GC dos muacutesculos
esternocleidomastoideo (-57plusmn217 vs 185-plusmn443mV plt003 respectivamente)
e intercostais superiores (-1466plusmn441 vs 46plusmn115mV plt001
respectivamente) (Figura 25)
55
Todos os dados da atividade muscular foram somados e divididos pelo
volume corrente total com o intuito de demonstrar a quantidade de atividade
muscular por volume deslocado Foi verificado uma reduccedilatildeo da razatildeo EMGVt
no exerciacutecio com carga no GT quando comparado com o GC (respectivamente
[-138 (-519- -536 mVL) vs 10 (-741- 372 mVL) plt0006] (Figura 26)
Figura 25 Efeitos do alongamento muscular respiratoacuterio na atividade muscular Os dados foram apresentados em meacutedia e desvio padratildeo representado pela diferenccedila (Δ) = poacutes- - preacute-intervenccedilatildeo Foi constatada uma diminuiccedilatildeo estatisticamente significante da atividade dos muacutesculos esternocleidomastoideo e intercostal superior no GT O exerciacutecio foi realizado com 25 da carga maacutexima predito na equaccedilatildeo de Jones
25 GC= Grupo Controle GT= Grupo
Tratado = p lt 005 GC vs GT (teste t natildeo pareado)
56
Figura 26 Efeitos do alongamento muscular respiratoacuterio na relaccedilatildeo entre a atividade muscular e o volume corrente (EMGVt) Os dados foram apresentados em meacutedia e desvio padratildeo representado pela diferenccedila (Δ) = poacutes- - preacute-intervenccedilatildeo Observou-se uma diminuiccedilatildeo estatisticamente significante da EMGVt no GT O exerciacutecio foi realizado com 25 da carga maacutexima predito na equaccedilatildeo de Jones
25 GC= Grupo Controle GT= Grupo Tratado = p lt 005
GC vs GT (teste t natildeo pareado)
43 Capacidade funcional e Dispneia
Para os paracircmetros de Borg (Figura 27) foi aferido em 4 momentos preacute e poacutes
TC6 e preacute e poacutes intervenccedilatildeo Os dados basais natildeo apresentaram diferenccedilas
entre o GT e o GC (respectivamente 175plusmn21 vs 12plusmn17 pgt02) Apoacutes a
intervenccedilatildeo houve uma diminuiccedilatildeo significativa da sensaccedilatildeo de dispneia em
ambos os grupos poacutes-TC6 quando comparado aos seus dados iniciais GT
(43plusmn18 vs 15plusmn09 plt0001) e no GC (42plusmn15 vs 28plusmn17 plt0001) Na
comparaccedilatildeo entre os grupos o GT apresentou uma melhora da sensaccedilatildeo de
dispneia quando comparado com o GC tanto preacute-exerciacutecio (respectivamente
57
02plusmn05 vs 06plusmn08 plt0001) quanto poacutes-exerciacutecio (respectivamente 15plusmn09
vs 28plusmn17 plt0001) Aleacutem disso somente no GT houve uma diminuiccedilatildeo
significativa do Borg na comparaccedilatildeo intragrupo preacute-TC6 antes e depois do
tratamento (18plusmn08 vs 02plusmn06 plt0001) Com a diminuiccedilatildeo da sensaccedilatildeo de
dispneia foi possiacutevel verificar que os pacientes do GT apresentaram melhora
clinicamente significante no TC6 meacutedio quando comparado com o GC
(respectivamente 2514m vs 65m Figura 28) valores propostos por Holland
et al (2013)
Figura 27Efeitos do alongamento muscular respiratoacuterio na escala de BORG Os dados foram apresentados Os dados foram apresentados em meacutedia e desvio padratildeo representado pela diferenccedila (Δ) = poacutes- - preacute-intervenccedilatildeo Apoacutes o tratamento ambos apresentaram diminuiccedilatildeo da dispneia mas somente no GT houve uma diminuiccedilatildeo na comparaccedilatildeo com o GC e com seus dados iniciais no preacute TC6 O exerciacutecio foi realizado com 25 da carga maacutexima predito na equaccedilatildeo de Jones
25 GC= Grupo Controle GT= Grupo Tratado BORG= Escala de dispneia
TC6= Teste de caminhada dos 6 minutos = p lt 005 preacute vs poacutes intervenccedilatildeo +=plt005 GC vs GC) (teste t natildeo pareado)
58
Figura 28 Os dados apresentados em (Δ) representam (poacutes intervenccedilatildeo ndash preacute intervenccedilatildeo) No teste de caminhada dos 6 minutos (TC6) foi observada uma diferenccedila clinicamente significante do TC6 no GT que obteve um aumento meacutedio de 2514m e o GC de 65m O exerciacutecio foi realizado com 25 da carga maacutexima predito na equaccedilatildeo de Jones
25 GC= Grupo
Controle GT= Grupo Tratado TC6= Teste de caminhada dos 6 minutos ( =diferenccedila clinicamente significante)
Holland et al 2013 (25m)
5 DISCUSSAtildeO
60
Neste estudo foi demonstrado pela primeira vez que os alongamentos
dos muacutesculos respiratoacuterios melhoraram a mecacircnica e a capacidade ventilatoacuteria
decorrente principalmente pelo aumento do volume e da mobilidade do
compartimento abdominal (CTABD) A melhora da mobilidade toracoabdominal
possivelmente esteve relacionada com o aumento da sua viscoelasticidade
observada pela diminuiccedilatildeo da atividade muscular apoacutes o tratamento Aleacutem
disso houve um aumento da eficiecircncia contraacutetil dos muacutesculos respiratoacuterios
constatado pela reduccedilatildeo da relaccedilatildeo EMGVt ou seja a musculatura necessitou
de menos atividade para deslocar o mesmo volume respiratoacuterio Acreditamos
que por causa da melhora de todos os fatores descritos anteriormente houve
uma diminuiccedilatildeo da sensaccedilatildeo de dispneia que possibilitou o aumento da
capacidade ao exerciacutecio submaacuteximo
51 Cinemaacutetica toracoabdominal
O trabalho acrescentou novas evidecircncias na literatura cientiacutefica pois foi
o primeiro a demonstrar atraveacutes do pletismoacutegrafo optoeletrocircnico que apoacutes o
tratamento com teacutecnicas de alongamento dos muacutesculos respiratoacuterios houve
aumento significativo do volume da caixa toraacutecica total abdominal e da
capacidade ventilatoacuteria durante o exerciacutecio com carga Vale ressaltar que o
aumento da mobilidade do compartimento abdominal tambeacutem foi constatado
Para reforccedilar ainda mais a importacircncia dos nossos achados no grupo
controle natildeo obtiveram nenhuma alteraccedilatildeo volumeacutetrica da caixa toraacutecica estes
61
dados vatildeo de encontro aos dois estudos preacutevios nos quais foram avaliados os
efeitos da reabilitaccedilatildeo pulmonar na cinemaacutetica toracoabdominal em pacientes
com DPOC avaliados pelo POE (Georgiadou et al 2007 Gagliardi et al
2014) Inclusive Gagliardi et al (2014) mesmo apoacutes a intervenccedilatildeo de 24
semanas encontrou uma diminuiccedilatildeo do volume abdominal apoacutes o tratamento
Apenas dois trabalhos natildeo controlados de Yamada et al (1996) e
Luularungrayub et al (2009) avaliados pelo pletismoacutegrafo por indutacircncia e
cirtometria respectivamente associados agrave espirometria hipotetizaram que a
melhora no fluxo expiratoacuterio e do volume expiratoacuterio respectivamente
poderiam ter uma relaccedilatildeo com a melhora da funccedilatildeo do compartimento
abdominal dados estes que tambeacutem apresentamos no nosso estudo Segundo
Georgiadou et al (2007) e Aliverti et al (2010) o compartimento abdominal eacute o
maior responsaacutevel pelas variaccedilotildees da distacircncia axial xifoacuteidea sugerindo uma
relaccedilatildeo com a mobilidade diafragmaacutetica e o aumento do volume pulmonar total
essa hipoacutetese pocircde ser elucidada em nossos resultados com a diminuiccedilatildeo dos
valores de CTABD Portanto estes achados servem para destacar que o
protocolo de alongamento realizados neste estudo desencadeou a melhora da
mecacircnica contraacutetil dos muacutesculos respiratoacuterios que provavelmente tiveram uma
atuaccedilatildeo na melhora da funccedilatildeo diafragmaacutetica relaccedilatildeo esta jaacute descrita por
Iwasawa et al (2002) e Man et al (2012)
O aumento do volume corrente total apoacutes o alongamento muscular da
caixa toraacutecica jaacute havia sido constatado anteriormente pelos estudos natildeo
controlados de Yamada et al (1996) e Minoguchi et al (2002) que realizaram a
intervenccedilatildeo por 4 semanas em 12 e 13 pacientes respectivamente e avaliados
62
pela espirometria Em contrapartida os estudos de intervenccedilatildeo aguda natildeo
controlada de Izumizaki et al (2006) e controlada de Noll et al (2009) com 10 e
25 pacientes respectivamente obtiveram a piora do volume corrente tambeacutem
avaliados pela espirometria Baseados nos estudos de Mchugh et al (2008)
estes efeitos contraditoacuterios ocorreram principalmente pelo tipo de intervenccedilatildeo
Agudamente o alongamento promove o estiramento abrupto dos fusos
neuromusculares que desencadearam o potencial sensitivo medular e
consequentemente um aumento da atividade eferente neuromuscular gerando
a contraccedilatildeo das fibras extra-fusais por essa razatildeo provavelmente houve a
diminuiccedilatildeo da mobilidade muacutesculo-esqueleacutetica da caixa toraacutecica e diminuiccedilatildeo
dos valores volumeacutetricos (Mukherjee et al 2010) A intervenccedilatildeo crocircnica por
sua vez promove o aumento da viscoelasticidade muscular e causou a
acomodaccedilatildeo do limiar excitatoacuterio do fuso neuromuscular que diminui o
estiacutemulo de contraccedilatildeo das fibras extra-fusais permitindo a melhora da
mobilidade toracoabdominal (Mchugh et al 2010)
No presente estudo foi realizada a intervenccedilatildeo crocircnica portanto
justificaria a razatildeo dos nossos dados apresentarem resultados tatildeo diferentes
quanto a maioria dos estudos anteriores de intervenccedilatildeo aguda Mas
precisamos considerar tambeacutem as limitaccedilotildees metodoloacutegicas comumente
observadas na literatura Fato este observado nos trabalhos de Putt et al
(2008) e Luularungrayub et al (2009) que mesmo sendo de intervenccedilatildeo
aguda apresentaram um aumento do volume corrente avaliados pela
espirometria mas ambos apresentaram grandes restriccedilotildees metodoloacutegicas pois
63
realizaram o tratamento somente em um muacutesculo respiratoacuterio (peitoral maior) e
o outro foi um estudo de caso respectivamente
Hipotetizamos que nos nossos resultados sugeriram que a intervenccedilatildeo
crocircnica muscular respiratoacuteria promoveu a melhora da mobilidade do sistema
musculo-esqueleacutetico toracoabdominal com o aumento principal do volume e da
mobilidade do compartimento abdominal acreditamos que foi o responsaacutevel
pela melhora do volume pulmonar total Com a elevaccedilatildeo dos volumes
sugerimos que foram os responsaacuteveis pela melhora da capacidade ventilatoacuteria
(volume-minuto) dado este ineacutedito na literatura para este tipo de protocolo de
tratamento
52 Atividade muscular
Constatamos uma reduccedilatildeo da atividade muscular durante o exerciacutecio
com carga no grupo que realizou o alongamento dos muacutesculos respiratoacuterios
principalmente do esternocleidomastoideo e do intercostal superior A partir
destes dados foi possiacutevel calcular a relaccedilatildeo com o volume corrente onde a
reduccedilatildeo dos valores significa a melhora da efetividade contraacutetil (EMGVt)
descrito primeiramente no trabalho de Lunardi et al (2013) Este dado
representa a melhora do deslocamento volumeacutetrico pela atividade muscular
sendo assim o muacutesculo necessita do mesmo estiacutemulo motor para deslocar
mais volume de ar
64
Na literatura encontramos somente um estudo natildeo-controlado de Cunha
et al (2005) que realizou a avaliaccedilatildeo em 8 pacientes com DPOC com o
eletromioacutegrafo de superfiacutecie apoacutes um programa de alongamento muscular
respiratoacuterio Nossos dados corroboram parcialmente com os seus achados
pois apesar de terem demonstrado uma diminuiccedilatildeo da atividade muscular
respiratoacuteria dos intercostais eles apresentaram um aumento da atividade
muscular do esternocleidomastoide Acreditamos que os nossos achados
avanccedilam em relaccedilatildeo ao estudo de Cunha et al (2005) pois o presente estudo
foi realizado com criteacuterios metodoloacutegicos mais rigorosos (controlado) com
maior tempo de intervenccedilatildeo e respeitando o caacutelculo amostral
Portanto podemos sugerir que baseado nos estudos de Kokkonen et al
(2007) o aumento da viscoelasticidade tecidual permitiu a melhora da
sobreposiccedilatildeo da actina e miosina sendo capaz de potencializar o mecanismo
contraacutetil muscular com menos esforccedilo Ao mesmo tempo reduziu a tensatildeo
sobre os receptores musculoesqueleacuteticos diminuindo a excitabilidade do
disparo neuroloacutegico sensitivo possibilitando o equiliacutebrio entre o estiacutemulo
inibitoacuterio do oacutergatildeo tendinoso de Golgi e o excitatoacuterio do controle contraacutetil do
fuso neuromuscular reduzindo a atividade motora (Hindle et al 2012
Mukherjee e Chakravarty 2010)
A avaliaccedilatildeo da atividade muscular e o caacutelculo da efetividade contraacutetil foi
realizada para elucidar os mecanismos envolvidos na melhora da mecacircnica
ventilatoacuteria apoacutes o alongamento dos muacutesculos respiratoacuterios Eacute possiacutevel que
com a diminuiccedilatildeo da atividade muscular possibilitou a melhora da capacidade
de contraccedilatildeo muscular com menor esforccedilo este dado eacute reforccedilado pela
65
diminuiccedilatildeo da EMGVt permitindo o incremento da mobilidade toracoabdominal
e da capacidade ventilatoacuteria
53 Capacidade funcional e dispneia
Observamos a melhora da dispneia e da capacidade ao exerciacutecio
submaacuteximo avaliados pelo Borg modificado e pelo teste de caminhada dos 6
minutos respectivamente
Apoacutes o protocolo de alongamento nossos dados mostraram a
diminuiccedilatildeo da sensaccedilatildeo de dispneia em ambos os grupos apoacutes a intervenccedilatildeo
Mas ao comparar entre os grupos os sujeitos que receberam a intervenccedilatildeo na
caixa toraacutecica (GT) apresentaram a diminuiccedilatildeo da dispneia quando comparado
ao GC tanto preacute quanto poacutes exerciacutecio Outro ponto em destaque eacute a diminuiccedilatildeo
da dispneia no GT em seu estado basal
A reduccedilatildeo da dispneia eacute um importante paracircmetro de melhora dos
tratamentos com enfoque pulmonar (ATS 2013) e estudos preacutevios que tambeacutem
avaliaram o efeito de alongamento dos muacutesculos respiratoacuterios na dispneia em
pacientes com DPOC corroboram com os nossos achados mesmo sendo
trabalhos com metodologias distintas como ensaios natildeo controlados (Cunha et
al 2005) controlados (Paulin et al 2003) intervenccedilatildeo aguda (Noll et al 2008
Noll et al 2009) e crocircnica (Minoguchi et al 2002) Eacute importante ressaltar que
em todos os trabalhos que obtiveram a melhora nos paracircmetros de dispneia
66
portanto acreditamos que existe outros mecanismos que podem influenciar
nesta variaacutevel aleacutem da melhora da mobilidade toracoabdominal tanto assim
que os trabalhos de Noll et al (2008 e 2009) houve uma piora de todos os
paracircmetros da funccedilatildeo pulmonar mas apresentaram melhora da dispneia
Na literatura somente os trabalhos de Izumizaki et al (2008) e Putt et al
(2008) natildeo obtiveram melhora na escala de Borg mas eacute importante destacar
que foram trabalhos distintos o primeiro foi de intervenccedilatildeo crocircnica com
resultados negativos agraves funccedilotildees pulmonares enquanto o segundo foi um
trabalho de intervenccedilatildeo aguda com resultados positivos nos volumes
pulmonares Apesar de ambos serem controlados o estudo de Izumizaki et al
(2008) natildeo destaca os muacutesculos que foram tratados nem a caracterizaccedilatildeo e o
caacutelculo amostral enquanto no trabalho de Putt et al (2008) realizou a
intervenccedilatildeo apenas no muacutesculo peitoral maior que natildeo eacute um muacutesculo
acessoacuterio respiratoacuterio primaacuterio e sim atuante somente em grandes esforccedilos
Portanto baseado nas pesquisas anteriores entendemos que a melhora
da dispneia natildeo foi somente pelo aumento da mobilidade musculoesqueleacutetica
da caixa toraacutecica que diminuiu a resistecircncia do fluxo aeacutereo e possibilitou maior
expansatildeo toracoabdominal e melhor capacidade ventilatoacuteria demonstrado
neste estudo anteriormente Possivelmente teve associaccedilatildeo com os
mecanoceptores toracoabdominais quando estimulados durante o tratamento
desencadeou alteraccedilotildees das informaccedilotildees dos centros respiratoacuterios e motores
(Nakamura et al 2012 Montaldo et al 2000) Estes centros por sua vez
mudaram da taxa de disparo do nervo frecircnico que controla a cadecircncia e a
frequecircncia da contraccedilatildeo diafragmaacutetica reduzindo a sensaccedilatildeo de fadiga e de
67
dispneia (Burki e Lee 2010) portanto qualquer teacutecnica de mobilizaccedilatildeo
toracoabdominal poderia diminuir a sensaccedilatildeo de dispneia mas acreditamos
que quanto maior o estiacutemulo musculoesqueleacutetico (intervenccedilatildeo crocircnica) maior
seraacute a ativaccedilatildeo dos mecanoceptores da caixa toraacutecica e consequentemente
aumentaria a estimulaccedilatildeo aos centros respiratoacuterios por essa razatildeo
acreditamos que os nossos resultados foram tatildeo expressivos (Montaldo et al
2000)
Com a melhora dos paracircmetros de dispneia refletiu no aumento da
distacircncia percorrida em ambos os grupos 67m (GC) e 2517m (GT) sendo
que somente o grupo que recebeu o alongamento dos muacutesculos respiratoacuterios
atingiram a miacutenima distacircncia clinicamente significante proposta por Holland et
al (2010) que eacute de 25 m Coincidentemente a maioria trabalhos que
obtiveram melhora da dispneia realizaram o teste de caminhada dos 6 minutos
(Yamada et al 1996 Minoguchi et al 2002 Paulin et al 2003 eCunha et al
2005) somente Noll et al (2008 e 2009) que natildeo Poreacutem ateacute onde eacute do nosso
conhecimento este eacute o primeiro estudo que demonstrou que o aumento da
capacidade funcional foi decorrente da melhora da mecacircnica ventilatoacuteria poacutes-
alongamento avaliados pelo POE
No presente estudo o aspecto relevante estaacute no ineditismo ao avaliar as
repercussotildees deste tipo de intervenccedilatildeo na cinemaacutetica toracoabdominal
analisadas pelo pletismoacutegrafo optoeletrocircnico (Alivertiet al 2000) teacutecnica
considerada de alta tecnologia O programa de alongamento da musculatura
acessoacuteria respiratoacuteria eacute uma teacutecnica de baixo custo e pode ser associada
68
facilmente agrave reabilitaccedilatildeo pulmonar com impacto na atividade funcional e nos
sintomas respiratoacuterios
54 Limitaccedilotildees
Todos os estudos possuem limitaccedilotildees primeiro a rigidez dos criteacuterios
de inclusatildeo conferida a esta pesquisa levou a uma elevada validade interna
com possiacutevel prejuiacutezo da validade externa Optamos por adotar esses criteacuterios
na tentativa de eliminar o maior nuacutemero de variaacuteveis de confusatildeo para garantir
que os resultados fossem interpretados de maneira clara Segundo a carga de
exerciacutecio em esteira foi estabelecida em funccedilatildeo da velocidade do TC6 apesar
de natildeo ser considerado o padratildeo ouro para o treinamento aeroacutebico jaacute foi
descrito como alternativa viaacutevel por Zainuldinet al (2007) e Figueiredo e
Guimaratildees (2009) Terceiro a intensidade de 25 Wmaacutex utilizada na
avaliaccedilatildeo do POE pode natildeo ter sido o suficiente para desencadear a
assincronia mas o objetivo foi reproduzir a carga utilizada diariamente pelo
paciente segundo Bruni et al (2012) eles comprovaram em seu estudo que
nem mesmo a carga de 75 Wmaacutex foi possiacutevel desencadear a assincronia em
pacientes com DPOC concluindo natildeo haver relaccedilatildeo entre assincronia
hiperinsuflaccedilatildeo e dispneia Finalmente o alongamento dos muacutesculos
perifeacutericos dos membros inferiores no grupo controle poderia ter influenciado
na melhora no teste de caminhada dos 6 minutos mas Mchugh et al (2008) e
Shrier (2004) descreveram em seus estudos que ainda existe uma
controveacutersia a respeito do aumento da performance muscular apoacutes a realizaccedilatildeo
69
do alongamento ateacute entatildeo sabe-se somente sobre a melhora da mobilidade
Apesar destas limitaccedilotildees este eacute o primeiro ensaio cliacutenico controlado e
aleatorizado investigando os benefiacutecios do alongamento dos muacutesculos
respiratoacuterios na mecacircnica ventilatoacuteria utilizando o pletismoacutegrafooptoeletrocircnico
em pacientes com DPOC
6 CONCLUSAtildeO
71
Nossos resultados sugerem que a adiccedilatildeo do alongamento da
musculatura respiratoacuteria ao exerciacutecio aeroacutebico claacutessico aumenta a eficiecircncia
contraacutetil muscular melhora a mecacircnica ventilatoacuteria com o incremento
significante dos volumes pulmonares principalmente abdominal e reduz a
dispneia possibilitando a melhora das atividades funcionais em pacientes com
DPOC Estes resultados sugerem que o alongamento dos muacutesculos
respiratoacuterios pode ser considerado uma modalidade de tratamento adjuvante
para os pacientes com DPOC
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8 ANEXOS
91
92
93
HOSPITAL DAS CLIacuteNICAS DA FACULDADE DE MEDICINA DA
UNIVERSIDADE DE SAtildeO PAULO-HCFMUSP
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
DADOS SOBRE A PESQUISA
1 TIacuteTULO DO PROTOCOLO DE PESQUISA
EFEITOS DO ALONGAMENTO DA MUSCULATURA ACESSOacuteRIA
RESPIRATOacuteRIA COM A TEacuteCNICA DE ALONGAMENTO PASSIVO E
CONTRACcedilAtildeO-RELAXAMENTO NA MECAcircNICA VENTILATOacuteRIA E NA
CAPACIDADE FUNCIONAL DE PACIENTES COM DOENCcedilA PULMONAR
OBSTRUTIVA CROcircNICA
PESQUISADOR 01 Celso Ricardo Fernandes Carvalho
CARGOFUNCcedilAtildeO Orientador INSCRICcedilAtildeO CONSELHO
REGIONAL Nordm 206463-F
UNIDADE DO HCFMUSP Ciecircncias
3 AVALIACcedilAtildeO DO RISCO DA PESQUISA
RISCO MIacuteNIMO x RISCO MEacuteDIO
RISCO BAIXO RISCO MAIOR
4DURACcedilAtildeO DA PESQUISA 12 meses
HOSPITAL DAS CLIacuteNICAS DA FACULDADE DE MEDICINA DA
UNIVERSIDADE DE SAtildeO PAULO-HCFMUSP
1 ndash A doenccedila que o senhor (a) tem se chama doenccedila obstrutiva crocircnica
(DPOC) Esta doenccedila causa a inflamaccedilatildeo das vias aeacutereas e prejudica todo
94
pulmatildeo Por esse motivo o toacuterax fica expandido e os muacutesculos que realizam a
respiraccedilatildeo ficam tensos Essa tensatildeo muscular diminui o movimento do toacuterax e
a quantidade de ar que entra nos pulmotildees levando a uma dificuldade para
respirar e diminuindo a capacidade aos exerciacutecios simples do dia-dia Todo
esse quadro pode aumentar a tendecircncia de desencadear episoacutedios de
depressatildeo e ansiedade
2 ndash O nosso corpo tem muacutesculos que ajudam na respiraccedilatildeo (entrada do ar)
esses muacutesculos ao contrair ajudam a entrada de ar nos pulmotildees No (a)
paciente DPOC o movimento da caixa toraacutecica estaacute diminuiacutedo por isso este
estudo tem como objetivo verificar se o uso dos exerciacutecios de alongamento
relaxariam os muacutesculos respiratoacuterios diminuindo a sensaccedilatildeo de falta de ar
3 ndash Portanto estamos convidando o (a) senhor (a) para participar deste estudo
Caso o senhor (a) aceite participar da pesquisa teraacute que comparecer ao
hospital (HC) 2 vezes por semana durante um mecircs e meio de tratamento com
duraccedilatildeo de 30 a 40 minutos por dia O senhor (a) seraacute incluiacutedo (a) de forma
aleatoacuteria (sorteio) em dois grupos que receberatildeo diferentes tratamentos de
alongamento com supervisatildeo do profissional fisioterapeuta O senhor (a)
receberaacute uma cartilha com alguns exerciacutecios semelhantes aos realizados no
hospital para ser feito em casa no miacutenimo duas vezes por semana
4 ndash Durante os exerciacutecios de alongamento o (a) senhor (a) poderaacute sentir algum
desconforto como um ldquopuxatildeordquo ldquoformigamentordquo e ldquoqueimaccedilatildeordquo na regiatildeo que os
muacutesculos estatildeo sendo trabalhados Apoacutes a realizaccedilatildeo do alongamento eacute
possiacutevel que essas sensaccedilotildees perdurem por no maacuteximo 3 dias Evitaremos
durante o tratamento as dores se caso o senhor (a) sentir alguma dor
comunique ao profissional responsaacutevel que interromperemos imediatamente o
exerciacutecio
5 ndash Seratildeo realizados diversos testes antes e depois do tratamento para
verificar o grau de eficiecircncia da teacutecnica aplicada Mediremos o movimento do
seu toacuterax com um aparelho chamado pletismografia onde seratildeo colocados
marcadores no seu toacuterax e o senhor natildeo sentiraacute nenhum desconforto ou dor
Seratildeo realizados exames para a funccedilatildeo do seu pulmatildeo chamado espirometria
para isso pediremos para o senhor (a) puxar e assoprar forte o ar no aparelho
este teste natildeo traraacute nenhum desconforto ou dor Para testar a forccedila dos
muacutesculos pediremos novamente que o senhor (a) puxe o ar com forccedila em um
95
aparelho chamado manovacuocircmetro este teste natildeo traraacute dor Realizaremos
um teste de esforccedilo ao exerciacutecio onde pediremos para o (a) senhor (a) andar o
maacuteximo possiacutevel durante 6 minutos seraacute repetido duas vezes Nesse teste o
senhor (a) pode sentir cansaccedilo e falta de ar que acabaraacute imediatamente apoacutes o
teacutermino do exerciacutecio Por uacuteltimo o senhor (a) responderaacute o questionaacuterio sobre a
sua vida que conteacutem uma seacuterie de perguntas para avaliar se o (a) senhor (a)
possui episoacutedios de depressatildeo e ansiedade poderaacute sentir algum desconforto
ao responder algumas perguntas que seratildeo realizadas
6 ndash Com esse estudo buscamos a melhora da qualidade de vida com
diminuiccedilatildeo dos quadros tendenciosos de depressatildeo e ansiedade e o aumento
da capacidade para realizar os exerciacutecios diaacuterios decorrentes da melhora da
mobilidade toraacutecica
7 ndash Asseguramos que o senhor (a) teraacute acesso aos profissionais responsaacuteveis
pela pesquisa para esclarecimento de eventuais duacutevidas O principal
investigador eacute o Prof Dr Celso Ricardo Fernandes Carvalho que poderaacute
ser encontrado na Av Eneacuteas de Carvalho Aguiar 255 4o andar bloco 06 no
telefone(s) 11 3069-7961 e o Dr Juliano Takashi Wada que pode ser
encontrado no endereccedilo Rua Albuquerque Lins 537 cj 42 Telefone(s) 11
3624-4524 Se caso o senhor (a) tiver alguma consideraccedilatildeo ou duacutevida sobre a
eacutetica da pesquisa entre em contato com o Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa (CEP)
ndash Rua Oviacutedio Pires de Campos 225 ndash 5ordm andar ndash tel 3069-6442 ramais 16 17
18 ou 20 FAX 3069-6442 ramal 26 ndash E-mail cappesqhcnetuspbr
8 ndash Garantimos a liberdade da retirada do consentimento a qualquer momento
e deixar de participar do estudo sem qualquer prejuiacutezo agrave continuidade de seu
tratamento na Instituiccedilatildeo
9 ndash Garantimos o direito de confidencialidade ndash As informaccedilotildees obtidas
seratildeo analisadas em conjunto com outros pacientes natildeo sendo divulgado a
identificaccedilatildeo e os dados de nenhum paciente
10 ndash Garantimos o direito de ser mantido atualizado sobre os resultados
parciais das pesquisas quando em estudos abertos ou de resultados que
sejam do conhecimento dos pesquisadores
96
11 ndash Despesas e compensaccedilotildees natildeo haacute despesas pessoais para o
participante em qualquer fase do estudo incluindo exames e consultas
Tambeacutem natildeo haacute compensaccedilatildeo financeira relacionada agrave sua participaccedilatildeo Se
existir qualquer despesa adicional ela seraacute absorvida pelo orccedilamento da
pesquisa Natildeo garantimos o pagamento de qualquer dano causado pelo estudo
mas garantimos que se caso o senhor (a) tiver algum problema poderaacute ser
atendido no Ambulatoacuterio da Fisioterapia do Hospital das cliacutenicas gerenciado
pelo Prof Dr Celso Ricardo Fernandes de Carvalho
12 ndash Garantimos o compromisso do pesquisador de utilizar os dados e o
material coletado satildeo confidenciais e seraacute utilizado somente para esta pesquisa
Acredito ter sido suficientemente informado a respeito das informaccedilotildees
que li ou que foram lidas para mim descrevendo o estudo rdquoEfeitos do
alongamento da musculatura acessoacuteria respiratoacuteria com a teacutecnica de
contraccedilatildeo-relaxamento na mobilidade toraacutecica e capacidade psicossocial e
funcional de pacientes com doenccedila pulmonar obstrutiva crocircnicardquo
Eu discuti com o Prof Dr Celso Ricardo Fernandes de Carvalho ou
com o Dr Juliano Takashi Wada sobre a minha decisatildeo em participar nesse
estudo Ficaram claros para mim quais satildeo os propoacutesitos do estudo os
procedimentos a serem realizados seus desconfortos e riscos as garantias de
confidencialidade e de esclarecimentos permanentes Ficou claro tambeacutem que
minha participaccedilatildeo eacute isenta de despesas e que tenho garantia do acesso a
tratamento hospitalar quando necessaacuterio Concordo voluntariamente em
participar deste estudo e poderei retirar o meu consentimento a qualquer
momento antes ou durante o mesmo sem penalidades ou prejuiacutezo ou perda
de qualquer benefiacutecio que eu possa ter adquirido ou no meu atendimento
neste Serviccedilo
-------------------------------------------------
Assinatura do pacienterepresentante legal Data
97
-------------------------------------------------------------------------
Assinatura da testemunha Data
Declaro que obtive de forma apropriada e voluntaacuteria o Consentimento Livre e
Esclarecido deste paciente ou representante legal para a participaccedilatildeo neste estudo
----------------------------------------------------------
Assinatura do responsaacutevel pelo estudo
Data
98
NCT 0236762
99
100
101
20-Nov-2014
CC Wada Juliano Borges-Santos Erickson Paisani
Denise Porras Desiderio Cukier Alberto Lunardi
Adriana Carvalho Celso
Dear Ms Wada
Your manuscript entitled Effect of respiratory muscle
stretching on thoracoabdominal kinematics and functional
capacity of patients with COPD a randomized and controlled
trial has been received online and is presently being
given full consideration for publication in CHEST Please
note that our editorial office will review your manuscript
before sending it to the Editor in Chief If there are
aspects that need to be fixed prior to peer review they
may return your paper to your Corresponding Author Center
and ask you to make some minor changes and resubmit it We
appreciate your understanding
Your manuscript ID is CHEST-14-2914
You may view the status of your manuscript at any time by
checking your Author Center after logging in
to httpsmcmanuscriptcentralcomchest
102
The journal strives to expedite the peer review process
however because we receive over 3400 submissions each year
the process may take up to 8 weeks to complete Please be
patient during this time and feel free to log in to check
your manuscript status
Please mention the above manuscript ID in all future
correspondence or when calling the office for questions If
there are any changes in your street address phonefax or
e-mail address please log in to ScholarOne Manuscripts
at httpsmcmanuscriptcentralcomchest and edit your
user information as appropriate
Thank you for choosing to submit your manuscript to CHEST
Sincerely
CHEST Editorial Office
iv
DEDICATORIA
Aos meus pais Carlos Hirokata Wada e Marta Hiroko Wada exemplos de
vida admiraccedilatildeo e amor
Agraves minhas irmatildes Telma Miyuki Wada e Malu Wada verdadeiras
companheiras de vida me traz a plenitude
Agrave minha futura esposa Camilla Valeacuteria Lourenccedilo Silva me faz querer ser
um homem melhor todos os dias
Aos amigos colegas e a todas as pessoas que me ajudaram diretamente
ou indiretamente durante todo o processo que faz a vida ter mais sentido
v
AGRADECIMENTOS
Ao meu orientador Prof Dr Celso Ricardo Fernandes de Carvalho pela
oportunidade e confianccedila em mim depositada Apesar de termos passado
muitas intercorrecircncias ao longo destes 6 anos continuamos firmes Em alguns
momentos eu quis abaixar a cabeccedila e o senhor me ajudou a reerguecirc-la
Obrigado por me passar tantos conhecimentos e por me incentivar a ter prazer
pela pesquisa
Ao meu parceiro de pesquisa e grande amigo Me Ericksson Borges Santos
por me acompanhar por todos esses anos sem a sua ajuda jamais seria
possiacutevel concretizar este trabalho Iniciamos com muitas diferenccedilas e
permanecemos com elas mas soubemos conviver harmoniosamente pois a
fraqueza de um foi a qualidade do outro Hoje eu sei que estou terminando
outro ciclo na minha vida e saio deste momento com novos conhecimentos
mas muito mais que o tiacutetulo ganhei um amigo para a vida inteira
Agrave Prof (a) Dra Adriana Lunardi por toda a ajuda profissional e pessoal
durante o trabalho Eu enxergava em seus olhos a sua vontade de querer o
meu bem participando do nosso estudo me aconselhando Foram diversas
vezes que recebi as suas mensagens de preocupaccedilatildeo e incentivo Obrigado
por ser mais que uma amiga vocecirc foi a minha madrinha natildeo conseguiria ter
terminado sem a sua ajuda
vi
Agrave Dra Denise Paisane por toda a colaboraccedilatildeo ao longo do estudo Tenho
grande respeito e admiraccedilatildeo pela sua dedicaccedilatildeo profissional A sua
organizaccedilatildeo e seu empenho foram fundamentais ao longo do meu mestrado
Ao Dr Ronaldo Silva por todo o conhecimento e disponibilizaccedilatildeo para nos
ajudar durante o projeto Estava sempre disposto para realizar qualquer tipo de
tarefa sua humildade eacute inspiradora O seu conhecimento foi essencial para o
teacutermino da dissertaccedilatildeo
Ao Me Desiderio Cano por todo o conhecimento do OEP que nos foi
passado e pela sua disposiccedilatildeo em nos ajudar com a coleta e interpretaccedilatildeo dos
dados
Agrave Me Cibele Cristine Berto Marques da Silva pela disposiccedilatildeo em nos ajudar
durante as avaliaccedilotildees e pelas observaccedilotildees e correccedilotildees das apresentaccedilotildees
orais
Agrave Dra Renata Teixeira Nakata pela disponibilidade em nos ajudar na
avaliaccedilatildeo dos pacientes e nas correccedilotildees das apresentaccedilotildees orais
Ao Grupo LIFFE por todas as reuniotildees semanais foi uma grande troca de
conhecimentos O trabalho em equipe foram fundamentais para a
concretizaccedilatildeo do trabalho
vii
Aos profissionais do Ambulatoacuterio de Fisioterapia do Hospital das Cliacutenicas
pela compreensatildeo e auxiacutelio durante os protocolos de intervenccedilatildeo dos pacientes
do nosso projeto
Aos pacientes que participaram do estudo por todo o esforccedilo em continuar o
tratamento ateacute a sua conclusatildeo Muitos representaram uma liccedilatildeo de vida para
todos noacutes
Ao Ambulatoacuterio de Pneumologia do Hospital das Cliacutenicas pela parceria em
ceder os prontuaacuterios e os pacientes para o projeto Aleacutem compartilhar
harmoniozamente o mesmo espaccedilo para a triagem dos mesmos
Aos meus grandes amigos por todo apoio companheirismo risadas e
momentos que me mostram o verdadeiro sentido da palavra viver Carlos
Eduardo Hanash Rodrigo Petrone Ricardo Almeida Thiago Eduardo
Castanhon Ricardo Maeda Ricardo Domingos Felipe Calmon Thiago
Almeida Andreacute Fogolin Rodrigo Pizzi Caio Teixeira Marcelo Reina Erik
Terrabuio Marcus Sperandio Jonas Rastelli Mario Castro Carlos Eduardo
Sainz Gustavo Souza Gabriel Boal Rodrigo Guerzoni e Rafael Correa
SUMARIO
LISTA DE ABREVIATURASxi
LISTA DE FIGURASxiii
LISTA DE TABELASxviii
RESUMO xix
SUMMARYxxi
1 INTRODUCcedilAtildeO01
11 Definiccedilatildeo e Incidecircncias 02
12 Fisiopatologia 04
13 Sistema muacutesculo-esqueleacutetico 06
14 Diagnoacutestico e Sintomas07
15 Reabilitaccedilatildeo pulmonar09
16 Muacutesculos respiratoacuterios 10
17 Alongamento Muscular13
18 Meacutetodos para a anaacutelise da mecacircnica ventilatoacuteria17
19 Hipoacutetesehelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphellip19
2 OBJETIVOS20
21 Primaacuterio 21
22 Secundaacuterio 21
3 CASUIacuteSTICA E METODOS22
ix
31 Aspectos eacuteticos23
32 Casuiacutestica23
321 Criteacuterios de inclusatildeo23
322 Criteacuterios de exclusatildeo24
33 Delineamento experimental25
34 Intervenccedilatildeo26
341 Protocolo de alongamento do grupo tratado (GT)26
342 Protocolo de exerciacutecios do grupo controle (GC)32
343 Protocolo dos exerciacutecios aeroacutebicos35
35 Avaliaccedilotildees36
351 Caracterizaccedilatildeo Amostral36
352 Prova de funccedilatildeo pulmonar simples36
353 Padratildeo respiratoacuterio mobilidade e sincronia
toracoabdominal37
3531 Avaliaccedilatildeo do POE durante o exerciacutecio41
354 Atividade muscular respiratoacuteria43
355 Capacidade Funcional44
36 Anaacutelise Estatiacutestica45
4 RESULTADOS47
41 Cinemaacutetica toracoabdominal50
42 Atividade muscular54
43 Capacidade funcional e Dispneia56
x
5 DISCUSSAtildeO59
51 Cinemaacutetica toracoabdominal60
52 Atividade muscular63
53 Capacidade funcional e dispneia65
54 Limitaccedilotildees68
6 CONCLUSAtildeO70
7 REFEREcircNCIAS 72
8 ANEXOS90
xi
LISTA DE ABREVIATURAS
ABD Volume abdominal
ALAT Associaccedilatildeo Latino-Americana de Toacuterax
ATS American Thoracic Society
BORG Escala de dispneia
CPT Capacidade Pulmonar Total
CRF Capacidade Residual Funcional
CTABD Razatildeo entre a contribuiccedilatildeo da caixa toraacutecica e abdocircmen
CT Volume da caixa toraacutecica
CVF Capacidade vital forccedilada
DATASUS Departamento de informaacutetica do sistema uacutenico de sauacutede
DPOC Doenccedila pulmonar obstrutiva crocircnica
EMG Eletromiografia
EMGVt Razatildeo entre atividade muscular e o volume corrente total
F Feminino
FCMaacutex Frequecircncia cardiacuteaca maacutexima
FE Fluxo expiratoacuterio
FI Fluxo inspiratoacuterio
GC Grupo controle
GOLD Global initiative for chronic obstructive lung disease
GT Grupo tratado
HCFMUSP Hospital das Cliacutenicas da Faculdade de Medicina da Universidade
de Satildeo Paulo
xii
Hz Hertz
Kgm2 Kilograma por metro quadrado (unidade do IMC)
L Litros
M Masculino
mL Mililitros
mV Milivolt
mVL Milivolt por litro
O2 Oxigecircnio
OTG Oacutergatildeo tendinoso de Golgi
PaCO2 Pressatildeo parcial de gaacutes carbocircnico
POE Pletismoacutegrafo optoeletrocircnica
RP Reabilitaccedilatildeo pulmonar
SpO2 Saturaccedilatildeo Perifeacuterica de Oxigecircnio
TC6 Teste de caminhada dos 6 minutos
TI Volume do toacuterax inferior
TS Volume corrente do toacuterax superior
VE Volume minuto
VEF1 Volume expiratoacuterio forccedilado no primeiro segundo
VEF1CVF Relaccedilatildeo do volume expiratoacuterio forccedilado no primeiro segundo e
capacidade vital forccedilada
VR Volume Residual
Vt Volume corrente
WMaacutex Carga maacutexima em Watts
Δ Variaccedilatildeo
xiii
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 Desenho experimental25
Figura 2 Anatomia e teacutecnica de alongamento do peitoral maior28
Figura 3 Anatomia e teacutecnica de alongamento do escaleno28
Figura 4 Anatomia e a teacutecnica de alongamento do Esternocleidomastoideo29
Figura 5 Anatomia e a teacutecnica de alongamento do Trapeacutezio Superior30
Figura 6 Anatomia e a teacutecnica de alongamento do peitoral menor30
Figura 7 Anatomia e a teacutecnica de alongamento do Serraacutetil Anterior e
Intercostais31
Figura 8 Anatomia e a teacutecnica de alongamento dos muacutesculos
abdominais32
Figura 9 Anatomia e a teacutecnica de alongamento dos flexores do punho33
Figura 10 Anatomia e a teacutecnica de alongamento dos extensores do punho33
xiv
Figura11 Anatomia e a teacutecnica de alongamento dos extensores do
tornozelo34
Figura 12 Anatomia e a teacutecnica de alongamento dos muacutesculos dos flexores do
tornozelo35
Figura13 Imagem tridimensional gerada pelo OEP38
Figura14 Disposiccedilatildeo das 89 esferas reflexivas38
Figura15 Laboratoacuterio do POE com a disposiccedilatildeo das cacircmeras e da bicicleta40
Figura16 Captaccedilatildeo e anaacutelise dos dados do volume toracoabdominal40
Figura17 Paciente realizando a avaliaccedilatildeo com carga no cicloergocircmetro no
POE42
Figura 18 Desenho experimental da avaliaccedilatildeo do OEP42
Figura19 Eletromioacutegrafo da BTS Engeneering44
Figura 20 Fluxograma do estudo49
xv
Figura 21 Efeitos do alongamento muscular respiratoacuterio na mecacircnica
ventilatoacuteria durante o exerciacutecio Os dados foram apresentados em meacutedia e
desvio padratildeo representado pela diferenccedila (Δ) = poacutes- - preacute-intervenccedilatildeo Houve
um aumento estatisticamente significante do volume da CT e do ABD no GT O
exerciacutecio foi realizado com 25 da carga maacutexima predito na equaccedilatildeo de
Jones25 GC= Grupo Controle GT= Grupo Tratado CT= Caixa totaacutecica total
TS= Toacuterax superior TI= Toacuterax inferior ABD= Abdomen = p lt 005 GC vs GT
(teste t natildeo pareado)51
Figura 22 Efeitos do alongamento muscular respiratoacuterio no volume minuto
(VE) durante o exerciacutecio Os dados foram apresentados em meacutedia e desvio
padratildeo representado pela diferenccedila (Δ) = poacutes- - preacute-intervenccedilatildeo Ambas
apresentaram diferenccedilas houve um aumento estatisticamente significante de
4L no volume minuto (VE) no GT em relaccedilatildeo do GC O exerciacutecio foi realizado
com 25 da carga maacutexima predito na equaccedilatildeo de Jones25 GC= Grupo
Controle GT= Grupo Tratado = p lt 005 GC vs GT (teste t natildeo pareado)52
Figura 23 Efeitos do alongamento muscular respiratoacuterio no fluxo expiratoacuterio
(FE) durante o exerciacutecio Os dados foram apresentados em meacutedia e desvio
padratildeo representado pela diferenccedila (Δ) = poacutes- - preacute-intervenccedilatildeo Ambas
apresentaram diferenccedilas houve um aumento estatisticamente significante de
100mL no fluxo expiratoacuterio (FE) no GT em relaccedilatildeo do GC O exerciacutecio foi
realizado com 25 da carga maacutexima predito na equaccedilatildeo de Jones25 GC=
xvi
Grupo Controle GT= Grupo Tratado = p lt 005 GC vs GT (teste t natildeo
pareado)53
Figura 24 Efeitos do alongamento muscular respiratoacuterio na relaccedilatildeo da
contribuiccedilatildeo da caixa toraacutecica e abdocircmen (CTABD) durante o exerciacutecio Os
dados foram apresentados em meacutedia e desvio padratildeo representado pela
diferenccedila (Δ) = poacutes- - preacute-intervenccedilatildeo O exerciacutecio foi realizado com 25 da
carga maacutexima predito na equaccedilatildeo de Jones25 Foi observado a reduccedilatildeo
estatisticamente significante dos valores no GT em relaccedilatildeo do GC da relaccedilatildeo
CTAB que representa o aumento da mobilidade do compartimento abdominal
GC= Grupo Controle GT= Grupo Tratado CT= Participaccedilatildeo da caixa toraacutecica
ABD= Participaccedilatildeo abdominal = p lt 005 GC vs GT (teste t natildeo pareado)54
Figura 25 Efeitos do alongamento muscular respiratoacuterio na atividade
muscular Os dados foram apresentados em meacutedia e desvio padratildeo
representado pela diferenccedila (Δ) = poacutes- - preacute-intervenccedilatildeo Foi constatada uma
diminuiccedilatildeo estatisticamente significante da atividade dos muacutesculos
esternocleidomastoideo e intercostal superior no GT O exerciacutecio foi realizado
com 25 da carga maacutexima predito na equaccedilatildeo de Jones25 GC= Grupo
Controle GT= Grupo Tratado = p lt 005 GC vs GT (teste t natildeo pareado)55
Figura 26 Efeitos do alongamento muscular respiratoacuterio na relaccedilatildeo entre a
atividade muscular e o volume corrente (EMGVt) Os dados foram
apresentados em meacutedia e desvio padratildeo representado pela diferenccedila (Δ) =
xvii
poacutes- - preacute-intervenccedilatildeo Observou-se uma diminuiccedilatildeo estatisticamente
significante da EMGVt no GT O exerciacutecio foi realizado com 25 da carga
maacutexima predito na equaccedilatildeo de Jones25 GC= Grupo Controle GT= Grupo
Tratado = p lt 005 GC vs GT (teste t natildeo pareado) 56
Figura 27 Efeitos do alongamento muscular respiratoacuterio na escala de BORG
Os dados foram apresentados Os dados foram apresentados em meacutedia e
desvio padratildeo representado pela diferenccedila (Δ) = poacutes- - preacute-intervenccedilatildeo Apoacutes
o tratamento ambos apresentaram diminuiccedilatildeo da dispneia mas somente no GT
houve uma diminuiccedilatildeo na comparaccedilatildeo com o GC e com seus dados iniciais no
preacute exerciacutecio O exerciacutecio foi realizado com 25 da carga maacutexima predito na
equaccedilatildeo de Jones25 GC= Grupo Controle GT= Grupo Tratado BORG= Escala
de dispneia TC6= Teste de caminhada dos 6 minutos = p lt 005 preacute vs poacutes
intervenccedilatildeo +=plt005 GC vs GC) (teste t natildeo pareado)57
Figura 28 Os dados apresentados em (Δ) representam (poacutes intervenccedilatildeo ndash preacute
intervenccedilatildeo) No teste de caminhada dos 6 minutos (TC6) foi observada uma
diferenccedila clinicamente significante do TC6 no GT que obteve um aumento
meacutedio de 2514m e o GC de 65m O exerciacutecio foi realizado com 25 da carga
maacutexima predito na equaccedilatildeo de Jones25 GC= Grupo Controle GT= Grupo
Tratado TC6= Teste de caminhada dos 6 minutos ( =diferenccedila clinicamente
significante)58
xviii
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 Caracterizaccedilatildeo amostral basal dos pacientes do estudo50
xix
RESUMO
Efeitos do alongamento da musculatura respiratoacuteria pelas teacutecnicas de
alongamento passivo e contraccedilatildeo-relaxamento na mecacircnica ventilatoacuteria e
na capacidade funcional de pacientes com doenccedila pulmonar obstrutiva
crocircnica
Os pacientes com doenccedila pulmonar obstrutiva crocircnica (DPOC) devido agrave
obstruccedilatildeo brocircnquica e reduccedilatildeo da retraccedilatildeo elaacutestica pulmonar apresentam o
aumento do recrutamento da musculatura respiratoacuteria predispondo agrave
incoordenaccedilatildeo toracoabdominal aumentando o trabalho respiratoacuterio
provocando fadiga e dispneacuteia O alongamento dos muacutesculos respiratoacuterios
(AMR) poderia diminuir a atividade muscular melhorar a sua capacidade
contraacutetil e a mobilidade da caixa toraacutecica otimizando a ventilaccedilatildeo pulmonar
entretanto estes efeitos nos muacutesculos respiratoacuterios permanecem
desconhecidos Objetivo Avaliar os efeitos da adiccedilatildeo do AMR associados agrave
reabilitaccedilatildeo pulmonar na mecacircnica ventilatoacuteria na capacidade funcional e na
atividade muscular em pacientes com DPOC Meacutetodo Estudo randomizado e
controlado incluiu 30 pacientes com DPOC que foram distribuiacutedos
aleatoriamente para os grupos tratado (GT n = 15) e controle (GC n = 15)
Todos os pacientes foram submetidos a 24 sessotildees de treinamento aeroacutebico
duas vezes por semana Aleacutem disso o GT recebeu AMR e o GC recebeu o
alongamento dos membros superiores e inferiores antes dos exerciacutecios
aeroacutebicos Foram avaliados teste da capacidade funcional (teste de caminhada
xx
de 6 minutos TC6) mecacircnica toracoabdominal (pletismografia optoeletrocircnica
POE) e atividade muscular respiratoacuteria (eletromiografia de superfiacutecie EMG)
durante o exerciacutecio Os dados representam a variaccedilatildeo (Δ)=poacutes- - preacute-
avaliaccedilatildeo foi utilizado o teste t para comparar os grupos e o niacutevel de
significacircncia foi fixado em 5 Resultados O GT apresentou o aumento da
capacidade funcional (2514m +) com a reduccedilatildeo da sensaccedilatildeo de dispneia apoacutes
o TC6 (plt001) quando comparado ao GC Provavelmente estaacute relacionado
com a melhora do volume da caixa toraacutecica (plt001) capacidade ventilatoacuteria
(plt001) com o aumento do volume e da contribuiccedilatildeo do compartimento
abdominal (plt001) Observamos tambeacutem no GT a reduccedilatildeo da atividade
muscular (p lt001) com maior eficiecircncia ventilatoacuteria (plt0006) Conclusatildeo
Nossos resultados sugerem que a adiccedilatildeo do AMR no treinamento aeroacutebio
aumenta a capacidade funcional com diminuiccedilatildeo da dispneia melhora a
eficaacutecia da contraccedilatildeo muscular e da capacidade ventilatoacuteria devido agrave maior
participaccedilatildeo do compartimento abdominal em pacientes com DPOC
Descritores DPOC Muacutesculos Respiratoacuterios Alongamento Muscular
Mecacircnica Respiratoacuteria Plestimografia Dispneia Eletromiografia
xxi
SUMMARY
Effects of respiratory muscle stretching with passive and hold-relax
techniques on ventilatory mechanics and functional capacity in patients
with chronic obstructive pulmonary disease
Chronic obstructive pulmonary disease (COPD) patients due to bronchial
obstruction and reduced lung elastic recoil present increased in the recruitment
of respiratory muscles predisposing an thoracoabdominal incoordination major
breathing work causing fatigue and dyspnea The respiratory muscles
stretching (RMS) could decrease the muscle activity and improve their
contractile capacity chest wall mobility and optimize the pulmonary ventilation
however this effect remains unknown Objective To evaluate the effects of
adding the RMS associated with pulmonary rehabilitation in ventilatory
mechanics functional capacity and muscle activity in patients with COPD
Method Randomized and controlled trial enrolled 30 COPD patients who were
randomly allocated into treatment (TG n = 15) and control (CG n = 15) groups
All patients underwent 24 sessions of aerobic training twice a week In Addition
TG received RMS and CG received upper and lower limb stretching before
aerobic exercises Were evaluated functional capacity (6-minute walking
distance test 6MWDT) thoracoabdominal mechanics (optoelectronic
plethysmography OEP) and respiratory muscle activity (surface
electromyography EMG) during exercise The data represents the change (Δ) =
post- - pre-evaluation a t-test was used to compare the groups and the
xxii
significance level was set at 5 Results TG showed improvement in the
functional capacity (2514m +) with decrease of the dyspnea sensation after the
6MWDT (plt001) compared with CG Probably is related with increased of
chest wall volume (plt001) ventilatory capacity (plt001) volume and the
contribution of the abdominal compartment (plt001) We also observed in the
TG a reduction of respiratory muscle activity (plt001) and the ratio between
volume displaced (plt0006) Conclusion Our results suggest that the addition
of RMS to aerobic training increases the functional capacity with dyspnea
reduction improvement of efficacy of respiratory muscle contraction and
ventilatory capacity due to higher participation of the abdominal compartment in
patients with COPD
Descriptors COPD Respiratory Muscles Muscular Stretching Respiratory
Mechanics Plethysmography Dyspnea Electromyography
1 INTRODUCcedilAtildeO
2
11 Definiccedilatildeo e Incidecircncias
A doenccedila pulmonar obstrutiva crocircnica (DPOC) eacute definida como uma
patologia pulmonar previsiacutevel e trataacutevel caracterizada pela limitaccedilatildeo
persistente do fluxo aeacutereo aprisionamento aeacutereo e hiperinsuflaccedilatildeo com caraacuteter
de limitaccedilatildeo progressiva associados ao aumento da resposta inflamatoacuteria das
vias aeacutereas e dos pulmotildees decorrente da exposiccedilatildeo aos gases e partiacuteculas
nocivas (GOLD 2013) Os processos inflamatoacuterios causam alteraccedilotildees
brocircnquicas e destruiccedilatildeo do parecircnquima pulmonar que podem variar de
indiviacuteduo para indiviacuteduo resultando no decreacutescimo da elasticidade tecidual
pulmonar e diminuiccedilatildeo da capacidade ventilatoacuteria (Celli et al 2004 Laizo
2009)
A bronquite crocircnica e o enfisema pulmonar satildeo responsaacuteveis pela
denominaccedilatildeo da DPOC decorrente habitualmente do tabagismo embora
outras formas possam estar envolvidas em sua patogecircnese tal como a
deficiecircncia de micro1-antitripsina (Wood et al 2008) O enfisema pulmonar eacute
definido pelo aumento anormal e permanente dos espaccedilos aeacutereos distais do
bronquiacuteolo terminal acompanhado pela destruiccedilatildeo do parecircnquima pulmonar
Na ausecircncia de uma fibrose evidente o principal distuacuterbio funcional do enfisema
eacute a perda da retraccedilatildeo elaacutestica tecidual associada ao colabamento das vias
aeacutereas (Fabbri et al 2008) A bronquite crocircnica eacute definida clinicamente pela
presenccedila de tosse crocircnica com produccedilatildeo de secreccedilatildeo por vaacuterios dias da
semana por 3 meses em um ano por mais de 2 anos consecutivos Apresentam
3
edema e inflamaccedilatildeo da mucosa brocircnquica associada ao aumento do nuacutemero e
do tamanho das glacircndulas secretoras de muco e remodelaccedilatildeo estrutural
recorrente da parede dos brocircnquios (Figuero et al 2005) Evidenciam-se em
ambas a diminuiccedilatildeo da luz brocircnquica e limitaccedilatildeo da mobilidade da caixa
toraacutecica com diminuiccedilatildeo da capacidade respiratoacuteria caracterizando um
distuacuterbio ventilatoacuterio obstrutivo com aprisionamento aeacutereo geralmente grave e
irreversiacutevel (Colom et al 2006)
No Brasil a DPOC ocupa a 5ordf posiccedilatildeo entre as principais causas de
morte liacuteder em mortalidade entre as doenccedilas respiratoacuterias onde 290 mil
pacientes satildeo internados anualmente gerando um gasto importante ao sistema
de sauacutede do paiacutes Os dados de prevalecircncia obtidos ateacute o momento atraveacutes dos
questionaacuterios sintomatoloacutegicos permitiram estimar a DPOC em adultos maiores
de 40 anos em 12 dessa populaccedilatildeo ou seja 5500000 indiviacuteduos Tatildeo
importante quanto os gastos diretos satildeo os indiretos como os dias de trabalho
perdidos e aposentadoria precoce (II Consenso Brasileiro de DPOC 2004)
Associaccedilatildeo Latino-Americana de Toacuterax (ALAT) constituiacuteda pelo Brasil
Venezuela Meacutexico Uruguai e Chile desenvolveram um estudo chamado
PLATINO em 2006 com colaboraccedilatildeo da Burden of Obstructive Lung Disease
Se considerarmos os dados preliminares a prevalecircncia da DPOC varia de 6 a
158 da populaccedilatildeo brasileira com idade igual ou superior a 40 anos que
equivale a 2800000 a 6900000 indiviacuteduos dados estes que corroboram com
o Consenso Brasileiro de DPOC
4
O nuacutemero de oacutebitos tecircm aumentado nos uacuteltimos 20 anos em ambos os
sexos a taxa de mortalidade passou de 788 por 100000 habitantes na deacutecada
de 80 para 1904 por 100000 habitantes na deacutecada de 90 com um
crescimento de 230 (Laizo 2009) Segundo dados do DATASUS a DPOC
gerou no ano de 2010 no Sistema Nacional de Sauacutede Puacuteblica 141994
hospitalizaccedilotildees que levaram a 778428 dias de internaccedilatildeo O custo total dessas
internaccedilotildees foi de R$ 9243441551 e 7937 mortes diretamente relacionadas
com a DPOC Estima-se que ateacute 2025 75 das mortes prematuras
respiratoacuterias seratildeo provocadas pelo tabagismo (De Godoy et al 2007)
12 Fisiopatologia
A obstruccedilatildeo brocircnquica e a diminuiccedilatildeo do recolhimento elaacutestico
desencadeados pela doenccedila alteram a mecacircnica pulmonar que desloca o
ponto de igual pressatildeo das vias aeacutereas favorecendo o aprisionamento de ar
desencadeando a hiperinsuflaccedilatildeo e a diminuiccedilatildeo da capacidade respiratoacuteria
aos grandes esforccedilos subsequentemente ao repouso (Senol et al 2006
Fabbri et al 2008) A configuraccedilatildeo alterada da caixa toraacutecica deslocam os
muacutesculos respiratoacuterios (De Troyer 1997) inclusive o diafragma para uma
posiccedilatildeo de encurtamento e desvantagem mecacircnica prejudicando
gradativamente a mobilidade toracoabdominal levando ao aumento do trabalho
5
respiratoacuterio limitaccedilatildeo da ventilaccedilatildeo pulmonar e agravamento a sensaccedilatildeo de
dispneia (Yamaguti et al 2012 OacuteKroy et al 2000)
A limitaccedilatildeo do fluxo ventilatoacuterio faz com que a capacidade residual
funcional (CRF) se desloque em direccedilatildeo da capacidade pulmonar total (CPT)
A forccedila dos muacutesculos inspiratoacuterios eacute exigida para o aumento do volume mas a
contraccedilatildeo muscular eacute eficaz somente em esforccedilos leves e moderados A maior
demanda ventilatoacuteria obriga a CRF se deslocar ainda mais em direccedilatildeo agrave CPT e
a forccedila inspiratoacuteria natildeo tem capacidade de gerar o ganho volumeacutetrico
agravando a dispneia o que leva a interrupccedilatildeo do exerciacutecio (Calverley 2006)
A DPOC natildeo eacute somente uma doenccedila respiratoacuteria e sim sistecircmica a
hiperinsuflaccedilatildeo pulmonar afeta o sistema cardiovascular pois a alteraccedilatildeo da
pressatildeo intratoraacutecica reduz o enchimento cardiacuteaco e consequentemente o
deacutebito cardiacuteaco (Stark-leyva et al 2004) As disfunccedilotildees oacutesseas satildeo
decorrentes principalmente da inatividade fiacutesica do uso de corticoacuteesteroacuteides e
pela desnutriccedilatildeo (Ferguson et al 2009) assim como as neuropatias perifeacutericas
incluindo do nervo frecircnico ocasionando a depressatildeo da excitabilidade e da
conduccedilatildeo neural (Jann et al 1998) A hipoxemia possivelmente seja
responsaacutevel pelas alteraccedilotildees cognitivas que compromete a memoacuteria verbal e a
compreensatildeo (Dodd et al 2010) em contrapartida a depressatildeo e a ansiedade
satildeo associados principalmente agrave sensaccedilatildeo de desconforto respiratoacuterio e agrave
limitaccedilatildeo da atividade de vida diaacuteria (Wagena 2005) O refluxo gastroesofaacutegico
eacute outra alteraccedilatildeo que provavelmente seja decorrente da diminuiccedilatildeo da
capacidade contraacutetil muscular diafragmaacutetica pois com a sua horizontalizaccedilatildeo
6
perde-se a eficiecircncia contraacutetil e reduz da pressatildeo do esfiacutencter gastroesofaacutegico
(Hurst et al 2008 Boutou et al 2011) Dentre as alteraccedilotildees sistecircmicas da
DPOC o sistema muacutesculo-esqueleacutetico eacute um dos mais afetados e estaacute
relacionado com o agravamento da patologia e ao aumento do iacutendice de
mortalidade devido ao descondicionamento fiacutesico (Dourado et al 2006
Swallow et al 2007 Dodd et al 2012)
13 Sistema muacutesculo-esqueleacutetico
O sistema muacutesculo-esqueleacutetico eacute afetado pela inflamaccedilatildeo crocircnica
sistecircmica da DPOC processo que induz a liberaccedilatildeo de mediadores quiacutemicos
inflamatoacuterios acelerando a degradaccedilatildeo proteica e aumentando o estresse
oxidativo muscular (Andreassen e Vestbo 2003 Macintyre 2006) O transporte
de oxigecircnio para o citoplasma celular dos muacutesculos fica comprometido esse
oxigecircnio fica inutilizado por natildeo conseguir chegar de forma eficiente nas
mitococircndrias (Shrikrishna 2009 Barreiro 2013) As alteraccedilotildees metaboacutelicas
enzimaacuteticas e hormonais anaboacutelicas quando associadas agrave diminuiccedilatildeo dos
capilares sanguiacuteneos provocam a reduccedilatildeo das fibras musculares do tipo I e II
(Ries et al 2007 Strasser et al 2013) Devido a estes fatores todos os
muacutesculos inclusive os respiratoacuterios trabalham de forma anaeroacutebica ao miacutenimo
esforccedilo acumulando lactato ocasionando a fadiga precoce ao exerciacutecio e ao
descondicionamento sistecircmico (Wagena 2005 Hostettler et al 2011)
7
14 Diagnoacutestico e Sintomas
Para o diagnoacutestico eacute utilizado principalmente a espirometria por que a
obtenccedilatildeo da curva expiratoacuteria volume-tempo eacute obrigatoacuteria na suspeita cliacutenica
de DPOC devendo ser realizada antes e apoacutes administraccedilatildeo de
broncodilatador na fase estaacutevel da doenccedila A espirometria permite a avaliaccedilatildeo
de uma multiplicidade de paracircmetros poreacutem os mais importantes do ponto de
vista de aplicaccedilatildeo cliacutenica satildeo a CVF (capacidade vital forccedilada) o VEF1 (volume
expiratoacuterio forccedilado no primeiro segundo) e a relaccedilatildeo sua relaccedilatildeo (VEF1CVF)
A existecircncia da limitaccedilatildeo do fluxo aeacutereo eacute definida pela presenccedila da relaccedilatildeo
VEF1CVF abaixo de 070 poacutes-broncodilatador e pelos dados de VEF1 ge 80
do predito (leve) ge 50 e lt 80 do predito (moderado) e ge 30 e lt 50 do
predito (grave) (GOLD 2013)
A DPOC apresenta tambeacutem o aumento do volume residual (VR) da
capacidade pulmonar total (CPT) e da capacidade residual funcional (CRF)
(Camargo et al 2008) Deve-se solicitar o exame radioloacutegico de forma rotineira
nas posiccedilotildees poacutestero-anterior e perfil mas dificilmente seraacute utilizado para o
diagnoacutestico da doenccedila e sim para descartar outras patologias como a
neoplasias bolhas e para acompanhar o prognoacutestico da doenccedila (II Consenso
Brasileiro sobre Doenccedila Pulmonar Obstrutiva Crocircnica 2004)
A presenccedila de sintomas respiratoacuterios crocircnicos no paciente com haacutebito
tabaacutegico (cigarro cigarrilha cachimbo charuto) deve levar a suspeita cliacutenica da
8
DPOC O tabagismo eacute considerado um problema de sauacutede puacuteblica e satildeo
atribuiacutedos a esse viacutecio 90 dos casos de cancro no pulmatildeo 86 de bronquite
e enfisema 25 dos processos isquecircmicos do coraccedilatildeo e 30 dos cancros
extrapulmonares (Laizo 2009) A tosse o chiado e a dispneia estatildeo
frequentemente presentes tendo sido relatado em 83 dos casos (Nishimura
et al 2002 Laveneziana et al 2011)
A dispneia eacute o sintoma mais importante dos pacientes com DPOC
Montaldo et al (2000) acreditam que os estiacutemulos aferentes provenientes das
tensotildees do sistema muacutesculo-esqueleacutetico da regiatildeo toracoabdominal apoacutes
serem processados nos centros respiratoacuterios aumentam a percepccedilatildeo da
dispneia (Breslin et al 1998) Outro fator satildeo os estiacutemulos dos quimioceptores
sensiacuteveis agraves variaccedilotildees de PaCO2 e agraves alteraccedilotildees dos mecanoceptores
articulares e musculares da caixa toraacutecica (Burki e Lee 2010) Classicamente
o instrumento mais utilizado para avaliaccedilatildeo da dispneia eacute a escala modificada
de Borg (1982) a sensaccedilatildeo de falta de ar estaacute associada com a incapacidade
fiacutesica piora da qualidade de vida e do prognoacutestico cliacutenico Os pacientes
normalmente referem os sintomas em uma fase mais avanccedilada da doenccedila e
frequentemente relaciona a limitaccedilatildeo das atividades ao descondicionamento
muscular perifeacuterico (Castro et al 2012)
Szczegielniak et al (2011) demonstraram que os exerciacutecios aeroacutebicos
reduzem os niacuteveis inflamatoacuterios caracteriacutesticos da DPOC e melhora o
condicionamento fiacutesico permitindo a melhora das atividades diaacuterias Por esta
9
razatildeo cada vez mais a reabilitaccedilatildeo pulmonar vem adquirindo mais importacircncia
no acircmbito cientiacutefico
15 Reabilitaccedilatildeo pulmonar
A reabilitaccedilatildeo pulmonar (RP) eacute um programa baseado em evidecircncias
constituiacutedo pelo treinamento aeroacutebico e resistido associado aos programas
educacionais intervenccedilotildees nutricionais e suporte psicoloacutegico para os pacientes
com DPOC O objetivo eacute otimizar a performance fiacutesica funcional social
psicoloacutegica e autonocircmica dos pacientes Eacute realizada por uma equipe
multidisciplinar composta por meacutedicos fisioterapeutas enfermeiros
nutricionistas psicoacutelogos terapeutas ocupacionais e assistentes sociais (ATS
2013) Eacute capaz de auxiliar na atenuaccedilatildeo das limitaccedilotildees do sistema
musculoesqueleacutetico por isso melhora a qualidade de vida e garante o maacuteximo
da sua independecircncia e funcionalidade em seu meio (Carrieri-Kohlman et al
2005 Garcia-Aymerich et al 2006 Ries et al 2007)
O treinamento aeroacutebico realizado em bicicleta ou esteira ergomeacutetrica eacute o
principal componente da RP conforme observados em alguns estudos ele
promove o aumento do tamanho das fibras do tipo I e na quantidade de
capilares musculares em DPOC (Montes de Oca et al 2005) A intensidade
pode ser ajustada pela frequecircncia cardiacuteaca ou pelo teste de caminhada
(Figueiredo e Guimaratildees 2009) sendo necessaacuterio no miacutenimo 10 semanas de
10
intervenccedilatildeo com 2 sessotildees semanais (Rossi et al 2005) Mas os indiviacuteduos
apresentam respostas diferentes quando submetidos agrave RP sobretudo nos
fatores que limitam o exerciacutecio fiacutesico Plankell et al (2005) realizaram um
estudo e constataram que pacientes soacute apresentam um bom condicionamento
cardiorrespiratoacuterio quando realizava exerciacutecios aeroacutebicos de alta intensidade
A RP tem sido reconhecida nos uacuteltimos anos como parte fundamental do
tratamento da DPOC pois oferece inuacutemeros estudos com resultados positivos
para os pacientes Dentre eles a melhora da toleracircncia ao exerciacutecio (Yoshimi
et al 2012) reduccedilatildeo da demanda ventilatoacuteria em esforccedilo submaacuteximo melhora
da eficiecircncia do trabalho diminuiccedilatildeo da dispneia e melhora da atividade de
vida diaacuteria (Godoy et al 2009) Apesar dos benefiacutecios nos pacientes com
DPOC ateacute o presente momento nenhum exerciacutecio conseguiu atuar
eficientemente na mecacircnica ventilatoacuteria (Georgiadou et al 2007) Por esta
razatildeo alguns estudos buscaram outras alternativas para interferir diretamente
nos muacutesculos respiratoacuterios com o objetivo de potencializar os efeitos positivos
jaacute demonstrados pela RP
16 Muacutesculos respiratoacuterios
O diafragma eacute o principal muacutesculo respiratoacuterio durante a inspiraccedilatildeo
realiza a contraccedilatildeo das cuacutepulas diafragmaacuteticas que descendem e gera um
aumento da pressatildeo intra-abdominal que serve de sustentaccedilatildeo para a
11
expansatildeo da caixa toraacutecica potencializada pela associaccedilatildeo da contraccedilatildeo dos
muacutesculos respiratoacuterios (Man et al 2012) Tem sido demonstrado na literatura
encurtamento em torno de 28 a 40 do diafragma na DPOC fato este que
compromete a mobilidade e funcionalidade toracoabdominal com repercussatildeo
na capacidade ventilatoacuteria e na tensatildeo dos muacutesculos da caixa toraacutecica de
forma de compensatoacuteria a diminuiccedilatildeo da contraccedilatildeo diafragmaacutetica (Iwasawa et
al 2002 Vilaroacute et al 2010)
Os principais muacutesculos acessoacuterios respiratoacuterios satildeo o peitoral menor
escalenos esternocleidomastoacuteideo intercostais e abdominais avaliados pela
eletromiografia (Gandevia et al 2006 Duiverman et al 2004) eles participam
na fase inspiratoacuteria favorecendo a expansatildeo da caixa toraacutecica pela traccedilatildeo
costal (De Troyer et al 1994 Taylor et al 1990) Durante a inspiraccedilatildeo forccedilada
outros muacutesculos satildeo solicitados como o peitoral maior e o trapeacutezio (Putt et al
2008) Estudos mais recentes tecircm demonstrado que a atividade muscular do
esternocleidomastoacuterideo intercostais peitoral menor latiacutessimo do dorso e dos
escalenos tanto em condiccedilotildees de repouso quanto no exerciacutecio satildeo maiores em
pacientes com DPOC quando comparada aos indiviacuteduos sadios (Donaldson et
al 2012) Os muacutesculos abdominais desempenham um papel importante no
mecanismo expiratoacuterio e a sua contraccedilatildeo estaacute associada a outras musculaturas
expiratoacuterias que potencializam no mecanismo de depressatildeo costal para a saiacuteda
de ar (Georgiadou et al 2007)
Na DPOC os muacutesculos respiratoacuterios sustentam a contraccedilatildeo para
aumentar expansatildeo da caixa toraacutecica com o objetivo de incrementar o fluxo
12
ventilatoacuterio Essa diminuiccedilatildeo do comprimento das fibras musculares prejudica a
eficiecircncia da forccedila contraacutetil maacutexima pois perde a sobreposiccedilatildeo fisioloacutegica ideal
entre os filamentos de actina e miosina (Izumizaki et al 2008 Ito 1999)
aumentando o gasto energeacutetico e a fadiga durante os exerciacutecios fiacutesicos
(Kokkonen et al 2007 Gea et al 2013) Essas alteraccedilotildees de comprimento e
tensatildeo do sistema musculo-esqueleacutetico da regiatildeo toracoabdominal geram a
estimulaccedilatildeo mecanoceptoras locais (fusos musculares e os receptores
articulares) que alteram os estiacutemulos neuroloacutegicos aos centros motores e
respiratoacuterios (Montaldo et al 2000) Estes centros por sua vez desencadeiam
a mudanccedila da taxa de disparo do nervo frecircnico que controla a cadecircncia e a
frequecircncia da contraccedilatildeo diafragmaacutetica (Burki e Lee 2010)
A partir destes conceitos preacutevios da relaccedilatildeo entre a mobilidade e as
alteraccedilotildees sintomatoloacutegicas da patologia pulmonar estudos de intervenccedilatildeo nos
muacutesculos respiratoacuterios ganharam importacircncia cientiacutefica (ATS 2013) A teacutecnica
de alongamento muscular foi escolhida pela maioria pois veio de encontro aos
conceitos do aumento da mobilidade tecidual perdida na DPOC A maioria dos
trabalhos tiveram como objetivo principal aumentar a viscoelasticidade
muscular para gerar acomodaccedilatildeo dos mecanoceptores da caixa toraacutecica
sendo assim regularia os centros respiratoacuterios e consequentemente
melhoraria o trabalho respiratoacuterio com reduccedilatildeo dos sintomas (Manning e
Schwartzstein 1995 Montaldo et al 2000)
13
17 Alongamento Muscular
Bonnar et al (2004) consideram que o alongamento busca aumentar o
espaccedilo entre os filamentos de actina e miosina com o objetivo de devolver a
sobreposiccedilatildeo fisioloacutegica ideal da actina e miosina para potencializar a
capacidade contraacutetil muscular (Shrier 2004 Izumizaki et al 2008) O
alongamento pode regular o mecanismo contraacutetil a partir do equiliacutebrio do caacutelcio
citoplasmaacutetico pela ativaccedilatildeo do retiacuteculo sarcoplasmaacutetico (Nakamura et al
2012) aleacutem de promover a diminuiccedilatildeo da tensatildeo tecidual pela remodelaccedilatildeo
dos fibroblastos (Riley e Van Dyke 2012) Kokonnen (2007) constataram que o
tambeacutem diminui o torque muscular sem alteraccedilatildeo significante da amplitude
articular de forma aguda mas quando realizado de forma regular os muacutesculos
apresentaram uma melhora na velocidade de contraccedilatildeo forccedila e endurance
muscular aleacutem de melhorar a amplitude de movimento
No iniacutecio do seacuteculo 20 Sherrington definiu os primeiros conceitos da
facilitaccedilatildeo e inibiccedilatildeo autogecircnica a partir destes fundamentos foram
desenvolvidas diversas teacutecnicas de alongamento muscular A inibiccedilatildeo
autogecircnica eacute um dos principais mecanismos neurofisioloacutegicos do alongamento
que consiste na reduccedilatildeo da excitabilidade motora a partir de uma contraccedilatildeo ou
alongamento muscular (Bonnar et al 2004) Esse efeito eacute atribuiacutedo
primeiramente pelos fusos neuromusculares que desencadeiam respostas
musculares particulares para cada tipo de estiacutemulo Isto eacute agudamente o
alongamento causa a estimulaccedilatildeo intensa e abrupta dos nervos sensitivos que
14
desencadeia uma resposta medular eferente motora das fibras extra-fusais
gerando a aumento da atividade muscular e contraccedilatildeo intensa com restriccedilatildeo
da mobilidade tecidual (Morse et al 2008 Mukherjee et al 2010 McHugh et
al 2010) Para a intervenccedilatildeo crocircnica onde satildeo realizadas diversas sessotildees
de alongamentos existe uma remodelaccedilatildeo maior das propriedades
viscoelaacutesticas (tixotroacutepicas) do tecido conjuntivo que envolve as fibras
musculares com isso a limiar excitatoacuterio do fuso neuromuscular diminui e o
estiacutemulo contraacutetil tensional eferente tambeacutem (Taylor et al 1990 Izumizaki et
al 2006)
O mecanismo contraacuterio ao fuso neuromuscular satildeo as estimulaccedilotildees dos
receptores musculotendineos chamados de oacutergatildeos tendinosos de Golgi (OTG)
A partir da tensatildeo em estiramento do alongamento na regiatildeo miotendiacutenea
desencadeia um potencial de accedilatildeo sensitivo do OTG que inibe a atividade
muscular via nervos eferentes motores A intensidade desse mecanismo
inibitoacuterio estaacute relacionado com o tamanho da superfiacutecie tendiacutenea e com a
quantidade de tensatildeo exercida sobre ela Acreditava-se que somente em
tensatildeo abruptas ou grande intensidade estimularia o OTG ou seja que
atuaria somente em situaccedilotildees de grande estresse tecidual Mas os uacuteltimos
estudos apontam que o OTG aleacutem de atuar em situaccedilotildees de sobrecarga a sua
accedilatildeo eacute constante com o objetivo de inibir o mecanismo contraacutetil voluntaacuterio e
protetor do fuso neuromuscular (Mukherjee e Chakravarty 2012) Com o ganho
da viscoelasticidade do tecido conjuntivo ele tambeacutem causa acomodaccedilatildeo do
OTG assim como nos fusos e isso pode acarretar na alteraccedilatildeo da accedilatildeo
inibitoacuteria pois o limiar de disparo pela tensatildeo pode diminuir ou aumentar
15
dependendo da anatomia musculotendiacutenea do muacutesculo tratado (Hindle et al
2012)
Para obter uma resposta positiva do alongamento eacute recomendado
realizaacute-lo sustentando por no miacutenimo 30 segundos duas vezes por semana por
6 semanas (Reid e Mcnair 2004 Decicco e Fisher 2005 Magnusson et al
1996) Dentre as diversas teacutecnicas a contraccedilatildeo-relaxamento apresenta a maior
eficaacutecia no ganho da excursatildeo muscular a teacutecnica se baseia na associaccedilatildeo do
alongamento passivo intercaladas com contraccedilatildeo isomeacutetricas (Holcomb 2000)
Alguns estudos tecircm verificado os efeitos do alongamento dos muacutesculos
respiratoacuterios em pacientes com DPOC O primeiro trabalho de maior relevacircncia
foi de Ito et al (1999) eles observaram a melhora da funccedilatildeo pulmonar e da
dispneia em 16 sujeitos com DPOC que receberam o alongamento quando
comparados ao grupo que realizaram exerciacutecios diafragmaacuteticos assim como
Minoguchi et al (2002) com o diferencial que eles realizaram a intervenccedilatildeo
crocircnica (1 mecircs) em 12 pacientes Contrariando estes resultados Izumizaki et al
(2006 e 2008) realizaram o protocolo de intervenccedilatildeo aguda de alongamento
muscular da caixa toraacutecica com 10 e 14 pacientes respectivamente e
constataram uma diminuiccedilatildeo da funccedilatildeo pulmonar e sem alteraccedilatildeo da dispneia
Outros trabalhos com o mesmo conceito de intervenccedilatildeo constataram o
aumento da mobilidade toracoabdominal avaliados pela cirtometria associados
agrave melhora da capacidade funcional (Paulin et al 2005 Luularungrayub et al
2009) Mas os trabalhos de Noll et al (2008 e 2009) de intervenccedilatildeo crocircnica e
aguda respectivamente apoacutes o mesmo protocolo de tratamento muscular
16
demonstraram piora da mobilidade e da capacidade funcional Atualmente soacute
existe um estudo na literatura de Cunha et al (2005) que avaliaram a
atividade muscular respiratoacuteria com eletromiografia de superfiacutecie apoacutes a
intervenccedilatildeo nos pacientes com DPOC e apresentou melhoras nos paracircmetros
avaliados
Devido aos dados contraditoacuterios dos efeitos do alongamento dos
muacutesculos da caixa toraacutecica presente na literatura Heneghan et al (2012)
concluiacuteram em sua revisatildeo sistemaacutetica que atualmente natildeo existem evidecircncias
que suportem os benefiacutecios deste tipo de intervenccedilatildeo em pacientes com DPOC
Apesar da importacircncia que os estudos preacutevios representaram para a
comunidade cientiacutefica eles apresentaram limitaccedilotildees metodoloacutegicas
importantes pois poucos satildeo os estudos controlados e aleatorizados e tambeacutem
a aleatorizaccedilatildeo dos pacientes raramente satildeo descritas Outro ponto importante
a ser destacado eacute o fato de realizarem a intervenccedilatildeo com avaliaccedilatildeo aguda
estudos recentes demonstraram que muacutesculo se comporta diferente quando
comparado com a intervenccedilatildeo crocircnica Aleacutem disso os trabalhos utilizaram
ferramentas de avaliaccedilatildeo da mobilidade toracoabdominal de pouca acuraacutecia
como a cirtometria e atualmente com os avanccedilos tecnoloacutegicos existem
sistemas mais avanccedilados como o pletismoacutegrafo optoeletocircnico (POE) para a
avaliaccedilatildeo da mecacircnica ventilatoacuteria (Aliverti et al 2000)
17
18 Meacutetodos para a anaacutelise da mecacircnica ventilatoacuteria
A avaliaccedilatildeo dos padrotildees respiratoacuterios eacute importante para a melhor
compreensatildeo da mecacircnica respiratoacuteria visando o desenvolvimento e a melhor
compreensatildeo dos tratamentos fisioterapecircuticos aleacutem de contribuir para as
pesquisas cientiacuteficas (Parreira et al 2012) Existem alguns meacutetodos validados
que quantifica a mobilidade toracoabdominal como a pletismografia por
indutacircncia (Respitrace) eacute um aparelho composto por faixas elaacutesticas sensiacuteveis
agrave tensatildeo e compressatildeo posicionadas ao redor da caixa toraacutecia e abdominal
Elas satildeo conectadas a um moacutedulo oscilador e uma unidade de calibraccedilatildeo os
dados do movimento das faixas satildeo coletados e atraveacutes de um software
analisados em tempo real as variaacuteveis da mecacircnica ventilatoacuteria (Gosselink et
al 1995 Costa et al 2011 Fernandes et al 2011)
Para a avaliaccedilatildeo da expansibilidade os estudos ainda utilizam a
cirtometria que atraveacutes de uma fita meacutetrica mensura-se o diacircmetro da regiatildeo
axilar xifoide e abdominal durante a inspiraccedilatildeo e expiraccedilatildeo maacutexima Satildeo
quantificados a excursatildeo em centiacutemetros atualmente natildeo eacute considerado um
exame fidedigno devido agrave analise subjetiva dos paracircmetros avaliados (Rondelli
et al 2009)
Com o avanccedilo tecnoloacutegico foi desenvolvido o Pletismoacutegrafo
Optoeletrocircnico (POE) Seu funcionamento baseia-se na anaacutelise do movimento
detectado a partir de marcadores compostos por esferas reflexivas de 6 a 10
miliacutemetros (Dellacagraversquo et al 2010) posicionados na regiatildeo anterior e posterior da
superfiacutecie toracoabdominal (Romagnoli et al 2008 Bianchi et al 2007) O
18
deslocamento das esferas satildeo captadas atraveacutes de cacircmeras especiais que
possuem diodos axiais que emitem feixes luzes infravermelho que eacute refletido
por cada marcador Apoacutes o sinal ser processado satildeo identificados o
posicionamento das esferas na superfiacutecie a partir do cruzamento das
informaccedilotildees de cada cacircmera bidimensional os dados satildeo transformados em
coordenadas tridimensionais (Boudarham et al 2013)
O POE possui algumas vantagens dentre elas eacute um meacutetodo natildeo
invasivo natildeo necessita de clipe nasal maacutescaras ou qualquer similar de
calibraccedilatildeo simples e as avaliaccedilotildees podem ser realizadas em vaacuterias posturas
(Alliverti et al 2000) diferentes condiccedilotildees e em diversas disfunccedilotildees e
patologias (Vogiatzis et al 2005 Bianchi et al 2004) Este meacutetodo natildeo possui
diferenccedilas significativas nos dados quando comparados com outros meacutetodos
de diagnoacutestico da mecacircnica toracoabdominal (Aliverti 2008 Layton et al
2013) Eacute possiacutevel mensurar a cada ciclo respiratoacuterio variaacuteveis de volume e de
tempo dos trecircs compartimentos da parede toraacutecica e dos dois hemitoacuterax aleacutem
das variaacuteveis de assincronia toracoabdominal (Romagnoli et al 2008 Aliverti
et al 2010 Boudarham et al 2013) Por todas essas razotildees o POE tem
ganhado grande destaque nos uacuteltimos anos nas pesquisas sobre a mecacircnica
toracoabdominal mas por ser uma tecnologia recente ainda carece de mais
estudos
Os trabalhos que relacionaram os efeitos do alongamento dos muacutesculos
respiratoacuterios na DPOC ainda satildeo escassos de baixo rigor metodoloacutegico e ateacute
entatildeo nenhum existe nenhum trabalho foi avaliado pelo POE Os efeitos
19
destas teacutecnicas associadas ao exerciacutecio aeroacutebico e o seu impacto na mecacircnica
ventilatoacuteria permanecem desconhecidos Sendo assim parece relevante
verificar a influecircncia dos alongamentos associados ao exerciacutecio aeroacutebico na
mecacircnica ventilatoacuteria e na capacidade funcional dos pacientes com DPOC
19 Hipoacutetese
O alongamento dos muacutesculos respiratoacuterios potencializaria a capacidade
contraacutetil e a excursatildeo dos muacutesculos respiratoacuterios que resultaria na melhora da
mobilidade toracoabdominal e possivelmente no aumento da capacidade
ventilatoacuteria Com isso os pacientes com DPOC conseguiriam realizar a
atividade fiacutesica desencadeando menos dispneia
2 OBJETIVOS
21
21 Primaacuterio
Avaliar os efeitos do alongamento dos muacutesculos respiratoacuterios
associados ao treinamento aeroacutebico na mecacircnica ventilatoacuteria e na capacidade
funcional em indiviacuteduos portadores de DPOC com graus moderado e grave
durante o exerciacutecio comparado ao grupo controle (sham)
22 Secundaacuterio
Avaliar a atividade muscular eficiecircncia muscular e mobilidade abdominal
e observar se os dados obtidos possuem alguma relaccedilatildeo com as variaacuteveis
principais
3 CASUIacuteSTICA E METODOS
23
31 Aspectos eacuteticos
A pesquisa foi aprovada pelo Comitecirc de Eacutetica (Cappesq) do Hospital das
Cliacutenicas da Faculdade de Medicina da Universidade de Satildeo Paulo (HCFMUSP)
sob o no 129509 e todos os pacientes assinaram o Termo de Consentimento
Livre e Esclarecido concordando em participar da pesquisa O estudo foi
registrado no Clinical Trials (NCT02036762)
32 Casuiacutestica
Foram analisados 28 pacientes portadores de DPOC com grau de
obstruccedilatildeo moderada a grave em seguimento cliacutenico no ambulatoacuterio de
pneumologia do HCFMUSP O diagnoacutestico de DPOC foi estabelecido de
acordo com os criteacuterios recomendados pela American Toracic Society (ATS
2013)
321 Criteacuterios de inclusatildeo
Foram estudados pacientes portadores de DPOC que aceitaram
participar do estudo com autorizaccedilatildeo por escrito com grau de obstruccedilatildeo de
moderado (VEF1 ge 50 e lt 80 previsto) a grave (VEF1 ge 30 e lt 50
24
previsto) e VEF1CVF lt 070 diagnoacutesticado haacute no miacutenimo 6 meses com
estabilidade cliacutenica por pelo menos 1 mecircs em condiccedilatildeo cliacutenico medicamentosa
otimizada de acordo com os criteacuterios do GOLD (GOLD 2013) Os criteacuterios de
inclusatildeo foram (1) idade gt40 anos (2) clinicamente estaacuteveis (sem alteraccedilotildees
medicamentosas ou agravamento dos sintomas haacute pelo menos 4 semanas
antes do iniacutecio do estudo) (3) natildeo O2 dependente (4) ausecircncia de outras
pneumopatias e doenccedilas cardiovasculares associadas (5) ausecircncia de
cirurgias toraacutecicas (6) ausecircncia de deficiecircncias cognitivas fiacutesicas ou
comprometimento funcional que impossibilitasse a participaccedilatildeo no estudo (7)
IMC gt18 e lt30 Kgm2 (8) natildeo ter sido submetido a qualquer tipo de programa
de reabilitaccedilatildeo pulmonar nos uacuteltimos 6 meses
322 Criteacuterios de exclusatildeo
Os criteacuterios de exclusatildeo foram (1) descompensaccedilatildeo do quadro cliacutenico
(internaccedilatildeo com agravamentos dos sintomas e alteraccedilatildeo medicamentosa) e (2)
natildeo assiduidade ao tratamento (faltas superiores a 3 sessotildees) Durante todo o
estudo natildeo houve alteraccedilatildeo do tratamento medicamentoso do paciente
25
Figura 1 Desenho experimental
33 Delineamento experimental
Ensaio cliacutenico prospectivo aleatorizado controlado e de avaliador ldquocegordquo
Os pacientes participantes foram alocados em uma proporccedilatildeo de 11 nos
grupos tratamento (GT) ou controle (GC) (n=15 cada) A aleatorizaccedilatildeo foi feita
por sorteio dos pacientes em envelopes pardos e opacos
Todos os pacientes foram avaliados em 2 momentos distintos preacute (1ordf
avaliaccedilatildeo) e poacutes (2ordf avaliaccedilatildeo) programa de exerciacutecios aeroacutebicos associado ao
26
alongamento muscular A 1ordf avaliaccedilatildeo foi realizada em apenas um dia e foi
anterior agrave aleatorizaccedilatildeo A avaliccedilatildeo incluiu anaacutelise da mecacircnica ventilatoacuteria e
atividade muscular respiratoacuteria (pletismografia optoeletrocircnica e eletromiografia
de superfiacutecie) durante o exerciacutecio com carga capacidade funcional (teste da
caminhada de seis minutos) e da prova de funccedilatildeo pulmonar (espirometria) para
a caracterizaccedilatildeo amostral A 2ordf avaliaccedilatildeo foi realizada pelo avaliador ldquocegordquo em
ateacute 7 dias apoacutes o teacutermino do programa de tratamento e constou das mesmas
avaliaccedilotildees descritas anteriormente
Apoacutes a 1ordf avaliaccedilatildeo os pacientes foram divididos aleatoriamente em 2
grupos O grupo controle (GC) realizou o alongamento ativo da musculatura
perifeacuterica (sham) associado ao programa de treinamento aeroacutebico em esteira
ergomeacutetrica e o grupo tratado (GT) realizou o alongamento da musculatura
acessoacuteria respiratoacuteria associado ao programa de treinamento aeroacutebico em
esteira ergomeacutetrica Os protocolos de intervenccedilatildeo tiveram a duraccedilatildeo de 24
sessotildees (60 minsessatildeo 2x semana por 3 meses) O treinamento aeroacutebico foi
realizado apoacutes os 30 minutos de alongamento da musculatura perifeacuterica (sham)
ou respiratoacuteria (tratamento) e teve a duraccedilatildeo de 30 minutos em cada sessatildeo
34 Intervenccedilatildeo
341 Protocolo de alongamento do grupo tratado (GT)
O protocolo de tratamento foi composto por uma seacuterie de alongamentos
para cada musculatura respiratoacuteria escolhida Foram realizadas 24 sessotildees (2
27
sessotildees semanais num periacuteodo de 3 meses) Cada sessatildeo teve duraccedilatildeo de
aproximadamente 30 minutos
Os alongamentos foram realizados em diferentes decuacutebitos de acordo
com a musculatura alongada Foram selecionadas duas teacutecnicas de
alongamento a contraccedilatildeo-relaxamento para a maioria dos muacutesculos
selecionados e nas musculaturas que apresentavam limitaccedilotildees biomecacircnicas
para a realizaccedilatildeo da teacutecnica de contraccedilatildeo-relaxamento foi substituiacutedo pelo
alongamento passivo
Cada seacuterie da teacutecnica de contraccedilatildeo-relaxamento consistiu
primeiramente na realizaccedilatildeo da amplitude maacutexima articular sustentado por 10
segundos seguida de uma contraccedilatildeo isomeacutetrica maacutexima por 3 segundos com
retomada ao alongamento passivo por mais 3 segundos este processo foi
repetido por 9 seacuteries para cada muacutesculo e a cada 3 seacuteries foi intercalado com
1 minuto de descanso (Bonnar et al 2004) O alongamento passivo foi
sustentado por 60 segundos em cada muacutesculo por trecircs vezes com intervalo
miacutenimo de um minuto (Siatras et al 2008) O posicionamento adequado e a
teacutecnica de alongamento seraacute detalhado a seguir
Peitoral maior Paciente em decuacutebito dorsal o terapeuta posicionou-se
do lado homolateral do muacutesculo alongado primeiramente foi realizado a
abduccedilatildeo de 90o do ombro associado agrave extensatildeo horizontal e rotaccedilatildeo externa
maacutexima do ombro com flexatildeo de 90o do cotovelo O terapeuta apoiou uma matildeo
no cotovelo e a outra no esterno para a estabilizaccedilatildeo com a matildeo distal foi
realizado o alongamento maacuteximo em extensatildeo horizontal que iniciou a teacutecnica
28
de contraccedilatildeo-relaxamento com contraccedilatildeo no sentido da flexatildeo horizontal (Putt
et al 2008) (Figura 2)
Figura 2 Anatomia e teacutecnica de alongamento do peitoral maior
Escaleno Paciente em decuacutebito dorsal terapeuta posicionou-se acima
da cabeccedila do paciente e realizou a lateroflexatildeo cervical contralateral ao
muacutesculo alongado O terapeuta posicionou uma matildeo na regiatildeo occipital outra
estabilizou o ombro homolateral a lateroflexatildeo contralateral foi realizada ateacute
amplitude articular maacutexima do paciente que iniciou o alongamento de
contraccedilatildeo-relaxamento com contraccedilatildeo isomeacutetrica no sentido da lateroflexatildeo
homolateral (Cunha et al 2005) (Figura 3)
Figura 3 Anatomia e teacutecnica de alongamento do escaleno
29
Esternocleidomastoacuteideo Paciente em decuacutebito dorsal terapeuta se
posicionou acima da cabeccedila do paciente iniciou-se com a rotaccedilatildeo homolateral
ao muacutesculo alongado associado a uma extensatildeo da mesma O terapeuta
apoiou uma matildeo na regiatildeo temporal e a outra na regiatildeo esternal onde foi
realizado a depressatildeo e a estabilizaccedilatildeo distal muscular Apoacutes a amplitude
maacutexima articular do paciente que iniciou o alongamento de contraccedilatildeo-
relaxamento a contraccedilatildeo isomeacutetrica foi realizada no sentido da rotaccedilatildeo
contralateral e flexatildeo cervical durante a teacutecnica (Cunha et al 2005) (Figura 4)
Figura 4 Anatomia e a teacutecnica de alongamento do Esternocleidomastoideo
Trapeacutezio superior Paciente em decuacutebito dorsal terapeuta posicionou-se
acima da cabeccedila do paciente para realizar a rotaccedilatildeo e lateroflexatildeo contralateral
da cabeccedila associada a uma flexatildeo da mesma em conjunto com a depressatildeo do
ombro homolateral agrave musculatura alongada Apoacutes a amplitude articular maacutexima
iniciou-se o alongamento de contraccedilatildeo-relaxamento com contraccedilatildeo isomeacutetrica
em extensatildeo da cabeccedila (Heneghan et al 2012) (Figura 5)
30
Figura 5 Anatomia e a teacutecnica de alongamento do Trapeacutezio Superior
Peitoral menor Paciente em decuacutebito dorsal o terapeuta se posicionou
homolateralmente ao muacutesculo tratado uma matildeo no cotovelo onde foi realizada
a elevaccedilatildeo do ombro e outra na regiatildeo o gradil costal anterossuperior Elevou-
se o cotovelo ateacute o limite articular associada agrave depressatildeo das primeiras
costelas (3a 4a e 5a) a manobra foi mantida por 60 segundos e repetida trecircs
vezes intercaladas com um minuto de descanso (Putt et al 2008) (Figura 6)
Figura 6 Anatomia e a teacutecnica de alongamento do peitoral menor
31
Intercostais e serraacutetil anterior Paciente em decuacutebito lateral terapeuta
posicionou-se atraacutes do paciente uma matildeo no cotovelo e a outra no gradil
costal homolateral inferior O alongamento consistiu em realizar a depressatildeo
das costelas associada agrave abduccedilatildeo maacutexima do ombro foi mantido por 60
segundos e repetida trecircs vezes intercaladas com minuto de repouso (Izumizaki
et al 2008) (Figura 7)
Figura 7 Anatomia e a teacutecnica de alongamento do Serraacutetil Anterior e Intercostais
Abdominais Foi a uacutenica musculatura do grupo tratado que o paciente
realizou o alongamento ativo ele se posicionou em decuacutebito ventral o apoio foi
feito com as matildeos na maca extensatildeo bilateral dos cotovelos forccedilando a
extensatildeo do tronco associado agrave extensatildeo da cabeccedila ateacute a maacutexima amplitude
por 60 segundos foi repetida 3 vezes intercaladas com um minuto de descanso
(Rassier 2007) (Figura 8)
32
Figura 8 Anatomia e a teacutecnica de alongamento dos muacutesculos abdominais
342 Protocolo de exerciacutecios do grupo controle (GC)
O grupo controle (GC) realizou o alongamento ativo das musculaturas
das extremidades dos membros superiores e inferiores foram 2 exerciacutecios para
flexores e extensores do punho e 2 exerciacutecios para flexores e extensores do
tornozelo Foram realizadas 24 sessotildees consistidas por 2 sessotildees semanais
em um periacuteodo de 3 meses Cada sessatildeo teve duraccedilatildeo de aproximadamente
30 minutos (Siatras et al 2008)
Flexores do punho Os flexores satildeo compostos por 5 muacutesculos principais
flexores profundos dos dedos flexores superficiais dos dedos palmar longo
flexor radial carpo e flexor ulnar do carpo O paciente realizou a flexatildeo de 900
do ombro com o cotovelo extendido antebraccedilo supinado e extensatildeo do punho
com a matildeo espalmada A matildeo contralateral estabilizou a regiatildeo palmar do
membro superior alongado e foi efetuada a extensatildeo maacutexima do punho
sustentada por 60 segundos foram trecircs repeticcedilotildees intercaladas por um minuto
de descanso (Ylinen 2009) (Figura 9)
33
Figura 9 Teacutecnica de alongamento e anatomia dos flexores do punho
Extensores do punho Os extensores satildeo compostos por 4 muacutesculos
principais extensor dos dedos extensor ulnar do carpo extensor radial curto
do carpo extensor radial longo do carpo Primeiramente foi realizada a flexatildeo
de 900 do ombro com o cotovelo extendido antebraccedilo pronado e flexatildeo do
punho A matildeo contralateral estabilizou a regiatildeo dorsal da matildeo alongada em
flexatildeo maacutexima do punho por 60 segundos realizadas trecircs repeticcedilotildees
intercaladas por um minuto de descanso (Ylinen 2009) (Figura 10)
Figura 10 Teacutecnica de alongamento e anatomia dos extensores do punho
34
Dorsiflexores do tornozelo Os dorsiflexores do tornozelo satildeo compostos
por 3 muacutesculos principais tibial anterior extensor longo dos dedos extensor
longo do haacutelux Sentado com a perna cruzada a matildeo contralateral apoiou na
regiatildeo dorsal do peacute e a matildeo homolateral estabilizou o tornozelo O
alongamento consistiu em forccedilar a flexatildeo plantar maacutexima por 60 segundos
foram trecircs repeticcedilotildees intercaladas por um minuto de descanso (Ylinen 2009)
(Figura 12)
Figura11 Teacutecnica de alongamento e anatomia dos extensores do tornozelo
Flexores plantares do tornozelo Os flexores plantares do tornozelo satildeo
compostos por 7 muacutesculos principais gastrocnecircmio soacuteleo flexor longo dos
dedos flexor longo do haacutelux tibial posterior fibular longo e curto O paciente
em peacute apoiou as matildeos bilateralmente na parede com a perna contralateral agrave
frente e a homolateral em extensatildeo de quadril joelho e dorsiflexatildeo maacutexima do
35
tornozelo mantida por 60 segundos foram realizadas trecircs repeticcedilotildees
intercaladas por um minuto de descanso (Ylinen 2009) (Figura 11)
Figura 12 Muacutesculos dos flexores do tornozelo e o posicionamento do alongamento
343 Protocolo dos exerciacutecios aeroacutebicos
Todos os pacientes realizaram o exerciacutecio aeroacutebico na esteira
ergomeacutetrica por 30 minutos a intensidade inicial da primeira semana foi
ajustada para 60 da velocidade meacutedia obtida no teste de caminhada dos 6
minutos (TC6) Nas semanas subsequentes a velocidade foi gradativamente
aumentada ateacute atingir 85 da velocidade meacutedia no TC6 os pacientes
realizaram durante 5 minutos o aquecimento e o desaquecimento com
intensidade de 40 a 60 da velocidade do teste (Putt et al 2008 Figueiredo e
Guimaratildees et al 2008 Zainuldin et al 2007) O incremento da intensidade foi
baseado nos sinais vitais frequecircncia cardiacuteaca (FC) saturaccedilatildeo perifeacuterica de O2
36
(SpO2 entre 90 a 94) percepccedilatildeo da dispneia pela escala modificada de Borg
(entre 4-7 pontos) todos estes paracircmetros foram analisados a cada 4 minutos
durante o treinamento aeroacutebico ou seja com a estabilidade dos sinais vitais a
velocidade foi progressivamente recalculada e em alguns casos passaram dos
100 da velocidade meacutedia obtida no TC6 A pressatildeo arterial (PA) foi aferida
preacute e poacutes os exerciacutecios (Godoy et al 2005 Figueiredo e Guimaratildees 2009)
35 Avaliaccedilotildees
351 Caracterizaccedilatildeo Amostral
Os dados antropomeacutetricos foram coletados apoacutes a inclusatildeo dos
pacientes ao estudo idade altura peso iacutendice de massa corpoacuterea (IMC)
VEF1 VEF1CVF TC6 e iacutendice de prognoacutestico e mortalidade de Bode
352 Prova de funccedilatildeo pulmonar simples
A espirometria (Spirobank Medical International Research Roma Itaacutelia)
foi feita em todos os pacientes de acordo com os criteacuterios de reprodutibilidade e
aceitabilidade adotados pela American Thoracic Society e European
Respiratory Society (2005) Os valores preditos de normalidade jaacute haviam sido
previamente descritos (Pereira et al 2007) Foram aferidos o volume
expiratoacuterio no primeiro segundo (VEF1) e a sua relaccedilatildeo com a Capacidade vital
forccedilada (VEF1CVF) e aceitos trecircs testes com variaccedilatildeo inferior a 5 e foi
37
considerado o teste com maior valor Com esse teste foi determinado a
gravidade da obstruccedilatildeo pulmonar considerando o VEF1 como paracircmetro para
caracterizaccedilatildeo da amostra
353 Padratildeo respiratoacuterio mobilidade e sincronia toracoabdominal
A pletismografia optoeletrocircnica (POE System Milatildeo Itaacutelia) eacute um sistema
indireto e natildeo invasivo para a avaliaccedilatildeo da mecacircnica ventilatoacuteria mobilidade e
sincronia capaz de dividir em 3 compartimentos toacuterax superior inferior e
abdominal (Alvierti et al 2000) O sistema optoeletrocircnico evoluiu a partir do
desenvolvimento tecnoloacutegico do processamento de imagens que possibilitaram
a anaacutelise de muacuteltiplos pontos posicionados na superfiacutecie corporal Para o
desenvolvimento do POE foi necessaacuterio criar um sistema de anaacutelise
tridimensional do movimento chamado de ELITE (Elaborate di immagini
televisive) Inicialmente utilizaram 32 marcadores a fim de abranger maior
aacuterea da parede toraacutecica e posteriormente 86 marcadores (Cala et al 1996)
Gorini et al (1999) e Ferrigno et al (1994) encontraram uma medida mais
precisa dos paracircmetros ventilatoacuterios utilizando 89 marcadores que delimitaram
a superfiacutecie anatocircmica em trecircs compartimentos superior inferior e abdominal
utilizadas ateacute o presente momento
O funcionamento do POE baseia-se na anaacutelise automaacutetica do movimento
detectado a partir de marcadores compostos por esferas reflexivas de 6 a 10
miliacutemetros (Dellacagraversquo et al 2010) As 89 esferas estatildeo dispostas da seguinte
forma sete linhas horizontais cinco verticais duas meacutedio-axilares e sete
38
marcadores extras dispostas em toda entre a claviacutecula e a espinha iliacuteaca
anterossuperior e posteriormente ateacute a regiatildeo dos flancos laterais totalizando
37 marcadores anteriores 42 posteriores e dez laterais (Romagnoli et al 2008
Bianchi et al 2007) (Figuras 13 e 14)
Figura13 Imagem tridimensional gerada pelo OEP
Figura14 Disposiccedilatildeo das 89 esferas reflexivas
39
As cacircmeras especiais CCD (Charge Coupled Device) possuem diodos
axiais que emitem feixes luzes infravermelho que satildeo refletidas pelos
marcadores e assim pocircde ser captado pelas cacircmeras em tempo real (120Hz)
Este sinal foi processado atraveacutes das 8 cacircmeras presente na sala de avaliaccedilatildeo
e identificam o posicionamento de cada ponto da superfiacutecie toracoabdominal A
reconstruccedilatildeo da cinemaacutetica toracoabdominal foi feita pelo software SMART
que executou algoritmos em tempo real e computou as coordenadas
tridimensionais dos marcadores refletivos durante as coletas com POE (Binazzi
et al 2008 Aliverti 2010)
O sistema aplicou um modelo geomeacutetrico baseado na posiccedilatildeo dos
marcadores para descrever a superfiacutecie toracoabdominal e seus
compartimentos durante a coleta Apoacutes a reconstruccedilatildeo do modelo os dados
foram exportados como arquivos numeacutericos gerando colunas de dados
representando os sinais por amostras tempo posiccedilatildeo dos marcadores e
volume facilitando a avaliaccedilatildeo dos sinais e aplicaccedilatildeo dos meacutetodos de
estimativa (Parreira et al 2012 Aliverti 2010)
40
Figura15 Laboratoacuterio do POE com a disposiccedilatildeo das cacircmeras e da bicicleta
Figura16 Captaccedilatildeo e anaacutelise dos dados do volume toracoabdominal
41
3531 Avaliaccedilatildeo do POE durante o exerciacutecio
Os sujeitos da pesquisa foram previamente orientados sobre os
procedimentos Inicialmente eles foram colocados sobre a bicicleta ergomeacutetrica
(Ergometrics 800 Sensormedics) e os 89 marcadores foram posicionados
sobre a superfiacutecie toracoabdominal (anterior e posterior) A foacutermula para o
caacutelculo da carga maacutexima foi descrita por Jones e colaboradores (1985) Wmax =
204 (altura) ndash 874 (idade) ndash 288 (gecircnero) ndash 1909 [28] foi utilizada 25 da
carga maacutexima o valor de gecircnero na foacutermula corresponde a 1 para mulheres e
0 para homens (Figura 17)
Durante a coleta o paciente foi orientado a manter 60 rotaccedilotildees por minuto
(RPM) (Vogiatzis et al 2005) Apoacutes 30 segundos de descanso foi realizada a
1ordm medida do POE em repouso (6 ciclos respiratoacuterios completos) depois o
paciente realizou o exerciacutecio sem carga por 3 minutos e posteriormente foi
realizada a 2ordm medida do POE (6 ciclos respiratoacuterios completos) Apoacutes este
periacuteodo iniciou-se o exerciacutecio com carga que foi incrementado de forma
proporcional durante 2 minutos ateacute atingir a carga programada e no final foi
realizada novamente a 3ordm medida do POE (6 ciclos respiratoacuterios completos) O
processo finalizou-se com um periacuteodo de recuperaccedilatildeo de 2 minutos com
exerciacutecio sem carga para o retorno dos sinais vitais (Figura 18)
Foram avaliados o volume corrente da caixa toraacutecica pulmonar (CT)
volume corrente do toacuterax superior (TS) volume corrente do toacuterax inferior (TI)
volume corrente abdominal (ABD) de tempo ventilaccedilatildeominuto (VE) fluxo
inspiratoacuterio (FI) e Fluxo expiratoacuterio (FE) participaccedilatildeo em porcentagem () dos
42
compartimentos do toacuterax superior (TS) toacuterax inferior (TI) e abdome
(ABD) (Romagnoli et al 2008 Aliverti et al 2008 Boudarham et al 2013)
A mobilidade do compartimento abdominal foi calculada pela relaccedilatildeo CTABD
no exerciacutecio com carga (Gosselink et al 1995) a reduccedilatildeo dos valores desta
relaccedilatildeo reflete a melhora da mobilidade abdominal (Yamaguti et al 2012)
Figura17 Paciente Realizando a avaliaccedilatildeo com carga no cicloergocircmetro no POE
Figura 18 Desenho experimental da avaliaccedilatildeo do OEP
43
354 Atividade muscular respiratoacuteria
A atividade dos muacutesculos respiratoacuterios foi avaliada atraveacutes da aquisiccedilatildeo
do sinal eletromiograacutefico de superfiacutecie (System BTSreg Milatildeo Itaacutelia)
simultaneamente agrave avaliaccedilatildeo da mecacircnica toracoabdominal pelo POE Foram
utilizados eletrodos circulares descartaacuteveis de AgAgCl com 10mm de diacircmetro
e um adesivo condutivo hidrogel colocados de forma a manter a distacircncia
intereletrodo de 20mm No local da fixaccedilatildeo dos eletrodos foram realizados
tricotomia quando necessaacuterio e fricccedilatildeo de gaze embebida em aacutelcool (70)
para remoccedilatildeo da gordura presente na superfiacutecie de contato com o objetivo de
diminuir a impedacircncia da pele (Dworak et al 2011)
Os eletrodos foram fixados no ventre muscular afastados do ponto
motor de forma paralela agrave da direccedilatildeo das fibras musculares de acordo com o
European concerted action - surface EMG for an non-invasive assesment of
muscles (Hermens et al 2000) O eletrodo para a avaliaccedilatildeo do muacutesculo
esternocleidomastoideo foi posicionado no ventre muscular a 5 cm do processo
mastoideo (Kallenberg et al 2009) do muacutesculo intercostal superior foi
posicionado no 2deg espaccedilo intercostal e para o inferior entre o 7deg e o 8deg espaccedilo
intercostal e no reto abdominal foi inserido a 2 cm da cicatriz umbilical
(Maarsingh et al 2000)
Para o caacutelculo da eficiecircncia ventilatoacuteria os dados da atividade muscular
de todos os muacutesculos avaliados foram somados e divididos pelo volume
corrente (EMGVt) Essa equaccedilatildeo foi descrita primeiramente no trabalho de
44
Lunardi et al (2013) que avaliou a mecacircnica toracoabdominal na populaccedilatildeo
idosa Essa relaccedilatildeo permitiu observar a quantidade de volume deslocado pelo
niacutevel de estiacutemulo da atividade muscular
Figura19 Eletromioacutegrafo da BTS Engeneering
355 Capacidade Funcional
A capacidade funcional foi avaliada pelo teste de caminhada de 6 minutos
(TC6) A avaliaccedilatildeo foi realizada em um corredor de 30 metros com pouco
traacutefego e cada paciente realizou 2 testes respeitando o intervalo de uma hora
entre eles (Dourado et al 2011) Durante os testes o paciente foi orientado a
caminhar o mais raacutepido possiacutevel durante 6 minutos e caso apresentasse
dispneia limitante ou qualquer outro desconforto incapacitante ele podia
interromper o teste ateacute recuperar as condiccedilotildees para continuaacute-lo A cada minuto
45
os pacientes foram encorajados com frases de incentivo padronizadas de modo
que o mesmo percorresse a maior distacircncia possiacutevel durante todo o teste (ATS
2002 Louvaris et al 2013) O desempenho do paciente foi avaliado pela maior
distacircncia percorrida em um dos testes e foi monitorado tanto preacute quanto poacutes
exerciacutecio a frequumlecircncia cardiacuteaca (FC) e respiratoacuteria (FR) a saturaccedilatildeo de
oxigecircnio (SpO2) sensaccedilatildeo de esforccedilo por meio da escala modificada de Borg
(Borg 1982) e pressatildeo arterial (PA)
36 Anaacutelise Estatiacutestica
Para a mecacircnica ventilatoacuteria foi utilizado para o caacutelculo amostral os
resultados observados no estudo de Yamaguti et al (2012) onde a diferenccedila
das meacutedias da CTABD foi de 20 durante a respiraccedilatildeo natural no GT com a
diferenccedila do desvio padratildeo de 4 valor de plt005 e poder de 08 foi
estabelecido uma amostra de 3 pacientes por grupo
O caacutelculo amostral para os paracircmetros da atividade muscular foi
utilizado os resultados observados no estudo de Cunha et al (2005) onde a
diferenccedila das meacutedias no GT foi de 9 10-3mV com a diferenccedila do desvio padratildeo
de 6 10-3mV para o poder de 80 e um valor de alpha de 5 sendo
estabelecido uma amostra de 9 indiviacuteduos por grupo
Para os paracircmetros funcionais o caacutelculo amostral foi baseado no TC6
onde se esperava uma diferenccedila das meacutedias de 263m e a diferenccedila do desvio
padratildeo de 23 m de aumento apoacutes a intervenccedilatildeo (Yamaguti et al 2012) para o
46
poder de 80 e um valor de alpha de 5 sendo encontrado um tamanho de
amostra de 14 indiviacuteduos por grupo
A anaacutelise foi realizada utilizando o programa Sigma Stat versatildeo 32 Foi
utilizado o teste de Kolmogorov-Smirnov para verificar a normalidade dos
dados sendo estes apresentados como meacutedia plusmn desvio padratildeo Para
comparaccedilatildeo dos dados de caracterizaccedilatildeo dos grupos GT e GC foi realizado
utilizando o teste t de Student para dados com distribuiccedilatildeo normal e teste de
Mann-Withney para dados natildeo-parameacutetricos
A anaacutelise do efeito do tratamento nos dois grupos tambeacutem foi realizado
pelo teste t e pelo Mann-Withney para dados natildeo-parameacutetricos no delta das
diferenccedilas (Δ=poacutes-preacute)
A sensaccedilatildeo de dispneia (BORG modificado) foi analisada com o teste de
anaacutelise de variacircncia (ANOVA) seguida do pos hoc de Holm Sidak Para o TC6
foi observado a miacutenima diferenccedila clinicamente significante Proposto por
Holland et al 2013 (251m) O niacutevel de significacircncia foi ajustado para 5
(plt005) para todos os testes
4 RESULTADOS
48
Quinhentos e noventa e quatro pacientes foram avaliados para
elegibilidade 564 natildeo preencheram os criteacuterios de inclusatildeo sendo que os
motivos mais comuns foram oxigecircnio-dependente (n=160) sem
disponibilidade para participar (n=105) cardiopatias (n=80) e doenccedilas
musculoesqueleacuteticas associadas (n=43) (Figura 20) Trinta pacientes foram
incluiacutedos e aleatorizados 2 foram excluiacutedos apoacutes o iniacutecio do protocolo sendo 1
no grupo tratado (crise de caacutelculo renal) e 1 no grupo controle (agudizaccedilatildeo da
doenccedila de Chron) 14 sujeitos terminaram o estudo no GT e 14 no GC (Figura
20) Natildeo foram observadas diferenccedilas entre os grupos com relaccedilatildeo aos dados
antropomeacutetricos de funccedilatildeo pulmonar e capacidade funcional antes da
intervenccedilatildeo (Tabela 1)
49
Figura 20 Fluxograma do estudo
50
Tabela 1 Caracterizaccedilatildeo amostral basal dos pacientes do estudo
Caracterizaccedilatildeo Grupo Controle Grupo Tratado P
Dados Antropomeacutetricos
Genero (MF) 57 86 097
Idade (anos) 64plusmn56 61plusmn54 030
Altura (m) 165plusmn007 165plusmn008 096
IMC (Kgm2) 259plusmn29 257plusmn38 091
Funccedilatildeo Pulmonar
VEF1 ( pred) 426plusmn95 459plusmn155 056
VEF1CVF 049plusmn009 056plusmn013 017
Capacidade Funcional
TC6 (m) 439plusmn103 473plusmn68 032
BODE (IIIIIIIV)(n) 3531 6620 058
Legenda Os dados estatildeo apresentados em meacutedia desvio padratildeo exceto o BODE que estatildeo expressos
pelo nuacutemero de pacientes MF=masculinofeminino Kgm2=quilogramasmetro
2 VEF1=Volume expiratoacuterio
forccedilado no primeiro segundo VEF1CVF=Relaccedilatildeo do Volume expiratoacuterio forccedilado no primeiro segundo e capacidade vital IMC=Iacutendice de massa corpoacuterea TC6=teste de caminhada dos 6 minutos BODE=Iacutendice de prognoacutestico e mortalidade para DPOC
41 Cinemaacutetica toracoabdominal
Durante o exerciacutecio com carga os pacientes do grupo controle (GC) natildeo
apresentaram variaccedilatildeo da mecacircnica toracoabdominal apoacutes a intervenccedilatildeo os
pacientes do grupo tratado (GT) apresentaram um aumento meacutedio de 230 ml
no volume total da caixa toraacutecica total (CT) (equivalente ao volume corrente)
quando comparado ao GC (respectivamente 140plusmn170mL vs-86plusmn240mL
plt001) Este aumento ocorreu principalmente pelo ganho do volume do
compartimento abdominal (ABD) (respectivamente 140120mL vs -
108210ml plt001) (Figura 21) e natildeo foi observada uma diferenccedila significativa
nos compartimentos toraacutecicos superior (TS) e inferior (TI) (Figura 21 pgt005)
51
O GT tambeacutem apresentou um aumento da ventilaccedilatildeo minuto (VE)
(24plusmn36L vs -18plusmn41L plt0001) (Figura 22) e do fluxo expiratoacuterio
(FE)(80plusmn100mL vs -30plusmn100mL plt001) (Figura23) quando comparado com o
GC acreditamos que aleacutem do volume da caixa toraacutecica o aumento do fluxo
expiratoacuterio tambeacutem esteve relacionado com o aumento da mobilidade do
compartimento abdominal Este por sua vez foi calculado pela relaccedilatildeo da
contribuiccedilatildeo CTABD onde apresentou melhora somente no GT quando
comparado ao GC (-019plusmn041 vs 010plusmn028 plt001 respectivamente)
(Figura 24)
Figura 21 Efeitos do alongamento muscular respiratoacuterio na mecacircnica ventilatoacuteria durante o exerciacutecio Os dados foram apresentados em meacutedia e desvio padratildeo representado pela diferenccedila (Δ) = poacutes- - preacute-intervenccedilatildeo Houve um aumento estatisticamente significante do volume da CT e do ABD no GT O exerciacutecio foi realizado com 25 da carga maacutexima predito na equaccedilatildeo de Jones
25 GC= Grupo Controle GT= Grupo Tratado CT= Caixa totaacutecica total TS=
Toacuterax superior TI= Toacuterax inferior ABD= Abdomen = p lt 005 GC vs GT (teste t natildeo pareado)
52
Figura 22 Efeitos do alongamento muscular respiratoacuterio no volume minuto (VE) durante o exerciacutecio Os dados foram apresentados em meacutedia e desvio padratildeo representado pela diferenccedila (Δ) = poacutes- - preacute-intervenccedilatildeo Ambas apresentaram diferenccedilas houve um aumento estatisticamente significante de 4L no volume minuto (VE) no GT em relaccedilatildeo do GC O exerciacutecio foi realizado com 25 da carga maacutexima predito na equaccedilatildeo de Jones
25 GC= Grupo
Controle GT= Grupo Tratado = p lt 005 GC vs GT (teste t natildeo pareado)
53
Figura 23 Efeitos do alongamento muscular respiratoacuterio no fluxo expiratoacuterio (FE) durante o exerciacutecio Os dados foram apresentados em meacutedia e desvio padratildeo representado pela diferenccedila (Δ) = poacutes- - preacute-intervenccedilatildeo Ambas apresentaram diferenccedilas houve um aumento estatisticamente significante de 100mL no fluxo expiratoacuterio (FE) no GT em relaccedilatildeo do GC O exerciacutecio foi realizado com 25 da carga maacutexima predito na equaccedilatildeo de Jones
25 GC= Grupo
Controle GT= Grupo Tratado = p lt 005 GC vs GT (teste t natildeo pareado)
54
Figura 24 Efeitos do alongamento muscular respiratoacuterio na relaccedilatildeo da contribuiccedilatildeo da caixa toraacutecica e abdocircmen (CTABD) durante o exerciacutecio Os dados foram apresentados em meacutedia e desvio padratildeo representado pela diferenccedila (Δ) = poacutes- - preacute-intervenccedilatildeo O exerciacutecio foi realizado com 25 da carga maacutexima predito na equaccedilatildeo de Jones
25 Foi observado a reduccedilatildeo
estatisticamente significante da relaccedilatildeo CTAB no GT que representa o aumento da mobilidade do compartimento abdominal GC= Grupo Controle GT= Grupo Tratado CT= Participaccedilatildeo da caixa toraacutecica ABD= Participaccedilatildeo abdominal = p lt 005 GC vs GT (teste t natildeo pareado)
42 Atividade muscular
Os dados da atividade muscular dos muacutesculos esternocleidomastoideo
intercostal superior intercostal inferior e abdome foram mensurados e foi
possiacutevel observar uma reduccedilatildeo da atividade muscular no exerciacutecio apoacutes o
protocolo de alongamento no GT quando comparado ao GC dos muacutesculos
esternocleidomastoideo (-57plusmn217 vs 185-plusmn443mV plt003 respectivamente)
e intercostais superiores (-1466plusmn441 vs 46plusmn115mV plt001
respectivamente) (Figura 25)
55
Todos os dados da atividade muscular foram somados e divididos pelo
volume corrente total com o intuito de demonstrar a quantidade de atividade
muscular por volume deslocado Foi verificado uma reduccedilatildeo da razatildeo EMGVt
no exerciacutecio com carga no GT quando comparado com o GC (respectivamente
[-138 (-519- -536 mVL) vs 10 (-741- 372 mVL) plt0006] (Figura 26)
Figura 25 Efeitos do alongamento muscular respiratoacuterio na atividade muscular Os dados foram apresentados em meacutedia e desvio padratildeo representado pela diferenccedila (Δ) = poacutes- - preacute-intervenccedilatildeo Foi constatada uma diminuiccedilatildeo estatisticamente significante da atividade dos muacutesculos esternocleidomastoideo e intercostal superior no GT O exerciacutecio foi realizado com 25 da carga maacutexima predito na equaccedilatildeo de Jones
25 GC= Grupo Controle GT= Grupo
Tratado = p lt 005 GC vs GT (teste t natildeo pareado)
56
Figura 26 Efeitos do alongamento muscular respiratoacuterio na relaccedilatildeo entre a atividade muscular e o volume corrente (EMGVt) Os dados foram apresentados em meacutedia e desvio padratildeo representado pela diferenccedila (Δ) = poacutes- - preacute-intervenccedilatildeo Observou-se uma diminuiccedilatildeo estatisticamente significante da EMGVt no GT O exerciacutecio foi realizado com 25 da carga maacutexima predito na equaccedilatildeo de Jones
25 GC= Grupo Controle GT= Grupo Tratado = p lt 005
GC vs GT (teste t natildeo pareado)
43 Capacidade funcional e Dispneia
Para os paracircmetros de Borg (Figura 27) foi aferido em 4 momentos preacute e poacutes
TC6 e preacute e poacutes intervenccedilatildeo Os dados basais natildeo apresentaram diferenccedilas
entre o GT e o GC (respectivamente 175plusmn21 vs 12plusmn17 pgt02) Apoacutes a
intervenccedilatildeo houve uma diminuiccedilatildeo significativa da sensaccedilatildeo de dispneia em
ambos os grupos poacutes-TC6 quando comparado aos seus dados iniciais GT
(43plusmn18 vs 15plusmn09 plt0001) e no GC (42plusmn15 vs 28plusmn17 plt0001) Na
comparaccedilatildeo entre os grupos o GT apresentou uma melhora da sensaccedilatildeo de
dispneia quando comparado com o GC tanto preacute-exerciacutecio (respectivamente
57
02plusmn05 vs 06plusmn08 plt0001) quanto poacutes-exerciacutecio (respectivamente 15plusmn09
vs 28plusmn17 plt0001) Aleacutem disso somente no GT houve uma diminuiccedilatildeo
significativa do Borg na comparaccedilatildeo intragrupo preacute-TC6 antes e depois do
tratamento (18plusmn08 vs 02plusmn06 plt0001) Com a diminuiccedilatildeo da sensaccedilatildeo de
dispneia foi possiacutevel verificar que os pacientes do GT apresentaram melhora
clinicamente significante no TC6 meacutedio quando comparado com o GC
(respectivamente 2514m vs 65m Figura 28) valores propostos por Holland
et al (2013)
Figura 27Efeitos do alongamento muscular respiratoacuterio na escala de BORG Os dados foram apresentados Os dados foram apresentados em meacutedia e desvio padratildeo representado pela diferenccedila (Δ) = poacutes- - preacute-intervenccedilatildeo Apoacutes o tratamento ambos apresentaram diminuiccedilatildeo da dispneia mas somente no GT houve uma diminuiccedilatildeo na comparaccedilatildeo com o GC e com seus dados iniciais no preacute TC6 O exerciacutecio foi realizado com 25 da carga maacutexima predito na equaccedilatildeo de Jones
25 GC= Grupo Controle GT= Grupo Tratado BORG= Escala de dispneia
TC6= Teste de caminhada dos 6 minutos = p lt 005 preacute vs poacutes intervenccedilatildeo +=plt005 GC vs GC) (teste t natildeo pareado)
58
Figura 28 Os dados apresentados em (Δ) representam (poacutes intervenccedilatildeo ndash preacute intervenccedilatildeo) No teste de caminhada dos 6 minutos (TC6) foi observada uma diferenccedila clinicamente significante do TC6 no GT que obteve um aumento meacutedio de 2514m e o GC de 65m O exerciacutecio foi realizado com 25 da carga maacutexima predito na equaccedilatildeo de Jones
25 GC= Grupo
Controle GT= Grupo Tratado TC6= Teste de caminhada dos 6 minutos ( =diferenccedila clinicamente significante)
Holland et al 2013 (25m)
5 DISCUSSAtildeO
60
Neste estudo foi demonstrado pela primeira vez que os alongamentos
dos muacutesculos respiratoacuterios melhoraram a mecacircnica e a capacidade ventilatoacuteria
decorrente principalmente pelo aumento do volume e da mobilidade do
compartimento abdominal (CTABD) A melhora da mobilidade toracoabdominal
possivelmente esteve relacionada com o aumento da sua viscoelasticidade
observada pela diminuiccedilatildeo da atividade muscular apoacutes o tratamento Aleacutem
disso houve um aumento da eficiecircncia contraacutetil dos muacutesculos respiratoacuterios
constatado pela reduccedilatildeo da relaccedilatildeo EMGVt ou seja a musculatura necessitou
de menos atividade para deslocar o mesmo volume respiratoacuterio Acreditamos
que por causa da melhora de todos os fatores descritos anteriormente houve
uma diminuiccedilatildeo da sensaccedilatildeo de dispneia que possibilitou o aumento da
capacidade ao exerciacutecio submaacuteximo
51 Cinemaacutetica toracoabdominal
O trabalho acrescentou novas evidecircncias na literatura cientiacutefica pois foi
o primeiro a demonstrar atraveacutes do pletismoacutegrafo optoeletrocircnico que apoacutes o
tratamento com teacutecnicas de alongamento dos muacutesculos respiratoacuterios houve
aumento significativo do volume da caixa toraacutecica total abdominal e da
capacidade ventilatoacuteria durante o exerciacutecio com carga Vale ressaltar que o
aumento da mobilidade do compartimento abdominal tambeacutem foi constatado
Para reforccedilar ainda mais a importacircncia dos nossos achados no grupo
controle natildeo obtiveram nenhuma alteraccedilatildeo volumeacutetrica da caixa toraacutecica estes
61
dados vatildeo de encontro aos dois estudos preacutevios nos quais foram avaliados os
efeitos da reabilitaccedilatildeo pulmonar na cinemaacutetica toracoabdominal em pacientes
com DPOC avaliados pelo POE (Georgiadou et al 2007 Gagliardi et al
2014) Inclusive Gagliardi et al (2014) mesmo apoacutes a intervenccedilatildeo de 24
semanas encontrou uma diminuiccedilatildeo do volume abdominal apoacutes o tratamento
Apenas dois trabalhos natildeo controlados de Yamada et al (1996) e
Luularungrayub et al (2009) avaliados pelo pletismoacutegrafo por indutacircncia e
cirtometria respectivamente associados agrave espirometria hipotetizaram que a
melhora no fluxo expiratoacuterio e do volume expiratoacuterio respectivamente
poderiam ter uma relaccedilatildeo com a melhora da funccedilatildeo do compartimento
abdominal dados estes que tambeacutem apresentamos no nosso estudo Segundo
Georgiadou et al (2007) e Aliverti et al (2010) o compartimento abdominal eacute o
maior responsaacutevel pelas variaccedilotildees da distacircncia axial xifoacuteidea sugerindo uma
relaccedilatildeo com a mobilidade diafragmaacutetica e o aumento do volume pulmonar total
essa hipoacutetese pocircde ser elucidada em nossos resultados com a diminuiccedilatildeo dos
valores de CTABD Portanto estes achados servem para destacar que o
protocolo de alongamento realizados neste estudo desencadeou a melhora da
mecacircnica contraacutetil dos muacutesculos respiratoacuterios que provavelmente tiveram uma
atuaccedilatildeo na melhora da funccedilatildeo diafragmaacutetica relaccedilatildeo esta jaacute descrita por
Iwasawa et al (2002) e Man et al (2012)
O aumento do volume corrente total apoacutes o alongamento muscular da
caixa toraacutecica jaacute havia sido constatado anteriormente pelos estudos natildeo
controlados de Yamada et al (1996) e Minoguchi et al (2002) que realizaram a
intervenccedilatildeo por 4 semanas em 12 e 13 pacientes respectivamente e avaliados
62
pela espirometria Em contrapartida os estudos de intervenccedilatildeo aguda natildeo
controlada de Izumizaki et al (2006) e controlada de Noll et al (2009) com 10 e
25 pacientes respectivamente obtiveram a piora do volume corrente tambeacutem
avaliados pela espirometria Baseados nos estudos de Mchugh et al (2008)
estes efeitos contraditoacuterios ocorreram principalmente pelo tipo de intervenccedilatildeo
Agudamente o alongamento promove o estiramento abrupto dos fusos
neuromusculares que desencadearam o potencial sensitivo medular e
consequentemente um aumento da atividade eferente neuromuscular gerando
a contraccedilatildeo das fibras extra-fusais por essa razatildeo provavelmente houve a
diminuiccedilatildeo da mobilidade muacutesculo-esqueleacutetica da caixa toraacutecica e diminuiccedilatildeo
dos valores volumeacutetricos (Mukherjee et al 2010) A intervenccedilatildeo crocircnica por
sua vez promove o aumento da viscoelasticidade muscular e causou a
acomodaccedilatildeo do limiar excitatoacuterio do fuso neuromuscular que diminui o
estiacutemulo de contraccedilatildeo das fibras extra-fusais permitindo a melhora da
mobilidade toracoabdominal (Mchugh et al 2010)
No presente estudo foi realizada a intervenccedilatildeo crocircnica portanto
justificaria a razatildeo dos nossos dados apresentarem resultados tatildeo diferentes
quanto a maioria dos estudos anteriores de intervenccedilatildeo aguda Mas
precisamos considerar tambeacutem as limitaccedilotildees metodoloacutegicas comumente
observadas na literatura Fato este observado nos trabalhos de Putt et al
(2008) e Luularungrayub et al (2009) que mesmo sendo de intervenccedilatildeo
aguda apresentaram um aumento do volume corrente avaliados pela
espirometria mas ambos apresentaram grandes restriccedilotildees metodoloacutegicas pois
63
realizaram o tratamento somente em um muacutesculo respiratoacuterio (peitoral maior) e
o outro foi um estudo de caso respectivamente
Hipotetizamos que nos nossos resultados sugeriram que a intervenccedilatildeo
crocircnica muscular respiratoacuteria promoveu a melhora da mobilidade do sistema
musculo-esqueleacutetico toracoabdominal com o aumento principal do volume e da
mobilidade do compartimento abdominal acreditamos que foi o responsaacutevel
pela melhora do volume pulmonar total Com a elevaccedilatildeo dos volumes
sugerimos que foram os responsaacuteveis pela melhora da capacidade ventilatoacuteria
(volume-minuto) dado este ineacutedito na literatura para este tipo de protocolo de
tratamento
52 Atividade muscular
Constatamos uma reduccedilatildeo da atividade muscular durante o exerciacutecio
com carga no grupo que realizou o alongamento dos muacutesculos respiratoacuterios
principalmente do esternocleidomastoideo e do intercostal superior A partir
destes dados foi possiacutevel calcular a relaccedilatildeo com o volume corrente onde a
reduccedilatildeo dos valores significa a melhora da efetividade contraacutetil (EMGVt)
descrito primeiramente no trabalho de Lunardi et al (2013) Este dado
representa a melhora do deslocamento volumeacutetrico pela atividade muscular
sendo assim o muacutesculo necessita do mesmo estiacutemulo motor para deslocar
mais volume de ar
64
Na literatura encontramos somente um estudo natildeo-controlado de Cunha
et al (2005) que realizou a avaliaccedilatildeo em 8 pacientes com DPOC com o
eletromioacutegrafo de superfiacutecie apoacutes um programa de alongamento muscular
respiratoacuterio Nossos dados corroboram parcialmente com os seus achados
pois apesar de terem demonstrado uma diminuiccedilatildeo da atividade muscular
respiratoacuteria dos intercostais eles apresentaram um aumento da atividade
muscular do esternocleidomastoide Acreditamos que os nossos achados
avanccedilam em relaccedilatildeo ao estudo de Cunha et al (2005) pois o presente estudo
foi realizado com criteacuterios metodoloacutegicos mais rigorosos (controlado) com
maior tempo de intervenccedilatildeo e respeitando o caacutelculo amostral
Portanto podemos sugerir que baseado nos estudos de Kokkonen et al
(2007) o aumento da viscoelasticidade tecidual permitiu a melhora da
sobreposiccedilatildeo da actina e miosina sendo capaz de potencializar o mecanismo
contraacutetil muscular com menos esforccedilo Ao mesmo tempo reduziu a tensatildeo
sobre os receptores musculoesqueleacuteticos diminuindo a excitabilidade do
disparo neuroloacutegico sensitivo possibilitando o equiliacutebrio entre o estiacutemulo
inibitoacuterio do oacutergatildeo tendinoso de Golgi e o excitatoacuterio do controle contraacutetil do
fuso neuromuscular reduzindo a atividade motora (Hindle et al 2012
Mukherjee e Chakravarty 2010)
A avaliaccedilatildeo da atividade muscular e o caacutelculo da efetividade contraacutetil foi
realizada para elucidar os mecanismos envolvidos na melhora da mecacircnica
ventilatoacuteria apoacutes o alongamento dos muacutesculos respiratoacuterios Eacute possiacutevel que
com a diminuiccedilatildeo da atividade muscular possibilitou a melhora da capacidade
de contraccedilatildeo muscular com menor esforccedilo este dado eacute reforccedilado pela
65
diminuiccedilatildeo da EMGVt permitindo o incremento da mobilidade toracoabdominal
e da capacidade ventilatoacuteria
53 Capacidade funcional e dispneia
Observamos a melhora da dispneia e da capacidade ao exerciacutecio
submaacuteximo avaliados pelo Borg modificado e pelo teste de caminhada dos 6
minutos respectivamente
Apoacutes o protocolo de alongamento nossos dados mostraram a
diminuiccedilatildeo da sensaccedilatildeo de dispneia em ambos os grupos apoacutes a intervenccedilatildeo
Mas ao comparar entre os grupos os sujeitos que receberam a intervenccedilatildeo na
caixa toraacutecica (GT) apresentaram a diminuiccedilatildeo da dispneia quando comparado
ao GC tanto preacute quanto poacutes exerciacutecio Outro ponto em destaque eacute a diminuiccedilatildeo
da dispneia no GT em seu estado basal
A reduccedilatildeo da dispneia eacute um importante paracircmetro de melhora dos
tratamentos com enfoque pulmonar (ATS 2013) e estudos preacutevios que tambeacutem
avaliaram o efeito de alongamento dos muacutesculos respiratoacuterios na dispneia em
pacientes com DPOC corroboram com os nossos achados mesmo sendo
trabalhos com metodologias distintas como ensaios natildeo controlados (Cunha et
al 2005) controlados (Paulin et al 2003) intervenccedilatildeo aguda (Noll et al 2008
Noll et al 2009) e crocircnica (Minoguchi et al 2002) Eacute importante ressaltar que
em todos os trabalhos que obtiveram a melhora nos paracircmetros de dispneia
66
portanto acreditamos que existe outros mecanismos que podem influenciar
nesta variaacutevel aleacutem da melhora da mobilidade toracoabdominal tanto assim
que os trabalhos de Noll et al (2008 e 2009) houve uma piora de todos os
paracircmetros da funccedilatildeo pulmonar mas apresentaram melhora da dispneia
Na literatura somente os trabalhos de Izumizaki et al (2008) e Putt et al
(2008) natildeo obtiveram melhora na escala de Borg mas eacute importante destacar
que foram trabalhos distintos o primeiro foi de intervenccedilatildeo crocircnica com
resultados negativos agraves funccedilotildees pulmonares enquanto o segundo foi um
trabalho de intervenccedilatildeo aguda com resultados positivos nos volumes
pulmonares Apesar de ambos serem controlados o estudo de Izumizaki et al
(2008) natildeo destaca os muacutesculos que foram tratados nem a caracterizaccedilatildeo e o
caacutelculo amostral enquanto no trabalho de Putt et al (2008) realizou a
intervenccedilatildeo apenas no muacutesculo peitoral maior que natildeo eacute um muacutesculo
acessoacuterio respiratoacuterio primaacuterio e sim atuante somente em grandes esforccedilos
Portanto baseado nas pesquisas anteriores entendemos que a melhora
da dispneia natildeo foi somente pelo aumento da mobilidade musculoesqueleacutetica
da caixa toraacutecica que diminuiu a resistecircncia do fluxo aeacutereo e possibilitou maior
expansatildeo toracoabdominal e melhor capacidade ventilatoacuteria demonstrado
neste estudo anteriormente Possivelmente teve associaccedilatildeo com os
mecanoceptores toracoabdominais quando estimulados durante o tratamento
desencadeou alteraccedilotildees das informaccedilotildees dos centros respiratoacuterios e motores
(Nakamura et al 2012 Montaldo et al 2000) Estes centros por sua vez
mudaram da taxa de disparo do nervo frecircnico que controla a cadecircncia e a
frequecircncia da contraccedilatildeo diafragmaacutetica reduzindo a sensaccedilatildeo de fadiga e de
67
dispneia (Burki e Lee 2010) portanto qualquer teacutecnica de mobilizaccedilatildeo
toracoabdominal poderia diminuir a sensaccedilatildeo de dispneia mas acreditamos
que quanto maior o estiacutemulo musculoesqueleacutetico (intervenccedilatildeo crocircnica) maior
seraacute a ativaccedilatildeo dos mecanoceptores da caixa toraacutecica e consequentemente
aumentaria a estimulaccedilatildeo aos centros respiratoacuterios por essa razatildeo
acreditamos que os nossos resultados foram tatildeo expressivos (Montaldo et al
2000)
Com a melhora dos paracircmetros de dispneia refletiu no aumento da
distacircncia percorrida em ambos os grupos 67m (GC) e 2517m (GT) sendo
que somente o grupo que recebeu o alongamento dos muacutesculos respiratoacuterios
atingiram a miacutenima distacircncia clinicamente significante proposta por Holland et
al (2010) que eacute de 25 m Coincidentemente a maioria trabalhos que
obtiveram melhora da dispneia realizaram o teste de caminhada dos 6 minutos
(Yamada et al 1996 Minoguchi et al 2002 Paulin et al 2003 eCunha et al
2005) somente Noll et al (2008 e 2009) que natildeo Poreacutem ateacute onde eacute do nosso
conhecimento este eacute o primeiro estudo que demonstrou que o aumento da
capacidade funcional foi decorrente da melhora da mecacircnica ventilatoacuteria poacutes-
alongamento avaliados pelo POE
No presente estudo o aspecto relevante estaacute no ineditismo ao avaliar as
repercussotildees deste tipo de intervenccedilatildeo na cinemaacutetica toracoabdominal
analisadas pelo pletismoacutegrafo optoeletrocircnico (Alivertiet al 2000) teacutecnica
considerada de alta tecnologia O programa de alongamento da musculatura
acessoacuteria respiratoacuteria eacute uma teacutecnica de baixo custo e pode ser associada
68
facilmente agrave reabilitaccedilatildeo pulmonar com impacto na atividade funcional e nos
sintomas respiratoacuterios
54 Limitaccedilotildees
Todos os estudos possuem limitaccedilotildees primeiro a rigidez dos criteacuterios
de inclusatildeo conferida a esta pesquisa levou a uma elevada validade interna
com possiacutevel prejuiacutezo da validade externa Optamos por adotar esses criteacuterios
na tentativa de eliminar o maior nuacutemero de variaacuteveis de confusatildeo para garantir
que os resultados fossem interpretados de maneira clara Segundo a carga de
exerciacutecio em esteira foi estabelecida em funccedilatildeo da velocidade do TC6 apesar
de natildeo ser considerado o padratildeo ouro para o treinamento aeroacutebico jaacute foi
descrito como alternativa viaacutevel por Zainuldinet al (2007) e Figueiredo e
Guimaratildees (2009) Terceiro a intensidade de 25 Wmaacutex utilizada na
avaliaccedilatildeo do POE pode natildeo ter sido o suficiente para desencadear a
assincronia mas o objetivo foi reproduzir a carga utilizada diariamente pelo
paciente segundo Bruni et al (2012) eles comprovaram em seu estudo que
nem mesmo a carga de 75 Wmaacutex foi possiacutevel desencadear a assincronia em
pacientes com DPOC concluindo natildeo haver relaccedilatildeo entre assincronia
hiperinsuflaccedilatildeo e dispneia Finalmente o alongamento dos muacutesculos
perifeacutericos dos membros inferiores no grupo controle poderia ter influenciado
na melhora no teste de caminhada dos 6 minutos mas Mchugh et al (2008) e
Shrier (2004) descreveram em seus estudos que ainda existe uma
controveacutersia a respeito do aumento da performance muscular apoacutes a realizaccedilatildeo
69
do alongamento ateacute entatildeo sabe-se somente sobre a melhora da mobilidade
Apesar destas limitaccedilotildees este eacute o primeiro ensaio cliacutenico controlado e
aleatorizado investigando os benefiacutecios do alongamento dos muacutesculos
respiratoacuterios na mecacircnica ventilatoacuteria utilizando o pletismoacutegrafooptoeletrocircnico
em pacientes com DPOC
6 CONCLUSAtildeO
71
Nossos resultados sugerem que a adiccedilatildeo do alongamento da
musculatura respiratoacuteria ao exerciacutecio aeroacutebico claacutessico aumenta a eficiecircncia
contraacutetil muscular melhora a mecacircnica ventilatoacuteria com o incremento
significante dos volumes pulmonares principalmente abdominal e reduz a
dispneia possibilitando a melhora das atividades funcionais em pacientes com
DPOC Estes resultados sugerem que o alongamento dos muacutesculos
respiratoacuterios pode ser considerado uma modalidade de tratamento adjuvante
para os pacientes com DPOC
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8 ANEXOS
91
92
93
HOSPITAL DAS CLIacuteNICAS DA FACULDADE DE MEDICINA DA
UNIVERSIDADE DE SAtildeO PAULO-HCFMUSP
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
DADOS SOBRE A PESQUISA
1 TIacuteTULO DO PROTOCOLO DE PESQUISA
EFEITOS DO ALONGAMENTO DA MUSCULATURA ACESSOacuteRIA
RESPIRATOacuteRIA COM A TEacuteCNICA DE ALONGAMENTO PASSIVO E
CONTRACcedilAtildeO-RELAXAMENTO NA MECAcircNICA VENTILATOacuteRIA E NA
CAPACIDADE FUNCIONAL DE PACIENTES COM DOENCcedilA PULMONAR
OBSTRUTIVA CROcircNICA
PESQUISADOR 01 Celso Ricardo Fernandes Carvalho
CARGOFUNCcedilAtildeO Orientador INSCRICcedilAtildeO CONSELHO
REGIONAL Nordm 206463-F
UNIDADE DO HCFMUSP Ciecircncias
3 AVALIACcedilAtildeO DO RISCO DA PESQUISA
RISCO MIacuteNIMO x RISCO MEacuteDIO
RISCO BAIXO RISCO MAIOR
4DURACcedilAtildeO DA PESQUISA 12 meses
HOSPITAL DAS CLIacuteNICAS DA FACULDADE DE MEDICINA DA
UNIVERSIDADE DE SAtildeO PAULO-HCFMUSP
1 ndash A doenccedila que o senhor (a) tem se chama doenccedila obstrutiva crocircnica
(DPOC) Esta doenccedila causa a inflamaccedilatildeo das vias aeacutereas e prejudica todo
94
pulmatildeo Por esse motivo o toacuterax fica expandido e os muacutesculos que realizam a
respiraccedilatildeo ficam tensos Essa tensatildeo muscular diminui o movimento do toacuterax e
a quantidade de ar que entra nos pulmotildees levando a uma dificuldade para
respirar e diminuindo a capacidade aos exerciacutecios simples do dia-dia Todo
esse quadro pode aumentar a tendecircncia de desencadear episoacutedios de
depressatildeo e ansiedade
2 ndash O nosso corpo tem muacutesculos que ajudam na respiraccedilatildeo (entrada do ar)
esses muacutesculos ao contrair ajudam a entrada de ar nos pulmotildees No (a)
paciente DPOC o movimento da caixa toraacutecica estaacute diminuiacutedo por isso este
estudo tem como objetivo verificar se o uso dos exerciacutecios de alongamento
relaxariam os muacutesculos respiratoacuterios diminuindo a sensaccedilatildeo de falta de ar
3 ndash Portanto estamos convidando o (a) senhor (a) para participar deste estudo
Caso o senhor (a) aceite participar da pesquisa teraacute que comparecer ao
hospital (HC) 2 vezes por semana durante um mecircs e meio de tratamento com
duraccedilatildeo de 30 a 40 minutos por dia O senhor (a) seraacute incluiacutedo (a) de forma
aleatoacuteria (sorteio) em dois grupos que receberatildeo diferentes tratamentos de
alongamento com supervisatildeo do profissional fisioterapeuta O senhor (a)
receberaacute uma cartilha com alguns exerciacutecios semelhantes aos realizados no
hospital para ser feito em casa no miacutenimo duas vezes por semana
4 ndash Durante os exerciacutecios de alongamento o (a) senhor (a) poderaacute sentir algum
desconforto como um ldquopuxatildeordquo ldquoformigamentordquo e ldquoqueimaccedilatildeordquo na regiatildeo que os
muacutesculos estatildeo sendo trabalhados Apoacutes a realizaccedilatildeo do alongamento eacute
possiacutevel que essas sensaccedilotildees perdurem por no maacuteximo 3 dias Evitaremos
durante o tratamento as dores se caso o senhor (a) sentir alguma dor
comunique ao profissional responsaacutevel que interromperemos imediatamente o
exerciacutecio
5 ndash Seratildeo realizados diversos testes antes e depois do tratamento para
verificar o grau de eficiecircncia da teacutecnica aplicada Mediremos o movimento do
seu toacuterax com um aparelho chamado pletismografia onde seratildeo colocados
marcadores no seu toacuterax e o senhor natildeo sentiraacute nenhum desconforto ou dor
Seratildeo realizados exames para a funccedilatildeo do seu pulmatildeo chamado espirometria
para isso pediremos para o senhor (a) puxar e assoprar forte o ar no aparelho
este teste natildeo traraacute nenhum desconforto ou dor Para testar a forccedila dos
muacutesculos pediremos novamente que o senhor (a) puxe o ar com forccedila em um
95
aparelho chamado manovacuocircmetro este teste natildeo traraacute dor Realizaremos
um teste de esforccedilo ao exerciacutecio onde pediremos para o (a) senhor (a) andar o
maacuteximo possiacutevel durante 6 minutos seraacute repetido duas vezes Nesse teste o
senhor (a) pode sentir cansaccedilo e falta de ar que acabaraacute imediatamente apoacutes o
teacutermino do exerciacutecio Por uacuteltimo o senhor (a) responderaacute o questionaacuterio sobre a
sua vida que conteacutem uma seacuterie de perguntas para avaliar se o (a) senhor (a)
possui episoacutedios de depressatildeo e ansiedade poderaacute sentir algum desconforto
ao responder algumas perguntas que seratildeo realizadas
6 ndash Com esse estudo buscamos a melhora da qualidade de vida com
diminuiccedilatildeo dos quadros tendenciosos de depressatildeo e ansiedade e o aumento
da capacidade para realizar os exerciacutecios diaacuterios decorrentes da melhora da
mobilidade toraacutecica
7 ndash Asseguramos que o senhor (a) teraacute acesso aos profissionais responsaacuteveis
pela pesquisa para esclarecimento de eventuais duacutevidas O principal
investigador eacute o Prof Dr Celso Ricardo Fernandes Carvalho que poderaacute
ser encontrado na Av Eneacuteas de Carvalho Aguiar 255 4o andar bloco 06 no
telefone(s) 11 3069-7961 e o Dr Juliano Takashi Wada que pode ser
encontrado no endereccedilo Rua Albuquerque Lins 537 cj 42 Telefone(s) 11
3624-4524 Se caso o senhor (a) tiver alguma consideraccedilatildeo ou duacutevida sobre a
eacutetica da pesquisa entre em contato com o Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa (CEP)
ndash Rua Oviacutedio Pires de Campos 225 ndash 5ordm andar ndash tel 3069-6442 ramais 16 17
18 ou 20 FAX 3069-6442 ramal 26 ndash E-mail cappesqhcnetuspbr
8 ndash Garantimos a liberdade da retirada do consentimento a qualquer momento
e deixar de participar do estudo sem qualquer prejuiacutezo agrave continuidade de seu
tratamento na Instituiccedilatildeo
9 ndash Garantimos o direito de confidencialidade ndash As informaccedilotildees obtidas
seratildeo analisadas em conjunto com outros pacientes natildeo sendo divulgado a
identificaccedilatildeo e os dados de nenhum paciente
10 ndash Garantimos o direito de ser mantido atualizado sobre os resultados
parciais das pesquisas quando em estudos abertos ou de resultados que
sejam do conhecimento dos pesquisadores
96
11 ndash Despesas e compensaccedilotildees natildeo haacute despesas pessoais para o
participante em qualquer fase do estudo incluindo exames e consultas
Tambeacutem natildeo haacute compensaccedilatildeo financeira relacionada agrave sua participaccedilatildeo Se
existir qualquer despesa adicional ela seraacute absorvida pelo orccedilamento da
pesquisa Natildeo garantimos o pagamento de qualquer dano causado pelo estudo
mas garantimos que se caso o senhor (a) tiver algum problema poderaacute ser
atendido no Ambulatoacuterio da Fisioterapia do Hospital das cliacutenicas gerenciado
pelo Prof Dr Celso Ricardo Fernandes de Carvalho
12 ndash Garantimos o compromisso do pesquisador de utilizar os dados e o
material coletado satildeo confidenciais e seraacute utilizado somente para esta pesquisa
Acredito ter sido suficientemente informado a respeito das informaccedilotildees
que li ou que foram lidas para mim descrevendo o estudo rdquoEfeitos do
alongamento da musculatura acessoacuteria respiratoacuteria com a teacutecnica de
contraccedilatildeo-relaxamento na mobilidade toraacutecica e capacidade psicossocial e
funcional de pacientes com doenccedila pulmonar obstrutiva crocircnicardquo
Eu discuti com o Prof Dr Celso Ricardo Fernandes de Carvalho ou
com o Dr Juliano Takashi Wada sobre a minha decisatildeo em participar nesse
estudo Ficaram claros para mim quais satildeo os propoacutesitos do estudo os
procedimentos a serem realizados seus desconfortos e riscos as garantias de
confidencialidade e de esclarecimentos permanentes Ficou claro tambeacutem que
minha participaccedilatildeo eacute isenta de despesas e que tenho garantia do acesso a
tratamento hospitalar quando necessaacuterio Concordo voluntariamente em
participar deste estudo e poderei retirar o meu consentimento a qualquer
momento antes ou durante o mesmo sem penalidades ou prejuiacutezo ou perda
de qualquer benefiacutecio que eu possa ter adquirido ou no meu atendimento
neste Serviccedilo
-------------------------------------------------
Assinatura do pacienterepresentante legal Data
97
-------------------------------------------------------------------------
Assinatura da testemunha Data
Declaro que obtive de forma apropriada e voluntaacuteria o Consentimento Livre e
Esclarecido deste paciente ou representante legal para a participaccedilatildeo neste estudo
----------------------------------------------------------
Assinatura do responsaacutevel pelo estudo
Data
98
NCT 0236762
99
100
101
20-Nov-2014
CC Wada Juliano Borges-Santos Erickson Paisani
Denise Porras Desiderio Cukier Alberto Lunardi
Adriana Carvalho Celso
Dear Ms Wada
Your manuscript entitled Effect of respiratory muscle
stretching on thoracoabdominal kinematics and functional
capacity of patients with COPD a randomized and controlled
trial has been received online and is presently being
given full consideration for publication in CHEST Please
note that our editorial office will review your manuscript
before sending it to the Editor in Chief If there are
aspects that need to be fixed prior to peer review they
may return your paper to your Corresponding Author Center
and ask you to make some minor changes and resubmit it We
appreciate your understanding
Your manuscript ID is CHEST-14-2914
You may view the status of your manuscript at any time by
checking your Author Center after logging in
to httpsmcmanuscriptcentralcomchest
102
The journal strives to expedite the peer review process
however because we receive over 3400 submissions each year
the process may take up to 8 weeks to complete Please be
patient during this time and feel free to log in to check
your manuscript status
Please mention the above manuscript ID in all future
correspondence or when calling the office for questions If
there are any changes in your street address phonefax or
e-mail address please log in to ScholarOne Manuscripts
at httpsmcmanuscriptcentralcomchest and edit your
user information as appropriate
Thank you for choosing to submit your manuscript to CHEST
Sincerely
CHEST Editorial Office
v
AGRADECIMENTOS
Ao meu orientador Prof Dr Celso Ricardo Fernandes de Carvalho pela
oportunidade e confianccedila em mim depositada Apesar de termos passado
muitas intercorrecircncias ao longo destes 6 anos continuamos firmes Em alguns
momentos eu quis abaixar a cabeccedila e o senhor me ajudou a reerguecirc-la
Obrigado por me passar tantos conhecimentos e por me incentivar a ter prazer
pela pesquisa
Ao meu parceiro de pesquisa e grande amigo Me Ericksson Borges Santos
por me acompanhar por todos esses anos sem a sua ajuda jamais seria
possiacutevel concretizar este trabalho Iniciamos com muitas diferenccedilas e
permanecemos com elas mas soubemos conviver harmoniosamente pois a
fraqueza de um foi a qualidade do outro Hoje eu sei que estou terminando
outro ciclo na minha vida e saio deste momento com novos conhecimentos
mas muito mais que o tiacutetulo ganhei um amigo para a vida inteira
Agrave Prof (a) Dra Adriana Lunardi por toda a ajuda profissional e pessoal
durante o trabalho Eu enxergava em seus olhos a sua vontade de querer o
meu bem participando do nosso estudo me aconselhando Foram diversas
vezes que recebi as suas mensagens de preocupaccedilatildeo e incentivo Obrigado
por ser mais que uma amiga vocecirc foi a minha madrinha natildeo conseguiria ter
terminado sem a sua ajuda
vi
Agrave Dra Denise Paisane por toda a colaboraccedilatildeo ao longo do estudo Tenho
grande respeito e admiraccedilatildeo pela sua dedicaccedilatildeo profissional A sua
organizaccedilatildeo e seu empenho foram fundamentais ao longo do meu mestrado
Ao Dr Ronaldo Silva por todo o conhecimento e disponibilizaccedilatildeo para nos
ajudar durante o projeto Estava sempre disposto para realizar qualquer tipo de
tarefa sua humildade eacute inspiradora O seu conhecimento foi essencial para o
teacutermino da dissertaccedilatildeo
Ao Me Desiderio Cano por todo o conhecimento do OEP que nos foi
passado e pela sua disposiccedilatildeo em nos ajudar com a coleta e interpretaccedilatildeo dos
dados
Agrave Me Cibele Cristine Berto Marques da Silva pela disposiccedilatildeo em nos ajudar
durante as avaliaccedilotildees e pelas observaccedilotildees e correccedilotildees das apresentaccedilotildees
orais
Agrave Dra Renata Teixeira Nakata pela disponibilidade em nos ajudar na
avaliaccedilatildeo dos pacientes e nas correccedilotildees das apresentaccedilotildees orais
Ao Grupo LIFFE por todas as reuniotildees semanais foi uma grande troca de
conhecimentos O trabalho em equipe foram fundamentais para a
concretizaccedilatildeo do trabalho
vii
Aos profissionais do Ambulatoacuterio de Fisioterapia do Hospital das Cliacutenicas
pela compreensatildeo e auxiacutelio durante os protocolos de intervenccedilatildeo dos pacientes
do nosso projeto
Aos pacientes que participaram do estudo por todo o esforccedilo em continuar o
tratamento ateacute a sua conclusatildeo Muitos representaram uma liccedilatildeo de vida para
todos noacutes
Ao Ambulatoacuterio de Pneumologia do Hospital das Cliacutenicas pela parceria em
ceder os prontuaacuterios e os pacientes para o projeto Aleacutem compartilhar
harmoniozamente o mesmo espaccedilo para a triagem dos mesmos
Aos meus grandes amigos por todo apoio companheirismo risadas e
momentos que me mostram o verdadeiro sentido da palavra viver Carlos
Eduardo Hanash Rodrigo Petrone Ricardo Almeida Thiago Eduardo
Castanhon Ricardo Maeda Ricardo Domingos Felipe Calmon Thiago
Almeida Andreacute Fogolin Rodrigo Pizzi Caio Teixeira Marcelo Reina Erik
Terrabuio Marcus Sperandio Jonas Rastelli Mario Castro Carlos Eduardo
Sainz Gustavo Souza Gabriel Boal Rodrigo Guerzoni e Rafael Correa
SUMARIO
LISTA DE ABREVIATURASxi
LISTA DE FIGURASxiii
LISTA DE TABELASxviii
RESUMO xix
SUMMARYxxi
1 INTRODUCcedilAtildeO01
11 Definiccedilatildeo e Incidecircncias 02
12 Fisiopatologia 04
13 Sistema muacutesculo-esqueleacutetico 06
14 Diagnoacutestico e Sintomas07
15 Reabilitaccedilatildeo pulmonar09
16 Muacutesculos respiratoacuterios 10
17 Alongamento Muscular13
18 Meacutetodos para a anaacutelise da mecacircnica ventilatoacuteria17
19 Hipoacutetesehelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphellip19
2 OBJETIVOS20
21 Primaacuterio 21
22 Secundaacuterio 21
3 CASUIacuteSTICA E METODOS22
ix
31 Aspectos eacuteticos23
32 Casuiacutestica23
321 Criteacuterios de inclusatildeo23
322 Criteacuterios de exclusatildeo24
33 Delineamento experimental25
34 Intervenccedilatildeo26
341 Protocolo de alongamento do grupo tratado (GT)26
342 Protocolo de exerciacutecios do grupo controle (GC)32
343 Protocolo dos exerciacutecios aeroacutebicos35
35 Avaliaccedilotildees36
351 Caracterizaccedilatildeo Amostral36
352 Prova de funccedilatildeo pulmonar simples36
353 Padratildeo respiratoacuterio mobilidade e sincronia
toracoabdominal37
3531 Avaliaccedilatildeo do POE durante o exerciacutecio41
354 Atividade muscular respiratoacuteria43
355 Capacidade Funcional44
36 Anaacutelise Estatiacutestica45
4 RESULTADOS47
41 Cinemaacutetica toracoabdominal50
42 Atividade muscular54
43 Capacidade funcional e Dispneia56
x
5 DISCUSSAtildeO59
51 Cinemaacutetica toracoabdominal60
52 Atividade muscular63
53 Capacidade funcional e dispneia65
54 Limitaccedilotildees68
6 CONCLUSAtildeO70
7 REFEREcircNCIAS 72
8 ANEXOS90
xi
LISTA DE ABREVIATURAS
ABD Volume abdominal
ALAT Associaccedilatildeo Latino-Americana de Toacuterax
ATS American Thoracic Society
BORG Escala de dispneia
CPT Capacidade Pulmonar Total
CRF Capacidade Residual Funcional
CTABD Razatildeo entre a contribuiccedilatildeo da caixa toraacutecica e abdocircmen
CT Volume da caixa toraacutecica
CVF Capacidade vital forccedilada
DATASUS Departamento de informaacutetica do sistema uacutenico de sauacutede
DPOC Doenccedila pulmonar obstrutiva crocircnica
EMG Eletromiografia
EMGVt Razatildeo entre atividade muscular e o volume corrente total
F Feminino
FCMaacutex Frequecircncia cardiacuteaca maacutexima
FE Fluxo expiratoacuterio
FI Fluxo inspiratoacuterio
GC Grupo controle
GOLD Global initiative for chronic obstructive lung disease
GT Grupo tratado
HCFMUSP Hospital das Cliacutenicas da Faculdade de Medicina da Universidade
de Satildeo Paulo
xii
Hz Hertz
Kgm2 Kilograma por metro quadrado (unidade do IMC)
L Litros
M Masculino
mL Mililitros
mV Milivolt
mVL Milivolt por litro
O2 Oxigecircnio
OTG Oacutergatildeo tendinoso de Golgi
PaCO2 Pressatildeo parcial de gaacutes carbocircnico
POE Pletismoacutegrafo optoeletrocircnica
RP Reabilitaccedilatildeo pulmonar
SpO2 Saturaccedilatildeo Perifeacuterica de Oxigecircnio
TC6 Teste de caminhada dos 6 minutos
TI Volume do toacuterax inferior
TS Volume corrente do toacuterax superior
VE Volume minuto
VEF1 Volume expiratoacuterio forccedilado no primeiro segundo
VEF1CVF Relaccedilatildeo do volume expiratoacuterio forccedilado no primeiro segundo e
capacidade vital forccedilada
VR Volume Residual
Vt Volume corrente
WMaacutex Carga maacutexima em Watts
Δ Variaccedilatildeo
xiii
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 Desenho experimental25
Figura 2 Anatomia e teacutecnica de alongamento do peitoral maior28
Figura 3 Anatomia e teacutecnica de alongamento do escaleno28
Figura 4 Anatomia e a teacutecnica de alongamento do Esternocleidomastoideo29
Figura 5 Anatomia e a teacutecnica de alongamento do Trapeacutezio Superior30
Figura 6 Anatomia e a teacutecnica de alongamento do peitoral menor30
Figura 7 Anatomia e a teacutecnica de alongamento do Serraacutetil Anterior e
Intercostais31
Figura 8 Anatomia e a teacutecnica de alongamento dos muacutesculos
abdominais32
Figura 9 Anatomia e a teacutecnica de alongamento dos flexores do punho33
Figura 10 Anatomia e a teacutecnica de alongamento dos extensores do punho33
xiv
Figura11 Anatomia e a teacutecnica de alongamento dos extensores do
tornozelo34
Figura 12 Anatomia e a teacutecnica de alongamento dos muacutesculos dos flexores do
tornozelo35
Figura13 Imagem tridimensional gerada pelo OEP38
Figura14 Disposiccedilatildeo das 89 esferas reflexivas38
Figura15 Laboratoacuterio do POE com a disposiccedilatildeo das cacircmeras e da bicicleta40
Figura16 Captaccedilatildeo e anaacutelise dos dados do volume toracoabdominal40
Figura17 Paciente realizando a avaliaccedilatildeo com carga no cicloergocircmetro no
POE42
Figura 18 Desenho experimental da avaliaccedilatildeo do OEP42
Figura19 Eletromioacutegrafo da BTS Engeneering44
Figura 20 Fluxograma do estudo49
xv
Figura 21 Efeitos do alongamento muscular respiratoacuterio na mecacircnica
ventilatoacuteria durante o exerciacutecio Os dados foram apresentados em meacutedia e
desvio padratildeo representado pela diferenccedila (Δ) = poacutes- - preacute-intervenccedilatildeo Houve
um aumento estatisticamente significante do volume da CT e do ABD no GT O
exerciacutecio foi realizado com 25 da carga maacutexima predito na equaccedilatildeo de
Jones25 GC= Grupo Controle GT= Grupo Tratado CT= Caixa totaacutecica total
TS= Toacuterax superior TI= Toacuterax inferior ABD= Abdomen = p lt 005 GC vs GT
(teste t natildeo pareado)51
Figura 22 Efeitos do alongamento muscular respiratoacuterio no volume minuto
(VE) durante o exerciacutecio Os dados foram apresentados em meacutedia e desvio
padratildeo representado pela diferenccedila (Δ) = poacutes- - preacute-intervenccedilatildeo Ambas
apresentaram diferenccedilas houve um aumento estatisticamente significante de
4L no volume minuto (VE) no GT em relaccedilatildeo do GC O exerciacutecio foi realizado
com 25 da carga maacutexima predito na equaccedilatildeo de Jones25 GC= Grupo
Controle GT= Grupo Tratado = p lt 005 GC vs GT (teste t natildeo pareado)52
Figura 23 Efeitos do alongamento muscular respiratoacuterio no fluxo expiratoacuterio
(FE) durante o exerciacutecio Os dados foram apresentados em meacutedia e desvio
padratildeo representado pela diferenccedila (Δ) = poacutes- - preacute-intervenccedilatildeo Ambas
apresentaram diferenccedilas houve um aumento estatisticamente significante de
100mL no fluxo expiratoacuterio (FE) no GT em relaccedilatildeo do GC O exerciacutecio foi
realizado com 25 da carga maacutexima predito na equaccedilatildeo de Jones25 GC=
xvi
Grupo Controle GT= Grupo Tratado = p lt 005 GC vs GT (teste t natildeo
pareado)53
Figura 24 Efeitos do alongamento muscular respiratoacuterio na relaccedilatildeo da
contribuiccedilatildeo da caixa toraacutecica e abdocircmen (CTABD) durante o exerciacutecio Os
dados foram apresentados em meacutedia e desvio padratildeo representado pela
diferenccedila (Δ) = poacutes- - preacute-intervenccedilatildeo O exerciacutecio foi realizado com 25 da
carga maacutexima predito na equaccedilatildeo de Jones25 Foi observado a reduccedilatildeo
estatisticamente significante dos valores no GT em relaccedilatildeo do GC da relaccedilatildeo
CTAB que representa o aumento da mobilidade do compartimento abdominal
GC= Grupo Controle GT= Grupo Tratado CT= Participaccedilatildeo da caixa toraacutecica
ABD= Participaccedilatildeo abdominal = p lt 005 GC vs GT (teste t natildeo pareado)54
Figura 25 Efeitos do alongamento muscular respiratoacuterio na atividade
muscular Os dados foram apresentados em meacutedia e desvio padratildeo
representado pela diferenccedila (Δ) = poacutes- - preacute-intervenccedilatildeo Foi constatada uma
diminuiccedilatildeo estatisticamente significante da atividade dos muacutesculos
esternocleidomastoideo e intercostal superior no GT O exerciacutecio foi realizado
com 25 da carga maacutexima predito na equaccedilatildeo de Jones25 GC= Grupo
Controle GT= Grupo Tratado = p lt 005 GC vs GT (teste t natildeo pareado)55
Figura 26 Efeitos do alongamento muscular respiratoacuterio na relaccedilatildeo entre a
atividade muscular e o volume corrente (EMGVt) Os dados foram
apresentados em meacutedia e desvio padratildeo representado pela diferenccedila (Δ) =
xvii
poacutes- - preacute-intervenccedilatildeo Observou-se uma diminuiccedilatildeo estatisticamente
significante da EMGVt no GT O exerciacutecio foi realizado com 25 da carga
maacutexima predito na equaccedilatildeo de Jones25 GC= Grupo Controle GT= Grupo
Tratado = p lt 005 GC vs GT (teste t natildeo pareado) 56
Figura 27 Efeitos do alongamento muscular respiratoacuterio na escala de BORG
Os dados foram apresentados Os dados foram apresentados em meacutedia e
desvio padratildeo representado pela diferenccedila (Δ) = poacutes- - preacute-intervenccedilatildeo Apoacutes
o tratamento ambos apresentaram diminuiccedilatildeo da dispneia mas somente no GT
houve uma diminuiccedilatildeo na comparaccedilatildeo com o GC e com seus dados iniciais no
preacute exerciacutecio O exerciacutecio foi realizado com 25 da carga maacutexima predito na
equaccedilatildeo de Jones25 GC= Grupo Controle GT= Grupo Tratado BORG= Escala
de dispneia TC6= Teste de caminhada dos 6 minutos = p lt 005 preacute vs poacutes
intervenccedilatildeo +=plt005 GC vs GC) (teste t natildeo pareado)57
Figura 28 Os dados apresentados em (Δ) representam (poacutes intervenccedilatildeo ndash preacute
intervenccedilatildeo) No teste de caminhada dos 6 minutos (TC6) foi observada uma
diferenccedila clinicamente significante do TC6 no GT que obteve um aumento
meacutedio de 2514m e o GC de 65m O exerciacutecio foi realizado com 25 da carga
maacutexima predito na equaccedilatildeo de Jones25 GC= Grupo Controle GT= Grupo
Tratado TC6= Teste de caminhada dos 6 minutos ( =diferenccedila clinicamente
significante)58
xviii
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 Caracterizaccedilatildeo amostral basal dos pacientes do estudo50
xix
RESUMO
Efeitos do alongamento da musculatura respiratoacuteria pelas teacutecnicas de
alongamento passivo e contraccedilatildeo-relaxamento na mecacircnica ventilatoacuteria e
na capacidade funcional de pacientes com doenccedila pulmonar obstrutiva
crocircnica
Os pacientes com doenccedila pulmonar obstrutiva crocircnica (DPOC) devido agrave
obstruccedilatildeo brocircnquica e reduccedilatildeo da retraccedilatildeo elaacutestica pulmonar apresentam o
aumento do recrutamento da musculatura respiratoacuteria predispondo agrave
incoordenaccedilatildeo toracoabdominal aumentando o trabalho respiratoacuterio
provocando fadiga e dispneacuteia O alongamento dos muacutesculos respiratoacuterios
(AMR) poderia diminuir a atividade muscular melhorar a sua capacidade
contraacutetil e a mobilidade da caixa toraacutecica otimizando a ventilaccedilatildeo pulmonar
entretanto estes efeitos nos muacutesculos respiratoacuterios permanecem
desconhecidos Objetivo Avaliar os efeitos da adiccedilatildeo do AMR associados agrave
reabilitaccedilatildeo pulmonar na mecacircnica ventilatoacuteria na capacidade funcional e na
atividade muscular em pacientes com DPOC Meacutetodo Estudo randomizado e
controlado incluiu 30 pacientes com DPOC que foram distribuiacutedos
aleatoriamente para os grupos tratado (GT n = 15) e controle (GC n = 15)
Todos os pacientes foram submetidos a 24 sessotildees de treinamento aeroacutebico
duas vezes por semana Aleacutem disso o GT recebeu AMR e o GC recebeu o
alongamento dos membros superiores e inferiores antes dos exerciacutecios
aeroacutebicos Foram avaliados teste da capacidade funcional (teste de caminhada
xx
de 6 minutos TC6) mecacircnica toracoabdominal (pletismografia optoeletrocircnica
POE) e atividade muscular respiratoacuteria (eletromiografia de superfiacutecie EMG)
durante o exerciacutecio Os dados representam a variaccedilatildeo (Δ)=poacutes- - preacute-
avaliaccedilatildeo foi utilizado o teste t para comparar os grupos e o niacutevel de
significacircncia foi fixado em 5 Resultados O GT apresentou o aumento da
capacidade funcional (2514m +) com a reduccedilatildeo da sensaccedilatildeo de dispneia apoacutes
o TC6 (plt001) quando comparado ao GC Provavelmente estaacute relacionado
com a melhora do volume da caixa toraacutecica (plt001) capacidade ventilatoacuteria
(plt001) com o aumento do volume e da contribuiccedilatildeo do compartimento
abdominal (plt001) Observamos tambeacutem no GT a reduccedilatildeo da atividade
muscular (p lt001) com maior eficiecircncia ventilatoacuteria (plt0006) Conclusatildeo
Nossos resultados sugerem que a adiccedilatildeo do AMR no treinamento aeroacutebio
aumenta a capacidade funcional com diminuiccedilatildeo da dispneia melhora a
eficaacutecia da contraccedilatildeo muscular e da capacidade ventilatoacuteria devido agrave maior
participaccedilatildeo do compartimento abdominal em pacientes com DPOC
Descritores DPOC Muacutesculos Respiratoacuterios Alongamento Muscular
Mecacircnica Respiratoacuteria Plestimografia Dispneia Eletromiografia
xxi
SUMMARY
Effects of respiratory muscle stretching with passive and hold-relax
techniques on ventilatory mechanics and functional capacity in patients
with chronic obstructive pulmonary disease
Chronic obstructive pulmonary disease (COPD) patients due to bronchial
obstruction and reduced lung elastic recoil present increased in the recruitment
of respiratory muscles predisposing an thoracoabdominal incoordination major
breathing work causing fatigue and dyspnea The respiratory muscles
stretching (RMS) could decrease the muscle activity and improve their
contractile capacity chest wall mobility and optimize the pulmonary ventilation
however this effect remains unknown Objective To evaluate the effects of
adding the RMS associated with pulmonary rehabilitation in ventilatory
mechanics functional capacity and muscle activity in patients with COPD
Method Randomized and controlled trial enrolled 30 COPD patients who were
randomly allocated into treatment (TG n = 15) and control (CG n = 15) groups
All patients underwent 24 sessions of aerobic training twice a week In Addition
TG received RMS and CG received upper and lower limb stretching before
aerobic exercises Were evaluated functional capacity (6-minute walking
distance test 6MWDT) thoracoabdominal mechanics (optoelectronic
plethysmography OEP) and respiratory muscle activity (surface
electromyography EMG) during exercise The data represents the change (Δ) =
post- - pre-evaluation a t-test was used to compare the groups and the
xxii
significance level was set at 5 Results TG showed improvement in the
functional capacity (2514m +) with decrease of the dyspnea sensation after the
6MWDT (plt001) compared with CG Probably is related with increased of
chest wall volume (plt001) ventilatory capacity (plt001) volume and the
contribution of the abdominal compartment (plt001) We also observed in the
TG a reduction of respiratory muscle activity (plt001) and the ratio between
volume displaced (plt0006) Conclusion Our results suggest that the addition
of RMS to aerobic training increases the functional capacity with dyspnea
reduction improvement of efficacy of respiratory muscle contraction and
ventilatory capacity due to higher participation of the abdominal compartment in
patients with COPD
Descriptors COPD Respiratory Muscles Muscular Stretching Respiratory
Mechanics Plethysmography Dyspnea Electromyography
1 INTRODUCcedilAtildeO
2
11 Definiccedilatildeo e Incidecircncias
A doenccedila pulmonar obstrutiva crocircnica (DPOC) eacute definida como uma
patologia pulmonar previsiacutevel e trataacutevel caracterizada pela limitaccedilatildeo
persistente do fluxo aeacutereo aprisionamento aeacutereo e hiperinsuflaccedilatildeo com caraacuteter
de limitaccedilatildeo progressiva associados ao aumento da resposta inflamatoacuteria das
vias aeacutereas e dos pulmotildees decorrente da exposiccedilatildeo aos gases e partiacuteculas
nocivas (GOLD 2013) Os processos inflamatoacuterios causam alteraccedilotildees
brocircnquicas e destruiccedilatildeo do parecircnquima pulmonar que podem variar de
indiviacuteduo para indiviacuteduo resultando no decreacutescimo da elasticidade tecidual
pulmonar e diminuiccedilatildeo da capacidade ventilatoacuteria (Celli et al 2004 Laizo
2009)
A bronquite crocircnica e o enfisema pulmonar satildeo responsaacuteveis pela
denominaccedilatildeo da DPOC decorrente habitualmente do tabagismo embora
outras formas possam estar envolvidas em sua patogecircnese tal como a
deficiecircncia de micro1-antitripsina (Wood et al 2008) O enfisema pulmonar eacute
definido pelo aumento anormal e permanente dos espaccedilos aeacutereos distais do
bronquiacuteolo terminal acompanhado pela destruiccedilatildeo do parecircnquima pulmonar
Na ausecircncia de uma fibrose evidente o principal distuacuterbio funcional do enfisema
eacute a perda da retraccedilatildeo elaacutestica tecidual associada ao colabamento das vias
aeacutereas (Fabbri et al 2008) A bronquite crocircnica eacute definida clinicamente pela
presenccedila de tosse crocircnica com produccedilatildeo de secreccedilatildeo por vaacuterios dias da
semana por 3 meses em um ano por mais de 2 anos consecutivos Apresentam
3
edema e inflamaccedilatildeo da mucosa brocircnquica associada ao aumento do nuacutemero e
do tamanho das glacircndulas secretoras de muco e remodelaccedilatildeo estrutural
recorrente da parede dos brocircnquios (Figuero et al 2005) Evidenciam-se em
ambas a diminuiccedilatildeo da luz brocircnquica e limitaccedilatildeo da mobilidade da caixa
toraacutecica com diminuiccedilatildeo da capacidade respiratoacuteria caracterizando um
distuacuterbio ventilatoacuterio obstrutivo com aprisionamento aeacutereo geralmente grave e
irreversiacutevel (Colom et al 2006)
No Brasil a DPOC ocupa a 5ordf posiccedilatildeo entre as principais causas de
morte liacuteder em mortalidade entre as doenccedilas respiratoacuterias onde 290 mil
pacientes satildeo internados anualmente gerando um gasto importante ao sistema
de sauacutede do paiacutes Os dados de prevalecircncia obtidos ateacute o momento atraveacutes dos
questionaacuterios sintomatoloacutegicos permitiram estimar a DPOC em adultos maiores
de 40 anos em 12 dessa populaccedilatildeo ou seja 5500000 indiviacuteduos Tatildeo
importante quanto os gastos diretos satildeo os indiretos como os dias de trabalho
perdidos e aposentadoria precoce (II Consenso Brasileiro de DPOC 2004)
Associaccedilatildeo Latino-Americana de Toacuterax (ALAT) constituiacuteda pelo Brasil
Venezuela Meacutexico Uruguai e Chile desenvolveram um estudo chamado
PLATINO em 2006 com colaboraccedilatildeo da Burden of Obstructive Lung Disease
Se considerarmos os dados preliminares a prevalecircncia da DPOC varia de 6 a
158 da populaccedilatildeo brasileira com idade igual ou superior a 40 anos que
equivale a 2800000 a 6900000 indiviacuteduos dados estes que corroboram com
o Consenso Brasileiro de DPOC
4
O nuacutemero de oacutebitos tecircm aumentado nos uacuteltimos 20 anos em ambos os
sexos a taxa de mortalidade passou de 788 por 100000 habitantes na deacutecada
de 80 para 1904 por 100000 habitantes na deacutecada de 90 com um
crescimento de 230 (Laizo 2009) Segundo dados do DATASUS a DPOC
gerou no ano de 2010 no Sistema Nacional de Sauacutede Puacuteblica 141994
hospitalizaccedilotildees que levaram a 778428 dias de internaccedilatildeo O custo total dessas
internaccedilotildees foi de R$ 9243441551 e 7937 mortes diretamente relacionadas
com a DPOC Estima-se que ateacute 2025 75 das mortes prematuras
respiratoacuterias seratildeo provocadas pelo tabagismo (De Godoy et al 2007)
12 Fisiopatologia
A obstruccedilatildeo brocircnquica e a diminuiccedilatildeo do recolhimento elaacutestico
desencadeados pela doenccedila alteram a mecacircnica pulmonar que desloca o
ponto de igual pressatildeo das vias aeacutereas favorecendo o aprisionamento de ar
desencadeando a hiperinsuflaccedilatildeo e a diminuiccedilatildeo da capacidade respiratoacuteria
aos grandes esforccedilos subsequentemente ao repouso (Senol et al 2006
Fabbri et al 2008) A configuraccedilatildeo alterada da caixa toraacutecica deslocam os
muacutesculos respiratoacuterios (De Troyer 1997) inclusive o diafragma para uma
posiccedilatildeo de encurtamento e desvantagem mecacircnica prejudicando
gradativamente a mobilidade toracoabdominal levando ao aumento do trabalho
5
respiratoacuterio limitaccedilatildeo da ventilaccedilatildeo pulmonar e agravamento a sensaccedilatildeo de
dispneia (Yamaguti et al 2012 OacuteKroy et al 2000)
A limitaccedilatildeo do fluxo ventilatoacuterio faz com que a capacidade residual
funcional (CRF) se desloque em direccedilatildeo da capacidade pulmonar total (CPT)
A forccedila dos muacutesculos inspiratoacuterios eacute exigida para o aumento do volume mas a
contraccedilatildeo muscular eacute eficaz somente em esforccedilos leves e moderados A maior
demanda ventilatoacuteria obriga a CRF se deslocar ainda mais em direccedilatildeo agrave CPT e
a forccedila inspiratoacuteria natildeo tem capacidade de gerar o ganho volumeacutetrico
agravando a dispneia o que leva a interrupccedilatildeo do exerciacutecio (Calverley 2006)
A DPOC natildeo eacute somente uma doenccedila respiratoacuteria e sim sistecircmica a
hiperinsuflaccedilatildeo pulmonar afeta o sistema cardiovascular pois a alteraccedilatildeo da
pressatildeo intratoraacutecica reduz o enchimento cardiacuteaco e consequentemente o
deacutebito cardiacuteaco (Stark-leyva et al 2004) As disfunccedilotildees oacutesseas satildeo
decorrentes principalmente da inatividade fiacutesica do uso de corticoacuteesteroacuteides e
pela desnutriccedilatildeo (Ferguson et al 2009) assim como as neuropatias perifeacutericas
incluindo do nervo frecircnico ocasionando a depressatildeo da excitabilidade e da
conduccedilatildeo neural (Jann et al 1998) A hipoxemia possivelmente seja
responsaacutevel pelas alteraccedilotildees cognitivas que compromete a memoacuteria verbal e a
compreensatildeo (Dodd et al 2010) em contrapartida a depressatildeo e a ansiedade
satildeo associados principalmente agrave sensaccedilatildeo de desconforto respiratoacuterio e agrave
limitaccedilatildeo da atividade de vida diaacuteria (Wagena 2005) O refluxo gastroesofaacutegico
eacute outra alteraccedilatildeo que provavelmente seja decorrente da diminuiccedilatildeo da
capacidade contraacutetil muscular diafragmaacutetica pois com a sua horizontalizaccedilatildeo
6
perde-se a eficiecircncia contraacutetil e reduz da pressatildeo do esfiacutencter gastroesofaacutegico
(Hurst et al 2008 Boutou et al 2011) Dentre as alteraccedilotildees sistecircmicas da
DPOC o sistema muacutesculo-esqueleacutetico eacute um dos mais afetados e estaacute
relacionado com o agravamento da patologia e ao aumento do iacutendice de
mortalidade devido ao descondicionamento fiacutesico (Dourado et al 2006
Swallow et al 2007 Dodd et al 2012)
13 Sistema muacutesculo-esqueleacutetico
O sistema muacutesculo-esqueleacutetico eacute afetado pela inflamaccedilatildeo crocircnica
sistecircmica da DPOC processo que induz a liberaccedilatildeo de mediadores quiacutemicos
inflamatoacuterios acelerando a degradaccedilatildeo proteica e aumentando o estresse
oxidativo muscular (Andreassen e Vestbo 2003 Macintyre 2006) O transporte
de oxigecircnio para o citoplasma celular dos muacutesculos fica comprometido esse
oxigecircnio fica inutilizado por natildeo conseguir chegar de forma eficiente nas
mitococircndrias (Shrikrishna 2009 Barreiro 2013) As alteraccedilotildees metaboacutelicas
enzimaacuteticas e hormonais anaboacutelicas quando associadas agrave diminuiccedilatildeo dos
capilares sanguiacuteneos provocam a reduccedilatildeo das fibras musculares do tipo I e II
(Ries et al 2007 Strasser et al 2013) Devido a estes fatores todos os
muacutesculos inclusive os respiratoacuterios trabalham de forma anaeroacutebica ao miacutenimo
esforccedilo acumulando lactato ocasionando a fadiga precoce ao exerciacutecio e ao
descondicionamento sistecircmico (Wagena 2005 Hostettler et al 2011)
7
14 Diagnoacutestico e Sintomas
Para o diagnoacutestico eacute utilizado principalmente a espirometria por que a
obtenccedilatildeo da curva expiratoacuteria volume-tempo eacute obrigatoacuteria na suspeita cliacutenica
de DPOC devendo ser realizada antes e apoacutes administraccedilatildeo de
broncodilatador na fase estaacutevel da doenccedila A espirometria permite a avaliaccedilatildeo
de uma multiplicidade de paracircmetros poreacutem os mais importantes do ponto de
vista de aplicaccedilatildeo cliacutenica satildeo a CVF (capacidade vital forccedilada) o VEF1 (volume
expiratoacuterio forccedilado no primeiro segundo) e a relaccedilatildeo sua relaccedilatildeo (VEF1CVF)
A existecircncia da limitaccedilatildeo do fluxo aeacutereo eacute definida pela presenccedila da relaccedilatildeo
VEF1CVF abaixo de 070 poacutes-broncodilatador e pelos dados de VEF1 ge 80
do predito (leve) ge 50 e lt 80 do predito (moderado) e ge 30 e lt 50 do
predito (grave) (GOLD 2013)
A DPOC apresenta tambeacutem o aumento do volume residual (VR) da
capacidade pulmonar total (CPT) e da capacidade residual funcional (CRF)
(Camargo et al 2008) Deve-se solicitar o exame radioloacutegico de forma rotineira
nas posiccedilotildees poacutestero-anterior e perfil mas dificilmente seraacute utilizado para o
diagnoacutestico da doenccedila e sim para descartar outras patologias como a
neoplasias bolhas e para acompanhar o prognoacutestico da doenccedila (II Consenso
Brasileiro sobre Doenccedila Pulmonar Obstrutiva Crocircnica 2004)
A presenccedila de sintomas respiratoacuterios crocircnicos no paciente com haacutebito
tabaacutegico (cigarro cigarrilha cachimbo charuto) deve levar a suspeita cliacutenica da
8
DPOC O tabagismo eacute considerado um problema de sauacutede puacuteblica e satildeo
atribuiacutedos a esse viacutecio 90 dos casos de cancro no pulmatildeo 86 de bronquite
e enfisema 25 dos processos isquecircmicos do coraccedilatildeo e 30 dos cancros
extrapulmonares (Laizo 2009) A tosse o chiado e a dispneia estatildeo
frequentemente presentes tendo sido relatado em 83 dos casos (Nishimura
et al 2002 Laveneziana et al 2011)
A dispneia eacute o sintoma mais importante dos pacientes com DPOC
Montaldo et al (2000) acreditam que os estiacutemulos aferentes provenientes das
tensotildees do sistema muacutesculo-esqueleacutetico da regiatildeo toracoabdominal apoacutes
serem processados nos centros respiratoacuterios aumentam a percepccedilatildeo da
dispneia (Breslin et al 1998) Outro fator satildeo os estiacutemulos dos quimioceptores
sensiacuteveis agraves variaccedilotildees de PaCO2 e agraves alteraccedilotildees dos mecanoceptores
articulares e musculares da caixa toraacutecica (Burki e Lee 2010) Classicamente
o instrumento mais utilizado para avaliaccedilatildeo da dispneia eacute a escala modificada
de Borg (1982) a sensaccedilatildeo de falta de ar estaacute associada com a incapacidade
fiacutesica piora da qualidade de vida e do prognoacutestico cliacutenico Os pacientes
normalmente referem os sintomas em uma fase mais avanccedilada da doenccedila e
frequentemente relaciona a limitaccedilatildeo das atividades ao descondicionamento
muscular perifeacuterico (Castro et al 2012)
Szczegielniak et al (2011) demonstraram que os exerciacutecios aeroacutebicos
reduzem os niacuteveis inflamatoacuterios caracteriacutesticos da DPOC e melhora o
condicionamento fiacutesico permitindo a melhora das atividades diaacuterias Por esta
9
razatildeo cada vez mais a reabilitaccedilatildeo pulmonar vem adquirindo mais importacircncia
no acircmbito cientiacutefico
15 Reabilitaccedilatildeo pulmonar
A reabilitaccedilatildeo pulmonar (RP) eacute um programa baseado em evidecircncias
constituiacutedo pelo treinamento aeroacutebico e resistido associado aos programas
educacionais intervenccedilotildees nutricionais e suporte psicoloacutegico para os pacientes
com DPOC O objetivo eacute otimizar a performance fiacutesica funcional social
psicoloacutegica e autonocircmica dos pacientes Eacute realizada por uma equipe
multidisciplinar composta por meacutedicos fisioterapeutas enfermeiros
nutricionistas psicoacutelogos terapeutas ocupacionais e assistentes sociais (ATS
2013) Eacute capaz de auxiliar na atenuaccedilatildeo das limitaccedilotildees do sistema
musculoesqueleacutetico por isso melhora a qualidade de vida e garante o maacuteximo
da sua independecircncia e funcionalidade em seu meio (Carrieri-Kohlman et al
2005 Garcia-Aymerich et al 2006 Ries et al 2007)
O treinamento aeroacutebico realizado em bicicleta ou esteira ergomeacutetrica eacute o
principal componente da RP conforme observados em alguns estudos ele
promove o aumento do tamanho das fibras do tipo I e na quantidade de
capilares musculares em DPOC (Montes de Oca et al 2005) A intensidade
pode ser ajustada pela frequecircncia cardiacuteaca ou pelo teste de caminhada
(Figueiredo e Guimaratildees 2009) sendo necessaacuterio no miacutenimo 10 semanas de
10
intervenccedilatildeo com 2 sessotildees semanais (Rossi et al 2005) Mas os indiviacuteduos
apresentam respostas diferentes quando submetidos agrave RP sobretudo nos
fatores que limitam o exerciacutecio fiacutesico Plankell et al (2005) realizaram um
estudo e constataram que pacientes soacute apresentam um bom condicionamento
cardiorrespiratoacuterio quando realizava exerciacutecios aeroacutebicos de alta intensidade
A RP tem sido reconhecida nos uacuteltimos anos como parte fundamental do
tratamento da DPOC pois oferece inuacutemeros estudos com resultados positivos
para os pacientes Dentre eles a melhora da toleracircncia ao exerciacutecio (Yoshimi
et al 2012) reduccedilatildeo da demanda ventilatoacuteria em esforccedilo submaacuteximo melhora
da eficiecircncia do trabalho diminuiccedilatildeo da dispneia e melhora da atividade de
vida diaacuteria (Godoy et al 2009) Apesar dos benefiacutecios nos pacientes com
DPOC ateacute o presente momento nenhum exerciacutecio conseguiu atuar
eficientemente na mecacircnica ventilatoacuteria (Georgiadou et al 2007) Por esta
razatildeo alguns estudos buscaram outras alternativas para interferir diretamente
nos muacutesculos respiratoacuterios com o objetivo de potencializar os efeitos positivos
jaacute demonstrados pela RP
16 Muacutesculos respiratoacuterios
O diafragma eacute o principal muacutesculo respiratoacuterio durante a inspiraccedilatildeo
realiza a contraccedilatildeo das cuacutepulas diafragmaacuteticas que descendem e gera um
aumento da pressatildeo intra-abdominal que serve de sustentaccedilatildeo para a
11
expansatildeo da caixa toraacutecica potencializada pela associaccedilatildeo da contraccedilatildeo dos
muacutesculos respiratoacuterios (Man et al 2012) Tem sido demonstrado na literatura
encurtamento em torno de 28 a 40 do diafragma na DPOC fato este que
compromete a mobilidade e funcionalidade toracoabdominal com repercussatildeo
na capacidade ventilatoacuteria e na tensatildeo dos muacutesculos da caixa toraacutecica de
forma de compensatoacuteria a diminuiccedilatildeo da contraccedilatildeo diafragmaacutetica (Iwasawa et
al 2002 Vilaroacute et al 2010)
Os principais muacutesculos acessoacuterios respiratoacuterios satildeo o peitoral menor
escalenos esternocleidomastoacuteideo intercostais e abdominais avaliados pela
eletromiografia (Gandevia et al 2006 Duiverman et al 2004) eles participam
na fase inspiratoacuteria favorecendo a expansatildeo da caixa toraacutecica pela traccedilatildeo
costal (De Troyer et al 1994 Taylor et al 1990) Durante a inspiraccedilatildeo forccedilada
outros muacutesculos satildeo solicitados como o peitoral maior e o trapeacutezio (Putt et al
2008) Estudos mais recentes tecircm demonstrado que a atividade muscular do
esternocleidomastoacuterideo intercostais peitoral menor latiacutessimo do dorso e dos
escalenos tanto em condiccedilotildees de repouso quanto no exerciacutecio satildeo maiores em
pacientes com DPOC quando comparada aos indiviacuteduos sadios (Donaldson et
al 2012) Os muacutesculos abdominais desempenham um papel importante no
mecanismo expiratoacuterio e a sua contraccedilatildeo estaacute associada a outras musculaturas
expiratoacuterias que potencializam no mecanismo de depressatildeo costal para a saiacuteda
de ar (Georgiadou et al 2007)
Na DPOC os muacutesculos respiratoacuterios sustentam a contraccedilatildeo para
aumentar expansatildeo da caixa toraacutecica com o objetivo de incrementar o fluxo
12
ventilatoacuterio Essa diminuiccedilatildeo do comprimento das fibras musculares prejudica a
eficiecircncia da forccedila contraacutetil maacutexima pois perde a sobreposiccedilatildeo fisioloacutegica ideal
entre os filamentos de actina e miosina (Izumizaki et al 2008 Ito 1999)
aumentando o gasto energeacutetico e a fadiga durante os exerciacutecios fiacutesicos
(Kokkonen et al 2007 Gea et al 2013) Essas alteraccedilotildees de comprimento e
tensatildeo do sistema musculo-esqueleacutetico da regiatildeo toracoabdominal geram a
estimulaccedilatildeo mecanoceptoras locais (fusos musculares e os receptores
articulares) que alteram os estiacutemulos neuroloacutegicos aos centros motores e
respiratoacuterios (Montaldo et al 2000) Estes centros por sua vez desencadeiam
a mudanccedila da taxa de disparo do nervo frecircnico que controla a cadecircncia e a
frequecircncia da contraccedilatildeo diafragmaacutetica (Burki e Lee 2010)
A partir destes conceitos preacutevios da relaccedilatildeo entre a mobilidade e as
alteraccedilotildees sintomatoloacutegicas da patologia pulmonar estudos de intervenccedilatildeo nos
muacutesculos respiratoacuterios ganharam importacircncia cientiacutefica (ATS 2013) A teacutecnica
de alongamento muscular foi escolhida pela maioria pois veio de encontro aos
conceitos do aumento da mobilidade tecidual perdida na DPOC A maioria dos
trabalhos tiveram como objetivo principal aumentar a viscoelasticidade
muscular para gerar acomodaccedilatildeo dos mecanoceptores da caixa toraacutecica
sendo assim regularia os centros respiratoacuterios e consequentemente
melhoraria o trabalho respiratoacuterio com reduccedilatildeo dos sintomas (Manning e
Schwartzstein 1995 Montaldo et al 2000)
13
17 Alongamento Muscular
Bonnar et al (2004) consideram que o alongamento busca aumentar o
espaccedilo entre os filamentos de actina e miosina com o objetivo de devolver a
sobreposiccedilatildeo fisioloacutegica ideal da actina e miosina para potencializar a
capacidade contraacutetil muscular (Shrier 2004 Izumizaki et al 2008) O
alongamento pode regular o mecanismo contraacutetil a partir do equiliacutebrio do caacutelcio
citoplasmaacutetico pela ativaccedilatildeo do retiacuteculo sarcoplasmaacutetico (Nakamura et al
2012) aleacutem de promover a diminuiccedilatildeo da tensatildeo tecidual pela remodelaccedilatildeo
dos fibroblastos (Riley e Van Dyke 2012) Kokonnen (2007) constataram que o
tambeacutem diminui o torque muscular sem alteraccedilatildeo significante da amplitude
articular de forma aguda mas quando realizado de forma regular os muacutesculos
apresentaram uma melhora na velocidade de contraccedilatildeo forccedila e endurance
muscular aleacutem de melhorar a amplitude de movimento
No iniacutecio do seacuteculo 20 Sherrington definiu os primeiros conceitos da
facilitaccedilatildeo e inibiccedilatildeo autogecircnica a partir destes fundamentos foram
desenvolvidas diversas teacutecnicas de alongamento muscular A inibiccedilatildeo
autogecircnica eacute um dos principais mecanismos neurofisioloacutegicos do alongamento
que consiste na reduccedilatildeo da excitabilidade motora a partir de uma contraccedilatildeo ou
alongamento muscular (Bonnar et al 2004) Esse efeito eacute atribuiacutedo
primeiramente pelos fusos neuromusculares que desencadeiam respostas
musculares particulares para cada tipo de estiacutemulo Isto eacute agudamente o
alongamento causa a estimulaccedilatildeo intensa e abrupta dos nervos sensitivos que
14
desencadeia uma resposta medular eferente motora das fibras extra-fusais
gerando a aumento da atividade muscular e contraccedilatildeo intensa com restriccedilatildeo
da mobilidade tecidual (Morse et al 2008 Mukherjee et al 2010 McHugh et
al 2010) Para a intervenccedilatildeo crocircnica onde satildeo realizadas diversas sessotildees
de alongamentos existe uma remodelaccedilatildeo maior das propriedades
viscoelaacutesticas (tixotroacutepicas) do tecido conjuntivo que envolve as fibras
musculares com isso a limiar excitatoacuterio do fuso neuromuscular diminui e o
estiacutemulo contraacutetil tensional eferente tambeacutem (Taylor et al 1990 Izumizaki et
al 2006)
O mecanismo contraacuterio ao fuso neuromuscular satildeo as estimulaccedilotildees dos
receptores musculotendineos chamados de oacutergatildeos tendinosos de Golgi (OTG)
A partir da tensatildeo em estiramento do alongamento na regiatildeo miotendiacutenea
desencadeia um potencial de accedilatildeo sensitivo do OTG que inibe a atividade
muscular via nervos eferentes motores A intensidade desse mecanismo
inibitoacuterio estaacute relacionado com o tamanho da superfiacutecie tendiacutenea e com a
quantidade de tensatildeo exercida sobre ela Acreditava-se que somente em
tensatildeo abruptas ou grande intensidade estimularia o OTG ou seja que
atuaria somente em situaccedilotildees de grande estresse tecidual Mas os uacuteltimos
estudos apontam que o OTG aleacutem de atuar em situaccedilotildees de sobrecarga a sua
accedilatildeo eacute constante com o objetivo de inibir o mecanismo contraacutetil voluntaacuterio e
protetor do fuso neuromuscular (Mukherjee e Chakravarty 2012) Com o ganho
da viscoelasticidade do tecido conjuntivo ele tambeacutem causa acomodaccedilatildeo do
OTG assim como nos fusos e isso pode acarretar na alteraccedilatildeo da accedilatildeo
inibitoacuteria pois o limiar de disparo pela tensatildeo pode diminuir ou aumentar
15
dependendo da anatomia musculotendiacutenea do muacutesculo tratado (Hindle et al
2012)
Para obter uma resposta positiva do alongamento eacute recomendado
realizaacute-lo sustentando por no miacutenimo 30 segundos duas vezes por semana por
6 semanas (Reid e Mcnair 2004 Decicco e Fisher 2005 Magnusson et al
1996) Dentre as diversas teacutecnicas a contraccedilatildeo-relaxamento apresenta a maior
eficaacutecia no ganho da excursatildeo muscular a teacutecnica se baseia na associaccedilatildeo do
alongamento passivo intercaladas com contraccedilatildeo isomeacutetricas (Holcomb 2000)
Alguns estudos tecircm verificado os efeitos do alongamento dos muacutesculos
respiratoacuterios em pacientes com DPOC O primeiro trabalho de maior relevacircncia
foi de Ito et al (1999) eles observaram a melhora da funccedilatildeo pulmonar e da
dispneia em 16 sujeitos com DPOC que receberam o alongamento quando
comparados ao grupo que realizaram exerciacutecios diafragmaacuteticos assim como
Minoguchi et al (2002) com o diferencial que eles realizaram a intervenccedilatildeo
crocircnica (1 mecircs) em 12 pacientes Contrariando estes resultados Izumizaki et al
(2006 e 2008) realizaram o protocolo de intervenccedilatildeo aguda de alongamento
muscular da caixa toraacutecica com 10 e 14 pacientes respectivamente e
constataram uma diminuiccedilatildeo da funccedilatildeo pulmonar e sem alteraccedilatildeo da dispneia
Outros trabalhos com o mesmo conceito de intervenccedilatildeo constataram o
aumento da mobilidade toracoabdominal avaliados pela cirtometria associados
agrave melhora da capacidade funcional (Paulin et al 2005 Luularungrayub et al
2009) Mas os trabalhos de Noll et al (2008 e 2009) de intervenccedilatildeo crocircnica e
aguda respectivamente apoacutes o mesmo protocolo de tratamento muscular
16
demonstraram piora da mobilidade e da capacidade funcional Atualmente soacute
existe um estudo na literatura de Cunha et al (2005) que avaliaram a
atividade muscular respiratoacuteria com eletromiografia de superfiacutecie apoacutes a
intervenccedilatildeo nos pacientes com DPOC e apresentou melhoras nos paracircmetros
avaliados
Devido aos dados contraditoacuterios dos efeitos do alongamento dos
muacutesculos da caixa toraacutecica presente na literatura Heneghan et al (2012)
concluiacuteram em sua revisatildeo sistemaacutetica que atualmente natildeo existem evidecircncias
que suportem os benefiacutecios deste tipo de intervenccedilatildeo em pacientes com DPOC
Apesar da importacircncia que os estudos preacutevios representaram para a
comunidade cientiacutefica eles apresentaram limitaccedilotildees metodoloacutegicas
importantes pois poucos satildeo os estudos controlados e aleatorizados e tambeacutem
a aleatorizaccedilatildeo dos pacientes raramente satildeo descritas Outro ponto importante
a ser destacado eacute o fato de realizarem a intervenccedilatildeo com avaliaccedilatildeo aguda
estudos recentes demonstraram que muacutesculo se comporta diferente quando
comparado com a intervenccedilatildeo crocircnica Aleacutem disso os trabalhos utilizaram
ferramentas de avaliaccedilatildeo da mobilidade toracoabdominal de pouca acuraacutecia
como a cirtometria e atualmente com os avanccedilos tecnoloacutegicos existem
sistemas mais avanccedilados como o pletismoacutegrafo optoeletocircnico (POE) para a
avaliaccedilatildeo da mecacircnica ventilatoacuteria (Aliverti et al 2000)
17
18 Meacutetodos para a anaacutelise da mecacircnica ventilatoacuteria
A avaliaccedilatildeo dos padrotildees respiratoacuterios eacute importante para a melhor
compreensatildeo da mecacircnica respiratoacuteria visando o desenvolvimento e a melhor
compreensatildeo dos tratamentos fisioterapecircuticos aleacutem de contribuir para as
pesquisas cientiacuteficas (Parreira et al 2012) Existem alguns meacutetodos validados
que quantifica a mobilidade toracoabdominal como a pletismografia por
indutacircncia (Respitrace) eacute um aparelho composto por faixas elaacutesticas sensiacuteveis
agrave tensatildeo e compressatildeo posicionadas ao redor da caixa toraacutecia e abdominal
Elas satildeo conectadas a um moacutedulo oscilador e uma unidade de calibraccedilatildeo os
dados do movimento das faixas satildeo coletados e atraveacutes de um software
analisados em tempo real as variaacuteveis da mecacircnica ventilatoacuteria (Gosselink et
al 1995 Costa et al 2011 Fernandes et al 2011)
Para a avaliaccedilatildeo da expansibilidade os estudos ainda utilizam a
cirtometria que atraveacutes de uma fita meacutetrica mensura-se o diacircmetro da regiatildeo
axilar xifoide e abdominal durante a inspiraccedilatildeo e expiraccedilatildeo maacutexima Satildeo
quantificados a excursatildeo em centiacutemetros atualmente natildeo eacute considerado um
exame fidedigno devido agrave analise subjetiva dos paracircmetros avaliados (Rondelli
et al 2009)
Com o avanccedilo tecnoloacutegico foi desenvolvido o Pletismoacutegrafo
Optoeletrocircnico (POE) Seu funcionamento baseia-se na anaacutelise do movimento
detectado a partir de marcadores compostos por esferas reflexivas de 6 a 10
miliacutemetros (Dellacagraversquo et al 2010) posicionados na regiatildeo anterior e posterior da
superfiacutecie toracoabdominal (Romagnoli et al 2008 Bianchi et al 2007) O
18
deslocamento das esferas satildeo captadas atraveacutes de cacircmeras especiais que
possuem diodos axiais que emitem feixes luzes infravermelho que eacute refletido
por cada marcador Apoacutes o sinal ser processado satildeo identificados o
posicionamento das esferas na superfiacutecie a partir do cruzamento das
informaccedilotildees de cada cacircmera bidimensional os dados satildeo transformados em
coordenadas tridimensionais (Boudarham et al 2013)
O POE possui algumas vantagens dentre elas eacute um meacutetodo natildeo
invasivo natildeo necessita de clipe nasal maacutescaras ou qualquer similar de
calibraccedilatildeo simples e as avaliaccedilotildees podem ser realizadas em vaacuterias posturas
(Alliverti et al 2000) diferentes condiccedilotildees e em diversas disfunccedilotildees e
patologias (Vogiatzis et al 2005 Bianchi et al 2004) Este meacutetodo natildeo possui
diferenccedilas significativas nos dados quando comparados com outros meacutetodos
de diagnoacutestico da mecacircnica toracoabdominal (Aliverti 2008 Layton et al
2013) Eacute possiacutevel mensurar a cada ciclo respiratoacuterio variaacuteveis de volume e de
tempo dos trecircs compartimentos da parede toraacutecica e dos dois hemitoacuterax aleacutem
das variaacuteveis de assincronia toracoabdominal (Romagnoli et al 2008 Aliverti
et al 2010 Boudarham et al 2013) Por todas essas razotildees o POE tem
ganhado grande destaque nos uacuteltimos anos nas pesquisas sobre a mecacircnica
toracoabdominal mas por ser uma tecnologia recente ainda carece de mais
estudos
Os trabalhos que relacionaram os efeitos do alongamento dos muacutesculos
respiratoacuterios na DPOC ainda satildeo escassos de baixo rigor metodoloacutegico e ateacute
entatildeo nenhum existe nenhum trabalho foi avaliado pelo POE Os efeitos
19
destas teacutecnicas associadas ao exerciacutecio aeroacutebico e o seu impacto na mecacircnica
ventilatoacuteria permanecem desconhecidos Sendo assim parece relevante
verificar a influecircncia dos alongamentos associados ao exerciacutecio aeroacutebico na
mecacircnica ventilatoacuteria e na capacidade funcional dos pacientes com DPOC
19 Hipoacutetese
O alongamento dos muacutesculos respiratoacuterios potencializaria a capacidade
contraacutetil e a excursatildeo dos muacutesculos respiratoacuterios que resultaria na melhora da
mobilidade toracoabdominal e possivelmente no aumento da capacidade
ventilatoacuteria Com isso os pacientes com DPOC conseguiriam realizar a
atividade fiacutesica desencadeando menos dispneia
2 OBJETIVOS
21
21 Primaacuterio
Avaliar os efeitos do alongamento dos muacutesculos respiratoacuterios
associados ao treinamento aeroacutebico na mecacircnica ventilatoacuteria e na capacidade
funcional em indiviacuteduos portadores de DPOC com graus moderado e grave
durante o exerciacutecio comparado ao grupo controle (sham)
22 Secundaacuterio
Avaliar a atividade muscular eficiecircncia muscular e mobilidade abdominal
e observar se os dados obtidos possuem alguma relaccedilatildeo com as variaacuteveis
principais
3 CASUIacuteSTICA E METODOS
23
31 Aspectos eacuteticos
A pesquisa foi aprovada pelo Comitecirc de Eacutetica (Cappesq) do Hospital das
Cliacutenicas da Faculdade de Medicina da Universidade de Satildeo Paulo (HCFMUSP)
sob o no 129509 e todos os pacientes assinaram o Termo de Consentimento
Livre e Esclarecido concordando em participar da pesquisa O estudo foi
registrado no Clinical Trials (NCT02036762)
32 Casuiacutestica
Foram analisados 28 pacientes portadores de DPOC com grau de
obstruccedilatildeo moderada a grave em seguimento cliacutenico no ambulatoacuterio de
pneumologia do HCFMUSP O diagnoacutestico de DPOC foi estabelecido de
acordo com os criteacuterios recomendados pela American Toracic Society (ATS
2013)
321 Criteacuterios de inclusatildeo
Foram estudados pacientes portadores de DPOC que aceitaram
participar do estudo com autorizaccedilatildeo por escrito com grau de obstruccedilatildeo de
moderado (VEF1 ge 50 e lt 80 previsto) a grave (VEF1 ge 30 e lt 50
24
previsto) e VEF1CVF lt 070 diagnoacutesticado haacute no miacutenimo 6 meses com
estabilidade cliacutenica por pelo menos 1 mecircs em condiccedilatildeo cliacutenico medicamentosa
otimizada de acordo com os criteacuterios do GOLD (GOLD 2013) Os criteacuterios de
inclusatildeo foram (1) idade gt40 anos (2) clinicamente estaacuteveis (sem alteraccedilotildees
medicamentosas ou agravamento dos sintomas haacute pelo menos 4 semanas
antes do iniacutecio do estudo) (3) natildeo O2 dependente (4) ausecircncia de outras
pneumopatias e doenccedilas cardiovasculares associadas (5) ausecircncia de
cirurgias toraacutecicas (6) ausecircncia de deficiecircncias cognitivas fiacutesicas ou
comprometimento funcional que impossibilitasse a participaccedilatildeo no estudo (7)
IMC gt18 e lt30 Kgm2 (8) natildeo ter sido submetido a qualquer tipo de programa
de reabilitaccedilatildeo pulmonar nos uacuteltimos 6 meses
322 Criteacuterios de exclusatildeo
Os criteacuterios de exclusatildeo foram (1) descompensaccedilatildeo do quadro cliacutenico
(internaccedilatildeo com agravamentos dos sintomas e alteraccedilatildeo medicamentosa) e (2)
natildeo assiduidade ao tratamento (faltas superiores a 3 sessotildees) Durante todo o
estudo natildeo houve alteraccedilatildeo do tratamento medicamentoso do paciente
25
Figura 1 Desenho experimental
33 Delineamento experimental
Ensaio cliacutenico prospectivo aleatorizado controlado e de avaliador ldquocegordquo
Os pacientes participantes foram alocados em uma proporccedilatildeo de 11 nos
grupos tratamento (GT) ou controle (GC) (n=15 cada) A aleatorizaccedilatildeo foi feita
por sorteio dos pacientes em envelopes pardos e opacos
Todos os pacientes foram avaliados em 2 momentos distintos preacute (1ordf
avaliaccedilatildeo) e poacutes (2ordf avaliaccedilatildeo) programa de exerciacutecios aeroacutebicos associado ao
26
alongamento muscular A 1ordf avaliaccedilatildeo foi realizada em apenas um dia e foi
anterior agrave aleatorizaccedilatildeo A avaliccedilatildeo incluiu anaacutelise da mecacircnica ventilatoacuteria e
atividade muscular respiratoacuteria (pletismografia optoeletrocircnica e eletromiografia
de superfiacutecie) durante o exerciacutecio com carga capacidade funcional (teste da
caminhada de seis minutos) e da prova de funccedilatildeo pulmonar (espirometria) para
a caracterizaccedilatildeo amostral A 2ordf avaliaccedilatildeo foi realizada pelo avaliador ldquocegordquo em
ateacute 7 dias apoacutes o teacutermino do programa de tratamento e constou das mesmas
avaliaccedilotildees descritas anteriormente
Apoacutes a 1ordf avaliaccedilatildeo os pacientes foram divididos aleatoriamente em 2
grupos O grupo controle (GC) realizou o alongamento ativo da musculatura
perifeacuterica (sham) associado ao programa de treinamento aeroacutebico em esteira
ergomeacutetrica e o grupo tratado (GT) realizou o alongamento da musculatura
acessoacuteria respiratoacuteria associado ao programa de treinamento aeroacutebico em
esteira ergomeacutetrica Os protocolos de intervenccedilatildeo tiveram a duraccedilatildeo de 24
sessotildees (60 minsessatildeo 2x semana por 3 meses) O treinamento aeroacutebico foi
realizado apoacutes os 30 minutos de alongamento da musculatura perifeacuterica (sham)
ou respiratoacuteria (tratamento) e teve a duraccedilatildeo de 30 minutos em cada sessatildeo
34 Intervenccedilatildeo
341 Protocolo de alongamento do grupo tratado (GT)
O protocolo de tratamento foi composto por uma seacuterie de alongamentos
para cada musculatura respiratoacuteria escolhida Foram realizadas 24 sessotildees (2
27
sessotildees semanais num periacuteodo de 3 meses) Cada sessatildeo teve duraccedilatildeo de
aproximadamente 30 minutos
Os alongamentos foram realizados em diferentes decuacutebitos de acordo
com a musculatura alongada Foram selecionadas duas teacutecnicas de
alongamento a contraccedilatildeo-relaxamento para a maioria dos muacutesculos
selecionados e nas musculaturas que apresentavam limitaccedilotildees biomecacircnicas
para a realizaccedilatildeo da teacutecnica de contraccedilatildeo-relaxamento foi substituiacutedo pelo
alongamento passivo
Cada seacuterie da teacutecnica de contraccedilatildeo-relaxamento consistiu
primeiramente na realizaccedilatildeo da amplitude maacutexima articular sustentado por 10
segundos seguida de uma contraccedilatildeo isomeacutetrica maacutexima por 3 segundos com
retomada ao alongamento passivo por mais 3 segundos este processo foi
repetido por 9 seacuteries para cada muacutesculo e a cada 3 seacuteries foi intercalado com
1 minuto de descanso (Bonnar et al 2004) O alongamento passivo foi
sustentado por 60 segundos em cada muacutesculo por trecircs vezes com intervalo
miacutenimo de um minuto (Siatras et al 2008) O posicionamento adequado e a
teacutecnica de alongamento seraacute detalhado a seguir
Peitoral maior Paciente em decuacutebito dorsal o terapeuta posicionou-se
do lado homolateral do muacutesculo alongado primeiramente foi realizado a
abduccedilatildeo de 90o do ombro associado agrave extensatildeo horizontal e rotaccedilatildeo externa
maacutexima do ombro com flexatildeo de 90o do cotovelo O terapeuta apoiou uma matildeo
no cotovelo e a outra no esterno para a estabilizaccedilatildeo com a matildeo distal foi
realizado o alongamento maacuteximo em extensatildeo horizontal que iniciou a teacutecnica
28
de contraccedilatildeo-relaxamento com contraccedilatildeo no sentido da flexatildeo horizontal (Putt
et al 2008) (Figura 2)
Figura 2 Anatomia e teacutecnica de alongamento do peitoral maior
Escaleno Paciente em decuacutebito dorsal terapeuta posicionou-se acima
da cabeccedila do paciente e realizou a lateroflexatildeo cervical contralateral ao
muacutesculo alongado O terapeuta posicionou uma matildeo na regiatildeo occipital outra
estabilizou o ombro homolateral a lateroflexatildeo contralateral foi realizada ateacute
amplitude articular maacutexima do paciente que iniciou o alongamento de
contraccedilatildeo-relaxamento com contraccedilatildeo isomeacutetrica no sentido da lateroflexatildeo
homolateral (Cunha et al 2005) (Figura 3)
Figura 3 Anatomia e teacutecnica de alongamento do escaleno
29
Esternocleidomastoacuteideo Paciente em decuacutebito dorsal terapeuta se
posicionou acima da cabeccedila do paciente iniciou-se com a rotaccedilatildeo homolateral
ao muacutesculo alongado associado a uma extensatildeo da mesma O terapeuta
apoiou uma matildeo na regiatildeo temporal e a outra na regiatildeo esternal onde foi
realizado a depressatildeo e a estabilizaccedilatildeo distal muscular Apoacutes a amplitude
maacutexima articular do paciente que iniciou o alongamento de contraccedilatildeo-
relaxamento a contraccedilatildeo isomeacutetrica foi realizada no sentido da rotaccedilatildeo
contralateral e flexatildeo cervical durante a teacutecnica (Cunha et al 2005) (Figura 4)
Figura 4 Anatomia e a teacutecnica de alongamento do Esternocleidomastoideo
Trapeacutezio superior Paciente em decuacutebito dorsal terapeuta posicionou-se
acima da cabeccedila do paciente para realizar a rotaccedilatildeo e lateroflexatildeo contralateral
da cabeccedila associada a uma flexatildeo da mesma em conjunto com a depressatildeo do
ombro homolateral agrave musculatura alongada Apoacutes a amplitude articular maacutexima
iniciou-se o alongamento de contraccedilatildeo-relaxamento com contraccedilatildeo isomeacutetrica
em extensatildeo da cabeccedila (Heneghan et al 2012) (Figura 5)
30
Figura 5 Anatomia e a teacutecnica de alongamento do Trapeacutezio Superior
Peitoral menor Paciente em decuacutebito dorsal o terapeuta se posicionou
homolateralmente ao muacutesculo tratado uma matildeo no cotovelo onde foi realizada
a elevaccedilatildeo do ombro e outra na regiatildeo o gradil costal anterossuperior Elevou-
se o cotovelo ateacute o limite articular associada agrave depressatildeo das primeiras
costelas (3a 4a e 5a) a manobra foi mantida por 60 segundos e repetida trecircs
vezes intercaladas com um minuto de descanso (Putt et al 2008) (Figura 6)
Figura 6 Anatomia e a teacutecnica de alongamento do peitoral menor
31
Intercostais e serraacutetil anterior Paciente em decuacutebito lateral terapeuta
posicionou-se atraacutes do paciente uma matildeo no cotovelo e a outra no gradil
costal homolateral inferior O alongamento consistiu em realizar a depressatildeo
das costelas associada agrave abduccedilatildeo maacutexima do ombro foi mantido por 60
segundos e repetida trecircs vezes intercaladas com minuto de repouso (Izumizaki
et al 2008) (Figura 7)
Figura 7 Anatomia e a teacutecnica de alongamento do Serraacutetil Anterior e Intercostais
Abdominais Foi a uacutenica musculatura do grupo tratado que o paciente
realizou o alongamento ativo ele se posicionou em decuacutebito ventral o apoio foi
feito com as matildeos na maca extensatildeo bilateral dos cotovelos forccedilando a
extensatildeo do tronco associado agrave extensatildeo da cabeccedila ateacute a maacutexima amplitude
por 60 segundos foi repetida 3 vezes intercaladas com um minuto de descanso
(Rassier 2007) (Figura 8)
32
Figura 8 Anatomia e a teacutecnica de alongamento dos muacutesculos abdominais
342 Protocolo de exerciacutecios do grupo controle (GC)
O grupo controle (GC) realizou o alongamento ativo das musculaturas
das extremidades dos membros superiores e inferiores foram 2 exerciacutecios para
flexores e extensores do punho e 2 exerciacutecios para flexores e extensores do
tornozelo Foram realizadas 24 sessotildees consistidas por 2 sessotildees semanais
em um periacuteodo de 3 meses Cada sessatildeo teve duraccedilatildeo de aproximadamente
30 minutos (Siatras et al 2008)
Flexores do punho Os flexores satildeo compostos por 5 muacutesculos principais
flexores profundos dos dedos flexores superficiais dos dedos palmar longo
flexor radial carpo e flexor ulnar do carpo O paciente realizou a flexatildeo de 900
do ombro com o cotovelo extendido antebraccedilo supinado e extensatildeo do punho
com a matildeo espalmada A matildeo contralateral estabilizou a regiatildeo palmar do
membro superior alongado e foi efetuada a extensatildeo maacutexima do punho
sustentada por 60 segundos foram trecircs repeticcedilotildees intercaladas por um minuto
de descanso (Ylinen 2009) (Figura 9)
33
Figura 9 Teacutecnica de alongamento e anatomia dos flexores do punho
Extensores do punho Os extensores satildeo compostos por 4 muacutesculos
principais extensor dos dedos extensor ulnar do carpo extensor radial curto
do carpo extensor radial longo do carpo Primeiramente foi realizada a flexatildeo
de 900 do ombro com o cotovelo extendido antebraccedilo pronado e flexatildeo do
punho A matildeo contralateral estabilizou a regiatildeo dorsal da matildeo alongada em
flexatildeo maacutexima do punho por 60 segundos realizadas trecircs repeticcedilotildees
intercaladas por um minuto de descanso (Ylinen 2009) (Figura 10)
Figura 10 Teacutecnica de alongamento e anatomia dos extensores do punho
34
Dorsiflexores do tornozelo Os dorsiflexores do tornozelo satildeo compostos
por 3 muacutesculos principais tibial anterior extensor longo dos dedos extensor
longo do haacutelux Sentado com a perna cruzada a matildeo contralateral apoiou na
regiatildeo dorsal do peacute e a matildeo homolateral estabilizou o tornozelo O
alongamento consistiu em forccedilar a flexatildeo plantar maacutexima por 60 segundos
foram trecircs repeticcedilotildees intercaladas por um minuto de descanso (Ylinen 2009)
(Figura 12)
Figura11 Teacutecnica de alongamento e anatomia dos extensores do tornozelo
Flexores plantares do tornozelo Os flexores plantares do tornozelo satildeo
compostos por 7 muacutesculos principais gastrocnecircmio soacuteleo flexor longo dos
dedos flexor longo do haacutelux tibial posterior fibular longo e curto O paciente
em peacute apoiou as matildeos bilateralmente na parede com a perna contralateral agrave
frente e a homolateral em extensatildeo de quadril joelho e dorsiflexatildeo maacutexima do
35
tornozelo mantida por 60 segundos foram realizadas trecircs repeticcedilotildees
intercaladas por um minuto de descanso (Ylinen 2009) (Figura 11)
Figura 12 Muacutesculos dos flexores do tornozelo e o posicionamento do alongamento
343 Protocolo dos exerciacutecios aeroacutebicos
Todos os pacientes realizaram o exerciacutecio aeroacutebico na esteira
ergomeacutetrica por 30 minutos a intensidade inicial da primeira semana foi
ajustada para 60 da velocidade meacutedia obtida no teste de caminhada dos 6
minutos (TC6) Nas semanas subsequentes a velocidade foi gradativamente
aumentada ateacute atingir 85 da velocidade meacutedia no TC6 os pacientes
realizaram durante 5 minutos o aquecimento e o desaquecimento com
intensidade de 40 a 60 da velocidade do teste (Putt et al 2008 Figueiredo e
Guimaratildees et al 2008 Zainuldin et al 2007) O incremento da intensidade foi
baseado nos sinais vitais frequecircncia cardiacuteaca (FC) saturaccedilatildeo perifeacuterica de O2
36
(SpO2 entre 90 a 94) percepccedilatildeo da dispneia pela escala modificada de Borg
(entre 4-7 pontos) todos estes paracircmetros foram analisados a cada 4 minutos
durante o treinamento aeroacutebico ou seja com a estabilidade dos sinais vitais a
velocidade foi progressivamente recalculada e em alguns casos passaram dos
100 da velocidade meacutedia obtida no TC6 A pressatildeo arterial (PA) foi aferida
preacute e poacutes os exerciacutecios (Godoy et al 2005 Figueiredo e Guimaratildees 2009)
35 Avaliaccedilotildees
351 Caracterizaccedilatildeo Amostral
Os dados antropomeacutetricos foram coletados apoacutes a inclusatildeo dos
pacientes ao estudo idade altura peso iacutendice de massa corpoacuterea (IMC)
VEF1 VEF1CVF TC6 e iacutendice de prognoacutestico e mortalidade de Bode
352 Prova de funccedilatildeo pulmonar simples
A espirometria (Spirobank Medical International Research Roma Itaacutelia)
foi feita em todos os pacientes de acordo com os criteacuterios de reprodutibilidade e
aceitabilidade adotados pela American Thoracic Society e European
Respiratory Society (2005) Os valores preditos de normalidade jaacute haviam sido
previamente descritos (Pereira et al 2007) Foram aferidos o volume
expiratoacuterio no primeiro segundo (VEF1) e a sua relaccedilatildeo com a Capacidade vital
forccedilada (VEF1CVF) e aceitos trecircs testes com variaccedilatildeo inferior a 5 e foi
37
considerado o teste com maior valor Com esse teste foi determinado a
gravidade da obstruccedilatildeo pulmonar considerando o VEF1 como paracircmetro para
caracterizaccedilatildeo da amostra
353 Padratildeo respiratoacuterio mobilidade e sincronia toracoabdominal
A pletismografia optoeletrocircnica (POE System Milatildeo Itaacutelia) eacute um sistema
indireto e natildeo invasivo para a avaliaccedilatildeo da mecacircnica ventilatoacuteria mobilidade e
sincronia capaz de dividir em 3 compartimentos toacuterax superior inferior e
abdominal (Alvierti et al 2000) O sistema optoeletrocircnico evoluiu a partir do
desenvolvimento tecnoloacutegico do processamento de imagens que possibilitaram
a anaacutelise de muacuteltiplos pontos posicionados na superfiacutecie corporal Para o
desenvolvimento do POE foi necessaacuterio criar um sistema de anaacutelise
tridimensional do movimento chamado de ELITE (Elaborate di immagini
televisive) Inicialmente utilizaram 32 marcadores a fim de abranger maior
aacuterea da parede toraacutecica e posteriormente 86 marcadores (Cala et al 1996)
Gorini et al (1999) e Ferrigno et al (1994) encontraram uma medida mais
precisa dos paracircmetros ventilatoacuterios utilizando 89 marcadores que delimitaram
a superfiacutecie anatocircmica em trecircs compartimentos superior inferior e abdominal
utilizadas ateacute o presente momento
O funcionamento do POE baseia-se na anaacutelise automaacutetica do movimento
detectado a partir de marcadores compostos por esferas reflexivas de 6 a 10
miliacutemetros (Dellacagraversquo et al 2010) As 89 esferas estatildeo dispostas da seguinte
forma sete linhas horizontais cinco verticais duas meacutedio-axilares e sete
38
marcadores extras dispostas em toda entre a claviacutecula e a espinha iliacuteaca
anterossuperior e posteriormente ateacute a regiatildeo dos flancos laterais totalizando
37 marcadores anteriores 42 posteriores e dez laterais (Romagnoli et al 2008
Bianchi et al 2007) (Figuras 13 e 14)
Figura13 Imagem tridimensional gerada pelo OEP
Figura14 Disposiccedilatildeo das 89 esferas reflexivas
39
As cacircmeras especiais CCD (Charge Coupled Device) possuem diodos
axiais que emitem feixes luzes infravermelho que satildeo refletidas pelos
marcadores e assim pocircde ser captado pelas cacircmeras em tempo real (120Hz)
Este sinal foi processado atraveacutes das 8 cacircmeras presente na sala de avaliaccedilatildeo
e identificam o posicionamento de cada ponto da superfiacutecie toracoabdominal A
reconstruccedilatildeo da cinemaacutetica toracoabdominal foi feita pelo software SMART
que executou algoritmos em tempo real e computou as coordenadas
tridimensionais dos marcadores refletivos durante as coletas com POE (Binazzi
et al 2008 Aliverti 2010)
O sistema aplicou um modelo geomeacutetrico baseado na posiccedilatildeo dos
marcadores para descrever a superfiacutecie toracoabdominal e seus
compartimentos durante a coleta Apoacutes a reconstruccedilatildeo do modelo os dados
foram exportados como arquivos numeacutericos gerando colunas de dados
representando os sinais por amostras tempo posiccedilatildeo dos marcadores e
volume facilitando a avaliaccedilatildeo dos sinais e aplicaccedilatildeo dos meacutetodos de
estimativa (Parreira et al 2012 Aliverti 2010)
40
Figura15 Laboratoacuterio do POE com a disposiccedilatildeo das cacircmeras e da bicicleta
Figura16 Captaccedilatildeo e anaacutelise dos dados do volume toracoabdominal
41
3531 Avaliaccedilatildeo do POE durante o exerciacutecio
Os sujeitos da pesquisa foram previamente orientados sobre os
procedimentos Inicialmente eles foram colocados sobre a bicicleta ergomeacutetrica
(Ergometrics 800 Sensormedics) e os 89 marcadores foram posicionados
sobre a superfiacutecie toracoabdominal (anterior e posterior) A foacutermula para o
caacutelculo da carga maacutexima foi descrita por Jones e colaboradores (1985) Wmax =
204 (altura) ndash 874 (idade) ndash 288 (gecircnero) ndash 1909 [28] foi utilizada 25 da
carga maacutexima o valor de gecircnero na foacutermula corresponde a 1 para mulheres e
0 para homens (Figura 17)
Durante a coleta o paciente foi orientado a manter 60 rotaccedilotildees por minuto
(RPM) (Vogiatzis et al 2005) Apoacutes 30 segundos de descanso foi realizada a
1ordm medida do POE em repouso (6 ciclos respiratoacuterios completos) depois o
paciente realizou o exerciacutecio sem carga por 3 minutos e posteriormente foi
realizada a 2ordm medida do POE (6 ciclos respiratoacuterios completos) Apoacutes este
periacuteodo iniciou-se o exerciacutecio com carga que foi incrementado de forma
proporcional durante 2 minutos ateacute atingir a carga programada e no final foi
realizada novamente a 3ordm medida do POE (6 ciclos respiratoacuterios completos) O
processo finalizou-se com um periacuteodo de recuperaccedilatildeo de 2 minutos com
exerciacutecio sem carga para o retorno dos sinais vitais (Figura 18)
Foram avaliados o volume corrente da caixa toraacutecica pulmonar (CT)
volume corrente do toacuterax superior (TS) volume corrente do toacuterax inferior (TI)
volume corrente abdominal (ABD) de tempo ventilaccedilatildeominuto (VE) fluxo
inspiratoacuterio (FI) e Fluxo expiratoacuterio (FE) participaccedilatildeo em porcentagem () dos
42
compartimentos do toacuterax superior (TS) toacuterax inferior (TI) e abdome
(ABD) (Romagnoli et al 2008 Aliverti et al 2008 Boudarham et al 2013)
A mobilidade do compartimento abdominal foi calculada pela relaccedilatildeo CTABD
no exerciacutecio com carga (Gosselink et al 1995) a reduccedilatildeo dos valores desta
relaccedilatildeo reflete a melhora da mobilidade abdominal (Yamaguti et al 2012)
Figura17 Paciente Realizando a avaliaccedilatildeo com carga no cicloergocircmetro no POE
Figura 18 Desenho experimental da avaliaccedilatildeo do OEP
43
354 Atividade muscular respiratoacuteria
A atividade dos muacutesculos respiratoacuterios foi avaliada atraveacutes da aquisiccedilatildeo
do sinal eletromiograacutefico de superfiacutecie (System BTSreg Milatildeo Itaacutelia)
simultaneamente agrave avaliaccedilatildeo da mecacircnica toracoabdominal pelo POE Foram
utilizados eletrodos circulares descartaacuteveis de AgAgCl com 10mm de diacircmetro
e um adesivo condutivo hidrogel colocados de forma a manter a distacircncia
intereletrodo de 20mm No local da fixaccedilatildeo dos eletrodos foram realizados
tricotomia quando necessaacuterio e fricccedilatildeo de gaze embebida em aacutelcool (70)
para remoccedilatildeo da gordura presente na superfiacutecie de contato com o objetivo de
diminuir a impedacircncia da pele (Dworak et al 2011)
Os eletrodos foram fixados no ventre muscular afastados do ponto
motor de forma paralela agrave da direccedilatildeo das fibras musculares de acordo com o
European concerted action - surface EMG for an non-invasive assesment of
muscles (Hermens et al 2000) O eletrodo para a avaliaccedilatildeo do muacutesculo
esternocleidomastoideo foi posicionado no ventre muscular a 5 cm do processo
mastoideo (Kallenberg et al 2009) do muacutesculo intercostal superior foi
posicionado no 2deg espaccedilo intercostal e para o inferior entre o 7deg e o 8deg espaccedilo
intercostal e no reto abdominal foi inserido a 2 cm da cicatriz umbilical
(Maarsingh et al 2000)
Para o caacutelculo da eficiecircncia ventilatoacuteria os dados da atividade muscular
de todos os muacutesculos avaliados foram somados e divididos pelo volume
corrente (EMGVt) Essa equaccedilatildeo foi descrita primeiramente no trabalho de
44
Lunardi et al (2013) que avaliou a mecacircnica toracoabdominal na populaccedilatildeo
idosa Essa relaccedilatildeo permitiu observar a quantidade de volume deslocado pelo
niacutevel de estiacutemulo da atividade muscular
Figura19 Eletromioacutegrafo da BTS Engeneering
355 Capacidade Funcional
A capacidade funcional foi avaliada pelo teste de caminhada de 6 minutos
(TC6) A avaliaccedilatildeo foi realizada em um corredor de 30 metros com pouco
traacutefego e cada paciente realizou 2 testes respeitando o intervalo de uma hora
entre eles (Dourado et al 2011) Durante os testes o paciente foi orientado a
caminhar o mais raacutepido possiacutevel durante 6 minutos e caso apresentasse
dispneia limitante ou qualquer outro desconforto incapacitante ele podia
interromper o teste ateacute recuperar as condiccedilotildees para continuaacute-lo A cada minuto
45
os pacientes foram encorajados com frases de incentivo padronizadas de modo
que o mesmo percorresse a maior distacircncia possiacutevel durante todo o teste (ATS
2002 Louvaris et al 2013) O desempenho do paciente foi avaliado pela maior
distacircncia percorrida em um dos testes e foi monitorado tanto preacute quanto poacutes
exerciacutecio a frequumlecircncia cardiacuteaca (FC) e respiratoacuteria (FR) a saturaccedilatildeo de
oxigecircnio (SpO2) sensaccedilatildeo de esforccedilo por meio da escala modificada de Borg
(Borg 1982) e pressatildeo arterial (PA)
36 Anaacutelise Estatiacutestica
Para a mecacircnica ventilatoacuteria foi utilizado para o caacutelculo amostral os
resultados observados no estudo de Yamaguti et al (2012) onde a diferenccedila
das meacutedias da CTABD foi de 20 durante a respiraccedilatildeo natural no GT com a
diferenccedila do desvio padratildeo de 4 valor de plt005 e poder de 08 foi
estabelecido uma amostra de 3 pacientes por grupo
O caacutelculo amostral para os paracircmetros da atividade muscular foi
utilizado os resultados observados no estudo de Cunha et al (2005) onde a
diferenccedila das meacutedias no GT foi de 9 10-3mV com a diferenccedila do desvio padratildeo
de 6 10-3mV para o poder de 80 e um valor de alpha de 5 sendo
estabelecido uma amostra de 9 indiviacuteduos por grupo
Para os paracircmetros funcionais o caacutelculo amostral foi baseado no TC6
onde se esperava uma diferenccedila das meacutedias de 263m e a diferenccedila do desvio
padratildeo de 23 m de aumento apoacutes a intervenccedilatildeo (Yamaguti et al 2012) para o
46
poder de 80 e um valor de alpha de 5 sendo encontrado um tamanho de
amostra de 14 indiviacuteduos por grupo
A anaacutelise foi realizada utilizando o programa Sigma Stat versatildeo 32 Foi
utilizado o teste de Kolmogorov-Smirnov para verificar a normalidade dos
dados sendo estes apresentados como meacutedia plusmn desvio padratildeo Para
comparaccedilatildeo dos dados de caracterizaccedilatildeo dos grupos GT e GC foi realizado
utilizando o teste t de Student para dados com distribuiccedilatildeo normal e teste de
Mann-Withney para dados natildeo-parameacutetricos
A anaacutelise do efeito do tratamento nos dois grupos tambeacutem foi realizado
pelo teste t e pelo Mann-Withney para dados natildeo-parameacutetricos no delta das
diferenccedilas (Δ=poacutes-preacute)
A sensaccedilatildeo de dispneia (BORG modificado) foi analisada com o teste de
anaacutelise de variacircncia (ANOVA) seguida do pos hoc de Holm Sidak Para o TC6
foi observado a miacutenima diferenccedila clinicamente significante Proposto por
Holland et al 2013 (251m) O niacutevel de significacircncia foi ajustado para 5
(plt005) para todos os testes
4 RESULTADOS
48
Quinhentos e noventa e quatro pacientes foram avaliados para
elegibilidade 564 natildeo preencheram os criteacuterios de inclusatildeo sendo que os
motivos mais comuns foram oxigecircnio-dependente (n=160) sem
disponibilidade para participar (n=105) cardiopatias (n=80) e doenccedilas
musculoesqueleacuteticas associadas (n=43) (Figura 20) Trinta pacientes foram
incluiacutedos e aleatorizados 2 foram excluiacutedos apoacutes o iniacutecio do protocolo sendo 1
no grupo tratado (crise de caacutelculo renal) e 1 no grupo controle (agudizaccedilatildeo da
doenccedila de Chron) 14 sujeitos terminaram o estudo no GT e 14 no GC (Figura
20) Natildeo foram observadas diferenccedilas entre os grupos com relaccedilatildeo aos dados
antropomeacutetricos de funccedilatildeo pulmonar e capacidade funcional antes da
intervenccedilatildeo (Tabela 1)
49
Figura 20 Fluxograma do estudo
50
Tabela 1 Caracterizaccedilatildeo amostral basal dos pacientes do estudo
Caracterizaccedilatildeo Grupo Controle Grupo Tratado P
Dados Antropomeacutetricos
Genero (MF) 57 86 097
Idade (anos) 64plusmn56 61plusmn54 030
Altura (m) 165plusmn007 165plusmn008 096
IMC (Kgm2) 259plusmn29 257plusmn38 091
Funccedilatildeo Pulmonar
VEF1 ( pred) 426plusmn95 459plusmn155 056
VEF1CVF 049plusmn009 056plusmn013 017
Capacidade Funcional
TC6 (m) 439plusmn103 473plusmn68 032
BODE (IIIIIIIV)(n) 3531 6620 058
Legenda Os dados estatildeo apresentados em meacutedia desvio padratildeo exceto o BODE que estatildeo expressos
pelo nuacutemero de pacientes MF=masculinofeminino Kgm2=quilogramasmetro
2 VEF1=Volume expiratoacuterio
forccedilado no primeiro segundo VEF1CVF=Relaccedilatildeo do Volume expiratoacuterio forccedilado no primeiro segundo e capacidade vital IMC=Iacutendice de massa corpoacuterea TC6=teste de caminhada dos 6 minutos BODE=Iacutendice de prognoacutestico e mortalidade para DPOC
41 Cinemaacutetica toracoabdominal
Durante o exerciacutecio com carga os pacientes do grupo controle (GC) natildeo
apresentaram variaccedilatildeo da mecacircnica toracoabdominal apoacutes a intervenccedilatildeo os
pacientes do grupo tratado (GT) apresentaram um aumento meacutedio de 230 ml
no volume total da caixa toraacutecica total (CT) (equivalente ao volume corrente)
quando comparado ao GC (respectivamente 140plusmn170mL vs-86plusmn240mL
plt001) Este aumento ocorreu principalmente pelo ganho do volume do
compartimento abdominal (ABD) (respectivamente 140120mL vs -
108210ml plt001) (Figura 21) e natildeo foi observada uma diferenccedila significativa
nos compartimentos toraacutecicos superior (TS) e inferior (TI) (Figura 21 pgt005)
51
O GT tambeacutem apresentou um aumento da ventilaccedilatildeo minuto (VE)
(24plusmn36L vs -18plusmn41L plt0001) (Figura 22) e do fluxo expiratoacuterio
(FE)(80plusmn100mL vs -30plusmn100mL plt001) (Figura23) quando comparado com o
GC acreditamos que aleacutem do volume da caixa toraacutecica o aumento do fluxo
expiratoacuterio tambeacutem esteve relacionado com o aumento da mobilidade do
compartimento abdominal Este por sua vez foi calculado pela relaccedilatildeo da
contribuiccedilatildeo CTABD onde apresentou melhora somente no GT quando
comparado ao GC (-019plusmn041 vs 010plusmn028 plt001 respectivamente)
(Figura 24)
Figura 21 Efeitos do alongamento muscular respiratoacuterio na mecacircnica ventilatoacuteria durante o exerciacutecio Os dados foram apresentados em meacutedia e desvio padratildeo representado pela diferenccedila (Δ) = poacutes- - preacute-intervenccedilatildeo Houve um aumento estatisticamente significante do volume da CT e do ABD no GT O exerciacutecio foi realizado com 25 da carga maacutexima predito na equaccedilatildeo de Jones
25 GC= Grupo Controle GT= Grupo Tratado CT= Caixa totaacutecica total TS=
Toacuterax superior TI= Toacuterax inferior ABD= Abdomen = p lt 005 GC vs GT (teste t natildeo pareado)
52
Figura 22 Efeitos do alongamento muscular respiratoacuterio no volume minuto (VE) durante o exerciacutecio Os dados foram apresentados em meacutedia e desvio padratildeo representado pela diferenccedila (Δ) = poacutes- - preacute-intervenccedilatildeo Ambas apresentaram diferenccedilas houve um aumento estatisticamente significante de 4L no volume minuto (VE) no GT em relaccedilatildeo do GC O exerciacutecio foi realizado com 25 da carga maacutexima predito na equaccedilatildeo de Jones
25 GC= Grupo
Controle GT= Grupo Tratado = p lt 005 GC vs GT (teste t natildeo pareado)
53
Figura 23 Efeitos do alongamento muscular respiratoacuterio no fluxo expiratoacuterio (FE) durante o exerciacutecio Os dados foram apresentados em meacutedia e desvio padratildeo representado pela diferenccedila (Δ) = poacutes- - preacute-intervenccedilatildeo Ambas apresentaram diferenccedilas houve um aumento estatisticamente significante de 100mL no fluxo expiratoacuterio (FE) no GT em relaccedilatildeo do GC O exerciacutecio foi realizado com 25 da carga maacutexima predito na equaccedilatildeo de Jones
25 GC= Grupo
Controle GT= Grupo Tratado = p lt 005 GC vs GT (teste t natildeo pareado)
54
Figura 24 Efeitos do alongamento muscular respiratoacuterio na relaccedilatildeo da contribuiccedilatildeo da caixa toraacutecica e abdocircmen (CTABD) durante o exerciacutecio Os dados foram apresentados em meacutedia e desvio padratildeo representado pela diferenccedila (Δ) = poacutes- - preacute-intervenccedilatildeo O exerciacutecio foi realizado com 25 da carga maacutexima predito na equaccedilatildeo de Jones
25 Foi observado a reduccedilatildeo
estatisticamente significante da relaccedilatildeo CTAB no GT que representa o aumento da mobilidade do compartimento abdominal GC= Grupo Controle GT= Grupo Tratado CT= Participaccedilatildeo da caixa toraacutecica ABD= Participaccedilatildeo abdominal = p lt 005 GC vs GT (teste t natildeo pareado)
42 Atividade muscular
Os dados da atividade muscular dos muacutesculos esternocleidomastoideo
intercostal superior intercostal inferior e abdome foram mensurados e foi
possiacutevel observar uma reduccedilatildeo da atividade muscular no exerciacutecio apoacutes o
protocolo de alongamento no GT quando comparado ao GC dos muacutesculos
esternocleidomastoideo (-57plusmn217 vs 185-plusmn443mV plt003 respectivamente)
e intercostais superiores (-1466plusmn441 vs 46plusmn115mV plt001
respectivamente) (Figura 25)
55
Todos os dados da atividade muscular foram somados e divididos pelo
volume corrente total com o intuito de demonstrar a quantidade de atividade
muscular por volume deslocado Foi verificado uma reduccedilatildeo da razatildeo EMGVt
no exerciacutecio com carga no GT quando comparado com o GC (respectivamente
[-138 (-519- -536 mVL) vs 10 (-741- 372 mVL) plt0006] (Figura 26)
Figura 25 Efeitos do alongamento muscular respiratoacuterio na atividade muscular Os dados foram apresentados em meacutedia e desvio padratildeo representado pela diferenccedila (Δ) = poacutes- - preacute-intervenccedilatildeo Foi constatada uma diminuiccedilatildeo estatisticamente significante da atividade dos muacutesculos esternocleidomastoideo e intercostal superior no GT O exerciacutecio foi realizado com 25 da carga maacutexima predito na equaccedilatildeo de Jones
25 GC= Grupo Controle GT= Grupo
Tratado = p lt 005 GC vs GT (teste t natildeo pareado)
56
Figura 26 Efeitos do alongamento muscular respiratoacuterio na relaccedilatildeo entre a atividade muscular e o volume corrente (EMGVt) Os dados foram apresentados em meacutedia e desvio padratildeo representado pela diferenccedila (Δ) = poacutes- - preacute-intervenccedilatildeo Observou-se uma diminuiccedilatildeo estatisticamente significante da EMGVt no GT O exerciacutecio foi realizado com 25 da carga maacutexima predito na equaccedilatildeo de Jones
25 GC= Grupo Controle GT= Grupo Tratado = p lt 005
GC vs GT (teste t natildeo pareado)
43 Capacidade funcional e Dispneia
Para os paracircmetros de Borg (Figura 27) foi aferido em 4 momentos preacute e poacutes
TC6 e preacute e poacutes intervenccedilatildeo Os dados basais natildeo apresentaram diferenccedilas
entre o GT e o GC (respectivamente 175plusmn21 vs 12plusmn17 pgt02) Apoacutes a
intervenccedilatildeo houve uma diminuiccedilatildeo significativa da sensaccedilatildeo de dispneia em
ambos os grupos poacutes-TC6 quando comparado aos seus dados iniciais GT
(43plusmn18 vs 15plusmn09 plt0001) e no GC (42plusmn15 vs 28plusmn17 plt0001) Na
comparaccedilatildeo entre os grupos o GT apresentou uma melhora da sensaccedilatildeo de
dispneia quando comparado com o GC tanto preacute-exerciacutecio (respectivamente
57
02plusmn05 vs 06plusmn08 plt0001) quanto poacutes-exerciacutecio (respectivamente 15plusmn09
vs 28plusmn17 plt0001) Aleacutem disso somente no GT houve uma diminuiccedilatildeo
significativa do Borg na comparaccedilatildeo intragrupo preacute-TC6 antes e depois do
tratamento (18plusmn08 vs 02plusmn06 plt0001) Com a diminuiccedilatildeo da sensaccedilatildeo de
dispneia foi possiacutevel verificar que os pacientes do GT apresentaram melhora
clinicamente significante no TC6 meacutedio quando comparado com o GC
(respectivamente 2514m vs 65m Figura 28) valores propostos por Holland
et al (2013)
Figura 27Efeitos do alongamento muscular respiratoacuterio na escala de BORG Os dados foram apresentados Os dados foram apresentados em meacutedia e desvio padratildeo representado pela diferenccedila (Δ) = poacutes- - preacute-intervenccedilatildeo Apoacutes o tratamento ambos apresentaram diminuiccedilatildeo da dispneia mas somente no GT houve uma diminuiccedilatildeo na comparaccedilatildeo com o GC e com seus dados iniciais no preacute TC6 O exerciacutecio foi realizado com 25 da carga maacutexima predito na equaccedilatildeo de Jones
25 GC= Grupo Controle GT= Grupo Tratado BORG= Escala de dispneia
TC6= Teste de caminhada dos 6 minutos = p lt 005 preacute vs poacutes intervenccedilatildeo +=plt005 GC vs GC) (teste t natildeo pareado)
58
Figura 28 Os dados apresentados em (Δ) representam (poacutes intervenccedilatildeo ndash preacute intervenccedilatildeo) No teste de caminhada dos 6 minutos (TC6) foi observada uma diferenccedila clinicamente significante do TC6 no GT que obteve um aumento meacutedio de 2514m e o GC de 65m O exerciacutecio foi realizado com 25 da carga maacutexima predito na equaccedilatildeo de Jones
25 GC= Grupo
Controle GT= Grupo Tratado TC6= Teste de caminhada dos 6 minutos ( =diferenccedila clinicamente significante)
Holland et al 2013 (25m)
5 DISCUSSAtildeO
60
Neste estudo foi demonstrado pela primeira vez que os alongamentos
dos muacutesculos respiratoacuterios melhoraram a mecacircnica e a capacidade ventilatoacuteria
decorrente principalmente pelo aumento do volume e da mobilidade do
compartimento abdominal (CTABD) A melhora da mobilidade toracoabdominal
possivelmente esteve relacionada com o aumento da sua viscoelasticidade
observada pela diminuiccedilatildeo da atividade muscular apoacutes o tratamento Aleacutem
disso houve um aumento da eficiecircncia contraacutetil dos muacutesculos respiratoacuterios
constatado pela reduccedilatildeo da relaccedilatildeo EMGVt ou seja a musculatura necessitou
de menos atividade para deslocar o mesmo volume respiratoacuterio Acreditamos
que por causa da melhora de todos os fatores descritos anteriormente houve
uma diminuiccedilatildeo da sensaccedilatildeo de dispneia que possibilitou o aumento da
capacidade ao exerciacutecio submaacuteximo
51 Cinemaacutetica toracoabdominal
O trabalho acrescentou novas evidecircncias na literatura cientiacutefica pois foi
o primeiro a demonstrar atraveacutes do pletismoacutegrafo optoeletrocircnico que apoacutes o
tratamento com teacutecnicas de alongamento dos muacutesculos respiratoacuterios houve
aumento significativo do volume da caixa toraacutecica total abdominal e da
capacidade ventilatoacuteria durante o exerciacutecio com carga Vale ressaltar que o
aumento da mobilidade do compartimento abdominal tambeacutem foi constatado
Para reforccedilar ainda mais a importacircncia dos nossos achados no grupo
controle natildeo obtiveram nenhuma alteraccedilatildeo volumeacutetrica da caixa toraacutecica estes
61
dados vatildeo de encontro aos dois estudos preacutevios nos quais foram avaliados os
efeitos da reabilitaccedilatildeo pulmonar na cinemaacutetica toracoabdominal em pacientes
com DPOC avaliados pelo POE (Georgiadou et al 2007 Gagliardi et al
2014) Inclusive Gagliardi et al (2014) mesmo apoacutes a intervenccedilatildeo de 24
semanas encontrou uma diminuiccedilatildeo do volume abdominal apoacutes o tratamento
Apenas dois trabalhos natildeo controlados de Yamada et al (1996) e
Luularungrayub et al (2009) avaliados pelo pletismoacutegrafo por indutacircncia e
cirtometria respectivamente associados agrave espirometria hipotetizaram que a
melhora no fluxo expiratoacuterio e do volume expiratoacuterio respectivamente
poderiam ter uma relaccedilatildeo com a melhora da funccedilatildeo do compartimento
abdominal dados estes que tambeacutem apresentamos no nosso estudo Segundo
Georgiadou et al (2007) e Aliverti et al (2010) o compartimento abdominal eacute o
maior responsaacutevel pelas variaccedilotildees da distacircncia axial xifoacuteidea sugerindo uma
relaccedilatildeo com a mobilidade diafragmaacutetica e o aumento do volume pulmonar total
essa hipoacutetese pocircde ser elucidada em nossos resultados com a diminuiccedilatildeo dos
valores de CTABD Portanto estes achados servem para destacar que o
protocolo de alongamento realizados neste estudo desencadeou a melhora da
mecacircnica contraacutetil dos muacutesculos respiratoacuterios que provavelmente tiveram uma
atuaccedilatildeo na melhora da funccedilatildeo diafragmaacutetica relaccedilatildeo esta jaacute descrita por
Iwasawa et al (2002) e Man et al (2012)
O aumento do volume corrente total apoacutes o alongamento muscular da
caixa toraacutecica jaacute havia sido constatado anteriormente pelos estudos natildeo
controlados de Yamada et al (1996) e Minoguchi et al (2002) que realizaram a
intervenccedilatildeo por 4 semanas em 12 e 13 pacientes respectivamente e avaliados
62
pela espirometria Em contrapartida os estudos de intervenccedilatildeo aguda natildeo
controlada de Izumizaki et al (2006) e controlada de Noll et al (2009) com 10 e
25 pacientes respectivamente obtiveram a piora do volume corrente tambeacutem
avaliados pela espirometria Baseados nos estudos de Mchugh et al (2008)
estes efeitos contraditoacuterios ocorreram principalmente pelo tipo de intervenccedilatildeo
Agudamente o alongamento promove o estiramento abrupto dos fusos
neuromusculares que desencadearam o potencial sensitivo medular e
consequentemente um aumento da atividade eferente neuromuscular gerando
a contraccedilatildeo das fibras extra-fusais por essa razatildeo provavelmente houve a
diminuiccedilatildeo da mobilidade muacutesculo-esqueleacutetica da caixa toraacutecica e diminuiccedilatildeo
dos valores volumeacutetricos (Mukherjee et al 2010) A intervenccedilatildeo crocircnica por
sua vez promove o aumento da viscoelasticidade muscular e causou a
acomodaccedilatildeo do limiar excitatoacuterio do fuso neuromuscular que diminui o
estiacutemulo de contraccedilatildeo das fibras extra-fusais permitindo a melhora da
mobilidade toracoabdominal (Mchugh et al 2010)
No presente estudo foi realizada a intervenccedilatildeo crocircnica portanto
justificaria a razatildeo dos nossos dados apresentarem resultados tatildeo diferentes
quanto a maioria dos estudos anteriores de intervenccedilatildeo aguda Mas
precisamos considerar tambeacutem as limitaccedilotildees metodoloacutegicas comumente
observadas na literatura Fato este observado nos trabalhos de Putt et al
(2008) e Luularungrayub et al (2009) que mesmo sendo de intervenccedilatildeo
aguda apresentaram um aumento do volume corrente avaliados pela
espirometria mas ambos apresentaram grandes restriccedilotildees metodoloacutegicas pois
63
realizaram o tratamento somente em um muacutesculo respiratoacuterio (peitoral maior) e
o outro foi um estudo de caso respectivamente
Hipotetizamos que nos nossos resultados sugeriram que a intervenccedilatildeo
crocircnica muscular respiratoacuteria promoveu a melhora da mobilidade do sistema
musculo-esqueleacutetico toracoabdominal com o aumento principal do volume e da
mobilidade do compartimento abdominal acreditamos que foi o responsaacutevel
pela melhora do volume pulmonar total Com a elevaccedilatildeo dos volumes
sugerimos que foram os responsaacuteveis pela melhora da capacidade ventilatoacuteria
(volume-minuto) dado este ineacutedito na literatura para este tipo de protocolo de
tratamento
52 Atividade muscular
Constatamos uma reduccedilatildeo da atividade muscular durante o exerciacutecio
com carga no grupo que realizou o alongamento dos muacutesculos respiratoacuterios
principalmente do esternocleidomastoideo e do intercostal superior A partir
destes dados foi possiacutevel calcular a relaccedilatildeo com o volume corrente onde a
reduccedilatildeo dos valores significa a melhora da efetividade contraacutetil (EMGVt)
descrito primeiramente no trabalho de Lunardi et al (2013) Este dado
representa a melhora do deslocamento volumeacutetrico pela atividade muscular
sendo assim o muacutesculo necessita do mesmo estiacutemulo motor para deslocar
mais volume de ar
64
Na literatura encontramos somente um estudo natildeo-controlado de Cunha
et al (2005) que realizou a avaliaccedilatildeo em 8 pacientes com DPOC com o
eletromioacutegrafo de superfiacutecie apoacutes um programa de alongamento muscular
respiratoacuterio Nossos dados corroboram parcialmente com os seus achados
pois apesar de terem demonstrado uma diminuiccedilatildeo da atividade muscular
respiratoacuteria dos intercostais eles apresentaram um aumento da atividade
muscular do esternocleidomastoide Acreditamos que os nossos achados
avanccedilam em relaccedilatildeo ao estudo de Cunha et al (2005) pois o presente estudo
foi realizado com criteacuterios metodoloacutegicos mais rigorosos (controlado) com
maior tempo de intervenccedilatildeo e respeitando o caacutelculo amostral
Portanto podemos sugerir que baseado nos estudos de Kokkonen et al
(2007) o aumento da viscoelasticidade tecidual permitiu a melhora da
sobreposiccedilatildeo da actina e miosina sendo capaz de potencializar o mecanismo
contraacutetil muscular com menos esforccedilo Ao mesmo tempo reduziu a tensatildeo
sobre os receptores musculoesqueleacuteticos diminuindo a excitabilidade do
disparo neuroloacutegico sensitivo possibilitando o equiliacutebrio entre o estiacutemulo
inibitoacuterio do oacutergatildeo tendinoso de Golgi e o excitatoacuterio do controle contraacutetil do
fuso neuromuscular reduzindo a atividade motora (Hindle et al 2012
Mukherjee e Chakravarty 2010)
A avaliaccedilatildeo da atividade muscular e o caacutelculo da efetividade contraacutetil foi
realizada para elucidar os mecanismos envolvidos na melhora da mecacircnica
ventilatoacuteria apoacutes o alongamento dos muacutesculos respiratoacuterios Eacute possiacutevel que
com a diminuiccedilatildeo da atividade muscular possibilitou a melhora da capacidade
de contraccedilatildeo muscular com menor esforccedilo este dado eacute reforccedilado pela
65
diminuiccedilatildeo da EMGVt permitindo o incremento da mobilidade toracoabdominal
e da capacidade ventilatoacuteria
53 Capacidade funcional e dispneia
Observamos a melhora da dispneia e da capacidade ao exerciacutecio
submaacuteximo avaliados pelo Borg modificado e pelo teste de caminhada dos 6
minutos respectivamente
Apoacutes o protocolo de alongamento nossos dados mostraram a
diminuiccedilatildeo da sensaccedilatildeo de dispneia em ambos os grupos apoacutes a intervenccedilatildeo
Mas ao comparar entre os grupos os sujeitos que receberam a intervenccedilatildeo na
caixa toraacutecica (GT) apresentaram a diminuiccedilatildeo da dispneia quando comparado
ao GC tanto preacute quanto poacutes exerciacutecio Outro ponto em destaque eacute a diminuiccedilatildeo
da dispneia no GT em seu estado basal
A reduccedilatildeo da dispneia eacute um importante paracircmetro de melhora dos
tratamentos com enfoque pulmonar (ATS 2013) e estudos preacutevios que tambeacutem
avaliaram o efeito de alongamento dos muacutesculos respiratoacuterios na dispneia em
pacientes com DPOC corroboram com os nossos achados mesmo sendo
trabalhos com metodologias distintas como ensaios natildeo controlados (Cunha et
al 2005) controlados (Paulin et al 2003) intervenccedilatildeo aguda (Noll et al 2008
Noll et al 2009) e crocircnica (Minoguchi et al 2002) Eacute importante ressaltar que
em todos os trabalhos que obtiveram a melhora nos paracircmetros de dispneia
66
portanto acreditamos que existe outros mecanismos que podem influenciar
nesta variaacutevel aleacutem da melhora da mobilidade toracoabdominal tanto assim
que os trabalhos de Noll et al (2008 e 2009) houve uma piora de todos os
paracircmetros da funccedilatildeo pulmonar mas apresentaram melhora da dispneia
Na literatura somente os trabalhos de Izumizaki et al (2008) e Putt et al
(2008) natildeo obtiveram melhora na escala de Borg mas eacute importante destacar
que foram trabalhos distintos o primeiro foi de intervenccedilatildeo crocircnica com
resultados negativos agraves funccedilotildees pulmonares enquanto o segundo foi um
trabalho de intervenccedilatildeo aguda com resultados positivos nos volumes
pulmonares Apesar de ambos serem controlados o estudo de Izumizaki et al
(2008) natildeo destaca os muacutesculos que foram tratados nem a caracterizaccedilatildeo e o
caacutelculo amostral enquanto no trabalho de Putt et al (2008) realizou a
intervenccedilatildeo apenas no muacutesculo peitoral maior que natildeo eacute um muacutesculo
acessoacuterio respiratoacuterio primaacuterio e sim atuante somente em grandes esforccedilos
Portanto baseado nas pesquisas anteriores entendemos que a melhora
da dispneia natildeo foi somente pelo aumento da mobilidade musculoesqueleacutetica
da caixa toraacutecica que diminuiu a resistecircncia do fluxo aeacutereo e possibilitou maior
expansatildeo toracoabdominal e melhor capacidade ventilatoacuteria demonstrado
neste estudo anteriormente Possivelmente teve associaccedilatildeo com os
mecanoceptores toracoabdominais quando estimulados durante o tratamento
desencadeou alteraccedilotildees das informaccedilotildees dos centros respiratoacuterios e motores
(Nakamura et al 2012 Montaldo et al 2000) Estes centros por sua vez
mudaram da taxa de disparo do nervo frecircnico que controla a cadecircncia e a
frequecircncia da contraccedilatildeo diafragmaacutetica reduzindo a sensaccedilatildeo de fadiga e de
67
dispneia (Burki e Lee 2010) portanto qualquer teacutecnica de mobilizaccedilatildeo
toracoabdominal poderia diminuir a sensaccedilatildeo de dispneia mas acreditamos
que quanto maior o estiacutemulo musculoesqueleacutetico (intervenccedilatildeo crocircnica) maior
seraacute a ativaccedilatildeo dos mecanoceptores da caixa toraacutecica e consequentemente
aumentaria a estimulaccedilatildeo aos centros respiratoacuterios por essa razatildeo
acreditamos que os nossos resultados foram tatildeo expressivos (Montaldo et al
2000)
Com a melhora dos paracircmetros de dispneia refletiu no aumento da
distacircncia percorrida em ambos os grupos 67m (GC) e 2517m (GT) sendo
que somente o grupo que recebeu o alongamento dos muacutesculos respiratoacuterios
atingiram a miacutenima distacircncia clinicamente significante proposta por Holland et
al (2010) que eacute de 25 m Coincidentemente a maioria trabalhos que
obtiveram melhora da dispneia realizaram o teste de caminhada dos 6 minutos
(Yamada et al 1996 Minoguchi et al 2002 Paulin et al 2003 eCunha et al
2005) somente Noll et al (2008 e 2009) que natildeo Poreacutem ateacute onde eacute do nosso
conhecimento este eacute o primeiro estudo que demonstrou que o aumento da
capacidade funcional foi decorrente da melhora da mecacircnica ventilatoacuteria poacutes-
alongamento avaliados pelo POE
No presente estudo o aspecto relevante estaacute no ineditismo ao avaliar as
repercussotildees deste tipo de intervenccedilatildeo na cinemaacutetica toracoabdominal
analisadas pelo pletismoacutegrafo optoeletrocircnico (Alivertiet al 2000) teacutecnica
considerada de alta tecnologia O programa de alongamento da musculatura
acessoacuteria respiratoacuteria eacute uma teacutecnica de baixo custo e pode ser associada
68
facilmente agrave reabilitaccedilatildeo pulmonar com impacto na atividade funcional e nos
sintomas respiratoacuterios
54 Limitaccedilotildees
Todos os estudos possuem limitaccedilotildees primeiro a rigidez dos criteacuterios
de inclusatildeo conferida a esta pesquisa levou a uma elevada validade interna
com possiacutevel prejuiacutezo da validade externa Optamos por adotar esses criteacuterios
na tentativa de eliminar o maior nuacutemero de variaacuteveis de confusatildeo para garantir
que os resultados fossem interpretados de maneira clara Segundo a carga de
exerciacutecio em esteira foi estabelecida em funccedilatildeo da velocidade do TC6 apesar
de natildeo ser considerado o padratildeo ouro para o treinamento aeroacutebico jaacute foi
descrito como alternativa viaacutevel por Zainuldinet al (2007) e Figueiredo e
Guimaratildees (2009) Terceiro a intensidade de 25 Wmaacutex utilizada na
avaliaccedilatildeo do POE pode natildeo ter sido o suficiente para desencadear a
assincronia mas o objetivo foi reproduzir a carga utilizada diariamente pelo
paciente segundo Bruni et al (2012) eles comprovaram em seu estudo que
nem mesmo a carga de 75 Wmaacutex foi possiacutevel desencadear a assincronia em
pacientes com DPOC concluindo natildeo haver relaccedilatildeo entre assincronia
hiperinsuflaccedilatildeo e dispneia Finalmente o alongamento dos muacutesculos
perifeacutericos dos membros inferiores no grupo controle poderia ter influenciado
na melhora no teste de caminhada dos 6 minutos mas Mchugh et al (2008) e
Shrier (2004) descreveram em seus estudos que ainda existe uma
controveacutersia a respeito do aumento da performance muscular apoacutes a realizaccedilatildeo
69
do alongamento ateacute entatildeo sabe-se somente sobre a melhora da mobilidade
Apesar destas limitaccedilotildees este eacute o primeiro ensaio cliacutenico controlado e
aleatorizado investigando os benefiacutecios do alongamento dos muacutesculos
respiratoacuterios na mecacircnica ventilatoacuteria utilizando o pletismoacutegrafooptoeletrocircnico
em pacientes com DPOC
6 CONCLUSAtildeO
71
Nossos resultados sugerem que a adiccedilatildeo do alongamento da
musculatura respiratoacuteria ao exerciacutecio aeroacutebico claacutessico aumenta a eficiecircncia
contraacutetil muscular melhora a mecacircnica ventilatoacuteria com o incremento
significante dos volumes pulmonares principalmente abdominal e reduz a
dispneia possibilitando a melhora das atividades funcionais em pacientes com
DPOC Estes resultados sugerem que o alongamento dos muacutesculos
respiratoacuterios pode ser considerado uma modalidade de tratamento adjuvante
para os pacientes com DPOC
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conditioning for chronic obstructive pulmonary disease (COPD) Improved
hyperinflation and expiratory flow during tidal breathing J Thorrac Dis
20124(3)259-64
Ylinen J Terapia do Alongamento Para o esporte e terapias manuais 1ordf ed
Rio de Janeiro Ed Ellsevier 2009
Wagena EJ Arrindell WA Wouters EFM Van Schayck CP Are patients with
COPD psychologically distressed Eur Respir J 200526242-48
Wood AM Simmonds MJ Bayley DL Newby PR Gough SC Stockley RA
The TNFalpha gene relates to clinical phenotype in alpha-1-antitrypsin
deficiency Respir Res 2008952-64
8 ANEXOS
91
92
93
HOSPITAL DAS CLIacuteNICAS DA FACULDADE DE MEDICINA DA
UNIVERSIDADE DE SAtildeO PAULO-HCFMUSP
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
DADOS SOBRE A PESQUISA
1 TIacuteTULO DO PROTOCOLO DE PESQUISA
EFEITOS DO ALONGAMENTO DA MUSCULATURA ACESSOacuteRIA
RESPIRATOacuteRIA COM A TEacuteCNICA DE ALONGAMENTO PASSIVO E
CONTRACcedilAtildeO-RELAXAMENTO NA MECAcircNICA VENTILATOacuteRIA E NA
CAPACIDADE FUNCIONAL DE PACIENTES COM DOENCcedilA PULMONAR
OBSTRUTIVA CROcircNICA
PESQUISADOR 01 Celso Ricardo Fernandes Carvalho
CARGOFUNCcedilAtildeO Orientador INSCRICcedilAtildeO CONSELHO
REGIONAL Nordm 206463-F
UNIDADE DO HCFMUSP Ciecircncias
3 AVALIACcedilAtildeO DO RISCO DA PESQUISA
RISCO MIacuteNIMO x RISCO MEacuteDIO
RISCO BAIXO RISCO MAIOR
4DURACcedilAtildeO DA PESQUISA 12 meses
HOSPITAL DAS CLIacuteNICAS DA FACULDADE DE MEDICINA DA
UNIVERSIDADE DE SAtildeO PAULO-HCFMUSP
1 ndash A doenccedila que o senhor (a) tem se chama doenccedila obstrutiva crocircnica
(DPOC) Esta doenccedila causa a inflamaccedilatildeo das vias aeacutereas e prejudica todo
94
pulmatildeo Por esse motivo o toacuterax fica expandido e os muacutesculos que realizam a
respiraccedilatildeo ficam tensos Essa tensatildeo muscular diminui o movimento do toacuterax e
a quantidade de ar que entra nos pulmotildees levando a uma dificuldade para
respirar e diminuindo a capacidade aos exerciacutecios simples do dia-dia Todo
esse quadro pode aumentar a tendecircncia de desencadear episoacutedios de
depressatildeo e ansiedade
2 ndash O nosso corpo tem muacutesculos que ajudam na respiraccedilatildeo (entrada do ar)
esses muacutesculos ao contrair ajudam a entrada de ar nos pulmotildees No (a)
paciente DPOC o movimento da caixa toraacutecica estaacute diminuiacutedo por isso este
estudo tem como objetivo verificar se o uso dos exerciacutecios de alongamento
relaxariam os muacutesculos respiratoacuterios diminuindo a sensaccedilatildeo de falta de ar
3 ndash Portanto estamos convidando o (a) senhor (a) para participar deste estudo
Caso o senhor (a) aceite participar da pesquisa teraacute que comparecer ao
hospital (HC) 2 vezes por semana durante um mecircs e meio de tratamento com
duraccedilatildeo de 30 a 40 minutos por dia O senhor (a) seraacute incluiacutedo (a) de forma
aleatoacuteria (sorteio) em dois grupos que receberatildeo diferentes tratamentos de
alongamento com supervisatildeo do profissional fisioterapeuta O senhor (a)
receberaacute uma cartilha com alguns exerciacutecios semelhantes aos realizados no
hospital para ser feito em casa no miacutenimo duas vezes por semana
4 ndash Durante os exerciacutecios de alongamento o (a) senhor (a) poderaacute sentir algum
desconforto como um ldquopuxatildeordquo ldquoformigamentordquo e ldquoqueimaccedilatildeordquo na regiatildeo que os
muacutesculos estatildeo sendo trabalhados Apoacutes a realizaccedilatildeo do alongamento eacute
possiacutevel que essas sensaccedilotildees perdurem por no maacuteximo 3 dias Evitaremos
durante o tratamento as dores se caso o senhor (a) sentir alguma dor
comunique ao profissional responsaacutevel que interromperemos imediatamente o
exerciacutecio
5 ndash Seratildeo realizados diversos testes antes e depois do tratamento para
verificar o grau de eficiecircncia da teacutecnica aplicada Mediremos o movimento do
seu toacuterax com um aparelho chamado pletismografia onde seratildeo colocados
marcadores no seu toacuterax e o senhor natildeo sentiraacute nenhum desconforto ou dor
Seratildeo realizados exames para a funccedilatildeo do seu pulmatildeo chamado espirometria
para isso pediremos para o senhor (a) puxar e assoprar forte o ar no aparelho
este teste natildeo traraacute nenhum desconforto ou dor Para testar a forccedila dos
muacutesculos pediremos novamente que o senhor (a) puxe o ar com forccedila em um
95
aparelho chamado manovacuocircmetro este teste natildeo traraacute dor Realizaremos
um teste de esforccedilo ao exerciacutecio onde pediremos para o (a) senhor (a) andar o
maacuteximo possiacutevel durante 6 minutos seraacute repetido duas vezes Nesse teste o
senhor (a) pode sentir cansaccedilo e falta de ar que acabaraacute imediatamente apoacutes o
teacutermino do exerciacutecio Por uacuteltimo o senhor (a) responderaacute o questionaacuterio sobre a
sua vida que conteacutem uma seacuterie de perguntas para avaliar se o (a) senhor (a)
possui episoacutedios de depressatildeo e ansiedade poderaacute sentir algum desconforto
ao responder algumas perguntas que seratildeo realizadas
6 ndash Com esse estudo buscamos a melhora da qualidade de vida com
diminuiccedilatildeo dos quadros tendenciosos de depressatildeo e ansiedade e o aumento
da capacidade para realizar os exerciacutecios diaacuterios decorrentes da melhora da
mobilidade toraacutecica
7 ndash Asseguramos que o senhor (a) teraacute acesso aos profissionais responsaacuteveis
pela pesquisa para esclarecimento de eventuais duacutevidas O principal
investigador eacute o Prof Dr Celso Ricardo Fernandes Carvalho que poderaacute
ser encontrado na Av Eneacuteas de Carvalho Aguiar 255 4o andar bloco 06 no
telefone(s) 11 3069-7961 e o Dr Juliano Takashi Wada que pode ser
encontrado no endereccedilo Rua Albuquerque Lins 537 cj 42 Telefone(s) 11
3624-4524 Se caso o senhor (a) tiver alguma consideraccedilatildeo ou duacutevida sobre a
eacutetica da pesquisa entre em contato com o Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa (CEP)
ndash Rua Oviacutedio Pires de Campos 225 ndash 5ordm andar ndash tel 3069-6442 ramais 16 17
18 ou 20 FAX 3069-6442 ramal 26 ndash E-mail cappesqhcnetuspbr
8 ndash Garantimos a liberdade da retirada do consentimento a qualquer momento
e deixar de participar do estudo sem qualquer prejuiacutezo agrave continuidade de seu
tratamento na Instituiccedilatildeo
9 ndash Garantimos o direito de confidencialidade ndash As informaccedilotildees obtidas
seratildeo analisadas em conjunto com outros pacientes natildeo sendo divulgado a
identificaccedilatildeo e os dados de nenhum paciente
10 ndash Garantimos o direito de ser mantido atualizado sobre os resultados
parciais das pesquisas quando em estudos abertos ou de resultados que
sejam do conhecimento dos pesquisadores
96
11 ndash Despesas e compensaccedilotildees natildeo haacute despesas pessoais para o
participante em qualquer fase do estudo incluindo exames e consultas
Tambeacutem natildeo haacute compensaccedilatildeo financeira relacionada agrave sua participaccedilatildeo Se
existir qualquer despesa adicional ela seraacute absorvida pelo orccedilamento da
pesquisa Natildeo garantimos o pagamento de qualquer dano causado pelo estudo
mas garantimos que se caso o senhor (a) tiver algum problema poderaacute ser
atendido no Ambulatoacuterio da Fisioterapia do Hospital das cliacutenicas gerenciado
pelo Prof Dr Celso Ricardo Fernandes de Carvalho
12 ndash Garantimos o compromisso do pesquisador de utilizar os dados e o
material coletado satildeo confidenciais e seraacute utilizado somente para esta pesquisa
Acredito ter sido suficientemente informado a respeito das informaccedilotildees
que li ou que foram lidas para mim descrevendo o estudo rdquoEfeitos do
alongamento da musculatura acessoacuteria respiratoacuteria com a teacutecnica de
contraccedilatildeo-relaxamento na mobilidade toraacutecica e capacidade psicossocial e
funcional de pacientes com doenccedila pulmonar obstrutiva crocircnicardquo
Eu discuti com o Prof Dr Celso Ricardo Fernandes de Carvalho ou
com o Dr Juliano Takashi Wada sobre a minha decisatildeo em participar nesse
estudo Ficaram claros para mim quais satildeo os propoacutesitos do estudo os
procedimentos a serem realizados seus desconfortos e riscos as garantias de
confidencialidade e de esclarecimentos permanentes Ficou claro tambeacutem que
minha participaccedilatildeo eacute isenta de despesas e que tenho garantia do acesso a
tratamento hospitalar quando necessaacuterio Concordo voluntariamente em
participar deste estudo e poderei retirar o meu consentimento a qualquer
momento antes ou durante o mesmo sem penalidades ou prejuiacutezo ou perda
de qualquer benefiacutecio que eu possa ter adquirido ou no meu atendimento
neste Serviccedilo
-------------------------------------------------
Assinatura do pacienterepresentante legal Data
97
-------------------------------------------------------------------------
Assinatura da testemunha Data
Declaro que obtive de forma apropriada e voluntaacuteria o Consentimento Livre e
Esclarecido deste paciente ou representante legal para a participaccedilatildeo neste estudo
----------------------------------------------------------
Assinatura do responsaacutevel pelo estudo
Data
98
NCT 0236762
99
100
101
20-Nov-2014
CC Wada Juliano Borges-Santos Erickson Paisani
Denise Porras Desiderio Cukier Alberto Lunardi
Adriana Carvalho Celso
Dear Ms Wada
Your manuscript entitled Effect of respiratory muscle
stretching on thoracoabdominal kinematics and functional
capacity of patients with COPD a randomized and controlled
trial has been received online and is presently being
given full consideration for publication in CHEST Please
note that our editorial office will review your manuscript
before sending it to the Editor in Chief If there are
aspects that need to be fixed prior to peer review they
may return your paper to your Corresponding Author Center
and ask you to make some minor changes and resubmit it We
appreciate your understanding
Your manuscript ID is CHEST-14-2914
You may view the status of your manuscript at any time by
checking your Author Center after logging in
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102
The journal strives to expedite the peer review process
however because we receive over 3400 submissions each year
the process may take up to 8 weeks to complete Please be
patient during this time and feel free to log in to check
your manuscript status
Please mention the above manuscript ID in all future
correspondence or when calling the office for questions If
there are any changes in your street address phonefax or
e-mail address please log in to ScholarOne Manuscripts
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Thank you for choosing to submit your manuscript to CHEST
Sincerely
CHEST Editorial Office
vi
Agrave Dra Denise Paisane por toda a colaboraccedilatildeo ao longo do estudo Tenho
grande respeito e admiraccedilatildeo pela sua dedicaccedilatildeo profissional A sua
organizaccedilatildeo e seu empenho foram fundamentais ao longo do meu mestrado
Ao Dr Ronaldo Silva por todo o conhecimento e disponibilizaccedilatildeo para nos
ajudar durante o projeto Estava sempre disposto para realizar qualquer tipo de
tarefa sua humildade eacute inspiradora O seu conhecimento foi essencial para o
teacutermino da dissertaccedilatildeo
Ao Me Desiderio Cano por todo o conhecimento do OEP que nos foi
passado e pela sua disposiccedilatildeo em nos ajudar com a coleta e interpretaccedilatildeo dos
dados
Agrave Me Cibele Cristine Berto Marques da Silva pela disposiccedilatildeo em nos ajudar
durante as avaliaccedilotildees e pelas observaccedilotildees e correccedilotildees das apresentaccedilotildees
orais
Agrave Dra Renata Teixeira Nakata pela disponibilidade em nos ajudar na
avaliaccedilatildeo dos pacientes e nas correccedilotildees das apresentaccedilotildees orais
Ao Grupo LIFFE por todas as reuniotildees semanais foi uma grande troca de
conhecimentos O trabalho em equipe foram fundamentais para a
concretizaccedilatildeo do trabalho
vii
Aos profissionais do Ambulatoacuterio de Fisioterapia do Hospital das Cliacutenicas
pela compreensatildeo e auxiacutelio durante os protocolos de intervenccedilatildeo dos pacientes
do nosso projeto
Aos pacientes que participaram do estudo por todo o esforccedilo em continuar o
tratamento ateacute a sua conclusatildeo Muitos representaram uma liccedilatildeo de vida para
todos noacutes
Ao Ambulatoacuterio de Pneumologia do Hospital das Cliacutenicas pela parceria em
ceder os prontuaacuterios e os pacientes para o projeto Aleacutem compartilhar
harmoniozamente o mesmo espaccedilo para a triagem dos mesmos
Aos meus grandes amigos por todo apoio companheirismo risadas e
momentos que me mostram o verdadeiro sentido da palavra viver Carlos
Eduardo Hanash Rodrigo Petrone Ricardo Almeida Thiago Eduardo
Castanhon Ricardo Maeda Ricardo Domingos Felipe Calmon Thiago
Almeida Andreacute Fogolin Rodrigo Pizzi Caio Teixeira Marcelo Reina Erik
Terrabuio Marcus Sperandio Jonas Rastelli Mario Castro Carlos Eduardo
Sainz Gustavo Souza Gabriel Boal Rodrigo Guerzoni e Rafael Correa
SUMARIO
LISTA DE ABREVIATURASxi
LISTA DE FIGURASxiii
LISTA DE TABELASxviii
RESUMO xix
SUMMARYxxi
1 INTRODUCcedilAtildeO01
11 Definiccedilatildeo e Incidecircncias 02
12 Fisiopatologia 04
13 Sistema muacutesculo-esqueleacutetico 06
14 Diagnoacutestico e Sintomas07
15 Reabilitaccedilatildeo pulmonar09
16 Muacutesculos respiratoacuterios 10
17 Alongamento Muscular13
18 Meacutetodos para a anaacutelise da mecacircnica ventilatoacuteria17
19 Hipoacutetesehelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphellip19
2 OBJETIVOS20
21 Primaacuterio 21
22 Secundaacuterio 21
3 CASUIacuteSTICA E METODOS22
ix
31 Aspectos eacuteticos23
32 Casuiacutestica23
321 Criteacuterios de inclusatildeo23
322 Criteacuterios de exclusatildeo24
33 Delineamento experimental25
34 Intervenccedilatildeo26
341 Protocolo de alongamento do grupo tratado (GT)26
342 Protocolo de exerciacutecios do grupo controle (GC)32
343 Protocolo dos exerciacutecios aeroacutebicos35
35 Avaliaccedilotildees36
351 Caracterizaccedilatildeo Amostral36
352 Prova de funccedilatildeo pulmonar simples36
353 Padratildeo respiratoacuterio mobilidade e sincronia
toracoabdominal37
3531 Avaliaccedilatildeo do POE durante o exerciacutecio41
354 Atividade muscular respiratoacuteria43
355 Capacidade Funcional44
36 Anaacutelise Estatiacutestica45
4 RESULTADOS47
41 Cinemaacutetica toracoabdominal50
42 Atividade muscular54
43 Capacidade funcional e Dispneia56
x
5 DISCUSSAtildeO59
51 Cinemaacutetica toracoabdominal60
52 Atividade muscular63
53 Capacidade funcional e dispneia65
54 Limitaccedilotildees68
6 CONCLUSAtildeO70
7 REFEREcircNCIAS 72
8 ANEXOS90
xi
LISTA DE ABREVIATURAS
ABD Volume abdominal
ALAT Associaccedilatildeo Latino-Americana de Toacuterax
ATS American Thoracic Society
BORG Escala de dispneia
CPT Capacidade Pulmonar Total
CRF Capacidade Residual Funcional
CTABD Razatildeo entre a contribuiccedilatildeo da caixa toraacutecica e abdocircmen
CT Volume da caixa toraacutecica
CVF Capacidade vital forccedilada
DATASUS Departamento de informaacutetica do sistema uacutenico de sauacutede
DPOC Doenccedila pulmonar obstrutiva crocircnica
EMG Eletromiografia
EMGVt Razatildeo entre atividade muscular e o volume corrente total
F Feminino
FCMaacutex Frequecircncia cardiacuteaca maacutexima
FE Fluxo expiratoacuterio
FI Fluxo inspiratoacuterio
GC Grupo controle
GOLD Global initiative for chronic obstructive lung disease
GT Grupo tratado
HCFMUSP Hospital das Cliacutenicas da Faculdade de Medicina da Universidade
de Satildeo Paulo
xii
Hz Hertz
Kgm2 Kilograma por metro quadrado (unidade do IMC)
L Litros
M Masculino
mL Mililitros
mV Milivolt
mVL Milivolt por litro
O2 Oxigecircnio
OTG Oacutergatildeo tendinoso de Golgi
PaCO2 Pressatildeo parcial de gaacutes carbocircnico
POE Pletismoacutegrafo optoeletrocircnica
RP Reabilitaccedilatildeo pulmonar
SpO2 Saturaccedilatildeo Perifeacuterica de Oxigecircnio
TC6 Teste de caminhada dos 6 minutos
TI Volume do toacuterax inferior
TS Volume corrente do toacuterax superior
VE Volume minuto
VEF1 Volume expiratoacuterio forccedilado no primeiro segundo
VEF1CVF Relaccedilatildeo do volume expiratoacuterio forccedilado no primeiro segundo e
capacidade vital forccedilada
VR Volume Residual
Vt Volume corrente
WMaacutex Carga maacutexima em Watts
Δ Variaccedilatildeo
xiii
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 Desenho experimental25
Figura 2 Anatomia e teacutecnica de alongamento do peitoral maior28
Figura 3 Anatomia e teacutecnica de alongamento do escaleno28
Figura 4 Anatomia e a teacutecnica de alongamento do Esternocleidomastoideo29
Figura 5 Anatomia e a teacutecnica de alongamento do Trapeacutezio Superior30
Figura 6 Anatomia e a teacutecnica de alongamento do peitoral menor30
Figura 7 Anatomia e a teacutecnica de alongamento do Serraacutetil Anterior e
Intercostais31
Figura 8 Anatomia e a teacutecnica de alongamento dos muacutesculos
abdominais32
Figura 9 Anatomia e a teacutecnica de alongamento dos flexores do punho33
Figura 10 Anatomia e a teacutecnica de alongamento dos extensores do punho33
xiv
Figura11 Anatomia e a teacutecnica de alongamento dos extensores do
tornozelo34
Figura 12 Anatomia e a teacutecnica de alongamento dos muacutesculos dos flexores do
tornozelo35
Figura13 Imagem tridimensional gerada pelo OEP38
Figura14 Disposiccedilatildeo das 89 esferas reflexivas38
Figura15 Laboratoacuterio do POE com a disposiccedilatildeo das cacircmeras e da bicicleta40
Figura16 Captaccedilatildeo e anaacutelise dos dados do volume toracoabdominal40
Figura17 Paciente realizando a avaliaccedilatildeo com carga no cicloergocircmetro no
POE42
Figura 18 Desenho experimental da avaliaccedilatildeo do OEP42
Figura19 Eletromioacutegrafo da BTS Engeneering44
Figura 20 Fluxograma do estudo49
xv
Figura 21 Efeitos do alongamento muscular respiratoacuterio na mecacircnica
ventilatoacuteria durante o exerciacutecio Os dados foram apresentados em meacutedia e
desvio padratildeo representado pela diferenccedila (Δ) = poacutes- - preacute-intervenccedilatildeo Houve
um aumento estatisticamente significante do volume da CT e do ABD no GT O
exerciacutecio foi realizado com 25 da carga maacutexima predito na equaccedilatildeo de
Jones25 GC= Grupo Controle GT= Grupo Tratado CT= Caixa totaacutecica total
TS= Toacuterax superior TI= Toacuterax inferior ABD= Abdomen = p lt 005 GC vs GT
(teste t natildeo pareado)51
Figura 22 Efeitos do alongamento muscular respiratoacuterio no volume minuto
(VE) durante o exerciacutecio Os dados foram apresentados em meacutedia e desvio
padratildeo representado pela diferenccedila (Δ) = poacutes- - preacute-intervenccedilatildeo Ambas
apresentaram diferenccedilas houve um aumento estatisticamente significante de
4L no volume minuto (VE) no GT em relaccedilatildeo do GC O exerciacutecio foi realizado
com 25 da carga maacutexima predito na equaccedilatildeo de Jones25 GC= Grupo
Controle GT= Grupo Tratado = p lt 005 GC vs GT (teste t natildeo pareado)52
Figura 23 Efeitos do alongamento muscular respiratoacuterio no fluxo expiratoacuterio
(FE) durante o exerciacutecio Os dados foram apresentados em meacutedia e desvio
padratildeo representado pela diferenccedila (Δ) = poacutes- - preacute-intervenccedilatildeo Ambas
apresentaram diferenccedilas houve um aumento estatisticamente significante de
100mL no fluxo expiratoacuterio (FE) no GT em relaccedilatildeo do GC O exerciacutecio foi
realizado com 25 da carga maacutexima predito na equaccedilatildeo de Jones25 GC=
xvi
Grupo Controle GT= Grupo Tratado = p lt 005 GC vs GT (teste t natildeo
pareado)53
Figura 24 Efeitos do alongamento muscular respiratoacuterio na relaccedilatildeo da
contribuiccedilatildeo da caixa toraacutecica e abdocircmen (CTABD) durante o exerciacutecio Os
dados foram apresentados em meacutedia e desvio padratildeo representado pela
diferenccedila (Δ) = poacutes- - preacute-intervenccedilatildeo O exerciacutecio foi realizado com 25 da
carga maacutexima predito na equaccedilatildeo de Jones25 Foi observado a reduccedilatildeo
estatisticamente significante dos valores no GT em relaccedilatildeo do GC da relaccedilatildeo
CTAB que representa o aumento da mobilidade do compartimento abdominal
GC= Grupo Controle GT= Grupo Tratado CT= Participaccedilatildeo da caixa toraacutecica
ABD= Participaccedilatildeo abdominal = p lt 005 GC vs GT (teste t natildeo pareado)54
Figura 25 Efeitos do alongamento muscular respiratoacuterio na atividade
muscular Os dados foram apresentados em meacutedia e desvio padratildeo
representado pela diferenccedila (Δ) = poacutes- - preacute-intervenccedilatildeo Foi constatada uma
diminuiccedilatildeo estatisticamente significante da atividade dos muacutesculos
esternocleidomastoideo e intercostal superior no GT O exerciacutecio foi realizado
com 25 da carga maacutexima predito na equaccedilatildeo de Jones25 GC= Grupo
Controle GT= Grupo Tratado = p lt 005 GC vs GT (teste t natildeo pareado)55
Figura 26 Efeitos do alongamento muscular respiratoacuterio na relaccedilatildeo entre a
atividade muscular e o volume corrente (EMGVt) Os dados foram
apresentados em meacutedia e desvio padratildeo representado pela diferenccedila (Δ) =
xvii
poacutes- - preacute-intervenccedilatildeo Observou-se uma diminuiccedilatildeo estatisticamente
significante da EMGVt no GT O exerciacutecio foi realizado com 25 da carga
maacutexima predito na equaccedilatildeo de Jones25 GC= Grupo Controle GT= Grupo
Tratado = p lt 005 GC vs GT (teste t natildeo pareado) 56
Figura 27 Efeitos do alongamento muscular respiratoacuterio na escala de BORG
Os dados foram apresentados Os dados foram apresentados em meacutedia e
desvio padratildeo representado pela diferenccedila (Δ) = poacutes- - preacute-intervenccedilatildeo Apoacutes
o tratamento ambos apresentaram diminuiccedilatildeo da dispneia mas somente no GT
houve uma diminuiccedilatildeo na comparaccedilatildeo com o GC e com seus dados iniciais no
preacute exerciacutecio O exerciacutecio foi realizado com 25 da carga maacutexima predito na
equaccedilatildeo de Jones25 GC= Grupo Controle GT= Grupo Tratado BORG= Escala
de dispneia TC6= Teste de caminhada dos 6 minutos = p lt 005 preacute vs poacutes
intervenccedilatildeo +=plt005 GC vs GC) (teste t natildeo pareado)57
Figura 28 Os dados apresentados em (Δ) representam (poacutes intervenccedilatildeo ndash preacute
intervenccedilatildeo) No teste de caminhada dos 6 minutos (TC6) foi observada uma
diferenccedila clinicamente significante do TC6 no GT que obteve um aumento
meacutedio de 2514m e o GC de 65m O exerciacutecio foi realizado com 25 da carga
maacutexima predito na equaccedilatildeo de Jones25 GC= Grupo Controle GT= Grupo
Tratado TC6= Teste de caminhada dos 6 minutos ( =diferenccedila clinicamente
significante)58
xviii
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 Caracterizaccedilatildeo amostral basal dos pacientes do estudo50
xix
RESUMO
Efeitos do alongamento da musculatura respiratoacuteria pelas teacutecnicas de
alongamento passivo e contraccedilatildeo-relaxamento na mecacircnica ventilatoacuteria e
na capacidade funcional de pacientes com doenccedila pulmonar obstrutiva
crocircnica
Os pacientes com doenccedila pulmonar obstrutiva crocircnica (DPOC) devido agrave
obstruccedilatildeo brocircnquica e reduccedilatildeo da retraccedilatildeo elaacutestica pulmonar apresentam o
aumento do recrutamento da musculatura respiratoacuteria predispondo agrave
incoordenaccedilatildeo toracoabdominal aumentando o trabalho respiratoacuterio
provocando fadiga e dispneacuteia O alongamento dos muacutesculos respiratoacuterios
(AMR) poderia diminuir a atividade muscular melhorar a sua capacidade
contraacutetil e a mobilidade da caixa toraacutecica otimizando a ventilaccedilatildeo pulmonar
entretanto estes efeitos nos muacutesculos respiratoacuterios permanecem
desconhecidos Objetivo Avaliar os efeitos da adiccedilatildeo do AMR associados agrave
reabilitaccedilatildeo pulmonar na mecacircnica ventilatoacuteria na capacidade funcional e na
atividade muscular em pacientes com DPOC Meacutetodo Estudo randomizado e
controlado incluiu 30 pacientes com DPOC que foram distribuiacutedos
aleatoriamente para os grupos tratado (GT n = 15) e controle (GC n = 15)
Todos os pacientes foram submetidos a 24 sessotildees de treinamento aeroacutebico
duas vezes por semana Aleacutem disso o GT recebeu AMR e o GC recebeu o
alongamento dos membros superiores e inferiores antes dos exerciacutecios
aeroacutebicos Foram avaliados teste da capacidade funcional (teste de caminhada
xx
de 6 minutos TC6) mecacircnica toracoabdominal (pletismografia optoeletrocircnica
POE) e atividade muscular respiratoacuteria (eletromiografia de superfiacutecie EMG)
durante o exerciacutecio Os dados representam a variaccedilatildeo (Δ)=poacutes- - preacute-
avaliaccedilatildeo foi utilizado o teste t para comparar os grupos e o niacutevel de
significacircncia foi fixado em 5 Resultados O GT apresentou o aumento da
capacidade funcional (2514m +) com a reduccedilatildeo da sensaccedilatildeo de dispneia apoacutes
o TC6 (plt001) quando comparado ao GC Provavelmente estaacute relacionado
com a melhora do volume da caixa toraacutecica (plt001) capacidade ventilatoacuteria
(plt001) com o aumento do volume e da contribuiccedilatildeo do compartimento
abdominal (plt001) Observamos tambeacutem no GT a reduccedilatildeo da atividade
muscular (p lt001) com maior eficiecircncia ventilatoacuteria (plt0006) Conclusatildeo
Nossos resultados sugerem que a adiccedilatildeo do AMR no treinamento aeroacutebio
aumenta a capacidade funcional com diminuiccedilatildeo da dispneia melhora a
eficaacutecia da contraccedilatildeo muscular e da capacidade ventilatoacuteria devido agrave maior
participaccedilatildeo do compartimento abdominal em pacientes com DPOC
Descritores DPOC Muacutesculos Respiratoacuterios Alongamento Muscular
Mecacircnica Respiratoacuteria Plestimografia Dispneia Eletromiografia
xxi
SUMMARY
Effects of respiratory muscle stretching with passive and hold-relax
techniques on ventilatory mechanics and functional capacity in patients
with chronic obstructive pulmonary disease
Chronic obstructive pulmonary disease (COPD) patients due to bronchial
obstruction and reduced lung elastic recoil present increased in the recruitment
of respiratory muscles predisposing an thoracoabdominal incoordination major
breathing work causing fatigue and dyspnea The respiratory muscles
stretching (RMS) could decrease the muscle activity and improve their
contractile capacity chest wall mobility and optimize the pulmonary ventilation
however this effect remains unknown Objective To evaluate the effects of
adding the RMS associated with pulmonary rehabilitation in ventilatory
mechanics functional capacity and muscle activity in patients with COPD
Method Randomized and controlled trial enrolled 30 COPD patients who were
randomly allocated into treatment (TG n = 15) and control (CG n = 15) groups
All patients underwent 24 sessions of aerobic training twice a week In Addition
TG received RMS and CG received upper and lower limb stretching before
aerobic exercises Were evaluated functional capacity (6-minute walking
distance test 6MWDT) thoracoabdominal mechanics (optoelectronic
plethysmography OEP) and respiratory muscle activity (surface
electromyography EMG) during exercise The data represents the change (Δ) =
post- - pre-evaluation a t-test was used to compare the groups and the
xxii
significance level was set at 5 Results TG showed improvement in the
functional capacity (2514m +) with decrease of the dyspnea sensation after the
6MWDT (plt001) compared with CG Probably is related with increased of
chest wall volume (plt001) ventilatory capacity (plt001) volume and the
contribution of the abdominal compartment (plt001) We also observed in the
TG a reduction of respiratory muscle activity (plt001) and the ratio between
volume displaced (plt0006) Conclusion Our results suggest that the addition
of RMS to aerobic training increases the functional capacity with dyspnea
reduction improvement of efficacy of respiratory muscle contraction and
ventilatory capacity due to higher participation of the abdominal compartment in
patients with COPD
Descriptors COPD Respiratory Muscles Muscular Stretching Respiratory
Mechanics Plethysmography Dyspnea Electromyography
1 INTRODUCcedilAtildeO
2
11 Definiccedilatildeo e Incidecircncias
A doenccedila pulmonar obstrutiva crocircnica (DPOC) eacute definida como uma
patologia pulmonar previsiacutevel e trataacutevel caracterizada pela limitaccedilatildeo
persistente do fluxo aeacutereo aprisionamento aeacutereo e hiperinsuflaccedilatildeo com caraacuteter
de limitaccedilatildeo progressiva associados ao aumento da resposta inflamatoacuteria das
vias aeacutereas e dos pulmotildees decorrente da exposiccedilatildeo aos gases e partiacuteculas
nocivas (GOLD 2013) Os processos inflamatoacuterios causam alteraccedilotildees
brocircnquicas e destruiccedilatildeo do parecircnquima pulmonar que podem variar de
indiviacuteduo para indiviacuteduo resultando no decreacutescimo da elasticidade tecidual
pulmonar e diminuiccedilatildeo da capacidade ventilatoacuteria (Celli et al 2004 Laizo
2009)
A bronquite crocircnica e o enfisema pulmonar satildeo responsaacuteveis pela
denominaccedilatildeo da DPOC decorrente habitualmente do tabagismo embora
outras formas possam estar envolvidas em sua patogecircnese tal como a
deficiecircncia de micro1-antitripsina (Wood et al 2008) O enfisema pulmonar eacute
definido pelo aumento anormal e permanente dos espaccedilos aeacutereos distais do
bronquiacuteolo terminal acompanhado pela destruiccedilatildeo do parecircnquima pulmonar
Na ausecircncia de uma fibrose evidente o principal distuacuterbio funcional do enfisema
eacute a perda da retraccedilatildeo elaacutestica tecidual associada ao colabamento das vias
aeacutereas (Fabbri et al 2008) A bronquite crocircnica eacute definida clinicamente pela
presenccedila de tosse crocircnica com produccedilatildeo de secreccedilatildeo por vaacuterios dias da
semana por 3 meses em um ano por mais de 2 anos consecutivos Apresentam
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edema e inflamaccedilatildeo da mucosa brocircnquica associada ao aumento do nuacutemero e
do tamanho das glacircndulas secretoras de muco e remodelaccedilatildeo estrutural
recorrente da parede dos brocircnquios (Figuero et al 2005) Evidenciam-se em
ambas a diminuiccedilatildeo da luz brocircnquica e limitaccedilatildeo da mobilidade da caixa
toraacutecica com diminuiccedilatildeo da capacidade respiratoacuteria caracterizando um
distuacuterbio ventilatoacuterio obstrutivo com aprisionamento aeacutereo geralmente grave e
irreversiacutevel (Colom et al 2006)
No Brasil a DPOC ocupa a 5ordf posiccedilatildeo entre as principais causas de
morte liacuteder em mortalidade entre as doenccedilas respiratoacuterias onde 290 mil
pacientes satildeo internados anualmente gerando um gasto importante ao sistema
de sauacutede do paiacutes Os dados de prevalecircncia obtidos ateacute o momento atraveacutes dos
questionaacuterios sintomatoloacutegicos permitiram estimar a DPOC em adultos maiores
de 40 anos em 12 dessa populaccedilatildeo ou seja 5500000 indiviacuteduos Tatildeo
importante quanto os gastos diretos satildeo os indiretos como os dias de trabalho
perdidos e aposentadoria precoce (II Consenso Brasileiro de DPOC 2004)
Associaccedilatildeo Latino-Americana de Toacuterax (ALAT) constituiacuteda pelo Brasil
Venezuela Meacutexico Uruguai e Chile desenvolveram um estudo chamado
PLATINO em 2006 com colaboraccedilatildeo da Burden of Obstructive Lung Disease
Se considerarmos os dados preliminares a prevalecircncia da DPOC varia de 6 a
158 da populaccedilatildeo brasileira com idade igual ou superior a 40 anos que
equivale a 2800000 a 6900000 indiviacuteduos dados estes que corroboram com
o Consenso Brasileiro de DPOC
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O nuacutemero de oacutebitos tecircm aumentado nos uacuteltimos 20 anos em ambos os
sexos a taxa de mortalidade passou de 788 por 100000 habitantes na deacutecada
de 80 para 1904 por 100000 habitantes na deacutecada de 90 com um
crescimento de 230 (Laizo 2009) Segundo dados do DATASUS a DPOC
gerou no ano de 2010 no Sistema Nacional de Sauacutede Puacuteblica 141994
hospitalizaccedilotildees que levaram a 778428 dias de internaccedilatildeo O custo total dessas
internaccedilotildees foi de R$ 9243441551 e 7937 mortes diretamente relacionadas
com a DPOC Estima-se que ateacute 2025 75 das mortes prematuras
respiratoacuterias seratildeo provocadas pelo tabagismo (De Godoy et al 2007)
12 Fisiopatologia
A obstruccedilatildeo brocircnquica e a diminuiccedilatildeo do recolhimento elaacutestico
desencadeados pela doenccedila alteram a mecacircnica pulmonar que desloca o
ponto de igual pressatildeo das vias aeacutereas favorecendo o aprisionamento de ar
desencadeando a hiperinsuflaccedilatildeo e a diminuiccedilatildeo da capacidade respiratoacuteria
aos grandes esforccedilos subsequentemente ao repouso (Senol et al 2006
Fabbri et al 2008) A configuraccedilatildeo alterada da caixa toraacutecica deslocam os
muacutesculos respiratoacuterios (De Troyer 1997) inclusive o diafragma para uma
posiccedilatildeo de encurtamento e desvantagem mecacircnica prejudicando
gradativamente a mobilidade toracoabdominal levando ao aumento do trabalho
5
respiratoacuterio limitaccedilatildeo da ventilaccedilatildeo pulmonar e agravamento a sensaccedilatildeo de
dispneia (Yamaguti et al 2012 OacuteKroy et al 2000)
A limitaccedilatildeo do fluxo ventilatoacuterio faz com que a capacidade residual
funcional (CRF) se desloque em direccedilatildeo da capacidade pulmonar total (CPT)
A forccedila dos muacutesculos inspiratoacuterios eacute exigida para o aumento do volume mas a
contraccedilatildeo muscular eacute eficaz somente em esforccedilos leves e moderados A maior
demanda ventilatoacuteria obriga a CRF se deslocar ainda mais em direccedilatildeo agrave CPT e
a forccedila inspiratoacuteria natildeo tem capacidade de gerar o ganho volumeacutetrico
agravando a dispneia o que leva a interrupccedilatildeo do exerciacutecio (Calverley 2006)
A DPOC natildeo eacute somente uma doenccedila respiratoacuteria e sim sistecircmica a
hiperinsuflaccedilatildeo pulmonar afeta o sistema cardiovascular pois a alteraccedilatildeo da
pressatildeo intratoraacutecica reduz o enchimento cardiacuteaco e consequentemente o
deacutebito cardiacuteaco (Stark-leyva et al 2004) As disfunccedilotildees oacutesseas satildeo
decorrentes principalmente da inatividade fiacutesica do uso de corticoacuteesteroacuteides e
pela desnutriccedilatildeo (Ferguson et al 2009) assim como as neuropatias perifeacutericas
incluindo do nervo frecircnico ocasionando a depressatildeo da excitabilidade e da
conduccedilatildeo neural (Jann et al 1998) A hipoxemia possivelmente seja
responsaacutevel pelas alteraccedilotildees cognitivas que compromete a memoacuteria verbal e a
compreensatildeo (Dodd et al 2010) em contrapartida a depressatildeo e a ansiedade
satildeo associados principalmente agrave sensaccedilatildeo de desconforto respiratoacuterio e agrave
limitaccedilatildeo da atividade de vida diaacuteria (Wagena 2005) O refluxo gastroesofaacutegico
eacute outra alteraccedilatildeo que provavelmente seja decorrente da diminuiccedilatildeo da
capacidade contraacutetil muscular diafragmaacutetica pois com a sua horizontalizaccedilatildeo
6
perde-se a eficiecircncia contraacutetil e reduz da pressatildeo do esfiacutencter gastroesofaacutegico
(Hurst et al 2008 Boutou et al 2011) Dentre as alteraccedilotildees sistecircmicas da
DPOC o sistema muacutesculo-esqueleacutetico eacute um dos mais afetados e estaacute
relacionado com o agravamento da patologia e ao aumento do iacutendice de
mortalidade devido ao descondicionamento fiacutesico (Dourado et al 2006
Swallow et al 2007 Dodd et al 2012)
13 Sistema muacutesculo-esqueleacutetico
O sistema muacutesculo-esqueleacutetico eacute afetado pela inflamaccedilatildeo crocircnica
sistecircmica da DPOC processo que induz a liberaccedilatildeo de mediadores quiacutemicos
inflamatoacuterios acelerando a degradaccedilatildeo proteica e aumentando o estresse
oxidativo muscular (Andreassen e Vestbo 2003 Macintyre 2006) O transporte
de oxigecircnio para o citoplasma celular dos muacutesculos fica comprometido esse
oxigecircnio fica inutilizado por natildeo conseguir chegar de forma eficiente nas
mitococircndrias (Shrikrishna 2009 Barreiro 2013) As alteraccedilotildees metaboacutelicas
enzimaacuteticas e hormonais anaboacutelicas quando associadas agrave diminuiccedilatildeo dos
capilares sanguiacuteneos provocam a reduccedilatildeo das fibras musculares do tipo I e II
(Ries et al 2007 Strasser et al 2013) Devido a estes fatores todos os
muacutesculos inclusive os respiratoacuterios trabalham de forma anaeroacutebica ao miacutenimo
esforccedilo acumulando lactato ocasionando a fadiga precoce ao exerciacutecio e ao
descondicionamento sistecircmico (Wagena 2005 Hostettler et al 2011)
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14 Diagnoacutestico e Sintomas
Para o diagnoacutestico eacute utilizado principalmente a espirometria por que a
obtenccedilatildeo da curva expiratoacuteria volume-tempo eacute obrigatoacuteria na suspeita cliacutenica
de DPOC devendo ser realizada antes e apoacutes administraccedilatildeo de
broncodilatador na fase estaacutevel da doenccedila A espirometria permite a avaliaccedilatildeo
de uma multiplicidade de paracircmetros poreacutem os mais importantes do ponto de
vista de aplicaccedilatildeo cliacutenica satildeo a CVF (capacidade vital forccedilada) o VEF1 (volume
expiratoacuterio forccedilado no primeiro segundo) e a relaccedilatildeo sua relaccedilatildeo (VEF1CVF)
A existecircncia da limitaccedilatildeo do fluxo aeacutereo eacute definida pela presenccedila da relaccedilatildeo
VEF1CVF abaixo de 070 poacutes-broncodilatador e pelos dados de VEF1 ge 80
do predito (leve) ge 50 e lt 80 do predito (moderado) e ge 30 e lt 50 do
predito (grave) (GOLD 2013)
A DPOC apresenta tambeacutem o aumento do volume residual (VR) da
capacidade pulmonar total (CPT) e da capacidade residual funcional (CRF)
(Camargo et al 2008) Deve-se solicitar o exame radioloacutegico de forma rotineira
nas posiccedilotildees poacutestero-anterior e perfil mas dificilmente seraacute utilizado para o
diagnoacutestico da doenccedila e sim para descartar outras patologias como a
neoplasias bolhas e para acompanhar o prognoacutestico da doenccedila (II Consenso
Brasileiro sobre Doenccedila Pulmonar Obstrutiva Crocircnica 2004)
A presenccedila de sintomas respiratoacuterios crocircnicos no paciente com haacutebito
tabaacutegico (cigarro cigarrilha cachimbo charuto) deve levar a suspeita cliacutenica da
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DPOC O tabagismo eacute considerado um problema de sauacutede puacuteblica e satildeo
atribuiacutedos a esse viacutecio 90 dos casos de cancro no pulmatildeo 86 de bronquite
e enfisema 25 dos processos isquecircmicos do coraccedilatildeo e 30 dos cancros
extrapulmonares (Laizo 2009) A tosse o chiado e a dispneia estatildeo
frequentemente presentes tendo sido relatado em 83 dos casos (Nishimura
et al 2002 Laveneziana et al 2011)
A dispneia eacute o sintoma mais importante dos pacientes com DPOC
Montaldo et al (2000) acreditam que os estiacutemulos aferentes provenientes das
tensotildees do sistema muacutesculo-esqueleacutetico da regiatildeo toracoabdominal apoacutes
serem processados nos centros respiratoacuterios aumentam a percepccedilatildeo da
dispneia (Breslin et al 1998) Outro fator satildeo os estiacutemulos dos quimioceptores
sensiacuteveis agraves variaccedilotildees de PaCO2 e agraves alteraccedilotildees dos mecanoceptores
articulares e musculares da caixa toraacutecica (Burki e Lee 2010) Classicamente
o instrumento mais utilizado para avaliaccedilatildeo da dispneia eacute a escala modificada
de Borg (1982) a sensaccedilatildeo de falta de ar estaacute associada com a incapacidade
fiacutesica piora da qualidade de vida e do prognoacutestico cliacutenico Os pacientes
normalmente referem os sintomas em uma fase mais avanccedilada da doenccedila e
frequentemente relaciona a limitaccedilatildeo das atividades ao descondicionamento
muscular perifeacuterico (Castro et al 2012)
Szczegielniak et al (2011) demonstraram que os exerciacutecios aeroacutebicos
reduzem os niacuteveis inflamatoacuterios caracteriacutesticos da DPOC e melhora o
condicionamento fiacutesico permitindo a melhora das atividades diaacuterias Por esta
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razatildeo cada vez mais a reabilitaccedilatildeo pulmonar vem adquirindo mais importacircncia
no acircmbito cientiacutefico
15 Reabilitaccedilatildeo pulmonar
A reabilitaccedilatildeo pulmonar (RP) eacute um programa baseado em evidecircncias
constituiacutedo pelo treinamento aeroacutebico e resistido associado aos programas
educacionais intervenccedilotildees nutricionais e suporte psicoloacutegico para os pacientes
com DPOC O objetivo eacute otimizar a performance fiacutesica funcional social
psicoloacutegica e autonocircmica dos pacientes Eacute realizada por uma equipe
multidisciplinar composta por meacutedicos fisioterapeutas enfermeiros
nutricionistas psicoacutelogos terapeutas ocupacionais e assistentes sociais (ATS
2013) Eacute capaz de auxiliar na atenuaccedilatildeo das limitaccedilotildees do sistema
musculoesqueleacutetico por isso melhora a qualidade de vida e garante o maacuteximo
da sua independecircncia e funcionalidade em seu meio (Carrieri-Kohlman et al
2005 Garcia-Aymerich et al 2006 Ries et al 2007)
O treinamento aeroacutebico realizado em bicicleta ou esteira ergomeacutetrica eacute o
principal componente da RP conforme observados em alguns estudos ele
promove o aumento do tamanho das fibras do tipo I e na quantidade de
capilares musculares em DPOC (Montes de Oca et al 2005) A intensidade
pode ser ajustada pela frequecircncia cardiacuteaca ou pelo teste de caminhada
(Figueiredo e Guimaratildees 2009) sendo necessaacuterio no miacutenimo 10 semanas de
10
intervenccedilatildeo com 2 sessotildees semanais (Rossi et al 2005) Mas os indiviacuteduos
apresentam respostas diferentes quando submetidos agrave RP sobretudo nos
fatores que limitam o exerciacutecio fiacutesico Plankell et al (2005) realizaram um
estudo e constataram que pacientes soacute apresentam um bom condicionamento
cardiorrespiratoacuterio quando realizava exerciacutecios aeroacutebicos de alta intensidade
A RP tem sido reconhecida nos uacuteltimos anos como parte fundamental do
tratamento da DPOC pois oferece inuacutemeros estudos com resultados positivos
para os pacientes Dentre eles a melhora da toleracircncia ao exerciacutecio (Yoshimi
et al 2012) reduccedilatildeo da demanda ventilatoacuteria em esforccedilo submaacuteximo melhora
da eficiecircncia do trabalho diminuiccedilatildeo da dispneia e melhora da atividade de
vida diaacuteria (Godoy et al 2009) Apesar dos benefiacutecios nos pacientes com
DPOC ateacute o presente momento nenhum exerciacutecio conseguiu atuar
eficientemente na mecacircnica ventilatoacuteria (Georgiadou et al 2007) Por esta
razatildeo alguns estudos buscaram outras alternativas para interferir diretamente
nos muacutesculos respiratoacuterios com o objetivo de potencializar os efeitos positivos
jaacute demonstrados pela RP
16 Muacutesculos respiratoacuterios
O diafragma eacute o principal muacutesculo respiratoacuterio durante a inspiraccedilatildeo
realiza a contraccedilatildeo das cuacutepulas diafragmaacuteticas que descendem e gera um
aumento da pressatildeo intra-abdominal que serve de sustentaccedilatildeo para a
11
expansatildeo da caixa toraacutecica potencializada pela associaccedilatildeo da contraccedilatildeo dos
muacutesculos respiratoacuterios (Man et al 2012) Tem sido demonstrado na literatura
encurtamento em torno de 28 a 40 do diafragma na DPOC fato este que
compromete a mobilidade e funcionalidade toracoabdominal com repercussatildeo
na capacidade ventilatoacuteria e na tensatildeo dos muacutesculos da caixa toraacutecica de
forma de compensatoacuteria a diminuiccedilatildeo da contraccedilatildeo diafragmaacutetica (Iwasawa et
al 2002 Vilaroacute et al 2010)
Os principais muacutesculos acessoacuterios respiratoacuterios satildeo o peitoral menor
escalenos esternocleidomastoacuteideo intercostais e abdominais avaliados pela
eletromiografia (Gandevia et al 2006 Duiverman et al 2004) eles participam
na fase inspiratoacuteria favorecendo a expansatildeo da caixa toraacutecica pela traccedilatildeo
costal (De Troyer et al 1994 Taylor et al 1990) Durante a inspiraccedilatildeo forccedilada
outros muacutesculos satildeo solicitados como o peitoral maior e o trapeacutezio (Putt et al
2008) Estudos mais recentes tecircm demonstrado que a atividade muscular do
esternocleidomastoacuterideo intercostais peitoral menor latiacutessimo do dorso e dos
escalenos tanto em condiccedilotildees de repouso quanto no exerciacutecio satildeo maiores em
pacientes com DPOC quando comparada aos indiviacuteduos sadios (Donaldson et
al 2012) Os muacutesculos abdominais desempenham um papel importante no
mecanismo expiratoacuterio e a sua contraccedilatildeo estaacute associada a outras musculaturas
expiratoacuterias que potencializam no mecanismo de depressatildeo costal para a saiacuteda
de ar (Georgiadou et al 2007)
Na DPOC os muacutesculos respiratoacuterios sustentam a contraccedilatildeo para
aumentar expansatildeo da caixa toraacutecica com o objetivo de incrementar o fluxo
12
ventilatoacuterio Essa diminuiccedilatildeo do comprimento das fibras musculares prejudica a
eficiecircncia da forccedila contraacutetil maacutexima pois perde a sobreposiccedilatildeo fisioloacutegica ideal
entre os filamentos de actina e miosina (Izumizaki et al 2008 Ito 1999)
aumentando o gasto energeacutetico e a fadiga durante os exerciacutecios fiacutesicos
(Kokkonen et al 2007 Gea et al 2013) Essas alteraccedilotildees de comprimento e
tensatildeo do sistema musculo-esqueleacutetico da regiatildeo toracoabdominal geram a
estimulaccedilatildeo mecanoceptoras locais (fusos musculares e os receptores
articulares) que alteram os estiacutemulos neuroloacutegicos aos centros motores e
respiratoacuterios (Montaldo et al 2000) Estes centros por sua vez desencadeiam
a mudanccedila da taxa de disparo do nervo frecircnico que controla a cadecircncia e a
frequecircncia da contraccedilatildeo diafragmaacutetica (Burki e Lee 2010)
A partir destes conceitos preacutevios da relaccedilatildeo entre a mobilidade e as
alteraccedilotildees sintomatoloacutegicas da patologia pulmonar estudos de intervenccedilatildeo nos
muacutesculos respiratoacuterios ganharam importacircncia cientiacutefica (ATS 2013) A teacutecnica
de alongamento muscular foi escolhida pela maioria pois veio de encontro aos
conceitos do aumento da mobilidade tecidual perdida na DPOC A maioria dos
trabalhos tiveram como objetivo principal aumentar a viscoelasticidade
muscular para gerar acomodaccedilatildeo dos mecanoceptores da caixa toraacutecica
sendo assim regularia os centros respiratoacuterios e consequentemente
melhoraria o trabalho respiratoacuterio com reduccedilatildeo dos sintomas (Manning e
Schwartzstein 1995 Montaldo et al 2000)
13
17 Alongamento Muscular
Bonnar et al (2004) consideram que o alongamento busca aumentar o
espaccedilo entre os filamentos de actina e miosina com o objetivo de devolver a
sobreposiccedilatildeo fisioloacutegica ideal da actina e miosina para potencializar a
capacidade contraacutetil muscular (Shrier 2004 Izumizaki et al 2008) O
alongamento pode regular o mecanismo contraacutetil a partir do equiliacutebrio do caacutelcio
citoplasmaacutetico pela ativaccedilatildeo do retiacuteculo sarcoplasmaacutetico (Nakamura et al
2012) aleacutem de promover a diminuiccedilatildeo da tensatildeo tecidual pela remodelaccedilatildeo
dos fibroblastos (Riley e Van Dyke 2012) Kokonnen (2007) constataram que o
tambeacutem diminui o torque muscular sem alteraccedilatildeo significante da amplitude
articular de forma aguda mas quando realizado de forma regular os muacutesculos
apresentaram uma melhora na velocidade de contraccedilatildeo forccedila e endurance
muscular aleacutem de melhorar a amplitude de movimento
No iniacutecio do seacuteculo 20 Sherrington definiu os primeiros conceitos da
facilitaccedilatildeo e inibiccedilatildeo autogecircnica a partir destes fundamentos foram
desenvolvidas diversas teacutecnicas de alongamento muscular A inibiccedilatildeo
autogecircnica eacute um dos principais mecanismos neurofisioloacutegicos do alongamento
que consiste na reduccedilatildeo da excitabilidade motora a partir de uma contraccedilatildeo ou
alongamento muscular (Bonnar et al 2004) Esse efeito eacute atribuiacutedo
primeiramente pelos fusos neuromusculares que desencadeiam respostas
musculares particulares para cada tipo de estiacutemulo Isto eacute agudamente o
alongamento causa a estimulaccedilatildeo intensa e abrupta dos nervos sensitivos que
14
desencadeia uma resposta medular eferente motora das fibras extra-fusais
gerando a aumento da atividade muscular e contraccedilatildeo intensa com restriccedilatildeo
da mobilidade tecidual (Morse et al 2008 Mukherjee et al 2010 McHugh et
al 2010) Para a intervenccedilatildeo crocircnica onde satildeo realizadas diversas sessotildees
de alongamentos existe uma remodelaccedilatildeo maior das propriedades
viscoelaacutesticas (tixotroacutepicas) do tecido conjuntivo que envolve as fibras
musculares com isso a limiar excitatoacuterio do fuso neuromuscular diminui e o
estiacutemulo contraacutetil tensional eferente tambeacutem (Taylor et al 1990 Izumizaki et
al 2006)
O mecanismo contraacuterio ao fuso neuromuscular satildeo as estimulaccedilotildees dos
receptores musculotendineos chamados de oacutergatildeos tendinosos de Golgi (OTG)
A partir da tensatildeo em estiramento do alongamento na regiatildeo miotendiacutenea
desencadeia um potencial de accedilatildeo sensitivo do OTG que inibe a atividade
muscular via nervos eferentes motores A intensidade desse mecanismo
inibitoacuterio estaacute relacionado com o tamanho da superfiacutecie tendiacutenea e com a
quantidade de tensatildeo exercida sobre ela Acreditava-se que somente em
tensatildeo abruptas ou grande intensidade estimularia o OTG ou seja que
atuaria somente em situaccedilotildees de grande estresse tecidual Mas os uacuteltimos
estudos apontam que o OTG aleacutem de atuar em situaccedilotildees de sobrecarga a sua
accedilatildeo eacute constante com o objetivo de inibir o mecanismo contraacutetil voluntaacuterio e
protetor do fuso neuromuscular (Mukherjee e Chakravarty 2012) Com o ganho
da viscoelasticidade do tecido conjuntivo ele tambeacutem causa acomodaccedilatildeo do
OTG assim como nos fusos e isso pode acarretar na alteraccedilatildeo da accedilatildeo
inibitoacuteria pois o limiar de disparo pela tensatildeo pode diminuir ou aumentar
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dependendo da anatomia musculotendiacutenea do muacutesculo tratado (Hindle et al
2012)
Para obter uma resposta positiva do alongamento eacute recomendado
realizaacute-lo sustentando por no miacutenimo 30 segundos duas vezes por semana por
6 semanas (Reid e Mcnair 2004 Decicco e Fisher 2005 Magnusson et al
1996) Dentre as diversas teacutecnicas a contraccedilatildeo-relaxamento apresenta a maior
eficaacutecia no ganho da excursatildeo muscular a teacutecnica se baseia na associaccedilatildeo do
alongamento passivo intercaladas com contraccedilatildeo isomeacutetricas (Holcomb 2000)
Alguns estudos tecircm verificado os efeitos do alongamento dos muacutesculos
respiratoacuterios em pacientes com DPOC O primeiro trabalho de maior relevacircncia
foi de Ito et al (1999) eles observaram a melhora da funccedilatildeo pulmonar e da
dispneia em 16 sujeitos com DPOC que receberam o alongamento quando
comparados ao grupo que realizaram exerciacutecios diafragmaacuteticos assim como
Minoguchi et al (2002) com o diferencial que eles realizaram a intervenccedilatildeo
crocircnica (1 mecircs) em 12 pacientes Contrariando estes resultados Izumizaki et al
(2006 e 2008) realizaram o protocolo de intervenccedilatildeo aguda de alongamento
muscular da caixa toraacutecica com 10 e 14 pacientes respectivamente e
constataram uma diminuiccedilatildeo da funccedilatildeo pulmonar e sem alteraccedilatildeo da dispneia
Outros trabalhos com o mesmo conceito de intervenccedilatildeo constataram o
aumento da mobilidade toracoabdominal avaliados pela cirtometria associados
agrave melhora da capacidade funcional (Paulin et al 2005 Luularungrayub et al
2009) Mas os trabalhos de Noll et al (2008 e 2009) de intervenccedilatildeo crocircnica e
aguda respectivamente apoacutes o mesmo protocolo de tratamento muscular
16
demonstraram piora da mobilidade e da capacidade funcional Atualmente soacute
existe um estudo na literatura de Cunha et al (2005) que avaliaram a
atividade muscular respiratoacuteria com eletromiografia de superfiacutecie apoacutes a
intervenccedilatildeo nos pacientes com DPOC e apresentou melhoras nos paracircmetros
avaliados
Devido aos dados contraditoacuterios dos efeitos do alongamento dos
muacutesculos da caixa toraacutecica presente na literatura Heneghan et al (2012)
concluiacuteram em sua revisatildeo sistemaacutetica que atualmente natildeo existem evidecircncias
que suportem os benefiacutecios deste tipo de intervenccedilatildeo em pacientes com DPOC
Apesar da importacircncia que os estudos preacutevios representaram para a
comunidade cientiacutefica eles apresentaram limitaccedilotildees metodoloacutegicas
importantes pois poucos satildeo os estudos controlados e aleatorizados e tambeacutem
a aleatorizaccedilatildeo dos pacientes raramente satildeo descritas Outro ponto importante
a ser destacado eacute o fato de realizarem a intervenccedilatildeo com avaliaccedilatildeo aguda
estudos recentes demonstraram que muacutesculo se comporta diferente quando
comparado com a intervenccedilatildeo crocircnica Aleacutem disso os trabalhos utilizaram
ferramentas de avaliaccedilatildeo da mobilidade toracoabdominal de pouca acuraacutecia
como a cirtometria e atualmente com os avanccedilos tecnoloacutegicos existem
sistemas mais avanccedilados como o pletismoacutegrafo optoeletocircnico (POE) para a
avaliaccedilatildeo da mecacircnica ventilatoacuteria (Aliverti et al 2000)
17
18 Meacutetodos para a anaacutelise da mecacircnica ventilatoacuteria
A avaliaccedilatildeo dos padrotildees respiratoacuterios eacute importante para a melhor
compreensatildeo da mecacircnica respiratoacuteria visando o desenvolvimento e a melhor
compreensatildeo dos tratamentos fisioterapecircuticos aleacutem de contribuir para as
pesquisas cientiacuteficas (Parreira et al 2012) Existem alguns meacutetodos validados
que quantifica a mobilidade toracoabdominal como a pletismografia por
indutacircncia (Respitrace) eacute um aparelho composto por faixas elaacutesticas sensiacuteveis
agrave tensatildeo e compressatildeo posicionadas ao redor da caixa toraacutecia e abdominal
Elas satildeo conectadas a um moacutedulo oscilador e uma unidade de calibraccedilatildeo os
dados do movimento das faixas satildeo coletados e atraveacutes de um software
analisados em tempo real as variaacuteveis da mecacircnica ventilatoacuteria (Gosselink et
al 1995 Costa et al 2011 Fernandes et al 2011)
Para a avaliaccedilatildeo da expansibilidade os estudos ainda utilizam a
cirtometria que atraveacutes de uma fita meacutetrica mensura-se o diacircmetro da regiatildeo
axilar xifoide e abdominal durante a inspiraccedilatildeo e expiraccedilatildeo maacutexima Satildeo
quantificados a excursatildeo em centiacutemetros atualmente natildeo eacute considerado um
exame fidedigno devido agrave analise subjetiva dos paracircmetros avaliados (Rondelli
et al 2009)
Com o avanccedilo tecnoloacutegico foi desenvolvido o Pletismoacutegrafo
Optoeletrocircnico (POE) Seu funcionamento baseia-se na anaacutelise do movimento
detectado a partir de marcadores compostos por esferas reflexivas de 6 a 10
miliacutemetros (Dellacagraversquo et al 2010) posicionados na regiatildeo anterior e posterior da
superfiacutecie toracoabdominal (Romagnoli et al 2008 Bianchi et al 2007) O
18
deslocamento das esferas satildeo captadas atraveacutes de cacircmeras especiais que
possuem diodos axiais que emitem feixes luzes infravermelho que eacute refletido
por cada marcador Apoacutes o sinal ser processado satildeo identificados o
posicionamento das esferas na superfiacutecie a partir do cruzamento das
informaccedilotildees de cada cacircmera bidimensional os dados satildeo transformados em
coordenadas tridimensionais (Boudarham et al 2013)
O POE possui algumas vantagens dentre elas eacute um meacutetodo natildeo
invasivo natildeo necessita de clipe nasal maacutescaras ou qualquer similar de
calibraccedilatildeo simples e as avaliaccedilotildees podem ser realizadas em vaacuterias posturas
(Alliverti et al 2000) diferentes condiccedilotildees e em diversas disfunccedilotildees e
patologias (Vogiatzis et al 2005 Bianchi et al 2004) Este meacutetodo natildeo possui
diferenccedilas significativas nos dados quando comparados com outros meacutetodos
de diagnoacutestico da mecacircnica toracoabdominal (Aliverti 2008 Layton et al
2013) Eacute possiacutevel mensurar a cada ciclo respiratoacuterio variaacuteveis de volume e de
tempo dos trecircs compartimentos da parede toraacutecica e dos dois hemitoacuterax aleacutem
das variaacuteveis de assincronia toracoabdominal (Romagnoli et al 2008 Aliverti
et al 2010 Boudarham et al 2013) Por todas essas razotildees o POE tem
ganhado grande destaque nos uacuteltimos anos nas pesquisas sobre a mecacircnica
toracoabdominal mas por ser uma tecnologia recente ainda carece de mais
estudos
Os trabalhos que relacionaram os efeitos do alongamento dos muacutesculos
respiratoacuterios na DPOC ainda satildeo escassos de baixo rigor metodoloacutegico e ateacute
entatildeo nenhum existe nenhum trabalho foi avaliado pelo POE Os efeitos
19
destas teacutecnicas associadas ao exerciacutecio aeroacutebico e o seu impacto na mecacircnica
ventilatoacuteria permanecem desconhecidos Sendo assim parece relevante
verificar a influecircncia dos alongamentos associados ao exerciacutecio aeroacutebico na
mecacircnica ventilatoacuteria e na capacidade funcional dos pacientes com DPOC
19 Hipoacutetese
O alongamento dos muacutesculos respiratoacuterios potencializaria a capacidade
contraacutetil e a excursatildeo dos muacutesculos respiratoacuterios que resultaria na melhora da
mobilidade toracoabdominal e possivelmente no aumento da capacidade
ventilatoacuteria Com isso os pacientes com DPOC conseguiriam realizar a
atividade fiacutesica desencadeando menos dispneia
2 OBJETIVOS
21
21 Primaacuterio
Avaliar os efeitos do alongamento dos muacutesculos respiratoacuterios
associados ao treinamento aeroacutebico na mecacircnica ventilatoacuteria e na capacidade
funcional em indiviacuteduos portadores de DPOC com graus moderado e grave
durante o exerciacutecio comparado ao grupo controle (sham)
22 Secundaacuterio
Avaliar a atividade muscular eficiecircncia muscular e mobilidade abdominal
e observar se os dados obtidos possuem alguma relaccedilatildeo com as variaacuteveis
principais
3 CASUIacuteSTICA E METODOS
23
31 Aspectos eacuteticos
A pesquisa foi aprovada pelo Comitecirc de Eacutetica (Cappesq) do Hospital das
Cliacutenicas da Faculdade de Medicina da Universidade de Satildeo Paulo (HCFMUSP)
sob o no 129509 e todos os pacientes assinaram o Termo de Consentimento
Livre e Esclarecido concordando em participar da pesquisa O estudo foi
registrado no Clinical Trials (NCT02036762)
32 Casuiacutestica
Foram analisados 28 pacientes portadores de DPOC com grau de
obstruccedilatildeo moderada a grave em seguimento cliacutenico no ambulatoacuterio de
pneumologia do HCFMUSP O diagnoacutestico de DPOC foi estabelecido de
acordo com os criteacuterios recomendados pela American Toracic Society (ATS
2013)
321 Criteacuterios de inclusatildeo
Foram estudados pacientes portadores de DPOC que aceitaram
participar do estudo com autorizaccedilatildeo por escrito com grau de obstruccedilatildeo de
moderado (VEF1 ge 50 e lt 80 previsto) a grave (VEF1 ge 30 e lt 50
24
previsto) e VEF1CVF lt 070 diagnoacutesticado haacute no miacutenimo 6 meses com
estabilidade cliacutenica por pelo menos 1 mecircs em condiccedilatildeo cliacutenico medicamentosa
otimizada de acordo com os criteacuterios do GOLD (GOLD 2013) Os criteacuterios de
inclusatildeo foram (1) idade gt40 anos (2) clinicamente estaacuteveis (sem alteraccedilotildees
medicamentosas ou agravamento dos sintomas haacute pelo menos 4 semanas
antes do iniacutecio do estudo) (3) natildeo O2 dependente (4) ausecircncia de outras
pneumopatias e doenccedilas cardiovasculares associadas (5) ausecircncia de
cirurgias toraacutecicas (6) ausecircncia de deficiecircncias cognitivas fiacutesicas ou
comprometimento funcional que impossibilitasse a participaccedilatildeo no estudo (7)
IMC gt18 e lt30 Kgm2 (8) natildeo ter sido submetido a qualquer tipo de programa
de reabilitaccedilatildeo pulmonar nos uacuteltimos 6 meses
322 Criteacuterios de exclusatildeo
Os criteacuterios de exclusatildeo foram (1) descompensaccedilatildeo do quadro cliacutenico
(internaccedilatildeo com agravamentos dos sintomas e alteraccedilatildeo medicamentosa) e (2)
natildeo assiduidade ao tratamento (faltas superiores a 3 sessotildees) Durante todo o
estudo natildeo houve alteraccedilatildeo do tratamento medicamentoso do paciente
25
Figura 1 Desenho experimental
33 Delineamento experimental
Ensaio cliacutenico prospectivo aleatorizado controlado e de avaliador ldquocegordquo
Os pacientes participantes foram alocados em uma proporccedilatildeo de 11 nos
grupos tratamento (GT) ou controle (GC) (n=15 cada) A aleatorizaccedilatildeo foi feita
por sorteio dos pacientes em envelopes pardos e opacos
Todos os pacientes foram avaliados em 2 momentos distintos preacute (1ordf
avaliaccedilatildeo) e poacutes (2ordf avaliaccedilatildeo) programa de exerciacutecios aeroacutebicos associado ao
26
alongamento muscular A 1ordf avaliaccedilatildeo foi realizada em apenas um dia e foi
anterior agrave aleatorizaccedilatildeo A avaliccedilatildeo incluiu anaacutelise da mecacircnica ventilatoacuteria e
atividade muscular respiratoacuteria (pletismografia optoeletrocircnica e eletromiografia
de superfiacutecie) durante o exerciacutecio com carga capacidade funcional (teste da
caminhada de seis minutos) e da prova de funccedilatildeo pulmonar (espirometria) para
a caracterizaccedilatildeo amostral A 2ordf avaliaccedilatildeo foi realizada pelo avaliador ldquocegordquo em
ateacute 7 dias apoacutes o teacutermino do programa de tratamento e constou das mesmas
avaliaccedilotildees descritas anteriormente
Apoacutes a 1ordf avaliaccedilatildeo os pacientes foram divididos aleatoriamente em 2
grupos O grupo controle (GC) realizou o alongamento ativo da musculatura
perifeacuterica (sham) associado ao programa de treinamento aeroacutebico em esteira
ergomeacutetrica e o grupo tratado (GT) realizou o alongamento da musculatura
acessoacuteria respiratoacuteria associado ao programa de treinamento aeroacutebico em
esteira ergomeacutetrica Os protocolos de intervenccedilatildeo tiveram a duraccedilatildeo de 24
sessotildees (60 minsessatildeo 2x semana por 3 meses) O treinamento aeroacutebico foi
realizado apoacutes os 30 minutos de alongamento da musculatura perifeacuterica (sham)
ou respiratoacuteria (tratamento) e teve a duraccedilatildeo de 30 minutos em cada sessatildeo
34 Intervenccedilatildeo
341 Protocolo de alongamento do grupo tratado (GT)
O protocolo de tratamento foi composto por uma seacuterie de alongamentos
para cada musculatura respiratoacuteria escolhida Foram realizadas 24 sessotildees (2
27
sessotildees semanais num periacuteodo de 3 meses) Cada sessatildeo teve duraccedilatildeo de
aproximadamente 30 minutos
Os alongamentos foram realizados em diferentes decuacutebitos de acordo
com a musculatura alongada Foram selecionadas duas teacutecnicas de
alongamento a contraccedilatildeo-relaxamento para a maioria dos muacutesculos
selecionados e nas musculaturas que apresentavam limitaccedilotildees biomecacircnicas
para a realizaccedilatildeo da teacutecnica de contraccedilatildeo-relaxamento foi substituiacutedo pelo
alongamento passivo
Cada seacuterie da teacutecnica de contraccedilatildeo-relaxamento consistiu
primeiramente na realizaccedilatildeo da amplitude maacutexima articular sustentado por 10
segundos seguida de uma contraccedilatildeo isomeacutetrica maacutexima por 3 segundos com
retomada ao alongamento passivo por mais 3 segundos este processo foi
repetido por 9 seacuteries para cada muacutesculo e a cada 3 seacuteries foi intercalado com
1 minuto de descanso (Bonnar et al 2004) O alongamento passivo foi
sustentado por 60 segundos em cada muacutesculo por trecircs vezes com intervalo
miacutenimo de um minuto (Siatras et al 2008) O posicionamento adequado e a
teacutecnica de alongamento seraacute detalhado a seguir
Peitoral maior Paciente em decuacutebito dorsal o terapeuta posicionou-se
do lado homolateral do muacutesculo alongado primeiramente foi realizado a
abduccedilatildeo de 90o do ombro associado agrave extensatildeo horizontal e rotaccedilatildeo externa
maacutexima do ombro com flexatildeo de 90o do cotovelo O terapeuta apoiou uma matildeo
no cotovelo e a outra no esterno para a estabilizaccedilatildeo com a matildeo distal foi
realizado o alongamento maacuteximo em extensatildeo horizontal que iniciou a teacutecnica
28
de contraccedilatildeo-relaxamento com contraccedilatildeo no sentido da flexatildeo horizontal (Putt
et al 2008) (Figura 2)
Figura 2 Anatomia e teacutecnica de alongamento do peitoral maior
Escaleno Paciente em decuacutebito dorsal terapeuta posicionou-se acima
da cabeccedila do paciente e realizou a lateroflexatildeo cervical contralateral ao
muacutesculo alongado O terapeuta posicionou uma matildeo na regiatildeo occipital outra
estabilizou o ombro homolateral a lateroflexatildeo contralateral foi realizada ateacute
amplitude articular maacutexima do paciente que iniciou o alongamento de
contraccedilatildeo-relaxamento com contraccedilatildeo isomeacutetrica no sentido da lateroflexatildeo
homolateral (Cunha et al 2005) (Figura 3)
Figura 3 Anatomia e teacutecnica de alongamento do escaleno
29
Esternocleidomastoacuteideo Paciente em decuacutebito dorsal terapeuta se
posicionou acima da cabeccedila do paciente iniciou-se com a rotaccedilatildeo homolateral
ao muacutesculo alongado associado a uma extensatildeo da mesma O terapeuta
apoiou uma matildeo na regiatildeo temporal e a outra na regiatildeo esternal onde foi
realizado a depressatildeo e a estabilizaccedilatildeo distal muscular Apoacutes a amplitude
maacutexima articular do paciente que iniciou o alongamento de contraccedilatildeo-
relaxamento a contraccedilatildeo isomeacutetrica foi realizada no sentido da rotaccedilatildeo
contralateral e flexatildeo cervical durante a teacutecnica (Cunha et al 2005) (Figura 4)
Figura 4 Anatomia e a teacutecnica de alongamento do Esternocleidomastoideo
Trapeacutezio superior Paciente em decuacutebito dorsal terapeuta posicionou-se
acima da cabeccedila do paciente para realizar a rotaccedilatildeo e lateroflexatildeo contralateral
da cabeccedila associada a uma flexatildeo da mesma em conjunto com a depressatildeo do
ombro homolateral agrave musculatura alongada Apoacutes a amplitude articular maacutexima
iniciou-se o alongamento de contraccedilatildeo-relaxamento com contraccedilatildeo isomeacutetrica
em extensatildeo da cabeccedila (Heneghan et al 2012) (Figura 5)
30
Figura 5 Anatomia e a teacutecnica de alongamento do Trapeacutezio Superior
Peitoral menor Paciente em decuacutebito dorsal o terapeuta se posicionou
homolateralmente ao muacutesculo tratado uma matildeo no cotovelo onde foi realizada
a elevaccedilatildeo do ombro e outra na regiatildeo o gradil costal anterossuperior Elevou-
se o cotovelo ateacute o limite articular associada agrave depressatildeo das primeiras
costelas (3a 4a e 5a) a manobra foi mantida por 60 segundos e repetida trecircs
vezes intercaladas com um minuto de descanso (Putt et al 2008) (Figura 6)
Figura 6 Anatomia e a teacutecnica de alongamento do peitoral menor
31
Intercostais e serraacutetil anterior Paciente em decuacutebito lateral terapeuta
posicionou-se atraacutes do paciente uma matildeo no cotovelo e a outra no gradil
costal homolateral inferior O alongamento consistiu em realizar a depressatildeo
das costelas associada agrave abduccedilatildeo maacutexima do ombro foi mantido por 60
segundos e repetida trecircs vezes intercaladas com minuto de repouso (Izumizaki
et al 2008) (Figura 7)
Figura 7 Anatomia e a teacutecnica de alongamento do Serraacutetil Anterior e Intercostais
Abdominais Foi a uacutenica musculatura do grupo tratado que o paciente
realizou o alongamento ativo ele se posicionou em decuacutebito ventral o apoio foi
feito com as matildeos na maca extensatildeo bilateral dos cotovelos forccedilando a
extensatildeo do tronco associado agrave extensatildeo da cabeccedila ateacute a maacutexima amplitude
por 60 segundos foi repetida 3 vezes intercaladas com um minuto de descanso
(Rassier 2007) (Figura 8)
32
Figura 8 Anatomia e a teacutecnica de alongamento dos muacutesculos abdominais
342 Protocolo de exerciacutecios do grupo controle (GC)
O grupo controle (GC) realizou o alongamento ativo das musculaturas
das extremidades dos membros superiores e inferiores foram 2 exerciacutecios para
flexores e extensores do punho e 2 exerciacutecios para flexores e extensores do
tornozelo Foram realizadas 24 sessotildees consistidas por 2 sessotildees semanais
em um periacuteodo de 3 meses Cada sessatildeo teve duraccedilatildeo de aproximadamente
30 minutos (Siatras et al 2008)
Flexores do punho Os flexores satildeo compostos por 5 muacutesculos principais
flexores profundos dos dedos flexores superficiais dos dedos palmar longo
flexor radial carpo e flexor ulnar do carpo O paciente realizou a flexatildeo de 900
do ombro com o cotovelo extendido antebraccedilo supinado e extensatildeo do punho
com a matildeo espalmada A matildeo contralateral estabilizou a regiatildeo palmar do
membro superior alongado e foi efetuada a extensatildeo maacutexima do punho
sustentada por 60 segundos foram trecircs repeticcedilotildees intercaladas por um minuto
de descanso (Ylinen 2009) (Figura 9)
33
Figura 9 Teacutecnica de alongamento e anatomia dos flexores do punho
Extensores do punho Os extensores satildeo compostos por 4 muacutesculos
principais extensor dos dedos extensor ulnar do carpo extensor radial curto
do carpo extensor radial longo do carpo Primeiramente foi realizada a flexatildeo
de 900 do ombro com o cotovelo extendido antebraccedilo pronado e flexatildeo do
punho A matildeo contralateral estabilizou a regiatildeo dorsal da matildeo alongada em
flexatildeo maacutexima do punho por 60 segundos realizadas trecircs repeticcedilotildees
intercaladas por um minuto de descanso (Ylinen 2009) (Figura 10)
Figura 10 Teacutecnica de alongamento e anatomia dos extensores do punho
34
Dorsiflexores do tornozelo Os dorsiflexores do tornozelo satildeo compostos
por 3 muacutesculos principais tibial anterior extensor longo dos dedos extensor
longo do haacutelux Sentado com a perna cruzada a matildeo contralateral apoiou na
regiatildeo dorsal do peacute e a matildeo homolateral estabilizou o tornozelo O
alongamento consistiu em forccedilar a flexatildeo plantar maacutexima por 60 segundos
foram trecircs repeticcedilotildees intercaladas por um minuto de descanso (Ylinen 2009)
(Figura 12)
Figura11 Teacutecnica de alongamento e anatomia dos extensores do tornozelo
Flexores plantares do tornozelo Os flexores plantares do tornozelo satildeo
compostos por 7 muacutesculos principais gastrocnecircmio soacuteleo flexor longo dos
dedos flexor longo do haacutelux tibial posterior fibular longo e curto O paciente
em peacute apoiou as matildeos bilateralmente na parede com a perna contralateral agrave
frente e a homolateral em extensatildeo de quadril joelho e dorsiflexatildeo maacutexima do
35
tornozelo mantida por 60 segundos foram realizadas trecircs repeticcedilotildees
intercaladas por um minuto de descanso (Ylinen 2009) (Figura 11)
Figura 12 Muacutesculos dos flexores do tornozelo e o posicionamento do alongamento
343 Protocolo dos exerciacutecios aeroacutebicos
Todos os pacientes realizaram o exerciacutecio aeroacutebico na esteira
ergomeacutetrica por 30 minutos a intensidade inicial da primeira semana foi
ajustada para 60 da velocidade meacutedia obtida no teste de caminhada dos 6
minutos (TC6) Nas semanas subsequentes a velocidade foi gradativamente
aumentada ateacute atingir 85 da velocidade meacutedia no TC6 os pacientes
realizaram durante 5 minutos o aquecimento e o desaquecimento com
intensidade de 40 a 60 da velocidade do teste (Putt et al 2008 Figueiredo e
Guimaratildees et al 2008 Zainuldin et al 2007) O incremento da intensidade foi
baseado nos sinais vitais frequecircncia cardiacuteaca (FC) saturaccedilatildeo perifeacuterica de O2
36
(SpO2 entre 90 a 94) percepccedilatildeo da dispneia pela escala modificada de Borg
(entre 4-7 pontos) todos estes paracircmetros foram analisados a cada 4 minutos
durante o treinamento aeroacutebico ou seja com a estabilidade dos sinais vitais a
velocidade foi progressivamente recalculada e em alguns casos passaram dos
100 da velocidade meacutedia obtida no TC6 A pressatildeo arterial (PA) foi aferida
preacute e poacutes os exerciacutecios (Godoy et al 2005 Figueiredo e Guimaratildees 2009)
35 Avaliaccedilotildees
351 Caracterizaccedilatildeo Amostral
Os dados antropomeacutetricos foram coletados apoacutes a inclusatildeo dos
pacientes ao estudo idade altura peso iacutendice de massa corpoacuterea (IMC)
VEF1 VEF1CVF TC6 e iacutendice de prognoacutestico e mortalidade de Bode
352 Prova de funccedilatildeo pulmonar simples
A espirometria (Spirobank Medical International Research Roma Itaacutelia)
foi feita em todos os pacientes de acordo com os criteacuterios de reprodutibilidade e
aceitabilidade adotados pela American Thoracic Society e European
Respiratory Society (2005) Os valores preditos de normalidade jaacute haviam sido
previamente descritos (Pereira et al 2007) Foram aferidos o volume
expiratoacuterio no primeiro segundo (VEF1) e a sua relaccedilatildeo com a Capacidade vital
forccedilada (VEF1CVF) e aceitos trecircs testes com variaccedilatildeo inferior a 5 e foi
37
considerado o teste com maior valor Com esse teste foi determinado a
gravidade da obstruccedilatildeo pulmonar considerando o VEF1 como paracircmetro para
caracterizaccedilatildeo da amostra
353 Padratildeo respiratoacuterio mobilidade e sincronia toracoabdominal
A pletismografia optoeletrocircnica (POE System Milatildeo Itaacutelia) eacute um sistema
indireto e natildeo invasivo para a avaliaccedilatildeo da mecacircnica ventilatoacuteria mobilidade e
sincronia capaz de dividir em 3 compartimentos toacuterax superior inferior e
abdominal (Alvierti et al 2000) O sistema optoeletrocircnico evoluiu a partir do
desenvolvimento tecnoloacutegico do processamento de imagens que possibilitaram
a anaacutelise de muacuteltiplos pontos posicionados na superfiacutecie corporal Para o
desenvolvimento do POE foi necessaacuterio criar um sistema de anaacutelise
tridimensional do movimento chamado de ELITE (Elaborate di immagini
televisive) Inicialmente utilizaram 32 marcadores a fim de abranger maior
aacuterea da parede toraacutecica e posteriormente 86 marcadores (Cala et al 1996)
Gorini et al (1999) e Ferrigno et al (1994) encontraram uma medida mais
precisa dos paracircmetros ventilatoacuterios utilizando 89 marcadores que delimitaram
a superfiacutecie anatocircmica em trecircs compartimentos superior inferior e abdominal
utilizadas ateacute o presente momento
O funcionamento do POE baseia-se na anaacutelise automaacutetica do movimento
detectado a partir de marcadores compostos por esferas reflexivas de 6 a 10
miliacutemetros (Dellacagraversquo et al 2010) As 89 esferas estatildeo dispostas da seguinte
forma sete linhas horizontais cinco verticais duas meacutedio-axilares e sete
38
marcadores extras dispostas em toda entre a claviacutecula e a espinha iliacuteaca
anterossuperior e posteriormente ateacute a regiatildeo dos flancos laterais totalizando
37 marcadores anteriores 42 posteriores e dez laterais (Romagnoli et al 2008
Bianchi et al 2007) (Figuras 13 e 14)
Figura13 Imagem tridimensional gerada pelo OEP
Figura14 Disposiccedilatildeo das 89 esferas reflexivas
39
As cacircmeras especiais CCD (Charge Coupled Device) possuem diodos
axiais que emitem feixes luzes infravermelho que satildeo refletidas pelos
marcadores e assim pocircde ser captado pelas cacircmeras em tempo real (120Hz)
Este sinal foi processado atraveacutes das 8 cacircmeras presente na sala de avaliaccedilatildeo
e identificam o posicionamento de cada ponto da superfiacutecie toracoabdominal A
reconstruccedilatildeo da cinemaacutetica toracoabdominal foi feita pelo software SMART
que executou algoritmos em tempo real e computou as coordenadas
tridimensionais dos marcadores refletivos durante as coletas com POE (Binazzi
et al 2008 Aliverti 2010)
O sistema aplicou um modelo geomeacutetrico baseado na posiccedilatildeo dos
marcadores para descrever a superfiacutecie toracoabdominal e seus
compartimentos durante a coleta Apoacutes a reconstruccedilatildeo do modelo os dados
foram exportados como arquivos numeacutericos gerando colunas de dados
representando os sinais por amostras tempo posiccedilatildeo dos marcadores e
volume facilitando a avaliaccedilatildeo dos sinais e aplicaccedilatildeo dos meacutetodos de
estimativa (Parreira et al 2012 Aliverti 2010)
40
Figura15 Laboratoacuterio do POE com a disposiccedilatildeo das cacircmeras e da bicicleta
Figura16 Captaccedilatildeo e anaacutelise dos dados do volume toracoabdominal
41
3531 Avaliaccedilatildeo do POE durante o exerciacutecio
Os sujeitos da pesquisa foram previamente orientados sobre os
procedimentos Inicialmente eles foram colocados sobre a bicicleta ergomeacutetrica
(Ergometrics 800 Sensormedics) e os 89 marcadores foram posicionados
sobre a superfiacutecie toracoabdominal (anterior e posterior) A foacutermula para o
caacutelculo da carga maacutexima foi descrita por Jones e colaboradores (1985) Wmax =
204 (altura) ndash 874 (idade) ndash 288 (gecircnero) ndash 1909 [28] foi utilizada 25 da
carga maacutexima o valor de gecircnero na foacutermula corresponde a 1 para mulheres e
0 para homens (Figura 17)
Durante a coleta o paciente foi orientado a manter 60 rotaccedilotildees por minuto
(RPM) (Vogiatzis et al 2005) Apoacutes 30 segundos de descanso foi realizada a
1ordm medida do POE em repouso (6 ciclos respiratoacuterios completos) depois o
paciente realizou o exerciacutecio sem carga por 3 minutos e posteriormente foi
realizada a 2ordm medida do POE (6 ciclos respiratoacuterios completos) Apoacutes este
periacuteodo iniciou-se o exerciacutecio com carga que foi incrementado de forma
proporcional durante 2 minutos ateacute atingir a carga programada e no final foi
realizada novamente a 3ordm medida do POE (6 ciclos respiratoacuterios completos) O
processo finalizou-se com um periacuteodo de recuperaccedilatildeo de 2 minutos com
exerciacutecio sem carga para o retorno dos sinais vitais (Figura 18)
Foram avaliados o volume corrente da caixa toraacutecica pulmonar (CT)
volume corrente do toacuterax superior (TS) volume corrente do toacuterax inferior (TI)
volume corrente abdominal (ABD) de tempo ventilaccedilatildeominuto (VE) fluxo
inspiratoacuterio (FI) e Fluxo expiratoacuterio (FE) participaccedilatildeo em porcentagem () dos
42
compartimentos do toacuterax superior (TS) toacuterax inferior (TI) e abdome
(ABD) (Romagnoli et al 2008 Aliverti et al 2008 Boudarham et al 2013)
A mobilidade do compartimento abdominal foi calculada pela relaccedilatildeo CTABD
no exerciacutecio com carga (Gosselink et al 1995) a reduccedilatildeo dos valores desta
relaccedilatildeo reflete a melhora da mobilidade abdominal (Yamaguti et al 2012)
Figura17 Paciente Realizando a avaliaccedilatildeo com carga no cicloergocircmetro no POE
Figura 18 Desenho experimental da avaliaccedilatildeo do OEP
43
354 Atividade muscular respiratoacuteria
A atividade dos muacutesculos respiratoacuterios foi avaliada atraveacutes da aquisiccedilatildeo
do sinal eletromiograacutefico de superfiacutecie (System BTSreg Milatildeo Itaacutelia)
simultaneamente agrave avaliaccedilatildeo da mecacircnica toracoabdominal pelo POE Foram
utilizados eletrodos circulares descartaacuteveis de AgAgCl com 10mm de diacircmetro
e um adesivo condutivo hidrogel colocados de forma a manter a distacircncia
intereletrodo de 20mm No local da fixaccedilatildeo dos eletrodos foram realizados
tricotomia quando necessaacuterio e fricccedilatildeo de gaze embebida em aacutelcool (70)
para remoccedilatildeo da gordura presente na superfiacutecie de contato com o objetivo de
diminuir a impedacircncia da pele (Dworak et al 2011)
Os eletrodos foram fixados no ventre muscular afastados do ponto
motor de forma paralela agrave da direccedilatildeo das fibras musculares de acordo com o
European concerted action - surface EMG for an non-invasive assesment of
muscles (Hermens et al 2000) O eletrodo para a avaliaccedilatildeo do muacutesculo
esternocleidomastoideo foi posicionado no ventre muscular a 5 cm do processo
mastoideo (Kallenberg et al 2009) do muacutesculo intercostal superior foi
posicionado no 2deg espaccedilo intercostal e para o inferior entre o 7deg e o 8deg espaccedilo
intercostal e no reto abdominal foi inserido a 2 cm da cicatriz umbilical
(Maarsingh et al 2000)
Para o caacutelculo da eficiecircncia ventilatoacuteria os dados da atividade muscular
de todos os muacutesculos avaliados foram somados e divididos pelo volume
corrente (EMGVt) Essa equaccedilatildeo foi descrita primeiramente no trabalho de
44
Lunardi et al (2013) que avaliou a mecacircnica toracoabdominal na populaccedilatildeo
idosa Essa relaccedilatildeo permitiu observar a quantidade de volume deslocado pelo
niacutevel de estiacutemulo da atividade muscular
Figura19 Eletromioacutegrafo da BTS Engeneering
355 Capacidade Funcional
A capacidade funcional foi avaliada pelo teste de caminhada de 6 minutos
(TC6) A avaliaccedilatildeo foi realizada em um corredor de 30 metros com pouco
traacutefego e cada paciente realizou 2 testes respeitando o intervalo de uma hora
entre eles (Dourado et al 2011) Durante os testes o paciente foi orientado a
caminhar o mais raacutepido possiacutevel durante 6 minutos e caso apresentasse
dispneia limitante ou qualquer outro desconforto incapacitante ele podia
interromper o teste ateacute recuperar as condiccedilotildees para continuaacute-lo A cada minuto
45
os pacientes foram encorajados com frases de incentivo padronizadas de modo
que o mesmo percorresse a maior distacircncia possiacutevel durante todo o teste (ATS
2002 Louvaris et al 2013) O desempenho do paciente foi avaliado pela maior
distacircncia percorrida em um dos testes e foi monitorado tanto preacute quanto poacutes
exerciacutecio a frequumlecircncia cardiacuteaca (FC) e respiratoacuteria (FR) a saturaccedilatildeo de
oxigecircnio (SpO2) sensaccedilatildeo de esforccedilo por meio da escala modificada de Borg
(Borg 1982) e pressatildeo arterial (PA)
36 Anaacutelise Estatiacutestica
Para a mecacircnica ventilatoacuteria foi utilizado para o caacutelculo amostral os
resultados observados no estudo de Yamaguti et al (2012) onde a diferenccedila
das meacutedias da CTABD foi de 20 durante a respiraccedilatildeo natural no GT com a
diferenccedila do desvio padratildeo de 4 valor de plt005 e poder de 08 foi
estabelecido uma amostra de 3 pacientes por grupo
O caacutelculo amostral para os paracircmetros da atividade muscular foi
utilizado os resultados observados no estudo de Cunha et al (2005) onde a
diferenccedila das meacutedias no GT foi de 9 10-3mV com a diferenccedila do desvio padratildeo
de 6 10-3mV para o poder de 80 e um valor de alpha de 5 sendo
estabelecido uma amostra de 9 indiviacuteduos por grupo
Para os paracircmetros funcionais o caacutelculo amostral foi baseado no TC6
onde se esperava uma diferenccedila das meacutedias de 263m e a diferenccedila do desvio
padratildeo de 23 m de aumento apoacutes a intervenccedilatildeo (Yamaguti et al 2012) para o
46
poder de 80 e um valor de alpha de 5 sendo encontrado um tamanho de
amostra de 14 indiviacuteduos por grupo
A anaacutelise foi realizada utilizando o programa Sigma Stat versatildeo 32 Foi
utilizado o teste de Kolmogorov-Smirnov para verificar a normalidade dos
dados sendo estes apresentados como meacutedia plusmn desvio padratildeo Para
comparaccedilatildeo dos dados de caracterizaccedilatildeo dos grupos GT e GC foi realizado
utilizando o teste t de Student para dados com distribuiccedilatildeo normal e teste de
Mann-Withney para dados natildeo-parameacutetricos
A anaacutelise do efeito do tratamento nos dois grupos tambeacutem foi realizado
pelo teste t e pelo Mann-Withney para dados natildeo-parameacutetricos no delta das
diferenccedilas (Δ=poacutes-preacute)
A sensaccedilatildeo de dispneia (BORG modificado) foi analisada com o teste de
anaacutelise de variacircncia (ANOVA) seguida do pos hoc de Holm Sidak Para o TC6
foi observado a miacutenima diferenccedila clinicamente significante Proposto por
Holland et al 2013 (251m) O niacutevel de significacircncia foi ajustado para 5
(plt005) para todos os testes
4 RESULTADOS
48
Quinhentos e noventa e quatro pacientes foram avaliados para
elegibilidade 564 natildeo preencheram os criteacuterios de inclusatildeo sendo que os
motivos mais comuns foram oxigecircnio-dependente (n=160) sem
disponibilidade para participar (n=105) cardiopatias (n=80) e doenccedilas
musculoesqueleacuteticas associadas (n=43) (Figura 20) Trinta pacientes foram
incluiacutedos e aleatorizados 2 foram excluiacutedos apoacutes o iniacutecio do protocolo sendo 1
no grupo tratado (crise de caacutelculo renal) e 1 no grupo controle (agudizaccedilatildeo da
doenccedila de Chron) 14 sujeitos terminaram o estudo no GT e 14 no GC (Figura
20) Natildeo foram observadas diferenccedilas entre os grupos com relaccedilatildeo aos dados
antropomeacutetricos de funccedilatildeo pulmonar e capacidade funcional antes da
intervenccedilatildeo (Tabela 1)
49
Figura 20 Fluxograma do estudo
50
Tabela 1 Caracterizaccedilatildeo amostral basal dos pacientes do estudo
Caracterizaccedilatildeo Grupo Controle Grupo Tratado P
Dados Antropomeacutetricos
Genero (MF) 57 86 097
Idade (anos) 64plusmn56 61plusmn54 030
Altura (m) 165plusmn007 165plusmn008 096
IMC (Kgm2) 259plusmn29 257plusmn38 091
Funccedilatildeo Pulmonar
VEF1 ( pred) 426plusmn95 459plusmn155 056
VEF1CVF 049plusmn009 056plusmn013 017
Capacidade Funcional
TC6 (m) 439plusmn103 473plusmn68 032
BODE (IIIIIIIV)(n) 3531 6620 058
Legenda Os dados estatildeo apresentados em meacutedia desvio padratildeo exceto o BODE que estatildeo expressos
pelo nuacutemero de pacientes MF=masculinofeminino Kgm2=quilogramasmetro
2 VEF1=Volume expiratoacuterio
forccedilado no primeiro segundo VEF1CVF=Relaccedilatildeo do Volume expiratoacuterio forccedilado no primeiro segundo e capacidade vital IMC=Iacutendice de massa corpoacuterea TC6=teste de caminhada dos 6 minutos BODE=Iacutendice de prognoacutestico e mortalidade para DPOC
41 Cinemaacutetica toracoabdominal
Durante o exerciacutecio com carga os pacientes do grupo controle (GC) natildeo
apresentaram variaccedilatildeo da mecacircnica toracoabdominal apoacutes a intervenccedilatildeo os
pacientes do grupo tratado (GT) apresentaram um aumento meacutedio de 230 ml
no volume total da caixa toraacutecica total (CT) (equivalente ao volume corrente)
quando comparado ao GC (respectivamente 140plusmn170mL vs-86plusmn240mL
plt001) Este aumento ocorreu principalmente pelo ganho do volume do
compartimento abdominal (ABD) (respectivamente 140120mL vs -
108210ml plt001) (Figura 21) e natildeo foi observada uma diferenccedila significativa
nos compartimentos toraacutecicos superior (TS) e inferior (TI) (Figura 21 pgt005)
51
O GT tambeacutem apresentou um aumento da ventilaccedilatildeo minuto (VE)
(24plusmn36L vs -18plusmn41L plt0001) (Figura 22) e do fluxo expiratoacuterio
(FE)(80plusmn100mL vs -30plusmn100mL plt001) (Figura23) quando comparado com o
GC acreditamos que aleacutem do volume da caixa toraacutecica o aumento do fluxo
expiratoacuterio tambeacutem esteve relacionado com o aumento da mobilidade do
compartimento abdominal Este por sua vez foi calculado pela relaccedilatildeo da
contribuiccedilatildeo CTABD onde apresentou melhora somente no GT quando
comparado ao GC (-019plusmn041 vs 010plusmn028 plt001 respectivamente)
(Figura 24)
Figura 21 Efeitos do alongamento muscular respiratoacuterio na mecacircnica ventilatoacuteria durante o exerciacutecio Os dados foram apresentados em meacutedia e desvio padratildeo representado pela diferenccedila (Δ) = poacutes- - preacute-intervenccedilatildeo Houve um aumento estatisticamente significante do volume da CT e do ABD no GT O exerciacutecio foi realizado com 25 da carga maacutexima predito na equaccedilatildeo de Jones
25 GC= Grupo Controle GT= Grupo Tratado CT= Caixa totaacutecica total TS=
Toacuterax superior TI= Toacuterax inferior ABD= Abdomen = p lt 005 GC vs GT (teste t natildeo pareado)
52
Figura 22 Efeitos do alongamento muscular respiratoacuterio no volume minuto (VE) durante o exerciacutecio Os dados foram apresentados em meacutedia e desvio padratildeo representado pela diferenccedila (Δ) = poacutes- - preacute-intervenccedilatildeo Ambas apresentaram diferenccedilas houve um aumento estatisticamente significante de 4L no volume minuto (VE) no GT em relaccedilatildeo do GC O exerciacutecio foi realizado com 25 da carga maacutexima predito na equaccedilatildeo de Jones
25 GC= Grupo
Controle GT= Grupo Tratado = p lt 005 GC vs GT (teste t natildeo pareado)
53
Figura 23 Efeitos do alongamento muscular respiratoacuterio no fluxo expiratoacuterio (FE) durante o exerciacutecio Os dados foram apresentados em meacutedia e desvio padratildeo representado pela diferenccedila (Δ) = poacutes- - preacute-intervenccedilatildeo Ambas apresentaram diferenccedilas houve um aumento estatisticamente significante de 100mL no fluxo expiratoacuterio (FE) no GT em relaccedilatildeo do GC O exerciacutecio foi realizado com 25 da carga maacutexima predito na equaccedilatildeo de Jones
25 GC= Grupo
Controle GT= Grupo Tratado = p lt 005 GC vs GT (teste t natildeo pareado)
54
Figura 24 Efeitos do alongamento muscular respiratoacuterio na relaccedilatildeo da contribuiccedilatildeo da caixa toraacutecica e abdocircmen (CTABD) durante o exerciacutecio Os dados foram apresentados em meacutedia e desvio padratildeo representado pela diferenccedila (Δ) = poacutes- - preacute-intervenccedilatildeo O exerciacutecio foi realizado com 25 da carga maacutexima predito na equaccedilatildeo de Jones
25 Foi observado a reduccedilatildeo
estatisticamente significante da relaccedilatildeo CTAB no GT que representa o aumento da mobilidade do compartimento abdominal GC= Grupo Controle GT= Grupo Tratado CT= Participaccedilatildeo da caixa toraacutecica ABD= Participaccedilatildeo abdominal = p lt 005 GC vs GT (teste t natildeo pareado)
42 Atividade muscular
Os dados da atividade muscular dos muacutesculos esternocleidomastoideo
intercostal superior intercostal inferior e abdome foram mensurados e foi
possiacutevel observar uma reduccedilatildeo da atividade muscular no exerciacutecio apoacutes o
protocolo de alongamento no GT quando comparado ao GC dos muacutesculos
esternocleidomastoideo (-57plusmn217 vs 185-plusmn443mV plt003 respectivamente)
e intercostais superiores (-1466plusmn441 vs 46plusmn115mV plt001
respectivamente) (Figura 25)
55
Todos os dados da atividade muscular foram somados e divididos pelo
volume corrente total com o intuito de demonstrar a quantidade de atividade
muscular por volume deslocado Foi verificado uma reduccedilatildeo da razatildeo EMGVt
no exerciacutecio com carga no GT quando comparado com o GC (respectivamente
[-138 (-519- -536 mVL) vs 10 (-741- 372 mVL) plt0006] (Figura 26)
Figura 25 Efeitos do alongamento muscular respiratoacuterio na atividade muscular Os dados foram apresentados em meacutedia e desvio padratildeo representado pela diferenccedila (Δ) = poacutes- - preacute-intervenccedilatildeo Foi constatada uma diminuiccedilatildeo estatisticamente significante da atividade dos muacutesculos esternocleidomastoideo e intercostal superior no GT O exerciacutecio foi realizado com 25 da carga maacutexima predito na equaccedilatildeo de Jones
25 GC= Grupo Controle GT= Grupo
Tratado = p lt 005 GC vs GT (teste t natildeo pareado)
56
Figura 26 Efeitos do alongamento muscular respiratoacuterio na relaccedilatildeo entre a atividade muscular e o volume corrente (EMGVt) Os dados foram apresentados em meacutedia e desvio padratildeo representado pela diferenccedila (Δ) = poacutes- - preacute-intervenccedilatildeo Observou-se uma diminuiccedilatildeo estatisticamente significante da EMGVt no GT O exerciacutecio foi realizado com 25 da carga maacutexima predito na equaccedilatildeo de Jones
25 GC= Grupo Controle GT= Grupo Tratado = p lt 005
GC vs GT (teste t natildeo pareado)
43 Capacidade funcional e Dispneia
Para os paracircmetros de Borg (Figura 27) foi aferido em 4 momentos preacute e poacutes
TC6 e preacute e poacutes intervenccedilatildeo Os dados basais natildeo apresentaram diferenccedilas
entre o GT e o GC (respectivamente 175plusmn21 vs 12plusmn17 pgt02) Apoacutes a
intervenccedilatildeo houve uma diminuiccedilatildeo significativa da sensaccedilatildeo de dispneia em
ambos os grupos poacutes-TC6 quando comparado aos seus dados iniciais GT
(43plusmn18 vs 15plusmn09 plt0001) e no GC (42plusmn15 vs 28plusmn17 plt0001) Na
comparaccedilatildeo entre os grupos o GT apresentou uma melhora da sensaccedilatildeo de
dispneia quando comparado com o GC tanto preacute-exerciacutecio (respectivamente
57
02plusmn05 vs 06plusmn08 plt0001) quanto poacutes-exerciacutecio (respectivamente 15plusmn09
vs 28plusmn17 plt0001) Aleacutem disso somente no GT houve uma diminuiccedilatildeo
significativa do Borg na comparaccedilatildeo intragrupo preacute-TC6 antes e depois do
tratamento (18plusmn08 vs 02plusmn06 plt0001) Com a diminuiccedilatildeo da sensaccedilatildeo de
dispneia foi possiacutevel verificar que os pacientes do GT apresentaram melhora
clinicamente significante no TC6 meacutedio quando comparado com o GC
(respectivamente 2514m vs 65m Figura 28) valores propostos por Holland
et al (2013)
Figura 27Efeitos do alongamento muscular respiratoacuterio na escala de BORG Os dados foram apresentados Os dados foram apresentados em meacutedia e desvio padratildeo representado pela diferenccedila (Δ) = poacutes- - preacute-intervenccedilatildeo Apoacutes o tratamento ambos apresentaram diminuiccedilatildeo da dispneia mas somente no GT houve uma diminuiccedilatildeo na comparaccedilatildeo com o GC e com seus dados iniciais no preacute TC6 O exerciacutecio foi realizado com 25 da carga maacutexima predito na equaccedilatildeo de Jones
25 GC= Grupo Controle GT= Grupo Tratado BORG= Escala de dispneia
TC6= Teste de caminhada dos 6 minutos = p lt 005 preacute vs poacutes intervenccedilatildeo +=plt005 GC vs GC) (teste t natildeo pareado)
58
Figura 28 Os dados apresentados em (Δ) representam (poacutes intervenccedilatildeo ndash preacute intervenccedilatildeo) No teste de caminhada dos 6 minutos (TC6) foi observada uma diferenccedila clinicamente significante do TC6 no GT que obteve um aumento meacutedio de 2514m e o GC de 65m O exerciacutecio foi realizado com 25 da carga maacutexima predito na equaccedilatildeo de Jones
25 GC= Grupo
Controle GT= Grupo Tratado TC6= Teste de caminhada dos 6 minutos ( =diferenccedila clinicamente significante)
Holland et al 2013 (25m)
5 DISCUSSAtildeO
60
Neste estudo foi demonstrado pela primeira vez que os alongamentos
dos muacutesculos respiratoacuterios melhoraram a mecacircnica e a capacidade ventilatoacuteria
decorrente principalmente pelo aumento do volume e da mobilidade do
compartimento abdominal (CTABD) A melhora da mobilidade toracoabdominal
possivelmente esteve relacionada com o aumento da sua viscoelasticidade
observada pela diminuiccedilatildeo da atividade muscular apoacutes o tratamento Aleacutem
disso houve um aumento da eficiecircncia contraacutetil dos muacutesculos respiratoacuterios
constatado pela reduccedilatildeo da relaccedilatildeo EMGVt ou seja a musculatura necessitou
de menos atividade para deslocar o mesmo volume respiratoacuterio Acreditamos
que por causa da melhora de todos os fatores descritos anteriormente houve
uma diminuiccedilatildeo da sensaccedilatildeo de dispneia que possibilitou o aumento da
capacidade ao exerciacutecio submaacuteximo
51 Cinemaacutetica toracoabdominal
O trabalho acrescentou novas evidecircncias na literatura cientiacutefica pois foi
o primeiro a demonstrar atraveacutes do pletismoacutegrafo optoeletrocircnico que apoacutes o
tratamento com teacutecnicas de alongamento dos muacutesculos respiratoacuterios houve
aumento significativo do volume da caixa toraacutecica total abdominal e da
capacidade ventilatoacuteria durante o exerciacutecio com carga Vale ressaltar que o
aumento da mobilidade do compartimento abdominal tambeacutem foi constatado
Para reforccedilar ainda mais a importacircncia dos nossos achados no grupo
controle natildeo obtiveram nenhuma alteraccedilatildeo volumeacutetrica da caixa toraacutecica estes
61
dados vatildeo de encontro aos dois estudos preacutevios nos quais foram avaliados os
efeitos da reabilitaccedilatildeo pulmonar na cinemaacutetica toracoabdominal em pacientes
com DPOC avaliados pelo POE (Georgiadou et al 2007 Gagliardi et al
2014) Inclusive Gagliardi et al (2014) mesmo apoacutes a intervenccedilatildeo de 24
semanas encontrou uma diminuiccedilatildeo do volume abdominal apoacutes o tratamento
Apenas dois trabalhos natildeo controlados de Yamada et al (1996) e
Luularungrayub et al (2009) avaliados pelo pletismoacutegrafo por indutacircncia e
cirtometria respectivamente associados agrave espirometria hipotetizaram que a
melhora no fluxo expiratoacuterio e do volume expiratoacuterio respectivamente
poderiam ter uma relaccedilatildeo com a melhora da funccedilatildeo do compartimento
abdominal dados estes que tambeacutem apresentamos no nosso estudo Segundo
Georgiadou et al (2007) e Aliverti et al (2010) o compartimento abdominal eacute o
maior responsaacutevel pelas variaccedilotildees da distacircncia axial xifoacuteidea sugerindo uma
relaccedilatildeo com a mobilidade diafragmaacutetica e o aumento do volume pulmonar total
essa hipoacutetese pocircde ser elucidada em nossos resultados com a diminuiccedilatildeo dos
valores de CTABD Portanto estes achados servem para destacar que o
protocolo de alongamento realizados neste estudo desencadeou a melhora da
mecacircnica contraacutetil dos muacutesculos respiratoacuterios que provavelmente tiveram uma
atuaccedilatildeo na melhora da funccedilatildeo diafragmaacutetica relaccedilatildeo esta jaacute descrita por
Iwasawa et al (2002) e Man et al (2012)
O aumento do volume corrente total apoacutes o alongamento muscular da
caixa toraacutecica jaacute havia sido constatado anteriormente pelos estudos natildeo
controlados de Yamada et al (1996) e Minoguchi et al (2002) que realizaram a
intervenccedilatildeo por 4 semanas em 12 e 13 pacientes respectivamente e avaliados
62
pela espirometria Em contrapartida os estudos de intervenccedilatildeo aguda natildeo
controlada de Izumizaki et al (2006) e controlada de Noll et al (2009) com 10 e
25 pacientes respectivamente obtiveram a piora do volume corrente tambeacutem
avaliados pela espirometria Baseados nos estudos de Mchugh et al (2008)
estes efeitos contraditoacuterios ocorreram principalmente pelo tipo de intervenccedilatildeo
Agudamente o alongamento promove o estiramento abrupto dos fusos
neuromusculares que desencadearam o potencial sensitivo medular e
consequentemente um aumento da atividade eferente neuromuscular gerando
a contraccedilatildeo das fibras extra-fusais por essa razatildeo provavelmente houve a
diminuiccedilatildeo da mobilidade muacutesculo-esqueleacutetica da caixa toraacutecica e diminuiccedilatildeo
dos valores volumeacutetricos (Mukherjee et al 2010) A intervenccedilatildeo crocircnica por
sua vez promove o aumento da viscoelasticidade muscular e causou a
acomodaccedilatildeo do limiar excitatoacuterio do fuso neuromuscular que diminui o
estiacutemulo de contraccedilatildeo das fibras extra-fusais permitindo a melhora da
mobilidade toracoabdominal (Mchugh et al 2010)
No presente estudo foi realizada a intervenccedilatildeo crocircnica portanto
justificaria a razatildeo dos nossos dados apresentarem resultados tatildeo diferentes
quanto a maioria dos estudos anteriores de intervenccedilatildeo aguda Mas
precisamos considerar tambeacutem as limitaccedilotildees metodoloacutegicas comumente
observadas na literatura Fato este observado nos trabalhos de Putt et al
(2008) e Luularungrayub et al (2009) que mesmo sendo de intervenccedilatildeo
aguda apresentaram um aumento do volume corrente avaliados pela
espirometria mas ambos apresentaram grandes restriccedilotildees metodoloacutegicas pois
63
realizaram o tratamento somente em um muacutesculo respiratoacuterio (peitoral maior) e
o outro foi um estudo de caso respectivamente
Hipotetizamos que nos nossos resultados sugeriram que a intervenccedilatildeo
crocircnica muscular respiratoacuteria promoveu a melhora da mobilidade do sistema
musculo-esqueleacutetico toracoabdominal com o aumento principal do volume e da
mobilidade do compartimento abdominal acreditamos que foi o responsaacutevel
pela melhora do volume pulmonar total Com a elevaccedilatildeo dos volumes
sugerimos que foram os responsaacuteveis pela melhora da capacidade ventilatoacuteria
(volume-minuto) dado este ineacutedito na literatura para este tipo de protocolo de
tratamento
52 Atividade muscular
Constatamos uma reduccedilatildeo da atividade muscular durante o exerciacutecio
com carga no grupo que realizou o alongamento dos muacutesculos respiratoacuterios
principalmente do esternocleidomastoideo e do intercostal superior A partir
destes dados foi possiacutevel calcular a relaccedilatildeo com o volume corrente onde a
reduccedilatildeo dos valores significa a melhora da efetividade contraacutetil (EMGVt)
descrito primeiramente no trabalho de Lunardi et al (2013) Este dado
representa a melhora do deslocamento volumeacutetrico pela atividade muscular
sendo assim o muacutesculo necessita do mesmo estiacutemulo motor para deslocar
mais volume de ar
64
Na literatura encontramos somente um estudo natildeo-controlado de Cunha
et al (2005) que realizou a avaliaccedilatildeo em 8 pacientes com DPOC com o
eletromioacutegrafo de superfiacutecie apoacutes um programa de alongamento muscular
respiratoacuterio Nossos dados corroboram parcialmente com os seus achados
pois apesar de terem demonstrado uma diminuiccedilatildeo da atividade muscular
respiratoacuteria dos intercostais eles apresentaram um aumento da atividade
muscular do esternocleidomastoide Acreditamos que os nossos achados
avanccedilam em relaccedilatildeo ao estudo de Cunha et al (2005) pois o presente estudo
foi realizado com criteacuterios metodoloacutegicos mais rigorosos (controlado) com
maior tempo de intervenccedilatildeo e respeitando o caacutelculo amostral
Portanto podemos sugerir que baseado nos estudos de Kokkonen et al
(2007) o aumento da viscoelasticidade tecidual permitiu a melhora da
sobreposiccedilatildeo da actina e miosina sendo capaz de potencializar o mecanismo
contraacutetil muscular com menos esforccedilo Ao mesmo tempo reduziu a tensatildeo
sobre os receptores musculoesqueleacuteticos diminuindo a excitabilidade do
disparo neuroloacutegico sensitivo possibilitando o equiliacutebrio entre o estiacutemulo
inibitoacuterio do oacutergatildeo tendinoso de Golgi e o excitatoacuterio do controle contraacutetil do
fuso neuromuscular reduzindo a atividade motora (Hindle et al 2012
Mukherjee e Chakravarty 2010)
A avaliaccedilatildeo da atividade muscular e o caacutelculo da efetividade contraacutetil foi
realizada para elucidar os mecanismos envolvidos na melhora da mecacircnica
ventilatoacuteria apoacutes o alongamento dos muacutesculos respiratoacuterios Eacute possiacutevel que
com a diminuiccedilatildeo da atividade muscular possibilitou a melhora da capacidade
de contraccedilatildeo muscular com menor esforccedilo este dado eacute reforccedilado pela
65
diminuiccedilatildeo da EMGVt permitindo o incremento da mobilidade toracoabdominal
e da capacidade ventilatoacuteria
53 Capacidade funcional e dispneia
Observamos a melhora da dispneia e da capacidade ao exerciacutecio
submaacuteximo avaliados pelo Borg modificado e pelo teste de caminhada dos 6
minutos respectivamente
Apoacutes o protocolo de alongamento nossos dados mostraram a
diminuiccedilatildeo da sensaccedilatildeo de dispneia em ambos os grupos apoacutes a intervenccedilatildeo
Mas ao comparar entre os grupos os sujeitos que receberam a intervenccedilatildeo na
caixa toraacutecica (GT) apresentaram a diminuiccedilatildeo da dispneia quando comparado
ao GC tanto preacute quanto poacutes exerciacutecio Outro ponto em destaque eacute a diminuiccedilatildeo
da dispneia no GT em seu estado basal
A reduccedilatildeo da dispneia eacute um importante paracircmetro de melhora dos
tratamentos com enfoque pulmonar (ATS 2013) e estudos preacutevios que tambeacutem
avaliaram o efeito de alongamento dos muacutesculos respiratoacuterios na dispneia em
pacientes com DPOC corroboram com os nossos achados mesmo sendo
trabalhos com metodologias distintas como ensaios natildeo controlados (Cunha et
al 2005) controlados (Paulin et al 2003) intervenccedilatildeo aguda (Noll et al 2008
Noll et al 2009) e crocircnica (Minoguchi et al 2002) Eacute importante ressaltar que
em todos os trabalhos que obtiveram a melhora nos paracircmetros de dispneia
66
portanto acreditamos que existe outros mecanismos que podem influenciar
nesta variaacutevel aleacutem da melhora da mobilidade toracoabdominal tanto assim
que os trabalhos de Noll et al (2008 e 2009) houve uma piora de todos os
paracircmetros da funccedilatildeo pulmonar mas apresentaram melhora da dispneia
Na literatura somente os trabalhos de Izumizaki et al (2008) e Putt et al
(2008) natildeo obtiveram melhora na escala de Borg mas eacute importante destacar
que foram trabalhos distintos o primeiro foi de intervenccedilatildeo crocircnica com
resultados negativos agraves funccedilotildees pulmonares enquanto o segundo foi um
trabalho de intervenccedilatildeo aguda com resultados positivos nos volumes
pulmonares Apesar de ambos serem controlados o estudo de Izumizaki et al
(2008) natildeo destaca os muacutesculos que foram tratados nem a caracterizaccedilatildeo e o
caacutelculo amostral enquanto no trabalho de Putt et al (2008) realizou a
intervenccedilatildeo apenas no muacutesculo peitoral maior que natildeo eacute um muacutesculo
acessoacuterio respiratoacuterio primaacuterio e sim atuante somente em grandes esforccedilos
Portanto baseado nas pesquisas anteriores entendemos que a melhora
da dispneia natildeo foi somente pelo aumento da mobilidade musculoesqueleacutetica
da caixa toraacutecica que diminuiu a resistecircncia do fluxo aeacutereo e possibilitou maior
expansatildeo toracoabdominal e melhor capacidade ventilatoacuteria demonstrado
neste estudo anteriormente Possivelmente teve associaccedilatildeo com os
mecanoceptores toracoabdominais quando estimulados durante o tratamento
desencadeou alteraccedilotildees das informaccedilotildees dos centros respiratoacuterios e motores
(Nakamura et al 2012 Montaldo et al 2000) Estes centros por sua vez
mudaram da taxa de disparo do nervo frecircnico que controla a cadecircncia e a
frequecircncia da contraccedilatildeo diafragmaacutetica reduzindo a sensaccedilatildeo de fadiga e de
67
dispneia (Burki e Lee 2010) portanto qualquer teacutecnica de mobilizaccedilatildeo
toracoabdominal poderia diminuir a sensaccedilatildeo de dispneia mas acreditamos
que quanto maior o estiacutemulo musculoesqueleacutetico (intervenccedilatildeo crocircnica) maior
seraacute a ativaccedilatildeo dos mecanoceptores da caixa toraacutecica e consequentemente
aumentaria a estimulaccedilatildeo aos centros respiratoacuterios por essa razatildeo
acreditamos que os nossos resultados foram tatildeo expressivos (Montaldo et al
2000)
Com a melhora dos paracircmetros de dispneia refletiu no aumento da
distacircncia percorrida em ambos os grupos 67m (GC) e 2517m (GT) sendo
que somente o grupo que recebeu o alongamento dos muacutesculos respiratoacuterios
atingiram a miacutenima distacircncia clinicamente significante proposta por Holland et
al (2010) que eacute de 25 m Coincidentemente a maioria trabalhos que
obtiveram melhora da dispneia realizaram o teste de caminhada dos 6 minutos
(Yamada et al 1996 Minoguchi et al 2002 Paulin et al 2003 eCunha et al
2005) somente Noll et al (2008 e 2009) que natildeo Poreacutem ateacute onde eacute do nosso
conhecimento este eacute o primeiro estudo que demonstrou que o aumento da
capacidade funcional foi decorrente da melhora da mecacircnica ventilatoacuteria poacutes-
alongamento avaliados pelo POE
No presente estudo o aspecto relevante estaacute no ineditismo ao avaliar as
repercussotildees deste tipo de intervenccedilatildeo na cinemaacutetica toracoabdominal
analisadas pelo pletismoacutegrafo optoeletrocircnico (Alivertiet al 2000) teacutecnica
considerada de alta tecnologia O programa de alongamento da musculatura
acessoacuteria respiratoacuteria eacute uma teacutecnica de baixo custo e pode ser associada
68
facilmente agrave reabilitaccedilatildeo pulmonar com impacto na atividade funcional e nos
sintomas respiratoacuterios
54 Limitaccedilotildees
Todos os estudos possuem limitaccedilotildees primeiro a rigidez dos criteacuterios
de inclusatildeo conferida a esta pesquisa levou a uma elevada validade interna
com possiacutevel prejuiacutezo da validade externa Optamos por adotar esses criteacuterios
na tentativa de eliminar o maior nuacutemero de variaacuteveis de confusatildeo para garantir
que os resultados fossem interpretados de maneira clara Segundo a carga de
exerciacutecio em esteira foi estabelecida em funccedilatildeo da velocidade do TC6 apesar
de natildeo ser considerado o padratildeo ouro para o treinamento aeroacutebico jaacute foi
descrito como alternativa viaacutevel por Zainuldinet al (2007) e Figueiredo e
Guimaratildees (2009) Terceiro a intensidade de 25 Wmaacutex utilizada na
avaliaccedilatildeo do POE pode natildeo ter sido o suficiente para desencadear a
assincronia mas o objetivo foi reproduzir a carga utilizada diariamente pelo
paciente segundo Bruni et al (2012) eles comprovaram em seu estudo que
nem mesmo a carga de 75 Wmaacutex foi possiacutevel desencadear a assincronia em
pacientes com DPOC concluindo natildeo haver relaccedilatildeo entre assincronia
hiperinsuflaccedilatildeo e dispneia Finalmente o alongamento dos muacutesculos
perifeacutericos dos membros inferiores no grupo controle poderia ter influenciado
na melhora no teste de caminhada dos 6 minutos mas Mchugh et al (2008) e
Shrier (2004) descreveram em seus estudos que ainda existe uma
controveacutersia a respeito do aumento da performance muscular apoacutes a realizaccedilatildeo
69
do alongamento ateacute entatildeo sabe-se somente sobre a melhora da mobilidade
Apesar destas limitaccedilotildees este eacute o primeiro ensaio cliacutenico controlado e
aleatorizado investigando os benefiacutecios do alongamento dos muacutesculos
respiratoacuterios na mecacircnica ventilatoacuteria utilizando o pletismoacutegrafooptoeletrocircnico
em pacientes com DPOC
6 CONCLUSAtildeO
71
Nossos resultados sugerem que a adiccedilatildeo do alongamento da
musculatura respiratoacuteria ao exerciacutecio aeroacutebico claacutessico aumenta a eficiecircncia
contraacutetil muscular melhora a mecacircnica ventilatoacuteria com o incremento
significante dos volumes pulmonares principalmente abdominal e reduz a
dispneia possibilitando a melhora das atividades funcionais em pacientes com
DPOC Estes resultados sugerem que o alongamento dos muacutesculos
respiratoacuterios pode ser considerado uma modalidade de tratamento adjuvante
para os pacientes com DPOC
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8 ANEXOS
91
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HOSPITAL DAS CLIacuteNICAS DA FACULDADE DE MEDICINA DA
UNIVERSIDADE DE SAtildeO PAULO-HCFMUSP
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
DADOS SOBRE A PESQUISA
1 TIacuteTULO DO PROTOCOLO DE PESQUISA
EFEITOS DO ALONGAMENTO DA MUSCULATURA ACESSOacuteRIA
RESPIRATOacuteRIA COM A TEacuteCNICA DE ALONGAMENTO PASSIVO E
CONTRACcedilAtildeO-RELAXAMENTO NA MECAcircNICA VENTILATOacuteRIA E NA
CAPACIDADE FUNCIONAL DE PACIENTES COM DOENCcedilA PULMONAR
OBSTRUTIVA CROcircNICA
PESQUISADOR 01 Celso Ricardo Fernandes Carvalho
CARGOFUNCcedilAtildeO Orientador INSCRICcedilAtildeO CONSELHO
REGIONAL Nordm 206463-F
UNIDADE DO HCFMUSP Ciecircncias
3 AVALIACcedilAtildeO DO RISCO DA PESQUISA
RISCO MIacuteNIMO x RISCO MEacuteDIO
RISCO BAIXO RISCO MAIOR
4DURACcedilAtildeO DA PESQUISA 12 meses
HOSPITAL DAS CLIacuteNICAS DA FACULDADE DE MEDICINA DA
UNIVERSIDADE DE SAtildeO PAULO-HCFMUSP
1 ndash A doenccedila que o senhor (a) tem se chama doenccedila obstrutiva crocircnica
(DPOC) Esta doenccedila causa a inflamaccedilatildeo das vias aeacutereas e prejudica todo
94
pulmatildeo Por esse motivo o toacuterax fica expandido e os muacutesculos que realizam a
respiraccedilatildeo ficam tensos Essa tensatildeo muscular diminui o movimento do toacuterax e
a quantidade de ar que entra nos pulmotildees levando a uma dificuldade para
respirar e diminuindo a capacidade aos exerciacutecios simples do dia-dia Todo
esse quadro pode aumentar a tendecircncia de desencadear episoacutedios de
depressatildeo e ansiedade
2 ndash O nosso corpo tem muacutesculos que ajudam na respiraccedilatildeo (entrada do ar)
esses muacutesculos ao contrair ajudam a entrada de ar nos pulmotildees No (a)
paciente DPOC o movimento da caixa toraacutecica estaacute diminuiacutedo por isso este
estudo tem como objetivo verificar se o uso dos exerciacutecios de alongamento
relaxariam os muacutesculos respiratoacuterios diminuindo a sensaccedilatildeo de falta de ar
3 ndash Portanto estamos convidando o (a) senhor (a) para participar deste estudo
Caso o senhor (a) aceite participar da pesquisa teraacute que comparecer ao
hospital (HC) 2 vezes por semana durante um mecircs e meio de tratamento com
duraccedilatildeo de 30 a 40 minutos por dia O senhor (a) seraacute incluiacutedo (a) de forma
aleatoacuteria (sorteio) em dois grupos que receberatildeo diferentes tratamentos de
alongamento com supervisatildeo do profissional fisioterapeuta O senhor (a)
receberaacute uma cartilha com alguns exerciacutecios semelhantes aos realizados no
hospital para ser feito em casa no miacutenimo duas vezes por semana
4 ndash Durante os exerciacutecios de alongamento o (a) senhor (a) poderaacute sentir algum
desconforto como um ldquopuxatildeordquo ldquoformigamentordquo e ldquoqueimaccedilatildeordquo na regiatildeo que os
muacutesculos estatildeo sendo trabalhados Apoacutes a realizaccedilatildeo do alongamento eacute
possiacutevel que essas sensaccedilotildees perdurem por no maacuteximo 3 dias Evitaremos
durante o tratamento as dores se caso o senhor (a) sentir alguma dor
comunique ao profissional responsaacutevel que interromperemos imediatamente o
exerciacutecio
5 ndash Seratildeo realizados diversos testes antes e depois do tratamento para
verificar o grau de eficiecircncia da teacutecnica aplicada Mediremos o movimento do
seu toacuterax com um aparelho chamado pletismografia onde seratildeo colocados
marcadores no seu toacuterax e o senhor natildeo sentiraacute nenhum desconforto ou dor
Seratildeo realizados exames para a funccedilatildeo do seu pulmatildeo chamado espirometria
para isso pediremos para o senhor (a) puxar e assoprar forte o ar no aparelho
este teste natildeo traraacute nenhum desconforto ou dor Para testar a forccedila dos
muacutesculos pediremos novamente que o senhor (a) puxe o ar com forccedila em um
95
aparelho chamado manovacuocircmetro este teste natildeo traraacute dor Realizaremos
um teste de esforccedilo ao exerciacutecio onde pediremos para o (a) senhor (a) andar o
maacuteximo possiacutevel durante 6 minutos seraacute repetido duas vezes Nesse teste o
senhor (a) pode sentir cansaccedilo e falta de ar que acabaraacute imediatamente apoacutes o
teacutermino do exerciacutecio Por uacuteltimo o senhor (a) responderaacute o questionaacuterio sobre a
sua vida que conteacutem uma seacuterie de perguntas para avaliar se o (a) senhor (a)
possui episoacutedios de depressatildeo e ansiedade poderaacute sentir algum desconforto
ao responder algumas perguntas que seratildeo realizadas
6 ndash Com esse estudo buscamos a melhora da qualidade de vida com
diminuiccedilatildeo dos quadros tendenciosos de depressatildeo e ansiedade e o aumento
da capacidade para realizar os exerciacutecios diaacuterios decorrentes da melhora da
mobilidade toraacutecica
7 ndash Asseguramos que o senhor (a) teraacute acesso aos profissionais responsaacuteveis
pela pesquisa para esclarecimento de eventuais duacutevidas O principal
investigador eacute o Prof Dr Celso Ricardo Fernandes Carvalho que poderaacute
ser encontrado na Av Eneacuteas de Carvalho Aguiar 255 4o andar bloco 06 no
telefone(s) 11 3069-7961 e o Dr Juliano Takashi Wada que pode ser
encontrado no endereccedilo Rua Albuquerque Lins 537 cj 42 Telefone(s) 11
3624-4524 Se caso o senhor (a) tiver alguma consideraccedilatildeo ou duacutevida sobre a
eacutetica da pesquisa entre em contato com o Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa (CEP)
ndash Rua Oviacutedio Pires de Campos 225 ndash 5ordm andar ndash tel 3069-6442 ramais 16 17
18 ou 20 FAX 3069-6442 ramal 26 ndash E-mail cappesqhcnetuspbr
8 ndash Garantimos a liberdade da retirada do consentimento a qualquer momento
e deixar de participar do estudo sem qualquer prejuiacutezo agrave continuidade de seu
tratamento na Instituiccedilatildeo
9 ndash Garantimos o direito de confidencialidade ndash As informaccedilotildees obtidas
seratildeo analisadas em conjunto com outros pacientes natildeo sendo divulgado a
identificaccedilatildeo e os dados de nenhum paciente
10 ndash Garantimos o direito de ser mantido atualizado sobre os resultados
parciais das pesquisas quando em estudos abertos ou de resultados que
sejam do conhecimento dos pesquisadores
96
11 ndash Despesas e compensaccedilotildees natildeo haacute despesas pessoais para o
participante em qualquer fase do estudo incluindo exames e consultas
Tambeacutem natildeo haacute compensaccedilatildeo financeira relacionada agrave sua participaccedilatildeo Se
existir qualquer despesa adicional ela seraacute absorvida pelo orccedilamento da
pesquisa Natildeo garantimos o pagamento de qualquer dano causado pelo estudo
mas garantimos que se caso o senhor (a) tiver algum problema poderaacute ser
atendido no Ambulatoacuterio da Fisioterapia do Hospital das cliacutenicas gerenciado
pelo Prof Dr Celso Ricardo Fernandes de Carvalho
12 ndash Garantimos o compromisso do pesquisador de utilizar os dados e o
material coletado satildeo confidenciais e seraacute utilizado somente para esta pesquisa
Acredito ter sido suficientemente informado a respeito das informaccedilotildees
que li ou que foram lidas para mim descrevendo o estudo rdquoEfeitos do
alongamento da musculatura acessoacuteria respiratoacuteria com a teacutecnica de
contraccedilatildeo-relaxamento na mobilidade toraacutecica e capacidade psicossocial e
funcional de pacientes com doenccedila pulmonar obstrutiva crocircnicardquo
Eu discuti com o Prof Dr Celso Ricardo Fernandes de Carvalho ou
com o Dr Juliano Takashi Wada sobre a minha decisatildeo em participar nesse
estudo Ficaram claros para mim quais satildeo os propoacutesitos do estudo os
procedimentos a serem realizados seus desconfortos e riscos as garantias de
confidencialidade e de esclarecimentos permanentes Ficou claro tambeacutem que
minha participaccedilatildeo eacute isenta de despesas e que tenho garantia do acesso a
tratamento hospitalar quando necessaacuterio Concordo voluntariamente em
participar deste estudo e poderei retirar o meu consentimento a qualquer
momento antes ou durante o mesmo sem penalidades ou prejuiacutezo ou perda
de qualquer benefiacutecio que eu possa ter adquirido ou no meu atendimento
neste Serviccedilo
-------------------------------------------------
Assinatura do pacienterepresentante legal Data
97
-------------------------------------------------------------------------
Assinatura da testemunha Data
Declaro que obtive de forma apropriada e voluntaacuteria o Consentimento Livre e
Esclarecido deste paciente ou representante legal para a participaccedilatildeo neste estudo
----------------------------------------------------------
Assinatura do responsaacutevel pelo estudo
Data
98
NCT 0236762
99
100
101
20-Nov-2014
CC Wada Juliano Borges-Santos Erickson Paisani
Denise Porras Desiderio Cukier Alberto Lunardi
Adriana Carvalho Celso
Dear Ms Wada
Your manuscript entitled Effect of respiratory muscle
stretching on thoracoabdominal kinematics and functional
capacity of patients with COPD a randomized and controlled
trial has been received online and is presently being
given full consideration for publication in CHEST Please
note that our editorial office will review your manuscript
before sending it to the Editor in Chief If there are
aspects that need to be fixed prior to peer review they
may return your paper to your Corresponding Author Center
and ask you to make some minor changes and resubmit it We
appreciate your understanding
Your manuscript ID is CHEST-14-2914
You may view the status of your manuscript at any time by
checking your Author Center after logging in
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102
The journal strives to expedite the peer review process
however because we receive over 3400 submissions each year
the process may take up to 8 weeks to complete Please be
patient during this time and feel free to log in to check
your manuscript status
Please mention the above manuscript ID in all future
correspondence or when calling the office for questions If
there are any changes in your street address phonefax or
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Thank you for choosing to submit your manuscript to CHEST
Sincerely
CHEST Editorial Office
vii
Aos profissionais do Ambulatoacuterio de Fisioterapia do Hospital das Cliacutenicas
pela compreensatildeo e auxiacutelio durante os protocolos de intervenccedilatildeo dos pacientes
do nosso projeto
Aos pacientes que participaram do estudo por todo o esforccedilo em continuar o
tratamento ateacute a sua conclusatildeo Muitos representaram uma liccedilatildeo de vida para
todos noacutes
Ao Ambulatoacuterio de Pneumologia do Hospital das Cliacutenicas pela parceria em
ceder os prontuaacuterios e os pacientes para o projeto Aleacutem compartilhar
harmoniozamente o mesmo espaccedilo para a triagem dos mesmos
Aos meus grandes amigos por todo apoio companheirismo risadas e
momentos que me mostram o verdadeiro sentido da palavra viver Carlos
Eduardo Hanash Rodrigo Petrone Ricardo Almeida Thiago Eduardo
Castanhon Ricardo Maeda Ricardo Domingos Felipe Calmon Thiago
Almeida Andreacute Fogolin Rodrigo Pizzi Caio Teixeira Marcelo Reina Erik
Terrabuio Marcus Sperandio Jonas Rastelli Mario Castro Carlos Eduardo
Sainz Gustavo Souza Gabriel Boal Rodrigo Guerzoni e Rafael Correa
SUMARIO
LISTA DE ABREVIATURASxi
LISTA DE FIGURASxiii
LISTA DE TABELASxviii
RESUMO xix
SUMMARYxxi
1 INTRODUCcedilAtildeO01
11 Definiccedilatildeo e Incidecircncias 02
12 Fisiopatologia 04
13 Sistema muacutesculo-esqueleacutetico 06
14 Diagnoacutestico e Sintomas07
15 Reabilitaccedilatildeo pulmonar09
16 Muacutesculos respiratoacuterios 10
17 Alongamento Muscular13
18 Meacutetodos para a anaacutelise da mecacircnica ventilatoacuteria17
19 Hipoacutetesehelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphellip19
2 OBJETIVOS20
21 Primaacuterio 21
22 Secundaacuterio 21
3 CASUIacuteSTICA E METODOS22
ix
31 Aspectos eacuteticos23
32 Casuiacutestica23
321 Criteacuterios de inclusatildeo23
322 Criteacuterios de exclusatildeo24
33 Delineamento experimental25
34 Intervenccedilatildeo26
341 Protocolo de alongamento do grupo tratado (GT)26
342 Protocolo de exerciacutecios do grupo controle (GC)32
343 Protocolo dos exerciacutecios aeroacutebicos35
35 Avaliaccedilotildees36
351 Caracterizaccedilatildeo Amostral36
352 Prova de funccedilatildeo pulmonar simples36
353 Padratildeo respiratoacuterio mobilidade e sincronia
toracoabdominal37
3531 Avaliaccedilatildeo do POE durante o exerciacutecio41
354 Atividade muscular respiratoacuteria43
355 Capacidade Funcional44
36 Anaacutelise Estatiacutestica45
4 RESULTADOS47
41 Cinemaacutetica toracoabdominal50
42 Atividade muscular54
43 Capacidade funcional e Dispneia56
x
5 DISCUSSAtildeO59
51 Cinemaacutetica toracoabdominal60
52 Atividade muscular63
53 Capacidade funcional e dispneia65
54 Limitaccedilotildees68
6 CONCLUSAtildeO70
7 REFEREcircNCIAS 72
8 ANEXOS90
xi
LISTA DE ABREVIATURAS
ABD Volume abdominal
ALAT Associaccedilatildeo Latino-Americana de Toacuterax
ATS American Thoracic Society
BORG Escala de dispneia
CPT Capacidade Pulmonar Total
CRF Capacidade Residual Funcional
CTABD Razatildeo entre a contribuiccedilatildeo da caixa toraacutecica e abdocircmen
CT Volume da caixa toraacutecica
CVF Capacidade vital forccedilada
DATASUS Departamento de informaacutetica do sistema uacutenico de sauacutede
DPOC Doenccedila pulmonar obstrutiva crocircnica
EMG Eletromiografia
EMGVt Razatildeo entre atividade muscular e o volume corrente total
F Feminino
FCMaacutex Frequecircncia cardiacuteaca maacutexima
FE Fluxo expiratoacuterio
FI Fluxo inspiratoacuterio
GC Grupo controle
GOLD Global initiative for chronic obstructive lung disease
GT Grupo tratado
HCFMUSP Hospital das Cliacutenicas da Faculdade de Medicina da Universidade
de Satildeo Paulo
xii
Hz Hertz
Kgm2 Kilograma por metro quadrado (unidade do IMC)
L Litros
M Masculino
mL Mililitros
mV Milivolt
mVL Milivolt por litro
O2 Oxigecircnio
OTG Oacutergatildeo tendinoso de Golgi
PaCO2 Pressatildeo parcial de gaacutes carbocircnico
POE Pletismoacutegrafo optoeletrocircnica
RP Reabilitaccedilatildeo pulmonar
SpO2 Saturaccedilatildeo Perifeacuterica de Oxigecircnio
TC6 Teste de caminhada dos 6 minutos
TI Volume do toacuterax inferior
TS Volume corrente do toacuterax superior
VE Volume minuto
VEF1 Volume expiratoacuterio forccedilado no primeiro segundo
VEF1CVF Relaccedilatildeo do volume expiratoacuterio forccedilado no primeiro segundo e
capacidade vital forccedilada
VR Volume Residual
Vt Volume corrente
WMaacutex Carga maacutexima em Watts
Δ Variaccedilatildeo
xiii
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 Desenho experimental25
Figura 2 Anatomia e teacutecnica de alongamento do peitoral maior28
Figura 3 Anatomia e teacutecnica de alongamento do escaleno28
Figura 4 Anatomia e a teacutecnica de alongamento do Esternocleidomastoideo29
Figura 5 Anatomia e a teacutecnica de alongamento do Trapeacutezio Superior30
Figura 6 Anatomia e a teacutecnica de alongamento do peitoral menor30
Figura 7 Anatomia e a teacutecnica de alongamento do Serraacutetil Anterior e
Intercostais31
Figura 8 Anatomia e a teacutecnica de alongamento dos muacutesculos
abdominais32
Figura 9 Anatomia e a teacutecnica de alongamento dos flexores do punho33
Figura 10 Anatomia e a teacutecnica de alongamento dos extensores do punho33
xiv
Figura11 Anatomia e a teacutecnica de alongamento dos extensores do
tornozelo34
Figura 12 Anatomia e a teacutecnica de alongamento dos muacutesculos dos flexores do
tornozelo35
Figura13 Imagem tridimensional gerada pelo OEP38
Figura14 Disposiccedilatildeo das 89 esferas reflexivas38
Figura15 Laboratoacuterio do POE com a disposiccedilatildeo das cacircmeras e da bicicleta40
Figura16 Captaccedilatildeo e anaacutelise dos dados do volume toracoabdominal40
Figura17 Paciente realizando a avaliaccedilatildeo com carga no cicloergocircmetro no
POE42
Figura 18 Desenho experimental da avaliaccedilatildeo do OEP42
Figura19 Eletromioacutegrafo da BTS Engeneering44
Figura 20 Fluxograma do estudo49
xv
Figura 21 Efeitos do alongamento muscular respiratoacuterio na mecacircnica
ventilatoacuteria durante o exerciacutecio Os dados foram apresentados em meacutedia e
desvio padratildeo representado pela diferenccedila (Δ) = poacutes- - preacute-intervenccedilatildeo Houve
um aumento estatisticamente significante do volume da CT e do ABD no GT O
exerciacutecio foi realizado com 25 da carga maacutexima predito na equaccedilatildeo de
Jones25 GC= Grupo Controle GT= Grupo Tratado CT= Caixa totaacutecica total
TS= Toacuterax superior TI= Toacuterax inferior ABD= Abdomen = p lt 005 GC vs GT
(teste t natildeo pareado)51
Figura 22 Efeitos do alongamento muscular respiratoacuterio no volume minuto
(VE) durante o exerciacutecio Os dados foram apresentados em meacutedia e desvio
padratildeo representado pela diferenccedila (Δ) = poacutes- - preacute-intervenccedilatildeo Ambas
apresentaram diferenccedilas houve um aumento estatisticamente significante de
4L no volume minuto (VE) no GT em relaccedilatildeo do GC O exerciacutecio foi realizado
com 25 da carga maacutexima predito na equaccedilatildeo de Jones25 GC= Grupo
Controle GT= Grupo Tratado = p lt 005 GC vs GT (teste t natildeo pareado)52
Figura 23 Efeitos do alongamento muscular respiratoacuterio no fluxo expiratoacuterio
(FE) durante o exerciacutecio Os dados foram apresentados em meacutedia e desvio
padratildeo representado pela diferenccedila (Δ) = poacutes- - preacute-intervenccedilatildeo Ambas
apresentaram diferenccedilas houve um aumento estatisticamente significante de
100mL no fluxo expiratoacuterio (FE) no GT em relaccedilatildeo do GC O exerciacutecio foi
realizado com 25 da carga maacutexima predito na equaccedilatildeo de Jones25 GC=
xvi
Grupo Controle GT= Grupo Tratado = p lt 005 GC vs GT (teste t natildeo
pareado)53
Figura 24 Efeitos do alongamento muscular respiratoacuterio na relaccedilatildeo da
contribuiccedilatildeo da caixa toraacutecica e abdocircmen (CTABD) durante o exerciacutecio Os
dados foram apresentados em meacutedia e desvio padratildeo representado pela
diferenccedila (Δ) = poacutes- - preacute-intervenccedilatildeo O exerciacutecio foi realizado com 25 da
carga maacutexima predito na equaccedilatildeo de Jones25 Foi observado a reduccedilatildeo
estatisticamente significante dos valores no GT em relaccedilatildeo do GC da relaccedilatildeo
CTAB que representa o aumento da mobilidade do compartimento abdominal
GC= Grupo Controle GT= Grupo Tratado CT= Participaccedilatildeo da caixa toraacutecica
ABD= Participaccedilatildeo abdominal = p lt 005 GC vs GT (teste t natildeo pareado)54
Figura 25 Efeitos do alongamento muscular respiratoacuterio na atividade
muscular Os dados foram apresentados em meacutedia e desvio padratildeo
representado pela diferenccedila (Δ) = poacutes- - preacute-intervenccedilatildeo Foi constatada uma
diminuiccedilatildeo estatisticamente significante da atividade dos muacutesculos
esternocleidomastoideo e intercostal superior no GT O exerciacutecio foi realizado
com 25 da carga maacutexima predito na equaccedilatildeo de Jones25 GC= Grupo
Controle GT= Grupo Tratado = p lt 005 GC vs GT (teste t natildeo pareado)55
Figura 26 Efeitos do alongamento muscular respiratoacuterio na relaccedilatildeo entre a
atividade muscular e o volume corrente (EMGVt) Os dados foram
apresentados em meacutedia e desvio padratildeo representado pela diferenccedila (Δ) =
xvii
poacutes- - preacute-intervenccedilatildeo Observou-se uma diminuiccedilatildeo estatisticamente
significante da EMGVt no GT O exerciacutecio foi realizado com 25 da carga
maacutexima predito na equaccedilatildeo de Jones25 GC= Grupo Controle GT= Grupo
Tratado = p lt 005 GC vs GT (teste t natildeo pareado) 56
Figura 27 Efeitos do alongamento muscular respiratoacuterio na escala de BORG
Os dados foram apresentados Os dados foram apresentados em meacutedia e
desvio padratildeo representado pela diferenccedila (Δ) = poacutes- - preacute-intervenccedilatildeo Apoacutes
o tratamento ambos apresentaram diminuiccedilatildeo da dispneia mas somente no GT
houve uma diminuiccedilatildeo na comparaccedilatildeo com o GC e com seus dados iniciais no
preacute exerciacutecio O exerciacutecio foi realizado com 25 da carga maacutexima predito na
equaccedilatildeo de Jones25 GC= Grupo Controle GT= Grupo Tratado BORG= Escala
de dispneia TC6= Teste de caminhada dos 6 minutos = p lt 005 preacute vs poacutes
intervenccedilatildeo +=plt005 GC vs GC) (teste t natildeo pareado)57
Figura 28 Os dados apresentados em (Δ) representam (poacutes intervenccedilatildeo ndash preacute
intervenccedilatildeo) No teste de caminhada dos 6 minutos (TC6) foi observada uma
diferenccedila clinicamente significante do TC6 no GT que obteve um aumento
meacutedio de 2514m e o GC de 65m O exerciacutecio foi realizado com 25 da carga
maacutexima predito na equaccedilatildeo de Jones25 GC= Grupo Controle GT= Grupo
Tratado TC6= Teste de caminhada dos 6 minutos ( =diferenccedila clinicamente
significante)58
xviii
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 Caracterizaccedilatildeo amostral basal dos pacientes do estudo50
xix
RESUMO
Efeitos do alongamento da musculatura respiratoacuteria pelas teacutecnicas de
alongamento passivo e contraccedilatildeo-relaxamento na mecacircnica ventilatoacuteria e
na capacidade funcional de pacientes com doenccedila pulmonar obstrutiva
crocircnica
Os pacientes com doenccedila pulmonar obstrutiva crocircnica (DPOC) devido agrave
obstruccedilatildeo brocircnquica e reduccedilatildeo da retraccedilatildeo elaacutestica pulmonar apresentam o
aumento do recrutamento da musculatura respiratoacuteria predispondo agrave
incoordenaccedilatildeo toracoabdominal aumentando o trabalho respiratoacuterio
provocando fadiga e dispneacuteia O alongamento dos muacutesculos respiratoacuterios
(AMR) poderia diminuir a atividade muscular melhorar a sua capacidade
contraacutetil e a mobilidade da caixa toraacutecica otimizando a ventilaccedilatildeo pulmonar
entretanto estes efeitos nos muacutesculos respiratoacuterios permanecem
desconhecidos Objetivo Avaliar os efeitos da adiccedilatildeo do AMR associados agrave
reabilitaccedilatildeo pulmonar na mecacircnica ventilatoacuteria na capacidade funcional e na
atividade muscular em pacientes com DPOC Meacutetodo Estudo randomizado e
controlado incluiu 30 pacientes com DPOC que foram distribuiacutedos
aleatoriamente para os grupos tratado (GT n = 15) e controle (GC n = 15)
Todos os pacientes foram submetidos a 24 sessotildees de treinamento aeroacutebico
duas vezes por semana Aleacutem disso o GT recebeu AMR e o GC recebeu o
alongamento dos membros superiores e inferiores antes dos exerciacutecios
aeroacutebicos Foram avaliados teste da capacidade funcional (teste de caminhada
xx
de 6 minutos TC6) mecacircnica toracoabdominal (pletismografia optoeletrocircnica
POE) e atividade muscular respiratoacuteria (eletromiografia de superfiacutecie EMG)
durante o exerciacutecio Os dados representam a variaccedilatildeo (Δ)=poacutes- - preacute-
avaliaccedilatildeo foi utilizado o teste t para comparar os grupos e o niacutevel de
significacircncia foi fixado em 5 Resultados O GT apresentou o aumento da
capacidade funcional (2514m +) com a reduccedilatildeo da sensaccedilatildeo de dispneia apoacutes
o TC6 (plt001) quando comparado ao GC Provavelmente estaacute relacionado
com a melhora do volume da caixa toraacutecica (plt001) capacidade ventilatoacuteria
(plt001) com o aumento do volume e da contribuiccedilatildeo do compartimento
abdominal (plt001) Observamos tambeacutem no GT a reduccedilatildeo da atividade
muscular (p lt001) com maior eficiecircncia ventilatoacuteria (plt0006) Conclusatildeo
Nossos resultados sugerem que a adiccedilatildeo do AMR no treinamento aeroacutebio
aumenta a capacidade funcional com diminuiccedilatildeo da dispneia melhora a
eficaacutecia da contraccedilatildeo muscular e da capacidade ventilatoacuteria devido agrave maior
participaccedilatildeo do compartimento abdominal em pacientes com DPOC
Descritores DPOC Muacutesculos Respiratoacuterios Alongamento Muscular
Mecacircnica Respiratoacuteria Plestimografia Dispneia Eletromiografia
xxi
SUMMARY
Effects of respiratory muscle stretching with passive and hold-relax
techniques on ventilatory mechanics and functional capacity in patients
with chronic obstructive pulmonary disease
Chronic obstructive pulmonary disease (COPD) patients due to bronchial
obstruction and reduced lung elastic recoil present increased in the recruitment
of respiratory muscles predisposing an thoracoabdominal incoordination major
breathing work causing fatigue and dyspnea The respiratory muscles
stretching (RMS) could decrease the muscle activity and improve their
contractile capacity chest wall mobility and optimize the pulmonary ventilation
however this effect remains unknown Objective To evaluate the effects of
adding the RMS associated with pulmonary rehabilitation in ventilatory
mechanics functional capacity and muscle activity in patients with COPD
Method Randomized and controlled trial enrolled 30 COPD patients who were
randomly allocated into treatment (TG n = 15) and control (CG n = 15) groups
All patients underwent 24 sessions of aerobic training twice a week In Addition
TG received RMS and CG received upper and lower limb stretching before
aerobic exercises Were evaluated functional capacity (6-minute walking
distance test 6MWDT) thoracoabdominal mechanics (optoelectronic
plethysmography OEP) and respiratory muscle activity (surface
electromyography EMG) during exercise The data represents the change (Δ) =
post- - pre-evaluation a t-test was used to compare the groups and the
xxii
significance level was set at 5 Results TG showed improvement in the
functional capacity (2514m +) with decrease of the dyspnea sensation after the
6MWDT (plt001) compared with CG Probably is related with increased of
chest wall volume (plt001) ventilatory capacity (plt001) volume and the
contribution of the abdominal compartment (plt001) We also observed in the
TG a reduction of respiratory muscle activity (plt001) and the ratio between
volume displaced (plt0006) Conclusion Our results suggest that the addition
of RMS to aerobic training increases the functional capacity with dyspnea
reduction improvement of efficacy of respiratory muscle contraction and
ventilatory capacity due to higher participation of the abdominal compartment in
patients with COPD
Descriptors COPD Respiratory Muscles Muscular Stretching Respiratory
Mechanics Plethysmography Dyspnea Electromyography
1 INTRODUCcedilAtildeO
2
11 Definiccedilatildeo e Incidecircncias
A doenccedila pulmonar obstrutiva crocircnica (DPOC) eacute definida como uma
patologia pulmonar previsiacutevel e trataacutevel caracterizada pela limitaccedilatildeo
persistente do fluxo aeacutereo aprisionamento aeacutereo e hiperinsuflaccedilatildeo com caraacuteter
de limitaccedilatildeo progressiva associados ao aumento da resposta inflamatoacuteria das
vias aeacutereas e dos pulmotildees decorrente da exposiccedilatildeo aos gases e partiacuteculas
nocivas (GOLD 2013) Os processos inflamatoacuterios causam alteraccedilotildees
brocircnquicas e destruiccedilatildeo do parecircnquima pulmonar que podem variar de
indiviacuteduo para indiviacuteduo resultando no decreacutescimo da elasticidade tecidual
pulmonar e diminuiccedilatildeo da capacidade ventilatoacuteria (Celli et al 2004 Laizo
2009)
A bronquite crocircnica e o enfisema pulmonar satildeo responsaacuteveis pela
denominaccedilatildeo da DPOC decorrente habitualmente do tabagismo embora
outras formas possam estar envolvidas em sua patogecircnese tal como a
deficiecircncia de micro1-antitripsina (Wood et al 2008) O enfisema pulmonar eacute
definido pelo aumento anormal e permanente dos espaccedilos aeacutereos distais do
bronquiacuteolo terminal acompanhado pela destruiccedilatildeo do parecircnquima pulmonar
Na ausecircncia de uma fibrose evidente o principal distuacuterbio funcional do enfisema
eacute a perda da retraccedilatildeo elaacutestica tecidual associada ao colabamento das vias
aeacutereas (Fabbri et al 2008) A bronquite crocircnica eacute definida clinicamente pela
presenccedila de tosse crocircnica com produccedilatildeo de secreccedilatildeo por vaacuterios dias da
semana por 3 meses em um ano por mais de 2 anos consecutivos Apresentam
3
edema e inflamaccedilatildeo da mucosa brocircnquica associada ao aumento do nuacutemero e
do tamanho das glacircndulas secretoras de muco e remodelaccedilatildeo estrutural
recorrente da parede dos brocircnquios (Figuero et al 2005) Evidenciam-se em
ambas a diminuiccedilatildeo da luz brocircnquica e limitaccedilatildeo da mobilidade da caixa
toraacutecica com diminuiccedilatildeo da capacidade respiratoacuteria caracterizando um
distuacuterbio ventilatoacuterio obstrutivo com aprisionamento aeacutereo geralmente grave e
irreversiacutevel (Colom et al 2006)
No Brasil a DPOC ocupa a 5ordf posiccedilatildeo entre as principais causas de
morte liacuteder em mortalidade entre as doenccedilas respiratoacuterias onde 290 mil
pacientes satildeo internados anualmente gerando um gasto importante ao sistema
de sauacutede do paiacutes Os dados de prevalecircncia obtidos ateacute o momento atraveacutes dos
questionaacuterios sintomatoloacutegicos permitiram estimar a DPOC em adultos maiores
de 40 anos em 12 dessa populaccedilatildeo ou seja 5500000 indiviacuteduos Tatildeo
importante quanto os gastos diretos satildeo os indiretos como os dias de trabalho
perdidos e aposentadoria precoce (II Consenso Brasileiro de DPOC 2004)
Associaccedilatildeo Latino-Americana de Toacuterax (ALAT) constituiacuteda pelo Brasil
Venezuela Meacutexico Uruguai e Chile desenvolveram um estudo chamado
PLATINO em 2006 com colaboraccedilatildeo da Burden of Obstructive Lung Disease
Se considerarmos os dados preliminares a prevalecircncia da DPOC varia de 6 a
158 da populaccedilatildeo brasileira com idade igual ou superior a 40 anos que
equivale a 2800000 a 6900000 indiviacuteduos dados estes que corroboram com
o Consenso Brasileiro de DPOC
4
O nuacutemero de oacutebitos tecircm aumentado nos uacuteltimos 20 anos em ambos os
sexos a taxa de mortalidade passou de 788 por 100000 habitantes na deacutecada
de 80 para 1904 por 100000 habitantes na deacutecada de 90 com um
crescimento de 230 (Laizo 2009) Segundo dados do DATASUS a DPOC
gerou no ano de 2010 no Sistema Nacional de Sauacutede Puacuteblica 141994
hospitalizaccedilotildees que levaram a 778428 dias de internaccedilatildeo O custo total dessas
internaccedilotildees foi de R$ 9243441551 e 7937 mortes diretamente relacionadas
com a DPOC Estima-se que ateacute 2025 75 das mortes prematuras
respiratoacuterias seratildeo provocadas pelo tabagismo (De Godoy et al 2007)
12 Fisiopatologia
A obstruccedilatildeo brocircnquica e a diminuiccedilatildeo do recolhimento elaacutestico
desencadeados pela doenccedila alteram a mecacircnica pulmonar que desloca o
ponto de igual pressatildeo das vias aeacutereas favorecendo o aprisionamento de ar
desencadeando a hiperinsuflaccedilatildeo e a diminuiccedilatildeo da capacidade respiratoacuteria
aos grandes esforccedilos subsequentemente ao repouso (Senol et al 2006
Fabbri et al 2008) A configuraccedilatildeo alterada da caixa toraacutecica deslocam os
muacutesculos respiratoacuterios (De Troyer 1997) inclusive o diafragma para uma
posiccedilatildeo de encurtamento e desvantagem mecacircnica prejudicando
gradativamente a mobilidade toracoabdominal levando ao aumento do trabalho
5
respiratoacuterio limitaccedilatildeo da ventilaccedilatildeo pulmonar e agravamento a sensaccedilatildeo de
dispneia (Yamaguti et al 2012 OacuteKroy et al 2000)
A limitaccedilatildeo do fluxo ventilatoacuterio faz com que a capacidade residual
funcional (CRF) se desloque em direccedilatildeo da capacidade pulmonar total (CPT)
A forccedila dos muacutesculos inspiratoacuterios eacute exigida para o aumento do volume mas a
contraccedilatildeo muscular eacute eficaz somente em esforccedilos leves e moderados A maior
demanda ventilatoacuteria obriga a CRF se deslocar ainda mais em direccedilatildeo agrave CPT e
a forccedila inspiratoacuteria natildeo tem capacidade de gerar o ganho volumeacutetrico
agravando a dispneia o que leva a interrupccedilatildeo do exerciacutecio (Calverley 2006)
A DPOC natildeo eacute somente uma doenccedila respiratoacuteria e sim sistecircmica a
hiperinsuflaccedilatildeo pulmonar afeta o sistema cardiovascular pois a alteraccedilatildeo da
pressatildeo intratoraacutecica reduz o enchimento cardiacuteaco e consequentemente o
deacutebito cardiacuteaco (Stark-leyva et al 2004) As disfunccedilotildees oacutesseas satildeo
decorrentes principalmente da inatividade fiacutesica do uso de corticoacuteesteroacuteides e
pela desnutriccedilatildeo (Ferguson et al 2009) assim como as neuropatias perifeacutericas
incluindo do nervo frecircnico ocasionando a depressatildeo da excitabilidade e da
conduccedilatildeo neural (Jann et al 1998) A hipoxemia possivelmente seja
responsaacutevel pelas alteraccedilotildees cognitivas que compromete a memoacuteria verbal e a
compreensatildeo (Dodd et al 2010) em contrapartida a depressatildeo e a ansiedade
satildeo associados principalmente agrave sensaccedilatildeo de desconforto respiratoacuterio e agrave
limitaccedilatildeo da atividade de vida diaacuteria (Wagena 2005) O refluxo gastroesofaacutegico
eacute outra alteraccedilatildeo que provavelmente seja decorrente da diminuiccedilatildeo da
capacidade contraacutetil muscular diafragmaacutetica pois com a sua horizontalizaccedilatildeo
6
perde-se a eficiecircncia contraacutetil e reduz da pressatildeo do esfiacutencter gastroesofaacutegico
(Hurst et al 2008 Boutou et al 2011) Dentre as alteraccedilotildees sistecircmicas da
DPOC o sistema muacutesculo-esqueleacutetico eacute um dos mais afetados e estaacute
relacionado com o agravamento da patologia e ao aumento do iacutendice de
mortalidade devido ao descondicionamento fiacutesico (Dourado et al 2006
Swallow et al 2007 Dodd et al 2012)
13 Sistema muacutesculo-esqueleacutetico
O sistema muacutesculo-esqueleacutetico eacute afetado pela inflamaccedilatildeo crocircnica
sistecircmica da DPOC processo que induz a liberaccedilatildeo de mediadores quiacutemicos
inflamatoacuterios acelerando a degradaccedilatildeo proteica e aumentando o estresse
oxidativo muscular (Andreassen e Vestbo 2003 Macintyre 2006) O transporte
de oxigecircnio para o citoplasma celular dos muacutesculos fica comprometido esse
oxigecircnio fica inutilizado por natildeo conseguir chegar de forma eficiente nas
mitococircndrias (Shrikrishna 2009 Barreiro 2013) As alteraccedilotildees metaboacutelicas
enzimaacuteticas e hormonais anaboacutelicas quando associadas agrave diminuiccedilatildeo dos
capilares sanguiacuteneos provocam a reduccedilatildeo das fibras musculares do tipo I e II
(Ries et al 2007 Strasser et al 2013) Devido a estes fatores todos os
muacutesculos inclusive os respiratoacuterios trabalham de forma anaeroacutebica ao miacutenimo
esforccedilo acumulando lactato ocasionando a fadiga precoce ao exerciacutecio e ao
descondicionamento sistecircmico (Wagena 2005 Hostettler et al 2011)
7
14 Diagnoacutestico e Sintomas
Para o diagnoacutestico eacute utilizado principalmente a espirometria por que a
obtenccedilatildeo da curva expiratoacuteria volume-tempo eacute obrigatoacuteria na suspeita cliacutenica
de DPOC devendo ser realizada antes e apoacutes administraccedilatildeo de
broncodilatador na fase estaacutevel da doenccedila A espirometria permite a avaliaccedilatildeo
de uma multiplicidade de paracircmetros poreacutem os mais importantes do ponto de
vista de aplicaccedilatildeo cliacutenica satildeo a CVF (capacidade vital forccedilada) o VEF1 (volume
expiratoacuterio forccedilado no primeiro segundo) e a relaccedilatildeo sua relaccedilatildeo (VEF1CVF)
A existecircncia da limitaccedilatildeo do fluxo aeacutereo eacute definida pela presenccedila da relaccedilatildeo
VEF1CVF abaixo de 070 poacutes-broncodilatador e pelos dados de VEF1 ge 80
do predito (leve) ge 50 e lt 80 do predito (moderado) e ge 30 e lt 50 do
predito (grave) (GOLD 2013)
A DPOC apresenta tambeacutem o aumento do volume residual (VR) da
capacidade pulmonar total (CPT) e da capacidade residual funcional (CRF)
(Camargo et al 2008) Deve-se solicitar o exame radioloacutegico de forma rotineira
nas posiccedilotildees poacutestero-anterior e perfil mas dificilmente seraacute utilizado para o
diagnoacutestico da doenccedila e sim para descartar outras patologias como a
neoplasias bolhas e para acompanhar o prognoacutestico da doenccedila (II Consenso
Brasileiro sobre Doenccedila Pulmonar Obstrutiva Crocircnica 2004)
A presenccedila de sintomas respiratoacuterios crocircnicos no paciente com haacutebito
tabaacutegico (cigarro cigarrilha cachimbo charuto) deve levar a suspeita cliacutenica da
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DPOC O tabagismo eacute considerado um problema de sauacutede puacuteblica e satildeo
atribuiacutedos a esse viacutecio 90 dos casos de cancro no pulmatildeo 86 de bronquite
e enfisema 25 dos processos isquecircmicos do coraccedilatildeo e 30 dos cancros
extrapulmonares (Laizo 2009) A tosse o chiado e a dispneia estatildeo
frequentemente presentes tendo sido relatado em 83 dos casos (Nishimura
et al 2002 Laveneziana et al 2011)
A dispneia eacute o sintoma mais importante dos pacientes com DPOC
Montaldo et al (2000) acreditam que os estiacutemulos aferentes provenientes das
tensotildees do sistema muacutesculo-esqueleacutetico da regiatildeo toracoabdominal apoacutes
serem processados nos centros respiratoacuterios aumentam a percepccedilatildeo da
dispneia (Breslin et al 1998) Outro fator satildeo os estiacutemulos dos quimioceptores
sensiacuteveis agraves variaccedilotildees de PaCO2 e agraves alteraccedilotildees dos mecanoceptores
articulares e musculares da caixa toraacutecica (Burki e Lee 2010) Classicamente
o instrumento mais utilizado para avaliaccedilatildeo da dispneia eacute a escala modificada
de Borg (1982) a sensaccedilatildeo de falta de ar estaacute associada com a incapacidade
fiacutesica piora da qualidade de vida e do prognoacutestico cliacutenico Os pacientes
normalmente referem os sintomas em uma fase mais avanccedilada da doenccedila e
frequentemente relaciona a limitaccedilatildeo das atividades ao descondicionamento
muscular perifeacuterico (Castro et al 2012)
Szczegielniak et al (2011) demonstraram que os exerciacutecios aeroacutebicos
reduzem os niacuteveis inflamatoacuterios caracteriacutesticos da DPOC e melhora o
condicionamento fiacutesico permitindo a melhora das atividades diaacuterias Por esta
9
razatildeo cada vez mais a reabilitaccedilatildeo pulmonar vem adquirindo mais importacircncia
no acircmbito cientiacutefico
15 Reabilitaccedilatildeo pulmonar
A reabilitaccedilatildeo pulmonar (RP) eacute um programa baseado em evidecircncias
constituiacutedo pelo treinamento aeroacutebico e resistido associado aos programas
educacionais intervenccedilotildees nutricionais e suporte psicoloacutegico para os pacientes
com DPOC O objetivo eacute otimizar a performance fiacutesica funcional social
psicoloacutegica e autonocircmica dos pacientes Eacute realizada por uma equipe
multidisciplinar composta por meacutedicos fisioterapeutas enfermeiros
nutricionistas psicoacutelogos terapeutas ocupacionais e assistentes sociais (ATS
2013) Eacute capaz de auxiliar na atenuaccedilatildeo das limitaccedilotildees do sistema
musculoesqueleacutetico por isso melhora a qualidade de vida e garante o maacuteximo
da sua independecircncia e funcionalidade em seu meio (Carrieri-Kohlman et al
2005 Garcia-Aymerich et al 2006 Ries et al 2007)
O treinamento aeroacutebico realizado em bicicleta ou esteira ergomeacutetrica eacute o
principal componente da RP conforme observados em alguns estudos ele
promove o aumento do tamanho das fibras do tipo I e na quantidade de
capilares musculares em DPOC (Montes de Oca et al 2005) A intensidade
pode ser ajustada pela frequecircncia cardiacuteaca ou pelo teste de caminhada
(Figueiredo e Guimaratildees 2009) sendo necessaacuterio no miacutenimo 10 semanas de
10
intervenccedilatildeo com 2 sessotildees semanais (Rossi et al 2005) Mas os indiviacuteduos
apresentam respostas diferentes quando submetidos agrave RP sobretudo nos
fatores que limitam o exerciacutecio fiacutesico Plankell et al (2005) realizaram um
estudo e constataram que pacientes soacute apresentam um bom condicionamento
cardiorrespiratoacuterio quando realizava exerciacutecios aeroacutebicos de alta intensidade
A RP tem sido reconhecida nos uacuteltimos anos como parte fundamental do
tratamento da DPOC pois oferece inuacutemeros estudos com resultados positivos
para os pacientes Dentre eles a melhora da toleracircncia ao exerciacutecio (Yoshimi
et al 2012) reduccedilatildeo da demanda ventilatoacuteria em esforccedilo submaacuteximo melhora
da eficiecircncia do trabalho diminuiccedilatildeo da dispneia e melhora da atividade de
vida diaacuteria (Godoy et al 2009) Apesar dos benefiacutecios nos pacientes com
DPOC ateacute o presente momento nenhum exerciacutecio conseguiu atuar
eficientemente na mecacircnica ventilatoacuteria (Georgiadou et al 2007) Por esta
razatildeo alguns estudos buscaram outras alternativas para interferir diretamente
nos muacutesculos respiratoacuterios com o objetivo de potencializar os efeitos positivos
jaacute demonstrados pela RP
16 Muacutesculos respiratoacuterios
O diafragma eacute o principal muacutesculo respiratoacuterio durante a inspiraccedilatildeo
realiza a contraccedilatildeo das cuacutepulas diafragmaacuteticas que descendem e gera um
aumento da pressatildeo intra-abdominal que serve de sustentaccedilatildeo para a
11
expansatildeo da caixa toraacutecica potencializada pela associaccedilatildeo da contraccedilatildeo dos
muacutesculos respiratoacuterios (Man et al 2012) Tem sido demonstrado na literatura
encurtamento em torno de 28 a 40 do diafragma na DPOC fato este que
compromete a mobilidade e funcionalidade toracoabdominal com repercussatildeo
na capacidade ventilatoacuteria e na tensatildeo dos muacutesculos da caixa toraacutecica de
forma de compensatoacuteria a diminuiccedilatildeo da contraccedilatildeo diafragmaacutetica (Iwasawa et
al 2002 Vilaroacute et al 2010)
Os principais muacutesculos acessoacuterios respiratoacuterios satildeo o peitoral menor
escalenos esternocleidomastoacuteideo intercostais e abdominais avaliados pela
eletromiografia (Gandevia et al 2006 Duiverman et al 2004) eles participam
na fase inspiratoacuteria favorecendo a expansatildeo da caixa toraacutecica pela traccedilatildeo
costal (De Troyer et al 1994 Taylor et al 1990) Durante a inspiraccedilatildeo forccedilada
outros muacutesculos satildeo solicitados como o peitoral maior e o trapeacutezio (Putt et al
2008) Estudos mais recentes tecircm demonstrado que a atividade muscular do
esternocleidomastoacuterideo intercostais peitoral menor latiacutessimo do dorso e dos
escalenos tanto em condiccedilotildees de repouso quanto no exerciacutecio satildeo maiores em
pacientes com DPOC quando comparada aos indiviacuteduos sadios (Donaldson et
al 2012) Os muacutesculos abdominais desempenham um papel importante no
mecanismo expiratoacuterio e a sua contraccedilatildeo estaacute associada a outras musculaturas
expiratoacuterias que potencializam no mecanismo de depressatildeo costal para a saiacuteda
de ar (Georgiadou et al 2007)
Na DPOC os muacutesculos respiratoacuterios sustentam a contraccedilatildeo para
aumentar expansatildeo da caixa toraacutecica com o objetivo de incrementar o fluxo
12
ventilatoacuterio Essa diminuiccedilatildeo do comprimento das fibras musculares prejudica a
eficiecircncia da forccedila contraacutetil maacutexima pois perde a sobreposiccedilatildeo fisioloacutegica ideal
entre os filamentos de actina e miosina (Izumizaki et al 2008 Ito 1999)
aumentando o gasto energeacutetico e a fadiga durante os exerciacutecios fiacutesicos
(Kokkonen et al 2007 Gea et al 2013) Essas alteraccedilotildees de comprimento e
tensatildeo do sistema musculo-esqueleacutetico da regiatildeo toracoabdominal geram a
estimulaccedilatildeo mecanoceptoras locais (fusos musculares e os receptores
articulares) que alteram os estiacutemulos neuroloacutegicos aos centros motores e
respiratoacuterios (Montaldo et al 2000) Estes centros por sua vez desencadeiam
a mudanccedila da taxa de disparo do nervo frecircnico que controla a cadecircncia e a
frequecircncia da contraccedilatildeo diafragmaacutetica (Burki e Lee 2010)
A partir destes conceitos preacutevios da relaccedilatildeo entre a mobilidade e as
alteraccedilotildees sintomatoloacutegicas da patologia pulmonar estudos de intervenccedilatildeo nos
muacutesculos respiratoacuterios ganharam importacircncia cientiacutefica (ATS 2013) A teacutecnica
de alongamento muscular foi escolhida pela maioria pois veio de encontro aos
conceitos do aumento da mobilidade tecidual perdida na DPOC A maioria dos
trabalhos tiveram como objetivo principal aumentar a viscoelasticidade
muscular para gerar acomodaccedilatildeo dos mecanoceptores da caixa toraacutecica
sendo assim regularia os centros respiratoacuterios e consequentemente
melhoraria o trabalho respiratoacuterio com reduccedilatildeo dos sintomas (Manning e
Schwartzstein 1995 Montaldo et al 2000)
13
17 Alongamento Muscular
Bonnar et al (2004) consideram que o alongamento busca aumentar o
espaccedilo entre os filamentos de actina e miosina com o objetivo de devolver a
sobreposiccedilatildeo fisioloacutegica ideal da actina e miosina para potencializar a
capacidade contraacutetil muscular (Shrier 2004 Izumizaki et al 2008) O
alongamento pode regular o mecanismo contraacutetil a partir do equiliacutebrio do caacutelcio
citoplasmaacutetico pela ativaccedilatildeo do retiacuteculo sarcoplasmaacutetico (Nakamura et al
2012) aleacutem de promover a diminuiccedilatildeo da tensatildeo tecidual pela remodelaccedilatildeo
dos fibroblastos (Riley e Van Dyke 2012) Kokonnen (2007) constataram que o
tambeacutem diminui o torque muscular sem alteraccedilatildeo significante da amplitude
articular de forma aguda mas quando realizado de forma regular os muacutesculos
apresentaram uma melhora na velocidade de contraccedilatildeo forccedila e endurance
muscular aleacutem de melhorar a amplitude de movimento
No iniacutecio do seacuteculo 20 Sherrington definiu os primeiros conceitos da
facilitaccedilatildeo e inibiccedilatildeo autogecircnica a partir destes fundamentos foram
desenvolvidas diversas teacutecnicas de alongamento muscular A inibiccedilatildeo
autogecircnica eacute um dos principais mecanismos neurofisioloacutegicos do alongamento
que consiste na reduccedilatildeo da excitabilidade motora a partir de uma contraccedilatildeo ou
alongamento muscular (Bonnar et al 2004) Esse efeito eacute atribuiacutedo
primeiramente pelos fusos neuromusculares que desencadeiam respostas
musculares particulares para cada tipo de estiacutemulo Isto eacute agudamente o
alongamento causa a estimulaccedilatildeo intensa e abrupta dos nervos sensitivos que
14
desencadeia uma resposta medular eferente motora das fibras extra-fusais
gerando a aumento da atividade muscular e contraccedilatildeo intensa com restriccedilatildeo
da mobilidade tecidual (Morse et al 2008 Mukherjee et al 2010 McHugh et
al 2010) Para a intervenccedilatildeo crocircnica onde satildeo realizadas diversas sessotildees
de alongamentos existe uma remodelaccedilatildeo maior das propriedades
viscoelaacutesticas (tixotroacutepicas) do tecido conjuntivo que envolve as fibras
musculares com isso a limiar excitatoacuterio do fuso neuromuscular diminui e o
estiacutemulo contraacutetil tensional eferente tambeacutem (Taylor et al 1990 Izumizaki et
al 2006)
O mecanismo contraacuterio ao fuso neuromuscular satildeo as estimulaccedilotildees dos
receptores musculotendineos chamados de oacutergatildeos tendinosos de Golgi (OTG)
A partir da tensatildeo em estiramento do alongamento na regiatildeo miotendiacutenea
desencadeia um potencial de accedilatildeo sensitivo do OTG que inibe a atividade
muscular via nervos eferentes motores A intensidade desse mecanismo
inibitoacuterio estaacute relacionado com o tamanho da superfiacutecie tendiacutenea e com a
quantidade de tensatildeo exercida sobre ela Acreditava-se que somente em
tensatildeo abruptas ou grande intensidade estimularia o OTG ou seja que
atuaria somente em situaccedilotildees de grande estresse tecidual Mas os uacuteltimos
estudos apontam que o OTG aleacutem de atuar em situaccedilotildees de sobrecarga a sua
accedilatildeo eacute constante com o objetivo de inibir o mecanismo contraacutetil voluntaacuterio e
protetor do fuso neuromuscular (Mukherjee e Chakravarty 2012) Com o ganho
da viscoelasticidade do tecido conjuntivo ele tambeacutem causa acomodaccedilatildeo do
OTG assim como nos fusos e isso pode acarretar na alteraccedilatildeo da accedilatildeo
inibitoacuteria pois o limiar de disparo pela tensatildeo pode diminuir ou aumentar
15
dependendo da anatomia musculotendiacutenea do muacutesculo tratado (Hindle et al
2012)
Para obter uma resposta positiva do alongamento eacute recomendado
realizaacute-lo sustentando por no miacutenimo 30 segundos duas vezes por semana por
6 semanas (Reid e Mcnair 2004 Decicco e Fisher 2005 Magnusson et al
1996) Dentre as diversas teacutecnicas a contraccedilatildeo-relaxamento apresenta a maior
eficaacutecia no ganho da excursatildeo muscular a teacutecnica se baseia na associaccedilatildeo do
alongamento passivo intercaladas com contraccedilatildeo isomeacutetricas (Holcomb 2000)
Alguns estudos tecircm verificado os efeitos do alongamento dos muacutesculos
respiratoacuterios em pacientes com DPOC O primeiro trabalho de maior relevacircncia
foi de Ito et al (1999) eles observaram a melhora da funccedilatildeo pulmonar e da
dispneia em 16 sujeitos com DPOC que receberam o alongamento quando
comparados ao grupo que realizaram exerciacutecios diafragmaacuteticos assim como
Minoguchi et al (2002) com o diferencial que eles realizaram a intervenccedilatildeo
crocircnica (1 mecircs) em 12 pacientes Contrariando estes resultados Izumizaki et al
(2006 e 2008) realizaram o protocolo de intervenccedilatildeo aguda de alongamento
muscular da caixa toraacutecica com 10 e 14 pacientes respectivamente e
constataram uma diminuiccedilatildeo da funccedilatildeo pulmonar e sem alteraccedilatildeo da dispneia
Outros trabalhos com o mesmo conceito de intervenccedilatildeo constataram o
aumento da mobilidade toracoabdominal avaliados pela cirtometria associados
agrave melhora da capacidade funcional (Paulin et al 2005 Luularungrayub et al
2009) Mas os trabalhos de Noll et al (2008 e 2009) de intervenccedilatildeo crocircnica e
aguda respectivamente apoacutes o mesmo protocolo de tratamento muscular
16
demonstraram piora da mobilidade e da capacidade funcional Atualmente soacute
existe um estudo na literatura de Cunha et al (2005) que avaliaram a
atividade muscular respiratoacuteria com eletromiografia de superfiacutecie apoacutes a
intervenccedilatildeo nos pacientes com DPOC e apresentou melhoras nos paracircmetros
avaliados
Devido aos dados contraditoacuterios dos efeitos do alongamento dos
muacutesculos da caixa toraacutecica presente na literatura Heneghan et al (2012)
concluiacuteram em sua revisatildeo sistemaacutetica que atualmente natildeo existem evidecircncias
que suportem os benefiacutecios deste tipo de intervenccedilatildeo em pacientes com DPOC
Apesar da importacircncia que os estudos preacutevios representaram para a
comunidade cientiacutefica eles apresentaram limitaccedilotildees metodoloacutegicas
importantes pois poucos satildeo os estudos controlados e aleatorizados e tambeacutem
a aleatorizaccedilatildeo dos pacientes raramente satildeo descritas Outro ponto importante
a ser destacado eacute o fato de realizarem a intervenccedilatildeo com avaliaccedilatildeo aguda
estudos recentes demonstraram que muacutesculo se comporta diferente quando
comparado com a intervenccedilatildeo crocircnica Aleacutem disso os trabalhos utilizaram
ferramentas de avaliaccedilatildeo da mobilidade toracoabdominal de pouca acuraacutecia
como a cirtometria e atualmente com os avanccedilos tecnoloacutegicos existem
sistemas mais avanccedilados como o pletismoacutegrafo optoeletocircnico (POE) para a
avaliaccedilatildeo da mecacircnica ventilatoacuteria (Aliverti et al 2000)
17
18 Meacutetodos para a anaacutelise da mecacircnica ventilatoacuteria
A avaliaccedilatildeo dos padrotildees respiratoacuterios eacute importante para a melhor
compreensatildeo da mecacircnica respiratoacuteria visando o desenvolvimento e a melhor
compreensatildeo dos tratamentos fisioterapecircuticos aleacutem de contribuir para as
pesquisas cientiacuteficas (Parreira et al 2012) Existem alguns meacutetodos validados
que quantifica a mobilidade toracoabdominal como a pletismografia por
indutacircncia (Respitrace) eacute um aparelho composto por faixas elaacutesticas sensiacuteveis
agrave tensatildeo e compressatildeo posicionadas ao redor da caixa toraacutecia e abdominal
Elas satildeo conectadas a um moacutedulo oscilador e uma unidade de calibraccedilatildeo os
dados do movimento das faixas satildeo coletados e atraveacutes de um software
analisados em tempo real as variaacuteveis da mecacircnica ventilatoacuteria (Gosselink et
al 1995 Costa et al 2011 Fernandes et al 2011)
Para a avaliaccedilatildeo da expansibilidade os estudos ainda utilizam a
cirtometria que atraveacutes de uma fita meacutetrica mensura-se o diacircmetro da regiatildeo
axilar xifoide e abdominal durante a inspiraccedilatildeo e expiraccedilatildeo maacutexima Satildeo
quantificados a excursatildeo em centiacutemetros atualmente natildeo eacute considerado um
exame fidedigno devido agrave analise subjetiva dos paracircmetros avaliados (Rondelli
et al 2009)
Com o avanccedilo tecnoloacutegico foi desenvolvido o Pletismoacutegrafo
Optoeletrocircnico (POE) Seu funcionamento baseia-se na anaacutelise do movimento
detectado a partir de marcadores compostos por esferas reflexivas de 6 a 10
miliacutemetros (Dellacagraversquo et al 2010) posicionados na regiatildeo anterior e posterior da
superfiacutecie toracoabdominal (Romagnoli et al 2008 Bianchi et al 2007) O
18
deslocamento das esferas satildeo captadas atraveacutes de cacircmeras especiais que
possuem diodos axiais que emitem feixes luzes infravermelho que eacute refletido
por cada marcador Apoacutes o sinal ser processado satildeo identificados o
posicionamento das esferas na superfiacutecie a partir do cruzamento das
informaccedilotildees de cada cacircmera bidimensional os dados satildeo transformados em
coordenadas tridimensionais (Boudarham et al 2013)
O POE possui algumas vantagens dentre elas eacute um meacutetodo natildeo
invasivo natildeo necessita de clipe nasal maacutescaras ou qualquer similar de
calibraccedilatildeo simples e as avaliaccedilotildees podem ser realizadas em vaacuterias posturas
(Alliverti et al 2000) diferentes condiccedilotildees e em diversas disfunccedilotildees e
patologias (Vogiatzis et al 2005 Bianchi et al 2004) Este meacutetodo natildeo possui
diferenccedilas significativas nos dados quando comparados com outros meacutetodos
de diagnoacutestico da mecacircnica toracoabdominal (Aliverti 2008 Layton et al
2013) Eacute possiacutevel mensurar a cada ciclo respiratoacuterio variaacuteveis de volume e de
tempo dos trecircs compartimentos da parede toraacutecica e dos dois hemitoacuterax aleacutem
das variaacuteveis de assincronia toracoabdominal (Romagnoli et al 2008 Aliverti
et al 2010 Boudarham et al 2013) Por todas essas razotildees o POE tem
ganhado grande destaque nos uacuteltimos anos nas pesquisas sobre a mecacircnica
toracoabdominal mas por ser uma tecnologia recente ainda carece de mais
estudos
Os trabalhos que relacionaram os efeitos do alongamento dos muacutesculos
respiratoacuterios na DPOC ainda satildeo escassos de baixo rigor metodoloacutegico e ateacute
entatildeo nenhum existe nenhum trabalho foi avaliado pelo POE Os efeitos
19
destas teacutecnicas associadas ao exerciacutecio aeroacutebico e o seu impacto na mecacircnica
ventilatoacuteria permanecem desconhecidos Sendo assim parece relevante
verificar a influecircncia dos alongamentos associados ao exerciacutecio aeroacutebico na
mecacircnica ventilatoacuteria e na capacidade funcional dos pacientes com DPOC
19 Hipoacutetese
O alongamento dos muacutesculos respiratoacuterios potencializaria a capacidade
contraacutetil e a excursatildeo dos muacutesculos respiratoacuterios que resultaria na melhora da
mobilidade toracoabdominal e possivelmente no aumento da capacidade
ventilatoacuteria Com isso os pacientes com DPOC conseguiriam realizar a
atividade fiacutesica desencadeando menos dispneia
2 OBJETIVOS
21
21 Primaacuterio
Avaliar os efeitos do alongamento dos muacutesculos respiratoacuterios
associados ao treinamento aeroacutebico na mecacircnica ventilatoacuteria e na capacidade
funcional em indiviacuteduos portadores de DPOC com graus moderado e grave
durante o exerciacutecio comparado ao grupo controle (sham)
22 Secundaacuterio
Avaliar a atividade muscular eficiecircncia muscular e mobilidade abdominal
e observar se os dados obtidos possuem alguma relaccedilatildeo com as variaacuteveis
principais
3 CASUIacuteSTICA E METODOS
23
31 Aspectos eacuteticos
A pesquisa foi aprovada pelo Comitecirc de Eacutetica (Cappesq) do Hospital das
Cliacutenicas da Faculdade de Medicina da Universidade de Satildeo Paulo (HCFMUSP)
sob o no 129509 e todos os pacientes assinaram o Termo de Consentimento
Livre e Esclarecido concordando em participar da pesquisa O estudo foi
registrado no Clinical Trials (NCT02036762)
32 Casuiacutestica
Foram analisados 28 pacientes portadores de DPOC com grau de
obstruccedilatildeo moderada a grave em seguimento cliacutenico no ambulatoacuterio de
pneumologia do HCFMUSP O diagnoacutestico de DPOC foi estabelecido de
acordo com os criteacuterios recomendados pela American Toracic Society (ATS
2013)
321 Criteacuterios de inclusatildeo
Foram estudados pacientes portadores de DPOC que aceitaram
participar do estudo com autorizaccedilatildeo por escrito com grau de obstruccedilatildeo de
moderado (VEF1 ge 50 e lt 80 previsto) a grave (VEF1 ge 30 e lt 50
24
previsto) e VEF1CVF lt 070 diagnoacutesticado haacute no miacutenimo 6 meses com
estabilidade cliacutenica por pelo menos 1 mecircs em condiccedilatildeo cliacutenico medicamentosa
otimizada de acordo com os criteacuterios do GOLD (GOLD 2013) Os criteacuterios de
inclusatildeo foram (1) idade gt40 anos (2) clinicamente estaacuteveis (sem alteraccedilotildees
medicamentosas ou agravamento dos sintomas haacute pelo menos 4 semanas
antes do iniacutecio do estudo) (3) natildeo O2 dependente (4) ausecircncia de outras
pneumopatias e doenccedilas cardiovasculares associadas (5) ausecircncia de
cirurgias toraacutecicas (6) ausecircncia de deficiecircncias cognitivas fiacutesicas ou
comprometimento funcional que impossibilitasse a participaccedilatildeo no estudo (7)
IMC gt18 e lt30 Kgm2 (8) natildeo ter sido submetido a qualquer tipo de programa
de reabilitaccedilatildeo pulmonar nos uacuteltimos 6 meses
322 Criteacuterios de exclusatildeo
Os criteacuterios de exclusatildeo foram (1) descompensaccedilatildeo do quadro cliacutenico
(internaccedilatildeo com agravamentos dos sintomas e alteraccedilatildeo medicamentosa) e (2)
natildeo assiduidade ao tratamento (faltas superiores a 3 sessotildees) Durante todo o
estudo natildeo houve alteraccedilatildeo do tratamento medicamentoso do paciente
25
Figura 1 Desenho experimental
33 Delineamento experimental
Ensaio cliacutenico prospectivo aleatorizado controlado e de avaliador ldquocegordquo
Os pacientes participantes foram alocados em uma proporccedilatildeo de 11 nos
grupos tratamento (GT) ou controle (GC) (n=15 cada) A aleatorizaccedilatildeo foi feita
por sorteio dos pacientes em envelopes pardos e opacos
Todos os pacientes foram avaliados em 2 momentos distintos preacute (1ordf
avaliaccedilatildeo) e poacutes (2ordf avaliaccedilatildeo) programa de exerciacutecios aeroacutebicos associado ao
26
alongamento muscular A 1ordf avaliaccedilatildeo foi realizada em apenas um dia e foi
anterior agrave aleatorizaccedilatildeo A avaliccedilatildeo incluiu anaacutelise da mecacircnica ventilatoacuteria e
atividade muscular respiratoacuteria (pletismografia optoeletrocircnica e eletromiografia
de superfiacutecie) durante o exerciacutecio com carga capacidade funcional (teste da
caminhada de seis minutos) e da prova de funccedilatildeo pulmonar (espirometria) para
a caracterizaccedilatildeo amostral A 2ordf avaliaccedilatildeo foi realizada pelo avaliador ldquocegordquo em
ateacute 7 dias apoacutes o teacutermino do programa de tratamento e constou das mesmas
avaliaccedilotildees descritas anteriormente
Apoacutes a 1ordf avaliaccedilatildeo os pacientes foram divididos aleatoriamente em 2
grupos O grupo controle (GC) realizou o alongamento ativo da musculatura
perifeacuterica (sham) associado ao programa de treinamento aeroacutebico em esteira
ergomeacutetrica e o grupo tratado (GT) realizou o alongamento da musculatura
acessoacuteria respiratoacuteria associado ao programa de treinamento aeroacutebico em
esteira ergomeacutetrica Os protocolos de intervenccedilatildeo tiveram a duraccedilatildeo de 24
sessotildees (60 minsessatildeo 2x semana por 3 meses) O treinamento aeroacutebico foi
realizado apoacutes os 30 minutos de alongamento da musculatura perifeacuterica (sham)
ou respiratoacuteria (tratamento) e teve a duraccedilatildeo de 30 minutos em cada sessatildeo
34 Intervenccedilatildeo
341 Protocolo de alongamento do grupo tratado (GT)
O protocolo de tratamento foi composto por uma seacuterie de alongamentos
para cada musculatura respiratoacuteria escolhida Foram realizadas 24 sessotildees (2
27
sessotildees semanais num periacuteodo de 3 meses) Cada sessatildeo teve duraccedilatildeo de
aproximadamente 30 minutos
Os alongamentos foram realizados em diferentes decuacutebitos de acordo
com a musculatura alongada Foram selecionadas duas teacutecnicas de
alongamento a contraccedilatildeo-relaxamento para a maioria dos muacutesculos
selecionados e nas musculaturas que apresentavam limitaccedilotildees biomecacircnicas
para a realizaccedilatildeo da teacutecnica de contraccedilatildeo-relaxamento foi substituiacutedo pelo
alongamento passivo
Cada seacuterie da teacutecnica de contraccedilatildeo-relaxamento consistiu
primeiramente na realizaccedilatildeo da amplitude maacutexima articular sustentado por 10
segundos seguida de uma contraccedilatildeo isomeacutetrica maacutexima por 3 segundos com
retomada ao alongamento passivo por mais 3 segundos este processo foi
repetido por 9 seacuteries para cada muacutesculo e a cada 3 seacuteries foi intercalado com
1 minuto de descanso (Bonnar et al 2004) O alongamento passivo foi
sustentado por 60 segundos em cada muacutesculo por trecircs vezes com intervalo
miacutenimo de um minuto (Siatras et al 2008) O posicionamento adequado e a
teacutecnica de alongamento seraacute detalhado a seguir
Peitoral maior Paciente em decuacutebito dorsal o terapeuta posicionou-se
do lado homolateral do muacutesculo alongado primeiramente foi realizado a
abduccedilatildeo de 90o do ombro associado agrave extensatildeo horizontal e rotaccedilatildeo externa
maacutexima do ombro com flexatildeo de 90o do cotovelo O terapeuta apoiou uma matildeo
no cotovelo e a outra no esterno para a estabilizaccedilatildeo com a matildeo distal foi
realizado o alongamento maacuteximo em extensatildeo horizontal que iniciou a teacutecnica
28
de contraccedilatildeo-relaxamento com contraccedilatildeo no sentido da flexatildeo horizontal (Putt
et al 2008) (Figura 2)
Figura 2 Anatomia e teacutecnica de alongamento do peitoral maior
Escaleno Paciente em decuacutebito dorsal terapeuta posicionou-se acima
da cabeccedila do paciente e realizou a lateroflexatildeo cervical contralateral ao
muacutesculo alongado O terapeuta posicionou uma matildeo na regiatildeo occipital outra
estabilizou o ombro homolateral a lateroflexatildeo contralateral foi realizada ateacute
amplitude articular maacutexima do paciente que iniciou o alongamento de
contraccedilatildeo-relaxamento com contraccedilatildeo isomeacutetrica no sentido da lateroflexatildeo
homolateral (Cunha et al 2005) (Figura 3)
Figura 3 Anatomia e teacutecnica de alongamento do escaleno
29
Esternocleidomastoacuteideo Paciente em decuacutebito dorsal terapeuta se
posicionou acima da cabeccedila do paciente iniciou-se com a rotaccedilatildeo homolateral
ao muacutesculo alongado associado a uma extensatildeo da mesma O terapeuta
apoiou uma matildeo na regiatildeo temporal e a outra na regiatildeo esternal onde foi
realizado a depressatildeo e a estabilizaccedilatildeo distal muscular Apoacutes a amplitude
maacutexima articular do paciente que iniciou o alongamento de contraccedilatildeo-
relaxamento a contraccedilatildeo isomeacutetrica foi realizada no sentido da rotaccedilatildeo
contralateral e flexatildeo cervical durante a teacutecnica (Cunha et al 2005) (Figura 4)
Figura 4 Anatomia e a teacutecnica de alongamento do Esternocleidomastoideo
Trapeacutezio superior Paciente em decuacutebito dorsal terapeuta posicionou-se
acima da cabeccedila do paciente para realizar a rotaccedilatildeo e lateroflexatildeo contralateral
da cabeccedila associada a uma flexatildeo da mesma em conjunto com a depressatildeo do
ombro homolateral agrave musculatura alongada Apoacutes a amplitude articular maacutexima
iniciou-se o alongamento de contraccedilatildeo-relaxamento com contraccedilatildeo isomeacutetrica
em extensatildeo da cabeccedila (Heneghan et al 2012) (Figura 5)
30
Figura 5 Anatomia e a teacutecnica de alongamento do Trapeacutezio Superior
Peitoral menor Paciente em decuacutebito dorsal o terapeuta se posicionou
homolateralmente ao muacutesculo tratado uma matildeo no cotovelo onde foi realizada
a elevaccedilatildeo do ombro e outra na regiatildeo o gradil costal anterossuperior Elevou-
se o cotovelo ateacute o limite articular associada agrave depressatildeo das primeiras
costelas (3a 4a e 5a) a manobra foi mantida por 60 segundos e repetida trecircs
vezes intercaladas com um minuto de descanso (Putt et al 2008) (Figura 6)
Figura 6 Anatomia e a teacutecnica de alongamento do peitoral menor
31
Intercostais e serraacutetil anterior Paciente em decuacutebito lateral terapeuta
posicionou-se atraacutes do paciente uma matildeo no cotovelo e a outra no gradil
costal homolateral inferior O alongamento consistiu em realizar a depressatildeo
das costelas associada agrave abduccedilatildeo maacutexima do ombro foi mantido por 60
segundos e repetida trecircs vezes intercaladas com minuto de repouso (Izumizaki
et al 2008) (Figura 7)
Figura 7 Anatomia e a teacutecnica de alongamento do Serraacutetil Anterior e Intercostais
Abdominais Foi a uacutenica musculatura do grupo tratado que o paciente
realizou o alongamento ativo ele se posicionou em decuacutebito ventral o apoio foi
feito com as matildeos na maca extensatildeo bilateral dos cotovelos forccedilando a
extensatildeo do tronco associado agrave extensatildeo da cabeccedila ateacute a maacutexima amplitude
por 60 segundos foi repetida 3 vezes intercaladas com um minuto de descanso
(Rassier 2007) (Figura 8)
32
Figura 8 Anatomia e a teacutecnica de alongamento dos muacutesculos abdominais
342 Protocolo de exerciacutecios do grupo controle (GC)
O grupo controle (GC) realizou o alongamento ativo das musculaturas
das extremidades dos membros superiores e inferiores foram 2 exerciacutecios para
flexores e extensores do punho e 2 exerciacutecios para flexores e extensores do
tornozelo Foram realizadas 24 sessotildees consistidas por 2 sessotildees semanais
em um periacuteodo de 3 meses Cada sessatildeo teve duraccedilatildeo de aproximadamente
30 minutos (Siatras et al 2008)
Flexores do punho Os flexores satildeo compostos por 5 muacutesculos principais
flexores profundos dos dedos flexores superficiais dos dedos palmar longo
flexor radial carpo e flexor ulnar do carpo O paciente realizou a flexatildeo de 900
do ombro com o cotovelo extendido antebraccedilo supinado e extensatildeo do punho
com a matildeo espalmada A matildeo contralateral estabilizou a regiatildeo palmar do
membro superior alongado e foi efetuada a extensatildeo maacutexima do punho
sustentada por 60 segundos foram trecircs repeticcedilotildees intercaladas por um minuto
de descanso (Ylinen 2009) (Figura 9)
33
Figura 9 Teacutecnica de alongamento e anatomia dos flexores do punho
Extensores do punho Os extensores satildeo compostos por 4 muacutesculos
principais extensor dos dedos extensor ulnar do carpo extensor radial curto
do carpo extensor radial longo do carpo Primeiramente foi realizada a flexatildeo
de 900 do ombro com o cotovelo extendido antebraccedilo pronado e flexatildeo do
punho A matildeo contralateral estabilizou a regiatildeo dorsal da matildeo alongada em
flexatildeo maacutexima do punho por 60 segundos realizadas trecircs repeticcedilotildees
intercaladas por um minuto de descanso (Ylinen 2009) (Figura 10)
Figura 10 Teacutecnica de alongamento e anatomia dos extensores do punho
34
Dorsiflexores do tornozelo Os dorsiflexores do tornozelo satildeo compostos
por 3 muacutesculos principais tibial anterior extensor longo dos dedos extensor
longo do haacutelux Sentado com a perna cruzada a matildeo contralateral apoiou na
regiatildeo dorsal do peacute e a matildeo homolateral estabilizou o tornozelo O
alongamento consistiu em forccedilar a flexatildeo plantar maacutexima por 60 segundos
foram trecircs repeticcedilotildees intercaladas por um minuto de descanso (Ylinen 2009)
(Figura 12)
Figura11 Teacutecnica de alongamento e anatomia dos extensores do tornozelo
Flexores plantares do tornozelo Os flexores plantares do tornozelo satildeo
compostos por 7 muacutesculos principais gastrocnecircmio soacuteleo flexor longo dos
dedos flexor longo do haacutelux tibial posterior fibular longo e curto O paciente
em peacute apoiou as matildeos bilateralmente na parede com a perna contralateral agrave
frente e a homolateral em extensatildeo de quadril joelho e dorsiflexatildeo maacutexima do
35
tornozelo mantida por 60 segundos foram realizadas trecircs repeticcedilotildees
intercaladas por um minuto de descanso (Ylinen 2009) (Figura 11)
Figura 12 Muacutesculos dos flexores do tornozelo e o posicionamento do alongamento
343 Protocolo dos exerciacutecios aeroacutebicos
Todos os pacientes realizaram o exerciacutecio aeroacutebico na esteira
ergomeacutetrica por 30 minutos a intensidade inicial da primeira semana foi
ajustada para 60 da velocidade meacutedia obtida no teste de caminhada dos 6
minutos (TC6) Nas semanas subsequentes a velocidade foi gradativamente
aumentada ateacute atingir 85 da velocidade meacutedia no TC6 os pacientes
realizaram durante 5 minutos o aquecimento e o desaquecimento com
intensidade de 40 a 60 da velocidade do teste (Putt et al 2008 Figueiredo e
Guimaratildees et al 2008 Zainuldin et al 2007) O incremento da intensidade foi
baseado nos sinais vitais frequecircncia cardiacuteaca (FC) saturaccedilatildeo perifeacuterica de O2
36
(SpO2 entre 90 a 94) percepccedilatildeo da dispneia pela escala modificada de Borg
(entre 4-7 pontos) todos estes paracircmetros foram analisados a cada 4 minutos
durante o treinamento aeroacutebico ou seja com a estabilidade dos sinais vitais a
velocidade foi progressivamente recalculada e em alguns casos passaram dos
100 da velocidade meacutedia obtida no TC6 A pressatildeo arterial (PA) foi aferida
preacute e poacutes os exerciacutecios (Godoy et al 2005 Figueiredo e Guimaratildees 2009)
35 Avaliaccedilotildees
351 Caracterizaccedilatildeo Amostral
Os dados antropomeacutetricos foram coletados apoacutes a inclusatildeo dos
pacientes ao estudo idade altura peso iacutendice de massa corpoacuterea (IMC)
VEF1 VEF1CVF TC6 e iacutendice de prognoacutestico e mortalidade de Bode
352 Prova de funccedilatildeo pulmonar simples
A espirometria (Spirobank Medical International Research Roma Itaacutelia)
foi feita em todos os pacientes de acordo com os criteacuterios de reprodutibilidade e
aceitabilidade adotados pela American Thoracic Society e European
Respiratory Society (2005) Os valores preditos de normalidade jaacute haviam sido
previamente descritos (Pereira et al 2007) Foram aferidos o volume
expiratoacuterio no primeiro segundo (VEF1) e a sua relaccedilatildeo com a Capacidade vital
forccedilada (VEF1CVF) e aceitos trecircs testes com variaccedilatildeo inferior a 5 e foi
37
considerado o teste com maior valor Com esse teste foi determinado a
gravidade da obstruccedilatildeo pulmonar considerando o VEF1 como paracircmetro para
caracterizaccedilatildeo da amostra
353 Padratildeo respiratoacuterio mobilidade e sincronia toracoabdominal
A pletismografia optoeletrocircnica (POE System Milatildeo Itaacutelia) eacute um sistema
indireto e natildeo invasivo para a avaliaccedilatildeo da mecacircnica ventilatoacuteria mobilidade e
sincronia capaz de dividir em 3 compartimentos toacuterax superior inferior e
abdominal (Alvierti et al 2000) O sistema optoeletrocircnico evoluiu a partir do
desenvolvimento tecnoloacutegico do processamento de imagens que possibilitaram
a anaacutelise de muacuteltiplos pontos posicionados na superfiacutecie corporal Para o
desenvolvimento do POE foi necessaacuterio criar um sistema de anaacutelise
tridimensional do movimento chamado de ELITE (Elaborate di immagini
televisive) Inicialmente utilizaram 32 marcadores a fim de abranger maior
aacuterea da parede toraacutecica e posteriormente 86 marcadores (Cala et al 1996)
Gorini et al (1999) e Ferrigno et al (1994) encontraram uma medida mais
precisa dos paracircmetros ventilatoacuterios utilizando 89 marcadores que delimitaram
a superfiacutecie anatocircmica em trecircs compartimentos superior inferior e abdominal
utilizadas ateacute o presente momento
O funcionamento do POE baseia-se na anaacutelise automaacutetica do movimento
detectado a partir de marcadores compostos por esferas reflexivas de 6 a 10
miliacutemetros (Dellacagraversquo et al 2010) As 89 esferas estatildeo dispostas da seguinte
forma sete linhas horizontais cinco verticais duas meacutedio-axilares e sete
38
marcadores extras dispostas em toda entre a claviacutecula e a espinha iliacuteaca
anterossuperior e posteriormente ateacute a regiatildeo dos flancos laterais totalizando
37 marcadores anteriores 42 posteriores e dez laterais (Romagnoli et al 2008
Bianchi et al 2007) (Figuras 13 e 14)
Figura13 Imagem tridimensional gerada pelo OEP
Figura14 Disposiccedilatildeo das 89 esferas reflexivas
39
As cacircmeras especiais CCD (Charge Coupled Device) possuem diodos
axiais que emitem feixes luzes infravermelho que satildeo refletidas pelos
marcadores e assim pocircde ser captado pelas cacircmeras em tempo real (120Hz)
Este sinal foi processado atraveacutes das 8 cacircmeras presente na sala de avaliaccedilatildeo
e identificam o posicionamento de cada ponto da superfiacutecie toracoabdominal A
reconstruccedilatildeo da cinemaacutetica toracoabdominal foi feita pelo software SMART
que executou algoritmos em tempo real e computou as coordenadas
tridimensionais dos marcadores refletivos durante as coletas com POE (Binazzi
et al 2008 Aliverti 2010)
O sistema aplicou um modelo geomeacutetrico baseado na posiccedilatildeo dos
marcadores para descrever a superfiacutecie toracoabdominal e seus
compartimentos durante a coleta Apoacutes a reconstruccedilatildeo do modelo os dados
foram exportados como arquivos numeacutericos gerando colunas de dados
representando os sinais por amostras tempo posiccedilatildeo dos marcadores e
volume facilitando a avaliaccedilatildeo dos sinais e aplicaccedilatildeo dos meacutetodos de
estimativa (Parreira et al 2012 Aliverti 2010)
40
Figura15 Laboratoacuterio do POE com a disposiccedilatildeo das cacircmeras e da bicicleta
Figura16 Captaccedilatildeo e anaacutelise dos dados do volume toracoabdominal
41
3531 Avaliaccedilatildeo do POE durante o exerciacutecio
Os sujeitos da pesquisa foram previamente orientados sobre os
procedimentos Inicialmente eles foram colocados sobre a bicicleta ergomeacutetrica
(Ergometrics 800 Sensormedics) e os 89 marcadores foram posicionados
sobre a superfiacutecie toracoabdominal (anterior e posterior) A foacutermula para o
caacutelculo da carga maacutexima foi descrita por Jones e colaboradores (1985) Wmax =
204 (altura) ndash 874 (idade) ndash 288 (gecircnero) ndash 1909 [28] foi utilizada 25 da
carga maacutexima o valor de gecircnero na foacutermula corresponde a 1 para mulheres e
0 para homens (Figura 17)
Durante a coleta o paciente foi orientado a manter 60 rotaccedilotildees por minuto
(RPM) (Vogiatzis et al 2005) Apoacutes 30 segundos de descanso foi realizada a
1ordm medida do POE em repouso (6 ciclos respiratoacuterios completos) depois o
paciente realizou o exerciacutecio sem carga por 3 minutos e posteriormente foi
realizada a 2ordm medida do POE (6 ciclos respiratoacuterios completos) Apoacutes este
periacuteodo iniciou-se o exerciacutecio com carga que foi incrementado de forma
proporcional durante 2 minutos ateacute atingir a carga programada e no final foi
realizada novamente a 3ordm medida do POE (6 ciclos respiratoacuterios completos) O
processo finalizou-se com um periacuteodo de recuperaccedilatildeo de 2 minutos com
exerciacutecio sem carga para o retorno dos sinais vitais (Figura 18)
Foram avaliados o volume corrente da caixa toraacutecica pulmonar (CT)
volume corrente do toacuterax superior (TS) volume corrente do toacuterax inferior (TI)
volume corrente abdominal (ABD) de tempo ventilaccedilatildeominuto (VE) fluxo
inspiratoacuterio (FI) e Fluxo expiratoacuterio (FE) participaccedilatildeo em porcentagem () dos
42
compartimentos do toacuterax superior (TS) toacuterax inferior (TI) e abdome
(ABD) (Romagnoli et al 2008 Aliverti et al 2008 Boudarham et al 2013)
A mobilidade do compartimento abdominal foi calculada pela relaccedilatildeo CTABD
no exerciacutecio com carga (Gosselink et al 1995) a reduccedilatildeo dos valores desta
relaccedilatildeo reflete a melhora da mobilidade abdominal (Yamaguti et al 2012)
Figura17 Paciente Realizando a avaliaccedilatildeo com carga no cicloergocircmetro no POE
Figura 18 Desenho experimental da avaliaccedilatildeo do OEP
43
354 Atividade muscular respiratoacuteria
A atividade dos muacutesculos respiratoacuterios foi avaliada atraveacutes da aquisiccedilatildeo
do sinal eletromiograacutefico de superfiacutecie (System BTSreg Milatildeo Itaacutelia)
simultaneamente agrave avaliaccedilatildeo da mecacircnica toracoabdominal pelo POE Foram
utilizados eletrodos circulares descartaacuteveis de AgAgCl com 10mm de diacircmetro
e um adesivo condutivo hidrogel colocados de forma a manter a distacircncia
intereletrodo de 20mm No local da fixaccedilatildeo dos eletrodos foram realizados
tricotomia quando necessaacuterio e fricccedilatildeo de gaze embebida em aacutelcool (70)
para remoccedilatildeo da gordura presente na superfiacutecie de contato com o objetivo de
diminuir a impedacircncia da pele (Dworak et al 2011)
Os eletrodos foram fixados no ventre muscular afastados do ponto
motor de forma paralela agrave da direccedilatildeo das fibras musculares de acordo com o
European concerted action - surface EMG for an non-invasive assesment of
muscles (Hermens et al 2000) O eletrodo para a avaliaccedilatildeo do muacutesculo
esternocleidomastoideo foi posicionado no ventre muscular a 5 cm do processo
mastoideo (Kallenberg et al 2009) do muacutesculo intercostal superior foi
posicionado no 2deg espaccedilo intercostal e para o inferior entre o 7deg e o 8deg espaccedilo
intercostal e no reto abdominal foi inserido a 2 cm da cicatriz umbilical
(Maarsingh et al 2000)
Para o caacutelculo da eficiecircncia ventilatoacuteria os dados da atividade muscular
de todos os muacutesculos avaliados foram somados e divididos pelo volume
corrente (EMGVt) Essa equaccedilatildeo foi descrita primeiramente no trabalho de
44
Lunardi et al (2013) que avaliou a mecacircnica toracoabdominal na populaccedilatildeo
idosa Essa relaccedilatildeo permitiu observar a quantidade de volume deslocado pelo
niacutevel de estiacutemulo da atividade muscular
Figura19 Eletromioacutegrafo da BTS Engeneering
355 Capacidade Funcional
A capacidade funcional foi avaliada pelo teste de caminhada de 6 minutos
(TC6) A avaliaccedilatildeo foi realizada em um corredor de 30 metros com pouco
traacutefego e cada paciente realizou 2 testes respeitando o intervalo de uma hora
entre eles (Dourado et al 2011) Durante os testes o paciente foi orientado a
caminhar o mais raacutepido possiacutevel durante 6 minutos e caso apresentasse
dispneia limitante ou qualquer outro desconforto incapacitante ele podia
interromper o teste ateacute recuperar as condiccedilotildees para continuaacute-lo A cada minuto
45
os pacientes foram encorajados com frases de incentivo padronizadas de modo
que o mesmo percorresse a maior distacircncia possiacutevel durante todo o teste (ATS
2002 Louvaris et al 2013) O desempenho do paciente foi avaliado pela maior
distacircncia percorrida em um dos testes e foi monitorado tanto preacute quanto poacutes
exerciacutecio a frequumlecircncia cardiacuteaca (FC) e respiratoacuteria (FR) a saturaccedilatildeo de
oxigecircnio (SpO2) sensaccedilatildeo de esforccedilo por meio da escala modificada de Borg
(Borg 1982) e pressatildeo arterial (PA)
36 Anaacutelise Estatiacutestica
Para a mecacircnica ventilatoacuteria foi utilizado para o caacutelculo amostral os
resultados observados no estudo de Yamaguti et al (2012) onde a diferenccedila
das meacutedias da CTABD foi de 20 durante a respiraccedilatildeo natural no GT com a
diferenccedila do desvio padratildeo de 4 valor de plt005 e poder de 08 foi
estabelecido uma amostra de 3 pacientes por grupo
O caacutelculo amostral para os paracircmetros da atividade muscular foi
utilizado os resultados observados no estudo de Cunha et al (2005) onde a
diferenccedila das meacutedias no GT foi de 9 10-3mV com a diferenccedila do desvio padratildeo
de 6 10-3mV para o poder de 80 e um valor de alpha de 5 sendo
estabelecido uma amostra de 9 indiviacuteduos por grupo
Para os paracircmetros funcionais o caacutelculo amostral foi baseado no TC6
onde se esperava uma diferenccedila das meacutedias de 263m e a diferenccedila do desvio
padratildeo de 23 m de aumento apoacutes a intervenccedilatildeo (Yamaguti et al 2012) para o
46
poder de 80 e um valor de alpha de 5 sendo encontrado um tamanho de
amostra de 14 indiviacuteduos por grupo
A anaacutelise foi realizada utilizando o programa Sigma Stat versatildeo 32 Foi
utilizado o teste de Kolmogorov-Smirnov para verificar a normalidade dos
dados sendo estes apresentados como meacutedia plusmn desvio padratildeo Para
comparaccedilatildeo dos dados de caracterizaccedilatildeo dos grupos GT e GC foi realizado
utilizando o teste t de Student para dados com distribuiccedilatildeo normal e teste de
Mann-Withney para dados natildeo-parameacutetricos
A anaacutelise do efeito do tratamento nos dois grupos tambeacutem foi realizado
pelo teste t e pelo Mann-Withney para dados natildeo-parameacutetricos no delta das
diferenccedilas (Δ=poacutes-preacute)
A sensaccedilatildeo de dispneia (BORG modificado) foi analisada com o teste de
anaacutelise de variacircncia (ANOVA) seguida do pos hoc de Holm Sidak Para o TC6
foi observado a miacutenima diferenccedila clinicamente significante Proposto por
Holland et al 2013 (251m) O niacutevel de significacircncia foi ajustado para 5
(plt005) para todos os testes
4 RESULTADOS
48
Quinhentos e noventa e quatro pacientes foram avaliados para
elegibilidade 564 natildeo preencheram os criteacuterios de inclusatildeo sendo que os
motivos mais comuns foram oxigecircnio-dependente (n=160) sem
disponibilidade para participar (n=105) cardiopatias (n=80) e doenccedilas
musculoesqueleacuteticas associadas (n=43) (Figura 20) Trinta pacientes foram
incluiacutedos e aleatorizados 2 foram excluiacutedos apoacutes o iniacutecio do protocolo sendo 1
no grupo tratado (crise de caacutelculo renal) e 1 no grupo controle (agudizaccedilatildeo da
doenccedila de Chron) 14 sujeitos terminaram o estudo no GT e 14 no GC (Figura
20) Natildeo foram observadas diferenccedilas entre os grupos com relaccedilatildeo aos dados
antropomeacutetricos de funccedilatildeo pulmonar e capacidade funcional antes da
intervenccedilatildeo (Tabela 1)
49
Figura 20 Fluxograma do estudo
50
Tabela 1 Caracterizaccedilatildeo amostral basal dos pacientes do estudo
Caracterizaccedilatildeo Grupo Controle Grupo Tratado P
Dados Antropomeacutetricos
Genero (MF) 57 86 097
Idade (anos) 64plusmn56 61plusmn54 030
Altura (m) 165plusmn007 165plusmn008 096
IMC (Kgm2) 259plusmn29 257plusmn38 091
Funccedilatildeo Pulmonar
VEF1 ( pred) 426plusmn95 459plusmn155 056
VEF1CVF 049plusmn009 056plusmn013 017
Capacidade Funcional
TC6 (m) 439plusmn103 473plusmn68 032
BODE (IIIIIIIV)(n) 3531 6620 058
Legenda Os dados estatildeo apresentados em meacutedia desvio padratildeo exceto o BODE que estatildeo expressos
pelo nuacutemero de pacientes MF=masculinofeminino Kgm2=quilogramasmetro
2 VEF1=Volume expiratoacuterio
forccedilado no primeiro segundo VEF1CVF=Relaccedilatildeo do Volume expiratoacuterio forccedilado no primeiro segundo e capacidade vital IMC=Iacutendice de massa corpoacuterea TC6=teste de caminhada dos 6 minutos BODE=Iacutendice de prognoacutestico e mortalidade para DPOC
41 Cinemaacutetica toracoabdominal
Durante o exerciacutecio com carga os pacientes do grupo controle (GC) natildeo
apresentaram variaccedilatildeo da mecacircnica toracoabdominal apoacutes a intervenccedilatildeo os
pacientes do grupo tratado (GT) apresentaram um aumento meacutedio de 230 ml
no volume total da caixa toraacutecica total (CT) (equivalente ao volume corrente)
quando comparado ao GC (respectivamente 140plusmn170mL vs-86plusmn240mL
plt001) Este aumento ocorreu principalmente pelo ganho do volume do
compartimento abdominal (ABD) (respectivamente 140120mL vs -
108210ml plt001) (Figura 21) e natildeo foi observada uma diferenccedila significativa
nos compartimentos toraacutecicos superior (TS) e inferior (TI) (Figura 21 pgt005)
51
O GT tambeacutem apresentou um aumento da ventilaccedilatildeo minuto (VE)
(24plusmn36L vs -18plusmn41L plt0001) (Figura 22) e do fluxo expiratoacuterio
(FE)(80plusmn100mL vs -30plusmn100mL plt001) (Figura23) quando comparado com o
GC acreditamos que aleacutem do volume da caixa toraacutecica o aumento do fluxo
expiratoacuterio tambeacutem esteve relacionado com o aumento da mobilidade do
compartimento abdominal Este por sua vez foi calculado pela relaccedilatildeo da
contribuiccedilatildeo CTABD onde apresentou melhora somente no GT quando
comparado ao GC (-019plusmn041 vs 010plusmn028 plt001 respectivamente)
(Figura 24)
Figura 21 Efeitos do alongamento muscular respiratoacuterio na mecacircnica ventilatoacuteria durante o exerciacutecio Os dados foram apresentados em meacutedia e desvio padratildeo representado pela diferenccedila (Δ) = poacutes- - preacute-intervenccedilatildeo Houve um aumento estatisticamente significante do volume da CT e do ABD no GT O exerciacutecio foi realizado com 25 da carga maacutexima predito na equaccedilatildeo de Jones
25 GC= Grupo Controle GT= Grupo Tratado CT= Caixa totaacutecica total TS=
Toacuterax superior TI= Toacuterax inferior ABD= Abdomen = p lt 005 GC vs GT (teste t natildeo pareado)
52
Figura 22 Efeitos do alongamento muscular respiratoacuterio no volume minuto (VE) durante o exerciacutecio Os dados foram apresentados em meacutedia e desvio padratildeo representado pela diferenccedila (Δ) = poacutes- - preacute-intervenccedilatildeo Ambas apresentaram diferenccedilas houve um aumento estatisticamente significante de 4L no volume minuto (VE) no GT em relaccedilatildeo do GC O exerciacutecio foi realizado com 25 da carga maacutexima predito na equaccedilatildeo de Jones
25 GC= Grupo
Controle GT= Grupo Tratado = p lt 005 GC vs GT (teste t natildeo pareado)
53
Figura 23 Efeitos do alongamento muscular respiratoacuterio no fluxo expiratoacuterio (FE) durante o exerciacutecio Os dados foram apresentados em meacutedia e desvio padratildeo representado pela diferenccedila (Δ) = poacutes- - preacute-intervenccedilatildeo Ambas apresentaram diferenccedilas houve um aumento estatisticamente significante de 100mL no fluxo expiratoacuterio (FE) no GT em relaccedilatildeo do GC O exerciacutecio foi realizado com 25 da carga maacutexima predito na equaccedilatildeo de Jones
25 GC= Grupo
Controle GT= Grupo Tratado = p lt 005 GC vs GT (teste t natildeo pareado)
54
Figura 24 Efeitos do alongamento muscular respiratoacuterio na relaccedilatildeo da contribuiccedilatildeo da caixa toraacutecica e abdocircmen (CTABD) durante o exerciacutecio Os dados foram apresentados em meacutedia e desvio padratildeo representado pela diferenccedila (Δ) = poacutes- - preacute-intervenccedilatildeo O exerciacutecio foi realizado com 25 da carga maacutexima predito na equaccedilatildeo de Jones
25 Foi observado a reduccedilatildeo
estatisticamente significante da relaccedilatildeo CTAB no GT que representa o aumento da mobilidade do compartimento abdominal GC= Grupo Controle GT= Grupo Tratado CT= Participaccedilatildeo da caixa toraacutecica ABD= Participaccedilatildeo abdominal = p lt 005 GC vs GT (teste t natildeo pareado)
42 Atividade muscular
Os dados da atividade muscular dos muacutesculos esternocleidomastoideo
intercostal superior intercostal inferior e abdome foram mensurados e foi
possiacutevel observar uma reduccedilatildeo da atividade muscular no exerciacutecio apoacutes o
protocolo de alongamento no GT quando comparado ao GC dos muacutesculos
esternocleidomastoideo (-57plusmn217 vs 185-plusmn443mV plt003 respectivamente)
e intercostais superiores (-1466plusmn441 vs 46plusmn115mV plt001
respectivamente) (Figura 25)
55
Todos os dados da atividade muscular foram somados e divididos pelo
volume corrente total com o intuito de demonstrar a quantidade de atividade
muscular por volume deslocado Foi verificado uma reduccedilatildeo da razatildeo EMGVt
no exerciacutecio com carga no GT quando comparado com o GC (respectivamente
[-138 (-519- -536 mVL) vs 10 (-741- 372 mVL) plt0006] (Figura 26)
Figura 25 Efeitos do alongamento muscular respiratoacuterio na atividade muscular Os dados foram apresentados em meacutedia e desvio padratildeo representado pela diferenccedila (Δ) = poacutes- - preacute-intervenccedilatildeo Foi constatada uma diminuiccedilatildeo estatisticamente significante da atividade dos muacutesculos esternocleidomastoideo e intercostal superior no GT O exerciacutecio foi realizado com 25 da carga maacutexima predito na equaccedilatildeo de Jones
25 GC= Grupo Controle GT= Grupo
Tratado = p lt 005 GC vs GT (teste t natildeo pareado)
56
Figura 26 Efeitos do alongamento muscular respiratoacuterio na relaccedilatildeo entre a atividade muscular e o volume corrente (EMGVt) Os dados foram apresentados em meacutedia e desvio padratildeo representado pela diferenccedila (Δ) = poacutes- - preacute-intervenccedilatildeo Observou-se uma diminuiccedilatildeo estatisticamente significante da EMGVt no GT O exerciacutecio foi realizado com 25 da carga maacutexima predito na equaccedilatildeo de Jones
25 GC= Grupo Controle GT= Grupo Tratado = p lt 005
GC vs GT (teste t natildeo pareado)
43 Capacidade funcional e Dispneia
Para os paracircmetros de Borg (Figura 27) foi aferido em 4 momentos preacute e poacutes
TC6 e preacute e poacutes intervenccedilatildeo Os dados basais natildeo apresentaram diferenccedilas
entre o GT e o GC (respectivamente 175plusmn21 vs 12plusmn17 pgt02) Apoacutes a
intervenccedilatildeo houve uma diminuiccedilatildeo significativa da sensaccedilatildeo de dispneia em
ambos os grupos poacutes-TC6 quando comparado aos seus dados iniciais GT
(43plusmn18 vs 15plusmn09 plt0001) e no GC (42plusmn15 vs 28plusmn17 plt0001) Na
comparaccedilatildeo entre os grupos o GT apresentou uma melhora da sensaccedilatildeo de
dispneia quando comparado com o GC tanto preacute-exerciacutecio (respectivamente
57
02plusmn05 vs 06plusmn08 plt0001) quanto poacutes-exerciacutecio (respectivamente 15plusmn09
vs 28plusmn17 plt0001) Aleacutem disso somente no GT houve uma diminuiccedilatildeo
significativa do Borg na comparaccedilatildeo intragrupo preacute-TC6 antes e depois do
tratamento (18plusmn08 vs 02plusmn06 plt0001) Com a diminuiccedilatildeo da sensaccedilatildeo de
dispneia foi possiacutevel verificar que os pacientes do GT apresentaram melhora
clinicamente significante no TC6 meacutedio quando comparado com o GC
(respectivamente 2514m vs 65m Figura 28) valores propostos por Holland
et al (2013)
Figura 27Efeitos do alongamento muscular respiratoacuterio na escala de BORG Os dados foram apresentados Os dados foram apresentados em meacutedia e desvio padratildeo representado pela diferenccedila (Δ) = poacutes- - preacute-intervenccedilatildeo Apoacutes o tratamento ambos apresentaram diminuiccedilatildeo da dispneia mas somente no GT houve uma diminuiccedilatildeo na comparaccedilatildeo com o GC e com seus dados iniciais no preacute TC6 O exerciacutecio foi realizado com 25 da carga maacutexima predito na equaccedilatildeo de Jones
25 GC= Grupo Controle GT= Grupo Tratado BORG= Escala de dispneia
TC6= Teste de caminhada dos 6 minutos = p lt 005 preacute vs poacutes intervenccedilatildeo +=plt005 GC vs GC) (teste t natildeo pareado)
58
Figura 28 Os dados apresentados em (Δ) representam (poacutes intervenccedilatildeo ndash preacute intervenccedilatildeo) No teste de caminhada dos 6 minutos (TC6) foi observada uma diferenccedila clinicamente significante do TC6 no GT que obteve um aumento meacutedio de 2514m e o GC de 65m O exerciacutecio foi realizado com 25 da carga maacutexima predito na equaccedilatildeo de Jones
25 GC= Grupo
Controle GT= Grupo Tratado TC6= Teste de caminhada dos 6 minutos ( =diferenccedila clinicamente significante)
Holland et al 2013 (25m)
5 DISCUSSAtildeO
60
Neste estudo foi demonstrado pela primeira vez que os alongamentos
dos muacutesculos respiratoacuterios melhoraram a mecacircnica e a capacidade ventilatoacuteria
decorrente principalmente pelo aumento do volume e da mobilidade do
compartimento abdominal (CTABD) A melhora da mobilidade toracoabdominal
possivelmente esteve relacionada com o aumento da sua viscoelasticidade
observada pela diminuiccedilatildeo da atividade muscular apoacutes o tratamento Aleacutem
disso houve um aumento da eficiecircncia contraacutetil dos muacutesculos respiratoacuterios
constatado pela reduccedilatildeo da relaccedilatildeo EMGVt ou seja a musculatura necessitou
de menos atividade para deslocar o mesmo volume respiratoacuterio Acreditamos
que por causa da melhora de todos os fatores descritos anteriormente houve
uma diminuiccedilatildeo da sensaccedilatildeo de dispneia que possibilitou o aumento da
capacidade ao exerciacutecio submaacuteximo
51 Cinemaacutetica toracoabdominal
O trabalho acrescentou novas evidecircncias na literatura cientiacutefica pois foi
o primeiro a demonstrar atraveacutes do pletismoacutegrafo optoeletrocircnico que apoacutes o
tratamento com teacutecnicas de alongamento dos muacutesculos respiratoacuterios houve
aumento significativo do volume da caixa toraacutecica total abdominal e da
capacidade ventilatoacuteria durante o exerciacutecio com carga Vale ressaltar que o
aumento da mobilidade do compartimento abdominal tambeacutem foi constatado
Para reforccedilar ainda mais a importacircncia dos nossos achados no grupo
controle natildeo obtiveram nenhuma alteraccedilatildeo volumeacutetrica da caixa toraacutecica estes
61
dados vatildeo de encontro aos dois estudos preacutevios nos quais foram avaliados os
efeitos da reabilitaccedilatildeo pulmonar na cinemaacutetica toracoabdominal em pacientes
com DPOC avaliados pelo POE (Georgiadou et al 2007 Gagliardi et al
2014) Inclusive Gagliardi et al (2014) mesmo apoacutes a intervenccedilatildeo de 24
semanas encontrou uma diminuiccedilatildeo do volume abdominal apoacutes o tratamento
Apenas dois trabalhos natildeo controlados de Yamada et al (1996) e
Luularungrayub et al (2009) avaliados pelo pletismoacutegrafo por indutacircncia e
cirtometria respectivamente associados agrave espirometria hipotetizaram que a
melhora no fluxo expiratoacuterio e do volume expiratoacuterio respectivamente
poderiam ter uma relaccedilatildeo com a melhora da funccedilatildeo do compartimento
abdominal dados estes que tambeacutem apresentamos no nosso estudo Segundo
Georgiadou et al (2007) e Aliverti et al (2010) o compartimento abdominal eacute o
maior responsaacutevel pelas variaccedilotildees da distacircncia axial xifoacuteidea sugerindo uma
relaccedilatildeo com a mobilidade diafragmaacutetica e o aumento do volume pulmonar total
essa hipoacutetese pocircde ser elucidada em nossos resultados com a diminuiccedilatildeo dos
valores de CTABD Portanto estes achados servem para destacar que o
protocolo de alongamento realizados neste estudo desencadeou a melhora da
mecacircnica contraacutetil dos muacutesculos respiratoacuterios que provavelmente tiveram uma
atuaccedilatildeo na melhora da funccedilatildeo diafragmaacutetica relaccedilatildeo esta jaacute descrita por
Iwasawa et al (2002) e Man et al (2012)
O aumento do volume corrente total apoacutes o alongamento muscular da
caixa toraacutecica jaacute havia sido constatado anteriormente pelos estudos natildeo
controlados de Yamada et al (1996) e Minoguchi et al (2002) que realizaram a
intervenccedilatildeo por 4 semanas em 12 e 13 pacientes respectivamente e avaliados
62
pela espirometria Em contrapartida os estudos de intervenccedilatildeo aguda natildeo
controlada de Izumizaki et al (2006) e controlada de Noll et al (2009) com 10 e
25 pacientes respectivamente obtiveram a piora do volume corrente tambeacutem
avaliados pela espirometria Baseados nos estudos de Mchugh et al (2008)
estes efeitos contraditoacuterios ocorreram principalmente pelo tipo de intervenccedilatildeo
Agudamente o alongamento promove o estiramento abrupto dos fusos
neuromusculares que desencadearam o potencial sensitivo medular e
consequentemente um aumento da atividade eferente neuromuscular gerando
a contraccedilatildeo das fibras extra-fusais por essa razatildeo provavelmente houve a
diminuiccedilatildeo da mobilidade muacutesculo-esqueleacutetica da caixa toraacutecica e diminuiccedilatildeo
dos valores volumeacutetricos (Mukherjee et al 2010) A intervenccedilatildeo crocircnica por
sua vez promove o aumento da viscoelasticidade muscular e causou a
acomodaccedilatildeo do limiar excitatoacuterio do fuso neuromuscular que diminui o
estiacutemulo de contraccedilatildeo das fibras extra-fusais permitindo a melhora da
mobilidade toracoabdominal (Mchugh et al 2010)
No presente estudo foi realizada a intervenccedilatildeo crocircnica portanto
justificaria a razatildeo dos nossos dados apresentarem resultados tatildeo diferentes
quanto a maioria dos estudos anteriores de intervenccedilatildeo aguda Mas
precisamos considerar tambeacutem as limitaccedilotildees metodoloacutegicas comumente
observadas na literatura Fato este observado nos trabalhos de Putt et al
(2008) e Luularungrayub et al (2009) que mesmo sendo de intervenccedilatildeo
aguda apresentaram um aumento do volume corrente avaliados pela
espirometria mas ambos apresentaram grandes restriccedilotildees metodoloacutegicas pois
63
realizaram o tratamento somente em um muacutesculo respiratoacuterio (peitoral maior) e
o outro foi um estudo de caso respectivamente
Hipotetizamos que nos nossos resultados sugeriram que a intervenccedilatildeo
crocircnica muscular respiratoacuteria promoveu a melhora da mobilidade do sistema
musculo-esqueleacutetico toracoabdominal com o aumento principal do volume e da
mobilidade do compartimento abdominal acreditamos que foi o responsaacutevel
pela melhora do volume pulmonar total Com a elevaccedilatildeo dos volumes
sugerimos que foram os responsaacuteveis pela melhora da capacidade ventilatoacuteria
(volume-minuto) dado este ineacutedito na literatura para este tipo de protocolo de
tratamento
52 Atividade muscular
Constatamos uma reduccedilatildeo da atividade muscular durante o exerciacutecio
com carga no grupo que realizou o alongamento dos muacutesculos respiratoacuterios
principalmente do esternocleidomastoideo e do intercostal superior A partir
destes dados foi possiacutevel calcular a relaccedilatildeo com o volume corrente onde a
reduccedilatildeo dos valores significa a melhora da efetividade contraacutetil (EMGVt)
descrito primeiramente no trabalho de Lunardi et al (2013) Este dado
representa a melhora do deslocamento volumeacutetrico pela atividade muscular
sendo assim o muacutesculo necessita do mesmo estiacutemulo motor para deslocar
mais volume de ar
64
Na literatura encontramos somente um estudo natildeo-controlado de Cunha
et al (2005) que realizou a avaliaccedilatildeo em 8 pacientes com DPOC com o
eletromioacutegrafo de superfiacutecie apoacutes um programa de alongamento muscular
respiratoacuterio Nossos dados corroboram parcialmente com os seus achados
pois apesar de terem demonstrado uma diminuiccedilatildeo da atividade muscular
respiratoacuteria dos intercostais eles apresentaram um aumento da atividade
muscular do esternocleidomastoide Acreditamos que os nossos achados
avanccedilam em relaccedilatildeo ao estudo de Cunha et al (2005) pois o presente estudo
foi realizado com criteacuterios metodoloacutegicos mais rigorosos (controlado) com
maior tempo de intervenccedilatildeo e respeitando o caacutelculo amostral
Portanto podemos sugerir que baseado nos estudos de Kokkonen et al
(2007) o aumento da viscoelasticidade tecidual permitiu a melhora da
sobreposiccedilatildeo da actina e miosina sendo capaz de potencializar o mecanismo
contraacutetil muscular com menos esforccedilo Ao mesmo tempo reduziu a tensatildeo
sobre os receptores musculoesqueleacuteticos diminuindo a excitabilidade do
disparo neuroloacutegico sensitivo possibilitando o equiliacutebrio entre o estiacutemulo
inibitoacuterio do oacutergatildeo tendinoso de Golgi e o excitatoacuterio do controle contraacutetil do
fuso neuromuscular reduzindo a atividade motora (Hindle et al 2012
Mukherjee e Chakravarty 2010)
A avaliaccedilatildeo da atividade muscular e o caacutelculo da efetividade contraacutetil foi
realizada para elucidar os mecanismos envolvidos na melhora da mecacircnica
ventilatoacuteria apoacutes o alongamento dos muacutesculos respiratoacuterios Eacute possiacutevel que
com a diminuiccedilatildeo da atividade muscular possibilitou a melhora da capacidade
de contraccedilatildeo muscular com menor esforccedilo este dado eacute reforccedilado pela
65
diminuiccedilatildeo da EMGVt permitindo o incremento da mobilidade toracoabdominal
e da capacidade ventilatoacuteria
53 Capacidade funcional e dispneia
Observamos a melhora da dispneia e da capacidade ao exerciacutecio
submaacuteximo avaliados pelo Borg modificado e pelo teste de caminhada dos 6
minutos respectivamente
Apoacutes o protocolo de alongamento nossos dados mostraram a
diminuiccedilatildeo da sensaccedilatildeo de dispneia em ambos os grupos apoacutes a intervenccedilatildeo
Mas ao comparar entre os grupos os sujeitos que receberam a intervenccedilatildeo na
caixa toraacutecica (GT) apresentaram a diminuiccedilatildeo da dispneia quando comparado
ao GC tanto preacute quanto poacutes exerciacutecio Outro ponto em destaque eacute a diminuiccedilatildeo
da dispneia no GT em seu estado basal
A reduccedilatildeo da dispneia eacute um importante paracircmetro de melhora dos
tratamentos com enfoque pulmonar (ATS 2013) e estudos preacutevios que tambeacutem
avaliaram o efeito de alongamento dos muacutesculos respiratoacuterios na dispneia em
pacientes com DPOC corroboram com os nossos achados mesmo sendo
trabalhos com metodologias distintas como ensaios natildeo controlados (Cunha et
al 2005) controlados (Paulin et al 2003) intervenccedilatildeo aguda (Noll et al 2008
Noll et al 2009) e crocircnica (Minoguchi et al 2002) Eacute importante ressaltar que
em todos os trabalhos que obtiveram a melhora nos paracircmetros de dispneia
66
portanto acreditamos que existe outros mecanismos que podem influenciar
nesta variaacutevel aleacutem da melhora da mobilidade toracoabdominal tanto assim
que os trabalhos de Noll et al (2008 e 2009) houve uma piora de todos os
paracircmetros da funccedilatildeo pulmonar mas apresentaram melhora da dispneia
Na literatura somente os trabalhos de Izumizaki et al (2008) e Putt et al
(2008) natildeo obtiveram melhora na escala de Borg mas eacute importante destacar
que foram trabalhos distintos o primeiro foi de intervenccedilatildeo crocircnica com
resultados negativos agraves funccedilotildees pulmonares enquanto o segundo foi um
trabalho de intervenccedilatildeo aguda com resultados positivos nos volumes
pulmonares Apesar de ambos serem controlados o estudo de Izumizaki et al
(2008) natildeo destaca os muacutesculos que foram tratados nem a caracterizaccedilatildeo e o
caacutelculo amostral enquanto no trabalho de Putt et al (2008) realizou a
intervenccedilatildeo apenas no muacutesculo peitoral maior que natildeo eacute um muacutesculo
acessoacuterio respiratoacuterio primaacuterio e sim atuante somente em grandes esforccedilos
Portanto baseado nas pesquisas anteriores entendemos que a melhora
da dispneia natildeo foi somente pelo aumento da mobilidade musculoesqueleacutetica
da caixa toraacutecica que diminuiu a resistecircncia do fluxo aeacutereo e possibilitou maior
expansatildeo toracoabdominal e melhor capacidade ventilatoacuteria demonstrado
neste estudo anteriormente Possivelmente teve associaccedilatildeo com os
mecanoceptores toracoabdominais quando estimulados durante o tratamento
desencadeou alteraccedilotildees das informaccedilotildees dos centros respiratoacuterios e motores
(Nakamura et al 2012 Montaldo et al 2000) Estes centros por sua vez
mudaram da taxa de disparo do nervo frecircnico que controla a cadecircncia e a
frequecircncia da contraccedilatildeo diafragmaacutetica reduzindo a sensaccedilatildeo de fadiga e de
67
dispneia (Burki e Lee 2010) portanto qualquer teacutecnica de mobilizaccedilatildeo
toracoabdominal poderia diminuir a sensaccedilatildeo de dispneia mas acreditamos
que quanto maior o estiacutemulo musculoesqueleacutetico (intervenccedilatildeo crocircnica) maior
seraacute a ativaccedilatildeo dos mecanoceptores da caixa toraacutecica e consequentemente
aumentaria a estimulaccedilatildeo aos centros respiratoacuterios por essa razatildeo
acreditamos que os nossos resultados foram tatildeo expressivos (Montaldo et al
2000)
Com a melhora dos paracircmetros de dispneia refletiu no aumento da
distacircncia percorrida em ambos os grupos 67m (GC) e 2517m (GT) sendo
que somente o grupo que recebeu o alongamento dos muacutesculos respiratoacuterios
atingiram a miacutenima distacircncia clinicamente significante proposta por Holland et
al (2010) que eacute de 25 m Coincidentemente a maioria trabalhos que
obtiveram melhora da dispneia realizaram o teste de caminhada dos 6 minutos
(Yamada et al 1996 Minoguchi et al 2002 Paulin et al 2003 eCunha et al
2005) somente Noll et al (2008 e 2009) que natildeo Poreacutem ateacute onde eacute do nosso
conhecimento este eacute o primeiro estudo que demonstrou que o aumento da
capacidade funcional foi decorrente da melhora da mecacircnica ventilatoacuteria poacutes-
alongamento avaliados pelo POE
No presente estudo o aspecto relevante estaacute no ineditismo ao avaliar as
repercussotildees deste tipo de intervenccedilatildeo na cinemaacutetica toracoabdominal
analisadas pelo pletismoacutegrafo optoeletrocircnico (Alivertiet al 2000) teacutecnica
considerada de alta tecnologia O programa de alongamento da musculatura
acessoacuteria respiratoacuteria eacute uma teacutecnica de baixo custo e pode ser associada
68
facilmente agrave reabilitaccedilatildeo pulmonar com impacto na atividade funcional e nos
sintomas respiratoacuterios
54 Limitaccedilotildees
Todos os estudos possuem limitaccedilotildees primeiro a rigidez dos criteacuterios
de inclusatildeo conferida a esta pesquisa levou a uma elevada validade interna
com possiacutevel prejuiacutezo da validade externa Optamos por adotar esses criteacuterios
na tentativa de eliminar o maior nuacutemero de variaacuteveis de confusatildeo para garantir
que os resultados fossem interpretados de maneira clara Segundo a carga de
exerciacutecio em esteira foi estabelecida em funccedilatildeo da velocidade do TC6 apesar
de natildeo ser considerado o padratildeo ouro para o treinamento aeroacutebico jaacute foi
descrito como alternativa viaacutevel por Zainuldinet al (2007) e Figueiredo e
Guimaratildees (2009) Terceiro a intensidade de 25 Wmaacutex utilizada na
avaliaccedilatildeo do POE pode natildeo ter sido o suficiente para desencadear a
assincronia mas o objetivo foi reproduzir a carga utilizada diariamente pelo
paciente segundo Bruni et al (2012) eles comprovaram em seu estudo que
nem mesmo a carga de 75 Wmaacutex foi possiacutevel desencadear a assincronia em
pacientes com DPOC concluindo natildeo haver relaccedilatildeo entre assincronia
hiperinsuflaccedilatildeo e dispneia Finalmente o alongamento dos muacutesculos
perifeacutericos dos membros inferiores no grupo controle poderia ter influenciado
na melhora no teste de caminhada dos 6 minutos mas Mchugh et al (2008) e
Shrier (2004) descreveram em seus estudos que ainda existe uma
controveacutersia a respeito do aumento da performance muscular apoacutes a realizaccedilatildeo
69
do alongamento ateacute entatildeo sabe-se somente sobre a melhora da mobilidade
Apesar destas limitaccedilotildees este eacute o primeiro ensaio cliacutenico controlado e
aleatorizado investigando os benefiacutecios do alongamento dos muacutesculos
respiratoacuterios na mecacircnica ventilatoacuteria utilizando o pletismoacutegrafooptoeletrocircnico
em pacientes com DPOC
6 CONCLUSAtildeO
71
Nossos resultados sugerem que a adiccedilatildeo do alongamento da
musculatura respiratoacuteria ao exerciacutecio aeroacutebico claacutessico aumenta a eficiecircncia
contraacutetil muscular melhora a mecacircnica ventilatoacuteria com o incremento
significante dos volumes pulmonares principalmente abdominal e reduz a
dispneia possibilitando a melhora das atividades funcionais em pacientes com
DPOC Estes resultados sugerem que o alongamento dos muacutesculos
respiratoacuterios pode ser considerado uma modalidade de tratamento adjuvante
para os pacientes com DPOC
7 REFEREcircNCIAS
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8 ANEXOS
91
92
93
HOSPITAL DAS CLIacuteNICAS DA FACULDADE DE MEDICINA DA
UNIVERSIDADE DE SAtildeO PAULO-HCFMUSP
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
DADOS SOBRE A PESQUISA
1 TIacuteTULO DO PROTOCOLO DE PESQUISA
EFEITOS DO ALONGAMENTO DA MUSCULATURA ACESSOacuteRIA
RESPIRATOacuteRIA COM A TEacuteCNICA DE ALONGAMENTO PASSIVO E
CONTRACcedilAtildeO-RELAXAMENTO NA MECAcircNICA VENTILATOacuteRIA E NA
CAPACIDADE FUNCIONAL DE PACIENTES COM DOENCcedilA PULMONAR
OBSTRUTIVA CROcircNICA
PESQUISADOR 01 Celso Ricardo Fernandes Carvalho
CARGOFUNCcedilAtildeO Orientador INSCRICcedilAtildeO CONSELHO
REGIONAL Nordm 206463-F
UNIDADE DO HCFMUSP Ciecircncias
3 AVALIACcedilAtildeO DO RISCO DA PESQUISA
RISCO MIacuteNIMO x RISCO MEacuteDIO
RISCO BAIXO RISCO MAIOR
4DURACcedilAtildeO DA PESQUISA 12 meses
HOSPITAL DAS CLIacuteNICAS DA FACULDADE DE MEDICINA DA
UNIVERSIDADE DE SAtildeO PAULO-HCFMUSP
1 ndash A doenccedila que o senhor (a) tem se chama doenccedila obstrutiva crocircnica
(DPOC) Esta doenccedila causa a inflamaccedilatildeo das vias aeacutereas e prejudica todo
94
pulmatildeo Por esse motivo o toacuterax fica expandido e os muacutesculos que realizam a
respiraccedilatildeo ficam tensos Essa tensatildeo muscular diminui o movimento do toacuterax e
a quantidade de ar que entra nos pulmotildees levando a uma dificuldade para
respirar e diminuindo a capacidade aos exerciacutecios simples do dia-dia Todo
esse quadro pode aumentar a tendecircncia de desencadear episoacutedios de
depressatildeo e ansiedade
2 ndash O nosso corpo tem muacutesculos que ajudam na respiraccedilatildeo (entrada do ar)
esses muacutesculos ao contrair ajudam a entrada de ar nos pulmotildees No (a)
paciente DPOC o movimento da caixa toraacutecica estaacute diminuiacutedo por isso este
estudo tem como objetivo verificar se o uso dos exerciacutecios de alongamento
relaxariam os muacutesculos respiratoacuterios diminuindo a sensaccedilatildeo de falta de ar
3 ndash Portanto estamos convidando o (a) senhor (a) para participar deste estudo
Caso o senhor (a) aceite participar da pesquisa teraacute que comparecer ao
hospital (HC) 2 vezes por semana durante um mecircs e meio de tratamento com
duraccedilatildeo de 30 a 40 minutos por dia O senhor (a) seraacute incluiacutedo (a) de forma
aleatoacuteria (sorteio) em dois grupos que receberatildeo diferentes tratamentos de
alongamento com supervisatildeo do profissional fisioterapeuta O senhor (a)
receberaacute uma cartilha com alguns exerciacutecios semelhantes aos realizados no
hospital para ser feito em casa no miacutenimo duas vezes por semana
4 ndash Durante os exerciacutecios de alongamento o (a) senhor (a) poderaacute sentir algum
desconforto como um ldquopuxatildeordquo ldquoformigamentordquo e ldquoqueimaccedilatildeordquo na regiatildeo que os
muacutesculos estatildeo sendo trabalhados Apoacutes a realizaccedilatildeo do alongamento eacute
possiacutevel que essas sensaccedilotildees perdurem por no maacuteximo 3 dias Evitaremos
durante o tratamento as dores se caso o senhor (a) sentir alguma dor
comunique ao profissional responsaacutevel que interromperemos imediatamente o
exerciacutecio
5 ndash Seratildeo realizados diversos testes antes e depois do tratamento para
verificar o grau de eficiecircncia da teacutecnica aplicada Mediremos o movimento do
seu toacuterax com um aparelho chamado pletismografia onde seratildeo colocados
marcadores no seu toacuterax e o senhor natildeo sentiraacute nenhum desconforto ou dor
Seratildeo realizados exames para a funccedilatildeo do seu pulmatildeo chamado espirometria
para isso pediremos para o senhor (a) puxar e assoprar forte o ar no aparelho
este teste natildeo traraacute nenhum desconforto ou dor Para testar a forccedila dos
muacutesculos pediremos novamente que o senhor (a) puxe o ar com forccedila em um
95
aparelho chamado manovacuocircmetro este teste natildeo traraacute dor Realizaremos
um teste de esforccedilo ao exerciacutecio onde pediremos para o (a) senhor (a) andar o
maacuteximo possiacutevel durante 6 minutos seraacute repetido duas vezes Nesse teste o
senhor (a) pode sentir cansaccedilo e falta de ar que acabaraacute imediatamente apoacutes o
teacutermino do exerciacutecio Por uacuteltimo o senhor (a) responderaacute o questionaacuterio sobre a
sua vida que conteacutem uma seacuterie de perguntas para avaliar se o (a) senhor (a)
possui episoacutedios de depressatildeo e ansiedade poderaacute sentir algum desconforto
ao responder algumas perguntas que seratildeo realizadas
6 ndash Com esse estudo buscamos a melhora da qualidade de vida com
diminuiccedilatildeo dos quadros tendenciosos de depressatildeo e ansiedade e o aumento
da capacidade para realizar os exerciacutecios diaacuterios decorrentes da melhora da
mobilidade toraacutecica
7 ndash Asseguramos que o senhor (a) teraacute acesso aos profissionais responsaacuteveis
pela pesquisa para esclarecimento de eventuais duacutevidas O principal
investigador eacute o Prof Dr Celso Ricardo Fernandes Carvalho que poderaacute
ser encontrado na Av Eneacuteas de Carvalho Aguiar 255 4o andar bloco 06 no
telefone(s) 11 3069-7961 e o Dr Juliano Takashi Wada que pode ser
encontrado no endereccedilo Rua Albuquerque Lins 537 cj 42 Telefone(s) 11
3624-4524 Se caso o senhor (a) tiver alguma consideraccedilatildeo ou duacutevida sobre a
eacutetica da pesquisa entre em contato com o Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa (CEP)
ndash Rua Oviacutedio Pires de Campos 225 ndash 5ordm andar ndash tel 3069-6442 ramais 16 17
18 ou 20 FAX 3069-6442 ramal 26 ndash E-mail cappesqhcnetuspbr
8 ndash Garantimos a liberdade da retirada do consentimento a qualquer momento
e deixar de participar do estudo sem qualquer prejuiacutezo agrave continuidade de seu
tratamento na Instituiccedilatildeo
9 ndash Garantimos o direito de confidencialidade ndash As informaccedilotildees obtidas
seratildeo analisadas em conjunto com outros pacientes natildeo sendo divulgado a
identificaccedilatildeo e os dados de nenhum paciente
10 ndash Garantimos o direito de ser mantido atualizado sobre os resultados
parciais das pesquisas quando em estudos abertos ou de resultados que
sejam do conhecimento dos pesquisadores
96
11 ndash Despesas e compensaccedilotildees natildeo haacute despesas pessoais para o
participante em qualquer fase do estudo incluindo exames e consultas
Tambeacutem natildeo haacute compensaccedilatildeo financeira relacionada agrave sua participaccedilatildeo Se
existir qualquer despesa adicional ela seraacute absorvida pelo orccedilamento da
pesquisa Natildeo garantimos o pagamento de qualquer dano causado pelo estudo
mas garantimos que se caso o senhor (a) tiver algum problema poderaacute ser
atendido no Ambulatoacuterio da Fisioterapia do Hospital das cliacutenicas gerenciado
pelo Prof Dr Celso Ricardo Fernandes de Carvalho
12 ndash Garantimos o compromisso do pesquisador de utilizar os dados e o
material coletado satildeo confidenciais e seraacute utilizado somente para esta pesquisa
Acredito ter sido suficientemente informado a respeito das informaccedilotildees
que li ou que foram lidas para mim descrevendo o estudo rdquoEfeitos do
alongamento da musculatura acessoacuteria respiratoacuteria com a teacutecnica de
contraccedilatildeo-relaxamento na mobilidade toraacutecica e capacidade psicossocial e
funcional de pacientes com doenccedila pulmonar obstrutiva crocircnicardquo
Eu discuti com o Prof Dr Celso Ricardo Fernandes de Carvalho ou
com o Dr Juliano Takashi Wada sobre a minha decisatildeo em participar nesse
estudo Ficaram claros para mim quais satildeo os propoacutesitos do estudo os
procedimentos a serem realizados seus desconfortos e riscos as garantias de
confidencialidade e de esclarecimentos permanentes Ficou claro tambeacutem que
minha participaccedilatildeo eacute isenta de despesas e que tenho garantia do acesso a
tratamento hospitalar quando necessaacuterio Concordo voluntariamente em
participar deste estudo e poderei retirar o meu consentimento a qualquer
momento antes ou durante o mesmo sem penalidades ou prejuiacutezo ou perda
de qualquer benefiacutecio que eu possa ter adquirido ou no meu atendimento
neste Serviccedilo
-------------------------------------------------
Assinatura do pacienterepresentante legal Data
97
-------------------------------------------------------------------------
Assinatura da testemunha Data
Declaro que obtive de forma apropriada e voluntaacuteria o Consentimento Livre e
Esclarecido deste paciente ou representante legal para a participaccedilatildeo neste estudo
----------------------------------------------------------
Assinatura do responsaacutevel pelo estudo
Data
98
NCT 0236762
99
100
101
20-Nov-2014
CC Wada Juliano Borges-Santos Erickson Paisani
Denise Porras Desiderio Cukier Alberto Lunardi
Adriana Carvalho Celso
Dear Ms Wada
Your manuscript entitled Effect of respiratory muscle
stretching on thoracoabdominal kinematics and functional
capacity of patients with COPD a randomized and controlled
trial has been received online and is presently being
given full consideration for publication in CHEST Please
note that our editorial office will review your manuscript
before sending it to the Editor in Chief If there are
aspects that need to be fixed prior to peer review they
may return your paper to your Corresponding Author Center
and ask you to make some minor changes and resubmit it We
appreciate your understanding
Your manuscript ID is CHEST-14-2914
You may view the status of your manuscript at any time by
checking your Author Center after logging in
to httpsmcmanuscriptcentralcomchest
102
The journal strives to expedite the peer review process
however because we receive over 3400 submissions each year
the process may take up to 8 weeks to complete Please be
patient during this time and feel free to log in to check
your manuscript status
Please mention the above manuscript ID in all future
correspondence or when calling the office for questions If
there are any changes in your street address phonefax or
e-mail address please log in to ScholarOne Manuscripts
at httpsmcmanuscriptcentralcomchest and edit your
user information as appropriate
Thank you for choosing to submit your manuscript to CHEST
Sincerely
CHEST Editorial Office
SUMARIO
LISTA DE ABREVIATURASxi
LISTA DE FIGURASxiii
LISTA DE TABELASxviii
RESUMO xix
SUMMARYxxi
1 INTRODUCcedilAtildeO01
11 Definiccedilatildeo e Incidecircncias 02
12 Fisiopatologia 04
13 Sistema muacutesculo-esqueleacutetico 06
14 Diagnoacutestico e Sintomas07
15 Reabilitaccedilatildeo pulmonar09
16 Muacutesculos respiratoacuterios 10
17 Alongamento Muscular13
18 Meacutetodos para a anaacutelise da mecacircnica ventilatoacuteria17
19 Hipoacutetesehelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphellip19
2 OBJETIVOS20
21 Primaacuterio 21
22 Secundaacuterio 21
3 CASUIacuteSTICA E METODOS22
ix
31 Aspectos eacuteticos23
32 Casuiacutestica23
321 Criteacuterios de inclusatildeo23
322 Criteacuterios de exclusatildeo24
33 Delineamento experimental25
34 Intervenccedilatildeo26
341 Protocolo de alongamento do grupo tratado (GT)26
342 Protocolo de exerciacutecios do grupo controle (GC)32
343 Protocolo dos exerciacutecios aeroacutebicos35
35 Avaliaccedilotildees36
351 Caracterizaccedilatildeo Amostral36
352 Prova de funccedilatildeo pulmonar simples36
353 Padratildeo respiratoacuterio mobilidade e sincronia
toracoabdominal37
3531 Avaliaccedilatildeo do POE durante o exerciacutecio41
354 Atividade muscular respiratoacuteria43
355 Capacidade Funcional44
36 Anaacutelise Estatiacutestica45
4 RESULTADOS47
41 Cinemaacutetica toracoabdominal50
42 Atividade muscular54
43 Capacidade funcional e Dispneia56
x
5 DISCUSSAtildeO59
51 Cinemaacutetica toracoabdominal60
52 Atividade muscular63
53 Capacidade funcional e dispneia65
54 Limitaccedilotildees68
6 CONCLUSAtildeO70
7 REFEREcircNCIAS 72
8 ANEXOS90
xi
LISTA DE ABREVIATURAS
ABD Volume abdominal
ALAT Associaccedilatildeo Latino-Americana de Toacuterax
ATS American Thoracic Society
BORG Escala de dispneia
CPT Capacidade Pulmonar Total
CRF Capacidade Residual Funcional
CTABD Razatildeo entre a contribuiccedilatildeo da caixa toraacutecica e abdocircmen
CT Volume da caixa toraacutecica
CVF Capacidade vital forccedilada
DATASUS Departamento de informaacutetica do sistema uacutenico de sauacutede
DPOC Doenccedila pulmonar obstrutiva crocircnica
EMG Eletromiografia
EMGVt Razatildeo entre atividade muscular e o volume corrente total
F Feminino
FCMaacutex Frequecircncia cardiacuteaca maacutexima
FE Fluxo expiratoacuterio
FI Fluxo inspiratoacuterio
GC Grupo controle
GOLD Global initiative for chronic obstructive lung disease
GT Grupo tratado
HCFMUSP Hospital das Cliacutenicas da Faculdade de Medicina da Universidade
de Satildeo Paulo
xii
Hz Hertz
Kgm2 Kilograma por metro quadrado (unidade do IMC)
L Litros
M Masculino
mL Mililitros
mV Milivolt
mVL Milivolt por litro
O2 Oxigecircnio
OTG Oacutergatildeo tendinoso de Golgi
PaCO2 Pressatildeo parcial de gaacutes carbocircnico
POE Pletismoacutegrafo optoeletrocircnica
RP Reabilitaccedilatildeo pulmonar
SpO2 Saturaccedilatildeo Perifeacuterica de Oxigecircnio
TC6 Teste de caminhada dos 6 minutos
TI Volume do toacuterax inferior
TS Volume corrente do toacuterax superior
VE Volume minuto
VEF1 Volume expiratoacuterio forccedilado no primeiro segundo
VEF1CVF Relaccedilatildeo do volume expiratoacuterio forccedilado no primeiro segundo e
capacidade vital forccedilada
VR Volume Residual
Vt Volume corrente
WMaacutex Carga maacutexima em Watts
Δ Variaccedilatildeo
xiii
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 Desenho experimental25
Figura 2 Anatomia e teacutecnica de alongamento do peitoral maior28
Figura 3 Anatomia e teacutecnica de alongamento do escaleno28
Figura 4 Anatomia e a teacutecnica de alongamento do Esternocleidomastoideo29
Figura 5 Anatomia e a teacutecnica de alongamento do Trapeacutezio Superior30
Figura 6 Anatomia e a teacutecnica de alongamento do peitoral menor30
Figura 7 Anatomia e a teacutecnica de alongamento do Serraacutetil Anterior e
Intercostais31
Figura 8 Anatomia e a teacutecnica de alongamento dos muacutesculos
abdominais32
Figura 9 Anatomia e a teacutecnica de alongamento dos flexores do punho33
Figura 10 Anatomia e a teacutecnica de alongamento dos extensores do punho33
xiv
Figura11 Anatomia e a teacutecnica de alongamento dos extensores do
tornozelo34
Figura 12 Anatomia e a teacutecnica de alongamento dos muacutesculos dos flexores do
tornozelo35
Figura13 Imagem tridimensional gerada pelo OEP38
Figura14 Disposiccedilatildeo das 89 esferas reflexivas38
Figura15 Laboratoacuterio do POE com a disposiccedilatildeo das cacircmeras e da bicicleta40
Figura16 Captaccedilatildeo e anaacutelise dos dados do volume toracoabdominal40
Figura17 Paciente realizando a avaliaccedilatildeo com carga no cicloergocircmetro no
POE42
Figura 18 Desenho experimental da avaliaccedilatildeo do OEP42
Figura19 Eletromioacutegrafo da BTS Engeneering44
Figura 20 Fluxograma do estudo49
xv
Figura 21 Efeitos do alongamento muscular respiratoacuterio na mecacircnica
ventilatoacuteria durante o exerciacutecio Os dados foram apresentados em meacutedia e
desvio padratildeo representado pela diferenccedila (Δ) = poacutes- - preacute-intervenccedilatildeo Houve
um aumento estatisticamente significante do volume da CT e do ABD no GT O
exerciacutecio foi realizado com 25 da carga maacutexima predito na equaccedilatildeo de
Jones25 GC= Grupo Controle GT= Grupo Tratado CT= Caixa totaacutecica total
TS= Toacuterax superior TI= Toacuterax inferior ABD= Abdomen = p lt 005 GC vs GT
(teste t natildeo pareado)51
Figura 22 Efeitos do alongamento muscular respiratoacuterio no volume minuto
(VE) durante o exerciacutecio Os dados foram apresentados em meacutedia e desvio
padratildeo representado pela diferenccedila (Δ) = poacutes- - preacute-intervenccedilatildeo Ambas
apresentaram diferenccedilas houve um aumento estatisticamente significante de
4L no volume minuto (VE) no GT em relaccedilatildeo do GC O exerciacutecio foi realizado
com 25 da carga maacutexima predito na equaccedilatildeo de Jones25 GC= Grupo
Controle GT= Grupo Tratado = p lt 005 GC vs GT (teste t natildeo pareado)52
Figura 23 Efeitos do alongamento muscular respiratoacuterio no fluxo expiratoacuterio
(FE) durante o exerciacutecio Os dados foram apresentados em meacutedia e desvio
padratildeo representado pela diferenccedila (Δ) = poacutes- - preacute-intervenccedilatildeo Ambas
apresentaram diferenccedilas houve um aumento estatisticamente significante de
100mL no fluxo expiratoacuterio (FE) no GT em relaccedilatildeo do GC O exerciacutecio foi
realizado com 25 da carga maacutexima predito na equaccedilatildeo de Jones25 GC=
xvi
Grupo Controle GT= Grupo Tratado = p lt 005 GC vs GT (teste t natildeo
pareado)53
Figura 24 Efeitos do alongamento muscular respiratoacuterio na relaccedilatildeo da
contribuiccedilatildeo da caixa toraacutecica e abdocircmen (CTABD) durante o exerciacutecio Os
dados foram apresentados em meacutedia e desvio padratildeo representado pela
diferenccedila (Δ) = poacutes- - preacute-intervenccedilatildeo O exerciacutecio foi realizado com 25 da
carga maacutexima predito na equaccedilatildeo de Jones25 Foi observado a reduccedilatildeo
estatisticamente significante dos valores no GT em relaccedilatildeo do GC da relaccedilatildeo
CTAB que representa o aumento da mobilidade do compartimento abdominal
GC= Grupo Controle GT= Grupo Tratado CT= Participaccedilatildeo da caixa toraacutecica
ABD= Participaccedilatildeo abdominal = p lt 005 GC vs GT (teste t natildeo pareado)54
Figura 25 Efeitos do alongamento muscular respiratoacuterio na atividade
muscular Os dados foram apresentados em meacutedia e desvio padratildeo
representado pela diferenccedila (Δ) = poacutes- - preacute-intervenccedilatildeo Foi constatada uma
diminuiccedilatildeo estatisticamente significante da atividade dos muacutesculos
esternocleidomastoideo e intercostal superior no GT O exerciacutecio foi realizado
com 25 da carga maacutexima predito na equaccedilatildeo de Jones25 GC= Grupo
Controle GT= Grupo Tratado = p lt 005 GC vs GT (teste t natildeo pareado)55
Figura 26 Efeitos do alongamento muscular respiratoacuterio na relaccedilatildeo entre a
atividade muscular e o volume corrente (EMGVt) Os dados foram
apresentados em meacutedia e desvio padratildeo representado pela diferenccedila (Δ) =
xvii
poacutes- - preacute-intervenccedilatildeo Observou-se uma diminuiccedilatildeo estatisticamente
significante da EMGVt no GT O exerciacutecio foi realizado com 25 da carga
maacutexima predito na equaccedilatildeo de Jones25 GC= Grupo Controle GT= Grupo
Tratado = p lt 005 GC vs GT (teste t natildeo pareado) 56
Figura 27 Efeitos do alongamento muscular respiratoacuterio na escala de BORG
Os dados foram apresentados Os dados foram apresentados em meacutedia e
desvio padratildeo representado pela diferenccedila (Δ) = poacutes- - preacute-intervenccedilatildeo Apoacutes
o tratamento ambos apresentaram diminuiccedilatildeo da dispneia mas somente no GT
houve uma diminuiccedilatildeo na comparaccedilatildeo com o GC e com seus dados iniciais no
preacute exerciacutecio O exerciacutecio foi realizado com 25 da carga maacutexima predito na
equaccedilatildeo de Jones25 GC= Grupo Controle GT= Grupo Tratado BORG= Escala
de dispneia TC6= Teste de caminhada dos 6 minutos = p lt 005 preacute vs poacutes
intervenccedilatildeo +=plt005 GC vs GC) (teste t natildeo pareado)57
Figura 28 Os dados apresentados em (Δ) representam (poacutes intervenccedilatildeo ndash preacute
intervenccedilatildeo) No teste de caminhada dos 6 minutos (TC6) foi observada uma
diferenccedila clinicamente significante do TC6 no GT que obteve um aumento
meacutedio de 2514m e o GC de 65m O exerciacutecio foi realizado com 25 da carga
maacutexima predito na equaccedilatildeo de Jones25 GC= Grupo Controle GT= Grupo
Tratado TC6= Teste de caminhada dos 6 minutos ( =diferenccedila clinicamente
significante)58
xviii
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 Caracterizaccedilatildeo amostral basal dos pacientes do estudo50
xix
RESUMO
Efeitos do alongamento da musculatura respiratoacuteria pelas teacutecnicas de
alongamento passivo e contraccedilatildeo-relaxamento na mecacircnica ventilatoacuteria e
na capacidade funcional de pacientes com doenccedila pulmonar obstrutiva
crocircnica
Os pacientes com doenccedila pulmonar obstrutiva crocircnica (DPOC) devido agrave
obstruccedilatildeo brocircnquica e reduccedilatildeo da retraccedilatildeo elaacutestica pulmonar apresentam o
aumento do recrutamento da musculatura respiratoacuteria predispondo agrave
incoordenaccedilatildeo toracoabdominal aumentando o trabalho respiratoacuterio
provocando fadiga e dispneacuteia O alongamento dos muacutesculos respiratoacuterios
(AMR) poderia diminuir a atividade muscular melhorar a sua capacidade
contraacutetil e a mobilidade da caixa toraacutecica otimizando a ventilaccedilatildeo pulmonar
entretanto estes efeitos nos muacutesculos respiratoacuterios permanecem
desconhecidos Objetivo Avaliar os efeitos da adiccedilatildeo do AMR associados agrave
reabilitaccedilatildeo pulmonar na mecacircnica ventilatoacuteria na capacidade funcional e na
atividade muscular em pacientes com DPOC Meacutetodo Estudo randomizado e
controlado incluiu 30 pacientes com DPOC que foram distribuiacutedos
aleatoriamente para os grupos tratado (GT n = 15) e controle (GC n = 15)
Todos os pacientes foram submetidos a 24 sessotildees de treinamento aeroacutebico
duas vezes por semana Aleacutem disso o GT recebeu AMR e o GC recebeu o
alongamento dos membros superiores e inferiores antes dos exerciacutecios
aeroacutebicos Foram avaliados teste da capacidade funcional (teste de caminhada
xx
de 6 minutos TC6) mecacircnica toracoabdominal (pletismografia optoeletrocircnica
POE) e atividade muscular respiratoacuteria (eletromiografia de superfiacutecie EMG)
durante o exerciacutecio Os dados representam a variaccedilatildeo (Δ)=poacutes- - preacute-
avaliaccedilatildeo foi utilizado o teste t para comparar os grupos e o niacutevel de
significacircncia foi fixado em 5 Resultados O GT apresentou o aumento da
capacidade funcional (2514m +) com a reduccedilatildeo da sensaccedilatildeo de dispneia apoacutes
o TC6 (plt001) quando comparado ao GC Provavelmente estaacute relacionado
com a melhora do volume da caixa toraacutecica (plt001) capacidade ventilatoacuteria
(plt001) com o aumento do volume e da contribuiccedilatildeo do compartimento
abdominal (plt001) Observamos tambeacutem no GT a reduccedilatildeo da atividade
muscular (p lt001) com maior eficiecircncia ventilatoacuteria (plt0006) Conclusatildeo
Nossos resultados sugerem que a adiccedilatildeo do AMR no treinamento aeroacutebio
aumenta a capacidade funcional com diminuiccedilatildeo da dispneia melhora a
eficaacutecia da contraccedilatildeo muscular e da capacidade ventilatoacuteria devido agrave maior
participaccedilatildeo do compartimento abdominal em pacientes com DPOC
Descritores DPOC Muacutesculos Respiratoacuterios Alongamento Muscular
Mecacircnica Respiratoacuteria Plestimografia Dispneia Eletromiografia
xxi
SUMMARY
Effects of respiratory muscle stretching with passive and hold-relax
techniques on ventilatory mechanics and functional capacity in patients
with chronic obstructive pulmonary disease
Chronic obstructive pulmonary disease (COPD) patients due to bronchial
obstruction and reduced lung elastic recoil present increased in the recruitment
of respiratory muscles predisposing an thoracoabdominal incoordination major
breathing work causing fatigue and dyspnea The respiratory muscles
stretching (RMS) could decrease the muscle activity and improve their
contractile capacity chest wall mobility and optimize the pulmonary ventilation
however this effect remains unknown Objective To evaluate the effects of
adding the RMS associated with pulmonary rehabilitation in ventilatory
mechanics functional capacity and muscle activity in patients with COPD
Method Randomized and controlled trial enrolled 30 COPD patients who were
randomly allocated into treatment (TG n = 15) and control (CG n = 15) groups
All patients underwent 24 sessions of aerobic training twice a week In Addition
TG received RMS and CG received upper and lower limb stretching before
aerobic exercises Were evaluated functional capacity (6-minute walking
distance test 6MWDT) thoracoabdominal mechanics (optoelectronic
plethysmography OEP) and respiratory muscle activity (surface
electromyography EMG) during exercise The data represents the change (Δ) =
post- - pre-evaluation a t-test was used to compare the groups and the
xxii
significance level was set at 5 Results TG showed improvement in the
functional capacity (2514m +) with decrease of the dyspnea sensation after the
6MWDT (plt001) compared with CG Probably is related with increased of
chest wall volume (plt001) ventilatory capacity (plt001) volume and the
contribution of the abdominal compartment (plt001) We also observed in the
TG a reduction of respiratory muscle activity (plt001) and the ratio between
volume displaced (plt0006) Conclusion Our results suggest that the addition
of RMS to aerobic training increases the functional capacity with dyspnea
reduction improvement of efficacy of respiratory muscle contraction and
ventilatory capacity due to higher participation of the abdominal compartment in
patients with COPD
Descriptors COPD Respiratory Muscles Muscular Stretching Respiratory
Mechanics Plethysmography Dyspnea Electromyography
1 INTRODUCcedilAtildeO
2
11 Definiccedilatildeo e Incidecircncias
A doenccedila pulmonar obstrutiva crocircnica (DPOC) eacute definida como uma
patologia pulmonar previsiacutevel e trataacutevel caracterizada pela limitaccedilatildeo
persistente do fluxo aeacutereo aprisionamento aeacutereo e hiperinsuflaccedilatildeo com caraacuteter
de limitaccedilatildeo progressiva associados ao aumento da resposta inflamatoacuteria das
vias aeacutereas e dos pulmotildees decorrente da exposiccedilatildeo aos gases e partiacuteculas
nocivas (GOLD 2013) Os processos inflamatoacuterios causam alteraccedilotildees
brocircnquicas e destruiccedilatildeo do parecircnquima pulmonar que podem variar de
indiviacuteduo para indiviacuteduo resultando no decreacutescimo da elasticidade tecidual
pulmonar e diminuiccedilatildeo da capacidade ventilatoacuteria (Celli et al 2004 Laizo
2009)
A bronquite crocircnica e o enfisema pulmonar satildeo responsaacuteveis pela
denominaccedilatildeo da DPOC decorrente habitualmente do tabagismo embora
outras formas possam estar envolvidas em sua patogecircnese tal como a
deficiecircncia de micro1-antitripsina (Wood et al 2008) O enfisema pulmonar eacute
definido pelo aumento anormal e permanente dos espaccedilos aeacutereos distais do
bronquiacuteolo terminal acompanhado pela destruiccedilatildeo do parecircnquima pulmonar
Na ausecircncia de uma fibrose evidente o principal distuacuterbio funcional do enfisema
eacute a perda da retraccedilatildeo elaacutestica tecidual associada ao colabamento das vias
aeacutereas (Fabbri et al 2008) A bronquite crocircnica eacute definida clinicamente pela
presenccedila de tosse crocircnica com produccedilatildeo de secreccedilatildeo por vaacuterios dias da
semana por 3 meses em um ano por mais de 2 anos consecutivos Apresentam
3
edema e inflamaccedilatildeo da mucosa brocircnquica associada ao aumento do nuacutemero e
do tamanho das glacircndulas secretoras de muco e remodelaccedilatildeo estrutural
recorrente da parede dos brocircnquios (Figuero et al 2005) Evidenciam-se em
ambas a diminuiccedilatildeo da luz brocircnquica e limitaccedilatildeo da mobilidade da caixa
toraacutecica com diminuiccedilatildeo da capacidade respiratoacuteria caracterizando um
distuacuterbio ventilatoacuterio obstrutivo com aprisionamento aeacutereo geralmente grave e
irreversiacutevel (Colom et al 2006)
No Brasil a DPOC ocupa a 5ordf posiccedilatildeo entre as principais causas de
morte liacuteder em mortalidade entre as doenccedilas respiratoacuterias onde 290 mil
pacientes satildeo internados anualmente gerando um gasto importante ao sistema
de sauacutede do paiacutes Os dados de prevalecircncia obtidos ateacute o momento atraveacutes dos
questionaacuterios sintomatoloacutegicos permitiram estimar a DPOC em adultos maiores
de 40 anos em 12 dessa populaccedilatildeo ou seja 5500000 indiviacuteduos Tatildeo
importante quanto os gastos diretos satildeo os indiretos como os dias de trabalho
perdidos e aposentadoria precoce (II Consenso Brasileiro de DPOC 2004)
Associaccedilatildeo Latino-Americana de Toacuterax (ALAT) constituiacuteda pelo Brasil
Venezuela Meacutexico Uruguai e Chile desenvolveram um estudo chamado
PLATINO em 2006 com colaboraccedilatildeo da Burden of Obstructive Lung Disease
Se considerarmos os dados preliminares a prevalecircncia da DPOC varia de 6 a
158 da populaccedilatildeo brasileira com idade igual ou superior a 40 anos que
equivale a 2800000 a 6900000 indiviacuteduos dados estes que corroboram com
o Consenso Brasileiro de DPOC
4
O nuacutemero de oacutebitos tecircm aumentado nos uacuteltimos 20 anos em ambos os
sexos a taxa de mortalidade passou de 788 por 100000 habitantes na deacutecada
de 80 para 1904 por 100000 habitantes na deacutecada de 90 com um
crescimento de 230 (Laizo 2009) Segundo dados do DATASUS a DPOC
gerou no ano de 2010 no Sistema Nacional de Sauacutede Puacuteblica 141994
hospitalizaccedilotildees que levaram a 778428 dias de internaccedilatildeo O custo total dessas
internaccedilotildees foi de R$ 9243441551 e 7937 mortes diretamente relacionadas
com a DPOC Estima-se que ateacute 2025 75 das mortes prematuras
respiratoacuterias seratildeo provocadas pelo tabagismo (De Godoy et al 2007)
12 Fisiopatologia
A obstruccedilatildeo brocircnquica e a diminuiccedilatildeo do recolhimento elaacutestico
desencadeados pela doenccedila alteram a mecacircnica pulmonar que desloca o
ponto de igual pressatildeo das vias aeacutereas favorecendo o aprisionamento de ar
desencadeando a hiperinsuflaccedilatildeo e a diminuiccedilatildeo da capacidade respiratoacuteria
aos grandes esforccedilos subsequentemente ao repouso (Senol et al 2006
Fabbri et al 2008) A configuraccedilatildeo alterada da caixa toraacutecica deslocam os
muacutesculos respiratoacuterios (De Troyer 1997) inclusive o diafragma para uma
posiccedilatildeo de encurtamento e desvantagem mecacircnica prejudicando
gradativamente a mobilidade toracoabdominal levando ao aumento do trabalho
5
respiratoacuterio limitaccedilatildeo da ventilaccedilatildeo pulmonar e agravamento a sensaccedilatildeo de
dispneia (Yamaguti et al 2012 OacuteKroy et al 2000)
A limitaccedilatildeo do fluxo ventilatoacuterio faz com que a capacidade residual
funcional (CRF) se desloque em direccedilatildeo da capacidade pulmonar total (CPT)
A forccedila dos muacutesculos inspiratoacuterios eacute exigida para o aumento do volume mas a
contraccedilatildeo muscular eacute eficaz somente em esforccedilos leves e moderados A maior
demanda ventilatoacuteria obriga a CRF se deslocar ainda mais em direccedilatildeo agrave CPT e
a forccedila inspiratoacuteria natildeo tem capacidade de gerar o ganho volumeacutetrico
agravando a dispneia o que leva a interrupccedilatildeo do exerciacutecio (Calverley 2006)
A DPOC natildeo eacute somente uma doenccedila respiratoacuteria e sim sistecircmica a
hiperinsuflaccedilatildeo pulmonar afeta o sistema cardiovascular pois a alteraccedilatildeo da
pressatildeo intratoraacutecica reduz o enchimento cardiacuteaco e consequentemente o
deacutebito cardiacuteaco (Stark-leyva et al 2004) As disfunccedilotildees oacutesseas satildeo
decorrentes principalmente da inatividade fiacutesica do uso de corticoacuteesteroacuteides e
pela desnutriccedilatildeo (Ferguson et al 2009) assim como as neuropatias perifeacutericas
incluindo do nervo frecircnico ocasionando a depressatildeo da excitabilidade e da
conduccedilatildeo neural (Jann et al 1998) A hipoxemia possivelmente seja
responsaacutevel pelas alteraccedilotildees cognitivas que compromete a memoacuteria verbal e a
compreensatildeo (Dodd et al 2010) em contrapartida a depressatildeo e a ansiedade
satildeo associados principalmente agrave sensaccedilatildeo de desconforto respiratoacuterio e agrave
limitaccedilatildeo da atividade de vida diaacuteria (Wagena 2005) O refluxo gastroesofaacutegico
eacute outra alteraccedilatildeo que provavelmente seja decorrente da diminuiccedilatildeo da
capacidade contraacutetil muscular diafragmaacutetica pois com a sua horizontalizaccedilatildeo
6
perde-se a eficiecircncia contraacutetil e reduz da pressatildeo do esfiacutencter gastroesofaacutegico
(Hurst et al 2008 Boutou et al 2011) Dentre as alteraccedilotildees sistecircmicas da
DPOC o sistema muacutesculo-esqueleacutetico eacute um dos mais afetados e estaacute
relacionado com o agravamento da patologia e ao aumento do iacutendice de
mortalidade devido ao descondicionamento fiacutesico (Dourado et al 2006
Swallow et al 2007 Dodd et al 2012)
13 Sistema muacutesculo-esqueleacutetico
O sistema muacutesculo-esqueleacutetico eacute afetado pela inflamaccedilatildeo crocircnica
sistecircmica da DPOC processo que induz a liberaccedilatildeo de mediadores quiacutemicos
inflamatoacuterios acelerando a degradaccedilatildeo proteica e aumentando o estresse
oxidativo muscular (Andreassen e Vestbo 2003 Macintyre 2006) O transporte
de oxigecircnio para o citoplasma celular dos muacutesculos fica comprometido esse
oxigecircnio fica inutilizado por natildeo conseguir chegar de forma eficiente nas
mitococircndrias (Shrikrishna 2009 Barreiro 2013) As alteraccedilotildees metaboacutelicas
enzimaacuteticas e hormonais anaboacutelicas quando associadas agrave diminuiccedilatildeo dos
capilares sanguiacuteneos provocam a reduccedilatildeo das fibras musculares do tipo I e II
(Ries et al 2007 Strasser et al 2013) Devido a estes fatores todos os
muacutesculos inclusive os respiratoacuterios trabalham de forma anaeroacutebica ao miacutenimo
esforccedilo acumulando lactato ocasionando a fadiga precoce ao exerciacutecio e ao
descondicionamento sistecircmico (Wagena 2005 Hostettler et al 2011)
7
14 Diagnoacutestico e Sintomas
Para o diagnoacutestico eacute utilizado principalmente a espirometria por que a
obtenccedilatildeo da curva expiratoacuteria volume-tempo eacute obrigatoacuteria na suspeita cliacutenica
de DPOC devendo ser realizada antes e apoacutes administraccedilatildeo de
broncodilatador na fase estaacutevel da doenccedila A espirometria permite a avaliaccedilatildeo
de uma multiplicidade de paracircmetros poreacutem os mais importantes do ponto de
vista de aplicaccedilatildeo cliacutenica satildeo a CVF (capacidade vital forccedilada) o VEF1 (volume
expiratoacuterio forccedilado no primeiro segundo) e a relaccedilatildeo sua relaccedilatildeo (VEF1CVF)
A existecircncia da limitaccedilatildeo do fluxo aeacutereo eacute definida pela presenccedila da relaccedilatildeo
VEF1CVF abaixo de 070 poacutes-broncodilatador e pelos dados de VEF1 ge 80
do predito (leve) ge 50 e lt 80 do predito (moderado) e ge 30 e lt 50 do
predito (grave) (GOLD 2013)
A DPOC apresenta tambeacutem o aumento do volume residual (VR) da
capacidade pulmonar total (CPT) e da capacidade residual funcional (CRF)
(Camargo et al 2008) Deve-se solicitar o exame radioloacutegico de forma rotineira
nas posiccedilotildees poacutestero-anterior e perfil mas dificilmente seraacute utilizado para o
diagnoacutestico da doenccedila e sim para descartar outras patologias como a
neoplasias bolhas e para acompanhar o prognoacutestico da doenccedila (II Consenso
Brasileiro sobre Doenccedila Pulmonar Obstrutiva Crocircnica 2004)
A presenccedila de sintomas respiratoacuterios crocircnicos no paciente com haacutebito
tabaacutegico (cigarro cigarrilha cachimbo charuto) deve levar a suspeita cliacutenica da
8
DPOC O tabagismo eacute considerado um problema de sauacutede puacuteblica e satildeo
atribuiacutedos a esse viacutecio 90 dos casos de cancro no pulmatildeo 86 de bronquite
e enfisema 25 dos processos isquecircmicos do coraccedilatildeo e 30 dos cancros
extrapulmonares (Laizo 2009) A tosse o chiado e a dispneia estatildeo
frequentemente presentes tendo sido relatado em 83 dos casos (Nishimura
et al 2002 Laveneziana et al 2011)
A dispneia eacute o sintoma mais importante dos pacientes com DPOC
Montaldo et al (2000) acreditam que os estiacutemulos aferentes provenientes das
tensotildees do sistema muacutesculo-esqueleacutetico da regiatildeo toracoabdominal apoacutes
serem processados nos centros respiratoacuterios aumentam a percepccedilatildeo da
dispneia (Breslin et al 1998) Outro fator satildeo os estiacutemulos dos quimioceptores
sensiacuteveis agraves variaccedilotildees de PaCO2 e agraves alteraccedilotildees dos mecanoceptores
articulares e musculares da caixa toraacutecica (Burki e Lee 2010) Classicamente
o instrumento mais utilizado para avaliaccedilatildeo da dispneia eacute a escala modificada
de Borg (1982) a sensaccedilatildeo de falta de ar estaacute associada com a incapacidade
fiacutesica piora da qualidade de vida e do prognoacutestico cliacutenico Os pacientes
normalmente referem os sintomas em uma fase mais avanccedilada da doenccedila e
frequentemente relaciona a limitaccedilatildeo das atividades ao descondicionamento
muscular perifeacuterico (Castro et al 2012)
Szczegielniak et al (2011) demonstraram que os exerciacutecios aeroacutebicos
reduzem os niacuteveis inflamatoacuterios caracteriacutesticos da DPOC e melhora o
condicionamento fiacutesico permitindo a melhora das atividades diaacuterias Por esta
9
razatildeo cada vez mais a reabilitaccedilatildeo pulmonar vem adquirindo mais importacircncia
no acircmbito cientiacutefico
15 Reabilitaccedilatildeo pulmonar
A reabilitaccedilatildeo pulmonar (RP) eacute um programa baseado em evidecircncias
constituiacutedo pelo treinamento aeroacutebico e resistido associado aos programas
educacionais intervenccedilotildees nutricionais e suporte psicoloacutegico para os pacientes
com DPOC O objetivo eacute otimizar a performance fiacutesica funcional social
psicoloacutegica e autonocircmica dos pacientes Eacute realizada por uma equipe
multidisciplinar composta por meacutedicos fisioterapeutas enfermeiros
nutricionistas psicoacutelogos terapeutas ocupacionais e assistentes sociais (ATS
2013) Eacute capaz de auxiliar na atenuaccedilatildeo das limitaccedilotildees do sistema
musculoesqueleacutetico por isso melhora a qualidade de vida e garante o maacuteximo
da sua independecircncia e funcionalidade em seu meio (Carrieri-Kohlman et al
2005 Garcia-Aymerich et al 2006 Ries et al 2007)
O treinamento aeroacutebico realizado em bicicleta ou esteira ergomeacutetrica eacute o
principal componente da RP conforme observados em alguns estudos ele
promove o aumento do tamanho das fibras do tipo I e na quantidade de
capilares musculares em DPOC (Montes de Oca et al 2005) A intensidade
pode ser ajustada pela frequecircncia cardiacuteaca ou pelo teste de caminhada
(Figueiredo e Guimaratildees 2009) sendo necessaacuterio no miacutenimo 10 semanas de
10
intervenccedilatildeo com 2 sessotildees semanais (Rossi et al 2005) Mas os indiviacuteduos
apresentam respostas diferentes quando submetidos agrave RP sobretudo nos
fatores que limitam o exerciacutecio fiacutesico Plankell et al (2005) realizaram um
estudo e constataram que pacientes soacute apresentam um bom condicionamento
cardiorrespiratoacuterio quando realizava exerciacutecios aeroacutebicos de alta intensidade
A RP tem sido reconhecida nos uacuteltimos anos como parte fundamental do
tratamento da DPOC pois oferece inuacutemeros estudos com resultados positivos
para os pacientes Dentre eles a melhora da toleracircncia ao exerciacutecio (Yoshimi
et al 2012) reduccedilatildeo da demanda ventilatoacuteria em esforccedilo submaacuteximo melhora
da eficiecircncia do trabalho diminuiccedilatildeo da dispneia e melhora da atividade de
vida diaacuteria (Godoy et al 2009) Apesar dos benefiacutecios nos pacientes com
DPOC ateacute o presente momento nenhum exerciacutecio conseguiu atuar
eficientemente na mecacircnica ventilatoacuteria (Georgiadou et al 2007) Por esta
razatildeo alguns estudos buscaram outras alternativas para interferir diretamente
nos muacutesculos respiratoacuterios com o objetivo de potencializar os efeitos positivos
jaacute demonstrados pela RP
16 Muacutesculos respiratoacuterios
O diafragma eacute o principal muacutesculo respiratoacuterio durante a inspiraccedilatildeo
realiza a contraccedilatildeo das cuacutepulas diafragmaacuteticas que descendem e gera um
aumento da pressatildeo intra-abdominal que serve de sustentaccedilatildeo para a
11
expansatildeo da caixa toraacutecica potencializada pela associaccedilatildeo da contraccedilatildeo dos
muacutesculos respiratoacuterios (Man et al 2012) Tem sido demonstrado na literatura
encurtamento em torno de 28 a 40 do diafragma na DPOC fato este que
compromete a mobilidade e funcionalidade toracoabdominal com repercussatildeo
na capacidade ventilatoacuteria e na tensatildeo dos muacutesculos da caixa toraacutecica de
forma de compensatoacuteria a diminuiccedilatildeo da contraccedilatildeo diafragmaacutetica (Iwasawa et
al 2002 Vilaroacute et al 2010)
Os principais muacutesculos acessoacuterios respiratoacuterios satildeo o peitoral menor
escalenos esternocleidomastoacuteideo intercostais e abdominais avaliados pela
eletromiografia (Gandevia et al 2006 Duiverman et al 2004) eles participam
na fase inspiratoacuteria favorecendo a expansatildeo da caixa toraacutecica pela traccedilatildeo
costal (De Troyer et al 1994 Taylor et al 1990) Durante a inspiraccedilatildeo forccedilada
outros muacutesculos satildeo solicitados como o peitoral maior e o trapeacutezio (Putt et al
2008) Estudos mais recentes tecircm demonstrado que a atividade muscular do
esternocleidomastoacuterideo intercostais peitoral menor latiacutessimo do dorso e dos
escalenos tanto em condiccedilotildees de repouso quanto no exerciacutecio satildeo maiores em
pacientes com DPOC quando comparada aos indiviacuteduos sadios (Donaldson et
al 2012) Os muacutesculos abdominais desempenham um papel importante no
mecanismo expiratoacuterio e a sua contraccedilatildeo estaacute associada a outras musculaturas
expiratoacuterias que potencializam no mecanismo de depressatildeo costal para a saiacuteda
de ar (Georgiadou et al 2007)
Na DPOC os muacutesculos respiratoacuterios sustentam a contraccedilatildeo para
aumentar expansatildeo da caixa toraacutecica com o objetivo de incrementar o fluxo
12
ventilatoacuterio Essa diminuiccedilatildeo do comprimento das fibras musculares prejudica a
eficiecircncia da forccedila contraacutetil maacutexima pois perde a sobreposiccedilatildeo fisioloacutegica ideal
entre os filamentos de actina e miosina (Izumizaki et al 2008 Ito 1999)
aumentando o gasto energeacutetico e a fadiga durante os exerciacutecios fiacutesicos
(Kokkonen et al 2007 Gea et al 2013) Essas alteraccedilotildees de comprimento e
tensatildeo do sistema musculo-esqueleacutetico da regiatildeo toracoabdominal geram a
estimulaccedilatildeo mecanoceptoras locais (fusos musculares e os receptores
articulares) que alteram os estiacutemulos neuroloacutegicos aos centros motores e
respiratoacuterios (Montaldo et al 2000) Estes centros por sua vez desencadeiam
a mudanccedila da taxa de disparo do nervo frecircnico que controla a cadecircncia e a
frequecircncia da contraccedilatildeo diafragmaacutetica (Burki e Lee 2010)
A partir destes conceitos preacutevios da relaccedilatildeo entre a mobilidade e as
alteraccedilotildees sintomatoloacutegicas da patologia pulmonar estudos de intervenccedilatildeo nos
muacutesculos respiratoacuterios ganharam importacircncia cientiacutefica (ATS 2013) A teacutecnica
de alongamento muscular foi escolhida pela maioria pois veio de encontro aos
conceitos do aumento da mobilidade tecidual perdida na DPOC A maioria dos
trabalhos tiveram como objetivo principal aumentar a viscoelasticidade
muscular para gerar acomodaccedilatildeo dos mecanoceptores da caixa toraacutecica
sendo assim regularia os centros respiratoacuterios e consequentemente
melhoraria o trabalho respiratoacuterio com reduccedilatildeo dos sintomas (Manning e
Schwartzstein 1995 Montaldo et al 2000)
13
17 Alongamento Muscular
Bonnar et al (2004) consideram que o alongamento busca aumentar o
espaccedilo entre os filamentos de actina e miosina com o objetivo de devolver a
sobreposiccedilatildeo fisioloacutegica ideal da actina e miosina para potencializar a
capacidade contraacutetil muscular (Shrier 2004 Izumizaki et al 2008) O
alongamento pode regular o mecanismo contraacutetil a partir do equiliacutebrio do caacutelcio
citoplasmaacutetico pela ativaccedilatildeo do retiacuteculo sarcoplasmaacutetico (Nakamura et al
2012) aleacutem de promover a diminuiccedilatildeo da tensatildeo tecidual pela remodelaccedilatildeo
dos fibroblastos (Riley e Van Dyke 2012) Kokonnen (2007) constataram que o
tambeacutem diminui o torque muscular sem alteraccedilatildeo significante da amplitude
articular de forma aguda mas quando realizado de forma regular os muacutesculos
apresentaram uma melhora na velocidade de contraccedilatildeo forccedila e endurance
muscular aleacutem de melhorar a amplitude de movimento
No iniacutecio do seacuteculo 20 Sherrington definiu os primeiros conceitos da
facilitaccedilatildeo e inibiccedilatildeo autogecircnica a partir destes fundamentos foram
desenvolvidas diversas teacutecnicas de alongamento muscular A inibiccedilatildeo
autogecircnica eacute um dos principais mecanismos neurofisioloacutegicos do alongamento
que consiste na reduccedilatildeo da excitabilidade motora a partir de uma contraccedilatildeo ou
alongamento muscular (Bonnar et al 2004) Esse efeito eacute atribuiacutedo
primeiramente pelos fusos neuromusculares que desencadeiam respostas
musculares particulares para cada tipo de estiacutemulo Isto eacute agudamente o
alongamento causa a estimulaccedilatildeo intensa e abrupta dos nervos sensitivos que
14
desencadeia uma resposta medular eferente motora das fibras extra-fusais
gerando a aumento da atividade muscular e contraccedilatildeo intensa com restriccedilatildeo
da mobilidade tecidual (Morse et al 2008 Mukherjee et al 2010 McHugh et
al 2010) Para a intervenccedilatildeo crocircnica onde satildeo realizadas diversas sessotildees
de alongamentos existe uma remodelaccedilatildeo maior das propriedades
viscoelaacutesticas (tixotroacutepicas) do tecido conjuntivo que envolve as fibras
musculares com isso a limiar excitatoacuterio do fuso neuromuscular diminui e o
estiacutemulo contraacutetil tensional eferente tambeacutem (Taylor et al 1990 Izumizaki et
al 2006)
O mecanismo contraacuterio ao fuso neuromuscular satildeo as estimulaccedilotildees dos
receptores musculotendineos chamados de oacutergatildeos tendinosos de Golgi (OTG)
A partir da tensatildeo em estiramento do alongamento na regiatildeo miotendiacutenea
desencadeia um potencial de accedilatildeo sensitivo do OTG que inibe a atividade
muscular via nervos eferentes motores A intensidade desse mecanismo
inibitoacuterio estaacute relacionado com o tamanho da superfiacutecie tendiacutenea e com a
quantidade de tensatildeo exercida sobre ela Acreditava-se que somente em
tensatildeo abruptas ou grande intensidade estimularia o OTG ou seja que
atuaria somente em situaccedilotildees de grande estresse tecidual Mas os uacuteltimos
estudos apontam que o OTG aleacutem de atuar em situaccedilotildees de sobrecarga a sua
accedilatildeo eacute constante com o objetivo de inibir o mecanismo contraacutetil voluntaacuterio e
protetor do fuso neuromuscular (Mukherjee e Chakravarty 2012) Com o ganho
da viscoelasticidade do tecido conjuntivo ele tambeacutem causa acomodaccedilatildeo do
OTG assim como nos fusos e isso pode acarretar na alteraccedilatildeo da accedilatildeo
inibitoacuteria pois o limiar de disparo pela tensatildeo pode diminuir ou aumentar
15
dependendo da anatomia musculotendiacutenea do muacutesculo tratado (Hindle et al
2012)
Para obter uma resposta positiva do alongamento eacute recomendado
realizaacute-lo sustentando por no miacutenimo 30 segundos duas vezes por semana por
6 semanas (Reid e Mcnair 2004 Decicco e Fisher 2005 Magnusson et al
1996) Dentre as diversas teacutecnicas a contraccedilatildeo-relaxamento apresenta a maior
eficaacutecia no ganho da excursatildeo muscular a teacutecnica se baseia na associaccedilatildeo do
alongamento passivo intercaladas com contraccedilatildeo isomeacutetricas (Holcomb 2000)
Alguns estudos tecircm verificado os efeitos do alongamento dos muacutesculos
respiratoacuterios em pacientes com DPOC O primeiro trabalho de maior relevacircncia
foi de Ito et al (1999) eles observaram a melhora da funccedilatildeo pulmonar e da
dispneia em 16 sujeitos com DPOC que receberam o alongamento quando
comparados ao grupo que realizaram exerciacutecios diafragmaacuteticos assim como
Minoguchi et al (2002) com o diferencial que eles realizaram a intervenccedilatildeo
crocircnica (1 mecircs) em 12 pacientes Contrariando estes resultados Izumizaki et al
(2006 e 2008) realizaram o protocolo de intervenccedilatildeo aguda de alongamento
muscular da caixa toraacutecica com 10 e 14 pacientes respectivamente e
constataram uma diminuiccedilatildeo da funccedilatildeo pulmonar e sem alteraccedilatildeo da dispneia
Outros trabalhos com o mesmo conceito de intervenccedilatildeo constataram o
aumento da mobilidade toracoabdominal avaliados pela cirtometria associados
agrave melhora da capacidade funcional (Paulin et al 2005 Luularungrayub et al
2009) Mas os trabalhos de Noll et al (2008 e 2009) de intervenccedilatildeo crocircnica e
aguda respectivamente apoacutes o mesmo protocolo de tratamento muscular
16
demonstraram piora da mobilidade e da capacidade funcional Atualmente soacute
existe um estudo na literatura de Cunha et al (2005) que avaliaram a
atividade muscular respiratoacuteria com eletromiografia de superfiacutecie apoacutes a
intervenccedilatildeo nos pacientes com DPOC e apresentou melhoras nos paracircmetros
avaliados
Devido aos dados contraditoacuterios dos efeitos do alongamento dos
muacutesculos da caixa toraacutecica presente na literatura Heneghan et al (2012)
concluiacuteram em sua revisatildeo sistemaacutetica que atualmente natildeo existem evidecircncias
que suportem os benefiacutecios deste tipo de intervenccedilatildeo em pacientes com DPOC
Apesar da importacircncia que os estudos preacutevios representaram para a
comunidade cientiacutefica eles apresentaram limitaccedilotildees metodoloacutegicas
importantes pois poucos satildeo os estudos controlados e aleatorizados e tambeacutem
a aleatorizaccedilatildeo dos pacientes raramente satildeo descritas Outro ponto importante
a ser destacado eacute o fato de realizarem a intervenccedilatildeo com avaliaccedilatildeo aguda
estudos recentes demonstraram que muacutesculo se comporta diferente quando
comparado com a intervenccedilatildeo crocircnica Aleacutem disso os trabalhos utilizaram
ferramentas de avaliaccedilatildeo da mobilidade toracoabdominal de pouca acuraacutecia
como a cirtometria e atualmente com os avanccedilos tecnoloacutegicos existem
sistemas mais avanccedilados como o pletismoacutegrafo optoeletocircnico (POE) para a
avaliaccedilatildeo da mecacircnica ventilatoacuteria (Aliverti et al 2000)
17
18 Meacutetodos para a anaacutelise da mecacircnica ventilatoacuteria
A avaliaccedilatildeo dos padrotildees respiratoacuterios eacute importante para a melhor
compreensatildeo da mecacircnica respiratoacuteria visando o desenvolvimento e a melhor
compreensatildeo dos tratamentos fisioterapecircuticos aleacutem de contribuir para as
pesquisas cientiacuteficas (Parreira et al 2012) Existem alguns meacutetodos validados
que quantifica a mobilidade toracoabdominal como a pletismografia por
indutacircncia (Respitrace) eacute um aparelho composto por faixas elaacutesticas sensiacuteveis
agrave tensatildeo e compressatildeo posicionadas ao redor da caixa toraacutecia e abdominal
Elas satildeo conectadas a um moacutedulo oscilador e uma unidade de calibraccedilatildeo os
dados do movimento das faixas satildeo coletados e atraveacutes de um software
analisados em tempo real as variaacuteveis da mecacircnica ventilatoacuteria (Gosselink et
al 1995 Costa et al 2011 Fernandes et al 2011)
Para a avaliaccedilatildeo da expansibilidade os estudos ainda utilizam a
cirtometria que atraveacutes de uma fita meacutetrica mensura-se o diacircmetro da regiatildeo
axilar xifoide e abdominal durante a inspiraccedilatildeo e expiraccedilatildeo maacutexima Satildeo
quantificados a excursatildeo em centiacutemetros atualmente natildeo eacute considerado um
exame fidedigno devido agrave analise subjetiva dos paracircmetros avaliados (Rondelli
et al 2009)
Com o avanccedilo tecnoloacutegico foi desenvolvido o Pletismoacutegrafo
Optoeletrocircnico (POE) Seu funcionamento baseia-se na anaacutelise do movimento
detectado a partir de marcadores compostos por esferas reflexivas de 6 a 10
miliacutemetros (Dellacagraversquo et al 2010) posicionados na regiatildeo anterior e posterior da
superfiacutecie toracoabdominal (Romagnoli et al 2008 Bianchi et al 2007) O
18
deslocamento das esferas satildeo captadas atraveacutes de cacircmeras especiais que
possuem diodos axiais que emitem feixes luzes infravermelho que eacute refletido
por cada marcador Apoacutes o sinal ser processado satildeo identificados o
posicionamento das esferas na superfiacutecie a partir do cruzamento das
informaccedilotildees de cada cacircmera bidimensional os dados satildeo transformados em
coordenadas tridimensionais (Boudarham et al 2013)
O POE possui algumas vantagens dentre elas eacute um meacutetodo natildeo
invasivo natildeo necessita de clipe nasal maacutescaras ou qualquer similar de
calibraccedilatildeo simples e as avaliaccedilotildees podem ser realizadas em vaacuterias posturas
(Alliverti et al 2000) diferentes condiccedilotildees e em diversas disfunccedilotildees e
patologias (Vogiatzis et al 2005 Bianchi et al 2004) Este meacutetodo natildeo possui
diferenccedilas significativas nos dados quando comparados com outros meacutetodos
de diagnoacutestico da mecacircnica toracoabdominal (Aliverti 2008 Layton et al
2013) Eacute possiacutevel mensurar a cada ciclo respiratoacuterio variaacuteveis de volume e de
tempo dos trecircs compartimentos da parede toraacutecica e dos dois hemitoacuterax aleacutem
das variaacuteveis de assincronia toracoabdominal (Romagnoli et al 2008 Aliverti
et al 2010 Boudarham et al 2013) Por todas essas razotildees o POE tem
ganhado grande destaque nos uacuteltimos anos nas pesquisas sobre a mecacircnica
toracoabdominal mas por ser uma tecnologia recente ainda carece de mais
estudos
Os trabalhos que relacionaram os efeitos do alongamento dos muacutesculos
respiratoacuterios na DPOC ainda satildeo escassos de baixo rigor metodoloacutegico e ateacute
entatildeo nenhum existe nenhum trabalho foi avaliado pelo POE Os efeitos
19
destas teacutecnicas associadas ao exerciacutecio aeroacutebico e o seu impacto na mecacircnica
ventilatoacuteria permanecem desconhecidos Sendo assim parece relevante
verificar a influecircncia dos alongamentos associados ao exerciacutecio aeroacutebico na
mecacircnica ventilatoacuteria e na capacidade funcional dos pacientes com DPOC
19 Hipoacutetese
O alongamento dos muacutesculos respiratoacuterios potencializaria a capacidade
contraacutetil e a excursatildeo dos muacutesculos respiratoacuterios que resultaria na melhora da
mobilidade toracoabdominal e possivelmente no aumento da capacidade
ventilatoacuteria Com isso os pacientes com DPOC conseguiriam realizar a
atividade fiacutesica desencadeando menos dispneia
2 OBJETIVOS
21
21 Primaacuterio
Avaliar os efeitos do alongamento dos muacutesculos respiratoacuterios
associados ao treinamento aeroacutebico na mecacircnica ventilatoacuteria e na capacidade
funcional em indiviacuteduos portadores de DPOC com graus moderado e grave
durante o exerciacutecio comparado ao grupo controle (sham)
22 Secundaacuterio
Avaliar a atividade muscular eficiecircncia muscular e mobilidade abdominal
e observar se os dados obtidos possuem alguma relaccedilatildeo com as variaacuteveis
principais
3 CASUIacuteSTICA E METODOS
23
31 Aspectos eacuteticos
A pesquisa foi aprovada pelo Comitecirc de Eacutetica (Cappesq) do Hospital das
Cliacutenicas da Faculdade de Medicina da Universidade de Satildeo Paulo (HCFMUSP)
sob o no 129509 e todos os pacientes assinaram o Termo de Consentimento
Livre e Esclarecido concordando em participar da pesquisa O estudo foi
registrado no Clinical Trials (NCT02036762)
32 Casuiacutestica
Foram analisados 28 pacientes portadores de DPOC com grau de
obstruccedilatildeo moderada a grave em seguimento cliacutenico no ambulatoacuterio de
pneumologia do HCFMUSP O diagnoacutestico de DPOC foi estabelecido de
acordo com os criteacuterios recomendados pela American Toracic Society (ATS
2013)
321 Criteacuterios de inclusatildeo
Foram estudados pacientes portadores de DPOC que aceitaram
participar do estudo com autorizaccedilatildeo por escrito com grau de obstruccedilatildeo de
moderado (VEF1 ge 50 e lt 80 previsto) a grave (VEF1 ge 30 e lt 50
24
previsto) e VEF1CVF lt 070 diagnoacutesticado haacute no miacutenimo 6 meses com
estabilidade cliacutenica por pelo menos 1 mecircs em condiccedilatildeo cliacutenico medicamentosa
otimizada de acordo com os criteacuterios do GOLD (GOLD 2013) Os criteacuterios de
inclusatildeo foram (1) idade gt40 anos (2) clinicamente estaacuteveis (sem alteraccedilotildees
medicamentosas ou agravamento dos sintomas haacute pelo menos 4 semanas
antes do iniacutecio do estudo) (3) natildeo O2 dependente (4) ausecircncia de outras
pneumopatias e doenccedilas cardiovasculares associadas (5) ausecircncia de
cirurgias toraacutecicas (6) ausecircncia de deficiecircncias cognitivas fiacutesicas ou
comprometimento funcional que impossibilitasse a participaccedilatildeo no estudo (7)
IMC gt18 e lt30 Kgm2 (8) natildeo ter sido submetido a qualquer tipo de programa
de reabilitaccedilatildeo pulmonar nos uacuteltimos 6 meses
322 Criteacuterios de exclusatildeo
Os criteacuterios de exclusatildeo foram (1) descompensaccedilatildeo do quadro cliacutenico
(internaccedilatildeo com agravamentos dos sintomas e alteraccedilatildeo medicamentosa) e (2)
natildeo assiduidade ao tratamento (faltas superiores a 3 sessotildees) Durante todo o
estudo natildeo houve alteraccedilatildeo do tratamento medicamentoso do paciente
25
Figura 1 Desenho experimental
33 Delineamento experimental
Ensaio cliacutenico prospectivo aleatorizado controlado e de avaliador ldquocegordquo
Os pacientes participantes foram alocados em uma proporccedilatildeo de 11 nos
grupos tratamento (GT) ou controle (GC) (n=15 cada) A aleatorizaccedilatildeo foi feita
por sorteio dos pacientes em envelopes pardos e opacos
Todos os pacientes foram avaliados em 2 momentos distintos preacute (1ordf
avaliaccedilatildeo) e poacutes (2ordf avaliaccedilatildeo) programa de exerciacutecios aeroacutebicos associado ao
26
alongamento muscular A 1ordf avaliaccedilatildeo foi realizada em apenas um dia e foi
anterior agrave aleatorizaccedilatildeo A avaliccedilatildeo incluiu anaacutelise da mecacircnica ventilatoacuteria e
atividade muscular respiratoacuteria (pletismografia optoeletrocircnica e eletromiografia
de superfiacutecie) durante o exerciacutecio com carga capacidade funcional (teste da
caminhada de seis minutos) e da prova de funccedilatildeo pulmonar (espirometria) para
a caracterizaccedilatildeo amostral A 2ordf avaliaccedilatildeo foi realizada pelo avaliador ldquocegordquo em
ateacute 7 dias apoacutes o teacutermino do programa de tratamento e constou das mesmas
avaliaccedilotildees descritas anteriormente
Apoacutes a 1ordf avaliaccedilatildeo os pacientes foram divididos aleatoriamente em 2
grupos O grupo controle (GC) realizou o alongamento ativo da musculatura
perifeacuterica (sham) associado ao programa de treinamento aeroacutebico em esteira
ergomeacutetrica e o grupo tratado (GT) realizou o alongamento da musculatura
acessoacuteria respiratoacuteria associado ao programa de treinamento aeroacutebico em
esteira ergomeacutetrica Os protocolos de intervenccedilatildeo tiveram a duraccedilatildeo de 24
sessotildees (60 minsessatildeo 2x semana por 3 meses) O treinamento aeroacutebico foi
realizado apoacutes os 30 minutos de alongamento da musculatura perifeacuterica (sham)
ou respiratoacuteria (tratamento) e teve a duraccedilatildeo de 30 minutos em cada sessatildeo
34 Intervenccedilatildeo
341 Protocolo de alongamento do grupo tratado (GT)
O protocolo de tratamento foi composto por uma seacuterie de alongamentos
para cada musculatura respiratoacuteria escolhida Foram realizadas 24 sessotildees (2
27
sessotildees semanais num periacuteodo de 3 meses) Cada sessatildeo teve duraccedilatildeo de
aproximadamente 30 minutos
Os alongamentos foram realizados em diferentes decuacutebitos de acordo
com a musculatura alongada Foram selecionadas duas teacutecnicas de
alongamento a contraccedilatildeo-relaxamento para a maioria dos muacutesculos
selecionados e nas musculaturas que apresentavam limitaccedilotildees biomecacircnicas
para a realizaccedilatildeo da teacutecnica de contraccedilatildeo-relaxamento foi substituiacutedo pelo
alongamento passivo
Cada seacuterie da teacutecnica de contraccedilatildeo-relaxamento consistiu
primeiramente na realizaccedilatildeo da amplitude maacutexima articular sustentado por 10
segundos seguida de uma contraccedilatildeo isomeacutetrica maacutexima por 3 segundos com
retomada ao alongamento passivo por mais 3 segundos este processo foi
repetido por 9 seacuteries para cada muacutesculo e a cada 3 seacuteries foi intercalado com
1 minuto de descanso (Bonnar et al 2004) O alongamento passivo foi
sustentado por 60 segundos em cada muacutesculo por trecircs vezes com intervalo
miacutenimo de um minuto (Siatras et al 2008) O posicionamento adequado e a
teacutecnica de alongamento seraacute detalhado a seguir
Peitoral maior Paciente em decuacutebito dorsal o terapeuta posicionou-se
do lado homolateral do muacutesculo alongado primeiramente foi realizado a
abduccedilatildeo de 90o do ombro associado agrave extensatildeo horizontal e rotaccedilatildeo externa
maacutexima do ombro com flexatildeo de 90o do cotovelo O terapeuta apoiou uma matildeo
no cotovelo e a outra no esterno para a estabilizaccedilatildeo com a matildeo distal foi
realizado o alongamento maacuteximo em extensatildeo horizontal que iniciou a teacutecnica
28
de contraccedilatildeo-relaxamento com contraccedilatildeo no sentido da flexatildeo horizontal (Putt
et al 2008) (Figura 2)
Figura 2 Anatomia e teacutecnica de alongamento do peitoral maior
Escaleno Paciente em decuacutebito dorsal terapeuta posicionou-se acima
da cabeccedila do paciente e realizou a lateroflexatildeo cervical contralateral ao
muacutesculo alongado O terapeuta posicionou uma matildeo na regiatildeo occipital outra
estabilizou o ombro homolateral a lateroflexatildeo contralateral foi realizada ateacute
amplitude articular maacutexima do paciente que iniciou o alongamento de
contraccedilatildeo-relaxamento com contraccedilatildeo isomeacutetrica no sentido da lateroflexatildeo
homolateral (Cunha et al 2005) (Figura 3)
Figura 3 Anatomia e teacutecnica de alongamento do escaleno
29
Esternocleidomastoacuteideo Paciente em decuacutebito dorsal terapeuta se
posicionou acima da cabeccedila do paciente iniciou-se com a rotaccedilatildeo homolateral
ao muacutesculo alongado associado a uma extensatildeo da mesma O terapeuta
apoiou uma matildeo na regiatildeo temporal e a outra na regiatildeo esternal onde foi
realizado a depressatildeo e a estabilizaccedilatildeo distal muscular Apoacutes a amplitude
maacutexima articular do paciente que iniciou o alongamento de contraccedilatildeo-
relaxamento a contraccedilatildeo isomeacutetrica foi realizada no sentido da rotaccedilatildeo
contralateral e flexatildeo cervical durante a teacutecnica (Cunha et al 2005) (Figura 4)
Figura 4 Anatomia e a teacutecnica de alongamento do Esternocleidomastoideo
Trapeacutezio superior Paciente em decuacutebito dorsal terapeuta posicionou-se
acima da cabeccedila do paciente para realizar a rotaccedilatildeo e lateroflexatildeo contralateral
da cabeccedila associada a uma flexatildeo da mesma em conjunto com a depressatildeo do
ombro homolateral agrave musculatura alongada Apoacutes a amplitude articular maacutexima
iniciou-se o alongamento de contraccedilatildeo-relaxamento com contraccedilatildeo isomeacutetrica
em extensatildeo da cabeccedila (Heneghan et al 2012) (Figura 5)
30
Figura 5 Anatomia e a teacutecnica de alongamento do Trapeacutezio Superior
Peitoral menor Paciente em decuacutebito dorsal o terapeuta se posicionou
homolateralmente ao muacutesculo tratado uma matildeo no cotovelo onde foi realizada
a elevaccedilatildeo do ombro e outra na regiatildeo o gradil costal anterossuperior Elevou-
se o cotovelo ateacute o limite articular associada agrave depressatildeo das primeiras
costelas (3a 4a e 5a) a manobra foi mantida por 60 segundos e repetida trecircs
vezes intercaladas com um minuto de descanso (Putt et al 2008) (Figura 6)
Figura 6 Anatomia e a teacutecnica de alongamento do peitoral menor
31
Intercostais e serraacutetil anterior Paciente em decuacutebito lateral terapeuta
posicionou-se atraacutes do paciente uma matildeo no cotovelo e a outra no gradil
costal homolateral inferior O alongamento consistiu em realizar a depressatildeo
das costelas associada agrave abduccedilatildeo maacutexima do ombro foi mantido por 60
segundos e repetida trecircs vezes intercaladas com minuto de repouso (Izumizaki
et al 2008) (Figura 7)
Figura 7 Anatomia e a teacutecnica de alongamento do Serraacutetil Anterior e Intercostais
Abdominais Foi a uacutenica musculatura do grupo tratado que o paciente
realizou o alongamento ativo ele se posicionou em decuacutebito ventral o apoio foi
feito com as matildeos na maca extensatildeo bilateral dos cotovelos forccedilando a
extensatildeo do tronco associado agrave extensatildeo da cabeccedila ateacute a maacutexima amplitude
por 60 segundos foi repetida 3 vezes intercaladas com um minuto de descanso
(Rassier 2007) (Figura 8)
32
Figura 8 Anatomia e a teacutecnica de alongamento dos muacutesculos abdominais
342 Protocolo de exerciacutecios do grupo controle (GC)
O grupo controle (GC) realizou o alongamento ativo das musculaturas
das extremidades dos membros superiores e inferiores foram 2 exerciacutecios para
flexores e extensores do punho e 2 exerciacutecios para flexores e extensores do
tornozelo Foram realizadas 24 sessotildees consistidas por 2 sessotildees semanais
em um periacuteodo de 3 meses Cada sessatildeo teve duraccedilatildeo de aproximadamente
30 minutos (Siatras et al 2008)
Flexores do punho Os flexores satildeo compostos por 5 muacutesculos principais
flexores profundos dos dedos flexores superficiais dos dedos palmar longo
flexor radial carpo e flexor ulnar do carpo O paciente realizou a flexatildeo de 900
do ombro com o cotovelo extendido antebraccedilo supinado e extensatildeo do punho
com a matildeo espalmada A matildeo contralateral estabilizou a regiatildeo palmar do
membro superior alongado e foi efetuada a extensatildeo maacutexima do punho
sustentada por 60 segundos foram trecircs repeticcedilotildees intercaladas por um minuto
de descanso (Ylinen 2009) (Figura 9)
33
Figura 9 Teacutecnica de alongamento e anatomia dos flexores do punho
Extensores do punho Os extensores satildeo compostos por 4 muacutesculos
principais extensor dos dedos extensor ulnar do carpo extensor radial curto
do carpo extensor radial longo do carpo Primeiramente foi realizada a flexatildeo
de 900 do ombro com o cotovelo extendido antebraccedilo pronado e flexatildeo do
punho A matildeo contralateral estabilizou a regiatildeo dorsal da matildeo alongada em
flexatildeo maacutexima do punho por 60 segundos realizadas trecircs repeticcedilotildees
intercaladas por um minuto de descanso (Ylinen 2009) (Figura 10)
Figura 10 Teacutecnica de alongamento e anatomia dos extensores do punho
34
Dorsiflexores do tornozelo Os dorsiflexores do tornozelo satildeo compostos
por 3 muacutesculos principais tibial anterior extensor longo dos dedos extensor
longo do haacutelux Sentado com a perna cruzada a matildeo contralateral apoiou na
regiatildeo dorsal do peacute e a matildeo homolateral estabilizou o tornozelo O
alongamento consistiu em forccedilar a flexatildeo plantar maacutexima por 60 segundos
foram trecircs repeticcedilotildees intercaladas por um minuto de descanso (Ylinen 2009)
(Figura 12)
Figura11 Teacutecnica de alongamento e anatomia dos extensores do tornozelo
Flexores plantares do tornozelo Os flexores plantares do tornozelo satildeo
compostos por 7 muacutesculos principais gastrocnecircmio soacuteleo flexor longo dos
dedos flexor longo do haacutelux tibial posterior fibular longo e curto O paciente
em peacute apoiou as matildeos bilateralmente na parede com a perna contralateral agrave
frente e a homolateral em extensatildeo de quadril joelho e dorsiflexatildeo maacutexima do
35
tornozelo mantida por 60 segundos foram realizadas trecircs repeticcedilotildees
intercaladas por um minuto de descanso (Ylinen 2009) (Figura 11)
Figura 12 Muacutesculos dos flexores do tornozelo e o posicionamento do alongamento
343 Protocolo dos exerciacutecios aeroacutebicos
Todos os pacientes realizaram o exerciacutecio aeroacutebico na esteira
ergomeacutetrica por 30 minutos a intensidade inicial da primeira semana foi
ajustada para 60 da velocidade meacutedia obtida no teste de caminhada dos 6
minutos (TC6) Nas semanas subsequentes a velocidade foi gradativamente
aumentada ateacute atingir 85 da velocidade meacutedia no TC6 os pacientes
realizaram durante 5 minutos o aquecimento e o desaquecimento com
intensidade de 40 a 60 da velocidade do teste (Putt et al 2008 Figueiredo e
Guimaratildees et al 2008 Zainuldin et al 2007) O incremento da intensidade foi
baseado nos sinais vitais frequecircncia cardiacuteaca (FC) saturaccedilatildeo perifeacuterica de O2
36
(SpO2 entre 90 a 94) percepccedilatildeo da dispneia pela escala modificada de Borg
(entre 4-7 pontos) todos estes paracircmetros foram analisados a cada 4 minutos
durante o treinamento aeroacutebico ou seja com a estabilidade dos sinais vitais a
velocidade foi progressivamente recalculada e em alguns casos passaram dos
100 da velocidade meacutedia obtida no TC6 A pressatildeo arterial (PA) foi aferida
preacute e poacutes os exerciacutecios (Godoy et al 2005 Figueiredo e Guimaratildees 2009)
35 Avaliaccedilotildees
351 Caracterizaccedilatildeo Amostral
Os dados antropomeacutetricos foram coletados apoacutes a inclusatildeo dos
pacientes ao estudo idade altura peso iacutendice de massa corpoacuterea (IMC)
VEF1 VEF1CVF TC6 e iacutendice de prognoacutestico e mortalidade de Bode
352 Prova de funccedilatildeo pulmonar simples
A espirometria (Spirobank Medical International Research Roma Itaacutelia)
foi feita em todos os pacientes de acordo com os criteacuterios de reprodutibilidade e
aceitabilidade adotados pela American Thoracic Society e European
Respiratory Society (2005) Os valores preditos de normalidade jaacute haviam sido
previamente descritos (Pereira et al 2007) Foram aferidos o volume
expiratoacuterio no primeiro segundo (VEF1) e a sua relaccedilatildeo com a Capacidade vital
forccedilada (VEF1CVF) e aceitos trecircs testes com variaccedilatildeo inferior a 5 e foi
37
considerado o teste com maior valor Com esse teste foi determinado a
gravidade da obstruccedilatildeo pulmonar considerando o VEF1 como paracircmetro para
caracterizaccedilatildeo da amostra
353 Padratildeo respiratoacuterio mobilidade e sincronia toracoabdominal
A pletismografia optoeletrocircnica (POE System Milatildeo Itaacutelia) eacute um sistema
indireto e natildeo invasivo para a avaliaccedilatildeo da mecacircnica ventilatoacuteria mobilidade e
sincronia capaz de dividir em 3 compartimentos toacuterax superior inferior e
abdominal (Alvierti et al 2000) O sistema optoeletrocircnico evoluiu a partir do
desenvolvimento tecnoloacutegico do processamento de imagens que possibilitaram
a anaacutelise de muacuteltiplos pontos posicionados na superfiacutecie corporal Para o
desenvolvimento do POE foi necessaacuterio criar um sistema de anaacutelise
tridimensional do movimento chamado de ELITE (Elaborate di immagini
televisive) Inicialmente utilizaram 32 marcadores a fim de abranger maior
aacuterea da parede toraacutecica e posteriormente 86 marcadores (Cala et al 1996)
Gorini et al (1999) e Ferrigno et al (1994) encontraram uma medida mais
precisa dos paracircmetros ventilatoacuterios utilizando 89 marcadores que delimitaram
a superfiacutecie anatocircmica em trecircs compartimentos superior inferior e abdominal
utilizadas ateacute o presente momento
O funcionamento do POE baseia-se na anaacutelise automaacutetica do movimento
detectado a partir de marcadores compostos por esferas reflexivas de 6 a 10
miliacutemetros (Dellacagraversquo et al 2010) As 89 esferas estatildeo dispostas da seguinte
forma sete linhas horizontais cinco verticais duas meacutedio-axilares e sete
38
marcadores extras dispostas em toda entre a claviacutecula e a espinha iliacuteaca
anterossuperior e posteriormente ateacute a regiatildeo dos flancos laterais totalizando
37 marcadores anteriores 42 posteriores e dez laterais (Romagnoli et al 2008
Bianchi et al 2007) (Figuras 13 e 14)
Figura13 Imagem tridimensional gerada pelo OEP
Figura14 Disposiccedilatildeo das 89 esferas reflexivas
39
As cacircmeras especiais CCD (Charge Coupled Device) possuem diodos
axiais que emitem feixes luzes infravermelho que satildeo refletidas pelos
marcadores e assim pocircde ser captado pelas cacircmeras em tempo real (120Hz)
Este sinal foi processado atraveacutes das 8 cacircmeras presente na sala de avaliaccedilatildeo
e identificam o posicionamento de cada ponto da superfiacutecie toracoabdominal A
reconstruccedilatildeo da cinemaacutetica toracoabdominal foi feita pelo software SMART
que executou algoritmos em tempo real e computou as coordenadas
tridimensionais dos marcadores refletivos durante as coletas com POE (Binazzi
et al 2008 Aliverti 2010)
O sistema aplicou um modelo geomeacutetrico baseado na posiccedilatildeo dos
marcadores para descrever a superfiacutecie toracoabdominal e seus
compartimentos durante a coleta Apoacutes a reconstruccedilatildeo do modelo os dados
foram exportados como arquivos numeacutericos gerando colunas de dados
representando os sinais por amostras tempo posiccedilatildeo dos marcadores e
volume facilitando a avaliaccedilatildeo dos sinais e aplicaccedilatildeo dos meacutetodos de
estimativa (Parreira et al 2012 Aliverti 2010)
40
Figura15 Laboratoacuterio do POE com a disposiccedilatildeo das cacircmeras e da bicicleta
Figura16 Captaccedilatildeo e anaacutelise dos dados do volume toracoabdominal
41
3531 Avaliaccedilatildeo do POE durante o exerciacutecio
Os sujeitos da pesquisa foram previamente orientados sobre os
procedimentos Inicialmente eles foram colocados sobre a bicicleta ergomeacutetrica
(Ergometrics 800 Sensormedics) e os 89 marcadores foram posicionados
sobre a superfiacutecie toracoabdominal (anterior e posterior) A foacutermula para o
caacutelculo da carga maacutexima foi descrita por Jones e colaboradores (1985) Wmax =
204 (altura) ndash 874 (idade) ndash 288 (gecircnero) ndash 1909 [28] foi utilizada 25 da
carga maacutexima o valor de gecircnero na foacutermula corresponde a 1 para mulheres e
0 para homens (Figura 17)
Durante a coleta o paciente foi orientado a manter 60 rotaccedilotildees por minuto
(RPM) (Vogiatzis et al 2005) Apoacutes 30 segundos de descanso foi realizada a
1ordm medida do POE em repouso (6 ciclos respiratoacuterios completos) depois o
paciente realizou o exerciacutecio sem carga por 3 minutos e posteriormente foi
realizada a 2ordm medida do POE (6 ciclos respiratoacuterios completos) Apoacutes este
periacuteodo iniciou-se o exerciacutecio com carga que foi incrementado de forma
proporcional durante 2 minutos ateacute atingir a carga programada e no final foi
realizada novamente a 3ordm medida do POE (6 ciclos respiratoacuterios completos) O
processo finalizou-se com um periacuteodo de recuperaccedilatildeo de 2 minutos com
exerciacutecio sem carga para o retorno dos sinais vitais (Figura 18)
Foram avaliados o volume corrente da caixa toraacutecica pulmonar (CT)
volume corrente do toacuterax superior (TS) volume corrente do toacuterax inferior (TI)
volume corrente abdominal (ABD) de tempo ventilaccedilatildeominuto (VE) fluxo
inspiratoacuterio (FI) e Fluxo expiratoacuterio (FE) participaccedilatildeo em porcentagem () dos
42
compartimentos do toacuterax superior (TS) toacuterax inferior (TI) e abdome
(ABD) (Romagnoli et al 2008 Aliverti et al 2008 Boudarham et al 2013)
A mobilidade do compartimento abdominal foi calculada pela relaccedilatildeo CTABD
no exerciacutecio com carga (Gosselink et al 1995) a reduccedilatildeo dos valores desta
relaccedilatildeo reflete a melhora da mobilidade abdominal (Yamaguti et al 2012)
Figura17 Paciente Realizando a avaliaccedilatildeo com carga no cicloergocircmetro no POE
Figura 18 Desenho experimental da avaliaccedilatildeo do OEP
43
354 Atividade muscular respiratoacuteria
A atividade dos muacutesculos respiratoacuterios foi avaliada atraveacutes da aquisiccedilatildeo
do sinal eletromiograacutefico de superfiacutecie (System BTSreg Milatildeo Itaacutelia)
simultaneamente agrave avaliaccedilatildeo da mecacircnica toracoabdominal pelo POE Foram
utilizados eletrodos circulares descartaacuteveis de AgAgCl com 10mm de diacircmetro
e um adesivo condutivo hidrogel colocados de forma a manter a distacircncia
intereletrodo de 20mm No local da fixaccedilatildeo dos eletrodos foram realizados
tricotomia quando necessaacuterio e fricccedilatildeo de gaze embebida em aacutelcool (70)
para remoccedilatildeo da gordura presente na superfiacutecie de contato com o objetivo de
diminuir a impedacircncia da pele (Dworak et al 2011)
Os eletrodos foram fixados no ventre muscular afastados do ponto
motor de forma paralela agrave da direccedilatildeo das fibras musculares de acordo com o
European concerted action - surface EMG for an non-invasive assesment of
muscles (Hermens et al 2000) O eletrodo para a avaliaccedilatildeo do muacutesculo
esternocleidomastoideo foi posicionado no ventre muscular a 5 cm do processo
mastoideo (Kallenberg et al 2009) do muacutesculo intercostal superior foi
posicionado no 2deg espaccedilo intercostal e para o inferior entre o 7deg e o 8deg espaccedilo
intercostal e no reto abdominal foi inserido a 2 cm da cicatriz umbilical
(Maarsingh et al 2000)
Para o caacutelculo da eficiecircncia ventilatoacuteria os dados da atividade muscular
de todos os muacutesculos avaliados foram somados e divididos pelo volume
corrente (EMGVt) Essa equaccedilatildeo foi descrita primeiramente no trabalho de
44
Lunardi et al (2013) que avaliou a mecacircnica toracoabdominal na populaccedilatildeo
idosa Essa relaccedilatildeo permitiu observar a quantidade de volume deslocado pelo
niacutevel de estiacutemulo da atividade muscular
Figura19 Eletromioacutegrafo da BTS Engeneering
355 Capacidade Funcional
A capacidade funcional foi avaliada pelo teste de caminhada de 6 minutos
(TC6) A avaliaccedilatildeo foi realizada em um corredor de 30 metros com pouco
traacutefego e cada paciente realizou 2 testes respeitando o intervalo de uma hora
entre eles (Dourado et al 2011) Durante os testes o paciente foi orientado a
caminhar o mais raacutepido possiacutevel durante 6 minutos e caso apresentasse
dispneia limitante ou qualquer outro desconforto incapacitante ele podia
interromper o teste ateacute recuperar as condiccedilotildees para continuaacute-lo A cada minuto
45
os pacientes foram encorajados com frases de incentivo padronizadas de modo
que o mesmo percorresse a maior distacircncia possiacutevel durante todo o teste (ATS
2002 Louvaris et al 2013) O desempenho do paciente foi avaliado pela maior
distacircncia percorrida em um dos testes e foi monitorado tanto preacute quanto poacutes
exerciacutecio a frequumlecircncia cardiacuteaca (FC) e respiratoacuteria (FR) a saturaccedilatildeo de
oxigecircnio (SpO2) sensaccedilatildeo de esforccedilo por meio da escala modificada de Borg
(Borg 1982) e pressatildeo arterial (PA)
36 Anaacutelise Estatiacutestica
Para a mecacircnica ventilatoacuteria foi utilizado para o caacutelculo amostral os
resultados observados no estudo de Yamaguti et al (2012) onde a diferenccedila
das meacutedias da CTABD foi de 20 durante a respiraccedilatildeo natural no GT com a
diferenccedila do desvio padratildeo de 4 valor de plt005 e poder de 08 foi
estabelecido uma amostra de 3 pacientes por grupo
O caacutelculo amostral para os paracircmetros da atividade muscular foi
utilizado os resultados observados no estudo de Cunha et al (2005) onde a
diferenccedila das meacutedias no GT foi de 9 10-3mV com a diferenccedila do desvio padratildeo
de 6 10-3mV para o poder de 80 e um valor de alpha de 5 sendo
estabelecido uma amostra de 9 indiviacuteduos por grupo
Para os paracircmetros funcionais o caacutelculo amostral foi baseado no TC6
onde se esperava uma diferenccedila das meacutedias de 263m e a diferenccedila do desvio
padratildeo de 23 m de aumento apoacutes a intervenccedilatildeo (Yamaguti et al 2012) para o
46
poder de 80 e um valor de alpha de 5 sendo encontrado um tamanho de
amostra de 14 indiviacuteduos por grupo
A anaacutelise foi realizada utilizando o programa Sigma Stat versatildeo 32 Foi
utilizado o teste de Kolmogorov-Smirnov para verificar a normalidade dos
dados sendo estes apresentados como meacutedia plusmn desvio padratildeo Para
comparaccedilatildeo dos dados de caracterizaccedilatildeo dos grupos GT e GC foi realizado
utilizando o teste t de Student para dados com distribuiccedilatildeo normal e teste de
Mann-Withney para dados natildeo-parameacutetricos
A anaacutelise do efeito do tratamento nos dois grupos tambeacutem foi realizado
pelo teste t e pelo Mann-Withney para dados natildeo-parameacutetricos no delta das
diferenccedilas (Δ=poacutes-preacute)
A sensaccedilatildeo de dispneia (BORG modificado) foi analisada com o teste de
anaacutelise de variacircncia (ANOVA) seguida do pos hoc de Holm Sidak Para o TC6
foi observado a miacutenima diferenccedila clinicamente significante Proposto por
Holland et al 2013 (251m) O niacutevel de significacircncia foi ajustado para 5
(plt005) para todos os testes
4 RESULTADOS
48
Quinhentos e noventa e quatro pacientes foram avaliados para
elegibilidade 564 natildeo preencheram os criteacuterios de inclusatildeo sendo que os
motivos mais comuns foram oxigecircnio-dependente (n=160) sem
disponibilidade para participar (n=105) cardiopatias (n=80) e doenccedilas
musculoesqueleacuteticas associadas (n=43) (Figura 20) Trinta pacientes foram
incluiacutedos e aleatorizados 2 foram excluiacutedos apoacutes o iniacutecio do protocolo sendo 1
no grupo tratado (crise de caacutelculo renal) e 1 no grupo controle (agudizaccedilatildeo da
doenccedila de Chron) 14 sujeitos terminaram o estudo no GT e 14 no GC (Figura
20) Natildeo foram observadas diferenccedilas entre os grupos com relaccedilatildeo aos dados
antropomeacutetricos de funccedilatildeo pulmonar e capacidade funcional antes da
intervenccedilatildeo (Tabela 1)
49
Figura 20 Fluxograma do estudo
50
Tabela 1 Caracterizaccedilatildeo amostral basal dos pacientes do estudo
Caracterizaccedilatildeo Grupo Controle Grupo Tratado P
Dados Antropomeacutetricos
Genero (MF) 57 86 097
Idade (anos) 64plusmn56 61plusmn54 030
Altura (m) 165plusmn007 165plusmn008 096
IMC (Kgm2) 259plusmn29 257plusmn38 091
Funccedilatildeo Pulmonar
VEF1 ( pred) 426plusmn95 459plusmn155 056
VEF1CVF 049plusmn009 056plusmn013 017
Capacidade Funcional
TC6 (m) 439plusmn103 473plusmn68 032
BODE (IIIIIIIV)(n) 3531 6620 058
Legenda Os dados estatildeo apresentados em meacutedia desvio padratildeo exceto o BODE que estatildeo expressos
pelo nuacutemero de pacientes MF=masculinofeminino Kgm2=quilogramasmetro
2 VEF1=Volume expiratoacuterio
forccedilado no primeiro segundo VEF1CVF=Relaccedilatildeo do Volume expiratoacuterio forccedilado no primeiro segundo e capacidade vital IMC=Iacutendice de massa corpoacuterea TC6=teste de caminhada dos 6 minutos BODE=Iacutendice de prognoacutestico e mortalidade para DPOC
41 Cinemaacutetica toracoabdominal
Durante o exerciacutecio com carga os pacientes do grupo controle (GC) natildeo
apresentaram variaccedilatildeo da mecacircnica toracoabdominal apoacutes a intervenccedilatildeo os
pacientes do grupo tratado (GT) apresentaram um aumento meacutedio de 230 ml
no volume total da caixa toraacutecica total (CT) (equivalente ao volume corrente)
quando comparado ao GC (respectivamente 140plusmn170mL vs-86plusmn240mL
plt001) Este aumento ocorreu principalmente pelo ganho do volume do
compartimento abdominal (ABD) (respectivamente 140120mL vs -
108210ml plt001) (Figura 21) e natildeo foi observada uma diferenccedila significativa
nos compartimentos toraacutecicos superior (TS) e inferior (TI) (Figura 21 pgt005)
51
O GT tambeacutem apresentou um aumento da ventilaccedilatildeo minuto (VE)
(24plusmn36L vs -18plusmn41L plt0001) (Figura 22) e do fluxo expiratoacuterio
(FE)(80plusmn100mL vs -30plusmn100mL plt001) (Figura23) quando comparado com o
GC acreditamos que aleacutem do volume da caixa toraacutecica o aumento do fluxo
expiratoacuterio tambeacutem esteve relacionado com o aumento da mobilidade do
compartimento abdominal Este por sua vez foi calculado pela relaccedilatildeo da
contribuiccedilatildeo CTABD onde apresentou melhora somente no GT quando
comparado ao GC (-019plusmn041 vs 010plusmn028 plt001 respectivamente)
(Figura 24)
Figura 21 Efeitos do alongamento muscular respiratoacuterio na mecacircnica ventilatoacuteria durante o exerciacutecio Os dados foram apresentados em meacutedia e desvio padratildeo representado pela diferenccedila (Δ) = poacutes- - preacute-intervenccedilatildeo Houve um aumento estatisticamente significante do volume da CT e do ABD no GT O exerciacutecio foi realizado com 25 da carga maacutexima predito na equaccedilatildeo de Jones
25 GC= Grupo Controle GT= Grupo Tratado CT= Caixa totaacutecica total TS=
Toacuterax superior TI= Toacuterax inferior ABD= Abdomen = p lt 005 GC vs GT (teste t natildeo pareado)
52
Figura 22 Efeitos do alongamento muscular respiratoacuterio no volume minuto (VE) durante o exerciacutecio Os dados foram apresentados em meacutedia e desvio padratildeo representado pela diferenccedila (Δ) = poacutes- - preacute-intervenccedilatildeo Ambas apresentaram diferenccedilas houve um aumento estatisticamente significante de 4L no volume minuto (VE) no GT em relaccedilatildeo do GC O exerciacutecio foi realizado com 25 da carga maacutexima predito na equaccedilatildeo de Jones
25 GC= Grupo
Controle GT= Grupo Tratado = p lt 005 GC vs GT (teste t natildeo pareado)
53
Figura 23 Efeitos do alongamento muscular respiratoacuterio no fluxo expiratoacuterio (FE) durante o exerciacutecio Os dados foram apresentados em meacutedia e desvio padratildeo representado pela diferenccedila (Δ) = poacutes- - preacute-intervenccedilatildeo Ambas apresentaram diferenccedilas houve um aumento estatisticamente significante de 100mL no fluxo expiratoacuterio (FE) no GT em relaccedilatildeo do GC O exerciacutecio foi realizado com 25 da carga maacutexima predito na equaccedilatildeo de Jones
25 GC= Grupo
Controle GT= Grupo Tratado = p lt 005 GC vs GT (teste t natildeo pareado)
54
Figura 24 Efeitos do alongamento muscular respiratoacuterio na relaccedilatildeo da contribuiccedilatildeo da caixa toraacutecica e abdocircmen (CTABD) durante o exerciacutecio Os dados foram apresentados em meacutedia e desvio padratildeo representado pela diferenccedila (Δ) = poacutes- - preacute-intervenccedilatildeo O exerciacutecio foi realizado com 25 da carga maacutexima predito na equaccedilatildeo de Jones
25 Foi observado a reduccedilatildeo
estatisticamente significante da relaccedilatildeo CTAB no GT que representa o aumento da mobilidade do compartimento abdominal GC= Grupo Controle GT= Grupo Tratado CT= Participaccedilatildeo da caixa toraacutecica ABD= Participaccedilatildeo abdominal = p lt 005 GC vs GT (teste t natildeo pareado)
42 Atividade muscular
Os dados da atividade muscular dos muacutesculos esternocleidomastoideo
intercostal superior intercostal inferior e abdome foram mensurados e foi
possiacutevel observar uma reduccedilatildeo da atividade muscular no exerciacutecio apoacutes o
protocolo de alongamento no GT quando comparado ao GC dos muacutesculos
esternocleidomastoideo (-57plusmn217 vs 185-plusmn443mV plt003 respectivamente)
e intercostais superiores (-1466plusmn441 vs 46plusmn115mV plt001
respectivamente) (Figura 25)
55
Todos os dados da atividade muscular foram somados e divididos pelo
volume corrente total com o intuito de demonstrar a quantidade de atividade
muscular por volume deslocado Foi verificado uma reduccedilatildeo da razatildeo EMGVt
no exerciacutecio com carga no GT quando comparado com o GC (respectivamente
[-138 (-519- -536 mVL) vs 10 (-741- 372 mVL) plt0006] (Figura 26)
Figura 25 Efeitos do alongamento muscular respiratoacuterio na atividade muscular Os dados foram apresentados em meacutedia e desvio padratildeo representado pela diferenccedila (Δ) = poacutes- - preacute-intervenccedilatildeo Foi constatada uma diminuiccedilatildeo estatisticamente significante da atividade dos muacutesculos esternocleidomastoideo e intercostal superior no GT O exerciacutecio foi realizado com 25 da carga maacutexima predito na equaccedilatildeo de Jones
25 GC= Grupo Controle GT= Grupo
Tratado = p lt 005 GC vs GT (teste t natildeo pareado)
56
Figura 26 Efeitos do alongamento muscular respiratoacuterio na relaccedilatildeo entre a atividade muscular e o volume corrente (EMGVt) Os dados foram apresentados em meacutedia e desvio padratildeo representado pela diferenccedila (Δ) = poacutes- - preacute-intervenccedilatildeo Observou-se uma diminuiccedilatildeo estatisticamente significante da EMGVt no GT O exerciacutecio foi realizado com 25 da carga maacutexima predito na equaccedilatildeo de Jones
25 GC= Grupo Controle GT= Grupo Tratado = p lt 005
GC vs GT (teste t natildeo pareado)
43 Capacidade funcional e Dispneia
Para os paracircmetros de Borg (Figura 27) foi aferido em 4 momentos preacute e poacutes
TC6 e preacute e poacutes intervenccedilatildeo Os dados basais natildeo apresentaram diferenccedilas
entre o GT e o GC (respectivamente 175plusmn21 vs 12plusmn17 pgt02) Apoacutes a
intervenccedilatildeo houve uma diminuiccedilatildeo significativa da sensaccedilatildeo de dispneia em
ambos os grupos poacutes-TC6 quando comparado aos seus dados iniciais GT
(43plusmn18 vs 15plusmn09 plt0001) e no GC (42plusmn15 vs 28plusmn17 plt0001) Na
comparaccedilatildeo entre os grupos o GT apresentou uma melhora da sensaccedilatildeo de
dispneia quando comparado com o GC tanto preacute-exerciacutecio (respectivamente
57
02plusmn05 vs 06plusmn08 plt0001) quanto poacutes-exerciacutecio (respectivamente 15plusmn09
vs 28plusmn17 plt0001) Aleacutem disso somente no GT houve uma diminuiccedilatildeo
significativa do Borg na comparaccedilatildeo intragrupo preacute-TC6 antes e depois do
tratamento (18plusmn08 vs 02plusmn06 plt0001) Com a diminuiccedilatildeo da sensaccedilatildeo de
dispneia foi possiacutevel verificar que os pacientes do GT apresentaram melhora
clinicamente significante no TC6 meacutedio quando comparado com o GC
(respectivamente 2514m vs 65m Figura 28) valores propostos por Holland
et al (2013)
Figura 27Efeitos do alongamento muscular respiratoacuterio na escala de BORG Os dados foram apresentados Os dados foram apresentados em meacutedia e desvio padratildeo representado pela diferenccedila (Δ) = poacutes- - preacute-intervenccedilatildeo Apoacutes o tratamento ambos apresentaram diminuiccedilatildeo da dispneia mas somente no GT houve uma diminuiccedilatildeo na comparaccedilatildeo com o GC e com seus dados iniciais no preacute TC6 O exerciacutecio foi realizado com 25 da carga maacutexima predito na equaccedilatildeo de Jones
25 GC= Grupo Controle GT= Grupo Tratado BORG= Escala de dispneia
TC6= Teste de caminhada dos 6 minutos = p lt 005 preacute vs poacutes intervenccedilatildeo +=plt005 GC vs GC) (teste t natildeo pareado)
58
Figura 28 Os dados apresentados em (Δ) representam (poacutes intervenccedilatildeo ndash preacute intervenccedilatildeo) No teste de caminhada dos 6 minutos (TC6) foi observada uma diferenccedila clinicamente significante do TC6 no GT que obteve um aumento meacutedio de 2514m e o GC de 65m O exerciacutecio foi realizado com 25 da carga maacutexima predito na equaccedilatildeo de Jones
25 GC= Grupo
Controle GT= Grupo Tratado TC6= Teste de caminhada dos 6 minutos ( =diferenccedila clinicamente significante)
Holland et al 2013 (25m)
5 DISCUSSAtildeO
60
Neste estudo foi demonstrado pela primeira vez que os alongamentos
dos muacutesculos respiratoacuterios melhoraram a mecacircnica e a capacidade ventilatoacuteria
decorrente principalmente pelo aumento do volume e da mobilidade do
compartimento abdominal (CTABD) A melhora da mobilidade toracoabdominal
possivelmente esteve relacionada com o aumento da sua viscoelasticidade
observada pela diminuiccedilatildeo da atividade muscular apoacutes o tratamento Aleacutem
disso houve um aumento da eficiecircncia contraacutetil dos muacutesculos respiratoacuterios
constatado pela reduccedilatildeo da relaccedilatildeo EMGVt ou seja a musculatura necessitou
de menos atividade para deslocar o mesmo volume respiratoacuterio Acreditamos
que por causa da melhora de todos os fatores descritos anteriormente houve
uma diminuiccedilatildeo da sensaccedilatildeo de dispneia que possibilitou o aumento da
capacidade ao exerciacutecio submaacuteximo
51 Cinemaacutetica toracoabdominal
O trabalho acrescentou novas evidecircncias na literatura cientiacutefica pois foi
o primeiro a demonstrar atraveacutes do pletismoacutegrafo optoeletrocircnico que apoacutes o
tratamento com teacutecnicas de alongamento dos muacutesculos respiratoacuterios houve
aumento significativo do volume da caixa toraacutecica total abdominal e da
capacidade ventilatoacuteria durante o exerciacutecio com carga Vale ressaltar que o
aumento da mobilidade do compartimento abdominal tambeacutem foi constatado
Para reforccedilar ainda mais a importacircncia dos nossos achados no grupo
controle natildeo obtiveram nenhuma alteraccedilatildeo volumeacutetrica da caixa toraacutecica estes
61
dados vatildeo de encontro aos dois estudos preacutevios nos quais foram avaliados os
efeitos da reabilitaccedilatildeo pulmonar na cinemaacutetica toracoabdominal em pacientes
com DPOC avaliados pelo POE (Georgiadou et al 2007 Gagliardi et al
2014) Inclusive Gagliardi et al (2014) mesmo apoacutes a intervenccedilatildeo de 24
semanas encontrou uma diminuiccedilatildeo do volume abdominal apoacutes o tratamento
Apenas dois trabalhos natildeo controlados de Yamada et al (1996) e
Luularungrayub et al (2009) avaliados pelo pletismoacutegrafo por indutacircncia e
cirtometria respectivamente associados agrave espirometria hipotetizaram que a
melhora no fluxo expiratoacuterio e do volume expiratoacuterio respectivamente
poderiam ter uma relaccedilatildeo com a melhora da funccedilatildeo do compartimento
abdominal dados estes que tambeacutem apresentamos no nosso estudo Segundo
Georgiadou et al (2007) e Aliverti et al (2010) o compartimento abdominal eacute o
maior responsaacutevel pelas variaccedilotildees da distacircncia axial xifoacuteidea sugerindo uma
relaccedilatildeo com a mobilidade diafragmaacutetica e o aumento do volume pulmonar total
essa hipoacutetese pocircde ser elucidada em nossos resultados com a diminuiccedilatildeo dos
valores de CTABD Portanto estes achados servem para destacar que o
protocolo de alongamento realizados neste estudo desencadeou a melhora da
mecacircnica contraacutetil dos muacutesculos respiratoacuterios que provavelmente tiveram uma
atuaccedilatildeo na melhora da funccedilatildeo diafragmaacutetica relaccedilatildeo esta jaacute descrita por
Iwasawa et al (2002) e Man et al (2012)
O aumento do volume corrente total apoacutes o alongamento muscular da
caixa toraacutecica jaacute havia sido constatado anteriormente pelos estudos natildeo
controlados de Yamada et al (1996) e Minoguchi et al (2002) que realizaram a
intervenccedilatildeo por 4 semanas em 12 e 13 pacientes respectivamente e avaliados
62
pela espirometria Em contrapartida os estudos de intervenccedilatildeo aguda natildeo
controlada de Izumizaki et al (2006) e controlada de Noll et al (2009) com 10 e
25 pacientes respectivamente obtiveram a piora do volume corrente tambeacutem
avaliados pela espirometria Baseados nos estudos de Mchugh et al (2008)
estes efeitos contraditoacuterios ocorreram principalmente pelo tipo de intervenccedilatildeo
Agudamente o alongamento promove o estiramento abrupto dos fusos
neuromusculares que desencadearam o potencial sensitivo medular e
consequentemente um aumento da atividade eferente neuromuscular gerando
a contraccedilatildeo das fibras extra-fusais por essa razatildeo provavelmente houve a
diminuiccedilatildeo da mobilidade muacutesculo-esqueleacutetica da caixa toraacutecica e diminuiccedilatildeo
dos valores volumeacutetricos (Mukherjee et al 2010) A intervenccedilatildeo crocircnica por
sua vez promove o aumento da viscoelasticidade muscular e causou a
acomodaccedilatildeo do limiar excitatoacuterio do fuso neuromuscular que diminui o
estiacutemulo de contraccedilatildeo das fibras extra-fusais permitindo a melhora da
mobilidade toracoabdominal (Mchugh et al 2010)
No presente estudo foi realizada a intervenccedilatildeo crocircnica portanto
justificaria a razatildeo dos nossos dados apresentarem resultados tatildeo diferentes
quanto a maioria dos estudos anteriores de intervenccedilatildeo aguda Mas
precisamos considerar tambeacutem as limitaccedilotildees metodoloacutegicas comumente
observadas na literatura Fato este observado nos trabalhos de Putt et al
(2008) e Luularungrayub et al (2009) que mesmo sendo de intervenccedilatildeo
aguda apresentaram um aumento do volume corrente avaliados pela
espirometria mas ambos apresentaram grandes restriccedilotildees metodoloacutegicas pois
63
realizaram o tratamento somente em um muacutesculo respiratoacuterio (peitoral maior) e
o outro foi um estudo de caso respectivamente
Hipotetizamos que nos nossos resultados sugeriram que a intervenccedilatildeo
crocircnica muscular respiratoacuteria promoveu a melhora da mobilidade do sistema
musculo-esqueleacutetico toracoabdominal com o aumento principal do volume e da
mobilidade do compartimento abdominal acreditamos que foi o responsaacutevel
pela melhora do volume pulmonar total Com a elevaccedilatildeo dos volumes
sugerimos que foram os responsaacuteveis pela melhora da capacidade ventilatoacuteria
(volume-minuto) dado este ineacutedito na literatura para este tipo de protocolo de
tratamento
52 Atividade muscular
Constatamos uma reduccedilatildeo da atividade muscular durante o exerciacutecio
com carga no grupo que realizou o alongamento dos muacutesculos respiratoacuterios
principalmente do esternocleidomastoideo e do intercostal superior A partir
destes dados foi possiacutevel calcular a relaccedilatildeo com o volume corrente onde a
reduccedilatildeo dos valores significa a melhora da efetividade contraacutetil (EMGVt)
descrito primeiramente no trabalho de Lunardi et al (2013) Este dado
representa a melhora do deslocamento volumeacutetrico pela atividade muscular
sendo assim o muacutesculo necessita do mesmo estiacutemulo motor para deslocar
mais volume de ar
64
Na literatura encontramos somente um estudo natildeo-controlado de Cunha
et al (2005) que realizou a avaliaccedilatildeo em 8 pacientes com DPOC com o
eletromioacutegrafo de superfiacutecie apoacutes um programa de alongamento muscular
respiratoacuterio Nossos dados corroboram parcialmente com os seus achados
pois apesar de terem demonstrado uma diminuiccedilatildeo da atividade muscular
respiratoacuteria dos intercostais eles apresentaram um aumento da atividade
muscular do esternocleidomastoide Acreditamos que os nossos achados
avanccedilam em relaccedilatildeo ao estudo de Cunha et al (2005) pois o presente estudo
foi realizado com criteacuterios metodoloacutegicos mais rigorosos (controlado) com
maior tempo de intervenccedilatildeo e respeitando o caacutelculo amostral
Portanto podemos sugerir que baseado nos estudos de Kokkonen et al
(2007) o aumento da viscoelasticidade tecidual permitiu a melhora da
sobreposiccedilatildeo da actina e miosina sendo capaz de potencializar o mecanismo
contraacutetil muscular com menos esforccedilo Ao mesmo tempo reduziu a tensatildeo
sobre os receptores musculoesqueleacuteticos diminuindo a excitabilidade do
disparo neuroloacutegico sensitivo possibilitando o equiliacutebrio entre o estiacutemulo
inibitoacuterio do oacutergatildeo tendinoso de Golgi e o excitatoacuterio do controle contraacutetil do
fuso neuromuscular reduzindo a atividade motora (Hindle et al 2012
Mukherjee e Chakravarty 2010)
A avaliaccedilatildeo da atividade muscular e o caacutelculo da efetividade contraacutetil foi
realizada para elucidar os mecanismos envolvidos na melhora da mecacircnica
ventilatoacuteria apoacutes o alongamento dos muacutesculos respiratoacuterios Eacute possiacutevel que
com a diminuiccedilatildeo da atividade muscular possibilitou a melhora da capacidade
de contraccedilatildeo muscular com menor esforccedilo este dado eacute reforccedilado pela
65
diminuiccedilatildeo da EMGVt permitindo o incremento da mobilidade toracoabdominal
e da capacidade ventilatoacuteria
53 Capacidade funcional e dispneia
Observamos a melhora da dispneia e da capacidade ao exerciacutecio
submaacuteximo avaliados pelo Borg modificado e pelo teste de caminhada dos 6
minutos respectivamente
Apoacutes o protocolo de alongamento nossos dados mostraram a
diminuiccedilatildeo da sensaccedilatildeo de dispneia em ambos os grupos apoacutes a intervenccedilatildeo
Mas ao comparar entre os grupos os sujeitos que receberam a intervenccedilatildeo na
caixa toraacutecica (GT) apresentaram a diminuiccedilatildeo da dispneia quando comparado
ao GC tanto preacute quanto poacutes exerciacutecio Outro ponto em destaque eacute a diminuiccedilatildeo
da dispneia no GT em seu estado basal
A reduccedilatildeo da dispneia eacute um importante paracircmetro de melhora dos
tratamentos com enfoque pulmonar (ATS 2013) e estudos preacutevios que tambeacutem
avaliaram o efeito de alongamento dos muacutesculos respiratoacuterios na dispneia em
pacientes com DPOC corroboram com os nossos achados mesmo sendo
trabalhos com metodologias distintas como ensaios natildeo controlados (Cunha et
al 2005) controlados (Paulin et al 2003) intervenccedilatildeo aguda (Noll et al 2008
Noll et al 2009) e crocircnica (Minoguchi et al 2002) Eacute importante ressaltar que
em todos os trabalhos que obtiveram a melhora nos paracircmetros de dispneia
66
portanto acreditamos que existe outros mecanismos que podem influenciar
nesta variaacutevel aleacutem da melhora da mobilidade toracoabdominal tanto assim
que os trabalhos de Noll et al (2008 e 2009) houve uma piora de todos os
paracircmetros da funccedilatildeo pulmonar mas apresentaram melhora da dispneia
Na literatura somente os trabalhos de Izumizaki et al (2008) e Putt et al
(2008) natildeo obtiveram melhora na escala de Borg mas eacute importante destacar
que foram trabalhos distintos o primeiro foi de intervenccedilatildeo crocircnica com
resultados negativos agraves funccedilotildees pulmonares enquanto o segundo foi um
trabalho de intervenccedilatildeo aguda com resultados positivos nos volumes
pulmonares Apesar de ambos serem controlados o estudo de Izumizaki et al
(2008) natildeo destaca os muacutesculos que foram tratados nem a caracterizaccedilatildeo e o
caacutelculo amostral enquanto no trabalho de Putt et al (2008) realizou a
intervenccedilatildeo apenas no muacutesculo peitoral maior que natildeo eacute um muacutesculo
acessoacuterio respiratoacuterio primaacuterio e sim atuante somente em grandes esforccedilos
Portanto baseado nas pesquisas anteriores entendemos que a melhora
da dispneia natildeo foi somente pelo aumento da mobilidade musculoesqueleacutetica
da caixa toraacutecica que diminuiu a resistecircncia do fluxo aeacutereo e possibilitou maior
expansatildeo toracoabdominal e melhor capacidade ventilatoacuteria demonstrado
neste estudo anteriormente Possivelmente teve associaccedilatildeo com os
mecanoceptores toracoabdominais quando estimulados durante o tratamento
desencadeou alteraccedilotildees das informaccedilotildees dos centros respiratoacuterios e motores
(Nakamura et al 2012 Montaldo et al 2000) Estes centros por sua vez
mudaram da taxa de disparo do nervo frecircnico que controla a cadecircncia e a
frequecircncia da contraccedilatildeo diafragmaacutetica reduzindo a sensaccedilatildeo de fadiga e de
67
dispneia (Burki e Lee 2010) portanto qualquer teacutecnica de mobilizaccedilatildeo
toracoabdominal poderia diminuir a sensaccedilatildeo de dispneia mas acreditamos
que quanto maior o estiacutemulo musculoesqueleacutetico (intervenccedilatildeo crocircnica) maior
seraacute a ativaccedilatildeo dos mecanoceptores da caixa toraacutecica e consequentemente
aumentaria a estimulaccedilatildeo aos centros respiratoacuterios por essa razatildeo
acreditamos que os nossos resultados foram tatildeo expressivos (Montaldo et al
2000)
Com a melhora dos paracircmetros de dispneia refletiu no aumento da
distacircncia percorrida em ambos os grupos 67m (GC) e 2517m (GT) sendo
que somente o grupo que recebeu o alongamento dos muacutesculos respiratoacuterios
atingiram a miacutenima distacircncia clinicamente significante proposta por Holland et
al (2010) que eacute de 25 m Coincidentemente a maioria trabalhos que
obtiveram melhora da dispneia realizaram o teste de caminhada dos 6 minutos
(Yamada et al 1996 Minoguchi et al 2002 Paulin et al 2003 eCunha et al
2005) somente Noll et al (2008 e 2009) que natildeo Poreacutem ateacute onde eacute do nosso
conhecimento este eacute o primeiro estudo que demonstrou que o aumento da
capacidade funcional foi decorrente da melhora da mecacircnica ventilatoacuteria poacutes-
alongamento avaliados pelo POE
No presente estudo o aspecto relevante estaacute no ineditismo ao avaliar as
repercussotildees deste tipo de intervenccedilatildeo na cinemaacutetica toracoabdominal
analisadas pelo pletismoacutegrafo optoeletrocircnico (Alivertiet al 2000) teacutecnica
considerada de alta tecnologia O programa de alongamento da musculatura
acessoacuteria respiratoacuteria eacute uma teacutecnica de baixo custo e pode ser associada
68
facilmente agrave reabilitaccedilatildeo pulmonar com impacto na atividade funcional e nos
sintomas respiratoacuterios
54 Limitaccedilotildees
Todos os estudos possuem limitaccedilotildees primeiro a rigidez dos criteacuterios
de inclusatildeo conferida a esta pesquisa levou a uma elevada validade interna
com possiacutevel prejuiacutezo da validade externa Optamos por adotar esses criteacuterios
na tentativa de eliminar o maior nuacutemero de variaacuteveis de confusatildeo para garantir
que os resultados fossem interpretados de maneira clara Segundo a carga de
exerciacutecio em esteira foi estabelecida em funccedilatildeo da velocidade do TC6 apesar
de natildeo ser considerado o padratildeo ouro para o treinamento aeroacutebico jaacute foi
descrito como alternativa viaacutevel por Zainuldinet al (2007) e Figueiredo e
Guimaratildees (2009) Terceiro a intensidade de 25 Wmaacutex utilizada na
avaliaccedilatildeo do POE pode natildeo ter sido o suficiente para desencadear a
assincronia mas o objetivo foi reproduzir a carga utilizada diariamente pelo
paciente segundo Bruni et al (2012) eles comprovaram em seu estudo que
nem mesmo a carga de 75 Wmaacutex foi possiacutevel desencadear a assincronia em
pacientes com DPOC concluindo natildeo haver relaccedilatildeo entre assincronia
hiperinsuflaccedilatildeo e dispneia Finalmente o alongamento dos muacutesculos
perifeacutericos dos membros inferiores no grupo controle poderia ter influenciado
na melhora no teste de caminhada dos 6 minutos mas Mchugh et al (2008) e
Shrier (2004) descreveram em seus estudos que ainda existe uma
controveacutersia a respeito do aumento da performance muscular apoacutes a realizaccedilatildeo
69
do alongamento ateacute entatildeo sabe-se somente sobre a melhora da mobilidade
Apesar destas limitaccedilotildees este eacute o primeiro ensaio cliacutenico controlado e
aleatorizado investigando os benefiacutecios do alongamento dos muacutesculos
respiratoacuterios na mecacircnica ventilatoacuteria utilizando o pletismoacutegrafooptoeletrocircnico
em pacientes com DPOC
6 CONCLUSAtildeO
71
Nossos resultados sugerem que a adiccedilatildeo do alongamento da
musculatura respiratoacuteria ao exerciacutecio aeroacutebico claacutessico aumenta a eficiecircncia
contraacutetil muscular melhora a mecacircnica ventilatoacuteria com o incremento
significante dos volumes pulmonares principalmente abdominal e reduz a
dispneia possibilitando a melhora das atividades funcionais em pacientes com
DPOC Estes resultados sugerem que o alongamento dos muacutesculos
respiratoacuterios pode ser considerado uma modalidade de tratamento adjuvante
para os pacientes com DPOC
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8 ANEXOS
91
92
93
HOSPITAL DAS CLIacuteNICAS DA FACULDADE DE MEDICINA DA
UNIVERSIDADE DE SAtildeO PAULO-HCFMUSP
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
DADOS SOBRE A PESQUISA
1 TIacuteTULO DO PROTOCOLO DE PESQUISA
EFEITOS DO ALONGAMENTO DA MUSCULATURA ACESSOacuteRIA
RESPIRATOacuteRIA COM A TEacuteCNICA DE ALONGAMENTO PASSIVO E
CONTRACcedilAtildeO-RELAXAMENTO NA MECAcircNICA VENTILATOacuteRIA E NA
CAPACIDADE FUNCIONAL DE PACIENTES COM DOENCcedilA PULMONAR
OBSTRUTIVA CROcircNICA
PESQUISADOR 01 Celso Ricardo Fernandes Carvalho
CARGOFUNCcedilAtildeO Orientador INSCRICcedilAtildeO CONSELHO
REGIONAL Nordm 206463-F
UNIDADE DO HCFMUSP Ciecircncias
3 AVALIACcedilAtildeO DO RISCO DA PESQUISA
RISCO MIacuteNIMO x RISCO MEacuteDIO
RISCO BAIXO RISCO MAIOR
4DURACcedilAtildeO DA PESQUISA 12 meses
HOSPITAL DAS CLIacuteNICAS DA FACULDADE DE MEDICINA DA
UNIVERSIDADE DE SAtildeO PAULO-HCFMUSP
1 ndash A doenccedila que o senhor (a) tem se chama doenccedila obstrutiva crocircnica
(DPOC) Esta doenccedila causa a inflamaccedilatildeo das vias aeacutereas e prejudica todo
94
pulmatildeo Por esse motivo o toacuterax fica expandido e os muacutesculos que realizam a
respiraccedilatildeo ficam tensos Essa tensatildeo muscular diminui o movimento do toacuterax e
a quantidade de ar que entra nos pulmotildees levando a uma dificuldade para
respirar e diminuindo a capacidade aos exerciacutecios simples do dia-dia Todo
esse quadro pode aumentar a tendecircncia de desencadear episoacutedios de
depressatildeo e ansiedade
2 ndash O nosso corpo tem muacutesculos que ajudam na respiraccedilatildeo (entrada do ar)
esses muacutesculos ao contrair ajudam a entrada de ar nos pulmotildees No (a)
paciente DPOC o movimento da caixa toraacutecica estaacute diminuiacutedo por isso este
estudo tem como objetivo verificar se o uso dos exerciacutecios de alongamento
relaxariam os muacutesculos respiratoacuterios diminuindo a sensaccedilatildeo de falta de ar
3 ndash Portanto estamos convidando o (a) senhor (a) para participar deste estudo
Caso o senhor (a) aceite participar da pesquisa teraacute que comparecer ao
hospital (HC) 2 vezes por semana durante um mecircs e meio de tratamento com
duraccedilatildeo de 30 a 40 minutos por dia O senhor (a) seraacute incluiacutedo (a) de forma
aleatoacuteria (sorteio) em dois grupos que receberatildeo diferentes tratamentos de
alongamento com supervisatildeo do profissional fisioterapeuta O senhor (a)
receberaacute uma cartilha com alguns exerciacutecios semelhantes aos realizados no
hospital para ser feito em casa no miacutenimo duas vezes por semana
4 ndash Durante os exerciacutecios de alongamento o (a) senhor (a) poderaacute sentir algum
desconforto como um ldquopuxatildeordquo ldquoformigamentordquo e ldquoqueimaccedilatildeordquo na regiatildeo que os
muacutesculos estatildeo sendo trabalhados Apoacutes a realizaccedilatildeo do alongamento eacute
possiacutevel que essas sensaccedilotildees perdurem por no maacuteximo 3 dias Evitaremos
durante o tratamento as dores se caso o senhor (a) sentir alguma dor
comunique ao profissional responsaacutevel que interromperemos imediatamente o
exerciacutecio
5 ndash Seratildeo realizados diversos testes antes e depois do tratamento para
verificar o grau de eficiecircncia da teacutecnica aplicada Mediremos o movimento do
seu toacuterax com um aparelho chamado pletismografia onde seratildeo colocados
marcadores no seu toacuterax e o senhor natildeo sentiraacute nenhum desconforto ou dor
Seratildeo realizados exames para a funccedilatildeo do seu pulmatildeo chamado espirometria
para isso pediremos para o senhor (a) puxar e assoprar forte o ar no aparelho
este teste natildeo traraacute nenhum desconforto ou dor Para testar a forccedila dos
muacutesculos pediremos novamente que o senhor (a) puxe o ar com forccedila em um
95
aparelho chamado manovacuocircmetro este teste natildeo traraacute dor Realizaremos
um teste de esforccedilo ao exerciacutecio onde pediremos para o (a) senhor (a) andar o
maacuteximo possiacutevel durante 6 minutos seraacute repetido duas vezes Nesse teste o
senhor (a) pode sentir cansaccedilo e falta de ar que acabaraacute imediatamente apoacutes o
teacutermino do exerciacutecio Por uacuteltimo o senhor (a) responderaacute o questionaacuterio sobre a
sua vida que conteacutem uma seacuterie de perguntas para avaliar se o (a) senhor (a)
possui episoacutedios de depressatildeo e ansiedade poderaacute sentir algum desconforto
ao responder algumas perguntas que seratildeo realizadas
6 ndash Com esse estudo buscamos a melhora da qualidade de vida com
diminuiccedilatildeo dos quadros tendenciosos de depressatildeo e ansiedade e o aumento
da capacidade para realizar os exerciacutecios diaacuterios decorrentes da melhora da
mobilidade toraacutecica
7 ndash Asseguramos que o senhor (a) teraacute acesso aos profissionais responsaacuteveis
pela pesquisa para esclarecimento de eventuais duacutevidas O principal
investigador eacute o Prof Dr Celso Ricardo Fernandes Carvalho que poderaacute
ser encontrado na Av Eneacuteas de Carvalho Aguiar 255 4o andar bloco 06 no
telefone(s) 11 3069-7961 e o Dr Juliano Takashi Wada que pode ser
encontrado no endereccedilo Rua Albuquerque Lins 537 cj 42 Telefone(s) 11
3624-4524 Se caso o senhor (a) tiver alguma consideraccedilatildeo ou duacutevida sobre a
eacutetica da pesquisa entre em contato com o Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa (CEP)
ndash Rua Oviacutedio Pires de Campos 225 ndash 5ordm andar ndash tel 3069-6442 ramais 16 17
18 ou 20 FAX 3069-6442 ramal 26 ndash E-mail cappesqhcnetuspbr
8 ndash Garantimos a liberdade da retirada do consentimento a qualquer momento
e deixar de participar do estudo sem qualquer prejuiacutezo agrave continuidade de seu
tratamento na Instituiccedilatildeo
9 ndash Garantimos o direito de confidencialidade ndash As informaccedilotildees obtidas
seratildeo analisadas em conjunto com outros pacientes natildeo sendo divulgado a
identificaccedilatildeo e os dados de nenhum paciente
10 ndash Garantimos o direito de ser mantido atualizado sobre os resultados
parciais das pesquisas quando em estudos abertos ou de resultados que
sejam do conhecimento dos pesquisadores
96
11 ndash Despesas e compensaccedilotildees natildeo haacute despesas pessoais para o
participante em qualquer fase do estudo incluindo exames e consultas
Tambeacutem natildeo haacute compensaccedilatildeo financeira relacionada agrave sua participaccedilatildeo Se
existir qualquer despesa adicional ela seraacute absorvida pelo orccedilamento da
pesquisa Natildeo garantimos o pagamento de qualquer dano causado pelo estudo
mas garantimos que se caso o senhor (a) tiver algum problema poderaacute ser
atendido no Ambulatoacuterio da Fisioterapia do Hospital das cliacutenicas gerenciado
pelo Prof Dr Celso Ricardo Fernandes de Carvalho
12 ndash Garantimos o compromisso do pesquisador de utilizar os dados e o
material coletado satildeo confidenciais e seraacute utilizado somente para esta pesquisa
Acredito ter sido suficientemente informado a respeito das informaccedilotildees
que li ou que foram lidas para mim descrevendo o estudo rdquoEfeitos do
alongamento da musculatura acessoacuteria respiratoacuteria com a teacutecnica de
contraccedilatildeo-relaxamento na mobilidade toraacutecica e capacidade psicossocial e
funcional de pacientes com doenccedila pulmonar obstrutiva crocircnicardquo
Eu discuti com o Prof Dr Celso Ricardo Fernandes de Carvalho ou
com o Dr Juliano Takashi Wada sobre a minha decisatildeo em participar nesse
estudo Ficaram claros para mim quais satildeo os propoacutesitos do estudo os
procedimentos a serem realizados seus desconfortos e riscos as garantias de
confidencialidade e de esclarecimentos permanentes Ficou claro tambeacutem que
minha participaccedilatildeo eacute isenta de despesas e que tenho garantia do acesso a
tratamento hospitalar quando necessaacuterio Concordo voluntariamente em
participar deste estudo e poderei retirar o meu consentimento a qualquer
momento antes ou durante o mesmo sem penalidades ou prejuiacutezo ou perda
de qualquer benefiacutecio que eu possa ter adquirido ou no meu atendimento
neste Serviccedilo
-------------------------------------------------
Assinatura do pacienterepresentante legal Data
97
-------------------------------------------------------------------------
Assinatura da testemunha Data
Declaro que obtive de forma apropriada e voluntaacuteria o Consentimento Livre e
Esclarecido deste paciente ou representante legal para a participaccedilatildeo neste estudo
----------------------------------------------------------
Assinatura do responsaacutevel pelo estudo
Data
98
NCT 0236762
99
100
101
20-Nov-2014
CC Wada Juliano Borges-Santos Erickson Paisani
Denise Porras Desiderio Cukier Alberto Lunardi
Adriana Carvalho Celso
Dear Ms Wada
Your manuscript entitled Effect of respiratory muscle
stretching on thoracoabdominal kinematics and functional
capacity of patients with COPD a randomized and controlled
trial has been received online and is presently being
given full consideration for publication in CHEST Please
note that our editorial office will review your manuscript
before sending it to the Editor in Chief If there are
aspects that need to be fixed prior to peer review they
may return your paper to your Corresponding Author Center
and ask you to make some minor changes and resubmit it We
appreciate your understanding
Your manuscript ID is CHEST-14-2914
You may view the status of your manuscript at any time by
checking your Author Center after logging in
to httpsmcmanuscriptcentralcomchest
102
The journal strives to expedite the peer review process
however because we receive over 3400 submissions each year
the process may take up to 8 weeks to complete Please be
patient during this time and feel free to log in to check
your manuscript status
Please mention the above manuscript ID in all future
correspondence or when calling the office for questions If
there are any changes in your street address phonefax or
e-mail address please log in to ScholarOne Manuscripts
at httpsmcmanuscriptcentralcomchest and edit your
user information as appropriate
Thank you for choosing to submit your manuscript to CHEST
Sincerely
CHEST Editorial Office
ix
31 Aspectos eacuteticos23
32 Casuiacutestica23
321 Criteacuterios de inclusatildeo23
322 Criteacuterios de exclusatildeo24
33 Delineamento experimental25
34 Intervenccedilatildeo26
341 Protocolo de alongamento do grupo tratado (GT)26
342 Protocolo de exerciacutecios do grupo controle (GC)32
343 Protocolo dos exerciacutecios aeroacutebicos35
35 Avaliaccedilotildees36
351 Caracterizaccedilatildeo Amostral36
352 Prova de funccedilatildeo pulmonar simples36
353 Padratildeo respiratoacuterio mobilidade e sincronia
toracoabdominal37
3531 Avaliaccedilatildeo do POE durante o exerciacutecio41
354 Atividade muscular respiratoacuteria43
355 Capacidade Funcional44
36 Anaacutelise Estatiacutestica45
4 RESULTADOS47
41 Cinemaacutetica toracoabdominal50
42 Atividade muscular54
43 Capacidade funcional e Dispneia56
x
5 DISCUSSAtildeO59
51 Cinemaacutetica toracoabdominal60
52 Atividade muscular63
53 Capacidade funcional e dispneia65
54 Limitaccedilotildees68
6 CONCLUSAtildeO70
7 REFEREcircNCIAS 72
8 ANEXOS90
xi
LISTA DE ABREVIATURAS
ABD Volume abdominal
ALAT Associaccedilatildeo Latino-Americana de Toacuterax
ATS American Thoracic Society
BORG Escala de dispneia
CPT Capacidade Pulmonar Total
CRF Capacidade Residual Funcional
CTABD Razatildeo entre a contribuiccedilatildeo da caixa toraacutecica e abdocircmen
CT Volume da caixa toraacutecica
CVF Capacidade vital forccedilada
DATASUS Departamento de informaacutetica do sistema uacutenico de sauacutede
DPOC Doenccedila pulmonar obstrutiva crocircnica
EMG Eletromiografia
EMGVt Razatildeo entre atividade muscular e o volume corrente total
F Feminino
FCMaacutex Frequecircncia cardiacuteaca maacutexima
FE Fluxo expiratoacuterio
FI Fluxo inspiratoacuterio
GC Grupo controle
GOLD Global initiative for chronic obstructive lung disease
GT Grupo tratado
HCFMUSP Hospital das Cliacutenicas da Faculdade de Medicina da Universidade
de Satildeo Paulo
xii
Hz Hertz
Kgm2 Kilograma por metro quadrado (unidade do IMC)
L Litros
M Masculino
mL Mililitros
mV Milivolt
mVL Milivolt por litro
O2 Oxigecircnio
OTG Oacutergatildeo tendinoso de Golgi
PaCO2 Pressatildeo parcial de gaacutes carbocircnico
POE Pletismoacutegrafo optoeletrocircnica
RP Reabilitaccedilatildeo pulmonar
SpO2 Saturaccedilatildeo Perifeacuterica de Oxigecircnio
TC6 Teste de caminhada dos 6 minutos
TI Volume do toacuterax inferior
TS Volume corrente do toacuterax superior
VE Volume minuto
VEF1 Volume expiratoacuterio forccedilado no primeiro segundo
VEF1CVF Relaccedilatildeo do volume expiratoacuterio forccedilado no primeiro segundo e
capacidade vital forccedilada
VR Volume Residual
Vt Volume corrente
WMaacutex Carga maacutexima em Watts
Δ Variaccedilatildeo
xiii
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 Desenho experimental25
Figura 2 Anatomia e teacutecnica de alongamento do peitoral maior28
Figura 3 Anatomia e teacutecnica de alongamento do escaleno28
Figura 4 Anatomia e a teacutecnica de alongamento do Esternocleidomastoideo29
Figura 5 Anatomia e a teacutecnica de alongamento do Trapeacutezio Superior30
Figura 6 Anatomia e a teacutecnica de alongamento do peitoral menor30
Figura 7 Anatomia e a teacutecnica de alongamento do Serraacutetil Anterior e
Intercostais31
Figura 8 Anatomia e a teacutecnica de alongamento dos muacutesculos
abdominais32
Figura 9 Anatomia e a teacutecnica de alongamento dos flexores do punho33
Figura 10 Anatomia e a teacutecnica de alongamento dos extensores do punho33
xiv
Figura11 Anatomia e a teacutecnica de alongamento dos extensores do
tornozelo34
Figura 12 Anatomia e a teacutecnica de alongamento dos muacutesculos dos flexores do
tornozelo35
Figura13 Imagem tridimensional gerada pelo OEP38
Figura14 Disposiccedilatildeo das 89 esferas reflexivas38
Figura15 Laboratoacuterio do POE com a disposiccedilatildeo das cacircmeras e da bicicleta40
Figura16 Captaccedilatildeo e anaacutelise dos dados do volume toracoabdominal40
Figura17 Paciente realizando a avaliaccedilatildeo com carga no cicloergocircmetro no
POE42
Figura 18 Desenho experimental da avaliaccedilatildeo do OEP42
Figura19 Eletromioacutegrafo da BTS Engeneering44
Figura 20 Fluxograma do estudo49
xv
Figura 21 Efeitos do alongamento muscular respiratoacuterio na mecacircnica
ventilatoacuteria durante o exerciacutecio Os dados foram apresentados em meacutedia e
desvio padratildeo representado pela diferenccedila (Δ) = poacutes- - preacute-intervenccedilatildeo Houve
um aumento estatisticamente significante do volume da CT e do ABD no GT O
exerciacutecio foi realizado com 25 da carga maacutexima predito na equaccedilatildeo de
Jones25 GC= Grupo Controle GT= Grupo Tratado CT= Caixa totaacutecica total
TS= Toacuterax superior TI= Toacuterax inferior ABD= Abdomen = p lt 005 GC vs GT
(teste t natildeo pareado)51
Figura 22 Efeitos do alongamento muscular respiratoacuterio no volume minuto
(VE) durante o exerciacutecio Os dados foram apresentados em meacutedia e desvio
padratildeo representado pela diferenccedila (Δ) = poacutes- - preacute-intervenccedilatildeo Ambas
apresentaram diferenccedilas houve um aumento estatisticamente significante de
4L no volume minuto (VE) no GT em relaccedilatildeo do GC O exerciacutecio foi realizado
com 25 da carga maacutexima predito na equaccedilatildeo de Jones25 GC= Grupo
Controle GT= Grupo Tratado = p lt 005 GC vs GT (teste t natildeo pareado)52
Figura 23 Efeitos do alongamento muscular respiratoacuterio no fluxo expiratoacuterio
(FE) durante o exerciacutecio Os dados foram apresentados em meacutedia e desvio
padratildeo representado pela diferenccedila (Δ) = poacutes- - preacute-intervenccedilatildeo Ambas
apresentaram diferenccedilas houve um aumento estatisticamente significante de
100mL no fluxo expiratoacuterio (FE) no GT em relaccedilatildeo do GC O exerciacutecio foi
realizado com 25 da carga maacutexima predito na equaccedilatildeo de Jones25 GC=
xvi
Grupo Controle GT= Grupo Tratado = p lt 005 GC vs GT (teste t natildeo
pareado)53
Figura 24 Efeitos do alongamento muscular respiratoacuterio na relaccedilatildeo da
contribuiccedilatildeo da caixa toraacutecica e abdocircmen (CTABD) durante o exerciacutecio Os
dados foram apresentados em meacutedia e desvio padratildeo representado pela
diferenccedila (Δ) = poacutes- - preacute-intervenccedilatildeo O exerciacutecio foi realizado com 25 da
carga maacutexima predito na equaccedilatildeo de Jones25 Foi observado a reduccedilatildeo
estatisticamente significante dos valores no GT em relaccedilatildeo do GC da relaccedilatildeo
CTAB que representa o aumento da mobilidade do compartimento abdominal
GC= Grupo Controle GT= Grupo Tratado CT= Participaccedilatildeo da caixa toraacutecica
ABD= Participaccedilatildeo abdominal = p lt 005 GC vs GT (teste t natildeo pareado)54
Figura 25 Efeitos do alongamento muscular respiratoacuterio na atividade
muscular Os dados foram apresentados em meacutedia e desvio padratildeo
representado pela diferenccedila (Δ) = poacutes- - preacute-intervenccedilatildeo Foi constatada uma
diminuiccedilatildeo estatisticamente significante da atividade dos muacutesculos
esternocleidomastoideo e intercostal superior no GT O exerciacutecio foi realizado
com 25 da carga maacutexima predito na equaccedilatildeo de Jones25 GC= Grupo
Controle GT= Grupo Tratado = p lt 005 GC vs GT (teste t natildeo pareado)55
Figura 26 Efeitos do alongamento muscular respiratoacuterio na relaccedilatildeo entre a
atividade muscular e o volume corrente (EMGVt) Os dados foram
apresentados em meacutedia e desvio padratildeo representado pela diferenccedila (Δ) =
xvii
poacutes- - preacute-intervenccedilatildeo Observou-se uma diminuiccedilatildeo estatisticamente
significante da EMGVt no GT O exerciacutecio foi realizado com 25 da carga
maacutexima predito na equaccedilatildeo de Jones25 GC= Grupo Controle GT= Grupo
Tratado = p lt 005 GC vs GT (teste t natildeo pareado) 56
Figura 27 Efeitos do alongamento muscular respiratoacuterio na escala de BORG
Os dados foram apresentados Os dados foram apresentados em meacutedia e
desvio padratildeo representado pela diferenccedila (Δ) = poacutes- - preacute-intervenccedilatildeo Apoacutes
o tratamento ambos apresentaram diminuiccedilatildeo da dispneia mas somente no GT
houve uma diminuiccedilatildeo na comparaccedilatildeo com o GC e com seus dados iniciais no
preacute exerciacutecio O exerciacutecio foi realizado com 25 da carga maacutexima predito na
equaccedilatildeo de Jones25 GC= Grupo Controle GT= Grupo Tratado BORG= Escala
de dispneia TC6= Teste de caminhada dos 6 minutos = p lt 005 preacute vs poacutes
intervenccedilatildeo +=plt005 GC vs GC) (teste t natildeo pareado)57
Figura 28 Os dados apresentados em (Δ) representam (poacutes intervenccedilatildeo ndash preacute
intervenccedilatildeo) No teste de caminhada dos 6 minutos (TC6) foi observada uma
diferenccedila clinicamente significante do TC6 no GT que obteve um aumento
meacutedio de 2514m e o GC de 65m O exerciacutecio foi realizado com 25 da carga
maacutexima predito na equaccedilatildeo de Jones25 GC= Grupo Controle GT= Grupo
Tratado TC6= Teste de caminhada dos 6 minutos ( =diferenccedila clinicamente
significante)58
xviii
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 Caracterizaccedilatildeo amostral basal dos pacientes do estudo50
xix
RESUMO
Efeitos do alongamento da musculatura respiratoacuteria pelas teacutecnicas de
alongamento passivo e contraccedilatildeo-relaxamento na mecacircnica ventilatoacuteria e
na capacidade funcional de pacientes com doenccedila pulmonar obstrutiva
crocircnica
Os pacientes com doenccedila pulmonar obstrutiva crocircnica (DPOC) devido agrave
obstruccedilatildeo brocircnquica e reduccedilatildeo da retraccedilatildeo elaacutestica pulmonar apresentam o
aumento do recrutamento da musculatura respiratoacuteria predispondo agrave
incoordenaccedilatildeo toracoabdominal aumentando o trabalho respiratoacuterio
provocando fadiga e dispneacuteia O alongamento dos muacutesculos respiratoacuterios
(AMR) poderia diminuir a atividade muscular melhorar a sua capacidade
contraacutetil e a mobilidade da caixa toraacutecica otimizando a ventilaccedilatildeo pulmonar
entretanto estes efeitos nos muacutesculos respiratoacuterios permanecem
desconhecidos Objetivo Avaliar os efeitos da adiccedilatildeo do AMR associados agrave
reabilitaccedilatildeo pulmonar na mecacircnica ventilatoacuteria na capacidade funcional e na
atividade muscular em pacientes com DPOC Meacutetodo Estudo randomizado e
controlado incluiu 30 pacientes com DPOC que foram distribuiacutedos
aleatoriamente para os grupos tratado (GT n = 15) e controle (GC n = 15)
Todos os pacientes foram submetidos a 24 sessotildees de treinamento aeroacutebico
duas vezes por semana Aleacutem disso o GT recebeu AMR e o GC recebeu o
alongamento dos membros superiores e inferiores antes dos exerciacutecios
aeroacutebicos Foram avaliados teste da capacidade funcional (teste de caminhada
xx
de 6 minutos TC6) mecacircnica toracoabdominal (pletismografia optoeletrocircnica
POE) e atividade muscular respiratoacuteria (eletromiografia de superfiacutecie EMG)
durante o exerciacutecio Os dados representam a variaccedilatildeo (Δ)=poacutes- - preacute-
avaliaccedilatildeo foi utilizado o teste t para comparar os grupos e o niacutevel de
significacircncia foi fixado em 5 Resultados O GT apresentou o aumento da
capacidade funcional (2514m +) com a reduccedilatildeo da sensaccedilatildeo de dispneia apoacutes
o TC6 (plt001) quando comparado ao GC Provavelmente estaacute relacionado
com a melhora do volume da caixa toraacutecica (plt001) capacidade ventilatoacuteria
(plt001) com o aumento do volume e da contribuiccedilatildeo do compartimento
abdominal (plt001) Observamos tambeacutem no GT a reduccedilatildeo da atividade
muscular (p lt001) com maior eficiecircncia ventilatoacuteria (plt0006) Conclusatildeo
Nossos resultados sugerem que a adiccedilatildeo do AMR no treinamento aeroacutebio
aumenta a capacidade funcional com diminuiccedilatildeo da dispneia melhora a
eficaacutecia da contraccedilatildeo muscular e da capacidade ventilatoacuteria devido agrave maior
participaccedilatildeo do compartimento abdominal em pacientes com DPOC
Descritores DPOC Muacutesculos Respiratoacuterios Alongamento Muscular
Mecacircnica Respiratoacuteria Plestimografia Dispneia Eletromiografia
xxi
SUMMARY
Effects of respiratory muscle stretching with passive and hold-relax
techniques on ventilatory mechanics and functional capacity in patients
with chronic obstructive pulmonary disease
Chronic obstructive pulmonary disease (COPD) patients due to bronchial
obstruction and reduced lung elastic recoil present increased in the recruitment
of respiratory muscles predisposing an thoracoabdominal incoordination major
breathing work causing fatigue and dyspnea The respiratory muscles
stretching (RMS) could decrease the muscle activity and improve their
contractile capacity chest wall mobility and optimize the pulmonary ventilation
however this effect remains unknown Objective To evaluate the effects of
adding the RMS associated with pulmonary rehabilitation in ventilatory
mechanics functional capacity and muscle activity in patients with COPD
Method Randomized and controlled trial enrolled 30 COPD patients who were
randomly allocated into treatment (TG n = 15) and control (CG n = 15) groups
All patients underwent 24 sessions of aerobic training twice a week In Addition
TG received RMS and CG received upper and lower limb stretching before
aerobic exercises Were evaluated functional capacity (6-minute walking
distance test 6MWDT) thoracoabdominal mechanics (optoelectronic
plethysmography OEP) and respiratory muscle activity (surface
electromyography EMG) during exercise The data represents the change (Δ) =
post- - pre-evaluation a t-test was used to compare the groups and the
xxii
significance level was set at 5 Results TG showed improvement in the
functional capacity (2514m +) with decrease of the dyspnea sensation after the
6MWDT (plt001) compared with CG Probably is related with increased of
chest wall volume (plt001) ventilatory capacity (plt001) volume and the
contribution of the abdominal compartment (plt001) We also observed in the
TG a reduction of respiratory muscle activity (plt001) and the ratio between
volume displaced (plt0006) Conclusion Our results suggest that the addition
of RMS to aerobic training increases the functional capacity with dyspnea
reduction improvement of efficacy of respiratory muscle contraction and
ventilatory capacity due to higher participation of the abdominal compartment in
patients with COPD
Descriptors COPD Respiratory Muscles Muscular Stretching Respiratory
Mechanics Plethysmography Dyspnea Electromyography
1 INTRODUCcedilAtildeO
2
11 Definiccedilatildeo e Incidecircncias
A doenccedila pulmonar obstrutiva crocircnica (DPOC) eacute definida como uma
patologia pulmonar previsiacutevel e trataacutevel caracterizada pela limitaccedilatildeo
persistente do fluxo aeacutereo aprisionamento aeacutereo e hiperinsuflaccedilatildeo com caraacuteter
de limitaccedilatildeo progressiva associados ao aumento da resposta inflamatoacuteria das
vias aeacutereas e dos pulmotildees decorrente da exposiccedilatildeo aos gases e partiacuteculas
nocivas (GOLD 2013) Os processos inflamatoacuterios causam alteraccedilotildees
brocircnquicas e destruiccedilatildeo do parecircnquima pulmonar que podem variar de
indiviacuteduo para indiviacuteduo resultando no decreacutescimo da elasticidade tecidual
pulmonar e diminuiccedilatildeo da capacidade ventilatoacuteria (Celli et al 2004 Laizo
2009)
A bronquite crocircnica e o enfisema pulmonar satildeo responsaacuteveis pela
denominaccedilatildeo da DPOC decorrente habitualmente do tabagismo embora
outras formas possam estar envolvidas em sua patogecircnese tal como a
deficiecircncia de micro1-antitripsina (Wood et al 2008) O enfisema pulmonar eacute
definido pelo aumento anormal e permanente dos espaccedilos aeacutereos distais do
bronquiacuteolo terminal acompanhado pela destruiccedilatildeo do parecircnquima pulmonar
Na ausecircncia de uma fibrose evidente o principal distuacuterbio funcional do enfisema
eacute a perda da retraccedilatildeo elaacutestica tecidual associada ao colabamento das vias
aeacutereas (Fabbri et al 2008) A bronquite crocircnica eacute definida clinicamente pela
presenccedila de tosse crocircnica com produccedilatildeo de secreccedilatildeo por vaacuterios dias da
semana por 3 meses em um ano por mais de 2 anos consecutivos Apresentam
3
edema e inflamaccedilatildeo da mucosa brocircnquica associada ao aumento do nuacutemero e
do tamanho das glacircndulas secretoras de muco e remodelaccedilatildeo estrutural
recorrente da parede dos brocircnquios (Figuero et al 2005) Evidenciam-se em
ambas a diminuiccedilatildeo da luz brocircnquica e limitaccedilatildeo da mobilidade da caixa
toraacutecica com diminuiccedilatildeo da capacidade respiratoacuteria caracterizando um
distuacuterbio ventilatoacuterio obstrutivo com aprisionamento aeacutereo geralmente grave e
irreversiacutevel (Colom et al 2006)
No Brasil a DPOC ocupa a 5ordf posiccedilatildeo entre as principais causas de
morte liacuteder em mortalidade entre as doenccedilas respiratoacuterias onde 290 mil
pacientes satildeo internados anualmente gerando um gasto importante ao sistema
de sauacutede do paiacutes Os dados de prevalecircncia obtidos ateacute o momento atraveacutes dos
questionaacuterios sintomatoloacutegicos permitiram estimar a DPOC em adultos maiores
de 40 anos em 12 dessa populaccedilatildeo ou seja 5500000 indiviacuteduos Tatildeo
importante quanto os gastos diretos satildeo os indiretos como os dias de trabalho
perdidos e aposentadoria precoce (II Consenso Brasileiro de DPOC 2004)
Associaccedilatildeo Latino-Americana de Toacuterax (ALAT) constituiacuteda pelo Brasil
Venezuela Meacutexico Uruguai e Chile desenvolveram um estudo chamado
PLATINO em 2006 com colaboraccedilatildeo da Burden of Obstructive Lung Disease
Se considerarmos os dados preliminares a prevalecircncia da DPOC varia de 6 a
158 da populaccedilatildeo brasileira com idade igual ou superior a 40 anos que
equivale a 2800000 a 6900000 indiviacuteduos dados estes que corroboram com
o Consenso Brasileiro de DPOC
4
O nuacutemero de oacutebitos tecircm aumentado nos uacuteltimos 20 anos em ambos os
sexos a taxa de mortalidade passou de 788 por 100000 habitantes na deacutecada
de 80 para 1904 por 100000 habitantes na deacutecada de 90 com um
crescimento de 230 (Laizo 2009) Segundo dados do DATASUS a DPOC
gerou no ano de 2010 no Sistema Nacional de Sauacutede Puacuteblica 141994
hospitalizaccedilotildees que levaram a 778428 dias de internaccedilatildeo O custo total dessas
internaccedilotildees foi de R$ 9243441551 e 7937 mortes diretamente relacionadas
com a DPOC Estima-se que ateacute 2025 75 das mortes prematuras
respiratoacuterias seratildeo provocadas pelo tabagismo (De Godoy et al 2007)
12 Fisiopatologia
A obstruccedilatildeo brocircnquica e a diminuiccedilatildeo do recolhimento elaacutestico
desencadeados pela doenccedila alteram a mecacircnica pulmonar que desloca o
ponto de igual pressatildeo das vias aeacutereas favorecendo o aprisionamento de ar
desencadeando a hiperinsuflaccedilatildeo e a diminuiccedilatildeo da capacidade respiratoacuteria
aos grandes esforccedilos subsequentemente ao repouso (Senol et al 2006
Fabbri et al 2008) A configuraccedilatildeo alterada da caixa toraacutecica deslocam os
muacutesculos respiratoacuterios (De Troyer 1997) inclusive o diafragma para uma
posiccedilatildeo de encurtamento e desvantagem mecacircnica prejudicando
gradativamente a mobilidade toracoabdominal levando ao aumento do trabalho
5
respiratoacuterio limitaccedilatildeo da ventilaccedilatildeo pulmonar e agravamento a sensaccedilatildeo de
dispneia (Yamaguti et al 2012 OacuteKroy et al 2000)
A limitaccedilatildeo do fluxo ventilatoacuterio faz com que a capacidade residual
funcional (CRF) se desloque em direccedilatildeo da capacidade pulmonar total (CPT)
A forccedila dos muacutesculos inspiratoacuterios eacute exigida para o aumento do volume mas a
contraccedilatildeo muscular eacute eficaz somente em esforccedilos leves e moderados A maior
demanda ventilatoacuteria obriga a CRF se deslocar ainda mais em direccedilatildeo agrave CPT e
a forccedila inspiratoacuteria natildeo tem capacidade de gerar o ganho volumeacutetrico
agravando a dispneia o que leva a interrupccedilatildeo do exerciacutecio (Calverley 2006)
A DPOC natildeo eacute somente uma doenccedila respiratoacuteria e sim sistecircmica a
hiperinsuflaccedilatildeo pulmonar afeta o sistema cardiovascular pois a alteraccedilatildeo da
pressatildeo intratoraacutecica reduz o enchimento cardiacuteaco e consequentemente o
deacutebito cardiacuteaco (Stark-leyva et al 2004) As disfunccedilotildees oacutesseas satildeo
decorrentes principalmente da inatividade fiacutesica do uso de corticoacuteesteroacuteides e
pela desnutriccedilatildeo (Ferguson et al 2009) assim como as neuropatias perifeacutericas
incluindo do nervo frecircnico ocasionando a depressatildeo da excitabilidade e da
conduccedilatildeo neural (Jann et al 1998) A hipoxemia possivelmente seja
responsaacutevel pelas alteraccedilotildees cognitivas que compromete a memoacuteria verbal e a
compreensatildeo (Dodd et al 2010) em contrapartida a depressatildeo e a ansiedade
satildeo associados principalmente agrave sensaccedilatildeo de desconforto respiratoacuterio e agrave
limitaccedilatildeo da atividade de vida diaacuteria (Wagena 2005) O refluxo gastroesofaacutegico
eacute outra alteraccedilatildeo que provavelmente seja decorrente da diminuiccedilatildeo da
capacidade contraacutetil muscular diafragmaacutetica pois com a sua horizontalizaccedilatildeo
6
perde-se a eficiecircncia contraacutetil e reduz da pressatildeo do esfiacutencter gastroesofaacutegico
(Hurst et al 2008 Boutou et al 2011) Dentre as alteraccedilotildees sistecircmicas da
DPOC o sistema muacutesculo-esqueleacutetico eacute um dos mais afetados e estaacute
relacionado com o agravamento da patologia e ao aumento do iacutendice de
mortalidade devido ao descondicionamento fiacutesico (Dourado et al 2006
Swallow et al 2007 Dodd et al 2012)
13 Sistema muacutesculo-esqueleacutetico
O sistema muacutesculo-esqueleacutetico eacute afetado pela inflamaccedilatildeo crocircnica
sistecircmica da DPOC processo que induz a liberaccedilatildeo de mediadores quiacutemicos
inflamatoacuterios acelerando a degradaccedilatildeo proteica e aumentando o estresse
oxidativo muscular (Andreassen e Vestbo 2003 Macintyre 2006) O transporte
de oxigecircnio para o citoplasma celular dos muacutesculos fica comprometido esse
oxigecircnio fica inutilizado por natildeo conseguir chegar de forma eficiente nas
mitococircndrias (Shrikrishna 2009 Barreiro 2013) As alteraccedilotildees metaboacutelicas
enzimaacuteticas e hormonais anaboacutelicas quando associadas agrave diminuiccedilatildeo dos
capilares sanguiacuteneos provocam a reduccedilatildeo das fibras musculares do tipo I e II
(Ries et al 2007 Strasser et al 2013) Devido a estes fatores todos os
muacutesculos inclusive os respiratoacuterios trabalham de forma anaeroacutebica ao miacutenimo
esforccedilo acumulando lactato ocasionando a fadiga precoce ao exerciacutecio e ao
descondicionamento sistecircmico (Wagena 2005 Hostettler et al 2011)
7
14 Diagnoacutestico e Sintomas
Para o diagnoacutestico eacute utilizado principalmente a espirometria por que a
obtenccedilatildeo da curva expiratoacuteria volume-tempo eacute obrigatoacuteria na suspeita cliacutenica
de DPOC devendo ser realizada antes e apoacutes administraccedilatildeo de
broncodilatador na fase estaacutevel da doenccedila A espirometria permite a avaliaccedilatildeo
de uma multiplicidade de paracircmetros poreacutem os mais importantes do ponto de
vista de aplicaccedilatildeo cliacutenica satildeo a CVF (capacidade vital forccedilada) o VEF1 (volume
expiratoacuterio forccedilado no primeiro segundo) e a relaccedilatildeo sua relaccedilatildeo (VEF1CVF)
A existecircncia da limitaccedilatildeo do fluxo aeacutereo eacute definida pela presenccedila da relaccedilatildeo
VEF1CVF abaixo de 070 poacutes-broncodilatador e pelos dados de VEF1 ge 80
do predito (leve) ge 50 e lt 80 do predito (moderado) e ge 30 e lt 50 do
predito (grave) (GOLD 2013)
A DPOC apresenta tambeacutem o aumento do volume residual (VR) da
capacidade pulmonar total (CPT) e da capacidade residual funcional (CRF)
(Camargo et al 2008) Deve-se solicitar o exame radioloacutegico de forma rotineira
nas posiccedilotildees poacutestero-anterior e perfil mas dificilmente seraacute utilizado para o
diagnoacutestico da doenccedila e sim para descartar outras patologias como a
neoplasias bolhas e para acompanhar o prognoacutestico da doenccedila (II Consenso
Brasileiro sobre Doenccedila Pulmonar Obstrutiva Crocircnica 2004)
A presenccedila de sintomas respiratoacuterios crocircnicos no paciente com haacutebito
tabaacutegico (cigarro cigarrilha cachimbo charuto) deve levar a suspeita cliacutenica da
8
DPOC O tabagismo eacute considerado um problema de sauacutede puacuteblica e satildeo
atribuiacutedos a esse viacutecio 90 dos casos de cancro no pulmatildeo 86 de bronquite
e enfisema 25 dos processos isquecircmicos do coraccedilatildeo e 30 dos cancros
extrapulmonares (Laizo 2009) A tosse o chiado e a dispneia estatildeo
frequentemente presentes tendo sido relatado em 83 dos casos (Nishimura
et al 2002 Laveneziana et al 2011)
A dispneia eacute o sintoma mais importante dos pacientes com DPOC
Montaldo et al (2000) acreditam que os estiacutemulos aferentes provenientes das
tensotildees do sistema muacutesculo-esqueleacutetico da regiatildeo toracoabdominal apoacutes
serem processados nos centros respiratoacuterios aumentam a percepccedilatildeo da
dispneia (Breslin et al 1998) Outro fator satildeo os estiacutemulos dos quimioceptores
sensiacuteveis agraves variaccedilotildees de PaCO2 e agraves alteraccedilotildees dos mecanoceptores
articulares e musculares da caixa toraacutecica (Burki e Lee 2010) Classicamente
o instrumento mais utilizado para avaliaccedilatildeo da dispneia eacute a escala modificada
de Borg (1982) a sensaccedilatildeo de falta de ar estaacute associada com a incapacidade
fiacutesica piora da qualidade de vida e do prognoacutestico cliacutenico Os pacientes
normalmente referem os sintomas em uma fase mais avanccedilada da doenccedila e
frequentemente relaciona a limitaccedilatildeo das atividades ao descondicionamento
muscular perifeacuterico (Castro et al 2012)
Szczegielniak et al (2011) demonstraram que os exerciacutecios aeroacutebicos
reduzem os niacuteveis inflamatoacuterios caracteriacutesticos da DPOC e melhora o
condicionamento fiacutesico permitindo a melhora das atividades diaacuterias Por esta
9
razatildeo cada vez mais a reabilitaccedilatildeo pulmonar vem adquirindo mais importacircncia
no acircmbito cientiacutefico
15 Reabilitaccedilatildeo pulmonar
A reabilitaccedilatildeo pulmonar (RP) eacute um programa baseado em evidecircncias
constituiacutedo pelo treinamento aeroacutebico e resistido associado aos programas
educacionais intervenccedilotildees nutricionais e suporte psicoloacutegico para os pacientes
com DPOC O objetivo eacute otimizar a performance fiacutesica funcional social
psicoloacutegica e autonocircmica dos pacientes Eacute realizada por uma equipe
multidisciplinar composta por meacutedicos fisioterapeutas enfermeiros
nutricionistas psicoacutelogos terapeutas ocupacionais e assistentes sociais (ATS
2013) Eacute capaz de auxiliar na atenuaccedilatildeo das limitaccedilotildees do sistema
musculoesqueleacutetico por isso melhora a qualidade de vida e garante o maacuteximo
da sua independecircncia e funcionalidade em seu meio (Carrieri-Kohlman et al
2005 Garcia-Aymerich et al 2006 Ries et al 2007)
O treinamento aeroacutebico realizado em bicicleta ou esteira ergomeacutetrica eacute o
principal componente da RP conforme observados em alguns estudos ele
promove o aumento do tamanho das fibras do tipo I e na quantidade de
capilares musculares em DPOC (Montes de Oca et al 2005) A intensidade
pode ser ajustada pela frequecircncia cardiacuteaca ou pelo teste de caminhada
(Figueiredo e Guimaratildees 2009) sendo necessaacuterio no miacutenimo 10 semanas de
10
intervenccedilatildeo com 2 sessotildees semanais (Rossi et al 2005) Mas os indiviacuteduos
apresentam respostas diferentes quando submetidos agrave RP sobretudo nos
fatores que limitam o exerciacutecio fiacutesico Plankell et al (2005) realizaram um
estudo e constataram que pacientes soacute apresentam um bom condicionamento
cardiorrespiratoacuterio quando realizava exerciacutecios aeroacutebicos de alta intensidade
A RP tem sido reconhecida nos uacuteltimos anos como parte fundamental do
tratamento da DPOC pois oferece inuacutemeros estudos com resultados positivos
para os pacientes Dentre eles a melhora da toleracircncia ao exerciacutecio (Yoshimi
et al 2012) reduccedilatildeo da demanda ventilatoacuteria em esforccedilo submaacuteximo melhora
da eficiecircncia do trabalho diminuiccedilatildeo da dispneia e melhora da atividade de
vida diaacuteria (Godoy et al 2009) Apesar dos benefiacutecios nos pacientes com
DPOC ateacute o presente momento nenhum exerciacutecio conseguiu atuar
eficientemente na mecacircnica ventilatoacuteria (Georgiadou et al 2007) Por esta
razatildeo alguns estudos buscaram outras alternativas para interferir diretamente
nos muacutesculos respiratoacuterios com o objetivo de potencializar os efeitos positivos
jaacute demonstrados pela RP
16 Muacutesculos respiratoacuterios
O diafragma eacute o principal muacutesculo respiratoacuterio durante a inspiraccedilatildeo
realiza a contraccedilatildeo das cuacutepulas diafragmaacuteticas que descendem e gera um
aumento da pressatildeo intra-abdominal que serve de sustentaccedilatildeo para a
11
expansatildeo da caixa toraacutecica potencializada pela associaccedilatildeo da contraccedilatildeo dos
muacutesculos respiratoacuterios (Man et al 2012) Tem sido demonstrado na literatura
encurtamento em torno de 28 a 40 do diafragma na DPOC fato este que
compromete a mobilidade e funcionalidade toracoabdominal com repercussatildeo
na capacidade ventilatoacuteria e na tensatildeo dos muacutesculos da caixa toraacutecica de
forma de compensatoacuteria a diminuiccedilatildeo da contraccedilatildeo diafragmaacutetica (Iwasawa et
al 2002 Vilaroacute et al 2010)
Os principais muacutesculos acessoacuterios respiratoacuterios satildeo o peitoral menor
escalenos esternocleidomastoacuteideo intercostais e abdominais avaliados pela
eletromiografia (Gandevia et al 2006 Duiverman et al 2004) eles participam
na fase inspiratoacuteria favorecendo a expansatildeo da caixa toraacutecica pela traccedilatildeo
costal (De Troyer et al 1994 Taylor et al 1990) Durante a inspiraccedilatildeo forccedilada
outros muacutesculos satildeo solicitados como o peitoral maior e o trapeacutezio (Putt et al
2008) Estudos mais recentes tecircm demonstrado que a atividade muscular do
esternocleidomastoacuterideo intercostais peitoral menor latiacutessimo do dorso e dos
escalenos tanto em condiccedilotildees de repouso quanto no exerciacutecio satildeo maiores em
pacientes com DPOC quando comparada aos indiviacuteduos sadios (Donaldson et
al 2012) Os muacutesculos abdominais desempenham um papel importante no
mecanismo expiratoacuterio e a sua contraccedilatildeo estaacute associada a outras musculaturas
expiratoacuterias que potencializam no mecanismo de depressatildeo costal para a saiacuteda
de ar (Georgiadou et al 2007)
Na DPOC os muacutesculos respiratoacuterios sustentam a contraccedilatildeo para
aumentar expansatildeo da caixa toraacutecica com o objetivo de incrementar o fluxo
12
ventilatoacuterio Essa diminuiccedilatildeo do comprimento das fibras musculares prejudica a
eficiecircncia da forccedila contraacutetil maacutexima pois perde a sobreposiccedilatildeo fisioloacutegica ideal
entre os filamentos de actina e miosina (Izumizaki et al 2008 Ito 1999)
aumentando o gasto energeacutetico e a fadiga durante os exerciacutecios fiacutesicos
(Kokkonen et al 2007 Gea et al 2013) Essas alteraccedilotildees de comprimento e
tensatildeo do sistema musculo-esqueleacutetico da regiatildeo toracoabdominal geram a
estimulaccedilatildeo mecanoceptoras locais (fusos musculares e os receptores
articulares) que alteram os estiacutemulos neuroloacutegicos aos centros motores e
respiratoacuterios (Montaldo et al 2000) Estes centros por sua vez desencadeiam
a mudanccedila da taxa de disparo do nervo frecircnico que controla a cadecircncia e a
frequecircncia da contraccedilatildeo diafragmaacutetica (Burki e Lee 2010)
A partir destes conceitos preacutevios da relaccedilatildeo entre a mobilidade e as
alteraccedilotildees sintomatoloacutegicas da patologia pulmonar estudos de intervenccedilatildeo nos
muacutesculos respiratoacuterios ganharam importacircncia cientiacutefica (ATS 2013) A teacutecnica
de alongamento muscular foi escolhida pela maioria pois veio de encontro aos
conceitos do aumento da mobilidade tecidual perdida na DPOC A maioria dos
trabalhos tiveram como objetivo principal aumentar a viscoelasticidade
muscular para gerar acomodaccedilatildeo dos mecanoceptores da caixa toraacutecica
sendo assim regularia os centros respiratoacuterios e consequentemente
melhoraria o trabalho respiratoacuterio com reduccedilatildeo dos sintomas (Manning e
Schwartzstein 1995 Montaldo et al 2000)
13
17 Alongamento Muscular
Bonnar et al (2004) consideram que o alongamento busca aumentar o
espaccedilo entre os filamentos de actina e miosina com o objetivo de devolver a
sobreposiccedilatildeo fisioloacutegica ideal da actina e miosina para potencializar a
capacidade contraacutetil muscular (Shrier 2004 Izumizaki et al 2008) O
alongamento pode regular o mecanismo contraacutetil a partir do equiliacutebrio do caacutelcio
citoplasmaacutetico pela ativaccedilatildeo do retiacuteculo sarcoplasmaacutetico (Nakamura et al
2012) aleacutem de promover a diminuiccedilatildeo da tensatildeo tecidual pela remodelaccedilatildeo
dos fibroblastos (Riley e Van Dyke 2012) Kokonnen (2007) constataram que o
tambeacutem diminui o torque muscular sem alteraccedilatildeo significante da amplitude
articular de forma aguda mas quando realizado de forma regular os muacutesculos
apresentaram uma melhora na velocidade de contraccedilatildeo forccedila e endurance
muscular aleacutem de melhorar a amplitude de movimento
No iniacutecio do seacuteculo 20 Sherrington definiu os primeiros conceitos da
facilitaccedilatildeo e inibiccedilatildeo autogecircnica a partir destes fundamentos foram
desenvolvidas diversas teacutecnicas de alongamento muscular A inibiccedilatildeo
autogecircnica eacute um dos principais mecanismos neurofisioloacutegicos do alongamento
que consiste na reduccedilatildeo da excitabilidade motora a partir de uma contraccedilatildeo ou
alongamento muscular (Bonnar et al 2004) Esse efeito eacute atribuiacutedo
primeiramente pelos fusos neuromusculares que desencadeiam respostas
musculares particulares para cada tipo de estiacutemulo Isto eacute agudamente o
alongamento causa a estimulaccedilatildeo intensa e abrupta dos nervos sensitivos que
14
desencadeia uma resposta medular eferente motora das fibras extra-fusais
gerando a aumento da atividade muscular e contraccedilatildeo intensa com restriccedilatildeo
da mobilidade tecidual (Morse et al 2008 Mukherjee et al 2010 McHugh et
al 2010) Para a intervenccedilatildeo crocircnica onde satildeo realizadas diversas sessotildees
de alongamentos existe uma remodelaccedilatildeo maior das propriedades
viscoelaacutesticas (tixotroacutepicas) do tecido conjuntivo que envolve as fibras
musculares com isso a limiar excitatoacuterio do fuso neuromuscular diminui e o
estiacutemulo contraacutetil tensional eferente tambeacutem (Taylor et al 1990 Izumizaki et
al 2006)
O mecanismo contraacuterio ao fuso neuromuscular satildeo as estimulaccedilotildees dos
receptores musculotendineos chamados de oacutergatildeos tendinosos de Golgi (OTG)
A partir da tensatildeo em estiramento do alongamento na regiatildeo miotendiacutenea
desencadeia um potencial de accedilatildeo sensitivo do OTG que inibe a atividade
muscular via nervos eferentes motores A intensidade desse mecanismo
inibitoacuterio estaacute relacionado com o tamanho da superfiacutecie tendiacutenea e com a
quantidade de tensatildeo exercida sobre ela Acreditava-se que somente em
tensatildeo abruptas ou grande intensidade estimularia o OTG ou seja que
atuaria somente em situaccedilotildees de grande estresse tecidual Mas os uacuteltimos
estudos apontam que o OTG aleacutem de atuar em situaccedilotildees de sobrecarga a sua
accedilatildeo eacute constante com o objetivo de inibir o mecanismo contraacutetil voluntaacuterio e
protetor do fuso neuromuscular (Mukherjee e Chakravarty 2012) Com o ganho
da viscoelasticidade do tecido conjuntivo ele tambeacutem causa acomodaccedilatildeo do
OTG assim como nos fusos e isso pode acarretar na alteraccedilatildeo da accedilatildeo
inibitoacuteria pois o limiar de disparo pela tensatildeo pode diminuir ou aumentar
15
dependendo da anatomia musculotendiacutenea do muacutesculo tratado (Hindle et al
2012)
Para obter uma resposta positiva do alongamento eacute recomendado
realizaacute-lo sustentando por no miacutenimo 30 segundos duas vezes por semana por
6 semanas (Reid e Mcnair 2004 Decicco e Fisher 2005 Magnusson et al
1996) Dentre as diversas teacutecnicas a contraccedilatildeo-relaxamento apresenta a maior
eficaacutecia no ganho da excursatildeo muscular a teacutecnica se baseia na associaccedilatildeo do
alongamento passivo intercaladas com contraccedilatildeo isomeacutetricas (Holcomb 2000)
Alguns estudos tecircm verificado os efeitos do alongamento dos muacutesculos
respiratoacuterios em pacientes com DPOC O primeiro trabalho de maior relevacircncia
foi de Ito et al (1999) eles observaram a melhora da funccedilatildeo pulmonar e da
dispneia em 16 sujeitos com DPOC que receberam o alongamento quando
comparados ao grupo que realizaram exerciacutecios diafragmaacuteticos assim como
Minoguchi et al (2002) com o diferencial que eles realizaram a intervenccedilatildeo
crocircnica (1 mecircs) em 12 pacientes Contrariando estes resultados Izumizaki et al
(2006 e 2008) realizaram o protocolo de intervenccedilatildeo aguda de alongamento
muscular da caixa toraacutecica com 10 e 14 pacientes respectivamente e
constataram uma diminuiccedilatildeo da funccedilatildeo pulmonar e sem alteraccedilatildeo da dispneia
Outros trabalhos com o mesmo conceito de intervenccedilatildeo constataram o
aumento da mobilidade toracoabdominal avaliados pela cirtometria associados
agrave melhora da capacidade funcional (Paulin et al 2005 Luularungrayub et al
2009) Mas os trabalhos de Noll et al (2008 e 2009) de intervenccedilatildeo crocircnica e
aguda respectivamente apoacutes o mesmo protocolo de tratamento muscular
16
demonstraram piora da mobilidade e da capacidade funcional Atualmente soacute
existe um estudo na literatura de Cunha et al (2005) que avaliaram a
atividade muscular respiratoacuteria com eletromiografia de superfiacutecie apoacutes a
intervenccedilatildeo nos pacientes com DPOC e apresentou melhoras nos paracircmetros
avaliados
Devido aos dados contraditoacuterios dos efeitos do alongamento dos
muacutesculos da caixa toraacutecica presente na literatura Heneghan et al (2012)
concluiacuteram em sua revisatildeo sistemaacutetica que atualmente natildeo existem evidecircncias
que suportem os benefiacutecios deste tipo de intervenccedilatildeo em pacientes com DPOC
Apesar da importacircncia que os estudos preacutevios representaram para a
comunidade cientiacutefica eles apresentaram limitaccedilotildees metodoloacutegicas
importantes pois poucos satildeo os estudos controlados e aleatorizados e tambeacutem
a aleatorizaccedilatildeo dos pacientes raramente satildeo descritas Outro ponto importante
a ser destacado eacute o fato de realizarem a intervenccedilatildeo com avaliaccedilatildeo aguda
estudos recentes demonstraram que muacutesculo se comporta diferente quando
comparado com a intervenccedilatildeo crocircnica Aleacutem disso os trabalhos utilizaram
ferramentas de avaliaccedilatildeo da mobilidade toracoabdominal de pouca acuraacutecia
como a cirtometria e atualmente com os avanccedilos tecnoloacutegicos existem
sistemas mais avanccedilados como o pletismoacutegrafo optoeletocircnico (POE) para a
avaliaccedilatildeo da mecacircnica ventilatoacuteria (Aliverti et al 2000)
17
18 Meacutetodos para a anaacutelise da mecacircnica ventilatoacuteria
A avaliaccedilatildeo dos padrotildees respiratoacuterios eacute importante para a melhor
compreensatildeo da mecacircnica respiratoacuteria visando o desenvolvimento e a melhor
compreensatildeo dos tratamentos fisioterapecircuticos aleacutem de contribuir para as
pesquisas cientiacuteficas (Parreira et al 2012) Existem alguns meacutetodos validados
que quantifica a mobilidade toracoabdominal como a pletismografia por
indutacircncia (Respitrace) eacute um aparelho composto por faixas elaacutesticas sensiacuteveis
agrave tensatildeo e compressatildeo posicionadas ao redor da caixa toraacutecia e abdominal
Elas satildeo conectadas a um moacutedulo oscilador e uma unidade de calibraccedilatildeo os
dados do movimento das faixas satildeo coletados e atraveacutes de um software
analisados em tempo real as variaacuteveis da mecacircnica ventilatoacuteria (Gosselink et
al 1995 Costa et al 2011 Fernandes et al 2011)
Para a avaliaccedilatildeo da expansibilidade os estudos ainda utilizam a
cirtometria que atraveacutes de uma fita meacutetrica mensura-se o diacircmetro da regiatildeo
axilar xifoide e abdominal durante a inspiraccedilatildeo e expiraccedilatildeo maacutexima Satildeo
quantificados a excursatildeo em centiacutemetros atualmente natildeo eacute considerado um
exame fidedigno devido agrave analise subjetiva dos paracircmetros avaliados (Rondelli
et al 2009)
Com o avanccedilo tecnoloacutegico foi desenvolvido o Pletismoacutegrafo
Optoeletrocircnico (POE) Seu funcionamento baseia-se na anaacutelise do movimento
detectado a partir de marcadores compostos por esferas reflexivas de 6 a 10
miliacutemetros (Dellacagraversquo et al 2010) posicionados na regiatildeo anterior e posterior da
superfiacutecie toracoabdominal (Romagnoli et al 2008 Bianchi et al 2007) O
18
deslocamento das esferas satildeo captadas atraveacutes de cacircmeras especiais que
possuem diodos axiais que emitem feixes luzes infravermelho que eacute refletido
por cada marcador Apoacutes o sinal ser processado satildeo identificados o
posicionamento das esferas na superfiacutecie a partir do cruzamento das
informaccedilotildees de cada cacircmera bidimensional os dados satildeo transformados em
coordenadas tridimensionais (Boudarham et al 2013)
O POE possui algumas vantagens dentre elas eacute um meacutetodo natildeo
invasivo natildeo necessita de clipe nasal maacutescaras ou qualquer similar de
calibraccedilatildeo simples e as avaliaccedilotildees podem ser realizadas em vaacuterias posturas
(Alliverti et al 2000) diferentes condiccedilotildees e em diversas disfunccedilotildees e
patologias (Vogiatzis et al 2005 Bianchi et al 2004) Este meacutetodo natildeo possui
diferenccedilas significativas nos dados quando comparados com outros meacutetodos
de diagnoacutestico da mecacircnica toracoabdominal (Aliverti 2008 Layton et al
2013) Eacute possiacutevel mensurar a cada ciclo respiratoacuterio variaacuteveis de volume e de
tempo dos trecircs compartimentos da parede toraacutecica e dos dois hemitoacuterax aleacutem
das variaacuteveis de assincronia toracoabdominal (Romagnoli et al 2008 Aliverti
et al 2010 Boudarham et al 2013) Por todas essas razotildees o POE tem
ganhado grande destaque nos uacuteltimos anos nas pesquisas sobre a mecacircnica
toracoabdominal mas por ser uma tecnologia recente ainda carece de mais
estudos
Os trabalhos que relacionaram os efeitos do alongamento dos muacutesculos
respiratoacuterios na DPOC ainda satildeo escassos de baixo rigor metodoloacutegico e ateacute
entatildeo nenhum existe nenhum trabalho foi avaliado pelo POE Os efeitos
19
destas teacutecnicas associadas ao exerciacutecio aeroacutebico e o seu impacto na mecacircnica
ventilatoacuteria permanecem desconhecidos Sendo assim parece relevante
verificar a influecircncia dos alongamentos associados ao exerciacutecio aeroacutebico na
mecacircnica ventilatoacuteria e na capacidade funcional dos pacientes com DPOC
19 Hipoacutetese
O alongamento dos muacutesculos respiratoacuterios potencializaria a capacidade
contraacutetil e a excursatildeo dos muacutesculos respiratoacuterios que resultaria na melhora da
mobilidade toracoabdominal e possivelmente no aumento da capacidade
ventilatoacuteria Com isso os pacientes com DPOC conseguiriam realizar a
atividade fiacutesica desencadeando menos dispneia
2 OBJETIVOS
21
21 Primaacuterio
Avaliar os efeitos do alongamento dos muacutesculos respiratoacuterios
associados ao treinamento aeroacutebico na mecacircnica ventilatoacuteria e na capacidade
funcional em indiviacuteduos portadores de DPOC com graus moderado e grave
durante o exerciacutecio comparado ao grupo controle (sham)
22 Secundaacuterio
Avaliar a atividade muscular eficiecircncia muscular e mobilidade abdominal
e observar se os dados obtidos possuem alguma relaccedilatildeo com as variaacuteveis
principais
3 CASUIacuteSTICA E METODOS
23
31 Aspectos eacuteticos
A pesquisa foi aprovada pelo Comitecirc de Eacutetica (Cappesq) do Hospital das
Cliacutenicas da Faculdade de Medicina da Universidade de Satildeo Paulo (HCFMUSP)
sob o no 129509 e todos os pacientes assinaram o Termo de Consentimento
Livre e Esclarecido concordando em participar da pesquisa O estudo foi
registrado no Clinical Trials (NCT02036762)
32 Casuiacutestica
Foram analisados 28 pacientes portadores de DPOC com grau de
obstruccedilatildeo moderada a grave em seguimento cliacutenico no ambulatoacuterio de
pneumologia do HCFMUSP O diagnoacutestico de DPOC foi estabelecido de
acordo com os criteacuterios recomendados pela American Toracic Society (ATS
2013)
321 Criteacuterios de inclusatildeo
Foram estudados pacientes portadores de DPOC que aceitaram
participar do estudo com autorizaccedilatildeo por escrito com grau de obstruccedilatildeo de
moderado (VEF1 ge 50 e lt 80 previsto) a grave (VEF1 ge 30 e lt 50
24
previsto) e VEF1CVF lt 070 diagnoacutesticado haacute no miacutenimo 6 meses com
estabilidade cliacutenica por pelo menos 1 mecircs em condiccedilatildeo cliacutenico medicamentosa
otimizada de acordo com os criteacuterios do GOLD (GOLD 2013) Os criteacuterios de
inclusatildeo foram (1) idade gt40 anos (2) clinicamente estaacuteveis (sem alteraccedilotildees
medicamentosas ou agravamento dos sintomas haacute pelo menos 4 semanas
antes do iniacutecio do estudo) (3) natildeo O2 dependente (4) ausecircncia de outras
pneumopatias e doenccedilas cardiovasculares associadas (5) ausecircncia de
cirurgias toraacutecicas (6) ausecircncia de deficiecircncias cognitivas fiacutesicas ou
comprometimento funcional que impossibilitasse a participaccedilatildeo no estudo (7)
IMC gt18 e lt30 Kgm2 (8) natildeo ter sido submetido a qualquer tipo de programa
de reabilitaccedilatildeo pulmonar nos uacuteltimos 6 meses
322 Criteacuterios de exclusatildeo
Os criteacuterios de exclusatildeo foram (1) descompensaccedilatildeo do quadro cliacutenico
(internaccedilatildeo com agravamentos dos sintomas e alteraccedilatildeo medicamentosa) e (2)
natildeo assiduidade ao tratamento (faltas superiores a 3 sessotildees) Durante todo o
estudo natildeo houve alteraccedilatildeo do tratamento medicamentoso do paciente
25
Figura 1 Desenho experimental
33 Delineamento experimental
Ensaio cliacutenico prospectivo aleatorizado controlado e de avaliador ldquocegordquo
Os pacientes participantes foram alocados em uma proporccedilatildeo de 11 nos
grupos tratamento (GT) ou controle (GC) (n=15 cada) A aleatorizaccedilatildeo foi feita
por sorteio dos pacientes em envelopes pardos e opacos
Todos os pacientes foram avaliados em 2 momentos distintos preacute (1ordf
avaliaccedilatildeo) e poacutes (2ordf avaliaccedilatildeo) programa de exerciacutecios aeroacutebicos associado ao
26
alongamento muscular A 1ordf avaliaccedilatildeo foi realizada em apenas um dia e foi
anterior agrave aleatorizaccedilatildeo A avaliccedilatildeo incluiu anaacutelise da mecacircnica ventilatoacuteria e
atividade muscular respiratoacuteria (pletismografia optoeletrocircnica e eletromiografia
de superfiacutecie) durante o exerciacutecio com carga capacidade funcional (teste da
caminhada de seis minutos) e da prova de funccedilatildeo pulmonar (espirometria) para
a caracterizaccedilatildeo amostral A 2ordf avaliaccedilatildeo foi realizada pelo avaliador ldquocegordquo em
ateacute 7 dias apoacutes o teacutermino do programa de tratamento e constou das mesmas
avaliaccedilotildees descritas anteriormente
Apoacutes a 1ordf avaliaccedilatildeo os pacientes foram divididos aleatoriamente em 2
grupos O grupo controle (GC) realizou o alongamento ativo da musculatura
perifeacuterica (sham) associado ao programa de treinamento aeroacutebico em esteira
ergomeacutetrica e o grupo tratado (GT) realizou o alongamento da musculatura
acessoacuteria respiratoacuteria associado ao programa de treinamento aeroacutebico em
esteira ergomeacutetrica Os protocolos de intervenccedilatildeo tiveram a duraccedilatildeo de 24
sessotildees (60 minsessatildeo 2x semana por 3 meses) O treinamento aeroacutebico foi
realizado apoacutes os 30 minutos de alongamento da musculatura perifeacuterica (sham)
ou respiratoacuteria (tratamento) e teve a duraccedilatildeo de 30 minutos em cada sessatildeo
34 Intervenccedilatildeo
341 Protocolo de alongamento do grupo tratado (GT)
O protocolo de tratamento foi composto por uma seacuterie de alongamentos
para cada musculatura respiratoacuteria escolhida Foram realizadas 24 sessotildees (2
27
sessotildees semanais num periacuteodo de 3 meses) Cada sessatildeo teve duraccedilatildeo de
aproximadamente 30 minutos
Os alongamentos foram realizados em diferentes decuacutebitos de acordo
com a musculatura alongada Foram selecionadas duas teacutecnicas de
alongamento a contraccedilatildeo-relaxamento para a maioria dos muacutesculos
selecionados e nas musculaturas que apresentavam limitaccedilotildees biomecacircnicas
para a realizaccedilatildeo da teacutecnica de contraccedilatildeo-relaxamento foi substituiacutedo pelo
alongamento passivo
Cada seacuterie da teacutecnica de contraccedilatildeo-relaxamento consistiu
primeiramente na realizaccedilatildeo da amplitude maacutexima articular sustentado por 10
segundos seguida de uma contraccedilatildeo isomeacutetrica maacutexima por 3 segundos com
retomada ao alongamento passivo por mais 3 segundos este processo foi
repetido por 9 seacuteries para cada muacutesculo e a cada 3 seacuteries foi intercalado com
1 minuto de descanso (Bonnar et al 2004) O alongamento passivo foi
sustentado por 60 segundos em cada muacutesculo por trecircs vezes com intervalo
miacutenimo de um minuto (Siatras et al 2008) O posicionamento adequado e a
teacutecnica de alongamento seraacute detalhado a seguir
Peitoral maior Paciente em decuacutebito dorsal o terapeuta posicionou-se
do lado homolateral do muacutesculo alongado primeiramente foi realizado a
abduccedilatildeo de 90o do ombro associado agrave extensatildeo horizontal e rotaccedilatildeo externa
maacutexima do ombro com flexatildeo de 90o do cotovelo O terapeuta apoiou uma matildeo
no cotovelo e a outra no esterno para a estabilizaccedilatildeo com a matildeo distal foi
realizado o alongamento maacuteximo em extensatildeo horizontal que iniciou a teacutecnica
28
de contraccedilatildeo-relaxamento com contraccedilatildeo no sentido da flexatildeo horizontal (Putt
et al 2008) (Figura 2)
Figura 2 Anatomia e teacutecnica de alongamento do peitoral maior
Escaleno Paciente em decuacutebito dorsal terapeuta posicionou-se acima
da cabeccedila do paciente e realizou a lateroflexatildeo cervical contralateral ao
muacutesculo alongado O terapeuta posicionou uma matildeo na regiatildeo occipital outra
estabilizou o ombro homolateral a lateroflexatildeo contralateral foi realizada ateacute
amplitude articular maacutexima do paciente que iniciou o alongamento de
contraccedilatildeo-relaxamento com contraccedilatildeo isomeacutetrica no sentido da lateroflexatildeo
homolateral (Cunha et al 2005) (Figura 3)
Figura 3 Anatomia e teacutecnica de alongamento do escaleno
29
Esternocleidomastoacuteideo Paciente em decuacutebito dorsal terapeuta se
posicionou acima da cabeccedila do paciente iniciou-se com a rotaccedilatildeo homolateral
ao muacutesculo alongado associado a uma extensatildeo da mesma O terapeuta
apoiou uma matildeo na regiatildeo temporal e a outra na regiatildeo esternal onde foi
realizado a depressatildeo e a estabilizaccedilatildeo distal muscular Apoacutes a amplitude
maacutexima articular do paciente que iniciou o alongamento de contraccedilatildeo-
relaxamento a contraccedilatildeo isomeacutetrica foi realizada no sentido da rotaccedilatildeo
contralateral e flexatildeo cervical durante a teacutecnica (Cunha et al 2005) (Figura 4)
Figura 4 Anatomia e a teacutecnica de alongamento do Esternocleidomastoideo
Trapeacutezio superior Paciente em decuacutebito dorsal terapeuta posicionou-se
acima da cabeccedila do paciente para realizar a rotaccedilatildeo e lateroflexatildeo contralateral
da cabeccedila associada a uma flexatildeo da mesma em conjunto com a depressatildeo do
ombro homolateral agrave musculatura alongada Apoacutes a amplitude articular maacutexima
iniciou-se o alongamento de contraccedilatildeo-relaxamento com contraccedilatildeo isomeacutetrica
em extensatildeo da cabeccedila (Heneghan et al 2012) (Figura 5)
30
Figura 5 Anatomia e a teacutecnica de alongamento do Trapeacutezio Superior
Peitoral menor Paciente em decuacutebito dorsal o terapeuta se posicionou
homolateralmente ao muacutesculo tratado uma matildeo no cotovelo onde foi realizada
a elevaccedilatildeo do ombro e outra na regiatildeo o gradil costal anterossuperior Elevou-
se o cotovelo ateacute o limite articular associada agrave depressatildeo das primeiras
costelas (3a 4a e 5a) a manobra foi mantida por 60 segundos e repetida trecircs
vezes intercaladas com um minuto de descanso (Putt et al 2008) (Figura 6)
Figura 6 Anatomia e a teacutecnica de alongamento do peitoral menor
31
Intercostais e serraacutetil anterior Paciente em decuacutebito lateral terapeuta
posicionou-se atraacutes do paciente uma matildeo no cotovelo e a outra no gradil
costal homolateral inferior O alongamento consistiu em realizar a depressatildeo
das costelas associada agrave abduccedilatildeo maacutexima do ombro foi mantido por 60
segundos e repetida trecircs vezes intercaladas com minuto de repouso (Izumizaki
et al 2008) (Figura 7)
Figura 7 Anatomia e a teacutecnica de alongamento do Serraacutetil Anterior e Intercostais
Abdominais Foi a uacutenica musculatura do grupo tratado que o paciente
realizou o alongamento ativo ele se posicionou em decuacutebito ventral o apoio foi
feito com as matildeos na maca extensatildeo bilateral dos cotovelos forccedilando a
extensatildeo do tronco associado agrave extensatildeo da cabeccedila ateacute a maacutexima amplitude
por 60 segundos foi repetida 3 vezes intercaladas com um minuto de descanso
(Rassier 2007) (Figura 8)
32
Figura 8 Anatomia e a teacutecnica de alongamento dos muacutesculos abdominais
342 Protocolo de exerciacutecios do grupo controle (GC)
O grupo controle (GC) realizou o alongamento ativo das musculaturas
das extremidades dos membros superiores e inferiores foram 2 exerciacutecios para
flexores e extensores do punho e 2 exerciacutecios para flexores e extensores do
tornozelo Foram realizadas 24 sessotildees consistidas por 2 sessotildees semanais
em um periacuteodo de 3 meses Cada sessatildeo teve duraccedilatildeo de aproximadamente
30 minutos (Siatras et al 2008)
Flexores do punho Os flexores satildeo compostos por 5 muacutesculos principais
flexores profundos dos dedos flexores superficiais dos dedos palmar longo
flexor radial carpo e flexor ulnar do carpo O paciente realizou a flexatildeo de 900
do ombro com o cotovelo extendido antebraccedilo supinado e extensatildeo do punho
com a matildeo espalmada A matildeo contralateral estabilizou a regiatildeo palmar do
membro superior alongado e foi efetuada a extensatildeo maacutexima do punho
sustentada por 60 segundos foram trecircs repeticcedilotildees intercaladas por um minuto
de descanso (Ylinen 2009) (Figura 9)
33
Figura 9 Teacutecnica de alongamento e anatomia dos flexores do punho
Extensores do punho Os extensores satildeo compostos por 4 muacutesculos
principais extensor dos dedos extensor ulnar do carpo extensor radial curto
do carpo extensor radial longo do carpo Primeiramente foi realizada a flexatildeo
de 900 do ombro com o cotovelo extendido antebraccedilo pronado e flexatildeo do
punho A matildeo contralateral estabilizou a regiatildeo dorsal da matildeo alongada em
flexatildeo maacutexima do punho por 60 segundos realizadas trecircs repeticcedilotildees
intercaladas por um minuto de descanso (Ylinen 2009) (Figura 10)
Figura 10 Teacutecnica de alongamento e anatomia dos extensores do punho
34
Dorsiflexores do tornozelo Os dorsiflexores do tornozelo satildeo compostos
por 3 muacutesculos principais tibial anterior extensor longo dos dedos extensor
longo do haacutelux Sentado com a perna cruzada a matildeo contralateral apoiou na
regiatildeo dorsal do peacute e a matildeo homolateral estabilizou o tornozelo O
alongamento consistiu em forccedilar a flexatildeo plantar maacutexima por 60 segundos
foram trecircs repeticcedilotildees intercaladas por um minuto de descanso (Ylinen 2009)
(Figura 12)
Figura11 Teacutecnica de alongamento e anatomia dos extensores do tornozelo
Flexores plantares do tornozelo Os flexores plantares do tornozelo satildeo
compostos por 7 muacutesculos principais gastrocnecircmio soacuteleo flexor longo dos
dedos flexor longo do haacutelux tibial posterior fibular longo e curto O paciente
em peacute apoiou as matildeos bilateralmente na parede com a perna contralateral agrave
frente e a homolateral em extensatildeo de quadril joelho e dorsiflexatildeo maacutexima do
35
tornozelo mantida por 60 segundos foram realizadas trecircs repeticcedilotildees
intercaladas por um minuto de descanso (Ylinen 2009) (Figura 11)
Figura 12 Muacutesculos dos flexores do tornozelo e o posicionamento do alongamento
343 Protocolo dos exerciacutecios aeroacutebicos
Todos os pacientes realizaram o exerciacutecio aeroacutebico na esteira
ergomeacutetrica por 30 minutos a intensidade inicial da primeira semana foi
ajustada para 60 da velocidade meacutedia obtida no teste de caminhada dos 6
minutos (TC6) Nas semanas subsequentes a velocidade foi gradativamente
aumentada ateacute atingir 85 da velocidade meacutedia no TC6 os pacientes
realizaram durante 5 minutos o aquecimento e o desaquecimento com
intensidade de 40 a 60 da velocidade do teste (Putt et al 2008 Figueiredo e
Guimaratildees et al 2008 Zainuldin et al 2007) O incremento da intensidade foi
baseado nos sinais vitais frequecircncia cardiacuteaca (FC) saturaccedilatildeo perifeacuterica de O2
36
(SpO2 entre 90 a 94) percepccedilatildeo da dispneia pela escala modificada de Borg
(entre 4-7 pontos) todos estes paracircmetros foram analisados a cada 4 minutos
durante o treinamento aeroacutebico ou seja com a estabilidade dos sinais vitais a
velocidade foi progressivamente recalculada e em alguns casos passaram dos
100 da velocidade meacutedia obtida no TC6 A pressatildeo arterial (PA) foi aferida
preacute e poacutes os exerciacutecios (Godoy et al 2005 Figueiredo e Guimaratildees 2009)
35 Avaliaccedilotildees
351 Caracterizaccedilatildeo Amostral
Os dados antropomeacutetricos foram coletados apoacutes a inclusatildeo dos
pacientes ao estudo idade altura peso iacutendice de massa corpoacuterea (IMC)
VEF1 VEF1CVF TC6 e iacutendice de prognoacutestico e mortalidade de Bode
352 Prova de funccedilatildeo pulmonar simples
A espirometria (Spirobank Medical International Research Roma Itaacutelia)
foi feita em todos os pacientes de acordo com os criteacuterios de reprodutibilidade e
aceitabilidade adotados pela American Thoracic Society e European
Respiratory Society (2005) Os valores preditos de normalidade jaacute haviam sido
previamente descritos (Pereira et al 2007) Foram aferidos o volume
expiratoacuterio no primeiro segundo (VEF1) e a sua relaccedilatildeo com a Capacidade vital
forccedilada (VEF1CVF) e aceitos trecircs testes com variaccedilatildeo inferior a 5 e foi
37
considerado o teste com maior valor Com esse teste foi determinado a
gravidade da obstruccedilatildeo pulmonar considerando o VEF1 como paracircmetro para
caracterizaccedilatildeo da amostra
353 Padratildeo respiratoacuterio mobilidade e sincronia toracoabdominal
A pletismografia optoeletrocircnica (POE System Milatildeo Itaacutelia) eacute um sistema
indireto e natildeo invasivo para a avaliaccedilatildeo da mecacircnica ventilatoacuteria mobilidade e
sincronia capaz de dividir em 3 compartimentos toacuterax superior inferior e
abdominal (Alvierti et al 2000) O sistema optoeletrocircnico evoluiu a partir do
desenvolvimento tecnoloacutegico do processamento de imagens que possibilitaram
a anaacutelise de muacuteltiplos pontos posicionados na superfiacutecie corporal Para o
desenvolvimento do POE foi necessaacuterio criar um sistema de anaacutelise
tridimensional do movimento chamado de ELITE (Elaborate di immagini
televisive) Inicialmente utilizaram 32 marcadores a fim de abranger maior
aacuterea da parede toraacutecica e posteriormente 86 marcadores (Cala et al 1996)
Gorini et al (1999) e Ferrigno et al (1994) encontraram uma medida mais
precisa dos paracircmetros ventilatoacuterios utilizando 89 marcadores que delimitaram
a superfiacutecie anatocircmica em trecircs compartimentos superior inferior e abdominal
utilizadas ateacute o presente momento
O funcionamento do POE baseia-se na anaacutelise automaacutetica do movimento
detectado a partir de marcadores compostos por esferas reflexivas de 6 a 10
miliacutemetros (Dellacagraversquo et al 2010) As 89 esferas estatildeo dispostas da seguinte
forma sete linhas horizontais cinco verticais duas meacutedio-axilares e sete
38
marcadores extras dispostas em toda entre a claviacutecula e a espinha iliacuteaca
anterossuperior e posteriormente ateacute a regiatildeo dos flancos laterais totalizando
37 marcadores anteriores 42 posteriores e dez laterais (Romagnoli et al 2008
Bianchi et al 2007) (Figuras 13 e 14)
Figura13 Imagem tridimensional gerada pelo OEP
Figura14 Disposiccedilatildeo das 89 esferas reflexivas
39
As cacircmeras especiais CCD (Charge Coupled Device) possuem diodos
axiais que emitem feixes luzes infravermelho que satildeo refletidas pelos
marcadores e assim pocircde ser captado pelas cacircmeras em tempo real (120Hz)
Este sinal foi processado atraveacutes das 8 cacircmeras presente na sala de avaliaccedilatildeo
e identificam o posicionamento de cada ponto da superfiacutecie toracoabdominal A
reconstruccedilatildeo da cinemaacutetica toracoabdominal foi feita pelo software SMART
que executou algoritmos em tempo real e computou as coordenadas
tridimensionais dos marcadores refletivos durante as coletas com POE (Binazzi
et al 2008 Aliverti 2010)
O sistema aplicou um modelo geomeacutetrico baseado na posiccedilatildeo dos
marcadores para descrever a superfiacutecie toracoabdominal e seus
compartimentos durante a coleta Apoacutes a reconstruccedilatildeo do modelo os dados
foram exportados como arquivos numeacutericos gerando colunas de dados
representando os sinais por amostras tempo posiccedilatildeo dos marcadores e
volume facilitando a avaliaccedilatildeo dos sinais e aplicaccedilatildeo dos meacutetodos de
estimativa (Parreira et al 2012 Aliverti 2010)
40
Figura15 Laboratoacuterio do POE com a disposiccedilatildeo das cacircmeras e da bicicleta
Figura16 Captaccedilatildeo e anaacutelise dos dados do volume toracoabdominal
41
3531 Avaliaccedilatildeo do POE durante o exerciacutecio
Os sujeitos da pesquisa foram previamente orientados sobre os
procedimentos Inicialmente eles foram colocados sobre a bicicleta ergomeacutetrica
(Ergometrics 800 Sensormedics) e os 89 marcadores foram posicionados
sobre a superfiacutecie toracoabdominal (anterior e posterior) A foacutermula para o
caacutelculo da carga maacutexima foi descrita por Jones e colaboradores (1985) Wmax =
204 (altura) ndash 874 (idade) ndash 288 (gecircnero) ndash 1909 [28] foi utilizada 25 da
carga maacutexima o valor de gecircnero na foacutermula corresponde a 1 para mulheres e
0 para homens (Figura 17)
Durante a coleta o paciente foi orientado a manter 60 rotaccedilotildees por minuto
(RPM) (Vogiatzis et al 2005) Apoacutes 30 segundos de descanso foi realizada a
1ordm medida do POE em repouso (6 ciclos respiratoacuterios completos) depois o
paciente realizou o exerciacutecio sem carga por 3 minutos e posteriormente foi
realizada a 2ordm medida do POE (6 ciclos respiratoacuterios completos) Apoacutes este
periacuteodo iniciou-se o exerciacutecio com carga que foi incrementado de forma
proporcional durante 2 minutos ateacute atingir a carga programada e no final foi
realizada novamente a 3ordm medida do POE (6 ciclos respiratoacuterios completos) O
processo finalizou-se com um periacuteodo de recuperaccedilatildeo de 2 minutos com
exerciacutecio sem carga para o retorno dos sinais vitais (Figura 18)
Foram avaliados o volume corrente da caixa toraacutecica pulmonar (CT)
volume corrente do toacuterax superior (TS) volume corrente do toacuterax inferior (TI)
volume corrente abdominal (ABD) de tempo ventilaccedilatildeominuto (VE) fluxo
inspiratoacuterio (FI) e Fluxo expiratoacuterio (FE) participaccedilatildeo em porcentagem () dos
42
compartimentos do toacuterax superior (TS) toacuterax inferior (TI) e abdome
(ABD) (Romagnoli et al 2008 Aliverti et al 2008 Boudarham et al 2013)
A mobilidade do compartimento abdominal foi calculada pela relaccedilatildeo CTABD
no exerciacutecio com carga (Gosselink et al 1995) a reduccedilatildeo dos valores desta
relaccedilatildeo reflete a melhora da mobilidade abdominal (Yamaguti et al 2012)
Figura17 Paciente Realizando a avaliaccedilatildeo com carga no cicloergocircmetro no POE
Figura 18 Desenho experimental da avaliaccedilatildeo do OEP
43
354 Atividade muscular respiratoacuteria
A atividade dos muacutesculos respiratoacuterios foi avaliada atraveacutes da aquisiccedilatildeo
do sinal eletromiograacutefico de superfiacutecie (System BTSreg Milatildeo Itaacutelia)
simultaneamente agrave avaliaccedilatildeo da mecacircnica toracoabdominal pelo POE Foram
utilizados eletrodos circulares descartaacuteveis de AgAgCl com 10mm de diacircmetro
e um adesivo condutivo hidrogel colocados de forma a manter a distacircncia
intereletrodo de 20mm No local da fixaccedilatildeo dos eletrodos foram realizados
tricotomia quando necessaacuterio e fricccedilatildeo de gaze embebida em aacutelcool (70)
para remoccedilatildeo da gordura presente na superfiacutecie de contato com o objetivo de
diminuir a impedacircncia da pele (Dworak et al 2011)
Os eletrodos foram fixados no ventre muscular afastados do ponto
motor de forma paralela agrave da direccedilatildeo das fibras musculares de acordo com o
European concerted action - surface EMG for an non-invasive assesment of
muscles (Hermens et al 2000) O eletrodo para a avaliaccedilatildeo do muacutesculo
esternocleidomastoideo foi posicionado no ventre muscular a 5 cm do processo
mastoideo (Kallenberg et al 2009) do muacutesculo intercostal superior foi
posicionado no 2deg espaccedilo intercostal e para o inferior entre o 7deg e o 8deg espaccedilo
intercostal e no reto abdominal foi inserido a 2 cm da cicatriz umbilical
(Maarsingh et al 2000)
Para o caacutelculo da eficiecircncia ventilatoacuteria os dados da atividade muscular
de todos os muacutesculos avaliados foram somados e divididos pelo volume
corrente (EMGVt) Essa equaccedilatildeo foi descrita primeiramente no trabalho de
44
Lunardi et al (2013) que avaliou a mecacircnica toracoabdominal na populaccedilatildeo
idosa Essa relaccedilatildeo permitiu observar a quantidade de volume deslocado pelo
niacutevel de estiacutemulo da atividade muscular
Figura19 Eletromioacutegrafo da BTS Engeneering
355 Capacidade Funcional
A capacidade funcional foi avaliada pelo teste de caminhada de 6 minutos
(TC6) A avaliaccedilatildeo foi realizada em um corredor de 30 metros com pouco
traacutefego e cada paciente realizou 2 testes respeitando o intervalo de uma hora
entre eles (Dourado et al 2011) Durante os testes o paciente foi orientado a
caminhar o mais raacutepido possiacutevel durante 6 minutos e caso apresentasse
dispneia limitante ou qualquer outro desconforto incapacitante ele podia
interromper o teste ateacute recuperar as condiccedilotildees para continuaacute-lo A cada minuto
45
os pacientes foram encorajados com frases de incentivo padronizadas de modo
que o mesmo percorresse a maior distacircncia possiacutevel durante todo o teste (ATS
2002 Louvaris et al 2013) O desempenho do paciente foi avaliado pela maior
distacircncia percorrida em um dos testes e foi monitorado tanto preacute quanto poacutes
exerciacutecio a frequumlecircncia cardiacuteaca (FC) e respiratoacuteria (FR) a saturaccedilatildeo de
oxigecircnio (SpO2) sensaccedilatildeo de esforccedilo por meio da escala modificada de Borg
(Borg 1982) e pressatildeo arterial (PA)
36 Anaacutelise Estatiacutestica
Para a mecacircnica ventilatoacuteria foi utilizado para o caacutelculo amostral os
resultados observados no estudo de Yamaguti et al (2012) onde a diferenccedila
das meacutedias da CTABD foi de 20 durante a respiraccedilatildeo natural no GT com a
diferenccedila do desvio padratildeo de 4 valor de plt005 e poder de 08 foi
estabelecido uma amostra de 3 pacientes por grupo
O caacutelculo amostral para os paracircmetros da atividade muscular foi
utilizado os resultados observados no estudo de Cunha et al (2005) onde a
diferenccedila das meacutedias no GT foi de 9 10-3mV com a diferenccedila do desvio padratildeo
de 6 10-3mV para o poder de 80 e um valor de alpha de 5 sendo
estabelecido uma amostra de 9 indiviacuteduos por grupo
Para os paracircmetros funcionais o caacutelculo amostral foi baseado no TC6
onde se esperava uma diferenccedila das meacutedias de 263m e a diferenccedila do desvio
padratildeo de 23 m de aumento apoacutes a intervenccedilatildeo (Yamaguti et al 2012) para o
46
poder de 80 e um valor de alpha de 5 sendo encontrado um tamanho de
amostra de 14 indiviacuteduos por grupo
A anaacutelise foi realizada utilizando o programa Sigma Stat versatildeo 32 Foi
utilizado o teste de Kolmogorov-Smirnov para verificar a normalidade dos
dados sendo estes apresentados como meacutedia plusmn desvio padratildeo Para
comparaccedilatildeo dos dados de caracterizaccedilatildeo dos grupos GT e GC foi realizado
utilizando o teste t de Student para dados com distribuiccedilatildeo normal e teste de
Mann-Withney para dados natildeo-parameacutetricos
A anaacutelise do efeito do tratamento nos dois grupos tambeacutem foi realizado
pelo teste t e pelo Mann-Withney para dados natildeo-parameacutetricos no delta das
diferenccedilas (Δ=poacutes-preacute)
A sensaccedilatildeo de dispneia (BORG modificado) foi analisada com o teste de
anaacutelise de variacircncia (ANOVA) seguida do pos hoc de Holm Sidak Para o TC6
foi observado a miacutenima diferenccedila clinicamente significante Proposto por
Holland et al 2013 (251m) O niacutevel de significacircncia foi ajustado para 5
(plt005) para todos os testes
4 RESULTADOS
48
Quinhentos e noventa e quatro pacientes foram avaliados para
elegibilidade 564 natildeo preencheram os criteacuterios de inclusatildeo sendo que os
motivos mais comuns foram oxigecircnio-dependente (n=160) sem
disponibilidade para participar (n=105) cardiopatias (n=80) e doenccedilas
musculoesqueleacuteticas associadas (n=43) (Figura 20) Trinta pacientes foram
incluiacutedos e aleatorizados 2 foram excluiacutedos apoacutes o iniacutecio do protocolo sendo 1
no grupo tratado (crise de caacutelculo renal) e 1 no grupo controle (agudizaccedilatildeo da
doenccedila de Chron) 14 sujeitos terminaram o estudo no GT e 14 no GC (Figura
20) Natildeo foram observadas diferenccedilas entre os grupos com relaccedilatildeo aos dados
antropomeacutetricos de funccedilatildeo pulmonar e capacidade funcional antes da
intervenccedilatildeo (Tabela 1)
49
Figura 20 Fluxograma do estudo
50
Tabela 1 Caracterizaccedilatildeo amostral basal dos pacientes do estudo
Caracterizaccedilatildeo Grupo Controle Grupo Tratado P
Dados Antropomeacutetricos
Genero (MF) 57 86 097
Idade (anos) 64plusmn56 61plusmn54 030
Altura (m) 165plusmn007 165plusmn008 096
IMC (Kgm2) 259plusmn29 257plusmn38 091
Funccedilatildeo Pulmonar
VEF1 ( pred) 426plusmn95 459plusmn155 056
VEF1CVF 049plusmn009 056plusmn013 017
Capacidade Funcional
TC6 (m) 439plusmn103 473plusmn68 032
BODE (IIIIIIIV)(n) 3531 6620 058
Legenda Os dados estatildeo apresentados em meacutedia desvio padratildeo exceto o BODE que estatildeo expressos
pelo nuacutemero de pacientes MF=masculinofeminino Kgm2=quilogramasmetro
2 VEF1=Volume expiratoacuterio
forccedilado no primeiro segundo VEF1CVF=Relaccedilatildeo do Volume expiratoacuterio forccedilado no primeiro segundo e capacidade vital IMC=Iacutendice de massa corpoacuterea TC6=teste de caminhada dos 6 minutos BODE=Iacutendice de prognoacutestico e mortalidade para DPOC
41 Cinemaacutetica toracoabdominal
Durante o exerciacutecio com carga os pacientes do grupo controle (GC) natildeo
apresentaram variaccedilatildeo da mecacircnica toracoabdominal apoacutes a intervenccedilatildeo os
pacientes do grupo tratado (GT) apresentaram um aumento meacutedio de 230 ml
no volume total da caixa toraacutecica total (CT) (equivalente ao volume corrente)
quando comparado ao GC (respectivamente 140plusmn170mL vs-86plusmn240mL
plt001) Este aumento ocorreu principalmente pelo ganho do volume do
compartimento abdominal (ABD) (respectivamente 140120mL vs -
108210ml plt001) (Figura 21) e natildeo foi observada uma diferenccedila significativa
nos compartimentos toraacutecicos superior (TS) e inferior (TI) (Figura 21 pgt005)
51
O GT tambeacutem apresentou um aumento da ventilaccedilatildeo minuto (VE)
(24plusmn36L vs -18plusmn41L plt0001) (Figura 22) e do fluxo expiratoacuterio
(FE)(80plusmn100mL vs -30plusmn100mL plt001) (Figura23) quando comparado com o
GC acreditamos que aleacutem do volume da caixa toraacutecica o aumento do fluxo
expiratoacuterio tambeacutem esteve relacionado com o aumento da mobilidade do
compartimento abdominal Este por sua vez foi calculado pela relaccedilatildeo da
contribuiccedilatildeo CTABD onde apresentou melhora somente no GT quando
comparado ao GC (-019plusmn041 vs 010plusmn028 plt001 respectivamente)
(Figura 24)
Figura 21 Efeitos do alongamento muscular respiratoacuterio na mecacircnica ventilatoacuteria durante o exerciacutecio Os dados foram apresentados em meacutedia e desvio padratildeo representado pela diferenccedila (Δ) = poacutes- - preacute-intervenccedilatildeo Houve um aumento estatisticamente significante do volume da CT e do ABD no GT O exerciacutecio foi realizado com 25 da carga maacutexima predito na equaccedilatildeo de Jones
25 GC= Grupo Controle GT= Grupo Tratado CT= Caixa totaacutecica total TS=
Toacuterax superior TI= Toacuterax inferior ABD= Abdomen = p lt 005 GC vs GT (teste t natildeo pareado)
52
Figura 22 Efeitos do alongamento muscular respiratoacuterio no volume minuto (VE) durante o exerciacutecio Os dados foram apresentados em meacutedia e desvio padratildeo representado pela diferenccedila (Δ) = poacutes- - preacute-intervenccedilatildeo Ambas apresentaram diferenccedilas houve um aumento estatisticamente significante de 4L no volume minuto (VE) no GT em relaccedilatildeo do GC O exerciacutecio foi realizado com 25 da carga maacutexima predito na equaccedilatildeo de Jones
25 GC= Grupo
Controle GT= Grupo Tratado = p lt 005 GC vs GT (teste t natildeo pareado)
53
Figura 23 Efeitos do alongamento muscular respiratoacuterio no fluxo expiratoacuterio (FE) durante o exerciacutecio Os dados foram apresentados em meacutedia e desvio padratildeo representado pela diferenccedila (Δ) = poacutes- - preacute-intervenccedilatildeo Ambas apresentaram diferenccedilas houve um aumento estatisticamente significante de 100mL no fluxo expiratoacuterio (FE) no GT em relaccedilatildeo do GC O exerciacutecio foi realizado com 25 da carga maacutexima predito na equaccedilatildeo de Jones
25 GC= Grupo
Controle GT= Grupo Tratado = p lt 005 GC vs GT (teste t natildeo pareado)
54
Figura 24 Efeitos do alongamento muscular respiratoacuterio na relaccedilatildeo da contribuiccedilatildeo da caixa toraacutecica e abdocircmen (CTABD) durante o exerciacutecio Os dados foram apresentados em meacutedia e desvio padratildeo representado pela diferenccedila (Δ) = poacutes- - preacute-intervenccedilatildeo O exerciacutecio foi realizado com 25 da carga maacutexima predito na equaccedilatildeo de Jones
25 Foi observado a reduccedilatildeo
estatisticamente significante da relaccedilatildeo CTAB no GT que representa o aumento da mobilidade do compartimento abdominal GC= Grupo Controle GT= Grupo Tratado CT= Participaccedilatildeo da caixa toraacutecica ABD= Participaccedilatildeo abdominal = p lt 005 GC vs GT (teste t natildeo pareado)
42 Atividade muscular
Os dados da atividade muscular dos muacutesculos esternocleidomastoideo
intercostal superior intercostal inferior e abdome foram mensurados e foi
possiacutevel observar uma reduccedilatildeo da atividade muscular no exerciacutecio apoacutes o
protocolo de alongamento no GT quando comparado ao GC dos muacutesculos
esternocleidomastoideo (-57plusmn217 vs 185-plusmn443mV plt003 respectivamente)
e intercostais superiores (-1466plusmn441 vs 46plusmn115mV plt001
respectivamente) (Figura 25)
55
Todos os dados da atividade muscular foram somados e divididos pelo
volume corrente total com o intuito de demonstrar a quantidade de atividade
muscular por volume deslocado Foi verificado uma reduccedilatildeo da razatildeo EMGVt
no exerciacutecio com carga no GT quando comparado com o GC (respectivamente
[-138 (-519- -536 mVL) vs 10 (-741- 372 mVL) plt0006] (Figura 26)
Figura 25 Efeitos do alongamento muscular respiratoacuterio na atividade muscular Os dados foram apresentados em meacutedia e desvio padratildeo representado pela diferenccedila (Δ) = poacutes- - preacute-intervenccedilatildeo Foi constatada uma diminuiccedilatildeo estatisticamente significante da atividade dos muacutesculos esternocleidomastoideo e intercostal superior no GT O exerciacutecio foi realizado com 25 da carga maacutexima predito na equaccedilatildeo de Jones
25 GC= Grupo Controle GT= Grupo
Tratado = p lt 005 GC vs GT (teste t natildeo pareado)
56
Figura 26 Efeitos do alongamento muscular respiratoacuterio na relaccedilatildeo entre a atividade muscular e o volume corrente (EMGVt) Os dados foram apresentados em meacutedia e desvio padratildeo representado pela diferenccedila (Δ) = poacutes- - preacute-intervenccedilatildeo Observou-se uma diminuiccedilatildeo estatisticamente significante da EMGVt no GT O exerciacutecio foi realizado com 25 da carga maacutexima predito na equaccedilatildeo de Jones
25 GC= Grupo Controle GT= Grupo Tratado = p lt 005
GC vs GT (teste t natildeo pareado)
43 Capacidade funcional e Dispneia
Para os paracircmetros de Borg (Figura 27) foi aferido em 4 momentos preacute e poacutes
TC6 e preacute e poacutes intervenccedilatildeo Os dados basais natildeo apresentaram diferenccedilas
entre o GT e o GC (respectivamente 175plusmn21 vs 12plusmn17 pgt02) Apoacutes a
intervenccedilatildeo houve uma diminuiccedilatildeo significativa da sensaccedilatildeo de dispneia em
ambos os grupos poacutes-TC6 quando comparado aos seus dados iniciais GT
(43plusmn18 vs 15plusmn09 plt0001) e no GC (42plusmn15 vs 28plusmn17 plt0001) Na
comparaccedilatildeo entre os grupos o GT apresentou uma melhora da sensaccedilatildeo de
dispneia quando comparado com o GC tanto preacute-exerciacutecio (respectivamente
57
02plusmn05 vs 06plusmn08 plt0001) quanto poacutes-exerciacutecio (respectivamente 15plusmn09
vs 28plusmn17 plt0001) Aleacutem disso somente no GT houve uma diminuiccedilatildeo
significativa do Borg na comparaccedilatildeo intragrupo preacute-TC6 antes e depois do
tratamento (18plusmn08 vs 02plusmn06 plt0001) Com a diminuiccedilatildeo da sensaccedilatildeo de
dispneia foi possiacutevel verificar que os pacientes do GT apresentaram melhora
clinicamente significante no TC6 meacutedio quando comparado com o GC
(respectivamente 2514m vs 65m Figura 28) valores propostos por Holland
et al (2013)
Figura 27Efeitos do alongamento muscular respiratoacuterio na escala de BORG Os dados foram apresentados Os dados foram apresentados em meacutedia e desvio padratildeo representado pela diferenccedila (Δ) = poacutes- - preacute-intervenccedilatildeo Apoacutes o tratamento ambos apresentaram diminuiccedilatildeo da dispneia mas somente no GT houve uma diminuiccedilatildeo na comparaccedilatildeo com o GC e com seus dados iniciais no preacute TC6 O exerciacutecio foi realizado com 25 da carga maacutexima predito na equaccedilatildeo de Jones
25 GC= Grupo Controle GT= Grupo Tratado BORG= Escala de dispneia
TC6= Teste de caminhada dos 6 minutos = p lt 005 preacute vs poacutes intervenccedilatildeo +=plt005 GC vs GC) (teste t natildeo pareado)
58
Figura 28 Os dados apresentados em (Δ) representam (poacutes intervenccedilatildeo ndash preacute intervenccedilatildeo) No teste de caminhada dos 6 minutos (TC6) foi observada uma diferenccedila clinicamente significante do TC6 no GT que obteve um aumento meacutedio de 2514m e o GC de 65m O exerciacutecio foi realizado com 25 da carga maacutexima predito na equaccedilatildeo de Jones
25 GC= Grupo
Controle GT= Grupo Tratado TC6= Teste de caminhada dos 6 minutos ( =diferenccedila clinicamente significante)
Holland et al 2013 (25m)
5 DISCUSSAtildeO
60
Neste estudo foi demonstrado pela primeira vez que os alongamentos
dos muacutesculos respiratoacuterios melhoraram a mecacircnica e a capacidade ventilatoacuteria
decorrente principalmente pelo aumento do volume e da mobilidade do
compartimento abdominal (CTABD) A melhora da mobilidade toracoabdominal
possivelmente esteve relacionada com o aumento da sua viscoelasticidade
observada pela diminuiccedilatildeo da atividade muscular apoacutes o tratamento Aleacutem
disso houve um aumento da eficiecircncia contraacutetil dos muacutesculos respiratoacuterios
constatado pela reduccedilatildeo da relaccedilatildeo EMGVt ou seja a musculatura necessitou
de menos atividade para deslocar o mesmo volume respiratoacuterio Acreditamos
que por causa da melhora de todos os fatores descritos anteriormente houve
uma diminuiccedilatildeo da sensaccedilatildeo de dispneia que possibilitou o aumento da
capacidade ao exerciacutecio submaacuteximo
51 Cinemaacutetica toracoabdominal
O trabalho acrescentou novas evidecircncias na literatura cientiacutefica pois foi
o primeiro a demonstrar atraveacutes do pletismoacutegrafo optoeletrocircnico que apoacutes o
tratamento com teacutecnicas de alongamento dos muacutesculos respiratoacuterios houve
aumento significativo do volume da caixa toraacutecica total abdominal e da
capacidade ventilatoacuteria durante o exerciacutecio com carga Vale ressaltar que o
aumento da mobilidade do compartimento abdominal tambeacutem foi constatado
Para reforccedilar ainda mais a importacircncia dos nossos achados no grupo
controle natildeo obtiveram nenhuma alteraccedilatildeo volumeacutetrica da caixa toraacutecica estes
61
dados vatildeo de encontro aos dois estudos preacutevios nos quais foram avaliados os
efeitos da reabilitaccedilatildeo pulmonar na cinemaacutetica toracoabdominal em pacientes
com DPOC avaliados pelo POE (Georgiadou et al 2007 Gagliardi et al
2014) Inclusive Gagliardi et al (2014) mesmo apoacutes a intervenccedilatildeo de 24
semanas encontrou uma diminuiccedilatildeo do volume abdominal apoacutes o tratamento
Apenas dois trabalhos natildeo controlados de Yamada et al (1996) e
Luularungrayub et al (2009) avaliados pelo pletismoacutegrafo por indutacircncia e
cirtometria respectivamente associados agrave espirometria hipotetizaram que a
melhora no fluxo expiratoacuterio e do volume expiratoacuterio respectivamente
poderiam ter uma relaccedilatildeo com a melhora da funccedilatildeo do compartimento
abdominal dados estes que tambeacutem apresentamos no nosso estudo Segundo
Georgiadou et al (2007) e Aliverti et al (2010) o compartimento abdominal eacute o
maior responsaacutevel pelas variaccedilotildees da distacircncia axial xifoacuteidea sugerindo uma
relaccedilatildeo com a mobilidade diafragmaacutetica e o aumento do volume pulmonar total
essa hipoacutetese pocircde ser elucidada em nossos resultados com a diminuiccedilatildeo dos
valores de CTABD Portanto estes achados servem para destacar que o
protocolo de alongamento realizados neste estudo desencadeou a melhora da
mecacircnica contraacutetil dos muacutesculos respiratoacuterios que provavelmente tiveram uma
atuaccedilatildeo na melhora da funccedilatildeo diafragmaacutetica relaccedilatildeo esta jaacute descrita por
Iwasawa et al (2002) e Man et al (2012)
O aumento do volume corrente total apoacutes o alongamento muscular da
caixa toraacutecica jaacute havia sido constatado anteriormente pelos estudos natildeo
controlados de Yamada et al (1996) e Minoguchi et al (2002) que realizaram a
intervenccedilatildeo por 4 semanas em 12 e 13 pacientes respectivamente e avaliados
62
pela espirometria Em contrapartida os estudos de intervenccedilatildeo aguda natildeo
controlada de Izumizaki et al (2006) e controlada de Noll et al (2009) com 10 e
25 pacientes respectivamente obtiveram a piora do volume corrente tambeacutem
avaliados pela espirometria Baseados nos estudos de Mchugh et al (2008)
estes efeitos contraditoacuterios ocorreram principalmente pelo tipo de intervenccedilatildeo
Agudamente o alongamento promove o estiramento abrupto dos fusos
neuromusculares que desencadearam o potencial sensitivo medular e
consequentemente um aumento da atividade eferente neuromuscular gerando
a contraccedilatildeo das fibras extra-fusais por essa razatildeo provavelmente houve a
diminuiccedilatildeo da mobilidade muacutesculo-esqueleacutetica da caixa toraacutecica e diminuiccedilatildeo
dos valores volumeacutetricos (Mukherjee et al 2010) A intervenccedilatildeo crocircnica por
sua vez promove o aumento da viscoelasticidade muscular e causou a
acomodaccedilatildeo do limiar excitatoacuterio do fuso neuromuscular que diminui o
estiacutemulo de contraccedilatildeo das fibras extra-fusais permitindo a melhora da
mobilidade toracoabdominal (Mchugh et al 2010)
No presente estudo foi realizada a intervenccedilatildeo crocircnica portanto
justificaria a razatildeo dos nossos dados apresentarem resultados tatildeo diferentes
quanto a maioria dos estudos anteriores de intervenccedilatildeo aguda Mas
precisamos considerar tambeacutem as limitaccedilotildees metodoloacutegicas comumente
observadas na literatura Fato este observado nos trabalhos de Putt et al
(2008) e Luularungrayub et al (2009) que mesmo sendo de intervenccedilatildeo
aguda apresentaram um aumento do volume corrente avaliados pela
espirometria mas ambos apresentaram grandes restriccedilotildees metodoloacutegicas pois
63
realizaram o tratamento somente em um muacutesculo respiratoacuterio (peitoral maior) e
o outro foi um estudo de caso respectivamente
Hipotetizamos que nos nossos resultados sugeriram que a intervenccedilatildeo
crocircnica muscular respiratoacuteria promoveu a melhora da mobilidade do sistema
musculo-esqueleacutetico toracoabdominal com o aumento principal do volume e da
mobilidade do compartimento abdominal acreditamos que foi o responsaacutevel
pela melhora do volume pulmonar total Com a elevaccedilatildeo dos volumes
sugerimos que foram os responsaacuteveis pela melhora da capacidade ventilatoacuteria
(volume-minuto) dado este ineacutedito na literatura para este tipo de protocolo de
tratamento
52 Atividade muscular
Constatamos uma reduccedilatildeo da atividade muscular durante o exerciacutecio
com carga no grupo que realizou o alongamento dos muacutesculos respiratoacuterios
principalmente do esternocleidomastoideo e do intercostal superior A partir
destes dados foi possiacutevel calcular a relaccedilatildeo com o volume corrente onde a
reduccedilatildeo dos valores significa a melhora da efetividade contraacutetil (EMGVt)
descrito primeiramente no trabalho de Lunardi et al (2013) Este dado
representa a melhora do deslocamento volumeacutetrico pela atividade muscular
sendo assim o muacutesculo necessita do mesmo estiacutemulo motor para deslocar
mais volume de ar
64
Na literatura encontramos somente um estudo natildeo-controlado de Cunha
et al (2005) que realizou a avaliaccedilatildeo em 8 pacientes com DPOC com o
eletromioacutegrafo de superfiacutecie apoacutes um programa de alongamento muscular
respiratoacuterio Nossos dados corroboram parcialmente com os seus achados
pois apesar de terem demonstrado uma diminuiccedilatildeo da atividade muscular
respiratoacuteria dos intercostais eles apresentaram um aumento da atividade
muscular do esternocleidomastoide Acreditamos que os nossos achados
avanccedilam em relaccedilatildeo ao estudo de Cunha et al (2005) pois o presente estudo
foi realizado com criteacuterios metodoloacutegicos mais rigorosos (controlado) com
maior tempo de intervenccedilatildeo e respeitando o caacutelculo amostral
Portanto podemos sugerir que baseado nos estudos de Kokkonen et al
(2007) o aumento da viscoelasticidade tecidual permitiu a melhora da
sobreposiccedilatildeo da actina e miosina sendo capaz de potencializar o mecanismo
contraacutetil muscular com menos esforccedilo Ao mesmo tempo reduziu a tensatildeo
sobre os receptores musculoesqueleacuteticos diminuindo a excitabilidade do
disparo neuroloacutegico sensitivo possibilitando o equiliacutebrio entre o estiacutemulo
inibitoacuterio do oacutergatildeo tendinoso de Golgi e o excitatoacuterio do controle contraacutetil do
fuso neuromuscular reduzindo a atividade motora (Hindle et al 2012
Mukherjee e Chakravarty 2010)
A avaliaccedilatildeo da atividade muscular e o caacutelculo da efetividade contraacutetil foi
realizada para elucidar os mecanismos envolvidos na melhora da mecacircnica
ventilatoacuteria apoacutes o alongamento dos muacutesculos respiratoacuterios Eacute possiacutevel que
com a diminuiccedilatildeo da atividade muscular possibilitou a melhora da capacidade
de contraccedilatildeo muscular com menor esforccedilo este dado eacute reforccedilado pela
65
diminuiccedilatildeo da EMGVt permitindo o incremento da mobilidade toracoabdominal
e da capacidade ventilatoacuteria
53 Capacidade funcional e dispneia
Observamos a melhora da dispneia e da capacidade ao exerciacutecio
submaacuteximo avaliados pelo Borg modificado e pelo teste de caminhada dos 6
minutos respectivamente
Apoacutes o protocolo de alongamento nossos dados mostraram a
diminuiccedilatildeo da sensaccedilatildeo de dispneia em ambos os grupos apoacutes a intervenccedilatildeo
Mas ao comparar entre os grupos os sujeitos que receberam a intervenccedilatildeo na
caixa toraacutecica (GT) apresentaram a diminuiccedilatildeo da dispneia quando comparado
ao GC tanto preacute quanto poacutes exerciacutecio Outro ponto em destaque eacute a diminuiccedilatildeo
da dispneia no GT em seu estado basal
A reduccedilatildeo da dispneia eacute um importante paracircmetro de melhora dos
tratamentos com enfoque pulmonar (ATS 2013) e estudos preacutevios que tambeacutem
avaliaram o efeito de alongamento dos muacutesculos respiratoacuterios na dispneia em
pacientes com DPOC corroboram com os nossos achados mesmo sendo
trabalhos com metodologias distintas como ensaios natildeo controlados (Cunha et
al 2005) controlados (Paulin et al 2003) intervenccedilatildeo aguda (Noll et al 2008
Noll et al 2009) e crocircnica (Minoguchi et al 2002) Eacute importante ressaltar que
em todos os trabalhos que obtiveram a melhora nos paracircmetros de dispneia
66
portanto acreditamos que existe outros mecanismos que podem influenciar
nesta variaacutevel aleacutem da melhora da mobilidade toracoabdominal tanto assim
que os trabalhos de Noll et al (2008 e 2009) houve uma piora de todos os
paracircmetros da funccedilatildeo pulmonar mas apresentaram melhora da dispneia
Na literatura somente os trabalhos de Izumizaki et al (2008) e Putt et al
(2008) natildeo obtiveram melhora na escala de Borg mas eacute importante destacar
que foram trabalhos distintos o primeiro foi de intervenccedilatildeo crocircnica com
resultados negativos agraves funccedilotildees pulmonares enquanto o segundo foi um
trabalho de intervenccedilatildeo aguda com resultados positivos nos volumes
pulmonares Apesar de ambos serem controlados o estudo de Izumizaki et al
(2008) natildeo destaca os muacutesculos que foram tratados nem a caracterizaccedilatildeo e o
caacutelculo amostral enquanto no trabalho de Putt et al (2008) realizou a
intervenccedilatildeo apenas no muacutesculo peitoral maior que natildeo eacute um muacutesculo
acessoacuterio respiratoacuterio primaacuterio e sim atuante somente em grandes esforccedilos
Portanto baseado nas pesquisas anteriores entendemos que a melhora
da dispneia natildeo foi somente pelo aumento da mobilidade musculoesqueleacutetica
da caixa toraacutecica que diminuiu a resistecircncia do fluxo aeacutereo e possibilitou maior
expansatildeo toracoabdominal e melhor capacidade ventilatoacuteria demonstrado
neste estudo anteriormente Possivelmente teve associaccedilatildeo com os
mecanoceptores toracoabdominais quando estimulados durante o tratamento
desencadeou alteraccedilotildees das informaccedilotildees dos centros respiratoacuterios e motores
(Nakamura et al 2012 Montaldo et al 2000) Estes centros por sua vez
mudaram da taxa de disparo do nervo frecircnico que controla a cadecircncia e a
frequecircncia da contraccedilatildeo diafragmaacutetica reduzindo a sensaccedilatildeo de fadiga e de
67
dispneia (Burki e Lee 2010) portanto qualquer teacutecnica de mobilizaccedilatildeo
toracoabdominal poderia diminuir a sensaccedilatildeo de dispneia mas acreditamos
que quanto maior o estiacutemulo musculoesqueleacutetico (intervenccedilatildeo crocircnica) maior
seraacute a ativaccedilatildeo dos mecanoceptores da caixa toraacutecica e consequentemente
aumentaria a estimulaccedilatildeo aos centros respiratoacuterios por essa razatildeo
acreditamos que os nossos resultados foram tatildeo expressivos (Montaldo et al
2000)
Com a melhora dos paracircmetros de dispneia refletiu no aumento da
distacircncia percorrida em ambos os grupos 67m (GC) e 2517m (GT) sendo
que somente o grupo que recebeu o alongamento dos muacutesculos respiratoacuterios
atingiram a miacutenima distacircncia clinicamente significante proposta por Holland et
al (2010) que eacute de 25 m Coincidentemente a maioria trabalhos que
obtiveram melhora da dispneia realizaram o teste de caminhada dos 6 minutos
(Yamada et al 1996 Minoguchi et al 2002 Paulin et al 2003 eCunha et al
2005) somente Noll et al (2008 e 2009) que natildeo Poreacutem ateacute onde eacute do nosso
conhecimento este eacute o primeiro estudo que demonstrou que o aumento da
capacidade funcional foi decorrente da melhora da mecacircnica ventilatoacuteria poacutes-
alongamento avaliados pelo POE
No presente estudo o aspecto relevante estaacute no ineditismo ao avaliar as
repercussotildees deste tipo de intervenccedilatildeo na cinemaacutetica toracoabdominal
analisadas pelo pletismoacutegrafo optoeletrocircnico (Alivertiet al 2000) teacutecnica
considerada de alta tecnologia O programa de alongamento da musculatura
acessoacuteria respiratoacuteria eacute uma teacutecnica de baixo custo e pode ser associada
68
facilmente agrave reabilitaccedilatildeo pulmonar com impacto na atividade funcional e nos
sintomas respiratoacuterios
54 Limitaccedilotildees
Todos os estudos possuem limitaccedilotildees primeiro a rigidez dos criteacuterios
de inclusatildeo conferida a esta pesquisa levou a uma elevada validade interna
com possiacutevel prejuiacutezo da validade externa Optamos por adotar esses criteacuterios
na tentativa de eliminar o maior nuacutemero de variaacuteveis de confusatildeo para garantir
que os resultados fossem interpretados de maneira clara Segundo a carga de
exerciacutecio em esteira foi estabelecida em funccedilatildeo da velocidade do TC6 apesar
de natildeo ser considerado o padratildeo ouro para o treinamento aeroacutebico jaacute foi
descrito como alternativa viaacutevel por Zainuldinet al (2007) e Figueiredo e
Guimaratildees (2009) Terceiro a intensidade de 25 Wmaacutex utilizada na
avaliaccedilatildeo do POE pode natildeo ter sido o suficiente para desencadear a
assincronia mas o objetivo foi reproduzir a carga utilizada diariamente pelo
paciente segundo Bruni et al (2012) eles comprovaram em seu estudo que
nem mesmo a carga de 75 Wmaacutex foi possiacutevel desencadear a assincronia em
pacientes com DPOC concluindo natildeo haver relaccedilatildeo entre assincronia
hiperinsuflaccedilatildeo e dispneia Finalmente o alongamento dos muacutesculos
perifeacutericos dos membros inferiores no grupo controle poderia ter influenciado
na melhora no teste de caminhada dos 6 minutos mas Mchugh et al (2008) e
Shrier (2004) descreveram em seus estudos que ainda existe uma
controveacutersia a respeito do aumento da performance muscular apoacutes a realizaccedilatildeo
69
do alongamento ateacute entatildeo sabe-se somente sobre a melhora da mobilidade
Apesar destas limitaccedilotildees este eacute o primeiro ensaio cliacutenico controlado e
aleatorizado investigando os benefiacutecios do alongamento dos muacutesculos
respiratoacuterios na mecacircnica ventilatoacuteria utilizando o pletismoacutegrafooptoeletrocircnico
em pacientes com DPOC
6 CONCLUSAtildeO
71
Nossos resultados sugerem que a adiccedilatildeo do alongamento da
musculatura respiratoacuteria ao exerciacutecio aeroacutebico claacutessico aumenta a eficiecircncia
contraacutetil muscular melhora a mecacircnica ventilatoacuteria com o incremento
significante dos volumes pulmonares principalmente abdominal e reduz a
dispneia possibilitando a melhora das atividades funcionais em pacientes com
DPOC Estes resultados sugerem que o alongamento dos muacutesculos
respiratoacuterios pode ser considerado uma modalidade de tratamento adjuvante
para os pacientes com DPOC
7 REFEREcircNCIAS
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UNIVERSIDADE DE SAtildeO PAULO-HCFMUSP
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
DADOS SOBRE A PESQUISA
1 TIacuteTULO DO PROTOCOLO DE PESQUISA
EFEITOS DO ALONGAMENTO DA MUSCULATURA ACESSOacuteRIA
RESPIRATOacuteRIA COM A TEacuteCNICA DE ALONGAMENTO PASSIVO E
CONTRACcedilAtildeO-RELAXAMENTO NA MECAcircNICA VENTILATOacuteRIA E NA
CAPACIDADE FUNCIONAL DE PACIENTES COM DOENCcedilA PULMONAR
OBSTRUTIVA CROcircNICA
PESQUISADOR 01 Celso Ricardo Fernandes Carvalho
CARGOFUNCcedilAtildeO Orientador INSCRICcedilAtildeO CONSELHO
REGIONAL Nordm 206463-F
UNIDADE DO HCFMUSP Ciecircncias
3 AVALIACcedilAtildeO DO RISCO DA PESQUISA
RISCO MIacuteNIMO x RISCO MEacuteDIO
RISCO BAIXO RISCO MAIOR
4DURACcedilAtildeO DA PESQUISA 12 meses
HOSPITAL DAS CLIacuteNICAS DA FACULDADE DE MEDICINA DA
UNIVERSIDADE DE SAtildeO PAULO-HCFMUSP
1 ndash A doenccedila que o senhor (a) tem se chama doenccedila obstrutiva crocircnica
(DPOC) Esta doenccedila causa a inflamaccedilatildeo das vias aeacutereas e prejudica todo
94
pulmatildeo Por esse motivo o toacuterax fica expandido e os muacutesculos que realizam a
respiraccedilatildeo ficam tensos Essa tensatildeo muscular diminui o movimento do toacuterax e
a quantidade de ar que entra nos pulmotildees levando a uma dificuldade para
respirar e diminuindo a capacidade aos exerciacutecios simples do dia-dia Todo
esse quadro pode aumentar a tendecircncia de desencadear episoacutedios de
depressatildeo e ansiedade
2 ndash O nosso corpo tem muacutesculos que ajudam na respiraccedilatildeo (entrada do ar)
esses muacutesculos ao contrair ajudam a entrada de ar nos pulmotildees No (a)
paciente DPOC o movimento da caixa toraacutecica estaacute diminuiacutedo por isso este
estudo tem como objetivo verificar se o uso dos exerciacutecios de alongamento
relaxariam os muacutesculos respiratoacuterios diminuindo a sensaccedilatildeo de falta de ar
3 ndash Portanto estamos convidando o (a) senhor (a) para participar deste estudo
Caso o senhor (a) aceite participar da pesquisa teraacute que comparecer ao
hospital (HC) 2 vezes por semana durante um mecircs e meio de tratamento com
duraccedilatildeo de 30 a 40 minutos por dia O senhor (a) seraacute incluiacutedo (a) de forma
aleatoacuteria (sorteio) em dois grupos que receberatildeo diferentes tratamentos de
alongamento com supervisatildeo do profissional fisioterapeuta O senhor (a)
receberaacute uma cartilha com alguns exerciacutecios semelhantes aos realizados no
hospital para ser feito em casa no miacutenimo duas vezes por semana
4 ndash Durante os exerciacutecios de alongamento o (a) senhor (a) poderaacute sentir algum
desconforto como um ldquopuxatildeordquo ldquoformigamentordquo e ldquoqueimaccedilatildeordquo na regiatildeo que os
muacutesculos estatildeo sendo trabalhados Apoacutes a realizaccedilatildeo do alongamento eacute
possiacutevel que essas sensaccedilotildees perdurem por no maacuteximo 3 dias Evitaremos
durante o tratamento as dores se caso o senhor (a) sentir alguma dor
comunique ao profissional responsaacutevel que interromperemos imediatamente o
exerciacutecio
5 ndash Seratildeo realizados diversos testes antes e depois do tratamento para
verificar o grau de eficiecircncia da teacutecnica aplicada Mediremos o movimento do
seu toacuterax com um aparelho chamado pletismografia onde seratildeo colocados
marcadores no seu toacuterax e o senhor natildeo sentiraacute nenhum desconforto ou dor
Seratildeo realizados exames para a funccedilatildeo do seu pulmatildeo chamado espirometria
para isso pediremos para o senhor (a) puxar e assoprar forte o ar no aparelho
este teste natildeo traraacute nenhum desconforto ou dor Para testar a forccedila dos
muacutesculos pediremos novamente que o senhor (a) puxe o ar com forccedila em um
95
aparelho chamado manovacuocircmetro este teste natildeo traraacute dor Realizaremos
um teste de esforccedilo ao exerciacutecio onde pediremos para o (a) senhor (a) andar o
maacuteximo possiacutevel durante 6 minutos seraacute repetido duas vezes Nesse teste o
senhor (a) pode sentir cansaccedilo e falta de ar que acabaraacute imediatamente apoacutes o
teacutermino do exerciacutecio Por uacuteltimo o senhor (a) responderaacute o questionaacuterio sobre a
sua vida que conteacutem uma seacuterie de perguntas para avaliar se o (a) senhor (a)
possui episoacutedios de depressatildeo e ansiedade poderaacute sentir algum desconforto
ao responder algumas perguntas que seratildeo realizadas
6 ndash Com esse estudo buscamos a melhora da qualidade de vida com
diminuiccedilatildeo dos quadros tendenciosos de depressatildeo e ansiedade e o aumento
da capacidade para realizar os exerciacutecios diaacuterios decorrentes da melhora da
mobilidade toraacutecica
7 ndash Asseguramos que o senhor (a) teraacute acesso aos profissionais responsaacuteveis
pela pesquisa para esclarecimento de eventuais duacutevidas O principal
investigador eacute o Prof Dr Celso Ricardo Fernandes Carvalho que poderaacute
ser encontrado na Av Eneacuteas de Carvalho Aguiar 255 4o andar bloco 06 no
telefone(s) 11 3069-7961 e o Dr Juliano Takashi Wada que pode ser
encontrado no endereccedilo Rua Albuquerque Lins 537 cj 42 Telefone(s) 11
3624-4524 Se caso o senhor (a) tiver alguma consideraccedilatildeo ou duacutevida sobre a
eacutetica da pesquisa entre em contato com o Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa (CEP)
ndash Rua Oviacutedio Pires de Campos 225 ndash 5ordm andar ndash tel 3069-6442 ramais 16 17
18 ou 20 FAX 3069-6442 ramal 26 ndash E-mail cappesqhcnetuspbr
8 ndash Garantimos a liberdade da retirada do consentimento a qualquer momento
e deixar de participar do estudo sem qualquer prejuiacutezo agrave continuidade de seu
tratamento na Instituiccedilatildeo
9 ndash Garantimos o direito de confidencialidade ndash As informaccedilotildees obtidas
seratildeo analisadas em conjunto com outros pacientes natildeo sendo divulgado a
identificaccedilatildeo e os dados de nenhum paciente
10 ndash Garantimos o direito de ser mantido atualizado sobre os resultados
parciais das pesquisas quando em estudos abertos ou de resultados que
sejam do conhecimento dos pesquisadores
96
11 ndash Despesas e compensaccedilotildees natildeo haacute despesas pessoais para o
participante em qualquer fase do estudo incluindo exames e consultas
Tambeacutem natildeo haacute compensaccedilatildeo financeira relacionada agrave sua participaccedilatildeo Se
existir qualquer despesa adicional ela seraacute absorvida pelo orccedilamento da
pesquisa Natildeo garantimos o pagamento de qualquer dano causado pelo estudo
mas garantimos que se caso o senhor (a) tiver algum problema poderaacute ser
atendido no Ambulatoacuterio da Fisioterapia do Hospital das cliacutenicas gerenciado
pelo Prof Dr Celso Ricardo Fernandes de Carvalho
12 ndash Garantimos o compromisso do pesquisador de utilizar os dados e o
material coletado satildeo confidenciais e seraacute utilizado somente para esta pesquisa
Acredito ter sido suficientemente informado a respeito das informaccedilotildees
que li ou que foram lidas para mim descrevendo o estudo rdquoEfeitos do
alongamento da musculatura acessoacuteria respiratoacuteria com a teacutecnica de
contraccedilatildeo-relaxamento na mobilidade toraacutecica e capacidade psicossocial e
funcional de pacientes com doenccedila pulmonar obstrutiva crocircnicardquo
Eu discuti com o Prof Dr Celso Ricardo Fernandes de Carvalho ou
com o Dr Juliano Takashi Wada sobre a minha decisatildeo em participar nesse
estudo Ficaram claros para mim quais satildeo os propoacutesitos do estudo os
procedimentos a serem realizados seus desconfortos e riscos as garantias de
confidencialidade e de esclarecimentos permanentes Ficou claro tambeacutem que
minha participaccedilatildeo eacute isenta de despesas e que tenho garantia do acesso a
tratamento hospitalar quando necessaacuterio Concordo voluntariamente em
participar deste estudo e poderei retirar o meu consentimento a qualquer
momento antes ou durante o mesmo sem penalidades ou prejuiacutezo ou perda
de qualquer benefiacutecio que eu possa ter adquirido ou no meu atendimento
neste Serviccedilo
-------------------------------------------------
Assinatura do pacienterepresentante legal Data
97
-------------------------------------------------------------------------
Assinatura da testemunha Data
Declaro que obtive de forma apropriada e voluntaacuteria o Consentimento Livre e
Esclarecido deste paciente ou representante legal para a participaccedilatildeo neste estudo
----------------------------------------------------------
Assinatura do responsaacutevel pelo estudo
Data
98
NCT 0236762
99
100
101
20-Nov-2014
CC Wada Juliano Borges-Santos Erickson Paisani
Denise Porras Desiderio Cukier Alberto Lunardi
Adriana Carvalho Celso
Dear Ms Wada
Your manuscript entitled Effect of respiratory muscle
stretching on thoracoabdominal kinematics and functional
capacity of patients with COPD a randomized and controlled
trial has been received online and is presently being
given full consideration for publication in CHEST Please
note that our editorial office will review your manuscript
before sending it to the Editor in Chief If there are
aspects that need to be fixed prior to peer review they
may return your paper to your Corresponding Author Center
and ask you to make some minor changes and resubmit it We
appreciate your understanding
Your manuscript ID is CHEST-14-2914
You may view the status of your manuscript at any time by
checking your Author Center after logging in
to httpsmcmanuscriptcentralcomchest
102
The journal strives to expedite the peer review process
however because we receive over 3400 submissions each year
the process may take up to 8 weeks to complete Please be
patient during this time and feel free to log in to check
your manuscript status
Please mention the above manuscript ID in all future
correspondence or when calling the office for questions If
there are any changes in your street address phonefax or
e-mail address please log in to ScholarOne Manuscripts
at httpsmcmanuscriptcentralcomchest and edit your
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Thank you for choosing to submit your manuscript to CHEST
Sincerely
CHEST Editorial Office
x
5 DISCUSSAtildeO59
51 Cinemaacutetica toracoabdominal60
52 Atividade muscular63
53 Capacidade funcional e dispneia65
54 Limitaccedilotildees68
6 CONCLUSAtildeO70
7 REFEREcircNCIAS 72
8 ANEXOS90
xi
LISTA DE ABREVIATURAS
ABD Volume abdominal
ALAT Associaccedilatildeo Latino-Americana de Toacuterax
ATS American Thoracic Society
BORG Escala de dispneia
CPT Capacidade Pulmonar Total
CRF Capacidade Residual Funcional
CTABD Razatildeo entre a contribuiccedilatildeo da caixa toraacutecica e abdocircmen
CT Volume da caixa toraacutecica
CVF Capacidade vital forccedilada
DATASUS Departamento de informaacutetica do sistema uacutenico de sauacutede
DPOC Doenccedila pulmonar obstrutiva crocircnica
EMG Eletromiografia
EMGVt Razatildeo entre atividade muscular e o volume corrente total
F Feminino
FCMaacutex Frequecircncia cardiacuteaca maacutexima
FE Fluxo expiratoacuterio
FI Fluxo inspiratoacuterio
GC Grupo controle
GOLD Global initiative for chronic obstructive lung disease
GT Grupo tratado
HCFMUSP Hospital das Cliacutenicas da Faculdade de Medicina da Universidade
de Satildeo Paulo
xii
Hz Hertz
Kgm2 Kilograma por metro quadrado (unidade do IMC)
L Litros
M Masculino
mL Mililitros
mV Milivolt
mVL Milivolt por litro
O2 Oxigecircnio
OTG Oacutergatildeo tendinoso de Golgi
PaCO2 Pressatildeo parcial de gaacutes carbocircnico
POE Pletismoacutegrafo optoeletrocircnica
RP Reabilitaccedilatildeo pulmonar
SpO2 Saturaccedilatildeo Perifeacuterica de Oxigecircnio
TC6 Teste de caminhada dos 6 minutos
TI Volume do toacuterax inferior
TS Volume corrente do toacuterax superior
VE Volume minuto
VEF1 Volume expiratoacuterio forccedilado no primeiro segundo
VEF1CVF Relaccedilatildeo do volume expiratoacuterio forccedilado no primeiro segundo e
capacidade vital forccedilada
VR Volume Residual
Vt Volume corrente
WMaacutex Carga maacutexima em Watts
Δ Variaccedilatildeo
xiii
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 Desenho experimental25
Figura 2 Anatomia e teacutecnica de alongamento do peitoral maior28
Figura 3 Anatomia e teacutecnica de alongamento do escaleno28
Figura 4 Anatomia e a teacutecnica de alongamento do Esternocleidomastoideo29
Figura 5 Anatomia e a teacutecnica de alongamento do Trapeacutezio Superior30
Figura 6 Anatomia e a teacutecnica de alongamento do peitoral menor30
Figura 7 Anatomia e a teacutecnica de alongamento do Serraacutetil Anterior e
Intercostais31
Figura 8 Anatomia e a teacutecnica de alongamento dos muacutesculos
abdominais32
Figura 9 Anatomia e a teacutecnica de alongamento dos flexores do punho33
Figura 10 Anatomia e a teacutecnica de alongamento dos extensores do punho33
xiv
Figura11 Anatomia e a teacutecnica de alongamento dos extensores do
tornozelo34
Figura 12 Anatomia e a teacutecnica de alongamento dos muacutesculos dos flexores do
tornozelo35
Figura13 Imagem tridimensional gerada pelo OEP38
Figura14 Disposiccedilatildeo das 89 esferas reflexivas38
Figura15 Laboratoacuterio do POE com a disposiccedilatildeo das cacircmeras e da bicicleta40
Figura16 Captaccedilatildeo e anaacutelise dos dados do volume toracoabdominal40
Figura17 Paciente realizando a avaliaccedilatildeo com carga no cicloergocircmetro no
POE42
Figura 18 Desenho experimental da avaliaccedilatildeo do OEP42
Figura19 Eletromioacutegrafo da BTS Engeneering44
Figura 20 Fluxograma do estudo49
xv
Figura 21 Efeitos do alongamento muscular respiratoacuterio na mecacircnica
ventilatoacuteria durante o exerciacutecio Os dados foram apresentados em meacutedia e
desvio padratildeo representado pela diferenccedila (Δ) = poacutes- - preacute-intervenccedilatildeo Houve
um aumento estatisticamente significante do volume da CT e do ABD no GT O
exerciacutecio foi realizado com 25 da carga maacutexima predito na equaccedilatildeo de
Jones25 GC= Grupo Controle GT= Grupo Tratado CT= Caixa totaacutecica total
TS= Toacuterax superior TI= Toacuterax inferior ABD= Abdomen = p lt 005 GC vs GT
(teste t natildeo pareado)51
Figura 22 Efeitos do alongamento muscular respiratoacuterio no volume minuto
(VE) durante o exerciacutecio Os dados foram apresentados em meacutedia e desvio
padratildeo representado pela diferenccedila (Δ) = poacutes- - preacute-intervenccedilatildeo Ambas
apresentaram diferenccedilas houve um aumento estatisticamente significante de
4L no volume minuto (VE) no GT em relaccedilatildeo do GC O exerciacutecio foi realizado
com 25 da carga maacutexima predito na equaccedilatildeo de Jones25 GC= Grupo
Controle GT= Grupo Tratado = p lt 005 GC vs GT (teste t natildeo pareado)52
Figura 23 Efeitos do alongamento muscular respiratoacuterio no fluxo expiratoacuterio
(FE) durante o exerciacutecio Os dados foram apresentados em meacutedia e desvio
padratildeo representado pela diferenccedila (Δ) = poacutes- - preacute-intervenccedilatildeo Ambas
apresentaram diferenccedilas houve um aumento estatisticamente significante de
100mL no fluxo expiratoacuterio (FE) no GT em relaccedilatildeo do GC O exerciacutecio foi
realizado com 25 da carga maacutexima predito na equaccedilatildeo de Jones25 GC=
xvi
Grupo Controle GT= Grupo Tratado = p lt 005 GC vs GT (teste t natildeo
pareado)53
Figura 24 Efeitos do alongamento muscular respiratoacuterio na relaccedilatildeo da
contribuiccedilatildeo da caixa toraacutecica e abdocircmen (CTABD) durante o exerciacutecio Os
dados foram apresentados em meacutedia e desvio padratildeo representado pela
diferenccedila (Δ) = poacutes- - preacute-intervenccedilatildeo O exerciacutecio foi realizado com 25 da
carga maacutexima predito na equaccedilatildeo de Jones25 Foi observado a reduccedilatildeo
estatisticamente significante dos valores no GT em relaccedilatildeo do GC da relaccedilatildeo
CTAB que representa o aumento da mobilidade do compartimento abdominal
GC= Grupo Controle GT= Grupo Tratado CT= Participaccedilatildeo da caixa toraacutecica
ABD= Participaccedilatildeo abdominal = p lt 005 GC vs GT (teste t natildeo pareado)54
Figura 25 Efeitos do alongamento muscular respiratoacuterio na atividade
muscular Os dados foram apresentados em meacutedia e desvio padratildeo
representado pela diferenccedila (Δ) = poacutes- - preacute-intervenccedilatildeo Foi constatada uma
diminuiccedilatildeo estatisticamente significante da atividade dos muacutesculos
esternocleidomastoideo e intercostal superior no GT O exerciacutecio foi realizado
com 25 da carga maacutexima predito na equaccedilatildeo de Jones25 GC= Grupo
Controle GT= Grupo Tratado = p lt 005 GC vs GT (teste t natildeo pareado)55
Figura 26 Efeitos do alongamento muscular respiratoacuterio na relaccedilatildeo entre a
atividade muscular e o volume corrente (EMGVt) Os dados foram
apresentados em meacutedia e desvio padratildeo representado pela diferenccedila (Δ) =
xvii
poacutes- - preacute-intervenccedilatildeo Observou-se uma diminuiccedilatildeo estatisticamente
significante da EMGVt no GT O exerciacutecio foi realizado com 25 da carga
maacutexima predito na equaccedilatildeo de Jones25 GC= Grupo Controle GT= Grupo
Tratado = p lt 005 GC vs GT (teste t natildeo pareado) 56
Figura 27 Efeitos do alongamento muscular respiratoacuterio na escala de BORG
Os dados foram apresentados Os dados foram apresentados em meacutedia e
desvio padratildeo representado pela diferenccedila (Δ) = poacutes- - preacute-intervenccedilatildeo Apoacutes
o tratamento ambos apresentaram diminuiccedilatildeo da dispneia mas somente no GT
houve uma diminuiccedilatildeo na comparaccedilatildeo com o GC e com seus dados iniciais no
preacute exerciacutecio O exerciacutecio foi realizado com 25 da carga maacutexima predito na
equaccedilatildeo de Jones25 GC= Grupo Controle GT= Grupo Tratado BORG= Escala
de dispneia TC6= Teste de caminhada dos 6 minutos = p lt 005 preacute vs poacutes
intervenccedilatildeo +=plt005 GC vs GC) (teste t natildeo pareado)57
Figura 28 Os dados apresentados em (Δ) representam (poacutes intervenccedilatildeo ndash preacute
intervenccedilatildeo) No teste de caminhada dos 6 minutos (TC6) foi observada uma
diferenccedila clinicamente significante do TC6 no GT que obteve um aumento
meacutedio de 2514m e o GC de 65m O exerciacutecio foi realizado com 25 da carga
maacutexima predito na equaccedilatildeo de Jones25 GC= Grupo Controle GT= Grupo
Tratado TC6= Teste de caminhada dos 6 minutos ( =diferenccedila clinicamente
significante)58
xviii
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 Caracterizaccedilatildeo amostral basal dos pacientes do estudo50
xix
RESUMO
Efeitos do alongamento da musculatura respiratoacuteria pelas teacutecnicas de
alongamento passivo e contraccedilatildeo-relaxamento na mecacircnica ventilatoacuteria e
na capacidade funcional de pacientes com doenccedila pulmonar obstrutiva
crocircnica
Os pacientes com doenccedila pulmonar obstrutiva crocircnica (DPOC) devido agrave
obstruccedilatildeo brocircnquica e reduccedilatildeo da retraccedilatildeo elaacutestica pulmonar apresentam o
aumento do recrutamento da musculatura respiratoacuteria predispondo agrave
incoordenaccedilatildeo toracoabdominal aumentando o trabalho respiratoacuterio
provocando fadiga e dispneacuteia O alongamento dos muacutesculos respiratoacuterios
(AMR) poderia diminuir a atividade muscular melhorar a sua capacidade
contraacutetil e a mobilidade da caixa toraacutecica otimizando a ventilaccedilatildeo pulmonar
entretanto estes efeitos nos muacutesculos respiratoacuterios permanecem
desconhecidos Objetivo Avaliar os efeitos da adiccedilatildeo do AMR associados agrave
reabilitaccedilatildeo pulmonar na mecacircnica ventilatoacuteria na capacidade funcional e na
atividade muscular em pacientes com DPOC Meacutetodo Estudo randomizado e
controlado incluiu 30 pacientes com DPOC que foram distribuiacutedos
aleatoriamente para os grupos tratado (GT n = 15) e controle (GC n = 15)
Todos os pacientes foram submetidos a 24 sessotildees de treinamento aeroacutebico
duas vezes por semana Aleacutem disso o GT recebeu AMR e o GC recebeu o
alongamento dos membros superiores e inferiores antes dos exerciacutecios
aeroacutebicos Foram avaliados teste da capacidade funcional (teste de caminhada
xx
de 6 minutos TC6) mecacircnica toracoabdominal (pletismografia optoeletrocircnica
POE) e atividade muscular respiratoacuteria (eletromiografia de superfiacutecie EMG)
durante o exerciacutecio Os dados representam a variaccedilatildeo (Δ)=poacutes- - preacute-
avaliaccedilatildeo foi utilizado o teste t para comparar os grupos e o niacutevel de
significacircncia foi fixado em 5 Resultados O GT apresentou o aumento da
capacidade funcional (2514m +) com a reduccedilatildeo da sensaccedilatildeo de dispneia apoacutes
o TC6 (plt001) quando comparado ao GC Provavelmente estaacute relacionado
com a melhora do volume da caixa toraacutecica (plt001) capacidade ventilatoacuteria
(plt001) com o aumento do volume e da contribuiccedilatildeo do compartimento
abdominal (plt001) Observamos tambeacutem no GT a reduccedilatildeo da atividade
muscular (p lt001) com maior eficiecircncia ventilatoacuteria (plt0006) Conclusatildeo
Nossos resultados sugerem que a adiccedilatildeo do AMR no treinamento aeroacutebio
aumenta a capacidade funcional com diminuiccedilatildeo da dispneia melhora a
eficaacutecia da contraccedilatildeo muscular e da capacidade ventilatoacuteria devido agrave maior
participaccedilatildeo do compartimento abdominal em pacientes com DPOC
Descritores DPOC Muacutesculos Respiratoacuterios Alongamento Muscular
Mecacircnica Respiratoacuteria Plestimografia Dispneia Eletromiografia
xxi
SUMMARY
Effects of respiratory muscle stretching with passive and hold-relax
techniques on ventilatory mechanics and functional capacity in patients
with chronic obstructive pulmonary disease
Chronic obstructive pulmonary disease (COPD) patients due to bronchial
obstruction and reduced lung elastic recoil present increased in the recruitment
of respiratory muscles predisposing an thoracoabdominal incoordination major
breathing work causing fatigue and dyspnea The respiratory muscles
stretching (RMS) could decrease the muscle activity and improve their
contractile capacity chest wall mobility and optimize the pulmonary ventilation
however this effect remains unknown Objective To evaluate the effects of
adding the RMS associated with pulmonary rehabilitation in ventilatory
mechanics functional capacity and muscle activity in patients with COPD
Method Randomized and controlled trial enrolled 30 COPD patients who were
randomly allocated into treatment (TG n = 15) and control (CG n = 15) groups
All patients underwent 24 sessions of aerobic training twice a week In Addition
TG received RMS and CG received upper and lower limb stretching before
aerobic exercises Were evaluated functional capacity (6-minute walking
distance test 6MWDT) thoracoabdominal mechanics (optoelectronic
plethysmography OEP) and respiratory muscle activity (surface
electromyography EMG) during exercise The data represents the change (Δ) =
post- - pre-evaluation a t-test was used to compare the groups and the
xxii
significance level was set at 5 Results TG showed improvement in the
functional capacity (2514m +) with decrease of the dyspnea sensation after the
6MWDT (plt001) compared with CG Probably is related with increased of
chest wall volume (plt001) ventilatory capacity (plt001) volume and the
contribution of the abdominal compartment (plt001) We also observed in the
TG a reduction of respiratory muscle activity (plt001) and the ratio between
volume displaced (plt0006) Conclusion Our results suggest that the addition
of RMS to aerobic training increases the functional capacity with dyspnea
reduction improvement of efficacy of respiratory muscle contraction and
ventilatory capacity due to higher participation of the abdominal compartment in
patients with COPD
Descriptors COPD Respiratory Muscles Muscular Stretching Respiratory
Mechanics Plethysmography Dyspnea Electromyography
1 INTRODUCcedilAtildeO
2
11 Definiccedilatildeo e Incidecircncias
A doenccedila pulmonar obstrutiva crocircnica (DPOC) eacute definida como uma
patologia pulmonar previsiacutevel e trataacutevel caracterizada pela limitaccedilatildeo
persistente do fluxo aeacutereo aprisionamento aeacutereo e hiperinsuflaccedilatildeo com caraacuteter
de limitaccedilatildeo progressiva associados ao aumento da resposta inflamatoacuteria das
vias aeacutereas e dos pulmotildees decorrente da exposiccedilatildeo aos gases e partiacuteculas
nocivas (GOLD 2013) Os processos inflamatoacuterios causam alteraccedilotildees
brocircnquicas e destruiccedilatildeo do parecircnquima pulmonar que podem variar de
indiviacuteduo para indiviacuteduo resultando no decreacutescimo da elasticidade tecidual
pulmonar e diminuiccedilatildeo da capacidade ventilatoacuteria (Celli et al 2004 Laizo
2009)
A bronquite crocircnica e o enfisema pulmonar satildeo responsaacuteveis pela
denominaccedilatildeo da DPOC decorrente habitualmente do tabagismo embora
outras formas possam estar envolvidas em sua patogecircnese tal como a
deficiecircncia de micro1-antitripsina (Wood et al 2008) O enfisema pulmonar eacute
definido pelo aumento anormal e permanente dos espaccedilos aeacutereos distais do
bronquiacuteolo terminal acompanhado pela destruiccedilatildeo do parecircnquima pulmonar
Na ausecircncia de uma fibrose evidente o principal distuacuterbio funcional do enfisema
eacute a perda da retraccedilatildeo elaacutestica tecidual associada ao colabamento das vias
aeacutereas (Fabbri et al 2008) A bronquite crocircnica eacute definida clinicamente pela
presenccedila de tosse crocircnica com produccedilatildeo de secreccedilatildeo por vaacuterios dias da
semana por 3 meses em um ano por mais de 2 anos consecutivos Apresentam
3
edema e inflamaccedilatildeo da mucosa brocircnquica associada ao aumento do nuacutemero e
do tamanho das glacircndulas secretoras de muco e remodelaccedilatildeo estrutural
recorrente da parede dos brocircnquios (Figuero et al 2005) Evidenciam-se em
ambas a diminuiccedilatildeo da luz brocircnquica e limitaccedilatildeo da mobilidade da caixa
toraacutecica com diminuiccedilatildeo da capacidade respiratoacuteria caracterizando um
distuacuterbio ventilatoacuterio obstrutivo com aprisionamento aeacutereo geralmente grave e
irreversiacutevel (Colom et al 2006)
No Brasil a DPOC ocupa a 5ordf posiccedilatildeo entre as principais causas de
morte liacuteder em mortalidade entre as doenccedilas respiratoacuterias onde 290 mil
pacientes satildeo internados anualmente gerando um gasto importante ao sistema
de sauacutede do paiacutes Os dados de prevalecircncia obtidos ateacute o momento atraveacutes dos
questionaacuterios sintomatoloacutegicos permitiram estimar a DPOC em adultos maiores
de 40 anos em 12 dessa populaccedilatildeo ou seja 5500000 indiviacuteduos Tatildeo
importante quanto os gastos diretos satildeo os indiretos como os dias de trabalho
perdidos e aposentadoria precoce (II Consenso Brasileiro de DPOC 2004)
Associaccedilatildeo Latino-Americana de Toacuterax (ALAT) constituiacuteda pelo Brasil
Venezuela Meacutexico Uruguai e Chile desenvolveram um estudo chamado
PLATINO em 2006 com colaboraccedilatildeo da Burden of Obstructive Lung Disease
Se considerarmos os dados preliminares a prevalecircncia da DPOC varia de 6 a
158 da populaccedilatildeo brasileira com idade igual ou superior a 40 anos que
equivale a 2800000 a 6900000 indiviacuteduos dados estes que corroboram com
o Consenso Brasileiro de DPOC
4
O nuacutemero de oacutebitos tecircm aumentado nos uacuteltimos 20 anos em ambos os
sexos a taxa de mortalidade passou de 788 por 100000 habitantes na deacutecada
de 80 para 1904 por 100000 habitantes na deacutecada de 90 com um
crescimento de 230 (Laizo 2009) Segundo dados do DATASUS a DPOC
gerou no ano de 2010 no Sistema Nacional de Sauacutede Puacuteblica 141994
hospitalizaccedilotildees que levaram a 778428 dias de internaccedilatildeo O custo total dessas
internaccedilotildees foi de R$ 9243441551 e 7937 mortes diretamente relacionadas
com a DPOC Estima-se que ateacute 2025 75 das mortes prematuras
respiratoacuterias seratildeo provocadas pelo tabagismo (De Godoy et al 2007)
12 Fisiopatologia
A obstruccedilatildeo brocircnquica e a diminuiccedilatildeo do recolhimento elaacutestico
desencadeados pela doenccedila alteram a mecacircnica pulmonar que desloca o
ponto de igual pressatildeo das vias aeacutereas favorecendo o aprisionamento de ar
desencadeando a hiperinsuflaccedilatildeo e a diminuiccedilatildeo da capacidade respiratoacuteria
aos grandes esforccedilos subsequentemente ao repouso (Senol et al 2006
Fabbri et al 2008) A configuraccedilatildeo alterada da caixa toraacutecica deslocam os
muacutesculos respiratoacuterios (De Troyer 1997) inclusive o diafragma para uma
posiccedilatildeo de encurtamento e desvantagem mecacircnica prejudicando
gradativamente a mobilidade toracoabdominal levando ao aumento do trabalho
5
respiratoacuterio limitaccedilatildeo da ventilaccedilatildeo pulmonar e agravamento a sensaccedilatildeo de
dispneia (Yamaguti et al 2012 OacuteKroy et al 2000)
A limitaccedilatildeo do fluxo ventilatoacuterio faz com que a capacidade residual
funcional (CRF) se desloque em direccedilatildeo da capacidade pulmonar total (CPT)
A forccedila dos muacutesculos inspiratoacuterios eacute exigida para o aumento do volume mas a
contraccedilatildeo muscular eacute eficaz somente em esforccedilos leves e moderados A maior
demanda ventilatoacuteria obriga a CRF se deslocar ainda mais em direccedilatildeo agrave CPT e
a forccedila inspiratoacuteria natildeo tem capacidade de gerar o ganho volumeacutetrico
agravando a dispneia o que leva a interrupccedilatildeo do exerciacutecio (Calverley 2006)
A DPOC natildeo eacute somente uma doenccedila respiratoacuteria e sim sistecircmica a
hiperinsuflaccedilatildeo pulmonar afeta o sistema cardiovascular pois a alteraccedilatildeo da
pressatildeo intratoraacutecica reduz o enchimento cardiacuteaco e consequentemente o
deacutebito cardiacuteaco (Stark-leyva et al 2004) As disfunccedilotildees oacutesseas satildeo
decorrentes principalmente da inatividade fiacutesica do uso de corticoacuteesteroacuteides e
pela desnutriccedilatildeo (Ferguson et al 2009) assim como as neuropatias perifeacutericas
incluindo do nervo frecircnico ocasionando a depressatildeo da excitabilidade e da
conduccedilatildeo neural (Jann et al 1998) A hipoxemia possivelmente seja
responsaacutevel pelas alteraccedilotildees cognitivas que compromete a memoacuteria verbal e a
compreensatildeo (Dodd et al 2010) em contrapartida a depressatildeo e a ansiedade
satildeo associados principalmente agrave sensaccedilatildeo de desconforto respiratoacuterio e agrave
limitaccedilatildeo da atividade de vida diaacuteria (Wagena 2005) O refluxo gastroesofaacutegico
eacute outra alteraccedilatildeo que provavelmente seja decorrente da diminuiccedilatildeo da
capacidade contraacutetil muscular diafragmaacutetica pois com a sua horizontalizaccedilatildeo
6
perde-se a eficiecircncia contraacutetil e reduz da pressatildeo do esfiacutencter gastroesofaacutegico
(Hurst et al 2008 Boutou et al 2011) Dentre as alteraccedilotildees sistecircmicas da
DPOC o sistema muacutesculo-esqueleacutetico eacute um dos mais afetados e estaacute
relacionado com o agravamento da patologia e ao aumento do iacutendice de
mortalidade devido ao descondicionamento fiacutesico (Dourado et al 2006
Swallow et al 2007 Dodd et al 2012)
13 Sistema muacutesculo-esqueleacutetico
O sistema muacutesculo-esqueleacutetico eacute afetado pela inflamaccedilatildeo crocircnica
sistecircmica da DPOC processo que induz a liberaccedilatildeo de mediadores quiacutemicos
inflamatoacuterios acelerando a degradaccedilatildeo proteica e aumentando o estresse
oxidativo muscular (Andreassen e Vestbo 2003 Macintyre 2006) O transporte
de oxigecircnio para o citoplasma celular dos muacutesculos fica comprometido esse
oxigecircnio fica inutilizado por natildeo conseguir chegar de forma eficiente nas
mitococircndrias (Shrikrishna 2009 Barreiro 2013) As alteraccedilotildees metaboacutelicas
enzimaacuteticas e hormonais anaboacutelicas quando associadas agrave diminuiccedilatildeo dos
capilares sanguiacuteneos provocam a reduccedilatildeo das fibras musculares do tipo I e II
(Ries et al 2007 Strasser et al 2013) Devido a estes fatores todos os
muacutesculos inclusive os respiratoacuterios trabalham de forma anaeroacutebica ao miacutenimo
esforccedilo acumulando lactato ocasionando a fadiga precoce ao exerciacutecio e ao
descondicionamento sistecircmico (Wagena 2005 Hostettler et al 2011)
7
14 Diagnoacutestico e Sintomas
Para o diagnoacutestico eacute utilizado principalmente a espirometria por que a
obtenccedilatildeo da curva expiratoacuteria volume-tempo eacute obrigatoacuteria na suspeita cliacutenica
de DPOC devendo ser realizada antes e apoacutes administraccedilatildeo de
broncodilatador na fase estaacutevel da doenccedila A espirometria permite a avaliaccedilatildeo
de uma multiplicidade de paracircmetros poreacutem os mais importantes do ponto de
vista de aplicaccedilatildeo cliacutenica satildeo a CVF (capacidade vital forccedilada) o VEF1 (volume
expiratoacuterio forccedilado no primeiro segundo) e a relaccedilatildeo sua relaccedilatildeo (VEF1CVF)
A existecircncia da limitaccedilatildeo do fluxo aeacutereo eacute definida pela presenccedila da relaccedilatildeo
VEF1CVF abaixo de 070 poacutes-broncodilatador e pelos dados de VEF1 ge 80
do predito (leve) ge 50 e lt 80 do predito (moderado) e ge 30 e lt 50 do
predito (grave) (GOLD 2013)
A DPOC apresenta tambeacutem o aumento do volume residual (VR) da
capacidade pulmonar total (CPT) e da capacidade residual funcional (CRF)
(Camargo et al 2008) Deve-se solicitar o exame radioloacutegico de forma rotineira
nas posiccedilotildees poacutestero-anterior e perfil mas dificilmente seraacute utilizado para o
diagnoacutestico da doenccedila e sim para descartar outras patologias como a
neoplasias bolhas e para acompanhar o prognoacutestico da doenccedila (II Consenso
Brasileiro sobre Doenccedila Pulmonar Obstrutiva Crocircnica 2004)
A presenccedila de sintomas respiratoacuterios crocircnicos no paciente com haacutebito
tabaacutegico (cigarro cigarrilha cachimbo charuto) deve levar a suspeita cliacutenica da
8
DPOC O tabagismo eacute considerado um problema de sauacutede puacuteblica e satildeo
atribuiacutedos a esse viacutecio 90 dos casos de cancro no pulmatildeo 86 de bronquite
e enfisema 25 dos processos isquecircmicos do coraccedilatildeo e 30 dos cancros
extrapulmonares (Laizo 2009) A tosse o chiado e a dispneia estatildeo
frequentemente presentes tendo sido relatado em 83 dos casos (Nishimura
et al 2002 Laveneziana et al 2011)
A dispneia eacute o sintoma mais importante dos pacientes com DPOC
Montaldo et al (2000) acreditam que os estiacutemulos aferentes provenientes das
tensotildees do sistema muacutesculo-esqueleacutetico da regiatildeo toracoabdominal apoacutes
serem processados nos centros respiratoacuterios aumentam a percepccedilatildeo da
dispneia (Breslin et al 1998) Outro fator satildeo os estiacutemulos dos quimioceptores
sensiacuteveis agraves variaccedilotildees de PaCO2 e agraves alteraccedilotildees dos mecanoceptores
articulares e musculares da caixa toraacutecica (Burki e Lee 2010) Classicamente
o instrumento mais utilizado para avaliaccedilatildeo da dispneia eacute a escala modificada
de Borg (1982) a sensaccedilatildeo de falta de ar estaacute associada com a incapacidade
fiacutesica piora da qualidade de vida e do prognoacutestico cliacutenico Os pacientes
normalmente referem os sintomas em uma fase mais avanccedilada da doenccedila e
frequentemente relaciona a limitaccedilatildeo das atividades ao descondicionamento
muscular perifeacuterico (Castro et al 2012)
Szczegielniak et al (2011) demonstraram que os exerciacutecios aeroacutebicos
reduzem os niacuteveis inflamatoacuterios caracteriacutesticos da DPOC e melhora o
condicionamento fiacutesico permitindo a melhora das atividades diaacuterias Por esta
9
razatildeo cada vez mais a reabilitaccedilatildeo pulmonar vem adquirindo mais importacircncia
no acircmbito cientiacutefico
15 Reabilitaccedilatildeo pulmonar
A reabilitaccedilatildeo pulmonar (RP) eacute um programa baseado em evidecircncias
constituiacutedo pelo treinamento aeroacutebico e resistido associado aos programas
educacionais intervenccedilotildees nutricionais e suporte psicoloacutegico para os pacientes
com DPOC O objetivo eacute otimizar a performance fiacutesica funcional social
psicoloacutegica e autonocircmica dos pacientes Eacute realizada por uma equipe
multidisciplinar composta por meacutedicos fisioterapeutas enfermeiros
nutricionistas psicoacutelogos terapeutas ocupacionais e assistentes sociais (ATS
2013) Eacute capaz de auxiliar na atenuaccedilatildeo das limitaccedilotildees do sistema
musculoesqueleacutetico por isso melhora a qualidade de vida e garante o maacuteximo
da sua independecircncia e funcionalidade em seu meio (Carrieri-Kohlman et al
2005 Garcia-Aymerich et al 2006 Ries et al 2007)
O treinamento aeroacutebico realizado em bicicleta ou esteira ergomeacutetrica eacute o
principal componente da RP conforme observados em alguns estudos ele
promove o aumento do tamanho das fibras do tipo I e na quantidade de
capilares musculares em DPOC (Montes de Oca et al 2005) A intensidade
pode ser ajustada pela frequecircncia cardiacuteaca ou pelo teste de caminhada
(Figueiredo e Guimaratildees 2009) sendo necessaacuterio no miacutenimo 10 semanas de
10
intervenccedilatildeo com 2 sessotildees semanais (Rossi et al 2005) Mas os indiviacuteduos
apresentam respostas diferentes quando submetidos agrave RP sobretudo nos
fatores que limitam o exerciacutecio fiacutesico Plankell et al (2005) realizaram um
estudo e constataram que pacientes soacute apresentam um bom condicionamento
cardiorrespiratoacuterio quando realizava exerciacutecios aeroacutebicos de alta intensidade
A RP tem sido reconhecida nos uacuteltimos anos como parte fundamental do
tratamento da DPOC pois oferece inuacutemeros estudos com resultados positivos
para os pacientes Dentre eles a melhora da toleracircncia ao exerciacutecio (Yoshimi
et al 2012) reduccedilatildeo da demanda ventilatoacuteria em esforccedilo submaacuteximo melhora
da eficiecircncia do trabalho diminuiccedilatildeo da dispneia e melhora da atividade de
vida diaacuteria (Godoy et al 2009) Apesar dos benefiacutecios nos pacientes com
DPOC ateacute o presente momento nenhum exerciacutecio conseguiu atuar
eficientemente na mecacircnica ventilatoacuteria (Georgiadou et al 2007) Por esta
razatildeo alguns estudos buscaram outras alternativas para interferir diretamente
nos muacutesculos respiratoacuterios com o objetivo de potencializar os efeitos positivos
jaacute demonstrados pela RP
16 Muacutesculos respiratoacuterios
O diafragma eacute o principal muacutesculo respiratoacuterio durante a inspiraccedilatildeo
realiza a contraccedilatildeo das cuacutepulas diafragmaacuteticas que descendem e gera um
aumento da pressatildeo intra-abdominal que serve de sustentaccedilatildeo para a
11
expansatildeo da caixa toraacutecica potencializada pela associaccedilatildeo da contraccedilatildeo dos
muacutesculos respiratoacuterios (Man et al 2012) Tem sido demonstrado na literatura
encurtamento em torno de 28 a 40 do diafragma na DPOC fato este que
compromete a mobilidade e funcionalidade toracoabdominal com repercussatildeo
na capacidade ventilatoacuteria e na tensatildeo dos muacutesculos da caixa toraacutecica de
forma de compensatoacuteria a diminuiccedilatildeo da contraccedilatildeo diafragmaacutetica (Iwasawa et
al 2002 Vilaroacute et al 2010)
Os principais muacutesculos acessoacuterios respiratoacuterios satildeo o peitoral menor
escalenos esternocleidomastoacuteideo intercostais e abdominais avaliados pela
eletromiografia (Gandevia et al 2006 Duiverman et al 2004) eles participam
na fase inspiratoacuteria favorecendo a expansatildeo da caixa toraacutecica pela traccedilatildeo
costal (De Troyer et al 1994 Taylor et al 1990) Durante a inspiraccedilatildeo forccedilada
outros muacutesculos satildeo solicitados como o peitoral maior e o trapeacutezio (Putt et al
2008) Estudos mais recentes tecircm demonstrado que a atividade muscular do
esternocleidomastoacuterideo intercostais peitoral menor latiacutessimo do dorso e dos
escalenos tanto em condiccedilotildees de repouso quanto no exerciacutecio satildeo maiores em
pacientes com DPOC quando comparada aos indiviacuteduos sadios (Donaldson et
al 2012) Os muacutesculos abdominais desempenham um papel importante no
mecanismo expiratoacuterio e a sua contraccedilatildeo estaacute associada a outras musculaturas
expiratoacuterias que potencializam no mecanismo de depressatildeo costal para a saiacuteda
de ar (Georgiadou et al 2007)
Na DPOC os muacutesculos respiratoacuterios sustentam a contraccedilatildeo para
aumentar expansatildeo da caixa toraacutecica com o objetivo de incrementar o fluxo
12
ventilatoacuterio Essa diminuiccedilatildeo do comprimento das fibras musculares prejudica a
eficiecircncia da forccedila contraacutetil maacutexima pois perde a sobreposiccedilatildeo fisioloacutegica ideal
entre os filamentos de actina e miosina (Izumizaki et al 2008 Ito 1999)
aumentando o gasto energeacutetico e a fadiga durante os exerciacutecios fiacutesicos
(Kokkonen et al 2007 Gea et al 2013) Essas alteraccedilotildees de comprimento e
tensatildeo do sistema musculo-esqueleacutetico da regiatildeo toracoabdominal geram a
estimulaccedilatildeo mecanoceptoras locais (fusos musculares e os receptores
articulares) que alteram os estiacutemulos neuroloacutegicos aos centros motores e
respiratoacuterios (Montaldo et al 2000) Estes centros por sua vez desencadeiam
a mudanccedila da taxa de disparo do nervo frecircnico que controla a cadecircncia e a
frequecircncia da contraccedilatildeo diafragmaacutetica (Burki e Lee 2010)
A partir destes conceitos preacutevios da relaccedilatildeo entre a mobilidade e as
alteraccedilotildees sintomatoloacutegicas da patologia pulmonar estudos de intervenccedilatildeo nos
muacutesculos respiratoacuterios ganharam importacircncia cientiacutefica (ATS 2013) A teacutecnica
de alongamento muscular foi escolhida pela maioria pois veio de encontro aos
conceitos do aumento da mobilidade tecidual perdida na DPOC A maioria dos
trabalhos tiveram como objetivo principal aumentar a viscoelasticidade
muscular para gerar acomodaccedilatildeo dos mecanoceptores da caixa toraacutecica
sendo assim regularia os centros respiratoacuterios e consequentemente
melhoraria o trabalho respiratoacuterio com reduccedilatildeo dos sintomas (Manning e
Schwartzstein 1995 Montaldo et al 2000)
13
17 Alongamento Muscular
Bonnar et al (2004) consideram que o alongamento busca aumentar o
espaccedilo entre os filamentos de actina e miosina com o objetivo de devolver a
sobreposiccedilatildeo fisioloacutegica ideal da actina e miosina para potencializar a
capacidade contraacutetil muscular (Shrier 2004 Izumizaki et al 2008) O
alongamento pode regular o mecanismo contraacutetil a partir do equiliacutebrio do caacutelcio
citoplasmaacutetico pela ativaccedilatildeo do retiacuteculo sarcoplasmaacutetico (Nakamura et al
2012) aleacutem de promover a diminuiccedilatildeo da tensatildeo tecidual pela remodelaccedilatildeo
dos fibroblastos (Riley e Van Dyke 2012) Kokonnen (2007) constataram que o
tambeacutem diminui o torque muscular sem alteraccedilatildeo significante da amplitude
articular de forma aguda mas quando realizado de forma regular os muacutesculos
apresentaram uma melhora na velocidade de contraccedilatildeo forccedila e endurance
muscular aleacutem de melhorar a amplitude de movimento
No iniacutecio do seacuteculo 20 Sherrington definiu os primeiros conceitos da
facilitaccedilatildeo e inibiccedilatildeo autogecircnica a partir destes fundamentos foram
desenvolvidas diversas teacutecnicas de alongamento muscular A inibiccedilatildeo
autogecircnica eacute um dos principais mecanismos neurofisioloacutegicos do alongamento
que consiste na reduccedilatildeo da excitabilidade motora a partir de uma contraccedilatildeo ou
alongamento muscular (Bonnar et al 2004) Esse efeito eacute atribuiacutedo
primeiramente pelos fusos neuromusculares que desencadeiam respostas
musculares particulares para cada tipo de estiacutemulo Isto eacute agudamente o
alongamento causa a estimulaccedilatildeo intensa e abrupta dos nervos sensitivos que
14
desencadeia uma resposta medular eferente motora das fibras extra-fusais
gerando a aumento da atividade muscular e contraccedilatildeo intensa com restriccedilatildeo
da mobilidade tecidual (Morse et al 2008 Mukherjee et al 2010 McHugh et
al 2010) Para a intervenccedilatildeo crocircnica onde satildeo realizadas diversas sessotildees
de alongamentos existe uma remodelaccedilatildeo maior das propriedades
viscoelaacutesticas (tixotroacutepicas) do tecido conjuntivo que envolve as fibras
musculares com isso a limiar excitatoacuterio do fuso neuromuscular diminui e o
estiacutemulo contraacutetil tensional eferente tambeacutem (Taylor et al 1990 Izumizaki et
al 2006)
O mecanismo contraacuterio ao fuso neuromuscular satildeo as estimulaccedilotildees dos
receptores musculotendineos chamados de oacutergatildeos tendinosos de Golgi (OTG)
A partir da tensatildeo em estiramento do alongamento na regiatildeo miotendiacutenea
desencadeia um potencial de accedilatildeo sensitivo do OTG que inibe a atividade
muscular via nervos eferentes motores A intensidade desse mecanismo
inibitoacuterio estaacute relacionado com o tamanho da superfiacutecie tendiacutenea e com a
quantidade de tensatildeo exercida sobre ela Acreditava-se que somente em
tensatildeo abruptas ou grande intensidade estimularia o OTG ou seja que
atuaria somente em situaccedilotildees de grande estresse tecidual Mas os uacuteltimos
estudos apontam que o OTG aleacutem de atuar em situaccedilotildees de sobrecarga a sua
accedilatildeo eacute constante com o objetivo de inibir o mecanismo contraacutetil voluntaacuterio e
protetor do fuso neuromuscular (Mukherjee e Chakravarty 2012) Com o ganho
da viscoelasticidade do tecido conjuntivo ele tambeacutem causa acomodaccedilatildeo do
OTG assim como nos fusos e isso pode acarretar na alteraccedilatildeo da accedilatildeo
inibitoacuteria pois o limiar de disparo pela tensatildeo pode diminuir ou aumentar
15
dependendo da anatomia musculotendiacutenea do muacutesculo tratado (Hindle et al
2012)
Para obter uma resposta positiva do alongamento eacute recomendado
realizaacute-lo sustentando por no miacutenimo 30 segundos duas vezes por semana por
6 semanas (Reid e Mcnair 2004 Decicco e Fisher 2005 Magnusson et al
1996) Dentre as diversas teacutecnicas a contraccedilatildeo-relaxamento apresenta a maior
eficaacutecia no ganho da excursatildeo muscular a teacutecnica se baseia na associaccedilatildeo do
alongamento passivo intercaladas com contraccedilatildeo isomeacutetricas (Holcomb 2000)
Alguns estudos tecircm verificado os efeitos do alongamento dos muacutesculos
respiratoacuterios em pacientes com DPOC O primeiro trabalho de maior relevacircncia
foi de Ito et al (1999) eles observaram a melhora da funccedilatildeo pulmonar e da
dispneia em 16 sujeitos com DPOC que receberam o alongamento quando
comparados ao grupo que realizaram exerciacutecios diafragmaacuteticos assim como
Minoguchi et al (2002) com o diferencial que eles realizaram a intervenccedilatildeo
crocircnica (1 mecircs) em 12 pacientes Contrariando estes resultados Izumizaki et al
(2006 e 2008) realizaram o protocolo de intervenccedilatildeo aguda de alongamento
muscular da caixa toraacutecica com 10 e 14 pacientes respectivamente e
constataram uma diminuiccedilatildeo da funccedilatildeo pulmonar e sem alteraccedilatildeo da dispneia
Outros trabalhos com o mesmo conceito de intervenccedilatildeo constataram o
aumento da mobilidade toracoabdominal avaliados pela cirtometria associados
agrave melhora da capacidade funcional (Paulin et al 2005 Luularungrayub et al
2009) Mas os trabalhos de Noll et al (2008 e 2009) de intervenccedilatildeo crocircnica e
aguda respectivamente apoacutes o mesmo protocolo de tratamento muscular
16
demonstraram piora da mobilidade e da capacidade funcional Atualmente soacute
existe um estudo na literatura de Cunha et al (2005) que avaliaram a
atividade muscular respiratoacuteria com eletromiografia de superfiacutecie apoacutes a
intervenccedilatildeo nos pacientes com DPOC e apresentou melhoras nos paracircmetros
avaliados
Devido aos dados contraditoacuterios dos efeitos do alongamento dos
muacutesculos da caixa toraacutecica presente na literatura Heneghan et al (2012)
concluiacuteram em sua revisatildeo sistemaacutetica que atualmente natildeo existem evidecircncias
que suportem os benefiacutecios deste tipo de intervenccedilatildeo em pacientes com DPOC
Apesar da importacircncia que os estudos preacutevios representaram para a
comunidade cientiacutefica eles apresentaram limitaccedilotildees metodoloacutegicas
importantes pois poucos satildeo os estudos controlados e aleatorizados e tambeacutem
a aleatorizaccedilatildeo dos pacientes raramente satildeo descritas Outro ponto importante
a ser destacado eacute o fato de realizarem a intervenccedilatildeo com avaliaccedilatildeo aguda
estudos recentes demonstraram que muacutesculo se comporta diferente quando
comparado com a intervenccedilatildeo crocircnica Aleacutem disso os trabalhos utilizaram
ferramentas de avaliaccedilatildeo da mobilidade toracoabdominal de pouca acuraacutecia
como a cirtometria e atualmente com os avanccedilos tecnoloacutegicos existem
sistemas mais avanccedilados como o pletismoacutegrafo optoeletocircnico (POE) para a
avaliaccedilatildeo da mecacircnica ventilatoacuteria (Aliverti et al 2000)
17
18 Meacutetodos para a anaacutelise da mecacircnica ventilatoacuteria
A avaliaccedilatildeo dos padrotildees respiratoacuterios eacute importante para a melhor
compreensatildeo da mecacircnica respiratoacuteria visando o desenvolvimento e a melhor
compreensatildeo dos tratamentos fisioterapecircuticos aleacutem de contribuir para as
pesquisas cientiacuteficas (Parreira et al 2012) Existem alguns meacutetodos validados
que quantifica a mobilidade toracoabdominal como a pletismografia por
indutacircncia (Respitrace) eacute um aparelho composto por faixas elaacutesticas sensiacuteveis
agrave tensatildeo e compressatildeo posicionadas ao redor da caixa toraacutecia e abdominal
Elas satildeo conectadas a um moacutedulo oscilador e uma unidade de calibraccedilatildeo os
dados do movimento das faixas satildeo coletados e atraveacutes de um software
analisados em tempo real as variaacuteveis da mecacircnica ventilatoacuteria (Gosselink et
al 1995 Costa et al 2011 Fernandes et al 2011)
Para a avaliaccedilatildeo da expansibilidade os estudos ainda utilizam a
cirtometria que atraveacutes de uma fita meacutetrica mensura-se o diacircmetro da regiatildeo
axilar xifoide e abdominal durante a inspiraccedilatildeo e expiraccedilatildeo maacutexima Satildeo
quantificados a excursatildeo em centiacutemetros atualmente natildeo eacute considerado um
exame fidedigno devido agrave analise subjetiva dos paracircmetros avaliados (Rondelli
et al 2009)
Com o avanccedilo tecnoloacutegico foi desenvolvido o Pletismoacutegrafo
Optoeletrocircnico (POE) Seu funcionamento baseia-se na anaacutelise do movimento
detectado a partir de marcadores compostos por esferas reflexivas de 6 a 10
miliacutemetros (Dellacagraversquo et al 2010) posicionados na regiatildeo anterior e posterior da
superfiacutecie toracoabdominal (Romagnoli et al 2008 Bianchi et al 2007) O
18
deslocamento das esferas satildeo captadas atraveacutes de cacircmeras especiais que
possuem diodos axiais que emitem feixes luzes infravermelho que eacute refletido
por cada marcador Apoacutes o sinal ser processado satildeo identificados o
posicionamento das esferas na superfiacutecie a partir do cruzamento das
informaccedilotildees de cada cacircmera bidimensional os dados satildeo transformados em
coordenadas tridimensionais (Boudarham et al 2013)
O POE possui algumas vantagens dentre elas eacute um meacutetodo natildeo
invasivo natildeo necessita de clipe nasal maacutescaras ou qualquer similar de
calibraccedilatildeo simples e as avaliaccedilotildees podem ser realizadas em vaacuterias posturas
(Alliverti et al 2000) diferentes condiccedilotildees e em diversas disfunccedilotildees e
patologias (Vogiatzis et al 2005 Bianchi et al 2004) Este meacutetodo natildeo possui
diferenccedilas significativas nos dados quando comparados com outros meacutetodos
de diagnoacutestico da mecacircnica toracoabdominal (Aliverti 2008 Layton et al
2013) Eacute possiacutevel mensurar a cada ciclo respiratoacuterio variaacuteveis de volume e de
tempo dos trecircs compartimentos da parede toraacutecica e dos dois hemitoacuterax aleacutem
das variaacuteveis de assincronia toracoabdominal (Romagnoli et al 2008 Aliverti
et al 2010 Boudarham et al 2013) Por todas essas razotildees o POE tem
ganhado grande destaque nos uacuteltimos anos nas pesquisas sobre a mecacircnica
toracoabdominal mas por ser uma tecnologia recente ainda carece de mais
estudos
Os trabalhos que relacionaram os efeitos do alongamento dos muacutesculos
respiratoacuterios na DPOC ainda satildeo escassos de baixo rigor metodoloacutegico e ateacute
entatildeo nenhum existe nenhum trabalho foi avaliado pelo POE Os efeitos
19
destas teacutecnicas associadas ao exerciacutecio aeroacutebico e o seu impacto na mecacircnica
ventilatoacuteria permanecem desconhecidos Sendo assim parece relevante
verificar a influecircncia dos alongamentos associados ao exerciacutecio aeroacutebico na
mecacircnica ventilatoacuteria e na capacidade funcional dos pacientes com DPOC
19 Hipoacutetese
O alongamento dos muacutesculos respiratoacuterios potencializaria a capacidade
contraacutetil e a excursatildeo dos muacutesculos respiratoacuterios que resultaria na melhora da
mobilidade toracoabdominal e possivelmente no aumento da capacidade
ventilatoacuteria Com isso os pacientes com DPOC conseguiriam realizar a
atividade fiacutesica desencadeando menos dispneia
2 OBJETIVOS
21
21 Primaacuterio
Avaliar os efeitos do alongamento dos muacutesculos respiratoacuterios
associados ao treinamento aeroacutebico na mecacircnica ventilatoacuteria e na capacidade
funcional em indiviacuteduos portadores de DPOC com graus moderado e grave
durante o exerciacutecio comparado ao grupo controle (sham)
22 Secundaacuterio
Avaliar a atividade muscular eficiecircncia muscular e mobilidade abdominal
e observar se os dados obtidos possuem alguma relaccedilatildeo com as variaacuteveis
principais
3 CASUIacuteSTICA E METODOS
23
31 Aspectos eacuteticos
A pesquisa foi aprovada pelo Comitecirc de Eacutetica (Cappesq) do Hospital das
Cliacutenicas da Faculdade de Medicina da Universidade de Satildeo Paulo (HCFMUSP)
sob o no 129509 e todos os pacientes assinaram o Termo de Consentimento
Livre e Esclarecido concordando em participar da pesquisa O estudo foi
registrado no Clinical Trials (NCT02036762)
32 Casuiacutestica
Foram analisados 28 pacientes portadores de DPOC com grau de
obstruccedilatildeo moderada a grave em seguimento cliacutenico no ambulatoacuterio de
pneumologia do HCFMUSP O diagnoacutestico de DPOC foi estabelecido de
acordo com os criteacuterios recomendados pela American Toracic Society (ATS
2013)
321 Criteacuterios de inclusatildeo
Foram estudados pacientes portadores de DPOC que aceitaram
participar do estudo com autorizaccedilatildeo por escrito com grau de obstruccedilatildeo de
moderado (VEF1 ge 50 e lt 80 previsto) a grave (VEF1 ge 30 e lt 50
24
previsto) e VEF1CVF lt 070 diagnoacutesticado haacute no miacutenimo 6 meses com
estabilidade cliacutenica por pelo menos 1 mecircs em condiccedilatildeo cliacutenico medicamentosa
otimizada de acordo com os criteacuterios do GOLD (GOLD 2013) Os criteacuterios de
inclusatildeo foram (1) idade gt40 anos (2) clinicamente estaacuteveis (sem alteraccedilotildees
medicamentosas ou agravamento dos sintomas haacute pelo menos 4 semanas
antes do iniacutecio do estudo) (3) natildeo O2 dependente (4) ausecircncia de outras
pneumopatias e doenccedilas cardiovasculares associadas (5) ausecircncia de
cirurgias toraacutecicas (6) ausecircncia de deficiecircncias cognitivas fiacutesicas ou
comprometimento funcional que impossibilitasse a participaccedilatildeo no estudo (7)
IMC gt18 e lt30 Kgm2 (8) natildeo ter sido submetido a qualquer tipo de programa
de reabilitaccedilatildeo pulmonar nos uacuteltimos 6 meses
322 Criteacuterios de exclusatildeo
Os criteacuterios de exclusatildeo foram (1) descompensaccedilatildeo do quadro cliacutenico
(internaccedilatildeo com agravamentos dos sintomas e alteraccedilatildeo medicamentosa) e (2)
natildeo assiduidade ao tratamento (faltas superiores a 3 sessotildees) Durante todo o
estudo natildeo houve alteraccedilatildeo do tratamento medicamentoso do paciente
25
Figura 1 Desenho experimental
33 Delineamento experimental
Ensaio cliacutenico prospectivo aleatorizado controlado e de avaliador ldquocegordquo
Os pacientes participantes foram alocados em uma proporccedilatildeo de 11 nos
grupos tratamento (GT) ou controle (GC) (n=15 cada) A aleatorizaccedilatildeo foi feita
por sorteio dos pacientes em envelopes pardos e opacos
Todos os pacientes foram avaliados em 2 momentos distintos preacute (1ordf
avaliaccedilatildeo) e poacutes (2ordf avaliaccedilatildeo) programa de exerciacutecios aeroacutebicos associado ao
26
alongamento muscular A 1ordf avaliaccedilatildeo foi realizada em apenas um dia e foi
anterior agrave aleatorizaccedilatildeo A avaliccedilatildeo incluiu anaacutelise da mecacircnica ventilatoacuteria e
atividade muscular respiratoacuteria (pletismografia optoeletrocircnica e eletromiografia
de superfiacutecie) durante o exerciacutecio com carga capacidade funcional (teste da
caminhada de seis minutos) e da prova de funccedilatildeo pulmonar (espirometria) para
a caracterizaccedilatildeo amostral A 2ordf avaliaccedilatildeo foi realizada pelo avaliador ldquocegordquo em
ateacute 7 dias apoacutes o teacutermino do programa de tratamento e constou das mesmas
avaliaccedilotildees descritas anteriormente
Apoacutes a 1ordf avaliaccedilatildeo os pacientes foram divididos aleatoriamente em 2
grupos O grupo controle (GC) realizou o alongamento ativo da musculatura
perifeacuterica (sham) associado ao programa de treinamento aeroacutebico em esteira
ergomeacutetrica e o grupo tratado (GT) realizou o alongamento da musculatura
acessoacuteria respiratoacuteria associado ao programa de treinamento aeroacutebico em
esteira ergomeacutetrica Os protocolos de intervenccedilatildeo tiveram a duraccedilatildeo de 24
sessotildees (60 minsessatildeo 2x semana por 3 meses) O treinamento aeroacutebico foi
realizado apoacutes os 30 minutos de alongamento da musculatura perifeacuterica (sham)
ou respiratoacuteria (tratamento) e teve a duraccedilatildeo de 30 minutos em cada sessatildeo
34 Intervenccedilatildeo
341 Protocolo de alongamento do grupo tratado (GT)
O protocolo de tratamento foi composto por uma seacuterie de alongamentos
para cada musculatura respiratoacuteria escolhida Foram realizadas 24 sessotildees (2
27
sessotildees semanais num periacuteodo de 3 meses) Cada sessatildeo teve duraccedilatildeo de
aproximadamente 30 minutos
Os alongamentos foram realizados em diferentes decuacutebitos de acordo
com a musculatura alongada Foram selecionadas duas teacutecnicas de
alongamento a contraccedilatildeo-relaxamento para a maioria dos muacutesculos
selecionados e nas musculaturas que apresentavam limitaccedilotildees biomecacircnicas
para a realizaccedilatildeo da teacutecnica de contraccedilatildeo-relaxamento foi substituiacutedo pelo
alongamento passivo
Cada seacuterie da teacutecnica de contraccedilatildeo-relaxamento consistiu
primeiramente na realizaccedilatildeo da amplitude maacutexima articular sustentado por 10
segundos seguida de uma contraccedilatildeo isomeacutetrica maacutexima por 3 segundos com
retomada ao alongamento passivo por mais 3 segundos este processo foi
repetido por 9 seacuteries para cada muacutesculo e a cada 3 seacuteries foi intercalado com
1 minuto de descanso (Bonnar et al 2004) O alongamento passivo foi
sustentado por 60 segundos em cada muacutesculo por trecircs vezes com intervalo
miacutenimo de um minuto (Siatras et al 2008) O posicionamento adequado e a
teacutecnica de alongamento seraacute detalhado a seguir
Peitoral maior Paciente em decuacutebito dorsal o terapeuta posicionou-se
do lado homolateral do muacutesculo alongado primeiramente foi realizado a
abduccedilatildeo de 90o do ombro associado agrave extensatildeo horizontal e rotaccedilatildeo externa
maacutexima do ombro com flexatildeo de 90o do cotovelo O terapeuta apoiou uma matildeo
no cotovelo e a outra no esterno para a estabilizaccedilatildeo com a matildeo distal foi
realizado o alongamento maacuteximo em extensatildeo horizontal que iniciou a teacutecnica
28
de contraccedilatildeo-relaxamento com contraccedilatildeo no sentido da flexatildeo horizontal (Putt
et al 2008) (Figura 2)
Figura 2 Anatomia e teacutecnica de alongamento do peitoral maior
Escaleno Paciente em decuacutebito dorsal terapeuta posicionou-se acima
da cabeccedila do paciente e realizou a lateroflexatildeo cervical contralateral ao
muacutesculo alongado O terapeuta posicionou uma matildeo na regiatildeo occipital outra
estabilizou o ombro homolateral a lateroflexatildeo contralateral foi realizada ateacute
amplitude articular maacutexima do paciente que iniciou o alongamento de
contraccedilatildeo-relaxamento com contraccedilatildeo isomeacutetrica no sentido da lateroflexatildeo
homolateral (Cunha et al 2005) (Figura 3)
Figura 3 Anatomia e teacutecnica de alongamento do escaleno
29
Esternocleidomastoacuteideo Paciente em decuacutebito dorsal terapeuta se
posicionou acima da cabeccedila do paciente iniciou-se com a rotaccedilatildeo homolateral
ao muacutesculo alongado associado a uma extensatildeo da mesma O terapeuta
apoiou uma matildeo na regiatildeo temporal e a outra na regiatildeo esternal onde foi
realizado a depressatildeo e a estabilizaccedilatildeo distal muscular Apoacutes a amplitude
maacutexima articular do paciente que iniciou o alongamento de contraccedilatildeo-
relaxamento a contraccedilatildeo isomeacutetrica foi realizada no sentido da rotaccedilatildeo
contralateral e flexatildeo cervical durante a teacutecnica (Cunha et al 2005) (Figura 4)
Figura 4 Anatomia e a teacutecnica de alongamento do Esternocleidomastoideo
Trapeacutezio superior Paciente em decuacutebito dorsal terapeuta posicionou-se
acima da cabeccedila do paciente para realizar a rotaccedilatildeo e lateroflexatildeo contralateral
da cabeccedila associada a uma flexatildeo da mesma em conjunto com a depressatildeo do
ombro homolateral agrave musculatura alongada Apoacutes a amplitude articular maacutexima
iniciou-se o alongamento de contraccedilatildeo-relaxamento com contraccedilatildeo isomeacutetrica
em extensatildeo da cabeccedila (Heneghan et al 2012) (Figura 5)
30
Figura 5 Anatomia e a teacutecnica de alongamento do Trapeacutezio Superior
Peitoral menor Paciente em decuacutebito dorsal o terapeuta se posicionou
homolateralmente ao muacutesculo tratado uma matildeo no cotovelo onde foi realizada
a elevaccedilatildeo do ombro e outra na regiatildeo o gradil costal anterossuperior Elevou-
se o cotovelo ateacute o limite articular associada agrave depressatildeo das primeiras
costelas (3a 4a e 5a) a manobra foi mantida por 60 segundos e repetida trecircs
vezes intercaladas com um minuto de descanso (Putt et al 2008) (Figura 6)
Figura 6 Anatomia e a teacutecnica de alongamento do peitoral menor
31
Intercostais e serraacutetil anterior Paciente em decuacutebito lateral terapeuta
posicionou-se atraacutes do paciente uma matildeo no cotovelo e a outra no gradil
costal homolateral inferior O alongamento consistiu em realizar a depressatildeo
das costelas associada agrave abduccedilatildeo maacutexima do ombro foi mantido por 60
segundos e repetida trecircs vezes intercaladas com minuto de repouso (Izumizaki
et al 2008) (Figura 7)
Figura 7 Anatomia e a teacutecnica de alongamento do Serraacutetil Anterior e Intercostais
Abdominais Foi a uacutenica musculatura do grupo tratado que o paciente
realizou o alongamento ativo ele se posicionou em decuacutebito ventral o apoio foi
feito com as matildeos na maca extensatildeo bilateral dos cotovelos forccedilando a
extensatildeo do tronco associado agrave extensatildeo da cabeccedila ateacute a maacutexima amplitude
por 60 segundos foi repetida 3 vezes intercaladas com um minuto de descanso
(Rassier 2007) (Figura 8)
32
Figura 8 Anatomia e a teacutecnica de alongamento dos muacutesculos abdominais
342 Protocolo de exerciacutecios do grupo controle (GC)
O grupo controle (GC) realizou o alongamento ativo das musculaturas
das extremidades dos membros superiores e inferiores foram 2 exerciacutecios para
flexores e extensores do punho e 2 exerciacutecios para flexores e extensores do
tornozelo Foram realizadas 24 sessotildees consistidas por 2 sessotildees semanais
em um periacuteodo de 3 meses Cada sessatildeo teve duraccedilatildeo de aproximadamente
30 minutos (Siatras et al 2008)
Flexores do punho Os flexores satildeo compostos por 5 muacutesculos principais
flexores profundos dos dedos flexores superficiais dos dedos palmar longo
flexor radial carpo e flexor ulnar do carpo O paciente realizou a flexatildeo de 900
do ombro com o cotovelo extendido antebraccedilo supinado e extensatildeo do punho
com a matildeo espalmada A matildeo contralateral estabilizou a regiatildeo palmar do
membro superior alongado e foi efetuada a extensatildeo maacutexima do punho
sustentada por 60 segundos foram trecircs repeticcedilotildees intercaladas por um minuto
de descanso (Ylinen 2009) (Figura 9)
33
Figura 9 Teacutecnica de alongamento e anatomia dos flexores do punho
Extensores do punho Os extensores satildeo compostos por 4 muacutesculos
principais extensor dos dedos extensor ulnar do carpo extensor radial curto
do carpo extensor radial longo do carpo Primeiramente foi realizada a flexatildeo
de 900 do ombro com o cotovelo extendido antebraccedilo pronado e flexatildeo do
punho A matildeo contralateral estabilizou a regiatildeo dorsal da matildeo alongada em
flexatildeo maacutexima do punho por 60 segundos realizadas trecircs repeticcedilotildees
intercaladas por um minuto de descanso (Ylinen 2009) (Figura 10)
Figura 10 Teacutecnica de alongamento e anatomia dos extensores do punho
34
Dorsiflexores do tornozelo Os dorsiflexores do tornozelo satildeo compostos
por 3 muacutesculos principais tibial anterior extensor longo dos dedos extensor
longo do haacutelux Sentado com a perna cruzada a matildeo contralateral apoiou na
regiatildeo dorsal do peacute e a matildeo homolateral estabilizou o tornozelo O
alongamento consistiu em forccedilar a flexatildeo plantar maacutexima por 60 segundos
foram trecircs repeticcedilotildees intercaladas por um minuto de descanso (Ylinen 2009)
(Figura 12)
Figura11 Teacutecnica de alongamento e anatomia dos extensores do tornozelo
Flexores plantares do tornozelo Os flexores plantares do tornozelo satildeo
compostos por 7 muacutesculos principais gastrocnecircmio soacuteleo flexor longo dos
dedos flexor longo do haacutelux tibial posterior fibular longo e curto O paciente
em peacute apoiou as matildeos bilateralmente na parede com a perna contralateral agrave
frente e a homolateral em extensatildeo de quadril joelho e dorsiflexatildeo maacutexima do
35
tornozelo mantida por 60 segundos foram realizadas trecircs repeticcedilotildees
intercaladas por um minuto de descanso (Ylinen 2009) (Figura 11)
Figura 12 Muacutesculos dos flexores do tornozelo e o posicionamento do alongamento
343 Protocolo dos exerciacutecios aeroacutebicos
Todos os pacientes realizaram o exerciacutecio aeroacutebico na esteira
ergomeacutetrica por 30 minutos a intensidade inicial da primeira semana foi
ajustada para 60 da velocidade meacutedia obtida no teste de caminhada dos 6
minutos (TC6) Nas semanas subsequentes a velocidade foi gradativamente
aumentada ateacute atingir 85 da velocidade meacutedia no TC6 os pacientes
realizaram durante 5 minutos o aquecimento e o desaquecimento com
intensidade de 40 a 60 da velocidade do teste (Putt et al 2008 Figueiredo e
Guimaratildees et al 2008 Zainuldin et al 2007) O incremento da intensidade foi
baseado nos sinais vitais frequecircncia cardiacuteaca (FC) saturaccedilatildeo perifeacuterica de O2
36
(SpO2 entre 90 a 94) percepccedilatildeo da dispneia pela escala modificada de Borg
(entre 4-7 pontos) todos estes paracircmetros foram analisados a cada 4 minutos
durante o treinamento aeroacutebico ou seja com a estabilidade dos sinais vitais a
velocidade foi progressivamente recalculada e em alguns casos passaram dos
100 da velocidade meacutedia obtida no TC6 A pressatildeo arterial (PA) foi aferida
preacute e poacutes os exerciacutecios (Godoy et al 2005 Figueiredo e Guimaratildees 2009)
35 Avaliaccedilotildees
351 Caracterizaccedilatildeo Amostral
Os dados antropomeacutetricos foram coletados apoacutes a inclusatildeo dos
pacientes ao estudo idade altura peso iacutendice de massa corpoacuterea (IMC)
VEF1 VEF1CVF TC6 e iacutendice de prognoacutestico e mortalidade de Bode
352 Prova de funccedilatildeo pulmonar simples
A espirometria (Spirobank Medical International Research Roma Itaacutelia)
foi feita em todos os pacientes de acordo com os criteacuterios de reprodutibilidade e
aceitabilidade adotados pela American Thoracic Society e European
Respiratory Society (2005) Os valores preditos de normalidade jaacute haviam sido
previamente descritos (Pereira et al 2007) Foram aferidos o volume
expiratoacuterio no primeiro segundo (VEF1) e a sua relaccedilatildeo com a Capacidade vital
forccedilada (VEF1CVF) e aceitos trecircs testes com variaccedilatildeo inferior a 5 e foi
37
considerado o teste com maior valor Com esse teste foi determinado a
gravidade da obstruccedilatildeo pulmonar considerando o VEF1 como paracircmetro para
caracterizaccedilatildeo da amostra
353 Padratildeo respiratoacuterio mobilidade e sincronia toracoabdominal
A pletismografia optoeletrocircnica (POE System Milatildeo Itaacutelia) eacute um sistema
indireto e natildeo invasivo para a avaliaccedilatildeo da mecacircnica ventilatoacuteria mobilidade e
sincronia capaz de dividir em 3 compartimentos toacuterax superior inferior e
abdominal (Alvierti et al 2000) O sistema optoeletrocircnico evoluiu a partir do
desenvolvimento tecnoloacutegico do processamento de imagens que possibilitaram
a anaacutelise de muacuteltiplos pontos posicionados na superfiacutecie corporal Para o
desenvolvimento do POE foi necessaacuterio criar um sistema de anaacutelise
tridimensional do movimento chamado de ELITE (Elaborate di immagini
televisive) Inicialmente utilizaram 32 marcadores a fim de abranger maior
aacuterea da parede toraacutecica e posteriormente 86 marcadores (Cala et al 1996)
Gorini et al (1999) e Ferrigno et al (1994) encontraram uma medida mais
precisa dos paracircmetros ventilatoacuterios utilizando 89 marcadores que delimitaram
a superfiacutecie anatocircmica em trecircs compartimentos superior inferior e abdominal
utilizadas ateacute o presente momento
O funcionamento do POE baseia-se na anaacutelise automaacutetica do movimento
detectado a partir de marcadores compostos por esferas reflexivas de 6 a 10
miliacutemetros (Dellacagraversquo et al 2010) As 89 esferas estatildeo dispostas da seguinte
forma sete linhas horizontais cinco verticais duas meacutedio-axilares e sete
38
marcadores extras dispostas em toda entre a claviacutecula e a espinha iliacuteaca
anterossuperior e posteriormente ateacute a regiatildeo dos flancos laterais totalizando
37 marcadores anteriores 42 posteriores e dez laterais (Romagnoli et al 2008
Bianchi et al 2007) (Figuras 13 e 14)
Figura13 Imagem tridimensional gerada pelo OEP
Figura14 Disposiccedilatildeo das 89 esferas reflexivas
39
As cacircmeras especiais CCD (Charge Coupled Device) possuem diodos
axiais que emitem feixes luzes infravermelho que satildeo refletidas pelos
marcadores e assim pocircde ser captado pelas cacircmeras em tempo real (120Hz)
Este sinal foi processado atraveacutes das 8 cacircmeras presente na sala de avaliaccedilatildeo
e identificam o posicionamento de cada ponto da superfiacutecie toracoabdominal A
reconstruccedilatildeo da cinemaacutetica toracoabdominal foi feita pelo software SMART
que executou algoritmos em tempo real e computou as coordenadas
tridimensionais dos marcadores refletivos durante as coletas com POE (Binazzi
et al 2008 Aliverti 2010)
O sistema aplicou um modelo geomeacutetrico baseado na posiccedilatildeo dos
marcadores para descrever a superfiacutecie toracoabdominal e seus
compartimentos durante a coleta Apoacutes a reconstruccedilatildeo do modelo os dados
foram exportados como arquivos numeacutericos gerando colunas de dados
representando os sinais por amostras tempo posiccedilatildeo dos marcadores e
volume facilitando a avaliaccedilatildeo dos sinais e aplicaccedilatildeo dos meacutetodos de
estimativa (Parreira et al 2012 Aliverti 2010)
40
Figura15 Laboratoacuterio do POE com a disposiccedilatildeo das cacircmeras e da bicicleta
Figura16 Captaccedilatildeo e anaacutelise dos dados do volume toracoabdominal
41
3531 Avaliaccedilatildeo do POE durante o exerciacutecio
Os sujeitos da pesquisa foram previamente orientados sobre os
procedimentos Inicialmente eles foram colocados sobre a bicicleta ergomeacutetrica
(Ergometrics 800 Sensormedics) e os 89 marcadores foram posicionados
sobre a superfiacutecie toracoabdominal (anterior e posterior) A foacutermula para o
caacutelculo da carga maacutexima foi descrita por Jones e colaboradores (1985) Wmax =
204 (altura) ndash 874 (idade) ndash 288 (gecircnero) ndash 1909 [28] foi utilizada 25 da
carga maacutexima o valor de gecircnero na foacutermula corresponde a 1 para mulheres e
0 para homens (Figura 17)
Durante a coleta o paciente foi orientado a manter 60 rotaccedilotildees por minuto
(RPM) (Vogiatzis et al 2005) Apoacutes 30 segundos de descanso foi realizada a
1ordm medida do POE em repouso (6 ciclos respiratoacuterios completos) depois o
paciente realizou o exerciacutecio sem carga por 3 minutos e posteriormente foi
realizada a 2ordm medida do POE (6 ciclos respiratoacuterios completos) Apoacutes este
periacuteodo iniciou-se o exerciacutecio com carga que foi incrementado de forma
proporcional durante 2 minutos ateacute atingir a carga programada e no final foi
realizada novamente a 3ordm medida do POE (6 ciclos respiratoacuterios completos) O
processo finalizou-se com um periacuteodo de recuperaccedilatildeo de 2 minutos com
exerciacutecio sem carga para o retorno dos sinais vitais (Figura 18)
Foram avaliados o volume corrente da caixa toraacutecica pulmonar (CT)
volume corrente do toacuterax superior (TS) volume corrente do toacuterax inferior (TI)
volume corrente abdominal (ABD) de tempo ventilaccedilatildeominuto (VE) fluxo
inspiratoacuterio (FI) e Fluxo expiratoacuterio (FE) participaccedilatildeo em porcentagem () dos
42
compartimentos do toacuterax superior (TS) toacuterax inferior (TI) e abdome
(ABD) (Romagnoli et al 2008 Aliverti et al 2008 Boudarham et al 2013)
A mobilidade do compartimento abdominal foi calculada pela relaccedilatildeo CTABD
no exerciacutecio com carga (Gosselink et al 1995) a reduccedilatildeo dos valores desta
relaccedilatildeo reflete a melhora da mobilidade abdominal (Yamaguti et al 2012)
Figura17 Paciente Realizando a avaliaccedilatildeo com carga no cicloergocircmetro no POE
Figura 18 Desenho experimental da avaliaccedilatildeo do OEP
43
354 Atividade muscular respiratoacuteria
A atividade dos muacutesculos respiratoacuterios foi avaliada atraveacutes da aquisiccedilatildeo
do sinal eletromiograacutefico de superfiacutecie (System BTSreg Milatildeo Itaacutelia)
simultaneamente agrave avaliaccedilatildeo da mecacircnica toracoabdominal pelo POE Foram
utilizados eletrodos circulares descartaacuteveis de AgAgCl com 10mm de diacircmetro
e um adesivo condutivo hidrogel colocados de forma a manter a distacircncia
intereletrodo de 20mm No local da fixaccedilatildeo dos eletrodos foram realizados
tricotomia quando necessaacuterio e fricccedilatildeo de gaze embebida em aacutelcool (70)
para remoccedilatildeo da gordura presente na superfiacutecie de contato com o objetivo de
diminuir a impedacircncia da pele (Dworak et al 2011)
Os eletrodos foram fixados no ventre muscular afastados do ponto
motor de forma paralela agrave da direccedilatildeo das fibras musculares de acordo com o
European concerted action - surface EMG for an non-invasive assesment of
muscles (Hermens et al 2000) O eletrodo para a avaliaccedilatildeo do muacutesculo
esternocleidomastoideo foi posicionado no ventre muscular a 5 cm do processo
mastoideo (Kallenberg et al 2009) do muacutesculo intercostal superior foi
posicionado no 2deg espaccedilo intercostal e para o inferior entre o 7deg e o 8deg espaccedilo
intercostal e no reto abdominal foi inserido a 2 cm da cicatriz umbilical
(Maarsingh et al 2000)
Para o caacutelculo da eficiecircncia ventilatoacuteria os dados da atividade muscular
de todos os muacutesculos avaliados foram somados e divididos pelo volume
corrente (EMGVt) Essa equaccedilatildeo foi descrita primeiramente no trabalho de
44
Lunardi et al (2013) que avaliou a mecacircnica toracoabdominal na populaccedilatildeo
idosa Essa relaccedilatildeo permitiu observar a quantidade de volume deslocado pelo
niacutevel de estiacutemulo da atividade muscular
Figura19 Eletromioacutegrafo da BTS Engeneering
355 Capacidade Funcional
A capacidade funcional foi avaliada pelo teste de caminhada de 6 minutos
(TC6) A avaliaccedilatildeo foi realizada em um corredor de 30 metros com pouco
traacutefego e cada paciente realizou 2 testes respeitando o intervalo de uma hora
entre eles (Dourado et al 2011) Durante os testes o paciente foi orientado a
caminhar o mais raacutepido possiacutevel durante 6 minutos e caso apresentasse
dispneia limitante ou qualquer outro desconforto incapacitante ele podia
interromper o teste ateacute recuperar as condiccedilotildees para continuaacute-lo A cada minuto
45
os pacientes foram encorajados com frases de incentivo padronizadas de modo
que o mesmo percorresse a maior distacircncia possiacutevel durante todo o teste (ATS
2002 Louvaris et al 2013) O desempenho do paciente foi avaliado pela maior
distacircncia percorrida em um dos testes e foi monitorado tanto preacute quanto poacutes
exerciacutecio a frequumlecircncia cardiacuteaca (FC) e respiratoacuteria (FR) a saturaccedilatildeo de
oxigecircnio (SpO2) sensaccedilatildeo de esforccedilo por meio da escala modificada de Borg
(Borg 1982) e pressatildeo arterial (PA)
36 Anaacutelise Estatiacutestica
Para a mecacircnica ventilatoacuteria foi utilizado para o caacutelculo amostral os
resultados observados no estudo de Yamaguti et al (2012) onde a diferenccedila
das meacutedias da CTABD foi de 20 durante a respiraccedilatildeo natural no GT com a
diferenccedila do desvio padratildeo de 4 valor de plt005 e poder de 08 foi
estabelecido uma amostra de 3 pacientes por grupo
O caacutelculo amostral para os paracircmetros da atividade muscular foi
utilizado os resultados observados no estudo de Cunha et al (2005) onde a
diferenccedila das meacutedias no GT foi de 9 10-3mV com a diferenccedila do desvio padratildeo
de 6 10-3mV para o poder de 80 e um valor de alpha de 5 sendo
estabelecido uma amostra de 9 indiviacuteduos por grupo
Para os paracircmetros funcionais o caacutelculo amostral foi baseado no TC6
onde se esperava uma diferenccedila das meacutedias de 263m e a diferenccedila do desvio
padratildeo de 23 m de aumento apoacutes a intervenccedilatildeo (Yamaguti et al 2012) para o
46
poder de 80 e um valor de alpha de 5 sendo encontrado um tamanho de
amostra de 14 indiviacuteduos por grupo
A anaacutelise foi realizada utilizando o programa Sigma Stat versatildeo 32 Foi
utilizado o teste de Kolmogorov-Smirnov para verificar a normalidade dos
dados sendo estes apresentados como meacutedia plusmn desvio padratildeo Para
comparaccedilatildeo dos dados de caracterizaccedilatildeo dos grupos GT e GC foi realizado
utilizando o teste t de Student para dados com distribuiccedilatildeo normal e teste de
Mann-Withney para dados natildeo-parameacutetricos
A anaacutelise do efeito do tratamento nos dois grupos tambeacutem foi realizado
pelo teste t e pelo Mann-Withney para dados natildeo-parameacutetricos no delta das
diferenccedilas (Δ=poacutes-preacute)
A sensaccedilatildeo de dispneia (BORG modificado) foi analisada com o teste de
anaacutelise de variacircncia (ANOVA) seguida do pos hoc de Holm Sidak Para o TC6
foi observado a miacutenima diferenccedila clinicamente significante Proposto por
Holland et al 2013 (251m) O niacutevel de significacircncia foi ajustado para 5
(plt005) para todos os testes
4 RESULTADOS
48
Quinhentos e noventa e quatro pacientes foram avaliados para
elegibilidade 564 natildeo preencheram os criteacuterios de inclusatildeo sendo que os
motivos mais comuns foram oxigecircnio-dependente (n=160) sem
disponibilidade para participar (n=105) cardiopatias (n=80) e doenccedilas
musculoesqueleacuteticas associadas (n=43) (Figura 20) Trinta pacientes foram
incluiacutedos e aleatorizados 2 foram excluiacutedos apoacutes o iniacutecio do protocolo sendo 1
no grupo tratado (crise de caacutelculo renal) e 1 no grupo controle (agudizaccedilatildeo da
doenccedila de Chron) 14 sujeitos terminaram o estudo no GT e 14 no GC (Figura
20) Natildeo foram observadas diferenccedilas entre os grupos com relaccedilatildeo aos dados
antropomeacutetricos de funccedilatildeo pulmonar e capacidade funcional antes da
intervenccedilatildeo (Tabela 1)
49
Figura 20 Fluxograma do estudo
50
Tabela 1 Caracterizaccedilatildeo amostral basal dos pacientes do estudo
Caracterizaccedilatildeo Grupo Controle Grupo Tratado P
Dados Antropomeacutetricos
Genero (MF) 57 86 097
Idade (anos) 64plusmn56 61plusmn54 030
Altura (m) 165plusmn007 165plusmn008 096
IMC (Kgm2) 259plusmn29 257plusmn38 091
Funccedilatildeo Pulmonar
VEF1 ( pred) 426plusmn95 459plusmn155 056
VEF1CVF 049plusmn009 056plusmn013 017
Capacidade Funcional
TC6 (m) 439plusmn103 473plusmn68 032
BODE (IIIIIIIV)(n) 3531 6620 058
Legenda Os dados estatildeo apresentados em meacutedia desvio padratildeo exceto o BODE que estatildeo expressos
pelo nuacutemero de pacientes MF=masculinofeminino Kgm2=quilogramasmetro
2 VEF1=Volume expiratoacuterio
forccedilado no primeiro segundo VEF1CVF=Relaccedilatildeo do Volume expiratoacuterio forccedilado no primeiro segundo e capacidade vital IMC=Iacutendice de massa corpoacuterea TC6=teste de caminhada dos 6 minutos BODE=Iacutendice de prognoacutestico e mortalidade para DPOC
41 Cinemaacutetica toracoabdominal
Durante o exerciacutecio com carga os pacientes do grupo controle (GC) natildeo
apresentaram variaccedilatildeo da mecacircnica toracoabdominal apoacutes a intervenccedilatildeo os
pacientes do grupo tratado (GT) apresentaram um aumento meacutedio de 230 ml
no volume total da caixa toraacutecica total (CT) (equivalente ao volume corrente)
quando comparado ao GC (respectivamente 140plusmn170mL vs-86plusmn240mL
plt001) Este aumento ocorreu principalmente pelo ganho do volume do
compartimento abdominal (ABD) (respectivamente 140120mL vs -
108210ml plt001) (Figura 21) e natildeo foi observada uma diferenccedila significativa
nos compartimentos toraacutecicos superior (TS) e inferior (TI) (Figura 21 pgt005)
51
O GT tambeacutem apresentou um aumento da ventilaccedilatildeo minuto (VE)
(24plusmn36L vs -18plusmn41L plt0001) (Figura 22) e do fluxo expiratoacuterio
(FE)(80plusmn100mL vs -30plusmn100mL plt001) (Figura23) quando comparado com o
GC acreditamos que aleacutem do volume da caixa toraacutecica o aumento do fluxo
expiratoacuterio tambeacutem esteve relacionado com o aumento da mobilidade do
compartimento abdominal Este por sua vez foi calculado pela relaccedilatildeo da
contribuiccedilatildeo CTABD onde apresentou melhora somente no GT quando
comparado ao GC (-019plusmn041 vs 010plusmn028 plt001 respectivamente)
(Figura 24)
Figura 21 Efeitos do alongamento muscular respiratoacuterio na mecacircnica ventilatoacuteria durante o exerciacutecio Os dados foram apresentados em meacutedia e desvio padratildeo representado pela diferenccedila (Δ) = poacutes- - preacute-intervenccedilatildeo Houve um aumento estatisticamente significante do volume da CT e do ABD no GT O exerciacutecio foi realizado com 25 da carga maacutexima predito na equaccedilatildeo de Jones
25 GC= Grupo Controle GT= Grupo Tratado CT= Caixa totaacutecica total TS=
Toacuterax superior TI= Toacuterax inferior ABD= Abdomen = p lt 005 GC vs GT (teste t natildeo pareado)
52
Figura 22 Efeitos do alongamento muscular respiratoacuterio no volume minuto (VE) durante o exerciacutecio Os dados foram apresentados em meacutedia e desvio padratildeo representado pela diferenccedila (Δ) = poacutes- - preacute-intervenccedilatildeo Ambas apresentaram diferenccedilas houve um aumento estatisticamente significante de 4L no volume minuto (VE) no GT em relaccedilatildeo do GC O exerciacutecio foi realizado com 25 da carga maacutexima predito na equaccedilatildeo de Jones
25 GC= Grupo
Controle GT= Grupo Tratado = p lt 005 GC vs GT (teste t natildeo pareado)
53
Figura 23 Efeitos do alongamento muscular respiratoacuterio no fluxo expiratoacuterio (FE) durante o exerciacutecio Os dados foram apresentados em meacutedia e desvio padratildeo representado pela diferenccedila (Δ) = poacutes- - preacute-intervenccedilatildeo Ambas apresentaram diferenccedilas houve um aumento estatisticamente significante de 100mL no fluxo expiratoacuterio (FE) no GT em relaccedilatildeo do GC O exerciacutecio foi realizado com 25 da carga maacutexima predito na equaccedilatildeo de Jones
25 GC= Grupo
Controle GT= Grupo Tratado = p lt 005 GC vs GT (teste t natildeo pareado)
54
Figura 24 Efeitos do alongamento muscular respiratoacuterio na relaccedilatildeo da contribuiccedilatildeo da caixa toraacutecica e abdocircmen (CTABD) durante o exerciacutecio Os dados foram apresentados em meacutedia e desvio padratildeo representado pela diferenccedila (Δ) = poacutes- - preacute-intervenccedilatildeo O exerciacutecio foi realizado com 25 da carga maacutexima predito na equaccedilatildeo de Jones
25 Foi observado a reduccedilatildeo
estatisticamente significante da relaccedilatildeo CTAB no GT que representa o aumento da mobilidade do compartimento abdominal GC= Grupo Controle GT= Grupo Tratado CT= Participaccedilatildeo da caixa toraacutecica ABD= Participaccedilatildeo abdominal = p lt 005 GC vs GT (teste t natildeo pareado)
42 Atividade muscular
Os dados da atividade muscular dos muacutesculos esternocleidomastoideo
intercostal superior intercostal inferior e abdome foram mensurados e foi
possiacutevel observar uma reduccedilatildeo da atividade muscular no exerciacutecio apoacutes o
protocolo de alongamento no GT quando comparado ao GC dos muacutesculos
esternocleidomastoideo (-57plusmn217 vs 185-plusmn443mV plt003 respectivamente)
e intercostais superiores (-1466plusmn441 vs 46plusmn115mV plt001
respectivamente) (Figura 25)
55
Todos os dados da atividade muscular foram somados e divididos pelo
volume corrente total com o intuito de demonstrar a quantidade de atividade
muscular por volume deslocado Foi verificado uma reduccedilatildeo da razatildeo EMGVt
no exerciacutecio com carga no GT quando comparado com o GC (respectivamente
[-138 (-519- -536 mVL) vs 10 (-741- 372 mVL) plt0006] (Figura 26)
Figura 25 Efeitos do alongamento muscular respiratoacuterio na atividade muscular Os dados foram apresentados em meacutedia e desvio padratildeo representado pela diferenccedila (Δ) = poacutes- - preacute-intervenccedilatildeo Foi constatada uma diminuiccedilatildeo estatisticamente significante da atividade dos muacutesculos esternocleidomastoideo e intercostal superior no GT O exerciacutecio foi realizado com 25 da carga maacutexima predito na equaccedilatildeo de Jones
25 GC= Grupo Controle GT= Grupo
Tratado = p lt 005 GC vs GT (teste t natildeo pareado)
56
Figura 26 Efeitos do alongamento muscular respiratoacuterio na relaccedilatildeo entre a atividade muscular e o volume corrente (EMGVt) Os dados foram apresentados em meacutedia e desvio padratildeo representado pela diferenccedila (Δ) = poacutes- - preacute-intervenccedilatildeo Observou-se uma diminuiccedilatildeo estatisticamente significante da EMGVt no GT O exerciacutecio foi realizado com 25 da carga maacutexima predito na equaccedilatildeo de Jones
25 GC= Grupo Controle GT= Grupo Tratado = p lt 005
GC vs GT (teste t natildeo pareado)
43 Capacidade funcional e Dispneia
Para os paracircmetros de Borg (Figura 27) foi aferido em 4 momentos preacute e poacutes
TC6 e preacute e poacutes intervenccedilatildeo Os dados basais natildeo apresentaram diferenccedilas
entre o GT e o GC (respectivamente 175plusmn21 vs 12plusmn17 pgt02) Apoacutes a
intervenccedilatildeo houve uma diminuiccedilatildeo significativa da sensaccedilatildeo de dispneia em
ambos os grupos poacutes-TC6 quando comparado aos seus dados iniciais GT
(43plusmn18 vs 15plusmn09 plt0001) e no GC (42plusmn15 vs 28plusmn17 plt0001) Na
comparaccedilatildeo entre os grupos o GT apresentou uma melhora da sensaccedilatildeo de
dispneia quando comparado com o GC tanto preacute-exerciacutecio (respectivamente
57
02plusmn05 vs 06plusmn08 plt0001) quanto poacutes-exerciacutecio (respectivamente 15plusmn09
vs 28plusmn17 plt0001) Aleacutem disso somente no GT houve uma diminuiccedilatildeo
significativa do Borg na comparaccedilatildeo intragrupo preacute-TC6 antes e depois do
tratamento (18plusmn08 vs 02plusmn06 plt0001) Com a diminuiccedilatildeo da sensaccedilatildeo de
dispneia foi possiacutevel verificar que os pacientes do GT apresentaram melhora
clinicamente significante no TC6 meacutedio quando comparado com o GC
(respectivamente 2514m vs 65m Figura 28) valores propostos por Holland
et al (2013)
Figura 27Efeitos do alongamento muscular respiratoacuterio na escala de BORG Os dados foram apresentados Os dados foram apresentados em meacutedia e desvio padratildeo representado pela diferenccedila (Δ) = poacutes- - preacute-intervenccedilatildeo Apoacutes o tratamento ambos apresentaram diminuiccedilatildeo da dispneia mas somente no GT houve uma diminuiccedilatildeo na comparaccedilatildeo com o GC e com seus dados iniciais no preacute TC6 O exerciacutecio foi realizado com 25 da carga maacutexima predito na equaccedilatildeo de Jones
25 GC= Grupo Controle GT= Grupo Tratado BORG= Escala de dispneia
TC6= Teste de caminhada dos 6 minutos = p lt 005 preacute vs poacutes intervenccedilatildeo +=plt005 GC vs GC) (teste t natildeo pareado)
58
Figura 28 Os dados apresentados em (Δ) representam (poacutes intervenccedilatildeo ndash preacute intervenccedilatildeo) No teste de caminhada dos 6 minutos (TC6) foi observada uma diferenccedila clinicamente significante do TC6 no GT que obteve um aumento meacutedio de 2514m e o GC de 65m O exerciacutecio foi realizado com 25 da carga maacutexima predito na equaccedilatildeo de Jones
25 GC= Grupo
Controle GT= Grupo Tratado TC6= Teste de caminhada dos 6 minutos ( =diferenccedila clinicamente significante)
Holland et al 2013 (25m)
5 DISCUSSAtildeO
60
Neste estudo foi demonstrado pela primeira vez que os alongamentos
dos muacutesculos respiratoacuterios melhoraram a mecacircnica e a capacidade ventilatoacuteria
decorrente principalmente pelo aumento do volume e da mobilidade do
compartimento abdominal (CTABD) A melhora da mobilidade toracoabdominal
possivelmente esteve relacionada com o aumento da sua viscoelasticidade
observada pela diminuiccedilatildeo da atividade muscular apoacutes o tratamento Aleacutem
disso houve um aumento da eficiecircncia contraacutetil dos muacutesculos respiratoacuterios
constatado pela reduccedilatildeo da relaccedilatildeo EMGVt ou seja a musculatura necessitou
de menos atividade para deslocar o mesmo volume respiratoacuterio Acreditamos
que por causa da melhora de todos os fatores descritos anteriormente houve
uma diminuiccedilatildeo da sensaccedilatildeo de dispneia que possibilitou o aumento da
capacidade ao exerciacutecio submaacuteximo
51 Cinemaacutetica toracoabdominal
O trabalho acrescentou novas evidecircncias na literatura cientiacutefica pois foi
o primeiro a demonstrar atraveacutes do pletismoacutegrafo optoeletrocircnico que apoacutes o
tratamento com teacutecnicas de alongamento dos muacutesculos respiratoacuterios houve
aumento significativo do volume da caixa toraacutecica total abdominal e da
capacidade ventilatoacuteria durante o exerciacutecio com carga Vale ressaltar que o
aumento da mobilidade do compartimento abdominal tambeacutem foi constatado
Para reforccedilar ainda mais a importacircncia dos nossos achados no grupo
controle natildeo obtiveram nenhuma alteraccedilatildeo volumeacutetrica da caixa toraacutecica estes
61
dados vatildeo de encontro aos dois estudos preacutevios nos quais foram avaliados os
efeitos da reabilitaccedilatildeo pulmonar na cinemaacutetica toracoabdominal em pacientes
com DPOC avaliados pelo POE (Georgiadou et al 2007 Gagliardi et al
2014) Inclusive Gagliardi et al (2014) mesmo apoacutes a intervenccedilatildeo de 24
semanas encontrou uma diminuiccedilatildeo do volume abdominal apoacutes o tratamento
Apenas dois trabalhos natildeo controlados de Yamada et al (1996) e
Luularungrayub et al (2009) avaliados pelo pletismoacutegrafo por indutacircncia e
cirtometria respectivamente associados agrave espirometria hipotetizaram que a
melhora no fluxo expiratoacuterio e do volume expiratoacuterio respectivamente
poderiam ter uma relaccedilatildeo com a melhora da funccedilatildeo do compartimento
abdominal dados estes que tambeacutem apresentamos no nosso estudo Segundo
Georgiadou et al (2007) e Aliverti et al (2010) o compartimento abdominal eacute o
maior responsaacutevel pelas variaccedilotildees da distacircncia axial xifoacuteidea sugerindo uma
relaccedilatildeo com a mobilidade diafragmaacutetica e o aumento do volume pulmonar total
essa hipoacutetese pocircde ser elucidada em nossos resultados com a diminuiccedilatildeo dos
valores de CTABD Portanto estes achados servem para destacar que o
protocolo de alongamento realizados neste estudo desencadeou a melhora da
mecacircnica contraacutetil dos muacutesculos respiratoacuterios que provavelmente tiveram uma
atuaccedilatildeo na melhora da funccedilatildeo diafragmaacutetica relaccedilatildeo esta jaacute descrita por
Iwasawa et al (2002) e Man et al (2012)
O aumento do volume corrente total apoacutes o alongamento muscular da
caixa toraacutecica jaacute havia sido constatado anteriormente pelos estudos natildeo
controlados de Yamada et al (1996) e Minoguchi et al (2002) que realizaram a
intervenccedilatildeo por 4 semanas em 12 e 13 pacientes respectivamente e avaliados
62
pela espirometria Em contrapartida os estudos de intervenccedilatildeo aguda natildeo
controlada de Izumizaki et al (2006) e controlada de Noll et al (2009) com 10 e
25 pacientes respectivamente obtiveram a piora do volume corrente tambeacutem
avaliados pela espirometria Baseados nos estudos de Mchugh et al (2008)
estes efeitos contraditoacuterios ocorreram principalmente pelo tipo de intervenccedilatildeo
Agudamente o alongamento promove o estiramento abrupto dos fusos
neuromusculares que desencadearam o potencial sensitivo medular e
consequentemente um aumento da atividade eferente neuromuscular gerando
a contraccedilatildeo das fibras extra-fusais por essa razatildeo provavelmente houve a
diminuiccedilatildeo da mobilidade muacutesculo-esqueleacutetica da caixa toraacutecica e diminuiccedilatildeo
dos valores volumeacutetricos (Mukherjee et al 2010) A intervenccedilatildeo crocircnica por
sua vez promove o aumento da viscoelasticidade muscular e causou a
acomodaccedilatildeo do limiar excitatoacuterio do fuso neuromuscular que diminui o
estiacutemulo de contraccedilatildeo das fibras extra-fusais permitindo a melhora da
mobilidade toracoabdominal (Mchugh et al 2010)
No presente estudo foi realizada a intervenccedilatildeo crocircnica portanto
justificaria a razatildeo dos nossos dados apresentarem resultados tatildeo diferentes
quanto a maioria dos estudos anteriores de intervenccedilatildeo aguda Mas
precisamos considerar tambeacutem as limitaccedilotildees metodoloacutegicas comumente
observadas na literatura Fato este observado nos trabalhos de Putt et al
(2008) e Luularungrayub et al (2009) que mesmo sendo de intervenccedilatildeo
aguda apresentaram um aumento do volume corrente avaliados pela
espirometria mas ambos apresentaram grandes restriccedilotildees metodoloacutegicas pois
63
realizaram o tratamento somente em um muacutesculo respiratoacuterio (peitoral maior) e
o outro foi um estudo de caso respectivamente
Hipotetizamos que nos nossos resultados sugeriram que a intervenccedilatildeo
crocircnica muscular respiratoacuteria promoveu a melhora da mobilidade do sistema
musculo-esqueleacutetico toracoabdominal com o aumento principal do volume e da
mobilidade do compartimento abdominal acreditamos que foi o responsaacutevel
pela melhora do volume pulmonar total Com a elevaccedilatildeo dos volumes
sugerimos que foram os responsaacuteveis pela melhora da capacidade ventilatoacuteria
(volume-minuto) dado este ineacutedito na literatura para este tipo de protocolo de
tratamento
52 Atividade muscular
Constatamos uma reduccedilatildeo da atividade muscular durante o exerciacutecio
com carga no grupo que realizou o alongamento dos muacutesculos respiratoacuterios
principalmente do esternocleidomastoideo e do intercostal superior A partir
destes dados foi possiacutevel calcular a relaccedilatildeo com o volume corrente onde a
reduccedilatildeo dos valores significa a melhora da efetividade contraacutetil (EMGVt)
descrito primeiramente no trabalho de Lunardi et al (2013) Este dado
representa a melhora do deslocamento volumeacutetrico pela atividade muscular
sendo assim o muacutesculo necessita do mesmo estiacutemulo motor para deslocar
mais volume de ar
64
Na literatura encontramos somente um estudo natildeo-controlado de Cunha
et al (2005) que realizou a avaliaccedilatildeo em 8 pacientes com DPOC com o
eletromioacutegrafo de superfiacutecie apoacutes um programa de alongamento muscular
respiratoacuterio Nossos dados corroboram parcialmente com os seus achados
pois apesar de terem demonstrado uma diminuiccedilatildeo da atividade muscular
respiratoacuteria dos intercostais eles apresentaram um aumento da atividade
muscular do esternocleidomastoide Acreditamos que os nossos achados
avanccedilam em relaccedilatildeo ao estudo de Cunha et al (2005) pois o presente estudo
foi realizado com criteacuterios metodoloacutegicos mais rigorosos (controlado) com
maior tempo de intervenccedilatildeo e respeitando o caacutelculo amostral
Portanto podemos sugerir que baseado nos estudos de Kokkonen et al
(2007) o aumento da viscoelasticidade tecidual permitiu a melhora da
sobreposiccedilatildeo da actina e miosina sendo capaz de potencializar o mecanismo
contraacutetil muscular com menos esforccedilo Ao mesmo tempo reduziu a tensatildeo
sobre os receptores musculoesqueleacuteticos diminuindo a excitabilidade do
disparo neuroloacutegico sensitivo possibilitando o equiliacutebrio entre o estiacutemulo
inibitoacuterio do oacutergatildeo tendinoso de Golgi e o excitatoacuterio do controle contraacutetil do
fuso neuromuscular reduzindo a atividade motora (Hindle et al 2012
Mukherjee e Chakravarty 2010)
A avaliaccedilatildeo da atividade muscular e o caacutelculo da efetividade contraacutetil foi
realizada para elucidar os mecanismos envolvidos na melhora da mecacircnica
ventilatoacuteria apoacutes o alongamento dos muacutesculos respiratoacuterios Eacute possiacutevel que
com a diminuiccedilatildeo da atividade muscular possibilitou a melhora da capacidade
de contraccedilatildeo muscular com menor esforccedilo este dado eacute reforccedilado pela
65
diminuiccedilatildeo da EMGVt permitindo o incremento da mobilidade toracoabdominal
e da capacidade ventilatoacuteria
53 Capacidade funcional e dispneia
Observamos a melhora da dispneia e da capacidade ao exerciacutecio
submaacuteximo avaliados pelo Borg modificado e pelo teste de caminhada dos 6
minutos respectivamente
Apoacutes o protocolo de alongamento nossos dados mostraram a
diminuiccedilatildeo da sensaccedilatildeo de dispneia em ambos os grupos apoacutes a intervenccedilatildeo
Mas ao comparar entre os grupos os sujeitos que receberam a intervenccedilatildeo na
caixa toraacutecica (GT) apresentaram a diminuiccedilatildeo da dispneia quando comparado
ao GC tanto preacute quanto poacutes exerciacutecio Outro ponto em destaque eacute a diminuiccedilatildeo
da dispneia no GT em seu estado basal
A reduccedilatildeo da dispneia eacute um importante paracircmetro de melhora dos
tratamentos com enfoque pulmonar (ATS 2013) e estudos preacutevios que tambeacutem
avaliaram o efeito de alongamento dos muacutesculos respiratoacuterios na dispneia em
pacientes com DPOC corroboram com os nossos achados mesmo sendo
trabalhos com metodologias distintas como ensaios natildeo controlados (Cunha et
al 2005) controlados (Paulin et al 2003) intervenccedilatildeo aguda (Noll et al 2008
Noll et al 2009) e crocircnica (Minoguchi et al 2002) Eacute importante ressaltar que
em todos os trabalhos que obtiveram a melhora nos paracircmetros de dispneia
66
portanto acreditamos que existe outros mecanismos que podem influenciar
nesta variaacutevel aleacutem da melhora da mobilidade toracoabdominal tanto assim
que os trabalhos de Noll et al (2008 e 2009) houve uma piora de todos os
paracircmetros da funccedilatildeo pulmonar mas apresentaram melhora da dispneia
Na literatura somente os trabalhos de Izumizaki et al (2008) e Putt et al
(2008) natildeo obtiveram melhora na escala de Borg mas eacute importante destacar
que foram trabalhos distintos o primeiro foi de intervenccedilatildeo crocircnica com
resultados negativos agraves funccedilotildees pulmonares enquanto o segundo foi um
trabalho de intervenccedilatildeo aguda com resultados positivos nos volumes
pulmonares Apesar de ambos serem controlados o estudo de Izumizaki et al
(2008) natildeo destaca os muacutesculos que foram tratados nem a caracterizaccedilatildeo e o
caacutelculo amostral enquanto no trabalho de Putt et al (2008) realizou a
intervenccedilatildeo apenas no muacutesculo peitoral maior que natildeo eacute um muacutesculo
acessoacuterio respiratoacuterio primaacuterio e sim atuante somente em grandes esforccedilos
Portanto baseado nas pesquisas anteriores entendemos que a melhora
da dispneia natildeo foi somente pelo aumento da mobilidade musculoesqueleacutetica
da caixa toraacutecica que diminuiu a resistecircncia do fluxo aeacutereo e possibilitou maior
expansatildeo toracoabdominal e melhor capacidade ventilatoacuteria demonstrado
neste estudo anteriormente Possivelmente teve associaccedilatildeo com os
mecanoceptores toracoabdominais quando estimulados durante o tratamento
desencadeou alteraccedilotildees das informaccedilotildees dos centros respiratoacuterios e motores
(Nakamura et al 2012 Montaldo et al 2000) Estes centros por sua vez
mudaram da taxa de disparo do nervo frecircnico que controla a cadecircncia e a
frequecircncia da contraccedilatildeo diafragmaacutetica reduzindo a sensaccedilatildeo de fadiga e de
67
dispneia (Burki e Lee 2010) portanto qualquer teacutecnica de mobilizaccedilatildeo
toracoabdominal poderia diminuir a sensaccedilatildeo de dispneia mas acreditamos
que quanto maior o estiacutemulo musculoesqueleacutetico (intervenccedilatildeo crocircnica) maior
seraacute a ativaccedilatildeo dos mecanoceptores da caixa toraacutecica e consequentemente
aumentaria a estimulaccedilatildeo aos centros respiratoacuterios por essa razatildeo
acreditamos que os nossos resultados foram tatildeo expressivos (Montaldo et al
2000)
Com a melhora dos paracircmetros de dispneia refletiu no aumento da
distacircncia percorrida em ambos os grupos 67m (GC) e 2517m (GT) sendo
que somente o grupo que recebeu o alongamento dos muacutesculos respiratoacuterios
atingiram a miacutenima distacircncia clinicamente significante proposta por Holland et
al (2010) que eacute de 25 m Coincidentemente a maioria trabalhos que
obtiveram melhora da dispneia realizaram o teste de caminhada dos 6 minutos
(Yamada et al 1996 Minoguchi et al 2002 Paulin et al 2003 eCunha et al
2005) somente Noll et al (2008 e 2009) que natildeo Poreacutem ateacute onde eacute do nosso
conhecimento este eacute o primeiro estudo que demonstrou que o aumento da
capacidade funcional foi decorrente da melhora da mecacircnica ventilatoacuteria poacutes-
alongamento avaliados pelo POE
No presente estudo o aspecto relevante estaacute no ineditismo ao avaliar as
repercussotildees deste tipo de intervenccedilatildeo na cinemaacutetica toracoabdominal
analisadas pelo pletismoacutegrafo optoeletrocircnico (Alivertiet al 2000) teacutecnica
considerada de alta tecnologia O programa de alongamento da musculatura
acessoacuteria respiratoacuteria eacute uma teacutecnica de baixo custo e pode ser associada
68
facilmente agrave reabilitaccedilatildeo pulmonar com impacto na atividade funcional e nos
sintomas respiratoacuterios
54 Limitaccedilotildees
Todos os estudos possuem limitaccedilotildees primeiro a rigidez dos criteacuterios
de inclusatildeo conferida a esta pesquisa levou a uma elevada validade interna
com possiacutevel prejuiacutezo da validade externa Optamos por adotar esses criteacuterios
na tentativa de eliminar o maior nuacutemero de variaacuteveis de confusatildeo para garantir
que os resultados fossem interpretados de maneira clara Segundo a carga de
exerciacutecio em esteira foi estabelecida em funccedilatildeo da velocidade do TC6 apesar
de natildeo ser considerado o padratildeo ouro para o treinamento aeroacutebico jaacute foi
descrito como alternativa viaacutevel por Zainuldinet al (2007) e Figueiredo e
Guimaratildees (2009) Terceiro a intensidade de 25 Wmaacutex utilizada na
avaliaccedilatildeo do POE pode natildeo ter sido o suficiente para desencadear a
assincronia mas o objetivo foi reproduzir a carga utilizada diariamente pelo
paciente segundo Bruni et al (2012) eles comprovaram em seu estudo que
nem mesmo a carga de 75 Wmaacutex foi possiacutevel desencadear a assincronia em
pacientes com DPOC concluindo natildeo haver relaccedilatildeo entre assincronia
hiperinsuflaccedilatildeo e dispneia Finalmente o alongamento dos muacutesculos
perifeacutericos dos membros inferiores no grupo controle poderia ter influenciado
na melhora no teste de caminhada dos 6 minutos mas Mchugh et al (2008) e
Shrier (2004) descreveram em seus estudos que ainda existe uma
controveacutersia a respeito do aumento da performance muscular apoacutes a realizaccedilatildeo
69
do alongamento ateacute entatildeo sabe-se somente sobre a melhora da mobilidade
Apesar destas limitaccedilotildees este eacute o primeiro ensaio cliacutenico controlado e
aleatorizado investigando os benefiacutecios do alongamento dos muacutesculos
respiratoacuterios na mecacircnica ventilatoacuteria utilizando o pletismoacutegrafooptoeletrocircnico
em pacientes com DPOC
6 CONCLUSAtildeO
71
Nossos resultados sugerem que a adiccedilatildeo do alongamento da
musculatura respiratoacuteria ao exerciacutecio aeroacutebico claacutessico aumenta a eficiecircncia
contraacutetil muscular melhora a mecacircnica ventilatoacuteria com o incremento
significante dos volumes pulmonares principalmente abdominal e reduz a
dispneia possibilitando a melhora das atividades funcionais em pacientes com
DPOC Estes resultados sugerem que o alongamento dos muacutesculos
respiratoacuterios pode ser considerado uma modalidade de tratamento adjuvante
para os pacientes com DPOC
7 REFEREcircNCIAS
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8 ANEXOS
91
92
93
HOSPITAL DAS CLIacuteNICAS DA FACULDADE DE MEDICINA DA
UNIVERSIDADE DE SAtildeO PAULO-HCFMUSP
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
DADOS SOBRE A PESQUISA
1 TIacuteTULO DO PROTOCOLO DE PESQUISA
EFEITOS DO ALONGAMENTO DA MUSCULATURA ACESSOacuteRIA
RESPIRATOacuteRIA COM A TEacuteCNICA DE ALONGAMENTO PASSIVO E
CONTRACcedilAtildeO-RELAXAMENTO NA MECAcircNICA VENTILATOacuteRIA E NA
CAPACIDADE FUNCIONAL DE PACIENTES COM DOENCcedilA PULMONAR
OBSTRUTIVA CROcircNICA
PESQUISADOR 01 Celso Ricardo Fernandes Carvalho
CARGOFUNCcedilAtildeO Orientador INSCRICcedilAtildeO CONSELHO
REGIONAL Nordm 206463-F
UNIDADE DO HCFMUSP Ciecircncias
3 AVALIACcedilAtildeO DO RISCO DA PESQUISA
RISCO MIacuteNIMO x RISCO MEacuteDIO
RISCO BAIXO RISCO MAIOR
4DURACcedilAtildeO DA PESQUISA 12 meses
HOSPITAL DAS CLIacuteNICAS DA FACULDADE DE MEDICINA DA
UNIVERSIDADE DE SAtildeO PAULO-HCFMUSP
1 ndash A doenccedila que o senhor (a) tem se chama doenccedila obstrutiva crocircnica
(DPOC) Esta doenccedila causa a inflamaccedilatildeo das vias aeacutereas e prejudica todo
94
pulmatildeo Por esse motivo o toacuterax fica expandido e os muacutesculos que realizam a
respiraccedilatildeo ficam tensos Essa tensatildeo muscular diminui o movimento do toacuterax e
a quantidade de ar que entra nos pulmotildees levando a uma dificuldade para
respirar e diminuindo a capacidade aos exerciacutecios simples do dia-dia Todo
esse quadro pode aumentar a tendecircncia de desencadear episoacutedios de
depressatildeo e ansiedade
2 ndash O nosso corpo tem muacutesculos que ajudam na respiraccedilatildeo (entrada do ar)
esses muacutesculos ao contrair ajudam a entrada de ar nos pulmotildees No (a)
paciente DPOC o movimento da caixa toraacutecica estaacute diminuiacutedo por isso este
estudo tem como objetivo verificar se o uso dos exerciacutecios de alongamento
relaxariam os muacutesculos respiratoacuterios diminuindo a sensaccedilatildeo de falta de ar
3 ndash Portanto estamos convidando o (a) senhor (a) para participar deste estudo
Caso o senhor (a) aceite participar da pesquisa teraacute que comparecer ao
hospital (HC) 2 vezes por semana durante um mecircs e meio de tratamento com
duraccedilatildeo de 30 a 40 minutos por dia O senhor (a) seraacute incluiacutedo (a) de forma
aleatoacuteria (sorteio) em dois grupos que receberatildeo diferentes tratamentos de
alongamento com supervisatildeo do profissional fisioterapeuta O senhor (a)
receberaacute uma cartilha com alguns exerciacutecios semelhantes aos realizados no
hospital para ser feito em casa no miacutenimo duas vezes por semana
4 ndash Durante os exerciacutecios de alongamento o (a) senhor (a) poderaacute sentir algum
desconforto como um ldquopuxatildeordquo ldquoformigamentordquo e ldquoqueimaccedilatildeordquo na regiatildeo que os
muacutesculos estatildeo sendo trabalhados Apoacutes a realizaccedilatildeo do alongamento eacute
possiacutevel que essas sensaccedilotildees perdurem por no maacuteximo 3 dias Evitaremos
durante o tratamento as dores se caso o senhor (a) sentir alguma dor
comunique ao profissional responsaacutevel que interromperemos imediatamente o
exerciacutecio
5 ndash Seratildeo realizados diversos testes antes e depois do tratamento para
verificar o grau de eficiecircncia da teacutecnica aplicada Mediremos o movimento do
seu toacuterax com um aparelho chamado pletismografia onde seratildeo colocados
marcadores no seu toacuterax e o senhor natildeo sentiraacute nenhum desconforto ou dor
Seratildeo realizados exames para a funccedilatildeo do seu pulmatildeo chamado espirometria
para isso pediremos para o senhor (a) puxar e assoprar forte o ar no aparelho
este teste natildeo traraacute nenhum desconforto ou dor Para testar a forccedila dos
muacutesculos pediremos novamente que o senhor (a) puxe o ar com forccedila em um
95
aparelho chamado manovacuocircmetro este teste natildeo traraacute dor Realizaremos
um teste de esforccedilo ao exerciacutecio onde pediremos para o (a) senhor (a) andar o
maacuteximo possiacutevel durante 6 minutos seraacute repetido duas vezes Nesse teste o
senhor (a) pode sentir cansaccedilo e falta de ar que acabaraacute imediatamente apoacutes o
teacutermino do exerciacutecio Por uacuteltimo o senhor (a) responderaacute o questionaacuterio sobre a
sua vida que conteacutem uma seacuterie de perguntas para avaliar se o (a) senhor (a)
possui episoacutedios de depressatildeo e ansiedade poderaacute sentir algum desconforto
ao responder algumas perguntas que seratildeo realizadas
6 ndash Com esse estudo buscamos a melhora da qualidade de vida com
diminuiccedilatildeo dos quadros tendenciosos de depressatildeo e ansiedade e o aumento
da capacidade para realizar os exerciacutecios diaacuterios decorrentes da melhora da
mobilidade toraacutecica
7 ndash Asseguramos que o senhor (a) teraacute acesso aos profissionais responsaacuteveis
pela pesquisa para esclarecimento de eventuais duacutevidas O principal
investigador eacute o Prof Dr Celso Ricardo Fernandes Carvalho que poderaacute
ser encontrado na Av Eneacuteas de Carvalho Aguiar 255 4o andar bloco 06 no
telefone(s) 11 3069-7961 e o Dr Juliano Takashi Wada que pode ser
encontrado no endereccedilo Rua Albuquerque Lins 537 cj 42 Telefone(s) 11
3624-4524 Se caso o senhor (a) tiver alguma consideraccedilatildeo ou duacutevida sobre a
eacutetica da pesquisa entre em contato com o Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa (CEP)
ndash Rua Oviacutedio Pires de Campos 225 ndash 5ordm andar ndash tel 3069-6442 ramais 16 17
18 ou 20 FAX 3069-6442 ramal 26 ndash E-mail cappesqhcnetuspbr
8 ndash Garantimos a liberdade da retirada do consentimento a qualquer momento
e deixar de participar do estudo sem qualquer prejuiacutezo agrave continuidade de seu
tratamento na Instituiccedilatildeo
9 ndash Garantimos o direito de confidencialidade ndash As informaccedilotildees obtidas
seratildeo analisadas em conjunto com outros pacientes natildeo sendo divulgado a
identificaccedilatildeo e os dados de nenhum paciente
10 ndash Garantimos o direito de ser mantido atualizado sobre os resultados
parciais das pesquisas quando em estudos abertos ou de resultados que
sejam do conhecimento dos pesquisadores
96
11 ndash Despesas e compensaccedilotildees natildeo haacute despesas pessoais para o
participante em qualquer fase do estudo incluindo exames e consultas
Tambeacutem natildeo haacute compensaccedilatildeo financeira relacionada agrave sua participaccedilatildeo Se
existir qualquer despesa adicional ela seraacute absorvida pelo orccedilamento da
pesquisa Natildeo garantimos o pagamento de qualquer dano causado pelo estudo
mas garantimos que se caso o senhor (a) tiver algum problema poderaacute ser
atendido no Ambulatoacuterio da Fisioterapia do Hospital das cliacutenicas gerenciado
pelo Prof Dr Celso Ricardo Fernandes de Carvalho
12 ndash Garantimos o compromisso do pesquisador de utilizar os dados e o
material coletado satildeo confidenciais e seraacute utilizado somente para esta pesquisa
Acredito ter sido suficientemente informado a respeito das informaccedilotildees
que li ou que foram lidas para mim descrevendo o estudo rdquoEfeitos do
alongamento da musculatura acessoacuteria respiratoacuteria com a teacutecnica de
contraccedilatildeo-relaxamento na mobilidade toraacutecica e capacidade psicossocial e
funcional de pacientes com doenccedila pulmonar obstrutiva crocircnicardquo
Eu discuti com o Prof Dr Celso Ricardo Fernandes de Carvalho ou
com o Dr Juliano Takashi Wada sobre a minha decisatildeo em participar nesse
estudo Ficaram claros para mim quais satildeo os propoacutesitos do estudo os
procedimentos a serem realizados seus desconfortos e riscos as garantias de
confidencialidade e de esclarecimentos permanentes Ficou claro tambeacutem que
minha participaccedilatildeo eacute isenta de despesas e que tenho garantia do acesso a
tratamento hospitalar quando necessaacuterio Concordo voluntariamente em
participar deste estudo e poderei retirar o meu consentimento a qualquer
momento antes ou durante o mesmo sem penalidades ou prejuiacutezo ou perda
de qualquer benefiacutecio que eu possa ter adquirido ou no meu atendimento
neste Serviccedilo
-------------------------------------------------
Assinatura do pacienterepresentante legal Data
97
-------------------------------------------------------------------------
Assinatura da testemunha Data
Declaro que obtive de forma apropriada e voluntaacuteria o Consentimento Livre e
Esclarecido deste paciente ou representante legal para a participaccedilatildeo neste estudo
----------------------------------------------------------
Assinatura do responsaacutevel pelo estudo
Data
98
NCT 0236762
99
100
101
20-Nov-2014
CC Wada Juliano Borges-Santos Erickson Paisani
Denise Porras Desiderio Cukier Alberto Lunardi
Adriana Carvalho Celso
Dear Ms Wada
Your manuscript entitled Effect of respiratory muscle
stretching on thoracoabdominal kinematics and functional
capacity of patients with COPD a randomized and controlled
trial has been received online and is presently being
given full consideration for publication in CHEST Please
note that our editorial office will review your manuscript
before sending it to the Editor in Chief If there are
aspects that need to be fixed prior to peer review they
may return your paper to your Corresponding Author Center
and ask you to make some minor changes and resubmit it We
appreciate your understanding
Your manuscript ID is CHEST-14-2914
You may view the status of your manuscript at any time by
checking your Author Center after logging in
to httpsmcmanuscriptcentralcomchest
102
The journal strives to expedite the peer review process
however because we receive over 3400 submissions each year
the process may take up to 8 weeks to complete Please be
patient during this time and feel free to log in to check
your manuscript status
Please mention the above manuscript ID in all future
correspondence or when calling the office for questions If
there are any changes in your street address phonefax or
e-mail address please log in to ScholarOne Manuscripts
at httpsmcmanuscriptcentralcomchest and edit your
user information as appropriate
Thank you for choosing to submit your manuscript to CHEST
Sincerely
CHEST Editorial Office
xi
LISTA DE ABREVIATURAS
ABD Volume abdominal
ALAT Associaccedilatildeo Latino-Americana de Toacuterax
ATS American Thoracic Society
BORG Escala de dispneia
CPT Capacidade Pulmonar Total
CRF Capacidade Residual Funcional
CTABD Razatildeo entre a contribuiccedilatildeo da caixa toraacutecica e abdocircmen
CT Volume da caixa toraacutecica
CVF Capacidade vital forccedilada
DATASUS Departamento de informaacutetica do sistema uacutenico de sauacutede
DPOC Doenccedila pulmonar obstrutiva crocircnica
EMG Eletromiografia
EMGVt Razatildeo entre atividade muscular e o volume corrente total
F Feminino
FCMaacutex Frequecircncia cardiacuteaca maacutexima
FE Fluxo expiratoacuterio
FI Fluxo inspiratoacuterio
GC Grupo controle
GOLD Global initiative for chronic obstructive lung disease
GT Grupo tratado
HCFMUSP Hospital das Cliacutenicas da Faculdade de Medicina da Universidade
de Satildeo Paulo
xii
Hz Hertz
Kgm2 Kilograma por metro quadrado (unidade do IMC)
L Litros
M Masculino
mL Mililitros
mV Milivolt
mVL Milivolt por litro
O2 Oxigecircnio
OTG Oacutergatildeo tendinoso de Golgi
PaCO2 Pressatildeo parcial de gaacutes carbocircnico
POE Pletismoacutegrafo optoeletrocircnica
RP Reabilitaccedilatildeo pulmonar
SpO2 Saturaccedilatildeo Perifeacuterica de Oxigecircnio
TC6 Teste de caminhada dos 6 minutos
TI Volume do toacuterax inferior
TS Volume corrente do toacuterax superior
VE Volume minuto
VEF1 Volume expiratoacuterio forccedilado no primeiro segundo
VEF1CVF Relaccedilatildeo do volume expiratoacuterio forccedilado no primeiro segundo e
capacidade vital forccedilada
VR Volume Residual
Vt Volume corrente
WMaacutex Carga maacutexima em Watts
Δ Variaccedilatildeo
xiii
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 Desenho experimental25
Figura 2 Anatomia e teacutecnica de alongamento do peitoral maior28
Figura 3 Anatomia e teacutecnica de alongamento do escaleno28
Figura 4 Anatomia e a teacutecnica de alongamento do Esternocleidomastoideo29
Figura 5 Anatomia e a teacutecnica de alongamento do Trapeacutezio Superior30
Figura 6 Anatomia e a teacutecnica de alongamento do peitoral menor30
Figura 7 Anatomia e a teacutecnica de alongamento do Serraacutetil Anterior e
Intercostais31
Figura 8 Anatomia e a teacutecnica de alongamento dos muacutesculos
abdominais32
Figura 9 Anatomia e a teacutecnica de alongamento dos flexores do punho33
Figura 10 Anatomia e a teacutecnica de alongamento dos extensores do punho33
xiv
Figura11 Anatomia e a teacutecnica de alongamento dos extensores do
tornozelo34
Figura 12 Anatomia e a teacutecnica de alongamento dos muacutesculos dos flexores do
tornozelo35
Figura13 Imagem tridimensional gerada pelo OEP38
Figura14 Disposiccedilatildeo das 89 esferas reflexivas38
Figura15 Laboratoacuterio do POE com a disposiccedilatildeo das cacircmeras e da bicicleta40
Figura16 Captaccedilatildeo e anaacutelise dos dados do volume toracoabdominal40
Figura17 Paciente realizando a avaliaccedilatildeo com carga no cicloergocircmetro no
POE42
Figura 18 Desenho experimental da avaliaccedilatildeo do OEP42
Figura19 Eletromioacutegrafo da BTS Engeneering44
Figura 20 Fluxograma do estudo49
xv
Figura 21 Efeitos do alongamento muscular respiratoacuterio na mecacircnica
ventilatoacuteria durante o exerciacutecio Os dados foram apresentados em meacutedia e
desvio padratildeo representado pela diferenccedila (Δ) = poacutes- - preacute-intervenccedilatildeo Houve
um aumento estatisticamente significante do volume da CT e do ABD no GT O
exerciacutecio foi realizado com 25 da carga maacutexima predito na equaccedilatildeo de
Jones25 GC= Grupo Controle GT= Grupo Tratado CT= Caixa totaacutecica total
TS= Toacuterax superior TI= Toacuterax inferior ABD= Abdomen = p lt 005 GC vs GT
(teste t natildeo pareado)51
Figura 22 Efeitos do alongamento muscular respiratoacuterio no volume minuto
(VE) durante o exerciacutecio Os dados foram apresentados em meacutedia e desvio
padratildeo representado pela diferenccedila (Δ) = poacutes- - preacute-intervenccedilatildeo Ambas
apresentaram diferenccedilas houve um aumento estatisticamente significante de
4L no volume minuto (VE) no GT em relaccedilatildeo do GC O exerciacutecio foi realizado
com 25 da carga maacutexima predito na equaccedilatildeo de Jones25 GC= Grupo
Controle GT= Grupo Tratado = p lt 005 GC vs GT (teste t natildeo pareado)52
Figura 23 Efeitos do alongamento muscular respiratoacuterio no fluxo expiratoacuterio
(FE) durante o exerciacutecio Os dados foram apresentados em meacutedia e desvio
padratildeo representado pela diferenccedila (Δ) = poacutes- - preacute-intervenccedilatildeo Ambas
apresentaram diferenccedilas houve um aumento estatisticamente significante de
100mL no fluxo expiratoacuterio (FE) no GT em relaccedilatildeo do GC O exerciacutecio foi
realizado com 25 da carga maacutexima predito na equaccedilatildeo de Jones25 GC=
xvi
Grupo Controle GT= Grupo Tratado = p lt 005 GC vs GT (teste t natildeo
pareado)53
Figura 24 Efeitos do alongamento muscular respiratoacuterio na relaccedilatildeo da
contribuiccedilatildeo da caixa toraacutecica e abdocircmen (CTABD) durante o exerciacutecio Os
dados foram apresentados em meacutedia e desvio padratildeo representado pela
diferenccedila (Δ) = poacutes- - preacute-intervenccedilatildeo O exerciacutecio foi realizado com 25 da
carga maacutexima predito na equaccedilatildeo de Jones25 Foi observado a reduccedilatildeo
estatisticamente significante dos valores no GT em relaccedilatildeo do GC da relaccedilatildeo
CTAB que representa o aumento da mobilidade do compartimento abdominal
GC= Grupo Controle GT= Grupo Tratado CT= Participaccedilatildeo da caixa toraacutecica
ABD= Participaccedilatildeo abdominal = p lt 005 GC vs GT (teste t natildeo pareado)54
Figura 25 Efeitos do alongamento muscular respiratoacuterio na atividade
muscular Os dados foram apresentados em meacutedia e desvio padratildeo
representado pela diferenccedila (Δ) = poacutes- - preacute-intervenccedilatildeo Foi constatada uma
diminuiccedilatildeo estatisticamente significante da atividade dos muacutesculos
esternocleidomastoideo e intercostal superior no GT O exerciacutecio foi realizado
com 25 da carga maacutexima predito na equaccedilatildeo de Jones25 GC= Grupo
Controle GT= Grupo Tratado = p lt 005 GC vs GT (teste t natildeo pareado)55
Figura 26 Efeitos do alongamento muscular respiratoacuterio na relaccedilatildeo entre a
atividade muscular e o volume corrente (EMGVt) Os dados foram
apresentados em meacutedia e desvio padratildeo representado pela diferenccedila (Δ) =
xvii
poacutes- - preacute-intervenccedilatildeo Observou-se uma diminuiccedilatildeo estatisticamente
significante da EMGVt no GT O exerciacutecio foi realizado com 25 da carga
maacutexima predito na equaccedilatildeo de Jones25 GC= Grupo Controle GT= Grupo
Tratado = p lt 005 GC vs GT (teste t natildeo pareado) 56
Figura 27 Efeitos do alongamento muscular respiratoacuterio na escala de BORG
Os dados foram apresentados Os dados foram apresentados em meacutedia e
desvio padratildeo representado pela diferenccedila (Δ) = poacutes- - preacute-intervenccedilatildeo Apoacutes
o tratamento ambos apresentaram diminuiccedilatildeo da dispneia mas somente no GT
houve uma diminuiccedilatildeo na comparaccedilatildeo com o GC e com seus dados iniciais no
preacute exerciacutecio O exerciacutecio foi realizado com 25 da carga maacutexima predito na
equaccedilatildeo de Jones25 GC= Grupo Controle GT= Grupo Tratado BORG= Escala
de dispneia TC6= Teste de caminhada dos 6 minutos = p lt 005 preacute vs poacutes
intervenccedilatildeo +=plt005 GC vs GC) (teste t natildeo pareado)57
Figura 28 Os dados apresentados em (Δ) representam (poacutes intervenccedilatildeo ndash preacute
intervenccedilatildeo) No teste de caminhada dos 6 minutos (TC6) foi observada uma
diferenccedila clinicamente significante do TC6 no GT que obteve um aumento
meacutedio de 2514m e o GC de 65m O exerciacutecio foi realizado com 25 da carga
maacutexima predito na equaccedilatildeo de Jones25 GC= Grupo Controle GT= Grupo
Tratado TC6= Teste de caminhada dos 6 minutos ( =diferenccedila clinicamente
significante)58
xviii
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 Caracterizaccedilatildeo amostral basal dos pacientes do estudo50
xix
RESUMO
Efeitos do alongamento da musculatura respiratoacuteria pelas teacutecnicas de
alongamento passivo e contraccedilatildeo-relaxamento na mecacircnica ventilatoacuteria e
na capacidade funcional de pacientes com doenccedila pulmonar obstrutiva
crocircnica
Os pacientes com doenccedila pulmonar obstrutiva crocircnica (DPOC) devido agrave
obstruccedilatildeo brocircnquica e reduccedilatildeo da retraccedilatildeo elaacutestica pulmonar apresentam o
aumento do recrutamento da musculatura respiratoacuteria predispondo agrave
incoordenaccedilatildeo toracoabdominal aumentando o trabalho respiratoacuterio
provocando fadiga e dispneacuteia O alongamento dos muacutesculos respiratoacuterios
(AMR) poderia diminuir a atividade muscular melhorar a sua capacidade
contraacutetil e a mobilidade da caixa toraacutecica otimizando a ventilaccedilatildeo pulmonar
entretanto estes efeitos nos muacutesculos respiratoacuterios permanecem
desconhecidos Objetivo Avaliar os efeitos da adiccedilatildeo do AMR associados agrave
reabilitaccedilatildeo pulmonar na mecacircnica ventilatoacuteria na capacidade funcional e na
atividade muscular em pacientes com DPOC Meacutetodo Estudo randomizado e
controlado incluiu 30 pacientes com DPOC que foram distribuiacutedos
aleatoriamente para os grupos tratado (GT n = 15) e controle (GC n = 15)
Todos os pacientes foram submetidos a 24 sessotildees de treinamento aeroacutebico
duas vezes por semana Aleacutem disso o GT recebeu AMR e o GC recebeu o
alongamento dos membros superiores e inferiores antes dos exerciacutecios
aeroacutebicos Foram avaliados teste da capacidade funcional (teste de caminhada
xx
de 6 minutos TC6) mecacircnica toracoabdominal (pletismografia optoeletrocircnica
POE) e atividade muscular respiratoacuteria (eletromiografia de superfiacutecie EMG)
durante o exerciacutecio Os dados representam a variaccedilatildeo (Δ)=poacutes- - preacute-
avaliaccedilatildeo foi utilizado o teste t para comparar os grupos e o niacutevel de
significacircncia foi fixado em 5 Resultados O GT apresentou o aumento da
capacidade funcional (2514m +) com a reduccedilatildeo da sensaccedilatildeo de dispneia apoacutes
o TC6 (plt001) quando comparado ao GC Provavelmente estaacute relacionado
com a melhora do volume da caixa toraacutecica (plt001) capacidade ventilatoacuteria
(plt001) com o aumento do volume e da contribuiccedilatildeo do compartimento
abdominal (plt001) Observamos tambeacutem no GT a reduccedilatildeo da atividade
muscular (p lt001) com maior eficiecircncia ventilatoacuteria (plt0006) Conclusatildeo
Nossos resultados sugerem que a adiccedilatildeo do AMR no treinamento aeroacutebio
aumenta a capacidade funcional com diminuiccedilatildeo da dispneia melhora a
eficaacutecia da contraccedilatildeo muscular e da capacidade ventilatoacuteria devido agrave maior
participaccedilatildeo do compartimento abdominal em pacientes com DPOC
Descritores DPOC Muacutesculos Respiratoacuterios Alongamento Muscular
Mecacircnica Respiratoacuteria Plestimografia Dispneia Eletromiografia
xxi
SUMMARY
Effects of respiratory muscle stretching with passive and hold-relax
techniques on ventilatory mechanics and functional capacity in patients
with chronic obstructive pulmonary disease
Chronic obstructive pulmonary disease (COPD) patients due to bronchial
obstruction and reduced lung elastic recoil present increased in the recruitment
of respiratory muscles predisposing an thoracoabdominal incoordination major
breathing work causing fatigue and dyspnea The respiratory muscles
stretching (RMS) could decrease the muscle activity and improve their
contractile capacity chest wall mobility and optimize the pulmonary ventilation
however this effect remains unknown Objective To evaluate the effects of
adding the RMS associated with pulmonary rehabilitation in ventilatory
mechanics functional capacity and muscle activity in patients with COPD
Method Randomized and controlled trial enrolled 30 COPD patients who were
randomly allocated into treatment (TG n = 15) and control (CG n = 15) groups
All patients underwent 24 sessions of aerobic training twice a week In Addition
TG received RMS and CG received upper and lower limb stretching before
aerobic exercises Were evaluated functional capacity (6-minute walking
distance test 6MWDT) thoracoabdominal mechanics (optoelectronic
plethysmography OEP) and respiratory muscle activity (surface
electromyography EMG) during exercise The data represents the change (Δ) =
post- - pre-evaluation a t-test was used to compare the groups and the
xxii
significance level was set at 5 Results TG showed improvement in the
functional capacity (2514m +) with decrease of the dyspnea sensation after the
6MWDT (plt001) compared with CG Probably is related with increased of
chest wall volume (plt001) ventilatory capacity (plt001) volume and the
contribution of the abdominal compartment (plt001) We also observed in the
TG a reduction of respiratory muscle activity (plt001) and the ratio between
volume displaced (plt0006) Conclusion Our results suggest that the addition
of RMS to aerobic training increases the functional capacity with dyspnea
reduction improvement of efficacy of respiratory muscle contraction and
ventilatory capacity due to higher participation of the abdominal compartment in
patients with COPD
Descriptors COPD Respiratory Muscles Muscular Stretching Respiratory
Mechanics Plethysmography Dyspnea Electromyography
1 INTRODUCcedilAtildeO
2
11 Definiccedilatildeo e Incidecircncias
A doenccedila pulmonar obstrutiva crocircnica (DPOC) eacute definida como uma
patologia pulmonar previsiacutevel e trataacutevel caracterizada pela limitaccedilatildeo
persistente do fluxo aeacutereo aprisionamento aeacutereo e hiperinsuflaccedilatildeo com caraacuteter
de limitaccedilatildeo progressiva associados ao aumento da resposta inflamatoacuteria das
vias aeacutereas e dos pulmotildees decorrente da exposiccedilatildeo aos gases e partiacuteculas
nocivas (GOLD 2013) Os processos inflamatoacuterios causam alteraccedilotildees
brocircnquicas e destruiccedilatildeo do parecircnquima pulmonar que podem variar de
indiviacuteduo para indiviacuteduo resultando no decreacutescimo da elasticidade tecidual
pulmonar e diminuiccedilatildeo da capacidade ventilatoacuteria (Celli et al 2004 Laizo
2009)
A bronquite crocircnica e o enfisema pulmonar satildeo responsaacuteveis pela
denominaccedilatildeo da DPOC decorrente habitualmente do tabagismo embora
outras formas possam estar envolvidas em sua patogecircnese tal como a
deficiecircncia de micro1-antitripsina (Wood et al 2008) O enfisema pulmonar eacute
definido pelo aumento anormal e permanente dos espaccedilos aeacutereos distais do
bronquiacuteolo terminal acompanhado pela destruiccedilatildeo do parecircnquima pulmonar
Na ausecircncia de uma fibrose evidente o principal distuacuterbio funcional do enfisema
eacute a perda da retraccedilatildeo elaacutestica tecidual associada ao colabamento das vias
aeacutereas (Fabbri et al 2008) A bronquite crocircnica eacute definida clinicamente pela
presenccedila de tosse crocircnica com produccedilatildeo de secreccedilatildeo por vaacuterios dias da
semana por 3 meses em um ano por mais de 2 anos consecutivos Apresentam
3
edema e inflamaccedilatildeo da mucosa brocircnquica associada ao aumento do nuacutemero e
do tamanho das glacircndulas secretoras de muco e remodelaccedilatildeo estrutural
recorrente da parede dos brocircnquios (Figuero et al 2005) Evidenciam-se em
ambas a diminuiccedilatildeo da luz brocircnquica e limitaccedilatildeo da mobilidade da caixa
toraacutecica com diminuiccedilatildeo da capacidade respiratoacuteria caracterizando um
distuacuterbio ventilatoacuterio obstrutivo com aprisionamento aeacutereo geralmente grave e
irreversiacutevel (Colom et al 2006)
No Brasil a DPOC ocupa a 5ordf posiccedilatildeo entre as principais causas de
morte liacuteder em mortalidade entre as doenccedilas respiratoacuterias onde 290 mil
pacientes satildeo internados anualmente gerando um gasto importante ao sistema
de sauacutede do paiacutes Os dados de prevalecircncia obtidos ateacute o momento atraveacutes dos
questionaacuterios sintomatoloacutegicos permitiram estimar a DPOC em adultos maiores
de 40 anos em 12 dessa populaccedilatildeo ou seja 5500000 indiviacuteduos Tatildeo
importante quanto os gastos diretos satildeo os indiretos como os dias de trabalho
perdidos e aposentadoria precoce (II Consenso Brasileiro de DPOC 2004)
Associaccedilatildeo Latino-Americana de Toacuterax (ALAT) constituiacuteda pelo Brasil
Venezuela Meacutexico Uruguai e Chile desenvolveram um estudo chamado
PLATINO em 2006 com colaboraccedilatildeo da Burden of Obstructive Lung Disease
Se considerarmos os dados preliminares a prevalecircncia da DPOC varia de 6 a
158 da populaccedilatildeo brasileira com idade igual ou superior a 40 anos que
equivale a 2800000 a 6900000 indiviacuteduos dados estes que corroboram com
o Consenso Brasileiro de DPOC
4
O nuacutemero de oacutebitos tecircm aumentado nos uacuteltimos 20 anos em ambos os
sexos a taxa de mortalidade passou de 788 por 100000 habitantes na deacutecada
de 80 para 1904 por 100000 habitantes na deacutecada de 90 com um
crescimento de 230 (Laizo 2009) Segundo dados do DATASUS a DPOC
gerou no ano de 2010 no Sistema Nacional de Sauacutede Puacuteblica 141994
hospitalizaccedilotildees que levaram a 778428 dias de internaccedilatildeo O custo total dessas
internaccedilotildees foi de R$ 9243441551 e 7937 mortes diretamente relacionadas
com a DPOC Estima-se que ateacute 2025 75 das mortes prematuras
respiratoacuterias seratildeo provocadas pelo tabagismo (De Godoy et al 2007)
12 Fisiopatologia
A obstruccedilatildeo brocircnquica e a diminuiccedilatildeo do recolhimento elaacutestico
desencadeados pela doenccedila alteram a mecacircnica pulmonar que desloca o
ponto de igual pressatildeo das vias aeacutereas favorecendo o aprisionamento de ar
desencadeando a hiperinsuflaccedilatildeo e a diminuiccedilatildeo da capacidade respiratoacuteria
aos grandes esforccedilos subsequentemente ao repouso (Senol et al 2006
Fabbri et al 2008) A configuraccedilatildeo alterada da caixa toraacutecica deslocam os
muacutesculos respiratoacuterios (De Troyer 1997) inclusive o diafragma para uma
posiccedilatildeo de encurtamento e desvantagem mecacircnica prejudicando
gradativamente a mobilidade toracoabdominal levando ao aumento do trabalho
5
respiratoacuterio limitaccedilatildeo da ventilaccedilatildeo pulmonar e agravamento a sensaccedilatildeo de
dispneia (Yamaguti et al 2012 OacuteKroy et al 2000)
A limitaccedilatildeo do fluxo ventilatoacuterio faz com que a capacidade residual
funcional (CRF) se desloque em direccedilatildeo da capacidade pulmonar total (CPT)
A forccedila dos muacutesculos inspiratoacuterios eacute exigida para o aumento do volume mas a
contraccedilatildeo muscular eacute eficaz somente em esforccedilos leves e moderados A maior
demanda ventilatoacuteria obriga a CRF se deslocar ainda mais em direccedilatildeo agrave CPT e
a forccedila inspiratoacuteria natildeo tem capacidade de gerar o ganho volumeacutetrico
agravando a dispneia o que leva a interrupccedilatildeo do exerciacutecio (Calverley 2006)
A DPOC natildeo eacute somente uma doenccedila respiratoacuteria e sim sistecircmica a
hiperinsuflaccedilatildeo pulmonar afeta o sistema cardiovascular pois a alteraccedilatildeo da
pressatildeo intratoraacutecica reduz o enchimento cardiacuteaco e consequentemente o
deacutebito cardiacuteaco (Stark-leyva et al 2004) As disfunccedilotildees oacutesseas satildeo
decorrentes principalmente da inatividade fiacutesica do uso de corticoacuteesteroacuteides e
pela desnutriccedilatildeo (Ferguson et al 2009) assim como as neuropatias perifeacutericas
incluindo do nervo frecircnico ocasionando a depressatildeo da excitabilidade e da
conduccedilatildeo neural (Jann et al 1998) A hipoxemia possivelmente seja
responsaacutevel pelas alteraccedilotildees cognitivas que compromete a memoacuteria verbal e a
compreensatildeo (Dodd et al 2010) em contrapartida a depressatildeo e a ansiedade
satildeo associados principalmente agrave sensaccedilatildeo de desconforto respiratoacuterio e agrave
limitaccedilatildeo da atividade de vida diaacuteria (Wagena 2005) O refluxo gastroesofaacutegico
eacute outra alteraccedilatildeo que provavelmente seja decorrente da diminuiccedilatildeo da
capacidade contraacutetil muscular diafragmaacutetica pois com a sua horizontalizaccedilatildeo
6
perde-se a eficiecircncia contraacutetil e reduz da pressatildeo do esfiacutencter gastroesofaacutegico
(Hurst et al 2008 Boutou et al 2011) Dentre as alteraccedilotildees sistecircmicas da
DPOC o sistema muacutesculo-esqueleacutetico eacute um dos mais afetados e estaacute
relacionado com o agravamento da patologia e ao aumento do iacutendice de
mortalidade devido ao descondicionamento fiacutesico (Dourado et al 2006
Swallow et al 2007 Dodd et al 2012)
13 Sistema muacutesculo-esqueleacutetico
O sistema muacutesculo-esqueleacutetico eacute afetado pela inflamaccedilatildeo crocircnica
sistecircmica da DPOC processo que induz a liberaccedilatildeo de mediadores quiacutemicos
inflamatoacuterios acelerando a degradaccedilatildeo proteica e aumentando o estresse
oxidativo muscular (Andreassen e Vestbo 2003 Macintyre 2006) O transporte
de oxigecircnio para o citoplasma celular dos muacutesculos fica comprometido esse
oxigecircnio fica inutilizado por natildeo conseguir chegar de forma eficiente nas
mitococircndrias (Shrikrishna 2009 Barreiro 2013) As alteraccedilotildees metaboacutelicas
enzimaacuteticas e hormonais anaboacutelicas quando associadas agrave diminuiccedilatildeo dos
capilares sanguiacuteneos provocam a reduccedilatildeo das fibras musculares do tipo I e II
(Ries et al 2007 Strasser et al 2013) Devido a estes fatores todos os
muacutesculos inclusive os respiratoacuterios trabalham de forma anaeroacutebica ao miacutenimo
esforccedilo acumulando lactato ocasionando a fadiga precoce ao exerciacutecio e ao
descondicionamento sistecircmico (Wagena 2005 Hostettler et al 2011)
7
14 Diagnoacutestico e Sintomas
Para o diagnoacutestico eacute utilizado principalmente a espirometria por que a
obtenccedilatildeo da curva expiratoacuteria volume-tempo eacute obrigatoacuteria na suspeita cliacutenica
de DPOC devendo ser realizada antes e apoacutes administraccedilatildeo de
broncodilatador na fase estaacutevel da doenccedila A espirometria permite a avaliaccedilatildeo
de uma multiplicidade de paracircmetros poreacutem os mais importantes do ponto de
vista de aplicaccedilatildeo cliacutenica satildeo a CVF (capacidade vital forccedilada) o VEF1 (volume
expiratoacuterio forccedilado no primeiro segundo) e a relaccedilatildeo sua relaccedilatildeo (VEF1CVF)
A existecircncia da limitaccedilatildeo do fluxo aeacutereo eacute definida pela presenccedila da relaccedilatildeo
VEF1CVF abaixo de 070 poacutes-broncodilatador e pelos dados de VEF1 ge 80
do predito (leve) ge 50 e lt 80 do predito (moderado) e ge 30 e lt 50 do
predito (grave) (GOLD 2013)
A DPOC apresenta tambeacutem o aumento do volume residual (VR) da
capacidade pulmonar total (CPT) e da capacidade residual funcional (CRF)
(Camargo et al 2008) Deve-se solicitar o exame radioloacutegico de forma rotineira
nas posiccedilotildees poacutestero-anterior e perfil mas dificilmente seraacute utilizado para o
diagnoacutestico da doenccedila e sim para descartar outras patologias como a
neoplasias bolhas e para acompanhar o prognoacutestico da doenccedila (II Consenso
Brasileiro sobre Doenccedila Pulmonar Obstrutiva Crocircnica 2004)
A presenccedila de sintomas respiratoacuterios crocircnicos no paciente com haacutebito
tabaacutegico (cigarro cigarrilha cachimbo charuto) deve levar a suspeita cliacutenica da
8
DPOC O tabagismo eacute considerado um problema de sauacutede puacuteblica e satildeo
atribuiacutedos a esse viacutecio 90 dos casos de cancro no pulmatildeo 86 de bronquite
e enfisema 25 dos processos isquecircmicos do coraccedilatildeo e 30 dos cancros
extrapulmonares (Laizo 2009) A tosse o chiado e a dispneia estatildeo
frequentemente presentes tendo sido relatado em 83 dos casos (Nishimura
et al 2002 Laveneziana et al 2011)
A dispneia eacute o sintoma mais importante dos pacientes com DPOC
Montaldo et al (2000) acreditam que os estiacutemulos aferentes provenientes das
tensotildees do sistema muacutesculo-esqueleacutetico da regiatildeo toracoabdominal apoacutes
serem processados nos centros respiratoacuterios aumentam a percepccedilatildeo da
dispneia (Breslin et al 1998) Outro fator satildeo os estiacutemulos dos quimioceptores
sensiacuteveis agraves variaccedilotildees de PaCO2 e agraves alteraccedilotildees dos mecanoceptores
articulares e musculares da caixa toraacutecica (Burki e Lee 2010) Classicamente
o instrumento mais utilizado para avaliaccedilatildeo da dispneia eacute a escala modificada
de Borg (1982) a sensaccedilatildeo de falta de ar estaacute associada com a incapacidade
fiacutesica piora da qualidade de vida e do prognoacutestico cliacutenico Os pacientes
normalmente referem os sintomas em uma fase mais avanccedilada da doenccedila e
frequentemente relaciona a limitaccedilatildeo das atividades ao descondicionamento
muscular perifeacuterico (Castro et al 2012)
Szczegielniak et al (2011) demonstraram que os exerciacutecios aeroacutebicos
reduzem os niacuteveis inflamatoacuterios caracteriacutesticos da DPOC e melhora o
condicionamento fiacutesico permitindo a melhora das atividades diaacuterias Por esta
9
razatildeo cada vez mais a reabilitaccedilatildeo pulmonar vem adquirindo mais importacircncia
no acircmbito cientiacutefico
15 Reabilitaccedilatildeo pulmonar
A reabilitaccedilatildeo pulmonar (RP) eacute um programa baseado em evidecircncias
constituiacutedo pelo treinamento aeroacutebico e resistido associado aos programas
educacionais intervenccedilotildees nutricionais e suporte psicoloacutegico para os pacientes
com DPOC O objetivo eacute otimizar a performance fiacutesica funcional social
psicoloacutegica e autonocircmica dos pacientes Eacute realizada por uma equipe
multidisciplinar composta por meacutedicos fisioterapeutas enfermeiros
nutricionistas psicoacutelogos terapeutas ocupacionais e assistentes sociais (ATS
2013) Eacute capaz de auxiliar na atenuaccedilatildeo das limitaccedilotildees do sistema
musculoesqueleacutetico por isso melhora a qualidade de vida e garante o maacuteximo
da sua independecircncia e funcionalidade em seu meio (Carrieri-Kohlman et al
2005 Garcia-Aymerich et al 2006 Ries et al 2007)
O treinamento aeroacutebico realizado em bicicleta ou esteira ergomeacutetrica eacute o
principal componente da RP conforme observados em alguns estudos ele
promove o aumento do tamanho das fibras do tipo I e na quantidade de
capilares musculares em DPOC (Montes de Oca et al 2005) A intensidade
pode ser ajustada pela frequecircncia cardiacuteaca ou pelo teste de caminhada
(Figueiredo e Guimaratildees 2009) sendo necessaacuterio no miacutenimo 10 semanas de
10
intervenccedilatildeo com 2 sessotildees semanais (Rossi et al 2005) Mas os indiviacuteduos
apresentam respostas diferentes quando submetidos agrave RP sobretudo nos
fatores que limitam o exerciacutecio fiacutesico Plankell et al (2005) realizaram um
estudo e constataram que pacientes soacute apresentam um bom condicionamento
cardiorrespiratoacuterio quando realizava exerciacutecios aeroacutebicos de alta intensidade
A RP tem sido reconhecida nos uacuteltimos anos como parte fundamental do
tratamento da DPOC pois oferece inuacutemeros estudos com resultados positivos
para os pacientes Dentre eles a melhora da toleracircncia ao exerciacutecio (Yoshimi
et al 2012) reduccedilatildeo da demanda ventilatoacuteria em esforccedilo submaacuteximo melhora
da eficiecircncia do trabalho diminuiccedilatildeo da dispneia e melhora da atividade de
vida diaacuteria (Godoy et al 2009) Apesar dos benefiacutecios nos pacientes com
DPOC ateacute o presente momento nenhum exerciacutecio conseguiu atuar
eficientemente na mecacircnica ventilatoacuteria (Georgiadou et al 2007) Por esta
razatildeo alguns estudos buscaram outras alternativas para interferir diretamente
nos muacutesculos respiratoacuterios com o objetivo de potencializar os efeitos positivos
jaacute demonstrados pela RP
16 Muacutesculos respiratoacuterios
O diafragma eacute o principal muacutesculo respiratoacuterio durante a inspiraccedilatildeo
realiza a contraccedilatildeo das cuacutepulas diafragmaacuteticas que descendem e gera um
aumento da pressatildeo intra-abdominal que serve de sustentaccedilatildeo para a
11
expansatildeo da caixa toraacutecica potencializada pela associaccedilatildeo da contraccedilatildeo dos
muacutesculos respiratoacuterios (Man et al 2012) Tem sido demonstrado na literatura
encurtamento em torno de 28 a 40 do diafragma na DPOC fato este que
compromete a mobilidade e funcionalidade toracoabdominal com repercussatildeo
na capacidade ventilatoacuteria e na tensatildeo dos muacutesculos da caixa toraacutecica de
forma de compensatoacuteria a diminuiccedilatildeo da contraccedilatildeo diafragmaacutetica (Iwasawa et
al 2002 Vilaroacute et al 2010)
Os principais muacutesculos acessoacuterios respiratoacuterios satildeo o peitoral menor
escalenos esternocleidomastoacuteideo intercostais e abdominais avaliados pela
eletromiografia (Gandevia et al 2006 Duiverman et al 2004) eles participam
na fase inspiratoacuteria favorecendo a expansatildeo da caixa toraacutecica pela traccedilatildeo
costal (De Troyer et al 1994 Taylor et al 1990) Durante a inspiraccedilatildeo forccedilada
outros muacutesculos satildeo solicitados como o peitoral maior e o trapeacutezio (Putt et al
2008) Estudos mais recentes tecircm demonstrado que a atividade muscular do
esternocleidomastoacuterideo intercostais peitoral menor latiacutessimo do dorso e dos
escalenos tanto em condiccedilotildees de repouso quanto no exerciacutecio satildeo maiores em
pacientes com DPOC quando comparada aos indiviacuteduos sadios (Donaldson et
al 2012) Os muacutesculos abdominais desempenham um papel importante no
mecanismo expiratoacuterio e a sua contraccedilatildeo estaacute associada a outras musculaturas
expiratoacuterias que potencializam no mecanismo de depressatildeo costal para a saiacuteda
de ar (Georgiadou et al 2007)
Na DPOC os muacutesculos respiratoacuterios sustentam a contraccedilatildeo para
aumentar expansatildeo da caixa toraacutecica com o objetivo de incrementar o fluxo
12
ventilatoacuterio Essa diminuiccedilatildeo do comprimento das fibras musculares prejudica a
eficiecircncia da forccedila contraacutetil maacutexima pois perde a sobreposiccedilatildeo fisioloacutegica ideal
entre os filamentos de actina e miosina (Izumizaki et al 2008 Ito 1999)
aumentando o gasto energeacutetico e a fadiga durante os exerciacutecios fiacutesicos
(Kokkonen et al 2007 Gea et al 2013) Essas alteraccedilotildees de comprimento e
tensatildeo do sistema musculo-esqueleacutetico da regiatildeo toracoabdominal geram a
estimulaccedilatildeo mecanoceptoras locais (fusos musculares e os receptores
articulares) que alteram os estiacutemulos neuroloacutegicos aos centros motores e
respiratoacuterios (Montaldo et al 2000) Estes centros por sua vez desencadeiam
a mudanccedila da taxa de disparo do nervo frecircnico que controla a cadecircncia e a
frequecircncia da contraccedilatildeo diafragmaacutetica (Burki e Lee 2010)
A partir destes conceitos preacutevios da relaccedilatildeo entre a mobilidade e as
alteraccedilotildees sintomatoloacutegicas da patologia pulmonar estudos de intervenccedilatildeo nos
muacutesculos respiratoacuterios ganharam importacircncia cientiacutefica (ATS 2013) A teacutecnica
de alongamento muscular foi escolhida pela maioria pois veio de encontro aos
conceitos do aumento da mobilidade tecidual perdida na DPOC A maioria dos
trabalhos tiveram como objetivo principal aumentar a viscoelasticidade
muscular para gerar acomodaccedilatildeo dos mecanoceptores da caixa toraacutecica
sendo assim regularia os centros respiratoacuterios e consequentemente
melhoraria o trabalho respiratoacuterio com reduccedilatildeo dos sintomas (Manning e
Schwartzstein 1995 Montaldo et al 2000)
13
17 Alongamento Muscular
Bonnar et al (2004) consideram que o alongamento busca aumentar o
espaccedilo entre os filamentos de actina e miosina com o objetivo de devolver a
sobreposiccedilatildeo fisioloacutegica ideal da actina e miosina para potencializar a
capacidade contraacutetil muscular (Shrier 2004 Izumizaki et al 2008) O
alongamento pode regular o mecanismo contraacutetil a partir do equiliacutebrio do caacutelcio
citoplasmaacutetico pela ativaccedilatildeo do retiacuteculo sarcoplasmaacutetico (Nakamura et al
2012) aleacutem de promover a diminuiccedilatildeo da tensatildeo tecidual pela remodelaccedilatildeo
dos fibroblastos (Riley e Van Dyke 2012) Kokonnen (2007) constataram que o
tambeacutem diminui o torque muscular sem alteraccedilatildeo significante da amplitude
articular de forma aguda mas quando realizado de forma regular os muacutesculos
apresentaram uma melhora na velocidade de contraccedilatildeo forccedila e endurance
muscular aleacutem de melhorar a amplitude de movimento
No iniacutecio do seacuteculo 20 Sherrington definiu os primeiros conceitos da
facilitaccedilatildeo e inibiccedilatildeo autogecircnica a partir destes fundamentos foram
desenvolvidas diversas teacutecnicas de alongamento muscular A inibiccedilatildeo
autogecircnica eacute um dos principais mecanismos neurofisioloacutegicos do alongamento
que consiste na reduccedilatildeo da excitabilidade motora a partir de uma contraccedilatildeo ou
alongamento muscular (Bonnar et al 2004) Esse efeito eacute atribuiacutedo
primeiramente pelos fusos neuromusculares que desencadeiam respostas
musculares particulares para cada tipo de estiacutemulo Isto eacute agudamente o
alongamento causa a estimulaccedilatildeo intensa e abrupta dos nervos sensitivos que
14
desencadeia uma resposta medular eferente motora das fibras extra-fusais
gerando a aumento da atividade muscular e contraccedilatildeo intensa com restriccedilatildeo
da mobilidade tecidual (Morse et al 2008 Mukherjee et al 2010 McHugh et
al 2010) Para a intervenccedilatildeo crocircnica onde satildeo realizadas diversas sessotildees
de alongamentos existe uma remodelaccedilatildeo maior das propriedades
viscoelaacutesticas (tixotroacutepicas) do tecido conjuntivo que envolve as fibras
musculares com isso a limiar excitatoacuterio do fuso neuromuscular diminui e o
estiacutemulo contraacutetil tensional eferente tambeacutem (Taylor et al 1990 Izumizaki et
al 2006)
O mecanismo contraacuterio ao fuso neuromuscular satildeo as estimulaccedilotildees dos
receptores musculotendineos chamados de oacutergatildeos tendinosos de Golgi (OTG)
A partir da tensatildeo em estiramento do alongamento na regiatildeo miotendiacutenea
desencadeia um potencial de accedilatildeo sensitivo do OTG que inibe a atividade
muscular via nervos eferentes motores A intensidade desse mecanismo
inibitoacuterio estaacute relacionado com o tamanho da superfiacutecie tendiacutenea e com a
quantidade de tensatildeo exercida sobre ela Acreditava-se que somente em
tensatildeo abruptas ou grande intensidade estimularia o OTG ou seja que
atuaria somente em situaccedilotildees de grande estresse tecidual Mas os uacuteltimos
estudos apontam que o OTG aleacutem de atuar em situaccedilotildees de sobrecarga a sua
accedilatildeo eacute constante com o objetivo de inibir o mecanismo contraacutetil voluntaacuterio e
protetor do fuso neuromuscular (Mukherjee e Chakravarty 2012) Com o ganho
da viscoelasticidade do tecido conjuntivo ele tambeacutem causa acomodaccedilatildeo do
OTG assim como nos fusos e isso pode acarretar na alteraccedilatildeo da accedilatildeo
inibitoacuteria pois o limiar de disparo pela tensatildeo pode diminuir ou aumentar
15
dependendo da anatomia musculotendiacutenea do muacutesculo tratado (Hindle et al
2012)
Para obter uma resposta positiva do alongamento eacute recomendado
realizaacute-lo sustentando por no miacutenimo 30 segundos duas vezes por semana por
6 semanas (Reid e Mcnair 2004 Decicco e Fisher 2005 Magnusson et al
1996) Dentre as diversas teacutecnicas a contraccedilatildeo-relaxamento apresenta a maior
eficaacutecia no ganho da excursatildeo muscular a teacutecnica se baseia na associaccedilatildeo do
alongamento passivo intercaladas com contraccedilatildeo isomeacutetricas (Holcomb 2000)
Alguns estudos tecircm verificado os efeitos do alongamento dos muacutesculos
respiratoacuterios em pacientes com DPOC O primeiro trabalho de maior relevacircncia
foi de Ito et al (1999) eles observaram a melhora da funccedilatildeo pulmonar e da
dispneia em 16 sujeitos com DPOC que receberam o alongamento quando
comparados ao grupo que realizaram exerciacutecios diafragmaacuteticos assim como
Minoguchi et al (2002) com o diferencial que eles realizaram a intervenccedilatildeo
crocircnica (1 mecircs) em 12 pacientes Contrariando estes resultados Izumizaki et al
(2006 e 2008) realizaram o protocolo de intervenccedilatildeo aguda de alongamento
muscular da caixa toraacutecica com 10 e 14 pacientes respectivamente e
constataram uma diminuiccedilatildeo da funccedilatildeo pulmonar e sem alteraccedilatildeo da dispneia
Outros trabalhos com o mesmo conceito de intervenccedilatildeo constataram o
aumento da mobilidade toracoabdominal avaliados pela cirtometria associados
agrave melhora da capacidade funcional (Paulin et al 2005 Luularungrayub et al
2009) Mas os trabalhos de Noll et al (2008 e 2009) de intervenccedilatildeo crocircnica e
aguda respectivamente apoacutes o mesmo protocolo de tratamento muscular
16
demonstraram piora da mobilidade e da capacidade funcional Atualmente soacute
existe um estudo na literatura de Cunha et al (2005) que avaliaram a
atividade muscular respiratoacuteria com eletromiografia de superfiacutecie apoacutes a
intervenccedilatildeo nos pacientes com DPOC e apresentou melhoras nos paracircmetros
avaliados
Devido aos dados contraditoacuterios dos efeitos do alongamento dos
muacutesculos da caixa toraacutecica presente na literatura Heneghan et al (2012)
concluiacuteram em sua revisatildeo sistemaacutetica que atualmente natildeo existem evidecircncias
que suportem os benefiacutecios deste tipo de intervenccedilatildeo em pacientes com DPOC
Apesar da importacircncia que os estudos preacutevios representaram para a
comunidade cientiacutefica eles apresentaram limitaccedilotildees metodoloacutegicas
importantes pois poucos satildeo os estudos controlados e aleatorizados e tambeacutem
a aleatorizaccedilatildeo dos pacientes raramente satildeo descritas Outro ponto importante
a ser destacado eacute o fato de realizarem a intervenccedilatildeo com avaliaccedilatildeo aguda
estudos recentes demonstraram que muacutesculo se comporta diferente quando
comparado com a intervenccedilatildeo crocircnica Aleacutem disso os trabalhos utilizaram
ferramentas de avaliaccedilatildeo da mobilidade toracoabdominal de pouca acuraacutecia
como a cirtometria e atualmente com os avanccedilos tecnoloacutegicos existem
sistemas mais avanccedilados como o pletismoacutegrafo optoeletocircnico (POE) para a
avaliaccedilatildeo da mecacircnica ventilatoacuteria (Aliverti et al 2000)
17
18 Meacutetodos para a anaacutelise da mecacircnica ventilatoacuteria
A avaliaccedilatildeo dos padrotildees respiratoacuterios eacute importante para a melhor
compreensatildeo da mecacircnica respiratoacuteria visando o desenvolvimento e a melhor
compreensatildeo dos tratamentos fisioterapecircuticos aleacutem de contribuir para as
pesquisas cientiacuteficas (Parreira et al 2012) Existem alguns meacutetodos validados
que quantifica a mobilidade toracoabdominal como a pletismografia por
indutacircncia (Respitrace) eacute um aparelho composto por faixas elaacutesticas sensiacuteveis
agrave tensatildeo e compressatildeo posicionadas ao redor da caixa toraacutecia e abdominal
Elas satildeo conectadas a um moacutedulo oscilador e uma unidade de calibraccedilatildeo os
dados do movimento das faixas satildeo coletados e atraveacutes de um software
analisados em tempo real as variaacuteveis da mecacircnica ventilatoacuteria (Gosselink et
al 1995 Costa et al 2011 Fernandes et al 2011)
Para a avaliaccedilatildeo da expansibilidade os estudos ainda utilizam a
cirtometria que atraveacutes de uma fita meacutetrica mensura-se o diacircmetro da regiatildeo
axilar xifoide e abdominal durante a inspiraccedilatildeo e expiraccedilatildeo maacutexima Satildeo
quantificados a excursatildeo em centiacutemetros atualmente natildeo eacute considerado um
exame fidedigno devido agrave analise subjetiva dos paracircmetros avaliados (Rondelli
et al 2009)
Com o avanccedilo tecnoloacutegico foi desenvolvido o Pletismoacutegrafo
Optoeletrocircnico (POE) Seu funcionamento baseia-se na anaacutelise do movimento
detectado a partir de marcadores compostos por esferas reflexivas de 6 a 10
miliacutemetros (Dellacagraversquo et al 2010) posicionados na regiatildeo anterior e posterior da
superfiacutecie toracoabdominal (Romagnoli et al 2008 Bianchi et al 2007) O
18
deslocamento das esferas satildeo captadas atraveacutes de cacircmeras especiais que
possuem diodos axiais que emitem feixes luzes infravermelho que eacute refletido
por cada marcador Apoacutes o sinal ser processado satildeo identificados o
posicionamento das esferas na superfiacutecie a partir do cruzamento das
informaccedilotildees de cada cacircmera bidimensional os dados satildeo transformados em
coordenadas tridimensionais (Boudarham et al 2013)
O POE possui algumas vantagens dentre elas eacute um meacutetodo natildeo
invasivo natildeo necessita de clipe nasal maacutescaras ou qualquer similar de
calibraccedilatildeo simples e as avaliaccedilotildees podem ser realizadas em vaacuterias posturas
(Alliverti et al 2000) diferentes condiccedilotildees e em diversas disfunccedilotildees e
patologias (Vogiatzis et al 2005 Bianchi et al 2004) Este meacutetodo natildeo possui
diferenccedilas significativas nos dados quando comparados com outros meacutetodos
de diagnoacutestico da mecacircnica toracoabdominal (Aliverti 2008 Layton et al
2013) Eacute possiacutevel mensurar a cada ciclo respiratoacuterio variaacuteveis de volume e de
tempo dos trecircs compartimentos da parede toraacutecica e dos dois hemitoacuterax aleacutem
das variaacuteveis de assincronia toracoabdominal (Romagnoli et al 2008 Aliverti
et al 2010 Boudarham et al 2013) Por todas essas razotildees o POE tem
ganhado grande destaque nos uacuteltimos anos nas pesquisas sobre a mecacircnica
toracoabdominal mas por ser uma tecnologia recente ainda carece de mais
estudos
Os trabalhos que relacionaram os efeitos do alongamento dos muacutesculos
respiratoacuterios na DPOC ainda satildeo escassos de baixo rigor metodoloacutegico e ateacute
entatildeo nenhum existe nenhum trabalho foi avaliado pelo POE Os efeitos
19
destas teacutecnicas associadas ao exerciacutecio aeroacutebico e o seu impacto na mecacircnica
ventilatoacuteria permanecem desconhecidos Sendo assim parece relevante
verificar a influecircncia dos alongamentos associados ao exerciacutecio aeroacutebico na
mecacircnica ventilatoacuteria e na capacidade funcional dos pacientes com DPOC
19 Hipoacutetese
O alongamento dos muacutesculos respiratoacuterios potencializaria a capacidade
contraacutetil e a excursatildeo dos muacutesculos respiratoacuterios que resultaria na melhora da
mobilidade toracoabdominal e possivelmente no aumento da capacidade
ventilatoacuteria Com isso os pacientes com DPOC conseguiriam realizar a
atividade fiacutesica desencadeando menos dispneia
2 OBJETIVOS
21
21 Primaacuterio
Avaliar os efeitos do alongamento dos muacutesculos respiratoacuterios
associados ao treinamento aeroacutebico na mecacircnica ventilatoacuteria e na capacidade
funcional em indiviacuteduos portadores de DPOC com graus moderado e grave
durante o exerciacutecio comparado ao grupo controle (sham)
22 Secundaacuterio
Avaliar a atividade muscular eficiecircncia muscular e mobilidade abdominal
e observar se os dados obtidos possuem alguma relaccedilatildeo com as variaacuteveis
principais
3 CASUIacuteSTICA E METODOS
23
31 Aspectos eacuteticos
A pesquisa foi aprovada pelo Comitecirc de Eacutetica (Cappesq) do Hospital das
Cliacutenicas da Faculdade de Medicina da Universidade de Satildeo Paulo (HCFMUSP)
sob o no 129509 e todos os pacientes assinaram o Termo de Consentimento
Livre e Esclarecido concordando em participar da pesquisa O estudo foi
registrado no Clinical Trials (NCT02036762)
32 Casuiacutestica
Foram analisados 28 pacientes portadores de DPOC com grau de
obstruccedilatildeo moderada a grave em seguimento cliacutenico no ambulatoacuterio de
pneumologia do HCFMUSP O diagnoacutestico de DPOC foi estabelecido de
acordo com os criteacuterios recomendados pela American Toracic Society (ATS
2013)
321 Criteacuterios de inclusatildeo
Foram estudados pacientes portadores de DPOC que aceitaram
participar do estudo com autorizaccedilatildeo por escrito com grau de obstruccedilatildeo de
moderado (VEF1 ge 50 e lt 80 previsto) a grave (VEF1 ge 30 e lt 50
24
previsto) e VEF1CVF lt 070 diagnoacutesticado haacute no miacutenimo 6 meses com
estabilidade cliacutenica por pelo menos 1 mecircs em condiccedilatildeo cliacutenico medicamentosa
otimizada de acordo com os criteacuterios do GOLD (GOLD 2013) Os criteacuterios de
inclusatildeo foram (1) idade gt40 anos (2) clinicamente estaacuteveis (sem alteraccedilotildees
medicamentosas ou agravamento dos sintomas haacute pelo menos 4 semanas
antes do iniacutecio do estudo) (3) natildeo O2 dependente (4) ausecircncia de outras
pneumopatias e doenccedilas cardiovasculares associadas (5) ausecircncia de
cirurgias toraacutecicas (6) ausecircncia de deficiecircncias cognitivas fiacutesicas ou
comprometimento funcional que impossibilitasse a participaccedilatildeo no estudo (7)
IMC gt18 e lt30 Kgm2 (8) natildeo ter sido submetido a qualquer tipo de programa
de reabilitaccedilatildeo pulmonar nos uacuteltimos 6 meses
322 Criteacuterios de exclusatildeo
Os criteacuterios de exclusatildeo foram (1) descompensaccedilatildeo do quadro cliacutenico
(internaccedilatildeo com agravamentos dos sintomas e alteraccedilatildeo medicamentosa) e (2)
natildeo assiduidade ao tratamento (faltas superiores a 3 sessotildees) Durante todo o
estudo natildeo houve alteraccedilatildeo do tratamento medicamentoso do paciente
25
Figura 1 Desenho experimental
33 Delineamento experimental
Ensaio cliacutenico prospectivo aleatorizado controlado e de avaliador ldquocegordquo
Os pacientes participantes foram alocados em uma proporccedilatildeo de 11 nos
grupos tratamento (GT) ou controle (GC) (n=15 cada) A aleatorizaccedilatildeo foi feita
por sorteio dos pacientes em envelopes pardos e opacos
Todos os pacientes foram avaliados em 2 momentos distintos preacute (1ordf
avaliaccedilatildeo) e poacutes (2ordf avaliaccedilatildeo) programa de exerciacutecios aeroacutebicos associado ao
26
alongamento muscular A 1ordf avaliaccedilatildeo foi realizada em apenas um dia e foi
anterior agrave aleatorizaccedilatildeo A avaliccedilatildeo incluiu anaacutelise da mecacircnica ventilatoacuteria e
atividade muscular respiratoacuteria (pletismografia optoeletrocircnica e eletromiografia
de superfiacutecie) durante o exerciacutecio com carga capacidade funcional (teste da
caminhada de seis minutos) e da prova de funccedilatildeo pulmonar (espirometria) para
a caracterizaccedilatildeo amostral A 2ordf avaliaccedilatildeo foi realizada pelo avaliador ldquocegordquo em
ateacute 7 dias apoacutes o teacutermino do programa de tratamento e constou das mesmas
avaliaccedilotildees descritas anteriormente
Apoacutes a 1ordf avaliaccedilatildeo os pacientes foram divididos aleatoriamente em 2
grupos O grupo controle (GC) realizou o alongamento ativo da musculatura
perifeacuterica (sham) associado ao programa de treinamento aeroacutebico em esteira
ergomeacutetrica e o grupo tratado (GT) realizou o alongamento da musculatura
acessoacuteria respiratoacuteria associado ao programa de treinamento aeroacutebico em
esteira ergomeacutetrica Os protocolos de intervenccedilatildeo tiveram a duraccedilatildeo de 24
sessotildees (60 minsessatildeo 2x semana por 3 meses) O treinamento aeroacutebico foi
realizado apoacutes os 30 minutos de alongamento da musculatura perifeacuterica (sham)
ou respiratoacuteria (tratamento) e teve a duraccedilatildeo de 30 minutos em cada sessatildeo
34 Intervenccedilatildeo
341 Protocolo de alongamento do grupo tratado (GT)
O protocolo de tratamento foi composto por uma seacuterie de alongamentos
para cada musculatura respiratoacuteria escolhida Foram realizadas 24 sessotildees (2
27
sessotildees semanais num periacuteodo de 3 meses) Cada sessatildeo teve duraccedilatildeo de
aproximadamente 30 minutos
Os alongamentos foram realizados em diferentes decuacutebitos de acordo
com a musculatura alongada Foram selecionadas duas teacutecnicas de
alongamento a contraccedilatildeo-relaxamento para a maioria dos muacutesculos
selecionados e nas musculaturas que apresentavam limitaccedilotildees biomecacircnicas
para a realizaccedilatildeo da teacutecnica de contraccedilatildeo-relaxamento foi substituiacutedo pelo
alongamento passivo
Cada seacuterie da teacutecnica de contraccedilatildeo-relaxamento consistiu
primeiramente na realizaccedilatildeo da amplitude maacutexima articular sustentado por 10
segundos seguida de uma contraccedilatildeo isomeacutetrica maacutexima por 3 segundos com
retomada ao alongamento passivo por mais 3 segundos este processo foi
repetido por 9 seacuteries para cada muacutesculo e a cada 3 seacuteries foi intercalado com
1 minuto de descanso (Bonnar et al 2004) O alongamento passivo foi
sustentado por 60 segundos em cada muacutesculo por trecircs vezes com intervalo
miacutenimo de um minuto (Siatras et al 2008) O posicionamento adequado e a
teacutecnica de alongamento seraacute detalhado a seguir
Peitoral maior Paciente em decuacutebito dorsal o terapeuta posicionou-se
do lado homolateral do muacutesculo alongado primeiramente foi realizado a
abduccedilatildeo de 90o do ombro associado agrave extensatildeo horizontal e rotaccedilatildeo externa
maacutexima do ombro com flexatildeo de 90o do cotovelo O terapeuta apoiou uma matildeo
no cotovelo e a outra no esterno para a estabilizaccedilatildeo com a matildeo distal foi
realizado o alongamento maacuteximo em extensatildeo horizontal que iniciou a teacutecnica
28
de contraccedilatildeo-relaxamento com contraccedilatildeo no sentido da flexatildeo horizontal (Putt
et al 2008) (Figura 2)
Figura 2 Anatomia e teacutecnica de alongamento do peitoral maior
Escaleno Paciente em decuacutebito dorsal terapeuta posicionou-se acima
da cabeccedila do paciente e realizou a lateroflexatildeo cervical contralateral ao
muacutesculo alongado O terapeuta posicionou uma matildeo na regiatildeo occipital outra
estabilizou o ombro homolateral a lateroflexatildeo contralateral foi realizada ateacute
amplitude articular maacutexima do paciente que iniciou o alongamento de
contraccedilatildeo-relaxamento com contraccedilatildeo isomeacutetrica no sentido da lateroflexatildeo
homolateral (Cunha et al 2005) (Figura 3)
Figura 3 Anatomia e teacutecnica de alongamento do escaleno
29
Esternocleidomastoacuteideo Paciente em decuacutebito dorsal terapeuta se
posicionou acima da cabeccedila do paciente iniciou-se com a rotaccedilatildeo homolateral
ao muacutesculo alongado associado a uma extensatildeo da mesma O terapeuta
apoiou uma matildeo na regiatildeo temporal e a outra na regiatildeo esternal onde foi
realizado a depressatildeo e a estabilizaccedilatildeo distal muscular Apoacutes a amplitude
maacutexima articular do paciente que iniciou o alongamento de contraccedilatildeo-
relaxamento a contraccedilatildeo isomeacutetrica foi realizada no sentido da rotaccedilatildeo
contralateral e flexatildeo cervical durante a teacutecnica (Cunha et al 2005) (Figura 4)
Figura 4 Anatomia e a teacutecnica de alongamento do Esternocleidomastoideo
Trapeacutezio superior Paciente em decuacutebito dorsal terapeuta posicionou-se
acima da cabeccedila do paciente para realizar a rotaccedilatildeo e lateroflexatildeo contralateral
da cabeccedila associada a uma flexatildeo da mesma em conjunto com a depressatildeo do
ombro homolateral agrave musculatura alongada Apoacutes a amplitude articular maacutexima
iniciou-se o alongamento de contraccedilatildeo-relaxamento com contraccedilatildeo isomeacutetrica
em extensatildeo da cabeccedila (Heneghan et al 2012) (Figura 5)
30
Figura 5 Anatomia e a teacutecnica de alongamento do Trapeacutezio Superior
Peitoral menor Paciente em decuacutebito dorsal o terapeuta se posicionou
homolateralmente ao muacutesculo tratado uma matildeo no cotovelo onde foi realizada
a elevaccedilatildeo do ombro e outra na regiatildeo o gradil costal anterossuperior Elevou-
se o cotovelo ateacute o limite articular associada agrave depressatildeo das primeiras
costelas (3a 4a e 5a) a manobra foi mantida por 60 segundos e repetida trecircs
vezes intercaladas com um minuto de descanso (Putt et al 2008) (Figura 6)
Figura 6 Anatomia e a teacutecnica de alongamento do peitoral menor
31
Intercostais e serraacutetil anterior Paciente em decuacutebito lateral terapeuta
posicionou-se atraacutes do paciente uma matildeo no cotovelo e a outra no gradil
costal homolateral inferior O alongamento consistiu em realizar a depressatildeo
das costelas associada agrave abduccedilatildeo maacutexima do ombro foi mantido por 60
segundos e repetida trecircs vezes intercaladas com minuto de repouso (Izumizaki
et al 2008) (Figura 7)
Figura 7 Anatomia e a teacutecnica de alongamento do Serraacutetil Anterior e Intercostais
Abdominais Foi a uacutenica musculatura do grupo tratado que o paciente
realizou o alongamento ativo ele se posicionou em decuacutebito ventral o apoio foi
feito com as matildeos na maca extensatildeo bilateral dos cotovelos forccedilando a
extensatildeo do tronco associado agrave extensatildeo da cabeccedila ateacute a maacutexima amplitude
por 60 segundos foi repetida 3 vezes intercaladas com um minuto de descanso
(Rassier 2007) (Figura 8)
32
Figura 8 Anatomia e a teacutecnica de alongamento dos muacutesculos abdominais
342 Protocolo de exerciacutecios do grupo controle (GC)
O grupo controle (GC) realizou o alongamento ativo das musculaturas
das extremidades dos membros superiores e inferiores foram 2 exerciacutecios para
flexores e extensores do punho e 2 exerciacutecios para flexores e extensores do
tornozelo Foram realizadas 24 sessotildees consistidas por 2 sessotildees semanais
em um periacuteodo de 3 meses Cada sessatildeo teve duraccedilatildeo de aproximadamente
30 minutos (Siatras et al 2008)
Flexores do punho Os flexores satildeo compostos por 5 muacutesculos principais
flexores profundos dos dedos flexores superficiais dos dedos palmar longo
flexor radial carpo e flexor ulnar do carpo O paciente realizou a flexatildeo de 900
do ombro com o cotovelo extendido antebraccedilo supinado e extensatildeo do punho
com a matildeo espalmada A matildeo contralateral estabilizou a regiatildeo palmar do
membro superior alongado e foi efetuada a extensatildeo maacutexima do punho
sustentada por 60 segundos foram trecircs repeticcedilotildees intercaladas por um minuto
de descanso (Ylinen 2009) (Figura 9)
33
Figura 9 Teacutecnica de alongamento e anatomia dos flexores do punho
Extensores do punho Os extensores satildeo compostos por 4 muacutesculos
principais extensor dos dedos extensor ulnar do carpo extensor radial curto
do carpo extensor radial longo do carpo Primeiramente foi realizada a flexatildeo
de 900 do ombro com o cotovelo extendido antebraccedilo pronado e flexatildeo do
punho A matildeo contralateral estabilizou a regiatildeo dorsal da matildeo alongada em
flexatildeo maacutexima do punho por 60 segundos realizadas trecircs repeticcedilotildees
intercaladas por um minuto de descanso (Ylinen 2009) (Figura 10)
Figura 10 Teacutecnica de alongamento e anatomia dos extensores do punho
34
Dorsiflexores do tornozelo Os dorsiflexores do tornozelo satildeo compostos
por 3 muacutesculos principais tibial anterior extensor longo dos dedos extensor
longo do haacutelux Sentado com a perna cruzada a matildeo contralateral apoiou na
regiatildeo dorsal do peacute e a matildeo homolateral estabilizou o tornozelo O
alongamento consistiu em forccedilar a flexatildeo plantar maacutexima por 60 segundos
foram trecircs repeticcedilotildees intercaladas por um minuto de descanso (Ylinen 2009)
(Figura 12)
Figura11 Teacutecnica de alongamento e anatomia dos extensores do tornozelo
Flexores plantares do tornozelo Os flexores plantares do tornozelo satildeo
compostos por 7 muacutesculos principais gastrocnecircmio soacuteleo flexor longo dos
dedos flexor longo do haacutelux tibial posterior fibular longo e curto O paciente
em peacute apoiou as matildeos bilateralmente na parede com a perna contralateral agrave
frente e a homolateral em extensatildeo de quadril joelho e dorsiflexatildeo maacutexima do
35
tornozelo mantida por 60 segundos foram realizadas trecircs repeticcedilotildees
intercaladas por um minuto de descanso (Ylinen 2009) (Figura 11)
Figura 12 Muacutesculos dos flexores do tornozelo e o posicionamento do alongamento
343 Protocolo dos exerciacutecios aeroacutebicos
Todos os pacientes realizaram o exerciacutecio aeroacutebico na esteira
ergomeacutetrica por 30 minutos a intensidade inicial da primeira semana foi
ajustada para 60 da velocidade meacutedia obtida no teste de caminhada dos 6
minutos (TC6) Nas semanas subsequentes a velocidade foi gradativamente
aumentada ateacute atingir 85 da velocidade meacutedia no TC6 os pacientes
realizaram durante 5 minutos o aquecimento e o desaquecimento com
intensidade de 40 a 60 da velocidade do teste (Putt et al 2008 Figueiredo e
Guimaratildees et al 2008 Zainuldin et al 2007) O incremento da intensidade foi
baseado nos sinais vitais frequecircncia cardiacuteaca (FC) saturaccedilatildeo perifeacuterica de O2
36
(SpO2 entre 90 a 94) percepccedilatildeo da dispneia pela escala modificada de Borg
(entre 4-7 pontos) todos estes paracircmetros foram analisados a cada 4 minutos
durante o treinamento aeroacutebico ou seja com a estabilidade dos sinais vitais a
velocidade foi progressivamente recalculada e em alguns casos passaram dos
100 da velocidade meacutedia obtida no TC6 A pressatildeo arterial (PA) foi aferida
preacute e poacutes os exerciacutecios (Godoy et al 2005 Figueiredo e Guimaratildees 2009)
35 Avaliaccedilotildees
351 Caracterizaccedilatildeo Amostral
Os dados antropomeacutetricos foram coletados apoacutes a inclusatildeo dos
pacientes ao estudo idade altura peso iacutendice de massa corpoacuterea (IMC)
VEF1 VEF1CVF TC6 e iacutendice de prognoacutestico e mortalidade de Bode
352 Prova de funccedilatildeo pulmonar simples
A espirometria (Spirobank Medical International Research Roma Itaacutelia)
foi feita em todos os pacientes de acordo com os criteacuterios de reprodutibilidade e
aceitabilidade adotados pela American Thoracic Society e European
Respiratory Society (2005) Os valores preditos de normalidade jaacute haviam sido
previamente descritos (Pereira et al 2007) Foram aferidos o volume
expiratoacuterio no primeiro segundo (VEF1) e a sua relaccedilatildeo com a Capacidade vital
forccedilada (VEF1CVF) e aceitos trecircs testes com variaccedilatildeo inferior a 5 e foi
37
considerado o teste com maior valor Com esse teste foi determinado a
gravidade da obstruccedilatildeo pulmonar considerando o VEF1 como paracircmetro para
caracterizaccedilatildeo da amostra
353 Padratildeo respiratoacuterio mobilidade e sincronia toracoabdominal
A pletismografia optoeletrocircnica (POE System Milatildeo Itaacutelia) eacute um sistema
indireto e natildeo invasivo para a avaliaccedilatildeo da mecacircnica ventilatoacuteria mobilidade e
sincronia capaz de dividir em 3 compartimentos toacuterax superior inferior e
abdominal (Alvierti et al 2000) O sistema optoeletrocircnico evoluiu a partir do
desenvolvimento tecnoloacutegico do processamento de imagens que possibilitaram
a anaacutelise de muacuteltiplos pontos posicionados na superfiacutecie corporal Para o
desenvolvimento do POE foi necessaacuterio criar um sistema de anaacutelise
tridimensional do movimento chamado de ELITE (Elaborate di immagini
televisive) Inicialmente utilizaram 32 marcadores a fim de abranger maior
aacuterea da parede toraacutecica e posteriormente 86 marcadores (Cala et al 1996)
Gorini et al (1999) e Ferrigno et al (1994) encontraram uma medida mais
precisa dos paracircmetros ventilatoacuterios utilizando 89 marcadores que delimitaram
a superfiacutecie anatocircmica em trecircs compartimentos superior inferior e abdominal
utilizadas ateacute o presente momento
O funcionamento do POE baseia-se na anaacutelise automaacutetica do movimento
detectado a partir de marcadores compostos por esferas reflexivas de 6 a 10
miliacutemetros (Dellacagraversquo et al 2010) As 89 esferas estatildeo dispostas da seguinte
forma sete linhas horizontais cinco verticais duas meacutedio-axilares e sete
38
marcadores extras dispostas em toda entre a claviacutecula e a espinha iliacuteaca
anterossuperior e posteriormente ateacute a regiatildeo dos flancos laterais totalizando
37 marcadores anteriores 42 posteriores e dez laterais (Romagnoli et al 2008
Bianchi et al 2007) (Figuras 13 e 14)
Figura13 Imagem tridimensional gerada pelo OEP
Figura14 Disposiccedilatildeo das 89 esferas reflexivas
39
As cacircmeras especiais CCD (Charge Coupled Device) possuem diodos
axiais que emitem feixes luzes infravermelho que satildeo refletidas pelos
marcadores e assim pocircde ser captado pelas cacircmeras em tempo real (120Hz)
Este sinal foi processado atraveacutes das 8 cacircmeras presente na sala de avaliaccedilatildeo
e identificam o posicionamento de cada ponto da superfiacutecie toracoabdominal A
reconstruccedilatildeo da cinemaacutetica toracoabdominal foi feita pelo software SMART
que executou algoritmos em tempo real e computou as coordenadas
tridimensionais dos marcadores refletivos durante as coletas com POE (Binazzi
et al 2008 Aliverti 2010)
O sistema aplicou um modelo geomeacutetrico baseado na posiccedilatildeo dos
marcadores para descrever a superfiacutecie toracoabdominal e seus
compartimentos durante a coleta Apoacutes a reconstruccedilatildeo do modelo os dados
foram exportados como arquivos numeacutericos gerando colunas de dados
representando os sinais por amostras tempo posiccedilatildeo dos marcadores e
volume facilitando a avaliaccedilatildeo dos sinais e aplicaccedilatildeo dos meacutetodos de
estimativa (Parreira et al 2012 Aliverti 2010)
40
Figura15 Laboratoacuterio do POE com a disposiccedilatildeo das cacircmeras e da bicicleta
Figura16 Captaccedilatildeo e anaacutelise dos dados do volume toracoabdominal
41
3531 Avaliaccedilatildeo do POE durante o exerciacutecio
Os sujeitos da pesquisa foram previamente orientados sobre os
procedimentos Inicialmente eles foram colocados sobre a bicicleta ergomeacutetrica
(Ergometrics 800 Sensormedics) e os 89 marcadores foram posicionados
sobre a superfiacutecie toracoabdominal (anterior e posterior) A foacutermula para o
caacutelculo da carga maacutexima foi descrita por Jones e colaboradores (1985) Wmax =
204 (altura) ndash 874 (idade) ndash 288 (gecircnero) ndash 1909 [28] foi utilizada 25 da
carga maacutexima o valor de gecircnero na foacutermula corresponde a 1 para mulheres e
0 para homens (Figura 17)
Durante a coleta o paciente foi orientado a manter 60 rotaccedilotildees por minuto
(RPM) (Vogiatzis et al 2005) Apoacutes 30 segundos de descanso foi realizada a
1ordm medida do POE em repouso (6 ciclos respiratoacuterios completos) depois o
paciente realizou o exerciacutecio sem carga por 3 minutos e posteriormente foi
realizada a 2ordm medida do POE (6 ciclos respiratoacuterios completos) Apoacutes este
periacuteodo iniciou-se o exerciacutecio com carga que foi incrementado de forma
proporcional durante 2 minutos ateacute atingir a carga programada e no final foi
realizada novamente a 3ordm medida do POE (6 ciclos respiratoacuterios completos) O
processo finalizou-se com um periacuteodo de recuperaccedilatildeo de 2 minutos com
exerciacutecio sem carga para o retorno dos sinais vitais (Figura 18)
Foram avaliados o volume corrente da caixa toraacutecica pulmonar (CT)
volume corrente do toacuterax superior (TS) volume corrente do toacuterax inferior (TI)
volume corrente abdominal (ABD) de tempo ventilaccedilatildeominuto (VE) fluxo
inspiratoacuterio (FI) e Fluxo expiratoacuterio (FE) participaccedilatildeo em porcentagem () dos
42
compartimentos do toacuterax superior (TS) toacuterax inferior (TI) e abdome
(ABD) (Romagnoli et al 2008 Aliverti et al 2008 Boudarham et al 2013)
A mobilidade do compartimento abdominal foi calculada pela relaccedilatildeo CTABD
no exerciacutecio com carga (Gosselink et al 1995) a reduccedilatildeo dos valores desta
relaccedilatildeo reflete a melhora da mobilidade abdominal (Yamaguti et al 2012)
Figura17 Paciente Realizando a avaliaccedilatildeo com carga no cicloergocircmetro no POE
Figura 18 Desenho experimental da avaliaccedilatildeo do OEP
43
354 Atividade muscular respiratoacuteria
A atividade dos muacutesculos respiratoacuterios foi avaliada atraveacutes da aquisiccedilatildeo
do sinal eletromiograacutefico de superfiacutecie (System BTSreg Milatildeo Itaacutelia)
simultaneamente agrave avaliaccedilatildeo da mecacircnica toracoabdominal pelo POE Foram
utilizados eletrodos circulares descartaacuteveis de AgAgCl com 10mm de diacircmetro
e um adesivo condutivo hidrogel colocados de forma a manter a distacircncia
intereletrodo de 20mm No local da fixaccedilatildeo dos eletrodos foram realizados
tricotomia quando necessaacuterio e fricccedilatildeo de gaze embebida em aacutelcool (70)
para remoccedilatildeo da gordura presente na superfiacutecie de contato com o objetivo de
diminuir a impedacircncia da pele (Dworak et al 2011)
Os eletrodos foram fixados no ventre muscular afastados do ponto
motor de forma paralela agrave da direccedilatildeo das fibras musculares de acordo com o
European concerted action - surface EMG for an non-invasive assesment of
muscles (Hermens et al 2000) O eletrodo para a avaliaccedilatildeo do muacutesculo
esternocleidomastoideo foi posicionado no ventre muscular a 5 cm do processo
mastoideo (Kallenberg et al 2009) do muacutesculo intercostal superior foi
posicionado no 2deg espaccedilo intercostal e para o inferior entre o 7deg e o 8deg espaccedilo
intercostal e no reto abdominal foi inserido a 2 cm da cicatriz umbilical
(Maarsingh et al 2000)
Para o caacutelculo da eficiecircncia ventilatoacuteria os dados da atividade muscular
de todos os muacutesculos avaliados foram somados e divididos pelo volume
corrente (EMGVt) Essa equaccedilatildeo foi descrita primeiramente no trabalho de
44
Lunardi et al (2013) que avaliou a mecacircnica toracoabdominal na populaccedilatildeo
idosa Essa relaccedilatildeo permitiu observar a quantidade de volume deslocado pelo
niacutevel de estiacutemulo da atividade muscular
Figura19 Eletromioacutegrafo da BTS Engeneering
355 Capacidade Funcional
A capacidade funcional foi avaliada pelo teste de caminhada de 6 minutos
(TC6) A avaliaccedilatildeo foi realizada em um corredor de 30 metros com pouco
traacutefego e cada paciente realizou 2 testes respeitando o intervalo de uma hora
entre eles (Dourado et al 2011) Durante os testes o paciente foi orientado a
caminhar o mais raacutepido possiacutevel durante 6 minutos e caso apresentasse
dispneia limitante ou qualquer outro desconforto incapacitante ele podia
interromper o teste ateacute recuperar as condiccedilotildees para continuaacute-lo A cada minuto
45
os pacientes foram encorajados com frases de incentivo padronizadas de modo
que o mesmo percorresse a maior distacircncia possiacutevel durante todo o teste (ATS
2002 Louvaris et al 2013) O desempenho do paciente foi avaliado pela maior
distacircncia percorrida em um dos testes e foi monitorado tanto preacute quanto poacutes
exerciacutecio a frequumlecircncia cardiacuteaca (FC) e respiratoacuteria (FR) a saturaccedilatildeo de
oxigecircnio (SpO2) sensaccedilatildeo de esforccedilo por meio da escala modificada de Borg
(Borg 1982) e pressatildeo arterial (PA)
36 Anaacutelise Estatiacutestica
Para a mecacircnica ventilatoacuteria foi utilizado para o caacutelculo amostral os
resultados observados no estudo de Yamaguti et al (2012) onde a diferenccedila
das meacutedias da CTABD foi de 20 durante a respiraccedilatildeo natural no GT com a
diferenccedila do desvio padratildeo de 4 valor de plt005 e poder de 08 foi
estabelecido uma amostra de 3 pacientes por grupo
O caacutelculo amostral para os paracircmetros da atividade muscular foi
utilizado os resultados observados no estudo de Cunha et al (2005) onde a
diferenccedila das meacutedias no GT foi de 9 10-3mV com a diferenccedila do desvio padratildeo
de 6 10-3mV para o poder de 80 e um valor de alpha de 5 sendo
estabelecido uma amostra de 9 indiviacuteduos por grupo
Para os paracircmetros funcionais o caacutelculo amostral foi baseado no TC6
onde se esperava uma diferenccedila das meacutedias de 263m e a diferenccedila do desvio
padratildeo de 23 m de aumento apoacutes a intervenccedilatildeo (Yamaguti et al 2012) para o
46
poder de 80 e um valor de alpha de 5 sendo encontrado um tamanho de
amostra de 14 indiviacuteduos por grupo
A anaacutelise foi realizada utilizando o programa Sigma Stat versatildeo 32 Foi
utilizado o teste de Kolmogorov-Smirnov para verificar a normalidade dos
dados sendo estes apresentados como meacutedia plusmn desvio padratildeo Para
comparaccedilatildeo dos dados de caracterizaccedilatildeo dos grupos GT e GC foi realizado
utilizando o teste t de Student para dados com distribuiccedilatildeo normal e teste de
Mann-Withney para dados natildeo-parameacutetricos
A anaacutelise do efeito do tratamento nos dois grupos tambeacutem foi realizado
pelo teste t e pelo Mann-Withney para dados natildeo-parameacutetricos no delta das
diferenccedilas (Δ=poacutes-preacute)
A sensaccedilatildeo de dispneia (BORG modificado) foi analisada com o teste de
anaacutelise de variacircncia (ANOVA) seguida do pos hoc de Holm Sidak Para o TC6
foi observado a miacutenima diferenccedila clinicamente significante Proposto por
Holland et al 2013 (251m) O niacutevel de significacircncia foi ajustado para 5
(plt005) para todos os testes
4 RESULTADOS
48
Quinhentos e noventa e quatro pacientes foram avaliados para
elegibilidade 564 natildeo preencheram os criteacuterios de inclusatildeo sendo que os
motivos mais comuns foram oxigecircnio-dependente (n=160) sem
disponibilidade para participar (n=105) cardiopatias (n=80) e doenccedilas
musculoesqueleacuteticas associadas (n=43) (Figura 20) Trinta pacientes foram
incluiacutedos e aleatorizados 2 foram excluiacutedos apoacutes o iniacutecio do protocolo sendo 1
no grupo tratado (crise de caacutelculo renal) e 1 no grupo controle (agudizaccedilatildeo da
doenccedila de Chron) 14 sujeitos terminaram o estudo no GT e 14 no GC (Figura
20) Natildeo foram observadas diferenccedilas entre os grupos com relaccedilatildeo aos dados
antropomeacutetricos de funccedilatildeo pulmonar e capacidade funcional antes da
intervenccedilatildeo (Tabela 1)
49
Figura 20 Fluxograma do estudo
50
Tabela 1 Caracterizaccedilatildeo amostral basal dos pacientes do estudo
Caracterizaccedilatildeo Grupo Controle Grupo Tratado P
Dados Antropomeacutetricos
Genero (MF) 57 86 097
Idade (anos) 64plusmn56 61plusmn54 030
Altura (m) 165plusmn007 165plusmn008 096
IMC (Kgm2) 259plusmn29 257plusmn38 091
Funccedilatildeo Pulmonar
VEF1 ( pred) 426plusmn95 459plusmn155 056
VEF1CVF 049plusmn009 056plusmn013 017
Capacidade Funcional
TC6 (m) 439plusmn103 473plusmn68 032
BODE (IIIIIIIV)(n) 3531 6620 058
Legenda Os dados estatildeo apresentados em meacutedia desvio padratildeo exceto o BODE que estatildeo expressos
pelo nuacutemero de pacientes MF=masculinofeminino Kgm2=quilogramasmetro
2 VEF1=Volume expiratoacuterio
forccedilado no primeiro segundo VEF1CVF=Relaccedilatildeo do Volume expiratoacuterio forccedilado no primeiro segundo e capacidade vital IMC=Iacutendice de massa corpoacuterea TC6=teste de caminhada dos 6 minutos BODE=Iacutendice de prognoacutestico e mortalidade para DPOC
41 Cinemaacutetica toracoabdominal
Durante o exerciacutecio com carga os pacientes do grupo controle (GC) natildeo
apresentaram variaccedilatildeo da mecacircnica toracoabdominal apoacutes a intervenccedilatildeo os
pacientes do grupo tratado (GT) apresentaram um aumento meacutedio de 230 ml
no volume total da caixa toraacutecica total (CT) (equivalente ao volume corrente)
quando comparado ao GC (respectivamente 140plusmn170mL vs-86plusmn240mL
plt001) Este aumento ocorreu principalmente pelo ganho do volume do
compartimento abdominal (ABD) (respectivamente 140120mL vs -
108210ml plt001) (Figura 21) e natildeo foi observada uma diferenccedila significativa
nos compartimentos toraacutecicos superior (TS) e inferior (TI) (Figura 21 pgt005)
51
O GT tambeacutem apresentou um aumento da ventilaccedilatildeo minuto (VE)
(24plusmn36L vs -18plusmn41L plt0001) (Figura 22) e do fluxo expiratoacuterio
(FE)(80plusmn100mL vs -30plusmn100mL plt001) (Figura23) quando comparado com o
GC acreditamos que aleacutem do volume da caixa toraacutecica o aumento do fluxo
expiratoacuterio tambeacutem esteve relacionado com o aumento da mobilidade do
compartimento abdominal Este por sua vez foi calculado pela relaccedilatildeo da
contribuiccedilatildeo CTABD onde apresentou melhora somente no GT quando
comparado ao GC (-019plusmn041 vs 010plusmn028 plt001 respectivamente)
(Figura 24)
Figura 21 Efeitos do alongamento muscular respiratoacuterio na mecacircnica ventilatoacuteria durante o exerciacutecio Os dados foram apresentados em meacutedia e desvio padratildeo representado pela diferenccedila (Δ) = poacutes- - preacute-intervenccedilatildeo Houve um aumento estatisticamente significante do volume da CT e do ABD no GT O exerciacutecio foi realizado com 25 da carga maacutexima predito na equaccedilatildeo de Jones
25 GC= Grupo Controle GT= Grupo Tratado CT= Caixa totaacutecica total TS=
Toacuterax superior TI= Toacuterax inferior ABD= Abdomen = p lt 005 GC vs GT (teste t natildeo pareado)
52
Figura 22 Efeitos do alongamento muscular respiratoacuterio no volume minuto (VE) durante o exerciacutecio Os dados foram apresentados em meacutedia e desvio padratildeo representado pela diferenccedila (Δ) = poacutes- - preacute-intervenccedilatildeo Ambas apresentaram diferenccedilas houve um aumento estatisticamente significante de 4L no volume minuto (VE) no GT em relaccedilatildeo do GC O exerciacutecio foi realizado com 25 da carga maacutexima predito na equaccedilatildeo de Jones
25 GC= Grupo
Controle GT= Grupo Tratado = p lt 005 GC vs GT (teste t natildeo pareado)
53
Figura 23 Efeitos do alongamento muscular respiratoacuterio no fluxo expiratoacuterio (FE) durante o exerciacutecio Os dados foram apresentados em meacutedia e desvio padratildeo representado pela diferenccedila (Δ) = poacutes- - preacute-intervenccedilatildeo Ambas apresentaram diferenccedilas houve um aumento estatisticamente significante de 100mL no fluxo expiratoacuterio (FE) no GT em relaccedilatildeo do GC O exerciacutecio foi realizado com 25 da carga maacutexima predito na equaccedilatildeo de Jones
25 GC= Grupo
Controle GT= Grupo Tratado = p lt 005 GC vs GT (teste t natildeo pareado)
54
Figura 24 Efeitos do alongamento muscular respiratoacuterio na relaccedilatildeo da contribuiccedilatildeo da caixa toraacutecica e abdocircmen (CTABD) durante o exerciacutecio Os dados foram apresentados em meacutedia e desvio padratildeo representado pela diferenccedila (Δ) = poacutes- - preacute-intervenccedilatildeo O exerciacutecio foi realizado com 25 da carga maacutexima predito na equaccedilatildeo de Jones
25 Foi observado a reduccedilatildeo
estatisticamente significante da relaccedilatildeo CTAB no GT que representa o aumento da mobilidade do compartimento abdominal GC= Grupo Controle GT= Grupo Tratado CT= Participaccedilatildeo da caixa toraacutecica ABD= Participaccedilatildeo abdominal = p lt 005 GC vs GT (teste t natildeo pareado)
42 Atividade muscular
Os dados da atividade muscular dos muacutesculos esternocleidomastoideo
intercostal superior intercostal inferior e abdome foram mensurados e foi
possiacutevel observar uma reduccedilatildeo da atividade muscular no exerciacutecio apoacutes o
protocolo de alongamento no GT quando comparado ao GC dos muacutesculos
esternocleidomastoideo (-57plusmn217 vs 185-plusmn443mV plt003 respectivamente)
e intercostais superiores (-1466plusmn441 vs 46plusmn115mV plt001
respectivamente) (Figura 25)
55
Todos os dados da atividade muscular foram somados e divididos pelo
volume corrente total com o intuito de demonstrar a quantidade de atividade
muscular por volume deslocado Foi verificado uma reduccedilatildeo da razatildeo EMGVt
no exerciacutecio com carga no GT quando comparado com o GC (respectivamente
[-138 (-519- -536 mVL) vs 10 (-741- 372 mVL) plt0006] (Figura 26)
Figura 25 Efeitos do alongamento muscular respiratoacuterio na atividade muscular Os dados foram apresentados em meacutedia e desvio padratildeo representado pela diferenccedila (Δ) = poacutes- - preacute-intervenccedilatildeo Foi constatada uma diminuiccedilatildeo estatisticamente significante da atividade dos muacutesculos esternocleidomastoideo e intercostal superior no GT O exerciacutecio foi realizado com 25 da carga maacutexima predito na equaccedilatildeo de Jones
25 GC= Grupo Controle GT= Grupo
Tratado = p lt 005 GC vs GT (teste t natildeo pareado)
56
Figura 26 Efeitos do alongamento muscular respiratoacuterio na relaccedilatildeo entre a atividade muscular e o volume corrente (EMGVt) Os dados foram apresentados em meacutedia e desvio padratildeo representado pela diferenccedila (Δ) = poacutes- - preacute-intervenccedilatildeo Observou-se uma diminuiccedilatildeo estatisticamente significante da EMGVt no GT O exerciacutecio foi realizado com 25 da carga maacutexima predito na equaccedilatildeo de Jones
25 GC= Grupo Controle GT= Grupo Tratado = p lt 005
GC vs GT (teste t natildeo pareado)
43 Capacidade funcional e Dispneia
Para os paracircmetros de Borg (Figura 27) foi aferido em 4 momentos preacute e poacutes
TC6 e preacute e poacutes intervenccedilatildeo Os dados basais natildeo apresentaram diferenccedilas
entre o GT e o GC (respectivamente 175plusmn21 vs 12plusmn17 pgt02) Apoacutes a
intervenccedilatildeo houve uma diminuiccedilatildeo significativa da sensaccedilatildeo de dispneia em
ambos os grupos poacutes-TC6 quando comparado aos seus dados iniciais GT
(43plusmn18 vs 15plusmn09 plt0001) e no GC (42plusmn15 vs 28plusmn17 plt0001) Na
comparaccedilatildeo entre os grupos o GT apresentou uma melhora da sensaccedilatildeo de
dispneia quando comparado com o GC tanto preacute-exerciacutecio (respectivamente
57
02plusmn05 vs 06plusmn08 plt0001) quanto poacutes-exerciacutecio (respectivamente 15plusmn09
vs 28plusmn17 plt0001) Aleacutem disso somente no GT houve uma diminuiccedilatildeo
significativa do Borg na comparaccedilatildeo intragrupo preacute-TC6 antes e depois do
tratamento (18plusmn08 vs 02plusmn06 plt0001) Com a diminuiccedilatildeo da sensaccedilatildeo de
dispneia foi possiacutevel verificar que os pacientes do GT apresentaram melhora
clinicamente significante no TC6 meacutedio quando comparado com o GC
(respectivamente 2514m vs 65m Figura 28) valores propostos por Holland
et al (2013)
Figura 27Efeitos do alongamento muscular respiratoacuterio na escala de BORG Os dados foram apresentados Os dados foram apresentados em meacutedia e desvio padratildeo representado pela diferenccedila (Δ) = poacutes- - preacute-intervenccedilatildeo Apoacutes o tratamento ambos apresentaram diminuiccedilatildeo da dispneia mas somente no GT houve uma diminuiccedilatildeo na comparaccedilatildeo com o GC e com seus dados iniciais no preacute TC6 O exerciacutecio foi realizado com 25 da carga maacutexima predito na equaccedilatildeo de Jones
25 GC= Grupo Controle GT= Grupo Tratado BORG= Escala de dispneia
TC6= Teste de caminhada dos 6 minutos = p lt 005 preacute vs poacutes intervenccedilatildeo +=plt005 GC vs GC) (teste t natildeo pareado)
58
Figura 28 Os dados apresentados em (Δ) representam (poacutes intervenccedilatildeo ndash preacute intervenccedilatildeo) No teste de caminhada dos 6 minutos (TC6) foi observada uma diferenccedila clinicamente significante do TC6 no GT que obteve um aumento meacutedio de 2514m e o GC de 65m O exerciacutecio foi realizado com 25 da carga maacutexima predito na equaccedilatildeo de Jones
25 GC= Grupo
Controle GT= Grupo Tratado TC6= Teste de caminhada dos 6 minutos ( =diferenccedila clinicamente significante)
Holland et al 2013 (25m)
5 DISCUSSAtildeO
60
Neste estudo foi demonstrado pela primeira vez que os alongamentos
dos muacutesculos respiratoacuterios melhoraram a mecacircnica e a capacidade ventilatoacuteria
decorrente principalmente pelo aumento do volume e da mobilidade do
compartimento abdominal (CTABD) A melhora da mobilidade toracoabdominal
possivelmente esteve relacionada com o aumento da sua viscoelasticidade
observada pela diminuiccedilatildeo da atividade muscular apoacutes o tratamento Aleacutem
disso houve um aumento da eficiecircncia contraacutetil dos muacutesculos respiratoacuterios
constatado pela reduccedilatildeo da relaccedilatildeo EMGVt ou seja a musculatura necessitou
de menos atividade para deslocar o mesmo volume respiratoacuterio Acreditamos
que por causa da melhora de todos os fatores descritos anteriormente houve
uma diminuiccedilatildeo da sensaccedilatildeo de dispneia que possibilitou o aumento da
capacidade ao exerciacutecio submaacuteximo
51 Cinemaacutetica toracoabdominal
O trabalho acrescentou novas evidecircncias na literatura cientiacutefica pois foi
o primeiro a demonstrar atraveacutes do pletismoacutegrafo optoeletrocircnico que apoacutes o
tratamento com teacutecnicas de alongamento dos muacutesculos respiratoacuterios houve
aumento significativo do volume da caixa toraacutecica total abdominal e da
capacidade ventilatoacuteria durante o exerciacutecio com carga Vale ressaltar que o
aumento da mobilidade do compartimento abdominal tambeacutem foi constatado
Para reforccedilar ainda mais a importacircncia dos nossos achados no grupo
controle natildeo obtiveram nenhuma alteraccedilatildeo volumeacutetrica da caixa toraacutecica estes
61
dados vatildeo de encontro aos dois estudos preacutevios nos quais foram avaliados os
efeitos da reabilitaccedilatildeo pulmonar na cinemaacutetica toracoabdominal em pacientes
com DPOC avaliados pelo POE (Georgiadou et al 2007 Gagliardi et al
2014) Inclusive Gagliardi et al (2014) mesmo apoacutes a intervenccedilatildeo de 24
semanas encontrou uma diminuiccedilatildeo do volume abdominal apoacutes o tratamento
Apenas dois trabalhos natildeo controlados de Yamada et al (1996) e
Luularungrayub et al (2009) avaliados pelo pletismoacutegrafo por indutacircncia e
cirtometria respectivamente associados agrave espirometria hipotetizaram que a
melhora no fluxo expiratoacuterio e do volume expiratoacuterio respectivamente
poderiam ter uma relaccedilatildeo com a melhora da funccedilatildeo do compartimento
abdominal dados estes que tambeacutem apresentamos no nosso estudo Segundo
Georgiadou et al (2007) e Aliverti et al (2010) o compartimento abdominal eacute o
maior responsaacutevel pelas variaccedilotildees da distacircncia axial xifoacuteidea sugerindo uma
relaccedilatildeo com a mobilidade diafragmaacutetica e o aumento do volume pulmonar total
essa hipoacutetese pocircde ser elucidada em nossos resultados com a diminuiccedilatildeo dos
valores de CTABD Portanto estes achados servem para destacar que o
protocolo de alongamento realizados neste estudo desencadeou a melhora da
mecacircnica contraacutetil dos muacutesculos respiratoacuterios que provavelmente tiveram uma
atuaccedilatildeo na melhora da funccedilatildeo diafragmaacutetica relaccedilatildeo esta jaacute descrita por
Iwasawa et al (2002) e Man et al (2012)
O aumento do volume corrente total apoacutes o alongamento muscular da
caixa toraacutecica jaacute havia sido constatado anteriormente pelos estudos natildeo
controlados de Yamada et al (1996) e Minoguchi et al (2002) que realizaram a
intervenccedilatildeo por 4 semanas em 12 e 13 pacientes respectivamente e avaliados
62
pela espirometria Em contrapartida os estudos de intervenccedilatildeo aguda natildeo
controlada de Izumizaki et al (2006) e controlada de Noll et al (2009) com 10 e
25 pacientes respectivamente obtiveram a piora do volume corrente tambeacutem
avaliados pela espirometria Baseados nos estudos de Mchugh et al (2008)
estes efeitos contraditoacuterios ocorreram principalmente pelo tipo de intervenccedilatildeo
Agudamente o alongamento promove o estiramento abrupto dos fusos
neuromusculares que desencadearam o potencial sensitivo medular e
consequentemente um aumento da atividade eferente neuromuscular gerando
a contraccedilatildeo das fibras extra-fusais por essa razatildeo provavelmente houve a
diminuiccedilatildeo da mobilidade muacutesculo-esqueleacutetica da caixa toraacutecica e diminuiccedilatildeo
dos valores volumeacutetricos (Mukherjee et al 2010) A intervenccedilatildeo crocircnica por
sua vez promove o aumento da viscoelasticidade muscular e causou a
acomodaccedilatildeo do limiar excitatoacuterio do fuso neuromuscular que diminui o
estiacutemulo de contraccedilatildeo das fibras extra-fusais permitindo a melhora da
mobilidade toracoabdominal (Mchugh et al 2010)
No presente estudo foi realizada a intervenccedilatildeo crocircnica portanto
justificaria a razatildeo dos nossos dados apresentarem resultados tatildeo diferentes
quanto a maioria dos estudos anteriores de intervenccedilatildeo aguda Mas
precisamos considerar tambeacutem as limitaccedilotildees metodoloacutegicas comumente
observadas na literatura Fato este observado nos trabalhos de Putt et al
(2008) e Luularungrayub et al (2009) que mesmo sendo de intervenccedilatildeo
aguda apresentaram um aumento do volume corrente avaliados pela
espirometria mas ambos apresentaram grandes restriccedilotildees metodoloacutegicas pois
63
realizaram o tratamento somente em um muacutesculo respiratoacuterio (peitoral maior) e
o outro foi um estudo de caso respectivamente
Hipotetizamos que nos nossos resultados sugeriram que a intervenccedilatildeo
crocircnica muscular respiratoacuteria promoveu a melhora da mobilidade do sistema
musculo-esqueleacutetico toracoabdominal com o aumento principal do volume e da
mobilidade do compartimento abdominal acreditamos que foi o responsaacutevel
pela melhora do volume pulmonar total Com a elevaccedilatildeo dos volumes
sugerimos que foram os responsaacuteveis pela melhora da capacidade ventilatoacuteria
(volume-minuto) dado este ineacutedito na literatura para este tipo de protocolo de
tratamento
52 Atividade muscular
Constatamos uma reduccedilatildeo da atividade muscular durante o exerciacutecio
com carga no grupo que realizou o alongamento dos muacutesculos respiratoacuterios
principalmente do esternocleidomastoideo e do intercostal superior A partir
destes dados foi possiacutevel calcular a relaccedilatildeo com o volume corrente onde a
reduccedilatildeo dos valores significa a melhora da efetividade contraacutetil (EMGVt)
descrito primeiramente no trabalho de Lunardi et al (2013) Este dado
representa a melhora do deslocamento volumeacutetrico pela atividade muscular
sendo assim o muacutesculo necessita do mesmo estiacutemulo motor para deslocar
mais volume de ar
64
Na literatura encontramos somente um estudo natildeo-controlado de Cunha
et al (2005) que realizou a avaliaccedilatildeo em 8 pacientes com DPOC com o
eletromioacutegrafo de superfiacutecie apoacutes um programa de alongamento muscular
respiratoacuterio Nossos dados corroboram parcialmente com os seus achados
pois apesar de terem demonstrado uma diminuiccedilatildeo da atividade muscular
respiratoacuteria dos intercostais eles apresentaram um aumento da atividade
muscular do esternocleidomastoide Acreditamos que os nossos achados
avanccedilam em relaccedilatildeo ao estudo de Cunha et al (2005) pois o presente estudo
foi realizado com criteacuterios metodoloacutegicos mais rigorosos (controlado) com
maior tempo de intervenccedilatildeo e respeitando o caacutelculo amostral
Portanto podemos sugerir que baseado nos estudos de Kokkonen et al
(2007) o aumento da viscoelasticidade tecidual permitiu a melhora da
sobreposiccedilatildeo da actina e miosina sendo capaz de potencializar o mecanismo
contraacutetil muscular com menos esforccedilo Ao mesmo tempo reduziu a tensatildeo
sobre os receptores musculoesqueleacuteticos diminuindo a excitabilidade do
disparo neuroloacutegico sensitivo possibilitando o equiliacutebrio entre o estiacutemulo
inibitoacuterio do oacutergatildeo tendinoso de Golgi e o excitatoacuterio do controle contraacutetil do
fuso neuromuscular reduzindo a atividade motora (Hindle et al 2012
Mukherjee e Chakravarty 2010)
A avaliaccedilatildeo da atividade muscular e o caacutelculo da efetividade contraacutetil foi
realizada para elucidar os mecanismos envolvidos na melhora da mecacircnica
ventilatoacuteria apoacutes o alongamento dos muacutesculos respiratoacuterios Eacute possiacutevel que
com a diminuiccedilatildeo da atividade muscular possibilitou a melhora da capacidade
de contraccedilatildeo muscular com menor esforccedilo este dado eacute reforccedilado pela
65
diminuiccedilatildeo da EMGVt permitindo o incremento da mobilidade toracoabdominal
e da capacidade ventilatoacuteria
53 Capacidade funcional e dispneia
Observamos a melhora da dispneia e da capacidade ao exerciacutecio
submaacuteximo avaliados pelo Borg modificado e pelo teste de caminhada dos 6
minutos respectivamente
Apoacutes o protocolo de alongamento nossos dados mostraram a
diminuiccedilatildeo da sensaccedilatildeo de dispneia em ambos os grupos apoacutes a intervenccedilatildeo
Mas ao comparar entre os grupos os sujeitos que receberam a intervenccedilatildeo na
caixa toraacutecica (GT) apresentaram a diminuiccedilatildeo da dispneia quando comparado
ao GC tanto preacute quanto poacutes exerciacutecio Outro ponto em destaque eacute a diminuiccedilatildeo
da dispneia no GT em seu estado basal
A reduccedilatildeo da dispneia eacute um importante paracircmetro de melhora dos
tratamentos com enfoque pulmonar (ATS 2013) e estudos preacutevios que tambeacutem
avaliaram o efeito de alongamento dos muacutesculos respiratoacuterios na dispneia em
pacientes com DPOC corroboram com os nossos achados mesmo sendo
trabalhos com metodologias distintas como ensaios natildeo controlados (Cunha et
al 2005) controlados (Paulin et al 2003) intervenccedilatildeo aguda (Noll et al 2008
Noll et al 2009) e crocircnica (Minoguchi et al 2002) Eacute importante ressaltar que
em todos os trabalhos que obtiveram a melhora nos paracircmetros de dispneia
66
portanto acreditamos que existe outros mecanismos que podem influenciar
nesta variaacutevel aleacutem da melhora da mobilidade toracoabdominal tanto assim
que os trabalhos de Noll et al (2008 e 2009) houve uma piora de todos os
paracircmetros da funccedilatildeo pulmonar mas apresentaram melhora da dispneia
Na literatura somente os trabalhos de Izumizaki et al (2008) e Putt et al
(2008) natildeo obtiveram melhora na escala de Borg mas eacute importante destacar
que foram trabalhos distintos o primeiro foi de intervenccedilatildeo crocircnica com
resultados negativos agraves funccedilotildees pulmonares enquanto o segundo foi um
trabalho de intervenccedilatildeo aguda com resultados positivos nos volumes
pulmonares Apesar de ambos serem controlados o estudo de Izumizaki et al
(2008) natildeo destaca os muacutesculos que foram tratados nem a caracterizaccedilatildeo e o
caacutelculo amostral enquanto no trabalho de Putt et al (2008) realizou a
intervenccedilatildeo apenas no muacutesculo peitoral maior que natildeo eacute um muacutesculo
acessoacuterio respiratoacuterio primaacuterio e sim atuante somente em grandes esforccedilos
Portanto baseado nas pesquisas anteriores entendemos que a melhora
da dispneia natildeo foi somente pelo aumento da mobilidade musculoesqueleacutetica
da caixa toraacutecica que diminuiu a resistecircncia do fluxo aeacutereo e possibilitou maior
expansatildeo toracoabdominal e melhor capacidade ventilatoacuteria demonstrado
neste estudo anteriormente Possivelmente teve associaccedilatildeo com os
mecanoceptores toracoabdominais quando estimulados durante o tratamento
desencadeou alteraccedilotildees das informaccedilotildees dos centros respiratoacuterios e motores
(Nakamura et al 2012 Montaldo et al 2000) Estes centros por sua vez
mudaram da taxa de disparo do nervo frecircnico que controla a cadecircncia e a
frequecircncia da contraccedilatildeo diafragmaacutetica reduzindo a sensaccedilatildeo de fadiga e de
67
dispneia (Burki e Lee 2010) portanto qualquer teacutecnica de mobilizaccedilatildeo
toracoabdominal poderia diminuir a sensaccedilatildeo de dispneia mas acreditamos
que quanto maior o estiacutemulo musculoesqueleacutetico (intervenccedilatildeo crocircnica) maior
seraacute a ativaccedilatildeo dos mecanoceptores da caixa toraacutecica e consequentemente
aumentaria a estimulaccedilatildeo aos centros respiratoacuterios por essa razatildeo
acreditamos que os nossos resultados foram tatildeo expressivos (Montaldo et al
2000)
Com a melhora dos paracircmetros de dispneia refletiu no aumento da
distacircncia percorrida em ambos os grupos 67m (GC) e 2517m (GT) sendo
que somente o grupo que recebeu o alongamento dos muacutesculos respiratoacuterios
atingiram a miacutenima distacircncia clinicamente significante proposta por Holland et
al (2010) que eacute de 25 m Coincidentemente a maioria trabalhos que
obtiveram melhora da dispneia realizaram o teste de caminhada dos 6 minutos
(Yamada et al 1996 Minoguchi et al 2002 Paulin et al 2003 eCunha et al
2005) somente Noll et al (2008 e 2009) que natildeo Poreacutem ateacute onde eacute do nosso
conhecimento este eacute o primeiro estudo que demonstrou que o aumento da
capacidade funcional foi decorrente da melhora da mecacircnica ventilatoacuteria poacutes-
alongamento avaliados pelo POE
No presente estudo o aspecto relevante estaacute no ineditismo ao avaliar as
repercussotildees deste tipo de intervenccedilatildeo na cinemaacutetica toracoabdominal
analisadas pelo pletismoacutegrafo optoeletrocircnico (Alivertiet al 2000) teacutecnica
considerada de alta tecnologia O programa de alongamento da musculatura
acessoacuteria respiratoacuteria eacute uma teacutecnica de baixo custo e pode ser associada
68
facilmente agrave reabilitaccedilatildeo pulmonar com impacto na atividade funcional e nos
sintomas respiratoacuterios
54 Limitaccedilotildees
Todos os estudos possuem limitaccedilotildees primeiro a rigidez dos criteacuterios
de inclusatildeo conferida a esta pesquisa levou a uma elevada validade interna
com possiacutevel prejuiacutezo da validade externa Optamos por adotar esses criteacuterios
na tentativa de eliminar o maior nuacutemero de variaacuteveis de confusatildeo para garantir
que os resultados fossem interpretados de maneira clara Segundo a carga de
exerciacutecio em esteira foi estabelecida em funccedilatildeo da velocidade do TC6 apesar
de natildeo ser considerado o padratildeo ouro para o treinamento aeroacutebico jaacute foi
descrito como alternativa viaacutevel por Zainuldinet al (2007) e Figueiredo e
Guimaratildees (2009) Terceiro a intensidade de 25 Wmaacutex utilizada na
avaliaccedilatildeo do POE pode natildeo ter sido o suficiente para desencadear a
assincronia mas o objetivo foi reproduzir a carga utilizada diariamente pelo
paciente segundo Bruni et al (2012) eles comprovaram em seu estudo que
nem mesmo a carga de 75 Wmaacutex foi possiacutevel desencadear a assincronia em
pacientes com DPOC concluindo natildeo haver relaccedilatildeo entre assincronia
hiperinsuflaccedilatildeo e dispneia Finalmente o alongamento dos muacutesculos
perifeacutericos dos membros inferiores no grupo controle poderia ter influenciado
na melhora no teste de caminhada dos 6 minutos mas Mchugh et al (2008) e
Shrier (2004) descreveram em seus estudos que ainda existe uma
controveacutersia a respeito do aumento da performance muscular apoacutes a realizaccedilatildeo
69
do alongamento ateacute entatildeo sabe-se somente sobre a melhora da mobilidade
Apesar destas limitaccedilotildees este eacute o primeiro ensaio cliacutenico controlado e
aleatorizado investigando os benefiacutecios do alongamento dos muacutesculos
respiratoacuterios na mecacircnica ventilatoacuteria utilizando o pletismoacutegrafooptoeletrocircnico
em pacientes com DPOC
6 CONCLUSAtildeO
71
Nossos resultados sugerem que a adiccedilatildeo do alongamento da
musculatura respiratoacuteria ao exerciacutecio aeroacutebico claacutessico aumenta a eficiecircncia
contraacutetil muscular melhora a mecacircnica ventilatoacuteria com o incremento
significante dos volumes pulmonares principalmente abdominal e reduz a
dispneia possibilitando a melhora das atividades funcionais em pacientes com
DPOC Estes resultados sugerem que o alongamento dos muacutesculos
respiratoacuterios pode ser considerado uma modalidade de tratamento adjuvante
para os pacientes com DPOC
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8 ANEXOS
91
92
93
HOSPITAL DAS CLIacuteNICAS DA FACULDADE DE MEDICINA DA
UNIVERSIDADE DE SAtildeO PAULO-HCFMUSP
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
DADOS SOBRE A PESQUISA
1 TIacuteTULO DO PROTOCOLO DE PESQUISA
EFEITOS DO ALONGAMENTO DA MUSCULATURA ACESSOacuteRIA
RESPIRATOacuteRIA COM A TEacuteCNICA DE ALONGAMENTO PASSIVO E
CONTRACcedilAtildeO-RELAXAMENTO NA MECAcircNICA VENTILATOacuteRIA E NA
CAPACIDADE FUNCIONAL DE PACIENTES COM DOENCcedilA PULMONAR
OBSTRUTIVA CROcircNICA
PESQUISADOR 01 Celso Ricardo Fernandes Carvalho
CARGOFUNCcedilAtildeO Orientador INSCRICcedilAtildeO CONSELHO
REGIONAL Nordm 206463-F
UNIDADE DO HCFMUSP Ciecircncias
3 AVALIACcedilAtildeO DO RISCO DA PESQUISA
RISCO MIacuteNIMO x RISCO MEacuteDIO
RISCO BAIXO RISCO MAIOR
4DURACcedilAtildeO DA PESQUISA 12 meses
HOSPITAL DAS CLIacuteNICAS DA FACULDADE DE MEDICINA DA
UNIVERSIDADE DE SAtildeO PAULO-HCFMUSP
1 ndash A doenccedila que o senhor (a) tem se chama doenccedila obstrutiva crocircnica
(DPOC) Esta doenccedila causa a inflamaccedilatildeo das vias aeacutereas e prejudica todo
94
pulmatildeo Por esse motivo o toacuterax fica expandido e os muacutesculos que realizam a
respiraccedilatildeo ficam tensos Essa tensatildeo muscular diminui o movimento do toacuterax e
a quantidade de ar que entra nos pulmotildees levando a uma dificuldade para
respirar e diminuindo a capacidade aos exerciacutecios simples do dia-dia Todo
esse quadro pode aumentar a tendecircncia de desencadear episoacutedios de
depressatildeo e ansiedade
2 ndash O nosso corpo tem muacutesculos que ajudam na respiraccedilatildeo (entrada do ar)
esses muacutesculos ao contrair ajudam a entrada de ar nos pulmotildees No (a)
paciente DPOC o movimento da caixa toraacutecica estaacute diminuiacutedo por isso este
estudo tem como objetivo verificar se o uso dos exerciacutecios de alongamento
relaxariam os muacutesculos respiratoacuterios diminuindo a sensaccedilatildeo de falta de ar
3 ndash Portanto estamos convidando o (a) senhor (a) para participar deste estudo
Caso o senhor (a) aceite participar da pesquisa teraacute que comparecer ao
hospital (HC) 2 vezes por semana durante um mecircs e meio de tratamento com
duraccedilatildeo de 30 a 40 minutos por dia O senhor (a) seraacute incluiacutedo (a) de forma
aleatoacuteria (sorteio) em dois grupos que receberatildeo diferentes tratamentos de
alongamento com supervisatildeo do profissional fisioterapeuta O senhor (a)
receberaacute uma cartilha com alguns exerciacutecios semelhantes aos realizados no
hospital para ser feito em casa no miacutenimo duas vezes por semana
4 ndash Durante os exerciacutecios de alongamento o (a) senhor (a) poderaacute sentir algum
desconforto como um ldquopuxatildeordquo ldquoformigamentordquo e ldquoqueimaccedilatildeordquo na regiatildeo que os
muacutesculos estatildeo sendo trabalhados Apoacutes a realizaccedilatildeo do alongamento eacute
possiacutevel que essas sensaccedilotildees perdurem por no maacuteximo 3 dias Evitaremos
durante o tratamento as dores se caso o senhor (a) sentir alguma dor
comunique ao profissional responsaacutevel que interromperemos imediatamente o
exerciacutecio
5 ndash Seratildeo realizados diversos testes antes e depois do tratamento para
verificar o grau de eficiecircncia da teacutecnica aplicada Mediremos o movimento do
seu toacuterax com um aparelho chamado pletismografia onde seratildeo colocados
marcadores no seu toacuterax e o senhor natildeo sentiraacute nenhum desconforto ou dor
Seratildeo realizados exames para a funccedilatildeo do seu pulmatildeo chamado espirometria
para isso pediremos para o senhor (a) puxar e assoprar forte o ar no aparelho
este teste natildeo traraacute nenhum desconforto ou dor Para testar a forccedila dos
muacutesculos pediremos novamente que o senhor (a) puxe o ar com forccedila em um
95
aparelho chamado manovacuocircmetro este teste natildeo traraacute dor Realizaremos
um teste de esforccedilo ao exerciacutecio onde pediremos para o (a) senhor (a) andar o
maacuteximo possiacutevel durante 6 minutos seraacute repetido duas vezes Nesse teste o
senhor (a) pode sentir cansaccedilo e falta de ar que acabaraacute imediatamente apoacutes o
teacutermino do exerciacutecio Por uacuteltimo o senhor (a) responderaacute o questionaacuterio sobre a
sua vida que conteacutem uma seacuterie de perguntas para avaliar se o (a) senhor (a)
possui episoacutedios de depressatildeo e ansiedade poderaacute sentir algum desconforto
ao responder algumas perguntas que seratildeo realizadas
6 ndash Com esse estudo buscamos a melhora da qualidade de vida com
diminuiccedilatildeo dos quadros tendenciosos de depressatildeo e ansiedade e o aumento
da capacidade para realizar os exerciacutecios diaacuterios decorrentes da melhora da
mobilidade toraacutecica
7 ndash Asseguramos que o senhor (a) teraacute acesso aos profissionais responsaacuteveis
pela pesquisa para esclarecimento de eventuais duacutevidas O principal
investigador eacute o Prof Dr Celso Ricardo Fernandes Carvalho que poderaacute
ser encontrado na Av Eneacuteas de Carvalho Aguiar 255 4o andar bloco 06 no
telefone(s) 11 3069-7961 e o Dr Juliano Takashi Wada que pode ser
encontrado no endereccedilo Rua Albuquerque Lins 537 cj 42 Telefone(s) 11
3624-4524 Se caso o senhor (a) tiver alguma consideraccedilatildeo ou duacutevida sobre a
eacutetica da pesquisa entre em contato com o Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa (CEP)
ndash Rua Oviacutedio Pires de Campos 225 ndash 5ordm andar ndash tel 3069-6442 ramais 16 17
18 ou 20 FAX 3069-6442 ramal 26 ndash E-mail cappesqhcnetuspbr
8 ndash Garantimos a liberdade da retirada do consentimento a qualquer momento
e deixar de participar do estudo sem qualquer prejuiacutezo agrave continuidade de seu
tratamento na Instituiccedilatildeo
9 ndash Garantimos o direito de confidencialidade ndash As informaccedilotildees obtidas
seratildeo analisadas em conjunto com outros pacientes natildeo sendo divulgado a
identificaccedilatildeo e os dados de nenhum paciente
10 ndash Garantimos o direito de ser mantido atualizado sobre os resultados
parciais das pesquisas quando em estudos abertos ou de resultados que
sejam do conhecimento dos pesquisadores
96
11 ndash Despesas e compensaccedilotildees natildeo haacute despesas pessoais para o
participante em qualquer fase do estudo incluindo exames e consultas
Tambeacutem natildeo haacute compensaccedilatildeo financeira relacionada agrave sua participaccedilatildeo Se
existir qualquer despesa adicional ela seraacute absorvida pelo orccedilamento da
pesquisa Natildeo garantimos o pagamento de qualquer dano causado pelo estudo
mas garantimos que se caso o senhor (a) tiver algum problema poderaacute ser
atendido no Ambulatoacuterio da Fisioterapia do Hospital das cliacutenicas gerenciado
pelo Prof Dr Celso Ricardo Fernandes de Carvalho
12 ndash Garantimos o compromisso do pesquisador de utilizar os dados e o
material coletado satildeo confidenciais e seraacute utilizado somente para esta pesquisa
Acredito ter sido suficientemente informado a respeito das informaccedilotildees
que li ou que foram lidas para mim descrevendo o estudo rdquoEfeitos do
alongamento da musculatura acessoacuteria respiratoacuteria com a teacutecnica de
contraccedilatildeo-relaxamento na mobilidade toraacutecica e capacidade psicossocial e
funcional de pacientes com doenccedila pulmonar obstrutiva crocircnicardquo
Eu discuti com o Prof Dr Celso Ricardo Fernandes de Carvalho ou
com o Dr Juliano Takashi Wada sobre a minha decisatildeo em participar nesse
estudo Ficaram claros para mim quais satildeo os propoacutesitos do estudo os
procedimentos a serem realizados seus desconfortos e riscos as garantias de
confidencialidade e de esclarecimentos permanentes Ficou claro tambeacutem que
minha participaccedilatildeo eacute isenta de despesas e que tenho garantia do acesso a
tratamento hospitalar quando necessaacuterio Concordo voluntariamente em
participar deste estudo e poderei retirar o meu consentimento a qualquer
momento antes ou durante o mesmo sem penalidades ou prejuiacutezo ou perda
de qualquer benefiacutecio que eu possa ter adquirido ou no meu atendimento
neste Serviccedilo
-------------------------------------------------
Assinatura do pacienterepresentante legal Data
97
-------------------------------------------------------------------------
Assinatura da testemunha Data
Declaro que obtive de forma apropriada e voluntaacuteria o Consentimento Livre e
Esclarecido deste paciente ou representante legal para a participaccedilatildeo neste estudo
----------------------------------------------------------
Assinatura do responsaacutevel pelo estudo
Data
98
NCT 0236762
99
100
101
20-Nov-2014
CC Wada Juliano Borges-Santos Erickson Paisani
Denise Porras Desiderio Cukier Alberto Lunardi
Adriana Carvalho Celso
Dear Ms Wada
Your manuscript entitled Effect of respiratory muscle
stretching on thoracoabdominal kinematics and functional
capacity of patients with COPD a randomized and controlled
trial has been received online and is presently being
given full consideration for publication in CHEST Please
note that our editorial office will review your manuscript
before sending it to the Editor in Chief If there are
aspects that need to be fixed prior to peer review they
may return your paper to your Corresponding Author Center
and ask you to make some minor changes and resubmit it We
appreciate your understanding
Your manuscript ID is CHEST-14-2914
You may view the status of your manuscript at any time by
checking your Author Center after logging in
to httpsmcmanuscriptcentralcomchest
102
The journal strives to expedite the peer review process
however because we receive over 3400 submissions each year
the process may take up to 8 weeks to complete Please be
patient during this time and feel free to log in to check
your manuscript status
Please mention the above manuscript ID in all future
correspondence or when calling the office for questions If
there are any changes in your street address phonefax or
e-mail address please log in to ScholarOne Manuscripts
at httpsmcmanuscriptcentralcomchest and edit your
user information as appropriate
Thank you for choosing to submit your manuscript to CHEST
Sincerely
CHEST Editorial Office
xii
Hz Hertz
Kgm2 Kilograma por metro quadrado (unidade do IMC)
L Litros
M Masculino
mL Mililitros
mV Milivolt
mVL Milivolt por litro
O2 Oxigecircnio
OTG Oacutergatildeo tendinoso de Golgi
PaCO2 Pressatildeo parcial de gaacutes carbocircnico
POE Pletismoacutegrafo optoeletrocircnica
RP Reabilitaccedilatildeo pulmonar
SpO2 Saturaccedilatildeo Perifeacuterica de Oxigecircnio
TC6 Teste de caminhada dos 6 minutos
TI Volume do toacuterax inferior
TS Volume corrente do toacuterax superior
VE Volume minuto
VEF1 Volume expiratoacuterio forccedilado no primeiro segundo
VEF1CVF Relaccedilatildeo do volume expiratoacuterio forccedilado no primeiro segundo e
capacidade vital forccedilada
VR Volume Residual
Vt Volume corrente
WMaacutex Carga maacutexima em Watts
Δ Variaccedilatildeo
xiii
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 Desenho experimental25
Figura 2 Anatomia e teacutecnica de alongamento do peitoral maior28
Figura 3 Anatomia e teacutecnica de alongamento do escaleno28
Figura 4 Anatomia e a teacutecnica de alongamento do Esternocleidomastoideo29
Figura 5 Anatomia e a teacutecnica de alongamento do Trapeacutezio Superior30
Figura 6 Anatomia e a teacutecnica de alongamento do peitoral menor30
Figura 7 Anatomia e a teacutecnica de alongamento do Serraacutetil Anterior e
Intercostais31
Figura 8 Anatomia e a teacutecnica de alongamento dos muacutesculos
abdominais32
Figura 9 Anatomia e a teacutecnica de alongamento dos flexores do punho33
Figura 10 Anatomia e a teacutecnica de alongamento dos extensores do punho33
xiv
Figura11 Anatomia e a teacutecnica de alongamento dos extensores do
tornozelo34
Figura 12 Anatomia e a teacutecnica de alongamento dos muacutesculos dos flexores do
tornozelo35
Figura13 Imagem tridimensional gerada pelo OEP38
Figura14 Disposiccedilatildeo das 89 esferas reflexivas38
Figura15 Laboratoacuterio do POE com a disposiccedilatildeo das cacircmeras e da bicicleta40
Figura16 Captaccedilatildeo e anaacutelise dos dados do volume toracoabdominal40
Figura17 Paciente realizando a avaliaccedilatildeo com carga no cicloergocircmetro no
POE42
Figura 18 Desenho experimental da avaliaccedilatildeo do OEP42
Figura19 Eletromioacutegrafo da BTS Engeneering44
Figura 20 Fluxograma do estudo49
xv
Figura 21 Efeitos do alongamento muscular respiratoacuterio na mecacircnica
ventilatoacuteria durante o exerciacutecio Os dados foram apresentados em meacutedia e
desvio padratildeo representado pela diferenccedila (Δ) = poacutes- - preacute-intervenccedilatildeo Houve
um aumento estatisticamente significante do volume da CT e do ABD no GT O
exerciacutecio foi realizado com 25 da carga maacutexima predito na equaccedilatildeo de
Jones25 GC= Grupo Controle GT= Grupo Tratado CT= Caixa totaacutecica total
TS= Toacuterax superior TI= Toacuterax inferior ABD= Abdomen = p lt 005 GC vs GT
(teste t natildeo pareado)51
Figura 22 Efeitos do alongamento muscular respiratoacuterio no volume minuto
(VE) durante o exerciacutecio Os dados foram apresentados em meacutedia e desvio
padratildeo representado pela diferenccedila (Δ) = poacutes- - preacute-intervenccedilatildeo Ambas
apresentaram diferenccedilas houve um aumento estatisticamente significante de
4L no volume minuto (VE) no GT em relaccedilatildeo do GC O exerciacutecio foi realizado
com 25 da carga maacutexima predito na equaccedilatildeo de Jones25 GC= Grupo
Controle GT= Grupo Tratado = p lt 005 GC vs GT (teste t natildeo pareado)52
Figura 23 Efeitos do alongamento muscular respiratoacuterio no fluxo expiratoacuterio
(FE) durante o exerciacutecio Os dados foram apresentados em meacutedia e desvio
padratildeo representado pela diferenccedila (Δ) = poacutes- - preacute-intervenccedilatildeo Ambas
apresentaram diferenccedilas houve um aumento estatisticamente significante de
100mL no fluxo expiratoacuterio (FE) no GT em relaccedilatildeo do GC O exerciacutecio foi
realizado com 25 da carga maacutexima predito na equaccedilatildeo de Jones25 GC=
xvi
Grupo Controle GT= Grupo Tratado = p lt 005 GC vs GT (teste t natildeo
pareado)53
Figura 24 Efeitos do alongamento muscular respiratoacuterio na relaccedilatildeo da
contribuiccedilatildeo da caixa toraacutecica e abdocircmen (CTABD) durante o exerciacutecio Os
dados foram apresentados em meacutedia e desvio padratildeo representado pela
diferenccedila (Δ) = poacutes- - preacute-intervenccedilatildeo O exerciacutecio foi realizado com 25 da
carga maacutexima predito na equaccedilatildeo de Jones25 Foi observado a reduccedilatildeo
estatisticamente significante dos valores no GT em relaccedilatildeo do GC da relaccedilatildeo
CTAB que representa o aumento da mobilidade do compartimento abdominal
GC= Grupo Controle GT= Grupo Tratado CT= Participaccedilatildeo da caixa toraacutecica
ABD= Participaccedilatildeo abdominal = p lt 005 GC vs GT (teste t natildeo pareado)54
Figura 25 Efeitos do alongamento muscular respiratoacuterio na atividade
muscular Os dados foram apresentados em meacutedia e desvio padratildeo
representado pela diferenccedila (Δ) = poacutes- - preacute-intervenccedilatildeo Foi constatada uma
diminuiccedilatildeo estatisticamente significante da atividade dos muacutesculos
esternocleidomastoideo e intercostal superior no GT O exerciacutecio foi realizado
com 25 da carga maacutexima predito na equaccedilatildeo de Jones25 GC= Grupo
Controle GT= Grupo Tratado = p lt 005 GC vs GT (teste t natildeo pareado)55
Figura 26 Efeitos do alongamento muscular respiratoacuterio na relaccedilatildeo entre a
atividade muscular e o volume corrente (EMGVt) Os dados foram
apresentados em meacutedia e desvio padratildeo representado pela diferenccedila (Δ) =
xvii
poacutes- - preacute-intervenccedilatildeo Observou-se uma diminuiccedilatildeo estatisticamente
significante da EMGVt no GT O exerciacutecio foi realizado com 25 da carga
maacutexima predito na equaccedilatildeo de Jones25 GC= Grupo Controle GT= Grupo
Tratado = p lt 005 GC vs GT (teste t natildeo pareado) 56
Figura 27 Efeitos do alongamento muscular respiratoacuterio na escala de BORG
Os dados foram apresentados Os dados foram apresentados em meacutedia e
desvio padratildeo representado pela diferenccedila (Δ) = poacutes- - preacute-intervenccedilatildeo Apoacutes
o tratamento ambos apresentaram diminuiccedilatildeo da dispneia mas somente no GT
houve uma diminuiccedilatildeo na comparaccedilatildeo com o GC e com seus dados iniciais no
preacute exerciacutecio O exerciacutecio foi realizado com 25 da carga maacutexima predito na
equaccedilatildeo de Jones25 GC= Grupo Controle GT= Grupo Tratado BORG= Escala
de dispneia TC6= Teste de caminhada dos 6 minutos = p lt 005 preacute vs poacutes
intervenccedilatildeo +=plt005 GC vs GC) (teste t natildeo pareado)57
Figura 28 Os dados apresentados em (Δ) representam (poacutes intervenccedilatildeo ndash preacute
intervenccedilatildeo) No teste de caminhada dos 6 minutos (TC6) foi observada uma
diferenccedila clinicamente significante do TC6 no GT que obteve um aumento
meacutedio de 2514m e o GC de 65m O exerciacutecio foi realizado com 25 da carga
maacutexima predito na equaccedilatildeo de Jones25 GC= Grupo Controle GT= Grupo
Tratado TC6= Teste de caminhada dos 6 minutos ( =diferenccedila clinicamente
significante)58
xviii
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 Caracterizaccedilatildeo amostral basal dos pacientes do estudo50
xix
RESUMO
Efeitos do alongamento da musculatura respiratoacuteria pelas teacutecnicas de
alongamento passivo e contraccedilatildeo-relaxamento na mecacircnica ventilatoacuteria e
na capacidade funcional de pacientes com doenccedila pulmonar obstrutiva
crocircnica
Os pacientes com doenccedila pulmonar obstrutiva crocircnica (DPOC) devido agrave
obstruccedilatildeo brocircnquica e reduccedilatildeo da retraccedilatildeo elaacutestica pulmonar apresentam o
aumento do recrutamento da musculatura respiratoacuteria predispondo agrave
incoordenaccedilatildeo toracoabdominal aumentando o trabalho respiratoacuterio
provocando fadiga e dispneacuteia O alongamento dos muacutesculos respiratoacuterios
(AMR) poderia diminuir a atividade muscular melhorar a sua capacidade
contraacutetil e a mobilidade da caixa toraacutecica otimizando a ventilaccedilatildeo pulmonar
entretanto estes efeitos nos muacutesculos respiratoacuterios permanecem
desconhecidos Objetivo Avaliar os efeitos da adiccedilatildeo do AMR associados agrave
reabilitaccedilatildeo pulmonar na mecacircnica ventilatoacuteria na capacidade funcional e na
atividade muscular em pacientes com DPOC Meacutetodo Estudo randomizado e
controlado incluiu 30 pacientes com DPOC que foram distribuiacutedos
aleatoriamente para os grupos tratado (GT n = 15) e controle (GC n = 15)
Todos os pacientes foram submetidos a 24 sessotildees de treinamento aeroacutebico
duas vezes por semana Aleacutem disso o GT recebeu AMR e o GC recebeu o
alongamento dos membros superiores e inferiores antes dos exerciacutecios
aeroacutebicos Foram avaliados teste da capacidade funcional (teste de caminhada
xx
de 6 minutos TC6) mecacircnica toracoabdominal (pletismografia optoeletrocircnica
POE) e atividade muscular respiratoacuteria (eletromiografia de superfiacutecie EMG)
durante o exerciacutecio Os dados representam a variaccedilatildeo (Δ)=poacutes- - preacute-
avaliaccedilatildeo foi utilizado o teste t para comparar os grupos e o niacutevel de
significacircncia foi fixado em 5 Resultados O GT apresentou o aumento da
capacidade funcional (2514m +) com a reduccedilatildeo da sensaccedilatildeo de dispneia apoacutes
o TC6 (plt001) quando comparado ao GC Provavelmente estaacute relacionado
com a melhora do volume da caixa toraacutecica (plt001) capacidade ventilatoacuteria
(plt001) com o aumento do volume e da contribuiccedilatildeo do compartimento
abdominal (plt001) Observamos tambeacutem no GT a reduccedilatildeo da atividade
muscular (p lt001) com maior eficiecircncia ventilatoacuteria (plt0006) Conclusatildeo
Nossos resultados sugerem que a adiccedilatildeo do AMR no treinamento aeroacutebio
aumenta a capacidade funcional com diminuiccedilatildeo da dispneia melhora a
eficaacutecia da contraccedilatildeo muscular e da capacidade ventilatoacuteria devido agrave maior
participaccedilatildeo do compartimento abdominal em pacientes com DPOC
Descritores DPOC Muacutesculos Respiratoacuterios Alongamento Muscular
Mecacircnica Respiratoacuteria Plestimografia Dispneia Eletromiografia
xxi
SUMMARY
Effects of respiratory muscle stretching with passive and hold-relax
techniques on ventilatory mechanics and functional capacity in patients
with chronic obstructive pulmonary disease
Chronic obstructive pulmonary disease (COPD) patients due to bronchial
obstruction and reduced lung elastic recoil present increased in the recruitment
of respiratory muscles predisposing an thoracoabdominal incoordination major
breathing work causing fatigue and dyspnea The respiratory muscles
stretching (RMS) could decrease the muscle activity and improve their
contractile capacity chest wall mobility and optimize the pulmonary ventilation
however this effect remains unknown Objective To evaluate the effects of
adding the RMS associated with pulmonary rehabilitation in ventilatory
mechanics functional capacity and muscle activity in patients with COPD
Method Randomized and controlled trial enrolled 30 COPD patients who were
randomly allocated into treatment (TG n = 15) and control (CG n = 15) groups
All patients underwent 24 sessions of aerobic training twice a week In Addition
TG received RMS and CG received upper and lower limb stretching before
aerobic exercises Were evaluated functional capacity (6-minute walking
distance test 6MWDT) thoracoabdominal mechanics (optoelectronic
plethysmography OEP) and respiratory muscle activity (surface
electromyography EMG) during exercise The data represents the change (Δ) =
post- - pre-evaluation a t-test was used to compare the groups and the
xxii
significance level was set at 5 Results TG showed improvement in the
functional capacity (2514m +) with decrease of the dyspnea sensation after the
6MWDT (plt001) compared with CG Probably is related with increased of
chest wall volume (plt001) ventilatory capacity (plt001) volume and the
contribution of the abdominal compartment (plt001) We also observed in the
TG a reduction of respiratory muscle activity (plt001) and the ratio between
volume displaced (plt0006) Conclusion Our results suggest that the addition
of RMS to aerobic training increases the functional capacity with dyspnea
reduction improvement of efficacy of respiratory muscle contraction and
ventilatory capacity due to higher participation of the abdominal compartment in
patients with COPD
Descriptors COPD Respiratory Muscles Muscular Stretching Respiratory
Mechanics Plethysmography Dyspnea Electromyography
1 INTRODUCcedilAtildeO
2
11 Definiccedilatildeo e Incidecircncias
A doenccedila pulmonar obstrutiva crocircnica (DPOC) eacute definida como uma
patologia pulmonar previsiacutevel e trataacutevel caracterizada pela limitaccedilatildeo
persistente do fluxo aeacutereo aprisionamento aeacutereo e hiperinsuflaccedilatildeo com caraacuteter
de limitaccedilatildeo progressiva associados ao aumento da resposta inflamatoacuteria das
vias aeacutereas e dos pulmotildees decorrente da exposiccedilatildeo aos gases e partiacuteculas
nocivas (GOLD 2013) Os processos inflamatoacuterios causam alteraccedilotildees
brocircnquicas e destruiccedilatildeo do parecircnquima pulmonar que podem variar de
indiviacuteduo para indiviacuteduo resultando no decreacutescimo da elasticidade tecidual
pulmonar e diminuiccedilatildeo da capacidade ventilatoacuteria (Celli et al 2004 Laizo
2009)
A bronquite crocircnica e o enfisema pulmonar satildeo responsaacuteveis pela
denominaccedilatildeo da DPOC decorrente habitualmente do tabagismo embora
outras formas possam estar envolvidas em sua patogecircnese tal como a
deficiecircncia de micro1-antitripsina (Wood et al 2008) O enfisema pulmonar eacute
definido pelo aumento anormal e permanente dos espaccedilos aeacutereos distais do
bronquiacuteolo terminal acompanhado pela destruiccedilatildeo do parecircnquima pulmonar
Na ausecircncia de uma fibrose evidente o principal distuacuterbio funcional do enfisema
eacute a perda da retraccedilatildeo elaacutestica tecidual associada ao colabamento das vias
aeacutereas (Fabbri et al 2008) A bronquite crocircnica eacute definida clinicamente pela
presenccedila de tosse crocircnica com produccedilatildeo de secreccedilatildeo por vaacuterios dias da
semana por 3 meses em um ano por mais de 2 anos consecutivos Apresentam
3
edema e inflamaccedilatildeo da mucosa brocircnquica associada ao aumento do nuacutemero e
do tamanho das glacircndulas secretoras de muco e remodelaccedilatildeo estrutural
recorrente da parede dos brocircnquios (Figuero et al 2005) Evidenciam-se em
ambas a diminuiccedilatildeo da luz brocircnquica e limitaccedilatildeo da mobilidade da caixa
toraacutecica com diminuiccedilatildeo da capacidade respiratoacuteria caracterizando um
distuacuterbio ventilatoacuterio obstrutivo com aprisionamento aeacutereo geralmente grave e
irreversiacutevel (Colom et al 2006)
No Brasil a DPOC ocupa a 5ordf posiccedilatildeo entre as principais causas de
morte liacuteder em mortalidade entre as doenccedilas respiratoacuterias onde 290 mil
pacientes satildeo internados anualmente gerando um gasto importante ao sistema
de sauacutede do paiacutes Os dados de prevalecircncia obtidos ateacute o momento atraveacutes dos
questionaacuterios sintomatoloacutegicos permitiram estimar a DPOC em adultos maiores
de 40 anos em 12 dessa populaccedilatildeo ou seja 5500000 indiviacuteduos Tatildeo
importante quanto os gastos diretos satildeo os indiretos como os dias de trabalho
perdidos e aposentadoria precoce (II Consenso Brasileiro de DPOC 2004)
Associaccedilatildeo Latino-Americana de Toacuterax (ALAT) constituiacuteda pelo Brasil
Venezuela Meacutexico Uruguai e Chile desenvolveram um estudo chamado
PLATINO em 2006 com colaboraccedilatildeo da Burden of Obstructive Lung Disease
Se considerarmos os dados preliminares a prevalecircncia da DPOC varia de 6 a
158 da populaccedilatildeo brasileira com idade igual ou superior a 40 anos que
equivale a 2800000 a 6900000 indiviacuteduos dados estes que corroboram com
o Consenso Brasileiro de DPOC
4
O nuacutemero de oacutebitos tecircm aumentado nos uacuteltimos 20 anos em ambos os
sexos a taxa de mortalidade passou de 788 por 100000 habitantes na deacutecada
de 80 para 1904 por 100000 habitantes na deacutecada de 90 com um
crescimento de 230 (Laizo 2009) Segundo dados do DATASUS a DPOC
gerou no ano de 2010 no Sistema Nacional de Sauacutede Puacuteblica 141994
hospitalizaccedilotildees que levaram a 778428 dias de internaccedilatildeo O custo total dessas
internaccedilotildees foi de R$ 9243441551 e 7937 mortes diretamente relacionadas
com a DPOC Estima-se que ateacute 2025 75 das mortes prematuras
respiratoacuterias seratildeo provocadas pelo tabagismo (De Godoy et al 2007)
12 Fisiopatologia
A obstruccedilatildeo brocircnquica e a diminuiccedilatildeo do recolhimento elaacutestico
desencadeados pela doenccedila alteram a mecacircnica pulmonar que desloca o
ponto de igual pressatildeo das vias aeacutereas favorecendo o aprisionamento de ar
desencadeando a hiperinsuflaccedilatildeo e a diminuiccedilatildeo da capacidade respiratoacuteria
aos grandes esforccedilos subsequentemente ao repouso (Senol et al 2006
Fabbri et al 2008) A configuraccedilatildeo alterada da caixa toraacutecica deslocam os
muacutesculos respiratoacuterios (De Troyer 1997) inclusive o diafragma para uma
posiccedilatildeo de encurtamento e desvantagem mecacircnica prejudicando
gradativamente a mobilidade toracoabdominal levando ao aumento do trabalho
5
respiratoacuterio limitaccedilatildeo da ventilaccedilatildeo pulmonar e agravamento a sensaccedilatildeo de
dispneia (Yamaguti et al 2012 OacuteKroy et al 2000)
A limitaccedilatildeo do fluxo ventilatoacuterio faz com que a capacidade residual
funcional (CRF) se desloque em direccedilatildeo da capacidade pulmonar total (CPT)
A forccedila dos muacutesculos inspiratoacuterios eacute exigida para o aumento do volume mas a
contraccedilatildeo muscular eacute eficaz somente em esforccedilos leves e moderados A maior
demanda ventilatoacuteria obriga a CRF se deslocar ainda mais em direccedilatildeo agrave CPT e
a forccedila inspiratoacuteria natildeo tem capacidade de gerar o ganho volumeacutetrico
agravando a dispneia o que leva a interrupccedilatildeo do exerciacutecio (Calverley 2006)
A DPOC natildeo eacute somente uma doenccedila respiratoacuteria e sim sistecircmica a
hiperinsuflaccedilatildeo pulmonar afeta o sistema cardiovascular pois a alteraccedilatildeo da
pressatildeo intratoraacutecica reduz o enchimento cardiacuteaco e consequentemente o
deacutebito cardiacuteaco (Stark-leyva et al 2004) As disfunccedilotildees oacutesseas satildeo
decorrentes principalmente da inatividade fiacutesica do uso de corticoacuteesteroacuteides e
pela desnutriccedilatildeo (Ferguson et al 2009) assim como as neuropatias perifeacutericas
incluindo do nervo frecircnico ocasionando a depressatildeo da excitabilidade e da
conduccedilatildeo neural (Jann et al 1998) A hipoxemia possivelmente seja
responsaacutevel pelas alteraccedilotildees cognitivas que compromete a memoacuteria verbal e a
compreensatildeo (Dodd et al 2010) em contrapartida a depressatildeo e a ansiedade
satildeo associados principalmente agrave sensaccedilatildeo de desconforto respiratoacuterio e agrave
limitaccedilatildeo da atividade de vida diaacuteria (Wagena 2005) O refluxo gastroesofaacutegico
eacute outra alteraccedilatildeo que provavelmente seja decorrente da diminuiccedilatildeo da
capacidade contraacutetil muscular diafragmaacutetica pois com a sua horizontalizaccedilatildeo
6
perde-se a eficiecircncia contraacutetil e reduz da pressatildeo do esfiacutencter gastroesofaacutegico
(Hurst et al 2008 Boutou et al 2011) Dentre as alteraccedilotildees sistecircmicas da
DPOC o sistema muacutesculo-esqueleacutetico eacute um dos mais afetados e estaacute
relacionado com o agravamento da patologia e ao aumento do iacutendice de
mortalidade devido ao descondicionamento fiacutesico (Dourado et al 2006
Swallow et al 2007 Dodd et al 2012)
13 Sistema muacutesculo-esqueleacutetico
O sistema muacutesculo-esqueleacutetico eacute afetado pela inflamaccedilatildeo crocircnica
sistecircmica da DPOC processo que induz a liberaccedilatildeo de mediadores quiacutemicos
inflamatoacuterios acelerando a degradaccedilatildeo proteica e aumentando o estresse
oxidativo muscular (Andreassen e Vestbo 2003 Macintyre 2006) O transporte
de oxigecircnio para o citoplasma celular dos muacutesculos fica comprometido esse
oxigecircnio fica inutilizado por natildeo conseguir chegar de forma eficiente nas
mitococircndrias (Shrikrishna 2009 Barreiro 2013) As alteraccedilotildees metaboacutelicas
enzimaacuteticas e hormonais anaboacutelicas quando associadas agrave diminuiccedilatildeo dos
capilares sanguiacuteneos provocam a reduccedilatildeo das fibras musculares do tipo I e II
(Ries et al 2007 Strasser et al 2013) Devido a estes fatores todos os
muacutesculos inclusive os respiratoacuterios trabalham de forma anaeroacutebica ao miacutenimo
esforccedilo acumulando lactato ocasionando a fadiga precoce ao exerciacutecio e ao
descondicionamento sistecircmico (Wagena 2005 Hostettler et al 2011)
7
14 Diagnoacutestico e Sintomas
Para o diagnoacutestico eacute utilizado principalmente a espirometria por que a
obtenccedilatildeo da curva expiratoacuteria volume-tempo eacute obrigatoacuteria na suspeita cliacutenica
de DPOC devendo ser realizada antes e apoacutes administraccedilatildeo de
broncodilatador na fase estaacutevel da doenccedila A espirometria permite a avaliaccedilatildeo
de uma multiplicidade de paracircmetros poreacutem os mais importantes do ponto de
vista de aplicaccedilatildeo cliacutenica satildeo a CVF (capacidade vital forccedilada) o VEF1 (volume
expiratoacuterio forccedilado no primeiro segundo) e a relaccedilatildeo sua relaccedilatildeo (VEF1CVF)
A existecircncia da limitaccedilatildeo do fluxo aeacutereo eacute definida pela presenccedila da relaccedilatildeo
VEF1CVF abaixo de 070 poacutes-broncodilatador e pelos dados de VEF1 ge 80
do predito (leve) ge 50 e lt 80 do predito (moderado) e ge 30 e lt 50 do
predito (grave) (GOLD 2013)
A DPOC apresenta tambeacutem o aumento do volume residual (VR) da
capacidade pulmonar total (CPT) e da capacidade residual funcional (CRF)
(Camargo et al 2008) Deve-se solicitar o exame radioloacutegico de forma rotineira
nas posiccedilotildees poacutestero-anterior e perfil mas dificilmente seraacute utilizado para o
diagnoacutestico da doenccedila e sim para descartar outras patologias como a
neoplasias bolhas e para acompanhar o prognoacutestico da doenccedila (II Consenso
Brasileiro sobre Doenccedila Pulmonar Obstrutiva Crocircnica 2004)
A presenccedila de sintomas respiratoacuterios crocircnicos no paciente com haacutebito
tabaacutegico (cigarro cigarrilha cachimbo charuto) deve levar a suspeita cliacutenica da
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DPOC O tabagismo eacute considerado um problema de sauacutede puacuteblica e satildeo
atribuiacutedos a esse viacutecio 90 dos casos de cancro no pulmatildeo 86 de bronquite
e enfisema 25 dos processos isquecircmicos do coraccedilatildeo e 30 dos cancros
extrapulmonares (Laizo 2009) A tosse o chiado e a dispneia estatildeo
frequentemente presentes tendo sido relatado em 83 dos casos (Nishimura
et al 2002 Laveneziana et al 2011)
A dispneia eacute o sintoma mais importante dos pacientes com DPOC
Montaldo et al (2000) acreditam que os estiacutemulos aferentes provenientes das
tensotildees do sistema muacutesculo-esqueleacutetico da regiatildeo toracoabdominal apoacutes
serem processados nos centros respiratoacuterios aumentam a percepccedilatildeo da
dispneia (Breslin et al 1998) Outro fator satildeo os estiacutemulos dos quimioceptores
sensiacuteveis agraves variaccedilotildees de PaCO2 e agraves alteraccedilotildees dos mecanoceptores
articulares e musculares da caixa toraacutecica (Burki e Lee 2010) Classicamente
o instrumento mais utilizado para avaliaccedilatildeo da dispneia eacute a escala modificada
de Borg (1982) a sensaccedilatildeo de falta de ar estaacute associada com a incapacidade
fiacutesica piora da qualidade de vida e do prognoacutestico cliacutenico Os pacientes
normalmente referem os sintomas em uma fase mais avanccedilada da doenccedila e
frequentemente relaciona a limitaccedilatildeo das atividades ao descondicionamento
muscular perifeacuterico (Castro et al 2012)
Szczegielniak et al (2011) demonstraram que os exerciacutecios aeroacutebicos
reduzem os niacuteveis inflamatoacuterios caracteriacutesticos da DPOC e melhora o
condicionamento fiacutesico permitindo a melhora das atividades diaacuterias Por esta
9
razatildeo cada vez mais a reabilitaccedilatildeo pulmonar vem adquirindo mais importacircncia
no acircmbito cientiacutefico
15 Reabilitaccedilatildeo pulmonar
A reabilitaccedilatildeo pulmonar (RP) eacute um programa baseado em evidecircncias
constituiacutedo pelo treinamento aeroacutebico e resistido associado aos programas
educacionais intervenccedilotildees nutricionais e suporte psicoloacutegico para os pacientes
com DPOC O objetivo eacute otimizar a performance fiacutesica funcional social
psicoloacutegica e autonocircmica dos pacientes Eacute realizada por uma equipe
multidisciplinar composta por meacutedicos fisioterapeutas enfermeiros
nutricionistas psicoacutelogos terapeutas ocupacionais e assistentes sociais (ATS
2013) Eacute capaz de auxiliar na atenuaccedilatildeo das limitaccedilotildees do sistema
musculoesqueleacutetico por isso melhora a qualidade de vida e garante o maacuteximo
da sua independecircncia e funcionalidade em seu meio (Carrieri-Kohlman et al
2005 Garcia-Aymerich et al 2006 Ries et al 2007)
O treinamento aeroacutebico realizado em bicicleta ou esteira ergomeacutetrica eacute o
principal componente da RP conforme observados em alguns estudos ele
promove o aumento do tamanho das fibras do tipo I e na quantidade de
capilares musculares em DPOC (Montes de Oca et al 2005) A intensidade
pode ser ajustada pela frequecircncia cardiacuteaca ou pelo teste de caminhada
(Figueiredo e Guimaratildees 2009) sendo necessaacuterio no miacutenimo 10 semanas de
10
intervenccedilatildeo com 2 sessotildees semanais (Rossi et al 2005) Mas os indiviacuteduos
apresentam respostas diferentes quando submetidos agrave RP sobretudo nos
fatores que limitam o exerciacutecio fiacutesico Plankell et al (2005) realizaram um
estudo e constataram que pacientes soacute apresentam um bom condicionamento
cardiorrespiratoacuterio quando realizava exerciacutecios aeroacutebicos de alta intensidade
A RP tem sido reconhecida nos uacuteltimos anos como parte fundamental do
tratamento da DPOC pois oferece inuacutemeros estudos com resultados positivos
para os pacientes Dentre eles a melhora da toleracircncia ao exerciacutecio (Yoshimi
et al 2012) reduccedilatildeo da demanda ventilatoacuteria em esforccedilo submaacuteximo melhora
da eficiecircncia do trabalho diminuiccedilatildeo da dispneia e melhora da atividade de
vida diaacuteria (Godoy et al 2009) Apesar dos benefiacutecios nos pacientes com
DPOC ateacute o presente momento nenhum exerciacutecio conseguiu atuar
eficientemente na mecacircnica ventilatoacuteria (Georgiadou et al 2007) Por esta
razatildeo alguns estudos buscaram outras alternativas para interferir diretamente
nos muacutesculos respiratoacuterios com o objetivo de potencializar os efeitos positivos
jaacute demonstrados pela RP
16 Muacutesculos respiratoacuterios
O diafragma eacute o principal muacutesculo respiratoacuterio durante a inspiraccedilatildeo
realiza a contraccedilatildeo das cuacutepulas diafragmaacuteticas que descendem e gera um
aumento da pressatildeo intra-abdominal que serve de sustentaccedilatildeo para a
11
expansatildeo da caixa toraacutecica potencializada pela associaccedilatildeo da contraccedilatildeo dos
muacutesculos respiratoacuterios (Man et al 2012) Tem sido demonstrado na literatura
encurtamento em torno de 28 a 40 do diafragma na DPOC fato este que
compromete a mobilidade e funcionalidade toracoabdominal com repercussatildeo
na capacidade ventilatoacuteria e na tensatildeo dos muacutesculos da caixa toraacutecica de
forma de compensatoacuteria a diminuiccedilatildeo da contraccedilatildeo diafragmaacutetica (Iwasawa et
al 2002 Vilaroacute et al 2010)
Os principais muacutesculos acessoacuterios respiratoacuterios satildeo o peitoral menor
escalenos esternocleidomastoacuteideo intercostais e abdominais avaliados pela
eletromiografia (Gandevia et al 2006 Duiverman et al 2004) eles participam
na fase inspiratoacuteria favorecendo a expansatildeo da caixa toraacutecica pela traccedilatildeo
costal (De Troyer et al 1994 Taylor et al 1990) Durante a inspiraccedilatildeo forccedilada
outros muacutesculos satildeo solicitados como o peitoral maior e o trapeacutezio (Putt et al
2008) Estudos mais recentes tecircm demonstrado que a atividade muscular do
esternocleidomastoacuterideo intercostais peitoral menor latiacutessimo do dorso e dos
escalenos tanto em condiccedilotildees de repouso quanto no exerciacutecio satildeo maiores em
pacientes com DPOC quando comparada aos indiviacuteduos sadios (Donaldson et
al 2012) Os muacutesculos abdominais desempenham um papel importante no
mecanismo expiratoacuterio e a sua contraccedilatildeo estaacute associada a outras musculaturas
expiratoacuterias que potencializam no mecanismo de depressatildeo costal para a saiacuteda
de ar (Georgiadou et al 2007)
Na DPOC os muacutesculos respiratoacuterios sustentam a contraccedilatildeo para
aumentar expansatildeo da caixa toraacutecica com o objetivo de incrementar o fluxo
12
ventilatoacuterio Essa diminuiccedilatildeo do comprimento das fibras musculares prejudica a
eficiecircncia da forccedila contraacutetil maacutexima pois perde a sobreposiccedilatildeo fisioloacutegica ideal
entre os filamentos de actina e miosina (Izumizaki et al 2008 Ito 1999)
aumentando o gasto energeacutetico e a fadiga durante os exerciacutecios fiacutesicos
(Kokkonen et al 2007 Gea et al 2013) Essas alteraccedilotildees de comprimento e
tensatildeo do sistema musculo-esqueleacutetico da regiatildeo toracoabdominal geram a
estimulaccedilatildeo mecanoceptoras locais (fusos musculares e os receptores
articulares) que alteram os estiacutemulos neuroloacutegicos aos centros motores e
respiratoacuterios (Montaldo et al 2000) Estes centros por sua vez desencadeiam
a mudanccedila da taxa de disparo do nervo frecircnico que controla a cadecircncia e a
frequecircncia da contraccedilatildeo diafragmaacutetica (Burki e Lee 2010)
A partir destes conceitos preacutevios da relaccedilatildeo entre a mobilidade e as
alteraccedilotildees sintomatoloacutegicas da patologia pulmonar estudos de intervenccedilatildeo nos
muacutesculos respiratoacuterios ganharam importacircncia cientiacutefica (ATS 2013) A teacutecnica
de alongamento muscular foi escolhida pela maioria pois veio de encontro aos
conceitos do aumento da mobilidade tecidual perdida na DPOC A maioria dos
trabalhos tiveram como objetivo principal aumentar a viscoelasticidade
muscular para gerar acomodaccedilatildeo dos mecanoceptores da caixa toraacutecica
sendo assim regularia os centros respiratoacuterios e consequentemente
melhoraria o trabalho respiratoacuterio com reduccedilatildeo dos sintomas (Manning e
Schwartzstein 1995 Montaldo et al 2000)
13
17 Alongamento Muscular
Bonnar et al (2004) consideram que o alongamento busca aumentar o
espaccedilo entre os filamentos de actina e miosina com o objetivo de devolver a
sobreposiccedilatildeo fisioloacutegica ideal da actina e miosina para potencializar a
capacidade contraacutetil muscular (Shrier 2004 Izumizaki et al 2008) O
alongamento pode regular o mecanismo contraacutetil a partir do equiliacutebrio do caacutelcio
citoplasmaacutetico pela ativaccedilatildeo do retiacuteculo sarcoplasmaacutetico (Nakamura et al
2012) aleacutem de promover a diminuiccedilatildeo da tensatildeo tecidual pela remodelaccedilatildeo
dos fibroblastos (Riley e Van Dyke 2012) Kokonnen (2007) constataram que o
tambeacutem diminui o torque muscular sem alteraccedilatildeo significante da amplitude
articular de forma aguda mas quando realizado de forma regular os muacutesculos
apresentaram uma melhora na velocidade de contraccedilatildeo forccedila e endurance
muscular aleacutem de melhorar a amplitude de movimento
No iniacutecio do seacuteculo 20 Sherrington definiu os primeiros conceitos da
facilitaccedilatildeo e inibiccedilatildeo autogecircnica a partir destes fundamentos foram
desenvolvidas diversas teacutecnicas de alongamento muscular A inibiccedilatildeo
autogecircnica eacute um dos principais mecanismos neurofisioloacutegicos do alongamento
que consiste na reduccedilatildeo da excitabilidade motora a partir de uma contraccedilatildeo ou
alongamento muscular (Bonnar et al 2004) Esse efeito eacute atribuiacutedo
primeiramente pelos fusos neuromusculares que desencadeiam respostas
musculares particulares para cada tipo de estiacutemulo Isto eacute agudamente o
alongamento causa a estimulaccedilatildeo intensa e abrupta dos nervos sensitivos que
14
desencadeia uma resposta medular eferente motora das fibras extra-fusais
gerando a aumento da atividade muscular e contraccedilatildeo intensa com restriccedilatildeo
da mobilidade tecidual (Morse et al 2008 Mukherjee et al 2010 McHugh et
al 2010) Para a intervenccedilatildeo crocircnica onde satildeo realizadas diversas sessotildees
de alongamentos existe uma remodelaccedilatildeo maior das propriedades
viscoelaacutesticas (tixotroacutepicas) do tecido conjuntivo que envolve as fibras
musculares com isso a limiar excitatoacuterio do fuso neuromuscular diminui e o
estiacutemulo contraacutetil tensional eferente tambeacutem (Taylor et al 1990 Izumizaki et
al 2006)
O mecanismo contraacuterio ao fuso neuromuscular satildeo as estimulaccedilotildees dos
receptores musculotendineos chamados de oacutergatildeos tendinosos de Golgi (OTG)
A partir da tensatildeo em estiramento do alongamento na regiatildeo miotendiacutenea
desencadeia um potencial de accedilatildeo sensitivo do OTG que inibe a atividade
muscular via nervos eferentes motores A intensidade desse mecanismo
inibitoacuterio estaacute relacionado com o tamanho da superfiacutecie tendiacutenea e com a
quantidade de tensatildeo exercida sobre ela Acreditava-se que somente em
tensatildeo abruptas ou grande intensidade estimularia o OTG ou seja que
atuaria somente em situaccedilotildees de grande estresse tecidual Mas os uacuteltimos
estudos apontam que o OTG aleacutem de atuar em situaccedilotildees de sobrecarga a sua
accedilatildeo eacute constante com o objetivo de inibir o mecanismo contraacutetil voluntaacuterio e
protetor do fuso neuromuscular (Mukherjee e Chakravarty 2012) Com o ganho
da viscoelasticidade do tecido conjuntivo ele tambeacutem causa acomodaccedilatildeo do
OTG assim como nos fusos e isso pode acarretar na alteraccedilatildeo da accedilatildeo
inibitoacuteria pois o limiar de disparo pela tensatildeo pode diminuir ou aumentar
15
dependendo da anatomia musculotendiacutenea do muacutesculo tratado (Hindle et al
2012)
Para obter uma resposta positiva do alongamento eacute recomendado
realizaacute-lo sustentando por no miacutenimo 30 segundos duas vezes por semana por
6 semanas (Reid e Mcnair 2004 Decicco e Fisher 2005 Magnusson et al
1996) Dentre as diversas teacutecnicas a contraccedilatildeo-relaxamento apresenta a maior
eficaacutecia no ganho da excursatildeo muscular a teacutecnica se baseia na associaccedilatildeo do
alongamento passivo intercaladas com contraccedilatildeo isomeacutetricas (Holcomb 2000)
Alguns estudos tecircm verificado os efeitos do alongamento dos muacutesculos
respiratoacuterios em pacientes com DPOC O primeiro trabalho de maior relevacircncia
foi de Ito et al (1999) eles observaram a melhora da funccedilatildeo pulmonar e da
dispneia em 16 sujeitos com DPOC que receberam o alongamento quando
comparados ao grupo que realizaram exerciacutecios diafragmaacuteticos assim como
Minoguchi et al (2002) com o diferencial que eles realizaram a intervenccedilatildeo
crocircnica (1 mecircs) em 12 pacientes Contrariando estes resultados Izumizaki et al
(2006 e 2008) realizaram o protocolo de intervenccedilatildeo aguda de alongamento
muscular da caixa toraacutecica com 10 e 14 pacientes respectivamente e
constataram uma diminuiccedilatildeo da funccedilatildeo pulmonar e sem alteraccedilatildeo da dispneia
Outros trabalhos com o mesmo conceito de intervenccedilatildeo constataram o
aumento da mobilidade toracoabdominal avaliados pela cirtometria associados
agrave melhora da capacidade funcional (Paulin et al 2005 Luularungrayub et al
2009) Mas os trabalhos de Noll et al (2008 e 2009) de intervenccedilatildeo crocircnica e
aguda respectivamente apoacutes o mesmo protocolo de tratamento muscular
16
demonstraram piora da mobilidade e da capacidade funcional Atualmente soacute
existe um estudo na literatura de Cunha et al (2005) que avaliaram a
atividade muscular respiratoacuteria com eletromiografia de superfiacutecie apoacutes a
intervenccedilatildeo nos pacientes com DPOC e apresentou melhoras nos paracircmetros
avaliados
Devido aos dados contraditoacuterios dos efeitos do alongamento dos
muacutesculos da caixa toraacutecica presente na literatura Heneghan et al (2012)
concluiacuteram em sua revisatildeo sistemaacutetica que atualmente natildeo existem evidecircncias
que suportem os benefiacutecios deste tipo de intervenccedilatildeo em pacientes com DPOC
Apesar da importacircncia que os estudos preacutevios representaram para a
comunidade cientiacutefica eles apresentaram limitaccedilotildees metodoloacutegicas
importantes pois poucos satildeo os estudos controlados e aleatorizados e tambeacutem
a aleatorizaccedilatildeo dos pacientes raramente satildeo descritas Outro ponto importante
a ser destacado eacute o fato de realizarem a intervenccedilatildeo com avaliaccedilatildeo aguda
estudos recentes demonstraram que muacutesculo se comporta diferente quando
comparado com a intervenccedilatildeo crocircnica Aleacutem disso os trabalhos utilizaram
ferramentas de avaliaccedilatildeo da mobilidade toracoabdominal de pouca acuraacutecia
como a cirtometria e atualmente com os avanccedilos tecnoloacutegicos existem
sistemas mais avanccedilados como o pletismoacutegrafo optoeletocircnico (POE) para a
avaliaccedilatildeo da mecacircnica ventilatoacuteria (Aliverti et al 2000)
17
18 Meacutetodos para a anaacutelise da mecacircnica ventilatoacuteria
A avaliaccedilatildeo dos padrotildees respiratoacuterios eacute importante para a melhor
compreensatildeo da mecacircnica respiratoacuteria visando o desenvolvimento e a melhor
compreensatildeo dos tratamentos fisioterapecircuticos aleacutem de contribuir para as
pesquisas cientiacuteficas (Parreira et al 2012) Existem alguns meacutetodos validados
que quantifica a mobilidade toracoabdominal como a pletismografia por
indutacircncia (Respitrace) eacute um aparelho composto por faixas elaacutesticas sensiacuteveis
agrave tensatildeo e compressatildeo posicionadas ao redor da caixa toraacutecia e abdominal
Elas satildeo conectadas a um moacutedulo oscilador e uma unidade de calibraccedilatildeo os
dados do movimento das faixas satildeo coletados e atraveacutes de um software
analisados em tempo real as variaacuteveis da mecacircnica ventilatoacuteria (Gosselink et
al 1995 Costa et al 2011 Fernandes et al 2011)
Para a avaliaccedilatildeo da expansibilidade os estudos ainda utilizam a
cirtometria que atraveacutes de uma fita meacutetrica mensura-se o diacircmetro da regiatildeo
axilar xifoide e abdominal durante a inspiraccedilatildeo e expiraccedilatildeo maacutexima Satildeo
quantificados a excursatildeo em centiacutemetros atualmente natildeo eacute considerado um
exame fidedigno devido agrave analise subjetiva dos paracircmetros avaliados (Rondelli
et al 2009)
Com o avanccedilo tecnoloacutegico foi desenvolvido o Pletismoacutegrafo
Optoeletrocircnico (POE) Seu funcionamento baseia-se na anaacutelise do movimento
detectado a partir de marcadores compostos por esferas reflexivas de 6 a 10
miliacutemetros (Dellacagraversquo et al 2010) posicionados na regiatildeo anterior e posterior da
superfiacutecie toracoabdominal (Romagnoli et al 2008 Bianchi et al 2007) O
18
deslocamento das esferas satildeo captadas atraveacutes de cacircmeras especiais que
possuem diodos axiais que emitem feixes luzes infravermelho que eacute refletido
por cada marcador Apoacutes o sinal ser processado satildeo identificados o
posicionamento das esferas na superfiacutecie a partir do cruzamento das
informaccedilotildees de cada cacircmera bidimensional os dados satildeo transformados em
coordenadas tridimensionais (Boudarham et al 2013)
O POE possui algumas vantagens dentre elas eacute um meacutetodo natildeo
invasivo natildeo necessita de clipe nasal maacutescaras ou qualquer similar de
calibraccedilatildeo simples e as avaliaccedilotildees podem ser realizadas em vaacuterias posturas
(Alliverti et al 2000) diferentes condiccedilotildees e em diversas disfunccedilotildees e
patologias (Vogiatzis et al 2005 Bianchi et al 2004) Este meacutetodo natildeo possui
diferenccedilas significativas nos dados quando comparados com outros meacutetodos
de diagnoacutestico da mecacircnica toracoabdominal (Aliverti 2008 Layton et al
2013) Eacute possiacutevel mensurar a cada ciclo respiratoacuterio variaacuteveis de volume e de
tempo dos trecircs compartimentos da parede toraacutecica e dos dois hemitoacuterax aleacutem
das variaacuteveis de assincronia toracoabdominal (Romagnoli et al 2008 Aliverti
et al 2010 Boudarham et al 2013) Por todas essas razotildees o POE tem
ganhado grande destaque nos uacuteltimos anos nas pesquisas sobre a mecacircnica
toracoabdominal mas por ser uma tecnologia recente ainda carece de mais
estudos
Os trabalhos que relacionaram os efeitos do alongamento dos muacutesculos
respiratoacuterios na DPOC ainda satildeo escassos de baixo rigor metodoloacutegico e ateacute
entatildeo nenhum existe nenhum trabalho foi avaliado pelo POE Os efeitos
19
destas teacutecnicas associadas ao exerciacutecio aeroacutebico e o seu impacto na mecacircnica
ventilatoacuteria permanecem desconhecidos Sendo assim parece relevante
verificar a influecircncia dos alongamentos associados ao exerciacutecio aeroacutebico na
mecacircnica ventilatoacuteria e na capacidade funcional dos pacientes com DPOC
19 Hipoacutetese
O alongamento dos muacutesculos respiratoacuterios potencializaria a capacidade
contraacutetil e a excursatildeo dos muacutesculos respiratoacuterios que resultaria na melhora da
mobilidade toracoabdominal e possivelmente no aumento da capacidade
ventilatoacuteria Com isso os pacientes com DPOC conseguiriam realizar a
atividade fiacutesica desencadeando menos dispneia
2 OBJETIVOS
21
21 Primaacuterio
Avaliar os efeitos do alongamento dos muacutesculos respiratoacuterios
associados ao treinamento aeroacutebico na mecacircnica ventilatoacuteria e na capacidade
funcional em indiviacuteduos portadores de DPOC com graus moderado e grave
durante o exerciacutecio comparado ao grupo controle (sham)
22 Secundaacuterio
Avaliar a atividade muscular eficiecircncia muscular e mobilidade abdominal
e observar se os dados obtidos possuem alguma relaccedilatildeo com as variaacuteveis
principais
3 CASUIacuteSTICA E METODOS
23
31 Aspectos eacuteticos
A pesquisa foi aprovada pelo Comitecirc de Eacutetica (Cappesq) do Hospital das
Cliacutenicas da Faculdade de Medicina da Universidade de Satildeo Paulo (HCFMUSP)
sob o no 129509 e todos os pacientes assinaram o Termo de Consentimento
Livre e Esclarecido concordando em participar da pesquisa O estudo foi
registrado no Clinical Trials (NCT02036762)
32 Casuiacutestica
Foram analisados 28 pacientes portadores de DPOC com grau de
obstruccedilatildeo moderada a grave em seguimento cliacutenico no ambulatoacuterio de
pneumologia do HCFMUSP O diagnoacutestico de DPOC foi estabelecido de
acordo com os criteacuterios recomendados pela American Toracic Society (ATS
2013)
321 Criteacuterios de inclusatildeo
Foram estudados pacientes portadores de DPOC que aceitaram
participar do estudo com autorizaccedilatildeo por escrito com grau de obstruccedilatildeo de
moderado (VEF1 ge 50 e lt 80 previsto) a grave (VEF1 ge 30 e lt 50
24
previsto) e VEF1CVF lt 070 diagnoacutesticado haacute no miacutenimo 6 meses com
estabilidade cliacutenica por pelo menos 1 mecircs em condiccedilatildeo cliacutenico medicamentosa
otimizada de acordo com os criteacuterios do GOLD (GOLD 2013) Os criteacuterios de
inclusatildeo foram (1) idade gt40 anos (2) clinicamente estaacuteveis (sem alteraccedilotildees
medicamentosas ou agravamento dos sintomas haacute pelo menos 4 semanas
antes do iniacutecio do estudo) (3) natildeo O2 dependente (4) ausecircncia de outras
pneumopatias e doenccedilas cardiovasculares associadas (5) ausecircncia de
cirurgias toraacutecicas (6) ausecircncia de deficiecircncias cognitivas fiacutesicas ou
comprometimento funcional que impossibilitasse a participaccedilatildeo no estudo (7)
IMC gt18 e lt30 Kgm2 (8) natildeo ter sido submetido a qualquer tipo de programa
de reabilitaccedilatildeo pulmonar nos uacuteltimos 6 meses
322 Criteacuterios de exclusatildeo
Os criteacuterios de exclusatildeo foram (1) descompensaccedilatildeo do quadro cliacutenico
(internaccedilatildeo com agravamentos dos sintomas e alteraccedilatildeo medicamentosa) e (2)
natildeo assiduidade ao tratamento (faltas superiores a 3 sessotildees) Durante todo o
estudo natildeo houve alteraccedilatildeo do tratamento medicamentoso do paciente
25
Figura 1 Desenho experimental
33 Delineamento experimental
Ensaio cliacutenico prospectivo aleatorizado controlado e de avaliador ldquocegordquo
Os pacientes participantes foram alocados em uma proporccedilatildeo de 11 nos
grupos tratamento (GT) ou controle (GC) (n=15 cada) A aleatorizaccedilatildeo foi feita
por sorteio dos pacientes em envelopes pardos e opacos
Todos os pacientes foram avaliados em 2 momentos distintos preacute (1ordf
avaliaccedilatildeo) e poacutes (2ordf avaliaccedilatildeo) programa de exerciacutecios aeroacutebicos associado ao
26
alongamento muscular A 1ordf avaliaccedilatildeo foi realizada em apenas um dia e foi
anterior agrave aleatorizaccedilatildeo A avaliccedilatildeo incluiu anaacutelise da mecacircnica ventilatoacuteria e
atividade muscular respiratoacuteria (pletismografia optoeletrocircnica e eletromiografia
de superfiacutecie) durante o exerciacutecio com carga capacidade funcional (teste da
caminhada de seis minutos) e da prova de funccedilatildeo pulmonar (espirometria) para
a caracterizaccedilatildeo amostral A 2ordf avaliaccedilatildeo foi realizada pelo avaliador ldquocegordquo em
ateacute 7 dias apoacutes o teacutermino do programa de tratamento e constou das mesmas
avaliaccedilotildees descritas anteriormente
Apoacutes a 1ordf avaliaccedilatildeo os pacientes foram divididos aleatoriamente em 2
grupos O grupo controle (GC) realizou o alongamento ativo da musculatura
perifeacuterica (sham) associado ao programa de treinamento aeroacutebico em esteira
ergomeacutetrica e o grupo tratado (GT) realizou o alongamento da musculatura
acessoacuteria respiratoacuteria associado ao programa de treinamento aeroacutebico em
esteira ergomeacutetrica Os protocolos de intervenccedilatildeo tiveram a duraccedilatildeo de 24
sessotildees (60 minsessatildeo 2x semana por 3 meses) O treinamento aeroacutebico foi
realizado apoacutes os 30 minutos de alongamento da musculatura perifeacuterica (sham)
ou respiratoacuteria (tratamento) e teve a duraccedilatildeo de 30 minutos em cada sessatildeo
34 Intervenccedilatildeo
341 Protocolo de alongamento do grupo tratado (GT)
O protocolo de tratamento foi composto por uma seacuterie de alongamentos
para cada musculatura respiratoacuteria escolhida Foram realizadas 24 sessotildees (2
27
sessotildees semanais num periacuteodo de 3 meses) Cada sessatildeo teve duraccedilatildeo de
aproximadamente 30 minutos
Os alongamentos foram realizados em diferentes decuacutebitos de acordo
com a musculatura alongada Foram selecionadas duas teacutecnicas de
alongamento a contraccedilatildeo-relaxamento para a maioria dos muacutesculos
selecionados e nas musculaturas que apresentavam limitaccedilotildees biomecacircnicas
para a realizaccedilatildeo da teacutecnica de contraccedilatildeo-relaxamento foi substituiacutedo pelo
alongamento passivo
Cada seacuterie da teacutecnica de contraccedilatildeo-relaxamento consistiu
primeiramente na realizaccedilatildeo da amplitude maacutexima articular sustentado por 10
segundos seguida de uma contraccedilatildeo isomeacutetrica maacutexima por 3 segundos com
retomada ao alongamento passivo por mais 3 segundos este processo foi
repetido por 9 seacuteries para cada muacutesculo e a cada 3 seacuteries foi intercalado com
1 minuto de descanso (Bonnar et al 2004) O alongamento passivo foi
sustentado por 60 segundos em cada muacutesculo por trecircs vezes com intervalo
miacutenimo de um minuto (Siatras et al 2008) O posicionamento adequado e a
teacutecnica de alongamento seraacute detalhado a seguir
Peitoral maior Paciente em decuacutebito dorsal o terapeuta posicionou-se
do lado homolateral do muacutesculo alongado primeiramente foi realizado a
abduccedilatildeo de 90o do ombro associado agrave extensatildeo horizontal e rotaccedilatildeo externa
maacutexima do ombro com flexatildeo de 90o do cotovelo O terapeuta apoiou uma matildeo
no cotovelo e a outra no esterno para a estabilizaccedilatildeo com a matildeo distal foi
realizado o alongamento maacuteximo em extensatildeo horizontal que iniciou a teacutecnica
28
de contraccedilatildeo-relaxamento com contraccedilatildeo no sentido da flexatildeo horizontal (Putt
et al 2008) (Figura 2)
Figura 2 Anatomia e teacutecnica de alongamento do peitoral maior
Escaleno Paciente em decuacutebito dorsal terapeuta posicionou-se acima
da cabeccedila do paciente e realizou a lateroflexatildeo cervical contralateral ao
muacutesculo alongado O terapeuta posicionou uma matildeo na regiatildeo occipital outra
estabilizou o ombro homolateral a lateroflexatildeo contralateral foi realizada ateacute
amplitude articular maacutexima do paciente que iniciou o alongamento de
contraccedilatildeo-relaxamento com contraccedilatildeo isomeacutetrica no sentido da lateroflexatildeo
homolateral (Cunha et al 2005) (Figura 3)
Figura 3 Anatomia e teacutecnica de alongamento do escaleno
29
Esternocleidomastoacuteideo Paciente em decuacutebito dorsal terapeuta se
posicionou acima da cabeccedila do paciente iniciou-se com a rotaccedilatildeo homolateral
ao muacutesculo alongado associado a uma extensatildeo da mesma O terapeuta
apoiou uma matildeo na regiatildeo temporal e a outra na regiatildeo esternal onde foi
realizado a depressatildeo e a estabilizaccedilatildeo distal muscular Apoacutes a amplitude
maacutexima articular do paciente que iniciou o alongamento de contraccedilatildeo-
relaxamento a contraccedilatildeo isomeacutetrica foi realizada no sentido da rotaccedilatildeo
contralateral e flexatildeo cervical durante a teacutecnica (Cunha et al 2005) (Figura 4)
Figura 4 Anatomia e a teacutecnica de alongamento do Esternocleidomastoideo
Trapeacutezio superior Paciente em decuacutebito dorsal terapeuta posicionou-se
acima da cabeccedila do paciente para realizar a rotaccedilatildeo e lateroflexatildeo contralateral
da cabeccedila associada a uma flexatildeo da mesma em conjunto com a depressatildeo do
ombro homolateral agrave musculatura alongada Apoacutes a amplitude articular maacutexima
iniciou-se o alongamento de contraccedilatildeo-relaxamento com contraccedilatildeo isomeacutetrica
em extensatildeo da cabeccedila (Heneghan et al 2012) (Figura 5)
30
Figura 5 Anatomia e a teacutecnica de alongamento do Trapeacutezio Superior
Peitoral menor Paciente em decuacutebito dorsal o terapeuta se posicionou
homolateralmente ao muacutesculo tratado uma matildeo no cotovelo onde foi realizada
a elevaccedilatildeo do ombro e outra na regiatildeo o gradil costal anterossuperior Elevou-
se o cotovelo ateacute o limite articular associada agrave depressatildeo das primeiras
costelas (3a 4a e 5a) a manobra foi mantida por 60 segundos e repetida trecircs
vezes intercaladas com um minuto de descanso (Putt et al 2008) (Figura 6)
Figura 6 Anatomia e a teacutecnica de alongamento do peitoral menor
31
Intercostais e serraacutetil anterior Paciente em decuacutebito lateral terapeuta
posicionou-se atraacutes do paciente uma matildeo no cotovelo e a outra no gradil
costal homolateral inferior O alongamento consistiu em realizar a depressatildeo
das costelas associada agrave abduccedilatildeo maacutexima do ombro foi mantido por 60
segundos e repetida trecircs vezes intercaladas com minuto de repouso (Izumizaki
et al 2008) (Figura 7)
Figura 7 Anatomia e a teacutecnica de alongamento do Serraacutetil Anterior e Intercostais
Abdominais Foi a uacutenica musculatura do grupo tratado que o paciente
realizou o alongamento ativo ele se posicionou em decuacutebito ventral o apoio foi
feito com as matildeos na maca extensatildeo bilateral dos cotovelos forccedilando a
extensatildeo do tronco associado agrave extensatildeo da cabeccedila ateacute a maacutexima amplitude
por 60 segundos foi repetida 3 vezes intercaladas com um minuto de descanso
(Rassier 2007) (Figura 8)
32
Figura 8 Anatomia e a teacutecnica de alongamento dos muacutesculos abdominais
342 Protocolo de exerciacutecios do grupo controle (GC)
O grupo controle (GC) realizou o alongamento ativo das musculaturas
das extremidades dos membros superiores e inferiores foram 2 exerciacutecios para
flexores e extensores do punho e 2 exerciacutecios para flexores e extensores do
tornozelo Foram realizadas 24 sessotildees consistidas por 2 sessotildees semanais
em um periacuteodo de 3 meses Cada sessatildeo teve duraccedilatildeo de aproximadamente
30 minutos (Siatras et al 2008)
Flexores do punho Os flexores satildeo compostos por 5 muacutesculos principais
flexores profundos dos dedos flexores superficiais dos dedos palmar longo
flexor radial carpo e flexor ulnar do carpo O paciente realizou a flexatildeo de 900
do ombro com o cotovelo extendido antebraccedilo supinado e extensatildeo do punho
com a matildeo espalmada A matildeo contralateral estabilizou a regiatildeo palmar do
membro superior alongado e foi efetuada a extensatildeo maacutexima do punho
sustentada por 60 segundos foram trecircs repeticcedilotildees intercaladas por um minuto
de descanso (Ylinen 2009) (Figura 9)
33
Figura 9 Teacutecnica de alongamento e anatomia dos flexores do punho
Extensores do punho Os extensores satildeo compostos por 4 muacutesculos
principais extensor dos dedos extensor ulnar do carpo extensor radial curto
do carpo extensor radial longo do carpo Primeiramente foi realizada a flexatildeo
de 900 do ombro com o cotovelo extendido antebraccedilo pronado e flexatildeo do
punho A matildeo contralateral estabilizou a regiatildeo dorsal da matildeo alongada em
flexatildeo maacutexima do punho por 60 segundos realizadas trecircs repeticcedilotildees
intercaladas por um minuto de descanso (Ylinen 2009) (Figura 10)
Figura 10 Teacutecnica de alongamento e anatomia dos extensores do punho
34
Dorsiflexores do tornozelo Os dorsiflexores do tornozelo satildeo compostos
por 3 muacutesculos principais tibial anterior extensor longo dos dedos extensor
longo do haacutelux Sentado com a perna cruzada a matildeo contralateral apoiou na
regiatildeo dorsal do peacute e a matildeo homolateral estabilizou o tornozelo O
alongamento consistiu em forccedilar a flexatildeo plantar maacutexima por 60 segundos
foram trecircs repeticcedilotildees intercaladas por um minuto de descanso (Ylinen 2009)
(Figura 12)
Figura11 Teacutecnica de alongamento e anatomia dos extensores do tornozelo
Flexores plantares do tornozelo Os flexores plantares do tornozelo satildeo
compostos por 7 muacutesculos principais gastrocnecircmio soacuteleo flexor longo dos
dedos flexor longo do haacutelux tibial posterior fibular longo e curto O paciente
em peacute apoiou as matildeos bilateralmente na parede com a perna contralateral agrave
frente e a homolateral em extensatildeo de quadril joelho e dorsiflexatildeo maacutexima do
35
tornozelo mantida por 60 segundos foram realizadas trecircs repeticcedilotildees
intercaladas por um minuto de descanso (Ylinen 2009) (Figura 11)
Figura 12 Muacutesculos dos flexores do tornozelo e o posicionamento do alongamento
343 Protocolo dos exerciacutecios aeroacutebicos
Todos os pacientes realizaram o exerciacutecio aeroacutebico na esteira
ergomeacutetrica por 30 minutos a intensidade inicial da primeira semana foi
ajustada para 60 da velocidade meacutedia obtida no teste de caminhada dos 6
minutos (TC6) Nas semanas subsequentes a velocidade foi gradativamente
aumentada ateacute atingir 85 da velocidade meacutedia no TC6 os pacientes
realizaram durante 5 minutos o aquecimento e o desaquecimento com
intensidade de 40 a 60 da velocidade do teste (Putt et al 2008 Figueiredo e
Guimaratildees et al 2008 Zainuldin et al 2007) O incremento da intensidade foi
baseado nos sinais vitais frequecircncia cardiacuteaca (FC) saturaccedilatildeo perifeacuterica de O2
36
(SpO2 entre 90 a 94) percepccedilatildeo da dispneia pela escala modificada de Borg
(entre 4-7 pontos) todos estes paracircmetros foram analisados a cada 4 minutos
durante o treinamento aeroacutebico ou seja com a estabilidade dos sinais vitais a
velocidade foi progressivamente recalculada e em alguns casos passaram dos
100 da velocidade meacutedia obtida no TC6 A pressatildeo arterial (PA) foi aferida
preacute e poacutes os exerciacutecios (Godoy et al 2005 Figueiredo e Guimaratildees 2009)
35 Avaliaccedilotildees
351 Caracterizaccedilatildeo Amostral
Os dados antropomeacutetricos foram coletados apoacutes a inclusatildeo dos
pacientes ao estudo idade altura peso iacutendice de massa corpoacuterea (IMC)
VEF1 VEF1CVF TC6 e iacutendice de prognoacutestico e mortalidade de Bode
352 Prova de funccedilatildeo pulmonar simples
A espirometria (Spirobank Medical International Research Roma Itaacutelia)
foi feita em todos os pacientes de acordo com os criteacuterios de reprodutibilidade e
aceitabilidade adotados pela American Thoracic Society e European
Respiratory Society (2005) Os valores preditos de normalidade jaacute haviam sido
previamente descritos (Pereira et al 2007) Foram aferidos o volume
expiratoacuterio no primeiro segundo (VEF1) e a sua relaccedilatildeo com a Capacidade vital
forccedilada (VEF1CVF) e aceitos trecircs testes com variaccedilatildeo inferior a 5 e foi
37
considerado o teste com maior valor Com esse teste foi determinado a
gravidade da obstruccedilatildeo pulmonar considerando o VEF1 como paracircmetro para
caracterizaccedilatildeo da amostra
353 Padratildeo respiratoacuterio mobilidade e sincronia toracoabdominal
A pletismografia optoeletrocircnica (POE System Milatildeo Itaacutelia) eacute um sistema
indireto e natildeo invasivo para a avaliaccedilatildeo da mecacircnica ventilatoacuteria mobilidade e
sincronia capaz de dividir em 3 compartimentos toacuterax superior inferior e
abdominal (Alvierti et al 2000) O sistema optoeletrocircnico evoluiu a partir do
desenvolvimento tecnoloacutegico do processamento de imagens que possibilitaram
a anaacutelise de muacuteltiplos pontos posicionados na superfiacutecie corporal Para o
desenvolvimento do POE foi necessaacuterio criar um sistema de anaacutelise
tridimensional do movimento chamado de ELITE (Elaborate di immagini
televisive) Inicialmente utilizaram 32 marcadores a fim de abranger maior
aacuterea da parede toraacutecica e posteriormente 86 marcadores (Cala et al 1996)
Gorini et al (1999) e Ferrigno et al (1994) encontraram uma medida mais
precisa dos paracircmetros ventilatoacuterios utilizando 89 marcadores que delimitaram
a superfiacutecie anatocircmica em trecircs compartimentos superior inferior e abdominal
utilizadas ateacute o presente momento
O funcionamento do POE baseia-se na anaacutelise automaacutetica do movimento
detectado a partir de marcadores compostos por esferas reflexivas de 6 a 10
miliacutemetros (Dellacagraversquo et al 2010) As 89 esferas estatildeo dispostas da seguinte
forma sete linhas horizontais cinco verticais duas meacutedio-axilares e sete
38
marcadores extras dispostas em toda entre a claviacutecula e a espinha iliacuteaca
anterossuperior e posteriormente ateacute a regiatildeo dos flancos laterais totalizando
37 marcadores anteriores 42 posteriores e dez laterais (Romagnoli et al 2008
Bianchi et al 2007) (Figuras 13 e 14)
Figura13 Imagem tridimensional gerada pelo OEP
Figura14 Disposiccedilatildeo das 89 esferas reflexivas
39
As cacircmeras especiais CCD (Charge Coupled Device) possuem diodos
axiais que emitem feixes luzes infravermelho que satildeo refletidas pelos
marcadores e assim pocircde ser captado pelas cacircmeras em tempo real (120Hz)
Este sinal foi processado atraveacutes das 8 cacircmeras presente na sala de avaliaccedilatildeo
e identificam o posicionamento de cada ponto da superfiacutecie toracoabdominal A
reconstruccedilatildeo da cinemaacutetica toracoabdominal foi feita pelo software SMART
que executou algoritmos em tempo real e computou as coordenadas
tridimensionais dos marcadores refletivos durante as coletas com POE (Binazzi
et al 2008 Aliverti 2010)
O sistema aplicou um modelo geomeacutetrico baseado na posiccedilatildeo dos
marcadores para descrever a superfiacutecie toracoabdominal e seus
compartimentos durante a coleta Apoacutes a reconstruccedilatildeo do modelo os dados
foram exportados como arquivos numeacutericos gerando colunas de dados
representando os sinais por amostras tempo posiccedilatildeo dos marcadores e
volume facilitando a avaliaccedilatildeo dos sinais e aplicaccedilatildeo dos meacutetodos de
estimativa (Parreira et al 2012 Aliverti 2010)
40
Figura15 Laboratoacuterio do POE com a disposiccedilatildeo das cacircmeras e da bicicleta
Figura16 Captaccedilatildeo e anaacutelise dos dados do volume toracoabdominal
41
3531 Avaliaccedilatildeo do POE durante o exerciacutecio
Os sujeitos da pesquisa foram previamente orientados sobre os
procedimentos Inicialmente eles foram colocados sobre a bicicleta ergomeacutetrica
(Ergometrics 800 Sensormedics) e os 89 marcadores foram posicionados
sobre a superfiacutecie toracoabdominal (anterior e posterior) A foacutermula para o
caacutelculo da carga maacutexima foi descrita por Jones e colaboradores (1985) Wmax =
204 (altura) ndash 874 (idade) ndash 288 (gecircnero) ndash 1909 [28] foi utilizada 25 da
carga maacutexima o valor de gecircnero na foacutermula corresponde a 1 para mulheres e
0 para homens (Figura 17)
Durante a coleta o paciente foi orientado a manter 60 rotaccedilotildees por minuto
(RPM) (Vogiatzis et al 2005) Apoacutes 30 segundos de descanso foi realizada a
1ordm medida do POE em repouso (6 ciclos respiratoacuterios completos) depois o
paciente realizou o exerciacutecio sem carga por 3 minutos e posteriormente foi
realizada a 2ordm medida do POE (6 ciclos respiratoacuterios completos) Apoacutes este
periacuteodo iniciou-se o exerciacutecio com carga que foi incrementado de forma
proporcional durante 2 minutos ateacute atingir a carga programada e no final foi
realizada novamente a 3ordm medida do POE (6 ciclos respiratoacuterios completos) O
processo finalizou-se com um periacuteodo de recuperaccedilatildeo de 2 minutos com
exerciacutecio sem carga para o retorno dos sinais vitais (Figura 18)
Foram avaliados o volume corrente da caixa toraacutecica pulmonar (CT)
volume corrente do toacuterax superior (TS) volume corrente do toacuterax inferior (TI)
volume corrente abdominal (ABD) de tempo ventilaccedilatildeominuto (VE) fluxo
inspiratoacuterio (FI) e Fluxo expiratoacuterio (FE) participaccedilatildeo em porcentagem () dos
42
compartimentos do toacuterax superior (TS) toacuterax inferior (TI) e abdome
(ABD) (Romagnoli et al 2008 Aliverti et al 2008 Boudarham et al 2013)
A mobilidade do compartimento abdominal foi calculada pela relaccedilatildeo CTABD
no exerciacutecio com carga (Gosselink et al 1995) a reduccedilatildeo dos valores desta
relaccedilatildeo reflete a melhora da mobilidade abdominal (Yamaguti et al 2012)
Figura17 Paciente Realizando a avaliaccedilatildeo com carga no cicloergocircmetro no POE
Figura 18 Desenho experimental da avaliaccedilatildeo do OEP
43
354 Atividade muscular respiratoacuteria
A atividade dos muacutesculos respiratoacuterios foi avaliada atraveacutes da aquisiccedilatildeo
do sinal eletromiograacutefico de superfiacutecie (System BTSreg Milatildeo Itaacutelia)
simultaneamente agrave avaliaccedilatildeo da mecacircnica toracoabdominal pelo POE Foram
utilizados eletrodos circulares descartaacuteveis de AgAgCl com 10mm de diacircmetro
e um adesivo condutivo hidrogel colocados de forma a manter a distacircncia
intereletrodo de 20mm No local da fixaccedilatildeo dos eletrodos foram realizados
tricotomia quando necessaacuterio e fricccedilatildeo de gaze embebida em aacutelcool (70)
para remoccedilatildeo da gordura presente na superfiacutecie de contato com o objetivo de
diminuir a impedacircncia da pele (Dworak et al 2011)
Os eletrodos foram fixados no ventre muscular afastados do ponto
motor de forma paralela agrave da direccedilatildeo das fibras musculares de acordo com o
European concerted action - surface EMG for an non-invasive assesment of
muscles (Hermens et al 2000) O eletrodo para a avaliaccedilatildeo do muacutesculo
esternocleidomastoideo foi posicionado no ventre muscular a 5 cm do processo
mastoideo (Kallenberg et al 2009) do muacutesculo intercostal superior foi
posicionado no 2deg espaccedilo intercostal e para o inferior entre o 7deg e o 8deg espaccedilo
intercostal e no reto abdominal foi inserido a 2 cm da cicatriz umbilical
(Maarsingh et al 2000)
Para o caacutelculo da eficiecircncia ventilatoacuteria os dados da atividade muscular
de todos os muacutesculos avaliados foram somados e divididos pelo volume
corrente (EMGVt) Essa equaccedilatildeo foi descrita primeiramente no trabalho de
44
Lunardi et al (2013) que avaliou a mecacircnica toracoabdominal na populaccedilatildeo
idosa Essa relaccedilatildeo permitiu observar a quantidade de volume deslocado pelo
niacutevel de estiacutemulo da atividade muscular
Figura19 Eletromioacutegrafo da BTS Engeneering
355 Capacidade Funcional
A capacidade funcional foi avaliada pelo teste de caminhada de 6 minutos
(TC6) A avaliaccedilatildeo foi realizada em um corredor de 30 metros com pouco
traacutefego e cada paciente realizou 2 testes respeitando o intervalo de uma hora
entre eles (Dourado et al 2011) Durante os testes o paciente foi orientado a
caminhar o mais raacutepido possiacutevel durante 6 minutos e caso apresentasse
dispneia limitante ou qualquer outro desconforto incapacitante ele podia
interromper o teste ateacute recuperar as condiccedilotildees para continuaacute-lo A cada minuto
45
os pacientes foram encorajados com frases de incentivo padronizadas de modo
que o mesmo percorresse a maior distacircncia possiacutevel durante todo o teste (ATS
2002 Louvaris et al 2013) O desempenho do paciente foi avaliado pela maior
distacircncia percorrida em um dos testes e foi monitorado tanto preacute quanto poacutes
exerciacutecio a frequumlecircncia cardiacuteaca (FC) e respiratoacuteria (FR) a saturaccedilatildeo de
oxigecircnio (SpO2) sensaccedilatildeo de esforccedilo por meio da escala modificada de Borg
(Borg 1982) e pressatildeo arterial (PA)
36 Anaacutelise Estatiacutestica
Para a mecacircnica ventilatoacuteria foi utilizado para o caacutelculo amostral os
resultados observados no estudo de Yamaguti et al (2012) onde a diferenccedila
das meacutedias da CTABD foi de 20 durante a respiraccedilatildeo natural no GT com a
diferenccedila do desvio padratildeo de 4 valor de plt005 e poder de 08 foi
estabelecido uma amostra de 3 pacientes por grupo
O caacutelculo amostral para os paracircmetros da atividade muscular foi
utilizado os resultados observados no estudo de Cunha et al (2005) onde a
diferenccedila das meacutedias no GT foi de 9 10-3mV com a diferenccedila do desvio padratildeo
de 6 10-3mV para o poder de 80 e um valor de alpha de 5 sendo
estabelecido uma amostra de 9 indiviacuteduos por grupo
Para os paracircmetros funcionais o caacutelculo amostral foi baseado no TC6
onde se esperava uma diferenccedila das meacutedias de 263m e a diferenccedila do desvio
padratildeo de 23 m de aumento apoacutes a intervenccedilatildeo (Yamaguti et al 2012) para o
46
poder de 80 e um valor de alpha de 5 sendo encontrado um tamanho de
amostra de 14 indiviacuteduos por grupo
A anaacutelise foi realizada utilizando o programa Sigma Stat versatildeo 32 Foi
utilizado o teste de Kolmogorov-Smirnov para verificar a normalidade dos
dados sendo estes apresentados como meacutedia plusmn desvio padratildeo Para
comparaccedilatildeo dos dados de caracterizaccedilatildeo dos grupos GT e GC foi realizado
utilizando o teste t de Student para dados com distribuiccedilatildeo normal e teste de
Mann-Withney para dados natildeo-parameacutetricos
A anaacutelise do efeito do tratamento nos dois grupos tambeacutem foi realizado
pelo teste t e pelo Mann-Withney para dados natildeo-parameacutetricos no delta das
diferenccedilas (Δ=poacutes-preacute)
A sensaccedilatildeo de dispneia (BORG modificado) foi analisada com o teste de
anaacutelise de variacircncia (ANOVA) seguida do pos hoc de Holm Sidak Para o TC6
foi observado a miacutenima diferenccedila clinicamente significante Proposto por
Holland et al 2013 (251m) O niacutevel de significacircncia foi ajustado para 5
(plt005) para todos os testes
4 RESULTADOS
48
Quinhentos e noventa e quatro pacientes foram avaliados para
elegibilidade 564 natildeo preencheram os criteacuterios de inclusatildeo sendo que os
motivos mais comuns foram oxigecircnio-dependente (n=160) sem
disponibilidade para participar (n=105) cardiopatias (n=80) e doenccedilas
musculoesqueleacuteticas associadas (n=43) (Figura 20) Trinta pacientes foram
incluiacutedos e aleatorizados 2 foram excluiacutedos apoacutes o iniacutecio do protocolo sendo 1
no grupo tratado (crise de caacutelculo renal) e 1 no grupo controle (agudizaccedilatildeo da
doenccedila de Chron) 14 sujeitos terminaram o estudo no GT e 14 no GC (Figura
20) Natildeo foram observadas diferenccedilas entre os grupos com relaccedilatildeo aos dados
antropomeacutetricos de funccedilatildeo pulmonar e capacidade funcional antes da
intervenccedilatildeo (Tabela 1)
49
Figura 20 Fluxograma do estudo
50
Tabela 1 Caracterizaccedilatildeo amostral basal dos pacientes do estudo
Caracterizaccedilatildeo Grupo Controle Grupo Tratado P
Dados Antropomeacutetricos
Genero (MF) 57 86 097
Idade (anos) 64plusmn56 61plusmn54 030
Altura (m) 165plusmn007 165plusmn008 096
IMC (Kgm2) 259plusmn29 257plusmn38 091
Funccedilatildeo Pulmonar
VEF1 ( pred) 426plusmn95 459plusmn155 056
VEF1CVF 049plusmn009 056plusmn013 017
Capacidade Funcional
TC6 (m) 439plusmn103 473plusmn68 032
BODE (IIIIIIIV)(n) 3531 6620 058
Legenda Os dados estatildeo apresentados em meacutedia desvio padratildeo exceto o BODE que estatildeo expressos
pelo nuacutemero de pacientes MF=masculinofeminino Kgm2=quilogramasmetro
2 VEF1=Volume expiratoacuterio
forccedilado no primeiro segundo VEF1CVF=Relaccedilatildeo do Volume expiratoacuterio forccedilado no primeiro segundo e capacidade vital IMC=Iacutendice de massa corpoacuterea TC6=teste de caminhada dos 6 minutos BODE=Iacutendice de prognoacutestico e mortalidade para DPOC
41 Cinemaacutetica toracoabdominal
Durante o exerciacutecio com carga os pacientes do grupo controle (GC) natildeo
apresentaram variaccedilatildeo da mecacircnica toracoabdominal apoacutes a intervenccedilatildeo os
pacientes do grupo tratado (GT) apresentaram um aumento meacutedio de 230 ml
no volume total da caixa toraacutecica total (CT) (equivalente ao volume corrente)
quando comparado ao GC (respectivamente 140plusmn170mL vs-86plusmn240mL
plt001) Este aumento ocorreu principalmente pelo ganho do volume do
compartimento abdominal (ABD) (respectivamente 140120mL vs -
108210ml plt001) (Figura 21) e natildeo foi observada uma diferenccedila significativa
nos compartimentos toraacutecicos superior (TS) e inferior (TI) (Figura 21 pgt005)
51
O GT tambeacutem apresentou um aumento da ventilaccedilatildeo minuto (VE)
(24plusmn36L vs -18plusmn41L plt0001) (Figura 22) e do fluxo expiratoacuterio
(FE)(80plusmn100mL vs -30plusmn100mL plt001) (Figura23) quando comparado com o
GC acreditamos que aleacutem do volume da caixa toraacutecica o aumento do fluxo
expiratoacuterio tambeacutem esteve relacionado com o aumento da mobilidade do
compartimento abdominal Este por sua vez foi calculado pela relaccedilatildeo da
contribuiccedilatildeo CTABD onde apresentou melhora somente no GT quando
comparado ao GC (-019plusmn041 vs 010plusmn028 plt001 respectivamente)
(Figura 24)
Figura 21 Efeitos do alongamento muscular respiratoacuterio na mecacircnica ventilatoacuteria durante o exerciacutecio Os dados foram apresentados em meacutedia e desvio padratildeo representado pela diferenccedila (Δ) = poacutes- - preacute-intervenccedilatildeo Houve um aumento estatisticamente significante do volume da CT e do ABD no GT O exerciacutecio foi realizado com 25 da carga maacutexima predito na equaccedilatildeo de Jones
25 GC= Grupo Controle GT= Grupo Tratado CT= Caixa totaacutecica total TS=
Toacuterax superior TI= Toacuterax inferior ABD= Abdomen = p lt 005 GC vs GT (teste t natildeo pareado)
52
Figura 22 Efeitos do alongamento muscular respiratoacuterio no volume minuto (VE) durante o exerciacutecio Os dados foram apresentados em meacutedia e desvio padratildeo representado pela diferenccedila (Δ) = poacutes- - preacute-intervenccedilatildeo Ambas apresentaram diferenccedilas houve um aumento estatisticamente significante de 4L no volume minuto (VE) no GT em relaccedilatildeo do GC O exerciacutecio foi realizado com 25 da carga maacutexima predito na equaccedilatildeo de Jones
25 GC= Grupo
Controle GT= Grupo Tratado = p lt 005 GC vs GT (teste t natildeo pareado)
53
Figura 23 Efeitos do alongamento muscular respiratoacuterio no fluxo expiratoacuterio (FE) durante o exerciacutecio Os dados foram apresentados em meacutedia e desvio padratildeo representado pela diferenccedila (Δ) = poacutes- - preacute-intervenccedilatildeo Ambas apresentaram diferenccedilas houve um aumento estatisticamente significante de 100mL no fluxo expiratoacuterio (FE) no GT em relaccedilatildeo do GC O exerciacutecio foi realizado com 25 da carga maacutexima predito na equaccedilatildeo de Jones
25 GC= Grupo
Controle GT= Grupo Tratado = p lt 005 GC vs GT (teste t natildeo pareado)
54
Figura 24 Efeitos do alongamento muscular respiratoacuterio na relaccedilatildeo da contribuiccedilatildeo da caixa toraacutecica e abdocircmen (CTABD) durante o exerciacutecio Os dados foram apresentados em meacutedia e desvio padratildeo representado pela diferenccedila (Δ) = poacutes- - preacute-intervenccedilatildeo O exerciacutecio foi realizado com 25 da carga maacutexima predito na equaccedilatildeo de Jones
25 Foi observado a reduccedilatildeo
estatisticamente significante da relaccedilatildeo CTAB no GT que representa o aumento da mobilidade do compartimento abdominal GC= Grupo Controle GT= Grupo Tratado CT= Participaccedilatildeo da caixa toraacutecica ABD= Participaccedilatildeo abdominal = p lt 005 GC vs GT (teste t natildeo pareado)
42 Atividade muscular
Os dados da atividade muscular dos muacutesculos esternocleidomastoideo
intercostal superior intercostal inferior e abdome foram mensurados e foi
possiacutevel observar uma reduccedilatildeo da atividade muscular no exerciacutecio apoacutes o
protocolo de alongamento no GT quando comparado ao GC dos muacutesculos
esternocleidomastoideo (-57plusmn217 vs 185-plusmn443mV plt003 respectivamente)
e intercostais superiores (-1466plusmn441 vs 46plusmn115mV plt001
respectivamente) (Figura 25)
55
Todos os dados da atividade muscular foram somados e divididos pelo
volume corrente total com o intuito de demonstrar a quantidade de atividade
muscular por volume deslocado Foi verificado uma reduccedilatildeo da razatildeo EMGVt
no exerciacutecio com carga no GT quando comparado com o GC (respectivamente
[-138 (-519- -536 mVL) vs 10 (-741- 372 mVL) plt0006] (Figura 26)
Figura 25 Efeitos do alongamento muscular respiratoacuterio na atividade muscular Os dados foram apresentados em meacutedia e desvio padratildeo representado pela diferenccedila (Δ) = poacutes- - preacute-intervenccedilatildeo Foi constatada uma diminuiccedilatildeo estatisticamente significante da atividade dos muacutesculos esternocleidomastoideo e intercostal superior no GT O exerciacutecio foi realizado com 25 da carga maacutexima predito na equaccedilatildeo de Jones
25 GC= Grupo Controle GT= Grupo
Tratado = p lt 005 GC vs GT (teste t natildeo pareado)
56
Figura 26 Efeitos do alongamento muscular respiratoacuterio na relaccedilatildeo entre a atividade muscular e o volume corrente (EMGVt) Os dados foram apresentados em meacutedia e desvio padratildeo representado pela diferenccedila (Δ) = poacutes- - preacute-intervenccedilatildeo Observou-se uma diminuiccedilatildeo estatisticamente significante da EMGVt no GT O exerciacutecio foi realizado com 25 da carga maacutexima predito na equaccedilatildeo de Jones
25 GC= Grupo Controle GT= Grupo Tratado = p lt 005
GC vs GT (teste t natildeo pareado)
43 Capacidade funcional e Dispneia
Para os paracircmetros de Borg (Figura 27) foi aferido em 4 momentos preacute e poacutes
TC6 e preacute e poacutes intervenccedilatildeo Os dados basais natildeo apresentaram diferenccedilas
entre o GT e o GC (respectivamente 175plusmn21 vs 12plusmn17 pgt02) Apoacutes a
intervenccedilatildeo houve uma diminuiccedilatildeo significativa da sensaccedilatildeo de dispneia em
ambos os grupos poacutes-TC6 quando comparado aos seus dados iniciais GT
(43plusmn18 vs 15plusmn09 plt0001) e no GC (42plusmn15 vs 28plusmn17 plt0001) Na
comparaccedilatildeo entre os grupos o GT apresentou uma melhora da sensaccedilatildeo de
dispneia quando comparado com o GC tanto preacute-exerciacutecio (respectivamente
57
02plusmn05 vs 06plusmn08 plt0001) quanto poacutes-exerciacutecio (respectivamente 15plusmn09
vs 28plusmn17 plt0001) Aleacutem disso somente no GT houve uma diminuiccedilatildeo
significativa do Borg na comparaccedilatildeo intragrupo preacute-TC6 antes e depois do
tratamento (18plusmn08 vs 02plusmn06 plt0001) Com a diminuiccedilatildeo da sensaccedilatildeo de
dispneia foi possiacutevel verificar que os pacientes do GT apresentaram melhora
clinicamente significante no TC6 meacutedio quando comparado com o GC
(respectivamente 2514m vs 65m Figura 28) valores propostos por Holland
et al (2013)
Figura 27Efeitos do alongamento muscular respiratoacuterio na escala de BORG Os dados foram apresentados Os dados foram apresentados em meacutedia e desvio padratildeo representado pela diferenccedila (Δ) = poacutes- - preacute-intervenccedilatildeo Apoacutes o tratamento ambos apresentaram diminuiccedilatildeo da dispneia mas somente no GT houve uma diminuiccedilatildeo na comparaccedilatildeo com o GC e com seus dados iniciais no preacute TC6 O exerciacutecio foi realizado com 25 da carga maacutexima predito na equaccedilatildeo de Jones
25 GC= Grupo Controle GT= Grupo Tratado BORG= Escala de dispneia
TC6= Teste de caminhada dos 6 minutos = p lt 005 preacute vs poacutes intervenccedilatildeo +=plt005 GC vs GC) (teste t natildeo pareado)
58
Figura 28 Os dados apresentados em (Δ) representam (poacutes intervenccedilatildeo ndash preacute intervenccedilatildeo) No teste de caminhada dos 6 minutos (TC6) foi observada uma diferenccedila clinicamente significante do TC6 no GT que obteve um aumento meacutedio de 2514m e o GC de 65m O exerciacutecio foi realizado com 25 da carga maacutexima predito na equaccedilatildeo de Jones
25 GC= Grupo
Controle GT= Grupo Tratado TC6= Teste de caminhada dos 6 minutos ( =diferenccedila clinicamente significante)
Holland et al 2013 (25m)
5 DISCUSSAtildeO
60
Neste estudo foi demonstrado pela primeira vez que os alongamentos
dos muacutesculos respiratoacuterios melhoraram a mecacircnica e a capacidade ventilatoacuteria
decorrente principalmente pelo aumento do volume e da mobilidade do
compartimento abdominal (CTABD) A melhora da mobilidade toracoabdominal
possivelmente esteve relacionada com o aumento da sua viscoelasticidade
observada pela diminuiccedilatildeo da atividade muscular apoacutes o tratamento Aleacutem
disso houve um aumento da eficiecircncia contraacutetil dos muacutesculos respiratoacuterios
constatado pela reduccedilatildeo da relaccedilatildeo EMGVt ou seja a musculatura necessitou
de menos atividade para deslocar o mesmo volume respiratoacuterio Acreditamos
que por causa da melhora de todos os fatores descritos anteriormente houve
uma diminuiccedilatildeo da sensaccedilatildeo de dispneia que possibilitou o aumento da
capacidade ao exerciacutecio submaacuteximo
51 Cinemaacutetica toracoabdominal
O trabalho acrescentou novas evidecircncias na literatura cientiacutefica pois foi
o primeiro a demonstrar atraveacutes do pletismoacutegrafo optoeletrocircnico que apoacutes o
tratamento com teacutecnicas de alongamento dos muacutesculos respiratoacuterios houve
aumento significativo do volume da caixa toraacutecica total abdominal e da
capacidade ventilatoacuteria durante o exerciacutecio com carga Vale ressaltar que o
aumento da mobilidade do compartimento abdominal tambeacutem foi constatado
Para reforccedilar ainda mais a importacircncia dos nossos achados no grupo
controle natildeo obtiveram nenhuma alteraccedilatildeo volumeacutetrica da caixa toraacutecica estes
61
dados vatildeo de encontro aos dois estudos preacutevios nos quais foram avaliados os
efeitos da reabilitaccedilatildeo pulmonar na cinemaacutetica toracoabdominal em pacientes
com DPOC avaliados pelo POE (Georgiadou et al 2007 Gagliardi et al
2014) Inclusive Gagliardi et al (2014) mesmo apoacutes a intervenccedilatildeo de 24
semanas encontrou uma diminuiccedilatildeo do volume abdominal apoacutes o tratamento
Apenas dois trabalhos natildeo controlados de Yamada et al (1996) e
Luularungrayub et al (2009) avaliados pelo pletismoacutegrafo por indutacircncia e
cirtometria respectivamente associados agrave espirometria hipotetizaram que a
melhora no fluxo expiratoacuterio e do volume expiratoacuterio respectivamente
poderiam ter uma relaccedilatildeo com a melhora da funccedilatildeo do compartimento
abdominal dados estes que tambeacutem apresentamos no nosso estudo Segundo
Georgiadou et al (2007) e Aliverti et al (2010) o compartimento abdominal eacute o
maior responsaacutevel pelas variaccedilotildees da distacircncia axial xifoacuteidea sugerindo uma
relaccedilatildeo com a mobilidade diafragmaacutetica e o aumento do volume pulmonar total
essa hipoacutetese pocircde ser elucidada em nossos resultados com a diminuiccedilatildeo dos
valores de CTABD Portanto estes achados servem para destacar que o
protocolo de alongamento realizados neste estudo desencadeou a melhora da
mecacircnica contraacutetil dos muacutesculos respiratoacuterios que provavelmente tiveram uma
atuaccedilatildeo na melhora da funccedilatildeo diafragmaacutetica relaccedilatildeo esta jaacute descrita por
Iwasawa et al (2002) e Man et al (2012)
O aumento do volume corrente total apoacutes o alongamento muscular da
caixa toraacutecica jaacute havia sido constatado anteriormente pelos estudos natildeo
controlados de Yamada et al (1996) e Minoguchi et al (2002) que realizaram a
intervenccedilatildeo por 4 semanas em 12 e 13 pacientes respectivamente e avaliados
62
pela espirometria Em contrapartida os estudos de intervenccedilatildeo aguda natildeo
controlada de Izumizaki et al (2006) e controlada de Noll et al (2009) com 10 e
25 pacientes respectivamente obtiveram a piora do volume corrente tambeacutem
avaliados pela espirometria Baseados nos estudos de Mchugh et al (2008)
estes efeitos contraditoacuterios ocorreram principalmente pelo tipo de intervenccedilatildeo
Agudamente o alongamento promove o estiramento abrupto dos fusos
neuromusculares que desencadearam o potencial sensitivo medular e
consequentemente um aumento da atividade eferente neuromuscular gerando
a contraccedilatildeo das fibras extra-fusais por essa razatildeo provavelmente houve a
diminuiccedilatildeo da mobilidade muacutesculo-esqueleacutetica da caixa toraacutecica e diminuiccedilatildeo
dos valores volumeacutetricos (Mukherjee et al 2010) A intervenccedilatildeo crocircnica por
sua vez promove o aumento da viscoelasticidade muscular e causou a
acomodaccedilatildeo do limiar excitatoacuterio do fuso neuromuscular que diminui o
estiacutemulo de contraccedilatildeo das fibras extra-fusais permitindo a melhora da
mobilidade toracoabdominal (Mchugh et al 2010)
No presente estudo foi realizada a intervenccedilatildeo crocircnica portanto
justificaria a razatildeo dos nossos dados apresentarem resultados tatildeo diferentes
quanto a maioria dos estudos anteriores de intervenccedilatildeo aguda Mas
precisamos considerar tambeacutem as limitaccedilotildees metodoloacutegicas comumente
observadas na literatura Fato este observado nos trabalhos de Putt et al
(2008) e Luularungrayub et al (2009) que mesmo sendo de intervenccedilatildeo
aguda apresentaram um aumento do volume corrente avaliados pela
espirometria mas ambos apresentaram grandes restriccedilotildees metodoloacutegicas pois
63
realizaram o tratamento somente em um muacutesculo respiratoacuterio (peitoral maior) e
o outro foi um estudo de caso respectivamente
Hipotetizamos que nos nossos resultados sugeriram que a intervenccedilatildeo
crocircnica muscular respiratoacuteria promoveu a melhora da mobilidade do sistema
musculo-esqueleacutetico toracoabdominal com o aumento principal do volume e da
mobilidade do compartimento abdominal acreditamos que foi o responsaacutevel
pela melhora do volume pulmonar total Com a elevaccedilatildeo dos volumes
sugerimos que foram os responsaacuteveis pela melhora da capacidade ventilatoacuteria
(volume-minuto) dado este ineacutedito na literatura para este tipo de protocolo de
tratamento
52 Atividade muscular
Constatamos uma reduccedilatildeo da atividade muscular durante o exerciacutecio
com carga no grupo que realizou o alongamento dos muacutesculos respiratoacuterios
principalmente do esternocleidomastoideo e do intercostal superior A partir
destes dados foi possiacutevel calcular a relaccedilatildeo com o volume corrente onde a
reduccedilatildeo dos valores significa a melhora da efetividade contraacutetil (EMGVt)
descrito primeiramente no trabalho de Lunardi et al (2013) Este dado
representa a melhora do deslocamento volumeacutetrico pela atividade muscular
sendo assim o muacutesculo necessita do mesmo estiacutemulo motor para deslocar
mais volume de ar
64
Na literatura encontramos somente um estudo natildeo-controlado de Cunha
et al (2005) que realizou a avaliaccedilatildeo em 8 pacientes com DPOC com o
eletromioacutegrafo de superfiacutecie apoacutes um programa de alongamento muscular
respiratoacuterio Nossos dados corroboram parcialmente com os seus achados
pois apesar de terem demonstrado uma diminuiccedilatildeo da atividade muscular
respiratoacuteria dos intercostais eles apresentaram um aumento da atividade
muscular do esternocleidomastoide Acreditamos que os nossos achados
avanccedilam em relaccedilatildeo ao estudo de Cunha et al (2005) pois o presente estudo
foi realizado com criteacuterios metodoloacutegicos mais rigorosos (controlado) com
maior tempo de intervenccedilatildeo e respeitando o caacutelculo amostral
Portanto podemos sugerir que baseado nos estudos de Kokkonen et al
(2007) o aumento da viscoelasticidade tecidual permitiu a melhora da
sobreposiccedilatildeo da actina e miosina sendo capaz de potencializar o mecanismo
contraacutetil muscular com menos esforccedilo Ao mesmo tempo reduziu a tensatildeo
sobre os receptores musculoesqueleacuteticos diminuindo a excitabilidade do
disparo neuroloacutegico sensitivo possibilitando o equiliacutebrio entre o estiacutemulo
inibitoacuterio do oacutergatildeo tendinoso de Golgi e o excitatoacuterio do controle contraacutetil do
fuso neuromuscular reduzindo a atividade motora (Hindle et al 2012
Mukherjee e Chakravarty 2010)
A avaliaccedilatildeo da atividade muscular e o caacutelculo da efetividade contraacutetil foi
realizada para elucidar os mecanismos envolvidos na melhora da mecacircnica
ventilatoacuteria apoacutes o alongamento dos muacutesculos respiratoacuterios Eacute possiacutevel que
com a diminuiccedilatildeo da atividade muscular possibilitou a melhora da capacidade
de contraccedilatildeo muscular com menor esforccedilo este dado eacute reforccedilado pela
65
diminuiccedilatildeo da EMGVt permitindo o incremento da mobilidade toracoabdominal
e da capacidade ventilatoacuteria
53 Capacidade funcional e dispneia
Observamos a melhora da dispneia e da capacidade ao exerciacutecio
submaacuteximo avaliados pelo Borg modificado e pelo teste de caminhada dos 6
minutos respectivamente
Apoacutes o protocolo de alongamento nossos dados mostraram a
diminuiccedilatildeo da sensaccedilatildeo de dispneia em ambos os grupos apoacutes a intervenccedilatildeo
Mas ao comparar entre os grupos os sujeitos que receberam a intervenccedilatildeo na
caixa toraacutecica (GT) apresentaram a diminuiccedilatildeo da dispneia quando comparado
ao GC tanto preacute quanto poacutes exerciacutecio Outro ponto em destaque eacute a diminuiccedilatildeo
da dispneia no GT em seu estado basal
A reduccedilatildeo da dispneia eacute um importante paracircmetro de melhora dos
tratamentos com enfoque pulmonar (ATS 2013) e estudos preacutevios que tambeacutem
avaliaram o efeito de alongamento dos muacutesculos respiratoacuterios na dispneia em
pacientes com DPOC corroboram com os nossos achados mesmo sendo
trabalhos com metodologias distintas como ensaios natildeo controlados (Cunha et
al 2005) controlados (Paulin et al 2003) intervenccedilatildeo aguda (Noll et al 2008
Noll et al 2009) e crocircnica (Minoguchi et al 2002) Eacute importante ressaltar que
em todos os trabalhos que obtiveram a melhora nos paracircmetros de dispneia
66
portanto acreditamos que existe outros mecanismos que podem influenciar
nesta variaacutevel aleacutem da melhora da mobilidade toracoabdominal tanto assim
que os trabalhos de Noll et al (2008 e 2009) houve uma piora de todos os
paracircmetros da funccedilatildeo pulmonar mas apresentaram melhora da dispneia
Na literatura somente os trabalhos de Izumizaki et al (2008) e Putt et al
(2008) natildeo obtiveram melhora na escala de Borg mas eacute importante destacar
que foram trabalhos distintos o primeiro foi de intervenccedilatildeo crocircnica com
resultados negativos agraves funccedilotildees pulmonares enquanto o segundo foi um
trabalho de intervenccedilatildeo aguda com resultados positivos nos volumes
pulmonares Apesar de ambos serem controlados o estudo de Izumizaki et al
(2008) natildeo destaca os muacutesculos que foram tratados nem a caracterizaccedilatildeo e o
caacutelculo amostral enquanto no trabalho de Putt et al (2008) realizou a
intervenccedilatildeo apenas no muacutesculo peitoral maior que natildeo eacute um muacutesculo
acessoacuterio respiratoacuterio primaacuterio e sim atuante somente em grandes esforccedilos
Portanto baseado nas pesquisas anteriores entendemos que a melhora
da dispneia natildeo foi somente pelo aumento da mobilidade musculoesqueleacutetica
da caixa toraacutecica que diminuiu a resistecircncia do fluxo aeacutereo e possibilitou maior
expansatildeo toracoabdominal e melhor capacidade ventilatoacuteria demonstrado
neste estudo anteriormente Possivelmente teve associaccedilatildeo com os
mecanoceptores toracoabdominais quando estimulados durante o tratamento
desencadeou alteraccedilotildees das informaccedilotildees dos centros respiratoacuterios e motores
(Nakamura et al 2012 Montaldo et al 2000) Estes centros por sua vez
mudaram da taxa de disparo do nervo frecircnico que controla a cadecircncia e a
frequecircncia da contraccedilatildeo diafragmaacutetica reduzindo a sensaccedilatildeo de fadiga e de
67
dispneia (Burki e Lee 2010) portanto qualquer teacutecnica de mobilizaccedilatildeo
toracoabdominal poderia diminuir a sensaccedilatildeo de dispneia mas acreditamos
que quanto maior o estiacutemulo musculoesqueleacutetico (intervenccedilatildeo crocircnica) maior
seraacute a ativaccedilatildeo dos mecanoceptores da caixa toraacutecica e consequentemente
aumentaria a estimulaccedilatildeo aos centros respiratoacuterios por essa razatildeo
acreditamos que os nossos resultados foram tatildeo expressivos (Montaldo et al
2000)
Com a melhora dos paracircmetros de dispneia refletiu no aumento da
distacircncia percorrida em ambos os grupos 67m (GC) e 2517m (GT) sendo
que somente o grupo que recebeu o alongamento dos muacutesculos respiratoacuterios
atingiram a miacutenima distacircncia clinicamente significante proposta por Holland et
al (2010) que eacute de 25 m Coincidentemente a maioria trabalhos que
obtiveram melhora da dispneia realizaram o teste de caminhada dos 6 minutos
(Yamada et al 1996 Minoguchi et al 2002 Paulin et al 2003 eCunha et al
2005) somente Noll et al (2008 e 2009) que natildeo Poreacutem ateacute onde eacute do nosso
conhecimento este eacute o primeiro estudo que demonstrou que o aumento da
capacidade funcional foi decorrente da melhora da mecacircnica ventilatoacuteria poacutes-
alongamento avaliados pelo POE
No presente estudo o aspecto relevante estaacute no ineditismo ao avaliar as
repercussotildees deste tipo de intervenccedilatildeo na cinemaacutetica toracoabdominal
analisadas pelo pletismoacutegrafo optoeletrocircnico (Alivertiet al 2000) teacutecnica
considerada de alta tecnologia O programa de alongamento da musculatura
acessoacuteria respiratoacuteria eacute uma teacutecnica de baixo custo e pode ser associada
68
facilmente agrave reabilitaccedilatildeo pulmonar com impacto na atividade funcional e nos
sintomas respiratoacuterios
54 Limitaccedilotildees
Todos os estudos possuem limitaccedilotildees primeiro a rigidez dos criteacuterios
de inclusatildeo conferida a esta pesquisa levou a uma elevada validade interna
com possiacutevel prejuiacutezo da validade externa Optamos por adotar esses criteacuterios
na tentativa de eliminar o maior nuacutemero de variaacuteveis de confusatildeo para garantir
que os resultados fossem interpretados de maneira clara Segundo a carga de
exerciacutecio em esteira foi estabelecida em funccedilatildeo da velocidade do TC6 apesar
de natildeo ser considerado o padratildeo ouro para o treinamento aeroacutebico jaacute foi
descrito como alternativa viaacutevel por Zainuldinet al (2007) e Figueiredo e
Guimaratildees (2009) Terceiro a intensidade de 25 Wmaacutex utilizada na
avaliaccedilatildeo do POE pode natildeo ter sido o suficiente para desencadear a
assincronia mas o objetivo foi reproduzir a carga utilizada diariamente pelo
paciente segundo Bruni et al (2012) eles comprovaram em seu estudo que
nem mesmo a carga de 75 Wmaacutex foi possiacutevel desencadear a assincronia em
pacientes com DPOC concluindo natildeo haver relaccedilatildeo entre assincronia
hiperinsuflaccedilatildeo e dispneia Finalmente o alongamento dos muacutesculos
perifeacutericos dos membros inferiores no grupo controle poderia ter influenciado
na melhora no teste de caminhada dos 6 minutos mas Mchugh et al (2008) e
Shrier (2004) descreveram em seus estudos que ainda existe uma
controveacutersia a respeito do aumento da performance muscular apoacutes a realizaccedilatildeo
69
do alongamento ateacute entatildeo sabe-se somente sobre a melhora da mobilidade
Apesar destas limitaccedilotildees este eacute o primeiro ensaio cliacutenico controlado e
aleatorizado investigando os benefiacutecios do alongamento dos muacutesculos
respiratoacuterios na mecacircnica ventilatoacuteria utilizando o pletismoacutegrafooptoeletrocircnico
em pacientes com DPOC
6 CONCLUSAtildeO
71
Nossos resultados sugerem que a adiccedilatildeo do alongamento da
musculatura respiratoacuteria ao exerciacutecio aeroacutebico claacutessico aumenta a eficiecircncia
contraacutetil muscular melhora a mecacircnica ventilatoacuteria com o incremento
significante dos volumes pulmonares principalmente abdominal e reduz a
dispneia possibilitando a melhora das atividades funcionais em pacientes com
DPOC Estes resultados sugerem que o alongamento dos muacutesculos
respiratoacuterios pode ser considerado uma modalidade de tratamento adjuvante
para os pacientes com DPOC
7 REFEREcircNCIAS
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HOSPITAL DAS CLIacuteNICAS DA FACULDADE DE MEDICINA DA
UNIVERSIDADE DE SAtildeO PAULO-HCFMUSP
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
DADOS SOBRE A PESQUISA
1 TIacuteTULO DO PROTOCOLO DE PESQUISA
EFEITOS DO ALONGAMENTO DA MUSCULATURA ACESSOacuteRIA
RESPIRATOacuteRIA COM A TEacuteCNICA DE ALONGAMENTO PASSIVO E
CONTRACcedilAtildeO-RELAXAMENTO NA MECAcircNICA VENTILATOacuteRIA E NA
CAPACIDADE FUNCIONAL DE PACIENTES COM DOENCcedilA PULMONAR
OBSTRUTIVA CROcircNICA
PESQUISADOR 01 Celso Ricardo Fernandes Carvalho
CARGOFUNCcedilAtildeO Orientador INSCRICcedilAtildeO CONSELHO
REGIONAL Nordm 206463-F
UNIDADE DO HCFMUSP Ciecircncias
3 AVALIACcedilAtildeO DO RISCO DA PESQUISA
RISCO MIacuteNIMO x RISCO MEacuteDIO
RISCO BAIXO RISCO MAIOR
4DURACcedilAtildeO DA PESQUISA 12 meses
HOSPITAL DAS CLIacuteNICAS DA FACULDADE DE MEDICINA DA
UNIVERSIDADE DE SAtildeO PAULO-HCFMUSP
1 ndash A doenccedila que o senhor (a) tem se chama doenccedila obstrutiva crocircnica
(DPOC) Esta doenccedila causa a inflamaccedilatildeo das vias aeacutereas e prejudica todo
94
pulmatildeo Por esse motivo o toacuterax fica expandido e os muacutesculos que realizam a
respiraccedilatildeo ficam tensos Essa tensatildeo muscular diminui o movimento do toacuterax e
a quantidade de ar que entra nos pulmotildees levando a uma dificuldade para
respirar e diminuindo a capacidade aos exerciacutecios simples do dia-dia Todo
esse quadro pode aumentar a tendecircncia de desencadear episoacutedios de
depressatildeo e ansiedade
2 ndash O nosso corpo tem muacutesculos que ajudam na respiraccedilatildeo (entrada do ar)
esses muacutesculos ao contrair ajudam a entrada de ar nos pulmotildees No (a)
paciente DPOC o movimento da caixa toraacutecica estaacute diminuiacutedo por isso este
estudo tem como objetivo verificar se o uso dos exerciacutecios de alongamento
relaxariam os muacutesculos respiratoacuterios diminuindo a sensaccedilatildeo de falta de ar
3 ndash Portanto estamos convidando o (a) senhor (a) para participar deste estudo
Caso o senhor (a) aceite participar da pesquisa teraacute que comparecer ao
hospital (HC) 2 vezes por semana durante um mecircs e meio de tratamento com
duraccedilatildeo de 30 a 40 minutos por dia O senhor (a) seraacute incluiacutedo (a) de forma
aleatoacuteria (sorteio) em dois grupos que receberatildeo diferentes tratamentos de
alongamento com supervisatildeo do profissional fisioterapeuta O senhor (a)
receberaacute uma cartilha com alguns exerciacutecios semelhantes aos realizados no
hospital para ser feito em casa no miacutenimo duas vezes por semana
4 ndash Durante os exerciacutecios de alongamento o (a) senhor (a) poderaacute sentir algum
desconforto como um ldquopuxatildeordquo ldquoformigamentordquo e ldquoqueimaccedilatildeordquo na regiatildeo que os
muacutesculos estatildeo sendo trabalhados Apoacutes a realizaccedilatildeo do alongamento eacute
possiacutevel que essas sensaccedilotildees perdurem por no maacuteximo 3 dias Evitaremos
durante o tratamento as dores se caso o senhor (a) sentir alguma dor
comunique ao profissional responsaacutevel que interromperemos imediatamente o
exerciacutecio
5 ndash Seratildeo realizados diversos testes antes e depois do tratamento para
verificar o grau de eficiecircncia da teacutecnica aplicada Mediremos o movimento do
seu toacuterax com um aparelho chamado pletismografia onde seratildeo colocados
marcadores no seu toacuterax e o senhor natildeo sentiraacute nenhum desconforto ou dor
Seratildeo realizados exames para a funccedilatildeo do seu pulmatildeo chamado espirometria
para isso pediremos para o senhor (a) puxar e assoprar forte o ar no aparelho
este teste natildeo traraacute nenhum desconforto ou dor Para testar a forccedila dos
muacutesculos pediremos novamente que o senhor (a) puxe o ar com forccedila em um
95
aparelho chamado manovacuocircmetro este teste natildeo traraacute dor Realizaremos
um teste de esforccedilo ao exerciacutecio onde pediremos para o (a) senhor (a) andar o
maacuteximo possiacutevel durante 6 minutos seraacute repetido duas vezes Nesse teste o
senhor (a) pode sentir cansaccedilo e falta de ar que acabaraacute imediatamente apoacutes o
teacutermino do exerciacutecio Por uacuteltimo o senhor (a) responderaacute o questionaacuterio sobre a
sua vida que conteacutem uma seacuterie de perguntas para avaliar se o (a) senhor (a)
possui episoacutedios de depressatildeo e ansiedade poderaacute sentir algum desconforto
ao responder algumas perguntas que seratildeo realizadas
6 ndash Com esse estudo buscamos a melhora da qualidade de vida com
diminuiccedilatildeo dos quadros tendenciosos de depressatildeo e ansiedade e o aumento
da capacidade para realizar os exerciacutecios diaacuterios decorrentes da melhora da
mobilidade toraacutecica
7 ndash Asseguramos que o senhor (a) teraacute acesso aos profissionais responsaacuteveis
pela pesquisa para esclarecimento de eventuais duacutevidas O principal
investigador eacute o Prof Dr Celso Ricardo Fernandes Carvalho que poderaacute
ser encontrado na Av Eneacuteas de Carvalho Aguiar 255 4o andar bloco 06 no
telefone(s) 11 3069-7961 e o Dr Juliano Takashi Wada que pode ser
encontrado no endereccedilo Rua Albuquerque Lins 537 cj 42 Telefone(s) 11
3624-4524 Se caso o senhor (a) tiver alguma consideraccedilatildeo ou duacutevida sobre a
eacutetica da pesquisa entre em contato com o Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa (CEP)
ndash Rua Oviacutedio Pires de Campos 225 ndash 5ordm andar ndash tel 3069-6442 ramais 16 17
18 ou 20 FAX 3069-6442 ramal 26 ndash E-mail cappesqhcnetuspbr
8 ndash Garantimos a liberdade da retirada do consentimento a qualquer momento
e deixar de participar do estudo sem qualquer prejuiacutezo agrave continuidade de seu
tratamento na Instituiccedilatildeo
9 ndash Garantimos o direito de confidencialidade ndash As informaccedilotildees obtidas
seratildeo analisadas em conjunto com outros pacientes natildeo sendo divulgado a
identificaccedilatildeo e os dados de nenhum paciente
10 ndash Garantimos o direito de ser mantido atualizado sobre os resultados
parciais das pesquisas quando em estudos abertos ou de resultados que
sejam do conhecimento dos pesquisadores
96
11 ndash Despesas e compensaccedilotildees natildeo haacute despesas pessoais para o
participante em qualquer fase do estudo incluindo exames e consultas
Tambeacutem natildeo haacute compensaccedilatildeo financeira relacionada agrave sua participaccedilatildeo Se
existir qualquer despesa adicional ela seraacute absorvida pelo orccedilamento da
pesquisa Natildeo garantimos o pagamento de qualquer dano causado pelo estudo
mas garantimos que se caso o senhor (a) tiver algum problema poderaacute ser
atendido no Ambulatoacuterio da Fisioterapia do Hospital das cliacutenicas gerenciado
pelo Prof Dr Celso Ricardo Fernandes de Carvalho
12 ndash Garantimos o compromisso do pesquisador de utilizar os dados e o
material coletado satildeo confidenciais e seraacute utilizado somente para esta pesquisa
Acredito ter sido suficientemente informado a respeito das informaccedilotildees
que li ou que foram lidas para mim descrevendo o estudo rdquoEfeitos do
alongamento da musculatura acessoacuteria respiratoacuteria com a teacutecnica de
contraccedilatildeo-relaxamento na mobilidade toraacutecica e capacidade psicossocial e
funcional de pacientes com doenccedila pulmonar obstrutiva crocircnicardquo
Eu discuti com o Prof Dr Celso Ricardo Fernandes de Carvalho ou
com o Dr Juliano Takashi Wada sobre a minha decisatildeo em participar nesse
estudo Ficaram claros para mim quais satildeo os propoacutesitos do estudo os
procedimentos a serem realizados seus desconfortos e riscos as garantias de
confidencialidade e de esclarecimentos permanentes Ficou claro tambeacutem que
minha participaccedilatildeo eacute isenta de despesas e que tenho garantia do acesso a
tratamento hospitalar quando necessaacuterio Concordo voluntariamente em
participar deste estudo e poderei retirar o meu consentimento a qualquer
momento antes ou durante o mesmo sem penalidades ou prejuiacutezo ou perda
de qualquer benefiacutecio que eu possa ter adquirido ou no meu atendimento
neste Serviccedilo
-------------------------------------------------
Assinatura do pacienterepresentante legal Data
97
-------------------------------------------------------------------------
Assinatura da testemunha Data
Declaro que obtive de forma apropriada e voluntaacuteria o Consentimento Livre e
Esclarecido deste paciente ou representante legal para a participaccedilatildeo neste estudo
----------------------------------------------------------
Assinatura do responsaacutevel pelo estudo
Data
98
NCT 0236762
99
100
101
20-Nov-2014
CC Wada Juliano Borges-Santos Erickson Paisani
Denise Porras Desiderio Cukier Alberto Lunardi
Adriana Carvalho Celso
Dear Ms Wada
Your manuscript entitled Effect of respiratory muscle
stretching on thoracoabdominal kinematics and functional
capacity of patients with COPD a randomized and controlled
trial has been received online and is presently being
given full consideration for publication in CHEST Please
note that our editorial office will review your manuscript
before sending it to the Editor in Chief If there are
aspects that need to be fixed prior to peer review they
may return your paper to your Corresponding Author Center
and ask you to make some minor changes and resubmit it We
appreciate your understanding
Your manuscript ID is CHEST-14-2914
You may view the status of your manuscript at any time by
checking your Author Center after logging in
to httpsmcmanuscriptcentralcomchest
102
The journal strives to expedite the peer review process
however because we receive over 3400 submissions each year
the process may take up to 8 weeks to complete Please be
patient during this time and feel free to log in to check
your manuscript status
Please mention the above manuscript ID in all future
correspondence or when calling the office for questions If
there are any changes in your street address phonefax or
e-mail address please log in to ScholarOne Manuscripts
at httpsmcmanuscriptcentralcomchest and edit your
user information as appropriate
Thank you for choosing to submit your manuscript to CHEST
Sincerely
CHEST Editorial Office
xiii
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 Desenho experimental25
Figura 2 Anatomia e teacutecnica de alongamento do peitoral maior28
Figura 3 Anatomia e teacutecnica de alongamento do escaleno28
Figura 4 Anatomia e a teacutecnica de alongamento do Esternocleidomastoideo29
Figura 5 Anatomia e a teacutecnica de alongamento do Trapeacutezio Superior30
Figura 6 Anatomia e a teacutecnica de alongamento do peitoral menor30
Figura 7 Anatomia e a teacutecnica de alongamento do Serraacutetil Anterior e
Intercostais31
Figura 8 Anatomia e a teacutecnica de alongamento dos muacutesculos
abdominais32
Figura 9 Anatomia e a teacutecnica de alongamento dos flexores do punho33
Figura 10 Anatomia e a teacutecnica de alongamento dos extensores do punho33
xiv
Figura11 Anatomia e a teacutecnica de alongamento dos extensores do
tornozelo34
Figura 12 Anatomia e a teacutecnica de alongamento dos muacutesculos dos flexores do
tornozelo35
Figura13 Imagem tridimensional gerada pelo OEP38
Figura14 Disposiccedilatildeo das 89 esferas reflexivas38
Figura15 Laboratoacuterio do POE com a disposiccedilatildeo das cacircmeras e da bicicleta40
Figura16 Captaccedilatildeo e anaacutelise dos dados do volume toracoabdominal40
Figura17 Paciente realizando a avaliaccedilatildeo com carga no cicloergocircmetro no
POE42
Figura 18 Desenho experimental da avaliaccedilatildeo do OEP42
Figura19 Eletromioacutegrafo da BTS Engeneering44
Figura 20 Fluxograma do estudo49
xv
Figura 21 Efeitos do alongamento muscular respiratoacuterio na mecacircnica
ventilatoacuteria durante o exerciacutecio Os dados foram apresentados em meacutedia e
desvio padratildeo representado pela diferenccedila (Δ) = poacutes- - preacute-intervenccedilatildeo Houve
um aumento estatisticamente significante do volume da CT e do ABD no GT O
exerciacutecio foi realizado com 25 da carga maacutexima predito na equaccedilatildeo de
Jones25 GC= Grupo Controle GT= Grupo Tratado CT= Caixa totaacutecica total
TS= Toacuterax superior TI= Toacuterax inferior ABD= Abdomen = p lt 005 GC vs GT
(teste t natildeo pareado)51
Figura 22 Efeitos do alongamento muscular respiratoacuterio no volume minuto
(VE) durante o exerciacutecio Os dados foram apresentados em meacutedia e desvio
padratildeo representado pela diferenccedila (Δ) = poacutes- - preacute-intervenccedilatildeo Ambas
apresentaram diferenccedilas houve um aumento estatisticamente significante de
4L no volume minuto (VE) no GT em relaccedilatildeo do GC O exerciacutecio foi realizado
com 25 da carga maacutexima predito na equaccedilatildeo de Jones25 GC= Grupo
Controle GT= Grupo Tratado = p lt 005 GC vs GT (teste t natildeo pareado)52
Figura 23 Efeitos do alongamento muscular respiratoacuterio no fluxo expiratoacuterio
(FE) durante o exerciacutecio Os dados foram apresentados em meacutedia e desvio
padratildeo representado pela diferenccedila (Δ) = poacutes- - preacute-intervenccedilatildeo Ambas
apresentaram diferenccedilas houve um aumento estatisticamente significante de
100mL no fluxo expiratoacuterio (FE) no GT em relaccedilatildeo do GC O exerciacutecio foi
realizado com 25 da carga maacutexima predito na equaccedilatildeo de Jones25 GC=
xvi
Grupo Controle GT= Grupo Tratado = p lt 005 GC vs GT (teste t natildeo
pareado)53
Figura 24 Efeitos do alongamento muscular respiratoacuterio na relaccedilatildeo da
contribuiccedilatildeo da caixa toraacutecica e abdocircmen (CTABD) durante o exerciacutecio Os
dados foram apresentados em meacutedia e desvio padratildeo representado pela
diferenccedila (Δ) = poacutes- - preacute-intervenccedilatildeo O exerciacutecio foi realizado com 25 da
carga maacutexima predito na equaccedilatildeo de Jones25 Foi observado a reduccedilatildeo
estatisticamente significante dos valores no GT em relaccedilatildeo do GC da relaccedilatildeo
CTAB que representa o aumento da mobilidade do compartimento abdominal
GC= Grupo Controle GT= Grupo Tratado CT= Participaccedilatildeo da caixa toraacutecica
ABD= Participaccedilatildeo abdominal = p lt 005 GC vs GT (teste t natildeo pareado)54
Figura 25 Efeitos do alongamento muscular respiratoacuterio na atividade
muscular Os dados foram apresentados em meacutedia e desvio padratildeo
representado pela diferenccedila (Δ) = poacutes- - preacute-intervenccedilatildeo Foi constatada uma
diminuiccedilatildeo estatisticamente significante da atividade dos muacutesculos
esternocleidomastoideo e intercostal superior no GT O exerciacutecio foi realizado
com 25 da carga maacutexima predito na equaccedilatildeo de Jones25 GC= Grupo
Controle GT= Grupo Tratado = p lt 005 GC vs GT (teste t natildeo pareado)55
Figura 26 Efeitos do alongamento muscular respiratoacuterio na relaccedilatildeo entre a
atividade muscular e o volume corrente (EMGVt) Os dados foram
apresentados em meacutedia e desvio padratildeo representado pela diferenccedila (Δ) =
xvii
poacutes- - preacute-intervenccedilatildeo Observou-se uma diminuiccedilatildeo estatisticamente
significante da EMGVt no GT O exerciacutecio foi realizado com 25 da carga
maacutexima predito na equaccedilatildeo de Jones25 GC= Grupo Controle GT= Grupo
Tratado = p lt 005 GC vs GT (teste t natildeo pareado) 56
Figura 27 Efeitos do alongamento muscular respiratoacuterio na escala de BORG
Os dados foram apresentados Os dados foram apresentados em meacutedia e
desvio padratildeo representado pela diferenccedila (Δ) = poacutes- - preacute-intervenccedilatildeo Apoacutes
o tratamento ambos apresentaram diminuiccedilatildeo da dispneia mas somente no GT
houve uma diminuiccedilatildeo na comparaccedilatildeo com o GC e com seus dados iniciais no
preacute exerciacutecio O exerciacutecio foi realizado com 25 da carga maacutexima predito na
equaccedilatildeo de Jones25 GC= Grupo Controle GT= Grupo Tratado BORG= Escala
de dispneia TC6= Teste de caminhada dos 6 minutos = p lt 005 preacute vs poacutes
intervenccedilatildeo +=plt005 GC vs GC) (teste t natildeo pareado)57
Figura 28 Os dados apresentados em (Δ) representam (poacutes intervenccedilatildeo ndash preacute
intervenccedilatildeo) No teste de caminhada dos 6 minutos (TC6) foi observada uma
diferenccedila clinicamente significante do TC6 no GT que obteve um aumento
meacutedio de 2514m e o GC de 65m O exerciacutecio foi realizado com 25 da carga
maacutexima predito na equaccedilatildeo de Jones25 GC= Grupo Controle GT= Grupo
Tratado TC6= Teste de caminhada dos 6 minutos ( =diferenccedila clinicamente
significante)58
xviii
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 Caracterizaccedilatildeo amostral basal dos pacientes do estudo50
xix
RESUMO
Efeitos do alongamento da musculatura respiratoacuteria pelas teacutecnicas de
alongamento passivo e contraccedilatildeo-relaxamento na mecacircnica ventilatoacuteria e
na capacidade funcional de pacientes com doenccedila pulmonar obstrutiva
crocircnica
Os pacientes com doenccedila pulmonar obstrutiva crocircnica (DPOC) devido agrave
obstruccedilatildeo brocircnquica e reduccedilatildeo da retraccedilatildeo elaacutestica pulmonar apresentam o
aumento do recrutamento da musculatura respiratoacuteria predispondo agrave
incoordenaccedilatildeo toracoabdominal aumentando o trabalho respiratoacuterio
provocando fadiga e dispneacuteia O alongamento dos muacutesculos respiratoacuterios
(AMR) poderia diminuir a atividade muscular melhorar a sua capacidade
contraacutetil e a mobilidade da caixa toraacutecica otimizando a ventilaccedilatildeo pulmonar
entretanto estes efeitos nos muacutesculos respiratoacuterios permanecem
desconhecidos Objetivo Avaliar os efeitos da adiccedilatildeo do AMR associados agrave
reabilitaccedilatildeo pulmonar na mecacircnica ventilatoacuteria na capacidade funcional e na
atividade muscular em pacientes com DPOC Meacutetodo Estudo randomizado e
controlado incluiu 30 pacientes com DPOC que foram distribuiacutedos
aleatoriamente para os grupos tratado (GT n = 15) e controle (GC n = 15)
Todos os pacientes foram submetidos a 24 sessotildees de treinamento aeroacutebico
duas vezes por semana Aleacutem disso o GT recebeu AMR e o GC recebeu o
alongamento dos membros superiores e inferiores antes dos exerciacutecios
aeroacutebicos Foram avaliados teste da capacidade funcional (teste de caminhada
xx
de 6 minutos TC6) mecacircnica toracoabdominal (pletismografia optoeletrocircnica
POE) e atividade muscular respiratoacuteria (eletromiografia de superfiacutecie EMG)
durante o exerciacutecio Os dados representam a variaccedilatildeo (Δ)=poacutes- - preacute-
avaliaccedilatildeo foi utilizado o teste t para comparar os grupos e o niacutevel de
significacircncia foi fixado em 5 Resultados O GT apresentou o aumento da
capacidade funcional (2514m +) com a reduccedilatildeo da sensaccedilatildeo de dispneia apoacutes
o TC6 (plt001) quando comparado ao GC Provavelmente estaacute relacionado
com a melhora do volume da caixa toraacutecica (plt001) capacidade ventilatoacuteria
(plt001) com o aumento do volume e da contribuiccedilatildeo do compartimento
abdominal (plt001) Observamos tambeacutem no GT a reduccedilatildeo da atividade
muscular (p lt001) com maior eficiecircncia ventilatoacuteria (plt0006) Conclusatildeo
Nossos resultados sugerem que a adiccedilatildeo do AMR no treinamento aeroacutebio
aumenta a capacidade funcional com diminuiccedilatildeo da dispneia melhora a
eficaacutecia da contraccedilatildeo muscular e da capacidade ventilatoacuteria devido agrave maior
participaccedilatildeo do compartimento abdominal em pacientes com DPOC
Descritores DPOC Muacutesculos Respiratoacuterios Alongamento Muscular
Mecacircnica Respiratoacuteria Plestimografia Dispneia Eletromiografia
xxi
SUMMARY
Effects of respiratory muscle stretching with passive and hold-relax
techniques on ventilatory mechanics and functional capacity in patients
with chronic obstructive pulmonary disease
Chronic obstructive pulmonary disease (COPD) patients due to bronchial
obstruction and reduced lung elastic recoil present increased in the recruitment
of respiratory muscles predisposing an thoracoabdominal incoordination major
breathing work causing fatigue and dyspnea The respiratory muscles
stretching (RMS) could decrease the muscle activity and improve their
contractile capacity chest wall mobility and optimize the pulmonary ventilation
however this effect remains unknown Objective To evaluate the effects of
adding the RMS associated with pulmonary rehabilitation in ventilatory
mechanics functional capacity and muscle activity in patients with COPD
Method Randomized and controlled trial enrolled 30 COPD patients who were
randomly allocated into treatment (TG n = 15) and control (CG n = 15) groups
All patients underwent 24 sessions of aerobic training twice a week In Addition
TG received RMS and CG received upper and lower limb stretching before
aerobic exercises Were evaluated functional capacity (6-minute walking
distance test 6MWDT) thoracoabdominal mechanics (optoelectronic
plethysmography OEP) and respiratory muscle activity (surface
electromyography EMG) during exercise The data represents the change (Δ) =
post- - pre-evaluation a t-test was used to compare the groups and the
xxii
significance level was set at 5 Results TG showed improvement in the
functional capacity (2514m +) with decrease of the dyspnea sensation after the
6MWDT (plt001) compared with CG Probably is related with increased of
chest wall volume (plt001) ventilatory capacity (plt001) volume and the
contribution of the abdominal compartment (plt001) We also observed in the
TG a reduction of respiratory muscle activity (plt001) and the ratio between
volume displaced (plt0006) Conclusion Our results suggest that the addition
of RMS to aerobic training increases the functional capacity with dyspnea
reduction improvement of efficacy of respiratory muscle contraction and
ventilatory capacity due to higher participation of the abdominal compartment in
patients with COPD
Descriptors COPD Respiratory Muscles Muscular Stretching Respiratory
Mechanics Plethysmography Dyspnea Electromyography
1 INTRODUCcedilAtildeO
2
11 Definiccedilatildeo e Incidecircncias
A doenccedila pulmonar obstrutiva crocircnica (DPOC) eacute definida como uma
patologia pulmonar previsiacutevel e trataacutevel caracterizada pela limitaccedilatildeo
persistente do fluxo aeacutereo aprisionamento aeacutereo e hiperinsuflaccedilatildeo com caraacuteter
de limitaccedilatildeo progressiva associados ao aumento da resposta inflamatoacuteria das
vias aeacutereas e dos pulmotildees decorrente da exposiccedilatildeo aos gases e partiacuteculas
nocivas (GOLD 2013) Os processos inflamatoacuterios causam alteraccedilotildees
brocircnquicas e destruiccedilatildeo do parecircnquima pulmonar que podem variar de
indiviacuteduo para indiviacuteduo resultando no decreacutescimo da elasticidade tecidual
pulmonar e diminuiccedilatildeo da capacidade ventilatoacuteria (Celli et al 2004 Laizo
2009)
A bronquite crocircnica e o enfisema pulmonar satildeo responsaacuteveis pela
denominaccedilatildeo da DPOC decorrente habitualmente do tabagismo embora
outras formas possam estar envolvidas em sua patogecircnese tal como a
deficiecircncia de micro1-antitripsina (Wood et al 2008) O enfisema pulmonar eacute
definido pelo aumento anormal e permanente dos espaccedilos aeacutereos distais do
bronquiacuteolo terminal acompanhado pela destruiccedilatildeo do parecircnquima pulmonar
Na ausecircncia de uma fibrose evidente o principal distuacuterbio funcional do enfisema
eacute a perda da retraccedilatildeo elaacutestica tecidual associada ao colabamento das vias
aeacutereas (Fabbri et al 2008) A bronquite crocircnica eacute definida clinicamente pela
presenccedila de tosse crocircnica com produccedilatildeo de secreccedilatildeo por vaacuterios dias da
semana por 3 meses em um ano por mais de 2 anos consecutivos Apresentam
3
edema e inflamaccedilatildeo da mucosa brocircnquica associada ao aumento do nuacutemero e
do tamanho das glacircndulas secretoras de muco e remodelaccedilatildeo estrutural
recorrente da parede dos brocircnquios (Figuero et al 2005) Evidenciam-se em
ambas a diminuiccedilatildeo da luz brocircnquica e limitaccedilatildeo da mobilidade da caixa
toraacutecica com diminuiccedilatildeo da capacidade respiratoacuteria caracterizando um
distuacuterbio ventilatoacuterio obstrutivo com aprisionamento aeacutereo geralmente grave e
irreversiacutevel (Colom et al 2006)
No Brasil a DPOC ocupa a 5ordf posiccedilatildeo entre as principais causas de
morte liacuteder em mortalidade entre as doenccedilas respiratoacuterias onde 290 mil
pacientes satildeo internados anualmente gerando um gasto importante ao sistema
de sauacutede do paiacutes Os dados de prevalecircncia obtidos ateacute o momento atraveacutes dos
questionaacuterios sintomatoloacutegicos permitiram estimar a DPOC em adultos maiores
de 40 anos em 12 dessa populaccedilatildeo ou seja 5500000 indiviacuteduos Tatildeo
importante quanto os gastos diretos satildeo os indiretos como os dias de trabalho
perdidos e aposentadoria precoce (II Consenso Brasileiro de DPOC 2004)
Associaccedilatildeo Latino-Americana de Toacuterax (ALAT) constituiacuteda pelo Brasil
Venezuela Meacutexico Uruguai e Chile desenvolveram um estudo chamado
PLATINO em 2006 com colaboraccedilatildeo da Burden of Obstructive Lung Disease
Se considerarmos os dados preliminares a prevalecircncia da DPOC varia de 6 a
158 da populaccedilatildeo brasileira com idade igual ou superior a 40 anos que
equivale a 2800000 a 6900000 indiviacuteduos dados estes que corroboram com
o Consenso Brasileiro de DPOC
4
O nuacutemero de oacutebitos tecircm aumentado nos uacuteltimos 20 anos em ambos os
sexos a taxa de mortalidade passou de 788 por 100000 habitantes na deacutecada
de 80 para 1904 por 100000 habitantes na deacutecada de 90 com um
crescimento de 230 (Laizo 2009) Segundo dados do DATASUS a DPOC
gerou no ano de 2010 no Sistema Nacional de Sauacutede Puacuteblica 141994
hospitalizaccedilotildees que levaram a 778428 dias de internaccedilatildeo O custo total dessas
internaccedilotildees foi de R$ 9243441551 e 7937 mortes diretamente relacionadas
com a DPOC Estima-se que ateacute 2025 75 das mortes prematuras
respiratoacuterias seratildeo provocadas pelo tabagismo (De Godoy et al 2007)
12 Fisiopatologia
A obstruccedilatildeo brocircnquica e a diminuiccedilatildeo do recolhimento elaacutestico
desencadeados pela doenccedila alteram a mecacircnica pulmonar que desloca o
ponto de igual pressatildeo das vias aeacutereas favorecendo o aprisionamento de ar
desencadeando a hiperinsuflaccedilatildeo e a diminuiccedilatildeo da capacidade respiratoacuteria
aos grandes esforccedilos subsequentemente ao repouso (Senol et al 2006
Fabbri et al 2008) A configuraccedilatildeo alterada da caixa toraacutecica deslocam os
muacutesculos respiratoacuterios (De Troyer 1997) inclusive o diafragma para uma
posiccedilatildeo de encurtamento e desvantagem mecacircnica prejudicando
gradativamente a mobilidade toracoabdominal levando ao aumento do trabalho
5
respiratoacuterio limitaccedilatildeo da ventilaccedilatildeo pulmonar e agravamento a sensaccedilatildeo de
dispneia (Yamaguti et al 2012 OacuteKroy et al 2000)
A limitaccedilatildeo do fluxo ventilatoacuterio faz com que a capacidade residual
funcional (CRF) se desloque em direccedilatildeo da capacidade pulmonar total (CPT)
A forccedila dos muacutesculos inspiratoacuterios eacute exigida para o aumento do volume mas a
contraccedilatildeo muscular eacute eficaz somente em esforccedilos leves e moderados A maior
demanda ventilatoacuteria obriga a CRF se deslocar ainda mais em direccedilatildeo agrave CPT e
a forccedila inspiratoacuteria natildeo tem capacidade de gerar o ganho volumeacutetrico
agravando a dispneia o que leva a interrupccedilatildeo do exerciacutecio (Calverley 2006)
A DPOC natildeo eacute somente uma doenccedila respiratoacuteria e sim sistecircmica a
hiperinsuflaccedilatildeo pulmonar afeta o sistema cardiovascular pois a alteraccedilatildeo da
pressatildeo intratoraacutecica reduz o enchimento cardiacuteaco e consequentemente o
deacutebito cardiacuteaco (Stark-leyva et al 2004) As disfunccedilotildees oacutesseas satildeo
decorrentes principalmente da inatividade fiacutesica do uso de corticoacuteesteroacuteides e
pela desnutriccedilatildeo (Ferguson et al 2009) assim como as neuropatias perifeacutericas
incluindo do nervo frecircnico ocasionando a depressatildeo da excitabilidade e da
conduccedilatildeo neural (Jann et al 1998) A hipoxemia possivelmente seja
responsaacutevel pelas alteraccedilotildees cognitivas que compromete a memoacuteria verbal e a
compreensatildeo (Dodd et al 2010) em contrapartida a depressatildeo e a ansiedade
satildeo associados principalmente agrave sensaccedilatildeo de desconforto respiratoacuterio e agrave
limitaccedilatildeo da atividade de vida diaacuteria (Wagena 2005) O refluxo gastroesofaacutegico
eacute outra alteraccedilatildeo que provavelmente seja decorrente da diminuiccedilatildeo da
capacidade contraacutetil muscular diafragmaacutetica pois com a sua horizontalizaccedilatildeo
6
perde-se a eficiecircncia contraacutetil e reduz da pressatildeo do esfiacutencter gastroesofaacutegico
(Hurst et al 2008 Boutou et al 2011) Dentre as alteraccedilotildees sistecircmicas da
DPOC o sistema muacutesculo-esqueleacutetico eacute um dos mais afetados e estaacute
relacionado com o agravamento da patologia e ao aumento do iacutendice de
mortalidade devido ao descondicionamento fiacutesico (Dourado et al 2006
Swallow et al 2007 Dodd et al 2012)
13 Sistema muacutesculo-esqueleacutetico
O sistema muacutesculo-esqueleacutetico eacute afetado pela inflamaccedilatildeo crocircnica
sistecircmica da DPOC processo que induz a liberaccedilatildeo de mediadores quiacutemicos
inflamatoacuterios acelerando a degradaccedilatildeo proteica e aumentando o estresse
oxidativo muscular (Andreassen e Vestbo 2003 Macintyre 2006) O transporte
de oxigecircnio para o citoplasma celular dos muacutesculos fica comprometido esse
oxigecircnio fica inutilizado por natildeo conseguir chegar de forma eficiente nas
mitococircndrias (Shrikrishna 2009 Barreiro 2013) As alteraccedilotildees metaboacutelicas
enzimaacuteticas e hormonais anaboacutelicas quando associadas agrave diminuiccedilatildeo dos
capilares sanguiacuteneos provocam a reduccedilatildeo das fibras musculares do tipo I e II
(Ries et al 2007 Strasser et al 2013) Devido a estes fatores todos os
muacutesculos inclusive os respiratoacuterios trabalham de forma anaeroacutebica ao miacutenimo
esforccedilo acumulando lactato ocasionando a fadiga precoce ao exerciacutecio e ao
descondicionamento sistecircmico (Wagena 2005 Hostettler et al 2011)
7
14 Diagnoacutestico e Sintomas
Para o diagnoacutestico eacute utilizado principalmente a espirometria por que a
obtenccedilatildeo da curva expiratoacuteria volume-tempo eacute obrigatoacuteria na suspeita cliacutenica
de DPOC devendo ser realizada antes e apoacutes administraccedilatildeo de
broncodilatador na fase estaacutevel da doenccedila A espirometria permite a avaliaccedilatildeo
de uma multiplicidade de paracircmetros poreacutem os mais importantes do ponto de
vista de aplicaccedilatildeo cliacutenica satildeo a CVF (capacidade vital forccedilada) o VEF1 (volume
expiratoacuterio forccedilado no primeiro segundo) e a relaccedilatildeo sua relaccedilatildeo (VEF1CVF)
A existecircncia da limitaccedilatildeo do fluxo aeacutereo eacute definida pela presenccedila da relaccedilatildeo
VEF1CVF abaixo de 070 poacutes-broncodilatador e pelos dados de VEF1 ge 80
do predito (leve) ge 50 e lt 80 do predito (moderado) e ge 30 e lt 50 do
predito (grave) (GOLD 2013)
A DPOC apresenta tambeacutem o aumento do volume residual (VR) da
capacidade pulmonar total (CPT) e da capacidade residual funcional (CRF)
(Camargo et al 2008) Deve-se solicitar o exame radioloacutegico de forma rotineira
nas posiccedilotildees poacutestero-anterior e perfil mas dificilmente seraacute utilizado para o
diagnoacutestico da doenccedila e sim para descartar outras patologias como a
neoplasias bolhas e para acompanhar o prognoacutestico da doenccedila (II Consenso
Brasileiro sobre Doenccedila Pulmonar Obstrutiva Crocircnica 2004)
A presenccedila de sintomas respiratoacuterios crocircnicos no paciente com haacutebito
tabaacutegico (cigarro cigarrilha cachimbo charuto) deve levar a suspeita cliacutenica da
8
DPOC O tabagismo eacute considerado um problema de sauacutede puacuteblica e satildeo
atribuiacutedos a esse viacutecio 90 dos casos de cancro no pulmatildeo 86 de bronquite
e enfisema 25 dos processos isquecircmicos do coraccedilatildeo e 30 dos cancros
extrapulmonares (Laizo 2009) A tosse o chiado e a dispneia estatildeo
frequentemente presentes tendo sido relatado em 83 dos casos (Nishimura
et al 2002 Laveneziana et al 2011)
A dispneia eacute o sintoma mais importante dos pacientes com DPOC
Montaldo et al (2000) acreditam que os estiacutemulos aferentes provenientes das
tensotildees do sistema muacutesculo-esqueleacutetico da regiatildeo toracoabdominal apoacutes
serem processados nos centros respiratoacuterios aumentam a percepccedilatildeo da
dispneia (Breslin et al 1998) Outro fator satildeo os estiacutemulos dos quimioceptores
sensiacuteveis agraves variaccedilotildees de PaCO2 e agraves alteraccedilotildees dos mecanoceptores
articulares e musculares da caixa toraacutecica (Burki e Lee 2010) Classicamente
o instrumento mais utilizado para avaliaccedilatildeo da dispneia eacute a escala modificada
de Borg (1982) a sensaccedilatildeo de falta de ar estaacute associada com a incapacidade
fiacutesica piora da qualidade de vida e do prognoacutestico cliacutenico Os pacientes
normalmente referem os sintomas em uma fase mais avanccedilada da doenccedila e
frequentemente relaciona a limitaccedilatildeo das atividades ao descondicionamento
muscular perifeacuterico (Castro et al 2012)
Szczegielniak et al (2011) demonstraram que os exerciacutecios aeroacutebicos
reduzem os niacuteveis inflamatoacuterios caracteriacutesticos da DPOC e melhora o
condicionamento fiacutesico permitindo a melhora das atividades diaacuterias Por esta
9
razatildeo cada vez mais a reabilitaccedilatildeo pulmonar vem adquirindo mais importacircncia
no acircmbito cientiacutefico
15 Reabilitaccedilatildeo pulmonar
A reabilitaccedilatildeo pulmonar (RP) eacute um programa baseado em evidecircncias
constituiacutedo pelo treinamento aeroacutebico e resistido associado aos programas
educacionais intervenccedilotildees nutricionais e suporte psicoloacutegico para os pacientes
com DPOC O objetivo eacute otimizar a performance fiacutesica funcional social
psicoloacutegica e autonocircmica dos pacientes Eacute realizada por uma equipe
multidisciplinar composta por meacutedicos fisioterapeutas enfermeiros
nutricionistas psicoacutelogos terapeutas ocupacionais e assistentes sociais (ATS
2013) Eacute capaz de auxiliar na atenuaccedilatildeo das limitaccedilotildees do sistema
musculoesqueleacutetico por isso melhora a qualidade de vida e garante o maacuteximo
da sua independecircncia e funcionalidade em seu meio (Carrieri-Kohlman et al
2005 Garcia-Aymerich et al 2006 Ries et al 2007)
O treinamento aeroacutebico realizado em bicicleta ou esteira ergomeacutetrica eacute o
principal componente da RP conforme observados em alguns estudos ele
promove o aumento do tamanho das fibras do tipo I e na quantidade de
capilares musculares em DPOC (Montes de Oca et al 2005) A intensidade
pode ser ajustada pela frequecircncia cardiacuteaca ou pelo teste de caminhada
(Figueiredo e Guimaratildees 2009) sendo necessaacuterio no miacutenimo 10 semanas de
10
intervenccedilatildeo com 2 sessotildees semanais (Rossi et al 2005) Mas os indiviacuteduos
apresentam respostas diferentes quando submetidos agrave RP sobretudo nos
fatores que limitam o exerciacutecio fiacutesico Plankell et al (2005) realizaram um
estudo e constataram que pacientes soacute apresentam um bom condicionamento
cardiorrespiratoacuterio quando realizava exerciacutecios aeroacutebicos de alta intensidade
A RP tem sido reconhecida nos uacuteltimos anos como parte fundamental do
tratamento da DPOC pois oferece inuacutemeros estudos com resultados positivos
para os pacientes Dentre eles a melhora da toleracircncia ao exerciacutecio (Yoshimi
et al 2012) reduccedilatildeo da demanda ventilatoacuteria em esforccedilo submaacuteximo melhora
da eficiecircncia do trabalho diminuiccedilatildeo da dispneia e melhora da atividade de
vida diaacuteria (Godoy et al 2009) Apesar dos benefiacutecios nos pacientes com
DPOC ateacute o presente momento nenhum exerciacutecio conseguiu atuar
eficientemente na mecacircnica ventilatoacuteria (Georgiadou et al 2007) Por esta
razatildeo alguns estudos buscaram outras alternativas para interferir diretamente
nos muacutesculos respiratoacuterios com o objetivo de potencializar os efeitos positivos
jaacute demonstrados pela RP
16 Muacutesculos respiratoacuterios
O diafragma eacute o principal muacutesculo respiratoacuterio durante a inspiraccedilatildeo
realiza a contraccedilatildeo das cuacutepulas diafragmaacuteticas que descendem e gera um
aumento da pressatildeo intra-abdominal que serve de sustentaccedilatildeo para a
11
expansatildeo da caixa toraacutecica potencializada pela associaccedilatildeo da contraccedilatildeo dos
muacutesculos respiratoacuterios (Man et al 2012) Tem sido demonstrado na literatura
encurtamento em torno de 28 a 40 do diafragma na DPOC fato este que
compromete a mobilidade e funcionalidade toracoabdominal com repercussatildeo
na capacidade ventilatoacuteria e na tensatildeo dos muacutesculos da caixa toraacutecica de
forma de compensatoacuteria a diminuiccedilatildeo da contraccedilatildeo diafragmaacutetica (Iwasawa et
al 2002 Vilaroacute et al 2010)
Os principais muacutesculos acessoacuterios respiratoacuterios satildeo o peitoral menor
escalenos esternocleidomastoacuteideo intercostais e abdominais avaliados pela
eletromiografia (Gandevia et al 2006 Duiverman et al 2004) eles participam
na fase inspiratoacuteria favorecendo a expansatildeo da caixa toraacutecica pela traccedilatildeo
costal (De Troyer et al 1994 Taylor et al 1990) Durante a inspiraccedilatildeo forccedilada
outros muacutesculos satildeo solicitados como o peitoral maior e o trapeacutezio (Putt et al
2008) Estudos mais recentes tecircm demonstrado que a atividade muscular do
esternocleidomastoacuterideo intercostais peitoral menor latiacutessimo do dorso e dos
escalenos tanto em condiccedilotildees de repouso quanto no exerciacutecio satildeo maiores em
pacientes com DPOC quando comparada aos indiviacuteduos sadios (Donaldson et
al 2012) Os muacutesculos abdominais desempenham um papel importante no
mecanismo expiratoacuterio e a sua contraccedilatildeo estaacute associada a outras musculaturas
expiratoacuterias que potencializam no mecanismo de depressatildeo costal para a saiacuteda
de ar (Georgiadou et al 2007)
Na DPOC os muacutesculos respiratoacuterios sustentam a contraccedilatildeo para
aumentar expansatildeo da caixa toraacutecica com o objetivo de incrementar o fluxo
12
ventilatoacuterio Essa diminuiccedilatildeo do comprimento das fibras musculares prejudica a
eficiecircncia da forccedila contraacutetil maacutexima pois perde a sobreposiccedilatildeo fisioloacutegica ideal
entre os filamentos de actina e miosina (Izumizaki et al 2008 Ito 1999)
aumentando o gasto energeacutetico e a fadiga durante os exerciacutecios fiacutesicos
(Kokkonen et al 2007 Gea et al 2013) Essas alteraccedilotildees de comprimento e
tensatildeo do sistema musculo-esqueleacutetico da regiatildeo toracoabdominal geram a
estimulaccedilatildeo mecanoceptoras locais (fusos musculares e os receptores
articulares) que alteram os estiacutemulos neuroloacutegicos aos centros motores e
respiratoacuterios (Montaldo et al 2000) Estes centros por sua vez desencadeiam
a mudanccedila da taxa de disparo do nervo frecircnico que controla a cadecircncia e a
frequecircncia da contraccedilatildeo diafragmaacutetica (Burki e Lee 2010)
A partir destes conceitos preacutevios da relaccedilatildeo entre a mobilidade e as
alteraccedilotildees sintomatoloacutegicas da patologia pulmonar estudos de intervenccedilatildeo nos
muacutesculos respiratoacuterios ganharam importacircncia cientiacutefica (ATS 2013) A teacutecnica
de alongamento muscular foi escolhida pela maioria pois veio de encontro aos
conceitos do aumento da mobilidade tecidual perdida na DPOC A maioria dos
trabalhos tiveram como objetivo principal aumentar a viscoelasticidade
muscular para gerar acomodaccedilatildeo dos mecanoceptores da caixa toraacutecica
sendo assim regularia os centros respiratoacuterios e consequentemente
melhoraria o trabalho respiratoacuterio com reduccedilatildeo dos sintomas (Manning e
Schwartzstein 1995 Montaldo et al 2000)
13
17 Alongamento Muscular
Bonnar et al (2004) consideram que o alongamento busca aumentar o
espaccedilo entre os filamentos de actina e miosina com o objetivo de devolver a
sobreposiccedilatildeo fisioloacutegica ideal da actina e miosina para potencializar a
capacidade contraacutetil muscular (Shrier 2004 Izumizaki et al 2008) O
alongamento pode regular o mecanismo contraacutetil a partir do equiliacutebrio do caacutelcio
citoplasmaacutetico pela ativaccedilatildeo do retiacuteculo sarcoplasmaacutetico (Nakamura et al
2012) aleacutem de promover a diminuiccedilatildeo da tensatildeo tecidual pela remodelaccedilatildeo
dos fibroblastos (Riley e Van Dyke 2012) Kokonnen (2007) constataram que o
tambeacutem diminui o torque muscular sem alteraccedilatildeo significante da amplitude
articular de forma aguda mas quando realizado de forma regular os muacutesculos
apresentaram uma melhora na velocidade de contraccedilatildeo forccedila e endurance
muscular aleacutem de melhorar a amplitude de movimento
No iniacutecio do seacuteculo 20 Sherrington definiu os primeiros conceitos da
facilitaccedilatildeo e inibiccedilatildeo autogecircnica a partir destes fundamentos foram
desenvolvidas diversas teacutecnicas de alongamento muscular A inibiccedilatildeo
autogecircnica eacute um dos principais mecanismos neurofisioloacutegicos do alongamento
que consiste na reduccedilatildeo da excitabilidade motora a partir de uma contraccedilatildeo ou
alongamento muscular (Bonnar et al 2004) Esse efeito eacute atribuiacutedo
primeiramente pelos fusos neuromusculares que desencadeiam respostas
musculares particulares para cada tipo de estiacutemulo Isto eacute agudamente o
alongamento causa a estimulaccedilatildeo intensa e abrupta dos nervos sensitivos que
14
desencadeia uma resposta medular eferente motora das fibras extra-fusais
gerando a aumento da atividade muscular e contraccedilatildeo intensa com restriccedilatildeo
da mobilidade tecidual (Morse et al 2008 Mukherjee et al 2010 McHugh et
al 2010) Para a intervenccedilatildeo crocircnica onde satildeo realizadas diversas sessotildees
de alongamentos existe uma remodelaccedilatildeo maior das propriedades
viscoelaacutesticas (tixotroacutepicas) do tecido conjuntivo que envolve as fibras
musculares com isso a limiar excitatoacuterio do fuso neuromuscular diminui e o
estiacutemulo contraacutetil tensional eferente tambeacutem (Taylor et al 1990 Izumizaki et
al 2006)
O mecanismo contraacuterio ao fuso neuromuscular satildeo as estimulaccedilotildees dos
receptores musculotendineos chamados de oacutergatildeos tendinosos de Golgi (OTG)
A partir da tensatildeo em estiramento do alongamento na regiatildeo miotendiacutenea
desencadeia um potencial de accedilatildeo sensitivo do OTG que inibe a atividade
muscular via nervos eferentes motores A intensidade desse mecanismo
inibitoacuterio estaacute relacionado com o tamanho da superfiacutecie tendiacutenea e com a
quantidade de tensatildeo exercida sobre ela Acreditava-se que somente em
tensatildeo abruptas ou grande intensidade estimularia o OTG ou seja que
atuaria somente em situaccedilotildees de grande estresse tecidual Mas os uacuteltimos
estudos apontam que o OTG aleacutem de atuar em situaccedilotildees de sobrecarga a sua
accedilatildeo eacute constante com o objetivo de inibir o mecanismo contraacutetil voluntaacuterio e
protetor do fuso neuromuscular (Mukherjee e Chakravarty 2012) Com o ganho
da viscoelasticidade do tecido conjuntivo ele tambeacutem causa acomodaccedilatildeo do
OTG assim como nos fusos e isso pode acarretar na alteraccedilatildeo da accedilatildeo
inibitoacuteria pois o limiar de disparo pela tensatildeo pode diminuir ou aumentar
15
dependendo da anatomia musculotendiacutenea do muacutesculo tratado (Hindle et al
2012)
Para obter uma resposta positiva do alongamento eacute recomendado
realizaacute-lo sustentando por no miacutenimo 30 segundos duas vezes por semana por
6 semanas (Reid e Mcnair 2004 Decicco e Fisher 2005 Magnusson et al
1996) Dentre as diversas teacutecnicas a contraccedilatildeo-relaxamento apresenta a maior
eficaacutecia no ganho da excursatildeo muscular a teacutecnica se baseia na associaccedilatildeo do
alongamento passivo intercaladas com contraccedilatildeo isomeacutetricas (Holcomb 2000)
Alguns estudos tecircm verificado os efeitos do alongamento dos muacutesculos
respiratoacuterios em pacientes com DPOC O primeiro trabalho de maior relevacircncia
foi de Ito et al (1999) eles observaram a melhora da funccedilatildeo pulmonar e da
dispneia em 16 sujeitos com DPOC que receberam o alongamento quando
comparados ao grupo que realizaram exerciacutecios diafragmaacuteticos assim como
Minoguchi et al (2002) com o diferencial que eles realizaram a intervenccedilatildeo
crocircnica (1 mecircs) em 12 pacientes Contrariando estes resultados Izumizaki et al
(2006 e 2008) realizaram o protocolo de intervenccedilatildeo aguda de alongamento
muscular da caixa toraacutecica com 10 e 14 pacientes respectivamente e
constataram uma diminuiccedilatildeo da funccedilatildeo pulmonar e sem alteraccedilatildeo da dispneia
Outros trabalhos com o mesmo conceito de intervenccedilatildeo constataram o
aumento da mobilidade toracoabdominal avaliados pela cirtometria associados
agrave melhora da capacidade funcional (Paulin et al 2005 Luularungrayub et al
2009) Mas os trabalhos de Noll et al (2008 e 2009) de intervenccedilatildeo crocircnica e
aguda respectivamente apoacutes o mesmo protocolo de tratamento muscular
16
demonstraram piora da mobilidade e da capacidade funcional Atualmente soacute
existe um estudo na literatura de Cunha et al (2005) que avaliaram a
atividade muscular respiratoacuteria com eletromiografia de superfiacutecie apoacutes a
intervenccedilatildeo nos pacientes com DPOC e apresentou melhoras nos paracircmetros
avaliados
Devido aos dados contraditoacuterios dos efeitos do alongamento dos
muacutesculos da caixa toraacutecica presente na literatura Heneghan et al (2012)
concluiacuteram em sua revisatildeo sistemaacutetica que atualmente natildeo existem evidecircncias
que suportem os benefiacutecios deste tipo de intervenccedilatildeo em pacientes com DPOC
Apesar da importacircncia que os estudos preacutevios representaram para a
comunidade cientiacutefica eles apresentaram limitaccedilotildees metodoloacutegicas
importantes pois poucos satildeo os estudos controlados e aleatorizados e tambeacutem
a aleatorizaccedilatildeo dos pacientes raramente satildeo descritas Outro ponto importante
a ser destacado eacute o fato de realizarem a intervenccedilatildeo com avaliaccedilatildeo aguda
estudos recentes demonstraram que muacutesculo se comporta diferente quando
comparado com a intervenccedilatildeo crocircnica Aleacutem disso os trabalhos utilizaram
ferramentas de avaliaccedilatildeo da mobilidade toracoabdominal de pouca acuraacutecia
como a cirtometria e atualmente com os avanccedilos tecnoloacutegicos existem
sistemas mais avanccedilados como o pletismoacutegrafo optoeletocircnico (POE) para a
avaliaccedilatildeo da mecacircnica ventilatoacuteria (Aliverti et al 2000)
17
18 Meacutetodos para a anaacutelise da mecacircnica ventilatoacuteria
A avaliaccedilatildeo dos padrotildees respiratoacuterios eacute importante para a melhor
compreensatildeo da mecacircnica respiratoacuteria visando o desenvolvimento e a melhor
compreensatildeo dos tratamentos fisioterapecircuticos aleacutem de contribuir para as
pesquisas cientiacuteficas (Parreira et al 2012) Existem alguns meacutetodos validados
que quantifica a mobilidade toracoabdominal como a pletismografia por
indutacircncia (Respitrace) eacute um aparelho composto por faixas elaacutesticas sensiacuteveis
agrave tensatildeo e compressatildeo posicionadas ao redor da caixa toraacutecia e abdominal
Elas satildeo conectadas a um moacutedulo oscilador e uma unidade de calibraccedilatildeo os
dados do movimento das faixas satildeo coletados e atraveacutes de um software
analisados em tempo real as variaacuteveis da mecacircnica ventilatoacuteria (Gosselink et
al 1995 Costa et al 2011 Fernandes et al 2011)
Para a avaliaccedilatildeo da expansibilidade os estudos ainda utilizam a
cirtometria que atraveacutes de uma fita meacutetrica mensura-se o diacircmetro da regiatildeo
axilar xifoide e abdominal durante a inspiraccedilatildeo e expiraccedilatildeo maacutexima Satildeo
quantificados a excursatildeo em centiacutemetros atualmente natildeo eacute considerado um
exame fidedigno devido agrave analise subjetiva dos paracircmetros avaliados (Rondelli
et al 2009)
Com o avanccedilo tecnoloacutegico foi desenvolvido o Pletismoacutegrafo
Optoeletrocircnico (POE) Seu funcionamento baseia-se na anaacutelise do movimento
detectado a partir de marcadores compostos por esferas reflexivas de 6 a 10
miliacutemetros (Dellacagraversquo et al 2010) posicionados na regiatildeo anterior e posterior da
superfiacutecie toracoabdominal (Romagnoli et al 2008 Bianchi et al 2007) O
18
deslocamento das esferas satildeo captadas atraveacutes de cacircmeras especiais que
possuem diodos axiais que emitem feixes luzes infravermelho que eacute refletido
por cada marcador Apoacutes o sinal ser processado satildeo identificados o
posicionamento das esferas na superfiacutecie a partir do cruzamento das
informaccedilotildees de cada cacircmera bidimensional os dados satildeo transformados em
coordenadas tridimensionais (Boudarham et al 2013)
O POE possui algumas vantagens dentre elas eacute um meacutetodo natildeo
invasivo natildeo necessita de clipe nasal maacutescaras ou qualquer similar de
calibraccedilatildeo simples e as avaliaccedilotildees podem ser realizadas em vaacuterias posturas
(Alliverti et al 2000) diferentes condiccedilotildees e em diversas disfunccedilotildees e
patologias (Vogiatzis et al 2005 Bianchi et al 2004) Este meacutetodo natildeo possui
diferenccedilas significativas nos dados quando comparados com outros meacutetodos
de diagnoacutestico da mecacircnica toracoabdominal (Aliverti 2008 Layton et al
2013) Eacute possiacutevel mensurar a cada ciclo respiratoacuterio variaacuteveis de volume e de
tempo dos trecircs compartimentos da parede toraacutecica e dos dois hemitoacuterax aleacutem
das variaacuteveis de assincronia toracoabdominal (Romagnoli et al 2008 Aliverti
et al 2010 Boudarham et al 2013) Por todas essas razotildees o POE tem
ganhado grande destaque nos uacuteltimos anos nas pesquisas sobre a mecacircnica
toracoabdominal mas por ser uma tecnologia recente ainda carece de mais
estudos
Os trabalhos que relacionaram os efeitos do alongamento dos muacutesculos
respiratoacuterios na DPOC ainda satildeo escassos de baixo rigor metodoloacutegico e ateacute
entatildeo nenhum existe nenhum trabalho foi avaliado pelo POE Os efeitos
19
destas teacutecnicas associadas ao exerciacutecio aeroacutebico e o seu impacto na mecacircnica
ventilatoacuteria permanecem desconhecidos Sendo assim parece relevante
verificar a influecircncia dos alongamentos associados ao exerciacutecio aeroacutebico na
mecacircnica ventilatoacuteria e na capacidade funcional dos pacientes com DPOC
19 Hipoacutetese
O alongamento dos muacutesculos respiratoacuterios potencializaria a capacidade
contraacutetil e a excursatildeo dos muacutesculos respiratoacuterios que resultaria na melhora da
mobilidade toracoabdominal e possivelmente no aumento da capacidade
ventilatoacuteria Com isso os pacientes com DPOC conseguiriam realizar a
atividade fiacutesica desencadeando menos dispneia
2 OBJETIVOS
21
21 Primaacuterio
Avaliar os efeitos do alongamento dos muacutesculos respiratoacuterios
associados ao treinamento aeroacutebico na mecacircnica ventilatoacuteria e na capacidade
funcional em indiviacuteduos portadores de DPOC com graus moderado e grave
durante o exerciacutecio comparado ao grupo controle (sham)
22 Secundaacuterio
Avaliar a atividade muscular eficiecircncia muscular e mobilidade abdominal
e observar se os dados obtidos possuem alguma relaccedilatildeo com as variaacuteveis
principais
3 CASUIacuteSTICA E METODOS
23
31 Aspectos eacuteticos
A pesquisa foi aprovada pelo Comitecirc de Eacutetica (Cappesq) do Hospital das
Cliacutenicas da Faculdade de Medicina da Universidade de Satildeo Paulo (HCFMUSP)
sob o no 129509 e todos os pacientes assinaram o Termo de Consentimento
Livre e Esclarecido concordando em participar da pesquisa O estudo foi
registrado no Clinical Trials (NCT02036762)
32 Casuiacutestica
Foram analisados 28 pacientes portadores de DPOC com grau de
obstruccedilatildeo moderada a grave em seguimento cliacutenico no ambulatoacuterio de
pneumologia do HCFMUSP O diagnoacutestico de DPOC foi estabelecido de
acordo com os criteacuterios recomendados pela American Toracic Society (ATS
2013)
321 Criteacuterios de inclusatildeo
Foram estudados pacientes portadores de DPOC que aceitaram
participar do estudo com autorizaccedilatildeo por escrito com grau de obstruccedilatildeo de
moderado (VEF1 ge 50 e lt 80 previsto) a grave (VEF1 ge 30 e lt 50
24
previsto) e VEF1CVF lt 070 diagnoacutesticado haacute no miacutenimo 6 meses com
estabilidade cliacutenica por pelo menos 1 mecircs em condiccedilatildeo cliacutenico medicamentosa
otimizada de acordo com os criteacuterios do GOLD (GOLD 2013) Os criteacuterios de
inclusatildeo foram (1) idade gt40 anos (2) clinicamente estaacuteveis (sem alteraccedilotildees
medicamentosas ou agravamento dos sintomas haacute pelo menos 4 semanas
antes do iniacutecio do estudo) (3) natildeo O2 dependente (4) ausecircncia de outras
pneumopatias e doenccedilas cardiovasculares associadas (5) ausecircncia de
cirurgias toraacutecicas (6) ausecircncia de deficiecircncias cognitivas fiacutesicas ou
comprometimento funcional que impossibilitasse a participaccedilatildeo no estudo (7)
IMC gt18 e lt30 Kgm2 (8) natildeo ter sido submetido a qualquer tipo de programa
de reabilitaccedilatildeo pulmonar nos uacuteltimos 6 meses
322 Criteacuterios de exclusatildeo
Os criteacuterios de exclusatildeo foram (1) descompensaccedilatildeo do quadro cliacutenico
(internaccedilatildeo com agravamentos dos sintomas e alteraccedilatildeo medicamentosa) e (2)
natildeo assiduidade ao tratamento (faltas superiores a 3 sessotildees) Durante todo o
estudo natildeo houve alteraccedilatildeo do tratamento medicamentoso do paciente
25
Figura 1 Desenho experimental
33 Delineamento experimental
Ensaio cliacutenico prospectivo aleatorizado controlado e de avaliador ldquocegordquo
Os pacientes participantes foram alocados em uma proporccedilatildeo de 11 nos
grupos tratamento (GT) ou controle (GC) (n=15 cada) A aleatorizaccedilatildeo foi feita
por sorteio dos pacientes em envelopes pardos e opacos
Todos os pacientes foram avaliados em 2 momentos distintos preacute (1ordf
avaliaccedilatildeo) e poacutes (2ordf avaliaccedilatildeo) programa de exerciacutecios aeroacutebicos associado ao
26
alongamento muscular A 1ordf avaliaccedilatildeo foi realizada em apenas um dia e foi
anterior agrave aleatorizaccedilatildeo A avaliccedilatildeo incluiu anaacutelise da mecacircnica ventilatoacuteria e
atividade muscular respiratoacuteria (pletismografia optoeletrocircnica e eletromiografia
de superfiacutecie) durante o exerciacutecio com carga capacidade funcional (teste da
caminhada de seis minutos) e da prova de funccedilatildeo pulmonar (espirometria) para
a caracterizaccedilatildeo amostral A 2ordf avaliaccedilatildeo foi realizada pelo avaliador ldquocegordquo em
ateacute 7 dias apoacutes o teacutermino do programa de tratamento e constou das mesmas
avaliaccedilotildees descritas anteriormente
Apoacutes a 1ordf avaliaccedilatildeo os pacientes foram divididos aleatoriamente em 2
grupos O grupo controle (GC) realizou o alongamento ativo da musculatura
perifeacuterica (sham) associado ao programa de treinamento aeroacutebico em esteira
ergomeacutetrica e o grupo tratado (GT) realizou o alongamento da musculatura
acessoacuteria respiratoacuteria associado ao programa de treinamento aeroacutebico em
esteira ergomeacutetrica Os protocolos de intervenccedilatildeo tiveram a duraccedilatildeo de 24
sessotildees (60 minsessatildeo 2x semana por 3 meses) O treinamento aeroacutebico foi
realizado apoacutes os 30 minutos de alongamento da musculatura perifeacuterica (sham)
ou respiratoacuteria (tratamento) e teve a duraccedilatildeo de 30 minutos em cada sessatildeo
34 Intervenccedilatildeo
341 Protocolo de alongamento do grupo tratado (GT)
O protocolo de tratamento foi composto por uma seacuterie de alongamentos
para cada musculatura respiratoacuteria escolhida Foram realizadas 24 sessotildees (2
27
sessotildees semanais num periacuteodo de 3 meses) Cada sessatildeo teve duraccedilatildeo de
aproximadamente 30 minutos
Os alongamentos foram realizados em diferentes decuacutebitos de acordo
com a musculatura alongada Foram selecionadas duas teacutecnicas de
alongamento a contraccedilatildeo-relaxamento para a maioria dos muacutesculos
selecionados e nas musculaturas que apresentavam limitaccedilotildees biomecacircnicas
para a realizaccedilatildeo da teacutecnica de contraccedilatildeo-relaxamento foi substituiacutedo pelo
alongamento passivo
Cada seacuterie da teacutecnica de contraccedilatildeo-relaxamento consistiu
primeiramente na realizaccedilatildeo da amplitude maacutexima articular sustentado por 10
segundos seguida de uma contraccedilatildeo isomeacutetrica maacutexima por 3 segundos com
retomada ao alongamento passivo por mais 3 segundos este processo foi
repetido por 9 seacuteries para cada muacutesculo e a cada 3 seacuteries foi intercalado com
1 minuto de descanso (Bonnar et al 2004) O alongamento passivo foi
sustentado por 60 segundos em cada muacutesculo por trecircs vezes com intervalo
miacutenimo de um minuto (Siatras et al 2008) O posicionamento adequado e a
teacutecnica de alongamento seraacute detalhado a seguir
Peitoral maior Paciente em decuacutebito dorsal o terapeuta posicionou-se
do lado homolateral do muacutesculo alongado primeiramente foi realizado a
abduccedilatildeo de 90o do ombro associado agrave extensatildeo horizontal e rotaccedilatildeo externa
maacutexima do ombro com flexatildeo de 90o do cotovelo O terapeuta apoiou uma matildeo
no cotovelo e a outra no esterno para a estabilizaccedilatildeo com a matildeo distal foi
realizado o alongamento maacuteximo em extensatildeo horizontal que iniciou a teacutecnica
28
de contraccedilatildeo-relaxamento com contraccedilatildeo no sentido da flexatildeo horizontal (Putt
et al 2008) (Figura 2)
Figura 2 Anatomia e teacutecnica de alongamento do peitoral maior
Escaleno Paciente em decuacutebito dorsal terapeuta posicionou-se acima
da cabeccedila do paciente e realizou a lateroflexatildeo cervical contralateral ao
muacutesculo alongado O terapeuta posicionou uma matildeo na regiatildeo occipital outra
estabilizou o ombro homolateral a lateroflexatildeo contralateral foi realizada ateacute
amplitude articular maacutexima do paciente que iniciou o alongamento de
contraccedilatildeo-relaxamento com contraccedilatildeo isomeacutetrica no sentido da lateroflexatildeo
homolateral (Cunha et al 2005) (Figura 3)
Figura 3 Anatomia e teacutecnica de alongamento do escaleno
29
Esternocleidomastoacuteideo Paciente em decuacutebito dorsal terapeuta se
posicionou acima da cabeccedila do paciente iniciou-se com a rotaccedilatildeo homolateral
ao muacutesculo alongado associado a uma extensatildeo da mesma O terapeuta
apoiou uma matildeo na regiatildeo temporal e a outra na regiatildeo esternal onde foi
realizado a depressatildeo e a estabilizaccedilatildeo distal muscular Apoacutes a amplitude
maacutexima articular do paciente que iniciou o alongamento de contraccedilatildeo-
relaxamento a contraccedilatildeo isomeacutetrica foi realizada no sentido da rotaccedilatildeo
contralateral e flexatildeo cervical durante a teacutecnica (Cunha et al 2005) (Figura 4)
Figura 4 Anatomia e a teacutecnica de alongamento do Esternocleidomastoideo
Trapeacutezio superior Paciente em decuacutebito dorsal terapeuta posicionou-se
acima da cabeccedila do paciente para realizar a rotaccedilatildeo e lateroflexatildeo contralateral
da cabeccedila associada a uma flexatildeo da mesma em conjunto com a depressatildeo do
ombro homolateral agrave musculatura alongada Apoacutes a amplitude articular maacutexima
iniciou-se o alongamento de contraccedilatildeo-relaxamento com contraccedilatildeo isomeacutetrica
em extensatildeo da cabeccedila (Heneghan et al 2012) (Figura 5)
30
Figura 5 Anatomia e a teacutecnica de alongamento do Trapeacutezio Superior
Peitoral menor Paciente em decuacutebito dorsal o terapeuta se posicionou
homolateralmente ao muacutesculo tratado uma matildeo no cotovelo onde foi realizada
a elevaccedilatildeo do ombro e outra na regiatildeo o gradil costal anterossuperior Elevou-
se o cotovelo ateacute o limite articular associada agrave depressatildeo das primeiras
costelas (3a 4a e 5a) a manobra foi mantida por 60 segundos e repetida trecircs
vezes intercaladas com um minuto de descanso (Putt et al 2008) (Figura 6)
Figura 6 Anatomia e a teacutecnica de alongamento do peitoral menor
31
Intercostais e serraacutetil anterior Paciente em decuacutebito lateral terapeuta
posicionou-se atraacutes do paciente uma matildeo no cotovelo e a outra no gradil
costal homolateral inferior O alongamento consistiu em realizar a depressatildeo
das costelas associada agrave abduccedilatildeo maacutexima do ombro foi mantido por 60
segundos e repetida trecircs vezes intercaladas com minuto de repouso (Izumizaki
et al 2008) (Figura 7)
Figura 7 Anatomia e a teacutecnica de alongamento do Serraacutetil Anterior e Intercostais
Abdominais Foi a uacutenica musculatura do grupo tratado que o paciente
realizou o alongamento ativo ele se posicionou em decuacutebito ventral o apoio foi
feito com as matildeos na maca extensatildeo bilateral dos cotovelos forccedilando a
extensatildeo do tronco associado agrave extensatildeo da cabeccedila ateacute a maacutexima amplitude
por 60 segundos foi repetida 3 vezes intercaladas com um minuto de descanso
(Rassier 2007) (Figura 8)
32
Figura 8 Anatomia e a teacutecnica de alongamento dos muacutesculos abdominais
342 Protocolo de exerciacutecios do grupo controle (GC)
O grupo controle (GC) realizou o alongamento ativo das musculaturas
das extremidades dos membros superiores e inferiores foram 2 exerciacutecios para
flexores e extensores do punho e 2 exerciacutecios para flexores e extensores do
tornozelo Foram realizadas 24 sessotildees consistidas por 2 sessotildees semanais
em um periacuteodo de 3 meses Cada sessatildeo teve duraccedilatildeo de aproximadamente
30 minutos (Siatras et al 2008)
Flexores do punho Os flexores satildeo compostos por 5 muacutesculos principais
flexores profundos dos dedos flexores superficiais dos dedos palmar longo
flexor radial carpo e flexor ulnar do carpo O paciente realizou a flexatildeo de 900
do ombro com o cotovelo extendido antebraccedilo supinado e extensatildeo do punho
com a matildeo espalmada A matildeo contralateral estabilizou a regiatildeo palmar do
membro superior alongado e foi efetuada a extensatildeo maacutexima do punho
sustentada por 60 segundos foram trecircs repeticcedilotildees intercaladas por um minuto
de descanso (Ylinen 2009) (Figura 9)
33
Figura 9 Teacutecnica de alongamento e anatomia dos flexores do punho
Extensores do punho Os extensores satildeo compostos por 4 muacutesculos
principais extensor dos dedos extensor ulnar do carpo extensor radial curto
do carpo extensor radial longo do carpo Primeiramente foi realizada a flexatildeo
de 900 do ombro com o cotovelo extendido antebraccedilo pronado e flexatildeo do
punho A matildeo contralateral estabilizou a regiatildeo dorsal da matildeo alongada em
flexatildeo maacutexima do punho por 60 segundos realizadas trecircs repeticcedilotildees
intercaladas por um minuto de descanso (Ylinen 2009) (Figura 10)
Figura 10 Teacutecnica de alongamento e anatomia dos extensores do punho
34
Dorsiflexores do tornozelo Os dorsiflexores do tornozelo satildeo compostos
por 3 muacutesculos principais tibial anterior extensor longo dos dedos extensor
longo do haacutelux Sentado com a perna cruzada a matildeo contralateral apoiou na
regiatildeo dorsal do peacute e a matildeo homolateral estabilizou o tornozelo O
alongamento consistiu em forccedilar a flexatildeo plantar maacutexima por 60 segundos
foram trecircs repeticcedilotildees intercaladas por um minuto de descanso (Ylinen 2009)
(Figura 12)
Figura11 Teacutecnica de alongamento e anatomia dos extensores do tornozelo
Flexores plantares do tornozelo Os flexores plantares do tornozelo satildeo
compostos por 7 muacutesculos principais gastrocnecircmio soacuteleo flexor longo dos
dedos flexor longo do haacutelux tibial posterior fibular longo e curto O paciente
em peacute apoiou as matildeos bilateralmente na parede com a perna contralateral agrave
frente e a homolateral em extensatildeo de quadril joelho e dorsiflexatildeo maacutexima do
35
tornozelo mantida por 60 segundos foram realizadas trecircs repeticcedilotildees
intercaladas por um minuto de descanso (Ylinen 2009) (Figura 11)
Figura 12 Muacutesculos dos flexores do tornozelo e o posicionamento do alongamento
343 Protocolo dos exerciacutecios aeroacutebicos
Todos os pacientes realizaram o exerciacutecio aeroacutebico na esteira
ergomeacutetrica por 30 minutos a intensidade inicial da primeira semana foi
ajustada para 60 da velocidade meacutedia obtida no teste de caminhada dos 6
minutos (TC6) Nas semanas subsequentes a velocidade foi gradativamente
aumentada ateacute atingir 85 da velocidade meacutedia no TC6 os pacientes
realizaram durante 5 minutos o aquecimento e o desaquecimento com
intensidade de 40 a 60 da velocidade do teste (Putt et al 2008 Figueiredo e
Guimaratildees et al 2008 Zainuldin et al 2007) O incremento da intensidade foi
baseado nos sinais vitais frequecircncia cardiacuteaca (FC) saturaccedilatildeo perifeacuterica de O2
36
(SpO2 entre 90 a 94) percepccedilatildeo da dispneia pela escala modificada de Borg
(entre 4-7 pontos) todos estes paracircmetros foram analisados a cada 4 minutos
durante o treinamento aeroacutebico ou seja com a estabilidade dos sinais vitais a
velocidade foi progressivamente recalculada e em alguns casos passaram dos
100 da velocidade meacutedia obtida no TC6 A pressatildeo arterial (PA) foi aferida
preacute e poacutes os exerciacutecios (Godoy et al 2005 Figueiredo e Guimaratildees 2009)
35 Avaliaccedilotildees
351 Caracterizaccedilatildeo Amostral
Os dados antropomeacutetricos foram coletados apoacutes a inclusatildeo dos
pacientes ao estudo idade altura peso iacutendice de massa corpoacuterea (IMC)
VEF1 VEF1CVF TC6 e iacutendice de prognoacutestico e mortalidade de Bode
352 Prova de funccedilatildeo pulmonar simples
A espirometria (Spirobank Medical International Research Roma Itaacutelia)
foi feita em todos os pacientes de acordo com os criteacuterios de reprodutibilidade e
aceitabilidade adotados pela American Thoracic Society e European
Respiratory Society (2005) Os valores preditos de normalidade jaacute haviam sido
previamente descritos (Pereira et al 2007) Foram aferidos o volume
expiratoacuterio no primeiro segundo (VEF1) e a sua relaccedilatildeo com a Capacidade vital
forccedilada (VEF1CVF) e aceitos trecircs testes com variaccedilatildeo inferior a 5 e foi
37
considerado o teste com maior valor Com esse teste foi determinado a
gravidade da obstruccedilatildeo pulmonar considerando o VEF1 como paracircmetro para
caracterizaccedilatildeo da amostra
353 Padratildeo respiratoacuterio mobilidade e sincronia toracoabdominal
A pletismografia optoeletrocircnica (POE System Milatildeo Itaacutelia) eacute um sistema
indireto e natildeo invasivo para a avaliaccedilatildeo da mecacircnica ventilatoacuteria mobilidade e
sincronia capaz de dividir em 3 compartimentos toacuterax superior inferior e
abdominal (Alvierti et al 2000) O sistema optoeletrocircnico evoluiu a partir do
desenvolvimento tecnoloacutegico do processamento de imagens que possibilitaram
a anaacutelise de muacuteltiplos pontos posicionados na superfiacutecie corporal Para o
desenvolvimento do POE foi necessaacuterio criar um sistema de anaacutelise
tridimensional do movimento chamado de ELITE (Elaborate di immagini
televisive) Inicialmente utilizaram 32 marcadores a fim de abranger maior
aacuterea da parede toraacutecica e posteriormente 86 marcadores (Cala et al 1996)
Gorini et al (1999) e Ferrigno et al (1994) encontraram uma medida mais
precisa dos paracircmetros ventilatoacuterios utilizando 89 marcadores que delimitaram
a superfiacutecie anatocircmica em trecircs compartimentos superior inferior e abdominal
utilizadas ateacute o presente momento
O funcionamento do POE baseia-se na anaacutelise automaacutetica do movimento
detectado a partir de marcadores compostos por esferas reflexivas de 6 a 10
miliacutemetros (Dellacagraversquo et al 2010) As 89 esferas estatildeo dispostas da seguinte
forma sete linhas horizontais cinco verticais duas meacutedio-axilares e sete
38
marcadores extras dispostas em toda entre a claviacutecula e a espinha iliacuteaca
anterossuperior e posteriormente ateacute a regiatildeo dos flancos laterais totalizando
37 marcadores anteriores 42 posteriores e dez laterais (Romagnoli et al 2008
Bianchi et al 2007) (Figuras 13 e 14)
Figura13 Imagem tridimensional gerada pelo OEP
Figura14 Disposiccedilatildeo das 89 esferas reflexivas
39
As cacircmeras especiais CCD (Charge Coupled Device) possuem diodos
axiais que emitem feixes luzes infravermelho que satildeo refletidas pelos
marcadores e assim pocircde ser captado pelas cacircmeras em tempo real (120Hz)
Este sinal foi processado atraveacutes das 8 cacircmeras presente na sala de avaliaccedilatildeo
e identificam o posicionamento de cada ponto da superfiacutecie toracoabdominal A
reconstruccedilatildeo da cinemaacutetica toracoabdominal foi feita pelo software SMART
que executou algoritmos em tempo real e computou as coordenadas
tridimensionais dos marcadores refletivos durante as coletas com POE (Binazzi
et al 2008 Aliverti 2010)
O sistema aplicou um modelo geomeacutetrico baseado na posiccedilatildeo dos
marcadores para descrever a superfiacutecie toracoabdominal e seus
compartimentos durante a coleta Apoacutes a reconstruccedilatildeo do modelo os dados
foram exportados como arquivos numeacutericos gerando colunas de dados
representando os sinais por amostras tempo posiccedilatildeo dos marcadores e
volume facilitando a avaliaccedilatildeo dos sinais e aplicaccedilatildeo dos meacutetodos de
estimativa (Parreira et al 2012 Aliverti 2010)
40
Figura15 Laboratoacuterio do POE com a disposiccedilatildeo das cacircmeras e da bicicleta
Figura16 Captaccedilatildeo e anaacutelise dos dados do volume toracoabdominal
41
3531 Avaliaccedilatildeo do POE durante o exerciacutecio
Os sujeitos da pesquisa foram previamente orientados sobre os
procedimentos Inicialmente eles foram colocados sobre a bicicleta ergomeacutetrica
(Ergometrics 800 Sensormedics) e os 89 marcadores foram posicionados
sobre a superfiacutecie toracoabdominal (anterior e posterior) A foacutermula para o
caacutelculo da carga maacutexima foi descrita por Jones e colaboradores (1985) Wmax =
204 (altura) ndash 874 (idade) ndash 288 (gecircnero) ndash 1909 [28] foi utilizada 25 da
carga maacutexima o valor de gecircnero na foacutermula corresponde a 1 para mulheres e
0 para homens (Figura 17)
Durante a coleta o paciente foi orientado a manter 60 rotaccedilotildees por minuto
(RPM) (Vogiatzis et al 2005) Apoacutes 30 segundos de descanso foi realizada a
1ordm medida do POE em repouso (6 ciclos respiratoacuterios completos) depois o
paciente realizou o exerciacutecio sem carga por 3 minutos e posteriormente foi
realizada a 2ordm medida do POE (6 ciclos respiratoacuterios completos) Apoacutes este
periacuteodo iniciou-se o exerciacutecio com carga que foi incrementado de forma
proporcional durante 2 minutos ateacute atingir a carga programada e no final foi
realizada novamente a 3ordm medida do POE (6 ciclos respiratoacuterios completos) O
processo finalizou-se com um periacuteodo de recuperaccedilatildeo de 2 minutos com
exerciacutecio sem carga para o retorno dos sinais vitais (Figura 18)
Foram avaliados o volume corrente da caixa toraacutecica pulmonar (CT)
volume corrente do toacuterax superior (TS) volume corrente do toacuterax inferior (TI)
volume corrente abdominal (ABD) de tempo ventilaccedilatildeominuto (VE) fluxo
inspiratoacuterio (FI) e Fluxo expiratoacuterio (FE) participaccedilatildeo em porcentagem () dos
42
compartimentos do toacuterax superior (TS) toacuterax inferior (TI) e abdome
(ABD) (Romagnoli et al 2008 Aliverti et al 2008 Boudarham et al 2013)
A mobilidade do compartimento abdominal foi calculada pela relaccedilatildeo CTABD
no exerciacutecio com carga (Gosselink et al 1995) a reduccedilatildeo dos valores desta
relaccedilatildeo reflete a melhora da mobilidade abdominal (Yamaguti et al 2012)
Figura17 Paciente Realizando a avaliaccedilatildeo com carga no cicloergocircmetro no POE
Figura 18 Desenho experimental da avaliaccedilatildeo do OEP
43
354 Atividade muscular respiratoacuteria
A atividade dos muacutesculos respiratoacuterios foi avaliada atraveacutes da aquisiccedilatildeo
do sinal eletromiograacutefico de superfiacutecie (System BTSreg Milatildeo Itaacutelia)
simultaneamente agrave avaliaccedilatildeo da mecacircnica toracoabdominal pelo POE Foram
utilizados eletrodos circulares descartaacuteveis de AgAgCl com 10mm de diacircmetro
e um adesivo condutivo hidrogel colocados de forma a manter a distacircncia
intereletrodo de 20mm No local da fixaccedilatildeo dos eletrodos foram realizados
tricotomia quando necessaacuterio e fricccedilatildeo de gaze embebida em aacutelcool (70)
para remoccedilatildeo da gordura presente na superfiacutecie de contato com o objetivo de
diminuir a impedacircncia da pele (Dworak et al 2011)
Os eletrodos foram fixados no ventre muscular afastados do ponto
motor de forma paralela agrave da direccedilatildeo das fibras musculares de acordo com o
European concerted action - surface EMG for an non-invasive assesment of
muscles (Hermens et al 2000) O eletrodo para a avaliaccedilatildeo do muacutesculo
esternocleidomastoideo foi posicionado no ventre muscular a 5 cm do processo
mastoideo (Kallenberg et al 2009) do muacutesculo intercostal superior foi
posicionado no 2deg espaccedilo intercostal e para o inferior entre o 7deg e o 8deg espaccedilo
intercostal e no reto abdominal foi inserido a 2 cm da cicatriz umbilical
(Maarsingh et al 2000)
Para o caacutelculo da eficiecircncia ventilatoacuteria os dados da atividade muscular
de todos os muacutesculos avaliados foram somados e divididos pelo volume
corrente (EMGVt) Essa equaccedilatildeo foi descrita primeiramente no trabalho de
44
Lunardi et al (2013) que avaliou a mecacircnica toracoabdominal na populaccedilatildeo
idosa Essa relaccedilatildeo permitiu observar a quantidade de volume deslocado pelo
niacutevel de estiacutemulo da atividade muscular
Figura19 Eletromioacutegrafo da BTS Engeneering
355 Capacidade Funcional
A capacidade funcional foi avaliada pelo teste de caminhada de 6 minutos
(TC6) A avaliaccedilatildeo foi realizada em um corredor de 30 metros com pouco
traacutefego e cada paciente realizou 2 testes respeitando o intervalo de uma hora
entre eles (Dourado et al 2011) Durante os testes o paciente foi orientado a
caminhar o mais raacutepido possiacutevel durante 6 minutos e caso apresentasse
dispneia limitante ou qualquer outro desconforto incapacitante ele podia
interromper o teste ateacute recuperar as condiccedilotildees para continuaacute-lo A cada minuto
45
os pacientes foram encorajados com frases de incentivo padronizadas de modo
que o mesmo percorresse a maior distacircncia possiacutevel durante todo o teste (ATS
2002 Louvaris et al 2013) O desempenho do paciente foi avaliado pela maior
distacircncia percorrida em um dos testes e foi monitorado tanto preacute quanto poacutes
exerciacutecio a frequumlecircncia cardiacuteaca (FC) e respiratoacuteria (FR) a saturaccedilatildeo de
oxigecircnio (SpO2) sensaccedilatildeo de esforccedilo por meio da escala modificada de Borg
(Borg 1982) e pressatildeo arterial (PA)
36 Anaacutelise Estatiacutestica
Para a mecacircnica ventilatoacuteria foi utilizado para o caacutelculo amostral os
resultados observados no estudo de Yamaguti et al (2012) onde a diferenccedila
das meacutedias da CTABD foi de 20 durante a respiraccedilatildeo natural no GT com a
diferenccedila do desvio padratildeo de 4 valor de plt005 e poder de 08 foi
estabelecido uma amostra de 3 pacientes por grupo
O caacutelculo amostral para os paracircmetros da atividade muscular foi
utilizado os resultados observados no estudo de Cunha et al (2005) onde a
diferenccedila das meacutedias no GT foi de 9 10-3mV com a diferenccedila do desvio padratildeo
de 6 10-3mV para o poder de 80 e um valor de alpha de 5 sendo
estabelecido uma amostra de 9 indiviacuteduos por grupo
Para os paracircmetros funcionais o caacutelculo amostral foi baseado no TC6
onde se esperava uma diferenccedila das meacutedias de 263m e a diferenccedila do desvio
padratildeo de 23 m de aumento apoacutes a intervenccedilatildeo (Yamaguti et al 2012) para o
46
poder de 80 e um valor de alpha de 5 sendo encontrado um tamanho de
amostra de 14 indiviacuteduos por grupo
A anaacutelise foi realizada utilizando o programa Sigma Stat versatildeo 32 Foi
utilizado o teste de Kolmogorov-Smirnov para verificar a normalidade dos
dados sendo estes apresentados como meacutedia plusmn desvio padratildeo Para
comparaccedilatildeo dos dados de caracterizaccedilatildeo dos grupos GT e GC foi realizado
utilizando o teste t de Student para dados com distribuiccedilatildeo normal e teste de
Mann-Withney para dados natildeo-parameacutetricos
A anaacutelise do efeito do tratamento nos dois grupos tambeacutem foi realizado
pelo teste t e pelo Mann-Withney para dados natildeo-parameacutetricos no delta das
diferenccedilas (Δ=poacutes-preacute)
A sensaccedilatildeo de dispneia (BORG modificado) foi analisada com o teste de
anaacutelise de variacircncia (ANOVA) seguida do pos hoc de Holm Sidak Para o TC6
foi observado a miacutenima diferenccedila clinicamente significante Proposto por
Holland et al 2013 (251m) O niacutevel de significacircncia foi ajustado para 5
(plt005) para todos os testes
4 RESULTADOS
48
Quinhentos e noventa e quatro pacientes foram avaliados para
elegibilidade 564 natildeo preencheram os criteacuterios de inclusatildeo sendo que os
motivos mais comuns foram oxigecircnio-dependente (n=160) sem
disponibilidade para participar (n=105) cardiopatias (n=80) e doenccedilas
musculoesqueleacuteticas associadas (n=43) (Figura 20) Trinta pacientes foram
incluiacutedos e aleatorizados 2 foram excluiacutedos apoacutes o iniacutecio do protocolo sendo 1
no grupo tratado (crise de caacutelculo renal) e 1 no grupo controle (agudizaccedilatildeo da
doenccedila de Chron) 14 sujeitos terminaram o estudo no GT e 14 no GC (Figura
20) Natildeo foram observadas diferenccedilas entre os grupos com relaccedilatildeo aos dados
antropomeacutetricos de funccedilatildeo pulmonar e capacidade funcional antes da
intervenccedilatildeo (Tabela 1)
49
Figura 20 Fluxograma do estudo
50
Tabela 1 Caracterizaccedilatildeo amostral basal dos pacientes do estudo
Caracterizaccedilatildeo Grupo Controle Grupo Tratado P
Dados Antropomeacutetricos
Genero (MF) 57 86 097
Idade (anos) 64plusmn56 61plusmn54 030
Altura (m) 165plusmn007 165plusmn008 096
IMC (Kgm2) 259plusmn29 257plusmn38 091
Funccedilatildeo Pulmonar
VEF1 ( pred) 426plusmn95 459plusmn155 056
VEF1CVF 049plusmn009 056plusmn013 017
Capacidade Funcional
TC6 (m) 439plusmn103 473plusmn68 032
BODE (IIIIIIIV)(n) 3531 6620 058
Legenda Os dados estatildeo apresentados em meacutedia desvio padratildeo exceto o BODE que estatildeo expressos
pelo nuacutemero de pacientes MF=masculinofeminino Kgm2=quilogramasmetro
2 VEF1=Volume expiratoacuterio
forccedilado no primeiro segundo VEF1CVF=Relaccedilatildeo do Volume expiratoacuterio forccedilado no primeiro segundo e capacidade vital IMC=Iacutendice de massa corpoacuterea TC6=teste de caminhada dos 6 minutos BODE=Iacutendice de prognoacutestico e mortalidade para DPOC
41 Cinemaacutetica toracoabdominal
Durante o exerciacutecio com carga os pacientes do grupo controle (GC) natildeo
apresentaram variaccedilatildeo da mecacircnica toracoabdominal apoacutes a intervenccedilatildeo os
pacientes do grupo tratado (GT) apresentaram um aumento meacutedio de 230 ml
no volume total da caixa toraacutecica total (CT) (equivalente ao volume corrente)
quando comparado ao GC (respectivamente 140plusmn170mL vs-86plusmn240mL
plt001) Este aumento ocorreu principalmente pelo ganho do volume do
compartimento abdominal (ABD) (respectivamente 140120mL vs -
108210ml plt001) (Figura 21) e natildeo foi observada uma diferenccedila significativa
nos compartimentos toraacutecicos superior (TS) e inferior (TI) (Figura 21 pgt005)
51
O GT tambeacutem apresentou um aumento da ventilaccedilatildeo minuto (VE)
(24plusmn36L vs -18plusmn41L plt0001) (Figura 22) e do fluxo expiratoacuterio
(FE)(80plusmn100mL vs -30plusmn100mL plt001) (Figura23) quando comparado com o
GC acreditamos que aleacutem do volume da caixa toraacutecica o aumento do fluxo
expiratoacuterio tambeacutem esteve relacionado com o aumento da mobilidade do
compartimento abdominal Este por sua vez foi calculado pela relaccedilatildeo da
contribuiccedilatildeo CTABD onde apresentou melhora somente no GT quando
comparado ao GC (-019plusmn041 vs 010plusmn028 plt001 respectivamente)
(Figura 24)
Figura 21 Efeitos do alongamento muscular respiratoacuterio na mecacircnica ventilatoacuteria durante o exerciacutecio Os dados foram apresentados em meacutedia e desvio padratildeo representado pela diferenccedila (Δ) = poacutes- - preacute-intervenccedilatildeo Houve um aumento estatisticamente significante do volume da CT e do ABD no GT O exerciacutecio foi realizado com 25 da carga maacutexima predito na equaccedilatildeo de Jones
25 GC= Grupo Controle GT= Grupo Tratado CT= Caixa totaacutecica total TS=
Toacuterax superior TI= Toacuterax inferior ABD= Abdomen = p lt 005 GC vs GT (teste t natildeo pareado)
52
Figura 22 Efeitos do alongamento muscular respiratoacuterio no volume minuto (VE) durante o exerciacutecio Os dados foram apresentados em meacutedia e desvio padratildeo representado pela diferenccedila (Δ) = poacutes- - preacute-intervenccedilatildeo Ambas apresentaram diferenccedilas houve um aumento estatisticamente significante de 4L no volume minuto (VE) no GT em relaccedilatildeo do GC O exerciacutecio foi realizado com 25 da carga maacutexima predito na equaccedilatildeo de Jones
25 GC= Grupo
Controle GT= Grupo Tratado = p lt 005 GC vs GT (teste t natildeo pareado)
53
Figura 23 Efeitos do alongamento muscular respiratoacuterio no fluxo expiratoacuterio (FE) durante o exerciacutecio Os dados foram apresentados em meacutedia e desvio padratildeo representado pela diferenccedila (Δ) = poacutes- - preacute-intervenccedilatildeo Ambas apresentaram diferenccedilas houve um aumento estatisticamente significante de 100mL no fluxo expiratoacuterio (FE) no GT em relaccedilatildeo do GC O exerciacutecio foi realizado com 25 da carga maacutexima predito na equaccedilatildeo de Jones
25 GC= Grupo
Controle GT= Grupo Tratado = p lt 005 GC vs GT (teste t natildeo pareado)
54
Figura 24 Efeitos do alongamento muscular respiratoacuterio na relaccedilatildeo da contribuiccedilatildeo da caixa toraacutecica e abdocircmen (CTABD) durante o exerciacutecio Os dados foram apresentados em meacutedia e desvio padratildeo representado pela diferenccedila (Δ) = poacutes- - preacute-intervenccedilatildeo O exerciacutecio foi realizado com 25 da carga maacutexima predito na equaccedilatildeo de Jones
25 Foi observado a reduccedilatildeo
estatisticamente significante da relaccedilatildeo CTAB no GT que representa o aumento da mobilidade do compartimento abdominal GC= Grupo Controle GT= Grupo Tratado CT= Participaccedilatildeo da caixa toraacutecica ABD= Participaccedilatildeo abdominal = p lt 005 GC vs GT (teste t natildeo pareado)
42 Atividade muscular
Os dados da atividade muscular dos muacutesculos esternocleidomastoideo
intercostal superior intercostal inferior e abdome foram mensurados e foi
possiacutevel observar uma reduccedilatildeo da atividade muscular no exerciacutecio apoacutes o
protocolo de alongamento no GT quando comparado ao GC dos muacutesculos
esternocleidomastoideo (-57plusmn217 vs 185-plusmn443mV plt003 respectivamente)
e intercostais superiores (-1466plusmn441 vs 46plusmn115mV plt001
respectivamente) (Figura 25)
55
Todos os dados da atividade muscular foram somados e divididos pelo
volume corrente total com o intuito de demonstrar a quantidade de atividade
muscular por volume deslocado Foi verificado uma reduccedilatildeo da razatildeo EMGVt
no exerciacutecio com carga no GT quando comparado com o GC (respectivamente
[-138 (-519- -536 mVL) vs 10 (-741- 372 mVL) plt0006] (Figura 26)
Figura 25 Efeitos do alongamento muscular respiratoacuterio na atividade muscular Os dados foram apresentados em meacutedia e desvio padratildeo representado pela diferenccedila (Δ) = poacutes- - preacute-intervenccedilatildeo Foi constatada uma diminuiccedilatildeo estatisticamente significante da atividade dos muacutesculos esternocleidomastoideo e intercostal superior no GT O exerciacutecio foi realizado com 25 da carga maacutexima predito na equaccedilatildeo de Jones
25 GC= Grupo Controle GT= Grupo
Tratado = p lt 005 GC vs GT (teste t natildeo pareado)
56
Figura 26 Efeitos do alongamento muscular respiratoacuterio na relaccedilatildeo entre a atividade muscular e o volume corrente (EMGVt) Os dados foram apresentados em meacutedia e desvio padratildeo representado pela diferenccedila (Δ) = poacutes- - preacute-intervenccedilatildeo Observou-se uma diminuiccedilatildeo estatisticamente significante da EMGVt no GT O exerciacutecio foi realizado com 25 da carga maacutexima predito na equaccedilatildeo de Jones
25 GC= Grupo Controle GT= Grupo Tratado = p lt 005
GC vs GT (teste t natildeo pareado)
43 Capacidade funcional e Dispneia
Para os paracircmetros de Borg (Figura 27) foi aferido em 4 momentos preacute e poacutes
TC6 e preacute e poacutes intervenccedilatildeo Os dados basais natildeo apresentaram diferenccedilas
entre o GT e o GC (respectivamente 175plusmn21 vs 12plusmn17 pgt02) Apoacutes a
intervenccedilatildeo houve uma diminuiccedilatildeo significativa da sensaccedilatildeo de dispneia em
ambos os grupos poacutes-TC6 quando comparado aos seus dados iniciais GT
(43plusmn18 vs 15plusmn09 plt0001) e no GC (42plusmn15 vs 28plusmn17 plt0001) Na
comparaccedilatildeo entre os grupos o GT apresentou uma melhora da sensaccedilatildeo de
dispneia quando comparado com o GC tanto preacute-exerciacutecio (respectivamente
57
02plusmn05 vs 06plusmn08 plt0001) quanto poacutes-exerciacutecio (respectivamente 15plusmn09
vs 28plusmn17 plt0001) Aleacutem disso somente no GT houve uma diminuiccedilatildeo
significativa do Borg na comparaccedilatildeo intragrupo preacute-TC6 antes e depois do
tratamento (18plusmn08 vs 02plusmn06 plt0001) Com a diminuiccedilatildeo da sensaccedilatildeo de
dispneia foi possiacutevel verificar que os pacientes do GT apresentaram melhora
clinicamente significante no TC6 meacutedio quando comparado com o GC
(respectivamente 2514m vs 65m Figura 28) valores propostos por Holland
et al (2013)
Figura 27Efeitos do alongamento muscular respiratoacuterio na escala de BORG Os dados foram apresentados Os dados foram apresentados em meacutedia e desvio padratildeo representado pela diferenccedila (Δ) = poacutes- - preacute-intervenccedilatildeo Apoacutes o tratamento ambos apresentaram diminuiccedilatildeo da dispneia mas somente no GT houve uma diminuiccedilatildeo na comparaccedilatildeo com o GC e com seus dados iniciais no preacute TC6 O exerciacutecio foi realizado com 25 da carga maacutexima predito na equaccedilatildeo de Jones
25 GC= Grupo Controle GT= Grupo Tratado BORG= Escala de dispneia
TC6= Teste de caminhada dos 6 minutos = p lt 005 preacute vs poacutes intervenccedilatildeo +=plt005 GC vs GC) (teste t natildeo pareado)
58
Figura 28 Os dados apresentados em (Δ) representam (poacutes intervenccedilatildeo ndash preacute intervenccedilatildeo) No teste de caminhada dos 6 minutos (TC6) foi observada uma diferenccedila clinicamente significante do TC6 no GT que obteve um aumento meacutedio de 2514m e o GC de 65m O exerciacutecio foi realizado com 25 da carga maacutexima predito na equaccedilatildeo de Jones
25 GC= Grupo
Controle GT= Grupo Tratado TC6= Teste de caminhada dos 6 minutos ( =diferenccedila clinicamente significante)
Holland et al 2013 (25m)
5 DISCUSSAtildeO
60
Neste estudo foi demonstrado pela primeira vez que os alongamentos
dos muacutesculos respiratoacuterios melhoraram a mecacircnica e a capacidade ventilatoacuteria
decorrente principalmente pelo aumento do volume e da mobilidade do
compartimento abdominal (CTABD) A melhora da mobilidade toracoabdominal
possivelmente esteve relacionada com o aumento da sua viscoelasticidade
observada pela diminuiccedilatildeo da atividade muscular apoacutes o tratamento Aleacutem
disso houve um aumento da eficiecircncia contraacutetil dos muacutesculos respiratoacuterios
constatado pela reduccedilatildeo da relaccedilatildeo EMGVt ou seja a musculatura necessitou
de menos atividade para deslocar o mesmo volume respiratoacuterio Acreditamos
que por causa da melhora de todos os fatores descritos anteriormente houve
uma diminuiccedilatildeo da sensaccedilatildeo de dispneia que possibilitou o aumento da
capacidade ao exerciacutecio submaacuteximo
51 Cinemaacutetica toracoabdominal
O trabalho acrescentou novas evidecircncias na literatura cientiacutefica pois foi
o primeiro a demonstrar atraveacutes do pletismoacutegrafo optoeletrocircnico que apoacutes o
tratamento com teacutecnicas de alongamento dos muacutesculos respiratoacuterios houve
aumento significativo do volume da caixa toraacutecica total abdominal e da
capacidade ventilatoacuteria durante o exerciacutecio com carga Vale ressaltar que o
aumento da mobilidade do compartimento abdominal tambeacutem foi constatado
Para reforccedilar ainda mais a importacircncia dos nossos achados no grupo
controle natildeo obtiveram nenhuma alteraccedilatildeo volumeacutetrica da caixa toraacutecica estes
61
dados vatildeo de encontro aos dois estudos preacutevios nos quais foram avaliados os
efeitos da reabilitaccedilatildeo pulmonar na cinemaacutetica toracoabdominal em pacientes
com DPOC avaliados pelo POE (Georgiadou et al 2007 Gagliardi et al
2014) Inclusive Gagliardi et al (2014) mesmo apoacutes a intervenccedilatildeo de 24
semanas encontrou uma diminuiccedilatildeo do volume abdominal apoacutes o tratamento
Apenas dois trabalhos natildeo controlados de Yamada et al (1996) e
Luularungrayub et al (2009) avaliados pelo pletismoacutegrafo por indutacircncia e
cirtometria respectivamente associados agrave espirometria hipotetizaram que a
melhora no fluxo expiratoacuterio e do volume expiratoacuterio respectivamente
poderiam ter uma relaccedilatildeo com a melhora da funccedilatildeo do compartimento
abdominal dados estes que tambeacutem apresentamos no nosso estudo Segundo
Georgiadou et al (2007) e Aliverti et al (2010) o compartimento abdominal eacute o
maior responsaacutevel pelas variaccedilotildees da distacircncia axial xifoacuteidea sugerindo uma
relaccedilatildeo com a mobilidade diafragmaacutetica e o aumento do volume pulmonar total
essa hipoacutetese pocircde ser elucidada em nossos resultados com a diminuiccedilatildeo dos
valores de CTABD Portanto estes achados servem para destacar que o
protocolo de alongamento realizados neste estudo desencadeou a melhora da
mecacircnica contraacutetil dos muacutesculos respiratoacuterios que provavelmente tiveram uma
atuaccedilatildeo na melhora da funccedilatildeo diafragmaacutetica relaccedilatildeo esta jaacute descrita por
Iwasawa et al (2002) e Man et al (2012)
O aumento do volume corrente total apoacutes o alongamento muscular da
caixa toraacutecica jaacute havia sido constatado anteriormente pelos estudos natildeo
controlados de Yamada et al (1996) e Minoguchi et al (2002) que realizaram a
intervenccedilatildeo por 4 semanas em 12 e 13 pacientes respectivamente e avaliados
62
pela espirometria Em contrapartida os estudos de intervenccedilatildeo aguda natildeo
controlada de Izumizaki et al (2006) e controlada de Noll et al (2009) com 10 e
25 pacientes respectivamente obtiveram a piora do volume corrente tambeacutem
avaliados pela espirometria Baseados nos estudos de Mchugh et al (2008)
estes efeitos contraditoacuterios ocorreram principalmente pelo tipo de intervenccedilatildeo
Agudamente o alongamento promove o estiramento abrupto dos fusos
neuromusculares que desencadearam o potencial sensitivo medular e
consequentemente um aumento da atividade eferente neuromuscular gerando
a contraccedilatildeo das fibras extra-fusais por essa razatildeo provavelmente houve a
diminuiccedilatildeo da mobilidade muacutesculo-esqueleacutetica da caixa toraacutecica e diminuiccedilatildeo
dos valores volumeacutetricos (Mukherjee et al 2010) A intervenccedilatildeo crocircnica por
sua vez promove o aumento da viscoelasticidade muscular e causou a
acomodaccedilatildeo do limiar excitatoacuterio do fuso neuromuscular que diminui o
estiacutemulo de contraccedilatildeo das fibras extra-fusais permitindo a melhora da
mobilidade toracoabdominal (Mchugh et al 2010)
No presente estudo foi realizada a intervenccedilatildeo crocircnica portanto
justificaria a razatildeo dos nossos dados apresentarem resultados tatildeo diferentes
quanto a maioria dos estudos anteriores de intervenccedilatildeo aguda Mas
precisamos considerar tambeacutem as limitaccedilotildees metodoloacutegicas comumente
observadas na literatura Fato este observado nos trabalhos de Putt et al
(2008) e Luularungrayub et al (2009) que mesmo sendo de intervenccedilatildeo
aguda apresentaram um aumento do volume corrente avaliados pela
espirometria mas ambos apresentaram grandes restriccedilotildees metodoloacutegicas pois
63
realizaram o tratamento somente em um muacutesculo respiratoacuterio (peitoral maior) e
o outro foi um estudo de caso respectivamente
Hipotetizamos que nos nossos resultados sugeriram que a intervenccedilatildeo
crocircnica muscular respiratoacuteria promoveu a melhora da mobilidade do sistema
musculo-esqueleacutetico toracoabdominal com o aumento principal do volume e da
mobilidade do compartimento abdominal acreditamos que foi o responsaacutevel
pela melhora do volume pulmonar total Com a elevaccedilatildeo dos volumes
sugerimos que foram os responsaacuteveis pela melhora da capacidade ventilatoacuteria
(volume-minuto) dado este ineacutedito na literatura para este tipo de protocolo de
tratamento
52 Atividade muscular
Constatamos uma reduccedilatildeo da atividade muscular durante o exerciacutecio
com carga no grupo que realizou o alongamento dos muacutesculos respiratoacuterios
principalmente do esternocleidomastoideo e do intercostal superior A partir
destes dados foi possiacutevel calcular a relaccedilatildeo com o volume corrente onde a
reduccedilatildeo dos valores significa a melhora da efetividade contraacutetil (EMGVt)
descrito primeiramente no trabalho de Lunardi et al (2013) Este dado
representa a melhora do deslocamento volumeacutetrico pela atividade muscular
sendo assim o muacutesculo necessita do mesmo estiacutemulo motor para deslocar
mais volume de ar
64
Na literatura encontramos somente um estudo natildeo-controlado de Cunha
et al (2005) que realizou a avaliaccedilatildeo em 8 pacientes com DPOC com o
eletromioacutegrafo de superfiacutecie apoacutes um programa de alongamento muscular
respiratoacuterio Nossos dados corroboram parcialmente com os seus achados
pois apesar de terem demonstrado uma diminuiccedilatildeo da atividade muscular
respiratoacuteria dos intercostais eles apresentaram um aumento da atividade
muscular do esternocleidomastoide Acreditamos que os nossos achados
avanccedilam em relaccedilatildeo ao estudo de Cunha et al (2005) pois o presente estudo
foi realizado com criteacuterios metodoloacutegicos mais rigorosos (controlado) com
maior tempo de intervenccedilatildeo e respeitando o caacutelculo amostral
Portanto podemos sugerir que baseado nos estudos de Kokkonen et al
(2007) o aumento da viscoelasticidade tecidual permitiu a melhora da
sobreposiccedilatildeo da actina e miosina sendo capaz de potencializar o mecanismo
contraacutetil muscular com menos esforccedilo Ao mesmo tempo reduziu a tensatildeo
sobre os receptores musculoesqueleacuteticos diminuindo a excitabilidade do
disparo neuroloacutegico sensitivo possibilitando o equiliacutebrio entre o estiacutemulo
inibitoacuterio do oacutergatildeo tendinoso de Golgi e o excitatoacuterio do controle contraacutetil do
fuso neuromuscular reduzindo a atividade motora (Hindle et al 2012
Mukherjee e Chakravarty 2010)
A avaliaccedilatildeo da atividade muscular e o caacutelculo da efetividade contraacutetil foi
realizada para elucidar os mecanismos envolvidos na melhora da mecacircnica
ventilatoacuteria apoacutes o alongamento dos muacutesculos respiratoacuterios Eacute possiacutevel que
com a diminuiccedilatildeo da atividade muscular possibilitou a melhora da capacidade
de contraccedilatildeo muscular com menor esforccedilo este dado eacute reforccedilado pela
65
diminuiccedilatildeo da EMGVt permitindo o incremento da mobilidade toracoabdominal
e da capacidade ventilatoacuteria
53 Capacidade funcional e dispneia
Observamos a melhora da dispneia e da capacidade ao exerciacutecio
submaacuteximo avaliados pelo Borg modificado e pelo teste de caminhada dos 6
minutos respectivamente
Apoacutes o protocolo de alongamento nossos dados mostraram a
diminuiccedilatildeo da sensaccedilatildeo de dispneia em ambos os grupos apoacutes a intervenccedilatildeo
Mas ao comparar entre os grupos os sujeitos que receberam a intervenccedilatildeo na
caixa toraacutecica (GT) apresentaram a diminuiccedilatildeo da dispneia quando comparado
ao GC tanto preacute quanto poacutes exerciacutecio Outro ponto em destaque eacute a diminuiccedilatildeo
da dispneia no GT em seu estado basal
A reduccedilatildeo da dispneia eacute um importante paracircmetro de melhora dos
tratamentos com enfoque pulmonar (ATS 2013) e estudos preacutevios que tambeacutem
avaliaram o efeito de alongamento dos muacutesculos respiratoacuterios na dispneia em
pacientes com DPOC corroboram com os nossos achados mesmo sendo
trabalhos com metodologias distintas como ensaios natildeo controlados (Cunha et
al 2005) controlados (Paulin et al 2003) intervenccedilatildeo aguda (Noll et al 2008
Noll et al 2009) e crocircnica (Minoguchi et al 2002) Eacute importante ressaltar que
em todos os trabalhos que obtiveram a melhora nos paracircmetros de dispneia
66
portanto acreditamos que existe outros mecanismos que podem influenciar
nesta variaacutevel aleacutem da melhora da mobilidade toracoabdominal tanto assim
que os trabalhos de Noll et al (2008 e 2009) houve uma piora de todos os
paracircmetros da funccedilatildeo pulmonar mas apresentaram melhora da dispneia
Na literatura somente os trabalhos de Izumizaki et al (2008) e Putt et al
(2008) natildeo obtiveram melhora na escala de Borg mas eacute importante destacar
que foram trabalhos distintos o primeiro foi de intervenccedilatildeo crocircnica com
resultados negativos agraves funccedilotildees pulmonares enquanto o segundo foi um
trabalho de intervenccedilatildeo aguda com resultados positivos nos volumes
pulmonares Apesar de ambos serem controlados o estudo de Izumizaki et al
(2008) natildeo destaca os muacutesculos que foram tratados nem a caracterizaccedilatildeo e o
caacutelculo amostral enquanto no trabalho de Putt et al (2008) realizou a
intervenccedilatildeo apenas no muacutesculo peitoral maior que natildeo eacute um muacutesculo
acessoacuterio respiratoacuterio primaacuterio e sim atuante somente em grandes esforccedilos
Portanto baseado nas pesquisas anteriores entendemos que a melhora
da dispneia natildeo foi somente pelo aumento da mobilidade musculoesqueleacutetica
da caixa toraacutecica que diminuiu a resistecircncia do fluxo aeacutereo e possibilitou maior
expansatildeo toracoabdominal e melhor capacidade ventilatoacuteria demonstrado
neste estudo anteriormente Possivelmente teve associaccedilatildeo com os
mecanoceptores toracoabdominais quando estimulados durante o tratamento
desencadeou alteraccedilotildees das informaccedilotildees dos centros respiratoacuterios e motores
(Nakamura et al 2012 Montaldo et al 2000) Estes centros por sua vez
mudaram da taxa de disparo do nervo frecircnico que controla a cadecircncia e a
frequecircncia da contraccedilatildeo diafragmaacutetica reduzindo a sensaccedilatildeo de fadiga e de
67
dispneia (Burki e Lee 2010) portanto qualquer teacutecnica de mobilizaccedilatildeo
toracoabdominal poderia diminuir a sensaccedilatildeo de dispneia mas acreditamos
que quanto maior o estiacutemulo musculoesqueleacutetico (intervenccedilatildeo crocircnica) maior
seraacute a ativaccedilatildeo dos mecanoceptores da caixa toraacutecica e consequentemente
aumentaria a estimulaccedilatildeo aos centros respiratoacuterios por essa razatildeo
acreditamos que os nossos resultados foram tatildeo expressivos (Montaldo et al
2000)
Com a melhora dos paracircmetros de dispneia refletiu no aumento da
distacircncia percorrida em ambos os grupos 67m (GC) e 2517m (GT) sendo
que somente o grupo que recebeu o alongamento dos muacutesculos respiratoacuterios
atingiram a miacutenima distacircncia clinicamente significante proposta por Holland et
al (2010) que eacute de 25 m Coincidentemente a maioria trabalhos que
obtiveram melhora da dispneia realizaram o teste de caminhada dos 6 minutos
(Yamada et al 1996 Minoguchi et al 2002 Paulin et al 2003 eCunha et al
2005) somente Noll et al (2008 e 2009) que natildeo Poreacutem ateacute onde eacute do nosso
conhecimento este eacute o primeiro estudo que demonstrou que o aumento da
capacidade funcional foi decorrente da melhora da mecacircnica ventilatoacuteria poacutes-
alongamento avaliados pelo POE
No presente estudo o aspecto relevante estaacute no ineditismo ao avaliar as
repercussotildees deste tipo de intervenccedilatildeo na cinemaacutetica toracoabdominal
analisadas pelo pletismoacutegrafo optoeletrocircnico (Alivertiet al 2000) teacutecnica
considerada de alta tecnologia O programa de alongamento da musculatura
acessoacuteria respiratoacuteria eacute uma teacutecnica de baixo custo e pode ser associada
68
facilmente agrave reabilitaccedilatildeo pulmonar com impacto na atividade funcional e nos
sintomas respiratoacuterios
54 Limitaccedilotildees
Todos os estudos possuem limitaccedilotildees primeiro a rigidez dos criteacuterios
de inclusatildeo conferida a esta pesquisa levou a uma elevada validade interna
com possiacutevel prejuiacutezo da validade externa Optamos por adotar esses criteacuterios
na tentativa de eliminar o maior nuacutemero de variaacuteveis de confusatildeo para garantir
que os resultados fossem interpretados de maneira clara Segundo a carga de
exerciacutecio em esteira foi estabelecida em funccedilatildeo da velocidade do TC6 apesar
de natildeo ser considerado o padratildeo ouro para o treinamento aeroacutebico jaacute foi
descrito como alternativa viaacutevel por Zainuldinet al (2007) e Figueiredo e
Guimaratildees (2009) Terceiro a intensidade de 25 Wmaacutex utilizada na
avaliaccedilatildeo do POE pode natildeo ter sido o suficiente para desencadear a
assincronia mas o objetivo foi reproduzir a carga utilizada diariamente pelo
paciente segundo Bruni et al (2012) eles comprovaram em seu estudo que
nem mesmo a carga de 75 Wmaacutex foi possiacutevel desencadear a assincronia em
pacientes com DPOC concluindo natildeo haver relaccedilatildeo entre assincronia
hiperinsuflaccedilatildeo e dispneia Finalmente o alongamento dos muacutesculos
perifeacutericos dos membros inferiores no grupo controle poderia ter influenciado
na melhora no teste de caminhada dos 6 minutos mas Mchugh et al (2008) e
Shrier (2004) descreveram em seus estudos que ainda existe uma
controveacutersia a respeito do aumento da performance muscular apoacutes a realizaccedilatildeo
69
do alongamento ateacute entatildeo sabe-se somente sobre a melhora da mobilidade
Apesar destas limitaccedilotildees este eacute o primeiro ensaio cliacutenico controlado e
aleatorizado investigando os benefiacutecios do alongamento dos muacutesculos
respiratoacuterios na mecacircnica ventilatoacuteria utilizando o pletismoacutegrafooptoeletrocircnico
em pacientes com DPOC
6 CONCLUSAtildeO
71
Nossos resultados sugerem que a adiccedilatildeo do alongamento da
musculatura respiratoacuteria ao exerciacutecio aeroacutebico claacutessico aumenta a eficiecircncia
contraacutetil muscular melhora a mecacircnica ventilatoacuteria com o incremento
significante dos volumes pulmonares principalmente abdominal e reduz a
dispneia possibilitando a melhora das atividades funcionais em pacientes com
DPOC Estes resultados sugerem que o alongamento dos muacutesculos
respiratoacuterios pode ser considerado uma modalidade de tratamento adjuvante
para os pacientes com DPOC
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8 ANEXOS
91
92
93
HOSPITAL DAS CLIacuteNICAS DA FACULDADE DE MEDICINA DA
UNIVERSIDADE DE SAtildeO PAULO-HCFMUSP
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
DADOS SOBRE A PESQUISA
1 TIacuteTULO DO PROTOCOLO DE PESQUISA
EFEITOS DO ALONGAMENTO DA MUSCULATURA ACESSOacuteRIA
RESPIRATOacuteRIA COM A TEacuteCNICA DE ALONGAMENTO PASSIVO E
CONTRACcedilAtildeO-RELAXAMENTO NA MECAcircNICA VENTILATOacuteRIA E NA
CAPACIDADE FUNCIONAL DE PACIENTES COM DOENCcedilA PULMONAR
OBSTRUTIVA CROcircNICA
PESQUISADOR 01 Celso Ricardo Fernandes Carvalho
CARGOFUNCcedilAtildeO Orientador INSCRICcedilAtildeO CONSELHO
REGIONAL Nordm 206463-F
UNIDADE DO HCFMUSP Ciecircncias
3 AVALIACcedilAtildeO DO RISCO DA PESQUISA
RISCO MIacuteNIMO x RISCO MEacuteDIO
RISCO BAIXO RISCO MAIOR
4DURACcedilAtildeO DA PESQUISA 12 meses
HOSPITAL DAS CLIacuteNICAS DA FACULDADE DE MEDICINA DA
UNIVERSIDADE DE SAtildeO PAULO-HCFMUSP
1 ndash A doenccedila que o senhor (a) tem se chama doenccedila obstrutiva crocircnica
(DPOC) Esta doenccedila causa a inflamaccedilatildeo das vias aeacutereas e prejudica todo
94
pulmatildeo Por esse motivo o toacuterax fica expandido e os muacutesculos que realizam a
respiraccedilatildeo ficam tensos Essa tensatildeo muscular diminui o movimento do toacuterax e
a quantidade de ar que entra nos pulmotildees levando a uma dificuldade para
respirar e diminuindo a capacidade aos exerciacutecios simples do dia-dia Todo
esse quadro pode aumentar a tendecircncia de desencadear episoacutedios de
depressatildeo e ansiedade
2 ndash O nosso corpo tem muacutesculos que ajudam na respiraccedilatildeo (entrada do ar)
esses muacutesculos ao contrair ajudam a entrada de ar nos pulmotildees No (a)
paciente DPOC o movimento da caixa toraacutecica estaacute diminuiacutedo por isso este
estudo tem como objetivo verificar se o uso dos exerciacutecios de alongamento
relaxariam os muacutesculos respiratoacuterios diminuindo a sensaccedilatildeo de falta de ar
3 ndash Portanto estamos convidando o (a) senhor (a) para participar deste estudo
Caso o senhor (a) aceite participar da pesquisa teraacute que comparecer ao
hospital (HC) 2 vezes por semana durante um mecircs e meio de tratamento com
duraccedilatildeo de 30 a 40 minutos por dia O senhor (a) seraacute incluiacutedo (a) de forma
aleatoacuteria (sorteio) em dois grupos que receberatildeo diferentes tratamentos de
alongamento com supervisatildeo do profissional fisioterapeuta O senhor (a)
receberaacute uma cartilha com alguns exerciacutecios semelhantes aos realizados no
hospital para ser feito em casa no miacutenimo duas vezes por semana
4 ndash Durante os exerciacutecios de alongamento o (a) senhor (a) poderaacute sentir algum
desconforto como um ldquopuxatildeordquo ldquoformigamentordquo e ldquoqueimaccedilatildeordquo na regiatildeo que os
muacutesculos estatildeo sendo trabalhados Apoacutes a realizaccedilatildeo do alongamento eacute
possiacutevel que essas sensaccedilotildees perdurem por no maacuteximo 3 dias Evitaremos
durante o tratamento as dores se caso o senhor (a) sentir alguma dor
comunique ao profissional responsaacutevel que interromperemos imediatamente o
exerciacutecio
5 ndash Seratildeo realizados diversos testes antes e depois do tratamento para
verificar o grau de eficiecircncia da teacutecnica aplicada Mediremos o movimento do
seu toacuterax com um aparelho chamado pletismografia onde seratildeo colocados
marcadores no seu toacuterax e o senhor natildeo sentiraacute nenhum desconforto ou dor
Seratildeo realizados exames para a funccedilatildeo do seu pulmatildeo chamado espirometria
para isso pediremos para o senhor (a) puxar e assoprar forte o ar no aparelho
este teste natildeo traraacute nenhum desconforto ou dor Para testar a forccedila dos
muacutesculos pediremos novamente que o senhor (a) puxe o ar com forccedila em um
95
aparelho chamado manovacuocircmetro este teste natildeo traraacute dor Realizaremos
um teste de esforccedilo ao exerciacutecio onde pediremos para o (a) senhor (a) andar o
maacuteximo possiacutevel durante 6 minutos seraacute repetido duas vezes Nesse teste o
senhor (a) pode sentir cansaccedilo e falta de ar que acabaraacute imediatamente apoacutes o
teacutermino do exerciacutecio Por uacuteltimo o senhor (a) responderaacute o questionaacuterio sobre a
sua vida que conteacutem uma seacuterie de perguntas para avaliar se o (a) senhor (a)
possui episoacutedios de depressatildeo e ansiedade poderaacute sentir algum desconforto
ao responder algumas perguntas que seratildeo realizadas
6 ndash Com esse estudo buscamos a melhora da qualidade de vida com
diminuiccedilatildeo dos quadros tendenciosos de depressatildeo e ansiedade e o aumento
da capacidade para realizar os exerciacutecios diaacuterios decorrentes da melhora da
mobilidade toraacutecica
7 ndash Asseguramos que o senhor (a) teraacute acesso aos profissionais responsaacuteveis
pela pesquisa para esclarecimento de eventuais duacutevidas O principal
investigador eacute o Prof Dr Celso Ricardo Fernandes Carvalho que poderaacute
ser encontrado na Av Eneacuteas de Carvalho Aguiar 255 4o andar bloco 06 no
telefone(s) 11 3069-7961 e o Dr Juliano Takashi Wada que pode ser
encontrado no endereccedilo Rua Albuquerque Lins 537 cj 42 Telefone(s) 11
3624-4524 Se caso o senhor (a) tiver alguma consideraccedilatildeo ou duacutevida sobre a
eacutetica da pesquisa entre em contato com o Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa (CEP)
ndash Rua Oviacutedio Pires de Campos 225 ndash 5ordm andar ndash tel 3069-6442 ramais 16 17
18 ou 20 FAX 3069-6442 ramal 26 ndash E-mail cappesqhcnetuspbr
8 ndash Garantimos a liberdade da retirada do consentimento a qualquer momento
e deixar de participar do estudo sem qualquer prejuiacutezo agrave continuidade de seu
tratamento na Instituiccedilatildeo
9 ndash Garantimos o direito de confidencialidade ndash As informaccedilotildees obtidas
seratildeo analisadas em conjunto com outros pacientes natildeo sendo divulgado a
identificaccedilatildeo e os dados de nenhum paciente
10 ndash Garantimos o direito de ser mantido atualizado sobre os resultados
parciais das pesquisas quando em estudos abertos ou de resultados que
sejam do conhecimento dos pesquisadores
96
11 ndash Despesas e compensaccedilotildees natildeo haacute despesas pessoais para o
participante em qualquer fase do estudo incluindo exames e consultas
Tambeacutem natildeo haacute compensaccedilatildeo financeira relacionada agrave sua participaccedilatildeo Se
existir qualquer despesa adicional ela seraacute absorvida pelo orccedilamento da
pesquisa Natildeo garantimos o pagamento de qualquer dano causado pelo estudo
mas garantimos que se caso o senhor (a) tiver algum problema poderaacute ser
atendido no Ambulatoacuterio da Fisioterapia do Hospital das cliacutenicas gerenciado
pelo Prof Dr Celso Ricardo Fernandes de Carvalho
12 ndash Garantimos o compromisso do pesquisador de utilizar os dados e o
material coletado satildeo confidenciais e seraacute utilizado somente para esta pesquisa
Acredito ter sido suficientemente informado a respeito das informaccedilotildees
que li ou que foram lidas para mim descrevendo o estudo rdquoEfeitos do
alongamento da musculatura acessoacuteria respiratoacuteria com a teacutecnica de
contraccedilatildeo-relaxamento na mobilidade toraacutecica e capacidade psicossocial e
funcional de pacientes com doenccedila pulmonar obstrutiva crocircnicardquo
Eu discuti com o Prof Dr Celso Ricardo Fernandes de Carvalho ou
com o Dr Juliano Takashi Wada sobre a minha decisatildeo em participar nesse
estudo Ficaram claros para mim quais satildeo os propoacutesitos do estudo os
procedimentos a serem realizados seus desconfortos e riscos as garantias de
confidencialidade e de esclarecimentos permanentes Ficou claro tambeacutem que
minha participaccedilatildeo eacute isenta de despesas e que tenho garantia do acesso a
tratamento hospitalar quando necessaacuterio Concordo voluntariamente em
participar deste estudo e poderei retirar o meu consentimento a qualquer
momento antes ou durante o mesmo sem penalidades ou prejuiacutezo ou perda
de qualquer benefiacutecio que eu possa ter adquirido ou no meu atendimento
neste Serviccedilo
-------------------------------------------------
Assinatura do pacienterepresentante legal Data
97
-------------------------------------------------------------------------
Assinatura da testemunha Data
Declaro que obtive de forma apropriada e voluntaacuteria o Consentimento Livre e
Esclarecido deste paciente ou representante legal para a participaccedilatildeo neste estudo
----------------------------------------------------------
Assinatura do responsaacutevel pelo estudo
Data
98
NCT 0236762
99
100
101
20-Nov-2014
CC Wada Juliano Borges-Santos Erickson Paisani
Denise Porras Desiderio Cukier Alberto Lunardi
Adriana Carvalho Celso
Dear Ms Wada
Your manuscript entitled Effect of respiratory muscle
stretching on thoracoabdominal kinematics and functional
capacity of patients with COPD a randomized and controlled
trial has been received online and is presently being
given full consideration for publication in CHEST Please
note that our editorial office will review your manuscript
before sending it to the Editor in Chief If there are
aspects that need to be fixed prior to peer review they
may return your paper to your Corresponding Author Center
and ask you to make some minor changes and resubmit it We
appreciate your understanding
Your manuscript ID is CHEST-14-2914
You may view the status of your manuscript at any time by
checking your Author Center after logging in
to httpsmcmanuscriptcentralcomchest
102
The journal strives to expedite the peer review process
however because we receive over 3400 submissions each year
the process may take up to 8 weeks to complete Please be
patient during this time and feel free to log in to check
your manuscript status
Please mention the above manuscript ID in all future
correspondence or when calling the office for questions If
there are any changes in your street address phonefax or
e-mail address please log in to ScholarOne Manuscripts
at httpsmcmanuscriptcentralcomchest and edit your
user information as appropriate
Thank you for choosing to submit your manuscript to CHEST
Sincerely
CHEST Editorial Office
xiv
Figura11 Anatomia e a teacutecnica de alongamento dos extensores do
tornozelo34
Figura 12 Anatomia e a teacutecnica de alongamento dos muacutesculos dos flexores do
tornozelo35
Figura13 Imagem tridimensional gerada pelo OEP38
Figura14 Disposiccedilatildeo das 89 esferas reflexivas38
Figura15 Laboratoacuterio do POE com a disposiccedilatildeo das cacircmeras e da bicicleta40
Figura16 Captaccedilatildeo e anaacutelise dos dados do volume toracoabdominal40
Figura17 Paciente realizando a avaliaccedilatildeo com carga no cicloergocircmetro no
POE42
Figura 18 Desenho experimental da avaliaccedilatildeo do OEP42
Figura19 Eletromioacutegrafo da BTS Engeneering44
Figura 20 Fluxograma do estudo49
xv
Figura 21 Efeitos do alongamento muscular respiratoacuterio na mecacircnica
ventilatoacuteria durante o exerciacutecio Os dados foram apresentados em meacutedia e
desvio padratildeo representado pela diferenccedila (Δ) = poacutes- - preacute-intervenccedilatildeo Houve
um aumento estatisticamente significante do volume da CT e do ABD no GT O
exerciacutecio foi realizado com 25 da carga maacutexima predito na equaccedilatildeo de
Jones25 GC= Grupo Controle GT= Grupo Tratado CT= Caixa totaacutecica total
TS= Toacuterax superior TI= Toacuterax inferior ABD= Abdomen = p lt 005 GC vs GT
(teste t natildeo pareado)51
Figura 22 Efeitos do alongamento muscular respiratoacuterio no volume minuto
(VE) durante o exerciacutecio Os dados foram apresentados em meacutedia e desvio
padratildeo representado pela diferenccedila (Δ) = poacutes- - preacute-intervenccedilatildeo Ambas
apresentaram diferenccedilas houve um aumento estatisticamente significante de
4L no volume minuto (VE) no GT em relaccedilatildeo do GC O exerciacutecio foi realizado
com 25 da carga maacutexima predito na equaccedilatildeo de Jones25 GC= Grupo
Controle GT= Grupo Tratado = p lt 005 GC vs GT (teste t natildeo pareado)52
Figura 23 Efeitos do alongamento muscular respiratoacuterio no fluxo expiratoacuterio
(FE) durante o exerciacutecio Os dados foram apresentados em meacutedia e desvio
padratildeo representado pela diferenccedila (Δ) = poacutes- - preacute-intervenccedilatildeo Ambas
apresentaram diferenccedilas houve um aumento estatisticamente significante de
100mL no fluxo expiratoacuterio (FE) no GT em relaccedilatildeo do GC O exerciacutecio foi
realizado com 25 da carga maacutexima predito na equaccedilatildeo de Jones25 GC=
xvi
Grupo Controle GT= Grupo Tratado = p lt 005 GC vs GT (teste t natildeo
pareado)53
Figura 24 Efeitos do alongamento muscular respiratoacuterio na relaccedilatildeo da
contribuiccedilatildeo da caixa toraacutecica e abdocircmen (CTABD) durante o exerciacutecio Os
dados foram apresentados em meacutedia e desvio padratildeo representado pela
diferenccedila (Δ) = poacutes- - preacute-intervenccedilatildeo O exerciacutecio foi realizado com 25 da
carga maacutexima predito na equaccedilatildeo de Jones25 Foi observado a reduccedilatildeo
estatisticamente significante dos valores no GT em relaccedilatildeo do GC da relaccedilatildeo
CTAB que representa o aumento da mobilidade do compartimento abdominal
GC= Grupo Controle GT= Grupo Tratado CT= Participaccedilatildeo da caixa toraacutecica
ABD= Participaccedilatildeo abdominal = p lt 005 GC vs GT (teste t natildeo pareado)54
Figura 25 Efeitos do alongamento muscular respiratoacuterio na atividade
muscular Os dados foram apresentados em meacutedia e desvio padratildeo
representado pela diferenccedila (Δ) = poacutes- - preacute-intervenccedilatildeo Foi constatada uma
diminuiccedilatildeo estatisticamente significante da atividade dos muacutesculos
esternocleidomastoideo e intercostal superior no GT O exerciacutecio foi realizado
com 25 da carga maacutexima predito na equaccedilatildeo de Jones25 GC= Grupo
Controle GT= Grupo Tratado = p lt 005 GC vs GT (teste t natildeo pareado)55
Figura 26 Efeitos do alongamento muscular respiratoacuterio na relaccedilatildeo entre a
atividade muscular e o volume corrente (EMGVt) Os dados foram
apresentados em meacutedia e desvio padratildeo representado pela diferenccedila (Δ) =
xvii
poacutes- - preacute-intervenccedilatildeo Observou-se uma diminuiccedilatildeo estatisticamente
significante da EMGVt no GT O exerciacutecio foi realizado com 25 da carga
maacutexima predito na equaccedilatildeo de Jones25 GC= Grupo Controle GT= Grupo
Tratado = p lt 005 GC vs GT (teste t natildeo pareado) 56
Figura 27 Efeitos do alongamento muscular respiratoacuterio na escala de BORG
Os dados foram apresentados Os dados foram apresentados em meacutedia e
desvio padratildeo representado pela diferenccedila (Δ) = poacutes- - preacute-intervenccedilatildeo Apoacutes
o tratamento ambos apresentaram diminuiccedilatildeo da dispneia mas somente no GT
houve uma diminuiccedilatildeo na comparaccedilatildeo com o GC e com seus dados iniciais no
preacute exerciacutecio O exerciacutecio foi realizado com 25 da carga maacutexima predito na
equaccedilatildeo de Jones25 GC= Grupo Controle GT= Grupo Tratado BORG= Escala
de dispneia TC6= Teste de caminhada dos 6 minutos = p lt 005 preacute vs poacutes
intervenccedilatildeo +=plt005 GC vs GC) (teste t natildeo pareado)57
Figura 28 Os dados apresentados em (Δ) representam (poacutes intervenccedilatildeo ndash preacute
intervenccedilatildeo) No teste de caminhada dos 6 minutos (TC6) foi observada uma
diferenccedila clinicamente significante do TC6 no GT que obteve um aumento
meacutedio de 2514m e o GC de 65m O exerciacutecio foi realizado com 25 da carga
maacutexima predito na equaccedilatildeo de Jones25 GC= Grupo Controle GT= Grupo
Tratado TC6= Teste de caminhada dos 6 minutos ( =diferenccedila clinicamente
significante)58
xviii
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 Caracterizaccedilatildeo amostral basal dos pacientes do estudo50
xix
RESUMO
Efeitos do alongamento da musculatura respiratoacuteria pelas teacutecnicas de
alongamento passivo e contraccedilatildeo-relaxamento na mecacircnica ventilatoacuteria e
na capacidade funcional de pacientes com doenccedila pulmonar obstrutiva
crocircnica
Os pacientes com doenccedila pulmonar obstrutiva crocircnica (DPOC) devido agrave
obstruccedilatildeo brocircnquica e reduccedilatildeo da retraccedilatildeo elaacutestica pulmonar apresentam o
aumento do recrutamento da musculatura respiratoacuteria predispondo agrave
incoordenaccedilatildeo toracoabdominal aumentando o trabalho respiratoacuterio
provocando fadiga e dispneacuteia O alongamento dos muacutesculos respiratoacuterios
(AMR) poderia diminuir a atividade muscular melhorar a sua capacidade
contraacutetil e a mobilidade da caixa toraacutecica otimizando a ventilaccedilatildeo pulmonar
entretanto estes efeitos nos muacutesculos respiratoacuterios permanecem
desconhecidos Objetivo Avaliar os efeitos da adiccedilatildeo do AMR associados agrave
reabilitaccedilatildeo pulmonar na mecacircnica ventilatoacuteria na capacidade funcional e na
atividade muscular em pacientes com DPOC Meacutetodo Estudo randomizado e
controlado incluiu 30 pacientes com DPOC que foram distribuiacutedos
aleatoriamente para os grupos tratado (GT n = 15) e controle (GC n = 15)
Todos os pacientes foram submetidos a 24 sessotildees de treinamento aeroacutebico
duas vezes por semana Aleacutem disso o GT recebeu AMR e o GC recebeu o
alongamento dos membros superiores e inferiores antes dos exerciacutecios
aeroacutebicos Foram avaliados teste da capacidade funcional (teste de caminhada
xx
de 6 minutos TC6) mecacircnica toracoabdominal (pletismografia optoeletrocircnica
POE) e atividade muscular respiratoacuteria (eletromiografia de superfiacutecie EMG)
durante o exerciacutecio Os dados representam a variaccedilatildeo (Δ)=poacutes- - preacute-
avaliaccedilatildeo foi utilizado o teste t para comparar os grupos e o niacutevel de
significacircncia foi fixado em 5 Resultados O GT apresentou o aumento da
capacidade funcional (2514m +) com a reduccedilatildeo da sensaccedilatildeo de dispneia apoacutes
o TC6 (plt001) quando comparado ao GC Provavelmente estaacute relacionado
com a melhora do volume da caixa toraacutecica (plt001) capacidade ventilatoacuteria
(plt001) com o aumento do volume e da contribuiccedilatildeo do compartimento
abdominal (plt001) Observamos tambeacutem no GT a reduccedilatildeo da atividade
muscular (p lt001) com maior eficiecircncia ventilatoacuteria (plt0006) Conclusatildeo
Nossos resultados sugerem que a adiccedilatildeo do AMR no treinamento aeroacutebio
aumenta a capacidade funcional com diminuiccedilatildeo da dispneia melhora a
eficaacutecia da contraccedilatildeo muscular e da capacidade ventilatoacuteria devido agrave maior
participaccedilatildeo do compartimento abdominal em pacientes com DPOC
Descritores DPOC Muacutesculos Respiratoacuterios Alongamento Muscular
Mecacircnica Respiratoacuteria Plestimografia Dispneia Eletromiografia
xxi
SUMMARY
Effects of respiratory muscle stretching with passive and hold-relax
techniques on ventilatory mechanics and functional capacity in patients
with chronic obstructive pulmonary disease
Chronic obstructive pulmonary disease (COPD) patients due to bronchial
obstruction and reduced lung elastic recoil present increased in the recruitment
of respiratory muscles predisposing an thoracoabdominal incoordination major
breathing work causing fatigue and dyspnea The respiratory muscles
stretching (RMS) could decrease the muscle activity and improve their
contractile capacity chest wall mobility and optimize the pulmonary ventilation
however this effect remains unknown Objective To evaluate the effects of
adding the RMS associated with pulmonary rehabilitation in ventilatory
mechanics functional capacity and muscle activity in patients with COPD
Method Randomized and controlled trial enrolled 30 COPD patients who were
randomly allocated into treatment (TG n = 15) and control (CG n = 15) groups
All patients underwent 24 sessions of aerobic training twice a week In Addition
TG received RMS and CG received upper and lower limb stretching before
aerobic exercises Were evaluated functional capacity (6-minute walking
distance test 6MWDT) thoracoabdominal mechanics (optoelectronic
plethysmography OEP) and respiratory muscle activity (surface
electromyography EMG) during exercise The data represents the change (Δ) =
post- - pre-evaluation a t-test was used to compare the groups and the
xxii
significance level was set at 5 Results TG showed improvement in the
functional capacity (2514m +) with decrease of the dyspnea sensation after the
6MWDT (plt001) compared with CG Probably is related with increased of
chest wall volume (plt001) ventilatory capacity (plt001) volume and the
contribution of the abdominal compartment (plt001) We also observed in the
TG a reduction of respiratory muscle activity (plt001) and the ratio between
volume displaced (plt0006) Conclusion Our results suggest that the addition
of RMS to aerobic training increases the functional capacity with dyspnea
reduction improvement of efficacy of respiratory muscle contraction and
ventilatory capacity due to higher participation of the abdominal compartment in
patients with COPD
Descriptors COPD Respiratory Muscles Muscular Stretching Respiratory
Mechanics Plethysmography Dyspnea Electromyography
1 INTRODUCcedilAtildeO
2
11 Definiccedilatildeo e Incidecircncias
A doenccedila pulmonar obstrutiva crocircnica (DPOC) eacute definida como uma
patologia pulmonar previsiacutevel e trataacutevel caracterizada pela limitaccedilatildeo
persistente do fluxo aeacutereo aprisionamento aeacutereo e hiperinsuflaccedilatildeo com caraacuteter
de limitaccedilatildeo progressiva associados ao aumento da resposta inflamatoacuteria das
vias aeacutereas e dos pulmotildees decorrente da exposiccedilatildeo aos gases e partiacuteculas
nocivas (GOLD 2013) Os processos inflamatoacuterios causam alteraccedilotildees
brocircnquicas e destruiccedilatildeo do parecircnquima pulmonar que podem variar de
indiviacuteduo para indiviacuteduo resultando no decreacutescimo da elasticidade tecidual
pulmonar e diminuiccedilatildeo da capacidade ventilatoacuteria (Celli et al 2004 Laizo
2009)
A bronquite crocircnica e o enfisema pulmonar satildeo responsaacuteveis pela
denominaccedilatildeo da DPOC decorrente habitualmente do tabagismo embora
outras formas possam estar envolvidas em sua patogecircnese tal como a
deficiecircncia de micro1-antitripsina (Wood et al 2008) O enfisema pulmonar eacute
definido pelo aumento anormal e permanente dos espaccedilos aeacutereos distais do
bronquiacuteolo terminal acompanhado pela destruiccedilatildeo do parecircnquima pulmonar
Na ausecircncia de uma fibrose evidente o principal distuacuterbio funcional do enfisema
eacute a perda da retraccedilatildeo elaacutestica tecidual associada ao colabamento das vias
aeacutereas (Fabbri et al 2008) A bronquite crocircnica eacute definida clinicamente pela
presenccedila de tosse crocircnica com produccedilatildeo de secreccedilatildeo por vaacuterios dias da
semana por 3 meses em um ano por mais de 2 anos consecutivos Apresentam
3
edema e inflamaccedilatildeo da mucosa brocircnquica associada ao aumento do nuacutemero e
do tamanho das glacircndulas secretoras de muco e remodelaccedilatildeo estrutural
recorrente da parede dos brocircnquios (Figuero et al 2005) Evidenciam-se em
ambas a diminuiccedilatildeo da luz brocircnquica e limitaccedilatildeo da mobilidade da caixa
toraacutecica com diminuiccedilatildeo da capacidade respiratoacuteria caracterizando um
distuacuterbio ventilatoacuterio obstrutivo com aprisionamento aeacutereo geralmente grave e
irreversiacutevel (Colom et al 2006)
No Brasil a DPOC ocupa a 5ordf posiccedilatildeo entre as principais causas de
morte liacuteder em mortalidade entre as doenccedilas respiratoacuterias onde 290 mil
pacientes satildeo internados anualmente gerando um gasto importante ao sistema
de sauacutede do paiacutes Os dados de prevalecircncia obtidos ateacute o momento atraveacutes dos
questionaacuterios sintomatoloacutegicos permitiram estimar a DPOC em adultos maiores
de 40 anos em 12 dessa populaccedilatildeo ou seja 5500000 indiviacuteduos Tatildeo
importante quanto os gastos diretos satildeo os indiretos como os dias de trabalho
perdidos e aposentadoria precoce (II Consenso Brasileiro de DPOC 2004)
Associaccedilatildeo Latino-Americana de Toacuterax (ALAT) constituiacuteda pelo Brasil
Venezuela Meacutexico Uruguai e Chile desenvolveram um estudo chamado
PLATINO em 2006 com colaboraccedilatildeo da Burden of Obstructive Lung Disease
Se considerarmos os dados preliminares a prevalecircncia da DPOC varia de 6 a
158 da populaccedilatildeo brasileira com idade igual ou superior a 40 anos que
equivale a 2800000 a 6900000 indiviacuteduos dados estes que corroboram com
o Consenso Brasileiro de DPOC
4
O nuacutemero de oacutebitos tecircm aumentado nos uacuteltimos 20 anos em ambos os
sexos a taxa de mortalidade passou de 788 por 100000 habitantes na deacutecada
de 80 para 1904 por 100000 habitantes na deacutecada de 90 com um
crescimento de 230 (Laizo 2009) Segundo dados do DATASUS a DPOC
gerou no ano de 2010 no Sistema Nacional de Sauacutede Puacuteblica 141994
hospitalizaccedilotildees que levaram a 778428 dias de internaccedilatildeo O custo total dessas
internaccedilotildees foi de R$ 9243441551 e 7937 mortes diretamente relacionadas
com a DPOC Estima-se que ateacute 2025 75 das mortes prematuras
respiratoacuterias seratildeo provocadas pelo tabagismo (De Godoy et al 2007)
12 Fisiopatologia
A obstruccedilatildeo brocircnquica e a diminuiccedilatildeo do recolhimento elaacutestico
desencadeados pela doenccedila alteram a mecacircnica pulmonar que desloca o
ponto de igual pressatildeo das vias aeacutereas favorecendo o aprisionamento de ar
desencadeando a hiperinsuflaccedilatildeo e a diminuiccedilatildeo da capacidade respiratoacuteria
aos grandes esforccedilos subsequentemente ao repouso (Senol et al 2006
Fabbri et al 2008) A configuraccedilatildeo alterada da caixa toraacutecica deslocam os
muacutesculos respiratoacuterios (De Troyer 1997) inclusive o diafragma para uma
posiccedilatildeo de encurtamento e desvantagem mecacircnica prejudicando
gradativamente a mobilidade toracoabdominal levando ao aumento do trabalho
5
respiratoacuterio limitaccedilatildeo da ventilaccedilatildeo pulmonar e agravamento a sensaccedilatildeo de
dispneia (Yamaguti et al 2012 OacuteKroy et al 2000)
A limitaccedilatildeo do fluxo ventilatoacuterio faz com que a capacidade residual
funcional (CRF) se desloque em direccedilatildeo da capacidade pulmonar total (CPT)
A forccedila dos muacutesculos inspiratoacuterios eacute exigida para o aumento do volume mas a
contraccedilatildeo muscular eacute eficaz somente em esforccedilos leves e moderados A maior
demanda ventilatoacuteria obriga a CRF se deslocar ainda mais em direccedilatildeo agrave CPT e
a forccedila inspiratoacuteria natildeo tem capacidade de gerar o ganho volumeacutetrico
agravando a dispneia o que leva a interrupccedilatildeo do exerciacutecio (Calverley 2006)
A DPOC natildeo eacute somente uma doenccedila respiratoacuteria e sim sistecircmica a
hiperinsuflaccedilatildeo pulmonar afeta o sistema cardiovascular pois a alteraccedilatildeo da
pressatildeo intratoraacutecica reduz o enchimento cardiacuteaco e consequentemente o
deacutebito cardiacuteaco (Stark-leyva et al 2004) As disfunccedilotildees oacutesseas satildeo
decorrentes principalmente da inatividade fiacutesica do uso de corticoacuteesteroacuteides e
pela desnutriccedilatildeo (Ferguson et al 2009) assim como as neuropatias perifeacutericas
incluindo do nervo frecircnico ocasionando a depressatildeo da excitabilidade e da
conduccedilatildeo neural (Jann et al 1998) A hipoxemia possivelmente seja
responsaacutevel pelas alteraccedilotildees cognitivas que compromete a memoacuteria verbal e a
compreensatildeo (Dodd et al 2010) em contrapartida a depressatildeo e a ansiedade
satildeo associados principalmente agrave sensaccedilatildeo de desconforto respiratoacuterio e agrave
limitaccedilatildeo da atividade de vida diaacuteria (Wagena 2005) O refluxo gastroesofaacutegico
eacute outra alteraccedilatildeo que provavelmente seja decorrente da diminuiccedilatildeo da
capacidade contraacutetil muscular diafragmaacutetica pois com a sua horizontalizaccedilatildeo
6
perde-se a eficiecircncia contraacutetil e reduz da pressatildeo do esfiacutencter gastroesofaacutegico
(Hurst et al 2008 Boutou et al 2011) Dentre as alteraccedilotildees sistecircmicas da
DPOC o sistema muacutesculo-esqueleacutetico eacute um dos mais afetados e estaacute
relacionado com o agravamento da patologia e ao aumento do iacutendice de
mortalidade devido ao descondicionamento fiacutesico (Dourado et al 2006
Swallow et al 2007 Dodd et al 2012)
13 Sistema muacutesculo-esqueleacutetico
O sistema muacutesculo-esqueleacutetico eacute afetado pela inflamaccedilatildeo crocircnica
sistecircmica da DPOC processo que induz a liberaccedilatildeo de mediadores quiacutemicos
inflamatoacuterios acelerando a degradaccedilatildeo proteica e aumentando o estresse
oxidativo muscular (Andreassen e Vestbo 2003 Macintyre 2006) O transporte
de oxigecircnio para o citoplasma celular dos muacutesculos fica comprometido esse
oxigecircnio fica inutilizado por natildeo conseguir chegar de forma eficiente nas
mitococircndrias (Shrikrishna 2009 Barreiro 2013) As alteraccedilotildees metaboacutelicas
enzimaacuteticas e hormonais anaboacutelicas quando associadas agrave diminuiccedilatildeo dos
capilares sanguiacuteneos provocam a reduccedilatildeo das fibras musculares do tipo I e II
(Ries et al 2007 Strasser et al 2013) Devido a estes fatores todos os
muacutesculos inclusive os respiratoacuterios trabalham de forma anaeroacutebica ao miacutenimo
esforccedilo acumulando lactato ocasionando a fadiga precoce ao exerciacutecio e ao
descondicionamento sistecircmico (Wagena 2005 Hostettler et al 2011)
7
14 Diagnoacutestico e Sintomas
Para o diagnoacutestico eacute utilizado principalmente a espirometria por que a
obtenccedilatildeo da curva expiratoacuteria volume-tempo eacute obrigatoacuteria na suspeita cliacutenica
de DPOC devendo ser realizada antes e apoacutes administraccedilatildeo de
broncodilatador na fase estaacutevel da doenccedila A espirometria permite a avaliaccedilatildeo
de uma multiplicidade de paracircmetros poreacutem os mais importantes do ponto de
vista de aplicaccedilatildeo cliacutenica satildeo a CVF (capacidade vital forccedilada) o VEF1 (volume
expiratoacuterio forccedilado no primeiro segundo) e a relaccedilatildeo sua relaccedilatildeo (VEF1CVF)
A existecircncia da limitaccedilatildeo do fluxo aeacutereo eacute definida pela presenccedila da relaccedilatildeo
VEF1CVF abaixo de 070 poacutes-broncodilatador e pelos dados de VEF1 ge 80
do predito (leve) ge 50 e lt 80 do predito (moderado) e ge 30 e lt 50 do
predito (grave) (GOLD 2013)
A DPOC apresenta tambeacutem o aumento do volume residual (VR) da
capacidade pulmonar total (CPT) e da capacidade residual funcional (CRF)
(Camargo et al 2008) Deve-se solicitar o exame radioloacutegico de forma rotineira
nas posiccedilotildees poacutestero-anterior e perfil mas dificilmente seraacute utilizado para o
diagnoacutestico da doenccedila e sim para descartar outras patologias como a
neoplasias bolhas e para acompanhar o prognoacutestico da doenccedila (II Consenso
Brasileiro sobre Doenccedila Pulmonar Obstrutiva Crocircnica 2004)
A presenccedila de sintomas respiratoacuterios crocircnicos no paciente com haacutebito
tabaacutegico (cigarro cigarrilha cachimbo charuto) deve levar a suspeita cliacutenica da
8
DPOC O tabagismo eacute considerado um problema de sauacutede puacuteblica e satildeo
atribuiacutedos a esse viacutecio 90 dos casos de cancro no pulmatildeo 86 de bronquite
e enfisema 25 dos processos isquecircmicos do coraccedilatildeo e 30 dos cancros
extrapulmonares (Laizo 2009) A tosse o chiado e a dispneia estatildeo
frequentemente presentes tendo sido relatado em 83 dos casos (Nishimura
et al 2002 Laveneziana et al 2011)
A dispneia eacute o sintoma mais importante dos pacientes com DPOC
Montaldo et al (2000) acreditam que os estiacutemulos aferentes provenientes das
tensotildees do sistema muacutesculo-esqueleacutetico da regiatildeo toracoabdominal apoacutes
serem processados nos centros respiratoacuterios aumentam a percepccedilatildeo da
dispneia (Breslin et al 1998) Outro fator satildeo os estiacutemulos dos quimioceptores
sensiacuteveis agraves variaccedilotildees de PaCO2 e agraves alteraccedilotildees dos mecanoceptores
articulares e musculares da caixa toraacutecica (Burki e Lee 2010) Classicamente
o instrumento mais utilizado para avaliaccedilatildeo da dispneia eacute a escala modificada
de Borg (1982) a sensaccedilatildeo de falta de ar estaacute associada com a incapacidade
fiacutesica piora da qualidade de vida e do prognoacutestico cliacutenico Os pacientes
normalmente referem os sintomas em uma fase mais avanccedilada da doenccedila e
frequentemente relaciona a limitaccedilatildeo das atividades ao descondicionamento
muscular perifeacuterico (Castro et al 2012)
Szczegielniak et al (2011) demonstraram que os exerciacutecios aeroacutebicos
reduzem os niacuteveis inflamatoacuterios caracteriacutesticos da DPOC e melhora o
condicionamento fiacutesico permitindo a melhora das atividades diaacuterias Por esta
9
razatildeo cada vez mais a reabilitaccedilatildeo pulmonar vem adquirindo mais importacircncia
no acircmbito cientiacutefico
15 Reabilitaccedilatildeo pulmonar
A reabilitaccedilatildeo pulmonar (RP) eacute um programa baseado em evidecircncias
constituiacutedo pelo treinamento aeroacutebico e resistido associado aos programas
educacionais intervenccedilotildees nutricionais e suporte psicoloacutegico para os pacientes
com DPOC O objetivo eacute otimizar a performance fiacutesica funcional social
psicoloacutegica e autonocircmica dos pacientes Eacute realizada por uma equipe
multidisciplinar composta por meacutedicos fisioterapeutas enfermeiros
nutricionistas psicoacutelogos terapeutas ocupacionais e assistentes sociais (ATS
2013) Eacute capaz de auxiliar na atenuaccedilatildeo das limitaccedilotildees do sistema
musculoesqueleacutetico por isso melhora a qualidade de vida e garante o maacuteximo
da sua independecircncia e funcionalidade em seu meio (Carrieri-Kohlman et al
2005 Garcia-Aymerich et al 2006 Ries et al 2007)
O treinamento aeroacutebico realizado em bicicleta ou esteira ergomeacutetrica eacute o
principal componente da RP conforme observados em alguns estudos ele
promove o aumento do tamanho das fibras do tipo I e na quantidade de
capilares musculares em DPOC (Montes de Oca et al 2005) A intensidade
pode ser ajustada pela frequecircncia cardiacuteaca ou pelo teste de caminhada
(Figueiredo e Guimaratildees 2009) sendo necessaacuterio no miacutenimo 10 semanas de
10
intervenccedilatildeo com 2 sessotildees semanais (Rossi et al 2005) Mas os indiviacuteduos
apresentam respostas diferentes quando submetidos agrave RP sobretudo nos
fatores que limitam o exerciacutecio fiacutesico Plankell et al (2005) realizaram um
estudo e constataram que pacientes soacute apresentam um bom condicionamento
cardiorrespiratoacuterio quando realizava exerciacutecios aeroacutebicos de alta intensidade
A RP tem sido reconhecida nos uacuteltimos anos como parte fundamental do
tratamento da DPOC pois oferece inuacutemeros estudos com resultados positivos
para os pacientes Dentre eles a melhora da toleracircncia ao exerciacutecio (Yoshimi
et al 2012) reduccedilatildeo da demanda ventilatoacuteria em esforccedilo submaacuteximo melhora
da eficiecircncia do trabalho diminuiccedilatildeo da dispneia e melhora da atividade de
vida diaacuteria (Godoy et al 2009) Apesar dos benefiacutecios nos pacientes com
DPOC ateacute o presente momento nenhum exerciacutecio conseguiu atuar
eficientemente na mecacircnica ventilatoacuteria (Georgiadou et al 2007) Por esta
razatildeo alguns estudos buscaram outras alternativas para interferir diretamente
nos muacutesculos respiratoacuterios com o objetivo de potencializar os efeitos positivos
jaacute demonstrados pela RP
16 Muacutesculos respiratoacuterios
O diafragma eacute o principal muacutesculo respiratoacuterio durante a inspiraccedilatildeo
realiza a contraccedilatildeo das cuacutepulas diafragmaacuteticas que descendem e gera um
aumento da pressatildeo intra-abdominal que serve de sustentaccedilatildeo para a
11
expansatildeo da caixa toraacutecica potencializada pela associaccedilatildeo da contraccedilatildeo dos
muacutesculos respiratoacuterios (Man et al 2012) Tem sido demonstrado na literatura
encurtamento em torno de 28 a 40 do diafragma na DPOC fato este que
compromete a mobilidade e funcionalidade toracoabdominal com repercussatildeo
na capacidade ventilatoacuteria e na tensatildeo dos muacutesculos da caixa toraacutecica de
forma de compensatoacuteria a diminuiccedilatildeo da contraccedilatildeo diafragmaacutetica (Iwasawa et
al 2002 Vilaroacute et al 2010)
Os principais muacutesculos acessoacuterios respiratoacuterios satildeo o peitoral menor
escalenos esternocleidomastoacuteideo intercostais e abdominais avaliados pela
eletromiografia (Gandevia et al 2006 Duiverman et al 2004) eles participam
na fase inspiratoacuteria favorecendo a expansatildeo da caixa toraacutecica pela traccedilatildeo
costal (De Troyer et al 1994 Taylor et al 1990) Durante a inspiraccedilatildeo forccedilada
outros muacutesculos satildeo solicitados como o peitoral maior e o trapeacutezio (Putt et al
2008) Estudos mais recentes tecircm demonstrado que a atividade muscular do
esternocleidomastoacuterideo intercostais peitoral menor latiacutessimo do dorso e dos
escalenos tanto em condiccedilotildees de repouso quanto no exerciacutecio satildeo maiores em
pacientes com DPOC quando comparada aos indiviacuteduos sadios (Donaldson et
al 2012) Os muacutesculos abdominais desempenham um papel importante no
mecanismo expiratoacuterio e a sua contraccedilatildeo estaacute associada a outras musculaturas
expiratoacuterias que potencializam no mecanismo de depressatildeo costal para a saiacuteda
de ar (Georgiadou et al 2007)
Na DPOC os muacutesculos respiratoacuterios sustentam a contraccedilatildeo para
aumentar expansatildeo da caixa toraacutecica com o objetivo de incrementar o fluxo
12
ventilatoacuterio Essa diminuiccedilatildeo do comprimento das fibras musculares prejudica a
eficiecircncia da forccedila contraacutetil maacutexima pois perde a sobreposiccedilatildeo fisioloacutegica ideal
entre os filamentos de actina e miosina (Izumizaki et al 2008 Ito 1999)
aumentando o gasto energeacutetico e a fadiga durante os exerciacutecios fiacutesicos
(Kokkonen et al 2007 Gea et al 2013) Essas alteraccedilotildees de comprimento e
tensatildeo do sistema musculo-esqueleacutetico da regiatildeo toracoabdominal geram a
estimulaccedilatildeo mecanoceptoras locais (fusos musculares e os receptores
articulares) que alteram os estiacutemulos neuroloacutegicos aos centros motores e
respiratoacuterios (Montaldo et al 2000) Estes centros por sua vez desencadeiam
a mudanccedila da taxa de disparo do nervo frecircnico que controla a cadecircncia e a
frequecircncia da contraccedilatildeo diafragmaacutetica (Burki e Lee 2010)
A partir destes conceitos preacutevios da relaccedilatildeo entre a mobilidade e as
alteraccedilotildees sintomatoloacutegicas da patologia pulmonar estudos de intervenccedilatildeo nos
muacutesculos respiratoacuterios ganharam importacircncia cientiacutefica (ATS 2013) A teacutecnica
de alongamento muscular foi escolhida pela maioria pois veio de encontro aos
conceitos do aumento da mobilidade tecidual perdida na DPOC A maioria dos
trabalhos tiveram como objetivo principal aumentar a viscoelasticidade
muscular para gerar acomodaccedilatildeo dos mecanoceptores da caixa toraacutecica
sendo assim regularia os centros respiratoacuterios e consequentemente
melhoraria o trabalho respiratoacuterio com reduccedilatildeo dos sintomas (Manning e
Schwartzstein 1995 Montaldo et al 2000)
13
17 Alongamento Muscular
Bonnar et al (2004) consideram que o alongamento busca aumentar o
espaccedilo entre os filamentos de actina e miosina com o objetivo de devolver a
sobreposiccedilatildeo fisioloacutegica ideal da actina e miosina para potencializar a
capacidade contraacutetil muscular (Shrier 2004 Izumizaki et al 2008) O
alongamento pode regular o mecanismo contraacutetil a partir do equiliacutebrio do caacutelcio
citoplasmaacutetico pela ativaccedilatildeo do retiacuteculo sarcoplasmaacutetico (Nakamura et al
2012) aleacutem de promover a diminuiccedilatildeo da tensatildeo tecidual pela remodelaccedilatildeo
dos fibroblastos (Riley e Van Dyke 2012) Kokonnen (2007) constataram que o
tambeacutem diminui o torque muscular sem alteraccedilatildeo significante da amplitude
articular de forma aguda mas quando realizado de forma regular os muacutesculos
apresentaram uma melhora na velocidade de contraccedilatildeo forccedila e endurance
muscular aleacutem de melhorar a amplitude de movimento
No iniacutecio do seacuteculo 20 Sherrington definiu os primeiros conceitos da
facilitaccedilatildeo e inibiccedilatildeo autogecircnica a partir destes fundamentos foram
desenvolvidas diversas teacutecnicas de alongamento muscular A inibiccedilatildeo
autogecircnica eacute um dos principais mecanismos neurofisioloacutegicos do alongamento
que consiste na reduccedilatildeo da excitabilidade motora a partir de uma contraccedilatildeo ou
alongamento muscular (Bonnar et al 2004) Esse efeito eacute atribuiacutedo
primeiramente pelos fusos neuromusculares que desencadeiam respostas
musculares particulares para cada tipo de estiacutemulo Isto eacute agudamente o
alongamento causa a estimulaccedilatildeo intensa e abrupta dos nervos sensitivos que
14
desencadeia uma resposta medular eferente motora das fibras extra-fusais
gerando a aumento da atividade muscular e contraccedilatildeo intensa com restriccedilatildeo
da mobilidade tecidual (Morse et al 2008 Mukherjee et al 2010 McHugh et
al 2010) Para a intervenccedilatildeo crocircnica onde satildeo realizadas diversas sessotildees
de alongamentos existe uma remodelaccedilatildeo maior das propriedades
viscoelaacutesticas (tixotroacutepicas) do tecido conjuntivo que envolve as fibras
musculares com isso a limiar excitatoacuterio do fuso neuromuscular diminui e o
estiacutemulo contraacutetil tensional eferente tambeacutem (Taylor et al 1990 Izumizaki et
al 2006)
O mecanismo contraacuterio ao fuso neuromuscular satildeo as estimulaccedilotildees dos
receptores musculotendineos chamados de oacutergatildeos tendinosos de Golgi (OTG)
A partir da tensatildeo em estiramento do alongamento na regiatildeo miotendiacutenea
desencadeia um potencial de accedilatildeo sensitivo do OTG que inibe a atividade
muscular via nervos eferentes motores A intensidade desse mecanismo
inibitoacuterio estaacute relacionado com o tamanho da superfiacutecie tendiacutenea e com a
quantidade de tensatildeo exercida sobre ela Acreditava-se que somente em
tensatildeo abruptas ou grande intensidade estimularia o OTG ou seja que
atuaria somente em situaccedilotildees de grande estresse tecidual Mas os uacuteltimos
estudos apontam que o OTG aleacutem de atuar em situaccedilotildees de sobrecarga a sua
accedilatildeo eacute constante com o objetivo de inibir o mecanismo contraacutetil voluntaacuterio e
protetor do fuso neuromuscular (Mukherjee e Chakravarty 2012) Com o ganho
da viscoelasticidade do tecido conjuntivo ele tambeacutem causa acomodaccedilatildeo do
OTG assim como nos fusos e isso pode acarretar na alteraccedilatildeo da accedilatildeo
inibitoacuteria pois o limiar de disparo pela tensatildeo pode diminuir ou aumentar
15
dependendo da anatomia musculotendiacutenea do muacutesculo tratado (Hindle et al
2012)
Para obter uma resposta positiva do alongamento eacute recomendado
realizaacute-lo sustentando por no miacutenimo 30 segundos duas vezes por semana por
6 semanas (Reid e Mcnair 2004 Decicco e Fisher 2005 Magnusson et al
1996) Dentre as diversas teacutecnicas a contraccedilatildeo-relaxamento apresenta a maior
eficaacutecia no ganho da excursatildeo muscular a teacutecnica se baseia na associaccedilatildeo do
alongamento passivo intercaladas com contraccedilatildeo isomeacutetricas (Holcomb 2000)
Alguns estudos tecircm verificado os efeitos do alongamento dos muacutesculos
respiratoacuterios em pacientes com DPOC O primeiro trabalho de maior relevacircncia
foi de Ito et al (1999) eles observaram a melhora da funccedilatildeo pulmonar e da
dispneia em 16 sujeitos com DPOC que receberam o alongamento quando
comparados ao grupo que realizaram exerciacutecios diafragmaacuteticos assim como
Minoguchi et al (2002) com o diferencial que eles realizaram a intervenccedilatildeo
crocircnica (1 mecircs) em 12 pacientes Contrariando estes resultados Izumizaki et al
(2006 e 2008) realizaram o protocolo de intervenccedilatildeo aguda de alongamento
muscular da caixa toraacutecica com 10 e 14 pacientes respectivamente e
constataram uma diminuiccedilatildeo da funccedilatildeo pulmonar e sem alteraccedilatildeo da dispneia
Outros trabalhos com o mesmo conceito de intervenccedilatildeo constataram o
aumento da mobilidade toracoabdominal avaliados pela cirtometria associados
agrave melhora da capacidade funcional (Paulin et al 2005 Luularungrayub et al
2009) Mas os trabalhos de Noll et al (2008 e 2009) de intervenccedilatildeo crocircnica e
aguda respectivamente apoacutes o mesmo protocolo de tratamento muscular
16
demonstraram piora da mobilidade e da capacidade funcional Atualmente soacute
existe um estudo na literatura de Cunha et al (2005) que avaliaram a
atividade muscular respiratoacuteria com eletromiografia de superfiacutecie apoacutes a
intervenccedilatildeo nos pacientes com DPOC e apresentou melhoras nos paracircmetros
avaliados
Devido aos dados contraditoacuterios dos efeitos do alongamento dos
muacutesculos da caixa toraacutecica presente na literatura Heneghan et al (2012)
concluiacuteram em sua revisatildeo sistemaacutetica que atualmente natildeo existem evidecircncias
que suportem os benefiacutecios deste tipo de intervenccedilatildeo em pacientes com DPOC
Apesar da importacircncia que os estudos preacutevios representaram para a
comunidade cientiacutefica eles apresentaram limitaccedilotildees metodoloacutegicas
importantes pois poucos satildeo os estudos controlados e aleatorizados e tambeacutem
a aleatorizaccedilatildeo dos pacientes raramente satildeo descritas Outro ponto importante
a ser destacado eacute o fato de realizarem a intervenccedilatildeo com avaliaccedilatildeo aguda
estudos recentes demonstraram que muacutesculo se comporta diferente quando
comparado com a intervenccedilatildeo crocircnica Aleacutem disso os trabalhos utilizaram
ferramentas de avaliaccedilatildeo da mobilidade toracoabdominal de pouca acuraacutecia
como a cirtometria e atualmente com os avanccedilos tecnoloacutegicos existem
sistemas mais avanccedilados como o pletismoacutegrafo optoeletocircnico (POE) para a
avaliaccedilatildeo da mecacircnica ventilatoacuteria (Aliverti et al 2000)
17
18 Meacutetodos para a anaacutelise da mecacircnica ventilatoacuteria
A avaliaccedilatildeo dos padrotildees respiratoacuterios eacute importante para a melhor
compreensatildeo da mecacircnica respiratoacuteria visando o desenvolvimento e a melhor
compreensatildeo dos tratamentos fisioterapecircuticos aleacutem de contribuir para as
pesquisas cientiacuteficas (Parreira et al 2012) Existem alguns meacutetodos validados
que quantifica a mobilidade toracoabdominal como a pletismografia por
indutacircncia (Respitrace) eacute um aparelho composto por faixas elaacutesticas sensiacuteveis
agrave tensatildeo e compressatildeo posicionadas ao redor da caixa toraacutecia e abdominal
Elas satildeo conectadas a um moacutedulo oscilador e uma unidade de calibraccedilatildeo os
dados do movimento das faixas satildeo coletados e atraveacutes de um software
analisados em tempo real as variaacuteveis da mecacircnica ventilatoacuteria (Gosselink et
al 1995 Costa et al 2011 Fernandes et al 2011)
Para a avaliaccedilatildeo da expansibilidade os estudos ainda utilizam a
cirtometria que atraveacutes de uma fita meacutetrica mensura-se o diacircmetro da regiatildeo
axilar xifoide e abdominal durante a inspiraccedilatildeo e expiraccedilatildeo maacutexima Satildeo
quantificados a excursatildeo em centiacutemetros atualmente natildeo eacute considerado um
exame fidedigno devido agrave analise subjetiva dos paracircmetros avaliados (Rondelli
et al 2009)
Com o avanccedilo tecnoloacutegico foi desenvolvido o Pletismoacutegrafo
Optoeletrocircnico (POE) Seu funcionamento baseia-se na anaacutelise do movimento
detectado a partir de marcadores compostos por esferas reflexivas de 6 a 10
miliacutemetros (Dellacagraversquo et al 2010) posicionados na regiatildeo anterior e posterior da
superfiacutecie toracoabdominal (Romagnoli et al 2008 Bianchi et al 2007) O
18
deslocamento das esferas satildeo captadas atraveacutes de cacircmeras especiais que
possuem diodos axiais que emitem feixes luzes infravermelho que eacute refletido
por cada marcador Apoacutes o sinal ser processado satildeo identificados o
posicionamento das esferas na superfiacutecie a partir do cruzamento das
informaccedilotildees de cada cacircmera bidimensional os dados satildeo transformados em
coordenadas tridimensionais (Boudarham et al 2013)
O POE possui algumas vantagens dentre elas eacute um meacutetodo natildeo
invasivo natildeo necessita de clipe nasal maacutescaras ou qualquer similar de
calibraccedilatildeo simples e as avaliaccedilotildees podem ser realizadas em vaacuterias posturas
(Alliverti et al 2000) diferentes condiccedilotildees e em diversas disfunccedilotildees e
patologias (Vogiatzis et al 2005 Bianchi et al 2004) Este meacutetodo natildeo possui
diferenccedilas significativas nos dados quando comparados com outros meacutetodos
de diagnoacutestico da mecacircnica toracoabdominal (Aliverti 2008 Layton et al
2013) Eacute possiacutevel mensurar a cada ciclo respiratoacuterio variaacuteveis de volume e de
tempo dos trecircs compartimentos da parede toraacutecica e dos dois hemitoacuterax aleacutem
das variaacuteveis de assincronia toracoabdominal (Romagnoli et al 2008 Aliverti
et al 2010 Boudarham et al 2013) Por todas essas razotildees o POE tem
ganhado grande destaque nos uacuteltimos anos nas pesquisas sobre a mecacircnica
toracoabdominal mas por ser uma tecnologia recente ainda carece de mais
estudos
Os trabalhos que relacionaram os efeitos do alongamento dos muacutesculos
respiratoacuterios na DPOC ainda satildeo escassos de baixo rigor metodoloacutegico e ateacute
entatildeo nenhum existe nenhum trabalho foi avaliado pelo POE Os efeitos
19
destas teacutecnicas associadas ao exerciacutecio aeroacutebico e o seu impacto na mecacircnica
ventilatoacuteria permanecem desconhecidos Sendo assim parece relevante
verificar a influecircncia dos alongamentos associados ao exerciacutecio aeroacutebico na
mecacircnica ventilatoacuteria e na capacidade funcional dos pacientes com DPOC
19 Hipoacutetese
O alongamento dos muacutesculos respiratoacuterios potencializaria a capacidade
contraacutetil e a excursatildeo dos muacutesculos respiratoacuterios que resultaria na melhora da
mobilidade toracoabdominal e possivelmente no aumento da capacidade
ventilatoacuteria Com isso os pacientes com DPOC conseguiriam realizar a
atividade fiacutesica desencadeando menos dispneia
2 OBJETIVOS
21
21 Primaacuterio
Avaliar os efeitos do alongamento dos muacutesculos respiratoacuterios
associados ao treinamento aeroacutebico na mecacircnica ventilatoacuteria e na capacidade
funcional em indiviacuteduos portadores de DPOC com graus moderado e grave
durante o exerciacutecio comparado ao grupo controle (sham)
22 Secundaacuterio
Avaliar a atividade muscular eficiecircncia muscular e mobilidade abdominal
e observar se os dados obtidos possuem alguma relaccedilatildeo com as variaacuteveis
principais
3 CASUIacuteSTICA E METODOS
23
31 Aspectos eacuteticos
A pesquisa foi aprovada pelo Comitecirc de Eacutetica (Cappesq) do Hospital das
Cliacutenicas da Faculdade de Medicina da Universidade de Satildeo Paulo (HCFMUSP)
sob o no 129509 e todos os pacientes assinaram o Termo de Consentimento
Livre e Esclarecido concordando em participar da pesquisa O estudo foi
registrado no Clinical Trials (NCT02036762)
32 Casuiacutestica
Foram analisados 28 pacientes portadores de DPOC com grau de
obstruccedilatildeo moderada a grave em seguimento cliacutenico no ambulatoacuterio de
pneumologia do HCFMUSP O diagnoacutestico de DPOC foi estabelecido de
acordo com os criteacuterios recomendados pela American Toracic Society (ATS
2013)
321 Criteacuterios de inclusatildeo
Foram estudados pacientes portadores de DPOC que aceitaram
participar do estudo com autorizaccedilatildeo por escrito com grau de obstruccedilatildeo de
moderado (VEF1 ge 50 e lt 80 previsto) a grave (VEF1 ge 30 e lt 50
24
previsto) e VEF1CVF lt 070 diagnoacutesticado haacute no miacutenimo 6 meses com
estabilidade cliacutenica por pelo menos 1 mecircs em condiccedilatildeo cliacutenico medicamentosa
otimizada de acordo com os criteacuterios do GOLD (GOLD 2013) Os criteacuterios de
inclusatildeo foram (1) idade gt40 anos (2) clinicamente estaacuteveis (sem alteraccedilotildees
medicamentosas ou agravamento dos sintomas haacute pelo menos 4 semanas
antes do iniacutecio do estudo) (3) natildeo O2 dependente (4) ausecircncia de outras
pneumopatias e doenccedilas cardiovasculares associadas (5) ausecircncia de
cirurgias toraacutecicas (6) ausecircncia de deficiecircncias cognitivas fiacutesicas ou
comprometimento funcional que impossibilitasse a participaccedilatildeo no estudo (7)
IMC gt18 e lt30 Kgm2 (8) natildeo ter sido submetido a qualquer tipo de programa
de reabilitaccedilatildeo pulmonar nos uacuteltimos 6 meses
322 Criteacuterios de exclusatildeo
Os criteacuterios de exclusatildeo foram (1) descompensaccedilatildeo do quadro cliacutenico
(internaccedilatildeo com agravamentos dos sintomas e alteraccedilatildeo medicamentosa) e (2)
natildeo assiduidade ao tratamento (faltas superiores a 3 sessotildees) Durante todo o
estudo natildeo houve alteraccedilatildeo do tratamento medicamentoso do paciente
25
Figura 1 Desenho experimental
33 Delineamento experimental
Ensaio cliacutenico prospectivo aleatorizado controlado e de avaliador ldquocegordquo
Os pacientes participantes foram alocados em uma proporccedilatildeo de 11 nos
grupos tratamento (GT) ou controle (GC) (n=15 cada) A aleatorizaccedilatildeo foi feita
por sorteio dos pacientes em envelopes pardos e opacos
Todos os pacientes foram avaliados em 2 momentos distintos preacute (1ordf
avaliaccedilatildeo) e poacutes (2ordf avaliaccedilatildeo) programa de exerciacutecios aeroacutebicos associado ao
26
alongamento muscular A 1ordf avaliaccedilatildeo foi realizada em apenas um dia e foi
anterior agrave aleatorizaccedilatildeo A avaliccedilatildeo incluiu anaacutelise da mecacircnica ventilatoacuteria e
atividade muscular respiratoacuteria (pletismografia optoeletrocircnica e eletromiografia
de superfiacutecie) durante o exerciacutecio com carga capacidade funcional (teste da
caminhada de seis minutos) e da prova de funccedilatildeo pulmonar (espirometria) para
a caracterizaccedilatildeo amostral A 2ordf avaliaccedilatildeo foi realizada pelo avaliador ldquocegordquo em
ateacute 7 dias apoacutes o teacutermino do programa de tratamento e constou das mesmas
avaliaccedilotildees descritas anteriormente
Apoacutes a 1ordf avaliaccedilatildeo os pacientes foram divididos aleatoriamente em 2
grupos O grupo controle (GC) realizou o alongamento ativo da musculatura
perifeacuterica (sham) associado ao programa de treinamento aeroacutebico em esteira
ergomeacutetrica e o grupo tratado (GT) realizou o alongamento da musculatura
acessoacuteria respiratoacuteria associado ao programa de treinamento aeroacutebico em
esteira ergomeacutetrica Os protocolos de intervenccedilatildeo tiveram a duraccedilatildeo de 24
sessotildees (60 minsessatildeo 2x semana por 3 meses) O treinamento aeroacutebico foi
realizado apoacutes os 30 minutos de alongamento da musculatura perifeacuterica (sham)
ou respiratoacuteria (tratamento) e teve a duraccedilatildeo de 30 minutos em cada sessatildeo
34 Intervenccedilatildeo
341 Protocolo de alongamento do grupo tratado (GT)
O protocolo de tratamento foi composto por uma seacuterie de alongamentos
para cada musculatura respiratoacuteria escolhida Foram realizadas 24 sessotildees (2
27
sessotildees semanais num periacuteodo de 3 meses) Cada sessatildeo teve duraccedilatildeo de
aproximadamente 30 minutos
Os alongamentos foram realizados em diferentes decuacutebitos de acordo
com a musculatura alongada Foram selecionadas duas teacutecnicas de
alongamento a contraccedilatildeo-relaxamento para a maioria dos muacutesculos
selecionados e nas musculaturas que apresentavam limitaccedilotildees biomecacircnicas
para a realizaccedilatildeo da teacutecnica de contraccedilatildeo-relaxamento foi substituiacutedo pelo
alongamento passivo
Cada seacuterie da teacutecnica de contraccedilatildeo-relaxamento consistiu
primeiramente na realizaccedilatildeo da amplitude maacutexima articular sustentado por 10
segundos seguida de uma contraccedilatildeo isomeacutetrica maacutexima por 3 segundos com
retomada ao alongamento passivo por mais 3 segundos este processo foi
repetido por 9 seacuteries para cada muacutesculo e a cada 3 seacuteries foi intercalado com
1 minuto de descanso (Bonnar et al 2004) O alongamento passivo foi
sustentado por 60 segundos em cada muacutesculo por trecircs vezes com intervalo
miacutenimo de um minuto (Siatras et al 2008) O posicionamento adequado e a
teacutecnica de alongamento seraacute detalhado a seguir
Peitoral maior Paciente em decuacutebito dorsal o terapeuta posicionou-se
do lado homolateral do muacutesculo alongado primeiramente foi realizado a
abduccedilatildeo de 90o do ombro associado agrave extensatildeo horizontal e rotaccedilatildeo externa
maacutexima do ombro com flexatildeo de 90o do cotovelo O terapeuta apoiou uma matildeo
no cotovelo e a outra no esterno para a estabilizaccedilatildeo com a matildeo distal foi
realizado o alongamento maacuteximo em extensatildeo horizontal que iniciou a teacutecnica
28
de contraccedilatildeo-relaxamento com contraccedilatildeo no sentido da flexatildeo horizontal (Putt
et al 2008) (Figura 2)
Figura 2 Anatomia e teacutecnica de alongamento do peitoral maior
Escaleno Paciente em decuacutebito dorsal terapeuta posicionou-se acima
da cabeccedila do paciente e realizou a lateroflexatildeo cervical contralateral ao
muacutesculo alongado O terapeuta posicionou uma matildeo na regiatildeo occipital outra
estabilizou o ombro homolateral a lateroflexatildeo contralateral foi realizada ateacute
amplitude articular maacutexima do paciente que iniciou o alongamento de
contraccedilatildeo-relaxamento com contraccedilatildeo isomeacutetrica no sentido da lateroflexatildeo
homolateral (Cunha et al 2005) (Figura 3)
Figura 3 Anatomia e teacutecnica de alongamento do escaleno
29
Esternocleidomastoacuteideo Paciente em decuacutebito dorsal terapeuta se
posicionou acima da cabeccedila do paciente iniciou-se com a rotaccedilatildeo homolateral
ao muacutesculo alongado associado a uma extensatildeo da mesma O terapeuta
apoiou uma matildeo na regiatildeo temporal e a outra na regiatildeo esternal onde foi
realizado a depressatildeo e a estabilizaccedilatildeo distal muscular Apoacutes a amplitude
maacutexima articular do paciente que iniciou o alongamento de contraccedilatildeo-
relaxamento a contraccedilatildeo isomeacutetrica foi realizada no sentido da rotaccedilatildeo
contralateral e flexatildeo cervical durante a teacutecnica (Cunha et al 2005) (Figura 4)
Figura 4 Anatomia e a teacutecnica de alongamento do Esternocleidomastoideo
Trapeacutezio superior Paciente em decuacutebito dorsal terapeuta posicionou-se
acima da cabeccedila do paciente para realizar a rotaccedilatildeo e lateroflexatildeo contralateral
da cabeccedila associada a uma flexatildeo da mesma em conjunto com a depressatildeo do
ombro homolateral agrave musculatura alongada Apoacutes a amplitude articular maacutexima
iniciou-se o alongamento de contraccedilatildeo-relaxamento com contraccedilatildeo isomeacutetrica
em extensatildeo da cabeccedila (Heneghan et al 2012) (Figura 5)
30
Figura 5 Anatomia e a teacutecnica de alongamento do Trapeacutezio Superior
Peitoral menor Paciente em decuacutebito dorsal o terapeuta se posicionou
homolateralmente ao muacutesculo tratado uma matildeo no cotovelo onde foi realizada
a elevaccedilatildeo do ombro e outra na regiatildeo o gradil costal anterossuperior Elevou-
se o cotovelo ateacute o limite articular associada agrave depressatildeo das primeiras
costelas (3a 4a e 5a) a manobra foi mantida por 60 segundos e repetida trecircs
vezes intercaladas com um minuto de descanso (Putt et al 2008) (Figura 6)
Figura 6 Anatomia e a teacutecnica de alongamento do peitoral menor
31
Intercostais e serraacutetil anterior Paciente em decuacutebito lateral terapeuta
posicionou-se atraacutes do paciente uma matildeo no cotovelo e a outra no gradil
costal homolateral inferior O alongamento consistiu em realizar a depressatildeo
das costelas associada agrave abduccedilatildeo maacutexima do ombro foi mantido por 60
segundos e repetida trecircs vezes intercaladas com minuto de repouso (Izumizaki
et al 2008) (Figura 7)
Figura 7 Anatomia e a teacutecnica de alongamento do Serraacutetil Anterior e Intercostais
Abdominais Foi a uacutenica musculatura do grupo tratado que o paciente
realizou o alongamento ativo ele se posicionou em decuacutebito ventral o apoio foi
feito com as matildeos na maca extensatildeo bilateral dos cotovelos forccedilando a
extensatildeo do tronco associado agrave extensatildeo da cabeccedila ateacute a maacutexima amplitude
por 60 segundos foi repetida 3 vezes intercaladas com um minuto de descanso
(Rassier 2007) (Figura 8)
32
Figura 8 Anatomia e a teacutecnica de alongamento dos muacutesculos abdominais
342 Protocolo de exerciacutecios do grupo controle (GC)
O grupo controle (GC) realizou o alongamento ativo das musculaturas
das extremidades dos membros superiores e inferiores foram 2 exerciacutecios para
flexores e extensores do punho e 2 exerciacutecios para flexores e extensores do
tornozelo Foram realizadas 24 sessotildees consistidas por 2 sessotildees semanais
em um periacuteodo de 3 meses Cada sessatildeo teve duraccedilatildeo de aproximadamente
30 minutos (Siatras et al 2008)
Flexores do punho Os flexores satildeo compostos por 5 muacutesculos principais
flexores profundos dos dedos flexores superficiais dos dedos palmar longo
flexor radial carpo e flexor ulnar do carpo O paciente realizou a flexatildeo de 900
do ombro com o cotovelo extendido antebraccedilo supinado e extensatildeo do punho
com a matildeo espalmada A matildeo contralateral estabilizou a regiatildeo palmar do
membro superior alongado e foi efetuada a extensatildeo maacutexima do punho
sustentada por 60 segundos foram trecircs repeticcedilotildees intercaladas por um minuto
de descanso (Ylinen 2009) (Figura 9)
33
Figura 9 Teacutecnica de alongamento e anatomia dos flexores do punho
Extensores do punho Os extensores satildeo compostos por 4 muacutesculos
principais extensor dos dedos extensor ulnar do carpo extensor radial curto
do carpo extensor radial longo do carpo Primeiramente foi realizada a flexatildeo
de 900 do ombro com o cotovelo extendido antebraccedilo pronado e flexatildeo do
punho A matildeo contralateral estabilizou a regiatildeo dorsal da matildeo alongada em
flexatildeo maacutexima do punho por 60 segundos realizadas trecircs repeticcedilotildees
intercaladas por um minuto de descanso (Ylinen 2009) (Figura 10)
Figura 10 Teacutecnica de alongamento e anatomia dos extensores do punho
34
Dorsiflexores do tornozelo Os dorsiflexores do tornozelo satildeo compostos
por 3 muacutesculos principais tibial anterior extensor longo dos dedos extensor
longo do haacutelux Sentado com a perna cruzada a matildeo contralateral apoiou na
regiatildeo dorsal do peacute e a matildeo homolateral estabilizou o tornozelo O
alongamento consistiu em forccedilar a flexatildeo plantar maacutexima por 60 segundos
foram trecircs repeticcedilotildees intercaladas por um minuto de descanso (Ylinen 2009)
(Figura 12)
Figura11 Teacutecnica de alongamento e anatomia dos extensores do tornozelo
Flexores plantares do tornozelo Os flexores plantares do tornozelo satildeo
compostos por 7 muacutesculos principais gastrocnecircmio soacuteleo flexor longo dos
dedos flexor longo do haacutelux tibial posterior fibular longo e curto O paciente
em peacute apoiou as matildeos bilateralmente na parede com a perna contralateral agrave
frente e a homolateral em extensatildeo de quadril joelho e dorsiflexatildeo maacutexima do
35
tornozelo mantida por 60 segundos foram realizadas trecircs repeticcedilotildees
intercaladas por um minuto de descanso (Ylinen 2009) (Figura 11)
Figura 12 Muacutesculos dos flexores do tornozelo e o posicionamento do alongamento
343 Protocolo dos exerciacutecios aeroacutebicos
Todos os pacientes realizaram o exerciacutecio aeroacutebico na esteira
ergomeacutetrica por 30 minutos a intensidade inicial da primeira semana foi
ajustada para 60 da velocidade meacutedia obtida no teste de caminhada dos 6
minutos (TC6) Nas semanas subsequentes a velocidade foi gradativamente
aumentada ateacute atingir 85 da velocidade meacutedia no TC6 os pacientes
realizaram durante 5 minutos o aquecimento e o desaquecimento com
intensidade de 40 a 60 da velocidade do teste (Putt et al 2008 Figueiredo e
Guimaratildees et al 2008 Zainuldin et al 2007) O incremento da intensidade foi
baseado nos sinais vitais frequecircncia cardiacuteaca (FC) saturaccedilatildeo perifeacuterica de O2
36
(SpO2 entre 90 a 94) percepccedilatildeo da dispneia pela escala modificada de Borg
(entre 4-7 pontos) todos estes paracircmetros foram analisados a cada 4 minutos
durante o treinamento aeroacutebico ou seja com a estabilidade dos sinais vitais a
velocidade foi progressivamente recalculada e em alguns casos passaram dos
100 da velocidade meacutedia obtida no TC6 A pressatildeo arterial (PA) foi aferida
preacute e poacutes os exerciacutecios (Godoy et al 2005 Figueiredo e Guimaratildees 2009)
35 Avaliaccedilotildees
351 Caracterizaccedilatildeo Amostral
Os dados antropomeacutetricos foram coletados apoacutes a inclusatildeo dos
pacientes ao estudo idade altura peso iacutendice de massa corpoacuterea (IMC)
VEF1 VEF1CVF TC6 e iacutendice de prognoacutestico e mortalidade de Bode
352 Prova de funccedilatildeo pulmonar simples
A espirometria (Spirobank Medical International Research Roma Itaacutelia)
foi feita em todos os pacientes de acordo com os criteacuterios de reprodutibilidade e
aceitabilidade adotados pela American Thoracic Society e European
Respiratory Society (2005) Os valores preditos de normalidade jaacute haviam sido
previamente descritos (Pereira et al 2007) Foram aferidos o volume
expiratoacuterio no primeiro segundo (VEF1) e a sua relaccedilatildeo com a Capacidade vital
forccedilada (VEF1CVF) e aceitos trecircs testes com variaccedilatildeo inferior a 5 e foi
37
considerado o teste com maior valor Com esse teste foi determinado a
gravidade da obstruccedilatildeo pulmonar considerando o VEF1 como paracircmetro para
caracterizaccedilatildeo da amostra
353 Padratildeo respiratoacuterio mobilidade e sincronia toracoabdominal
A pletismografia optoeletrocircnica (POE System Milatildeo Itaacutelia) eacute um sistema
indireto e natildeo invasivo para a avaliaccedilatildeo da mecacircnica ventilatoacuteria mobilidade e
sincronia capaz de dividir em 3 compartimentos toacuterax superior inferior e
abdominal (Alvierti et al 2000) O sistema optoeletrocircnico evoluiu a partir do
desenvolvimento tecnoloacutegico do processamento de imagens que possibilitaram
a anaacutelise de muacuteltiplos pontos posicionados na superfiacutecie corporal Para o
desenvolvimento do POE foi necessaacuterio criar um sistema de anaacutelise
tridimensional do movimento chamado de ELITE (Elaborate di immagini
televisive) Inicialmente utilizaram 32 marcadores a fim de abranger maior
aacuterea da parede toraacutecica e posteriormente 86 marcadores (Cala et al 1996)
Gorini et al (1999) e Ferrigno et al (1994) encontraram uma medida mais
precisa dos paracircmetros ventilatoacuterios utilizando 89 marcadores que delimitaram
a superfiacutecie anatocircmica em trecircs compartimentos superior inferior e abdominal
utilizadas ateacute o presente momento
O funcionamento do POE baseia-se na anaacutelise automaacutetica do movimento
detectado a partir de marcadores compostos por esferas reflexivas de 6 a 10
miliacutemetros (Dellacagraversquo et al 2010) As 89 esferas estatildeo dispostas da seguinte
forma sete linhas horizontais cinco verticais duas meacutedio-axilares e sete
38
marcadores extras dispostas em toda entre a claviacutecula e a espinha iliacuteaca
anterossuperior e posteriormente ateacute a regiatildeo dos flancos laterais totalizando
37 marcadores anteriores 42 posteriores e dez laterais (Romagnoli et al 2008
Bianchi et al 2007) (Figuras 13 e 14)
Figura13 Imagem tridimensional gerada pelo OEP
Figura14 Disposiccedilatildeo das 89 esferas reflexivas
39
As cacircmeras especiais CCD (Charge Coupled Device) possuem diodos
axiais que emitem feixes luzes infravermelho que satildeo refletidas pelos
marcadores e assim pocircde ser captado pelas cacircmeras em tempo real (120Hz)
Este sinal foi processado atraveacutes das 8 cacircmeras presente na sala de avaliaccedilatildeo
e identificam o posicionamento de cada ponto da superfiacutecie toracoabdominal A
reconstruccedilatildeo da cinemaacutetica toracoabdominal foi feita pelo software SMART
que executou algoritmos em tempo real e computou as coordenadas
tridimensionais dos marcadores refletivos durante as coletas com POE (Binazzi
et al 2008 Aliverti 2010)
O sistema aplicou um modelo geomeacutetrico baseado na posiccedilatildeo dos
marcadores para descrever a superfiacutecie toracoabdominal e seus
compartimentos durante a coleta Apoacutes a reconstruccedilatildeo do modelo os dados
foram exportados como arquivos numeacutericos gerando colunas de dados
representando os sinais por amostras tempo posiccedilatildeo dos marcadores e
volume facilitando a avaliaccedilatildeo dos sinais e aplicaccedilatildeo dos meacutetodos de
estimativa (Parreira et al 2012 Aliverti 2010)
40
Figura15 Laboratoacuterio do POE com a disposiccedilatildeo das cacircmeras e da bicicleta
Figura16 Captaccedilatildeo e anaacutelise dos dados do volume toracoabdominal
41
3531 Avaliaccedilatildeo do POE durante o exerciacutecio
Os sujeitos da pesquisa foram previamente orientados sobre os
procedimentos Inicialmente eles foram colocados sobre a bicicleta ergomeacutetrica
(Ergometrics 800 Sensormedics) e os 89 marcadores foram posicionados
sobre a superfiacutecie toracoabdominal (anterior e posterior) A foacutermula para o
caacutelculo da carga maacutexima foi descrita por Jones e colaboradores (1985) Wmax =
204 (altura) ndash 874 (idade) ndash 288 (gecircnero) ndash 1909 [28] foi utilizada 25 da
carga maacutexima o valor de gecircnero na foacutermula corresponde a 1 para mulheres e
0 para homens (Figura 17)
Durante a coleta o paciente foi orientado a manter 60 rotaccedilotildees por minuto
(RPM) (Vogiatzis et al 2005) Apoacutes 30 segundos de descanso foi realizada a
1ordm medida do POE em repouso (6 ciclos respiratoacuterios completos) depois o
paciente realizou o exerciacutecio sem carga por 3 minutos e posteriormente foi
realizada a 2ordm medida do POE (6 ciclos respiratoacuterios completos) Apoacutes este
periacuteodo iniciou-se o exerciacutecio com carga que foi incrementado de forma
proporcional durante 2 minutos ateacute atingir a carga programada e no final foi
realizada novamente a 3ordm medida do POE (6 ciclos respiratoacuterios completos) O
processo finalizou-se com um periacuteodo de recuperaccedilatildeo de 2 minutos com
exerciacutecio sem carga para o retorno dos sinais vitais (Figura 18)
Foram avaliados o volume corrente da caixa toraacutecica pulmonar (CT)
volume corrente do toacuterax superior (TS) volume corrente do toacuterax inferior (TI)
volume corrente abdominal (ABD) de tempo ventilaccedilatildeominuto (VE) fluxo
inspiratoacuterio (FI) e Fluxo expiratoacuterio (FE) participaccedilatildeo em porcentagem () dos
42
compartimentos do toacuterax superior (TS) toacuterax inferior (TI) e abdome
(ABD) (Romagnoli et al 2008 Aliverti et al 2008 Boudarham et al 2013)
A mobilidade do compartimento abdominal foi calculada pela relaccedilatildeo CTABD
no exerciacutecio com carga (Gosselink et al 1995) a reduccedilatildeo dos valores desta
relaccedilatildeo reflete a melhora da mobilidade abdominal (Yamaguti et al 2012)
Figura17 Paciente Realizando a avaliaccedilatildeo com carga no cicloergocircmetro no POE
Figura 18 Desenho experimental da avaliaccedilatildeo do OEP
43
354 Atividade muscular respiratoacuteria
A atividade dos muacutesculos respiratoacuterios foi avaliada atraveacutes da aquisiccedilatildeo
do sinal eletromiograacutefico de superfiacutecie (System BTSreg Milatildeo Itaacutelia)
simultaneamente agrave avaliaccedilatildeo da mecacircnica toracoabdominal pelo POE Foram
utilizados eletrodos circulares descartaacuteveis de AgAgCl com 10mm de diacircmetro
e um adesivo condutivo hidrogel colocados de forma a manter a distacircncia
intereletrodo de 20mm No local da fixaccedilatildeo dos eletrodos foram realizados
tricotomia quando necessaacuterio e fricccedilatildeo de gaze embebida em aacutelcool (70)
para remoccedilatildeo da gordura presente na superfiacutecie de contato com o objetivo de
diminuir a impedacircncia da pele (Dworak et al 2011)
Os eletrodos foram fixados no ventre muscular afastados do ponto
motor de forma paralela agrave da direccedilatildeo das fibras musculares de acordo com o
European concerted action - surface EMG for an non-invasive assesment of
muscles (Hermens et al 2000) O eletrodo para a avaliaccedilatildeo do muacutesculo
esternocleidomastoideo foi posicionado no ventre muscular a 5 cm do processo
mastoideo (Kallenberg et al 2009) do muacutesculo intercostal superior foi
posicionado no 2deg espaccedilo intercostal e para o inferior entre o 7deg e o 8deg espaccedilo
intercostal e no reto abdominal foi inserido a 2 cm da cicatriz umbilical
(Maarsingh et al 2000)
Para o caacutelculo da eficiecircncia ventilatoacuteria os dados da atividade muscular
de todos os muacutesculos avaliados foram somados e divididos pelo volume
corrente (EMGVt) Essa equaccedilatildeo foi descrita primeiramente no trabalho de
44
Lunardi et al (2013) que avaliou a mecacircnica toracoabdominal na populaccedilatildeo
idosa Essa relaccedilatildeo permitiu observar a quantidade de volume deslocado pelo
niacutevel de estiacutemulo da atividade muscular
Figura19 Eletromioacutegrafo da BTS Engeneering
355 Capacidade Funcional
A capacidade funcional foi avaliada pelo teste de caminhada de 6 minutos
(TC6) A avaliaccedilatildeo foi realizada em um corredor de 30 metros com pouco
traacutefego e cada paciente realizou 2 testes respeitando o intervalo de uma hora
entre eles (Dourado et al 2011) Durante os testes o paciente foi orientado a
caminhar o mais raacutepido possiacutevel durante 6 minutos e caso apresentasse
dispneia limitante ou qualquer outro desconforto incapacitante ele podia
interromper o teste ateacute recuperar as condiccedilotildees para continuaacute-lo A cada minuto
45
os pacientes foram encorajados com frases de incentivo padronizadas de modo
que o mesmo percorresse a maior distacircncia possiacutevel durante todo o teste (ATS
2002 Louvaris et al 2013) O desempenho do paciente foi avaliado pela maior
distacircncia percorrida em um dos testes e foi monitorado tanto preacute quanto poacutes
exerciacutecio a frequumlecircncia cardiacuteaca (FC) e respiratoacuteria (FR) a saturaccedilatildeo de
oxigecircnio (SpO2) sensaccedilatildeo de esforccedilo por meio da escala modificada de Borg
(Borg 1982) e pressatildeo arterial (PA)
36 Anaacutelise Estatiacutestica
Para a mecacircnica ventilatoacuteria foi utilizado para o caacutelculo amostral os
resultados observados no estudo de Yamaguti et al (2012) onde a diferenccedila
das meacutedias da CTABD foi de 20 durante a respiraccedilatildeo natural no GT com a
diferenccedila do desvio padratildeo de 4 valor de plt005 e poder de 08 foi
estabelecido uma amostra de 3 pacientes por grupo
O caacutelculo amostral para os paracircmetros da atividade muscular foi
utilizado os resultados observados no estudo de Cunha et al (2005) onde a
diferenccedila das meacutedias no GT foi de 9 10-3mV com a diferenccedila do desvio padratildeo
de 6 10-3mV para o poder de 80 e um valor de alpha de 5 sendo
estabelecido uma amostra de 9 indiviacuteduos por grupo
Para os paracircmetros funcionais o caacutelculo amostral foi baseado no TC6
onde se esperava uma diferenccedila das meacutedias de 263m e a diferenccedila do desvio
padratildeo de 23 m de aumento apoacutes a intervenccedilatildeo (Yamaguti et al 2012) para o
46
poder de 80 e um valor de alpha de 5 sendo encontrado um tamanho de
amostra de 14 indiviacuteduos por grupo
A anaacutelise foi realizada utilizando o programa Sigma Stat versatildeo 32 Foi
utilizado o teste de Kolmogorov-Smirnov para verificar a normalidade dos
dados sendo estes apresentados como meacutedia plusmn desvio padratildeo Para
comparaccedilatildeo dos dados de caracterizaccedilatildeo dos grupos GT e GC foi realizado
utilizando o teste t de Student para dados com distribuiccedilatildeo normal e teste de
Mann-Withney para dados natildeo-parameacutetricos
A anaacutelise do efeito do tratamento nos dois grupos tambeacutem foi realizado
pelo teste t e pelo Mann-Withney para dados natildeo-parameacutetricos no delta das
diferenccedilas (Δ=poacutes-preacute)
A sensaccedilatildeo de dispneia (BORG modificado) foi analisada com o teste de
anaacutelise de variacircncia (ANOVA) seguida do pos hoc de Holm Sidak Para o TC6
foi observado a miacutenima diferenccedila clinicamente significante Proposto por
Holland et al 2013 (251m) O niacutevel de significacircncia foi ajustado para 5
(plt005) para todos os testes
4 RESULTADOS
48
Quinhentos e noventa e quatro pacientes foram avaliados para
elegibilidade 564 natildeo preencheram os criteacuterios de inclusatildeo sendo que os
motivos mais comuns foram oxigecircnio-dependente (n=160) sem
disponibilidade para participar (n=105) cardiopatias (n=80) e doenccedilas
musculoesqueleacuteticas associadas (n=43) (Figura 20) Trinta pacientes foram
incluiacutedos e aleatorizados 2 foram excluiacutedos apoacutes o iniacutecio do protocolo sendo 1
no grupo tratado (crise de caacutelculo renal) e 1 no grupo controle (agudizaccedilatildeo da
doenccedila de Chron) 14 sujeitos terminaram o estudo no GT e 14 no GC (Figura
20) Natildeo foram observadas diferenccedilas entre os grupos com relaccedilatildeo aos dados
antropomeacutetricos de funccedilatildeo pulmonar e capacidade funcional antes da
intervenccedilatildeo (Tabela 1)
49
Figura 20 Fluxograma do estudo
50
Tabela 1 Caracterizaccedilatildeo amostral basal dos pacientes do estudo
Caracterizaccedilatildeo Grupo Controle Grupo Tratado P
Dados Antropomeacutetricos
Genero (MF) 57 86 097
Idade (anos) 64plusmn56 61plusmn54 030
Altura (m) 165plusmn007 165plusmn008 096
IMC (Kgm2) 259plusmn29 257plusmn38 091
Funccedilatildeo Pulmonar
VEF1 ( pred) 426plusmn95 459plusmn155 056
VEF1CVF 049plusmn009 056plusmn013 017
Capacidade Funcional
TC6 (m) 439plusmn103 473plusmn68 032
BODE (IIIIIIIV)(n) 3531 6620 058
Legenda Os dados estatildeo apresentados em meacutedia desvio padratildeo exceto o BODE que estatildeo expressos
pelo nuacutemero de pacientes MF=masculinofeminino Kgm2=quilogramasmetro
2 VEF1=Volume expiratoacuterio
forccedilado no primeiro segundo VEF1CVF=Relaccedilatildeo do Volume expiratoacuterio forccedilado no primeiro segundo e capacidade vital IMC=Iacutendice de massa corpoacuterea TC6=teste de caminhada dos 6 minutos BODE=Iacutendice de prognoacutestico e mortalidade para DPOC
41 Cinemaacutetica toracoabdominal
Durante o exerciacutecio com carga os pacientes do grupo controle (GC) natildeo
apresentaram variaccedilatildeo da mecacircnica toracoabdominal apoacutes a intervenccedilatildeo os
pacientes do grupo tratado (GT) apresentaram um aumento meacutedio de 230 ml
no volume total da caixa toraacutecica total (CT) (equivalente ao volume corrente)
quando comparado ao GC (respectivamente 140plusmn170mL vs-86plusmn240mL
plt001) Este aumento ocorreu principalmente pelo ganho do volume do
compartimento abdominal (ABD) (respectivamente 140120mL vs -
108210ml plt001) (Figura 21) e natildeo foi observada uma diferenccedila significativa
nos compartimentos toraacutecicos superior (TS) e inferior (TI) (Figura 21 pgt005)
51
O GT tambeacutem apresentou um aumento da ventilaccedilatildeo minuto (VE)
(24plusmn36L vs -18plusmn41L plt0001) (Figura 22) e do fluxo expiratoacuterio
(FE)(80plusmn100mL vs -30plusmn100mL plt001) (Figura23) quando comparado com o
GC acreditamos que aleacutem do volume da caixa toraacutecica o aumento do fluxo
expiratoacuterio tambeacutem esteve relacionado com o aumento da mobilidade do
compartimento abdominal Este por sua vez foi calculado pela relaccedilatildeo da
contribuiccedilatildeo CTABD onde apresentou melhora somente no GT quando
comparado ao GC (-019plusmn041 vs 010plusmn028 plt001 respectivamente)
(Figura 24)
Figura 21 Efeitos do alongamento muscular respiratoacuterio na mecacircnica ventilatoacuteria durante o exerciacutecio Os dados foram apresentados em meacutedia e desvio padratildeo representado pela diferenccedila (Δ) = poacutes- - preacute-intervenccedilatildeo Houve um aumento estatisticamente significante do volume da CT e do ABD no GT O exerciacutecio foi realizado com 25 da carga maacutexima predito na equaccedilatildeo de Jones
25 GC= Grupo Controle GT= Grupo Tratado CT= Caixa totaacutecica total TS=
Toacuterax superior TI= Toacuterax inferior ABD= Abdomen = p lt 005 GC vs GT (teste t natildeo pareado)
52
Figura 22 Efeitos do alongamento muscular respiratoacuterio no volume minuto (VE) durante o exerciacutecio Os dados foram apresentados em meacutedia e desvio padratildeo representado pela diferenccedila (Δ) = poacutes- - preacute-intervenccedilatildeo Ambas apresentaram diferenccedilas houve um aumento estatisticamente significante de 4L no volume minuto (VE) no GT em relaccedilatildeo do GC O exerciacutecio foi realizado com 25 da carga maacutexima predito na equaccedilatildeo de Jones
25 GC= Grupo
Controle GT= Grupo Tratado = p lt 005 GC vs GT (teste t natildeo pareado)
53
Figura 23 Efeitos do alongamento muscular respiratoacuterio no fluxo expiratoacuterio (FE) durante o exerciacutecio Os dados foram apresentados em meacutedia e desvio padratildeo representado pela diferenccedila (Δ) = poacutes- - preacute-intervenccedilatildeo Ambas apresentaram diferenccedilas houve um aumento estatisticamente significante de 100mL no fluxo expiratoacuterio (FE) no GT em relaccedilatildeo do GC O exerciacutecio foi realizado com 25 da carga maacutexima predito na equaccedilatildeo de Jones
25 GC= Grupo
Controle GT= Grupo Tratado = p lt 005 GC vs GT (teste t natildeo pareado)
54
Figura 24 Efeitos do alongamento muscular respiratoacuterio na relaccedilatildeo da contribuiccedilatildeo da caixa toraacutecica e abdocircmen (CTABD) durante o exerciacutecio Os dados foram apresentados em meacutedia e desvio padratildeo representado pela diferenccedila (Δ) = poacutes- - preacute-intervenccedilatildeo O exerciacutecio foi realizado com 25 da carga maacutexima predito na equaccedilatildeo de Jones
25 Foi observado a reduccedilatildeo
estatisticamente significante da relaccedilatildeo CTAB no GT que representa o aumento da mobilidade do compartimento abdominal GC= Grupo Controle GT= Grupo Tratado CT= Participaccedilatildeo da caixa toraacutecica ABD= Participaccedilatildeo abdominal = p lt 005 GC vs GT (teste t natildeo pareado)
42 Atividade muscular
Os dados da atividade muscular dos muacutesculos esternocleidomastoideo
intercostal superior intercostal inferior e abdome foram mensurados e foi
possiacutevel observar uma reduccedilatildeo da atividade muscular no exerciacutecio apoacutes o
protocolo de alongamento no GT quando comparado ao GC dos muacutesculos
esternocleidomastoideo (-57plusmn217 vs 185-plusmn443mV plt003 respectivamente)
e intercostais superiores (-1466plusmn441 vs 46plusmn115mV plt001
respectivamente) (Figura 25)
55
Todos os dados da atividade muscular foram somados e divididos pelo
volume corrente total com o intuito de demonstrar a quantidade de atividade
muscular por volume deslocado Foi verificado uma reduccedilatildeo da razatildeo EMGVt
no exerciacutecio com carga no GT quando comparado com o GC (respectivamente
[-138 (-519- -536 mVL) vs 10 (-741- 372 mVL) plt0006] (Figura 26)
Figura 25 Efeitos do alongamento muscular respiratoacuterio na atividade muscular Os dados foram apresentados em meacutedia e desvio padratildeo representado pela diferenccedila (Δ) = poacutes- - preacute-intervenccedilatildeo Foi constatada uma diminuiccedilatildeo estatisticamente significante da atividade dos muacutesculos esternocleidomastoideo e intercostal superior no GT O exerciacutecio foi realizado com 25 da carga maacutexima predito na equaccedilatildeo de Jones
25 GC= Grupo Controle GT= Grupo
Tratado = p lt 005 GC vs GT (teste t natildeo pareado)
56
Figura 26 Efeitos do alongamento muscular respiratoacuterio na relaccedilatildeo entre a atividade muscular e o volume corrente (EMGVt) Os dados foram apresentados em meacutedia e desvio padratildeo representado pela diferenccedila (Δ) = poacutes- - preacute-intervenccedilatildeo Observou-se uma diminuiccedilatildeo estatisticamente significante da EMGVt no GT O exerciacutecio foi realizado com 25 da carga maacutexima predito na equaccedilatildeo de Jones
25 GC= Grupo Controle GT= Grupo Tratado = p lt 005
GC vs GT (teste t natildeo pareado)
43 Capacidade funcional e Dispneia
Para os paracircmetros de Borg (Figura 27) foi aferido em 4 momentos preacute e poacutes
TC6 e preacute e poacutes intervenccedilatildeo Os dados basais natildeo apresentaram diferenccedilas
entre o GT e o GC (respectivamente 175plusmn21 vs 12plusmn17 pgt02) Apoacutes a
intervenccedilatildeo houve uma diminuiccedilatildeo significativa da sensaccedilatildeo de dispneia em
ambos os grupos poacutes-TC6 quando comparado aos seus dados iniciais GT
(43plusmn18 vs 15plusmn09 plt0001) e no GC (42plusmn15 vs 28plusmn17 plt0001) Na
comparaccedilatildeo entre os grupos o GT apresentou uma melhora da sensaccedilatildeo de
dispneia quando comparado com o GC tanto preacute-exerciacutecio (respectivamente
57
02plusmn05 vs 06plusmn08 plt0001) quanto poacutes-exerciacutecio (respectivamente 15plusmn09
vs 28plusmn17 plt0001) Aleacutem disso somente no GT houve uma diminuiccedilatildeo
significativa do Borg na comparaccedilatildeo intragrupo preacute-TC6 antes e depois do
tratamento (18plusmn08 vs 02plusmn06 plt0001) Com a diminuiccedilatildeo da sensaccedilatildeo de
dispneia foi possiacutevel verificar que os pacientes do GT apresentaram melhora
clinicamente significante no TC6 meacutedio quando comparado com o GC
(respectivamente 2514m vs 65m Figura 28) valores propostos por Holland
et al (2013)
Figura 27Efeitos do alongamento muscular respiratoacuterio na escala de BORG Os dados foram apresentados Os dados foram apresentados em meacutedia e desvio padratildeo representado pela diferenccedila (Δ) = poacutes- - preacute-intervenccedilatildeo Apoacutes o tratamento ambos apresentaram diminuiccedilatildeo da dispneia mas somente no GT houve uma diminuiccedilatildeo na comparaccedilatildeo com o GC e com seus dados iniciais no preacute TC6 O exerciacutecio foi realizado com 25 da carga maacutexima predito na equaccedilatildeo de Jones
25 GC= Grupo Controle GT= Grupo Tratado BORG= Escala de dispneia
TC6= Teste de caminhada dos 6 minutos = p lt 005 preacute vs poacutes intervenccedilatildeo +=plt005 GC vs GC) (teste t natildeo pareado)
58
Figura 28 Os dados apresentados em (Δ) representam (poacutes intervenccedilatildeo ndash preacute intervenccedilatildeo) No teste de caminhada dos 6 minutos (TC6) foi observada uma diferenccedila clinicamente significante do TC6 no GT que obteve um aumento meacutedio de 2514m e o GC de 65m O exerciacutecio foi realizado com 25 da carga maacutexima predito na equaccedilatildeo de Jones
25 GC= Grupo
Controle GT= Grupo Tratado TC6= Teste de caminhada dos 6 minutos ( =diferenccedila clinicamente significante)
Holland et al 2013 (25m)
5 DISCUSSAtildeO
60
Neste estudo foi demonstrado pela primeira vez que os alongamentos
dos muacutesculos respiratoacuterios melhoraram a mecacircnica e a capacidade ventilatoacuteria
decorrente principalmente pelo aumento do volume e da mobilidade do
compartimento abdominal (CTABD) A melhora da mobilidade toracoabdominal
possivelmente esteve relacionada com o aumento da sua viscoelasticidade
observada pela diminuiccedilatildeo da atividade muscular apoacutes o tratamento Aleacutem
disso houve um aumento da eficiecircncia contraacutetil dos muacutesculos respiratoacuterios
constatado pela reduccedilatildeo da relaccedilatildeo EMGVt ou seja a musculatura necessitou
de menos atividade para deslocar o mesmo volume respiratoacuterio Acreditamos
que por causa da melhora de todos os fatores descritos anteriormente houve
uma diminuiccedilatildeo da sensaccedilatildeo de dispneia que possibilitou o aumento da
capacidade ao exerciacutecio submaacuteximo
51 Cinemaacutetica toracoabdominal
O trabalho acrescentou novas evidecircncias na literatura cientiacutefica pois foi
o primeiro a demonstrar atraveacutes do pletismoacutegrafo optoeletrocircnico que apoacutes o
tratamento com teacutecnicas de alongamento dos muacutesculos respiratoacuterios houve
aumento significativo do volume da caixa toraacutecica total abdominal e da
capacidade ventilatoacuteria durante o exerciacutecio com carga Vale ressaltar que o
aumento da mobilidade do compartimento abdominal tambeacutem foi constatado
Para reforccedilar ainda mais a importacircncia dos nossos achados no grupo
controle natildeo obtiveram nenhuma alteraccedilatildeo volumeacutetrica da caixa toraacutecica estes
61
dados vatildeo de encontro aos dois estudos preacutevios nos quais foram avaliados os
efeitos da reabilitaccedilatildeo pulmonar na cinemaacutetica toracoabdominal em pacientes
com DPOC avaliados pelo POE (Georgiadou et al 2007 Gagliardi et al
2014) Inclusive Gagliardi et al (2014) mesmo apoacutes a intervenccedilatildeo de 24
semanas encontrou uma diminuiccedilatildeo do volume abdominal apoacutes o tratamento
Apenas dois trabalhos natildeo controlados de Yamada et al (1996) e
Luularungrayub et al (2009) avaliados pelo pletismoacutegrafo por indutacircncia e
cirtometria respectivamente associados agrave espirometria hipotetizaram que a
melhora no fluxo expiratoacuterio e do volume expiratoacuterio respectivamente
poderiam ter uma relaccedilatildeo com a melhora da funccedilatildeo do compartimento
abdominal dados estes que tambeacutem apresentamos no nosso estudo Segundo
Georgiadou et al (2007) e Aliverti et al (2010) o compartimento abdominal eacute o
maior responsaacutevel pelas variaccedilotildees da distacircncia axial xifoacuteidea sugerindo uma
relaccedilatildeo com a mobilidade diafragmaacutetica e o aumento do volume pulmonar total
essa hipoacutetese pocircde ser elucidada em nossos resultados com a diminuiccedilatildeo dos
valores de CTABD Portanto estes achados servem para destacar que o
protocolo de alongamento realizados neste estudo desencadeou a melhora da
mecacircnica contraacutetil dos muacutesculos respiratoacuterios que provavelmente tiveram uma
atuaccedilatildeo na melhora da funccedilatildeo diafragmaacutetica relaccedilatildeo esta jaacute descrita por
Iwasawa et al (2002) e Man et al (2012)
O aumento do volume corrente total apoacutes o alongamento muscular da
caixa toraacutecica jaacute havia sido constatado anteriormente pelos estudos natildeo
controlados de Yamada et al (1996) e Minoguchi et al (2002) que realizaram a
intervenccedilatildeo por 4 semanas em 12 e 13 pacientes respectivamente e avaliados
62
pela espirometria Em contrapartida os estudos de intervenccedilatildeo aguda natildeo
controlada de Izumizaki et al (2006) e controlada de Noll et al (2009) com 10 e
25 pacientes respectivamente obtiveram a piora do volume corrente tambeacutem
avaliados pela espirometria Baseados nos estudos de Mchugh et al (2008)
estes efeitos contraditoacuterios ocorreram principalmente pelo tipo de intervenccedilatildeo
Agudamente o alongamento promove o estiramento abrupto dos fusos
neuromusculares que desencadearam o potencial sensitivo medular e
consequentemente um aumento da atividade eferente neuromuscular gerando
a contraccedilatildeo das fibras extra-fusais por essa razatildeo provavelmente houve a
diminuiccedilatildeo da mobilidade muacutesculo-esqueleacutetica da caixa toraacutecica e diminuiccedilatildeo
dos valores volumeacutetricos (Mukherjee et al 2010) A intervenccedilatildeo crocircnica por
sua vez promove o aumento da viscoelasticidade muscular e causou a
acomodaccedilatildeo do limiar excitatoacuterio do fuso neuromuscular que diminui o
estiacutemulo de contraccedilatildeo das fibras extra-fusais permitindo a melhora da
mobilidade toracoabdominal (Mchugh et al 2010)
No presente estudo foi realizada a intervenccedilatildeo crocircnica portanto
justificaria a razatildeo dos nossos dados apresentarem resultados tatildeo diferentes
quanto a maioria dos estudos anteriores de intervenccedilatildeo aguda Mas
precisamos considerar tambeacutem as limitaccedilotildees metodoloacutegicas comumente
observadas na literatura Fato este observado nos trabalhos de Putt et al
(2008) e Luularungrayub et al (2009) que mesmo sendo de intervenccedilatildeo
aguda apresentaram um aumento do volume corrente avaliados pela
espirometria mas ambos apresentaram grandes restriccedilotildees metodoloacutegicas pois
63
realizaram o tratamento somente em um muacutesculo respiratoacuterio (peitoral maior) e
o outro foi um estudo de caso respectivamente
Hipotetizamos que nos nossos resultados sugeriram que a intervenccedilatildeo
crocircnica muscular respiratoacuteria promoveu a melhora da mobilidade do sistema
musculo-esqueleacutetico toracoabdominal com o aumento principal do volume e da
mobilidade do compartimento abdominal acreditamos que foi o responsaacutevel
pela melhora do volume pulmonar total Com a elevaccedilatildeo dos volumes
sugerimos que foram os responsaacuteveis pela melhora da capacidade ventilatoacuteria
(volume-minuto) dado este ineacutedito na literatura para este tipo de protocolo de
tratamento
52 Atividade muscular
Constatamos uma reduccedilatildeo da atividade muscular durante o exerciacutecio
com carga no grupo que realizou o alongamento dos muacutesculos respiratoacuterios
principalmente do esternocleidomastoideo e do intercostal superior A partir
destes dados foi possiacutevel calcular a relaccedilatildeo com o volume corrente onde a
reduccedilatildeo dos valores significa a melhora da efetividade contraacutetil (EMGVt)
descrito primeiramente no trabalho de Lunardi et al (2013) Este dado
representa a melhora do deslocamento volumeacutetrico pela atividade muscular
sendo assim o muacutesculo necessita do mesmo estiacutemulo motor para deslocar
mais volume de ar
64
Na literatura encontramos somente um estudo natildeo-controlado de Cunha
et al (2005) que realizou a avaliaccedilatildeo em 8 pacientes com DPOC com o
eletromioacutegrafo de superfiacutecie apoacutes um programa de alongamento muscular
respiratoacuterio Nossos dados corroboram parcialmente com os seus achados
pois apesar de terem demonstrado uma diminuiccedilatildeo da atividade muscular
respiratoacuteria dos intercostais eles apresentaram um aumento da atividade
muscular do esternocleidomastoide Acreditamos que os nossos achados
avanccedilam em relaccedilatildeo ao estudo de Cunha et al (2005) pois o presente estudo
foi realizado com criteacuterios metodoloacutegicos mais rigorosos (controlado) com
maior tempo de intervenccedilatildeo e respeitando o caacutelculo amostral
Portanto podemos sugerir que baseado nos estudos de Kokkonen et al
(2007) o aumento da viscoelasticidade tecidual permitiu a melhora da
sobreposiccedilatildeo da actina e miosina sendo capaz de potencializar o mecanismo
contraacutetil muscular com menos esforccedilo Ao mesmo tempo reduziu a tensatildeo
sobre os receptores musculoesqueleacuteticos diminuindo a excitabilidade do
disparo neuroloacutegico sensitivo possibilitando o equiliacutebrio entre o estiacutemulo
inibitoacuterio do oacutergatildeo tendinoso de Golgi e o excitatoacuterio do controle contraacutetil do
fuso neuromuscular reduzindo a atividade motora (Hindle et al 2012
Mukherjee e Chakravarty 2010)
A avaliaccedilatildeo da atividade muscular e o caacutelculo da efetividade contraacutetil foi
realizada para elucidar os mecanismos envolvidos na melhora da mecacircnica
ventilatoacuteria apoacutes o alongamento dos muacutesculos respiratoacuterios Eacute possiacutevel que
com a diminuiccedilatildeo da atividade muscular possibilitou a melhora da capacidade
de contraccedilatildeo muscular com menor esforccedilo este dado eacute reforccedilado pela
65
diminuiccedilatildeo da EMGVt permitindo o incremento da mobilidade toracoabdominal
e da capacidade ventilatoacuteria
53 Capacidade funcional e dispneia
Observamos a melhora da dispneia e da capacidade ao exerciacutecio
submaacuteximo avaliados pelo Borg modificado e pelo teste de caminhada dos 6
minutos respectivamente
Apoacutes o protocolo de alongamento nossos dados mostraram a
diminuiccedilatildeo da sensaccedilatildeo de dispneia em ambos os grupos apoacutes a intervenccedilatildeo
Mas ao comparar entre os grupos os sujeitos que receberam a intervenccedilatildeo na
caixa toraacutecica (GT) apresentaram a diminuiccedilatildeo da dispneia quando comparado
ao GC tanto preacute quanto poacutes exerciacutecio Outro ponto em destaque eacute a diminuiccedilatildeo
da dispneia no GT em seu estado basal
A reduccedilatildeo da dispneia eacute um importante paracircmetro de melhora dos
tratamentos com enfoque pulmonar (ATS 2013) e estudos preacutevios que tambeacutem
avaliaram o efeito de alongamento dos muacutesculos respiratoacuterios na dispneia em
pacientes com DPOC corroboram com os nossos achados mesmo sendo
trabalhos com metodologias distintas como ensaios natildeo controlados (Cunha et
al 2005) controlados (Paulin et al 2003) intervenccedilatildeo aguda (Noll et al 2008
Noll et al 2009) e crocircnica (Minoguchi et al 2002) Eacute importante ressaltar que
em todos os trabalhos que obtiveram a melhora nos paracircmetros de dispneia
66
portanto acreditamos que existe outros mecanismos que podem influenciar
nesta variaacutevel aleacutem da melhora da mobilidade toracoabdominal tanto assim
que os trabalhos de Noll et al (2008 e 2009) houve uma piora de todos os
paracircmetros da funccedilatildeo pulmonar mas apresentaram melhora da dispneia
Na literatura somente os trabalhos de Izumizaki et al (2008) e Putt et al
(2008) natildeo obtiveram melhora na escala de Borg mas eacute importante destacar
que foram trabalhos distintos o primeiro foi de intervenccedilatildeo crocircnica com
resultados negativos agraves funccedilotildees pulmonares enquanto o segundo foi um
trabalho de intervenccedilatildeo aguda com resultados positivos nos volumes
pulmonares Apesar de ambos serem controlados o estudo de Izumizaki et al
(2008) natildeo destaca os muacutesculos que foram tratados nem a caracterizaccedilatildeo e o
caacutelculo amostral enquanto no trabalho de Putt et al (2008) realizou a
intervenccedilatildeo apenas no muacutesculo peitoral maior que natildeo eacute um muacutesculo
acessoacuterio respiratoacuterio primaacuterio e sim atuante somente em grandes esforccedilos
Portanto baseado nas pesquisas anteriores entendemos que a melhora
da dispneia natildeo foi somente pelo aumento da mobilidade musculoesqueleacutetica
da caixa toraacutecica que diminuiu a resistecircncia do fluxo aeacutereo e possibilitou maior
expansatildeo toracoabdominal e melhor capacidade ventilatoacuteria demonstrado
neste estudo anteriormente Possivelmente teve associaccedilatildeo com os
mecanoceptores toracoabdominais quando estimulados durante o tratamento
desencadeou alteraccedilotildees das informaccedilotildees dos centros respiratoacuterios e motores
(Nakamura et al 2012 Montaldo et al 2000) Estes centros por sua vez
mudaram da taxa de disparo do nervo frecircnico que controla a cadecircncia e a
frequecircncia da contraccedilatildeo diafragmaacutetica reduzindo a sensaccedilatildeo de fadiga e de
67
dispneia (Burki e Lee 2010) portanto qualquer teacutecnica de mobilizaccedilatildeo
toracoabdominal poderia diminuir a sensaccedilatildeo de dispneia mas acreditamos
que quanto maior o estiacutemulo musculoesqueleacutetico (intervenccedilatildeo crocircnica) maior
seraacute a ativaccedilatildeo dos mecanoceptores da caixa toraacutecica e consequentemente
aumentaria a estimulaccedilatildeo aos centros respiratoacuterios por essa razatildeo
acreditamos que os nossos resultados foram tatildeo expressivos (Montaldo et al
2000)
Com a melhora dos paracircmetros de dispneia refletiu no aumento da
distacircncia percorrida em ambos os grupos 67m (GC) e 2517m (GT) sendo
que somente o grupo que recebeu o alongamento dos muacutesculos respiratoacuterios
atingiram a miacutenima distacircncia clinicamente significante proposta por Holland et
al (2010) que eacute de 25 m Coincidentemente a maioria trabalhos que
obtiveram melhora da dispneia realizaram o teste de caminhada dos 6 minutos
(Yamada et al 1996 Minoguchi et al 2002 Paulin et al 2003 eCunha et al
2005) somente Noll et al (2008 e 2009) que natildeo Poreacutem ateacute onde eacute do nosso
conhecimento este eacute o primeiro estudo que demonstrou que o aumento da
capacidade funcional foi decorrente da melhora da mecacircnica ventilatoacuteria poacutes-
alongamento avaliados pelo POE
No presente estudo o aspecto relevante estaacute no ineditismo ao avaliar as
repercussotildees deste tipo de intervenccedilatildeo na cinemaacutetica toracoabdominal
analisadas pelo pletismoacutegrafo optoeletrocircnico (Alivertiet al 2000) teacutecnica
considerada de alta tecnologia O programa de alongamento da musculatura
acessoacuteria respiratoacuteria eacute uma teacutecnica de baixo custo e pode ser associada
68
facilmente agrave reabilitaccedilatildeo pulmonar com impacto na atividade funcional e nos
sintomas respiratoacuterios
54 Limitaccedilotildees
Todos os estudos possuem limitaccedilotildees primeiro a rigidez dos criteacuterios
de inclusatildeo conferida a esta pesquisa levou a uma elevada validade interna
com possiacutevel prejuiacutezo da validade externa Optamos por adotar esses criteacuterios
na tentativa de eliminar o maior nuacutemero de variaacuteveis de confusatildeo para garantir
que os resultados fossem interpretados de maneira clara Segundo a carga de
exerciacutecio em esteira foi estabelecida em funccedilatildeo da velocidade do TC6 apesar
de natildeo ser considerado o padratildeo ouro para o treinamento aeroacutebico jaacute foi
descrito como alternativa viaacutevel por Zainuldinet al (2007) e Figueiredo e
Guimaratildees (2009) Terceiro a intensidade de 25 Wmaacutex utilizada na
avaliaccedilatildeo do POE pode natildeo ter sido o suficiente para desencadear a
assincronia mas o objetivo foi reproduzir a carga utilizada diariamente pelo
paciente segundo Bruni et al (2012) eles comprovaram em seu estudo que
nem mesmo a carga de 75 Wmaacutex foi possiacutevel desencadear a assincronia em
pacientes com DPOC concluindo natildeo haver relaccedilatildeo entre assincronia
hiperinsuflaccedilatildeo e dispneia Finalmente o alongamento dos muacutesculos
perifeacutericos dos membros inferiores no grupo controle poderia ter influenciado
na melhora no teste de caminhada dos 6 minutos mas Mchugh et al (2008) e
Shrier (2004) descreveram em seus estudos que ainda existe uma
controveacutersia a respeito do aumento da performance muscular apoacutes a realizaccedilatildeo
69
do alongamento ateacute entatildeo sabe-se somente sobre a melhora da mobilidade
Apesar destas limitaccedilotildees este eacute o primeiro ensaio cliacutenico controlado e
aleatorizado investigando os benefiacutecios do alongamento dos muacutesculos
respiratoacuterios na mecacircnica ventilatoacuteria utilizando o pletismoacutegrafooptoeletrocircnico
em pacientes com DPOC
6 CONCLUSAtildeO
71
Nossos resultados sugerem que a adiccedilatildeo do alongamento da
musculatura respiratoacuteria ao exerciacutecio aeroacutebico claacutessico aumenta a eficiecircncia
contraacutetil muscular melhora a mecacircnica ventilatoacuteria com o incremento
significante dos volumes pulmonares principalmente abdominal e reduz a
dispneia possibilitando a melhora das atividades funcionais em pacientes com
DPOC Estes resultados sugerem que o alongamento dos muacutesculos
respiratoacuterios pode ser considerado uma modalidade de tratamento adjuvante
para os pacientes com DPOC
7 REFEREcircNCIAS
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TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
DADOS SOBRE A PESQUISA
1 TIacuteTULO DO PROTOCOLO DE PESQUISA
EFEITOS DO ALONGAMENTO DA MUSCULATURA ACESSOacuteRIA
RESPIRATOacuteRIA COM A TEacuteCNICA DE ALONGAMENTO PASSIVO E
CONTRACcedilAtildeO-RELAXAMENTO NA MECAcircNICA VENTILATOacuteRIA E NA
CAPACIDADE FUNCIONAL DE PACIENTES COM DOENCcedilA PULMONAR
OBSTRUTIVA CROcircNICA
PESQUISADOR 01 Celso Ricardo Fernandes Carvalho
CARGOFUNCcedilAtildeO Orientador INSCRICcedilAtildeO CONSELHO
REGIONAL Nordm 206463-F
UNIDADE DO HCFMUSP Ciecircncias
3 AVALIACcedilAtildeO DO RISCO DA PESQUISA
RISCO MIacuteNIMO x RISCO MEacuteDIO
RISCO BAIXO RISCO MAIOR
4DURACcedilAtildeO DA PESQUISA 12 meses
HOSPITAL DAS CLIacuteNICAS DA FACULDADE DE MEDICINA DA
UNIVERSIDADE DE SAtildeO PAULO-HCFMUSP
1 ndash A doenccedila que o senhor (a) tem se chama doenccedila obstrutiva crocircnica
(DPOC) Esta doenccedila causa a inflamaccedilatildeo das vias aeacutereas e prejudica todo
94
pulmatildeo Por esse motivo o toacuterax fica expandido e os muacutesculos que realizam a
respiraccedilatildeo ficam tensos Essa tensatildeo muscular diminui o movimento do toacuterax e
a quantidade de ar que entra nos pulmotildees levando a uma dificuldade para
respirar e diminuindo a capacidade aos exerciacutecios simples do dia-dia Todo
esse quadro pode aumentar a tendecircncia de desencadear episoacutedios de
depressatildeo e ansiedade
2 ndash O nosso corpo tem muacutesculos que ajudam na respiraccedilatildeo (entrada do ar)
esses muacutesculos ao contrair ajudam a entrada de ar nos pulmotildees No (a)
paciente DPOC o movimento da caixa toraacutecica estaacute diminuiacutedo por isso este
estudo tem como objetivo verificar se o uso dos exerciacutecios de alongamento
relaxariam os muacutesculos respiratoacuterios diminuindo a sensaccedilatildeo de falta de ar
3 ndash Portanto estamos convidando o (a) senhor (a) para participar deste estudo
Caso o senhor (a) aceite participar da pesquisa teraacute que comparecer ao
hospital (HC) 2 vezes por semana durante um mecircs e meio de tratamento com
duraccedilatildeo de 30 a 40 minutos por dia O senhor (a) seraacute incluiacutedo (a) de forma
aleatoacuteria (sorteio) em dois grupos que receberatildeo diferentes tratamentos de
alongamento com supervisatildeo do profissional fisioterapeuta O senhor (a)
receberaacute uma cartilha com alguns exerciacutecios semelhantes aos realizados no
hospital para ser feito em casa no miacutenimo duas vezes por semana
4 ndash Durante os exerciacutecios de alongamento o (a) senhor (a) poderaacute sentir algum
desconforto como um ldquopuxatildeordquo ldquoformigamentordquo e ldquoqueimaccedilatildeordquo na regiatildeo que os
muacutesculos estatildeo sendo trabalhados Apoacutes a realizaccedilatildeo do alongamento eacute
possiacutevel que essas sensaccedilotildees perdurem por no maacuteximo 3 dias Evitaremos
durante o tratamento as dores se caso o senhor (a) sentir alguma dor
comunique ao profissional responsaacutevel que interromperemos imediatamente o
exerciacutecio
5 ndash Seratildeo realizados diversos testes antes e depois do tratamento para
verificar o grau de eficiecircncia da teacutecnica aplicada Mediremos o movimento do
seu toacuterax com um aparelho chamado pletismografia onde seratildeo colocados
marcadores no seu toacuterax e o senhor natildeo sentiraacute nenhum desconforto ou dor
Seratildeo realizados exames para a funccedilatildeo do seu pulmatildeo chamado espirometria
para isso pediremos para o senhor (a) puxar e assoprar forte o ar no aparelho
este teste natildeo traraacute nenhum desconforto ou dor Para testar a forccedila dos
muacutesculos pediremos novamente que o senhor (a) puxe o ar com forccedila em um
95
aparelho chamado manovacuocircmetro este teste natildeo traraacute dor Realizaremos
um teste de esforccedilo ao exerciacutecio onde pediremos para o (a) senhor (a) andar o
maacuteximo possiacutevel durante 6 minutos seraacute repetido duas vezes Nesse teste o
senhor (a) pode sentir cansaccedilo e falta de ar que acabaraacute imediatamente apoacutes o
teacutermino do exerciacutecio Por uacuteltimo o senhor (a) responderaacute o questionaacuterio sobre a
sua vida que conteacutem uma seacuterie de perguntas para avaliar se o (a) senhor (a)
possui episoacutedios de depressatildeo e ansiedade poderaacute sentir algum desconforto
ao responder algumas perguntas que seratildeo realizadas
6 ndash Com esse estudo buscamos a melhora da qualidade de vida com
diminuiccedilatildeo dos quadros tendenciosos de depressatildeo e ansiedade e o aumento
da capacidade para realizar os exerciacutecios diaacuterios decorrentes da melhora da
mobilidade toraacutecica
7 ndash Asseguramos que o senhor (a) teraacute acesso aos profissionais responsaacuteveis
pela pesquisa para esclarecimento de eventuais duacutevidas O principal
investigador eacute o Prof Dr Celso Ricardo Fernandes Carvalho que poderaacute
ser encontrado na Av Eneacuteas de Carvalho Aguiar 255 4o andar bloco 06 no
telefone(s) 11 3069-7961 e o Dr Juliano Takashi Wada que pode ser
encontrado no endereccedilo Rua Albuquerque Lins 537 cj 42 Telefone(s) 11
3624-4524 Se caso o senhor (a) tiver alguma consideraccedilatildeo ou duacutevida sobre a
eacutetica da pesquisa entre em contato com o Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa (CEP)
ndash Rua Oviacutedio Pires de Campos 225 ndash 5ordm andar ndash tel 3069-6442 ramais 16 17
18 ou 20 FAX 3069-6442 ramal 26 ndash E-mail cappesqhcnetuspbr
8 ndash Garantimos a liberdade da retirada do consentimento a qualquer momento
e deixar de participar do estudo sem qualquer prejuiacutezo agrave continuidade de seu
tratamento na Instituiccedilatildeo
9 ndash Garantimos o direito de confidencialidade ndash As informaccedilotildees obtidas
seratildeo analisadas em conjunto com outros pacientes natildeo sendo divulgado a
identificaccedilatildeo e os dados de nenhum paciente
10 ndash Garantimos o direito de ser mantido atualizado sobre os resultados
parciais das pesquisas quando em estudos abertos ou de resultados que
sejam do conhecimento dos pesquisadores
96
11 ndash Despesas e compensaccedilotildees natildeo haacute despesas pessoais para o
participante em qualquer fase do estudo incluindo exames e consultas
Tambeacutem natildeo haacute compensaccedilatildeo financeira relacionada agrave sua participaccedilatildeo Se
existir qualquer despesa adicional ela seraacute absorvida pelo orccedilamento da
pesquisa Natildeo garantimos o pagamento de qualquer dano causado pelo estudo
mas garantimos que se caso o senhor (a) tiver algum problema poderaacute ser
atendido no Ambulatoacuterio da Fisioterapia do Hospital das cliacutenicas gerenciado
pelo Prof Dr Celso Ricardo Fernandes de Carvalho
12 ndash Garantimos o compromisso do pesquisador de utilizar os dados e o
material coletado satildeo confidenciais e seraacute utilizado somente para esta pesquisa
Acredito ter sido suficientemente informado a respeito das informaccedilotildees
que li ou que foram lidas para mim descrevendo o estudo rdquoEfeitos do
alongamento da musculatura acessoacuteria respiratoacuteria com a teacutecnica de
contraccedilatildeo-relaxamento na mobilidade toraacutecica e capacidade psicossocial e
funcional de pacientes com doenccedila pulmonar obstrutiva crocircnicardquo
Eu discuti com o Prof Dr Celso Ricardo Fernandes de Carvalho ou
com o Dr Juliano Takashi Wada sobre a minha decisatildeo em participar nesse
estudo Ficaram claros para mim quais satildeo os propoacutesitos do estudo os
procedimentos a serem realizados seus desconfortos e riscos as garantias de
confidencialidade e de esclarecimentos permanentes Ficou claro tambeacutem que
minha participaccedilatildeo eacute isenta de despesas e que tenho garantia do acesso a
tratamento hospitalar quando necessaacuterio Concordo voluntariamente em
participar deste estudo e poderei retirar o meu consentimento a qualquer
momento antes ou durante o mesmo sem penalidades ou prejuiacutezo ou perda
de qualquer benefiacutecio que eu possa ter adquirido ou no meu atendimento
neste Serviccedilo
-------------------------------------------------
Assinatura do pacienterepresentante legal Data
97
-------------------------------------------------------------------------
Assinatura da testemunha Data
Declaro que obtive de forma apropriada e voluntaacuteria o Consentimento Livre e
Esclarecido deste paciente ou representante legal para a participaccedilatildeo neste estudo
----------------------------------------------------------
Assinatura do responsaacutevel pelo estudo
Data
98
NCT 0236762
99
100
101
20-Nov-2014
CC Wada Juliano Borges-Santos Erickson Paisani
Denise Porras Desiderio Cukier Alberto Lunardi
Adriana Carvalho Celso
Dear Ms Wada
Your manuscript entitled Effect of respiratory muscle
stretching on thoracoabdominal kinematics and functional
capacity of patients with COPD a randomized and controlled
trial has been received online and is presently being
given full consideration for publication in CHEST Please
note that our editorial office will review your manuscript
before sending it to the Editor in Chief If there are
aspects that need to be fixed prior to peer review they
may return your paper to your Corresponding Author Center
and ask you to make some minor changes and resubmit it We
appreciate your understanding
Your manuscript ID is CHEST-14-2914
You may view the status of your manuscript at any time by
checking your Author Center after logging in
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The journal strives to expedite the peer review process
however because we receive over 3400 submissions each year
the process may take up to 8 weeks to complete Please be
patient during this time and feel free to log in to check
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Please mention the above manuscript ID in all future
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