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O tema deste Trabalho de Conclusão de Curso surgiu a partir do conhecimento da futura transferência da Fábrica de Porcas e Parafusos Ciser, localizada no Centro de Joinville, para a Zona Industrial da cidade. A fábrica de parafusos e porcas do Grupo H. Carlos Schneider foi instalada no terreno em que se encontra no ano de 1959, pelo Sr. Carlos Frederico Adolfo Schneider, na época com 4 funcionários e uma produção diária de 2.500 peças. Hoje são 950 funcionários que produzem cerca de 45 mil toneladas/ano, para atender aos mercados interno e externo. A instalação da fábrica na região central de Joinville aconteceu quando a cidade ainda tinha pouco mais de 70 mil habitantes . Com o passar dos anos a indústria e a cidade cresceram, e hoje o espaço físico da fábrica encontra-se saturado, comprometendo a atividade industrial. Devido, ainda, à pressão dos moradores da região e por questões de infra-estrutura urbana, a fábrica teve que planejar sua remoção do local. O projeto da nova sede já está em curso e encontra-se na fase de licenciamento ambiental. A necessidade de pensar no que vai se transformar esse espaço nasce do diálogo com o contexto em que está inserido, com seu entorno físico imediato, com sua história, e, sobretudo, com sua localização em área acessível a toda a população da cidade. A implantação de um projeto para o terreno onde se encontra a ciser representa a oportunidade de oferecer à cidade um ambiente integrador por meio da reestruturação do espaço público; vislumbrando, ainda, a possibilidade de uma relação mais franca com o rio cachoeira, que margeia o centro da cidade. A partir da pesquisa desenvolvida durante a primeira metade desse trabalho chegou-se escolha da implantação da Biblioteca Pública Municipal no local devido, principalmente, a questões como acessibilidade urbana, apropriação pública do espaço e demanda. Em associação com um grande espaço aberto, a Biblioteca Pública Municipal terá a capacidade de fundir lazer, cultura e educação. UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA DEPARTAMENTO DE ARQUITETURA E URBANISMO acad. JULIANA DE ALBUQUERQUE GOULARTE - 2011/02 or. MARIA INÊS SUGAI - título BIBLIOTECA PÚBLICA DE JOINVILLE BRASIL SANTA CATARINA JOINVILLE 1 - Fábrica de Porcas e Parafusos Ciser 2 - Morro do Boa Vista 3 - Mercado Público Municipal Terreno do projeto Rio Cachoeira Limite de bairros 4 - Terminal Urbano Central de Ônibus 5 - Terminal Hidroviário desativado 6 - Moinho Santista - Bunge SA 7 - Prefeitura de Joinville 8 - Rua das Palmeiras B I B L I O T E C A P Ú B L I C A D E J O I N V I L L E 1 2 3 4 8 6 7 5 centro bucarein saguaçu boa vista

Biblioteca Pública de Joinville - TCC ArqUrb UFSC

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A implantação de um projeto para o terreno onde se encontra a Ciser representa a oportunidade de oferecer à cidade um ambiente integrador por meio da reestruturação do espaço público. A partir de pesquisa desenvolvida chegou-se à escolha da implantação da Biblioteca Pública Municipal no local devido, principalmente, por questões como acessibilidade urbana, apropriação pública do espaço e demanda. Em associação com um grande espaço aberto, a Biblioteca Pública Municipal terá a capacidade de fundir lazer, cultura e educação.

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O tema deste Trabalho de Conclusão de Curso surgiu a partir do conhecimento da futura transferência da Fábrica de Porcas e Parafusos Ciser, localizada no Centro de Joinville, para a Zona Industrial da cidade.

A fábrica de parafusos e porcas do Grupo H. Carlos Schneider foi instalada no terreno em que se encontra no ano de 1959, pelo Sr. Carlos Frederico Adolfo Schneider, na época com 4 funcionários e uma produção diária de 2.500 peças. Hoje são 950 funcionários que produzem cerca de 45 mil toneladas/ano, para atender aos mercados interno e externo.

A instalação da fábrica na região central de Joinville aconteceu quando a cidade ainda tinha pouco mais de 70 mil habitantes . Com o passar dos anos a indústria e a cidade cresceram, e hoje o espaço físico da fábrica encontra-se saturado, comprometendo a atividade industrial. Devido, ainda, à pressão dos moradores da região e por questões de infra-estrutura urbana, a fábrica teve que planejar sua remoção do local. O projeto da nova sede já está em curso e encontra-se na fase de licenciamento ambiental.

A necessidade de pensar no que vai se transformar esse espaço nasce do diálogo com o contexto em que está inserido, com seu entorno físico imediato, com sua história, e, sobretudo, com sua localização em área acessível a toda a população da cidade.

A implantação de um projeto para o terreno onde se encontra a ciser representa a oportunidade de oferecer à cidade um ambiente integrador por meio da reestruturação do espaço público; vislumbrando, ainda, a possibilidade de uma relação mais franca com o rio cachoeira, que margeia o centro da cidade.

A partir da pesquisa desenvolvida durante a primeira metade desse trabalho chegou-se escolha da implantação da Biblioteca Pública Municipal no local devido, principalmente, a questões como acessibilidade urbana, apropriação pública do espaço e demanda. Em associação com um grande espaço aberto, a Biblioteca Pública Municipal terá a capacidade de fundir lazer, cultura e educação.

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA DEPARTAMENTO DE ARQUITETURA E URBANISMOacad. JULIANA DE ALBUQUERQUE GOULARTE - 2011/02 or. MARIA INÊS SUGAI - título BIBLIOTECA PÚBLICA DE JOINVILLE

BRASIL

SANTA CATARINA JOINVILLE

1 - Fábrica de Porcas e Parafusos Ciser2 - Morro do Boa Vista3 - Mercado Público Municipal

Terreno do projetoRio CachoeiraLimite de bairros

4 - Terminal Urbano Central de Ônibus5 - Terminal Hidroviário desativado6 - Moinho Santista - Bunge SA7 - Prefeitura de Joinville8 - Rua das Palmeiras

B I B L I O T E C A P Ú B L I C A D E J O I N V I L L E

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Joinville é o município mais populoso de Santa Catarina, e é o pólo econômico e tecnológico do estado, tendo um grande parque industrial que conta com as maiores empresas no ramo Metal-mecânico do Brasil. Atualmente o município tem uma população de 515.250 habitantes, segundo dados do IBGE, sendo a terceira maior cidade do sul do Brasil. A cidade possui um dos mais altos índices de desenvolvimento humano (IDH) entre os municípios brasileiros (0.857), ocupando a décima terceira posição nacional.

A cidade é em geral plana, situando-se ao lado da baía da Babitonga - um dos atrativos naturais do município, e conta, ainda, com extensas áreas de manguezais. A altitude da sede é de 4,5 m, embora na parte central da cidade a altitude chegue a apenas 4 cm, o que em dias de maré muito alta causa alagamentos.

A vegetação em torno da cidade e nos morros em sua área urbana é constituída por remanescentes da mata Atlântica. O clima do município, segundo Koeppen, classifica-se como Úmido a Superúmido, Mesotérmico, com pouco ou nenhum déficit de água. Apresenta uma temperatura média anual de 22,51º C e uma precipitação média anual de 134,99 mm.

Por volta de 1870, o padrão colonial começou a apresentar uma ruptura, já que a atividade agrícola, tida a princípio como a base econômica da Colônia e da futura cidade, mostrou-se inviável para o sucesso do projeto. Em virtude do isolamento do núcleo em relação ao país, tanto em nível espacial quanto étnico, os colonos procuraram uma forma de organização que lhes dessem autonomia. Aos poucos a colônia passava pela transição da economia de subsistência para a economia de mercado com base no artesanato e finalmente para a indústria. FICKER (1965) saliente que “o primeiro passo na industrialização de Joinville foi o abastecimento do mercado de São Francisco com produtos fabricados na Colônia Dona Francisca”.

Segundo ROCHA (1994) as primeiras indústrias foram fundadas a partir de 1880, tendo origem no trabalho dos artesãos e no capital comercial. Como os lotes eram remanescentes do projeto de assentamento agrícola (cerca de 25 hectares, com testadas estreitas e grandes profundidades), surgiram grandes espaços vazios aos fundos das residências, os quais foram ocupados com a atividade fabril da própria família.

A maioria dessas atividades fabris estavam na área central, onde ficava o maior núcleo residencial na época, mas o fator de acessibilidade atraia novas unidades ao centro. Devido à importância do Rio Cachoeira como via de escoamento da produção, muitas fábricas no início do Séc. XX optaram por se estabelecer às suas margens, a fim de facilitar o deslocamento de seus produtos para o porto de São Francisco do Sul, onde aportavam os navios oriundos de diversos países, como a Argentina, Estados Unidos e Canadá. Mesmo com a instalação da estação ferroviária em 1906, a viação fluvial dominava a atenção pública, pois seu custo era mais barato em relação ao transporte ferroviário. (SILVEIRA, 2008)

A primeira legislação urbana com relação a esse tipo de ocupação na área central da cidade foi o Plano Básico Urbanístico – PBU/1965, o qual alerta sobre a necessidade do deslocamento das indústrias para fora da Área Central e de suas adjacências. Isso se faz necessário em razão dos incômodos provocados pela atividade fabril (ruídos, vibrações, odores e transtorno do tráfego das imediações), associado à demanda das áreas para a expansão das atividades produtivas, requerendo a anexação de áreas vizinhas em processo de plena valorização. Já naquela época as indústrias localizadas no centro apresentavam muitos operários por metragem quadrada, bastante acima da média do ramo. (PBU/1965)

Após isso, em 1973, o Plano Diretor de Joinville definiu uma Zona Industrial localizada na Zona Norte da cidade. Em 1975 foi elaborado o Plano Diretor do Distrito Industrial de Joinville. Mas, de acordo com o Plano de Estruturação Urbana – PEU/1987, ainda era significativo o número de indústrias de médio e de grande porte na Área Central da cidade ou em suas imediações; e o Distrito Industrial encontrava-se subtilizado.

De fato, à medida que a industrialização se impunha, trazendo como conseqüência o aumento da população urbana, o núcleo existente passou a ser sujeito a um contínuo processo de transformação. O espaço com características urbanas que, até a década de 1940, não ultrapassava poucos quilômetros quadrados, passou por um processo de grande expansão e de grandes modificações nos anos seguintes. (BRÜSKE, 2002)

Joinville teve um crescimento singular se comparado com a maioria das cidades brasileiras que surgiram na mesma época, por volta da metade do século XIX. Este município se destaca na medida em que foi planejado um empreendimento para lhe dar origem, tendo como objetivo estabelecer um grande centro colonial voltado para a agricultura, a Colônia Agrícola Dona Francisca.

As terras onde se assentou a Colônia faziam parte do dote da princesa Francisca Carolina, filha de D. Pedro I, no contrato de casamento com o príncipe de Joinville, terceiro filho do rei Luís Felipe da França. (FICKER, 1965). Em 1848 o rei Luiz Felipe foi destronado e, em função das dificuldades financeiras da família, negociou com a Sociedade Colonizadora de Hamburgo as terras que havia recebido como dote. Nesta época a Europa passava por sérias crises econômicas, políticas e sociais, e tão grande era o movimento emigratório, que as companhias alemãs de transporte de emigrantes prosperavam “aliciando” pessoas que quisessem se deslocar para as Américas.

Em 9 de março de 1851, desembarcaram os primeiros imigrantes europeus: 118 alemães e suíços, além de um grupo de 74 noruegueses. Estes imigrantes estabeleceram-se às margens do Ribeirão Mathias nas acomodações construídas anteriormente.

O núcleo original de Joinville foi estabelecido às margens do Ribeirão Matias, afluente do Rio Cachoeira. O traçado inicial foi definido em forma de cruz, e compreendia as seguintes ruas: Rua do Porto (atual Nove de Março), Caminho no Meio (atual Rua Quinze de Novembro), além de dois caminhos, um para o Norte – atual Rua Dr. João Colin – e um para o Sul – atual Rua Visconde de Taunay. O núcleo começou, portanto, no início da antiga Rua do Porto, tendo sido aberta uma clareira na confluência ruas citadas acima, onde hoje se localiza a Praça Lauro Müller, e onde, por algum tempo, a direção da Colônia instalara seus escritórios, empório e ranchos de recepção aos colonos (TERNES, 1993).

A partir daquele núcleo inicial a malha urbana foi se definindo segundo a tradição do urbanismo germânico que, segundo PELUSO JR (1991: 396) “não tinha na religião seu foco, mas nas suas instalações econômicas. (...) O estudo das plantas de Joinville mostra o plano da cidade teve um elemento que guiava a direção geral dos arruamentos. Este elemento era a rua comercial”. Ali não foi criada uma praça, mas era sim o ponto de confluência das principais estradas. A importância da rua comercial no traçado “é visível no fato de que todas as ruas procurem ser paralelas ou perpendiculares a ela”.

A economia subsistiu, inicialmente, com base no escoamento da erva mate extraída na serra, além da extração de madeira, produção de couro, louça, sapatos, móveis e cigarros. Ainda no final do século XIX surgiram as primeiras indústrias metalúrgicas e têxteis. O sucesso industrial do município veio a se confirmar após o término da Segunda Grande Guerra Mundial, quando Joinville se transformou em um dos principais pólos industriais do país.

BREVE HISTÓRICO DA CIDADE DE JOINVILLE ANÁLISE HISTÓRICA DA OCUPAÇÃO INDUSTRIAL NO CENTRO DE JOINVILLE JOINVILLE

HIST

ÓRIC

O

MANCHA DE INUNDAÇÃOCotas de inundação do Rio Cachoeira:

até 0,5m

até 1,5m

até 2,5m

ANTIgAS INDúSTRIAS NO CENTRO DE JOINVILLE01 - Curtume Richlin Atuais galpões da Cia Fabril Lepper.02 - Moinho Santista Tombado em instância municipal, hj funciona a ind.Bunge SA.03 - Engenhos de Erva Mate Deram lugar à Av. Paulo Medeiros.04 - Keller&Cia, Fundição Tupy Hoje, no mesmo local, o Soopping Mueller.05 - Indústrias Colin Hoje, no mesmo local, uma loja da Magazine Luiza.06 - Dohler Hoje no local fica o show room da fábrica.07 - Cia Fabril Lepper A fábrica continua funcionando no local.08 - Tricotagem Martric A fábrica foi fechada há cerca de 20 anos e no local estão um centro empresarial e parte dos galpões em ruínas.09 - Malharia Arp Tombado em instância municipal, na mesma estrutura foi instalado o Shopping Cidade das Flores.10 - Cervejaria Antarctica Tombado em instância municipal abriga a Cidadela Cultural Antartcica, com teatro, espaço para exposições e cinema.11 - Wetzel Tombado em instância municipal foi comprado recentemente pela PUC/PR.

ribeirão Matias

caminho do meio

rua do porto

pç Lauro Mueller

Núcleo inicial de Joinville - 1851. Foto: Google Earth (2009). Esquema: autora. Antigas Indústrias no centro de Joinville. Foto: Google Earth. Esquema: autora.

Fonte: Prefeitura Municipal de Joinville. Esquema: autora.

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O rio Cachoeira teve grande importância para a colonização e crescimento da cidade. Serviu como acesso aos imigrantes colonizadores em Joinville e, por muito tempo, foi a única via de escoamento da produção da região e também da chegada de insumos para as indústrias que se avolumavam nas redondezas. Outro uso importante do rio, que acontecia nas décadas de 1950 e 1960, eram as atividades de remo, as quais protagonizavam uma grande animação cultural e de lazer dando visibilidade a grupos sociais e políticos, redes de amizades e sociabilidades. Contudo, a prática do remo sucumbiu junto com a vitalidade do Rio Cachoeira. A partir da década de 1960 as atividades portuárias no Cais Conde D’Eu começaram a diminuir progressivamente, se encerrando após a construção da ponte de concreto sobre o Rio Cachoeira, em 1965, ligando o centro com o bairro Boa Vista, e que passou por cima do Cais. (COMIM, 2009)

A ocupação de avenidas de tráfego intenso nas margens de rios é um problema corriqueiro em cidades do mundo inteiro, e também ocorre em Joinville. Além da degradação do curso d’água cria-se uma barreira que muita vezes serve apenas de divisor de bairros dentro de uma cidade, transformando suas margens em resíduos urbanos.

A expansão do sítio da cidade, o adensamento do uso e ocupação urbana e os equipamentos instalados na beira-rio impactam o ambiente natural, ocasionando e produzindo espaços deteriorados. Quando não recebem adequado tratamento paisagístico tornam-se elementos esquecidos e maltrados no cenário da cidade, sendo mais forte sua influência negativa na vida das pessoas do que a importância do rio na configuração histórica e geográfica do espaço urbano.

O rio Cachoeira ainda preserva bonitas paisagens, apesar de a cidade ter se voltado de costas para ele em vários locais. A fábrica da Ciser é um exemplo, ignora o rio, com galpões amontoados em sua margem, desvalorizando todo o entorno.

LEITURA DO ESPAÇO

O terreno da fábrica da Ciser fica nos limites de quatro bairros: Centro, Bucarein, Boa Vista e Saguaçu. A acessibilidade a ele é garantida, também, pela proximidade com o Terminal Urbano de Ônibus. No terminal central chegam linhas de toda a cidade, e nele é feita integração gratuita.

A porção do entorno do Mercado Público é bastante escassa de atividades e de fluxo humano. A causa dessa situação fica clara se analisarmos o uso de suas bordas.

O centro da cidade é animado principalmente pelo comércio varejista. Pelo mapa abaixo percebe-se que o fluxo desse uso se dá a partir do Terminal Urbano de Ônibus, mas se dirige para Oeste, em direção às ruas com ocupação predominantemente de comércio e aos shoppings Mueller e Cidade das Flores. A Leste do Terminal encontra-se uma porção do centro com usos pouco variados e atrativos, com quase exclusividade de serviços, com repetições de imobiliárias, escritórios de advocacia, contabilidade e auto-escolas.

O entorno do Mercado Público, além de ser afetado por uma ruptura no fluxo de pedestres que estão no centro, é vizinho dos muros de uma fábrica, que também é vizinho de uma encosta de morro com borda privada ocupada por residências de alto padrão. Na frente do Mercado um grande terreno baldio não exerce função alguma, e alguns prédios abandonados também configuram o espaço, talvez resultantes do descaso público com todo esse espaço.

Em Joinville não se está apenas diante de questões que envolvem o tratamento da água e o paisagismo das margens. Pela relação direta que tem com São Francisco do Sul - cidadãos de uma cidade que trabalham na outra - pela proximidade pluvial com outras cidades como Barra do Sul e Itapoá, e o potencial turístico, o Rio Cachoeira tem capacidade de ser encarado como elemento de unidade entre distintas zonas urbanas. A região formada pela Baía Babitonga compõe uma das mais belas paisagens do país e com enorme potencial para o turismo. Garuva, Joinville, Araquari e São Francisco do Sul são facilmente acessíveis por rios. Com a reabertura do Canal do Linguado, Balne1ário Barra do Sul completaria o circuito com grande potencial de crescimento econômico da região.

No final de 2008, Joinville adotou a forma alternativa de transporte, com a pretensão de conectar Joinville e São Francisco do Sul, através do Rio Cachoeira. e instalou o terminal hidroviário próximo ao Mercado Público de Joinville.

Em 6 meses de operação entre Joinville e São Francisco do Sul, o JetBus ficou atracado na maior parte do tempo no cais Conde D’Eu em função de problemas na dragagem do rio Cachoeira. Atualmente a embarcação se encontra aos cuidados da Marina Porto do Sol que aluga para grupos fechados.

Através do Jet Bus, acraditava-se que o Rio Cachoeira ganharia nova vida com a navegabilidade e transporte de passageiros. “O retorno à navegação marca o início de um trabalho de conscientização junto à população sobre a importância da recuperação ambiental do Cachoeira”, revelou em entrevista o secretário da Secretaria de Desenvolvimento Regional, Manoel Mendonça.

Aumentar a exposição do rio à população pode trazer um efeito de reconhecimento do ambiente natural, aumentando a pressão da população diante do poder público para a efetivação de iniciativas como o JetBus.

PROXIMIDADES RIO CACHOEIRA TRANSPORTE HIDROVIÁRIO

É a maior área verde central e um referencial visual para a cidade, que é quase totalmente plana. O morro do Boa Vista é considerado área vital para a manutenção do equilíbrio ambiental e ecológico e a qualidade de vida da população. Em 1975 foi promulgada a Lei 1410 (Cota 40), que proíbe a construção nos morros de Joinville acima de 40 metros do nível do mar. Essa lei constituiu o instrumento que garantiu a preservação do morro.

É no Morro do Boa Vista que se encontram as antenas de televisão e também o parque Zoobotânico. Está em andamentos, o projeto da Prefeitura Municipal do Parque do Morro do Boa Vista, que prevê trilhas, mirantes e áreas de estar afirmando o espaço como um parque ecológico.

MORRO DO BOA VISTA

Mercado Público

Porção predomin. residencialPorção predomin. serviçosPorção predomin. comercial

Edifícios industriaisEdifícios institucionaisAbandonados/baldios

Usos do entorno da área da Ciser. Foto: Google Earth (2009). Esquema: autora. Rio Cachoeira. Foto: Flickr - Wesley Angelo Alberto.

Ciser à esquerda, Jet Bus e Moinho à direita. Foto: Flickr - Wesley Angelo Alberto.

Morro do Boa Vista. Em primeiro plano, o centro. Fonte: Wikipedia.

Shopping Mueller

Shopping Cidade das Flores

Terminal

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AÇO

O Moinho Santista (ou Moinho Joinville) foi inaugurado em 19 de abril de 1913, na cidade de Joinville-SC, sob o nome Oscar Schneider & Cia. Foi construído às margens do rio Cachoeira, o cais Conde D’Eu, que permitia o recebimento de matéria-prima por via marítima, através de barcaças puxadas por rebocadores. Em 1920, o Moinho foi adquirido pelo Grupo Mercantil Brasileiro S.A. - UMBRA e, em 1940, seu conjunto industrial foi transferido para a S.A. Moinhos Rio Grandense - SAMRIG, empresa do grupo Bunge. Em 1970, o Moinho Joinville foi arrendado pela S.A. Moinho Santista Indústrias Gerais, também do grupo Bunge.

O Moinho Santista forma com o Rio Cachoeira uma paisagem surpreendente. O edifício é tombado pela Fundação Cultural de Joinville e possui arquitetura de valor* que, apesar de fechar o acesso da cidade ao rio, compõe uma frente para ele.

*Revolucionária para a época, a construção teve como base uma estrutura montada em ferro, o que lhe conferia um ar de modernidade e progresso e fazia com que se destacasse no cenário industrial de Joinville. Progresso às margens do Cachoeira. ANCidade. 1998.

Em 2008 foi definido em Joinville a Lei Complementar No. 261/2008, o qual dispõe sobre as diretrizes estratégicas e institui o Plano Diretor de Desenvolvimento Sustentável. Essa Lei Complementar dá conceitos de ocupação urbana, dispõe sobre os instrumentos do Estatuto da Cidade, define o que serão as macrozonas urbana e rural, e aponta o que será definido em futuro ordenamento territorial.

Desde então as zonas dentro dessas macrozonas estão sendo discutidas a fim de definir o Plano de Ordenamento Territorial. No site do IPPUJ, na sessão Conselho da Cidade é possível ter acesso aos documentos em análise.

No mapa abaixo está um recorte do Mapa de Uso e Ocupação do Solo Urbano de Joinville proposto até então. O terreno em estudo nesse trabalho encontra-se na Macrozona Área Urbana de Proteção Ambiental, e no Ordenamento Territorial mais específico é chamado de SE-05 – Setor Especial de Conservação de Várzeas.

Área Urbana de Proteção Ambiental (AUPA) - são as regiões que apresentam grandes fragilidades ambientais, caracterizando-se por áreas acima da cota 40, áreas de mananciais de água, margens de rios e manguezais e áreas verdes consideradas reservas paisagísticas, que necessitam de grandes restrições de ocupação para efetiva proteção, recuperação e manutenção.

Ainda não existem definições técnicas sobre o potencial construtivo desse Setor Especial, como gabarito e taxa de ocupação; existe apenas a definição conceitual.

Chama a atenção, de forma positiva, a intenção de preservação do terreno da Ciser, levando-se em conta que é uma propriedade privada, com localização central e, portanto, de grande valor imobiliário; que poderia servir à construção de um grande shopping center, um hipermercado ou um condomínio residencial de alto padrão. Considera-se, entretanto, uma grande contradição a preservação de apenas uma das margens do rio e, também, a interrupção dessa preservação quando na Avenida Beira-Rio (a norte do mapa).

ADJACÊNCIAS DA ÁREA DA FÁBRICA - 1933-2000

Mercado Público Cais Conde D`Eu

Futuras instalações Ciser

Moinho SantistaEmbarcaçõesPequenas indústrias

Mercado PúblicoCiserMoinho Santista

Setor da Lepper

LEITURA DO ESPAÇOMERCADO PúBLICO “gERMANO KURT FREISSLER” MOINHO SANTISTA PLANO DIRETOR

Mercado Público hojeFonte: Arquivo Pessoal

Cais Conde D’Eu, final do século XIX. Fonte: Arquivo Histórico de Joinville.

Mercado Público reconstruído em 1956Fonte: Arquivo Histórico de Joinville

Mercado Público em 1907Fonte: Arquivo Histórico de Joinville

TerrenoÁrea Urbana de Adensamento Prioritário 01Área Urbana de Adensamento ControladoSetor Especial de Interesse CulturalSetor Especial de Interesse Público em AUAPSetor Especial de Conservação de Várzeas

Na primeira década deste século, o rio Cachoeira era a principal via de escoamento da produção da Joinville e também de chegada de insumos para as indústrias que se avolumavam nas redondezas.

Com o aumento do movimento e a concentração da cidade nessa área, foi necessário montar uma estrutura maior. Em 1906 foi construído o primeiro mercado público, e inaugurado em 12 de Março de 1907, quando ali se praticava a comercialização de pescados oriundos das comunidades pesqueiras de São Francisco do Sul. O prédio tinha um estilo português, que lembrava o do atual Mercado Público de Florianópolis.

O local começou, então, a ser utilizado por diversos produtores locais, estabelecendo uma feira para troca e venda de suas mercadorias. Valorizada, a área ao redor do porto gradativamente passou a abrigar importantes armazéns, olarias, engenhos, que com isto agilizavam o processo de exportação e importação de produtos.

O Mercado Público foi o local de vários eventos sociais como a chegada dos campeonatos de remo que aconteciam no Rio Cachoeira e também sediou acontecimentos históricos importantes como a batalha dos militares Joinvillenses contra os militares vindos de Florianópolis na Revolução de 30.

Com o passar das décadas o Mercado Público de Joinville é reflexo da migração que fez crescer e mostra a heterogeneidade da cidade, visto que este local é freqüentado por grupos com diferentes identificações e origens.

O Mercado ainda representa um espaço diferenciado na cidade, porém sua utilização não é corriqueira, ou seja, ele se apresenta bem movimentado apenas nos fins de semana ou em eventos específicos; fato que acaba sendo causa e efeito do pouco interesse de comerciantes em permanecer no local. Hoje em dia o comércio no mercado é limitado e por muitas vezes sua praça serve apenas como estacionamento, alternativa para não pagar o estacionamento rotativo do centro.

Moinho Joinville. Fonte: Flickr - jaurtorq torq Moinho Joinville. Fonte: JJ Tavares

Panorama de Joinville, 2000. Fonte: Wikipedia.

Panorama de Joinville, 1933. Fonte: Arquivo Histórico de Joinville. Recorte Plano Diretor. Fonte: www.ippuj.sc.gov.br

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DIRETRIZES DE USO E OCUPAÇÃO

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No Centro e seu entorno, ao lado de atividades residenciais, comerciais e de serviços, localizam-se diversas edificações industriais erguidas a partir do início do séc.XX, algumas ainda em atividade produtiva. Quatro dessas indústrias (o moinho e outras três com imagens abaixo) estão entre os bens tombados pelo município, consideradas relevantes pelo valor arquitetônico e histórico do sítio industrial de Joinville. O imóvel da indústria da Ciser, fundada em 1959 e localizada em ampla e privilegiada area às margens do rio Cachoeira, não foi considerada uma Unidade de Interesse de Preservação pelo Patrimônio Cultural. Certamente contribuiram para essa resolução os seguintes aspectos:

A história da cidade é aquela do espaço público. O espaço público é inclusivo, é onde melhor se pode exercer o urbanismo, a cultura urbana e a cidadania; é um espaço físico simbólico e político (BORJA, 2001). O termo público remete para dois fenômenos distintos embora correlacionados: o da ACEssIBILIDADE, pois tudo que vem a público está acessível a todos, isto é, pode ser visto e ouvido por todos. E, o termo público centra-se, também, na idéia de COMUM. O comum partilhado, por sua vez, permite o acesso à diversidade e sua conseqüente apreensão e aceitação, redundando na disponibilidade da sociedade à tolerância e à criatividade (ARENDT, 1997).

Como já citado, a nova lei de Ordenamento Territorial de Joinville prevê a preservação de parte das margens do rio. Essa condição legislativa possibilita a apropriação desse espaço para o uso público, questão que deve ser enfrentada de forma a agregar relações entre o ambiente natural e o espaço construído.

Observa-se, no entanto, que não é suficiente a demarcação e determinação em lei da proteção destas áreas, mas sim a integração definitiva ao cotidiano do cidadão através do uso público e não-degradante destas. Somente assim estes espaços deixarão de representar um obstáculo ao crescimento da cidade, incluindo e evocando seu uso, para além do manejo ambiental: a sua UTILIzAçãO.

Em novembro de 2010, o forro do prédio que abrigava a Biblioteca Pública Municipal Rolf Colin caiu, a biblioteca foi interditada e seu acervo foi levado para um antigo restaurante no bairro Anita Garibaldi, que abriu as portas para o público em fevereiro de 2011.

Em entrevista à autora, Alcione Pauli, a coordenadora das biliotecas, contou que o projeto para a reforma da Bilioteca existe desde 2008, mas ainda não está concluido. O prédio interditado tem 650,00 m² (com 55 mil títulos), e sua área aumentará para cerca de 1200,00 m². O projeto ainda não foi acertado por discordâncias da equipe da biblioteca, que considera que o espaço continua insuficiente.

A maior dificuldade para a adequação das áreas, são as exigências da gerência de patrimônio de Joinville, já que as instalações, datadas da década de 1980, são consideradas uma Unidade de Interesse de Preservação. A nova biblioteca deve conter um auditório, ampliação do local de pesquisa e criação de mezaninos. A sugestão da coordenadora é que o antigo prédio abrigue apenas uma unidade da biblioteca, mas que eles possam ser encaminhados a um espaço maior.

CENsO - No dia 30 de abril de 2010 o Ministério da Cultura divulgou o Censo Nacional das Bibliotecas Públicas Municipais. No dia 07 de Maio o Jornal ANotícia fez uma matéria sobre o resultado: Mal na foto das bibliotecas - Joinville tem o menor número de bibliotecas para cada 100 mil habitantes no estado, aponta censo do Ministério da Cultura.A pesquisa mostrou que Joinville é a cidade catarinense com o pior índice de bibliotecas por 100 mil habitantes (0,20). A pesquisa mostra que Joinville tem apenas duas estruturas públicas – a Biblioteca Rolf Colin, no Centro, e a Professor Gustavo Ohde, em Pirabeiraba – para atender a uma população de mais de 500 mil moradores. Joinville tem, ainda, o segundo pior índice do Sul do país. A primeira cidade é Londrina/PR (0,19) e a terceira é Caxias do Sul/RS (0,24). De qualquer forma, o número de 60 mil títulos para uma cidade com mais de 500 mil habitantes é um número bastante abaixo de qualquer índice necessário.

O Censo Nacional faz parte do Programa Mais Cultura, inserido no programa do PAC, o qual tem por objetivo subsidiar o aperfeiçoamento de políticas públicas em todas as esferas de governo – federal, estadual e municipal – voltadas à melhoria e valorização das bibliotecas públicas brasileiras.

Espaço Público

Biblioteca Municipal de JoinvilleA Fábrica‘’Mesmo quando se procura uma avaliação exclusivamente numérica surgem questões difíceis. Por que um acervo básico deve ter 2 mil obras e não 4 mil? Por que uma cidade com uma população de 5 mil deve ter um acervo de 3 mil impressos? Os critérios são estabelecidos a partir de uma hipotética quantidade de informação que o cidadão deve reter para estar bem informado? Essas questões desdobram-se e criam mais dúvidas do que certezas.’’ (MILANESI, 1997)

Existem duas relações que podem ser consideradas para definir o total de volumes.

1 - Os autores indicam que o projeto de uma Biblioteca Pública deve prever um crescimento anual da coleção de 10% e o espaço deve ser projetado de forma a receber tranquilamente a coleção dos próximos 10 anos. Considerando o número atual de volumes de 60 mil livros, o total de volumes em 10 anos seria 155 mil livros.

2 - ROMERO (2001) considera que o usuário potencial da biblioteca representa, em média, 25% do total de habitantes da cidade. Considerando 495 mil habitantes (descontando a população do distrito de Pirabeirada, que já tem Biblioteca Pública), resulta num total de 124 mil usuários.

De acordo com essas duas informações, chega-se numa relação de 1,3 livros/usuário, número considerado adequado. Segundo recomendação dos autores a coleção fica dividida em: 10% retirados (fora da biblioteca), 50% coleção geral livre, 10% obras de referência, 25% coleção infantil, 5% obras raras). Pelo número de volumes e as atividades previstas chegou-se num dimensionamento preliminar de cerca de 5.000,00 m² (pesquisa e dimensionamento detalhados no TCC1). O programa foi montado com referência em livros especializados, referências e no programa do concurso público de arquitetura para o projeto da Biblioteca Pública de SC.

Durante a pesquisa do TCC1 foram feitas algumas reflexões da importância da cultura e do lazer para a formação do cidadão, que encaminharam esse trabalho a uma abordagem mais ampla do conceito de biblioteca, para que atue como um centro de ação cultural e educacional permanente.

Segundo definição do escritor Santi Romero (2001) entende-se por biblioteca qualquer conjunto organizado de livros, periódicos, gravuras, mapas, gravações de som, documentação gráfica e outros materiais bibliográficos, manuscritos, impressos ou reproduzidos, que tenha a finalidade de reunir e preservar estes documentos e facilitar seu uso através de técnicas e pessoal apropriados, para propiciar a informação, investigação, educação e lazer.

Em 1994 a UNESCO divulgou o Manifesto da Biblioteca Pública com o objetivo de incentivar os governos locais e nacionais a apoiar e participar ativamente no desenvolvimento das bibliotecas públicas. Os princípios básicos do manifesto permitiram avaliar a complexidade de funções e serviços de uma instalação de seu tipo. O novo cenário apresenta as bibliotecas públicas como centros de documentação, com especial ênfase para a divulgação e promoção da cultura.

As bibliotecas públicas passam, mundialmente, por grandes transformações, para responder a um novo conceito, em que livros, espaços e mobiliário só têm significado se contribuírem para enriquecer a vida do usuário. As novas bibliotecas são projetadas a partir do princípio de que não devem ser apenas espaços silenciosos, mas que se aproximem de centros culturais, atuando como instrumento de educação e de formação de cidadãos.

Qual Biblioteca

Dimensionamento

Como o público é heterogêneo, a demanda será imprecisa. O que o público deseja? Para satisfazer essa pergunta, bastaria fazer uma “pesquisa de mercado”: indagar e, depois, contar as respostas. A partir disso, instituir o serviço de acordo com o perfil do público. O que, em termos de qualidade, poderia ser um desastre. As pessoas querem aquilo que aprenderam a identificar como “bom”, sem perspectiva que permita ir além da superfície e das aparências. O que a cidade precisa saber? Como é provável que os usuários em potencial desconheçam o perfil de sua própria dúvida, deverão ser criadas ações criadoras de demanda, levando o usuário a desejar conhecer mais. (MILANESI, 2003)

Usuário

1. Flexibilidade“É difícil, senão impossível, saber como evoluirão esses edifícios no futuro, a única certeza é que evoluirão.”

2. Compacidade

3. Acessibilidade

4. Capacidade de ampliação

5. Variedade

6. Organização

7. Conforto

8. Sinalização

9. Sustentabilidade e Manutenção

10. Segurança“A vigilância e a atenção são mais fáceis em uma planta diáfana do que em espaços fragmentados”

*arquiteto inglês Harry Faulkner-Brown, construtor de bibliotecas e membro influente da Federação Internacional da Associação de Bibliotecas (IFLA).

10 Mandamentos de Faulkner-Brown*

- Esse amplo complexo fabril constitui-se num obstáculo à permeabilidade visual e física, sem integração com os elementos edificados e naturais que configuram esse sítio e construíram a história do lugar (rio, morro, mercado, moinho);- A indústria está localizada às margens do rio Cachoeira, em terreno alagadiço (foto 1933, página anterior) cuja impermeabilização contribui para ampliar a extensão e a frequência das inundações.Sob o ponto de vista das políticas de preservação, portanto, não há restrições à demolição parcial ou total dessas edificações. Considera-se, entretanto, que a fábrica da Ciser, por se constituir num testemunho histórico da ocupação industrial no centro de Joinville deveria permanecer na memória urbana de maneira sutil e simbólica, mas sem impedir o uso e a apropriação pública de seu sítio. Dessa forma, pretende-se:- suprimir os antigos galpões da Ciser, em sua maior parte situados em área de preservação permanente, transferindo o usofruto da área para uso público, com fácil acessibilidade e um efetivo uso social, agregando valor aos elementos de seu entorno;- Recuperar as condições ambientais das margens do rio, garantindo maior permeabilidade do solo e criando mecanismos de controle de enchentes;- Garantir a conservação das referências industriais na história da cidade com fragmentos simbólicos e sutis, testemunhos de um processo histórico de ocupação e de memória urbana.

- A Ciser é formada por um conjunto superposto de edificações e de anexos construídos sem planejamento em decorrência de mudanças das necessidades produtivas;- O conjunto de galpões não guarda registro arquitetônico e construtivo significativos como outros sítios industriais históricos, constituindo-se de edificações ligeiras com coberturas de fibrocimento, implantadas de forma sobreposta e ocupando quase a totalidade do terreno;

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DIRETRIZES DE USO E OCUPAÇÃO

Essa é a lógica mais comum de ocupação das margens dos rios nas cidades.

Em Joinville não é diferente. Apesar da farta arborização o espaço não é feito para as pessoas.

Esse projeto vê a oportunidade de quebrar com o muro existente e a ocupação indevida das margens do rio.

1. GARANTIR ACESSO a um espaço aberto no centro da cidade, relacionado com os elementos naturais e construídos, através de uma ocupação com atividade de caráter público.

Que essa ocupação possa ser um contraponto a um modelo de cidade e fazer parte de uma política de uso da orla.

2. IMPLANTAR UM PARQUE na margem do Rio Cachoeira como preservação da faixa de 50m exigida pelo código fl orestal.

Esse parque, representa a expansão da área verde na cidade, contribuindo para melhorar a permeabilidade do solo, minimizando as enchentes. O seu uso com atividades de lazer integra as margens do rio ao cotidiano do cidadão através do uso público e não-degradante.

3. ESTABELECER CONEXÃO com o Mercado Público através da valorização do acesso de pedestres entre o mercado e o parque.

A Rua que corta o terreno no sentido transversal é encarada como um fator positivo, pois traz a cidade para dentro do parque urbano e fortalece a conexão com o Mercado Público.

PARQUE LINEAR - espera-se que futuramente o parque faça parte de um projeto maior – um parque linear – integrado a Norte com o Centreventos Cau Hansen e o SESC e a Sul com o Parque da Cidade* e à Estação da Memória. Esse parque deve representar, além da preservação ambiental, um percurso cicloviário, conectando bairros ao Centro da cidade e criando áreas de lazer, como uma rede.

*O Parque da Cidade foi inaugurado no fi m de 2011 e inclui em seu programa equipamentos como playground, mirantes, quadras de esporte, pistas de skate e um centro de convivência.

Para ver perspectivas novas e sentir ambiências novas.

Proposta de ciclovias/ciclofaixas (conforme a dimensão de cada via) integradas às vias para que possam representar um percurso de deslocamento efetivo. Todos os terminais de ônibus já estão sendo equipados com bicicletários.

O trecho do interior do terreno é apenas uma Ciclofaixa de lazer. Quando da efetivação do trecho ciclável ao longo do Rio Cachoeira, a ciclovia de deslocamento entre bairros deve ser direcionada para fora do parque, a fi m de evitar confl ito de usos.

Ciclovias existentes

Ciclovias/ciclofaixas propostas

Linhas de ônibus que vão para o terminal

Linhas de ônibus que vão para o bairro

Respectivos pontos de ônibus

Linhas de ônibus que vão para o terminal

Linhas de ônibus que vão para o bairro

Respectivos pontos de ônibus

Via alargada

EXISTENTE - linhas de ônibus que dão acesso ao terreno em estudo com os respectivos pontos de ônibus.

PROPOSTA - é proposto um alargamento da via que limita o terreno a Leste, para que a via que corta o terreno ao meio seja desafogada do trânsito pesado e possa, eventualmente, ser fechada para eventos maiores no parque, ou nos fi ns de semana. Para isso foi alterado parte de um percurso de ônibus e foram dispostos mais pontos de ônibus para atender a quem chega à biblioteca/parque.

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50 metrosParque da Cidade

Estação Ferroviária

Centreventos

SESC

Bibliotecaproposta

PONTOS DE PARTIDA DO PROJETO

A imagem abaixo (Rio, Morro, Rua transversal, Limite “externo” (rua longitudinal), Mercado Público, 50 metros de preservação); a condição do terreno totalmente plano e sem possibilidade de escavação; e os pontos de partida do projeto me conduziram a uma concepção muito simples do edifício.

Em contraposição ao excesso de informações e movimentos encontrados no centro de uma cidade, propõe-se um relaxamento aos olhos, uma LINHA DO HORIZONTE, onde predomine a ordem e a ECONOMIA DE GESTOS. Um espaço da leitura, do conhecimento, da informação; do estar relaxado e desafogado; mas também do encontro e da troca, onde a participação do usuário complementaria a simplicidade do todo.

imagem dos elementos do entorno imediato

1. LIBERAçãO DO TÉRREO- Protege o programa da biblioteca de alagamentos.- Libera o espaço para que o edifício não seja um novo obstáculo.- Desenha o chão público do edifício tridimensionalmente, distinto do terreno natural que o circunda, sem enclausurá-lo.- Sombreamento e proteção de chuvas para intensificação do uso.- Mantem continuidade do rio até o pé do morro.

2. CONEXãO DAs DUAs PORçÕEs DO TERRENO COM O EDIFÍCIO- Dá unidade ao conjunto- A Biblioteca se insere no parque de forma total

3. EsTRUTURA MODULAR- Flexibilidade do uso do espaço- Capacidade uniforme de sobrecarga

Um elemento horizontal que conforma uma grande praça coberta pública.

Elevado, ele se constitui como um elemento marcante na paisagem.

Acompanha o desenho dos elementos de seu entorno, sendo contrastado apenas pelas árvores existentes, e pela rua perpendicular a ele.

Transpassa a rua, dá unidade aos terrenos divididos, faz com que todo o espaço seja o parque da Biblioteca Pública.

Figura e fundo. Um edifício de fácil leitura, porém com a expressividade adequada à importância de seu uso.

O resultado, portanto, foi a síntese das diretrizes de projeto e das relações com seu entorno em uma grande simplicidade formal. O projeto é organizado com uma plataforma horizontal, que aparece longitudinalmente ao rio e ao morro, sendo a peça estruturadora do espaço público.

A linearidade oferece uma relação franca e clara com os elementos que influenciaram sua forma; e a solução arquitetônica deixa claro tanto o caráter livre do parque quanto o caráter de acesso controlado da biblioteca.

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... aquilo que ela imprime como característica não é produto da vontade de parecer alguma coisa outra, mas sim produto de considerações muito específicas no caso (...) Não buscamos a concisão formal, mas a síntese das considerações feitas durante o processo de desenho. (Ângelo Bucci)

Não se volta a uma materialização de uma imagem, e livra-se, assim, de gratuidades formais e de metáforas banais para explicar a criação de uma forma alheia ao problema em questão. (Henrique Zulian)

A forma

PONTOS DE PARTIDA DO PROJETO

1. PERMEABILIDADE- Relação visual edifício/parque -> Fachada translúcida -> Pele de proteção- Continuidade visual- Rasgos no edifício criam espaços diferenciados e aproximam interior e exterior- Térreo livre e “leve” para qualidade de percepção do espaço

PONT

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Relação do edifício com o térreo

2. ACESSOSOs acessos ao edifício são amplos e conformam espaços diferenciados que diluem a transição entre o exterior e o interior. Eles são valorizados ao estarem inseridos em pátios externos cobertos que se extendem para varandas internas, ainda de livre acesso. Os pátios cobertos são espaços essencialmente informais e possíveis áreas para apresentações ou eventos não convencionais como rodas de estórias, performances teatrais, além do livre uso cotidiano para leitura, jogos ou quaisquer outros encontros.

rasgos / continuidade visualacessos / continuidade pátios externos - varandas internas

Solução estrutural

Toda arquitetura de qualidade mostra uma relação direta entre forma e construção, apoiada na pertinência das escolhas de materiais, técnicas e formas. (Edson Mahfuz)

O sistema estrutural proposto nasceu junto com o edifício, respondendo a diversas questões buscadas no projeto.

- Capacidade de crescimento da edifi cação ou até mudança de uso: linearidade e modulação.

- Flexibilidade do uso do espaço: planta livre e estrutura independente.

- Qualidade de percepção do espaço aberto do térreo: térreo livre e “leve”.

- Transposição da rua: vão livre adequado.

- Permite uma execução rápida e precisa, com mais controle e menos desperdícios.

- Manifesta-se como instrumento de ensino ao revelar sua estrutura e processos tecnológicos, mostrando como é constituído o edifício.

Para isso, a estrutura principal se defi ne por duas grandes TRELIÇAS METÁLICAS; elas são as vigas do sentido longitudinal do edifício, e permitem um vão livre de 30m.Este sistema, é a estrutura resistente e juntamente com a pele constrói a estrutura formal do edifício, ou seja, DÁ O CARÁTER DA BIBLIOTECA.

Para explicar a escolha da laje steel deck deve-se explicar que não se trata simplesmente da escolha do sistema estrutural, e sim de um sistema construtivo:

-Dispensa escoramento

-Reduz gastos com desperdício de material

-Facilidade de instalação e maior rapidez construtiva

-Facilidade para a passagem de dutos das diversas instalações

-Favorece a fi xação de forros

-O parafuso especial utilizado no sistema é fabricado em Joinville

Pilares de concreto: melhor comportamento à compressão

Treliça metálica: módulos de 30m, treliçada a cada 7,5m

Vigas metálicas transversais: 1,10m de altura. Vão transversal: 25m.

Lajes sistema Steel Deck

Programa

O programa foi organizado de modo que evite confl ito de usos pelo silêncio exigido em algumas áreas, em contraponto com a dinamicidade que se espera da biblioteca atual. O térreo é pensado como um local de acontecimentos mais dinâmicos e livres, portanto o silêncio aumenta conforme se desloca para cima. A outra organização é feita da esquerda para a direita no corte abaixo (ou de Norte para Sul) e a Midiateca fi ca num local mais afastado do acervo, seguida da varanda interna, um local para exposições e encontro.

mai

s si

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mais dinâmico

Acervo geral

Estudos

Recepção/periódicos diários

Infantil

Administrativo

Midiateca

Áudio e vídeo

Exposições/ varanda/ encontrosAuditório/ café/livraria

Organização

As peças fi xas do edifício (sanitários e circuação vertical) foram dispostas de forma organizada e racional, seguindo a modulação de todo o edifício para liberar o máximo de espaço e manter as premissas de fl exibilidade e possibilidade de reuso da edifi cação. O edifício é sistemático e todos seus subsistemas podem ser isolados, pensados de modo autônomo segundo suas estratégias particulares.Com essa organização do espaço o usuário da biblioteca tem clareza das circulações e uma fácil apreensão do espaço.

Circulação vertical

Sanitários

A sistematicidade nas decisões de projeto permite a resolução de muitos problemas arquitetônicos, e reduz a margem de arbitrariedade das decisões projetuais ao defi nir critérios ordenadores. (Edson Mahfuz)

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Pele de Proteção. Para proteger as as fachadas longitudinais (Nordeste e Sudoeste) uma pele controla a insolação, permitindo contato visual e ventilação.

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Não foram criados novos percursos para atrair as pessoas do terminal até a biblioteca, pretende-se valorizar as praças já existentes do centro através da indicação do caminho com via de pedestres arborizada e generosa e via ciclável.

01

Acesso Principal. O acesso transversal conecta Mercado Público, Rio, Biblioteca e Morro. Ele é tratado como uma ampla calçada, de onde se avista o edifício e convida para a entrada.

03

Acesso Norte. A chegada ao parque é marcada com um alargamento do calçamento e com uma grande árvore como ponto de referência.O caminho da sequência já é hoje uma área bem arborizada.

02

Acesso futuro Parque Linear.05Acesso Sul.04

01

02

06

0304

05

06

06

Estacionamentos com bicicletários nos extremos.06 esc. 1/2500

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05

07 06 08 09

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17

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14

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15

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esc. 1/1000

1604

19

Praça06A praça nasce no Mercado Público e por isso tem a mesma marcação de piso. Espaço de chegada, reconhecimento do edifício através da relação visual com as duas entradas e o rasgo sobre a rua.

Passio Orla04 O desenho sinuoso ora se aproxima do rio, ora se afasta, para criar diferentes espaços e proporcionar diferentes percepções.

Memorial da Indústria05

Sobre a projeção do 1o. edifício da Ciser é desenhado um grid de pedra que conforma espaços de estar, com grandes bancos voltados para o rio e para o edifício e um deck solto sobre a bacia de retenção.O grid tem os vértices marcados com pilaretes e um grande banco na parte mais próxima do edifício. Marcações nesses elementos contam a história da ocupação industrial no centro, da própria indústria Ciser e sobre a criação do parque.

Pátio07Espaço coberto, proporciona sombreamento e proteção das chuvas, intensifi cando seu uso. Espaços específi cos para estar e leitura e espaços limpos/ neutros/ imparciais para livre apropriação.

Anfi teatro08 Pode ser utilizado como extensão da biblioteca, contações de histórias, discussões e debates, apresentações ao ar livre, etc

Parque infantil01

Deck03Lanchonete02

Espaço de estar próximo a um dos acessos. Tem como elemento principal a lanchonete, que se estende para o exterior. A associação dos elementos proporciona um local ideal para a família.

Academia ao ar livre 10 Localizada próximo ao outro acesso e ao outro estacionamento com bicicletário

Espaço arborizado11 Para proteção e acolhimento em relação ao movimento e barulho da rua

Foyer/ Exposição/ Café/ Livraria/ 09

Associado com o anfi teatro, também é extensão da biblioteca: exposições ao ar livre, comer e ler no café, livraria com loja de souvenirs, e o foyer do auditório em meio ao espaço externo.

02

01

03

Vegetação alta existente12 Vegetação baixa existente13Ipês amarelos (proposta)14Aripaq. Pavimento permeável, natural e contínuo, à base de pó de vidro reciclados e reativos básicos.16

Concregrama.15

Calçamento com paralelepípedo sem rejuntamento de argamassa. Indo contra a tendência atual de revitalização de calçadas com a retirada dos antigos pavimentos e do bloco de concreto, aqui é utilizado o paralelepípedo, um símbolo da pavimentação de Joinville, que é permeável e, se bem assentado, é acessível e muito durável.

17

12

12

12

14

15

No térreo está o almoxarifado - é necessário que fi que próximo à um acesso secundário de carga e descarga - associado às salas de serviço de processamento técnico e conservação e encadernação; além da sala da limpeza e depósito.

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17

Auditório19

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O espaço infantil é organizado por progressão de idade: leitura, espaço livre para atividades em grupo, de pintura, etc, e brinquedoteca.

Os biombos e o forro rebaixado dão noção de espaços menores e acolhedores. A cor é trabalhada para animar o espaço, ativando estímulos, mas sem criar confusão.

Midiateca15Jogos, conversa, leitura, etc15.1Bancadas coleção mídias15.2Pontos de áudio/vídeo15.3Computadores15.4

A varanda na extremidade Sul é um espaço para apropriação do usuário.

Proporciona uma bela vista do Moinho e um descanso da visão. Pode receber atividades da biblioteca, manifestações artísticas e exposições de diferentes formatos devido ao espaço livre e o pé-direito duplo.

04

05 06

7.1 7.2 7.3 7.6 7.7 7.87.4

7.5

3

7.10 7.11 7.12

3

7.137.9

14.1

14.2

14.3 14.4

15.1 15.2 15.315.3

15.2 15.4 16

Varanda16

14.1

tela rgb

01.1

01.1

11

07

08

07 09

Periódicos diários02

Recepção/guarda-volumes01

Empréstimo03Reprografia04

Pontos de consulta06Acervo geral07Pontos de leitura08

Setor Braile10Sofás de leitura09

10

11

12

Atendimento obras raras01.1Obras raras01

Mesas de estudo02Sala Fan Coil (ar-condicionado)03

01

Consulta obras raras01.2

Salas de estudo em grupo04

1.2 1.1 0203

Guarda-volumes11Espaço relaxamento e leitura12Circulação de leitura*13

*Espaço literário, faz a transição entre o setor de adultos e o setor infantil.

Infantil14Coleção14.1Leitura14.2Atividades em grupo14.3Brinquedoteca14.4

Elevador06Circulação05

Secretária/Recepção07.1Reuniões07.2

Administração07

Diretoria07.3

Vestiários07.4Copa07.5Servidor07.6Tecnologia da Informação07.7Apoio07.8Varanda Administrativo

Sala de conservação de Multimeios

07.11

Depósito07.12Projeções audiovisuais (sala flexível com cortinas e cadeiras móveis)

07.13

Assessoria de Extensão e Cultura

07.10

07.9

Mapa Braile05

Controle de acesso01.1

06

CORT

E A

A

esc. 1/400

7 8 95 64

PERSPECTIVA PÁTIO COM SHEDS, RAMPA E LIVROSPátio de reconhecimento do edifício como biblioteca. Os brises sobre os sheds dão forma à luz, e, em associação com a estante

de livros, cria um espaço diferenciado e emblemático. Em relação à memória da fábrica, o próprio edifício faz referência à arquitetura industrial, na estrutura, nos fechamentos e nos sheds que marcam o pátio da entrada principal.

PERSPECTIVA RASGO DO EDIFÍCIO SOBRE A RUAAs aberturas do edifício para a rua aproximam os espaços exterior e interior, a cidade e a biblioteca.

No espaço interior dá valor à circulação e cria uma varanda externa para uso dos funcionários.Obs.: altura livre por baixo do edifício é de 4.50m, sufi ciente para passagem de caminhão de bombeiros.

16

1711

1009 20

1918

13

1208

06

15

Um painel luminoso percorre toda a extensão do mezanino da midiateca. Este painel é composto de telhas onduladas translúcidas e possui um sistema de combinação de cores, através do qual é possível criar

17 qualquer cor que se deseje. Sua função é dar intimidade às projeções audiovisuais do mezanino ao mesmo tempo que oferece versatilidade de composição e sensação ao espaço da midiateca.

CORTE LONGITUDINAL AAO piso escolhido para o interior da biblioteca foi o vinílico, por ser de fácil limpeza, produzir pouco ruído ao impacto, ser quente, recortável (adaptável a piso elevado) e oferecer diferentes desenhos.

Todos os fechamentos são de divisórias leves de vidro e gesso para oferecer amplas possibilidades de ordenação dos espaços, com o uso de grandes áreas ou a formação de pequenas salas. É utilizada placa de gesso hidrófuga nos ambientes umidos (banheiros, vestiário e copa).

21 3

+5,70

+9,45

+14,55

+1,00

05

04

07

03

02

01

06

Acervo02Obras raras01

Reprografi a/Empréstimo04Salas de estudo em grupo05

Estudo03 Pátio

08 Muro pátio

07

Infantil

10

Administração

11Recepção/periódicos diários

09Varanda Administração15Midiateca16Painel RGB17Anfi teatro18Foyer19Varanda/ Exposições20

Reservatórios de água/ chiller ar-condicionado

06Praça entrada

12

13

Sheds voltados para Sudeste deixam a iluminação difusa e, em associação com a estante de livros, cria um espaço diferenciado, emblemático, de reconhecimento da biblioteca.

07Brinquedoteca14Sheds O muro do pátio tem três funções: abrigar sanitários e usos administrativos do térreo, estruturar a rampa da entrada e fechar o espaço para criar contraste e evidenciar a iluminação zenital dos sheds.

08

PERSPECTIVA RAMPA DA ENTRADA PRINCIPALO uso da rampa foi prioridade no projeto, não apenas pela questão de acessibilidade, mas para que a entrada seja contínua e convidativa.

A recepção e os peródicos diários estão num nível intermediário, aproximando o acesso da biblioteca do espaço público livre.

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E B

B -

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C

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+14,55

+1,00

CORTE TRANSVERSAL CCNo térreo: pátio, rampa de entrada e almoxarifado. No 1o pavimento: periódicos diários, recepção e circulação de leitura

CORTE TRANSVERSAL BBNo primeiro pavimento corta o acervo e o mezanino

05 06 07

08

09

10 11 12 13

A B

A B

PERSPECTIVA ACERVOAs estantes tem apenas 1,55m de altura, mantendo o ambiente amplo. O espaço seria complementado com

comunicação visual, e a altura das estantes permite que o usuário se localize facilmente.

030201

Passeio orla02Bacia de retenção01

Deck (ao fundo)04Lanchonete (ao fundo)05

Grid memorial03

04

Pátio (banco descanso/leitura)07Pátio06

Mezanino (estudo)09Espaço arborizado rua/parque10

Acervo08Estacionamento funcionários e PNE12Calçada11

Ciclovia13

Nos pilaretes e no banco de concreto estará a história da ocupação industrial no centro de Joinville, da ocupação da fábrica da Ciser no local e sobre a criação do parque. Essa história poderá estar desenhada diretamente no concreto ou sobre ele em mosaico de azulejos. Dessa forma é garantida a durabilidade do memorial contra vandalismos.

03

CORT

E D

D -

COR

TE E

E

esc. 1/250

+5,70

+9,45

+14,55

+1,00

+5,70

+9,45

+14,55

-1,00

PERSPECTIVA SETOR INFATILRepresentando cerca de 25% dos usuários da biblioteca, a seção infantil tem vindo a afi rmar-se como um espaço completo dentro da biblioteca. Ao contrário da biblioteca escolar, que deve dar suporte à sala de aula, a biblioteca infantil municipal tem uma missão mais de caráter lúdico. As divisórias de vidro leitoso e o forro rebaixado são utilizados para diminuir a amplitude do espaço, que poderia

gerar insegurança e perturbação às crianças.

PERSPECTIVA CIRCULAÇÃO DE LEITURAA circulação faz a transição entre o acervo e o espaço infantil, por isso ela abrigará os livros de literatura - muito populares numa biblioteca pública - que estarão dispostos de acordo com essa transição. Os espaços de estar e leitura são conformados com sofás,

mesas e puffs ao longo do trajeto.

A B A B

CORTE TRANSVERSAL DDPassa pelo espaço infantil no 1 pavimento e administração no mezanino.

CORTE TRANSVERSAL EEPassa pela midiateca no 1 pavimento e espaço de projeção no mezanino.

CORT

E F

F

esc. 1/250

CORTE TRANSVERSAL FFNo térreo: auditório*, foyer e café. No 1 pavimento: varanda/exposições.

*o auditório tem porta estanque à água, para casos de enchentes.

PERSPECTIVA ANFITEATROO volume do auditório e café é independente da barra superior, pois não haveria razão de criar esse vínculo estrutural, compositivo ou até mesmo simbólico. Ele foi criado como um espaço neutro, uma cobertura com pequenos fechamentos, para criar alguma

sensação de abrigo no espaço aberto.

PERSPECTIVA AÉREA

A B

N

+5,70

+14,55

0,00

- 2,70

SEÇÃ

O C

ONST

RUTI

VA

esc. 1/60

PERSPECTIVA PÁTIO

SUST

ENTA

BILI

DADE

SUSTENTABILIDADE

MÍNIMO CONTATO COM O SOLO- Proteção de enchentes.- Sombreamento e proteção do espaço público, para intensifi cação de seu uso.

FACHADA EM CAMADAS- Cria uma zona de transição entre interior e exterior, diluindo essa distinção.- Em alguns pontos é utilizada como varanda. Espaço diferenciado.

Tela

Estr

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a

Esqu

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a

TELA PERFURADA- Proteção solar uniforme- Garante o contato visual com o exterior.- Sua cor clara refl ete radiação, protegendo do calor.- Filtra o raio solar, protegendo do calor.- Filtra o raio solar, controlando a iluminação.

OTIMIZAÇÃO DA COBERTURA- Cobertura verde associada ao sistema de captação da água da chuva.- Proteção da impermeabilização.- Retenção de água/controle do escoamento.- Isolamento térmico/inércia térmica.- Melhoramento do clima ambiental.- Novo habitat natural para fauna.- Possibilidade de instalação de Paineis Fotovoltaicos.

TELA PERFURADA- Permite a ventilação pelos furos- Cria uma câmara de ar ventilada entre a tela, a estrutura e a esquadria, minimizando a transmissão de calor.

VENTILAÇÃO CRUZADA

NE - 16,4%L - 26,5%

verão - ventos predominantes

A análise climática na etapa de pré-projeto ajudou na tomada de decisões e confi abilidade nas estratégias adotadas para o desenvolvimento do projeto. Joinville está na Zona Bioclimática 5. As condições desta zona indicam o sombreamento das aberturas e a ventilação cruzada como principais estratégias para controlar o calor no verão. Indicam, também, desumidifi cação do ambiente - que pode ser feita pela mesma ventilação cruzada ou de forma mecânica – e inércia térmica no inverno.

Conforto Ambiental

Adequação climática

EtiquetagemFoi cálculado o nível de efi ciência energética da edifi cação em relação à sua ENVOLTÓRIA pelo Método Prescritivo, disponivel no site do LABEEE. Nele, o usuário fornece os parâmetros de projeto e obtém a etiqueta parcial da edifi cação.

ATOT: área total construída

APCOB: área de proj. da cobert

APE: área projeção do edifício

VTOT: volume total do edifício

AENV: área da envoltória

FS: fator solar

PAFT: percentual abertura total

PAFo: percentual de abertura oeste

AVS: angulo vertical briseAVH: angulo horiz. brise

Fator solar utilizando vidro EcoLite. Com outros vidros a etiquetagem continua sendo A.

Bacia de retençãoDois fatores foram decisivos para a escolha de utilizar parte do terreno como bacias de retenção: as fotos antigas que mostram sua condição alagadiça com várias pequenos córregos; e as constantes enchentes no centro de Joinville. A bacia de retenção é um dispositivo armazenador que permite o retardo no tempo de concentração das águas da chuva, possibilitando a capacidade de amortecimento da bacia hidrográfi ca.

O rebaixo de 1 metro de parte do terreno resulta em um alargamento da margem do rio e mais volume cúbico para a água ocupar em períodos de grandes chuva ou maré alta.

Para avaliar a viabilidade da proposta houve consulta com o Professor Dr. Masato Kobyama, do departamento de engenharia sanitária e ambiental da UFSC.

Condicionamento de arO sistema de ar-condicionado é todo independente, permitindo total liberdade ao projeto de ar-condicionado. O sistema adotado é do tipo água gelada com chiller de condensação a água. O pré-dimensionamento indicou o uso de 02 chillers de 160 TR, localizados na cobertura. O sistema de distribuição do ar será através de 03 unidades fan coil estrategicamente localizadas, armazenados em salas com ventilação necessária – tanto no nível em que está instalado através de portas com venezianas quanto com dutos que saem pro ar exterior. A climatização com Fan Coils possibilitará o controle de temperatura, qualidade e umidade do ar INDIVIDUAL dos três ambientes principais.

O ar é distribuído a partir das salas dos Fan Coil através de dutos localizados acima do forro, e com saída por difusores lineares localizados entre as réguas do forro. O resultado é espaço limpo, com uma instalação sem a necessidade de acabamentos posteriores.Consultoria Sistema de ar-condicionado Prof. Dr. Fernando Simon Westphal

Sustentabilidade não é sobre quão verde seu edifício se parece, e não deve ser um adicional após o projeto, mas um guia pela qual foi concebido.

Tempo de vida útil da edifi cação (versatilidade de uso, materiais duráveis)Programa - necessidades reais.Acessibilidade aos materiais que necessitarão de manutenção.

K.I.S.S. - Keep It Simple Stupid. Arquitetura deve ser próxima de um iPhone - extremamente elegante e simples na aparência, mas extremamente efi ciente e complexa na sua operação. (3o lugar Prêmio Holcim Construção Sustentável 2010-2012)

Aproveitamento da água da chuvaEsquema de funcionamento do sistema de abastecimento complementar de água potável através do aproveitamento da água da chuva.

Reserv. inf. de água da chuva

Reserv. sup. de água da chuva

Reserv. sup. de água potável

esgoto negro

esgoto cinza

Captação da água da chuva

bomba

PERSPECTIVA RASGO DO EDIFÍCIO SOBRE A RUA

PERS

PECT

IVA

PERSPECTIVA DECK DA LANCHONETEEspaço público de estar, lazer e aproximação da orla. Aproveita-se uma clareira existente na vegetação da margem para que se perceba o todo: o parque, o rio, o mercado público e a bilioteca. Ao se aproximar mais do rio é possível ver o Moinho e seu reflexo na água.

Essa é uma perspectiva nova, que não existe no cenário atual.

“Nos memoriais os autores mostram-se preocupados com a flexibilidade de uso dos espaços e possível renovação na sua destinação; segundo eles, isso comparece no projeto através da modulação, previsão de amplos espaços cobertos, concentração de funções de serviço. Sua relação com o entorno é claramente de contraste visual, apesar de se proporem integrados com o sítio, pela facilidade de acessos.” (Zein, 2002, sobre a Escola Paulista)

REFE

RÊNC

IAS

E Ag

RADE

CIM

ENTO

S

PRINCIPAIs REFERÊNCIAs DE PROJETOArt Center College of Design - Califórnia. Craig Elwood.SAP Labs Brasil - RS. Eduardo de Almeida e Shundi Iwamizu Arquitetos.Museu exploratório de Ciências da UNICAMP. Daniel Corsi e equipe.Sede da CNM em Brasília. Luís Eduardo de Menezes; Maria Cristina Motta.Centro de Informações do Comperj, RJ. Andrade Morettin Arquitetos.Fougères Biblioteque, França. Tétrarc Architects.

REFERÊNCIAs DE PEsQUIsA- COMIM, Cristiane Carolina. Espaços de lazer na cidade de Joinville – SC. 19º Seminário de Iniciação Científica. Outubro, 2009. Departamento de Arquitetura e Urbanismo. UFSC. - GELPI, Ettore. Lazer e educação permanente: tempos, espaços, políticas e atividades de educação permanente e do lazer. São Paulo, SESC, 1983.- FRÚGOLI JUNIOR, Heitor. São Paulo: espaços públicos e interação social. São Paulo: Marco Zero, 1995.- DUMAZEDIER, Joffre. Valores e conteúdos culturais do lazer. Trad. de Regina Maria Vieira. S. Paulo, SESC, 1980.- BORJA, Jordi & MUXÍ, Zaida. L’Éspai Públic Citat e Citadania. Diputació de Barcelona, Febrer 2001.- ARENDT, Hanna. A Condição Humana. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 1997.- MENEZES, Maria Lucia Pires. A cidade e o rio, o rio e a cidade. Espaços para o público. Scripta Nova. Revista Electrónica de Geografía y Ciencias Sociales. Barcelona: Universidad de Barcelona, 1 de agosto de 2007, vol. XI, núm. 245- ZEIN, Ruth Verde. Comunicação apresentada ao v encontro de teoria e história de arquitetura do rio grande do sul, 2000. - ROMERO, Santi. L’Arquitectura de La Biblioteca, Recomanacions per um projecte integral. Col.legi d’Arquitects de Catalunya. Demarcació de Barcelona.- VIDULLI, Paola. Diseño de bibliotecas: guía para planificar y proyectar bibliotecas públicas. 1. ed. Gijón: Trea, 1998. - MILANESI, Luís. Biblioteca. Cotia: c2002. Ateliê 116 p.- MILANESI, Luís. A casa da invenção: biblioteca centro de cultura. 4. ed. rev. ampl. Cotia: Ateliê, 2003. 271 p.

AGRADECIMENTOsPrimeiramente, à minha mãe, meu tudo. Se estou aqui é por ela, cada vitória minha pertence a ela.Agradeço muito às minhas duas irmãs, meus outros pilares. Vocês três são a minha essência. Agradeço às primas e os amigos pela diversão e companhias perfeitas. Agradeço mil vezes ao Caique pelo apoio, paciência, força, preguiça, conselhos e mão de obra... Por dar mais sentido à minha vida. Agradeço às colegas Camila, Caroline e Nicole por serem minha família de floripa.Agradeço à orientadora Maria Inês Sugai e ao arquiteto Marcos Jobim pela sabedoria compartilhada.

- www.ippuj.sc.gov.br- www.urbanidades.arq.br- www.vivonacidade.blogspot.com- www.clicrbs.com.br/anoticia- www.concursosdeprojeto.org - www.archdaily.com- www.entre.arq.br- NBR 9050, NBR15220- LABEEE/LABCON - Softwares e slides.- TCCs ARQ/UFSC: Guilherme Simon, Henrique Zulian, Talita Broering, Mariana Haas- Edson da Cunha Mahfuz em www.vitruvius.com.br- Cobertura Verde em www/ecotelhado.com.br- Brises e forros em www.refax.com.br- Vidros em www.cebrace.com.br- Piso Aripaq em www.grupoentorno.es/aripaq

PERSPECTIVA NOTURNAEm primeiro plano se vê o memorial da fábrica - o deck e o grid, com os grandes bancos integrados a ele - e o passeio da orla, que entrepassa o grid. Parte da fachada do edifício - onde estão os sheds - possui um sistema de leds para projeção, e transforma o parque num grande cinema ao ar livre.