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Introdução e macete sobre enzimas na bioquímica
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Enzimas e coenzimas
Conceitos gerais
As enzimas são, na sua grande maioria, proteínas – com exceção de alguns RNAs catalíticos, as ribosinas – que aceleram reações químicas em sistemas biológicos, mantendo a constante de equilíbrio da mesma e aumentando a velocidade reacional através do aumento da energia de ativação e, finalmente, regenerando-se ao final do processo. São altamente específicas, isto é, para cada reação há apenas uma enzima catalisadora de tal substrato.
Uma enzima recém-formada e já quase apta para exercer sua função, tem sua cadeia polipeptídica globular chamada de apoenzima, ao passo que os cofatores – moléculas orgânicas e inorgânicas que interagem com as enzimas (Tabela 1) –, as coenzimas – moléculas metalorgânicas complexas (Tabelas 2.1 e 2.2) – e os grupos prostéticos – grupos ligados covalentemente, que, diferente das coenzimas, não apenas interagem com as enzimas, mas sim estão permanentemente unidos a ela – ativam, de fato, a mesma, que passa a ser denominada holoenzima.
Tabela 1: Cofatores enzimáticos
Enzima Cofator
Perioxidase Fe2+ ou Fe3+
Citocromo oxidase Cu2+
Álcool desidrogenase Zn2+
Hexoquinase Mg2+
Urease Ni2+
Tabela 2.1: Coenzimas transportadoras de hidrogênio
Coenzima Abreviatura Reação catalisada Origem
Nicotinamida adenina dinucleotídeo
NAD+ Oxiredução Niacina ou Vitamina B3
Nicotinamida adenina dinucleotídeo fosfato NADP
NADP+ Oxiredução Niacina ou Vitamina B3
Flavina adenina dinucleotídeo
FAD Oxiredução Riboflavina ou Vitamina B2
Tabela 2.2: Coenzimas transportadoras de agrupamentos químicos
Coenzima Abreviatura Reação catalisada Origem
Coenzima A CoA-SH Transferência de grupo acil
Pantotenato ou Vitamina B5
Biotina - Transferência de CO2 Biotina ou Vitamina H
Piridoxal fosfato PyF Transferência de grupo amino
Piridoxina ou Vitamina B6
Metilcobalamina - Transferência de Cobalamina ou
unidades de carbono Vitamina B12
Tetrahidrofolato THF Transferência de unidades de carbono
Ácido fólico
Tiamina pirofosfato TPP Transferência de grupo aldeído
Tiamina ou Vitamina B1
As cavidades existentes dentro da estrutura tridimensional de uma enzima são denominadas sítios (Figura 1). Normalmente, uma enzima possui três sítios diferentes:
Sítio de ligação ao substrato: é geralmente uma região grande da enzima responsável pela posição correta do substrato no sítio ativo.
Sítio ativo: local próximo ao sítio de ligação ao substrato, onde a reação química vai ser acelerada.
Sítio alostérico: é uma cavidade onde um metabólico estimulante se liga, alterando a estrutura da enzima para que inicie o processo enzimático.
Figura 1: Esquema dos sítios de uma enzima. A. Os sítios estão fechados. B. Com a ligação de um metabólico estimulante, os sítios se abrem, abrigando o substrato ao sítio de ligação ao substrato e sua porção que deverá sofrer a reação ao sítio ativo.
As enzimas ainda são classificadas de acordo com a reação a qual estão relacionadas: Óxido-redutases
DesidrogenasesOxidasesPeroxidasesHidroxilases
TransferasesTransaldolasesAcil, metil, fosforiltransferaseQuinases (fosforilam, adicionam fosfato)
HidrolasesPeptidases
Fosfatases (desfosforilam, retiram fosfato)Tiolases
LiasesDescarboxilasesAldolasesHidrolasesSinteases
IsomerasesRacemasesEpimerasesMutasesIsomerases
LigasesSinteasesCarboxilases
Cinética enzimática
Para que uma enzima trabalhe corretamente, esta depende fundamentalmente do ambiente em que está inserida, no qual os fatores temperatura, pH e inibidores. Os inibidores enzimáticos podem ser divididos entre os irreversíveis (ligam-se covalentemente à enzima, desativando-a para sempre) e os reversíveis (competitivos, que usam o mesmo sítio de ligação do substrato para interagir com a enzima; não-competitivos, que usam diferentes sítios de ligação do substrato para a interação).
Além disso, a atividade enzimática pode ser regulada de acordo com sua mudança de conformação, por modificação alostérica – interação de moduladores positivos ou negativos que estimulam, respectivamente, a atividade ou inatividade enzimática –, modificação covalente – grupos fosfatos que se ligam ou desligam covalentemente a resíduos de aminoácidos (geralmente tirosina, treonina e serina) – ou clivagem proteolítica – remoção irreversível e unidirecional de pequenos fragmentos peptídicos no interior da cadeia da enzima (não é um processo de desativação, apenas ativa a enzima e não há a reconstrução dessa clivagem; uma vez clivada, a enzima permanece como tal). A modificação covalente é o principal mecanismo a qual os hormônios são submetidos, onde a fosforilação ativa ou inibe a atividade dos mesmos, dependendo de cada tipo hormonal.