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Apresentação O homem tem de transcender o genérico, alcançando uma formação individual. Uma das tarefas principais em nossa era da consciência é o desenvolvimento individual de cada um. As culturas grego-romanas ainda eram tingidas por um elemento de alma grupal. Ai o homem estava integrado a uma ordem social solidamente estruturada, embora esta formação resultasse, antes, de impulsos morais. Porém essas formações se dissolverão cada vez mais e em seu lugar deverá aparecer uma compreensão social consciente, ou seja, tudo o que decorre de uma compreensão mais profunda da entidade humana individual. Haverá os que possuirão o dom de ensinara seus próximos que os homens têm diferentes temperamentos e disposições de caráter; que um indivíduo possuidor de tal temperamento deve ser encarado de uma maneira, enquanto outro, dotado de outra disposição caracterológica, precisa ser visto de maneira diferente. Os homens que tiverem esta capacidade deverão ensinar, aos que precisam aprender, a observar melhor: existe este tipo de pessoas, existe aquele outro, e cada um deve ser encarado de maneira diferente. Assim se realizará uma psicologia prática, mas ao mesmo tempo uma ciência prática da vida, e delas resultará uma autêntica compreensão social da evolução humana (Rudolf Steiner, 1916). Carlos Beretta, Ex-instrutor de Medicina Tradicional Chinesa do Departamento de Fisioterapia da Universidade de São Carlos, é um

Biotipologia 3ª Edição - site.livrariacultura.com.brsite.livrariacultura.com.br/imagem/capitulo/42140565.pdf · finalidade é retratar o trabalho do indivíduo sobre si mesmo e

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Apresentação

O homem tem de transcender o genérico, alcançando uma

formação individual. Uma das tarefas principais em nossa

era da consciência é o desenvolvimento individual de cada

um. As culturas grego-romanas ainda eram tingidas por um

elemento de alma grupal. Ai o homem estava integrado a uma

ordem social solidamente estruturada, embora esta formação

resultasse, antes, de impulsos morais. Porém essas formações se

dissolverão cada vez mais e em seu lugar deverá aparecer uma

compreensão social consciente, ou seja, tudo o que decorre de

uma compreensão mais profunda da entidade humana individual.

Haverá os que possuirão o dom de ensinara seus próximos

que os homens têm diferentes temperamentos e disposições

de caráter; que um indivíduo possuidor de tal temperamento

deve ser encarado de uma maneira, enquanto outro, dotado de

outra disposição caracterológica, precisa ser visto de maneira

diferente. Os homens que tiverem esta capacidade deverão

ensinar, aos que precisam aprender, a observar melhor: existe

este tipo de pessoas, existe aquele outro, e cada um deve

ser encarado de maneira diferente. Assim se realizará uma

psicologia prática, mas ao mesmo tempo uma ciência prática

da vida, e delas resultará uma autêntica compreensão social da

evolução humana (Rudolf Steiner, 1916).

Carlos Beretta, Ex-instrutor de Medicina Tradicional Chinesa do Departamento de Fisioterapia da Universidade de São Carlos, é um

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estudioso e conhecedor etno na área da saúde, tendo desenvolvido uma técnica própria de abordagem das doenças e sofrimentos humanos. Baseia-se na Medicina Tradicional Chinesa, na Medicina Egípcia, na Medicina Indiana e nos grandes pensadores ocidentais do século XX.

A Medicina Tradicional Chinesa conceitua que “não existe doença, mas sim um organismo doente em função dos estados emocionais negativos”. Assim, entende-se que, para cada dor/doença, existe uma emoção.

Os setecentos pontos energéticos relacionados no corpo humano têm por função gravar as emoções negativas geradas, mentalmente, pelo indivíduo. Estimulando-se o ponto correspondente ao órgão doente, por meio de uma agulha ou da digitopressão, há liberação dessa emoção, aliviando-se a tensão sobre esse órgão.

Apoiando-se nos conhecimentos da Medicina Egípcia, e, mais recentemente, nos estudos de Freud, Jung e Rudolf Steiner, que traçaram um perfil psicológico dos indivíduos, sabe-se que a humanidade foi analisada e classificada em quatro temperamentos universais: renal, cardíaco, hepático e pulmonar.

Considerando a biotipologia humana definida por esses pensadores e o conhecimento sobre alimentação desenvolvido há mais de seis mil anos pelos orientais, esse trabalho consiste em ajustar a alimentação adequada para cada biotipo.

A pesquisa consistiu na observação de que, ao ingerir um ali-mento não apropriado ao seu próprio biotipo, o indivíduo tem que criar condições não naturais para digerí-lo, desequilibrando o seu organismo.

Dentro desse contexto, o autor vem utilizando a Medicina Tradi-cional Chinesa para obter o diagnóstico e o alívio das dores/doenças e o ajuste alimentar, como forma de manter o equilíbrio emocional e, consequentemente, o físico.

Os resultados desse trabalho têm tido um impacto altamente positivo na manutenção, promoção e recuperação de um estado saudável, permitindo ao indivíduo usufruir de uma excelente qualidade de vida a um baixo custo.

Carlos Beretta, que, há muitos anos, dedica-se ao estudo do ser humano, em uma de suas peregrinações, no ano de 1999, percorreu, a pé, através da França e Espanha, o Caminho de Santiago de Compostela.

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Nesta busca existencial, procurou entender e estudar o ser humano em seus vários aspectos de vida. Percebeu que, quando submetido a um esforço físico extremo, ou, quando sob pressão, pode apresentar variações de comportamentos, até então, desconhecidos e não percebidos. Pressentiu, assim, que, no Caminho de Santiago de Compostela, poderia encontrar o material humano necessário para as respostas que buscava.

Esse percurso, considerado o caminho da cultura europeia, é percorrido por milhares de pessoas originárias de todo o mundo, que, a pé, andam cerca de 800 km, em estado meditativo, o que requer extrema exigência física.

Beretta acreditava que, ao longo do caminho, poderia ocorrer a abertura dos chakras (Medicina Indiana) do ser humano, quando em contato com determinadas catedrais. A manifestação dessa energia libe-rada provocaria o surgimento de emoções, até então, desconhecidas e não trabalhadas, levando-o ao questionamento, por meio das lembranças vivenciadas, de momentos passados de sua própria existência. Para cada chakra aberto, ocorreria, também, a liberação de dois canais de energia (meridianos) da MTC (Medicina Tradicional Chinesa).

Durante todo o percurso, atendeu pessoas do mundo inteiro com os conhecimentos da MTC e da Biotipologia Humana, auxiliando-as a minimizar seus sofrimentos, o que foi de extrema importância para seu estudo, pois pôde identificar a relação entre os chakras e os canais de energias da MTC. Teve, ainda, a oportunidade de tocar em pontos específicos, identificando as emoções reprimidas das pessoas, liberadas em função do estado de meditação e do grande esforço físico e psíquico exigido pela caminhada. Essa liberação do estado emocional negativo acarretava desequilíbrio nos canais de energia e, por consequência, lesões e traumas musculares.

Pela verbalização das pessoas atendidas, observou-se que as emoções liberadas correspondiam à abertura do chakra relacionado ao local, confirmando essa ideia.

Iniciou o seu caminho na França, em Saint-Jean-Pied-de-Port, e, nos Pirineus, teve a sensação, muito forte, da emoção do medo. A magnitude dessa sensação deu-se na Catedral de Roncesvalles, onde sentiu a abertura do “Chakra Básico (segurança)”, que libera os canais

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de energia do elemento água, referente aos órgãos rins e à bexiga da MTC. Todas as pessoas que atendeu apresentavam lesões significativas na região dos pés, pernas e joelhos, pelos quais circula a energia dos canais já mencionados.

Na catedral de Logroño, ocorreu a abertura do “Chakra Umbilical (prazer)”, o qual libera os canais de energia do elemento madeira da MTC, referentes aos órgãos fígado e vesícula biliar, cujas emoções negativas se relacionam com raiva, inconformismo e ira. Esses canais localizam-se nos pés, pernas e joelhos e aumentam a somatização de dores e bloqueios.

Na catedral de Santo Domingo De La Calzada, ocorreu a abertura do “Chakra Mesentérico (poder)”, que libera os canais de energia do elemento terra da MTC, referentes aos órgãos estômago e baço pâncreas, cuja emoção negativa se relaciona ao poder afetivo e temporal. Esses canais, também localizados nos pés e nas pernas, provocam bolhas, estiramento muscular , tendinite e algias graves nos joelhos, o que dificulta a continuidade da caminhada, ocasionando em várias desistências a partir desse local.

Na catedral de Burgos, ocorreu a abertura do “Chakra Cardíaco (amor)”, que libera os canais de energia do elemento fogo da MTC, referente aos órgãos coração e intestino delgado, cujas emoções nega-tivas se relacionam com stress afetivo, saudades, mágoa afetiva. Esses canais, localizados nas mãos, braços e ombros, dificultam a postura ereta e somatizam dores na cervical, ombros e braços. Passaram a surgir desistências, motivadas pelo stress afetivo e saudade de entes queridos deixados a distância.

Na catedral de Leon, maravilhosa pelos seus vitrais com detalhes criativos, identificou-se a abertura do “Chakra Laríngeo (criatividade)”, que libera os canais de energia do elemento metal da MTC, referentes aos órgãos pulmão e intestino grosso, cujas emoções negativas se relacionam com a tristeza e a mágoa de raiva. Esses canais, localizados nas mãos, braços e ombros atuam, diretamente, no músculo deltoide, provocando o surgimento de bursite, tendinite e lesões musculares que, por estarem em contato com as mochilas, fazem com que os peregrinos deixem parte de seus pertences, por não suportar o peso.

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A partir deste local, o peregrino, por já estar liberto das emoções negativas que o prendiam às vicissitudes da vida mundana, precisa, também, se desapegar de seus pertences materiais. Aqueles que conse-guiram percorrer o caminho, em estado meditativo, sentiram a mani-festação de sua elevação espiritual. Os que não conseguiram se integrar no espírito meditativo do caminho e se excederam na bebida, na alimentação e nos apelos sexuais, tiveram o seu propósito prejudicado, passando, a partir daí, a utilizar outros meios de locomoção.

Na catedral de Santiago de Compostela, ocorreu a abertura do “Chakra Frontal (pensamento)” que libera os canais de energia do elemento fogo da MTC, referente a função circulação sexualidade e do triplo aquecedor, cujas emoções negativas relacionam-se com o sentir-se crucificado (limitado) pela vida e culpa. Esses canais, localizados nas mãos, braços e ombros provocam dificuldades circulatórias e graves dores na cervical, bem como na região lombar. Esse chakra, também conhecido como chakra do escritor, é aberto por um ritual em que o peregrino apoia a mão em uma coluna de mármore e encosta a testa numa pedra.

Por meio desse caminho, Carlos Beretta visualizou toda a sua vida e constatou a necessidade de escrever suas experiências de estudioso observador do ser humano.

Quando se dirigiu a La Oficina de Acogida Del Peregrino, para receber a compostelana – documento comprobatório, que, segundo a tradição criada no século XIV, outorga ao peregrino a realização do caminho –, iniciou um diálogo com o bispo coordenador, Dom Jaime, o qual, influenciado pelo contato pessoal, convidou-o a escrever uma oração que deveria ser lida por ele, em língua portuguesa, para todos os peregrinos na missa do meio dia, momento em que milhares de peregrinos do mundo inteiro estariam em comunhão com Deus.

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Aceitou, assim, a proposta, escrevendo a oração de próprio punho e submetendo-à apreciação do bispo, o qual a aprovou. Então, foi conduzido ao altar em que, sentado em lugar nobre, aguardou a missa. No momento da Homilia, dirigiu-se ao púlpito e orou de forma inequívoca e confiante.

Após ter cristalizado a ideia de divulgar, por meio de um livro, suas experiências pessoais, dirigiu-se à última catedral situada na Costa da Morte, em que foi aberto o “Chakra Coronário (da libertação)”, cuja finalidade é retratar o trabalho do indivíduo sobre si mesmo e revelar sua qualidade espiritual quanto ao estágio de evolução do seu estado de consciência. É liberada, assim, a energia dos oito canais maravilhosos da MTC. Esse chakra é, portanto, considerado o da espiritualidade.

Beretta praticou, ainda, o ritual do fogo, em que queimou toda a sua roupa de peregrino – cuja simbologia é o renascimento e, ao vestir nova roupa, iniciou, finalmente, o seu roteiro espiritual.

Durante toda vida, buscou o momento mágico, que só ocorreu ao completar os 56 anos. O ser humano masculino evolui, em sua vida, de oito em oito anos, mudando, significativamente, no sétimo período, ao completar 56 anos. Nesse momento, ocorre a transformação do temperamento do biotipo cardíaco (característica de Carlos Beretta) para o biotipo renal.

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Ao voltar para o Brasil, Carlos Beretta sempre recordava-se do que havia acontecido e, no início de 2003, convidou seu amigo Hélio Fernando Ferreira Cyrino para escreverem, juntos, este material.

Apesar de já ter feito, duas vezes, o curso do professor Carlos Beretta e de a tempos ler e refletir bastante acerca da biotipologia, Hélio Cyrino hesitou em aceitar o convite. Em uma de suas meditações, entretanto, recordou-se de sua experiência pessoal, em setembro de 1982, quando foi operado, duas vezes, num prazo de vinte e quatro horas e, na segunda cirurgia, teve o privilégio de passar por uma experiência pessoal e intransferível de paranormalidade. Fora do corpo físico, acom-panhou todo o desenvolvimento da prática, inclusive todas as vezes que foi reanimado, em função das paradas cardíacas ocorridas. Depois da cirurgia, ficou, durante uma semana, entre a vida e a morte, na UTI do Hospital Irmãos Penteado, em Campinas.

Após o convite de Carlos Beretta, a visão do período em que estava internado voltou à sua mente de forma recorrente.

Nessa visão, surgiam imagens de um livro que, ao tocá-lo, fazia aparecer pessoas das mais diferentes formas e expressões (biotipos). Essa lembrança, adormecida, foi, novamente, reavivada.

Desde a ocorrência desse fato, em 1982, Hélio Cyrino passou a se dedicar ao estudo das emoções, a maneira com que atuam sobre as energias do corpo físico e o que o descontrole delas pode gerar no sistema imunológico, levando às manifestações por meio das doenças. O convite, vindo ao encontro de sua busca, tornou-se fator fundamental de motivação e perseguição dessa incursão.

Ao escrever este livro, os autores buscaram, na experiência e no conhecimento de cada um, as coisas mais simples que tocam o ser humano, estabelecendo, como meta, trazer à tona, nos estudos de casos, as etiologias das doenças com as quais todos convivemos e que, muitas vezes, vivenciamos em nossas próprias vidas. Procuraram, também, detalhar as emoções, ligadas aos biotipos, ao instinto animal da Medicina Egípcia, aos cinco elementos e aos canais de energia da Medicina Tradicional Chinesa, aos chakras da Medicina Indiana, aos setênios da mulher, aos octênios do homem e a observação da alimentação.

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Os canais de energia, chakras (vórtices de energia), não são conceitos de fácil compreensão, devido à sua imaterialidade. No entanto, se olharmos o homem como um ser interligado e consciente, atuando em seu aspecto físico, emocional/mental e espiritual, interagindo com as forças da natureza, como elemento que a integra, desse modo, talvez, possamos compreendê-lo sob uma nova ótica.

A biotipologia apresenta-se como estudo da essência do ser humano, e como contribuição a auxiliar a humanidade a vislumbrar uma caminhada de fé e confiança em um mundo melhor.

Os autores