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Bispos em - agencia.ecclesia.pt · Desfocados João Aguiar Campos Secretariado Nacional das comunicações Sociais Julgo que a maioria dos que me lêem ainda se recorda do "velho"

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04 - Editorial: João Aguiar Campos06 - Foto da semana07 - Citações08 - Nacional14 - Internacional20 - Opinião: José Luís Gonçalves22 - Opinião: DNPJ24 - Semana de.. Sónia Neves26 - Dossier Assembleia Plenária da CEP48 - Dia Mundial das Vocações D. Jorge Carlos Patrón Wong

56 - Multimédia58 - Estante60 - Vaticano II62 - Agenda64 - Por estes dias66 - Por outras palavras67 - YouCat68 - Programação Religiosa69 - Minuto Positivo70 - Liturgia72 - Ano da Vida Consagrada76 - Família78 - Fundação AIS80 - Lusofonias

Foto da capa: Agência ECCLESIAFoto da contracapa: Agência ECCLESIA

AGÊNCIA ECCLESIA Diretor: Paulo Rocha | Chefe de Redação: Octávio CarmoRedação: Henrique Matos, José Carlos Patrício, Lígia Silveira,.Luís Filipe Santos, Sónia NevesGrafismo: Manuel Costa | Secretariado: Ana GomesPropriedade: Secretariado Nacional das Comunicações Sociais Diretor: Cónego João Aguiar CamposPessoa Coletiva nº 500966575, NIB: 0018 0000 10124457001 82.Redação e Administração: Quinta do Cabeço, Porta D1885-076 MOSCAVIDE.Tel.: 218855472; Fax: [email protected]; www.agencia.ecclesia.pt;

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Opinião

Bispos emAssembleiaPlenária[ver+]

Vocação,profissão e Igreja[ver+]

De Setúbal aoVaticano[ver+]

D. Jorge Carlos Patrón | José LuísGonçalves | Sónia Neves | ManuelBarbosa | Paulo Aido | Tony Neves

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Desfocados

João Aguiar Campos Secretariado Nacional das comunicações Sociais

Julgo que a maioria dos que me lêem ainda serecorda do "velho" método de fotografar. Podemesmo dar-se o caso de conservar a câmaraanalógica, como forma de agradecer aeternização de importantes momentos emanifestações de afecto. Lembra-se também, porcerto, do cuidado posto em cada fotografia e doexigente critério que antecedia cada flash: “Valea pena gastar rolo?"; "Ponham-se lá direitos, queeu vou contar até três!"; "A Fernanda mexeu-see lá está estragada mais uma...".Quando se tratava de mudar o rolo, havia milcuidados; na hora de passar pela revelação, osuspense era mais que muito: quantas fotosteriam ficado realmente bem?.. O desgosto eramais que muito quando se recebia o relatório oraldas tremidas, das desfocadas, das queimadas oudas escuras…A ponto de estarmos dispostos apagar mais alguma coisa, se nos apresentavam aeventualidade de arriscar uma revelaçãomelhorada.Veio o digital e aliviou-nos. Mas tanto, que nosdescuidou, permitindo banalizar o gesto defotografar esquecendo a arte de escrever comluz.Hoje aponta-se a câmara ou o telemóvel a(quase) tudo o que mexe ou atrai a esquina doolhar. De facto, de imediato se pode apagar,repetir, corrigir. O cartão de memória facilmentese descarrega para uma pasta qualquer, onde aqualidade e o lixo esperam, iguais em dignidade!,o tempo de uma criteriosa selecção -- que atépode nem ser feita,

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porque alguns apenas dão à maniachinesa/japonesa da multiplicação.Fotografar parece ser até umaforma de preguiça que nos deixapassar levianamente por sítios oupessoas, a rever no sofá, quandohouver tempo. A democratização dafotografia redundou, assim, nabanalização e descuido:fotografamos sem exigência nemfoco!...Importa, entretanto, admitir que estabanalidade do olhar não estásimplesmente na facilidade dacâmara: entrou e mora em nós.Hoje estamos, importa admiti-lo,demasiadas vezes desfocados doessencial. Perseguidores deinstantes, parecemos incapazes daarte de saborear, compreender eexplicar. Instalamo-nosconfortavelmente na facilidade do“delete”, que não implica custosnem deixa remorsos. “Partimos paraoutra”, como sói dizer-se – vivendoconstantemente mais à frente que ohoje!...Na política, por exemplo, osproblemas adiam-se para aseleições que se avizinham -- aomesmo tempo que estas sedescuidam, de imediato, em nomedas que hão-de vir. As

reuniões improvisam-se emultiplicam-se, porque nãoassentam debates nem acentuam oque é determinante resolver,ocupando-se a abanar rama dascoisas. Nas conversas da família, osabor da presença é silenciado pelaincomunicação, ou azedado pelasdiscordâncias do que pode vir a ser.Até na Igreja, quando falta beber osumo de um concílio de há 50 anos,queremos já outro...que outrosdeixarão, porventura, incumprido.Mas voltemos à fotografia, comometáfora: estamos, diariamente, aabusar da facilidade. O coração e opensamento parecem alheios aoregisto. Depois, espantamo-nos comas surpresas. Estamos superficiais edesfocados!...Atraídos pelo desejo de consenso,descuramos o debate e parecemosignorar que o acordo por omissãonão é habilidade mas, na maioriadas vezes, debilidade. Eu creio profundamente na bondadee na misericórdia. Mas gosto de asver servidas por uma voz que, naturma em desordem nas últimasfilas, não se limite a um pedidodiscreto aos silenciosos alunos dafrente: «Vá lá, meninos, portem-sebem!»

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Nigerianas com velas durante uma vigília no 1.º aniversário do rapto decentenas de meninas em Abuja, às mãos do grupo islâmico ‘Boko Haram’ ©Lusa

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"Portugal é dos países de toda aOCDE (Organização para aCooperação e DesenvolvimentoEconómico) em que ostrabalhadores mais suportam comimpostos e com contribuições para aSegurança Social os custos defuncionamento do Estado. Peranteesta realidade qual é a prioridadedo primeiro-ministro? É preocupar-se com os baixos salários ou com atributação dos trabalhadores? Não,é preocupar-se com os custos detrabalho como se fosse o grandeproblema"António Costa, líder do PS,14.04.2015, Sobral de Monte Agraço “A Mesquita Central de Lisboa éuma mesquita aberta para todos,não há influência direta nemindireta de qualquer ideologiaou de qualquer escola deinterpretação do Islão ou dequalquer tipo que não sejaislâmico. A mesquita é de todos”.Xeque David Munir em entrevistaà Renascença, 14.04.2015, Lisboa "A redução da Taxa Social Única[para as empresas] é uma medidapara construir em concertaçãosocial e diálogo social, para criarcondições, para criar mais emprego"Marco António Costa, vice-presidente do PSD, 14.04.2015,Lisboa

"Enquanto não regularmos estaatividade a nível europeu nãoestaremos em condições de garantiraos cidadãos que as decisões dosresponsáveis públicos são tomadasem função do interesse público enão de interesses privados degrupos de pressão poderosos ebem organizados"João Paulo Batalha, diretor-executivo do Transparência eIntegridade/Associação Cívica, ementrevista à Renascença sobre aregulação do ‘lobby’, 14.04.2015 “O progresso do País, nopresente e no futuro, resultarámuito da articulação entre aeducação, a investigação e ainovação, de modo a que acriação de riqueza sejaestimulada, ao mesmo tempoque se difunde o saber, sereforçam as competências e sepromove a inclusão social”Aníbal Cavaco Silva, presidenteda República Portuguesa, nacerimónia de condecoração daFaculdade de Direito daUniversidade de Lisboa e depersonalidades do EnsinoSuperior, 14.04.2015, Lisboa

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Peregrinação de Setúbal ao Vaticanosensibiliza para cuidados primáriosno Dia Mundial da VozDois laringectomizados partiramhoje de Setúbal numa peregrinaçãode sensibilização para os cuidadosa ter com a voz, no seu dia mundial,um percurso de mais de 2800quilómetros até à Praça de SãoPedro (Vaticano).“[Para a viagem] enormesexpetativas de sermos recebidospelo Papa, é esta a nossa grandeesperança”, explicou o único ciclistalaringectomizado do grupo de seispessoas.Esta iniciativa pretende “dar força atodos os doentes oncológicos”,principalmente aoslaringectomizados, revela ManuelFernandes Santos, acrescentandoque escolheram como início daviagem/peregrinação o Dia Mundialda Voz “para que ficasse gravadoem todas as pessoas”.‘Dar Voz à Esperança – PorCaminhos Nunca Antes Pedalados’começou hoje em Setúbal e vaipassar pelos santuários marianosde Fátima e de Lourdes (França),uma ideia do Movimento de Apoio aLaringectomizados, fundado em1992, da Liga Portuguesa Contra oCancro (LPCC).

“É um associar de umaperegrinação da fé e do alertar apopulação pelos locais que vãopassando para a prevençãoprimária. A LPCC não é umainstituição católica, apoiamos todosos doentes e não íamos deixar deapoiar uma peregrinação”,comentou a responsável pelovoluntariado do núcleo regional dosul da LigaSofia Cabrita destacou os“quilómetros de coragem e amensagem de esperança” a quemsofre e sofreu por serlaringectomizado, e contextualizouque em Setúbal são “mais de 250registados”.A população portuguesa “está maissensibilizada” para as doençasoncológicas mas ainda aparecem“cerca de 50 mil novos casos decancro por ano e cerca de 25 milsão mortais”, exemplificou.Pedro Maciel, o motorista do carrode apoio aos ciclistas, assinala que“normalmente” as pessoas atingidaspor este problema “eram muitocomunicadoras, esforçaram muito avoz, para além do tabagismo,álcool”.

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Laringectomizado desde há cincoanos destaca da adaptação, “nosprimeiros anos”, o “grandeproblema” de nunca mais ouvir asua voz, rir como antigamente ou ofacto de respirar pelo aparelho queo ajuda a falar que “é sempre outragrande dificuldade”.“Nunca mais podemos mergulhar,tomar banho é uma grandedificuldade, é um risco mortal quasetodos os dias. São dificuldades quegostaríamos de sensibilizar aspessoas mas não deixar de teresperança”, desenvolveu.Segundo Pedro Maciel que estava aexperimentar um kit novo “falar semmãos é perfeitamente espetacular”.

“A atenção e investimento científiconão são prioritários. Nos últimoscincos anos com os instrumentosque me vão colocando tenhosentido que a minha qualidade devida tem melhorado bastante”.O condutor do carro de apoioconfessou a esperança de serrecebido pelo Papa Francisco quetem sido “muito evangelizador,pacificador e agregador”.Filomena Gonçalves, terapeuta dafala da LPCC, destacou a“mensagem positiva” desta iniciativae apelou para os cuidados que sedevem ter, como “cuidar, hidratar,fazer repouso vocal”.

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«Marketing cultural» vai angariarfundos para restauro da igreja deSão CristóvãoA igreja de São Cristóvão acolheu aapresentação de um projeto dedivulgação que pretende sensibilizare captar fundos para a suarecuperação, depois ser um dosprojetos vencedores do OrçamentoParticipativo de Lisboa. “Ganhamos75 mil euros que não podemosaplicar em restauro, mas que vamosaplicar em marketing cultural deforma que as pessoas sejamatraídas à igreja, que possamconhecer o património”, explicou opadre Edgar Clara à AgênciaECCLESIA.O pároco da igreja de SãoCristóvão, no bairro histórico daMouraria, observa que o patrimónioque não é conhecido “começa adegradar-se” e não há ninguém quequeira ajudar “porque não conhece”.Esta igreja data de 1680 e, do seupatrimónio destacam-se, porexemplo, 34 telas de Bento Coelhoda Silveira, do século XVII, talhadourada, alfaias litúrgicas eparamentos.O sacerdote alerta que é“absolutamente fundamental” o seurestauro e revela que desde hácinco anos procura “todo o tipo deconcursos, projetos” para obter

fundos até que venceu a edição2014 do Orçamento Participativo deLisboa.O projeto «Arte por São Cristóvão»vai divulgar e promover a Igreja e oseu espólio através de iniciativasque começam este sábado. “Voucomeçar na igreja de NossaSenhora da Saúde e termina naigreja de São Cristóvão”, informa opadre Edgar Clara, o cicerone daprimeira visita guiada; depois,semanalmente as visitas sãoorientadas por técnicosprofissionais.

Dos eventos que terminam noprimeiro trimestre de 2016 contam-se arraias com sardinha e fado, àssextas-feiras, “durante as festas dacidade”, no próximo mês de junho.

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Mensagem cristã e Fátimana final do «Got Talent Portugal»O grupo “Jovem Levanta-te” daQuinta da Princesa, Paróquia daAmora, terminou a sua participaçãona final do programa “Got TalentPortugal” com a sensação de“missão cumprida” e empenhado emcontinuar a “tocar corações e aevangelizar”. Em entrevistaconcedida à Agência ECCLESIA,Lucivânia Oliveira, uma dasmentoras do grupo católico, queatravés do “teatro de luz negra”levou a mensagem cristã à RTP, dáconta que já estão previstas váriasatuações, entre as quais no “FátimaJovem” deste ano.“Temos a agenda cheia atésetembro, vamos estar no FátimaJovem, na peregrinação deste anodos jovens ao Santuário, entre 2 e 3de maio, e também em Ovar,Espinho, Porto e Algarve”, adiantoua jovem.Criado em 2008 na Amora, numcontexto geográfico com váriosbairros sociais, o grupo “JovemLevanta-te” procura, através dareligião, do teatro, da dança e dodiálogo, ajudar crianças e jovens aacederem a uma experiência devida mais positiva.Sobre a ida ao “Got TalentPortugal”, Lucivânia Oliveiradestaca o “privilégio de poder falarde Jesus” em horário nobre, algoque por si só já significou umavitória.

“Foi uma sensação única,independentemente de termosganho a final ou não, a glória é deDeus. Ele manda-nos de porta emporta evangelizar, como diz oEvangelho, de bolsos vazios, nãolevem nada, e no palco nós já nossentimos vencedores”, salientou.Este domingo na final do programada RTP, o grupo apostou numaatuação com referências a Maria, aoterço e ao Santuário de Fátima,acompanhada da música “Amor daPortugal”, de Dulce Pontes.Os símbolos cristãos levados para opalco, explicou Lucivânia Oliveira,tiveram como inspiração “a músicade Dulce Pontes, muito bonita, afazer lembrar o “património dePortugal, Fátima, o altar dePortugal, a Mãe do Mundo”.

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A Agência ECCLESIA escolhe sete acontecimentos que marcaram aatualidade eclesial portuguesa nos últimos dias, sempre atualizadosemwww.agencia.ecclesia.pt

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Padre Joaquim Carreira distinguido com medalha e certificado de honra«Justo entre as Nações»

Lamego: Bispo pede «saúde de proximidade» em diocese afetada peloenvelhecimento e migração

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Rosto de Misericórdia para toda aIgrejaO Papa apresentou a bula‘Misericordiæ Vultus’ (Rosto deMisericórdia) que é composta por 25números e deseja que cada um vivaa Misericórdia e se deixesurpreender por Deus. “Misericórdianão é uma palavra abstrata, masuma forma para reconhecer,contemplar e servir”, explicaFrancisco.O desejo do Papa é que este anoseja uma oportunidade para "viver acada dia a misericórdia” e que sirvapara chegar às "periferias" onde seencontram os mais fracos edesprotegidos. “Neste Ano Santo,poderemos fazer a experiência deabrir o coração àqueles que vivemnas mais variadas periferiasexistenciais, que muitas vezes omundo contemporâneo cria deforma dramática. Quantas situaçõesde precariedade e sofrimentopresentes no mundo atual! Quantasferidas gravadas na carne de muitosque já não têm voz, porque o seugrito foi esmorecendo e se apagoupor causa da indiferença dos povosricos", alerta.Francisco recuperou o ensinamentode São João XXIII, que falou do"remédio da misericórdia" e PauloVI,

que identificou a espiritualidade doVaticano II como Samaritano. "Atrave mestra que suporta a vida daIgreja é a misericórdia. Toda a suaação pastoral deveria estarenvolvida pela ternura com que sedirige aos crentes; no anúncio etestemunho que oferece ao mundo,nada pode ser desprovido demisericórdia. A credibilidade daIgreja passa pela estrada do amormisericordioso e compassivo",sustenta.O “Rosto de Misericórdia” tambémexplica alguns destaques do Jubileu:primeiro o lema "misericordiosocomo o Pai", depois o convite a umaperegrinação e, especialmente, anecessidade de perdão.O Papa dá destaque no número 15à redescoberta das Obras deMisericórdia Espiritual e Corporal“para despertar a nossaconsciência, muitas vezes apáticaperante o drama da pobreza, e paraentrar mais no coração doEvangelho, onde os pobres são osprivilegiados da misericórdia divina”.Outro ponto forte do documento é onúmero 19 em que Francisco apelacontra a violência organizada econtra os promotores ou cúmplices

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da corrupção.A apresentação da bula, estesábado, marcou a convocação doAno Santo que inicia a oito dedezembro, solenidade de Maria:“para não deixar a humanidadesozinha à mercê do mal” e coincidecom o 50.º aniversário doencerramento do Concílio VaticanoII, a que a Igreja “sente anecessidade de manter vivo”.

O seu encerramento acontece "nasolenidade litúrgica de Cristo Rei, a20 de novembro de 2016”.A Porta Santa da Basílica de SãoPedro será aberta pelo Papa a 8 dedezembro e no domingo seguinte ogesto simbólico vai repetir-se emtodas as igrejas do mundo, às quaisFrancisco tenciona enviar'missionários da misericórdia".

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Porta-voz do Vaticanoafasta polémica com governo turcoO porta-voz do Vaticano disse que oPapa quer evitar qualquer“polémica” com a Turquia, após ascríticas dos governantes deste paíspor Francisco ter falado num“genocídio arménio”. “Registamosas reações turcas, mas nãojulgamos necessário fazer dissouma polémica”, referiu o padreFederico Lombardi, após ter sidoquestionado, em conferência deimprensa, sobre as declarações dopresidente turco, Recep TayyipErdogan, que “condenou” a posiçãodo Papa.Segundo o porta-voz do Vaticano,Francisco tinha a intenção depromover o “diálogo” e a “reflexão”em relação a estes acontecimentoshistóricos. O Papa presidiu estedomingo a uma Missa pelocentenário do ‘martírio’ (MetzYeghern) arménio, na Basílica deSão Pedro, antes da qual dirigiuuma saudação aos participantes emque citava uma declaração assinadapor João Paulo II em 2001.“No século passado, a nossahumanidade viveu três grandes einauditas tragédias: a primeira, quegeralmente é considerada como ‘oprimeiro genocídio do século XX’

(João Paulo II e Karekin II,Declaração Conjunta, Etchmiadzin,27 de Setembro de 2001), atingiu ovosso povo arménio – a primeiranação cristã – juntamente com ossírios católicos e ortodoxos, osassírios, os caldeus e os gregos”,disse.O presidente da Turquia condenouesta terça-feira a intervenção deFrancisco sobre o tema "advertiu" oPapa "para não repetir esse erro".Segundo a Arménia, 1,5 milhões depessoas foram perseguidas emortas, enquanto para a Turquia onúmero de arménios mortos nãosupera os 500 mil, nos combatesque se sucederam ao levantamentodas populações arménias contra osotomanos.O padre Federico Lombardi entendeque a intervenção do Papa “deu umforte impulso para a reflexão”.

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Papa critica «ideologia do género»

O Papa Francisco criticou a“ideologia do género”, numacatequese dedicada à importânciada diferença entre homem e mulherna definição da família e domatrimónio. “Questiono-me, porexemplo, se a chamada teoria dogénero não é também umaexpressão de frustração e deresignação, que procura eliminar adiferença sexual porque não já sabeconfrontar-se com ela”, referiu,durante a audiência públicasemanal que reuniu milhares depessoas na Praça de São Pedro.Numa reflexão sobre a importânciado matrimónio, Francisco observouque a cultura moderna trouxe“novos espaços, novas liberdades”para a compreensão da diferençahomem-mulher, mas também “muitasdúvidas e muito ceticismo”.“Corremos o risco de dar um passoatrás. A remoção da diferença, defacto, é o problema, não a solução:para resolver o problema

das relações, o homem e amulher devem, pelo contrário, falarmais”, recomendou. O Papasustentou que, com “respeito” e“amizade”, é possível projetar ocasamento “para toda a vida”, umarealidade que é mais do quereligiosa e que deve envolvertambém os “intelectuais”, em favor“de uma sociedade mais livre e maisjusta”. “O homem e a mulher, comocasal, são imagem de Deus”,acrescentou.Francisco alertou para asconsequências negativas daausência de reconhecimento da“reciprocidade” entre os dois sexos,“no pensamento e na ação, nosafetos e no trabalho, também na fé”.“Pergunto-me se a crise coletivas deconfiança em Deus, que nos faztanto mal, que nos faz ficar doentesde resignação à incredulidade e aocinismo, não estará ligada à crise daaliança entre homem e mulher”,observou.

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A Agência ECCLESIA escolhe sete acontecimentos que marcaram aatualidade eclesial internacional nos últimos dias, sempre atualizados emwww.agencia.ecclesia.pt

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Bento XVI celebra 88.º aniversário

Jubileu da Misericórdia

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Religião e Direitos Humanos

José Luís Gonçalves Escola Superior de Educação de Paula Frassinetti

As notícias que dão conta do assassinato decristãos por todo o mundo têm chamado atençãopela frequência e pela dimensão com que sãodifundidas nos meios de comunicação socialocidentais. Entre as mais recentes vítimas,lembramos os 21 coptas mortos no Egito e os148 alunos da Universidade Católica em Garissa,no Quénia - estes intencionalmente separadosdos outros e assassinados por professarem a«religião errada». De facto, o relatório de 2014da «Comissão Internacional Sobre LiberdadeReligiosa» contabiliza 4.344 cristãosassassinados, tendo o número de vítimastriplicado desde 2012. Na verdade, a experiênciada dignidade humana violentada tem vindo asuscitar uma reação viva e justa de indignaçãono espaço público. Talvez por essa razão, hádias atrás, D. Manuel Clemente pedia que aperseguição aos cristãos, em curso em váriospaíses do mundo, fosse incluída na “agendapolítica e humanitária” das diplomacias comouma questão de direitos humanos.Posto o problema nesse plano, há quereconhecer que a relação entre religiões edireitos humanos constitui, apesar de tudo, umareflexão recente e só encontra condições para sedesenvolver e amadurecer em sociedadesabertas marcadas pela liberdade de credo e pelopluralismo religioso e cultural. Acresce que oconceito-âncora que fundamenta os direitoshumanos é o princípio da «dignidade humana»,conceito que abarca conteúdos nem semprecompreendidos e aceites no interior das diversastradições culturais e

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das próprias religiões, quandosequer entram nos ordenamentosjurídicos das sociedades. Estamosainda longe de considerar que “anoção de dignidade humanaconstitui a charneira conceptual queliga a moral do igual respeito portodos ao direito positivo e àlegislação democrática, de modo aque a sua conjugação permita, emcondições históricas favoráveis, osurgimento de uma ordem políticabaseada na dignidade humana” (J.Habermas, 2012. Um ensaio sobre aconstituição da Europa, p.37).De uma forma resumida, poder-se-áafirmar que o diálogo entre religiõese direitos humanos conhece, hoje,três obstáculos fundamentais. Oprimeiro advém do facto de, nointerior das religiões, seestabelecerem diferenças entre osseres humanos (diferenças degénero, entre crentes e não-crentes, entre estes e os das‘outras’ religiões…) que justificam eperpetuam desigualdades e geramprocessos de discriminação,negando, desde logo, a ideiafundacional dos direitos humanosque é a dignidade entre iguais. Osegundo obstáculo

consiste no facto de o «direitodivino» revelado às religiões seatribuir a si mesmo característicasque o superiorizam em relação aosdireitos humanos: pensa-se imutávele julga-se gozar de prerrogativas deplenitude e de universalidadeenquanto relativiza os direitoshumanos como ‘invenção’ histórica.O terceiro obstáculo diz respeito àoposição que as religiões fazem atoda a fundamentaçãoantropológico-jurídica dos direitoshumanos que não postule uma basetranscendente da pessoa humanacomo se fosse possível negar valoràs éticas humanistas.O que, na verdade, está em causaneste diálogo entre religiões edireitos humanos é a capacidade detirar todas as consequências doconceito de «dignidade humana»,na medida em que esta introduz aideia do valor intrínseco, absoluto eincondicionado da pessoa. Paraserem coerentes com os seuspostulados, ambos, religiões edireitos humanos, devem saberresponder à mesma pergunta: o quevale uma pessoa?

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ÀS PORTAS DO FÁTIMA JOVEM 2015

Misericórdia com rostoCoração. Sim, aqui há amor,ternura, compaixão e são estes osvalores de fundo que levaram oPapa Francisco a propor o Jubileuda Misericórdia. D. António Coutodiz que a Misericórdia é a chamadivina com que devemos acender epurificar o nosso coração.A Bula de proclamação desteJubileu, publicada a 11 de Abril,começa por dizer que Cristo é orosto da misericórdia do Pai, poisela é o caminho que une Deus e aspessoas e ninguém tem o direito decolocar limites ao amor de Deus queperdoa. Está mesmo tudo dito!A misericórdia de Deus é eterna etodos a podemos compreendermelhor com textos como asparábolas do Bom Samaritano, doJuízo Definitivo, da Ovelha e dadracma perdidas, do Pai e seus doisfilhos. A misericórdia é apresentadacomo a força que tudo vence, encheo coração de amor e consola com operdão.É tempo de deixar de lado oressentimento, a raiva, a violência ea vingança para que entre em cenaa felicidade. Não é por acaso que

a bem-aventurança: ‘felizesos misericordiosos porquealcançarão misericórdia’ será o lemadas Jornadas Mundiais daJuventude que se realiza emCracóvia no verão de 2016.A credibilidade da Igreja passa pelaestrada do amor cheio demisericórdia e compaixão. Há querenovar a pastoral da Igreja,anunciando e vivendo o valor damisericórdia.Este Jubileu obriga-nos a peregrinarna direção das periferias, cuidandodos feridos que as sociedadescausam e não curam. Não podemosficar indiferentes.

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Há que mudar de vida, sendo aconversão uma palavra-chave dostempos que correm.O Papa Francisco vai longe nestaproposta jubilar ao apelar a umreforçado diálogo ecuménico eentre religiões. Quer que o Jubileunos torne mais abertos ao diálogopara melhor nos conhecermos ecompreendermos.A Igreja tem de sentir a urgência deanunciar a misericórdia de Deus,vivendo-a com a convicção de queela não tem fim.

Quis seguir, passo a passo, o textodo Papa Francisco, salientandoapenas as frases que julgo seremmais apelativas para que amisericórdia vença. É minhaconvicção de que o deficit deternura que marca o mundoatual tem consequênciasdesastrosas e gera mais periferias emargens onde vão morrer e sofrermilhões de cidadãos deste mundo aque chamamos nosso.

Tony Neves, DNPJ

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É tempo de…

Sónia Neves Agência ECCLESIA

“Dantes havia mais tempo, agora só hárelógios…” Esta foi uma das expressões que ouvihá uns dias e me tem feito pensar. A frase saiuda boca de uma senhora na casa dos 60 anosque, bem recostada na cadeira da esplanada àbeira-mar, desenrolava o novelo da atualidade,dos famosos aos políticos, da crise à falta devalores, comentava com a amiga em jeito dedesabafo. Percebia-se pelo discurso ser umapessoa culta e atenta que aproveitava a manhãpara ali apanhar os primeiros raios de sol de umaprimavera a inaugurar.Refleti sobre a expressão tão prontamente dita,como se de um ditado popular se tratasse, quefoi fácil fazer-me sentido. Transportou-me deimediato para as versões que se contavam,quando não havia luz e o serão era passado acontar histórias em família. Levou-me a pensarno tempo que tinha para ler, sentar e ouvir,conversar, fazer uma caminhada… havia tantotempo e não me lembro de haver relógio… Oupelo menos como há hoje: no ecrã do telemóvel,no mostrador do forno e micro-ondas, natelevisão, nos outdoors da publicidade ou ainda(imagine-se) no pulso de alguém que ainda gostede ostentar horas, ou nos novos “relógiosinteligentes” que dão muito mais que horas.Horas que passam e não voltam, horas quemarcam o ritmo da vida, das vidas. Horas dechegada e partida. Horas de arranque ouparagem. Horas de espera. Horas de sonho.“Hora pequenina”. Horas de expectativa. Horasde sono. Horas de alegria ou pesar. Horas deque se gosta

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e passam rápido, horas lentasquando não se vê os ponteiros aandar.É este o compasso que marca o diae a noite, cada dia, cada semana! Éainda em clima de Páscoa querecordo outro compasso, esse sim,que “faz parar o tempo”, trazendo aalegria da Ressurreição e fazendopassar depressa os minutos emcada casa pois a notícia que“transportam” não pode ficar entrequatro paredes e a urgência deanunciar é grande. É ao somritmado das campainhas que ogrupo do compasso pascal chega eparte deixando no ar a plenacerteza da esperança na vida e navida de fé. A próxima semana édedicada à oração pelas vocações,padre ou religiosa, leigo ou família,a vocação é fruto da ressurreição,mote da fé cristã e do tempo, quefaz com que a pessoa ‘’ganhe’’ amaturidade

necessária para decidir pela suafelicidade.Tal como na natureza o tempo éprecioso para fazer nascer, crescer,amadurecer, dar flor/fruto e morrer,também na fé o tempo tem o seupapel.O Papa Francisco convocou nopassado sábado o ano daMisericórdia, na sua bula referecerca de 18 vezes o tempo e dalidetenho que a atitude precisa detempo para "viver a cada dia amisericórdia” e chegue aos “maisfracos e desprotegidos”.“Misericórdia: é a lei fundamentalque mora no coração de cadapessoa, quando vê com olhossinceros o irmão que encontra nocaminho da vida”. Para interiorizar e“olhar para o lado” sinto que épreciso tempo! É tempo de…

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Assembleia Plenária da Conferência EpiscopalPortuguesaFátima, 13-16 de abril de 2015

Comunicado final1. Os Bispos portugueses estiveramreunidos em Assembleia Plenária de13 a 16 de abril de 2015, em Fátima,com a presença do NúncioApostólico, e do Presidente e da Vice-Presidente da Conferência dosInstitutos Religiosos de Portugal. 2. No início dos trabalhos, aAssembleia exprimiu votos decongratulação e fraternasfelicitações a D. ManuelClemente, Patriarca de Lisboa,pelo novo serviço apostólico de quefoi incumbido pelo Papa Francisco,criando?o Cardeal da IgrejaCatólica, e pela recente escolhacomo membro da Congregaçãopara o Clero. 3. Em sintonia com os apelos doPapa Francisco, a Assembleiamanifestou preocupação pelaperseguição aos cristãos emvários países do mundo, sobretudono Próximo Oriente e recentementeno Quénia, o que deveria exigir umaatenção redobrada por parte detodos na defesa da vida, dosdireitos humanos e da liberdadereligiosa.

4. Aproximando-se um tempo deeleições em Portugal, aAssembleia refletiu sobre anecessidade de a sociedadeportuguesa assentar numa basecomum de valores sociais ehumanistas. A sociedade ganhariase tivesse em conta princípios dopensamento social cristão, tãoacentuados na programáticaexortação apostólica «A Alegria doEvangelho» do Papa Francisco.Causas essenciais como o respeitopelo bem comum, pelos princípiosda solidariedade e dasubsidiariedade, pela vidaempresarial criadora de trabalho eda riqueza, pela justa promoçãosocial dos pobres, pelo apoio aosmais frágeis, em particular osnascituros, às mães gestantes e àsfamílias deveriam constar naspropostas concretas e consistentesdos partidos e candidatos.Esperamos que os que se propõemservir politicamente o País sepronunciem também sobre asalvaguarda da vida humana emtodas as suas fases, a valorizaçãoda vida familiar e da educação dosfilhos,

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o trabalho e o emprego, a saúde e asegurança social, oacompanhamento dos que emigram,a integração dos imigrantes e odiálogo sociocultural inclusivo. 5. «A vocação e a missão da famíliana Igreja e no mundocontemporâneo», tema dapróxima Assembleia Geralordinária do Sínodo dos Bisposem outubro, foi objeto deaprofundada

análise por parte dos membros daAssembleia. A reflexão teve comoponto de partida a síntese dasrespostas das Dioceses àsperguntas do documentopreparatório (Lineamenta), que seráenviada para a Secretaria Geral doSínodo. 6. A Assembleia aprovou uma NotaPastoral sobre a «Visita daImagem Peregrina às Diocesesde Portugal»,

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que vai decorrer de maio de 2015 amaio de 2016 no âmbito doprograma de preparação para ocentenário das aparições de NossaSenhora em Fátima. A mensagemde Fátima, «coração espiritual dePortugal» (Bento XVI), é propostaem dinamismo de peregrinação deuma Igreja em missãoevangelizadora. 7. Os Centros Sociais Paroquiais,enquanto instituições desolidariedade social, foram objetode longa reflexão, quanto à suaautonomia, gestão, eclesialidade esustentabilidade, tendo em conta asua situação concreta e asorientações da Igreja. Em ligaçãocom esta temática, a Assembleiaaprovou um modelo de Estatutospara os Centros Sociais Paroquiaise outros Institutos da Igreja Católica,a serem utilizados por cada Centroe Instituto, para adequar os seusEstatutos ao novo Decreto-Lei nº172-A/2014, de 14 de novembro, eadmitindo adaptações em cadadiocese. 8. Com o mesmo objetivo depoderem adequar os seusCompromissos (Estatutos) à mesmalegislação, a

Assembleia aprovou umnovo Compromisso-modelo para asIrmandades da Misericórdia. 9. No tempo de informações,comunicações e programações, aAssembleia foi informada das váriasiniciativas das comissões episcopaise doutros organismos daConferência Episcopal, que estãodivulgadas nos respetivos sites.Abordou ainda outros assuntos deinteresse comum: organização davisita ad limina dos bisposportugueses (4-12 de setembro);Jornadas Pastorais do Episcopado(15-17 de junho) sobre a VidaConsagrada, com a presença dosSuperiores e Superioras Maioresdos Institutos Religiosos eSeculares; missão do PontifícioColégio Português em Roma noapoio à formação superior do clero;plano estratégico da Faculdade deTeologia para 2015-2020, nos trêsnúcleos de Lisboa, Porto e Braga,da Universidade CatólicaPortuguesa; realização

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do 4.º Congresso EucarísticoNacional em Fátima, a 10-12 dejunho de 2016. 10. A Assembleia procedeu àsseguintes nomeações para opróximo triénio: Padre VálterHenrique Machado Malaquias, doPatriarcado de Lisboa, paraConselheiro Espiritual Nacional dasEquipas Jovens de Nossa Senhora;Padre Eduardo Alexandre EstevesNovo, dos Padres Marianos,

para Diretor do DepartamentoNacional da Pastoral Juvenil; PadreEduardo Jorge Gomes da CostaDuque, da Arquidiocese de Braga,para Assistente do Serviço Nacionalda Pastoral do Ensino Superior;Padre Carlos Alberto da GraçaGodinho, da Diocese de Coimbra,para Diretor da Obra Nacional daPastoral do Turismo. Fátima, 16 de abril de 2015

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Visita da Imagem Peregrina às dioceses de Portugal

nota da Conferência Episcopal Portuguesa 1. Na proximidade docentenárioNo âmbito do programa depreparação para o centenário dasaparições de Nossa Senhora emFátima, as dioceses de Portugalacolherão a imagem da VirgemPeregrina, entre maio de 2015 emaio de 2016.A Igreja em Portugal tem, assim,ocasião para rejubilar de alegria, aoaproximar-se esta celebração. Aoacolhê-la como vivência da fé,exprime a certeza de que Deusnunca abandona a humanidade,mesmo quando a esperança parecevacilar no meio dos dramas eincertezas do tempo presente, massempre a conduz para o encontrosalvífico com seu Filho Jesus Cristo.Ao reconhecer às aparições deFátima o estatuto de revelações,embora particulares, a Igreja estáem sintonia com a multidão dehomens e mulheres que vivem a fécristã animados pela força de uma

mensagem plenamente conforme aoEvangelho de Jesus Cristo. Nela seencontram os elementosconstitutivos do cristianismo: a fé emDeus Trindade Santíssima, acentralidade da Eucaristia celebradae adorada, a condição da Igrejacomo Povo de Deus, a figura doPapa como promotor da unidade eda caridade entre os cristãos, apenitência e a oração como meiosque conduzem à conversão a Deuse ao amor dos irmãos, a paz emtodas as suas dimensões comoefeito salvífico da morte eressurreição de Jesus Cristo.Por isso, desde muito cedo a própriahierarquia da Igreja acolheu adimensão sobrenatural dasaparições de Nossa Senhora emFátima. As peregrinações dos PapasPaulo VI, João Paulo II e Bento XVI,bem como de inúmeros membros doepiscopado, do clero e cristãos domundo inteiro mostram como Fátimaestá no coração da Igreja.

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2. Fátima, coraçãoespiritual de PortugalEm Portugal, a força da fé cristã e omodo como ela se vive não seriamos mesmos sem este preciosoauxílio divino. De facto, ao longodestes últimos cem anos, ocatolicismo do nosso país, já antesradicalmente mariano, foi sendotambém profundamente impregnadoda espiritualidade de Fátima.Hoje, a piedade popular de carizmariano e inspirada pelos apelos deFátima faz parte integrante daexpressão de fé do Povo de Deusem todos os recantos do nossopaís, das zonas rurais às urbanas,do mundo mais simples ao maisdesenvolvido social e culturalmente.Tanto no culto mariano celebrado naliturgia da Igreja, como na piedadepopular expressa nasperegrinações, festas, romarias eoutras manifestações de devoção, é notória a especialpredileção dos portugueses pela viamariana presente em Fátima.“Fátima é o coração espiritual dePortugal”, como afirmou o PapaBento XVI na sua peregrinação de13 de maio de 2010. Para isso muitotêm contribuído as iniciativaspromovidas ou acolhidas peloSantuário de

Fátima: os inúmeros retirosespirituais, congressos teológicos eencontros de espiritualidade, ascelebrações dos váriosSacramentos, particularmente daEucaristia e da Reconciliação, osdiversos exercícios da piedadepopular, entre os quais se destacamas peregrinações, levam ospequenos grupos ou as grandesmultidões ao encontro com Deus ecom a Igreja.Para isso contribui também aveneração da imagem de NossaSenhora do Rosário de Fátima. Asua presença generalizada nasnossas igrejas e capelas é um dossinais mais evidentes doacolhimento universal que o povolhe concede como sua intercessorajunto de Deus e como portadora damensagem da paz para a Igreja epara o Mundo de hoje.

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3. Um momento demissão evangelizadoraEsperamos, por isso, que esta visitada imagem da Virgem Peregrina deFátima mobilize todas ascomunidades cristãs para umacolhimento caloroso, marcado pelaalegria de receber, na fé, o ícone daMãe de Deus e Mãe dos Homens,contemplação do rosto terno emisericordioso de Deus, sempreobjeto da devoção e do carinho

dos fiéis. Na simplicidade e nagrandeza de povo crente,entoaremos com Maria o cântico delouvor e gratidão a Deus pelagrandeza das suas obras,proclamando com entusiasmo aprofecia do Magnificat: “de hoje emdiante me chamarão bem-aventurada todas as gerações” (Lc1, 48).Aproveitamos este momento degraça para convidar o Povo de Deusa

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entrar em profundidade nacelebração da sua fé,particularmente por meio daparticipação na Eucaristia, dacelebração do Sacramento daPenitência e da Unção dos Doentes;para incentivar à oração deadoração diante do SantíssimoSacramento, tão caraterística daespiritualidade de Fátima; e pararelançar o hábito da oração marianado Rosário nas famílias cristãs,acompanhada pelas

meditações bíblicas e pelosilêncio contemplativo. Convidamosas crianças a crescerem no amor aJesus e a Nossa Senhora, seguindoo exemplo dos Três Pastorinhos,Lúcia, Jacinta e Francisco. Pedimosa todos que acolham a imagem daVirgem Peregrina com sobriedade eque a visita seja ocasião desolicitude e partilha com os pobres.Enquanto fenómeno mobilizador dasmultidões, a mensagem e

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a espiritualidade marianas deFátima predispõem, de facto, muitoscorações para acolherem a açãoevangelizadora da Igreja.Esperamos que este acontecimentode grande alcance eclesial deixemarcas muito positivas nascomunidades cristãs, ajude arenascer a alegria do encontro como Evangelho de Jesus Cristo e oentusiasmo de viver em Igreja.Aproveitemos esta peregrinaçãocomo incentivo para a concretizaçãodo grande objetivo da Igreja emPortugal: a evangelização. Deacordo com a nossa Nota Pastoral“Promover a Renovação da Pastoralda Igreja em Portugal” (11 de abrilde 2013), os

caminhos que se abrem à Igrejaentre nós vêm à luz no contexto dacaminhada para o centenário dasAparições de Nossa Senhora emFátima (cf. nº 5). Que Maria, aEstrela da Evangelização, nos ajudea encontrar os meios para arenovação pastoral delineados pelaConferência Episcopal Portuguesa epelas nossas dioceses, em sintoniacom os caminhos apontados pelomagistério do Papa Francisco,particularmente na ExortaçãoApostólica “A alegria do Evangelho”.A todos exortamos a acolherem aVirgem Peregrina de Fátima como aimagem da “Igreja em saída”, quevai ao encontro dos seus filhos efilhas em todas as periferias, paralhes levar o anúncio de Jesus Cristocomo o único Salvador. Fátima, 16 de abril de 2015

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Atenção aos problemasligados à vida e demografiaO presidente da ConferênciaEpiscopal Portuguesa (CEP)sublinhou hoje, no contexto daspróximas eleições legislativas, aurgência de serem abordadostemas como a lei do aborto e oapoio à natalidade.Em conferência de imprensa no finalda assembleia plenária dos bisposportugueses, que decorreu durantequatro dias em Fátima, D. ManuelClemente salientou que “qualquerorganismo político responsável temde ter muito diante dos olhos osproblemas que estão ligados à vidae à demografia”.“Quando dizem algumas previsõesque em meados deste séculoPortugal terá 6 milhões deconcidadãos em vez dos atuais 10milhões, isto não é um problema desomenos, tem de ser pensado,refletido a sério, é um problema desobrevivência”, apontou o cardeal-patriarca de Lisboa.Sobre a lei do aborto, referiu que oatual uso da legislação transforma-a“às vezes quase num meio deregulação de nascimentos”, commulheres e recorrerem a ela “maisdo que uma” vez “no prazo de umano”.

Algo que tem sido “denunciado”nem tanto por “organizaçõesconfessionais” mas “por cidadãos,por médicos, por pessoas ligadas aomundo da saúde”.“Não foi para isso que a lei foi feita”,sustenta D. Manuel Clemente, paraquem mais do que pensar já emmudanças de lei ou em novosreferendos importa trabalhar aquestão ao nível das “convicções,nas consciências”.Para aquele responsável católico,uma “sociedade que considera avida como o primeiro de todos osdireitos e a base de todos os outrosdireitos tem que se organizar nessesentido” pois muitas vezes “aspessoas são deixadas tão sós quelhes parece que não há outrorecurso”.É no plano das consciências queesta questão deve primeiramenteser trabalhada e “depois tambémcom certeza terá a sua traduçãolegal”, complementou o presidenteda CEP.Quanto à importância do apoio ànatalidade, o cardeal-patriarca deLisboa recorreu a “previsões” queapontam para a possibilidade de

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Portugal “em meados do século ter6 milhões de concidadãos em vezdos atuais 10 milhões”. “Isto não éum problema de somenos, tem deser pensado, refletido a sério, é umproblema de sobrevivência”, frisouD. Manuel Clemente.A questão da quebra na natalidade,da redução na demografia, seguede mãos dadas com o progressivoenvelhecimento da população,

questão que segundo o presidenteda CEP também está a ser “muitomal tratada”. “Por um lado, é umbem estarmos cá mais tempo, masisso tem que ser complementadopelo refrescamento das gerações ecomo é que estas coisas depois seajudam mutuamente, os mais novosaos mais velhos, isto são osgrandes problemas, diz respeito atodos”, alertou.

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Apresentar propostas sem esperar«cheques em branco» do eleitorado

O presidente da ConferênciaEpiscopal Portuguesa (CEP) dissehoje em Fátima que os candidatos epartidos políticos têm de apresentarpropostas “concretas” para ganhara confiança do eleitorado. “Chequesem branco, não é bem a altura paraos passar”, declarou D. ManuelClemente, no final da AssembleiaPlenária.Em declarações aos jornalistas, ocardeal-patriarca de Lisboareafirmou a sua preocupação com acentralização do debate em “casos”em vez de “causas”, como tinha feitono discurso inaugural da reuniãomagna da CEP. “Apresentemcausas, programas e reflexõesconcretas, não fiquemos apenas nofulanismo. Isso são nomes, ficamosassim numa

espécie de nominalismo oco. Não,causas”, apelou.Segundo o responsável, esta‘fulanização’ do debate político“desvia do essencial”, que é debateros problemas e “quais são aspropostas para os resolver”.As eleições para a Assembleia daRepública em Portugal vão ocorrereste ano numa data a definir pelopresidente, entre 14 de setembro e14 de outubro; as eleiçõespresidenciais, por sua vez, vãorealizar-se no início de 2016.D. Manuel Clemente considerou queo surgimento de vários candidatospresidenciais resulta de um“exercício de cidadania”, numprocesso “normal”.

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Centros ParoquiaisO presidente da ConferênciaEpiscopal Portuguesa (CEP) elogiouhoje em Fátima o papel de“excelentes” padres na direção deCentros Sociais Paroquiais,afirmando que “de maneiranenhuma” exista intenção de osafastar desses cargos.“Nós, como sociedade, não só comoIgreja, somos muito devedores aexcelentes padres que investiram omelhor que tinham, que sabiam epodiam, para criar e sustentarinstituições de solidariedade social.Não está isso em causa”, declarouD. Manuel Clemente, emconferência de imprensa final daAssembleia Plenária da CEP, quecomeçou esta segunda-feira.A assembleia dos bispos católicosrevelou, em comunicado, queaprovou um “modelo de estatutos”para os Centros Sociais Paroquiaise outros

Institutos da Igreja Católica, a seremutilizados por cada Centro eInstituto, para adequar os seusestatutos ao novo Decreto-Lei nº172-A/2014, de 14 de novembro,“admitindo adaptações em cadadiocese”.“Nalguns casos há leigos, religiososou religiosas, perfeitamentehabilitados a desempenhar funçõesde gestão dos centros. Não énecessário que seja o pároco, era oque faltava”, declarou o cardeal-patriarca.A este respeito, o responsávelinsistiu na ideia de não estar emcausa o “trabalho de excelentespárocos que são excelentespresidentes de instituições sociaiscatólicas”.D. Manuel Clemente precisou, aeste respeito, que a Concordataassinada entre a RepúblicaPortuguesa e a Santa Sé, em 2004,“protege a identidade dasinstituições sociais católicas”

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Bispos esperam propostas concretasdos partidosO presidente da ConferênciaEpiscopal Portuguesa disse naabertura dos trabalhos que ospartidos políticos têm de apresentar“propostas concretas econsistentes”, em ano de eleiçõeslegislativas. “É imprescindível queos partidos e candidatosapresentem propostas concretas econsistentes para a resolução dosproblemas que enfrentamos e seevite trocar causas por casos”.As eleições para a Assembleia daRepública em Portugal vão ocorrereste ano numa data a definir pelo

presidente, entre 14 de setembro e14 de outubro; as eleiçõespresidenciais, por sua vez, vãorealizar-se no início de 2016.Neste contexto, o cardeal-patriarcade Lisboa recordou que a sociedadeportuguesa “entrará em breve numperíodo de reflexão e decisõespolíticas” que requerem “umaparticular atenção” de todos.D. Manuel Clemente, que citou oPapa Francisco, falou de “causasessenciais” que têm de estar nocentro do debate político, como o“respeito ao bem

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Cristãos perseguidos

D. Manuel Clemente pediu que a perseguição aos cristãos em váriospaíses faça parte da “agenda política e humanitária”. “Acompanhamos ossucessivos apelos do Papa Francisco, para que a comunidadeinternacional desperte para a gravíssima situação dos cristãosperseguidos em vários países do mundo – o cristianismo é hoje a religiãomais perseguida em termos globais –, como continua a acontecer noPróximo Oriente e ainda recentemente aconteceu no Quénia, citandoapenas duas de várias situações flagrantes ou latentes”, disse o cardeal-patriarca de Lisboa, no discurso de abertura da 186.ª assembleiaplenária do organismo episcopal.O responsável sublinhou que as dioceses portuguesas têmcompartilhado esta preocupação, “com oração e ajudas materiais”.

comum, a vida empresarial criadorade trabalho e riqueza, a realpromoção dos pobres ou asalvaguarda dos mais frágeis”.“Grandes foram as dificuldadessofridas por muitos, sobretudo osmais pobres ou desapoiados, comgravíssimos problemas por resolverainda, especialmente no campo dotrabalho e do emprego”, alertou.O cardeal-patriarca aludiu ao“legítimo pluralismo” dos católicos,que devem ter em conta os“princípios do pensamento socialcristão” que foram “reapresentadospelo Papa Francisco na suaexortação ‘programática’”, a‘Evangelii Gaudium’ (a alegria doEvangelho).

Para o presidente da CEP, é urgenteencontrar uma “base comum devalores sociais e humanitários”, napartilha de “finalidades essenciaisque só conjuntamente serãoalcançadas”. A este respeito, D.Manuel Clemente lembrou que apropriedade “não é um bemabsoluto para ninguém”, masrelativo ao bem comum.O discurso falou da “qualidadehumana e humanizante da atividadeeconómica”, que não deve ser“esquecida nem hipotecada aqualquer apriorismo teórico oualheamento prático”.

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Convicções católicas sobre a vida e afamíliaO presidente da ConferênciaEpiscopal Portuguesa defendeumudanças na lei portuguesa sobre oaborto e pediu maior apoio àmaternidade. “Em Portugal, tal [oaborto] atinge uma grandequantidade de vidas humanas, cujagestação é interrompida ao abrigoduma lei que as não protege”, disseo cardeal-patriarca de Lisboa, nodiscurso de abertura da 186.ªassembleia plenária do organismoepiscopal.O responsável recordou a IniciativaLegislativa de Cidadãos que reuniucerca de 50 mil assinaturas paraque a Assembleia da República“veja e reveja o que está e não estáa ser feito neste campo”. “Foi tal oenvolvimento dos subscritores, quealgo de novo e positivo acontecerácertamente, no plano prático elegal”, declarou.D. Manuel Clemente citou o PapaFrancisco para referir que a “defesada vida nascente está intimamenteligada à defesa de qualquer direitohumano. “Como o Papa não deixade acrescentar, a defesa da vida emgestação há de ser prevenida eacompanhada com o apoio concretoàs mães gestantes”, prosseguiu.

O presidente da CEP entende queesta deve ser uma prioridadepolítica “geral”, ultrapassando ocampo confessional estrito, porestar em causa a “baseimprescindível do direito comum detodos”. “Especialmente agora,quando uma brusca quedademográfica põe em causa a própriasobrevivência harmónica esocialmente garantida da nossapopulação inteira”, acrescentou.O cardeal-patriarca de Lisboaespera que todos os que sepropõem “servir politicamente” opaís se pronunciem sobre asquestões relativas à “salvaguardada vida humana em todas as suasfases, à promoção da vida familiar eà educação dos filhos, ao trabalho eao emprego, à saúde e segurançasocial para todos, à integração dosimigrantes e ao diálogo socioculturalinclusivo”.O presidente da CEP convidou oscatólicos a apresentar as suasconvicções na praça pública,recordando que “há modos deencarar a realidade ‘familiar ’ quenão coincidem com a visão cristã”do matrimónio e da família.Segundo D. Manuel Clemente, asociedade “só ganha com a

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apresentação clara das convicçõese opções de pessoas e grupos, numpluralismo de presença e não deausência de ideias e testemunhos”.O patriarca de Lisboa admitiu quemesmo para católicos convictos“nem sempre é fácil e linear avivência do matrimónio, não sendoraras as dificuldades a ultrapassar emesmo as ruturas de difícilsuperação”. “O

Sínodo dos Bispos continua atento atais situações, na sequência dasposições pontifícias já tomadas, querelembram a indelével condiçãobatismal dos católicos e o seu lugarna vida e ação da Igreja, inclusiveem casos de rutura matrimonial, e anecessidade de acompanhamento,mesmo quando constituíram outrasligações não sacramentais”,precisou.

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DIA MUNDIAL DAS VOCAÇÕES

Profissão e vocaçãoO termo “profissão” procede dasraízes latinas pro e fero-latum.Literalmente significa: “pôr a favorde”. Profissional é, nestes termos,quem orienta suas própriascapacidades e preparação embenefício de uma causa. Como sepode observar, a etimologia colocao acento na finalidade da profissãoe não no título profissional, e muitomenos no facto de se estar emposse de algo. O termo é utilizadocom freqüência, erroneamente, comum sentido restritivo, de modo quequando ouvimos falar de“profissões”, pensamosimediatamente nas profissõesliberais ou em estudosuniversitários.Porém, se utilizarmos o termo“profissionalidade”, a compreensãode profissão já se torna maisabrangente. Exercem umaprofissionalidade e actuamprofissionalmente também aquelesque não “possuem” uma profissão.Consequentemente podemos falarda profissionalidade de umcarpinteiro, de um varredor, de umaenfermeira ou de um sacerdote.Fala-se de profissionalidadequando

as pessoas orientam os donsrecebidos e as capacidades quepossuem para um fim superior.Assim, também se podecompreender que alguns“profissionais” não sejam muito“profissionais”, por isso que utilizama profissão para fins egoístas, comoenriquecer-se ou conseguirprestígio, ou, noutros casos, porqueexercem a profissão de modomedíocre.O termo “vocação” refere-se a outrarealidade. Vem da raiz latina vocare,que significa “chamar”, e pressupõeum diálogo entre quem chama equem é enviado. No âmbito daIgreja, o termo “vocação” refere-se àsequela de Jesus, ou seja, à vidadiscipular e missionária. Há somentetrês maneiras de seguir Jesus: comoleigo ou leiga, como religioso oureligiosa, e como sacerdote. Muitosleigos, religiosos e sacerdotesexercem ao mesmo tempo umaprofissionalidade, porém estacoloca-se ao serviço da vocação eestá subordinada a ela. Para umdiscípulo de Jesus, a profissão vema ser um instrumento da vocação. Convém, pois, fazer uma distinçãomais clara entre vocação eprofissão. A vocação é ochamamento de Deus

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que se concretiza, no horizonte dafé cristã, como vocação laical,religiosa ou sacerdotal. A profissãoé propriamente uma forma de vidaque consiste na opção de dedicaros dons recebidos a um fim. Estaforma de vida não se dáexclusivamente no âmbito da Igreja,mas está presente em todas asculturas. Todavia, a profissão podee deve ser interpretada à luz davocação específica dos baptizados. Coloquemos agora estes conceitosem movimento para imaginar o quepodem significar na prática. Avocação laical consiste em seguirCristo no

meio das realidades temporais: afamília, a política, a economia, asciências, a ecologia, a justiça social,para mencionar alguns campossignificativos. O leigo vivecomprometido na transformação domundo para ir manifestando (“des?cobrindo”) o Reino de Deus quenele já está presente. Por isso, parao leigo, a profissão é muitoimportante. Por exemplo, através deum exercício consciente da suaprofissão, um advogado cristãopode colaborar na criação de umaordem mais justa, o que é desejadopor Deus; um agrónomo quecolabora no resgate

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DIA MUNDIAL DAS VOCAÇÕES ecológico de uma região, segundoo plano do Criador; um médico queajuda as pessoas a recuperarem asaúde, convertendo-se em sinal deCristo junto dos doentes.Como se pode observar, ambas ascoisas - a vocação e a profissão -são importantes e sérias. Porém,para o cristão, a vocação é o fim e aprofissão é um meio em funçãodeste fim. Uma recta vivência davocação exige uma grandequalidade profissional, pois, comopoderá transformar o mundosegundo o desígnio de Deus quemé incompetente no exercício daprópria profissão? Um exercíciocoerente da

profissão é algo que se aproximamuito da vocação. Deste modo,entre vocação e profissão, dá-seuma profunda complementaridade.A partir desta perspectiva, tambémse consegue ilustrar melhor otrabalho profissional das pessoasconsagradas. Um religioso ou umareligiosa que tenham feito profissãode radicalidade na sequela deJesus, deverão exercer comsemelhante radicalidade também oseu serviço profissional, nãosomente em virtude da qualificaçãotécnica que possam ter, massobretudo pela disponibilidadeevangélica para o serviço.

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O valor do trabalho

Para os leigos que vivem no meiodo mundo, e também para ossacerdotes e religiosos, éconveniente que reflictam sobre ovalor do trabalho enquanto parte davocação do homem. Segundo o livrodo Génesis, o Senhor «colocou ohomem no jardim do Éden para oguardar e o cultivar» (Gn 2,16). Osevangelhos apresentam-nos Jesusexercendo um ofício e trabalhandocom as suas mãos (cf. Mt 13, 54-58), e mostram como o Salvadorreconheceu o profundo valor dotrabalho humano, vinculando-o àvontade de Deus (cf. Jn 5, 17).A reflexão do Magistério da Igrejasobre a dignidade do trabalho,especialmente a partir do ConcílioVaticano II, põe em grande realce arelação existente entre a vocaçãodos leigos e a sua profissão: «Otrabalho humano procedeimediatamente da pessoa, a qualcomo que marca com o seu zelo ascoisas da natureza, e as sujeita aoseu domínio. É com o seu trabalhoque o homem sustenta de ordinárioa própria vida e a dos seus; pormeio dele se une e serve aos seusirmãos, pode exercitar umacaridade

autêntica e colaborar noacabamento da criação divina. Maisainda: sabemos que, oferecendo aDeus o seu trabalho, o homem seassocia à obra redentora de Cristo,o qual conferiu ao trabalho umadignidade sublime, trabalhando comas suas próprias mãos em Nazaré.Daí nasce para cada um o dever detrabalhar fielmente, e também odireito ao trabalho» (Gaudium etSpes, n. 67). Não é este o lugar para desenvolvera teologia do trabalho,magistralmente exposta por Leão XIIIna Encíclica Rerum novarum, porPio XII na Encíclica Quadragesimoanno, e por São João Paulo II nasEncíclicas Redemptorhominis e Laborem exercens. Seaceitássemos a briga de concentrartodo este corpo de reflexão em duaslinhas, ficaria bem patente adignidade do trabalho como meiopara o desenvolvimento da pessoae como parte fundamental da suaprópria vocação. O sentido cristãodo trabalho é profundamentecoincidente com os valores davocação e da profissão, expostosacima. Os três âmbitos sãopropícios para o desenvolvimentodas virtudes e para a santificaçãodo homem.

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DIA MUNDIAL DAS VOCAÇÕES Modificando a linguagem

A linguagem exprime as convicçõesque estão presentes no imagináriode uma colectividade. Quando nanossa sociedade se ouve a palavra“profissão”, é comum pensar-se noesforço que implica construir umacarreira profissional, isto é, o méritode quem adquiriu uma profissãoatravés de um título. A lógica que aífunciona é esta: «Esforcei-me paraconseguir este título profissional; emrazão deste mérito, tenho direito aexplorar esta profissão, cobrandodesmesuradamente pelos meusserviços profissionais.» Com estamentalidade, torna-se muito difíciledificar uma ética profissional.Porém, se modificarmos aspremissas, a percepção daprofissão já será diferente: «Tive oprivilégio de estudar e de obter umtítulo. Isto foi possível graças aoesforço da minha família e aosacrifício de tantos jovens como euque não tiveram acesso àUniversidade.» Aqui, o acento éposto no dom recebido, não nomérito. Consequentemente, oprofissional já passará a delinearuma ética profissional que consistaem colocar

ao serviço dos demais aquilo quedeles se recebeu. O títulouniversitário não é uma ocasiãopara a superioridade, mas para oserviço.No caso de um profissional cristão,esta segunda maneira de pensarmostra uma grande cercania com asua fé. Se ele conhece bem aquelaque é a sua vocação específica,saberá também pôr a sua profissãoem função da sua vocação. Porém,se ignorar a sua própria identidadevocacional, acabará por nãoestabelecer qualquer vínculo entrevocação e profissão.Infelizmente, no âmbito dasvocações de especial consagração,nem sempre existe uma justavaloração do trabalho. Por isso, nóssacerdotes e pessoas consagradas,temos muito que aprender dosprofissionais autênticos, e não nosfaria mal uma formação maiscuidadosa sobre o profissionalismono exercício do serviço ministerial.Deste modo, abre-se diante de nósuma perspectiva pastoralimportante, que compreende osseguintes elementos:* Pedagogia da vida como vocação.Desde a infância e em cada etapada vida, acompanhar e perguntarcomo

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se está respondendo à vocaçãobaptismal, à sequela de Jesus, aochamamento à santidade. Se avocação se apresenta como algonatural, com a mesma naturalidadeas crianças e os jovens se hão-deperguntar pela própria vocação.* Neste contexto da vivência davocação cristã, apresentar com

clareza as vocações específicas:sacerdotal, à vida consagrada ouàquela laical. Nesta mesma perspectiva devocação cristã, facilitar a escolha daprofissionalidade e da profissão.* Modificar a interpretação do termo“profissão”, para que signifique maisa “profissionalidade” que a posse

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DIA MUNDIAL DAS VOCAÇÕES de um título universitário. Segundoesta interpretação, o trabalho já nãoserá visto como uma carga, mas simcomo um privilégio.* Educar os estudantesuniversitários e os profissionais paraque aprendama ter um trato de colaboração, e não

de superioridade, com todosquantos exerçam a profissionalidadesem terem um título académico, ecom quem irão compartilhar otrabalho no futuro.* Oferecer aos estudantesuniversitários e aos profissionais

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uma catequese suficiente a respeitoda sua vocação laical e da profundaconexão que deve existir entre avocação e o exercício profissional.Traçar, com eles, as linhas daespiritualidade da sua profissão edo futuro trabalho profissional.* Propor aos estudantes pré-universitários uma catequesevocacional completa, que inclua osentido da vocação e da profissão,e a integração entre ambas, demodo que possam aproximar-se deum discernimento vocacional maisautêntico.* Oferecer uma catequese suficientesobre a profissionalidade àspessoas que exercem um ofícioque,

segundo a mentalidade ordinária,não é tido por “profissão”, de modoque possam estar orgulhosos dasua profissionalidade e a exerçamconscientemente.* Educar os seminaristas eformandos das comunidadesreligiosas na valorização da vocaçãolaical, da profissão e do mundo dotrabalho, de modo que assimilem osentido da profissionalidade do seupróprio serviço ministerial.

D. Jorge Carlos Patrón Wong

Secretário para os Seminários daCongregação para o Clero

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DIA MUNDIAL DAS VOCAÇÕES

52.º Dia Mundial de Oração pelasVocaçõesO Papa Francisco defendeu que a“vocação cristã” está ligada aocompromisso solidário em “favor dalibertação dos irmãos, sobretudodos mais pobres”, numa mensagemdivulgada pelo Vaticano. “a vocaçãocristã, radicada na contemplação docoração do Pai, impelesimultaneamente para ocompromisso solidário a favor dalibertação dos irmãos, sobretudodos mais pobres”, refere, no textoque dirigiu às comunidadescatólicas para o 52.º Dia Mundial deOração pelas Vocações (26 deabril).A mensagem tem como título ‘Oêxodo, experiência fundamental davocação’ e sublinha que “a vocaçãocristã só pode nascer dentro dumaexperiência de missão”. “Ouvir ereceber a chamada do Senhor nãoé uma questão privada e intimistaque se possa confundir com aemoção do momento; é umcompromisso concreto, real e totalque abraça a nossa existência e apõe ao serviço da construção doReino de Deus na terra”, assinalaFrancisco.O Papa desafiou os jovens a sercapazes de sair de si próprios e da“falsa estabilidade” para seguir osacerdócio e a vida consagrada.

“Na raiz de cada vocação cristã, háeste movimento fundamental daexperiência de fé: crer significadeixar-se a si mesmo, sair dacomodidade e rigidez do próprio eupara centrar a nossa vida em JesusCristo”, refere Francisco.“A oferta da própria vida nestaatitude missionária só é possível seformos capazes de sair de nósmesmos”, insiste o Papa.Francisco precisa que esta saída“não deve ser entendida como umdesprezo da própria vida”, mascomo uma forma de encontrar “avida em abundância”. “A vocaçãocristã é, antes de mais nada, umchamamento de amor que atrai ereenvia para além de si mesmo,descentraliza a pessoa”, observa.Segundo o Papa, esta experiênciade “êxodo” é o “paradigma da vidacristã, particularmente de quemabraça uma vocação de especialdedicação ao serviço doEvangelho”. “A vocação é sempreaquela ação de Deus que nos fazsair da nossa situação inicial, nosliberta de todas as formas deescravidão, nos arranca da rotina eda indiferença e nos projeta para aalegria da comunhão com Deus ecom os irmãos”, escreve.

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Francisco alarga esta visão àatividade missionária eevangelizadora da Igreja,reforçando os seus apelos por uma“Igreja «em saída», não preocupadaconsigo mesma, com as suaspróprias estruturas e conquistas”,mas sim “capaz de ir, de se mover,de encontrar os filhos de Deus nasua situação real e compadecer-sedas suas feridas”.

GuiãoA Comissão Episcopal Vocações e Ministérios preparou um Guião que,entre vários conteúdos, apresenta uma proposta de Catequese paraCrianças, outra para Adolescentes e outra para Jovens, um esquemade uma Vigília de Oração pelas Vocações e ainda o de um Rosário. Naparte final pode encontrar algumas Dicas para o DiscernimentoVocacional.

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H2Onews, A fonte das suas notíciashttp://www.h2onews.org

Presente há quase dez anos nainternet, o sítio H2Onews realiza,produz e distribui todos os diasnotícias em formato áudio / vídeo etexto disponíveis em 8 línguas sobrea vida da Igreja, sobre osacontecimentos sociais e culturaisque se referem diretamente à vidados católicos no mundo. Ofereceainda um serviço inteiramentegratuito a televisões, rádios e sítioscatólicos, para que, conforme estáescrito “as palavras do Papa e asnotícias sobre a Igreja possam estaracessíveis a todos aqueles que odesejarem”.Este serviço surgiu durante ocongresso internacional detelevisões católicas em Madrid queaconteceu em Outubro de 2006,como resposta ao convite que oPapa João Paulo II fez na suamensagem para o dia mundial dascomunicações sociais de 2005 dese colocarem os meios decomunicação social ao serviço daevangelização, da paz e dodesenvolvimento dos povos.Tem então como objetivo “responderàs necessidades de crescimento dacomunicação católica de todo o

mundo, através dos novos meiosmultimediáticos.” A designação H2O,conforme sabemos, é a fórmulaquímica da água que é fonte devida, sendo que esta plataforma seauto-intitula como “serviçoinformativo que quer ser água, paracada utilizador: uma informaçãorenovadora, que brota da fonte purado Evangelho.”Quando entramos nesta plataformadigital e depois de seleccionarmos alíngua pretendida, encontramos umpainel com vídeos em destaque.Nessa barra de vídeos temostambém a possibilidade de ospesquisar por vários temas (sínodo,cultura, evangelho, bíblia, terrasanta, etc.). Na página principaltemos também a possibilidade dedescarregar uma aplicação que nospermite “receber todos os dias,automaticamente, uma

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seleção dos melhores vídeos domundo católico”.Na opção “serviços” podemosconsultar quais os trabalhos quepodem ser realizados pela equipado H2Onews (produção, pós-produção, soluções web ecomunicação). Por outro lado em“portfolio” dispomos de todos osvídeos foram realizados eproduzidos através deste serviço.A qualidade dos produtosdisponibilizados é muito boa

primando-se por conteúdos deexcelência. É certamente com sítiosdestes que a Igreja Católica,enquanto instituição, demonstra asua adesão séria, concreta eempenhada às novas tecnologias.Um bom exemplo a ser seguidocertamente por outros organismoseclesiais.

Fernando Cassola Marques

[email protected]

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«Best-seller» sobre Jesus chega aPortugalA Paulinas Editora vai colocar nasbancas a 20 de abril a obra “Jesus,um encontro passo a passo”, doescritor e padre jesuíta JamesMartin, “um dos mais influentesreligiosos católicos dos EstadosUnidos da América”. Na introduçãodo livro, enviada à AgênciaECCLESIA, o autor destaca apublicação como “um olhar dirigidoa Jesus”, uma reflexão própria “parapessoas com uma fé profunda ousem fé nenhuma que se queiraminformar sobre Cristo”.O livro teve como base uma viagemque James Martin realizou em 2012à Terra Santa, uma experiência que

“tornou os Evangelhos mais vivos”na sua mente e que permitiu acedera “uma quantidade imensa deinformações fascinantes acerca davida e da época de Jesus deNazaré”. “Viajar pela Terra Santa écomo visitar a casa de família de umbom amigo. Por muito bem que seconheça essa pessoa, oconhecimento será melhor depoisde se ir a sua casa. Espero fazer oleitor viver essa viagem da maneiraque eu a vivi”, salienta o escritor.De acordo com a Paulinas Editora, olivro de James Martin é um autêntico“diário de bordo” que leva osleitores “por quase todos os lugaresque

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a Bíblia refere terem sido visitados”por Cristo, “desde Jerusalém aNazaré, passando pelo Mar daGalileia e o Monte das Bem-aventuranças”.O padre Joaquim Carreira dasNeves, que assina o prefácio,destaca a forma entusiástica como aobra tem tido recebida desde quefoi primeiramente publicada nosEUA, em 2014, mesmo “no meio dedezenas e centenas de livrospublicados sobre Jesus”. Para osacerdote, “o mistério do seusucesso consiste na metodologiaseguida pelo autor”, que olhouJesus “tal como

ele aparece os Evangelhos”, atravésdas “lentes” da sua própria“educação, experiência, oração, emais recentemente” do ponto devista “da sua peregrinação à TerraSanta”.Também “através das lentes da fé”,já que como James Martin refere nolivro, a sua escrita bebeu muito dosensinamentos do fundador dosjesuítas, Santo Inácio de Loiola:“olhar o mundo humano em atitudede contemplação, de oraçãoimaginativa e de compreensãosobre o espaço vital”.

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II Concílio do Vaticano: Algunstextos conciliares «envelheceram»

No início do II Concílio do Vaticano (outubro de 1962),Portugal vivia numa “ditadura”, “com falta deliberdade”, “muita censura” e com “grande atividadeda Polícia chamada PIDE”, disse à Agência ECCLESIAo bispo emérito de Leiria-Fátima, D. Serafim Ferreira eSilva.Ordenado sacerdote em julho de 1954, D. SerafimFerreira e Silva estudou também em Roma (Itália) eacompanhou “todo o percurso do pré-concílio,durante o concílio e pós-concílio” e acrescenta queaté escreveu “alguns artigos” e “um livro” sobre esteacontecimento da Igreja.Ao recordar estes tempos e os “50 anos destacaminhada” - o prelado – nascido em junho de 1930 enatural da Diocese do Porto (Maia) – realça que pede“a Deus que haja – não apressadamente, mas semdemora – um novo concílio”. No entanto, acrescenta obispo emérito de Leiria-Fátima, o espírito conciliardeve “permanecer e desenvolver”. Defensor de um“novo concílio” nos próximos tempos, D. SerafimFerreira e Silva deseja também que “haja umarenovação permanente da Igreja que é a mesma, masque tem de se contextualizar no espaço e no tempo”.A mensagem que o II Concílio do Vaticano trouxe aomundo e à Igreja “não está esgotada” porque“ultrapassa o tempo para fora do tempo”, masaconselha a uma “renovação, visto que há culturasdiferentes”, sublinhou.Quando se deu a abertura do II Concílio do Vaticano(11 de outubro de 1962), o bispo emérito estava emPortugal, mas foi a Roma – estava lá o seu bispo (D.

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António Ferreira Gomes) – e teve “ahonra de entrar na aula conciliar”. Eadianta que viveu “intensamente”este acontecimento convocado peloPapa João XXIII.No diálogo que teve com D. AntónioFerreira Gomes (na altura estavaexilado em Espanha), D. SerafimFerreira e Silva recorda os “diálogose as notícias dadas” pelo entãobispo do Porto. O prelado – recebeua ordenação episcopal em 1979, naBasílica do Sameiro (Braga) –confidenciou à Agência ECCLESIAque lhe apresentou “alguns votos” eele foi “cumpridor” dos seusdesejos, mas “era uma unidade nomeio de uma pluralidade”.D. Sebastião Soares de Resende(bispo da Beira - Moçambique) e D.António Ferreira Gomes (bispo

do Porto, mas exilado) foram osbispos portugueses que tiveramintervenções na primeira sessão doII Concílio do Vaticano que“marcaram a palavra pelomagistério”. Ordenado padre antesdo concílio, D. Serafim Ferreira eSilva sublinha que o “mais fácil defazer, foi colocar em prática asalterações litúrgicas” e “asalterações canónicas”.Ao nível das dificuldades, o preladocita a “adaptação bíblica da«Verbum Dei», uma constituição quemantém toda a atualidade”,enquanto outros textos“envelheceram”.Para o prelado, “a «Gaudium etSpes», o documento sobre ascomunicações sociais e a«Sacrosanctum Concilium» precisamde ser novamente reescritos”, vistoque “o mundo alterou-se muito”.

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Abril 2015 Dia 17 de Abril* Braga - Loja «FNAC» - Entregados prémios do concurso defotografia da Semana Santa deBraga

* Funchal - Colégio dos Salesianos -Encontro regional de EMRC dos 2ºe 3º ciclos e secundário com o tema«A alegria de um sonho».

* Lamego - Seminário de Lamego -Jornadas Jurídico-Pastorais sobrematrimónio e família.

* Lisboa - Espaço Aberto ao Diálogoem Chelas - Celebração doaniversário da «Comunidade Vida ePaz» com apresentação do portal«emvolta.pt».

* Porto - Santa Maria da Feira(Biblioteca Municipal) - Debatesobre «Religião e Mulher» com aparticipação de Teresa Lago eTeresa Toldy.

* Aveiro – Sé - Apresentação doálbum “Cânticos da Manhã e daTarde” e a atuação de TeresaSalgueiro.

* Braga - Sede Regional do CNE -João Armando Gonçalves,presidente do Comité Mundial daOrganização Mundial do MovimentoEscutista (OMME) apresenta asprincipais conclusões daConferência Mundial de Escutismo efala sobre o futuro do movimentoescutista.

* Braga – Sé - Encenação «Payassu- O Verbo do Pai Grande» do padreAntónio Vieira. Dia 18 de Abril* Coimbra - Região de Cantanhedee Ançã - Celebração do Diadiocesano do professor com visita àregião de Cantanhede e Ançã(Coimbra).

* Lisboa - Torres Vedras - OSecretariado Regional de Lisboa, daUMP (União das MisericórdiasPortuguesas) promove uma jornadade reflexão sobre «Partilhar paracrescer» com a presença do bispoauxiliar de Lisboa, D. José Traquina.

* Beja – Grândola - O festival demúsica sacra ‘Terras Sem Sombra’,organizado pela Diocese de Beja,traz a Grândola dois artistaspremiados pelo Vaticano numconcurso internacional de Roma.

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* Porto - Casa de Vilar - Jornadassobre «Pensar a família»promovidas pelas Equipas de NossaSenhora e com conferências dopadre Vasco Pinto Magalhães SJ eTeresa Ribeiro, especialista na áreada família.

* Leiria – Batalha - Colóquio sobre oMosteiro da Batalha e inauguraçãode exposição. Atividades integradasno Dia Internacional dosMonumentos e Sítios.

* Lisboa - Visitas guiadas vão abriras portas da Igreja de São Roque,do Hospital Ortopédico de Sant’Anae dos Conventos de Santos-o-Novo,do Grilo, de Nossa Senhora daEncarnação e de São Pedro deAlcântara.

* Coimbra - Instituto UniversitárioJustiça e Paz - O SecretariadoDiocesano da Pastoral Juvenilrealiza o ANIMA (formação paraatuais e futuros animadores degrupos de Jovens) com o tema«(Re) Conheces Deus?».

* Lisboa - Mosteiro do Lumiar dasMonjas Dominicanas -Comemorações do 40º aniversáriodo Centro de Reflexão Cristã (CRC)com mesa-redonda sobre «O CRC ea renovação da Igreja - quarentaanos de intervenção cristã» comManuela Silva e José Leitão.

* Guarda - Centro Apostólico D.João de Oliveira Matos - Encontrosobre «A comunidade paroquial e odespertar vocacional»

* Aveiro - Centro Universitário Fé eCultura - Ação de formação paraorganistas promovida pela EscolaDiocesana de Música Sacra deAveiro (EDMUSA).

* Lisboa - Museu de São Roque -Conferência sobre «A Antiga Igrejada Misericórdia de Lisboa: NovosContributos para a sua história eprocesso evolutivo» por Gonçalo deCarvalho Amaro.

* Leiria – Batalha - Abertura daexposição «Lugares da oração noMosteiro da Batalha»

* Lisboa - Igreja de São Roque -Espetáculo «Paiaçu ou Pai Grande»do padre António Vieira pelos atoresJoão Grosso e Sílvia Filipe.

* Braga - Barcelos (Seminário daSilva) - Colóquio sobre «A mulher naIgreja e na sociedade» com LígiaCunha e Fátima Monteiro epromovido pelo Centro EspíritoSanto e Missão e integrado no ciclo«Missão na Praça».

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17 de abril a 14 junhoUm ciclo de teatro dedicado ao padre António Vieira éa nova proposta cultural da Rota das Catedrais donorte de Portugal. Começa na Sé de Braga, estasexta-feira a partir das 21h30, e termina na Sé deViana do Castelo, a 14 de junho. Sábado, 18 de abrilDia Internacional dos Monumentos e Sítios celebradocom mais de 1000 atividades em Portugal continentale ilhas. Iniciativa anual tem como tema em 2015«Conhecer, Explorar, Partilhar»Na Mouraria, o Pároco da igreja de São Cristóvão, opadre Edgar Clara, vai ser o cicerone da visita aoslugares religiosos do bairro histórico lisboeta. 19 a 26 de abrilSemana de Oração pelas vocações intitulada”Caminho de beleza seguir Jesus – Vocação esantidade”. O guião propõe uma oração pelasvocações; catequese para crianças, adolescentes ejovens, uma vigília, a oração dos Mistérios do Terço eainda dicas para o discernimento vocacional. 23 abril«A Arte Transforma?» é a interrogação que conta coma reflexão da cineasta Inês Gil, o compositor musicalJoão Madureira e o escritor Jacinto Lucas Pires. Asinscrições terminam no dia 20, é promovido pelomovimento GRAAL que acolhe a iniciativa inserida nasérie "Terraço em Diálogo.

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POR OUTRAS PALAVRAS

3º Domingo de Páscoa - Ano B

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Como deve uma família viver a fé?

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Programação religiosa nos media

Antena 1, 8h00RTP1, 10h00Transmissão damissa dominical

11h00 -Transmissão missa 12h15 - Oitavo Dia

Domingo: 10h00 - ODia do Senhor; 11h00- Eucaristia; 23h30 -Ventos e Marés;segunda a sexta-feira:6h57 - Sementes dereflexão; 7h55 -Oração daManhã; 12h00 -Angelus; 18h30 -Terço; 23h57-Meditando; sábado:23h30 - TerraPrometida.

RTP2, 11h30Domingo, dia 19 - Ritmos evivências no Mosteiro deSingeverga RTP2, 15h30Segunda-feira, dia 20 -entrevista com padre JoséMiguel Barata Pereira e padreLeonel Francisco, sobre asemana das vocaçõesterça- feira, dia 21 -Informação e entrevista comPaulo Fontes do CEHR daUniversidade Católicaquarta-feira, dia 22 - informação e entrevista comFrancisco Monteiro, da pastoral dos ciganos quinta-feira, dia 23 - informação e entrevista com FreiFernando Venturasexta-feira, dia 24 - entrevista de apresentação daliturgia dominical. Antena 1Domingo, dia 19 abril - 06h00 - Património e odesenvolvimento local: Rota do Românico e Rota dasIgrejas. Comentário com o padre José Luís Borga. Segunda a sexta-feira, 20 a 24 de abril - 22h45 -Histórias de alegria pascal na semana de oração pelasvocações: Miguel Silva do Mosteiro deSingeverga; Lurdes Xavier, consagrada secular; padreNuno Santos, da diocese de Coimbra; PedroRodrigues, do Mosteiro de Singeverga e o jovemPedro Hasse Ferreira

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Ano B – 3.º Domingo da Páscoa Discípulosmissionáriosem CristoRessuscitado

A liturgia da Palavra neste 3.º Domingo da Páscoaprocura responder a questões essenciais para a fécristã. Jesus ressuscitou verdadeiramente? Como éque podemos fazer uma experiência de encontro comJesus ressuscitado? Como é que podemos mostrar aomundo que Jesus está vivo e continua a oferecer aoshomens a salvação?A primeira leitura apresenta-nos o testemunho dosdiscípulos sobre Jesus. Depois de terem mostrado, emgestos concretos, que Jesus está vivo e continua aoferecer aos homens a salvação, Pedro e Joãoconvidam os seus interlocutores a acolher a propostade vida que Jesus lhes faz.A segunda leitura lembra que o cristão, depois deencontrar Jesus e de aceitar a vida que Ele oferece,tem de viver de forma coerente com o compromissoque assumiu, no reconhecimento da fragilidade quefaz parte da realidade humana e num esforço defidelidade aos mandamentos de Deus.O Evangelho assegura-nos que Jesus está vivo econtinua a ser o centro à volta do qual se constrói acomunidade dos discípulos. É precisamente nessecontexto eclesial – no encontro comunitário, no diálogocom os irmãos que partilham a mesma fé, na escutacomunitária da Palavra de Deus, no amor partilhadoem gestos de fraternidade e de serviço – que osdiscípulos podem fazer a experiência do encontro comJesus ressuscitado. Centrados nesse encontro, osdiscípulos são convidados a dar testemunho de Jesusdiante dos outros homens e mulheres.O encontro com o Ressuscitado aconteceessencialmente na Eucaristia e a partir da Eucaristia.Como os discípulos de Emaús que, cheios de alegriapelo encontro com

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o Ressuscitado, vão contar aosApóstolos como tinham reconhecidoo Senhor quando Ele tinha partido opão. Escreveu São João Paulo II naencíclica “o Dia do Senhor”: “Éprecisamente na Eucaristiadominical que os cristãos revivemcom uma intensidade particular aexperiência feita pelos Apóstolosreunidos na tarde de Páscoa,quando o Ressuscitado semanifestou diante deles. Nestepequeno núcleo de discípulos,primícias da Igreja, estava presente,de certa maneira, o povo de Deusde todos os tempos”.Sempre que nos reunimos paracelebrar a Eucaristia, em querefazemos o gesto revelador

da presença do Ressuscitado,disponhamos do tempo para escutara Palavra, porque o próprio Cristonos “abre as Escrituras”, comooutrora aos discípulos de Emaús.Que as nossas vidas e comunidadesse alimentam sempre da únicapresença sacramental de Cristo,Palavra e Pão. Que seja celebradae assumida nas variadas presençase encontros quotidianos da nossaperegrinação humana e cristã. EmCristo Ressuscitado, sejamossempre e de modo concretodiscípulos missionários.

Manuel Barbosa, scjwww.dehonianos.pt

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Ser religioso na Terra SantaO irmão António, da paróquiacatólica de Jericó, na Palestina,disse à Agência ECCLESIA que têmde ser os cristãos a promover odiálogo entre muçulmanos e judeusna Terra Santa. “Os cristãos são aponte entre os muçulmanos e oshebreus, porque falam com os dois”,afirmou o religioso norte-americano,que está em Jericó há três anos.O frade franciscano refere que ospalestinos da localidade sentem “afalta de justiça” pelas desigualdadessociais que os discriminam,nomeadamente no acesso aotrabalho e à habitação. “As famíliasde maioria cristã vivem na pobreza.Não têm casa nem trabalho. Ospalestinos não recebem osbenefícios sociais dos árabesisraelitas”, referiu à AgênciaECCLESIA, sustentando que orelacionamento entre cristãos emuçulmanos, em Jericó é “muitotranquila”.“A experiência do medio oriente éde guerra entre cristãos emuçulmanos. Aqui é um mundodiferente”, sublinhou.O irmão António apontou comoprova da “tolerância efetiva” aexistência de duas escolas católicasem Jericó,

onde há 23 estabelecimentos deensino públicos. “Temos duasescolas católicas e quando osfamiliares procuram uma boaeducação enviam os filhos paraaqui”, precisou.Jericó, uma região com 32 milhabitantes, tem 500 cristãos, dosquais 224 são católicos. As duasescolas católicas, ligadas àsreligiosas e aos religiososfranciscanos, têm cerca de milestudantes muçulmanos.O religioso norte-americano observaque “há um convívio entre asfamílias” dos estudantes e osresponsáveis dos muçulmanos edos católicos participam nas festasde uma e de outra religião.A cidade de Jericó é das maisantigas da civilização humana,defendendo a arqueóloga inglesaKenyon que os primeiros vestígiosde sedentarização na região são dooitavo milénio antes de cristo.

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Padre Plácido RobaertO franciscano padre Plácido Robaert, há quase 40 anos ligado à TerraSanta, disse à Agência ECCLESIA que a ideia de um Estado confessionaljudaico, em Israel, “é terrível”. “O Estado devia ser laico. Passou a épocado estado ser católico ou muçulmano, porque isso cria violência, criadificuldade na defesa da liberdade de consciência, da fé e até no sentidoda ciência”, afirmou o sacerdote, em Jerusalém.Para o investigador da Bíblia, Israel deve ser um Estado onde todas aspessoas “vivam fraternalmente” e sem “impor” a fé tem, algo que aindaexige um “caminho longo”, o que não lhe retira a confiança de quem umdia “vai acontecer”.Natural do Brasil, o padre Plácido Robaert chegou a Jerusalém paraestudar os livros da Bíblia em 1982, sendo posteriormente bibliotecário do‘Studium Biblicum Franciscanum ‘de Jerusalém e trabalha atualmente noSantuário do Getsémani.“Os peregrinos mudaram muito. Já não há o sentimento religioso, comonos anos 80. Há muita gente que vem fazer turismo, fotografias. Apesardisso, muitos saem a chorar da basílica porque reconhecem que Jesusmorreu por nós, que chorou sangue”.

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A Vida Consagrada é belaO Papa Francisco esteve estesábado com os participantes doCongresso internacional paraFormadores de consagrados econsagradas e pediu que não“descuidem a formação pessoal”.“Vocês não são apenas mestres,mas, sobretudo, testemunhas dasequela de Cristo, segundo seupróprio carisma, que pode serredescoberto mediante a alegria deser discípulos de Jesus. Por isso,cuidem sempre da sua formaçãopessoal, que nasce de uma forteamizade com o único Mestre”.“A vida Consagrada é bela” eadiantou que não deve ser vividacomo “um peso, mas um serviço,uma missão”, destacou Francisco.Esta é a vossa a tarefa, a vossamissão: transmitir a beleza daconsagração não só como“Maestros”, mas, sobretudo dando otestemunhos da sequela de Cristo.Daí a necessidade de osformadores cuidarem também dasua própria formação e de teremsempre fresca a “a alegria de serdiscípulos de Cristo”, acrescentou.O Papa reafirmou a vontade de tereste encontro pois através dosformadores e educadores consegue

“ver os seus e nossos jovens,protagonistas de um presente,vivido com paixão, e promotores deum futuro repleto de esperança”.“Jovens que, impelidos pelo amor deDeus, procuram na Igreja oscaminhos para o assumir na própriavida. Sinto a presença deles aqui ea eles dirijo meu pensamentocarinhoso”.Ao ver o numeroso grupo de jovenspresente na Sala Paulo VI, o Papadisse que “nem parece que há crisevocacional”, não obstante sua claradiminuição na Igreja, que tornaainda mais urgente a tarefa daformação à Vida Consagrada.O primeiro encontro do géneropromovido pela Congregação paraos Institutos de Vida Consagrada eas Sociedades de Vida Apostólica einserido no ando dedicado à VidaConsagrada reuniu cerca de 1400participantes sob o tema “Viver emCristo segundo a forma de vida doEvangelho”.

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Perseguição aos cristãosO prefeito e o secretário da Congregação para os Institutos de VidaConsagrada e as Sociedades de Vida Apostólica uniram-se aos alertascontra a perseguição dos cristãos em várias partes do mundo, duranteeste congresso internacional de religiosos, em Roma.“[Os Governos] têm de adotar providências de pacificação concretasentre os povos e cesse a espiral de violência da qual são vítimasinocentes particularmente mulheres e crianças”, apelaram osparticipantes.Uma denúncia, “com a voz frágil e poderosa do Evangelho”, feita pelocardeal João Braz de Aviz e pelo arcebispo José Rodríguez Carballo.Segundo o jornal do Vaticano ‘L’Osservatore Romano’, as notícias“dramáticas” provenientes do Médio Oriente “abalaram a sensibilidade”destes que elevaram preces, “em comunhão com o Papa Francisco etoda a Igreja”, pela paz. “Que o dom de Cristo Ressuscitado possaprevalecer sobre o ódio e a violência, e para que os homens sereconheçam todos irmãos”, são os seus desejos.

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Associação de Famílias Numerosasespera debate sério sobre apoios ànatalidadeA Associação Portuguesa deFamílias Numerosas espera ospartidos políticos promovam um“debate sério” sobre os 20 projetos-lei apresentados no Parlamento echeguem a “pontos de consenso”que promovam a natalidade.“Estamos à espera de um debatesério e que se consiga chegar apontos de consenso para conseguiruma garantia de estabilidade daspolíticas que é crucial para arecuperação da natalidade”, disse asecretária-geral da AssociaçãoPortuguesa de Famílias Numerosas(APFN).À Agência ECCLESIA, Ana CidGonçalves explicou que os 20projetos-lei revelam o “muito que hápor fazer” no apoio às famílias comfilhos e à natalidade em Portugalnas “mais diversas áreas”.Os partidos no Parlamentodebateram na reunião plenária estaquarta-feira projetos de lei queabrangem matérias como apromoção da natalidade, a proteçãode crianças e apoio às famílias, auniversalidade do abono de famíliae da educação pré-escolar para ascrianças a partir dos quatro anos; ameia jornada de

trabalho para funcionários públicose o regresso às 35 horas detrabalho semanais.A APFN alerta que os assuntos emdebate “não abrangem” a totalidadedas necessidades, mas uma parteimportante e a entrevistadaacrescenta que existe “consciência”dos tempos difíceis atuais, por isso“é necessário implementar asmedidas paulatinamente”.“É importante que esse caminhoseja definido o mais rápido possívelem relação às áreas em que épreciso adotar medidas mantendo asua estabilidade sem recuo”,alertou.A responsável revela queconsideram a proposta da “meiajornada” para a Função Pública“bastante positiva” uma vez quecorresponde a uma necessidadedas famílias, mas propõe “maiorflexibilidade”.A medida permitiria um tempo commetade do período normal detrabalho, recebendo 60% daremuneração, às pessoas com filhosmenores de 12 anos ou,independentemente da idade, comdeficiência ou doença crónica,estendendo-se às pessoas

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com netos menores de 12 anos.Ana Cid Gonçalves recorda uminquérito da associação, em 2013onde se percebia o “desejo” de asfamílias reduzirem o horário detrabalho em duas horas e nãoquatro, porque esta “implica perdade rendimento importante ecomplicado de assumir”.“Muitas dessas propostas vão nosentido de perceber asnecessidades concretas que asfamílias têm e procurar respostaspara cada uma dessasnecessidades”, observa asecretária-geral da APFN.Sobre o abono de família, aentrevistada contextualiza que éuniversal na grande maioria dos

países europeus, “uma prestaçãoque visa reconhecer o valor de cadacriança que nasce”, e pede que nocontexto atual se faça um caminhopara essa mesma universalidade.Para a Associação Portuguesa deFamílias Numerosas, uma maiorproteção às mulheres no contextolaboral é “muito importante” porque“continuam a ser discriminadas” porcausa dos filhos.“A nossa proposta vai no sentido deestímulos positivos, incentivo àsempresas que a contratação de umpai e uma mãe podem conferircondições específicas”, destacou asecretária-geral da APFN.

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China: Diocese de Hong Kong denuncia situação daIgreja

A batalha do Cardeal ZenTem 82 anos e continua cheio deenergia. O bispo emérito de HongKong não desarma na denúncia dasituação terrível em que se encontrana China a Igreja fiel ao Papa e quecontinua a ser alvo de ataque porparte do Governo de Pequim.No final do ano passado, quando asruas da antiga colónia britânica seencheram de manifestantes emprotesto pela democracia, foiimpossível não ignorar a posição doCardeal Joseph Zen Ze-kiun, Bispoemérito de Hong Kong, que não sepoupou na defesa dos que lutavamcontra as inferências de Pequim.O Cardeal Zen é uma das vozesmais respeitadas da Igreja na Chinae as suas palavras, de denúnciados atropelos dos direitos dohomem, têm um eco que ultrapassasempre as fronteiras do país.A isso também não é alheio o factode o grau de autonomia de quegoza o território de Hong Kong,após a passagem de soberania em1997, de Londres para Pequim,permitir à própria Igreja local adenúncia do clima de asfixia em queos cristãos

fiéis a Roma continuam a viver noresto do país. PreocupaçãoMas não é só o Cardeal Zen aapontar o dedo às autoridades dePequim. No final da semanapassada, num encontro que tevelugar na Tailândia, sobre a “Paz eReconciliação no contexto da Ásia”,a Comissão Justiça e Paz daDiocese de Hong Kong apresentouum relatório onde expressou a sua“preocupação” com a situação daIgreja Católica na China. Nesserelatório, foram referidas diversassituações de violação da liberdadereligiosa e detenção arbitrária debispos, sacerdotes e leigos, assimcomo casos de “tortura de padresdesobedientes”, eufemismo paraclassificar os sacerdotes fiéis aRoma e que pertencem à chamadaIgreja Clandestina.Segundo a Comissão Justiça e Pazde Kong Kong, muitas vezes ossacerdotes têm sido forçados pelasautoridades a assinar documentosem que, entre outras coisas,afirmam “apoiar o

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socialismo na China” ou quedefendem uma gestão da Igreja“independente, auto-suficiente eauto-governada”, em oposição aRoma. Segundo o documento, hávários casos de pessoas“desaparecidas” ligadas à IgrejaCatólica. PerseguiçãoNo final do ano passado, o CardealZen esteve em Roma, ondeparticipou num Simpósio sobre aIgreja na Ásia. Em declarações à Fundação AIS, o prelado afirmouentão que “não devemos teresperanças” de

mudanças significativas noregime chinês no que diz respeito a“uma melhora imediata nas relaçõesentre a China e a Santa Sé”. Eacrescentou: “O Governo chinêsintensificou a perseguiçãorecentemente. Vimos igrejasdemolidas, cruzes tiradas dosedifícios… A Igreja ainda éescravizada pelo Governo”. Nestelongo Inverno para a Igreja Católicana China, ganha um confortoespecial a coragem de homenscomo o Cardeal Zen, que não têmmedo das palavras. Apesar dosseus 82 anos.

Paulo Aido www.fundacao-ais.pt

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Monumentos Religiosos

Tony Neves Espiritano

A Arte e a Cultura sempre foram dimensõesessenciais da prática cristã. A beleza é um dossinais mais evidentes da presença de Deus nahistória da humanidade e, por isso, sempre foicultivada.Ao passar numa povoação, seja ela de quetamanho for, fique ela em que sítio ficar, dá logopara perceber qual a religião que maiscaracteriza aquele povo. Uma Igreja, umamesquita, um templo hindu…enfim, tudo podeajudar a explicar-nos quais as marcas religiosasdaquela gente.O cristianismo, ao longo de vinte séculos,construiu um património imobiliário de valorincalculável. Igrejas, mosteiros, seminários…sãoimagem de marca de povos onde o ideal cristãose instalou e ganhou corpo e vida.É impensável visitar Lisboa, Madrid, Paris,Moscovo, Londres, Bruxelas, Viena, Budapeste,Praga…sem entrar na Catedral, seja ela católica,ortodoxa ou de uma das Igrejas nascidas daReforma. São edifícios imponentes, regra geralmuito antigos, com pinturas e esculturas degrande valor cultural.Hoje, estes monumentos levantam algumasquestões. A primeira prende-se com os temposde mudança que vivemos e que podetransformar Igrejas em edifícios só para turistavisitar. A segunda traz o desafio da manutenção,pois construções antigas e enormes exigemorçamentos elevadíssimos para o funcionamentoe obras necessárias.

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Os governos, regra geral, jáperceberam que este património évital para a compreensão das raízesculturais do povo e também para aentrada de receitas resultantes davisita dos turistas aos monumentos.Por esta razão, há interesse emreabilitar paredes e telhados e emrestaurar obras de arte. Mas omecenato cultural também joga

um papel decisivo, nem sempredevidamente reconhecido.Para as Igrejas, os seusmonumentos deviam apelar para aurgência de uma evangelização pelaarte e pela cultura presentes naarquitectura, pintura, escultura.Talvez esta seja a dimensão dachamada ‘nova Evangelização’ queé preciso tomar mais a sério. Tudoem nome de uma Fé que se tornouObra de Arte.

“Pode ouvir o programa Luso Fonias na rádio SIM, sábados às 14h00, ouem www.fecongd.org. O programa Luso Fonias é produzido pela FEC –Fundação Fé e Cooperação, ONGD da Conferência Episcopal Portuguesa.”

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