BK Energia Eolica

  • Upload
    fogacci

  • View
    221

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

  • 8/3/2019 BK Energia Eolica

    1/50

    BENSD

    ECAPITAL

    UM PANORAMA DAINDSTRIA DE BENS DECAPITAL RELACIONADOS

    ENERGIA ELICARafael Alves da CostaBruna Pretti CasottiRodrigo Luiz Sias de Azevedo*

    * Respectivamente, coordenador de servios e economistas doDepartamento de Indstria Pesada da rea Industrial do BNDES.

  • 8/3/2019 BK Energia Eolica

    2/50

    230 Um Panorama da Indstria de Bens de Capital Relacionados Energia Elica

    Resumo Nos ltimos anos, as preocupaes acerca doaquecimento global deixaram a esfera puramente cien-tfica para ganhar forte engajamento popular e poltico.Essa presso de carter socioambiental, somada alta

    volatilidade do preo do barril de petrleo, tem geradouma demanda crescente pelo desenvolvimento de ener-gias limpas e renovveis. Entre elas, merece destaque aenergia elica, a qual, apesar de ainda inexpressiva namatriz energtica global, vem experimentando aceleradocrescimento. Apenas no perodo de 2000 a 2007, a ca-pacidade elica instalada no mundo aumentou 600%.

    Entretanto, o custo de gerao de energia elicaainda alto se comparado a outras fontes, mesmo asrenovveis. O baixo patamar atual do preo do petrleocontribui para aumentar essa discrepncia, mas no de-ver condenar o setor elico no longo prazo, uma vezque a gerao deste tipo de energia estratgica paramuitos pases e, portanto, dever ser mantida nos prin-cipais programas energticos governamentais.

    Com isso, mais fabricantes de aerogeradores ecomponentes ingressam nessa recente indstria que

    apresenta carter oligopolista, dadas as necessidadesde escala e tecnologia. No Brasil, mais empresas de-monstram interesse pelo setor, e um comprometimentodo governo de longo prazo com o desenvolvimento des-sa energia renovvel fundamental para garantir a for-mao no pas de uma cadeia de equipamentos elicos.

  • 8/3/2019 BK Energia Eolica

    3/50

    BNDES Setorial, Rio de Janeiro, n. 29, p. 229-278, mar. 2009 231

    A EnergiaElica

    Formados pela associao da radiao solar e da ro-tao planetria, os ventos so uma fonte inesgotvel de energiae, portanto, uma opo energtica sustentvel no longo prazo.Em uma sociedade na qual 61% da oferta de energia primria advinda do carvo e do petrleo e na qual 47% da eletricidade

    gerada por meio do consumo destes dois combustveis no re-novveis, importante que as autoridades tenham desde j umplano de substituio gradual da matriz global para garantir ener-gia s geraes futuras.

    Grfico 1

    Fontes de Energia Globais em 2006

    Fonte: IEA, 2008.

    Alm de a energia elica ser renovvel, h outros pontosque merecem destaque no seu processo de gerao, como o bai-xo impacto ambiental, uma vez que no utilizada gua nem soemitidos gases geradores do efeito estufa durante toda a fase deoperao dos aerogeradores. Diferentemente de uma usina hidrel-trica ou nuclear, a usina elica no apresenta perigo de vazamentode combustvel.1 H ainda a possibilidade de ocupao do solo,por lavoura ou pastagem, no permetro da usina elica.2 A base doequipamento ocupa uma rea relativamente pequena, e as suashlices ficam muitos metros acima do solo, no representando riscoaos animais passantes.

    Alm do aproveitamento dos ventos do continente, a tec-nologia do setor permite a instalao de aerogeradores em alto-mar.Essa pode ser uma soluo para os centros urbanos com alta den-

    1 Em uma usina hidreltrica, h o risco de desabamento da represa e, nesse caso, area vizinha usina pode ficar submersa. Durante a construo da usina hidreltricade Trs Gargantas, na China, a margem da represa desabou em 91 pontos e umarea equivalente a 36 quilmetros foi submersa, segundo informaes do site daBBC-Brasil em 26.9.2007. Ainda segundo osite, quando a terra cede em um lado dacosta, levanta ondas de quase 50 metros que se propagam at a margem oposta ecausam desgaste do solo, resultando em novos desabamentos e risco populaoque vive prxima usina.2 Isso verdade para os modelos de aerogeradores com eixo horizontal, utilizadosnos parques elicos mais modernos.

  • 8/3/2019 BK Energia Eolica

    4/50

  • 8/3/2019 BK Energia Eolica

    5/50

    BNDES Setorial, Rio de Janeiro, n. 29, p. 229-278, mar. 2009 233

    menor, parte da energia elica produzida perdida nos lugaresem que os aerogeradores no esto conectados rede. Para re-duzir essa perda, algumas localidades vm direcionando a energiagerada durante a madrugada para aquecimento de gua, sistemade calefao de residncias e carregamento de baterias. Hipoteti-camente, seria possvel us-la para promover a eletrlise da gua eassim produzir hidrognio, para ser estocado e utilizado na alimen-tao de turbinas a gs em usinas de apoio.

    A imprevisibilidade dos ventos no pode ser levantada comoargumento inviabilizador da expanso da capacidade elica no mun-do; afinal, essa fonte no deve ser usada como exclusiva na matriz deuma regio. O correto compreender a energia elica como uma fontecoexistente e complementar s demais disponiveis.

    O rudo apontado como um resduo indesejvel da ope-rao das usinas elicas. A intensidade do rudo depende muitodo modelo dos equipamentos e da localizao do parque. Muitosfabricantes alegam que parte do rudo que se ouve nesse tipo deusina causada pelo prprio zumbido dos ventos e no pelos ae-rogeradores. Os equipamentos modernos apresentam motor maissilencioso e ps com aerodinmica especialmente projetada parareduzir o som gerado pelo corte do vento pela p em seu movi-mento de rotao. Estudo realizado pela American Wind Energy As-sociation (AWEA) e publicado no Global Wind Energy Outlook 2008revela que, a uma distncia de 350 metros da turbina, o rudo de

    aproximadamente 35 a 45 decibis, isto , mais baixo que aquelepresente em um ambiente de escritrio.6

    Outro impacto negativo das centrais elicas a possibi-lidade de interferncias eletromagnticas, que podem causar per-turbaes nos sistemas de comunicao e transmisso de dados(rdio, televiso etc.). Essas interferncias variam tanto com as es-pecificidades geogrficas do local em que a usina est instaladaquanto com o material utilizado no aerogerador. Antes da instalaodo parque dinamarqus offshoreTuno Knob, essa problemtica foi

    levantada, principalmente em razo das possveis consequnciasnos sistemas de navegao e comunicao locais. No entanto, du-rante os 18 meses de operao do parque, nenhum efeito adversofoi sentido sobre esses sistemas.

    6 Em um moderno parque elico espanhol produtor de 5.270 MWh ao ano, estimou-sea gerao de rudo pelas turbinas em cerca de 105 decibis, isto , 25 pontos acima doque considerado limite de conforto humano. No entanto, a distncia do parque zonaresidencial eliminou qualquer problema dessa ordem aos moradores. Em outro parquena Inglaterra, a operao de mais de 100 turbinas apenas causou acrscimo de 2 deci-bis nos nveis de rudo originais para distncias acima de 1,5 quilmetro do aerogera-dor. A aldeia mais prxima sentiu incremento de apenas 0,05 decibis.

  • 8/3/2019 BK Energia Eolica

    6/50

    234 Um Panorama da Indstria de Bens de Capital Relacionados Energia Elica

    Figura 1

    Nvel de Rudo de Diversas Atividades

    Fonte: Elaborada com base em GWEC (2008).

    Alguns ambientalistas contestam a classificao da ener-gia elica como de baixo impacto ambiental, pois a) dependendo dasua posio, o aerogerador pode afetar a rota migratria de aves ecausar acidentes; b) aerogeradores offshorepodem afetar o equil-brio do ecossistema martimo; e c) a manufatura das turbinas eli-cas gera emisses de gs carbnico.

    Quanto ao item a, os fabricantes de equipamentos ar-gumentam que isto poderia ser verdade em relao aos primeirosparques elicos, para os quais no se exigia um estudo de rotasmigratrias antes da sua instalao. Para eles, est havendo umalarde exagerado sobre esse tema que no condiz com as estats-ticas reais. Estima-se que nos EUA o nmero de aves mortas porMW instalado de capacidade elica varie de um a seis por ano, oque considerado insignificante. Trata-se de 0,1% das mortesno-naturais de aves no pas. Para reduzir ainda mais esta taxa,

    alguns parques vm instalando estmulos visuais e auditivos nastorres elicas, evitando a coliso de aves [Rey e Oliveira (2005)].

    Na Espanha, estatsticas levantadas com o universo demil turbinas mostraram que a taxa de mortalidade de aves est en-tre 0,1 e 0,6 por turbina ao ano. Finalmente, estudos realizados naAlemanha, Dinamarca e Holanda, em parques que operam h mui-to anos, no registraram mudana importante no nmero de aves eespcies desde a instalao dos aerogeradores.

  • 8/3/2019 BK Energia Eolica

    7/50

    BNDES Setorial, Rio de Janeiro, n. 29, p. 229-278, mar. 2009 235

    Quanto ao item b, um estudo constatou que o rudo e asdemais externalidades do parque dinamarqus offshorede Vindebyno geraram efeitos negativos para a fauna martima local.7

    Grfico 2

    Causas de Morte de Aves Relativas s Atividades Humanasnos EUA

    Fonte: AWEA.

    Quanto ao item c, estima-se que um perodo de seis me-

    ses de operao da turbina suficiente para virtualmente compen-sar todo o CO2 emitido durante a sua construo [GWEC (2008)],enfraquecendo, portanto, o argumento inicial, uma vez que cadaturbina se manter em operao por dcadas.

    O modelo dos aerogeradores, sua disposio no espao,bem como a prpria paisagem natural do lugar, tm forte influn-cia sobre a avaliao visual de um parque elico. Enquanto algunsparques causam incmodo visual vizinhana, outros so usadoscomo cartes-postais. Esse impacto na paisagem, gerado pelos

    imensos aerogeradores, no pode ser ignorado, mas trata-se deum tema muito subjetivo para ser abordado no presente estudo.

    A proximidade de aerogeradores tambm pode desenca-dear ataques epilpticos em pessoas suscetveis. Esse efeito podeser evitado desde que as lminas operem abaixo de 50 rpm e, poressa razo, a velocidade de rotao limite para esses equipamen-tos de 45 rpm [Abreu (2006)].

    7 Curiosamente, foram registrados efeitos positivos. A populao de bacalhau au-mentou desde a implantao dos aerogeradores, em razo do surgimento de recifesem torno das bases das torres das turbinas.

  • 8/3/2019 BK Energia Eolica

    8/50

    236 Um Panorama da Indstria de Bens de Capital Relacionados Energia Elica

    Finalmente, um fator a ser considerado o destino dosaerogeradores ao fim de sua vida til. Com durabilidade mdia devinte anos, esses equipamentos ainda no tiveram tempo de setornar centro de uma polmica mundial. No entanto, por serem pro-duzidos com fibra de vidro material no-biodegradvel e resinaepxi8 material de difcil reciclagem , torna-se necessrio apon-tar desde j o destino para esses produtos aps a sua inutilizao.

    O aerogerador (ou turbina elica) um dispositivo quetem como funo converter em energia eltrica a energia cinticapresente no movimento das massas de ar. Esses equipamentosso apresentados nos mais variados modelos, podendo ter eixovertical ou horizontal.

    O eixo vertical montado perpendicularmente ao solo. Aprincipal vantagem dessas turbinas no necessitar de um meca-nismo que ajuste a direo do seu eixo quando a direo do ventomuda. A desvantagem o fato de suas ps terem os ngulos cons-tantemente alterados, o que limita o seu rendimento e causa vibra-es acentuadas em toda a sua estrutura. Por ltimo, esse modelofica suspenso por cabos de amarrao a poucos metros do solo, oque inutiliza uma parte maior da regio em que implantado. Comopouca altura implica baixa velocidade do vento, a potncia mximaextrada por rea varrida pelas ps baixa se comparada dos

    aerogeradores com eixo horizontal, tornando o primeiro tipo poucoadequado para gerao de energia eltrica e mais indicado parabombeamento de gua.

    Figura 2

    Aerogerador com EixoVertical

    Aerogerador com EixoHorizontal

    Fonte: Centro de Referncia para Energia Solar e Elica Srgio de Salvo Brito(Cresesb).

    8 Mais precisamente, as hlices do aerogerador so compostas desse material. Atorre pode ser construda com cimento e/ou ao.

    OsAerogeradores

  • 8/3/2019 BK Energia Eolica

    9/50

    BNDES Setorial, Rio de Janeiro, n. 29, p. 229-278, mar. 2009 237

    J os modelos de eixo horizontal so montados paralela-mente ao solo. Turbinas deste tipo necessitam de mecanismos quepermitam o constante reposicionamento do eixo do rotor em rela-o direo do vento, para um melhor aproveitamento energtico.Como vantagem, suas hlices ficam suspensas a muitos metrosdo solo por uma torre, o que permite que o equipamento, alm deocupar pouco espao no solo, esteja posicionado em uma altura emque a velocidade dos ventos maior.

    O modelo horizontal pode ter uma ou mltiplas ps. Osmodelos mais populares so aqueles de trs ps, por apresenta-rem maior eficincia energtica em razo da melhor distribuiodas tenses diante das mudanas de direo do vento.

    Esses modelos so basicamente compostos de trs par-

    tes: a torre, as ps e a nacele onde fica o corao do equipamen-to, o gerador.

    Torre

    As torres so, em geral, de concreto ou ao e recebemtratamento especial anticorrosivo quando so do tipo offshore. Suasdimenses dependem muito da capacidade instalada da turbina emquesto. comum ver modernos aerogeradores de 3 MW de po-tncia com torres de quase 100 metros de altura. Alguns modelos

    tm elevadores internos, que facilitam o acesso at o gerador, emcaso de manuteno.9 Outros utilizam apenas as escadas para arealizao desse trajeto.

    Dependendo da sua altura, a torre transportada e insta-lada em mdulos. Torres de 50 metros podem pesar 60 toneladas,dependendo do material utilizado.

    Na maioria das vezes, o fabricante do aerogerador oresponsvel pela instalao da torre nas dependncias do cliente e

    esse componente pode representar mais de 20% do custo total doequipamento.

    9 A necessidade de manuteno de um gerador de aproximadamente cinco diaspor ano.

  • 8/3/2019 BK Energia Eolica

    10/50

    238 Um Panorama da Indstria de Bens de Capital Relacionados Energia Elica

    Figura 3

    Evoluo da Altura da Torre nos ltimos Anos

    Fonte: Garrad Hassan (figura extrada da apresentao da Proventos noCongresso Wind Forum Brazil 2009).

    Ps

    Da mesma forma que na torre, as dimenses das ps de-pendem da capacidade da turbina e, ao longo do tempo, observou-se uma tendncia em direo instalao de turbinas mais poten-tes. Equipamentos com capacidade de 1,5 MW podem apresentarhlices que pesam 9 toneladas cada. Dessa forma, a logstica asso-ciada venda desse componente complexa e custosa. 10

    Figura 4

    Potncia Gerada de Acordo com o Dimetro do Rotor doAerogerador10

    Fonte: BNDES e www.windpower.org.br.

    10 Esta relao apenas uma aproximao feita em 1998, obtida nosite http://ajlreis.awardspace.com/eolica/Como%20funciona%20um%20aerogerador.pdf e realizadacom base em informaes de www.windpower.org.br. possvel que esteja defasa-da, levando-se em conta as tecnologias mais modernas.

  • 8/3/2019 BK Energia Eolica

    11/50

    BNDES Setorial, Rio de Janeiro, n. 29, p. 229-278, mar. 2009 239

    Existem, basicamente, trs tipos de fabricantes nessemercado. Um deles especializado na produo de ps com di-menses padronizadas (de prateleira), como o caso da dina-marquesa LM. O outro especializado na fabricao de ps sobencomenda, como o caso da brasileira Tecsis. Finalmente, exis-tem empresas que no fabricam apenas ps, mas todos os compo-nentes do aerogerador caso da Wobben (subsidiria brasileira daalem Enercon).11

    As ps so, em geral, fabricadas com fibra de vidro eresina epxi12 e podem significar mais de 20% do custo total doequipamento.

    Nacele

    A nacele a caixa que guarda vrios sistemas de contro-le, alm do gerador.

    As turbinas podem ter dois tipos de geradores. Um delesdepende da existncia de uma caixa multiplicadora que o conectaao eixo e tem como funo aumentar a velocidade de rotao quechega at o gerador. Estima-se que 80% das mquinas produzidas,at 2007, usassem esse tipo de tecnologia, que menos silencio-sa, dado seu custo de aquisio inferior. No entanto, seu custo demanuteno mais elevado, pois a caixa multiplicadora necessita,

    em mdia, de trs substituies ao longo da vida til do aeroge-rador. J no segundo tipo de turbina, o gerador vem diretamenteacoplado ao eixo, no necessitando de uma caixa intermediria.Empresas como a Vensys e a Enercon dominam essa tecnologia, que tida como mais sofisticada e cara, embora apresente menor custode manuteno.

    Recentemente, alguns fabricantes investiram na produode aerogeradores com multiplicadores do tipo planetrio em vezde multiplicadores paralelos (convencionais) e alegam serem maissilenciosos e eficientes.

    Os sistemas de controle, gerador e demais sistemasque equipam a nacele chegam a representar 60% do custo doaerogerador.

    Considerando todo o parque elico, possvel que o custocom os aerogeradores represente 80% do custo final do projeto,

    11 A Wobben tambm exporta as ps dos aerogeradores isoladamente.12 O uso da fibra de carbono na fabricao das hlices reduziria sensivelmente opeso desse componente e vem sendo combinada fibra de vidro por alguns fabri-cantes. Mas o alto custo do material o torna pouco utilizado e, s vezes, proibitivo.

  • 8/3/2019 BK Energia Eolica

    12/50

    240 Um Panorama da Indstria de Bens de Capital Relacionados Energia Elica

    sendo os 20% restantes referentes a obras de infraestrutura, cons-truo de subestaes, cabos e linhas.

    Figura 5

    Componentes do Aerogerador

    Fonte: Cresesb.

    O funcionamento , basicamente, o mesmo para todos osmodelos de aerogeradores horizontais citados. O movimento das

    hlices transmitido ao eixo e, em seguida, ao gerador, que realizaa converso eletromecnica, produzindo energia eltrica.

    Os equipamentos requerem uma velocidade mnima devento para que entrem em funcionamento, que em geral situa-seem torno de 3,5 m/s. Entretanto, ventos muito fortes no so ade-quados, pois danificam o equipamento e geram excessiva variaona tenso da rede eltrica qual o equipamento est conectado.Aerogeradores com potncia de 1,5 MW funcionam a velocidademxima de 25 m/s.

    Dessa forma, os aerogeradores apresentam sistemas decontrole que ajustam e limitam a potncia mxima gerada em casode ventos muito fortes, evitando que as hlices girem acelerada-mente durante vendavais. Os sistemas mais conhecidos so pitchestall. O primeiro faz a regulao de potncia por ngulo de passo,isto , controla a inclinao das ps. Um dispositivo compara vriasvezes por segundo a velocidade do vento e, quando esta ultrapassaa potncia nominal do gerador, enviado um sinal ao mecanismoque altera o alinhamento das ps, que giram em torno de seu eixode forma a reduzir o ngulo de ataque do vento, permitindo que

    apenas a potncia nominal seja extrada.

  • 8/3/2019 BK Energia Eolica

    13/50

    BNDES Setorial, Rio de Janeiro, n. 29, p. 229-278, mar. 2009 241

    Figura 6

    Pitch: Controle de Regulao por ngulo de Passo

    Fonte: BNDES.

    O controle stall um sistema passivo que reage velo-cidade do vento. As ps so fixas em seu ngulo de passo e no

    podem ser giradas em torno de seu eixo. O seu ngulo (...) esco-lhido de tal maneira que, para velocidades de ventos maiores quea nominal, o fluxo em torno do perfil do rotor descola da superfcieda p. Isso reduz as foras atuantes de sustentao e aumentama de arrasto. Menores sustentaes e maiores arrastos rotacionaisatuam contra um aumento da potncia do rotor [Energia elica princpios e tecnologias, Cresesb (2008)]. A aerodinmica das ps projetada para que, no momento em que a velocidade do ventosupere o limite de segurana, haja turbulncia e, ento, entre emoperao um sistema de travagem do rotor. Os aerogeradores maisantigos contavam apenas com o controle stall, mas atualmente possvel ver equipamentos com os dois controles.

    H, ainda, um sistema de freio para a paralisao totaldo equipamento no intuito de permitir os servios de manuteno eoutro sistema de proteo contra sobrevelocidade, que desconectao gerador da rede.

    Por ltimo, existe o controle yaw, que tem como funootimizar o aproveitamento da turbina. Esse controle gira o rotor de

    forma que as hlices fiquem sempre de frente para o vento, permi-tindo o rendimento mximo do equipamento.

    Os aerogeradores podem ser divididos em trs categoriasde potncia: pequeno, mdio e grande portes. Os de pequeno portetm capacidade de gerar at 10 kW e so ideais para abastecerresidncias e fazendas em localidades remotas, onde o custo deuma rede de transmisso demasiadamente alto. Os equipamen-tos de mdio porte tm capacidade entre 10 kW e 250 kW e sousados tanto por residncias quanto por usinas elicas mais anti-gas. A evoluo da dimenso e capacidade destes equipamentosnas duas ltimas dcadas notvel. H 25 anos, os rotores tinhamreas menores que reduziam o aproveitamento do equipamento e

  • 8/3/2019 BK Energia Eolica

    14/50

    242 Um Panorama da Indstria de Bens de Capital Relacionados Energia Elica

    a capacidade mdia dos aerogeradores variava entre 50 e 100 kW.Em 2007, a mdia de potncia dos aerogeradores instalados foi de1.492 kW. A ttulo de curiosidade, a maior turbina do mundo emoperao foi produzida pela alem Enercon e possui potncia de6.000 kW e dimetro de 126 metros.13

    Por conta da variabilidade e, em alguns casos, imprevisi-bilidade do fluxo dos ventos, o total de capacidade instalada em umparque elico pode ficar bem distante do total de energia de fatoproduzida por ele. No raro ter um fator de capacidade medidado total de energia produzida como percentual do total da capacida-de instalada abaixo dos 30%. Na Alemanha, o fator de capacidademdio est estimado entre 20% e 30%; na Argentina, entre 40% e50%; e, no Brasil, entre 30% e 40%, sendo o litoral nordestino umarea privilegiada, onde este fator pode chegar a 60%.

    O custo dos equipamentos e dos projetos elicos, um dosprincipais entraves ao aproveitamento comercial da energia elica,reduziu-se significativamente nos ltimos anos e vem contribuindopara o aumento da instalao de capacidade elica no mundo. Umnmero maior de fabricantes de aerogeradores vem aumentandoa concorrncia do setor, e o uso de tecnologias mais modernaspermite melhor aproveitamento do equipamento. H cinco anos, asturbinas ficavam mais de 15% do tempo paradas, enquanto atual-mente este percentual no passa de 3%. As torres eram instaladasa alturas de 30 metros, quando hoje chegam a 100 metros, apro-

    veitando-se de ventos mais fortes e frequentes. Uma nica turbi-na moderna produz cerca de 180 vezes mais eletricidade que umequipamento de vinte anos atrs. O custo de gerao de energiaelica, que chegava a US$ 0,38 por kWh na dcada de 1980, caiupara US$ 0,04 em alguns parques construdos em 2001, segundoPortella (2007). verdade, no entanto, que, mesmo com um maiornmero de fabricantes no mercado, desde 2003 o preo dos aero-geradores (U$/MW) subiu ligeiramente, consequncia do excessode demanda sentido no perodo. Esse movimento de preos nodeve se perpetuar no longo prazo.

    Vale dizer que os aerogeradores para bases offshoresomais caros que os de mesma potncia instalados em terra, porcausa dos custos com sustentao das turbinas e da infraestruturaeltrica mais complexa requerida para levar a energia gerada ata subestao. Os custos de operao e manuteno so tambmmais elevados. O kWh gerado no mar tinha custo equivalente aodobro do custo em terra. Em reportagem de 2.3.2009 publicadapela revista poca, apontou-se que o custo ocenico atualmente40% maior.

    13 Entretanto, em 24.9.2008, a CNN reportou em seusite uma encomenda, feita pelogoverno ingls fabricante Clipper, de um modelo de aerogerador com capacidadede 10 MW.

  • 8/3/2019 BK Energia Eolica

    15/50

    BNDES Setorial, Rio de Janeiro, n. 29, p. 229-278, mar. 2009 243

    Outra diferena entre os aerogeradores onshoree offshorea potncia. Os recentes aerogeradores instalados em alto-mar tmcapacidade para gerar no mnimo 3 MW. Quanto mais afastado dacosta, mais lisa a superfcie dos oceanos e essa baixa rugosidaderesulta em maior velocidade dos ventos. Mas velocidade no onico fator que torna possvel a instalao de aerogeradores emuma regio; a estabilidade dos ventos muito importante. Nestecaso, vale ressaltar que a turbulncia nos oceanos baixa em ra-zo da pequena variao de temperatura em sua vasta rea e daquase inexistncia de obstculos. Isto cria condies ideais para ainstalao de usinas elicas offshore.

    Apesar da popularidade dos modelos de trs ps, o se-tor vem inovando tanto em designquanto em tecnologia, na buscade equipamentos mais potentes. Recentemente, a Maglev, empre-sa que desenvolve pesquisas e produtos na rea de magnetismo,

    apresentou um prottipo cujo objetivo produzir 1.000 MW e entrarem operao mesmo com ventos de baixssima velocidade (1,5 m/s).Com um design diferente dos tradicionais aerogeradores de trshlices, a nova turbina tem inmeras ps verticais, que lhe do oaspecto de um megaedifcio. Utilizando levitao magntica, as psficam acima da base do equipamento e giram sem atrito, ocupandouma rea de at 100 acres. A turbina teria o custo de manuteno50% inferior ao dos aerogeradores convencionais e durabilidade25 vezes maior. Estuda-se, no momento, a viabilidade comercialdeste projeto.

    A empresa canadense Magenn tambm apresentou umrevolucionrio projeto, j em fase de testes. Bales de hlio infl-veis, a 300 metros da superfcie, dotados de um sistema que os fazgirar ao longo de seu eixo horizontal, captariam ventos mais fortese estveis. O equipamento ficaria suspenso por cabos de ao eoperaria com ventos de 1 m/s a 28 m/s de velocidade. Com isso, acapacidade mdia de converso dos ventos em eletricidade seriade 50%, quase o dobro dos convencionais aerogeradores de trsps. O produto, denominado sugestivamente de MARS (MagennAir Rotor System), poder custar cerca de 8 mil e os primeiros mo-delos tero capacidade de apenas 10 kW a 25 kW, sendo usadospara fins domsticos.

    Outro conceito de aerogerador para uso domstico, de-senvolvido pela empresa Renewable Devices, em parceria com aCascade Engineering, chama-se Swift Wind Energy. Com rotor dedimetro de 7 metros, o equipamento foi projetado para ser instala-do no telhado das residncias. O modelo pode custar entre US$ 10mil e US$ 12 mil e opera velocidade mnima de ventos de 3,6 m/s,gerando rudo de at 35 decibis, o que silencioso para o padro

    domstico. O fabricante garante que o equipamento capaz de ge-rar 2.000 KWh anualmente.

  • 8/3/2019 BK Energia Eolica

    16/50

    244 Um Panorama da Indstria de Bens de Capital Relacionados Energia Elica

    Ambicioso o projeto de construo de torres voadoras[WWF (2008)], que teriam ps regulveis suspensas a 2 mil metrosdo solo para captar ventos ainda mais fortes e constantes.

    Para os modelos offshore, a empresa escocesa Grean

    Ocean Energy vem desenvolvendo um mecanismo de aproveita-mento da energia cintica vinda das ondas, que seria acoplado torre do aerogerador e poderia aumentar em at 50% o rendimentodo equipamento.

    Figura 7

    Prottipos de Turbinas Elicas

    Fonte: BNDES.

    Estima-se que o potencial elico bruto mundial permi-ta gerar cerca de 278 mil TWh de eletricidade anualmente, mas,em razo de restries tcnicas e socioambientais,14 apenas 39mil TWh15 seriam de fato aproveitveis. Isso representa mais que

    14 Isso inclui a dificuldade de extrair a energia em terras densamente povoadas ouem regies de acesso difcil.15 Estimativa do German Advisory Council on Global Change (2003).

    PanoramaMundial

  • 8/3/2019 BK Energia Eolica

    17/50

    BNDES Setorial, Rio de Janeiro, n. 29, p. 229-278, mar. 2009 245

    o dobro do consumo mundial de eletricidade. No entanto, a atualcapacidade elica instalada est muito aqum desse valor, sendocapaz de gerar apenas 200 TWh anuais de energia eltrica, o querepresenta 1,3% do total da eletricidade consumida globalmente.

    A capacidade elica mundial atingiu 121 GW em 2008,superando a estimativa de 115 GW realizada pelo GWEC em 2007.Com essa nova capacidade, o planeta evita, anualmente, a emis-so de cerca de 158 milhes de toneladas de CO2 na atmosfera.

    Grfico 3

    Evoluo da Capacidade Mundial Instalada

    Fonte: GWEC (2007).

    Segundo estimativa da World Wind Energy Association(WWEA), a capacidade elica mundial instalada chegar a 170 GWem 2010 e 240 GW em 2012, o que corresponderia a 3% da produ-o total de eletricidade.

    A Europa concentra mais da metade da capacidade elicainstalada mundialmente, seguida da Amrica do Norte e da sia. As

    demais regies tm participao reduzida, respondendo conjunta-mente por menos de 2,5% da capacidade elica global

    Programas energticos na Amrica do Norte e na siavm incentivando a instalao de imensos parques elicos anual-mente, de forma que a Europa, pela primeira vez em 2008, deixoude ser a regio lder em incremento de capacidade.

    H uma aposta grande no aumento da capacidade elicaoffshore, que ainda tmida, totalizando apenas 1 GW no mundo.A previso para 2010 que este valor seja 11 vezes maior e, se-

    gundo Portella (2007), 49% dessa capacidade estar concentradana Alemanha.

  • 8/3/2019 BK Energia Eolica

    18/50

    246 Um Panorama da Indstria de Bens de Capital Relacionados Energia Elica

    Grfico 4

    Previso para a Capacidade Instalada Offshoreem 2010

    Fonte: Portella (2007) e U.S. Energy Department (2006).

    Este crescimento esperado em capacidade elica mundialtem estimulado a entrada de mais empresas na cadeia de aeroge-radores, que ainda possui uma estrutura oligopolista, com quatro

    empresas dominando mais de 70% do mercado mundial. O oligo-plio advm de barreiras entrada representadas pela necessida-de de domnio de tecnologia de ponta e escala para produzir osaerogeradores.

    Um movimento observado nos ltimos anos tem sido o dafuso e aquisio de empresas de aerogeradores, principalmentepor fabricantes sem tradio no mercado. Muitas empresas, quan-do perceberam a rentabilidade que poderiam extrair desse setor,optaram por comprar outros fabricantes com experincia no ramopara ter rpido acesso a essa tecnologia. Este foi o caso da GE,que adquiriu os negcios da Enron Wind, com plantas na Alema-nha e nos EUA, da indiana Suzlon, que adquiriu a belga Hansen

    Tabela 1

    Capacidade Elica Instalada e Incremento Registrados em 2008 por Regio

    REGIOINCREMENTO EM

    2008 (Em MW)PARTICIPAO

    (Em %)TOTAL INSTALADO

    (Em MW)PARTICIPAO

    (Em %)

    Europa 8.877 32,8 65.946 54,6

    Amrica do Norte 8.881 32,8 27.539 22,8sia 8.589 31,7 24.368 20,2

    Regio do Pacfico 486 1,8 1.644 1,4

    frica e Oriente Mdio 130 0,5 669 0,6

    Amrica Latina e Caribe 94 0,3 625 0,5

    Total 27.057 100,0 120.791 100,0

  • 8/3/2019 BK Energia Eolica

    19/50

    BNDES Setorial, Rio de Janeiro, n. 29, p. 229-278, mar. 2009 247

    Transmission, a unidade de pesquisa e desenvolvimento da alemSdwind e, recentemente, 30% da gigante alem Repower. A ale-m Siemens tambm adquiriu a dinamarquesa Bonus Energy antesde ingressar no mercado de aerogeradores, enquanto as francesasAreva e Alstom adquiriram, respectivamente, a alem Multibrid e aespanhola Ecotecnia, iniciando suas atividades no setor.

    Tabela 2

    Os Dez Maiores Fabricantes de Aerogeradores do Mundo Market Share(Em %)

    RANKING2007

    FABRICANTEPAS DEORIGEM

    2005 2006 2007

    1 Vestas Dinamarca 27,6 28,2 22,8

    2 GE Wind EUA 17,5 15,5 16,6

    3 Gamesa Espanha 12,6 15,6 15,4

    4 Enercon Alemanha 14,2 15,4 14

    5 Suzlon ndia 6,1 7,7 10,5

    6 Siemens Dinamarca 5,4 7,3 7,1

    7 Acciona Espanha 1,9 2,8 4,4

    8 Goldwind China 1,1 2,9 4,2

    9 Nordex Alemanha 2,6 3,4 3,4

    10 Sinovel China 0 0,5 10,5

    Fonte: BTM World Consult.

    O intenso incremento de capacidade nos ltimos anosprovocou excesso de demanda no mercado de turbinas para a ge-rao de energia elica em 2007. O setor, que movimentou US$ 37bilhes em novos equipamentos16 e empregou 350 mil pessoas,17sofreu com a falta do produto e filas para entrega naquele ano. Em2008, o mercado de aerogeradores se manteve aquecido, movimen-tando US$ 47,5 bilhes e empregando 400 mil pessoas, embora oltimo trimestre tenha apresentado um arrefecimento da demanda,efeito da crise financeira mundial.

    16 Dados de 2007.17 Inclui empregos diretos e indiretos na manufatura de aerogeradores, cadeia desuprimentos e instalao.

  • 8/3/2019 BK Energia Eolica

    20/50

    248 Um Panorama da Indstria de Bens de Capital Relacionados Energia Elica

    Tabela 3

    Rankingdos Pases com Maiores Capacidades Elicas(2008)

    CATEGORIA 1: CAPACIDADE ELICAINSTALADA (2008)

    CATEGORIA 2: CAPACIDADE ELICAINCREMENTAL (2008)

    Ranking Pas MW Ranking Pas MW

    1 EUA 25.170 1 EUA 8.358

    2 Alemanha 23.903 2 China 6.300

    3 Espanha 16.754 3 ndia 1.800

    4 China 12.210 4 Alemanha 1.665

    5 ndia 9.645 5 Espanha 1.609

    6 Itlia 3.736 6 Itlia 1.010

    7 Frana 3.404 7 Frana 950

    8 Reino Unido 3.241 8 Reino Unido 836

    9 Dinamarca 3.180 9 Portugal 712

    10 Portugal 2.862 10 Canad 523

    Resto doMundo

    16.686 Resto doMundo

    3.293

    Total 129.791 Total 27.056

    Fonte: GWEC.

    Europa

    Em 2007, a energia elica representou 40% de todo o in-cremento de capacidade de gerao de energia na Europa. O mer-cado europeu regulado por uma instruo da Comunidade Eco-nmica Europeia, que determina metas para assegurar o mnimo de12% de participao de fontes renovveis em 2010.18

    Os estados membros devem aprovar e publicar de cin-co em cinco anos um relatrio com as metas nacionais relativas

    porcentagem do consumo de eletricidade produzida com base emfontes renovveis sobre o consumo total de eletricidade do pas.

    A implementao dessas metas tem assegurado forte de-manda por aerogeradores e estimulado mais empresas a entrar nosetor. Das dez maiores empresas atuantes no ramo mundial, seisso europeias.

    18 Atualmente, a Comunidade Econmica Europeia debate a possibilidade de estepercentual passar para 20% em 2020.

    Os PrincipaisMercados

  • 8/3/2019 BK Energia Eolica

    21/50

    BNDES Setorial, Rio de Janeiro, n. 29, p. 229-278, mar. 2009 249

    Dinamarca, Espanha, Portugal e Alemanha so os pasesque merecem maior destaque na busca pelo aumento da participa-o da fonte elica em suas matrizes energticas, como pode servisto na Tabela 4. Itlia, Frana e Inglaterra, embora com partici-paes menores, esto bem posicionadas em comparao com oresto do mundo.

    Tabela 4

    Participao da Fonte Elica na Matriz Eltrica dos Pases(Em %)

    PASES COM MAIORES TAXAS DE PARTICIPAO ELICA SOBRE CONSUMO DEELETRICIDADE 2007

    Dinamarca 21,40

    Espanha 8,80

    Portugal 7,00

    Alemanha 7,00ndia 1,70

    Inglaterra 1,50

    Itlia 1,30

    Estados Unidos 0,80

    Frana 0,70

    Fonte: Revista Veja, nmero 2.080, 1.10.2008.

    Alm da presena de metas, a construo de um marcoregulatrio energtico transparente para os investidores no longoprazo, bem como a presena de uma rede de incentivos, o quepermite Europa ter a maior capacidade de gerao de energiaelica do mundo.

    Na Alemanha, por exemplo, a criao de um sistema detarifa fixa pelo governo, que define o preo do kWh a ser pago nosprximos vinte anos pela empresa de distribuio aos produtoresde energia renovvel, reduziu significativamente o risco dos em-preendimentos elicos, atraindo mais investidores [Ackermann eSder (2002)]. Em outros pases, como Sucia e Itlia, o incentivodo governo fonte elica dado pelo sistema de cotas para energiarenovvel, no qual o governo decide a quantidade de energia reno-vvel a ser comprada, ficando a cargo do mercado definir o preo.Alm disso, os governos podem criar incentivos tributrios, como o caso da Holanda e de alguns estados da ndia.

    A Dinamarca foi um dos primeiros pases a investir pesa-damente na gerao de eletricidade a partir dos ventos, mas aAlemanha a lder europeia em capacidade elica.

  • 8/3/2019 BK Energia Eolica

    22/50

  • 8/3/2019 BK Energia Eolica

    23/50

    BNDES Setorial, Rio de Janeiro, n. 29, p. 229-278, mar. 2009 251

    Algumas das maiores empresas dinamarquesas de ener-gia elica, apesar de terem nascido com uma vocao diferente,mudaram de ramo de negcios motivadas pelos incentivos do go-verno. A Vestas produzia mquinas agrcolas e, hoje, a maiorfabricante mundial de turbinas elicas, com presena em sessentapases e participao de 23% no mercado global. A LM, grandeempresa fabricante de ps, originalmente atuava como fabricantede mveis.

    No total, o pas conta com 180 empresas no ramo, em-pregando mais de 20 mil pessoas internamente e movimentandoUS$ 4,4 bilhes anuais.

    A capacidade elica instalada no pas , atualmente, de3.000 MW, cerca de metade do que vo produzir as usinas hidrel-

    tricas previstas para o rio Madeira no Brasil. No a maior capaci-dade do mundo em termos absolutos, mas o em termos relativos,pois representa cerca de 20% da eletricidade utilizada no pas.

    b) O Fim da Liderana Alem

    Com mais de 22 GW instalados, a Alemanha possua, at2007, a maior base mundial instalada de aerogeradores. So maisde 19 mil turbinas elicas em operao, permitindo a produo de7% do total da energia utilizada no pas. Para 2030, a meta que

    esse percentual chegue a 30%.

    A aprovao da lei de 1991 que garante aos produto-res alemes de eletricidade com base em energias renovveis at90% do preo de venda do kWh foi, sem dvida, fundamentalpara incentivar o crescimento da participao das fontes renovveisna matriz energtica do pas. No entanto, por no levar em contao custo das externalidades ambientais, a energia elica era aindamais cara que outras energias. Quando, em 2000, foi aprovada a leicriando diferentes tarifas para diferentes fontes de energia por um

    determinado nmero de anos, a energia elica tornou-se atraente.

    A indstria elica alem faturou, em 2007, cerca de 6,5bilhes e quase 70% deste valor foi obtido via exportao de equi-pamentos. As trs principais fabricantes germnicas Enercon,Siemens e Repower dominam aproximadamente 20% do merca-do mundial de aerogeradores. A indstria elica alem j consomemais ao e emprega mais pessoas que a sua tradicional indstriaautomobilstica.

    A Siemens a sexta maior empresa de aerogeradores,mas lder no ramo de turbinas elicas do tipo offshore.

  • 8/3/2019 BK Energia Eolica

    24/50

    252 Um Panorama da Indstria de Bens de Capital Relacionados Energia Elica

    A liderana alem em capacidade instalada foi extinta em2008, com a ascenso dos Estados Unidos. Mas, mesmo na Euro-pa, os alemes tm um concorrente altura, que vem adicionandoanualmente mais capacidade que muitos pases do continente: aEspanha.

    c) A Ascenso Espanhola

    A ascenso da Espanha entre os maiores fabricantes deenergia elica foi possvel graas aos incentivos governamentais sfontes renovveis e fabricao local de equipamentos.

    At 2007, o produtor de energia podia escolher entre umsistema de tarifa fixa ou uma tarifa de mercado. A escolha era re-feita ao fim do perodo de um ano, o que dava ao produtor a opo

    de mudar o sistema de tarifa. Em 2007, o marco regulatrio espa-nhol sofreu algumas mudanas que, embora tenham desagradadoa uma parte dos investidores do setor elico, no alteraram signifi-cativamente o sistema anterior.

    A legislao atual atrela os investimentos em energia eli-ca instalao da fbrica de componentes e equipamento em soloespanhol. Eles s concedem licenas de instalao de parques e-licos se os equipamentos forem adquiridos de fornecedores locais.

    A Espanha tem inmeras pequenas empresas montado-ras de aerogeradores e conta com duas das dez maiores fabrican-tes do mundo: Gamesa e Acciona.

    Para 2008, esperado que a gerao de energia elicano pas fique frente da gerao nuclear e trmica a carvo. At2010, o governo espanhol espera que 30% da energia primria sejaproveniente de fontes alternativas.

    d) Outros Pases da Unio Europeia

    Uma segunda onda de pases, marcada especialmentepor Portugal, Frana e Itlia, apareceram recentemente no merca-do, viabilizando projetos em volume sem precedentes. Mas suascapacidades ainda so pequenas, representando no mximo 15%da capacidade instalada de energia elica da Alemanha.

    Desde 2007, o maior parque elico da Europa est locali-zado no norte de Portugal. O parque do Alto Minho I possui 120 ae-ro-geradores com potncia total de 240 MW. A construo da usina,iniciada em janeiro de 2007, envolveu um investimento de 360milhes.

  • 8/3/2019 BK Energia Eolica

    25/50

    BNDES Setorial, Rio de Janeiro, n. 29, p. 229-278, mar. 2009 253

    sia

    China e ndia figuram como os principais mercados asi-ticos de energia elica, embora Japo e Coreia do Sul tenham re-alizado investimentos recentes no setor. Segundo estimativas pu-

    blicadas no relatrio anual da GWEC, a sia em 2012 tomar oposto da Europa de maior mercado consumidor de energia elica,em grande parte, em razo da pujana da demanda chinesa poreletricidade.

    Tabela 6

    Capacidade Elica Instalada na sia por Pas

    PASES 2007 2008

    China 5.910 12.210

    ndia 7.845 9.645Japo 1.528 1.880

    Taiwan 281 358

    Coreia do Sul 193 236

    Filipinas 25 33

    Outros* 5 6

    Total 15.787 24.368

    Fonte: GWEC.

    * Tailndia, Bangladesh, Indonsia e Sri Lanka.

    a) China

    A China encerrou 2008 com 12,2 GW de capacidade eli-ca instalada, apresentando expanso superior a 100%, comparadaao ano anterior. Esta uma resposta grande presso ambientalexercida pelos principais rgos de proteo de meio ambientedo planeta. A matriz energtica chinesa ainda depende largamente docarvo,19 o que contribui para tornar o pas o maior emissor de gs

    carbnico do mundo.20

    Nos ltimos anos, a China investiu fortemente em energiasrenovveis, principalmente de fonte hidrulica, tornando-se o maiorprodutor de energia renovvel do mundo, terceiro maior produtor debioetanol e maior fabricante e maior mercado de coletores solaresdo planeta. Isto se faz necessrio numa economia que veio cres-cendo acima de 10% anualmente na ltima dcada e que demandacada vez mais energia eltrica para manter seu crescimento.

    19 O carvo supre 70% das necessidades energticas da China.20 No entanto, as emissesper capita americanas continuam quatro vezes maioresdo que as chinesas.

  • 8/3/2019 BK Energia Eolica

    26/50

  • 8/3/2019 BK Energia Eolica

    27/50

    BNDES Setorial, Rio de Janeiro, n. 29, p. 229-278, mar. 2009 255

    b) ndia

    Segundo avaliao do governo, a ndia apresenta um po-tencial elico de gerao de energia eltrica de aproximadamente45 GW. A meta do governo obter uma capacidade de produo de

    energia elica adicional de 10 GW at 2012.

    Na ndia, as grandes hidreltricas respondem por 25% damatriz eltrica, as demais energias renovveis (incluindo a elica),por 8%, e as trmicas, por 64%.

    O mercado indiano tem seu crescimento sustentado porincentivos governamentais abrangentes, tanto para a implantaode fbricas como para a gerao. No incio da dcada de 1980, ogoverno lanou um programa de produo de energia elica, mas

    a expanso do setor s comeou recentemente. De acordo com aGazeta Mercantil, edio de 28.1.2008:

    O governo adotou uma poltica fiscal favorvel, que previa umadepreciao acelerada de 80% para projetos elicos no primeiroano de instalao, uma iseno do imposto de renda por dezanos, alm de outras isenes de impostos alfandegrios, deconsumo e do imposto sobre as vendas. A Agncia para o De-senvolvimento da Energia Renovvel da ndia, patrocinada pelogoverno, oferece tambm emprstimos a condies suaves paraeste tipo de projetos. A Lei sobre Eletricidade de 2003 imprimiuum novo mpeto, obrigando os estados a fixar uma porcentagemmnima de energia renovvel que as empresas de servios pbli-cos devem comprar e a estabelecer tarifas preferenciais para acompra. Estes fatores em seu conjunto tornaram a ndia o quartomaior mercado de energia elica do mundo, e sua capacidadede gerao subiu de apenas 41 megawatts, em 1992, para 7.660MW em setembro de 2007 a maior parte dos quais vem deprojetos privados do setor industrial.

    A Suzlon a maior empresa indiana no mercado e aquinta maior do mundo. Criada em 1995, com apenas vinte pessoas,a empresa entrou quase que acidentalmente no ramo de aerogera-

    dores. O fundador da empresa, Tulsi Tanti, at ento administravaa fbrica de tecidos da famlia e tinha problemas constantes cominterrupes no fornecimento de energia, por causa das ms con-dies da rede de distribuio local. Para contornar este problema,em 1994 o empresrio encomendou duas turbinas elicas da marcadinamarquesa Vestas. Observando que, alm de ser um sucesso,a ideia j estava sendo copiada por outros empresrios, Tulsi resol-veu, junto com seus trs irmos, fundar a Suzlon Energy, fabricantede aerogeradores. No incio, o grande diferencial da empresa eraa oferta de um pacote completo, isto , o produto, a instalao ea manuteno. Outra grande ideia era dar a opo ao compradorde no instalar a turbina no seu prprio terreno, mas num parqueelico e tornar-se proprietrio de uma cota da energia produzida

  • 8/3/2019 BK Energia Eolica

    28/50

    256 Um Panorama da Indstria de Bens de Capital Relacionados Energia Elica

    por aquele parque, proporcional capacidade de gerao da suaturbina.

    A Suzlon, nesta poca, no possua tecnologia prpria.Os irmos Tanti demonstraram interesse em compr-la no exterior,

    mas no houve empresa interessada em vend-la. Dessa forma, aSuzlon firmou acordo dejoint venturecom a alem Sdwind cria-da por alunos da Universidade Tcnica de Berlim e passou a serdistribuidora de turbinas desta marca. Quando a Sdwind faliu, nadcada de 1990, a Suzlon adquiriu a diviso de pesquisa e desen-volvimento da parceira e montou seu centro de pesquisa na Ale-manha. A empresa ainda adquiriu a belga Hansen Transmission segunda maior fabricante de caixas de engrenagens elicas domundo e uma grande fbrica holandesa de ps. Em 1999, o gover-no do estado sede da Suzlon aprovou uma lei permitindo a deduodo imposto de renda dos custos de instalao de turbinas elicas.

    A empresa voltou s manchetes em maio de 2007, quan-do pagou 450 milhes pela aquisio de 33,6% da gigante alemRepower.23 Isto faz parte da estratgia da empresa de aumentarsua insero no mercado europeu. Atualmente, os EUA so o maiormercado da Suzlon.

    Alm da Suzlon, h no mercado outra grande empresaindiana, a Reliance Power, controlada pelo grupo Anil Ambani, queconcluiu a maior oferta pblica inicial da ndia. Neste pas, a concor-

    rncia tem se acirrado desde a chegada das fbricas das maioresempresas de turbinas elicas do mundo, como a Enercon da Ale-manha, a Vestas da Dinamarca e a GE Wind Energy, dos EstadosUnidos. As empresas locais tambm fizeram alianas com algumasestrangeiras, como o caso da Vestas, RRB India, Elecon Engine-ering e Sterling Infotech Group.

    Desta forma, desde 2005 mais de 80% dos componentesdas turbinas instaladas na ndia so nacionais.

    Amricas

    a) O Novo Lder Mundial em Duas Categorias

    Em 2007, os EUA foram os lderes mundiais em adiode capacidade elica. Foram mais de 5,2 GW, que movimentaraminvestimentos de US$ 9 bilhes, e estimavam-se para 2008 outros5 GW instalados, elevando a atual capacidade para 21,8 GW, o querepresentaria mais de 1% do fornecimento de eletricidade do pas.

    23 A Suzlon comprou participaes com direito a voto da Repower, mas isto no con-cede empresa acesso aos projetos da Repower, pois, segundo uma lei alem, aempresa indiana precisaria fazer uma oferta de compra das aes dos minoritrios.

  • 8/3/2019 BK Energia Eolica

    29/50

    BNDES Setorial, Rio de Janeiro, n. 29, p. 229-278, mar. 2009 257

    A realidade superou as expectativas. Dados recentesapontam que o pas mais uma vez foi lder em adio de capacida-de elica (8,3 GW), atingindo em 2008 capacidade instalada de 25GW, contra 23 GW na Alemanha, o que torna os EUA o novo ldermundial tambm na categoria capacidade elica total instalada.Com isso, a indstria elica norte-americana j emprega cerca de85 mil pessoas. Os equipamentos apresentaram capacidade mdiade 1,67 MW e o fator de capacidade dos projetos em operao nopas supera 30%.

    Em 2007, a energia elica representou 30% de todo o in-cremento de capacidade de gerao eltrica no pas. Os acrscimosforam feitos em bases onshore, embora os EUA contem com umaincrvel disponibilidade elica offshore. Segundo o Departamentode Energia Norte-Americano, esta disponibilidade seria capaz desuprir toda a demanda de eletricidade do pas.

    Desde 1930, os Estados Unidos fabricam aerogeradores,que, com dimenses reduzidas, eram usados para carregar bateriasem zonas rurais no servidas pela rede eltrica. At 1960, dezenasde milhares de aerogeradores foram vendidos, mas a chegada dasredes de eletrificao s zonas rurais causou a desativao gradualdessas mquinas.

    As preocupaes com a segurana energtica, a pressoambiental, a volatilidade de preo dos combustveis e a reduo docusto de novas tecnologias elicas permitiram a revitalizao do setorelico nos EUA. Uma poltica agressiva de incentivos governamen-tais merece especial mrito nessa conquista. Para cumprir a metade prover 20% da demanda eltrica at 2030 com energia provindados ventos, o governo vem concedendo crditos tributrios paraestimular a abertura de novas fbricas de aerogeradores e compo-nentes para parques elicos.24

    A GE Wind, diviso da General Eletric, a maior empresaamericana no setor. Diferentemente de empresas como a Wobben,

    a GE Wind no fabrica todos os componentes das turbinas elicasque levam a sua marca. Sua estratgia focar na fabricao dosgeradores e importar as ps e os componentes de fabricantes es-pecializados.

    Segundo o Earth Policy Institute (EPI), apenas os estadosde Kansas, Texas e Dakota do Norte possuem potencial elico su-ficiente para atender toda a demanda de eletricidade dos EUA. At2007, Califrnia e Texas responderam conjuntamente por 22% de

    24 Somente no ano de 2006, quatro fbricas de diversos fabricantes mundiais foramabertas em trs estados norte-americanos.

  • 8/3/2019 BK Energia Eolica

    30/50

    258 Um Panorama da Indstria de Bens de Capital Relacionados Energia Elica

    toda a energia elica produzida no pas, contando com forte atua-o dos seus respectivos governos estaduais. A Califrnia foi o pri-meiro estado do pas a criar legislao especfica para promoodo uso de fontes renovveis. Em 1999, o governo texano seguiu oexemplo e fixou uma meta de gerao 2.880 MW em energias re-novveis at 2009, que j foi alcanada; trabalha-se, portanto, comuma nova meta de 5.880 MW at 2015.

    Tabela 7

    Estados com as Maiores Capacidades Elicas Instaladasnos EUA

    ESTADOCAPACIDADE INSTALADA

    EM 2007 (MW)CAPACIDADE INSTALADA

    EM 2008 (MW)

    Texas 5.605 7.116

    Iowa 1,375 2.790

    Califrnia 2.483 2.517Minnesota 1,366 1.752

    Washington 1,289 1.375

    Total 8.092 15.550

    Fonte: GWEC.

    Colorado e Oregon, bem como todos os estados listadosna Tabela 7, integram o grupo over 1 club, dos estados com capa-cidade elica instalada superior a 1 GW.

    Embora cada vez mais estados invistam na gerao eli-ca, a previso que o Texas25 continue como lder em capacidadeinstalada. Com investimentos de US$ 11 bilhes, um ex-magnatado ramo do petrleo resolveu montar uma fazenda elica com ca-pacidade de gerao de 4 GW. A encomenda do primeiro lote de500 turbinas j foi feita, mas o projeto deve ficar pronto somente em2011 e ocupar uma rea de 800 quilmetros quadrados.

    O governo texano anunciou a inteno de investir ainda

    US$ 4,9 bilhes na expanso das linhas de transmisso, com o in-tuito de incentivar e captar a produo de energia elica nas reasrurais e distribu-la nos grandes centros urbanos.

    b) Amrica Latina

    A Amrica Latina possui um enorme potencial elico noexplorado. A GWEC estima um acrscimo de 2.700 MW de capaci-dade at 2010 na regio. Vale dizer que apenas a execuo integraldo Programa de Incentivo s Fontes Alternativas de Energia Eltrica

    25 Neste estado, est localizado o maior parque elico do planeta, capaz de produzir735,5 MW, graas instalao de 421 turbinas.

  • 8/3/2019 BK Energia Eolica

    31/50

    BNDES Setorial, Rio de Janeiro, n. 29, p. 229-278, mar. 2009 259

    (Proinfa) no Brasil asseguraria mais de 50% desta meta. Para 2012,estima-se que o continente conte com 4,5 GW de capacidade elicainstalada, sendo Brasil e Mxico os principais pases colaboradorespara o atendimento de tal patamar.

    Tabela 8

    Capacidade Elica Instaladana Amrica Latina por Pas(Em MW)

    AMRICA LATINA E CARIBE

    Pases 2007 2008

    Brasil 247 341

    Mxico 85 85

    Costa Rica 70 70

    Caribe 55 55

    Argentina 29 29

    Outros* 45 45

    Total 531 625

    Fonte: GWEC.* Colmbia, Chile e Cuba.

    A Argentina tambm merece destaque graas ao seu po-tencial. O pas possui um dos maiores e melhores potenciais eli-cos do mundo, estimado em 300.000 MW, dos quais apenas 29 MWencontram-se efetivamente instalados. De forma geral, as usinaselicas argentinas so do tipo onshore e esto concentradas na

    provncia de Chubut, desenvolvidas para autoconsumo de coope-rativas locais.

    A Patagnia possui excelente potencial elico, mas helevados custos de transmisso associados instalao de par-ques nesta regio, pois o centro consumidor est muito distantedali. Alm disso, os ventos da regio so considerados instveis,o que requer maior tecnologia do equipamento para enfrentar talintemprie climtica.

    A falta de financiamentos de longo prazo na Argentina um empecilho ao aumento de capacidade elica no pas. Essa es-cassez de recursos foi uma das razes que levaram o grupo argen-tino IMPSA a construir uma fbrica de aerogeradores no Brasil, con-tando com linhas de financiamento de longo prazo oferecidas peloBNDES. A Caixa Econmica Federal, o Banco do Nordeste (BNB),o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e a Superinten-dncia de Desenvolvimento do Nordeste (Sudene), bem como oBNDES, oferecem ainda linhas de financiamento para apoio aosparques elicos.

  • 8/3/2019 BK Energia Eolica

    32/50

    260 Um Panorama da Indstria de Bens de Capital Relacionados Energia Elica

    Outros pases do continente tambm tm inteno deaumentar sua capacidade elica. O Equador inaugurou em 2008seu primeiro parque elico em San Cristbal, na ilha de Galpagos.O Chile aprovou a Lei de Incentivos Fiscais para o Fomento dasEnergias Renovveis. O governo mexicano tambm vem atuandoativamente para aumentar a participao da fonte elica na matrizeltrica do pas, que contribui com apenas 1% da eletricidade gera-da atualmente. No Mxico, o petrleo o combustvel com o qualo pas produz eletricidade e sua produo vem caindo em razo dodesgaste da gigante jazida Cantarell. Alguns projetos elicos emandamento j preveem o atendimento de estabelecimentos priva-dos. Este o caso de projetos dirigidos pela empresa Vientos delIstmo, que fornecer energia por fonte elica s lojas da varejistaSoriana, e da empresa francesa Energies Nouvelles, que abastece-r a cadeia Wal-Mart do Mxico.

    O pas possui um potencial elico comercial (onshore)estimado em 143.000 MW [Cresesb e Cepel (2001)], dos quais402,78 MW [Aneel (2009)], isto , apenas 0,3%, esto efetivamenteinstalados. Para efeito de comparao, todo o parque gerador bra-sileiro tem capacidade de 102.964 MW [Aneel (2009)].

    Os dados para elaborao do potencial elico brasileiroforam coletados em 2001 e devem sofrer uma reviso em breve.

    As medidas foram feitas com ventos a 50 metros. Atualmente, astorres podem ser instaladas a alturas muito superiores. Mediespreliminares apontam que, a 100 metros, o potencial brasileiro su-peraria 220 GW.

    Uma crtica pertinente envolve a ausncia de um sistemaintegrado de informaes das medies de potencial elico realiza-das em diversas localidades do Brasil. Um mesmo local pode pas-sar por repetidas medies por falta de registros anteriores. Issorepresenta um atraso para o aumento de capacidade elica no pas,

    uma vez que cada avaliao anemomtrica leva at dois anos paraser concluda.

    As jazidas de vento do Brasil esto entre as melhoresdo mundo, pois, alm de contar com alta velocidade, os ventosso considerados bem comportados, diferentes de certas regiesda sia e dos Estados Unidos, sujeitas a ciclones, tufes e outrasturbulncias.

    Mas a energia elica ainda pouco representativa na ma-

    triz energtica nacional. Se considerarmos apenas as fontes usa-das para gerar eletricidade, os ventos representam menos de 0,4%do total.

    O Brasil eo Panorama

    Mundial

  • 8/3/2019 BK Energia Eolica

    33/50

    BNDES Setorial, Rio de Janeiro, n. 29, p. 229-278, mar. 2009 261

    Grfico 5

    Matriz de Oferta de Energia Eltrica no Brasil em 2007

    Fonte: Ministrio de Minas e Energia.

    O Nordeste brasileiro considerado uma das regies maisbens servidas de ventos do pas e responde por 54% do potencialelico brasileiro.26 Nesta regio, os ventos so controlados pelosalsios27 de leste e brisas terrestres e marinhas, o que permite quetoda a zona litornea28 apresente ventos de comportamento unifor-me, com velocidade entre 6m/s e 9 m/s. As costas cearense e po-

    tiguar so as que apresentam ventos mais velozes. Juntos, os doisestados concentram 50 GW dos 75 GW estimados como potencialelico da regio nordestina. A presena de bloqueios montanhososna parte continental de certos estados contribui para acentuar avelocidade dos ventos no Nordeste.

    H um aspecto estratgico relevante em favor da energiaelica no Nordeste: os perodos de seca, quando os reservatriosdas barragens esto em seu nvel mais baixo, coincidem com operodo de maior incidncia e intensidade de ventos. Com isso, huma complementaridade quase perfeita entre as fontes elica e hi-dreltrica, garantindo o suprimento de energia contnuo e confivelna regio durante o ano inteiro.

    O Sudeste a segunda regio com maior potencial elicoonshoreno Brasil, mas no representa nem metade da potnciainstalvel do Nordeste. A faixa litornea que se estende do sul doEsprito Santo at o nordeste do Rio de Janeiro a mais privilegia-da e apresenta ventos com velocidades mdias prximas a 7,5 m/s.

    26 Desconsiderando o potencial martimo.27 Os alsios so ventos persistentes que sopram, sobretudo, na parte inferior daatmosfera, sobre extensas regies.28 Considera-se a extenso de 100 quilmetros de largura do continente.

    CondiesNaturais

  • 8/3/2019 BK Energia Eolica

    34/50

    262 Um Panorama da Indstria de Bens de Capital Relacionados Energia Elica

    Este o efeito da presena de montanhas a oeste da costa, quebloqueiam o escoamento leste-nordeste. Fora da faixa litornea, aregio tem um potencial elico concentrado no estado de MinasGerais, mais precisamente na Serra do Espinhao.

    Figura 8

    Complementaridade das Fontes Hdrica e Elica

    Fonte: Centro Brasileiro de Energia Elica (CBEE/UFPE), 2000. Disponvel em:.

    Vale dizer que a mesma complementaridade entre as fon-tes hdrica e elica apresentada no Nordeste se repete no sistemaenergtico do Sul-Sudeste.

    O Sul a terceira regio em termos de potencial elicoinstalvel. A movimentao atmosfrica local controlada pela de-presso ao nordeste da Argentina e o anticiclone29 subtropical Atln-tico. Isso cria um escoamento persistente de ventos numa vastarea com velocidades mdias anuais entre 5,5 m/s e 6,5 m/s. Nos

    planaltos de baixa rugosidade (como os Campos de Palmas, noParan) e zonas de maiores elevaes montanhosas, a velocidademdia chega a 8 m/s. O litoral sul outra zona que merece desta-que pela intensidade dos ventos, que sopram predominantementena direo leste-oeste e so acentuados pela ao das brisas ma-rinhas durante o dia.

    A regio Norte uma das que tm menor potencial elicodo pas. O escoamento atmosfrico dificultado pelo atrito da su-perfcie, que tem alta rugosidade, associado longa trajetria sobre

    29 Um anticiclone uma regio da atmosfera em que a presso alta em relao sdas regies circunvizinhas, num mesmo nvel.

  • 8/3/2019 BK Energia Eolica

    35/50

    BNDES Setorial, Rio de Janeiro, n. 29, p. 229-278, mar. 2009 263

    florestas densas. Os gradientes fracos, combinados zona difusade baixas presses centrada na regio [Cresesb e Cepel (2001)],tambm contribuem para que a velocidade mdia dos ventos fiqueabaixo de 3,5 m/s.30

    A maior altitude ao norte de Roraima torna esta uma daslocalidades com maior potencial elico da regio, apresentandoventos mdios anuais com velocidade acima de 6 m/s. Esse po-tencial s no maior que o observado nos litorais do Amap e doPar. A maior intensidade dos ventos nessa faixa da regio estassociada aos seguintes fatores: a) distanciamento da depressoequatoriana, que eleva a presso atmosfrica; b) menores ndicesde vegetao, que facilitam a passagem dos ventos; e c) reduoda umidade do ar, que acentua a amplitude trmica ao longo do dia,intensificando a formao de brisas martimas.

    A regio Centro-Oeste a que apresenta a menor exten-so em rea favorvel para extrao de ventos, os quais sopramcom velocidade mdia entre 4 m/s e 6 m/s, com rarssimos pontosem que podem chegar a 7,5 m/s. A velocidade aumenta medidaque nos aproximamos do sul da regio, onde a vegetao menosdensa e o gradiente de presso mais acentuado. O estado do MatoGrosso do Sul, mais precisamente a rea de fronteira com o Paraguai, a parte mais privilegiada da regio em termos de potencial elico.

    Alm da velocidade dos ventos, outros fatores que noforam abordados nesta seo, como estabilidade e turbulncia, de-vem ser considerados no clculo do potencial elico de cada regio.A Tabela 9 sintetiza os resultados divulgados no Atlas do PotencialElico Brasileiro fonte das informaes desta seo. O clculono inclui regies cobertas por gua (seja mar ou rio) e consideraapenas a capacidade extrada por ventos com velocidade acima de7 m/s.31

    Tabela 9

    Potencial Elico Brasileiro por Regio Geogrfica

    REGIOPOTENCIAL ELICO

    (MW)

    ENERGIA ANUAL EQUIVALENTE

    (TWH/ANO)Nordeste 75.050 144,29

    Sudeste 29.740 54,93

    Sul 22.760 41,11

    Norte 12.840 26,45

    Centro-Oeste 3.080 5,42

    Total 143.470 272,20

    Fonte: Cresesb e Cepel (2001) Atlas do Potencial Elico Brasileiro.

    30 Esta velocidade padro medida a 50 m do solo.31 Para mais detalhes, o Atlas est disponvel em verso pdf no endereo eletrnicohttp://www.cresesb.cepel.br/publicacoes/atlas_eolico_brasil/atlas-web.htm, no qualtambm se encontra a metodologia completa.

  • 8/3/2019 BK Energia Eolica

    36/50

    264 Um Panorama da Indstria de Bens de Capital Relacionados Energia Elica

    A primeira turbina elica no pas foi instalada em 1992, nailha de Fernando de Noronha, em Pernambuco. Apesar da baixacapacidade (75 kW), este equipamento mostrou populao brasi-leira que era vivel a gerao de eletricidade com base em ventos.

    Mas s dez anos depois, com a criao do Programa deIncentivo a Fontes Alternativas (Proinfa),32 o potencial elico brasi-leiro comeou de fato a ser explorado. Dos 340 MW instalados at2008 no Brasil, 324 MW foram feitos no mbito deste programa.

    Grfico 6

    Evoluo da Capacidade Instalada de Gerao Elica noBrasil

    Fonte: WWEA e Eletrobrs.

    O Proinfa foi lanado pelo Ministrio de Minas e Energiae, por meio desse programa, o governo brasileiro se comprometeua comprar 3.315 MW de energia renovvel, divididos igualmenteentre elica, biomassa e hidreltrica (PCH),33 que seriam instala-dos em duas fases. A primeira se estenderia de 2006 a 2008, en-quanto a segunda s teria incio aps a concluso e a avaliaoda primeira. O programa garantiria a compra, pela Eletrobrs, daenergia produzida, por meio de um contrato de compra e venda

    de energia (CCVE), com prazo de durao de vinte anos contadosa partir da data de operao definida no contrato. A Eletrobrs seriaa responsvel pela realizao das chamadas pblicas. Como naprimeira fase a quantidade de projetos de biomassa apresentadosfoi pequena, a fonte elica recebeu mais que um tero das enco-mendas, sendo contratados, no total, 1.423 MW, correspondentes a54 usinas elicas, como se pode observar na Tabela 10.

    32 O programa foi lanado em 2003, com base na Lei 10.438 de abril de 2002.33 Pequenas Centrais Hidreltricas.

    Evoluo daCapacidade

    Instalada

  • 8/3/2019 BK Energia Eolica

    37/50

    BNDES Setorial, Rio de Janeiro, n. 29, p. 229-278, mar. 2009 265

    Tabela 10

    Projetos no mbito do ProinfaPROINFA 1 FASE TOTAL SELECIONADO TOTAL EM OPERAO

    FonteNmero de

    ProjetosPotncia Total

    (MW)Nmero de

    ProjetosPotncia Total

    (MW)

    Biomassa 27 700,90 20 563,23

    Elica 54 1.422,96 15 324,53

    PCH 63 1.191,40 39 775,20

    Total 144 3.315,26 74 1.662,96

    Fonte: Aneel (2009).

    No ano de 2007, o aumento da capacidade elica insta-lada foi nfimo se comparado ao ano anterior (ver Grfico 6), o quecontribuiu para atrasar o cronograma mencionado. Segundo a Ele-

    trobrs, esse mau desempenho deveu-se ao fato de vrios projetosaprovados pelo programa terem enfrentado dificuldade para o cum-primento do contedo nacional mnimo exigido (60%).

    Para contornar esse problema, o imposto de importaopara aerogeradores, cuja alquota era de 14%, foi zerado em2007, a fim de permitir aos empreendedores do Proinfa atingir ondice mnimo de nacionalizao exigido, uma vez que o critriode clculo deste ndice incorpora o imposto no contedo impor-tado do equipamento. Essa alterao foi polmica, pois o pas

    contava com um fabricante de aerogeradores a Wobben Win-dpower , o que impediria, segundo os trmites convencionais,que um importador se beneficiasse de um ex-tarifrio para umbem com similar nacional. Os vencedores dos projetos elicosalegavam que a presena de um monoplio nesta indstria justi-ficava o pedido de reduo do imposto. No entanto, a Eletrobrs,em defesa da alterao aduaneira, apresentou o argumento deque a indstria nacional de aerogeradores, cuja capacidade anu-al era de apenas 250 MW, no conseguiria atender sozinha de-manda prevista pelo Proinfa. A posteriori, observando a evoluoda instalao da capacidade elica no pas nos anos de 2006,

    2007 e 2008, percebe-se que a indstria nacional, ainda que sedesconsiderem os investimentos feitos em expanso produtiva,teria condies de atender demanda.

    A mudana do imposto de importao no foi unanime-mente entendida como positiva para o setor. H a acusao de queo descumprimento dos prazos tenha se dado no pela dificuldadede cumprir o ndice de nacionalizao e sim pelo fato de alguns par-ticipantes do leilo no terem o objetivo de executar os projetos e-licos, mas revend-los. Dessa forma, o atraso aumentava medida

    que ocorria o repasse repetido dos projetos e, somente s vsperasda data de concluso, era encaminhado o pedido de fornecimento

  • 8/3/2019 BK Energia Eolica

    38/50

    266 Um Panorama da Indstria de Bens de Capital Relacionados Energia Elica

    de equipamentos indstria nacional, que, nestas condies e pra-zos, no tinha como entregar equipamentos a tempo.

    Os projetos de PCH e usinas movidas a biomassa tam-bm sofreram atrasos, ligados dificuldade de atendimentos s

    exigncias ambientais e, no caso de biomassa, dificuldade de for-necimento de equipamentos. Desta forma, dos 144 empreendimen-tos contratados, apenas 74 esto em operao, gerando cerca de1.663 MW, como pode ser verificado na Tabela 10.

    Esse fato obrigou a Eletrobrs a ampliar o prazo paraimplantao da primeira fase do programa. As empresas contrata-das teriam at fevereiro de 2009 para terminar seus projetos. Apsessa data, s sero postergados os empreendimentos nos quaisa Eletrobrs aceitar os motivos de caso fortuito ou fora maior,

    conforme prev a legislao. Em decorrncia dos atrasos, a Eletro-brs adquiriu a energia no gerada pelos projetos contratados nomercado livre.

    O custo do programa entra nas faturas mensais pagaspelos consumidores finais do Sistema Interligado Nacional (SIN),exceto os de baixa renda (consumo mensal inferior a 80 kWh).

    O setor aguardou os Leiles de Energia Nova A-3/2008 eA-5/2008.34 Nesses leiles, todas as fontes de energia competem

    entre si (incluindo as no-alternativas). No primeiro leilo, realizadoem 17.9.2008, o preo mdio de negociao ficou em R$ 128,42,enquanto no segundo, realizado em 30.9.2008, o preo mdio fi-cou em R$ 141,78. A lista de vencedores dos leiles deixou defora qualquer projeto elico, incluindo predominantemente usinastermeltricas.

    A matriz energtica brasileira est entre as mais limpasdo mundo, mas o percentual de energia renovvel vem caindo medida que mais termeltricas so construdas no pas.

    O Plano Decenal de Expanso de Energia (PDEE 2008-2017), em consulta pblica at fevereiro de 2009, prev que a ge-rao de eletricidade por fonte hidrulica ser reduzida de 84%para 74%. As fontes alternativas (como elica, biomassa e solar)crescero de 1,3% para 4%. Finalmente, as termeltricas a carvo,leo combustvel e gs natural tero participao crescente de 12%para 17%.

    34 Os dgitos 3 e 5 fazem meno ao perodo entre o ano de realizao do leilo e adata de entrega da capacidade instalada. Desta forma, o leilo A-3/2008 esta previs-to para ocorrer em 2008 e a entrega da capacidade ser em 2011. O leilo A-5/2008ocorre em 2008 e ter a capacidade entregue at 2013.

  • 8/3/2019 BK Energia Eolica

    39/50

    BNDES Setorial, Rio de Janeiro, n. 29, p. 229-278, mar. 2009 267

    Grfico 7

    Comparao das Matrizes Energticas e Eltricas Mundiaise Brasileiras

    Fonte: Ministrio de Minas e Energia (apresentao EDP Brasil).

    Essas usinas tm como vantagem o curto prazo com quepodem ser construdas e a capacidade de despachar imediatamen-te energia na rede sempre que solicitadas. Dessa forma, o siste-ma nacional utiliza as termeltricas como uma fonte de energia deemergncia, o que importante para a segurana energtica dopas. Fortes crticas, no entanto, recaram na frequncia com queessas usinas despacharam no ltimo ano e no custo que isso repre-sentou para o sistema.

    Aps um longo perodo de ociosidade, as usinas termel-tricas despacharam com uma alta frequncia em 2008, mesmo anoem que os preos do petrleo atingiram um pico histrico, ultrapas-sando a casa dos US$ 140/barril. A escassez de chuva no perodoque deveria ser o mais mido do ano elevou os preos de energiaeltrica no mercado spot. O custo da gerao de energia termeltri-ca ficou, portanto, muito acima do valor mencionado nos leiles deenergia. O lance calculado com base no ndice de Custo Benef-cio (ICB) do projeto, detalhadamente explicado pela Portaria MME59, de 10.4.2007. Neste ndice, so considerados tanto os custos

    fixos quanto os variveis, sendo os ltimos calculados com base naquantidade predeterminada de lotes ofertados pelo candidato. Asusinas termeltricas tm custo fixo relativamente baixo, mas custovarivel elevado. Dessa forma, se a usina gerar mais energia quea prevista nestes lotes, o custo varivel sofre grande impacto e sedescola daquele previamente calculado no ICB. Com isso, em 2008muitas usinas termeltricas geraram energia a um custo demasia-damente superior ao lance anunciado no leilo e ainda mais altoque o custo de gerao por fonte elica.

    A concorrncia de diferentes fontes de energia no mesmoleilo uma crtica recorrente dos empreendedores do ramo elico.

  • 8/3/2019 BK Energia Eolica

    40/50

    268 Um Panorama da Indstria de Bens de Capital Relacionados Energia Elica

    Com o preo do barril do petrleo em baixa, a energia elica ficouainda menos competitiva. As tarifas fixadas nos ltimos leiles fi-caram muito abaixo dos R$ 210 alegados como sustentveis paraa produo de 1 MW a partir dos ventos.Atendendo ao pleito dosetor, at fevereiro de 2009 o Ministrio de Minas e Energia deixouem consulta pblica as Diretrizes para um Novo Leilo de Contrata-o de Energia Especfica para fontes elicas. A energia contratadaestaria disponvel a partir de 2012 e o contrato de compra e vendade energia teria durao de vinte anos. At o momento, a polmicarecaiu na no-explicitao de um ndice mnimo de nacionalizaodos projetos.

    Mesmo sem a exigncia desta condio, possvel quehaja uma tendncia ao cumprimento de um ndice mnimo de 60%de nacionalizao dos equipamentos e componentes elicos. Issose deve ao fato de a aquisio de mquinas com este ndice ser

    passvel de financiamentos do BNDES via FINAME. Isso confereao produtor de aerogeradores e componentes nacionais uma van-tagem comparativa, dado que o seu comprador (em geral, o pro-prietrio do parque elico) dispor de melhores condies de finan-ciamento para a aquisio do bem. Entretanto, essa tendncia s plausvel se houver o entendimento dos fabricantes de que essesleiles sero peridicos e mantidos no longo prazo, posto que abusca por fornecedores nacionais e a manuteno de uma estru-tura que permita a nacionalizao dos equipamentos so custosasem tempo e em recursos para uma empreitada circunstancial.

    Grfico 8

    Preo Mdio de Energia Eltrica Obtida das DiferentesFontes de Gerao

    Fonte: Revista Exame, 16.7.2008.* Estimativa do Ministrio de Minas e Energia para leilo em 2009.

  • 8/3/2019 BK Energia Eolica

    41/50

  • 8/3/2019 BK Energia Eolica

    42/50

    270 Um Panorama da Indstria de Bens de Capital Relacionados Energia Elica

    Tabela 12

    Capacidade Elica Instalada por Estado e Regio do Brasil

    TOTAL DE CAPACIDADE ELICAINSTALADA POR REGIO (EM MW)

    TOTAL DE CAPACIDADE ELICA INSTALADAPOR ESTADO (EM MW)

    Regio Atual 2007Prevista pelo

    ProinfaEstados Atual 2007

    NE 234,9 79,2 806

    CE 121,83 17,45

    RN 51,10 51,10

    PB 46,20 10,20

    PE 0,40 0,40

    PI 15,30 0,00

    S 166,9 166,9 454

    RS 150,00 150,00

    SC 14,40 14,40

    PR 2,50 2,50

    SE 1 1 163 MG 1,00 1,00

    NE 0 0 0

    CO 0 0 0

    Total 403 247 1.423 Total 403 247

    Fonte: Aneel e BNDES.

    FabricantesNacionais

    At 2007, o Sul era a regio que apresentava maior capa-cidade elica instalada e o estado gacho aparecia como o maiorgerador de energia eltrica por fonte elica do pas. No entanto, ainaugurao de empreendimentos ao longo de 2008 permitiu aoNordeste tomar a primeira posio do ranking. O Cear apresentouincremento de capacidade recorde, e a concluso dos projetos emandamento, em breve, permitir ao estado cearense tornar-se lderbrasileiro em capacidade elica instalada. At o final de 2009, oestado contar com 500 MW.

    Segundo dados apresentados no Congresso Wind ForumBrazil 2009, por Camila Ramos, da New Energy Finance, os maio-res supridores de aerogeradores para os projetos instalados em2008 e em andamento foram Suzlon, com 31% do market share,Vestas, com 15%, Wobben, com 28%, e Impsa (WPE), com 26%,tendo as duas ltimas fbricas em operao no pas.

    A Wobben Windpower foi a primeira fabricante de aero-geradores a se instalar no Brasil e at 2008 constava como nica.Com fbricas em Sorocaba (SP) e Pecm (CE), a empresa temmais de 1.200 colaboradores diretos e indiretos, alm de 1.700fornecedores.

  • 8/3/2019 BK Energia Eolica

    43/50

    BNDES Setorial, Rio de Janeiro, n. 29, p. 229-278, mar. 2009 271

    Criada em 1998, a empresa subsidiria da alem Ener-con, uma das cinco maiores fabricantes de aerogeradores do mun-do. A empresa grande exportadora de aerogeradores, tendo ins-talado 680 MW at 2008 dos quais 340 MW esto localizadosno exterior. Seus produtos tm ndice de nacionalizao maior que70%, sendo, portanto, uma candidata natural ao fornecimento deequipamentos elicos para projetos no mbito do Proinfa.

    Alm de produzir aerogeradores, a Wobben atua comoproprietria de alguns parques elicos no Brasil e no exterior. Aempresa instala, opera e presta servios de assistncia tcnica. Foia primeira produtora independente de energia eltrica oriunda defonte elica, autorizada pela Aneel, e tem quatro usinas prprias emoperao no pas. A empresa vem explorando tambm o potencialargentino e costarriquenho.

    O ano de 2008 marcou a chegada de um segundo fabri-cante de aerogeradores no pas: a Wind Power Energy (WPE).

    A empresa faz parte do grupo argentino IMPSA, especiali-zado no desenvolvimento e na produo de bens de capital de altatecnologia e no fornecimento de solues integrais para projetosde gerao hidreltrica e elica, entre outras atividades. Compostode19 empresas, espalhadas em dez pases, o grupo inaugurou, em2008, sua primeira fbrica no Brasil a WPE , empregando direta-mente cerca de 380 funcionrios.

    Na fbrica argentina de Mendoza, a IMPSA produz aero-geradores com tecnologia licenciada pela alem Vensys e vem de-senvolvendo tecnologia prpria, de equipamentos sem caixa multi-plicadora. A inteno que a fbrica implantada no Brasil constitua,em breve, sua primeira unidade produtora de aerogeradores comuso de tecnologia prpria, em escala comercial, mas possivelmen-te, na fase inicial de operao, a unidade far uso de tecnologialicenciada tambm pela Vensys.

    Entre as empresas de capital 100% nacional, merece des-taque a Tecsis, segunda maior produtora independente de hliceselicas do mundo. Fundada em 1995, a empresa tambm lderno mercado brasileiro de ventiladores industriais. Sua lista de clien-tes inclui algumas das maiores companhias do mundo, como GE,Acciona, Siemens, Hamon Group, Vale do Rio Doce e Petrobras.Atualmente, a empresa conta com 11 plantas, todas em Sorocaba(SP), empregando diretamente 3.600 funcionrios.

    A Siemens revelou em reportagem do Valor Econmi-

    co, de 27.2.2009, a inteno de produzir, ainda em 2009, peasinternas de aerogeradores na sua fbrica de Jundia (SP). A com-

  • 8/3/2019 BK Energia Eolica

    44/50

    272 Um Panorama da Indstria de Bens de Capital Relacionados Energia Elica

    preenso da empresa de que um leilo especfico para as usinaselicas ocorrer neste ano acelerou os planos de investimento. Asps, a princpio, seriam importadas de fbricas do prprio grupolocalizadas nos EUA e na Dinamarca. As torres, no entanto, seriamadquiridas domesticamente de empresas como Jaragu, Dedini eUsiminas Mecnicas.

    Tambm em matria veiculada pelo Valor Econmico, aAlstom revelou a inteno de instalar uma fbrica de aerogeradoresna Amrica, sendo o Brasil um dos pases candidatos.

    Em 2005, a Furlander, grande fabricante alem de aero-geradores, chegou a mencionar a inteno de construir uma fbricano Cear, que envolveria investimentos de US$ 5 milhes. Havianesta poca uma grande expectativa acerca da execuo dos pro-

    jetos previstos pelo Proinfa, mas os atrasos percebidos em 2007 e2008, bem como a indefinio quanto prorrogao do programa,colaboraram para retardar os planos de investimentos.

    Apesar desses percalos, o nascimento de uma empresagenuinamente brasileira de aerogeradores no um sonho distan-te. Alguns grupos nacionais revelaram grande interesse em partici-par desse mercado, e o estreitamento dos laos entre universidadee empresa pode ser a chave para o desenvolvimento de uma tec-nologia prpria que viabilize a produo de turbinas elicas 100%made in Brazil.

    O Projeto Ventus, coordenado pelos Laboratrios deEngenharia de Processos de Converso e Tecnologia de Ener-gia (Lepten), da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC),associado a quatro empresas privadas catarinenses, um bomexemplo dos benefcios que essa parceria pode trazer empresa eao pas. O projeto, iniciado em 2004, conta com apoio fundamentalda Assessoria para Projetos Especiais (Appe) e da Financiadorade Estudos e Projetos (Finep). O objetivo do projeto gerar umprottipo de miniaerogerador para fins domsticos. O equipamento,composto de um rotor elico com trs ps de cinco metros, geradorde ims permanentes de 15 kW com acionamento indireto e torrede sustentao de 25 metros de altura, mostra capacidade de gerar12 kW. As empresas parceiras do projeto so as seguintes: WEGEquipamentos Eltricos Ltda., fornecedora do gerador; Almeida &Justi, fornecedora das ps; Milano Estruturas Ltda., responsvelpela fabricao da torre, nacele, acionamento mecnico, instalaoe teste; e Equisul Ltda., responsvel pela eletrnica de potncia.

    A quantidade de empregos gerados diretamente na ca-deia de aerogeradores surpreende. Estima-se que para cada MWinstalado ao ano de capacidade elica surjam 15 novos empregosdiretos e indiretos na cadeia.35 Se, por um lado, a indstria de ae-

    35 Inclui empregos diretos e indiretos na manufatura de aerogeradores, cadeia desuprimentos, desenvolvimento e instalao de parques elicos.

  • 8/3/2019 BK Energia Eolica

    45/50

    BNDES Setorial, Rio de Janeiro, n. 29, p. 229-278, mar. 2009 273

    rogeradores requer grande contingente de mo-de-obra (veja casoda Tecsis, WPE e Wobben), a operao do parque elico no exi-ge forte atuao humana. Nas operaes regulares de operao emanuteno dessas usinas, estima-se a criao de 0,4 empregopara cada MW de capacidade. Sem dvida, o maior nmero de em-pregos surge na fase de implantao do parque. Por exemplo, na

    construo de um parque brasileiro do Nordeste com capacidadede 50 MW, foram criados cerca de duzentos empregos diretos nafase de construo e apenas vinte na fase de operao.

    A disponibilidade de linhas de financiamento de longoprazo considerada um critrio fundamental para o sucesso dosempreendimentos no ramo elico. Isto vale tanto para as empresasfabricantes de aerogeradores e componentes quanto para as que

    pretendem construir fazendas elicas. A presena do BNDES ,portanto, essencial para a consolidao do setor no pas.

    A atuao do BNDES pode se dar de diversas formas, co-meando pelo apoio s exportaes, que tem sido encarado comouma meta-chave da poltica de desenvolvimento produtivo.

    O apoio s exportaes de grande relevncia para o se-tor, pois os fabricantes nacionais de aerogeradores e de componen-tes ainda enfrentam baixa e inconstante demanda domstica e tm

    no mercado externo relevante destino da sua produo. Para essasempresas, as linhas de financiamento s exportaes BNDES-EximPr-Embarque e Ps-Embarque podem fortalecer suas atuaesno mercado.

    Para estimular diretamente a produo de bens de capital,o BNDES ainda disponibiliza aos fabricantes de aerogeradores ecomponentes dois produtos: o FINEM e o FINAME. O primeiro visaapoiar os investimentos em aumento da capacidade e construode novas plantas, ampliando assim a participao de supridores na-cionais de equipamentos, materiais e servios vinculados. O prazomdio dos financiamentos liberados para o setor de bens de capital onde esto includos os fabricantes de aerogeradores de seteanos. O segundo tem como objetivo financiar a venda de mquinase equipamentos j negociados com as respectivas compradoras.

    Para as empresas do segmento de gerao, transmissoe distribuio de energia eltrica, o Banco tem linhas especiais definanciamento, que apiam, no momento, a instalao de 300 MW36em capacidade elica no pas.

    36 Operaes contratadas, aprovadas e enquadradas.

    A Atuao doBNDES

  • 8/3/2019 BK Energia Eolica

    46/50

    274 Um Panorama da Indstria de Bens de Capital Relacionados Energia Elica

    Dessa forma, o BNDES cumpre um importante papel defortalecimento da demanda interna por aerogeradores e adensa-mento da cadeia do setor elico, contribuindo ativamente para agerao de emprego e renda no pas.

    A atividade de gerao de energia eltrica e de calor,atualmente responsvel por 30% das emisses de gases gerado-res de efeito estufa, contribuiu em larga escala para o aquecimentoglobal ao longo do ltimo sculo. Para conter a intensidade dasmudanas climticas nos prximos anos, faz-se urgente a alteraodo atual modelo energtico global.

    A presso ambiental a favor da reduo do uso de fontes

    de energia poluentes e a volatilidade acerca do preo do barril depetrleo so elementos que vm catalisando o crescimento do setorelico em mbito mundial.

    A atual capacidade instalada de gerao de energia eli-ca cerca de 15 vezes maior que aquela registrada h dez anos.A participao dos governos centrais foi fundamental para garantireste crescimento, seja via adoo de polticas fiscais e de subsdiosdiretos aos fabricantes de aerogeradores ou via estabelecimento depreos fixos do MW, que garantissem a viabilidade econmica dos

    projetos elicos.

    No Brasil, o papel do governo federal foi igualmente im-portante para o setor. A criao do Proinfa pelo Ministrio de Mi-nas e Energia permitiu que o pas aumentasse sua capacidade degerao de energia elica de 22 MW, em 2002, para 247 MW, em2007.

    Apesar do notvel incremento, isto representa menos dedois milsimos do potencial elico instalvel no pas, o que revela

    espao para um crescimento ainda mais agressivo da capacidadeelica nos prximos anos.

    Alm de preciosas jazidas de ventos livres de tufes etornados, o Brasil conta com um fator natural que d gerao deenergia elica um carter estratgico. Os perodos de escassez dechuvas e vazantes dos rios, que podem comprometer a gerao deenergia hidreltrica, coincidem com os perodos em que os ventos somais fortes e intensos. O contrrio acontece nos perodos de chuva.Isto cria uma complementaridade entre as fontes hdrica e elica ao

    longo do ano que diminui os riscos de apages energticos.

    Concluso

  • 8/3/2019 BK Energia Eolica

    47/50

    BNDES Setorial, Rio de Janeiro, n. 29, p. 229-278, mar. 2009 275

    Os empreendedores do ramo elico cobram do governofederal um comprometimento maior com esta energia renovvel,uma postura previsvel de longo prazo e um marco regulatrio claroe crvel.

    O pas tem atualmente o maior parque elico da AmricaLatina. Sem dvida, a existncia de linhas de financiamento de lon-go prazo oferecidas pelo BNDES constitui uma vantagem compa-rativa do Brasil que pode ser um diferencial no ato de deciso dasempresas estrangeiras quanto ao local de instalao de suas novasfbricas de aerogeradores ou parques elicos no continente.

    ABREU, C. Custos financeiros e sociais da gerao de electricidade

    em parques elicos. Universidade de Minho, 2006.ACKERMANN, Thomas & SDER, Lennart: An overview of wind energy

    status 2002. Renewable & Sustainable Energy Reviews,Elsevier, 2002.

    ANEEL AGNCIA NACIONALDE ENERGIA ELTRICA, fev. 2009. Disponvelem: .

    CRESESB CENTRODE REFERNCIAPARA ENERGIA SOLARE ELICA SRGIODE SALVO BRITO & CEPEL CENTRODE PESQUISASDE ENERGIA ELTRICA.Atlas do potencial elico brasileiro, 2001.

    DEVESHWAR, Shumita Sharma. Cresce uso de energia elica pelosindianos. Gazeta Mercantil, 28.1.2008, caderno A, p. 11.

    ELETROBRS. Nota tcnica de 24.3.2008.

    Gazeta Mecantil,7.1.2008.

    GERMAN ADVISORY COUNCIL ON GLOBAL CHANGE. Climate ProtectionStrategies for the 21stCentury: Kyoto and Beyond, 2003.

    GWEC GLOBAL WIND ENERGY COUNCIL. China wind power report,2007.Disponvel em: .

    ______. Global wind energy report, 2007. Disponvel em: .

    ______. Global wind energy outlook, 2008. Disponvel em: .

    MME MINISTRIODE MINASE ENERGIA. Portaria 59, de 10 de abril de2007. Disponvel em .

    Referncias

  • 8/3/2019 BK Energia Eolica

    48/50

    276 Um Panorama da Indstria de Bens de Capital Relacionados Energia Elica

    MOSS, Hamilton & DUTRA, Ricardo. Principais parques elicosimplementados e projeoes. Apresentado em So Paulo,28.2.2007. Disponivel em: .

    PORTELLA, J. A viabilidade da captao da energia elica nosoceanos (captao offshore). Lavras, MG: Universidade Federal

    de Lavras, 2007.

    REY, Renzo Ral Rodrguez & OLIVEIRA, Francisco Correia de.Fatores tcnicos de impacto no meio ambiente nos geradores deenergia eltrica elica do Cear: um estudo de caso na indstriada Taba. Apresentado no V Encontro de Ps-Graduao ePesquisa da Unifor, 2005, Fortaleza. Anais do V Encontro dePs-Graduao e Pesquisa da Unifor, 2005.

    ROSAS, P. A. C. & ESTANQUEIRO, A. I. Guia de projeto eltrico decentrais elicas. Volume 1 Projeto eltrico impacto de centrais

    elicas na rede eltrica. Recife: Centro Brasileiro de EnergiaElica, 2003.

    STERZINGER, G. & SYRCEK, M. Development: location of manufacturingactivity. Renewable Energy Policy Report, Technical Report, set.2004 .

    Valor Econmico. Siemens aposta na gerao elica no Brasil,9.3.2009.

    Veja. A fora que vem do vento, n. 2.080, 1.10.2008.

    WWF WORLD WILDLIFE FUND. Salve o Planeta Energia. O Globo,fev./mai. 2008, p. 39.

    Sites Consultados

    www.cresesb.cepel.br/faq/faq_eolica.htm.

    www.dee.ufrn.br/~tavares/arquivos/t%F3picos/Aula05_Como%20funciona%20um%20aerogerador.pdf

    www.magenn.com

    www.ecotecnologia.wordpress.com

    www.ewea.org

    www.gwec.net

    www.imf.org

    www.aneel.gov.br

  • 8/3/2019 BK Energia Eolica

    49/50

    BNDES Setorial, Rio de Janeiro, n. 29, p. 229-278, mar. 2009 277

    www.windpower-monthly.com

    www.unep.org

    www.energy.gov

  • 8/3/2019 BK Energia Eolica

    50/50