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BLOCOS DE CONCRETO PRODUZIDOS COM AGREGADOS DE RESÍDUOS DE CONSTRUÇÃO E DEMOLIÇÃO RCD: PROCESSO DE PRODUÇÃO. Edson Antonio França Aluno do IFMT, Campus Cuiabá, bolsista PROEX Everton Gomes Queiroz Aluno do IFMT, Campus Cuiabá, bolsista PROEX Fernanda Batista Rabuske Aluna do IFMT, Campus Cuiabá, bolsista PROEX Luiz Vicente Ledur de Souza Aluno do IFMT, Campus Cuiabá, bolsista PROEX Juzelia Santos Costa Prof.ª Doutor.ª do IFMT, Campus Cuiabá, orientadora Resumo Recentemente o Brasil está crescendo muito em termos populacionais, o que aquece o mercado imobiliário com várias construções de habitação e comércio. Esse fato acarreta muitos danos ao meio ambiente, tais como o descarte de resíduos de construção e demolição (RCD) em lugar não apropriado. Uma pesquisa desenvolvida pelo IFMT visa avaliar a viabilidade do máximo aproveitamento do RCD para construção de habitações, por meio da construção de uma casa (protótipo) utilizando blocos fabricados com agregados reciclados. Este trabalho relata a experiência do processo produtivo de agregado para produção de blocos. Detalhando cada etapa da produção, desde a coleta e seleção do RCD, passando pelas fases de britagem, moagem, classificação, mistura e avaliação da matéria prima. As observações realizadas podem servir de forte embasamento para a execução de pesquisas futuras no âmbito da reciclagem de RCD para fabricação de blocos. Dessa forma contribuindo com a sustentabilidade na proteção do meio ambiente. Palavra chave: reciclagem, agregado, resíduo da construção civil. 1 Introdução O setor da construção civil é responsável por diversos impactos ambientais, que atingem diretamente e indiretamente a população; com o uso

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Page 1: BLOCOS DE CONCRETO PRODUZIDOS COM AGREGADOS DE …

BLOCOS DE CONCRETO PRODUZIDOS COM AGREGADOS

DE RESÍDUOS DE CONSTRUÇÃO E DEMOLIÇÃO – RCD:

PROCESSO DE PRODUÇÃO.

Edson Antonio França

Aluno do IFMT, Campus Cuiabá, bolsista PROEX

Everton Gomes Queiroz

Aluno do IFMT, Campus Cuiabá, bolsista PROEX

Fernanda Batista Rabuske

Aluna do IFMT, Campus Cuiabá, bolsista PROEX

Luiz Vicente Ledur de Souza

Aluno do IFMT, Campus Cuiabá, bolsista PROEX

Juzelia Santos Costa

Prof.ª Doutor.ª do IFMT, Campus Cuiabá, orientadora

Resumo

Recentemente o Brasil está crescendo muito em termos populacionais, o que aquece o

mercado imobiliário com várias construções de habitação e comércio. Esse fato acarreta

muitos danos ao meio ambiente, tais como o descarte de resíduos de construção e

demolição (RCD) em lugar não apropriado. Uma pesquisa desenvolvida pelo IFMT visa

avaliar a viabilidade do máximo aproveitamento do RCD para construção de habitações,

por meio da construção de uma casa (protótipo) utilizando blocos fabricados com

agregados reciclados. Este trabalho relata a experiência do processo produtivo de

agregado para produção de blocos. Detalhando cada etapa da produção, desde a coleta e

seleção do RCD, passando pelas fases de britagem, moagem, classificação, mistura e

avaliação da matéria prima. As observações realizadas podem servir de forte

embasamento para a execução de pesquisas futuras no âmbito da reciclagem de RCD

para fabricação de blocos. Dessa forma contribuindo com a sustentabilidade na proteção

do meio ambiente.

Palavra chave: reciclagem, agregado, resíduo da construção civil.

1 Introdução

O setor da construção civil é responsável por diversos impactos

ambientais, que atingem diretamente e indiretamente a população; com o uso

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intenso de recursos naturais não renováveis e da grande geração de resíduos

sólidos, o popular entulho, tecnicamente denominado RCD (Resíduo de

construção e demolição). Praticamente todas as atividades desenvolvidas no

setor da construção civil são geradoras de RCD. (LEVY, HELENE,1997);

(MIRANDA, 1999).

O RCD (Rejeito de Construção e Demolição) representa em torno de 2/3

em massa dos resíduos sólidos urbanos e em sua grande parte são jogados de

maneira inadequada no meio ambiente, podendo gerar enchentes, prejuízos à

paisagem, obstrução de logradouros públicos, proliferação de doenças,

transformação de áreas agrícola em estéreis, além de impactar significativamente

no custo de coleta e das áreas de descarte. Aliada a esse problema, a demanda

por matéria-prima na indústria da construção civil é crescente. Com a

necessidade de diminuir os impactos ambientais e a busca de substituir os

agregados naturais, a brita e a areia, houve a necessidade de reciclar esses

rejeitos. (HANSEN, 1992); (COSTA, 2006).

No intuito de amenizar os prejuízos causados pela falta de gerenciamento

do RCD (Rejeito da Construção e Demolição) a pesquisa que gerou o presente

trabalho visa implantar um programa de gestão de meio ambiente na

Comunidade de São Vicente (MT), para proporcionar as coletas seletivas dos

resíduos e destina-los ao reaproveitamento; fomentar as boas pratica de

reciclagem para a comunidade escolar e circunvizinha; promover a

conscientização na preservação do meio ambiente com responsabilidade; realizar

os cursos de pedreiro, armador e eletricista; juntamente com a construção de 3

casas protótipos e difundir as técnicas construtivas e sustentáveis, promovendo o

desenvolvimento social.

2 - Seleção dos materiais

Os resíduos foram selecionados de acordo com a composição inicial do próprio e

se no local de permanência do resíduo nenhum tipo de matéria orgânica

contaminou esse material. Assim que coletados os materiais, eles são

transportados até o Instituto Federal de Mato Grosso (IFMT-Campus Cuiabá)

onde ficam armazenados em baías no laboratório do IFMT.

Figura 1 – baía com os materiais selecionados

3 - Produção dos materiais

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Depois de selecionados e armazenados os materiais passam por alguns processos

de produção.

Processo de britagem: nesse processo os materiais são depositados dentro de

um britador de mandíbula para que seja triturado, no caso ele vem com um

sistema de peneiramento onde separa agregado miúdo do agregado graúdo

(Figura 2).

FIGURA 2 – Resíduo de Construção e Demolição sendo jogado na boca do britador (a),

as mandíbulas triturando o RCD(b) e a forma como o material ficou após a britagem e o

processo de separação do britador (c).

Processo de moagem: necessária somente para reaproveitar mais ainda os

materiais, pois devido ao traço escolhido algumas granulometrias do agregado

graúdo não são utilizadas então o aproveitamos a partir da sua moagem em um

equipamento de Abrasão Los Angeles onde é moído para se transformar em

agregado miúdo (Figura 3).

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FIGURA 3 – Resíduo de Construção e Demolição após britagem (a) e após moagem(b).

Processo de classificação: Após trituração e moagem, os agregados reciclados

são separados por peneiramento e classificados de acordo com a granulometria

obtida. A seguir frações devidamente classificadas e identificadas são

armazenadas em tambores (Figura 4).

FIGURA 4 – o peneirador (a), o RCD após a classificação (b), tambores (c) a

identificação dos tambores (d).

4 – Produção dos blocos

Após a classificação, os materiais são submetidos a um estudo de

dosagem de concreto, a fim de determinar o traço adequado à moldagem dos

blocos. Após a definição do traço procede-se a produção dos blocos.

(a) (b)

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Mistura dos materiais (Figura 5): Pesa-se o cimento e o RCD, que no traço

substitui a areia e/ou a brita de acordo com a classificação granulométrica

obtida. Após a pesagem faz-se a mistura manualmente com auxílio de pá e

enxada. A mistura em betoneira é inviável devido ao “espeloteamento” do

material. Todos os materiais são depositados no chão e misturam-se primeiro os

materiais secos, por ultimo a água, que é adicionado aos poucos. A quantidade

de água é determinada por meio de teste táctil-visual que indica a coesão

necessária para à moldagem dos blocos. O resultado é um concreto de

consistência seca (figura 5 d).

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FIGURA 5 – O material misturado com o cimento em cima(a) mistura do material com

o cimento(b) após todo o material seco estar misturado abra-se um vão no meio e

deposito uma quantidade de água (c), mistura dos materiais com água (c) o teste táctil-

visual (d) o teste táctil-visual (e)

Prensagem dos Blocos (Figura 6): A mistura de concreto produzida é

depositada na prensa hidráulica e são aplicadas duas prensagens consecutivas

por bloco. Em seguida o bloco é retirado com cuidado devido ao bloco estar

muito fragilizado podendo quebrar ou rachar facilmente, colocado em um

azulejo e transportado para a área de cura.

FIGURA 6 – o material que acabou de ser prensado (a) o cuidado na hora de retirar o bloco (b)

a colocação no azulejo (c) o bloco pronto para ser levado até a área de cura (d)

Cura dos blocos

Após a moldagem os blocos são levados para uma área reservada do IFMT. Durante um

período de 24 horas são mantidos cobertos com lona para preservar a umidade. A cura

tem-se inicio no segundo dia, ela é feita pelo processo de molhagem até o sétimo dia.

Encerrada a cura são retirados seis corpo de prova por lote, capeados e rompidos aos

sete dias para analise de resistência a compressão. (Figura 7)

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FIGURA 7 – os blocos que acabaram de ser transportados para a área de cura(a) a lona cobrindo

os blocos(b) tirando a lona para a molhagem(c) molhagem dos blocos(d) depois do tempo de

cura os blocos são empilhados(e).

Conclusão

Este trabalho foi gerado em função do desenvolvimento de um amplo projeto de

educação ambiental e reaproveitamento de resíduos de construção e demolição para

aplicação na comunidade da Serra de São Vicente (MT).

No desenvolvimento do projeto diversas dificuldades foram encontradas nos processos

de classificação, mistura e moldagem dos blocos de RCD.

Ao final do projeto os autores pensaram em fazer uma publicação detalhada do processo

produtivo dos blocos de RCD que pudesse auxiliar outros pesquisadores no

desenvolvimento de suas pesquisas.

Assim sendo, conclui-se que foi possível construir o artigo de forma clara e objetiva de

modo a esclarecer quaisquer dúvidas na produção dos blocos de RCD.

Referencias bibliográficas

- ABNT NBR NM 45 – Determinação da massa unitária e do volume de vazios.

- ABNT NBR 9780 – Peças de concreto para pavimentação – Determinação da

resistência a compressão – Método de ensaio.

- ABNT NBR NM 30 – Agregado miúdo – Determinação da absorção de água.

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- ABNT NBR NM 46 – Agregados – Determinação do material fino que passa através

da peneira 75µm, por lavagem.

- ABNT NBR NM 43 – Cimento Portland – Determinação da pasta de consistência

normal.

- ABNT NBR 7215 –Cimento Portland – Determinação da resistência a compressão.

- ABNT NBR 12118 – Blocos vazados de concreto simples para alvenaria – Método de

ensaio.

- ABNT NBR 9776 – Agregados – Determinação da massa especifica do agregado

miúdo por meio do frasco Chapman.

-HELENE, P.; TERZIAN, P. R. Manual de Dosagem e Controle do Concreto. São Paulo: PINI,

1992. 350 p.

-HANSEN, T.C. RILEM Report 6 - Recycling of Demolished Concrete and Mansory. London,

E& FN SPON na imprint of Chapman & Hall. 1992. 305p.

-MIRANDA, L.F.R. Estudo de fatores que influem na fissuração de revestimentos de argamassa

com entulho reciclado. São Paulo, 2000. 172 p. Dissertação (Mestrado) – Escola Politécnica,

Universidade de São Paulo.

-COSTA, J.S. Agregados alternativos para argamassa e concreto produzidos a partir da

reciclagem de rejeitos virgens da indústria de cerâmica tradicional. Tese de doutorado

em Ciência e Engenharia de Materiais. São Carlos, 2006.