Boa Pergunta Soberania vs Responsabilidade

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    A pergunta de hoje é:

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    IntroduçãoO teólogo Robert K. Mc Gregor Wright afirma

    “a história do pensamento religioso e filosófico mostra que há apenas um

    punhado de tópicos fundamentais que são de interesse permanente. Asmesmas questões aparecem em todas as gerações e captam a atenção de

    certos pensadores em todas as culturas”.

    Um tema recorrente no debate teológico é a questão da soberania e aresponsabilidade humana. O debate surge quando se tenta harmonizar asduas coisas, que para alguns estão em polos equidistantes. Na verdade aquestão da responsabilidade repousa sobre uma outra questão mais

    complexa, a da liberdade ou como querem alguns o livre arbítrio.

    Hoje, nosso desafio é oferecer uma resposta a essa questão de modo bíblico.

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    Alternativas:

    Foco na Liberdadeem detrimento da

    Soberania

    Foco na Soberaniaem detrimento da

    Liberdade

    Foco na Soberania e

    Liberdade semdetrimento de

    nenhuma das duas

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    A Polêmica na História

    da IgrejaSerá que um dia terá fim a polêmica?

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    A Polêmica na História da Igreja

    Pelágio(354-429)

    O princípio controlador do pensamento de Pelágio era a

    convicção de que Deus nunca ordena o que é impossível para ohomem realizar. Pelágio entendia que o homem era dotado delivre arbítrio sendo perfeitamente capaz de escolher entre obem e o mal. O livre arbítrio é a base da relação ética dohomem com Deus, essencial à responsabilidade. Pelágio não

    cria no pecado herdado e cria que a graça deveria ser merecida

    Agostinho se opôs ao pensamento de Pelágio. Para Agostinhoo homem nasce em pecado e o pecado afetou o homem de

    modo integral. Uma das consequências da queda no pecado foia perda da liberdade. Essa liberdade, antes da queda, dava aohomem condições de não pecar, mas depois da queda ohomem perdeu essa capacidade. O homem não deixa de serresponsável, pois quando age o faz segundo a sua vontade ede acordo com a sua natureza. A graça é imerecida.Agostinho

    (354-430)

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    A Polêmica na História da IgrejaEm 1 de setembro de 1524, Erasmo publicou o seu livro em

    defesa do livre arbítrio. Para Erasmo o livre arbítrio é acapacidade de escolha contrária. Segundo ele o homem podededicar-se às coisas que conduzem à salvação eterna por simesmo, sem ajuda externa. Isso implica em negar que opecado tenha afetado o homem. Erasmo seguia nas pegadas

    de Pelágio.

    Em 1525 Lutero publicou a sua resposta à Erasmo. Ele negouque o homem tivesse livre arbítrio e entendeu tal conceitocomo um retorno à posição de Pelágio. Para ele a ideia do livre

    arbítrio era ofensiva e concluiu que tal conceito era “uma ameaça real à salvação e uma desilusão carregada das maisperigosas consequências”. Tomando as Escrituras, Luteroafirmou a incapacidade moral do homem para obedecer a Deuse a salvação monergística. Afirmou a soberania divina, mas nãonegou a responsabilidade humana.

    Erasmo(1466-1536)

    Lutero

    (1843-1546)

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    A Polêmica na História da IgrejaPastor holandês que abjurou o calvinismo. Defendeu o livre

    arbítrio, uma eleição condicionada à previsão da fé, umchamado divino resistível e uma expiação universal. Seusdiscípulos negaram a perseverança dos santos. Um sínodo foiconvocado em Dort, em 1618-1619, quando tal ensino foicondenado. O arminianismo enfoca a liberdade –  sem a qual

    não há responsabilidade - em detrimento da soberania divina.

    Pastor e professor universidade de Leyden, junto com Armínio.Seguiu as pegadas de Beza e Calvino afirmando a soberania

    divina e negando o livre arbítrio como uma capacidade humanade fazer com que o homem cooperasse na salvação. Ele viu naposição de Armínio o pelagianismo redivivo e se opôsfirmemente. Era um calvinista linha dura, às vezes chamado dehiper calvinista  por causa do seu supralapsarianismo. Oenfoque de Gomarus era na soberania divina.

    Armínio1560-1609

    F. Gomarus

    (1563-1641)

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    A Polêmica na História da IgrejaA família de Wesley o instruiu no arminianismo. Wesley

    introduziu algumas mudanças no arminianismo. Defendeuveementemente o livre arbítrio, repudiou a eleiçãoincondicional, a perseverança dos santos e desenvolveu umaideia perfeccionista quanto à santificação. O enfoque deWesley era na responsabilidade humana (especialmente na

    santificação) em detrimento da soberania divina.

    Anglicano, hinologista e firme calvinista, Toplady se opôsfirmemente a Wesley. Repudiou o arminianismo de Wesley

    apelando inclusive aos seus votos de ordenação quando juroudefender os 39 Artigos –  sendo que o art. 10 negava o livrearbítrio e o 17 afirmava a eleição. Em diversos sermões eescritos Toplady criticou a posição de Wesley. Ele afirmou asoberania divina, mas não em detrimento da responsabilidadehumana.

    J. Wesley1703-1791

    A. Toplady

    (1740-1778)

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    A Polêmica na História da IgrejaTeólogo norte americano que se tornou um dos mais

    conhecidos defensores do que se convencionou chamarTeísmo Aberto. Essa perspectiva teológica faz uma radicaldefesa do livre arbítrio em total detrimento da soberaniadivina. Para eles, Deus não sabe o futuro, não pode impedirtragédias naturais, se engana e se arrisca no relacionamento

    com o homem. No Brasil, esse ponto de vista é defendido porRicardo Gondim e outros sob o nome de Teologia Relacional.

    Pastor batista reformado. Escreveu vários artigos e editou um

    livro opondo-se ao teísmo aberto. Para Piper, Deus é soberanoe o homem é responsável. A Bíblia afirma as duas coisas. Nãose deve afirmar uma coisa em detrimento da outra, como faz oteísmo aberto.

    C. Pinnock1937-2010

    J. Piper

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    Conceito de Livre Arbítrio

    Poder de escolha contráriaou

    Escolha segundo a natureza?

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    Conceito de “livre arbítrio” 

    Arminianos e calvinistas usam a expressão “livre  arbítrio”,  mas o significado

    que dão a essa expressão é diferente em cada caso:

    • Para o arminiano o livre arbítrio inclui pelo menos três elementos:(a) poder de escolha contrário à sua natureza;(b) a indeterminação, portanto a imprevisibilidade e

    (c) a capacidade de cooperar na sua salvação.Esse conceito de autonomia da vontade é essencial à responsabilidade.

    • Para o calvinista (que faz uso do termo) o livre arbítrio refere-se a:(a) capacidade de escolher voluntariamente, mas de acordo com a sua

    natureza ou caráter;(b) Responsabilidade

    Portanto, quando um calvinista nega o livre arbítrio o faz na acepção arminiana.

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    Conceito de “livre arbítrio” 

    J. I. Packer faz três colocações interessantes sobre a questão do

    livre arbítrio e as Escrituras:

    1. Se a frase for considerada moral e psicologicamente, significando o poderde escolha sem constrangimento, espontânea, voluntária, então a Bíblia por

    toda parte deixa subentendido que todos os homens possuem livre arbítrio,quer sejam regenerados ou não.2. Se a frase for considerada metafisicamente, subentendendo que as ações

    futuras dos homens estão indeterminadas, que são imprevisíveis, a Bíblianão afirma isso, pois Deus possui conhecimento exaustivo de tudo e de alguma

    forma determina todas as coisas.3. Se a frase for considerada teologicamente, subtendendo uma habilidadehumana para se tornar aceitável diante de Deus ou reagir favoravelmenteao convite do evangelho, a Bíblia peremptoriamente nega isso, Rm 8.5-8; Ef2.1-10; Jo 6.44. (Adaptado de NDB, pp. 930,931)

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    Conceito de “livre arbítrio” Calvino percebeu que a expressão “livre  arbítrio”  estava sujeita à máinterpretação e por isso mesmo evitou usá-la:

    “E  assim, se alguém admite o uso desta expressão em acepção nãodesvirtuada, por certo que não será por mim molestado por essarazão. Todavia, porque julgo que não se pode retê-la sem ingenteperigo, e, ao contrário, seria um grande bem para a Igreja se fosseignorada, preferiria não usá-la; e se os outros me consultam, optariaque se faria bem abstendo-se de usá-la” (Int. II.2.8)

    “As Escrituras asseveram muitas vezes que o homem é escravo do pecado. O queisso significa é que sua mente acha-se tão longe da justiça de Deus que só pensa,

    deseja e empreende o que é mau... Todavia, não devemos pensar que existe umaimperiosa necessidade impelindo o homem a pecar. Ele peca com pleno acordo dasua vontade, e ele o faz avidamente, segundo suas próprias inclinações...por causadisso se diz que ele não tem livre poder de escolha entre o bem e o mal – não temo chamado livre arbítrio” (A Verdade para todos os tempos, p.19)

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    Conceito de “livre arbítrio” CONFISSÃO DE FÉ BATISTA DE 1689

    CAPÍTULO 9

    LIVRE ARBÍTRIO

    1. Deus dotou a vontade humana com a liberdade e o poder natural deagir por escolha, sem ser forçada ou predeterminada por algumanecessidade natural para fazer o bem ou o mal.

    2. O homem, em seu estado de inocência, tinha a liberdade e o poder dequerer e fazer aquilo que era bom e agradável a Deus. Essa, porém, erauma condição mutável, pois o homem podia decair dessa liberdade epoder.

    3. Com a queda no pecado, o homem perdeu completamente toda a suahabilidade volitiva para aquele bem espiritual que acompanha asalvação. Por isso, o homem natural é inteiramente adverso a essebem, e está morto em pecados. Ele não é capaz de se converter porseu próprio esforço, e nem mesmo de se dispor a isso.

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    Conclusão

    Assim sendo, podemos dizer que:

    1. O homem é um ser livre, suas escolhas são espontâneas...2. O homem escolhe de modo espontâneo, mas sempre segundo a sua

    natureza;

    3. Não negamos que o homem tenha liberdade, apenas conceituamosliberdade segundo aquilo que vemos na Bíblia;4. Evitamos o uso da expressão livre arbítrio pois ela pode induzir a erro

    Alguns teólogos chamam a liberdade como definimos até aqui como “livre agência” para não usar o termo “livre arbítrio”.

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    Relacionamento

    entre Livre arbítrio

    e ResponsabilidadeO Livre arbítrio é necessário ao

    conceito de Responsabilidade?

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    Livre arbítrio e Responsabilidade

    A Bíblia deixa claro que o homem é responsável por suas ações. Contudo, R. K.

    McGregor Wright observa que “em nenhum lugar na Bíblia a responsabilidadeestá vinculada ao livre arbítrio. Ela nunca usa o livre arbítrio como umacategoria de explicação, nem uma um só vez sequer”. Para Wright aresponsabilidade humana se alicerça sobre 4 bases:

    • Ontologia: somos responsáveis diante de Deus porque Ele é o Criador enós somos criaturas. Deus tem liberdade de chamar qualquer elementode sua criação para responder diante dEle a qualquer hora –  é Suaprerrogativa como Senhor soberano. O barro é sujeito ao Oleirosimplesmente porque ele é o Oleiro. Nossa responsabilidade se baseia

    naquilo que somos – criaturas.

    • Bases bíblicas: Jó 38.1-4; Is caps. 40 a 57; Rom cap 1; Is 29.16; 45.9; 64. 8;Rom 9.21; Jer 18.1-6; Rm 14.10.

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    Livre arbítrio e Responsabilidade

    • Ética: somos responsáveis diante de Deus porque Ele é o ponto de

    referência moral para o que é certo e errado, e não nós mesmos. Nossaresponsabilidade diante de Deus é uma necessidade ética por causa danossa necessidade de um padrão fora de nós mesmos.

    • Bases bíblicas: Jó 40.1-5; 42.1-6; 1.22;42.7; 1.6-12; 2. 1-7.

    • Epistemologia: somos responsáveis diante de Deus pelo conhecimentoque temos. Todos os pecadores pecam contra a luz da verdade.Ninguém é destituído da luz da consciência e seremos julgados deacordo com a luz que recebemos (Rm 2.12-16). Somos responsáveis pelo

    que conhecemos.

    • Bases bíblicas: Rm 2.12-16; Dn 5.22; Lc 12.42-48

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    Livre arbítrio e Responsabilidade

    • Teleologia: somos responsáveis porque o propósito da criação é a glória

    de Deus (Is 43.7; Cl 1.16; Ap 4.11), e somos responsáveis como mordomosdas bênçãos de Deus para cumprir o fim ou propósito de Deus em criar-nos no mundo. Deus ama a sua criação e finalmente destruirá aquelesque destroem a terra (Ap 11.8). Esse ponto diz respeito à nossa tarefacomo servos no desígnio da criação, que é glorificar a Deus.

    • Bases bíblicas: Is 43.7; Col 1.16; Ap 4.11; 11.8

    Assim, longe de basear a responsabilidade humana no livre arbítrio a Bíbliabaseia nas implicações da distinção entre o Criador e a criatura, e as relacionacom as 4 áreas clássicas da ontologia, ética, epistemologia e teleologia.

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    Conclusão

    Podemos afirmar que:

    O livre arbítrio não é necessário para que sejamos responsabilizados por nossosatos – a Bíblia em nenhum lugar afirma isso;

    O argumento arminiano que exige o livre arbítrio como uma vontade

    indeterminada, não causada, não torna o homem responsável pelos seus atos.Ora, se um homem comete um pecado como resultado do puro acaso ele nãopoderia ser responsabilizado. Pois como poderíamos responsabilizar umapessoa que não estava no controle de suas ações, mas totalmente vendido aoacaso?

    Porventura não foi esse o argumento de Arão para escapar da ira de Moiséscontra ele? Arão culpou o povo e depois afirmou que o bezerro foi fruto doacaso, ele apenas lançou o ouro no fogo “e saiu este bezerro” (Êx 32.22-24). Seo bezerro saiu ao acaso do fogo Arão não seria responsável, a culpa é do povoou do fogo, mas não dele!

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    PROPOSTAS DE CONCILIAÇÃO

    ENTRE SOBERANIA ELIBERDADE HUMANAConciliando amigos?

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    ANTINOMIASoberania e Responsabilidade

    J. I. Packer usa o termo “antinomia” para conciliar a soberania e aliberdade humana. A palavra antinomia representa uma aparente contradição entre conclusões que parecem igualmente lógicas,racionais e necessárias. O ponto básico da antinomia é que nãose trata de uma contradição real, embora assim pareça. Trata-seapenas de uma incompatibilidade “aparente”  entre duasverdades evidentes. Packer destaca 4 pontos de uma antinomia:

    Não pode ser dispensada Não pode ser explicada Não pode ser inventada Só se deve aceitá-la.

    “A  soberania de Deus e a responsabilidade humana são verdades ensinadas lado alado na mesma Bíblia; algumas vezes, de fato, no mesmo texto. Dessa maneira,ambas nos são garantidas pela mesma autoridade divina; ambas...sãoverídicas...devem ser mantidas juntas e não lançadas uma contra a outra”.

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    MistérioSoberania e Responsabilidade 

    R. C. Sproul não concorda com a proposta da antinomia dePacker. É que o termo guarda o sentido de contradição.Embora a contradição seja declarada como aparente, Sproulprefere não usá-lo. Ele defende a ideia de que soberania eliberdade humana estão no campo do mistério.

    “O termo mistério refere-se aquilo que é verdadeiro, mas que não entendemos. ATrindade, por exemplo, é um mistério. Não posso penetrar no mistério da Trindadeou da encarnação de Cristo com minha mente falível. Tais verdades são muitoelevadas para mim”.

    Mistério não é o mesmo que contradição. Um mistério pode ser entendido, masuma contradição não. Contradições são contrassensos. Ninguém poderia tirarsentido delas.

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    CompatibilismoSoberania e Responsabilidade 

    Millard Erickson opta pela chamado “Compatibilismo”. Achave do entendimento do Compatibilismo é compreenderque a liberdade consiste em não ser constrangido. “Sou  livrepara escolher entre várias opções. Mas minha escolha seráinfluenciada por aquilo que sou. Minha liberdade deve sercompreendida como minha capacidade de escolher entre váriasopções de acordo como o que sou. E o que sou é umaconsequência da decisão e da atividade de Deus”.

    “O plano de Deus não nos força a agir de maneira determinada, mas garante quevamos agir livremente daquela maneira”.

    Inicialmente quem propôs a ideia de Compatibilismo foi o filósofo Antony Flew(1923-2010), um ex- ateu que no fim da vida passou a crer em Deus.

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    Conclusão 

    Podemos dizer o seguinte:

    • Temos que reconhecer que a Bíblia afirma que Deus é soberano e que ohomem é livre. Não podemos negar uma e aceitar outra, temos que aceitaras duas. A contradição entre as duas coisas é aparente – há uma antinomia.

    • Temos que reconhecer que há um elemento de mistério na questão.Sabemos que a Bíblia afirma as duas coisas, contudo não conseguimosentendê-la em seus mínimos detalhes. O mesmo se dá com a doutrina daTrindade ou a doutrina das duas naturezas de Cristo –  sabemos que sãoverdadeiras, mas reconhecemos o elemento de mistério nelas.

    • Temos que reconhecer que a liberdade humana consiste no fato de que o

    homem toma suas decisões de modo espontâneo, mas sempre de acordocom a sua natureza. Deus conhece todas as nossas ações livres e cada umadelas foram incluídas nos seus decretos, mas em nenhum momento elasdeixaram de ser livres.

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    Estabelecendo algunsprincípios

    Da teoria à prática:Como conciliar a soberania divina

    e a responsabilidade humana?

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    Alguns princípios:

    • Deus é soberano

    Atos 4:24; Judas 1.4; Ap 1.5; 6.10; 1 Tm 6.15; Sl 47.8; 93.1; 96.10; 146.10

    • Deus conhece exaustivamente todas as ações humanas

    1 Sm 23.9-14; Mt 11.21,23; 9.24; 12.25; Jó 23.10; 1 Cr 28.9; 1.6; At 1.24; 15.8;Sl 94.11; 139.1ss.; 37.18

    • Os homens decidem de acordo com as suas inclinações

    Lc 23.24; Dn 1.8; At 19.21; Ef 2.3; Rm 1.24; Fp 1.23; 1 Pe 1.14

    • Os homens são responsáveis por seus atos

    Mt 11.36; 1 Pe 1.17; 2 Co 5.10; Mt 25; Rm 2.1-16; Ap 20.11-13; Jo 3.18

    • Soberania e responsabilidade são verdades inegáveis

    Lc 22.22 com Jo 13.27; At 2.22-24; Gn 45.8; 50.20; Pv 16.9; At 13.48;

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    Nossas tentações

    O que a Bíblia fala sobre as nossas tentações:• Somos tentados pelos nossos desejos, Tg 1.14,15,16• Deus não nos tenta ao pecado, Tg 1.13• Deus não nos deixará ser tentados acima das nossas forças, 1 Co 10.13a• Deus, junto com a tentação, proverá livramento, 1 Co 10.13b• Devemos orar para não cair em tentação, Mt 6.13• Devemos mortificar a carne, Tg 4.1-6; Cl 3.5 segs.• Devemos resistir ao diabo, Tg 4.7;

    Nossas tentações são fruto dos desejos da nossa carne. A Bíblia diz que nossatentações são puramente humanas e que em meio a elas, viria o livramento.Cabe a nós resistir às tentações usando os meios que Deus dispôs à nossa volta.

    Deus sabe o que nos tenta. Deus sabe em quais tentações cairemos. Mas nempor isso nossas tentações vem de Deus. Ele não determinou nossas tentações,elas são nossas, como disse Tiago. Mas, Deus as incluiu em sua providência demodo que até mesmo elas atendem aos desígnios de Deus.

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    Providência de Deus e o Pecado Humano

    Confissão de Fá Batista de 1689:

    Capítulo 5.4

    “ A onipotência, a sabedoria inescrutável e a infinita bondade de Deus semanifestam na providência, de um modo tão abrangente, que o seu conselhodeterminado se estende até mesmo à queda no pecado e a todos os outros atos

    pecaminosos, sejam de homens ou de anjos. Isto envolve mais do que uma merapermissão, porque Deus, muito sábia e muito poderosamente, limita, regula e

     governa os atos pecaminosos, em uma dispensação multiforme, atendendo aossantos desígnios de Deus. Mesmo assim, a pecaminosidade desses atos procededas criaturas, e não de Deus, que, sendo muito santo e muito justo, não é nem

    pode ser o autor do pecado; e nem pode aprová-lo.” 

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    Circunstâncias adversas

    Talvez a maior confirmação prática, de como Paulo conjugava a soberania divina e

    da responsabilidade humana, é encontrado em Atos 27.22-44. Paulo tinha umapromessa da parte de Deus de que todos seriam preservados (v.22-24).

    Contudo, o apóstolo não descansou indevidamente na soberania divina. Pelocontrário, encontramos Paulo ativo, dialogando e persuadindo ao centurião

    que era necessário que aqueles que procuravam safar-se do barco, voltassemao navio. Paulo manda que se alimentem, para ficarem fortes, apesar de saberque Deus iria salvar a todos, mesmo em jejum. Ele estava ali cumprindo as suasresponsabilidades, aquelas que foram colocadas por Deus perante ele. Pauloandava passo a passo, sob a vontade prescritiva do Senhor. Depois que todasas 270 pessoas que se encontravam a bordo se alimentaram, passaram a fazero que estava à frente para ser feito: aliviaram o navio, lançando a carga ao mar.Diz-nos o verso 44 que “foi assim que todos se salvaram em terra”.

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    O Puritano, a mulher e a espingarda Conta-se que um puritano, na Nova Inglaterra, habitava com suafamília em uma cabana no meio da floresta, distante de tudo e de

    todos, cuidando apenas dos campos plantados, em clareirasabertas no meio da floresta. Certo dia teve que sair de sua cabanapara ir ao vilarejo, atravessando aquela floresta infestada de ursosferozes, que atacavam animais e pessoas. O puritano colocou a suamelhor roupa preta e começou a se preparar para a jornada. Aochegar perto da porta de saída, ele estendeu a mão e pegou suaespingarda, verificando se estava carregada. Nesse momento suaesposa exclamou!– Não entendo essa sua preocupação com a espingarda, porque sevocê estiver predestinado a ser devorado por um urso, serádevorado por ele; mas se estiver predestinado a chegar ao vilarejoem segurança, assim chegará! Deixe essa arma aí!O puritano voltou-se à esposa, e com toda longanimidade que lheera habitual, respondeu:– Ó mulher! E se eu encontrar um urso que esteja predestinado alevar um tiro da minha espingarda e eu estiver sem ela, como éque eu vou fazer?

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    Providência e uso de meiosConfissão de Fé Batista de 1689

    Capítulo 5.2,3

    2. Em relação à presciência e ao decreto de Deus (que é a causa primária de tudo),todas as coisas acontecem imutável e infalivelmente, de maneira que nada sucedepor acaso ou fora da providência de Deus. No entanto, por esta mesma

    providência, Deus dirige os acontecimentos por meio de causas secundárias, queoperam livremente, ou como leis fixas, ou por interdependência.

    3. Normalmente, Deus faz uso de meios em sua providência, mas é livre paraoperar sem, acima de, e contra os meios ordinários, segundo bem entenda.

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    Vida cristã

    Algumas pessoas pensam que pelo fato de Deus soberanamente os ter salvonão precisam empregar nenhum tipo de esforço na vida cristã. Paulo mostraque essa concepção está equivocada:

    Filipenses 2:12 “Assim, pois, amados meus, como sempre obedecestes, não sóna minha presença, porém, muito mais agora, na minha ausência, desenvolvei a

    vossa salvação com temor e tremor” (v.13)

    Veja o que Pedro declara em 2 Pe. 1.3-11 com 3.17,18. Pedro diz que tudo nos foiconcedido para a vida cristã por Deus. Contudo, Pedro diz o que nos cabe fazerpara desenvolver a vida cristã.

    A santificação é progressiva (Hb 12.14). A santificação exige a mortificação dacarne – por uma lado, Deus já fez isso, por outro precisamos fazê-lo, Cl. 3.1-17.

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    OraçãoHá dois equívocos básicos quanto a oração:• A oração informa Deus sobre nossas necessidades• A oração muda a vontade de Deus

    Na Bíblia não há nenhum problema entre soberania divina e oração:• Deus ordena em Sua Palavra que oremos, 1 Ts 5.17• Deus ensina que oremos segundo a vontade de Deus, Mt 6.10• Deus diz em Sua Palavra que a oração produz efeitos, Tg 5.14-16• Deus diz em Sua Palavra que agirá por meio das orações, 2 Cr 7.14

    O que entendo disso é que a oração é um dos meios pelos quais os planos deDeus são executados. Em outras palavras, Deus decretou que faria algumas

    coisas por meio da oração. Toda a mudança que poderá ocorrer por meio daoração já foi determinada por Deus, mas só ocorrerá se orarmos.

  • 8/18/2019 Boa Pergunta Soberania vs Responsabilidade

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    OraçãoOração e Predestinação - Uma Conversa Entre o Devoto e o Negligente

     John Piper

    Negligente: Entendo que você crê na providência de Deus. Correto?

    Devoto: Sim.

    Negligente: Isso significa que você crê, como diz o Catecismo de Heidelberg, que nadaacontece por acaso, mas somente pelo desígnio e plano de Deus?

    Devoto: Sim, eu creio que é isso o que a Bíblia ensina.

    Negligente: Então, por que você ora?

    Devoto: Não vejo nenhum problema. Por que não deveríamos orar?

    Negligente: Bem, se Deus ordena e controla todas as coisas, então o que ele planejoudesde a eternidade acontecerá, correto?

    Devoto: Sim.

  • 8/18/2019 Boa Pergunta Soberania vs Responsabilidade

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    Oração

    Negligente: Então, acontecerá quer você ore ou não, correto?

    Devoto: Isso depende do que Deus ordenou que acontecesse em resposta à oração. SeDeus predestinou que algo acontecerá em resposta a uma oração, isso não acontecerásem a oração.

    Negligente: Espere um minuto! Isso é confuso. Você está dizendo que toda resposta à

    oração é predestinada ou não?

    Devoto: Sim, é! Foi predestinada como uma resposta à oração.

    Negligente: Assim, se a oração não acontecer, a resposta não acontecerá?

    Devoto: Correto.

  • 8/18/2019 Boa Pergunta Soberania vs Responsabilidade

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    Oração

    Negligente: Assim, o evento é contingente da nossa oração para que aconteça?

    Devoto: Sim. Penso que por contingente você quer dizer que a oração é a razão real doevento acontecer, e que sem a oração o evento não ocorreria.

    Negligente: Sim, é o que quero dizer. Mas como um evento pode ser contingente daminha oração e ainda ter sido eternamente fixado e predestinado por Deus?

    Devoto: Por que a sua oração foi tão fixada quanto a resposta predestinada.

    Negligente: Explique.

    Devoto: Não é complicado. Deus ordena providencialmente todos os eventos. Deus

    nunca ordena um evento sem uma causa. A causa também é um evento. Portanto, acausa também foi pré-ordenada. Assim, você não pode dizer que o evento acontecerámesmo que a causa não, pois Deus não ordenou assim. O evento acontecerá se a causaacontecer.

  • 8/18/2019 Boa Pergunta Soberania vs Responsabilidade

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    OraçãoNegligente: Então, o que você está dizendo é que as respostas às orações são sempreordenadas como efeitos da oração que é uma das causas, e que Deus predestinou a

    resposta somente como um efeito da causa.

    Devoto: Correto. E visto que tanta a causa como o efeito foram ordenadas, você nãopode dizer que o efeito acontecerá mesmo que a causa não, pois Deus não ordenaefeitos sem causas.

    Negligente: Pode me dar algumas ilustrações?

    Devoto: Claro! Se Deus tivesse predestinado que eu morresse com um tiro, então eunão morreria se a bala não fosse disparada. Se Deus tivesse predestinado que eu fossecurado mediante uma cirurgia, então se não houvesse nenhuma cirurgia, eu não seriacurado. Se Deus tivesse predestinado incendiar minha casa com o fogo do fogão, entãose não existisse nenhum fogo, não haveria nenhum incêndio. Você diria algo assim:“visto que Deus predestinou que o sol brilhará, haverá brilho quer haja fogo ou não nosol?” 

  • 8/18/2019 Boa Pergunta Soberania vs Responsabilidade

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    Oração

    Negligente: Não.

    Devoto: Concordo. Por que não?

    Negligente: Por que o brilho do sol vem do fogo.

    Devoto: Correto! É assim que penso com respeito às respostas à oração. Elas são obrilho, e a oração é o fogo. Deus estabeleceu o universo de uma forma que em grandemedida ele funciona com oração, da mesma forma que estabeleceu que o brilhoaconteceria em grande medida por causa do fogo. Faz sentido?

    Negligente: Penso que sim.

    Devoto: Então paremos de inventar problemas e fiquemos com o que a Escritura diz.Pedi e dar-se-vos-á. Não recebeis porque não pedis.

    R ili d i

  • 8/18/2019 Boa Pergunta Soberania vs Responsabilidade

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    Reconciliando amigos... C. H. Spurgeon foi, certa ocasião, interrogado se podiareconciliar esses duas verdades – soberania e responsabilidade

    humana. “Eu não tentaria” replicou. “nunca reconcilio amigos”.

    Lloyd-Jones declarou: “como pode Deus decretar tudo e aindamanter-nos responsáveis pelo que fazemos? Eis a resposta:

    “Mas,  ó homem, quem és tu, que a Deus replicas? Porventura, a coisaformada dirá ao que a formou: Por que me fizeste assim? Ou não tem ooleiro poder sobre o barro, para da mesma massa fazer um vaso parahonra e outro para desonra? E que direis se Deus, querendo mostrar a suaira e dar a conhecer o seu poder, suportou com muita paciência os vasos

    da ira, preparados para perdição, para que também desse a conhecer asriquezas da sua glória nos vasos de misericórdia, que para glória já dantespreparou” 

    “Mas”,  talvez vocês perguntem, “como  você concilia estas duas coisas?” Respondo: não posso. Sei que a Bíblia me afirma as duas coisas...”