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Washington RELíQUIA: Washington com sua Olivetti Lettera 32 ABRINDO O CORAÇÃO Dona Canô, a matriarca dos Vellosos, revela como chegar aos 100 anos acreditando no Amor, na União e na Fé em Deus EDITORIAL Paiva Netto escreve: “Esopo, Liberdade e Esperança” Olivetto MEIO AMBIENTE As graves conseqüências do aquecimento global A vida, o pensamento, a carreira e aspirações JORNALISMO Audálio Dantas e as memórias de repórter PAN 2007 Os preparativos para a maior festa esportiva das Américas EDUCAÇÃO INFANTIL LBV entrega kits com material escolar a milhares de crianças em situação de risco social no Brasil CONSTRUINDO PONTES Carlos dos Santos, Diretor do UNIC-Rio, ONU/Brasil, analisa os 60 anos das Nações Unidas no País

BOA VONTADE 218

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Washington

Relíquia: Washington com sua Olivetti lettera 32

ABRINDO O CORAÇÃO Dona Canô, a matriarca dos Vellosos, revela como chegar aos 100 anos acreditando no Amor, na União e na Fé em Deus

EDITORIALPaiva Netto escreve: “Esopo, Liberdade e Esperança”

OlivettoMEIO AMBIENTEAs graves conseqüências do aquecimento global

A vida, o pensamento, a carreira e aspirações

JORNALISMOAudálio Dantas e as memórias de repórter

PAN 2007Os preparativos para a maior festa esportiva das Américas

EDUCAÇÃO INFANTIL LBV entrega kits com material escolara milhares de crianças em situação de risco social no Brasil

CONSTRUINDO PONTES Carlos dos Santos, Diretor do UNIC-Rio, ONU/Brasil, analisa os 60 anos das Nações Unidas no País

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OO002-06-Anc Revista LBV.fh11 27.09.06 18:25 Page 1

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Washington

RELÍQUIA: Washington com sua Olivetti Lettera 32

ABRINDO O CORAÇÃO Dona Canô, a matriarca dos Vellosos, revela como chegar aos 100 anos acreditando no Amor, na União e na Fé em Deus

EDITORIALPaiva Netto escreve: “Esopo, Liberdade e Esperança”

OlivettoMEIO AMBIENTEAs graves conseqüências do aquecimento global

A vida, o pensamento, a carreira e aspirações

JORNALISMOAudálio Dantas e as memórias de repórter

PAN 2007Os preparativos para a maior festa esportiva das Américas

EDUCAÇÃO INFANTIL LBV entrega kits com material escolara milhares de crianças em situação de risco social no Brasil

CONSTRUINDO PONTES Carlos dos Santos, Diretor do UNIC-Rio, ONU/Brasil, analisa os 60 anos das Nações Unidas no País

28Coluna do Garotinho Pequenos grandes, grandes pequenos.

Ao Leitor

201734CapaConheça um pouco de Washington Olivetto, eleito Publicitário do Século XX.

IgualdadeSocial Educação superior para todos

Abrindo o CoraçãoDona Canô Velloso: um século de boas lições.

No próximo 8 de julho, a W/Brasil com-pleta 21 anos. A maio-ridade significa para o seu Presidente, o pu-blicitário Washington Olivetto, o momento oportuno para refor-mulações importantes. É sobre esta revolução que planeja e a respeito de como fez a nossa publicidade entrar definitivamente no mapa da pro-paganda mundial que ele abre o coração à BOA VONTADE. A mídia, mais especificamente o jor-nalismo, merece realce em outra interessante matéria com o escri-tor e jornalista Audálio Dantas, Vice-Presidente da Associação Brasileira de Imprensa, que ex-plica uma das principais missões do repórter: “Chegar ao que pode ser considerado verdade”. Tam-bém tem destaque nesta edição a entrevista com o Dr. Carlos dos Santos, Diretor do UNIC-Rio (ONU/Brasil), em que apresenta um panorama histórico dos 60 anos de atuação do escritório das Nações Unidas no País.

Ainda buscando o sentido humano, nossa equipe viajou até Santo Amaro da Purificação/BA, para conhecer um pouco da biografia dos Vellosos, especialmente dos cantores Caetano Veloso e Maria Be-thânia, no relato da matriarca da família,

a querida Dona Canô, que, em setembro deste ano, completa 100 anos bem vividos.

Vale conferir o especial sobre os Jogos Pan-Americanos e Parapan-Americanos no Rio de Janeiro na seção Esporte é Vida! A matéria revela as expectativas de atletas, como a ginasta Daiane dos Santos e a velocista Adria Santos, ambas com grande chance de conquistar medalhas para o Brasil.

Por fim, o leitor pode apreciar uma das mais belas mensagens de liberdade e esperança, contidas no Editorial de Paiva Netto, para quem são estes os “dois sentimen-tos de que a criatura humana não pode abrir mão”.

Boa Leitura!

Sumário 6 Editorial10 Cartas, e-mails e mensagens17 Opinião Esportiva18 70 anos do Grupo Band20 Igualdade Social24 In memoriam25 Opinião — Mídia Alternativa28 Abrindo o Coração32 Atualidade Internacional34 Capa 41 Um século de Victor Civita42 Esporte é Vida! — Jogos Pan-Americanos 200746 Esporte é Vida! — Jogos Parapan-Americanos 200749 Acontece no mundo50 Entrevista na ABI56 Nações Unidas — Brasil60 Nações Unidas — Nova York/EUA64 Reportagem — Meio Ambiente70 Opinião — Meio Ambiente73 Acontece no Rio74 Acontece no Brasil78 Samba e História81 Esperanto82 Notícias de Brasília89 Opinião Política 90 Saúde 93 Utilidade Pública 94 Educação em debate — Europa96 Soldadinhos de Deus98 Melhor Idade

EditorialPaiva Netto escreve: “Esopo, Liberdade e Esperança”.

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BOA VONTADE

BOA VONTADE é uma publicação mensal das IBVs, editada pela Editora Elevação. Registrada sob o nº 18166, em 16/03/2006, no livro “B” do 9º Cartório de Registro de

Títulos e Documentos de São Paulo.

ANO 51 • NO 218 • Abril/mAiO/2007

Diretor e Editor-responsávelFrancisco de Assis PeriottoMTE/DRTE/RJ 19.916 JP

Coordenador GeralGerdeilson Botelho

Jornalistas Colaboradores EspeciaisCarlos Arthur Pitombeira, Hilton Abi-Rihan, José Carlos Araújo e

Mario de Moraes.

Equipe Elevação Adriane Schirmer, Angélica Beck, Daiane Emerick, Daniel Trevisan, Danielly Arruda,

Débora Verdan, Flávio de Oliveira, Jaqueline Lemos, João Miguel Neto, Joílson Nogueira, Juliana Bortolin, Karina Sene, Leila Marco, Leilla Tonin, Lícia Curvello, Maria Aparecida da Silva, Natália Lombardi, Neuza Alves, Rita Silvestre, Roberta Assis, Rodrigo Oliveira, Rosana Serri, Simone Barreto, Walter Periotto, Wanderly

Albieri Baptista e William Luz.

Projeto GráficoHelen Winkler

Fotos de CapaWashington Olivetto: Divulgação / Dona Canô: Nizete Souza

ProduçãoEndereço para correspondência:

Rua Doraci, 90 — Bom Retiro — CEP 01134-050 — São Paulo/SP Tel.: (11) 3358-6868 — Caixa Postal 13.833-9 — CEP 01216-970

Internet: www.boavontade.com / E-mail: [email protected]ão: Editora Parma

A revista BOA VONTADE não se responsabiliza por conceitos e opiniões em seus artigos assinados.

42Jogos Pan-

Americanos 2007 Carlos Arthur

Nuzman: prepara-tivos para a grande

festa do Esporte.

56Nações Unidas —

Brasil Entrevista com o

Dr. Carlos dos Santos sobre os 60 anos do

UNIC-Rio

Acontece no Brasil

LBV promove mutirão pela

Educação

50Entrevista na ABI Audálio Dantas e as

memórias de repórter

7464Reportagem — Meio Ambiente

As graves conseqüências do

aquecimento global

Reflexão de BOA VONTADE:

“Toda organização vitoriosa desfruta a presença marcante de mulheres espiritualmente esclarecidas. A intuição, com-petência do Criador manifesta na criatura, é um dos podero-sos instrumentais femininos. Talvez por isso tenha Voltaire (1694-1778), um dia, exclama-do: ‘Tous les raisonnements des hommes ne valent pas un sentiment d’une femme’, isto é, todos os raciocínios dos ho-mens não valem o sentimento de uma mulher”.

Extraída do livro Reflexões da Alma, do escritor Paiva Netto, página 17.

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João

Pre

da

José de Paiva Netto, jornalista, radialista e escritor. É Diretor-Presidente da lBV.

Fui aluno do Pedro II, o antigo Colégio-Padrão, no Rio de Janeiro. Boas recor dações guardo dos mes-tres Homero Dornelas, assessor do genial Heitor Villa-Lobos; Honório Sil-vestre; José Jorge; Newton de Barros; Pompílio da Hora; Sá Roriz; Farina; Choeri; Sebastião Lobo; José Marques Leite; Fer-nando Segismundo, ex-presidente da Associação Brasileira de Impren-sa, a nossa ABI; e outras notabilida-des nacionais.

Lá estudávamos as páginas de Esopo, Fedro, La Fontaine…

Esopo,

EsperançaNinguém aprisiona o Espírito de um homem livre

Liberdade e

Fábulas, todos sabem, são nar-rativas em que os animais falam, acertam ou se equivocam, possuem

sabedoria ou empá fia. Enfim, singularizam os homens com as suas qualidades e defeitos. Esopo, um cativo grego na ilha de Samos, viveu há cerca de três milênios e era campeão em contar essas historinhas, que sempre nos

convidam a refletir. Uma delas é:

O cão e o loboVinha um cão por uma estra-

da. De súbito, deu de frente com um lobo, que lhe disse:

Heitor Villa-lobos

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6 | BOA VONTADE

Editorial

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EsperançaLiberdade e

Liberdade e esperança

são dois sentimentos

de que a Criatura

Humana não pode abrir

mão. Deve, contudo,

saber honrar o primeiro

para ser merecedora

permanente do

segundo.

Esopo — Obra de arte de autoria de Diego Velázquez, em exposição no Museu do Prado (Madri/espanha). No trabalho do pintor espanhol, a representação do famoso fabulista grego que viveu no século Vi a.C.

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— Que é isso pendurado em teu pescoço? Estás machucado?

— Bem... — respondeu-lhe o cão — é por causa da coleira.

— Quê?! — espantou-se o lobo…

— De dia, meu senhor me prende com ela. Não quer que eu apavore as pessoas que o visitam.

Ouvindo isso, o lobo não quis mais conversa e abandonou o cão no meio do trajeto, todavia sem antes lhe dizer:

— Amigo, esquece tudo, por-que não te seguirei mais. Acho melhor viver liberto do que na tua aparente abastança.

Moral da históriaNão há ouro suficiente que

valha a liberdade. E, assim, o velho filósofo da

Hélade, que era mentalmente li-vre, apesar de padecer a ignomínia da escravidão, deixou-nos, entre outros, um grande preceito.

Contam que o seu senhor, es-pantado com tamanho saber, lhe deu carta de alforria.

a lição de JesusO ensinamento de Jesus é su-

perior ao do fabulista. Encontra-se no Evangelho, segundo João, 8:32: “Conhecereis a Verdade (de Deus), e a Verdade (de Deus) vos libertará”.

Eis a diferença — a verdade dos homens, em geral, costuma deixá-los malogrados, porque às vezes é apenas Razão, que pode variar conforme os mais diversos fatores, incluídos os de longitude, apesar da globalização infrene. A de Deus, porquanto Razão

Fernando SegismundoWilson Choeri

Sá Roriz

Alguns dos mestresdo Colégio Pedro II

— Amigo, estás com uma ex-celente aparência! Forte, lépido, feliz. Sinto até inveja de ti…

— É mesmo?! Faze então igual a mim. Consegue um dono bon-doso. E terás alimento nas horas certas e serás bem-cuidado. Meu único serviço é, se aparecerem as-

saltantes, latir à noite. Vem, pois, comigo e ele te dará semelhante trata mento.

O lobo considerou a proposta muito boa e foi acompanhando o cão no caminho de casa.

Até que, a um dado instante, um fato despertou a sua curiosidade.

Homero Dornelas

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Honório Silvestre

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Pompílio da Hora

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Editorial

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lavoisier

embasada na justiça e firmemente no Amor, por conseguinte distante de fanatismos ou convic-ções pétreas, eleva-os ao esclarecimento maior, até mesmo nas dúvidas mais recônditas, premiando-os, quando pacientes e pertinazes, com a emancipação que não os surpreenderá, adiante, com as mais tristes frustrações. Isso ocorreu com ilustres pensadores que viram suas certezas abaladas,

ou mesmo derruídas, com a falência de ideologias brilhan-tes, porém pouco eficazes. Entretanto, como esclareceu La-voisier (1743-1794): “Na Natureza nada

se perde, nada se cria, tudo se transforma”.

Ninguém é culpado, sendo crente ou ateu, por querer, em todos os sentidos, o melhor para o povo.

a esperança não morre nunca

Há alguns anos, no Rio de Janeiro, assisti a um jovem dizer na televisão que “a Esperança havia morrido”. Não sou poeta. Mas tomei da caneta e ousei estes simples e despretensiosos versos, depois musicados pelo maestro Vanderlei Alves Pe-reira:

A Esperançanão morre nunca!Nunca!Não morre, não!Pois, como a vida,

que é eterna,mãe tão fraterna,pode morrer?!Não, não morrenunca!Não morre, não,a E s p e r a n ç a n o

coração!

Certamente, semelhante ex-pectativa ainda sustenta os co-rações de muitas crianças ango-lanas. Um diplomata, conhecido do meu companheiro de ideal ecumênico José Santia-go Naud, co-fundador da Universidade de Bra-sília, pôde apreciá-las em sua alegria inocente, apesar da guerra que ensangüentou a pátria de Agostinho Neto (1922-1979) por quase trinta anos.

— Disse-me o amigo de torna-viagem que no interior, perto de Luanda, viu comovido certa vez

o grupo de uma cen-tena delas, cantando em torno do seu mal-pago professor, que dançava:

— Se eu pudesse voava

ao encontro da paz,abandonava essa guerra,ficava ao lado da paz.

Liberdade e esperança são dois sentimentos de que a cria-

tura humana não pode abrir mão. Deve, contudo, saber honrar o primeiro para ser merecedora per-manente do segundo.

Ninguém aprisiona o espírito de um ho-mem livre. Que o diga

o Gandhi, que escreveu muitas de suas mais belas e decisivas páginas enquanto sofria prisões na luta pela libertação dos in-dianos.

agostinho Neto

GandhiJosé Santiago Naud

O cão e o lobo, personagens da fábula de esopo.

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@Registro

No mês de abril, o telejornal Bom Dia São Paulo, da Rede Globo, completou 30 anos no ar. Em homenagem a esta ex-pressiva marca, as crian-ças atendidas pela Legião da Boa Vontade fizeram um trabalho artesanal em formato de um aparelho de TV, reproduzindo o logotipo do telejornal.

O pequeno Luan Al-ves Pereira, de 5 anos, que estuda na Supercreche Jesus, represen-tando os demais alunos, entregou

Bom Dia São Paulo: 30 anos no ar

a homenagem para a editora-chefe do Bom Dia São Paulo, Már-cia Correa. Na oportunidade,

ele também abraçou a apresentadora Mariana Godoy que, muito sim-pática, ressaltou: “Vo-cês da LBV são sempre muito carinhosos. Muito obrigada”, afirmou. O jornalista e apresentador Chico Pinheiro mostrou

aos telespectadores o trabalho manual, agradecendo em nome da equipe.

Roberta Assis

Conteúdo e visual requintados

A revista BOA V O N TA D E t e m um conteúdo muito bom. Traz infor-mações da LBV em âmbito nacio-

nal e internacional, além do alto nível de informação. O visual dela é belíssimo. As ma-térias são feitas com qualidade. A gente bate o olho e já começa a ler. Sou uma leitora assídua da BOA VONTADE. Parabéns! (Comentário de Liza Prado, Superintendente do Procon em Uberlândia/MG)

A revista BOA VONTADE é ótima. Sua linguagem é bastante coloquial e o nível de informação é fantástico. Colocam brilhantemente as pautas. É de encher os olhos, além de abordar os assuntos sociais. (Renata Rocha, estudante de jorna-lismo da Faculdade de Salvador, 7a etapa. O grupo dela escolheu a publicação como modelo de quali-dade e conteúdo informativo para apresentar em sala de aula)

Honra à imprensa do nosso PaísComo leitor assíduo da revista

BOA VONTADE, aguardava a edição 217. A publicação traz a cer-teza de boa leitura, de informações fundamentais para o dia-a-dia, com lisura e respeito àqueles que são ato-res da notícia e, principalmente, ao leitor. Essa estratégia de dar visibi-

lidade às boas notícias é espetacular. Tudo vibra. É preciso um mundo melhor! O editorial do escritor Pai-va Netto chama a todos os de bom senso à responsabilidade social e demonstra o esforço hercúleo com o qual age à frente das Instituições da Boa Vontade, no Brasil e no mundo, minimizando as mazelas humanas e criando perspectivas de uma Nova Era, de Paz, para toda a Humani-dade. Parabéns pelo sucesso desse periódico que honra a imprensa do nosso País. A presença na capa e as matérias de Mauricio de Sousa e Ricardo Boechat mostram o lado de dois grandes profissionais, cada um em sua área, e confirmam o respeito de todos para com a LBV e seu Diretor-Presidente. (Enaildo Viana, jornalista, de Brasília/DF, via e-mail)

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Cartas, e-mails e literatura

Chico Pinheiro

luan, da lBV, com Márcia Correa... ... e também com Mariana Godoy.

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O médico e escritor Moacyr Scliar lançou, na capital paulista, seu mais recente livro O Texto, ou:

A Vida — Uma trajetória literária, no mês de

abril. Ele conta a história de um homem que vive os fascínios e os desafios da me-dicina e da lite-

ratura, somando a visão e a obra hu-

manista do médico com o talento de escritor.

Na ocasião do lançamento, o Dr. Moacyr, que ocupa a cadeira no 31 da Academia Brasileira de Letras (ABL), agradeceu a presença da Legião da Boa Vontade e mandou um forte abraço ao dirigente da Ins-tituição e um exemplar de sua obra literária com a mensagem: “Para José de Paiva Netto, homenagem a seu trabalho filantrópico. Um abraço do Moacyr Scliar”.

Moacyr Scliarlança livro em SP

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Viviane Lago

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BOA VONTADE | 11

Homenagem ao saudoso Octavio Frias de Oliveira

Natália LombardiFoto: Folha Press

Aos 94 anos, o empresário Octavio Frias de Oli-veira (1912-2007), pu-blisher do Grupo Folha,

retornou à Pátria Espiritual. Filho do Juiz de Direito Luiz Torres de Oliveira e de dona Elvira Frias, o jornalista nasceu no dia 5 de agos-to, na capital fluminense. Foi criado no interior do Estado de São Paulo. Viu sua tradicional família passar por dificuldades financeiras na ado-lescência e, por isso, cedo teve de trabalhar — sua primeira atividade profissional foi aos 14 anos, como office-boy da Companhia de Gás de São Paulo.

Ainda no âmbito profissional, atuou nos ramos financeiro e imobiliário, como, por exemplo,

na Secretaria da Fazenda, onde se consolidou como diretor de contabilidade e planejamento do Departamento Estadual do Servi-ço Público. Esse tino para a área empresarial é bem marcante em sua vida, tanto que, em 1948, foi um dos acionistas-fundadores do Banco Nacional Imobiliário, ins-tituição especializada em constru-ção de imóveis e responsável por levantar inúmeros edifícios, entre eles, o tradicional Copan, no centro de São Paulo.

O contato com a imprensa veio na década de 1950, quando trabalhou na empresa Transaco, que vendia assinaturas de jornais. Pouco tempo se passou e, no ano de 1962, em sociedade com Carlos

Caldeira Filho, comprou o jornal Folha de S. Paulo, fundado em 1921. Em algumas décadas, Frias reorganizou a empresa como uma indústria e, desde a década de 1980, fez do periódico o de maior circu-lação do País. Tudo isso, resultado de muito trabalho: até os 93 anos, o jornalista ainda atuava diariamente em sua sala na sede do jornal. Deste modo, a Folha tornou-se um dos principais grupos de mídia do País, abarcando o jornal Agora, o Insti-tuto Datafolha, a gráfica Plural e o diário econômico Valor (parceria com a Globo). É também acionis-ta controladora do portal UOL.

Em setembro do ano passado, Frias foi condecorado com a Ordem do Ipiranga, mais alta honraria do governo de São Paulo e eleito Personalidade da Comunicação. A história desse notável empresário com faro de jornalista está narrada em detalhes na obra biográfica A trajetória de Octavio Frias de Oliveira, de au-toria do jornalista Engel Paschoal. A narrativa tem início com o nas-cimento e percorre seus passos na vida pessoal e profissional.

A Legião da Boa Vontade e seu Diretor-Presidente dedicam as mais sinceras vibrações de Paz e respeito a esse ilustre comunicador, também extensivas à querida esposa de Octavio Frias, senhora Dagmar, e aos filhos Maria Helena, Octavio, Maria Cristina e Luís Frias de Oliveira.

Fonte: Folha On-line

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12 | BOA VONTADE

@Cartas, e-mails e literatura

O pesquisador musical Ricar-do Cravo Albin lançou o livro MPB Mulher, no último 23 de maio, na capital paulista. O título reúne um pouco da biografia, obra e discogra-fia de 80 compositoras e cantoras da atualidade, de Aracy Cortes (1904-1985) a Maria Bethânia, de Cle-mentina de Jesus (1901-1987) a Rita Lee, da violeira Helena Meirelles (1924-2005) a Rosa Passos, uma homenagem às di-vas de nossa música, um roteiro histórico de cada uma delas e da enorme contribuição que deram à Música Popular Brasileira (MPB). O trabalho é acompanhado de CD e fotos exclusivas de Mário L. Thompson, amigo de Albin, que servi-ram de base para o livro.

Do prefácio da escrito-ra Ana Arruda Callado, destacamos: “As mulheres brasileiras — e no mundo em geral — foram proibidas, através dos séculos, de exercer muitíssimas atividades que lhes dariam ocupação, prazer, e nas quais poderiam traduzir belas obras para a Humani-dade. A música, porém, nunca lhes foi vetada, (...) surgiu, para o bem de todas nós, Chiquinha Gonzaga, a maestrina, a pioneira, que além de romper aquelas grades, indo à rua, obrigando a socie-dade a abrir alas à sua música, inaugurou, com suas canções, a Música Popular Brasileira”.

Livro de Ricardo Cravo Albinhomenageia as musas da MPB

Na noite de autógrafos, os representantes da LBV prestigia-ram o evento levando o abraço fraterno do Diretor-Presidente da Instituição, jornalista, escritor e

compositor Paiva Netto. O autor retribuiu com enorme simpatia, agrade-ceu a lembrança e disse que gosta muito da LBV e de seu dirigente, além de se colocar à disposição para futuramente gravar uma entrevista a respeito

da MPB. Ele enviou também um exemplar da obra, com a seguinte dedicatória: “Para o estimado José de Paiva Netto, tão querido Presidente da LBV, o velho afe-

to, a estima e também o agradecimento de sempre. Ricardo Cravo Albin. Rio, outono 2007”.

Uma das homenagea-das no livro, a cantora Clara Sandroni, neta do jornalista Austregésilo de

Athayde (1898-1993), represen-tando a classe artística, fez também sua dedicatória: “Beijos de Clara Sandroni”.

Simone Barreto

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As vantagens e a legislação para implementar o novo sistema digital de tevê no Brasil ainda trazem dúvi-das para muitos e esclarecê-las é um dos objetivos do livro Radiodifusão e TV Digital no Direito Brasileiro. Recém-lançado no mercado edito-rial e assinado por dois especialistas na área, Dr. Marcelo Bechara de Souza Hobaika e Dr. Ricardo Capucio Borges, a obra esmiuça como será o processo de adequação para a nova tecnologia. A interação com o público e melhor qualidade visual e sonora do conteúdo exibido também são aspectos abordados na obra, cujo prefácio é do Ministro das Comunicações, Hélio Costa.

Humberto Paes, da Legião da Boa Vontade, prestigiou a noite de autógrafos, no dia 30 de maio, em Brasília/DF, cumprimentando os autores pelo lançamento, que retri-buíram dedicando um exemplar ao líder da LBV, com as mensagens: “Ao grande companheiro José de Paiva Netto, que esta obra seja útil para um dos maiores exemplos da radiodifusão brasileira. Abraços, Marcelo. 30/05/2007”. O Dr. Ri-cardo registrou: “Ao amigo José de Paiva Netto, que esta singela obra seja de agradável leitura e provei-tosa a personalidades tão distintas quanto Vossa Senhoria. Um forte abraço, Ricardo”.

Radiodifusão e TV Digital no Direito Brasileiro

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O Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM) é sede do 9o Salão do Livro para Crianças e Jovens, que se realiza até o dia 3 de junho. Idealizado pela Fun-dação Nacional do Livro Infantil e Juvenil (FNLIJ), o encontro reúne grandes nomes da literatura infanto-juvenil como Ana Maria Machado, Lygia Bojunga, Ruth Rocha, Ziraldo, Rui de Oliveira, entre outros autores. Além dos lançamentos e dos estandes das editoras, ocorrem também encontros com escritores, leitura de livros feita por personalidades como Antonio Calloni e Gabriel, o Pensador.

No primeiro dia do salão, em 23 de maio, o cartunista e escritor Ziraldo lançou o livro Jeremias, o

Ziraldo lança obra no Salão do Livro do RioBom. Na obra, ele conta a história de um homem atencioso e elegan-te, sempre bem-vestido com terno de corte impecável, gravata e sapatos engraxados, dis-posto a ajudar os outros; uma pessoa, antes de tudo, justa. Ziraldo criou o personagem em 1965, conquistando os leitores do Jornal do Brasil com seu jei-to ingênuo e bondoso de encarar a vida, que marcou também pelas charges.

Representantes da Legião da Boa Vontade estiveram na sessão de autógrafos, levando o abraço do dirigente da Instituição. “Paiva Netto deve ter todos os meus livros, está sempre me prestigiando, seja no Brasil ou no Exterior. O meu

Simone Barreto

Meninos que ainda não com-pletaram 18 anos aparecem cada vez mais nas estatísticas de vio-lência sexual na cidade de São Paulo. Em dois anos, cresceu 152% a quantidade de menores do sexo masculino atendidos nos programas de Proteção à Criança e ao Adolescente. Em 2004, a prefeitura atendeu cem garotos que sofreram abusos. O número

subiu para 135 em 2005 e, no ano passado, saltou para 252 casos.

Segundo a Secretaria de Assis-tência e Desenvolvimento Social, em média, 90% dos casos são cometidos por alguém da família. “Identificamos que os meninos são violentados principalmente pelo irmão mais velho”, afirmou o se-cretário da pasta, Floriano Pesaro. “Em seguida, os autores que mais

Abuso sexual de meninos cresce em São PauloFonte: Jornal O SUL/RS

aparecem são o pai e o padrasto. O parentesco dificulta as denúncias e muitas nem chegam a público.”

O prefeito de São Paulo, Gil-berto Kassab, assinou um decreto determinando a criação de um co-mitê para combater a violência de forma articulada com as secretarias paulistanas. Confira, na próxima edição da BOA VONTADE, repor-tagem especial sobre o assunto.

ana Maria Machado lygia Bojunga Ruth Rocha Rui de Oliveira antonio Calloni

grande abraço a ele”, afirmou Ziraldo, que aproveitou para dedicar um exemplar de seu lançamento: “Para o velho Paiva Netto, sempre presente, o abraço do Ziraldo”.

Gabriel, o Pensador

Fotos: Factual Assessoria e Arquivo BV

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“O grande milagre do Cen-tro-Oeste”. Este foi o título da matéria que apresenta um pano-rama do roteiro turístico praticado em Brasília/DF, publicada no Anuário do Turismo 2007/2008 da revista Exame. A reportagem aponta o Templo da Boa Vontade como a principal atração turística da capital brasileira.

Segundo levantamentos feitos pela revista, a região do Distrito Federal é uma potência no turismo, principalmente o religioso, já que a capital do Brasil atrai um crescente número de peregrinos de diversas tradições religiosas, pelo fato de a cidade ser sede de diversas igrejas.

“O lugar mais visitado do Distrito Federal é um monumento religioso, o Templo da Boa Vontade, cons-trução em forma de pirâmide que atrai quase um milhão de pessoas por ano”, destaca a publicação. O Anuário do Turismo é uma iniciati-va da revista Exame que reúne um conjunto de informações no qual o leitor fica por dentro dos principais assuntos que vão desde desafios até as principais transformações relacionadas ao turismo nacional e internacional. A matéria pode ser acessada pelo www.portalexame.abril.com.br, na seção Anuário do Turismo. Clique na opção Distrito Federal.

Belkis Faria

Templo da lBV é o local mais visitadodo DF, registra o

O acadêmico da ABL, jor-nalista, professor e pedagogo, Arnaldo Niskier lançou, no Rio de Janeiro, a obra 10 anos de LDB — Uma visão crítica,

na sede do Instituto Histórico e Geográfi-co Brasileiro (IHGB). O livro versa sobre a necessidade de uma nova lei de ensino e comenta o Progra-ma de Aceleração

do Crescimento da Educação 2007. A Legião da Boa Vonta-de saudou o autor na ocasião que, agradecido, mandou seus cumprimentos ao Diretor-Pre-sidente da Instituição em um exemplar com a dedicatória: “Ao amigo Paiva Netto com o grande abraço do Arnaldo Niskier — 30/05/2007”.

Arnaldo Niskier lança novo livro

Inúmeras são as manchetes que põem em relevo o grave problema de segurança pública no País, como se pôde ver recentemente com a lamentável morte do professor de Educação Física Vladimir Novaes de Araújo, atingido por uma bala perdida no final de abril, quando passava de carro pela Avenida dos Democráticos, em Manguinhos, subúrbio do Rio.

Vladimir, filho do conselheiro da ABI, o professor Lênin No-vaes de Araújo, e de Creuza das Graças de Oliveira, recebeu as últimas homenagens no dia 26 do mesmo mês, no Cemitério de Inhaúma. Ao Espírito eterno dele, onde quer que esteja, as vibrações de Paz da LBV.

Não à violência urbana!

arnaldo Niskier

Templo da Paz — SGaS 915, lotes 75/76, tel.: (61) 3245-1070. De acordo com a Secretaria de Turismo do DF (Setur), cerca deum milhão de peregrinos e turistas visitam o local anualmente.

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@Cartas, e-mails e literatura

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Para desvendar di-versas histórias reais que foram exibidas ao longo do tempo no programa Linha Direta, a equipe da TV Globo registrou em livro algumas das reportagens re-vistas e ampliadas.

Casos ainda não solu-cionados, que a obra Crimes que Abalaram o Brasil tenta responder. No prefácio, o apre-

Em cerimônia realizada no dia 14 de maio, a Associação Brasileira de Imprensa (ABI) deu posse à sua Diretoria, ao Conselho Consultivo, Conselho Fiscal e a um terço do Conselho Deliberativo, eleitos em 27 de março. O ato ocorreu na Sala Heitor Beltrão, localizada no 7o andar do edifício-sede da Casa, no Centro do Rio.

Tomaram posse como novos Diretores Estanislau Alves de Oliveira, da área administrativa, e Benício Medeiros, de jornalismo. Foram reeleitos para o triênio 2007-2010: Maurício Azêdo, Presidente; Audálio Dantas, Vice-presiden-te; Domingos Meirelles, Diretor Econômico-Financeiro; Paulo Jerônimo de Souza (Pagê), Diretor de Assistência Social; e Jesus Che-diak, Diretor de Cultura e Lazer.

A sessão extraordinária deu pos-se, também por aclamação, à Mesa do Conselho Deliberativo, com a seguinte composição: Presidente, Fernando Barbosa Lima; 1o Se-cretário, Lênin Novaes; e 2o Secre-tário, Zilmar Borges Basílio.

Diretoria da ABI empossada por aclamaçãoJosé Reinaldo Marques

Fonte: ABI On-line (www.abi.org.br)

Em seu discurso, Mau-rício apresentou parte do balanço de sua administra-ção, dos projetos para que ela se mantenha fiel a seus propósitos institucionais e do centenário da Casa: “A ABI vai prosseguir com esta Diretoria na trilha que se traçou há muito pelos pa-triarcas da sua história, na linha

de defesa infatigável das liberdades de imprensa, civis e dos direitos hu-manos, das quais nunca se afastou e mantém uma vigilância permanente. Queremos alargar a sua atuação no campo cultu-ral, no meio universitário,

pelo destino das comunicações do País”.

livro reúne reportagens do Linha Diretasentador do programa, Domingos Meirelles, destaca: “As histórias reunidas neste livro compõem um painel representativo do compor-tamento humano em condições extremas”.

Com organização dos jornalistas George Moura e Flávio Araújo e reportagens de Marcelo Faria de Barros e Wilson Aquino, o lançamento do trabalho ocorreu no último 15 de maio, na capital fluminense, prestigiado pela mídia e por muitos artistas.

Representantes da Legião da Boa Vontade levaram os cumpri-mentos fraternos do Diretor-Pre-sidente da Instituição aos autores que retribuíram com muita simpa-tia, nas seguintes dedicatórias: “Ao Sr. Paiva Netto, parceiro pela justi-ça. Wilson Aquino”./ “Para Paiva Netto, obrigado pelo carinho, abraços. Flávio Araújo”./ “Ao Sr. Paiva Netto, com a admiração do Marcelo Faria de Barros”./ “Para Paiva Netto, com meu abraço fra-terno. George Moura”.

Simone Barreto

Registro — Da esquerda para a direita, lênin Novaes e Zilmar Borges Basílio (respectiva-mente, 1o e 2o Secretários do Conselho Deliberativo); Domingos Meirelles (Diretor econômi-co-Financeiro); audálio Dantas (Vice-Presidente da Casa, e que concedeu entrevista à BOa VONTaDe, leia na p. 48); estanislau alves de Oliveira (Diretoria administrativa); Maurício azêdo (Presidente da aBi); Paulo Jerônimo de Souza (Diretor de assistência Social); Benício Medeiros (Diretor de Jornalismo); e Jesus Chediak (Diretor de Cultura e lazer).

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Fernando Barbosalima

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@Cartas, e-mails e literatura

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Simone Barreto

Desde o mês de abril, o jornal O Candeeiro , que circula na região metropo-litana de Sa lvador e ganha re-percussão em toda a Bahia, con-ta com a publicação de artigos do jornalista e escritor Paiva Netto. Sobre a estréia da colu-na, o jornalista e empresário do periódico, Eduardo Valença, destacou: “Meu jornal terá sempre um espaço aberto para a LBV e José de Paiva Netto, que é um grande jor-nalista. Nunca vi uma pessoa descrever Religião com tanta autenticidade quanto ele. Não só o artigo ‘Religião não rima com intolerância’, mas todos os outros. Este homem fala de Religião com um Amor ines-timável”.

Para ler essas e outras pági-nas do escritor, acesse o site: www.paivanetto.com.

Paiva Netto estréia coluna em O Candeeiro,

na Bahia.Uma profunda reflexão sobre a

marcha evolutiva do Ser Humano na Terra é o que o leitor encontrará no livro História dos Ideais, escrito pelo senhor Eduardo Mora-Anda, Embai-xador do Equador no Brasil. No trabalho li-terário, o autor disserta sobre as diferentes etapas históricas e os valores e ideais que se sobressaíram nes-ses períodos. Em sua análise, sinaliza para a importância de uma postura em favor da Natu-reza e da Vida e contra o egoísmo irresponsável.

Por isso, dedica esta obra es-pecial àqueles que labutam para perpetuar histórias de ideais, a exemplo do dirigente da LBV, a

BOa VONTaDe pelo BrasilChegam à nossa redação inú-

meras manifestações de autorida-des e personalidades de todo o País que, ao lerem a publica-ção, parabenizam a qualidade visual e de conteúdo dela. A seguir, a relação de alguns dos que destacaram a edi-ção no 217:

Antonio Salim Curiati (Depu-tado Estadual em São Paulo/SP); Audálio Dantas (Presidente da Representação da ABI-SP); Aurélio Nomura (Vereador em São Paulo); Camila Amorim (produtora do programa Rede Bahia Revista); Davi de Paula (radialista da CBN em Cuiabá/MT); Divaldo Franco (líder espírita e médium); Edilson

Rodrigues de Proença (Gerente do Centro de Juventude do Bairro Dom Aquino, em Cuiabá/MT); Henrique Barros (Vereador em Londrina/PR); José Gregori (Pre-sidente da Comissão Municipal de Direitos Humanos e ex-Ministro da Justiça); Lucky Marlom (jorna-lista da TV Assembléia MT e TV Rondon, repetidora da Rede TV!); Mãe Carmem da Silva (iyalorixá do Gantois); Márcia Mesquita (produtora do programa Revista da Manhã, da TV Gazeta, repetidora da TV Record); Márcia Rocha (apresentadora da TV Educativa — TVE/BA — e professora da Faculdade da Cidade de Salva-dor); Márcio Bins Ely (Vereador em Porto Alegre/RS); Marcos Antônio Castri (apresentador e jornalista); Claudomiro Bispo dos Santos (Diretor do Jornal Folha do Recôncavo e da revista Leia

Bahia); Ricardo Boechat (jorna-lista e apresentador do Jornal da Band); Romeu Tuma (Senador); Sebastião de Oliveira (Diretor de Jornalismo da Rádio Cultura AM de Cuiabá/MT); Shoelly Rezende (Diretora de Jornalismo da TV Rondon de Cuiabá/MT); e Tânia Girotto (assessora do Presidente da Assembléia Legislativa do Mato Grosso).

quem homenageia: “Para José de Paiva Netto, digníssimo Presidente da Legião da Boa Vontade, com o ideal do Ecumenismo, muito cor-

dialmente, Eduardo Mora-Anda”.

Ao visitar o Tem-plo da Boa Vonta de, em Bra sí lia/DF, re-cen temente, afir mou: “No Templo da LBV, me sinto ecumêni co, me sinto bem. Toma-ra que tenhamos um

Templo da Paz em muitos luga-res do mundo que precisam de Paz e não de guerra. No TBV, encontrei amigos, arte e uma mensagem de Paz, de tranqüi-lidade, de tolerância e precisa-mos disso em muitos países do mundo”.

embaixador do equador publica História dos IdeaisCarolina Dutra

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José Carlos araújo (comunicador esportivo da Rádio Globo do Rio de Janeiro/RJ),especial para a BOa VONTaDe.

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Opinião Esportiva

Os campeonatos estaduais chegaram ao fim e mostra-ram algumas surpresas, se é que ainda podemos nos

surpreender com isso. Em São Paulo, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Minas Gerais e em outras praças, clubes de menor tradição ocuparam lugares historicamente reservados aos de maior investi-mento.

Se não estiveram na finalíssi-ma, como o São Caetano (em São Paulo), pelo menos ameaçaram, participando das semifinais dos campeonatos e até eliminando os favoritos. Este ano, brilharam o Madureira e a Cabofriense, no Rio de Janeiro; o Ipatinga e o Tupi, em Minas Gerais; e, entre outros, o Juventude, no Rio Gran-de do Sul.

E aí surge a dúvida: estariam os grandes clubes se nivelando aos chamados pequenos ou, ao contrário, estariam esses pe-quenos crescendo, a ponto de disputar de igual para igual e até superar os teoricamente mais fortes?

Na verdade, há um pouco de tudo. Os clubes tradicio-nais sofrem com o êxodo de seus principais jogadores,

Pequenos grandes,

enquanto os chamados pequenos, alguns com apoio de prefeituras e empresas, conseguem montar equipes de bom nível técnico e acabam disputando de igual para igual com os demais.

Hoje, ninguém mais ganha jogo apenas com nome. É pre-ciso provar em campo que é o melhor. É inegável que camisas tradicionais pesam, pois têm o apoio de grandes massas de torce-dores. No entanto, a presença de clubes, antes sem expressão, em fases decisivas dos campeonatos estaduais não surpreende mais. Trata-se de um fato que vem se repetindo há alguns anos.

É muito bom que seja assim, que os títulos estejam sendo disputados por mais clubes e não apenas pelos previsíveis ganha-dores de sempre. Dessa forma, as

competições se tornam mais acir-radas, mais emocionantes, tudo em benefício do Esporte.

Temos de parabenizar as equipes de menor porte pelo esforço que vêm fazendo e torcer para que continuem investindo em seu próprio crescimento. Tomara que o sucesso alcançado por esses clubes incentive outros a seguir o mesmo caminho e que, a cada ano, tenhamos mais e mais equipes am-bicionando mais do que não serem rebaixadas, ambicionando galgar posições de destaque em todos os Estados brasileiros.

Se essa tendência for man-tida, como esperamos, é certo que teremos, daqui para a frente, competições muito interessantes, tanto no Campeonato Brasileiro da primeira divisão quanto nas divisões inferiores, revelando sempre novos valores.

Esse é o diferencial do futebol brasileiro. É por isso que con-tinuamos fornecendo matéria-

prima para o mundo inteiro e, ao mesmo tempo, renovando nossas bases. É por isso que, por mais que tente, nenhuma outra nação consegue formar tantos jogadores de tamanha

qualidade quanto o Brasil.

grandes pequenos

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A existência do Grupo Ban-deirantes de Rádio e Tele-visão deve-se a um acaso, a um capricho do destino,

que levou o saudoso Dr. João Jor-ge Saad (1919-1999) a enamorar-se de Maria Helena de Barros,

Grupo Bandeirantes comemora

70 anos com fôlego para

crescer ainda mais

naLeila Marco

Fotos: Arquivo Bandeirantes

O Presidente do Grupo Bandeirantes, Dr. João Carlos Saad, com o Prêmio Personalidade da Comunicação 2007, entregue a ele no dia 16 de maio, na capital paulista.

com quem se casou. Tiveram cinco filhos: Maria Leonor, João Car-los (Johnny), Ricardo, Marisa e Márcia. A moça era filha do então Governador de São Paulo, Adhe-mar de Barros (1901-1969), que viu no futuro genro, um paulista filho de imigrantes sírios, o talento nato para negociar, administrar e, assim, o chama para ajudar na gerência de sua emissora de rádio. Começava, ali, a jornada que transformaria o seu João, como era conhecido, em um dos mais destacados homens da comunicação do País. No ano de 1948, assumiria o controle da Socie-dade Bandeirantes de Radiodifusão (PRH-9), criada em 6 de maio de 1937. O fato lhe deu a liberdade de que precisava para implementar outras inovações, com especial atenção à prestação de serviços à comunidade. Nos anos seguintes, cria um modelo de radiojornalismo ao vivo durante 24 horas, aposta no Esporte, conquistando estrondoso sucesso ao transmitir a Copa do Mundo da Suécia (1958).

Com a forte determinação de investir na notícia, dedica-se desde o fim dos anos 1950 ao projeto de ter uma televisão com as linhas gerais

que traçara para o rádio, inauguran-do-a em 13 de maio de 1967, com grande êxito. Nem o incêndio que aconteceu em 1969 diminuiu a sua confiança na empreitada. Diria o Dr. João àquela data: “Vamos recons-truir tudo, nossa fé é inabalável. Com base apenas no conceito e no crédito, que formam o patrimônio que o fogo não destrói, recomeça-mos. Renascemos das cinzas”. E de fato isso ocorre e a organização se destaca na geração de imagens em cores, que se iniciava para o público na década de 1980.

Neste período, o crescimento da TV era claro, a rede já operava com 24 emissoras transmitindo o sinal da Band em todo o Brasil.

a mídia como instrumento social

Em 1o de junho de 1983, entra no ar, para todo o país, o Programa Boa Vontade, com Paiva Netto*. Esta parceria Legião da Boa Von-tade e Band trazia pioneiramente a Solidariedade à televisão, a força da mobilização social em favor dos brasileiros menos favorecidos, além de levar uma palavra de ânimo e de crença no futuro.

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70 anos do Grupo Band

Festa

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Desde então várias campanhas foram realizadas com ajuda do veículo, e uma das mais destacadas se dá durante a grande seca de 1998 e 1999, que atingiu o Nordeste bra-sileiro, quando milhões de pessoas na zona rural passavam fome. Com o apoio direto do Dr. João Saad, mobilizando todo o grupo Band, a LBV movimentou o Povo com a Campanha LBV — SOS Nordeste, que promoveu uma das maiores iniciativas de Fraternidade já vistas em solo brasileiro em favor dos flagelados. Foram socorridos 4,1 milhões de pessoas em mais de 1.100 localidades no Nordeste.

O fundador da Rede Bandei-rantes, ao tomar conhecimento do relatório com os números da Campanha e a relação detalhada das localidades atendidas, escre-veu: “Belo trabalho LBV/Band. Cidades que muitas pessoas nem imaginavam que existiam, Queimada do Curral, Lagoa da Panela, Vereda I, Vereda II, Larga das Tapiocas, Barriguda II, dentre outras, foram bene-ficiadas pelo trabalho árduo e grandioso da LBV.

“Sinto-me muito orgulhoso de estar com o nosso professor Paiva Netto, amigo de grande espírito de Solidariedade pelo qual tenho grande admiração, nessa luta con-tra a fome. Juntos, tenho a certeza de que outros bonitos trabalhos serão realizados em prol da nossa sociedade. Um forte abraço.”

O sr. Johnny Saad, Presidente do Grupo Bandeirantes de Rádio e TV, compartilha a mesma simpatia que seu pai demonstrava pela Ins-tituição: “Nós, da Bandeirantes, estamos muito orgulhosos de ser aliados de vocês da LBV. Acom-panhamos a luta do Paiva desde o tempo de Zarur, e sabemos deste trabalho sério, bonito, honrado,

que cuida de criança, de gente ido-sa, envolve todo o mundo. Então, somos, em primeiro lugar, fãs do trabalho de vocês, admiradores e colaboradores. (...) Muito obrigado e fiquem com Deus”.

Continuando o trabalhoPor toda esta empatia que

sempre caracterizou o relaciona-mento das duas organizações, a LBV e seu dirigente sentem-se à vontade e felizes em compartilhar deste momento de festa. Mesmo a morte física do Dr. João (em 10 de outubro de 1999) não apagou este brilho, pois sabemos que seu Espírito eterno está mais vivo do que nunca e que seus ideais, legado e pujança de trabalho estão presentes na continuidade que sua família e particularmente seu filho Johnny souberam dar às iniciativas dele. E é dessa forma brilhante que o Grupo Bandeiran-tes de Rádio e Televisão chega aos 70 anos, com fôlego redo brado, para prosseguir em sua jornada de valorizar o produto cultural

Registro histórico — O saudoso Dr. João Jorge Saad apresenta a futura tor-

re da TV Bandeirantes na av. Paulista. Hoje, já é uma realidade.

O Dr. João Saad no aniversário de 50 anos da Rádio Bandeirantes, em 1987.

brasileiro e com uma abrangência invejável. Atuando hoje com duas redes de televisão aberta, três ca-nais de televisão por assinatura, seis redes de rádio, um jornal impresso, uma distribuidora de sinal de conteúdo a cabo, um selo musical e a maior plataforma de interatividade do País.

*O Programa Boa Vontade, com Paiva Netto, vai ao ar no início da madrugada, de segunda a sexta-feira, após o A Noite é uma Super Criança, do apresentador e amigo da Legião da Boa Vontade Otávio Mesquita.

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Segundo dados recentes do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), os negros com-

põem 45% da população brasi-leira. Em relação ao emprego, o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeco-

Educação superiorpara todosnômicos (Dieese) informa que, com mesma qualificação e iguais anos de estudo, o negro recebe até 50% menos que os trabalha-dores brancos. Pesquisas feitas pelo Ministério da Educação apontam que dos quase 800 mil universitários nas instituições

públicas, os negros respondem por tão-somente 2,2% do con-tingente.

Para ajudar a reverter este quadro, a ONG Afrobras (So-ciedade Afro-Brasileira de De-senvolvimento Sociocultural) vem atuando com o objetivo de

Unipalmares, com o

público de 90% de

afro-descendentes, já

prepara a formatura da

primeira turma

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Juliana BortolinFotos: Rodrigo Oliveira

Igualdade Social

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Educação superiorpara todos

proporcionar um novo enfoque e condução da temática do negro no Brasil. Por meio do Instituto Afro-Brasileiro de Ensino Supe-rior, a Organização colocou em operação, no ano de 2004, a Fa-culdade da Cidadania Zumbi dos Palmares: a primeira da América Latina do gênero.

Desde então, seu crescimen-to tornou-se público e notório. Visando à inclusão de pessoas menos favorecidas no ensino superior, a Universidade teve gradativa expansão de seus pro-pósitos. No último 23 de março, foi inaugurado o Campus II da Zumbi dos Palmares, na capital paulista, cujo público é composto de 90% de afro-descendentes.

Pouco mais de um mês, outra vitória: foi assinado um contrato para a realização da primei-ra formatura da Unipalmares. Na solenidade de 8 de maio,

estiveram presentes artistas, au to ridades e representantes de entidades parceiras da Zumbi, a exemplo da Legião da Boa Vontade (LBV) e da Fundação José de Paiva Netto* (FJPN), que sempre apoiaram a inicia-tiva. O Presidente da Afrobras e Reitor da Unipalmares, José Vicente, destaca a colaboração das duas organizações: “Somos agradecidos a todos os que nos auxiliam e imensamente gratos à LBV e à Rede Mundial de Televisão (da FJPN) por abrirem possibilidades e, certamente, juntar-se a nós nessa luta que é de todos os brasileiros há muito tempo”.

Para Vicente, o resultado positivo já alcançado na luta pela causa negra é também conseqüência do traba-lho do dirigente da LBV: “Paiva Netto é uma jóia preciosa. Ele é uma liderança, uma personalidade, uma autori-dade nesse tema (...) tem inspi-rado muitos trabalhos, pois foi

José Vicente, Presidente da afrobras e Reitor da unipalmares.

a talentosa cantora alcione, ladeada por Celso de Oliveira (e) e José eduardo de Pai-va, ambos da legião Boa Vontade, durante inauguração do Campus ii da unipalmares.

*Fundação José de Paiva Netto, formada pela Boa Vontade TV, Rede Mundial de Televisão, Super Rede Boa Vontade de Rádio, Portal Boa Vontade, Editora Elevação, Som Puro Records e Gráfica Boa Vontade.

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“Dos 2.500

alunos da turma formada

em Administração, um terço já

está empregado em áreas importantes

da economia. Mostra que, se alguém

quiser, tiver vontade, consegue realizar

qualquer sonho.”

Milton Gonçalvesator

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pioneiro. Talvez hoje seja mais fácil falar do negro, por uma série de conjunturas. Mas antes, quando era muito difícil ser a favor do negro, ele já o fazia. En-tão, é um baluarte na condução desse tema em todos os veículos de comunicação e nas posições doutrinárias”, enfatizou.

Entre as personalidades que participaram da cerimônia, re-gistro para a presença da Secre-tária de Ação Social e Direitos Humanos do Rio de Janeiro, Be-nedita da Silva; da Diretora de

Eventos da Dorana Forte Real Formaturas, Rosa Falcone; do cantor e compositor Altair Veloso; dos atores Milton Gonçalves, Jorge de Sá, Rafael Zulu, Isabel Fillardis, Juliana Diniz, Neuza Borges, Ronnie

Marruda, Déo Garcez e Créo Kalleb; e a cantora San-

dra de Sá.Por ser um marco que aos

poucos se solidifica na história do negro no Brasil, o ator Milton Gonçalves revela a satisfação em participar desse processo democratizador. “Dos 2.500 alunos da turma formada em administração, um terço já está empregado em áreas importan-tes da economia. Mostra que, se alguém quiser, tiver vontade, garra, insistência e se auto-respeitar, consegue realizar qualquer sonho. Ter uma vida melhor e contribuir para o cole-tivo é uma coisa maravilhosa e fantástica. Há de se levar a sério a Educação”, afirma.

Em nome de todos os forman-dos, a Presidente da Comissão de Formatura, Sônia Maria Silva, enfatizou em seu discur-so: “Esse é o primeiro grande passo para registrar a nossa conquista. Todos nós, alunos da Unipalmares, temos uma histó-ria: não viemos só em busca de um diploma, viemos em busca de muito mais. Hoje, no Brasil, só podemos construir algo de melhor, principalmente para os

isabel Fillardis, atriz.

Vista parcial de um dos ambientes do novo campus da unipalmares

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“Parabéns para a Legião da

Boa Vontade também.

Se o assunto é Educação,

a LBV está sempre presente. ”

Sandra de Sácantora

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afro-descendentes, se tivermos parcerias”.

Sempre preocupada com o tema, a atriz Isabel Fillardis acredita que o racismo só dimi-nuirá “a partir do momento que a gente se desprender do egoís-mo e do individualismo e olhar para o lado. O próximo é impor-tante. Não podemos colocar o outro fora da nossa vida”.

No ensejo, Isabel relembrou as visitas que fez à LBV no Rio de Janeiro, quando se iniciava a construção do Centro Educacio-nal, Cultural e Comunitário da Legião da Boa Vontade, que hoje atende a milhares de crianças e famílias em diversos programas desenvolvidos no local. “Fui na obra da LBV no Rio quando es-tava nos alicerces, na construção e também no dia da inauguração. É um trabalho muito bom. A gente tem de cuidar das nossas crianças, que são o futuro. Um beijo para você, meu amigo Paiva Netto”.

Outra batalhadora da causa negra é a atriz Neuza Borges:

“Sou uma pessoa que sempre lutou contra os preconceitos que temos no Brasil. (...) Essa facul-dade era um sonho e se tornou realidade. Acompanho a Legião da Boa Vontade desde os meus 8 anos de idade, por isso o meu carinho por ela (...). Minha vida inteira falei que se tem um ho-mem que é digno de ser um Presidente no Brasil seria José de Paiva Netto, só assim acredito em uma mudança real no País”. E completou: “O meu amor, meu ca-rinho pelo Paiva Netto é uma grande verdade. Um beijão grande”.

A cantora Sandra de Sá, que conhece há muitos anos o trabalho socioeducacional da Legião da Boa Vontade, festejou a presença da Instituição nesta empreitada. “Parabéns para a LBV também, que está nas coisas mais sólidas da Educação. Se o assunto é Educação, a LBV está sempre presente. Um bei-jão para o Paiva e para toda a garotada”.

A importância das parcerias mereceu destaque ainda da Se-cretária de Ação Social e Direi-tos Humanos do Rio de Janeiro, Benedita da Silva: “Temos uma Legião de Boa Vontade para construir uma oportunidade educacional em que a cor da pele não faça nenhuma diferen-ça para que se tenha acesso à Educação. Os parceiros, como a LBV, são fundamentais para fazer dessa política uma polí-tica nacional. (...) A Legião da Boa Vontade sempre se faz pre-

sente. Ao Presidente José de Paiva Netto um abraço”.

Respeito à diversidadeÉ válido refletir acerca destas

palavras do dirigente da LBV, es-critas por ocasião do 13 de maio, em que ele dá um caráter espe-cial à data. Trata-se de trecho do artigo O Abolicionista Divino, em que Paiva Netto nos remete a pensar sobre o verdadeiro conceito de liberdade. Afirma o jornalista: “Libertar-se é ter, acima de tudo, discernimento espiritual, de preferência em consonância com essa instigante sugestão do Sublime Reforma-dor: ‘Buscai primeiramente o Reino de Deus e Sua Justiça, e todas as coisas materiais vos serão acrescentadas’ (Evange-lho de Jesus, segundo Mateus, 6:33)”.

Déo Garcez, ator.

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“Acompanho a Legião da

Boa Vontade desde os meus

8 anos de idade, por isso o meu

carinho por ela.”

Neuza Borgesatriz

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A paulistana Nair Bello é exemplo de atriz e come-diante que provocava o riso fácil, improvisando

por vezes, quando estava em cena. Sua partida nos deixa saudosos de seu cativante jeito e personagens marcantes. Gravou nove filmes, quinze novelas e dois seriados, além de participações especiais em diversos programas humorísticos, ao longo de sua carreira. No teatro, atuou em apenas um espetáculo, o “Alegro Desbum”, em 1975.

Nasceu no dia 28 de abril de 1931, na cidade de São Paulo. Desde pequena, afirmava que seria atriz e, já aos 8 anos, encenava em casa para a família. Dez anos mais tarde, adolescente, estreou na Rá-dio Excelsior como locutora e atriz comediante, chamando a atenção com seu sotaque italiano. Na TV a primeira participação foi como protagonista de um comercial.

Ao estrear no cinema, em 1951, com o filme Liana, A Pe-cadora, Nair contracenou com a apresentadora de TV Hebe Camargo. A partir daí, torna-ram-se grandes amigas. Entre os longas dos quais participou destacam-se: Simão, O Caolho (1952); Os Apavorados (1962); Tô Na Rua Ô Bicho (1971); Das Tripas Coração (1982) e Fogo e

Aos 75 anos, a notável atriz Nair Bello voltou à Pátria Espiritual.

Paixão (1988).Seu último sucesso foi em um

quadro humorístico da TV Globo, atuando como a personagem San-tinha, mulher de meia-idade da periferia, sem papas na língua. A princípio, contracenava com o ator Rogério Cardoso (1937-2003).

Nair, que também demonstrava seu apoio às causas solidárias, cer-ta ocasião visitou a Supercreche Jesus, da Legião da Boa Vontade, na capital paulista. Envolvida pela alegria das crianças ali atendidas ressaltou: “Acho que estou em outro país! A LBV está realizando um trabalho fantástico. Assisto aos programas do Irmão Paiva pela TV Bandeirantes. Mas hoje, quando entrei aqui, fiquei im-pressionada”. Em entrevista ao programa Boa Vontade, convidou: “Quando alguém da LBV pedir algum donativo para ajudar as obras, por favor, atendam, porque vocês não sabem o bem que esta-rão fazendo a milhares e milhares de pais e crianças”.

A atriz retornou à Pátria Espi-ritual em 17 de abril e as últimas homenagens feitas a ela foram na Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo, no dia 18. Na ocasião, representantes do Diretor-Presidente da LBV prestaram solidariedade à família de Nair, cumprimentaram

VELHOS AMIGOS: Paiva Netto re-cebe Nair Bello em seu gabinete na cidade de São Paulo/SP. Na ocasião, a atriz visitava a Supercreche Jesus, em 12 de outubro de 1988.

“Acho que estou em

outro país! A LBV está

realizando um trabalho

fantástico.”

Nair Bellodurante visita à LBV

os filhos José e Maria Bello e lhes entregaram o livro Como vencer o sofrimento, de autoria do escritor Paiva Netto.

Ao Espírito eterno da ilustre atriz o respeito da LBV. Que receba, onde quer que esteja, as vibrações de Paz e Amor da Instituição, na certeza de que “os mortos não morrem!”.

Saudadesde quem faz sorrir

Natália Lombardi

In memoriam

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Nair caracterizada como a personagem Santinha, que

interpretou um famoso quadro humorístico na TV Globo.

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24 | BOA VONTADE

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Carlos Arthur Pitombeira* (especial para a BOA VONTADE)

Estamos todos na expectativa do modelo de TV pública que o Presidente Luiz Inácio Lula da Silva promete implantar no

Brasil, sendo esta, talvez, a maior atribuição conferida ao jornalista Franklin Martins, indicado para comandar a área de Comunicação do governo. O País realmente está precisando de televisão plural, como a existente em todo o mundo (a BBC de Londres é o exemplo clássico), na

pela TV

Método Paulo Freirepode ser implantado no País

qual a programação não seja deter-minada pela maior audiência nem pelo interesse comercial do lucro, mas orientada no sentido de que possa produzir programas voltados para os diferentes Brasis. Trata-se

Opinião — Mídia Alternativa

Paulo Freire (1921-1997) — Conhecido mundialmente, o educador brasileiro, é

autor de 40 livros, entre os quais, Pedago-gia do Oprimido, considerada sua princi-pal obra. Neste mês de maio, completou

10 anos na Pátria espiritual.

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de um bom passo do governo Lula no caminho da democratização da informação, no amplo sentido social, e não na forma como o PT defende a democratização da mídia em documento bastante polêmico a ser discutido no 3º Congresso que o partido realizará em julho próximo.

Quanto mais plural forem a infor-mação, a circulação da opinião e a di-fusão de conhecimentos, melhor. Os primeiros passos para a implantação da TV pública precisam ser dados com a abertura imediata dos sinais a cabo das TVs Estatais e da Rede Universitária para que, nos horários mais acessíveis aos trabalhadores de cada região, possam ser oferecidos cursos de alfabetização para os mais de 40 milhões de analfabetos desse País. Essa pode ser uma parte impor-tante do Programa de Educação do governo Lula que promete auxiliar os municípios nesse sentido. Ajuda com muito dinheiro mesmo.

O modelo a ser seguido parece-nos simples e está ao alcance de todos: o método do professor Paulo Freire (1921-1997) com o qual aquele educador pernambucano, no início dos anos 1960, em apenas 45 dias alfabetizou 300 trabalhadores rurais no interior do Rio Grande do Norte. Em 1963, o sucesso do programa foi tão grande que aca-bou sendo aplicado com excelentes resultados nas favelas do Recife,

sendo posteriormente adotado em âmbito nacional pelo Presidente João Goulart (1918-1976). Moni-tores treinados dispunham apenas de um projetor para exibir, nos lençóis brancos abertos no campo, no crepúsculo entre o entardecer e a noite, os slides que associavam cultura local às letras do alfabeto, os instrumentos de trabalho às sílabas que formavam palavras, compondo orações que lhes abriam o caminho da leitura e do saber. A televisão pode, hoje, difundir muito melhor esse processo de alfabetização no tempo recorde de um mês e meio.

A TV pública tem como apresen-tar esses cursos; nossos professores, como organizá-los; ficando por con-ta da TV aberta promovê-los com chamadas nos horários nobres de sua programação, principalmente nos in-tervalos das novelas, que sabemos de grande audiência. Estaria formada, assim, a parceria TV Pública — TV Estatal — TV Comercial em favor da democratização da Educação. É preciso lembrar que os canais comerciais são uma concessão do poder público. Outros programas, em defesa da cidadania e da ética, e debates sobre os grandes aconteci-mentos nacionais, obedeceriam ao mesmo modelo. A notícia não pode ser privilégio de alguns. Precisa estar ao alcance de todos, ter a sua livre interpretação para que não haja dominação das consciências nem conservação das estruturas sociais.

Recente pesquisa acaba de re-velar que 20% da população adulta ignoram a crise provocada pelos controladores de vôo nos aeroportos brasileiros, conhecida como apagão aéreo. No País, por conta da exclu-são da população mais pobre, do negro e do analfabeto, da pauta de debate dos grandes temas nacionais, a maioria não sabe o que é lavagem de dinheiro. Os que têm uma vaga idéia sobre o assunto desconhecem o projeto que tramita no Congresso Nacional visando punir com rigor e retomar os bens auferidos com este crime que envolve grande parte da elite brasileira. O efeito estufa, a escassez de água ameaçando a Humanidade, o aquecimento global, o porquê de a Amazônia, o cerrado e o pantanal estarem entre os ecos-sistemas brasileiros que podem ser os mais afetados pelo aumento da temperatura global, também são ignorados. Direitos trabalhistas como férias, 13º salário, FGTS, Vale-Transporte, Vale-Alimentação e Assistência Médica precisam de discussões com maior participação do Povo que ainda convive com o trabalho escravo.

A Reforma Partidária não é ex-plicada na mídia impressa e eletrôni-ca com uma linguagem capaz de ser entendida pelo eleitor da periferia. E essa discussão tem a ver com o mo-delo de parlamento que se deseja ver constituído nas esferas municipal, estadual e federal, para o resgate da

Opinião — Mídia Alternativa

Carlos arthur Pitombeira, jornalista e conselheiro da aBi

aNalFaBeTiSMO DO iDOSORecente pesquisa realizada em São Paulo, em parceria com o Sesc,

revela que 49% dos brasileiros com mais de 60 anos de idade são analfabetos, gostariam de voltar à escola e alimentam o sonho de cursar uma faculdade. Os que não passaram da 8a série do ensino fundamental somam 89%, enquanto que 4% disseram saber escrever e ler apenas o próprio nome. O percentual dos que nunca foram à escola é de 18% e dos que gostariam de ser alfabetizados, 6%. Os que consideram ler e escrever uma tarefa difícil totalizam 22%.

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cidadania. Por que à população não é dado o direito de participar dessa reforma? O Povo precisa entender o atual processo em que vota em um candidato e elege outro. E decidir se quer ou não o voto obrigatório. Mas, para isso, precisa ter acesso à informação. E aí, além dos jornais alternativos, entra a participação decisiva da televisão e do rádio.

Bom seria se as TVs tratassem de temas como esses em horário nobre, contando igualmente com a participação dos telespectadores, tal qual ocorre com o envolvimento do público para saber, por exemplo, quem deve ser eliminado de uma das muitas etapas dos reality shows. As rádios AM de maior audiência em cada Estado poderiam fazer o mesmo. Temas como ética e cidada-nia precisam ser pauta obrigatória na mídia. Mas não é assim.

Coincidência ou não, em Minas Gerais, a partir da recente migração do sistema de transmissão a cabo analógico para o sistema com tecno-logia digital, as empresas prestadoras de serviços de TV a cabo deixaram de transmitir os canais de institui-ções públicas. Em algumas cidades da região sul e em Belo Horizonte, por exemplo, não é mais possível acessar a TV Senado se o aparelho estiver conectado a uma TV a cabo com tecnologia de transmissão com sinal digital.

É preciso interiorizar a infor-mação, aprofundar a análise dos conceitos nela contidos, pois é da orientação que se imprime à forma-ção da opinião pública que depende o desenvolvimento econômico e social de um Povo.

Em um país onde juízes e de-sembargadores são acusados de corrupção e envolvimento com o crime organizado; em que deputados mensaleiros são anistiados pelo Con-selho de Ética da Câmara e onde só

existe prisão para os pobres, já pas-sou da hora de se repensar o modelo social. E para isso vamos precisar de uma nova mídia. A família, a so-ciedade e o Estado não podem mais continuar impunemente a cometer delitos constitucionais pelo não-cumprimento da norma impositiva como dever.

Essa discussão estéril sobre a redução da maioridade penal para re-solver o problema da violência, pelo visto, tem o apoio quase unânime da população. Para o governo, entretan-to, os jovens precisam é de medidas socioeducativas. Mas como, se os exemplos de corrupção dados por alguns magistrados não ajudam. Eles tiveram chance de estudar em bons colégios, ter família e regalias. E o que fizeram? E o mais grave: estão em liberdade. Precisamos mu-dar a sociedade que aí está. Ela não

é só produto da má distribuição de renda, mas da ignorância. O profes-sor Paulo Freire costumava dizer que “a miséria dos famintos não é castigo de Deus, mas se deve à falta de conscientização das pessoas que vivem no analfabetismo”.

Todo esse quadro que aí está só vai sofrer mudanças com a democratização da mídia. E se o governo quer realmente contribuir nesse sentido, deve dar o exemplo com seus meios de comunicação. A imprensa que defendemos não pode estar vinculada à linha ideológica de esquerda ou direita. O que se deseja é que, nela, as idéias não sejam impostas, mas debatidas, que escrevendo ou falando o leitor, ouvinte ou telespectador tenha o seu espaço, porque o jornalismo não pode continuar sendo um campo de batalhas ideológicas.

O Presidenteda República,

luiz inácio lula da Silva,

conversa com o Ministro Franklin Martins durante

cerimônia de encerramento do

recente Fórum Nacional de TVs

Públicas. Rica

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Início do século XX: o mundo deslumbra-se com o avião inventado pelo bra-sileiro Santos Dumont

(1873-1932), que pela primeira vez alça vôo com o 14 Bis, a fotografia colorida é realida-de graças a Auguste Lumière (1862-1954), e o Cubismo sur-ge com Picasso (1881-1973) e Braque (1882-1963). Aqui, no Brasil, a Economia sofre abalo com a crise cafeeira, por causa da superprodução, o que é logo equacionado em virtude da in-tervenção do governo brasileiro. É neste cenário, distante para a maioria de nós, que nasce, em 16 de setembro de 1907, Claudionor Vianna Telles Velloso, ou dona Canô, apelido que recebeu de um menino que não soube pronunciar o seu nome. A cidade de origem, Santo Amaro da Purificação, a 85 quilômetros de Salvador, é ainda hoje o local escolhido pela ma-triarca dos Vellosos para residir,

Dona Canô, a matriarca dos

Vellosos, revela como chegar

aos 100 anos acreditando

no Amor, na União e na Fé

em Deus.

grandes liçõesUm século de

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Leila Marco

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Abrindo o Coração

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grandes lições

tendo apenas dele se ausentado em alguns períodos de sua vida ou em ocasiões especiais, quando acompanhava os filhos em via-gens e shows.

E foi no velho casarão da famí-lia, na cidade de Santo Amaro, no Recôncavo Baiano, que a equipe da BOA VONTADE se encontrou com dona Canô para esta entre-vista. Prestes a completar 100 anos, ela fez uma retrospectiva da família e de acontecimentos que marcaram a biografia de dois ícones baianos, o cantor e compositor Caetano Veloso e a intérprete Maria Bethânia.

Segundo ela, a cidade sempre foi um lugar especial, tranqüilo e acolhedor. “Nasci, me criei, meu marido é daqui, a família dele e a minha também”. Da in-fância, as lembranças, dos 7 aos 15 anos, são as mais caras: “Na Usina Passagem, que promovia festas, baile pastoril, um retrato de dramas e comédias com moci-nhas, rapazes. E desde os 7 anos a freqüentei. A minha infância foi uma maravilha, brincávamos, o pessoal era muito unido, foi uma vida muito boa até 15 anos”.

Desse período realça a qua-lidade, na época, do ensino fun-damental, em que, por exemplo, dona Canô teve a oportunidade de aprender francês e a tocar piano. “Eram professores bons. Havia duas escolas para rapa-zes, uma do Padre Monsenhor Soares, onde o Zeca (seu esposo) estudou, com padres portugueses. E dois colégios para moças: a Sacramentinas e de dona Cora Araújo. Eram escolas que prepa-ravam pra fazer qualquer exame,

hoje estariam bem apreciados para ir à faculdade”.

Em 7 de janeiro de 1931, casa-se com José Telles Velloso, o grande amor da vida dela, que conheceu graças a amigo em co-mum. “Ele era um bom marido, uma pessoa maravilhosa, tomava conta da família toda dele, da irmã, mãe, cunhados, parentes, sobrinhos. Foram 53 anos (jun-tos) muito bem-vividos”.

Logo vieram os filhos, a pri-meira foi Eunice (ou Nicinha para a família), uma menina de 3 anos, que adotaram. Depois mais seis biológicos: Clara Maria, Maria Isabel (ou Mabel, como ficou conhecida a escritora da casa), Rodrigo, Roberto, Cae-tano e Maria Bethânia. E o Lar dos Vellosos, rico em amor, ainda receberia em seu seio a caçula Irene.

uma casa alegre e a parceria entre os irmãos

A mãe diz que, mesmo sendo em número de oito, não havia grandes travessuras, mas, sim, muita alegria: “Eram brinca-

“O meu maior orgulho é

meus filhos serem unidos

a mim ainda hoje, mesmo

com a posição que

ocupam, principalmente

Bethânia e Caetano.

Isso é muito bom! Se eu

gemer, daqui a pouco

chega todo mundo. A

união é a melhor coisa

do mundo.”

Foto em família. em sentido horário, os filhos Nicinha, irene, Rodrigo, Mabel, Roberto, Caetano, Bethânia, Dona Canô e Clara.

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lhões e amigos, como são até hoje. Tinham bastantes amigos na cidade, mas todos dentro da nossa casa”.

Dona Canô conta que Caetano e Bethânia desde pequenos in-tuíam o futuro que os esperava. “Toda hora eles brincavam: ‘Vou ser artista’. E eu dizia: ‘Ser ar-tista não é brinquedo!’”. Ao que lhe retrucavam: “Você vai ver, você vai ver!”.

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pais, cantando Feitiço da Vila (de Vadico e Noel Rosa) e Mãezinha querida (de Getúlio Macedo e Lourival Faissal), que fez muito sucesso com Carlos Galhardo (1913-1985), sendo acompanha-do ao piano pela irmã Nicinha.

De Caetano ainda rememora a aptidão para o desenho e a pintu-ra a óleo. “Ele pintava e tocava muito, o dia inteiro, ou (estava ao) piano ou pintando, nunca ficava parado”.

O talento dos filhos ganha os palcos

O fato é que os filhos de dona Canô tinham razão, e a primeira grande oportunida-de surge para Maria Bethânia quando ela é convidada para substituir, em 1965, a cantora Nara Leão (1942-1989) no show Opinião, no Rio de Janei-ro. “Aconteceu pelo valor dela.

Fiquei preocupadíssima, ir para o Rio. Caetano falou: ‘Minha mãe, eu levo ela’. Bethânia can-tou uma música dele no show e foi depois procurada para saber quem tinha feito aquela letra. Então, eles começaram”.

Neste espetáculo, a cantora baiana estreou com destaque ao interpretar, de forma diferenciada e forte, Carcará, que se tornou sucesso nacional. Foi também pioneira ao registrar em disco a música do irmão É de manhã, em compacto simples pela RCA Vic-tor. Daí por diante os dois tiveram cada vez mais êxito, participando da Bossa Nova, dos grandes fes-tivais e, posteriormente, criaram com outros artistas, a exemplo de Gilberto Gil, Tom Zé, Torquato Neto, Gal Costa, o Tropicalismo, movimento de vanguarda que sacudiu as estruturas culturais da época. Seguem até hoje como grandes nomes da Música Popu-lar Brasileira (MPB).

Esses passos foram acompa-nhados de perto pela carinhosa mãe, que sempre que podia via-java pelo Brasil e Exterior para assistir aos shows dos filhos. “Todos me emocionavam muito, porque eu nunca esperei que eles chegassem onde estão. Ver meus filhos, o Povo, aquela multidão aplaudindo, gritando, é uma coisa muito séria. Não sou de chorar, mas havia músicas que eu chegava a parar pra...”.

E confidencia: “O meu maior orgulho é meus filhos serem uni-dos a mim ainda hoje, mesmo com a posição que ocupam, prin-cipalmente Bethânia e Caetano. Isso é muito bom! Se eu gemer,

Vista parcial da cidade de Santo

amaro da Purifica-

ção/Ba.

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Seu Zeca e dona Canô na missa em comemoração às Bodas

de Ouro do feliz casamento.

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E realmente o talento ia fluin-do de maneira natural, em meio às brincadeiras de criança: “Cae-tano tocava, o dia inteiro, piano! Ele chegava do colégio, nem entrava direito em casa, e esta-va ao piano. Eu dizia: ‘Caetano chegou!’ (risos). Uma loucura pela música que tem até hoje. E compunha, a gente nem sabia. Só quem tinha conhecimento era Mabel, porque ele dava (as letras) a ela para guardar”. Há mesmo uma gravação única feita, em 1952, por Caetano na casa dos

Abrindo o Coração

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daqui a pouco chega todo mun-do. A união é a melhor coisa do mundo”.

Revezes e a confiança na amizade

Poucas coisas abalaram esta guerreira na longa trajetória, tal vez esteja aí seu segredo de longevidade, pois não se aborrece facilmente com as dificuldades do dia-a-dia, mantendo um invejável bom humor. Entre esses eventos que mexeram realmente com dona Canô, pode-se citar dois em especial: o exílio de Caetano, em Londres/Inglaterra (1969-1971), e a morte de seu José Telles Vello-so. Eles haviam se mudado por causa dos filhos para Salvador, no começo da década de 1960, e, para cumprir o último desejo do marido que estava muito doente, retornaram em 1983 a Santo Amaro, vindo seu Zeca a falecer seis dias depois de se instalarem no casarão.

Em todos esses e outros mo-mentos difíceis, ressalta: “A fé em Deus é o que me mantém viva”. Concluindo: “Eu não creio que uma pessoa sem fé tenha boa vida. No mínimo, vamos dizer, fé numa estrela, na luz, em qualquer religião”.

O valor à amizade é algo que também a faz mais forte. Desde os mais próximos que a ajudam nas tarefas de casa, como uma antiga colaboradora que ela chama carinhosamente de Fifi, a grandes personalidades que encontram no caráter forte desta mulher simples o próprio retrato do Povo brasileiro batalhador, que não se entrega diante das

dificuldades e constrói um País melhor.

Uma das pessoas que se en-cantaram com este modo de ser foi o Diretor-Presidente da LBV, José de Paiva Netto, que, em 1988, visitando sua residência recebeu o convite de dona Canô para almoçar com ela. Basta-ram aquelas poucas horas para um sincero sentimento de afeto frutificar. Desde então, não há aniversário ou data especial que passe em branco. “Paiva Netto veio com o filho almoçar comigo. É meu amigo, não se esquece de mim e eu acompanho as coisas que ele faz, gosto muito, aprecio. Há um retrato meu lá na LBV em Salvador. Ele não esquece, toda data! (risos) São essas coisas que confortam a gente, é ter amigos. Amizades do tempo antigo que se conservam até hoje.”

Dona Canô fala dos presentes que recebeu do líder da LBV, como dois quadros com a imagem de Jesus: “Um para mim e outro para Bethânia, que está no quarto dela. Todo ano no meu aniversá-rio ele traz flores, presentes, não esquece. Pessoa distinta, muito distinta. E o trabalho dele, eu aprecio muito, porque cuidar da criança, primeiro, é difícil e, se-gundo, é belo”.

E arremata: “Fiz a entrevista de Boa Vontade. Faria a qualquer hora. Eu acompanho a revista. Leio, gosto de ver o serviço que Paiva Netto faz, as pessoas que adotam o trabalho dele, procuro me empenhar, é a minha vida”.

Colaboração: Mariana Rodri-gues e Nizete Souza

“Paiva Netto veio com

o filho almoçar comigo.

É meu amigo, não se

esquece de mim e eu

acompanho as coisas

que ele faz, gosto

muito, aprecio. Há um

retrato meu lá na LBV

em Salvador. Ele não

esquece, toda data!

(risos) São essas coisas

que confortam a gente,

é ter amigos. Amizades

do tempo antigo que

se conservam até

hoje.”

Visita cordial do dirigente da lBV à querida amiga, que carinhosamente Paiva Netto chama de Mãe Canô, em Santo amaro da Purificação/Ba, no ano de 1988.

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Atualmente, estima-se que mais de um milhão de bra-sileiros vivam na América do Norte. É nesta grande

comunidade verde-amarela — a maior fora do Brasil — que muitas personalidades e instituições têm

promovido uma imagem positi-va do País e de sua gente. Há

10 anos, quem faz brilhar o nosso nome lá fora é ho-menageado com o Press Award, láurea que em 2007 foi entregue durante

o II Congresso Internacional de Cultura e Mídia Brasileira,

no Teatro Parker Playhouse, em Fort Lauderdale (Flórida/EUA), entre os dias 12 e 14 de abril.

O encontro que debateu cultura e mídia brasileiras teve neste ano 12 painéis discutindo a produção cultural e a comunicação brasileira no Exterior. Segundo o jornalista e criador do evento, Carlos Borges, em 2006, oito países enviaram repre-sentantes. Neste ano, as solicitações ultrapassaram 15 nações. “Esse é o

nos Estados UnidosPress Award homenageia

brasileiros que se destacam

nos EUA divulgando o Brasil

nosso objetivo. Agregar toda nossa produção cultural e de comunicação fora do país. Essa é uma realidade cada vez maior e mais importante, já que, segundo dados do Itamaraty, são mais de três milhões de brasilei-ros vivendo no Exterior”, afirmou o jornalista.

Homenageando destaques de 12 Estados norte-americanos, Inglaterra e Japão, o Press Award é, de fato, uma das mais importantes premia-ções nossas lá fora e teve diversos momentos que fizeram a platéia, re-pleta de autoridades, celebridades e lideranças da comunidade brasileira, emocionar-se e aplaudir de pé.

Entre os que receberam a hon-raria está a Legião da Boa Vontade, eleita pelo voto popular como Des-taque Comunitário/Instituição. “O trabalho da LBV é um dos mais sé-rios e meritórios do Brasil. Eu pes-soalmente a acompanho há muitos anos e sou seu fã incondicional. A LBV tem uma presença muito forte em Nova York. O que vocês trazem é a semente de um serviço

verde-amarelaPremiação

“O trabalho

da LBV é

um dos

mais

sérios e

meritórios

do Brasil. Eu

pessoalmente a acompanho

há muitos anos e sou seu

fã incondicional. A LBV tem

uma presença muito forte

em Nova York.”

Carlos BorgesCriador do Press Award

Atualidade Internacional

Danilo Parmegiani e Marta TrigueiroFotos: Adriana Rocha e Amanda Vieira

32 | BOA VONTADE

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de ajuda emocional, psicológica. Quero mais para a Instituição neste prêmio”, comenta Carlos Borges, após pronunciamento do representante do dirigente da LBV, José de Paiva Netto, o jovem Alzi-ro de Paiva.

A láurea é um reconhecimento ao trabalho humanitário que a LBV realiza há 57 anos no Brasil e ao seu Diretor-Presidente, o jor-nalista e escritor Paiva Netto, pelos mais de 50 anos de serviço que não tem fronteiras e empolga outras nações. Atualmente, essa iniciativa solidária é desenvolvida na Argen-tina, Paraguai, Uruguai, Bolívia, Portugal e Estados Unidos, dentre outras regiões do mundo.

O jornalista Eliakim Araújo, diretor, apresentador e organizador do Projeto Conexão Flórida, falou da característica que o congresso tem de unir as mídias brasileiras: “Não adianta uma, duas ou três pessoas terem idéias mirabolan-tes, é preciso que haja unidade nas idéias e um esforço mútuo em

mostrar a cara do Brasil, quantos nós somos, o que queremos”. Na entrevista, agradeceu também a presença da LBV: “Paiva, um abraço para você”.

Além de receber o prêmio, a Instituição teve espaço para expor sua ação, com o Painel Social Affairs (Relações Sociais), que mostrou os programas e projetos desenvolvidos em favor das po-pulações menos favorecidas, em especial com a Rede Sociedade Solidária. A respeito da iniciati-va, observou a jornalista Leila Cordeiro: “A LBV faz um belo trabalho”.

Entre os outros agraciados de 2007, destacam-se Caetano Velo-so, Marisa Monte, Sônia Braga, Arthur Moreira Lima, Mauricio de Sousa e Hortência; além da Empresa Brasileira de Aeronáu-tica (Embraer) e OCF (Organiza-ção Contábil Felix); dos eventos Brazilian Day, Brazilian Film Fes-tival of Miami, FLA-BRA Festival e o Miss Brasil-USA.

Na primeira imagem, da esquerda para a direita, os representantes da lBV no evento, Danilo Parmegiani e alziro de Paiva, e os jornalistas eliakim araújo e leila Cordeiro. Na segunda, com o Cônsul-Geral do Brasil em Miami, embaixador João almino. Na foto abaixo, alziro aparece com o editor-chefe do jornal The BrasilianS, edilberto Mendes.

1 2

3

nos Estados Unidosverde-amarela

O representante da lBV conversa também com a simpática leona Forman, Presidente e CeO da BrazilFoundation.

BOA VONTADE | 33

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Conheça um pouco de Washington

Olivetto, eleito o Publicitário do

Século XX.

Capa Capa

34 | BOA VONTADE

O diferencialda W/Brasil

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Leila Marco e Leilla ToninFotos: Daniel Trevisan

Estamos na W/Brasil para a entrevista com o Presidente da agência, o publicitário Washington Olivetto. Ele

chega até a sala preparada para o encontro em ritmo acelerado. Após as apresentações o bate-papo começa e aquela energia toda se concentra para falar, sobretudo, de publicidade, contar um pouco de suas memórias, conquistas e ex-periências profissionais, além de narrar um pouco de sua infância. Washington não é um homem fácil de se descrever: “Sou mediano em quase tudo, quase bom em várias coisas, mas tenho o intuitivo muito forte e sou uma pessoa extrema-mente leal”.

Talvez isso explique resumi-damente o talento especial que, já aos 19 anos, em seu primeiro trabalho de publicidade, o levou a conquistar o consagrado prêmio francês do Festival de Cannes e, daí em diante, a lista apenas foi aumentando. Hoje a W/Brasil é uma das mais premiadas agên-cias do mundo, com cerca de mil prêmios, entre Leões de Cannes, Clio Awards e outros. Sucessos inesquecíveis da propaganda brasileira são de sua lavra, como a menina do primeiro sutiã, o Garoto Bombril, o cachorrinho salsicha da Cofap, o rato da Folha

de S.Paulo, os três gordinhos do DDD, os casais Unibanco.

Se não bastasse ter seu nome associado à propaganda, este pau-listano do bairro da Lapa encontra espaço ainda para dedicar-se à música e a escrever, e não reclama, pois diz que é graças a essas várias áreas de atuação que consegue realimentar o seu trabalho como publicitário. É autor dos livros Os Piores Textos de Washington Olivetto e Corinthians — É Preto no Branco, que fala de uma de suas maiores paixões: o time do Parque São Jorge.

Para os próximos tempos anun-cia uma nova revolução para a publicidade e, um pouco mais tarde, pretende deixar a W de tal forma autônoma que ela possa caminhar sem a presença dele no dia-a-dia, quando pretende viajar pelo mundo com a esposa e o casal de gêmeos, “pois os meus filhos pequenos estarão com 12 anos de idade, irreversivelmente brasileiros e corintianos”.

BOA VONTADE — Como foi ser eleito publicitário do século em 1999?

Washington Olivetto — Foi muito gostoso. Lógico que na vida é bom ganhar dinheiro, ser reconhe-cido, mas as duas melhores coisas

que o sucesso profissional lhe dá, na minha opinião, são a oportunidade de ficar amigo dos seus ídolos, que é legal, e de ser admirado por muita gente que ambiciona fazer o mesmo que você. Isso é o mais prazeroso em qualquer atividade.

BV — Washington Olivetto crian-ça já era criativo?

Washington — Não. Obvia-mente tenho alguma aptidão, mas o que fiz, na verdade, foi treinar o meu talento, trabalhá-lo, que nem é tão grande assim. No meu caso, era uma criança de família de classe média e, por uma circunstância de vida, aprendi a ler muito cedo, por volta dos 4 para os 5 anos. Agrade-ço tudo que aconteceu na minha vida a Monteiro Lo-bato (1882-1948), graças ao prazer que criei pela leitura, pois a melhor maneira de aprender a escrever é lendo. Por outro lado, tinha uma grande admiração pelo trabalho do meu pai, ele é um bom vendedor. No início da minha adolescência, havia uma dúvida na minha cabeça:

Washington Olivetto na Primeira Comunhão

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BOA VONTADE | 35

O diferencial

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geração anterior a minha; quando comecei na atividade ela estava profissionalizada e muito prepa-rada para receber um profissional com as minhas ambições, de fazer algo mais visível, de reconheci-mento internacional. Fui estagi-ário muito garoto, com 18 pra 19 anos, de uma agência pequena, o que aparentemente não era legal, mas foi ótimo. Primeiro, porque tinha muita coisa para fazer e pouca gente; segundo, porque as pessoas com mais experiência perceberam que tinha potencial e aí rapidamente fui contratado. O pessoal foi muito legal comigo, fui bastante acarinhado no início da atividade, isso me ajudou bas-

tante.

BV — Qual a principal função da propagan-da?

Washington — É vender produtos, cons-truir marcas ou idéias. O trabalho da W/Brasil tem algum diferencial, o fato

de sermos intimamente ligados à cultura popular brasileira. A mi-nha missão, mas nem sempre se consegue isso, é, além de cumprir as obrigações básicas, que se con-siga entrar para a cultura popular

do País. Isso me fascina, não é simplesmente uma mensagem pra vender um produto, mas, sim, que acrescentou algo na vida das pes-soas: pode ter sido um sorriso, uma informação útil, um aprendizado estético. A gente pode ser um pou-quinho mais ambicioso no nosso trabalho, e é isso que tento fazer.

BV — Você disse, certa vez, que foi a pessoa que deu essa visibi-lidade aos profissionais da sua área. Como isso aconteceu?

Washington — O que ocorreu foi que, como comecei novo e sempre fui batalhador — a minha vida é baseada em algum talento, sorte e muito trabalho —, acabei fazendo diversas coisas que o público gostava. Então, cria-se uma curiosidade a respeito de quem fez, e comecei a ganhar uma visibilidade fora do meu meio. Na-quele momento, obviamente não sabia da utilidade que o fato teria para mim, do ponto de vista do negócio, mas depois fui ganhando ciência e organizei isso, sempre tomando um cuidado que tomo até hoje: que a minha visibilidade seja sempre menor que o meu trabalho. Não é por bondade, isso não! Sou vaidoso o suficiente, adoraria ser capa da Time na mesma semana

Monteiro lobato

Capa

“Será que quero ser um vendedor? Ou quero escrever?”. Então, racio-nalizei que onde misturava o gesto de escrever para todas as mídias com o de vender era a publicidade, e aí foi que descobri para que eu servia. No fundo é tudo muito simples, todo mun-do nasce para fazer algu-ma coisa bem, mas são poucos aqueles que têm a sorte de descobri-la, por isso, poucos são bem-sucedidos e felizes em seus trabalhos.

BV — Quem o ajudou nessa caminhada?

Washington — Sou grato à

em 1981, Washington recebe o feste-jado Clio awards (estatueta de Ouro), concedido anualmente aos destaques na propaganda e design internacional.

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“Parto de um princípio

muito simples: propaganda

é criada, aprovada e

veiculada por pessoas,

quanto melhores forem

elas, melhor será a

propaganda.”

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Carlinhos Moreno

andrés Bukowinski

que merecesse ser também da Newsweek, ou seja, que o meu tra-balho fosse merecedor. Piloto para que a minha exposição aconteça totalmente no profissional.

BV — Quem se beneficiou com essa sua sacada?

Washington — Olha, acredito que em alguns pontos fui boa mãe e um pouco madrasta má na histó-ria das gerações que vieram depois da minha. Boa mãe, no sentido de que procurei implantar padrões de qualidade, buscar a excelência na publicidade, ter coe rência de comportamento, como o fato de nunca ter aceitado fazer — sendo muitas vezes convidado — cam-panhas políticas ou de empresas governamentais, foi um grande diferencial na minha vida. Eu só trabalho com a iniciativa privada. Por outro lado, a minha visibili-dade fez com que muitos jovens, ingenuamente, ima ginassem que o negócio da publicidade é mais próspero, fácil, divertido. Muita gente di recionou-se para uma área não sendo a ideal para aquela pes-soa, olhando um pouquinho o meu exemplo, isso me preocupa.

BV — Seu primeiro comercial recebeu um Leão de Bronze no

Festival de Cannes. Você espera-va por isso?

Washington — Não, de jeito nenhum. Fiz o comercial, ele não era tão bom quanto ficou, o meu diretor de criação tirou alguns de-feitos dele, mas mesmo assim não imaginava que fosse ga-nhar um Leão de Bronze no Festival Internacional, como era Cannes, que na-quela época tinha grande prestígio. Tanto, que quan-do soube da premiação, fiquei na dúvida se havia algo errado. Sou muito autocrítico, sempre fui. É curioso, exijo que me levem a sério, mas não me levo a sério.

BV — Você foi responsável pela criação do garoto-propagan-da da Bombril, um comercial que está há quase três décadas no ar, é algo especial...

Washington — Quan-do criamos a campanha em 1978, jamais imaginamos que ela faria sucesso em 2007, que entraria para o Guinness, em 1995, e continuasse. Hoje sei explicar, não tenho dúvida de que o grande mé-rito da campanha Bombril é que o

personagem tem uma magnífica biografia, é bem escrito e há o fa-buloso talento do Carlinhos Mo-reno, que permite que se freqüente todas as alternativas que a comu-nicação possibilita. Ela mistura a persuasão da propaganda com a

atualidade do jornalismo, auto-renova-se o tempo inteiro. Fora isso, temos três pessoas nessa para-da que participaram de tudo, que são o Carlinhos Moreno, o Andrés Buko-winski, que dirigiu os 334 filmes até hoje, e eu, que

trabalhei em todos eles, seja como redator ou diretor. É a campanha da história da publicidade de maior durabilidade no mundo, que além de tudo tem um total controle das pessoas que participaram de todas as fases, está tudo amar-

rado, além de estar bem documentada, numa ati-vidade que muitas vezes se perde a memória com facilidade. (...) Bombril é exatamente o contrário, era publicidade, virou cultura popular.

BV — O público também evoluiu como a propaganda?

Washington — O público é

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ação

BOA VONTADE | 37

“A gente se treina para ser

muito pouco passadista,

por mais que se tenha

realizado, não importa

muito, o que vale é o que

irá fazer amanhã.”

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corretos, que, na atividade publi-citária, fazem isso corretamente. E não sou só eu, existem muitos.

BV — Você já afirmou que a tec-nologia para a publicidade, em alguns momentos, é um gigan-tesco progresso ou um enorme retrocesso. Como assim?

Washington — O importante é a boa utilização. Quando comecei a trabalhar, as nossas condições eram ruins, sabíamos que era possível imaginar o que quer que fosse, mas não daria para pro-duzir, e aí aprendemos a pensar simples. Normalmente, simples é mais inteligente, persuasivo, e isso continuará sempre. É claro que, com o passar do tempo, se além de saber pensar simples há condições boas de produzir aquilo, melhor ainda, como é hoje. O que acontece atualmente é que com acesso à tecnologia perde-se a origem da atividade. Não faz mal se está mais ou menos, porque ela ficará bem acabada. E aí trabalha contra, porque uma idéia boa, mal produzida, continua sendo boa. Agora, uma má idéia bem produ-zida é apenas uma má idéia bem produzida.

BV — Você disse também que, para ser global, é preciso ser mais regional?

Washington — Exatamente. Aliás, isso não é um fenômeno apenas da publicidade, é da litera-tura, da música. A melhor maneira de ser absolutamente internacional é ser totalmente local. É o que cria uma grande identidade.

BV — Qual a maior descoberta que fez na vida?

Washington — A maior des-coberta que fiz na vida, do ponto de vista profissional, era para que

mais exigente, consciente. Portanto, se a publicidade não for inteligen-te, respeitosa com o consumidor, honesta, não funcionará. Vamos pensar também que, no início da propaganda, praticamente não havia concorrentes, então a função dela era informar. À medida que surgi-ram produtos parecidos, passou a ter de ser informação e persuasão. Depois, com o aumento da con-corrência, foi preciso obsoletar o adversário, não bastava mais dizer o que faz e persuadir, tinha de falar: “Olha, eu faço melhor”. E atualmen-te, com a carga de informação que recebemos de todos os veículos, precisa também ser entretenimento, se quiser ser percebida.

BV — O que leva as pessoas a serem criativas?

Washington — O conceito de criatividade pode estar atrelado num todo, como as áreas específi-cas. Na minha, por exemplo, diria que surge do treinamento de um certo talento natural e de quando você se prepara para não ter ne-nhum preconceito com informação e curiosidade a respeito de tudo.

Capa

BV — Você é um curioso nato?Washington — Eu sou um

curioso profissional, só não abro bolsa de mulher porque é feio (risos). Agora, é claro que um componente fundamental num profissional da minha área é ter um forte intuitivo. Aliás, se tenho alguma qualidade, é intuitiva.

BV — E a segue sempre?Washington — Entre uma

certeza e uma decisão intuitiva, escolho a segunda. Tem mais risco, mas parto sempre de um princípio que a aventura pode ser louca se o aventureiro foi lúcido. Na verdade, sou muito organi-zado, certinho, para fazer umas maluquices.

BV — Quais as coisas que julga imperdoáveis em sua profis-são?

Washington — Eu julgo des-respeitar a inteligência do consu-midor totalmente imperdoável, julgo coisinhas burras imperdoá-veis. E, obviamente, todo o com-portamento que seja predatório, que implante maus hábitos, pre-conceitos. Parto de um princípio muito simples: propaganda é criada, aprovada e veiculada por pessoas; quanto melhores forem elas, melhor será a propaganda. Não é que existem publicitários éticos; existem seres humanos

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“Eu sou um curioso

profissional, só não abro

bolsa de mulher porque

é feio. (risos)”

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eu servia. Se não descobrisse isso, certamente nada teria dado certo. Mas gosto de muitas outras coi-sas, até porque não possuo uma vida pessoal e uma profissional, as duas se interligam o tempo inteiro, nunca estou trabalhando, divertindo-me, sempre tento fazer as duas coi-sas, é tudo misturado, a única coisa que preservo é o pessoal. Tenho expe-riências maravilhosas, como a oportunidade de virar amigo dos meus ídolos. Sou muito ligado aos artistas da Música Popular Brasileira, adoro artes plásticas, tenho filhos espetaculares. Tive um privilégio único de ter sido pai muito jovem, o que é muito legal, e voltar a ser pai aos 50 anos.

BV — E os gêmeos?Washington — Tenho um ca-

sal de gêmeos, que está com quase 3 anos de idade. Orgulho-me de ter sido um bom pai jovem. Meu filho adulto é diretor de cinema (Homero Olivetto), inteligente, não é bobo, ou prepotente; é um cara razoável. E as crianças estão ficando muito interessantes. É cla-ro que por melhor que tenha sido quando jovem, o pai de 50 anos é impecável, porque nesta idade é responsável para exercer todas as responsabilidades educacionais, econômicas e financeiras; é cúm-plice como um tio e permissivo como um avô. Ele é o sujeito ideal para a criança (risos).

BV — O que falta ao Brasil para vencer o problema da violên-cia?

Washington — Falta bastante coisa e muitas já estão acontecen-do. O Brasil é um país ainda jo-vem, está tudo por fazer. Acredito

Homero Olivetto

que a base pra resolver todos os problemas, inclusive o da distri-buição de renda falha, é um forte projeto educacional. A questão da segurança passa também por isso, ou seja, o que está ocorrendo, agora, como a falta de segurança,

é filho da não-existência de projetos educacio-nais anteriores e estamos sendo vítimas disso, não se pode continuar nessa circunstância. Todos nós somos vítimas, inclusive os emissários disso.

BV — Planos para o futuro? Washington — Continuar

fazendo tudo direitinho, já não é mole. Este ano estamos promo-vendo uma mudança estética na W para o segundo semestre, que interfere na qualidade de trabalho. Quero uma nova revolução na informática, totalmente wireless (sem fio), mas com estética radi-calmente brasileira, porque se cha-ma W/Brasil. Desejo prosseguir formando novos profissionais, conquistando contas, quero me preparar para daqui a nove anos poder, aí sim, me afastar um pou-

quinho do cotidiano da W, pois os meus filhos pequenos estarão com 12 anos de idade, irreversivelmen-te brasileiros e corintianos, e eu poderei ensinar geografia pra eles viajando. Mas nesses nove anos tenho de trabalhar muito.

Sem deslumbramentos — em uma das paredes da W/Brasil há uma grande vitrine, em que os mais de mil prêmios da agência estão ali depositados para lembrar que, apesar de serem impor-tantes, o mais relevante é continuar fazendo sempre a boa propaganda.

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BV — Qual a sua relação com a família?

Washington — É muito pre-sente, porque minha vida é total-mente misturada. É curioso que os meus filhos gêmeos nasceram no dia em que a W fez 18 anos, coincidentemente. Nós viajamos bastante, tanto a trabalho quanto eventualmente a passeio, e aí eu misturo e vira trabalho e tal. Desde que nasceram, eles farão 3 anos agora no dia 8 de julho, eu e minha mulher nunca viajamos sozinhos, os levamos junto para todos os lu-gares. Gosto disso, meu filho adulto foi educado dessa maneira.

BV — E a paixão por São Pau-lo?

Washington — Eu sou pau-lista típico, nasci em São Paulo, conheço a cidade como se tivesse sido motorista de táxi. Agora um pouquinho menos. Aprecio muito as cidades, isso é muito curioso, todas as que visito conheço bem. Sou apaixonado por São Paulo e gosto muito do Rio também, tenho um monte de amigos lá. Eu brinco que das grandes cidades do mundo, como cidade do México, Tóquio, São Paulo é melhor por-que tem todas as qualidades das outras grandes e, além de tudo, é a única que fica a 45 minutos do Rio de Janeiro.

BV — Quem são seus ídolos? Washington — Tenho ídolos

em todas as áreas e vários são amigos meus. Muita gente da Música Popular Brasileira, das artes plásticas, da literatura, da minha atividade, obviamente. No fim do ano passado, esteve aqui no Brasil um publicitário norte-americano que, quando eu tinha 18 anos, ele estava com 35 anos, e era meu ídolo, o Edward McCa-be, que hoje é amigo íntimo. É um privilégio você ter isso e acontece com um monte de pessoas. No sábado, por exemplo, vou jantar com o querido Jorge Ben Jor, que é meu amigo há anos e anos e anos. É muito gostoso.

BV — “O primeiro sutiã a gente nunca esquece”, esta frase é um marco...

Washington — Há um levan-tamento curioso sobre esta frase feito pelo Fernando Morais, escritor. Ela é a mais parodiada da história da publicidade mundial. Essa frase é de 1988, encerran-do o comercial primeiro sutiã e, a partir daí, muita gente fez algo em cima. Tem a do Ayrton Senna (1960-1994) falando da Ferrari, alguém que vai escrever uma matéria numa revista de gastronomia. Do que o Fernando conseguiu catalogar, são mais de seis mil citações. É porque ela reflete sentimentos básicos, é o simples.

BV — Que recado deixaria aos leitores da revista BOA VONTA-DE?

Washington — Eu queria dar os parabéns pelo trabalho que a LBV faz há tantos anos, com tanta eficiência e dignidade, e prometer para os meus alunos da escola da LBV que vou fazer aquela visita a que me convida-ram. Um beijo!

“Eu queria dar os parabéns

pelo trabalho que a LBV faz

há tantos anos, com tanta

eficiência e dignidade.”

BV — Por quais momentos profissionais gostaria de ser lembrado?

Washington — Gosto mais do todo. Nós, publicitários tidos como bons, nos treinamos, isso no mundo inteiro, até porque os profissionais de publicidade são muito pareci-dos, a gente parece uma raça de cachorro. Tenho amigos assim em Londres, Nova York, que olho para eles e acho a gente tudo meio igual. A gente se treina para ser muito pou-co passadista, por mais que se tenha realizado, não importa muito, o que vale é o que irá fazer amanhã. A publicidade envelhece rapidamente. Essa idéia, pelo ponto de vista do trabalho, é difícil, tenho de racio-nalizar, dizer assim: “Seria bom que a média alta do meu trabalho fosse lembrada”. Obviamente, gostaria de ser lembrado como um profissional que procurou fazer algo a mais do que o puro e simplesmente serviço, que tentou influenciar outros cole-gas, ser um sujeito cordato como empresário e outras coisas.

“Vou fazer aquela visita a que me convidaram”, disse Washington para as crianças da lBV.

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dUm século de Victor Civita

Victor Civita, 100 anos

O saudoso Victor Civita em seu escritório

Fonte: ABI On-linewww.abi.org.br

Reprodução da capa do primeiro número da revista O Pato Donald, publicada em julho de 1950.

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a/AE

investiu na publicação de obras em fascículos, que se transformaram em fenô-meno editorial, e lançou a revista Zé Carioca, impulsio-

nando os quadrinhos nacionais. Sob sua direção, em 50 anos de fundação, o Grupo Abril se tornou um dos líderes da sua área de atuação.

Pompeu de Toledo considera que Victor Civita é um dos prin-cipais personagens da história dos sucessos empresariais do Brasil, aliando a capacidade de trabalho “ao fino talento para manter sua caravela a favor do vento, de for-ma a aproveitar-se das mesmas forças que impulsionavam o País de modo geral”.

O lançamento de um do-cumentário e de um site e a inauguração de uma praça, prevista para 2008,

e de um busto, na sede da empresa, no bairro paulistano de Pinheiros, marcaram o início das homenagens do Grupo Abril ao seu fundador Victor Civita (1907-1990), que estaria completando 100 anos de idade no dia 9 de fevereiro.

O vídeo de comemoração do centenário do criador do Grupo Abril — dirigido por Sérgio Mota Mello, da TV1 — foi exibido em 7 de fevereiro para 1.500 convida-dos na Sala São Paulo, na Estação da Luz. O busto foi inaugurado na manhã do dia do centenário do empresário, numa cerimônia com a presença do Governador José Serra e do Prefeito Gilberto Kassab.

Falecido em 24 de agosto de 1990, Victor Civita até hoje é considerado um dos mais bem-sucedidos empresários da área editorial e conseguiu transformar a Editora Abril numa das maiores do setor na América Latina. De ascendência italiana, Victor Civita nasceu em Nova York, no bairro de Greenwich Village. Em 1935, casou-se com Sylvana Alcorso, com quem teve os filhos Roberto e Richard. Morou na Inglaterra, na França e nos EUA.

Em 1949, Victor foi passar férias com a família na Itália, onde se en-controu com o irmão César Civita, que se tornara responsável pela

versão italiana das revistas do Grupo Disney.

Na biografia que escre-veu sobre ele, o jornalista Roberto Pompeu de Tole-do, editor especial de Veja, conta que o empresário resolveu interromper as férias e viajar imediata-mente com o irmão para a América do Sul. Ele visitou primeiro a Ar-gentina, para conhecer a Editorial Abril, criada por César.

Em 1950, Victor Civita fundou a Editora Abril — mês em que co-meça a primavera na Europa. Nessa época, contava com US$ 500 mil em recursos próprios, levantou alguns empréstimos e convidou para sócios o Grupo Smith de Vasconcelos e o italiano Gordiano Rossi. No dia 12 de julho de 1950, lançou o primeiro número da revista O Pato Donald.

Na década seguinte, Victor Civita

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Esporte é Vida! — Jogos Pan-Americanos 2007

Rumo ao

Os Jogos Pan-americanos Rio 2007 reunirão na ca-pital fluminense 5.500 atletas de 42 países do

continente, participantes da Or-ganização Desportiva Pan-ame-ricana (Odepa). A entidade tem como objetivo promover o forta-lecimento dos laços de amizade e união entre nações do continente por meio do Esporte e dos prin-cípios do movimento olímpico. A expectativa é grande para a aber-

tura dos jogos que certamente marcarão a história do nosso País no cenário mundial.

Sem dúvida, todos que parti-ciparem direta ou indiretamente desse megaevento, vão querer guardar para si algo que lembre a emoção desse momento. O Comitê Organizador dos Jogos Pan-Americanos do Rio 2007 (Co-Rio), pensando nisso, inau-gurou a primeira loja oficial Rio 2007, no dia 17 de maio, no Barra Shopping. Ao todo são mais de 500 produtos licenciados com a marca dos jogos, que os turistas e moradores da cidade poderão ad-

quirir como recordação. Além desse estabelecimento, estão previstas mais duas lojas nos mesmos moldes, uma na sede do Co-Rio e outra na Praia de Copacabana.

A Super Rede Boa Vontade de Comunicação fez a cobertura da ceri-mônia e, na oportunidade,

conversou com o Dr. Carlos Arthur Nuzman, Presidente

do Co-Rio e do Comitê Olím-pico Brasileiro (COB), a respeito

da expectativa desta grande festa. “É um trabalho longo, mas gra-tificante, em que poderemos dar ao Brasil um evento grandioso, de repercussão, de contribuição social. Uma área que hoje merece a atenção dos governos federal, estadual e municipal”, afirmou Nuzman, que agradeceu a presen-ça da Super RBV.

O Dr. Carlos Roberto Osó-rio, Secretário-Geral do Co-Rio, vislum-bra a partir deste Pan a ampliação dos ho-rizontes desportivos: “É um prazer ter vocês da LBV aqui conosco. Estamos na reta final para a cerimônia de abertura, que con-tagiará a cidade, o País. Esse é o principal evento esportivo do mundo depois dos Jogos Olím-picos. Serão 16 dias em que os principais atletas das Américas estarão em um grande congra-çamento em torno do Esporte. É a oportunidade para demonstrar que o Brasil tem todas as condi-ções de organizar grandes even-

“O maior legado do

Pan-Americano é a esperança de

vida e a colocação de jovens dentro do

movimento olímpico, o que é um estímulo

para que deixem a violência, as drogas e

até uma vida sem sentido, sem direção e

procurem isso no esporte.”

Márcia PeltierJornalista e apresentadora

de TV

Simone Barreto

Dr. Carlos Roberto Osório

Pan 2007Fotos: Divulgação

42 | BOA VONTADE

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tos, que poderemos aspirar, com toda justiça, à Copa do Mundo e aos Jogos Olímpicos”.

Leonardo Gryner, Gerente do Departamento de Marketing, destaca que os jogos melhoram também nossa economia: “To-dos os produtos fabricados estão gerando emprego, negócios. As obras executadas movimentam uma cadeia de impacto econômico

muito grande. Agradeço a vocês pelo apoio”.

De acordo com o Sr. Pedro Henrique Custódio, Superinten-dente de Varejo da Multinacional Dufry, a loja é um incremento desta atividade: “Outras vão surgir para termos lojas presentes nos recintos das várias modalidades. Ela marca o aparecimento, pela primeira vez, dos produtos oficiais dos jogos,

num shopping que é freqüentado por milhares de pessoas”.

A beleza e variedade de pro-dutos impressionaram os atletas presentes ao encontro, a exemplo de Tandy, ouro no vôlei durante as Olimpíadas de Barcelona em 1992, e que hoje atua no vôlei de praia. “Numa loja dessas a gente começa a sentir o gostinho do Pan chegando, o clima que já senti em

outros países, em outras cidades”. Para o jogador, a expectativa é a melhor possível: “Jogar no quin-tal de casa, ter a possibilidade de andar no Rio e ver o remo, o atletismo, o vôlei, futebol, isso é fantástico!”.

A Deputada Estadual Georgette Vidor en-xerga a competição com enorme

leonardo Gryner

carinho e fala com a experiência de quem foi atleta, técnica da Seleção Feminina de Ginástica Olímpica e que, mesmo após um acidente que a deixou paraplégica, não deixou de acreditar na força do Esporte como elemento de superação. “Es-ses são os grandes Jogos Pan-ame-ricanos e, principalmente, os Jogos Parapan-Americanos do Brasil”. Georgette diz que o exemplo destas iniciativas pode ser ainda mais rele-vante para as novas gerações: “Vo-cês, da LBV, trabalham muito com crianças. É o momento da gente prepará-las para os problemas das pessoas com deficiência e mostrar que elas são tão competentes e eficientes como qualquer outro. É um acontecimento ímpar para o Brasil. Quero agradecer por esta-rem aqui com a Boa Vontade TV, fazendo essa cobertura e incentivando”.

Pedro Henrique Custódio Tandy Georgette Vidor

a jornalista Márcia Peltier e o Dr. Carlos arthur Nuzman, Presidente do Co-Rio e do Comitê Olímpico Brasileiro (COB).

Pan 2007“É um trabalho longo,

mas gratificante, em que podere-

mos dar ao Brasil um evento grandio-

so, de repercussão, de contribuição social.

Uma área que hoje merece a atenção dos

governos federal, estadual e municipal.”

Dr. Carlos Arthur NuzmanPresidente do Co-Rio e do Comitê

Olímpico Brasileiro (COB)

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Page 44: BOA VONTADE 218

amorUm saltode

peloBrasilDaiane dos Santos — dedicação

e expectativa para o Pan do Rio

Um instante de repouso, a inspiração profunda, concentração, e Daiane dos Santos está pronta

para dar início a mais uma apresen-tação de movimentos perfeitos, de graça, leveza e grande energia. Os olhos não se cansam de ver, quantas vezes se puder, a menina de ouro do Brasil executar na trave, no solo, nas paralelas ou no salto exercícios excepcionais.

A forma física — 1,45m de altura e 41 quilos — é superlativa em determinação, em contrariar até mesmo a lei da gravidade enunciada por Newton (1642-1727). Com a execução perfeita de dois dos saltos mais difíceis da ginástica artística, antes nunca realizados no feminino, escreveu, definitivamente, seu nome na história do Esporte mundial: o duplo twist carpado, ou “Dos Santos”, como foi batizado em sua homenagem, realizado por ela no Mundial Anaheim (EUA), em 2003, e com o qual se sagrou campeã nos exercícios de solo. Nele, esta gauchi-nha, de costas, faz dois saltos mortais com as pernas esticadas, mas junto ao corpo. E o duplo twist esticado, com grau maior de dificuldade, no qual executa os dois mortais com todo o corpo ereto.

Com este currículo e uma disci-plina espartana ela e outras atletas da Seleção Brasileira de Ginástica Artística preparam-se para os Jogos Pan-Americanos do Rio de Janeiro, de 13 a 29 de julho deste ano, quan-

do deve efetuar o movimento que ganhou seu nome. “A gente tem de estar a ponto de bala

para tentar trazer o melhor resultado para o Brasil”, garante.Apesar das glórias, de ter

sido a primeira ginasta brasileira a

Esporte é Vida! — Jogos Pan-Americanos 2007Leila Marco

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44 | BOA VONTADE

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E é do público infantil, com o qual tem tanta afinidade, que surge já o incentivo para esta etapa do Pan do Rio, a exemplo dos alunos da Escola Infantil da LBV, em Curi-tiba/PR, que a homenageavam no dia da entrevista, em fins de março. Sobre o fato, ressaltou: “O que elas passam é muito bom, porque a criança é a coisa mais verdadeira que se tem. Tenho um carinho es-pecial por todas, então é muito bom estar perto delas, gostoso quando se recebe um carinho desses, como recebi das crianças da Legião da Boa Vontade e pude conversar um pouquinho com algumas. A gente vai precisar muito dessa torcida. Eu espero que assistam, que se espelhem, não só na ginástica, mas no Esporte brasileiro, e que venham a praticá-lo”.

Daiane dos Santos deixou tam-bém seu recado aos leitores da BOA VONTADE: “É um exemplo o trabalho que a LBV faz. O Brasil e o mundo têm um lugar que pode contar com pessoas que são de Paz, que querem o bem das crianças. Parabéns para vocês, que Deus per-mita que esse projeto siga em frente, cada vez mais, e que cresça”.

Colaboração: Rosana Serri

Daiane recebe cartão e flores de algumas das crianças atendidas pela lBV de Curitiba/PR. O Centro de educação

infantil da instituição está localizado na Rua Padre estanislau Trzebiatowski, 180, Boqueirão. Telefone: (41) 3286-9193.

Vinícius Ramão

fazer uma final de apa-relho em Olimpíadas e ter ganhado várias medalhas de ouro, Daiane não per-deu a simplicida-de e a simpatia de início de carreira. Quando conversa-mos sobre o assun-to, afirmou que essas vitórias são sinônimos de mais responsabilidade, principalmente de “ser um bom exemplo para as crianças, de servir de espelho para elas, de querer sempre fazer o melhor”.

Ela explica que toda equipe aguarda com muita expectativa o evento: “Competir no Pan-Ame-ricano já é muito bom, dentro do Brasil melhor ainda. Mas a res-ponsabilidade é maior, você fica mais ansioso, porque estará perto das pessoas que gosta, no seu País, na sua casa. A gente tem de tomar cuidado, se controlar com isso, para na hora não acabar colocando tudo a perder por essa ansiedade”. Para a competição deve utilizar em sua coreografia a música Isto aqui, o que é? (“Isto aqui, ô, ô/ É um pouquinho de Brasil, iá, iá...”), de Ary Barroso (1903-1964), dando realce à beleza e ao gingado da mulher brasileira.

O começoE pensar que esta trajetória de

sucesso começou de maneira des-pretensiosa, quando brincava em uma associação próxima de sua casa — um órgão do governo de Porto Alegre — quando tinha 11 anos. “Eu estava com uma amiga em uma pracinha e a professora dela de ginástica passou e nos viu e me convidou para fazer ginástica artística”.

Algum tempo depois, alcançava notoriedade nos Jogos Pan-Ame-ricanos de Winnipeg, em 1999, e repetiria o feito no Pan-Americano de Ginástica, disputado em Cancún, no México (2001), até com mais bri-lhantismo, tendo como resultados o 4o lugar na trave, o 3o no salto sobre o cavalo e 1o lugar no solo.

Durante a entrevista, a ginasta re-memorou os desafios que a fizeram crescer como esportista. Aliás, para ela, a profissão que abraçou pede exatamente o não desistir, e dispara: “Atleta não é aquele que sempre ganha, mas, sim, aquele que sem-pre tenta. Tem de insistir o máximo possível, o melhor, e fazer com que o Esporte se desenvolva cada vez mais”. E esses obstáculos são ven-cidos quando se “acredita em Deus e tem-se força de vontade”.

Outro ponto relevante é o apoio familiar: “Não é sempre que você está por cima, tem momentos que está cabisbaixo e a família vem para lhe dar esse alicerce”.

A atleta faz planos para o futuro, quando deixar as competições. “Es-tou cursando Educação Física, vou ser professora, quero trabalhar com crianças especiais, principalmente com Síndrome de Down, altismo.”

“É um exemplo

o trabalho que a LBV faz.

O Brasil e o mundo têm um lugar

que pode contar com pessoas que são

de Paz, que querem o bem das crianças.

Parabéns para vocês, que Deus

permita que esse projeto siga em

frente, cada vez mais, e que

cresça.”

BOA VONTADE | 45

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esmorecer. Pelo contrário, foi nos momentos mais difíceis que ela mostrou como se vence. “Hoje, com tudo que tenho, muitas pes-soas foram responsáveis por isso. Técnicos, guias e a minha família que sempre me apoiou e apóia até hoje. A minha filha Bárbara dá a maior força. Foi um grupo que apostou em mim e eu consegui esse resultado”, enfatiza.

A esportista também credita ao guia (aquele que orienta o atleta com dificuldade de visão na hora da prova) as vitórias que tem al-cançado, pelo importante papel que ele desempenha e na influência que exerce para um bom resultado. “O guia tem que ter o tempo sempre um pouco superior ao do atleta para que não haja nenhum tipo de problema durante a prova, essa é a preocupação. Muitos acabam se envolvendo na prova e prejudicam o atleta”, argumentou.

Ainda nos mínimos detalhes, Adria explica como deve compor-tar-se ao lado do atleta-guia e de que forma se comunicam durante a competição. “A gente corre com uma cordinha que prende a minha mão à dele. A orientação é feita toda no braço para que o atleta tenha confiança no guia. Não tem

sempre!”

Esporte é Vida! — Jogos Parapan-Americanos 2007

A atleta Adria

Santos revela

como superar os

obstáculos do

Esporte e da vida.

Correr 100, 200 e 400 metros sem enxergar absolutamente nada. O que para muitos pode parecer uma prática difícil,

para a velocista Adria Santos, 32, tornou-se hábito e sinônimo de vitó-ria, em seus 20 anos de carreira. Ela

nasceu com astigmatismo*1, apresentando apenas 10% de sua projeção ocular. Natural

do município de Nanuque, interior de Minas Gerais, teve uma

infância cheia de brincadeiras e de amigos. Desde garota gostava de correr e era bastante arteira: “Já nas-ci com talento para praticar alguma modalidade e acabei me dando bem, destacando-me no atletismo”. Em 1987, aos 13 anos, entrou para o Instituto São Rafael, uma escola direcionada a deficientes visuais da capital mineira. No ano seguinte, a pequena atleta participou de sua primeira edição dos Jogos Parao-límpicos, em Seul, conquistando duas medalhas de prata nos 100m e 400m.

Durante a adolescência, teve a visão ainda mais prejudicada em razão de uma doença progressiva denominada retinose pigmentar*2. Foi no ano de 1994 que Adria perdeu por completo o pouco que enxerga-

va. Nem por isso se deixou

“Vontade de vencer

Juliana Bortolin e Roberta AssisFotos: Divulgação

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muito segredo. Se é uma prova de 400 metros, quando entro na reta ele vai dizer:‘Entramos na reta’ ou ‘entramos na outra curva’. Essa orientação mais próxima acaba incentivando mais do que a distância”.

Quando nossa equipe per-guntou que frase a impulsiona a seguir em frente, a resposta foi certeira: “A vontade de vencer sempre! Assim como na vida, no Esporte a gente tem de superar, todos os dias, os obstáculos”. E com esse lema é que a esportista Adria Santos conquistou, ao longo de sua carreira, várias medalhas paraolímpicas e títulos internacio-nais, inclusive o reconhecimento do Povo brasileiro de “Fenômeno Paraolímpico das Pistas”. Ao todo, em Jogos Mundiais, ela possui seis medalhas de ouro, uma de prata e uma de bronze.

Sobre as dificuldades por que teve de passar, Adria lamenta o fato de que no Brasil ainda faltam condições para que os portadores de necessidades especiais tenham qualidade de vida. “Tem muitos deficientes que querem entrar numa faculdade e não tem adap-tação, não tem o material que eles precisam. Ou ainda numa empresa

que não tem adaptação, isso aca-ba deixando-os limitados. Isso que tem de mudar. Todos devem ver o que a pessoa portadora de deficiência é capaz de fazer nas empresas. (...) É preciso no nos-so País o respeito com a pessoa portadora de deficiência, que é um cidadão como qualquer outro, paga impostos como qualquer pes-soa e, às vezes, não tem o respeito que merece”.

em busca da vitória

Quando mudamos o curso da entrevista, citando a proximidade dos jogos, Adria disse estar num ritmo pesado de treinamento. “A gente treina de segunda a sábado. Eu treino com Nelson Rocha, do

Rio de Janeiro, e tem o guia aqui em Joinville (Rafael Krub). Traço o objetivo, converso com meu técnico e ele faz um trabalho para as compe-tições mais importantes. Estou com o objetivo de fazer boas marcas este ano, melhor do que as do ano passa-do. (...) Para quem nunca viu uma competição de atletas paraolímpi-cos, é muito legal. É importante ver a superação dos atletas”.

Sobre a promessa de medalhas, afirmou: “Eu desejo boa sorte para todos que vão participar, vai ser uma competição muito legal. Sendo aqui no nosso País é uma força positiva e vamos chegar lá, pretendemos fazer bonito”, garantiu.

Com a certeza de que o Brasil inteiro está torcendo pelo brilhan-tismo de Adria Santos e de outros atletas paraolímpicos, ela deixou uma mensagem, desta vez, às crianças atendidas pela LBV em todo o País, que também torcem pelo êxito da delegação brasileira nos Jogos Parapan-americanos (de 13 a 19 de agosto). “Eu deixo um abraço para todas as crianças da Legião da Boa Vontade e para as famílias que estão nos apoian-do, dando uma força na compe-tição. Parabéns pelo trabalho da LBV!”, concluiu.

“É preciso no nosso País o respeito com a pessoa

portadora de deficiência, que é um cidadão

como qualquer outro, paga impostos como

qualquer pessoa.”

*1 Astigmatismo — Irregularidade nos eixos da córnea que dificulta a visão, tornando-a menos nítida.*2 Retinose Pigmentar — Alteração hereditária rara, na qual a retina degenera de forma lenta e progressiva, conduzindo à cegueira.

“Vontade de vencer BOA VONTADE | 47

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Divulga

ção

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instituto de educação da lBV do uruguai

Blvr José Batlle y Ordoñez, 4820, aires Puros, tel.: (0xx5982) 216-0344.

2o andar: Salão aberto para atividades esportivas, seminários e eventos.

1o andar: instalações da escola de educação inicial, com recepção, salas de aula e ambientes de apoio.

Térreo: amplo espaço para atender pessoas da Terceira idade, cozinha, refeitório, brinquedoteca e ambulatórios médico e dentário.

O trabalho da Legião da Boa Vontade do Uruguai teve início em 1985 na capital Montevidéu, amparando

as famílias em situação de risco so-cial no país. Começou com a Creche Infantil Jesus, que atende crianças de 2 a 5 anos. A Instituição também desenvolve programas e campanhas, entre os quais destacam-se Cursos

abiertos a la Comunidad e a Ronda de la Caridad. Somando-se a essas frentes de atuação em funcionamen-to, neste ano, as crianças atendidas pela LBV ganharam novas instala-ções na cidade: o Instituto Educacio-nal e Cultural José de Paiva Netto.

O empreendimento ocupará uma área superior a 1.500 m2 e ampliará, já nos primeiros dias, sua oferta de

ensino de qualidade a meninos e meninas; aos adultos e idosos, a Uni-dade contemplará com programas socioeducativos e de capacitação profissional. Só para se ter uma idéia, logo no térreo, os idosos poderão realizar atividades em um amplo es-paço, instalado neste pavimento para facilitar a locomoção das pessoas da Terceira Idade.

No mês de abril, as mães dos futuros alunos do Instituto visitaram o ambiente onde seus filhos estuda-rão, em breve, e puderam constatar a qualidade do serviço que ali será prestado. “A Legião da Boa Vonta-de é um lugar de Amor às nossas crianças, de compreensão, respeito e confiança absoluta. Estudar lá é o crescimento intelectual e emocio-nal dos nossos filhos, porque valo-rizam o Ser Humano e também seu Espírito”, destaca Emilia Peñalva, mãe de Agustín e Facundo, de 4 e 5 anos respectivamente.

“No Instituto da LBV encon-tramos a combinação exata de educação, amor, cuidado e respeito para toda a família: é um espaço muito importante, onde nos ensi-nam a ser melhores a cada dia”, conta a beneficiada Silvana Porto Delucchi, dona de casa e mãe de duas crianças atendidas na Creche Infantil Jesus.

Atendimento de pontalBV DO uRuGuai

Beatriz VázquezFotos: Maciel Ferreira

Acontece no mundo

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instituto de educação da lBV do uruguai

Blvr José Batlle y Ordoñez, 4820, aires Puros, tel.: (0xx5982) 216-0344.

2o andar: Salão aberto para atividades esportivas, seminários e eventos.

1o andar: instalações da escola de educação inicial, com recepção, salas de aula e ambientes de apoio.

Térreo: amplo espaço para atender pessoas da Terceira idade, cozinha, refeitório, brinquedoteca e ambulatórios médico e dentário.

O trabalho da Legião da Boa Vontade do Uruguai teve início em 1985 na capital Montevidéu, amparando

as famílias em situação de risco so-cial no país. Começou com a Creche Infantil Jesus, que atende crianças de 2 a 5 anos. A Instituição também desenvolve programas e campanhas, entre os quais destacam-se Cursos

abiertos a la Comunidad e a Ronda de la Caridad. Somando-se a essas frentes de atuação em funcionamen-to, neste ano, as crianças atendidas pela LBV ganharam novas instala-ções na cidade: o Instituto Educacio-nal e Cultural José de Paiva Netto.

O empreendimento ocupará uma área superior a 1.500 m2 e ampliará, já nos primeiros dias, sua oferta de

ensino de qualidade a meninos e meninas; aos adultos e idosos, a Uni-dade contemplará com programas socioeducativos e de capacitação profissional. Só para se ter uma idéia, logo no térreo, os idosos poderão realizar atividades em um amplo es-paço, instalado neste pavimento para facilitar a locomoção das pessoas da Terceira Idade.

No mês de abril, as mães dos futuros alunos do Instituto visitaram o ambiente onde seus filhos estuda-rão, em breve, e puderam constatar a qualidade do serviço que ali será prestado. “A Legião da Boa Vonta-de é um lugar de Amor às nossas crianças, de compreensão, respeito e confiança absoluta. Estudar lá é o crescimento intelectual e emocio-nal dos nossos filhos, porque valo-rizam o Ser Humano e também seu Espírito”, destaca Emilia Peñalva, mãe de Agustín e Facundo, de 4 e 5 anos respectivamente.

“No Instituto da LBV encon-tramos a combinação exata de educação, amor, cuidado e respeito para toda a família: é um espaço muito importante, onde nos ensi-nam a ser melhores a cada dia”, conta a beneficiada Silvana Porto Delucchi, dona de casa e mãe de duas crianças atendidas na Creche Infantil Jesus.

Atendimento de pontalBV DO uRuGuai

Beatriz VázquezFotos: Maciel Ferreira

Acontece no mundo

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Entrevista na ABI

Olhar para aquilo que está além do imediato”, sentencia o jornalista Audálio Dantas ao ex-

plicar uma das missões do repórter. Para ele, quando se sai em campo para realização de uma matéria é preciso “conhecer profundamente o assunto (...), perguntar outra vez, mais uma vez, até chegar ao que pode ser considerado a verdade”. E o que este veterano diz a respeito da profissão pode ser anotado e uti-lizado como cartilha, pois se trata de um dos maiores repórteres do País, cujo texto é conhecido pela característica literária, burilado em mais de 50 anos de carreira, passa-

“e as memórias de repórter

Audálio Dantasdos na vivência de fortes aconte-cimentos, da notícia inusitada, do olhar diferenciado de quem sabe ver além das aparências do fato.

Por isso, é comum vê-lo con-tando algumas de suas admiráveis histórias, que formam também o pano de fundo desta entrevista. Com esse estilo fez sua trajetória, trabalhando em diversos órgãos de comunicação, como nas revistas O Cruzeiro, Manchete, Nova, Quatro Rodas, Realidade e Veja, no jornal Folha da Manhã (hoje Folha de S. Paulo). Foi também Deputado Federal pelo Estado de São Paulo e Presidente do Sindicato dos Jorna-listas de São Paulo, da Federação Nacional dos Jornalistas (FENAJ), da Imprensa Oficial de São Paulo e do Conselho da Fundação Cásper Líbero (SP).

Em 2006, foi convidado para assumir a Vice-Presidência da Associação Brasileira de Imprensa (ABI). Uma de suas missões já está em curso, com a volta da repre-sentação da ABI à capital paulista, em julho do ano passado. E de lá, ele tem trabalhado ativamente pelo fortalecimento da Casa do Jornalista.

Além da militância, destaca-se como escritor, a exemplo do recente lançamento do livro O Chão de Graciliano, uma bem-sucedida reportagem artístico-literária, como ele próprio define o estilo da obra, em parceria com o fotógrafo Tiago Santana. Audálio Dantas, que é natural de Tanque D’Arca (Alagoas), gosta de citar que pertence ao mesmo pedaço de terra do ilustre autor de Vidas Secas, com o qual, aliás, guarda ainda um laço de parentes-co pelo tronco familiar da mãe, os Ferreira Ferro.

audálio Dantas transpõe a nascente do rio São Francisco, na serra da Canastra/ MG, em 1972, numa reportagem para a famosa revista Realidade.

“O repórter tem de botar o pé no chão, na estrada. Olhar para

os mais humildes, para o povo de verdade, não é demagogia.

Porque, senão, ele fica na sala de visitas e desconhece o que

está acontecendo no restante da casa, no restante do mundo.”

Angélica Beck e Leila Marco

ABI/S

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Graciliano Ramos Jorge amado

BOA VONTADE — Gostaríamos de conhecer um pouco mais da sua história.

Audálio — O meu registro oficial de nascimento é de Maceió (8 de julho de 1929), capital do Estado, anos depois, lá por 1937; isso acontecia muito no Nordeste. E há uma história que só recen-temente descobri, que tenho 3 anos a menos. Meu pai e tio, que moravam na capital, achavam que eu teria uma carreira brilhante se fosse para a Marinha. Como era tido como um garoto vivo, esperto e crescido, então teriam resolvido dar um pouquinho mais de idade pra ir mais depressa para a Marinha, que era um meio comum do sujeito estudar, assim como muitos iam para o semi-nário da Igreja Católica, como um acesso à Educação. Não fui infelizmente para a Marinha, terminei jornalista, e, na verdade, teria nascido em 1932.

BV — Como foi o seu encontro com a comunicação?

Audál io — É curioso isso, porque desde os primeiros anos escolares, em Alagoas, tive gosto

pela leitura. Tanto é que eu era chamado para ler os trechos de obras que a minha primeira pro-fessora marcava para a classe. E chegando a São Paulo, mais ain-da, era um leitor voraz de Jorge Amado (1912-2001), que entrou para a família de Graciliano Ra-mos (1892-1953) pelo casamento da Luiza, que era filha do Graciliano, com o irmão do Jorge, que é o James. Comecei a escrever por minha conta, sempre pensando em jornalismo. Um dia entrei pela porta da foto-

grafia na Folha de S. Paulo e se-gui para o texto muito rápido, isso em meados dos anos de 1950.

BV — Há momentos únicos em sua trajetória, como a pre-miação da ONU pela série de reportagens sobre o Nordeste

brasileiro ou quando, em 2002, fez grandes reportagens no Oriente Médio.

Audálio — Ser re-pórter é realmente uma paixão, digamos que seja um carma. (risos). Nunca fui no jornalis-

Leila Marco

Divu

lgaç

ão

Divulgação

e as memórias de repórter

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Entrevista na ABI

mo da notícia do dia-a-dia, fiz apenas um pouco isso. Recusei convites importantíssimos para ocupar determinados postos, em função da reportagem. Eu pensava assim: “Vou ocupar esse posto, e, se houver um assunto para fazer reportagem, não vai dar”. Você falou no Iraque, e foi uma coisa que não planejei. Houve convite para um simpósio sobre a questão da globaliza-ção na Economia do Terceiro Mundo. Fui palestrar a respeito da influência da globalização na mídia, a concentração dos meios etc. Fui para Bagdá em abril de 2002, exatamente um ano antes da segunda Guerra do Golfo. E lá eu disse: “Esse país espera uma guerra...”. Era um conflito anunciado. O título da matéria foi: “O Iraque no olho do furacão”, e o furacão explodiu em 2003 e continua até hoje varrendo o país, enchar-

cando aquela nação de sangue.

Está confirmada para o período de 14 a 18 de novembro deste ano, no Memorial da América Latina, em São Paulo, a realização do 1o Salão Nacional do Jornalista Escritor, iniciando oficialmente as comemo-rações do centenário da ABI, que se dará em 7 de abril de 2008.

O objetivo do evento é mobilizar jornalistas escritores de todo o País e também do Exterior, indepen-dentemente do gênero literário, em palestras, conferências, entrevistas, tardes-noites de autógrafos, cafés literários e uma série de outras

Memorial sediará, em novembro, o 1o Salão Nacional do Jornalista escritor(Fonte: Representação São Paulo da ABI)

atividades, abertas ao público em geral. Integram a Comissão de Or-ganização do Salão, além do próprio Presidente da Representação São Paulo da ABI, Audálio Dantas, os conselheiros Carlos Marchi (que preside o Conselho Consultivo de SP), Carlos Chaparro, Eduardo Ribeiro, Gioconda Bordon e Ri-cardo Viveiros.

Criado para valorizar a atividade do jornalista escritor e para apro-ximar esse profissional do público em geral, o 1o Salão Brasileiro do Jornalista Escritor visa também

consolidar a presença da ABI em São Paulo. “Queremos que esse Salão se transforme num dos prin-cipais acontecimentos culturais do ano e que projete o nome da ABI, sobretudo nesse momento em que ela se prepara para as comemora-ções de seu centenário de fundação. A nossa idéia, depois disso, é fazer o Salão alternadamente no Rio e em São Paulo”, diz Audálio, lembran-do que também não está descartada a idéia de, no futuro, levar o Salão, em versões mais compactas, para outras cidades brasileiras.

audálio com Dom Paulo evaristo arns, durante seminário na PuC-SP, em 1978.

Durante comício em Osasco/SP, em 1978, entre José Serra, luiz inácio lula

da Silva, então Presidente do Sindicato dos Metalúrgicos

de São Bernardo, e a atriz Bruna lombardi. lula e Bruna apoiavam a sua candidatura a

deputado federal pelo MDB.

Foto

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BV — Há um segredo: qual o olhar sobre a grande reporta-gem na mídia?

Audálio — O repórter não deve se limitar ao primeiro plano, precisa sempre procurar o segun-do ou terceiro, não se contentar com a resposta inicial, perguntar outra vez, mais uma vez, até chegar ao que pode ser consi-derado a verdade. Nem sempre é, mas de qualquer maneira... O repórter Ricardo Kotscho, que é um grande jornalista, autor de grandes reportagens, certa vez, escreveu um texto para um livro que organizei, chamado Repór-teres. Nele, lamenta um fato que é hoje um problema na imprensa brasileira, talvez na mídia mun-dial: que se faz muita reportagem por telefone. Ele dizia que o povo ficava ausente da notícia, da reportagem. O repórter tem de botar o pé no chão, na estrada. Olhar para os mais humildes, para o povo de verdade, não é dema-gogia. Porque, senão, ele fica na sala de visitas e desconhece o que está acontecendo no restante da casa, no restante do mundo, digamos assim. Ele tem de olhar aquilo que está além do imediato. Tenho um livro chamado O Circo do Desespero (1976) e uma das epígrafes é essa: digo sempre que tem de se perguntar ao povo, porque ele tem as res-postas. E possui mesmo, não é uma figura de retórica. É quem sintetiza os dramas da Hu-manidade, é o povão que está lá

embaixo. Às vezes, sem educação formal, mas tem respostas para as coisas da existência humana.

BV — O senhor participou ativamente do processo de redemocratização do País, prin-cipalmente quando à frente do Sindicato dos Jornalistas de São Paulo, atuando no caso do jornalista Vladimir Herzog.

Audálio — A nota redigida pelo Sindicato dos Jornalistas, na emoção da morte do companheiro

Vladimir Herzog (1937-1975). Ele foi assassinado na tarde de sábado, 25 de outubro de 1975, e a nota é do dia seguinte. Ela de-flagra todo o movimento, porque, ao comunicar a morte de Herzog, termina-va o texto afirmando que

a autoridade que tem sob a sua guarda um preso é responsável pela sua vida, isso significava

audálio recebe a visita do general Dilermando Gomes Monteiro, comandante do ii exército, ao

Sindicato dos Jornalistas, em 1976. Dilerman-do substituiu o general ednardo D’Ávila Mello,

demitido por Geisel depois das mortes de Herzog e Fiel Filho.

além de audálio, Prudente de Moraes, neto, Presidente da aBi. Prudente foi levar a solidariedade da aBi ao Sindicato dos Jornalistas de São Paulo na semana seguinte à morte de Herzog. Na foto aparecem ainda os jornalistas Wilson Gomes (e) e Gastão Thomaz de almeida, respectivamente tesoureiro e secretário do Sindicato.

“O trabalho (O Chão de

Graciliano) mostra a região

em que o Graciliano viveu e

construiu a sua obra, apresenta

uma coisa muito importante

em termos brasileiros: que de

lá para cá, ou seja, 70, 80 anos

depois dos primeiros livros

dele (...), a situação social

naquela localidade continua

basicamente a mesma.”

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acusar os militares. Durante uma semana a informação movimen-taria os mais amplos setores da sociedade, que transformaram o Sindicato dos Jornalistas num ponto de referência, numa trin-cheira, até a realização do culto ecumênico (em 31 de outubro) na Catedral da Sé, na capital paulista, que marcou o começo do fim da ditadura. O papel do Sindicato dos Jornalistas de São Paulo foi fundamental, muita gente se esquece disso, acha que o caso teve toda essa repercussão como se tivesse sido de geração espontânea, não é! Foi resultado da participação de toda a catego-ria dos jornalistas e, depois, com o apoio dos outros setores. Essa visão de dentro pra fora, eu pre-tendo reunir na redação do livro que estou escrevendo.

BV — Antes deste livro que está fi-nalizando, o senhor lançou O Chão de Graciliano, resultado de várias viagens ao sertão de Alagoas e Pernambuco a partir de 2002.

Audálio — Gostaria de dizer, isso me dá uma certa alegria, essa

BV — Às vésperas de a Imprensa brasileira completar 200 anos e de a ABI fazer 100 anos, o que se prepara?

Audálio — O 1o Salão Nacio-nal do Jornalista Escritor* preten-de ser o primeiro evento comemo-rativo dos 100 anos da Associação Brasileira de Imprensa. O acon-tecimento, coincidentemente, se dará com os festejos dos 200 anos da Imprensa do Brasil, iniciados com a publicação do Correio Bra-ziliense, em junho de 1808. É bom lembrar que a imprensa chegou muito tardiamente ao nosso País, assim como a Universidade. Aliás, o Dia da Imprensa era comemorado em 10 de setembro de 1808, pois foi quando começou a Gazeta do Rio de Janeiro (órgão oficial do go-verno português), o primeiro jornal impresso no Brasil. O Correio Bra-ziliense, a princípio, era impresso em Londres (Inglaterra) por causa da censura. Diga-se de passagem, o primeiro jornal brasileiro nasce censurado. Há uma série de coisas pra gente contar. E o Salão Na-cional do Jornalista Escritor, que vamos realizar na capital paulista, em agosto ou outubro deste ano, será o primeiro acontecimento, depois, ela ocorrerá, em 2008, no Rio de Janeiro, para os 100 anos da ABI.

É bom explicar, o jornalista escritor pode ser romancista, con tista, poeta, ensaísta. En-quanto preparo a Feira com os companheiros da ABI de São Paulo, estou escrevendo outros trabalhos, como sobre a infância do Ziraldo, um título que deve ser lançado ainda este ano.

*Salão Nacional do Jornalista Escritor — Ocorre no segundo semestre de 2007 e tem como objetivo abrir um espaço, uma vitrine, para os jornalistas mostrarem seu talento também na área literária. Para participar, basta entrar em contato com a ABI Representação São Paulo, pelos telefones: (11) 3801-1357 / 3864-6206, e-mail: [email protected].

definição de arte e reportagem que inventei agora. Porque era difícil definir esse livro, ele não é um ensaio fotográfico, não é um texto comum, é uma reportagem artístico-literária sobre o espaço e o tempo do Graciliano Ramos. O trabalho mostra a região em que o Graciliano viveu e construiu a sua obra; apresenta, inclusive, uma coisa muito importante em termos brasileiros: que de lá para cá, ou seja, 70, 80 anos depois dos primeiros livros dele — o primeiro é de 70 anos, que é Caetés —, a situação social naquelas localidades continua basicamente a mesma. Há modifi-cações, evidente, do que se chama progresso em asfalto, antena de televisão, certos sinais visíveis, mas, na essência, é esse mundo que estamos expondo. É um texto de revisitação daquele espaço em que ele viveu e não deixa de ser reportagem.

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O jornalista e sua esposa, Vanira Kunc, posam para foto com algumas das crianças atendidas pela lBV em São Paulo/SP.

Entrevista na ABI

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P A R L A M U N D I D A L B V

O SUCESSO DO SEU EVENTO ESTá AqUI!

Ao lado do Templo da Boa Vontade está o ParlaMundi da LBV: com sua arquitetura privilegiada, é um local com padrão internacional para eventos de pequeno, médio e grande porte. Edifício climatizado, 5 pavimentos, auditórios para 100 (Tom Jobim), 200 (Austregésilo de Athayde) e 500 pessoas (José de Paiva Netto), salão nobre, salas para workshop de 30, 60 e 80 lugares, biblioteca, ala para estudos, bufê especializado em coffee break, coquetel, brunch e jantar, serviço de design gráfico, computação gráfica e divulgação de eventos, recursos audiovisuais de última geração.

SGAS 915 - Lotes 75/76 | 1o andar do ParlaMundi da LBV | Brasília/DF | CEP 70390-150Tels.: (61) 3245-8420 / 3346-1836 | Fax: (61) 3345-1050 | E-mail: [email protected] | www.parlamundi.com.br.

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A ONU é uma organização de países que se juntaram voluntariamente para tra-balhar pela Paz mundial.

Entre suas primeiras resoluções, destaca-se a que institui o Depar-tamento de Informação Pública das Nações Unidas, datada de fevereiro de 1946. Deste modo, foi criada a rede de UNICs (sigla em inglês de United Nations In-formation Centers — Centros de Informação das Nações Unidas). Escritórios abertos nas mais dis-tantes cidades do mundo com um objetivo traçado: o de assegurar a pessoas de todas as partes o acesso a informações completas sobre o trabalho da ONU.

A seção do Rio de Janeiro, primeira estabelecida na América Latina, comemora, neste ano, seis décadas atuando em solo nacional. “O Brasil, como 5º maior país do mundo (em extensão territorial), tem lugar especial nas decisões

da Assembléia Geral”, esclarece o Dr. Carlos dos Santos, diretor do órgão, em bate-papo sobre os 60 anos do UNIC-Rio.

Nosso entrevistado vive há sete anos no Brasil e iniciou sua jornada no Departamento de In-formação Pública da ONU. “O meu trabalho, simultaneamente ao de informação pública, era também o de participar de muitas missões absolutamente políticas. Comecei na Nicarágua, quando houve iniciação de uma virada para um novo regime, de eleições livres e abertas. Dali saímos para o Haiti, fazendo o mesmo trabalho. Na Guatemala, fui re-presentante do Secretário-Geral Adjunto do Governo português e também diretor do Centro de Informações das Nações Unidas em Portugal”, narra.

Pelo tempo que atua na direção do UNIC-Rio, Dr. Carlos destaca a boa aceitação do trabalho da

Dr. Carlos dos Santos, Diretor

do UNIC-Rio (ONU/Brasil),

apresenta panorama histórico

da atuação dos 60 anos do

escritório das Nações Unidas

no País.

Construindopontes

Danielly Arruda e Simone Barreto

Nações Unidas — Brasil

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ONU entre os brasileiros, justa-mente pelo seu caráter altruístico. “O Povo brasileiro, por si só, é muito solidário, muito amigo. O que se reflete lá fora nas telas das nossas televisões é que o Brasil é um país sem coração, com tan-tos crimes, tanta violência, mas quando você, que não conhece o Brasil, entra em contato com os brasileiros, vê que é um povo fantástico, muito amigo, sempre aberto a ajudar e a estender a mão”.

Sobre o papel do UNIC-Rio em relação à sociedade, o entre-vistado considerou: “Além de in-formar o público do que se passa nas Nações Unidas, que são as suas agências, seus programas, as Nações Unidas se ocupam de tudo que está ligado à comunida-de, desde o seu desenvolvimento socioeconômico até o seu de-senvolvimento espiritual quando isto está ligado à Declaração

Universal dos Direitos Humanos. Nós temos vários projetos em que a própria LBV tem participado, como o Juventude Pela Paz Am-pliando o Horizonte (veja o boxe na página seguinte) no qual nós tentamos de certa maneira ensinar ao jovem a ter um determinado tipo de conduta, a ter uma idéia do que é a Solidariedade, do que é um trabalho voluntário, de ter idéia de que qualquer ação, individual

ou conjunta, afeta a própria co-munidade”.

Mundo sem fronteirasA ONU, também mantenedora

da Paz mundial, dá oportunidade para que as mais variadas pessoas possam ser voluntárias nas frentes de ação do orga-nismo inter-nacional. “Temos

integrantes do time CePe Caxias, que participou da Copa ONu de Futebol Feminino, em 2005, seguram faixa da lBV, saudando os 60 anos das Nações unidas e de apoio à iniciativa. a atriz Juliana Paes, em destaque com a camiseta da lBV, foi madrinha da competição.

Nana Moraes

Vista parcial do palácio do itamaraty, parte dos fundos, no Rio de Janeiro/RJ.

pontes

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Juventude pela Paz Ampliando Horizontes — Parceria firmada en-tre o Centro de Informações das Nações Unidas no Brasil (UNIC-Rio) e o Governo do Estado do Rio de Janeiro, por intermédio da Adminis-tração Estadual de Del Castilho/Suburbana, da Secretaria de Estado de Educação e da Legião da Boa Vontade, que visa à realização de palestras em escolas estaduais a respeito da ação da ONU no Brasil e seus temas votados pelas delegações internacionais. Por sugestão da professora Maria das Graças Antunes de Araújo, da Secretaria de Estado de Educação e Coordenadora da Metropolitana III, a primeira palestra educativa ocorreu no Centro Educacional, Cultural e Comu-nitário da LBV, na zona norte do Rio.

Parcerias pela Paz

HaitiÁrea: 27.400 km2

Clima: tropicalidiomas: francês e crioulo (oficiais)Principais cidades: Porto Príncipe (capital), Carrefour, Cap-Haïtien.

Coral ecumênico infantil lBV emociona militares no Rio de Janeiro.

dois tipos de missões: a que é organizada pela própria sede das Nações Unidas, pelo departamento de Operações de Paz, da qual par-ticipam muitos brasileiros; e a or-ganizada pelo trabalho das várias agências e programas das Nações Unidas no Brasil. Em quase todas elas há trabalho voluntário. No UNIC-Rio temos voluntários de 21 a 70 anos. Em um país com dimensões continentais como o Brasil, tem de haver participação de todas as camadas. O Brasil,

para crescer aos olhos do mundo, tem de acabar com as diferenças e conseguir dar uma educação de alta qualidade”, acredita.

Neste contexto, o Dr. Carlos dos Santos também avalia a par-ticipação do Brasil nas missões de Paz no mundo, especialmente nos últimos tempos nos países de língua portuguesa. “Estamos à frente de uma grande missão de redemocratização do Haiti, que é um país histórico no contexto Latino-Americano e do Caribe.

Portanto, o Brasil está muito ati-vo dentro do capítulo da Paz, de preservar a Paz internacional”, pondera o Dr. Carlos.

É por esses e outros fatores que o órgão se solidificou, ganhando credibilidade e respeito, ao longo de seis décadas de trabalho. “O Centro comemorou seus 60 anos no dia 23 de março. Estamos escrevendo a história desde a fundação até os dias de hoje, tudo o que aconteceu para as pessoas realmente entenderem como fun-

Nações Unidas — Brasil

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ciona esse escritório, que é parte do Brasil”, pontuou. Os persona-gens que ajudaram a escrever essa história também são lembrados. “Temos ciência de uma pessoa que resolveu, nos anos 1950, ajudar as Nações Unidas em Goiás, o senhor Walter Menezes. Ele escrevia e nos fazia um relatório detalhado de tudo que acontecia, das pessoas com quem ele conversava sobre as Nações Unidas. Vamos fazer esse livro para mostrar também o que é o trabalho voluntário e a Boa Vontade das pessoas”, concluiu.

Aos leitores da BOA VONTA-DE o recado: “O fundamental é que cada leitor tentasse pôr em prática um pouco das mensagens que recebe da revista BOA VON-TADE. Não adianta ler e guardar para si. Todos os conhecimentos que adquirimos ao longo da vida temos obrigação de passar aos outros. Cada vez que lê esta revista, ou que alguém vê o que as Nações Unidas fazem, tentem pôr em prática”.

“(...) Conheço a escola da Legião da Boa Vontade (...). Não adianta

falar em Educação se não temos parcerias para levar isso a cabo.

Então, com essa parceria entre a LBV, o Governo do Estado do

Rio de Janeiro e a Coordenadoria de Educação, podemos levar o

Juventude pela Paz, que é o nosso projeto, às escolas fora do

município do Rio de Janeiro (...).”

Dr. Carlos dos Santosao comentar sua palestra no Centro Educacional da LBV sobre o Pro-jeto Juventude pela Paz Ampliando Horizontes, um dos resultados da parceria entre a Legião da Boa Vontade e o UNIC-Rio. Na imagem, o

ilustre Diretor do Centro de Informações das Nações Unidas ao lado do Assessor da Presidência da LBV, o jornalista Francisco Periotto.

Prédio da Sede da ONu, em Nova York/eua.

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Traduzido e entregue nos seis

idiomas oficiais das Nações

Unidas, documento da LBV

recomenda boas práticas

para eliminar discriminação e

violência contra meninas na

Humanidade.

Valorizaçãoassunto prioritário na igualdade de gênero: “A eliminação de todas as formas de discriminação e violên-cia contra as meninas”. O encontro avaliou as políticas internacionais, a fim de garantir o cumprimento da Declaração dos Direitos das Mulheres e das Meninas.

A sociedade civil brasileira par-ticipou do evento de forma destaca-da, por meio de um documento da Legião da Boa Vontade. Traduzido e entregue pela ONU em seus seis idiomas oficiais (árabe, chinês, es-panhol, francês, inglês e russo), nele são apresentadas boas práticas e re-comendações colhidas nos diversos programas e projetos socioeducacio-nais que a Entidade desenvolve há 57 anos em todo o Brasil e ações que ultrapassaram as nossas fronteiras, sendo reproduzidas na Argentina, Paraguai, Uruguai, Bolívia, Portugal e Estados Unidos.

Logo no segundo dia do aconte-cimento esgotaram-se as versões em inglês, que precisaram ser repostas

“Vocês da LBV

já são fortes o suficiente

para se posicionar diante dos

países membros desta organização. Por

ter esse tipo de repertório, acredito que

merecem reconhecimento mundial.”

Hanifa Mezoui Alta Comissária do Ecosoc, Chefe

da Seção de ONGs da ONU (NGO Section).

MulherdaMarta Trigueiro e Natália Lombardi

Fotos: Adriana Rocha e Vieira Filho

Nações Unidas — Nova York/EUA

A 51a sessão da Comissão sobre o Status da Mulher deste ano realizou-se na sede das Nações Unidas em Nova York/EUA,

entre os dias 26 de fevereiro e 9 de março. Delegações de dezenas de países reuniram-se para tratar de um

60 | BOA VONTADE

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“Vocês da LBV

já são fortes o suficiente

para se posicionar diante dos

países membros desta organização. Por

ter esse tipo de repertório, acredito que

merecem reconhecimento mundial.”

Hanifa Mezoui Alta Comissária do Ecosoc, Chefe

da Seção de ONGs da ONU (NGO Section).

três vezes ao longo dos 12 dias da sessão. A repercussão dos escritos, de autoria do escritor Paiva Netto, foi registrada por vários meios de comunicação do Brasil, a exemplo do conceituado Mapa do Terceiro Setor, da Fundação Getúlio Vargas (FGV). Na ocasião, o Secretário-Ge-ral da ONU, Ban Ki-moon, recebeu o documento e a revista Sociedade Solidária Altruística Ecumênica e parabenizou o trabalho da LBV.

Para a Instituição, o tema debati-do deve ser pauta urgente das políti-cas públicas internacionais, porque a violação de gênero, especialmente contra meninas, representa ato abu-sivo, que não distingue classe social, faixa de renda, cultura ou etnia. O que agrava essa triste realidade é que o sofrimento físico, sexual e/ou psíquico das menores ocorre, muitas vezes, dentro do próprio lar.

Com o objetivo de contribuir para reformular as leis de convivên-cia global, a Legião da Boa Vontade desenvolve várias iniciativas consi-deradas modelo de valorização da Mulher e de projeção das meninas. Dentre elas, o programa Ser Mulher e o projeto Cidadão-Bebê, que dão suporte psicológico, alimentar, jurí-dico e social às atendidas, além de ajudar a promover a harmonia em família e, conseqüentemente, atuam na prevenção à violência doméstica ao transmitir valores éticos, morais e

espirituais. Esse trabalho é reforçado pela Pedagogia do Cidadão Ecumê-nico — a Pedagogia do Afeto, apli-cada em todos os atendimentos da LBV. Sobre essa inovadora proposta educacional, dissertou a Vice-Se-cretária Geral da ONU, Asha-Rose Migiro: “O Amor e o entendimento são muito importantes para possi-bilitar que as crianças vivam mais felizes e possam concentrar-se em

Na primeira imagem, à esquerda, Danilo Parmegiani, da legião da Boa Vontade, e Dr. Ban Ki-moon, Secretário-Geral das Nações unidas. Na outra, a amanda Vieira, Soldadinho de Deus da lBV, posa para foto com a Vice-Secretária Geral da ONu, asha-Rose Migiro.

coisas que realmente representem um avanço para elas. Uma vez que uma criança recebe amor, ela está sendo encorajada, aprende a amar e, assim, cria condições para uma atmosfera de Paz para todos”.

A senhora Migiro reconheceu o esforço da Obra no combate à violência e à discriminação: “As organizações da sociedade civil são parceiras fundamentais para atingir a igualdade de gênero. Por isso, congratulo-me com a LBV por conseguir agir diretamente em defesa da mulher”.

Outra autoridade da ONU que manifestou o seu apreço ao serviço prestado pela Instituição foi a senho-ra Hanifa Mezoui, Alta Comissária do Ecosoc, Chefe da Seção de ONGs da ONU (NGO Section). Disse ela: “Eu desejo levar o trabalho da LBV para a AMR Innovation Fair que o Ecosoc promoverá em julho, durante o High Level Segment, em Genebra (Suíça), e mostrar aos che-

1 2

Chinês

espanhol

Francês

inglêsÁrabeRusso

Fac-símile dos documentos da lBV entregues pela ONu nos seis idiomas oficiais

“À globalização da miséria,

contrapomos a globalização da

Fraternidade, que espiritualiza

a economia e solidariamente

a disciplina, como forte

instrumento de reação ao

pseudofatalismo da pobreza.”

Paiva Netto

BOA VONTADE | 61

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fes de Estado, conselhos ministeriais e demais participantes o que vocês têm feito em âmbito internacional. Aqui está a LBV, com status consul-tivo geral desde 1999, conquistando seu assento e apresentando tudo isso diante de chefes de Estado”.

Segundo a senhora Hanifa, as ações de valorização do Ser Huma-no e seu Espírito eterno têm dado autoridade para que a LBV defenda seu ponto de vista em reuniões importantes. “Vocês da LBV já são fortes o suficiente para se posicionar diante dos países membros desta organização. Por ter esse tipo de repertório, acredito que merecem re-conhecimento mundial”, justifica.

Voz da ÁfricaO continente africano tem sido

foco das atenções mundiais no que diz respeito ao cumprimento das metas do milênio, principalmente quando se fala na erradicação da extrema pobreza, da fome, e no combate ao HIV/aids, à malária, entre outras doenças. A Legionária da Boa Vontade Adriana Rocha, na oportunidade, conversou com a Presidente-Fundadora da entidade Voices of African Mothers (Vozes das Mães Africanas), Nana-Fosu Randall, que ficou entusiasmada com o documento da Legião da Boa Vontade, vendo nele objetivos

“A LBV faz tanto pelo nosso

mundo! Considero que foi

Deus quem proporcionou

meu encontro com vocês.

Acredito que a LBV é uma das

melhores organizações aqui

representadas neste evento,

porque possui um trabalho

formidável, conhecimento e

sabedoria espiritual”.

Nana-Fosu RandallPresidente-Fundadora da enti-dade Voices of African Mothers (Vozes das Mães Africanas), na

foto com Adriana Rocha, da LBV.

Nações Unidas — Nova York/EUA

também a serem alcançados em seu continente: “A LBV faz tanto pelo nosso mundo! Considero que foi Deus quem proporcionou meu encontro com vocês. Acredito que a LBV é uma das melhores orga-nizações aqui representadas neste evento, porque possui um trabalho formidável, conhecimento e sabedo-ria espiritual”, disse em entrevista à Super Rede Boa Vontade de Co-municação.

Outro evento de grande porte ocorreu neste período na cidade de Nova York, promovido pela Divisão de Parcerias Público-Privadas do Ecosoc e a Missão de Angola nas Nações Unidas. Os organizadores do encontro convidaram a LBV para mostrar suas idéias, de forma a serem apresentadas aos países afri-canos de língua portuguesa (CPLP). Vice-Governadores de 15 províncias de Angola, além do Embaixador-Chefe da Missão, Ismael Martins, compuseram a delegação oficial.

O representante da LBV, Danilo Parmegiani, falou sobre a atuação da Obra há 57 anos no Brasil e de sua expansão em outras seis nações. A LBV foi identificada pelo grupo como o maior movimento social apresentado em língua portuguesa, cuja experiência pode servir muito para vencer os desafios de desen-volvimento em Angola.

62 | BOA VONTADE

No dia 31 de maio, a Legião da Boa Vontade co-organizou um seminário com a presença do Subse-cretário-Geral da ONU para os paí-ses menos desenvolvidos, Anwarul Chowdhury. O auditório Manhat-tan, na sede das Nações Unidas em

Nova York, ficou superlotado, com participantes de diversas lideranças internacionais de governo e da sociedade civil para debaterem o tema: “Como a consciência global pode responder ao apelo dos países menos desenvolvidos”.

Na ocasião, a Legionária Concei-ção de Albuquerque, representante da LBV na ONU, falou ao microfone promovendo a reflexão da platéia sobre a importân-cia da Espiritualidade Ecumênica e

lBV co-organiza seminário com a presença de Subsecretário-Geral da ONu

Page 63: BOA VONTADE 218

Danilo Parmegiani, da legião da Boa Vontade, ao lado da Consultora especial da ONu para as relações com ONGs, Shamina de Gonzaga, e abraham Joseph, da Divisão de Parcerias Público-Privadas do ecosoc. Na segunda foto, Danilo apa-rece com Hanifa Mezoui (e) e Michele Fedoroff, da Seção de ONGs do ecosoc.

Nas fotos 3 e 4, o regis-tro das apresentações. a quinta imagem mostra o representante da lBV na ONu, Danilo Parmegiani, explanando aos presentes.

BOA VONTADE | 63

mas para atender a uma necessi-dade nossa”.

O evento foi promovido em par-ceria com a organização Aquarian Age Comunity e o suporte do Co-mitê de Espiritualidade, Valores e Interesses Globais, do qual a LBV participa como Vice-Presidente.

Na próxima edição da BOA VONTADE, a cobertura completa do acontecimento.

da Boa Vontade no cumprimento do papel da Organização das Nações Unidas. O sociólogo e educador Roy Burrowes, de Nova York, expressou a alegria de ter conhecido mais a fundo a ação da Obra ao ler a revista Sociedade Solidária Altru-ística Ecumênica: “Aprofundei-me no maravilhoso trabalho da LBV com esta revista. A Legião da Boa Vontade não está aqui por acaso,

LBV na Innovation Fair em NYNo início do mês de maio, a Legião da Boa Vontade apresentou-

se em mais uma etapa preparatória da Innovation Fair do Ecosoc, na sede das Nações Unidas, em Nova York/EUA. Na ocasião, os participantes acompanharam os resultados da 1a Feira de Inovações que a LBV organizou no mês de março no Brasil, por meio da Rede Sociedade Solidária, cuja mobilização intersetorial reuniu mais de 1.200 lideranças na América Latina. A Presidente da Sessão, Sha-mina de Gonzaga, anunciou o trabalho da LBV como um exemplo a ser seguido.

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Danilo Parmegiani, da lBV, e o Subsecre-tário-Geral da ONu para os países menos desenvolvidos, anwarul Chowdhury.

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64 | BOA VONTADE

O mundo

Dizem que uma boa história deve ter começo, meio e fim. No caso em pauta, aquecimento global, o

início de tudo remonta a muitos anos. O meio está aí mesmo, divulgado e visto pela mídia, com inundações que arrasam cidades inteiras; neve em época de sol; surpreendentes altas e baixas temperaturas; constantes furacões; pavorosas tempestades e milhares de pessoas mortas ou feridas. Aqueles que dizem que essas catástrofes sempre existi-ram hão de concordar que nunca, em tempo algum, com tanta fre-qüência e intensidade. Quanto ao fim de tudo, só o futuro dirá.

O segundo relatório do Pai-nel Intergovernamental de Mu-danças Climáticas (em inglês,

socorropede

IPCC), órgão das Nações Unidas responsável por produzir infor-mações científicas, foi divulgado em abril, tornando a situação ainda mais grave e preocupante. Seus autores — mais de dois mil cientistas — batem nas mesmas teclas, levando pânico à Humani-dade. Eles confirmam a elevação do nível do mar, em conseqüên-cia do derretimento das geleiras, atingindo e destruindo cidades litorâneas; garantem que daqui a alguns anos faltará água para boa parte do Planeta; num prazo de apenas 15 anos as geleiras dos Andes vão desaparecer. Diver-sas florestas tropicais e regiões semi-áridas, em igual período, se transformarão em áridas.

Como as demais nações em desenvolvimento, que pouco con-

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Mario de Moraes(especial para a BOa VONTaDe)

Reportagem — Meio Ambiente

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BOA VONTADE | 65

tribuíram para o acúmulo de CO2 (gás carbônico) e outros gases na atmosfera, o Brasil será um dos países mais prejudicados. O Rio Amazonas nasce no alto dos Andes tropicais, e não se sabe exatamente qual será o impacto do degelo sobre o rio mais volumoso da Terra.

espécies vegetais e animais desaparecerão

Segundo os especialistas no as-sunto, o aquecimento da Terra não é de hoje: vem acontecendo, pouco a pouco, há mais de 150 anos. E aí começa a polêmica científica: ele é fruto de causas naturais ou por conta de atitudes provocadas pelo Ser Hu-mano? Atualmente, a opinião pre-ponderante é a segunda. É claro que, nos últimos tempos, com o avanço e a modernização industrial e, princi-

palmente, com o desenvolvimento da indústria automotiva, a poluição do ar aumentou de forma conside-rável. De acordo com conceituados climatólogos, o aquecimento global é resultado da concentração de poluentes espalhados na atmosfera (vapor d’água, dióxido de carbono, ozônio, CFCs), causando o aumento do efeito estufa.

Especialistas reunidos recen-temente em Bruxelas (Bélgica) pioraram ainda mais as perspecti-vas. Segundo eles, o aquecimento global fará com que de 20 a 30% das espécies vegetais e animais desapareçam se as temperaturas mundiais subirem entre 1,5 ºC e 2,5 ºC em relação aos anos 1990.

Martin Perry, co-presidente do grupo de trabalho do IPCC, entidade que trata dos impactos

do aquecimento, declarou que “há agora em todos os continentes sinais de mudança climática que afetam os animais e as plantas, e temos provas disso. A disponibili-dade de água boa para consumo e a hidroeletricidade já estão comprometidas, e o problema será ainda maior no futuro, tornando-se crônico, se as medidas acerta-das não forem tomadas”.

Em um século, a temperatura mundial já aumentou 0,74 °C, e, em algumas regiões, foram re-gistradas elevações pontuais três vezes maiores.

Os pobres são os que mais sofrerão

O IPCC também alertou a Humanidade de que, até 2100, 3,2 bilhões de Seres Humanos

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omO mundo

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66 | BOA VONTADE

sofrerão de escassez de água e 600 milhões passarão fome em virtude das secas, da degradação e da sali-nização do solo. Infelizmente, não é só. As conclusões do IPCC são ainda mais alarmantes. As mudan-ças climáticas farão, anualmente, entre 2 e 7 milhões de pessoas enfrentarem inundações, princi-palmente nas áreas costeiras e nos grandes deltas da África Ocidental e da Ásia. E, obviamente, são os pobres os que mais sofrerão.

O futuro da América Latina não é melhor. Até 2050, de acor-do com as conclusões do IPCC, metade das terras cultiváveis da região deverá ser afetada, levando milhões de pessoas a passar fome. Isto porque aumentará a savana, e a desertificação das terras agrícolas diminuirá a produção de alimentos. E há exemplos: nos últimos anos, a Venezuela sofreu chuvas torren-ciais; os pampas argentinos foram inundados; a Amazônia enfrentou secas; a Bolívia amargou tempes-tades de granizo; e o Caribe, uma temporada recorde de ciclones. Os índices pluviométricos diminuíram bastante no Chile, no sul do Peru e no sudoeste da Argentina.

Todo ano, cerca de 2.000 quilô-metros quadrados transformam-se em deserto por falta de chuva. Os pessimistas garantem que, antes do fim deste século, 40% das árvores da Amazônia podem desaparecer caso a temperatura suba de 2 ºC a 3 ºC graus. Em 150 anos, a geleira Gangotri, no Himalaia, atualmente com 25 quilômetros, perdeu 2.000 metros, e não pára de diminuir seu tamanho.

um exemplo concretoUm dos maiores exemplos

de desastre ambiental é o Mar de Aral, na antiga União Soviética. Ele é, na verdade, um imenso lago, existente entre o Casaquis-tão e o Usbequistão, que chegou a ser o quarto maior do mundo. Atualmente, está prestes a desa-parecer, por causa da excessiva irrigação, do desvio dos rios que o alimentavam e da imensa des-carga de poluentes em suas águas. O aquecimento global é fruto de igual irresponsabilidade dos Seres Humanos.

Os maiores poluidoresNem todos têm a mesma preo-

cupação em relação ao futuro do nosso Planeta. Depois de várias conferências, estudando a fundo o problema, no ano de 1997, em Kyoto, no Japão, foi discutido e negociado um protocolo, aberto a assinaturas de representantes das nações presentes e ratificado em 15 de março de 1999. Ofi-cialmente, o Protocolo de Kyoto — como ficou conhecido — en-trou em vigor em 16 de fevereiro de 2005, depois de a Rússia tê-lo assinado em novembro de 2004. O

aspecto da cidade japonesa de Kyoto, onde, em 1997, foi estabelecido um protocolo em que os países signatários são obrigados a reduzir a quantidade de gases poluentes emitidos na atmosfera.

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Reportagem — Meio Ambiente

Vista aérea do Mar de aral, localizado entre o Casaquistão e o usbequistão, em três épocas: a triste imagem do que um dia chegou a ser o quarto maior lago do mundo e que está prestes a desaparecer por causa da retirada excessiva de sua água para irrigação.

Setembro de 1989 agosto de 2003

Setembro de 2004

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BOA VONTADE | 67

documento propõe que os países desenvolvidos, obedecendo a um calendário preestabelecido, sejam obrigados a reduzir a quantidade de gases poluentes em, pelo me-nos, 5,2% até 2012, em relação aos níveis de 1990.

Os signatários do protocolo comprometeram-se a realizar pla-nos que reduzam a emissão desses gases entre 2008 e 2012. Para tanto, as nações que aceitaram a criação do documento devem unir-se em diversas atividades econômicas. Entre as ações básicas estão a reforma dos setores de energia e transportes; a promoção do uso de fontes energéticas renováveis; a eli-minação de mecanismos financei-

ros e de mercado não apropriados aos fins do documento; limitação das emissões de metano no geren-ciamento de resíduos e dos sistemas energéticos; proteção das florestas e outros sumidouros de carbono. As estimativas feitas pelo painel inter-governamental dão conta de que, até o fim deste século, o aumento da temperatura média global será de 2 a 4,5 °C.

Na ocasião, os Estados Unidos negaram-se a assinar o Protocolo de Kyoto, com uma desculpa pou-co convincente dada pelo Presi-dente George W. Bush. Segundo ele, os compromissos acer-tados pelo documento iriam interferir na

economia norte-americana. No seu raciocínio era melhor salvar suas indústrias do que o mundo. É claro que a mídia botou a boca no trombone, e a Casa Branca, em nota oficial, declarou não acreditar que os poluentes emiti-dos estão causando a elevação da temperatura da Terra. O espanto-so é que os Estados Unidos são os maiores emissores de gases estufa do Planeta. E os primeiros seis meses de 2006 foram os mais quentes já registrados na América do Norte desde o início das pes-quisas nacionais, em 1895. Numa

pesquisa realizada há me-ses em todo o mundo,

verificou-se que o povo norte-ame-ricano é o que menos teme o futuro.

a seqüência de imagens abaixo, feitas por satélite, é de 2002 e registra uma grande parte da plataforma de gelo larsen B desprendendo-se do continente. O bloco gigante, que existia há mais de 11 anos e era duas vezes maior que a cidade de São Paulo, derreteu em apenas 35 dias, en-tre janeiro e março de 2002, transformando-se em milhares de icebergs que se espalharam no Mar de Weddell, na Península antártica. Mais um lamentável fato financiado pelo aquecimento global.

Como as demais nações em

desenvolvimento, que pouco

contribuíram para o acúmulo

de CO2 (gás carbônico) e

outros gases na atmosfera, o

Brasil será um dos países mais

prejudicados.

31 de janeiro 17 de fevereiro 23 de fevereiro 5 de março

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68 | BOA VONTADE

pelo aquecimento global.Também deve ser levado em

conta que o aquecimento global, em várias partes do mundo, pode criar uma imensa leva de refugia-dos, à procura de um clima mais ameno. Em algumas ilhas do Pací-fico Sul isso já vem acontecendo, com muitos lavradores abando-nando suas lavouras e deixando de produzir alimentos.

... e nós?De acordo com nossos cien-

tistas, os modelos utilizados no Brasil, em pesquisas sobre aquecimento global, simulam o clima do Planeta daqui a algumas décadas. O meteorologista Mozat Salvador, do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), acredita que estaremos preparados para enfrentar futuras e inesperadas mudanças climáticas. Como exemplo, ele cita o Centro de Previsão do Tempo e Estudos Cli-máticos (Cptec) e a Universidade de São Paulo (USP), que vêm trabalhando com afinco nesses levantamentos.

Segundo o meteorologista, o aumento da temperatura da Terra

poderá prejudicar a agricultura brasileira. “Cada planta tem uma condição ideal para se desenvolver. O aquecimento global pode, por exemplo, inviabilizar as culturas de maçã e morango desenvolvidas no sul do País”. Daí que ele aconselha aprofundar as pesquisas genéticas com plantas que, no futuro, possam resistir a temperaturas mais altas. “O estudo da genética das plantas é extremamente importante para desenvolvermos, por exemplo, es-pécies capazes de suportar um au-mento de 3 ºC sobre a temperatura hoje considerada ideal para o seu plantio”, diz Mozat Salvador.

Num debate promovido pelo Instituto de Estudos Avançados da USP, os pesquisadores con-cordaram que o aquecimento pro-vavelmente comece a danificar o meio ambiente brasileiro, mas que avaliações específicas só po-derão ser obtidas em, no mínimo, 20 anos de pesquisas.

Comer menos carneExistem estudiosos que defen-

dem o menor consumo de carne no mundo, acreditando que, com isso, diminuirá o aquecimento

G-8 provará o contrárioUm estudo divulgado na época,

para fortalecer o argumento de Bush, revelou que a redução cus-taria até 4,2% do PIB dos Estados Unidos em 2010. Os números apresentados pelo relatório “Miti-gação das Mudanças Climáticas” são menos drásticos e serão deba-tidos em junho, deste ano, numa reunião de cúpula do G-8.

Infelizmente, outros países desenvolvidos também se nega-ram a assinar o protocolo, como o Canadá e o Japão. Isso porque o documento só é aceitável pelas nações que concordam que as emissões de gases poluentes são, principalmente, derivadas da queima de combustíveis fósseis, uma das grandes responsáveis

Até 2100, 3,2 bilhões de

Seres Humanos sofrerão

de escassez de água e 600

milhões passarão fome

em virtude das secas,

degradação e salinização

do solo.

a região amazônica, gigantesca área verde, também tem sua beleza e utilidade comprome-tidas em razão dos estragos do aquecimento global. a imagem acima é do período de seca, que assolou a região no segundo semestre de 2005.

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Reportagem — Meio Ambiente

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global. A geração de gases do efeito estufa (GEE) também pro-vém da pecuária. Ela é o subsetor com maior emissão de GEEs, por causa do processo digestivo do gado bovino. O gás metano, que é produzido pela fermentação no intestino dos ruminantes, tem um potencial de aquecimento global de 21 a 23 vezes maior que o di-óxido de carbono, contribuindo de forma significativa para as emissões de GEE.

Alguns renomados cientistas, como James Hansen, diretor do Instituto Goddard de Estudos Es-paciais da Nasa, e sua equipe, apre-sentaram informações detalhadas de um modelo climático aperfeiçoado desde os anos oitentas, alimentado por medições originadas de satélites, navios e estações meteorológicas no mundo inteiro.

Eles afirmam que, nos últimos 30 anos, o Planeta esquentou 0,6°C, perfazendo, no século XX, um aumento total de 0,8 °C. Se-gundo seus estudos, a temperatura média anual é a maior dos últimos 12 mil anos, faltando apenas mais 1 °C para que seja a mais alta do úl-timo milhão de anos. A temperatura da água está sofrendo alterações mais lentas, mas o grupo registrou aquecimento dos Oceanos Índico e Pacífico, fazendo com que fenô-menos como o El Niño sejam ainda mais destruidores.

que futuro espera a Humanidade?

O terrível panorama que des-crevemos para o futuro do nosso planeta leva-nos a uma pergunta: o mundo está perdido ou ainda há salvação? Segundo as infor-

mações da versão preliminar do novo e terceiro relatório do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas da ONU (IPCC), divulgado em 4 de maio, em Bangcoc (Tailândia), os custos para limitar as emissões de gases do efeito estufa significa-riam uma perda de 0,2% a 0,6% do Produto Inter-no Bruto (PIB) global em 2030. Para tanto, os governos empenhados em diminuir o efeito nefasto dos gases estufa teriam de trabalhar com a maior ur-gência para reduzi-lo de forma significativa em 15 anos. Esses cortes custariam 3% do PIB em 2030. O ex-economista-chefe do Banco Mundial, Nicolas Stern, já chegara às mesmas conclusões em 2006. O relatório que ele apresen-tou na ocasião estimou os custos de uma ação imediata para frear o aquecimento em 1% das riquezas mundiais, contra um percentual bem mais elevado, de 5% a 20%, se demorarem a agir.

O relatório ainda ressalta que algumas medidas simples, como o uso mais eficiente dos combustíveis fósseis, a adoção de energias solar e eólica e o melhor gerenciamento do uso da floresta e das terras destina-das à agricultura seriam suficientes para reduzir as emissões. Acresce que, se forem tomadas essas me-didas, melhorará a saúde do povo com a redução da poluição e haverá menos danos aos cultivos agrícolas causados por chuva ácida.

O Homem causou todos esses problemas. A ele caberá resol-vê-los.

uMa GRaNDe POlêMiCa

Recentemente, um grupo de pesquisa federal ameri-cano concluiu que “os pa-drões de mudança climática, observados ao longo dos últimos 50 anos, não podem ser explicados apenas por processos naturais, nem pelos efeitos de constituintes atmosféricos de pequena duração, como aerossóis ou ozônio”.

Por outro lado, cientistas de vários países culpam a intensi-ficação dos incêndios de verão em florestas da Rússia, do Canadá, dos Estados Unidos e da Austrália pelo fenômeno. E calculam que existam, atual-mente, 750 bilhões de tonela-das de CO2 na atmosfera.

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Sinônimo deAlém do aquecimento

global, é preciso

atenção com os

recursos naturais.

Recentemente, celebrou-se o Dia Mundial da Água, oportunidade em que to-dos devem refletir sobre

as responsabilidades que recaem sobre a sociedade na busca da conservação desse recurso natural indispensável à vida. A importância da água para a nossa existência na Terra é indiscutível e reconhecida.

Basta lembrar que os organismos terrestres são formados na sua maior parte por água; uma árvore é cons-tituída por cerca de 60% de água, e a maioria dos animais, incluindo os seres humanos adultos, tem de 50 a 65% de água em seus corpos.

Cada um de nós precisa de apenas alguns litros de água por dia para so-breviver, mas enormes quantidades

VidaDr. eng. Marco antonio Palermo, da associação Brasileira de Recursos Hídricos.

Dr. Marco Antonio Palermo(especial para a BOA VONTADE)

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70 | BOA VONTADE

Opinião — Meio Ambiente

Page 71: BOA VONTADE 218

deste líquido são necessárias para nos prover com alimentos, abrigo e outras necessidades básicas. A água desenvolve um papel-chave na formação do relevo terrestre, mode-rando o clima e diluindo poluentes. De fato, sem a água, a vida na Terra não existiria como a conhecemos.

Apenas uma pequena fração da abundante água do Planeta pode ser utilizada para o consumo humano, apesar de 71% da superfície da Terra ser coberta por ela. Noventa e sete por cento do volume que se encontra nos oceanos é muito salgada para se beber, irrigar ou ser usada na indústria. Somente os 3% restantes são de água doce, aproveitável para o consumo humano. Se considerar-mos que 3% desta água doce está congelada ou confinada em grandes profundidades, tornando economi-camente inviável a sua exploração, verificamos que apenas 0,003% do volume total de água da Terra está acessível sob a forma de lençóis

subterrâneos, vapor d’água, lagos e rios. Imaginando que a quantidade de água na Terra fosse igual a 100 litros, nosso suprimento de água potável seria de apenas 0,003 litros, ou seja, o equivalente a meia colher de sopa!

Por obra da Natureza, a água potável disponível é continuamen-te coletada, purificada, reciclada e distribuída sob ação do ciclo hidrológico, movido pela energia solar. Entretanto, a renovação deste processo tem sido afetada pela cres-cente ação poluidora e pela superex-ploração dos mananciais, colocando em risco a disponibilidade de água de boa qualidade em muitas partes do Planeta.

Fatores como a distribuição anual de precipitação pluviométrica, o re-levo e os regimes climáticos fazem com que a presença da água tenha uma distribuição espacial que não coincide com os maiores núcleos populacionais. É o caso, por exem-

plo, do Canadá, com apenas 0,5% da população mundial, mas detentor de 20% do suprimento de água potável do mundo. Em contraste, a China, com 21% dos habitantes do Planeta, tem apenas 7% do suprimento de água potável existente. No Brasil observamos o mesmo contraste, se compararmos a Amazônia com regiões como o semi-árido nordes-tino e a Região Metropolitana de São Paulo.

Com o aumento da população e o conseqüente incremento no uso da água para a irrigação e a indus-trialização, as estiagens em regiões já secas se intensificarão, e conflitos envolvendo a água poderão surgir. O aquecimento global é outro fator que pode causar alterações na distri-buição e na intensidade das chuvas, impactando as reservas hídricas de maneira imprevisível.

Parte da água potável que utiliza-mos é fundamentalmente resultado das chuvas. A parcela da precipita-ção pluviométrica que não infiltra no solo nem retorna para a atmosfera com a evaporação, incluindo a trans-piração, é chamada de escoamento superficial, que acaba por fluir para os rios, lagos, reservatórios ou outros corpos d’água.

Por sua vez, a água subterrânea corresponde à parte da precipita-ção que infiltra no solo e atravessa subsuperficialmente através dos espaços (poros, fendas, rachaduras) existentes no solo e nas rochas. A água armazenada nestes espaços é chamada de água subterrânea. Perto da superfície, a região porosa contida no solo possui pequeno teor de umi-dade. Entretanto, a certa profundida-de, na chamada zona de saturação, os poros são preenchidos por água, constituindo uma superfície líquida denominada lençol freático. O nível

O aquecimento

global é outro

fator que

pode causar

alterações na

distribuição e

na intensidade

das chuvas,

impactando as

reservas hídricas

de maneira

imprevisível.

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do lençol freático varia com as estações do ano,

ficando mais profundo no período seco, e se aproximando da superfície nos períodos chuvosos.

Como a água potável é utilizada?

Desde 1950 a taxa global de consumo das reservas de água superficial e subterrânea aumen-tou quase cinco vezes, e o uso per capita triplicou. De acordo com um estudo de 1996, a Humanidade utiliza 54% da água superficial efetivamente disponível. Por causa do crescimento da população e do desenvolvimento econômico, o consumo global de água está pro-jetado para no mínimo dobrar nas próximas duas décadas e exceder a

disponibilidade de água superficial em um número cada vez maior de regiões.

Os usos da água variam de uma região para outra e de um país para outro. Em termos médios mundiais, 65% da água retirada de rios, lagos e aqüíferos subterrâneos são utiliza-dos para irrigar 16% das plantações existentes. Parte significativa dessa água se perde por evaporação ou infiltração.

Vinte e cinco por cento da água consumida no mundo são usados para produção de energia e processa-mento industrial. A produção indus-trial requer grandes quantidades de água nos seus processos, boa parte podendo ser reutilizada de maneira eficiente. São necessários 380.000 litros de água para se produzir um

Gerir as águas urbanas,

controlar a poluição causada

pelos esgotos domésticos,

proteger e recuperar as

áreas de mananciais serão

alguns dos maiores

desafios da

sociedade no

século XXI.

automóvel, 8.400 litros para produ-zir um quilo de alumínio e 100 litros para produzir 1 quilo de papel.

O uso doméstico urbano contribui com 10% do consumo mundial de água, atingindo até 16% em países mais desenvolvidos. Com o cresci-mento da população, da urbanização e da indústria, o volume de água residual que precisará de tratamento crescerá enormemente. O mesmo se observa com os volumes de água que necessitarão ser contidos para controlar as inundações cada vez mais freqüentes e intensas nas grandes cidades. Gerir as águas ur-banas, controlar a poluição causada pelos esgotos domésticos, proteger e recuperar as áreas de mananciais serão alguns dos maiores desafios da sociedade no século XXI.

Água no Planetaa preocupação de que no futuro a água de qualidade pode se tornar escassa deve-se ao fato de que são relativamente limitadas as reservas de água útil no Planeta, conforme ilustra o gráfico. 98%

Água salgada

2%Água doce(87% deste total estão em geleiras e a maior parte encontra-se em subterrâneos).

Opinião — Meio Ambiente

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BOA VONTADE | 73

Integrar as áreas favelizadas do Rio de Janeiro, urbanizando estes espaços. Esse é o foco de um encontro ocorrido em

25 de abril no Centro Cultural Light. Em pauta, a urbanização e integração das políticas públicas nas comunidades em situação de risco social da capital fluminense,

uma ação do Governo do Estado em conjunto com o Ministério das Cidades, do Governo Federal.

A Super Rede Boa Vontade de Comu-nicação (TV, Rádio, Internet e Editora)

apóia esse importante passo para a melhoria da qualidade de vida da população carente. Na ocasião, o Governador do Rio em exercí-cio, Luiz Fernando Pezão, atual Secretário de Obras, antecipou a execução do projeto, que terá início com a revitalização da comunidade da Rocinha, a maior da América Latina. “Este ano são 72 milhões de reais aplicados. Nós queremos licitar por volta de agosto e come-

Debates e soluçõesçar em setembro já com obra”, planeja. Segundo o Vice-Gover-nador, o Complexo do Alemão e Manguinhos também serão contemplados com a iniciativa. Ícaro Moreno Júnior, Diretor da Empresa de Obras Públicas do Estado do Rio de Janeiro (EMOP), destaca: “Neste seminário, a gente coloca mais um desafio que é o de unir as concessionárias”.

O Presidente da Light, José Luiz Alquéres, uma das empresas que vão trabalhar para que essa integra-ção das áreas favelizadas ocorra, ressalta a importância do debate ter se realizado no Centro Cultural da empresa. “A Light é uma concessio-nária que atende a quatro milhões de consumidores, mas existe um grande contingente de propriedades

não regularizadas, serviços que não são feitos segundo as normas. Então nós precisamos integrar essa cidade informal à cidade formal”. E completa: “Os projetos feitos de urbanização da Rocinha, de Man-guinhos e do Complexo do Alemão, como foram colocados pelo Vice-Governador, são prioridade para o Estado, mas também são prioridade para nós da Light”.

Neste contexto, explanou sobre o papel da empresa na empreitada: “A Light vai colaborar com o projeto mapeando a situação, desenvolven-do sistemas adequados e investindo para que a qualidade de serviço nessa área seja tão boa quanto no restante da cidade”, finaliza.ícaro Moreno Júnior José luiz alquéres

Lícia Curvello

Centro Cultural Light: Na mesa de debates, temas como

urbanização e integração das políticas públicas nas comunidades.

luiz Fernando Pezão, Vice-Governador do RJ.

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Acontece no Brasil

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Colaborar de todas as formas e meios para que o acesso à esco-la se amplie e o ensino seja de qualidade, independentemente

da região desse Brasil, é a meta prin-cipal da Campanha Criança Nota 10 — Sem Educação não há Futuro!, da Legião da Boa Vontade (LBV) há várias edições e, com igual su-cesso, no ano de 2007. A Instituição beneficiou com a iniciativa milhares de alunos do ensino fundamental, vindos de famílias em situação de vulnerabilidade, com a entrega de kits escolares. São meninos e meninas atendidos nas escolas da Organização e pelo programa LBV — Criança: Futuro no Presente!

Além de contribuir para o orça-mento doméstico, a Campanha tem por objetivo elevar a auto-estima da criança e de sua família, diminuindo, assim, os índices de evasão escolar e do analfabetismo. As cinco regiões do País receberam os kits escolares

EducaçãoMutirão pela

no período de fevereiro e março, uma ação que foi divulgada pela imprensa e contou com o apoio de autoridades, personalidades e colaboradores da Instituição, que prestigiaram os eventos nos diversos locais onde ocorreram.

O resgate aos direitos das crianças

No Sudeste, a entrega deu-se nos Estados de São Paulo (confor-me reportagem desta revista, na edição anterior), Rio de Janeiro, Minas Gerais e Espírito Santo (com destaque para Cachoeiro do Itape-mirim e Grande Vitória). Na capital fluminense, os alunos do Centro Educacional, Cultural e Comunitá-rio da LBV, no bairro Del Castilho, e de comunidades em situação de carência de Belford Roxo, Petrópolis, Cabo Frio, Nova Friburgo, Niterói e Maricá foram beneficiados.

Cristina Siqueira, da Funda-ção Nacional de Saúde (Funasa), participou da entrega em Maricá e ressaltou não só a iniciativa, mas o raio de ação dos serviços prestados pela Instituição: “A LBV, no País inteiro, proporciona conforto para as crianças que estão correndo risco social. Ela tem várias atividades que resgatam os direitos delas”.

Dez cidades mineiras — Ara-xá, Ipatinga, Juiz de Fora, Montes Claros, Patos de Minas, Poços de Caldas, Uberaba, Uberlândia, Belo Horizonte e Minas Novas — tam-bém se mobilizaram em prol da melhoria educacional de milhares de crianças.

Em Minas Novas, no Vale do Jequitinhonha, uma das regiões

mais pobres do País, boa parte da ga-

rotada atendida pela LBV resi-de e estuda em

57 anos-

Juliana Bortolin

Minas Novas/MG Uberaba/MG Araxá/MG

Ponta Grossa/PR

Belford Roxo/RJ

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“Promover Educação e Cultura com Espiritualidade, para que haja

Alimentação, Saúde e Trabalho para todos, na formação do Cidadão Ecumênico.”

Paiva Netto

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BOA VONTADE | 75

escolas da zona rural. A alegria es-tampada no rosto das crianças e dos professores ao dar as boas-vindas à equipe da Legião da Boa Vontade na Escola Municipal Gabriela Leite Araújo, na localidade, mostra este indicador e que as coisas podem ser diferentes. A estudante Taís Oliveira Santos, 9 anos, resumiria pelos cole-gas o sentimento que os contagiou: “Antes não dava para estudar direi-to. Agora, vai ser muito bom”.

Ainda em solo mineiro, houve cobertura especial da mídia, como em Uberaba/MG. O radialista João Batista Rodrigues apresentou seu programa Show da Manhã, transmitido pela Rádio Sociedade, diretamente do Centro Comunitário e Educacional da Instituição. “Pude ver a emoção das crianças com este kit. Os materiais são lindos, personalizados, e o que me chamou a atenção foi a Prece do Pai-Nosso na contracapa dos cadernos. Isso traz o Amor de Deus. Quero pedir a todos que venham visitar, conhecer esta Obra, que muito realiza pela infância”, declarou.

Também afirmou o Diretor do jornal Sul de Minas, de Varginha/MG, Benedito Nicácio de Almeida, que em diversas oportunidades publicou matérias sobre a Campanha. “Paiva Netto é uma pessoa maravilhosa, que leva este serviço com perfeição. Real-mente é uma Institui-ção séria”, completou. Nota 10 para a lBV

O roteiro seguiu pelo

“A cidade de Viana contribui com a

LBV porque nesta Instituição impera a

sinceridade.”

Selmo Pereira dos SantosVereador de Viana/ES

LBV distribui

kits com

material escolar

a milhares de

crianças em

situação de

risco social em

todo o País

Maringá/PR

Patos de Minas/MG

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EducaçãoMutirão pela

Cachoeiro do Itapemirim/ES

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76 | BOA VONTADE

sul do País, Porto Alegre, Glorinha e Pelotas, no Rio Grande do Sul; Joinville, Florianópolis e Blumenau, em Santa Catarina; e Maringá, Ponta Grossa, Curitiba, Londrina, Casca-vel e Foz do Iguaçu, no Paraná, que puderam experimentar a mesma alegria e esperança.

Para a Assessora de Ensino da Secretaria Municipal de Educação de Florianópolis/SC, professora Sueli Amália de Andrade, a Organização merece nota máxima pela Campanha e pelas atividades que desenvolve com o público in-

fantil durante o ano inteiro. “(...) Fiquei feliz em ver crianças

sendo preparadas para a vida, para a Solidarieda-de, para o Amor, para aceitar as diferenças. Nota 10 para a LBV! (...). Elas estão tendo a

oportunidade de criar um espaço de transformação

que só se faz com esse lema da LBV: ‘Sem Educação não há

Futuro!’, e o futuro é agora, é aqui na LBV”, disse a professora.

Em Cascavel, a festividade foi marcada pela presença de dezenas de autoridades, entre elas a Diretora da Ação Social do Município, Ma-ria Machado; o radialista Maguila Bertoline e o Vereador Sadi José

Kisiel, que enalteceu o valor da em-preitada. “São iniciativas assim que o poder público deve ver com bons olhos e incentivar outras entidades a seguirem o exemplo da LBV. Es-tamos à disposição para contribuir com a LBV”, ressaltou o Vereador. um esforço que se multiplica

No Centro-Oeste, Cuiabá, no Mato Grosso; Paranaíba e Campo Grande, no Mato Grosso do Sul; Anápolis, Inhumas e Goiânia, em Goiás; e mais o Distrito Federal, a Campanha da LBV: Criança Nota 10 — Sem Educação não há Futuro! também alcançou êxito. A entrega dos materiais escolares em Goiânia contou com a presença de voluntários e auto-ridades, a exemplo da Secretária de Educação de Goiás, Milca Severino Pereira, representando o Governador Alcides Rodri-gues; da Presidente da Fundação Municipal de Desenvolvimento Econômico (Fumdec), Laydes Seabra, que representou o Prefei-to de Goiânia, Iris Rezende; do Deputado Estadual Wellington Borges Valim; da representante da Secretaria de Educação do Município, professora Maria Lú-cia Torres, e da Conselheira do CMAS, Carmem dos Santos.

João Pessoa/PB

Petrópolis/RJ

Recife/PE

Curitiba/PR

Foz do Iguaçu/PR

Poços de Caldas/MG

Uberlândia/MGInhumas/GO Ipatinga/MG

Natal/RN

Londrina/PR

Goiânia/GO

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apresentadora Belinha acompanha a entrega de kits em Joinville/SC.

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apresentador da TV antena 10, Mariano Marques, com as crianças

da lBV de Teresina/Pi.

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BOA VONTADE | 77

As principais cidades do Norte e Nordeste não ficaram para trás: foi o caso de Manaus/AM, Belém/PA, Fortaleza/CE, Natal/RN, Aracaju/SE, Maceió/AL, Salvador/BA, Re-cife/PE, São Luís/MA, Teresina/PI, além de Campina Grande e João Pessoa/PB.

Para o Vereador e Primeiro-Se-cretário da Câmara Municipal de Jaboatão dos Guararapes/PE, Fer-nando Moreira de Lima, “a LBV é exemplo para os governantes. Isto que acontece em Jaboatão deveria ser uma ação da gestão municipal, estadual e federal (...). É importante investir no Ser Humano”.

Ainda prestigiaram o evento em suas localidades, o Vice-Prefeito de Fortaleza, Carlos Veneranda; o Chefe de Operações da Defesa Civil do Estado do Ceará, Coronel Cleyton Bezerra, a Assistente Social da Câmara Municipal de Belém, Ana Lúcia Souza da Sil-va; Telma Lúcia de Medeiros, representando o Prefeito de Natal, Carlos Eduardo Nunes Alves; e a Secretária Estadual de Educação do Rio Grande do Norte, Ana Cristina Cabral Medei-ros, que representou a Governadora do seu Estado, Wilma Maria de Farias.

“Esta parceria com a LBV traz melhorias não só para os

alunos, mas para os educadores também. Agora, eles vêm

com vontade de ensinar, porque sabem que os alunos têm

caderno, lápis, borracha e querem aprender (...).”

Renileide Bispo de SouzaAssistente social da Escola Pompeu Sarmento, em Maceió/AL.

Paranaíba/MS

Vitória/ES Manaus/AM Fortaleza/CE Brasília/DF

Cuiabá/MT Belém/PA Campo Grande/MS

Glorinha/RS

Porto Alegre/RS

Pelotas/RS

Maceió/AL

Maceió/AL

Florianópolis/SC Aracaju/SE

Rio de Janeiro/RJSão Luís/MANiterói/RJ

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da GaroaCom estilo irreverente e

gaiato, grupo ostenta o

título de o mais antigo

do Brasil em atividade

Demônios

Hilton Abi-Hihan(especial para a BOA VONTADE)

e Arnaldo Rosa — ensaiava apenas para apresentações no bairro de ori-gem, a Mooca.

O samba genuinamente paulis-tano foi conquistando público por onde os meninos passavam. No entanto, em troca tinham só o reco-nhecimento de quem desfrutava da boa música. Foi então que, em 1943, Arnaldo decidiu inscrever o Grupo do Luar no programa de calouros A Hora da Bomba, na Rádio Bandei-rantes, vencendo o concurso. Esse primeiro lugar proporcionou o tão sonhado contrato com as Emissoras

Unidas (Record, Bandeirantes, Pan-Americana e São Paulo), rendendo três aparições semanais.

Após um ano de contrato, em 1944, conheceram o famoso jorna-lista e radialista Vicente Leporace (1912-1978). Ele reclamou da falta de sonoridade do título “Grupo do Luar”. “Esse nome não é legal, não está fonético. Vamos mudar isso”, teria dito àquela altura. E propôs um concurso para que o público escolhesse o nome. “Foi quando apareceu Demônios da Garoa, esco-lhido em meio a tantas opções. Até

hoje não se sabe quem mandou essa suges-

tão”, conta Izael Cal-deira, atual

percussionis-ta, com 15 anos de conjunto. A formação

atual inclui ain-da Roberto Barbo-sa (Canhotinho), há 40 anos tocando o

cavaquinho, Sydnei Cláudio Thomazzi (Simbá), no violão há 20, e o pandeirista Sérgio Rosa (Sergi-

F oi em um dos cruzamentos mais famosos do Brasil (Av. Ipiranga com a Av. São João), em São Paulo/SP, que a revista

BOA VONTADE entrevistou o mais tradicional conjunto musical brasileiro atuante, feito registrado pelo Guiness Book. Já se vão 64 anos desde que seis garotos entre 12 e 14 anos decidiram tocar juntos alguns dos grandes sucessos de sua época. A princípio, o Grupo do Luar — formado por Waldemar Pezuol, Zezinho, os irmãos Benedito e An-tônio Espanha, Bruno Michelucci

Samba e HistóriaM

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78 | BOA VONTADE

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nho), filho de Arnaldo, com 10 anos de atividade.

Mas esse ainda não era todo o sucesso que os aguardava. Em 1949, os Demônios da Garoa fizeram um arranjo para a música Muié Ren-deira, interpretando-a ao lado de Homero Marques, na trilha sonora do filme O Cangaceiro, de Lima Barreto, campeão do Festival de Cannes (Melhor Filme de Aventura em 1953).

Nesta oportunidade, conhece-ram o saudoso sambista Adoniran Barbosa (1910-1982). Daí veio uma parceria que deu certo. Fruto dela nasceu o jeitão descontraído e o estilo gaiato criado pelos Demônios da Garoa, ancorado principalmente nas brincadeiras de Arnaldo Rosa. É o empurrãozinho final para que o grupo apontasse no topo das paradas entre os anos 1950 e 1960. Fazendo uso de muita irreverência e humor, rechearam seus sambas com grace-jos. “O Adoniran fazia as letras um pouco mais sérias, menos jocosas, e introduzimos nas músicas dele

os pans pans pans, quais quais quais, os ding dond e pas calin gun dum. É aquela coisa do linguajar simples, dos engra-xates da Praça da Sé e da Praça Clóvis. Isso deu certo, está

aí até hoje”, recorda Sérgio Rosa. Nesse período estão os maiores sucessos: Malvina, Joga Chave, O Samba do Arnesto, Saudosa Maloca, Iracema, Trem das Onze e Ói Nóis Aqui Tra Veis.

Tudo isso fez deles referência no que diz respeito a samba de raiz. Mesmo assim, enquanto para muitos o grupo da Mooca rompeu fronteiras estaduais, já que quase sempre só se falava do samba carioca, Sér-gio Rosa contesta, diz que não vê diferenças tão expressivas e brinca com o título de baluartes do samba paulista. “Tudo o que os Demônios da Garoa fizeram foi através de São Paulo, porque é um conjunto paulistano. Fomos tachados como criadores do samba paulistano. Não tem nada a ver. Samba é samba em todo lugar”.

O atual cenário do samba paulista deve muito aos pioneiros Demônios da Garoa. De herança, deixaram o samba de raiz, hoje bem presente em grupos como Exaltasamba e Raça Negra. Os dois conjuntos, ambos com mais de 20 anos de estrada, não abandonaram o estilo que os levou ao sucesso. Serginho conta que esse é um dos segredos que fizeram do grupo uma referên-cia. “Que continuem sustentando o estilo que abriu as portas para eles. Se o Adoniram estivesse vivo, faria o mesmo tipo de música de 30 anos atrás, Tom Jobim (1927-1994), da mesma forma, faria Se todos fossem iguais a você, Vinícius de Moraes (1913-1980), Garota de Ipanema”, disse Serginho. E torce: “Alguns têm se destacado há certo tempo. Os dois (Exaltasamba e Raça Negra) conse-guiram até agora manter a fama e a

gente espera que eles tenham força e cabeça boa para conseguir levar o samba por muito tempo”.

Os causosEstá certo que Adoniran teve

grande influência no trabalho dos Demônios da Garoa. Também é cer-to que parte desta influência vem do período que ele integrou o conjunto. Certo? Errado! Na verdade, o com-positor sequer tocou com os músicos da Mooca. Mas até hoje é o que pensam muitos em Angola, graças a uma brincadeira de Toninho Gomes (da segunda formação do grupo). Sem dúvida, esta é uma das histórias mais marcantes na memória deles. Aconteceu durante entrevista a uma TV de Luanda, em 1975, quando o país africano tornou-se independente

“Fomos tachados como

criadores do samba

paulistano. Não tem nada

a ver. Samba é samba em

todo lugar.”

Sérgio Rosa filho de Arnaldo, fundador dos Demônios da Garoa e

atual pandeirista do grupo.

lima Barreto

Na imagem histórica aparece a primeira formação

que alcançou o sucesso em 1943. Da esq. para a dir.: antonio espanha, Zezinho,

Bruno, arnaldo Rosa, Vicente e Benedito espanha. esta é a primeira foto do grupo

tirada para divulgação.

Radialista e jornalista Hilton abi-Hihan, também é apresentador do programa Samba e História*

* Programa Samba e História — Na Super Rede Boa Vontade de Rádio (Super RBV), você pode acompanhar essas entrevistas aos domingos, às 5, 14 e 20 horas. Pela Boa Vontade TV, o telespectador pode assisti-las aos sábados, às 23 horas. Outra opção para acompanhar o programa é aos domingos, às 15 ou 23 horas. Pela Rede Mundial de Televisão, confira o bate-papo aos domingos, às 12 horas.

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de Portugal. As ruas da capital angolana es-

tavam cheias de soldados, armados com fuzis. O clima de guerra civil ainda no ar... O grupo estava sendo escoltado. “No momento que iria começar a entrevista, o apresenta-dor anunciou que teriam naquele momento a presença do famoso compositor brasileiro Adoniran Barbosa, mas ele não fazia parte e não estava lá. O engraçado é que o Toninho resolveu assumir o papel: se passou pelo Adoniran e começou a falar como ele. Quando viu aquele fuzil nas costas dele, respondeu como se fosse o Adoniran: “Tira isso daí, rapaz!” (risos). Deu uma dura no soldado, ele até se assustou com o Toninho. Aquilo foi um mote para a gente ficar conversando o resto da viagem”, conta Roberto Barbosa.

Desafios e o livro dos recordes“Há alguns anos, quando fomos

gravar um disco, passamos por um dos piores momentos. Naquela ocasião ainda estavam meu pai (Arnaldo), o Toninho, o Ventura, o Canhoto, o Sidney, o Izael e eu.

Mas as coisas aconteceram de repente: o Canhoto precisou fazer três pontes de safena, o Toninho teve de se afastar por causa de um problema no pé, o meu pai teve uma série de problemas e também ficou afastado. Mas superamos isso. Hoje, muita gente ouve o dis-co e comenta: “Puxa, está muito legal”. Aquilo foi um dos maiores percalços. Tivemos de enfrentar a situação porque tínhamos um contrato a cumprir e um disco a fazer. O restante que veio é água de batata, a gente segue em frente e tudo bem”, se emociona Sérgio.

Completa Izael: “Um grupo com essa longevidade de 64 anos encon-tra muitos problemas em relação ao Ser Humano... São pessoas que falecem, outros que se retiram (...), constantes reformulações, reestrutu-rações. Esses fatos acontecem, mas o grupo fica”.

O grupo ficou e, pelo jeito, vai longe. Mesmo sendo desde 1994 o conjunto mais antigo do Brasil, os Demônios da Garoa não parecem querer parar por aqui. “Entrar para o Guiness Book foi altamente valo-roso para o conjunto”, comemora Sérgio. E acrescenta esperançoso: “De lá para cá vêm sendo feitas

pesquisas mundiais, em busca de ou-tros grupos duradouros. Seria muito engraçado participar do conjunto mais antigo do mundo. Mas, sendo do Brasil, já está de bom tamanho, graças a Deus”.

Alguns se perguntam como o grupo tem sobrevivido a tanto tem-po. A resposta talvez esteja no fato de que o próprio “vilão tempo” coloque à prova os bons artistas. “A gente conseguiu. Temos o intuito de não parar nunca. Eu sempre falo que com essa longevidade do conjunto, com certeza os Demônios da Garoa não podem ser uma coisa do demô-nio, mas, sim, de Deus. Por isso, temos tanta perseverança de manter o samba”, diz Sérgio, que aproveita para anunciar os planos de continuar esse trabalho para as futuras gera-ções: “Meu filho, Ricardinho, está aí conosco. Com a força de Deus, esperamos que todos aqueles que passaram pelos Demônios da Garoa e já não estão neste plano sempre olhem por nós, para que possamos vir a completar 100 anos de exis-tência com a consciência limpa do trabalho bem-feito, honesto. Com a graça de Deus, a todos vocês: muito obrigado”.

Colaboração: Gabriel Lima

“Eu sempre falo que com

essa longevidade do conjunto,

com certeza os Demônios da

Garoa não podem ser uma

coisa do demônio, mas, sim,

de Deus. Por isso, temos tanta

perseverança de manter o

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À direita, a reprodução de pá-ginas da revista oficial da Oomoto, religião fundamentada no Xintoís-mo, de origem japonesa, com pre-ceitos universalistas, com sede no Japão. A matéria do periódico (que circula no Japão com tiragem de mais de 100 mil exemplares) é as-sinada pelo Diretor da Oomoto no

O jornalista e cineas-ta polonês Roman Do­brzyński, em sua terceira visita ao Brasil,

no fim de março, lançou na Galeria de Arte do Templo da Boa Vonta-de, em Brasília/DF, o livro A Rua Zamenhof. A obra apresenta, em formato de entrevista, a biografia de Louis C. Zaleski-Zamenhof, neto de Lázaro Luís Zamenhof (1859-1917), o criador do Esperanto, um idioma surgido com a responsabi-lidade de promover a comunicação internacional. A proximidade fami-liar leva a história dele a se estreitar com os problemas enfrentados pelo avô, na tarefa de divulgar o seu ideal, e dos pavores que ele, Zamenhof, e seus parentes passaram na Polônia durante a Segunda Guerra Mun-dial, quando foram perseguidos por Hitler (1889-1945), tanto por serem judeus como pelos ideais da nova língua.

Na noite de autógrafos, Do brzyński fez questão de regis-

Jornalista e esperantista polonês Roman Dobrzynski lança livro no TBV

trar: “A LBV é o lugar ideal para lançar esse livro. Aqui eu me sinto em casa”. Certamente em alusão ao que o próprio Fundador da Obra, Alziro Zarur, registrou em estatuto: “Pugnar pela mais ampla difusão do idioma internacional Esperanto, elemento precioso de confraterni-zação dos povos, considerando que a LBV é o Esperanto das religiões, como o Esperanto é a LBV das línguas”.

Pouco antes do evento, o es-perantista Dobrzyński relembrou sua primeira vinda ao nosso País, em 21 de outubro de 1989, para a inauguração do Templo da Boa Vontade. Àquela altura, fez uma entrevista especial para a TV Polo-nesa com o idealizador e construtor do monumento, José de Paiva Netto, e lhe perguntou: “Como pode a Religião de Deus pregar o Ecumenismo Irrestrito, falando em Jesus?”, ao que o dirigente da LBV respondeu: “Uma das gran-des tarefas da Religião de Deus é

justamente dessectarizá-Lo (...)”, e o líder da Instituição prosseguiu descrevendo as características universalistas da mensagem do Divino Mestre.

Aos microfones da Super RBV, Roman afirmou: “Hoje rememora-mos que há quase 20 anos fiz uma pergunta importante ao Irmão Paiva Netto, que ficou para a história. Isso me agrada muito, porque depois eu comecei a escrever o livro com base nessa resposta dele”. E com-pletou: “O mais importante em um jornalista é saber fazer a pergunta certa, no momento certo. Não é suficiente fazer a pergunta correta, você deve ter a pessoa ideal para respondê-la”.

“A LBV é o lugar ideal para

lançar esse livro. Aqui eu me

sinto em casa.”

Roman Dobrzyński

Brasil, professor Shigeki Maeda, e registra, em duas páginas, o cor-dial encontro que teve com o diri-gente da LBV, José de Paiva Netto, recentemente, no Rio de Janeiro. Na oportunidade, o presenteou com uma peça de cerâmica especialmen-te confeccionada pela Quinta Guia Espiritual da Oomoto, sra. Kurenai

Deguchi. Em retri-b u i ç ã o , Paiva Netto gentilmen-te enviou um belo quadro retratando o Conjunto Ecumênico da LBV, em Brasília/DF, Brasil, entregue pelo sr. Shigeki.

Boa Vontade do outro lado do mundo

Carolina Dutra

Esperanto

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Notícias de Brasília

Brasília, a capital do Brasil, comemorou 47 anos. Nesse espaço de tempo, a cidade tornou-

se adulta e humanizou-se. Inaugurada em 21 de abril de 1960 pelo Presidente Juscelino Kubitschek, já conheceu vários presi-dentes: Jânio Quadros, João Goulart, Pascoal Ranieri Mazzilli, Hum-

Murilo Melo Filho(especial para a BOA VONTADE)

berto de Alencar Castelo Branco, Arthur da Costa e Silva, Emílio Garrastazu Médici, Ernesto Gei-sel, João Figueiredo, Tancredo

Neves, José Sarney, Fer-nando Collor de Mello, Itamar Franco, Fernan-do Henrique Cardoso e Luiz Inácio Lula da Silva.

Sua consolidação é de-finitiva, não há mais a me-

47 anosBrasília

Oscar Niemeyer

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BV

Murilo Melo Filho, jornalista e escritor, é membro da aBl.

82 | BOA VONTADE

Page 83: BOA VONTADE 218

nor dúvida. O apoio de todos esses governos ajudou na concretização de Brasília, capital aérea e rodo-viária, sonho secular do patriarca, que, na concepção de Lúcio Costa, nasceu do gesto primário de quem assinala um lugar e dele toma posse: “dois eixos cruzando-se em ângulo reto, ou seja, o próprio sinal da cruz”.

Nas suas pontes, nos seus novos prédios, nos edifícios de suas embaixadas, ministérios, tribunais e palácios, no Memorial JK e no Conjunto Ecumênico da LBV (formado pelo Templo da Boa Vontade e pelo ParlaMundi) estão as principais atrações turís-ticas da cidade, que, além de con-centrar a cúpula da administração federal e de ser o palco central da atividade política é, desde a sua fundação, um dos mais marcantes pólos turísticos do País, com sua avançada arquitetura e seus arro-jados planos urbanísticos.

Lúcio Costa já havia explicado no seu projeto que Brasília fora con-cebida não como simples organismo capaz de preencher satisfatoriamen-te e sem esforço as funções vitais próprias de uma cidade moderna qualquer, não apenas como urbe, mas civitas, possuidora dos atribu-tos inerentes a uma capital. Ela se destinara a ser monumental, não no sentido da ostentação, mas no da expressão palpável, consciente daquilo que vale e significa em todo o seu conjunto.

O urbanista que idealizou o Plano Piloto estava imbuído de dignidade e de nobreza de intenção. Brasília é hoje uma cidade viva e aprazível,

que convida ao devaneio e à espe-culação intelectual, capaz de ser ao mesmo tempo o centro do governo administrativo e foco de cultura dos mais lúcidos e sensíveis.

Bastaram alguns anos para de-monstrar a viabilidade da previsão do urbanista. Houve ordenação, ao lado de um senso de conveniência e de medida.

Muito antes de ser transformada em realidade a partir dos traços de Lúcio Costa, Brasília já constituía, numa visão de Dom Bosco, uma espécie de Terra da Promissão. A mística resiste ao tempo e perdura na atualidade, quando o viajante que ali chega se depara com os mais belos crepúsculos por trás do perfil moderno da cidade.

Há um profundo sentimento de respeito e de fé diante da perfeita

O urbanista Lúcio Costa

que idealizou o Plano

Piloto estava imbuído de

dignidade e de nobreza de

intenção. Brasília é hoje uma

cidade viva e aprazível.

identidade entre a natureza de Bra-sília e a obra que o Ser Humano ali realiza, marcada pela criatividade mais autêntica.

Encravada no Planalto Central, numa área antes pertencente ao Esta-do de Goiás, Brasília ocupa posição estratégica, bem próxima aos limites com Minas Gerais. Abriga hoje as sedes dos Poderes Exe cutivo (Presi-dência da República e Ministérios), Legislativo (Senado e Câmara) e

lúcio Costa

imagem de satélite do Plano Piloto

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BOA VONTADE | 83

Page 84: BOA VONTADE 218

“o marco da Paz para a Humanidade”

Judiciário (Supremo Tribunal Fe-deral, Tribunal Superior de Justiça, Superior Tribunal Militar, Tribunal Superior do Trabalho), embaixadas e

quase todos os órgãos públicos federais.

Há 18 cidades em seu redor, entre as quais Planaltina, Sobradinho, Guará, Ceilândia, Taguatinga e Samambaia.

O lago Paranoá, formado por uma barragem no rio de mesmo nome, abastece a cidade e ameniza o clima quente e muito seco, que, em determinados meses do ano (julho e agosto), se iguala ao de áreas desérticas.

A idéia da interiorização da capital data do Primeiro Reinado (1822-1831), quando José Bonifá-cio fez constar da Constituição de 1824, logo após a Independência, um dispositivo sobre a transferência da capital do Império (na época, Rio de Janeiro) para o interior do País. Esse dispositivo foi conser-vado e consagrado na Constituição Republicana de 1891, além de ter sido reafirmado nas cartas de 1934, 1937 e 1946.

O astrônomo belga naturali-zado brasileiro, Luiz Cruls, no começo deste século, delimitou

um trecho de

José Bonifácio

14.400 km2, conhecido como “o Retângulo Cruls”, na área que, em 1954, com a missão do Gene-ral Poly Coelho, ficou destinada à construção da nova capital. Hoje, a área total de Brasília soma 5.822 km2, num planalto de topo-grafia suave, banhado pelos rios Paranoá, Preto, Descoberto e São Bartolomeu; o clima é tropical com vegetação de cerrado.

Quando foi inaugurada em 1960, a cidade possuía uma população de 140 mil habitantes — eram na maioria engenheiros, candangos, servidores públicos, civis, militares e operários — que foi aumentando rapidamente com a chegada de milhares de migrantes, sobretudo das regiões Norte e Nordeste. Sua população atual está na casa dos 2,3 milhões de habitantes (estimativa do IBGE em 2006).

Em 1987, a Unesco resolveu declarar Brasília patrimônio cul-tural da Humanidade, não só por ter sido a primeira cidade cons-truída no século XX para ser a capital de um País, mas também pelo caráter revolucionário de sua arquitetura.

Sejam quais forem os proble-mas do País — inflação, desem-prego, dívida externa, recessão —, Brasília será sempre a “capital da esperança”, na feliz definição do ex-Ministro da Cultura da França, André Malraux (1901-1976). Esperança pelo que representa de moderna em arquitetura e revolucionária em urbanismo. Esperança pelo que significa na conquista da outra metade do território brasileiro. Esperança pelo que encerra de otimismo e confiança nos destinos do País.

O Templo da Boa Von-tade, construído com a ajuda do Povo pelo Diretor-Presidente

da LBV, José de Paiva Netto, seu idealizador, foi inaugura-do em 21 de outubro de 1989. Em pouco tempo tornou-se o monumento mais visitado da cidade, recebendo anualmente mais de um milhão de peregri-nos, segundo dados oficiais da Secretaria de Turismo do DF (Setur). O monumento recebe, ainda, diversas personalidades em seus ambientes, entre as quais muitos políticos, artis-tas, cientistas, empresários e religiosos.

“Erguido pelo ideal forte das pessoas de Boa Vontade do Brasil e do mundo, sob a lide-rança do jornalista, radialista e escritor José de Paiva Netto, Diretor-Presidente da LBV, Legião da Boa Vontade, o TBV constitui o marco da Paz para

Notícias de Brasília

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Da Redação

84 | BOA VONTADE

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a Humanidade. Com suas portas abertas 24 horas por dia, desde 21 de outubro de 1989, recebe indistintamente a todos, religiosos ou não, pois a Fraterni-dade Ecumênica é o grande objetivo social a ser alcançado neste Terceiro Milênio”, defi-ne o jornalista Gilberto Amaral, do Jornal do Brasil.

O escritor Newton Rossi, morador de Brasília desde seus primeiros anos, declara o or-gulho de viver em um lugar tão místico. “Amo esta cidade da mesma forma que amo o Brasil. Espe-ro que, um dia, o Brasil espiri tualizado possa cumprir os desígnios de Deus. A LBV é, sem dúvida alguma, o vetor para essa união espi-ritual deste País, por isso que ela está em Brasília, cumprindo

a missão do Ecumenismo, con-gregando todos em um só ideal:

Deus. Brasília comple-ta 47 anos... Uma luta conjunta de todos os brasileiros idealistas”, emociona-se.

Da mesma forma, o jornalista Carlos Cha-gas reconhece no Tem-plo da Paz um monu-

mento de esperança ao Brasil. “Se há um símbolo que exprime Brasília mais do que qualquer outro, este é o Templo da Boa Vontade. É o monumento mais

visitado da capital, não apenas pelos turistas, mas também pelos re-ligiosos, pelos que o procuram pelo que ele representa em matéria de irmandade, de So-lidariedade e de uma lição fundamental: a de

que o Brasil ainda tem jeito”, considera o jornalista.

“o marco da Paz para a Humanidade”

“Se há um

símbolo que

exprime Brasília

mais do que

qualquer

outro, este é o

Templo da Boa Vontade. É o

monumento mais visitado

da capital, não apenas

pelos turistas, mas também

pelos religiosos, pelos que

o procuram pelo que ele

representa em matéria de

irmandade, de Solidariedade

e de uma lição fundamental:

a de que o Brasil ainda tem

jeito.”

Carlos Chagas jornalista

Gilberto amaral

Newton Rossi

Carlos Chagas

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Aquele 21 de abril de 1960 seria de profun-das emoções. Refu-giei-me no Catetinho,

de onde comandara, no início, a grande batalha de construção da nova capital.

Sentei-me na varanda. Em torno, estendia-se a cidade que, num esfor-ço quase sobre-humano, conseguira construir em três anos e meio. O céu era o mesmo da minha primeira noite ali — imenso e desdobrado em nuvens coloridas —, como se refletisse o esplendor da metrópole que se abria no chão.

Lúcio Costa havia feito o dese-nho da cidade e Oscar Niemeyer, o dos prédios. Milhares de traba-lhadores tinham porfiado, na tarefa de transformar em realidade o que estava nas pranchetas. Depois da obra concluída — um avião ou um

“Eu também chorei”O Presidente

Juscelino Kubitschek

estava no exílio, em

Paris, onde redigiu

este texto sobre o

21 de abril de 1960

(data de inauguração

de Brasília), um

dia vivido por ele

intensamente. Este

testemunho é o que

se segue.

pássaro, de asas abertas — a nature-za, certamente invejosa do espírito criador do Homem, empenhara-se em ser também um arquiteto, cons-truindo, no fundo celeste, o esboço de outra Brasília.

Daí a seqüência de catedrais e de zimbórios que surgiam e se desfa-ziam a cada hora, ao sabor do vento, no côncavo do firmamento.

— Naquele instante, por exem-plo, via uma imensa coluna de luz, que se abria no seu topo como uma flor a desabrochar. O sol dourava-a, emprestando-lhe fosforescências que nenhum artista seria capaz de fixar.

Lembrei-me da profecia de Dom Bosco: “Entre os paralelos de 15 e 20, havia uma depres-são bastante larga e comprida, partindo de um ponto onde se formava um lago (...) surgirá aqui

Notícias de BrasíliaAr

quiv

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Relato de Juscelino Kubitschek de Oliveira

a obra e seu criador. O Presidente Juscelino Kubitscheck (1902-1976), diante do Congresso Nacional.

86 | BOA VONTADE

Page 87: BOA VONTADE 218

a Terra Prometida, vertendo leite e mel. Será uma riqueza inconce-bível (...)”.

E ali estava Brasília, já construí-da, justamente entre os paralelos 15 e 20, exatamente como ele a previra. Além de ter sido o sonho de um sábio, José Bonifácio, ele era, também, a visão de um santo, Dom Bosco.

Júlia, minha mãe, também esta-va presente: serena, altiva, humilde, como sempre o foi; conversava com minhas filhas Márcia e Maristela. De vez em quando, ela erguia o olhar e contemplava, em silêncio, a cidade que se descortinava à sua frente: um perfil majestoso, a linha dos arranha-céus, o faiscar das pare-des de vidro, as extensas avenidas, os engenhosos trevos rodoviários, o lago que mais parecia uma esme-ralda líquida.

Por fim, virando-se para Sarah, ao seu lado, comentou:

— Só mesmo o Nonô seria ca-paz de fazer tudo isto!

O Nonô era eu.Fitando-a, surpreendi-me que o

destino, entre tantos outros ilustres homens públicos de Minas e do Brasil, houvesse escolhido justa-mente a mim, um antigo e modesto telegrafista de Belo Horizonte, para fazer brotar do chão aquela esplên-dida metrópole.

Admirando-a, procurei com-preender as razões, quase inexpli-cáveis, daquele capricho do desti-no. Deus, que vira o sofrimento de D. Júlia e que fora testemunha da sua viuvez em plena mocidade e na pobreza, para, sozinha, educar dois filhos, dera-lhe, em compen-sação, fortaleza de ânimo, que soubera sempre me transmitir.

Agora, neste 21 de abril de 1960, Brasília ali estava, erguida. Já não era mais um gigante can-teiro de obras, de três anos e meio

atrás. Mas, sim, uma cidade: as largas pistas, as superquadras, os eixos Monumental e Rodoviário, a Plataforma, os palácios do Pla-nalto, da Alvorada e do Supremo Tribunal Federal, a Câmara dos Deputados e o Senado, a Esplana-da dos Minis térios.

Sessenta mil candangos, enge-nheiros e arquitetos, sanitaristas e geólogos, urbanistas e técnicos, esquecidos do conforto, trabalha-ram, dia e noite, sob o sol e a chuva, com lama e poeira, morando em barracas de lona ou em galpões im-provisados de madeira, para que a

inauguração se fizesse naquele dia, dentro do cronograma acertado.

Eles haviam tornado possível o milagre: três anos e seis meses

para erguer do solo, naquela solidão erma e desamparada, onde nada existia então — a não ser seriemas, cascavéis, arbustos retorcidos e “joões-de-barro” —, a mais mo-derna e revolucionária capital do mundo.

Eram 5 horas da tarde, quando cheguei à Praça dos Três Poderes e comecei a ler um discurso:

— Brasília só pôde estar aí como a vemos, e já deixando a entender o que será amanhã, porque a fé em Deus e no Brasil nos sustentou a todos nós, a vós, candangos, e a toda esta família

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“Eu também chorei”

BOA VONTADE | 87

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velmente ligado. Eis aí o produto de nossas angústias, de nossos risos e de nossos trabalhos.

— Com a maior humildade voltada para este dia solene, agradeço a Deus o que foi feito. Sem a Sua Vontade, esta cidade não teria sido construída. Com o pensamento na cruz em que foi celebrada a Primeira Missa, lá em Cabrália e aqui em Brasília, peço ao Criador que mantenha cada vez mais coe sa a unidade nacional, que nos dê sempre esta atmosfera de paz, indispensável ao trabalho fecundo, e conserve em nós, obreiros desta capital, o mesmo espírito forte com que a construímos.

Vivendo um tumulto de emo-ções, não conseguia desfazer um aperto que sentia na garganta e se refletia até na entonação da minha voz ao fazer aquele discurso. Du-rante os últimos três anos, minhas reservas físicas haviam sido pos-tas à prova até o extremo da sua capacidade de existência.

Quando vi aquele espetáculo de sonho e cores que se armara no céu, como um enorme arco-íris e, olhando em torno, vi aquela multidão contrita e chorando, não consegui me conter. Cobri o rosto com as mãos e, quando dei fé de mim, as lágrimas já corriam pelos meus olhos.

Sim, eu também chorei.

aqui reunida, à qual muito me orgulho de pertencer.

Logo abandonei o texto escrito e passei ao improviso:

— Viestes, alguns de Minas e de outros Estados, a maioria do Norte/Nordeste. Caminhastes de qualquer maneira até aqui, por ásperas estradas, porque ouvistes, de longe, a mensagem de Brasí-lia, de que uma estrela nova iria acrescentar-se às vinte e uma da bandeira da Pátria. Tínheis fome e sede de trabalho, num país em que quase tudo estava e ainda está por fazer.

— Ninguém vos subtrairá a glória de terdes lutado nesta bata-lha heróica. A vós, estou indissolu-

Dona Sarah: “Juscelino está aqui”. No dia 1o de março de 1994, o jornalista Paiva Netto inau-

gurou, no Templo da Boa Vontade, um quadro com a fotografia do construtor de Brasília, o sempre lembrado Juscelino Kubits-chek de Oliveira (1902-1976), como homenagem àquele que, a 19 de junho de 1956, durante sua gestão na Presidência da República, sendo Ministro da Justiça Nereu Ramos, conce-deu à Legião da Boa Vontade o título de Utilidade Pública Fe-deral. A homenagem — ocorrida na Biblioteca Alziro Zarur — teve a presença de diversas personalidades, a exemplo da saudosa dona Sarah Kubitschek (1909-1996), viúva de JK, que em outra ocasião teve também o seu quadro inau-gurado no mesmo local. Ao som de Peixe Vivo e Minas Gerais!, composições diletas de JK cantadas pelo Coral Ecumênico Infantil LBV, Dona Sarah, muito emocio-nada, agradeceu: “As crianças, cantando justamente as duas melodias que mais ouvíamos no tempo do Juscelino, tocaram-me profundamente. Quero agradecer a todos esta homenagem tão singela quanto tocante. De fato, estou sentindo que Juscelino está aqui presente em Espírito e emocionado. Uma homenagem como esta toca a todos nós. Saio profundamente agradecida, pois o Templo da Boa Vontade é um local de meditação, serenidade e harmonia. Já estive aqui antes, senti o bem-estar que nos traz a visita a este Templo e convido a todos para que venham sempre orar aqui. Que não deixem de vir receber os efeitos elevados desta Casa. Agradeço, sensibilizada, a presença de todos e a homenagem a Juscelino”.

Notícias de Brasília

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oal

O Brasil constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como um de seus fundamen-tos a redução das desigualda-

des regionais (Art. 3o, inciso III). A Constituição Federal estabelece ainda, em seu artigo 43, como papel da União “articular sua ação em um mesmo complexo geoeconômico e social, visando ao desenvolvimen-to e à redução das desigualdades regionais”.

A eliminação ou, pelo menos, a redução das desigualdades entre as regiões do país é um tema de-batido constantemente no âmbito do Congresso Nacional, desde a Constituinte de 1988, da qual tive a

Desigualdaderegional

atrapalha desenvolvimento do Paíshonra de fazer parte. Mas o processo de desenvolvimento nacional nos leva a raciocinar a partir do ponto de vista das regiões menos desenvolvi-das. A desigualdade entre as regiões brasileiras ainda é muito grande, o que atrapalha o desenvolvimento da nação. O Brasil só será um país justo quando as regiões menos desenvol-vidas tiverem a devida atenção.

O governo federal precisa investir mais nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste, para que a desigualda-de regional brasileira seja diminuída. Essas três regiões são as que menos recursos recebem do Banco Nacio-nal do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e do próprio Orçamento Geral da União.

Nos últimos anos, 80% dos re-cursos do BNDES foram destina-dos para as regiões Sul e Sudeste. Nada contra o desenvolvimento dessas regiões, pelo contrário, mas se quisermos reduzir as desigualdades e assim crescer de forma equânime, precisamos concentrar nossos esforços nas regiões menos desenvolvidas. Os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) re-

lativos à participação das regiões e das Unidades da Federação no Produto Interno Bruto (PIB) para o ano de 2004 registraram que o Sudeste contribuiu com 54,9%; o Sul, com 18,2%; o Nordeste, com 14,1%; o Centro-Oeste, com 7,5% e o Norte, com 5,3%.

Dessa forma, se comparada a média da participação relativa das regiões nos desembolsos do BNDES com a sua participação na formação do Produto Interno Bruto, verifica-se que o montante dos recursos recebidos pelas re-giões praticamente reflete o nível do desenvolvimento. Esta lógica está equivocada. Quanto mais rico, mais se investe; quanto mais pobre, menos se investe. Esta premissa não atende ao mandamento cons-titucional que diz que é princípio fundamental da República a elimi-nação das desigualdades regionais e sociais. Não vai bem uma nação na qual uma pequena parcela do seu povo nada em abundância, enquan-to milhões sofrem os suplícios da mais profunda penúria. A instabi-lidade e as turbulências farão parte fatalmente do seu cotidiano.

Mozarildo Cavalcanti é Senador pelo PTB do estado de Roraima

Senador Mozarildo Cavalcanti

Vista aérea de São Paulo/SP. a cidade inte-gra a região Sudeste brasileira que, ao lado

dos estados do Sul, recebeu, nos últimos anos, 80% dos recursos do BNDeS.

Opinião Política

Page 89: BOA VONTADE 218

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O Brasil constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como um de seus fundamen-tos a redução das desigualda-

des regionais (Art. 3o, inciso III). A Constituição Federal estabelece ainda, em seu artigo 43, como papel da União “articular sua ação em um mesmo complexo geoeconômico e social, visando ao desenvolvimen-to e à redução das desigualdades regionais”.

A eliminação ou, pelo menos, a redução das desigualdades entre as regiões do país é um tema de-batido constantemente no âmbito do Congresso Nacional, desde a Constituinte de 1988, da qual tive a

Desigualdaderegional

atrapalha desenvolvimento do Paíshonra de fazer parte. Mas o processo de desenvolvimento nacional nos leva a raciocinar a partir do ponto de vista das regiões menos desenvolvi-das. A desigualdade entre as regiões brasileiras ainda é muito grande, o que atrapalha o desenvolvimento da nação. O Brasil só será um país justo quando as regiões menos desenvol-vidas tiverem a devida atenção.

O governo federal precisa investir mais nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste, para que a desigualda-de regional brasileira seja diminuída. Essas três regiões são as que menos recursos recebem do Banco Nacio-nal do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e do próprio Orçamento Geral da União.

Nos últimos anos, 80% dos re-cursos do BNDES foram destina-dos para as regiões Sul e Sudeste. Nada contra o desenvolvimento dessas regiões, pelo contrário, mas se quisermos reduzir as desigualdades e assim crescer de forma equânime, precisamos concentrar nossos esforços nas regiões menos desenvolvidas. Os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) re-

lativos à participação das regiões e das Unidades da Federação no Produto Interno Bruto (PIB) para o ano de 2004 registraram que o Sudeste contribuiu com 54,9%; o Sul, com 18,2%; o Nordeste, com 14,1%; o Centro-Oeste, com 7,5% e o Norte, com 5,3%.

Dessa forma, se comparada a média da participação relativa das regiões nos desembolsos do BNDES com a sua participação na formação do Produto Interno Bruto, verifica-se que o montante dos recursos recebidos pelas re-giões praticamente reflete o nível do desenvolvimento. Esta lógica está equivocada. Quanto mais rico, mais se investe; quanto mais pobre, menos se investe. Esta premissa não atende ao mandamento cons-titucional que diz que é princípio fundamental da República a elimi-nação das desigualdades regionais e sociais. Não vai bem uma nação na qual uma pequena parcela do seu povo nada em abundância, enquan-to milhões sofrem os suplícios da mais profunda penúria. A instabi-lidade e as turbulências farão parte fatalmente do seu cotidiano.

Mozarildo Cavalcanti é Senador pelo PTB do estado de Roraima

Senador Mozarildo Cavalcanti

Vista aérea de São Paulo/SP. a cidade inte-gra a região Sudeste brasileira que, ao lado

dos estados do Sul, recebeu, nos últimos anos, 80% dos recursos do BNDeS.

Opinião Política

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É geral: quando o assunto é zelar pela saúde do co-ração, logo vem alguém relembrar a necessidade

de exercitar-se; outro se encarrega de dizer os cuidados que se deve ter com a alimentação, e a lista de recomendações se estende... O fato de saber onde está a chave para combater o problema é visto com otimismo pelo Dr. Fernando Lucchese — cirurgião cardiovas-cular e diretor médico do Hospital São Francisco de Cardiologia da Santa Casa de Porto Alegre/RS.

Num bate-papo conosco, da BOA VONTADE, ele credita ao acesso à informação um dos maiores avanços na prevenção de doenças cardíacas no nosso País. “O brasi-leiro está aprendendo rapidamente a cuidar do coração. Hoje, é grande a quantidade de informações que chega pelos jornais, rádios e livros.

com oCuidadoscoração

Saúde

Rodrigo Oliveira

Exercícios e alimentação

saudável colaboram, mas

organizar a vida e orar são

outras ferramentas que também

evitam doenças cardíacas.

90 | BOA VONTADE

Page 91: BOA VONTADE 218

Cada jornal tem assessoria de saú-de, a televisão continuamente mos-tra programas nesta área. Então, o brasileiro está dando o primeiro passo no sentido de cuidar bem do coração, que é a aprendizagem.”

Além disso, há outro indicador que conspira a favor da saúde cardía-ca dos brasileiros: os bons resultados obtidos nos centros de pesquisa, que colocam o País nivelado ao que há de mais avançado no Exterior. “Tudo o que existe lá fora há aqui por uma razão muito simples: nossos centros de pesquisa estão acompanhando a pesquisa internacional e partici-pando dela”. Os estudos geralmente são multicêntricos, isto é, envolvem múltiplos centros em vários países do mundo, incluindo o Brasil.

Os esforços têm feito do Bra-sil centro de excelência em car-diologia.“Apesar de sermos um país emergente (agora, 11a economia do mundo), somos o quarto país do mundo em cirurgia cardíaca. Nos-sos cardiologistas e cirurgiões são reconhecidos. Muitos dos avanços da cardiologia vieram daqui”, atesta o Dr. Lucchese.

A agitação, principalmente nos

grandes centros urbanos, faz com que se tenha uma vida sedentária, com cardápio cada vez menos variado, nem sem-pre saudável. Esse corre-corre gera o estresse e, para eliminá-lo, é preciso organização, assevera Lucchese. “A vida organizada é sem estresse. A alimentação deve ser rica em frutas, verduras, carnes brancas, peixes e aves, azeite de oli-va; e pobre, extremamente pobre, em gordura, açúcar e álcool. E o exercí-cio é simples: caminhe diariamente meia hora na velocidade de quem está com pressa”, ensina.

Outra recomendação que a ex-periência de décadas levou a atestar é a força da prece no tratamento de doenças cardíacas: “A oração é um grande remédio. Estamos progressi-vamente confirmando que ela com-pleta o tratamento médico. Entretan-to, nós não podemos simplesmente eliminar os medicamentos e achar que com a oração vamos resolver tudo. Mas está bem comprovado no mundo científico médico, por um número grande de trabalhos — hoje são mais de centenas, digo até mi-lhares — a influência da oração no resultado do tratamento.”

Por essas e outras vantagens, já comprovadas em estudos, é que o Dr. Lucchese ratifica: “Não tenho dúvidas em indicar a oração como acessório suplementar de extrema importância para todos os pacien-tes. Sempre que indico uma cirurgia para um paciente, digo: ‘Bom, do ponto de vista médico nós estamos organizados. Agora prepare-se espiritualmente’. E muitos deles levam isso extremamente a sério. As pessoas conscientizam-se e realmente no momento da verdade assumem a sua fé”.

“Apesar de sermos

um país emergente

(agora, 11ª economia

do mundo), somos o

quarto país do mundo

em cirurgia cardíaca.

Nossos cardiologistas

e cirurgiões são

reconhecidos

internacionalmente.

Muitos dos avanços da

cardiologia vieram do

Brasil.”

Dr. Fernando lucchese, cirurgião cardio-vascular e diretor médico do Hospital São Francisco de Cardiologia da Santa Casa de Porto alegre/RS.

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coração

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Phot

oDisc

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Quanto aos exercícios físicos, recomenda a caminhada e pondera sobre a adesão das pessoas às aca-demias. “Há muito jovem fazendo academia. Na minha faixa etária, de 50, 60 anos, não são muitos os que fazem academia. Isso é uma coisa que certamente não foi incorporada à minha geração, mas está sendo

incorporada à nova”, comemora com ressalva ao equilíbrio que se deve ter na prática de exercícios físicos na academia.

Salva-vidasA utilização do desfibrilador

ganhou destaque nas pautas de saúde, principalmente com os

lamentáveis casos de morte em partidas de futebol, como no do jogador do São Caetano, Sergi-nho, em outubro de 2004. A partir deste episódio, reacendeu-se a discussão sobre a obrigatoriedade do aparelho nas unidades de pronto atendimento, como as que existem em estádios de futebol. O desfibri-

lador solta uma descarga elétrica no coração do indivíduo infartado para que o órgão volte a bater. “No Brasil, nós temos muito que andar até conseguirmos usar com preci-são esse tipo de aparelho.”

Quanto ao uso, o cirurgião cardiovascular esclarece: “O desfibrilador é completamente

automático. A única coisa que o sujeito tem a fazer é colar no peito do paciente umas placas plásticas que vêm com adesivo. O restante ele faz sozinho e vai ainda avisan-do quando é preciso afastar-se do paciente para dar a carga elétrica, quando o coração está batendo novamente”.

Para cumprir esse objetivo não é preciso um treinamento especial, podendo, inclusive, ser utilizado em locais públicos. “O que se quer, de verdade, é que um desfibrilador colocado, por exemplo, à beira de um campo de futebol, seja usado e possa salvar a vida do paciente. No Rio Gran-de, por exemplo, temos grupos comunitários já treinados para fazer manobras de ressuscitação no paciente: temos a nossa Bri-gada Militar treinada, os nossos salva-vidas de praia e de clube, todos são treinados”, salienta.

Colaboração: Vera Quednau

“Não tenho dúvidas em indicar a oração como acessório

suplementar de extrema importância para todos os

pacientes.”

Saúde

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BOA VONTADE | 93

Walter Periotto

Dani

el Tr

evis

anconheça

seus direitos

Idoso

Apesar de ter sido aprovado em setembro de 2003, o Estatuto do Idoso conti-nua ainda desconhecido

para boa parte dos que poderiam se beneficiar com essa lei. Nossos amigos da Terceira Idade têm nele a garantia de direitos importantes, como a saúde, lazer, cultura, esporte, transporte, moradia e trabalho; além de tomar conhecimento de infor-mações que combatem o abandono e a violência. Pontos principais do Estatuto foram selecionados pelo site do Serasa e, pela relevância do assunto, são transcritos nesta seção, de forma a divulgar melhor seu conteúdo. São eles:

“Saúde — O idoso tem atendi-mento preferencial no Sistema Úni-

co de Saúde (SUS). A distribuição de remédios aos idosos, principalmente os de uso continuado (hipertensão, diabetes etc.), deve ser gratuita, as-sim como a de próteses e órteses.

“Os planos de saúde não podem reajustar as mensalidades de acordo com o critério da idade.

“O idoso internado ou em obser-vação em qualquer unidade de saúde tem direito a acompanhante, pelo tempo determinado pelo profissional de saúde que o atende.

“Transportes coletivos — Os maiores de 65 anos têm direito a utilizá-lo gratuitamente. A carteira de identidade é o comprovante exigido. Nos veículos de transporte coletivo é obrigatória a reserva de 10% dos assentos para os idosos, com aviso legível.

“Violência e abandono — Ne-nhum idoso pode ser objeto de ne-gligência, discriminação, violência, crueldade ou opressão. Quem impe-dir o idoso de exercer sua cidadania pode ser condenado e a pena varia de seis meses a um ano de reclusão, além de multa.

“Famílias que abandonem o idoso em hospitais e casas de saúde, sem dar respaldo para suas necessi-

dades básicas, podem sofrer penas de seis meses a três anos de detenção e multa.

“Para os casos de idosos sub-metidos a condições desumanas, privados da alimentação e de cui-dados indispensáveis, a pena para os responsáveis é de dois meses a um ano de prisão, além de multa. Se houver a morte do idoso, a punição será de 4 a 12 anos de reclusão.

“Qualquer pessoa que se aproprie ou desvie bens do idoso é passível de condenação, com pena que varia de um a quatro anos de prisão, além de multa.

“Lazer, cultura e esporte — Todo idoso tem direito a 50% de desconto em atividades de cultura, esporte e lazer.

“Trabalho — É proibida a dis-criminação por idade e a fixação de limite máximo de idade na contrata-ção de empregados, sendo passível de punição quem o fizer.

“Habitação — É obrigatória a reserva de 3% das unidades residen-ciais para os idosos nos programas habitacionais públicos ou subsidia-dos por recursos públicos”.

(Fonte: www.serasa.com.br)

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Utilidade Pública

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Quando se fala em Pedagogia do Cidadão Ecumênico (PCE), a Pedagogia do Afeto, preconizada pelo educador Paiva Netto, não se pode esquecer de sua abrangência e nem restringi-la ao banco da es-cola, mas a um modelo a ser vivido em sociedade, muito além dos dias letivos.

Recentemente, em conversa com Suelí Periotto, pedagoga da Legião da Boa Vontade (LBV), ampliei ainda mais o foco desse resultado da PCE, que aciona a criatividade pela intuição trabalhada com os alunos, de maneira a ensiná-los a buscar a solução dos problemas em Deus, na Espiritualidade Ecumênica. E o mais

importante: isso é desenvolvido para ser aplicado no cotidiano, em todos os segmentos.

Bem oportuno ao assunto, vale recordar que a revista da LBV de Portugal, além de ex-planar acerca desta inovadora proposta educacional, aplicada com sucesso pela Instituição em seus programas socioeducacio-nais, traz ainda a apresentação de projetos locais, de temáticas abordadas na Europa, sempre com a preocupação de atender às mais variadas formas de carência de um Ser Humano em todas as faixas etárias e condições sociais. Em terras lusitanas, uma questão

Abrangência da Pedagogia do

Cidadão Ecumênico

Noys Rocha, representante da LBV de Portugal.

Educação em debate — Europa

legião da Boa Vontade de Portugal e suas diversas ati-vidades socioeducacionais,

registradas nas fotos.

94 | BOA VONTADE

Noys Rocha(de Portugal)Fotos: Ricardo Ribeiro

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muito presente é o aumento da população de Terceira Idade.

Visando à qualidade de vida ativa para este segmento, a Legião da Boa Vontade desenvolve o Programa Viva Mais!, que, além de atividades para melhorar a auto-estima do idoso, incentiva-o a participar como voluntário nas demais iniciativas do Centro Social da LBV de Portugal.

Hoje, a Pedagogia do Cidadão Ecumênico é levada além dos bancos escolares, da mesma forma que vimos acontecer com o Ecu-menismo, tido por muitos como algo ligado apenas à religião, e que o Diretor-Presidente da LBV apre-sentou de forma mais abrangente ao mostrar a sua relevância a todos os setores do pensamento humano por meio dos exemplos do Cristo Ecumênico, conforme destaca em seu artigo “Dessectarizar Jesus”: “Primeiro é necessário derrubar qualquer aspecto sectário que a Humanidade tenha impingido a Jesus. (...) O Divino Mestre não é sectarismo. Ele é uma idéia extra-ordinária de Humanidade, Amor, Fraternidade e Justiça”.

A mesma relevância que teve a apresentação do Ecumenismo Total e Irrestrito vimos aconte-cer com a Pedagogia, pois a formação do Cidadão Ecumênico contempla o Ser integral, ou seja, o as-pecto espiritual, bem como o biopsicossocial, que é vida na dimensão biológica, emo-cional e na interação com a sociedade.

Muitas pessoas vêem a LBV apenas como o serviço de atendimento feito pela Ronda da Caridade! Sim, é também isso, apoio emergencial às pes-soas que não têm um abrigo, que passam fome, mas ela é muito mais! A Instituição batalha para que chegue o tempo em que não se tenha

de ajudar a quem passa fome, pois a pessoa terá aprendido a conseguir, com seu próprio esforço, o pão de cada dia; que não precise ir ao encontro de quem está na rua, pois não faltará abrigo. Lutamos para que seja implantada na Terra, conforme defende Paiva Netto, a Sociedade Solidária Altruística Ecumênica, na qual se busca primeiro o Pão Espiri-tual, porque daí o alimento material será conseqüência.

E a Pedagogia do Cidadão Ecu-mênico se insere neste contexto, em que o Método da Aprendizagem por Pesquisa Racional-Emocio-nal-Intuitiva (MAPREI), da rede de ensino da LBV — metodologia que aplica a PCE —, surge como alternativa ao imenso desafio de formar cidadãos mais fraternos. O MAPREI, da Legião da Boa Von-tade, pode ser aplicado em todas as faixas etárias e não vê o aluno somente como um receptor de in-formações, respeita a bagagem dos indivíduos, da sociedade, de manei-ra geral. Porque acredita na troca, no aprender mútuo. Sempre há algo a oferecer e, ao mesmo tempo, para receber, respeitando o espaço dos

Seres Humanos. Dessa maneira, o educando passa a ser parte integrante do processo de aprendizagem, como sua família também.

Voltando à revista editada em Portugal, no texto em questão, é analisado o pensamento do líder da LBV sobre a necessidade de se viver o Natal Permanente, sem esperar o dia 25 de dezembro — como apren-demos também com o Fundador da Obra, Alziro Zarur (1914-1979) — para demonstrar um gesto de carinho, o espírito de Solidariedade, diante de um momento difícil porque atravessam os que nos cercam.

Finalizando, o Natal será perma-nente no coração de quem aprende a viver todos os dias o Novo Man-damento de Jesus: — Amai-vos como Eu vos amei. Somente assim podereis ser reconhecidos como meus discípulos, se tiverdes o mesmo Amor uns pelos outros (Evangelho do Cristo, segundo João, 13:34 e 35). Eis, em resumo, a grande tese desta Pedagogia do Amor, que vê na Fraternidade a saída ideal para os males mundiais, globalizados pela força da economia e dos meios de comunicação.

Saúde bucal

atendimento médico-odontológico é outra vertente da ação social da lBV de Portugal. acima, profissionais da legião

da Boa Vontade (de Porto) e, ao lado, universitários (de lisboa) em atividade do programa Sorriso Feliz, estes na unidade

Móvel — Odontoteca da lBV.

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Seguros estamos na Divina

Segurança das Seguras mãos de

Jesus.(Paiva Netto)

Depoimentos de Soldadinhos de Deus, durante a programação da Super Rede Boa Vontade de Rádio.

Meu nome é Miguel Salomão da Silva Ferreira. Tenho 10 anos. Moro na cidade de Ribeirão Pires, São Paulo, e, para mim,

comunicar Jesus é falar e explicar o Evangelho Dele por meio dos atos como as

pessoas agem, como orar, seguir sempre no caminho que Jesus nos leva, dando um sorriso, ajudando a fazer as coisas, obedecendo aos pais, aos professores.

O Soldadinho de Deus Natália Lopes de Souza, 8 anos,de Brasília/DF, faz um convite especial a todos, a respeito

das Aulas de Moral Ecumênica.

Estou aqui hoje para fazer um convite especial: Venha, criançada, participar das Aulas de Moral Ecumênica. Aqui a gente aprende muitas coisas

legais. Aprende a amar ao próximo, a fazer coisas boas, você vai adorar. Todos os sábados,

às 2 horas da tarde. Não perca. Participe! E também não posso deixar de parabenizar a Super

Rede Boa Vontade porque ela traz muita alegria para mim e para a minha família. Por isso quero agradecer ao Irmão Paiva Netto por poder ter essa rádio maravilhosa. Parabéns, Super

Rede Boa Vontade!

Para saber o endereço mais próximo,ligue: (11) 3358-6840.

Liz Vitória, 9 anos, de Santos/SP, fez esse desenho durante a Cruzada do Novo Mandamento de Jesus — Reunião da Comunhão com Deus, com o tema: “A Genealogia do Cristo Ecumênico”.

Maurício dos Santos Rodrigues, 11 anos,

São Carlos/SP.

Soldadinhos de Deus

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Paraguai

São Paulo/SP

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Podemos conferir nas fotos desta página

imagens clicadas de alguns locais onde

ocorreu o IV Fórum Internacional dos

Soldadinhos de Deus, da LBV, com o tema

“Família, o Princípio da Paz” tendo como

slogan o pensamento de Alziro Zarur (1914-

1979), Fundador da Legião da Boa Vontade,

em seu Poema do Grande Milênio: “Os filhos

são filhos de todas as mães, e as mães são

as mães de todos os filhos (...)”.Montes Claros/MG

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Campinas/SP

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Dr. ivan Santana

idosos participam de dinâmicas de Grupo de Convivência da lBV, em Cabo Frio/RJ, localizado na av. Joaquim Nogueira, 772, São Cristóvão, tel.: (22) 2648-9000.

Melhor Idade

Segundo pesquisa do Institu-to Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), exis-tem atualmente 25 idosos

para cada 100 jovens no País, e 17 milhões de brasileiros chegarão à expectativa de vida, de 71 a 90 anos, em média. O bom humor, já está comprovado, é um dos aliados para esta longevidade. O fator que tem se mostrado relevante neste sentido é a criação de grupos de apoio para a Terceira Idade, que ajudam na inserção das pessoas com mais de 60 anos na sociedade e, mesmo, no tratamento de doenças crônicas que as atingem. Nesses locais, procura-se envolver a família do paciente, o que facilita o tratamento, bem como são desenvolvidos cursos educati-vos e de auto-ajuda.

Pensando nisso, a Legião da Boa Vontade (LBV) oferece ações socio-educativas voltadas a indivíduos, grupos e comunidades de baixa ren-da, intervindo na realidade social do

Brasil, ao colaborar na melhoria da qualidade de vida dessas pessoas.

O Centro Comunitário e Edu-cacional da LBV em Cabo Frio/RJ oferece essa modalidade de serviço, por meio do Grupo de Convivência da Terceira Idade, um espaço de integração social e cultural para reflexões e debates sobre o proces-so de envelhecimento saudável. O grupo da Instituição oferece sessões de ioga, palestras de cidadania e saúde, aulas de música, artesanato, entre outros.

em Minas, um lugar de pazOutro bom exemplo desta ação

é o Lar da Legião da Boa Vontade para Idosos em Teófilo Otoni/MG, uma referência de atendimento de excelência no Estado. No último 9 de abril, os vovôs e vovós da Casa receberam a visita do Diretor da Gerência Regional de Saúde (GRS) do Vale do Mucuri, o Dr. Ivan Santana e da enfermeira

Cuidando do corpo

Nádia de Fátima Costa. Ambos ficaram encantados com o trabalho realizado pela Instituição, per-correram todas as dependências do lugar, verificando, de perto, o cotidiano dos que ali residem.

Em entrevista à BOA VONTADE, o Dr. Ivan destacou: “Conheço o trabalho da LBV há muitos anos, inclusive tive uma tia que ficou aqui por algum tempo e foi muito bem-tratada. A maneira com que vocês cuidam dos idosos é muito respeitosa. As pessoas daqui tem um coração muito grande. Representando, neste momento, o Governador (de Minas Gerais) Aécio Neves e o Secretário de Estado de Saúde de Minas Gerais, Dr. Marcos Pes-tana, parabenizo a LBV por este trabalho importante para Teófilo Otoni e região”.

Vista parcial do lar da lBV para idosos em Teófilo Otoni/MG, situado na Rua Capitão leonardo, 620, Grão-Pará, tel.: (33) 3522-6555.

Simone Barreto e Alcidéia Emerick

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e da Alma

AVAPE. Diminuindo as diferenças, aumentando as oportunidades.

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Há 25 anos a AVAPE desenvolve um trabalho de reabilitação clínica, profi ssional e de acompanhamento familiar às pessoas com defi ciência. Além disso, capacita e encaminha estas pessoas ao mercado de trabalho. Só no último ano, foram mais de 4 milhões de atendimentos, mais de 90% deles gratuitos. Um importante trabalho de inclusão social que transformou a AVAPE em referência nacional no atendimento a pessoas com defi ciência. E que precisa da ajuda de todos para continuar, inclusive da sua. Faça parte desta história repleta de força de vontade, dedicação e superação. Ligue (11) 4993-9200 ou acesse www.avape.org.br.

Escolha fazer a diferença na vida de uma pessoa com deficiência.

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