Bola e Des Cont Role Postural

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ISSN 2176-3062

Revista Cientfica ESAMAZV. 2 n. 2 julho/dezembro 2010

Produza Mais

Rev. Cientfica ESAMAZ, Belm, v.2 ,n.2 jul./dez., 2010

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ESCOLA SUPERIOR DA AMAZNIA Diretor Geral: Luzimar Reinaldo Barros Gonalves Vice Diretora Geral: Ivonilda Maria de Arajo Barbosa Diretor de Planejamento Educacional: Reinaldo Williams Gonalves Diretoria DAF: Maria Nazar Gonalves e Jos Carlos Arajo Barbosa Diretora de Patrimnio: Rita Nazar de Almeida Gonalves

Editora ESAMAZEditor: Aureliano da Silva Guedes Vice-Editora: Rosana do Socorro Maciel Quaresma

Aureliano da Silva Guedes (Editor); Rosana do Socorro Maciel Quaresma (vice-Editora); Antonio Jos Nogueira; Eduardo Louzeiro Lama (Secretario Geral). Dr. Armando Manuel Barreiro Malheiro da Silva (Universidade do Porto-Portugal); Dr. Mauro Giudice (Faculdade de Medicina do ABC Paulista, Faculdades Osvaldo Cruz); Dr. Francisco de Assis Matos (UFPA); Dr. Carlos Alberto Batista Maciel (UFPA); Dr. Gilberto Souza Marques (UFPA); Dr. Antonio Jos Nogueira (UFPA/ESAMAZ). Dr. Aureliano da Silva Guedes (UFPA/ESAMAZ).

COMISSO EDITORIAL

CONSELHO EDITORIAL

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SUMRIOEDITORIAL Caractersticas morfofuncionais e clnicas do sistema lmbico e sua relao com a disfuno msculo esqueltico Characteristics clinical and morphofunctional of the limbic system and its relationship to skeletal muscle dysfunction Aureliano da S. GUEDES. Eduardo Andre Louzeiro LAMA. Reinaldo Willams de Almeida GONALVES Breve histria do servio social no hospital Juliano Moreira Belm-PA (Brasil) Brief history of social service in the hospital Juliano Moreira-Belm-PA(Brazil) Rosana do S. Maciel QUARESMA Aplicao da bola sua no tratamento do descontrole postural Application of the swiss ball in the treatment of it uncontrols postural Vanessa do Nascimento de SOUZA, Wanda Carla Conde RODRIGUES CANTINHO DOS ALUNOS E EX-ALUNOS Autonomia funcional e qualidade de vida em idosos praticantes de atividade fsica: um estudo bibliogrfico Alan Pereira da SILVA, Thiago Castro Souza da SILVA, Wlcio Costa da SILVA JUNIOR, Rosa Costa de FIGUEIREDO, Maria de Nazar Dias PORTAL Fisioterapia do trabalho como ferramenta de interveno na sade do trabalhador: uma reviso da literatura Labor physiotherapy as a tool of intervention in occupational health: a literature review Andra Cristina Santos PEREIRA, Brbara Karoline Santos de OLIVEIRA, Cybelle de Paula Verderosa DIAS, Delma Martins COSTA, Silvia Carla Lobato FIGUEIREDO, Eduardo Andr Louzeiro LAMA Benefcios dos exerccios fsicos durante o perodo gestacional: reviso da literatura Benefits of physical exercise during pregnancy: a literature review

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Camila Bergamim DUARTE, Diana Pereira BARROS, Elisngela da Costa PEREIRA, Paula Malena da Silva BARBOSA, Tatiane Cristina Magno CORRA Intervenes da fisioterapia na incontinncia urinria: uma reviso da literatura Intervention of physical therapy in urinary incontinence: a review of literature Camila Bergamim DUARTE, Joseane de Brito BARATA, Karyn Monteiro ALVES, Murilu Modesto FREIRE Estudo em terapia manual atravs das tcnicas de pompage, mulligan e maitland aplicadas a cervicalgia: uma reviso da literatura Study about the manual therapy techniques of pompage, maitland and mulligan aplied to neck pain: a literature reviewEduardo Andr Louzeiro LAMA, Raphael Galvo NASCIMENTO

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Sequelas neurolgicas observadas em membros inferiores de pacientes hansenanos 137 Neurological sequelae observed in lower limbs of patients hansenanos Hugo Francisco Maia DIAS, Andrey Marcos R. Monteiro FERREIRA, Raphael Mendes FREITAS, Rejane Lameira Ribeiro da SILVA, Thays Helena Bastos MONTEIRO, Renata Amanajs de MELO A importncia da fisioterapia para a qualidade de vida e autonomia funcional de idosos institucionalizados The importance of physical therapy for the quality of life and functional autonomy of institutionalizes elderly Maria Socorro Santana FERNANDES, Maheli Ferreira SALES, Raquelita de Paula Chaves de ARAJO, Raffaella Souza de Miranda VIEIRA, Alesandra SOUZA, Maria de Nazar Dias PORTAL Regras para os trabalhos encaminhados Editora da Revista Cientfica ESAMAZ

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Ttulo e texto amparados pela Lei n. 5.988, de 14 de dezembro de 1973. Copyright c dos autores - 2010

A Revista Cientfica ESAMAZ tem periodicidade semestral editada pela Escola Superior da Amaznia - ESAMAZ. PAGINAO: GRFICA REVISO. DE TEXTO: PROF MSC CARMEN DOLORES MARAL BARRETO DA ROCHA CORRESPONDNCIA Escola Superior da Amaznia Editora ESAMAZ - Tv. Municipalidade, 530 Bairro: Reduto, CEP 66053 -000 - Belm PABrasil Fone: (91) 3224-7777 E-mail: [email protected] Cientfica ESAMAZ, v.2, n.2 (2010). Belm : ESAMAZ, 2010. Semestral ISSN 2176-3062 1.CINCIAS DA SADE - -Peridicos. 2. CINCIAS SOCIAIS - Peridicos. I. Escola Superior da Amaznia CDD - 050 CDU - 051

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EditorialApresentamos o Volume 2, nmero 2, da Revista Cientfica ESAMAZ. Estamos alcanando nosso objetivo quanto iniciao cientfica de nossos discentes que, junto aos professores da ESAMAZ, esto enviando muitos artigos de qualidade. Ampliamos nossa preocupao aos nossos exalunos, ento, o espao Cantinho do aluno, agora passa a ser Cantinho dos alunos e ex-alunos, atendendo, assim, mais esse segmento de apoio produo cientfica. Estaremos promovendo, no prximo semestre, um seminrio ou encontro entre os alunos da ESAMAZ e os escritores que tiveram seus artigos publicados neste peridico e estaremos lanando uma srie de livros. No medimos esforos para estimular a pesquisa na ESAMAZ e divulgar seus resultados. , A responsabilidade do sucesso, contudo, depende de todos, professores, alunos e exalunos. Esperamos que estes artigos agradem nossos leitores e estimulem nossos professores e alunos produo cientfica. Prof. Dr. Aureliano da Silva GuedesEditor

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CARACTERSTICAS MORFOFUNCIONAIS E CLNICAS DO SISTEMA LMBICO E SUA RELAO COM A DISFUNO MSCULO ESQUELTICO CHARACTERISTICS CLINICAL AND MORPHOFUNCTIONAL OF THE LIMBIC SYSTEM AND ITS RELATIONSHIP TO SKELETAL MUSCLE DYSFUNCTIONEpidemiologista Dr. Sc. ICPD Universidade do Porto MSc Polticas Pblicas/S. Social UFPA Prof. Adj UFPA

Aureliano da S. GUEDES

Prof do Curso de Fisioterapia da ESAMAZ Esp. em Fisioterapia Traumato-ortopdica. Monitor Reg. Norte no Conc. Mulligan de T. Manual Membro da Soc. Bras. de Anatomia Membro da Soc. Bras. para o Estudo da Dor.

Eduardo Andr Louzeiro LAMA

Reinaldo Willams de Almeida GONALVESDiretor de Planejamento Educacional - ESAMAZ Farmacutico Especialista Anlises Clnicas Prof de diversos Cursos da ESAMAZ

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RESUMO: O artigo traa uma breve anlise dos aspectos morfofuncionais e clnicos do sistema lmbico, estabelecendo relao com o sistema msculo esqueltico. Os autores fazem recomendaes para exames e concluem que muito ainda tem que ser estudado sobre esse sistema to importante no ser humano e sua relao biofsica e psquica. Palavras-Chave: Sistema lmbico morfologia, Sistema Lmbico Clnica ABSTRACT: The article makes a brief analysis of functional morphology and clinical aspects of the limbic system, and is related to the musculoskeletal system. The authors make recommendations for examinations and conclude that much has yet to be studied on this system so important in humans and its relationship biological, physical and psychical KayWords: Limbics System Morfologia, Limbics System - Clinical

1. INTRODUO Quando uma pessoa sente uma emoo que causa frio na barriga, palpitaes, sensao de boca seca, suor frio, o Sistema Lmbico (S.L.) atuou atravs de impulsos eletroqumicos, ativando diversos neurotransmissores de carter endcrino, tais como: a acetilcolina, dopamina, noradrenalina, prostaglandina, serotonina, todos relacionados s sensaes. no S.L. que se processam as emoes (raiva, alegria, amor, medo), memria, regulamentao hdrica (sede, sudorese), secreo de leite, desejo sexual, contratilidade uterina, funes vitais (P.A., F.C., pulso e outros ), regulamentao gastrointestinais, sensao de fome ou saciedade, termorregulamentao, sensao de dor, alm de que de uma forma homeostsica se relaciona com todo oRev.Rev. Cientfica ESAMAZ, Belm,,n.2 jul./dez., 20102010 Cientfica ESAMAZ, Belm, v.2 v.2, n.2 jul./dez.,9

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encfalo atravs de vias aferentes e eferentes. Da, pela relao com a sobrevivncia considerado como parte do crebro primitivo. O termo Lmbico, do latim Limbus, significa borda. O termo Sistema Lmbico foi proposto pelo neuroanatomista Paul Broca, em 1878, em sua obra Le Grande Lobe Limbique. Estudando o encfalo de mamferos, ele observou que todos apresentavam, na superfcie medial, uma rea cortical distinta do crtex circundante, a que este denominou lobo lmbico, que envolvia o giro cingulado, superfcie mdia do lobo temporal (giro hipocampal e formao hipocampal). Vale ressaltar que Broca no identificou a verdadeira funo dessa rea, todavia, no incio do sculo XX ,vrios cientistas tentaram identificar a funo do S. L. Entre eles Papez que, em 1937, props a existncia um sistema de emoes que estaria na parede medial do encfalo e ligaria o crtex ao hipotlamo, seria ento a formao hipocampal, corpos mamilares e os ncleos anteriores do tlamo (invisveis macroscopicamente). O termo sistema lmbico, contudo, s seria popularizado em 1952, por Paul MacLean. 2. RELAO ANATMICA E CLNICA DO SISTEMA LMBICO SOBRE O ORGANISMO O Gray Anatomia (S.d, p. 969) evita usar o termo rinencfalo relacionado ao Sistema Lmbico, dizendo que:

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O nome foi usado uma vez para todas as estruturas associadas com a olfao, e foi suposto, durante muito tempo, que a maioria das estruturas lmbicas era primariamente vias olfatrias e centros de integrao. Mas estudos nos campos comparativos, de desenvolvimento, fisiolgico, anatmico e comportamental mudaram a nfase.

Spencer (1991, p. 388) diz que: As pores do rinencfalo que no esto relacionadas com a olfao so consideradas parte do sistema lmbico. de nosso entendimento que o cheiro d respostas emocionais, pois o odor de carne podre no causa repulsa? No h cheiros que acalmam? Segundo Machado (2006), no h completo acordo entre os autores quanto s estruturas que formam o sistema lmbico. Assim, enquanto alguns consideram como integrado este sistema, uma parte da formao reticular e todo o hipotlamo; outros seguem o ponto de vista inicial de MacLean e colocam nele apenas parte do Hipotlamo, descrito e dividido em componentes corticais e subcorticais. O primeiro formado neuroanatomicamente pelo giro do Cngulo, giro para-hipocampal e propriamente o hipocampo, enquanto que o segundo composto pelo corpo amigdaloide, rea septal, ncleos mamilares, ncleos anteriores do tlamo e ncleos habenulares. De acordo com Ribas (2007), do ponto de vista morfolgico, as estruturas que compem o sistema lmbico se caracterizam como uma srie de curvas em forma de "C"Rev. Cientfica ESAMAZ, Belm, v.2 ,n.2 jul./dez., 2010 Rev. Cientfica ESAMAZ, Belm, v.2, n.2 jul./dez., 201011 11

que tm como centro o tlamo e o hipotlamo em cada hemisfrio. Gray Anatomia (c1995, p. 989) relaciona como partes do sistema lmbico as seguintes:(1) Os nervos, bulbo e tracto olfatrio (com o nervo terminal e o bulbo olfatrio acessrio transitrio e o nervo vemeronasal). (2) O ncleo olfatrio anterior. (3) As estrias olfatrias medial, intermdia e lateral, com os giros olfatrios medial e lateral. (4) O trgono olfatrio, a substncia perfurada rostral e tubrculo olfatrio e a estria diagonal de Broca. (5) O lobo periforme, incluindo (a) o giro olfatrio lateral, que continua no giro ambiens, juntos formando o crtex pr- piriforme; (b) a estria olfatria lateral que se continua no giro semilunar (rea perimigdalide); (c) o uncus do hipocampo, incluindo o giro uncinado, cauda do giro dentado (faixa de Giacomini) e o giro intralmbico; (d) a rea entorrinal (rea 28), parte cranial do giro parahipocampal. (6) O complexo amigdalidede ncleos. (7) As reas septais, incluindo o septo pelcido e o septo verdadeiro (um complexo nuclear, cuja maior parte est profundamente situada, mas em parte correspondendo superficialmente ao giro paraterminal). (8) A formao hipocampal, incluindo: (a) o rudimento pr-hipocampal, indzio cinzento e as estrias longitudinais; (b) o giro fasciolar, o corno de Ammon(p do hipocampo), o giro dentado, subculo e regies relacionadas. (9) O frnix e suas ramificaes e divises. (10) A estria terminal. 12

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(11) As estrias medulares do tlamo (estrias da habnula). (12) Os giros do cngulo e para-hipocampal. O hipotlamo, a parte medial do tlamo, o crtex prestrutural e a comissura anterior, todos intimamente relacionados com as estruturas anteriores, so descritos em outra parte. O hipotlamo considerado, por alguns, como o centro essencial do sistema lmbico (Isaacson, 1974).

O sistema lmbico se conecta de forma intrnseca e extrnseca. A forma intrnseca, conforme Machado (2006, p. 278) :... a mais conhecida o circuito de Papez, circuito fechado que une as seguintes estruturas lmbicas, enumeradas na sequncia que representa a direo predominante dos impulsos nervosos: hipocampo, frnix, corpo mamilar, fascculo mamilo-talmico, ncleos anteriores do tlamo, cpsula interna, giro do cngulo, giro para-hipocampal e novamente o hipocampo. (...) h evidncia de que ele est envolvido tambm no mecanismo da memria. O Corpo amigdaloide e a rea septal, que mantm entre si conexes recprocas, embora no faam parte do circuito de Papez, ligam-se a este circuito por vrios pontos..

As conexes extrnsecas se relacionam amplamente com o Sistema Nervoso Central (SNC) de maneira aferente (centrifeto) e eferente (centrpeto). No caso da aferente, as lembranas de fatos passados guardados na memria podem causar diversas reaes, como exemplo: choro, raiva, ira, apesar de, frequentemente, serem desencadeadas pela entradaRev. Rev. Cientfica ESAMAZ, Belm, v.2, n.2 jul./dez., 2010 Cientfica ESAMAZ, Belm, v.2 ,n.2 jul./dez., 201013 13

no SNC de determinadas informaes, olfativas, visuais, auditivas, palatais, at do tato. Segundo ngelo Machado (2006, p. 279):H evidncia de que todas essas modalidades de informaes sensoriais tm acesso ao sistema lmbico, embora nunca diretamente. Elas antes so processadas nas reas corticais de associao secundrias e tercirias e penetram no sistema lmbico por vias que chegam ao giro para-hipocampal (rea entorrinal) de onde passam ao hipocampo, ganhando assim o circuito de Papez. Fazem exceo os impulsos olfatrios, que passam diretamente da rea cortical de projeo para o giro para-hipocampal e o corpo amigdalide. Tambm as informaes relacionadas com a sensibilidade visceral tm acesso ao sistema lmbico, seja diretamente, atravs das conexes do ncleo do tracto solitrio com o corpo amigdalide, seja indiretamente, via hipotlamo. (...)cabe lembrar as numerosas projees serotoninrgicas e dopanrgicas que ele recebe da informao reticular e que, segundo parece, exercem ao moduladora sobre a atividade de seus neurnios..

Recorremos a ngelo Machado (2006, p. 280) para explicar as conexes eferentes. Para ele:As conexes eferentes do sistema lmbico so importantes porque, atravs delas, este sistema participa dos mecanismos efetuadores que desencadeiam o componente perifrico e expressivo dos processos emocionais e, ao mesmo tempo, controlam a atividade do sistema nervoso autnomo. Essas funes so exercidas fundamentalmente atravs das conexes que o sistema lmbico mantm com o hipotlamo e com

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a formao reticular (...). As conexes com a formao reticular do mensencfalo se fazem basicamente atravs de trs sistemas de fibras: a) feixe procenceflico medial situado entre a rea septal e o tegmento do mensencfalo, este feixe contm fibras que percorrem nos dois sentidos o hipotlamo lateral, onde muitas delas terminam. Ele constitui a principal via de ligao do sistema lmbico com a formao reticular; b) fascculo mamilo-tegmentar feixe de fibras que dos ncleos mamilares se projeta para a formao reticular do mesencfalo; c) estria medular feixe de fibras que se origina principalmente na rea septal e termina nos ncleos habenulares do epitlamo. Estes, por sua vez, ligam-se ao ncleo interpendicular do mesencfalo, que se projeta para a formao reticular. Como o hipotlamo e a formao reticular tm conexes diretas com os neurnios pr-glanglionares do sistema autnomo, as vias acima descritas permitem ao sistema lmbico participar do controle do sistema autnomo, o que especialmente importante na expresso das emoes.

Para efeito didtico, relacionamos algumas regies do sistema lmbico e as reaes responsveis, bem como, alguns efeitos de leses. Vale ressaltar que no abrangente, e, sim, didtico.REAS, REGIES E SUB-REGIESCorpo Amigdaloide

ALGUNS COMPORTAMENTOS RELACIONADOS Experincias emocionais Atribuio de valores s situaes. Presso arterial, frequncia cardaca,

REAES OU DOENAS MAIS CONHECIDAS APS LESO Leses abolem as reaes causadas pelo som. Leso no hipotlamo posterior abole o

Hipotlamo

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Regio perifornical do hipotlamo Formao hipocampal rea pr-frontal rea septal

termorregulamentao, homeostasia, funes endcrinas, comportamentos relacionados ira ou raiva simulada. Regulamentao hdrica. Reaes viscerais osmolaridade . Respostas integradas de defesa. Respostas relacionadas memria. Comportamento emocional. Estados emocionais viscerais relacionados s emoes. Controle emocional. Regulamentao do comportamento emocional. Memria.

comportamento agressivo.

Apatia Alzheimer, depresso, estresses. Apatia Aumento da sede, hiperatividade emocional, ferocidade, e raiva em situaes normais. Depresso, ansiedade. Leses podem influenciar na agressividade.

Giro do Cngulo Hipocampo

O examinador, ao avaliar comprometimentos na rea do S.L., deve estar atento s reaes ao barulho, variaes de humor, nimo para as AVDs, apatia, compulses, afeto embotado, P.A, queixas relacionadas termorregulamentao, frequncia cardaca, funes cognitivas superiores, postura, comportamento motor, alteraes fisionmicas, homeostasia. O estudo do sistema lmbico se torna mais atraente e envolvente no seu aspecto mais amplo quando correlacionado s manifestaes clnicas em pacientes com apatia, depresso e estresse. Samos do aspecto formalista e acadmico das16

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consideraes anatomofisiolgicas para uma viso prismtica repleta de possibilidades e variedades de estmulos. A preocupao com os sinais e sintomas oriundos de estmulos aversivos foco para vrias reas da sade, como a neuropsiquiatria, psicologia, psicofarmacologia, terapia ocupacional, assim como, a fisioterapia no que concernem s repercusses emocionais ao sistema neuromsculo- esqueltico. Atravs do conhecimento pelo embasamento neuroanatmico e neurofisiolgico, tomam-se como existentes as ligaes neuronais entre msculos que comandam o movimento do pescoo, como o msculo Esternocleidomastideo e Trapzio, com os centros nervosos mais superiores, considerando o sistema nervoso cortical e subcortical, descritos por Machado (2006). Desta forma por interpretao anatmica existe relao importante entre a inervao destes msculos e a transmisso de estmulos para ncleos viscerais, atingindo o sistema lmbico, assim como o inverso mais comumente acontece. O paciente vitimado de forte carga de estresse apresenta hiperexcitao das reas nervosas como a rea septal e retransmite esta carga polar para os ncleos somticos, os quais, por via eferente simptica, retransmitem os impulsos nervosos para a juno neuromuscular desembocando no msculo. A ativao pelo estmulo autonmico parece ser, nestes casos, agressiva para os tecidos vasculares, provocando reflexamente espasmo muscular e, concomitantemente, em mdio prazo, colabamento dasRev. Rev. Cientfica ESAMAZ, Belm, v.2, n.2 jul./dez., 2010 Cientfica ESAMAZ, Belm, v.2 ,n.2 jul./dez., 201017 17

paredes capilares musculares e consequente diminuio do Lmen vascular. Este processo representa o mdulo prioritrio para a repercusso sintomatolgica de algia local pontual ou difusa nas reas musculares de representatividade efetora do sistema lmbico (msculos esternocleidomastideo e trapzio), caracterizando quadros importantes de desconforto musculoesqueltico, esta interpretao pertinente e inquietante, no tocante necessidade de entender que as emoes podem provocar dores por injria no real, porm potencial. O universo de condies para aparecimento de disfunes musculares bastante abrangente, sendo importante a ateno pelos profissionais de sade em relao aos fatores causais para tal repercusso. Um destes fatores de impacto sintomatolgico para a injria por contratura muscular o estresse. A sociedade atual vive perodos bem conturbados em decorrncia da globalizao da economia e recorrente necessidade de acompanhar a velocidade das mudanas de mercado. Isto tem gerado aumento da preocupao em solucionar problemas, cumprir tarefas e administrar vrias funes ao mesmo tempo, conduzindo as pessoas ao cansao fsico e mental. Este estado de esgotamento, na maioria das vezes, acompanhado de um processo de adoecimento real traduzido em termos orgnicos como aumento do tnus da fibra muscular de agrupamentos que se relacionam com a postura da cabea e pescoo.18Rev.Rev. Cientfica ESAMAZ, Belm, n.2 ,n.2 jul./dez., 2010 Cientfica ESAMAZ, Belm, v.2, v.2 jul./dez., 2010 18

Outro fator relevante a manuteno prolongada de uma posio especfica e irregular da cabea na postura sentada em frente ao computador, podendo levar a estgios progressivos de desconforto musculoesqueltico e alterao postural cervical. Logo se entende que esta desvantagem mecnica postural associada com a alta carga de trabalho dirio produzem um efeito sobrepujante na condio fisiolgica dos tecidos musculares tendo como fonte primria de estudo a abordagem neuroanatmica e neurofisiolgica do sistema que gerencia estas atividades neurais: O Sistema Lmbico. Interessante a colocao de Espiridio-Antnio et al.(2008, p.59,64) quando afirma em seu trabalho:Mais recentemente a partir do desenvolvimento de novas tcnicas especializadas de pesquisa em neurofisiologia e em neuroimagem vem-se se ampliando o interesse pelo estudo dos processos neurais envolvidos nas emoes, a partir da caracterizao e das investigaes sobre o sistema lmbico (SL). Sabe-se que com base em diferentes resultados, h uma profunda integrao entre os processos emocionais, cognitivos e homesostticos, de modo que sua identificao ser de grande valia para melhorar a compreenso das respostas fisiolgicas do organismo ante as mais variadas situaes enfrentadas pelo indivduo. Assim reconhece-se que as reas cerebrais envolvidas no controle motivacional, na cognio e na memria fazem conexes com diversos circuitos nervosos, os quais, atravs de seus neurotransmissores, promovem respostas fisiolgicas que relacionam o organismo ao meio (sistema nervoso somtico) e tambm a inervao de estruturas viscerais

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(sistema nervoso visceral ou da vida vegetativa), importante manuteno da constncia do meio interno (homeostasia).

Da mesma forma, Barreto e Silva (2010, p.2), contribuem ressaltando a necessidade de se investigar mais sobre o sistema lmbico e suas relaes com o corpo, atravs de seu relato:Muito se tem discutido sobre a possibilidade de se tratar cientificamente as questes relativas emoo, e no somente no mbito das filosofias. Com o desenvolvimento das neurocincias, postula-se que, como a percebo (aferncia) e a ao (eferncia), a emoo est relacionada a circuitos cerebrais distintos. Ademais, as emoes esto geralmente acompanhadas por respostas autonmicas, endcrinas e motoras esquelticas, que dependem de reas subcorticais do sistema nervoso, as quais preparam o corpo para a ao. Est se aprendendo que as emoes so resultados de mltiplos sistemas do crebro e do corpo que esto distribudos pela pessoa toda, sendo impossvel separar emoo da cognio, nem cognio do corpo. Com efeito, acredita-se que a cincia ser capaz de explicar os aspectos biolgicos relacionados emoo, mas no o que emoo. Esta permanece como uma questo prevalentemente filosfica

3 CONCLUS O Conclumos que o sistema lmbico controla as emoes atravs de diversas vias tanto aferentes quanto eferentes, bem como, tem importante funo regulamentadora do sistema nervoso autnomo e motivacional. O medo, o susto, o amor pelos filhos, o desejo pela companheira (o), a fome, a sede, a raiva (por que no?),20Rev.Rev. Cientfica ESAMAZ, Belm, v.2 ,n.2 jul./dez., 2010 Cientfica ESAMAZ, Belm, v.2, n.2 jul./dez., 2010 20

a serotonina, a adrenalina liberada, e outras foram responsveis pela sobrevivncia da espcie Homo sapiens sapiens, a qual pertencemos, e o grande responsvel por essas emoes, as lembranas e as memrias dessas experincias, o sistema lmbico. Como seria a vida de uma pessoa que foi mordida por uma serpente e esquecesse essa experincia, o que ocorreria quando visse outra serpente? Ou se uma pessoa comesse uma fruta silvestre que lhe causasse uma reao alrgica e, com fome, comesse novamente por no lembrar os efeitos colaterais? O que aconteceria se uma pessoa tivesse fome e no comesse nada, porque no tinha a motivao para comer? So por essas e outras situaes que existe o Sistema Lmbico, que de fundamental importncia para nossa sobrevivncia. Tornou-se evidente, em especial, que em muitas coisas sobre o sistema lmbico os cientistas ainda no entraram em concordncia, para isso basta comparar os trabalhos de Gray, Spencer, o brasileiro Machado, EspiridioAntnio e colaboradores, Barreto e Silva e Ribas, no que se concerne ao rinencfalo. Algumas descobertas j foram feitas sobre esse sistema, todavia, muito ainda se est por desvendar. REFERNCIASBARRETO, Joo Erivan Faanha; SILVA, Luciane Ponte. Sistema Lmbico e as emoes: uma reviso anatmica. Revista Neurocincia. v. 18, n3, p. 386-94, 2010. Rev. Cientfica ESAMAZ, Belm, v.2, n.2 jul./dez., 2010 Rev. Cientfica ESAMAZ, Belm, v.2 ,n.2 jul./dez., 2010 21 21

ESPIRIDIO-ANTNIO, Vanderson et al. Neurobilogia das emoes. Revista Brasileira de Psiquiatria. v. 35, n 2, p. 55-65, 2008. GRAY ANATOMIA. 37 ed. Rio de Janeiro : Guanabara Koogan, c1995. MACHADO, ngelo B. M. Neuroanatomia funcional. 2 ed. So Paulo : Atheneu, 2006. RIBAS, Guilherme Carvalhal. As bases neuroanatmicas do comportamento: histrico e contribuies recentes. Revista Brasileira de Psiquiatria. v. 29, n1, p. 63-71, Mar. 2007. SPENCER, Alexandre P. Anatomia Humana Bsica. 2 ed. v.2 Barueri, SP : Manole, 1991.

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BREVE HISTRIA DO SERVIO SOCIAL NO HOSPITAL JULIANO MOREIRA BELMPA (BRASIL) BRIEF HISTORY OF SOCIAL SERVICE IN THE HOSPITAL JULIANO MOREIRA-Belm-PA(Brazil)MSc. em Servio Social/UFPA Esp. em Desenv. em reas Amaznicas/UFPA Esp. em Planejamento e Gesto do Desenv. Regional RESUMO: Reflete a realidade dos portadores de transtorno mental nos manicmios a partir das experincias de assistentes sociais que trabalharam no Hospital Juliano Moreira em Belm-Par. PALARA CHAVE: Servio Social, Manicmios, Transtorno mental. ABSTRACT: Reflects the reality of patients with mental disorders in mental hospitals from the experiences of social workers who worked at the Hospital Juliano Moreira (Belm-PA-Brazil). KEY WORK: Social workers , Mental hospital , Mental disturb

Rosana do S. Maciel QUARESMA

1 INTRODUO No decorrer dos sculos, o homem vem tentando compreender o transtorno mental, pelos mistrios e complexidade que envolve essa questo. Verifica-se que o portador de transtorno mental foi vtima de inmeras violncias no processo de tratamento atravs da efetivao de tcnicas como: a camisa de fora, a lobotomia, criada pelos neurologistas portugueses Antnio Moniz e Almeida Lima, que visava remoo de partes do crebro dos portadores, osRev. Cientfica ESAMAZ, Belm, v.2 ,n.2 jul./dez., 2010 Rev. Cientfica ESAMAZ, Belm, v.2, n.2 jul./dez., 201023 23

choques eltricos, usados pelo psiquiatra italiano Ugo Cerletti para amenizar distrbios da mente, dentre muitas outras, pois, estas no conseguiam amenizar o sofrimento psquico, levando muitos portadores cronificao. Em Belm, no hospital Juliano Moreira, assim como em todas as instituies psiquitricas do Brasil, essa realidade no foi diferente. Na nsia de dar respostas aos casos de transtorno mental que emergiam, diversas e diferentes tcnicas repressivas foram empregadas. Nesse contexto encontramos o Servio Social, como uma profisso que buscou dar um novo caminhar assistncia psiquitrica paraense. 2 A PRTICA DO SERVIO SOCIAL NO HOSPITAL JULIANO MOREIRA. Para a professora Helienne Silva de Azevedo Carvalho1, a admisso do portador de transtorno mental no hospital Juliano Moreira dava-se da seguinte maneira:... geralmente o que ocorria que ele era levado algumas vezes pela famlia e outras vezes ele era jogado na prpria escadaria do prprio Juliano Moreira e geralmente vinha conduzido (...) pela prpria polcia e convm, inclusive, referir nesse contexto que o Juliano Moreira no atendia apenas o Estado do Par, ele atendia Estado (...) da Amaznia Legal (...) as vezes extrapolava at isso e essa era a forma (...) como ele chegava.

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A professora Helienne Carvalho trabalhou no hospital Juliano Moreira no final da dcada de 60.

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A cultura manicomial era fortemente repressiva. Percebe-se que contava, constantemente, com o apoio at mesmo da polcia, pela periculosidade que reportavam aos portadores de transtorno mental. Todos os segmentos sociais esquivavam-se diante dessa problemtica e nem sequer falavam nesse assunto. Assim, exterminar, matar no podiam, mas era possvel exclu-los de todos aspectos que um ser humano tem direito, o que no era difcil de se fazer, porque os portadores foram desprovidos at de sua identidade, pela animalidade a qual eram relacionados, enfim, eram aniquilados pelo poderoso e preconceituoso padro de normalidade vigente. Nota-se o quanto a sociedade menosprezava o problema de transtorno mental, transformando-o em algo banal, era simples enxergar algum na rua com atitudes comportamentais suspeitas e acionar a polcia, ou tomar uma providncia que retirasse aquela pessoa da rua e o internassem num manicmio, considerado o melhor lugar para essas pessoas, alm de que l encontrariam outros, pertencentes ao seu grupo, ou seja, a sociedade procurava justificar-se diante de suas aes, pois, muitas vezes, confundiam-se outros problemas sociais, como alcoolismo, mendicncia, etc. com o transtorno mental. Verifica-se o quanto era complicado trabalhar a questo sade mental e como foi difcil, para o Servio Social, estruturar-se no hospital Juliano Moreira com tantas dificuldades enfrentadas, porm sua persistncia era uma resposta aos preconceitos, discriminaes e desrespeito Rev. Cientfica ESAMAZ, Belm, v.2 ,n.2 jul./dez., 2010 Rev. Cientfica ESAMAZ, Belm, v.2, n.2 jul./dez., 201025 25

dignidade daqueles seres humanos conceituados anormais. Pode-se dizer que os obstculos existentes na prtica do Servio Social nesse hospital no eram apenas consequncias dos problemas internos institucionais, como a superlotao hospitalar, mas era uma cadeia de problemas que abrangia a prpria poltica de assistncia psiquitrica nacional, cujo governo no escondia o descaso por esse setor. Alis, uma de suas metas era a privatizao da sade, o que acarretaria enorme lucratividade com a criao de clnicas psiquitricas particulares. Segundo a professora Helienne Carvalho:... foi a partir desse momento que entra a profisso pra demarcar que a ateno ao doente mental no poderia ser mais aquela, que precisava (...) humanizar o atendimento, precisava dar a ateno que realmente o doente mental merecia, e com isso foi criado a triagem, a triagem social no hospital Juliano Moreira. Foi dessa forma que comeou (...) fazia uma triagem, muitas vezes com muita dificuldade, com esses pacientes que no se sabia (...) a famlia (...) no era ela que levava, no caso era a prpria polcia, e isso causava serssimas dificuldades e por conta disso a prpria superlotao hospitalar, e considerando que aquela altura o comportamento psiquitrico ainda era de natureza (...) tradicional, voc vai imaginar o quanto isso tambm era complicado e para o Servio Social se colocava um grande desafio porque voc desenvolver um trabalho a nvel da triagem, onde muitas vezes o doente mental ele era (...) jogado de madrugada, as vezes ns dizamos que parecia at que era de propsito, que levavam justamente numa hora em que (...) estaria s o estudante de Medicina ou um mdico (...) e o Servio Social ele no estava presente, tinha o corpo de enfermagem, mas quando chegava (...) o paciente vinha em crise, no tinha muito o que fazer a no ser realmente receb-los n? E como ficava as 26 Rev. Cientfica ESAMAZ, Belm, v.2 ,n.2 jul./dez., 2010 Rev. Cientfica ESAMAZ, Belm, v.2, n.2 jul./dez., 2010

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informaes? Era complicado, (...) essa (...) era a realidade do hospital Juliano Moreira (...) e por isso foi solicitado justamente os profissionais da rea social pra poder intervir nesse contexto...

Dessa forma, o atendimento famlia era imprescindvel, fazia-se necessrio busc-la mesmo quando se omitia no querendo responsabilizar-se por aquele membro familiar, entregando essa responsabilidade instituio, muitas vezes afirmando ser obrigao do Estado. A violncia, humilhao e excluso davam-se no apenas no espao institucional, atravs de suas tcnicas repressivas, mas comeava na famlia e estendia-se para outras relaes sociais. Desse modo, a professora Helienne afirma que:Por volta de 1967 ou 1968 (...) ns criamos como trabalho de concluso de curso, que foi no caso o meu trabalho de concluso de curso, que foi o projeto de atendimento famlia (...) do doente, e eram aqueles doentes que a gente dava uma certa preferncia, (...) ns tnhamos condio, inclusive, de desenvolver um trabalho (...) no sentido de esclarecer a famlia, de apoiar a famlia, de orientar a famlia pra que ela estivesse preparada e consciente de que aquele paciente dela no ia ficar no hospital mais pela vida inteira e que ela teria sim como famlia de assumir a parte que tambm era sua, era a sua parte de doena, era a sua parte de sade mental (...) que o paciente tinha que voltar e que ele tinha possibilidade de recuperao e que a famlia era o recurso maior pra isso, pra integrao de novo dele na famlia,(...) ento, montado esse projeto eu passei a atender as famlias em grupo e desenvolver uma srie de atividades (...) e aes que proporcionasse a essa famlia condies pra que ela pudesse receber, estar preparada para isso e contribuir na reintegrao daquele doente na prpria famlia...

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O atendimento do Servio Social, tanto em nvel individual quanto em nvel grupal no hospital Juliano Moreira, segundo a professora Yolanda Shirley Cunha Martins de Barros, dava-se da seguinte forma:... a nvel individual a entrevista era mais com familiares propriamente dito (...) e o atendimento em grupo que era mais com os pacientes, (...) ento, a gente fazia esse tipo de trabalho na triagem, mas ainda no to completo porque (...) o que chamava como maior demanda pro Servio Social era a questo da alta, porque quando eu cheguei l havia um grande nmero de pacientes reinternados, mais de 2000 pacientes z(...) numa vida subumana, ali naqueles (...) pores ali do prprio hospital, e (...) eu comecei a fazer um levantamento dessa populao nas diferentes enfermarias (...) e muitas das vezes tinham pacientes antigos, muitos anos dentro do hospital que a famlia nunca mais tinha aparecido (...), ento meu trabalho ficou (...) mais centrado, no que se refere ao atendimento individual, nas visitas domiciliares, tentar localizar a casa dos pacientes (...) pelas informaes que tinha no registro...

Isso mostra que o assistente social, baseado no chamado Servio Social tradicional, buscava garantir uma forma de tratamento diferenciada, que se preocupava com o portador de transtorno mental como ser pessoa-existencial e que isso representava realmente um grande desafio, tendo em vista que a prpria sociedade era favorvel ao isolamento e excluso desse grupo social. A professora Helienne diz que:28

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... voc trabalhava na perspectiva de que aqueles (...) pacientes que estavam no hospital eles precisavam ter uma atividade pra tir-los (...) da ociosidade que eles viviam. Junto com a doena, a ociosidade em si da prpria institucionalizao, e da se foi traando um plano de trabalho, onde se pudesse criar grupos (...) com os pacientes pra proporcionar a eles uma (...) vida, enquanto hospitalidade, que demorava muito tempo, isso por conta inclusive do prprio tratamento ainda da poca, mas tirlos daquela vida ociosa (...) tentar um trabalho que se poderia sonhar que fosse um trabalho de equipe poca, mas pelo menos dizer que eram profissionais de reas diferentes que estavam juntos, no era bem um trabalho de equipe (...) depois que vai (...) se construindo (...) essa busca de uma equipe realmente multiprofissional, interdisciplinar. E se trabalhava na perspectiva inclusive do paciente, estimular a alta dele o mais rpido possvel, o que no era realmente muito fcil, por uma srie de condies (...) de natureza scio-econmicas (...), cultural em relao a questo da prpria doena, por parte inclusive da prpria famlia, (...) porque tambm a doena daquele paciente era uma parte da sua prpria personalidade, da sua prpria contradio, das contradies internas do grupo familiar (...), a tendncia era de que na famlia (...) dificilmente havia espao ainda para aquele (...) paciente.

Considerando a dcada - 1960 em que esse atendimento estava sendo efetivado- pode-se dizer que, realmente, era preciso muito esforo por parte dos profissionais perante o caos em que se encontrava a assistncia psiquitrica paraense. No se quer aqui dizer que hoje no existam obstculos a serem enfrentados na prtica profissional, pois se sabe o quanto difcil trabalhar a questo sade mental, at mesmo pela falta de incentivo porRev. Cientfica ESAMAZ, Belm, v.2 ,n.2 jul./dez., 2010 Rev. Cientfica ESAMAZ, Belm, v.2, n.2 jul./dez., 201029 29

parte do governo brasileiro nessa rea, mas significa afirmar que os anos 60 foram anos repressores, que no davam grandes oportunidades aos profissionais de desenvolverem seu trabalho como hoje se pode, com democracia, liberdade de escolha e de expresso, abertura de dilogo. Isso ainda completava-se na maneira com que eram vistos os portadores de transtorno mental, como verdadeiros seres perigosos, aspecto este ainda existente - no com a mesma intensidade nos tempos atuais. De acordo com a professora Helienne:... um dos maiores desafios que eu acho que se enfrentou na histria do hospital foi em relao ao tipo de modalidade de tratamento quela poca, e o que determinados pacientes representavam no contexto hospitalar como uma verdadeira ameaa, (...) tinha determinados pacientes que eram considerados as feras (...), que viviam trancafiados em celas, e ns comeamos a desenvolver um tipo de trabalho no sentido de lutar para que os pacientes crnicos, no necessariamente ns podemos dizer pela doena, mas pela institucionalizao, porque perderam laos, vnculos familiares, por causa do tipo de entrada no hospital (...) e com isso (...) eles foram cronificando socialmente, (...) essa cronificao social ela tambm contribuiu pra cronificao da prpria doena, (...) e resolvemos partir para um trabalho de fazer um diagnstico desses (...) doentes crnicos e nesse projeto tentar identificar, ir atrs (...) das famlias (...) pra ento fazer com que num trabalho lento (...) esses doentes pudessem voltar pra suas famlias, (...) porque a superlotao hospitalar era evidente, ento, ou voc desenvolvia um trabalho dessa natureza, profissional mesmo, humanizada, (...) porque aquilo era quase realmente um depsito (...), isso foi um dos caminhos, uma das estratgias buscadas pra voc aliviar a superlotao

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hospitalar e do ponto de vista social tambm garantir o restabelecimento de laos familiares que eles haviam perdido ...

No processo de tratamento, muito importante que se desenvolvam atividades que estimulem o portador de transtorno mental a participar desse processo com a finalidade de alcanar resultados positivos na evoluo de seu quadro clnico. No apenas lidar com seres humanos, mas conviver com esse ser-no-mundo que o portador de transtorno mental, que precisa desse profissional, da sua ateno, compreenso, do seu compromisso de estar com sua clientela, sempre disposto a buscar respostas para os problemas desta, reconhecendo a liberdade do ser e preenchendo de significao o vivido deste, proporcionando sentido ao seu mundo atravs de uma forte tica profissional. A prtica do Servio Social no hospital Juliano Moreira foi marcada por grandes dificuldades enfrentadas e pela busca incessante dos profissionais de Servio Social de modificar o atendimento psiquitrico no Par - pode-se dizer que esse hospital acabou transformando-se em uma referncia institucional psiquitrica estadual - mostrando que possvel desenvolver atividades que proporcionem um tratamento eficaz ao portador de transtorno mental, visto que este estava ali para recuperar-se, reintegrar-se socialmente e no para cronificar-se. O Servio Social preocupou-se com a realizao de um tratamento humanitrio, gerando oportunidade ao portador de se ver como ser livre e capaz de criar sua prpriaRev. Cientfica ESAMAZ, Belm, v.2 ,n.2 jul./dez., 2010 Rev. Cientfica ESAMAZ, Belm, v.2, n.2 jul./dez., 201031 31

histria. Mostrou que ,quando se quer e existe esforo por parte do corpo tcnico institucional, possvel avanar e construir um novo caminhar no s para a profisso, mas em toda rea de Sade Mental. Compreende-se que no foi fcil para o Servio Social desempenhar suas tarefas no hospital Juliano Moreira, porque o espao institucional, por si s, j contraditrio e dificulta, com sua burocracia, o desempenho de determinadas aes interventivas, alm disso, percebe-se que , nesse hospital, no havia incentivo algum por parte do governo vigente para que os profissionais de Servio Social pudessem realizar um atendimento digno, nota-se que faltavam recursos humanos, materiais, medicao, e principalmente ,o sentimento de cooperao entre os diferentes profissionais que formavam a equipe, e , para trabalhar a sade mental , era imprescindvel que essa equipe tivesse realmente o sentido de grupo, atravs do entendimento e planejamento de aes conjuntas, pois os portadores de transtorno mental e suas respectivas famlias buscavam esses profissionais para compreenderem a situao existente, esclarecerem suas dvidas e aprenderem a conviver com a doena, na tentativa de desvelar e transcender seu problema, atravs de uma relao de confiana e troca de experincias. 3 CONCLUSO Compreende-se que no foi fcil para o Servio Social desempenhar suas tarefas no hospital Juliano Moreira,32 Rev. Cientfica ESAMAZ, Belm, v.2 ,n.2 jul./dez., 2010 Rev. Cientfica ESAMAZ, Belm, v.2, n.2 jul./dez., 201032

porque o espao institucional, por si s, j contraditrio e dificulta, com sua burocracia, o desempenho de determinadas aes interventivas, mas, alm disso, percebe-se que nesse hospital no havia incentivo algum por parte do governo vigente para que os profissionais de Servio Social pudessem realizar um atendimento digno a qualquer ser humano, notase que faltavam recursos humanos, materiais, medicao e principalmente o sentimento de cooperao entre os diferentes profissionais que formavam a equipe, e para trabalhar a sade mental era imprescindvel que essa equipe tivesse realmente o sentido de grupo, atravs do entendimento e planejamento de aes conjuntas, pois os portadores de transtorno mental e suas respectivas famlias buscavam esses profissionais para compreenderem a situao existente, esclarecerem suas dvidas e aprender a conviver com a doena, na tentativa de desvelar e transcender seu problema, atravs de uma relao de confiana e troca de experincias. REFERENCIASAMARANTE, Paulo. Asilos, alienados e alienistas. : Pequena Histria da Psiquiatria no Brasil. In: ______________ : Psiquiatria Social e Reforma Psiquitrica. Rio de Janeiro : FIOCRUZ. 1994. p. 73-84. EVELIN, Heliana Baa. O Diagnstico Individual. So Paulo : Cortez, 1982. GUEDES, Aureliano da Silva. Noes de Biossegurana para Assistentes Sociais que atuam em instituies psiquitricas, hospitais e similares. In: Revista Cientfica ESAMAZ. Belm. v. 1, n.1, jul./dez.,2009. p.8-21.

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LANCETTI, Antonio et alii . Sade e Loucura. So Paulo : HUCITEC, sd. PEREIRA, Joo Frayze. O que Loucura. So Paulo : Brasiliense. 1994. PERRUSI, Artur. Imagens da Loucura: Representao social da doena mental na psiquiatria. So Paulo : Cortez ; Recife : UFPE, 1995. QUARESMA, Rosana do Socorro Maciel. Gesto do Servio Social na rea de Sade Mental. Belm, 1998. (mimeo.) QUARESMA, Rosana do Socorro Maciel. O Movimento de Reconceituao e as Mudanas na tica do Servio Social. In. : EVELIN, Heliana Baa (Org.). Opsculo de tica. Belm : Mestrado em Servio Social do CSE da UFPA, 1999. (Opsculos do Curso de Servio Social da UFPA, 1). QUARESMA, Rosana do Socorro Maciel. Poltica de Assistncia Psiquitrica da Amaznia. Belm. 1999. (mimeo.). QUARESMA, Rosana do Socorro Maciel. Reflexes Sobre Sade Mental. In. : Anais do VI Seminrio Avanado de Servio Social. Belm : EDUFPA, 11 - 16 maio 2000. p. 52-55.

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APLICAO DA BOLA SUA NO TRATAMENTO DO DESCONTROLE POSTURAL APPLICATION OF THE SWISS BALL IN THE TREATMENT OF IT UNCONTROLS POSTURALAcadmica da UEPA

Vanessa do Nascimento de SOUZA

Fisioterapeuta Esp. em fisio. aplicada nas disfunes traumato-ortopdica Prof da ESAMAZ Prof de diversas instituies de ens. superior. RESUMO: A bola sua um instrumento teraputico que apresenta eficcia comprovada no tratamento de diversas disfunes. Entre elas est o descontrole postural, que pode ter origem em alteraes no sistema neurolgico ou musculoesqueltico. Com o objetivo de demonstrar a aplicabilidade desse recurso no tratamento do descontrole postural, o presente estudo buscou dados na literatura que permitissem o entendimento do complexo processo responsvel pelo desenvolvimento do descontrole postural e dos elementos a ele associados, para que, atravs da interveno sobre tais elementos, fosse possvel justificar a eficcia da terapia com a bola sua na recuperao da atividade postural normal do indivduo e consequente independncia na realizao de funes que necessitam de um controle adequado da postura. Palavras chave: Bola sua, Descontrole postural - tratamento.

Wanda Carla Conde RODRIGUES

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ABSTRACT: The swiss ball is a therapeutical instrument that presents effectiveness proven in the treatment of diverse dysfunction Between them uncontrols it is it postural, that it can have origin in alterations in neurological or skeletal muscle system. With the objective to demonstrate applicability of this resource in the treatment uncontrols of it postural. present study it searched given in literature that allowed to the agreement of the complex responsible process for the development of it uncontrols; postural and of the elements it associates, so that, through intervention on such elements, was possible to justify the effectiveness of the therapy with the Swiss ball in the recovery of the normal postural activity of the individual and consequence independence in the accomplishment of functions that they need an adequate control of the position. Key works: Swiss ball. Uncontrols postural - treatment

1 INTRODUO Com frequncia, a postura considerada uma funo esttica do corpo, porm tambm deve estar associada ao contexto da posio assumida pelo corpo em determinado movimento, devendo ser definida, portanto, como o arranjo relativo do corpo [1]. A postura tem importantes implicaes na sade e bem estar geral de grande parte do corpo. Isso porque ela determina a quantidade e distribuio do esforo sobre vrios ossos, msculos, tendes, ligamentos e discos [2]. Alm disso, associada ao equilbrio,ela desempenha um papel importante para a independncia em atividades como sentar ficar em p e caminhar [3].Rev. Cientfica ESAMAZ, Belm, v.2, n.2 jul./dez., 2010 Rev. Cientfica ESAMAZ, Belm, v.2 ,n.2 jul./dez., 2010 36

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Essas funes so controladas por mecanismos neurais, que ainda no esto definidos universalmente [3]. Contudo a abordagem do mecanismo dos sistemas mostra-se abrangente para a elucidao dos componentes responsveis pelo controle postural e que interferem no seu descontrole. Tal abordagem sugere que o controle postural ocorre pela interao entre o indivduo, as tarefas e o ambiente e supe que o controle da posio do corpo no espao depende da complexa interao dos sistemas musculoesqueltico e neural [3]. Esses sistemas apresentam componentes prprios que atuam conjuntamente com a finalidade de manter o equilbrio e garantir os ajustes e respostas posturais adequadas [4]. Alteraes em um ou mais componentes desse sistema podem comprometer a realizao das tarefas e a autonomia do indivduo chamando ateno para a necessidade de interveno multiprofissional que inclui a atuao do fisioterapeuta. A fisioterapia conta com vrios recursos e tcnicas destinadas reeducao do controle postural e recuperao total ou parcial das atividades funcionais do indivduo. A bola sua um recurso auxiliar que apresenta muitos benefcios na reabilitao de pacientes com descontrole postural, possibilitando a realizao do trabalho em fisioterapia nos planos frontal, sagital e transversal, e facilita a realizao de uma grande variedade de exerccios, que devem ser adequados s necessidades e a natureza do descontrole postural do paciente [5].Rev. Cientfica ESAMAZ, Belm, v.2 ,n.2 jul./dez., 2010 Rev. Cientfica ESAMAZ, Belm, v.2, n.2 jul./dez., 201037 37

O presente trabalho rene, em seu contedo, um breve histrico sobre o surgimento e as primeiras utilizaes da bola sua como recurso teraputico, uma abordagem sobre os processos do controle postural e o desenvolvimento do descontrole, alm de algumas modalidades de exerccios na bola que possam contribuir para a reabilitao de pacientes com descontrole postural. Apresenta como objetivo, portanto, a reunio de dados tericos que sustentem a utilizao da bola sua como recurso auxiliar no tratamento do descontrole postural. 2 MATERIAL E MTODO As informaes reunidas nessa pesquisa resultaram da consulta em documentos eletrnicos, disponibilizados no banco de dados Scielo e no site Google acadmico, bem como, em livros especficos que tratam do controle postural. Os artigos eletrnicos, todos em portugus, foram encontrados com a especificao das seguintes palavraschave: controle postural, descontrole postural, tratamento com a bola sua e histrico da bola sua. Entre os artigos, foram selecionados aqueles que apresentavam as especificaes de: terem sido escritos na lngua portuguesa, bem como, apresentarem no contexto abordagens sobre o conceito de controle postural e o tratamento do descontrole com a bola sua. Os dados bibliogrficos foram reunidos com base na leitura de captulos especficos que tratavam do histrico da bola sua, do controle postural normal e anormal38 Rev. Cientfica ESAMAZ, Belm, v.2 ,n.2 jul./dez., 2010 Rev. Cientfica ESAMAZ, Belm, v.2, n.2 jul./dez., 201038

e de propostas de reabilitao que abordassem os elementos constituintes do controle postural. 3 RESULTADO 3.1 Histrico Antes de conceituar a bola sua e de comentar sobre sua finalidade e benefcios, importante conhecer um pouco da abordagem histrica desse recurso teraputico, que apresenta uma vasta possibilidade de aplicao. A bola sua tem sua histria relatada em um nico livro traduzido para o portugus, de Beate Carriri, intitulado Bola Sua [4] [6]. Criada em 1963 por um fabricante italiano, produtor de brinquedos de vinil, o qual desenvolveu tcnicas para fabricar grandes bolas de ginstica em vrias cores (amarelas, verdes e laranjas), a bola de Pezzi, como tambm era conhecida, foi vendida inicialmente na Europa no mesmo ano [6]. As Pezzi bolas foram utilizadas pela primeira vez em programas de tratamento em recm-nascidos e lactentes por Kong, um mdico suo, e Mary Quiton, uma fisioterapeuta inglesa que trabalhava na Sua. Em 1970, Klein-Vogelbach foi a primeira a utilizar a bola em adultos com problemas ortopdicos [6]. Do final dos anos 60 ao incio da dcada de 80, Beates Carriri j havia vivenciado experincias com a bola Pezzi, em Londres, na Sua e em Munique; desenvolveu, a priori,Rev. Cientfica ESAMAZ, Belm, v.2 ,n.2 jul./dez., 2010 Rev. Cientfica ESAMAZ, Belm, v.2, n.2 jul./dez., 201039 39

trabalhos para a facilitao dos movimentos em crianas e, posteriormente, empregou o recurso no tratamento de adultos com disfunes ortopdicas e neurolgicas [7]. A bola Pezzi, inicialmente utilizada na Europa [5], foi chamada de bola sua, pela primeira vez, por terapeutas do norte da Amrica, que viram aplicao do recurso em clnicas na Sua. Nesse pas, Carrire divulgou o mtodo de KleinVogelbach [6], o qual se baseia na observao, anlise e ensino do movimento humano [7]. Em 1980, alguns instrutores fsicos a utilizaram em programas de treinamento [6] e, mais tarde, em 1995, PosnerMayer publicou um programa para exerccios domiciliares usando a bola sua [7]. Atualmente, a bola sua um recurso bastante pesquisado e utilizado para fins teraputicos, uma vez que acessvel, em termos de custo, prazeroso e estimulante para o praticante, trazendo resultados satisfatrios [6]. O seu uso tambm tem se tornado aceito entre os personal trainers e aqueles que buscam promover um estilo de vida saudvel [7]. 3. 2 Bola Sua A bola sua um recurso muito usado na prtica fisioteraputica [8] como instrumento de alongamento e mobilizao de indivduos saudveis ou, raramente, como forma de tratamento exclusiva de pacientes enfermos e em recuperao [7]. Ela auxilia na motivao e desafia o paciente a realizar os exerccios, provavelmente, porque h a ativao do sistema lmbico e de outros sistemas no crebro. Alm40 Rev. Cientfica ESAMAZ, Belm, v.2 ,n.2 jul./dez., 2010 Rev. Cientfica ESAMAZ, Belm, v.2, n.2 jul./dez., 201040

disso, ela proporciona benefcios ao fisioterapeuta que realiza menos esforos na realizao do tratamento e ganho de tempo para a execuo de outras atividades que possam auxiliar na recuperao do paciente [7]. Esse instrumento pode ser descrito pela sua facilidade de uso por fisioterapeutas e pacientes, por ser mvel, porttil, quicar em superfcies e, principalmente, por ser a nica ferramenta da fisioterapia que trabalha nos trs planos de movimento: frontal, que permite o trabalho de lateralidade (aduo e abduo); sagital, podendo ser trabalhados os movimentos de flexo e extenso do tronco; e o plano transversal, o qual permite as rotaes de tronco [5]. No mercado, existem vrios tamanhos de bolas vendidas de acordo com a altura do indivduo que ir utilizla (quadro I), entretanto, para o tratamento, a escolha do melhor dimetro no depende necessariamente da altura do paciente, mas ,sim, das propores corporais de quem a utilizar, da finalidade do exerccio [7]. Quadro I: Demonstrao da distribuio do dimetro das bolas de acordo com a altura da pessoa.Dimetro das Bolas (cm) Pessoa - Altura indicada (m) 45 1,70 85 >1,85 95 >1,95 Fonte: Dados baseados nas informaes de Fisiomed Brasil.

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A bola pode ser usada em adultos e crianas, em hospitais, domiclios e clnicas [6]. Tambm h a possibilidade de uso em ambientes de Unidades de Tratamento Intensivo (UTI) adulto e peditrica [7]. Os benefcios teraputicos proporcionados pela bola sua so inmeros: o aumento da mobilidade, estabilidade, fora, circulao, coordenao, controle postural, aptido cardiopulmonar, capacidade vital dos pulmes, nutrio das estruturas do corpo, sensao de prazer na realizao do programa de exerccios, isso variando conforme o tipo de cinesioterapia escolhida pelo fisioterapeuta, especificamente para cada tipo de paciente [5]. 3.3 Controle e Descontrole Postural Para que haja um entendimento sobre o descontrole postural, necessrio inicialmente discutir sobre o conceito e componentes formadores do controle postural normal. Nessa discusso, vale mencionar a existncia de vrias teorias conceituais que descrevem o controle da postura e do equilbrio. Entre elas, no mnimo duas realizam uma abordagem neural da temtica: a teoria reflexa/hierrquica e a dos sistemas [3]. Na primeira, o controle postural est baseado em respostas reflexas, hierarquicamente organizadas e desencadeadas por informaes sensoriais independentes [9]. hierrquica porque considera a transformao progressiva da dominncia dos reflexos espinhais primitivos para a dominncia das42 Rev. Cientfica ESAMAZ, Belm, v.2 ,n.2 jul./dez., 2010 Rev. Cientfica ESAMAZ, Belm, v.2, n.2 jul./dez., 201042

respostas corticais maduras [3]. Essa teoria, entretanto, no ser abordada nesse estudo, pois as investigaes a cerca do assunto mostram que atualmente domina a teoria dos sistemas [9; 4]. Na abordagem sistemtica, que enfatiza a mltipla organizao e as funes neurais [9], o controle postural uma habilidade resultante da interao complexa entre diversos sistemas orgnicos que trabalham cooperativamente com o objetivo duplo de controlar a orientao e a estabilidade do corpo de acordo com a tarefa a ser realizada e com as caractersticas do ambiente [3]. A orientao postural consiste na capacidade de manter os segmentos corporais em alinhamento biomecnico com o prprio corpo e com o ambiente, para a realizao de determinada tarefa [3]. J a estabilidade postural corresponde capacidade de manter o corpo em equilbrio esttico ou dinmico, a partir do controle do centro de massa corporal (CDM) dentro dos limites da base de apoio, durante o repouso ou o movimento [3]. O equilbrio do corpo depende dos ajustes posturais conseguidos a partir da ativao de msculos e movimentos segmentares [10] que posicionam o CDM dentro dos limites de estabilidade [3]. Para que as finalidades de orientao e equilbrio sejam alcanadas, portanto, fazem-se necessrias a percepo (interao das informaes sensoriais, para analisar a posio e o movimento do corpo no espao) e a ao (capacidade de produzir as foras para controlar os sistemas de posicionamento) [3]. Tais funes mostram que: para oRev. Cientfica ESAMAZ, Belm, v.2 ,n.2 jul./dez., 2010 Rev. Cientfica ESAMAZ, Belm, v.2, n.2 jul./dez., 201043 43

controle postural exigida uma interao complexa entre os sistemas musculoesqueltico e neural [3], os quais so constitudos por componentes efetores, sensoriais e pelo processamento central [4]. Os componentes do sistema musculoesqueltico, responsveis pela execuo da resposta motora [4], incluem a amplitude de movimento (ADM), a flexibilidade, propriedades dos msculos e relaes biomecnicas dos segmentos [9]. Os componentes do sistema neural so representados por: processos motores; processos sensoriais, que abrangem os sistemas visual, vestibular e somatossensitivo; e processos de integrao de nvel superior [3]. Os sistemas visual, vestibular e somatossensorial, fornecem informaes sobre a posio do corpo e sua trajetria no espao [4]. Os processamentos de nvel superior correspondem s influncias cognitivas sobre o controle postural, as quais so a base para os aspectos de antecipao e adaptao posturais [3]. Os processos da ateno, motivao e inteno tambm constituem aspectos cognitivos que afetam o controle postural [3]. Sendo assim, as limitaes de fora e da ADM, bem como dor, ou alteraes na base de suporte iro afetar o controle postural [9]. Problemas somatossensoriais/sensriosmotores, visuais e vestibulares contribuem para a perda do equilbrio [7]. Os receptores do sistema sensrios-motores podem ser encontrados na pele, articulaes, tendes, ligamentos e44 Rev. Cientfica ESAMAZ, Belm, v.2 ,n.2 jul./dez., 2010 Rev. Cientfica ESAMAZ, Belm, v.2, n.2 jul./dez., 201044

msculos [7]. Dessa forma, leses neurolgicas (sndrome de Guillain-Barr, neuropatias perifricas e leso medular), leses ortopdicas e cirrgicas ocasionam danos nesse sistema, afetando a propriocepo e a sensao [7]. Alguns pacientes neurolgicos apresentam problemas na organizao do tempo em que as estratgias posturais devem ser realizadas, ou apresentam outras limitaes como as dificuldades em adaptar as estratgias posturais de acordo com as alteraes ambientais [9]. 3.4 BOLA SUA E O TRATAMENTO DOS

DESCONTROLES POSTURAIS A restaurao do controle postural do corpo no espao um processo essencial para a recuperao da independncia funcional do indivduo [3]. Com esse intuito, a bola sua, entre outros benefcios, proporciona a melhora do controle postural [5]. Ela consiste num instrumento de valor no trabalho de controle postural e de fora, auxiliando a restaurao das funes de equilbrio, bem como na motivao e automotivao do paciente, pois fornece sustentao a parte do peso corporal e desafia o paciente na realizao de algumas atividades, favorecendo a memria e o aprendizado [7]. Manter o centro de gravidade sobre a bola sua requer a ativao das respostas posturais automticas, das respostas posturais antecipadas e movimentos posturais voluntrios [7], justificando o treino de equilbrio sobre esse recurso.Rev. Cientfica ESAMAZ, Belm, v.2 ,n.2 jul./dez., 2010 Rev. Cientfica ESAMAZ, Belm, v.2, n.2 jul./dez., 2010

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Para o tratamento de pacientes com suspeita de dficits de equilbrio central ou postural, faz-se necessria uma progresso de exerccios [7], uma vez que, segundo a hiptese da organizao hierrquica do SNC, a recuperao de pacientes com leso cerebral segue uma ordem previsvel semelhante ao desenvolvimento normal durante a infncia [10]. Aplica-se, portanto, uma progresso de exerccios iniciando as atividades com o paciente em: 1) decbito dorsal; 2) sentado sobre uma superfcie estvel; 3) sentado sobre uma bola sua; 4) sentado sobre uma bola sua e colocando os ps sobre uma superfcie instvel; 5) saltitando sobre a bola sua; 6) ajoelhado sobre uma superfcie instvel; 7) segurando na bola sua em p sobre uma superfcie instvel [7]. Essa sequncia til, pois d um feedback para o paciente, uma vez que os exerccios so realizados em ordem crescente de dificuldade e adaptados conforme a habilidade do paciente, o que contribui, tambm, para o aprendizado motor [7]. Como a estabilidade depende do equilbrio entre as foras de estabilizao e desestabilizao entre os msculos, ou seja, h uma atividade muscular para manter o CDM sobre a base de apoio [3], percebe-se a importncia de se restabelecer o equilbrio muscular atravs do trabalho de fora. Os trabalhos de equilbrio, tnus muscular e coordenao visual e espacial na bola sua podem ser utilizados no retreinamento de funes perdidas, como o descontrole postural [7].46 Rev. Cientfica ESAMAZ, Belm, v.2 ,n.2 jul./dez., 2010 Rev. Cientfica ESAMAZ, Belm, v.2, n.2 jul./dez., 201046

A seguir, ser apresentado um resumo das modalidades de exerccio que podem ser realizados em tratamentos com bola sua. 3.4.1 Tipos de exerccios Nove exerccios na bola sua, desenvolvidos por Klein-Vogelbach com base no conceito de cintica funcional, podem ser utilizados para o treino postural [7]. So eles: cowboy, balana, faquir, Ula-Ula, para frente e para trs; UlaUla, para um lado e para o outro; carrossel, coelho da pscoa; silhueta e coquetel [7]. Cinco dessas atividades, escolhidas aleatoriamente, esto resumidas no quadro II, que apresenta como tpicos descritores os exerccios, os objetivos, a posio inicial do paciente, a actio, e a velocidade com a qual os exerccios devem ser realizados. A actio corresponde ao movimento primrio que conduz o paciente para uma meta [7]. Quadro II: Resumo dos exerccios com bola suaExerccio Objetivos Posio inicial (sobre a bola)Sentado com os ps no solo. Quadris, joelhos e ps flexionados em 90. Joelhos e ps separados na largura dos quadris.

Actio

Velocidade

Cowboy

Treino de boa postura ereta; Fortalecimento de quadrceps e msculos da panturrilha; Preparo para o treino de marcha;

Empurrar o cho com os ps.

120 movimentos por minuto

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Balana

Faquir

Ula-Ula, para frente e para trs

Ensinar o alinhamento de tronco em movimentos para frente e para trs; Treino do uso econmico dos msculos abdominais e extensores da coluna ao estabilizar o tronco; Treino de alinhamento dos membros inferiores. Treino econmico dos msculos abdominais e extensores da coluna Treino do alinhamento de membros inferiores; Fortalecer e estabilizar os msculos extensores da coluna. Treino da estabilizao reativa da coluna torcica; Facilitao do balanceio simtrico dos braos.

A mesma do anterior, com os braos levantados acima da cabea no plano frontal mdio

Primeiro a bola puxada em direo aos ps; segundo ela empurrada para trs.

40 rolamentos por minuto

A mesma do exerccio cowboy, com os braos em 90 de flexo.

Primeiro os braos se movimentam para cima e para trs, acompanhando a inclinao do tronco para trs; segundo h o retorno a posio inicial

4 segundos para cada sesso de movimento.

A mesma do exerccio cowboy, com os braos sobre o trax.

Ula-Ula, de um lado para o

Facilitao reaes equilbrio automticas;

das de

A mesma do exerccio cowboy, com os braos

Primeiro, com o trax estvel a bola empurrada para longe a partir dos calcanhares; segundo, deixa-se a bola rolar em direo aos calcanhares, sem pux-la ativamente. Rolar a bola de um lado para o outro.

Repetir os movimentos 120 vezes por minuto.

A mesma do Ula-Ula, para frente e para trs.

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outro

Fonte: Quadro elaborado com base nos nove exerccios de treino postural, descritos por Carrire (1999).

Promoo de movimentos automticos tpicos da marcha em pelve no plano frontal

elevados em arco acima da cabea no plano mdio frontal.

Essas atividades devem ser consideradas como modelos de exerccios, podendo sofrer as adaptaes necessrias de acordo com as condies de cada paciente e respeitando as caractersticas originais e propsitos de cada exerccio [7]. Uma forma de adaptao o uso combinado da bola sua com outros recursos, capazes de tornar as atividades mais desafiadoras, favorecendo a estabilizao e o treino proprioceptivo. Tais recursos auxiliares so: o sift, o rolo de espuma, a thera-band e os halteres [7]. Para postura adequada realizao dos exerccios com o paciente sentado, necessrio que o tamanho da bola permita a angulao de 90o em quadril e joelhos e que a pelve, coluna e trax estejam alinhados. Se os exerccios forem realizados em decbito dorsal ou ventral, a melhor opo para se atingir a postura bsica o uso de bolas com dimetros menores [6]. 3.4.2 Precaues gerais No uso das bolas suas devem ser consideradas algumas condutas importantes para a segurana do paciente. Entre elas, esto: superfcie correta para a realizao dos exerccios, o tamanho e as condies de segurana [6].Rev. Cientfica ESAMAZ, Belm, v.2 ,n.2 jul./dez., 2010 Rev. Cientfica ESAMAZ, Belm, v.2, n.2 jul./dez., 201049 49

O local mais seguro para a bola sua um solo firme e antideslizante [7]. A instabilidade do solo (os deslizantes, por exemplo), causa insegurana no indivduo que est realizando o exerccio e, devido influncia lmbica, pode levar ativao de grupos musculares imprprios comprometendo a programao motora correta para o exerccio realizado [6]. Os carpetes speros devem ser evitados, pois expem o paciente a riscos de assaduras e leses na pele. So preferveis os carpetes emborrachados firmes sobre o solo [7] Em vrios momentos, o tamanho das bolas suas deve adequar-se s necessidades das atividades e, principalmente, as propores e constituies corpreas do paciente e do fisioterapeuta, quando este participa da atividade [7]. Ao usar a bola sua, a segurana deve ser preocupao primria do terapeuta durante todo o tempo [7]. Para fornecer segurana ao paciente, necessrio: ter conhecimentos sobre as condies de equilbrio esttico e dinmico dos pacientes nas posies sentada e em p; avaliar a ocorrncia de reaes diminudas em um ou ambos os lados do corpo e de diminuio na imagem corporal no indivduo; instru-lo quanto ao uso de roupas e calados apropriados, bem como, de manter os cabelos presos caso eles sejam longos [7]. O fisioterapeuta no deve utilizar bolas danificadas, pois elas correm o risco de estourar, sendo, portanto, perigosas. Para a melhor estabilizao da bola e aumento da confiana do paciente em relao segurana do50 Rev. Cientfica ESAMAZ, Belm, v.2 ,n.2 jul./dez., 2010 50 Rev. Cientfica ESAMAZ, Belm, v.2, n.2 jul./dez., 2010

recurso podem ser utilizados equipamentos como a cinta, no paciente, ou os estabilizadores e sacos de areia ao redor da bola [7]. Apesar de todas as medidas de segurana, as quedas podem ocorrer e, diante dessa possibilidade, cabe ao fisioterapeuta, alm de tomar todas as condutas necessrias para a segurana, informar ao paciente sobre os riscos de quedas, sem assust-lo. O uso de dispositivos como barra de apoio podem aumentar a confiana do paciente [6]. 3.5 Indicaes e contra-indicaes Alm da indicao de tratamento das desordens posturais, tanto de natureza nervosa quanto osteomuscular, a bola pode ser utilizada: na reabilitao de pacientes neurolgicos (cerebelopatia, parkinsonismo, AVC, esclerose mltipla); no ps-cirrgico de reconstruo do LCA; em pacientes com incontinncia urinria; em pacientes clnicos ou sob tratamento na unidade de terapia intensiva [7]. Em todas as indicaes, necessrio o bom senso do fisioterapeuta que deve respeitar as condies antomofisiolgicas e patolgicas de cada paciente ao programar a cinesioterapia com bola sua. Dessa forma, existem algumas situaes a serem consideradas na contra indicao de modalidades de exerccio com bola sua ou, at mesmo ,da aplicao do recurso [7]. Tais situaes so:Rev. Cientfica ESAMAZ, Belm, v.2 ,n.2 jul./dez., 2010 Rev. Cientfica ESAMAZ, Belm, v.2, n.2 jul./dez., 201051 51

Dor, uma vez que sua presena implica realizao incorreta do exerccio ou uso inapropriado da atividade para o paciente, para aquele momento; Apoio de peso ausente ou parcial deve impedir o tratamento em posio sentada, uma vez que a perda de equilbrio pode levar o paciente a quedas, que no podero ser impedidas pela irregularidade no apoio; Amputao dos membros desequilibra o paciente tornando-se inseguro coloc-lo sentado sobre a bola. Entretanto, a bola pode ser til no treino de equilbrio do paciente com prtese. Nesse caso , a cinta pode ser utilizada como dispositivo de segurana; Cirurgias podem contra-indicar a aplicao de determinados exerccios; A presena de fios e monitores pode contra-indicar determinados exerccios e posies. importante que o fisioterapeuta tenha conhecimento da procedncia dos fios e aparelhos e dos cuidados a serem tomados. Em pacientes no respirador que estejam criticamente doentes, os exerccios com bola sua podem ser contraindicados; Em pacientes com histrico de convulses. Se as cores da bola no irritarem o paciente ou se os movimentos e as velocidades dos movimentos forem adequados s habilidades do paciente, a cinesioterapia com bola sua pode ser indicada; A diminuio no equilbrio e imagem corporal no uma contra-indicao geral;52 Rev. Cientfica ESAMAZ, Belm, v.2 ,n.2 jul./dez., 2010 Rev. Cientfica ESAMAZ, Belm, v.2, n.2 jul./dez., 201052

Nessas contra-indicaes, em alguns casos a bola sua poder ser empregada desde que o fisioterapeuta conhea o paciente e dialogue com outros membros da equipe, como o mdico, sobre a possibilidade de aplicao do recurso [7]. 4 CONSIDERAES FINAIS

De acordo com as informaes sobre as diversas utilidades e benefcios proporcionados pela bola sua no que tange melhora de estabilidade e equilbrio, duas condies afetadas no desenvolvimento dos descontroles posturais, a bola sua mostra-se como um recurso auxiliar eficaz no tratamento dessas disfunes. Contudo, como tais disfunes podem ter origem em diferentes alteraes que afetam o sistema nervoso e osteomuscular e diante das vrias opes de tratamento viabilizadas por essa modalidade da cinesioterapia, o fisioterapeuta deve ter critrios ao escolher os programas de exerccios que sejam mais adequados a particularidades funcionais de cada paciente, para a obteno de resultados satisfatrios. REFERNCIASHALL, Carrie. Deficincia da postura e movimento. In: HALL, Carrie; BRODY, Lori Thein. Exerccio teraputico: na busca da funo. 2 ed. Rio de janeiro: Guanabara Koogan, 2007, p. 117. 53 531.

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2.

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CANTINHO DOS ALUNOS E EX-ALUNOS

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AUTONOMIA FUNCIONAL E QUALIDADE DE VIDA EM IDOSOS PRATICANTES DE ATIVIDADE FSICA: um estudo bibliogrficoAlan Pereira da SILVAFisioterapeuta Formado pela ESAMAZ

Thiago Castro Souza da SILVA

Fisioterapeuta Formado pela ESAMAZ

Wlcio Costa da SILVA JUNIORFisioterapeuta Formado pela ESAMAZ

Rosa Costa de FIGUEIREDO

MSc em Cincia da Motricidade Humana Docente da Escola Superior da Amaznia

MSc em Cincia da Motricidade Humana Docente da ESAMAZ RESUMO: A expectativa de vida aumenta e cresce a populao idosa no pas. A lei n10.741 dispe sobre o Estatuto do Idoso e considera uma pessoa idosa com idade igual ou superior a 60 anos. Diversos estudos mostram o rpido crescimento da populao idosa no Brasil. PALAVRAS-CHAVE: Qualidade de vida. Idoso-Autonomia. Fisioterapia. ABSTRACT: Life expectancy increases and the growing elderly population in the country. Law n 10.741 provides for the Elderly Statute and considers an elderly person aged over 60 years. Several studies show the rapid growth of elderly population in Brazil. KEYWORDS: Quality of life. Elderly- Autonomy. Physiotherapy.

Maria de Nazar Dias PORTAL

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1 INTRODUO A Organizao Mundial de Sade (OMS, 1998) prev que, por volta do ano de 2025, pela primeira vez na histria, haver mais idosos do que crianas no planeta. Como principal motivo dessa elevao da expectativa mdia de vida, pode-se destacar o avano da medicina e a melhora na qualidade de vida. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica (IBGE, 2004), esta uma preocupao dos governos que confirma o fato de que a populao no mundo est ficando cada vez mais velha e tambm deseja que sua qualidade de vida seja satisfatria. O processo de envelhecimento vem acompanhado por problemas de sade fsicos e mentais provocados, frequentemente, por doenas crnicas e quedas (RIBEIRO, 2008). O envelhecimento um processo que afeta todos os indivduos de forma lenta e gradativa. Provocados por fatores biolgicos e scio ambientais diferentes de indivduo para indivduo, com acentuada tendncia ao acmulo de processos patolgicos e, tambm, s manifestaes de desgaste fsico-mental durante a vida. Por esta razo, profissionais da rea de sade tm estimulado as pessoas a mudarem os seus estilos de vida, inserindo em seus cotidianos hbitos saudveis com a participao em atividade fsica regular (OLIVEIRA, 2009). O envelhecimento no simplesmente o passar do tempo, mas as manifestaes ocorridas ao longo da vida que58Rev. Rev. Cientfica ESAMAZ, Belm, n.2 ,n.2 jul./dez., 2010 Cientfica ESAMAZ, Belm, v.2, v.2 jul./dez., 2010 58

tm sido definidas como uma perda progressiva das capacidades fisiolgicas, culminando fatalmente na morte. Pode ser considerado como um processo biolgico normal, em que todos os organismos multicelulares sofrem efeitos deletrios em funo do tempo (ROBERGS e ROBERTS, 2002). Durante a senescncia, ocorrem diferentes mudanas nas pessoas, que so influenciadas por fatores genticos e pelo estilo de vida. Neste, a autonomia funcional, tambm conhecida como capacidade funcional, mostra-se como um dos conceitos mais relevantes em relao sade, aptido fsica e qualidade de vida (QV) (CADER et al, 2006). Em decorrncia desse fato sobre o envelhecimento populacional, emerge uma grande preocupao com a qualidade de vida dessas pessoas, uma vez que o sedentarismo uma caracterstica frequente do estilo de vida no indivduo idoso (CSAR et al., 2004; FILHO et al., 2010). Autonomia est associada ao declnio na habilidade para desempenhar as atividades da vida diria (AVDs), e gradual reduo das funes musculares, podendo ser, uma das principais perdas com o avanar da idade (POSNER et al, 1995). Ter autonomia poder executar independente e satisfatoriamente suas atividades do dia-a-dia, continuando suas relaes e atividades sociais, e exercitando seus direitos e deveres de cidado (ABREU et al., 2002). O conceito de qualidade de vida pode ser concebido como uma representao social com parmetros objetivos Rev.Rev. Cientfica ESAMAZ, Belm,,n.2 jul./dez., 20102010 Cientfica ESAMAZ, Belm, v.2 v.2, n.2 jul./dez.,59 59

satisfao das necessidades bsicas e criadas pelo grau de desenvolvimento econmico e social da sociedade e subjetivos bem-estar, felicidade, amor, prazer, realizao pessoal (MINAYO, 2000). Para prevenir ou minimizar os efeitos do envelhecimento, necessrio que se inclua a atividade fsica. Essa preocupao tem sido abordada no somente nos pases desenvolvidos, como tambm nos pases em desenvolvimento, como o caso do Brasil (MATSUDO, 2002). Estudos apontam que indivduos idosos podem se beneficiar dos exerccios aumentando no s a resistncia e a fora muscular, mas, tambm, o equilbrio e a mobilidade (MATSUDO, 2002). As pessoas necessitam ser ativas para serem saudveis. O estilo de vida atual e todas as suas convenincias transformam o homem em sedentrio, o que prejudicial para a sade. Viver de maneira autnoma e independente significa ser capaz de fazer qualquer atividade quando tiver vontade (ARAGO et al., 2002). O desenvolvimento tecnolgico da medicina ocasionou benefcios populao em geral, particularmente para os indivduos com idades superiores a 65 anos, em virtude de inmeros medicamentos que permitiram um maior controle e tratamento de doenas contagiosas e crnicas degenerativas. Isto melhorou os nveis de qualidade de vida desses indivduos (YAFF et al., 2001).Rev. Rev. Cientfica ESAMAZ, Belm, n.2 ,n.2 jul./dez., 2010 Cientfica ESAMAZ, Belm, v.2, v.2 jul./dez., 2010 60

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Em um acompanhamento de um grupo de idosos durante 12 anos, esses autores identificaram, atravs de bipsias musculares, que a rea de seo transversa dos msculos era responsvel por cerca de 90% da perda de fora muscular decorrente do envelhecimento nesses indivduos, embora existam outras evidncias de que aspectos qualitativos tambm possam desempenhar um papel nesse processo (BIKHAZI et al., 2000). Neste sentido, o exerccio fsico regular uma estratgia bastante eficaz, pois pode conservar a autonomia funcional e minimizar os efeitos deletrios do envelhecimento Isto pode repercutir em uma melhora no bem estar social, psicolgico e fsico, fornecendo, consequentemente, uma melhor qualidade de vida a essa populao (GARDNER et al., 2000; YAFF et al., 2001; BROCHU et al., 2002). Desta forma, a OMS considera que a qualidade de vida a percepo do indivduo de sua posio na vida, no contexto da cultura e no sistema de valores nos quais ele vive, em relao aos seus objetivos, expectativas, padres e preocupaes (VALE et al., 2006). Dessa forma, o objetivo do presente estudo foi descrever a autonomia funcional e a qualidade de vida de idosos praticantes de atividade fsica.

Rev.Rev. Cientfica ESAMAZ, Belm,,n.2 jul./dez., 20102010 Cientfica ESAMAZ, Belm, v.2 v.2, n.2 jul./dez.,

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2 REVISO DE LITERATURA 2,1 FISIOLOGIA DO ENVELHECIMENTO As modificaes relacionadas com o envelhecimento sobre o sistema msculo esqueltico constituem, talvez, uma maior fonte de preocupao para os idosos. A fora muscular, a autonomia funcional e a qualidade de vida dos sujeitos idosos podem ser preservadas atravs de melhorias nas condies de vida, na educao e na sade associadas prtica regular de atividade fsica (MATSUDO, 2002). O tecido conjuntivo torna-se mais rgido e as articulaes ficam mais frgeis, ou seja, com poucos movimentos. Com o passar do tempo, h formao de ligaes cruzadas entre fibrilas de colgenos adjacentes, reduzindo a elasticidade e favorecendo a leso mecnica do tecido afetado. O envelhecimento e a falta de condicionamento fsico aliado s mudanas corporais internas, tais como, a composio corporal, o aumento da gordura e o progressivo declnio da musculatura esqueltica so fatores, que associados, resultam no decrscimo da fora muscular (VALE et al., 2006), da capacidade aerbica (LIMA et al., 2003), da autonomia funcional (PEREIRA et al., 2003) e da qualidade de vida (PEREIRA et al., 2005). Com o envelhecimento, h uma diminuio lenta e progressiva da massa muscular, sendo o tecido nobre, paulatinamente, substitudo por colgeno e gordura. A perda62Rev. Rev. Cientfica ESAMAZ, Belm, n.2 ,n.2 jul./dez., 2010 Cientfica ESAMAZ, Belm, v.2, v.2 jul./dez., 2010 62

de massa muscular se d pela excreo da creatina urinria, que reflete o contedo nos msculos e a massa muscular total (BERLEZI et al., 2006). 2.2 AUTONOMIA FUNCIONAL A autonomia, ao receber influncia do movimento de promoo da sade, postula como ponto chave a possibilidade concreta de que a sade do individuo depende da realizao das potencialidades dos indivduos e da consecuo de seus projetos (ALVES, 2004). Autonomia a medida pela qual os indivduos so capazes de tomar decises em relao escolha de atividades, mtodos, maneiras de participao social, tempo de durao de atividades, dentre outras (RIBEIRO, 2002). Um dos fatores motivacionais que leva um indivduo a procurar uma atividade fsica efetiva a manuteno da sade que, de acordo com OMS sade, um estado de completo bem-estar fsico, mental e social e no meramente a ausncia de doena ou enfermidade (DANTAS, 1997). A idade avanada no razo suficiente para o comprometimento da capacidade funcional. Na realidade, o que ocorre o aumento da incidncia de doenas crnico degenerativas com o passar da idade. Associada a estas doenas, aparecem as incapacidades fsicas no idoso, resultando ento no desenvolvimento da dependncia e na perda da autonomia. Entendida como um princpio tico uma forma de liberdade pessoal baseada no respeito pelasRev. Rev. Cientfica ESAMAZ, Belm, v.2, n.2 jul./dez., 2010 Cientfica ESAMAZ, Belm, v.2 ,n.2 jul./dez., 201063 63

pessoas, no qual os indivduos tm o direito de determinar seu curso de vida enquanto este direito no infringir a autonomia dos outros. Salientam que, para ser autnomo, o indivduo deve ser capaz de pensar racionalmente e se autogerenciar , caso contrrio, sua capacidade para a tomada de decises estar comprometida e, portanto, dever ser realizada por outra pessoa. No h um ponto claro, contudo, tanto eticamente como legalmente sobre em que momento ou quais situaes que levem perda da autonomia e, portanto, a tomada de deciso poderia ser assumida por outra pessoa. A autonomia inclui ainda liberdade de escolha, de ao e autocontrole sobre a vida. Podemos considerar, portanto, que a autonomia est diretamente relacionada capacidade do indivduo em ser dependente ou independente na realizao das atividades da vida diria. Entretanto algumas pessoas so capazes de se autogovernarem apenas em algumas reas da sua vida, necessitando da ajuda de outros para demais reas. Para os idosos a presena de uma limitao fsica, seja ela causada por uma doena ou resultante de uma cirurgia mutiladora representa um risco para a sua autonomia, principalmente quando esta limitao gera a dependncia na realizao das atividades da vida diria (DIOGO, 1997). 2.3 QUALIDADE DE VIDA H que considerar que a qualidade de vida do indivduo idoso est relacionada tambm segurana scioeconmica, ao bem-estar psicossocial sensao de sade,64Rev. Rev. Cientfica ESAMAZ, Belm, n.2 ,n.2 jul./dez., 2010 Cientfica ESAMAZ, Belm, v.2, v.2 jul./dez., 2010 64

sendo que a sade est relacionada por sua vida passada, pela estrutura gentica e pelo meio ambiente. Todos esses fatores so inter-relacionados e sua importncia relativa difere de uma sociedade para outra e de pessoa para pessoa (DARNTON, 1995). A qualidade de vida na velhice inclui um alargado aspecto de reas da vida. Os modelos de qualidade de vida vo desde a satisfao com a vida ou bem-estar social a modelos baseados em conceitos de independncia, controle, competncias sociais e cognitivas. Considerando que o conceito de bem-estar mudou a partir de meados do sculo XX. At a significava, apenas, disponibilidade de bens materiais (comida, casa de banho, acesso a servios de sade e de ao social, dinheiro suficiente). Atualmente relacionase, tambm, com dimenses menos tangveis (sentido de segurana, dignidade pessoal, oportunidades de atingir objetivos pessoais, satisfao com a vida, alegria, sentido positivo). A noo de qualidade de vida tambm passa pela mesma alterao, engloba os recursos e o direito da gozar da vida. (SOUSA et al, 2003). Diante da realidade inquestionvel das transformaes demogrficas iniciadas no ltimo sculo e que nos fazem observar uma populao cada vez mais envelhecida, evidencia- se a importncia de garantir aos idosos no s uma sobrevida maior, mas, tambm, uma boa qualidade de vida. O conceito de qualidade de vida est relacionado autoestima e ao bem estar pessoal e abrange uma srie de aspectos como a capacidade funcional, o nvelRev.Rev. Cientfica ES