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A Família!... Em 2006, aperte mais esse laço! Célula fundamental do grande organismo que é a sociedade, a família actual vive momentos de grandes crises: crise de valores, de dificuldades morais, emocionais, económicas, entre outras. As crianças, os jovens e os idosos são as primeiras vítimas desses desacertos que se reflectem nos desequilíbrios emocionais dos mais novos e na solidão dos mais velhos. "... Portugal apresenta hoje dos piores índices da União Europeia em indicadores de bem-estar psicossocial da população infantil e juvenil."(1) "As principais causas das mais graves perturbações familiares, quer na perspectiva individual dos pais quer na sua dinâmica relacional, assentam em estruturas psicopatológicas de risco, sendo impossível não destacar as depressivas, as narcísicas ou border-line dos adultos, sendo mais raras outras como as de linha psicótica!"(2) Não estando no nosso âmbito as terapêuticas médicas, que aos médicos cabe definir e aplicar, é nossa preocupação contribuir, dentro dos limites das nossas capacidades e recursos, para uma profilaxia social, ou seja, acompanhar, ajudar a encontrar soluções para os problemas mais emergentes, estar presente em momentos de grandes aflições, levando o Auxílio e a Amizade às famílias, ajudando-as a estruturar-se, a vencer os pesadelos da carência alimentar, de vestuário, de calçado, de habitação e até de mobiliário tão essencial quanto uma cama para dormir. E, depois, em colaboração com os técnicos, encaminhá-los para a reabilitação/reintegração, seja qual for a área onde se torne necessária. A Associação Auxílio e Amizade actua nas seguintes valências: 1- suporte alimentar, de roupa, calçado, medicamentos e brinquedos; 2 - apoio médico e psicológico; 3 - apoio doméstico (distribuição de móveis e acessórios para o lar); 4 - apoio na procura de trabalho através de uma Bolsa de Emprego. Estas acções constituem o meio que utilizamos para chegar aos que mais necessitam de equilíbrio emocional, integração social, aumento da auto-estima. Através delas, queremos levar o peixe para depois poder ensinar a pescar; queremos levar a esperança porque "Ela só, não ganha a luta, mas sem ela a luta fraqueja e titubeia. Precisamos da esperança crítica, como o peixe necessita da água despoluída. [...] Não há esperança na pura espera, nem tão pouco se alcança o que se espera na espera pura, que vira, assim, espera vã."(3) Maria Emília Barros (1) STRECHT, Pedro - Vontade de Ser, Textos sobre adolescência, Assírio e Alvim, p. 48, edição Março 2005, Lisboa, Portugal (2) idem, p. 52 (3)FREIRE, Paulo - Pedagogia da Esperança, Um Reencontro com a Pedagogia do Oprimido, Paz e Terra, 9ª edição, S. Paulo, Brasil (...) o meio que utilizamos para chegar aos que mais necessitam de equilíbrio emocional (...)

Boletim 3

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A Associação Auxílio e Amizade é uma IPSS – Instituição Particular de Solidariedade Social – sem fins lucrativos, que surgiu da vontade de cerca de 56 pessoas que quiseram colocar-se ao serviço dos mais necessitados.

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A Família!... Em 2006, aperte mais esse laço!

Célula fundamental do grande organismo que é a sociedade, a família actual vive momentos de grandes crises: crise de va lo res , de d i f i cu ldades mora is , emocionais, económicas, entre outras. As crianças, os jovens e os idosos são as primeiras vítimas desses desacertos que se reflectem nos desequilíbrios emocionais dos mais novos e na solidão dos mais velhos. "... Portugal apresenta hoje dos piores índices da União Europeia em indicadores de bem-estar psicossocial da população infantil e juvenil."(1)"As principais causas das mais graves per turbações fami l ia res, quer na perspectiva individual dos pais quer na sua dinâmica relacional, assentam em estruturas psicopatológicas de risco, sendo impossível não destacar as depressivas, as narcísicas ou border-line dos adultos, sendo mais raras outras como as de linha psicótica!"(2)Não estando no nosso âmbito as terapêuticas médicas, que aos médicos cabe definir e aplicar, é nossa preocupação contribuir, dentro dos limites das nossas capacidades e recursos, para uma profilaxia social, ou seja, acompanhar, ajudar a encontrar soluções para os problemas mais emergentes, estar presente em momentos de grandes aflições, levando o Auxílio e a Amizade às famílias, ajudando-as a estruturar-se, a vencer os pesadelos da carência alimentar, de vestuário, de calçado, de habitação e até de mobiliário tão essencial quanto uma cama para dormir.E, depois, em colaboração com os t é c n i c o s , e n c a m i n h á - l o s p a r a a reabilitação/reintegração, seja qual for a área onde se torne necessária.

A Associação Auxílio e Amizade actua nas seguintes valências: 1- suporte alimentar, de roupa, calçado, medicamentos e brinquedos; 2 - apoio médico e psicológico; 3 - apoio doméstico (distribuição de móveis e acessórios para o lar); 4 - apoio na procura de trabalho através de uma Bolsa de Emprego. Estas acções constituem o meio que utilizamos para chegar aos que mais necessitam de equilíbrio emocional, integração social, aumento da auto-estima. Através delas, queremos levar o peixe para depois poder ensinar a pescar; queremos levar a esperança porque "Ela só, não ganha a luta, mas sem ela a luta fraqueja e titubeia. Precisamos da esperança crítica, como o peixe necessita da água despoluída. [...] Não há esperança na pura espera, nem tão pouco se alcança o que se espera na espera pura, que vira, assim, espera vã."(3)

Maria Emília Barros

(1) STRECHT, Pedro - Vontade de Ser, Textos sobre adolescência, Assírio e Alvim, p. 48, edição Março 2005, Lisboa, Portugal(2) idem, p. 52 (3)FREIRE, Paulo - Pedagogia da Esperança, Um Reencontro com a Pedagogia do Oprimido, Paz e Terra, 9ª edição, S. Paulo, Brasil

(...) o meio que utilizamos para chegar aos que mais necessitam de equilíbrio emocional (...)

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Na época natalícia a solidariedade é reforçada pela disponibilidade de maior número de voluntários e pelas acções que desenvolvem. O seu trabalho permite levar alegria aos jovens de todas as idades numa reunião de gerações que ultrapassa dissenções para juntos conviverem com a arte através do teatro, da dança e da música. E, claro, à volta de uma mesa farta que proporciona a todos um lanche abundante feito com o carinho de quantos se esmeraram para o proporcionar. Neste último Natal, graças a esse espírito voluntário tão forte, foi possível fazer a festa, distribuir os presentes às crianças, jovens e mães, e, no final, reunir alguns euros para reforçar as finanças, tão necessitadas do auxílio de todas as boas vontades. A festa de Natal decorreu no dia 19 de Dezembro, nas instalações do Grupo Sportivo Adicense, na rua de S. Pedro, em Alfama, espaço gentilmente cedido pela sua direcção, tal como aconteceu no ano anterior.

Entre os géneros alimentares distribuídos, destacamos:

açúcar 47 kg arroz 63 kg farinha 32 kg conservas 254 latas

azeite 55 l óleo 53 l Leguminosas 93 kg margarina p/ culinária

12 kg

massas diversas

50 kg bacalhau 40 kg Peixe congelado

30 kg carne 50 kg Mercearia

queijo flamengo

94 quartos

marmelada 27 kg leite 412 l cereais 123 uni.

Produtos de higiene

gel de banho

43 pastas de dentes

54 sabonetes 11 shampoo 54

Produtos de limpeza

detergente para chão

21 detergente para roupa

30

leite em pó 5 latas

cremes p/ assaduras

11 toalhitas 11 Gel de banho

11 Produtos para bebé fraldas (div.

tamanhos) 11

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“...Caminho para Deus. Mas entre mim e Deus existe uma ponte. Essa ponte são os outros...”)

Era Janeiro. Chegara o tão aguardado dia para iniciarmos a nossa nova tarefa. Pontual, como sempre, lá estava o sol revigorante a aquecer-nos e a encorajar-nos para o começo do dia. A manhã nascera particularmente fria, mas bela. Tomámos os nossos lugares no carro, na expectativa do que nos iria acontecer. Durante o trajecto, já no tabuleiro da Ponte 25 de Abril, fui arrebatada pela beleza indiscritível daquele dia que acabava de nascer. Lancei um olhar para os meus filhos e tive a noção de que também as suas almas se tinham deixado tocar por aquele quadro tão natural, tão sublime. Foi neste estado de alma que chegámos ao ponto de encontro dos voluntários da AAA. Ouvimos com particular atenção as indicações que nos eram dadas para a realização da tarefa. Íamos entregar géneros às famílias da AAA, mas tínhamos a incumbência de nos aproximarmos delas o suficiente para amorosamente auscultar as suas necessidades a fim de melhor as podermos servir. A responsabilidade era elevada. Na companhia de outros voluntários, já mais experientes, partimos para a nossa missão. Chegaramos, entretanto, ao local onde cumpriríamos a nossa missão. De sacos na mão, caminhámos por ruas que me eram tão familiares... Olhava para as janelas, para os estabelecimentos e reconhecia-os. Dava pela falta de uns, mas via que outros permaneciam com as mesmas cores... Identifiquei o movimento matinal dos sábados de manhã, percebi que as conversas nas ruas e nos becos, eram as mesmas... Por breves instantes confundi-me com aquelas pessoas e com aquele lugar. Era como se o tempo tivesse voltado a trás. Afinal conhecia bem aquele lugar!

É que também eu vivera ali. Também eu tivera uma casa tão pequena como as que visitava. Também eu tivera de partilhar o quarto em que dormia com outras pessoas, Também eu recebia as refeições do dia num refeitório, juntamente com outras famílias que viviam nas mesmas situações. Também eu me empoleirava à janela, para espreitar o Tejo, desta banda. Também eu olhava para os turistas que visitivam as ruas. Também eu ansiava por uma vida melhor. Também eu ia à farmácia do largo e a da Rua da Saudade.... Também eu olhava para as guloseimas das vitrinas daquelas pastelarias...Tudo isso fora vivido, num tempo que agora estava distante. Ali, entre a Rua do Barão e a Rua da Madalena!Treze anos mais tarde, retorno a este lugar. Só que desta vez, pela necessidade de crescer moral e espiritualmente!Deixa-me agradecer-te AAA por me teres permitido fazer este doce balanço da minha existência actual. Como mãe, deixa-me agradecer-te pelas vivas lições de auxílio e de amizade, que tenho vivenciado com os meus jovens filhos, no mais activo exercício de caridade.

Uma trabalhadora voluntária da AAAMiratejo, 8 de Março de 2005

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Intensificou-se a Campanha "Um Euro... Hoje Um, outro Amanhã!", distribuindo mealheiros, devidamente identificados, em diversas casas comerciais. Esta Campanha, que se pretende PERMANENTE, visa a colaboração de empresas que, aceitando divulgar a Associação junto dos seus clientes, terão como contrapart ida a aquisição no estabelecimento, de géneros a distribuir às famílias. Se tem uma empresa e deseja colaborar, contacte a Direcção de Apoio Técnico e Marketing.

Apelo

A S S O C I A Ç Ã O A U X Í L I O E A M I Z A D EInstituição Particular de Solidariedade Social Pessoa C o l e c t i v a d e U t i l i d a d e P ú b l i c aFundada a 18 de Dezembro de 2001 Sede, Gabine te Médico de Ps ico log ia eD i r e c ç ã o d e A c ç ã o S o c i a lT e l / F a x : 2 1 8 8 7 2 1 9 2D i r e c ç ã o A d m i n i s t r a t i v a e F i n a n c e i r aT e l / F a x : 2 1 8 8 7 2 1 9 0 / 9 1Rua da Saudade, nº 8 - 1º 1100 - 583 LISBOADepartamento de Apoio Geral: Rua de Macia nº 4A - 1 8 0 0 - 2 4 2 L I S B O A T e l : 21 853 38 20 - 21 853 38 12E - m a i l : a a a @ f e c . p th t t p : / / a u x i l i o e a m i z a d e . f e c . p tB o l e t i m A u x í l i o e A m i z a d eTiragem de 250 exemplares - redacção, composição e impressão na sede da Associação Auxílio e Amizade

Colabore também neste Projecto. O pouco que puder dar é a migalha que enche o pote

da Solidariedade e da Esperança.

Nosso NIB 00100000 26506680001 25

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