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Monumento ao Sesquicentenário de Campina Grande-PB Segundo informa o Portal da Prefeitura Municipal de Campina Grande, no próximo dia 11 de outubro, às 18h, será inaugurado na cidade um monumento em homenagem aos seus 150 anos de emancipação política. Obra iniciada neste mês. O monumento, na área do antigo Berro D’água, às margens do Açude Velho, pretende homenagear os Tropeiros da Borborema, que seriam os responsáveis pelo progresso econômico da região de Campina, sobretudo no transporte de algodão, que consolidou a cidade como entreposto comercial. A obra representa um investimento de R$ 1,3 milhão, com recursos próprios do Município e, de acordo com o Prefeito, vem sendo projetada há bastante tempo pela Secretaria de Obras e outros setores do governo e será marcada pela sua moderna arquitetura, sendo um importante espaço de divulgação do turismo de Campina Grande, além de demonstrar o próprio espírito inovador do povo campinense. Conforme relatou ainda o prefeito, o futuro equipamento terá na sua parte interna uma central de divulgação do turismo campinense e regional, além de área de “alimentação”. O local contará com elevador e moderna iluminação, incluindo-se no projeto uma fonte luminosa e o monumento terá como destaque a imagem dos tropeiros da Borborema, pois no local, há O monumento – Portal Correio

Boletim 98 mai 2014

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Está no ar o Boletim Informativo da Sociedade Paraibana de Arqueologia - SPA (Eletrônico) Nº98 - ANO IX - Maio de 2014. Confiram nesta edição: -- Monumento ao Sesquicentenário de Campina Grande-PB; -- Ministério Público confirma ilegalidade do Monumento ao Sesquicentenário; -- Professor da UEPB participa de Congresso Internacional de Arqueologia no Uruguai; -- Direito à Memória: o Patrimônio cultural Paraibano; -- Chamada de artigos para Revista Tarairiú; -- Artigo: 'Viúva, Cupim, Traça e Padre'; -- Seminário de Pré-História da Paraíba; -- Artigo: 'Patrimônio arruinado: um estupro em nossa história'; -- Revitalização aumenta fluxo de turistas no Vale dos Dinossauros; -- Exposição lembra história e cultura indígenas no Museu Câmara Cascudo; -- Reunião do Conselho do Patrimônio Cultural do Município de Campina Grande - CONPAC/CG; -- Mapa de atuação da SPA em Maio de 2014; -- Expediente. Acesse o Boletim 98, editado em pdf, através do link: http://mhn.uepb.edu.br/Boletins/Boletim_98_M

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Monumento ao Sesquicentenário de Campina Grande-PB

Segundo informa o Portal da Prefeitura Municipal de Campina Grande, no

próximo dia 11 de outubro, às 18h, será inaugurado na cidade um monumento em homenagem aos seus 150 anos de emancipação política. Obra iniciada neste mês.

O monumento, na área do antigo Berro D’água, às margens do Açude Velho, pretende homenagear os Tropeiros da Borborema, que seriam os responsáveis pelo progresso econômico da região de Campina, sobretudo no transporte de algodão, que consolidou a cidade como entreposto comercial.

A obra representa um investimento de R$ 1,3 milhão, com recursos próprios do Município e, de acordo com o Prefeito, vem sendo projetada há bastante tempo pela Secretaria de Obras e outros setores do governo e será marcada pela sua moderna arquitetura, sendo um importante espaço de divulgação do turismo de Campina Grande, além de demonstrar o próprio espírito inovador do povo campinense. Conforme relatou ainda o prefeito, o futuro equipamento terá na sua parte interna uma central de divulgação do turismo campinense e regional, além de área de “alimentação”. O local contará com elevador e moderna iluminação, incluindo-se no projeto uma fonte luminosa e o monumento terá como destaque a imagem dos tropeiros da Borborema, pois no local, há

OO mmoonnuummeennttoo –– PPoorrttaall CCoorrrreeiioo

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muitas décadas, eles e seus animais se abasteciam de água. A área a ser ocupada é de aproximadamente 300 metros quadrados.

Ainda durante pronunciamento, o prefeito Romero Rodrigues afirmou que, “em curto período de tempo, toda a realidade da área será mudada, oferecendo-se a Campina Grande um novo cartão-postal. Campina Grande ganhará em termos de resgate histórico, valorização dos feitos do presente e construção de uma obra capaz de impulsionar, ainda mais, o turismo local”.

É importante que a Prefeitura Municipal celebre seu sesquicentnário e dê visibilidade a aspectos históricos como elementos que favoreçam essa comemoração. No entanto, o projeto do monumento aos 150 anos é arbitrário, pois não foi discutido com a sociedade, não foi feito nenhum concurso para a sua escolha e além do mais, por ser um sítio histórico de preservação rigorosa, o Açude Velho não pode ter em suas margens nada que mude sua paisagística. Obtivemos a informação de que o projeto não foi apresentado ao IPHAEP e isso é preocupante.

Ministério Público confirma ilegalidade do Monumento ao Sesquicentenário

Em audiência realizada no dia 21 de maio de 2014, a Promotoria do Meio Ambiente e Patrimônio Social do Ministério Público do Estado da Paraíba reconheceu a ilegalidade das obras do EDIFÍCIO-MONUMENTO alusivo às comemorações do sesquicentenário de Campina Grande (PB). “Nos termos do Art. 182, 183 e 242 do Código Municipal do Meio Ambiente, do Art. 269 e Parágrafo Único da Lei Orgânica do Município, e dos Decretos Estaduais nºs 7.819 e 22.245 e finalmente os Art. 62 e 64 da Lei de Crimes Ambientais, A EDIFICAÇÃO NO LOCAL ESTÁ INFRINGINDO as normas criadas para a preservação do Meio Ambiente e do Patrimônio Histórico e Cultural”. Veja na íntegra

Ao final da audiência, o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico do Estado da Paraíba (IPHAEP) emitiu o TERMO DE EMBARGO da construção. Porém, o Secretário

de Obras do Município, o senhor André Agra, representante da Prefeitura Municipal de Campina Grande, se recusou a assinar o documento. Para os próximos dias, espera-se que o IPHAEP prossiga com a ação e EFETIVE O TERMO DE EMBARGO perante seus responsáveis legais. Enquanto isso, a obra continua em ritmo acelerado.

Fonte: Página do Facebook de "Campina Grande, PB: arquitetura, cidade e patrimônio cultural". Grupo de extensão universitária vinculado ao Curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal de Campina Grande.

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Professor da UEPB participa de Congresso Internacional de Arqueologia

no Uruguai

O II Congresso Internacional de Arqueologia de La Cuenca del Plata, ocorreu entre os dias 7 e 11 de abril do corrente ano, na cidade de San José de Mayo, distante cerca de 90 Km de Montevidéu.

O principal objetivo do Congresso foi o de congregar pesquisadores no campo da História e da Arqueologia de toda a América para juntos discutirem novas metodologias e abordagens teóricas acerca do FAZER Arqueologia no continente.

Mesmo que o enfoque principal esteve voltado para estudos arqueológicos na bacia do rio da Prata, o Congresso foi além e trabalhos de todo o continente foram apresentados, com resultados de pesquisas diversas.

O Prof. Pós-Dr. Juvandi Santos, do LABAP/UEPB, esteve presente coordenando o Simpósio Temático número seis (06) (colocar aqui o nome do simpósio), além de apresentar dois trabalhos técnicos, sendo que um deles em co-autoria com o confrade Thomas Bruno Oliveira.

Várias atividades ocorreram de forma paralela ao Congresso, como: saída de campo e, especialmente, uma visita guiada ao Museu de Arte Decorativa, em Montevidéu, com a participação de arqueólogos de toda a América.

A participação do Prof. Juvandi ao evento só foi possível graças a ajuda financeira da UEPB e da equipe organizadora do evento internacional, prova de novas atitudes que algumas instituições passam a ter com relação a qualificação de seus docentes e com a ciência arqueológica.

MMuusseeuu ddee aarrttee ddeeccoorraattiivvaa,, MMoonntteevviiddééuu -- SSPPAA

AAttiivviiddaaddee ddee ccaammppoo nnoo UUrruugguuaaii -- SSPPAA

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Direito à Memória: o Patrimônio cultural Paraibano

Com o objetivo de despertar a sociedade para o conhecimento dos bens histórico-culturais existentes na Paraíba e assegurar a proteção e disciplinar a preservação do acervo dos bens culturais do nosso Estado, o Instituto Histórico e Geográfico Paraibano – IHGP realizará em parceria com o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico do Estado da Paraíba no período de 14 a 18 de julho, na sede do IHGP o Seminário “Direito à Memória: O Patrimônio Cultural Paraibano”.

A Programação do evento será aberta no dia 14, às 15h pelo presidente do Instituto, o historiador Joaquim Osterne Carneiro. Em seguida haverá duas palestras, uma sobre o tema “Patrimônio Cultural”, com a participação da professora Dra. Berthilde Moura Filha (UFPB), e outra sobre “Bens Culturais e Geração de Processos Turísticos na Paraíba”, com a professora Zélia Almeida (UFPB).

Já no dia 15 será abordado na programação o tema “Aprender a Olhar o Centro Histórico de João Pessoa”, com o arquiteto e urbanista Pedro Rossi (IPHAEP). No dia 16, o tema “O patrimônio Ambiental Urbano de Campina Grande”, com a arquiteta e urbanista Paula Ismael (IPHAEP), no dia 17 “Perspectivas do Turismo no Vale dos Dinossauros”, com o professor André Piva (UFPB) e encerrando a programação no dia 18, “Um Sítio Arqueológico Rupestre: o caso da Pedra do Ingá”, com o professor Vanderley de Brito (Sociedade Paraibana de Arqueologia - SPA), tendo o consócio e Presidente da SPA Thomas Bruno Oliveira como debatedor.

O evento, que é coordenado pelo confrade da SPA e sócio do IHGP Carlos Alberto Azevedo, é voltado para professores, historiadores, bibliotecários, estudantes, turismólogos, jornalistas, representantes do poder público e líderes comunitários.

As inscrições já estão abertas, custam R$ 20,00, e devem ser feitas no IHGP, das 08h às 12h, de segunda a sexta-feira. O Instituto está localizado na Rua Barão do Abiaí, 64 – Centro. Outras informações podem ser obtidas através do telefone (83) 3222-0513 ou pelo e-mail: [email protected]. Todas as pessoas inscritas no evento receberão certificados.

Chamada de artigos para Revista Tarairiú

A REVISTA ELETRÔNICA TARAIRIÚ (issn 2179-8168) é uma publicação do Laboratório de Arqueologia e Paleontologia da UEPB (LABAP/UEPB), com sede em Campina Grande-PB, e surge como um novo meio de divulgação de pesquisas nos seguintes campos científicos: 1. História do povoamento pré-histórico e histórico da América Latina; 2. Arqueologia; 3. Paleontologia. 4. Espeleologia.

As pesquisas e debates científicos nestas áreas compõe o objetivo da Revista que publica artigos inéditos, resenhas e entrevistas redigidos em português, inglês, espanhol ou francês. De periodicidade semestral, a Revista Tarairiú recebe contribuições em fluxo contínuo, de acordo com as Normas para Submissão. Para o próximo número, o prazo para envio é 30 DE JULHO.

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ARTIGO ____________________________________________________________________

Viúva, Cupim, Traça & Padre

Carlos Alberto Azevedo Antropólogo, vice-presidente da Sociedade Paraibana de Arqueologia (SPA) e sócio efetivo do IHGP.

Vanderley de Brito Historiador, presidente do Grupo de Estudos e Pesquisas em Arqueologia Histórica e Industrial (GEPAHI) e sócio fundador da

Sociedade Paraibana de Arqueologia (SPA)

Quatro grupos perversos que destroem sem remorso o patrimônio histórico

cultural: Viúvas, cupins, traças e padres (às vezes, também arcebispos). Estes são os predadores naturais dos bens móveis e imóveis, reconhecidos pelo senso comum.

Comecemos pelas viúvas: Estas, quase sempre, logo que conseguem suprimir a dor da perda de seu marido, por despeito, começam também a anular aquilo que o falecido tinha de mais valioso, o que motivava sua vida e que, mais do que ela, lhe furtava a atenção e o zelo. Assim, começam uma retaliação contra o patrimônio documental e bibliotecas dos seus ilustres e saudosos maridos, que muitas vezes guardavam relíquias inéditas de grande valor patrimonial. Conhecemos uma que destruiu todo arquivo fotográfico do finado. Pôs tudo no lixo. E não se contentou só com isso... Destruiu uma coleção inteira de fósseis do Cretáceo que o marido colecionara durante anos e anos. Que perda lamentável!

Já “os cupins, os, os, os...” disse Oswald de Andrade (ou foi Mário de Andrade?). Só atacam quando o bem cultural está em plena indigência, sem a devida manutenção, sem revitalização, etc. Ou seja, abandonado, entregue a própria sorte. Como, por exemplo, a maioria de nossas igrejas antigas. Ou, ainda, os velhos casarões, a propósito, muitos situados em áreas ditas “de preservação rigorosa” (APR) do Centro Histórico de João Pessoa.

As traças agem em situação igual, mas com uma voracidade que se não fosse idealistas como Irinêo Joffily, Irineu Pinto, João de Lyra Tavares, Wilson Seixas, entre outros, que dedicaram suas vidas ao emprego voluntário da exumação paleográfica de velhos arquivos, tudo se resumiria a migalhas e hoje nem saberíamos contar a História de nosso Estado.

DDoomm AAddaauuttoo ee DDoomm AAllddoo PPaaggoottttoo,, mmoonnttaaggeemm ddee VVaannddeerrlleeyy ddee BBrriittoo

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No entanto, os piores destes destruidores do patrimônio histórico cultural são, sem dúvidas, os clérigos. Achamos isso porque, diferente dos anteriores, estes, invariavelmente, são esclarecidas. Uma ironia: o tipo de patrimônio que mais atraía a voracidade destes destruidores eram exatamente as igrejas.

A primeira notificação que temos deste tipo de ultraje demolidor de um padre na Paraíba data de meados de 1890, quando o então pároco de Campina Grande, o vigário Sales, realizou uma grande reforma e ampliação na igreja Matriz da cidade, que até então era uma modesta igrejinha barroca erguida há quase 190 anos, e que foi totalmente descaracterizada quando se podia ter erguido uma nova e deixado a anterior em memória do passado, pois a ordem Régia para a construção desta igreja primitiva foi de 1701.

Diga-se, a bem da verdade, que o primeiro arcebispo da Paraíba, dom Adauto Aurélio de Miranda Henriques (1885 – 1935), também não foi um grande exemplo para os párocos, pois em nome do “progresso” permitiu que demolissem várias igrejas históricas e, em alguns casos, fez isso de forma direta. Pois em 1906, Dom Adauto comprou para a Diocese o prédio do antigo Convento do Carmo, na Capital, o transformando no Palácio do Bispo, residência episcopal e setor administrativo, cuja reforma por ele procedida, inspirada nos movimentos da Belle Époque européia, causou uma brusca mudança da fachada do prédio, acarretando numa perda irremediável dos traços arquitetônicos originais desta edificação religiosa, e, não satisfeito, dois anos depois o mesmo Dom Adauto mandava reformar a igreja do Convento de Santo Antônio, do fabuloso conjunto arquitetônico barroco franciscano. Nesta reforma, mandou substituir o altar-mor barroco por um neoclássico e ainda cometeu o sacrilégio de mandar pintar de azul o forro de madeira da nave principal da Igreja, cobrindo 30 cenas pintadas entre 1753 e 1755, numa área de cerca de 312m2, que contavam em cenas a vida de Santo Antônio de Pádua.

Já na condição de pernicioso e cúmplice, Dom Adauto, em 1924, permitiu que o então prefeito da capital paraibana Walfredo Guedes Pereira, em seu projeto de aberturas de ruas, realizasse a demolição da antiga e histórica igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos (na Rua da Baixa) e da Igreja setecentista da Mãe dos Homens, no bairro de Tambiá, obra-prima do Barroco tardio (barroco tropical?), para promover o alargamento das travessas onde se encontravam estes templos. Tudo isso com a prévia benção do arcebispo e em nome da “prosperidade”.

Em 1929 um novo sacrilégio do arcebispo, que deu anuência para que João Pessoa, à época Presidente da Paraíba, demolisse a igreja de Nossa Senhora da Conceição para desocupar o terreno onde pretendia fazer os jardins do Palácio. Este crime contra o patrimônio foi ainda mais trágico, porque a dita igreja de N. S. da Conceição era na verdade a antiga igrejinha de São Gonçalo dos jesuítas, construída em 1598, isso mesmo, 1598, que fora reformada no século XIX quando mudou de padroeiro.

D. Adauto faleceu em 1935 (que Deus o tenha!), mas deixou o mau-exemplo para seu sucessor: Em Campina Grande, na década de 40, o prefeito Vergniaud Wanderley pretendia prolongar a Av. Floriano Peixoto, mas como a antiga igreja de Nossa Senhora do Rosário se achava obstaculando o projeto, ele consultou o então arcebispo Dom Moisés Coelho e este, simplesmente, permitiu a demolição do imóvel.

Outra atrocidade de padres contra o patrimônio arquitetônico religiosa da Paraíba ocorreu em 1966, que ao entender de forma equivocada a uma resolução adotada no pontificado do Papa João XXIII durante o Concílio Vaticano II, que punha fim a velhos procedimentos e rituais católicos (a exemplo das missas que deveriam deixar de ser

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celebradas em latim), foi determinado que se colocasse em destaque a imagem de Jesus Cristo porque esta estava em segundo perante os outros santos, assim, o bispo da Diocese de Campina Grande, D. Manuel Pereira da Costa, determinou que os párocos recolhessem de suas capelas e igrejas todas as imagens, deixando apenas a do Cristo, e os altares desocupados deveriam ser demolidos. A determinação se estendeu deste a Catedral a toda a Diocese e, assim, foram destruídos os altares antigos de inúmeras capelas e igrejas, como a de Pocinhos, Queimadas, S. João do Cariri, Taperoá, entre outras. Uma perda irreparável para o nosso patrimônio.

Outros desmandos praticados pelos padres das paróquias do interior do estado, não comentaremos nada. Pois são centenas de crimes hediondos, todos, ou quase todos, prédios registrados pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico do Estado da Paraíba (Iphaep).

Pode se imaginar que foram erros de um passado em que não se compreendia o conceito de patrimônio, mas isso não é verdade, pois, recentemente, em pleno século XXI, Dom Aldo Pagotto, o atual arcebispo da Paraíba, atentou contra o patrimônio histórico e cultural de maneira arbitrária e revoltante, permitindo a construção de uma edificação no Corpus da Igreja do Carmo – um belo exemplar Barroco-Rococó, verdadeira relíquia da arte barroca na Paraíba. Notem bem: o conjunto carmelita abriga o Palácio do Carmo, que é a sede do Arcebispado da Paraíba. Isso, a nosso ver, não deixa de ser uma forma de agressão: interferência no entorno imediato da igreja, prejudicando a visibilidade da edificação histórica que ele deveria guardar e proteger. Vale a pena conferir esse dano horrendo contra o patrimônio cultural.

Seminário de Pré-História da Paraíba

No fim de novembro, o campus III da UEPB em Guarabira irá receber o primeiro

Seminário de Pré-História da Paraíba. O evento conta com palestras-aulas para alunos de graduação em História e áreas

afins de todas as faculdades e universidades interessadas. Já confirmaram a participação: o arqueólogo Prof. Dr. Juvandi de Souza Santos, o

antropólogo Carlos Alberto Azevedo, os historiadores Vanderley de Brito e Thomas Bruno Oliveira; o pesquisador Dennis Mota (todos da Sociedade Paraibana de Arqueologia) e o Luciano de Souza e Silva (IPHAN).

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Patrimônio arruinado: um estupro em nossa história

Juvandi de Souza Santos

Historiador e Arqueológo Cansei do velho jargão que usava para

mostrar minha indignação com o abandono, pelo poder publico, do que ainda resta de nosso patrimônio. O velho jargão era - PATRIMÔNIO EM RUINAS. Não mudou muito, mas também nada mudou com relação a conservação de nosso rico patrimônio. O descaso é o mesmo de sempre. Portanto... Vamos aos fatos mais recentes, mas velhos.

Em viagem recente a cidade de Bananeiras (que particularmente considero a mais charmosa da Paraíba), me deparei com uma cena corriqueira na Paraíba - construções em locais que deveriam continuar intacto, como a bela e antiga estação ferroviária da cidade. A transformação é radical. O piso da estação foi removido, a frente do velho e majestoso prédio da estação, buracos foram abertos e uma horrível construção que não sei o que será está em andamento, deixando exposto materiais arqueológicos em grande quantidade e, para completar a aberração, estão construindo uns quartos (é o que parece), por trás da majestosa construção.

O outro caso, trágico por sinal, é o abandono da majestosa fazenda Acauã, construída no século XVIII, no Sertão da Paraíba, no município de Aparecida. Revitalizada pelo IPHAEP há alguns anos, o conjunto arquitetônico em Barroco Rural Simples, considerado por Carlos Lemos em seu magnifico livro "Arquitetura Brasileira" (1979) como um dos complexos arquitetônicos mais expressivos do Brasil, volta a ser arruinado - janelas já foram retiradas da edificação, calcada em franco processo de destruição e o que é pior, o solo arqueológico de frente ao conjunto arquitetônico, literalmente falando, foi "ESTUPRADO" por uma maquina niveladora, deixando exposto uma quantidade muito grande de materiais arqueológicos históricos.

As imagens (fotos) falam por si. Com a palavra os órgãos competentes que deveriam cuidar do nosso patrimônio -

IPHAN e IPHAEP.

EEssttaaççããoo FFeerrrroovviiáárriiaa –– JJuuvvaannddii

CCoonnssttrruuççããoo ppoorr ttrrááss ddaa EEssttaaççããoo FFeerrrroovviiáárriiaa –– JJuuvvaannddii

FFaazzeennddaa AAccaauuãã jjáá sseemm uummaa jjaanneellaa –– JJuuvvaannddii

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Revitalização aumenta fluxo de turistas no Vale dos Dinossauros

O Monumento Natural Vale dos Dinossauros, localizado a 7 km da cidade de Sousa, no Sertão paraibano, registrou aumento no fluxo de turistas, depois das obras de revitalização entregues em maio de 2013, pelo Governo do Estado. De acordo com Robson Marques, considerado o guardião do patrimônio, a média de visitantes saltou de 2.000 para mais de 4.000 por mês.

Robson trabalha no parque estadual há 38 anos. É uma espécie de guia turístico, sempre passa informações sobre as pegadas de dinossauros aos visitantes. Quem descobriu as pegadas foi seu avô, há muitas décadas. “Cuido deste patrimônio pelas futuras gerações porque essas pegadas são únicas no mundo. Acredito que minha alma está aqui e essa reforma era muito necessária”, declara.

A professora aposentada de biologia, Rai Forte, paraibana de Catolé do Rocha, mora em Brasília há muitos anos e resolveu visitar o Vale dos Dinossauros, a partir de reportagens publicadas em revistas. “Isto aqui é de suma importância para pesquisas. Os paraibanos devem cuidar bem desse tesouro histórico”, apelou. A admiração foi compartilhada pela turista Graziele Rosemberg, de Sorocaba-SP. “ O vale impressiona a todos”, destacou.

O parque foi reaberto no dia 24 de maio do ano passado após um ano fechado para a execução de obras de revitalização. O Monumento Natural Vale dos Dinossauros é administrado pela Superintendência de Administração do Meio Ambiente (Sudema). Na obra, foram investidos R$ 1,2 milhão através de parceria do Governo do Estado com a Petrobras. O dinheiro foi investido em melhoria da infraestrutura e aquisição de equipamentos para o museu instalado no local.

Revitalização - As obras incluíram a reforma do museu, climatização do local, reestruturação do espaço de exposições, auditório, escritórios e banheiros, urbanização da área externa, com delimitação das vagas de estacionamento para carros, motos, ônibus e vans, além do calçamento das trilhas e reforma das passarelas e mirantes, sempre respeitando as normas de acessibilidade. Todos os espaços do Vale também receberam placas indicativas para guiar o visitante durante o passeio.

Capacitação – Com a reabertura do Vale, a população tem acesso a cursos de capacitação para atuar em parceria com a Unidade de Conservação. As oficinas são voltadas para fortalecimento do artesanato local, qualificação do serviço de monitoria das atividades de visitação e para a promoção de oportunidades de trabalho por meio da prestação de serviços no Monumento.

Registro histórico – Funcionando de terça-feira a domingo, das 8h às 17h, o Monumento Natural Vale dos Dinossauros é um dos principais sítios paleontológicos do país e atrai a atenção de pesquisadores e turistas de todo o mundo pela grande quantidade de pegadas presentes nos 40 hectares da Unidade de Conservação. Com registro de quatro diferentes espécies, o monumento preserva os vestígios dos animais que habitaram a bacia sedimentar de Sousa há cerca de 165 milhões de anos.

O Vale dos Dinossauros vai ser divulgado no exterior, através da Empresa Brasileira de Turismo (Embratur). O objetivo é que o parque seja inserido na lista de atrativos turísticos brasileiros apresentados em feiras de turismo, ações com operadoras e agentes de viagens de todo mundo. Fonte: Portal Governo PB

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Exposição lembra história e cultura indígenas no Museu Câmara

Cascudo

O Museu Câmara Cascudo (MCC), da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), recebe, a partir de 10 de junho, a exposição itinerante “Índios: Os Primeiros Brasileiros”. A mostra propõe um passeio pela história do Brasil, ao assinalar as diferentes formas pelas quais os indígenas foram vistos e incorporados ao processo de construção nacional.

Com foco na região Nordeste, a iniciativa é integrada por quatro espaços distintos – o primeiro encontro, o mundo colonial (a história que se pode ler nos livros e documentos), o mundo indígena (outra narrativa) e o Brasil contemporâneo (com suas lutas e desafios).

“Indíos: Os Primeiros Brasileiros” oferece ao público imagens e informações de natureza histórica, apresentando culturas indígenas como algo vivo e dinâmico, e propicia identificações positivas com tais coletividades.

A exposição é fruto de parceria entre o Museu Nacional, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), e o Departamento de Antropologia da UFRN. A mostra permanece até 27 de setembro e a entrada custa R$ 2, exceto para grupos de escolas públicas com visitas agendadas, idosos acima de 60 anos e crianças com até 6 anos, que não pagam.

Rio Grande do Norte O MCC sedia no mesmo período a exposição “Índios no Rio Grande do Norte:

autoafirmação étnica e contemporaneidade”. Segundo a antropóloga do museu e curadora da exposição, Jussara Galhardo, o objetivo é permitir aos visitantes o entendimento da realidade contemporânea de grupos indígenas no estado “em seus processos de autorreconhecimento étnico e de suas lutas políticas por meio do movimento indígena”.

Durante a Copa do Mundo, a exposição conta com horários especiais. Além de abrir de terça-feira a sábado, o Museu receberá visitas aos domingos, das 13h às 17h. Nos dias de jogos da seleção brasileira, o expediente vai até as 13h e, em dia de jogos em Natal, o MCC não abre. Grupos com mais de dez pessoas devem agendar visitas pelo telefone: (84) 3342-4912.

Exposição “Índios: Os Primeiros Brasileiros” Onde: Museu Câmara Cascudo (Av. Hermes da Fonseca, 1398, Tirol) Quando: de 10 de junho a 27 de setembro Horário: Terça a sexta-feira, das 9h às 17h | sábado e domingo, das 13h às 17h Entrada: R$ 2, inteira | R$ 1, estudante Informações: (84) 9193-6294 | (84) 3342-4912 Agendamentos: (84) 3342-4903.

Fonte: UFRNotícias

MMuusseeuu CCââmmaarraa CCaassccuuddoo -- SSPPAA

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Reunião do Conselho do Patrimônio Cultural do Município de Campina

Grande – CONPAC/CG

No dia 09 de maio, o confrade Thomas Bruno Oliveira esteve participando de reunião ordinária do Conselho do Patrimônio Cultural do Município de Campina Grande (CONPAC/CG) sendo um dos representantes da subcomissão “patrimônio” que integra a Comissão dos 150 anos de Campina Grande (criada pela Prefeitura Municipal com o intuito de elaborar a pauta de comemorações do sesquicentenário da cidade). Na reunião, a subcomissão apresentou suas ideias e integrou alguns membros da CONPAC na grande Comissão dos 150 anos. A reunião ocorreu na sala de reuniões do Conselho, na Secretaria de Cultura do Município, localizado no antigo Museu de Artes Assis Chateaubriand, no Parque do Açude Novo (Parque Evaldo Cruz).

Na oportunidade, o presidente da SPA Thomas Bruno Oliveira solicitou a Giovana Aquino (Diretoria de Patrimônio Histórico, Artístico e Cultural – DPHAC, da Secretaria Municipal de Cultura), uma cadeira para a Sociedade Paraibana de Arqueologia no CONPAC/CG. Esta seria ocupada por um dos sócios ou sócias, escolhidos democraticamente, além de um suplente.

A SPA aguarda a decisão, que irá ocorrer em uma das próximas reuniões do Conselho.

– Mapa de atuação da SPA em Maio de 2014 –

SSeecc.. ddee CCuullttuurraa ddee CCaammppiinnaa GGrraannddee –– PPoorrttaall UUFFCCGG

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