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Nº 44 • Agosto de 2003 Boletim da ABPI 1 Depósito na ABP, uma tentativa de proteção à criação publicitária ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DA PROPRIEDADE INTELECTUAL Boletim da Agosto de 2003 - nº 44 Reuniões das Comissões de Estudo As Comissões de Estudo realiza- ram reuniões nos dias 16 e 17 de agos- to no Hotel Transamérica, em São Paulo. Página 3 Novos Grupos de Trabalho da ABPI A ABPI criou em agosto três novos Grupos de Trabalho: ISS (Lei Complementar 116/03), Adaptação do Estatuto da ABPI ao novo Código Civil e Nomes Comuns Brasileiros Registrados como Marcas no Exte- rior. Página 11 A Lei de Propriedade In- dustrial deixou ao desabrigo as expressões e sinais de pro- paganda. Tendo-se abolido o seu registro específico, sua tu- tela foi remetida ao direito comum nas disposições gerais que tratam de repressão à con- corrência desleal. Para falar so- bre a solução imaginada pela Associação Brasileira de Pro- paganda - ABP, o seu consul- tor, dr. João Luiz Faria Netto, foi o palestrante da reunião mensal da ABPI, abordando o tema no dia 17 de julho, no Rio de Janeiro. Página 4 O jantar de comemoração dos 40 anos da ABPI. Resoluções da ABPI O Conselho Diretor e o Comitê Executivo da ABPI aprovaram em agosto três resoluções. No dia 14, foi aprovada a Resolução da ABPI n° 49 sobre o Anteprojeto de Lei de Acesso a Material Genético. Página 7. No dia 17, foram aprovadas a Resolução da ABPI n° 50 sobre o PCT - Patent Cooperation Treaty - Extensão de Prazo (Página 8) e a Resolução da ABPI n° 51 sobre Registros de Nome de Domínio - PLS 234/02 e PL 256/03. Página 10 ABPI 40 anos e homenagem a fundadores Neste ano em que a ABPI comemora 40 anos de sua fundação, tem maté- ria na página 3 sobre o jantar comemorativo, e a homenagem a fundadores na página 8. A soprano Celina Ietto.

Boletim ABPI 44

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Nº 44 • Agosto de 2003 Boletim da ABPI 1

Depósito na ABP, uma tentativa de proteção à criação publicitária

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DA PROPRIEDADE INTELECTUAL

Boletim da

Agosto de 2003 - nº 44

Reuniões das Comissões de Estudo

As Comissões de Estudo realiza-ram reuniões nos dias 16 e 17 de agos-to no Hotel Transamérica, em SãoPaulo. Página 3

Novos Grupos deTrabalho da ABPI

A ABPI criou em agosto trêsnovos Grupos de Trabalho: ISS (LeiComplementar 116/03), Adaptaçãodo Estatuto da ABPI ao novo CódigoCivil e Nomes Comuns BrasileirosRegistrados como Marcas no Exte-rior. Página 11

A Lei de Propriedade In-dustrial deixou ao desabrigoas expressões e sinais de pro-paganda. Tendo-se abolido oseu registro específico, sua tu-tela foi remetida ao direitocomum nas disposições geraisque tratam de repressão à con-corrência desleal. Para falar so-bre a solução imaginada pelaAssociação Brasileira de Pro-paganda - ABP, o seu consul-tor, dr. João Luiz Faria Netto,foi o palestrante da reuniãomensal da ABPI, abordando otema no dia 17 de julho, no Riode Janeiro. Página 4

O jantar decomemoração dos 40 anos da ABPI.

Resoluções da ABPI

O Conselho Diretor e o ComitêExecutivo da ABPI aprovaram emagosto três resoluções. No dia 14, foiaprovada a Resolução da ABPI n° 49sobre o Anteprojeto de Lei de Acessoa Material Genético. Página 7. Nodia 17, foram aprovadas a Resoluçãoda ABPI n° 50 sobre o PCT - PatentCooperation Treaty - Extensão dePrazo (Página 8) e a Resolução daABPI n° 51 sobre Registros de Nomede Domínio - PLS 234/02 e PL 256/03.Página 10

ABPI 40 anos e homenagem a fundadoresNeste ano em que a ABPI comemora 40 anos de sua fundação, tem maté-

ria na página 3 sobre o jantar comemorativo, e a homenagem a fundadoresna página 8.

A soprano Celina Ietto.

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Novos associadosO Comitê Executivo e o Conselho Diretor

da ABPI aprovaram em 17 de julho as propos-tas de filiação de: David Nilton Pereira deLucena (S M Bonini Asses. Empresarial ME -Prop. Intelectual); José Cristiano Schmitt (par-ticular); Larissa Dantas Ruiz (Garcia & KennerAdvogados); Luiz Antonio Rech (Caixa Eco-nômica Federal); Marcelo Pereira Lobo (parti-cular); Renata Pozzato Carneiro Monteiro(Francisco José Marques Sampaio Advoga-dos); Sabrina Mareilla Bonini (S M BoniniAsses. Empresarial ME - Prop. Intelectual).

Assembléia Geralelege nova diretoria

da ABPIA Assembléia Geral Ordinária da Asso-

ciação Brasileira da Propriedade Intelectual -ABPI realizada em São Paulo, no dia 17 deagosto, elegeu o Comitê Executivo e o Conse-lho Diretor para o biênio 2004/2005.

Comitê Executivo

Presidente: Gustavo Starling Leonardos1º Vice-presidente: SueIi Burger2° Vice-presidente: Rodrigo Sérgio Bonan de Aguiar3° Vice-presidente: Helio Fabbri Junior4º Vice-presidente: Manoel J. Pereira dos SantosDiretor Relator: Cláudio Roberto BarbosaDiretora Editora: Lilian de Melo SilveiraDiretor Secretário: Paulo Parente Marques MendesDiretor Tesoureiro: Herlon Monteiro Fontes

Conselho Diretor

Adriana R. Albanez; Antonio de FigueiredoMurta Filho; Antonio Ferro Ricci; Carlos Henri-que de Carvalho Fróes; Carlos Vicente da SilvaNogueira; Clovis Silveira; Custódio AfonsoTorres de Almeida; Elias Marcos Guerra; Elisa-beth Edith G. Kasznar Fekete; Henry KnoxSherrill; Jorge Raimundo Filho; José CarlosTinoco Soares; José Henrique B. Moreira LimaNeto; José Roberto d’Affonseca Gusmão; LanirOrlando; Luciana Muller Chaves; Luis CarlosGalvão; Luiz Antonio Ricco Nunes; LuizEdgard Montaury Pimenta; Maria Alicia LimaPeralta; Mariangela Vassallo; Mauro J. G. Arru-da; Ricardo de Andrade Bérgamo da Silva;Ricardo P. Vieira de Mello; Roberto P. Vieira deMello e Sonia Maria D’Elboux

Compõem, também, o Conselho Diretorcomo membros natos, Peter Dirk Siemsen;Luiz Leonardos; Gert Egon Dannemann; Julia-na L. B. Viegas; José Antonio B. L. Faria Correae Custódio de Almeida, ex-presidentes e dire-tor vitalício, respectivamente.

2 Boletim da ABPI Agosto de 2003 • Nº 44

Editorial Notas

A polêmica do novo registro de campanhas publicitárias

Rodrigo Sérgio Bonan de AguiarCoordenador da Comissão de Estudo

de Integração Regional

O revogado Código da Propriedade Industrial, Lei 5.772, de 21 de dezembro de1971, previa, em seu Título II, a proteção às marcas de indústria, de comércio e de ser-viços e expressões ou sinais de propaganda. Era uma lei editada em pleno regime mili-tar, que sofreu as influências políticas da época, inclusive, relacionadas aos meios decomunicação.

Durante os 25 anos de vigência do CPI, os registros de expressões ou sinais depropaganda foram efetuados regularmente junto ao Instituto Nacional da Proprieda-de Industrial. O registro tinha validade para todo o território nacional e vigorava peloprazo de dez anos, contado da data da expedição do certificado, podendo esse prazo serprorrogado por períodos iguais e sucessivos.

Com efeito, somente após ser sancionada a Lei 9.279, de 14 de maio de 1996, é querestaram sem previsão de registro as expressões ou sinais de propaganda, sendo-lhesgarantida, no entanto, a permanência em vigor pelo prazo de vigência restante, nãopodendo ser prorrogados. Sepultado ficou o assunto no âmbito de atuação do INPI.

Diante das situações peculiares enfrentadas pelos anunciantes e pelas agências depublicidade, em especial diante das licitações para órgãos públicos, resultando emeventual utilização de campanhas não vencedoras, partiu-se para a criação de umnovo registro, próprio da Associação Brasileira de Propaganda (ABP).

Em palestra realizada no mês de julho de 2003 no Rio de Janeiro, o dr. João LuizFaria Netto defendeu a sua necessidade e utilidade. Debate caloroso surgiu após suabrilhante exposição, com sugestões, críticas e manifestações de apoio.

E, diante de uma situação que exige, por vezes, rapidez e confidencialidade, inda-ga-se se um novo registro, perante a ABP, trará o resultado desejado, em especial nosprocessos judiciais envolvendo a violação da criação intelectual, sobretudo naquelasrelacionadas a concorrência desleal, já que continuam tipificados, como crimes dessamodalidade, o uso de expressão ou sinal de propaganda alheios ou a sua imitação, demodo a criar confusão entre os produtos e estabelecimentos.

Um novo “depósito”, apenas para fins de divulgação no futuro, sem qualqueranálise do seu conteúdo, não significa, necessariamente, que se esteja conferindo aoseu titular o direito exclusivo de utilização. Ao contrário, mesmo que guardado em“envelope fechado”, podendo ser renovado a cada ano, não se elimina a possibilida-de de ser fruto de plágio ou de outra prática ilícita que apenas será revelada se exi-gida a sua divulgação.

No entanto, longe de contemplar apenas os interesses de agências cadastradas emdeterminados conselhos ou órgãos não oficiais, deve-se ter uma visão universal, sob aótica da legislação que regula as mais diversas formas de proteção da expressão do pen-samento humano, e aperfeiçoá-las, como vem sendo feito, em todas as nações civilizadas.

Se há lacunas, deve-se fomentar a regulamentação da matéria através dos canaiscompetentes ligados ao Poder Legislativo, onde, aliás, tramitam projetos objetivando,exatamente, atender a essa necessidade. A criação e concessão de registros sem onecessário respaldo legal poderão gerar, ao contrário do que se idealizou, uma situa-ção de difícil análise e aceitação pelo Poder Judiciário, eis que não consolidados osprincípios norteadores dessa proteção, pela via estatal. Até porque “ninguém se escu-sa de cumprir a lei alegando que não a conhece”. Daí a importância de aperfeiçoar ossistemas legais, inclusive para a adequada repressão, quando necessário.

Cartas para a redação doBoletim da ABPI

Envie suas mensagens para a redação doBoletim da ABPI pelo e-mail [email protected]

Informações, críticas e sugestões serãoavaliadas e respondidas, podendo ser publi-cadas ou não no Boletim após estudo de cadacaso.

Este boletim contém, excepcionalmen-te, doze páginas para a publicação, na ínte-gra, das Resoluções da ABPI nº 49, 50 e 51.

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A ABPI promoveu, em 17 de agos-to, um jantar de confraternização dacomunidade do direito de proprieda-de intelectual, comemorativo dos 40anos de sua fundação, no Hotel Tran-samérica, em São Paulo, na vésperado XXIII Seminário Nacional da Pro-

priedade Intelectual. Nessa ocasiãofoi, também, lançada a edição especialcomemorativa da Revista da ABPI. Aparte cultural do jantar foi de respon-sabilidade da orquestra Engenho Bar-roco, com a soprano Celina Ietto, soba regência de Luís Gustavo Petri, na

apresentação musical idealizada porAndré Heller, tendo no repertóriocanções e peças de Carlos Gomes,Edmundo Villani-Cortes, Alexandre eLuiz Levy, Alberto Nepomuceno eGuerra-Peixe.

Notas

Nº 44 • Agosto de 2003 Boletim da ABPI 3

ABPI comemora 40 anos

Comissões de Estudo

As reuniões de agostoAs Comissões de Estudo da ABPI realizaram reuniões concentradas nos dias 16 e 17 de agosto no Hotel Transamérica, em SãoPaulo. A Comissão de Estudo de Repressão às Infrações realizou outra reunião no dia 8 e a Comissão de Estudo de Patentes, nodia 27. Os temas tratados nas reuniões estão no quadro abaixo.

Comissão de Estudo Data Tema(s)Coordenador e vice-coordenador

Marcas 16/8 Questão 181 da AIPPI.Ricardo P. Vieira de Mello / Helio Fabbri Jr.

Patentes 17/8 (I) Questões 180 e 183 da AIPPI.Gustavo José Ferreira Barbosa (II) Projeto de Lei sobre Licença Compulsória (PLCD 303 de 2003 eMaria Lavinia L. Maurell PL 139 de 1999).

27/8 Projeto de Lei 7.282/2002.

Transferência de Tecnologia e Franquias 16/8 (I) Retomada discussão do Projeto de Lei 284/95, do deputado Aldo Rebello.Luiz Henrique do Amaral (II) CIDE.Juliana L. B. Viegas

Software e Informática 16/8 Conclusão da análise do substitutivo ao Projeto de Lei 5.403/01, que José Henrique B. M. Lima Neto estabelece normas para a prestação de serviços de acesso à Internet.Marcello do Nascimento

Direito Autoral 16/8 (I) Conclusão dos estudos de substitutivo ao artigo 46.Alvaro Loureiro / Mariangela Vassallo (II) Discussão da Questão 182 da AIPPI.

Direito da Concorrência 16/8 A cláusula de não-concorrência no trespasse e a nova regra do artigo 1.147 do Antonio de Figueiredo Murta Filho Código Civil. Possíveis efeitos na utilização de marcas.José Carlos Vaz e Dias

Indicações Geográficas 16/8 (I) Proposta de harmonização de alguns artigos da Lei de Propriedade Industrial, relativos Pietro Ariboni a indicações geográficas, com o TRIPs: hierarquia normativa, possibilidade de registro Laetitia Maria Alice Pablo d’Hanens de signos não constituídos por nomes geográficos, indicações geográficas que tenham

se tornado genéricas, entre outros.(II) Início de estudos de anteprojeto legislativo para regulamentar o

reconhecimento e declaração de indicações geográficas no Brasil e para regulamentar controle de qualidade de produtos.

Integração Regional 17/8 Cuestionario de Indenización por Violación de Derechos de Propiedad Intelectual, Rodrigo Bonan de Aguiar dos comitês de Patentes e Marcas da ASIPI.Rodrigo Affonso de Ouro Preto

Biotecnologia 17/8 (I) Resolução a ser apresentada à Assembléia Geral sobre o Anteprojeto Maria Thereza Wolff de Lei de Acesso a Recursos Genéticos.Gabriel Di Blasi Jr. (II) Atividades da Comissão em 2003 e assuntos gerais.

Repressão às Infrações 08/08 Confrontar a Resolução da ABPI 17, de 20/09/2001, com o Projeto de Lei da Câmara 11, Ricardo Pinho de 2001.Paulo Parente M. Mendes 17/08 Relatório das atividades desenvolvidas no período 2002/2003.

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A Lei de Propriedade Industrialdeixou ao desabrigo as expressões esinais. Tendo-se abolido o seu regis-tro específico, sua tutela foi remetidaao direito comum nas disposiçõesgerais que tratam de repressão à con-corrência desleal. Para falar sobre asolução imaginada pela AssociaçãoBrasileira de Propaganda - ABP, oseu consultor, dr. João Luiz FariaNetto, abordou, como palestrante dareunião mensal da ABPI, o tema“Depósito na ABP, uma Tentativa deProteção à Criação Publicitária”, nodia 17 de julho, no Rio de Janeiro.

Como destacou José Antonio B.L. Faria Correa, presidente da ABPI,Faria Netto atua no Sindicato deAgências do Rio de Janeiro, é funda-dor e diretor jurídico do ConselhoNacional de Auto-RegulamentaçãoPublicitária - Conar e, ainda, consul-tor do Conselho Executivo das Nor-mas-Padrão - Cenpe, ex-diretor daAssociação Nacional de Jornais -ANJ e responsável pelo departamen-to jurídico da TV Globo.

Faria Netto disse haver uma histó-ria para uma entidade privada tentarse autoproteger, proteger os que tra-balham nas atividades publicitárias, aexpressão de propaganda e a criaçãopublicitária. E começa com a criaçãoda ABP em 1937, quando o Rio deJaneiro, além de capital da República,concentrava mais de 90% de toda aatividade publicitária nacional.

“E foi na ABP gestada a Lei4.680/73, que regulamentou a publici-dade no Brasil e incluiu a ABP comoentidade fiscalizadora da atividadepublicitária brasileira. O país se in-dustrializava após a virada dos anos50, a virada no período de exporta-ções, e já começava a ter conflitosquanto aos conceitos de concorrênciadesleal, com os chamados reclamespublicitários. E estabelecia os contro-les, a forma do registro de proteção àexpressão publicitária, junto às mar-cas de indústrias e de serviços.”

O que a ABP tentou fazer naque-le momento e conseguiu, segundo opalestrante, foi estabelecer o controledo conteúdo da publicidade, tendoum código de ética cujos princípiosforam incorporados à lei por um arti-go. Esse código de ética foi desenvol-vido com um arrazoado satisfatório ecom a quase absorção do código deauto-regulamentação publicitária en-tão praticado na Inglaterra. “Esse có-digo está atualíssimo até hoje”, ga-rante Faria Netto, “e se criou um or-ganismo para evitar uma coisa fantás-tica no período da ditadura: impedira criação por decreto de uma autar-quia que controlaria o conteúdo dapublicidade brasileira.”

“Estabeleceu-se um sistema deautocontrole que a autocensura, emque se foram retirados os censoresdas gravações das emissoras de rádioe televisão, mas se manteve um siste-ma de punição, através da Lei deSegurança Nacional. Essa lei exigiaum controle interno do conteúdo daparte editorial. E se esqueceram daparte ineditorial, que na prática fi-nanciava o conteúdo editorial.”

Nasce o Conar

Decidiu-se então criar uma enti-dade nacional para controle de con-

teúdo de anúncio e surgiu o Conse-lho de Auto-Regulamentação Publi-citária - Conar, hoje com 23 anos deexistência. Funciona sem jamais tersido desrespeitado por nenhum anun-ciante, por nenhuma agência e pornenhum veículo de comunicação.Tornou-se a entidade de auto-regula-mentação que hoje tem respeitabili-dade na sociedade civil. É acatado eaceito como fonte para decisões judi-ciais e outros casos.

O palestrante falou das relaçõesentre quem anuncia, quem produz oanúncio, quem veicula e quem remu-nera o criador, a agência de publicida-de. “O remunerador é o veículo”, afir-ma Faria Netto e explica: “Porque, naorigem, regulamentou-se a atividadedo agenciador de propaganda e criou-se a figura da agência de publicidade,com dois papéis: primeiro, a produto-ra de conteúdo; e, segundo, conformea lei dizia, a proprietária, detentorados direitos sobre o conteúdo doanúncio. Esse anúncio não poderia serusado por outra agência, mesmo queo anunciante tivesse a vontade de tro-car o prestador de serviço, nessa fasedo lançamento de seu produto.

A lei definiu que a remuneraçãopela intermediação do negócio dapublicidade, que era e continua sendoobrigado a duas coisas: manter umatabela pública com os preços conside-rados e dar a possibilidade de o veí-culo oferecer descontos a anunciantedireto. Por que isso? Para evitar quese oferecessem condições para a con-corrência desleal entre segmentos demercado do mesmo produto ou seg-mentos assemelhados. Isto é, todoanunciante tem direito à mesma con-dição de negociação, ao mesmo preçoda oferta da publicidade.

E essa oferta (preço da publicida-de) começa a ser ameaçada por pres-são das multinacionais que passarama querer o repasse do dinheiro pagopelo veículo, pela produção da publi-

4 Boletim da ABPI Agosto de 2003 • Nº 44

Matéria de capa

Depósito na ABP, umatentativa de proteção à

criação publicitária

O palestrante dr. João Luiz Faria Netto.

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cidade. Estabeleceram-se controlespelo Conselho Nacional das Normas-Padrão - Cenpe que fiscaliza primei-ramente os órgãos públicos.

O Tribunal de Contas da Uniãovem aceitando que assim seja feito,porque seria inviável realizar umalicitação para cada tipo de anúnciopublicado. É longa a discussão entreos veículos sobre essa fiscalização doCenpe.

Uma segunda parte fiscaliza emnome dos veículos a distribuição deremuneração de agência, isto é, seestá sendo revertida a quantidade deverba decidida para o anunciante,quebrando o equilíbrio da concor-rência leal da boa publicidade quedeve ser praticada no mercado.

Existia uma terceira parte rela-cionada com a concorrência entreagências e o conteúdo do anúncio: apossibilidade de estar sendo caniba-lizada a produção publicitária, atra-vés do aproveitamento da idéia, daforma de apresentar o anúncio, e oaproveitamento dos planos de cam-panha de publicidade que estavamsendo apresentados. Hoje, as agên-cias são convidadas a participar deuma licitação de campanha ou deconta de publicidade, remunera-sepelo trabalho despendido pelos seusprofissionais na criação da peçapublicitária. O anunciante se obrigaa não usar as peças perdedoras econtratar aquela que mais lhe con-vier, do ponto de vista da qualidade,e atender à sua necessidade merca-dológica. O que isso estava gerando?No final de determinadas licitaçõesprivadas e algumas públicas tam-bém, idéias e peças criativas apre-sentadas, mas não vencedoras, eramposteriormente utilizadas pela agên-cia vencedora, caracterizando a apro-priação de trabalho intelectual deterceiros. Era preciso exercer um con-trole sobre isso.

Por que auto-regulamentação?

AABP se sentiu fortalecida, quan-do o governo procurou resolver umproblema gerado pelo desapareci-mento de um capítulo inteiro da lei

de 1971, que cuidava das expressõesou sinais de propaganda, com a edi-ção da nova lei da propriedade in-dustrial. A justificativa de retiradado capítulo era que essa publicidade,essa criação intelectual já estava pro-tegida, de um lado pela lei de direi-tos autorais, pela Lei 5.988, e deoutro pela Lei 9.610 pois, estaria tam-bém ao abrigo da legislação que cui-dava de marcas e patentes. No capí-tulo da lei de 1971 se estabelecia umprazo de registro por dez anos ecaducidade de dois anos. Não esta-ria, como hoje na Lei 9.610, acoberta-da a criação, o conteúdo publicitário.

Diante do reconhecimento deque o Estado perdeu sua capacidadeprestadora de serviços, a ABP levouao governo a idéia da auto-regula-mentação, que, em princípio, seriapara ajudar o INPI, que já não tinhamais condições de atender a deman-da, maior que sua capacidade. AAdvocacia Geral da União - AGUsolicitou a criação do decreto presi-dencial que estendesse à ABP a capa-cidade de receber em depósito a cria-ção publicitária. Parecia estar tudoresolvido. Salvo que, na transcrição,o que restou da Lei 5.988 era o artigo17, pelo qual a presidência da Repú-blica poderia por decreto designarórgão que prestasse esse serviço dedepositário da criação. Quando sefez a transcrição, o legislador resol-veu incluir um ”público” no órgão,estabelecendo que era órgão público.Isso inviabilizou o que se pretendiafazer com a ABP.

Decidiu-se então experimentar aauto-regulamentação que prestasseserviços às agências de publicidade.Foram convidadas duas pessoasexperientes em criação de legislaçãoespecífica na área de direito intelec-

tual: a dra. Sílvia Regina Daim Gan-delman, com experiência na área deInternet, e o dr. Manoel J. Pereira dosSantos, para proporcionar as mudan-ças de lei que pudessem modernizaressa estrutura de proteção intelectual.

“Queríamos oferecer ao anun-ciante brasileiro a proteção daquiloque ele produziu, que a agência fezpor ordem e conta dele e não foi uti-lizado, e até que tenha a condição demercado para ser apresentado aopúblico. Dessa forma, se criou umsistema de proteção anual que podeser pedida e renovada via Internet.Não há qualquer preocupação deinvadir os envelopes daquela produ-ção, salvo no dia em que for necessá-rio fazer prova para comprovar adata de depósito.”

A seis mãos

Ao receber o uso da palavra deFaria Netto, a dra. Sílvia Gandelman,que participou da elaboração do pro-jeto solicitado pela ABP, disse que foium trabalho realizado a seis mãos,“pois, com o dr. José Luiz, experientena área publicitária e trabalhos na áreade direito autoral, e o Manoel, conhe-cido de todos, e experiente na área dapropriedade industrial, tínhamos oobjetivo de proteger a obra publicitá-ria, especialmente o direito do autor”.

O grupo considerou vários pon-tos. “A obra publicitária pode estarprotegida na lei, independentementede haver um registro específico paraela, uma vez que se trata de umaobra de arte que tem conteúdo demúsica, uma obra intelectual, texto evisual. Ela teria a mesma proteção deórgão público.” E chegou à forma daauto-regulamentação: as agênciasdepositam na ABP, quando vão par-ticipar de uma concorrência. As

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Matéria de capa

Da esquerda para direita: Lélio DenicoliSchmidt, Sílvia Regina Daim Gandelman, João Luiz Faria Netto, José Antonio B. L. FariaCorrea, Juliana L. B. Viegas, Alberto LuisCamelier da Silva e Gert Egon Dannemann.

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agências registradas no CENPE po-dem depositar na ABP suas campa-nhas, projetos musicais, para garan-tir a seguridade. Isso é uma tentativade proteção para o caso da solicita-ção de prova judicial de anteriorida-de. É a possibilidade de fazer odepósito com sigilo e ele só ser aber-to para produção de provas.

Encaminhada a proposta à Presi-dência da República, a decisão foi nosentidode que a ABP não pode ser oórgão público depositário. O que sefaz agora é colocar o sistema criadonum registro geral para atender a exi-

gência de auto-regulamentação. “En-tão, se o diretor aprovar”, diz a dra.Sílvia, “futuramente se poderá levaressa experiência do registro na ABPpara o Poder Executivo. Talvez, en-tão, se possa destinar ou à ABP ou àABP conveniada com outro órgão daBiblioteca Nacional para fazer o regis-tro. O importante é que o setor está sesentindo mais protegido, na medidaem que, antes de apresentar suas pro-postas potenciais, ele tem um lugarque garante que sua campanha vaificar resguardada, não será usadanem copiada, como tem acontecido.”

6 Boletim da ABPI Agosto de 2003 • Nº 44

Matéria de capa

DebatesGabriel Leonardos - Eu, na ver-

dade, estou cheio de perplexidades enenhuma certeza, mas acho que aprimeira observação importante éque a gente não deve colocar nomesmo destaque três conceitos total-mente distintos: 1. O conceito de obrapublicitária. É uma obra que muitasvezes pode ser vertida para a formaescrita. Normalmente, será uma obramultimídia e indiscutivelmente gozade proteção do direito autoral. 2. Osegundo é o conceito publicitário eesse, a meu ver, não goza de proteçãonenhuma. A criação desse registropela ABP parece querer criar umaproteção onde não é possível legal-mente que essa proteção exista. 3. Oterceiro instituto, que é preciso dife-renciar e identificar claramente, é odas expressões e sinais de propagan-da que não têm relação direta comnenhum dos dois primeiros.

Assim eram as minhas convic-ções, em que eu estava muito tran-qüilo, e recebi a notícia de criaçãode registro da ABP com muita espé-cie, quando li a respeito dela. Arigor, acho ainda que a ABP teriaandado melhor em prol da socieda-de brasileira se fizesse o registro desinais de expressão de propagandae não dos conceitos, ao meu ver até,eu me permito discordar do dr. JoãoLuiz. Não tenho dúvida em perce-ber que o registro das idéias e con-ceitos favoreça as agências de publi-cidade, mas me parece que cria umcusto, uma dificuldade adicionalaos anunciantes.

As minhas perplexidades au-mentaram na semana passada, e sótrago aqui, para partilhar com vo-

cês, quando eu li, um acórdão doTribunal de Justiça de São Paulo, umacórdão erudito, muito bem escrito. Orelator é o desembargador Ênio San-tarelli. O acórdão é de 15 de fevereirode 2000. Um indivíduo chamadoPaulo Afonso Antunes Jr. criou umaestratégia de publicidade para aCoca-Cola Indústrias. Findo o prazocontratual de cinco anos, a Coca-Coladeixou de pagar a esse Paulo AfonsoAntunes Jr. e prosseguiu com umaestratégia semelhante de anúnciosjunto a clubes de futebol, Grupo dos13, agora, sem remunerá-lo. E o Tri-bunal de Justiça de São Paulo disseclaramente que não são objetos deproteção dos direitos autorais esque-mas, planos ou regras para realizaratos mentais, jogos ou negócios,porém não está a Corte alheia aoprincípio de que a ninguém é lícitoenriquecer sem causa justificativa acusto de outrem. E termina dandoganho de causa, dizendo que o recla-mante, criador dessa estratégia pu-blicitária, criou um projeto publicitá-rio novo, empregado com sucessoabsoluto. Temos aqui então um novodireito não previsto nas leis nacionais,mas, à medida que o Judiciário o aco-lhe, há de se levar a sério que é odireito à inteligência, e percebe-se,pela ementa, que só existe quando aestratégia é empregada com sucesso.Se fosse empregada com fracasso,não haveria o direito. Estou aqui mo-vido por perplexidade.

Mauro J. G. Arruda - Gostaria dediscordar do colega Gabriel Leonar-dos, quanto a essa questão da prote-ção das obras, de direitos autorais dasobras publicitárias. Eu acho que essaproteção existe de fato. O que nãoexiste na realidade é a proteção da

idéia. Mas a materialização da idéia, aexteriorização dessa idéia, a meu ver,é perfeitamente protegida como obraintelectual. A própria Lei 4.680, que osenhor mencionou na sua palestra, sereferiu a isso e determina que essaproteção é da agência que cria, e tam-bém a lei 9.610, embora no seu artigo7° diga que a idéia não é passível deproteção. E, na minha opinião, o re-gistro seria totalmente desnecessário.Seria uma burocratização, porque alei já dá essa proteção como obra inte-lectual em si.

Quero aproveitar a oportunida-de para tocar na questão do CEN-PE, com relação à lei atual, com rela-ção à certificação das agências depublicidade em razão da concessãodo desconto padrão. Essa certifica-ção, à medida que atualmente nãose aplica mais às novas agênciashouse, não seria um cerceamento àliberdade de atividades dessasempresas? Fazendo um paralelo,imagino que seria mais ou menos amesma coisa que nós, advogados,impedíssemos que os nossos clien-tes montassem ou criassem umdepartamento jurídico próprio.

Herlon M. Fontes - Se se pre-tende proteger a idéia quanto à suaautoria e à sua anterioridade, porque não registrar no cartório de títu-los e documentos? Por duas razões:primeiro porque o cartório de títu-los e documentos é público. O con-teúdo é público. Segundo: é muitomais cômodo o esquema de auto-regulamentação no qual haja umaescala de dirimir dúvidas de ques-tões relacionadas com o conteúdoque reside em ir ao Judiciário, ouqualquer coisa arbitrária. Aí, tem oConar para resolver esses casos.

Dra. Sílvia Regina Daim Gandelman.

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Acolhendo a recomendação for-mulada pela Comissão de Biotecno-logia, em 14 de agosto de 2003 oConselho Diretor e o Comitê Execu-tivo da ABPI aprovaram a presenteResolução:

a) Considerando que, na versão doAnteprojeto de Lei de Acesso aMaterial Genético, de Proteção aoConhecimento Tradicional Asso-ciado e de Repartição de Benefí-cios Derivados de seu Uso, foiadotada a seguinte redação para oartigo 1, do item de Título IX - DasDisposições Finais:“Quando o objeto do pedido depatente, depositado a partir daentrada em vigor desta Lei, tiversido obtido a partir de amostra decomponente do material genético eseus produtos ou de conhecimentotradicional associado, a informa-ção da origem do acesso à amostradesse componente do materialgenético e seus produtos ou aoconhecimento tradicional associa-do e sua descrição completa deve-rão constar do relatório descritivo,para atendimento do princípio desuficiência descritiva, estabelecidana Lei nº 9.279 de 14 de maio de1996, sob pena de indeferimentodo pedido ou nulidade da patente,na forma da Lei nº 9.279 de 1996”.

b) Considerando que a norma deAcesso a Recursos Genéticos seinscreve no âmbito da Convençãoda Diversidade Biológica, cujotópico principal consiste na disci-plina do acesso aos recursos, aoconhecimento tradicional e à re-partição de benefícios oriundos dautilização destes conhecimentos;

c) Considerando que o requisito de“suficiência descritiva” diz respei-to às précondições de patenteabili-dade, estando previsto no art. 24da referida Lei nº 9.279/96;

d) Considerando que o referido re-quisito se prende ao Acordo TRIPs,que fixa como requisitos de paten-

teabilidade a novidade, a aplicabi-lidade industrial e a atividadeinventiva;

e) Considerando que, como será de-monstrado a seguir, a falta de umaindicação explícita da origem deum material biológico (ou do co-nhecimento tradicional a ele asso-ciado) não é prevista no caput doartigo 24 da LPI, sendo matériaestranha à sistemática das patentes;

f) Considerando que, nos termos doartigo 24, o relatório de um pedidode patente deve descrever deforma suficientemente clara o obje-to da invenção, de modo a possibili-tar sua realização por um técnicoversado no assunto, indicando,quando for o caso, a melhor formade execução e que, portanto, o re-latório descritivo deve conter in-formações suficientes para que umespecialista possa compreender ereproduzir o objeto daquela in-venção, ou seja, aquela matéria es-pecífica para a qual se requer pro-teção e que está definida pelo teordas reivindicações;

g) Considerando que, em seu parágra-fo único, o artigo 24 se refere expli-citamente ao caso de invençõesenvolvendo materiais biológicos;

h) Considerando que, nessa hipótese,somente quando o material bioló-gico for essencial à realização prá-tica da invenção e não estiver dis-ponível ao público, o relatório des-critivo deve ser complementadopelo depósito do referido materialem instituições autorizadas paraesta finalidade;

i) Considerando que, desta forma, nocaso de uma invenção relacionadaa um material biológico, o artigo 24da Lei nº 9.279 determina que orelatório contenha informaçõessuficientes para poder ser precisa-mente identificado por suas carac-terísticas químicas, físicas e/oubiológicas, seja por uma descriçãoescrita ou, se for o caso, através dodepósito de uma amostra em insti-

tuições especializadas, sempre emfunção daquilo que está efetiva-mente caracterizado no quadro rei-vindicatório do pedido de patente;

j) Considerando que, em conseqüên-cia, tratando-se de material biológi-co oriundo do patrimônio genético,desde que já esteja tecnicamentedescrito de forma clara e suficienteno relatório de um pedido de paten-te (permitindo que qualquer técnicono assunto possa compreender ereproduzir a invenção), a indicaçãode seu local de origem ou mesmo deconhecimentos tradicionais a eleassociados não pode ser considera-da informação essencial para proversuficiência descritiva de tal material,de acordo com o disposto no referi-do artigo 24 da LPI;

A ABPI firma a presente Reso-lução, fazendo as seguintes reco-mendações:

1) Se, de um lado, a indicação daorigem e/ou dos conhecimentos tra-dicionais associados a determinadomaterial dentro de um pedido depatente pode revestir importânciapara diversos fins, não deve, porém,constituir condição de validade doato concessivo de uma patente nostermos do artigo 24 da LPI, pois pre-visão dessa natureza se acharia emfranca desarmonia com o AcordoTRIPs e com o próprio regime da leique regula a matéria, Lei 9.279/96,cujos princípios se atêm ao referidoAcordo internacional.

2) A ABPI, assim, propõe a se-guinte redação para o artigo 1º doProjeto em questão:

“Quando o objeto do pedido depatente depositado a partir da entradaem vigor desta Lei, tiver sido obtido apartir de amostra de componente dopatrimônio genético ou do conheci-mento tradicional associado, a indica-ção da origem de amostra desse com-ponente do patrimônio genético ou doconhecimento tradicional associadodeverá constar do pedido de patente”.

Nº 44 • Agosto de 2003 Boletim da ABPI 7

Resoluções da ABPI

Resolução da ABPI nº 49Anteprojeto de Lei de Acesso a Material Genético

Encaminhada em 26 de agosto de 2003 aos ministros Luiz Fernando Furlan, do Desenvolvimento, Indústria eComércio Exterior, e Marina da Silva, do Meio Ambiente; Luiz Otávio Beaklini, presidente em exercício do

Instituto Nacional da Propriedade Industrial - INPI; Marcus Luiz Barroso Barros, presidente do Instituto Brasileirodo Meio Ambiente - IBAMA; Márcio Heidi Suguieda, do Grupo Interministerial de Propriedade Intelectual - GIPI,

da Secretaria de Tecnologia Industrial - STI do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior -MDIC; e Eduardo Vélez Martin, secretário executivo do Conselho de Gestão do Patrimônio Genético - CGEN.

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Acolhendo a recomendação for-mulada pela Comissão de Patentes,em 17 de agosto de 2003 a Assem-bléia Geral da ABPI aprovou a pre-sente Resolução:

I - Considerações preliminares

O Tratado de Cooperação emMatéria de Patentes, ou Patent Coo-peration Treaty ou PCT, estabeleceum sistema multilateral de processa-mento de pedidos de patente emuma primeira fase de tramitaçãointernacional unificada que visa acontribuir para o desenvolvimentoda ciência e da tecnologia, a aperfei-çoar a proteção legal das invenções ea simplificar e tornar mais econômicaa obtenção da proteção das invençõesquando requisitada em vários países,além de outros objetivos estabeleci-dos no preâmbulo daquele tratado.

Um dos pilares do PCT consiste noestabelecimento de um sistema homo-gêneo e de direitos recíprocos, em quenacionais ou residentes de cada paíscontratante podem gozar dos benefí-cios nos demais países membros emigualdade de condições. Essa homoge-neidade é rompida se um ou um grupode países falha em adequar-se rapida-mente às alterações feitas no tratado.

Por outro lado, há que se conside-rar um aspecto político importante: abusca, em particular, e o exame inter-nacional realizados segundo as nor-mas do PCT em sua formulação atualproporcionam um subsídio às reparti-ções nacionais, porém não afetam aindependência de cada país relativaao exame e concessão das patentesválidas para os respectivos territórios,segundo princípio basilar estabeleci-do pela Convenção de Paris1.

Embora a mecânica vigente pre-serve a autonomia de cada país con-tratante, há propostas em curso que

visam ao estabelecimento de um sis-tema em que o exame preliminar efe-tuado pela autoridade internacionaladquiriria um efeito vinculante paraas repartições nacionais, impedindo-as de verificar o preenchimento derequisitos, mormente a novidade einventividade, que já tenham sidoobjeto de exame por aquelas autori-dades internacionais2. Diversos re-presentantes de entidades governa-mentais brasileiras e de outros paísesjá expressaram estar em desacordocom tal proposta.

Na contramão daquela proposta,as grandes repartições internacionais,especialmente a norte-americana, aeuropéia e a japonesa, têm experimen-tado dificuldades crescentes em pro-porcionar um exame preliminar inter-nacional com alto grau de qualidade,na medida em que aumenta o volumede pedidos PCT depositados. Reco-nhecendo essas limitações e presu-mindo que um número expressivo dedepositantes requeria o exame preli-minar internacional apenas para sebeneficiar de um prazo adicional de10 meses para iniciar as diversas fasesnacionais3, partiu daquelas mesmasautoridades a proposta de uniformi-zar o prazo do artigo 22 àquele doartigo 39, de modo que o depositantepassasse a dispor de 30 meses, inde-pendentemente de ter ou não requeri-do o exame preliminar internacional.Dessa forma, presumiram os autoresda proposta, apenas os depositantesefetivamente interessados na realiza-ção de um exame preliminar interna-cional passariam a requerê-lo, resul-tando em uma redução do número depedidos a depositar.

A alteração do prazo do art. 22foi aprovada por unanimidade na13ª Assembléia do PCT, realizada emGenebra de 24 de setembro a 3 de

outubro de 2001, com participaçãoda delegação brasileira.

Do ponto de vista político, a altera-ção efetuada desloca a responsabilida-de pelo exame para as autoridadesnacionais, de certa forma esvaziando aproposta de atribuir um efeito vincu-lante ao exame internacional. Isso ficamais evidente se considerarmos que aadoção de um exame que vincule asrepartições nacionais muito provavel-mente resultará em um atrativo para oexame internacional, eliminando asuposta vantagem alcançada com aequalização dos prazos já mencionada.

Portanto, se o Brasil deseja preservarsua autonomia para examinar e concedersuas próprias patentes, então deve, alémde apoiar, implementar a alteração do art.22 do PCT com a possível brevidade.

Não obstante, em virtude de dú-vidas sobre a via apropriada parainternalizar a alteração do art. 22, ogoverno brasileiro enviou notifica-ção à OMPI resguardando-se da apli-cação dessa alteração

II - Da dispensa de processo legislativo

A Constituição Federal determina:“Art. 5º - Todos são iguais perante a

lei, sem distinção de qualquer natureza,garantindo-se aos brasileiros e aos es-trangeiros residentes no País a inviolabi-lidade do direito à vida, à liberdade, àigualdade, à segurança e à propriedade,nos termos seguintes: (...)

§ 2º - Os direitos e garantias expres-sos nesta Constituição não excluem ou-tros decorrentes do regime e dos princí-pios por ela adotados, ou dos tratadosinternacionais em que a República Fede-rativa do Brasil seja parte.

Art. 49 - É da competência exclusi-va do Congresso Nacional:

I - resolver definitivamente sobretratados, acordos ou atos internacionais

8 Boletim da ABPI Agosto de 2003 • Nº 44

Resoluções da ABPI

Resolução da ABPI nº 50PCT - Patent Cooperation Treaty - Extensão de Prazo

Encaminhada em 26 de agosto de 2003 ao embaixador Celso Luiz Nunes Amorim, ministro das RelaçõesExteriores, Elza Moreira Marcelino de Castro, chefe da Divisão de Propriedade Intelectual - DIPI do Ministério das

Relações Exteriores - MRE, Luiz Otávio Beaklini, presidente em exercício do Instituto Nacional da PropriedadeIndustrial - INPI, e Márcio Heidi Suguieda, do Grupo Interministerial de Propriedade Intelectual - GIPI, da

Secretaria de Tecnologia Industrial - STI do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior - MDIC.

1. Art. 4 bis - (1) As patentes requeridas nosdiferentes países da União por nacionais depaíses da União serão independentes daspatentes obtidas para a mesma invenção nosoutros países, membros ou não da União.

2. Vide documento PCT/R/1/2 de 23/03/2001,anexo, página 7: “(3) Positive examinationresults in certain PCT authorities binds

2. Contracting States - This would constitute adeparture from the current, non-binding paten-tability opinions of the PCT and could require,in the first instance, the adoption of positiveresults from certain authorities in non-authorityContracting States.”

3. Pelas normas antigas, um depositante quenão tivesse requerido o exame preliminar

2. internacional devia iniciar as fases nacio-nais - i.e., depositar pedidos individuais emdiversos países - no prazo de 20 meses con-tados da prioridade (art. 22 do PCT). Aorequerer o exame preliminar internacional,o depositante passava a gozar de um prazode 30 meses (art. 39 do PCT).

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que acarretem encargos ou compromis-sos gravosos ao patrimônio nacional;

Art. 84 - Compete privativamenteao Presidente da República:

VIII - celebrar tratados, convençõese atos internacionais, sujeitos a referendodo Congresso Nacional”.

A internalização do PCT ocorreuoriginalmente em 1978 através dapromulgação do Decreto nº 81.742,de 31.05.1978, seguindo os trâmiteslegais apropriados na época.

O tratado, como aprovado peloCongresso através do Decreto Legis-lativo n° 110, de 30 de novembro de1977, e como promulgado peloDecreto n° 81.742, de 31/05/1978,contém artigo dispondo o seguinte:

“Art. 47 - Prazos2) a) Todos os prazos estabelecidos

nos Capítulos I e II deste Tratado pode-rão, fora de qualquer revisão do acordocom o artigo 60, ser modificados pordecisão dos Estados contratantes.

b) A decisão é tomada pela Assem-bléia ou por voto por correspondência edeverá ser unânime.

Art. 60 - Revisão do Tratado1) O presente Tratado poderá

sofrer revisões periódicas, por meiode conferências especiais dos Esta-dos contratantes.

2) A convocação de uma confe-rência de revisão será decidida pelaAssembléia”.

Verifica-se que o tratado já esta-belecia que a alteração dos prazosdos Capítulos I e II não é considera-da como uma revisão formal nos ter-mos do art. 60. Somente a revisão deque cuida o art. 60, dando base aalterações aprovadas em conferên-cias diplomáticas, demanda suainternalização por meio do processolegislativo apropriado.

Portanto, o Congresso Nacionalaprovou o PCT em sua totalidade, aíincluído o mecanismo de alteração deprazos dos Capítulos I e II, fora de umprocesso de revisão formal. Assim, noexercício de seu poder de soberania, oGoverno brasileiro (via Poder Executi-vo e Congresso Nacional) manifestoupreviamente sua aquiescência comqualquer alteração de prazo no PCT,empreendida pelos Estados Contra-tantes com base no respectivo art. 47.

Uma vez empreendida a altera-ção de prazo de que cuida o art. 47 doPCT, não há necessidade de submetê-la novamente a um processo de apro-

vação perante o Congresso Nacional.Não há que se referendar uma aquies-cência que já havia sido precedente-mente concedida. Isto seria desneces-sário bis in idem, contrário ao princí-pio de economia de atos e à vontadereal das Partes Contratantes.

Não por outra razão, a alteraçãoem 1984 do prazo do art. 39 do PCT(Capítulo II) de 25 para 30 mesesprescindiu de qualquer processo le-gislativo. Não há motivo, pois, paratratamento diverso no tocante à alte-ração em foco.

À luz do art. 49, I, da Constitui-ção Federal de 1988, a aprovação deum tratado ou de suas emendas peloCongresso Nacional só é necessáriaquando “acarretem encargos ou com-promissos gravosos ao patrimônionacional”. Ora, não se reveste de talnatureza a alteração de prazo permi-tida no art. 47 do PCT, considerando-se que o Brasil não lhe atribuiu maiorsignificância, a ponto de concordarcom a dispensa de novo procedi-mento formal de aprovação, promul-gando o texto do PCT sem reservaquanto a tal dispositivo.

A ausência de gravame tambémdecorre do fato de que, embora oexame preliminar forneça subsídiospara o examinador brasileiro, a Leide Propriedade Industrial determinaque cada pedido de patente seja sub-metido a um exame completo, tenhasido ou não submetido previamentea um exame internacional. Além dis-so, o examinador brasileiro continua-rá a contar com o resultado da buscainternacional, para auxiliar o examena fase nacional.

Expressiva doutrina admite quedeterminados acordos internacionaisprescindem de aprovação pelo Con-gresso Nacional. No dizer de Hilde-brando Accioly, “é freqüente a conclu-são de acordos internacionais semdependência de ratificação. (...) A dis-pensa da ratificação ocorre usualmen-te com relação aos (...) b) acordos cele-brados para cumprimento ou interpre-tação de tratados já ratificados (...)”4.No mesmo sentido posicionam-seCelso de Albuquerque Mello5, GuidoFernando Silva Soares, José FranciscoRezek, Antônio Augusto CançadoTrindade e Vicente Marotta Rangel,como assinala Nascimento Silva6.

Mesmo os doutrinadores queentendem que todos os tratados, con-

venções e atos internacionais assina-dos pelo Presidente da Repúblicademandam a aprovação do Congres-so Nacional reputam lícito que o tra-tado preveja sua alteração por ajustecomplementar que dispense novoprocesso constitucional de aprova-ção. Sobre o tema, Antônio Paulo Ca-chapuz de Medeiros7 ensina que:

“A Câmara dos Deputados e o Sena-do Federal firmaram entendimento de que,se o texto de um tratado prevê a possibili-dade de o mesmo ser revisado, modificadoou complementado por ajustes que terãovigência imediata, sem o cumprimento detodos os trâmites constitucionais, é preci-so inserir no decreto legislativo que apro-var o tratado um preceito explicitando queos referidos ajustem também devem passarpelo crivo do Congresso Nacional”.

Tendo em vista que tanto o Decre-to Legislativo n° 110 de 30 de novem-bro de 1977, que aprovou o texto dotratado, bem como o Decreto n°81.742 de 31.05.1978, que promulgouo PCT, não contiveram o referido pre-ceito explicitando que os ajustesdeveriam passar pelo crivo do Con-gresso Nacional, conclui-se que nãoexiste necessidade de referendo do Con-gresso Nacional e da repetição do trâmitede internação desses ajustes no tratado.

Finalmente, a urgência em revo-gar a ressalva feita quanto à aplica-ção da alteração do art. 22 se justificapelo fato de que a lista de países paraos quais a alteração não é aplicávelestá se reduzindo rapidamente8, detal modo que o Brasil tende a ficarisolado, sob o risco de passar a serdesconsiderado por depositantes quepreferem se valer do prazo de 30meses sem a necessidade de requerero exame internacional.

Dessa forma, a ABPI firma a pre-sente resolução para:

a) concluir pela desnecessidadede qualquer processo legislativo pa-ra referendar a alteração do prazo doartigo 22 do PCT de 20 para 30 me-ses; e portanto

b) recomendar a imediata revo-gação da notificação de ressalvaenviada à OMPI pelo Governo brasi-leiro, validando a referida alteraçãopara o Brasil e convalidando todosos atos praticados à luz dos novosprazos do PCT desde sua alteraçãopelas Partes Contratantes.

Resoluções da ABPI

Nº 44 • Agosto de 2003 Boletim da ABPI 9

4. Manual de Direito Internacional Público, págs.128/129, ed. Saraiva, 1978.

5. Curso de Direito Internacional Público, v. 1,págs. 112/113, ed. Freitas Bastos, 1970.

6. A Constituição Federal, o Supremo TribunalFederal e os Tratados Internacionais: Estudo

2. sobre o Direito dos Tratados e o Direito Cons-titucional Brasileiro, artigo publicado emwww.jusnavigandi.com.br.

7. O Poder de Celebrar Tratados: Competência dosPoderes Constituídos para a Celebração de Tra-tados, à luz do Direito Internacional, do Direito

2. Comparado e do Direito Constitucional Brasilei-ro, pág. 480, Sérgio Fabris editor, 1995.

8. Segundo informações recebidas, apenasBrasil, Noruega, África do Sul, Iugoslávia eCoréia do Sul ainda mantinham restriçõesem 3 de fevereiro de 2003.

Page 10: Boletim ABPI 44

Acolhendo a recomendação for-mulada pelas Comissões de Marcas ede Software e Informática, em 17 deagosto de 2003 a Assembléia Geral daABPI aprovou a presente Resolução:

Considerando que:a) o Projeto de Lei do Senado (PLS)

nº 234/2002 dispõe sobre as regraslegais que devem nortear a concessãode registros de nome de domínio;

b) tal Projeto já foi aprovado noSenado Federal e encaminhado àCâmara dos Deputados, onde en-contra-se em tramitação sob o nº PL256/2003;

c) o texto em questão está a me-recer aperfeiçoamentos,

a ABPI - Associação Brasileirade Propriedade Intelectual, apósanalisar o tema em suas Comissõesde Marcas e de Software e Informáti-ca, firma a presente resolução pararecomendar algumas alterações notexto do aludido Projeto de Lei, asaber:

Projeto de Lei do Senado nº 256,de 2003*

Dispõe sobre requisitos e condiçõespara o registro de nomes de domínio narede Internet no Brasil.

O Congresso Nacional decreta:Art. 1º Esta Lei estabelece requi-

sitos e condições para a realizaçãoconcessão de registro de nomes dedomínio da rede Internet no Brasil.

Art. 2º Para os fins desta Lei, consi-dera-se nome de domínio o conjuntode caracteres, que identifica um ende-reço na rede de computadores internet.

Art. 3º O registro de domínioserá concedido a qualquer pessoa fí-sica ou jurídica, de direito público ouprivado, atendidos os requisitosestabelecidos nesta Lei.

Parágrafo único. As pessoas físicasou jurídicas estrangeiras que nãotenham domicílio ou sede no Brasildeverão constituir procurador domi-ciliado no País, com poderes especí-ficos para representá-la administra-tiva e judicialmente, inclusive parareceber citação.

Art. 4º O registro de um nome dedomínio será concedido ao primeirointeressado que o requerer, atendidosos requisitos estabelecidos nesta Lei.

Art. 5º O órgão ou entidade res-ponsável pelo registro de nome dedomínio deverá fazer publicar, emsua página na Internet, semanal-mente, a lista dos nomes de domí-nio registrados no período.

§ 1º A publicação conterá, nomínimo, as seguintes informações:

I - nome do domínio;II - nome do titular;III - número da inscrição no

CNPJ ou CPF;IV - nome do procurador, quan-

do houver;V - data do registro.Art. 6º O órgão ou entidade res-

ponsável pelo registro de nome dedomínio fica obrigado a tornar dis-poníveis, a partir da data da publi-cação do registro, no mínimo, osseguintes dados:

I - nome do domínio;II - nome do titular;III - nome do responsável;IV - endereço físico do titular;V - telefone do titular;VI - endereço eletrônico do res-

ponsável;VII - data do registro.Parágrafo único. O titular do

nome de domínio fica obrigado amanter os dados acima atualizados.

Art. 5º 7º Constituem requisitosmínimos para o registro de nome dedomínio, dentre aqueles já existen-tes e outros que vierem a ser estabe-lecidos em regulamentação, obser-vados os dispositivos desta Lei:

I - a inexistência de registro pré-vio do mesmo nome no mesmo emigual domínio de primeiro nível;

II - a não configuração comonome não-registrável, nos termos doart. 6º 8º desta Lei;

III - a comprovação da titularida-de ou do legítimo interesse, nos casoselencados no art. 7º 9º desta Lei.

Art. 6º 8º São nomes não-regis-tráveis:

I - palavras ou expressões debaixo calão ou ofensivas à moral e aosbons costumes, à dignidade das pes-

soas, bem como as que incentivem ocrime ou a discriminação em funçãode origem, raça, sexo, cor ou credo;

II - palavras ou expressões decor-rentes de reprodução ou imitação, notodo ou em parte, ainda que comacréscimos, de nome de domínio járegistrado, ou das hipóteses previs-tas no art. 7º, capazes de induzir ter-ceiros em erro;

III - II - os nomes reservados emantidos com esta condição, peloque o órgão ou entidade responsávelpelo registro de nomes de domínio,por representarem conceitos pré-definidos na rede Internet conside-rarem prejudiciais à conveniência,segurança ou confiabilidade do tráfe-go de informações na rede Internet.

Art. 7º 9º Não poderão ser regis-trados, salvo pelo respectivo titularou com a autorização deste:

I - nome civil, nome de famíliaou patronímico;

II - nome artístico, singular oucoletivo, pseudônimo ou apelidonotoriamente conhecidos;

III - designação ou sigla de enti-dade ou órgão público, nacional ouinternacional;

IV - nomes de países isolada-mente;

V - denominação de unidade dafederação isoladamente;

VI - nome comercial e denomina-ção registrada de pessoa jurídicareprodução ou imitação de elemen-to característico ou diferenciador detítulo de estabelecimento ou nomede empresa de terceiros, suscetívelde causar confusão ou associaçãocom estes sinais distintivos;

VII - marcas registradas repro-dução ou imitação, no todo ou emparte, ainda que com acréscimo, demarca alheia registrada, suscetívelde causar confusão ou associaçãocom marca alheia;

VIII - nomes internacionais não-proprietários de fármacos e medica-mentos, assim reconhecidos pelaOrganização Mundial de Saúde;

IX- indicações de procedência edenominações de origem, tal comodefinidas nos arts. 177 e 178 da Lei nº9.279, de 14 de maio de 1996;

10 Boletim da ABPI Agosto de 2003 • Nº 44

Resoluções da ABPI

Resolução da ABPI nº 51Registro de Nome de Domínio - PLS 234/02 e PL 256/03

Encaminhada em 26 de agosto de 2003 aos deputados João Paulo Cunha, presidente da Câmara dosDeputados, Sandes Júnior, relator da Comissão de Ciência e Tecnologia, Comunicação e Informática - CCTCI,Luiz Eduardo Greenhalgh, presidente da Comissão de Constituição, Justiça e Redação - CCJR e Jairo Alfredo

Oliveira Carneiro, relator da Comissão de Economia, Indústria e Comércio - CEIC.

* As palavras em negrito são acréscimos sugeridose as riscadas supressões propostas pela ABPI.

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X - marcas notoriamente conhe-cidas, nos termos do art. 6 bis daConvenção da União de Paris (CUP,em vigor conforme texto promulga-do pelo Decreto nº 635, de 21 deagosto de 1992);

XI - marcas de alto renome (art.125 da Lei 9.279/96);

XII - títulos protegidos pelo di-reito autoral e que sejam suscetíveisde causar confusão ou associaçãocom a respectiva obra, salvo comconsentimento do autor ou titular.

Parágrafo único. Não serão regis-trados, ainda, nomes de domínio queimpliquem concorrência desleal.

Art. 8º 10 O registro de nome dedomínio será cancelado nas seguin-tes hipóteses:

I - renúncia expressa de seu titular;II - prescrição caducidade;III - nulidade do registro;IV - perda da condição de titular,

ou pessoa com o seu consentimen-to, ou legítimo interessado, nas hipó-teses do art. 7º 9º;

V - ordem judicial;§ 1º. Art. 11 Dar-se-á a prescrição

caducidade quando o nome dedomínio registrado permanecer porum ano sem uso regular.

Art. 12 É nulo o registro que forconcedido em desacordo com as dis-posições desta Lei. Dar-se-á, ainda, anulidade quando o nome de domí-nio for utilizado de forma irregular.

Parágrafo único. Para os finsdesta Lei, considera-se uso irregularde nome de domínio:

I) o uso de má-fé, que se verifi-ca em situações tais como:

a) registro ou aquisição donome de domínio com a finalidadede venda, aluguel ou transferênciado registro para o titular da marcaou um concorrente do mesmo;

b) registro do nome de domíniocom o fim de impedir que o titularda marca a utilize em um nome dedomínio próprio;

c) registro do nome de domíniocom a finalidade de prejudicar osnegócios de seu concorrente;

d) uso do nome de domínio coma intenção de atrair usuários daInternet para o sítio do titular donome de domínio, ou para outralocalidade on-line, criando confu-são ou associação com uma marca,em relação à origem, patrocínio, afi-liação, ou endosso do sítio do titulardo nome de domínio ou de um pro-duto ou serviço deste sítio.

II) uso em violação à Lei ounorma administrativa;

Art. 13 A nulidade do registroproduzirá efeitos a partir da data dorequerimento do registro do nomede domínio.

Art. 14 A nulidade do registroserá declarada administrativamentequando tiver sido concedido cominfringência do disposto nesta Lei.

Art. 15 O processo de nulidadepoderá ser instaurado de ofício peloórgão ou entidade responsável peloregistro ou mediante requerimento dequalquer pessoa com legítimo inte-resse, nos casos de descumprimentodas disposições desta Lei, especial-mente as contidas nos arts. 7º, 8º e 9º,no prazo de 6 (seis) meses, contados

da data da publicação do registro. § 1º O titular do nome de domí-

nio será intimado para se manifestarno prazo de 60 (sessenta) dias. Oórgão ou entidade responsável peloregistro de nome de domínio darápublicidade da data da intimação.

§ 2º Decorrido o prazo fixadono parágrafo anterior, mesmo quenão apresentada a manifestação, oprocesso será decidido pelo órgãoou entidade responsável pelo re-gistro, no prazo de 60 (sessentadias), encerrando-se a instânciaadministrativa.

§ 3º O órgão ou entidade respon-sável pelo registro de nome de domí-nio dará publicidade de sua decisão.

§ 2º. - A nulidade do registro pode-rá ser declarada de ofício pelo órgãoou pela entidade executora do registroe ainda argüida por qualquer interes-sado, nos casos de descumprimentodas disposições desta lei, especialmen-te as contidas nos arts. 5º, 6º e 7º.

§ 3º. - Nas hipóteses previstasnos incisos II, III e IV, do caput, ocancelamento do registro será prece-dido de notificação, ao respectivotitular, que terá trinta dias, a contardo recebimento, para regularizar asituação ou impugnar as razões quederam origem à notificação.

Art. 16 O órgão ou entidade res-ponsável pelo registro de nome dedomínio deverá adotar todas asmedidas necessárias para garantir aimplementação desta Lei no prazode 6 (seis) meses.

Art. 16 17 Esta Lei entra em vigorna data de sua publicação.

Resoluções da ABPI

Grupos de Trabalho

Nº 44 • Agosto de 2003 Boletim da ABPI 11

A ABPI criou três Grupos de Tra-balho no mês de agosto:

ISS (Lei Complementar 116/03)Coordenador: Gabriel Francisco

LeonardosMembros: Juliana L. B. Viegas,

Luiz Henrique do AmaralObjetivo: estudar, em conjunto

com a ABAPI, os dispositivos da LeiComplementar 116/03, que, ao regu-lar o Imposto sobre Serviços - ISS,afeta contratos e operações relativasa direitos de Propriedade Intelectual.

Adaptação do Estatuto da ABPI aonovo Código Civil

Coordenador: Manoel J. Pereirados Santos

Membros: Carlos Henrique de C.Fróes, Juliana L. B. Viegas, MauroArruda, Herlon Fontes e Luiz Henri-que do Amaral.

Objetivo: estudar e propor asmedidas que sejam necessárias paraadaptar o estatuto da ABPI às dispo-sições do novo Código Civil.

Nomes Comuns Brasileiros Registrados como Marcas no Exterior

Coordenadora: Juliana L. B. ViegasMembros: Pietro Ariboni, Anto-

nio Carlos Siqueira da Silva, Antô-nio Ricci, Eneida Berbare e KoneCesário.

Escopo: (i) o levantamento denomes de frutas, vegetais ou animaisda flora e fauna nativas brasileiras

que podem se prestar a serem usa-dos como marcas;

(ii) a busca efetiva de depósitosou registros de marcas no exterior,consistentes desses nomes da flora efauna brasileiras;

(iii) o levantamento de medidaslegais e diplomáticas cabíveis paracoibir esta prática e para efetivamen-te cancelar as marcas já registradas;

(iv) o preparo e envio de cartasde protesto (via INPI ou via MRE)para os institutos de registros noexterior, com vistas ao cancelamentodos registros já concedidos, e/oucom o propósito de alertar os institu-tos para que já de ofício neguem aconcessão de tais marcas.

Criados novos Grupos de Trabalho

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12 Boletim da ABPI Agosto de 2003 • Nº 44

Notas

Na comemoração dos 40 anos, foram homenageadosos fundadores Carlos Henrique de C. Fróes, Custódio deAlmeida, Fernando G. Gnocchi, Gert Egon Dannemann,José Sabino Maciel Monteiro de Oliveira, Kleber AvilaPereira, Luiz Leonardos, Manoel Pestana da Silva Netto,Mauricio Libanio Villela, Paulo Roberto Arroxellas, PeterDirk Siemsen e Waldemar Alvaro Pinheiro, com placacomemorativa da data. Durante o jantar de confraterni-zação no dia 17 de agosto no Hotel Transamérica, as pla-cas foram entregues pelo presidente, José Antonio B. L.Faria Correa aos fundadores presentes: Carlos Henriquede C. Fróes, Luiz Leonardos, Manoel Pestana da SilvaNetto, Peter Dirk Siemsen e Custódio de Almeida.

Informativo mensal dirigido aos associados da ABPI.

Visite a versão on-line deste Boletim no sítio da Associação.

ABPI - Associação Brasileira da Propriedade Intelectual - Av. Rio Branco, 277 - 5º andar -Conj. 506 - Centro - Cep 20047-900 - Rio de Janeiro - RJ - Brasil - Tel.: 21 2532-5655 - Fax.: 21 2532-5866 - Web Site: http://www.abpi.org.br - E-mail: [email protected]

Comitê Executivo: José Antonio B. L. Faria Correa - Presidente; Gustavo StarlingLeonardos - 1º Vice-Presidente; Ricardo P. Vieira de Mello - 2º Vice-Presidente; Sonia MariaD’Elboux - 3º Vice-Presidente; Adriana R. Albanez - 4º Vice-Presidente; Lélio DenicoliSchmidt - Diretor Relator; Lilian de Melo Silveira - Diretora Editora; Manoel J. Pereira dosSantos - Diretor Secretário; Herlon Monteiro Fontes - Diretor Tesoureiro.Conselho Editorial: Gabriel F. Leonardos, Ivan B. Ahlert, José Roberto d’AffonsecaGusmão, Juliana L. B. Viegas e Manoel J. Pereira dos Santos.Boletim da ABPI: Editora - Lilian de Melo Silveira; Jornalista Responsável - João Yuasa (MTb:8.492); Produção Gráfica - PW Gráficos e Editores Associados Ltda; Fotos - Wladimir Wong eCarlos Gueller; Revisão - Mauro Feliciano; Impressão e Acabamento - Bureau Bandeirante.

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ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DA PROPRIEDADE INTELECTUAL

Boletim da

ABPI homenageia fundadores

Carlos Henrique de C. Fróes Luiz Leonardos

Manoel Pestana da Silva Netto

Peter Dirk Siemsen

Custódio de Almeida