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Ano III - Nº 36 - Março de 2015 Por Brigitte Louchez / Lìdia Rodrigues Associação Barraca da Amizade / Coordenação Campanha ANA No Brasil, o aborto é considerado crime contra a vida humana, com pena de um a quatro anos de prisão, em casos com o consentimento da mulher, e de três a dez anos para quem o fizer sem seu consentimento. Não é crime somente em três situações: se a gravidez traz risco de vida para a mulher, se for resultante de um estupro ou se o feto for anencefálico. Nesses casos, o aborto é legal e pode ser feito pelo SUS. Apesar dos princípios religiosos e culturais existentes no país, o abortamento clandestino e inseguro acontece diariamente e é um problema de saúde pública que impacta milhares de mulheres, sobretudo as jovens e pobres. Estima-se 1,4 milhões de abortos clandestinos no Brasil, correspondendo a 31% das gestações de mulheres de 15 a 49 anos. A curetagem pós- abortamento é o segundo procedimento obstétrico mais realizado nas unidades de internação da rede pública de saúde. Entre 2010 e 2011 foram realizados 45.342 procedimentos de curetagens em mulheres abaixo de 19 anos. Os métodos para realizar abortos ilegais geram quadros infecciosos e hemorrágicos graves, causando de 10% a 15% dos óbitos maternos no Brasil. Na Europa, onde abortar não é crime e há assistência as mulheres que abortam, a média de aborto a cada 1000 gestações é menor que 10; na América Latina, onde a maioria dos países criminalizam a prática, a média é de 37 abortos a cada 1000 gestações. Há uma forte incidência religiosa que argumenta que o aborto deve permanecer criminalizado, e, compreendendo que a vida inicia no momento da fecundação, incidem para a redução do direito ao aborto, mesmo nas situações já autorizadas por lei. Com tudo isso, podemos afirmar: Há necessidade de fortalecer medidas de contracepção já previstas nas políticas de saúde e consideradas um direito constitucional. Porém, sabendo essas políticas ainda são deficitárias, que nenhum método contraceptivo é 100% seguro, e que o Brasil é um Estado laico, precisamos sim falar sobre o aborto! 1 da ANA da ANA Imagem retirada da internet Por que precisamos falar sobre o aborto?

Boletim ana edição nº 36 dia internacional da mulher

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Dia, Internacional da Mulher. Aborto,

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Por Brigitte Louchez / Lìdia RodriguesAssociação Barraca da Amizade / Coordenação Campanha ANA

No Brasil, o aborto é considerado crime contra a vida humana, com pena de um a quatro anos de prisão, em casos com o consentimento da mulher, e de três a dez anos para q u e m o f i z e r s e m s e u consentimento. Não é crime somente em três situações: se a

gravidez traz risco de vida para a mulher, se for resultante de um estupro ou se o feto for anencefálico. Nesses casos, o aborto é legal e pode s e r f e i t o p e l o S U S .

Apesar dos princípios religiosos e culturais existentes no país, o abortamento clandestino e inseguro acontece diariamente e é um problema de saúde pública que impacta milhares de mulheres, sobretudo as jovens e pobres.

Estima-se 1,4 milhões de abortos c l a n d e s t i n o s n o B r a s i l , cor respondendo a 31% das gestações de mulheres de 15 a 49 a n o s . A c u r e t a g e m p ó s -a b o r t a m e n t o é o s e g u n d o procedimento obstétrico mais r ea l i zado nas un i dades de internação da rede pública de saúde. Entre 2010 e 2011 foram realizados 45.342 procedimentos de curetagens em mulheres abaixo de 19 anos. Os métodos para realizar abortos ilegais geram quadros infecciosos e hemorrágicos graves, causando de 10% a 15% dos óbitos maternos no Brasil. Na Europa, onde abortar não é crime e há assistência as mulheres que abortam, a média de aborto a cada 1000 gestações é menor que 10; na América Latina, onde a maioria dos países criminalizam a prática, a média é de 37 abortos a cada 1000 gestações.

Há uma forte incidência religiosa que argumenta que o aborto deve permanecer criminalizado, e, compreendendo que a vida inicia no momento da fecundação, incidem para a redução do direito ao aborto, mesmo nas situações já autorizadas por lei.

Com tudo isso, podemos afirmar: Há necessidade de fortalecer medidas de contracepção já previstas nas políticas de saúde e c o n s i d e r a d a s u m d i r e i t o constitucional. Porém, sabendo essas políticas ainda são deficitárias, que nenhum método contraceptivo é 100% seguro, e que o Brasil é um Estado laico, precisamos sim falar sobre o aborto!

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Por que precisamos falar sobre o aborto?

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Conhecendo a Rede

Fórum de Mulheres São movimentos feminis tas , que geralmente se organizam em âmbito estadual. Em alguns Estados existem esses e outros espaços de imensa importância para a luta e para a auto organização das mulheres. Os Fóruns reúnem mulheres de organizações não governamentais, entre elas, ONG's, associações, coletivos feministas, sindicatos, partidos políticos entre outras, bem como mulheres que não possuem vínculos institucionais. A ideia é que as mulheres sejam sujeitos e construam estratégias de visibilidade, incidência nas políticas, mobilização, etc. em prol das pautas feministas.

GiroDE NOTÍCIAS

Vocês estão acompanhando as discussões em torno da descriminalização do aborto? É bom dar uma olhada, tem muita gente dando sua opinião. Descriminalização é fazer com que algo não seja mais crime. No caso do Brasil, o aborto só é permitido em 3 situações (vejam o artigo principal), mas tramita um Projeto de Lei (n. 1135/91) que tira o aborto do Código Penal e o permite até a 12ª semana de gestação, já que nesse período o embrião ainda não tem funções nervosas. O que você acha disso? Lembre que ser a favor da descriminalização não quer dizer que você é a favor do aborto. Vamos lutar pela vida, e pela vida da mulheres.

Fique por

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DENTRO

1º Encontro Nacional de Homens Trans

Aconteceu entre os dias 20 a 23 de fevereiro na USP, em São Paulo, o 1º Encontro Nacional de Homens Trans, organizado por homens trans, do IBRAT - Instituto Brasileiro de Transmasculinidades, com o tema "Da Invisibilidade à Luta". Na programação tiveram oficinas, mesas e debates abordando as questões de gênero e sexualidade, a história de homens trans no Brasil e o fortalecimento do movimento, da identidade política e da visibilidade, além de lançamentos de livros, cine debates, shows e performances.

“Não queremos mudar apenas os corpos”, disse um dos militantes.

Participaram do encontro homens trans referência para o movimento, como o escritor João Nery, o ator Leo Moreira Sá, o cantor Erick Barbi, o ex-presidente da Parada de São Paulo Alexandre Peixe, o militante e filósofo argentino Mauro Cabral, dentre outros. A identidade visual do encontro foi elaborada pela cartunista Laerte Coutinho, que criou o personagem “Estênio”, inspirado em João Nery, o primeiro a ser operado no Brasil ainda na ditadura militar. Em levantamento voluntário do escritor João Nery, realizado com homens trans por meio do Facebook foram identificados 893 HOMENS TRANS NO BRASIL, porém, nem todo homem trans usa a rede social ou se declara homem trans.

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Envie suas fotos para o Boletim da Campanha ANA

Para enviar as fotos é simples. Basta marcar a Campanha ANA nas suas fotos com a frase #ANA_INSTAGRAM com uma pequena legenda que iremos publicar em nossas redes e no Boletim mensal da campanha.

Para seguir o perfil da ANA Acesse: http://instagram.com/anamovimento

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InstagramdaANA

Gente!

Estão abertas, até 21 de Março, as inscrições

de adolescentes que queiram participar da formação

da Campanha ANA. A formação, realizada em parceria

com o CONANDA e a Secretaria de Direitos Humanos da

Presidência da República (SDH/PR), tratará dos direitos

sexuais, das violências sexuais e web ativismo. A formação

será para 40 adolescentes de todo o Brasil, considerando as

diversidades regionais e identitárias. Participe da

seleção você também!

Mais informações acesse meu blog.

Bloco das Bruxas - Coletivo

Mulher Vida - PE

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Fica aFilmes

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dica

Persépolis é um filme de animação francesa e conta a vida de Marjane Satrapi (Gabrielle Lopes) uma garota iraniana de 8 anos, que sonha em se tornar uma profetisa para poder salvar o mundo. Querida pelos pais e adorada p e l a a v ó , M a r j a n e a c o m p a n h a o s acontecimentos que levam à queda do xá em seu país, juntamente com seu regime brutal. Tem início a nova República Islâmica, que controla como as pessoas devem se vestir e agir. Isto faz com que Mar jane seja obrigada a usar véu, o que a incentiva a se tornar uma revolucionária.Você pode assistir ao filme no youtubehttps://www.youtube.com/watch?v=OuGwQVyi5-E

Lançado há quase trinta anos atrás, o filme “A COR P U É R P E R A” a i n d a arranca grandes emoções em quem assiste. O filme traz a história de Celie (Whoopi Goldberg), uma jovem com apenas 14 anos que foi violentada pelo pai e se torna mãe de duas crianças. Além de perder a capacidade de gerar, Celie imediatamente é separada dos filhos e da única pessoa no mundo que a ama, sua irmã, e é doada a "Mister" (Danny Glover), que a trata simultaneamente como escrava e companheira.

Livros

PIVETIM de Décio Teobaldo

Neste livro, um menino de rua relata suas estratégias de sobrevivência na cidade do Rio de Janeiro. Ao sabor da memória, vão se revelando, num contexto de absoluto desamparo social, os vínculos que ele estabelece e as dificuldades que encontra na passagem à vida adulta. Em estilo rápido e sincopado, o texto incorpora gírias e o modo de falar dos desvalidos; retrata a vida na selva urbana em confronto com a ingenuidade e inocência próprias da infância.

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