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1 ba BOLETIM ARQUITECTOS / ABRIL 2012 / ANO XX R226

Boletim Arquitectos #226

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O BA - Boletim Arquitectos - é o órgão oficial de imprensa escrita da Ordem. Procura informar e divulgar temas, iniciativas e actividades nacionais e regionais da OA. Foi fundado pela AAP em Abril de 1993. De acordo com o seu Estatuto, o director do BA é o Presidente da OA. O actual director-adjunto é o Arqº Paulo Serôdio Lopes.

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baBOLETIM ARQUITECTOS / ABRIL 2012 / ANO XX

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a) Que objectivos colocou a si próprio en-quanto editor do boletim Arquitectos?Para a !.ª série do boletim foram fixadosobjectivos que se referiam também a umarestruturação das funções e perfil editorialdo "#: as duas publicações seriam ambascentradas nas questões da prática profis-sional, sendo que o boletim o faria numaóptica associativa, veiculando a acção daAssociação profissional, e o "# o farianuma óptica profissional, veiculando pro-blemas e experiências da prática da profis-são, com destaque para aquelas que têmmaior necessidade de apoio, por exemploas que estão mais afastadas dos centros dedivulgação, as que correspondam a práti-cas profissionais mais difíceis ou as queem outras publicações têm menor oportu-nidade ou acolhimento.b) Que aspectos destacaria como os “mais conseguidos” e como os “menos conseguidos”?Os objectivos definidos para o papel do bo-letim foram os ligados à ideia de que eranecessário criar laços mais fortes na parti-cipação dos associados na vida associativa(então seríamos uns $ mil ?) – que se mani-festava no boletim na oferta de alguns ser-viços informativos (desde divulgaçãodocumental, de legislação, a referênciastécnicas) e ser uma voz da política associa-

Ba

tiva – facto mais notório na condução doprocesso lançado de discussão das opçõesestatutárias sobre as funções e atribuiçõesde regulação da profissão, que conduziramà transformação em Ordem dos Arquitec-tos com uma excelente participação dosassociados nas decisões e na resistência àdiminuição da sua autonomia. c) Como imaginaria hoje o seu ba ideal?Esta é a questão mais difícil, que nos levaa questionar a natureza, intensidade emeios pelos quais se pode afirmar a ligaçãoentre os arquitectos e o seu organismo as-sociativo. A constatação de que hoje é raroassistirmos a qualquer expressão desse espírito de corpo e mais frequente é a per-cepção da Ordem como mais uma institui-ção à qual temos de sujeitar a nossa acção,leva a considerar, de novo, que um órgãode informação tenha de cumprir, em pri-meiro lugar, o papel dum elo, e de umavoz, que continua a faltar aos profissionaisda Arquitectura em Portugal.

Pedro Brandão——a) Que objectivos colocou a si próprio enquanto editor do boletim Arquitectos?Implementar um caminho mais curtoentre a ##% e os Arquitectos, com notíciasconcisas, sintéticas e claras, abrangendo o maior leque possível de assuntos e inte-resses dos associados, tornando oficial e público o trabalho desenvolvido pela Associação.b) Que aspectos destacaria como os “mais conseguidos” e como os “menos conseguidos”?Dos mais bem conseguidos, sem dúvida aclareza e rapidez como a informação che-gava aos associados. Dos menos bem con-seguidos, talvez a imagem e a qualidade do papel, já que os recursos tecnológicos e económicos eram os da época.

Ano XX de publicaçãoO boletim, que começou por denominar-se “Arquitectos informação” (Ai!), entra no seu !".ºano de publicação continuada. À laia de um pequeno balanço e para cuidar desta memóriaforam convocados sucessivos editores para partilhar a sua reflexão com os leitores.

dir.Brandão, Pedroed.Matias, Isabel (CDN)Rapagão, João Paulo(CDRN)Hipólito, Fernando (CDRS)Lisboa: AAP-CDN1993-1995

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Como imaginaria hoje o seu ba ideal?O meu ba ideal seria claramente direccio-nado para as questões profissionais práti-cas, muitas delas já tão antigas e aindapor resolver. As questões culturais, quenos últimos anos têm superado as ques-tões profissionais, deveriam ter um localpróprio (tipo página de Facebook com in-formações sobre conferências, exposições,prémios, etc., a cores e com muitas ima-gens). O boletim deveria ser totalmentevocacionado para as todas as questões dointeresse profissional dos arquitectos,sejam elas da prática do projecto, do en-sino secundário ou superior, da função pú-blica, ou de qualquer outra actividade queos cerca de &'.''' sócios exercem.

Fernando Hipólito

Quando assumi responsabilidades na ges-tão do ba, acho que ainda no século passado,tive um sonho: fazer dele um desdobrávelvolante, de liberdade criativa dos arquitec-tos que com tantos constrangimentos têmque lidar para a poder usufruir. Recordouma frase que quis publicar (e que a saudosaOlga – a nossa primeira Presidente do ()*– reprimiu) : “Dois perigos ameaçam omundo, a Ordem e a Desordem.” de PaulValéry, que tanto estimava a Arquitectura.

Mas pondo os pés no chão, donde nãodevem sair, e ignorando a dificuldade levan-tada pelo desconhecimento que confesso daactual configuração do boletim, imagino-ohoje com uma sombra interactiva (sei lá...no !", como um grupo fechado, de e dos ar-quitectos), em termos de suporte.

Nos conteúdos, explorando, expondo edivulgando a vida cultural da Ordem, asactividades mais inovadoras dos jovens ar-quitectos (como por exemplo o “Arrebitaro Porto”), fazendo o link com os arquitec-tos que emigram para não abandonar aprofissão. Estando o país exangue, ga-nham ainda mais pertinência as interfacesprofissionais que são encetadas pelosnovos arquitectos, como o design e outras.

Não posso (acho que ninguém pode)estar optimista quando constato, num al-moço de curso, que se calhar oitenta ounoventa por cento dos meus colegas seviram obrigados a abandonar a práctica eque, sabendo-se a importância que a ar-quitectura e o desenho da cidade têm parao viver (bem) em sociedade, o país conti-nue cada vez mais feio e desarrumado comos arquitectos forçados a ter os braçoscruzados. Desculpem o desabafo.

Ricardo Martinho Gaspar

a) Que objectivos colocou a si próprio enquanto editor do boletim Arquitectos?Apesar de o mandato que integrei (!+++--&''!), por ter sido o primeiro da Ordem –seguindo-se à Associação dos Arquitectos– ter implicado algumas mudanças estatu-tárias e de funcionamento, os objectivosque se colocavam ao boletim eram equiva-lentes aos que se punham antes.

Prosseguir sem sobressaltos e melhorara função do boletim era, portanto, a tarefacomummente entendida pelos que partici-pavam na sua edição (()*, (),* - (),.).

A meu ver, importava, acima de tudo,

dir.Quintanilha, Olgaed.Mestre, Victor; Gaspar, Ricardo Martinho e Queiroz,Manuel (CDN)Costa, Jorge da (CDRN)Gomes, Cândido ChuvaGomes (CDRS)Lisboa: AAP-CDN1996-1998

dir.Quintanilha, Olgaed.Raposo, Manuel (CDN)Costa, Jorge da (CDRN)Castel-Branco, António(CDRS)Lisboa: OA-CDN1999-2001

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dar conta aos membros da Ordem da acti-vidade interna dos órgãos dirigentes. Con-tinuo a pensar que uma prestação decontas permanente, através de um boletimou de outro meio qualquer, é uma obriga-ção de quem foi eleito – que não se esgotanas assembleias-gerais, tendencialmenteformais e rotineiras.

A mudança mais significativa consistiuna criação de um apêndice com informaçãotécnica dirigida a arquitectos (chamado /-.– materiais, equipamentos e serviços) naforma de fichas coleccionáveis pagas pelosanunciantes. Para além da informação útilque prestava, foi uma fonte de receitas paraa Ordem, então a braços com um elevadodéfice. Parece-me que foi uma boa aposta –não só na altura, mas também a avaliar pelo facto de se ter mantido até hoje.b) Que aspectos destacaria como os “mais conseguidos” e como os “menos conseguidos”?Infelizmente, o mais conseguido fica-se pelafraca proeza de ter mantido a edição do bo-letim sem quebras. E isto porque o “menosconseguido” sobrelevou. Isto é, o propósitode informar regularmente os membrossobre o que faziam os dirigentes esbarravapermanentemente com a ausência de maté-ria ou com a relutância em produzi-la oucom atrasos sistemáticos. Creio que isto ra-dica no facto de o formalismo e a rotina dofuncionamento dos órgãos eleitos pôr delado qualquer propósito (admitindo que eleexista à partida) de informação substanciale de prestação de contas regular.

Um outro problema (hoje mais agravado)é este: o que significa a Ordem, e portantoos seus meios de informação, para os mi-lhares de arquitectos desempregados,semi-empregados ou assalariados – na ad-ministração central, nas autarquias, no en-sino, ou em ateliês privados – que nuncavirão a ser profissionais por conta própria?Quem os defende enquanto assalariados?c) Como imaginaria hoje o seu ba ideal?As questões acima afloradas julgo seremas de fundo para lograr um qualquer ba,não digo ideal, mas eficaz.

Tirando isso, parece-me que a Ordem

continua sem uma política editorial clara.Não vejo vantagem na existência de doisórgãos como são agora o boletim e o "#.

Faz falta uma boa revista de arquitec-tura. E a Ordem estaria em posição privi-legiada para a produzir, se reunisse umcolectivo editorial com essa missão – comligações, por exemplo, aos grupos de estu-dos das faculdades.

Quanto ao boletim, acho que o tempo dopapel já passou. Um boletim electrónico (a que pode continuar associada a informa-ção técnica) serve melhor as necessidadesde hoje, quando toda a gente consulta dia-riamente a Internet e arquiva digitalmenteo que quiser.

Manuel Raposo

a) Que objectivos colocou a si próprio enquanto editor do boletim Arquitectos?Assumi a edição do boletim no início deum mandato que marcou uma profundamudança na Ordem, tanto na sua relaçãocom a sociedade civil e poder político,como na sua relação com as outras organi-zações profissionais, como na sua relaçãocom os membros, como na sua relaçãoentre os vários órgãos sociais, nomeada-mente entre a direcção nacional e as sec-ções regionais.

Em coerência, três objectivos para o bo-letim: !) contribuir activamente para a re-vogação do 01/01 (as folhas para recolhade assinaturas foram distribuídas com oboletim, que lhe dedicou três capas e su-cessivos editoriais e artigos de opinião); &) fomentar o debate entre colegas, e criar

Ba

dir.Roseta, Helenaed.Gouveia, Pedro Homem de e Afonso, João (CDN)Tavares, André (CDRN)Godinho, Sara (CDRS)Lisboa: OA-CDN 2002-2004

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um espaço para a crítica à Ordem (únicacondição: não ser anónima), abrindo as pá-ginas da opinião a colegas que não faziamparte dos órgãos sociais; 1) fomentar a colaboração (e a confiança mútua) entre a direcção nacional e as regionais.b) Que aspectos destacaria como os “mais conseguidos” e como os “menos conseguidos”?!.º mais conseguido: a dinamização doabaixo-assinado pela revogação do 01/01.Alguns editoriais, sendo peças honestas,eram também excelentes peças de propa-ganda… ainda hoje, quando calha ler algumdá-me logo vontade de ir assinar algumacoisa, é um perigo se me põem um livro de cheques à frente…

&.º mais conseguido: reestruturação, comintrodução de cores e requalificação do es-paço publicitário, com um suplemento pró-prio, para arquivo.

Menos conseguido: articulação com oJornal Arquitectos, que foi zero.c) Como imaginaria hoje o seu ba ideal?Feito mensalmente pela Cristina Menezes,a Sara Godinho e o André Tavares.

Pedro Homem de Gouveia——a) Que objectivos colocou a si próprio enquanto editor do boletim Arquitectos?A mim próprio? Creio que será mais inte-ressante responder qual a expectativa quetinha para o ba quando, entre &''& e &''$,colaborei na sua edição.

Nessa época estava também em cursouma reestruturação bastante complexa dapágina net da 2# (ou das páginas net!).Como membro da direcção da .,* o objec-tivo que me competia alcançar era claro:construir uma base sólida para a páginanet que fosse capaz de evoluir à medidadas transformações tecnológicas e de fun-cionamento da 2# que se adivinhavam.

Havia um déficit brutal de acesso atem-pado à informação, déficit que o ba tinhacolmatado de maneira exemplar nos seusprimeiros anos de edições e que, naquelemomento, se começava a perder. Essaperda, na minha opinião, era devida aofacto de as informações mais relevantes e

imediatas estarem a circular de modo maiseficaz através de emails e informações on-line. Nesse momento acreditou-se que o bapoderia balançar-se na circulação de infor-mação (relativa às questões profissionais ede funcionamento da instituição) segundoduas direcções: dos órgãos directivos paraos membros da 2#, entre membros da 2#.

Mas rapidamente o foco de preocupaçõeseditoriais centrou-se mais na forma emenos no conteúdo. Pela minha experiên-cia creio que essa focagem se ficou a deverà falta de conteúdo. E o conteudo faltavaquer por ausência de alimento do lado dequem trabalhava nos órgãos directivos. Nãopor ausência de trabalho mas por desinte-resse, distração ou falta de condições paraproduzir de conteúdos de comunicação in-terna, privilegiando claramente a produçãode comunicação externa (foram os anos dainiciativa popular para a revogação do01/01, com um claro saldo positivo de pro-dução de conteúdos e comunicação com osfamigerados “não arquitectos”).

Por isso o ba ficou mais bonito (chegoua ser terrivelmente feio), embora nãotenha conseguido congregar conteúdosque garantissem a sua relevância. Duranteesses anos pareceu que a justificação paraa edição era o balanço financeiro positivo,graças ao envio postal de publicidade sobforma económica de correio editorial.b) Que aspectos destacaria como os “mais conseguidos” e como os “menos conseguidos”?O aspecto mais conseguido do ba, até pas-sar apenas a formato digital, era o sentidode registo e arquivo: um documento degrande relevo histórico. O aspecto menosconseguido foi o nunca ter sido capaz demobilizar os órgãos directivos e os mem-bros a participarem num sistema abertode comunicação e expressão de ideias.Uma consequência visível dessa ausênciade comunicação (porque ideias e activida-des todos temos, apesar de não as comuni-carmos) é a escassísima participaçãoeleitoral dos membros da 2# nos seusactos eleitorais. Creio que o aspectomenos conseguido do ba é não ser capaz

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de garantir instrumentos para legitimar aactuação dos órgãos directivos da 2# que,no silêncio que se instalou, agem na som-bra de uma informação que não circula.c) Como imaginaria hoje o seu ba ideal?Impresso, de modo a que não existisse ape-nas hoje, e capaz de consolidar dinâmicasefectivas de comunicação entre os membrosda 2# e os seus órgãos directivos, infor-mando sobre as actividades e posições quea 2# toma nas diferentes frentes de traba-lho em que se envolve e recolhendo as reacções dos membros a essa actividade.André Tavares

a) Que objectivos colocou a si próprio enquanto editor do boletim Arquitectos?Em primeiro lugar dar continuidade a umapolítica editorial aprovada pela direcção a que pertenci, cujo impulsionador haviasido o Arq. Pedro Homem de Gouveia masque por motivos profissionais foi para o es-trangeiro e não lhe pôde dar continuidade,mas que em traços largos, eu caracterizariapor informar os arquitectos da actividadeda sua organização profissional, divulgaçãoactualizada da actividade e debate profis-sional, promover o debate entre os arqui-tectos. A estes associei uma vontade deactualização da imagem e de regularidade;b) Que aspectos destacaria como os “mais conseguidos” e como os “menos conseguidos”?“Mais conseguido” terá sido a informaçãoaos arquitectos da actividade da Ordem;“menos conseguido” ser um veículo de de-bate onde os membros participariam coma sua própria opinião;

c) Como imaginaria hoje o seu ba ideal?O meu ba ideal continua o mesmo, um órgãode informação aberto que chegue a todos os arquitectos, independentemente do seuestatuto ou condição, constituindo um es-teio de ligação entre eles. Uma identidadecomum, um investimento no colectivo.

João Afonso

a) Que objectivos colocou a si próprio en-quanto editor do boletim Arquitectos?A minha responsabilidade enquanto edi-tor coincidiu com a fase final do anteriorboletim Arquitectos e com o início da im-plementação de um novo formato, o do bareformulado. A constatação (colectiva) deque havia um desajustamento entre ospropósitos originais (e ideais) do boletim e o formato vigente – nomeadamente por-que os conteúdos extravasavam a funçãoeminentemente informativa (institucionale prática) que se entendia dever ser a deum boletim – levou a ponderar a necessi-dade de proceder a uma tal reformulação.Assim, pretendeu-se retornar a um for-mato básico, assente numa simplificação

dir.Roseta, Helenaed.Afonso, João e Milharadas, Pedro(CDN)Braga, João Miguel (CDRN)Ribeiro, João Costa (CDRS)Lisboa: OA-CDN2005-2007

mente renovado, com nova ambição dedistribuição e de proximidade, apresen-tando-se em versão bilingue, incluindoversão digital em website próprio(www.jornalarquitectos.pt), garantindomelhor sustentabilidade financeira e adop-tando formato também mais ecológico. Foi recentemente implementada umaNewsletter nacional de adesão voluntária,ainda em fase de experimentação, mas jácom mais de ! """ subscritores, procu-rando melhor divulgação das iniciativas da #$ junto dos membros. De igual modo,a Ordem abriu recentemente página noFacebook, também em fase de experimen-tação, mas cujo sucesso se mede pelo extraordinário aumento do número deaderentes e amigos, mais de % """. E, porfim, a própria Exposição Habitar Portugal!""#-"$, para além de organizada emnovos moldes, inclui agora website próprioe permanente (www.habitarportugal.com).

Com a melhoria, aprofundamento e sim-plificação da estrutura e dos suportes decomunicação da #$ pretendeu-se racionali-zar a respectiva organização, optimizar ainformação e a divulgação de conteúdos,acções e iniciativas junto dos membros, eprocurar maior proximidade e reciproci-dade mútuas. Sendo verdade que há aindacaminho a percorrer, todos os indicadoresdisponíveis permitem afirmar que esta foiclaramente uma aposta ganha. Creio que o novo %&/Boletim Arquitectos confirmaráesta forte receptividade e adesão dosmembros da #$.

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baBOLETIM ARQUITECTOS / AGOSTO–SETEMBRO 2010 / ANO XVII

R211/212

Editorial João Belo RodeiaPresidente da Ordem dos Arquitectos

Caras arquitectase caros arquitectos,

Com este primeiro número do novo %&/Boletim Arquitectos conclui-se a renovaçãode todos os suportes de comunicação na-cional da Ordem dos Arquitectos.

O %& tem agora novo formato, porventuramais amigo do leitor. E, com a respectiva reorganização editorial, pretende-se maisapropriado à natureza e finalidade de um boletim, centrando-o na informação e di vul -gação das actividades da #$. De igual modo,optimiza custos e recursos, tornando-o maisrealista em função dos meios disponíveis. E obriga-se também a um formato ecologi-camente responsável, dispensando mais de&"" """ sacos de plástico anuais na respec-tiva distribuição junto dos membros.

Ao fim de &' meses, cumpre-se assim o compromisso de melhorar, aprofundar e simplificar a estrutura e os suportes decomunicação da #$. A Ordem, criada em(''%, tem finalmente implementada umanova imagem corporativa que inclui novologótipo, fruto de concurso público em colaboração com o Centro Português deDesign. O website nacional (www.arquitec-tos.pt), mantendo a mesma plataforma, foi profundamente reformulado e reorga-nizado nos respectivos conteúdos, com au-mento significativo de visitantes, o mesmosucedendo com os websites das secções regionais. O '&/Jornal Arquitectos, man-tendo o alto padrão de qualidade exigívelà revista da #$, foi objecto de concursopúblico para a respectiva direcção e total-

dir.Rodeia, João Beloed.Cortesão (Monteiro), Pedro (CDN)Guerreiro, Filipa (CDRN)Ribeiro, João Costa e Bonaccorso, Nadir (CDRS)Lisboa: OA-CDN2008-2010

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de conteúdos – passando estes a ser estri-tamente informativos – e, concomitante-mente, numa racionalização do suporte,tornando o ba um objecto mais prático,mais barato e mais ecológico.

Complementarmente, e acompanhandoa mudança de formato, também o “Desta-que” – que corresponde fundamental-mente a propósitos comerciais e não adeterminações editoriais – foi reformu-lado, procurando garantir que através daintrodução de um sistema de classificaçãoe uma nova lógica de arquivo, se tornavanum veículo efectivamente útil.b) Que aspectos destacaria como os “mais conseguidos” e como os “menos conseguidos”?Se a reformulação editorial e do suporteatingiu os propósitos definidos, outros ob-jectivos ficaram por cumprir. A redução esimplificação dos conteúdos não foi sufi-ciente para garantir mais e mais atempa-das contribuições dos membros eleitos,com consequência em atrasos de produçãoe distribuição do ba – precisamente algoque se pretendia evitar.c) Como imaginaria hoje o seu ba ideal?Será um lugar-comum, mas o ba ideal seráaquele que consiga chegar eficazmente aosmembros e outros destinatários. Até agoratem-se entendido que para cumprir plena-mente a sua função, o ba deveria continuara ser distribuído num formato físico, empapel. Porém os custos associados à im-pressão e distribuição, e o seu menor ime-diatismo – em concorrência com outrosmeios instantâneos – deverão implicaruma adaptação do ba a novos processos dedistribuição. A existência simultânea deum ba de carácter regular, com outrosmeios (newsletters, Facebook, etc.) deveráimplicar obrigatoriamente um ba que con-siga chegar eficazmente ao maior númerode membros, sem perder, pelo caminho,alguns leitores fiéis, compreensivelmentemenos disponíveis para estes novos meiosem constante mutação. O formato que esteba deve ter, confio que os actuais editoreso saberão encontrar.

Pedro Cortesão Monteiro

Têm sido diversas as propostas de refor-mulação e de aproximação aos membrosdo boletim Arquitectos (ba). A propósitodo seu &'.º aniversário de publicação pediu-se, a &+ de Fevereiro, na [mais] e nos web-sites da Ordem dos Arquitectos, que nosdesse o seu contributo por forma a melhorcomunicar com o nosso público.

Em seis simples passos, durante cercade um mês, os $3$ participantes que constituiram o universo de resposta ao inquérito, que queremos agradecer parti-cularmente, deram o seu contributo e esta-mos aptos a dar conta do que querem parao boletim e como o querem.

Definiram-se, conjuntamente com asSecções Regionais, cinco questões de esco-lha múltipla e uma resposta final de âm-bito ‘aberto’:

! – Conhece o Boletim Arquitectos ?& – Alteraria o actual 4# ?1 – Que temas gostaria de ver abordados ?$ – Como gostaria de ler o Boletim $ – Arquitectos ?3 – O 4# deve estar aberto às participações$ – dos membros ?$ – e, finalmente,5 – Como seria o seu Boletim Arquitectos $ – ideal ?

> A esmagadora maioria que respondeuao inquérito (+$%) afirmou conhecer o bo-letim Arquitectos;> Quatro quintos (6'%) dos inquiridos ma-nifestou interesse numa alteração ao ac-tual boletim Arquitectos;> A hierarquização dos temas aponta para

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baBOLETIM ARQUITECTOS / FEVEREIRO 2012 / ANO XIX

R225

dir.Rodeia, João Beloed.Lopes, Paulo Serôdio e Antunes, Marco Roque (CDN)Lisboa: OA-CDN, 2011-2013

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um cimeiro destaque dos Concursos, se-guindo-se Legislação, Formação, Emprego,Honorários, Internacionalização e Disci-plina; os Protocolos institucionais, o En-sino, os Estágios e a Admissão são os temascom menor preponderância de votos;> No que ao suporte da informação con-cerne existe uma tendência para uma apro-ximação das respostas “digital” e “papel”,sendo no entanto este aparente equilíbriocontestado no âmbito da resposta final deâmbito “aberto” – nesta última, o universode participantes do inquérito a responderfoi somente de !/1 mas os cerca de !3$ in-divíduos apontam recorrentemente o “for-mato digital”, o “disponível na internet”, o “online”, o “pdf”, a “newsletter”, o “formato ipad/tablet”, uma “explosão demedia” como o caminho a seguir;> A quase totalidade dos inquiridos (+1,1%)mostrou vontade de uma abertura à parti-cipação dos membros, independentementede, na questão, não ser aferido o formatopara essa mesma “abertura”; na derradeiraquestão, a de âmbito “aberto”, no entanto,refere-se amiúde esta vontade de aproxi-mação aos membros: com “casos específi-cos de anónimos”, “pluralista”, dando “vozaos membros”, apresentando “relatos aber-tos a outras experiências”, “entrevistas

com sentido crítico”, “comentários”, “cró-nicas dos membros”, “artigos de opinião”,“opinião dos elementos da classe”;> Já o 4# ideal, preferencialmente digital,aponta ainda para soluções muito diferen-ciadas; destacamos algumas das indicaçõespreponderantes: “comunicar atempada-mente”, “complementar do "# e e-newslet-ter”, “reflexo do que a 2# faz pelaprofissão”, com “temas com impacto naprática”, que expressem claras “posiçõesda 2#”, “mais gráfico”, “mais interactivo”,“cada número com um carácter temático”,com capacidade de “sistematizar e agregara desorganizada presença no Twitter e noFacebook”, com “estrutura fixa mas não rí-gida”, “direccionado também para a socie-dade”.

Com as regulares reuniões de trabalhodo pelouro da Comunicação e as respostasrecebidas de uma significativa amostra es-tamos em condições de garantir as basespara um fiel diagnóstico e um consequenteplaneamento da acção de reformulação –vêem-se garantidos fortes indicadores decomo traçar um caminho para este meiode comunicação institucional da Ordem –caminho novo esse que se espera já paraeste &.º semestre de &'!&.

Marco Roque Antunes

Ba

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Uma tabela de honorários regula a profissão? O jurista Gonçalo Menéres Pimentel escla-receu que a fixação de preços é uma me-dida restritiva da concorrência à luz dotratado da União Europeia... a não ser queexista um interesse público que excepcioneessa medida. A Ordem dos Arquitectos, enquanto associação de direito público, po-derá exercer influência junto do Governo,justificando o interesse público dos serviçosde Arquitectura.

A revisão da Portaria, a propor ao Go-verno pela Ordem dos Arquitectos deveráreflectir a posição dos arquitectos: nummomento de especial exigência e fragili-dade do exercício da profissão de projec-tista é necessário regular esta área deactividade que se encontra subavaliada porquem empreende e por quem fornece osserviços de projecto. ——Realizaram-se nos dias && de Março e !! deAbril, em Lisboa e Porto, duas sessões dediscussão abertas intituladas “Honorários e Serviços: Reguladores da Profissão?”.Estas sessões, organizadas pelo ()* com a participação das secções regionais Sul eNorte, destinaram-se a lançar o debateentre os membros da 2# sobre a situação da profissão, nomeadamente face a uma apa-rente falta de regulação quanto aos serviçosoferecidos e honorários daí resultantes.

Em ambas as sessões participou comoconvidado o jurista, consultor da 2#, Gon-çalo Menéres Pimentel, que fez o enqua-dramento jurídico da possibilidade deuma ordem profissional em fixar, com ousem carácter vinculativo, tabelas de hono-rários, dando nota da jurisprudência na-cional e comunitária que já se pronunciousobre a possibilidade de ordens profissio-nais fixarem tabelas de honorários. Igual-mente deu nota do enquadramento jurídicoque o Estado tem que ter caso queira le-gislar sobre esta matéria e que foi seguidopelo Estado Alemão.

Como convidados externos à 2#, refira-se a presença do arquitecto Gonçalo

Byrne, em Lisboa, dos arquitectos SergioFernandez e João Pedro Serôdio no Portoe do arquitecto Rolf Reichert, em Lisboa ePorto, que levantaram outras questões aconsiderar no âmbito desta problemática,nomeadamente sobre as vertentes artísti-cas e culturais da arquitectura face às ques-tões da remuneração, ou ainda o papel dosarquitectos na obra à luz da extensiva legis-lação aplicável ao projecto. Em particularfoi possível, através da intervenção do ar-quitecto Rolf Reichert ter a percepção dasdiferenças entre Portugal e a Alemanha nopapel que o arquitecto tem ao longo doprocesso construtivo, valorizando (e porisso atribuindo uma maior percentagem naremuneração) a sua actuação a seguir à en-trega do projecto, que é bastante mais doque a simples assistência técnica aproxi-mando-se antes da verdadeira fiscalização.Por outro lado, ficou nítida a diferença cul-tural das duas sociedades na valorização esignificado da actuação de arquitectos e en-genheiros, apostando claramente na quali-dade em detrimento do preço tendo emconta o interesse público envolvido, queraquele seja traduzido na garantia da segu-rança física das pessoas ou em especial noimpacto da obra na vida da população.

O debate contou igualmente com a par-ticipação de João Rodeia, Presidente da2#, Pedro Ravara (()*), Patrícia Caldeira((),.ul), em Lisboa, e Paula Santos((),*orte), no Porto.

As duas sessões foram participadas eencerraram para além da hora prevista.Refira-se em particular a preocupação dosmembros com as condições de remunera-ção baixa actualmente praticadas e pro-movidas como sistema pelas instituições eorganismos públicos nos poucos concursospúblicos ou de concepção que ainda se ve-rificam. A preocupação dominante é a deque independentemente da questão de seprosseguir o trabalho iniciado com o ob-jectivo de repor as instruções para cálculode honorários, a 2# deverá prosseguir oseu trabalho junto da Comissão de Acom-panhamento do Código de Contratos Pú-blicos e da Secretaria de Estado das Obras

Honorários

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A médio prazo:— elaboração de um documento que es-

tabeleça o âmbito de serviços para os pro-jectos de arquitectura, serviçostransversais ao trabalho de projecto, res-ponsabilidades civis e éticas, de forma apoderem ser normalizados e credibilizadospor autoridade competente, no caso o Ins-tituto Português de Qualidade;

A longo prazo:— propor ao Governo de Portugal uma

Comissão de Revisão da Portaria 0'!-H,que integre todos os interessados e que,eventualmente, possa vir a incluir não só oâmbito dos serviços entretanto normaliza-dos, como uma forma de estabelecimentode honorários de projecto justos.

Concluindo, lançar o tema e a forma deo acolher e criticar parece ter sido um ob-jectivo minimamente alcançado, espe-rando agora o ()* e as secções que existada parte dos seus membros uma maiorparticipação através dos meios que a 2#tem à sua disponibilidade, nomeadamenteda caixa de e-mail: [email protected].——

Públicas no sentido da necessidade de al-teração do Código dos Contratos Públicose de alguns procedimentos da Administra-ção Pública, restringindo as possibilidadesdos denominados “concursos de preço”por não servirem objectivamente os inte-resses do Estado, a par da revisão do ac-tual regime de erros e omissões que tendea responsabilizar sistematicamente os pro-jectistas, de forma absolutamente despro-porcional e por isso desequilibrada.

Da parte do ()*, e com vista a procurarrespostas e soluções para a implementa-ção de melhores condições de trabalho eremuneração, foram propostas acções apequeno, médio e longo prazo e que se re-sumem às seguintes:

A curto prazo:— elaboração de um inquérito aos arqui-

tectos que permita ter um diagnóstico daclasse, melhorando e actualizando a base eresultados do anterior inquérito cujos re-sultados foram conhecidos em Novembrode &''5;

— elaboração de uma sondagem e/ou le-vantamento que permita uma listagem deprojectos e obras-tipo, associando-os aserviços e afectações temporais;

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Ensino da Arquitectura

Como podem Estado eprivado relacionar-se?Responsáveis pelos departamentos de Arquitectura de uma universidade privada e de uma universidade estatal, João Menezesde Sequeira e Marta Sequeira, comentamo ensino da Arquitectura em Portugal e apresentam argumentos.

Como vê o actual estado do ensino pri-vado/público da Arquitectura em Portugal?Não sou muito apologista da distinção pú-blico/privado, pois ambos são serviço pú-blico, prefiro a ideia de Estado/privado. A dicotomia na verdade refere-se exclusi-vamente à forma de financiamento e pro-priedade. Não distingo os problemas queactualmente o ensino da arquitecturasofre, entre Estado e privado; os proble-mas do ensino da Arquitectura em Portu-gal são transversais.

(…) Os modelos educativos que versavamuma epistemologia de modelo individua-lista cederam, no pós-guerra, à percepçãode que os novos conhecimentos implicamprocessos sociais e, deste modo, a ligaçãoentre sociedade e conhecimento passou aser um novo paradigma. (...)

Nos anos 80 e 90 assistimos a uma revo-lução tecno-digital, que altera definitiva-mente os instrumentos e canais da criação,difusão e apreensão do conhecimento. Naarquitectura, os instrumentos digitais quese iniciaram apenas como novos sistemasde representação, evoluíram a um pontotal, que se tornaram verdadeiros sistemasde concepção arquitectónica. (…)

A velocidade das alterações que hoje seimprimem ao mundo do conhecimento,tem também como consequência, pelomenos nestes primeiros tempos, uma su-perficialidade generalizada ao nível da cri-

tica arquitectónica, da investigação e so-bretudo ao nível da aprendizagem.

Tudo isto implica uma alteração dos sis-temas de ensino, que deverá passar a darmais importância à capacidade crítica sus-tentada num mais amplo conhecimentoteórico e à capacidade de investigação.Uma investigação que também já não pro-cura a classificação e a estrutura perma-nente, mas a capacidade de unir diferentestipos de conhecimento num único espaçode conhecimento.

(…) As competências adquirem-se, so-bretudo, através de uma aproximação àaplicação dos conhecimentos na prática.Ora, este modelo de ensino já era prati-cado pelas Faculdades de Arquitectura hámuito tempo, pelo que hoje, o ensino daarquitectura está mais actual do que o en-sino nas restantes áreas científicas, factoeste que, aliado a outros, explica a enormeprocura que a arquitectura teve e continuaa ter, relativamente aos outros cursos.

No entanto, a criação de regras topdown no ensino europeu, a par da impo-tência que os países têm vindo a adquirirface à Comissão Europeia, tem vindo progressivamente a dificultar o funciona-mento das escolas de arquitectura, querpela introdução de reformas que, aplican -do-se a outros cursos, não eram funda-mentais na arquitectura, nomeadamenteos sistemas formais de organização dosgraus e ciclos de estudo (3+2 ou 4+1); ouainda, à urgência na introdução dos siste-mas de investigação, provenientes querdas ciências ditas duras (matemáticas eciências naturais), quer das ciências huma-nas e sociais (incluindo as artes).

O que aconteceu em Portugal foi o piorque podia ter acontecido, uma adaptaçãoapenas formal daqueles sistemas, bem comouma incapacidade para discutir estes as-suntos por parte das universidades portu-guesas, fruto, em grande parte, da actualdivisão do ensino em estatal e privado.Aqui, o ensino privado poderia ter tidouma voz activa muito importante, pelassuas características de maior abertura e elasticidade face às mudanças.

João Manuel Barbosa Menezes de SequeiraDirector do Departamentode Arquitectura da Universidade Lusófona de Lisboa

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A solução encontrada foi a do MestradoIntegrado, não graças às Universidades doEstado, mas à Ordem dos Arquitectos,que teve um papel fundamental e louvávelpela sua capacidade de negociação a níveleuropeu.

A ideia de Investigação em Arquitec-tura nunca teve uma discussão de carácternacional emanada das universidades doEstado ou do Conselho de Reitores. A dis-cussão é hoje feita a nível europeu e Por-tugal está representado de modo activoapenas por algumas universidades priva-das (…). Discute-se hoje, ao nível de diver-sas organizações europeias, o que éinvestigação arquitectónica, quais as suasespecificidades, como avaliar a qualidadedos métodos e correspondentes resulta-dos, que tipo de resultados podem ser es-perados, tanto ao nível formal como aonível de conteúdos, etc. No contexto da-##- (European Association for Architec-tural Education) já foi produzida, com anossa participação, uma Carta Europeiasobre a investigação em Arquitectura ediscute-se agora o enquadramento (frame-work) da investigação arquitectónica, tendosido criada uma Comissão que apenas estáa estudar a investigação através do pro-jecto ou concepção, aquilo que os anglosa-xónicos designam por research by design.

Outro aspecto que tem sido prejudicialtem sido a obrigatoriedade do cumpri-mento de rácios de doutorados entre osdocentes dos cursos de arquitectura. Esteaspecto tem tido consequências variáveis epermissividades variáveis por parte daAgência Nacional de Acreditação e Avalia-ção, infelizmente sempre em prejuízo dasuniversidades privadas. (...)

Finalmente, a influência da actual crisefinanceira em Portugal tem tido, nos últi-mos tempos, sobretudo ao nível das facul-dades de arquitectura do Estado, aspectoscatastróficos, levando a consecutivos des-pedimentos de docentes convidados, geral-mente docentes com fortes ligações àprática profissional, deixando as Faculda-des com um corpo docente de doutoradose investigadores formados segundo os sis-

temas de investigação em ciências huma-nas. (…) A ausência de docentes com for-tes ligações à prática profissional vai criarum hiato entre teoria e prática, relaçãoque sempre foi uma das mais fortes carac-terísticas do ensino arquitectónico emPortugal. A formação nas faculdades doEstado irá ressentir-se fortemente nospróximos anos, com um agravamento naqualidade dos seus finalistas.Que caminhos perspectiva para o ensino pri-vado/público da Arquitectura em Portugal? Dado o elevado número de cursos de ar-quitectura e a situação financeira do país,iremos assistir a um período de emagreci-mento forçado, sobretudo dos grandes esobredimensionados cursos de arquitec-tura, estatais e privados. Ultimamentetem vindo a espalhar-se a ideia de que omelhor é fechar cursos; a minha opinião écontrária e baseia-se muito no que acon-tece ao nível dos países do Norte da Eu-ropa. Por isso, quando me dizem queexistem 23 cursos de arquitectura em Por-tugal, não considero isso um aspecto nega-tivo, bem pelo contrário, basta pensar quese todos se caracterizassem por identida-des próprias, teríamos uma riqueza ex-traordinária de formações e a arquitecturaportuguesa ganharia imenso com isso. (...)

A criação de condições para a diversi-dade e para a demarcação de identidadesdos diversos cursos de arquitectura é aquestão fundamental mas, para isso, al-guns aspectos têm de ser repensados. Oactual modelo curricular dos cursos de ar-quitectura é excessivamente homogéneo enão tem permitido a diferenciação,criando-se a noção de que a diferenciaçãose faz apenas pelos estilos, isto é, atravésda coesão estilística do seu corpo docente.Por outro lado, a necessidade desta dife-renciação tem gerado a ideia de criação demais pós-graduações, especializadas emcertos aspectos da profissão. Não sendonecessariamente negativos, estes aspectostêm ocultado a possibilidade de outro tipode diferenciações (...) que podem muitobem resultar de outros sistemas de en-sino; veja-se a este propósito a experiência

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inglesa de certas escolas do ensino pri-vado e estatal como a ## e a Bertley.

A diferenciação dos diversos cursos sóse pode fazer através da introdução plenada investigação ao nível do ensino, tantono 1º como no 2º ciclos, resultando natu-ralmente, em especificidades de maior qua-lificação ao nível do 3º ciclo de estudos.Mas tudo isto implica uma discussão sériasobre a investigação na disciplina arquitec-tónica e poucos são os que estão a fazê-la.

Um outro aspecto que me parece deter-minante é o estabelecimento de relaçõesmais íntimas entre as universidades doEstado e privadas, quer através de proto-colos de mobilidade de docentes, queratravés do estabelecimento de redes entreos diversos centros de estudo. (…) Quandofomos visitados pela Agência de Acredita-ção #7-. apercebemo-nos que o nosso De-partamento tem relações mais fortes comas faculdades europeias do que com as fa-culdades portuguesas. O que tem permi-tido aos nossos alunos um percurso maisdiversificado. (...) No nosso centro de estu-dos (LabART) estamos a fazer esforçospara estabelecer redes com outros centrosque nos permitam abordagens mais inter-disciplinares, procurando envolver os nos-sos alunos finalistas nestes projectos.

Por estas razões e resumindo, acreditoque os bons cursos de arquitectura têmtodas as hipóteses de sobreviverem desdeque criem identidades próprias.Como deverão relacionar-se o ensino público e o privado ( e vice-versa )?As relações têm de mudar, uma relaçãosaudável pressupõe igualdade de condi-ções, caso contrário não existe relaçãopossível. Por isso, não se pode continuar asustentar a falsa ideia, que se tenta passarpara a opinião pública, de que existe igual-dade entre os dois sistemas. O comporta-mento do poder político, relativamente aoensino superior privado, tem sido sempremuito dúbio: por um lado aceita-se, masnão se financia e, ora nada se exige (comoforam os primeiros anos), ora se exigemais do que ao público (como tem sido ul-timamente); por outro, defende-se o esta-

tal através de um financiamento cego epouco controlado, criando, também aqui,problemas que agora estamos todos apagar. Em todo o caso não existe nemnunca existiu igualdade de tratamento.

Senão vejamos: neste momento as uni-versidades privadas não têm representaçãono Conselho de Reitores das Universida-des Portuguesas ((,8%), tal como somenteInstitutos Politécnicos do Estado com-põem o Conselho de Institutos Politécni-cos (((9.%) e nos Órgãos Nacionaisverifica-se que só têm representação o en-sino estatal e concordatário. A igualdadeentre os diversos estabelecimentos de en-sino, sejam estatais ou privados tem de co-meçar a ser uma realidade, não podemoscontinuar a ter incentivos à investigaçãoapenas decididos pelo Estado e, infeliz-mente, com agendas que nada têm que vercom as efectivas necessidades do país, talcomo não podemos continuar a ter apenasuma Agência de Acreditação e Avaliaçãoimposta pelo Estado e com poderes quasejudiciais. Não haja equívocos, o trabalhoque tem sido desenvolvido pelas Comis-sões de Avaliação Externa da Agência#7-. tem sido importantíssimo e deve con-tinuar a existir, pois permite ouvir críticasexternas muitas vezes confirmando e moti-vando as ideias das Direcções e dos Conse-lhos Científicos ou mesmo aconselhandoaspectos científicos em que havia dúvidas.

Os resultados da actuação da agêncianão são necessariamente negativos, masnão deixa de ser preocupante a obrigato-riedade de responder ao monopólio deuma única Agência com poderes extremos(fechar cursos). Julgo que seria mais inte-ressante ter avaliações bianuais dos cur-sos, de publicitação obrigatória e consultalivre e pública. Deixando aos alunos can-didatos a liberdade de escolha e consti-tuindo uma espécie de ranking qualitativoe caracterizador – apontando característi-cas identitárias dos diversos cursos, tipode ensino, etc. (…)

A investigação é também um aspecto quedeveria ser revisto urgentemente, não po-demos continuar a ter um sistema que pri-

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vilegia acreditações provenientes de funda-ções subsidiadas apenas pelo Estado, poiscria “promiscuidades” financeiras perigo-sas prejudicando a investigação nacional.Sobretudo nos actuais moldes em que vive-mos, pois uma estratégia nacional de inves-tigação deve passar pela consulta de órgãosrepresentativos de todo o ensino superior,privado e estatal, assegurando desse modouma relação entre meios e objectivos.

Finalmente, o financiamento do ensinosuperior não pode continuar a obedecer àsmudanças políticas dos diversos governos,que ora financiam exclusivamente o ensinosuperior estatal ora geram algumas ajudasao ensino superior privado. (…) Não é pos-sível haver equidade e menos ainda com-petição segundo os actuais moldes definanciamento. (…) A equidade entre osensinos superiores Estatal e Privado pro-piciaria uma relação mais saudável entreambos, da qual o ensino da arquitecturanacional sairia fortalecido.

O ensino da Arquitectura. Dois modelosCualquier centro de educación tiene comoalternativa seguir uno de los dos grandesmodelos de formación inventados hastaahora por la Humanidad: el servicio mili-tar o las academias de idiomas. No hayotro. En el servicio militar lo importantees el título, el certificado, la papeleta quepermite no volver a pisar el cuartel. [...]En cambio en la academia de idiomas eldiploma sirve de poco, ni es realmente ne-cesario, puesto que lo determinante es lacapacidad de haber incrementado las apti-tudes propias y eso se comprueba y aplicainmediatamente. Uno se sentiría estafadopor la academia si, tras cinco años de es-tudios y un título, no entendiera palabrade lo que le está diciendo un taxista en

Londres o Berlín. ¿Por qué no ocurre esamisma sensación de vergüenza y estafaentre quienes salen, con su título bajo elbrazo, de una Escuela de Arquitectura?¿Por qué no reclaman de la Escuela lo quereclamarían de cualquier academia deidiomas? La respuesta es simple: porquelas Escuelas de Arquitectura no siguen elmodelo de las academias de idiomas, sinodel servicio militar.

Josep Quetglas

No actual modelo de ensino de arquitec-tura, os estudantes, em muitos casos, ocu-pam-se da aprovação rotineira nas váriasunidades curriculares, das dificuldades as-sociadas ao pagamento das propinas, dasdiferentes formas de creditação de compe-tências, da obtenção de determinado nú-mero de -(:. e, por fim, do diploma, numsistema altamente burocratizado, onde aaquisição de conhecimentos é menos rele-vante. Valoriza-se assim a mera obtençãodo título, nunca se aferindo a sua pleni-tude e em detrimento do que é verdadeira-mente importante: a preparação para omundo profissional. Apesar de poder serconsiderada um fenómeno recente, por seroriginária do século ;9;, a avaliação é, emqualquer escola de arquitectura, públicaou privada, um símbolo da importânciadesmesurada dos formalismos em detri-mento dos conteúdos, pervertendo larga-mente as relações pedagógicas por se tertornado o centro dos resultados obtidos.A atribuição de classificações não res-ponde a uma necessidade educativa, nemestá forçosamente ligada à aprendizagem;no entanto, em quase todas as escolas dearquitectura, os alunos não reclamam doabsentismo de um docente nem da sua in-capacidade ou incompetência, mas, absur-damente – porque deveria ser o menosimportante destes infortúnios –, reclamamamíude de classificações que considerammenos justas. Estão inseridos numa socie-dade onde é atribuído especial valor a umresultado imediato e superficial e onde sedesvaloriza o conteúdo, o conhecimento ea erudição.

Marta SequeiraDirectora do Departamentode Arquitectura da Universidade de Évora

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No Departamento de Arquitectura daUniversidade de Évora1 tem-se procurado,com persistência, estabelecer uma alterna-tiva a este entendimento do ensino; ocurso de Mestrado Integrado em Arqui-tectura assenta a sua aprendizagem noscinco ateliers de projecto, compreen-dendo-a como uma produção cultural,para onde confluem as diversas áreas dosaber, num ensino claramente ligado àprática profissional e à investigação. A es-cola tem sido palco de workshops e pales-tras internacionais, sendo já reconhecidacomo uma considerável plataforma de dis-cussão sobre alguns dos principais temasda cultura arquitectónica contemporânea.Com uma forte cultura de atelier, profes-sores e alunos trabalham em equipa demodo a fazer face a desafios estimulantes,criando-se assim uma extraordinária rela-ção de ensino e, acima de tudo, pensa-mento e aprendizagem da Arquitectura.Neste curso procura-se, com firmeza e per-sistência, dar ênfase a que o importantenão é o título, mas os conhecimentos queo estudante de arquitectura leva para asua vida profissional.

Não se privilegia, por outro lado, o esta-belecimento de uma relação passiva, indo-lente e seguidista com a actualidade, masuma busca por uma intemporalidade naacção, um certo conservadorismo e van-guardismo em simultâneo, estabelecendo-se então, a partir do conhecimento obtidoao longo dos tempos, uma atitude crítica etransformadora. Acredita-se que só assimse conseguirá que o conhecimento que osestudantes adquirem durante o curso nãose torne obsoleto perante a alteração deuma qualquer variável. Pretende-se que,pelo contrário, se possa adequar a qual-quer circunstância.2

Procurou-se que esta predisposição deformar para a profissão tivesse sequênciaem todos os graus de ensino, o que permi-tiu repensar o actual modelo de estudosde 3.º ciclo. Se observarmos o panoramadas teses em Arquitectura realizadas atéagora, tanto a nível nacional como interna-cional, o grau de Doutor em Arquitectura

tem sido, genericamente, um título acadé-mico atribuído a arquitectos que elaboramuma dissertação teórica; no entanto, pare-ceria natural que o acto projectual fizesseparte de uma investigação avançada emarquitectura. A realização do novo cursode Doutoramento em Arquitectura daUniversidade de Évora3 pressupõe a elabo-ração de uma investigação teórico-práticaque constitui uma contribuição inovadorae original para o progresso do conheci-mento, desmistificando-se e concreti-zando-se o conceito de formação avançadaem Arquitectura com base na investigaçãoem projecto. O acto projectual é entãoaliado à formulação de uma hipótese teó-rica, transformando-se a concepção arqui-tectónica, caracterizada pela suaparticularidade e singularidade, num veí-culo para o conhecimento universal.

Numa época em que são exigidos eleva-dos rácios de docentes doutorados poraluno, por outro lado, os estudos de 3.ºciclo ganham um papel extremamente re-levante na definição do futuro do ensinoda Arquitectura em Portugal. O curso deDoutoramento em Arquitectura da Uni-versidade de Évora contribui assim paraque o ensino da Arquitectura não seja, nofuturo e por imposição, leccionado apenaspelos que vêem a Arquitectura como umcampo de trabalho teórico, especulativo ecrítico, como também pelos que aprofun-dam e desenvolvem as suas competênciasno âmbito da investigação em projecto, talcomo, desde sempre, nos cursos mais reco-nhecidos a nível internacional.

Em complemento e consolidando o mo-delo de ensino centrado nos conteúdos e napreparação para a vida profissional, dever-se-á cuidar da integração dos alunos nomercado de trabalho após a conclusão dosseus cursos4. De resto, e no contexto da ac-tual viragem económica, haverá um tempoem que não restará alternativa: universida-des públicas e privadas terão de reunir re-cursos e competências para oferecer umaformação para a profissão, onde qualquerestudante não poderá deixar de exigir,para além do título, o conhecimento.

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Luís Carrilho da Graça (director de curso), Aurora Carapi-nha, Cláudia Giannetti, João Rocha, João Soares e Marta Sequeira. Conta ainda com a participação de professores re-conhecidos, vinculados a universidades ou instituições desta-cadas nas áreas afins ao curso – Antonio Jiménez Torrecillas,Delfim Sardo, Guilherme Carrilho da Graça, Manuel AiresMateus, Manuel Graça Dias, Paulo Martins Barata e YehudaSafran – e tem contado com a presença de reputados confe-rencistas nas unidades curriculares de Seminário – Alexan-dre Alves Costa, Alfredo Cunhal Sendim, Eduardo Souto deMoura, Gonçalo Ribeiro Telles, João Ferrão, Jorge Gaspar,José Delgado Domingos, Manuel Collares Pereira, Mário deCarvalho, Miguel Reimão Costa e Sérgio Fernandez.

4 Está em vias de implementação a criação de uma bolsa de

inserção no mercado de trabalho que conta com protocolosestabelecidos entre o Departamento de Arquitectura da Uni-versidade de Évora e diversos ateliers de arquitectura de ex-celência nacionais, bem como a criação de spin-offs, atravésdas quais os alunos do Curso de Mestrado Integrado da Uni-versidade de Évora poderão criar a sua própria empresa deArquitectura. Apesar deste curso ser extremamente recente,os licenciados e mestres em Arquitectura pela Universidadede Évora são hoje profissionais que se têm afirmado no pa-norama nacional e internacional através dos prémios quetêm obtido e da sua integração nos mais prestigiados gabine-tes internacionais, demonstrando a inteligência da actitudeque tiveram enquanto estudantes de Arquitectura.

——Conheça a versão integral dos textos emhttp://tinyurl.com/8693hut

——

1 O departamento teve a sua origem em 2001 e pertence

à Escola de Artes, onde se incluem igualmente os departa-mentos de Artes Visuais e Design, Artes Cénicas e Música,proporcionando um ambiente de estudo multidisciplinarúnico no panorama do ensino da Arquitectura em Portugal.O seu corpo docente é constituído por reconhecidos investi-gadores doutorados, bem como por arquitectos com umaprática projectual construída largamente reconhecida a nívelnacional e internacional. Actualmente com cerca de 330 alu-nos no Mestrado Integrado e 15 no Doutoramento, tem lugarnuma antiga fábrica recentemente recuperada, oferecendo ascondições ideais para a aprendizagem da Arquitectura.

2 O Curso de Mestrado Integrado em Arquitectura da Uni-

versidade de Évora é, por isso, e quando posto à prova in-ternacionalmente, amplamente reconhecido. São dissoexemplo os recentes resultados obtidos pelos alunos doCurso de Mestrado Integrado da Universidade de Évora noconcurso de arquitectura internacional <=2/ «Viena Houseof Music», organizado pela Arch Medium, onde, dos 416 ins-critos no concurso (provindos de mais de 30 países distin-tos), foram seleccionados pelo júri apenas 30 finalistas, queincluíram 10 trabalhos de alunos desta escola - foram obti-dos os 1.º e 3.º prémios, bem como duas menções honrosas.

3 O Curso de Doutoramento em Arquitectura da Universi-

dade de Évora teve a sua origem em Fevereiro de 2012. O curso alia a excelência do ensino de projecto na Universi-dade de Évora ao rigor da sua investigação científica, esti -mulando o desenvolvimento de trabalhos de investigaçãoavançada que fomentem a interacção entre a reflexão teóricae a produção arquitectónica. O corpo docente é constituídopelos seguintes professores da Universidade de Évora: João

Concurso para a Selecção da Equipa Editorial do JA | 2012-14——O #$ promove o debate da arquitecturano âmbito dos membros da %$ e de todosos interessados na reflexão em torno daarquitectura, do edificado, da cidade, doambiente e do território. Pela sua regula-ridade e temas que aborda, com a sua tiragem de cerca de doze mil exemplarespara total distribuição, é a principal pu-blicação da %$. ——O concurso, aberto aos membros da %$selecciona os Órgãos do #$ – Direcção,Conselho Editorial e Redacção –, a no-mear pelo Conselho Directivo Nacional,responsávis pela sua edição por um pe-ríodo de três anos (triénio !"&!-!"&').——O concurso desenvolve-se em duas fases ea entrega de candidaturas para a primeirafase decorre até ! de Julho próximo. ——Consulte o regulamento, disponível em pdf, em http://tinyurl.com/cq5j6oa

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Provedor da Arquitectura

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O Provedor da Arquitectura apresentamensalmente uma síntese da sua activi-dade estruturada em quatro secções: !. iniciativas; &. Solicitações; 1. Recomen-dações e $. Pelo Direito à Arquitectura.

Uma das suas primeiras iniciativas foi ade solicitar à Associação Nacional dos Muni-cípios Portugueses e à Associação Nacionalde Freguesias a divulgação, junto das res-pectivas autarquias, do Regulamento, Cartade Princípios, Formulários de Queixas e Su-gestões da Provedoria da Arquitectura como objectivo de assegurar uma maior aproxi-mação das atribuições e competências doProvedor da Arquitectura aos Cidadãos. Na perspectiva da defesa da Comunidade e Cidadãos no Direito à Arquitectura e darecolha das indicações da experiência dessecargo reuniu com o Provedor de Justiça.

As recomendações do Provedor trata-ram questões como a relação entre donoda obra e arquitecto, a intervenção socialdo arquitecto, os honorários, o exercícioda peritagem de avaliação e a Reforma daAdministração Local.

Pelo Direito à Arquitectura abordou aencomenda pública, o cálculo de honorá-rios e as designadas “derrapagens finan-ceiras” no custo final de realizações.

Porque foi tema recente e objecto de de-bates em Lisboa e no Porto transcreve-se,em versão integral, a posição do Provedorsobre a questão dos serviços de Arquitec-tura e competentes honorários. ——É indispensável a existência de honoráriosde referência e condições de pagamentoajustados ao objecto da encomenda, sem oque não se assegura uma ampla e sã con-corrência assente na qualidade, conteúdo eindependência da prestação dos serviçosde Arquitectura, indispensáveis à protec-ção dos cidadãos num genuíno Direito àArquitectura, e dos arquitectos na suaprática profissional. ——A encomenda pública constitui uma refe-rência consolidada para as demais enco-

mendas. Assim foi com as “ Instruçõespara o cálculo dos honorários referentesaos projectos de obras públicas” publica-das na Portaria de 0 de Fevereiro de !+0&,até à sua revogação em &''6. A ausênciado instrumento de referência para o cál-culo dos honorários conduziu, por inicia-tiva da própria administração pública, àdegradação do seu valor – com a práticade valores abaixo do custo de produção epagamentos diferidos dos prazos reais daformação desses custos, o que em rigorviola a lei da concorrência – na presunçãoque essa redução dos custos se reflectiriana redução do custo final do objecto daencomenda. Já referimos o erro dessa pre-sunção, a que acresce idêntica consequên-cia nas encomendas não públicas. Não setrata duma reivindicação corporativa parabenefício dos arquitectos; trata-se de asse-gurar as condições indispensáveis paraconcretizar com segurança as exigênciasde todos os cidadãos a um verdadeiro Direito à Arquitectura. ——A entrada em vigor em &''6 do Código dosContratos Públicos determinou, através daPortaria nº 0'!-H/&''6, de &+ de Julho, oprocedimento de formação dos contratos deempreitadas de obras públicas na qual seestabelece a eliminação de todos os proce-dimentos de cálculo e de avaliação de ho-norários, incompatíveis com a actualeconomia do mercado, e a actualização edesenvolvimento das definições, fases, con-teúdos, categorias das obras e peso relativodas diferentes fases dos projectos.

A referida Portaria determinou por suavez uma maior responsabilização dos auto-res dos projectos no cumprimento dos requisitos exigidos para garantia da suaqualidade, um maior rigor nas estimativasorçamentais na fase de projecto, um maiorajustamento à gestão na execução das obras. ——A prestação dos serviços de Arquitectura éconcretizada através duma concepção cria-tiva conjugada com a satisfação das normase exigências de conteúdo e qualidade legal-mente estabelecidas e profissionalmente

Um trimestre de actividade

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CONSELHO EDITORIAL/DIRECTOR João Belo Rodeia DIRECTOR-ADJUNTO Paulo Serôdio Lopes EDITORA PRINCIPAL Cristina Meneses EDIÇÃO CDN Marco Roque Antunes com Rosa Azevedo PUBLICIDADE Maria Miguel com Carla Santos

DIRECÇÃO DE ARTE E PAGINAÇÃO Atelier Pedro Falcão ADMINISTRAÇÃO Travessa do Carvalho 23, 1249-003 Lisboa – T: 213.241.110, F: 213.241.101, e-mail: [email protected]

O título «Boletim Arquitectos» é propriedade da Ordem dos Arquitectos www.arquitectos.pt

consolidadas. O que distingue a qualidadedo projecto de Arquitectura é, além documprimento dos parâmetros e normas dequalidade legalmente estabelecidos e comotal obrigatoriamente cumpridos, a concep-ção criativa consagrada no direito de autoria. A avaliação da qualidade em Ar-quitectura incide mais na síntese criativada sua concepção e percepção de qualidadena sua fruição, do que na verificação e men-suração de factores qualitativos. A quali-dade em Arquitectura inscreve-se aindanuma contínua evolução, não se aprisionanuma normativa, porque a constância danormativa auto-destruiria a criatividade,qualidade intrínseca da Arquitectura. Sãoalgumas das razões porque não é conciliá-vel a avaliação da concepção criativa numprocesso de selecção onde a concorrênciade preços é o factor determinante. ——A concorrência de preços destina-se a ser-viços e produtos materiais estáveis e bemtipificados. Não é o caso dos honorários doprojecto de Arquitectura, e na actual con-juntura de economia do mercado a livreconcorrência não pode deixar de asseguraras condições económicas de referênciapara a sua correcta elaboração, sem o quenão há uma verdadeira Arquitectura.Assim, deve haver uma base de referênciaeconomicamente sustentada para a forma-ção do seu adequado valor e garantia daqualidade dessa prestação de serviço, demodo a permitir o seu desenvolvimentocriativo e independente, e ainda a assegu-rar a defesa das expectativas e direitosdos cidadãos perante as entidades e exe-cutantes da obra. A base de referência dovalor dos honorários do projecto de Ar-quitectura que assegure a qualidade, con-teúdo e independência da prestação doserviço, protege o cliente no seu objectivoe o arquitecto no seu trabalho. Viabilizaainda uma alargada prestação do serviço

a arquitectos e gabinetes de arquitecturaindependentes, e nas mais diversas formasde organização profissional. Viabiliza o in-centivo à criatividade e à oportunidade detrabalho para novos profissionais, e alargaa sua participação no mercado de trabalhoo que contraria a sua concentração numnúmero restrito de profissionais. Contri-bui assim para a mais ampla e sã concor-rência na actual economia do mercado, econsequentemente para a maior qualidadeda Arquitectura.

Luís Vassalo RosaPelo Direito à Arquitectura

Fevereiro &'!&

A recomendação do ProvedorA relação entre Cliente e Arquitecto deveprocessar-se numa base de mútua boa-fé econfiança - a boa-fé é intrínseca, a con-fiança constrói-se. O contrato, instru-mento regulador dos deveres e direitos,não substitui a boa-fé, nem a confiança.Construir essa relação é essencial, para apartir dela se definir com proficuidade ocontrato da prestação de serviços, sério etransparente, e se garantir o seu correctocumprimento. ——Conheça as posições do Provedor da Arquitectura publica-das no site nacional em http://tinyurl.com/ckxqzom.