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1 Boletim da Biblioteca EB do 2ºCiclo de Mira / nº21 , Maio de 2011 V em aí o escritor António Torrado. No dia 3 de Junho, o 1.ºCEB do nosso agru- pamento vai ter o privi- légio de o receber. Este autor, tão comple- to como extraordinário, que alia à sua escrita um fino sentido de humor, vai estar entre nós, pela terceira vez, pois já foi nosso convidado há vin- te anos (em 1991) e sete anos (em 2004)! Dos encontros tidos ficou um registo, pala- vras e imagens, de que vos daremos conta nesta edição do boletim. Estamos ansiosos por revê-lo e ouvi-lo, até porque António Torrado está cada vez mais jovem e divertido na sua escrita. Pedimos a todos a vos- sa participação e empe- nho, para que António Torrado saiba quanto o apreciamos. A todos, desde já, o nosso agradecimento e desejos de um dia memorável. A equipa da Biblioteca António Torrado é poeta, dramaturgo, contis- ta, novelista, professor e formador de professores, contador de histórias, jor- nalista, editor ... Foi também coordena- dor do Curso Anual de Expressão Poética e Nar- rativa no Centro de Arte Infantil da Fundação Calouste Gulbenkian, professor responsável pela disciplina de Escrita Dramatúrgica na Escola Superior de Teatro e Cinema e dramaturgo residente na Compa- nhia de Teatro Comuna em Lis- boa. Na televisão foi editor, produ- tor, argumentista e Director do Gabinete de Projectos e Guionis- mo da RTP. É, desde 1989, membro da Direcção da Sociedade Portuguesa de Autores. Como se vê, um homem de mil ofícios! Mas… quem é ele? António Torrado nasceu em Lisboa, em 1939, numa família com raízes familiares na Beira Baixa, e formou-se em Filosofia na Universidade de Coimbra. Foi professor do ensino secundário mas foi afastado do ensino por motivos políticos. Começou a publicar aos 18 anos e não parou mais. Pela sua obra ganhou numero- sos prémios, entre outros em 1988, o Grande Prémio Calouste Gulbenkian de Literatura para Crianças. Livros seus foram, em 1974 e 1996, incluídos na Lista de Honra do IBBY Internacional Board on Books for Young People. Sendo consensualmente consi- derado um dos autores mais importantes na literatura infantil portuguesa, possui uma obra bas- tante extensa e diversificada, que integra textos de raiz popular e tradicional, mas também poesia e sobretudo contos. Elege como valores a promo- ver a liberdade de expressão e o respeito pela diferença. António Torrado utiliza com frequência o humor em algumas das suas histórias. Por outro lado, em alguns textos de carácter ale- górico ou de ambiente oriental, é o registo poético que predomina. Para saberes mais, consulta: http://www.portaldaliteratura.com/ autores.php?autor=23 http://www.publico.pt/Cultura/antonio- torrado-ja-escrevi-sobre-tudo-e-mais- alguma-coisa_1457072 António Torrado Editorial

Boletim BE Maio 2011

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Boletim da BE da EB2 dedicado a António Torrado

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Page 1: Boletim BE Maio 2011

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Boletim da Biblioteca

EB do 2ºCiclo de Mira / nº21 , Maio de 2011

V em aí o escritor

António Torrado.

No dia 3 de Junho, o

1.ºCEB do nosso agru-

pamento vai ter o privi-

légio de o receber.

Este autor, tão comple-

to como extraordinário,

que alia à sua escrita um

fino sentido de humor,

vai estar entre nós, pela

terceira vez, pois já foi

nosso convidado há vin-

te anos (em 1991) e há

sete anos (em 2004)!

Dos encontros tidos

ficou um registo, pala-

vras e imagens, de que

vos daremos conta nesta

edição do boletim.

Estamos ansiosos por

revê-lo e ouvi-lo, até

porque António Torrado

está cada vez mais

jovem e divertido na sua

escrita.

Pedimos a todos a vos-

sa participação e empe-

nho, para que António

Torrado saiba quanto o

apreciamos.

A todos, desde já, o

nosso agradecimento e

desejos de um dia

memorável.

A equipa da Biblioteca

António Torrado é

poeta, dramaturgo, contis-

ta, novelista, professor e

formador de professores,

contador de histórias, jor-

nalista, editor ...

Foi também coordena-

dor do Curso Anual de

Expressão Poética e Nar-

rativa no Centro de Arte

Infantil da Fundação

Calouste Gulbenkian, professor

responsável pela disciplina de

Escrita Dramatúrgica na Escola

Superior de Teatro e Cinema e

dramaturgo residente na Compa-

nhia de Teatro Comuna em Lis-

boa.

Na televisão foi editor, produ-

tor, argumentista e Director do

Gabinete de Projectos e Guionis-

mo da RTP.

É, desde 1989, membro da

Direcção da Sociedade Portuguesa

de Autores.

Como se vê, um homem de mil

ofícios!

Mas… quem é ele?

António Torrado nasceu em

Lisboa, em 1939, numa família

com raízes familiares na Beira

Baixa, e formou-se em Filosofia

na Universidade de Coimbra. Foi

professor do ensino secundário

mas foi afastado do ensino por

motivos políticos.

Começou a publicar aos 18

anos e não parou mais.

Pela sua obra ganhou numero-

sos prémios, entre outros em

1988, o Grande Prémio Calouste

Gulbenkian de Literatura para

Crianças.

Livros seus foram, em 1974 e

1996, incluídos na Lista de Honra

do IBBY – Internacional Board on

Books for Young People.

Sendo consensualmente consi-

derado um dos autores mais

importantes na literatura infantil

portuguesa, possui uma obra bas-

tante extensa e diversificada, que

integra textos de raiz popular e

tradicional, mas também poesia e

sobretudo contos.

Elege como valores a promo-

ver a liberdade de expressão e o

respeito pela diferença.

António Torrado utiliza com

frequência o humor em algumas

das suas histórias. Por outro lado,

em alguns textos de carácter ale-

górico ou de ambiente oriental, é

o registo poético que predomina.

Para saberes mais, consulta:

http://www.portaldaliteratura.com/

autores.php?autor=23

http://www.publico.pt/Cultura/antonio-

torrado-ja-escrevi-sobre-tudo-e-mais-

alguma-coisa_1457072

António Torrado Editorial

Page 2: Boletim BE Maio 2011

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Porque escreve ANTÓNIO TORRADO? Onde vai buscar a inspiração?

“Perguntam-me

porque escrevo para

vocês, meninos e

meninas, rapazes e

raparigas do meu

país. Desculpem-me,

mas só consigo res-

ponder, se trouxer

para o meio desta

conversa uns anti-

quíssimos sapatos de

verniz. E o que eles

me apertavam os pés!

Lembro-me de uma vez, aí pela vossa ida-

de, os ter calçado, novinhos, para ir visitar

uma tia dupla, isto é, tia duas vezes, da

minha mãe e minha. Era uma senhora de ida-

de respeitável, que vivia numa casa de corti-

nados grossos, cadeiras altas de assento duro,

tudo muito solene.

- Vê lá como te portas – tinha-me dito a

minha mãe.

Se julgam que me portei mal, que parti

algum jarrão, enganam-se – passei todo o

tempo sentado.

Não queres ir brincar para a varanda das

traseiras? – perguntava-me a minha tia. Sim,

talvez quisesse, mas os malditos sapatos de

verniz apertavam-me tanto os pés… Ali me

fiquei, de pernas a dar a dar, e olhos passean-

do pelas paredes da sala. Havia fotografias

de senhoras ainda mais antigas do que a

minha tia, quadros com cisnes e castelos, um

biombo com um cortejo de elefantes, uma

floresta, um templo, escadarias, varandas,

torreões, flores gigantescas, borboletas com

asas de madrepérola… Imaginei-me a voar

no meio de tudo aquilo (a voar, claro, por

causa dos sapatos apertados, já se vê!) e a

inventar uma história desmiolada, com ele-

fantes, florestas misteriosas, borboletas

gigantes e outras coisas assim, nem dei conta

que o tempo passava. Desconfio que foi a

partir desta ocasião que comecei a inventar

histórias, estivesse ou não com os sapatos

apertados.”

In “A Antologia diferente - De que são feitos os sonhos”, coordena-

da por Luísa D. Soares.- Lisboa:Areal Editores, s/data, p.171

A inspiração…

Na minha rua, todos os

dias se passam histórias

fantásticas. Po-dem

vocês achar que exage-

ro, que não será bem

assim, que todas as ruas

são iguais e os dias

iguais em todas as

ruas… Pois aí é que

vocês se enganam e eu

vos direi porquê.

Para caçar uma história

na minha rua, como na rua ao lado e em

outra ou outras ruas, não é preciso dar muitos

passos nem ficar muito tempo à janela. É

preciso, isso sim, estar à coca, cheio até aos

olhos de atenção… às duas por três a história

vem ter connosco.

Depois agarra-se na história com muito

cuidado, tira-se-lhe as medidas, porque o

mais das vezes, as histórias são demasiado

compridas e emaranhadas para caberem nas

páginas destes livros, e passa-se tudo ao

papel, de preferência pautado, para se meter

mais umas coisas nas entrelinhas. Acabada a

redacção, lê-se em voz alta, por causa dum

bichinho do ouvido, que aprecia muito a

música das histórias. E, para terminar, põe-se

a história à janela, a secar ao sol, ou não fos-

se ela da minha rua. É sempre assim que eu

faço. Não custa nada. in TORRADO, António “A escada de caracol”.- Lisboa: Pláta-

no Editora, s/ data

Ser escritor, porquê? EMIR – Porque decidiu ter esta profissão?

A. TORRADO – Porque quando eu era

pequeno contava histórias e depois escrevia-

as.

EMIR – Se não fosse escritor que profis-

são gostaria de ter?

A. TORRADO – Quando tinha doze anos

pensava em ser arquitecto.

EMIR – Porque mudou de ideias?

A. TORRADO – Não mudei de ideias,

aconteceu.

In Jornal “EMIR”, Junho de 1991, p.5

A estas perguntas, António Torrado responde:

Page 3: Boletim BE Maio 2011

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ANTÓNIO TORRADO – o “Contador de histórias”

De qualquer nada Inventa-se uma história Para ser contada Vamos por uma rua Com os nossos pensamentos E vemos um sinal Que nos fez sinal Para estarmos atentos À história que ele tem dentro. Pára logo o trânsito Dos outros pensamentos E pomo-nos a pensar Que ângulo do sinal Triângulo, por sinal, Nós vamos destapar Para a história começar. E a história vem connosco E faz-nos companhia. São tantos os sinais, Que no correr do dia Acorrem serviçais À história começada, Que vendo-os, eu diria Que praças, ruas, estradas, Bordadas, enfeitadas De feixes de sinais, São nada ou pouco mais Que histórias ilustradas

(…) Contar Não é só contar por palavras Mais ou menos correntes Mais ou menos arrojadas, velozes, despachadas Contando que elas, As palavras, Cheguem a ti, a ele, A este, àquele, A todo o lado. Contar, ás vezes, é Saber ficar calado.

Ficar calado A ver alguém À nossa beira A contar o que há para contar, Mas à sua maneira.

TORRADO, António “Conto Contigo”; 1ª edição.-Lisboa: Livraria Civilização,

1994

Memórias - Há vinte anos o “Contador de histórias” passou um dia connosco

Quando chegou o escritor, a

nossa professora veio-nos

chamar e fomos todos a correr

pelas escadas abaixo até à

sala onde estava o escritor.

Era um senhor alto e simpáti-

co; sentei-me no meu

lugar e comecei a ouvir o

que ele dizia. Era engraçado

ouvi-lo a contar coisas que

aconteceram na vida dele. Até

me apeteceu ficar ali três anos

inteiros! Quando chegou a

altura de sairmos, fiquei um

pouco triste, porque aquela

tinha sido a primeira vez que

tinha visto um escri-

tor. Na rua fiquei

entretida a pensar

naquele escritor e pen-

sei que quando fosse

grande ou mais velha

poderia ter essa

profissão tão imagi-

nativa.

Mariana 5ºI, 2004

“… foi um dia de que não me

esqueço mais…”

“Achei-o muito simpático e um

autor verdadeiramente interessa-

do nas crianças (…)”

… Fazia coisas engraçadas que

davam para todos os alunos se

rirem e até os professores acha-

ram graça.”

“É um homem divertido, bem

disposto, paciente…”

In Jornal “EMIR”, Junho de 1991, p. 2

Opiniões

Page 4: Boletim BE Maio 2011

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Requisitar um destes livros:

A “História do Dia"

Diariamente, durante 366 dias, em

www.historiadodia.pt/pt/index.aspx podes

ouvir uma história de António Torrado, con-

tada pelo autor e ilustrada por Cristina Mala-

quias.

Para além da história e da correspondente

ilustração, o site oferece uma diversidade de

serviços.

Através do “Arquivo”, podes aceder às

histórias anteriores, as quais se encontram

catalogadas por meses. Para isso, basta clicar

no botão correspondente ao mês em foi publi-

cada a história ou usar o pesquisador.

Há também o botão “Propostas”, onde com

as palavras retiradas da história, se dão pistas

para outros locais da Internet. Podemos ainda

escrever ou ver mensagens, utilizando o botão

"Comunicar". No “Top 10”, são votadas as

histórias e depois seleccionadas as 10 melho-

res. O “Glossário” é outro dos serviços dispo-

níveis do Site - permite que as palavras

menos conhecidas encontrem aí os seus sinó-

nimos.

Finalmente há ainda a possibilidade de ler

a história em inglês. A história de António

Torrado é traduzida por Joaquina Caeiro, dan-

do assim a possibilidade destas histórias

serem lidas por quase todas as crianças do

mundo.

A cadeira que sabe música

A Cerejeira da Lua

A chave do castelo de Chuchurumel

A história da Carochinha e do infeliz João

Ratão

A machada machadinha do José e da Joa-

quina

A nau Catrineta que tem muito que contar

A noite luminosa

A nuvem e o caracol

André Topa Tudo no país dos castanhos

André Topa Tudo no país dos gigantes

André Topa Tudo no país dos minorcas

Como se faz cor-de-laranja

Como se vence um gigante

Conto contigo

Da Rua do Contador para a Rua do Ouvi-

dor

Dom Pimpão Saramacotão e o seu criado

Pimpim

Donzela guerreira

Donzela que vai à guerra

Fita verde no chapéu

Gil Moniz e a ponta do nariz

Grão a grão

Há coisas assim

Hoje há Palhaços

Histórias tradicionais con-

tadas de novo - I e II

Indo eu indo eu

Joaninha à janela e outras

histórias

O coelho de jade

O elefante não entra na jogada

O filho do Cerobico

O Jardim Zoológico em casa

O macaco do rabo cortado

O manequim e o rouxinol

O menino Grão de Milho

O mercador de coisa nenhuma

O pajem não se cala

O rato que rói

O rei menino

O tambor-mor

O trono do rei Escamiro

O veado florido

O vizinho de cima

Os meus amigos

Pinguim em fundo branco

Quem não trabuca

Se tu visses o que eu vi

Sola sapato rei rainha

Teatro às três pancadas

Toca e foge ou a flauta sem mágica

Toca que toca, dança que dança

Uma visita à Expo 98

Vem aí o Zé das Moscas

Para conheceres a obra de ANTÓNIO TORRADO, a Biblioteca propõe-te: