48
Boletim Científico do Instituto de Ensino e Pesquisa ISSN 2238-3042 EDIÇÃO 46 ANO 08 ABRIL 2017

Boletim Científico do Instituto de Ensino e Pesquisa file1 • Serão aceitos trabalhos originais (pesquisa qualitativa ou quantitativa), revisão de literatura, relato de experiência,

  • Upload
    ngotruc

  • View
    214

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: Boletim Científico do Instituto de Ensino e Pesquisa file1 • Serão aceitos trabalhos originais (pesquisa qualitativa ou quantitativa), revisão de literatura, relato de experiência,

Boletim Científico do Instituto de Ensino e Pesquisa

ISSN 2238-3042 EDIÇÃO 46 ANO 08 ABRIL 2017

BOLETIM ABR 17.indd 1 09/05/17 23:45

Page 2: Boletim Científico do Instituto de Ensino e Pesquisa file1 • Serão aceitos trabalhos originais (pesquisa qualitativa ou quantitativa), revisão de literatura, relato de experiência,

1 • Serão aceitos trabalhos originais (pesquisa qualitativa ou quantitativa), revisão de literatura, relato de experiência, rela-to de caso, e estudo reflexivo.2 • Para cada estudo, a metodologia segue nos seguintes pa-drões:Pesquisa qualitativa: Título, resumo, palavras-chave, introdu-ção, objetivo, metodologia, trajetória metodológica, constru-ção dos resultados, considerações finais e referências. Pesquisa quantitativa: Título, resumo, palavras-chave, intro-dução, objetivo, metodologia, material e método, resultado e discussão, conclusão e referências. • Revisão de literatura: Título, resumo, palavras-chave, intro-dução, objetivo, metodologia, revisão de literatura, conside-rações finais e referências. • Relato de Experiência: Título, resumo, palavras-chave, intro-dução, objetivo, metodologia, descrição do relato de experi-ência, considerações finais e referências. • Relato de caso: Título, resumo, palavras-chave, introdução, objetivo, metodologia, descrição de caso, considerações fi-nais e referências. • Estudo reflexivo: Título, resumo, palavras-chave, introdução, objetivo, metodologia, descrição de reflexão, considerações finais e referências. 3 • Para apresentação dos trabalhos o texto deve vir em Word• Fonte Times New Roman, tamanho 12, justificado• No máximo 12 páginas, com espaçamentos entre linhas de 1,5 cm,• Margem superior de 3 cm, margem inferior de 2 cm, mar-gens laterais de 2 cm. • O texto não deve ultrapassar 15.000 palavras, excluindo re-ferências e tabelas. • O nº total de tabelas e ilustrações não deve ser superior a 6 e o da referências, a 20 citações. • O trabalho deve seguir o seguinte roteiro: Tema, resumo, palavra-chave introdução, método, resultado, considerações finais, referências.4 • Siglas, abreviaturas, unidades de medidas, nomes de ge-

nes e símbolos devem ser usados utilizando o modelo pa-drão internacional e de conhecimento geral. Na primeira ci-tação de siglas, elas devem vir acompanhadas do significado por extenso. 5 • Citações e referências devem seguir as normas de Van-couver. 6 • Caberá ao diretor científico julgar o excesso de ilustrações, suprimindo redundâncias. A ele caberá também a adaptação dos títulos e subtítulos dos trabalhos, bem como a prepa-ração do texto, com a finalidade de uniformizar a produção editorial. 7 • O conteúdo pode estar relacionado com apresentação de caso ilustrativo, atualização terapêutica, análise de métodos diagnósticos, apresentação de casuística etc.8 • Deverão ser enviadas as seguintes informações sobre o(s) autor (es): Nome completo, formação acadêmica, instituição a qual está vinculado, e-mail para contato, foto de rosto e uma titulação conforme prefere ser apresentado.9 • Ao enviar o texto, o autor estará automaticamente con-cordando com sua veiculação via correio e via Internet, não ficando responsável a Secretaria Técnica por sua reprodução ou utilização depois de publicado.10 • Cabe ao Departamento de Divulgação do IEP a data de publicação do artigo.11 • Ilustrações: constam de figuras e gráficos, referidos em números arábicos (exemplo: Fig.3, Gráfico 7), sob a forma de desenhos à nanquim, fotografias ou traçados (ECG etc).Se forem “escaneadas”, deverão ser enviadas em formato TIF ou JPG e ter , no mínimo, 270 DPI de resolução. CONSTAR FONTE. Quando possível deverão ser enviadas em forma ori-ginal. Somente serão aceitas as ilustrações que permitirem boa reprodução.12 • Os trabalhos devem ser encaminhados ao Núcleo de Pu-blicações do IEP através do e-mail: [email protected]

Telefones para contato: (11) 3677-4507 / 3677-4405

02

NORMAS PARA PUBLICAÇÃO NO BOLETIM CIENTÍFICO DO INSTITUTO DE ENSINO E PESQUISA DO HOSPITAL SÃO CAMILO

BOLETIM ABR 17.indd 2 09/05/17 23:45

Page 3: Boletim Científico do Instituto de Ensino e Pesquisa file1 • Serão aceitos trabalhos originais (pesquisa qualitativa ou quantitativa), revisão de literatura, relato de experiência,

03

EXPEDIENTE

A responsabilidade pelos dados e conteúdo dos artigos é exclusiva de seus autores. Permitida reprodução total ou parcial dos artigos, desde que mencionada a fonte.

Sociedade Beneficente São CamiloPresidente: João Batista Gomes de LimaVice-Presidente: Anísio Baldessin 1º tesoureiro: Mateus Locatelli 2º tesoureiro: Zaqueu Geraldo Pinto 1º secretário: Niversindo Antonio Cherubin2º secretário: Marcelo Valentim De Oliveira Superintendente: Justino Scatolin

Hospitais São Camilo de São PauloSuperintendente: Antonio Mendes Freitas

Redação e AdministraçãoOs manuscritos deverão ser encaminhados para: IEP - Hospital São Camilo Rua Tavares Bastos, 651 - PompeiaCEP 05012-020 - São Paulo - SP ou enviados para os e-mails: [email protected]

Diretor Editorial: Rogerio Quintela PirottoDiretora Científica: Profa. Dra. Ariadne da Silva FonsecaCoordenação Editorial: Amanda IlkiuProdução Editorial: Amanda IlkiuJornalista Responsável: Hugo Politi PacíficoEditor de Arte: Fabiana Sant´AnaProdução Gráfica: MaisTypeTiragem: 1000 exemplaresDiagramação: Ei Viu! Design e Comunicação

Conselho Editorial

• Adriana Araujo Sicoli• Adriano Francisco Cardoso Pinto• Ana Lucia das Graças Gomes• Ariadne da Silva Fonseca• Carlos Augusto Dias• Carlos Gorios• José Antonio Pinto• José Ribamar Carvalho Branco Filho• Leonardo Hiroki Kawasaki• Lucia de Lourdes Souza Leite Campinas• Marco Aurélio Silvério Neves• Rita de Cássia Calegari• Rogerio Quintela Pirotto• Vânia Ronghetti

BOLETIM ABR 17.indd 3 09/05/17 23:45

Page 4: Boletim Científico do Instituto de Ensino e Pesquisa file1 • Serão aceitos trabalhos originais (pesquisa qualitativa ou quantitativa), revisão de literatura, relato de experiência,

04

SUMÁRIO

Editorial

Imigração e Condições de Vida/Saúde-Doença: avaliação multidimensional dessa dinâmicaImmigration and Conditions of Life/Health-Disease: multidimensional assessment of this dynamics

Inmigración y Condiciones de Vida/Salud – Enfermedad: evaluación multidimensional de esa dinámica

Rosiane Aparecida de Melo

Cilene Aparecida Costardi Ide

Ivonete Sanches Giacometti Kowalski

Modelo de Gestão por Equipe de Referência Num Serviço de Emergência: relato de experiênciaReference Team Management Model at an Emergency Service: an experience report

Modelo de Gestión por Equipe de Referencia En Un Servicio de Emergencia: relato de experiencia

Cristiane Aparecida Betta

Elizabeth Akemi Nishio

Fabiana Silva Okagawa

Ivone Regina Fernandes

Danilo Stanzani

Nacime Salomão Mansur

Náusea e Vômitos no Pós-Operatório: uma revisão de literaturaNausea and Vomiting in the Postoperative Period: a literature review

Náusea y Vómitos en el Postoperatorio: una revisión de literatura

Lucas Fernandes

Marcelo Queiroz

Fernanda Furigo

Caracterização do Perfil para Riscos Cardiovasculares em Grupos Vulneráveis em Situação de Rua em Áreas Centrais de São Paulo: gênero e idadeProfile of Characterization for Cardiovascular Risk in Vulnerable Groups in Street Situation

in Areas of Central São Paulo: gender and age

Caracterización del Perfil Para Riesgos Cardiovasculares en Grupos Vulnerables

que Viven en las Calles en Áreas Centrales de São Paulo: género y edad

Victor Andrés de Macedo Gonçalo

Claudia Cristina Soares

Banho com Auxílio: percepções de profissionais e clientesAssisted Bath: perceptions from professionals and clients

Bañarse con Auxilio: percepciones de profesionales y clientes

Raquel do Amaral Sampaio1

Márcia Boessio dos Santos

Julia Peres Pinto

Utilização do Bloqueio Regional Guiado por Ultrassom em Paciente com Dor Difícil: relato de casoUtilization of the Ultrasound-Guided Regional Block in Patients with Difficult Pain: a case report

Utilización del Bloqueo Regional Guiado por Ultrasonido en Paciente con Dolor Difícil: relato de caso

Marcelo Queiroz

Lucas Lima

Roberta Calle Queiroz

08

06

14

20

24

28

38

BOLETIM ABR 17.indd 4 09/05/17 23:45

Page 5: Boletim Científico do Instituto de Ensino e Pesquisa file1 • Serão aceitos trabalhos originais (pesquisa qualitativa ou quantitativa), revisão de literatura, relato de experiência,

05

BOLETIM ABR 17.indd 5 09/05/17 23:45

Page 6: Boletim Científico do Instituto de Ensino e Pesquisa file1 • Serão aceitos trabalhos originais (pesquisa qualitativa ou quantitativa), revisão de literatura, relato de experiência,

A saúde constitui um importante setor no mercado de trabalho do país. Como as de-

mais áreas, encontra-se vinculada a um conjunto de determinantes políticos e econômi-

cos que permeiam o mercado de trabalho em geral. Pode-se dizer que o dinamismo e

as características dos seus empregos foram influenciados pelo crescimento do sistema

produtor de serviços e pela reforma do setor, os quais provocam mudanças significativas

na estrutura ocupacional e no perfil quantitativo da força de trabalho.

Essas transformações são frutos de uma era capitalista, que consegue modificar va-

lores, culturas e estilos de vida. Muitas vezes fazendo com que os profissionais fiquem

voltados a atender as imposições das instituições e esquecendo-se do que realmente

deveriam realizar ou propor.

Vive-se hoje com um novo paradigma econômico, caracterizado pela velocidade e ino-

vação; curta duração de tempo dos ciclos; busca da qualidade e satisfação dos clientes.

A importância esta acentuada nos ativos intangíveis como identificação da marca, co-

nhecimento, inovação e recursos humanos. Neste cenário, configura-se como desafio às

instituições de ensino e de saúde, desenvolver e implementar ferramentas e modelos de

assistência e de gestão que lhes garantam a possibilidade de competição atual e futura.

Com o nível de competitividade equilibrado no que tange ao composto preço, presta-

ção de serviço e qualidade, ambientes cada vez mais dinâmicos e inovações tecnológicas

constantes, o diferencial passa a ser os profissionais envolvidos dentro deste contexto.

As organizações necessitam contar, de um lado, com profissionais altamente capacita-

dos, aptos a fazer frente às ameaças e oportunidades do mercado de trabalho e, de outro,

com um sistema de gestão sério e eficaz.

Precisamos olhar e enxergar o que realmente é necessário, refletir e atuar para me-

lhorar a formação e a atuação dos profissionais de saúde. Desta forma é importante que

cada um faça a sua parte.

Boa leitura e reflexão a todos!

EDITORIAL

Formação e Atuação profissional: um desafio

Ariadne da Silva FonsecaGerente do Instituto de Ensino

e Pesquisa e do Centro

de Simulação da Rede de

Hospitais São Camilo

06

BOLETIM ABR 17.indd 6 09/05/17 23:45

Page 7: Boletim Científico do Instituto de Ensino e Pesquisa file1 • Serão aceitos trabalhos originais (pesquisa qualitativa ou quantitativa), revisão de literatura, relato de experiência,

Health is an important sector in the work market of the

country. As the other areas, it is connected to a set of political

and economic determinants permeating the work market at

large. It may be said that dynamism and the characteristics

of its jobs have been influenced by the services producing

system growth and by the sector reform, which cause sig-

nificant changes in the work force occupational structure and

quantitative profile.

Those transformations are fruit of a capitalistic age which

manages to modify values, cultures and lifestyles. Oftentimes

causing professionals to be compelled to comply with impo-

sitions form institutions and forget what they should really ac-

complish or propose.

A new economic paradigm is lived today, characterized by

velocity and innovation, short duration of cycle times, and

quest for quality and customer satisfaction. The importance is

highlighted on intangible assets such as brand identification,

knowledge, innovation and human resources. In this scenario,

educational and health institutions are challenged to develop

and implement assistance and management tools and mod-

els assuring them the possibility of current and future com-

petition.

With a balanced competitive level when it comes to the

price, service provision and quality compound, ever more dy-

namic environments and constant technological innovations,

the differential is the professionals involved in this context.

Organizations need to rely, of the one side, on highly skilled

professionals, capable of facing the work market threats and

opportunities, and of the other side on a serious and effective

management system.

We need to look and see what is really necessary, reflect

and act to improve health professionals formation and actua-

tion. Therefore, it is important that everybody plays their role.

Have a good reading and reflection.

La salud constituye un importante sector no mercado de tra-

bajo del país. Así como las demás áreas, ella está vinculada a

un conjunto de determinantes políticos y económicos que per-

mean el mercado de trabajo en general. Se puede decir que el

dinamismo y las características de sus empleos fueron influen-

ciados por el crecimiento del sistema productor de servicios y

por la reforma del sector, los cuales provocan cambios signifi-

cativos en la estructura ocupacional y en el perfil cuantitativo de

la fuerza de trabajo.

Esas transformaciones resultan de una era capitalista, que lo-

gra modificar valores, culturas y estilos de vida. Muchas veces

haciendo con que los profesionales se dediquen a atender las

imposiciones de las instituciones y olvidando lo que realmente

deberían realizar o proponer.

Actualmente se vive con un nuevo paradigma económico

caracterizado por la velocidad e innovación; corta duración de

tiempo de los ciclos; búsqueda de la calidad y satisfacción de

los clientes. La importancia está acentuada en los activos intan-

gibles como identificación de la marca, conocimiento, innova-

ción y recursos humanos. En este escenario, se configura como

desafío a las instituciones de enseñanza y de salud, desarrollar e

implementar herramientas y modelos de asistencia y de gestión

que les garanticen la posibilidad de competición actual y futura.

Con el nivel de competitividad equilibrado en lo que se refiere

al compuesto precio, prestación de servicio y calidad, ambien-

tes cada vez más dinámicos e innovaciones tecnológicas cons-

tantes, el diferencial pasa a ser los profesionales involucrados

dentro de este contexto.

Las organizaciones necesitan contar, de un lado, con profesio-

nales altamente capacitados, aptos a hacer frente a las amena-

zas y oportunidades del mercado de trabajo e, por otro lado, con

un sistema de gestión serio y eficaz.

Necesitamos mirar y ver lo que realmente es necesario, re-

flexionar y actuar para mejorar la formación y la actuación de los

profesionales de salud. De esta manera es importante que cada

uno haga su parte.

¡Buena lectura y reflexión a todos!

Professional Formation and Actuation: a Challenge

Formación y Actuación profesional: un desafío

07

BOLETIM ABR 17.indd 7 09/05/17 23:45

Page 8: Boletim Científico do Instituto de Ensino e Pesquisa file1 • Serão aceitos trabalhos originais (pesquisa qualitativa ou quantitativa), revisão de literatura, relato de experiência,

08

ResumoPesquisa descritiva sobre as condições de vida-saúde-doença

de imigrantes, com abordagem quali-quantitativa, desenvolvi-

da na Missão Paz, São Paulo de junho a agosto de 2014. Parti-

ciparam 28 imigrantes, satisfeitos os critérios de inclusão e as

precauções éticas. A anamnese utilizada permitiu desenvolver

uma avaliação multidimensional quanto à composição dos per-

fis biopscossociocomportamentais, motivações e singularidade

das experiências vividas.

Palavras-chave: Enfermagem; Imigração; Avaliação Multidi-

mensional; Atenção ao imigrante adulto

AbstractDescriptive research on the life-health-illness conditions of im-

migrants, with a qualitative-quantitative approach, developed

at the Mission Paz, São Paulo from June to August 2014. 28 im-

migrants participated, meeting the inclusion criteria and ethical

precautions. The anamnesis allowed to develop a multidimen-

sional evaluation regarding the composition of the bio pscoso-

ciocomportant profiles, motivations and uniqueness of the lived

experiences.

Key words: Nursing; Immigration; Multidimensional Evaluation;

Attention to the adult immigrant

ResúmenObjetivo: Investigación descriptiva sobre las condiciones de vi-

da-salud-enfermedad de inmigrantes, con abordaje cualitativa-

-cuantitativa, desarrollada en la Misión Paz, São Paulo de junio

a agosto de 2014. Participaron 28 inmigrantes, satisfechos los

criterios de inclusión y las precauciones éticas. La anamnesis

utilizada permitió desarrollar una evaluación multidimensional

en cuanto a la composición de los perfiles bio-psico-socio-com-

portamentales, motivaciones y singularidad de las experiencias

vividas.

Palabras-clave: Enfermería; Inmigración; Evaluación Multidi-

mensional; Atención al inmigrante adulto.

Imigração e Condições de Vida/Saúde-Doença: avaliação multidimensional dessa dinâmica

Rosiane Aparecida de Melo Mestre em Enfermagem. Docente supervisora de estágio em Saúde Coletiva no Curso de Graduação em Enfermagem na Universidade Nove de Julho – UNINOVE

Cilene Aparecida Costardi IdeProfessora Titular da EEUSP e Prof.ª Convidada do Mestrado Profissional em Enfermagem no Processo do Cuidar do Centro Universitário São Camilo – SP

Ivonete Sanches Giacometti KowalskiDoutora em Enfermagem, Professora do Programa do Mestrado Profissional em Enfermagem no Processo do Cuidar do Centro Universitário São Camilo - SP

Immigration and Conditions of Life/Health-Disease:

multidimensional assessment of this dynamics

Inmigración y Condiciones de Vida/Salud – Enfermedad:

evaluación multidimensional de esa dinámica

BOLETIM ABR 17.indd 8 09/05/17 23:45

Page 9: Boletim Científico do Instituto de Ensino e Pesquisa file1 • Serão aceitos trabalhos originais (pesquisa qualitativa ou quantitativa), revisão de literatura, relato de experiência,

IntroduçãoA questão da imigração, enquanto elemento e produto

de contextos socioeconômicos globais multidimensionais e pluricausais, evoca diferentes saberes na busca da apre-ensão e compreensão de suas múltiplas motivações, ex-pressões e repercussões, inclusive e até principalmente na dinâmica de vida/saúde-doença de pessoas que vivenciam essa experiência.

A Organização Internacional para as Migrações (OIM) refe-re um contínuo aumento das migrações, sendo que o con-tingente atual de 215 milhões de migrantes internacionais em todo mundo poderia atingir 405 milhões em 2050.1

Essa realidade possui um intenso e multifacetado poten-cial desestabilizador, tornando-se capaz de gerar múltiplas e complexas expressões disfuncionais nas condições de vida/saúde-doença dessas pessoas.2

Nessa perspectiva evidencia-se um desafio premente a ser enfrentado pelos profissionais de saúde: agregar ex-pressões psicossociais à sua intervenção clínica, destacan-do aspectos ainda pouco considerados e que emergem na medida em que narrativas sejam expressas na relação te-rapêutica.

Torna-se necessário, portanto, investir em projetos assisten-ciais capazes de promover a aproximação com as questões existenciais vivenciadas por pessoas que, por diferentes moti-vos, ousaram migrar, enfrentando uma dinâmica de transfor-mações cuja intensidade marca o corpo, a mente, a capacida-de de relacionamento com o novo mundo e com tudo que ele traz de desafios, incluindo a própria sobrevivência.

Tais repercussões seriam passíveis de mapeamento e mobilização na dependência de abordagens diagnósticas e terapêuticas ampliadas, ao mesmo tempo biopsicossociais, visando a melhor saúde e bem-estar possíveis, considerando a singularidade das estratégias e dos projetos de ser um imi-grante, vivendo em território brasileiro.

Para quem se propõe a cuidar dessas pessoas ajudando-

09

-as no processo de refazer a própria vida muitas vezes em contextos hostis, esse talvez seja o maior dos desafios: o in-vestimento na compreensão das dificuldades que as pessoas têm de conduzir sua própria vida, reconhecendo os itinerários percorridos por elas em busca de soluções para os próprios problemas.

Na abordagem diagnóstica ampliada, de âmbito biopsicos-social, vinculam-se as situações decorrentes da desorgani-zação da vida e do cotidiano (desemprego, violência, rupturas afetivas, insuficiência de renda, condições inadequadas de trabalho de moradia, dentre outras) com as formas de adoe-cer e de enfrentar o adoecimento.3

Nesse sentido, para conectar vida/saúde-doença às con-dutas diagnósticas e terapêuticas é preciso ampliar espaços de expressão, investindo na análise interpretativo-compreen-siva da narrativa como conteúdo ideativo a ser apreendido, analisado, reapresentado, enfim, utilizado como elemento norteador da relação clínica.

Assim sendo, o estudo objetivou desenvolver uma avalia-ção sistematizada do processo de vida/saúde-doença de imigrantes enquanto resposta adaptativa à realidade atu-al, considerando narrativas e expressões multidimensionais dessa experiência.

Trajetório MetodológicaEstudo descritivo, quali-quantitativo, realizado na Organiza-ção Social Missão Paz, na cidade de São Paulo, no período de junho a agosto de 2014, após aprovações legais e precauções ética cabíveis. A coleta de dados pautou-se em entrevistas semiestruturadas de 28 imigrantes, utilizando instrumentos específicos.4 A singularização da abordagem diagnóstica foi promovida tendo por base a promoção do acolhimento, da escuta sensível, do diálogo e do compartilhamento de apre-ciações. A análise interpretativo-compreensiva das narrativas foi realizada segundo referenciais de Bardin, permitindo a composição de categorias por analogia temática.5

BOLETIM ABR 17.indd 9 09/05/17 23:45

Page 10: Boletim Científico do Instituto de Ensino e Pesquisa file1 • Serão aceitos trabalhos originais (pesquisa qualitativa ou quantitativa), revisão de literatura, relato de experiência,

10

Principais ResultadosA experimentação concreta de uma proposta de anamnese

ampliada, voltada à apreensão de múltiplas expressões de um cotidiano marcado pela condição de existir em solo es-trangeiro, buscando narrativas e avaliações objetivas aptas a problematizar e mensurar os efeitos, os desafios e as supera-ções possíveis dos embates cotidianos, viabiliza a proposição de um processo de interação e avaliação multidimensional de imigrantes cujos principais resultados encontram-se re-feridos a seguir.• Composição do grupo: predominantemente adultos jovens (20 a 40 anos), de ambos os sexos, na sua maioria solteiros e sem dependentes, com acesso ao ensino superior, completo ou não, vinculados, na sua maioria, tanto ao mercado formal de trabalho, em diferentes modalidades de prática (9 deles), quanto ao voluntariado (8 imigrantes);• Origem migratória: 15 da América do Sul (Bolívia, Colômbia, Paraguai e Peru), 3 da América Central (Panamá e Haiti) e 2 da América do Norte (México). Imigrantes oriundos da Europa (Itália e França), Oriente Médio (Irã), Ásia (Japão) e África (Gui-né Bissau) também compuseram o grupo;

• Tempo de permanência no Brasil: 12 deles até 3 anos, 14 há mais de 9 anos;• Problemas identificados: inúmeros e graves comprometi-mentos, mesclando dimensões simultaneamente biológicas, psicológicas e sóciocomportamentais. Em São Paulo a maio-ria deles assumiu condições de vida pautadas em precárias estratégias de sobrevivência, incluindo: isolamento social, quase reclusão; valorização excessiva do trabalho exaustivo, mal remunerado e opressivo como recurso para obter ao me-nos cama e comida ainda que de péssima qualidade; desin-vestimento pessoal, com o autocuidado reduzido e a busca por qualidade de vida transformada em utopia,culminando numa noção de impossibilidade de superação que cercearia a busca por alternativas, excluindo, inclusive, a possibilidade de retorno à origem. Fogem desse perfil aqueles que migra-ram por motivos vinculados ao aprimoramento pessoal, na esfera religiosa ou laica.

As repercussões nas condições físicas também são evi-dentes a ponto de já incorporarem agravos mediados por dores, processos inflamatórios ou infecciosos recidivantes, alterações de hábitos, dentre outras manifestações inclusi-

Dimensão sócio comportamental Dimensão psicológica Dimensão biológica

• Desesperança

• Labilidade de humor

• Inabilidade em criar e manter vínculos

• Luto incompleto

• Sensação de irrealização e de

sobrecarga física e emocional

• Noção exacerbada de

responsabilidades

• Necessidade exacerbada de êxito

próprio ou de familiares

• Referências de medo, insegurança,

solidão, mágoas, tristeza e frustações

• Embotamento afetivo

• Estado de prontidão que compromete

relaxamento

• Dificuldades de enraizamento

• Indefinição quanto ao futuro

• Hábitos disfuncionais

• Autocuidado limitado

• Desinvestimento pessoal

• Hiperinvestimento no trabalho

• Cotidiano restrito

• Reclusão

• Conceitos distorcidos quanto às

questões de saúde doença

• Inflexibilidade

• Projetos de superação limitados

• Sobrepeso

• Fogachos

• Gastralgia

• Inflamações/infecções repetidas

• Sono irregular

• Hérnia umbilical

• Menstruação irregular

• Cansaço

• Dores diversas

Quadro 1 - Expressões multidimensionais de vida/saúde-doença: problemas referidos/identificados. São Paulo, 2015.

BOLETIM ABR 17.indd 10 09/05/17 23:45

Page 11: Boletim Científico do Instituto de Ensino e Pesquisa file1 • Serão aceitos trabalhos originais (pesquisa qualitativa ou quantitativa), revisão de literatura, relato de experiência,

11

ve precursoras de outras possíveis afecções, conforme de-monstrado a seguir.

Essa distribuição de agravos reforçaria o caráter interativo dos processos que vêm atingindo os participantes do estu-do, compondo um perfil de saúde-doença próprio, ainda que não exclusivo desse grupo.

Os dados registrados na sua tríplice inserção seriam res-postas às necessidades e expectativas desses imigrantes, compondo um conjunto amplo de riscos e adoecimentos enquanto expressões de vulnerabilidade, decorrentes, inclu-sive, dos desgastes cotidianos, das perdas pessoais, assim como das condições particulares de enfrentamento por eles referidas.

Diante da abrangência de problemas retratada, é preci-so reforçar a múltipla dimensão e expressão dos processos vitais, incluindo a saúde – doença, enquanto condições li-gadas a uma história de vida e a uma determinada visão de mundo que condicionam percepções, valorações e reações singulares, induzindo demandas assistenciais que mesclam dimensões simultaneamente biológicas, psicológicas e só-ciocomportamentais passíveis de serem apreendidas pelo instrumento e pelas estratégias de avaliação multidimensio-nais utilizadas no estudo.

Efetivamente, várias das situações de vida retratadas te-riam força de impacto sobre a saúde física e mental dos par-ticipantes, podendo gerar uma série de efeitos a requererem um novo estilo de cuidar, integrando e compartilhando suas diferentes etapas do diagnóstico à avaliação da ação e seus resultados, efetivando uma abordagem multidimensional, ao mesmo tempo biopsicossocial, no desempenho de ações próprias de uma clínica ampliada capaz de incluir:6

A recuperação biográfica, estratégia promotora de auto escuta, do reencontro de pessoa com sua traje-tória de vida; iniciativas voltadas ao desenvolvimento pessoal (escolarização, desenvolvimento de talentos, encaminhamentos, atividades educativo-assisten-ciais...), atividades físicas, vivências corporais e rela-cionais, promoção de direitos, proteção legal, inicia-tivas de desenvolvimento comunitário, dentre outras. (AYRES, 2004 p. 64).

O custo emocional dessa trajetória também seria marcado por sentimentos conflitantes, isolamento social, embotamen-to afetivo, noção de não pertença, dentre outros problemas por eles referidos, compondo um contexto de vida marcado por intenso sofrimento emocional e tentativas quase sempre frustradas de superação.

Os dados qualitativos compuseram o contexto de motiva-ções que induziram o deslocamento geográfico, o perfil identi-tário dos imigrantes, a caracterização do processo adaptativo, tendo como informações complementares as representações dessa participação, incluindo as reconsiderações da história pessoal e a avaliação do processo interativo. Houve a identi-ficação de quatro categorias analíticas que, sintetizadas, indi-caram uma busca perene por: esperança em dias melhores, superando a pobreza extrema e a absoluta falta de oportu-nidades; pelo desenvolvimento pessoal, quer na perspectiva da complementação de estudos, quer na visão de mundo am-pliada pelo contato com o novo; pela possibilidade de trans-cendência decorrente de práticas missionarias, tendo como quarta motivação a busca por segurança e por sobrevivência, fugindo dos horrores das lutas e perseguições políticas. Essas representações encontram-se referidas a seguir.

BOLETIM ABR 17.indd 11 09/05/17 23:45

Page 12: Boletim Científico do Instituto de Ensino e Pesquisa file1 • Serão aceitos trabalhos originais (pesquisa qualitativa ou quantitativa), revisão de literatura, relato de experiência,

12

MOTIVO

DESENVOLVIMENTO PESSOAL• Expansão de horizontes

• Atividade voluntária

SEGURANÇA• Causas políticas• Causas naturais

DISTINTAS CONDIÇÕES DE VIDA / SAÚDE-DOENÇA

ESPERANÇA• Superação da pobreza

• Distanciamento de perdas afetivas

PRÁTICA MISSIONÁRIA• Dever de ofício

ANAMNESE MULTIDIMENSIONAL

PERFIL IDENTITÁRIO(PESSOAS)

• Performáticas• Afetivamente instáveis• Sensíveis à dor alheia

PERFIL IDENTITÁRIO• Reliogiosos

• Satisfeitos com a vida austera• Realizados na caridade

PERFIL IDENTITÁRIO• Políticos

• Aventureiros• Voluntários laicos

PERFIL IDENTITÁRIO• Sobreviventes mobilizados por dor,

medo, saudades• Em busca de “porto seguro”

ADAPTAÇÃO• Dificuldades materiais

• Saudades e humilhações revividas• Foco no trabalho

• Não pertença

ADAPTAÇÃO• Ganhos pessoais (formação)• Estranhamentos persistentes• Disponibilidade para o novo

ADAPTAÇÃO• Satisfação nas dificuldades• Estresse frente ao cotidiano

• Cautelosos • Otimistas•Eternos imigrantes

ADAPTAÇÃO• Dificuldades marcantes

• Insatisfação com a vida atual• Ajustes restritivos de sobrevivência

Figura 1 - Síntese das representações relativas às motivações indutoras do processo migratório. São Paulo, 2015.

BOLETIM ABR 17.indd 12 09/05/17 23:45

Page 13: Boletim Científico do Instituto de Ensino e Pesquisa file1 • Serão aceitos trabalhos originais (pesquisa qualitativa ou quantitativa), revisão de literatura, relato de experiência,

13

Considerações FinaisDesenvolvemos o estudo fundamentando-o em aborda-

gem teórico-operacional multidimensional, compreenden-do a situação de ser imigrante como um devir, mediado por processos adaptativos singulares passíveis de apreensão e avaliação pela abordagem multidimensional proposta.

As estratégias utilizadas na coleta e devolução dos da-dos obtidos e categorizados conforme referenciais do es-tudo permitiram desenvolver uma anamnese biopsicosso-ciocomportamental apta a delinear perfis pessoais, traços biográficos, motivações e reações ao processo de desloca-mento geográfico, culminando na identificação dos múlti-plos problemas que coabitam o cotidiano de vida e as ex-pressões de saúde-doença desses imigrantes.

Cabe, portanto considerar, ao final do estudo, que a sensi-bilidade da escuta, a compreensão dialógica das questões e o compartilhamento de apreciações enquanto estratégias relacionais utilizadas pela pesquisadora, tendo por base o instrumento proposto, parecem ter sido capazes de promo-ver a interação e a coleta de dados necessários à avaliação multidimensional das condições de vida/saúde-doença dessas pessoas, considerando a singularidade das trajetó-rias e dos projetos de um ser imigrante, vivendo em território brasileiro.

Vale ressaltar que a pesquisa permitiu a aplicação do ins-trumento proposto, chegando ao perfil diagnóstico espera-do. Entretanto, sua utilização restringiu-se e a um único e específico local cujas características peculiares podem ter influenciado nos resultados obtidos.

Ajustes no instrumento também foram identificados como necessários, incluindo a caracterização do histórico familiar e pessoal, com ênfase nas questões de saúde-doença-cui-dados pregressas enquanto elementos norteadores de um futuro projeto terapêutico.

Referências1 • OIM - Organização Internacional para as migrações. Relatório mundial sobre a migração 2010: o futuro das migrações - reforço de capacidade para a mudança. Genebra: OIM, 2010. Disponível em: <www.acpmigration--obs.org/.../PT-Obs-ACPManual-%20Investig-Final-...>. Acesso em: 13 nov. 2013.

2 • Padilla B; Hernández-Plaza S; ORTIZ A. Avaliando as boas práticas em saúde e migrações em Portugal: teoria, prática e política. Fórum Sociológico, v. 22, 2012. Disponí-vel em: <http://sociologico.revues.org/550>. Acesso em: 13 out. 2014.

3 • BRASIL. Ministério da Saúde Secretaria de Atenção à Saúde Núcleo Técnico da Política Nacional de Humani-zação. CLÍNICA AMPLIADA, EQUIPE DE REFERÊNCIA E PROJETO TERAPÊUTICO SINGULAR 2.ª edição 1.ª reim-pressão Série B. Textos Básicos de Saúde Brasília − DF 2008

4 • IDE CA. Métodos e instrumentos para a abordagem multidimensional em saúde. São Paulo; [SN], 2013. CD ROM.

5 • BARDIN L. Análise de Conteúdo. Lisboa, Portugal; Edi-ções 70, LDA, 2009.

6 • AYRES JRCM. Cuidado e reconstrução das práticas de saúde. Interface comunicação, saúde, educação. São Paulo v .8, n. 14, p. 73-92, set. 2003 - fev. 2004.

BOLETIM ABR 17.indd 13 09/05/17 23:45

Page 14: Boletim Científico do Instituto de Ensino e Pesquisa file1 • Serão aceitos trabalhos originais (pesquisa qualitativa ou quantitativa), revisão de literatura, relato de experiência,

14

ResumoO objetivo deste estudo é relatar a experiência com o modelo de

gestão por equipes de referência, num serviço de emergência

municipal na cidade de São Paulo, no ano de 2014. A gestão por

equipes de referência, identificando os profissionais de enfer-

magem e agilizando o atendimento, proporcionou diferença nos

tempos de atendimento, que antes chegava a seis horas, redu-

zindo para quatro horas, gerando satisfação nos usuários, pois se

sentiram diferenciados e mais prontamente atendidos.

Palavras-chave: Emergência, classificação, enfermagem, equi-

pe de referência.

AbstractThis study aims at reporting the experience with the reference

teams’ management model at a city emergency service in the

City of São Paulo in 2014. The reference team management,

identifying the nursing professionals and speeding assistance,

has provide a difference in assistance times, which could pre-

viously reach six hours, reducing them to four hours and genera-

ting user satisfaction as they felt differentiated are more readily

assisted.

Key words: Emergency, classification, nursing, reference team.

ResúmenEl objetivo de este estudio es relatar la experiencia con el mo-

delo de gestión por equipos de referencia, en un servicio de

emergencia municipal en la ciudad de São Paulo, en el año 2014.

La gestión por equipos de referencia identificando a los profe-

sionales de enfermería y agilizando la atención proporcionó di-

ferencia en los tiempos de atención, que antes llegaba a seis

horas, reduciéndose a cuatro horas, generando satisfacción a

los usuarios, pues se sintieron diferenciados y más prontamente

atendidos.

Palabras-clave: Emergencia, clasificación, enfermería, equipo

de referencia.

Modelo de Gestão por Equipe de Referência Num Serviço de Emergência: relato de experiência

Cristiane Aparecida BettaEnfermeira. Mestre em Informática em Saúde pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). Diretora de Enfermagem do Hospital Geral de Pirajussara.

Elizabeth Akemi NishioEnfermeira. Mestre em Informática em Saúde pela Unifesp.Coordenadora das diretorias de enfermagem da Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina (SPDM) - Unidades afiliadas

Fabiana Silva OkagawaEnfermeira, Mestre em Ciências da Saúde pela Unifesp. Coordenadora da Educação Continuada corporativa na SPDM.

Ivone Regina FernandesEnfermeira. Doutora em Ciências da Saúde pela Faculdade de Ciências Medicas da Santa Casa de São Paulo. Coordenadora técnica de enfermagem na SPDM.

Danilo StanzaniMédico. Especialista em cirurgia geral pelo Hospital Ana Costa de Santos.Emergencista no Hospital Geral de Guarulhos.

Nacime Salomão MansurMédico. Especialista em Administração Hospitalar e Sistema de Saúde pelaCEAHS – FGV. Superintendente das Instituições afiliadas da SPDM.

Reference Team Management Model at an Emergency Service:

an experience report

Modelo de Gestión por Equipe de Referencia En Un Servicio

de Emergencia: relato de experiencia

BOLETIM ABR 17.indd 14 09/05/17 23:45

Page 15: Boletim Científico do Instituto de Ensino e Pesquisa file1 • Serão aceitos trabalhos originais (pesquisa qualitativa ou quantitativa), revisão de literatura, relato de experiência,

15

IntroduçãoOs Serviços Hospitalares de Emergências (SHE), chamados

Prontos Socorros (PSs), no sistema de saúde brasileiro ainda são a principal porta de entrada dos usuários do Sistema Úni-co de Saúde (SUS), provocando uma demanda de pacientes que vão desde os não críticos, que poderiam ser atendidos nas Unidades Básicas de Saúde (UBS), até os pacientes crí-ticos, aumentando o tempo de atendimento e resolução do problema de saúde, gerando aumento de custo assistencial e insatisfação do usuário, o que faz com que os SHE se tor-nem locais com extrema dificuldade para a organização do trabalho.1-5

A equipe de enfermagem é responsável pelo cuidado dire-to, pela organização do cuidado e pela coordenação do tra-balho de enfermagem.3-6

A criação das equipes de referência faz parte dos arranjos organizacionais apresentados pela cartilha do Programa Na-cional de Humanização (PNH) que tem como objetivo contri-buir ou minimizar a falta de definição de responsabilidades, de vínculo terapêutico e de integralidade na atenção à saú-de, oferecendo um tratamento digno, respeitoso, com quali-dade, acolhimento e vínculo.3 Propõem um novo sistema de referência entre profissionais e usuários, onde cada unidade de saúde se organiza por meios da composição de equipes, formada segundo características e objetivos da própria uni-dade, de acordo com a realidade local e disponibilidade de recursos, que se responsabilizam pela saúde de um grupo de pacientes/clientes inscritos, segundo sua capacidade de atendimento e gravidade dos casos.7

A organização de serviços com base em equipes de refe-rência é uma estratégia para lidar com demandas reprimidas e análise de encaminhamentos até o desfecho. É importante a definição clara de quem será o profissional de referência, esta tarefa significa o desenvolvimento de diálogo, definir prioridades, evitar iatrogenias, a partir de um vínculo tera-pêutico com o usuário. Uma equipe de referência pode ser

composta por dois ou mais profissionais e é responsável pelo acompanhamento de cada usuário.

O protocolo de Classificação de Risco (CR), utilizado pelo Pronto Socorro foi elaborado para possibilitar a execução e identificação dos diagnósticos sindrômicos pelos enfermei-ros e classificar no tempo médio de 2,5 minutos.

Os resultados esperados com a implantação da CR são a diminuição do risco de mortes evitáveis, extinção da tria-gem por funcionário não qualificado, priorização de acordo com critérios clínicos, obrigatoriedade de encaminhamento responsável do usuário a outro serviço quando houver ne-cessidade, redução do tempo de espera, detecção de casos que se agravarão se o atendimento for postergado, melhoria da assistência nas emergências, redução da ansiedade e au-mento da satisfação dos profissionais e usuários.3-4,6-9

ObjetivoEste trabalho tem o objetivo de relatar a experiência com

a utilização do modelo de gestão por equipes de referência melhorando os tempos de atendimento dos clientes e a sa-tisfação dos usuários e familiares.

MétodoTrata-se de um relato de experiência, com a utilização

domodelo de gestão por equipes de referencia, no ano de 2014, em um pronto socorro localizado na cidade de São Pau-lo – SP, é uma unidade filantrópica, municipal, com 100% de atendimento a usuários do Sistema Único de Saúde (SUS). O serviço atende demanda espontânea, 24 horas por dia nos sete dias da semana. São realizadas em média 18.000 aten-dimentos/mês.

Descrição da ExperiênciaForam criadas duas equipes, com um enfermeiro, dois

técnicos de enfermagem para cada e dois médicos. Estas equipes são representadas por uma cor, trazida nas batas

BOLETIM ABR 17.indd 15 09/05/17 23:45

Page 16: Boletim Científico do Instituto de Ensino e Pesquisa file1 • Serão aceitos trabalhos originais (pesquisa qualitativa ou quantitativa), revisão de literatura, relato de experiência,

16

dos membros, e são responsáveis por grupos específicos de clientes classificados. A equipe Rosa é responsável pelos clientes azuis, maior demanda na unidade, e a Bordô, refe-rencia os verdes e amarelos.

No momento da classificação de risco o cliente é identifi-cado com etiqueta da cor de sua equipe de referência, um técnico de enfermagem direciona o cliente para o enfermeiro da respectiva equipe, que o acolhe e encaminha para consul-ta médica.

Etiqueta do cliente rosa e bordô

O processo é monitorado por meio de indicadores, listados na ficha de atendimento e preenchido pelas equipes, estes relacionam o intervalo de tempo entre a abertura de ficha na recepção e a classificação, entre a classificação e o atendi-mento médico, entre o atendimento médico e o procedimen-to solicitado, entre o procedimento e a reavaliação médica e por fim o tempo total desde a entrada até o desfecho do caso do cliente, que deve somar até 4 horas; estes indicado-res possibilitarão a revisão dinâmica e contínua do processo.

Para efetivar a gestão por equipe de referência, o serviço de emergência passou por algumas modificações, incluindo reforma da planta física, tais como: manter apenas uma porta de acesso para melhorar o fluxo de entrada, direcionar um controlador de acesso para orientar os usuários, disponibili-zar uma sala destinada para medicação oral e intramuscular, uma sala para medicação endovenosa, um consultório mé-dico para a classificação de risco nível 3 (amarelo), um con-sultório para a classificação de risco nível 4(verde) e dois con-sultórios para a classificação de risco do nível 5 (azul), sendo que todos podem ser reversíveis de acordo com a demanda do atendimento, além da aquisição de equipamentos e mo-biliários, sensibilização da equipe de saúde, treinamento dos enfermeiros e técnicos de enfermagem.

A proposta foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP), parecer nº733.090/2014.

Foi elaborado um instrumento de coleta de dados denomi-nada “filipeta”, os dados foram coletados deste instrumento e da Ficha de Atendimento (FA) dos clientes, por ocasião da implantação das Equipes de Referência, para controle dos tempos de atendimento dos usuários.

A filipeta é preenchida diariamente ao longo do atendi-mento do cliente, desde sua abertura de ficha pela recep-ção, até a última tomada de decisão médica, denominada de desfecho.

As filipetas contemplam os seguintes campos de infor-mações: nome, registro hospitalar (RH), data e classificação, além do horário de abertura da ficha de atendimento (FA); horário da classificação de risco (CR); horário da consulta mé-dica (CM); horário da administração de medicações; horário de realização dos exames; horário do desfecho (alta, trans-ferência, internação). As informações são condensadas em uma planilha institucional e analisadas ao término de cada mês pelo corpo gestor da unidade.

O resultado importante deste trabalho foi a redução do in-tervalo de tempo entre a abertura da ficha de atendimento até o desfecho (alta ou internação) para quatro horas. Antes da implantação do modelo de gestão por equipe de referên-cia o tempo de atendimento chegava a seis horas.

Após a implantação da equipe de referência o tempo entre

Equipe de referência ROSA

Técnico da sala de espera entrega documentos do paciente classificado para o enfermeiro de referência.

Paciente classificado

como AZUL

Equipe de referência BORDO

Técnico da sala de espera entrega documentos do paciente classificado para o enfermeiro de referência.

Paciente classificado

como AMARELO ou VERDE

Equipe de referência

Equipe de referência

BOLETIM ABR 17.indd 16 09/05/17 23:45

Page 17: Boletim Científico do Instituto de Ensino e Pesquisa file1 • Serão aceitos trabalhos originais (pesquisa qualitativa ou quantitativa), revisão de literatura, relato de experiência,

17

BOLETIM ABR 17.indd 17 09/05/17 23:45

Page 18: Boletim Científico do Instituto de Ensino e Pesquisa file1 • Serão aceitos trabalhos originais (pesquisa qualitativa ou quantitativa), revisão de literatura, relato de experiência,

18

a abertura da ficha e a classificação de risco foi em média 18 minutos, a meta proposta é de 15 minutos, comprovando que há necessidade de melhorias.

Os resultados após a implantação das equipes de referên-cia na unidade mostraram como consequências benéficas: a humanização, com a manutenção do vínculo entre cliente, família e sistema de saúde; o comprometimento da equipe de enfermagem; a redução do tempo de atendimento e de exposição às complicações daí decorrentes; e a diminuição dos custos. A equipe de referência facilita o vínculo e a de-finição mais clara de responsabilidades, cria mecanismos de aproximação e de comprometimento entre os clientes e a equipe.1,4

Para os familiares, a disponibilidade dos profissionais, o acompanhamento de necessidades são os fatores que de-finem o trabalho das equipes de referência. Eles percebem que os técnicos de referência são aqueles mais próximos do cliente e valorizam a possibilidade de serem atendidos, sem-pre que necessário, por profissionais com quem estão vin-culados e podem acompanhar as diversas etapas do aten-dimento.4

É muito comum, quando não se tem equipe de referência, que o cliente seja responsabilidade de todos os profissionais e, ao mesmo tempo, de nenhum.9

Foi estabelecida a meta de quatro horas entre a chegada do paciente até a decisão de internar analisando os intervalos de tempo necessários sem desperdício, são eles: preenchi-mento da ficha de atendimento, classificação de risco, con-sulta médica, medicação, realização de exames laboratoriais, realização de exames de imagem e reavaliação do médico. O que pareceu unânime foi que o gerenciamento da assis-tência e acompanhamento do cliente durante toda a estada

deste no setor de emergência foram as principais ferramen-tas nas propostas levantadas, conforme relatado também em estudos internacionais.10,11

O principal vínculo entre o usuário e o estabelecimento de saúde ocorre através do serviço de enfermagem, por se constituir no maior grupo de profissionais da saúde e que mantém um contato ininterrupto com o usuário, promovendo a manutenção, a recuperação e a reabilitação da saúde, por meio do cuidado.12

Considerações FinaisEste modelo comprovou sua eficácia e já está sendo im-

plantado em outras unidades de atendimento da mesma or-ganização de saúde no Estado de São Paulo.

Novos estudos são necessários visando a organização do trabalho na categoria e a relação entre a distribuição de cuidados e a integralidade da assistência, pois ainda são es-cassos os trabalhos que avaliam sua implantação e funcio-namento, apesar da importância do arranjo “equipes de re-ferência”.

Assossiação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina

Unidade Mista Taboão da Serra

Nome: RH: Classificação: Data

Horário FA Horário CR Horário CM Horário Raio XHorário

MedicaçãoHorário coleta

de exames

Horário reavaliação

médica

Desfecho

Alt

a

Inte

rnaç

ão

Ób

ito

Tra

nsf

erê

nci

a

BOLETIM ABR 17.indd 18 09/05/17 23:45

Page 19: Boletim Científico do Instituto de Ensino e Pesquisa file1 • Serão aceitos trabalhos originais (pesquisa qualitativa ou quantitativa), revisão de literatura, relato de experiência,

19

Referências1 • Alves MLF, Guedes HM, Martins JCA, Chianca TCM. Rede de referência e contrarreferência para o atendi-mento de urgências em um município do interior de Minas Gerais – Brasil. RevMed Minas Gerais 2015; 25(4): 469-75.

2 • Inoue KC, Murassaki ACY, Bellucci Junior JA, Rossi RM, Martinez YDE, Matsuda LM. Acolhimento com classifica-ção de risco: avaliação da estrutura, processo e resulta-do. Rev Min Enferm. 2 015 jan/mar; 19(1): 13-20.

3 • Leite RC, Paladino CM, Bertoncello SI. A importância da classificação de risco em pronto socorro: revisão de literatura. Boletim científico do Instituto de Ensino e Pes-quisa – Hospital São Camilo. ed.38, ano 06, Dez 2015

4 • Santos CAS, Santo EE. Análise das causas e conse-quências da superlotação dos serviços de emergências hospitalares: uma revisão bibliográfica. Revista Saúde e Desenvolvimento | vol.5 n.3 | jan/jun 2014.

5 • Coelho MF, Goulart BF, Chaves LDP. Urgências clíni-cas: perfil de atendimentos hospitalares. Rev Rene. 2013; 14(1):50-9.

6 • Fonseca AS, Peterlini FL, Cardoso MLAP, Lopes LLA, Diegues SRS. (organizadores). Enfermagem em emer-gência. Organizado pelo Instituto de Ensino e Pes-quisa (IEP) da Rede de Hospitais São Camilo. Rio de Janeiro:Elsevier, 2011, 585p

7 • BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Política Nacional de Humanização da Atenção e Gestão do SUS. Acolhimento e classificação de risco nos serviços de urgência/ Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Política Nacional de Humanização da Atenção e Gestão do SUS. – Brasília: Ministério da Saúde, 2009.

8 • Shiroma LMB, Pires DEP. Classificação de risco em emergência – um desafio para as/os enfermeiras/os. Enfermagem em Foco 2011; 2(1):14-7.

9 • BRASIL. Ministério da Saúde. Humaniza SUS: Equipe de referência e apoio matricial. Serie B. Textos básicos de saúde. Brasília – DF, 2004, 17p.

10 • Tozer AP, Belanger P, Moore K, Caudle J. Socioeco-nomic status of emergency department users in Ontario, 2003 to 2009.CJEM. 2014 May 1;16(3):220-5. doi: 10.1097/MEJ.0b013e3283613e8d.

11 • Korsten P, Sliwa B, Kühn M, Müller GA, Blaschke S. Impact of professional quality management on interdis-ciplinary emergency care units.Eur J Emerg Med. 2014 Apr;21(2):98-104. doi: 10.1097/MEJ.0b013e3283613e8d.

12 • Morais AS, Melleiro MM. A qualidade da assistên-cia de enfermagem em uma unidade de emergên-cia: a percepção do usuário. Rev. Eletr. Enf. [Internet]. 2013 jan/mar;15(1):112-20. Disponível em: http://dx.doi.org/10.5216/ree.v15i1.15243.

BOLETIM ABR 17.indd 19 09/05/17 23:45

Page 20: Boletim Científico do Instituto de Ensino e Pesquisa file1 • Serão aceitos trabalhos originais (pesquisa qualitativa ou quantitativa), revisão de literatura, relato de experiência,

20

ResumoEste estudo tem como objetivo levantar na literatura artigos rela-

cionado a náuseas e vômitos no pós-operatório. Trata-se de um

estudo de revisão de literatura realizado no banco de dados da

Pubmed através dos descritores náuseas, vômito, fisiopatologia e

tratamento. Foram utilizados para este estudo 10 artigos entre 2013

e 2016. Neste estudo foi evidenciado a fisiopatologia e a estratifi-

cação de risco e o tratamento na presença de náusea e vômitos

no pós-operatório. É extremamente importante conhecer a fisiopa-

tologia e as diversas vias de sinalização do estímulo nausogênico

para o adequado tratamento.

Palavras-chave: náuseas, vômitos, fisiopatologia, tratamento e

pós-operatório.

AbstractThis study aims at surveying articles in the literature related to

nausea and vomiting in the postoperative period. This is a literatu-

re review study carried in the Pubmed database through nausea,

vomiting, physiopathology and treatment descriptors. This study

encompassed ten articles from 2013 to 2016. The study has evi-

denced the risk physiopathology and stratification and treatment

in cases of nausea and vomiting in the postoperative period. It is

extremely important to know the physiopathology and the various

signaling ways of the nausogenic stimulation for an adequate tre-

atment.

Key words: nausea, vomiting, physiopathology, treatment and

postoperative period

ResúmenEste estudio tiene como objetivo levantar en la literatura artículos

relacionado a náuseas y vómitos en el postoperatorio. Se trata de

un estudio de revisión de literatura realizado en la base de datos de

Pubmed por medio de los descriptores náuseas, vómito, fisiopato-

logía y tratamiento. Fueron utilizados para este estudio 10 artículos

entre 2013 y 2016. En este estudio se evidenció la fisiopatología y la

estratificación de riesgo y el tratamiento en la presencia de náusea

Náusea e Vômitos no Pós-Operatório: uma revisão de literatura

Lucas FernandesResidente de Anestesiologia do serviço Ipar - Itapevi- São

Camilo-Pompeia. Graduação em Medicina pela Universidade

Federal da Bahia. Graduação em Química pela Universidade

do Estado da Bahia.

Marcelo QueirozTítulo de especialista em anestesiologia. Graduação em

Medicina pela FESO (Fundação Educacional Serra dos Órgãos).

Residência Médica em anestesiologia pela Santa Casa de

Misericórdia de Santos. Título de Especialista em anestesiologia

pela Sociedade Brasileira de Anestesiologia (SBA).

Fernanda FurigoTítulo de especialista em anestesiologia pela Sociedade

Brasileira de Anestesiologia (SBA). Graduação em Medicina

pela PUC Campinas. Residência Médica em anestesiologia pela

Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto - FAMERP

Nausea and Vomiting in the Postoperative Period: a literature review

Náusea y Vómitos en el Postoperatorio: una revisión de literatura

BOLETIM ABR 17.indd 20 09/05/17 23:45

Page 21: Boletim Científico do Instituto de Ensino e Pesquisa file1 • Serão aceitos trabalhos originais (pesquisa qualitativa ou quantitativa), revisão de literatura, relato de experiência,

21

y vómitos en el postoperatorio. Es extremamente importante conocer

la fisiopatología y las distintas vías de señalización del estímulo nau-

seogénico para el adecuado tratamiento.

Palabras-clave: claves: náuseas, vómitos, fisiopatología, tratamiento

y postoperatorio.

IntroduçãoA ocorrência de náusea e vômito pós-operatória tem rele-

vância epidemiológica e, como tal não pode ser negligencia-da. Em estudos populacionais 50 % das populações já repor-taram um episódio de náusea no período de um ano e, 30% dessa população refere vômitos associados ao episódio de náusea.1

Há uma prevalência dos sintomas em pacientes do sexo feminino.1 Alguns estudos apontam polimorfismos que justi-ficam essa diferença como alterações no gene TACR1.2

Outras referências apontam náuseas e vômitos com pre-valência de 80%.4

Em que pese a robustez epidemiológica, esse tema tem sido negligenciado no que tange a necessidade de profila-xia.2 Foi observado um consenso em relação a fisiopatologia que rege o fenômeno, no entanto, nota-se a participação de diversos circuitos neuronais que vislumbram possibilidades diversas de tratamentos.1,3

MetodologiaPara o desenvolvimento do referido trabalho foi feita revi-

são de literatura através do Pubmed através das combinações de palavras chave náusea, vômito, fisiopatologia, tratamento e pós-operatório. O produto inicial da revisão compreendeu 50 artigos que foram selecionados, em setembro de 2016, da maneira supracitada. A posterióri chegou-se a 10 artigos no período de 2013-2016, os quais foram utilizados para a revi-são que se segue.

Revisão de Literatura

FisiologiaA fisiopatologia do mecanismo nauseogênico é com-

plexa e envolve diversas vias de sinalização.1 Existe uma região no sistema nervoso central que coordena todos os estímulos ora citados e prepara uma resposta: a Área Pos-trema localizada no Bulbo encefálico imediatamente an-terior ao quarto ventrículo e, o núcleo do trato solitário que recebe informações dessa mesma área.1,3

Na área Postrema localiza-se a zona do gatilho do quimiorreceptor. Essa zona concentra diversos tipos de fibras nervosas (dopaminérgicas, serotoninérgicas, histaminérgicas) as quais emitem estímulos com seus respectivos neurotransmissores.1 Além de concentrar as supracitadas fibras, possui receptores opióides que, quando ativados, disparam, da mesma forma, o estímulo nauseogênic.1 O entendimento desse mecanismo é im-portante na medida em que permite interromper a sina-lização através dos neurônios acima mencionados com fármacos específicos.

Existem, também, terminações nervosas que interpre-tam a intensidade do tônus da musculatura lisa e, a de-pender da mesma, emitem sinais para a área postrema e núcleo do trato solitário.1 Dessa forma, medicações proci-néticas atuariam de maneira que o trânsito intestinal fosse favorecido e a estase dificultada para não haver aumento de tônus gástrico.

Imediatamente antes da ocorrência da náusea ou da êmese ocorre uma conjunção de estímulos autonômicos traduzidos em taquicardia, aumento da pressão arterial sistêmica, sudorese.10 Esse fato evidencia a participação do sistema nervoso autonômico nesse mecanismo.1 Não há como não mencionar a participação do sistema límbico que também envia sinais para o sistema nervoso central assim como o sistema vestibular.1

BOLETIM ABR 17.indd 21 09/05/17 23:45

Page 22: Boletim Científico do Instituto de Ensino e Pesquisa file1 • Serão aceitos trabalhos originais (pesquisa qualitativa ou quantitativa), revisão de literatura, relato de experiência,

22

Estratificação de RiscoÉ sabida a importância do entendimento da fisiopatologia

do mecanismo neuseogênico e de êmese, no entanto, mui-to importante também é a estratificação dos pacientes para que estes possam receber um tratamento mais efetivo.

Vários são os fatores de risco para náusea e vômitos, pós-operatórios: ser do sexo feminino ter passado de náu-sea ou êmese, não ser fumante, paciente jovem com idade menor do que 50 anos.3-5

A literatura utiliza de scores para agrupar os pacientes em maior ou menor risco. De acordo com a figura 3 do ar-tigo de,3 os pacientes são agrupados em três: pacientes com alto, baixo e moderado rico para náusea e vômito. De acordo com o grau da estratificação algumas terapêuticas são sugeridas. Para os pacientes de baixo risco, com um ou nenhum fator de risco, sugere-se a monoterapia; para os pacientes de risco moderado, com 2 ou 3 fatores de risco, sugere-se terapia dupla e, para pacientes de alto risco, é sugerida 2 ou mais intervenções.3

O risco de náusea e vômito aumenta com a quantidade de fatores de risco; para um fator, o risco é de 10%; para 2, 20%; para 3, 40%; para 4, 60% ou 80.4 A utilização de terapia única reduz o risco de náusea e vômito em 20-25%; a te-rapia dupla reduz esse risco em 40 a 45% e a terapia tripla reduz em mais de 60%.6

Alguns estudos comparam a eficiência da monoterapia com a terapia dupla, como exemplo tem-se a evidencia da eficiência da terapia com ondasetron mais droperidol quan-do comparada com apenas droperidol ou ondasetron isola-tamente. A combinação dessas referidas drogas aumenta a eficiência da terapia anti-emética.7

Drogas Antieméticas

Antagonistas serotoninérgicos: É sabido que a zona do gatilho do quimiorreceptor possui muitos receptores, den-tre eles, receptores serotoninérgicos. Essa classe de droga atua de maneira a interromper os sinal do estímulo nauseo-gênico oriundo de neurônios serotoninérgicos.1,3,5,7

Exemplos: ondasetrona 4-8mg de 4 a 8horas, palonosetro-na 0,075-0,25mg dia. Via oral, intravenosa;

Antagonistas dopaminérgicos: A supracitada zona do gati-lho também possui receptores dopaminérgicos. Essas dro-gas atuam de maneira a bloquear o estímulo oriundo dos neurônios dopaminérgicos e serotoninérgicos.1,3,5,7,8

Exemplos: droperidol 0,625- 1,25mg dia; metoclopramida 10-20mg de 4 a 8horas dia; via oral ou intramuscular;

Corticosteróides: Possui ação anti- inflamatória ao inibir a produção do ácido aracdônico e diminuir a síntese de se-rotonina.1,5,7

Exemplos: Dexametasona 4-8mg de 4 a 6 horas; via oral , intramuscular ou intravenosa;

Anti- colinérgicos: Essas drogas atuam de maneira a blo-quear os receptores muscarínicos presentes na área pos-trema e zona do gatilho do quimiorreceptor do sistema ner-voso central.1,4 Exemplos: Escopolamina 0,3-0,6mg dia, via intramuscular ou intravenosa;

Anti-Histamínicos: Atua nos receptores muscarínicos M1

Baixo Risco Moderado Risco Alto Risco

Terapia dupla

Drogas anti-serotoninérgicas, anti-

dopaminérgicas, anti-colinérgicas, anti-

histaminérgicas, glicocorticóides;

Monoterapia

Drogas anti-serotoninérgicas

Duas ou mais intervenções

Drogas anti-serotoninérgicas,

anti-dopaminérgicas,

anti-colinérgicas, anti-

histaminérgicas, glicocorticóides,

benzodiazepínicos, antidepressivos

tricíclicos;

Tabela 1

BOLETIM ABR 17.indd 22 09/05/17 23:45

Page 23: Boletim Científico do Instituto de Ensino e Pesquisa file1 • Serão aceitos trabalhos originais (pesquisa qualitativa ou quantitativa), revisão de literatura, relato de experiência,

23

no sistema vestibular e, histamínicos, no núcleo do Trato Solitário.1,4 Exemplos: Cinarizina 25-75mg a cada 8horas, via oral; hidro-xizina 25-100mg de 6 a 8horas dia, via oral ou intramuscular;

Benzodiazepínicos: Atuam de maneira a neutralizar o com-ponente oriundo do sistema límbico através da ansiólise.1 Exemplos: Lorazepam 0,5-2mg dia; Alprazolam 0,25-1mg dia. Via oral, intravenosa ou intramuscular.

Considerações FinaisNão há dúvidas sobre a importância do evento náuseas e

vômitos pós-operatórios bem como o seu tratamento. Para tanto, faz-se necessário o entendimento de sua fisiopatologia com a participação das diversas vias de sinalização do estí-mulo nauseogênico para adequada neutralização do mesmo.

Em que pese o fato de não haver um consenso sobre a fisiopatologia, a literatura permite, ainda assim, um entendi-mento sobre esse mecanismo e, oferece diferentes possi-bilidades de tratamentos para diferentes perfis de pacientes.

Referências1 • Singh P, Yoon SS et al. Nausea: a review of pathophy-siology and therapeutics; Ther Adv Gastroenterol 2016, Vol. 9(1) 98–112.

2 • Hayase et al. TACR1 gene polymorphism and sex di-fferences in postoperative náusea and vomiting. Anaes-thesia 2015, 70, 1148–1159.

3 • Cohen et al. The Management of Postoperative Nau-sea and Vomiting: Current Thoughts and Protocols. Aesth Plast Surg 2013, 37:625–633.

4 • Moon Y E. Postoperative náusea and vomiting. Korean J Anesthesiol. Vol. 67, n. 3, September 2014.

5 • T. Wiesmann et al. Postoperative náusea and vomi-ting- a narrative review of pathophysiology, pharmaco-therapy and clinical management strategies. Expert Opin. Pharmacother. (2015) 16(7)

6 • Jelting et al. Predictive risk scores for post-discharge nausea and omiting. Eur J Anaesthesiol 2016; 33:705–707.

7 • Jong Bum Choi et al. Incidence and risk factors of pos-toperative nausea and vomiting in patients with fentanyl--based intravenous patient-controlled analgesia and sin-gle antiemetic prophylaxis. Yonsei Med J 55(5):1430-1435, 2014

8 • Horn et al. Pathophysiological and neurochemical mechanisms of postoperative nausea and vomiting. Eur J Pharmacol. 2014 January 5; 722: 55–66.

9 • Matsota et al. Ondansetron-droperidol combination vs. ondansetron or droperidol monotherapy in the pre-vention of postoperative nausea and vomiting. Arch Med Sci. 2015 Apr 25; 11(2): 362–370.

10 • Yates et al. Integration of Vestibular and Emetic Gas-trointestinal Signals that Produce Nausea and Vomiting: Potential Contributions to Motion Sickness. Exp Brain Res. 2014 August; 232(8): 2455–2469.

.

BOLETIM ABR 17.indd 23 09/05/17 23:45

Page 24: Boletim Científico do Instituto de Ensino e Pesquisa file1 • Serão aceitos trabalhos originais (pesquisa qualitativa ou quantitativa), revisão de literatura, relato de experiência,

24

ResumoObjetivo: Caracterizar o perfil da população de grupos vulneráveis,

habitantes das ruas centrais da grande São Paulo relacionados ao

gênero e idade para fatores de risco em doença cardiovascular.

Metodologia: Trata-se de um estudo do tipo de campo, explora-

tório, transversal e quantitativo. A coleta de dados foi realizada

na região central de São Paulo, com 70 moradores de rua. Foram

realizadas entrevista com questões abertas e fechadas avaliando

perfil sócio demográfico, riscos cardiovasculares e fatores de ris-

co envolvidas no grupo de estudo. Resultado e Discussão: Como

resultado da nossa coleta de dados nas regiões “Santa Cecilia e

Praça da Sé” entrevistamos voluntários sem fins lucrativos, pro-

venientes das ruas da Grande São Paulo onde 64 são homens

sendo; 23 brancos, 11 negros e 30 pardos, apresentando uma

idade média de 30 a 49 anos e 6 mulheres sendo; 5 brancas e 1

parda ambas solteiras com idade média de 16 a 39 anos. Conclu-

são: Quanto maior o tempo de adesão as ruas, mais exposto se

torna aos fatores de risco devido à falta de conhecimento e de-

pendência química, dificultando a compreensão da necessidade

do acesso ao tratamento de dependência química e saúde básica

relacionado a longa permanecia nesta condição.

Palavras-chave: Etnia,Fatores de Risco ,Vulneráveis,Hipertensão

Arterial.

AbstractObjective: To characterize the profile of the population of vulne-

rable groups, inhabitants of the central streets of the great São

Paulo related to gender and age risk factors for CVD. Methodo-

logy: This is a study of the type of field, exploratory, transversal

and quantitative. Data collection was carried out in the central

region of São Paulo, underwent semistructured interviews with

open and closed questions assessing socio-demographic profile,

cardiovascular risk and risk factors involved in the study group.

Discussion and Results: As a result of our data collection in the

Caracterização do Perfil para Riscos Cardiovasculares em Grupos Vulneráveis em Situação de Rua em Áreas Centrais de São Paulo: gênero e idade

Victor Andrés de Macedo GonçaloGraduando de Enfermagem Uninove.

Claudia Cristina SoaresEnfermeira Especialista em Cardiologia – FMUSP – InCor.

Doutora em Enfermagem em Cardiologia pela FMUSP

Professora Assistente da Graduação do Departamento de

Ciências da Saúde da Universidade Nove de Julho.

Profile of Characterization for Cardiovascular Risk in Vulnerable Groups

in Street Situation in Areas of Central São Paulo: gender and age

Caracterización del Perfil Para Riesgos Cardiovasculares en Grupos Vulnerables

que Viven en las Calles en Áreas Centrales de São Paulo: género y edad

BOLETIM ABR 17.indd 24 09/05/17 23:45

Page 25: Boletim Científico do Instituto de Ensino e Pesquisa file1 • Serão aceitos trabalhos originais (pesquisa qualitativa ou quantitativa), revisão de literatura, relato de experiência,

25

regions “Santa Cecilia and Praça da Sé” interviewed 70 volunteers

with no profit from the streets of São Paulo where 64 men are being;

23 whites, 11 blacks and 30 browns, with an average age of 30 to 49

years and 6 women being; 5 white and 1 brown both single mean

age 16-39 years. Conclusion: The higher the membership of time

the streets, the more exposed it becomes to the risk factors due to

lack of knowledge and substance abuse, difficult to understand the

need for access to treatment for chemical dependency and related

to long basic health remained in this condition.

Key words: Race, Risk Factors, Vulnerable, Hypertension.

ResúmenObjetivo: Caracterizar el perfil de la población de grupos vulnerables,

habitantes de las calles centrales de la gran São Paulo relacionados

al género y edad para factores de riesgo en enfermedad cardiovas-

cular. Metodología: Se trata de un estudio del tipo de campo, explo-

ratorio, transversal y cuantitativo. La recolección de datos se realizó

en la región central de São Paulo, con 70 habitantes de las calles. Se

realizaron entrevistas con cuestiones abiertas y cerradas evaluan-

do perfil socio demográfico, riesgos cardiovasculares y factores de

riesgo involucrados en el grupo de estudio. Resultado y Discusión:

Como resultado de nuestra recolección de datos en las regiones

“Santa Cecilia y Praça da Sé” entrevistamos a voluntarios sin ánimo

de lucro, provenientes de las calles de la Gran São Paulo donde 64

son hombres siendo; 23 blancos, 11 negros y 30 pardos, presentando

una edad media de 30 a 49 años y 6 mujeres siendo; 5 blancas y 1

parda ambas solteras con edad media de 16 a 39 años. Conclusión:

Cuanto mayor es el tiempo de adhesión en las calles, más expuesto

se hace a los factores de riesgo en virtud a la falta de conocimiento y

dependencia química, dificultando la comprensión de la necesidad

del acceso al tratamiento de dependencia química y salud básica

relacionado a la larga permanencia en esta condición.

Palabras-clave: Etnia, Factores de Riesgo, Vulnerables, Hiperten-

sión Arterial.

IntroduçãoO principal fator de risco para Doenças Cardiovascula-

res (DCV), é a Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS). A hi-pertensão Arterial Sistêmica é uma doença crônica multi-fatorial de detecção muitas vezes tardia por sua evolução lenta e silenciosa.1 A HAS é um dos principais fatores de risco cardiovasculares e pode resultar em consequências graves a alguns órgãos como: coração, cérebro, rins e os vasos sanguíneos). Além de ser considerado um grave problema de saúde pública pela sua cronicidade, altos custos com internações, incapacitação por invalidez e aposentadoria precoce.2

Atualmente, é a maior causa de mortes no mundo o que foi responsável por mais de 17 milhões de óbitos em 2008, dos quais 3 milhões ocorreram antes dos 60 anos de idade, e grande parte poderia ter sido evitada.3-5 A Or-ganização Mundial de Saúde estima que em 2030 quase 23,6 milhões de pessoas morrerão de doenças cardiovas-culares.6

Levando em consideração a população em situação de rua os fatores de risco para DCV é praticamente du-plicado devido as condições: ambientais e psicossociais. Portanto temos como conceito que se trata de um: “Gru-po populacional heterogêneo constituído por pessoas que possuem em comum a garantia da sobrevivência por meio de atividades produtivas desenvolvidas nas ruas, os vínculos familiares interrompidos ou fragilizados e a não referência de moradia regular”.6

A pobreza e a miséria atingem grande parte da popu-lação brasileira e, com isso, doenças simples de se pre-venirem ainda possuem elevados índices de incidência e prevalência. Isso se deve ao fato de que o organismo hu-mano é particularmente vulnerável às agressões do meio ambiente.5

BOLETIM ABR 17.indd 25 09/05/17 23:45

Page 26: Boletim Científico do Instituto de Ensino e Pesquisa file1 • Serão aceitos trabalhos originais (pesquisa qualitativa ou quantitativa), revisão de literatura, relato de experiência,

26

ObjetivoObjetivo desta pesquisa é caracterizar o perfil da popu-

lação de grupos vulneráveis, habitantes das ruas centrais da grande São Paulo relacionados ao gênero e idade para fatores de risco em doenças cardiovasculares.

MetodologiaTrata-se de um estudo de campo, exploratório, transver-

sal e quantitativo. A coleta de dados foi realizada na região central de São Paulo, com 70 moradores de rua. Foram re-alizadas entrevistas com questões abertas e fechadas ava-liando perfil sócio demográfico, riscos cardiovasculares e fatores de risco envolvidas no grupo de estudo, no período de fevereiro até novembro de 2016. O pesquisador foi até o local, onde contatava cada participante e explicava o objetivo do estudo e solicitava a assinatura do termo de consentimento e então iniciava a entrevista. O presente projeto foi apresentado e aprovado ao Comitê de Ética da UNINOVE sob o protocolo: 022503.

Os dados foram analisados de forma estatística percen-tual e apresentados em gráficos.

Resultados e DiscussãoComo resultado da nossa coleta de dados nas regiões

“Santa Cecilia e Praça da Sé” entrevistamos 70 voluntários sem fins lucrativos, provenientes das ruas da Grande São Paulo onde 64 são homens sendo; 23 brancos, 11 negros e 30 pardos, apresentando uma idade média de 30 a 49 anos e 6 mulheres sendo; 5 brancas e 1 parda ambas sol-teiras com idade média de 16 a 39 anos. O pequeno gru-po de negros entrevistados chamaram atenção por terem uma Pressão Arterial Sistólica de 166 mmhg e Diastólica de 103 mmhg relativamente alta comparado aos brancos que apresentam Pressão Arterial Sistólica de 116 mmhg e Dias-tólica de 77 mmhg. Com base nos dados acima identifica-mos o maior grupo de adesão as ruas se refere ao gênero masculino com idade de 30 a 49 anos, pardos, solteiros e com uma média de Pressão Arterial Sistólica de 142 mmhg e Diastólica de 91 mmhg apresentaram maior tempo de adesão as ruas, conforme gráfico 1

Levando em consideração esta análise é possível iden-tificar que essa faixa etária possui mais predisposição para DCV do que entre 19 a 20 anos devido ao seu longo tempo de exposição aos fatores de risco na condição de mora-dor de rua o que consequentemente leva a dificuldade de compressão em busca de tratamento e atenção básica re-lacionado também a dependência química existente.

A vida na rua pode precipitar problemas de saúde se-cundários ao aumento da exposição a riscos de doença, como vulnerabilidade às violências, ingestão de alimentos

e água contaminados, variações climáticas extremas, do-enças cardiovasculares e muitos outros.

A população em situação de rua costuma usar abusiva-mente o álcool, seja por comportamento e hábitos anterio-res, seja pelos adquiridos em função da necessidade de não sentir frio e de esquecer as realidades adversas.7

Estudos indicam que as estratégias de promoção da saúde e controle das doenças cardiovasculares devem abordar o conjunto de fatores de risco, não se restringindo a um ou outro de forma isolada.8

A equipe deve tentar buscar dados de base local que sofistiquem sua compreensão sobre a clientela pela qual se responsabiliza, seja por meio de censos locais, estudos de organizações não governamentais e da sociedade civil como um todo, seja por meio de estudos antropológicos, sociológicos e etnográficos.9

ConclusãoQuanto maior o tempo de adesão as ruas, mais exposto

se torna aos fatores de risco devido à falta de conheci-mento e dependência química onde os entrevistados rela-tavam o uso de: álcool, maconha, heroína, crack e inalação de tiner. Dificultando a compreensão da necessidade do acesso ao tratamento de dependência química e saúde básica relacionado a longa permanecia nesta condição, le-vando um aumento para DCV onde em grande maioria são homens e com faixa etária de 30 a 49 anos.

Por fim, a partir dos resultados obtidos, por se tratar de um município de grande porte observa-se um número ele-vado de pessoas adultas nesta condição sendo homens em grande quantidade que por motivos de: dependência química, problemas com alcoolismo, desemprego e desa-venças familiares.

7

20

16

1110

0

16-19 20-29 30-39 40-49 50-59 60 +

12

1 0 0

2

20 %

15 %

10 %

5 %

0 %

Homem Mulher

Gráfico 1 - Caracterização do Perfil dos Moradores de Rua

BOLETIM ABR 17.indd 26 09/05/17 23:45

Page 27: Boletim Científico do Instituto de Ensino e Pesquisa file1 • Serão aceitos trabalhos originais (pesquisa qualitativa ou quantitativa), revisão de literatura, relato de experiência,

27

Lembrando que a droga impede que os neurônios capturem o excesso de neurotransmissor, devido a esta quantidade excessiva á uma grande sensação de euforia, taquicardia e aumento do fluxo sanguíneo devido a vaso-constrição, levando ao descontrole da PA que poderá evo-luir para; insuficiência cardíaca, aterosclerose onde oclu-sões graves em hipertensos podem levar ao AVE, se não for tratado inicialmente ocorrera lesões nos rins levando a insuficiência renal e posteriormente a anemia.

Referências1 • Sociedade Brasileira de Cardiologia, Sociedade Brasi-leira de Hipertensão, Sociedade Brasileira de Nefrologia. VI Diretrizes brasileiras de hipertensão. Arq Bras Cardiol. 2010;95(1-supl.1):1-51.

2 • Péres DS, Magna JM, Viana LA. Portador de hiperten-são arterial: atitudes, crenças, percepções, pensamentos e práticas. Rev Saúde Pública. 2003;37(5):635-42.

3 • Chobanian AV, Bakris GL, Black HR, Cushman WC, Green LA, Izzo Junior JL, et al. Seventh Report of the Joint National Committee on Prevention, Detection, Eva-luation and Treatment of High Blood Pressure. Hyperten-sion 2003; 42:1206-52.

4 • Cipullo JP, Martin JFV, Ciorlia LAS, Godoy MRP, Cação JC, Loureiro AAC, Cesarino CB, Carvalho AC, Cordeiro JA, Burdmann EA. Prevalência e Fatores de Risco para Hi-pertensão em uma População Urbana Brasileira - Hyper-tension Prevalence and Risk Factors in a Brazilian Urban Population. Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto/SP (FAMERP), São Paulo, SP - Brasil. 2010.

5 • Condições Ambientais com o fator De Risco Para Do-ençasemcomunidade Carente Na Zona Sul De São Paulo (Revista APS, v.9, n.1, p. 20-28, jan./jun. 2006).

6 • Hipertensão arterial e outros fatores de risco asso-ciados às doenças cardiovasculares em adultos (Rev. Latino-Am. Enfermagem, jul.-ago. 2014;22(4):547-53, DOI: 10.1590/0104-1169.3345.2450, www.eerp.usp.br/rlae).

7 • BRASIL. Decreto Presidencial nº 7.053, de 23 de de-zembro de 2009. Institui a Política Nacional para a Po-pulação em Situação de Rua e seu Comitê Intersetorial de Acompanhamento e Monitoramento, e dá outras pro-vidências. Diário Oficial da União, Seção 1, 24 dez. 2009.

8 • Noncommunicable Diseases and Mental Health, World Health Organization. Integrated management of cardiovascular risk: eport of a WHO meeting, Geneva 9-12, July 2002. Geneva: World Health Organization; 2002.

9 • Mendes EV. As evidências internacionais sobre a Atenção Primária à Saúde e a estratégia de implantação do Saúde em Casa em Minas Gerais: o plano diretor da Atenção Primária à Saúde. Belo Horizonte: Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais, Comitê de Assuntos Estratégicos, nota técnica, 2007.

BOLETIM ABR 17.indd 27 09/05/17 23:45

Page 28: Boletim Científico do Instituto de Ensino e Pesquisa file1 • Serão aceitos trabalhos originais (pesquisa qualitativa ou quantitativa), revisão de literatura, relato de experiência,

28

ResumoA higiene pessoal é uma tarefa que requer força, equilíbrio e capa-

cidade cognitiva, sendo consideradas pessoas que necessitam de

auxilio aquelas que apresentam dificuldade em lavar ou secar o con-

junto do corpo. Ajudar um indivíduo no banho faz parte dos cuidados

habituais da enfermagem, é uma interação humana que contribui

com a recuperação da saúde e exige habilidade para lidar com a

intimidade, individualidade e cultura de outra pessoa. Este estudo

tem como objetivo analisar as produções científicas referentes às

percepções de pacientes e profissionais quanto ao banho com au-

xílio. Para realização do estudo optou-se pela revisão integrativa da

literatura, aplicados às seguintes bases de dados: Medical Literature

Analysisand Retrieval Sistem Online (MEDLINE), Literatura Latino-

-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS) e National

Library of Medicine (PUBMED). Foram selecionados artigos publica-

dos entre o período de 2004 a 2014 totalizando sete publicações que

respondiam ao objetivo do estudo. Os resultados mostram que o ba-

nho oferecido pelo profissional da saúde ao individuo dependente

causa desconforto e constrangimento para os envolvidos, sendo a

falta de treinamento dos profissionais percebida por quem dá ou re-

cebe o banho. O baixo número de estudos pode estar refletindo o

envolvimento do enfermeiro nessa atividade, embora esta integre

o cotidiano da pratica profissional e tenha impacto na qualidade da

assistência.

AbstractPersonal hygiene is a task requiring strength, balance and cogniti-

ve capability, persons presenting difficulties to wash and dry their

bodies are deemed to be those in need of assistance. Assisting an

individual to bathe is part of usual nursing care, it is a human inte-

raction contributing for health recovery and requiring skills to deal

with another person’s intimacy, individuality and culture. This study

aims at analyzing scientific productions referring to perceptions from

patients and professionals concerning assisted bath. To carry out the

study, the option was for literature integrative review applied to the

following databanks: Medical Literature Analysis and Retrieval Sys-

Banho com Auxílio: percepções de profissionais e clientes

Raquel do Amaral SampaioEnfermeira graduada na UNIFESP, Residente de Enfermagem

Clínico Cirúrgico no Hospital Sírio Libanês.

Orientadoras da Pesquisa:

Márcia Boessio dos SantosEnfermeira mestra

Julia Peres PintoEnfermeira doutora

Assisted Bath: perceptions from professionals and clients

Bañarse con Auxilio: percepciones de profesionales y clientes

BOLETIM ABR 17.indd 28 09/05/17 23:45

Page 29: Boletim Científico do Instituto de Ensino e Pesquisa file1 • Serão aceitos trabalhos originais (pesquisa qualitativa ou quantitativa), revisão de literatura, relato de experiência,

29

tem Online (MEDLINE), Health Sciences Latin American and Caribbean

Literature (LILACS), and National Library of Medicine (PUBMED). Arti-

cles published in the period from 2004 to 2014 were selected, totaling

seven publications responding to the study objective. The results show

that baths provided by health professionals to dependent individuals

cause discomfort and embarrassment for those involved, and the pro-

fessionals’ lack of training is perceived by those providing or receiving

baths. The low number of studies may be reflecting the nurses’ invol-

vement in this activity, although it integrates the quotidian of professio-

nal practice and impacts assistance quality.

Key words: Hygiene, Health, Nurse, Bath

ResúmenLa higiene personal es una tarea que requiere fuerza, equilibrio y ca-

pacidad cognitiva, cuando consideramos personas que necesitan de

auxilio las que presentan dificultad en lavar o secar todo el cuerpo.

Ayudar a una persona a bañarse hace parte de los cuidados habitu-

ales de enfermería, es una interacción humana que contribuye con la

recuperación de la salud y exige habilidad para lidiar con la intimidad,

individualidad y cultura de otra persona. Este estudio tiene como obje-

tivo analizar las producciones científicas referentes a las percepciones

de pacientes y profesionales en cuanto al bañarse con auxilio. Para

realizar el estudio se optó por la revisión integrativa de la literatura,

aplicados a las siguientes bases de datos: Medical Literature Analysis

and Retrieval System Online (MEDLINE), Literatura Latinoamericana y

del Caribe en Ciencias de la Salud (LILACS) y National Library of Medi-

cine (PUBMED). Se seleccionaron artículos publicados entre el período

del 2004 al 2014 siendo siete en total las publicaciones que respondían

al objetivo del estudio. Los resultados muestran que, el bañar ofrecido

por el profesional de salud a la persona dependiente causa incomo-

didad y constreñimiento a los involucrados, notándose la falta de en-

trenamiento de los profesionales que bañan o por los que son baña-

dos. El bajo número de estudios puede estar reflejando el involucro

del enfermero en esa actividad, aunque ésta integre el cotidiano de

la práctica profesional y tenga impacto en la calidad de la asistencia.

Palabras-clave: Higiene, Salud, Enfermero, Bañarse.

IntroduçãoA higiene é uma necessidade humana básica e o banho é

uma das ações responsáveis pela limpeza do corpo. Tomar banho é uma tarefa que requer força, destreza, equilíbrio e capacidade cognitiva, sendo consideradas pessoas que ne-cessitam de auxilio aquelas que apresentam dificuldade em lavar ou secar o conjunto do corpo, em decorrência de dor, fraqueza, medo e desconforto, ou outra condição médica. Este quadro pode estar associadoà idade, doença pregressa, ou a própria internação hospitalar que provoca alterações nas atividades diárias do indivíduo, exigindo, com frequência, que o banho seja assistido ou substituído pelo banho no leito.1,2

Com o crescimento da população idosa, com advento da tecnologia e prolongamento da vida, as pessoas tendem a precisar cada vez mais de auxilio para sua higiene pessoal.2

O banho contribui com a recuperação da saúde e melho-ra qualidade de vida. Assim, ajudar alguém nesta atividade, demonstrando competência ao lidar com a intimidade do outro, suas individualidades, preferências e cultura, é uma intervenção terapêutica que requer formação e treinamento, visto que, as pessoas que necessitam de ajuda para executar esta função podem se sentir em declínio emocional e físico.1,3

O banho precisa ser individualizado e criteriosamente indi-cado pelo enfermeiro, que deve delegar a pessoa certa para realizar o procedimento no paciente certo. O enfermeiro deve se ater as preferências individuais, assim como, a redução de risco de infecção, tração de cateteres e lesões de pele. Para isso, é necessária uma avaliação prévia do paciente, obser-var a tolerância e condições de atividade, estimular, quando possível, o autocuidado ou, se necessário, optar pelo banho no leito.3,4

Como uma atividade de cuidado, o banho tem um papel fundamental na recuperação e conforto do paciente. Além de promover oportunidade para avaliação das condições de saúde do indivíduo, também favorece a comunicação e o es-tabelecimento de vínculo.1,3

BOLETIM ABR 17.indd 29 09/05/17 23:45

Page 30: Boletim Científico do Instituto de Ensino e Pesquisa file1 • Serão aceitos trabalhos originais (pesquisa qualitativa ou quantitativa), revisão de literatura, relato de experiência,

30

No ambiente profissional, o banho com auxilio é uma atividade realizada pela equipe de enfermagem e, rotinei-ramente, delegada pelo enfermeiro ao técnico/auxiliar de enfermagem ou, quando fora do ambiente hospitalar, ao cuidador. Em ambos os casos costuma ser pouco super-visionado, evidenciando que os profissionais da área da saúde ainda não dão a devida importância, mesmo sendo a higiene corporal uma das necessidades básicas do ser humano.1,2

Entretanto, no cotidiano, os enfermeiros têm outras ati-vidades que concorrem com os cuidados rotineiros e com frequência o profissional da saúde se esquece da impor-tância e do impacto que o banho tem para a saúde do in-divíduo, ou então, são mal preparados para esta atividade. Desta maneira, podem não ficar cientes dos problemas decorrentes do banho e, consequentemente, não desen-volver habilidades necessárias a condução dos eventos adversos relacionados ao procedimento.1,2

Na perspectiva biológica, o banho pode ter repercussão no equilíbrio oxi-hemodinâmico,4 na regulação térmica 5,6 e na microbiota da pele.5 Alterações estas, geradas pela mobilização que promove maior consumo de oxigênio e pode provocar diminuição transitória na saturação de oxi-gênio e aumento pressórico.4,6 Assim como, a exposição do corpo pode causar variações de temperatura e o ato de lavar pode ocasionar dispersão de bactérias.5

Do ponto de vista psicoemocional, pode ser considerado pelo paciente um momento constrangedor e desumano, que gera dor e ansiedade.7 Além disso, tem impacto no di-mensionamento de pessoal, nos custos hospitalares e na satisfação do cliente.5,6

Sendo assim, o banho não é apenas uma tarefa a ser executada, mas uma interação humana2 que envolve as diferentes dimensões humanas e esferas de cuidado ins-titucional.

O banho foi o tema escolhido para este estudo, pois, é um cuidado que deveria depender da tomada de decisão do enfermeiro e sua execução é de responsabilidade da equipe de enfermagem. São eles que têm acesso, diaria-mente, ao corpo do outro, sendo parte de seus cuidados habituais. No entanto, perde-se a visão de uma prática te-rapêutica, científica e que pode causar benefícios ou danos ao paciente. Neste contexto, o trabalho da enfermagem obriga reflexões éticas a respeito da relação entre os que oferecem o cuidado e aqueles que buscam o atendimento.

No ambiente hospitalar, o banho é um dos cuidados que coloca o profissional da enfermagem frente à vulnerabili-dade e intimidade do outro, devido às alterações de saúde, dependência e confinamento.8 Diante disso, este estudo busca conhecimento científico a fim de promover a me-

lhoria do cuidado ao paciente dependente da equipe de profissionais da saúde.

Sendo assim, os enfermeiros precisam estar atentos e preparados para oferecer um banho com qualidade.2

Este estudo tem como objetivo analisar as produções científicas referentes às percepções de pacientes e profis-sionais quanto ao banho com auxílio.

MétodoPara realização do estudo optou-se por um estudo de

revisão integrativa da literatura, o qual possibilita a sínte-se do conhecimento de um determinado assunto e aponta lacunas do conhecimento que precisam ser preenchidas. Este método permite a inclusão simultânea de diferentes desenhos de estudo e a combinação de dados de literatu-ra teórica e empírica, para subsidiar a implantação de inter-venções eficazes no cuidado aos pacientes.9

A elaboração do estudo consistiu de seis etapas: identi-ficação do tema ou questão de pesquisa, estabelecimento de critérios de inclusão e exclusão, definição das informa-ções a serem extraídas dos estudos, analise das informa-ções, interpretação do resultado e apresentação da revi-são.9

Para nortear a revisão integrativa foi definida a seguinte questão: Quais são as percepções de pacientes e profissio-nais quanto ao banho com auxilio, nos últimos dez anos? A busca ocorreu em março de 2014 e foram utilizados os descritores combinando os termos: (banhos OR higiene da pele) AND (enfermagem OR cuidados de enfermagem) AND (percepção) aplicados às seguintes bases de dados: Medical Literature Analysisand Retrieval Sistem Online (MEDLINE), Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS) e National Libraryof Medicine (PUBMED). Foram selecionados artigos publicados entre o período de 2004 a 2014, nacionais e internacionais, publi-cados em inglês, português ou espanhol, incluindo todos os desenhos de estudo. Foram excluídas as publicações que não atendiam aos critérios.

Para análise e síntese dos dados, as informações ex-traídas dos artigos foram transcritas em um instrumento (Anexo 1), adaptado as necessidades deste estudo, para detalhamento do mesmo. As informações foram descritas contemplando os itens: identificação do artigo, caracterís-ticas metodológicas e avaliação dos resultados encontra-dos e contribuições para o estudo atual.10

ResultadosNa seleção dos artigos foi realizada a leitura criteriosa do

resumo, para garantir que o mesmo respondia a pergunta norteadora e atendia aos critérios de inclusão. No primei-

BOLETIM ABR 17.indd 30 09/05/17 23:45

Page 31: Boletim Científico do Instituto de Ensino e Pesquisa file1 • Serão aceitos trabalhos originais (pesquisa qualitativa ou quantitativa), revisão de literatura, relato de experiência,

31

ro momento foram encontrados cinco artigos na base de dados LILACS, nove na PUBMED e um na MEDLINE sem repetição dos mesmos, totalizando 15 artigos. Após a lei-tura dos artigos na integra, oito foram excluídos por não responderem ao objetivo do estudo.

Dos sete artigos selecionados, 42,8% (três) são brasilei-ros e 57,1% (quatro) estrangeiros, sendo 14,3% (um) austra-liano, 14,3% (um) canadense, 14,3% (um) norte americano e 14,3% (um) neozelandês. Destes, apenas o estudo norte--americano é um ensaio clínico randomizado controlado, os demais (85,7%) são estudos exploratórios/descritivos. (Quadro 1).

Quanto ao local de estudo, 42,8% (três) foram realizados em hospitais, 28,6% (dois) em instituições de longa per-manência para idoso, 14,3% (um) em residência privada e 14,3% (um) em laboratório experimental.

Em 57,1% dos estudos, a população pesquisada foi repre-sentada por profissionaisde enfermagem das diferentes categorias e outros trabalhadores que promovem a higie-ne de indivíduos dependentes para o autocuidado, 28,6% (dois) por pacientes que recebem o cuidado e 14,3% (um) abordou a percepção de quem realiza e de quem recebe o banho. Em razão das diferentes estruturas da equipe de enfermagem nos países, não foi possível determinar se os outros trabalhadores que oferecem cuidados de higiene são membros da equipe de enfermagem, cuidadores ou pertencentes à outra categoria profissional.13,14 Sendo as-sim, neste estudo todos serão nomeados de profissionais.

A análise do conteúdo dos artigos permite afirmar que os profissionais de enfermagem têm dificuldade em ba-nhar um corpo nu, se sentem desconfortáveis, envergo-nhados, pois percebem o banho como contato íntimo e é uma invasão do espaço pessoal.11,12 No entanto, tentam es-conder seus sentimentos para não demonstrá-los ao pa-ciente por acreditarem que o banho é um relacionamento

terapêutico.12 Mesmo assim, se sentem constrangidos ao reconhecer o constrangimento do outro.13

Os profissionais também referem que além de não te-rem tempo hábil para oferecer um banho com qualidade, esta é uma tarefa cansativa.11,14 Acreditam que os pacientes percebem essa situação e que isso impacta no comporta-mento dos mesmos, uma vez que o estado de espírito do cuidador interfere na resposta de quem é cuidado.14 Com-preendem o banho como uma atividade diária e rotineira da enfermagem que exige treinamento.11,13 afirmando que se sentem inseguras ao realizá-lo o banho.11 De acordo com alguns profissionais o banho é uma atividade que “só sente quem trabalha”.11

Um estudo mostrou que após ser oferecido treinamento para os profissionais, estes se sentiram mais confiantes e perceberam melhora no comportamento dos idosos que eram cuidados por eles.15

Quanto à percepção dos pacientes, foi possível observar que eles se sentem crianças novamente por depender de outra pessoa, se acham vulneráveis e indefesos, median-te a perda de sua autonomia.13,16,17 Sentem medo de maus tratos por se tornarem passivos,16 constrangidos por expor o corpo e ansiosos pelo momento do banho.13,16 Preferem que o procedimento seja realizado por uma pessoa do mesmo sexo e não gostam da sensação que fica de sujeira no corpo após um banho no leito.16,17

Os pacientes relatam que sentem desconforto quando percebem que o profissional está com pressa.13 Nessa situação, alegam que quem está sendo cuidado precisa sentir o envolvimento do outro.13,17 Igualmente, percebem que o profissional precisa de treinamento para ser com-petente e atender prontamente as suas necessidades.13,16

O banho tornar-se uma experiência prazerosa para o pa-ciente, quando podem participar, exercitar sua autonomia e criar vínculo com a enfermagem.16, 17

BOLETIM ABR 17.indd 31 09/05/17 23:45

Page 32: Boletim Científico do Instituto de Ensino e Pesquisa file1 • Serão aceitos trabalhos originais (pesquisa qualitativa ou quantitativa), revisão de literatura, relato de experiência,

32

Título Autores Ano - País Método

Figueiredo NMA, Carvalho V,

Tyrrell MAR

Inue M, Chapman R,

Wynaden D

Conder J, Mirfin-VeichB

D’Hondt A, Kaasalainen S,

PrenticeD, Schindel Martin L

Hoeffer B, Talerico KA, Rasin

J, Mitchell CM, Stewart BJ,

McKenzie D, et al

Maciel SSA, BocchiSCM

Nakatani AYK, Souza ACS,

Gomes IV, Sousa MM

(Re)lembrando elvira de felice: gestos

e falas de enfermeiras sobre o banho

no leito, uma técnica/tecnologia de

enfermagem11

Male nurses’ experiences of providing

intimate care for women clients12

Giving and receiving personal care13

Bathing residents with dementia

in long‐term care: critical incidents

described by personal support

workers14

Assisting cognitively impaired nursing

home residents with bathing: effects

of two bathing interventions on

caregiving15

Compreendendo a lacuna entre a

prática e a evolução técnico-científica

do banho no leito16

O banho no leito em unidade de

terapia intensiva17

2006

(Brasil)

2006

(Austrália)

2008

(Nova Zelândia)

2012

(Canadá)

2006

(EUA)

2006

(Brasil)

2004

(Brasil)

Exploratório descritivo

Exploratório

Descritivo/Exploratório

Descritivo

Ensaio clínico

randomizado controlado

Descritivo

Exploratório/descritivo

Quadro 1 - Distribuição dos artigos segundo título, autores, ano, país, método, publico alvo, local e contribuições. (São Paulo, 2014)

BOLETIM ABR 17.indd 32 09/05/17 23:45

Page 33: Boletim Científico do Instituto de Ensino e Pesquisa file1 • Serão aceitos trabalhos originais (pesquisa qualitativa ou quantitativa), revisão de literatura, relato de experiência,

33

Público Alvo Local Local

Enfermeiros

Enfermeiros

homens

Pacientes e

cuidadores ou

familiares que

cuidam (paid

providers* )

Cuidadores

(Personal support

workers* /PSWs)

Auxiliares de

enfermagem

Nursing assistants

(CNAs)

Pacientes

Pacientes

Laboratório

experimental

Hospital

Residência

Instituição de Longa

Permanência

Instituição de Longa

Permanência

Hospital

Hospital

Sente dificuldade em banhar um corpo nu.

Acham que é o contato mais prolongado e intimo da enfermagem.

Se sentem cansadas, envergonhada, inseguras e despreparadas.

Percebem que estão invadindo a privacidade do outro. Entendem

o momento do cuidado intimo com conotação sexual. Se sentem

envergonhados e desconfortáveis.

Compreendem o banho como um momento terapêutico.

Paciente:

O cuidado íntimo com pressa causa desconforto, preferem

quando o outro está envolvido no cuidado. Se sentem ansiosos e

envergonhados.

Cuidadores:

Percebem o constrangimento do outro e procuram estratégias

para amenizar o desconforto e acreditam que isso faz parte do seu

trabalho.

O comportamento agressivo do paciente com demência faz com

que o profissional se sinta desanimado. Sentem que a pressa em

realizar o banho, por falta de tempo, impacta no comportamento do

paciente.

Após o treinamento, se sentem confiantes e com mais facilidade

em realizar o banho. Assim como, percebem melhora no

comportamento dos idosos.

Notam que a sujeira não sai do corpo no banho de leito. Sentem-se

constrangidos, indefesos, com medo de maus tratos.

Percebem que, quando participam do banho e criam vinculo com a

enfermagem o banho torna-se uma experiência mais agradável.

Sentem dor, constrangimento ao se despir, medo e ansiedade.

Compreendem que o banho deve ser realizado com tempo hábil,

garantindo a sua autonomia e vínculo com a enfermagem.

BOLETIM ABR 17.indd 33 09/05/17 23:45

Page 34: Boletim Científico do Instituto de Ensino e Pesquisa file1 • Serão aceitos trabalhos originais (pesquisa qualitativa ou quantitativa), revisão de literatura, relato de experiência,

34

DiscussãoCom esta pesquisa observou-se que o banho oferecido

pelo profissional da saúde ao individuo dependente para o autocuidado, causa desconforto e constrangimento para am-bas as partes.11, 12, 13, 16,17

Inicialmente, isso ocorre por fatores culturais, que impli-cam no uso de roupas para cobrir o corpo, enquanto a nudez tem conotação sexual,7 mas também, pelo falo do ambiente hospitalar favorecer uma relação de poder desigual entre o profissional e o paciente, em virtude da vulnerabilidade de-corrente das complicações de saúde.8

Considerando que os indivíduos sem autonomia para o

autocuidado sentem medo devido a sua vulnerabilidade, entende-se que a relação de poder pode estar presente em qualquer ambiente onde tenha um paciente dependente, como nos domicílios e nas casas de repouso.

Durante a hospitalização, os indivíduos estão em constante adaptação, pois existem regras e rotinas estabelecidas, pou-co flexíveis, que geram ansiedade ao paciente, sendo o ba-nho um dos agentes causadores.7

Por outro lado, o banho pode ser terapêutico e bem aceito pelo paciente se uma relação de confiança for estabelecida com o profissional. O vínculo pode começar a ser desenvolvi-do antes do banho, o profissional de dedicar a conhecer me-

BOLETIM ABR 17.indd 34 09/05/17 23:46

Page 35: Boletim Científico do Instituto de Ensino e Pesquisa file1 • Serão aceitos trabalhos originais (pesquisa qualitativa ou quantitativa), revisão de literatura, relato de experiência,

35

lhor o paciente, suas histórias, preferências e medos,14,18 bem como, deixar o ambiente aquecido,15 com a porta fechada17 e o corpo coberto para garantir sua privacidade.13,15,17 Para de-terminados pacientes, o momento torna-se acolhedor com um toque suave, voz baixa18 e aproximação delicada.13

Para que o ambiente não se torne ameaçador e se inicie o vínculo, a comunicação eficaz, tanto verbal como não verbal, é fundamental durante todo o processo.13, 14, 17,18

O profissional deve pedir permissão para invadir o espaço do outro,8,18 permitir as escolhas do paciente para que ele se envolva no próprio cuidado14,16,17,18 e envolver a família. A pri-vacidade é um direito individual, sendo responsabilidade da

equipe de enfermagem proteger a intimidade do outro, neste contexto, e estar atenta a reflexões éticas neste âmbito.8

Estas estratégias podem favorecer a aproximação e con-tribuir com a melhora da percepção dos envolvidos, já que a ansiedade gerada pela expectativa de receber o banho é maior do que a gerada no momento próprio do banho.7

Contudo, para lançar mão de estratégias alternativas, a equipe precisa ser treinada para adquirir recursos que gerem segurança a ela mesma e transmita confiança ao paciente.15 Apesar de ser uma atividade rotineira e assumida por diferen-tes tipos de profissionais, os mesmos referem que sentem a necessidade de serem treinados.11,13

BOLETIM ABR 17.indd 35 09/05/17 23:46

Page 36: Boletim Científico do Instituto de Ensino e Pesquisa file1 • Serão aceitos trabalhos originais (pesquisa qualitativa ou quantitativa), revisão de literatura, relato de experiência,

O profissional de enfermagem se sente satisfeito ao aju-dar o outro e obter reconhecimento. No entanto, a insatisfa-ção ocorre quando ele está desgastado e sobrecarregado19 como descrito em relação ao banho que é avaliada como uma atividade cansativa11,14 e capaz de gerar desconforto.11,12

O profissional treinado pode executar o banho no mesmo tempo e com menor número de funcionários, assim como é capaz de optar por diferentes estratégias de banho e ade-quá-la ao perfil do paciente,18 reunindo competência técnica e valores humanos.7

Portanto, capacitar os profissionais, oferecendo conheci-mento científico, valorizando o banho e a sua participação no procedimento pode modificar as percepções negativas rela-cionadas ao banho e modificar o cenário para os profissionais e pacientes.

Considerações FinaisA análise das publicações mostrou que o tema é escasso

na literatura e que o banho é percebido por quem o recebe e por quem realiza como uma atividade geradora de ansiedade e desconforto.

Na perspectiva emocional, o banho pode causar a sensa-ção de dependência no paciente, mas também possibilitar o desenvolvimento da autonomia e do vínculo entre os envol-vidos, tornando-o terapêutico não somente do ponto de vista biológico quando o profissional está devidamente capacitado para a atividade.

Embora o banho faça parte das atividades rotineiras de

quem cuida de pacientes dependentes para higiene pessoal, esta não é uma atividade valorizada e para a qual há investi-mento em treinamento. Apenas um estudo apontou para in-tervenções que melhoram tanto a percepção do profissional, quanto a sua condução do banho, como a aceitação dos pa-cientes ao procedimento.

Os resultados deste estudo mostraram que o banho inter-fere na qualidade da assistência prestada, em aspectos cul-turais, fisiológicos e emocionais, e na satisfação do profissio-nal e do paciente. Consequentemente traz para enfermagem uma discussão não apenas ética, mas profissional.

Vale ressaltar que, foram encontradas poucas referências para este estudo e as utilizadas foram provenientes de países distintos, que possuem constituições e nomes diferentes na equipe de enfermagem, o que contribui com a heterogenei-dade cultural e socioeconômica que podem estar refletidas nas informações.

O baixo número de estudos pode estar refletindo o en-volvimento do enfermeiro nessa atividade, embora ela in-tegre o cotidiano da pratica profissional e tenha impacto na qualidade da assistência direta ao paciente e na gestão dos custos. Novos estudos poderiam abordar o tema com o ob-jetivo da sensibilização deste procedimento junto à equipe assistencial.

Portanto, são necessárias mais pesquisas sobre esta te-mática, visto que o banho também deve ser tratado como uma atividade que será aprimorada com base em evidên-cias cientifica.

36

BOLETIM ABR 17.indd 36 09/05/17 23:46

Page 37: Boletim Científico do Instituto de Ensino e Pesquisa file1 • Serão aceitos trabalhos originais (pesquisa qualitativa ou quantitativa), revisão de literatura, relato de experiência,

Referências1 • Lopes JL, Martins LAN, Andrade AL, Barros AL. Escala de diferencial semântico para avaliação da percepção de pacientes hospitalizados frente ao banho. Acta Paul Enferm. 2011; 24(6): 815-20.

2 • Joanne R, Barrick AL, Hoeffer B, Philip DS. The bathing on older adults with dementia. 2006; 206(4):40-48.

3 • Downy L, Lloyd H. Bed bathing pacients in hospital. Nursing Standad. 2008; 34(28):35-40.

4 • Happ MB, Tate JÁ, Swigard VA, Tomas DD, Hoffaman, LA. Wash and wean: bathing patients undergoing wea-ning trials during prolonged machanical ventilation.2010; 36(6s) 47-56.

5 • Coyer FM, O’Sullivan J, Cadman N. The provision of patient personal hygiene in the intensive care unit: A des-criptive exploratory study of bed-bathing practice. Aus-tralian Critical Care.2010; 2011(24):198-209.

6 • Lima DVM, Lacerda RA. Repercussões oxi-hemodi-nâmicas do banho no paciente em estado crítico adul-to hospitalizado: revisão sistemática. Acta Paul Enferm. 2010; 23(2): 278-85.

7 • Lopes JL, Nogueira-Martins LA, Gonçalves MAB, Bar-ros ALBL. Comparação do nível de ansiedade entre o ba-nho de chuveiro e o de leito em pacientes com infarto agudo do miocárdio. Rev. Latino-Am. Enfermagem 2010; 18(2): 80-87.

8 • Soares NV, Dall’Agnol CM. Privacidade dos pacientes – uma questão ética para a gerência do cuidado em en-fermagem. Acta Paul Enferm. 2011; 24(5): 683-8

9 • Mendes KDS, Silveira RCCP, Galvão CM. Revisão in-tegrativa: método de pesquisa para a incorporação de evidências na saúde e na enfermagem. Texto Contexto Enferm. 2008; 17(4): 758-64.

10 • Ursi ES, Galvão CM. Prevenção de lesões de pele no perioperatório: revisão integrativa da literatura. Rev Latino-Am Enferm. 2006; 14(1): 124-31.

11 • Figueiredo NMA, Carvalho V, Tyrrell MAR. (Re) lem-brando Elvira de Felice: gestos e falas de enfermeiras sobre o banho no leito, uma técnica/tecnologia de en-fermagem. Esc Anna Nery R Enferm. 2006; 10 (1): 18 –28

12 • Inue M, Chapman R, Wynaden D. Male nurses’ ex-periences of providing intimate care for women clients. J Advanced Nursing. 2006; 55(5), 559–567.

13 • Conder J, Mirfin-Veich B. Giving and receiving per-sonal care. Kai Tiaki Nursing New Zealand. 2008; 14(10): 20-22.

14 • D’Hondt A, Kaasalainen S, Prentice D, Schindel ML. Bathing residentes with dementia in long‐term care: criti-cal incidentes described by personal support workers. Int J Older People Nurs. 2012; 7(4):253-63.

15 • Hoeffer B, Talerico KA, Rasin J, Mitchell CM, Stewart BJ, McKenzie D, et al: Assisting cognitively impaired nur-sing home residents with bathing: effects of two bathing interventions on caregiving. Gerontologist. 2006; 46(4): 524–532.

16 • Maciel SSA, Bocchi SCM. Compreendendo a lacuna entre a prática e a evolução técnico-científica do banho no leito. Rev Latino-Am Enfermagem. 2006; 14(2): 233-42.

17 • Nakatani AYK, Souza ACS, Gomes IV, Sousa MM. O banho no leito em unidade de terapia intensiva. Ciência, Cuidado e Saúde. 2004; 3 (1):13-21.

18 • Cohen-Mansfield J, Parpura-Gill A. Bathing: a fra-mework for intervention focusing on psychosocial, archi-tectural and human factors considerations. Archives of gerontology and geriatrics. 2007; 45(2), 121-135

19 • Melo MB, Barbosa MA, Souza PR. Satisfação no tra-balho da equipe de enfermagem: revisão integrativa. Rev Latino-Am Enfermagem. 2011; 19 (4): 1-9

37

BOLETIM ABR 17.indd 37 09/05/17 23:46

Page 38: Boletim Científico do Instituto de Ensino e Pesquisa file1 • Serão aceitos trabalhos originais (pesquisa qualitativa ou quantitativa), revisão de literatura, relato de experiência,

38

ResumoEste estudo tem como objetivo relatar o caso da utilização do

bloqueio regional por ultrassom em paciente que apresentava

dor de difícil controle em sala de recuperação pós-anestésica

após realização de artroscopia de ombro. Trata-se de um relato

de caso, na modalidade qualitativa, realizado em uma instituição

hospitalar privada da cidade de São Paulo, no período de Janeiro

à Agosto de 2016.

Palavras-chave: Paciente, Ultrassom, Dor de difícil controle.

AbstractThis study aims at reporting the ultrasound-guided regional

block use on a patient displaying a pain of difficult control at a

post-anesthetic recovery room after performance of a shoulder

arthroscopy. This is a case report in the qualitative modality, car-

ried out at a private health institution in the City of São Paulo in

the period from January to August 2016.

Key words: Patirnt, Ultrasound, Pain of Difficult Control.

ResúmenEste estudio tiene como objetivo relatar el caso de la utilización

del bloque regional por ultrasonido en paciente que presentaba

dolor de difícil control en sala de recuperación post-anestésica

después de la realización de artroscopia de hombro. Se trata de

un relato de caso, en la modalidad cualitativa, realizado en una

institución hospitalaria privada de la ciudad de São Paulo, en el

período de Enero a Agosto de 2016.

Palabras-clave: Paciente, Ultrasonido, Dolor de difícil control.

Utilização do Bloqueio Regional Guiado por Ultrassom em Paciente com Dor Difícil: relato de caso

Marcelo QueirozSócio e Diretor do IPAR - Instituto Paulista de Assistência Respiratória, responsável pela gestão em Anestesiologia e Dor da Rede de Hospitais São Camilo (Unidade Pompéia). Coordenador do Serviço de Anestesiologia do Hospital Geral de Itapevi desde 2012. Presidente da COREME - Comissão de Residência Médica do Hospital Geral de Itapevi desde 2013. Instrutor do CET

MEC/SBA IPAR Itapevi /São Camilo Pompéia.

Lucas LimaGraduado em medicina pela Escola de Medicina Souza Marques – Rio de Janeiro (2013), especialização em Anestesiologia (Pós – Graduação Lato Sensu, Residência Médica) pelo Hospital Geral de Itapevi – IPAR desde 2016. Coordenador do Serviço de Anestesiologia do Hospital Geral de Itapevi e

anestesiologista do Hospital São Camilo Pompéia administrados pelo IPAR.

Roberta Calle QueirozGraduada em medicina pela Faculdade de Ciências Médicas de Santos – UNILUS (2002) e especialização em Anestesiologia (Pós – graduação Lato Sensu, Residência Médica) desde 2005. Especialização em Anestesia Cardiovascular (2005). Especialização em Cuidado ao Paciente com Dor Instituto Sírio Libanês de Ensino e Pesquisa (2012). Especialização em Anestesia Regional guiada por Ultrassom (2016). Pós Graduação em Gestão de Serviços Hospitalares Albert Einstein (2017). Atuação Clínica como Anestesiologia e no Tratamento da Dor em diversos Hospitais da rede de São Paulo. Gestão de equipe médica e médicas residentes. Título Superior em Anestesiologia (TSA)

Utilization of the Ultrasound-Guided Regional Block in Patients

with Difficult Pain: a case report

Utilización del Bloqueo Regional Guiado por Ultrasonido

en Paciente con Dolor Difícil: relato de caso

BOLETIM ABR 17.indd 38 09/05/17 23:46

Page 39: Boletim Científico do Instituto de Ensino e Pesquisa file1 • Serão aceitos trabalhos originais (pesquisa qualitativa ou quantitativa), revisão de literatura, relato de experiência,

39

IntroduçãoO manguito rotador é um conjunto de quatro tendões

que se localizam no ombro e envolvem a cabeça do úme-ro. Os tendões são: tendão supraespinhal, infraespinhal, subescapular e redondo menor.1

Esses tendões são responsáveis pela desaceleração do ombro, pelas rotações e para manter o ombro bem posi-cionado.

A articulação do ombro é uma das mais complexas do corpo humano, pois permite o maior grau de liberdade de movimentos.

O teto do manguito rotador é formado por uma proemi-nência da escápula, o acrômio. Dependendo do formato desse osso pode-se predispor a alterações e lesões, como a síndrome do impacto ou a lesões do manguito rotador. Além disso, fatores naturais como degeneração por en-velhecimento e traumas ou fraturas podem também pre-dispor a lesão. Quando ocorrem lesões dos tendões do manguito rotador, a função do ombro pode se deteriorar. Assim, além da dor, existe uma perda de força, gerando sintomas importantes ao paciente.2

O tratamento cirúrgico da lesão do manguito rotador ba-seia-se principalmente na gravidade da lesão, na atividade e idade biológica do paciente, assim como a intensidade da dor e perda de função.3

Atualmente a cirurgia é realizada por via artroscópica. É uma técnica menos invasiva e que permite uma avaliação mais detalhada dos diferentes graus de lesão e um mínimo dano tecidual.

Devido ao posicionamento do paciente na mesa cirúrgi-ca e ao tempo prolongado de cirurgia, visando um maior conforto e segurança ao paciente, a anestesia geral é rea-lizada na grande maioria dos casos.

A recuperação no pós-operatório é variável. As interven-ções cirúrgicas por via artroscópica no ombro estão comu-mente relacionadas com dor de grande intensidade. Den-

tre as técnicas de analgesia, o bloqueio de plexo braquial é o que oferece os melhores resultados.4

A associação de duas técnicas anestésicas, bloqueio de plexo braquial e anestesia geral, proporcionam melhor controle da dor, menor consumo de anestésicos e a

possibilidade de colocação de cateteres para analgesia em tempo prolongado permitindo melhor manipulação fi-sioterápica indolor.5,6

O presente relato de caso tem como objetivo relatar o caso de bloqueio regional guiado por ultrassom em pa-ciente que apresentava dor de difícil controle em sala de recuperação pós-anestésica após realização de artrosco-pia de ombro.

Metodologia

Na realização deste estudo optou-se pelo relato de caso, na modalidade pesquisa qualitativa.

O local de estudo foi um hospital privado da zona oeste de cidade de São Paulo, realizado no período de Janeiro à Agosto de 2016.

Descrição do RelatoPaciente MRMQ, 81 anos, 82 Kg, 1,73m, masculino, dia-

bético e hipertenso há mais de 30 anos. Em uso de me-tformina 850 mg, duas vezes ao dia, atenolol 50 mg ao dia e losartana 100 mg duas vezes ao dia. Negava tabagismo. Apresentava exames pré-operatórios normais, apenas com eletrocardiograma mostrando hipertrofia de ventrículo es-querdo. Demais exames laboratoriais sem alterações. Ne-gava precordialgia ou síndrome coronariana prévia. Estado físico American Society of Anesthesiologists (ASA) II.

O paciente apresentava história de dor em região acro-mial direita há 10 anos e disfunção do membro. Optou-se por tratamento cirúrgico de correção artroscópica do man-guito rotador do ombro direito.

Deu entrada no centro cirúrgico lúcido, corado, hidrata-

BOLETIM ABR 17.indd 39 09/05/17 23:46

Page 40: Boletim Científico do Instituto de Ensino e Pesquisa file1 • Serão aceitos trabalhos originais (pesquisa qualitativa ou quantitativa), revisão de literatura, relato de experiência,

40

do, eupneico, pressão arterial 140 X 100 mmHg, frequência cardíaca de 64 bpm, ritmo cardíaco regular em dois tempos sem sopro audível, murmúrio vesicular presente bilateral-mente sem ruídos adventícios.

Não foi administrada medicação pré-anestésica. Na sala de operação foi realizada venopunção com cateter 20 G em veia de membro superior esquerdo. Realizado monitorização com oxímetro de pulso, cardioscópio com derivação D2 e V5 e aparelho de pressão automático não invasivo em MIE.

A indução da anestesia geral foi realizada com fentanil 200 mcg ev, propofol 100mg ev, lidocaína 2% sem vaso-constritor 80 mg ev e rocurônio 50 mg ev. Realização de intubação orotraqueal com cânula 8,0 Portex com cuff, sem intercorrências e ventilação contínua a volume controlado. A manutenção foi realizada com 1l por minuto de oxigênio a 50% com ar comprimido, propofol em dose alvo contro-lada de 3,0 mcg/ml e remifentanil 0,1 a 0,15 mcg/kg/min. Manteve-se estável durante todo o procedimento cirúrgico com pressão arterial média variando entre 60 a 70 mmHg e BIS entre 45-55.

Foi medicado no intra-operatório com Cefazolina 2g, rani-tidina 50 mg, dipirona 2g e ondansetrona 8mg endovenosos. Aos 30 minutos anteriores ao término do procedimento foi aplicado 5mg de morfina endovenoso. A cirurgia durou 80 minutos.

Realizada extubação em sala operatória após reversão do bloqueio neuromuscular com sugamadex 200mg ev e retor-no dos níveis de consciência com BIS de 94.

Ao dar entrada em sala de recuperação pós-anestésica, o paciente encontrava-se extremamente inquieto, referindo dor 10 pela escala analógica de dor (EVA). O mesmo foi me-dicado com morfina 5mg ev.

Após 30 min da última dose de opióide realizado, o pa-ciente apresentava-se agitado, hipertenso (180X110 mmHg) e referindo ainda dor escore 10. Foi novamente medicado com opióide por outro anestesiologista, perfazendo um total de 20 mg de morfina.

Permaneceu por mais duas horas em recuperação anes-tésica, apresentando piora da agitação, hipertensão arterial sistêmica, sendo novamente medicado com opióide e pouca melhora do quadro álgico. Tendo em vista a gravidade da situação por se tratar de paciente idoso, com histórico de do-ença cardiovascular e diabetes mellitus optou-se pela reali-zação de bloqueio de plexo braquial via interescalênica para controle do quadro álgico por outro anestesiologista mais experiente em anestesia regional.

Encaminhamos o mesmo para uma sala cirúrgica aonde foi levemente sedado com midazolam 2mg ev e instalado cateter nasal de oxigênio úmido a 2lmin e posicionado para o procedimento. Colocou-se um coxim atrás da escápula do

lado a ser bloqueado, girando a cabeça para o lado contrala-teral, com o membro superior direito estendido ao longo do corpo. Realizado assepsia e antissepsia de região cervical, aplicação de gel e colocação de transdutor linear de alta fre-quência (10 MHz) perpendicular à pele para a obtenção de uma secção transversal do pescoço. Optamos pelo uso do ultrassom (Sonosite-MTurbo) para a realização do bloqueio associado à neuroestimulação (neuroestimulador Stimu-plex© HNS12) por ser método mais preciso, seguro e menor utilização de anestésico local.

Após identificação de troncos e raízes do plexo braquial, foi feito botão anestésico com 2 ml de lidocaína 2% sem va-soconstritor. Introduziu-se agulha Stimuplex A50 ajustado a frequência de 12 Hz in plane em relação ao probe na fenda interescalênica. Ao identificar ecograficamente os troncos de C5, C6 e C7 e obter contração de músculos de antebraço foi efetuada infiltração de 15 ml de ropivacaína a 0,25% sob visualização.

Encaminhado à Unidade Pós-Anestésica, o paciente apre-sentava já sinais claros de alívio da dor e manutenção pres-sórica a níveis aceitáveis. Permaneceu por quarenta e cinco minutos em RPA, sendo dada alta da mesma unidade após escore zero de dor.

DiscussãoAs intervenções cirúrgicas por via artroscópicas de om-

bro costumam estar relacionadas com dor. A dor nas pri-meiras 48 horas varia de moderada a grave e necessita de um método de analgesia eficiente.7 Aproximadamente 70% dos pacientes referem dor intensa após cirurgia envolvendo grandes articulações (ombro e joelho), sendo maior que após histerectomia, gastrectomia ou toracotomia. Isso ocorre de-vido à descarga nociceptiva maciça originada dos tecidos das articulações, ricamente inervados, que produzem dor somática intensa e períodos de espasmos reflexos dos mús-culos inervados pelos mesmos segmentos espinhais.8 Sabe--se que o paciente que experimentar um pós-operatório do-loroso pode apresentar maior dificuldade na adesão a um programa de fisioterapia, com possibilidade de desenvolver um quadro de dor crônica. Uma analgesia adequada propicia uma recuperação mais rápida.9,10

Com o advento da cirurgia artroscópica, muitas dessas ci-rurgias passaram a se tornar procedimentos ambulatoriais. No entanto, a dor ainda preocupa médicos e pacientes, uma vez que o seu controle fora do ambiente hospitalar, usando analgésicos endovenosos mais potentes torna-se impraticá-vel.11

O bloqueio de plexo braquial torna-se assim uma alternati-va eficaz e segura em associação com a anestesia geral para o controle da dor, já que outras opções terapêuticas como

BOLETIM ABR 17.indd 40 09/05/17 23:46

Page 41: Boletim Científico do Instituto de Ensino e Pesquisa file1 • Serão aceitos trabalhos originais (pesquisa qualitativa ou quantitativa), revisão de literatura, relato de experiência,

41

BOLETIM ABR 17.indd 41 09/05/17 23:46

Page 42: Boletim Científico do Instituto de Ensino e Pesquisa file1 • Serão aceitos trabalhos originais (pesquisa qualitativa ou quantitativa), revisão de literatura, relato de experiência,

42

os anti-inflamatórios não hormonais e as injeções intra-ar-ticulares têm suas limitações (principalmente na população mais idosa) ou são incapazes de promover esse alívio. O uso de ultrassom na atualidade nos permite a utilização de do-ses menores de anestésicos locais e a identificação de es-truturas nervosas.12 No presente caso tínhamos um paciente aonde o nível de dor era crítico, a sobredosagem de medi-cação endovenosa opióide era notável e o bloqueio conse-quentemente não poderia falhar.

Técnicas analgésicas como injeção intra-articular de anes-tésico local, opióides parenterais, bloqueio de plexo braquial e bloqueio do nervo supraclavicular têm sido usadas com efetividade variável; todavia não são isentas de efeitos ad-versos.13

Bloqueio interescalênico é a técnica mais eficaz no con-trole da dor pós-operatória, com menores escores de dor e menor resgate de morfina.

O plexo braquial tem origem nos ramos ventrais dos ner-vos cervicais inferiores C5 a T1, com contribuição ou não de C4 e T2. Na descrição clássica das técnicas, a localização correta da agulha era confirmada procurando-se parestesias no membro a ser bloqueado. Hoje sabe-se que isso pode estar associado à lesão do nervo pela agulha de punção e, portanto, a ultrassonografia veio para oferecer mais qualida-de e segurança ao paciente e ao anestesiologista.14

Os passos para se obter sucesso em anestesia regional

incluem a identificação exata da posição dos nervos, a colo-cação precisa da agulha, sem lesões a estruturas adjacentes e, finalmente, a injeção cuidadosa de anestésico local junto aos nervos.15

Embora a neuroestimulação forneça grande auxílio na identificação nervosa, não consegue, isoladamente, atender a todas essas necessidades. Além disso, a ultrassonografia pode ser capaz de difundir o ensino e a prática da anestesia regional por se tratar de uma técnica de fácil aprendizado e supervisão, com excelente perfil de segurança e alto índice de sucesso, encorajando anestesiologistas com menos prá-tica em bloqueios a optarem pela anestesia regional.

Pelas razões expostas, acredita-se que os bloqueios guia-dos por ultrassom serão a técnica de eleição para a aneste-sia regional num futuro não muito distante.16

Considerações FinaisO estudo demonstrou a viabilidade e resolutividade da

utilização do bloqueio regional guiado por ultrassom em paciente que apresentava dor de difícil controle em sala de recuperação pós-anestésica após realização de artroscopia de ombro, melhorando a qualidade da assistência prestada e conforto do paciente.

Acredita-se que esta técnica em breve seja eleita pelos anestesistas como uma opção importante na decisão do procedimento anestésico.

BOLETIM ABR 17.indd 42 09/05/17 23:46

Page 43: Boletim Científico do Instituto de Ensino e Pesquisa file1 • Serão aceitos trabalhos originais (pesquisa qualitativa ou quantitativa), revisão de literatura, relato de experiência,

43

Referências1 • Miyazaki NA, Fregoneze M, Santos PD, Silva LA, Ortiz RT, Checchia SL. Lesões extetensas do manguito rota-dor: Avaliação dos resultados do reparo artroscópico. Revista Brasileira de Ortopedia. 2009; 44 (2): 148-52.

2 • Veado MAC, Castilho RS, Maia PEC, Rodrigues AU. Estudo Prospectivo e comparativo dos resultados fun-cionais após reparo aberto e artroscópico das lesões do manguito rotador. Revista Brasileira de Ortopedia. 2008; 43(11/12): 505-12

3 • Turtelli CM. Avaliação do ombro doloroso pela radio-logia convencional. Radiologia Brasileira vol. 34 Julho/Agosto 2001.

4 • Imbelloni LE, Beato L, Gouveia MA. Bloqueio de plexo braquial por via infraclavicular: abordagem ântero-pos-terior. Revista Brasileira de Anestesiologia. 2001; 51(3): 235-43.

5 • Lahori VU, Raina A, Gulati S, Kumar D, Gupta SD. A randomized comparative study of efficacy of axillary and infraclavicular approaches for braquial plexus block for upper limb surgery using peripheral nerve stimulator. In-dian Journal of Anaesthesia. 2011; 55(3): 253-259.

6 • Geier KO. Bloqueio do plexo braquial no trauma: anal-gesia regional prolongada por cateter axilar. Revista Bra-sileira de Anestesiologia. 1995; 45(3): 173-82.

7 • De Jong RD. Axillary block of the brachial plexus. Anesthesiology,1961:26:215-25.

8 • Beato L, Camocardi G, Imbelloni LE. Bloqueio Do plexo braquial pela via posterior com uso de neuroestimulador e ropivacaína a 0,5%. Revista Brasileira de Anestesilogia. 2005; 55(4):421-28.

9 • Neal JM et al. Brachial plexus anesthesia: Essentials of our current understanding. Reg Anesth Pain Med, 2002; 27:402-28.

10 • Boss AP, Maurer T, Seiler S. Continuos subacromial bupivacaine infusion for postoperative analgesia after open acromioplasty and rotator cuff repair: preliminary results. Journal Shoulder Elbow Surg. 2004; 13: 630-34.

11 • Wilson AT, Nicholson E, Burton L. Analgesia for day--case shoulder surgery. British Journal of Anaesthesia. 2004; 92 (3):414-15

12 • Marhofer P, Greher M, Kapral. S. Ultrasound guidan-ce in regional anaesthesia. British Journal of Anaesthesia. 2005; 94:7-17.

13 • Aksu R, Biçer C, Ulgey A, Bayram A, Gunes I, Guney A, Yildirim MD. Comparação de bloqueio do plexo braquial por via interescalênica e administração de anestésico local intra-articular no manejo da dor no pós-operatório de cirurgia artroscópica de ombro. Revista Brasileira de Anestesiologia. 2015; 65(3): 222-29

14 • Winnie AP. Interescalene brachial plexus block. Anesthesia and Analgesia. 1970; 49:455-66.

15 • Lee HY, Kim SH, SO KY. Effects of interescalene bra-chial plexus block to intra-operative hemodynamics and postoperative pain for arthroscopcic shoulder surgery. Korean Journal of Anesthesiology. 2012; 62(1): 30-34.

16 • Helayel PE, Conceição DB, Oliveira Filho GR. Blo-queios Nervosos Guiados por Ultrassom. Revista Brasi-leira de Anestesiologia. 2007; 57(1): 106-23.

BOLETIM ABR 17.indd 43 09/05/17 23:46

Page 44: Boletim Científico do Instituto de Ensino e Pesquisa file1 • Serão aceitos trabalhos originais (pesquisa qualitativa ou quantitativa), revisão de literatura, relato de experiência,

44

BOLETIM ABR 17.indd 44 09/05/17 23:46

Page 45: Boletim Científico do Instituto de Ensino e Pesquisa file1 • Serão aceitos trabalhos originais (pesquisa qualitativa ou quantitativa), revisão de literatura, relato de experiência,

Nome

José Antônio Pinto

Fabiola Esteves G. Caldas

Letícia W Wachter

Beatriz S Zalla

Adma R. Y. Zavanela

André Freitas Cavallini da Silva

Roberta Moss

Larissa S. Barrero

Cauê Duarte

Davi Knoll Ribeiro

Gabriel S. Freitas

Mariana Batistella Mazzotto

Lucas de Souza Lima

Leopoldo Nobre de Albuquerque Paiva

Anny Sugsawa

Daniel Pires Penteado Ribeiro

Luiz Eduardo Barreto

Felipe Ferrer

Thais C. O. Alves

80

OURO

PRATA

PRATA

PRATA

PRATA

PRATA

PRATA

PRATA

PRATA

PRATA

PRATA

PRATA

PRATA

BRONZE

BRONZE

BRONZE

BRONZE

BRONZE

BRONZE

140

1

2

3

4

5

6

7

8

9

10

11

12

13

14

15

16

17

18

19

PREMIADOS IEP – RESULTADO 2016

45

BOLETIM ABR 17.indd 45 09/05/17 23:46

Page 46: Boletim Científico do Instituto de Ensino e Pesquisa file1 • Serão aceitos trabalhos originais (pesquisa qualitativa ou quantitativa), revisão de literatura, relato de experiência,

46

ATIVIDADE Nø DE PONTOS

Congresso nacional da especialidade

Congresso da especialidade no exterior

Congresso/jornada regional/estadual da especialidade

Congresso relacionado à especialidade com apoio da

sociedade nacional da especialidade

Outras jornadas, cursos e simpósios

Programa de educação à distância por ciclo

Artigo publicado em revista médica

Capítulo em livro nacional ou internacional

Edição completa de livro nacional ou internacional

Conferência em evento nacional apoiado pela

Sociedade de Especialidade

Conferência em evento internacional

Conferência em evento regional ou estadual

Apresentação de tema livre ou pôster em congresso ou

jornada da especialidade

Participação em banca examinadora (mestrado,

doutorado, livre-docência, concurso, etc.).

Mestrado na especialidade

Doutorado ou livre docência na especialidade

Coordenação de programa de residência médica

Projetos de pesquisa aprovado

Elaboração de manual de rotinas

Congresso internacional

Apresentação congresso internacional (São Camilo)

Reuniões Científicas

Coordenação de Eventos

Eventos

Atividades Científicas

Atividades Acadêmicas

Atividades Institucionais

TOTAL OBRIGATÓRIO ANUALMENTE Do total obrigatório anualmente, 20 pontos deverão ser em atividades institucionais.

40

20

05

15

10

0,5/h (mín.1 e máx.10)

0,5/h (máx.10)

05

05

10

05

05

02

02 (máx. 10)

05

15

20

5/ano

20

10

+15

+03

1,0/h

5,0 (máx. 20)

REGRAS DE PREMIAÇÃO

BOLETIM ABR 17.indd 46 09/05/17 23:46

Page 47: Boletim Científico do Instituto de Ensino e Pesquisa file1 • Serão aceitos trabalhos originais (pesquisa qualitativa ou quantitativa), revisão de literatura, relato de experiência,

47

BENEFÍCIOS DIAMANTE PRATAOURO BRONZE

Pontos mínimos para atingir a premiação

Confecção de Banner / Assessoria

Inscrição em Congresso Nacional

Inscrição em Congresso Internacional

Viagem (passagem)

Pacote completo para Congresso Nacional

(passagem, inscrição, banner)

Pacote completo para Congresso Internacional

(passagem, inscrição, banner)

Intercambio internacional

200

Sim

Sim

Sim

Sim

Sim

Sim

Sim

80

Sim

Sim

Sim

Sim

Não

Não

Não

140

Sim

Sim

Sim

Sim

Sim

Não

Não

60

Sim

Sim

Não

Não

Não

Não

Não

COTAS PARA PREMIAÇÃO

BOLETIM ABR 17.indd 47 09/05/17 23:46

Page 48: Boletim Científico do Instituto de Ensino e Pesquisa file1 • Serão aceitos trabalhos originais (pesquisa qualitativa ou quantitativa), revisão de literatura, relato de experiência,

BOLETIM ABR 17.indd 48 09/05/17 23:46