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Boletim InformativoClube Niteroiense de Montanhismo
Ano XII - Número 33Niterói, JUNHO de 2016
• Monte Roraima• • Conhecendo o Parque da Cidade •
• Artigo: Dissecando a Parada •• CNM na Semana do Meio Ambiente •
• Entrevista com Glauce Ibraim •
Travessia Lapinha x Tabuleiro
2 Clube Niteroiense de Montanhismo – Boletim Informativo nº 33
É Hora de estar nas montanhas... Está aberta a
temporada! Na verdade, para nós a temporada nunca
termina! Apenas arrumamos um excelente pretexto
para participarmos do maior evento do calendário
do montanhismo nacional: A ATM URCA. Acho que
atualmente, a ATM PARNASO tem dado mais gente do
clube que na ATM URCA. Talvez pelas atividades que
antecedem a festa... Mas isso são detalhes... O que
importa mesmo é estar na Montanha.
O clube vem amadurecendo e a cada dia que
passa, aumentamos nossa responsabilidade. Nossa
preocupação ultrapassa o limite do esporte e vai de
encontro a por em prática os conceitos de mínimo
MENSAGEM DO PRESIDENTE
Começando a temporada... Por Leandro do Carmo
impacto. E aí é que entra a contribuição individual...
Sejam nos mutirões, nas reuniões com o PESET ou
em nossas atividades, pois, em decorrência de nosso
papel, acabamos tendo a obrigação de dar o exemplo! E
damos exemplo, não tenho dúvida disso!
No final do mês teremos nossa primeira atividade
oficial, com mais de um participante, além do território
brasileiro: O Monte Roraima. Pensada no final do ano
passado, ela foi tomando forma e aos poucos tornou-
se realidade. Acho que vou parar por aqui... Quero
dar tempo para que vocês leiam os grandes artigos
selecionados para essa edição... E vamos atacar os
cumes!
Clube Niteroiense de Montanhismo – Boletim Informativo nº 33 3
SUGESTÃO DE LEITURA
Tenha uma boa leitura!
Por Leandro do Carmo
Por Um Triz: Aventuras Absurdas e Engraçadas
nas Trilhas e Montanhas do Brasil, de André Ilha
São grandes histórias que
mostram que por trás de
uma grande aventura, pode
acontecer muita coisa... Umas
até assutadoras e engraçadas...
Mas isso depois de sabermos
que tudo deu certo! Uma leitura
que prende e por vezes nos leva
a esticar o braço para ajudar... Só
bons livros fazem isso!
Na Estrada do Everest - Trekking no Himalaia, de
Airton Ortiz.
O autor refaz, passo a passo,
os 150 quilômetros de trilhas
selvagens que levam até o
acampamento-base, no sopé
da montanha. Para isso,
foram necessários dezessete
dias, passados com muito
frio, cansaço e perigos. Mas
com recompensas à altura: o
extraordinário contato com a
cultura, a religiosidade e as lendas dos povos da mais
alta cordilheira do mundo. Paralelamente à sua jornada,
o autor resgata a história da conquista da montanha.
Deixado para Morrer, de Beck Weathers.
Para quem já leu os livros “No Ar
Rarefeito” e “A Escalada”, chegou
a conclusão que foi um milagre
que salvou Beck Weathers. Dado
como morto na aterrorizante
temporada de 96, do Everest,
onde 8 pessoas morreram.
O livro conta o que o autor
sentiu durante o tempo em que
permaneceu acima da Zona da
Morte e como isso mudou sua vida, principalmente no
seu relacionamento com sua família.
Prezado Associado,
Informamos que o Clube Niteroiense de
Montanhismo - CNM - a partir desta data, abre
inscrições para a formação de chapas para eleição
da nova Diretoria, referente ao período de novembro
de 2016 à novembro de 2018 conforme normas
estatutárias. O prazo de inscrição encerra-se em 30 de
setembro de 2016.
A Chapa será constituída por:
Presidente; vice presidente; tesoureiro; conselho
fiscal com 03 membros e um suplente.
Os cargos de presidente, vice-presidente, tesoureiro
e conselho fiscal só poderão ser ocupados por sócios
com mais de seis meses de efetividade no CNM e
adimplentes.
As Chapas devem enviar mensagem para cnm@
niteroiense.com.br, com CHAPA no assunto até 30 de
setembro de 2016.
CAPÍTULO 01 DA ASSEMBLÉIA GERAL
Art. 7º A Assembléia Geral, poder máximo do CNM,
é constituída pela totalidade dos sócios em pleno gozo
dos direitos estatutários, e reunir-se-á bienalmente em
novembro, de forma ordinária, para eleger e empossar o
presidente, o vice-presidente, o tesoureiro e o conselho
fiscal (três membros efetivos e um suplente);
¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨
NOTA 2:
Art. 8º A convocação da Assembléia Geral será feita
pelo presidente do CNM e anunciada, com antecedência
mínima de quinze dias, por meio de edital publicado no
boletim informativo e mensagem aos associados.
Atenciosamente
Leandro Gonçalves do Carmo
Presidente
AVISO
Formação de ChapaEleição de Diretoria
4 Clube Niteroiense de Montanhismo – Boletim Informativo nº 33
como ano de sua descoberta 1595, pelos colonizadores
europeus, durante a colonização espanhola, mas é
a partir do século XIX que as expedições ficam mais
intensas, sendo que objetivo destas estavam ligados à
exploração e conhecimento da flora e fauna.
A primeira escalada ao Monte que se tem registro
ocorreu em 1884, por uma expedição britânica chefiada
por Everard Ferdinand im Thurn e, a partir da década de
80, do século passado, é que o destino se populariza
para os amantes do trekking e aqui estamos nós, nos
dias atuais sonhando com a nossa vez da descoberta!
E o que precisamos saber para que nossa expedição
seja fantástica? Afinal, o investimento a ser feito tem
que valer e não podemos de forma alguma deixar
que pequenos detalhes não previstos arranhem nossa
experiência, certo? Então vamos lá... Preparação!
Esse é básico!
Veremos na internet relatos de pessoas sedentárias
que foram e chegaram, mas se queremos aproveitar o
passeio, preparo físico é fundamental.
Estamos falando de um trekking de no mínimo
6 dias, com uma média de 12 km dia, sendo que no
terceiro dia há a famosa subida pelo Paso de las
Lágrimas.Esta é uma subida íngreme, pedregosa e com
respingos de água de uma cachoeira próxima.
ARTIGO
Monte Roraima Por Annelise Gramacho e Martha Helena Franco
Quando se apresenta o mix – lenda, beleza natural
e desafio - podemos, sem dúvida, assegurar que está
criado o ambiente propício para que os amantes do
montanhismo comecem a se movimentar no sentido de
conquistar esse espaço e o Monte Roraima se encaixa
perfeitamente dentro dessa ambição.
Segundo os índios locais Pemon (ou Taurepangs) e
Macuxis, o Monte Roraima é a Mãe das Águas e o líquido
é o sangue do Planeta. Ele é o berço de Macunaíma,
cujo nome foi importado por Mário de Andrade para
representar nosso herói brasileiro. Diz a lenda, que havia
uma árvore frondosa e misteriosa chamada: “A Árvore
de Todos os Frutos. Dela nasciam, a banana, o abacaxi,
enfim todas as frutas tropicais. Ninguém podia apanha-
las! Somente Macunaíma colhia os seus frutos dividia-os
entre todos, igualmente. Mas a ambição tomava conta
da tribo. Assim, os índios desobedeceram, mexeram na
árvore, arrancando-lhe todos os frutos e quebrando-
lhes os galhos, para plantarem, pois, queriam mais
árvores desse mesmo tipo. A Árvore Sagrada perdeu a
sua magia e Macunaíma ficou furioso! Num gesto de
justiça, queimou toda a floresta, petrificou a árvore e,
amaldiçoando todos, ordenou que se fossem embora.
Da imensa floresta verde, restaram apenas cinza e
carvão. E, até hoje, em frente ao Monte Roraima, está
a Árvore Sagrada, petrificada. Macunaíma, em espírito,
repousa, tranquilo, no Monte Roraima.” Para quem
quiser saber um pouquinho mais sobre as lendas do
Monte, sugerimos o acesso aos seguintes sites: http://
territorios.com.br/downloads/TMonteRoraima.pdf e
http://roraimalendasemitos.blogspot.com.br
Localizado no norte da América do Sul, na tríplice
fronteira formada por Brasil, Venezuela e Guiana consta
Clube Niteroiense de Montanhismo – Boletim Informativo nº 33 5
A partir do início do trekking os acampamentos
são rústicos com uma estrutura simples de apoio nos
acampamentos dos rios Tek e Kukena. No topo não há
estrutura alguma e os chamados hotéis, na verdade, são
cavernas nas rochas.
Para quem não foge de água fria o banho pode ser
diário, nos rios!
Em relação a melhor época para se ir, podemos dizer
que não há uma data melhor, ele é acessível durante
todo o ano, porém, é bom saber que naquela região
há duas grandes estações: a seca – que se extende de
dezembro a março e a chuvosa que tem sua dominância
no periodo de Abril a Agosto.
Um ponto importante a ser avaliado, em relação à
época escolhida para o trekking, é em relação à chuva
e sua disposição para ela. A chuva ocorre durante todo
o ano e a possibilidade dela aparecer é enorme, mas
nos meses de Abril a Agosto podemos multiplicar por
três o índice de precipitação e o trekking pode se tornar
um pouco desconfortável. Isso fica para a análise de
cada um!
Um outro dado a ser considerado é a umidade
relativa do ar que fica entre 75 a 85% (mais chuva, mais
umidade!)
Em relação à temperatura, não há grande variação
ao longo do ano, estamos próximos ao Equador!
Na base, em Santa Elena de Uairén, a temperatura
varia entre os 25/27 graus durante o dia e 20/22 graus
à noite, já no topo do Monte a temperatura é bem mais
baixa. Nele a temperatura média fica em torno nos 10
graus durante o dia e pode chegar aos 2 graus à noite.
Para a realização do trekking a contratação de um
guia local é obrigatória, pode-se contratar diretamente
ou através de uma agência especializada. Essas agências
contam com uma excelente estrutura de apoio, e, além
do guia, oferecem alimentação, barracas, facilitando
bastante a nossa expedição.
O ideal é que realizemos essa contratação nos
preparativos da nossa expedição.
Além da contratação da agência, há a possibilidade
de contratar pessoas para carregar a mochila, com um
custo adicional. É importante saber que o peso máximo
permitido para um carregador pessoal é de no máximo
15 Kg, então cuidado ao organizarmos a bagagem se
pretendemos contratar alguém.
Saindo de Niterói, nosso destino inicial é Boa Vista
(RO). Há voos TAM, GOL e Azul.
De Boa Vista devemos ir para Santa Elena de
Uiarén – Venezuela - que fica a cerca de 2h30min de
Boa Vista. Esse trajeto pode ser feito de táxi particular,
táxi coletivo (há uma cooperativa com uma central
exclusiva) ou ônibus, partindo da rodoviária.
Santa Elena de Uiarén é a parada obrigatória para
o início do trekking e veremos que a cidade está
organizada para nos receber.
A partir de Santa Elena de Uiarén iremos para a
comunidade indígena de Paraitepuy, que está localizada
dentro do Parque Nacional Canaima. É o início do
trekking.
Mesmo atravessando fronteiras nosso documento
de identidade é válido, porém, se o passaporte está
atualizado, facilita na aduana.
A vacinação contra a febre amarela tem que estar
em dia, por isso é necessário o Certificado Internacional
de Vacinação da ANVISA, que pode ser retirado no
Centro Especial de Vacinação Dr. Álvaro Aguiar, situado
na Rua Evaristo da Veiga, n. 16, Centro, Rio de Janeiro,
Tel.: (21) 25246977
Sendo a nossa intenção um trekking de 6 dias
(padrão), a distribuição das atividades estão divididas
da seguinte forma:
1º DIA: Paraitepui ao Rio Tek (12 km) – É o trajeto
mais tranquilo. São cerca de 4 horas de caminhada, com
pequenos trechos íngremes;
2º DIA: Rio Tek ao Acampamento Base (11 km)
– Trajeto pouco mais exigente. Há dois rios a serem
atravessados.
3º DIA: Acampamento Base aos hotéis no topo (3
6 Clube Niteroiense de Montanhismo – Boletim Informativo nº 33
http://7cantosdomundo.com.br/as-atracoes-no-
topo-do-monte-roraima/ - acessado em Maio/2016
http://7cantosdomundo.com.br/as-atracoes-no-
topo-do-monte-roraima/ - acessado em Maio/2016
http://7cantosdomundo.com.br/monte-roraima-
perguntas-frequentes/ - acessado em Maio/2016
https://pripelomundo.com.br/2013/04/26/40/ -
acessado em Maio/2016
http://www.seumochilao.com.br/monte-roraima/
-- acessado em Maio/2016
http://tolongedecasa.com/2014/05/29/trekking-
ao-monte-roraima-6-dias/ - acessado em Maio/2016
https://pt.wikipedia.org/wiki/Monte_Roraima -
acessado em Maio/2016
ou 4 km, depende do hotel) – É o trecho mais exigente.
Súbida ingreme, passaremos pelo Paso de Las Lágrimas;
4º DIA: Explorando o topo (de 5 km, podendo
chegar até o Ponto Triplo, 9km) – Deslumbre total!
É hora de explorar toda a maravilha existente no
Monte. – La Ventana, Tepuí Kukenán, Jacuzzis, Caverna
Guacharo, Vale dos Cristais, Ponto Triplo (Ponto da
Tríplice Fronteira), El Fosso, Lago Gladys e a Proa – isso
tudo não é possível no trekking padrão, vide observação
abaixo;
5º DIA: Dos hotéis ao Rio Tek (15 km) – Hora de
voltar! Caminho inverso, mas com a felicidade de ter
estado no topo do Monte Roraima e
6º DIA: Rio Tek até Paraitepui (12 km) – pernadas
finais!!!!!! Rsrsrsrs.... É pesado, mas todo esforço
valeu!!!!!!!!
Obs.: Como são várias as atrações existentes no
topo o ideal é programar mais um dia para melhor
conhecê-las, neste caso o trekking seria de sete dias.
Abaixo listamos os sites que nos auxiliaram a fazer
esse breve relato. Neles vocês encontrarão informações
mais completas, dicas do que levar na bagagem, bem
como itens essenciais e para todos os que vão....
APROVEITEM AO MÁXIMO! SERÁ UMA AVENTURA
INESQUECÍVEL!!!!!!!!
Sites visitados:
http://7cantosdomundo.com.br/as-atracoes-no-
topo-do-monte-roraima/ - acessado em Maio/2016PEDAL MARICÁ X ITABORAÍ
FOTO DE ATIVIDADE
Clube Niteroiense de Montanhismo – Boletim Informativo nº 33 7
Primeiramente, temos que ter em vista que este
roteiro é inserido no bioma atlântico (Mata Atlântica),
que permite no guiamento do pax demonstrar atrativos
pertinentes a meio ambiente, aspectos físicos da
paisagem, história, uso e ocupação do solo, etc.
Logo, por lei e de fato, o Parque da Cidade é uma
unidade de conservação ambiental, inserido no PARNIT
(Parque Municipal de Niterói, categorizado como
Unidade de Conservação Integral.
O PARNIT tem uma extensão de 16,3 milhões de
metros quadrados e abrange o Morro da Viração,
Parque da Cidade, pedras do Índio e de Itapuca, praia
do Sossego, ilhas na Baía de Guanabara (Boa Viagem,
Cardos, Amores), ilhas na Costa Oceânica (Duas Irmãs
e Veado), cavernas litorâneas situadas nas encostas
embaixo do MAC (Museu de Arte Contemporânea),
entorno da Lagoa de Piratininga (incluindo as ilhas do
Pontal e do Modesto), entre outras.
Voltando ao Parque da Cidade de Niterói, o local
é ideal ao ecoturismo e para o turismo contemplativo,
tendo uma das mais belas (e fotografadas) vistas da
cidade do Rio de Janeiro.
O Parque da Cidade reserva surpreeendentes vistas
do município de Niterói e da região circundante, sendo
um roteiro obrigatório tanto ao visitante como ao
turista, rico em atrativos e beleza cênica.
O Parque da Cidade de Niterói foi criado através do
Decreto Municipal nº 2.808, de 27/01/77. Através da
Lei Municipal nº 459, de 11/05/83, o Parque da Cidade
foi transformado em Estação Ecológica.
O local tem claras características de um parque
urbano, sendo bastante freqüentado pela população
da cidade para lazer e prática de esportes e, portanto,
o Plano Diretor de Niterói (Lei 29/12/92) transformou
a área novamente em Parque Municipal, mantendo os
mesmos limites anteriores.
Localização Geográfica: O Parque Municipal de
Cidade de Niterói (com 270 metros de altitude) situa-
se no maciço costeiro formado pelos Morros do Santo
Inácio, Sapezal, Preventório e Viração, nas coordenadas
22º 54’ de latitude Sul e 43º 02’ de longitude Oeste.
Parte do parque localiza-se na Região das Praias da Baía,
entre os bairros de São Francisco e Charitas, tendo sua
maior parte localizada na Região Oceânica, nos bairros
de Piratininga e Maceió.
Uma curiosidade quanto a sua localização: Niterói
tem por data de fundação o ano de 1573, quando o
cacique Termiminó Araribóia (cobra feroz) veio aqui
ocupar uma sesmaria, que recebeu pelos seus serviços
na luta de expulsão dos franceses e Tamoios. Este
recebeu o nome cristão de Martim Afonso de Souza e
recebeu a sesmaria que compreende parte da região
norte de Niterói e o Centro. O remanescente desta
ocupação original é a Igreja de São Lourenço dos Indios,
o enclave onde a tribo se instalou.
Acontece que as bandas d’além (como a região
de Niterói era conhecida) teve um morador anterior,
chamado Martin Paris, um francês que recebeu e ocupou
(por ter traído a guarnição da França Antartica) uma
sesmaria que compreendia o bairro de São Francisco
e parte de Charitas em 1565, logo, 8 anos ANTES DE
ARARIBOIA.
Acesso: Pela Estrada Nossa Senhora de Lourdes
(antiga Estrada da Viração). Esta estrada inicia-se no
bairro de São Francisco e termina no bairro de Maceió,
podendo o Parque da Cidade ser acessado por ambos
AMBIENTE
Conhecendo o Parque da Cidade Por Alex Figueiredo
8 Clube Niteroiense de Montanhismo – Boletim Informativo nº 33
os bairros.
Curiosidades quanto ao acesso: A Estrada Nossa
Senhora de Lourdes é, provavelmente, a via mais antiga
ainda em uso no município de Niterói.
Originalmente era uma trilha que os índios Tamoios
utilizavam em época pré-Cabralina, para suas migrações
sazonais para a região de Cabo Frio (lembrando que
Cabo Frio se iniciava, até 1814, depois da Serra da
Tiririca, onde temos o município de Maricá).
Outro ponto de destaque é que esta estrada é um
dos potenciais caminhos que Charles Darwin percorreu
no passado, a caminho do Rio Macaé, uma vez que é o
acesso mais curto para a Região Oceânica e que, ao que
se indica, a estrada que descia para o bairro do Cafubá
estava ativa na época de sua visita, em 1832.
A região teve ainda um período sob administração
de Jesuitas, tendo a Igreja de São Francisco Xavier e o
Marco da Fazendo Jesuíta, na praia de São Francisco,
como últimos remanescentes deste período. Na
geografia também tem o seu registro, na figura
imponente do Morro do Santo Inácio (Inácio de Loyola
foi um dos fundadores da Companhia de Jesus), ponto
culminante do PARNIT Mosaico Sul, com 348 metros.
A região do Parque da Cidade possui diversos
pontos de observação interessantes, dentre eles:
1° Ponto de parada: Bosque da Integração
Criado na década de 90, o local teve removida a
cobertura vegetal exótica, no caso, os eucaliptos, e
foi reflorestado com exemplares da mata atlântica.
Em sua origem, sempre que uma liderança política ou
social visitava a cidade, este era convidado a plantar um
exemplar de mata atlântica, para a imagem de vinculo
com a cidade e a natureza.
2° Ponto de parada: Bosque dos Eucaliptos
Local utilizado para trekking e mountain bike,
possui bela vista de diversos pontos de Niterói. O
eucalipto chegou no Brasil como planta ornamental, em
1825, mas apenas no inicio do século XX começou a ser
plantado comercialmente.
4° Ponto de parada: Ruínas da Atalaia Portuguesa:
“Atalaia é um termo de origem árabe e significa torre
de observação. Designa qualquer lugar mais elevado ou
ponto alto de onde se vigia. O termo também designa
a pessoa que está encarregada de vigiar determinada
área. Neste caso, é sinônimo de sentinela ou vigia. É
também o termo para designar o morro mais alto de
uma serra.
“Estar de atalaia” é uma expressão que indica o ato
de estar de guarda, à espreita, vigilante e com sentido
a algo que possa estar para acontecer ou alguém que
possa estar se aproximando.”
Clube Niteroiense de Montanhismo – Boletim Informativo nº 33 9
A atalaia do Parque da Cidade foi construída pelos
seguintes motivos:
•1599, ocorreu o primeiro ataque corsário a Baia de
Guanabara, por Van Nooth;
•1710, houve o corsário Duclerc, para alguns,
conhecido por um corsário trapalhão (desembarcou em
SEPETIBA para um ataque terrestre ...);
•1711 tivemos Duguay-Trouin, com a expedição
que tomou o Rio de Janeiro e gerou um lucro de 97%
no investimento inicial, deixando um gosto amargo aos
portugueses.
Não se sabe a data exata desta Atalaia de observação
(é atribuida ao século XVI), mas alguns afirmam que a
relevância dela, após o ataque de Trouin, ficou enorme,
sendo que haviam atalaias que iam do Parque da
Cidade de Niterói à Cabo Frio (Pontal da Atalaia!) para
observação da chegada de navios.
Por que desde Cabo Frio? Todos os navios que
vinham do Velho Mundo beneficiavam-se das correntes
marítimas, que vem justamente do sentido norte-sul,
passando por Cabo Frio, logo, quando um navio era
avistado e “não identificado”, começava-se uma corrida
de sinalizações que variavam desde tiros de canhão com
códigos pré-determinados, até fogueiras e corridas, de
posto de observação à posto de observação, de topo
de morro à topo de morro, com o intento de avisar o
sistema de defesa da Colônia, na Baia da Guanabara.
Provavelmente esta é a ultima atalaia ainda em pé ...
5° ponto de parada: Sede Parnit – Parque da Cidade.
A sede conta com 2 banheiros, mais um para
deficientes físicos, uma cafeteria que serve um belo café
da manhã nos fins de semana e feriados, o Centro de
Atendimento ao Turista (NELTUR), além de ser a atual
sede administrativa do Parque Municipal de Niterói –
Parnit.
6° Ponto de parada: Relógio Solar
Obra “Liberdade para Voar” (representa o vôo
acrobático de uma aeronave) e a estatua de “Sri
Chinmoy” (pacifista que pregava a paz mundial).
7° Ponto de parada: Rampa Norte de Vôo
Desta rampa, se descortina a vista mais conhecida
de Niterói, de onde podemos ver de Copacabana a Ilha
do Governador, com a Serra da Carioca ao fundo, com
seus monólitos de inigualável beleza, a se destacar o
morro Dois Irmãos, Pedra da Gávea, Pedra Bonita, Pão
de Açúcar, Corcovado, Sumaré, Bico do Papagaio, Pico
da Tijuca e o Tijuca Mirim, e ao olhar a direita, com o
céu claro, vemos a totalidade da Serra dos Órgãos, tudo
isso circundando a Baia da Guanabara.
Logo abaixo, os bairros de Jurujuba, Charitas e São
Francisco, na enseada do Morcego, também conhecido
como “Saco de São Francisco”, tema este que gerou
muitas piadas e repercussões históricas e políticas,
embora geograficamente correto ...
10 Clube Niteroiense de Montanhismo – Boletim Informativo nº 33
Ou olhar a direita, em território fluminense,
avistamos além da estrada Fróes, os bairros de Icaraí e
Centro, chegando mesmo a São Gonçalo.
8° Ponto de Parada: Rampa Sul de Vôo
Descortina-se a bela vista do sistema Lagunar de
Niterói, as lagoas de Piratininga e Itaipú na Região
Oceânica (que era Niterói, virou São Gonçalo, e
novamente Niterói em sua história. Tendo ao fundo
a Serra da Tiririca e o oceano com as ilhas Pai, Mãe e
Menina.
Além da Serra da Tiririca (Parque Estadual) se vê os
picos mais próximos de Maricá, na figura da Pedra de
Itaocaia e Pedra de Inoã (locais por onde Charles Darwin
passou a caminho do rio Macaé, em 1832 em sua curta
estadia no Rio de Janeiro, a caminho de Galápagos, onde
nasceu sua mais famosa obra, “A Origem das Espécies”.
Desta forma, temos um breve resumo de alguns
dos atrativos do Parque da Cidade e suas vistas, história
e geografia.
FOTOS DE ATIVIDADES
ATM PARNASO
REUNIÃO SOCIAL DE JUNHO
TRÊS PICOS
FLORESTA DA TIJUCA
Clube Niteroiense de Montanhismo – Boletim Informativo nº 33 11
de todos os tipos, mas quase nada sobre a atividade,
nada de concreto...
Um belo dia, depois de datas fixadas e passagens
compradas, o grupo marca uma reunião para se conhecer
pessoalmente (será que alguma informação importante
foi perdida entre centenas de mensagens?) Devido
aos horários corridos e fora de sincronia, nem todos
conseguem estar presente na reunião ao mesmo tempo,
éramos apenas 9, todas pessoas legais, aventureiras, e
cheias de histórias de trilhas e travessias para contar.
Duas pessoas se apresentam como idealizadoras e
organizadoras da atividade, falam superficialmente
sobre algumas cidades, picos, abrigos, mas novamente,
nada muito definido.
Faltando duas semanas para a atividade, pergunto
diretamente sobre o itinerário, locais de parada,
camping, etc. Mais uma vez, muitos rodeios e nenhuma
resposta definida. Seria muito “caxias” da minha parte
pesquisar relatos, baixar dados de GPS do Wikiloc,
pesquisar bases cartográficas do IBGE, informar colegas
montanhistas sobre sua atividade e possíveis rotas?
Afinal de contas, não sou guia e ouvi falar que duas
pessoas no grupo são muito experientes e idealizaram
tudo... Mas tudo o quê?
Pois bem, muitas dúvidas e insegurança na
cabeça, fui procurar algumas informações na internet,
pesquisando no site do ICMBio, pude descobrir que a
região que iríamos visitar está inserida na Serra do Cipó,
que por sua vez, faz parte da Serra do Espinhaço que
vai de Minas Gerais até a Bahia. Ao longo desta cadeia
Pretendo compartilhar com vocês a aventura
da travessia Lapinha x Tabuleiro, atualizar alguns
dados sobre essa travessia e um aprendizado sobre
planejamento de atividade em ambiente natural.
Também convido você a refletir sobre as relações entre
guia e participante.
Quando entramos em uma atividade como simples
participante, muitas das vezes, nos alienamos de
algumas preocupações e planejamentos que nos
colocamos sob inteira dependência dos guias, até que
ponto isso é bom ou ruim? Seria uma fronteira entre o
turista e o montanhista a reflexão sobre se qualificar
para dividir com o grupo as responsabilidades de uma
atividade (dentro de sua competência)? Será que o guia
tem a obrigação de ter percorrido o trajeto antes? Como
seria uma travessia sem guia? Não é possível esgotar
o assunto neste momento, mas como dizia Epicuro
“ninguém é tão velho ou tão jovem para praticar a
filosofia”. Polêmicas à parte, quais elementos que a
experiência desta travessia trouxe para ajudar nestas
reflexões?
A aventura começa quando sua namorada te
convida para fazer uma travessia que você nunca tinha
ouvido falar e com um grupo de pessoas que você
nunca viu antes.
Como de costume, hoje em dia, é criado um grupo
no WhatsApp para a galera interagir melhor, ganhar
intimidade e trocar ideias sobre a atividade. Muito
animado, descontraído, apimentado, politizado, o
grupo foi muito ativo, dezenas de mensagens por dia,
RELATO
Travessia Lapinha x Tabuleiro Por André Pontes
12 Clube Niteroiense de Montanhismo – Boletim Informativo nº 33
montanhosa encontramos os Biomas e ecossistemas
do Cerrado e Mata Atlântica, Campos Rupestres, Matas
Ciliares, Capões de Mata, Cavernas, Rios, Lagoas,
Marginais, Brejos.
“A gradação altitudinal combina-se com a variação
climática em função da continentalidade e do efeito das
cadeias montanhosas que levam à concentração das
chuvas e da umidade nas faces orientais. Combina-se
também com a variedade de solos e topografias, em
função da geologia complexa. A diversificação de tipos
de solos e variações em profundidade e drenagem
têm efeitos claros sobre a fisionomia da vegetação
(constituindo uma miríade de pedobiomas) e sobre a
diversificação e endemismo das espécies.” (Plano de
Manejo da Serra do Cipó).
Para nós escaladores, é interessante reparar que
a estrutura geológica da região é muito diferente da
que estamos acostumados no Rio de Janeiro, pois
regionalmente, nós estamos acostumados a escalar
rochas cristalinas (gnaisses, granitos e derivações). Na
geologia da região da travessia da Lapinha x Tabuleiro
predominam rochas quartzíticas proterozóicas, pré-
Cambrianas. São quartzitos com variados graus
de pureza e arenitos, pertencentes ao Supergrupo
Espinhaço. Pra vocês terem ideia da idade de formação
destas rochas, é muito difícil encontrar fósseis nessa
região porque na época de deposição destes materiais,
só existia vida unicelular no planeta (1,5 bilhões de
anos antes do presente)!
No site do Wikiloc você pode encontrar muitos
dados de GPS para baixar e levar na memória do seu
aparelho, eu selecionei 6 diferentes e os levei comigo
no GPS. O tracking mais coerente parecia ser o de
40,90Km de trajeto, e na verdade, foi o que deveríamos
ter feito...
No site do IBGE, na área de Geociências encontrei a
carta BALDIM (código SE-23-Z-C-III) da base Topográfica
Vetorial do Mapeamento Sistemático na escala
1/100.000 e, a partir desta base, elaborei um mapa
(impresso em formato A4, escala 1/50.000) contando
a sobreposição entre curvas de nível, hidrografia,
edificações e os trackings encontrados no Wikiloc.
Partimos da rodoviária Novo Rio no dia 25 de
maio, às 23:40 (quinta-feira, véspera de feriado), pois
perdemos o ônibus de 22:30h com destino à rodoviária
de Belo Horizonte. Isso deu muito frio na barriga, pois
esse atraso poderia significar perder o horário do
segundo ônibus que iríamos pegar na rodoviária de BH
às 7:30h. Quase perdemos o ônibus da viação Saritur
que faz Belo Horizonte x Santana do Riacho (o próximo
seria apenas às 15:30h), mas não foi por causa do
ônibus anterior. Descobrimos que a empresa é muito
desorganizada. Não espere que comprar a passagem
pela internet represente alguma vantagem, pois a fila
para pegar as passagens compradas com antecedência
demora muito mais que a fila para comprar a passagem
na hora. A empresa solicita a apresentação do cartão
usado para comprar as passagens, documento de
identificação do titular do cartão e o voucher impresso.
Mas e se a pessoa que comprou a passagem não estiver
presente? E se você comprou a passagem com um
cartão, mas viajou com outro? Qualquer questionamento
provoca interrupção do “script” e tudo trava, o gerente é
chamado e tudo fica pior...
Ao chegar à cidade de Santana do Riacho
descobrimos que tem um ônibus que faz o transporte
para Lapinha da Serra. A estrada que liga estas
localidades é de barro e tem aproximadamente 11Km,
muito estreita e com curvas bastante fechadas, ficamos
impressionados com a destreza do motorista. O ônibus
estava vermelho de poeira, depois descobrimos que
tudo na estrada era assim, a vegetação, rochas, casas.
Era um particulado de argila tão fino que a passagem
dos veículos levanta uma densa nuvem vermelha que
vai se depositando lentamente sobre tudo no entorno.
Ao chegar à localidade de Lapinha da Serra
avistamos uma escarpa bem íngreme, impressionante
e imponente. Recomendo que quando você fizer a
Clube Niteroiense de Montanhismo – Boletim Informativo nº 33 13
travessia, siga pelo lado direito da escarpa para fazer
o trajeto mais suave, o trajeto que segue para o lado
esquerdo é mais íngreme, mais curta para o Pico da
Lapinha e Pico do Breu.
O inconveniente do trajeto à esquerda é que passa
por uma propriedade privada que instalou uma porteira
(com telhado) onde um grupo cobra ilegalmente (alvará
vencido) a entrada no valor de R$20,00 por pessoa,
inclusive o guia (profissional registrado na Embratur).
Eles te entregam um papel (passaporte) e avisam que
esse passaporte deverá ser entregue a outra pessoa
dentro da propriedade.
Seguimos a trilha e chegamos a um abrigo, com
instalações sanitárias e uma pequena área de camping
(cabem cerca de 15 barracas) onde um homem chamado
“Neném” cobra o passaporte de forma muito ríspida,
reparamos que esse comportamento hostil se repetia
com os outros grupos que chegavam. De tempos
em tempos, o Neném se dirigia para campo aberto e
assobiava imitando o som de gavião, imaginamos que
estava dando comando para alguma ave, mas nada
acontecia, parecia um comportamento aleatório. No dia
seguinte, depois de continuar a travessia descobri que
as informações prestadas pelo Neném são falsas, ele
intimida as pessoas e as desencoraja a seguir viagem
alegando que o restante do caminho é muito grande
e que é proibido dormir fora daquele camping e caso
alguém insista, “eu vou atrás e trago de volta” (Neném)
Depois que o Neném saiu para fazer sua ronda
noturna, dois menores de idade que ficaram tomando
conta do lugar avisaram que poderíamos tomar banho
quente. A água é aquecida quando passa por uma
serpentina instalada no fogão à lenha. Não existe
eletricidade no local.
Dormimos neste camping e no dia seguinte, depois
de preparar as coisas do café descobrimos que o Neném
retirou a torneira da pia do abrigo impossibilitado lavar
os utensílios usados no café da manhã, tivemos que
usar a pia do banheiro, pois não existiam pontos de
água nas imediações.
O primeiro dia da viagem também teve pontos
positivos entre a portaria (com telhado) e o abrigo do
Neném. Antes de terminar o relato deste dia preciso
compartilhar com vocês um aspecto muito importante
sobre o Cerrado: As flores do Cerrado.
Para quem não está acostumado, o aspecto visual
do campo de altitude natural é de uma imensidão
homogênea de vegetação de porte herbáceo, de
gramíneas (mato). Você vai andando e, de repente, você
repara em uma cor diferente no capim, olha com mais
atenção e repara que é uma pequenina flor amarela.
Alguns passos à frente, repara que existe uma flor roxa,
mais alguns passos e você repara em outra flor amarela,
mas suspeita que o formato é diferente, repara que as
folhas também são diferentes... Magicamente percebe
que não está em um “matagal”. Você se percebe que
está no meio de uma diversidade maravilhosa e que
existe uma beleza exuberante da riqueza de pequenos
detalhes. É tão lindo que Patrícia e eu pretendemos
voltar na região outras vezes para aproveitar melhor.
Meu julgamento pode estar contagiado pela paixão
pelas fotos e pela fotógrafa, mas foram feitas fotos
lindas!
No segundo dia da viagem (primeiro dia iniciado
na travessia), por ter dormido no abrigo do Neném,
acordamos muitos quilômetros antes do que
deveríamos. O mais apropriado seria ter dormido
no camping da “Ana Benta”, ainda havia dois picos a
serem visitados, tínhamos que compensar a velocidade
de caminhada e um participante tinha problemas para
caminhar. Seguimos as recomendações do Neném para
sair da propriedade que o grupo tomava conta.
Neste momento da viagem, alguns incômodos se
combinavam, estávamos lentos, atrasados por não ter
dormido no lugar correto e não foi cumprida uma das
poucas coisas que combinadas: não faríamos o caminho
14 Clube Niteroiense de Montanhismo – Boletim Informativo nº 33
mais íngreme (ao norte).
Achei melhor começar a interagir com a
organização com o intuito de ajudar. Ao observar as
linhas de tracking comentei que não seria interessante,
nos afastarmos das linhas, pois isso poderia nos levar
para precipícios, atravessar rios à nado e não estávamos
esperando escalar ou molhar as mochilas. Foi então que
ouvi de um dos organizadores: “verdade... é bom não
sair da linha verde, podemos encontrar precipícios,
rios, sereias, dragões, mula sem cabeça...”. Este foi o
momento que estive mais perto de abandonar o grupo e
fazer o restante da travessia só com a Patrícia, mas não
fiz minha vontade, escolhi manter a calma e evitar mais
atritos e acidentes diplomáticos, pois havia amigos dela
de longa data no grupo.
Descobrimos depois que um dos participantes
tinha sido vítima de um acidente de transito dias antes
da atividade. Continuamos o caminho fora das trilhas
do tracking, passei a redobrar a atenção no mapa,
nos acidentes topográficos e hidrografia. Seguindo as
orientações do Neném e de um indivíduo “entendido”,
fomos descendo um vale beirando um curso d’água
para chegar no Pico do Breu. Repare, descer o vale de
um rio parece uma boa estratégia para atingir o ponto
mais alto da região? Pois bem, quando estávamos nos
distanciando muito do trajeto, comentei com o guia
que seria necessário “escalar” uma borda de planalto
sedimentar e que quanto mais descíamos, mais
teríamos que escalar na direção correta. Escalamos em
grande degrau e chegamos ao sopé de uma elevação
que culminaria no Pico do Breu. Não tínhamos como
escalar aquela vertente sem equipamento e ainda
estávamos muito longe de chegar onde deveríamos
ter acordado naquele dia, ou seja, estávamos muito
atrasados e corríamos o risco de ficar sem comida, água
e perder nossos ônibus de volta para o Rio de Janeiro.
Foi dessa forma que perdemos o Pico da Lapinha e o
Pico do Breu, mas ainda bem que não encontramos as
sereias e os dragões...
Após descer uma vertente bem íngreme, após
o sopé do Pico do Breu, atravessamos um rio e
caminhamos por um campo, em linha reta, em suave
aclive até encontrarmos os trackings da tela do GPS.
O insucesso anterior e o grande atraso nos levaram a
entrar em consenso sobre a necessidade de caminhar
seguindo os dados de GPS. Um dos participantes que
também era guia estava com aparelho de GPS e também
havia escolhido um tracking para colocar na memória,
fomos comparando os dados e “marchamos” em direção
ao nosso destino para dormir naquela noite: O camping
do Seu Zé.
Escolhi não detalhar muito o caminho “errado”
porque existem infinitas opções de caminhos “errados”,
o nosso foi só mais um, por exemplo, depois que
começamos a escalaminhada para chegar na base do
pico do Breu, avistamos uma dupla de paulistas que
andava sozinha na parte mais baixa do vale, fizemos
juntos a parte do trajeto até a base do Pico de Breu e
depois nos encontramos novamente e seguimos juntos
o restante da travessia a partir do camping do Seu Zé.
Quando encontramos a trilha “correta” ficamos
surpresos porque era um caminho com marcas de
passagem de veículos, muito fácil de caminhar, por
isso conseguimos aumentar a velocidade da caminhada
parando apenas para coletar água para tratamento (com
pastilhas de clorim).
Conseguimos chegar no camping do Seu Zé ainda
com o dia claro, o lugar é maravilhoso! A família do Seu
Zé compartilha o interior da sua casa (autêntica, rural e
do interior) com os viajantes. O camping é gratuito, são
cobradas apenas as refeições (R$ 20,00), bebidas (R$
5,00) e banho (R$ 5,00) no caso de serem consumidas
ou usadas.
A comida era liberada, sendo limitado apenas
o número de pedaços de carne, mas que comida
sensacional! O banho merece especial atenção
nesse relato, pois foi um exemplo de democracia
“espontânea”... Devido ao grande número de pessoas
(nossos números eram 49 e 50), usamos um caderno para
organizar uma “fila” e estipulamos, democraticamente,
5 minutos de banho (chuveiro ligado) para cada pessoa.
À medida que as pessoas iam tomando banho, os
próximos da fila se incumbiam de organizar o controle
do tempo e o registro da entrada de novas pessoas na
fila, haviam alguns espertos querendo desorganizar o
sistema, mas foram minoria.
Esse camping é muito frequentado e o clima é o
oposto do anterior, a hospitalidade e o modo simples
Clube Niteroiense de Montanhismo – Boletim Informativo nº 33 15
de vida tomam conta do lugar. Existem três áreas
principais para as barracas, a área de camping mais
afastada é a que tem mais áreas de fogueira e fumaça,
estas fogueiras são lugares de pedras arrumadas de tal
forma a confinar o fogo e onde se costuma preparar
algum tipo de churrasco e outras comidas. A fumaça
atrapalha um pouco, mas o lugar é estratégico para
quem gosta de acordar mais cedo para contemplar
o nascer do Sol. O nosso foi tímido, durou alguns
segundos pois estava nublado e a luz do sol passou
brevemente por uma brecha entre as nuvens, foi lindo!
No terceiro dia da viagem (segundo iniciado na
travessia) nosso grupo ficou maior, os dois paulistas que
encontramos no dia anterior (antes da escalaminhada)
também almejavam visitar a cachoeira do tabuleiro e
depois voltar para Belo Horizonte naquele mesmo dia.
Outro detalhe merece atenção sobre a posição
estratégica do camping do Seu Zé (gostei dele, é
geograficamente interessante!), de acordo com os
dados de GPS pesquisados, ele é o ponto comum à duas
trilhas que da cachoeira do Tabuleiro: a parte superior e
inferior. A ideia inicial (ideal) era visitar a parte de cima
da cachoeira, passar de volta pelo camping, passar pela
sede do Parque Natural Municipal do Tabuleiro (PNMT),
visitar a parte de baixo da cachoeira, voltar para a sede
do parque, ir para o lugarejo de Tabuleiro e arrumar
uma condução para voltar para Belo Horizonte.
Na saída do acampamento do seu Zé fizemos uma
reavaliação de tudo, os erros do primeiro dia falavam
por si só, eram incontestáveis. Considerando que era
nosso último dia (não tínhamos mais tempo para errar
e consertar, pois perderíamos nossas passagens de
BH para o Rio) e que não éramos mais tão estranhos
e conhecíamos as limitações da cada um. O grupo se
reorganizou: o guia que estava no grupo apenas como
um dos participantes idealizadores retomou sua posição
de guia. O outro idealizador (das sereias e dragões)
retornou para a posição de participante (que segue)
e eu que estava com um acervo considerável sobre
topografia, hidrografia e muitos dados de GPS (inclusive
um atalho para economizar de voltar ao camping do Seu
Zé), passei a ajudar o guia na navegação.
Fizemos alterações no itinerário ideal para o que
julgávamos real (exequível), e deu certo! Os novos
pontos do itinerário foram os seguintes: Camping do
Seu Zé, parte alta da cachoeira, atalho, sede do parque
e Belo Horizonte.
Neste dia eu estava um pouco pilhado (elétrico),
me distanciava à frente do grupo para testar hipóteses
(trackings diferentes no GPS), analisar a carta
topográfica, voltava para procurar o último da fila e ver
se estava tudo bem, pois parte sempre se separava e
perdia contato visual.
Seguimos os dados de GPS até chegar no ponto de
interseção com o atalho, depois de voltar da parte alta
da cachoeira, nós passaríamos novamente por aquele
ponto e pegaríamos o atalho. “Escondemos” nossas
cargueiras entre rochas e vegetação e fomos em direção
à cachoeira do tabuleiro com as mochilas de ataque,
decisão questionável, mas não queríamos ter que voltar
no camping para pegar as mochilas, então, foi o que
fizemos.
Visitamos um mirante lindo do alto da cachoeira do
Tabuleiro e por segurança (tempo) decidimos voltar dali
mesmo. Dois participantes decidiram ir mais próximo
da cachoeira, então combinamos nos reagrupar nas
mochilas.
Chegamos nas mochilas (estavam lá como
deixamos) e esperamos, esperamos, bateu fome,
bateu sede e não tínhamos água. Foi então que a base
hidrográfica se fez fundamental. Analisei nosso trajeto,
as linhas que representavam os rios, as formas das
bacias hidrográficas e escolhi um ponto para captação
de água. Outro participante e eu deixamos tudo com
o grupo e levamos todas as garrafas que podíamos
carregar. A escolha foi certeira, nunca antes fiquei tão
feliz por trabalhar com mapeamento de corpos d’água!
16 Clube Niteroiense de Montanhismo – Boletim Informativo nº 33
Voltamos para o grupo e foi o almoço da
confraternização, todo mundo contribuiu para o cozido
de feijão (não era sopa): feijão, macarrão comum,
miojo, azeite, queijo ralado e batata palha. Não me
pergunte como, mas ficou maravilhoso, todos comeram
e repetiram (rendimento: 6 colheres pra cada, Rs!).
Os outros participantes, que decidiram chegar
mais perto da cachoeira, retornaram a tempo de
experimentar o “cozido” e depois “marchamos” para a
sede do parque.
A sede do Parque Natural Municipal do Tabuleiro é
a perfeição: banho gratuito, área de camping, pias de
cozinha, churrasqueira, e um prédio lindo com paredes
de vidro. Deixo aqui um pedido aos próximos do CNM,
eu não tinha um adesivo do clube comigo, por favor,
colem um adesivo no mural onde tem outros clubes e
tirem uma foto!
Da sede do parque fizemos uma lotada (3 carros,
R$ 120,00 por pessoa) e fomos direto para a rodoviária
de Belo Horizonte, e de lá voltamos para o Rio sem
perder as passagens.
Quanto aos questionamentos iniciais, tenho a
dizer que a experiência é uma construção individual e
essa travessia, para mim, foi um grande aprendizado.
O Montanhismo tem uma componente de Turismo,
mas não somos turistas das montanhas. Como
esporte, modéstia parte, somos mais. Superamos,
constantemente, nossas limitações físicas e técnicas.
Acredito que no montanhismo (diferente do turismo) as
posições de Guia e Participante são complementares,
compartilhadas e funcionam mais como artifícios
didáticos e necessários para melhorar o planejamento,
processos, e objetivos das nossas atividades. Um
turista pode se acomodar (alienar-se) na posição
de participante, enquanto que um montanhista
(participante) está, continuamente, aprimorando seu
próprio montanhismo. No turismo, participantes
podem ser clientes, enquanto que no montanhismo,
guia e participante são uma equipe.
Como conclusão, posso afirmar que o que parecia
um furada foi uma aventura maravilhosa. Patrícia e
eu pretendemos refazer essa travessia para visitar
o que não deu dessa vez, fazer algumas fotos que
foram planejadas durante essa travessia e conversar
novamente com o sábio Seu Zé e comer novamente
aquela comida caseira do fogão à lenda do interior de
Minas!
Agradeço, em primeiro lugar à minha querida Patrícia
por ter motivado toda essa aventura e aprendizado e a
você pela atenção e interesse. Recomendo a travessia
Lapinha x Tabuleiro e, como montanista, coloco-me à
disposição para troca de experiências e informações
que não puderam ser passadas por aqui.
Clube Niteroiense de Montanhismo – Boletim Informativo nº 33 17
Nos últimos anos temos visto vários artigos sobre
o melhor modelo da parada dupla. Vamos dissecá-la!
A parada serve para que os escaladores se reunam
para transferir o equipamento, trocarem informações,
tirarem fotos, se hidratarem e descansarem com certo
conforto.
Em muitas das análises que encontrei pesquisando
em livros e na internet, o foco é em paradas duplas.
E dentro desta situação, a preocupação maior é em
escalada em móvel, já que o perigo de uma das peças
soltar numa queda de guia, em fator de queda 2, é bem
frequente, e dependendo do modelo escolhido, a outra
peça pode também se soltar!
De qualquer maneira, mesmo que a grande maioria
das vias cariocas tenham ancoragem fixa, aconselho
a todos a entenderem melhor os diversos modelos de
parada que estão aparecendo nos livros e sites. Um
consenso entre os escaladores é o fato de se tivermos
uma parada dupla equalizada para os participantes e
uma costura direcionadora para o guia é sem sentido, já
que devemos nos preocupar muito com a gueda de guia
e não tanto com o peso dos participantes.
Sobre o Fator de Queda 2, recomendo que leiam no
Boletim do CNM Ano VIII – número 19, de 12 / 2012, o
artigo “Escalada na Vilma Arnaud + Queda Fator 2”, por
Leandro do Carmo
Nota: Tive dificuldade de traduzir alguns nomes
dos modelos e encontrei alguns modelos com nomes
diferentes na mesma língua.
Modelos:
Com a corda
•Nó Oito Duplo de Duas Alças. Caso a ancoragem
do guia falhe, haverá somente um pêndulo.
•Não haverá extensão. A força deverá estar sempre
para baixo, nunca para as diagonais. Modelo pouco
usado no Brasil;
Sequencial com Corda
Utilize o nó Volta do Fiel em cada ancoragem.
Caso a ancoragem do guia falhe, haverá somente um
pêndulo. Recomendado para revezamento de guiada.
Usado nos Estados Unidos;
Com fita ou cordelete de pelo menos 120 cm:
Mágico X / Auto Equalizada. É
muito importante a virada de uma
das partes da fita, pois caso uma
ancoragem falhe, o mosquetão não
sairá totalmente da fita. A força no
mosquetão Base é distribuída pelas
ancoragens, não importando a direção.
Caso uma ancoragem falhe, haverá
um forte tranco (em torno de 40% a
TÉCNICA
Dissecando a Parada (Ponto de Reunião) Por Eny Hertz
18 Clube Niteroiense de Montanhismo – Boletim Informativo nº 33
mais) na outra ancoragem. Caso tenha somente um
mosquetão, passe a fita ou cordelete pelos olhais dos
grampos e proceda como num Mágico X. A parada
Mágico X é modelo mais comum no Brasil;
Equalette
Dois nós, um em cada lado do
mosquetão base. A força no mosquetão
Base é distribuída pelas ancoragens,
como no modelo anterior, mas numa
área bem menor. Em caso de falha de
uma ancoragem, haverá considerável
redução do tranco (em relação ao
Magico X), já que a fita percorrerá
apenas um pequeno pêndulo.
Esta parada é mais difundida nos
Estados Unidos;
Sequencial
Balso pelo Seio numa proteção + azelha de
oito ou de nove ou volta do fiel na outra proteção.
Coloque o mosquetão Mãe/Base na ancoragem oposta
à continuação da via e/ou na mais baixa. Coloque a
costura direcionadora no lado que a via continua ou
na ancoragem mais alta. A parada sequencial tem sido
estudada na Alemanha (Associação Alemã de Alpinismo
- DAV) desde 2008 e foi adotada pelo CEL;
Sequencial Equalizada
Volta do Fiel nas ancoragens
e balso pelo seio ou azelha
de oito ou azelha de nove
no mosquetão Base. Em caso
de falha de uma ancoragem,
haverá considerável redução do
tranco (em relação ao Magico
X), já que a fita percorrerá
apenas um pequeno pêndulo.
A força deverá ser sempre
para baixo, nunca para as
diagonais;
Triângulo com Nó
Azelha de oito ou de nove ou
balso pelo seio no mosquetão base
+ opcional, 1 volta do fiel em cada
proteção. Em caso de falha de uma
ancoragem, haverá considerável
redução do tranco (em relação ao
Magico X), já que a fita percorrerá
apenas um pequeno pêndulo.
O nó Volta do Fiel ajuda na
dissipação da força da queda.
A força deverá estar sempre
para baixo, nunca para as diagonais;
Cordelete
A azelha de oito ou de nove no
mosquetão Base + opcional o nó
volta de Fiel em cada ancoragem.
Usado para mais de uma ancoragem
móvel. A força deverá ser sempre
para baixo, nunca para as diagonais.
Usado nos Estados Unidos.
Caso não tenha uma fita longa,
poderá usar duas fitas curtas, de
mesmo comprimento, de 60 a 80
cm. A força deverá estar sempre
para baixo, nunca para as diagonais.
Clube Niteroiense de Montanhismo – Boletim Informativo nº 33 19
Em qualquer dos modelos acima, a Americam
Mountain Guides Associatiom – AMGA recomenda o uso
de dois mosquetões de rosca opostos e invertidos em
qualquer sistema de segurança.
Dependendo de como montar a parada, em proteção
Dupla, fixa ou móvel, antes de montá-la, oriente-se para
onde a via segue.
Pense onde o segundo e terceiro ficarão, os
locais dependerão se os participantes guiarão ou não.
Caso você seja o único guia, se possível, coloque as
participantes no lado oposto da continuação da via,
para que sua saída esteja livre.
Já deixar as duas paradas montadas no rack de
equipamento do baudrier em qualquer das opções
anteriores. Normalmente uma fita longa de uns 120 cm
e três mosquetões de rosca.
Quando há extensão no sistema da parada, por
exemplo, com o Mágico X, caso haja queda de fator 2 e
uma das proteções se rompe, a outra proteção receberá
40% a mais da força da queda. Dado muito importante
para escalada em móvel. Dê preferência às paradas
não extensivas, quando houver dúvida na qualidade da
proteção, com perigo de quebra da mesma, pode ser
usado o equalette ou a sequencial equalizada.
A ancoragem recebe 2 vezes o peso da participante
quando este cai.
O ângulo formado com a fita/cordelete/corda na
parada dupla deverá ser sempre menor que 50 graus
para que cada ancoragem receba até um pouco mais
da metade de qualquer força aplicada na parada dupla.
Com 90 graus cada ancoragem recebe 71% da força e
com 120 graus, 100% em cada ancoragem, não tendo
mais lógica de se utilizar uma parada dupla.
Um modo fácil de verificar se estamos com margem
segura é verificar se a distância entre as ancoragems é
igual ou menor que a distância de uma das ancoragens
ao mosquetão base.
Quando utilizar proteção móvel, analise se ela é:
Segura, Rápida, Verificável, Econômica, Redundante
e Sem Extensão.
As proteções podem ser direcional, caso de
algumas proteções móveis ou multidirecionais, no caso
das proteções fixas e algumas móveis. Multidirecional
significa que a proteção pode receber forças em mais
de uma direção.
O escalador Marski em sua página http://www.
marski.org/artigos/121-artigos-tecnicos/312-nylon-
x-dyneema-forcas-envolvidas-nas-quedas-dinamicas
recomenda “sempre que possível é preferível que
o escalador que estiver dando segurança, una-se à
uma das proteções da parada, e realize a proteção do
escalador que estiver guiando diretamente a partir do
mosquetão base (ou mestre), que estiver equalizado em
uma parada dupla.” Assim, em caso de queda, a força
será dividada em cada proteção.
Por questões de segurança, aprenda com um
instrutor certificado os diversos procedimentos de
guiada antes de se lançar neste mundo fascinante!
Fontes:
Clube Excursionista Light - Boletim Informativo Ano
52 – nº 367 – Set/Out de 2010
Clube Excursionista Light - Boletim Informativo Ano
52 – nº 368 – Nov/Dez de 2010
Manual Curso Formação de Guia de Cordada, Eny
Hertz 2016
http://www.marski.org
http://pages.uoregon.edu/opp/climbing/topics/
anchors.html
FOTO DE ATIVIDADE
CACHOEIRAS DE MACACU
20 Clube Niteroiense de Montanhismo – Boletim Informativo nº 33
MEIO AMBIENTE
CNM na Semana do Meio Ambiente Por Stephanie Maia
O Clube Niteroiense de Montanhismo, através de
seu Departamento Ambiental, vem trabalhando, nos
últimos anos, em parceria com a administração do
Parque Estadual da Serra da Tiririca (PESET). Como já foi
relatado em outras edições do boletim, temos realizado
mutirões com vista à recuperação e a conservação
ambiental nas áreas do Costão e da Enseada do Bananal.
Vimos atuado em várias frentes, tais como, plantio
de mudas, remoção de espécies vegetais exóticas e
invasoras, fechamento de atalhos na trilha e remoção de
pichações. Além disso, também temos trabalhado ‘nos
bastidores’, marcando presença constante em reuniões
para discussões sobre diretrizes do uso público da área,
buscando conciliar nossos interesses, como usuários da
área, aos da conservação ambiental.
Essas ações representam a materialização de um
espírito de cooperação e de conscientização coletiva
entre os membros do clube em torno do cuidado com o
espaço comum, que é o PESET. É relevante observar que
apesar da nomenclatura ‘parque’, o PESET, não é um
parque de diversões, no qual chegamos, consumimos
e vamos embora, basta alguns clicks no Google para
descobrir que a criação do PESET é fruto de lutas
sociais/ambientalistas, pois foi o primeiro parque a
ser criado a partir de uma mobilização popular em prol
da conservação ambiental, e em respeito a isso, temos
não só o direito de usufruir, mas também o dever de
conservar.
A partir dessa perspectiva, o CNM não podia ficar de
fora das comemorações da Semana de Meio Ambiente
promovida pelo PESET. Entre os dias 4 e 11 de junho, a
coordenação de uso público do Parque, promoveu uma
série de atividades que envolveram as comunidades e
associações do entorno do parque, tais como, mutirões
de limpeza na Duna Grande - um importante sítio
arqueológico, localizado em Itaipu - e na prainha de
Piratininga; palestra sobre a diversidade biológica
no Parque, com um dos principais ambientalistas
que contribuíram para a criação do PESET, Prof. Jorge
Antônio Lourenço Pontes, promovida pela Associação
de Preservação Ambiental de Várzea das Moças
(PRESERV); realização de uma Trilha Interpretativa no
Morro das Andorinhas com a educadora ambiental
Camila Meireles, que também é membro do CNM;
trilha guiada no Córrego dos Colibris; plantio de mudas
no Monte das Orações, entre outras.
Convite para a Semana de Meio Ambiente.
O CNM se fez colaborador das comemorações da
semana de meio ambiente de duas maneiras, eu fui
convidada a apresentar os resultados da minha pesquisa
sobre os impactos da escalada na vegetação presente
nas rochas e nesse caso também fui representando o
grupo de pesquisas do qual faço parte - o Grupo de
Estudos Interdisciplinares do Ambiente (GEIA). E no
dia 11 de junho, promovemos, em parceria com a
comunidade cristã Igreja Batista da Orla de Niteroi Orla
Natureza, um mutirão para remoção de zebrina, uma
espécie invasora, na trilha do Alto Mourão. Esse mutirão
foi mais um grande sucesso!!
Achei interessante a participação de algumas
pessoas que não fazem parte nem da comunidade cristã,
nem do CNM, que ficaram sabendo do mutirão pelas
redes sociais e foram lá doar o seu tempo à essa causa.
Já tinha acontecido isso num dos mutirões na Enseada
do Bananal e certamente é uma coisa que me comove.
Para finalizar, deixo aqui meus agradecimentos e
congratulações a todas as pessoas que têm participado
de alguma maneira das nossas ações e ao PESET por nos
receber como colaboradores.
Clube Niteroiense de Montanhismo – Boletim Informativo nº 33 21
Tatiana e Martha incansáveis!
A zebrina é uma espécie muito resistente, se
deixarmos um pedacinho, ela cresce e ocupa toda a
área de novo. Por isso foi importante colocar em sacos e
levar embora. Os guardas parque ficaram com a missão
de dar um destino apropriado a elas.
Além dessa atividade, o CNM em parceria com
a INEA/SUPBG – Instituto Estadual do Ambiente /
Superintendência Regional da Baía de Guanabara
também organizou um mutirão de limpeza na trilha da
Gruta do Spar, em Maricá. Nesse dia, retiramos bastante
lixo deixado por alguns visitantes.
A área visitada está em ambiente natural em meio
à floresta, porém, sofreu no passado a ação antrópica
de uma antiga mina de extração de Mica (Malacacheta)
e atualmente está localizada ao lado de uma pedreira
(que não opera com explosões nos fins de semana).
Atualmente o local sofre a ação de intensa visitação
turística.
O dia amanheceu nublado, mas perfeito para os
trabalhos!
22 Clube Niteroiense de Montanhismo – Boletim Informativo nº 33
Os regrampeadores: Alexandre Valadão, Leandro
do Carmo, Carlos Penedo, Marcelo Santana, Marcos
Lima, e Eny Hertz . Sendo os dois primeiros instrutores.
Ao término do projeto contatamos o conquistador
Requião e o parque para avisarmos de todas as
mudanças ocorridas.
A partir da proposta de Alexandre Valadão,
iniciamos em 2013 a organização para a regrampeação
da via Paredão Jardim no Morro do Tucum (Costão)
em Itacoatiara, PESET. A proposta da regrampeação
também serveria como oficina de instalação de grampo
P de escalada.
A etapa seguinte foi encontrarmos os contatos
dos dois conquistadores, Alexandre Mazzacaro e
Cristiano Requião. Conseguimos o do Requião, mas
ninguém tinha o de Mazzacaro. Explicamos ao Requião
a proposta do CNM, que consentiu na hora. Também
avisamos o parque, porque qualquer ação dentro de
uma Unidade de Conservação (UC) deve ser comunicada
a administração da mesma. O clube doou os grampos
e a mão de obra.
Resolvemos regrampear a via por três motivos: a
maioria dos grampos está em avançada deterioração,
vários de 3/8 e a dificuldade de vermos alguns
grampos, de lermos a linha, já que a exposição é alta
e a distância entre alguns chega a 30 metros. Além
de alguns estarem cobertos pela vegetação que vem
crescendo desde 1974.
Levamos muito mais tempo que o imaginado.
A razão foi que começamos com marreta... que
geralmente leva 20 a 40 minutos para bater um único
grampo. Ou seja é muito demorado! Fora a vez que
fomos e usamos ponteira de tamanho parecido, mas
não o tamanho que devíamos usar. Conclusão, o
grampo entrou facilmente... o furo estava maior do
que devia. Foi um excelente aprendizado, marretamos,
sol na cabeça, suamos muito, cansamos muito... para
abandonarmos os furos..... na ida seguinte tampamos
os furos com durepox e areia fina de pedra. A partir
deste dia, tomamos cuidado para usarmos o material
certo.
Felizmente Leandro do Carmo possui furadeira
a bateria, que ajudou a agilizar a regrampeação na
penúltima investida.Da primeira investida em novembro
de 2013 a última em junho de 2016, fizemos sete
repetições, sendo a primeira e a quarta para análise e a
última para desenharmos o croqui.
CROQUI
Regrampeação da Via Paredão Jardim Por Enny Hertz
Clube Niteroiense de Montanhismo – Boletim Informativo nº 33 23
FOTOS DE ATIVIDADES
PROJETO INTERCUMES - PEDRA BRANCA
PICO DA BANDEIRA
PAREDÃO JARDIM
PEDRA DA GÁVEA
CAFÉ NO CUME - PEDRA DO SINO
MORRO DO SANTO INÁCIO
CAIXINHA DE FÓSFORO
PEDRA RISCADA
24 Clube Niteroiense de Montanhismo – Boletim Informativo nº 33
Você faz outras atividades para complementar seu
esporte?
Procuro cuidar bem do meu corpo, deixa-lo sempre
preparado pra qualquer movimentação diferente que
eu me depare. Gosto de pedalar pra deixar o aeróbico
em dia, andar de slackline pra ajudar no equilíbrio e
agora estou voltando para o surfe, me ajuda muito na
consciência corporal.
O que te inspira a chegar tão longe na escalada?
Parece que evoluir na escalada, além de ter uma
satisfação pessoal me prepara pra vida como um todo.
Quando me deparo no meio da parede de rocha com
agarras tão pequenas, onde tenho que segurar o peso
de todo meu corpo nas pontas dos dedos ou encaixar
meu quadril bem próximo do calcanhar para que o
equilíbrio do meu corpo se encaixe perfeitamente na
sinuosidade da rocha, é o momento que a respiração
ENTREVISTA
Conheça um pouco de Glauce Ibraim
Como começou sua motivação para escalar?
O esporte e a natureza sempre fizeram parte da
minha vida. Durante a faculdade de geologia,escalava e
não sabia, subíamos muitas montanhas e acho que daí
veio o interesse. A intimidade com a rocha e o apreço
pelo esporte radical se uniram e a escalada, agora
conceituada, surgiu na minha vida e não me largou até
hoje! Lá se vão 6 anos!
Que emoções você sente enquanto escala?
É até difícil descrever as emoções, são tantas...
Acho que no geral o sentimento de superação constante
é o que prevalece, a cada metro escalado a motivação
vai a mil. Subir uma montanha, escalar uma via de 30
metros sem cair ou fazer muita força sustentando meu
corpo em um bloco de rocha super negativo, me faz
sentir viva e pronta pra qualquer desafio.
ITACOATIARA, NITERÓI. FOTO GUILHERME TABOADA
Clube Niteroiense de Montanhismo – Boletim Informativo nº 33 25
tem papel fundamental e a pulsação, que antes estava
mega acelerada, vai voltando ao normal e pronto,
passei o lance! Meu corpo se enche de força e saio dali
preparada pra tomar qualquer decisão, mesmo que
venham as quedas sei que com dedicação, consigo
superar desafios ainda maiores.
E o medo?
O medo sempre existe e é bom que exista, medo
de cair, medo do que vai vir mais em cima, medo de
se machucar... é uma forma de proteção também! Mas
o mais legal é quando você está preparada e consegue
controlar esse medo pra chegar cada vez mais alto. A
satisfação é muito maior!
Quais lições você aprendeu com a escalada que te
ajudam em outras áreas da vida?
A escalada me encanta, por isso não só a pratico,
escolhi vivê-la. E pra tudo fluir bem, preciso estar com
meu corpo e mente em perfeito equilíbrio, sintonizada
com a natureza e com a pessoa que está fazendo
minha segurança, afinal não se escala sozinho. É dessa
forma que busco levar a vida, nada adianta estar com o
corpo forte e a mente fraca, nada adianta viver em um
ambiente e não trocar com o mesmo e com as pessoas
que nele estão, saber que pode contar com o outro
e compartilhar a felicidade, pra mim, não tem preço.
Quando chegamos no cume de uma montanha, ao
mesmo tempo que nos sentimos fortes por passar por
tantos obstáculos, caminhar por horas/dias, passar frio,
cair e levantar, comer pouco... nos sentimos também
pequenos com a imensidão da natureza a sua volta,
mas é um pequeno que faz parte de tudo aquilo, como
se ficasse cheio de orgulho por estar inserido em toda
exuberância que pode enxergar dali de cima.
Você se vê algum dia não escalando mais? Por quê?
Será que isso um dia vai acontecer?! Consigo me
enxergar escalando bem velhinha, de cabelos brancos
com meus filhos e netos! Sentar no final de tarde, na
serra, com os amigos e relembrar das histórias de
quando o corpo respondia bem. O que vai importar no
final é estar próximo da natureza com pessoas queridas.
Qual é a sua filosofia de vida?
Viver bem! A simplicidade é a palavra chave,
raciocínios simples e atitudes simples te trazem
sentimentos profundos e verdadeiros. Você recebe
de volta toda energia que emana, então faça o bem!
Objetivar as tarefas obrigatórias e ter mais tempo pra
fazer o que ama é primordial! Não sejamos egocêntricos
ao ponto de achar que acabaremos com a terra, na
verdade acabaremos com a nossa espécie, cuidar do
ambiente onde vive e do outro, é cuidar de si próprio!
Você considera escalar uma forma de auto
expressão?
Total! As atitudes se expressam por si só e com a
escalada não é diferente! Carrego essa responsabilidade,
sei bem que mantendo meu corpo em dia e evoluindo
na escalada, motivo e intrigo muita gente! Motivo os
que já estão no esporte, mostrando que com dedicação
a evolução é inevitável e no mínimo intrigo os que não
conhecem, “O que é isso que faz tão bem pra ela?”
“Estar na natureza é bom, né? “ e assim vou plantando
uma sementinha em cada um.
26 Clube Niteroiense de Montanhismo – Boletim Informativo nº 33
FOTOS DE ATIVIDADES
MIRANTE DO CARMO
PRACINHA DE ITACOATIARA
PROJETO INTERCUMES PARQUE ESTADUAL DA PEDRA BRANCA
ATM PARNASO
ESCALAVRADO
LUMIAR
ABRIGO DO AÇU
CBE
Clube Niteroiense de Montanhismo – Boletim Informativo nº 33 27
DIVERSOS
Programa CNMais Vantagens Por Leandro do Carmo
Olá Pessoal,
Demos início a um programa de descontos e
benefícios para sócios do clube. São lojas especializadas
em artigos esportivos, descontos em parques, e muito
mais. Confira a relação abaixo:
Makalu Sport - a partir
de 10% nas compras a
vista ou no cartão de
crédito, mas somente
com a apresentação da
carteirinha.
End: Tijuca - Rua Conde
de Bonfim, 346 Loja 208
Centro - Av Rio Branco, 50 Sobreloja.
Loja Adventura
10% de desconto nas
compras a vista na Loja
Adventura. End. Rua 13 de
Maio, 47, sl 102, Centro,
Rio de Janeiro.
10% de desconto nos
pernoites no Refúgio
Três Picos. https://
w w w . f a c e b o o k . c o m /
RefugioTresPicos
Gratuidade na descida
do bondinho do
Morro da Urca após
as 18:00. Obrigatório
a apresentação da
carteirinha.
7 vagas permanentes nas
áreas de camping do Açu
e do Sino disponíveis para
clubes do Rio. Verificar
disponibilidade com a
direção do clube. Isenção
de taxas para Guias do Clube cadastrados, mediante
apresentação da carteirinha nas portarias do parque.
Camping Quinta da Barra
10% de desconto no dinheiro ou débito nas diárias para
associados da FEMERJ e Clubes filiados.
Rua Antônio Maria, 100 – Teresópolis – RJ
(21) 2643-1050 / 9 9943-8392 (Eduardo Cardoso)
www.campingquintadabarra.com.br
A SNC do Itaipu Multicenter, loja de suplementos,
oferece para os associados do CNM, nas compras acima
de 50,00, descontos de 12% (à vista) e 5% no cartão.
Precisa apresentar a carteirinha do CNM dentro da
validade.
Ajude o nosso programa a crescer! Indique lojas,
serviços e etc.
Juntos construiremos um clube forte! O CNM SOMOS
TODOS NÓS!!!!!
28 Clube Niteroiense de Montanhismo – Boletim Informativo nº 33
AvisosREUNIÕES SOCIAIS
As reuniões sociais do CNM são realizadas sempre na primeira quinta-feira de cada mês ím-par e na primeira quarta-feira de cada mês par, às 19:30h, em local a ser definido e divulgado.
Os encontros acontecem em clima de total descontração e informalidade, quando os só-cios e amigos do CNM aproveitam para colocar a conversa em dia, trocando experiências, rela-tando excursões e vivências ou, simplesmente, desfrutando a companhia de gente simpática e fraterna.
Periodicamente acontecem reuniões e se-minários técnicos com o intuito de possibilitar maiores detalhes e informações atualizadas aos sócios e interessados.
Informem-se sobre os temas das palestras técnicas e reuniões acessando o site: www.niteroiense.org.brCompareçam e sejam muito bem vindos!!!
EXPEDIENTE
CNM – CLUBE NITEROIENSE DE MONTANHISMOInício das Atividades em 26 de Março de 2003Fundado em 20 de Novembro de 2004Website: www.niteroiense.org.bre-mail: [email protected]: 98608-1731(Leandro do Carmo)
Presidente: Leandro do CarmoVice: Vinícius Araújo Tesoureiro: Leonardo Carmo
Secretário: Alexandre RockertDiretoria Técnica: Ary CarlosDiretoria Social: Patrícia GregoryDiretoria Ambiental: Stephanie Maia
Conselho FiscalEfetivos: Adriano de Souza Abelaria Paz; Andréa Rezendo Vivas; Alex Faria de Figueiredo; Suplente: Denise Gonçalves do Carmo
Representante do CNM no PESETTitular: Eny HertzSuplente: Leonardo Carmo
Informativo Nº 33: As matérias aqui publicadas não representam necessariamente a posição ofi-cial do Clube Niteroiense de Montanhismo. Res-saltamos que o boletim é um espaço aberto a todos aqueles que queiram contribuir. Envie sua matéria para [email protected]. Partici-pe!!!
Giovani Souza Neto 01/abr
Valéria do Valle 02/abr
Lando Mondonça 06/abr
Marcelo Santanna 07/abr
Leandro do Carmo 10/abr
Alan Marra 11/abr
Patrícia Lima 13/abr
Bruna Novaes 17/abr
Sérgio K.Umehara 18/abr
Adriano Paz 26/abr
Alcimar Ferreira 26/abr
Livia Lemos 05/mai
André Costa 07/mai
Luis Galvao 07/mai
Bruno Guilherme 08/mai
Diogo Grumser 12/mai
Maria de Fátima 16/mai
Lizandro de Sousa 17/mai
Alexandre Guimaraes 20/mai
Priscila Mata 20/mai
Tauan Nunes 21/mai
Alexander Mouzinho 22/mai
Marcos Leonardo 22/mai
Leandro Collares 23/mai
Aline Silva 26/mai
Leonardo Carmo 26/mai
Mauro de Mello 28/mai
Felipe 02/jun
Rafael de Souza 04/jun
Alex Figueiredo 15/jun
Sandra Vianna 21/jun
Alexandre Rockert 22/jun
Michael Rogers 23/jun
Wilson Moura 24/jun
Andréa Vivas 27/jun
Jerônimo Quintes 30/jun
Edição e Diagramação:- Eny Hertz- Leandro do Carmo
Revisão Ortográfica:- Vinícius Araújo
Adriano Paz - C T
Alan Marra - C E T
Alex Figueiredo - T
Andrea Rezende - C T
Ary Carlos - E T
Diogo Grumser - T
Eny Hertz - E T
Leandro do Carmo - E T
Leandro Collares - E T
Leandro Pestana - C E T
Leonardo Carmo - T
Luiz Alexandre - E
Mauro de Mello - E T
Vinícius Araújo - T
CORPO DE GUIAS
IMPORTANTE!
A Presidência do CNM é soberana em qual-quer assunto relacionado com o CNM e seus as-sociados.
A Diretoria Técnica é soberana em qualquer assunto técnico relacionado aos associados e aos guias do CNM.
E - ESCALADA / T - TRILHAS / C - CICLISMO
ANIVERSARIANTES