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Boletim da Assistência Social

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Page 1: Boletim da Assistência Social
Page 2: Boletim da Assistência Social

GOVERNO DO ESTADO DO PARÁ

Simão Robison Oliveira Jatene

Governador do Estado do Pará

José da Cruz Marinho

Vice-Governador do Estado do Pará

Fundação Amazônia de Amparo a Estudos e Pesquisas do Pará - Fapespa

Eduardo José Monteiro da Costa

Diretor-Presidente

Alberto Cardoso Arruda

Diretor Científico

Geovana Raiol Pires

Diretora de Estudos e Pesquisas Socioeconômicas e Análise Conjuntural

Maria Glaucia Moreira

Diretora de Estatística, Tecnologia e Gestão da Informação

Andrea dos Santos Coelho

Diretora de Pesquisas e Estudos Ambientais

Ciria Aurora Ferreira Pimentel

Diretora Administrativa

Eduardo Alberto da Silva Lima

Diretor de Planejamento, Orçamento e Finanças

Natália do Socorro Santos Raiol

Diretora Interina de Operações Técnicas

Page 3: Boletim da Assistência Social

EXPEDIENTE

Publicação Oficial:

© 2015 Fundação Amazônia de Amparo a Estudos e Pesquisas do Pará – Fapespa

Todos os direitos reservados. É permitida a reprodução parcial ou total desta obra,

desde que citada a fonte e que não seja para venda ou qualquer fim comercial.

1ª edição - 2015

Elaboração, edição e distribuição

Fundação Amazônia de Amparo a Estudos e Pesquisas do Pará – Fapespa

Endereço: Tv. Nove de Janeiro, 1686, entre Av. Gentil Bittencourt e Av. Conselheiro Furtado.

Bairro: São Braz – Belém – PA, CEP: 66.060-575

Fone: (91) 3323 2550

Disponível em: www.fapespa.pa.gov.br

Diretor-Presidente

Eduardo José da Costa Monteiro

Diretoria de Estudos e Pesquisas Socioeconômicas e Análise Conjuntural

Geovana Raiol Pires

Coordenadoria de Núcleo de Estudos Sociais

Andrelina da Luz Dias

Equipe Técnica

Andrelina da Luz Dias

Alana Maria Ferreira Borges

Andrea Paula Ribeiro Silva

Fabrício Rodrigo Silva de Araújo

Produção Editorial

Frederico Mendonça

Helen da Silva Barata

Juliana Cardoso Saldanha

Paulo Henrique da Rocha Cunha

Wagner Santos

Revisão

Juliana Cardoso Saldanha

Normalização

Anderson Alberto Saldanha Tavares

Angela Cristina Nascimento Silva

Jacqueline Queiroz Carneiro

Page 4: Boletim da Assistência Social

Dados Internacionais de Catalogação-na-Publicação

F981b Fundação Amazônia de Amparo a Estudos e Pesquisas do Pará

Boletim de Assistência Social no Pará: política, indicadores e

reflexões. Belém, nº 1, maio 2015.

1. Assistência Social - Pará. 2. Programas Sociais - Pará.

I. FAPESPA. II. Título

CDD. 361

Page 5: Boletim da Assistência Social

BOLETIM DA ASSISTÊNCIA SOCIAL

NO PARÁ 2014

5

APRESENTAÇÃO

A Fundação Amazônia de Amparo a Estudos

e Pesquisas do Pará (Fapespa), de acordo

com dados da Secretaria de Avaliação e

Gestão da Informação (SAGI) do Ministério do

Desenvolvimento Social e Combate à Fome

(MDS), divulga, anualmente, o Boletim de

Assistência Social no Estado do Pará, com o

objetivo de contextualizar as políticas públicas

na área da assistência social, acompanhar os

principais indicadores de acesso aos

programas sociais no estado pelo público alvo e apresentar algumas reflexões. Para este boletim

foram sistematizados os dados referentes ao ano de 2014, considerando somente as pessoas

constantes na base do Cadastro Único (CadÚnico), principal porta de acesso no Brasil aos

programas e benefícios na área social.

POLÍTICAS PÚBLICAS E SOCIAIS

No século XIX, as demandas sociais e o

processo de desenvolvimento econômico e

social do período de pós 1ª guerra mundial

exigiram que o Estado assumisse um papel de

interventor e regulador da economia e dos

problemas da sociedade, originando o Estado

de Bem Estar (Welfare State) ou Estado Social.

Neste contexto, são estabelecidas as Políticas

Públicas, potencializando maior atenção à

questão social na agenda política, tornando-a

uma questão de direito.

Toda política pública é uma forma de

intervenção estatal na realidade social, visando

elevar a qualidade de vida de forma justa e

equânime. Estabelece-se, a partir dos diversos

contextos e demandas sociais, um conjunto de

ações que visam à promoção de direitos sociais

e que se concretizam por meio de programas,

projetos e serviços estatais.

No Brasil, a Constituição Federal de 1988, artigo

194, prevê como dever do Estado a seguridade

social, destinada a “assegurar os direitos

relativos à saúde, à previdência e à assistência

social”. Para a regulamentação da política

Page 6: Boletim da Assistência Social

BOLETIM DA ASSISTÊNCIA SOCIAL

NO PARÁ 2014

6

pública de assistência social1 prevista na

Constituição Federal, por meio dos art. 203 e

204, foram estabelecidos três instrumentos

legais fundamentais para sua existência, a

saber: a Lei Orgânica da Assistência Social -

LOAS, a Política Nacional de Assistência Social

– PNAS e a Norma Operacional Básica do

Sistema Único de Assistência Social –

NOB/SUAS.

Na União, as políticas de assistência social são

coordenadas pelo Ministério do

Desenvolvimento Social e Combate à Fome

(MDS) e executadas de forma descentralizada,

a partir de convênios com estados, Distrito

Federal, municípios e entidades da sociedade

civil.

No estado do Pará, a Secretaria de Estado de

Assistência Social, Trabalho, Emprego e Renda

(SEASTER)2 é o órgão do governo que

coordena a Política de Assistência Social. É

responsável pela implementação do Plano

Estadual de Assistência Social 2012-2015

(PEAS), que orienta as ações, programas,

projetos e benefícios a serem implantados e

implementados, em consonância com o Sistema

Único de Assistência Social do Pará (SUAS)

(PEAS, 2015), e constitui-se em instrumento

indispensável para a Política de Assistência

Social no estado.

CADÚNICO – CADASTRO ÚNICO DO GOVERNO FEDERAL

O sistema de proteção social brasileiro, por meio de suas ações, tem o objetivo de produzir

aquisições materiais, sociais e socioeducativas aos cidadãos e suas famílias, a fim de suprir

necessidades básicas para reprodução social da vida individual e familiar, desenvolvendo suas

capacidades e talentos para a convivência social, propiciando protagonismo e autonomia e criando

possibilidades para o empoderamento do seu público alvo.

Segundo o SUAS, a proteção social básica destina-se à população que vive em situação de

vulnerabilidade social, decorrente da pobreza ou privação (ausência de renda, precário ou nulo

acesso aos serviços públicos, dentre outros). O Governo Federal, por meio do Ministério de

1A Assistência Social abrange a proteção social não contributiva ao caráter de direito à cidadania, e somente de ajuda (assistencialismo). 2Em janeiro de 2015, o governo do estado criou a

SEASTER, por meio da Lei estadual nº 8.096/2015,

definindo como missão institucional “promover com

qualidade e efetividade o desenvolvimento social,

garantindo aos cidadãos, especialmente aos dos grupos

da população em situação de vulnerabilidade social,

direito e acesso à assistência social, à segurança alimentar

e nutricional, à promoção do trabalho, geração de

emprego e renda.”

Page 7: Boletim da Assistência Social

BOLETIM DA ASSISTÊNCIA SOCIAL

NO PARÁ 2014

7

Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS), desde 2001, utiliza o Cadastro Único para

Programas Sociais (CadÚnico)3, para acesso do cidadão aos Programas Sociais e Programas de

Transferência de Renda, como o Programa Bolsa Família.

O CadÚnico disponibiliza informações que possibilitam conhecer a realidade socioeconômica das

famílias, obter informações acerca do núcleo familiar e as características do domicilio e identificar

o índice de acesso aos serviços públicos considerados essenciais, tais como: educação,

saneamento básico, saúde, e outros.

Conforme a portaria 376/2008, o CadÚnico é constituído por base de dados, instrumentos,

procedimentos e sistemas eletrônicos, que têm por finalidade cadastrar famílias que vivem em

situação de pobreza e extrema pobreza em cada região do Brasil, com o intuito de inserir estas

famílias em programas de transferências de renda e benefícios sociais.

O cadastro permite que o Governo Federal identifique possíveis usuários para benefícios ou

programas sociais, possibilite a isenção de taxa em concurso público, promova acesso ao

“Programa Minha Casa, Minha Vida”, “Programa Nacional de Inclusão de Jovens-PROJOVEM”,

“Programa de Erradicação do Trabalho Infantil-PETI”, além de inseri-los na “Tarifa Social de

Energia Elétrica” e no Programa Bolsa Família, sendo este o mais abrangente, alvo das discussões

dos próximos tópicos.

PROGRAMA BOLSA FAMÍLIA

O Programa Bolsa Família (PBF) é um

Programa de Transferência de Renda destinado

à população que vive em situação de pobreza e

de extrema pobreza no Brasil. Contudo, para

permanecer no programa é exigido cumprir

algumas condicionalidades, como frequência

escolar para crianças e jovens; vacinação

infantil; realização de pré-natal para gestantes;

3O CadÚnico - Cadastro único para Programas Sociais do Governo Federal - foi criado em 24 de outubro de 2001, pelo Decreto 9364 da Presidência da República, disciplinado pelo Decreto 6.135, de 26 de junho de 2007 e regulamentado pela portaria 376 de 16 de outubro de 2008.

programa para nutrizes; e qualificação

profissional para jovens em idade ativa no

mercado de trabalho e para mães chefes de

família. .

O decreto nº 8.232/2014, Art. 1º, define como

situação de pobreza famílias com renda mensal

per capita de até R$ 154,00 e em situação de

extrema pobreza, renda mensal per capita de

Page 8: Boletim da Assistência Social

BOLETIM DA ASSISTÊNCIA SOCIAL

NO PARÁ 2014

8

até R$77,00. Esta renda é calculada excluindo

possíveis rendimentos concedidos por outros

benefícios ou programas oficiais de

transferência de renda (Lei nº 10.836/2004, Art.

2º).

A distribuição desta renda é feita em forma de

benefícios, conforme dados do perfil da família

no CadÚnico, o qual considera, por exemplo, a

renda mensal, o número de integrantes da

família, total de crianças e adolescentes e a

existência de gestantes. Entendendo família

como “unidade nuclear, eventualmente

ampliada por outros indivíduos que com ela

possuam laços de parentesco ou de afinidade,

que formem um grupo doméstico, vivendo sob o

mesmo teto e que se mantém pela contribuição

de seus membros.” (Lei nº 10.836/2004, Art.2º).

Cada família pode receber até 5 (cinco)

benefícios, mas todos os seus integrantes

devem estar cadastros no CadÚnico, podendo

usufruir de outros programas e políticas sociais

do Governo Federal.

O Programa faz parte do Plano Brasil sem

Miséria, que tem como foco o alívio imediato das

condições de fome, de pobreza e garantia dos

direitos sociais por meio do acesso à saúde,

educação e assistência social. O objetivo do

Programa é a superação da situação de

vulnerabilidade social e o pleno

desenvolvimento das famílias.

O programa é gestado de forma descentralizada

e compartilhada entre a União, estados, Distrito

Federal e municípios, de maneira conjunta, em

prol do aperfeiçoamento, da ampliação e

fiscalização na sua execução. O registro das

famílias no CadÚnico, que identifica todas as

famílias de baixa renda, é realizado pelos

municípios, que contam com os Centros de

Referência de Assistência Social (Cras)4, os

quais atuam como a principal porta de entrada

do Sistema Único de Assistência Social (Suas),

dada sua capilaridade nos territórios e

responsabilidade pela organização e oferta de

serviços da Proteção Social Básica nas áreas de

vulnerabilidade e risco social.

DIMENSÃO DA POPULAÇÃO PARAENSE NO CADÚNICO E NO PBF

De acordo com o Instituto Brasileiro de

Geografia e Estatística (IBGE), segundo dados

4O Centro de Referência de Assistência Social (Cras) é uma unidade pública estatal descentralizada da Política Nacional de Assistência Social (PNAS)

da Pesquisa Nacional por Amostra de

Domicílios (PNAD), em 20135, o número de

5 Último ano com dados divulgados da PNAD/IBGE.

Page 9: Boletim da Assistência Social

BOLETIM DA ASSISTÊNCIA SOCIAL

NO PARÁ 2014

9

famílias no Pará, com ganho de até três salários

mínimos, era de 1,6 milhão. Dessa forma, se

observarmos o número de famílias inscritas no

CadÚnico no mesmo ano (1,3 milhão), estas

representariam em torno de 78% das famílias

paraenses na condição de vulnerabilidade

social.

No estado do Pará, em dezembro de 2014, o

número de famílias inscritas no CadÚnico foi de

1,4 milhão de famílias, totalizando 4,7 milhões

de pessoas inscritas na condição de baixa

renda, que, segundo o MDS, são aquelas

pertencentes às famílias com ganho médio de

até 3 salários mínimos.

O Gráfico 1 apresenta a evolução nos últimos

cinco anos do número de famílias cadastradas

no CadÚnico e das beneficiadas pelo PBF,

mostrando uma tendência crescente do número

de famílias cadastradas, que se apresentam em

ritmo mais acelerado do que as beneficiadas

pelo PBF, que obtiveram um crescimento

moderado a partir de 2011. Vale ressaltar que

nem todas as famílias inseridas no CadÚnico

tem o perfil de beneficiárias do PBF, que

considera sempre o corte da linha de pobreza.

Gráfico 1. Famílias cadastradas no CADÚNICO e beneficiadas com o programa Bolsa Família no Pará - 2010 a 2014.

Fonte: MDS

Elaboração: Fapespa, 2015.

TIPOS DE BENEFÍCIOS DO PBF

O Decreto de nº 5.209/2004, Art. 19, prevê cinco

tipos de benefícios do Programa Bolsa família:

básico, variável, vinculado ao adolescente,

caráter extraordinário e de superação da

extrema Pobreza.

De acordo com o MDS, estes benefícios tiveram

985.3201.054.988

1.177.8761.291.930

1.420.040

680.804772.311 813.367 860.572 887.426

0

200.000

400.000

600.000

800.000

1.000.000

1.200.000

1.400.000

1.600.000

2010 2011 2012 2013 2014

Cadastrada Beneficiada

Page 10: Boletim da Assistência Social

BOLETIM DA ASSISTÊNCIA SOCIAL

NO PARÁ 2014

10

as seguintes participações no ano de 2014, para

o estado do Pará (Tabela 1):

Ao Benefício Básico, que correspondeu a 28%

do total dos benefícios do PBF, foi concedido o

valor de R$77, 00 às famílias em situação de

extrema pobreza. Por decisão do Conselho

gestor do PBF, ele também pode ser concedido

temporariamente em casos de calamidade

pública ou de situação de emergência.

Tabela 1. Número de Benefícios do PBF segundo tipo,

2014.

Tipos de Benefícios Quantidade %

Básico 851.505 28

Variável 1.551.936 51

Variável Vinculado ao Adolescente

264.335 8,7

Variável de Caráter Extraordinário

- -

Para Superação da Extrema Pobreza

373.305 12,3

TOTAL DE BENEFÍCIOS 3.041.081 100

Fonte: MDS, 2015.

Elaboração: FAPESPA, 2015.

O Benefício Variável é o de maior quantidade de

acesso no estado, abrangendo 51% dos

benefícios do PBF, o que corresponde ao valor

de R$35,00 destinados às famílias em situação

de pobreza ou em extrema pobreza e que

tenham em sua composição: gestantes,

nutrizes, crianças entre 0 e 12 anos ou

adolescentes até 15 anos. Pode ser concedido

até 5 (cinco) benefícios por família, equivalente

a até R$175,00.

O Benefício Variável Vinculado ao Adolescente

se apresentou em menor quantidade,

equivalente a 8,7% do total dos benefícios do

PBF no estado. Por meio dele, é destinado o

valor de R$42,00, atribuídos às famílias que se

encontram em situação de pobreza ou extrema

pobreza, com adolescentes de 16 a 17 anos em

sua composição e que estejam matriculados em

estabelecimentos de ensino. Cada família pode

receber até o limite de dois benefícios

(R$84,00).

Já o Benefício Variável de Caráter

Extraordinário não apresentou casos no Pará no

ano de 2014. Este benefício não tem valor

estimado e diz respeito a uma parcela do valor

de outros benefícios da família (Bolsa Escola,

Bolsa Alimentação, Cartão Alimentação e

Auxílio Gás) quando na data de sua

incorporação ao PBF, podendo ultrapassar o

limite máximo fixado no PBF.

E por fim, o Benefício para superação da

Extrema Pobreza equivaleu a 12,3% dos

benefícios do PBF. É designado às famílias que,

mesmo após recebimento de outros benefícios

do PBF, continuam em situação de extrema

pobreza, ou seja, possuem renda per capita

inferior a R$ 77,01. Levando isto em

consideração, seu valor é calculado de maneira

a complementar a renda per capita até alcançar

o valor de R$77,01.

Page 11: Boletim da Assistência Social

BOLETIM DA ASSISTÊNCIA SOCIAL

NO PARÁ 2014

11

DESAGREGAÇÃO REGIONAL DE FAMÍLIAS BENEFICIADAS PELO PBF

As famílias beneficiadas pelo PBF, desagregadas por Região de Integração, dimensionam o

alcance da política no estado. De acordo com o Mapa 1, o Programa Bolsa Família beneficiou mais

60% das famílias inscritas no CadÚnico, na maioria das regiões do estado, ficando abaixo dessa

cobertura apenas quatro delas.

Mapa 1. Participação das famílias cadastradas do CadÚnico, beneficiadas pelo Programa Bolsa Família,

segundo Região de Integração do Pará, 2014.

Dentre as regiões que tiveram uma maior participação de famílias beneficiadas com o PBF,

destacam-se a Região de Integração (RI) do Marajó, da qual 74,4% das famílias cadastradas no

CadÚnico receberam o benefício, seguida da RI Rio Caeté, com 68,0% e da RI Tocantins, com

66,6%. As regiões com as menores participações de famílias beneficiadas pelo PBF foram as RI

do Carajás (53,1%), Araguaia (56,1%) e Lago do Tucuruí (57,7%).

Page 12: Boletim da Assistência Social

BOLETIM DA ASSISTÊNCIA SOCIAL

NO PARÁ 2014

12

No entanto, em se tratando do volume de famílias beneficiadas com o PBF, o Mapa 1 evidencia as

RI Metropolitana, Tocantins e Guamá, regiões mais populosas no estado, com as maiores

concentrações de famílias beneficiadas, chegando a atender quase 89 mil famílias pelo programa,

acompanhando proporcionalmente o número de famílias inscritas no CadÚnico. As RI do Xingú,

Tapajós e Lago do Tucuruí, regiões menos populosas, foram as que apresentaram as menores

concentrações de famílias beneficiadas pelo PBF, identificando a distribuição do benefício, pelas

RI do estado, pela lógica da concentração populacional.

É importante uma reflexão sobre quanto o benefício do programa Bolsa Família atinge, de fato, o

público na situação de pobreza, na dimensão regional. Identificando várias situações para reflexão

quanto à distribuição territorial do PBF e seu público alvo, o Gráfico 2 ilustra a analogia entre a taxa

de pobreza (2010) e as participações da população pobre (2010), das famílias no CadÚnico (2014)

e das famílias beneficiadas pelo PBF (2014), em relação aos respectivos totais para o estado.

Gráfico 2. Famílias no CadÚnico, no Bolsa Família, pessoas abaixo da linha da pobreza e taxa de pobreza por Região

de Integração do Pará

Fonte: MDS/FAPESPA, 2015.

Elaboração: FAPESPA, 2015.

Por exemplo, observa-se que a RI metropolitana, que possui a menor taxa de pobreza entre as RI

do Pará, detém uma proporção de famílias cadastradas no CadÚnico, superior à proporção de

famílias com acesso ao PBF, sendo bem maior ainda que a proporção de famílias pobres da RI,

5,8

10

,1

7,1

9,9

5,3

7,2

18

,8

7,3

9,2

2,9

11

,8

4,6

5,2

10 6,1

10

,2

4,9

8,5

18 8 9,1

2,8

12

,6

4,7

4,9

11

,2

6,1

8,7

5,4

10

,7

13

,5

8,4

9,7

2,9

13

,4

5,1

30,7

48,4

31,5

41,4 43,7

64,1

19,3

53,246,8

41,4

52,9

45,6

0

10

20

30

40

50

60

70

0

2

4

6

8

10

12

14

16

18

20

Famílias no CadÚnico Famílias no PBF

Pop. Abaixo da Linha da Pobreza Tx de Pobreza por Reg. de Integração

Page 13: Boletim da Assistência Social

BOLETIM DA ASSISTÊNCIA SOCIAL

NO PARÁ 2014

13

possivelmente por melhores condições de acessibilidade ao PBF. Contudo, a RI do Marajó,

detentora da maior taxa de pobreza dentre as RI do estado, possui proporcionalmente uma maior

concentração de famílias em situação de pobreza que de famílias com acesso ao PBF, que ainda

é inferior à proporção de famílias no CadÚnico na RI. Situação semelhante a do Marajó, também

se observa nas RI do Rio Caeté, Tocantins, Baixo Amazonas, Rio Capim e Xingu, regiões que

apresentam as maiores taxas de pobreza, ou seja, uma maior concentração de pessoas em

situação de pobreza dentre o total de sua população.

Ressalta-se novamente, que nem todas as famílias cadastradas no CadÚnico tem o perfil definido

para inserção no PBF, entretanto, famílias identificadas como pobres, ou extremamente pobres se

constituem como potenciais beneficiados do PBF.

Algumas situações que impedem o acesso ao Programa Bolsa Família podem estar acontecendo

nos municípios, como por exemplo, a ocorrência de municípios não habilitados, ou que não

aderiram ao Bolsa Família, ou ainda, que perderam o recurso financeiro destinado pelo Governo

Federal por meio do Fundo de Assistência Social, por não cumprir responsabilidades e requisitos

necessários para administração do Fundo. Há ainda, a dificuldade de acesso ao PBF por parte da

população mais carente, muitas vezes isolada territorialmente e com pouca informação referente

aos seus direitos.

Page 14: Boletim da Assistência Social

BOLETIM DA ASSISTÊNCIA SOCIAL

NO PARÁ 2014

14

Avanços da Erradicação da Pobreza no Estado do Pará

O Governo do Estado, no quadriênio 2011-2014, desenvolveu ações objetivando o fortalecimento do Sistema Único de Assistência Social (SUAS) no Pará. Para tanto, desenvolveu ações de monitoramento, assessoramento e vigilância socioassistencial nos 144 municípios paraenses. (Mensagem do Governador, 2015)

Em janeiro de 2015, o estado tinha em seu território:

235 Centros de Referência da Assistência Social (CRAS) cofinanciados pelo MDS.

108 Centros de Referência Especializados de Assistência Social (CREAS) cofinanciados pelo MDS.

7 Centros de Referência Especializados de Assistência Social para População em Situação de Rua (Centros POP) cofinanciados pelo MDS.

300 vagas em Serviço de Acolhimento para População em Situação de Ruas cofinanciadas pelo MDS.

De acordo com o Censo SUAS 2012, 5 municípios do estado ainda não têm CRAS. Vale ressaltar que os CRAS são a porta de entrada de acesso à Política de Assistência Social, por meio da realização do cadastro das famílias para enfim realizar o acompanhamento necessário para inclusão nos programas sociais, principalmente o Bolsa Família.

Page 15: Boletim da Assistência Social

BOLETIM DA ASSISTÊNCIA SOCIAL

NO PARÁ 2014

15

Figura 1. Beneficiários do Programa Bolsa Família segundo sexo, cor/raça e faixa etária, 2014.

Mais do que variáveis econômicas, estas

demandas apontam questões políticas e

sociais, que pulsam e vem ganhando amplas

discussões e reivindicações por direitos e

garantias no Brasil. De acordo com Lopes

(2003), há, nas práticas cotidianas que vivemos,

um questionamento constante de modos de

viver a vida social que tem afetado a

compreensão da classe social, do gênero, da

sexualidade, da idade, da raça, da

nacionalidade etc., ou seja, de quem somos na

vida social contemporânea. Questionamentos

que incitam movimentos de organização

política, como do tipo hip-hop, de

conscientização dos negros, direitos das

mulheres, de homoafetivos, infanto-juvenis etc.,

e que têm afetado as políticas públicas.

De acordo com Faludi (2001), no caso das

mulheres, muitos tipos de violações, ainda em

meados do século XIX, eram legitimadas em

nosso país. A partir do século XX, apesar de

progressivamente terem ocupado mais o

espaço das ruas, o mercado de trabalho, a

SEXO RAÇA/COR

FAIXA DE IDADE

Fonte: MDS, 2015.

Elaboração: FAPESPA, 2015.

8,3 9 9,7

16,4

9

13

7,1

13,4

8,2

4,4

0,9 0,3 0,2

0 a 3anos

4 a 6anos

7 a 9anos

10 a 14anos

15 a 17anos

18 a 24anos

25 a 29anos

30 a 39anos

40 a 49anos

50 a 59anos

60 a 64anos

65 a 69anos

70 anosou mais

Page 16: Boletim da Assistência Social

BOLETIM DA ASSISTÊNCIA SOCIAL

NO PARÁ 2014

16

educação, etc., mulheres ainda são maioria no

que diz respeito à responsabilidade doméstica.

Afirma Scavone (2008) que estudos no campo

da sociologia, antropologia, história e política

mostraram “a disparidade social, política,

econômica, cultural e científica de gênero”; que

a “divisão do trabalho específica à atividade

assalariada estava relacionada a uma

hierarquia de gênero e que sua natureza

‘sexuada’ não era motivada pelo acaso”;

tornaram visíveis os diversos tipos de violação

dos direitos da mulher, a pouca presença nos

espaços públicos de poder institucional, a

responsabilidade feminina pelo espaço privado,

dentre outros com implicações sociais, políticas

e econômicas de dominação masculina; e

evidenciaram que “questões da saúde,

violência, trabalho, religião e cultura estão

marcadas por relações de poder e dominação

ente os sexos”, bem como suas análises ativam

a compreensão de relações associadas, como

classe, raça e etnia.

A cor/raça é traçada por intensos debates que

permeiam questões identitárias, demandando

posturas para além do pertencimento cultural ou

de classe, mas de atitude política. Para Segato

(2005), além deste fato, a raça está associada

ao fenótipo, a classe passa a ser um grupo de

sujeitos marcados; sua própria localização na

escala social tem rosto. Movimentos políticos

em prol dos negros fazem ressurgir

questionamentos sobre a “cor”, que é assumida

no campo do discurso identitário e percorre

variações de (auto) reconhecimento, como o

“pardo”, que no Pará, 70,07% da população se

considera “parda” (IBGE: Pesquisa Nacional por

Amostra de Domicílios, 2013).

Para Pinheiro (2004), a história social brasileira,

marcada por desigualdade, exclusão e

dominação, instituiu para as classes subalternas

mais a condição de objeto do que sujeito das

relações e das práticas sociais, e essas foram

as bases das representações sociais da criança

e do adolescente, marcados por forte

componente discriminatório e de não

reconhecimento de direitos, tendo suas

identidades construídas por estigmas e

preconceitos, nos quais “bem-estar” e

“formação educacional” não eram vistos como

importantes para o próprio desenvolvimento

social do país.

No Brasil, a constituição de 1988 preconizou

apontamentos gerais para proteção legal dos

direitos da criança e do adolescente.

Posteriormente, em 1989, a Organização das

Nações Unidas, via “Convenção dos Direitos da

Criança”, previu direitos e garantias próprios a

esta categoria. E somente em 1990, é criada lei

específica para crianças e adolescentes

brasileiras, o Estatuto da Criança e do

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BOLETIM DA ASSISTÊNCIA SOCIAL

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Adolescente, que dispõe sobre sua proteção

integral. Mas, devido ao próprio contexto sócio

histórico, ainda há um distanciamento entre

estas prerrogativas e suas efetivações, na

contemporaneidade.

Estas são algumas reflexões que ajudam na

compreensão do quadro social paraense.

Compreender o âmbito histórico, social, cultural

e político que sustenta o perfil dos beneficiários

de políticas sociais como o Programa bolsa

família, viabiliza melhorias em políticas públicas

e, consequentemente, dá maior qualidade de

vida e visibilidade a esses sujeitos. A seguir,

seguem quantitativos relevantes sobre este

perfil.

Do total de pessoas beneficiadas no ano de

2014, a maioria era do sexo feminino, com

1.841.602 (55,1%), enquanto 1.500.818(44,9%)

são do sexo masculino. Ou seja, no Pará,

340.784 mulheres a mais que homens recebem

o benefício.

Segundo Cor/Raça, em 2014, o percentual

majoritário foi de pessoas que se declararam

“pardas”, com 2.908.999 (87%) de beneficiados.

Seguidos, em ordem decrescente, de “Branca”:

257.653 (7,7%); “preta”: 122.257 (3,7%);

“indígena”: 21.519 (0,6%); e “amarela”: 15.830

(0,5%). As demais pessoas, 16.162 (0,5%), não

declararam sua cor/raça.

No quesito idade, a maioria compreende

crianças e adolescentes de 0 a 17 anos, com

1.748.719 (52,4%) de beneficiários. O segundo

maior grupo, com 1.544.433 (43,1%) são jovens

e adultos que tem faixa etária de 18 a 59 anos.

Já a minoria se refere a pessoas com 60 anos

ou mais, 49.266 (1,4%).

Apesar de minoritariamente, o PBF também

atende populações pertencentes a grupos de

populações tradicionais e específicas (GPTE’s)

a serem abordadas no próximo tópico.

CADASTRAMENTO DO CADÚNICO E BENEFICIAMENTO NO PBF DE FAMÍLIAS PARAENSES PERTENCENTES A GRUPOS POPULACIONAIS TRADICIONAIS E ESPECÍFICOS (GPTE’S)

A diversidade sociocultural brasileira e as situações específicas de vida de alguns grupos

populacionais tradicionais e específicos (GPTE’s) exigiram do CadÚnico uma abordagem

diferenciada, compatível com as especificidades de cada um deles. Isto gerou um cadastramento

diferenciado, já previsto no Artigo 7º da Portaria GM/MDS nº 341/08, que dispõe sobre os

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procedimentos operacionais necessários ao ingresso de famílias no Programa Bolsa Família6.

Para se planejar o cadastramento diferenciado é necessário que a gestão municipal do CadÚnico

faça o mapeamento das famílias pertencentes aos GPTE’s7. Neste processo, é mister o

estabelecimento de parcerias com lideranças e órgãos governamentais ou da sociedade civil que

atuem junto a esses grupos, no sentido de compreender as especificidades e as demandas dos

mesmos, bem como potencializar a mobilização dessas famílias para o cadastramento

diferenciado.

O cadastramento diferenciado serve também como subsídio para a formulação de políticas públicas

focalizadas para esses grupos, permitindo o “direcionamento de recursos e programas para

determinados grupos populacionais, considerados vulneráveis na sociedade” (SILVA, 2001)8.

Os GPTE’s se encontram em zonas de vulnerabilidade, pois suas realidades sociais estão

compostas por uma diversidade de situações de desproteção social. Tais zonas de vulnerabilidade

não seriam, então, um sinônimo de pobreza nem mesmo uma condição dada, mas zonas instáveis

que os grupos podem vivenciar, recair ou nela permanecer durante a sua história.

No Estado do Pará, em 2014, famílias de quinze grupos populacionais tradicionais e específicos,

elencados pelo MDS para o cadastramento diferenciado, foram cadastradas no CadÚnico e

beneficiadas pelo PBF, representando 15% das famílias cadastradas e 12% das beneficiadas no

estado, conforme se observa na Tabela 2.

6 É relevante destacar que “O cadastramento das famílias no CadÚnico não implica ingresso no PBF” (Art. 2º, § 2º, Portaria GM/ MDS nº 341/08). 7Grupos populacionais tradicionais e específicos que demandam um procedimento diferenciado, atendendo

primeiramente os grupos populacionais indígenas, quilombolas, famílias em situação de trabalho infantil e pessoas em

situação e/ou resgatadas do trabalho análogo ao de escravo. Posteriormente, o cadastramento diferenciado foi

estendido a outros grupos: Ciganos, extrativistas, pescadores artesanais, pertencentes à comunidade de terreiro,

ribeirinhos, agricultores familiares, assentados da reforma agrária, beneficiários do programa nacional de crédito

fundiário, acampados, atingidos por empreendimentos de infraestrutura, presos do sistema carcerário e catadores de

material reciclável. Atualmente, discute-se a ampliação do cadastramento diferenciado para outros grupos específicos,

como imigrantes, pessoas com Hanseníase, dentre outros.

3De acordo com o Manual de Normas técnicas do PAIF/ MDS, vulnerabilidade social refere-se ao grau de capacidade

dos indivíduos, famílias ou grupos de controlar as forças que afetam seu bem estar, sejam advindas das oportunidades

propiciadas pelo Estado, mercado ou sociedade.

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Tabela 2. Famílias paraenses cadastradas no CadÚnico e beneficiadas pelo PBF

Grupos Tradicionais e Específicos

Cadastradas no CadÚnico

Beneficiadas % Beneficiada pelo PBF

Agricultores familiares 57.458 47.616 83

Ribeirinhas 40.096 32.428 81

Pescadores artesanais 32.175 27.303 85

Quilombolas 12.663 10.116 80

Extrativistas 10.583 8.290 78

Assent. reforma agrária 5.674 3.959 70

Indígenas 5.131 4.057 79

Acampadas 3.135 1.534 49

Ating. empre. Infraestrutura 2.520 1.970 78

Catadores de mat. reciclável 2.357 1.715 73

Comunidades de terreiro 266 133 50

Situação de rua 188 115 61

Presos no sist. carcerário 161 121 75

Prog. Nac. de Crédito Fundiário 60 41 68

Ciganas 25 17 68

TOTAL 172.492 139.415 80,82

Fonte: MDS, 2015.

Elaboração: FAPESPA, 2015.

A Tabela 2 mostra que dentre as famílias paraenses pertencentes aos GPTE’s, o maior número de

cadastramento (96,8%) e beneficiamento com o PBF (97,1%) se classifica como população

residente nas áreas rurais9 do estado, apesar da maioria da população paraense ser urbana

(68,5%). Isso demonstra que tal população, localizada na zona rural do estado, apresenta maior

grau de vulnerabilidade, por conta da dificuldade de acessar as políticas e equipamentos públicos,

das barreiras geográficas, perspectivas culturais, dentre outros fatores.

Diante do exposto, para o desenvolvimento social destes grupos, não bastariam medidas

meramente compensatórias, mas políticas sociais focalizadas, complementadas pela política

econômica e centradas na responsabilidade social do Estado, considerando as especificidades de

cada um desses grupos populacionais. O Estado, por sua vez, deve oferecer ampla cobertura,

serviços de boa qualidade, estruturas institucionais adequadas, pessoal qualificado e cobertura

suficiente para as populações-alvo, que demandam atenção especial, devendo possibilitar o efetivo

acesso à riqueza e aos bens e serviços socialmente produzidos (SILVA, 2001).

9 Considerou-se os agricultores familiares, pescadores artesanais, quilombolas, extrativistas, assentamentos da reforma agrária,

indígenas, acampadas e atingidos por empreendimentos de infraestrutura.

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Populações Indígenas e as Políticas Sociais Focalizadas

Tomando as especificidades das populações indígenas como exemplo, infere-se que o cadastramento no CadÚnico, o beneficiamento pelo PBF e o monitoramento deste devem levar em consideração as perspectivas cosmológicas de cada etnia sobre a concepção de família, procedimentos médicos, educação escolar, infância, nutrição, dentre outras. Bem como compreender os cenários históricos, as identidades étnicas diversas e o movimento político desses grupos na luta pela terra, prevenindo o fortalecimento de uma cultura de monetarização e o enfraquecimento do movimento social indígena referente à questão do direito ao território.

Para a eficiência e eficácia desses procedimentos diferenciados, é fundamental que sejam estabelecidas parcerias com a FUNAI, com os movimentos sociais indígenas e, principalmente, com as lideranças étnicas, respeitando o processo decisório na lógica cultural de cada etnia, pois é imprescindível a aceitação do grupo. É relevante também a presença de um intérprete e a observação dos dispositivos legais nacionais e internacionais que tratam dos direitos desses grupos (Estatuto do índio, Convenção169 da OIT, dentre outros).

Além da contemplação com o benefício do PBF, diante da diversidade cultural e variedade de demandas específicas das etnias indígenas, é mister que o Estado promova políticas sociais focalizadas, além das políticas afirmativas, que potencializem as condições de acesso dessas populações indígenas ao que lhes trará o desenvolvimento social.

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REFERÊNCIAS

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Janeiro: Rocco, 2001.

FUNDAÇÃO INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA – IBGE/ Pesquisa

Nacional por Amostra de Domicílios, 2013.

LEI Nº 8.069, de 1990 (Estatuto da Criança e do Adolescente).

LOPES, Luiz Paulo da Moita (org.). Discursos de identidades: discurso como espaço de construção

de gênero, sexualidade, raça, idade e profissão na escola e na família. Campinas, SP: Mercado de

Letras, 2003, 13-38.

MARANDOLA JR; HOGAN, D.J. As dimensões da vulnerabilidade. São Paulo: Perspectiva, 2006;

MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO SOCIAL E COMBATE A FOME-MDS, SITE OFICIAL,

2015;

NOB-Norma Operacional Básica /SUAS- Sistema Único de Assistência Social, MDS-Ministério de

Desenvolvimento Social e Combate à Fome, Secretaria Nacional de Assistência Social, Brasília,

2005;

OLIVEIRA, R.C. Introdução. In: BAINES, S. G. (Org.) Nacionalidade e etnicidade em fronteiras.

Brasília, DF: UnB, 2005;

PEREIRA, Potyara. Amazoneida Pereira.BRAVO, Maria Inês Souza(org.). Política Social e

Democracia, São Paulo: ed. Cortez, 2001;

PINHEIRO, Ângela de Alencar Araripe. A criança e o adolescente, representações sociais e

processo constituinte. Psicologia em Estudo, Maringá, set./dez. 2004, v. 9, n. 3.