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BOGEAM 2 (2015): Único Boletim do Museu de Geociências da Amazônia Ano 2 (2015) número único

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BOGEAM 2 (2015): Único

Boletim do Museu de Geociências da Amazônia

Ano 2 (2015) número único

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BOGEAM 2 ( 2015): Único

Caros (as) admiradores (as) dos minerais, das coisas minerais, das coisas aparentadas

dos minerais, rochas e fósseis,

Quase 20 anos depois estamos relançando o Boletim do Museu de Geociências, o

BOMGEAM, um sonho tardio, que ficou ainda mais tardio, mas antes tarde do que nunca, diz

o sábio provérbio. Como os meios atuais de produção de textos, manuscritos e de editoração

estão mais acessíveis em termos globais e de também de custos, relançar o BOMGEAM, se

tornaria mais fácil, parece. No entanto ele precisa de contribuições, de belas e boas

contribuições. Sem elas não adianta de nada, de nadinha, dos avanços da informática e dos

meios de comunicação pela internet. Precisa-se também de gente engajada em organizar todo

o trabalho que advém para chegar até o lançamento de um simples Boletim. E ainda estamos

nesta fase. Em uma última reunião do GMGA lançamos a ideia, mas ninguém se manifestou.

Diante deste quadro estamos “convocando” nomes.

A intenção é se tornar um Boletim que seja muito apreciado, respeitado e competitivo,

mas sempre voltado para as atividades de Museu de Geociências ou correlato, não

necessariamente ao Museu de Geociências da UFPA.

Nesta fase as contribuições serão simples, curtas, sempre acompanhadas de boas

imagens coloridas e de apelo forte para a comunidade não científica, mas é claro também

científica e das várias áreas do conhecimento. Portanto tem um grande grau de liberdade. Os

autores serão os responsáveis pelo conteúdo integral de suas contribuições, que devem sempre

representar claramente uma contribuição às ciências em linguagem acessível.

É, portanto, com grande satisfação que apresentamos o número 2 (2015) do

BOMGEAM no momento em que o Museu de Geociências da UFPA atinge a sua maioridade

e esperamos mantê-lo em edições quadrimestrais.

Boa leitura e mande-nos suas observações e críticas construtivas.

Marcondes Lima da Costa Curador do Museu de Geociências

BOMGEAM

Boletim do Museu de Geociências da Amazônia

Ano 2 (2015) número único

Editorial

Veículo informativo e cultural do Museu de Geociências da UFPA. O boletim tem por objetivo divulgar temas científicos e culturais

relacionados às geociências, bem como as atividades desenvolvidas pelo Museu. Todas as correspondências, comunicações, doações de material

geocientífico devem ser encaminhadas a: Prof. Marcondes Lima da Costa. Instituto de Geociências-UFPa, Av. Augusto Correa 1, 66.075-110

Belém-Pará, Brasil. E-mail: [email protected]. Responsável Prof. Dr. Marcondes Lima da Costa; Secretária Geral: Dra. Suyanne Flávia

Santos Rodrigues e Diagramador: Geólogo Pabllo Santos.

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BOGEAM 2 (2015): Único

Natalito do GMGA

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BOGEAM 2 ( 2015): Único

Editorial

Natalito do GMGA

SUMÁRIO

Maioridade Plena do Museu de Geociências (IG/UFPA) Marcondes Lima da Costa, Curador do Museu de Geociências

1

O Xinguzão Marcondes Lima da Cosa, curador do Museu de Geociências e Suyanne Flávia S. Rodrigues

2

Mineralogia de Amígdalas de Basaltos, Suíte Parapuí, Noroeste do Ceará. Rosemery da Silva Nascimento (FAGEO-IG-UFPA)

4

Zeólitas em Rochas Vulcânicas de Tucuruí – Pará Paulo Sergio de Sousa Gorayeb & Vania Maria Fernandes Barriga

5

Bonito, Pará: Primeira Mina de Fosfato da Amazônia – Crandallita-Goyazita,

Minério de Fósforo Marcondes Lima da Costa, Curador do Museu de Geociências & Alessandro Sabá Leite, Geólogo

Autônomo

6

A Buserita (Na4Mn14O27·21 H2O) Sintética Bruno Apolo Miranda Figueira, Instituto de Engenharia e Geociências-IEG, UFOPA

7

Fluorita de Iraí Herbert Pöllmann, Institut für Geowissenchaften, Universität Halle, Alemanha.

8

A drusa de ametista do acervo recente do Museu de Geociências Marcondes Lima da Costa, curador do Museu de Geociências

9

Esfeniscidita, (NH4,K)(Fe,Al)2(PO4)2(OH) Rômulo Simões Angélica, Professor e Chefe dos Laboratórios de Tecnologia Mineral, do

PPGG/IG/UFPA

10

A Mina do Boi Morto: Aventura Geológica no Mundo das Opalas José Fernando Pina Assis & Adria Kanome Mori Soares

11

A Variscita de Gavá: Um Presente de Barcelona Suyanne Flávia Santos Rodrigues, Museu de Geociências/UFPA/PDJ- CNPQ e Marcondes Lima da

Costa, Curador do Museu de Geociências/UFPA

13

Barita na Tartaruga do Diabinho Maria do Socorro Progene, PDR PPGG/UFPA/CAPES e Marcondes Lima da Costa, curador do

Museu de Geociências

14

Como Quem Junta Tesouros: O Zircão Darilena Monteiro Porfírio, doutoranda no PPGG-UFPA e pesquisadora da Eletronorte.

16

Vidro no Papo da Galinha de Rio Branco-AC Marcondes Lima da Costa, Curador do Museu de Geociências e Suyanne Flávia Santos Rodrigues

PDR/IG/CNPQ e Museu de Geociências

17

Sumário

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BOGEAM 2 ( 2015): Único

A Garnierita dos Animais Selvagens (Mina Onça Puma) Oscar Jesus Choque Fernandez, IFPA (Instituto Federal do Pará)

18

Vogelsberg, Alemanha: Lateritos Miocênicos em Plena Europa Central! Seriam

Possíveis? Marcondes Lima da Costa, Curador do Museu de Geociências/UFPA

19

O Azulejo Daquela Casa que Foi Derrubada Thais A. B. Caminha Sanjad

21

O Arenito Ferruginizado da Fortaleza São José de Macapá Roseane da Conceição Costa Norat, doutoranda do PPGG/IG/UFPA & Marcondes Lima da Costa,

curador do Museu de Geociências do IG/UFPA

22

Iconografia Histórica e a Geologia no Centro Histórico de Belém/PA Jamylle Trindade de Matos, Roseane da Conceição Costa Norat, Marcondes Lima da Costa

23

A Interação Pesquisa Científica, Ensino Médio e a Preservação do Patrimônio

Cultural Roseane da Conceição Costa Norat, Alex de Oliveira

25

Orquídeas do Minério de Ferro da Serra Sul Clóvis Maurity - pesquisador adjunto A do ITV.

26

A Cachaça Abaetetuba, A Cachaça Apreciada pelo Museu de Geociências nas

versões Prata e Ouro (Amburana) Marcondes Lima da Costa, Curador do Museu de Geociências Costa

27

Projeto Trilha Mineral no Campus (TMC) Marcondes Lima da Costa, Curador do Museu de Geociências

28

Notícias 30

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BOGEAM 2 (2015): Único

Neste ano de 2015, exatamente 21.12.2015, oficialmente o Museu de Geociências entra em

plena maioridade. São 21 anos de vida, de luta, sobrevivência e esperança de um dia maior. Somos

perante o IBRAM um grande Museu, mas perante nós mesmos, um pequeno Museu, que desde o

seu nascimento sonhou em ser GRANDE em seu significado pleno. Participamos anualmente das

Semanas Nacionais de Museus do Brasil desde 2009, sem interrupção. E vamos continuar.

Já quase tivemos uma sede própria adequada, já elaboramos projetos majestosos, mas ainda

não encontramos quem comprasse a nossa ideia. Já fomos motivos de TCC, de dissertação e de tese.

Já somos também conhecidos pelos estudantes, pelos professores e por algumas bandas do Brasil. É

um espaço charmoso da UFPA, que causa admiração. Espanta-nos por causar admiração. E agora

estamos relançando o nosso Boletim BOMGEAM. Também já se encontra em torno do Museu uma

infraestrutura analítica muito boa, que havia sido sonhada há muito tempo. Podemos pensar em

museu fazedor de Ciência, de divulgador de Ciências e de formador de Recursos Humanos.

Estamos quase perto disto, basta persistir, insistir, e ser MUITO CHATO.

Começamos em 2015 um

novo Projeto TRILHA

MINERAL NO CAMPUS da

UFPA, que consiste em angariar

e distribuir pelo Campus blocos

de rocha, minerais e fósseis em

volume de ≈ 1 m3 ou peso em

tonelada (2 a 4 t). Contamos

com apoio e ajuda de todos.

A história de nosso Museu

surgiu de fato com a revolução

acontecida em 1972/1973, com

reestruturação do Curso de

Geologia, proporcionada pela criação e implantação da Pós-Gradução em Ciências Geofísicas e

Geológicas, e logo depois em Geologia e Geoquímica. Fomos colecionando “pedrinhas” com o forte

engajamento dos professores Manoel Gabriel S. Guerreiro, José Carlos Raimundo, de seus pupilos

como eu e depois o prof. Francisco Maia (bem mais tarde de Suyanne Flávia) e em 1983 com apoio

do CNPQ conseguimos financiar a implantação deste Museu. Mas sobre sua história pode ser obtida

junto o site do IG. Mas como se vê leva tempo e precisa de gente dedicada, que sobreviva às

inúmeras tempestades, que não faltaram ao longo desta pequena história de 21 anos apenas.

Maioridade Plena do Museu de Geociências (IG/UFPA)

Marcondes Lima da Costa, Curador do Museu de Geociências

Figura 1. Imagens do Museu de Geociências: área externa do Prédio-sede; placa oficial

de inauguração em 21.12.1983; corredor nobre; grande drusa de ametista no salão nobre.

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BOGEAM 2 ( 2015): Único

Um bloco de rocha de aproximadamente 4 t foi assentado memoravelmente sobre o solo

em frente a sede da FAGEO. É a primeira mega-amostra do acervo (N°. 2445) do Museu de

Geociências do IG/UFPA, que representa a pedra fundamental do Projeto TRILHA

MINERAL NO CAMPUS, uma iniciativa deste Museu e que conta com o apoio efusivo da

direção do nosso Instituto de Geociências. Ela é um exemplar típico do Complexo Xingu,

procedente de sua região típica, ou seja, das margens do rio Xingu, no domínio da Volta

Grande do Xingu, logo abaixo da cidade de Altamira, Pará. Nesta região está em construção

toda a infraestrutura da grande hidrelétrica de Belo Monte, sob a batuta da empresa Norte

Energia. O exemplar foi selecionado pelo professor Marcondes Lima da Costa, quando em

agosto de 2015 realizava atividades de campo voltadas para geoarqueologia a convite do Dr.

Renato Kipnis, diretor da empresa Scientia Consultoria Ltda. Na oportunidade o Dr. Renato

estava presente e percebeu da minha empolgação com o enorme bloco de “granitoide”

(migmatito) englobando um lindo e espesso veio pegmatoide, com grandes cristais cliváveis

de microclínio róseo. Imediatamente eu disse: - Um belo exemplar para o nosso Museu -. Dr.

Renato se contagiou com minha empolgação, e manifestou interesse em materializar a

chegada do bloco a Belém. Ao final da tarde já redigíamos o pedido de retirada do bloco da

área da Norte Energia e dias depois a empresa o liberava e o levara para o escritório da

Sciencia. Numa primeira tentativa o transporte para Belém não se concretizou, mas se tornou

realidade no dia 10.12.2015. Às 09h30minh o caminhão já estava em frente à FAGEO e

aguardava a chegada do caminhão-muque para a retirada e assentamento da mesma. Isto

ocorreu às 12 h. E o pesado bloco foi logo batizado de Xinguzão. Tá ele deitado espreitando a

área ao seu redor, que lhe parece muito, mas muito estranha. Alguém tão velho assentado

sobre coisas tão novas. Ele deve estar dizendo: - Essa meninada não está com nada! Quanta

besteira ela não está dizendo por aí! E eu aqui calejado com os meus mais de 2.000.000.000

de anos já vi tantos e tantas, mas vou ficar só observando, pois o terreno é fresquinho, muito

novo, não é meu, não o conheço.

O Xinguzão está para ser olhado, tocado, fotografado e estudado. Bom proveito.

O Xinguzão

Marcondes Lima da Cosa, curador do Museu de Geociências e Suyanne Flávia S. Rodrigues

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BOGEAM 2 ( 2015): Único

Figura 1: O Xinguzão assentado provisoriamente em frente à sede da FAGEO rodeado por

seus recepcionistas e admiradores no dia 10.12.2015 às 13h: Glayce, Emissário da Scientia,

Marcondes, dois Motoristas do muque, Motorista do caminhão que trouxe o Xinguzão,

Suyanne Flávia e Pabllo. É nítido o veio pegmatoide na base do bloco.

Figura 2: Pedreira onde “nasceu” o Xinguzão, em Belo Monte, Altamira, Pará. Tornou-se

peça do acervo do Museu de Geociências ainda em 26.08.2015 por iniciativa de Marcondes

Costa e Dr. Renato Kipnis.

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BOGEAM 2 ( 2015): Único

A Suite Parapuí compreende uma sucessão de rochas vulcânicas relacionadas ao

Neoproterozóico que correm na região noroeste do Ceará, intercaladas a seqüência de rochas

sedimentares fracamente metamorfisadas da Formação Pacujá do Grupo Jaibaras,

preenchendo o Gráben Jaibaras, no Domínio Médio Coreaú da Província Borborema. A suíte

compreende dominantemente basaltos alcalinos, riolitos e rochas vulcanoclásticas

(Nascimento & Gorayeb 2004). Os basaltos ocorrem em sucessões de lavas maciças e

amigdaloidais, compreendendo variações holocirstalinas ou hipovítreas com texturas

porfiríticas, seriadas ou afíricas. O estudo envolve essencialmente levantamento bibliográfico

e análises de microscopia, microscopia eletrônica de varredura (MEV) com

catodoluminescência, análises químicas pontuais semiquantitativas por EDS (energy

dispersive spectroscopy) e espectroscopia micro-Raman. As análises de microscópia

revelaram que em amigadas de clorita e epidoto destacam-se cristais de quartzo euédricos

com zoneamento concêntrico (Figura 1). Outras amígdalas compostas por clorita apresentam

bordas com cristais fibrosos de epídoto, zeólita e tremolita-actinolita. Estas rochas foram

classificadas de metabasaltos amigdaloidais, alguns tipos com matriz apresentando uma

intensa cloritização e epidotização, formando uma foliação incipiente. Os dados sugerem que

após a fase magmática, em condição de baixa temperatura, foram cristalizados minerais

secundários que podem ter resultado de transformações em baixo grau metamórfico existente

na região, como descrito em Nascimento & Gorayeb 2004.

Figura 1: A) Detalhe de amígdala de clorita com cristais euédricos de quartzo em basalto da

Suíte Parapuí; B) Imagem de MEV dos cristais euédricos de quartzo zonados que ocorrem em

amígdalas de clorita.

REFERÊNCIAS

Nascimento, R.S., Gorayeb, P.S.S. 2004. Basaltos Alcalinos do Gráben Jaibaras-NW do CE.

REVISTA BRASILEIRA DE GEOLOGIA, 34(4): 459-468.

Mineralogia de Amígdalas de Basaltos, Suíte Parapuí, Noroeste do Ceará.

Rosemery da Silva Nascimento (FAGEO-IG-UFPA)

B

(B)

A

(B)

A

(B)

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BOGEAM 2 ( 2015): Único

A imagem capturada em microscópio ótico petrográfico mostra uma amígdala (Figura

1) em basalto toleítico proveniente de derrames de lavas do Gráben de Tucuruí, nordeste do

Pará, pertencente ao Grupo Tucuruí do Cinturão Araguaia. A idade da formação desta rocha é

estimada do final do Neoproterozoico-início do Paleozoico.

A imagem retrata uma amígdala com forma esférica com diâmetro de aproximadamente

1,0 mm em que apresenta uma fina zona com cristais de zeólitas na borda externa dispostos

perpendicularmente à parede da amígdala. Na porção interna encontram-se cristais de epídoto

e clorita e esferas com zeólitas fibroradiais. A matriz basáltica é formada por cristais

aciculares de plagioclásio dispostos aleatoriamente e pequenos cristais de clinopiroxênio, com

interstícios preenchidos por material vítreo alterado.

Essa rocha vulcânica foi formada pelo extravasamento de lavas basálticas, solidificadas

por brusco resfriamento, em ambiente subaéreo continental, e as amígdalas representam gases

ricos em elementos voláteis que foram aprisionados nesse processo e cristalizaram em

relativamente baixa temperatura.

Figura 1. Amígdala em basalto toleítico visto sob microscópico ótico.

Zeólitas em Rochas Vulcânicas de Tucuruí – Pará

Paulo Sergio de Sousa Gorayeb & Vania Maria Fernandes Barriga

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BOGEAM 2 ( 2015): Único

Em setembro de 2015 entra em operação a primeira mina de fosfatos da Amazônia: Bonito,

no nordeste do Estado do Pará, a 140 h de Belém. É um marco na história da mineração da

Amazônia e do Pará, e mais uma mina neste estado, com forte aptidão para a indústria mineral. O

mais exótico nisto tudo é que os fosfatos lavrados em Bonito se constituem em uma anomalia no

mundo inteiro, pois não é constituído de apatita, a exemplo dos fosforitos, foscoritos ou corpos

ultramáfico-carbonatíticos mineralizados em apatita, mas sim, são fosfatos de alumínio,

representados principalmente por crandallita-goyazita e woodhouseita-svanbergita, tipicamente de

origem laterítica.

A primeira mina de

fosfatos de Al laterítica

que entrou em lavra está

no Senegal e Bonito é a

segunda. Nas Ilhas

Christmas se explora um

pouco de fosfatos de Al,

mas não são tipicamente

lateríticos. Bonito é uma

reserva pequena, da

ordem de 4.000.000 t,

mas de alto teor, por volta

de 21 % P2O5. O minério

se encontra no topo do

morro Sapucaia (e também Boa Vista) e corresponde às crostas do perfil laterítico, parte do minério

também está representada por paleocolúvio. Esses fosfatos foram descobertos por Marcondes e

Walmeire Costa em 1983 quando retomavam a pesquisa por fosfatos na região nordeste do Pará,

como parte das pesquisas por fosfatos iniciadas ainda em 1976, como parte de sua dissertação de

mestrado e tese de doutorado. A partir de 2010 a área foi pesquisada por várias empresas visando a

produção de fosfatos. No período de 2013 -2015 orientei a dissertação de mestrado de Alessandro

Sabá Leite voltada para a geologia, mineralogia e geoquímica deste depósito. Ainda em dezembro

submeteremos a publicação junto ao JGE um artigo completo sobre esses fosfatos. Os fosfatos de

Bonito se correlacionam muito bem com aquele se Jandiá, Pedra Grande e Itacupim no Pará, e ainda

Pirocaua e Trauíra, no Maranhão e são cronocorrelacionáveis com dos depósitos de bauxitas da

Amazônia. Esses depósitos de fosfatos de alumínio constituem juntos talvez uma província única,

sem equivalente no Mundo até o presente.

Bonito, Pará: Primeira Mina de Fosfato da Amazônia: Crandallita-Goyazita, Minério de Fósforo

Marcondes Lima da Costa, Curador do Museu de Geociências & Alessandro Sabá Leite, Geólogo Autônomo

Figura 1. No sentido horário: Vista do minério exposto na trincheira; crosta pele-de-onça

mineralizada; crosta fosfática, o minério rico; esteira transportadora levando minério para o

britador em 9/2015. Esta última imagem é de bamineração.com, enquanto as demais é de

Marcondes L. Costa.

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BOGEAM 2 ( 2015): Único

Buserita (Na4Mn14O27·21 H2O) é uma das mais comuns fases em nódulos de Mn do

piso oceânico. Devido a sua estrutura em camada, acredita-se que seja responsável em grande

parte pela retenção e disponibilidade de metais pesados nestes ambientes, assim como na

transformação de compostos orgânicos de enxofre, oxido de nitrogênio e monóxido de

carbono. Em virtude disso, diversos estudos de obtenção deste mineral em laboratório vêm

sendo desenvolvidos ao longo das duas últimas décadas com o objetivo de aplicá-los em áreas

como adsorção, catálise e síntese de peneira molecular de óxidos de Mn. A Figura 1 apresenta

as fotomicrografias de dois análogos sintéticos de buserita obtidos a partir de rejeitos de

óxidos de Mn da mina do Azul (Província Mineral de Carajás, Pará).

Figura 1: Imagens de microscopia eletrônica de varredura de Mg e Ca-buserita obtidas a partir

de rejeitos da indústria mineral de Carajás (Brasil).

A Buserita (Na4Mn14O27·21 H2O) Sintética

Bruno Apolo Miranda Figueira, Instituto de Engenharia e Geociências-IEG, UFOPA

Mg-buserita Ca-buserita

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BOGEAM 2 ( 2015): Único

The well-known occurrences of amethyst from Southern Brazil in Rio Grande do Sul do

have spectacular Amethyst-geodes which are well known in the whole world. These

amethysts are sometimes accompanied by other minerals predominantly calcite. Other

minerals are:

Calcite Gypsum Baryte

Agate Quartz Karneol

Chalcedony Lepidokrokite Pseudomorphosis of quartz

after anhydrite

Pseudomorphoses of quartz

after calcite

Goethite Fluorite

Fluorite can only sometimes be found in these geodes, mainly in spherical arrangements

grown on amethyst. A summary on these fluorites is published in journal Aufschluss in 2010

(Pöllmann, 2010).

Figure 1. Amethyst geode with spherical aggregates of fluorite and SEM image showing a

very nice sphere made of cubic crystals of this mineral. (Ø = 2cm in image on the right).

REFERENCES

PÖLLMANN, H.: Kugelfluorit auf Amethyst aus Rio Grande do Sul/Brasilien. Der Aufschluss, Jg. 61

Heidelberg, 321-323, (2010).

Fluorita de Iraí

Herbert Pöllmann, Institut für Geowissenchaften, Universität Halle, Alemanha.

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BOGEAM 2 ( 2015): Único

O Museu de Geociências recebeu como doação do professor Marcondes um belo

exemplar de drusa de ametista com 70 x 50 cm de comprimento e pesando quase 45 kg

(Acervo n° 2436). Este exemplar (Figura 1) foi adquirido em 1996 na região de Iraí, Rio

Grande do Sul, por Marcondes, quando a visitava em companhia do prof. Dr. Herbert

Pöllmann e de seu aluno Carlos Tadeu Cassini. Ele era maior do que se encontra, pesava 88

kg, mas durante o transporte se separou em três grandes fragmentos. Este doado ao museu é o

maior. Nele os cristais de ametista apresentam inclusões de goethita acicular-radial de

tonalidade ouro (Figura 1) e ocupam a porção das terminações romboédricas. Sobre pondo os

cristais de ametista, se estabeleceram localmente cristais escalenoédricos (dentes de cão) de 1

a 2 cm de comprimento de calcita branca.

A drusa de ametista se instalou em mega-cavidades (ou amígdalas) em basalto do

Mesozóico da Bacia do Paraná e suas bordas são de quartzo hialino macro a macrocristalino

(calcedônia), por vezes com opala, que grada para uma zona de clorita e argila complexas 2:1

de cor esverdeada e finalmente ao basalto cloritizado, não tão visível na amostra. Exemplos

enormes e fantásticos destas drusas estão espalhados pelo mundo inteiro, mas são raros no

Brasil. No Institut für Geowissenschafte da Universität Martin Luther, Halle, Alemanha, tem

dois

exemplares

fantásticos que

se completam,

pesando 600

kg (Figura 2).

Na casa do

prof. Dr.

Herbert

Pöllmann está

outro exemplar

com 2,80 m de

altura (uma

banda) (Figura

1) e em Lauf,

no ZWL do Dr. Jürgen Göske, está a banda simétrica do exemplar original. As duas se

completam.

A Drusa de Ametista do Acervo Recente do Museu de Geociências

Marcondes Lima da Costa, curador do Museu de Geociências

Figura 1. Amostra doada ao Museu de Geociências (2436); abaixo detalhes cristais de ametista com

inclusões de goethita e sobrecrescimento de calcita; ao lado grande drusa (2,8 m de altura) de

ametista e quartzo do acervo do prof. Herbert em Eschberg, Alemanha.

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BOGEAM 2 ( 2015): Único

Em inglês spheniscidite. Pertencente ao grupo da leucofosfita foi descoberta na Ilha

Elefante, pertencente a um conjunto de ilhas na parte britânica da Antártica. O nome é

derivado de “Sphenisciformes”, que é o nome científico dos pingüins. Foi aprovada em 1986

pela IMA e a sua formação é atribuída à interação de soluções fosfáticas derivadas de guanos

com minerais cloríticos e micáceos, em solos sobre áreas de pingüins na Antártida

(http://webmineral.com).

A amostra em questão foi coletada por estudantes e pesquisadores do Projeto PROCAV,

da UNIFESSPA, de Marabá e da empresa Vale, em trabalho de reconhecimento de diferentes

cavernas em formações ferríferas na Serra Norte, em Carajás.

Na fotografia, a esfeniscidita corresponde ao cimento cinza-esbranquiçado, que envolve

uma porção central, concrecionária, rica em fragmentos ângulos de formações ferríferas, em

matriz goethítica-hematítica, semelhante ao que é descrito como a “canga ferruginosa” ou

crosta ferruginosa laterítica, topo dos platôs em Carajás. Adicionalmente, observa-se, na

porção superior da imagem, o mesmo mineral em texturas arborescentes, centimétricas, de

coloração cinza escura.

Ocorrem, frequentemente, nas

paredes das cavidades, ou

mesmo no teto e no piso das

mesmas, formando diferentes

tipos de espeleotemas. Sua

identificação foi feita por

Difratometria de Raios-X, nos

laboratórios do IG-UFPA.

Este trabalho é parte da

dissertação de mestrado do estudante Alan Rodrigo Leal de Albuquerque, em

desenvolvimento no PPGG-UFPA.

Além da localidade original, onde foi descoberta, poucas ocorrências de esfeniscidita

foram descritas no mundo, e descritos na literatura, conforme busca recente no portal de

periódicos da Capes. A primeira ocorrência desse mineral em ambiente de cavernas foi feita

por Sauro et al. (2014), em cavernas de quartzitos em Corona 'e Sa Craba (SW Sardinia,

Itália). A questão mais interessante a ser investigada, naturalmente, está relacionada a sua

origem, se também pode ser atribuída a guanos – no caso, de excrementos de morcegos ou

outros animais, em cavernas – ou uma outras possibilidade inorgânica (por exemplo,

hidrotermal).

Esfeniscidita, (NH4,K)(Fe,Al)2(PO4)2(OH)

Rômulo Simões Angélica, Professor e Chefe dos Laboratórios de Tecnologia Mineral, do PPGG/IG/UFPA

Figura 1: A esfeniscidita corresponde ao cimento cinza-esbranquiçado, que

envolve uma porção central, concrecionária, rica em fragmentos ângulos de

formações ferríferas, em matriz goethítica-hematítica.

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BOGEAM 2 ( 2015): Único

Encravada entre serras e vales na zonal rural de Pedro II, estado do Piauí, 195

quilômetros ao norte de Teresina, a Mina do Boi Morto é a maior mina de opala a céu aberto

do mundo e a mais importante do Brasil. Segundo moradores locais seu nome homenageia um

boi muito valente, morto ali por um sertanejo, o que fez com que o local passasse a ser

conhecido como Boi Morto. Sua história de aventura & perigo, data dos anos 30 do século

XX, quando a primeira amostra de opala foi encontrada e logo atraiu curiosos ao local.

Inicialmente a garimpagem era praticada de forma rudimentar, sendo frequentes os

desabamentos e morte dos trabalhadores. Após anos de exploração clandestina, a mina foi

abandonada. A partir de 2005, o trabalho de recuperação permitiu a retomada da exploração

de opala, assim como possibilitou a visitação turística ao local, feita sob responsabilidade da

ACONTUR (Associação dos Guias-Condutores de Turistas e Visitantes de Pedro II).

Atualmente a mina é administrada pela empresa OPEX e parte dela é cedida a uma

cooperativa local de garimpeiros, que explora o rejeito da mineração avaliado em 10 milhões

de m3.

Visitar a Mina do Boi Morto é passear entre geohistória & aventura. A partir do portão

de acesso, são 3 km de caminhada em estradinha de terra margeando um lindo vale, até a

chegada ao sopé do paredão de arenito que esconde a mina (Figura 1). Uma vez lá, não há

como escapar à magnitude geológica do lugar.

Figura 1. Aspecto geral do paredão de arenito da Mina do Boi Morto. Desenho e imagem,

Fernanda Ferreira

A Mina do Boi Morto: Aventura Geológica no Mundo das Opalas

José Fernando Pina Assis & Adria Kanome Mori Soares

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BOGEAM 2 ( 2015): Único

As Opalas de Pedro II

Opala, formada por sílica hidratada (SiO2. nH2O) associa-se às calcedônias (chert, jaspe,

ônix, ágata), Forma-se quando rochas arenosas são atravessadas por fluidos em alta

temperatura que “cozinham” os cristais de quartzo e lhes dão aspectos ímpares de coloração,

iridescência e translucência.

Pedro II é Terra da Opala, como diz orgulhoso seu portal. A mineração da opala

representa mais de 90% da receita bruta do município, cujo polo joalheiro conta com mais de

50 lojas & lapidarias que completam a cadeia produtiva que produz anualmente mais de 400

quilos de joias entre brincos, colares, pingentes chaveiros, amostras de mão parcialmente

lapidadas (Figura 2), além dos famosos mosaicos de sete cores (Figura 2), obra prima das

Opalas de Pedro II.

Figura 2: Cristais de opala em amostra de mão semi lapidadas (esquerda); mosaicos de sete

cores de Pedro II (direita). https://www.google.com.br/search?q=opalas+de+pedro

REFERÊNCIAS

Abreu, F.A.M, Assis, J.F.P - Roteiro para Trabalho de Campo em Geologia Introdutória. Universidade

Federal do Pará, Faculdade de Geologia. 2013.

Allaby, M. – Oxford Dictionary of Geology & Earth Sciences. Oxford Univ. Press. 2013

Soares, A.K.M. - Prática de Campo em Geologia Geral – Relatório Final. Universidade Federal do

Pará, Faculdade de Geologia. 2014.

http://www.pi.agenciasebrae.com.br/sites/asn/uf/PI/Mina-do-Boi-Morto-%C3%A9-uma-das-mais-

famosas-do-mundo.

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BOGEAM 2 ( 2015): Único

Figura 1: Entrada do Museu; un mineral preciós, variscita; veio de variscita

(imitação); amuletos e joias em variscita, arqueológicas.

Os minerais verdes parecem ter tido especial valor na pré-história da humanidade, a

exemplo dos tão admirados muiraquitãs amazônicos, ou aqueles caribenhos esculpidos em

quartzo, amazonita, tremolita-actinolita e raramente jadeíta. Em Gavá, nos arredores de

Barcelona-Espanha, um belíssimo fosfato de alumínio, tomou destaque, a variscita, também

empregada na confecção de valiosos adornos, cujo início de sua exploração data ainda do

Neolítico Inferior.

Evidências arqueológicas permitem reconstituir um cenário de exploração subterrânea

de expressiva escala, o maior conhecido no cenário europeu, estabelecido por inúmeras

galerias que se comunicam entre si por meio de túneis sub-verticais, onde a variscita se

apresentava em veios associada também a outros minerais verdes, como a turquesa,

metavariscita, genericamente conhecidos como calaíta. Neste sítio, intitulado Can Tintorer,

além dos majestosos vestígios da exploração mineral, encontram-se ossadas humanas,

artefatos líticos, como ferramentas confeccionadas em calcedônia, e opala, além dos próprios

adornos em variscita.

O sítio arqueológico

de Gavá foi transformado

em um fantástico complexo

museológico, “Parque

Arqueológico Minas de

Gavà”, onde o visitante

caminha em cima de pisos

transparentes que permitem

visualizar as escavações,

além do acesso a réplica

fiel das galerias, salas de

exposição dos materiais

escavados e resultados dos

estudos, tudo amparado por recursos audiovisuais ricos em efeitos 3D, além é claro de uma

simpática loja de souvenires, onde é possível adquirir uma amostra de variscita, seja in natura,

ou em belos adornos (não arqueológicos). Um cenário empolgante para qualquer visitante, e

muito mais para admiradores dos minerais, uma grata surpresa durante uma excursão do 10th

Internacional Symposium on Knappable Materials - On The Rocks (Barcelona, 09/2015), da

qual os autores tiveram a grata satisfação de participar.

A Variscita de Gavá: Um Presente de Barcelona

Suyanne Flávia Santos Rodrigues, Museu de Geociências/UFPA/PDJ- CNPQ e Marcondes Lima da

Costa, Curador do Museu de Geociências/UFPA

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BOGEAM 2 ( 2015): Único

O fóssil de tartaruga foi coletado pelo Prof. Dr. Marcondes Lima da Costa no barranco

da margem direita do igarapé Diabinho, que estava naturalmente muito fraturada. O Igarapé

Diabinho é afluente pela margem direita do rio Envira, que drena os municípios de Feijó e

Tarauacá, no Acre. Tem em geral vale encaixado nos sedimentos da Formação Solimões, os

quais são ricos em fragmentos de vertebrados fósseis. O Igarapé Diabinho, no período

chuvoso, eleva assustadoramente o seu nível de água, adquirindo alto potencial erosional,

erodindo suas margens, e expondo de vez em quando registros dos referidos fósseis na

vazante (Costa et.al., 2003).

Os fragmentos do fóssil do quelônio (tartaruga) são constituídos principalmente de

hidroxiapatita e calcita que estão associados a outros minerais como quartzo, pirita e a barita,

além de minerais de argila e óxidos e hidróxidos de ferro. A barita é o segundo mineral

autigênico mais abundante, sempre encontrada dentro de cavidades, e se apresenta em

aglomerados de cristais prismáticos subédricos ocupando as bordas das cavidades. Ocorre

também em cristais tabulares ou laminares, isoladas ou como rosetas. A barita e calcita são

encontradas frequentemente associadas no mesma parte óssea.

A apatita deve ser a possível fonte de Ba para formação da barita já que concentração de

Ba na bioapatita da tartaruga do igarapé Diabinho é elevada, em média 4024 µg g-1

. O

aumento da concentração de Ba é geralmente interpretado como um efeito de aridez e

evaporação, que são os fatores que controlam a concentração deste elemento (Samoilov et al.,

2001). Portanto a remineralização durante a diagênese dos fragmentos fósseis ricos em

biopatita (Trueman et al., 2004) favoreceram a formação da barita, já que o ambiente foi

também rico em sulfatos, como o gipso, além da calcita que comprova o ambiência sub-árida

a sub-úmida. A formação de calcita pode representar o período mais úmido quando a

evaporação pode ter sido temporariamente limitada (Bodzioch e Kowal-Linka, 2012).

Barita na Tartaruga do Diabinho

Maria do Socorro Progene, PDR PPGG/UFPA/CAPES e Marcondes Lima da Costa, curador do

Museu de Geociências

A B C

Figura 1: (A) Fragmentos de ossos fósseis da tartaruga do Diabinho e, (B e C) imagens de

MEV da barita mostrando suas formas e distribuição no fóssil quelônio (tartaruga do igarapé

Diabinho).

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BOGEAM 2 ( 2015): Único

REFERÊNCIAS

Bodzioch, A., Kowal-Linka, M. 2012. Unraveling the origin of the Late Triassic multitaxic bone

accumulation at Krasiejów (S Poland) by diagenetic analysis. Palaeogeography, Palaeoclimatology,

Palaeoecology 346-347; 25–36.

Costa. M.L., Almeida, H.D.F., Rego, J.A. R., Jesus, I.M., SÁ, G.C., Brabo, E.S., Santos, E.O.,

Angélica, R.S. 2003. Aspectos Físico-Químicos e Considerações Geoquímicas sobre as Águas

Fluviais do Acre. In: Congresso Brasileiro de Geoquímica, 9, Belém. Anais. Belém, SBGQ. p.322-

324.

Trueman, C.N.G., Behrenmeyer, A.K., Tuross, N., Weiner, S., 2004. Mineralogical and compositional

changes in bones exposed on soil surfaces in Amboseli National Park, Kenya: diagenetic mechanisms

and the role of sediment pore fluids. Journal of Archaeological Science 31, 721–739.

Samoilov, V.S., Benjamini, Ch., Smirnova, E.V., 2001. Early diagenetic stabilization of trace elements

in reptile bone remains as an indicator of Maastrichtian–Late Paleocene climatic changes: evidence

from the Naran Bulak locality, the Gobi Desert (South Mongolia). Sedimentary Geology 143, 15–39.

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BOGEAM 2 ( 2015): Único

A busca de informação científica para embasar as dissertações e teses, são ações intencionais,

planejadas e em demasia

cansativas. Mas de quando

em vez a emoção nos toma

e até nos incentiva a

esclarecer, mais e mais, os

fatos que se apresentam nos

ensaios, testes e hipóteses.

E quem disse que não

se pode achar emoção no

mundo microscópico que se

apresenta na atmosfera e dos depósitos de particulados? Neste caso, na avaliação da interação entre

a composição dos aerossóis, névoas e poeiras que se precipitam em superfícies das estruturas

metálicas, linhas de transmissão e isoladores elétricos num universo técnico e contido da

manutenção do sistema elétrico de potência (SEP).

Vinte campanhas realizadas no entrono das cidades de Barcarena-PA e São Luís-MA,

utilizando coletores direcionais de depósito de poeiras (CDDP), conforme figura 1, dispostos a 3m

do solo, expostos por aproximadamente 30 dias. Nesta oportunidade se depositam partículas

minerais, material biogênico, sais dissolvidos são precipitados, etc.

Entre as quase 100 imagens obtidas nas 8 seções de caracterização dos particulados no

microscópio eletrônico de varredura (MEV) a busca resultou num intrigante zircão.

Figura 2- Amostra SEVC-

2a Coleta P2O. As imagens

a esquerda e a direita

mostram o grão de zircão

e o espectro químico a

direita confirma a sua

presença.

Não era de se esperar? Ou era? Um mineral acessório comum em grande variedade de

rochas ígneas e metamórficas ácidas, como o zircão e na grande maioria dos solos. Devido às suas

propriedades físicas e resistência química, é encontrado também em quase todos os sedimentos

detríticos, sendo importante mineral traçador. Como assim? Com essa densidade (4,6g/cm3), como

chegaria um grão de zircão a um coletor de partículas a 3m do solo? Ressuspensão? Transporte pelo

vento? Mas com essa densidade? Como pode? Assim, pode-se dizer que em vez de encontrar

respostas, às vezes encontramos mais perguntas... E esse é um relato verdadeiro de uma pesquisa

em andamento, onde qualquer semelhança com a realidade, não é mera coincidência.

Figura 1: Coletor de depósito direcional de poeira – CDDP. A esquerda esquema do

CDDP. Ao centro tubo coletor individual. A direita P1- Barcarena-PA. Fonte: ABNT IEC

60815-1

Como Quem Junta Tesouros: O Zircão

Darilena Monteiro Porfírio, doutoranda no PPGG-UFPA e pesquisadora da Eletronorte.

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BOGEAM 2 ( 2015): Único

Hoje, 16.12.2015, no fechamento do Boletim BOMGEAM 2(2015), nos apresentou o

senhor Francisco de Assis, nascido em Tarauacá, batizado em Rio Branco e morador de

Belém, aposentado da UFPA. Ele veio munido de um saquinho de plástico com 15 caquinhos

de 3 a 5 mm de comprimento, de cor azul clara, transparente, com cantos angulosos, grosso

modo lembrando até arestas e faces (figura 1). Mas no olhar mais acurado, eram fragmentos

de arestas vivas e superfícies semi-planas. De imediato, após pergunta o nome do senhor, e a

segunda pergunta, que normalmente vem com resposta evasiva e mentirosa, “onde coletou

esse material?” – Rio Branco, disse ele. –Rio Branco, Acre? – Sim. – Impossível!

Impossível!!! – Não, é verdadeiro. – Mas como? Só se for no papo da galinha! – e é isso

mesmo, foi no papo da galinha. Meu irmão tem uma casa no conjunto Panorama e comprou

areia para construção, e as galinhas ficam ciscando por lá. – Eu disse: mas isto aqui está com

pinta de fragmentos de vidro de para-brisa de automóvel ou caminhão. – E aí ele calou-se.

Pedi a Flávia para uma análise rápida por microraman. Não deu outra. VIDRO!!!, 100%

VIDRO. A galinha, na ausência de pedrinhas para o seu papo, usou o que tinha: fragmentos

de vidro de para-brisa. Reciclagem?

Este exemplo não é isolado, com frequência recebemos pessoas interessadas em

identificar materiais geológicos, em geral na esperança de achar um tesouro e de ficar rico pra

sempre, não ter mais que trabalhar. Que tristeza!

Figura 1. Caquinhos de vidro encontrados no papa de galinha em Rio Branco-AC pelo irmão do senhor

Francisco de Assis.

Vidro no Papo da Galinha de Rio Branco-AC

Marcondes Lima da Costa, Curador do Museu de Geociências e Suyanne Flávia Santos Rodrigues

PDR/IG/CNPQ e Museu de Geociências

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BOGEAM 2 ( 2015): Único

O material apresenta-se compacto, moderadamente mole e moderadamente denso. A

matriz é formada por camadas irregulares esverdeadas e marrons contendo caulinita (kao),

quartzo (qz) e lizardita/crisotila (lz/cry). Texturas tipo boxwork embranquecidas são

observadas na matriz. Por vezes vinculações e pontuações pretas preenchem fissuras. Na parte

superior uma camada milimétrica verde intensa de lizardita/crisotila recobre uma parte da

amostra.

A Garnierita dos Animais Selvagens (Mina Onça Puma)

Oscar Jesus Choque Fernandez, IFPA (Instituto Federal do Pará)

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BOGEAM 2 ( 2015): Único

Alguns depósitos lateríticos conhecidos pelo mundo afora sempre me intrigaram, em

geral eles são jovens e estão em regiões climáticas e paleoclimáticas incompatíveis com a

lateritização. Vogelsberg Mounts na Alemanha é um deles. Seus depósitos foram muito

importantes para o País, que os explorou como fonte de Fe e Al desde o início do século 20 e

se estendeu até os anos 1990. O apogeu foi durante a segunda guerra mundial, por motivos

óbvios. Os lateritos de Vogelsberg foram muito bem estudos por Harrassowitz (1926), que os

descreveu de forma detalhada, incluindo sua mineralogia e composição química, demonstrou

a riqueza em Al e Fe, e reconheceu a sua íntima derivação dos basaltos miocênicos (17 a 15

Ma) da região pela lateritização. É marcante a distribuição das formações lateríticas restritas

apenas ao domínio desses basaltos. O material argiloso sob o domínio de nódulos de oxi-

hidróxidos de Fe-Al em matriz terrosa foi denominado de Roterde por Schellmann (1966)

enquanto a zona de nódulos de laterito. Schwarz (1997) desenvolveu trabalho completo e

discute a importância paleoambiental dessas formações. Recentemente Leonardo Boiadeiro

Negrão por força de atividade prática de disciplina por mim ministrada, analisou e discutiu os

dados obtidos a partir de 4 amostras que coletamos com colegas da Halle in loco, quando

preenchi parte de minha grande curiosidade sobre Vogelsberg. A ida a Vogelsberg foi um

pedido meu ao prof. Herbert feito aanos atrás e que se concretizou em 17.09.2015. Nesta

empreitada participaram além de nós dois (Marcondes e Herbert), o Dr. Thomas Deggen, que

além de motorista foi o geólogo cabeça, desbravou a área, desceu na cava, ajudou a coletar e

embalar as amostras; Dra. Suyanne F. S. Rodrigues que entrou na lama (chovia sem parar), e

Edinaldo Tavares e Edna Trindade que assistiam tudo de longe, capturando imagens. Como a

área já foi muito explorada, boa parte do material laterítico já foi lavrado, mas ainda foi

possível fazer algumas observações e coletar amostras. Mas minha desconfiança continua,

pois minhas observações demonstram que alguns depósitos lateríticos, ou de material

laterítico equivalente, seja de origem subvulcânica. O melhor exemplo para isto está na

península de Kamchatka, na Rússia, onde pretendo ir o mais breve possível, após a rápida

visita a Vogelsberg em Lich. O belo trabalho divulgado em poster por Filatov et al na EMC

(European Mineralogical Conference) em 2012, Frankfurt, em que abordam a formação de

hidróxidos de alumínio nas condições imaginadas, me recomenda a dar continuidade a minha

investida. E os exemplos de lateritos não lateríticos não são tão poucos. Que ironia, não!?

Vogelsberg, Alemanha: Lateritos Miocênicos em Plena Europa Central! Seriam

possíveis?

Marcondes Lima da Costa, Curador do Museu de Geociências/UFPA

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BOGEAM 2 ( 2015): Único

Figura 1. EMC – Frankfurt 2012: Dr. Filatov e Marcondes em Frankfurt; Arredores de Lich nos morros de

Vogelsberg próximo a mina Eiserne Hose; a cava abandonada em campos atuais de agricultura; Dr. Deggen

coletando amostras.

REFERÊNCIAS

Harrasowitz, H.1926. Laterit – Material und Versuch erdgeschichtlicher Auswertung. Fortschritte der

Geologie und Palaeontologie, Verlag von Gebrueder Borntraeger, Berlin. P. 253-566.

Schwartz, T. 1997. Lateritic bauxites in Central Germany and implication for Miocene paleoclimate.

Paleogeography, paleoclimatology and paleoecology, 129: 37-50.

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BOGEAM 2 ( 2015): Único

Foi no final de julho de 2015, como em quase todos os anos, mais uma edificação

histórica desaba no Centro Histórico de Belém. O caso ocorreu após um incêndio iniciado na

edificação vizinha, depois passou para o sobrado de três andares de esquina, ainda preservado

quase que na sua totalidade, com vários ornamentos, entre eles o azulejo nas suas duas

fachadas, que veio abaixo.

De paginação composta por dois padrões, um principal e outro a moldura, foram

produzidos entre o final do século XIX e o início do XX, com a técnica da decalcomania, na

Bélgica, conforme as inscrições que constam no tardoz das peças: Boch & Fréres La

Louviere. Suas características indicam que a mineralogia da parte cerâmica, resultante da

tecnologia avançada para o preparo da pasta e da queima, deve inseri-lo no grupo que contém

principalmente quartzo, mullita e cristobalita, entre outros minerais. São azulejos industriais

com enorme valor cultural pela sua história, mas principalmente por fazer parte da edificação.

Misturados aos escombros era possível observar milhares de fragmentos ou peças inteiras

destes azulejos. Foi quando ficamos agoniados por salvar as peças. Aproximamo-nos das

áreas permitidas e recolhemos o que era possível. Contamos também com a ajuda dos que se

sensibilizaram como nós, vislumbrando a possibilidade da recuperação e retorno dos azulejos

ao local de origem, evitando assim que tudo aquilo fosse parar no lixo. Ao mesmo tempo em

que estávamos voluntariamente envolvidos no resgate desse patrimônio, ficamos assustados

com o valor que os azulejos assumiram. Eles viraram objeto de cobiça, muitos resolveram

guardá-lo como lembrança deste trágico momento do Centro Histórico de Belém. Os azulejos

passaram a fazer parte de coleções particulares, viraram “presentinhos do incêndio”.

Nesse momento percebi que, se não tivermos a consciência de que o lugar do azulejo é

no seu local de origem, não restará uma só fachada azulejada para contar a história deste

patrimônio. Ele ficará apenas nos livros e na memória de alguns.

Figura 1: Da destruição ao resgate. . A esquerda a casa em plena ruína; no centro os entulhos da casa sinistrada; à

direita “azulejos” históricos recuperados da casa sinistrada e depositados no LACORE.

O Azulejo Daquela Casa que Foi Derrubada

Thais A. B. Caminha Sanjad

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BOGEAM 2 ( 2015): Único

Figura 1. Aspecto da muralha da FSJM onde se observam diversos

tratamentos de arenitos ferruginizados: em blocos em cantaria

formando os cunhais, em cortes curvos compondo o cordão de

contorno das muralhas e nas bases das guaritas, neste caso

encobertas por pintura.

A Fortaleza de São José de Macapá /FSJM no Amapá é uma edificação monumental

situada às margens do Rio Amazonas, cujas obras transcorreram ao longo de 18 anos, entre os

anos de 1764 e 1782. Dentre os materiais empregados na sua construção, destacam-se os

arenitos ferruginizados que predominam sobre outros materiais rochosos como as crostas

lateríticas ou as tijoleiras cerâmicas. Sua importância geológica, econômica, ambiental e

cultural reflete sua ocorrência e utilização, especialmente como material construtivo, em toda

região amazônica, sendo recorrentes nas edificações históricas.

São rochas geralmente escuras, de coloração marrom a avermelhada, com mineralogia

típica em que grãos de quartzo, em predomínio à matriz ferruginosa, são cimentados por

goethita e hematita, principalmente. Suas características texturais e mineralógicas permitiram

seu emprego em diversas formas e funções na FSJM. De maneira menos trabalhada aparecem

na conformação das paredes das cortinas e muralhas e na pavimentação da praça central.

Porém denotam uso nobre em cortes definidos e talhados com precisão para amarração dos

bastiões em blocos angulosos definindo os cunhais, bem como nas áreas em que se exigiam

cortes curvos a exemplo da maior parte da linha de cordões das muralhas e nas bases das

guaritas. De uso mais geral, os arenitos ferruginizados também foram aplicados nas alvenarias

mistas das edificações internas, escadarias e soleiras.

Como materiais constituídos nas

mesmas condições climáticas em que a

obra se insere, as alterações decorrentes

do intemperismo nessas rochas, se

confrontados aos demais materiais

construtivos, não são das mais

impactantes. Contudo, o próprio

contexto arquitetônico que requer a

construção em vários blocos interligados

por camadas de argamassas,

diferentemente dos afloramentos

naturais, permite maior suscetibilidade

destas rochas exigindo cuidados na sua

manutenção preventiva. O conhecimento

científico quanto à aplicação e

características petrográficas desses materiais são bases para subsidiar os planos de

conservação e preservação do patrimônio cultural.

O Arenito Ferruginizado da Fortaleza São José de Macapá

Roseane da Conceição Costa Norat, doutoranda do PPGG/IG/UFPA & Marcondes Lima da Costa,

curador do Museu de Geociências do IG/UFPA

riga

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BOGEAM 2 ( 2015): Único

A cidade de Belém/PA tem suas origens com a ocupação de uma porção de terra firme

às margens da Baía do Guajará, cercada por terrenos alagadiços e igarapés, onde foi

estabelecido o Forte do Castelo, marco de sua fundação em 1616. A partir desse ponto ao

longo do tempo consolidaram-se os núcleos da Cidade, atual bairro da Cidade Velha,

Campina e posteriormente o Reduto, os quais compõem a delimitação do seu centro histórico.

processo de urbanização com a abertura de vias, construção de moradias e outras obras

decorria em terrenos com forte atuação intempérica caracterizados pelos perfis lateríticos.

As unidades litoestratigráficas que compõem a área da cidade de Belém são o Grupo

Barreiras, os sedimentos Pós-Barreiras e a Unidade Cobertura Detrítica-Laterítica. O primeiro

é composto por 8 fácies litológicas, porém, de forma geral são observados argilitos, siltitos e

intercalações de lentes de arenitos (Oliveira 2011). Os lateritos imaturos de ampla distribuição

se formaram a partir de suas litologias. A segunda consiste de sedimentos (na verdade solos)

de cor amarelada, inconsolidados formados predominantemente por grãos de quartzo

arredondados e de granulação muito fina, sobrepostos às rochas do Grupo Barreiras, mas

lateritizadas. E a última ocorre geralmente recoberta por latossolos amarelados.

Figura 3: Manuscrito da cidade de Belém por Algemeen Rijksarchief, Haia. 1640, onde se

observar uma zona de praia e faixa de possível perfil laterítico recoberto por aterramentos na

faixa onde se localizam hoje a área portuária e Estação das Docas e Feira do Ver-o-Peso.

(Reis Filho, 2000).

A iconografia histórica de Belém mostra a evolução da paisagem ao longo do tempo e

auxilia na interpretação dos impactos que podem ser observados quanto aos alagamentos

recorrentes em pontos característicos da cidade, inclusive no centro histórico. Os processos

Iconografia Histórica e a Geologia no Centro Histórico de Belém/PA

Jamylle Trindade de Matos, Roseane da Conceição Costa Norat, Marcondes Lima da Costa

Linha de praia posteriormente aterrada

Terrenos alagadiços e igarapés

Contorno de perfil laterítico

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BOGEAM 2 ( 2015): Único

de ocupação assim como sucessivos aterramentos de áreas alagadas e braços de rios são frutos

da ação antrópica e alteraram apenas superficialmente a geologia local. A análise dos mapas e

plantas antigos assim é de fundamental importância para a compreensão dos fatores que

contribuíram para os processos de urbanização da região e seus impactos até o presente.

REFERÊNCIAS

OLIVEIRA, José Guilherme Ferreira de. Geologia e recursos minerais da Folha Belém - SA.22-X-D-

III, Estado do Pará, escala 1:100.000 / José Guilherme Ferreira de Oliveira, Regina Célia dos Santos

Silva. – Belém: CPRM – Serviço Geológico do Brasil, 2011.

REIS FILHO, Nestor Goulart. Imagens de Vilas e Cidades do Brasil Colonial. 1. ed. São Paulo:

EDUSP/Imprensa Oficial, 2000. v. 1. 411 p.

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BOGEAM 2 ( 2015): Único

Os desafios da educação no país exigem estratégias que possibilitem o acesso às

diversas áreas do conhecimento, buscando maior atratividade e incentivo à pesquisa entre

crianças e jovens. O projeto Mineralogia Aplicada ao Estudo de Materiais e sua Conservação

na Engenharia Militar da Amazônia, financiado pelo CNPq, permitiu aplicar tais conceitos.

Dentre seus objetivos destaca-se o de contribuir para o entendimento dos processos naturais e

antrópicos de alteração e degradação de materiais de construção de monumentos históricos da

Amazônia além de estimular o caráter de pesquisa e extensão entre a academia e a sociedade,

contribuindo para a formação de mulheres nas carreiras de ciências exatas e engenharias.

Tendo como instituição co-executora uma escola pública de ensino fundamental e

médio de bairro periférico de Belém/PA, o projeto incentivou a integração de professores da

universidade, escola e bolsistas, dentre os quais duas meninas do ensino médio e uma de

graduação em Geologia. Ao longo dos anos de 2014 e 2015, os bolsistas puderam vivenciar

ao lado dos pesquisadores da universidade, experiências em trabalhos de campo, coletas de

materiais, atividades em minicursos e exposições, visitas e atividades em laboratórios, com o

acompanhamento e supervisão dos

professores orientadores. A integração da

comunidade estudantil da escola se deu por

meio de visita à universidade e ao Museu de

Geociências e na participação em eventos

com aulas e palestras. O foco da pesquisa

em fortificações permitiu a interface com

aspectos históricos e de valorização da

memória cultural. A experiência foi exitosa

em diversos aspectos e por evidenciar a

importância dos espaços não-formais no

processo de ensino aprendizagem em que

tal mediação promove a interação de

diálogos e possibilita a todos avançarem em

seus conhecimentos. A conexão da equipe com atividades práticas visando o repasse de

conhecimento específico, foi fundamental para oportunizar o aprendizado dos diversos

conteúdos abordados, com o fomento ao caráter de interdisciplinaridade nas pesquisas que

integrou a tecnologia da conservação e do restauro às geociências, química, biologia,

engenharias, arquitetura e história.

A Interação Pesquisa Científica, Ensino Médio e a Preservação do Patrimônio Cultural

Roseane da Conceição Costa Norat, Alex de Oliveira

Figura1: Visita ao Museu de Geociências da UFPA de

alunos da Escola Estadual de Ensino Fundamental e

Médio Aldebaro Klautau, com bolsistas do projeto

financiado pelo CNPq, que incentivou a participação

de alunas do ensino médio na pesquisa científica.

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BOGEAM 2 ( 2015): Único

A região da Serra dos Carajás possui um enorme potencial de recursos naturais

renováveis e não renováveis em escala mundial. Sobre os recursos naturais renováveis, a

macro área de Carajás apresenta uma cobertura florestal intacta, de ambiente equatorial e

interrompida por clareiras de vegetação rala do tipo savana. Essa vegetação mais conhecida

como savana metalófila e/ou vegetação de canga por ter relação com a cobertura lateríticas

que capeia os depósitos de minério de ferro de Carajás apresenta uma diversificação botânica

que até o momento tem sido estudada e encontrada espécies novas e ou desconhecidas na

região. A família das Orchidaceae não fica atrás dessa situação em que os levantamentos

botânicos atuais têm revelado. Nos idos da década de 90 foi publicado um livro “Orquideas de

Carajás” em que faz referências de 40 espécies encontradas em áreas de floresta, de canga e

de transição (Neponuceno et al. 1990). Em particular nas áreas de vegetação de canga são

poucas as espécies encontradas cabendo destaque para as espécies terrestres Sobralia

liliastrum, Catasetum planiceps, Epidendrum nocturnum e Cyrtopodium sp. A Serra Sul e as

demais nas áreas de vegetação de canga são frequentes essas espécies (Figura 1).

Figura 1: Imagens das principais ocorrências de orquídeas nas áreas de vegetação de canga

onde ocorre o minério de ferro. A-Sobralia liliastrum; B- Cyrtopodium sp.; C-Catasetum

planiceps e; D- Epidendrum nocturnum.

REFERÊNCIAS

Neponuceno, L. C.; Cevidanes, W. S.; Silveira; E.C.; Silva, J. P.V. 1990 Orquídeas de Carajás.

Compania Vale do Rio Doce. Rio de Janeiro. 1990. 36p.

Orquídeas do Minério de Ferro da Serra Sul

Clóvis Maurity - pesquisador adjunto A do ITV.

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BOGEAM 2 ( 2015): Único

O município de Abaetetuba no Pará, com apenas 1.090 km2 (150.000 habitantes), às margens

da baía de Marapatá, cuja sede está não tão distante de Belém, tem produzido muitas coisas boas. É

uma delas foi a cachaça (alguém me vai desconjurar), que

se tornou famosa até os anos 1970 pela sua boa qualidade.

Erva vendida em garrafões no Ver-o-Peso. Por esse motivo

Abaetetuba ficou conhecida como a Terra da Cachaça. Seu

sumiço pode ser creditado à concorrência e a falta de

recursos para a modernização de seus engenhos e

alambiques. Os engenhos de cana-de-açúcar na região

datam do início do século passado, e produziam aguardente

e açúcar, um sucedâneo dos antigos engenhos de maré

coloniais. Hoje só existem ruínas dos mesmos. Uma pena,

não? Outra obra sui generis são os brinquedos de MIRITI.

Não tem igual no Mundo. Mas alguma coisa está surgindo

das “cinzas” ou da “lama”. Um ótimo exemplo é dado pela Cachaça Abaetetuba, do casal Levi e

Marly Chavaglia. O alambique se situa no Sítio Santa Felicidade, em Abaetetuba. A cachaça é

fabricada de forma experimental há 10 anos e somente em 2015, após inúmeros testes e degustações,

foi lançada ao público. Atualmente ela é fabricada em duas versões (Figura 1): Prata e Amburana.

Está previsto um novo lançamento de cachaça envelhecida no barril de castanheira

(http://www.boulevarte.com.br/cachaca-abaetetuba/,14.12.2015). A amburana tem tonalidade de

Ouro. Ela poderia ser chamada em vez de Amburana Ouro e assim faria uma bela dupla com a Prata,

além disso, estaria no reino Mineral, não é verdade?

A cachaça Abaetetuba chegou ao meu conhecimento através da ex-funcionária de nosso Museu

de Geociências, Sra. Patrícia Silva Pinheiro. Ao apreciar essa cachaça, identifiquei nela um bom

produto. Passei degustá-la em traguinho quase diário, dividindo outros traguinhos com colegas e

apreciadores. Ganhei coleção de copinhos que estão sobre minha mesa, e até passaram a me chamar

de Cachaceiro. Distribuí a Abaetetuba pelos meus cantos de viagens corriqueiras: Alemanha, Feijó,

Rio Branco, Baía do Sol, e mais recentemente Carajás. Em casa ela divide espaço com outras boas

cachaças e vinho. É um Santo Remédio em medidas homeopáticas, seja Ouro, seja Prata. Beba com

responsabilidade redobrada. Exclusivo para maiores de idade.

Recomenda-se a leitura do trabalho L.A. Figueiras et al. s/d. Produção da cachaça artesanal em

Abaetetuba: um símbolo da cultura popular e patrimônio imaterial do povo abaetetubense.

(http://www.xveneq2010.unb.br/resumos/R0431-2.pdf, 14.12.2015).

A Cachaça Abaetetuba, A Cachaça Apreciada pelo Museu de Geociências nas Versões Prata

e Ouro (Amburana)

Marcondes Lima da Costa, Curador do Museu de Geociências

Costa

Figura 1: Cachaça Abaetetuba: Prata e

Amburana (Ouro, minha sugestão).

http://www.boulevarte.com.br/cachaca-

abaetetuba-no-boulevarte/

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BOGEAM 2 ( 2015): Único

Belém, 17 de novembro de 2015

Ilmo. Sr.

Prof. Dr. João Batista Miranda Ribeiro

DD. Diretor do Instituto de Geociências - UFPA

Assunto: Projeto TRILHA MINERAL NO CAMPUS – TMC

Prezado Professor João Batista,

O Museu de Geociências em face de sua importância crescente perante a comunidade

em geral, mais enfático ao nível escolar e universitário do campus e extra-campus, resolveu

desenvolver o projeto TRILHA MINERAL NO CAMPUS – TMC. Este projeto visa mostrar a

importância mineral do Estado do Pará e da Amazônia e despertar a atenção da sociedade em

formação para este setor. O projeto consiste em adquirir via doação de empresas privadas do

setor mineral e coligadas, bem como do governo Federal e Estadual, blocos de rochas, de

minerais e minérios representativos em massa ao redor de 2 a 3 t e distribuí-los no Campus,

especialmente na área de domínio do Instituto de Geociências. Cada bloco será assentado

sobre uma base de concreto e junto ao mesmo posto uma placa metálica com as informações

básicas sobre o material (rocha, minério, mineral, fóssil), além daquelas relativas aos créditos

dos colaboradores efetivos.

Para que este projeto se torne realidade é necessário o envolvimento da Administração

do IG e da UFPA no sentido de fortalecer as solicitações, doações e transporte dos blocos,

bem como de preparar as bases e placas para assentamento dos mesmos. Também são

importantes players os professores e alunos, que no seu contato no dia a dia com colegas de

poder de decisão nas empresas e instituições, poderão sensibilizá-los e até mesmo indicar

blocos para assentamento no Campus da UFPA.

Temos absoluta certeza que esse projeto será de grande impacto para divulgar as coisas

minerais, a importância das Geociências da UFPA e atrair a participação da comunidade em

geral aos assuntos dessas ciências, e assim melhor conhecer aquilo que usa no seu dia-a-dia.

E com certeza também projetará ainda mais o IG e a UFPA.

A primeira doação será feita pela SCIENTIA CONSULTORIA nos doando e

transportando um bloco de 3,5 t, representando o Complexo Xingu, aflorante no domínio da

Hidrelétrica de Belo Monte. Esse bloco será entregue no dia 10.12.2015 no Campus do

Guamá.

Projeto Trilha Mineral no Campus (TMC)

Marcondes Lima da Costa, Curador do Museu de Geociências

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BOGEAM 2 ( 2015): Único

Inicialmente, como forma exemplar, e tendo em vista que se encontram nos arredores de

Belém (raio de até 200 km) recomendamos adquirir blocos das seguintes minas e/ou pedreira,

e que para isto, seja utilizada a infraestrutura da UFPA, que a dispõe:

1. Granito Tracuateua, em Tracuateua, Pará;

2. Calcário Pirabas, próximo a Capanema, via CIBRASA - Grupo João

Santos;

3. Gipso, CIBRASA – Grupo João Santos;

4. Minério de Fosfato (bloco) da mina de Bonito, Grupo B & A (Agnelli);

5. Crosta laterítica colunar, Mosqueiro;

6. Arenito Ferruginizado, Arredores de Mosqueiro;

7. Caulim do Capim, Imerys e/ou Grupo João Santos;

8. Bauxita de Paragominas, Hydro;

9. Fosfatos do Cansa Perna;

10. Areia Branca (em tonel e disposição em vidro);

11. Seixo (em tonel e disposição em vidro);

12. Entre outros.

Distantes de Belém:

1. Carajás –Vale:

Minério de Ferro

Maciço

Jaspilito

Minério de

Manganês

Minério de Cobre

Minério de Níquel

Granito Carajás

2. Mineração Buritirama

Minério de

Manganês

3. Lunagold, Aurizona-MA

Minério de Ouro

Crosta Laterítica da

Serra do Pirocaua

4. Votorantim Metais

Bauxita de Rondon

Belterra de Rondon

Montar o perfil

laterito-bauxítico em

miniatura de 2 m de altura.

5. Norte Energia – Scientia

Consultoria

Granito Complexo

Xingu com Pegmatito

E muitos outros.

Aguardamos o engajamento pleno da

administração do IG e da UFPA a este

projeto, pequeno, mas de grande impacto,

certamente.

Att.,

Prof. Marcondes Lima da Costa

Curador do Museu de Geociência

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BOGEAM 2 ( 2015): Único

O Museu de Geociências recebeu como doação do professor Marcondes um belo

exemplar de drusa de ametista com 50 x 70 cm de comprimento e pesando quase 45 kg. Este

exemplar foi adquirido em 1996 na região de Iraí, Rio Grande do Sul. Os cristais de ametista

contêm inclusões de goethita acicular-radial de tonalidade ouro e ocupam a porção das

terminações romboédricas. Sobre pondo os cristais de ametista, localmente, se estabeleceram

cristais escalenoédricos (dente de cão) de calcita branca.

O geólogo Carlos Tadeu Cassini, com mestrado em Geologia e Geoquímica sob a

orientação do prof. Marcondes, empresário do setor Mineral, com especialização em

Gemologia e apreciador de um bom chimarrão, está nos visitando em pleno período natalino.

Ele promete trazer coisas minerais muito interessantes. Chega dia 17.12.2015. Vale conferir.

Estará na nossa festa Natalito 2015.

O geólogo Nélio da Matta Rezende, com mestrado em Geologia e Geoquímica sob a

orientação dos professores Marcondes e Rômulo, geólogo sênior da empresa Lusitânia, com

pesquisas na Ásia (Myanmar), está de passagem por Belém e visitou o Museu. Desta vez não

fica para nossas festas natalinas. Vamos sentir muita a sua ausênciaa, pois além de trazer

muitos belos presentes, canta bem, e alegra muito a festa.

O prof. Dr. Hailton Igreja da Geologia UFAM em Manaus e sua esposa em passagem

por Belém, fizeram questão de visitar o Museu e aos seus olhos nós somos lindos.

Cerca de 60 alunos calouros do Curso de Geologia da UNAMA vieram em peso

conhecer o Museu de Geociências em novembro passado. Gostaram muito. Videm imagem

dos visitantes.

O professor Marcondes será sabatinado em “concurso” de Professor Titular pela banca

constituída pelos eminentes professores titulares Celso Barro Gomes (USP), Lauro Nardi

(UFRGS), Elson Paiva de Oliveira (UNICAMP) e João Batista Correa da Silva (UFPA) em

Belém no dia 29.01.2016. Não percam. O Professor Elson Paiva já foi professor do curso de

Geologia da UFPA nos anos 1970, quando Marcondes em 1974 foi seu aluno na disciplina

Petrografia, enquanto Joao Batista foi seu professor de Fotografia Aérea na mesma época.

Notícias

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BOGEAM 2 ( 2015): Único

Uma memorável obra de arte, rica em pedras preciosas, de alto simbolismo para o poder

e a justiça dos homens, está sendo replicado e em fase final de conclusão. Ela irá abrilhantar a

nossa tão mal cuidada cidade de Belém. Aguardem pra ver. Vai ser um estouro.

O Museu de Geociências lançou o projeto TRILHAS MINERAIS NO CAMPUS

(TCM), que visa adquirir e distribuir de forma adequada, seguindo os preceitos museológicos,

em locais estratégicos em torno das Geociências e também do Campus da UFPA, blocos

métricos e/ou de 2 a 4 t, envolvendo minerais, minérios, fósseis, rochas e produtos minerais.

Já contamos com o apoio total do Prof. Dr. João Batista, diretor do Instituto de Geociências.

O primeiro bloco já chegou e é noticiado neste boletim: o Xinguzão.

Nossa programação natalina, o Natalito do Museu e do GMGA está belíssimo. Uma

criação da Suyanne Flávia. A programação está rica, muito eclética. É ver para crer. O cartão

alusivo com programação consta deste número do BOMGEAM. O Museu de Geociências vai

viver um dia muito alegre, temos certeza.

A Doutoranda Roseane Norat, orientada do prof. Marcondes, encerrou na forma de

Seminário com fantástica e elogiosa programação, em 15.12.2015 na FAU, o projeto sob sua

coordenação Mineralogia Aplicada ao Estudo de Materiais e sua Conservação na

Engenharia Militar da Amazônia, financiado pelo CNPQ dentro de programa específico da

Secretaria de Políticas para as Mulheres. Vide programação no Boletim.

Um dos mais importantes eventos do setor Mineral no Brasil, o SIMEXMIN, que

transcorre bienalmente, em sua próxima versão será realizado de 15 a 18 de maio de 2016,

como sempre na cidade de Ouro Preto. Além do evento em si, a cidade de Ouro Preto

dispensa comentário, e vale pena conhecê-la em todos os seus aspectos culturais, históricos,

da mineração, geológicos e mineralógicos. Ele conta com o mais antigo e belo Museu de

Mineralogia do País (Museu de Ciência e Técnica da Escola de Minas de Ouro Preto), em

pleno histórico desta cidade.

A Sociedade Brasileira de Geologia realizará em 2016 o 48º CONGRESSO

BRASILEIRO DE GEOLOGIA, na cidade de Porto Alegre (RS). Também é um evento de

grande impacto.

BOA LEITURA E SE PREPAREM PARA O NÚMERO 3 (2016). CONVIDEM SEUS

COLEGAS, AMIGOS E DEMAIS PESSOAS INTERESSDAS EM CIÊNCIAS

GEOLÓGICAS E SUA POPULARIZAÇÃO.