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Boletim Informativo do CEAF/Escola Superior do Ministério Público - Ano 6 - nº 40 - dez./04 FIM DE ANO É TEMPO DE FESTAS. E DE FORMATURAS NA ESCOLA SUPERIOR. Turmas do 1° Curso de Direito Público e do 4° Curso de Direito Penal em 22 de outubro, na Capital, na foto maior; tirma do 2° Curso de Direito Público, também na Capital, dia 14 de dezembro; e turma do 1° Curso de Direito Penal em Sorocaba. Paulo Hideo Shimizu, novo corregedor-geral fala dos planos para sua gestão LIVROS Para suprir uma lacuna na literatura jurídica, a ESMP coloca à disposição dos membros da Instituição o tema “Direito Penal Militar e Processual Penal Militar” no Caderno Jurídico ano 3, volume 6, n° 3, referente a julho/dezembro de 2004. - Mais livros na página 17. Páginas 10 a 17 Páginas 18,19 e 20 ENTREVISTA

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Boletim Informativo do CEAF/Escola Superior do Ministério Público - Ano 6 - nº 40 - dez./04

FIM DE ANO É TEMPODE FESTAS. E DEFORMATURAS NAESCOLA SUPERIOR.

Turmas do 1° Curso de Direito Público e do 4° Curso de Direito Penal em 22 deoutubro, na Capital, na foto maior; tirma do 2° Curso de Direito Público, tambémna Capital, dia 14 de dezembro; e turma do 1° Curso de Direito Penal em Sorocaba.

Paulo HideoShimizu, novocorregedor-geralfala dos planospara sua gestão

LIVROSPara suprir uma lacuna naliteratura jurídica, a ESMPcoloca à disposição dosmembros da Instituição otema “Direito Penal Militare Processual Penal Militar”no Caderno Jurídico ano 3,volume 6, n° 3, referente ajulho/dezembro de 2004.- Mais livros na página 17.

Páginas10 a 17

Páginas 18,19 e 20

ENTREVISTA

2 PluralBOLETIM INFORMATIVO DA ESCOLA

SUPERIOR DO MINISTÉRIO PÚBLICO

Diretor:Luís Daniel Pereira Cintra

Assessores:Edgard Moreira da Silva

Maria Amélia Nardy PereiraOswaldo Peregrina Rodrigues

Parisina Lopes Zeigler

Jornalista responsável:Rosana Sanches (MTb 17.993)

Apoio Gráfico:Imprensa Oficial do Estado

Rua da Mooca, 1.921

Tiragem e Periodicidade:3.000 exemplares - Bimestral

EXPEDIENTE

Luís Daniel Pereira Cintra,procurador de Justiça e diretor do CEAF/Escola Superior do Ministério Público deSão Paulo e presidente do CDEMP.

Estamos concluindo mais umano na direção de nossa Esco-la Superior. Dirigir a ESMP étarefa árdua, mas muito gratifi-cante. Nessa função consegui-mos concretizar muitos de nos-sos ideais, boa parte deles ima-ginados por ocasião de nossoingresso na carreira de promo-tor de Justiça, há quase 25 anos.Hoje nos encontramos diante deum MP diferente na sua estru-tura e na sua atuação funcio-nal, mas os ideais que susten-tam o promotor são praticamenteos mesmos. A Escola, dentro deuma filosofia voltada à utilida-de dos eventos que promove emrazão das atividades- fins de-senvolvidas pelo promotor, bus-ca a realização de cursos de ex-tensão, que somam o número de16 em pouco mais de um ano,boa parte deles no interior doEstado, alcançando os núcleosde São José do Rio Preto,Fernandópolis, Presidente Pru-dente, Sorocaba, Franca e Cam-pinas. Além disso, os Cursosde Especialização em DireitoPenal e em Interesses Difusosreceberam nova formatação,sempre em função da metodolo-gia e de aspectos didáticos quepossibilitem resultados mais ade-quados aos fins colimados poresses cursos no interesse cientí-fico e, também, institucional.Conseguimos fazer seminários,com interesse direto para as fun-ções desempenhadas pelos co-legas, que alcançaram todas asregiões do Estado, inclusive des-centralizando territorialmentesua realização,consoante suges-tão dos coordenadores de Nú-cleo Regional, de modo que oseventos não ficassem circunscri-tos à sede do respectivo núcleo,mas se expandissem pelas diver-sas comarcas que o integram. As-sim, a Escola logrou a realiza-ção de mais de 60 semináriosao longo do ano, cujo número

desejamos ver ampliado em2005. Os painéis quinzenaispara preparação e aperfeiçoa-mento dos Estagiários supera-ram nossas expectativas, poisuma parcela significativa de es-tagiários do Interior compare-ceram regularmente aos eventose as inscrições se esgotavam pre-cocemente, fato que nos levouà repetição do tema em outrasoportunidades. Para que essessonhos se concretizassem, temosinvestido no aperfeiçoamentoda estrutura da ESMP e na bus-ca de parcerias. No âmbito ad-ministrativo, buscamos a ade-quação de várias rotinas, sobre-tudo com vistas a que os melho-res resultados fossem alcança-dos com o dispêndio de menoresforço. Hoje, por exemplo, to-dos os eventos da Escola sãogerenciados por banco de da-dos, que planejamos e concre-tizamos. Nossos equipamentosde informática também têm sidoconstantemente atualizados.Recentemente, no início de de-zembro, a ESMP obteve equipa-mento para a construção de webprópria, com banda larga au-tônoma, o que permitirá, a cur-to prazo, que as inscrições noseventos seja via Internet, bemcomo permitirá que os alunostenham acesso direto aos res-pectivos prontuários. Buscare-mos ainda concretizar o sonhoantigo de publicação virtualdeste Boletim Informativo e, tam-bém, do Caderno e da RevistaJurídica da ESMP, inclusive cominserção dos números anteriores,fato que, além de outros benefí-cios mais relevantes, levará àeconomia de recursos humanose financeiros. Também pretende-mos, em vista disso, permitir oacesso de colegas à página doCDEMP e ao material de dou-trina jurídica nela disponibi-lizado por colegas de outrasEscolas do Brasil. A recente

reforma constitucional do Judi-ciário, promulgada no últimodia 08 de dezembro, bem comoa aprovação da nova Lei de Fa-lências no Congresso Nacional,exigirão muito trabalho daESMP, razão pela qual jáestamos elaborando projetospara que cursos e semináriospossibilitem a atualização e oaperfeiçoamento necessários. Oano vindouro será o último denosso mandato junto à direçãoda ESMP, mas nem por isso ima-ginamos fenecer no entusiasmo.Pretendemos ampliar e aindaaperfeiçoar os serviços presta-dos, particularmente na ofertade outros cursos de extensão,inclusive com a realização decursos de extensão universitá-ria para graduandos em Direi-to. Outro desiderato que alme-jamos diz respeito à oferta decursos para servidores, prova-velmente dentro de um formatosimilar ao utilizado nos painéisde estagiários, de modo que opromotor consiga desenvolverseu mister com auxiliares melho-res qualificados e capacitados.Com o trabalho desenvolvido aolongo de nossa gestão, temoscerteza que legaremos uma es-cola consolidada para o cole-ga que assumir o bastão queora conduzo.

A CONSOLIDAÇÃO DA ESCOLADE PROMOTORES DE JUSTIÇA

EDITORIAL

Plural 3EVENTO

A Escola Superior doMinistério Público de São Paulo(ESMP) e a Agência Nacional deÁguas (ANA), com o apoiocultural do Colégio de Diretoresde Escolas dos Ministérios

Públicos do Brasil (CDEMP),promoveram, nos dias 4 e 5 denovembro de 2004, no auditóriovermelho da ESMP, o Curso deGestão de Recursos Hídricos –Aspectos Jurídicos. O evento

contou com ilustres presenças,como a de José Goldemberg,secretário de Estado do MeioAmbiente de São Paulo, e Mar-cos Freitas, diretor da AgênciaNacional de Águas, que com-

puseram a mesa deabertura juntamentecom representantes daESMP e palestrantesconvidados.

Os temas de-senvolvidos nos doisdias de duração dostrabalhos foram:Direito das Águas,Política Nacional deRecursos Hídricos,Participação da So-ciedade na Imple-mentação da PolíticaNacional de RecursosHídricos, Usos Múlti-plos dos RecursosHídricos, Outorga eCobrança, Fisca-lização do Uso dosRecursos Hídricos, AGestão de RecursosHídricos nas BaciasHidrográficas dosRios Piracicaba, Ca-pivari e Jundiaí; Polí-tica e Gestão de Re-cursos Hídricos noEstado de São Pauloe, para finalizar, umamesa redonda comdebates sobre opapel e a atuação doMinistério Público noGerenciamento deRecursos Hídricos.

GESTÃO DE RECURSOS HÍDRICOS NOAUDITÓRIO VERMELHO DA ESMP

4 PluralEVENTO

Sua participação é importante. Se você tiver um artigo sobre as áreas de atuação do Ministério Públicoou sugestões, entre em contato com a Escola. Endereço: R. Minas Gerais, 316, Higienópolis,

CEP 01244-010 - Telefone: 3017-7777. E-mail: [email protected].

LEMBRE-SE

Plural 5EVENTO

No segundo dia do evento,os debates sobre a

Gestão de Recursos Hídricosreuniram uma mesa de

especialistas no assunto e uma platéia interessada

em se aprofundar no tema

6 Plural

MAIS QUATRO PAINÉIS ENCERRAM OCICLO DE PALESTRAS EM 2004

ESTAGIÁRIOS

DIA 22 DE OUTUBRO

A idéia é proporcionar aos estagiários o mais intensoprograma de atividades possível, para que o

aproveitamento do tempo de estágio no Ministério Públicode São Paulo seja total. Por isso, mais quatro painéis

foram realizados em outubro e novembro, semprenas tarde de sextas-feiras. Confira as fotos.

A Promotora de Justiça MariaAmélia Nardy Pereira, assessorana Escola Superior do MinistérioPúblico, apresenta aos estagiáriosos colegas Eronides AparecidoRodrigues dos Santos, 7° Promo-tor de Justiça de Falências,

Maximiliano Rosso, 1° Promo-tor de Justiça de Arujá, e Már-cia Leguth, 4° Promotor de Jus-tiça de Guarulhos, que foram ospalestrantes no segundo painel adesenvolver o tema “Promoto-rias de Justiça da Família e das

Sucessões, Cível e de Interes-ses Difusos e Coletivos”, tratan-do sobre “A Promotoria de Jus-tiça Cível” , subdividida nos te-mas “Falências e Concordatas”e “O Novo Código Civil: Reper-cussões Processuais”.

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DIA 5 DE NOVEMBRO

ESTAGIÁRIOS

Terceiro painel do ciclo depalestras sobre “Promotorias deJustiça da Família e das Suces-sões, Cível e de InteressesDifusos e Coletivos”, o tema “APromotoria de Justiça da Áreade Interesses Difusos e Coleti-vos” também foi dividido emdois subtemas: o primeiro, O In-quérito Civil - Aspectos Polêmi-cos; e, o segundo, Breves Con-siderações sobre a Ação CivilPública.

O evento foi realizado naEscola Superior do MinistérioPúblico no dia 5 de novembro,das 13 às 18 horas, e teve comoexpositores Fernando Henriquede Moraes Araújo, 5° Promo-tor de Justiça de Mogi das Cru-zes, e Ricardo Augusto Mon-temór, 1° Promotor de Justiça deMogi das Cruzes (para falaremsobre o inquérito civil); CamilaMansour Magalhães da Silveira,13° Promotor de Justiça de San-to André e Marcelo Sciorilli, 1°Promotor de Justiça de Itaqua-quecetuba (que trataram sobreação civil pública).

Como em todos os painéisrealizados este ano, o do dia5 de novembro também tevetodo o espaço do auditório“Júlio Fabbrini Mirabete”tomado pelos estagiários.A cada nova palestra, maisconhecimento. Desta vez,aproveitando a experiênciados promotores que falaramsobre inquérito civil e açãocivil pública. Na foto abaixo,Fernando Henrique de Moraes Araújo e Ricardo AugustoMontemór, ambos promotoresna cidade de Mogi das Cruzes.

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DIA 19 DE NOVEMBRO

ESTAGIÁRIOS

“A promotoria de Justiça daInfância e Juventude”, 4° painel dociclo de palestras Promotorias de

Justiça da Família e das Suces-sões, Cível e de InteressesDifusos e Coletivos, teve como

subtemas “O Princípio da Prote-ção Integral no Estaturo da Crian-ça e do Adolescente”, tratado porDenise Elizabeth Herrera Rocha,3° Promotor de Justiça de Mauá,e João Paulo Faustinoni e Silva,3° Promotor de Justiça de Poá, e“A Ação Sócio-educativa”, de-senvolvido por Sofia FadistaSbrighi, 2° Promotor de Justiça deFerraz de Vasconcelos, e RodrigoSanches Garcia, Promotor de Jus-tiça de Cordeirópolis.

Os estagiários inscritospara esse painel também lotaramas dependências do auditório“Júlio Fabbrini Mirabete” na tar-de de 19 de novembro.

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DIA 26 DE NOVEMBRO

ESTAGIÁRIOS

Marcos Grella Vieira, 15°Promotor de Justiça de Campi-nas, e Alexandre Rocha Almeidade Moraes, 3° Promotor de Jus-tiça de Atibaia, foram os dois ex-positores no 5° Painel do ciclo depalestras sobre “Promotorias deJustiça da família e Sucessões,Cível e de Interesses Difusos eColetivos”. Com o tema “Outrasrelevantes Atribuições do Promo-tor de Justiça” dividido em doissubtemas, “Considerações sobreo Estatuto do Idoso” ficou a car-go de Marcos Grella Vieira, e “ODireito da Pessoa Portadora deDeficiência”, com Alexandre Ro-cha Almeida de Moraes.

Confira as fotos do eventoque encerrou o ciclo de painéispara estagiários no ano de 2004.

10 PluralENTREVISTANOVO CORREGEDOR QUER ISENÇÃO,

EFICÁCIA E RAPIDEZ NO MINISTÉRIO PÚBLICO

Para Paulo Hideo Shimizu, só assim será possível inibir eneutralizar quaisquer ingerências externas que possam surgira partir das mudanças estruturais que ocorrerão na instituição

após a Reforma do Judiciário. Conheça os planos do novocorregedor-geral, expostos nesta entrevista ao promotor

Edgard Moreira da Silva e à jornalista Rosana Sanches.

Plural: Por que o senhor quisser corregedor?Paulo Hideo Shimizu: Bom, sercorregedor não é um projeto pes-soal. O que leva um procuradorde Justiça a ser corregedor, es-pecificamente no meu caso, é oespírito de ajudar, de contribuirpara o aperfeiçoamento da Insti-tuição; oferecer para a classe aexperiência adquirida duranteanos integrando diversos órgãosda administração superior - portrês vezes o Órgão Especial doColégio de Procuradores, portrês vezes também o ConselhoSuperior do Ministério Público. Eesse é um momento em que pas-samos por uma crise institucional,por conta de reformas que afe-tam profundamente a estrutura doMinistério Público. É um momen-to em que aqueles que, de umaforma ou de outra, têm algumadisponibilidade e conhecimentopara oferecer à Instituição, devemoferecer. Essa é a razão maiorpela qual submeti meu nome aoColégio de Procuradores.Plural: O senhor conhece bema Corregedoria, pois trabalhouanteriormente nesse órgão.Paulo Hideo Shimizu: Fui asses-sor em época passada, por duasvezes respondi pela Corregedo-ria provisoriamente, em caráter

temporário; substituindo o dr.Agenor Nakazone, também as-sumi a Corregedoria em duasocasiões distintas. E afora essavivência direta junto ao órgãocorrecional, também oferece sub-sídio a convivência nos órgãoscolegiados, onde a participaçãodo corregedor como membronato é indispensável - no caso, doÓrgão Especial do Colégio de

Procuradores e do Conselho Su-perior do Ministério Público.Plural: As pessoas, em geral,têm certo temor em relação àCorregedoria, que é um órgãode fiscalização. O senhor dizque foram vários os fatoresque o levaram a submeter seunome. Em que momento, efe-tivamente, aconteceu a deci-são de concorrer?Paulo Hideo Shimizu: Não pre-tendia concorrer ao cargo de

corregedor em 2004 porque umcolega, o dr. Bertone, estava coma campanha em andamento. Mas,por esses imprevistos da vida, porquestão de saúde, ele não pôdeconcorrer e, apoiado por um seg-mento grande de amigos, de co-legas da Instituição que pediramque eu submetesse meu nome,não pude recusar, principalmentepelo pedido partir da estirpe de

colegas de 2ª instância,gabaritados, de significativa atua-ção na Instituição. Agora quantoao aparente receio da classe emrelação à atuação da Correge-doria, na verdade acaba sendouma cultura dos próprios mem-bros da Instituição, que marcamuito o aspecto da fiscalização.Mas, antes da fiscalização e daeventual punição, a Corregedoriatem por meta, como atribuiçãoespecífica, a orientação. A

“O aparente receio daclasse em relação à atuação

da Corregedoria acabasendo uma cultura dospróprios membros da

Instituição, que marcamuito o aspecto dafiscalização. Mas a

meta é a orientação.”

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Corregedoria deve exercer, emprimeiro lugar, a orientação, para,se for o caso, punir. Para tanto,há a necessidade de fiscalização,mas não há esse aspecto mera-mente punitivo. Antes da punição,deve preponderar a orientação.Plural: Dentro dessa coloca-ção de a Corregedoria ser umórgão de orientação, o senhornão considera que o relaciona-mento com a Escola, que é umórgão de aperfeiçoamento eorientação, deve ser aindamais próximo, com um traba-lho efetivo e conjunto paramelhorar os aspectos que seapresentarem deficientes noexercício da atividade do pro-motor? O senhor, como novocorregedor, tem algum planonesse sentido?Paulo Hideo Shimizu: Não sóacho que dá para a Escola e aCorregedoria trabalharem emconjunto, como considero indis-pensável. Como eu disse, o cor-regedor-geral integra o ConselhoSuperior do Ministério Público,um órgão da administração supe-rior onde se concentra a movi-mentação da carreira dos promo-tores. Ele integra, como membronato também, o Órgão Especialdo Colégio de Procuradores, on-de se definem os assuntos admi-nistrativos e de interesse direto daInstituição. E integra ainda o Con-selho da Escola Superior doMinistério Público. Todos sabe-mos que principalmente aqui noEstado de São Paulo, onde aEscola exerce um papel prepon-derante na formação inicial dopromotor, principalmente noscursos de adaptação, é evidenteque esse ensinamento da ESMP

vai repercutir no desenrolar, namovimentação da carreira dessepromotor. E cabendo aocorregedor a fiscalização da atu-ação do promotor, se alguma fa-lha for de-tectada, pode ser con-tornada na origem. E aí a Escolaexerce um papel preponderante.A Corre-gedoria deve trabalharem conjunto com a Escola por-

que é do entrelaçamento das duasatribuições que se pode orientare moldar o perfil de promotor ide-al para a Instituição. É precisoconcentração e auxílio mútuos.Corregedoria e Escola devemcaminhar juntas.Plural: Quais os planos imedi-atos que o senhor tem para suagestão na Corregedoria?Paulo Hideo Shimizu: De ime-diato, a novidade é o que eviden-cia agora pela promulgação daReforma do Judiciário, que alte-ra substancialmente também aestrutura do Ministério Público.Numa conseqüência mais imedi-ata, o que o Ministério Públicodeve fazer é buscar a adaptaçãoa essas novas regras constitucio-nais. Então, no que tange ao Con-selho Nacional do Ministério Pú-blico, que exerce sim tambémuma atuação de fiscalização dosórgãos da Instituição, é preciso

que o MP, o de São Paulo pelomenos, neutralize e assegure asgarantias dos membros da nossainstituição de 1ª e de 2ª instânci-as. Hoje, o promotor deve exer-cer uma atuação isenta, eficaz erápida. Por que? Porque somen-te com essas medidas o Ministé-rio Público reunirá condições deneutralizar as ingerências externas

decorrentes desse Conselho Na-cional. Não adianta nos lamentar-mos, esta aí, essa é a realidade e,diante dela, temos que encontraro remédio, não para combater oConselho, mas para neutralizareventuais injustiças ou ingerênci-as indevidas na nossa Instituição.Para isso, é necessário que sefaça de imediato um diagnósticoda real situação do MinistérioPúblico. Dou exemplos: há ne-cessidade de um acompanha-mento direto e imediato nas pro-motorias muito distantes, que es-tão há muito tempo sem fiscaliza-ção, sem um acompanhamentodireto dos órgãos da administra-ção superior. Regiões pobres oudistanciadas, como Mirante doParanapanema, o Vale do Ribei-ra, a região de Itapeva. Essas re-giões terão a preferência, a prio-ridade numa visita, num acompa-nhamento da Corregedoria, para

ENTREVISTA

“A Corregedoria devetrabalhar em conjunto com

a Escola porque é doentrelaçamento das duasatribuições que se pode

orientar e moldar o perfilde promotor ideal

para a Instituição.”

12 Plural

que o Ministério Público tenha umdiagnóstico mais efetivo de suarealidade, e possa encontrar oremédio necessário para comba-ter uma eventual anomalia.Plural: Como complementa-ção a essa questão, a preocu-pação que vislumbramos é ade que esse órgão, esse Con-selho Nacional que ainda de-pende de uma regulamenta-ção, possa ser usado por mausprofissionais da área jurídica,ainda mais se valendo da mí-dia, para tentar pressionar opromotor de Justiça a atuar deuma forma ou de outra. Nessecaso, parece-nos que a atua-ção da Corregedoria seria fun-damental porque não vemoscomo o conselho possa atuar,nacionalmente, sem passarpela atuação da Corregedoria.Como o senhor vê essa rela-ção direta entre o Conselho ea atuação da Corregedoria?Paulo Hideo Shimizu: Está pre-visto o prazo de 180 dias para seregulamentar esse Conselho Na-cional. Vou mais além: esse con-selho, por se tratar de um órgãonovo, cuja estrutura, que só temuma espinha dorsal na qual a com-posição terá que ter o procura-dor- geral da República, mem-bros do Ministério Público Fede-ral, do Judiciário, cidadãos indi-cados pelo Senado, representan-tes da OAB, tem sim que noscausar temor de ser mal utiliza-do, até mesmo como instrumen-to político ou de força para inti-midar a atuação do MinistérioPúblico. Isso é uma realidade quenão podemos desconhecer e daqual não podemos fugir porquetodos sabemos a pressão que se

exerce contra o Ministério Públi-co por conta da investida noajuizamento de ações civis con-tra os poderosos. E com um ins-trumento desse porte, que é oConselho Nacional, esse conse-lho pode sim se tornar um instru-mento perigoso contra a atuaçãodo membro do MP. É por issoque reforço: nesse momento,cabe um esforço concentrado econjunto dos membros da Insti-tuição. É preciso que a respostaparta do Ministério Público, atra-vés da atuação efetiva, serena eequilibrada, exatamente para ini-bir a ingerência externa. É comuma boa atuação, eficaz e seguraque o Ministério Público, hoje, vaiinibir ou neutralizar uma eventualinvestida não só do ConselhoNacional – até porque não estoudizendo que o Conselho Nacio-nal foi criado com esse propósi-to, estou dizendo é que ele pode,sim, ser utilizado como instrumen-to político e como forma de pres-são aos membros do MinistérioPúblico e até mesmo do Judiciá-rio. Essa é a única forma que po-demos encontrar para inibir ou

neutralizar investidas desses seg-mentos externos.Plural: O senhor consideraque, para isso, é necessário

um aperfeiçoamento da estru-tura da Corregedoria?Paulo Hideo Shimizu: Não.Nem daria tempo. A Corre-gedoria tem que trabalhar com osinstrumentos de que dispõe. Nãohá uma fórmula mágica, não hátempo para mudar a Lei Orgâni-ca. É redução de prazo, é o di-agnóstico efetivo, e a prioridadeda orientação dos promotores.Porque se a Corregedoria temcomo atribuição principal eprecípua orientação e fiscalizaçãoda atividade funcional dos mem-bros da Instituição, certamente,nesse momento, com maior razãoé preciso aperfeiçoar essa atribui-ção específica da orientação. Edessa orientação combater even-tuais excessos – o que é normal eesperado dentro de uma institui-ção que conta com mais de 1700membros. Há excessos? Há, sim.E esses excessos devem ser re-pelidos, mas a concentração daCorregedoria – e não só aCorregedoria, mas também osdemais órgãos da administraçãosuperior e os próprios integran-tes do Ministério Público - deve

ser no sentido de oferecer umaatuação eficaz. Em suma, repito,é a eficácia da efetiva atuação doMinistério Público o remédio –

ENTREVISTA

“Todos sabemos a pressãoque se exerce contra oMinistério Público porconta da investida no

ajuizamento de ações civiscontra os poderosos.”

Plural 13

pelo menos agora – para inibir eneutralizar a ingerência externa.Plural: Gostaríamos que o se-nhor falasse um pouco sobrea sua carreira no MP.Paulo Hideo Shimizu: Ingresseino Ministério Público em 1978,fui promotor substituto na circuns-

crição de Ribeirão Preto, depoisfui promotor de Cardoso, na 1ªentrância; por mais de três anos,fui promotor de Fernandópolis, 2ªentrância, acumulei Jales, Estrelado Oeste, toda aquela região;depois fui promotor de SantoAndré, 3ª entrância, respondi pelaPromotoria Criminal de SantoAndré e também pela Promoto-ria Cível, na época; e depois fuipromovido, em 83, para a Capi-tal. Trabalhei na então 1ª Promo-toria Criminal Central, atuei pormuito tempo no CAEX – que foidenominado Centro de Acompa-nhamento e Execução e foi ondenasceram as primeiras ações pro-postas pelo Ministério Público, aatuação do Ministério Públicoajuizando ações na BaixadaSantista, especificamente emCubatão, no conhecido incêndioda Vila Socó – foi a primeira vezque o Ministério Público de SãoPaulo saiu da Capital para ajui-zar ações no Interior do Estado;

fui assessor da Corregedoria; in-tegrei comissões examinadorasde concursos de ingresso à car-reira no Ministério Público argüin-do as matérias de Direito Proces-sual Penal e Execução Penal; res-pondi pela Corregedoria; fui eleitopor três vezes para o Conselho

Superior; por outras três vezes fuipara o Órgão Especial; presidi oprimeiro concurso de creden-ciamento de estagiários; por duasvezes integrei comissões exami-nadoras de melhor arrazoado fo-rense. Tenho 52 anos, sou casa-do, tenho cinco filhos, um delespromotor, o José Rafael, promo-tor de Fernandópolis.Plural: A Corregedoria tem al-gum projeto de aperfeiçoamen-to, de modificação no acompa-nhamento dos promotores?Qual a sua visão da formaçãoe do acompanhamento doeventual credenciamento dosnovos promotores no sistemaque teremos a partir da refor-ma realizada na Previdência eno Judiciário? Parece que ago-ra o candidato comprovar trêsanos de atividade jurídica...Paulo Hideo Shimizu: Com essamodificação estrutural na carrei-ra do Ministério Público, volto afrisar, a própria Escola Superior

do Ministério Público passa a terpapel preponderante na formaçãodo profissional, do promotorsubstituto. Só temos uma turmaem estágio probatório, e que deveestar completando o estágio ago-ra. Vamos ter promotores substi-tutos, mas vitaliciados. Há umamodificação na Reforma do Ju-diciário, um dispositivo que diz dafreqüência ao curso da EscolaSuperior do Ministério Públicocomo condição de vitaliciamento.Então, se na reforma foi previstoum dispositivo para que o pro-motor tenha uma atuação, umaparticipação mais direta na esco-la, evidentemente que a Correge-doria tem que atuar em conjuntocom a ESMP exatamente porisso. Minha preocupação maiorera a seguinte: se a formação, ocurso de adaptação é dado pelaEscola, o acompanhamento é fei-to pela Corregedoria, agora sim,com maior razão, é preciso fazeraquela reciclagem de novo naEscola após dois, três meses queo promotor sai a campo. Ele pre-cisa voltar exatamente para seaperfeiçoar, para aparar as ares-tas, para ter uma orientação maisefetiva e, aí sim, em conjunto coma Corregedoria. Até porque, de-pois disso, ele terá que freqüentarnecessariamente cursos da Esco-la Superior como condição devitaliciamento. Nesse particular, éa Escola que ganhou o papel maissubstancial de orientação do Pro-motor de Justiça.Plural: Em relação à Magistra-tura, consta a exigência do juizpassar por curso em uma es-cola nacional, que estaria jun-to ao STJ. Mas quanto ao MPnão há essa exigência.

ENTREVISTA

“Com essa modificaçãoestrutural na carreira do

Ministério Público, aEscola ganhou papel

preponderante na formaçãodo profissional (...),

o papel mais substancialde orientação do

Promotor de Justiça.”

14 Plural

Paulo Hideo Shimizu: Mas seaplica o dispositivo, por um dis-positivo remetido, que é o 129 eque, nesse particular, se aplicaaos membros do MP. E essa Es-cola, nossa especificamente, sópode ser a Escola Superior doMinistério Público estadual.Plural: Nos concursos de in-gresso à carreira de promotorde Justiça, temos verificadoum número relevante deaprovados que foram estagi-ários do Ministério Público. Ea Corregedoria também temessa função de acompanhar efiscalizar o desenvolvimentodo estagiário, juntamente como Conselho Superior. Existealgum projeto de orientação eacompanhamento do estagiá-rio do Ministério Público jávisando a formação futura dopromotor de Justiça?Paulo Hideo Shimizu: No últi-mo concurso, por curiosidade,fiz um levantamento no Conse-lho Superior, e quase 80% dosaprovados eram oriundos doquadro de estagiários do Minis-tério Público. Esse acompanha-mento é feito muito à distânciapelos próprios promotores. Atépelo hábito do promotor, ele ain-da não soube lidar muito bemcom o estagiário. E, por uma ra-zão de certa forma compreensí-vel, o promotor se vê inibido deexigir e esperar alguma coisa doestagiário, pela bolsa pouco sig-nificativa que ele recebe – R$44,90. Até moralmente, ele nãotem como exigir uma atuação maisefetiva do estagiário, uma prepa-ração maior. Mas agora entrouum componente novo. Comocondição de ingresso, há a neces-

sidade do efetivo exercício de ati-vidade forense por três anos. Esseconceito do que vem a ser ativi-dade forense terá que ser disci-plinado por ato do Colégio deProcuradores, certamente, por-que é uma regra. Tendo em vistaque a função de estagiário, reco-nhecidamente, preenche esse re-quisito, e se houver – ao que tudoindica, haverá – uma melhora

substancial nessa bolsa, então te-remos que trabalhar no sentido deorientar e exigir um pouco maisdos estagiários, que têm se reve-lado fonte substancial de promo-tores. É desse estágio que temsaído, sim, a grande maioria dosnovos promotores.Plural: Também houve mudan-ça, na Reforma do Judiciário,na publicidade ampla dos atosque envolvem fiscalização, osprocedimentos correcionais.

Essa mudança altera algo natransparência com que aCorregedoria Geral já vinhaatuando aqui em São Paulo?Paulo Hideo Shimizu: Acreditoque não e volto a reiterar que oúnico remédio para preservar a Ins-tituição é a atuação firme, eficaz eágil. Porque o Conselho Nacionaltem como atribuição, entre tantas,poder avocar processos findos.Então, mesmo um processo ad-ministrativo que já foi processa-do e julgado aqui no MinistérioPúblico de São Paulo, isso nãoinibe. Ainda que ele esteja julga-do e arquivado, o Conselho Na-cional pode avocar esse proces-so administrativo para reavaliá-lo.Porque ao Conselho Nacionalainda se é dada a proposta de re-moção compulsória, também temcomo novidade a proibição depromoção de promotor que re-tenha injustificada-mente autos emseu poder, que exceda o prazo...Então, digamos assim, todas es-sas deficiências dos membros doMinistério Público com implica-ção na sua atuação, todas essasmedidas têm que ser repensadas,têm que ser reavaliadas. Em rela-ção à transparência, não acreditoque haja a necessidade de modi-ficação. O processo, quando nomais das vezes é sigiloso, antes deperder eventual transparência, épara preservar a figura do promo-tor e o cargo do promotor, longede ocultação - e lembrando queessa decisão é submetida à avali-ação em grau de recurso, e pe-rante o Órgão Especial do Colé-gio de Procuradores, com ampli-tude de defesa. E, agora, com oacréscimo de até mesmo os autosarquivados serem revistos pelo

ENTREVISTA

“Com a obrigatoriedade decomprovação de três anos deatividade forense, teremosque trabalhar para exigir

mais do estagiário, que temse revelado fonte substancialde promotores. É do estágioque tem saído a maioria de

novos promotores .”

Plural 15

Conselho. Para preservar a pró-pria segurança desses julgamen-tos administrativos, até se ampliouo leque de defesa do promotor.Plural: A preocupação, princi-palmente no interior, é com osensacionalismo, com o usoque se fará da mídia ou de ou-tros meios semelhantes, paratentar denegrir ou pressionaro promotor de Justiça em seutrabalho. Por isso achamos quea Corregedoria precisará deuma atuação muito mais dinâ-mica e efetiva para separarbem essas questões que sãomeramente de pressão daque-las que eventualmente possamvir a caracterizar uma infraçãofuncional do promotor.Paulo Hideo Shimizu: Sem dú-vida. Essa é a função primordiale por isso que digo que não só naCorregedoria, mas que haja essaresponsabilidade, essa conscien-tização do promotor quanto aesse aspecto. Eu disse lá atrás queas vezes há excesso por parte depromotores – o que reputo nor-mal numa instituição que congre-ga 1700 membros-, mas, feliz-mente, um excesso muito diminutoe que pode ser repelido e orien-tado. Agora, cabe principalmen-te ao promotor a conscientizaçãodessa exposição à qual ele podeestar submetido e a pressão queele pode sofrer. Para distinguir oque venha a ser uma atuação isen-ta e imparcial daquela decorren-te de eventual pressão de interes-sados na nossa atuação.Plural: Já é possível pensarem atuação conjunta de cor-regedorias estaduais em fun-ção das mudanças e da intro-dução do Conselho Nacional?

Paulo Hideo Shimizu: O quevejo é que agora é preciso umintercâmbio mais amiúde, maisconstante, uma troca de idéiasentre os corregedores-gerais decada Estado. Porque é uma re-forma que atinge a todos. E é umasituação daquelas em que convi-vendo histórias passadas e supor-tando experiências vivenciadaspor outros, desse intercâmbiopode haver uma solução melhor,que interesse ao MP do Brasil in-teiro. A experiência de São Pau-lo deve ser repassada aos demaiscorregedores dos demais Estadosassim como São Paulo deverecepcionar os fatos noticiadospor outros. É dessa troca devivências, desse intercâmbio, di-ante do fato novo que aí está, queencontraremos uma solução queatenda ao Ministério Públicocomo um todo, no Brasil inteiro.Plural: O que serve para umEstado do Brasil também ser-ve para o outro?Paulo Hideo Shimizu: Vivemosuma determinada situação quesim. Certamente, haverá visão e

interpretação diferenciadas emcada Estado, até porque cada umdetém uma particularidade ouuma peculiaridade que o outronão tem. Mas é por esse fato novo

que temos que trocar idéias, fa-zer intercâmbio. É preciso aindatornar mais constantes os encon-tros dos corregedores-gerais dosEstados porque todos passarãopor experiências pioneiras.Plural: Há também uma preo-cupação, em nível nacional,até por experiências conheci-das de outros países, de o cri-me organizado conseguir infil-trar pessoas nas instituiçõespara consolidar o avanço docrime. O que a CorregedoriaGeral pode fazer para comba-ter isso?Paulo Hideo Shimizu: Todostemos conhecimento de que ocrime organizado tem em suasramificações a preparação deseus membros para ingresso nascarreiras jurídicas, na magistratu-ra, no Ministério Público, com oúnico e exclusivo propósito deinfiltração. Felizmente, por umaforma de atuação ou por escolhanos concursos de ingresso, àsvezes a gente consegue detectar.Mas é muito difícil detectar pelosimples exame em concurso de

ingresso. Agora, na atuação dopromotor é que você vislumbrase ele efetivamente está agindocomo promotor ou se está sendoum longa manos de instituições

ENTREVISTA

“Por esse fato novo, areforma estrutural, temos

que trocar idéias, fazerintercâmbios. É preciso

tornar mais constantes osencontros dos corregedores-gerais dos Estados porque

todos passarão porexperiências pioneiras .”

16 Plural

externas. Esse campo, se for de-tectado na Instituição, tem que serrepelido de imediato. Por que é anossa defesa. Não podemos per-mitir a tolerância não só da Cor-regedoria, mas a Instituição temque ser intolerante, sob qualqueraspecto, com o mau profissional.Plural: No Brasil, vários dele-gados foram infiltrados pelocrime organizado – fato já com-provado. Como prevenção, nãoseria o caso de a Corregedo-ria estar atenta já durante oconcurso de ingresso?Paulo Hideo Shimizu: Não vejonecessidade de participação daCorregedoria no concurso de in-gresso porque nesse concurso ficadifícil detectar o propósito de in-filtração de órgãos externos nanossa Instituição. Você só vaidetectar isso na medida em queesse eventual promotor, ou esseeventual agente, passe a ter atua-ção. Até então, ele só demons-trará, perante a banca examina-dora, o conhecimento jurídico, aconduta funcional e pessoal. Émuito difícil você aferir a verda-deira finalidade, o verdadeiroobjetivo daquele candidato.Plural: Uma questão que gos-taríamos de levantar é a dasestatísticas. Parece-nos que,perante a comunidade, não háuma ampla visibilidade do tra-balho do promotor. É possívelmostrar, talvez através do sitedo Ministério Público, pelomenos a quantidade de traba-lho dos promotores?Paulo Hideo Shimizu: Se for-mos analisar na situação atual, obanco de dados montado emcima das informações prestadaspelo promotor é praticamente

restrito à própria Corregedoria.Esse banco de dados pode serdivulgado, e já está sendo, paraos demais órgãos da administra-ção do MP. Mas, na maioria dasvezes, não revela exatamente a

atuação do promotor, principal-mente daquele que tem uma atua-ção na área de interesses difusos,onde não se mede o efetivo tra-balho por número de ações ou dearrazoados. Muitas vezes, o me-lhor resultado para a sociedade éobtido através de um acordo enão de uma ação proposta. Essaatuação não é materializada emdados estatísticos. Então, é pre-ciso complementar esses dadosda atuação funcional do promo-tor com as informações relacio-nadas com a atuação em área deinteresses difusos e, no futuro, di-vulgar também essa atuação paraa sociedade.Plural: O que se nota é que ocrescimento de protocoladosque chega ao Conselho Supe-rior é avassalador. Com o mes-mo número de membros, oConselho recebe hoje um nú-mero imensamente maior doque recebia antigamente.Paulo Hideo Shimizu: Pelo me-nos hoje já se pensa, já se tem

alguma iniciativa de se minimizaresse gravame de reapreciaçãopelo Conselho Superior das pro-moções de arquivamento. Há umcrescimento muito significativo emrelação a esses procedimentos.

Posso dizer que há um acrésci-mo de dois mil procedimentosdesses por ano. E o número deconselheiros permanece o mes-mo. Há um esforço, uma criativi-dade do conselheiro para dar va-zão ao volume excessivo. Mas jáhá um início sim, e aí há resistên-cias, justas ou não, mas pelo me-nos já se pensa em minimizar essaconcentração muito grande deprotocolados junto ao ConselhoSuperior. É uma situação que, selá atrás, no passado, justificava oreexame na forma em que foi co-locado, hoje acredito até que épreciso reavaliar exatamente a di-minuição desse reexame peloConselho Superior.Plural: A Corregedoria tem,então, uma visão muito maisabrangente da atuação do pro-motor porque tem condiçõesde avaliar quanto entra, quan-to está tramitando, quantasações são propostas...Paulo Hideo Shimizu: ACorregedoria tem uma visão

ENTREVISTA

“O banco de dados não revela exatamente aatuação do promotor,

principalmente daquele queatua na área de interesses

difusos, onde não se mede oefetivo trabalho por número

de ações ou arrazoados.”

Plural 17

macro da atuação funcional dopromotor. Até das adversidades.O Conselho examina simplesmen-te uma promoção de arquivamen-to lançado em um procedimentoespecífico. O Conselho Superiordesconhece aspectos circunstan-ciais da atuação do promotor –coisa que não acontece com aCorregedoria.Plural: O senhor tem algo quegostaria de acrescentar?Paulo Hideo Shimizu: Não. Es-tou satisfeito pela oportunidadede falar sobre um fato novo. ACorregedoria – não só aCorregedoria, mas o MinistérioPúblico – terá que enfrentar umafase nova e é preciso, sim, nosadequarmos principalmente numamudança brusca como é o caso– não que ela venha de imediato,mas é inevitável. Num curto es-paço, vamos suportar os efeitodessa mudança e é normal queocorram erros, é natural, mas dequalquer forma é preciso um es-forço de todos para adaptarmoso Ministério Público à nova reali-dade normativa.

ENTREVISTA

“A Corregedoria tem umavisão macro da atuaçãofuncional do promotor.Até das adversidades.”

Membro do Ministério Público de São Paulo,Valter Foleto Santin dedica às vítimas anônimas,civis e policiais, que sofreram diretamente osefeitos da violência e da falta de segurançapública, e ao cidadão comum, que clama pormelhoria na segurança pública para levar uma vidanormal, o livro “Controle Judicial da SegurançaPública” (Ed. Revista dos Tribunais, 290 páginas), que trata daeficiência do serviço na prevenção e repressão ao crime.

“Direito Ambiental Brasileiro”, do professor PauloAffonso Leme Machado, atinge a sua 12ª edição,revista, atualizada e ampliada, pela importância jáconsagrada que assumiu na literatura jurídicaambiental. Numa linguagem acessível e precisa, anova edição capacita o leitor a aprofundar-se numaárea do conhecimento indispensável para o

exercício da cidadania. Malheiros Editores, 1080 páginas.

“Temas do Direito Militar” (Suprema Cultura, 258páginas) é uma coletânea de artigos do autor,Ronaldo João Roth, ao longo dos 10 anos decarreira como magistrado da Justiça MilitarEstadual, em revistas especializadas do Direito,de circulação nacional e internacional, edesenvolvidos em virtude de estudos e reflexões.

Fruto da experiência profissional dos autoresRicardo Cunha Chimenti, juiz de direito, MarisaFerreira dos Santos, desembargadora federal na3ª Região, Fernando Capez e Márcio FernandoElias Rosa, ambos promotores de justiça, “Cursode Direito Constitucional” (Editora Saraiva, 532páginas) é livro obrigatório para quem pretende

pesquisar o Direito Constitucional e as leis que o complementam.

César Dario Mariano da Silva vem em dose dupla com “ProvasIlícitas” (158 páginas) e “Estatuto do Desarmamento” (236páginas), ambos da Editora Forense. O primeiro trata do Princípio

da Proporcionalidade, da inter-ceptação e gravação telefônica, dabusca e apreensão, do sigilo esegredo, da confissão e da CPI esigilo. O segundo, discorre sobreo Estatuto do Desarmamento deacordo com a Lei 10.826/2003.

LIVROS JURÍDICOS

18 PluralESPECIALIZAÇÃOENTREGA DOS CERTIFICADOS REÚNE ALUNOS,

FAMILIARES E AUTORIDADES NA ESMP

Com as ilustres presenças do pro-curador-geral de Justiça do Estado de SãoPaulo, Rodrigo César Rebello Punho, dopresidente do Tribunal Regional Eleitoral,desembargador Álvaro Lazzarini, e do re-presentante do corpo discente, procura-dor de Justiça Luiz Roque Lombardo Bar-bosa, na composição da mesa, o diretorda Escola Superior do Ministério Público,Luís Daniel Pereira Cintra, comandou a so-lenidade de entrega dos certificados para

Plural 19ESPECIALIZAÇÃO

os alunos do 1° Curso de Espe-cialização em Direito Público e 4°Curso de Especialização em Di-reito Penal, ambos iniciados noano de 2001. A presença de inú-meros familiares dos alunos na so-lenidade abrilhantou a cerimôniaque se realizou na noite de 22 deoutubro de 2004, uma sexta-fei-ra, e o auditório “Júlio FabbriniMirabete”, no andar térreo doprédio da Rua Minas Gerais, fi-cou completamente lotado. Con-fira as fotos do evento.

20 Plural

SOROCABA

NA CAPITAL E NO INTERIOR, FIM DE ANO É TEMPODE FESTA. E DE ENTREGA DE CERTIFICADOS.

O auditório,repleto, para acerimônia deentrega dos

certificados deconclusão do 2°Curso de Direito

Público ministradopela ESMP na

Capital. Nodestaque, o

orador da turma,Clodoaldo

Batista Maciel.

Na noite de 14 de dezembro, oauditório “Júlio Fabbrini Mira-bete”, no térreo do prédio daEscola Superior do MinistérioPúblico, foi palco da cerimônia deentrega dos certificados para os71 alunos que concluiram o 2°Curso de Especialização em Di-reito Público - 2002, cumprindo

todas as etapasexigidas.

Familiares, professo-res presentes e aindaoutras autoridades pre-sentes se emocionaramcom o discurso do alu-no e promotor de Jus-tiça Clodoaldo BatistaMaciel, representantedo corpo discente quefalou em nome dosformandos.

Mesa com as autoridades que fizeram a entrega dos certificados aos alunos da especialização.

Plural 20ESPECIALIZAÇÃO

Em Sorocaba, interior do Esta-do, com a ilustre presença doprocurador-geral de JustiçaRodrigo César Rebello Pinho, osalunos do 1° Curso de Especia-lização em Direito Penal recebe-ram seus certificados na noite de

11 de novembro de 2004, em ce-rimônia realizada no salão nobreda Faculdade de Direito deSorocaba - FADI. Os trabalhosforam conduzidos pelo procura-dor de Justiça Luís Daniel Perei-ra Cintra, diretor da ESMP.

Público e mesa de autoridades no salãonobre da Faculdade de Direito deSorocaba, onde osalunos do 1° Cur-so de Especializa-ção em Direito Pe-nal receberam seuscertificados. Nodestaque, discursodo diretor da ESMP.