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Boletim Meteoritos Brasil Boletim informativo Meteoritos Brasil 1ª edição- Abril de 2014

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Boletim Meteoritos Brasil

Boletim informativo Meteoritos Brasil 1ª edição- Abril de 2014

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Sumário

I. Apresentação ................................. Erro! Indicador não definido.

II. Aprendendo sobre meteoritos .................................................. 3

O que são os meteoritos?

Qual o valor de um meteorito?

Quais os principais tipos de meteoritos?

Como identificar um meteorito?

O Brasil possui quantos meteoritos?

III. PNIMeteor..............................................................................10

Conhecendo o Programa de Divulgação Científica

Saiba como participar

Conheça outros programas relacionados

IV. Contando histórias de meteoritos...........................................11

O meteorito Bendegó

V. FAQ'S.......................................................................................................16 Dúvidas frequentes sobre meteoritos

VI Há um ano queda de meteorito assustava a Rússia......................17 Relembrando a queda do meteorito

VII Chuva de meteoros em Abril........................................................19

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BOLETIM METEORITOS BRASIL - ABRIL DE 2014 2

Apresentação

O objetivo da criação do “Boletim Meteoritos Brasil” é expandir as informações

sobre os meteoritos no Brasil, um assunto de grande importância científica, mas por

outro lado muito desconhecido por boa parte do país, que até hoje encontrou e

catalogou pouco mais de 60 meteoritos pelo vasto território nacional, onde

provavelmente centenas de outros meteoritos estão espalhados.

O boletim pode ser baixado mensalmente, sem nenhum custo, pelo site Meteoritos

Brasil (http://meteoritosbrasil.weebly.com/), todos eles são produzidos pelo site e

disponibilizados para download em pdf. A cada boletim, novos conteúdos são

publicados sobre os meteoritos, por meio de matérias, infográficos, vídeos, entre

outros meios.

Esperamos que goste do boletim e possa com ele, aprender e divulgar a

meteorítica no Brasil.

Boa leitura.

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Aprendendo sobre meteoritos

-O QUE SÃO METEORITOS?

Os meteoritos são fragmentos sólidos que se ‘desprenderam’ de corpos do Sistema

Solar, como por exemplo asteroides, cometas, Lua e Marte, e que chegam até a

superfície do nosso Planeta. Anualmente a Terra é bombardeada por toneladas de

matéria espacial, contudo a maior parte dos fragmentos que adentram a

atmosfera são bem pequenos e acabam se desintegrando durante a passagem

atmosférica.

Quando ainda estão no espaço, são denominados meteoroides. Quando entram

na atmosfera terrestre os meteoroides alcançam velocidades de 11 a 72 Km/s e

tornam-se incandescentes devido o atrito com o ar, passam então a serem

denominados meteoro, conhecido popularmente como estrela cadente. Usamos o

termo meteorito, para designar os meteoroides que venceram a passagem

atmosférica e chegaram então até a superfície.

A queda de um meteorito, algumas poucas vezes, é presenciada, e quem observa

a queda desta rocha extraterrestre muitas vezes não sabe do que se trata. Em

geral, a queda de um meteorito é marcada por um grande meteoro no céu,

denominado bólido, além de chiados e assovios. Quando um meteorito teve

queda presenciada ele é classificado como queda, quando o meteorito é

encontrado no campo, sem nenhum evento relacionado, ele é classificado como

achado. Presenciar a queda de um meteorito é muito difícil, então a maior parte

dos meteoritos encontrados foram simplesmente achados no campo.

Os meteoritos de até 1 tonelada são freados pela atmosfera terrestre e passam a

cair em queda livre próximo aos 10 quilômetros de altura, já os meteoritos maiores

de 100 toneladas, atingem a superfície com mais de 50% da velocidade cósmica,

explodindo tanto o meteorito quanto o solo, formando então as crateras de

impacto, ou crateras meteoríticas.

-QUAL O VALOR DE UM METEORITO?

Cientificamente, os meteoritos são muito valiosos para ciência, já que são

importantes ferramentas para o estudo da origem e evolução do Sistema Solar.

Financeiramente, um meteorito pode valer de centavos à milhões de reais, mas isso

vai depender do tipo, raridade, aparência estética, tamanho, se o meteorito é

autenticado por uma instituição que estuda meteoritos, etc.

Claro que encontrar um meteorito que vale milhões de reais é muito difícil.

Geralmente os meteoritos são idealizados de forma errada pelas pessoas, que

acham que se encontrar um meteorito vão conseguir vender este por um preço

bem alto, e até mesmo pela mídia.

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BOLETIM METEORITOS BRASIL - ABRIL DE 2014 4

- QUAIS OS PRINCIPAIS TIPOS DE METEORITOS?

Existem três tipos básicos de meteoritos: os rochosos, que são como pedra; os

metálicos, que são como aço; e os mistos, que são rocha + aço.

Os meteoritos rochosos são os mais abundantes entre os três tipos básicos, e os

meteoritos rochosos do tipo condrito correspondem ao tipo mais comum de

meteorito. Contudo, os meteoritos rochosos são mais frágeis ao intemperismo,

processo responsável pela perca das características mais marcantes dos meteoritos

tornando-os mais parecidos com as demais rochas terrestres, então são muito

difíceis de serem reconhecidos muito tempo depois da queda. A grande maioria

dos meteoritos rochosos apresentam o interior como concreto, com pintinhas

prateadas e às vezes com pontos de ferrugem. Apresentam ainda esférulas de

minerais, denominadas côndrulos, que podem ser mais ou menos visíveis,

dependendo do tipo de condrito. Os côndrulos representam a matéria primordial

da nuvem de gás que deu origem ao Sistema Solar. [Imagem: Paulo astrônomo]

Figura 1- Meteorito tipo condrito

Os meteoritos metálicos (ou sideritos, ferrosos), apesar de serem bem menos

abundantes do que os meteoritos rochosos, podem ser encontrados mesmo depois

de muito tempo após a queda, já que são mais resistentes ao intemperismo. São

fáceis de serem reconhecidos no campo, já que são muito pesados, cerca de 3

vezes mais pesado do que uma rocha terrestre de tamanho similar. O interior é

prateado como aço e são fortemente atraídos por um ímã. Os meteoritos metálicos

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são basicamente constituídos de ferro e níquel. Quando são atacados com ácido,

exibem belas estruturas, a mais comum é a estrutura de Widmanstatten.

Figura 2 - Meteorito metálico

Os meteoritos mistos (ou siderólitos) são bem mais raros, e são de composição mista

(ferro e rocha). Os meteoritos mistos do tipo Palasito, são muito belos. Veja a

imagem abaixo: [Imagem: Wikipédia]

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- COMO IDENTIFICAR UM METEORITO?

Os meteoritos apresentam algumas características que os diferenciam das demais

rochas terrestres, que são empregadas para uma análise prévia da rocha. Existem

muitos ‘’meteorwrongs’’, ou seja, rochas que parecem meteoritos, mas na verdade

são pedregulhos daqui da Terra. É muito importante o envio de uma amostra para

um especialista em meteoritos. Atente-se as informações abaixo:

Crosta de fusão: É uma fina película de alguns

milímetros que cobre a superfície externa dos

meteoritos. Em geral a crosta de fusão é preta,

mas pode ser facilmente alterada com a ação

do ambiente terrestre. A crosta de fusão é o

resto do material que foi se fundindo e

evaporando durante a passagem atmosférica.

Sulcos e depressões (regmaglitos): Os meteoritos

geralmente apresentam sulcos e depressões na

superfície, que se assemelham a marcas de

dedos deixadas em uma massa de modelar. Em

geral, essa característica é mais visível em

meteoritos metálicos.

Presença de ferro e níquel: A grande maioria

dos meteoritos possuem ferro e níquel. Quando

lixados vão exibir o interior com flocos prateados

(no caso de meteoritos rochosos condritos) ou o

interior completamente prateado (meteoritos

metálicos).

Magnetismo: Praticamente todos os meteoritos são atraídos por ímã. Nos meteoritos

metálicos, por serem constituídos basicamente de ferro, essa atração é mais forte

Forma indefinida: Os meteoritos não possuem forma definida, contudo não são fininhos

e compridos, não costumam ser pontudos, e não são redondinhos e polidos por fora.

Raramente, com forma orientada.

Densidade: Em geral, os meteoritos são um pouco ou muito mais pesados do que uma

rocha de tamanho similar. Os meteoritos metálicos são cerca de 3 vezes mais pesados!

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BOLETIM METEORITOS BRASIL - ABRIL DE 2014 7

Aproveite e faça o teste do fluxograma abaixo, ele serve para eliminar a maioria

dos “meteorwrongs”, se você acha que tem mesmo um meteorito, mande uma

amostra para o endereço que consta no fluxograma. Sua rocha será analisada e se

realmente for um meteorito, será catalogada oficialmente, e então o meteorito

passará a existir.

Interior compacto: O interior dos meteoritos não possui vesículas (buracos) como uma

esponja.

Nem toda pedra atraída por ímã é meteorito: Existem diversas rochas terrestres com

essa propriedade, por isso, nem toda pedra atraída por ímã é meteorito.

Meteoritos metálicos não são cor grafite: O interior dos

meteoritos metálicos é prateado como aço (ver imagem) e

não cor de grafite, ou avermelhado.

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- O BRASIL POSSUI QUANTOS METEORITOS?

O Brasil é um país que possui pouquíssimos meteoritos descobertos e catalogados,

levando em conta a imensa área territorial do país. Até o momento pouco mais de

60 meteoritos foram catalogados oficialmente, constando no Meteoritical Bulletin.

A carência de informação sobre a importância e identificação dos meteoritos,

somado ao clima quente e úmido, que contribui para a perca das características

mais marcantes dos meteoritos; densas florestas nativas, além de outros fatores,

contribuem para esse número tão baixo de meteoritos brasileiros. Para ilustrar esta

situação, mostramos no infográfico abaixo o “Índice de Meteoritos” (inventado

pelo site Meteoritos Brasil), que divide o número total de meteoritos catalogados

oficialmente junto ao Meteoritical Bulletin pela área territorial (em Km²) de tal país.

O resultado então é o “índice de meteoritos”, dado em X meteoritos para Y

quilômetros quadrados.

Grande parte dos meteoritos brasileiros catalogados foram encontrados em Minas

Gerais (32% da coleção nacional), Rio Grande do Sul (11% da coleção nacional),

Goiás e Bahia (cada um com 8% da coleção nacional). Tirando estes estados,

citados anteriormente, e São Paulo, Rio de Janeiro, Paraná e Santa Catarina (que

juntos correspondem a 22% da coleção nacional de meteoritos), os demais 18

estados brasileiros, juntos possuem apenas 18% da coleção nacional de meteoritos.

O mapa a seguir apresenta este percentual de meteoritos encontrados no Brasil.

(% em relação ao número total de meteoritos catalogados oficialmente).

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BOLETIM METEORITOS BRASIL - ABRIL DE 2014 9

E quais os tamanhos dos meteoritos encontrados no Brasil? Veja o gráfico abaixo:

46%

20%

13%

14%

7%

Tamanho dos meteoritos brasileiros (KG)

< 10 Kg

> 10 Kg </ 50 Kg

> 50 Kg </ 100 Kg

> 100 Kg </ 999 Kg

> 999 Kg

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Programa pretende divulgar e eventualmente encontrar novos meteoritos

brasileiros

O Programa Nacional de Identificação dos Meteoritos (sigla PNIMeteor), lançado

recentemente pelo site de divulgação científica Meteoritos Brasil, tem como o

intuito a divulgação da meteorítica no Brasil, com o apoio de instituições, sites,

blogs e de toda população interessada.

Para isso, o programa conta com o credenciamento de pessoas para se tornarem

Caçadores de Meteoritos e de Instituições científicas para a colaboração na

divulgação e expansão do programa.

Além disso, o programa atua com a divulgação da meteorítica propondo a

procura de novos fragmentos de meteoritos em municípios brasileiros que já

presenciaram a queda ou já encontraram meteoritos.

O programa conta ainda com uma área virtual onde os participantes podem

enviar análises virtuais de possíveis meteoritos, explicando as principais

características da rocha suspeita e enviando fotos, e com um fórum de discussão.

Para participar basta acessar a página do Programa, link a seguir:

http://meteoritosbrasil.weebly.com/pnimeteor.html

- OUTROS PROGRAMAS DE DIVULGAÇÃO CIENTÍFICA

Há mais de um ano o site Meteoritos Brasil divulga a meteorítica no Brasil e cria

programas relacionados aos meteoritos. O primeiro deles foi a campanha

“Caçadores de Meteoritos”, que enviou carteirinhas virtuais para centenas de

colaboradores brasileiros cadastrados como caçadores de meteoritos. Hoje o

programa foi aprimorado que deu origem ao PNIMeteor.

Acesse nossa página e conheça outros programas de divulgação:

http://meteoritosbrasil.weebly.com/campanhas.html

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BOLETIM METEORITOS BRASIL - ABRIL DE 2014 11

.

Meteorito Bendegó

Bendegó é o maior meteorito brasileiro, pesa 5,36 toneladas e mede 2,15 m

X 1,5 m X 65 cm. É uma massa constituída basicamente de ferro e níquel.

A História do legendário meteorito Bendegó

O meteorito foi descoberto por um garoto, Domingos da Motta Botelho, no ano de

1784. Ele campeava gado quando notou a presença da estranha rocha, grande,

pesada, amarronzada e diferente das outras encontradas na região. Chegando

em casa, comentou sobre a presença de tal rocha com seu pai, Joaquim da Motta

Botelho. Este, um fiel súdito ao governo, comunicou as autoridades ter encontrado

uma pedra, sobre uma elevação próxima ao Rio Vaza Barrís, no sertão de Monte

Santo, Bahia, que poderia conter ouro e prata. O então Governador, D. Rodrigo,

ficou muito impressionado com a descoberta e, no ano seguinte,1785 encarregou o

Capitão-mor de Itapicurú, Bernardo Carvalho da Cunha, de providenciar o seu

transporte para a capital, Salvador.

O Capitão Cunha escavou ao redor do meteorito uns 4 níveis. Auxiliado por 30

homens e algumas alavancas, conseguiu colocar o meteorito sobre uma carreta

especialmente construída para o transporte de carga tão pesada. Para facilitar a

passagem, ele pavimentou uma pequena estrada até o riacho. Tendo 12 juntas de

bois atreladas ao veículo, partiu vagarosamente sobre um leito de pedra

especialmente construído para a passagem da carreta. Seu plano era levar o

meteorito até o Riacho de Bendegó e depois para o Rio Vaza Barrís, até alcançar o

Porto de Salvador e, de lá, seguir de navio até a capital.

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BOLETIM METEORITOS BRASIL - ABRIL DE 2014 12

Tudo corria bem até a descida do leito do riacho onde, não dispondo de freios, o

veículo ganhou momento, acelerando muito sua velocidade, o que impôs um

atrito sobre os eixos, incendiando-os. A carreta correu desenfreadamente morro

abaixo, indo parar junto com o meteorito no leito do riacho Bendegó, dentro de

uma ipueira, a apenas 180 metros do ponto de partida. Nunca se soube se algum

boi veio a morrer neste atrapalhado empenho.

Bernardo Carvalho da Cunha, em face do acontecido e levado pelo desânimo,

abandonou a façanha. Cientificado do fato, D. Rodrigo levou-o ao conhecimento

do Ministro de Estado de Portugal, enviando-lhe alguns fragmentos do material. O

fracasso, entretanto, veio a favorecer o fato de o meteorito encontrar-se hoje no

Brasil, pois, de outra forma, teria ido parar em Portugal ou teria sido totalmente

fundido em busca de metais preciosos.

A notícia correu o mundo e a misteriosa “pedra” foi visitada por alguns cientistas

viajantes, entre os quais A. F. Mornay que, em 1810, suspeitando tratar-se de um

meteorito, foi a Monte Santo, encontrando-a exatamente no local onde fora

deixada, vindo a constatar que, de fato, tratava-se de um meteorito. Com muita

dificuldade, conseguiu retirar-lhe uns poucos fragmentos, que juntamente com as

observações pessoais colhidas foram remetidos a Wollaston, da Real Sociedade de

Londres.

Seis anos mais tarde, era publicada no “Philosophical Transactions” a carta de

Mornay e as análises realizadas por Wollaston. Em suas informações, Mornay

atribuía ao meteorito o volume de 28 pés cúbicos e o peso de 14.000 libras, com as

dimensões de 7 pés x 4 pés x 2 pés de espessura.

Outros visitantes ilustres foram a dupla de naturalistas alemães, Spix e Martius, em

1820, os quais foram conhecer o meteorito em companhia de seu descobridor

Domingos da Motta Botelho, já um homem àquela época. Encontraram o

meteorito no mesmo ponto deixado, e ainda sobre a carreta do Cap. Cunha. Com

muita dificuldade, e depois de atearem fogo à “pedra” por 24 horas, conseguiram

retirar alguns fragmentos do meteorito, os quais foram levados para a Europa, o

maior deles sendo doado ao Museu de Munique.

Como na estória da Bela Adormecida, o meteorito permaneceu no leito do rio por

cerca de 100 anos quando, em 1883, o Prof. Orville Derby, do Museu Nacional,

tomou conhecimento do meteorito. Derby contatou o engenheiro da Estrada de

Ferro Inglesa (British Rail Road), que construía uma extensão da estrada de Monte

Santo a Salvador, que o notificou que, em breve, a estrada alcançaria o ponto

mais próximo ao meteorito, ou seja, cerca de 100 km de distância, em terrenos

montanhosos. Contudo, os custos do transporte estariam bem acima das

possibilidades do Museu.

Em 1886, o Imperador D. Pedro II tomou conhecimento do fato pela Academia de

Ciências de Paris, durante uma visita à França, prontificando-se a providenciar o

transporte de peça tão importante para o Rio de Janeiro, assim que retornasse ao

Brasil

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BOLETIM METEORITOS BRASIL - ABRIL DE 2014 13

Aqui, o Imperador chamou o Sr. José Carlos de Carvalho, um oficial aposentado da

Guerra do Paraguai, primo do engenheiro da Estrada de Ferro Inglesa contatado

por Derby anos antes. Informando-se das possibilidades do transporte, José Carlos

de Carvalho procurou apoio da Sociedade Brasileira de Geografia, a qual tomou

todas as providências para que o transporte fosse efetuado. A Sociedade

encarregou-se, principalmente, da parte financeira, conseguida por intermédio de

um generoso patrocínio do Barão de Guahy, cujo nome de batismo era Joaquim

Elysio Pereira Marinho.

Organizou-se, então, uma comissão do Império para a recuperação do Bendegó,

formada por José Carlos de Carvalho e pelos engenheiros Vicente de Carvalho

Filho e Humberto Saraiva Antunes (Fig.1). No dia 7 de setembro de 1887, quando

era comemorado o aniversário da Independência, iniciou-se o trabalho de

remoção do meteorito, com uma solenidade cívica às margens do riacho

Bendegó. Ergueu-se ali, um marco denominado “D. Pedro II”, em homenagem ao

Imperador. Na ocasião, colocou-se dentro de uma pequena caixa de ferro um

exemplar do termo de inauguração do trabalho de remoção e um exemplar do

Boletim da Sociedade Brasileira de Geografia, que publicava um memorial sobre o

meteorito.

No relatório da viagem, publicado em português e francês, em 1888, o Cap.

Carvalho relatou detalhadamente o transporte do Bendegó, a geografia do local e

as dificuldades enfrentadas por todos.

Na descrição da geografia local, Carvalho deu uma visão completa da Região,

mostrando o erro em que têm incorrido muitos sábios naturalistas que visitam os

sertões somente em tempos de seca. Este erro consiste em considerarem aquelas

paragens como desertos áridos, sem vegetação e inabitáveis. Conforme a época

em que o sertão é percorrido, apresenta painéis de natureza tão diferentes, tão

opostos entre si, que muitas vezes o naturalista, ou um outro viajante qualquer,

custa a crer que o sítio em que se encontra seja o mesmo avistado por ele alguns

dias ou semanas antes.

Por ocasião das águas, o que equivale a dizer da Vida, a vegetação é pujante e

original, o céu límpido e a natureza encantadora. Na época das secas, todavia, os

campos se apresentam negros ou pardos e o solo, quando não arenoso, fende-se

profundamente; as árvores apresentam-se desnudas, sem folhagem, à exceção

dos juazeiros e umbuzeiros; e a paisagem toma um aspecto de Inverno rigoroso,

sejam os climas frios ou temperados. Basta, porém, que se precipitem as primeiras

chuvas para que a temperatura caia, a vegetação reviva, e, ao cabo de uns

poucos dias, o campo se reverdece e fica florido, outra vez, não lembrando em

nada a paisagem vista uns dias antes...

A Comissão do Império, após diversos estudos geográficos, escolheu o que seria a

melhor rota para o transporte do meteorito até a Estação Férrea de Jacuricy. O

caminho escolhido foi o mais curto, embora tivesse que transpor a Serra do Acarú.

Foi preciso, igualmente, construir grande parte das estradas, pois as existentes eram

muito estreitas e se encontravam em péssimo estado de conservação.

Projetada por José Carlos de Carvalho, mandou-se construir uma carreta que,

engenhosamente, poderia andar sobre trilhos, ou sobre rodas, dependendo das

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BOLETIM METEORITOS BRASIL - ABRIL DE 2014 14

condições encontradas no trajeto. A carreta possuía dois pares de grandes rodas

de madeira, para rodar em solo, e na parte interna, especialmente calculadas,

rodas metálicas para rodar sobre trilhos, de tal modo que, estando sobre estes

últimos, as rodas de madeira não tocassem o chão.

Por vezes, o carretão era puxado por juntas de boi. Noutras ocasiões, pondo-se em

prática as habilidades de um marinheiro, tirava-se proveito do emprego de

estralheiras, talhas dobradas, patescas e estropos, e de todas as engenhosas

disposições de cabos e roldanas de que o homem do mar sabe servir-se para, com

esforços relativamente pequenos, locomover pesos consideráveis.

No dia 25 de novembro, a carreta começou a se mover sobre o leito do riacho de

Bendegó. No dia 7 de dezembro, tendo se movido por apenas 17 km, esse carro

primitivo de transporte encontrou as primeiras dificuldades ao cruzar o Rio Tocas.

Após dois dias de fortes chuvas, o leito do rio até então seco, estava molhado e

escorregadio, ocasionando o descarrilamento do carretão, virando e atirando o

meteorito para dentro do riacho. Trabalhou-se por 24 horas ininterrúptas. Fogueiras

foram acesas para que se prosseguisse viagem no dia seguinte.

A transposição da Serra do Acarú, que obrigava a uma subida de rampas de 18 a

20% de declive, foi bastante árdua. A operação foi executada por cabos

conectados ao carretão e amarrados às árvores mais grossas, propositadamente

deixadas na estrada aberta, e puxadas com o auxílio de talhadeiras, talhas e juntas

de boi. Conta o relatório que, já quase no sopé da serra, uma árvore cedeu. Os

aparelhos se arrebentaram e o carretão precipitou-se por uma rampa de 30% de

declive (km 22), indo parar, felizmente, no meio da ladeira, por ter o meteorito

saltado na frente do carretão, paralisando-o. Não fosse esta queda providencial e

o carretão se teria descarrilado para o fundo de uma grota profunda. Felizmente,

as chuvas só começaram a cair depois da passagem da Serra do Acarú. A marcha

foi interrompida sete vezes pela queda do meteorito da carreta e quatro vezes

para a substituição de eixos que se partiram.

A comissão enfrentou diversas dificuldades, como a construção de estivados em

lagoas, armação de passagens provisórias sobre o Rio Jacuricy de 50 metros de

vão, levantamento de aterros sobre baixadas alagadas, e o corte de caminhos por

entre encostas de morros pedregosos. A Comissão pode orgulhar-se de ter

realizado um dos mais, se não o mais notável transporte já efetuado no Brasil.

Toda a marcha de 113 km pelo Sertão, entre o local onde fora abandonado 102

anos antes, e até a Estação de Ferro de Jacuricy, demorou 126 dias, avançando

em média cerca de 900m por dia.

No dia 14 de maio de 1888, chegou o meteorito à Estação de Jacuricy, e no dia 16

assentou-se o marco de chegada, denominado “Barão de Guahy”, no exato local

de onde o meteorito embarcou com destino ao Museu Nacional do Rio de Janeiro.

Foi lavrado um auto com todas as informações concernentes, junto com outro

exemplar sobre a viagem, e ambos foram colocados numa caixa de ferro deixada

nas fundações do marco. Da Estação de Jacuricy o meteorito embarcou para

Salvador e, de trem, percorreu 363 km, chegando a Salvador a 22 de maio de 1888.

Lá chegando, foi pesado, verificando-se que o mesmo tinha, então, 5360 kg.

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BOLETIM METEORITOS BRASIL - ABRIL DE 2014 15

O meteorito ficou em exposição em Salvador durante 5 dias, e em 1o de junho

embarcou no vapor “Arlindo”, seguindo para Recife e, posteriormente, para o Rio

de Janeiro, onde chegou no dia 15, sendo recebido pela Princesa Isabel e

entregue ao Arsenal de Marinha da Corte.

Nas oficinas do Arsenal de Marinha foram feitos os cortes indispensáveis para o

estudo da “pedra”, bem como para a obtenção de materiais que foram doados e

permutados com diversos museus do Brasil e do mundo. Confeccionou-se, também,

uma réplica do meteorito em madeira, que o governo brasileiro fez figurar na

Exposição Universal de 1889. Este modelo hoje se encontra no Museu de História

Natural de Paris.

Concluído o trabalho, o meteorito foi transportado a 27 de novembro de 1888 para

o Museu Nacional, nessa época situado no Campo de Sant’Anna.

Referência Bibliográfica:

http://meteoritos.com.br/index.php?option=com_content&view=article&id=49:o-

meteorito-de-bendego&catid=35:meteoritos-brasileiros&Itemid=54

Assista o vídeo sobre o meteorito Bendegó

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BOLETIM METEORITOS BRASIL - ABRIL DE 2014 16

Dúvidas frequentes envolvendo

meteoritos

1-Meteoritos são radioativos?

Não, os meteoritos não são radioativos e podem ser manuseados sem nenhum

problema.

2-Os meteoritos tendem a cair mais em algum ponto?

Não, os meteoritos caem aleatoriamente sobre a superfície da Terra, não existem

locais preferenciais para a queda de um meteorito.

3-Por que encontram muitos meteoritos na Antártida?

Muitos pensam que há alguma relação com o campo magnético da Terra, mas na

verdade muitos meteoritos são encontrados na Antártida devido o ambiente, que

propicia certa preservação do meteorito. O mesmo acontece no deserto, um

meteorito recém- caído pode ser facilmente encontrado por se destacar da cor da

superfície.

4-De onde vem os meteoritos?

A maioria dos meteoritos vem do cinturão de asteroides, uma área localizada entre

Marte e Júpiter. Existem ainda meteoritos de origem lunar e marciana.

5-Alguém já foi atingido por um meteorito?

Mortes de pessoas por terem sido atingidas por um meteorito ainda não foram

relatadas. Alguns dos relatos são, um cachorro morto atingido por um meteorito

marciano em Nakhla, no Egito; vacas em Macau, no ano de 1836 e uma vaca na

Venezuela em 1972. Um garoto também já foi atingido na mão por um pequeno

meteorito.

6-É legal a exportação/importação de meteoritos?

Isso varia de país para país. Alguns países possuem legislação que proíbe a

exportação de meteoritos, e muitas vezes o meteorito pertence ao governo. No

Brasil, ainda não há nenhuma legislação referente ao assunto.

7-Quantos meteoritos já foram reconhecidos no mundo?

Cerca de 40.000 meteoritos já foram identificados em todo o mundo.

8-Qual a idade dos meteoritos?

Meteoritos oriundos de asteroides possuem cerca de 4,5 bilhões de anos. Os

meteoritos da Lua possuem cerca de 3 bilhões de anos e meteoritos de Marte são

os mais jovens com idades entre 100 e 600 milhões de anos.

9-Como posso ter meu próprio meteorito?

Muitos meteoritos podem ser adquiridos pelo ebay. No Brasil existem alguns

colecionadores que vendem meteoritos (links abaixo). Mas lembre-se, é melhor

comprar meteoritos que tenham sido oficialmente reconhecidos pelo Meteoritical

Society.

Página do Moutinho- http://www.meteorito.com.br/meteoritos.php

Cruz del Sur - http://www.cruzdelsur.com.br/

Space Rocks - http://loja.spacerocks.com.br/

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BOLETIM METEORITOS BRASIL - ABRIL DE 2014 17

O meteorito que

assustou a Rússia

Em fevereiro de 2013 (um ano e dois meses atrás) moradores da região central da

Rússia, em Chelyabinsk (Montes Urais) presenciavam um evento não muito comum,

ainda mais com tal proporção. Na manhã do dia 15 de fevereiro de 2013, por volta

das 9h20min, horário local, os moradores ouviram um forte barulho e observaram a

passagem de uma gigantesca bola de fogo no céu da manhã.

O meteorito atravessou o horizonte deixando um grande rastro de fumaça, que

podia ser visto em uma faixa de 200 quilômetros. O deslocamento de ar

disparou alarmes de carros e estourou vidraças, deixando cerca de 1.000 feridos e

afetou a comunicação móvel.

No início, a impressa considerou o evento como uma chuva de meteoritos na

região, só mais tarde é que souberam que na verdade se tratava de um grande

meteorito, de 10.000 toneladas, que havia desintegrado na região. A queda

também foi relacionada ao asteroide 2012 DA14, que passou no mesmo dia a

menos de 27 mil quilômetros do nosso Planeta, contudo a hipótese de relação

entre o asteroide e a queda do meteorito foi descartada logo depois pela Agência

Espacial Europeia. Fragmentos do meteorito atingiram pelo menos 6 cidades

vizinhas de Chelyabinsk.

Segundo o governador de Chelyabinsk o impacto cósmico causaram danos

superiores a 30 milhões de dólares, e de acordo com o Ministério de Emergências,

cerca de 300 edifícios foram danificados.

Dados do Chelyabinsk -Tamanho: Antes de atravessar a atmosfera terrestre o meteorito tinha cerca de 15 metros de diâmetro, e pesava cerca de 10 mil toneladas. Ele se movia a 18 quilômetros por segundo. -Potência da explosão: A explosão teria atingido uma força de 300 a 600 quilotons. Para fins de comparação a bomba de Hiroshima tinha uma força de 16 quilotons. -Porque não pôde ser detectado? Apesar de não ser impossível detectar um objeto de apenas 15 metros de diâmetro, é algo muito raro, especialmente se o ângulo em que ele se aproxima da Terra não for o ideal – por exemplo, quando ele está contra o Sol. -Pode acontecer novamente? A estimativa de impacto de meteoritos com 15 m de diâmetro é uma vez a cada 50 anos, contudo vale ressaltar que anualmente acontecem várias quedas de meteoritos, menores, no nosso Planeta.

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BOLETIM METEORITOS BRASIL - ABRIL DE 2014 18

Em outubro de 2013, um fragmento de 570 Kg do meteorito foi retirado do lago

Chebarkul, este tinha 1,5 m. Até então outras 12 rochas haviam sido retiradas do

lago, 5 delas eram fragmentos do meteorito.

A polícia já havia dito sobre a possível queda de um grande fragmento no lago, as

equipes de busca começaram a procurar o meteorito, enfrentando temperaturas

de -17º , mas não encontraram nada nos primeiros dias de busca em 17 de

fevereiro de 2013.

Trata-se de um meteorito comum, um meteorito rochoso (condrito) com cerca 10%

de ferro, mas que vale muito, a grama deste meteorito chega até U$ 2,2 mil, valor

40 vezes maior do que o ouro.

Fragmento de 570 quilos retirado de lago. Imagem: BBC Brasil.

Estudos apontam que o impacto deste meteorito na Rússia foi maior do que

calculava-se e que a frequência de eventos de proporção semelhante podem ser

maiores do que se pensava. O artigo publicado na revista "Nature" calcula que a

explosão do objeto na Terra foi de 500 quilotoneladas de TNT (trinitrotolueno), atrás

apenas do objeto que caiu em Tunguska, na Sibéria, em 1908.

A partir de pesquisa global que analisou explosões aéreas de mais de um

quilotonelada, os cientistas apontam que há uma quantidade maior de asteroides

de 10 a 50 metros de diâmetros perto da Terra, o que aumenta as chances de um

desses objetos impactá-la.O estudo também afirma que o brilho do meteorito

Chelyabinsk era 30 vezes mais intenso do que o brilho do Sol.

Veja abaixo um vídeo que registra a queda no meteorito em fevereiro de 2013:

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CHUVAS DE METEOROS

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BOLETIM METEORITOS BRASIL - ABRIL DE 2014 20

Confira abaixo as chuvas de meteoros visíveis a olho nu em abril de 2014. As

informações foram extraídas do portal Momento Astronômico- Consultoria de

Marcos Calil: http://www.momentoastronomico.com.br/

Legenda da tabela acima:

CHUVA - indica o nome da chuva em questão;

P - Período em que ocorrerá a chuva;

M - Momento máximo que irá ocorrer a chuva. Essa é a melhor data para observar;

HORÁRIO - Horário sugestivo para observação. O horário sugerido para observação leva em

consideração a menor influência da Lua, o melhor momento inicial para observação do radiante

da chuva e as diferentes latitudes no Brasil. Serve apenas como sugestão de orientação para

observação.

C - Constelação associada a chuva;

CCT - Posição sugerida de observação dadas em coordenadas equatoriais, sendo:

a: ascensão reta;

d: declinação.

THZ - Taxa Horária Zenital - um número máximo calculado de meteoros que um observador

pode apreciar, numa noite sem a inferência da Lua, com o céu perfeitamente limpo e com

radiante sobre a cabeça do observador (zênite). Quando ocorrer uma chuva periódica, ou seja,

sem previsão da taxa por hora, a mesma será representada pela letra P;

r - Índice provável de magnitude da chuva. Quanto menor o valor mais fácil será sua

observação;

V - Velocidade de entrada atmosférica do meteoro, dada em km/s. As velocidades variam entre

11 km/s (muito lento), 40 km/s (médio) e 72 km/s (muito rápido).

LUA (%) - Porcentagem do disco iluminado para o melhor momento de observação da chuva.

No caso sem influência da Lua durante a chuva de meteoros é atribuído o símbolo s/l.

COMENTÁRIO - Quando existir o número, a chuva será comentada no seu respectivo número.

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BOLETIM METEORITOS BRASIL - ABRIL DE 2014 21

Comentários das chuvas de meteoros em ABRIL:

7.1- 07 a 18/04 -Chuva alpha Virginids, april Virginids e gamma Virginids

Como essas três chuvas de meteoros (no popular: “estrelas cadentes”) irão ocorrer

em regiões e datas próximas, sendo que a chuva alpha Virginids irá ocorrer entre os

dias 07 a 18 de abril, a april Virginids com máximo em 07 de abril e gamma Virginids

em 14 de abril, aparentemente essas chuvas se apresentam como sendo uma

única chuva. Isso significa que, para as chuvas alpha Virginids e april Virginids, em

07 de abril, as taxas horárias zenitais poderão ser maiores do que o esperado

quando observadas a olho nu na região que envolvem as duas chuvas, pois existe

a somatória das taxas horárias zenitais das duas chuvas. Para a alpha Virginids é

estimada uma taxa de 5 a 10 meteoros por hora, enquanto que para a april

Virginds a taxa estimada é de 5 meteoros a cada uma hora. Como o período inicial

da chuva gamma Virginids ocorre poucos dias após a chuva april Virginids e se

encaixa no período da chuva alpha Virginids, o momento máximo dessa três

chuvas proporcionam a soma da incidência das três chuvas. Ou seja, alguns

meteoros oriundos da chuva gamma podem aparecer na noite de 07 de abril,

assim como os meteoros das chuvas alpha e april Virginids podem aparecer na

noite de 14 de abril, data do máximo da chuva gamma Virginids.

Para 07 de abril a Lua estará presente no céu, quando a constelação da Virgem se

mostrar presente. Com o avançar das noites, a Lua crescente se aproximando

cada vez mais da constelação da Virgem até que, em 15 de abril, entrará na fase

cheia e depois irá minguar. Assim, prefira contemplar essas três chuvas entre as

noites de 07 e 10 de abril. Para 14 de abril, quando ocorre o máximo da chuva

gamma Virginids, a constelação da Virgem irá surgir no horizonte leste no mesmo

momento que a Lua irá nascer, ou seja, nessa noite a Lua estará localizada na

constelação da Virgem, com 99,9% do seu disco iluminado, atrapalhando e muito

a observação do máximo da chuva gamma Virginids. Para 18 de abril a Lua estará

com 83% do seu disco iluminado, atrapalhando a observação dos meteoros. Por

essas razões, para poder aproveitar ao máximo a observação dos meteoros, sem a

Lua prejudicar a contemplação é indicado realizar a visualização dessas três

chuvas entre 07 e 10 de abril, sendo que a noite de 07 de abril é a melhor pedida.

A constelação da Virgem pode ser facilmente localizada durante o anoitecer de

abril. Alguns instantes após o pôr do Sol (que ocorre no horizonte oeste), olhando

para o lado do horizonte leste o observador encontrará uma estrela de forte brilho

e cor azulada. Trata-se da estrela Spica. Essa é a estrela mais brilhante da

constelação da Virgem e será nessa região que a chuva irá ocorrer. O melhor

momento de observação será quando essa estrela estiver bem alta no céu, por

volta das 22 horas. Outra maneira de encontrar essa constelação é procurar o

planeta Marte que estará localizado na Virgem durante todo o mês. Aproveite

também para contemplar a Lua próxima de Marte e da Spica.

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BOLETIM METEORITOS BRASIL - ABRIL DE 2014 22

7.2- 22/04 - Chuva Lyrids (LYR)

Essa chuva possui uma taxa horária zenital prevista de 18 meteoros por hora,

podendo ultrapassar a quantidade de 90 meteoros a cada uma hora, conforme

publicado em 2010 na Meteor Shower Calendar. Isso significa que poderemos ter

mais de um meteoro por minuto surgindo no céu. Outro fato que torna essa chuva

interessante de ser observada é a magnitude dos meteoros. A magnitude aparente

prevista para os meteoros dessa chuva é de 2.0, o que possibilita observá-los até

em grandes cidades (nos ambientes mais escuros).

Porém, infelizmente, para esse ano a Lua atrapalha a observação desse belo

fenômeno. Para a noite de 22 de abril, quando ocorre o máximo da chuva, a Lua

estará com 51% do seu disco iluminado, ofuscando alguns meteoros. Mas, para

quem desejar ver poucos meteoros, o melhor momento de contemplação será

quando a estrela mais brilhante dessa constelação estiver bem alta no céu. Isso irá

ocorrer por volta das 4:30 da manhã, porém vale contemplar essa chuva antes

desse horário. Para os observadores localizados mais ao sul do Brasil, outro fator que

poderá prejudicar em partes a observação dessa chuva é a sua proximidade com

a linha do horizonte . Portanto, essa chuva será melhor observada para as pessoas

localizadas acima da região Sudeste e Centro-oeste do Brasil, sendo favorecidos os

observadores da região norte do Brasil.

Para localizar essa constelação, basta saber que a estrela Vega possui uma cor

azulada e um brilho muito forte. Por volta das 23 horas, para Fortaleza, meia-noite

para São Paulo e 1 hora para

Porto Alegre a estrela Vega irá

nascer no horizonte nordeste e

caminhará de forma aparente

para acima do ponto cardeal

norte. Para contemplar a chuva,

o observador terá que esperar

pelo menos uma hora depois do

nascer dessa estrela.

A figura ao lado ilustra a região

que irá ocorrer essa chuva para

cidade de São Paulo, à 00:01,

04:30 e 06:12. Esse último horário

previsto para o

"desaparecimento" da estrela

por causa do nascer do Sol.

Ainda nesta figura para demais

regiões do Brasil o que poderá

mudar é a altura dos astros em

relação a linha do horizonte de

acordo com os respectivos

horários. Quanto mais ao sul do Brasil, mais a estrela Vega estará próxima do

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BOLETIM METEORITOS BRASIL - ABRIL DE 2014 23

horizonte - dificultando a observação dessa chuva de meteoros nessa região - e,

quanto mais ao norte do Brasil, mais a estrela Vega estará acima da linha do

horizonte - facilitando a observação dessa chuva de meteoros para essa região.

Perceba que, de acordo com a figura, o melhor horário de observação será por

volta das 04:30, mas vale contemplar a chuva cerca de duas horas antes.

Aproveite também para contemplar a chuva pi Puppids, descrita a seguir.

7.3- 23/04 - Pi Puppids (PPU)

Considerada uma excelente chuva de meteoros por causa da sua alta taxa horária

zenital, com cerca de 40 meteoros a cada uma hora. Felizmente, nesse ano não

teremos a Lua atrapalhando a observação. A figura ilustra a região do céu onde se

localiza a constelação da Popa, para 22 horas da noite, em 23 de abril, visto de

São Paulo. Para as demais regiões ao sul ou ao norte de São Paulo o que

modificará é a distância das estrelas e do radiante da chuva em relação a linha do

horizonte. Perceba pela figura que as estrelas Sírius e Canopus são ótimos

referências para encontrar a região da chuva. A estrela Sírius pertence a

constelação do Cão Maior, na qual é a estrela mais brilhante do céu noturno. Essa

estrela de cor azulada é fácil de ser encontrada próximo do zênite (região mais alta

em relação ao observador) logo após o pôr do Sol. Após encontrar Sírius, procure a

estrela Canopus e com auxílio da figura localize o radiante da chuva.

Aproveite e leia o histórico desta chuva em:

http://www.momentoastronomico.com.br/