11
1 Retrospectiva dos principais marcos do Projeto Cerrado-Jalapão entre os anos de 2013 a 2014 EDIÇÃO NÚMERO 01 ESPECIAL HISTÓRICO BOLETIM Projeto Cerrado-Jalapão realiza Workshop Internacional para definir Índice de Severidade de Queimadas para o Cerrado Uma das atividades do Projeto Cerrado- -Jalapão é o desenvolvimento de uma metodologia de classificação da severi- dade de incêndios em áreas de vegetação nativa no Cerrado, para poder medir os impactos das queimadas na biodiversi- dade e nos ecossistemas. Por esse motivo, o Projeto organizou uma Oficina sobre “Severidade de queimadas e respostas ecossistêmicas: implicações para a con- servação e manejo da biodiversidade em ecossistemas de savanas” nos dias 11, 12 e 13 de dezembro de 2012, em Brasília. O evento reuniu cerca de 70 profissionais que atuam em áreas relacionadas a eco- logia do fogo e sensoriamento remoto no Brasil e em outros países. Entre os participantes nacionais, desta- cam-se os parceiros do projeto, Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Re- cursos Naturais Renováveis (Ibama), Se- cretaria do Meio Ambiente e Desenvolvi- mento Sustentável (Semades) e Instituto Natureza do Estado do Tocantins (Na- turatins), e pesquisadores de diferentes universidades federais, como a Universi- dade de Brasília (UnB) e a Universidade de São Paulo (USP). Entre os internacionais, o evento con- tou com a presença da gerente de fogo do Krüger National Park (África do Sul), um especialista em ecologia do fogo em savanas do norte da Austrália, um repre- sentante da Administração Nacional de Oceanografia e Meteorologia (NOAA) dos Estados Unidos, pesquisadores de universidades norte-americanas e alemãs, além de um representante da Agência Espacial da Alemanha (DLR). O objetivo da Oficina foi discutir o impacto do fogo em ecossistemas savâ- nicos e compartilhar metodologias de cálculo deste impacto no campo, com aplicações de sensoriamento remoto, além de fazer recomendações para a criação de um sistema de informações, para apoiar a tomada de decisão na ges- tão da conservação da biodiversidade e o aprimoramento dos sistemas de mo- nitoramento de queimadas e cálculo das emissões para o Cerrado. Durante os três dias de evento, foram levantadas questões importantes sobre o fogo e queimadas, como a elaboração de um mapa de vegetação para cada fitofisionomia do Cerrado, categorizan- do os tipos de combustíveis segundo a sazonalidade, a umidade e os fatores de emissão de gases de efeito estufa (GEE). Também foi discutida a necessidade de se definir um índice de severidade usando imagens de satélite e valida- ções no campo. 01/2013

BOLETIM - d1ij67glom3ric.cloudfront.net · metodologia de classificação da severi- ... um ciclo de 10 conferências da exposição “Serra da Capivara: ... e da GIZ, o primeiro

Embed Size (px)

Citation preview

1

Retrospectiva dos principais marcos do Projeto Cerrado-Jalapão entre os anos de 2013 a 2014

E D I Ç Ã O N Ú M E R O 0 1 E S P E C I A L H I S T Ó R I C O

BOLETIM

Projeto Cerrado-Jalapão realiza Workshop Internacional para definir Índice de Severidade de Queimadas para o Cerrado

Uma das atividades do Projeto Cerrado--Jalapão é o desenvolvimento de uma metodologia de classificação da severi-dade de incêndios em áreas de vegetação nativa no Cerrado, para poder medir os impactos das queimadas na biodiversi-dade e nos ecossistemas. Por esse motivo, o Projeto organizou uma Oficina sobre “Severidade de queimadas e respostas ecossistêmicas: implicações para a con-servação e manejo da biodiversidade em ecossistemas de savanas” nos dias 11, 12 e 13 de dezembro de 2012, em Brasília. O evento reuniu cerca de 70 profissionais que atuam em áreas relacionadas a eco-logia do fogo e sensoriamento remoto no Brasil e em outros países.

Entre os participantes nacionais, desta-cam-se os parceiros do projeto, Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), Instituto

Brasileiro do Meio Ambiente e dos Re-cursos Naturais Renováveis (Ibama), Se-cretaria do Meio Ambiente e Desenvolvi-mento Sustentável (Semades) e Instituto Natureza do Estado do Tocantins (Na-turatins), e pesquisadores de diferentes universidades federais, como a Universi-dade de Brasília (UnB) e a Universidade de São Paulo (USP).

Entre os internacionais, o evento con-tou com a presença da gerente de fogo do Krüger National Park (África do Sul), um especialista em ecologia do fogo em savanas do norte da Austrália, um repre-sentante da Administração Nacional de Oceanografia e Meteorologia (NOAA) dos Estados Unidos, pesquisadores de universidades norte-americanas e alemãs, além de um representante da Agência Espacial da Alemanha (DLR).

O objetivo da Oficina foi discutir o impacto do fogo em ecossistemas savâ-

nicos e compartilhar metodologias de cálculo deste impacto no campo, com aplicações de sensoriamento remoto, além de fazer recomendações para a criação de um sistema de informações, para apoiar a tomada de decisão na ges-tão da conservação da biodiversidade e o aprimoramento dos sistemas de mo-nitoramento de queimadas e cálculo das emissões para o Cerrado.

Durante os três dias de evento, foram levantadas questões importantes sobre o fogo e queimadas, como a elaboração de um mapa de vegetação para cada fitofisionomia do Cerrado, categorizan-do os tipos de combustíveis segundo a sazonalidade, a umidade e os fatores de emissão de gases de efeito estufa (GEE). Também foi discutida a necessidade de se definir um índice de severidade usando imagens de satélite e valida-ções no campo.

01/2013

2

Seminário Internacional sobre Manejo Integrado do Fogo em Áreas Protegidas é realizado na ACADEBio

07/2013

Participantes do Seminário Internacional sobre Manejo Integrado do Fogo em Áreas Protegidas na Academia Nacional da Biodiversidade (ACADEBio) em Iperó, São Paulo. Foto: Luciano Malanski.

No período de 2 a 5 de julho de 2013, o ICMBio realizou nas dependências da Academia Nacional da Biodiversidade (ACADEBio), em Iperó - SP, o “Seminário Internacional sobre Manejo Integrado do Fogo em Áreas Protegidas”, uma ini-ciativa da Coordenação de Emergências Ambientais do ICMBio em parceria com o Ministério do Meio Ambiente (MMA).

O evento reuniu cerca de 120 partici-pantes, incluindo gestores e analistas ambientais de unidades de conservação de todas as regiões do país, analistas am-bientais do Prevfogo/Ibama e MMA, pes-quisadores do Instituto Nacional de Pes-quisas Espaciais (Inpe) e de universidades, representantes de órgãos estaduais de meio ambiente do Tocantins e de outros estados, bem como convidados interna-cionais do México, Austrália, Estados Uni-dos, África do Sul e Alemanha.

O primeiro dia da programação tratou de aspectos conceituais sobre o mane-jo integrado do fogo (MIF), contando, entre outros, com contribuições do Glo-bal Fire Monitoring Center, com sede na Alemanha, e também de representantes dos EUA. Em seguida, pesquisadores de universidades brasileiras apresentaram resultados sobre os impactos do fogo na

Apresentação do Dr. Johann Goldammer, Diretor do Global Fire Monitoring Center, sobre a história do uso do fogo. Foto: Luciano Malanski.

fauna e na flora. Já no segundo dia e em parte do terceiro, foram apresentadas ex-periências de manejo do fogo em unida-des de conservação do Brasil, da África do Sul, da Austrália, do México e dos EUA. To-das essas apresentações trouxeram mui-tos elementos para discussão, os quais foram objeto dos trabalhos de grupo que aconteceram na parte final do evento.

As propostas apresentadas pelos grupos de trabalho e referendadas na plenária

final apontaram para a necessidade de se avançar na formulação e institucio-nalização de uma estratégia de manejo integrado do fogo em áreas protegidas, que considere as especificidades da eco-logia do fogo nos diferentes ecossistemas e os aspectos socioeconômicos e culturais subjacentes. Considerando a avaliação dos participantes e organizadores, o Se-minário Internacional foi um grande mar-co nesse caminho.

3

As equipes da Estação Ecológica Serra Geral do Tocantins (EESGT) e do Parque Estadual do Jalapão (PEJ), promoveram uma visita técnica à região do Jalapão, que aconteceu entre os dias 6 e 10 de julho de 2013 e teve como objetivo apresentar, dis-cutir e aperfeiçoar os métodos de manejo do fogo praticados como medidas de pro-teção das Unidades de Conservação (UC).

O evento contou com a participação de especialistas internacionais, além dos ges-tores e equipes das UC, brigadistas, repre-sentantes do MMA, do ICMBio, da Secreta-ria do Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semades), do Instituto Natu-reza do Tocantins (Naturatins), da Univer-sidade Federal do Tocantins (UFT), entre outros, que puderam vivenciar, trocar ex-periências e ver de perto como, onde e por-que as equipes da EESGT e do PEJ utilizam o fogo para manejar suas áreas.

Nos dois primeiros dias, a programa-ção aconteceu na EESGT, onde os parti-cipantes acamparam às margens do Rio Novo. Dentre as atividades realizadas, destacam-se a visita à Base da Brigada, a subida no Morro do Fumo (mirante natu-ral utilizado pelos brigadistas para mo-nitorar o fogo), a visita às roças de toco e de esgoto dos residentes da EESGT e a confecção de aceiros.

Em seguida, foi realizada visita ao Par-que Estadual do Jalapão, onde os parti-cipantes puderam conhecer aceiros da unidade, bem como a sede, o alojamento e os atrativos naturais do PEJ. Alguns par-ticipantes tiveram ainda a oportunidade de realizar um sobrevoo na região.

O evento todo foi acompanhado pela equipe de filmagem da TV alemã Deu-tsche Welle, que fez um documentário sobre a cooperação Brasil-Alemanha e o

Especialistas em fogo participam de visita técnica à região do Jalapão

Projeto Cerrado-Jalapão. Por fim, a visita técnica foi concluída com uma roda de conversa no Centro de Capacitação e Edu-cação Ambiental do PEJ, em Mateiros, onde os especialistas, analistas ambien-tais e demais participantes avaliaram o evento e manifestaram seus aprendiza-dos e recomendações sobre o uso do fogo como ferramenta de manejo para conser-vação da biodiversidade nas unidades de conservação do Jalapão.

Discussão dos participantes da visita técnica no Morro do Fumo.Foto: Vanessa Oliveira.

Controle do fogo para a confecção de aceiros. Foto: Vanessa Oliveira.

Visita à roça de toco e de esgoto na Estação Ecológica Serra Geral do Tocantins. Foto: Cassiana Moreira.

07/2013

4

Partindo de uma iniciativa conjunta entre Prevfogo/Ibama, ICMBio, Ministério do Meio Ambiente (MMA) e GIZ, foi realiza-da em Brasília, no dia 11 de julho de 2013, a palestra “Manejo Integrado de Fogo: Estado da Arte no mundo e aplicação no Brasil”, seguida de debate. O evento deu importância à visão redutora do fogo, a qual se encontra atualmente refletida nas políticas de conservação.

Hoje em dia, incêndios representam um grande desafio para a conservação de ecossistemas brasileiros e um fator preocupante para o clima global. É justa-mente por isso que o reconhecimento do papel ambivalente do fogo, que gera im-pactos negativos mas também benéficos, é indispensável.

Estiveram presentes na abertura do evento, o Presidente do Ibama, o Minis-

Palestra e debate sobre “Manejo Integrado de Fogo: Estado da Arte no mundo e aplicação no Brasil”

08/2013

tro para Assuntos Econômicos e Temas Globais da Embaixada da República Federal da Alemanha e o Diretor do De-partamento de Políticas de Combate ao Desmatamento do MMA, quando foi reiterada a importância da cooperação Brasil-Alemanha nos esforços destinados à mitigação das mudanças climáticas e à conservação da biodiversidade.

O convidado especial do evento, Johann Goldammer, representante do Global Fire Monitoring Center, da Universidade de Friburgo, na Alemanha, apresentou uma visão global do manejo integrado do fogo, a qual visa assegurar tanto a conservação dos ecossistemas quanto a subsistência dos seres humanos. Dirigin-do atenção à aplicação no Brasil, o Coor-denador de Emergências Ambientais do ICMBio, Christian Berlinck, resumiu os

resultados de destaque, conclusões e en-caminhamentos do “Seminário Interna-cional sobre o Manejo Integrado do Fogo em Áreas Protegidas no Brasil”.

Em seguida, representantes do MMA, Ibama e da Universidade de Brasília (UnB) juntaram-se aos palestrantes para um painel de debate no qual todos pude-ram contribuir e compartilhar suas ava-liações sobre perspectivas e desafios para o manejo integrado do fogo no Brasil.

O evento contou com a presença de cerca de 100 participantes e foi encerrado com o reconhecimento do manejo integrado do fogo para o alcance das metas de conser-vação da biodiversidade e para a redução de gases de efeito estufa. Também foi res-saltada a potencialidade do Brasil para assumir a liderança internacional na área de manejo integrado de fogo.

Conferência “Manejo do Fogo no Brasil” é realizada no âmbito da temporada Brasil-Alemanha

A Embaixada da República Federal da Ale-manha no Brasil, com apoio da GIZ e em estreita cooperação com o Ministério do Meio Ambiente (MMA) e o Instituto Chi-co Mendes de Conservação da Biodiver-sidade (ICMBio), organizaram no dia 13 de novembro de 2013, no Espaço Cultural Israel Pinheiro, em Brasília, a Conferência ”Manejo do Fogo no Brasil”, inserida no âmbito da temporada da Alemanha no Brasil 2013-2014. O evento fez parte de um ciclo de 10 conferências da exposição “Serra da Capivara: os brasileiros de mais de 50 mil anos”, promovido pela Fundação Museu do Homem Americano (Fundham) do Estado do Piauí, juntamente com a de-legação Europeia e a Unesco.

O evento contou com a presença do

Secretário de Mudanças Climáticas e Qualidade Ambiental, Carlos Augusto Klink, e do Encarregado de Negócios da Embaixada da Alemanha, Claudius Fis-chbach para a mesa de abertura, seguida de apresentações do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), do Centro Nacional de Prevenção e Combate aos Incêndios Florestais do Ibama (Prevfogo/Ibama) e do ICMBio, instituições brasilei-ras que atuam na área de prevenção, con-trole e monitoramento de incêndios.

A primeira palestra, conduzida pelo coordenador do Departamento de Mo-nitoramento de Queimadas do Inpe, Al-berto Setzer, apresentou o histórico do uso do fogo e os dados de focos de calor e área queimada no Brasil durante a últi-

ma década. A seguir, a coordenadora de Interagências do Prevfogo/Ibama, Lara Steil, contextualizou a temática do fogo na legislação e política brasileira, incluin-do os códigos penal e florestal e enfati-zou a importância da implementação de uma estratégia de manejo integrado do fogo no Brasil. Logo após, o coordenador de Emergências Ambientais do ICMBio, Christian Berlinck, apresentou experiên-cias positivas sobre manejo do fogo em unidades de conservação brasileiras.

Ao final do evento, houve um painel de debate sobre perspectivas e desafios para o manejo integrado do fogo no Brasil, onde aproximadamente 70 participantes tive-ram a oportunidade de esclarecer dúvidas e expressar suas opiniões sobre o tema.

11/2013

5

No período de 2 a 4 de dezembro de 2013, a Secretaria do Meio Ambiente e Desen-volvimento Sustentável do Tocantins (Se-mades) e o Instituto Natureza do Tocan-tins (Naturatins) realizaram, com o apoio do Ministério do Meio Ambiente (MMA) e da GIZ, o primeiro Workshop sobre Ma-nejo Integrado do Fogo no Tocantins.

O evento aconteceu na cidade de Pal-mas, em Tocantins, e reuniu cerca de 100 participantes, entre representantes de instituições federais, estaduais e muni-cipais, gestores de unidades de conser-vação, representantes de comunidades, entre outros profissionais que atuam na temática de prevenção, controle e mo-nitoramento de queimadas e incêndios florestais no Tocantins e no Brasil, além de representantes de universidades e centros de pesquisa, e convidados inter-nacionais oriundos da Austrália, Estados Unidos e Alemanha.

Durante o Workshop foram apresenta-dos os conceitos do Manejo Integrado do Fogo (MIF) baseado em dois elementos

importantes: o Manejo do Fogo de Base Comunitária (MFBC), conceito apresen-tado pelo convidado da Austrália, Robin Beatty, e o Sistema de Informações de Incêndios (SII), abordado em apresenta-ções diversas e que trouxe subsídios para a proposta do estabelecimento de um Sistema de Alerta de Incêndios para o es-tado do Tocantins, e para os produtos do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) para detecção e monitoramento de queimadas no Brasil.

No transcurso do segundo dia, os par-ticipantes foram divididos em grupos de trabalho simultâneos, onde foram discu-tidos quatro temas relacionados ao MIF: queima controlada e alternativas ao uso do fogo; o papel das brigadas no MFBC; programa de educação, comunicação e sensibilização sobre fogo; e Sistema de Informações de Incêndios para a preven-ção e controle de incêndios.

Os participantes dos grupos, após a apresentação das experiências, identifi-caram possibilidades, desafios e defini-

ram algumas propostas, recomendações e diretrizes para a elaboração e imple-mentação de uma estratégia de MIF no Tocantins. O Workshop foi finalizado com uma síntese dos resultados dos gru-pos e compromissos institucionais frente às propostas e recomendações definidas pelos grupos de trabalho.

A presença do Governador do Tocan-tins, Siqueira Campos, e do Secretário de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável do Tocantins, Alan Barbie-ro, na mesa de abertura, contribuiu para fortalecer a relevância do tema para o Estado e a importância de se avançar na formulação e institucionalização de uma estratégia de Manejo Integrado do Fogo para o Tocantins, que considere as especificidades da ecologia do fogo no Cerrado e os aspectos socioeconômicos e culturais. O evento favoreceu o diálogo entre instituições federais e estaduais e facilitou a troca de experiências e conhe-cimentos entre os parceiros brasileiros e os internacionais.

Participantes do Workshop sobre o Manejo Integrado do Fogo em Tocantins. Foto: Cassiana Moreira.

Workshop sobre Manejo Integrado do Fogo é realizado no Estado do Tocantins

12/2013

6

Pastagem Ecológica é alternativa ao uso do fogo no Cerrado

05/2014

No período de 12 a 21 de fevereiro de 2014, dois cursos sobre Manejo de Pasta-gem Ecológica foram organizados no es-tado do Tocantins pelo Centro Nacional de Prevenção e Combate aos Incêndios Florestais (Prevfogo/Ibama) nos municí-pios de Mateiros, na região do Jalapão, e em Pium, na região do Parque Estadual do Cantão.

As atividades realizadas em parceria com o Instituto de Desenvolvimento Rural do Tocantins (Ruraltins) e com o apoio do Ministério do Meio Ambiente e da GIZ, objetivaram capacitar produtores rurais, técnicos agrícolas e extensionistas, através da implantação de Unidades De-monstrativas de Manejo Sustentável de Pastagens, como alternativa ao uso do fogo no Cerrado.

A prática de queimadas, controladas ou não, está presente no cotidiano dos agri-cultores da região, sendo utilizada para limpeza de sobras de capim ou renovação de pastagens. Nesse contexto, a técnica empregada segue metodologia proposta pelo Professor Jurandir Melado, referên-cia no desenvolvimento de Manejo Eco-lógico de Pastagens no âmbito do projeto “Amazônia Sem Fogo”. Consiste no respei-

Participantes durante a realização de curso de Manejo de Pastagem Ecológica. Foto: Guilherme Eidt.

Professor Jurandir Melado e produtores rurais durante curso de Manejo de Pastagem Ecológica. Foto: Guilherme Eidt.

to ao ciclo de crescimento do capim, sem perder de vista as necessidades do gado e do solo, a partir das “leis universais” do pastoreio racional, idealizado pelo pes-quisador francês André Voisin, associa-dos ao sistema silvipastoril.

Posteriormente, mais três cursos foram

realizados para capacitação na técnica de Manejo de Pastagem Ecológica com a instalação de novas Unidades Demons-trativas na Região do Jalapão, dessa vez nos municípios de São Félix do Tocantins, Novo Acordo e Ponte Alta do Tocantins, entre 22 de março e 3 de abril de 2014.

7

Missão técnica para intercâmbio e troca de experiências em Manejo Integrado do Fogo é realizada na Austrália

06/2014

No período de 12 a 25 de maio de 2014, foi realizada na Austrália, uma missão técnica para troca de experiências em Manejo Integrado do Fogo (MIF). A mis-são teve como objetivo conhecer os vá-rios componentes do MIF utilizados no Território Norte da Austrália, região que apresenta muitas similaridades com o Cerrado brasileiro, e também visou o incentivo e o apoio ao desenvolvimento institucional do MIF no Brasil, a partir da troca de conhecimentos sobre as intera-ções específicas e acordos de cooperação entre os vários níveis governamentais e não governamentais, projetos de pesqui-sa científica e de investigação voltados para a ecologia do fogo, além dos pro-gramas de redução de emissões de gases de efeito estufa.

Visita técnica na Área de Proteção Indígena de Wardekken. Foto: Cassiana Moreira.

O grupo que participou da missão foi formado por representantes de institui-ções federais e estaduais, entre elas, o Ministério do Meio Ambiente, ICMBio e Prevfogo/Ibama, Naturatins e Semades. Durante a missão, os representantes das instituições brasileiras e australianas puderam interagir, trocando experiên-cias e conhecimentos sobre seus papéis e atribuições no âmbito do MIF em am-bos os países.

A viagem contou com uma programa-ção intensa e diversificada, com destaque para os dias de acampamento na remota comunidade de Kabulwarnamyo, que fica na Área de Proteção Indígena (API) de Warddeken. Na ocasião, os participantes vivenciaram o Manejo Integrado do Fogo realizado pelo povo aborígene, principal gestor da terra, e possuidor do direito de criar suas próprias parcerias e determinar as prioridades e resultados para o mane-jo da sua região.

O grupo também visitou o Parque Na-cional de Kakadu, o maior parque da Austrália e que abriga grande variedade de plantas e animais raros e endêmicos, além de seu milenar patrimônio cultural, existente junto às comunidades aborí-genes residentes. Um conselho adminis-trativo foi criado para a gestão conjunta da área, harmonizando o conhecimento tradicional com pesquisas científicas e as práticas modernas de manejo.

As informações sobre os incêndios no Norte da Austrália são geradas e dis-ponibilizadas pelo North Australia Fire Information (NAFI), sediado na Univer-sidade Charles Darwin e que também recebeu a visita dos representantes bra-sileiros. Os incêndios recentes são detec-tados e mapeados para, então, permitir aos usuários selecionar e ampliar áreas e fazer a sobreposição de mapas con-tendo o histórico de incêndios e outras informações.

Encontro dos participantes da missão com a Organização de Pesquisa Científica e Industrial da Comunidade das Nações (CSIRO). Fotos: Cassiana Moreira.

Por fim, o grupo participante reuniu-se para conversar e avaliar a missão técnica, assim como, evidenciar os pontos mais relevantes da visita. Nessa ocasião, os representantes das instituições puderam manifestar e sugerir atividades de segui-mento, a partir do aprendizado obtido na missão, tais como, a realização de pes-quisas visando resgatar o conhecimento tradicional do uso do fogo, atividades de monitoramento do impacto do fogo so-bre a biodiversidade e a implementação do Manejo Integrado do Fogo em Unida-des de Conservação.

8

Programa Piloto de Manejo Integrado e Adaptativo do Fogo é implementado em três Unidades de Conservação do Cerrado

07/2014

O Manejo Integrado e Adaptativo do Fogo (MIF) é uma abordagem holística que considera aspectos ecológicos, so-cioculturais e técnicos, e propõe o uso de queimadas controladas no início do período de seca com vistas a garantir a conservação e o uso sustentável de ecos-sistemas. O objetivo é mostrar que o fogo pode ter impactos negativos e positivos a depender de como, onde, quando e por-que é utilizado, apresentando-se como uma estratégia para a redução de incên-dios e para a redução de emissões de ga-ses de efeito estufa.

O aprimoramento do MIF em Unidades de Conservação é um dos eixos principais do Projeto Cerrado-Jalapão. Sendo assim, em 2014, foi realizado, pela primeira vez no Brasil, um Programa Piloto de Manejo Integrado e Adaptativo do Fogo em três Unidades de Conservação do Cerrado: o Parque Nacional da Chapada das Mesas (PNCM), o Parque Estadual do Jalapão

(PEJ) e a Estação Ecológica Serra Geral do Tocantins (EESGT). Para apoiar essa inicia-tiva, foi contratado o especialista em MIF, Robin Beatty, com mais de dez anos de ex-periência em manejo do fogo em savanas no Sul da África e no Norte da Austrália.

O Programa é constituído por três etapas: o planejamento, realizado entre março e abril, seguido da implementação (junho e julho) e, finalmente, a etapa de avaliação, prevista para outubro e novembro.

Com o intuito de familiarizar-se com a área, a etapa de planejamento baseou--se no levantamento de informações em campo, como o histórico e regime do fogo, uso do fogo pelas comunidades e validação em campo do mapa de acú-mulo de biomassa elaborado a partir de imagens de satélite. Foram realizadas também consultas e reuniões com os ges-tores, analistas ambientais e atores chave de cada UC, visando revisar os objetivos de manejo do fogo, capacidade, recursos

e estrutura disponível para determinar o potencial para a implementação do pro-grama piloto. Todas as informações co-letadas nas UC, juntamente com mapas de cicatrizes de queima de 2012 e 2013 e o mapa de acúmulo de biomassa, foram usados para identificar, dentro de cada UC, Zonas de Manejo do Fogo (ZMF), áreas menores que facilitaram a imple-mentação do programa piloto. A imple-mentação foi realizada numa ZMF, no meses de junho e julho, baseada em dois componentes chave de MIF: queimas controladas e Manejo do Fogo em Base Comunitária (MiFBC).

Juntamente com a brigada e a equipe de cada UC, implementaram-se queimas controladas estratégicas e de baixa inten-sidade para reduzir e fragmentar a quan-tidade de biomassa, criando mosaicos de áreas queimadas e não queimadas. Essa técnica tem o objetivo de criar uma rede de aceiros interligados que minimiza a

Queima controlada no Parque Nacional da Chapada das Mesas, no Maranhão. Foto: Leonardo Milano/ICMBio.

9

coletaram biomassa pré e pós-queima, descreveram as condições meteorológi-cas e fizeram medições de intensidade e velocidade de propagação da frente do fogo. Além de caracterizar essas queima-das para subsidiar as tomadas de decisão dos gestores com esse tipo de manejo, outras queimadas foram realizadas em coordenação com a passagem de satéli-tes capazes de captar alguns parâmetros de fogo, que juntamente com as medidas em campo permitem calibrar os modelos de cálculo de emissões de gases de efeito estufa (GEE) oriundas de queimadas.

Foram semanas de intenso trabalho, onde participaram, de uma forma ou de outra, todas as instituições parceiras do

ocorrência e a extensão dos incêndios no final da estação seca, e de facilitar o mo-nitoramento e controle de incêndios.

Outro elemento prioritário e essencial no MIF é a integração das comunida-des residentes no interior e entorno da UC para a implementação das queimas controladas, conhecido como Manejo do Fogo em Base Comunitária (MiFBC). Toda a equipe em campo apoiou a comunida-de na realização das queimas com fins de manejo, promovendo seus meios de subsistência e usando as capacidades e recursos comunitários existentes.

Adicionalmente, a etapa de implemen-tação foi acompanhada por um grupo de pesquisadores em Ecologia do Fogo, que

projeto. No final da implementação, os resultados das queimas realizadas foram apresentados pelos gestores das UC, em Palmas – TO. Participaram dessa reunião técnica, o Ministério do Meio Ambiente, ICMBio, Ibama/Prevfogo e as instituições estaduais do Tocantins, Semades e Natu-ratins, que concordaram com a necessi-dade de avançar na internalização e insti-tucionalização do MIF nas UC do Cerrado. No mês de outubro, após a campanha de fogo, foi realizada uma missão de avalia-ção, visando à validação e a capacitação no uso de informações de satélite para o planejamento e implementação do Ma-nejo Integrado do Fogo em 2015.

Manejo do Fogo em Base Comunitária (MiFBC) na Estação Ecológica Serra Geral do Tocantins. Foto: Guilherme Moura.

10

Missão de Avaliação do Programa Piloto de Manejo Integrado e Adaptativo do Fogo é realizada pelos parceiros do Projeto Cerrado-Jalapão

11/2014

No âmbito do Projeto Cerrado-Jalapão foi implementado um programa piloto para o Manejo Integrado do Fogo (MIF) ao longo de 2014. Na realização do pro-grama, o conceito de queimas no início da estação de seca foi aplicado como uma ferramenta de conservação e de gestão dos recursos naturais com base comunitária em três Unidades de Con-servação – Parque Estadual do Jalapão (PEJ), Estação Ecológica Serra Geral do Tocantins (EESGT) e Parque Nacional da Chapada das Mesas (PNCM).

Para planejar, monitorar e validar a im-plementação do MIF nestas áreas, o pro-grama piloto estabeleceu parceria com pesquisadores de ecologia de fogo da Universidade de Brasília (UnB). As ações foram realizadas em cooperação com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e a empresa alemã Remote Sen-sing Solutions (RSS), que disponibilizam informações de satélites sobre a quanti-dade de material combustível e sobre o histórico de área queimada, e áreas quei-madas recentes. As queimas prescritas foram coordenadas com a passagem de satélites para medir a Energia Radiativa do Fogo (ERF), como parâmetro para es-timar emissões de GEE relacionadas ao fogo, que está sendo analisado pela em-presa alemã Zebris.

Durante outubro e novembro de 2014, foi realizada uma missão de 14 dias para avaliar as ações do MIF que foram imple-mentadas nas três áreas pilotos. A mis-são foi acompanhada por parceiros do MMA, Inpe, Ibama/Prevfogo, ICMBio e Naturatins, bem como por outros atores chave como o Instituto Brasília Ambien-tal (Ibram), a Defesa Civil do Tocantins, a Universidade de Brasília (UnB) e o es-pecialista internacional de MIF, Robin Beatty. Além disso, a missão contou com a participação dos responsáveis pelas empresas alemãs RSS e Zebris para a va-lidação em campo dos dados de satélites.

Queima controlada no início da estação de seca no Parque Nacional da Chapada das Mesas, no Maranhão. Foto: Leonardo Milano/ICMBio.

Avaliação em campo das iniciativas do MIF com representantes do MMA, ICMBio, Ibama, Inpe, UnB, Ibram, RSS, Zebris e GIZ no Parque Nacional da Chapada das Mesas. Foto: Jonas Franke/RSS.

Os objetivos foram avaliar, em campo e por meio de imagens de satélite, as áreas queimadas no início da estação de seca, para caracterizar os impactos do fogo (início versus final da estação de seca), avaliar o período de fogo de 2014 com feedback dos brigadistas e membros das comunidades, e por fim, planejar as ativi-dades de MIF para 2015.

A missão foi ainda uma oportunidade para gestores de diferentes UC apren-

derem e trocarem experiências uns com os outros. Em seguida às atividades de campo, foi realizada uma oficina com os atores chave na cidade de Palmas, Tocan-tins. Durante a oficina foram comparti-lhadas as lições aprendidas e resultados do Programa Piloto de MIF, e no âmbito de grupos de trabalho, foram elaboradas recomendações para atividades de MIF em 2015 e definidas estratégias para dis-seminação de seus resultados.

O Projeto Prevenção, Controle e Monitoramento de Queimadas Irregulares e Incên-dios Florestais no Cerrado, conhecido como Projeto Cerrado-Jalapão, é fruto da coo-peração entre Brasil e Alemanha e visa aprimorar o Manejo Integrado e Adaptativo do Fogo no Cerrado, contribuindo para a conservação da biodiversidade, para a manuten-ção do Bioma como um sumidouro de carbono de relevância global e para a redução de emissões de gases de efeito estufa.

Para mais informações, acesse o site: cerradojalapao.mma.gov.br