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Observe! BOLETIM INFORMATIVO DO NEOA – JBS ANO IX – NÚMERO 3 – MARÇO DE 2018 EDITORIAL: Prezados leitores, O nosso colega Sandro Roberto Pauli Jr está impossível! Depois de ser medalhista de ouro na OBA 2017, Nível 4, ele participou ativamente na criação do Clube de Astronomia de Antônio Carlos/SC cujo encontro inaugural é tratado nesta edição. Em dezembro de 2017 ele participou da Jornada Espacial em São José dos Campos/SP, sendo o 3º aluno do IFSC- Fpolis a presenciar esse evento. Aliás, a estreia de Sandro no Boletim Observe! é justamente para descrever sua participação na Jornada Espacial. Por fim, Sandro foi o único aluno de Ensino Médio de Santa Catarina classificado para a Seletiva da IOAA cuja prova presencial é feita nos dias 18 a 21 de março de 2018 em Barra do Piraí/RJ. É o 2º aluno do IFSC-Fpolis a participar dessa Seletiva – o 1º foi Lucas Camargo da Silva nos anos de 2015 e 2016. Almejando sucesso ao nosso colega, desejamos a todos uma boa leitura. Alexandre Amorim Coordenação de Observação Astronômica do NEOA-JBS AGENDA ASTRONÔMICA – CÉU DO MÊS Março de 2018 Vênus é visível imediatamente após o pôr-do-sol. Urano é visível brevemente ao anoitecer. Mercúrio tem visibilidade prejudicada em virtude de sua elongação oriental desfavorável. Júpiter é visível após as 22:00. Marte é visível após a meia-noite. Saturno é visível de madrugada. Netuno tem sua visibilidade prejudicada devido a sua conjunção com o Sol. A luz cinérea da Lua é visível ao amanhecer entre os dias 11 e 16 e ao anoitecer entre os dias 18 e 22. As melhores datas para ver a Lua Cheia nascer no mar são no dia 1º às 18:45 HBr e no dia 31 às 18:39 HBr. A seguir temos o mapa do céu válido para o dia 15 de março às 20:00 Horário de Brasília. (©CartasCelestes.com)

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Observe!

BOLETIM INFORMATIVO DO NEOA – JBS ANO IX – NÚMERO 3 – MARÇO DE 2018

EDITORIAL: Prezados leitores, O nosso colega Sandro Roberto Pauli Jr está impossível! Depois de ser medalhista de ouro na OBA 2017, Nível 4, ele participou ativamente na criação do Clube de Astronomia de Antônio Carlos/SC cujo encontro inaugural é tratado nesta edição. Em dezembro de 2017 ele participou da Jornada Espacial em São José dos Campos/SP, sendo o 3º aluno do IFSC-Fpolis a presenciar esse evento. Aliás, a estreia de Sandro no Boletim Observe! é justamente para descrever sua participação na Jornada Espacial. Por fim, Sandro foi o único aluno de Ensino Médio de Santa Catarina classificado para a Seletiva da IOAA cuja prova presencial é feita nos dias 18 a 21 de março de 2018 em Barra do Piraí/RJ. É o 2º aluno do IFSC-Fpolis a participar dessa Seletiva – o 1º foi Lucas Camargo da Silva nos anos de 2015 e 2016. Almejando sucesso ao nosso colega, desejamos a todos uma boa leitura.

Alexandre Amorim Coordenação de Observação Astronômica do NEOA-JBS

AGENDA ASTRONÔMICA – CÉU DO MÊS Março de 2018 Vênus é visível imediatamente após o pôr-do-sol. Urano é visível brevemente ao anoitecer. Mercúrio tem visibilidade prejudicada em virtude de sua elongação oriental desfavorável. Júpiter é visível após as 22:00. Marte é visível após a meia-noite. Saturno é visível de madrugada. Netuno tem sua visibilidade prejudicada devido a sua conjunção com o Sol. A luz cinérea da Lua é visível ao amanhecer entre os dias 11 e 16 e ao anoitecer entre os dias 18 e 22. As melhores datas para ver a Lua Cheia nascer no mar são no dia 1º às 18:45 HBr e no dia 31 às 18:39 HBr. A seguir temos o mapa do céu válido para o dia 15 de março às 20:00 Horário de Brasília. (©CartasCelestes.com)

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Dia Hora Evento – Fonte: AAC 2018 – NEOA-JBS

1 3 Regulus 0,9° ao sul da Lua 1 22 Lua Cheia 4 11 Netuno em conjunção com o Sol 4 17 Mercúrio 1° ao norte de Vênus 7 5 Júpiter 4° ao sul da Lua 9 2 Júpiter estacionário 9 8 Quarto Minguante 9 21 Marte 4,5° ao sul da Lua 10 8 Mercúrio no periélio 10 23 Saturno 2° ao sul da Lua 11 6 Lua no apogeu 13 4 Ocultação de pi Capricorni pela Lua

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13 5 Ocultação de rho Capricorni pela Lua 14 Máxima atividade dos gama-Normídeos 15 12 Mercúrio em máxima elongação (18° E) 16 10 Netuno 1,5° ao norte da Lua 17 10 Lua Nova 18 19 Vênus 3,5° ao norte da Lua 19 0 Mercúrio 7° ao norte da Lua 19 1 Ceres estacionário 19 16 Urano 4,5° ao norte da Lua 19 17 Mercúrio 4° ao norte de Vênus 20 13:16 Equinócio de outono 22 21 Mercúrio estacionário 22 19 Aldebarã 0,9° ao sul da Lua 24 13 Marte em quadratura 24 13 Quarto Crescente 24/25 Equilux para a latitude 27,5° S 26 14 Lua no perigeu 27 1 Ocultação de delta Cancri pela Lua 28 11 Regulus 1° ao sul da Lua 28 21 Vênus 0,1° ao sul de Urano 29 11 Saturno em quadratura 31 10 Lua Cheia (segunda do mês)

Duas Luas Cheias neste mês Como podemos ver na tabela acima, neste mês de março temos a ocorrência de duas Luas Cheias. O mesmo aconteceu em janeiro de 2018 (Leia Boletim Observe! Janeiro e Fevereiro de 2018). Até meados da década de 1980 a ocorrência de uma segunda Lua Cheia no mesmo mês era uma informação astronômica que não passava apenas da indicação na tabela das efemérides. E mesmo assim a coincidência não recebia muita atenção, nem que fosse para discorrer sobre as peculiaridades do calendário gregoriano. Na época em que José Brazilício de Souza atuou no ensino, na pesquisa e na observação astronômica ocorreram onze “duas Luas Cheias” em 1885 (janeiro e março), 1887 (outubro); 1890 (julho), 1893 (abril), 1895 (dezembro), 1898 (agosto), 1901 (julho), 1904 (março), 1906 (novembro) e 1909 (agosto). Numa pesquisa preliminar feita em periódicos astronômicos daquela época encontramos apenas quatro menções a essa peculiaridade1. Mas em nenhum momento é dado um

1 Camille Flammarion discorreu sobre a ausência da Lua Cheia no mês de fevereiro do ano de 1866 em resposta a uma notícia sensacionalista de que tal fato seria muito raro e que ocorreria em milhares de anos. A ausência do instante da Lua Cheia em fevereiro foi uma consequência das duas

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rótulo à “2ª Lua Cheia” do mesmo mês. Como já adiantamos na edição de Fevereiro de 2018 deste Boletim Observe!, “a página 171 do Anuário 2018 indica que denominar a segunda Lua Cheia num mesmo mês de “lua azul” nasceu de um erro de interpretação”. A primeira evidência documental relacionando a expressão inglesa “Blue Moon” e a Lua Cheia do calendário veio das páginas do Maine Farmer’s Almanac após uma pesquisa feita por Philip Hiscock, Donald W. Olson e Roger W. Sinnott e que foi publicada na revista Sky & Telescope, março de 1999, páginas 52 a 55. De certa forma foi uma maneira dessa revista astronômica norte-americana se redimir do erro apresentado nas suas edições de Julho de 1943 e Março de 1946 quando Laurence J. Lafleur e James Hugh Pruett introduziram de forma equivocada o rótulo “Blue Moon” para a segunda Lua Cheia no mês. A referência citada por esses autores era o Maine Farmer’s Almanac do ano de 1937. Olson e Sinnott conseguiram essa edição do almanaque cuja página válida para o mês de Agosto de 1937 reproduzimos ao lado. Olson e Sinnott perceberam nitidamente que o rótulo “Blue Moon” foi aplicado para a Lua Cheia ocorrida em 21 de agosto de 1937 e, obviamente, essa não era a segunda Lua Cheia no mesmo mês. Além disso, o próprio almanaque explica uma provável origem da denominação “Blue Moon” Luas Cheias nos meses de janeiro e março daquele ano. Veja Études et Lectures sur l’Astronomie (Tomo III, 1872, p. 202-207). Algumas edições da revista L’Astronomie dos meses da ocorrência limitava-se a informar apenas sobre incidência das duas Luas Cheias.

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ao afirmar que “ocasionalmente a lua pode ser cheia treze vezes num ano”, que “isso era considerado uma circunstância muito desafortunada pelos monges que lidavam com o calendário”, que “isso atrapalhava o arranjo regular das festividades da igreja” e que “por essa razão o treze passou a ser considerado um número de azar”. Após uma pesquisa adicional incluindo mais de 40 edições do Maine Farmer’s Almanac entre 1819 e 1962 ficou evidenciado o critério usado por essa publicação, a saber: há ocasiões em que determinadas estações do ano possuem quatro Luas Cheias. A terceira Lua Cheia desse conjunto de quatro seria a “Blue Moon”. Significa, então, que esse é o conceito tradicional e verdadeiro? Nossa humilde resposta é não! Estamos tratando aqui de um critério arbitrário usado por um almanaque norte-americano. Não encontramos ainda nenhuma outra publicação astronômica anterior a 1943 que relaciona “Blue Moon” à Lua Cheia do calendário. Philip Hiscock escreveu no seu artigo em 1999 que uma imigrante tcheca afirmou que seus avós usavam a expressão, mas não foi confirmado ao confrontar essa informação com outras fontes tchecas. Depois, outros lhe disseram que os editores de calendários marcavam as Luas Cheias em tipos vermelhos, exceto a segunda Lua Cheia que era impressa em azul, daí a expressão “Blue Moon”. Mas essa informação não se sustenta ao examinarmos os antigos calendários. Como Hiscock escreveu: “If a reader has any other pre-1943 reference to a calendrical “blue moon”, please tell me about it”. No Brasil, a aparição do termo “Lua Azul” associado à segunda Lua Cheia do mês surgiu em maio de 1988, seguindo a propaganda nos Estados Unidos. E quando o termo surgiu, veio com o pacote completo de que é uma antiga tradição, etc. Examinando os periódicos publicados naquela época e agora disponíveis no Acervo Astronômico2, não encontramos um artigo sequer destacando a segunda Lua Cheia dos meses de maio de 1988, dezembro de 1990, setembro de 1993 e julho de 1996. Por outro lado, o assunto recebeu destaque nas páginas do Jornal do Brasil, sobretudo com a assinatura de Ronaldo Rogério de Freitas Mourão3. O caderno Domingo da edição de 28 de julho de 1996 do Jornal do Brasil, antecipando a 2ª Lua Cheia que ocorreria no dia 30 daquele mês, publicou uma reportagem especial onde já trazia os primeiros elementos que afastavam a ideia de “folclore antigo” sobre a Lua Azul. Transcrevemos parte dessa reportagem: 2 URL: http://www.acervoastronomico.org. (Leia Boletim Observe! Dezembro de 2017). 3 Pretendemos apresentar o tema “Ronaldo Mourão e a Lua Azul” durante a comemoração do “Dia do Mourão” em 25 de maio de 2018.

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[...] A lua cheia, desde o início das civilizações, era a mais importante fase lunar sob os aspectos místicos e religiosos. E a lua azul adquiriu uma importância maior ainda, por representar uma segunda ocasião de se cultuar a deusa do céu”, explica o astrônomo Ronaldo Rogério de Freitas Mourão, um estudioso sobre o culto da lua na Antiguidade. Já o historiador Ciro Flamarion Cardoso, professor de História Antiga da Universidade Federal Fluminense, não acredita que o culto à lua azul tenha se originado no Egito. “Nos papiros do período faraônico não há menção ao fenômeno. Os gregos e romanos atribuíam ao Egito muitas tradições para dar credibilidade”, diz. A discussão já chegou à Internet. Em uma home page da Universidade Memorial de Newfoundland, do Canadá, o pesquisador Philip Hiscock conta sua epopéia para descobrir a origem da tradição da lua azul. Philip enumerou seis diferentes significados para a expressão inglesa blue moon, mas não conseguiu identificar a época em que se passou a designar a segunda lua cheia. [...] De fato, em março de 1999 Hiscock publicaria seu artigo na revista Sky & Telescope identificando o Maine Farmer’s Almanac como a publicação que relaciona “Blue Moon” à Lua Cheia do calendário. A edição do Jornal do Brasil, 1º de abril de 1999, numa pequena nota na parte inferior da página 12, trazia essa informação: LUA AZUL Revista explica interpretação equivocada A revista Sky and Telescope, dedicada aos amadores da astronomia, publicou ontem que chamar de “lua azul” a segunda lua cheia em um só mês, como aconteceu este ano em janeiro e março, é um equívoco, decorrente de um erro de interpretação feito por seus redatores de um velho almanaque. A publicação confessa que em 1943 interpretou errado uma informação do almanaque do fazendeiro e disseminou a idéia de que a segunda lua cheia é sempre uma “lua azul”, o que na verdade nada tem a ver com a cor. Esta interpretação foi extrapolada e “lua azul” passou a ser quase um sinônimo de evento incomum, uma espécie de “dia de são nunca”. Na verdade, é um fenômeno bem comum, dado ao fato de que o calendário lunar tem 28 dias e o gregoriano, meses que vão de 28 a 31 dias, escreveu o editor Roger Sinnott. Recentemente. a edição de janeiro de 2018 da revista Astronomy citou apenas uma vez a expressão “Blue Moon” na página dos fenômenos mensais, similar à edição de julho de 2015. No entanto, a edição de março de 2018, quando novamente ocorre a 2ª Lua Cheia no mês, simplesmente ignorou o fenômeno e nem citou a expressão. O mesmo se dá com as edições de janeiro e março de 2018 da revista Sky & Telescope que ignorou completamente o termo “Blue Moon” para as segundas Luas Cheias desses meses. No entanto, a mesma revista traz um breve artigo sobre a ausência da Lua Cheia em fevereiro de 2018 na edição desse mês. (AA)

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Reentrada da Tiangong 1 Conforme indicamos na edição anterior do Boletim Observe!, a ESA4 sedia uma campanha internacional para monitorizar a reentrada da Estação Espacial Chinesa (Tiangong 1). Na noite de 31 de janeiro de 2018, durante a atividade de observação do nascer da segunda Lua Cheia do mês notamos que a Tiangong 1 apresentou-se mais brilhante do que as efemérides, atingindo magnitudes negativas quando a expectativa era um brilho similar ao da estrela Aldebarã. O website Aerospace.org5 prevê que a reentrada deve ocorrer no início do mês de abril com uma incerteza de 1 semana (status em 21 fev 2018). Segundo o website Heavens-Above.com apresentamos as datas das passagens da Tiangong-1 válidas para Florianópolis/SC com base nos elementos orbitais disponíveis em 2018-02-25, 02:12:36 TU. Nessa época o perigeu e apogeu da espaçonave estavam respectivamente em 245 km e 266 km. Além disso, avisamos que os horários podem se antecipar drasticamente em virtude do seu decaimento. Os leitores podem se atualizar por meio da lista do NEOA-JBS no Yahoogroups.com. (AA)

início culminação fim Data mag. hora alt./az. hora alt./az. hora alt./az. 3 mar 2,3 04:54:27 21°/NNE 04:54:46 21°/NE 04:56:37 10°/E 4 mar 1,9 04:46:15 33°/E 04:46:15 33°/E 04:47:52 10°/ESE 16 mar 2,8 05:42:17 10°/SSO 05:44:02 19°/SSE 05:45:45 10°/E 17 mar 2,0 05:29:03 10°/SSO 05:31:05 29°/SSE 05:33:06 10°/E 18 mar 1,0 05:16:48 25°/SO 05:17:50 49°/SE 05:20:00 10°/ENE 19 mar 0,9 05:04:42 50°/NE 05:04:42 50°/NE 05:06:28 10°/NE

Atenção às possíveis chuvas meteóricas Quando consultamos o calendário das principais chuvas de meteoros notamos que no mês de março ocorre a máxima atividade dos gamma-Normídeos por volta do dia 14 com uma taxa zenital de 6 meteoros por hora. Neste ano a Lua não interferirá muito na visualização desse enxame. No entanto, o Anuário Astronômico Catarinense 2018, na página 158, informa sobre duas possíveis correntes meteóricas associadas, respectivamente, aos cometas P/2016 BA14 e C/1907 G1 (Grigg-Mellish). 4 URL: http://blogs.esa.int/rocketscience/2018/01/12/tiangong-1-reentry-updates 5 URL: http://www.aerospace.org/cords/reentry-predictions/tiangong-1-reentry

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No caso do primeiro enxame, seu encontro com a Terra foi calculado para o dia 20 de março às 22:21 TU cujo radiante situa-se entre as estrelas Canopus e β Pictoris. Já o provável radiante do segundo enxame situa-se cerca de 3 graus ao sul da estrela α Pavonis e a atividade deve ocorrer por volta das 11:47 TU do dia 31 de março. (AA) Atenção às crateras lunares em março Desde 2016 o Boletim Observe! usa informações do Catálogo Brasileiro de Fenômenos Lunares para a observação de crateras que terão suas condições de iluminação similares àquelas que foram registradas anteriormente por astrônomos brasileiros. Para conhecer o fenômeno relatado, o leitor deve usar o Catálogo considerando que o número do evento corresponde à Coluna 1 (Data). (AA) 2018-Mar-26, 20:15-21:01 TU, Ilum.=74% Plato, evento nº 19800424, observada por Marco Petek. Fontes consultadas: AMORIM, Alexandre. Catálogo Brasileiro de Fenômenos Lunares. Disponível em: <http://www.geocities.ws/costeira1/cbfl2015.pdf>. COOK, Anthony. Repeat illumination only or illumination/libration. Disponível em: <http://users.aber.ac.uk/atc/tlp/tlp.htm>. Acesso em: 07 fev. 2018. Ocultações lunares em março Ampliando as informações publicadas no Anuário Astronômico Catarinense 2018, páginas 28 e 152, indicamos os instantes calculados para Florianópolis das ocultações das seguintes estrelas: π Capricorni: como a fase lunar situa-se entre o Quarto Minguante e a Lua Nova, a imersão dessa estrela ocorre no limbo iluminado às 03:45 HBr (06:45 TU) em 13 de março. Já a emersão (ou reaparecimento) ocorre no limbo escuro às 04:27 HBr (07:27 TU). Essa estrela a rigor é um sistema múltiplo cujas principais componentes A e B possuem respectivamente magnitudes 5,1 e 8,5 situadas cerca de 3 segundos de arco em AP 145°. ρ Capricorni: o desaparecimento dessa estrela acontece minutos depois do reaparecimento da estrela anterior, consequentemente na mesma data 13 de

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março. A imersão, também no limbo iluminado, ocorre às 04:35 HBr (07:36 TU) enquanto que a emersão acontece às 05:22 HBr (08:22 TU). ρ Capricorni também é um sistema múltiplo e suas duas principais componentes, A e B, possuem magnitudes 5,0 e 6,9 separadas em 1,8 segundos de arco em AP 194°. O observador não deve confundir a componente B com a estrela HIP 101040 (magnitude 6,6) situada a 4 minutos de arco em AP 150° de ρ Capricorni. δ Cancri: a ocultação dessa estrela ocorre em outra data, 27 de março, quando a fase lunar situa-se entre o Quarto Crescente e a Lua Cheia. Com isso, o desaparecimento da estrela é mais bem observado, pois ocorre no limbo escuro. Esse instante de imersão está calculado para a 01:03 HBr (04:03 TU). A rigor o reaparecimento ocorre à 01:55 HBr (04:55 TU), porém nesse momento a estrela está próxima do seu ocaso, numa altura ligeiramente inferior a 2 graus. (AA) Situação das novas austrais Informamos sobre esses dois objetos no Boletim Observe! Fevereiro de 2018. Desde meados do mês de janeiro já recebemos 42 observações visuais da Nova Muscae 2018 e 39 registros da Nova Circini 2018 por parte dos observadores A. Amorim, Robert Magno, Carlos Adib, Willian Souza, Lucas Camargo e Iwens Bernardes. As curvas de luz ao lado estão na mesma escala para mostrar o comportamento diferente do brilho das duas novas. Até 24 de fevereiro a Nova Cir 2018 ainda era visível por meio de binóculos enquanto que a Nova Mus 2018 já era vista apenas por meio de telescópio. No início de fevereiro foi descoberta a Nova Scorpii 2018 #2. Ela foi acompanhada por A. Amorim e Lucas Camargo, porém seu brilho passou da 10ª para a 12ª magnitude ao longo do mês de fevereiro. (AA).

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Clube de Astronomia de Antônio Carlos No dia 29 de janeiro de 2018 o NEOA-JBS foi convidado a prestigiar o encontro inaugural do Clube de Astronomia de Antônio Carlos “Raulino Reitz”. O local do encontro foi o auditório da Prefeitura Municipal de Antônio Carlos onde houve palestras e

observação astronômica. O jovem Sandro Pauli Júnior, sócio-fundador do Clube e integrante do NEOA-JBS, iniciou a comemoração falando das

atividades propostas para o novo Clube em que as reuniões, com temas astronômicos diversos, serão realizadas quinzenalmente. Também sugeriu uma cerimônia municipal anual de premiação aos alunos da Olimpíada Brasileira de Astronomia e

Astronáutica. Na sequência, Cleber Chaves, professor da Escola Estadual de Altamiro Guimarães, discursou sobre as Constelações Zodiacais. Ele

explicou que constelação não é um aglomerado de estrelas e sim uma área no céu. Cada área foi estabelecida pela União Astronômica Internacional que dividiu o céu em 88 constelações. A linha que o Sol transita é chamada de eclíptica e as constelações que ali estão são chamadas zodiacais. O número de constelações

zodiacais é 13 e não 12. Após essas considerações Samuel Müller, do NEOA-JBS, falou de aspectos introdutórios em astrofotografia, indicando

equipamentos adequados para fotografar o céu. Explicou a importância da montagem equatorial para a correção da rotação da Terra e o tempo de exposição para que o sensor fique aberto na captura de fótons assim como sobre o processamento de imagens para a redução de ruídos. Everson

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Vargas, do NEOA-JBS, trouxe um tema diferente. Ele abordou Astronomia do Pequeno Príncipe com base no livro de Antoine de Saint-Exupéry, publicado em 1943. No livro, B612 era o nome do planeta de onde o Pequeno Príncipe viera. Nesse ponto, o palestrante fez uma ligação da ficção com a realidade explicando sobre o B612 e dizendo que existe um asteroide catalogado como 612 Veronica, com 38,76 m de diâmetro, observado ao telescópio em 1909, restando um questionamento: será que o autor do livro tinha conhecimento da descoberta desse asteroide?

Dando prosseguimento ao programa Alexandre Amorim, do NEOA-JBS, indicou as curiosidades sobre a 2ª Lua Cheia do mês de janeiro. O objetivo do palestrante foi desmistificar conceitos equivocados sobre o nome “Lua Azul”, falando do erro de interpretação quando tal termo é utilizado ao se referir à segunda Lua Cheia ocorrida dentro de um mesmo mês. Na verdade, inicialmente o termo “Blue Moon” apenas se tornou referência de uma Lua Cheia extra dentro de uma estação. A partir das 21h00 nos

deslocamos até a Praça Central para uma sessão de observação. A Lua em sua fase cheia foi atração da noite. Estamos alegres por mais este recente Clube de Astronomia em Santa Catarina. É uma honra cooperar, participando com palestras e sessões de observação!

Margarete Jacques Amorim

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XV JORNADA ESPACIAL No último mês de Dezembro tive o privilégio de participar da XV Jornada Espacial promovida pela Olimpíada Brasileira de Astronomia e Astronáutica. O evento reúne estudantes de todo o País interessados na área, baseando-se no critério da prova de Astronáutica da OBA, para os imergir no estudo das ciências espaciais. Visitamos o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), o Instituto Tecnológico da Aeronáutica (ITA), o Memorial Aeroespacial Brasileiro (MAB) e os estúdios da TV Vanguarda. Alguns destaques nessas visitas são: o LIT – Laboratório de Integração e Testes, no INPE, onde situam-se diversos instrumentos com altíssimo grau de confiabilidade. Segundo a guia, o LIT é o mais sofisticado laboratório do gênero da América Latina. Os equipamentos são sobretudo utilizados para testes de satélites, principalmente os brasileiros desenvolvidos pelo INPE, além de ser usado também por empresas privadas. Uma réplica do satélite soviético Sputnik no MAB (vide imagem acima). As réplicas dos foguetes do Programa Espacial Brasileiro, entre eles a família Sonda (I, II e III), o VS-30, o VS-

40 e o VLS (Veículo Lançador de Satélites). O mais notável deles é o VLS (vide foto ao lado), de 19,7 metros, foi o ápice da elaboração de foguetes em solo brasileiro e é acompanhado de uma história trágica. Em 2003, após duas tentativas falhas de lançamento, um dos motores do VLS ativou-se inesperadamente na etapa de montagem, provocando a morte de 21 engenheiros. As palestras ministradas por notáveis pesquisadores de diversas instituições brasileiras foram igualmente enriquecedoras. A palestra Clima Espacial, do Dr.

Clézio Marcos de Nardin (EMBRACE/INPE) abordou os ventos solares, a magnetosfera da Terra e quais problemas estão associados a isso. O Dr. Gilvan Sampaio (CPTEC/INPE) apresentou a fala Aquecimento Global explicando e comprovando a ação do homem sobre a atmosfera e o clima terrestre e mostrando as previsões catastróficas que se tem para o futuro caso não tomemos medidas de controle. O Ten. Carlos Henrique Melo Souza (IAE/DCTA) apresentou Os 40 anos da Missão Voyager, tratando

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dos grandes avanços que essa sonda trouxe nos anos 70. O Contexto Histórico da Corrida Espacial, por Dr. José Bezerra Pessoa Filho (IAE/DCTA), trouxe mais clareza à história do acelerado desenvolvimento da astronáutica e sua relação com a Guerra Fria. O Dr. Leandro Toss Hoffmann (INPE) explicou os Sistemas de Posicionamento Global (GPS) permitindo-nos conhecer os princípios de funcionamento dessa tecnologia, a sua importância para nós e, consequentemente, o estado de sujeição do Brasil quanto aos países que detêm os satélites de GPS operantes. Nas dependências da TV Vanguarda o Eng. Sandro Sereno, dessa emissora, apresentou Os Satélites de Comunicação e a Televisão mostrando a fascinante tecnologia de satélites, torres de transmissão e antenas empregada no setor televisivo. A palestra e oficina Interpretando Imagens de Satélites da Dra. Elisabete Caria Moraes (INPE), a única palestrante mulher de todo o evento, nos fez aprender na prática como são realizadas as pesquisas relacionadas a essa importante função dos satélites.

Contrariando as expectativas esse evento da Olimpíada de Astronomia não teve nenhuma atividade de observação do céu noturno. Porém, numa das noites eu e alguns colegas tentamos observar a chuva de meteoros Geminídeos (Boletim Observe! Dezembro de 2017 p. 6) que

estava no pico de atividade naquela data. Infelizmente o radiante da chuva estava muito próximo ao horizonte durante o período da observação e por conta disso não cheguei a ver um meteoro sequer. Contudo a observação não foi em vão. Eu e um professor de João Pessoa/PB localizamos com os colegas algumas constelações, estrelas, aglomerados, etc, e aos poucos mais curiosos foram chegando. Além do enriquecimento cultural e científico gerado pelas palestras com professores, pesquisadores e engenheiros de mais alto grau do País é importante notar a excelente oportunidade para interagir com pessoas de todo o Brasil. Pude trocar ideias com estudantes e professores com todos tipos de sotaques e de todas as regiões. Concluo dizendo que a Jornada Espacial foi um experiência muitíssimo enriquecedora e que voltei para casa com muita motivação e inspiração na bagagem.

Sandro Roberto Pauli Jr

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Relatório de observação (janeiro - fevereiro de 2018) [Dados até 24 de fevereiro de 2018] Sol – manchas solares: recebemos 20 registros de A. Amorim, 13 observações de Gleici Kelly de Lima (ODF-Videira), 13 registros de Maiara Cemin (ODF-Videira), 13 registros enviados por Walter Maluf (Monte Mor/SP) e 4 observações de Frederico Funari (São Paulo/SP). Abaixo temos o gráfico do número de Wolf desde janeiro de 2010.

Estrelas variáveis – A. Amorim fez 86 estimativas de 33 estrelas. Lucas Camargo fez 2 estimativas de brilho da Nova Scorpii 2018 #2. Planeta anão – A. Amorim fez 2 estimativas de brilho de Ceres.

Asteroide – A. Amorim fez 6 estimativas de brilho de 4 Vesta. Seguindo as sugestões publicadas no Anuário Astronômico Catarinense 2018 e o Boletim Observe! Janeiro de 2018, acompanharemos esse objeto ao longo do ano atualizando a curva de luz ao lado.

Verificação de imagens O colaborador Carlos Arlindo Adib informa que tem interesse em examinar imagens de campos estelares a fim de verificar diversos objetos tais como estrelas variáveis. Se alguém obtém fotografias e deseja participar do trabalho, pode entrar em contato com o Sr. Adib por meio do e-mail: [email protected].

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ERRATA: No Boletim Observe! Fevereiro de 2018, página 20, a legenda da primeira foto é “20º ENAST – Rio de Janeiro/RJ – 2017” e não 2018. EVENTOS e PALESTRAS Encontros do NEOA-JBS Atividade semanal que neste primeiro semestre de 2018 ocorre às quartas-feiras das 17:40 às 19:00 em 28 de fevereiro e nos dias 7, 14, 21 e 28 de março. O local escolhido é a Sala C-202, IFSC – Campus Florianópolis. Mais informações no website: http://www.geocities.ws/costeira1/neoa. Mulheres na Astronomia Na terça-feira, 6 de março de 2018 o recém-criado Clube de Astronomia “Raulino Reitz” apresenta esse tema na sua reunião nas dependências da Prefeitura Municipal de Antônio Carlos/SC das 19:45 às 21:00. Palestras do Grupo de Estudos de Astronomia A partir de 9 de março o GEA inicia sua programação de palestras no Planetário da UFSC. Mais informações no website: http://www.gea.org.br. 65º Curso de Astronomia O Grupo de Estudos de Astronomia de Florianópolis realizará a 65ª edição de seu Curso de Introdução à Astronomia “Leitura do Céu e Sistema Solar” no período de 14 a 25 de maio de 2018. Mais informações no website: http://www.gea.org.br/curso.html. 3º ENASTRO Esse evento acontecerá em Canoas/RS no sábado, 21 de abril de 2018, nas dependências da Universidade La Salle.

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18 de maio: XXI Olimpíada Brasileira de Astronomia Neste dia ocorre a aplicação da prova teórica da 21ª edição da OBA. Mais informações no website: http://www.oba.org.br. 25 de maio: Dia do Mourão O NEOA-JBS prepara uma atividade especial envolvendo palestras e sessão de observação do céu para celebrar este dia especial dedicado à memória astronômica brasileira na pessoa de Ronaldo Rogério de Freitas Mourão. Informações no website: http://www.geocities.ws/costeira1/neoa. V Simpósio Nacional de Educação em Astronomia Esse evento ocorrerá nos dias 24 a 27 de julho de 2018 nas dependências da UEL – Londrina/PR. Mais informações no website: https://www.sab-astro.org.br/eventos/snea/v-snea.

Observe! é o boletim informativo do Núcleo de Estudo e Observação Astronômica “José Brazilício de Souza”, editado por Alexandre Amorim com colaboração de demais integrantes do NEOA-JBS. Colaboraram nesta edição: Alexandre Amorim, Margarete J. Amorim e Sandro R. Pauli Jr. Salvo indicação específica, as fotos foram obtidas pelos autores de cada artigo. A distribuição deste boletim é gratuita aos integrantes e participantes do NEOA-JBS. Observe! é publicado mensalmente e obtido por meio dos seguintes modos: Formato eletrônico: envie e-mail para [email protected] com cópia para [email protected]. Associe-se ao NEOA-JBS por meio do yahoogroups! e tenha acesso a todas as edições do Observe! Acesse o website http://www.geocities.ws/costeira1/neoa. Formato impresso: obtido na sede do NEOA-JBS, Instituto Federal de Santa Catarina, Avenida Mauro Ramos, 950, Florianópolis/SC. Fones: (48) 3211-6004 e (48) 99989-3590, contato: Prof. Marcos Neves.