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REPERCUSSÃO GERAL Boletim 3 Supremo Tribunal Federal Secretaria de Documentação

Boletim Repercussão Geral nº 3

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Page 1: Boletim Repercussão Geral nº 3

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Supremo Tribunal FederalSecretaria de Documentação

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Supremo Tribunal FederalSecretaria de Documentação

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O Boletim Repercussão Geral apresenta uma síntese dos processos em que discutida a existência de repercussão geral, classificando-os em: repercussão geral reconhecida e mérito julgado; repercussão geral reconhecida e jurisprudência reafirmada pelo Plenário Virtual; repercussão geral reconhecida e mérito pendente de julgamento; e repercussão geral não reconhecida.

Brasília, 3 de fevereiro a 1º de julho de 2014 — nº 3

RepeRcussão GeRalBoletim

Supremo Tribunal FederalSecretaria de Documentação

Page 4: Boletim Repercussão Geral nº 3

Repercussão Geral : Boletim / Supremo Tribunal Federal. – v. 1, n. 1 (fev./jul. 2013) - . – Brasília : Secretaria de Documentação, 2013- .

v. ; 21 x 29 cm.

Semestral.

Disponível também em formato eletrônico: <www.stf.jus.br/boletimrg>

1. Repercussão geral, Brasil. 2. Tribunal supremo, jurisprudência, Brasil. I. Brasil. Supremo Tribunal Federal (STF). II. Título: Boletim Repercussão Geral.

CDD 340.6

Supremo Tribunal Federal

Secretaria de Documentação — SDO

Coordenadoria de Jurisprudência Comparada e Divulgação de Julgados — CJCD

[email protected]

Page 5: Boletim Repercussão Geral nº 3

Sumário

1 Repercussão geral reconhecida e mérito julgado, 9

Direito Administrativo Concurso Público

Tema 376: RE 635.739/AL 11Tema 612: RE 658.026/MG 11

Direito ConstitucionalDireitos e Garantias Fundamentais

Tema 82: RE 573.232/SC 12

Direito EleitoralInelegibilidades

Tema 678: RE 758.461/PB 13

Direito PrevidenciárioPrevidência Privada

Tema 190: RE 586.453 ED/SE 14

Direito Processual CivilRequisito de Admissibilidade Recursal

Tema 56: RE 576.155 ED/DF 14

Direito TributárioCrédito Tributário

Tema 31: RE 565.048/RS 15 Imunidade Tributária

Tema 224: RE 599.176/PR 15 Tema 432: RE 636.941/RS 16

Princípios e Garantias Tributários

Tema 278: RE 568.503/RS 21Tributos

Tema 166: RE 595.838/SP 22

2 Repercussão geral reconhecida e jurisprudência reafirmada pelo Plenário Virtual, 23

Direito AdministrativoAgentes Públicos

Tema 724: ARE 799.908 RG/RJ 25Sistema Remuneratório

Tema 737: RE 759.518 RG/AL 25

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Direito ConstitucionalDireitos e Garantias Fundamentais

Tema 738: RE 795.467 RG/SP 25Sistema Financeiro Nacional

Tema 728: ARE 808.107 RG/PE 26

Direito do TrabalhoPrincípios e Garantias Trabalhistas

Tema 748: RE 806.190 RG/GO 26

Direito PenalPenas

Tema 712: ARE 666.334 RG/AM 26

Direito Processual CivilCompetência

Tema 722: RE 726.035 RG/SE 27Tema 727: RE 797.905 RG/SE 27

Direito Processual PenalAção Penal

Tema 713: ARE 773.765 RG/PR 28

Direito TributárioTributos

Tema 721: RE 789.218 RG/MG 28

3 Repercussão geral reconhecida e mérito pendente de julgamento, 29

Direito AdministrativoContrato Administrativo

Tema 725: ARE 713.211 RG/MG 31

Direito ConstitucionalControle de Constitucionalidade

Tema 703: RE 603.116 RG/RS 31Tema 739: ARE 791.932 RG/DF 31

Controle Jurisdicional de Políticas Públicas

Tema 698: RE 684.612 RG/RJ 32Direitos e Garantias Fundamentais

Tema 716: ARE 790.813 RG/SP 32Tema 732: RE 647.885 RG/RS 32

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Direito EconômicoPrincípios Gerais da Atividade Econômica

Tema 704: RE 627.432 RG/RS 33

Direito PrevidenciárioBenefícios Previdenciários

Tema 709: RE 788.092 RG/RS 33

Direito Processual CivilSentença

Tema 733: RE 730.462 RG/SP 34

Direito TributárioImunidade Tributária

Tema 699: RE 612.686 RG/SC 34Obrigação Tributária

Tema 743: RE 770.149 RG/PE 35Princípios e Garantias Tributários

Tema 705: ARE 668.974 RG/DF 35Tema 707: RE 698.531 RG/ES 35Tema 744: RE 633.345 RG/ES 36Tema 745: RE 714.139 RG/SC 36

Processo Administrativo Tributário

Tema 736: RE 796.939 RG/RS 36Tributos

Tema 700: RE 634.764 RG/RJ 37Tema 708: ARE 784.682 RG/MG 37Tema 723: RE 761.263 RG/RS 37

4 Repercussão geral não reconhecida, 39Direito Administrativo

Agentes Públicos

Tema 710: ARE 792.107 RG/RN 41Tema 711: ARE 777.323 RG/SP 41

Concurso Público

Tema 717: RE 696.740 RG/MG 42Tema 735: ARE 808.524 RG/RS 42

Sistema RemuneratórioTema 702: RE 764.332 RG/SP 43Tema 706: ARE 794.364 RG/DF 43Tema 718: ARE 799.718 RG/SE 44Tema 719: ARE 800.721 RG/PE 44Tema 730: RE 774.927 RG/SC 45Tema 746: RE 764.620 RG/SC 45

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Tema 750: RE 731.333 RG/SP 46Tema 751: ARE 808.997 RG/RS 46

Tarifa

Tema 618: RE 676.924 RG-ED-ED/SC 46

Direito ConstitucionalDireitos e Garantias Fundamentais

Tema 741: RE 769.254 RG/SP 47Sistema Financeiro Nacional

Tema 749: RE 729.011 RG/RS 47

Direito EleitoralCondição de Elegibilidade

Tema 731: ARE 728.181 RG/RJ 47

Direito PenalDireitos e Garantias Penais

Tema 734: RE 657.871 RG/SP 47

Direito PrevidenciárioBenefícios Previdenciários

Tema 701: ARE 787.379 RG/PE 48Tema 726: RE 675.608 RG/SC 48

Direito Processual CivilCompetência

Tema 740: ARE 808.726 RG/RN 49Tema 747: RE 655.466 RG/RJ 49

Direito Processual ColetivoAção Civil Pública

Tema 715: ARE 796.473 RG/RS 49

Direito Tributário

Execução Fiscal

Tema 742: RE 774.458 RG/PR 50Tributos

Tema 714: RE 790.799 RG/PB 50Tema 720: ARE 802.082 RG/SC 50Tema 729: ARE 784.854 RG/CE 51

5 Clipping da repercussão geral, 53

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REPERCUSSÃO GERAL RECONHECIDA E MÉRITO JULGADO

TEMA 376Direito Administrativo; Concurso PúblicoÉ constitucional a regra denominada “cláusula de barreira”, inserida em edital de concurso pú-blico, que limita o número de candidatos participantes de cada fase da disputa, com o intuito de selecionar apenas os concorrentes mais bem classificados para prosseguir no certame. Discutia-se a legitimidade da aludida cláusula à luz do princípio da isonomia. De início, o Tribunal rejeitou questão de ordem no sentido de que a matéria estaria contida no RE 608.482 RG/RN, com reper-cussão geral reconhecida. Afirmou tratar-se de temas distintos. No mérito, a Corte explicou que o crescente número de candidatos ao ingresso em carreira pública provoca a criação de critérios editalícios que restrinjam a convocação de concorrentes de uma fase para outra dos certames. Nesse sentido, as regras restritivas subdividem-se em “eliminatórias” e “cláusulas de barreira”. As eliminatórias preveem, como resultado de sua aplicação, o afastamento do candidato do con-curso por insuficiência em algum aspecto de seu desempenho. Reputou comum a conjunção, com esta, da cláusula de barreira, que restringe o número de candidatos para a fase seguinte do certame, para determinar que, no universo de pessoas não excluídas pela regra eliminatória, par-ticiparia da etapa subsequente apenas número predeterminado de concorrentes, de modo a con-templar apenas os mais bem classificados. O Colegiado observou que a delimitação de número específico de candidatos é fator imprescindível para a realização de determinados certames, à luz da exigência constitucional de eficiência. Destacou, ainda, que as cláusulas de barreira, de modo geral, elegem critérios diferenciadores de candidatos em perfeita consonância com a Constitui-ção, à luz do art. 37, caput e II. Apontou que o estabelecimento do número de candidatos aptos a participar de determinada etapa de concurso público também passa pelo critério de conveniên-cia e oportunidade da Administração, e não infringe o princípio da isonomia quando o requisito de convocação é vinculado ao desempenho do concorrente em etapas anteriores. Acresceu que decisões judiciais ampliadoras do rol de participantes em determinada etapa de certame, no afã de atender à isonomia, desrespeitam esse postulado, porque ensejam a possível preterição de candidatos mais bem classificados.(RE 635.739/AL, rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 19/2/2014, acórdão pendente de pu-blicação)

TEMA 612Direito Administrativo; Concurso PúblicoÉ inconstitucional lei que institua hipóteses abrangentes e genéricas de contratações temporárias sem concurso público e tampouco especifique a contingência fática que evidencie situação de emergência. Discutia-se a constitucionalidade de lei municipal que dispõe sobre a contratação temporária de servidores públicos na área do magistério. O Tribunal afirmou a necessidade de

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REPERCUSSÃO GERAL RECONHECIDA E MÉRITO JULGADO

observância do postulado constitucional do concurso público (CF, art. 37, II). Salientou que as exceções a essa regra somente são admissíveis nos termos da Constituição, sob pena de nulidade. Destacou dentre essas exceções os cargos em comissão e a contratação de pessoal por tempo determinado para atender a necessidade temporária de excepcional interesse público (CF, art. 37, II, in fine, e IX, respectivamente). Apontou que, nesta última hipótese, devem ser atendidas as seguintes condições: a) previsão legal dos cargos; b) tempo determinado; c) necessidade tem-porária de interesse público; e d) interesse público excepcional. Asseverou que o art. 37, IX, da CF deve ser interpretado restritivamente, de modo que a lei que excepciona a regra de obrigato-riedade do concurso público não pode ser genérica, como no caso. Além disso, sublinhou que a justificativa de a contratação de pessoal buscar suprir deficiências na área de educação, ou de ape-nas ser utilizada para preencher cargos vagos, não afasta a inconstitucionalidade da norma. No ponto, asseverou que a lei municipal regulara a contratação temporária de profissionais para rea-lização de atividade essencial e permanente, sem que fossem descritas as situações excepcionais e transitórias que fundamentassem esse ato. Citou, também, o Enunciado 685 da Súmula da Corte (É inconstitucional toda modalidade de provimento que propicie ao servidor investir-se, sem prévia aprovação em concurso público destinado ao seu provimento, em cargo que não integra a carreira na qual anteriormente investido). Assim, o Tribunal declarou a inconstitucionalidade do art. 192, III, da Lei 509/1999, do Município de Bertópolis/MG (Art. 192 — Consideram-se como necessidade temporária de excepcional interesse público as contratações que visem a: ... III — suprir necessidades de pessoal na área do magistério). No entanto, deliberou modular os efeitos da decisão para manter os contratos firmados até a data do julgamento. Observou, entretanto, que a duração desses contratos não pode ultrapassar doze meses, nos termos do art. 192, § 1º, II, da referida lei municipal. Além disso, vedou a contratação realizada nos termos do art. 193 do mesmo diploma. Realçou, ainda, que a modulação atinge apenas os contratos que não forem nulos por outro motivo além do discutido no recurso. (RE 658.026/MG, rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 11/4/2014, acórdão pendente de publi-cação)

TEMA 82Direito Constitucional; Direitos e Garantias FundamentaisA autorização estatutária genérica conferida a associação não é suficiente para legitimar a sua atuação em juízo na defesa de direitos de seus filiados, sendo indispensável que a declaração ex-pressa exigida no inciso XXI do art. 5º da CF (as entidades associativas, quando expressamente auto-rizadas, têm legitimidade para representar seus filiados judicial ou extrajudicialmente) seja manifestada por ato individual do associado ou por assembleia geral da entidade. Por conseguinte, somente os associados que apresentaram, na data da propositura da ação de conhecimento, autorizações individuais expressas à associação, podem executar título judicial proferido em ação coletiva. Discutia-se a legitimidade ativa de associados que, embora não tivessem autorizado explicitamen-te a associação a ajuizar a demanda coletiva, promoveram a execução de sentença prolatada em favor de outros associados que, de modo individual e expresso, teriam fornecido autorização para a entidade atuar na fase de conhecimento. O Tribunal reafirmou a jurisprudência quanto ao alcance da expressão “quando expressamente autorizados”, constante da cláusula inscrita no mencionado inciso XXI do art. 5º da CF. Asseverou que esse requisito específico acarreta a dis-

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REPERCUSSÃO GERAL RECONHECIDA E MÉRITO JULGADO

tinção entre a legitimidade das entidades associativas para promover demandas em favor de seus associados (CF, art. 5º, XXI) e a legitimidade das entidades sindicais (CF, art. 8º, III). A Corte reputou não ser possível, na fase de execução do título judicial, alterá-lo para que sejam incluídas pessoas não apontadas como beneficiárias na inicial da ação de conhecimento e que não autori-zaram a atuação da associação, como exigido no preceito constitucional em debate. Ademais, a simples previsão estatutária de autorização geral para a associação é insuficiente para lhe conferir legitimidade. Por essa razão, ela própria tivera a cautela de munir-se de autorizações individuais. (RE 573.232/SC, rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgado em 14/5/2014, acórdão pendente de publicação)

TEMA 678Direito Eleitoral; InelegibilidadesO Enunciado 18 da Súmula Vinculante do STF (A dissolução da sociedade ou do vínculo conjugal, no curso do mandato, não afasta a inelegibilidade prevista no § 7º do artigo 14 da Constituição Federal) não se aplica aos casos de extinção do vínculo conjugal pela morte de um dos cônjuges. Discutia-se eventual inelegibilidade para reeleição de cônjuge supérstite que se elegeu em pleito seguinte ao da morte do então detentor do cargo eletivo, ocorrida no curso do mandato, com regular suces-são do vice. O Tribunal ressaltou que o § 7º do art. 14 da CF [§ 7º — São inelegíveis, no território de jurisdição do titular, o cônjuge e os parentes consanguíneos ou afins, até o segundo grau ou por adoção, do Presidente da República, de Governador de Estado ou Território, do Distrito Federal, de Prefeito ou de quem os haja substituído dentro dos seis meses anteriores ao pleito, salvo se já titular de mandato eletivo e candidato à reeleição] restringe a capacidade eleitoral passiva, ao prever hipóteses de inelegibilidade reflexa ou indireta, devendo ser interpretado de modo restritivo. A Corte citou entre os objetivos do art. 14, § 7º, da CF o de inibir a perpetuação política de grupos familiares e o de inviabilizar a utilização da máquina administrativa em benefício de parentes detentores de poder. Asseverou que, no en-tanto, a superveniência do falecimento do titular, no curso do prazo legal de desincompatibiliza-ção deste, afasta ambas as situações. Aludiu à impropriedade de perenização dos efeitos jurídicos de antigo casamento, desfeito pela morte, para restringir o direito constitucional de concorrer à eleição. Registrou que o fundamento para a edição do Verbete 18 da Súmula Vinculante do STF foi a ocorrência de separações e divórcios fraudulentos, como forma de obstar a incidência da inelegibilidade. O Plenário aduziu que a hipótese de extinção do vínculo matrimonial pela morte de um dos cônjuges não foi considerada na oportunidade. Por fim, consignou haver outras especificidades no caso que não poderiam ser desprezadas: a) o falecimento ter ocorrido mais de um ano antes do pleito, dentro do prazo para desincompatibilização do ex-prefeito; b) a cônjuge supérstite haver concorrido contra o grupo político do ex-marido; c) a recorrente ter se casado novamente durante seu primeiro mandato e constituído nova instituição familiar; e d) o TSE ter respondido à consulta, para assentar a elegibilidade de candidatos que, em tese, estivessem em situação idêntica à dos autos. (RE 758.461/PB, rel. Min. Teori Zavascki, julgado em 22/4/2014, acórdão pendente de publi-cação)

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REPERCUSSÃO GERAL RECONHECIDA E MÉRITO JULGADO

TEMA 190Direito Previdenciário; Previdência PrivadaO Tribunal, ao julgar embargos de declaração, rejeitou-os e manteve o entendimento firmado no julgamento do recurso extraordinário, em que reconhecida a repercussão geral. Dessa forma, reafirmou-se a orientação no sentido de que compete à justiça comum processar e julgar causas envolvendo complementação de aposentadoria por entidades de previdência privada. Discutia--se se a questão da competência para julgar as mencionadas causas, a fim de estabelecer se seria da justiça do trabalho ou da justiça comum. O Tribunal concluiu pela competência da justiça comum. Deliberou, ainda, pela exigência de quórum de 2/3 para modulação de efeitos em sede de recurso extraordinário com repercussão geral. Em seguida, a Corte modulou os efeitos da de-cisão para reconhecer a competência da justiça trabalhista para processar e julgar, até o trânsito em julgado e correspondente execução, as causas sentenciadas até 20/2/2013.(RE 586.453 ED/SE1, rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 19/3/2014, acórdão pendente de pu-blicação)

TEMA 56Direito Processual Civil; Requisito de Admissibilidade RecursalO Tribunal, ao julgar embargos de declaração, rejeitou-os e manteve o entendimento firmado no julgamento do recurso extraordinário, em que reconhecida a repercussão geral. Dessa forma, reafirmou-se a orientação no sentido de que o Ministério Público possui legitimidade para pro-por ação civil pública com o objetivo de anular Termo de Acordo de Regime Especial — TARE firmado entre o Distrito Federal e empresa privada beneficiária de redução fiscal. Discutia--se a legitimidade do Ministério Público para ajuizar ação civil pública em matéria tributária referente a acordo em que estabelecido, à determinada empresa privada, regime especial de apuração do Imposto sobre Operações Relativas à Circulação de Mercadorias e sobre Presta-ções de Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação — ICMS. O Tribunal assentou não se tratar de proteção de interesse individual, mas de direitos metain-dividuais, haja vista que o ajuste impugnado poderia mostrar-se lesivo ao patrimônio público ao beneficiar empresa privada. Ademais, ressaltou a competência do Ministério Público para defender, em juízo, o erário e o patrimônio público, nos termos do art. 129, III, da CF. Asseve-rou não ser possível aplicar, no caso, o parágrafo único do art. 1º da Lei 7.347/1985, que veda a proposição de ações civis públicas pelo parquet para veicular pretensões relativas a matérias tributárias individualizáveis. Reputou que a citada ação civil pública não fora ajuizada para proteger direito de contribuinte específico, mas de todos os cidadãos do Distrito Federal, no tocante à integridade do erário e à higidez do processo de arrecadação tributária.

“EMENTA: EMBARGOS DE DECLARAÇÃO NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO. AUSÊN-CIA DE OMISSÃO, OBSCURIDADE OU CONTRADIÇÃO. REDISCUSSÃO DA MATÉRIA. EFEI-TOS INFRINGENTES. IMPOSSIBILIDADE. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO REJEITADOS.

I — Ausência dos pressupostos do art. 535, I e II, do Código de Processo Civil.

1 Mérito julgado em 20/2/2013, acórdão publicado no DJe de 6/6/2013 (v. Boletim Repercussão Geral nº 1).

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REPERCUSSÃO GERAL RECONHECIDA E MÉRITO JULGADO

II — Verifica-se que a embargante busca tão somente a rediscussão da matéria e os embargos de de-claração, por sua vez, não constituem meio processual adequado para a reforma do decisum, não sendo possível atribuir-lhes efeitos infringentes, salvo em situações excepcionais, o que não ocorre no caso em questão.

III — Embargos de declaração rejeitados.” (RE 576.155 ED/DF2, rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgado em 14/5/2014, acórdão publicado no DJe de 2/6/2014)

TEMA 31Direito Tributário; Crédito TributárioA exigência, pela Fazenda Pública, de prestação de fiança, garantia real ou fidejussória para a impressão de notas fiscais de contribuintes em débito com o Fisco viola as garantias do livre exercício do trabalho, ofício ou profissão (CF, art. 5º, XIII), da atividade econômica (CF, art. 170, parágrafo único) e do devido processo legal (CF, art. 5º, LIV). Discutia-se eventual configuração de sanção política em decorrência do condicionamento de expedição de notas fiscais mediante a oferta de garantias pelo contribuinte inadimplente com o Fisco. O Tribunal consignou que o parágrafo único do art. 42 da Lei 8.820/1989 do Estado do Rio Grande do Sul (A Fiscalização de Tributos Estaduais, quando da autorização para impressão de documentos fiscais, poderá limitar a quanti-dade a ser impressa e exigir garantia, nos termos do art. 39, quando a utilização dos referidos documentos puder prejudicar o pagamento do imposto vincendo, ou quando ocorrer uma das hipóteses mencionadas no art. 39) vincula a continuidade da atividade econômica do contribuinte em mora ao oferecimen-to de garantias ou ao pagamento prévio do valor devido a título de tributo. Aludiu que se trata de providência restritiva de direito, complicadora ou mesmo impeditiva da atividade empresarial do contribuinte para forçá-lo ao adimplemento dos débitos. Sublinhou que esse tipo de medida, denominada pelo Direito Tributário de sanção política, afronta as liberdades fundamentais con-sagradas na Constituição, ao afastar a ação de execução fiscal, meio legítimo estabelecido pela ordem jurídica de cobrança de tributos pelo Estado. A Corte ressaltou o teor dos Enunciados 70 (É inadmissível a interdição de estabelecimento como meio coercitivo para cobrança de tributo), 323 (É inad-missível a apreensão de mercadorias como meio coercitivo para pagamento de tributos) e 547 (Não é lícito à autoridade proibir que o contribuinte em débito adquira estampilhas, despache mercadorias nas alfândegas e exerça suas atividades profissionais) de sua Súmula. Por fim, o Plenário declarou, ainda, a inconsti-tucionalidade do parágrafo único do art. 42 da Lei gaúcha 8.820/1989.(RE 565.048/RS, rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 29/5/2014, acórdão pendente de publi-cação)

TEMA 224Direito Tributário; Imunidade TributáriaA imunidade tributária recíproca (CF, art. 150, VI, a) não afasta a responsabilidade tributária por sucessão, na hipótese em que o sujeito passivo era contribuinte regular do tributo devido.

2 RE 576.155/DF: mérito julgado em 12/8/2010, acórdão republicado no DJe de 1º/2/2011.

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REPERCUSSÃO GERAL RECONHECIDA E MÉRITO JULGADO

Discutia-se a aplicação da imunidade tributária recíproca de créditos tributários já constituídos e transferidos à União por sucessão da extinta Rede Ferroviária Federal S.A. — RFSSA. O Tribunal afirmou que a imunidade tributária recíproca é norma constitucional de competência que proí-be a instituição de impostos sobre o patrimônio, a renda ou os serviços dos entes federados. Con-signou que essa imunidade é instrumento de preservação e calibração do pacto federativo, des-tinado a proteger os entes federados de eventuais pressões econômicas, projetadas para induzir escolhas políticas ou administrativas da preferência do ente tributante. Nesse contexto, a Corte realçou que a imunidade tributária recíproca é inaplicável se a atividade ou a entidade tributa-da demonstrar capacidade contributiva; se houver risco à livre iniciativa e às condições de justa concorrência econômica; ou se não houver risco ao pleno exercício da autonomia política que a Constituição confere aos entes federados. Assinalou que a RFFSA, por ser sociedade de economia mista, constituída sob a forma de sociedade por ações, apta, portanto, a cobrar pela prestação de seus serviços e a remunerar o capital investido, não tem direito à imunidade. Registrou que, com a liquidação da pessoa jurídica e com a já mencionada sucessão, a União se tornou responsável tributária pelos créditos inadimplidos, nos termos dos artigos 130 e seguintes do CTN. O Colegia-do ressaltou que a União não pode afastar a responsabilidade tributária ao alegar simplesmente que o tributo é devido por sociedade de economia mista, tampouco ao sugerir a aplicação de regra constitucional que protege a autonomia política de entes federados. Sublinhou que a res-ponsabilidade tributária dos sucessores protege o erário de um tipo de inadimplência bastante específica, consistente no desaparecimento jurídico do contribuinte, conjugado com a transfe-rência integral ou parcial do patrimônio a outra pessoa jurídica. Assim, a desconstituição da pessoa jurídica faz com que o crédito tributário não possa mais ser exigido contra o contribuinte original, que deixa de existir juridicamente. Salientou, por fim, que o sucessor, ainda que se trate de um ente federado, deve arcar com a dívida.(RE 599.176/PR, rel. Min. Joaquim Barbosa, julgado em 5/6/2014, acórdão pendente de pu-blicação)

TEMA 432Direito Tributário; Imunidade Tributária A imunidade tributária prevista no art. 195, § 7º, da CF (§ 7º — São isentas de contribuição para a se-guridade social as entidades beneficentes de assistência social que atendam às exigências estabelecidas em lei), regulamentada pelo art. 55 da Lei 8.212/1991, abrange a contribuição para o PIS. Discutia-se o reconhecimento de imunidade tributária às entidades filantrópicas em relação à contribuição para o PIS, por suposta ausência de lei específica a tratar dos requisitos para o gozo da mencio-nada imunidade. O Tribunal ratificou jurisprudência no sentido de que a contribuição para o PIS é tributo e está abrangida pela imunidade consagrada na Lei 8.212/1991. Asseverou não ser necessário lei complementar para dar completude ao que estabelecido no art. 195, § 7º, da CF. A Corte sublinhou que as exigências constitucionais feitas às entidades beneficentes de assistência social, para o gozo de imunidade, estariam satisfeitas com a simples edição de lei ordinária, qual seja, a Lei 8.212/1991.

“EMENTA: TRIBUTÁRIO. RECURSO EXTRAORDINÁRIO. REPERCUSSÃO GERAL. RE-PERCUSSÃO GERAL CONEXA. RE 566.622. IMUNIDADE AOS IMPOSTOS. ART. 150, VI, C,

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REPERCUSSÃO GERAL RECONHECIDA E MÉRITO JULGADO

CF/88. IMUNIDADE ÀS CONTRIBUIÇÕES. ART. 195, § 7º, CF/88. O PIS É CONTRIBUIÇÃO PARA A SEGURIDADE SOCIAL (ART. 239 C/C ART. 195, I, CF/88). A CONCEITUAÇÃO E O REGIME JURÍDICO DA EXPRESSÃO ‘INSTITUIÇÕES DE ASSISTÊNCIA SOCIAL E EDUCA-ÇÃO’ (ART. 150, VI, C, CF/88) APLICA-SE POR ANALOGIA À EXPRESSÃO ‘ENTIDADES BE-NEFICENTES DE ASSITÊNCIA SOCIAL’ (ART. 195, § 7º, CF/88). AS LIMITAÇÕES CONSTI-TUCIONAIS AO PODER DE TRIBUTAR SÃO O CONJUNTO DE PRINCÍPIOS E IMUNIDADES TRIBUTÁRIAS (ART. 146, II, CF/88). A EXPRESSÃO ‘ISENÇÃO’ UTILIZADA NO ART. 195, § 7º, CF/88, TEM O CONTEÚDO DE VERDADEIRA IMUNIDADE. O ART. 195, § 7º, CF/88, REPORTA-SE À LEI Nº 8.212/91, EM SUA REDAÇÃO ORIGINAL (MI 616/SP, Rel. Min. Nelson Jobim, Pleno, DJ 25/10/2002). O ART. 1º, DA LEI Nº 9.738/98, FOI SUSPENSO PELA CORTE SUPREMA (ADI 2.028 MC/DF, Rel. Moreira Alves, Pleno, DJ 16-06-2000). A SUPREMA CORTE INDICIA QUE SOMENTE SE EXIGE LEI COMPLEMENTAR PARA A DEFINIÇÃO DOS SEUS LIMITES OBJETIVOS (MATERIAIS), E NÃO PARA A FIXAÇÃO DAS NORMAS DE CONSTI-TUIÇÃO E DE FUNCIONAMENTO DAS ENTIDADES IMUNES (ASPECTOS FORMAIS OU SUB-JETIVOS), OS QUAIS PODEM SER VEICULADOS POR LEI ORDINÁRIA (ART. 55, DA LEI Nº 8.212/91). AS ENTIDADES QUE PROMOVEM A ASSISTÊNCIA SOCIAL BENEFICENTE (ART. 195, § 7º, CF/88) SOMENTE FAZEM JUS À IMUNIDADE SE PREENCHEREM CUMULATIVA-MENTE OS REQUISITOS DE QUE TRATA O ART. 55, DA LEI Nº 8.212/91, NA SUA REDAÇÃO ORIGINAL, E AQUELES PREVISTOS NOS ARTIGOS 9º E 14, DO CTN. AUSÊNCIA DE CAPA-CIDADE CONTRIBUTIVA OU APLICAÇÃO DO PRINCÍPIO DA SOLIDARIEDADE SOCIAL DE FORMA INVERSA (ADI 2.028 MC/DF, Rel. Moreira Alves, Pleno, DJ 16-06-2000). INAPLICABILI-DADE DO ART. 2º, II, DA LEI Nº 9.715/98, E DO ART. 13, IV, DA MP Nº 2.158-35/2001, ÀS EN-TIDADES QUE PREENCHEM OS REQUISITOS DO ART. 55 DA LEI Nº 8.212/91, E LEGISLA-ÇÃO SUPERVENIENTE, A QUAL NÃO DECORRE DO VÍCIO DE INCONSTITUCIONALIDADE DESTES DISPOSITIVOS LEGAIS, MAS DA IMUNIDADE EM RELAÇÃO À CONTRIBUIÇÃO AO PIS COMO TÉCNICA DE INTERPRETAÇÃO CONFORME À CONSTITUIÇÃO. EX POSITIS, CONHEÇO DO RECURSO EXTRAORDINÁRIO, MAS NEGO-LHE PROVIMENTO CONFERIN-DO EFICÁCIA ERGA OMNES E EX TUNC.

1. A imunidade aos impostos concedida às instituições de educação e de assistência social, em dispositivo comum, exsurgiu na CF/46, verbis: Art. 31, V, ‘b’: À União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios é vedado (...) lançar imposto sobre (...) templos de qualquer culto, bens e serviços de partidos políticos, instituições de educação e de assistência social, desde que as suas rendas sejam aplicadas integralmente no país para os respectivos fins.

2. As CF/67 e CF/69 (Emenda Constitucional nº 1/69) reiteraram a imunidade no disposto no art. 19, III, ‘c’, verbis: É vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios (...) instituir imposto sobre (...) o patrimônio, a renda ou os serviços dos partidos políticos e de instituições de educação ou de assistência social, observados os requisitos da lei.

3. A CF/88 traçou arquétipo com contornos ainda mais claros, verbis: Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: (...) VI. Instituir impostos sobre: (...) c) patrimônio, renda ou serviços dos partidos políticos, inclusive suas fundações, das entidades sindicais dos traba-lhadores, das instituições de educação e de assistência social, sem fins lucrativos, atendidos os requisitos da lei;(...) § 4º. As vedações expressas no inciso VI, alíneas ‘b’ e ‘c’, com-

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preendem somente o patrimônio, a renda e os serviços, relacionados com as finalidades essenciais das entidades nelas mencionadas; Art. 195. A seguridade social será financiada por toda a sociedade, de forma direta e indireta, nos termos da lei, mediante recursos pro-venientes dos orçamentos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e das seguintes contribuições sociais: (...) § 7º. São isentas de contribuição para a seguridade social as entidades beneficentes de assistência social que atendam às exigências estabeleci-das em lei.

4. O art. 195, § 7º, CF/88, ainda que não inserido no capítulo do Sistema Tributário Nacional, mas explicitamente incluído topograficamente na temática da seguridade social, trata, inequivoca-mente, de matéria tributária. Porquanto ubi eadem ratio ibi idem jus, podendo estender-se às instituições de assistência stricto sensu, de educação, de saúde e de previdência social, máxime na medida em que restou superada a tese de que este artigo só se aplica às entidades que tenham por obje-tivo tão somente as disposições do art. 203 da CF/88 (ADI 2.028 MC/DF, Rel. Moreira Alves, Pleno, DJ 16-06-2000).

5. A seguridade social prevista no art. 194, CF/88, compreende a previdência, a saúde e a assis-tência social, destacando-se que as duas últimas não estão vinculadas a qualquer tipo de contrapresta-ção por parte dos seus usuários, a teor dos artigos 196 e 203, ambos da CF/88. Característica esta que distingue a previdência social das demais subespécies da seguridade social, consoante a jurisprudência desta Suprema Corte no sentido de que seu caráter é contributivo e de filiação obrigatória, com espeque no art. 201, todos da CF/88.

6. O PIS, espécie tributária singular contemplada no art. 239, CF/88, não se subtrai da concomi-tante pertinência ao ‘gênero’ (plural) do inciso I, art. 195, CF/88, verbis: Art. 195. A seguridade social será financiada por toda a sociedade, de forma direta e indireta, nos termos da lei, mediante recursos provenientes dos orçamentos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e das seguintes contribuições sociais: I — do empregador, da empresa e da entidade a ela equiparada na forma da lei, incidentes sobre: (Redação dada pela Emen-da Constitucional nº 20, de 1998) a) a folha de salários e demais rendimentos do trabalho pagos ou creditados, a qualquer título, à pessoa física que lhe preste serviço, mesmo sem vínculo empregatício; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998) b) a receita ou o faturamento; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998) c) o lucro; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998) II — do trabalhador e dos demais segurados da previdência social, não incidindo contribuição sobre aposentadoria e pensão concedidas pelo regime geral de previdência social de que trata o art. 201; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998) III — sobre a receita de concursos de prognósticos. IV — do importador de bens ou serviços do exterior, ou de quem a lei a ele equiparar. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 42, de 19.12.2003)...

7. O Sistema Tributário Nacional, encartado em capítulo próprio da Carta Federal, encampa a expressão ‘instituições de assistência social e educação’ prescrita no art. 150, VI, ‘c’, cuja conceituação e regime jurídico aplica-se, por analogia, à expressão ‘entidades beneficentes de assistência social’ contida no art. 195, § 7º, à luz da interpretação histórica dos textos das CF/46, CF/67 e CF/69, e das premissas fixadas no verbete da Súmula n° 730. É que até o advento da CF/88 ainda não havia sido cunhado o conceito de ‘seguridade social’, nos termos em que definidos pelo art. 203, inexistindo distinção clara entre previdência, assistência social e saúde, a partir dos critérios de generalidade e gratuidade.

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8. As limitações constitucionais ao poder de tributar são o conjunto de princípios e demais regras disciplinadoras da definição e do exercício da competência tributária, bem como das imunidades. O art. 146, II, da CF/88, regula as limitações constitucionais ao poder de tributar reservadas à lei complemen-tar, até então carente de formal edição.

9. A isenção prevista na Constituição Federal (art. 195, § 7º) tem o conteúdo de regra de supressão de competência tributária, encerrando verdadeira imunidade. As imunidades têm o teor de cláusulas pétreas, expressões de direitos fundamentais, na forma do art. 60, § 4º, da CF/88, tornando contro-versa a possibilidade de sua regulamentação através do poder constituinte derivado e/ou ainda mais, pelo legislador ordinário.

10. A expressão ‘isenção’ equivocadamente utilizada pelo legislador constituinte decorre de circuns-tância histórica. O primeiro diploma legislativo a tratar da matéria foi a Lei nº 3.577/59, que isentou a taxa de contribuição de previdência dos Institutos e Caixas de Aposentadoria e Pensões às entidades de fins filantrópicos reconhecidas de utilidade pública, cujos membros de sua diretoria não percebessem remuneração. Destarte, como a imunidade às contribuições sociais somente foi inserida pelo § 7º, do art. 195, CF/88, a transposição acrítica do seu conteúdo, com o viés do legislador ordinário de isen-ção, gerou a controvérsia, hodiernamente superada pela jurisprudência da Suprema Corte no sentido de se tratar de imunidade.

11. A imunidade, sob a égide da CF/88, recebeu regulamentação específica em diversas leis or-dinárias, a saber: Lei nº 9.532/97 (regulamentando a imunidade do art. 150, VI, ‘c’, referente aos impostos); Leis nº 8.212/91, nº 9.732/98 e nº 12.101/09 (regulamentando a imunidade do art. 195, § 7º, referente às contribuições), cujo exato sentido vem sendo delineado pelo Supremo Tribunal Federal.

12. A lei a que se reporta o dispositivo constitucional contido no § 7º, do art. 195, CF/88, segundo o Supremo Tribunal Federal, é a Lei nº 8.212/91 (MI 616/SP, Rel. Min. Nelson Jobim, Pleno, DJ 25/10/2002).

13. A imunidade frente às contribuições para a seguridade social, prevista no § 7º, do art. 195, CF/88, está regulamentada pelo art. 55, da Lei nº 8.212/91, em sua redação original, uma vez que as mudanças pretendidas pelo art. 1º, da Lei nº 9.738/98, a este artigo foram suspensas (ADI 2.028 MC/DF, Rel. Moreira Alves, Pleno, DJ 16-06-2000).

14. A imunidade tributária e seus requisitos de legitimação, os quais poderiam restringir o seu alcance, estavam estabelecidos no art. 14, do CTN, e foram recepcionados pelo novo texto constitucio-nal de 1988. Por isso que razoável se permitisse que outras declarações relacionadas com os aspectos intrínsecos das instituições imunes viessem regulados por lei ordinária, tanto mais que o direito tribu-tário utiliza-se dos conceitos e categorias elaborados pelo ordenamento jurídico privado, expresso pela legislação infraconstitucional.

15. A Suprema Corte, guardiã da Constituição Federal, indicia que somente se exige lei com-plementar para a definição dos seus limites objetivos (materiais), e não para a fixação das normas de constituição e de funcionamento das entidades imunes (aspectos formais ou subjetivos), os quais podem ser veiculados por lei ordinária, como sois ocorrer com o art. 55, da Lei nº 8.212/91, que pode estabelecer requisitos formais para o gozo da imunidade sem caracterizar ofensa ao art. 146, II, da Constituição Federal, ex vi dos incisos I e II, verbis: Art. 55. Fica isenta das contribuições de que tratam os arts. 22 e 23 desta Lei a entidade beneficente de assistência social que atenda aos seguintes requisitos cumulativamente: (Revogado pela Lei nº 12.101, de 2009) I — seja reconhecida como de utilidade pública federal e estadual ou do Distrito Federal ou mu-

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nicipal; (Revogado pela Lei nº 12.101, de 2009); II — seja portadora do Certificado e do Registro de Entidade de Fins Filantrópicos, fornecido pelo Conselho Nacional de Assistên-cia Social, renovado a cada três anos; (Redação dada pela Lei nº 9.429, de 26.12.1996). ...

16. Os limites objetivos ou materiais e a definição quanto aos aspectos subjetivos ou formais atende aos princípios da proporcionalidade e razoabilidade, não implicando significativa restrição do alcance do dispositivo interpretado, ou seja, o conceito de imunidade, e de redução das garantias dos contri-buintes.

17. As entidades que promovem a assistência social beneficente, inclusive educacional ou de saúde, somente fazem jus à concessão do benefício imunizante se preencherem cumulativamente os requisitos de que trata o art. 55, da Lei nº 8.212/91, na sua redação original, e aqueles prescritos nos artigos 9º e 14, do CTN.

18. Instituições de educação e de assistência social sem fins lucrativos são entidades privadas cria-das com o propósito de servir à coletividade, colaborando com o Estado nessas áreas cuja atuação do Poder Público é deficiente. Consectariamente, et pour cause, a constituição determina que elas sejam desoneradas de alguns tributos, em especial, os impostos e as contribuições.

19. A ratio da supressão da competência tributária funda-se na ausência de capacidade contributi-va ou na aplicação do princípio da solidariedade de forma inversa, vale dizer: a ausência de tributação das contribuições sociais decorre da colaboração que estas entidades prestam ao Estado.

20. A Suprema Corte já decidiu que o artigo 195, § 7º, da Carta Magna, com relação às exigên-cias a que devem atender as entidades beneficentes de assistência social para gozarem da imunidade aí prevista, determina apenas a existência de lei que as regule; o que implica dizer que a Carta Magna alude genericamente à ‘lei’ para estabelecer princípio de reserva legal, expressão que compreende tanto a legislação ordinária, quanto a legislação complementar (ADI 2.028 MC/DF, Rel. Moreira Alves, Pleno, DJ 16-06-2000).

21. É questão prejudicial, pendente na Suprema Corte, a decisão definitiva de controvérsias acerca do conceito de entidade de assistência social para o fim da declaração da imunidade discutida, como as relativas à exigência ou não da gratuidade dos serviços prestados ou à compreensão ou não das insti-tuições beneficentes de clientelas restritas.

22. In casu, descabe negar esse direito a pretexto de ausência de regulamentação legal, mormente em face do acórdão recorrido que concluiu pelo cumprimento dos requisitos por parte da recorrida à luz do art. 55, da Lei nº 8.212/91, condicionado ao seu enquadramento no conceito de assistência social delimitado pelo STF, mercê de suposta alegação de que as prescrições dos artigos 9º e 14 do Código Tri-butário Nacional não regulamentam o § 7º, do art. 195, CF/88.

23. É insindicável na Suprema Corte o atendimento dos requisitos estabelecidos em lei (art. 55, da Lei nº 8.212/91), uma vez que, para tanto, seria necessária a análise de legislação infraconstitucional, situação em que a afronta à Constituição seria apenas indireta, ou, ainda, o revolvimento de provas, atraindo a aplicação do verbete da Súmula nº 279. Precedente. AI 409.981-AgR/RS, Rel. Min. Carlos Velloso, 2ª Turma, DJ 13/08/2004.

24. A pessoa jurídica para fazer jus à imunidade do § 7º, do art. 195, CF/88, com relação às con-tribuições sociais, deve atender aos requisitos previstos nos artigos 9º e 14, do CTN, bem como no art. 55, da Lei nº 8.212/91, alterada pelas Lei nº 9.732/98 e Lei nº 12.101/2009, nos pontos onde não tiveram sua vigência suspensa liminarmente pelo STF nos autos da ADI 2.028 MC/DF, Rel. Moreira Alves, Pleno, DJ 16-06-2000.

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25. As entidades beneficentes de assistência social, como consequência, não se submetem ao regime tributário disposto no art. 2º, II, da Lei nº 9.715/98, e no art. 13, IV, da MP nº 2.158-35/2001, aplicáveis somente àquelas outras entidades (instituições de caráter filantrópico, recreativo, cultural e científico e as associações civis que prestem os serviços para os quais houverem sido instituídas e os coloquem à disposição do grupo de pessoas a que se destinam, sem fins lucrativos) que não preenchem os requisitos do art. 55 da Lei nº 8.212/91, ou da legislação superveniente sobre a matéria, posto não abarcadas pela imunidade constitucional.

26. A inaplicabilidade do art. 2º, II, da Lei nº 9.715/98, e do art. 13, IV, da MP nº 2.158-35/2001, às entidades que preenchem os requisitos do art. 55 da Lei nº 8.212/91, e legislação superve-niente, não decorre do vício da inconstitucionalidade desses dispositivos legais, mas da imunidade em relação à contribuição ao PIS como técnica de interpretação conforme à Constituição.

27. Ex positis, conheço do recurso extraordinário, mas nego-lhe provimento conferindo à tese assen-tada repercussão geral e eficácia erga omnes e ex tunc. Precedentes. RE 93.770/RJ, Rel. Min. Soares Muñoz, 1ª Turma, DJ 03/04/1981. RE 428.815-AgR/AM, Rel. Min. Sepúlveda Pertence, 1ª Turma, DJ 24/06/2005. ADI 1.802-MC/DF, Rel. Min. Sepúlveda Pertence, Pleno, DJ 13-02-2004. ADI 2.028 MC/DF, Rel. Moreira Alves, Pleno, DJ 16-06-2000.”

(RE 636.941/RS, rel. Min. Luiz Fux, julgado em 13/2/2014, acórdão publicado no DJe de 4/4/2014)

TEMA 278Direito Tributário; Princípios e Garantias TributáriosA contribuição social para o PIS submete-se ao princípio da anterioridade nonagesimal (CF, art. 195, § 6º), e, nos casos em que a majoração de alíquota tenha sido estabelecida somente na lei de conversão, o termo inicial da contagem é a data da conversão da medida provisória em lei. Discutia-se a não sujeição dessa contribuição ao referido postulado constitucional. O Tribunal reafirmou jurisprudência no sentido da incidência do princípio da anterioridade nonagesimal às contribuições sociais.

“EMENTA: TRIBUTÁRIO. CONTRIBUIÇÃO SOCIAL. § 6º DO ART. 195, DA CONSTITUI-ÇÃO DA REPÚBLICA: APLICAÇÃO À CONTRIBUIÇÃO AO PIS. LEI DE CONVERSÃO DE MEDI-DA PROVISÓRIA. DISPOSITIVO SUSCITADO AUSENTE DO TEXTO DA MEDIDA PROVISÓRIA: CONTAGEM DA ANTERIORIDADE NONAGESIMAL A PARTIR DA PUBLICAÇÃO DA LEI.

1. A contribuição ao PIS sujeita-se à regra do § 6º do art. 195 da Constituição da República.2. Aplicação da anterioridade nonagesimal à majoração de alíquota feita na conversão de medida

provisória em lei.3. Recurso extraordinário ao qual se nega provimento.”

(RE 568.503/RS, rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 12/2/2014, acórdão publicado no DJe de 14/3/2014)

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REPERCUSSÃO GERAL RECONHECIDA E MÉRITO JULGADO

TEMA 166Direito Tributário; TributosÉ inconstitucional a contribuição a cargo de empresa, destinada à seguridade social — no montan-te de quinze por cento sobre o valor bruto da nota fiscal ou fatura de prestação de serviços, relativamente a serviços que lhe são prestados por cooperados por intermédio de cooperativas de trabalho —, prevista no art. 22, IV, da Lei 8.212/1991, com a redação dada pela Lei 9.876/1999. Discutia-se a obrigação de recolhimento da referida exação. A Corte, de início, salientou que a Lei 9.876/1999 transferiu a sujeição passiva da obrigação tributária para as empresas tomadoras dos serviços. Em seguida, assentou que, embora os sócios/usuários possam prestar seus serviços no âmbito dos respectivos locais de trabalho, com seus equipamentos e técnicas próprios, a prestação dos serviços não seria dos sócios/usuários, mas da sociedade cooperativa. Apontou que os terceiros interessados nesses serviços efetuam os pagamentos diretamente à cooperativa, que se ocupa, posteriormente, de repassar aos sócios/usuários as parcelas relativas às respectivas remunerações. O Tribunal aduziu que a tributação de empresas, na forma delineada na Lei 9.876/1999, mediante desconsideração legal da personalidade jurídica das sociedades cooperativas, subverte os conceitos de pessoa física e de pessoa jurídica estabelecidos pelo direito privado. Reconheceu que a norma extrapolou a base econômica delineada no art. 195, I, a, da CF, ou seja, a regra sobre a competência para se instituir contribuição sobre a folha de salários ou sobre outros rendimentos do trabalho. Repu-tou afrontado o princípio da capacidade contributiva (CF, art. 145, § 1º), porque os pagamen-tos efetuados por terceiros às cooperativas de trabalho, em face de serviços prestados por seus associados, não se confundem com os valores efetivamente pagos ou creditados aos cooperados. Sublinhou que o legislador ordinário, ao tributar o faturamento da cooperativa, descaracterizou a contribuição hipoteticamente incidente sobre os rendimentos do trabalho dos cooperados, com evidente bis in idem. Assim, concluiu que contribuição destinada a financiar a seguridade social, que tenha base econômica estranha àquelas indicadas no art. 195 da CF, somente pode ser legitimamente instituída por lei complementar, nos termos do art. 195, § 4º, da CF.(RE 595.838/SP, rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 23/4/2014, acórdão pendente de publica-ção)

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Repercussão geral reconhecida e jurispru- dência reafirmada pelo Plenário Virtual2

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REPERCUSSÃO GERAL RECONHECIDA E

JURISPRUDÊNCIA REAFIRMADA PELO PLENÁRIO VIRTUAL

TEMA 724Direito Administrativo; Agentes PúblicosAs promoções dos anistiados se restringem ao quadro a que pertencia o militar na ativa. O Tri-bunal reafirmou a jurisprudência dominante sobre a matéria em julgamento realizado por meio eletrônico (“Plenário Virtual”), nos termos do art. 323-A do Regimento Interno do Supremo Tribunal Federal.

“EMENTA: Recurso extraordinário. Repercussão geral da questão constitucional reconhecida. Rea-firmação de jurisprudência. 2. Direito Administrativo. 3. Anistia política. Militar. Art. 8º do ADCT. Promoção. Quadro diverso. Impossibilidade. Recurso extraordinário não provido.”

(ARE 799.908 RG/RJ, rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 2/5/2014, acórdão publicado no DJe de 4/6/2014)

TEMA 737Direito Administrativo; Sistema RemuneratórioAs normas que vinculam proventos de aposentadoria de servidores efetivos com subsídios de agentes políticos são inconstitucionais. O Tribunal reafirmou a jurisprudência dominante sobre a matéria em julgamento realizado por meio eletrônico (“Plenário Virtual”), nos termos do art. 323-A do Regimento Interno do Supremo Tribunal Federal.(RE 759.518 RG/AL, rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 30/5/2014, acórdão pendente de publicação)

TEMA 738Direito Constitucional; Direitos e Garantias FundamentaisA exigência de inscrição na Ordem dos Músicos do Brasil — OMB, bem assim o pagamento de anuidade para o exercício da profissão são incompatíveis com a Constituição, por ofensa à garan-tia da liberdade de expressão, que a atividade de músico envolve. O Tribunal reafirmou a juris-prudência dominante sobre a matéria em julgamento realizado por meio eletrônico (“Plenário Virtual”), nos termos do art. 323-A do Regimento Interno do Supremo Tribunal Federal.

“EMENTA: ADMINISTRATIVO E CONSTITUCIONAL. RECURSO EXTRAORDINÁRIO. INSCRIÇÃO NA ORDEM DOS MÚSICOS DO BRASIL (OMB). PAGAMENTO DE ANUIDA-DES. NÃO OBRIGATORIEDADE. OFENSA À GARANTIA DA LIBERDADE DE EXPRESSÃO (ART. 5º, IX, DA CF). REPERCUSSÃO GERAL CONFIGURADA. REAFIRMAÇÃO DA JURIS-PRUDÊNCIA.

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REPERCUSSÃO GERAL RECONHECIDA E

JURISPRUDÊNCIA REAFIRMADA PELO PLENÁRIO VIRTUAL

1. O Plenário do Supremo Tribunal Federal, no julgamento do RE 414.426, rel. Min. ELLEN GRACIE, DJe de 10-10-2011, firmou o entendimento de que a atividade de músico é manifestação artís-tica protegida pela garantia da liberdade de expressão, sendo, por isso, incompatível com a Constituição Federal de 1988 a exigência de inscrição na Ordem dos Músicos do Brasil, bem como de pagamento de anuidade, para o exercício de tal profissão.

2. Recurso extraordinário provido, com o reconhecimento da repercussão geral do tema e a reafirma-ção da jurisprudência sobre a matéria.”

(RE 795.467 RG/SP, rel. Min. Teori Zavascki, julgado em 6/6/2014, acórdão publicado no DJe de 24/6/2014)

TEMA 728Direito Constitucional; Sistema Financeiro NacionalOs índices de correção monetária adotados pelo INSS para reajustar os benefícios previdenciá-rios nos anos de 1999 a 2003 são constitucionais. O Tribunal reafirmou a jurisprudência domi-nante sobre a matéria em julgamento realizado por meio eletrônico (“Plenário Virtual”), nos termos do art. 323-A do Regimento Interno do Supremo Tribunal Federal.(ARE 808.107 RG/PE, rel. Min. Teori Zavascki, julgado em 23/5/2014, acórdão pendente de publicação)

TEMA 748Direito do Trabalho; Princípios e Garantias TrabalhistasO art. 31 da Lei 8.880/1994, que prevê indenização adicional equivalente a 50% da última re-muneração recebida na hipótese de demissão imotivada de empregado, é constitucional. O Tri-bunal reafirmou a jurisprudência dominante sobre a matéria em julgamento realizado por meio eletrônico (“Plenário Virtual”), nos termos do art. 323-A do Regimento Interno do Supremo Tribunal Federal.

“EMENTA: Recurso extraordinário. Repercussão geral da questão constitucional reconhecida. Reafirmação de jurisprudência. 2. Artigo 31 da Lei 8.880/94. Indenização adicional decorrente de demissão imotivada de empregado. Medida legislativa emergencial. Norma de ajustamento do sistema monetário. Implementação do Plano Real. Competência privativa da União. 3. Inexistência de incons-titucionalidade formal. 4. Recurso extraordinário provido.”

(RE 806.190 RG/GO, rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 13/6/2014, acórdão publicado no DJe de 27/6/2014)

TEMA 712Direito Penal; PenasA natureza e a quantidade da droga apreendida apenas podem ser levadas em consideração em uma das fases da dosimetria da pena, sendo vedada sua apreciação cumulativa para fins de dosi-metria em casos de condenação por tráfico ilícito de entorpecentes. O Tribunal reafirmou a juris-

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REPERCUSSÃO GERAL RECONHECIDA E

JURISPRUDÊNCIA REAFIRMADA PELO PLENÁRIO VIRTUAL

prudência dominante sobre a matéria em julgamento realizado por meio eletrônico (“Plenário Virtual”), nos termos do art. 323-A do Regimento Interno do Supremo Tribunal Federal.

“EMENTA: Recurso extraordinário com agravo. Repercussão Geral. 2. Tráfico de Drogas. 3. Valo-ração da natureza e da quantidade da droga apreendida em apenas uma das fases do cálculo da pena. Vedação ao bis in idem. Precedentes. 4. Agravo conhecido e recurso extraordinário provido para deter-minar ao Juízo da 3ª VECUTE da Comarca de Manaus/AM que proceda a nova dosimetria da pena. 5. Reafirmação de jurisprudência.”

(ARE 666.334 RG/AM, rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 4/4/2014, acórdão publicado no DJe de 6/5/2014)

TEMA 722Direito Processual Civil; CompetênciaCompete à justiça federal comum processar e julgar mandado de segurança quando a autoridade apontada como coatora for autoridade federal, incluídos nesse conceito os dirigentes de pessoa jurídica de direito privado investidos de delegação concedida pela União. O Tribunal reafirmou a jurisprudência dominante sobre a matéria em julgamento realizado por meio eletrônico (“Ple-nário Virtual”), nos termos do art. 323-A do Regimento Interno do Supremo Tribunal Federal.

“EMENTA: RECURSO EXTRAORDINÁRIO. PROCESSUAL CIVIL E CONSTITUCIONAL. CONCURSO PÚBLICO. MANDADO DE SEGURANÇA. SOCIEDADE DE ECONOMIA MISTA. AUTORIDADE FEDERAL. COMPETÊNCIA. JUSTIÇA FEDERAL. RECURSO EXTRAORDINÁ-RIO DESPROVIDO. REPERCUSSÃO GERAL RECONHECIDA. REAFIRMADA A JURISPRUDÊN-CIA DOMINANTE SOBRE A MATÉRIA.”

(RE 726.035 RG/SE, rel. Min. Luiz Fux, julgado em 25/4/2014, acórdão publicado no DJe de 5/5/2014)

TEMA 727Direito Processual Civil; CompetênciaCompete ao STF julgar mandado de injunção, impetrado por servidores públicos federais, es-taduais e municipais, referente à omissão do Presidente da República e do Congresso Nacional quanto à edição de lei complementar prevista no art. 40, § 4º, da CF. O Tribunal reafirmou a ju-risprudência dominante sobre a matéria em julgamento realizado por meio eletrônico (“Plenário Virtual”), nos termos do art. 323-A do Regimento Interno do Supremo Tribunal Federal.

“EMENTA: Recurso extraordinário. Repercussão Geral da questão constitucional reconhecida. Rea-firmação de jurisprudência. A omissão referente à edição da Lei Complementar a que se refere o art. 40, §4º, da CF/88, deve ser imputada ao Presidente da República e ao Congresso Nacional. 2. Competência para julgar mandado de injunção sobre a referida questão é do Supremo Tribunal Federal. 3. Recurso extraordinário provido para extinguir o mandado de injunção impetrado no Tribunal de Justiça.”

(RE 797.905 RG/SE, rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 16/5/2014, acórdão publicado no DJe de 29/5/2014)

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REPERCUSSÃO GERAL RECONHECIDA E

JURISPRUDÊNCIA REAFIRMADA PELO PLENÁRIO VIRTUAL

TEMA 713Direito Processual Penal; Ação PenalOs crimes de lesão corporal praticados contra a mulher no âmbito doméstico e familiar são de ação penal pública incondicionada. O Tribunal reafirmou a jurisprudência dominante sobre a matéria em julgamento realizado por meio eletrônico (“Plenário Virtual”), nos termos do art. 323-A do Regimento Interno do Supremo Tribunal Federal.

“EMENTA: Recurso extraordinário com agravo. Repercussão Geral. 2. Crime de lesão corporal praticado contra a mulher no âmbito doméstico e familiar. Ação penal pública incondicionada. ADI 4.424. 3. Agravo conhecido e recurso extraordinário provido para cassar o acórdão proferido pela 1ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça do Estado do Paraná, determinando a apreciação do mérito da apelação interposta pelo Ministério Público Estadual. 4. Reafirmação de jurisprudência.”

(ARE 773.765 RG/PR, rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 4/4/2014, acórdão publicado no DJe de 28/4/2014)

TEMA 721Direito Tributário; TributosA instituição e a cobrança de taxas de emissão ou remessa de carnês/guias de recolhimento de tributos são inconstitucionais. O Tribunal reafirmou a jurisprudência dominante sobre a maté-ria em julgamento realizado por meio eletrônico (“Plenário Virtual”), nos termos do art. 323-A do Regimento Interno do Supremo Tribunal Federal.(RE 789.218 RG/MG, rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 18/4/2014, acórdão pendente de pu-blicação)

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Repercussão geral reconhecida e mérito pendente de julgamento3

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REPERCUSSÃO GERAL RECONHECIDA E MÉRITO PENDENTE DE JULGAMENTO

TEMA 725Direito Administrativo; Contrato AdministrativoPossui repercussão geral a controvérsia relativa à possibilidade de terceirização de mão de obra para a prestação de serviços relacionados à atividade-fim de empresa tomadora.

“EMENTA: RECURSO EXTRAORDINÁRIO COM AGRAVO. ADMINISTRATIVO. AÇÃO CIVIL PÚBLICA. POSSIBILIDADE DE TERCEIRIZAÇÃO E SUA ILICITUDE. CONTROVÉR-SIA SOBRE A LIBERDADE DE TERCEIRIZAÇÃO. FIXAÇÃO DE PARÂMETROS PARA A IDENTIFICAÇÃO DO QUE REPRESENTA ATIVIDADE-FIM. POSSIBILIDADE. REPERCUS-SÃO GERAL RECONHECIDA.”

(ARE 713.211 RG/MG, rel. Min. Luiz Fux, julgado em 16/5/2014, acórdão publicado no DJe de 6/6/2014)

TEMA 703Direito Constitucional; Controle de ConstitucionalidadePossui repercussão geral a controvérsia relativa à recepção, pela Constituição de 1988, do art. 47 da Lei 6.880/1980, que possibilita a definição por decreto regulamentar de sanções previs-tas no Regulamento Disciplinar do Exército — RDE.

“EMENTA: CONSTITUCIONAL. ESTATUTO DOS MILITARES DAS FORÇAS ARMADAS. CONTRAVENÇÕES E TRANSGRESSÕES DISCIPLINARES. ACÓRDÃO QUE DECLAROU NÃO RECEPCIONADO O ARTIGO 47 DA LEI Nº 6.880/80 PELO ORDENAMENTO CONSTITU-CIONAL VIGENTE À LUZ DO ART. 5º, INCISO LXI, DA CF. TEMA EMINENTEMENTE CONS-TITUCIONAL E QUE NÃO SE CONFUNDE COM A AUSÊNCIA DE REPERCUSSÃO GERAL FIXADA NO RE Nº 610.218/RS-RG (TEMA 270). REPERCUSSÃO GERAL RECONHECIDA.”

(RE 603.116 RG/RS, rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 7/3/2014, acórdão publicado no DJe de 18/3/2014)

TEMA 739Direito Constitucional; Controle de ConstitucionalidadePossui repercussão geral a controvérsia relativa a eventual ofensa ao princípio da reserva de plenário advinda da não aplicação, pelo TST, a empresas de telecomunicações, do art. 94, II, da Lei 9.472/1997, que permite a “terceirização”, por concessionárias de serviço público, de atividades inerentes, acessórias ou complementares ao serviço.

“EMENTA: CONSTITUCIONAL. RECURSO EXTRAORDINÁRIO COM AGRAVO. CON-CESSIONÁRIAS DE SERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÕES. ‘TERCEIRIZAÇÃO’. OFENSA AO PRINCÍPIO DA RESERVA DE PLENÁRIO. NÃO APLICAÇÃO DO ART. 94, II, DA LEI

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REPERCUSSÃO GERAL RECONHECIDA E MÉRITO PENDENTE DE JULGAMENTO

9.472/97 PELO TRIBUNAL SUPERIOR DO TRABALHO. REPERCUSSÃO GERAL CONFIGU-RADA.

1. Possui repercussão geral a questão relativa à ofensa ou não ao princípio da reserva de plenário em razão da não aplicação, pelo Tribunal Superior do Trabalho, a empresas de telecomunicações, do art. 94, II, da Lei 9.472/97, que permite, a concessionárias de serviço público a ‘terceirização’ de ati-vidades inerentes, acessórias ou complementares ao serviço.

2. Repercussão geral reconhecida.”(ARE 791.932 RG/DF, rel. Min. Teori Zavascki, julgado em 6/6/2014, acórdão publicado no DJe de 17/6/2014)

TEMA 698Direito Constitucional; Controle Jurisdicional de Políticas PúblicasPossui repercussão geral a controvérsia relativa aos limites de atuação do Poder Judiciário na determinação de obrigações de fazer ao Estado, consistentes na realização de concursos pú-blicos, contratação de servidores e execução de obras que atendam o direito social da saúde, objeto de especial proteção constitucional.

“EMENTA: ADMINISTRATIVO E CONSTITUCIONAL. IMPLEMENTAÇÃO DE POLÍ-TICAS PÚBLICAS ESPECIFICAMENTE QUANTO À SUFICIÊNCIA DE PROFISSIONAIS NA ÁREA DE SAÚDE. ALEGADA CONTRARIEDADE AOS ARTS. 2º E 196 DA CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA. Repercussão geral reconhecida do tema relativo aos limites da competência do Poder Judiciário para determinar obrigações de fazer ao Estado, consistentes em concursos públicos, contratação de servidores e execução de obras que atendam o direito social da saúde, ao qual a Cons-tituição da República garante especial proteção.”

(RE 684.612 RG/RJ, rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 13/2/2014, acórdão publicado no DJe de 6/6/2014)

TEMA 716Direito Constitucional; Direitos e Garantias FundamentaisPossui repercussão geral a controvérsia relativa ao conflito entre o princípio da tutela do sentimento religioso e o princípio da liberdade de expressão artística no tocante às publicações destinadas ao público adulto.(ARE 790.813 RG/SP3, rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 11/4/2014, acórdão pendente de publicação)

TEMA 732Direito Constitucional; Direitos e Garantias FundamentaisPossui repercussão geral a controvérsia relativa ao exame da constitucionalidade de dispositi-vos legais que permitam a suspensão, pelas entidades de classe, do direito ao exercício profis-sional em decorrência do inadimplemento das respectivas anuidades.

3 Determinada a redistribuição do processo.

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REPERCUSSÃO GERAL RECONHECIDA E MÉRITO PENDENTE DE JULGAMENTO

“EMENTA: CONSTITUCIONAL. ADMINISTRATIVO. SANÇÃO DISCIPLINAR DE SUS-PENSÃO DO EXERCÍCIO PROFISSIONAL POR INADIMPLEMENTO JUNTO AO RESPECTI-VO CONSELHO FISCALIZADOR. LIBERDADE DE EXERCÍCIO PROFISSIONAL. RELEVÂN-CIA SOCIAL E JURÍDICA. REPERCUSSÃO GERAL RECONHECIDA.

I — Possui repercussão geral a controvérsia referente ao exame da constitucionalidade de dispo-sitivos legais que permitam às entidades de classe suspender o direito ao exercício de ofício àqueles profissionais que estejam inadimplentes com as respectivas anuidades.

II — Repercussão geral reconhecida.”

(RE 647.885 RG/RS, rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgado em 30/5/2014, acórdão publicado no DJe de 10/6/2014)

TEMA 704Direito Econômico; Princípios Gerais da Atividade EconômicaPossui repercussão geral a controvérsia relativa à discussão acerca da constitucionalidade dos artigos 55 e 59 da Medida Provisória 2.228-1/2001, que dispõe sobre a denominada “cota tela” (obrigatoriedade de exibição de filmes nacionais nos cinemas brasileiros por determinados pe-ríodos) e estabelece sanções administrativas correspondentes.

“EMENTA: CONSTITUCIONAL. DISCUSSÃO ACERCA DA CONSTITUCIONALIDADE DOS ARTS. 55 E 59 DA MEDIDA PROVISÓRIA Nº 2.228-1, DE 6 DE SETEMBRO DE 2001, QUE ESTIPULOU A DENOMINADA COTA TELA, CONSISTENTE NA OBRIGATORIEDADE DE EXIBIÇÃO DE FILMES NACIONAIS NOS CINEMAS BRASILEIROS POR DETERMINA-DOS PERÍODOS, ALÉM DE TER ESTABELECIDO AS SANÇÕES ADMINISTRATIVAS COR-RESPONDENTES. DIFUSÃO DA CULTURA NACIONAL E RESTRIÇÕES AOS PRINCÍPIOS DA ISONOMIA, DA LIVRE INICIATIVA E DA PROPORCIONALIDADE. LIMITES E PONDE-RAÇÕES. REPERCUSSÃO NA ESFERA DE INTERESSE DE DIVERSAS PESSOAS JURÍDICAS E DA SOCIEDADE EM GERAL. INTERESSE SOCIAL, JURÍDICO E ECONÔMICO. PRESENÇA DE REPERCUSSÃO GERAL.”

(RE 627.432 RG/RS, rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 7/3/2014, acórdão publicado no DJe de 21/3/2014)

TEMA 709Direito Previdenciário; Benefícios PrevidenciáriosPossui repercussão geral a controvérsia relativa à constitucionalidade do § 8º do art. 57 da Lei 8.213/1991, que prevê o cancelamento automático da aposentadoria especial do beneficiário que retorne voluntariamente às atividades sujeitas a condições especiais. (RE 788.092 RG/SC, rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 28/3/2014, acórdão pendente de publi-cação)

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REPERCUSSÃO GERAL RECONHECIDA E MÉRITO PENDENTE DE JULGAMENTO

TEMA 733Direito Processual Civil; SentençaPossui repercussão geral a controvérsia relativa à eficácia temporal de sentença transitada em julgado fundada em norma supervenientemente declarada inconstitucional pelo STF em sede de controle concentrado.

“EMENTA: CONSTITUCIONAL. RECURSO EXTRAORDINÁRIO. HONORÁRIOS AD-VOCATÍCIOS NEGADOS COM FUNDAMENTO EM LEI POSTERIORMENTE DECLARADA INCONSTITUCIONAL PELO STF. EFICÁCIA TEMPORAL DA SENTENÇA. REPERCUSSÃO GERAL CONFIGURADA.

1. Possui repercussão geral a questão relativa à eficácia temporal de sentença transitada em julgado fundada em norma supervenientemente declarada inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal em sede de controle concentrado.

2. Repercussão geral reconhecida.”(RE 730.462 RG/SP, rel. Min. Teori Zavascki, julgado em 30/5/2014, acórdão publicado no DJe de 25/6/2014)

TEMA 699Direito Tributário; Imunidade TributáriaPossui repercussão geral a controvérsia relativa à incidência do IRPJ e da CSLL sobre rendi-mentos auferidos em aplicações de fundos de investimento de entidades fechadas de previ-dência complementar, ante a vedação legal de obtenção de lucro por essas pessoas jurídicas.

“EMENTA: RECURSO EXTRAORDINÁRIO. DIREITO TRIBUTÁRIO. ENTIDADE FE-CHADA DE PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR. INCIDÊNCIA DE IRPJ E DE CSLL. BASE DE CÁLCULO PARA AS EXAÇÕES. RENDA E LUCRO. NATUREZA JURÍDICA NÃO LUCRATI-VA DOS FUNDOS DE PENSÃO DETERMINADA POR LEI. ARGUIÇÃO DE INCONSTITUCIO-NALIDADE DA MP Nº 2.222/2001 REVOGADA PELA LEI Nº 11.053/04. LEI Nº 10.426. INCOMPATIBILIDADE DA RETENÇÃO DO IRPJ NA FONTE. LEI Nº 6.465/77, REVOGADA PELA LEI COMPLEMENTAR Nº 109/01. ALEGAÇÃO DE NÃO OCORRÊNCIA DE FATO GERADOR DECORRENTE DE VEDAÇÃO CONSTITUCIONAL E INFRACONSTITUCIONAL. NATUREZA JURÍDICA. EFEITOS. SITUAÇÃO QUE NÃO SE SUBSUME A TESE DE IMU-NIDADE RECHAÇADA PELO PLENÁRIO NO RE 202.700. CONTRADIÇÃO VERIFICADA. ARTIGO 543-A, § 4º, DO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL. REPERCUSSÃO GERAL DA QUES-TÃO CONSTITUCIONAL RECONHECIDA.

1. A CSLL e o IRPJ, respectivamente, e a natureza jurídica não lucrativa das entidades fecha-das de previdência complementar, determinada pela lei federal que trata dessas pessoas jurídicas (Lei nº 6.435/77, revogada pela Lei complementar nº 109/01, atualmente em vigor), em tese, afasta a incidência das exações, uma vez que a configuração do fato gerador desses tributos decorre do exercício de atividade empresarial que tenha por objeto ou fim social a obtenção de lucro.

2. Os rendimentos auferidos nas aplicações de fundos de investimento das entidades fechadas, uma vez ausente a finalidade lucrativa dos fundos de pensão para configurar o fato gerador do tributo e as prévias constituições de reserva de contingência e reserva especial e revisão do plano atuarial, ao longo de pelo menos 3 (três) exercícios financeiros para aferir-se sobre a realização ou não do superávit, não equivale a lucro, sob o ângulo contábil, afastada a retenção do IRPJ.

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REPERCUSSÃO GERAL RECONHECIDA E MÉRITO PENDENTE DE JULGAMENTO

3. In casu, argui-se no recurso extraordinário a alegada inconstitucionalidade da regra do artigo 1º da MP nº 2.222, de 4 de setembro de 2001, ao estabelecer que a partir de 1º de janeiro de 2002, os rendimentos e ganhos auferidos nas aplicações de recursos das provisões, reservas técnicas e fundos de entidades abertas de previdência complementar e de sociedades seguradoras que operam planos de benefícios de caráter previdenciário, ficam sujeitos à incidência do imposto de renda de acordo com as normas de tributação aplicáveis às pessoas físicas e às pessoas jurídicas não financeiras.

4. A natureza da entidade de previdência complementar em regra se contrapõe à incidência dos tributos de IRPJ e de CSLL, que pressupõem a ocorrência do fato gerador lucro ou faturamento pela pessoa jurídica, ante à previsão do artigo 195, I, a e c, da CF/88.

5. A inconstitucionalidade da MP nº 2.222/01, reclama, para apreciação dessa questão, a análise prévia sobre a possibilidade jurídica ou não na realização do fato gerador do IRPJ, que é objeto da referida medida provisória.

6. Repercussão geral reconhecida, nos termos do artigo 543-A do Código de Processo Civil.”(RE 612.686 RG/SC, rel. Min. Luiz Fux, julgado em 7/2/2014, acórdão publicado no DJe de 17/3/2014)

TEMA 743Direito Tributário; Obrigação TributáriaPossui repercussão geral a controvérsia relativa à possibilidade de emissão de certidão positi-va de débito com efeito de negativa em favor de município, embora o Poder Legislativo local esteja inadimplente quanto ao cumprimento de obrigações tributárias acessórias.(RE 770.149 RG/PE, rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 13/6/2014, acórdão pendente de publicação)

TEMA 705Direito Tributário; Princípios e Garantias TributáriosPossui repercussão geral a controvérsia relativa a eventual ofensa ao princípio da não cumu-latividade decorrente do creditamento de ICMS incidente sobre a prestação de serviço de comunicação quando ocorrida inadimplência absoluta dos respectivos usuários. (ARE 668.974 RG/DF, rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 7/3/2014, acórdão pendente de publicação)

TEMA 707Direito Tributário; Princípios e Garantias TributáriosPossui repercussão geral a controvérsia relativa a eventual ofensa aos princípios da isonomia tributária e da vedação de tratamento tributário diferenciado por disciplina legal restritiva de créditos da contribuição ao PIS, na sistemática não cumulativa, consideradas operações de empréstimo e aquisição de máquinas e equipamentos com pessoas jurídicas estrangeiras.

“REPERCUSSÃO GERAL — PIS — EMPRÉSTIMO E AQUISIÇÃO DE MÁQUINAS E EQUI-PAMENTOS JUNTO A PESSOA JURÍDICA ESTRANGEIRA — DESPESAS — EXCLUSÃO DA

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REPERCUSSÃO GERAL RECONHECIDA E MÉRITO PENDENTE DE JULGAMENTO

BASE DE CÁLCULO — ARTIGO 3º, INCISOS I E II, DA LEI Nº 10.637/2002 — VEDAÇÃO — ISONOMIA TRIBUTÁRIA E PROIBIÇÃO DE DISCRIMINAÇÃO EM RAZÃO DA PROCEDÊN-CIA DE BENS E SERVIÇOS. Possui repercussão geral a controvérsia acerca da eventual ofensa aos artigos 150, inciso II, e 152 da Constituição de 1988 por disciplina legal restritiva de créditos da contribuição ao PIS, na sistemática não cumulativa, consideradas operações de empréstimo e aquisição de máquinas e equipamentos com pessoas jurídicas estrangeiras.”

(RE 698.531 RG/ES, rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 21/3/2014, acórdão publicado no DJe de 25/4/2014)

TEMA 744Direito Tributário; Princípios e Garantias TributáriosPossui repercussão geral a controvérsia relativa à constitucionalidade do § 9º do art. 8º da Lei 10.865/2004, relativamente à adoção de alíquotas diferenciadas de Cofins/importação e PIS/importação sobre o ingresso de peças automotivas por empresas dedicadas à fabricação, mon-tagem, comercialização, importação e exportação de autopeças e por empresas fabricantes de veículos e máquinas. (RE 633.345 RG/ES, rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 13/6/2014, acórdão pendente de publicação)

TEMA 745Direito Tributário; Princípios e Garantias TributáriosPossui repercussão geral a controvérsia relativa à constitucionalidade de lei estadual, que estabelece alíquota de ICMS incidente sobre o fornecimento de energia elétrica e os serviços de telecomunicação em patamar superior ao estabelecido para as operações em geral, não obstante a seletividade daqueles serviços. (RE 714.139 RG/SC, rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 13/6/2014, acórdão pendente de publicação)

TEMA 736Direito Tributário; Processo Administrativo TributárioPossui repercussão geral a controvérsia relativa à constitucionalidade dos §§ 15 e 17 do art. 74 da Lei 9.430/1996, com a redação dada pelo art. 62 da Lei 12.249/2010, que dispõem, respec-tivamente, acerca da imposição de multa de ofício sobre o valor de crédito objeto de pedido de ressarcimento indeferido ou indevido e de compensação não homologada pela Secretaria de Receita Federal.

“EMENTA: CONSTITUCIONAL. PROCESSO ADMINISTRATIVO TRIBUTÁRIO. INDE-FERIMENTO DE PEDIDOS DE RESSARCIMENTO, RESTITUIÇÃO OU COMPENSAÇÃO DE TRIBUTOS. MULTAS. INCIDÊNCIA EX LEGE. SUPOSTO CONFLITO COM O ART. 5º, XXXIV. REPERCUSSÃO GERAL RECONHECIDA.

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REPERCUSSÃO GERAL RECONHECIDA E MÉRITO PENDENTE DE JULGAMENTO

I — A matéria constitucional versada neste recurso consiste na análise da constitucionalidade dos §§ 15 e 17 do art. 74 da Lei 9.430/1996, com redação dada pelo art. 62 da Lei 12.249/2010.

II — Questão constitucional que ultrapassa os limites subjetivos da causa, por possuir relevân-cia econômica e jurídica.

III — Repercussão geral reconhecida.”(RE 796.939 RG/RS, rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgado em 30/5/2014, acórdão publi-cado no DJe de 23/6/2014)

TEMA 700Direito Tributário; TributosPossui repercussão geral a controvérsia relativa à incidência do ISS sobre exploração de ati-vidade de apostas, a exemplo da venda de bilhetes, pules ou cupons de apostas, bem assim à definição da base de cálculo do tributo na hipótese de a atividade de exploração de jogo estar compreendida no conceito de serviço.

“EMENTA: Recurso extraordinário. Repercussão geral reconhecida. 2. Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza. Incidência sobre exploração da atividade de apostas, tais como a venda de bilhe-tes, pules ou cupons de apostas. Controvérsia quanto à constitucionalidade. 3. Exploração de jogo. Conceito de serviço. Base de cálculo. 4. Repercussão geral reconhecida.”

(RE 634.764 RG/RJ, rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 14/2/2014, acórdão publicado no DJe de 28/2/2014)

TEMA 708Direito Tributário; TributosPossui repercussão geral a controvérsia relativa ao local de recolhimento do IPVA , se em favor do Estado-membro no qual sediado ou domiciliado o contribuinte ou onde registrado e licenciado o veículo automotor cuja propriedade constitui fato gerador do tributo.

“EMENTA: REPERCUSSÃO GERAL — IPVA — LOCAL DE RECOLHIMENTO — ARTI-GOS 146, INCISOS I E III, E 155, INCISO III, DA CARTA DA REPÚBLICA. Possui repercussão geral a controvérsia acerca do local a ser pago o Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores — IPVA, se em favor do estado no qual se encontra sediado ou domiciliado o contribuinte ou onde registrado e licenciado o veículo automotor cuja propriedade constitui fato gerador do tributo.”

(ARE 784.682 RG/MG, rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 21/3/2014, acórdão publicado no DJe de 25/4/2014)

TEMA 723Direito Tributário; TributosPossui repercussão geral a controvérsia relativa à constitucionalidade da instituição da contribui-ção do Funrural, exigida dos segurados especiais — trabalhadores em regime de economia fami-liar sem empregados permanentes —, nos termos do art. 25 da Lei 8.212/1991, em sua redação

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REPERCUSSÃO GERAL RECONHECIDA E MÉRITO PENDENTE DE JULGAMENTO

originária e posteriores alterações, bem assim a criação de nova fonte de custeio por meio de lei ordinária no período anterior à EC 20/1998.

“EMENTA: CONSTITUCIONAL. TRIBUTÁRIO. CONTRIBUIÇÃO SOCIAL. SEGURA-DO ESPECIAL. ARTIGO 195, § 8º, DA CF/88. RESULTADO DA COMERCIALIZAÇÃO DA PRODUÇÃO. ART. 25 DA LEI 8.212/91, DESDE SUA REDAÇÃO ORIGINÁRIA. RECEITA BRUTA. BASE DE CÁLCULO. AUSÊNCIA DE IDENTIDADE. NECESSIDADE DE LEI COM-PLEMENTAR. RECONHECIMENTO DA INCONSTITUCIONALIDADE DE DISPOSITIVOS DA LEI 8.212/91. EFEITOS REPRISTINATÓRIOS. Possui repercussão geral a questão atinente à constitucionalidade da contribuição a ser recolhida pelo segurado especial, prevista no art. 25 da Lei 8.212/1991, desde a sua redação originária, diante da ausência de identidade de sua base de cálculo (receita bruta) com a prevista no art. 195, § 8º, da Constituição Federal (resultado da comer-cialização).”

(RE 761.263 RG/SC, rel. Min. Teori Zavascki, julgado em 25/4/2014, acórdão publicado no DJe de 14/5/2014)

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Repercussão geral não reconhecida4

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REPERCUSSÃO GERAL NÃO RECONHECIDA

TEMA 710Direito Administrativo; Agentes PúblicosNão possui repercussão geral a controvérsia relativa à concessão do reajuste de vencimentos aos servidores públicos do Estado do Rio Grande do Norte pela Lei Complementar Estadual 432/2010.

“EMENTA: PROCESSUAL CIVIL. RECURSO EXTRAORDINÁRIO COM AGRAVO. SERVI-DORES PÚBLICOS. RIO GRANDE DO NORTE. REAJUSTES CONCEDIDOS PELA LEI COM-PLEMENTAR ESTADUAL 432/2010. MATÉRIA INFRACONSTITUCIONAL. AUSÊNCIA DE REPERCUSSÃO GERAL.

1. A controvérsia relativa à concessão do reajuste de vencimentos aos servidores públicos do Estado do Rio Grande do Norte pela Lei Complementar Estadual 432/2010 é de natureza infraconstitucio-nal, seja em razão da aplicação da Lei de Responsabilidade Fiscal pelo Tribunal de origem, seja em ra-zão da argumentação do recorrente de que o art. 38 da Lei Complementar Estadual 432/2010 estabele-ceu, como requisito para a concessão do reajuste de vencimentos, a existência de dotação orçamentária.

2. É cabível a atribuição dos efeitos da declaração de ausência de repercussão geral quando não há matéria constitucional a ser apreciada ou quando eventual ofensa à Constituição Federal se dê de forma indireta ou reflexa (RE 584.608 RG, Min. ELLEN GRACIE, Pleno, DJe de 13/03/2009).

3. Ausência de repercussão geral da questão suscitada, nos termos do art. 543-A do CPC.”(ARE 792.107 RG/RN, rel. Min. Teori Zavascki, julgado em 4/4/2014, acórdão publicado no DJe de 29/4/2014)

TEMA 711Direito Administrativo; Agentes PúblicosNão possui repercussão geral a controvérsia relativa ao pagamento retroativo de Vantagem Pro-mocional — VPRO a servidor público de autarquia estadual.

“EMENTA: RECURSO EXTRAORDINÁRIO COM AGRAVO. ADMINISTRATIVO. SERVI-DOR PÚBLICO ESTADUAL. RECEBIMENTO DE VANTAGEM PROMOCIONAL — VPRO. RESOLUÇÕES NºS. 37/1998 E 2/2003, PORTARIAS 281/2005 E 161/2003 E DESPACHO Nº 863/2007. NECESSIDADE DE ANÁLISE DA LEGISLAÇÃO INFRACONSTITUCIONAL LO-CAL. INCIDÊNCIA DA SÚMULA 280/STF. INEXISTÊNCIA DE REPERCUSSÃO GERAL.”

(ARE 777.323 RG/SP, rel. Min. Luiz Fux, julgado em 4/4/2014, acórdão publicado no DJe de 28/4/2014)

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REPERCUSSÃO GERAL NÃO RECONHECIDA

TEMA 717Direito Administrativo; Concurso PúblicoNão possui repercussão geral a controvérsia relativa à possibilidade de extensão, a candidato em suposta condição similar, de decisão administrativa que possibilitou a regularização da situa-ção de candidatos nomeados e empossados por força de decisão judicial no cargo de policial federal, desde que concluíssem com êxito o curso de formação profissional.

“EMENTA: SERVIDOR PÚBLICO. PARTICIPAÇÃO EM CURSO DE FORMAÇÃO PROFIS-SIONAL POR DECISÃO JUDICIAL. DECISÃO ADMINISTRATIVA QUE POSSIBILITA A NO-MEAÇÃO E A POSSE DE CANDIDATOS SUB JUDICE EM SITUAÇÃO SIMILAR À DO RECOR-RIDO. ISONOMIA ENTRE CANDIDATOS. EXISTÊNCIA DE MATÉRIA CONSTITUCIONAL CUJA CAUSA, NO ENTANTO, NÃO ULTRAPASSA O INTERESSE DAS PARTES. INEXISTÊN-CIA DE REPERCUSSÃO GERAL.

I — A situação dos autos é bastante específica, envolvendo um universo reduzido de servidores que — consideradas determinadas condições impostas, à época, pela Administração Pública — tiveram regularizadas suas situações funcionais.

II — A causa, portanto, não ultrapassa o interesse das partes que atuam no feito, nem tem po-tencial de repercutir em outros casos submetidos ao crivo do Poder Judiciário, de modo que não possui relevância a justificar o pronunciamento do Supremo Tribunal Federal.

III — Inexistência de repercussão geral declarada na espécie.”(RE 696.740 RG/MG, rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgado em 11/4/2014, acórdão publica-do no DJe de 29/4/2014)

TEMA 735Direito Administrativo; Concurso PúblicoNão possui repercussão geral a controvérsia relativa ao direito de nomeação de candidato par-ticipante de concurso público, quando esta foi decidida pelo juízo de origem à luz de legislação infraconstitucional, dos fatos da causa e das cláusulas do edital do certame.

“EMENTA: PROCESSUAL CIVIL. RECURSO EXTRAORDINÁRIO COM AGRAVO. ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL. CONCURSO PÚBLICO. MAGISTÉRIO. DIREITO À NOMEAÇÃO. PRETERIÇÃO. MATÉRIA INFRACONSTITUCIONAL. REEXAME DE FATOS E PROVAS. INTERPRETAÇÃO DE CLÁUSULAS DO EDITAL. AUSÊNCIA DE REPERCUSSÃO GERAL.

1. Não possui repercussão geral a controvérsia relativa ao direito à nomeação de candidato parti-cipante de concurso público, quando decidida pelo Juízo de origem à luz da legislação infraconstitucio-nal, dos fatos da causa e das cláusulas do edital do certame.

2. Inviável, em recurso extraordinário, apreciar alegada violação aos arts. 5º, XXXV, LIV e LV, da Constituição Federal, quando isso depender de interpretação e aplicação de normas infraconstitucio-nais (AI 796.905-AgR/PE, Rel. Min. LUIZ FUX, Primeira Turma, DJe de 21.5.2012; AI 622.814-AgR/PR, Rel. Min. DIAS TOFFOLI, Primeira Turma, DJe de 8.3.2012; ARE 642.062-AgR/RJ, Rel. Min. ELLEN GRACIE, Segunda Turma, DJe de 19.8.2011).

3. É cabível a atribuição dos efeitos da declaração de ausência de repercussão geral quando não há matéria constitucional a ser apreciada ou quando eventual ofensa à Constituição Federal se dê de forma indireta ou reflexa (RE 584.608 RG, Min. ELLEN GRACIE, Pleno, DJe de 13.3.2009).

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REPERCUSSÃO GERAL NÃO RECONHECIDA

4. Ausência de repercussão geral da questão suscitada, nos termos do art. 543-A do CPC.” (ARE 808.524 RG/RS, rel. Min. Teori Zavascki, julgado em 30/5/2014, acórdão publicado no DJe de 10/6/2014)

TEMA 702Direito Administrativo; Sistema RemuneratórioNão possui repercussão geral a controvérsia relativa à possibilidade de incidência do adicional por tempo de serviço (quinquênio) sobre vencimentos integrais recebidos por servidores pú-blicos estaduais, incluindo adicionais e gratificações reputados como de natureza permanente.

“EMENTA: ADMINISTRATIVO. SERVIDOR PÚBLICO ESTADUAL. QUINQUÊNIO. INCI-DÊNCIA SOBRE OS VENCIMENTOS INTEGRAIS, INCLUINDO OS ADICIONAIS E AS GRA-TIFICAÇÕES REPUTADOS COMO DE NATUREZA PERMANENTE. INTERPRETAÇÃO DE LEGISLAÇÃO ESTADUAL. MATÉRIA DE ÍNDOLE INFRACONSTITUCIONAL. ATRIBUIÇÃO DOS EFEITOS DA AUSÊNCIA DE REPERCUSSÃO GERAL. RECURSO EXTRAORDINÁRIO NÃO CONHECIDO.”

(RE 764.332 RG/SP, rel. Ministro Presidente, julgado em 28/2/2014, acórdão publicado no DJe de 21/3/2014)

TEMA 706Direito Administrativo; Sistema RemuneratórioNão possui repercussão geral a controvérsia relativa à possibilidade de concessão da Gratifica-ção de Atividade de Ensino Especial — GAEE a professores que lecionam disciplinas regulares em turmas que possuem alunos com deficiência.

“EMENTA: PROCESSUAL CIVIL. RECURSO EXTRAORDINÁRIO COM AGRAVO. DIS-TRITO FEDERAL. LEI DISTRITAL 4.075/07. GRATIFICAÇÃO DE ENSINO ESPECIAL (GAEE). CONCESSÃO A PROFESSORES QUE LECIONAM DISCIPLINAS REGULARES EM TURMAS QUE POSSUEM UM OU ALGUNS ALUNOS PORTADORES DE NECESSIDADES EDUCATIVAS ESPECIAIS. MATÉRIA INFRACONSTITUCIONAL. AUSÊNCIA DE REPER CUSSÃO GERAL.

1. A controvérsia relativa à concessão da Gratificação de Ensino Especial (GAEE) aos professores que lecionam disciplinas regulares em turmas que possuem um ou alguns alunos portadores de neces-sidades educativas especiais, embora não atendam exclusivamente a esses estudantes, é de natureza infraconstitucional, já que decidida pelo Tribunal de origem à luz do art. 232, § 1º, da Lei Orgânica do Distrito Federal, não havendo, portanto, matéria constitucional a ser analisada.

2. Não há violação ao art. 93, IX, da Constituição Federal, por suposta omissão não sanada pelo acórdão recorrido ante o entendimento da Corte que exige, tão somente, sua fundamentação, ainda que sucinta (AI 791.292 QO-RG/PE, Rel. Min. GILMAR MENDES, DJe de 13.8.2010).

3. Incabível, em recurso extraordinário, apreciar violação aos arts. 5º, II, XXXV, LIV e LV, e 37, caput, da Constituição Federal, em razão de necessidade de revisão da interpretação das normas infraconstitucionais pertinentes (AI 796.905-AgR/PE, Rel. Min. LUIZ FUX, Primeira Turma, DJe de 21.5.2012; AI 622.814-AgR/PR, Rel. Min. DIAS TOFFOLI, Primeira Turma, DJe de 8.3.2012; ARE 642.062-AgR/RJ, Rel. Min. ELLEN GRACIE, Segunda Turma, DJe de 19.8.2011).

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REPERCUSSÃO GERAL NÃO RECONHECIDA

4. Não houve emissão, pelo acórdão recorrido, de juízo acerca da matéria de que trata a norma in-serta no art. 37, X, da Constituição Federal, tampouco a questão foi suscitada no momento oportuno, em sede dos embargos de declaração. Aplica-se, ao caso, o óbice das súmulas 282 e 356 do STF.

5. A norma constitucional que preconiza a harmonia e independência entre os Poderes da União, pela sua generalidade, é insuficiente para infirmar o específico juízo formulado pelo acórdão recorrido no caso. Incidência do óbice da Súmula 284/STF.

6. Com relação à inconstitucionalidade do art. 232, § 1º, da LODF, a parte recorrente não apon-tou, nas suas razões recursais, os dispositivos constitucionais tidos por violados. Aplicação do óbice da Súmula 284/STF.

7. É cabível a atribuição dos efeitos da declaração de ausência de repercussão geral quando não há matéria constitucional a ser apreciada ou quando eventual ofensa à Constituição Federal se dê de forma indireta ou reflexa (RE 584.608 RG, Min. ELLEN GRACIE, Pleno, DJe de 13.3.2009).

8. Ausência de repercussão geral da questão suscitada, nos termos do art. 543-A do CPC.”(ARE 794.364 RG/DF, rel. Min. Teori Zavascki, julgado em 14/3/2014, acórdão publicado no DJe de 25/3/2014)

TEMA 718Direito Administrativo; Sistema RemuneratórioNão possui repercussão geral a controvérsia relativa à incidência, sobre a Vantagem Pessoal Nominalmente Identificada — VPNI, do índice de reajuste de 15,8% concedido a servidores públicos federais.

“EMENTA: Recurso extraordinário com agravo. Repercussão Geral. Administrativo. Reajuste de 15,8% concedido a servidores públicos federais pelas Leis 12.772/2012, 12.773/2012, 12.775/2012, 12.776/2012, 12.777/2012 e 12.778/2012. Natureza de revisão geral anual. Matéria infraconsti-tucional. Repercussão Geral rejeitada.”

(ARE 799.718 RG/SE, rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 11/4/2014, acórdão publicado no DJe de 27/6/2014)

TEMA 719Direito Administrativo; Sistema RemuneratórioNão possui repercussão geral a controvérsia relativa à incorporação, a vencimento de servidor, do reajuste de 13,23% sobre a remuneração, com o pagamento das diferenças pretéritas.

“EMENTA: PROCESSUAL CIVIL. RECURSO EXTRAORDINÁRIO COM AGRAVO. LEI 10.698/03. CONCESSÃO DE ‘VANTAGEM PECUNIÁRIA INDIVIDUAL’. OFENSA AO ART. 37, X, DA CF. MATÉRIA INFRACONSTITUCIONAL. AUSÊNCIA DE REPERCUSSÃO GERAL.

1. A controvérsia relativa à incorporação, a vencimento de servidor, do reajuste de 13,23% sobre sua remuneração é de natureza infraconstitucional, já que decidida pelo Tribunal de origem com base nas Leis 10.697/03 e 10.698/03, não havendo, portanto, matéria constitucional a ser analisada.

2. É cabível a atribuição dos efeitos da declaração de ausência de repercussão geral quando não há matéria constitucional a ser apreciada ou quando eventual ofensa à Constituição Federal se dê de forma indireta ou reflexa (RE 584.608 RG, Min. ELLEN GRACIE, Pleno, DJe de 13.3.2009).

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REPERCUSSÃO GERAL NÃO RECONHECIDA

3. Ausência de repercussão geral da questão suscitada, nos termos do art. 543-A do CPC.”(ARE 800.721 RG/PE, rel. Min. Teori Zavascki, julgado em 18/4/2014, acórdão publicado no DJe de 29/4/2014)

TEMA 730Direito Administrativo; Sistema RemuneratórioNão possui repercussão geral a controvérsia relativa à eventual inclusão da integralidade de remuneração percebida por servidor público na base de cálculo de vantagens decorrentes de serviços prestados em regime de plantão, denominadas de “horas de plantão” e “horas de so-breaviso”.

“EMENTA: PROCESSUAL CIVIL. RECURSO EXTRAORDINÁRIO. SERVIDOR PÚBLICO. ESTADO DE SANTA CATARINA. VANTAGEM DECORRENTE DE SERVIÇOS PRESTADOS EM REGIME DE PLANTÃO. BASE DE CÁLCULO. MATÉRIA INFRACONSTITUCIONAL. AUSÊN-CIA DE REPERCUSSÃO GERAL.

1. A controvérsia relativa à base de cálculo da vantagem denominada ‘horas plantão’ é de natu-reza infraconstitucional, já que decidida pelo Tribunal de origem à luz da Lei Complementar estadual 1.137/92 e da Lei estadual 6.745/85.

2. Incabível, ademais, em recurso extraordinário, apreciar violação ao art. 5º, XXXV, da Consti-tuição Federal, que demanda a revisão da interpretação das normas infraconstitucionais pertinentes (AI 796.905-AgR/PE, Rel. Min. LUIZ FUX, Primeira Turma, DJe de 21.5.2012; AI 622.814-AgR/PR, Rel. Min. DIAS TOFFOLI, Primeira Turma, DJe de 8.3.2012; ARE 642.062-AgR/RJ, Rel. Min. ELLEN GRACIE, Segunda Turma, DJe de 19.8.2011).

3. É cabível a atribuição dos efeitos da declaração de ausência de repercussão geral quando não há matéria constitucional a ser apreciada ou quando eventual ofensa à Constituição Federal se dê de forma indireta ou reflexa (RE 584.608 RG, Min. ELLEN GRACIE, Pleno, DJe de 13.3.2009).

4. Ausência de repercussão geral da questão suscitada, nos termos do art. 543-A do CPC.” (RE 774.927 RG/SC, rel. Min. Teori Zavascki, julgado em 23/5/2014, acórdão publicado no DJe de 4/6/2014)

TEMA 746Direito Administrativo; Sistema RemuneratórioNão possui repercussão geral a controvérsia relativa ao pagamento de auxílio alimentação a ser-vidores da Seção Judiciária de Santa Catarina com valores inferiores aos pagos, durante certo lapso temporal, a servidores de tribunais superiores.

“EMENTA: CONSTITUCIONAL. SERVIDORES PÚBLICOS DAJUSTIÇA FEDERAL. AUXÍ-LIO ALIMENTAÇÃO. ISONOMIA COM SERVIDORES DOS TRIBUNAIS SUPERIORES. EXIS-TÊNCIA DE QUESTÃO CONSTITUCIONAL. INEXISTÊNCIA DE REPERCUSSÃO GERAL.

I — Não obstante a causa versar sobre questão constitucional, a limitação temporal e a restrição da causa a um grupo de servidores não atendem um dos requisitos da repercussão geral, qual seja, a produção dos efeitos do tema constitucional no tempo.

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REPERCUSSÃO GERAL NÃO RECONHECIDA

II — Declarada a inexistência da repercussão geral do tema versado nos autos.”(RE 764.620 RG/SC, rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgado em 13/6/2014, acórdão publica-do no DJe de 23/6/2014)

TEMA 750Direito Administrativo; Sistema RemuneratórioNão possui repercussão geral a controvérsia relativa à possibilidade de incorporação do Adicio-nal de Local de Exercício — ALE ao vencimento de policiais militares estaduais. (RE 731.333 RG/SP, rel. Min. Teori Zavascki, julgado em 20/6/2014, acórdão pendente de publicação)

TEMA 751Direito Administrativo; Sistema RemuneratórioNão possui repercussão geral a controvérsia relativa ao cálculo da Gratificação de Desempenho de Atividade da Seguridade Social e do Trabalho — GDASST estendida a servidor inativo, nas hipóteses de aposentadoria proporcional. (ARE 808.997 RG/RS, rel. Min. Luiz Fux, julgado em 27/6/2014, acórdão pendente de publicação)

TEMA 618Direito Administrativo; TarifaO Tribunal, ao julgar segundos embargos de declaração, deles não conheceu e manteve o en-tendimento firmado no julgamento do recurso extraordinário, em que não reconhecida a re-percussão geral da controvérsia relativa à legitimidade da cobrança das denominadas tarifas de demanda e de ultrapassagem, nos termos em que prevista na Resolução 456/2000, da Agência Nacional de Energia Elétrica — ANEEL.

“EMENTA: EMBARGOS DE DECLARAÇÃO NOS EMBARGOS DE DECLARAÇÃO NO RE-CURSO EXTRAORDINÁRIO. AUSÊNCIA DE OMISSÃO, OBSCURIDADE OU CONTRADIÇÃO. EMBARGOS MANIFESTAMENTE PROTELATÓRIOS. APLICAÇÃO DE MULTA. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO NÃO CONHECIDOS.

I — Ausência dos pressupostos do art. 535, I e II, do Código de Processo Civil. II — Os embargos de declaração não constituem meio processual adequado para a reforma do

decisum, não sendo possível atribuir-lhes efeitos infringentes, salvo em situações excepcionais, o que não ocorre no caso em questão.

III — Aplicação da multa prevista no art. 538, parágrafo único, do CPC, ante a verificação do manifesto caráter protelatório dos embargos declaratórios.

IV — Embargos de declaração não conhecidos.”(RE 676.924 RG-ED-ED/SC4, rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgado em 14/5/2014, acórdão pu-blicado no DJe de 3/6/2014)

4 Mérito julgado em 23/11/2012, acórdão publicado em 30/11/2012 (v. Boletim Repercussão Geral nº 1).

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REPERCUSSÃO GERAL NÃO RECONHECIDA

TEMA 741Direito Constitucional; Direitos e Garantias Fundamentais Não possui repercussão geral a controvérsia relativa à conformação das prerrogativas do exercí-cio da advocacia, prevista no art. 7º da Lei 8.906/1994, que assegura ao advogado, dentre outros direitos, o livre exercício da profissão em todo o território nacional; o livre ingresso em repar-tições públicas para a prática de ato ou colheita de prova ou de informação útil ao exercício da atividade profissional; o exame, em qualquer órgão dos Poderes Judiciário e Legislativo ou da Administração Pública em geral, de autos referentes a processos findos ou em andamento; e a vista de processos judiciais ou administrativos de qualquer natureza, em cartório ou na reparti-ção competente, bem como sua retirada pelo prazo legal. (RE 769.254 RG/SP, rel. Min. Teori Zavascki, julgado em 13/6/2014, acórdão pendente de publicação)

TEMA 749Direito Constitucional; Sistema Financeiro Nacional Não possui repercussão geral a controvérsia relativa à aplicação dos índices negativos do IGP-M para fins de correção monetária de remuneração, quando a questão já houver sido decidida pelo tribunal de origem com base em normas infraconstitucionais.(RE 729.011 RG/RS, rel. Min. Teori Zavascki, julgado em 20/6/2014, acórdão pendente de publicação)

TEMA 731Direito Eleitoral; Condição de ElegibilidadeNão possui repercussão geral a controvérsia relativa à necessidade de aprovação de contas de campanha para obtenção de certidão de quitação eleitoral.(ARE 728.181 RG/RJ5, rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 23/5/2014, acórdão pendente de publicação)

TEMA 734Direito Penal; Direitos e Garantias PenaisNão possui repercussão geral a controvérsia relativa à aplicação retroativa de lei mais benéfica quanto à sanção administrativa cominada à infração de trânsito.(RE 657.871 RG/SP, rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 30/5/2014, acórdão pendente de publi-cação)

5 Determinada a redistribuição do processo.

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REPERCUSSÃO GERAL NÃO RECONHECIDA

TEMA 701Direito Previdenciário; Benefícios PrevidenciáriosNão possui repercussão geral a controvérsia relativa à possibilidade de recebimento pelos traba-lhadores rurais do seguro-desemprego concedido aos pescadores artesanais.

“EMENTA: PROCESSUAL CIVIL. RECURSO EXTRAORDINÁRIO COM AGRAVO. TRA-BALHADOR RURAL. SEGURO-SAFRA. PESCADOR ARTESANAL. SEGURO-DEFESO. ISONO-MIA. MATÉRIA INFRACONSTITUCIONAL. AUSÊNCIA DE REPERCUSSÃO GERAL.

1. A controvérsia relativa à possibilidade de recebimento, pelos trabalhadores rurais, do seguro--desemprego concedido aos pescadores artesanais é de natureza infraconstitucional, já que decidida pela Turma Recursal de origem à luz das Leis 8.287/90, 10.420/2002 e 10.779/2003, não haven-do, portanto, matéria constitucional a ser analisada.

2. Não houve emissão, pelo acórdão recorrido, de juízo acerca das matérias de que tratam as nor-mas insertas nos arts. 1º, III, 3º, III e IV, 5º, XXXV, 6º, 7º, II, 194, parágrafo único, I, 195, § 8º, e 201, III, da Constituição Federal, tampouco as questões foram suscitadas no momento oportuno, em sede dos embargos de declaração. Aplica-se, ao caso, o óbice das súmulas 282 e 356 do STF.

3. Com relação à inconstitucionalidade do art. 5º, XXXV, da CF, a parte recorrente não apontou, nas suas razões recursais, os dispositivos constitucionais tidos por violados. Aplicação do óbice da Súmula 284/STF.

4. Incabível, em recurso extraordinário, apreciar violação ao art. 5º, XXXV, da Constituição Fe-deral, em razão de necessidade de revisão da interpretação das normas infraconstitucionais pertinentes (AI 796.905-AgR/PE, Rel. Min. LUIZ FUX, Primeira Turma, DJe de 21.5.2012; AI 622.814-AgR/PR, Rel. Min. DIAS TOFFOLI, Primeira Turma, DJe de 8.3.2012; ARE 642.062-AgR/RJ, Rel. Min. ELLEN GRACIE, Segunda Turma, DJe de 19.8.2011).

5. É cabível a atribuição dos efeitos da declaração de ausência de repercussão geral quando não há matéria constitucional a ser apreciada ou quando eventual ofensa à Constituição Federal se dê de forma indireta ou reflexa (RE 584.608 RG, Min. ELLEN GRACIE, Pleno, DJe de 13.3.2009).

6. Ausência de repercussão geral da questão suscitada, nos termos do art. 543-A do CPC.”(ARE 787.379 RG/PE, rel. Min. Teori Zavascki, julgado em 28/2/2014, acórdão publicado no DJe de 25/4/2014)

TEMA 726Direito Previdenciário; Benefícios PrevidenciáriosNão possui repercussão geral a controvérsia relativa à complementação de pensão paga a ex--ferroviário da extinta Rede Ferroviária Federal S.A — RFFSA.

“EMENTA: RECURSO EXTRAORDINÁRIO. COMPLEMENTAÇÃO DE PENSÃO. EX-FER-ROVIÁRIO DA REDE FERROVIÁRIA FEDERAL — RFFSA. OFENSA INDIRETA AO TEXTO CONSTITUCIONAL. REPERCUSSÃO GERAL. INEXISTÊNCIA.

I — O exame da questão constitucional não prescinde da prévia análise de normas infraconstitu-cionais, o que afasta a possibilidade de reconhecimento do requisito constitucional da repercussão geral.

II — Repercussão geral inexistente.”(RE 675.608 RG/SC, rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgado em 16/5/2014, acórdão publica-do no DJe de 28/5/2014)

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REPERCUSSÃO GERAL NÃO RECONHECIDA

TEMA 740Direito Processual Civil; CompetênciaNão possui repercussão geral a controvérsia relativa à competência para julgar demandas en-volvendo prestações por parte da Assistência Multidisciplinar de Saúde — AMS, oferecida pela Petrobras aos seus empregados e respectivos dependentes.

“EMENTA: PROCESSUAL CIVIL. RECURSO EXTRAORDINÁRIO COM AGRAVO. PETRO-BRAS. ASSISTÊNCIA MULTIDISCIPLINAR DE SAÚDE (AMS), OFERECIDA AOS EMPREGA-DOS DESSA COMPANHIA. COMPETÊNCIA PARA PROCESSAR E JULGAR AS CAUSAS RE-LATIVAS A TAL RELAÇÃO JURÍDICA. MATÉRIA INFRACONSTITUCIONAL. REEXAME DE FATOS E PROVAS, BEM COMO DE CLÁUSULAS CONTRATUAIS (SÚMULAS 279 E 454 DO STF). AUSÊNCIA DE REPERCUSSÃO GERAL.

1. Não tem natureza constitucional a controvérsia relativa à competência para julgar demandas envolvendo prestações por parte da Assistência Multidisciplinar de Saúde — AMS, oferecida pela Pe-trobras aos seus empregados e respectivos dependentes. É que a causa foi decidida pelo Juízo de origem à luz da legislação infraconstitucional pertinente, da análise do conjunto fático-probatório dos autos e da interpretação de cláusulas contratuais.

2. É cabível a atribuição dos efeitos da declaração de ausência de repercussão geral quando não há matéria constitucional a ser apreciada ou quando eventual ofensa à Constituição Federal se dê de forma indireta ou reflexa (RE 584.608 RG, Min. ELLEN GRACIE, Pleno, DJe de 13/03/2009).

3. Ausência de repercussão geral da questão suscitada, nos termos do art. 543-A do CPC.” (ARE 808.726 RG/RN, rel. Min. Teori Zavascki, julgado em 6/6/2014, acórdão publicado no DJe de 20/6/2014)

TEMA 747Direito Processual Civil; CompetênciaNão possui repercussão geral a controvérsia relativa a eventual usurpação de competência do STJ decorrente de suposta omissão de Ministério Público estadual que não interpusera recurso especial, mas, sim, impetrara mandado de segurança para impugnar acórdão do Conselho da Magistratura do mesmo ente federativo, em processo de dúvida registral. (RE 655.466 RG/RJ, rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgado em 13/6/2014, acórdão pendente de publicação)

TEMA 715Direito Processual Coletivo; Ação Civil PúblicaNão possui repercussão geral a controvérsia relativa à limitação territorial da eficácia da decisão proferida em ação coletiva.(ARE 796.473 RG/RS, rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 4/4/2014, acórdão pendente de publicação)

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REPERCUSSÃO GERAL NÃO RECONHECIDA

TEMA 742Direito Tributário; Execução FiscalNão possui repercussão geral a controvérsia relativa à extinção de execução fiscal de créditos devidos a conselho de fiscalização profissional em virtude do valor irrisório executado, nos ter-mos do art. 8º da Lei 12.514/2011. (RE 774.458 RG/PR, rel. Min. Teori Zavascki, julgado em 13/6/2014, acórdão pendente de publicação)

TEMA 714Direito Tributário; TributosNão possui repercussão geral a controvérsia relativa à concessão de isenção de ICMS para aqui-sição de veículos automotores por pessoa com deficiência física.

“EMENTA: RECURSO EXTRAORDINÁRIO. TRIBUTÁRIO. ICMS. AQUISIÇÃO DE VEÍ-CULOS AUTOMOTORES POR PORTADOR DE DEFICIÊNCIA FÍSICA. ISENÇÃO. INTERPRE-TAÇÃO DE LEGISLAÇÃO INFRACONSTITUCIONAL. IMPOSSIBILIDADE. REEXAME DO CONJUNTO FÁTICO-PROBATÓRIO. INCIDÊNCIA DA SÚMULA 279 DESTA CORTE. INEXIS-TÊNCIA DE REPERCUSSÃO GERAL.”

(RE 790.799 RG/PB, rel. Min. Luiz Fux, julgado em 4/4/2014, acórdão publicado no DJe de 29/4/2014)

TEMA 720Direito Tributário; TributosNão possui repercussão geral a controvérsia relativa à incidência de imposto de renda sobre a importância paga a título de horas de sobreaviso, recebida por servidores públicos do Estado de Santa Catarina.

“EMENTA: PROCESSUAL CIVIL. RECURSO EXTRAORDINÁRIO COM AGRAVO. ESTADO DE SANTA CATARINA. SERVIDORES PÚBLICOS. HORAS DE SOBREAVISO. INCIDÊNCIA DE IMPOSTO DE RENDA. NATUREZA DA VERBA. MATÉRIA INFRACONSTITUCIONAL. AU-SÊNCIA DE REPERCUSSÃO GERAL.

1. A controvérsia relativa à incidência do Imposto de Renda sobre a importância paga a título de horas de sobreaviso é de natureza infraconstitucional, já que o caráter indenizatório da verba foi deci-dido pelo Tribunal de origem à luz da legislação estadual pertinente, não havendo, portanto, matéria constitucional a ser analisada.

2. O Supremo Tribunal Federal firmou entendimento no sentido de que é ônus do recorrente a de-monstração formal e fundamentada de repercussão geral da matéria constitucional versada no recurso extraordinário, com indicação específica das circunstâncias reais que evidenciem, no caso concreto, a relevância econômica, política, social ou jurídica. No presente caso, a alegação de repercussão geral não está acompanhada de fundamentação nos moldes exigidos pela jurisprudência desta Corte.

3. A teor do art. 102, III, a, da Constituição, fundamento da interposição do presente recurso extraordinário, não cabe invocar nesse apelo a violação a norma infraconstitucional, razão pela qual não se conhece a alegada violação aos arts. 43, I e II, do CTN, 45, II, e 638, do Decreto 3.000/99.

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REPERCUSSÃO GERAL NÃO RECONHECIDA

4. É cabível a atribuição dos efeitos da declaração de ausência de repercussão geral quando não há matéria constitucional a ser apreciada ou quando eventual ofensa à Constituição Federal se dê de forma indireta ou reflexa (RE 584.608 RG, Min. ELLEN GRACIE, Pleno, DJe de 13/03/2009).

5. Ausência de repercussão geral da questão suscitada, nos termos do art. 543-A do CPC.”(ARE 802.082 RG/SC, rel. Min. Teori Zavascki, julgado em 18/4/2014, acórdão publicado no DJe de 29/4/2014)

TEMA 729Direito Tributário; TributosNão possui repercussão geral a controvérsia relativa à natureza jurídica da Gratificação de Ativi-dade de Combate e Controle de Endemias — GACEN, instituída pela Lei federal 11.784/2008, para fins de incidência do imposto de renda. (ARE 784.854 RG/CE, rel. Ministro Presidente, julgado em 23/5/2014, acórdão pendente de publicação)

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Clipping da repercussão geral5

Este espaço contém as ementas dos julgamentos que, embora tenham sido proferidos em momen-to anterior, foram publicados, no Diário de Justiça, no período a que se refere o presente Boletim

Repercussão Geral (3 de fevereiro a 1º de julho de 2014).

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Repercussão geral reconhecida e mérito julgado

TEMA 453 Direito Administrativo; Agentes Públicos

“EMENTA: PENAL. RECURSO EXTRAORDINÁRIO. AÇÃO PENAL. FORO POR PRERRO-GATIVA DE FUNÇÃO. DESEMBARGADOR DO ESTADO DO CEARÁ. EX-PRESIDENTE E EX--CORREGEDOR GERAL DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA. COMPETÊNCIA PARA JULGAMENTO. DESLOCAMENTO PARA O PRIMEIRO GRAU DE JURISDIÇÃO. SÚMULAS 394 E 451 DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. INAPLICABILIDADE. PROVIMENTO VITALÍCIO. GARAN-TIA CONFERIDA AOS SERVIDORES DA ATIVA PARA PERMANECEREM NO CARGO. RE-CURSO IMPROVIDO.

I — A vitaliciedade é garantia inerente ao exercício do cargo pelos magistrados e tem como objetivo prover a jurisdição de independência e imparcialidade.

II — Exercem a jurisdição, tão-somente, os magistrados na atividade, não se estendendo aos ina-tivos o foro especial por prerrogativa de função.

III — A aposentadoria do magistrado, ainda que voluntária, transfere a competência para proces-samento e julgamento de eventual ilícito penal para o primeiro grau de jurisdição.

IV — Recurso extraordinário a que se nega provimento.”O foro especial por prerrogativa de função não se estende a magistrados aposentados. Discutia--se a manutenção dessa prerrogativa, mesmo após a aposentadoria do juiz. O Tribunal mencio-nou orientação jurisprudencial no sentido de que: a) o foro especial por prerrogativa de função tem por objetivo o resguardo da função pública; b) o magistrado, no exercício do ofício judican-te, goza de foro especial por prerrogativa de função, garantia voltada não à pessoa do juiz, mas aos jurisdicionados; e c) o foro especial, ante a inexistência do exercício da função, não deve perdurar, haja vista não ser mais necessária a proteção dos jurisdicionados nesse caso. O Tribu-nal ressaltou, ainda, que o provimento vitalício é o ato que garantiria a permanência do servidor no cargo, aplicando-se apenas aos integrantes em atividade. Enfatizou, também, cuidar-se de matéria de direito estrito, cujos destinatários encontram-se in officio, de modo a não alcançar os que não mais detivessem titularidades funcionais no aparelho de Estado. Assinalou, outrossim, que essa prerrogativa é estabelecida ratione muneris e destina-se a compor o estatuto jurídico de determinados agentes públicos enquanto ostentem essa particular condição funcional.(RE 549.560/CE6, rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgado em 22/3/2012, acórdão publicado no DJe de 30/5/2014)

6 Substituiu o RE 642.553 RG/DF, paradigma de repercussão geral.

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TEMA 439 Direito Administrativo; Aposentadorias e Pensões

“EMENTA: CONSTITUCIONAL. ADMINISTRATIVO. EXTENSÃO, A SERVIDORES APO-SENTADOS, DE VANTAGENS CONCEDIDAS A SERVIDORES ATIVOS. REESTRUTURAÇÃO DE CARREIRA. ARTIGO 40, § 8º, DA CONSTITUIÇÃO (REDAÇÃO ANTERIOR À EC 41/03). INEXISTÊNCIA DE DIREITO ADQUIRIDO A REGIME JURÍDICO. PECULIARIDADES DA REESTRUTURAÇÃO DA CARREIRA DECORRENTE DA LEI 13.666/02 DO ESTADO DO PA-RANÁ. RECURSO EXTRAORDINÁRIO PARCIALMENTE PROVIDO.

1. Segundo a jurisprudência firmada em ambas as Turmas do STF, não há direito adquirido a regime jurídico. Assim, desde que mantida a irredutibilidade, não tem o servidor inativo, embora aposentado na última classe da carreira anterior, o direito de perceber proventos correspondentes aos da última classe da nova carreira, reestruturada por lei superveniente. Precedentes.

2. Todavia, relativamente à reestruturação da carreira disciplinada pela Lei 13.666/02, do Es-tado do Paraná, assegura-se aos servidores inativos, com base no artigo 40, § 8º, da Constituição Federal (redação anterior à da EC 41/03), o direito de ter seus proventos ajustados, em condições semelhantes aos servidores da ativa, com base nos requisitos objetivos decorrentes do tempo de serviço e da titulação, aferíveis até a data da inativação.

3. Recurso extraordinário a que se dá parcial provimento.”Desde que mantida a irredutibilidade, o servidor inativo, embora aposentado no último pata-mar da carreira anterior, não tem direito adquirido de perceber proventos correspondentes aos da última classe da nova carreira reestruturada por lei superveniente. Todavia, relativamente à reestruturação da carreira disciplinada pela Lei 13.666/2002 do Estado do Paraná, assegura-se, com fundamento no art. 40, § 8º, da CF (na redação anterior à EC 41/2003), o direito dos servi-dores inativos ao reajuste dos proventos ajustados em condições semelhantes aos dos servidores da ativa, quando o reajuste decorrer apenas de requisitos objetivos, como tempo de serviço e titulação (aferíveis até a data da inativação). Discutia-se a possibilidade de servidores estaduais inativos, aposentados no último nível da carreira, permanecerem no último patamar, diante de superveniente reestruturação do plano de cargos e salários. O Tribunal asseverou inexistir direi-to adquirido a regime jurídico. Destacou que, com a norma estadual em questão, os inativos de nível mais elevado, assim como os ativos de igual patamar, foram enquadrados no nível interme-diário do plano de reclassificação. Aduziu que, na espécie, quando houve essa reestruturação, foram estabelecidas novas classes e novos níveis, com a possibilidade de promoção automática dos servidores em atividade embasada em três requisitos: tempo de serviço, titulação e avaliação de desempenho. Observou que a avaliação de desempenho do inativo não mais é possível, con-tudo, se permitida a promoção automática apenas pelo tempo de serviço ou pela titulação dos servidores em atividade, em última análise, a lei está contornando a paridade estabelecida pelo § 8º do art. 40 da Constituição, em sua redação originária. Em virtude disso, é permitido que os inativos possam, de igual forma, ser beneficiados com base nos critérios objetivos relativos ao tempo de serviço e à titulação. Concluiu que, mantida a irredutibilidade de vencimentos, não tem o servidor aposentado na última classe da carreira anterior o direito de receber proventos correspondentes aos da última classe da carreira reestruturada por lei super-

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veniente. Afirmou, entretanto, que os servidores estaduais, no caso, têm o direito de reajuste dos vencimentos em condições semelhantes aos servidores da ativa, com base nos requisitos objeti-vos decorrentes do tempo de serviço e da titulação, aferíveis até a data da inativação.(RE 606.199/PR, rel. Min. Teori Zavascki, julgado em 9/10/2013, acórdão publicado no DJe de 7/2/2014)

TEMA 347Direito Administrativo; Sistema Remuneratório

“EMENTA: 1) Embargos de Declaração. Direito Administrativo. Reajuste de Vale-Refeição. Tema 347 da Repercussão Geral. Objeto da Controvérsia: Recurso extraordinário em que se discute, à luz do art. 37, caput e XV, da Constituição Federal, o direito, ou não, de servidores públicos do Estado do Rio Grande do Sul a obter, por decisão judicial, o reajuste mensal do valor do vale-refeição previsto no art. 3º da Lei estadual 10.002/93, em face da ausência de norma do Poder Executivo, em deter-minados períodos, a regulamentar essa atualização.  

2) Acórdão recorrido do Plenário físico manteve a repercussão do tema  e reconheceu que, in casu, a matéria reclama interpretação afeta à legislação infraconstitucional e ao direito local.

3) Embargos parcialmente providos para que fique esclarecido que o reconhecimento da repercussão geral da matéria pelo Plenário Virtual não obstaculiza o superveniente julgamento pelo Pleno desta Corte no sentido do não conhecimento do Recurso Extraordinário com fundamento na exigência de interpretação da legislação infraconstitucional e do direito local.

4) O reajuste do vale-refeição é tema que se subsume à legislação infraconstitucional inviabilizan-do o recurso extraordinário.

5) Embargos de Declaração conhecidos e parcialmente providos, restando incidente a regra do art. 543-B do CPC para tornar inadmitidos os recursos extraordinários sobre o mesmo tema.”

O Tribunal, ao julgar embargos de declaração, acolheu-os parcialmente para determinar a apli-cação do art. 543-B do CPC ao tema veiculado no recurso extraordinário, em que reconhe-cida a repercussão geral. Dessa forma, firmou-se o entendimento de que o Plenário do STF, em deliberação presencial, pode não conhecer de recurso extraordinário ao fundamento de tratar-se de matéria de índole infraconstitucional, ainda que tenha reconhecido, anteriormen-te, a existência de repercussão geral por meio do Plenário Virtual. Ademais, o reconhecimen-to da repercussão geral não impede o reexame dos requisitos de admissibilidade do recurso quando de seu julgamento definitivo. Na ocasião do julgamento do recurso extraordinário, a Corte assentou que eventual direito à atualização monetária do vale-refeição de servidores pú-blicos estaduais por decisão judicial em face da ausência de norma do Poder Executivo en-volve interpretação de legislação infraconstitucional e local. Discutia-se o direito de servidores públicos do Estado do Rio Grande do Sul a obter, por decisão judicial, o reajuste mensal do valor do vale-refeição previsto no art. 3º da Lei estadual 10.002/1993, ante a ausência de nor-ma do Poder Executivo a regulamentar essa atualização. O Tribunal afirmou que o deslinde da questão implica confronto entre lei estadual e decreto que a implementou, o que deve ser decidido pelo tribunal a quo, com base em direito local, sem repercussão direta no plano nor-

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mativo da Constituição. Aplicável, portanto, o Enunciado 280 da Súmula do STF (Por ofensa a direito local não cabe recurso extraordinário).(RE 607.607 ED/RS7, rel. Min. Luiz Fux, julgado em 2/10/2013, acórdão publicado no DJe de 12/5/2014)

TEMA 351Direito Administrativo; Sistema Remuneratório

“EMENTA: GRATIFICAÇÃO DE DESEMPENHO DO PLANO GERAL DE CARGOS DO PO-DER EXECUTIVO — GDPGPE — LEI Nº 11.357/06. Homenageia o tratamento igualitário decisão que, até a avaliação dos servidores em atividade, implica a observância da mesma pontuação — 80 — no tocante a inativos e pensionistas.”

Os critérios de cálculo da Gratificação de Desempenho do Plano Geral de Cargos do Poder Executivo — GDPGPE, prevista na Lei 11.357/2006, estendem-se aos aposentados e pensionis-tas do Departamento Nacional de Obras Contra as Secas — DNOCS, enquanto não adotadas as medidas para a implantação do primeiro ciclo de avaliação de desempenho dos servidores em atividade. Discutia-se a possibilidade de extensão da mencionada gratificação aos aposentados e pensionistas, em percentual igual ao dos servidores ativos. O Tribunal aduziu que, no período anterior à avaliação dos servidores, a aludida gratificação revestiu-se de natureza linear, a ser observada de forma abrangente para ativos e inativos. Assim, inexistente a avaliação de desem-penho, a Administração não pode conceder vantagem diferenciada entre servidores ativos e inativos, porque não configurado o caráter pro labore faciendo da GDPGPE. A Corte pontuou que, adotadas as medidas para as referidas avaliações, é possível tratar diferentemente ativos e inati-vos dentro dos critérios legais. Fixou, como termo final do direito aos oitenta por cento da gra-tificação pelos inativos e pensionistas, a data em que implementado o primeiro ciclo avaliativo.(RE 631.389/CE8, rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 25/9/2013, acórdão publicado no DJe de 3/6/2014)

TEMA 473Direito Administrativo; Sistema Remuneratório

“EMENTA: CONSTITUCIONAL. ADMINISTRATIVO. INCORPORAÇÃO DE ‘QUINTOS’. PRETENSÃO DE CONTINUAR PERCEBENDO A VANTAGEM REMUNERATÓRIA NO EXER-CÍCIO DE CARGO DE CARREIRA DIVERSA. INVIABILIDADE.

1. A garantia de preservação do direito adquirido, prevista no art. 5º, XXXVI, da Constituição Fe-deral, assegura ao seu titular também a faculdade de exercê-lo. Mas de exercê-lo sob a configuração com que o direito foi formado e adquirido e no regime jurídico no âmbito do qual se desenvolveu a relação ju-rídica correspondente, com seus sujeitos ativo e passivo, com as mútuas obrigações e prestações devidas.

2. As vantagens remuneratórias adquiridas no exercício de determinado cargo público não autori-za o seu titular, quando extinta a correspondente relação funcional, a transportá-las para o âmbito de

7 Mérito julgado em 6/2/2013, acórdão publicado no DJe de 3/5/2013 (v. Boletim Repercussão Geral nº1).

8 Opostos embargos de declaração, conclusos ao relator.

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outro cargo, pertencente a carreira e regime jurídico distintos, criando, assim, um direito de tertium genus, composto das vantagens de dois regimes diferentes.

3. Por outro lado, considerando a vedação constitucional de acumulação remunerada de cargos públicos, não será legítimo transferir, para um deles, vantagem somente devida pelo exercício do outro. A vedação de acumular certamente se estende tanto aos deveres do cargo (= de prestar seus serviços) como aos direitos (de obter as vantagens remuneratórias).

4. Assim, não encontra amparo constitucional a pretensão de acumular, no cargo de magistrado ou em qualquer outro, a vantagem correspondente a ‘quintos’, a que o titular fazia jus quando no exercício de cargo diverso.

5. Recurso extraordinário a que se dá parcial provimento.” É vedada a incorporação de quintos, aos vencimentos de magistrados, decorrentes de exercício de função comissionada em cargo público, ocorrido em data anterior ao ingresso na magistratura. Dis-cutia-se a ocorrência de direito adquirido à incorporação da mencionada vantagem. O Tribunal, preliminarmente, conheceu, por maioria, do recurso extraordinário. Pontuou que a controvérsia estabelecida no caso fora considerada, em decisão do Plenário Virtual, como de natureza constitu-cional e com repercussão geral. Salientou, no entanto, que esse reconhecimento não impossibilita que cada Ministro, quando do julgamento final do recurso extraordinário, possa se pronunciar em sentido diverso, inclusive quanto à incognoscibilidade do recurso extraordinário. No mérito, a Corte mencionou jurisprudência consolidada sobre a inexistência de direito adquirido a regime jurídico. Aduziu que os direitos subjetivos devem estar de acordo com a estrutura que lhes confira o correspondente regime jurídico no âmbito do qual adquiridos e em face daqueles que tenham o dever jurídico de entregar a prestação. Consignou que somente no âmbito desse regime é que o ti-tular do direito adquirido está habilitado a exigir a correspondente prestação. Registrou, ademais, que o direito pleiteado não está revestido de portabilidade a permitir que os recorridos possam exercê-lo fora da relação jurídica de onde se originaram, ainda mais quando não subsistente essa vinculação. Observou que, inexistente o vínculo funcional, não há sentido em afirmar a sobrevi-vência de certa parcela remuneratória dessa relação jurídica desfeita. Lembrou que, considerada a vedação constitucional de se acumular cargos remunerados, não é legítimo possuir, em um dos cargos, vantagem devida pelo exercício de outro. Assinalou não haver direito a se formar regime ju-rídico híbrido, de caráter pessoal e individual, que acumule, em um dos cargos, vantagem própria e exclusiva de outro. Concluiu pela inexistência de direito adquirido dos recorridos em continuar a receber os quintos incorporados, após a mudança de regime jurídico. Consignou, no entanto, que se preservam os valores da incorporação já percebidos em respeito ao princípio da boa-fé. (RE 587.371/DF, rel. Min. Teori Zavascki, julgado em 14/11/2013, acórdão publicado no DJe de 24/6/2014)

TEMA 203Direito Constitucional; Direitos e Garantias Fundamentais

“EMENTA: RECURSO EXTRAORDINÁRIO. CONSTITUCIONAL. POLÍTICA DE AÇÕES AFIRMATIVAS. INGRESSO NO ENSINO SUPERIOR. USO DE CRITÉRIO ÉTNICO-RACIAL. AUTOIDENTIFICAÇÃO. RESERVA DE VAGA OU ESTABELECIMENTO DE COTAS. CONSTI-TUCIONALIDADE. RECURSO IMPROVIDO.

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I — Recurso extraordinário a que se nega provimento.”Reveste-se de constitucionalidade o programa de ação afirmativa estabelecido pela Universi-dade Federal do Rio Grande do Sul — UFRGS, que instituiu o sistema de cotas como meio de ingresso em seus cursos de nível superior. Discutia-se a constitucionalidade do sistema de reserva de vagas instituído pela referida universidade. O Tribunal destacou que a matéria foi exaustivamente debatida na ADPF 186/DF (acórdão pendente de publicação), em que assen-tada a constitucionalidade: a) das políticas de ação afirmativa; b) da utilização dessas políticas na seleção para o ingresso em curso superior, especialmente nos estabelecimentos de ensino públicos; c) do uso do critério étnico-racial por essas políticas; d) da autoidentificação como método de seleção; e e) da modalidade de destinação de vagas ou de instituição de cotas. Ade-mais, a Corte rechaçou a tese da necessidade de lei formal para disciplinar a matéria, haja vista que está inserida no âmbito da autonomia universitária. Acrescentou que, embora não exista lei específica tratando do sistema de cotas, há toda uma base normativa legal a autorizar o uso de ações afirmativas, como a utilização de critério étnico-racial na seleção para ingresso no ensino superior, conforme ressaltado na ADPF 186/DF. (RE 597.285/RS9, rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgado em 9/5/2012, acórdão publicado no DJe de 18/3/2014)

TEMA 5Direito Constitucional; Sistema Financeiro Nacional

“EMENTA: 1) Direito monetário. Conversão do padrão monetário: Cruzeiro Real em URV. Direito aos 11,98%, ou do índice decorrente do processo de liquidação, e a sua incorporação. Competência privativa da União para legislar sobre a matéria. Art. 22, inciso VI, da Constituição da República. Inconstitucionalidade formal da lei estadual nº 6.612/94 que regula o tema da conversão do Cruzeiro Real em URV.

2) O direito ao percentual de 11,98%, ou do índice decorrente do processo de liquidação, na re-muneração do servidor, resultante da equivocada conversão do Cruzeiro Real em URV, não representa um aumento na remuneração do servidor público, mas um reconhecimento da ocorrência de indevido decréscimo no momento da conversão da moeda em relação àqueles que recebem seus vencimentos em momento anterior ao do término do mês trabalhado, tal como ocorre, verbi gratia, no âmbito do Poder Legislativo e do Poder Judiciário por força do art. 168 da Constituição da República.

3) Consectariamente, o referido percentual deve ser incorporado à remuneração dos aludidos servi-dores, sem qualquer compensação ou abatimento em razão de aumentos remuneratórios supervenientes.

4) A limitação temporal do direito à incorporação dos 11,98% ou do índice decorrente do processo de liquidação deve adstringir-se ao decisum na ADI nº 2.323-MC/DF e na ADI nº 2.321/DF.

5) O término da incorporação dos 11,98%, ou do índice obtido em cada caso, na remuneração deve ocorrer no momento em que a carreira do servidor passa por uma restruturação remuneratória, porquanto não há direito à percepção ad aeternum de parcela de remuneração por servidor público.

6) A irredutibilidade estipendial recomenda que se, em decorrência da reestruturação da carrei-ra do servidor, a supressão da parcela dos 11,98%, ou em outro percentual obtido na liquidação,

9 Opostos embargos de declaração, conclusos ao relator.

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verificar-se com a redução da remuneração, o servidor fará jus a uma parcela remuneratória (VPNI) em montante necessário para que não haja uma ofensa ao princípio, cujo valor será absorvido pelos aumentos subsequentes.

7) A reestruturação dos cargos no âmbito do Poder Judiciário Federal decorreu do advento da Lei nº 10.475/2002, diploma legal cuja vigência deve servir de termo ad quem para o pagamento e incor-poração dos 11,98% no âmbito do referido Poder.

8) Inconstitucionalidade. 9) Recurso extraordinário interposto pelo estado do Rio Grande do Norte conhecido e parcialmente

provido, porquanto descabida a pretensa compensação do percentual devido ao servidor em razão da ilegalidade na conversão de Cruzeiros Reais em URV com aumentos supervenientes a título de reajuste e revisão de remuneração, restando, por outro lado, fixado que o referido percentual será absorvido no caso de reestruturação financeira da carreira, e declarada incidenter tantum a inconstitucionalidade da Lei n° 6.612, de 16 de maio de 1994, do estado do Rio Grande do Norte.”

O direito de servidor público a determinado percentual compensatório em razão de incorreta conversão do padrão monetário — de Cruzeiro Real para Unidade Real de Valor (URV) — de-corre exclusivamente dos parâmetros estabelecidos pela Lei 8.880/1994, e o quantum debeatur deve ser apurado no momento da liquidação de sentença. Esse percentual não pode ser com-pensado ou abatido por aumentos remuneratórios supervenientes e deve incidir até reestrutura-ção remuneratória de cada carreira, que, ao suprimir o índice, não poderá ofender o princípio da irredutibilidade de vencimentos. Discutia-se eventual direito de servidor público estadual à compensação da diferença de 11,98% resultante da conversão do referido padrão monetário, tendo em conta diferenças estabelecidas entre a Lei 8.880/1994 e a Lei 6.612/1994 do Estado do Rio Grande do Norte. O Tribunal reputou que os estados-membros e municípios não estão autorizados a legislar sobre a conversão do padrão monetário em detrimento do que previsto na Lei 8.880/1994, que possui caráter nacional, haja vista se tratar de competência privativa da União (CF, art. 22, VI). Assim, declarou, incidenter tantum, a inconstitucionalidade da referida lei potiguar. Ademais, ressaltou que a simples conversão de padrão monetário é distinta de aumen-to da remuneração, pois, no primeiro caso, os vencimentos permanecem no mesmo patamar. Consignou que a incorporação de determinado índice decorrente de conversão equivocada é medida legítima e necessária, sob pena de a supressão originar ofensa ao princípio da irredu-tibilidade da remuneração dos servidores públicos. Afirmou que eventual exclusão do índice durante período em que não alterada a estrutura remuneratória do servidor representa medida ofensiva ao direito adquirido. Registrou, também, que o aludido índice é devido em decorrência de equívoco na conversão da moeda, o que não impede seu acúmulo com índice de aumento posterior concedido a servidores para assegurar o poder de compra. Entretanto, a incorporação do índice compensatório não pode subsistir quando a carreira tenha sofrido reestruturação, pois o percentual não pode permanecer indeterminadamente. (RE 561.836/RN10, rel. Min. Luiz Fux, julgado em 26/9/2013, acórdão publicado no DJe de 10/2/2014) 1ª Parte: 2ª Parte:

10 Opostos embargos de declaração, com vista à Procuradoria-Geral da República — PGR.

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TEMA 650Direito Penal; Extinção da Punibilidade

“EMENTA: RECURSO EXTRAORDINÁRIO. ART. 543-B DO CPC. REPERCUSSÃO GERAL. ART. 5º, XL, DA CONSTITUIÇÃO. ESTATUTO DO DESARMAMENTO (LEI Nº 10.826/03). CRIME DE POSSE DE ARMA DE FOGO DE USO PERMITIDO. PRAZO PARA REGULARIZA-ÇÃO. MEDIDA PROVISÓRIA Nº 417/2008. NATUREZA JURÍDICA. APLICABILIDADE AOS FATOS PRATICADOS NO PERÍODO EM QUE VEDADO O REGISTRO DA ARMA DE FOGO. ABOLITIO CRIMINIS TEMPORÁRIA. NÃO CONFIGURAÇÃO. IRRETROATIVIDADE. PRE-CEDENTES. RECURSO EXTRAORDINÁRIO PROVIDO.

1. O Estatuto do Desarmamento (Lei nº 10.826/03) favoreceu os possuidores e proprietários de arma de fogo com duas medidas: (i) permitiu o registro da arma de fogo (art. 30) ou a sua renovação (art. 5º, § 3º); e (ii) facultou a entrega espontânea da arma de fogo à autoridade competente (art. 32).

2. A sucessão legislativa prorrogou diversas vezes o prazo para as referidas medidas, a saber: (i) o Estatuto do Desarmamento, cuja publicação ocorreu em 23 de dezembro de 2003, permitiu aos proprietários e possuidores de armas de fogo tanto a solicitação do registro quanto a entrega das ar-mas no prazo de 180 (cento e oitenta) dias, após a publicação do diploma; (ii) após a edição das leis 10.884/2004, 11.119/2005 e 11.191/2005, o prazo final para solicitação do registro de arma de fogo foi prorrogado para 23 de junho de 2005, enquanto o termo final para entrega das armas foi fixado em 23 de outubro de 2005; (iii) a Medida Provisória nº 417 (convertida, posteriormente, na Lei nº 11.706/08), cuja publicação ocorreu em 31 de janeiro de 2008, alargou o prazo para registro da arma de fogo até a data de 31 de dezembro de 2008, bem como permitiu, sine die, a entrega espon-tânea da arma de fogo como causa de extinção da punibilidade; (iv) por fim, a Lei nº 11.922/2009, cuja vigência se deu a partir de 14 de abril de 2009, tornou a prolongar o prazo para registro, até 31 de dezembro de 2009.

3. A construção jurisprudencial e doutrinária, conquanto inexistente previsão explícita de abolitio criminis, ou mesmo de que a eficácia do delito previsto no art. 12 do Estatuto do Desarmamento estaria suspensa temporariamente, formou-se no sentido de que, durante o prazo assinalado em lei, haveria presunção de que o possuidor de arma de fogo irregular providenciaria a normalização do seu registro (art. 30).

4. O art. 12 do Estatuto do Desarmamento, que prevê o crime de posse de arma de fogo de uso permi-tido, passou a ter plena vigência ao encerrar-se o interstício no qual o legislador permitiu a regularização das armas (até 23 de junho de 2005, conforme disposto na Medida Provisória nº 253, convertida na Lei nº 11.191/2005), mas a Medida Provisória nº 417, em 31 de janeiro de 2008, reabriu o prazo para regularização até 31 de dezembro do mesmo ano.

5. No caso sub judice, a vexata quaestio gira em torno da aplicabilidade retroativa da Medida Provisória nº 417 aos fatos anteriores a 31 de janeiro de 2008, à luz do art. 5º, XL, da Constituição, que consagra a retroatividade da lex mitior, cabendo idêntico questionamento sobre a retroeficácia da Lei nº 11.922/2009 em relação aos fatos ocorridos entre 1º de janeiro de 2009 e 13 de abril do mesmo ano.

6. Consectariamente, é preciso definir se a novel legislação deve ser considerada abolitio criminis temporária do delito previsto no art. 12 da Lei nº 10.826/03, caso em que impor-se-ia a sua eficácia retro-operante.

7. O possuidor de arma de fogo, no período em que vedada a regularização do registro desta, pratica conduta típica, ilícita e culpável, porquanto cogitável a atipicidade apenas quando possível presumir

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que o agente providenciaria em tempo hábil a referida regularização, à míngua de referência expressa, no Estatuto do Desarmamento e nas normas que o alteraram, da configuração de abolitio criminis.

8. A jurisprudência desta Corte é assente no sentido de que, verbis: ‘I — A vacatio legis de 180 dias prevista nos artigos 30 e 32 da Lei 10.826/2003, com a redação conferida pela Lei 11.706/2008, não tornou atípica a conduta de posse ilegal de arma de uso restrito. II — Assim, não há falar em abo-litio criminis, pois a nova lei apenas estabeleceu um período de vacatio legis para que os possuidores de armas de fogo de uso permitido pudessem proceder à sua regularização ou à sua entrega mediante indenização. III — Ainda que assim não fosse, a referida vacatio legis não tem o condão de retroagir, justamente por conta de sua eficácia temporária’ (RHC 111637, Relator(a): Min. RICARDO LEWAN-DOWSKI, Segunda Turma, julgado em 05/06/2012). Em idêntico sentido: HC 96168, Relator(a): Min. EROS GRAU, Segunda Turma, julgado em 09/12/2008.

9. O Pretório Excelso, pelos mesmos fundamentos, também fixou entendimento pela irretroativida-de do Estatuto do Desarmamento em relação aos delitos de posse de arma de fogo cometidos antes da sua vigência (HC 98180, Relator(a): Min. RICARDO LEWANDOWSKI, Primeira Turma, julgado em 29/06/2010; HC 90995, Relator(a): Min. MENEZES DIREITO, Primeira Turma, julgado em 12/02/2008).

10. In casu: (i) o Recorrido foi preso em flagrante, na data de 27 de dezembro de 2007, pela posse de arma de fogo e munição (um revólver Taurus, calibre 22, nº 97592, com seis munições intactas do mesmo calibre; uma cartucheira Rossi, calibre 28, nº 510619; um Rifle CBC, calibre 22, nº 00772; uma espingarda de fabricação caseira, sem marca visível; uma espingarda Henrique Laport, cano longo; uma espingarda de marca Rossi, calibre 36, nº 525854; nove cartuchos, sendo cinco de metal e cheios, calibre 28, e quatro de plástico, calibre 20, intactos), bem como por ocultar motocicletas com chas-sis adulterados; (ii) o ora Recorrido foi condenado, em primeira instância, à pena de 08 (oito) anos de reclusão pela prática dos crimes previstos no art. 12 da Lei nº 10.826/03, no art. 180, §§ 1º e 2º, e no art. 311, ambos do Código Penal; (iii) o Tribunal de Justiça de Goiás reformou em parte a sentença para absolver o Recorrido das imputações do art. 12 da Lei nº 10.826/03, com base no art. 386, V, do CPP.

11. Ex positis, dou provimento ao Recurso Extraordinário do Ministério Público para restabelecer a sentença condenatória de primeira instância, ante a irretroatividade da norma inserida no art. 30 da Lei nº 10.826/03 pela Medida Provisória nº 417/2008, considerando penalmente típicas as condutas de posse de arma de fogo de uso permitido ocorridas após 23 de junho de 2005 e anteriores a 31 de janeiro de 2008.”

A reabertura de prazo para registro ou renovação de registro de arma de fogo de uso permitido prevista pela Lei 11.706/2008, que deu nova redação ao art. 30 da Lei 10.826/2003, não cons-titui abolitio criminis. Discutia-se a ocorrência de extinção da punibilidade do delito de posse irregular de arma de fogo de uso permitido relativamente aos fatos ocorridos após 23/6/2005 e antes de 31/1/2008, em virtude da edição de lei posterior que concedeu novo prazo para regis-tro. O Tribunal considerou penalmente típicas as condutas praticadas no período em questão. Após menção a várias alterações legislativas acerca da prorrogação do prazo para que proprietá-rios e possuidores de armas de fogo solicitassem o registro, ou a renovação dele, ou entregassem as armas, a Corte aduziu que nesse ínterim houve a presunção de boa-fé no sentido da adoção de providências destinadas à regularização. Assim, encerrado o lapso legal, o tipo penal previsto no art. 12 do Estatuto do Desarmamento passou a ter plena vigência. Destacou, ademais, não ter havido previsão expressa de abolitio criminis no referido diploma, nem nas leis que o alteraram. Reputou que a presunção de boa-fé não pode ser invocada para os períodos em que a regula-

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rização não era permitida. Portanto, é incabível cogitar da retroatividade da Medida Provisória 417/2008 (convertida na Lei 11.706/2008) para extinguir a punibilidade do delito de posse irregular de arma de fogo cometido antes da sua entrada em vigor, ante a impossibilidade de re-gularização do registro quando da prática do crime. Por fim, salientou que igual entendimento também é aplicável aos fatos ocorridos entre 1º/1/2009 e 13/4/2009.(RE 768.494/GO11, rel. Min. Luiz Fux, julgado em 19/9/2013, acórdão publicado no DJe de 8/4/2014)

TEMA 549Direito Processual Civil; Comunicação de Atos Processuais

“EMENTA: RECURSO EXTRAORDINÁRIO COM AGRAVO. REPERCUSSÃO GERAL RECO-NHECIDA. RITO DOS JUIZADOS ESPECIAIS FEDERAIS. PRERROGATIVA DE INTIMAÇÃO PESSOAL DOS OCUPANTES DE CARGO DE PROCURADOR FEDERAL (ART. 17 DA LEI Nº 10.910/2004). INAPLICABILIDADE. PRINCÍPIO DA PARIDADE DE ARMAS. CONTRADITÓ-RIO (ART. 5º, LV, DA CRFB). ACESSO À JUSTIÇA (ART. 5º, XXXV, DA CRFB). SIMPLICIDADE DO PROCEDIMENTO SUMARÍSSIMO (ART. 98, I, DA CRFB). ART. 9º DA LEI Nº 10.259/01. AGRAVO CONHECIDO E RECURSO EXTRAORDINÁRIO DESPROVIDO.

1. A isonomia é um elemento ínsito ao princípio constitucional do contraditório (art. 5º, LV, da CRFB), do qual se extrai a necessidade de assegurar que as partes gozem das mesmas oportunidades e faculdades processuais, atuando sempre com paridade de armas, a fim de garantir que o resultado final jurisdicional espelhe a justiça do processo em que prolatado. Doutrina (FERNANDES, Antonio Scarance. Processo penal constitucional. 4. ed. — São Paulo: RT, 2005. p. 66; DINAMARCO, Cândido Rangel. Fundamentos do Processo Civil Moderno. São Paulo: RT, 1986. p. 92; CINTRA, Antonio Carlos de Araújo. O princípio da igualdade processual. Revista da Procuradoria-Geral do Estado de São Paulo, São Paulo, v. 19; MOREIRA, José Carlos Barbosa. A garantia do contraditório na atividade de instrução. RePro 35/231).

2. As exceções ao princípio da paridade de armas apenas têm lugar quando houver fundamento razoável baseado na necessidade de remediar um desequilíbrio entre as partes, e devem ser interpretadas de modo restritivo, conforme a parêmia exceptiones sunt strictissimae interpretationis.

3. O rito dos Juizados Especiais é talhado para ampliar o acesso à justiça (art. 5º, XXXV, da CRFB) mediante redução das formalidades e aceleração da marcha processual, não sendo outra a exegese do art. 98, I, da Carta Magna, que determina sejam adotados nos aludidos Juizados ‘os pro-cedimentos oral e sumariíssimo’, devendo, portanto, ser apreciadas cum grano salis as interpretações que pugnem pela aplicação ‘subsidiária’ de normas alheias ao microssistema dos Juizados Especiais que importem delongas ou incremento de solenidades.

4. O espírito da Lei nº 10.259/01, que rege o procedimento dos Juizados Especiais Federais, é inequivocamente o de afastar a incidência de normas que alberguem prerrogativas processuais para a Fazenda Pública, máxime em razão do que dispõe o seu art. 9º, verbis: ‘Não haverá prazo diferen-ciado para a prática de qualquer ato processual pelas pessoas jurídicas de direito público, inclusive a interposição de recursos’.

11 Substitui o ARE 674.610 RG/GO, paradigma de repercussão geral.

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5. Não se aplica aos Juizados Especiais Federais a prerrogativa de intimação pessoal dos ocupantes de cargo de Procurador Federal, prevista no art. 17 da Lei n.º 10.910/2004, na medida em que neste rito especial, ante a simplicidade das causas nele julgadas, particular e Fazenda Pública apresentam semelhante, se não idêntica, dificuldade para o adequado exercício do direito de informação dos atos do processo, de modo que não se revela razoável a incidência de norma que restringe a paridade de armas, além de comprometer a informalidade e a celeridade do procedimento.

6. Agravo conhecido para negar provimento ao Recurso Extraordinário.”A regra prevista no art. 17 da Lei 10.910/2004 (Nos processos em que atuem em razão das atribuições de seus cargos, os ocupantes dos cargos das carreiras de Procurador Federal e de Procurador do Banco Central do Brasil serão intimados e notificados pessoalmente) não se aplica a procuradores federais que atuam no âmbito dos Juizados Especiais Federais. Discutia-se a obrigatoriedade dessa intima-ção. O Tribunal afirmou que o mencionado dispositivo tem caráter de lei geral, a prever a inti-mação de procuradores federais e de advogados do Banco Central em todos os processos em que atuem. No entanto, nos Juizados Especiais — que têm por escopo o acesso à Justiça dos menos favorecidos, a celeridade e a simplicidade —, tal prerrogativa torna-se inaplicável.(ARE 648.629/RJ, rel. Min. Luiz Fux, julgado em 24/4/2013, acórdão publicado no DJe de 8/4/2014)

TEMA 154Direito Processual Penal; Competência

“EMENTA: RECURSO EXTRAORDINÁRIO. REPERCUSSÃO GERAL RECONHECIDA. PRELIMINAR DE NÃO CONHECIMENTO DO RE. QUESTÃO SUPERADA. HABEAS COR-PUS. CONCESSÃO DA ORDEM PELO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA PARA TRANCA-MENTO DA AÇÃO PENAL POR FALTA DE JUSTA CAUSA. ALEGAÇÃO DE TOLHIMENTO DE PRERROGATIVA EXCLUSIVA DO MINISTÉRIO PÚBLICO PARA PROVAR A ACUSAÇÃO, MEDIANTE AJUIZAMENTO DE AÇÃO PENAL. ABSOLVIÇÃO SUMÁRIA PROCEDIDA POR TRIBUNAL SUPERIOR, EM DETRIMENTO DA COMPETÊNCIA DO TRIBUNAL DO JÚRI. OFENSA AOS ARTS. 5º, XXXVIII, E 129, I, AMBOS DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL. NECES-SIDADE DE REEXAME DE PROVAS. INCIDÊNCIA DA SÚMULA 279 DO STF. RECURSO EX-TRAORDINÁRIO A QUE SE NEGA PROVIMENTO.

I — Havendo a Corte, por meio de seu Plenário Virtual, reconhecido a repercussão geral do tema constitucional debatido nos autos, deve prosseguir no julgamento de mérito da causa.

II — Para se chegar à conclusão contrária à do acórdão recorrido seria necessário reexaminar o conjunto fático-probatório dos autos. Incidência da Súmula 279 do STF.

III — Decisão judicial de rejeição de denúncia, impronúncia de réu, de absolvição sumária ou de trancamento de ação penal por falta de justa causa, não viola a cláusula constitucional de monopólio do poder de iniciativa do Ministério Público em matéria de persecução penal e tampouco transgride o postulado do juiz natural nos procedimentos penais inerentes ao Tribunal do Júri.

IV — Recurso extraordinário não provido.”O controle jurisdicional prévio de admissibilidade de qualquer acusação penal, mesmo em âm-bito de habeas corpus, além de plenamente legítimo, não ofende a cláusula constitucional do monopólio da titularidade do Ministério Público em ação penal de iniciativa pública, bem como

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não viola o princípio do juiz natural nos procedimentos penais inerentes ao tribunal do júri. Dis-cutia-se a possibilidade de trancamento de ação penal, em habeas corpus, por falta de justa causa, sem a submissão dos acusados ao tribunal do júri pela prática de crime doloso contra a vida. O Tribunal afirmou a legitimidade de o Poder Judiciário reconhecer, com apoio em elementos que dariam suporte a uma acusação estatal, a inviabilidade da pretensão punitiva do Estado, diante da ausência de base empírica idônea. (RE 593.443/SP, rel. Min. Marco Aurélio, red. p/ o acórdão Min. Ricardo Lewandowski, julgado em 6/6/2013, acórdão publicado no DJe de 22/5/2014)

TEMA 211Direito Tributário; Princípios e Garantias Tributários

“EMENTA: Recurso extraordinário. 2. Tributário. 3. Legalidade. 4. IPTU. Majoração da base de cálculo. Necessidade de lei em sentido formal. 5. Atualização monetária. Possibilidade. 6. É inconsti-tucional a majoração do IPTU sem edição de lei em sentido formal, vedada a atualização, por ato do Executivo, em percentual superior aos índices oficiais. 7. Recurso extraordinário não provido.”

É inconstitucional a majoração, sem edição de lei em sentido formal, do valor venal de imóveis para efeito de cobrança do Imposto sobre a Propriedade Predial e Territorial Urbana — IPTU acima dos índices oficiais de correção monetária. Discutia-se a legitimidade da majoração, por decreto, da base de cálculo acima de índice inflacionário, em razão de a lei municipal prever critérios gerais que seriam aplicados quando da avaliação dos imóveis. O Tribunal assentou que o aumento do valor venal dos imóveis não prescinde da edição de lei, em sentido formal. Aduziu que, salvo as exceções expressamente previstas no texto constitucional, a definição dos critérios que compõem a regra tributária e, especificamente, a base de cálculo, é matéria restrita à atua-ção do legislador. Desse modo, não pode o Poder Executivo imiscuir-se nessa seara, seja para definir, seja para modificar qualquer dos elementos da relação tributária. A Corte ressaltou que os municípios não podem alterar ou majorar, por decreto, a base de cálculo do IPTU. Afirmou que eles podem apenas atualizar, anualmente, o valor dos imóveis, com base nos índices anuais de inflação. Isso porque essa atualização não constitui aumento de tributo (CTN, art. 97, § 1º) e, portanto, não se submete à reserva legal imposta pelo art. 150, I, da CF.(RE 648.245/MG12, rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 1º/8/2013, acórdão publicado no DJe de 24/2/2014)

TEMA 75Direito Tributário; Tributos

“EMENTA: CONSTITUCIONAL. TRIBUTÁRIO. IMPOSTO SOBRE A RENDA E PROVEN-TOS DE QUALQUER NATUREZA DEVIDO PELA PESSOA JURÍDICA (IRPJ). APURAÇÃO PELO REGIME DE LUCRO REAL. DEDUÇÃO DO VALOR PAGO A TÍTULO DE CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O LUCRO LÍQUIDO. PROIBIÇÃO.

ALEGADAS VIOLAÇÕES DO CONCEITO CONSTITUCIONAL DE RENDA (ART. 153, III),

12 Substituiu o AI 764.518/MG, paradigma de repercussão geral.

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DA RESERVA DE LEI COMPLEMENTAR DE NORMAS GERAIS (ART. 146, III, A), DO PRIN-CÍPIO DA CAPACIDADE CONTRIBUTIVA (ART. 145, § 1º) E DA ANTERIORIDADE (ARTS. 150, III, A E 195, § 7º).

1. O valor pago a título de contribuição social sobre o lucro líquido — CSLL não perde a caracterís-tica de corresponder a parte dos lucros ou da renda do contribuinte pela circunstância de ser utilizado para solver obrigação tributária.

2. É constitucional o art. 1º e par. ún. da Lei 9.316/1996, que proíbe a dedução do valor da CSLL para fins de apuração do lucro real, base de cálculo do Imposto sobre a Renda das Pessoas Jurídicas — IRPJ.

Recurso extraordinário conhecido, mas ao qual se nega provimento.”Não é possível a dedução do valor equivalente à Contribuição Social sobre o Lucro Líquido — CSLL de sua própria base de cálculo, bem como da base de cálculo do Imposto de Renda de Pes-soa Jurídica — IRPJ, nos termos previstos no art. 1º, parágrafo único, da Lei 9.316/1996 (Art. 1º O valor da contribuição social sobre o lucro líqüido não poderá ser deduzido para efeito de determinação do lucro real, nem de sua própria base de cálculo. Parágrafo único. Os valores da contribuição social a que se refere este artigo, registrados como custo ou despesa, deverão ser adicionados ao lucro líquido do re-spectivo período de apuração para efeito de determinação do lucro real e de sua própria base de cálculo). Discutia-se a constitucionalidade do aludido dispositivo, que veda a dedução. O Tribunal afirmou que o valor devido a título de CSLL não deve ser tratado como despesa operacional ou necessária para fins de apuração do IRPJ, não sendo, portanto, dedutível.(RE 582.525/SP, rel. Min. Joaquim Barbosa, julgado em 9/5/2013, acórdão publicado no DJe de 7/2/2014)

TEMA 171 Direito Tributário; Tributos

“EMENTA: CONSTITUCIONAL. TRIBUTÁRIO. IMPOSTO SOBRE CIRCULAÇÃO DE MERCADORIAS E SERVIÇOS. ICMS. IMPORTAÇÃO. PESSOA QUE NÃO SE DEDICA AO CO-MÉRCIO OU À PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS DE COMUNICAÇÃO OU DE TRANSPORTE IN-TERESTADUAL OU INTERMUNICIPAL. ‘NÃO CONTRIBUINTE’. VIGÊNCIA DA EMENDA CONSTITUCIONAL 33/2002. POSSIBILIDADE.

REQUISITO DE VALIDADE. FLUXO DE POSITIVAÇÃO. EXERCÍCIO DA COMPETÊNCIA TRIBUTÁRIA. CRITÉRIOS PARA AFERIÇÃO.

1. Há competência constitucional para estender a incidência do ICMS à operação de importação de bem destinado a pessoa que não se dedica habitualmente ao comércio ou à prestação de serviços, após a vigência da EC 33/2001.

2. A incidência do ICMS sobre operação de importação de bem não viola, em princípio, a regra da vedação à cumulatividade (art. 155, § 2º, I da Constituição), pois se não houver acumulação da carga tributária, nada haveria a ser compensado.

3. Divergência entre as expressões ‘bem’ e ‘mercadoria’ (arts. 155, II e 155, § 2º, IX, a da Consti-tuição). É constitucional a tributação das operações de circulação jurídica de bens amparadas pela importação. A operação de importação não descacteriza, tão-somente por si, a classificação do bem importado como mercadoria. Em sentido semelhante, a circunstância de o destinatário do bem não

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ser contribuinte habitual do tributo também não afeta a caracterização da operação de circulação de mercadoria. Ademais, a exoneração das operações de importação pode desequilibrar as relações per-tinentes às operações internas com o mesmo tipo de bem, de modo a afetar os princípios da isonomia e da livre concorrência.

CONDIÇÕES CONSTITUCIONAIS PARA TRIBUTAÇÃO4. Existência e suficiência de legislação infraconstitucional para instituição do tributo (violação

dos arts. 146, II e 155, XII, § 2º, i da Constituição). A validade da constituição do crédito tributário depende da existência de lei complementar de normas gerais (LC 114/2002) e de legislação local re-sultantes do exercício da competência tributária, contemporâneas à ocorrência do fato jurídico que se pretenda tributar.

5. Modificações da legislação federal ou local anteriores à EC 33/2001 não foram convalidadas, na medida em que inexistente o fenômeno da ‘constitucionalização superveniente’ no sistema jurídico brasileiro. A ampliação da hipótese de incidência, da base de cálculo e da sujeição passiva da regra--matriz de incidência tributária realizada por lei anterior à EC 33/2001 e à LC 114/2002 não serve de fundamento de validade à tributação das operações de importação realizadas por empresas que não sejam comerciais ou prestadoras de serviços de comunicação ou de transporte intermunicipal ou interestadual.

6. A tributação somente será admissível se também respeitadas as regras da anterioridade, cuja observância se afere com base em cada legislação local que tenha modificado adequadamente a regra--matriz e que seja posterior à LC 114/2002.

Recurso extraordinário interposto pelo Estado do Rio Grande do Sul conhecido e ao qual se nega provimento. Recurso extraordinário interposto por FF. Claudino ao qual se dá provimento.”

Após a Emenda Constitucional 33/2001, é constitucional a instituição do ICMS incidente sobre a importação de bens, sendo irrelevante a classificação jurídica do ramo de atividade da empresa importadora. Ademais, a validade da constituição do crédito tributário depende da existência de lei complementar sobre normas gerais e de legislação estadual de instituição do ICMS inciden-te sobre operações de importação realizadas por empresas que não sejam comerciantes, nem prestadoras de serviços de comunicação ou de transporte interestadual ou intermunicipal. Além disso, a incidência do tributo também depende da observância das regras de anterioridade e de irretroatividade, aferidas em cada legislação local de instituição dos novos critérios materiais, pessoais e quantitativos da regra-matriz. Também não se pode falar em constitucionalidade super-veniente para legitimar legislação local anterior à EC 33/2001 ou à Lei Complementar 114/2002, com o único objetivo de validar crédito tributário constituído em momento no qual não havia per-missão constitucional. Discutia-se a constitucionalidade da incidência do ICMS sobre a operação de importação de bens realizada por pessoa jurídica, durante a vigência da EC 33/2001, que não se dedica habitualmente ao comércio. O Tribunal afirmou que a caracterização de bem como mercadoria independe da qualidade jurídica do adquirente. Apontou a inexistência de cumulati-vidade a ser equilibrada com a compensação, na medida em que há apenas uma única operação. Além disso, mencionou que, com a alteração realizada no texto constitucional em 2000, a falta do critério para definição do sujeito ativo foi suprida com a inserção da palavra “domicílio” no art. 155, § 2º, IX, a, da CF. Asseverou que, para se considerar válida a constituição do crédito tributá-rio, a sua incidência deve ocorrer na presença concomitante de três condicionantes: existência de competência; exercício dessa competência pela União, com base em norma geral em matéria

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tributária; e exercício de competência por cada um dos Estados-membros e pelo Distrito Federal, resultante na regra-matriz de incidência tributária. Observou que alguns entes federados têm se precipitado, ora à EC 33/2001, ora à LC 114/2002, e têm criado regras-matrizes sem o necessário fundamento de validade. Entendeu aplicável a orientação firmada por esta Corte no julgamento do RE 346.084/PR (DJU de 1º/9/2006) e do RE 390.840/MG (DJU de 15/8/2006), que afastou o fenômeno da constitucionalidade superveniente do sistema jurídico pátrio. Reputou que, para ser constitucionalmente válida a incidência do ICMS sobre operações de importação de bens, as modificações no critério material, na base de cálculo e no sujeito passivo da regra-matriz devem ser realizadas em lei posterior à EC 33/2001 e à LC 114/2002.(RE 439.796/PR13, rel. Min. Joaquim Barbosa, julgado em 7/11/2013, acórdão publicado no DJe de 17/3/2014)

TEMA 261Direito Tributário; Tributos

“EMENTA: 1) Embargos de Declaração. Repercussão Geral. Cobrança de taxa pelo uso de bens municipais. Delimitação da controvérsia jurídica.

2) In casu, todo o litígio travado nos autos gravitou em torno da lei do município de Ji-Paraná que instituiu a cobrança de taxa pelo uso do solo e subsolo.

3) Embargos de Declaração conhecidos e providos, sem efeitos infringentes, para esclarecer que o decisum dispõe sobre a impossibilidade de cobrança de taxa, espécie de tributo, pelos municípios em razão do uso do espaço público municipal.”

O Tribunal, ao julgar embargos de declaração, acolheu-os, sem efeitos modificativos, e manteve o entendimento firmado no julgamento do recurso extraordinário, em que reconhecida a reper-cussão geral. Dessa forma, reafirmou-se a orientação no sentido de que é inconstitucional norma municipal que institui taxa de uso e ocupação do solo e do espaço aéreo correspondente com o objetivo de implantação de postes para extensão de rede elétrica. Discutia-se a possibilidade de município, com fundamento no art. 145, II, da CF, instituir a mencionada taxa em decorrência do exercício do poder de polícia. O Tribunal assentou que o município pretende ser remune-rado, mediante o recebimento de taxa, pela utilização de faixas de domínio público de vias pú-blicas, as quais constituem bem público, inserido na categoria dos bens de uso comum do povo. Asseverou que, além da instalação dos equipamentos não comprometer o uso comum dos bens públicos em questão, inexiste prejuízo a justificar o recebimento, pelo município, de qualquer in-denização pelo uso do bem público de uso comum. Por fim, a Corte declarou, incidentalmente, a inconstitucionalidade da Lei 1.199/2002 do Município de Ji-Paraná, em face da usurpação de competência da União (CF, artigos 21, XII, b, e 22, IV).(RE 581.947 ED/RO14 e 15, rel. Min. Luiz Fux, julgado em 18/12/2013, acórdão publicado no DJe de 19/3/2014)

13 Substituiu o RE 594.996 RG/RS, paradigma de repercussão geral.

14 RE 581.947/RO: mérito julgado em 27/5/2010, acórdão publicado no DJe de 27/8/2010.

15 Opostos embargos de declaração, conclusos ao relator.

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Repercussão geral reconhecida e jurisprudência reafirmada pelo Plenário Virtual

TEMA 692Direito Tributário; Tributos

“EMENTA: RECURSO EXTRAORDINÁRIO. REPERCUSSÃO GERAL. ANOTAÇÃO DE RESPONSABILIDADE TÉCNICA. LEI 6.496/1977. MANIFESTAÇÃO DO EXERCÍCIO DO PO-DER DE POLÍCIA. NATUREZA DE TAXA. SUBMISSÃO AO PRINCÍPIO DA ESTRITA LEGA-LIDADE. EXISTÊNCIA DE REPERCUSSÃO GERAL. RECURSO EXTRAORDINÁRIO A QUE SE NEGA PROVIMENTO.

- O Tribunal reconheceu a existência de repercussão geral da matéria debatida nos presentes autos, para reafirmar a jurisprudência desta Corte, no sentido de que a Anotação de Responsabilidade Técni-ca, instituída pela Lei 6.496/1977, cobrada pelos Conselhos Regionais de Engenharia, Arquitetura e Agronomia, tem natureza jurídica de taxa, sendo, portanto, necessária a observância do princípio da legalidade tributária previsto no art. 150, I, da Constituição. Em consequência, conheceu do recurso extraordinário, desde já, mas lhe negou provimento.”

A Anotação de Responsabilidade Técnica, instituída pela Lei 6.496/1977, cobrada pelos Conse-lhos Regionais de Engenharia, Arquitetura e Agronomia em decorrência do exercício do poder de polícia na fiscalização de profissões, tem natureza jurídica de taxa e, por consequência, é necessária a observância do princípio da legalidade tributária previsto no art. 150, I, da CF. O Tribunal reafirmou a jurisprudência dominante sobre a matéria em julgamento realizado por meio eletrônico (“Plenário Virtual”), nos termos do art. 323-A do Regimento Interno do Supre-mo Tribunal Federal.

(ARE 748.445 RG/SC, rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgado em 1º/11/2013, acórdão publicado no DJe de 12/2/2014)

Repercussão geral reconhecida e mérito pendente de julgamento

TEMA 697Direito Administrativo; Concurso Público

“EMENTA: CONCURSO PÚBLICO — OFICIAL DE JUSTIÇA — EXIGÊNCIA DE ENSINO MÉDIO — EXTINÇÃO DO CARGO — APROVEITAMENTO EM OUTRO, COM IDÊNTICA NOMENCLATURA, PRÓPRIO A DETENTOR DE CURSO SUPERIOR — GLOSA NA ORIGEM EM PROCESSO OBJETIVO — RECURSO EXTRAORDINÁRIO — REPERCUSSÃO GERAL CONFIGURADA. Possui repercussão geral a controvérsia acerca da constitucionalidade do aproveita-mento de servidor público ocupante de cargo em extinção, cujo requisito de investidura seja a formação no ensino médio, em outro, relativamente ao qual exigido curso superior, sem prévia aprovação em concurso público destinado ao respectivo provimento.”

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Possui repercussão geral a controvérsia relativa à possibilidade de aproveitamento, sem prévia aprovação em concurso público, de ocupantes de cargo de nível médio de Oficial de Justiça, ante a sua extinção, em cargo de idêntica nomenclatura próprio a detentores de curso superior.(RE 740.008 RG/RR, rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 13/12/2013, acórdão publicado no DJe de 28/2/2014)

TEMA 639Direito Administrativo; Sistema Remuneratório

“EMENTA: CONSTITUCIONAL. ART. 37, INC. XI, DA CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA, ALTERADO PELA EMENDA CONSTITUCIONAL N. 41/2003. APLICAÇÃO DO TETO CONS-TITUCIONAL APÓS A INCIDÊNCIA DO IMPOSTO SOBRE A RENDA E DA CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. REPERCUSSÃO GERAL RECONHECIDA.

Repercussão geral reconhecida quanto à questão constitucional relativa ao momento de aplicação do teto constitucional, ou seja, se antes ou depois do cálculo do imposto sobre a renda e da contribuição previdenciária.”

Possui repercussão geral a controvérsia relativa à definição do montante remuneratório recebi-do por servidores públicos, para fins de incidência do teto constitucional. (RE 675.978 RG/SP, rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 22/3/2013, acórdão publicado no DJe de 14/4/2014)

TEMA 694Direito Tributário; Princípios e Garantias Tributários

“EMENTA: RECURSO EXTRAORDINÁRIO COM AGRAVO. TRIBUTÁRIO. IMPOSTO SO-BRE CIRCULAÇÃO DE MERCADORIAS E SERVIÇOS — ICMS. AQUISIÇÃO DE MERCADO-RIA COM DIFERIMENTO. DIREITO A CREDITAMENTO DO TRIBUTO. VEDAÇÃO. HIPÓTE-SE DE SUBSTITUIÇÃO TRIBUTÁRIA PARA TRÁS. ALEGADA VIOLAÇÃO AO PRINCÍPIO DA NÃO CUMULATIVIDADE. ADI 4.171. REPERCUSSÃO GERAL RECONHECIDA.”

Possui repercussão geral a controvérsia relativa à possibilidade de compensação de crédito de ICMS em operações de aquisição de mercadoria (álcool anidro em usina) oriunda de operação anterior gravada pela técnica do diferimento, tendo em conta o princípio da não cumulatividade.(RE 781.926 RG/GO, rel. Min. Luiz Fux, julgado em 22/11/2013, acórdão publicado no DJe de 6/3/2014)

TEMA 696Direito Tributário; Tributos

“ILUMINAÇÃO PÚBLICA — CUSTEIO DE MELHORAMENTO E EXPANSÃO DA REDE — ARTIGO 149-A DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL — AFASTAMENTO NA ORIGEM — RECURSO EXTRAORDINÁRIO — REPERCUSSÃO GERAL CONFIGURADA. Possui repercussão geral a con-trovérsia relativa à constitucionalidade da cobrança, por Municípios e Distrito Federal, de contribuição de iluminação pública visando satisfazer despesas com melhoramento e expansão da rede.”

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CLIPPING DA REPERCUSSÃO GERAL

Possui repercussão geral a controvérsia relativa à possibilidade de cobrança da contribuição para o custeio de iluminação pública, pelos Municípios e pelo Distrito Federal, com o objetivo de sa-tisfazer despesas com melhoramento e expansão da rede.(RE 666.404 RG/SP, rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 29/11/2013, acórdão publicado no DJe de 17/2/2014)

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