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GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO SECRETARIA DE AGRICULTURA E ABASTECIMENTO COORDENADORIA DA PESQUISA AGROPECUÁRIA INSTITUTO DE ZOOTECNIA BOLETIM TÉCNICO N.º 40 PROVA DE GANHO DE PESO NORMAS ADOTADAS PELA ESTAÇÃO EXPERIMENTAL DE ZOOTECNIA DE SERTÃOZINHO 1997 GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO SECRETARIA DE AGRICULTURA E ABASTECIMENTO COORDENADORIA DA PESQUISA AGROPECUÁRIA INSTITUTO DE ZOOTECNIA Governador do Estado de São Paulo Mario Covas Secretário da Agricultura e Abastecimento Francisco Graziano Neto Secretário Adjunto Antonio Carlos de Macedo Chefe de Gabinete Ubirajara Pereira Guimarães Coordenador da Pesquisa Agropecuária Dr. Ondino Cleante Bataglia INSTITUTO DE ZOOTECNIA Diretor Geral Paulo Bardauil Alcântara Diretor Adjunto Antonio Álvaro Duarte de Oliveira Assessores: Valinei Tadeu Paulino – Comunicações Técnico-Científica Valquíria de Bem Gomes Alcântara – Contratos e convênios João Carlos Aguiar de Mattos – Relações Externas Iraci Macias Rodrigues da Silva – Recursos Humanos Centro de Etologia, Ambiente e Manejo. Augusta Carolina C. C. Moretti Centro de Forragicultura e Pastagem Joaquim Carlos Werner Centro de Genética e Reprodução Rafael Herrera Alvarez Centro de Métodos Quantitativos Benedicto do E. S. De Campos Centro de Nutrição e Alimentação Animal Paulo Roberto Leme Conselho Editorial: Valdinei Tadeu Paulino (presidente), Joaquim Carlos Werner, Paulo Roberto Leme, Maria José Valarini, Rafael Herrera Alvarez, Alexander George Razook, Mauro Sartori Bueno e Lourdes Domingues dos Santos.

Boletim Tecnico 40 - iz.sp.gov.briz.sp.gov.br/pdfs/1195668031.pdf · ação aditiva dos genes e o restante a outros fatores genéticos e de ambiente. A ação aditiva dos genes é

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GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO

SECRETARIA DE AGRICULTURA E ABASTECIMENTO COORDENADORIA DA PESQUISA AGROPECUÁRIA

INSTITUTO DE ZOOTECNIA

BOLETIM TÉCNICO N.º 40

PROVA DE GANHO DE PESO NORMAS ADOTADAS PELA ESTAÇÃO EXPERIMENTAL DE ZOOTECNIA DE

SERTÃOZINHO 1997

GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO SECRETARIA DE AGRICULTURA E ABASTECIMENTO COORDENADORIA DA PESQUISA AGROPECUÁRIA INSTITUTO DE ZOOTECNIA Governador do Estado de São Paulo

Mario Covas Secretário da Agricultura e Abastecimento

Francisco Graziano Neto Secretário Adjunto

Antonio Carlos de Macedo Chefe de Gabinete

Ubirajara Pereira Guimarães Coordenador da Pesquisa Agropecuária

Dr. Ondino Cleante Bataglia

INSTITUTO DE ZOOTECNIA Diretor Geral Paulo Bardauil Alcântara Diretor Adjunto Antonio Álvaro Duarte de Oliveira Assessores: Valinei Tadeu Paulino – Comunicações Técnico-Científica Valquíria de Bem Gomes Alcântara – Contratos e convênios João Carlos Aguiar de Mattos – Relações Externas Iraci Macias Rodrigues da Silva – Recursos Humanos Centro de Etologia, Ambiente e Manejo.

Augusta Carolina C. C. Moretti Centro de Forragicultura e Pastagem

Joaquim Carlos Werner Centro de Genética e Reprodução

Rafael Herrera Alvarez Centro de Métodos Quantitativos

Benedicto do E. S. De Campos Centro de Nutrição e Alimentação Animal

Paulo Roberto Leme Conselho Editorial: Valdinei Tadeu Paulino (presidente), Joaquim Carlos Werner, Paulo Roberto Leme, Maria José Valarini, Rafael Herrera Alvarez, Alexander George Razook, Mauro Sartori Bueno e Lourdes Domingues dos Santos.

BOLETIM TÉCNICO N.º 40

PROVA DE GANHO DE PESO

Normas adotadas pela Estação Experimental de Zootecnia

de Sertãozinho

Alexander George Razook Leopoldo Andrade de Figueiredo

Joslaine N. dos S. Gonçalves Cyrillo Laércio José Pacola

Luiz Martins Bonilha Neto José Benedito de Freitas Trovo

Ana Cláudia Ruggieri Maria Eugênia Zerlotti Mercadante

1997

Página

Resumo/Summary................................................... 1

Introdução.............................................................. 2

Histórico das Provas de Sertãozinho.................... 5

A Importância das Provas de Ganho de Peso...... 12

Pesquisa Recente.................................................... 16

Alterações Propostas............................................. 19

Normas de Execução............................................... 20

Referências Bibliográficas..................................... 26

Razook, Alexander George Prova de ganho de peso: Normas Adotadas pela Estação Experimental de Zootecnia de Sertãozinho/Alexander George Razook e outros. – Nova Odessa, Sp : Instituto de Zootecnia, 1997. 42p.; 21cm (Boletim Técnico n°40).

1. Gado de Corte – Ganho de peso, prova. – I.Figueiredo, Leopoldo Andrade de, colab . – II. Cyrillo, Joslaine N. Dos S. Gonçalves, colab. III – Pacola, Laércio José, colab. – IV – Bonilha Neto, Luiz Martins, colab. – V – Trovo, Jo´se Benedito de Freitas, colab. – VI. Ruggieri, Ana Cláudia, cola. – VII. Mercadante, Maria Eugênia Zerlotti, colab. – VIII – Título. – IX. Série.

CDD – 636.213088

SUMÁRIO

PROVA DE GANHO DE PESO Normas adotadas pela Estação Experimental de Zootecnia

de Sertãozinho (1)

Performance testing for beef cattle: Sertãozinho Research Station Procedures

Alexander George Razook(2,3), Leopoldo Andrade de Figueiredo(2), Joslaine N. dos S. Gonçalves Cyrillo(2), Laércio José Pacola(2), Luiz Martins Bonilha Neto(2), José Benedito de Freitas Trovo(4), Ana Cláudia Ruggieri(2), Maria

Eugenia Zerlotti Mercadante(2) RESUMO: Neste boletim são apresentadas a definição e as razões da utilização das Provas de Ganho de Peso como uma ferramenta útil à seleção de bovinos para características relacionadas ao crescimento. Em um pequeno histórico sobre as Provas de Ganho de Peso, são apresentados os vários passos da evolução desses testes de desempenho individual desenvolvidos na Estação Experimental de Zootecnia de Sertãozinho (SP). Aborda-se também a importância das Provas de Ganho de Peso no contexto do Melhoramento Genético de Bovinos de Corte. Finalmente é apresentada a metodologia das Provas de Sertãozinho, que a partir de 1996 sofreu uma nova alteração no critério de ordenação e classificação dos animais em função de pesquisa recente, a qual também é relatada no texto. SUMMARY: This bulletin presents some definitions and concepts related to Central Performance Tests for beef cattle. It includes a historical overview of the tests conducted at the Sertãozinho Research Station since 1955, with particular emphasis on the evolution of the methodologies and criteria used in the tests. New procedures changing the criteria for ranking young bulls based on their growth performance were introduced, starting in 1996. The new procedures, along with some recent research results supporting their adoption, are also presented. (1) Projeto IZ-14-001/67 (2) Estação Experimental de Zootecnia de Sertãozinho(3) Bolsista do CNPq(4) CENARGEN / EMBRAPA - Brasília, DF

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INTRODUÇÃO

A Prova de Ganho de Peso (PGP) é um teste de

desempenho para bovinos de corte que objetiva a identificação de indivíduos geneticamente superiores para características de interesse econômico relacionadas, principalmente, ao potencial de crescimento e qualidade da carcaça. As PGP constituem importante instrumento auxiliar em sistemas de avaliação genética entre rebanhos, sobretudo em populações que não possuem boa conectabilidade genética em seus bancos de dados.

Os testes de desempenho individual se aplicam a características mensuráveis no próprio animal e que possuam herdabilidade de medianas a altas. A herdabilidade é um parâmetro genético, cujo valor varia de 0 a 1, que indica o quanto das diferenças de desempenho observadas entre os animais se devem a efeitos aditivos dos genes sobre uma determinada característica. Quanto maior a herdabilidade, maior a associação entre o desempenho observado (fenótipo) do animal e o valor de seu gameta médio (valor genético) quando utilizado na reprodução. Duas Características comumente mensuradas em provas de ganho de peso, o peso pós-desmame e o ganho de peso médio diário, possuem herdabilidades em torno de 0,40. Isso significa que, da variabilidade total entre os animais (variação fenotípica), aproximadamente 40% é devida à ação aditiva dos genes e o restante a outros fatores genéticos e de ambiente.

A ação aditiva dos genes é de grande interesse em programas de seleção, por ser a principal responsável por diferenças genéticas entre os animais para uma determinada característica, que são transmissíveis pelos pais às suas progênies e cujos efeitos acumulam-se nas futuras gerações. Outras formas de ação gênica, por exemplo de dominância, dependem de combinações dos genes recebidos pelo indivíduo de cada um de seus progenitores e que geralmente não se

acumulam através das gerações, não sendo, portanto, mantidas pelo processo de seleção.

Dessa forma, as PGP mostram-se de grande utilidade como instrumento auxiliar em programas de seleção envolvendo vários rebanhos de bovinos de corte e para características que apresentam herdabilidades de medianas a altas e, sobretudo, quando a conectabilidade genética entre tais rebanhos não se mostra apropriada ao emprego de metodologias de avaliação genética mais eficientes.

De acordo com GREGORY (1965), o objetivo principal das provas de desempenho individual é ordenar, com a maior precisão possível, os indivíduos que delas participam em função de seus valores genéticos. A fim de maximizar a eficiência das provas com relação à correta identificação do mérito genético dos animais participantes, torna-se necessário o conhecimento e o controle dos fatores de ambiente que afetam a expressão das características de interesse da avaliação. Nesse contexto, é importante que seja constituído, da melhor maneira possível, o grupo contemporâneo de animais que participam do teste, de tal forma que ao serem submetidos a um ambiente único por um período de tempo suficientemente longo, as diferenças de desempenho observadas sejam devidas principalmente a diferenças genéticas individuais. O grupo contemporâneo é geralmente composto por indivíduos oriundos de diferentes rebanhos, porém de mesmo grupamento racial, mesmo sexo, nascidos num espaço de tempo não muito extenso e cujos sistemas de manejo anterior à prova não sejam muito diferenciados. Um dos aspectos mais importantes na condução das PGP é a eliminação dos efeitos do ambiente a que os animais estiveram submetidos antes de serem encaminhados ao teste. Em princípio, quanto maiores as diferenças de ambiente anteriores à prova, maior deverá ser o período de adaptação que antecede a prova.

Uma das maiores dificuldades encontradas na condução das PGP é conciliar o período de tempo suficiente

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para que os efeitos de ambiente anteriores à prova possam ser minimizados, de forma a permitir a correta identificação das diferenças genéticas individuais, por meio de mensurações comparativas de desempenho para características de interesse da avaliação. Geralmente, quanto menor a variação de pesos dos animais no início da prova, tanto menor serão os efeitos de ambiente anteriores à mesma e, portanto, maior será a garantia de sucesso na sua realização. A fim de minimizar a variação de pesos no início dos testes algumas medidas a serem tomadas incluem: a) redução na variação das idades dos animais, b) pré-seleção os indivíduos participantes com base em seus desempenhos nos respectivos grupos contemporâneos nos rebanhos de origem, e c) manejo similar anterior à prova. Além dessas medidas, torna-se ainda necessário um manejo padronizado proporcionado aos animais durante um período de adaptação à prova.

A metodologia proposta neste boletim é conseqüência da evolução decorrente de longa experiência e de uma série de pesquisas envolvendo informações, obtidas nas PGP de Sertãozinho ao longos dos anos. O objetivo é aprimorar, cada vez mais, a correta identificação dos genótipos superiores dentre os indivíduos participantes das provas, portanto, candidatos à seleção.

HISTÓRICO DAS PROVAS DE SERTÃOZINHO Segundo TUNDISI et al. (1962), “em 1951, João

Barisson Villares, após ter conhecido nos Estados Unidos da América, as bases técnico-científicas do “Feeding Test”, que se realizava naquele país como método de seleção genética de bovinos de corte, introduziu esse teste no Estado de São Paulo, conhecido como “Prova de Ganho de Peso”. Ainda segundo esses autores, foi realizada naquele mesmo ano de 1951 a primeira prova no Recinto de Exposições em Barretos (SP). Posteriormente essas provas estenderam-se para Sertãozinho, Araçatuba e Franca. Na Estação Experimental de Sertãozinho a prova, que serviu como molde para as outras realizadas posteriormente, iniciou-se em 1955.

Conforme salientam TUNDISI et al. (1962), que analisaram as provas realizadas no Estado de São Paulo até 1960, o critério de comparação de desempenho entre os animais era principalmente o ganho de peso diário em 154 ou 140 dias de confinamento. Segundo a metodologia na época, as idades dos animais ao início dos testes variavam de 9 a 14 meses e a duração do teste 154 dias, além de 14 de adaptação. A partir do ano de 1958 as provas foram reduzidas para 140 dias conservando-se o mesmo período de adaptação. Interessante notar que havia também a participação de fêmeas nas provas e, dessa forma, de 1951 a 1960 houve a participação de 443 machos e 265 fêmeas da raça Gir, 397 machos e 192 fêmeas da raça Nelore, 129 machos e 63 fêmeas da raça Guzerá e 123 machos e 66 fêmeas de Indubrasil, sendo que havia na época, a preocupação pela obtenção de dados comparativos de desempenho entre as raças. Outro aspecto abordado no estudo dos autores foi a interferência do peso e idade inicial, além de “outros fatores” sobre o ganho de peso no período de confinamento. Presume-se que dentre os “outros fatores” estivesse a preparação dos animais, pelos criadores, tendo em

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vista um melhor desempenho na prova, o que era conseguido por meio de restrição alimentar anterior ao teste a fim de provocar ganho (ou crescimento) compensatório durante o período de prova. Esses fatos levaram TUNDISI et al. (1965/66) a estudar a “influência da condição física dos animais no início da prova sobre seu comportamento no teste”. Em função desse estudo, as provas de Sertãozinho foram alteradas na década de 60 com modificação no critério de seleção passando a ser ao invés do ganho, o peso final ajustado à idade média do grupo de animais participantes.

O ajuste do critério de classificação era efetuado pela regressão linear do peso final em função da idade média de toda a população ao fim do teste. A partir de 1970, tal procedimento foi novamente alterado quando então o peso final de cada animal passou a ser corrigido para 460 dias em função do próprio desempenho e não o da população. Tal correção era feita pela fórmula:

PF PF PNidade

x PN460 460=−

+

onde: PF460 = peso final padronizado a 460 dias. PF = peso final real. PN = peso ao nascer. Idade = idade em dias em PF.

Independente da alteração no método de obtenção

do peso corrigido para a idade a prova continuou com duração de 154 dias sendo os primeiros 14 dias de adaptação. A idade dos animais na entrada variava de 8 a 12 meses, portanto 5 meses de variação. Essa metodologia vigorou até o ano de 1978, inclusive, tendo sido novamente alterada conforme o Boletim Técnico do Instituto de Zootecnia nº 9 de RAZOOK et al. (1978). A base científica que motivou as alterações nas provas foram os estudos de RAZOOK et alii (1978a,b). Os autores

analisaram os dados das provas de 1970 a 1975 das raças Gir, Nelore e Guzerá e comprovaram grande influência da variação do peso e idade inicial sobre os desempenhos dos animais com relação aos pesos finais padronizados a 460 dias, conforme a fórmula anteriormente mostrada. O estudo comprovou ainda, que havia uma baixa correlação (0,38) do ganho na prova com o peso final corrigido, provocado pela própria fórmula do peso padronizado aos 460 dias, que considerava o ganho diário do nascimento ao final da prova como linear, o que era incorreto.

As modificações contidas no Boletim Técnico nº 9 visavam basicamente maior controle dos fatores de meio, permitindo melhor estimativa dos valores genéticos dos animais dentro e entre rebanhos. As alterações coincidiram com o critério de seleção que seria adotado no projeto de melhoramento de raças zebuínas que encontrava-se em fase de implantação na Estação Experimental de Sertãozinho.

As principais alterações na metodologia foram: • redução da idade inicial bem como de sua variação que

passou a ser de 7 meses (210 dias) com variação de 3 meses (6 a 8 meses), incluindo animais nascidos de agosto a outubro.

• padronização do peso de entrada na prova (próximo ao desmame) para a idade de 210 dias pela fórmula:

P PV PNI

x PN210 210=−

+

onde: P210 = peso inicial padronizado a 210 dias. PV = peso de entrada. PN = peso ao nascer. I = idade em dias em PV.

• introdução de um período a pasto de 14 dias, anterior ao

período de confinamento, que tinha por objetivo reduzir a variação nos pesos de entrada, principalmente devidas a

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alimentação suplementar na fase pré-desmame dos animais, além de homogeneizar a flora ruminal.

• prolongamento do período total da prova para 168 dias aumentando o período de adaptação para 56 dias e 112 de prova propriamente dita, com pesagens intermediárias, a cada 28 dias.

• alteração no critério de classificação na prova passando de 460 para 392 dias pela adição dos ganhos nos vários períodos ao P210 ou seja:

PF P GE GA G392 210 14 56 112= + + +

onde: PF392 = peso final na prova padronizado a 392 dias. P210 = peso na entrada padronizado a 210 dias. GE14 = ganho em 14 dias a pasto. GA56 = ganho de peso na adaptação. G112 = ganhos em 112 dias finais de confinamento.

As PGP, segundo essa metodologia iniciada em 1979, sofreram uma nova avaliação com os dados das raças Nelore e Guzerá (RAZOOK et al., 1984a,b) e Canchim (RAZOOK et al., 1984c) referentes a 1979, 1980 e 1981. As principais conclusões deste estudo foram que o período a pasto, gerando o GE14, era extremamente variável, com animais mostrando desde grande perda até a manutenção do peso chegando alguns a ganhos positivos no período. A média de GE14 foi de (-1,5) kg nos 3 anos analisados e a sua estimativa de herdabilidade, devido a essa extrema variação de comportamento, ficou em torno de zero (0,0). Concluiu-se que esse período de 14 dias em nada contribuía para uma melhor avaliação do mérito genético dos animais. Verificou-se também a eficiência do período de adaptação de 56 dias em reduzir efeitos de ambiente anteriores à prova. A estimativa de herdabilidade do ganho diário nesse período (GA56) foi 0,14 e passou para 0,54 no período posterior (G112) evidenciando que após a adaptação havia maior

probabilidade de manifestação de valores genéticos para o ganho diário na prova.

A metodologia contida no Boletim Técnico nº 9 vigorou até o ano de 1982, inclusive. A partir de 1983 o período de 14 dias a pasto foi suprimido, levando à alteração do critério de classificação para o peso final padronizado a 378 dias. A composição de P378 era feita da seguinte forma:

P P G G378 210 56 112= + +

onde: P378 = peso padronizado a 378 dias e, P210, G56 e G112 conforme descrito anteriormente.

Deste modo, o ganho no período de adaptação ainda era considerado na composição do P378.

Em 1985, em função de reunião com técnicos do Instituto de Zootecnia resolveu-se pela eliminação do período de adaptação, GA56, na fórmula de P378, principalmente, devido à maior estimativa de herdabilidade do G112 encontrado no estudo de RAZOOK et al. (1984b). A fórmula utilizada, que valorizaria mais essa característica, passou a ser:

168112

210378 xPIPPPFPP −+=

ou )168112(210378 xGPP += onde: PPF = peso final na prova. PIP = peso inicial na prova e após adaptação. G112 = ganho diário na prova.

Nessa mesma reunião, em função de solicitação de

uma das Associações de criadores, os animais de julho começaram a ser novamente aceitos nas provas. Para compensar esse aumento na variação de idade, já que a data de

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inicio das provas, em Sertãozinho, é sempre Abril, em 1985 a prova incluiu um “fator” de classificação que era obtido do valor individual de P378 dividido pelo valor médio de P378 de cada mês de nascimento do animal. A idéia era bastante válida se o número de indivíduos em cada mês fosse considerável e se as variações de pesos dentro de cada mês de nascimento fossem semelhantes. Como isso não ocorreu, a idéia foi abandonada. A partir de 1986, até 1995 a Prova de Ganho de Peso de Sertãozinho seguiu a metodologia contida no Boletim Técnico nº 33 de BONILHA et al. (1989), o qual ainda inclui animais nascidos em julho e novembro. A razão da manutenção dos animais nascidos nesses meses, o que contraria a recomendação de variação máxima de três meses de idade, foi novamente a solicitação de Associações que argumentavam ser boa parte dos bezerros nascidos no mês de julho. Esse argumento, no entanto, deve ser levado em conta no sentido da criação de futuras provas, com diferentes datas de entrada e em outros locais, permitindo a “moldagem” de grupos contemporâneos adequados para avaliações. Conforme já salientado as provas de ganho de peso tiveram seu início no ano de 1951, no Estado de São Paulo. Na Estação Experimental de Sertãozinho a primeira prova realizou-se no ano de 1955. O Quadro I fornece o número aproximado de animais participantes desde o ano de 1951, até o presente, por raça.

Quadro I - Número de animais(1) por grupo genético ou raça, participantes nas Provas Oficiais do Governo do Estado de São Paulo - Período 1951-1996.

RAÇA NÚMERO DE ANIMAIS Blonde Dáquitaine 18

Brangus 10 Bubalinos 118 Canchim 1063 Caracu 672

Charoles 38 Chianina (1/2) 53 Dinamarquesa 4

Flamenga 4 Gir 1125

Guzerá 1656 Guzerá x Nelore 46

Ibaje 16 Indubrasil 136

Lavínia 23 Marchigiana 49

Nelore 4095 Nelore Mocho 88

Nelore x Guzerá 33 Pardo-Suíço 25

Piemontesa (1/2) 152 Pitangueiras 49

R. Polled 18 Santa Gertrudis 747

Simental 55 Tabapuã 111 TOTAL 10404

(1) Os números incluem as Provas de Ganho de Peso realizadas em Barretos (SP), Franca e Araçatuba até 1954. De 1955 até o presente são referentes às Provas da EEZ de Sertãozinho. Nos anos de 1961 a 1969 algumas informações de participação de animais de particulares foram perdidas.

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A IMPORTÂNCIA DAS PROVAS DE GANHO DE PESO

As vantagens advindas das provas de ganho de peso, como instrumento auxiliar em programas de melhoramento genético de bovinos de corte, são inúmeras. Em primeiro lugar pode-se mencionar a possibilidade de estimar o mérito genético do animal quando ele é relativamente jovem, viabilizando assim sua utilização precoce no rebanho. Isso faz com que haja diminuição do intervalo de gerações na população selecionada principalmente pela redução da idade de início de utilização dos touros na reprodução.

Por serem as características avaliadas em prova de ganho de peso de média a alta herdabilidade, a acurácia das estimativas de mérito genético tendem a valores medianos a altos (0,60 a 0,70), fazendo com que o progresso genético anual atinja valores significativos. Resultados comprovando tal afirmação são encontrados na literatura científica como por exemplo em KENNEDY e HENDERSON (1977) que apresentaram resultados altamente positivos no Programa Federal de Registro de Performance do Canadá (ROP). Os autores encontraram ganhos genéticos da ordem de 2,6 kg/ano no peso aos 12 meses, como resultado da utilização, nos rebanhos de origem, de machos testados em provas de ganho de peso e provenientes de uma pré-seleção ao desmame. Resultados semelhantes foram encontrados nos Estados Unidos por ZÖLLINGER e NILSEN (1984), com o programa de registro de desempenho da Associação Americana da raça Angus, e por NADARAJAH et al. (1987) com dados das raças Angus e Hereford do Estado da Virgínia, nos Estados Unidos. Ainda com respeito a idade dos animais, outra vantagem das provas de ganho de peso, em confinamento, é que além da avaliação genética poder ser efetuada precocemente, a sua utilização, como reprodutor também pode ser antecipada pela manutenção

de taxas de crescimento adequadas, até a idade de um ano, permitindo um melhor desenvolvimento corpóreo. Nas regiões do Brasil Central, onde geralmente ocorrem fortes estiagens em certas épocas do ano, dificilmente animais apresentam bom desenvolvimento em sistemas de partejo sem suplementação. Animais de origem européia podem, inclusive, ser utilizados na reprodução logo após o término da prova e animais zebuínos tem sua utilização antecipada como ocorre na Estação Experimental de Zootecnia de Sertãozinho com as raças Nelore, Guzerá e Gir. No programa de seleção de Sertãozinho reprodutores são utilizados aos 2 anos permitindo que o intervalo de geração, pelo lado de touros atinja 3,6 anos em média. Esse intervalo poderia inclusive ser reduzido ainda mais dado que vários animais já se apresentam aptos à reprodução a partir de 15/16 meses, com um manejo que permita um bom desenvolvimento corporal.

Outra vantagem das PGP advém dos princípios que norteiam os programas de avaliações genéticas que fazem uso da teoria “BLUP”. A aplicação da metodologia de modelos mistos sobre dados de genealogia e de desempenho, mantidos por criadores e suas Associações, constituem, atualmente, processo usual na condução de programas de avaliação e melhoramento genético de bovinos de corte. Conforme esclarecem TROVO e RAZOOK (1995), as avaliações genéticas são conduzidas em dois níveis: entre e dentro de rebanhos. As avaliações dentro de rebanhos objetivam principalmente obter os valores genéticos de vacas e bezerros. As avaliações entre rebanhos têm por finalidade obter o mérito genético dos reprodutores, utilizando as informações de parentesco e de desempenho obtidos em vários plantéis. Nas avaliações genéticas entre rebanhos, geralmente destinadas a produzir sumários de touros, torna-se necessário que existam dados comparáveis de desempenho e de parentesco, entre os animais, o que requer a formação de grupos contemporâneos conectados geneticamente (tornando os dados de parentesco comparáveis). O autor exemplifica

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esclarecendo que se animais de um grupo contemporâneo, não possuem ancestrais comuns aos animais pertencentes a outro grupo, não é possível a comparação justa dos desempenhos de indivíduos de grupos diferentes. Desse aspecto é que advém a grande importância das Provas de Ganho de Peso. Quando sistemas de avaliações genéticas são implantados, no início geralmente não ocorre boa conectabilidade genética dos dados provenientes dos vários plantéis, prejudicando as avaliações entre rebanhos. Dessa forma, a fim de que se possa comparar o desempenho de animais criados em vários rebanhos, torna-se necessário a formação de grupos de manejo o que é possível em Provas de Ganho de Peso onde animais mantidos em um mesmo ambiente, por um período suficientemente longo de tempo, tem a possibilidade de serem comparados para determinação de seus valores genéticos. Segundo TROVO (1994) está é uma das principais finalidades das PGP que, portanto, se constituem em instrumento valioso através do qual avaliações entre rebanhos podem ser conduzidas com o objetivo de identificar melhores animais para características relacionadas ao potencial de crescimento e qualidade de carcaça.

A necessidade de se atingir, da melhor maneira possível, um dos objetivos das PGP, que é o de melhor avaliar e classificar os indivíduos pertencentes a vários rebanhos, ou seja, seleção entre rebanhos, estimulou uma série de estudos que direcionaram as alterações já mencionadas, que visavam basicamente melhor estimar o mérito genético dos animais, eliminando-se efeitos residuais do manejo anterior à prova. Para isso, além de adequada metodologia, sugere-se a chamada pré-seleção dos animais dentro de determinado grupamento racial envolvendo análise computacional dos registros de desempenho pré desmame, geralmente executado pela respectiva Associação de Criadores da raça ou por algum Órgão Oficial. Dessa forma a amostra participante nas provas, tende a tornar-se mais homogênea, principalmente por reduzir as variações nos pesos iniciais. Além dessa maior homogeneidade do grupo a ser testado, a própria metodologia dos modelos mistos, para

avaliação do mérito genético de indivíduos, permite levar em conta toda a informação de desempenho não só do indivíduo, como também de parentes e ancestrais na fase pré desmame, o que pode possibilitar uma melhor ordenação dos animais ao final da Prova. Esse tipo de avaliação, apesar de não ter sido ainda utilizada no Brasil, foi proposto por de ROSE et al. (1988), para as Centrais de Teste do Canadá. Os autores propuseram incorporar na avaliação de animais em teste, as informações anteriores do ganho diário pré-desmame que, juntamente com a informação do ganho diário em teste, permitiriam melhor ordenamento dos indivíduos de acordo com esse último critério, com menor influência do chamado efeito residual dos criatórios de origem.

A utilização das PGP dentro de rebanho (mesmo criador), justifica-se no caso de grandes rebanhos e, principalmente, quando existem diferenças relativamente grandes entre os ambientes a que os animais são submetidos na fase pré-desmame. Somente em tais casos a adoção de um período de adaptação seria justificado.

Por contingências relacionadas à condução do Projeto de Seleção, conduzido na Estação Experimental de Zootecnia de Sertãozinho, e, de certa forma, também para maior facilidade de manejo, além das vantagens já mencionadas anteriormente, todas as progênies de machos, produzidas no ano participam da PGP. Essas informações tem sido analisadas demonstrando, inclusive, a eficiência desses testes em avaliações dentro de rebanhos. Resultados recentes (RAZOOK et al., 1996) envolvendo 14 anos de progênies ou 3,2 gerações de seleção (de 5,1 anos em média) mostraram, em relação a uma população Nelore controle não selecionada (diferenciais de seleção nulos em peso pós-desmame), ganhos genéticos anuais de machos e fêmeas Nelore e Guzerá variando de 1,6 a 2,9 kg/ano no P378 de machos nas PGP. Esses valores eqüivalem a um acréscimo anual em torno de 0,65 a 1,08% em relação à média da população não selecionada. Em números absolutos isso representa uma mudança genética da ordem de 43

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kg/animal no P378 nos 14 anos de progênies de machos Nelore, por exemplo, o que é bastante significativo.

Outra comprovação da eficiência das PGP em identificar valores genéticos positivos em bovinos de corte é constatado em programas de avaliações genéticas tanto de Órgãos Oficiais como de empresas particulares. Assim o sumário de touros do MA-EMBRAPA-CNPGC (1996), do PMGRN-USP (1996) e da CFM (1996) mostram DEPs positivas, para várias características, de touros do projeto de seleção de Sertãozinho, avaliados nas PGP. Da mesma forma, o programa de avaliação e identificação de novos touros da Empresa Lagoa da Serra (PAINT) também mostra resultados altamente positivos de touros da Estação de Sertãozinho testados nas PGP. Todos esses resultados evidenciam as grandes vantagens da utilização dos testes de desempenho individual, ou provas de ganho de peso, na identificação de genótipos superiores para características de crescimento.

PESQUISA RECENTE

Conforme já salientado anteriormente, a aplicação da atual metodologia de PGP (BONILHA et al., 1989) e, especificamente, a efetiva utilização de animais identificados pelo critério de classificação preconizado ou seja o peso padronizado a 378 dias (P378), promoveu um ganho genético bastante significativo nesse caráter, nos rebanhos Nelore e Guzerá da Estação Experimental, assim como, em características de crescimento correlacionadas como peso ao desmame e ganho diário após a adaptação (G112). Em função desse aspecto, procura-se sempre estimular criadores à participação na prova preconizando-se a utilização dos melhores indivíduos em seus plantéis de origem. O efeito residual em animais que chegam às provas com alto peso decorrente de “creep feeding” ou outra alimentação suplementar é um

problema que ainda permanece. Conforme constatado por PACOLA et al. (1991), o efeito de “creep feeding”, embora minimizado pelo período de adaptação de 56 dias, geralmente permanece dentro do critério utilizado (P378) causando um provável erro na avaliação genética do animal. Verificou-se que alguns animais com pesos iniciais muito elevados, mesmo apresentando um ganho diário (G112) insatisfatório, mantinham uma boa classificação na PGP em função de um valor alto em P378.

Esse fato, embora não muito freqüente, motivou o estudo de GONÇALVES et alii (1996) que visou basicamente analisar a possibilidade de uma alteração no critério de ordenação e classificação dos animais por meio de um índice envolvendo o P378 e o G112. Os autores analisaram os registros de 2094 machos Nelore que participaram das provas de 1985 a 1995. Dessa amostra, 1303 indivíduos eram pertencentes ao plantel da Estação e 791 a 49 outros criadores. Analisando as correlações entre as variáveis verificou-se que a correlação com peso na entrada da prova (PV) foi mediana para P378 (r= 0,65) e baixa para G112 (r= 0,13). Quanto à idade no início da prova (IPV) verificou-se que as correlações tanto com P378 como com G112 foram baixas oscilando em torno de 0,09. Em termos de coeficientes de regressão, os autores comprovaram que para cada dia a mais de idade do animal no início da prova, havia um acréscimo linear de 0,08 kg/dia em P378 porém com componentes quadráticos negativos e significativos (P < 0,01). Dessa forma, o ajuste para a idade praticamente eliminou essa influência já que para o peso final real (PPF) o valor do coeficiente era de 0,933 kg/dia de idade. O coeficiente de regressão linear de G112 em função da idade no início da prova foi de +0,5 g/dia de idade.

Com relação à regressão linear para PV, os coeficientes lineares para P378 foram 0,705 kg/kg de PV (1,158 kg/kg de PV em PPF) e no G112 (0,4 g/kg de PV). Esses resultados comprovaram que tanto o efeito de peso como de

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idade na entrada do teste são menores em G112. Paralelamente às características principais, tomadas na PGP, o estudo de GONÇALVES et al. (1996) também incluiu alguns índices alternativos para ordenação dos animais sendo que um deles, o IPGP, envolveu o G112 com 60% em valor de ponderação e o P378 em 40%. As correlações de IPGP com PV e IPV (idade) foram respectivamente 0,27 e 0,08, portanto, de baixa magnitude. Da mesma forma, os coeficientes de regressão tanto para peso como para idade inicial tiveram uma magnitude menor que em relação às características tomadas individualmente principalmente em P378. Com a aplicação do IPGP ao invés de P378 a correlação com PV, foi reduzida passando de 0,65 a 0,27.

Considerando-se os animais que compõe um grupo contemporâneo, em PGP, é esperado que os animais nascidos nos diferentes meses tenham a mesma oportunidade de seleção. No entanto, como a amostra desse estudo incluía indivíduos nascidos em julho e novembro, verificou-se que estes tinham tanto P378 como IPGP inferiores. As atuais provas de Sertãozinho já não admitem animais nascidos em julho e as normas contidas neste Boletim excluem também animais de novembro. Com relação à herdabilidade das características, o estudo mostrou valores medianos para G112, P378 e para o IPGP a ser utilizado. Os valores oscilaram de 0,42 (P378) a 0,47 (IPG).

Em vista desses resultados os autores concluíram que o IPGP, no qual há uma valorização de G112 maior que em relação às normas atuais (BONILHA et al., 1989), parece ser uma opção adequada para a classificação de animais entre rebanhos em provas de ganho de peso, visando avaliação de seu mérito genético nas características envolvidas.

ALTERAÇÕES PROPOSTAS

Em função de toda a evolução das provas de ganho de peso, desde a sua implantação na Estação de Sertãozinho, as normas que são apresentadas a seguir possuem algumas alterações em relação àquelas contidas em BONILHA et al. (1989). O início de sua aplicação ocorreu já no ano de 1996 e as principais modificações são: • Utilização do índice da Prova de Ganho de Peso (IPGP)

composto do ganho após adaptação (G112) padronizado a 378 dias (P378) ponderados, respectivamente, por valores percentuais de 60 e 40%.

• Exclusão de animais nascidos nos meses de julho e novembro para redução de variação de idade.

• Participação de quantidade mínima de animais dentro de determinado grupo racial tendo sido de 8 em 1996, 15 em 1997 e 20 em 1998 em diante.

• Incorporação de grupos adicionais de classificação com base no IPGP.

As normas contidas neste Boletim provavelmente nunca serão definitivas. A evolução desta importante ferramenta de seleção em gado de corte deve ser sempre preocupação da pesquisa científica. Resta às Associações e criadores acreditarem em seu poder já que os benefícios de sua utilização são muito grandes ao melhoramento genético de seus rebanhos. A utilização de pré-seleção é primordial para resultados mais eficientes e para uma “filtragem” indispensável à identificação de melhores genótipos. Isso é feito há muito tempo em países com pecuária mais avançada e pode perfeitamente ser utilizada no Brasil. Convém destacar ainda um ponto importante que talvez sirva de aprimoramento às provas de ganho de peso que é a qualidade e padronização da dieta fornecida aos animais. É importante fornecer uma dieta que seja a mesma em termos de porcentagem de seus constituintes aos animais. Isso envolve uma peletilização ou mesmo outra forma de homogeneização da dieta para evitar seletividade por parte dos animais. Da mesma

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forma, atualmente existem equipamentos que permitem a avaliação do consumo individual o que possibilita a obtenção da conversão alimentar. Sem dúvida é outra importante característica que pode ser incorporada na avaliação dos animais em Prova de Ganho de Peso como também altura na anca, medidas morfométricas, índice de musculosidade, perímetro escrotal e até medidas utilizando ultra-som tão logo esses equipamentos se tornem mais baratos e eficientes. Tudo isso é possível nas Provas de Ganho de Peso.

NORMAS DE EXECUÇÃO

• O número mínimo de animais participantes, de determinado grupamento racial ou genético deve ser de 15(1997) e 20(1998 em diante), e pertencer a pelo menos dois criatórios.

• A constituição do grupo contemporâneo de animais de cada

raça ou grupamento genético participante deve ser de responsabilidade da respectiva Associação de Criadores. Sugere-se uma pré-seleção ao desmame dos indivíduos, com base em controles de desempenho, no intuito de reduzir variações excessivas de pesos de entrada e ao mesmo tempo permitir uma maior eficiência de identificação de genótipos superiores, para características de crescimento, dentro do grupamento genético.

• Os animais devem pertencer ao sexo masculino, ser inteiros, com nascimentos de 1 de agosto a 31 de outubro.

• Devem ser enviados a Estação Experimental acompanhados do controle de registro genealógico, emitidos pela respectiva Associação de Criadores incluindo informações de peso ao

nascer e de regime alimentar durante o aleitamento (ex.: pasto ou pasto + suplemento) e com os atestados de vacinação e exames sanitários pertinentes.

• Devem dar entrada na Estação Experimental na segunda

quinzena de abril, de acordo com o calendário anual, bem como obedecendo às demais exigências previamente informadas às Associações de Criadores.

• Ao iniciar-se a Prova de Ganho de Peso, os animais são

pesados em jejum alimentar e hídrico e seus pesos serão padronizados à idade de 210 dias, através da fórmula:

P PV PNI

x PN210 210=−

+

onde: P210 = peso à desmama aos 210 dias; PV = peso verificado na Estação; PN = peso ao nascer; I = idade em dias.

• Permanecerão em confinamento durante 56 dias, em fase de adaptação, recebendo à vontade a ração constituída basicamente de 45% de feno (Jaraguá ou braquiária), 33% de quirera de milho e 22% de farelo de algodão ou outra fonte protéica e sal mineral.

• No início do período supra, serão executadas atividades de

caráter sanitário, como vacinações e vermifugações.

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• Como peso inicial da prova (PIP) será considerado o peso final do período de adaptação (56 dias).

• Após a pesagem de 56 dias, inicia-se o período da prova

propriamente dita, com duração de 112 dias havendo uma pesagem intermediária aos 56 dias. Durante todo o período da prova os animais permanecerão nos mesmos recintos de confinamento, recebendo o mesmo manejo e ração (a vontade).

• Após o confinamento de 112 dias, os animais serão pesados,

em jejum alimentar e hídrico, obtendo-se o peso final (PFP). O ganho diário no período de 112 dias de prova será obtido pela fórmula:

G PFP PIP112112

=−

onde: PFP = peso final da prova; PIP = peso inicial da prova; G112 = ganho diário no período de 112 dias da prova.

• O peso final padronizado aos 378 dias (P378) será calculado pela seguinte fórmula:

P P G x378 210 112 168= + ( )

• A ordenação e classificação dos animais na Prova será feita

por meio do IPGP ou Índice de Desempenho na Prova de Ganho de Peso, com base na média e desvio padrão do referido índice.

• O cálculo do IPGP será dado por:

IPGP = (0,6 x IG112) + (0,4 x IP378)

onde:

100112112112 x

GGIG = 100

378378378 x

PPIP =

G112 = valor individual do ganho diário pós-

adaptação conforme descrito anteriormente. G112 = valor médio de G112 para determinado grupo racial. P378 = valor individual de P378. P378 = valor médio de P378 para determinado grupo racial.

• A classificação dos animais na Prova será feita em função da variação ocorrida dentro de cada raça ou grupamento genético (e, eventualmente, regime alimentar anterior à prova) com base no desvio padrão e média de IPGP. Os animais são classificados em 5 categorias:

• ELITE: valor de IPGP maior que a média de IPGP

( IPGP ) + 1 desvio padrão (σ) de IPGP.

• SUPERIOR: valor de IPGP maior que IPGP + 0,25 σ de IPGP até IPGP + 1σ.

• SUPERIOR MEDIANO : valor de IPGP maior que IPGP e menor ou igual a IPGP + 0,25 σ

• REGULAR: valor de IPGP igual ou maior que IPGP - 0,25 σ até IPGP .

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• COMUM: valor de IPGP igual ou maior que IPGP - 1 σ e menor que IPGP - 0,25 σ.

• INFERIOR: valor de IPGP menor que IPGP - 1 σ

ou

• ELITE: IPGP > IPGP + 1 σ

• SUPERIOR: IPGP + 0,25 σ < IPGP ≤ IPGP + 1σ

• SUPERIOR MEDIANO: IPGP < IPGP ≤ IPGP + 0,25 σ

• REGULAR: IPGP - 0,25 σ ≤ IPGP

• COMUM: IPGP - 1 σ ≤ IPGP < IPGP - 0,25 σ

• INFERIOR: IPGP < IPGP - 1 σ

• Finalmente os animais classificados na categoria ELITE passarão por uma avaliação de exterior levando em consideração conformação de corte e defeitos desclassificantes segundo o padrão racial, podendo ser classificados em ELITE OURO, PRATA OU BRONZE por uma comissão composta por técnicos de Associações e de Órgãos Governamentais.

Exemplo Índice: Média 100,0 σ = 10,0 (desvio padrão) MÉDIA ................................ 100,0 σ .......................................... 10,0 ELITE (E)............................. > 110,0 SUPERIOR (S)...................... > 102,5 ≤ 110,0 SUPERIOR MEDIANO (M). > 100,0 ≤ 102,5 REGULAR (R)..................... ≥ 97,5 ≤ 100,0 COMUM (C)........................ ≥ 90,0 < 97,5 INFERIOR (I)...................... < 90,0

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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