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Senhor, fazei-me instrumento de vossa paz. Onde houver ódio, que eu leve o amor; Onde houver ofensa, que eu leve o perdão; Onde houver discórdia, que eu leve a união; Onde houver dúvida, que eu leve a fé; Onde houver erro, que eu leve a verdade; Onde houver desespero, que eu leve a esperança; Onde houver tristeza, que eu leve a alegria; Onde houver trevas, que eu leve a luz. Ó Mestre, fazei que eu procure mais consolar, que ser consolado; compreender, que ser compreendido; amar, que ser amado. Pois, é dando que se recebe, é perdoando que se é perdoado, e é morrendo que se vive para a vida eterna. “sciat ut serviat” Nº 08 - Outubro - 2011 ::::: BOLETIM UNIVErSITÁRIO UNIVERSIDADE E VERDADE 03 Pág. 06 Pág. 02 Pág. 08 Pág. VOCAÇÃO: CONSAGRAÇÃO RELAÇÃO ENTRE E RAZÃO EXISTÊNCIA HUMANA Oração de São Francisco de Assis Imagem original: São Francisco de Assis - Itália

BOLETIM UNIVErSITÁRIO - oasiscentrodevalores.com · Senhor, fazei-me instrumento de vossa paz. Onde houver ódio, que eu leve o amor; Onde houver ofensa, que eu leve o perdão;

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BOLETIM UNIVERSTIÁRIO : Outubro/2011

Senhor, fazei-me instrumento de vossa paz.

Onde houver ódio, que eu leve o amor;

Onde houver ofensa, que eu leve o perdão;

Onde houver discórdia, que eu leve a união;

Onde houver dúvida, que eu leve a fé;

Onde houver erro, que eu leve a verdade;

Onde houver desespero, que eu leve a esperança;

Onde houver tristeza, que eu leve a alegria;

Onde houver trevas, que eu leve a luz.

Ó Mestre, fazei que eu procure mais

consolar, que ser consolado;

compreender, que ser compreendido;

amar, que ser amado.

Pois, é dando que se recebe,

é perdoando que se é perdoado,

e é morrendo que se vive para a vida eterna.

“sciat ut serviat”Nº 08 - Outubro - 2011 :::::

BOLETIMUNIVErSITÁRIO

UNIVERSIDADEE VERDADE

03Pág.

06Pág.

02Pág.

08Pág.

VOCAÇÃO:CONSAGRAÇÃO

RELAÇÃO ENTREFÉ E RAZÃO

EXISTÊNCIAHUMANA

Oração deSão Franciscode Assis

Imagem original: São Francisco de Assis - Itália

BOLETIM UNIVERSTIÁRIO : Outubro/2011 BOLETIM UNIVERSTIÁRIO : Outubro/2011

REFLETINDO SOBRE AEXISTÊNCIA HUMANA

A universidade como baluarte da verdade

Refl etir sobre a existência humana pode ser um caminho interessante

para darmos um sentido profundo ao nosso viver e, quem sabe,

alcançarmos aquilo que tanto desejamos: ser felizes.

Este artigo se desdobra em três perguntas: Estamos indo por um

caminho certo? Qual o verdadeiro caminho? Onde encontrá-lo?

A primeira pergunta é uma espécie de premissa.

Para que a nossa refl exão seja realística, olhemos a realidade

que estamos vivendo, para termos presente a verdade, porque

- lembremos aquela frase, cheia de sabedoria, de quem era e é

a mesma verdade - “Conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará” (Jo 8,32).

Para compreendermos melhor a refl exão sobre a nossa realidade

existencial, convém remetermo-nos a um personagem mitológico

grego: Prometeu. Ele é o

herói que desafi ava os deuses

e roubou o fogo do Olimpo, por

isso foi acorrentado no Cáucaso;

mas ele se soltou: quem irá

detê-lo?

A razão iluminista, chegando,

desdenhou tudo quanto estivesse

antes, acima e fora dela. Esse seu

delírio de onipotência tornou-se

o pior inimigo da humanidade.

Reconhecemos que alcançou

resultados exímios nas ciências

naturais, mas, tornando-se

absoluta e desdenhosa do

espírito - por colocar a matéria como única realidade - semeou o

mundo de bombas atômicas, limitou o horizonte das realidades

e das esperanças humanas das pessoas, tornando-as escravas da

matéria e do prazer.

Em 1900, trouxe-nos os campos do extermínio, os gulags, os

massacres, as ditaduras e as atrocidades de duas guerras mundiais,

com gazes asfi xiantes na primeira, bombas atômicas na segunda e

setenta milhões de mortos. Em 2000, estamos na terceira guerra

mundial do terrorismo. A Razão da Ciência não impediu violências,

miséria, sofrimentos, corrupção, drogas, doenças, medo, estresse,

ansiedade e a destruição dos afetos familiares - com a separação dos

pais e a revolta dos fi lhos.

Surge, pois, um questionamento: o que faltou à Razão Moderna?

A tudo isso se deve acrescentar a destruição ambiental e nuclear.

Há climatologistas que afi rmam que o planeta terra não tem mais

retorno e bilhões morrerão.

Após a bomba de Hiroshima, Oppenheimer, seu criador, disse que os

cientistas “tinham conhecido o pecado”. Mas, “o salário do pecado é a

morte” (Rm 6,23), já nos ensinava São Paulo, há quase dois milênios.

O que nos livrará da morte ambiental e nuclear?

Pela sobrevivência ou por vontade de poder, atualmente vivemos

num período de extrema violência: abortos, homicídios,

eutanásia, ditaduras, genocídios, revoluções.

Como libertarmo-nos de tanta violência que atinge milhares,

milhões de pessoas?

O mundo moderno materialista trouxe também a total liberdade

do indivíduo, proclamando-o livre de qualquer norma que

não provenha de sua vontade. Dessa liberdade total, emana o

relativismo moral (de comportamento), pelo qual cada um é deus

de si mesmo, criador de sua própria lei moral.

As democracias liberais do ocidente,

por exemplo, escreveram um direito

civil evoluído, mas que em muitas

sociedades não funciona, por faltarem

valores morais prévios que levem à

obediência da lei. A igualdade, aliás,

está escrita na lei, mas não acontece.

Ora, instaurada essa liberdade total

individual, que sentido têm ainda as

leis? E, sem leis, como harmonizar

bilhões de liberdades individuais para

convivermos em harmonia?

A tecnologia, enfi m - que avança cada

dia mais, tornando obsoleto até mesmo

o que acabara de oferecer, destruindo o

que criou, que força a modernizar-se ou perecer - está atropelando o

ser humano com essa destruição criadora.

As pessoas estão atordoadas e desnorteadas com o progresso

técnico e material, que promete todos os prazeres da vida, iludindo o

homem a respeito de sua verdadeira felicidade, que é tal somente se

for plena e para sempre.

Elas sonham e procuram realizar esses prazeres da vida com todos

os meios, lícitos e ilícitos. Porém, após tê-los alcançado, sobrevém

o desejo de outros maiores, que o progresso técnico e a matéria não

podem dar, e, por isso dizem: é pegar ou largar, pois é só isso que

podemos dar. E dão as costas.

O que, então, pode tornar verdadeiramente feliz o ser humano?

(Continua)

::: Pe Antonio CaliciottiGraduado em Filosofi a, Teologia e PedagogiaMestre em Teologia MoralMestre e Doutor em Filosofi a SocialProfessor de Filosofi a, Sociologia e MetodologiaEX

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“A existência humana tem uma única

fi nalidade: levar a pessoa a ser feliz.

Caso contrário, não teria sentido. Está

acontecendo isso?”

Há pouco mais de 40 anos, uma greve estudantil tomava as ruas de Paris, França, pedindo reformas no sistema universitário. Sob o lema de “é proibido proibir”, os estudantes e operários franceses instalaram uma revolta geral no país europeu, no que veio a se chamar “Maio de 68”. De fato, todo estudante é um coração em busca da liberdade, e, certamente, como os estudantes franceses, os jovens universitários atuais nada mais querem senão ser livres. A universidade é o lugar onde os jovens esperam encontrar as ferramentas que os auxiliem a concluir seus objetivos. As academias são um importante centro de irradiação do saber. Através dele, o homem pode conhecer a verdade e ser verdadeiramente livre, pois somente nela o homem é capaz de se reconhecer como “imagem e semelhança de Deus”.A certeza da verdade foi o princípio norteador das grandes primeiras universidades. Nascidas do seio da Igreja Católica, as universidades medievais davam importante valor à Filosofi a e à Teologia. Diferentemente do que a maioria dos professores diz, a Idade Média jamais foi a “idade das trevas” ou da ignorância. Muito pelo contrário; é a ela, nas palavras do historiador de Harvard, Thomas E. Woods, que devemos “a maior – e inigualável – contribuição intelectual da civilização ocidental para o mundo: o sistema universitário” (Cf. WOODS, 2008, p. 46). Segundo o autor, a vida acadêmica era marcada por intensos estudos. O graduando era chamado a assistir a conferências e participar de debates, e as questões deveriam ser resolvidas através do pensamento lógico, fortemente trabalhado pelos professores. Foi desse rico método que nasceu a grande obra de São Tomás de Aquino, a Summa theologiae.Após o advento das chamadas Ciências Naturais e por infl uência do anticlericalismo iluminista, as universidades deixaram de contemplar a natureza humana de forma integral. O estudo a partir de então se personifi cou naquilo que comumente chama-se de racionalismo. Partindo do pressuposto de Soren Kierkegaard de que a “fé começa justamente onde termina o pensamento”, as academias adotaram outro sistema de ensino, sendo esse hostil a

qualquer conciliação entre Fé e Razão. Essa separação entre o espiritual e o corporal criou na esfera acadêmica a péssima ideia do relativismo. Embasados nas fi losofi as modernas, o pensamento acadêmico renunciou à busca da verdade. Assim, como denuncia o papa Bento XVI, “O relativismo, ou seja, o deixar-se levar ‘para lá e para cá por qualquer vento doutrinário’, aparece como a única atitude à altura dos tempos atuais. Vai-se constituindo uma ditadura do relativismo, que não reconhece nada como defi nitivo e que deixa como última medida somente o eu e as suas vontades”. O estudante atual, por conseguinte, jamais alcança a verdadeira liberdade, pois ao invés da verdade, ele apenas encontra o rosto sombrio e amargo das ideologias. É mister saber que a premissa de Kierkegaard é falsa. Ao contrário do que diz o pensador, é a fé que baliza a razão para ela não se tornar louca, pois, como diz G.K. Chesterton, “o louco é alguém que perdeu tudo, menos a razão”. Ademais, há exemplos históricos de que a fé é parceira, não inimiga do raciocínio. J.R.R. Tolkien, criador de “O Senhor dos anéis”, era um católico fervoroso; o padre Gregor Mendel elaborou as famosas “Leis de Mendel” e o atual papa, Joseph Ratzinger, possui nada menos que oito doutorados. Inegavelmente, o sistema universitário vigente precisa de uma nova reforma. Buscá-la é um dos desafi os que os universitários precisam enfrentar com coragem, mas sem derramamento de sangue como aconteceu no “Maio de 68”. A verdade, quando apresentada de forma humilde, é mais forte que qualquer revolução. A universidade necessita se libertar do ranço das ideologias e do império do marxismo cultural. Este, afi nal, já se mostrou mais que fracassado! As academias devem voltar a buscar a verdade para que os alunos sejam verdadeiramente livres, respeitando o homem como alguém, desde a concepção até a morte natural (Gen 1, 27). “Conhecereis a Verdade e Ela vos libertará” (Cf. Jo 8, 32).

Renan da Silva CunhaEstudante de Jornalismo daUniversidade Estadual de Londrina

BOLETIM UNIVERSTIÁRIO : Outubro/2011 BOLETIM UNIVERSTIÁRIO : Outubro/2011 3

FIQUE POR DENTRO

ENCONTRO (X OASIÁPOLIS)

TEMA: ESPIRITUALIDADE: COMO VIVER EM JESUS CRISTO

PARA ALCANÇARMOS A FELICIDADE

Data: Do dia 12 (à noite) ao dia 15 (meio dia) de novembro/2011

Local: “Centro Oásis de Valores e de Espiritualidade”

Campos do Jordão/SP

Informações: [email protected]

Tel.: (12) 3662 3914 - (11) 2372 7125 - (18) 3322 7548

FOCALIZANDO A CULTURA

REFLETINDO SOBRE O MAL

No Boletim anterior, dizíamos que o desenvolvimento do Brasil foi e é freado, em primeiro lugar, pela burguesia aristocrática e, em segundo

lugar, pela estrutura econômica visando sobretudo à exportação.

Em terceiro lugar, o grande empecilho do nosso país, para o seu pleno desenvolvimento, sempre foi e ainda é a concentração da riqueza nas

mãos de poucos.

Devido à economia de exportação, da qual já tratamos, a riqueza, desde o início, ficou concentrada nas mãos de poucos: a monocultura,

destinada à exportação, requeria urgentes investimentos, que eram disponíveis só para poucos. O lucro, conseqüentemente, concentrava-se

nas mãos dessa minoria. A massa do povo que trabalhava recebia apenas o suficiente para sobreviver. Também hoje, embora a mobilização

social seja maior, a riqueza permanece concentrada nas mãos dos grandes empreendedores, porque a remuneração dos

Nos países verdadeiramente capitalistas – sem querer enaltecê-los, porque também eles fundamentam-se numa ideologia - a nação controla

o Estado. No Brasil, como em todos os demais países ainda não plenamente desenvolvidos, o Estado sempre controlou e continua a controlar a

nação. Quer dizer, nunca houve e ainda não há democracia. Como acontecia ontem, no aparelhamento da corte, assim, também hoje, o Estado

é centralizador, burocrático, oneroso, complexo e ineficiente. Isso tudo porque o Estado está nas mãos de minorias privilegiadas, para as quais

o abuso do poder, a burocracia, as mordomias são meios para defender os próprios interesses e manter os seus privilégios. A ineficiência do

Estado é a conseqüência da falta de espírito de progresso, característica da burguesia aristocrática.

Em último lugar, temos a raiz de todos os motivos elencados e tratados até aqui e dos demais, não apresentados.

Com efeito, diante deste quadro de causas - que são culturais - do nosso atraso no desenvolvimento, está, naturalmente, o grave e

perene problema da valoração da pessoa humana.

A história da humanidade foi e continua a ser uma luta de classes, o que revela uma falta de respeito à pessoa humana.

Todos os países, tanto os subdesenvolvidos, quanto os desenvolvidos , se quiserem alcançar um pleno e verdadeiro progresso, devem, repito,

todos, renovar a própria cultura, fundamentando-a plenamente sobre o valor e a dignidade humana e divina da pessoa.

Uma cultura de exploração, de injustiça e, por isso, de desrespeito à pessoa humana, ou de pura técnica que, no mínimo, esquece a pessoa,

nunca permitirá um desenvolvimento verdadeiro, isto é, humano e extensivo a todos, indistintamente.

::: Pe Antonio CaliciottiGraduado em Filosofi a, Teologia e PedagogiaMestre em Teologia MoralMestre e Doutor em Filosofi a SocialProfessor de Filosofi a, Sociologia e Metodologia

As causas, que até hoje atrasam e continuam a difi cultar o pleno desenvolvimento do nosso país, são diversas, mas a principal é a falta de

valoração da pessoa humana.

dependentes (profissionais ou não) em geral permanece insuficiente para grandes empreendimentos. De fato, a pequena

indústria pena para sobreviver.

Essa riqueza tem uma dúplice finalidade. Em primeiro lugar, elevar o “status”, que envolve poder e luxo dessa minoria e, em segundo lugar -

embora em nível menor, por falta de espírito de iniciativa, de criatividade, de coragem e altruísmo - aumentar as fontes de lucro que, quando

provém de aplicação para maior produção, significa mais trabalho para o povo.

Em quarto lugar, um obstáculo, que todos percebem, é a política.

O poder econômico gera o poder político, pelo qual é sustentado. Assim, a atividade política, direta ou indiretamente, é exercida sempre por

essa minoria. A política nunca integrou a massa da população, que sempre viveu uma vida de trabalho escravo ou semi-escravo. Ainda hoje, a

participação popular, quando requerida, é manipulada e destinada para favorecer um ou outro grupo dessa minoria. Nunca visa diretamente

ao bem do povo.

O desenvolvimento do Brasil e a ação política sempre se fizeram em vista dessa minoria. Para o povo sobraram só as migalhas. Em relação ao

desenvolvimento, por exemplo, as grandes rodovias, os portos, os aeroportos, etc., foram e são feitos para escoar a produção e favorecer as

viagens de quem, senão dessa minoria? Por que as ferrovias foram abandonadas, quando elas, num país continental como o nosso, deveriam

ser o principal meio de transporte? Quais são as políticas que sempre sofreram? A política agrária familiar, a educacional e a da saúde, que

dizem respeito especialmente ao povo. Por quem é feita a dívida externa? Pela minoria. Por quem é paga? Pelo povo, com o recesso econômico

que significa miséria para ele.

Em quinto lugar, o atraso do país decorre da organização governamental.

- Sueli, você acredita em Deus? Pergunta Pedro, depois de uma aula de história.

- Por que essa pergunta? Responde Sueli.

- Porque, quanto mais vejo violências, sofrimentos e desgraças, menos acredito em Deus.

- Mas o mal, mais do que ter um culpado, tem uma causa: a liberdade. Fomos criados livres! O mal nasce do abuso da liberdade por parte das

pessoas, ou da falta de amor, porque ser livre é amar.

O que mais nos angustia, talvez pela gravidade das conseqüências, é o mal causado pela violência, pelo ódio e egoísmo, onde usamos mal a nossa

liberdade, não aceitando o plano de Deus, expresso nos mandamentos, que são maneiras básicas de amar.

Outro imenso campo de sofrimento é o das injustiças. Quantos se aproveitam da sua posição e de seu poder para se enriquecer sempre mais, à custo

da miséria dos fracos e do sofrimento dos indefesos!

Não se pode, também, esquecer o mal causado pela natureza, quando suas leis não são respeitadas. Com muita propriedade, o povo diz: “Deus perdoa

sempre; o homem, nem sempre; a natureza, nunca!” A devastação das fl orestas e a contaminação das águas fl uviais trazem conseqüências inevitáveis,

permanentes e dolorosas para a vida da humanidade. Culpa de Deus?... Não. Não é vontade de Deus que isso aconteça!

O CONTEÚDO DESTE JORNAL TAMBÉM ESTÁ DISPONÍVEL NO BLOG: valoresecultura.blogspot.com

BOLETIM UNIVERSTIÁRIO : Outubro/2011 BOLETIM UNIVERSTIÁRIO : Outubro/2011

- Maria - interveio Pedro – diante da traição de seu pai, que os abandonou, formando outra família, eu aconselharia a perdoá-lo. A fraqueza humana e a mentalidade errada atual a respeito do sexo e da família levam a esses comportamentos deletérios e desumanos.

Eu, porém, a este ponto da nossa conversa tão interessante sobre a vocação, gostaria que Marta me dissesse se permanecer solteiro ou solteira é uma vocação e que sentido tem.

- Pedro - retomou Marta – fi car solteiro ou solteira pode ser egoísmo, falta de sorte, incapacidade, gesto heróico e vocação. Sempre houve e sempre haverá pessoas que fi carão solteiras. Nos Evangelhos - de dois mil anos atrás - que nos narram a vida e o ensinamento de Jesus, como resposta aos Apóstolos, que lhe disseram que seria melhor não casar do que viver na indissolubilidade do matrimônio, Ele respondeu: “Nem todos são capazes de compreender essa palavra (não casar), mas só aqueles a quem é concedido. Com efeito, há eunucos que foram feitos eunucos pelos homens. E há eunucos que se fi zeram tais por causa do Reino dos Céus. Quem tiver capacidade para compreender, compreenda” (Mt 19,10-12).

Hoje, especialmente, a maioria das pessoas adultas solteiras o são por egoísmo. Querem gozar a vida: divertir-se sexualmente e ser livres de fazer o que quiserem. É a moral relativista e individualista, fruto do secularismo e consumismo.

Outras são solteiras por não ter encontrado quem quisesse formar com elas uma família bem estruturada.

Algumas fi cam solteiras por incapacidade, devido a anormalidades pessoais de caráter físico ou mental.

Umas poucas, ainda, não se casam por dedicar-se anos a fi o à assistência de alguém, por exemplo, dos pais doentes, perdendo assim a juventude.

Finalmente, há quem não abraça o matrimônio por vocação. Nesse caso, fi car solteiro ou solteira é um

chamamento por parte de Deus. Por isso, é um dom divino. Esse chamamento consiste em sentir uma voz interior que convida a colocar a própria vida à disposição completa de Deus, para a sua glória e para o bem - especialmente espiritual - dos homens, porque na espiritualidade está a fonte da verdadeira felicidade. É a vocação existencial de amor vivida de maneira heróica. Aqui seria bom lembrar os chamamentos de Jesus aos Apóstolos, que encontramos nos Evangelho. Por exemplo: os de João, André, Pedro, Natanael (Jo 1,35,51), Tiago (Mc 1, 16-20), Mateus (Lc 5,27; Mc 2,14), etc.

Essa doação total a Deus costuma chamar-se “consagração”, porque a pessoa se torna “com-sagrada”, sagrada com Ele, isto é, passa a lhe pertencer de maneira total e exclusiva - tornando-se, assim como ele, sagrada, santa, plena de amor - e a viver nEle e por Ele.

- Mas - interveio Maria - todo batizado não se torna já consagrado com o sacramento do Batismo?

- Certamente – continuou Marta - Todo batizado, tornando-se membro de Cristo e fi lho de Deus, é consagrado. A peculiaridade da vocação religiosa é que a pessoa é convidada por Deus a viver exclusivamente por ele, para manifestar e transmitir o seu verdadeiro Amor. Sua essência está na “totalidade” da doação da própria vida a Ele, em tornar-se plenamente disponível à sua vontade redentora (de salvação) para implementá-la. E isso é maravilhoso, divino! Obviamente as pessoas

chamadas por Deus a se doar ou consagrar a ele

podem ser tanto homens quanto mulheres.

Para isso, para viver essa disponibilidade sem reservas, elas fazem três votos, tomam três compromissos fundamentais.

Primeiro, o voto da castidade.

Castidade é o correto uso do sexo, fonte da vida. No caso do consagrado, no entanto, a castidade é a renúncia ao seu uso.

Consagração:VOCAÇÃO

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Alguns – não todos - podem achar esse estado de vida um

absurdo. No entanto é o ideal de muitas pessoas extraordinárias. Entende-o e abraça-o somente

quem é escolhido por Deus para trabalhar pelo seu Reino de amor.

Mas – interveio logo Pedro – não entendo. Se castidade é o uso correto do sexo, por que o consagrado deve renunciar à prática do sexo?

Pedro – continua Marta – o consagrado não somente renuncia ao uso incorreto do sexo, (como todos deveriam fazer), mas também ao uso correto, e isso pela sua

disponibilidade de vida a Deus. Disponibilidade

que, para ser plena, pede a renúncia ao matrimônio e, conseqüentemente, ao uso do sexo, que existe

em função da união matrimonial e da vida nela

transmitida.

Eu sei que isso é um assunto quente, hoje, devido à mentalidade consumista dominante, que nós assimilamos. Ela nos leva a transformar tudo em objeto de consumo, de prazer, e não a ver as coisas na sua fi nalidade natural e divina.

Para a pessoa consagrada, a renúncia ao sexo, tornando-se elemento componente da disponibilidade plena para com Deus, é, conseqüentemente, um ato de amor a Ele.

- Então é certamente por isso, por essa renúncia total, que hoje são poucas as pessoas que se consagram a Deus! – exclama Pedro. Essa renúncia para a vida toda é realmente um sacrifício e tanto!!!

- Claro! - acrescenta Maria - Daqui podemos deduzir também que o que falta não é o chamamento por parte de Deus, mas a generosidade dos jovens! O sexo hoje é demais banalizado, esvaziado de seu valor autêntico. Vivemos num pansexualismo generalizado. Reduzimos o sexo a simples fonte de prazer e não mais de vida. Os abortos são conseqüência disso, como também as inúmeras doenças e violências absurdas que arruínam ou até ceifam tantas vidas. Isso, inclusive, está minando também o relacionamento humano. Olha-se para as pessoas sempre com interesse, especialmente sexual. Coloca-se sexo por toda parte: na propaganda de qualquer objeto, nas novelas, nos fi lmes, nas piadas, nos romances,

no trabalho, na economia e até nos desenhos animados. É como um tsunami que invade, difi culta e destrói tudo: ideais de bem, convívio familiar, e relacionamento social.

- A pureza ou castidade – prossegue Maria - torna a vida das pessoas serena, correta, amigável, generosa. É fonte de verdadeira amizade e de pensamento sempre de bem. Alguém defi niu a sociedade atual como egoísta e imoral. E é isso mesmo. Desculpem se eu estou falando demais sobre isso. É quase um desabafo. Eu fui estuprada! Estava ainda no início da adolescência! Foi horrível, desumano.

Essa confi ssão estarreceu os colegas, que repentinamente fi caram muito tristes e penalizados. Mas, depois de um momento de amargo silencio, que pareceu uma eternidade, Marta deu um beijo em Maria e continuou:

- Maria, coragem! Você tem plena razão naquilo que disse. A mentalidade consumista atual está violando e desvirtuando todos os verdadeiros valores, inclusive a sexualidade, que, repito, por ser a fonte da vida, é o que temos de mais valioso e santo. Isso, naturalmente, leva à falta de respeito para consigo mesmo e para com os outros. No entanto, apesar disso, ainda há jovens generosos capazes de corresponder a esse dom maravilhoso de Deus.

Naturalmente, para resistir às tendências naturais do sexo, é preciso obter luz e força por parte de Deus, que ele nunca deixa faltar, e muita generosidade por

parte da pessoa, que encontra somente num profundo amor a Jesus, cultivado na oração e no cumprimento de sua vontade divina, que para ela deve se tornar o maior tesouro.

Resumindo: para o consagrado a sexualidade, que signifi ca abertura aos outros, é colocada única e plenamente a serviço do bem do próximo, no domínio de si e no amor total a Jesus.

::: Conheça a Família Oasiana ConsagradaE-mail: [email protected]

BOLETIM UNIVERSTIÁRIO : Outubro/20118

Cultura, de um modo muito geral, pode-se definir como “tudo

o que se pensa e se faz para a vida humana por parte de um

grupo ou povo”.

Cultura verdadeira, no entanto, é aquela que visa à realização

integral e plena da pessoa humana.

A Fé cristã - que é a Revelação de Jesus Cristo, aceita e tomada

como inspiradora de vida – inserindo-se nas diversas culturas,

complementa-as.

Como?

Fornecendo-lhe a luz da verdade plena sobre a pessoa, as

coisas, Deus, e dando-lhe, assim, nova vitalidade, nova

dimensão e nova esperança.

Esse encontro com a fé liberta, também, as culturas de tudo o

que eventualmente seja nocivo à vida humana e as orienta para

um respeito prioritário e pleno para com a pessoa humana.

A inculturação pela fé acontece através dos cristãos, que

obedecem ao mandato de Cristo, para irem a toda parte “até os

confins da terra” (At 1,8), transmitir a verdade revelada por

Ele. Os primeiros cristãos fizeram isso com grande entusiasmo,

enfrentando qualquer dificuldade. Muitos deles deram até a

vida para isso, através do martírio.

Nessa evangelização, as barreiras que separavam as diversas

culturas caem diante da riqueza da salvação, realizada por

Cristo e marcada pelo amor verdadeiro e pela paz que pode

acontecer somente por ele e nele.

Jesus Cristo derruba os muros de divisão e realiza a unifi cação,

de um modo original e perfeito, por meio da participação no

seu mistério salvífi co, que, pelo Batismo, nos torna parte do seu

“corpo místico”, a Igreja, e nos leva a viver nele, no seu Espírito.

Essa unidade é tão profunda que podemos dizer com São Paulo

“todos sois membros da família de Deus” (Ef 2,18).

O anúncio do Evangelho nas diversas culturas, ao exigir de cada

um dos destinatários a adesão voluntária e livre da fé (porque a

Igreja propõe, mas não impõe), não os impede de conservar a

própria identidade cultural, porque o Cristianismo purifica

e enriquece os valores culturais.

Todas as culturas estão abertas ao Evangelho de Cristo

porque, nelas, existem valores milenares - que iluminaram o

caminho, através de séculos, dos seus respectivos povos . Esses

valores tradicionais, por terem resistido por milênios, mostram

que eles foram deduzidos da natureza humana, onde Deus os

inscreveu através das suas tendências fundamentais. São, pois,

como sementes plantadas pelo Criador que o Evangelho de

Jesus - Deus feito homem - faz florir e dar frutos abundantes

para a convivência pacífica da sociedade e a realização do

homem.

Na realidade, a verdadeira fé - que é a adesão à verdade de

Cristo, deixada por ele e conservada pela Igreja - é a maior

riqueza da humanidade e de cada pessoa. Ela é a verdadeira

fonte da paz e da realização eterna dos indivíduos.

A cultura humana, por sua vez, é na fé cristã, e somente

nela, que encontra a sua legitimação e a sua plenitude.

Experimente a crer de verdade em Cristo, vivendo no seu

Espírito de amor, e você verá!

::: Pe Antonio CaliciottiGraduado em Filosofi a, Teologia e PedagogiaMestre em Teologia MoralMestre e Doutor em Filosofi a SocialProfessor de Filosofi a, Sociologia e Metodologia

FÉ E RAZÃOFé e Culturas

A fé cristã, que é a revelação de Jesus Cristo - Deus feito homem - purifi ca e complementa toda

cultura, fornecendo-lhe a luz da verdade plena sobre a pessoa, as coisas e Deus.